POLITIZE. Colonialidade e Decolonialidade
POLITIZE. Colonialidade e Decolonialidade
POLITIZE. Colonialidade e Decolonialidade
conceitos?
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19 de março de 2021
Em muitas de nossas aulas de história nos deparamos com conteúdos sobre o colonialismo, não
é mesmo? Seja em relação ao período colonial, ocorrido no Brasil, ou relacionado a colonização do
continente Africano. O século XV foi um período marcado pelas grandes navegações que
acompanharam a era dos descobrimentos de terras até então desconhecidas por países localizados
no continente europeu.
Neste conteúdo, o Politize! te explica dois conceitos bem próximos de colonialismo: colonialidade
e decolonialidade.
Os povos ibéricos foram os responsáveis pela colonização da América Latina e marcaram o início
das relações coloniais nestes territórios, sobretudo, no Brasil. Assim, essas relações foram
caracterizadas por diversas formas de dominação e exploração, nas quais os povos colonizadores
controlavam todas as atividades e práticas advindas das colônias, conquistando principalmente
mão de obra brutalmente explorada e também matéria prima. Vale destacar que esse processo de
exploração resultou na acumulação de capital dos países europeus.
De acordo com o estudo de Assis (2014), o colonialismo foi fundamental para o projeto cultural de
expansão capitalista que teve sua origem no ocidente, especificamente, no continente europeu.
Todo esse arcabouço também marcou o início da Modernidade, um processo
histórico orientado por diversas perspectivas dominantes.
A Modernidade possui amplos sentidos, de modo mais simplista, pode representar novas
invenções, avanço social, econômico, cultural, científico, tecnológico, dentre outros. Contudo, ao
pensarmos a modernidade apenas por esta ótica desenvolvimentista, estamos ocultando o seu
outro sentido e significado. A Modernidade é um conceito, sobretudo, eurocêntrico, ou seja,
teve seu ponto de partida na Europa (DUSSEL, 2000) que acarretou a propagação de diversas
formas de desigualdade.
Nesse contexto, está intrínseco o conceito de Colonialidade, que pode ser definido como uma
estrutura de dominação ou padrão de poder que permanece enraizado em nossa
sociedade, mesmo após o fim das relações coloniais. Em resumo, para não confundir, a
colonialidade é uma consequência do colonialismo, contudo, os conceitos não os mesmos.
Nesse sentido, para Carvalho (2001), a colonialidade do poder consiste na identificação dos
povos conforme certos fenótipos estabelecidos e impostos pelo pensamento
Ocidental. Percebe-se que a raça tornou-se o instrumento de dominação mais eficaz e durável,
influenciando também outros aspectos que foram utilizados para a propagação da Modernidade e
do pensamento eurocêntrico, como o gênero, a sexualidade, o conhecimento, as relações políticas,
ambientais e econômicas (QUIJANO, 2005).
Nesse sentido, por exemplo, podemos notar em nosso cotidiano a relevância dada aos
pesquisadores e estudos internacionais e/ou Ocidentais -como de países europeus e norte-
americanos-, muitas vezes desvalorizando o conhecimento produzido em países, ditos, periféricos.
Outra situação muito comum que está intrínseca a colonialidade do saber é a desvalorização de
produtos e conhecimentos locais, muitas vezes submetidos a classificação do senso comum, como
o uso de plantas medicinais pelos povos indígenas, as práticas culturais, os saberes e fazeres de
determinados grupos, os produtos nacionais e até mesmo o uso da medicina oriental/alternativa.
Dessa forma, a Colonialidade do Ser surge como uma perspectiva para diferenciar os povos em
relação ao gênero, a raça e a sexualidade, sendo que essas “diferenças” são
atribuídas visando inferiorizar esses grupos, a fim de fortalecer a dominação de determinados
povos com o intuito de se manter a exploração. Nesse sentido, muitos valores, identidades e
costumes tendem a se perder, devido ao sentimento de inferioridade e não pertencimento de
muitos grupos.
Nesse sentido ocorre a desumanização, ou seja, a perda da existência do ser, tanto em relação
ao ato de existência do ser humano como também em relação às suas capacidades e valores éticos
e morais, postos à comparação do padrão colonizador. Um exemplo seria a negação da existência
dos povos indígenas durante o período colonial, em que eram considerados como povos selvagens,
não civilizados e “sem alma”.
E o que é a Decolonialidade?
O conceito de decolonialidade surge como uma proposta para enfrentar a colonialidade e o
pensamento moderno, principalmente através dos estudos do grupo MCD (Modernidade,
Colonialidade e Decolonialidade) compostos por estudiosos como Aníbal Quijano (2005),
Catherine Walsh, Edgard Lander (2005), Enrique Dussel (2000), Nelson Maldonado-Torres
(2017) e Walter Mignolo.
O pensamento decolonial se coloca como uma alternativa para dar voz e visibilidade aos
povos subalternizados e oprimidos que durante muito tempo foram silenciados. É considerado um
projeto de libertação social, político, cultural e econômico que visa dar respeito e autonomia não
só aos indivíduos, mas também aos grupos e movimentos sociais, como o feminismo, o
movimento negro, o movimento ecológico, o movimento LGBTqia+, etc.
REFERÊNCIAS
ALCANTARA; SERRA; MIRANDA, 2017: O que eu falo, o que eu faço, o que eu sou.