Entre O Céu E A Terra: O Refúgio Natural Do Observatório Do Pico Dos Dias
Entre O Céu E A Terra: O Refúgio Natural Do Observatório Do Pico Dos Dias
Entre O Céu E A Terra: O Refúgio Natural Do Observatório Do Pico Dos Dias
VOLUME I
VOLUME I
Nossos agradecimentos ao Centro Universitário de Itajubá- Os autores são especialmente gratos ao Diretor do LNA/MCTI
FEPI, em especial a Coordenação do curso de Ciências Gestão 2011-2019, Dr. Bruno Vaz Castilho de Souza e à Chefe
Biológicas pela oportunidade e auxílio durante o processo de de Serviço do Observatório Pico dos Dias à época, Maria Luiza
desenvolvimento do projeto. Gomes Torres, por todo suporte atribuído à nossa causa,
fundamental para que pudéssemos concluir esse trabalho e o
Nossos sinceros agradecimentos ao Laboratório Nacional de Coordenador do OPD, Saulo Gargaglioni.
Astrofísica - LNA, por todo apoio logístico e disponibilização da
área para os estudos que envolveram as pesquisas realizadas no
Observatório do Pico dos Dias - OPD, e também a toda diretoria
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PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Jair Messias Bolsonaro
MINISTRO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÕES
Marcos César Pontes
SECRETÁRIO EXECUTIVO DO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
INOVAÇÕES
Sérgio Freitas de Almeida
SUBSECRETÁRIO DAS UNIDADES VINCULADAS
Paulo Maurício Jaborandy de Mattos Dourado
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA DE ITAJUBÁ - FEPI
Erwin Rolf Mádisson Junior
Instituições Vinculadas
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Mapa de Localização
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Earth
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0 Observatório Pico dos Dias - OPD
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Instituições Vinculadas
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Tucano-do-Bico-Verde
(Ramphastos dicolorus)
Foto: Rafael Albo
Spp: Bokermannohyla luctuosa
Foto: Eduardo Serrano
PREFÁCIO
Após 5 anos de trabalhos desenvolvidos no fragmento florestal que concerne a conservação da biodiversidade na Serra da
que abrange a área do Observatório do Pico dos Dias - OPD, Mantiqueira e, consequentemente, do Bioma Mata Atlântica,
formatou-se o primeiro livro que representa o meio natural do tornando essa ação um legado inestimável.
local, resultado da parceria entre o curso de Ciências Biológicas
do Centro Universitário de Itajubá -FEPI e o Laboratório O trabalho de organização desse compêndio contou a
Nacional de Astrofísica (LNA). participação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo
professores, alunos e auxiliares de campo além dos membros
Com um rico acervo fotográfico acumulado junto aos trabalhos do LNA, todos participando de maneira efetiva para a conclusão
de campo desenvolvidos pelos professores e alunos do curso desta primeira versão. Desse modo, agradecemos a todos que
de Ciências Biológicas , o livro é composto por parte desse direta e indiretamente, ajudaram na produção do mesmo e
material, com aproximadamente 200 imagens únicas do local, tornaram viável a concretização de um trabalho que apresenta
representando uma perspectiva singular da biodiversidade importância ímpar sobre as atuais discussões em que a
existente do bioma Mata Atlântica, associando imagens humanidade se encontra envolvida junto as suas ações sobre
ao cotidiano da vida do profissional biólogo em campo, o meio natural. E, certos de que nossa causa é justa e nobre,
interligando conhecimento e informação científica junto a dedicamos de fato esse livro aos seus principais colaboradores:
experiência pessoal em que estamos envolvidos. as formas de vida que habitam esse refúgio do OPD.
Durante esses anos de pesquisas e estudos, foram registradas A eles nosso imenso respeito.
inúmeras espécies de vários grupos faunísticos distintos, além
de belíssimas imagens da paisagem local. Mesmo o LNA sendo
um órgão com especial interesse em estudos astronômicos,
a restauração ambiental ocorrida na área do Observatório do Eduardo Serrano
Pico dos Dias pela instituição, tem real importância sobre o Biólogo e membro autoral do livro.
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Spp: Ranzinha-do-folhiço
(Ischnocnema guentheri)
Foto: Rafael Albo
Spp: Amanita (Amanita muscaria)
Foto: Eduardo Serrano
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Spp: Lobo-Guará
(Chrysocion brachiurus)
Foto: Rafael Albo
Foto: Rafael Albo
“Assim, da guerra da natureza, da fome e da morte, surge o mais excelso objeto que Por caminhos que serpenteiam uma montanha de 1.864 m de altitude, trilhamos
somos capazes de conceber: a produção de animais superiores. Há grandeza nessa nossa jornada de reconhecimento das formas de vida que habitam o Pico dos Dias.
visão da vida, com seus vários poderes, insuflada que foi originalmente em algumas A montanha em questão apresenta particularidades quanto a sua conformação, e
formas ou em uma, e no fato de que, enquanto esse planeta prossegue seu giro de por estar 900 m acima do nível médio das montanhas da região, tornou-se uma das
conformidade com a imutável lei da gravidade, de um começo tão simples evoluíram bases brasileiras para estudos astronômicos, tendo instalado em seu cume o maior
e continuam a evoluir infindáveis formas belíssimas e fascinantes”. telescópio do Brasil.
Quando Charles Darwin finalmente publicou sua obra A Origem das Espécies (1859), O Observatório do Pico dos Dias (OPD), como é conhecido, faz parte de um
diversas foram as maneiras de se interpretar esse novo mundo que se abriu. A dos vários cumes de elevada altitude, considerando os padrões brasileiros, que
partir da compreensão de um dentre os milhares de aspectos que envolvem o conformam a emblemática cadeia de montanhas do sudeste do Brasil: a Serra da
intricado mecanismo das relações que ocorrem na natureza, passamos a associar um Mantiqueira. Uma formação geológica fabulosa, com aproximadamente 500 km de
compartilhamento existencial com os outros seres vivos que existiram, existem e que extensão que atravessa três Estados brasileiros: Minas Gerais, onde esta inserida a
ainda existirão no planeta. maior parte dessa formação, São Paulo e Rio de Janeiro, este que apesar de deter
aproximadamente 10% da serra inserida em sua fronteira política, concentra as
Todos nós somos parte de uma única e longínqua caminhada evolutiva, mas de mais impressionantes montanhas que a constituem, e basicamente compõem o
alguma maneira, cada qual encontrou seu lugar na Terra. Sejam menos ou mais que é atualmente o Parque Nacional do Itatiaia, que em 1937, acabou por se tornar
complexas, todas as espécies existentes estão interconectadas por ancestrais em a primeira grande área de proteção natural no Brasil, consolidando um marco na
comum, e que, da nossa particular capacidade evolutiva da compreensão do espaço história natural brasileira.
em que ocupamos, somos atualmente o resultado da persistência incorruptível da
força da vida que compõem os espíritos que há muito deixaram de existir, entretanto Essa formação montanhosa segue paralela à costa leste brasileira, assim como a Serra
transmitiram o seu legado de sobrevivência aos seus descendentes. do Mar, contudo, a Mantiqueira encontra-se inserida mais ao interior do país sendo
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Foto: Rafael Albo
considerada o segundo patamar brasileiro e, devido a isso, não recebe diretamente Bacia do Paraná, contribuindo para assomar o imenso volume de água que abastece a
sobre si a umidade que chega do Oceano Atlântico, formando outras paisagens típicas usina hidrelétrica de Itaipu, o maior complexo hidrelétrico do Brasil e um dos maiores
que compõem o bioma Mata Atlântica. do mundo.
A Serra, trata-se de uma obra natural de rara beleza cênica, principalmente quando se A partir dessa riqueza de águas sob a serra, veio a designação do seu nome, que
considera as suas porções de encostas com grandes desníveis que ultrapassam 2.000 apesar de diversas interpretações, todos fazem referência à abundância desse recurso
m de altitude, que evidenciam estruturas rochosas colossais, como o Pico das Agulhas natural. A palavra “Mantiqueira” é derivada de “Amantikir” ou ”Mantikir” nome dado
Negras, o Pico dos Marins e o seu ponto culminante, a Pedra da Mina, com 2.798 m. a serra pelos nativos indígenas que habitavam a região e que pode ter como tradução
literal: “abrigo das nascentes”, “morada das nuvens” ou “serra que chora”.
Além dos atrativos naturais, entretanto, é digna de menção a enorme quantidade
de mananciais que existem nessas regiões, a partir dos quais, originam-se grandes Devido ao gradiente altitudinal que a serra apresenta, e por estar sob o domínio do
rios de importância singular para a Região Sudeste do Brasil, como o Rio Jaguari, bioma Mata Atlântica, essas serras brasileiras acabam por se tornar em uma das áreas
responsável pelo abastecimento de boa parte da região norte da Grande São Paulo, de extrema importância para a conservação da biodiversidade, considerando a sua
a maior cidade do país, o rio Paraíba do Sul, que ao longo do seu percurso atravessa riqueza, abundância e endemismo de formas de vida.
o Vale do Paraíba, um dos locais mais densamente povoados do Brasil, com intensa
industrialização e poderio econômico. Além desses, podemos ainda citar o rio Grande,
que além de ser o principal rio formador da Bacia do Rio Grande, é integrante da
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Bromeliacea
encontram-se as florestas montanas, onde podemos nos deslumbrar com as matas
de grande porte, exuberantes e com riquíssimas formas de vida e, acima desse
limite, temos ainda as florestas alto-montanas, também denominadas de nebulares,
assim como florestas mistas, caracterizadas pela presença da genuína e ameaçada
Araucaria angustifólia, conhecida popularmente como Pinheiro-do-Paraná, que foi
intensamente explorada no Brasil devido ao valor da sua madeira, considerada de
excelente qualidade. A sua exploração já chegou a representar 90% do total dos
recursos madeireiros exportados pelo Brasil, e devido a isso e outros fatores, hoje em
dia restam algo em torno dos 7% da sua formação original.
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Foto: Eduardo Serrano
No centro ao fundo, a cadeia montanhosa do Pico dos Marins - 2.420m.
Partindo da estrada principal que liga o portão de entrada do observatório até o linhas de montanhas, com sua marcante silhueta evidenciada pela luz que vem do
seu cume, temos um ganho de elevação de aproximadamente 500 m, variando leste, distinguindo-se facilmente das outras montanhas ao fundo. Um local repleto
entre 1440 m à 1850 m de altitude. Por esse caminho de quase 5 km, quando de histórias misteriosas e dramáticas, que exerce uma atração fascinante sobre os
percorridos inteiramente, torna-se perceptível a posição soberana da montanha que apresentam um espírito indômito e desejam ascender ao seu cume, sendo um
sobre as elevações dos arredores, e estando em seu cume, podemos identificar marco geográfico na região, cuja sua posição uma referência dos limites da Serra da
outras formações icônicas da Serra da Mantiqueira, como o Pico do Marins, que Mantiqueira junto ao Vale do Paraíba e os contrafortes da Serra do Mar.
sempre ao nascer do sol, tem os seus 2.420 m de altitude destacados entre as
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Ao sul, destaca-se na paisagem a icônica Pedra do Baú, localizada na cidade de
São Bento do Sapucaí, Estado de São Paulo. Essa pedra é uma formação rochosa
metamórfica composta por gnaisse, caracterizada por apresentar, intrigantemente,
um formato quadrangular de grande proporção, sendo este o próprio “baú” que,
cuja semelhança com tal objeto, levou os antigos tropeiros que conduziam gado
pelas estradas da região a batizarem a rocha com esse nome. O baú encontra-se
separado por uma fenda colossal de um platô de menor proporção e altura logo ao
seu lado, denominado esse por sua vez, como “bauzinho”. Essa escultura natural
que define a Pedra do Baú, é uma caprichosa estrutura muito interessante de se
identificar entre as montanhas da serra e, devido ao seu formato único, é facilmente
reconhecida quando avistada. Se ainda existe alguma dúvida sobre a beleza desse
rochedo e da sua relevância geológica, o local acabou por ser considerado como
Monumento Natural (MONA), uma categoria de Unidade de Conservação de Proteção
Integral, segundo a legislação ambiental brasileira, declarada pelo Sistema Nacional
de Conservação da Natureza (SNUC) que tem por finalidade resguardar sítios
naturais raros e singulares ou de grande beleza cênica. Ali, no observatório, a vários
quilômetros de distância ela sem mantém tão majestosa como sempre foi, nos dando
o privilégio de uma visão única da sua forma.
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Em semelhança a essa necessidade de habitar porções de florestas bem estruturadas,
destaca-se ainda outro predador inestimável registrado no OPD: a coruja-listrada
(Strix hylophila) que, como sendo um dos membros da família Strigidae, apresenta
hábitos preferencialmente noturnos. A coruja-listrada é reconhecida assim devido a
sua plumagem, obviamente listrada, entre tons de marrom e branco, contudo, o que
chama a atenção desse animal é seu olhar penetrante e frio. Seus olhos são de um
preto absoluto, não parecendo haver distinção entre a íris e a pupila. De hábito muito
restrito, seus principais registros ocorrem na região sul e sudeste no Brasil, sendo
considerada endêmica da Mata Atlântica e ameaçada de extinção.
Todas as outras espécies identificadas no OPD merecem destaque, já que cada uma
delas se apresentou dentro de momentos e histórias vividas pelos pesquisadores que
são únicas, e mais que isso, essas espécies e tantas outras que não foram identificadas
ainda desempenham um papel crucial para manter e contribuir com a dinâmica
ecológica da floresta ali estabelecida. Dessa maneira torna-se possível vislumbrar a
complexa relação que os grupos ecológicos vão exercendo sobre si e sobre os outros,
proporcionando, cada qual, a possibilidade de um viver devido à existência de outro.
Um breve descanso para uma leitura de interesse, para anotações diversas, para
revisão das imagens capturadas, para organizar a barraca e os equipamentos que
serão utilizados na próxima atividade. Até que a noite chegue novamente e ofereça
mais oportunidades de encontro com os especialistas noturnos, um segundo
encontro com as aves é aguardado.
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Spp: Choquinha-da-Serra (Drymophila genei)
Foto: Rafael Albo
Discreto e sob a vegetação arbustiva, o Choquinha-da-Serra (Drymophila genei)
defende o seu território contra intrusos com sua característica vocalização. É uma
espécie restrita as florestas altomontanas das regiões serranas do sudeste brasileiro.
Hoje em dia se encontra classificada como “vulnerável” a extinção, devido a
desfragmentação do bioma Mata Atlântica.
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Mata adentro em busca de rastros, que num primeiro momento são imperceptíveis,
o grupo começa sua interação com o meio. Apesar de ser um trabalho conjunto, cada
um segue com as suas próprias interpretações do ambiente que nos cerca. O silêncio
por vezes é quebrado por um membro para que o grupo se una e discuta determinada
descoberta e possível manifestação deixada por um animal.
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automatizado. Essa técnica revolucionou os estudos que envolviam a necessidade
de capturar momentos da vida selvagem de forma mais íntima, trazendo diversas
informações que são fundamentais para, por exemplo, determinar locais de interesse
para a conservação, por meio da comprovação da existência de determinada espécie,
além de que, também evidenciam comportamentos e interações de diversos animais
nunca vistos antes.
Pelas matas que patrulhamos em nossas campanhas, descobrimos que nelas rondam
felinos como a jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-maracajá (Leopardus wiedii)
e a grande suçuarana (Puma concolor). Os perigosos catetos (Tayassu tajacu), as
belíssimas iraras (Eira barbara), os bandos de quatis (Nassua nassua), lobos-guará
(Chrysocyon brachyurus) e, muito provavelmente, outras espécies que ainda não
foram registradas.
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Spp: Corujinha-do-Mato (Megascops choliba)
Foto: Rafael Albo
Por serem na maioria das vezes minúsculos e mais ativos na ausência de luz, a
tentativa de se conseguir uma boa foto faz do fotógrafo um verdadeiro malabarista
em campo. Isso porque a técnica mais adequada para os registros consiste, a grosso
modo, em empunhar livremente a câmera (sem auxilio de tripé) em aproximação
extrema junto aos animais, ao mesmo tempo em se deve manter com a outra
mão, uma lanterna apontada num ponto de interesse para que o foco seja feito
manualmente. Lembrando que esses seres estão, na maioria das vezes, sob as folhas,
em buracos e ocos de troncos o que dificulta muito um bom enquadramento da foto.
Família: Tetragnathidae
Foto: Rafael Albo
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Familia: Lycosidae
Foto: Rafael Albo
Familia: Thomisidae
Foto: Rafael Albo
Uma aranha da família Thomisidae, de cores espetaculares,
aguarda imóvel a sua próxima presa.
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Familia: Lycosidae
Foto: Rafael Albo
A aranha-lobo (Lycosa erythrognatha), suga o conteúdo de
um besouro que acabara de abater. 124
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Miroceroys sp
Na foto presenciamos o momento de acasalamento da especie
e o claro dimorfismo sexual entre esses animais, sendo o macho
visivelmente menor do que a fêmea ao fundo.
Espécie da foto: Miroceroys sp.
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Familia: Phasmideae
Foto: Rafael Albo
Ordem: Lepdoptera Ordem: Hemiptera
Foto: Eduardo Serrano Foto: Eduardo Serrano
Família: Cybaeidae
Foto: Rafael Albo
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Família: Cerambycidae
Foto: Rafael Albo
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Ordem: Lepdoptera
Foto: Rafael Albo
Ordem: Orthoptera
Foto: Rafael Albo
Ordem: Orthoptera
Foto: Flavio Vasconcelos
Família: Deinopidae
Foto: Rafael Albo
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Ordem: Orthoptera
Foto: Eduardo Serrano
Ordem: Orthoptera
Foto: Eduardo Serrano
Ordem: Lepdoptera
Foto: Rafael Albo
Taquarinha (Família: Proscopiidae)
Foto: Eduardo Serrano
Ordem: Hymenoptera
Foto: Rafael Albo
Opiliones (Ordem?)
Foto: Rafael Albo
Familia: Araneidae
Foto: Rafael Albo
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Ordem: Orthoptera
Foto: Rafael Albo
Sapo-Martelo (Hypsiboas faber)
Foto: Rafael Albo
Diversos estudos realizados sobre os anfíbios da Mata Atlântica em Minas Gerais A medida que a noite vai passando, vamos sentindo que a atividade dos anfíbios,
ocorreram nas regiões da Serra da Mantiqueira e, devido ao uso intensivo de suas insetos, aracnídeos e invertebrados em geral, diminui também. No começo da noite,
terras para a agricultura e pecuária, tornaram a paisagem da região numa colcha de os diversos sons emitidos por esses animais preenche o ar, mas a medida que o tempo
retalhos, fragmentando massivamente o bioma, e devido a isso, locais como o OPD, passa e a temperatura vai caindo, a atividade das formas de vida também se reduz.
tornaram-se um laboratório vivo quando se trata da vicariância da evolução dos
anuros.
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Spp: Bokermannohyla luctuosa
Foto: Rafael Albo
Noite adentro e a madrugada chega. Misteriosamente o ar se silencia, a manifestação em tempos e, mesmo percebendo essa diminuição da atividade dos animais, os
de vida se encerra quase que por completo, ou pelo menos se tem essa Noção. Uma pesquisadores precisam manter a vigia. O silêncio da noite agora só é quebrado pelo
neblina fina toma o ar e vistoria das redes de neblina segue rigorosa de tempos entusiasmo da equipe de monitoramento dos morcegos quando uma captura acontece.
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Spp:Bokermannohyla luctuosa
Foto: Eduardo Serrano
A campanha se encerra poucas horas antes do sol raiar, quando a noite tem seu
momento mais frio. A atividade animal nesse momento praticamente se reduz a zero
e nós, instintivamente, também sentimos vontade de nos recolher e voltamos para
o acampamento. Descanso de poucas horas até estarmos novamente a postos para
iniciarmos mais uma campanha.
Todo o grupo se reúne mais uma vez na base improvisada. Alguns ainda decidem
tentar um último registro, impulsionados pela vontade de manter a experiência ao
seu máximo pelo resto da noite, alguns já buscam seu aconchego dentro da barraca
para um merecido descanso de algumas horas, outros ainda preparam alguma comida
antes de irem para os seus aposentos. Uma breve conversa de despedida acontece e
todos de fato se recolhem.
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Foto: Eduardo Serrano
Diante dos olhos escuros da coruja, dos rastros dos felinos e do micro mundo dos
insetos, tornamo-nos integrados há novos mundos, nos quais podemos entender e
ate mesmo interagir, sendo todos guiados pela mesma força que molda o tempo e a
existência, nos fazendo orgânicos novamente a aquilo que de fato realmente somos.
Nos nossos breves horários de descanso, o corpo dolorido se estica e o sono vem
brevemente e nossos pensamentos são alimentados por aquela sensação de que
estamos fazendo o que sempre desejávamos fazer num passado não muito distante.
E assim, embalamos nossos sonhos sobre diversas cores, sons, cheiros e formas,
direcionando nossa caminhada por locais que só a mente entorpecido por
experiências verdadeiras nos permite chegar.
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TRABALHOS DE
CONCLUSÃO DE CURSO
RAFAEL ALBO DE OLIVEIRA: Composição de Aves de RENAN CONDE PEREIRA FERREIRA: Levantamento de aves de
Rapina diurnas e noturnas (Cathariformes, Falconiformes rapina diurnas (Acciptriformes, falconiformes e Cathariformes)
e Strigiformes) em fragmento mata Atlântica e arredores e noturnas (Strigiformes) em fragmento de mata atlântica do
do município de Brasópolis, Minas Gerais. 2015. Trabalho de municipio de Brasópolis, Minas Gerais. Trabalho de Conclusão
Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Centro
- Centro Universitário de Itajubá. Orientador: Flávio de Universitário de Itajubá. Orientador: Flávio de Vasconcelos
Vasconcelos Camargo. Camargo.
CECÍLIA SANTOS MUNIZ RENNÓ: Levantamento de NATHAN FILIPE MATHIAS: Inventário parcial da mastofauna no
Biodiversidade de Fungos Macroscópicos da Reserva Florestal remanescente florestal do Pico dos Dias - Sul de Minas Gerais.
do Observatório do Pico dos Dias; 2017; Iniciação Científica; Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências
(Graduando em Bacharelado em Ciências Biológicas) - Centro Biológicas) - Centro Universitário de Itajubá. Orientador: Flávio
Universitário de Itajubá - FEPI, Fundação de Amparo à Pesquisa de Vasconcelos Camargo.
do Estado de Minas Gerais; Orientador: Alexandre Magno Batista
Machado. AMANDA CORMELATO: Levantamento de quiropteros no
remanescente florestal de Mata Atlântica do Pico dos Dias - Sul
de Minas Gerais. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Ciências Biológicas) - Centro Universitário de Itajubá.
Orientador: Flávio de Vasconcelos Camargo. - Em Andamento.
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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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Volume II – Mamíferos. 1. ed. -- Brasília, DF : ICMBio/MMA, 2018. 7
v. : il.
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ENTRE O CÉU E A TERRA
O REFÚGIO NATURAL DO OBSERVATÓRIO DO PICO DOS DIAS
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