Apostila 4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Apostila 4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Apostila 4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Já havia, na segunda metade dos anos 80, em alguns países da Europa e nos EUA, um consenso
entre os estudiosos e pesquisadores referente à necessidade de mudanças na forma como o
processo de integração/mainstreaming vinha ocorrendo. Se havia consenso quanto a essas
mudanças, as opiniões dividiam-se em relação às soluções encontradas para implementá-las,
daí surgindo basicamente duas orientações.
A outra orientação de mudanças trazia para o foco da discussão um novo conceito – a Inclusão
Escolar. A Inclusão Escolar despontava como outra opção de inserção escolar e vinha
questionar as políticas e a organização da educação especial, assim como o conceito de
integração (mainstreaming). De todas as críticas que os defensores da inclusão fazem ao
processo de integração/mainstreaming, talvez, a mais radical seja aquela que afirma que a
escola acaba ocultando seu fracasso em relação aos alunos com dificuldades, isolando-os em
serviços educacionais especiais segregados (DORÉ et al.,1996).
Mrech (1997; 1998; 1999) acredita que tanto o movimento de Integração Escolar e o
subsequente movimento da Educação Inclusiva surgiram nos EUA em consequência da
promulgação da Lei Pública 94.142, de 1975. Outros autores relatam que o conceito de
inclusão surgiu, nos EUA, relacionado à implantação em 1986 de uma política educacional
denominada “Regular Education Iniciative (REI) ”, que defendia a adaptação da classe regular
de modo a tornar possível inserir ali o maior número possível de alunos com necessidades
especiais; incentivando os serviços de educação especial e outros serviços especializados a
associarem-se ao ensino regular (COR REIA,1997; DORÉ et al.,1996).
Sem a preocupação com a precisão histórica de seu surgimento, o fato é que, depois de um
período de intensas discussões e críticas a respeito do processo de integração/mainstreaming
e suas possíveis limitações, ao final dos anos 80 e início da década de 90, começaram a tomar
vulto as discussões em torno do novo paradigma de atendimento educacional – a Inclusão
Escolar.
Na realidade, tanto o processo de integração quanto o de inclusão escolar são formas de
inserção escolar ou sistemas organizacionais de ensino cuja origem se fundamenta no mesmo
princípio, o princípio da normalização. Apesar da origem comum no mesmo princípio e de
terem basicamente o mesmo significado, os conceitos de Integração e de Inclusão escolar
estão fundamentados em posicionamentos divergentes quanto à consecução de suas metas.
Normalizar uma pessoa, dentro do paradigma inclusivista, segundo Werneck (1997), não
significa torná-la normal; significa garantir-lhe o direito de ser diferente e de ter suas
necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. Em relação à 18 área educacional,
continua Werneck, normalizar é oferecer ao aluno com necessidades especiais os recursos
profissionais e institucionais adequados e suficientes para que ele tenha condições de
desenvolver-se como estudante, pessoa e cidadão.
Fonte: https://uptokids.pt/educacao/receber-um-aluno-com-deficiencia-na-sala-de-aula-nao-
significa-inclusao/
Dessa forma, o objetivo fundamental da Inclusão Escolar é não deixar criança alguma fora do
sistema escolar e garantir que todas possam frequentar a sala de aula do ensino regular da
escola comum, e, que está escola, por sua vez, adapte-se às particularidades de todos os
alunos para concretizar o objetivo da diversidade, pro posto pelo modelo inclusivista. O
paradigma da Inclusão não admite diversificação de atendimentos pela segregação e, na busca
de um ensino especializado no aluno, procura soluções que atendam às suas diversidades, sem
segregá-los em atendimentos especializados ou em modalidades especiais de ensino
(WERNECK, 1997; MAN TOAN, 1996; 1997).
A ênfase da escola inclusivista não se restringe ao atendimento das crianças com necessidades
especiais. A meta do novo paradigma é incluir todos aqueles que se encontra em situação de
exclusão, quer sejam eles deficientes físicos, mentais, sensoriais, ou crianças fracassadas na
escola; ou alunos marginalizados por conta de suas peculiaridades raciais ou culturais; ou
qualquer outra criança que esteja impedida de usufruir seu direito de acesso à educação
democrática e de qualidade que lhe garanta um desenvolvimento social, emocional e
intelectual adequado
O princípio da Inclusão, sintetiza Correia (1997), apela para uma escola que tenha sua atenção
voltada para a criança-todo, e não só a criança-aluno, respeitando os três níveis de
desenvolvimentos essenciais – o acadêmico, o sócio emocional e o pessoal, de modo a
proporcionar a essa criança uma educação apropriada, orientada para a maximização de seu
potencial.
Por outro lado, conforme observa Bueno (1999), a implementação de uma escola regular
inclusivista demanda o estabelecimento de políticas de aprimoramento dos sistemas de
ensino, sem as quais não será possível garantir um processo de escolarização de qualidade.
Apesar do conceito de inclusão conciliar-se com uma educação para todos e com o ensino
especializado no aluno, a opção por esse tipo de inserção escolar não 21 poderia ser realizada
sem o enfrentamento de desafios importantes, uma vez que o maior deles recai sobre o fator
humano. Na adoção do paradigma da inclusão, as mudanças no relacionamento pessoal e
social e na maneira de efetivar os processos de ensino e aprendizagem têm prioridade sobre o
desenvolvimento de recursos físicos e os meios materiais para a realização de um processo
escolar de qualidade (MANTOAN, 1998).
Essas novas atitudes e formas de interação na escola dependem de fatores, tais como: o
aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviço; a instituição de novos
posicionamentos e procedimentos de ensino, baseados em concepções e práticas pedagógicas
mais modernas; mudanças nas atitudes dos educa dores e no modo deles avaliarem o
progresso acadêmico de seus alunos; assistência às famílias dos alunos e a todos os outros que
estejam envolvidos no processo de inclusão.
Todas estas mudanças, na opinião de Mantoan (1997; 1998), não devem ser impostas, ao
contrário, devem resultar de uma conscientização cada vez mais evoluída de educação e de
desenvolvimento humano.
BIBLIOGRAFIA
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(Dissertação de Mestrado).
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MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez,
1996.
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