Nutrição em Pré Diálise

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NUTRIÇÃO EM PRÉ DIÁLISE

(Estádios 1- 3)

Nos doentes com Insuficiência Renal Crónica (IRC) é fundamental uma alimentação
correta. Neste contexto a terapia nutricional exerce um importante papel na redução, bem
como na estabilização do ritmo de progressão da doença.

O tratamento conservador ou pré-diálise consiste em travar o desenvolvimento da doença


e prevenir a desnutrição, assim como reduzir a toxicidade urémica.

A avaliação nutricional é essencial para prevenir a progressão da doença, assegurando


simultaneamente um estado nutricional adequado.

Recomendações Nutricionais

As necessidades energéticas do doente em tratamento conservador ou pré-diálise não são


muito diferentes da população em geral. No entanto, para doentes obesos podem ser
recomendados aportes calóricos mais baixos. Por outro lado, doentes fisicamente muito
ativos ou desnutridos, podem necessitar de um aporte energético superior.

Proteínas

Há muito que se sabe que uma dieta hipoproteica pode melhorar os sintomas urémicos e
prevenir ou tratar muitas das complicações da IRC. Para doentes com IRC em pré-diálise
recomenda-se uma ingestão de 0,6 – 0,8g de proteína/Kg/dia, sendo que pelo menos 60%
sejam de alto valor biológico, isto é, apesar de ser uma alimentação pobre em quantidade
de proteínas, estas devem ser proteínas bem absorvidas pelo organismo, como por
exemplo, proteínas animais: carne, peixe, ovos, leite e derivados.

A melhoria dos sintomas ocorre porque a dieta hipoproteica também restringe a ingestão
de fósforo e sódio.

Todo o doente com diminuição da função renal beneficia de uma restrição alimentar de
proteínas, uma vez que isso pode atrasar o agravamento da deterioração da função renal.
Para assegurar uma nutrição adequada e evitar défices nutricionais significativos a
restrição proteica deve ser prescrita e monitorizada por um especialista em Nutrição
(Nutricionista ou Dietista).
 

Hidratos de Carbono e Lípidos

Normalmente é recomendado que doentes em pré-diálise façam uma dieta rica em


Hidratos de Carbono (50 – 60% do valor calórico total), devendo privilegiar o consumo de
alimentos ricos em Hidratos de Carbono Complexos, como o amido, hidrato de carbono
complexo mais comum, existente nos cereais como pão, massa, batata e leguminosas.

Em relação aos lípidos são geralmente recomendados 30 – 40% do valor calórico total,
sendo mais ricos em gorduras monoinsaturadas, como o azeite, e gorduras
polinsaturadas, por exemplo, peixes gordos (salmão, cavala, truta, sardinha, atum) e frutos
gordos (nozes, amêndoas, avelã,… Esta recomendação depende sempre dos valores do K+
e do fósforo de cada doente IRC), óleos vegetais (soja, açafrão, milho).

Os doentes com DRC têm um risco elevado de doença cardiovascular aterosclerótica. A


dislipidemia é comum nestes doentes, principalmente naqueles que têm síndrome
nefrótico.
 

Sódio, Potássio e Líquidos

A hipertensão é um dos fatores de risco para o desenvolvimento e progressão de IRC. A


hipertensão aumenta conforme a função renal se deteora. Por este motivo, a redução da
ingestão de sódio pode ser necessária em pessoas hipertensas ou com edema.
Normalmente é recomendado uma ingestão máxima de 3g/dia, sendo o ideal entre 1
-2g/dia.

O potássio e os líquidos não são normalmente restringidos, até que haja uma perda
significativa da função renal.

A hipercaliémia não é frequente nas fases iniciais da DRC, no entanto, é importante a


monitorização regular dos doentes nestas fases para evitar a hipercaliémia e mais
raramente a hipocaliémia. GID
 

Cálcio e Fósforo

A absorção intestinal de cálcio está comprometida com o aumento da progressão da IRC,


devido à alteração do metabolismo da vitamina D. As dietas pobres em fósforo, são
geralmente pobres em cálcio, portanto, poderá ser necessária a suplementação de vit. D.

Os níveis elevados de fósforo estão diretamente ligados à progressão da IRC, sendo


importante o controlo da ingestão deste mineral. No entanto, as dietas hipoproteicas já
são pobres em fósforo. Conforme a IRC progride poderá ser necessária a utilização de
quelantes de fósforo, em adição à restrição alimentar deste mineral, para manter o nível
adequado.

Vitaminas e Minerais

As necessidades nutricionais de vitaminas e minerais na DRC não estão bem definidas,


mas os doentes na fase pré-dialítica, e principalmente aqueles que cumprem a restrição
proteica, necessitam de suplementos vitamínicos do complexo B e ácido fólico.

Numa alimentação saudável o consumo médio de vitamina C é cerca de 60 a 90 mg/dia, o


que é suficiente não sendo necessário suplementar.

Os suplementos farmacológicos de minerais, que incluem oligoelementos, não se


recomendam nestes doentes.
Nutriente Recomendações

Proteínas 0.6-0.8 g/kg PCI*/dia(50% de alto valor biológico)

Energia 30-35 kcal/kg PCI/dia se idade > 60 anos.< 30 kcal/kg PCI/dia se idade <
60 anos

Hidratos de
50%-60% do total calorico
Carbono

30%-35% do total calorico25-35% do total calorico, se existir


Lípidos dislipidemiaLípidos saturados: 7%-10% do total calorico;ouLípidos
totais Polinsaturados: 7%-10% do total caloricoAté 10% do total caloricoLípidos
Monoinsaturados 10%-20% do total caloricoAté 20% do total calorico

Sódio 800 - 2500 mg/dia(80 - 100 mmol sódio ou 5 g sal por dia )

Potássio Sem restrição a não ser que os níveis séricos sejamelevados. Se K+ >5.5
mmol/l recomenda-se 1.0 mmol/kg PCI

Fósforo De acordo com valores analíticos. Se fósforo sérico> 4.6 mg/dl (> 1.49
mmol/l) recomendam-se 600-1000 mg/dia(19-31 mmol/l)

Cálcio 1200 a 1400 mg/dia

Líquidos Sem restriçãoVolume de urina de 24-horas + 750 ml, se edemas

Magnésio 200 a 300 mg/dia (não suplementar)

Ferro Individualizado

Zinco Suplementar apenas se houver deficiência de zinco confirmada

Doença Renal Crónica - GID - Gestão Integrada da Doença *PCI: peso corporal ideal 
Conselhos sobre alimentação e estilo de vida

Melhorar a alimentação e o estilo de vida é fundamental para atenuar e reduzir os fatores


de risco cardiovascular nos doentes com DRC.

As recomendações atuais são:

 Regular o balanço energético (ingestão deve ser igual ou inferior ao consumo) e


aumentar a atividade física para atingir e manter um peso corporal adequado (IMC
entre 20 e 25 Kg/m2).

 Incluir frutos, legumes e hortaliças na alimentação diária.

 Aumentar o aporte alimentar em fibra (solúvel e insoluvel), como os produtos


horticolas, frutos, pão e cereais integrais entre outros alimentos. No entanto de ter
em conta que os alimentos ricos em fibra têm uma quantidade mais elevada de
fósforo e potássio.

 Incluir peixes gordos na alimentação (2 a 3x por semana), como a cavala, sardinha,


salmão, chicharro e atum fresco.

 Limitar a ingestão de gorduras saturadas para menos de 7% da ingestão energética


total e de colesterol abaixo dos 300mg/dia, preferindo carnes “brancas” magras,
evitando a carne vermelha e outros alimentos com elevado conteúdo em gordura e
minimizando a ingestão de gorduras hidrogenadas, nomeadamente produtos de
confeitaria e pastelaria.

 Minimizar o consumo de alimentos e bebidas com açúcar adicionado, como bolos,


bolachas e refrigerantes.

 Cozinhar os alimentos com pouco ou nenhum sal.

 Consumir álcool numa pequena quantidade (200ml de vinho por dia é considerado
“saudável”).

 Assegurar um bom controlo glicémico caso seja diabético.

 Insistir no fracionamento alimentar (5 a 6 refeições/dia) e preferir hidratos de


carbono de absorção lenta (cereais, massas, pão).

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