O Estado de Gaza

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 10

Índice

Introdução..........................................................................................................................1
Estado de Gaza..................................................................................................................2
Do Mfecane à formação do Império de Gaza................................................................3
Causas do Mfecane........................................................................................................3
Consequências do M’fecane..........................................................................................4
Formação do Estado de Gaza............................................................................................4
A sucessão dos reis........................................................................................................5
A organização político-administrativa..............................................................................6
O poder militar de Gaza....................................................................................................6
Cronologia dos principais acontecimentos do Estado de Gaza.........................................7
Conclusão..........................................................................................................................8
Bibliografia........................................................................................................................9
Introdução

O Estado de Gaza, com capital em Chaimite, resultou da conquista do sul de


Moçambique por exércitos Nguni, chefiados por Sochangana, o Manicusse (1821 –
1858). Combinando a estratégia da guerra de conquista, com a política de assimilação
das populações autóctones, Sochangana criou os alicerces de um novo território, que, na
sua extensão máxima, abrangia as regiões situada entre a baía de Maputo e o rio
Zambeze. Com a sua morte em 1858, sucede – lhe o seu filho Maueue. Uma vez no
trono, Maueue hostiliza os seus irmãos, em particular Mzila, reinos vizinhos e
comerciantes que estavam interessados no comércio do marfim. Estes, por sua vez,
dirigidos por Mzila e contando com apoio de alguns membros da aristocracia Nguni, de
comerciantes de Lourenço Marques e do Governador de Lourenço Marques, Onofre de
Andrade, organizam uma coligação que vence Maueue (1861-64).

Deste modo, o grupo supracitado, tem como objetivo, o aprofundamento do Estado de


Gaza, desde a sua origem até a organizacão político-administrativa.

2
Estado de Gaza

Até ao século XIX, a região entre a baía de Maputo e o Sul do Zambeze nunca tinha
sido berço de um grande Estado. Mas foi-o com a criação do Estado de Gaza. O Estado
de Gaza, foi criado por um povo que fugia ao movimento do Mfecane, os Nguni. Em
três gerações, este Estado fortaleceu-se e foi mesmo considerado um dos maiores da
Africa Austral.

Do Mfecane à formação do Império de Gaza

Antes do século XIX, as bacias dos rios Limpopo e Incomáti nunca tinham sido


incluídas em unidades políticas externas de tipo territorial, e até princípios do mesmo
século havia muitos reinos com agregados populacionais entre três a vinte mil
habitantes. O nível da vida dos chefes, superava ao da população devido a tributos que
dela recebiam.
A situação anteriormente descrita, alterou-se como consequência de um período de lutas
violentas e de transformações políticas conhecidas por M’fecane, na região de
Zululândia, e seguido por um extenso movimento de migrações, encetado pelo grupo
Nguni.
Causas do Mfecane
As razões que explicam este fenómeno foram, entre outras, as seguintes:

 Crescimento da actividade comercial com a Baía de Maputo (os Nguni,


exportavam marfim e importavam lingotes de latão, braceletes e têxteis) e o
desenvolvimento das ligações comerciais entre a baía e o natal levava a
constantes clivagens interlinhagens provocando conflitos pelo controlo das rotas
comerciais do litoral para o interior;
 A crise ecológica ocorrida na região nos finais do século XVIII e princípios do
século XIX (facto que provocou anos sucessivos de seca e fome) originou a crise
agropecuária, o que levou a conflitos entre as linhagens pelo controlo de terras
ferteis para a agricultura e pastoricia;
Por volta de 1770, existiam na Zululandia vinte reinos que disputavam entre si o
controlo das rotas comerciais com a baía de Lourenco Marques, bem como o dominio
de terras ferteis e pastagens.
Entre 1810 e 1821, estes reinos ficaram reduzidos a dois:
Nduandue – chefiado por Zuide;

3
Mtetua – chefiado por Dinguisuaio;
Os outros ou tinham desaparecido por incorporações, ou fugas dos seus habitantes ou
tinham-se tornado vassalos quer de Nduendue quer de Mtetua.
Entre 1816 e 1821, eclodiu um conflito entre os dois reinos, resultando na captura e
morte de Dinguisuaio, o rei dos Mtetua. Dinguisuaio foi sucedido por Tchaka da
linhagem zulu, que na altura era o grande chefe militar.
A partir de 1818, Tchaka, conhecido como Tchaka Zulu, iniciou campanhas de
conquista e submissão, não só do reino de Nduandue como outras linhagens da região
da Zululândia. Esta campanha de terror e devastação, obrigou a fuga de vários núcleos
de resistência, como os Ngunis, que mais tarde formaram outros reinos, como o Estado
de Gaza.

Consequências do M’fecane

As consequências do M’fecane foram vastas conduzindo a alterações demográficas e até


sociais, das quais citamos:
 Levou a que determinadas zonas ficassem quase desertas (Natal, por exemplo) e
a que outras ficassem densamente povoadas;
 Conduziu a que diversos fragmentos étnicos ficassem juntos numa mesma nação
 Deu origem também ao surgimento de grandes estados rigidamente organizados
em linhas militares, com uma grande concentração do poder nas mãos do rei a
um grau nunca antes conhecido pelos sistemas políticos tradicionais, como o
Estado de Gaza;
 Destruição de unidades politicas pequenas
 O padrão de distribuição da população na áfrica do Sul mudasse radicalmente;
 Introdução de novas táticas de guerra (regimentos de idade militar,
amabuto/mabutho);
 Introdução de um serviço militar prolongado;
 Desenvolveu-lhes o sentido de identidade e a realidade comum e contribuiu para
o declínio de alguns estados como Marave e Yao.

4
Formação do Estado de Gaza

Localização

No seu auge o império de Gaza integrava a baía de Maputo e o rio Zambeze, actuais
províncias de Maputo, Inhambane, Gaza, Manica e Sofala.

Um dos ncleos em fuga que vai seguir em direccao a Mocambique que será liderado
por Sochangana e fixa-se primeiro em Lourenco Marques entre 1822-1827. Depois,
rumou mais para o norte. Sochangana tinha-se afirmado, entre 1821-1823, como líder
de um grupo, junto com mais três ou quatro que conseguiram fundar novos estados,
depois da derrota do Estado Nduandwe de Zuide. Foi este grupo que formou o Estado
de Gaza e em 1850 já dominava a região entre o Zambeze e o rio Incomáti. O rei
Sochangana governou cerca de 38 anos.

O Estado de Gaza, foi provalvemente fundado em 1821 na zona de Tembe, ao sul da


actual cidade de Maputo.

Entre 1835 e 1838, a capital do sochangana estava situada na margem esquerda do rio
Incomáti e mais tarde passou para a margem direita do Limpopo, na zona de
Chiduachine, no limite entre os distritos de Chokwe e Chibuto.

Entre 1835 e 1838 a capital passou para a zona de Mossurize, que foi conquistada a um
outro estado Nguni chefiado por Ngaba Mbane. Depois de 1838, o centro de Gaza
passou de novo para o vale do limpopo, na zona de chaimire moderno, onde sochangana
ficou até ao poder do seu sucessor Maueue (1858-1861).

A sucessão dos reis

Após a morte de Sochangane (1821 – 1858) em Bilene, que foi o fundador e primeiro
imperador do Estado de Gaza, sucedeu-se um período de guerras entre seus filhos:
Maueue exilado e morto na Suazilândia, que o sucedeu, e Muzila que depois de derrotar
o irmão tomou o poder transferindo a capital do império para Mossurize na província de
Manica.
Foi em Mossurize, em que o neto do Sochangane de nome Ngungunhane ou Leão de
Gaza (1884 a 1895), ascendeu ao poder, transferindo em 1889 a capital para Manjacaze.
A mudança da capital deveu-se pelas seguintes razões:

5
 Evitar possíveis pressões e ataques dos ingleses e portugueses que cobiçavam o
ouro e o marfim em Manica;
 O vale do rio Limpopo e as regiões circunvizinhas possuíam todos os recursos
que começavam a escassear em Mossurize.

A organização político-administrativa

A conquista e administração de um território to vasto como este foram possibilitados


por uma politica de assimilação praticada pelos Nguni, através da qual alguns elementos
das populaças conquistadas foram integrados em regimentos Nguni e, mais tarde,
serviam como funcionários no exército e na administração territorial. No topo da
hierarquia estava o rei ou monarca que era designado por Inkosi, com funções políticas,
militares, jurídicas, económicos e religiosos., este era auxiliado por um corpo de
funcionários.

O império ou Estado de Gaza era subdividido em reinos, a frente dos quais estava o
Hosana, e o reino, por sua vez, subdividia-se em províncias chefiadas por uma induna.
Abaixo deste estava o chefe da povoação, o munumusana.

Relação entre os cargos administrativos e o território


Cargo Circunscrição
Inkosi Estado ou império
Hosana Reinos
Induna Províncias
Munumusana Chefe da população

A administração do território, era feita através do sistema de assimilação de casas,


designação dada as areas tributárias, que representava o modelo de diviso do Estado de
Gaza.

O poder militar de Gaza

A organização militar dos angunes era, evidentemente herdada da que fora elaborada
por Tchaka. Baseava-se no regimento. Vinte e cinco a trinta regimentos teriam sido
criados por Sochangana ou Manicusse, Muzila e Gungunhana. Os regimentos dividiam-
se em batalhões (Tongas) da mesma idade, sendo o recrutamento aparentemente
regional. Os efectivos máximos de um regimento deviam ser de 1300 a 1600 homens. É
duvidoso que fossem atingidos com frequência, os mais idosos viviam com as suas

6
famílias em povoações, em redor das capitais do rei e das províncias. Os governadores,
isto é, os membros do clã real, eram em princípio, mas não de modo exclusivo, chefes
(Indunas) dos regimentos.

O último general de Gungunhana seria um não Angune. Politicamente o papel deste


exercito consistia em:

 Conquistar os vizinhos (em particular os regulados do Sul, tsongas e,


principalmente, chopes, que eram o inimigo hereditário, mas também um osso
duro de roer);
 Alimentar o Estado, o monarca e os angunes por meio de devastações, captura
de escravos e cobrança do tributo no interior do império.

As principais batalhas que decorreram no Estado de Gaza

Entre outras, as principais batalhas de resistência no Império de Gaza contra os


invasores portugueses, deram-se todas no ano de 1895, a mencionar: a Batalha de
Marracuene que se deu a 2 de fevereiro, batalha de Magule a 8 de setembro e a batalha
de Coolela que se travou no dia 7 de novembro. Em todas as batalhas, o Exército de
Ngungunhane não conseguiu vencer o seu inimigo devido às seguintes razões:

 Superioridade militar dos invasores (metralhadoras e canhões);


 Falta de unidade entre os moçambicanos;
 Traição de alguns chefes, que contribuíram para a prisão de Ngungunhane.

7
Cronologia dos principais acontecimentos do Estado de Gaza

Principais acontecimentos
Ano Acontecimento
1821-1858 Sochangana forma o Estado de Gaza

Maueue, filho de Sochangane, herda o poder do seu pai, mas entra em


1858-1854 conflito com outros membros da aristocracia Nguni.

Coligação formada por parte da aristocracia Nguni, Magudzu, khosa,


chefes tsogas, populações, e alguns comerciantes de Marfim, que
1861-1864 apoiam Mzila na guerra com o seu irmão Maueue.

A capital de Gaza é transferida no decurso destas guerras para


1862 Mossurize (Manica).

Mzila é chefe do Estado de Gaza. Durante o seu governo, importantes


transformações económicas ocorreram: os elefantes começaram a rarear,
1964-1884 a principal força de trabalho procura emprego na Africa do Sul e o
Estado de Gaza integra-se na economia monetária.

Ngungunhana, filho de Mzila, herda o trono de gaza, tornando-se o


1884-1885 último rei de Gaza.

A capital é novamente transferida para Manjacaze: o vale do Limpopo


tinham todos recursos que escasseavam em Mussurize e procurava-se
1889 evitar pressões de Manica, onde, britânicos e portugueses desejavam
começar a mineração de ouro.

8
Conclusão

Em gesto de conclusão podemos extrair o seguinte:

O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane (também conhecido por Manicusse,


(1821 - 1858) como resultado do Mfecane, um grande conflito despoletado entre
os Zulu por consequência do assassinato de Tchaka em 1828, que culminou com a
invasão de grandes áreas da África Austral por exércitos Nguni.

O rei de Gaza dominou os reis Tonga (possivelmente o mesmo que Tsonga, da


língua chitsonga, a língua actualmente dominante na região sul de Moçambique) através
dos membros da sua linhagem, os Nguni, comerciando marfim, que recebia como
tributo, com os portugueses, estabelecidos na costa (principalmente em Lourenço
Marques e Inhambane).

Aparentemente, Sochangane não fazia comércio de escravos os seus guerreiros eram


principalmente da sua linhagem , nem devolvia aos portugueses os escravos que fugiam
para a sua guarda.

Com a sua morte, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe que decidiu, em 1859, atacar os seus
irmãos para ganhar mais poder. Apenas um irmão, Mzila (ou Muzila) conseguiu fugir
para o Transval, onde organizou um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou
até 1864 e, entretanto, a capital do reino mudou-se do vale do rio
Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual província moçambicana
de Manica.

9
Bibliografia

NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
PEREIRA, José Barbosa, História 12ª classe, Pearson, Maputo, 2013
SERRA, Carlos. História de Moçambique; Maputo, Livraria Universitária,
Universidade Eduardo Mondlane, Volume – 1.

10

Você também pode gostar