Artigo PEDAGOGIA SISTEMICA E A ARTETERAPIA INTEGRATIVA SISTEMICA

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UNINTER - BRASIL

Palestrante - Dra. Mara Meneghel Casas

Dia 15 de julho de 2021, 14:00 h - hora local

Título da palestra: A PEDAGOGIA SISTÊMICA E A ARTETERAPIA INTEGRATIVA SISTÊMICA

A Pedagogia Sistêmica.

A pedagogia sistêmica é uma nova maneira de ver e viver a educação, que trata de criar as
condições idôneas para que a escola seja um espaço orientado ao ensino, aprendizagem e ao
bem-estar dos alunos/as. Tudo isso desde um grande respeito e amor pela vida que começa pela
própria autoestima. Neste novo paradigma tem lugar diversas intervenções sistêmicas que
requerem um comprometimento especial de todos os profissionais da escola, assim como da
família, onde a ordem da hierarquia adquire novas dimensões nas relações educativas. Neste
artigo se explicam os fundamentos teóricos desta filosofia, e se incluem as opiniões de pessoas
vinculadas a suas origens e desenvolvimento, as estratégias de intervenção e alguns exemplos
práticos em Infantil, primaria e secundaria, para pensar, sentir e atuar de outra maneira.

De vez em quando seguimos o curso natural das mudanças nos Sistemas Sociais e Organizativos;
aparecem no panorama educativo novas formas de ver a pedagogia e de atuar a partir delas.

Tratam-se de movimentos complexos que devemos contextualizar, tendo em conta que quando
alguma coisa nova se assoma no horizonte do presente, o faz graças ao grande legado do que
houve antes, e neste sentido é importante recordar os grandes pedagogos da história da
educação, assim como, as diferentes correntes de pensamento que permitiram que sua forma
de entender a educação tivesse sentido no momento em que viu a luz pela vez primeira.

Se algo caracteriza a pedagogia sistêmica é justamente sua firme aposta pela INCLUSÃO.

Abordando um pouco de história: No ano 1999, Angélica Olvera junto com seu marido Alfonso
Malpica – responsáveis pelo Centro Universitário Dr. Emilio Cárdenas (CUDEC) no México –
conhecem Bert Hellinger (este encontro foi patrocinado pelo Instituto Gestalt de Barcelona ),
João Garriga e outros que colaboravam com Bert Hellinger já havia algum tempo, em diferentes
projetos de formação para docentes. Bert contribuía com sua abordagem sistêmica
fenomenológica das constelações familiares. Angélica Olvera e o CUDEC contribuíram com sua
ampla experiência educativa baseada em diversos projetos de inovação especialmente ligados
ao Construtivismo, e com um referente terapêutico consolidado que lhes havia levado em
direção a terapia familiar sistêmica, educativa não tanto como aplicação direta no marco da sua
pratica educativa, mas sim, como orientação e suporte a seu trabalho com as famílias. Angélica
não teve nenhuma dúvida com relação ao significado que tinha a abordagem das constelações
familiares para o contexto educativo, e desde este momento Angélica Olvera se dedicou junto
com seus colaboradores a gestar uma vasta experiência docente e uma fundamentada reflexão
teórica, assim como uma consciente tarefa formativa.

Quando Bert Hellinger viu a dinâmica que estava formando seu trabalho no contexto escolar,
não teve nenhum constrangimento em afirmar que o futuro das constelações familiares estava
na educação.
Outra das protagonistas desta nova maneira de conceber a educação é Marianne Franke,
professora e terapeuta alemã que destacou esta forma de abordagem junto aos alunos de
primaria, a maioria oriundos de movimentos emigratórios derivados da guerra dos Balcãs.

A Pedagogia Sistêmica é, portanto, um método educativo que se sustenta no paradigma


sistêmico fenomenológico; devemos seu desenvolvimento a Bert Hellinger que o mostrou por
meio do que se denomina ” Constelações Familiares”

É fenomenológico porque recolhe especialmente o que se mostra no campo da energia que se


mobiliza quando representantes dos membros de uma família estão colocados em um espaço
determinado e começam a experimentar as sensações corporais e os sentimentos das pessoas
representadas, independentemente do tempo que estes foram vividos anteriormente.

Não se trata de uma teoria fechada, a modo de definir verdades, segundo a revista “Cadernos
de Pedagogia”, publicação da Universidade Federal de São Carlos número 360, referente a este
novo paradigma sistêmico – a dinâmica que aparece em cada momento nestes campos de
interação. - que no contexto educativo denominamos campos de Aprendizagem.

E é sistêmico porque tem a ver com a perspectiva de que se nutrem todos os campos de
conhecimentos atuais, e em concreto no âmbito social, e, portanto, também no da família, que
considera os grupos humanos como sistemas relacionais, em que todos os seus membros estão
estreitamente relacionados com o resto, seguindo dinâmicas específicas, distanciadas das
abordagens lineares de causa-efeito que são compreendidos a partir dos conceitos de
totalidade, circularidade e retroalimentação.

Hellinger observou que nos sistemas familiares se davam com frequência certas desordens,
geralmente relacionadas com a exclusão de determinados membros do grupo, devido a sua
peculiar forma de atuar, e pôs em evidência que em alguma geração posterior algum novo
membro da família por fidelidade e amor a pessoa excluída, tomaria a seu cargo a tarefa ou a
direção de vida (destino) do que foi excluído. Neste sentido fala de um amor cego, e de emoções
adotadas do sistema, que fazem que em algumas ocasiões, as pessoas atuem em nossa vida
mais além da nossa consciência, com relação ao que fazem e porque o fazem. E a partir destas
descobertas Hellinger criou o que ele chamou “AS ORDENS DO AMOR”, que tem a ver com a
possibilidade de perceber os detonantes destas desordens, a oportunidade de intervir sistêmica
e fonologicamente de tal maneira que permita a pessoa em concreto ter a sua frente uma
imagem diferente da que durante muito tempo teve a respeito dos acontecimentos de sua
própria vida.

Partindo da premissa que em Pedagogia Sistêmica os filhos/as atuam por amor, e sempre são
fieis aos seus pais, se propõe integrar os pais dentro do contexto educativo de forma que nossa
função como docentes possa chegar a bom porto. Os pais são os melhores aliados que podemos
contar nesta tarefa, mas este é um olhar pouco usual na escola hoje em dia. E esta é, portanto,
uma das metas mais importantes para esta pedagogia.

Seria conveniente recordar que os objetivos das escolas podem se resumir em três grandes
eixos:

!º. Desenvolvimento e a aprendizagem dos conteúdos escolares.


2º. A consolidação dos processos de socialização.

3º. A melhora da auto estima, referente ao bem estar dos alunos/as.

Neste sentido o educador/a deve incorporar ao seu perfil uma significativa competência no
conhecimento do que vai ensinar, e a adequada qualidade humana para perceber vínculos
referentes a seu alunado, às suas famílias e aos demais companheiros de equipe da escola.

Ainda hoje, uma grande parte do coletivo docente resiste a que os pais participem da escola,
como se fosse uma parcela exclusiva deles, inclusive me atreveria a dizer que têm uma certa
resistência, e até pânico que isso ocorra.

O professor é o que sabe e o faz como docente: - Não pode delegar sua função nem deve se
envolver em tarefas que não lhe correspondem. Como por exemplo, deve saber manter com
critérios claros as opções que toma na hora de utilizar os processos de ensino aprendizagem
com seu alunado, e manter-se firme diante das interferências de alguns pais que não querem
olhar as dificuldades de seus filhos/as ou as suas próprias, e sugerem culpar os professores/as.
E, por outro lado, devem evitar aconselhar os pais sobre como devem educar seus filhos,
porque não dispõem de conhecimentos suficientes sobre o contexto em que vivem estes
alunos/as e suas famílias, e também esta não é uma função que corresponda a escola. Isto tem
a ver com ocupar o lugar e a função que nos corresponde.

Se isso não for assim, começam as dificuldades que se manifestam de formas diversas. Os
alunos/as cuidam dos seus professores porque os sentem frágeis ou, por outro lado, os
professores querem mudar as famílias deles, porque consideram que elas não são
suficientemente boas para seus filhos, e o aluno/a entre a fidelidade a seus pais ou ao próprio
professor/a entra num espaço de confrontação que o impede de aprender. A escola e a sala de
aula são espaços relacionais ou sistemas complexos, aos quais confluem múltiplas
circunstâncias.

A Pedagogia Sistêmica centra seu olhar no contexto, e o contexto tem a ver com o espaço
(geografia) e com o tempo (história).

Dentro da pedagogia sistêmica existem três tipos de visões:

1. Relação Intergeracional – É a que se dá entre uma geração e outra. Ex. Pais e filhos.
2. Relação Transgeracional – É a que se dá entre uma geração e outra mais distante, ex.
avós e netos.
3. Relação Intrageracional - É a que se dá entre iguais, dentro da mesma geração, ex.
Irmãos, amigos etc.

Estratégias que permitem ampliar nosso foco dentro da Pedagogia Sistêmica, que se utilizam
para professores, alunos e famílias.

1. Genograma – Construir a árvore genealógica da família.


2. Fotograma – Tradução gráfica - Com imagens concretas do genograma.
3. Autobiografia Acadêmica – Dar-nos conta da nossa vida em relação aos nossos estudos.
4. Movimentos Sistêmicos. – Intervenção geradora de conhecimento, de sentidos, criativa
e liberadora.

Possíveis perguntas dos docentes para se darem conta em que medida podem se conectar com
os fundamentos desta pedagogia:
!. Onde está posto o meu olhar?

2. Qual é o lugar que ocupo?

3. Onde sinto o vazio?

4. Porque me mantenho frequentemente na luta e na confrontação?

5. Para onde olham o amor e a fidelidade de meus alunos e de mim mesmo?

6. Ao entrar em classe posso ver atrás de cada aluno/a seu pai e sua mãe?

7. Para mim, é possível apoiar-me em minha intervenção como docente, em meus próprios pais?

Gostaria de terminar este artigo com as sabias e concisas palavras de reconhecimento, de Bert
Hellinger para estabelecer uma boa relação, e uma vinculação desejável entre os professores
/as e os pais de seus alunos/as.

“Obrigado por confiar em nós e deixar em nossas mãos os seus filhos/as, que são sem nenhuma
dúvida seu bem mais precioso. Por favor, com o seu consentimento sabemos que podemos
participar com sensibilidade e eficácia no processo educativo de seus filhos e filhas. Dessa
maneira respeitamos seu destino e não pretendemos interferir além do que seja bom para seu
filho/a e para sua família.”

Dra. Mara Meneghel Casas.

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