Compartimentos Morfodinâmicos Do Litoral Do Espírito Santo e As Principais Unidades Geomorfológicas
Compartimentos Morfodinâmicos Do Litoral Do Espírito Santo e As Principais Unidades Geomorfológicas
Compartimentos Morfodinâmicos Do Litoral Do Espírito Santo e As Principais Unidades Geomorfológicas
Vitória-ES
Outubro, 2021
INTRODUÇÃO
FORMAÇÃO BARREIRAS
AFLORAMENTOS CRISTALINOS
Os gnaisses migmatíticos, rochas graníticas, gnaisses kinzigíticos e núcleos de
charnoquitos (COUTINHO, 1974; ALBINO et al., 2006), que tivemos a oportunidade de
conhecer na aula de campo de geologia com o Prof. Machado, fazem parte dos
afloramentos cristalinos do pré-cambriano, que podem ser encontrados na porção centro-sul
do Estado, de Vitória rumo ao sul, como exemplo em Guarapari. As colinas, os
promontórios rochosos e as ilhas presentes no Estado, são representantes dessa unidade
geomorfológica (ALBINO et al., 2006).
PLANÍCIES FLÚVIO-MARINHAS
As planícies sedimentares quaternárias são mais desenvolvidas no litoral capixaba nas
adjacências da desembocadura do rio Doce e também nos vales entalhados dos rios São
Mateus, Piraquê-Açu, Reis Magos, Jucu,Itapemirim e Itabapoana. As flutuações do nível do
mar e a disponibilidade de sedimentos fluviais estão associadas com a evolução geológica
da unidade. Nas outras regiões do litoral, as planícies costeiras não são bem desenvolvidas,
são estreitas ou inexistentes, onde as praias são limitadas pelos tabuleiros da Formação
Barreiras e/ou pelos promontórios rochosos (ALBINO et al., 2006).
De acordo com Martin et al. (1996) pode-se dividir o litoral do estado em sub-regiões de
acordo com a distribuição dos depósitos quaternários e seu contato com os depósitos da
Formação Barreiras e os afloramentos rochosos, ou seja, as interações das unidades
geomorfológicas presente (Figura 1).
Figura 1 - Compartimentação do litoral do Espírito Santo em relação a (1) interações das unidades
geomorfológicas em cada região do estado; (2) depósitos quaternários predominantes em cada setor;
(3) classificação das praias em relação às suas tipologias predominantes. Observa-se no mapa a
interação da geomorfologia com a morfodinâmica praial, evidenciando sua imposição nos controles
morfológicos e de disponibilidade de sedimento para cada compartimento.
● SETOR 1
O setor 1 se estende entre a divisa do Estado do Espírito Santo com o Estado da Bahia, até
a região de Barra do Riacho. Compreende 177 km de linha de costa (35,8% do litoral), e é
caracterizado por planícies costeiras estreitas, associadas às desembocaduras dos rios
Itaúnas e São Mateus, ao sopé das falésias da Formação Barreiras. Na desembocadura do
rio Doce se encontra o maior desenvolvimento dos depósitos Quaternários, já em outras
margens costeiras de outros rios do estado, as planícies flúvio-marinhas quaternárias são
desenvolvidas, mas limitadas pela proximidade dos tabuleiros e falésias da Formação
Barreiras (ALBINO et al., 2006). Na região próxima a desembocadura do rio doce, as praias
do Setor 1 são refletivas e intermediárias, caracterizadas por serem extensas e em grande
parte associadas às dunas frontais, com areias siliciclásticas de granulometria grossa a
média, oriundas do rio Doce, São Mateus e Itaúnas. Já em direção ao norte, as praias são
intermediárias a dissipativas, com alto grau de exposição, sendo limitadas pela presença
dos tabuleiros ou falésias da Formação Barreiras (ALBINO et al., 2006).
Alterações antrópicas realizadas nas regiões entre as praias de Riacho Doce e Bugia,
causaram processos erosivos no local, além da influência de processos naturais. A praia da
Vila de Itaúnas, pode ser um dos casos mais interessantes do estado, relacionado com a
influência das ações antropogênicas e seus efeitos na sociedade e meio ambiente. Com a
ocupação urbana na região das dunas, e a retirada de vegetação que realizava a fixação
das dunas, o processo de migração das dunas frontais acabou afetando a própria vila,
soterrando as casas e construções. O recuo da linha de costa associado a esta
problemática, foi reduzido com os programas de fixação das dunas pela vegetação. Outro
caso muito importante ocorrido no estado, inclusive visto em sala de aula, foi o ocorrido com
o bairro Bugia, na barra fluvial da margem norte do rio São Mateus, onde a barra fluvial
sofreu processo intenso de erosão, acarretando o bairro que estava situado na localidade.
Nas praias de Barra Nova e Urussuquara, devido ao aporte sedimentar fluvial, além da
pouca ocupação antropogênica, permitem que ocorra a progradação da linha de costa, além
da manutenção do balanço sedimentar das praias em eventos mais extremos (ALBINO et
al., 2006).
A região entre a praia de Barra Seca e a praia de Monsarás apresenta uma alta
progradação da linha de costa, relacionada ao aporte sedimentar do rio Doce e também a
deriva litorânea. Essa região apresenta uma tendência à inundação sazonal, durante
eventos mais extremos ou de alta pluviosidade, devido às características intermediárias a
dissipativas, a exposição às ondas incidentes e a presença do rio (ALBINO et al., 2006).
○ RIO DOCE
● SETOR 2
Figura 2 - (A) Modelo de desenvolvimento de terraços de abrasão de Sunamura (1992); (B) Praia dos
Padres, litoral de Aracruz, onde observa-se os tabuleiros terminando em falésias ao longo do litoral
(fundo) e os terraços de abrasão na praia (primeiro plano).
● SETOR 3
● SETOR 4
Em relação a tipologia das praias do setor, existe uma variação que está relacionada ao
grau de exposição às ondas incidentes, à extensão e envergamento do arco praial e à
proximidade de afloramentos rochosos. As praias extensas do setor são mantidas pelos
sedimentos nas enseadas e pelos aportes fluviais dos rios Santa Maria da Vitória, Jucu,
Guarapari e Benevente. Essas praias estão associadas a dunas frontais, compostas por
areias siliciclásticas (ALBINO et al., 2006).
As maiores instabilidades analisadas nos setores finais da praia que devido ao processo de
difração das ondas na enseada, representam o ajuste do arco da praia, juntamente ao clima
das ondas atual, ou seja, semelhante à período e à altura dos quadrantes S/SE. Dessa
forma, produz maior erosão do setor SW e transporte longitudinal causada pela atenuação
de energia no sentido NE, com o consequente depósito de grãos finos. Da mesma forma, os
resultantes rotacionais foram observados em uma menor escala temporal, comprovando a
maior mobilidade encontrada ao longo de todo o arco (OLIVEIRA e ALBINO, 2014).
○ PRAIAS DISSIPATIVAS
○ DUNAS COSTEIRAS
● SETOR 5
O Setor 5 se estende da foz do rio Itapemirim até a margem norte da desembocadura do rio
Itabapoana, representando 7,6% da linha de costa do litoral do estado. Nesse setor, os
depósitos da Formação Barreiras estão em contato com as praias estreitas, que são
limitadas pelas falésias sedimentares. O setor é caracterizado por estreitos depósitos
quaternários, que estão limitados por falésias vivas da Formação Barreiras. No vale fluvial
do rio Itabapoana, existe uma extensa planície de depósitos quaternário flúvio-marinhos,
desenvolvida aos pés das falésias. As praias do setor são classificadas como dissipativa e
intermediária. Eventos meteorológicos mais energéticos, como tempestades relacionadas
com marés de sizígia, alcançam a base das falésias, podendo ameaçar os depósitos
terciários da Formação Barreiras. As praias adjacentes às regiões onde há um
desenvolvimento estreito de terraços arenosos, que são limitados pelas falésias, estão
associadas a dunas frontais, que em algumas regiões foram alteradas por construções
humanas, como calçadões e quiosques, podendo ocasionar processos erosivos, como
exemplo na praia de Marataízes (ALBINO et al., 2006).
REFERÊNCIAS
ALBINO,J.; GIRARDI, G.; NASCIMENTO, K. A. 2006. Espírito Santo. In: MUEHE, D. (Ed.)
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ALBINO, J.; CONTTI NETO, N., OLIVEIRA, T. C. A (2016a).The beaches of Esprito Santo.
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ALBINO, J.; PAIVA D.S.; MACHADO G.M. Geomorfologia, tipologia, vulnerabilidade erosiva
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CALLIARI, L.R.; PEREIRA, P.S.; DE OLIVEIRA, A.O.; FIQUEIREDO, S.A. Variabilidade das
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MARTIN, L.; SUGUIO, K.; FLEXOR, J. M.; ARCHANJO, J. D. 1996. Coastal Quaternary
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