Erosão Costeira o Estado de São Paulo
Erosão Costeira o Estado de São Paulo
Erosão Costeira o Estado de São Paulo
14 de Junho de 2022
Resumo
O processo de erosão no sistema praial ocorre de forma natural, mas pode ser
intensificado conforme as dinâmicas ocorridas neste espaço, que podem ser por processos
naturais, como as mudanças climáticas e elevação do nível do mar (NM), processos que
também são alterados por ações antrópicas. Este trabalho faz uma revisão bibliográfica e
trata de praias encontradas no Estado de São Paulo, que sofrem com pressões naturais e
antrópicas, como turismo e intensa densidade demográfica.
Introdução
Discussão
A erosão costeira é um processo natural ou um processo acelerado por
modificações antrópicas. Este depende de diversos fatores: meteorológicos/climáticos,
oceanográficos/hidrológicos, geológicos e antrópicos1. A velocidade da erosão costeira
depende de duas principais pressões2, às antrópicas dizem respeito a rápida urbanização;
ou também urbanização pretérita e, segundo Milton Santos3, crescimento populacional,
atividades turísticas, desenvolvimento portuário, industrialização, exploração de recursos,
aumento de resíduos e poluição ambiental. Já os dois principais processos naturais são, o
aumento relativo do nível do mar (NRM) e mudanças climáticas, que acabam sendo
agravados por ações antrópicas.
O aumento do NRM tem como causas o derretimento das geleiras, glaciares, calotas
polares e camadas de gelo (permafrosts) que despejam água doce nos oceanos e mares.
Outra causa é a expansão térmica, isto é, quando a água do mar se expande à medida que
aquece, fazendo subir o nível do mar4. Em relação às praias oceânicas a autora5 cita duas
condicionantes relevantes para a alteração/mudanças nas praias: as condicionantes
geológicas- geomorfológicas e oceanográficas. A primeira diz respeito a características
físicas da planície costeira e da plataforma continental próximas à praia e a segunda diz
respeito ao clima de ondas, marés e do vento.
O processo sedimentar (erosão, deposição e transporte), ao ser modificado, sofre
mudanças em seu balanço sedimentar, que é a relação entre perdas/saídas e
ganhos/entradas de sedimentos em praias. No caso de um déficit sedimentar, que é a atual
1
Souza (2009 apud 1997)
2
Souza e Suguio (2013)
3
Santos (2002)
4
PBMC (2016)
5
Souza (2009)
realidade da maioria das praias do Estado de São Paulo, a largura e retração da linha de
costa vai aumentando ao longo do tempo. O problema é que devido a emergência climática
o prazo é cada vez mais curto, mesmo que conseguíssemos atingir a meta da NDC6 de até
2025 emitirmos menos 1,61 GtCO2 (-37%) e até 2030 emitirmos menos 1,28 GtCO2e (-
50%), a temperatura continuará subindo assim como o nível do mar.
Existem outras causas da erosão costeira e não apenas o déficit sedimentar, estas
foram sintetizadas na Figura 1. Um destaque a urbanização acelerada que é um problema
relevante para o impacto que a erosão pode causar nos moradores, o qual, depende do
nível de risco e vulnerabilidade. Esta urbanização gera problemas em acesso desigual a
empregos, habitações, cultura, água, educação, alimentação e esgoto e as populações
periféricas estão sujeitas então aos maiores riscos socioambientais devido toda falta de
planejamento urbano inclusivo. Dessa forma, o risco ambiental de alguma região está ligado
com a pobreza naquele local, ou seja, com o social. Este risco ambiental, sobretudo, se
relaciona com a vulnerabilidade socioambiental influenciada pelas condições
socioeconômicas, raciais, habitacionais e de infraestrutura. Por esta razão que os
indicadores de monitoramento e gestão de risco da erosão costeira são essenciais para a
adaptação e resiliência climática.
Figura 1: Causas naturais e antrópicas da erosão costeira no Brasil
6
NDC (2022)
Os indicadores de erosão costeira7, são:
“I: Pós-praia muito estreita ou inexistente devido à inundação pelas preamares
de sizígia (praias urbanizadas ou não);
II: Retrogradação geral da linha de costa nas últimas décadas, com
franca diminuição da largura da praia, em toda a sua extensão ou mais
acentuadamente em determinados locais dela (praias
urbanizadas ou não);
III: Erosão progressiva de depósitos marinhos e/ou eólicos
pleistocênicos a atuais que bordejam as praias, sem o
desenvolvimento de falésias (praias urbanizadas ou não);
IV: Intensa erosão de depósitos marinhos e/ou eólicos
pleistocênicos a atuais que bordejam as praias, provocando o
desenvolvimento de falésias com alturas de até dezenas de
metros (praias urbanizadas ou não);
V: Destruição de faixas frontais de vegetação de restinga ou de
manguezal, presença de raízes e troncos em posição de vida
soterrados na praia, devido à erosão e/ou ao soterramento
causado pela retrogradação/migração da linha de costa;
VI: Exumação e erosão de depósitos paleolagunares, turfeiras,
arenitos de praia ou terraços marinhos holocênicos e
pleistocênicos, sobre o estirâncio e/ou a face litorânea atuais,
devido à remoção das areias praiais por erosão costeira e déficit
sedimentar extremamente negativo (praias urbanizadas ou não);
VII: Freqüente exposição de “terraços ou falésias artificiais”,
apresentando pacotes de espessura até métrica, formados por
camadas sucessivas de aterros erodidos soterradas por camadas
de areias praiais/dunares (contato entre a praia e a área
urbanizada);
VIII: Destruição de estruturas artificiais construídas sobre os
depósitos marinhos ou eólicos holocênicos, a pós-praia, o
estirâncio, a face litorânea e/ou a zona de surfe;
IX: Retomada erosiva de antigas plataformas de abrasão marinha,
elevadas de +2 a +6 m, formadas sobre rochas do
embasamento ígneo-metamórfico pré cambriano a mesozóico,
rochas sedimentares mesozóicas, sedimentos terciários
7
Souza, (1997, 2001b;) Souza & Suguio (2002)
(Formação Barreiras) ou arenitos praiais pleistocênicos, em
épocas em que o nível do mar encontrava-se acima do atual,
durante o Holoceno e o final do Pleistoceno (praias urbanizadas
ou não);
X: Presença de concentrações de minerais pesados em
determinados trechos da praia, em associação com outras
evidências erosivas (praias urbanizadas ou não);
XI: Desenvolvimento de embaíamentos formados pela presença de
correntes de retorno concentradas e de zona de barlamar ou
centros de divergência de células de deriva litorânea localizados
em local(s) mais ou menos fixo(s) da linha de costa;”
8
Chiessi (2022)
9
Souza (2009)
10
Instituto Geológico (2015)
reduzir os desastres naturais. Outra possível integração relevante para o financiamento de
medidas preventivas são linhas de financiamento para adaptação e resiliência como os
nacionais, Fundo Nacional do Meio Ambiente11 e Fundo Nacional sobre Mudança do Clima12
e internacionais, The Global Facility for Disaster Reduction and Recovery (GFDRR)13.
11
MMA (2022)
12
MMA (2022)
13
GFDRR
Figura 2: Mapa de Risco à Erosão Costeira para o Estado de São Paulo
Fonte: Souza (2009) apud Souza (2007)
Considerações finais
A erosão costeira por ser um desastre natural de importante relevância visto a
elevada densidade populacional de aproximadamente 135 hab/km2 (seis vezes a média
nacional)14 necessita de constante monitoramento e indicadores, os quais foram
apresentados ao longo do trabalho. Dessa forma, a transversalidade entre os temas de
Gestão Costeira e Mudanças Climáticas, Adaptação e Resiliência, além da integração de
financiamentos tanto públicos quanto privados são essenciais para mitigação dos impactos
socioambientais e riscos.
Referências bibliográficas
GFDRR, 2022. Where we work: Latin America and Caribbean: Brazil. Acesso em 14 de
junho de 2022. Disponível em <Brazil | GFDRR>
MMA, 2022. Fundo Nacional sobre Mudança do Clima. Acesso em 14 de junho de 2022.
Disponível em <Fundo Nacional sobre Mudança do Clima — Português (Brasil)
(www.gov.br)>
SOUZA, Celia Regina de Gouveia, 2009. A Erosão nas Praias do Estado São Paulo:
Causas, Conseqüências, Indicadores de Monitoramento e Risco. In: Bononi, V.L.R.,
Santos Junior, N.A. (Org.), Memórias do Conselho Cientifico da Secretaria do Meio
Ambiente: A Síntese de Um Ano de Conhecimento Acumulado, pp.48-69, Instituto de
Botânica – Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
14
Chiessi (2022)
SOUZA, Celia Regina de Gouveia. Causas Naturais da Erosão Costeira. Instituto
Geológico/SMA e Programa de Pós-Graduação em Geografia Física- FFLCH/USP. Acesso
em 14 de junho de 2022. Disponível em <PRAIAS: UMA ABORDAGEM DO MEIO FÍSICO E
IMPACTOS DA ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR (infraestruturameioambiente.sp.gov.br)>
SOUZA, Celia Regina de Gouveia; SUGUIO, Kenitiro, Jan 2003. The Coastal Erosion Risk
Zoning and the São Paulo State Plan for Coastal Management. Journal Of Coastal
Research, Special Issue. Itajaí, Sc, p. 530-347.
United Nations Climate Change (UNCC) & Federative Republic of Brazil., 21 March 2022.
Paris Agreement: Nationally Determined Contribution (NDC). Acesso em 14 de junho de
2022. Disponível em <https://unfccc.int/NDCREG>