Complementacao CTR Jaguaribe
Complementacao CTR Jaguaribe
Complementacao CTR Jaguaribe
Fortaleza – CE
JANEIRO/2018
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
TABELAS
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Programa de Monitoramento – FASE III
SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO .......................................................................................................... 5
2 EQUIPE TÉCNICA ........................................................................................................ 6
3 APRESENTAÇÃO ......................................................................................................... 7
4 LOCALIZAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ....... 10
5 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15
6 ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO...................................................... 17
7 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................... 18
8 SÍNTESE DOS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS REALIZADOS NA ÁREA CTR JAGUARIBE 30
9 LEVANTAMENTO ETNO-HISTÓRICO ........................................................................ 32
10 CONTEXTUALIZAÇÃO ARQUEOLÓGICA ................................................................... 46
11 CONCEITOS E METODOLOGIA ................................................................................. 52
CONCEITOS ................................................................................................................. 53
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Programa de Monitoramento – FASE III
1 IDENTIFICAÇÃO
EMPREENDEDOR
Endereço: Rua General Afonso Albuquerque Lima, Ed. SEPLAG, 1º andar, Cambeba.
Município: Fortaleza - CE
Contato: (85)3221.6360
CONSULTORIA EM ARQUEOLOGIA
ENDOSSO INSTITUCIONAL
Município: Fortaleza - CE
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Programa de Monitoramento – FASE III
2 EQUIPE TÉCNICA
GEÓGRAFO
ASSISTENTES DE PESQUISA
Nome Completo: Luís Augusto Mafrense
Formação: Bacharelado em Direito (UNIFOR)
Contato: (85) 9 9912-0144
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Programa de Monitoramento – FASE III
3 APRESENTAÇÃO
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Programa de Monitoramento – FASE III
Transmissão e Distribuição, onde foi encontrado um número importante de sítios
arqueológicos (VIANA et al, 2008; ALBUQUERQUE, 2011).
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Programa de Monitoramento – FASE III
a saúde pública e comprometendo a qualidade de vida e do meio ambiente a nível
regional.
O estudo em questão tem sua viabilidade financeira assegurada pela SECRETARIA
DAS CIDADES DO ESTADO DO CEARÁ, órgão ligado ao Governo do Estado do Ceará,
enquanto parte da política estadual de gestão integrada de resíduos sólidos.
Os resultados dos estudos da referida solicitação serão apresentados sob a forma
de relatório técnico com vistas a demonstrar o contexto arqueológico da área de estudo,
através de dados primários e fontes secundárias, bem como, a avaliação das
consequências da implantação do empreendimento no que diz respeito ao patrimônio
arqueológico.
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Programa de Monitoramento – FASE III
4 LOCALIZAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
LIMOEIRO DO NORTE
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Programa de Monitoramento – FASE III
emprego na área. O turismo vem obtendo significativo avanço, porém ainda é pouco
explorado na região. O setor primário também representa uma parcela significativa do
sustento das famílias. Destaca-se a lavoura de banana, castanha de caju, coco, goiaba,
mamão, limão e uva. Na pecuária destacam-se os rebanhos de bovinos, equinos,
caprinos e suínos (IBGE 2015).
O setor secundário é a terceira maior atividade econômica da região. No
município estão localizadas cerca de 40 indústrias. Treze delas são de produtos
alimentares, uma extrativa mineral, duas de madeira, quatro metalúrgicas, uma têxtil,
uma editorial e gráfica, uma de mobiliário, dez de produtos minerais não metálicos, três
de serviços de construção, quatro de vestuário, calçados e artigos de tecidos, couros e
peles.
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Programa de Monitoramento – FASE III
Figura 2 Área do empreendimento e municípios vizinhos. (Fonte: Secretaria de Cidades, 2016).
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Programa de Monitoramento – FASE III
O acesso à área a partir da sede municipal de Limoeiro do Norte, dá-se pela CE-
265 em direção à BR 116, após aproximadamente 8 km na BR 116 em direção a Tabuleiro
do Norte, no lado direito, segue por uma estrada secundaria aproximadamente 2,3 km
até a área do empreendimento.
A área da Central de Tratamento de Resíduos Regional Vale do Jaguaribe se
encontra localizada nas proximidades das comunidades rurais Sitio Barrocão, em
Tabuleiro do Norte e Café Queimado, no município de Limoeiro do Norte. A área
indicada situa-se fora do perímetro urbano e distante aproximadamente 13,5 km do
centro de massa regional (Limoeiro do Norte) no ponto de coordenadas planas
aproximadas UTM 9.424.510 S e 585.615 E.
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Programa de Monitoramento – FASE III
Figura 3 Localização da área da Central de Tratamento de Resíduos Regional Vale do Jaguaribe.
(Fonte: EIA, 2014).
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Programa de Monitoramento – FASE III
5 OBJETIVOS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para efetivação do Programa de Diagnóstico e Prospecção Arqueológica na área
de instalação da Central de Tratamento de Resíduos - CTR REGIONAL VALE DO
JAGUARIBE, serão observados os propósitos a seguir:
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Programa de Monitoramento – FASE III
harmonia de ideias e conceitos acerca da preservação do patrimônio
arqueológico.
Produzir dois relatórios técnicos parciais durante o período de monitoramento
das atividades;
Produzir um relatório final, detalhando a metodologia, resultados e
interpretações das atividades realizadas.
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Programa de Monitoramento – FASE III
6 ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO
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Programa de Monitoramento – FASE III
Figura 4Área de Influência (AI) - representação esquemática das diferentes escalas de abrangência
dos impactos e as áreas de influência de um dado empreendimento.
Portanto, são definidas a seguir as áreas (ADA, AID e AII) impactadas de acordo com a
implantação da Central de Tratamento de Resíduos – CTR Regional Vale do Jaguaribe:
7 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
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Programa de Monitoramento – FASE III
Todas as informações acerca da caracterização ambiental do município e das áreas de
impacto do empreendimento são frutos de uma síntese do relatório de ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL – EIA e do RELATÓRIO DE IMPACTO DO MEIO AMBIENTE – RIMA, contratados pela
SECRETARIA DAS CIDADES DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ e inseridos dentro do
PROJETO EXECUTIVO DE ENGENHARIA PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO, ESTAÇÃO
DE TRANSFERÊNCIA, ESTUDOS AMBIENTAIS E REVISÃO DE PLANO DE GESTÃO, RELATIVOS AO
GRUPO DE MUNICÍPIOS DE ALTO SANTO, ERERÊ, IRACEMA, LIMOEIRO DO NORTE, MORADA
NOVA, QUIXERÉ, RUSSAS, SÃO JOÃO DO JAGUARIBE, TABULEIRO DO NORTE, POTIRETAMA E
PALHANO NO ESTADO DO CEARÁ, datado de meio de 2014eelaboradospela empresa
SANEBRAS PROJETOS, CONSTRUÇÕES E CONSULTORIA LTDA., sob coordenação do engenheiro
civil Francisco André Martins Pinto.
Estas informações ajudam a compreender a área e o potencial arqueológico a qual o
empreendimento será instalado. É fundamental que estes dados acerca do levantamento
ambiental sejam previamente conhecidos pela equipe de Arqueologia para que possam ser
usadas como base para a escolha da metodologia mais adequada para realização de estudos
que visem à identificação de bens culturais arqueológicos.
ECOSSISTEMA LOCAL
O município de Limoeiro do Norte está situado na região semiárida do nordeste
brasileiro, cerca de 209 km da Capital, Fortaleza. A sede municipal apresenta coordenadas 5º
08' 44" S e 38º 05' 53' W, com altitude média de 30,22 m e temperatura média anual variando
entre 26º a 28ºC (IPECE, 2012).
De acordo com IPECE (2012), o clima da área indicada para instalação da Central de
Tratamento de Resíduos Regional Vale do Jaguaribe varia entre Tropical Quente Semiárido, a
pluviosidade média do município está em torno dos 720,5 mm e caracterizada por possuir
uma estação chuvosa que vai de janeiro a abril.
Baseado nas características geomorfológicas do município, Limoeiro do Norte está
inserido na Depressão Sertaneja, possui elevações cristalinas inferiores a 200 metros de
altitude em ralação ao nível do mar, a leste encontra-se localizada a Chapada do Apodi e
terraços fluviais ao longo do Rio Jaguaribe (IPECE, 2012).
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Programa de Monitoramento – FASE III
A vegetação presente na área do empreendimento é composta por espécies rasteiras
e pioneiras mescladas numa vegetação de caatinga arbustiva aberta apesar da presença de
algumas espécies arbóreas. A existência de algumas espécies de cactáceos é bastante
presente.
A propriedade apontada para implantação da Central de Tratamento de Resíduos
Regional Vale do Jaguaribe (ADA) possui no entorno áreas produtivas, áreas abertas ou
desmatadas para o destino do plantio de culturas antrópicas, porém, com algumas parcelas
de vegetação em regeneração e na área de influência algumas porções de fragmentos
visualmente impactados pela exploração de jazidas.
De acordo com o levantamento realizado das espécies para ADA e AID, verificou-se
que os representantes que compõem a cobertura vegetal da propriedade e áreas de entorno
apresentam uma fitofisionomia comum para outros ambientes deste Bioma, sendo possível
registrar indivíduos botânicos como a PiptadeniamoniliformisBenth. (catanduva),
AnadenantheramacrocarpaBenth. (angico), Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (jurema-preta),
Piptadeniastipulacea (Benth.) Ducke. (jurema-branca), Mimosa caesalpiniifoliaBenth. (sabiá),
Commiphoraleptophloeos (Mart.) J.B. Gillett. (imburana), Caesalpiniaferrea Mart.
(jucá/pauferro), Zizyphusjoazeiro Mart.(juazeiro), CrotonsonderianusMuell. Arg.
(marmeleiro/marmeleiro-preto),Aspidospermapyrifolium Mart.
(pereiro),Auxemmaonconcalyx (pau-branco/louro-branco), Bauhiniacheilantha (Bong.) Steud.
(mororó),CombretumleprosumMart. (mofumbo) e AnacardiumoccidentaleLinn. (cajueiro).
Com relação à cobertura de solos, a área apresenta solos evoluídos, incluídos na classe de
solos argissolos. Em geral, são solos extremamente ácidos, profundos e apresentam perfis
com sequências de horizontes. Localmente, apresenta-se com profundidades maiores que
dois metros e meio e horizontes texturais ricos em minerais como hematita e goethita,
coloração variegada ou mosqueada e drenagem imperfeita.
Geomorfologicamente, a área situa-se dentro da depressão sertaneja, entretanto se
encontra margeada pela planície Fluvial do Rio Jaguaribe. No entanto, este último setor
comporta-se como mal drenado sem rios e corpos hídricos próximos e livres de declives
acentuados. As principais drenagens da área encontram-se distantes aproximadamente 710
metros a sul da área em estudo. Estas participam dos afluentes do rio Jaguaribe.
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Programa de Monitoramento – FASE III
Pelo fato da área encontrar-se em um divisor de águas e com solos permeáveis,
admite-se que seria improvável a área em questão apresentar inundações sazonalmente.
Com relação aos recursos hídricos próximos à área de estudo, apresenta drenagens
naturais e córregos, o mais próximo deles está a aproximadamente 710 m da área em estudo.
Todos de natureza sazonal com pouca influência em rios de 3ª ordem, salvo em épocas de
grandes chuvas. Em geral, existem poucos corpos hídricos permanentes tais como açudes e
lagoas. O mais próximo encontra-se a 950 metros da área em questão e é alimentada por
pequenas drenagens de sudeste a noroeste.
A área apresenta-se livre de níveis freáticos acima de 2 metros. A partir de medições
de poços amazonas locais, verificou-se que esse nível se apresenta em torno de 8 a 10m de
profundidade. Pela presença de argilominerais no horizonte B textural dos solos presentes, a
água tende a infiltrar, porém com pouca facilidade. Entretanto o coeficiente de
permeabilidade do solo nesta área se torna um fator positivo, já que se encontra dentro da
norma vigente.
CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS
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Programa de Monitoramento – FASE III
A região em estudo compreende o Domínio Morfoestrutural dos Depósitos
Sedimentares Quaternários, Faixas Móveis Neoproterozóicas e das Bacias e Coberturas
Sedimentares Fanerozóicas. De modo geral estes compreendem extensas áreas
representadas por planaltos, alinhamentos serranos e depressões interplanálticas elaborados
em terrenos dobrados e falhados, incluindo principalmente metamorfitos e granitoides
associados. De acordo com Ab'Sáber (1977) a região encontra-se nas áreas de Depressões
Intermontanase interplanálticas semiáridas.
Os Depósitos Sedimentares Quaternários constituem áreas de acumulação
representadas pelas planícies e terraços de baixa declividade. Os Cinturões Móveis
Neoproterozóicos compreendem extensas áreas representadas por planaltos, alinhamentos
serranos e depressões interplanálticas elaborados em terrenos dobrados e falhados, incluindo
principalmente metamórfitos e granitóides associados. Por fim, as Bacias e Coberturas
Sedimentares abrigam planaltos e chapadas desenvolvidos sobre rochas sedimentares
horizontais a sub-horizontais, eventualmente dobradas e/ou falhadas, em ambientes de
sedimentação diversos, dispostos nas margens continentais e/ou no interior do continente
(IBGE, 2010).
PLANÍCIE FLUVIAL
Estas planícies se desenvolvem nas porções laterais dos cursos d'água, sendo
resultantes da deposição de sedimentos aluviais. Essas áreas de depósitos aluvionares são
compostas de areias de granulometria de média a grossa, associadas a seixos de quartzo. Na
região da planície fluvial do Baixo curso do Rio Banabuiú e médio curso do Rio Jaguaribe
encontram-se depósitos aluvionares Holocênicos, com solos aluviais.
DEPRESSÃO SERTANEJA
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Programa de Monitoramento – FASE III
Em geral, as depressões apresentam topografias que variam de planas a levemente
onduladas, compreende superfícies de aplainamento truncado pelos processos erosivos
configurando variados tipos de rochas.
Nesse contexto, em termos mais específicos pode-se inserir o território de Limoeiro do
Norte dentro do Sertão do Baixo Banabuiú. Correspondendo a superfícies de aplainamento
conservadas, por vezes colinosa e moderadamente dissecadas em colinas rasas, com topos
convexos em interflúvios tabulares. Normalmente são ambientes de transições com
tendências a instabilidades em função das degradações.
PLANALTOS SEDIMENTARES
GEOLOGIA LOCAL
A compartimentação geológica local referida à área de estudo e sua respectiva área de
influência, direta e indireta, foi descrita buscando identificar as linotipos presentes, bem como
suas respectivas estruturas. No entanto, a área apresenta uma baixa variação de tipos
litológicos, entretanto foi possível descrever rochas relacionadas ao Complexo Jaguaretama,
Formação Faceira e depósitos Holocênicos oriundos da ação fluvial.
COMPLEXO JAGUARETAMA
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Programa de Monitoramento – FASE III
O Biotita-feldspato gnaisse localiza-se principalmente na porção nordeste da área e
representa um litotipode textura granoblastica grossa, com grãos de feldspato e quartzo entre
0,2 a 0,5 cm. Apresentam-se pouco foliados, entretanto a foliação principal é marcada pela
biotita e estiramento de grão de feldsapato e quartzo. Apresentam, por vezes, pequenos veios
de sílex concordantes com a foliação principal.
Figura 5 Biotita-feldsapato gnaisse com textura granoblástica e veio de sílex concordante com a
foliação principal. (Fonte: EIA/RIMA, 2014).
Outros corpos aparecem em formas lenticularse ao longo dos flanos de foliação das
rochas ou sobreposta aos gnaisses, entretanto de forma mais restrita. Litologicamnente esses
corpos são classificados como muscovita quartzito. São encontrados principalmente dentro
da área de interesse e a sul, servindo de embasamento para as rochas da Formação
Faceira.Não obstante, outros corpos lenticulares menores tais como veios, podem ser
encontrados em todos os litotipos, concordante ou discordante da foliação. Estas feições
estão relacionadas a resultantes da percolação de líquidos hidrotermais nas fases finais de
deformação. Preenchendo espaços intrafoliaisou fraturas na forma de diques de silexitos e
quartizitos.
FORMAÇÃO FACEIRA
A Formação Faceira ocupa quase toda área de influência direta e sul da área de
influência indireta da área em questão. Formada por arenitos médios a grossos,
moderadamente selecionado e cimentado por calixe do tipo ferricrete. Possuem lentes
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Programa de Monitoramento – FASE III
conglomeráticas, matriz sustentada de seixos de quartzo, quartzito e basalto, arredondados,
de baixa esfericidade e granodecrescência para o topo.
Essa formatação litológica com as estruturas presentes indica um paleoambiente de
fundo de canal fluvial, controlado por paleocorrentes de 32 azimute. Essa paleocorrente foi
fornecida por embricamentos do eixo C de seixos de quartzo. A presença de grão espaços de
quartzito e basalto, arredondados e de baixa esfericidade, indicam a distância da área de
sedimentação em relação à área fonte, bem como o ambiente de alta energia, marcada pela
moderada seleção, no arraste de carga de fundo de granulação entre 0,2 a 5 cm.
PEDOLOGIA LOCAL
ARGISSOLOS
Localmente esses solos são caracterizados como juvenis sem processos pedogenéticos
avançados, podendo apresentar uma espessura de até 2 metros. Em escala local eles são
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Programa de Monitoramento – FASE III
encontrados principalmente em situações topográficas mais baixas, possibilitando sua
lavagem e posterior lixiviação.
São constituídos por cinco principais horizontes de espessuras variáveis, ricos em
óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio. Ao topo há a presença de um horizonte A, bastante
fino, não passando de cinco centímetros misturados com o horizonte O, sobre o qual
representa o horizonte com material orgânico em processo de decomposição.
Seguindo no perfil de solo estão abrigados os horizontes E e B sobre o qual não
possuem uma distinção muito nítida, provavelmente devido à baixa maturidade pedológica
desse tipo. Já o Horizonte E, chamado de horizonte de eluviação, apresenta material
acinzentado, este é pouco espesso e quase imperceptível ao olho desarmado. O horizonte B
representa um horizonte rico em argila do grupo da montemorilonita. Perfaz também um
horizonte amarelado e agregando blocos subangulares de material parental.
Os horizontes C e R são difíceis de serem visualizados devido a semelhança das
características do solo com a então rocha matriz.
NEOSSOLOS
Os Neossolos são solos rasos com textura argilosas, apresentando fertilidade média,
baixa aptidão agrícola e o seu uso contínuo para culturas anuais pode levá-los à degradação.
O perfil pedológico apresenta horizonte B bem visível, encoberto por um horizonte A pobre
em matéria orgânica. Esse tipo de solo apresenta Horizonte R raso e composto principalmente
por gnaisses e quartzitos.
Segundo o SiBCS os neossoloslitólicos são solos com horizonte A ou O hísticos com
menos de 40 cm de espessuras. Os mesmos encontram-se rasos sobre a rocha. Em geral,
apresentam condições topográficas acidentada, sendo pouco espesso. Esses solos estão
presentes onde há afloramento de rochas ocupando áreas de remoção de material.
CARACTERÍSTICAS HIDROGRÁFICAS
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Programa de Monitoramento – FASE III
O estudo da disponibilidade hídrica através da análise integrada se faz necessário, uma
vez que o conjunto das características climáticas (temperatura do ar, ventos, umidade relativa
e insolação), pedológicas e fitoecológicas atuantes interferem nos ciclos hidrológicos pelo qual
estabelece a circulação e a renovação das águas superficiais.
Neste contexto, o município de Limoeiro do Norte insere-se oficialmente dentro de
duas subbacias: Sub-Bacia Hidrográfica do Baixo Jaguaribe e do Rio Banabuiú, sendo esta
últimamenos abrangente no que se refere o perímetro municipal de Limoeiro do Norte. Logo
será considerado nesse estudo somente ao que compete a sub-bacia do médio Jaguaribe, uma
vez que, os principais cursos hídricos presentes no município são geridos pelo Comitê desta já
citada.
O município é abastecido principalmente pelo manancial disponível pelos açudes
públicos de Orós (capacidade de 2 bilhões de metros cúbicos, sendo 200 km do município) e
Banabuiú (capacidade de 1,7 milhão de metros cúbicos, 110 km do município), que são
localizados fora do Município.
A água do municípioé originada principalmente pela perenização dorio Jaguaribe, pelo
açude Castanhão e pelo Rio Banabuiú, representando curso fluvial contribuintes das
barragens dos Orós e Banabuiú.
O Rio Jaguaribe atravessa todo o Município, sul a norte,drenando um canal a oeste
(esquerda) e o outro a leste (direita), cujo braço é denominado de Rio Quixeré. Devido a sua
grande extensão é frequente variações em termos litológicos, morfológicos, de tipos de
vegetação, de solos e rede hidrográfica. O Jaguaribe apresenta rede de drenagem pouco
expressiva na margem direita, constituída de pequenos cursos vindos das escarpas da chapada
do Apodi. Os sistemas flúvio-lacustres ocorrem principalmente no conjunto dos tributários da
margem esquerda do Rio Jaguaribe.
O Rio Quixeré, já perenizado possui duas funções importantes: suprimento de água
que abastece o Projeto de Irrigação do Jaguaribe e abastecimento d'água da sede municipal.O
Rio Banabuiú, principal afluente da margem esquerda do Jaguaribe, atravessa todo o e
desemboca abaixo da Cidade de Limoeiro do Norte.
O Município também é beneficiado pelo canal do Projeto Tabuleiro de Russas, que
transecta as terras do município, a oeste, na região do Distrito de Bixopá. Devido ao tipo de
27
Programa de Monitoramento – FASE III
topografia plana, apresenta um número muito pequeno de açudes, particularmente de médio
e grande porte.
Em escala local, os recursos hídricos mais próximos a ADA, são caracterizados por
cursos hídricos sazonais, bastante ramificados e de baixa descarga hídrica. À noroeste
encontra-se o Riacho do Livramento, o Riacho Santa Rosa e o Córrego da Concunda, ambos
afluentes do Rio Banabuiú. Já a sul encontra-se o Riacho das Lajes, afluente do Rio Jaguaribe.
Também há a presença de pequenos corpos hídricos estáveis como açudes e barramentos a
noroeste e a sul, esses alimentados principalmente pela descarga hídrica.
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Programa de Monitoramento – FASE III
Figura 8Relação em Mapa dos principais recursos hídricos próximos a área. (Fonte: EIA/RIMA, 2014).
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Programa de Monitoramento – FASE III
8 SÍNTESE DOS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS REALIZADOS NA ÁREA CTR JAGUARIBE
Para melhor compreender a dinâmica da área onde será instalado o CTR JAGUARIBE,
é fundamental considerar as observações e identificações feitas nas etapas anteriores,
durante as fases de Diagnóstico e Prospecção.
Tomando como base RELATÓRIO FINAL - PROGRAMA DE DIAGNÓSTICO E PROSPECÇÃO
ARQUEOLÓGICA NA ÁREA DE INSTALAÇÃO DA CTR JAGUARIBE, de autoria do arqueólogo
Everaldo Dourado, foram feitas as seguintes observações acerca do histórico das pesquisas
arqueológicas na área pesquisada:
Ao todo, as atividades de campo foram realizadas no mês de maiode 2017. As
atividades de Diagnóstico e Prospecção ocorreram de forma concomitante na área do
empreendimento. Ao todo foram efetivadas 47 sondagens e 07 pontos de observação. Em
todas as intervenções realizadas, nenhuma identificou material arqueológica em
profundidade. É importante também destacar que nenhum material foi encontrado em
superfície durante o caminhamento na área, conforme a seguir:
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Programa de Monitoramento – FASE III
Figura 9 Equipe durante atividade de caminhamento na área da CTR JAGUARIBE. (Fonte:
Arqueosocio, 2017)
Figura 10 Equipe durante atividade de abertura de sondagens na área da CTR JAGUARIBE. (Fonte:
Arqueosocio, 2017)
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Programa de Monitoramento – FASE III
9 LEVANTAMENTO ETNO-HISTÓRICO
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Programa de Monitoramento – FASE III
Da mesma forma, as Revistas do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do
Ceará, publicadas desde o ano de sua fundação em 1887, são fundamentais para a pesquisa
histórica do estado, pois além de agregar a produção de vários expoentes intelectuais, seus
membros tiveram o cuidado de publicar ali alguns dos mais importantes documentos
coloniais, muitos deles oriundos de acervos na Europa. No início do século XX há, no Instituto,
uma intensificação de pesquisas voltadas para questão indígena e, embora elas também
estejam permeadas por um olhar eurocêntrico, consistiram em um importante esforço a fim
de registrar a presença desses grupos.
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Programa de Monitoramento – FASE III
formação do que Capistrano chamou de “civilização do couro” (1998) cujos resquícios são
percebidos até hoje. Também foi nas imediações do rio que ocorreram os conflitos mais
sangrentos entre povos indígenas e colonizadores.
Essa referências se somam a uma produção regional mais recente, que tem como
centro difusor o curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos –
FAFIDAN/UECE, localizada no próprio município.
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Programa de Monitoramento – FASE III
situam os índios e uma paisagem cultural que se constitui apenas com o avançar da
colonização e que foi amplamente registrada pela cartografia (CORRÊA, 2006).
Foi com base na documentação colonial e nos textos dos primeiros cronistas que Carlos
Studart Filho (1962;1963a), membro do Instituto Histórico do Ceará, elaborou um quadro da
ocupação indígena na província, ressaltando que além das etnias que viviam aqui desde tempo
pretéritos, o Ceará recebeu um contingente de outros povos oriundos das capitanias vizinhas,
que realizavam deslocamentos territoriais a fim de se afastar das áreas de colonização
avançada. Desta forma, na região do médio e baixo Jaguaribe estariam presentes os seguintes
povos1:
Os povos Aruá, segundo Studart Filho (1962), seriam os únicos representantes do grupo
Jê no Ceará, habitando uma região que se estendia por entre o rio Jaguaribe e Itaim. Todavia
são escassas as informações sobre essa etnia.
Carlos Studart Filho (1962;1963a) ressalta a grande marcha realizada pelos povos Tupi,
sendo relativamente recente a sua chegada aos solos cearenses, onde se instalaram na região
do baixo Jaguaribe e, posteriormente, na faixa litorânea que se estendia até o Rio Ceará. Esses
deslocamentos teriam sido conseqüência do avanço colonial e da violência empregada pelos
europeus contra os indígenas, que então passaram a ver no Ceará - cuja colonização foi tardia
1
Carlos Studart agrupa as etnias cearenses em seis grupos, a partir de características linguísticas e culturais. Desse
modo temos: Tupi (Tabajara e Potiguar); Tremembé; Cariri (Ariú, Cariri, Cariús, Cariauaês, Caratius, Curema,
Isus e Inhamu); Tarairiú (Canindé, Janduin, Jenipapo, Paiacu, Arariú, Quixelô, Tocarijus, Aperiús, Camaçus,
Javós, Jenipaboaçu, Quitariús e Quixerariús); Jê (Aruás) e; de filiação duvidosa (Azimis, Acocis, Aconguaçus,
Acriús, Anapurus, Apujarés, Calabaças, Chibatas, Icós, Icozinhos, Jaguaribara, Jaguaruana, Jucá, Peba, Tocaiú,
Anacé, Xixirós e Pimpões)
35
Programa de Monitoramento – FASE III
em relação às demais capitanias do que hoje constitui o nordeste - a possibilidade de
manterem suas formas de vida.
Entretanto, aqui a brutalidade para com os indígenas não seria diferente e se fez
sentir desde a primeira tentativa de ocupação efetiva do solo cearense, na expedição
comandada pelo Capitão-Mor Pero Coelho de Sousano ano de 1603. A expedição foi motivada
pelo risco eminente de perder o território, sobretudo para os franceses que há muito vinham
questionando os domínios portugueses e estabelecendo relações com os indígenas. Tendo
como ponto de partida a Paraíba, adentrou o Ceará pelo rio Jaguaribe, contando com uma
comitiva composta por 65 soldados e 200 índios Tupi “mansos”. Essa expedição teria sido
responsável por uma nova dispersão dos Potiguar, pois, Pero Coelho teria sido
responsável pelo aprisionamento e morte de vários indígenas, impulsionando a fuga
desses povos para a direção oeste.
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Programa de Monitoramento – FASE III
Os Potiguar voltariam a aparecer nos relatos coloniais a partir de Martin Soares Moreno2, que
os “pacificou” e contou com seu apoio na primeira experiência de ocupação efetiva da
capitania. Soares Moreno havia participado da expedição de Pero Coelho, no entanto
estabeleceu boas relações com os indígenas, sobretudo com os Potiguar, de forma que
encontrou menos resistência ao seu intento.
Após fundar forte de São Sebastião3 nas margens do rio Ceará concretizando o primeiro núcleo
de povoamento colonial, Martin deixa o Ceará com a finalidade de combater os franceses no
Maranhão, retornando apenas em 1621, o que não duraria muito, uma vez que novamente
foi convocado para guerra, desta vez contra os holandeses, partindo em 1631 para
Pernambuco. A saída de Martin Soares Moreno representou a decadência e abandono do
forte de São Sebastião, que, na ocasião da invasão holandesa em 1637 não tinha condições de
apresentar qualquer resistência.
2
A figura de Martin Soares Moreno foi mitificada no romance Iracema de José de Alencar. A historiadora Ivone
Cordeiro, ao fazer uma análise sobre as representações acerca dos indígenas e do sertão na literatura brasileira do
século XIX, ressalta o quanto o romance entre a índia Iracema e Martin Soares e o nascimento de seu filho Moacir,
corroboraram para afirmação de um discurso de extermínio dos povos indígenas, envoltos na alcunha de caboclos.
Sobre o assunto ver: BARBOSA, Ivone Cordeiro. Entre a barbárie e a civilização: o lugar do sertão na literatura.
3
No local onde Pero Coelho havia instalado, anos antes, o forte de São Tiago.
37
Programa de Monitoramento – FASE III
material, dominando a olaria e a agricultura. Eram ainda, exímios caçadores e pescadores
(STUDART FILHO, 1962).
4
O Aldeamento Monte-Mor o Velho deu origem a Vila de Guarany que atualmente é o município de Pacajus.
38
Programa de Monitoramento – FASE III
João de Barros comandou ainda, outros ataques aos índios, agindo de forma brutal,
sendo complacente apenas com os Tremembés sob a alegativa de que estes teriam sido
impelidos a lutar contra os brancos sob a ameaça de serem eles mesmos mortos. O desfecho
do levante de 1713 foi cruel para os índios, que foram mortos, escravizados e perseguidos. Em
alguns casos o aldeamento foi a única alternativa para minimizar as perseguições e garantir
uma relativa proteção.
Da mesma forma, os Janduim que viviam nos sertões do Rio Grande do Norte,
Pernambuco e Paraíba e esporadicamente realizavam incursões pelo rio Jaguaribe, eram
considerados “terríveis combatentes e inimigos ferrenhos de nossos colonizadores a quem
causaram sérias atribulações e infringiram graves derrotas militares no correr do século XIX”
(STUDART FILHO, 1962, p. 62).
Os Janduins tiveram uma posição de destaque no episódio que ficou conhecido como
“Guerra dos Bárbaros” ou “Confederação dos Kariris”, quando, em fins da década de 1680
atacaram os colonos da região do Assu, no Rio Grande do Norte. O conflito se alastrou pelo
Ceará, sobretudo entre os indígenas da região do Jaguaribe, chegando aos sertões do Piauí,
Paraíba e Pernambuco e perdurou até o primeiro quartel do século seguinte (PUNTONI, 2002).
Como resposta a ameaça indígena, o governo português não mediu esforços para,
não só conter o conflito, como exterminar os grupos indígenas, num quadro de violência que
chegou ao seu ápice com a vinda dos bandeirantes paulistas, dos quais merecem destaque
Domingos Jorge Velho e Manuel Alves Morrais Navarro. Vencida a “Guerra dos Bárbaros”,
os portugueses conseguiram se assenhorar dos sertões.
Como é sabido, foi a introdução do gado e a implantação das fazendas de criar que
possibilitou a ocupação colonial no Ceará. As ribeiras dos rios foram fundamentais, de modo
que a distribuição de sesmarias, ocorrida apenas a partir de 1678, partia do litoral seguindo
os cursos dos principais rios (BEZERRA, 1901). A importância dessas bacias hidrográficas são
salientadas também por Clóvis Ramiro Jucá Neto, que as organiza em vertentes:
40
Programa de Monitoramento – FASE III
territorial entre sertão e litoral (ABREU, 1998; GIRÃO, 1994a). Na região em estudo, o gado
era transportado através da Estrada Geral do Jaguaribe, que partia do rio Salgado, passando
por Icó e Russa até o Aracati, onde era escoada através do porto.
O mapa a seguir foi elaborado por Clóvis Ramiro Jucá Neto, tomando como base as
informações contidas no artigo de Carlos Studart Filho (1937). A tracejado verde corresponde
a Estrada Geral do Jaguaribe e o ponto 8 a Vila de São Bernardo de Russas,com destaque
nosso assinalando a área em estudo:
41
Programa de Monitoramento – FASE III
Em 1777 a freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Russas já apontava a sua
importância no adensamento populacional com um número de 1.027 fogos e 4.525 pessoas
desobriga (JUCÁ NETO, 2012). Em 1788 “possuía a ribeira do Jaguaribe número de currais
suficiente para que fosse exigido dos sesmeiros uma contribuição à construção da igreja, da
hoje cidade de Russas” (GIRÃO, 1994a, p. 38). A freguesia de Russas manteve, ao longo do
ciclo do gado, a sua posição de destaque, pois de
A vila de Russas foi descrita por Freire Alemão que viajou pela região do Jaguaribe
entre março de 1859 e junho de 1860, passando por Russas em setembro de 1859:
42
Programa de Monitoramento – FASE III
A presença negra na região do Jaguaribe também é um fator a ser considerado para os
estudos etnohistóricos. Assim como os indígenas, esses povos também foram invisibilizados
sobre a alegativa de que o modelo econômico da província não absorvia grande contingente
de mão de obra negra e que o Ceará fora o primeiro a abolir a escravidão. Esse discurso
promove a associação perversa entre os negros e a escravidão. Já no início do século XVIII os
negros e pardos livres somavam 60,7% da população, enquanto os negros e pardos cativos
representavam apenas 15,8% da população. No fim deste século, a expansão da lavoura
algodoeira ao lado da pecuária iria absorver a mão de obra africana, tornando-se um atrativo
para a população oriunda de outras áreas do nordeste (FUNES, 2007).
A VILA DE LIMOEIRO
5
De acordo com Elisgardênia Chaves (2009) as terras em que a fazenda Limoeiro se instalou faziam parte da data
de Florência Dorneles, essas terras haviam sido doadas anteriormente a Pedro Silva Cardoso, contudo, há um
vácuo documental não sendo possível compreender como essas terras tornara-se posse da família Dorneles.
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Programa de Monitoramento – FASE III
ter-se ordenado padre e assumido a função de administrador dos sacramentos na freguesia
de Russas. Foi a mando dele que, em 1821, se erigiu um pequeno altar no qual se rezavam as
missas. Apenas em 1844 o oratório foi reformado e transformado em capela por Bonifácio
José Carneiro, tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição de Limoeiro. Não tardou
muito para que a capela alçasse a condição de freguesia através da lei provincial nº 1.081 de
1863, passo fundamental para se emancipar de Russas e tornar-se Vila, o que de fato ocorreu
em 1871(Chaves, 2009).
Antes mesmo de sua ascensão a condição de vila, o povoado de Limoeiro foi percorrido
pela “Comissão de Exploração” em 1859. Na ocasião Freire Alemão registrava o contingente
de moradores e a quantidade de casas, ressaltando ainda a construção da capela:
Outro aspecto eminente trazido por Freire Alemão foi o registro das enchentes, pois
banhada pelos rios Jaguaribe e Banabuiú, ambos intermitentes, Limoeiro teve de conviver ora
com períodos de estiagem e todas as mazelas advindas com as secas, ora com as cheias dos
rios, cujo efeito também se mostrava catastrófico.
6
Mas precisamente os mandatos de 1862-1863, 1870-1871, 1872-1873 e 1876-1877.
44
Programa de Monitoramento – FASE III
medidas de limpeza urbana, proibição da circulação de carros, mudança dos dias de feira,
dentre outras ações (CHAVES et al, 2014).
Dom Aureliano Matos, primeiro bispo da diocese de Limoeiro, soube se coligar a elite
local a fim de constituir uma estrutura de desenvolvimento social básica que se alicerçava na
saúde, educação, trabalho e religião de modo que em pouco tempo, o bispo se tornou a figura
principal da cidade, ofuscando inclusive o papel do prefeito.
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Programa de Monitoramento – FASE III
10 CONTEXTUALIZAÇÃO ARQUEOLÓGICA
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Programa de Monitoramento – FASE III
Segundo as fichas do CNSA/IPHAN, os sítios Sucupira I e Sucupira II foram registrados
durante as atividades de Diagnóstico e Prospecção Arqueológica realizadas ao longo da Linha
de Transmissão 230 KV Aracati-Cumbe/Russas, passando pelos municípios de Aracati,
Itaiçaba, Palhano e Russas, no estado do Ceará.
O sítio Sucupira I é descrito como sendo multicomponencial, com ocorrência de
artefatos líticos lascados (lascas, microlascas, núcleos e batedores) e fragmentos cerâmicos
(bordas, bases) decorados. O sítio Sucupira II, por sua vez, seria marcado pela ocorrência de
raros artefatos líticos lascados.
Entretanto, foram identificados,nos municípios-limites com Limoeiro do Norte, sítios
arqueológicos históricos e pré-históricos. Na tabela abaixoestão relacionados os sítios
arqueológicos registrados no CADASTRO NACIONAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS com o
município em questão:
ANO DE
MUNICÍPIOS NOME DOS SÍTIOS CATEGORIA
REGISTRO
LIMOEIRO DO NORTE– CE SUCUPIRA I PRÉ-HISTÓRICO 2001
LIMOEIRO DO NORTE – CE SUCUPIRA II PRÉ-HISTÓRICO 2001
APODI - RN SOLEDADE RUPESTRE 1963
APODI - RN LAJEDO DE SOLEDADE CALCÁREO 1993
APODI - RN PRADO RUPESTRE 2001
MORADA NOVA UIRAPONGA I PRÉ-HISTÓRICO 2001
MORADA NOVA UIRAPONGA II PRÉ-HISTÓRICO 2001
MORADA NOVA UIRAPONGA IV PRÉ-HISTÓRICO 2001
No município de Morada Nova, que faz fronteira com Limoeiro do Norte, há registro
de três sítios cadastrados no IPHAN, conforme a tabela a cima. Os sítios Uiraponga I, II e IV são
descritos como pré-históricos e unicomponenciais, apresentando líticos lascados.
Embora até o dia 08 de agosto de 2016 ainda não constasse no banco de dados do
CNSA nenhuma referência à presença de sítios arqueológicos no município de Quixeré, é
sabido, através do levantamento de DIAGNÓSTICO ARQUEOLÓGICO NA ÁREA DE
INTERVENÇÃO DO EMPREENDIMENTO DE EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE CALCÁRIO
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Programa de Monitoramento – FASE III
CALCÍTICO DA ITATIBA MINERAÇÃO LTDA., NO DISTRITO DE LAGOINHA, EM QUIXERÉ- CEARÁ
(FASE I), coordenado pela arqueóloga Karlla Soares em 2014, que um sítio arqueológico
denominado Lagoinha I foi registrado junto ao órgão.
O sítio localiza-se na AID de um empreendimento que será instalado numa área de
extração de rochas e é classificado como pré-histórico, com presença de lascas e de
fragmentos líticos, além de materiais líticos com indícios de polimento e/ou com prováveis
marcas de uso.
Figura 12 Exemplos de pinturas rupestres do Lajedo de Soledade. (a) Figuras geométricas. (Fonte:
PORPINO; SANTOS JÚNIOR; SANTOS, 2002)
49
Programa de Monitoramento – FASE III
Cunha (1966) corroborou esse registro durante uma exploração realizada em diversos
depósitos fossilíferos pleistocênicos do Rio Grande do Norte (PORPINO; SANTOS JÚNIOR;
SANTOS, 2007).
O sítio Prado, por sua vez, seria composto por vários painéis de gravuras ao longo do
riacho Prado5. Segundo informações fichas do CNSA sobre o sítio Prado, as inscrições ali
existentes não são facilmente visualizáveis entre as rochas ao longo do curso do riacho.
Atividades de reconhecimento em locais com características semelhantes, ao longo desta
pesquisa, demandariam atenção especial, portanto.
Com base nestas informações arqueológicas prévias, obtidas através de
levantamentos preliminares acerca dos antecedentes da pesquisa em municípios cearenses e
potiguares circunvizinhos ao município de Limoeiro do Norte- CE, pode-se antever o potencial
arqueológico da área.
Além do Lajedo da Soledade, existem outros sítios rupestres no Oeste do Rio Grande
do Norte, como “as gravuras do riacho Olho d’Água do Milho, em Carnaúbas e as inscrições
da Furna do Letreiro, em Baraúnas”, ambos os municípios do oeste do Rio Grande do Norte
(SPENCER, 2004-05, p. 12).
Figura 13 Gravuras rupestres do sítio arqueológico Pedra Pintada – Círculos concêntricos radiados.
Município de Caraúbas – RN. Fonte: SANTOS JÚNIOR, 2009.
50
Programa de Monitoramento – FASE III
De acordo com Santos Júnior, a maior parte dos registros rupestres do Oeste Potiguar
é formada de gravuras “elaboradas através das seguintes técnicas de execução: raspagens
simples, picotagem (percussão) e com posterior polimento (fricção)” (SANTOS JÚNIOR, 2009,
pp. 1-2; SANTOS JÚNIOR, 2013, p. 89). Os locais escolhidos para as gravuras, ainda de acordo
com este pesquisador, são lajedos graníticos ou formações rochosas graníticas e calcárias
rentes ao solo, próximos a olhos d’água ou pequenos riachos, cuja perfuração na rocha fica
em torno de 1 a 3 mm, sendo frequentes as sobreposições de desenhos. No entanto, não há
muitos registros em regiões mais altas, como a Serra de Santana ou a Serra de Martins,
conforme apontado pelo mesmo autor em trabalho anterior (SANTOS JÚNIOR, 2008, p. 517).
Nos sítios encontrados no Oeste Potiguar, a predominância é de motivos geométricos, embora
Santos Júnior aponte a presença de figuras reconhecíveis de zoomorfos nos municípios de
Upanema, Campo Grande e Itaú (SANTOS JÚNIOR, 2009, p. 10).
O presente levantamento visa situar a esta pesquisa no contexto arqueológico onde a
área estudada está inserida, portanto é de fundamental importância que estas informações
sejam consideradas no levantamento de campo e, através deste, obter maiores informações
acerca da ocupação pretérita da região e dos municípios circunvizinhos à cidade de Limoeiro
do Norte.
Assim, este levantamento apresenta uma caracterização prévia, que será melhor
aprofundada no decorrer do processo da pesquisa arqueológica em questão. Para tanto, a
equipe continuará lançando mão de pesquisas bibliográficas para a consolidação e
comparação com os resultados obtidos em campo.
Estas informações serão coletadas, processadas e analisadas. Seus resultados serão
inseridos dentro do mesmo tópico do relatório final referente ao contexto arqueológico do
município de Limoeiro do Norte.
51
Programa de Monitoramento – FASE III
11 CONCEITOS E METODOLOGIA
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Programa de Monitoramento – FASE III
CONCEITOS
METODOLOGIA DE CAMPO
7
Grifo e exclusão de parte da citação nossa.
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Programa de Monitoramento – FASE III
arqueológicas e estratigráficas em locais devidamente georreferenciados por meio de
aparelho de GPS (Sistema de posicionamento geográfico)8 – portanto, as coordenadas
desses locais é um critério a ser preenchido na ficha geral. As fichas específicas devem
conter o tipo de material arqueológico encontrado e as observações quanto ao
contexto (espacial e estratigráfico) de cada peça ou estrutura;
Registro fotográfico dos locais de observação e dos perfis estratigráficos expostos,
assim como dos materiais e estruturas arqueológicas encontradas evidenciadas;
Desenho de perfis estratigráficos expostos;
Acompanhamento das atividades de supressão vegetal. Atividade realizada também
como procedimento comum de observação das atividades executórias no
empreendimento. Em caso de identificação de material arqueológico, realizar o devido
registro imagético georreferenciado e uma prospecção nas proximidades do vestígio,
por meio do percorrimento a pé com distância de 05 metros entre os membros da
equipe orientados pelo método de transects radiais ou paralelos (CHARTKOFF, 1978;
BICHO, 2006). Registro das atividades no diário de campo.
Em caso de identificação de ocorrências ou sítios arqueológicos durante as atividades de
monitoramento na área de impacto direto do empreendimento, as obras serão paralisadas e
o trecho onde as ocorrências foram identificadas será interditado. Um novo projeto com título
de Resgate será elaborado e protocolado na sede da superintendência do IPHAN no Ceará,
com a finalidade de resgatar os possíveis materiais identificados.
Durante a realização da limpeza do terreno, terraplanagem e eventuais sondagens
para a instalação da referida estação de transbordo de resíduos sólidos, será utilizada uma
ficha de monitoramento que fornecerá informações precisas sobre cada intervenção,
contendo espaços para o preenchimento de data, observação sobre a vegetação, registro
fotográfico e coordenadas, conforme o modelo de ficha a seguir:
8
Os locais para esse tipo de procedimento devem ser a priori arbitrários, distantes entre si de forma regular e/ou
locais com pontos de deflexão. Havendo necessidade, esse procedimento pode se estender para locais que se
julgar necessário.
54
Programa de Monitoramento – FASE III
Tabela 4Modelo de ficha de Monitoramento (Fonte: ArqueoSocio).
Pedologia/Estratigrafia
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Programa de Monitoramento – FASE III
Registros Fotográficos
Superfície Profundidade
Material Arqueológico
CRONOGRAMA DE OBRA
Tabela 5 Cronograma de execução das obras. Os espaços delimitados em vermelho serão alvo de
acompanhamento arqueológico. Os espaços em amarelo não serão acompanhados. (Fonte:
Secretaria de Cidades, 2017)
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Programa de Monitoramento – FASE III
RELATÓRIOS PARCIAIS
Dado o curto prazo em que a obra de instalação do empreendimento demandará,
serão previstos a elaboração de apenas dois relatórios parciais mensais desde o primeiro dia
de acompanhamento das obras e um relatório final, com todos os dados obtidos em campo
concatenados com as conclusões finais da atividade de monitoramento.
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Programa de Monitoramento – FASE III
12 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
A Educação Patrimonial é concebida pelo IPHAN como todos os processos educativos
que objetivem à construção coletiva do conhecimento sobre o patrimônio cultural material e
imaterial.
A educação patrimonial é capaz de fornecer condições para a criação de uma
consciência preservacionista ligada às questões de cidadania, memória e de identidade. Desta
forma, o patrimônio cultural deve ser percebido, por meio da educação patrimonial, como um
fator interligado ao passado das pessoas e que, por isso, deve ser preservado. Segundo Pessis
e Martin (2002), qualquer estratégia destinada à preservação do patrimônio “deveria incluir
uma vigorosa ação educacional em torno dos valores da cultura e sua importância para a
comunidade”.
Nas atividades de educação patrimonial, considera-se que trabalhar educacionalmente
com o patrimônio cultural não pode ser apenas tarefa de passagem de informações e
discursos pré-fabricados. É preciso levar o sujeito ao processo de conhecimento, tornando-lhe
crítico e capaz de ressignificar termos como cidadania, participação, responsabilidade e
pertencimento. Estimulando, por fim, o envolvimento afetivo com o patrimônio, que além de
58
Programa de Monitoramento – FASE III
valorizá-lo, promove a construção de uma sociedade menos volátil em relação aos seus
hábitos de consumo. (CASCO, 2005).
No caso desta fase específica do estudo arqueológico, daremos continuidade às
atividades realizadas pela equipe de Educação Patrimonial, concentrando as ações nas
mesmas escolas onde as atividades foram realizadas nas fases anteriores: Escola de Ensino
Médio Arsênio Ferreira Maia e Escola de Ensino Infantil e Fundamental Ester Guimarães
Malveira, além do corpo técnico que realizará as obras de instalação do empreendimento.
PÚBLICO ALVO
METODOLOGIA
A metodologia adotada neste projeto visa responder às demandas de uma realidade
coletiva, proporcionando possibilitando a apreensão e recriação de conteúdos e conceitos
transmitidos em um contexto, a partir de perspectivas e experiências de mundo diversas.
59
Programa de Monitoramento – FASE III
Segundo, a autora, Maria de Lourdes Parreiras Horta (1999, P.06): “a Educação
Patrimonial busca levar as crianças e os adultos a um processo ativo de conhecimento,
apropriação e valorização de sua herança cultural. ”
Assim, embasado em autores como HORTA, 1999; GRUMBERG, 2007; FUNARI, 2006;
CARNEIRO, 2009, as atividades de Educação Patrimonial serão executadas a partir da
promoção de palestras, oficinas, exibição de filmes e exposiçõesde material arqueológico;
tendo por finalidade preservar a diversidade cultural dos povos a partir de seu
reconhecimento. Assim, as atividades de Educação Patrimonial serão desenvolvidas e
direcionadas à cada faixa etária e público específico.
A partir das respostas positivas das instituições consultadas, as ações educativas
serão planejadas de acordo com o público – alvo e a estimativa de faixa etária. Desta forma,
apresenta-se a seguir, a proposta de realização das intervenções educativas para cada público
– alvo:
61
Programa de Monitoramento – FASE III
É dever do pesquisador produzir conhecimento e desenvolver o senso crítico das
comunidades locais, transformando-as em agentes multiplicadores e replicadores destas
informações.
Despertar o sentimento preservacionista, procurando a valoração da identidade
cultural de determinada localidade é o objetivo primordial das ações de extroversão do
conhecimento e Educação Patrimonial.
Desta feita, além de ações mediadas no programa de educação patrimonial, os
resultados obtidos na pesquisa em tela também poderão compor artigos científicos, cartilhas
informativas, trabalhos acadêmicos, entre outros meios de comunicação como mídia digital e
catálogos.
62
Programa de Monitoramento – FASE III
13 LEGISLAÇÃO
Nesta seção, são apontados os instrumentos e normas legais que embasam e
direcionam o trabalho arqueológico ora proposto.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – A Carta Magna apresenta já
a importância do patrimônio arqueológico como bem a ser protegido por todos os
entes federativos devido à sua importância para a cultura nacional. A seguir serão
elencados os artigos que apresentam esta postura.
Art. 23: É de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
III- proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico, e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV- impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico e cultural.
Art. 24: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
Art. 216: Constituempatrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
63
Programa de Monitoramento – FASE III
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
Lei Federal 3.924, de 26 de julho de 1961 – Esta lei foi criada especificamente para a
proteção do que ela chama de monumentos arqueológicos e pré-históricos,
resguardando-lhes especialmente da exploração econômica que lhes cause dano.
Deixa bem claro no seu artigo 1º, parágrafo único, que “a propriedade da superfície,
regida pelo direito comum, não inclui a das jazidas arqueológicas ou pré-históricas,
nem a dos objetos nela incorporados...”, resguardando, assim, os bens patrimoniais
arqueológicos de usos econômicos indevidos. Nessa mesma lei, no capítulo III, é
tratado o procedimento para realização dos trabalhos arqueológicos por particulares,
instituindo a necessidade de permissão do Governo Federal para sua execução. Da
mesma forma, versa sobre os casos de achados fortuitos e remessas de material
arqueológico para fora do território nacional.
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Programa de Monitoramento – FASE III
14 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
A previsão para realização do projeto é 04 (quatro) meses - 120 (cento e vinte) dias
para o acompanhamento de todas as atividades de instalação do empreendimento que
demandam o monitoramento arqueológico e 01 (um) mês - 30 (trinta) dias para as atividades
de educação patrimonial e de gabinete, necessárias na análise, tratamento e consolidação dos
dados arrolados nos trabalhos de campo.
65
Programa de Monitoramento – FASE III
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