Introdução A Anatomia Do Corpo Sutil - Destacado
Introdução A Anatomia Do Corpo Sutil - Destacado
Introdução A Anatomia Do Corpo Sutil - Destacado
Influência Tântrica
Uma das influências mais nítidas do Tantra em toda cultura e religiosidade hindu diz
respeito à concepção do corpo humano que em muito difere do que até então era
tradicional na Índia. Muitas das tradições ascéticas consideravam o corpo como um
mero acúmulo de vísceras, cuja natureza é corrompida e cujo destino final é morrer e
apodrecer. Talvez o exemplo mais claro disso é o que aparece no Agni Purāṇa (LI: 15):
O asceta (yati) concebe seu corpo, na melhor das hipóteses, como uma bolha de pele,
rodeado de músculos, de tendões e de carne, cheio de urina, fezes e impurezas
malcheirosas, habitáculo da doença e do sofrimento, vítima certa da velhice, da tristeza
e da morte, mais transitório que uma gota de orvalho numa folha de erva.
Na Maitrāyanīya Upaniṣad (I: 3) também podemos encontrar uma definição semelhante:
Ó Ser Venerável, o que há de bom no usufruto dos desejos neste corpo malcheiroso e
sem substância, num mero conglomerado de ossos, pele, tendões, músculos, medula,
carne, sêmen, sangue, muco, lágrimas, fezes, urina, gazes, bile e catarro? O que há de
bom no usufruto dos desejos neste corpo que é afligido pelo desejo, pela ira, pela cobiça,
pela ilusão, pelo medo, pelo desânimo, pela inveja, pela separação em relação às coisas
queridas e a proximidade das não-queridas, pela fome, pela sede, pela velhice, pela
morte, pela doença, pela tristeza, pesar e tudo mais?
Mircea Eliade, eminente historiador das religiões, diz em seu livro Yoga, Imortalidade e
Liberdade (p. 156) que no tantrismo, o corpo humano adquire uma importância que
nunca havia tido antes na história espiritual da Índia. Essa nova atitude se expressa
sinteticamente noKulārṇavatantra (I: 14): dentre os 840.000 tipos de seres corpóreos, o
conhecimento da Realidade somente pode ser adquirido pelo [corpo]humano.
Com o aparecimento do Tantra, surge, então, uma nova visão do corpo: a de que ele é
um templo do divino, pois permite uma série de investigações, reflexões e experiências
que o tornam um instrumento fundamental para a realização espiritual e a iluminação.
O Tantra é um importante marco na história do Yoga, pois trás a luz uma nova
concepção do corpo, que antes disso, era considerado um obstáculo para a libertação,
fonte da corrupção e inimigo do Espírito. Esta visão de corpo como um monte de coisas
substanciais temporais, deu lugar a uma concepção física da morada de Deus, e o
preparo do corpo tornou-se um processo alquímico para realizar a perfeição espiritual.
O corpo passou a ser visto como um reflexo do macrocosmo, que contém em seu interior
todos os segredos do universo.
Kośas
A Prāsna Upaniṣad (III: 12) diz: Aquele que conhece a origem do prāṇa, suas entradas
nos corpos, seus locais de atuação, modos como se distribuem e suas cinco divisões,
seus aspectos internos e externos, obtém a imortalidade; sim, obtém a imortalidade.
A concepção de que o ser humano possui mais corpos além do físico está presente em
três escolas do Hinduísmo: Vedānta, Sāṁkhya eYoga, sendo que essas últimas
apresentam a mesma proposta. Embora se possa encontrar referências da existência
de uma anatomia sutil nas antigas Upaniṣads, foi somente nos textos mais recentes
do Tantra e doYoga que podemos nos deparar com uma descrição mais detalhada e
desenvolvida dessa anatomia.
Para o hindu, toda forma de energia é denominada prāṇa. No Ṛg-Veda (X: 90.13), é dito
que prāṇa indica a respiração do puruṣa cósmico e da vida em geral. O Yoga
Vaśiṣta (III: 13.31), define o prāṇa como o poder vibratório (spandaśakti) que está
presente em todo o tipo de manifestação. O prāṇa é a energia do corpo sutil, tido como
o molde energético do corpo físico. No Atharva-Veda (XI: 4.11) o prāṇa é concebido
como força vital.
A Taittiryia Upaniṣad (Pt. II: 1–5), descreve os corpos do ser humano em número de
cinco, sendo eles denominados kośas, que pode ser traduzido como invólucro, camada.
Assim, temos o annamaya kośa, o corpo físico denso, feito de alimentos (anna);
o prāṇamaya kośa, o corpo feito de bioenergia ou energia vital (prāṇa); o manomaya
kośa, o corpo dos pensamentos e emoções (manas); o vijñānamaya kośa, revestimento
feito de conhecimento e intuição (vijñāna). É chamado corpo da intuição superior;
e ānandamaya kośa, o corpo de bem aventurança (ānanda). Esses cinco kośas cobrem
e ocultam a Realidade definitiva e que, apesar desse modelo não ser típico do Tantra,
seus adeptos adotam as distinções funcionais (corpo, mente, força vital, inteligência
superior e bem aventurança).
Quanto à anatomia desses corpos, apenas dois são conhecidos:annamaya kośa, que é
constituído dos órgãos, tecidos, enfim, os elementos anatômicos conhecidos pela nossa
medicina; e o prāṇamaya kośa, cuja descrição foi amplamente desenvolvida pela escola
do Yoga, principalmente depois do advento do Tantra. Quanto aos outros corpos, os
textos são omissos ou desconhecidos.
O Tantra, além de descrever melhor esses corpos, desenvolve uma visão mais profunda
e detalhada da anatomia sutil do prāṇamaya kośa. Difere, porém, na concepção e
nomenclatura dos corpos, que, tanto para o Yogaquanto para o Sāṁkhya, são apenas
três e são denominados śarīras, a saber: sthūla śarīra, o corpo denso, feito de
alimentos; sūkṣma śarīra, o corpo sutil; e kāraṇa śarīra, o corpo causal. Entretanto, os
textos mais recentes do Yoga e do Vedānta apresentam uma equivalência entre as
nomenclaturas existentes. Essa tendência é considerada em muitas escolas tântricas
como p.e. dakṣinamārga e vāmamārga.
O ser humano possui três corpos (śarīras) que têm relação com cincoinvólucros (kośas).
Esses invólucros é que encobrem aparentemente o Ser (ātman), causando a falsa
experiência do eu limitado e separado do corpo total da criação. Sthūla śarīra, o corpo
grosseiro, corresponde a tudo que é físico, tangível, está relacionado diretamente com
os elementos densos. Aqui está incluído o annamaya kośa, a bainha do alimento,
formada pelos elementos densos que ingerimos através da alimentação. Sūkṣma śarīra,
o corpo sutil, é constituído pelas emoções, sensações, sentimentos e está relacionado
à mente, ao intelecto e aoprāṇa, a energia sutil. Relacionam-se aqui
três kośas: vijñānamaya kośa, a bainha do intelecto, é responsável pela noção de
individualidade, regendo o ego (ahaṁkāra); manomaya kośa, a bainha da mente, traz
em si todos os instrumentos psíquicos de percepção do mundo exterior, bem como a
herança genética e os condicionamentos individuais; e oprāṇamaya kośa, a bainha
do prāṇa, onde se encontra os cakras, dentre outros elementos sutis.
Kāraṇa śarīra, o corpo causal, que na alma individual, é constituído pela ignorância que
limita a consciência do homem, impedindo-o de ter a percepção de sua união
com ātman, o Ser. Relacionado a este corpo está ānandamaya kośa, a bainha da bem-
aventurança, responsável pelas experiências de felicidade autóctones do ātman, mas
que devido à ignorância, são vistas como provenientes do mundo físico.
Sthūla śarīra (corpo grosseiro) consiste de cinco tanmātrase cinco mahābhūtas. Ele é
chamado de annamaya kośa.
1. Sattva é um substantivo formado do particípio Sat (ou sant), que deriva de as-, o
verbo ser; Sat significa ser, como deve ser, bom,bem ou perfeito. Portanto, sattva é o
estado ideal de ser,bondade, perfeição, pureza cristalina, brilho imaculado ecompleta
quietude. A qualidade de sattva predomina nos deuses e seres celestiais, nas pessoas
altruístas, e nos homens dedicados a busca puramente espiritual. Este é o guna que
facilita a iluminação.
2. Rajas é um substantivo que significa, literalmente, impureza. Com referência a
fisiologia do corpo feminino, significamenstruação.[i] Em um sentido generalizado, pó. A
palavra está relacionada com rañj-, rakta, i.e. vermelhidão, cor, e com rāga, que
significa paixão. O pó citado é aquele que continuamente é agitado pelo vento em uma
terra onde não chove pelo menos dez meses por ano, visto que na Índia excetuando a
estação chuvosa, há somente o orvalho noturno para acalmar a sede da terra. O pó
redemoinha com o vento, embaçando a serenidade do céu e cobrindo tudo. Por outro
lado, no período das chuvas, o pó se assenta e, durante a maravilhosa estação outonal
que segue às chuvas – quando o Sol dispersa as pesadas nuvens –, o céu fica
imaculadamente claro. Por causa disso a palavra sânscrita para
outonal, śārada (derivada do substantivo śārad, outono),
conota frescor, jovem, novo, recente, e viśārada (abundância outonal),
significa esperto, hábil, proficiente, experimentado,versado ou instruído em
algo, douto e sábio. Em outras palavras, o intelecto do sábio é caracterizado pela
grande visibilidade do firmamento outonal, que é transparente, límpido e completamente
claro, ao passo que o intelecto do néscio está repleto de rajas, o pó vermelho da paixão.
Prāṇas e Vāyus
Prāṇa significa literalmente força que se move para frente. Regula todos os processos
de absorção: o movimento inspiratório, a assimilação de alimentos sólidos e líquidos e
a recepção das impressões sensoriais. É centrípeto por natureza e tem como finalidade
colocar as coisas em movimento. Localiza-se na parte superior do tórax, entre a
garganta e o umbigo.
Na Dhyānabiṅdu Upaniṣad (95), é dito que o prāṇa é da cor de uma nuvem carregada
de chuva e seu germe é Ya, indicando o bījāmantra docakra cardíaco (anahātacakra),
já que Ya acompanhado com o biṅdutorna-se Yaṁ. A Amṛtanāda Upaniṣad (34)
localiza o prāṇa na região do coração e diz que ele é da cor vermelho-sangue.
Apāna significa literalmente força que se move para fora. Controla todos os processos
de excreção (sêmen, urina e fezes) e eliminação (de dióxido de carbono na respiração,
transpiração, menstruação e nascimento). Por causa dessa função de expulsão,
o ápana é responsável pelo bom funcionamento do sistema imunológico. No nível sutil,
regula a expulsão das experiências negativas, emocionais e mentais. Movimenta-se
centrifugamente, para baixo e para fora e está localizado na parte inferior do abdômen.
A Dhyānabindu Upaniṣad (96), diz que udāna é da cor do nácar, e que seu germe é a
letra Va (Vaṁ) e o elemento é a vida, o que parece ser uma analogia ao elemento água,
localizando este vāyu, portanto, nosvādhiṣṭhānacakra. Já a Amṛtanāda Upaniṣad (37)
diz que udāna fica na garganta e é de cor amarelão.
É dito na Dhyānabiṅdu Upaniṣad (97), que samāna é da cor do cristal, sua localização
é onde mora o elemento éter, (viśuddhacakra), muito embora este vāyu esteja presente
em todo corpo, do coração ao grande artelho, passando pelo umbigo, o nariz, a
garganta, os pés. Já aAmṛtanāda Upaniṣad (34-37), apresenta samāna localizada no
umbigo e sua cor é branca, resplandecente como o leite da vaca.
Vyāna significa literalmente força que se move para fora. Movimenta-se do centro para
a periferia, entre o tronco e os membros. Controla todos os níveis de circulação:
movimenta os nutrientes no corpo, os sentimentos e pensamentos no psiquismo, a
administração da força de vontade e a coordenação dos outros quatro prāṇas.
Além desses cinco prāṇas principais, há ainda algumas outras correntes nervosas
secundárias no homem, que eles classificam como sub-prāṇas. São
os prāṇas secundários descritos na Yoga Cudamani Upaniṣad, a
saber: nāga (serpente) é encarregada de aliviar a pressão abdominal induzindo o arroto,
o soluço e a salivação. kūrma (tartaruga), sua função é comandar a abertura e o
fechamento das pálpebras. kṛkara (pássaro), que provoca o espirro e a tosse. Induz a
fome e a sede. dhanaṅjaya(conquistador de riquezas). Responsável pela sustentação e
decomposição do corpo. Devadatta (dado por Deus) que induz o bocejo e o sono.
Nāḍīs e Cakras
Nāḍī é derivada de nad, que significa um talo oco, ou ainda, som,vibração, ressonância.
As nāḍīs são tubos, condutos ou canais que levam ar, água, sangue, nutrientes e outras
substâncias para o corpo humano. São nossas artérias, veias, capilares, bronquíolos
etc., e que nosthūla śarīra são canais através dos quais circulam a energia vital, a
energia seminal e outras, bem como as sensações e a consciência. As
muitas nāḍīs existentes recebem denominações diferentes de acordo com as funções
por elas desempenhadas.
Sobre a questão de equiparar as nāḍīs como os condutos físicos (veias, artérias etc.),
o Yogācārya Iyengar faz uma ressalva, posto que, sendo elementos sutis, não podem
ser comparados com a matéria. Igualmente, G. Feuerstein aponta que essa comparação
pode ser apenas análoga, ao invés de idêntica.
[...] acima do sexo e abaixo do umbigo se encontra um bulbo em forma de ovo, de onde
emanam os canais em numero de 72 mil; desses milhares de canais, somente se toma
em consideração setenta e dois. Os mais importantes são dez por onde circulam os
sopros a saber: a īḍā,Pingalā, unidas à suṣumṇā; a gāndhārī, a hastijīhvā, a pūṣa,
a yaśāsvinī, a alambuśā, a kuhū e enfim a śankhinī. É assim que é constituīḍā a roda
dos dez canais: os yogīsdevem ligar-se constantemente ao seu estudo. Os três canais
principais onde circulam os alentos possuem por divindade a Lua, o Sol e o Fogo; são
chamados a īḍā, aPingalā, e a suṣumṇā. Īḍā está à esquerda, Pingalā à
direita, suṣumṇā ao centro. Esses são os três caminhos por onde passam os cinco
alentos: Prāṇa, apāna, udāna, vyānae samāna.
À direita de suṣumṇā está pingalānāḍī, também chamada sūryanāḍī, ounāḍī do sol. Vai
do testículo direito até a narina esquerda. Representa o sol, o calor e corresponde ao
sistema simpático.
O kanda é importante para qualquer tipo de prática de Yoga, pois este centro, estando
fora do seu lugar, prejudica o funcionamento das nāḍīs, afetando assim a circulação
do prāṇa pelo corpo. Antes das práticasyogīs, o exame do kanda deve ser realizado.
Estas são as consequências do deslocamento do kanda: estando acima do umbigo,
provoca prisão de ventre, tornando o corpo sujeito à uma infinidade de doenças;
deslocado para baixo, produz cólicas, pesadelos, entre outros; e para os lados, causa
dores agudas não localizadas. Ainda pode provocar nas mulheres: irregularidades
menstruais, coloração estranha do fluxo menstrual e esterilidade permanente. Nos
homens provoca espermatorréia e ejaculação precoce.
O centro do corpo sutil (kanda, localizado atrás do umbigo) tem uma extensão de doze
dedos. Está situado por cima do ânus, a uma distância de quatro dedos e tem um
aspecto delicado, de cor branca, como coberto por um pedaço de pano branco.
Os centros de energia pelos quais passam as nāḍīs são chamadoscakras. Cakra pode
significar roda, disco ou círculo, também movimentoe anel, podendo, além disso,
recebem o nome de padma (lótus). Oscakras são centros psico-energéticos que
recebem, acumulam, transformam e distribuem energia pelo corpo através das
glândulas endócrinas que regem, além de designarem as características de
personalidade, atuando também no campo psíquico.
Em relação ao movimento dos cakras, eles giram para ambos os lados, de forma muito
rápida. Girando no sentido horário, estes centros energéticos projetam energia para
fora, distribuindo-a para a área que lhe é destinada. E no sentido anti-horário, os cakras
captam energia do ambiente. Pensemos nos cakras como redemoinhos com o centro
mais claro que as extremidades, girando vertiginosamente em ambos os sentidos.
Do círculo saem pétalas de um lótus, sendo que cada cakra possui um número
especifico de pétalas que designam duas coisas: a disposição das nāḍīs que o rodeiam;
e as letras do alfabeto sânscrito, que correspondem aos vṛttis, ou latências psíquicas e
também os poderes sonoros sutis. As pétalas são os subvórtices dos cakras chamados
em sânscrito de vṛttis. São os vórtices da mente. Cada vṛtti emana uma determinada
energia psíquica e podemos dizer que a combinação dos aspectos dos 50 vórtices
compõe os bilhões de personalidades humanas que existem. A harmonização dos
vórtices é uma tarefa para muitas vidas e a medida que o homem evolui espiritualmente
eles passam a funcionar de uma maneira tal que nossos sentimentos e emoções não
nos dominam mais.
O bījā mantra está sentado sob um animal, o que denota as qualidades do tattva, e
também simboliza o veículo (vāhana) da deidade masculina que governa cada cakra.
Cada cakra têm, portanto, uma deidade masculina (devata) e uma feminina (śakti), com
diferentes nomes e atributos. Os devatasrepresentam o aspecto da consciência (cit) da
parte do corpo correspondente ao cakra. As śaktis, por sua vez, representam a parte
sutil das substâncias corporais (dhatus), que e desempenham um papel fundamental
em seu desenvolvimento e nutrição.
Esses elementos constituintes dos cakras são símbolos das propensões e latências
associadas a cada centro. Eles falam diretamente à mente subconsciente. Não precisam
ser interpretados. A única coisa a fazer é observar-se frente a eles, e às emoções que
despertam.
Granthis e a Kuṇḍalinī
Existe outro símbolo que está presente em três cakras e que merece aqui uma
introdução: é a presença de um triângulo invertido com um liṅga(falo) em seu interior,
indicando um nó (granthi), que configura um obstáculo à ascensão da kuṇḍalinī. Os
três granthis estão no mūlādhāra,anāhata e ājñācakra.
A ênfase em que a kuṇḍalinī é um aspecto de nosso próprio Ser, aquilo que realmente
somos em nossa mais íntima quintessência – um poder infinito e eterno – e não algo
que meramente possuímos em latência, merece uma explicação. Nas tradições
tântricas Kaula e Krama, bem como em toda tradição de cunho advaita (não-dualista),
somente o Ser é Real. Todo o resto não passa de percepções fenomenais e ilusórias
de sua atividade ou manifestação. Assim, o aspecto dinâmico ou vimārśa é realmente
a kuṇḍalinī, caso contrário ela seria um fenômeno ilusório e emergente da cognição.
Quando o sādhaka eleva sua kuṇḍalinī ele se liberta das limitações impostas pela
manifestação corpórea, ascendendo a sua própria origem. Assim, o objetivo
do sādhanā tântrico ou Kuṇḍalinī Yoga é elevar – akuṇḍalinī – o nosso Ser à sua maior
expressão. A atuação da kuṇḍalinīestá centrada na vibração primordial universal,
denominada como spanda,spanda-śakti ou prāṇa-spanda, reflexos vibracionais da
consciência na estrutura sutil de sua própria atividade. Quando nos referimos a estrutura
sutil queremos dizer veículos ou corpos denominados como kośas,dehas, śarīras etc.
segundo várias tradições, em que o Ser se manifesta como consciência individualizada.
Nesta estrutura sutil a vibração primordial (spanda) flui através das nāḍīs que conectam
os cakras, centros de poder pelos quais o Ser (a kuṇḍalinī-śakti) ascende de um nível
de consciência a outro. Em outras palavras, cada cakra funciona como um portal que
permite o fluxo e refluxo da consciência, entre os diversos universos conscientes nos
quais ela se manifesta.
Fonte: http://drashtayoga.blogspot.com/2014/02/introducao-anatomia-do-corpo-sutil.html