O Papel Do Nutricionista Na Atenção Primária À Saúde
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ste documento1 tem como propósito apresentar aos gestores
do Sistema Único de Saúde (SUS) de todas as esferas de
governo o posicionamento e a visão do Conselho Federal
de Nutricionistas (CFN) sobre o papel da Nutrição como área
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públicas com a Política Nacional de Atenção Básica em Saúde (1), a
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) (2) e a Política
Nacional Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN)(3) bem como
a Política Nacional de Promoção da Saúde (4), vigentes no Brasil.
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O CFN tem acompanhado, particularmente, as resoluções e os
pactos realizados em todas as instâncias de gestão do SUS, referentes
à Atenção Primária em Saúde, na busca de maior racionalidade e
resolubilidade na utilização dos demais níveis assistenciais. A Atenção
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considera que a consolidação desse novo modelo de atenção requer
revisão e realinhamento periódico, visando o seu aperfeiçoamento
progressivo, para atender com maior eficácia às reais necessidades
indicadas pelo perfil epidemiológico da população.
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O contexto
epidemiológico atual
R
elevantes mudanças socioeconômicas, geográficas, políticas
e tecnológicas ocorreram nos últimos 50 anos, com
conseqüentes transformações nas relações de trabalho, nas
formas de oferta e procura pelos serviços públicos, na atividade física
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os fenômenos das denominadas transições demográfica,
epidemiológica e nutricional, bem documentados no país em
diversas publicações (6) (7) (8).
A transição nutricional no Brasil é marcada pela dupla carga de
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nutricional, presente entre parcela significativa das famílias brasileiras,
as infecções e as doenças transmissíveis quase sempre associadas a
situações de pobreza e precariedade nas condições de alimentação
e do espaço geográfico em que vivem. A eliminação da desnutrição
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complexidade do sistema de saúde, sabidamente mais escassos e
onerosos. Fortalecer e qualificar o cuidado nutricional no âmbito
da atenção primária é uma forma mais econômica, ágil, sustentável
e eficiente de prevenir a ocorrência de novos casos de obesidade e
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Os instrumentos legais
para a formulação e
implementação das
políticas públicas nas áreas
de atuação do nutricionista
A
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN)
(3) define como obrigação do Estado a garantia do Direito
Humano à Alimentação Adequada (DHAA) a todos os
que vivem no país, com base no conceito de segurança alimentar
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a serviços de saúde resolutivos. E mais: quando se promove e facilita o
acesso de pessoas, famílias e comunidades aos conhecimentos sobre
os cuidados para uma vida e alimentação saudáveis, possibilitando a
elas a apropriação de tais conhecimentos e a aquisição de capacidades,
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São sete os eixos da PNAN: 1. estímulo a ações intersetoriais;
2. garantia da segurança e da qualidade dos alimentos; 3.
monitoramento da situação alimentar e nutricional; 4. promoção
de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis; 5. prevenção
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Família – NASF (13) - em especial os seus art. 1º e 2º, que dispõem
sobre os objetivos do NASF e a importância da atuação integrada
e em parceria dos profissionais de diferentes áreas de atuação, que
constituirão esses núcleos de apoio à Estratégia Saúde da Família.
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qualificar a atenção à saúde e melhorar a sua resolubilidade. Deve
ainda atuar de forma efetiva sobre os determinantes dos agravos e
dos distúrbios alimentares e nutricionais que acometem a população
local, contribuindo, assim, para a segurança alimentar e nutricional da
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população atendida.
Apresentamos, a seguir, um conjunto de sugestões a serem
consideradas pelos gestores e profissionais do SUS, no contexto da
implementação das disposições contidas nos aludidos instrumentos
legais. Reitera-se que a intenção é colaborar com a ação pública
na implementação da Política Nacional de Saúde e, em particular,
contribuir para que a importante e recente iniciativa dos NASF
logre êxito e resultados concretos para a melhoria das condições
gerais de saúde da população. Para tal, é condição fundamental que
se aperfeiçoem e qualifiquem a gestão das ações de alimentação e
nutrição e o cuidado nutricional na atenção primária em saúde.
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As ações de alimentação
e nutrição na atenção
primária à saúde
C
onsiderando o papel da alimentação como fator de proteção
- ou de risco - para ocorrência de grande parte das doenças
e das causas de morte atuais, considera-se que a inserção
universal, sistemática e qualificada de ações de alimentação e
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elementos organizacionais:
(1) Níveis de intervenção: gestão das ações de alimentação
e nutrição e cuidado nutricional propriamente dito (englobando
ações de diagnóstico, promoção da saúde, prevenção de doenças,
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tratamento/cuidado/assistência);
(2) Sujeito das ações: o indivíduo, a família e a comunidade:
(3) Caráter das ações: universais, tais como aquelas ações que
visam à garantia da SAN e à promoção de alimentação saudável
(aplicáveis a quaisquer fases do curso da vida) e específicas, aplicáveis
O documento original detalha as ações por (1) nível de intervenção; (2) sujeito da ação
e (3) caráter das ações. Essa matriz foi elaborada no âmbito do projeto “Inserção da
Nutrição na Atenção Básica em Saúde” conduzido pelo Observatório de Políticas de
Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília, com financiamento da
Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN) do Ministério
da Saúde. A matriz será publicada como documento institucional da CGPAN para
orientações dos profissionais da atenção primária.
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a uma determinada fase do curso da vida, ou seja, ações destinadas a
gestantes, crianças, escolares, adolescentes, adultos e idosos.
Algumas ações de alimentação e nutrição, no âmbito municipal,
já fazem parte da agenda programática da atenção básica em
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requeiram atendimento individualizado de competência privativa
do nutricionista deverão ser encaminhadas aos profissionais das
unidades de saúde que conformam a rede de atenção básica de
saúde. O número reduzido de nutricionistas na rede de unidades
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Ações estratégicas
no cuidado nutricional
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nutricional. Essas informações subsidiam decisões para as ações
de nutrição e promoção de práticas alimentares saudáveis, que
respeitem a diversidade étnica, racial e cultural da população.
>>A partir da identificação de situações de risco, favorecer a
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>>Elaborar, em conjunto com a equipe de saúde, rotinas de
atenção nutricional e atendimento para doenças relacionadas à
alimentação e à nutrição, de acordo com protocolos de atenção
básica, organizando a referência e a contra-referência.
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(7) BRASIL. Ministério da Saúde. SAS. DAB. CGPAN. Guia Alimentar para a população
brasileira. Brasília DF, 2006.
(8) MONTEIRO, CA. Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de
suas doenças. 1. ed. Aum. Hucitec, Nupens/USP. São Paulo, 2000.
(12). DIETITIANS OF CANADA. The role of the registered dietitian in primary health
care: a national perspective. Canada, May, 2001.
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