Introdução A Anatomia Do Corpo Sutil - Destacado

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Introdução a Anatomia do Corpo Sutil

Por Fernando Liguori

Influência Tântrica

O conhecimento da anatomia e a fisiologia do corpo sutil pode ser observado desde a


época das Upaniṣads, porém, seu desenvolvimento integral ocorreu com o advento
do Tantra, que surgiu como um movimento cultural que influenciou toda espiritualidade
da Índia.

Uma das influências mais nítidas do Tantra em toda cultura e religiosidade hindu diz
respeito à concepção do corpo humano que em muito difere do que até então era
tradicional na Índia. Muitas das tradições ascéticas consideravam o corpo como um
mero acúmulo de vísceras, cuja natureza é corrompida e cujo destino final é morrer e
apodrecer. Talvez o exemplo mais claro disso é o que aparece no Agni Purāṇa (LI: 15):

O asceta (yati) concebe seu corpo, na melhor das hipóteses, como uma bolha de pele,
rodeado de músculos, de tendões e de carne, cheio de urina, fezes e impurezas
malcheirosas, habitáculo da doença e do sofrimento, vítima certa da velhice, da tristeza
e da morte, mais transitório que uma gota de orvalho numa folha de erva.
Na Maitrāyanīya Upaniṣad (I: 3) também podemos encontrar uma definição semelhante:
Ó Ser Venerável, o que há de bom no usufruto dos desejos neste corpo malcheiroso e
sem substância, num mero conglomerado de ossos, pele, tendões, músculos, medula,
carne, sêmen, sangue, muco, lágrimas, fezes, urina, gazes, bile e catarro? O que há de
bom no usufruto dos desejos neste corpo que é afligido pelo desejo, pela ira, pela cobiça,
pela ilusão, pelo medo, pelo desânimo, pela inveja, pela separação em relação às coisas
queridas e a proximidade das não-queridas, pela fome, pela sede, pela velhice, pela
morte, pela doença, pela tristeza, pesar e tudo mais?

Mircea Eliade, eminente historiador das religiões, diz em seu livro Yoga, Imortalidade e
Liberdade (p. 156) que no tantrismo, o corpo humano adquire uma importância que
nunca havia tido antes na história espiritual da Índia. Essa nova atitude se expressa
sinteticamente noKulārṇavatantra (I: 14): dentre os 840.000 tipos de seres corpóreos, o
conhecimento da Realidade somente pode ser adquirido pelo [corpo]humano.

Com o aparecimento do Tantra, surge, então, uma nova visão do corpo: a de que ele é
um templo do divino, pois permite uma série de investigações, reflexões e experiências
que o tornam um instrumento fundamental para a realização espiritual e a iluminação.

O Tantra é um importante marco na história do Yoga, pois trás a luz uma nova
concepção do corpo, que antes disso, era considerado um obstáculo para a libertação,
fonte da corrupção e inimigo do Espírito. Esta visão de corpo como um monte de coisas
substanciais temporais, deu lugar a uma concepção física da morada de Deus, e o
preparo do corpo tornou-se um processo alquímico para realizar a perfeição espiritual.
O corpo passou a ser visto como um reflexo do macrocosmo, que contém em seu interior
todos os segredos do universo.

Kośas

A Prāsna Upaniṣad (III: 12) diz: Aquele que conhece a origem do prāṇa, suas entradas
nos corpos, seus locais de atuação, modos como se distribuem e suas cinco divisões,
seus aspectos internos e externos, obtém a imortalidade; sim, obtém a imortalidade.

A concepção de que o ser humano possui mais corpos além do físico está presente em
três escolas do Hinduísmo: Vedānta, Sāṁkhya eYoga, sendo que essas últimas
apresentam a mesma proposta. Embora se possa encontrar referências da existência
de uma anatomia sutil nas antigas Upaniṣads, foi somente nos textos mais recentes
do Tantra e doYoga que podemos nos deparar com uma descrição mais detalhada e
desenvolvida dessa anatomia.

Para o hindu, toda forma de energia é denominada prāṇa. No Ṛg-Veda (X: 90.13), é dito
que prāṇa indica a respiração do puruṣa cósmico e da vida em geral. O Yoga
Vaśiṣta (III: 13.31), define o prāṇa como o poder vibratório (spandaśakti) que está
presente em todo o tipo de manifestação. O prāṇa é a energia do corpo sutil, tido como
o molde energético do corpo físico. No Atharva-Veda (XI: 4.11) o prāṇa é concebido
como força vital.

A Taittiryia Upaniṣad (Pt. II: 1–5), descreve os corpos do ser humano em número de
cinco, sendo eles denominados kośas, que pode ser traduzido como invólucro, camada.
Assim, temos o annamaya kośa, o corpo físico denso, feito de alimentos (anna);
o prāṇamaya kośa, o corpo feito de bioenergia ou energia vital (prāṇa); o manomaya
kośa, o corpo dos pensamentos e emoções (manas); o vijñānamaya kośa, revestimento
feito de conhecimento e intuição (vijñāna). É chamado corpo da intuição superior;
e ānandamaya kośa, o corpo de bem aventurança (ānanda). Esses cinco kośas cobrem
e ocultam a Realidade definitiva e que, apesar desse modelo não ser típico do Tantra,
seus adeptos adotam as distinções funcionais (corpo, mente, força vital, inteligência
superior e bem aventurança).

Quanto à anatomia desses corpos, apenas dois são conhecidos:annamaya kośa, que é
constituído dos órgãos, tecidos, enfim, os elementos anatômicos conhecidos pela nossa
medicina; e o prāṇamaya kośa, cuja descrição foi amplamente desenvolvida pela escola
do Yoga, principalmente depois do advento do Tantra. Quanto aos outros corpos, os
textos são omissos ou desconhecidos.

O Tantra, além de descrever melhor esses corpos, desenvolve uma visão mais profunda
e detalhada da anatomia sutil do prāṇamaya kośa. Difere, porém, na concepção e
nomenclatura dos corpos, que, tanto para o Yogaquanto para o Sāṁkhya, são apenas
três e são denominados śarīras, a saber: sthūla śarīra, o corpo denso, feito de
alimentos; sūkṣma śarīra, o corpo sutil; e kāraṇa śarīra, o corpo causal. Entretanto, os
textos mais recentes do Yoga e do Vedānta apresentam uma equivalência entre as
nomenclaturas existentes. Essa tendência é considerada em muitas escolas tântricas
como p.e. dakṣinamārga e vāmamārga.

O ser humano possui três corpos (śarīras) que têm relação com cincoinvólucros (kośas).
Esses invólucros é que encobrem aparentemente o Ser (ātman), causando a falsa
experiência do eu limitado e separado do corpo total da criação. Sthūla śarīra, o corpo
grosseiro, corresponde a tudo que é físico, tangível, está relacionado diretamente com
os elementos densos. Aqui está incluído o annamaya kośa, a bainha do alimento,
formada pelos elementos densos que ingerimos através da alimentação. Sūkṣma śarīra,
o corpo sutil, é constituído pelas emoções, sensações, sentimentos e está relacionado
à mente, ao intelecto e aoprāṇa, a energia sutil. Relacionam-se aqui
três kośas: vijñānamaya kośa, a bainha do intelecto, é responsável pela noção de
individualidade, regendo o ego (ahaṁkāra); manomaya kośa, a bainha da mente, traz
em si todos os instrumentos psíquicos de percepção do mundo exterior, bem como a
herança genética e os condicionamentos individuais; e oprāṇamaya kośa, a bainha
do prāṇa, onde se encontra os cakras, dentre outros elementos sutis.

Kāraṇa śarīra, o corpo causal, que na alma individual, é constituído pela ignorância que
limita a consciência do homem, impedindo-o de ter a percepção de sua união
com ātman, o Ser. Relacionado a este corpo está ānandamaya kośa, a bainha da bem-
aventurança, responsável pelas experiências de felicidade autóctones do ātman, mas
que devido à ignorância, são vistas como provenientes do mundo físico.

Um exemplo claro dessa equivalência nos textos sagrados é oYuktabhāvadeva, um


texto do Yoga escrito por Bhāvadeva Miśra no Séc. XVII d.C., onde podemos encontrar
no Capitulo 3:

Sthūla śarīra (corpo grosseiro) consiste de cinco tanmātrase cinco mahābhūtas. Ele é
chamado de annamaya kośa.

Sūkṣma śarīra (corpo sutil) consiste de 17 constituintes, incluindo os


cinco prāṇas (principais), os cinco órgãos dos sentidos, os cinco órgãos motores, a
mente (manas) ebuddhi (intelecto). Ele inclui o prāṇamaya kośa, manomaya
kośa e vijñānamaya kośa. Kāraṇa śarīra contem oānandamaya kośa.

O Yuktabhāvadeva, além de prever a equivalência da anatomia sutil


entreYoga e Vedānta, inclui em sua descrição aspectos desenvolvidos peloSāṁkhya e
adotados pelo Yoga, que consideram que a matéria possui três características distintas
que, combinadas entre si, estão presentes em toda e qualquer manifestação da criação.
Essas características são denominadas como guṇas.

Antes da Criação do Universo, a Natureza material existia em um estado caótico


imanifesto denominado prādhana (a substância primordial) ouprakṛti (a Natureza). Ela
se caracterizava primordialmente como apenas uma única substância e se constituía
na raiz natural (mūla-prakṛti) de todas as coisas.

Dela, pela influência do tempo (kāla) pulsando em três ondas, manifestam-se


as guṇas e seus três modos ou qualidades fundamentais: 1. Tamas, a passividade,
estabilidade ou ignorância; 2. Rajas, a atividade, flexibilidade ou paixão; e 3. Sattva, a
harmonia e a bondade. Estes se manifestam nos sentidos em movimentos cíclicos,
detranslação e vibração.

Guṇa, em sânscrito, é um substantivo masculino, derivado da raiz verbal√grah,


i.e. agarrar, segurar, prender, e significa corda, qualidade, modoou atributo.
As guṇas (modos da natureza material) prendem o homem à natureza como três cordas
resistentes. Logo, o mundo material de māyāé às vezes chamado de tri-guṇa-mayī,
i.e. feito de três guṇas.

1. Sattva é um substantivo formado do particípio Sat (ou sant), que deriva de as-, o
verbo ser; Sat significa ser, como deve ser, bom,bem ou perfeito. Portanto, sattva é o
estado ideal de ser,bondade, perfeição, pureza cristalina, brilho imaculado ecompleta
quietude. A qualidade de sattva predomina nos deuses e seres celestiais, nas pessoas
altruístas, e nos homens dedicados a busca puramente espiritual. Este é o guna que
facilita a iluminação.
2. Rajas é um substantivo que significa, literalmente, impureza. Com referência a
fisiologia do corpo feminino, significamenstruação.[i] Em um sentido generalizado, pó. A
palavra está relacionada com rañj-, rakta, i.e. vermelhidão, cor, e com rāga, que
significa paixão. O pó citado é aquele que continuamente é agitado pelo vento em uma
terra onde não chove pelo menos dez meses por ano, visto que na Índia excetuando a
estação chuvosa, há somente o orvalho noturno para acalmar a sede da terra. O pó
redemoinha com o vento, embaçando a serenidade do céu e cobrindo tudo. Por outro
lado, no período das chuvas, o pó se assenta e, durante a maravilhosa estação outonal
que segue às chuvas – quando o Sol dispersa as pesadas nuvens –, o céu fica
imaculadamente claro. Por causa disso a palavra sânscrita para
outonal, śārada (derivada do substantivo śārad, outono),
conota frescor, jovem, novo, recente, e viśārada (abundância outonal),
significa esperto, hábil, proficiente, experimentado,versado ou instruído em
algo, douto e sábio. Em outras palavras, o intelecto do sábio é caracterizado pela
grande visibilidade do firmamento outonal, que é transparente, límpido e completamente
claro, ao passo que o intelecto do néscio está repleto de rajas, o pó vermelho da paixão.

O rajas embaça o aspecto de todas as coisas, obscurecendo a visão não apenas do


Universo, mas também de si mesmo. Logo, produz confusão intelectual e moral. Entre
os seres mitológicos, o rajas predomina nos titãs, aqueles antideuses ou demônios que
representam a vontade do poder em toda sua força, imprudentes em sua busca por
supremacia e esplendor, cheios de ambição, vaidade e egoísmo jactancioso. O rajas é
evidente em qualquer lugar entre os homens, como a força motivadora de sua luta pela
existência. É o que inspira os desejos, preferências e desagrados; rivalidades e a
vontade de usufruir as coisas do mundo. Compele homens e animais a lutar pelos bens
de sua vida, negligenciando a necessidade e o sofrimento dos demais.

3. Tamas é um substantivo que pode ser comparado à palavratene-brae (latin), ténè-


bres (francês) e tene-broso (português).
Literalmente, tamas significa escuridão, negro e azul-escuro. Espiritualmente,
denota cegueira e conota a inconsciência que predomina nos reinos mineral, vegetal e
animal. Tamas é a base de toda falta de sentimento, de toda estupidez, crueldade,
insensibilidade e inércia. É causa de melancolia, insegurança, ignorância, erro e ilusão.
A rudeza da matéria aparentemente inanimada; a muda e cruel luta entre as plantas
pelo solo, a umidade e o ar; a gula impassível dos animais em busca de alimentos e seu
modo impiedoso de devorar suas presas são algumas das manifestações deste princípio
universal. No plano humano, tamas se manifesta na estupidez embotada dos que se
encontram mais centrados em seus egos, mais auto-satisfeitos – os que consentem com
qualquer coisa desde que não interfira em seu descanso, segurança e interesse
pessoal.

Prāṇas e Vāyus

O prāṇamaya kośa, camada ou corpo de vitalidade, está composto de cinco formas


diferentes que a energia vital (prāṇa) assume, de acordo com seu movimento e direção
no interior do corpo. O prāṇa é um só e essa divisão é apenas uma didática para uma
melhor compreensão das diferentes funções que ele assume. Essas cinco formas da
força vital recebem o nome de vāyus. Sobre estes ares vitais, a Prāsna Upaniṣad(III: 3-
7), cita cinco principais: prāṇa, apāna, samāna, vyāna e udāna; comenta sua
localização e suas funções. Essa concepção também é aceita pelas escolas de Yoga,
onde, posteriormente, poderemos encontrar seu desenvolvimento nas Upaniṣads do
Yoga. A Amṛtabiṅdu(95-98) e a Amṛtanāda Upaniṣad (34-38) comentam sobre a cor e a
localização dos prāṇas. Sobre a localização e funções dos prāṇas, diz aPrāsna
Upaniṣad (III: 5-9):

Prāṇa propriamente dito, habita o olho, o ouvido, a boca e o nariz. Apāna, o


segundo prāṇa, governa os órgãos de excreção e os reprodutores. Samāna, o
terceiro prāṇa, está localizado na região umbilical e comanda a digestão e a assimilação
dos alimentos. O ātman reside no coração, de onde partem 101 nāḍīs; de cada um
deles, partem uma centena de ramos e de cada um deles se origina setenta e dois mil
outros nāḍīs ainda menores. Em todos eles se move o quarto prāṇa,
denominado vyāna. Udāna, o quintoprāṇa, é aquele que conduz o homem virtuoso para
um nascimento mais elevado e o homem cheio de vícios e paixões, para um nascimento
inferior. O homem possuidor de qualidades boas e más, udāna conduz ao renascimento
no mundo dos homens. O sol, verdadeiramente, contem oprāṇa externo. A terra é
controlada por apāna. O espaço e o éter entre a terra e o céu, são controlados
por samāna e o ar, por vyāna. O fogo contém udāna. Verdadeiramente, aquele cujo
fogo vital se extingue é conduzido ao renascimento, tendo os sentidos absorvidos pela
mente.

A Dhyānabiṅdu Upaniṣad (95-98) estabelece as cores, elementos e


osbījās, germes ou sementes que são correlacionados com cada prāṇa. Parte-se do
pressuposto que, ao serem estimulados com essassementes, os centros energéticos
responsáveis pelo funcionamento doprāṇa correspondente é ativado. A Amṛtanāda
Upaniṣad, conhecida como a Upaniṣad do Som Imortal (o pranava Oṁ), ensina a
pronúncia exata doOṁ acrescido do biṅdu. O verso quatro deixa claro que a presença
dobiṅdu indica a nasalização da parte final do bījā. Assim sendo, as letras que
determinam a semente do prāṇa, devem ser nasalizadas nas práticas tântricas que
incluem a energização dos cakras.

Prāṇa significa literalmente força que se move para frente. Regula todos os processos
de absorção: o movimento inspiratório, a assimilação de alimentos sólidos e líquidos e
a recepção das impressões sensoriais. É centrípeto por natureza e tem como finalidade
colocar as coisas em movimento. Localiza-se na parte superior do tórax, entre a
garganta e o umbigo.

Na Dhyānabiṅdu Upaniṣad (95), é dito que o prāṇa é da cor de uma nuvem carregada
de chuva e seu germe é Ya, indicando o bījāmantra docakra cardíaco (anahātacakra),
já que Ya acompanhado com o biṅdutorna-se Yaṁ. A Amṛtanāda Upaniṣad (34)
localiza o prāṇa na região do coração e diz que ele é da cor vermelho-sangue.

Apāna significa literalmente força que se move para fora. Controla todos os processos
de excreção (sêmen, urina e fezes) e eliminação (de dióxido de carbono na respiração,
transpiração, menstruação e nascimento). Por causa dessa função de expulsão,
o ápana é responsável pelo bom funcionamento do sistema imunológico. No nível sutil,
regula a expulsão das experiências negativas, emocionais e mentais. Movimenta-se
centrifugamente, para baixo e para fora e está localizado na parte inferior do abdômen.

A Dhyānabindu Upaniṣad (95), localiza o apāna na região domaṇipūracakra, sede


do bījā Raṁ; a cor de apāna é do sol. A Amṛtanāda Upaniṣad (34), afirma que
a apāna está localizada perto do ânus e que sua cor é amarela como a cólera de Indra.
Como pode-se perceber os textos diferem ente si quanto à localização do apāna.

Udāna significa literalmente força que expulsa. Governa o crescimento do corpo, a


habilidade de ficar em pé, falar, esforçar-se e entusiasmar-se. Regula a distribuição da
energia vital na região do pescoço. No plano sutil, regula os movimentos de
transformação positiva e evolução da nossa existência.

A Dhyānabindu Upaniṣad (96), diz que udāna é da cor do nácar, e que seu germe é a
letra Va (Vaṁ) e o elemento é a vida, o que parece ser uma analogia ao elemento água,
localizando este vāyu, portanto, nosvādhiṣṭhānacakra. Já a Amṛtanāda Upaniṣad (37)
diz que udāna fica na garganta e é de cor amarelão.

Sāmana significa literalmente força que equilibra. Movimenta-se circularmente, da


periferia para o centro, na região média do abdômen, entre Prāṇa e apāna. Auxilia os
processos digestivos em todos os níveis. Trabalha o trato gastrointestinal na digestão
do alimento, os pulmões na absorção do oxigênio e a mente na assimilação de
experiências sensoriais, emocionais ou mentais.

É dito na Dhyānabiṅdu Upaniṣad (97), que samāna é da cor do cristal, sua localização
é onde mora o elemento éter, (viśuddhacakra), muito embora este vāyu esteja presente
em todo corpo, do coração ao grande artelho, passando pelo umbigo, o nariz, a
garganta, os pés. Já aAmṛtanāda Upaniṣad (34-37), apresenta samāna localizada no
umbigo e sua cor é branca, resplandecente como o leite da vaca.

Vyāna significa literalmente força que se move para fora. Movimenta-se do centro para
a periferia, entre o tronco e os membros. Controla todos os níveis de circulação:
movimenta os nutrientes no corpo, os sentimentos e pensamentos no psiquismo, a
administração da força de vontade e a coordenação dos outros quatro prāṇas.

A Dhyānabiṅdu Upaniṣad (96), diz que vyāna é de cor vermelha e correlaciona


este prāṇa com o elemento terra e com o bījā Laṁ, indicando ser sua localização
no mūlādhāracakra. Entretanto, é dito naAmṛtanāda Upaniṣad (34), que a natureza
de vyāna é de difundir-se pelo corpo inteiro, sendo essa sua localização; e sua cor é a
cor do fogo.

Além desses cinco prāṇas principais, há ainda algumas outras correntes nervosas
secundárias no homem, que eles classificam como sub-prāṇas. São
os prāṇas secundários descritos na Yoga Cudamani Upaniṣad, a
saber: nāga (serpente) é encarregada de aliviar a pressão abdominal induzindo o arroto,
o soluço e a salivação. kūrma (tartaruga), sua função é comandar a abertura e o
fechamento das pálpebras. kṛkara (pássaro), que provoca o espirro e a tosse. Induz a
fome e a sede. dhanaṅjaya(conquistador de riquezas). Responsável pela sustentação e
decomposição do corpo. Devadatta (dado por Deus) que induz o bocejo e o sono.

Nāḍīs e Cakras

O prāṇa atua no prāṇamaya kośa através de um complexo sistema de canais, as nāḍīs,


que são encarregadas de distribuir a energia e de fazê-la circular por todo o corpo.
O prāṇa é a energia vital descontínua, que se juntam e formam, dessa maneira, as
correntes, ou nāḍīs, e os vórtices de energia, chamados cakras.

Nāḍī é derivada de nad, que significa um talo oco, ou ainda, som,vibração, ressonância.
As nāḍīs são tubos, condutos ou canais que levam ar, água, sangue, nutrientes e outras
substâncias para o corpo humano. São nossas artérias, veias, capilares, bronquíolos
etc., e que nosthūla śarīra são canais através dos quais circulam a energia vital, a
energia seminal e outras, bem como as sensações e a consciência. As
muitas nāḍīs existentes recebem denominações diferentes de acordo com as funções
por elas desempenhadas.

Sobre a questão de equiparar as nāḍīs como os condutos físicos (veias, artérias etc.),
o Yogācārya Iyengar faz uma ressalva, posto que, sendo elementos sutis, não podem
ser comparados com a matéria. Igualmente, G. Feuerstein aponta que essa comparação
pode ser apenas análoga, ao invés de idêntica.

Na Śivasaṁhitā são mencionadas 350.000 nāḍīs. Outros textos tântricos, como


o Ṣaṭcakra Nirūpana, falam de 72.000. ATriśikhibrahmana Upaniṣad (II: 76) reconhece
que esse número é incontável. Entretanto, destacam-se quatorze nāḍīs, dentre as quais
existem três principais: Suṣumṇā, īḍā e Pingalā. Diz a Dhyānabiṅdu Upaniṣad (50-56):

[...] acima do sexo e abaixo do umbigo se encontra um bulbo em forma de ovo, de onde
emanam os canais em numero de 72 mil; desses milhares de canais, somente se toma
em consideração setenta e dois. Os mais importantes são dez por onde circulam os
sopros a saber: a īḍā,Pingalā, unidas à suṣumṇā; a gāndhārī, a hastijīhvā, a pūṣa,
a yaśāsvinī, a alambuśā, a kuhū e enfim a śankhinī. É assim que é constituīḍā a roda
dos dez canais: os yogīsdevem ligar-se constantemente ao seu estudo. Os três canais
principais onde circulam os alentos possuem por divindade a Lua, o Sol e o Fogo; são
chamados a īḍā, aPingalā, e a suṣumṇā. Īḍā está à esquerda, Pingalā à
direita, suṣumṇā ao centro. Esses são os três caminhos por onde passam os cinco
alentos: Prāṇa, apāna, udāna, vyānae samāna.

Suṣumṇānāḍī é um canal central, reto, que parte do primeiro centro de energia


(mūlādhāracakra) e vai até o último (sahasrāracakra), passando por todos os centros
principais (cakras), sem perfurá-los. É também conhecida como a nāḍī do fogo.
Acompanha a coluna vertebral e corresponde no corpo grosso ao sistema nervoso
central.

Dentro da suṣumṇānāḍī existe uma estrutura peculiar denominadavajranāḍī, o canal do


raio, que é reluzente como o sol. Dentro devajranāḍī existe um outro canal, o citrinīnāḍī,
que é de cor pálida. Dentro de citrinīnāḍī existe, ainda, um canal muito fino que se
conhece comobrahmanāḍī, que é por onde a energia kuṇḍalinī ascende, iluminando a
consciência. A extremidade de brahmanāḍī é chamada brahmadvara, que
significa porta de Brahman.

À esquerda da suṣumṇā está īḍānāḍī que também é chamadacandranāḍī, ou nāḍī da


lua. Vai do testículo esquerdo até a narina direita. Representa a lua, o frio, e corresponde
ao sistema parassimpático.

À direita de suṣumṇā está pingalānāḍī, também chamada sūryanāḍī, ounāḍī do sol. Vai
do testículo direito até a narina esquerda. Representa o sol, o calor e corresponde ao
sistema simpático.

Existem algumas características psicológicas que estão vinculadas à predominância de


energização de īḍā e pingalānāḍī. As características psicológicas de īḍānāḍī formam:
Pessoas introvertidas por natureza, que sonham durante o dia, pensam muito, que são
conscientes dos seus sentimentos e geralmente muitos sensíveis a fatos externos e
experiências interpessoais. Geralmente pensam em catástrofes e têm pouca
perspectiva da realidade, raramente são ativos, possuem pouca energia para agir e
executar seus planos. São indivíduos com pouca vitalidade física e sujeitos a doenças
como constipação, depressão, ansiedade, colites, eczemas e um grande numero de
doenças psicossomáticas. Īḍā está relacionada com o lado esquerdo do corpo e com
características como pensamentos criativos e intuitivos; qualidades como emotividade
e passividade; e aspectos do tipo conservador, receptivo, cooperativo, sintético e
holístico.

Às características psicológicas de pingalānāḍī são: pessoas extrovertidas que tem


pouco acesso a experiências internas e que procuram preencher esse vazio interno com
prazeres, desejos e ambições externas. Normalmente são inquietas e irritáveis, com
dificuldades de relacionamento. Os indivíduos com predominância
depingalānāḍī tendem a ativar extremamente o sistema nervoso simpático, secretando
muito ácido e produzindo úlceras, angina pectoris ou elevando a pressão sanguínea
além dos limites normais. Estão constantemente em estado de preparação para luta ou
fuga, secretando muita adrenalina e fazendo pouco exercício para queimar as secreções
químicas excessivas. Normalmente suas doenças se manifestam no desequilíbrio das
secreções endócrinas e processos metabólicos.Pingalānāḍī está relacionada com o
lado direito do corpo, com pensamento lógico e racional e aspectos tais como
assertividade, agressividade, autoritarismo, competitividade e exigência.

Suṣumṇā, īḍā e pingalānāḍī partem do mūlādhāracakra, o primeiro centro psico-


energético localizado em um ponto chamado de mukta-triveni. Enquanto
o suṣumṇānāḍī sobe em linha reta, īḍā e pingalānāḍī vão se cruzando em linha sinuosa,
através dos cakras. Īḍā e pingalā voltam a encontrar-se no ājñācakra, em um ponto
chamado yukta-triveni, de onde se encaminham para a narina esquerda e direita,
respectivamente. Somente a suṣumṇānāḍī sobe até o último cakra.

Outro ponto importante mencionado na Dhyānabiṅdu Upaniṣad (50-51), é a presença


do kanda, uma estrutura oval, de onde emanam todas asnāḍīs. Este ponto também é
conhecido como nabhicakra, e sobre ele fala a Cudamany Upaniṣad (I: 13-16):

No centro do estômago, o centro do umbigo repousa no círculo conhecido


como maṇipūra. Entre o umbigo e a ultima vértebra da coluna está o centro do umbigo,
formado como um ovo de passarinho. Este centro encerra dentro de si mesmo o começo
de setenta e duas mil nāḍīs, das quais setenta e duas são vitais. Destes, novamente,
dez são os mais importantes. A fim de que se tenha o devido controle sobre esses dez
nervos, um tem que receber atenção especial.

O kanda é importante para qualquer tipo de prática de Yoga, pois este centro, estando
fora do seu lugar, prejudica o funcionamento das nāḍīs, afetando assim a circulação
do prāṇa pelo corpo. Antes das práticasyogīs, o exame do kanda deve ser realizado.
Estas são as consequências do deslocamento do kanda: estando acima do umbigo,
provoca prisão de ventre, tornando o corpo sujeito à uma infinidade de doenças;
deslocado para baixo, produz cólicas, pesadelos, entre outros; e para os lados, causa
dores agudas não localizadas. Ainda pode provocar nas mulheres: irregularidades
menstruais, coloração estranha do fluxo menstrual e esterilidade permanente. Nos
homens provoca espermatorréia e ejaculação precoce.

Também a Haṭhapradīpikā (III: 113) fala sobre o kanda. No Capítulo 3, Verso


113, yogī Svátmáráma afirma a localização e a cor do kanda:

O centro do corpo sutil (kanda, localizado atrás do umbigo) tem uma extensão de doze
dedos. Está situado por cima do ânus, a uma distância de quatro dedos e tem um
aspecto delicado, de cor branca, como coberto por um pedaço de pano branco.

Os centros de energia pelos quais passam as nāḍīs são chamadoscakras. Cakra pode
significar roda, disco ou círculo, também movimentoe anel, podendo, além disso,
recebem o nome de padma (lótus). Oscakras são centros psico-energéticos que
recebem, acumulam, transformam e distribuem energia pelo corpo através das
glândulas endócrinas que regem, além de designarem as características de
personalidade, atuando também no campo psíquico.

Em relação ao movimento dos cakras, eles giram para ambos os lados, de forma muito
rápida. Girando no sentido horário, estes centros energéticos projetam energia para
fora, distribuindo-a para a área que lhe é destinada. E no sentido anti-horário, os cakras
captam energia do ambiente. Pensemos nos cakras como redemoinhos com o centro
mais claro que as extremidades, girando vertiginosamente em ambos os sentidos.

Os cakras são representados de forma simbólica através de umamaṇḍala, palavra


sânscrita que designa um circulo ou diagrama místico dotado de profundo simbolismo.
A maṇḍala é um yantra inserido num círculo ao invés de um quadrado, como é
tradicionalmente figurado. Tal como a maṇḍala, o yantra também é um
diagrama mágico-simbólico que tem o poder de concentrar a energia psíquica e
aumentá-la.

Do círculo saem pétalas de um lótus, sendo que cada cakra possui um número
especifico de pétalas que designam duas coisas: a disposição das nāḍīs que o rodeiam;
e as letras do alfabeto sânscrito, que correspondem aos vṛttis, ou latências psíquicas e
também os poderes sonoros sutis. As pétalas são os subvórtices dos cakras chamados
em sânscrito de vṛttis. São os vórtices da mente. Cada vṛtti emana uma determinada
energia psíquica e podemos dizer que a combinação dos aspectos dos 50 vórtices
compõe os bilhões de personalidades humanas que existem. A harmonização dos
vórtices é uma tarefa para muitas vidas e a medida que o homem evolui espiritualmente
eles passam a funcionar de uma maneira tal que nossos sentimentos e emoções não
nos dominam mais.

Quando um determinado vṛtti de um cakra é estimulado, ele torna-se desequilibrado e


este padrão energético flui através das milhares nāḍīs do corpo sutil, perturbando a
tranquilidade da mente. Como os cakras estão ligados a uma determinada glândula, o
hormônio relacionado a ela é hiper ou hipo estimulado, modulando sua produção e
provocando sintomas físicos e emocionais perceptíveis.

Cada cakra é governado por um tattva, o elemento do qual se originou, que é


representado por uma figura geométrica. É o tattva que também designa a cor de
cada cakra. No centro da maṇḍala há uma letra sânscrita que é a semente (bījā)
do mantra, um som fundamental que corresponde ao elemento do cakra.

O bījā mantra está sentado sob um animal, o que denota as qualidades do tattva, e
também simboliza o veículo (vāhana) da deidade masculina que governa cada cakra.

Cada cakra têm, portanto, uma deidade masculina (devata) e uma feminina (śakti), com
diferentes nomes e atributos. Os devatasrepresentam o aspecto da consciência (cit) da
parte do corpo correspondente ao cakra. As śaktis, por sua vez, representam a parte
sutil das substâncias corporais (dhatus), que e desempenham um papel fundamental
em seu desenvolvimento e nutrição.

Esses elementos constituintes dos cakras são símbolos das propensões e latências
associadas a cada centro. Eles falam diretamente à mente subconsciente. Não precisam
ser interpretados. A única coisa a fazer é observar-se frente a eles, e às emoções que
despertam.

Granthis e a Kuṇḍalinī

Existe outro símbolo que está presente em três cakras e que merece aqui uma
introdução: é a presença de um triângulo invertido com um liṅga(falo) em seu interior,
indicando um nó (granthi), que configura um obstáculo à ascensão da kuṇḍalinī. Os
três granthis estão no mūlādhāra,anāhata e ājñācakra.

Esses granthis são um obstáculo para a realização da percepção plena da realidade de


cada cakra, por conter em si um poder maior demāyāśakti (poder da
Criação). Māyāśakti é triguṇatmika, possui trêsguṇas, ou características, e por isso é
representada por um triângulo. Os três vértices do triângulo possuem
três biṅdus (pontos) que correspondem ao fogo (vahni-biṅdu), à lua (candra-biṅdu) e ao
sol (sūrya-biṅdu). Dos biṅdus, emanam três śaktis, três poderes que são representados
pelas linhas que ligam os biṅdus: śakti-vama (desejo),śakti-jyestha (ação) e śakti-
raudri (conhecimento). Com elas estãoBrahma (o Criador), Viṣṇu (o Preservador)
e Śiva (o Transformador), respectivamente, e que também relacionam-se com os
três guṇas: raja,tama e sattva.

O triângulo invertido também indica o movimento descendente e as


trêsnāḍīs principais: īḍā, pingalā e suṣumṇānāḍī. O encontro delas tem a forma de um
triângulo invertido, o que faz com que a energia desça. De cor vermelha, o triângulo
simboliza a mulher, ou o órgão sexual feminino ou yoni. Esse triângulo se
chama kāmarupa, brilha constantemente. Seus ângulos representam icchā (a
vontade), kriyā (a ação) e jñāna (o conhecimento).

A kuṇḍalinī é expressa em inúmeros manuais tântricos como um poder, uma energia,


uma ondulação vigorosamente vibrante que pode serexpandida. Ela é um aspecto de
nosso próprio Ser. Embora o Ser esteja no nível de uma experiência inefável e
incognoscível, ele é uma imagem do Absoluto e como tal admite dois aspectos: um
estático e um dinâmico. Na linguagem tântrica, Śiva (prakāśa) representa o aspecto
estático, a consciência transcendente que está além do Tempo e do Espaço. O aspecto
dinâmico é conhecido pelo termo shakti-cidrúpinī(vimārśa-śakti) ou kuṇḍalinī que, sendo
imanente – embora dinâmico – se restringiu e se limitou a um espaço restrito de
consciência, i.e. o estado de vigília. Alguns estudiosos, por esta razão, a denominaram
equivocadamente como o princípio estático da consciência, admitindo assim que ela
deve ser colocada em movimento, que ela deve serdesperta, quando na realidade ela
deve ser apenas expandida pelosuṣumṇānāḍī, em direção ao Portal de Luz Infinita do
Espaço Supraconsciente, i.e. o sahasrāracakra.

A ênfase em que a kuṇḍalinī é um aspecto de nosso próprio Ser, aquilo que realmente
somos em nossa mais íntima quintessência – um poder infinito e eterno – e não algo
que meramente possuímos em latência, merece uma explicação. Nas tradições
tântricas Kaula e Krama, bem como em toda tradição de cunho advaita (não-dualista),
somente o Ser é Real. Todo o resto não passa de percepções fenomenais e ilusórias
de sua atividade ou manifestação. Assim, o aspecto dinâmico ou vimārśa é realmente
a kuṇḍalinī, caso contrário ela seria um fenômeno ilusório e emergente da cognição.

Quando o sādhaka eleva sua kuṇḍalinī ele se liberta das limitações impostas pela
manifestação corpórea, ascendendo a sua própria origem. Assim, o objetivo
do sādhanā tântrico ou Kuṇḍalinī Yoga é elevar – akuṇḍalinī – o nosso Ser à sua maior
expressão. A atuação da kuṇḍalinīestá centrada na vibração primordial universal,
denominada como spanda,spanda-śakti ou prāṇa-spanda, reflexos vibracionais da
consciência na estrutura sutil de sua própria atividade. Quando nos referimos a estrutura
sutil queremos dizer veículos ou corpos denominados como kośas,dehas, śarīras etc.
segundo várias tradições, em que o Ser se manifesta como consciência individualizada.
Nesta estrutura sutil a vibração primordial (spanda) flui através das nāḍīs que conectam
os cakras, centros de poder pelos quais o Ser (a kuṇḍalinī-śakti) ascende de um nível
de consciência a outro. Em outras palavras, cada cakra funciona como um portal que
permite o fluxo e refluxo da consciência, entre os diversos universos conscientes nos
quais ela se manifesta.

Contudo, iconograficamente a kuṇḍalinī é representada, dentro do homem, como uma


serpente adormecida, enroscada três voltas e meia em torno do liṅga (o falo, símbolo
do poder gerador masculino), obstruindo com sua cabeça a entrada da suṣumṇānāḍī, o
canal mais importante dos que circulam o prāṇa. Ela encontra-se na base da coluna
vertebral, no mūlādhāracakra. Assim a kuṇḍalinī fora descrita pelos antigos ṛśīs, e quem
sabe fosse esta a melhor explicação para um fenômeno tão sutil; contudo, como uma
expressão da vibração primordial, a kuṇḍalinī se encontra em movimento constante,
uma energia dinâmica que circula por todo o mūlādhāracakra esperando pela
oportunidade de ascender pelo suṣumaṇānāḍī.

Fonte: http://drashtayoga.blogspot.com/2014/02/introducao-anatomia-do-corpo-sutil.html

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