Consenso Bariatrico Brasileiro
Consenso Bariatrico Brasileiro
Consenso Bariatrico Brasileiro
Introdução
Definições
Lista de comorbidades
Indicações cirúrgicas
Condições adversas
Equipe multidisciplinar
Preparo pré-operatório
Consentimento informado
Técnicas cirúrgicas
Seguimento pós-operatório
Codificação
Habilitação
Treinamento
Divulgação
Referências
Honorários médicos
Entidades representativas
Integrantes da Comissão
Introdução
O primeiro Consenso Brasileiro Multissocietário em Cirurgia da Obesidade iniciou suas
atividades em novembro de 2004, com a formação da comissão responsável pela elaboração
da proposta, votada um ano após (em novembro de 2005), durante o VII Congresso Brasileiro
de Cirurgia Bariátrica.
Foram criadas comissões divididas por grupos de trabalho. Cada sociedade nomeou um relator
participante e este, por sua vez, indicou os demais representantes. Foram definidos temas
específicos, realizadas revisões bibliográficas e debate geral das conclusões. Todas as
discussões foram realizadas via internet, com a utilização de recursos de mensagens de texto,
arquivos e enquetes online.
Ao final desse primeiro Consenso, as conclusões foram sintetizadas na forma de Proposta para
Votação. Levada à plenária, a Proposta foi apresentada, por temas, pelos membros das
comissões, e votada eletronicamente pela assembleia.
Os debates prosseguiram em 2006, e muitos temas foram revisados. Uma nova proposta,
então, foi levada à votação durante o VIII Congresso SBCB, em Salvador, resultando no
Consenso Brasileiro Multissocietário em Cirurgia da Obesidade – 2006. Confira, a seguir, o
texto final. Ele reúne as conclusões de consenso da assembleia.
Definições
Veja os termos, índices e tabelas mais utilizados em cirurgia da obesidade:
Tabela IMC
IMC Diagnóstico
menos que 18,5 Baixo peso
18,6 a 24,9 Peso normal
25 a 29,9 Pré-obesidade (sobrepeso)
30 a 34,9 Obesidade leve
35 a 39,9 Obesidade moderada
40 a 49,9 Obesidade severa
50 ou mais Superobesidade
Observações:
- Peso saudável equivale ao peso normal.
- Obesidade grau I: obesidade leve.
- Obesidade grau II: obesidade moderada.
- Obesidade grau III: obesidade severa, grave ou mórbida.
- ICM acima de 50: superobesidade.
• Dislipidemias
- Hipertrigliceridemia
- Hipercolesterolemia
a) Colesterol total = 200 mg/dl ou colesterol LDL = 130 mg/dl, ou em uso de medicação
específica.
• Hiperuricemia
a) Ácido úrico = acima de 8,0 mg/dl em homens e de 7,0 mg/dl em mulheres, ou histórico
de crise de gota e/ou em tratamento medicamentoso.
- Esteatose: aumento dos depósitos de gordura dos hepatócitos na ausência de doença viral ou
alcoólica.
Pressão sistólica = 140 mmHg e/ou pressão diastólica = 90 mmHg, ou em uso de tratamento
anti-hipertensivo.
• Índice de apneia-hipopneia
- Apneia leve: entre cinco e 19 episódios/hora, e/ou saturação mínima de oxigênio, variando
de 80 a 90%.
-Apneia grave: acima de 50 episódios/ hora, e/ ou saturação mínima de oxigênio menor que
70%.
Lista de comorbidades
a) intolerância a glicose;
b) glicemia de jejum alterada.
• Dislipidemias:
a) Hipertrigliceridemia;
b) HDL baixo;
c) Hipercolesterolemia.
• Hiperuricemia
• Doença hepática gordurosa não alcoólica e esteatohepatite não alcoólica
• Cardiopatias:
a) cardiopatia isquêmica;
b) insuficiência cardíaca congestiva;
c) cor pulmonale;
d) outras cardiopatias.
• Artropatias
• IInsuficiência venosa periférica e suas complicações
• Apneia obstrutiva do sono
• Refluxo gastroesofágico
• Hérnias da parede abdominal
• Incontinência urinária de esforço
• Desencadeando a obesidade:
a) transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP);
b) depressões que provocam aumento de ingestão calórica;
c) uso de medicamentos psiquiátricos, com potencial aumento de ingestão calórica como
efeito colateral;
d) quadros sindrômicos que provocam aumento de ingestão alimentar (exemplo,
síndrome de Prader-Willi).
• Agravando a obesidade:
a) todas as condições supracitadas;
b) quadros psiquiátricos que limitem a adesão ao tratamento antiobesidade (transtornos
do humor, esquizofrenia, abuso de drogas etc.)
Não há evidências que apontem para qualquer quadro psiquiátrico como contraindicação
absoluta. Assim como nos demais casos, as avaliações e tratamentos individuais são
absolutamente necessários.
Indicações cirúrgicas
Independentemente das técnicas utilizadas, as cirurgias bariátricas são indicadas para as
seguintes situações:
• Em relação à idade:
a) Abaixo de 16 anos: não há estudos suficientes que corroborem essa indicação, com
exceção aos casos de Prader-Wille ou outras síndromes genéticas similares. Nessas
situações excepcionais, o paciente deve ser operado com o consentimento da família.
Não há dados seguros também que contraindiquem os procedimentos ou comprovem
haver prejuízos para paciente dessa faixa etária submetido a cirurgias da obesidade.
Recomendação: avaliação de riscos pelo cirurgião e respectiva equipe multidisciplinar,
registro e documentação detalhada, aprovação expressa dos pais ou responsáveis pelo
paciente.
b) Entre 16 a 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família e a equipe
multidisciplinar.
Condições adversas
Equipe multidisciplinar
• Componentes obrigatórios
Equipe formada por profissionais habilitados ou com conhecimentos suficientes para o
atendimento do paciente obeso mórbido em programas de cirurgias bariátricas, e com
disponibilidade para exercer atividades ambulatoriais e hospitalares:
- Psiquiatra
- Psicólogo(a)
- Nutricionista
• Componentes associados
Profissionais que podem atuar de maneira integrada com os componentes obrigatórios:
- Anestesiologista
- Endoscopista
- Enfermeiro(a)
- Fisioterapeuta
- Assistente social
Preparo pré-operatório
- Laboratoriais:
. hemograma
. eletrólitos*
. gasometria arterial*
. tipagem sanguínea*
. coagulograma
. glicemia
. perfil lipídico
. enzimas hepáticas
. ureia e creatinina
. insulinemia*
. ácido úrico
. albumina*
. ácido fólico*
. vitamina B12*
. ferro*
. ferritina*
. TSH
. T4 livre*
. PTH*
. 25 (OH) vitamina D3*
. cálcio urinário 24 horas*
. sorologias para hepatite B,C e HIV*
. beta-HCG para mulheres em idade fértil*
. outros, a critério da equipe responsável
Consentimento informado
A utilização do consentimento informado no pré-operatório de cirurgias bariátricas é
obrigatória.
Técnicas cirúrgicas
Atualmente, diferentes técnicas cirúrgicas são reconhecidas e recomendadas no mundo
inteiro, podendo ser realizadas por laparotomia ou laparoscopia. Informações sobre seus
resultados e riscos estão disponíveis em importantes publicações médicas científicas e
experiências multicêntricas. Essas intervenções classificam-se pelo mecanismo de
funcionamento:
Cirurgias Restritivas
. Bandagem gástrica ajustável
. Gastroplastia vertical com bandagem
Cirurgias Mistas
-Predominantemente disabsortivas:
. Derivaçao biliopancreática com gastrectomia horizontal, com ou sem preservação gástrica
distal
. Derivaçao biliopancreática com gastrectomia vertical e preservação pilórica
- Predominantemente restritivas:
. Derivações gástricas em “Y de Roux”, com ou sem anel de contenção
Balões intragástricos:
Sua utilização é reconhecida como método terapêutico auxiliar para preparo pré-operatório.
Observação:
Do ponto de vista deste Consenso Bariátrico, procedimentos e técnicas cirúrgicas para o
controle da obesidade, não relacionados nesse documento, não apresentam indicação atual de
utilização ou se encontram em fase de estudos.
A recomendação serve também para os procedimentos e técnicas cirúrgicas sem
documentação científica consistente que permita sua realização fora de protocolos de
pesquisa, devidamente regulamentados pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP), em conformidade com a Resolução 196 de 1996 do Conselho Nacional de Saúde, ou
com outra que venha substituí-la ou complementá-la.
Seguimento pós-operatório
Recomendam-se retornos e exames laboratoriais periódicos pós-operatórios, de acordo com
as rotinas estabelecidas por uma equipe responsável.
Comorbidades devem ser acompanhadas de maneira própria, quando necessária, junto aos
respectivos especialistas.
Codificação
As cirurgias da obesidade são denominadas pelos códigos (CBHPM):
. Colocação de banda gástrica ajustável por videolaparoscopia o 3.10.02.28-5
. Gastroplastia para obesidade mórbida - qualquer técnica o 3.10.02.21-8
. Gastroplastia para Obesidade Mórbida por videolaparoscopia o 3.10.02.39-0
Habilitação
Até o momento não existe a emissão de certificado de habilitação em cirurgia da obesidade.
Treinamento
O treinamento em cirurgia bariátrica já foi parcialmente integrado em programas de residência
médica em cirurgia geral e cirurgia do aparelho digestivo. Atualmente, não existe
regulamentação desses treinamentos pelas entidades envolvidas neste Consenso Bariátrico.
Centros de Treinamento
Instituições de comprovada experiência em cirurgia bariátrica, dotadas das seguintes
características:
A SBCBM deve manter registro desses centros, com emissão de certificado de Centro de
Treinamento e recadastramento quinquenal.
Divulgação
A publicidade médica sobre cirurgia bariátrica deve seguir as normas éticas preconizadas pelo
CFM e seus conselhos regionais.
Referências
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2004 Mar.
Honorários Médicos
Segundo este Consenso Bariátrico, as referências atuais dos procedimentos de cirurgia da
obesidade, abaixo demonstrados, conforme Classificação Brasileira Hierárquica de
Procedimentos Médicos (CBHPM), não estão de acordo com a complexidade, a cognição, o
risco, o tempo despendido e o acompanhamento dos pacientes operados. Portanto não
foram aceitos como consenso dos profissionais na votação desse documento:
Este Consenso Bariátrico defende que o código para acompanhamento multiprofissional pós-
operatório deve ser incluído, a exemplo do que ocorre nos casos de transplantes, devido à
complexidade e às exigências do período pós-operatório da cirurgia de obesidade.
Entidades representativas
Integrantes da Comissão