1 Resumos DS Leituras Sobre Alquimia Pag 09
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o que Roger Bacon diz, no Capítulo II, do seu Speculum Alchemiæ (Espelho da
Alquimia), Dos princípios naturais e da geração do metais:
Antes de tudo, toma nota de que os princípios dos metais são o Mercúrio e o
Enxofre. Estes dois princípios dão nascimento a todos os metais e a todos os
minerais, dos quais existem um grande número de espécies diferentes. a
natureza teve sempre por fim e se esforça sem cessar, para chegar à
perfeição, ao ouro. Segundo a pureza ou impureza dos dois princípios
componentes, isto é, do Enxofre e do Mercúrio, se produzem metais perfeitos
ou imperfeitos: ouro, prata, estanho, chumbo, cobre, ferro.
Sol – Ouro
Lua – Prata
Mercúrio – Mercúrio
Marte – Ferro
Vênus – Cobre
Júpiter – Estanho
Saturno – Chumbo
A simbologia alquímica também é muito variada e geralmente cada autor
emprega a sua própria simbologia. Por exemplo, os dois princípios básicos que
entram na obra alquímica são designados de várias formas: macho e fêmea,
enxofre e mercúrio, terra e água, fixo e volátil, dragão sem asas e dragão com
asas, homem e mulher, rei e rainha, cão e cadela, etc.
A Grande Obra
Estes dois textos são extremamente esclarecedores e devem ser lidos com
muita atenção. Ambos afirmam claramente que a Grande Obra de divide em
três etapas principais.
Fulcanelli nos informa que estas três etapas são semelhantes e que nas três
teremos a repetição de um processo denominado calcinação. Fulcanelli se
refere a estas etapas da seguinte maneira:
A via úmida ou via longa, também denominada via do rico e a via seca, via
Breve ou via antiga, também denominada via dos pobres.
Fulcanelli também se refere às duas vias em outras ocasiões como, por
exemplo, nesta passagem:
A dissolução do ouro alquímico pelo dissolvente Alkaest caracteriza a primeira
via; a do ouro vulgar pelo nosso mercúrio indica a segunda. Neste caso a
primeira via a que o Adepto se refere é a breve, e a segunda, é a longa.
Fulcanelli diz o seguinte ao analisar outro baixo-relevo do Castelo de
Dampierre:
Esta composição marca o termo das três pedras ou medicinas de Geber,
obtidas sucessivamente, as quais são designadas pelos filósofos com os
nomes de Enxofre filosofal a primeira; Elixir ou Ouro potável a segunda;
Pedra filosofal, Absoluto ou Medicina universal a última. Cada uma destas
três pedras teve de ser submetida à cocção no Athanor, prisão da Grande
Obra
A cores da Obra
Durante o decorrer da Obra alquímica temos uma sucessão de cores, que
podem ser observadas no interior do vaso alquímico, na via úmida.
Existem três cores predominantes: o preto, o branco e o vermelho.
A cor negra é a primeira que aparece, no início da Obra, sendo atribuída a
Saturno. Os alquimistas referem-se a ela como Chumbo dos Filósofos, dragão
negro, corvo ou cabeça de corvo, sendo associada à terra, à noite, à morte e à
putrefação.
Este negro deve ser lavado ou purificado pelo acréscimo de outra substância,
até obtermos a cor branca, associada à pureza. Esta operação é denominada
decapitar o dragão ou decapitar o corvo e corresponde à purificação da
matéria, ao renascimento, à passagem da noite para o dia, da morte para a
vida, significando que, da união das matérias iniciais, mortas na fase de
putrefação, obtivemos uma nova substância, mais nobre e mais pura.
Finalmente, teremos a cor vermelha, símbolo do fogo, indicando a completa
maturação, a consecução final da Obra, a obtenção da Pedra Filosofal sob a
forma de cristal ou pó vermelho, correspondendo à predominância do espírito
sobre a matéria, a soberania, o poder, o apostolado. Mas como a natureza,
segundo o velho adágio - Natura non facit saltus - nada faz brutalmente, há
muitas outras intermédias que aparecem entre essas três principais.
Mais adiante Fulcanelli torna a se referir a este tema citando uma legenda
encontrada em um quadro hermético: não vos fieis demasiado na cor,
lembrando que alguns autores se referem às cores de modo simbólico, para
tratar de outras fases da Obra.
A prática da Alquimia
Essa diferença das operações químicas comuns pode ser a influência celeste,
conforme veremos adiante, ou a presença de um elemento catalisador, como o
fogo secreto, na calcinação filosófica.
A influência celeste
Todo mundo sabe hoje em dia que a luz que a lua nos envia não é senão um
reflexo da luz solar, à qual vêm mesclar-se a luz dos outros astros. A lua é
portanto um receptáculo e um lugar comum do qual todos os filósofos têm
falado; ela é a fonte da sua água viva. Se vós quereis reduzir em água os raios
do sol, escolhei o momento em que a lua no los transmite com abundância, ou
seja, quando está cheia ou se aproxima da sua plenitude; tereis por este meio
a água ígnea dos raios do sol e da lua em sua maior força Portanto,
determinadas operações devem ser efetuadas sob a ação da luz da lua cheia.
Canseliet nos fornece indicações sobre uma reação realizada sob a influência
do luar, citando uma frase de Jonathan Swift, extraída de As Viagens de
Guliver: “Que mina pode unicamente sacar de Marte o leão precipitado?”
21Os compostos de ferro podem adquirir, entre outras, as colorações verde e vermelho-
sangüíneo.
As matérias empregadas
Muitos buscam nas mais variadas substâncias, dos reinos mineral, vegetal e
animal, as matérias da Obra; porém, é seguramente no reino mineral que
devemos encontrá-las.
O nosso alquimista começa por misturar muito bem, num almofariz de ágata,
três constituintes.
Ouvimos falar do ouro vulgar que não sofreu nem exaltação nem transfusão,
operações que, modificando as suas propriedades a as suas características
físicas, o tornam próprio para o trabalho. O segredo da exaltação, sem o
conhecimento do qual não se obtém resultado, consiste em aumentar – de um
só jato ou gradativamente – a cor normal do ouro puro pelo enxofre dum metal
imperfeito, geralmente o cobre. Este fornece ao metal precioso o seu próprio
sangue, por uma espécie de transfusão química.
Nesta via, a nosso ver, o metal utilizado é o ferro, o qual é citado por Jacques
Bergier e, segundo os princípios herméticos, é o metal que mais se identifica
com o ouro.
Sabe-se que a prata e o chumbo têm entre eles uma simpatia muito
acentuada; os minerais de chumbo argentífero bem o provam. Ora, como a
afinidade estabelece a identidade química profunda desses corpos, é lógico
pensar que o mesmo espírito, empregado nas mesmas condições, nele
determinará os mesmos efeitos. É o que acontece com o ferro e o ouro, os
quais estão ligados por uma estreita afinidade; quando os prospectores
mexicanos acabam por descobrir uma terra arenosa muito vermelha, composta
na sua maior parte por ferro oxidado, concluem que o ouro não está longe. Por
isso consideram esta terra vermelha como a mineira e a mãe do ouro, e o
melhor indício de um filão próximo. O fato parece contudo bastante singular,
dadas as diferenças físicas destes dois metais. Na categoria dos corpos
metálicos usuais, o ouro é o mais raro de entre eles; o ferro, pelo contrário, é
certamente o mais vulgar, o que se encontra em toda parte, não só nas minas,
onde ocupa jazigos consideráveis e numerosos, mas também disseminado à
superfície do solo.
O Antimônio é citado, de forma alegórica, por alguns autores. Isto levou muitos
pesquisadores a concluir, equivocadamente, que o mesmo é um dos materiais
utilizados. Porém, Fulcanelli nos adverte contra tal equívoco:
A matéria prima
Esta matéria próxima que preparamos irá realizar a reincruação do metal que
semearemos em seu seio, reduzido a limalhas. Ela é a terra própria ao
desenvolvimento da semente metálica, representando ambos o macho e a
fêmea que deverão unir-se para originar uma nova criatura. Trata-se do
casamento filosófico do qual nascerá o nosso menino que será rei, isto é, a
Pedra Filosofal.
O fogo secreto
Do exposto, concluímos que o sal dos filósofos é composto por uma mistura,
em partes iguais, de salitre e sal de tártaro.
A Conjunção e a Separação
Este sal verde ou vitríolo será utilizado, em outras operações, para captar as
influências astrais dos raios da lua cheia. Esta operação deve ser repetida até
que, ao se solidificar no molde, aparecer na face superior do lingote, uma
formação cristalina, semelhante a uma estrela.
A Alquimia é a separação do impuro de uma substância mais pura. O que quer
dizer que a pureza só se alcança pouco a pouco, e que a matéria nunca é pura
senão comparativamente a outra.
As Águias ou Sublimações
Estamos agora nas águias ou sublimações onde se realiza a conjunção do
enxofre com o mercúrio, obtidos anteriormente, originando o mercúrio filosófico,
mercúrio animado ou mercúrio duplo.
Fulcanelli fala:
Sabei, meu irmão, escreve Filaleto, que a preparação exata das Águias
voadoras é o primeiro grau da perfeição e para conhecê-lo é necessário um
gênio industrioso e hábil...
Para atingi-lo, muito suamos e trabalhamos; passamos até noites sem dormir.
Assim, vós que começais agora, persuadi-vos de que não tereis sucesso na
primeira operação sem um grande trabalho...
O leão traduz a força terrestre e fixa, enquanto a Águia exprime a força aérea e
volátil. Postos em presença, os dois campeões atacam-se, repelem-se,
despedaçam-se mutuamente com energia até que, por fim, tendo a águia
perdido as suas asas, e o leão a juba, os adversários constituem apenas um só
corpo, de qualidade média e de substância homogênea, o Mercúrio animado.
A preparação do mercúrio filosófico pode ser feita por via úmida ou por via
seca. Geralmente os autores tratam da sua obtenção apenas através da via
úmida, que é de difícil execução, sendo preferível utilizar a via seca.
O sal vitrificado, formado pela água ou mercúrio que restou desta operação,
após a liberação do mercúrio filosófico, será um dos componentes do ovo
filosófico.
Canseliet também nos esclarece sobre o modo de operar pela via úmida:
Sem negar, de nossa parte, o valor e a exatidão das operações da química,
ordinariamente bem conhecidas do técnico, devemos ter em mente que, sob os
nomes que são comuns, as da alquimia são profundamente diferentes.
Fulcanelli aborda alguns pormenores desta operação, efetuada por via úmida,
ao examinar um baixo-relevo, encontrado no Castelo de Dampierre, onde
encontra-se a figura de um delfim, enrolado no braço de uma âncora, seguida
da epígrafe latina: .SIC. TRISTIS. AVRA. RESEDIT. Assim se amaina a
terrível tempestade.
O Ovo Filosófico
Todo ovo é composto da gema – que é o nosso sal, o amarelo que simboliza
nosso enxofre; e duma clara, que simboliza nosso mercúrio. Tudo vai
encerrado num matraz
não é sem razão, que o artista, na via seca, não deve conduzir
demasiadamente, até a pureza, o sal branco que extrai do tártaro dos tonéis.
Convém, de fato, que o seu creme de tártaro contenha, em quantidade
suficiente, o carbonato de cálcio indispensável à formação da casca.
O estudante sabe pois que a via úmida possui o seu matraz de vidro no banho
de areia, sobre a lâmpada ou queimador, e que a via seca instala seu ovo no
crisol em meio ao forno.
É verdade que não é o leão verde, o vitriolo filosófico, que constitui diretamente
a parte mais importante da vasilha da natureza, e sim os dois sais que derivam
dele, um do caput mortuum e o outro, um pouco mais tarde, da porção
vitrificada que liberou aquilo que poderíamos denominar, conforme dissemos,
botão de retorno Portanto na composição do ovo filosófico não devemos utilizar
apenas o sal ou vitríolo obtido do caput mortuum, mas a sua mistura, em partes
iguais, com o sal vitrificado, formado pela água ou mercúrio, após a liberação
do rebis ou mercúrio filosófico. Desta forma, o ovo filosófico é composto da
mistura destes dois sais com o rebis.
A Cocção e os Regimes
Pois não é uma negrura ordinária, mas brilhante, mais que o negro mais
intenso. E assim que vires a matéria, no fundo do vidro, inflar-se como a massa
de pão, jubila-te: é que o espirito vivificante ai está encerrado, e, quando achar
conveniente, o Todo-Poderoso dará a vida a esses cadáveres.
Tu ao menos toma cuidado com o fogo, que deves aqui conduzir com
julgamento são, e juro-te pela fé empenhada, que se, à força de aumentá-lo,
fazes neste regime sublimar algo, perderás toda a obra, inevitavelmente.