Ricardo Ferreira - O Livro
Ricardo Ferreira - O Livro
Ricardo Ferreira - O Livro
Atualizado a 17/10/2021
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Matemática A
Como Preparar o Exame de Matemática A
Os Básicos que tens de saber para o Exame de Matemática A
Como ficar calmo para o Exame
Matemática (geral)
Resolver exercícios - por onde começar?
Como Estudar
Como estudar diariamente (e lembrar tudo!)
Como tirar apontamentos
Estratégia de Vida
O que fazer num Gap Year?
Candidatura ao Ensino Superior
Como ordenar as opções
🟡
YouTube Matemática: https://www.youtube.com/channel/UCkRcdeyQ50TWFmk7vyuzf_g
YouTube Desenvolvimento Pessoal:
🟢
https://www.youtube.com/channel/UCdJAP0gUGUrOW4pS2kO4teg
Email: mailto:[email protected]
Matemática A
Como Preparar o Exame de Matemática A
Email, 23/9/2021
EXERCÍCIOS
O teu estudo deve dividir-se em duas fases: "Aprender a Matéria" e "Preparar para Exame".
(1) "Aprender a Matéria" deve ir até ao final de março, mais ou menos. Nesta fase, qualquer
livro de preparação para exame vai-te dar uma boa dose de exercícios e resumos teóricos.
🟠
Tens aqui os pdf de uns livros mais antigos:
https://uniarea.com/forum/index.php?resources/livro-completo-prepara%C3%A7%C3%A3
🟠
o-exame-matem%C3%A1tica-a-porto-editora.3705/
https://uniarea.com/forum/index.php?resources/livro-completo-prepara%C3%A7%C3%A3
o-para-exame-matem%C3%A1tica-a-leya.3704/
🔴
Eu próprio também criei um livro com esse propósito:
https://go.hotmart.com/V59797855D
🟢
Se estás indeciso sobre comprar o meu livro, aqui estão dois capítulos grátis:
"Limites - Como calcular limites" -
🟢
https://drive.google.com/file/d/17BhvPKYmuswv97-mvkMJ5mRflF9d5qUk/view?usp=sharing
"Combinatória - Como contar":
https://drive.google.com/file/d/1ZnA5YGPqDifAcUsn-DP7cdLzSWcy_L1U/view?usp=sharing
🔴
E claro, tens o meu resumo completo de Matemática A no YouTube:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLmXHtzilUbISk011NSfFmmnffTWbzJnLO
(2) Depois, em abril, começas a "Preparar o Exame". Para o exame não precisas de saber
tudo, mas tens de saber os básicos muito bem. A melhor maneira de preparar para o exame
é fazendo exercícios de exame!
🟠
No início, recomendo-te que faças provas-modelo (ou seja, daquelas fichas tipo exame):
https://materica.pt/provas-modelo-12-ano/
🟠
Depois, recomendo-te que faças exercícios de exames antigos (exames de 2019 e antes)
https://mat.absolutamente.net/joomla/index.php/recursos/exames-e-testes-intermedios/mate
matica-a
Por fim, uma semana antes do exame, recomendo-te que faças exames anteriores
cronometrados (exames de 2020 e 2021) - ou seja, fazes o exame durante 3 horas, como
se estivesses no exame real, e depois corriges. Com isto, aprendes a gerir o teu tempo e
treinas a tua estratégia de exame.
OUTRAS DICAS
- Toda a matéria que precisas para o exame está nas Aprendizagens Essenciais de
🟠
Matemática A 10º, 11º e 12º:
https://www.dge.mec.pt/aprendizagens-essenciais-ensino-secundario
- Está atento ao site do IAVE para ver quando saem as informações sobre o exame
2021/2022 (especialmente se este ano vai sair "Estatística", quais são as cotações e o
🟠
formato do exame, bem como quais são as calculadoras permitidas)
https://iave.pt/provas-e-exames/provas-e-exames/
- Podias também pensar em arranjar um bom explicador. Um bom explicador ajuda-te com
os "três grandes perigos": garante que percebes e te lembras da matéria e dá-te os
recursos que precisas para o fazer. Além disso, ajuda a manter-te na linha, dando-te um
incentivo extra para estudares regularmente e não adiares.
🔴
Para mais dicas como esta, visita o meu canal de Desenvolvimento Pessoal no YT:
https://www.youtube.com/channel/UCdJAP0gUGUrOW4pS2kO4teg
🔴
Ou então vê todas as minhas dicas de estudo e muito mais neste “livro” (grátis):
https://docs.google.com/document/d/15c8ZxL3AlhW1mgO5YMUQfMNaHBBdsA68PHVex
zuq7nU/edit?usp=sharing
😁🔥
Acima de tudo, lembra-te: começa já com uma "hora da Matemática" todos os dias e nunca
falhes dois dias seguidos. Faz isto, e estarás bem encaminhado! Bom trabalho!
➡️
reduzida da superfície esférica, comparar planos e retas comparando os seus vetores
TRIGONOMETRIA: Ver sen, cos, tg na circunferência trigonométrica, resolver equações
➡️
trigonométricas
COMPLEXOS: Resolver equações, multiplicar pelo conjugado para tirar denominadores
complexos, passar entre forma algébrica e forma trigonométrica, simplificar i^..., visualizar
➡️
regiões
SUCESSÕES: Progressão aritmética e geométrica - termo geral e soma dos N primeiros
➡️
termos, significado de sucessão monótona, limitada e limites de sucessões.
FUNÇÕES: Calcular qualquer derivada, calcular qualquer limite, verificar assíntotas,
verificar continuidade num ponto, fazer quadro de sinal (por exemplo, para estudar
➡️
monotonia ou concavidade), fazer demonstrações pelo Teorema de Bolzano-Cauchy
➡️
EXPONENCIAIS: Resolver equações exponenciais, saber as propriedades do logaritmo
COMBINATÓRIA: Saber "ensinar a avozinha" (isto é só treinar, treinar, treinar), saber
traduzir isso para linguagem matemática usando o "E quantas opções?" (está tudo no vídeo
de combinatória - basta pensares em "escolher" e "ordenar", ou seja, combinações nCk e
➡️
fatorial n!")
PROBABILIDADES: Fórmulas da probabilidade (incluindo probabilidade condicionada),
Leis de De Morgan.
No fim de contas, o que é difícil não é o exame em si mas toda a preparação que fizeste
antes - a parte difícil já está feita! Quando chegar a hora do exame, é pensar: "o que for,
será" - se te preparaste bem, então não há razão para receares (é inevitável que o exame
vá correr bem!)
Claro que este espírito do "o que for, será" é mais fácil de dizer do que fazer. Pessoalmente,
em vez de pensar "e se o exame correr mal", ou "e se o exame corre bem", ou "e se me
esqueço disso" ou "e se me esqueço daquilo", eu prefiro pensar "vamos lá ver o que
acontece" (quando substituis o medo de falhar pela curiosidade de saber como o teu
trabalho será recompensado, tudo se torna mais fácil!)
No fundo, um exame vai e vem, mas aquilo que aprendemos fica para a vida. Por isso, se te
preparaste bem, já ganhaste! E quando o exame chegar, aproveita o momento e deixa-te
levar, porque essa é a grande celebração do teu trabalho!
😁🔥
Lembra-te: keep calm, relaxa e, acima de tudo, diverte-te!
Matemática (geral)
Resolver exercícios - por onde começar?
YouTube, XX/07/2021
Saber por onde começar é o mais difícil na Matemática (tanto que quase todas as minha
dicas do vídeo (https://youtu.be/8vGjLdOI7Ak) têm a ver com "como começar"). Além das
dicas do vídeo, podes fazer isto:
(1) PERCEBES TODAS AS PALAVRAS DO ENUNICIADO? Às vezes não sabemos como
começar porque não sabemos bem alguma definição que é essencial para perceber o
problema (por exemplo, o que significa "função contínua" ou "sucessão crescente") ->
Solução: pergunta-te se percebes cada palavra e se não souberes, vai procurar a
definição.
(2) SABES TODAS AS MANEIRAS DE FAZER ESSA COISA? Às vezes não sabemos
todas as maneiras de fazer a mesma coisa - às vezes só nos lembramos de uma maneira,
mas os dados que temos disponíveis obrigam-nos a fazer de outra (por exemplo, pedem-te
para "calcular um declive", mas tu só te lembras de calcular o declive como y/x - o problema
é que há outra maneira - podes calcular declive através da tangente da inclinação) ->
Solução: Enquanto estudas, foca-te sempre nas diferentes maneiras de fazer a mesma
coisa.
(3) SABES O PROCESSO? Pelo que descreveste, não me parece ser o teu caso, mas às
vezes tu percebes todas as palavras mas não sabes o que fazer porque não sabes o
processo completo ou porque não o treinaste o suficiente (por exemplo, "estudar a
monotonia de função", o processo é sempre o mesmo: calcular derivada, ver os zeros da
derivada, fazer o quadro de sinal e concluir - quando vês "estudar a monotonia de uma
função", deves saber de imediato que é esta a receita que tens de seguir) -> Solução:
Enquanto estudas, presta atenção a estes "processos" que seguem sempre a mesma
receita e tenta lembrar-te da receita para a próxima vez que fizeres um exercício desse
género.
CONCLUSÃO: De certo modo, isto tem tudo a ver com "treinares o olho" e familiarizares-te
com os conceitos. Isto é uma coisa que vais desenvolvendo com a prática e com empenho.
O importante é perceberes que é normal ficar encalhado num exercício - convém não
desistires logo de imediato mas em vez disso tentar perceber calmamente aquilo que não
percebes (pessoalmente, eu gosto de tentar um exercício durante 10/15 minutos e se
depois disso ainda não conseguir, então sim vou ver a dica/soluções - e quando vejo as
soluções, tento perceber exatamente porque é que fiquei encalhado, para não repetir o
mesmo "erro" no futuro).
Como Estudar
Se eu tivesse só uma dica para te dar, diria para teres sempre a matéria em dia (ou seja,
se tiveste uma aula de uma certa cadeira, então revê a matéria dessa aulas antes do início
da aula seguinte dessa cadeira). Isto porque quando não percebes ou não te lembras da
matéria de uma aula, então também já não vais perceber a da aula seguinte e depois as
dificuldades vão acumulando (é um efeito bola de neve que só para com umas noitadas de
estudo mesmo antes das frequências!). Pelo contrário, se deres o teu melhor para manter a
matéria em dia, então vais ter uma experiência de universidade muito mais calma, sem os
stresses de ter de estudar tudo à última da hora.
Estratégia de Vida
O que fazer num Gap Year?
YouTube, 17/9/2021
Era uma vez três alunos de engenharia informática: o Abel, o Bernardo e o Carlos, que
tiveram que ficar "parados" um ano. Durante esse ano em que estiveram "parados", o Abel
ficou sempre em casa a jogar; o Bernardo arranjou um trabalho no café da esquina a servir
e a lavar pratos, conseguindo juntar algum dinheiro; o Carlos aprendeu uma linguagem de
programação, aprendeu Francês e ainda fez um mini estágio numa empresa de software
(sem ser pago). Quando terminaram a licenciatura (com mais ou menos a mesma nota), o
Abel, o Bernardo e o Carlos candidataram-se todos para trabalhar na mesma empresa - era
aquela empresa de sonho onde todos queriam entrar. Os Recursos Humanos estavam a ver
os currículos e olharam para o do Abel. Logo que viram que não fez mais nada durante
esse "gap year", já não quiseram ler mais ("Este jovem não tem iniciativa - não é um bom
candidato"). Depois, passaram ao Bernardo: "Ora, este Bernardo teve a iniciativa de
procurar algum trabalho, já é bom. Mas infelizmente, nós temos muitos candidatos que
fizeram o mesmo e um trabalho num café não é muito relevante para a área do software."
Com isto, o Bernardo também foi rejeitado (de facto, ganhou o dinheiro que queria, mas
esse dinheiro não se comparava com aquele trabalho - aquele trabalho poderia lançar a
carreira do Bernardo imenso!). Depois, passaram ao Abel: "Este jovem é especial. Não só
demonstrou iniciativa ao trabalhar, mas já tem a experiência que mais nenhum tem. Já deve
perceber melhor como uma empresa de software funciona, sabe uma linguagem de
programação relevante para nós e que nem todos têm. E se eventualmente tivermos
clientes franceses, então ele é perfeito para nos desenrascar. Não precisamos de ver mais
nada - este jovem tem algo que mais nenhum tem, e por isso é que o vamos escolher!".
MORAL DA HISTÓRIA: fazer "algum trabalho" é melhor do que não fazer nada, mas é bem
pior do que fazer "trabalho relevante". Isto porque ao fazeres trabalho relevante, estás a
aprender skills muito procurados e que poucos têm. E por isso, terás uma vantagem enorme
não só agora na universidade, mas também quando entrares no mercado de trabalho. E ter
melhores oportunidades agora significa que terás melhores oportunidades no futuro - é um
efeito bola de neve!!! No fundo, o dinheiro gasta-se e foi-se, mas aquilo que aprendes fica
para vida (e serás sempre recompensado por teres essa vantagem).
GRANDE QUESTÃO: Sendo assim, a grande questão é: "quais são as atividades que
gostarias de experimentar este ano e que são relevantes para a tua área?" (lembrei-me
imediatamente de aprender uma linguagem de programação, línguas estrangeiras ou então
fazer estágio numa empresa de software, mesmo não sendo pago. Mas na verdade, a tua
imaginação é o limite - não precisas de procurar oportunidades que já existem, podes até tu
criar as tuas próprias oportunidades!)
A MINHA EXPERIÊNCIA
No meu caso, tal como tu, eu também tirei um "gap year" antes de ir para a universidade,
porque tinha de fazer um exame de admissão. Nesse ano, acima de tudo, aprendi a
organizar-me sozinho e a definir os meus próprios horários (na altura, a minha organização
e disciplina eram uma desgraça) . E isto deu-me uma jeitaça enorme quando fui para a
universidade porque já me sabia organizar bem sozinho. Depois, como achava que podia
querer ser professor um dia, pedi à minha antiga escola secundária e fui lá apoios de
matemática (de borla). Além disso, também experimentei ser "streamer" de jogos na Twitch
(Clash Royale) - obviamente, de borla. Curiosamente, foram os meus apoios na minha
antiga escola que inspiraram o meu primeiro vídeo de Combinatória (foi nessa altura de
inventei/descobri a minha maneira de explicar). E ao ser streamer de jogos, aprendi os
básicos de marketing e design gráfico que depois me ajudaram muito a criar este canal de
YouTube. Ser streamer (e ter sido rejeitado de Cambridge), também me ajudou a largar
definitivamente os jogos - isso libertou a minha mente e o meu tempo para poder
desenvolver projetos como este do canal de YouTube. No fundo, sem este "gap year", não
só eu seria um aluno mais desorganizado, como este canal poderia nunca ter existido!
Se estás decidido em concorrer, vamos a isso! Sobre as opções não tenho grande opinião -
no fundo, é a tua escolha. Agora, para decidir a ordem, o melhor é veres em detalhe as
cadeiras de cada curso (tanto que as diferentes gestões e as economias devem variar
muito). Depois, mete em primeiro os cursos que tiverem mais cadeiras que te interessam.
A outra coisa a considerar é que podes (e talvez deves) dar-te ao luxo de meter uma ou
duas opções "de sonho", ou seja, daquelas que à partida não tens média para entrar mas
que se a média descer o suficiente entras (e claro, que sejam aquelas opções em que
adorarias entrar). Como queres entrar na universidade de certeza, então talvez as últimas 1
ou 2 opções devem ser as opções "certas", ou seja, aquelas em que entras de certeza. As
restantes 3 ou 4 opções devem ser as opções "realistas", ou seja, aquelas em que ficarias
satisfeito em lá ficar e em que tens reais chances de o conseguir.
Mas lembra-te do mais importante: não vás a um restaurante só porque é caro, mas sim
porque gostas da comida. Ou falando em linguagem de cursos: não vás para um curso só
porque a média é alta, mas sim porque gostas da matéria!
Atenção e Ação
Email, 15/9/2021
Não prometo que nada disto faça sentido (foste avisado :P)
Começamos pela última: ação. Aquilo que eu gosto de dizer é que "tu és o que praticas".
Por exemplo, queres ter boa nota no exame? Então tens de ser bom a fazer exercícios de
exame. E como é que te tornas bom a fazer exercícios de exame? Ora, é fazendo
exercícios de exame! Ao praticares exercícios de exame agora, estás a torna-te muito bom
a fazer exercícios de exame no futuro - e é isso que tu queres. Do mesmo modo, porque é
que procrastinas? Porque já estás tão habituado a esse ciclo de tentar estudar, ficar
desmotivado e procrastinar no telemóvel, que agora te tornaste especialista nisso!!! No
fundo, aquilo que fazes agora é aquilo que estás a treinar para o futuro! Nestes últimos
tempos, tens andado a praticar a tua procrastinação, a mexer no telemóvel constantemente,
a ficar desmotivado - e estás a tornar-te muito bom nisso!!! Por isso, é normal que seja difícil
largar a procrastinação! Qualquer hábito que nós temos cria-se com ação - no início
estranha-se, mas depois se o repetirmos vezes suficientes, já se torna natural e automático.
Por exemplo, o teu cérebro e o teu corpo já estão tão habituados a procrastinar que isso já
se tornou algo natural e automático - talvez já procrastinas antes de sequer dares conta!
Mas, felizmente, isto também nos traz boas notícias - se nós mudarmos a nossa ação,
então nós conseguimos mudar o nosso comportamento futuro - no início vamos estranhar e
não vai ser fácil, mas repetindo vezes suficientes, vai acabar por se tornar natural e
automático. No fundo, o nosso objetivo final é treinar o nosso "piloto automático" para ter os
comportamentos que queremos.
Já sabemos que é mudando aquilo que fazemos, ou seja, com ação, que mudamos quem
nós somos. Agora a grande questão é: o que é que podemos fazer de diferente para
"destreinar" esta procrastinação? Ora, tudo começa com atenção.
O nosso bem mais valioso é a nossa atenção. Neste momento, provavelmente tudo o que
fazes é sem atenção - por exemplo, provavelmente quando estás no telemóvel, chega a
uma altura em que perdes a atenção e a noção do tempo: só que depois chega uma altura
em que "acordas", nem sabes o que acabaste de ver, mas sabes que já passou meia hora
porque vês as horas no relógio. Provavelmente o mesmo acontece quando estás a estudar -
estás a estudar, mas o teu pensamento está noutro lado (talvez a preocupar-se demasiado
ou a pensar que gostavas mais de estar a fazer outra coisa). E talvez ficar sem fazer nada
assusta-te (se houver um segundo em que irás ficar sozinho com os teus pensamentos,
provavelmente pegas logo no telemóvel para te distrair. Antes de dares por ti, já estás com
o telemóvel na mão).
Mas então, o que é que eu quero dizer com "atenção"? Quando digo atenção, isto significa
ver-te na terceira pessoa e sem julgar. É como se fosses um espetador de ti próprio
(imagina-te em casa a ver os carros a passar lá fora). Essa deve ser a tua atitude para
contigo: nunca deve ser punitiva - deve apenas ser curiosa, do tipo "Quero perceber como
tu funcionas - vamos descobrir juntos!". Para isso, deves ouvir-te e prestar atenção a tudo
sobre ti:
(1) ao teu corpo (Por exemplo, quando estou a correr, estou atento a ver os sinais de
cansaço que o meu corpo dá - como está a respiração, se as pernas estão bem alinhadas
com o movimento do resto do corpo, etc. A minha corrida termina quando o meu corpo
demonstra certos sinais de cansaço.)
(2) aos teus pensamentos (por exemplo, quando estou a estudar, estou atento aos meus
pensamentos. Se é um pensamento útil ao trabalho, escrevo-o algures imediatamente. Se
não, não interajo com o pensamento nem alimento esse pensamento com mais
pensamentos. Em vez disso, apenas observo esse pensamento, sem o julgar.
Eventualmente, o pensamento farta-se e vai-se embora).
(3) e às tuas emoções (por exemplo, quando me surge uma emoção mais forte, fico atento
a essa emoção que quer sair. Aqui, temos duas opções: ou identificamo-nos com a própria
emoção e deixamo-nos ser controlados por essa emoção - às vezes dá jeito - ou então não
nos identificamos e assim a emoção vai desvanecendo.)
De facto, o nosso corpo, os nossos pensamentos e as nossas emoções são parte de nós,
mas não somos nós!!! Por isso, podes olhar para o teu corpo, para os teus pensamentos e
para as tuas emoções com alguma distância, da perspetiva de uma terceira pessoa.
E porque é que temos que perceber isto? Primeiro, porque é quando prestamos atenção
que mantemos a calma, olhamos para as coisas como elas são e não reagimos mais do
que o necessário. Ou seja, é deste modo que consegues manter os teus pensamentos e
emoções no sítio certo. Por exemplo, neste momento, é provável que sejas profissional
em ter emoções e pensamentos negativos. Quando uma emoção negativa se quer
manifestar, tu deixas-te logo possuir por essa emoção. E quando um pensamento negativo
aparece, tu alimentas esse pensamento negativo com ainda mais pensamentos negativos.
Ao fazeres isto, estás a tornar-te especialista em fazer uma tempestade num copo de água -
a mínima emoção ou pensamento negativo transformam-se logo numa enorme bola de
emoções e pensamentos negativos.
Assim, para lidar com estas emoções e pensamentos negativos, tens de fazer como já
disse: quando eles querem aparecer, não tentes fazer nada, apenas presta atenção: não
interajas com eles, não os julgues, não penses se são bons ou maus, apenas observa-os,
como se estivesses curiosa a ver o que se passa lá fora. Aqui, a atenção dá-te a calma e o
tempo que precisas para não te deixar possuir logo por esse pensamento ou emoção.
Continua a olhar para o pensamento/emoção - se for uma emoção ou pensamento que não
queres alimentar (ou que seja puramente mentira), então mantém essa distância e continua
a observar - não faças nada, não tentes fugir para o telemóvel, não tentes pensar ainda
mais, apenas olha para o pensamento ou para a emoção. Não alimentando esse
pensamento e emoção, esse pensamento e emoção acabam por te passar ao lado. Ao
fazeres isto vezes suficientes e não alimentando estes pensamentos e emoções negativos,
terás cada vez menos destes pensamentos e emoções negativos - e se mesmo assim
aparecerem, já sabes lidar com eles - observar, sem julgar, até desvanecerem. No início,
isto não é fácil, por isso leva isto tudo numa de "eu quero descobrir como funcionas - vamos
aprender juntas!" Como qualquer experiência científica, nada corre bem à primeira - o
importante é perceber que isso é normal e faz parte do processo. Assim, continuar a tentar
até resultar!
dizer-te que estás numa situação nova - e isso é bom). Presta atenção e vais ver que não é
só assustador, mas também é fantástico - lembra-te sempre dessa emoção.
(4) Com isto, já deves ter feito aquilo que sabias que devias fazer. Dá-te uma dose enorme
de parabéns porque acabaste o teu primeiro treino!!! :D Acabaste de te treinar a fazer aquilo
que sabes que deves fazer - e esse é o passo mais difícil de todos. Agora é só repetir,
repetir, repetir. Quanto mais repetires esta "atenção e ação", mais te treinas a fazer aquilo
que sabes que deves fazer. Eventualmente, chegará a uma altura em que tudo isto se torna
natural e automático. (Esta ação não precisa de ser uma ação enorme - até pode ser uma
coisa bem pequena como arrumar o quarto ou fazer a cama).
Resumindo, é com atenção que percebes quando vais procrastinar. É com atenção que
consegues ouvir a tua consciência e perceber o que deves fazer. É com atenção que não te
deixas possuir pelos teus pensamentos e emoções. No fundo, é com atenção que vês a
realidade como ela é. Depois, quando já sabes o que deves fazer, passa à ação - faz
aquilo que sabes que deves fazer. Continua atento durante todo o processo e termina a
tarefa. Muitos parabéns, ultrapassaste o grande desafio!!! Agora é só repetir.
O processo de "atenção e ação" que acabei de descrever é o processo que tens de treinar -
tens de treinar a fazer aquilo que sabes que tens de fazer. E quanto melhor for a tua
atenção, mais fácil será este processo. Por outro lado, quanto menos atenção tens, mais
difícil será fazeres isto.
Lembra-te, "tu és o que praticas", por isso tudo o que fazes afeta a tua capacidade para ter
atenção. Há muitos hábitos que te podem ajudar a prestar mais atenção e que tornarão
mais fácil este processo de "atenção e ação":
(1.1) Escrever (para ver as tuas preocupações)- "está atento aos teus pensamentos e
deixa que eles guiem aquilo que escreves, ou seja, não tentes controlar o processo - pensa
como se o teu cérebro te estivesse a ditar os seus pensamentos e tu estás apenas a pô-los
no papel" (isto dá muito jeito, porque coloca todas as tuas preocupações no papel - o que
não só te ajudará a acalmar, como tornará mais fácil encontrares soluções para essas
preocupações)
(1.2) Escrever (para ver os teus planos) Podes utilizar esse diário não só para escrever o
que vai na tua cabeça mas até para planear o dia ou a semana seguinte. (um diário, ou um
"habit tracker", ou uma agenda, ou qualquer coisa do género é muito útil para estares atenta
ao progresso que estás a fazer - porque é mais fácil de ver os nossos pensamentos quando
eles estão escritos.)
(1.3) Escrever (para guardar os teus pensamentos para mais tarde) Às vezes, estamos
a estudar ou a fazer outra coisa e surge-nos uma pensamento importante mas não
queremos mudar de tarefa. O mais fácil é ter um bloco de notas ao pé (ou semelhante) e
escrever lá essa ideia - assim poderás lidar com ela mais tarde e continuar com o teu
estudo.
(2) Meditar - "Senta-te onde quiseres, fecha os olhos e está atento à tua respiração. Se
algum pensamento aparecer, faz como sempre: observa, mas não interajas com ele -
deixa-o passar naturalmente, como se estivesses a ver um carro a passar lá fora na
estrada. Faz isto sempre que algum pensamento vier." Ou se houver algum pensamento ou
preocupação mesmo hiper importante então escreve num bloco de notas ou assim
Mas lembra-te: atenção por isso só não é suficiente - atenção só te ajuda a ver os
problemas com clareza. E quando vires esses problemas, então tens de fazer aquilo que
sabes que tens que fazer - só tomando a ação necessária é que o teu comportamento irá
mudar.
A partir de agora, a tua atitude deve ser a de um investigador e a pessoa que vais investigar
és tu próprio. Como investigador de ti próprio, sabes que o teu objeto de estudo é um ser
humano, com as suas preocupações e fragilidades, e por isso muitas das tuas experiências
vão falhar. E isto não é culpa nem do investigador nem do ser em estudo - é apenas uma
parte normal deste processo de descoberta. O mais importante é estares atento, perceber o
que não resultou na experiência anterior e procurar novas soluções. Acima de tudo,
lembra-te: todos os teus problemas têm solução - apenas ainda não a encontraste.
Enquanto estiveres focada em encontrar uma solução (e tomares a ação necessária), mais
tarde ou mais cedo encontrarás a solução. (No meu caso, foi sempre assim que aconteceu:
psicologicamente, passei por muitos altos e baixos, mas como estava sempre focado em
encontrar a solução, mais tarde ou mais cedo voltava ao caminho certo). E outra coisa
muito importante: como investigador de ti própria, vais ter sempre mais problemas do que
aqueles que consegues resolver. Vais querer mudar tudo de uma vez mas vais perceber
que isso não é possível. Neste caso, diria para começares pelo problema mais pequeno
que consegues resolver. Resolve esse, e depois passa ao seguinte. Se te treinares a
resolver problemas mais fáceis, então gradualmente, vais-te tornando cada vez melhor a
resolver os teus próprios problemas. Com isto, chegarás a uma altura em que até os
problemas mais complicados consegues resolver com facilidade. Regra geral, uma
combinação de pensares por ti próprio e pesquisa na net resolve quase tudo! Por fim, com
todos os planos, objetivo e experiências que fizeres, sê específico. Um plano só é
específico o suficiente se conseguires imaginar na tua cabeça exatamente aquilo que vais
fazer (sabemos exatamente o que fazes agora, e depois, e a seguir). E além disso, sê
realista - não vale a pena planeares 6 horas de estudo amanhã se o teu normal é 3 (o teu
objetivo tem de ser algo que realisticamente conseguirias fazer, baseado na tua experiência
passada). Do mesmo modo, se souberes que demoras 1 hora a almoçar, não vale a pena
meter no teu plano que demoras 30 min a almoçar (todas as durações que metes devem
ser baseadas na tua experiência passada - se ainda não sabes quanto tempo demoras a
fazer determinada coisa, está atento para a próxima ou, se preferires, cronometra).
Acima de tudo, atenção em tudo o que fazes, sem julgar (e tens de querer ver a verdade,
ver a realidade como ela é - mesmo aquelas partes de ti que preferias não saber. A não ser
que estejas disposto a saber a verdade, vais criar todo o tipo de desculpas, tretas e ilusões
e não terás hipótese). E lembra-te: a única maneira de mudares o teu comportamento não é
com motivação, conselhos ou dicas, nem com pensamentos ou emoções (tudo isto é perder
tempo) - a única maneira de mudares o teu comportamento é com ação (agora e já!). E
não vais conseguir mudar tudo de uma vez, mas desde que estejas focado em encontrar
soluções, e comeces já a resolver passo a passo os problemas que consegues resolver,
então mais cedo ou mais tarde chegarás onde sabes que deves chegar. :)
- cultivar mais atenção na tua vida (ter mais atenção naquilo que já fazes e criando novos
hábitos)
- aprender a resolver os próprios problemas ("estar atento para identificar problemas e
depois pesquisar soluções na net e pensar criticamente para inventar/encontrar soluções")
- treinar o processo de "atenção e ação" (para destreinar a procrastinação e treinar-te a
fazer aquilo que sabes que deves fazer)
Outro contraargumento seria “Ah, às vezes é melhor mentir, porque a verdade magoa”. De
facto, este é o grande desafio de dizer a verdade - a verdade pode magoar. Aqui o segredo
é saber dizer a verdade. De facto, talvez já reparaste nisto: a maneira como dizes as
coisas é mais importante do que aquilo que dizes (tanto que podes pegar exatamente na
mesma mensagem e transmiti-la ou de uma forma extremamente negativa ou de uma forma
extremamente positiva - tudo depende da maneira como a dizes). E aqui está a arte, a qual
tens de treinar ao longo da tua vida. Tens de treinar como dizer a verdade (porque a
verdade tem de ser dita, sempre) mas de uma forma que não magoe, mas que pelo
contrário, faça a mensagem passar. Aqui há muitos truques: humor, etc, etc. (COMPLETAR:
Como dizer a verdade sem magoar?)
E já agora: “porquê dizer sempre a verdade?”. Primeiro, porque o risco de uma mentira ser
descoberta é muito maior do que o risco de dizer a verdade. Se a mentira for tão mínima
que não há problema se a verdade for descoberta, então mais vale dizer logo a verdade. E
se a mentira for tão grande, então estás a arriscar demasiado- se a outra pessoa descobrir,
pode significar o fim de uma relação (tanto que de certeza já percebeste: muito mais
pessoas estão dispostas a perdoar alguém que admitiu o mal que fez do que alguém que
mentiu e o tentou esconder). Ou seja, se o mal feito é enorme, então mais vale também
dizer logo a verdade.
Mas claro, há sempre aquela tentação do “E se eu nunca for apanhado?”. A minha reação
imediata seria: “Não sejas tão arrogante em pensar que nunca serás apanhado”. Mas
felizmente, nem precisamos de ir por aí, porque há uma razão muito prática para dizer a
verdade: mentir dá muito mais trabalho, ou sendo mais específico, mentir ocupa muito
mais espaço mental. Porque, se pensarmos, mentir obriga-nos a ter na nossa mente
sempre duas narrativas: a narrativa verdadeira e a narrativa falsa. De cada vez que
interagimos com a pessoa a quem mentimos, então temos de continuar a desenvolver essa
narrativa falsa de modo que seja consistente com a mentira inicial (só assim é que não
seremos apanhados). E aí é que está: a nossa mentira precisa de constante manutenção -
temos de continuar, durante toda a eternidade, a desenvolver essa narrativa falsa (e
sejamos sinceros, isso dá MUITO trabalho). E claro, isto tudo partindo do princípio que
nunca darás um passo em falso e que consigas criar uma narrativa que engane sempre a
outra pessoa - boa sorte com isso! No fundo, porquê dizer verdade? Porque a mentira
escraviza-nos. Só a verdade é que nos liberta.
Nós somos um mero conjunto de hábitos, tanto que nós passamos a maior parte do nosso
tempo em piloto automático. Quando confrontados com a mesma situação, a nossa reação
também é sempre a mesma. Por exemplo, se a nossa resposta à ansiedade é comer
descontroladamente, então sempre que estivermos ansiosos iremos comer
descontroladamente. E quanto mais vezes comemos descontroladamente em resposta à
ansiedade, mais isso se torna um hábito e mais difícil é de controlar.
E qual é a solução para mudar estes hábitos? Só há uma maneira: através de ação. Como
sempre, voltamos à “atenção e ação”. Primeiro, temos de estar atentos para identificar a
ansiedade quando ela aparecer. E quando identificamos a ansiedade, então já sabemos o
que fazer. Sabemos que a nossa tendência será para comer descontroladamente, mas em
vez disso vamo-nos manter parados e calmos, sem agir. Aqui, pensar é inútil. Ao
pensares, vais arranjar uma razão ridícula qualquer para começares a comer
descontroladamente (talvez que “tens fome”, talvez que “mereces após um longo dia de
trabalho” ou talvez que “é só uma bocadinho”). E quanto mais pensas, maior a indecisão,
maior é a confusão, maior é o stress e maiores são as probabilidades de ceder ao velho
hábito. No fundo, pensar só te leva a pensar mais, mas não te leva a conclusão
nenhuma.
No fundo: Atenção (identifica) -> Percebe o que tens de fazer/não fazer, pensando o
mínimo possível -> Nova Ação (resigna-te a fazer o que tens de fazer)
Tal como uma lâmina que deve ser continuamente afiada, o nosso grande desafio como
seres humanos é continuamente treinar os nossos hábitos de modo que fazer aquilo
que temos de fazer se torne completamente natural. E este é um desafio diário, do qual
não podemos fugir, porque tudo aquilo que fazemos está a treinar esses mesmos hábitos.
Regra geral, a maneira como nós agimos é: Atenção -> Pensamento -> Ação
Mas ora, se nós queremos facilitar o processo de treinar novos hábitos, então temos de
“matar” o pensamento. Isto porque é muito fácil perdermo-nos no nosso próprio pensamento
(pensar só nos leva a pensar mais e não chegamos a conclusão nenhuma). Ou seja, o
pensamento impede-nos de avançar para a ação. (e se só pensarmos mas não agirmos,
então treinamos um outro hábito, que é pensar, pensar e pensar, mas não fazer nada).
Primeiro, aquilo que “devemos fazer” já é algo em que pensámos antes, ou seja, já
definimos previamente uma “regra de ação” (se acontecer X, eu faço Y). E depois, quando a
tal situação vier, nós já sabemos o que fazer - e depois é só fazê-lo. No fundo, isto
resume-se em dois passos:
1. Define previamente uma regra de ação (se acontecer X, eu faço Y)
2. Quando a situação X vier, então faz Y (Atenção a X -> Ação Y)
A minha resposta a isto foi criar alguns “atalhos mentais”, ou seja, instruções de 0 a 2
palavras que me ajudam a relembrar aquilo que devo fazer, mas usando o mínimo de
palavras possível (porque quando menos palavras precisas, menos tens de pensar). O
objetivo final deve ser sempre 0 palavras, mas este é um processo gradual (e no fundo, o
mais importante é fazeres a ação).
Ficamos então com: Atenção -> Pensar no “atalho mental” -> Ação
Eis uma lista dos atalhos mentais que uso, das situações em que se aplicam (Atenção) e da
respetiva ação que o segue:
a. (Duas Tarefas)
Sistemas Simples
Há certas coisas que fazemos a toda a hora, mas para as quais nunca arranjamos um
método definitivo de as fazer. Aqui, partilho esses métodos definitivos e que creio serem o
mais eficientes possíveis.