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B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
Dr. Eduardo Goulart Pimenta
Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UFMG e PUC/MG
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
Wallace Fabrício Paiva Souza
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
RESUMO
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
ABSTRACT
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Art. Artigo
de Títulos Privados
de 1988
Gerais
Doação
ON Ordinária
PN Preferencial
PwC PricewaterhouseCoopers
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
PREFÁCIO
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
Capítulo 1
INTRODUÇÃO...........................................................................................................22
Capítulo 2
O MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS NO DIREITO
BRASILEIRO..............................................................................................................28
Capítulo 3
A OFERTA PÚBLICA NO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS.96
Capítulo 4
A TECNOLOGIA BLOCKCHAIN..................................................................... 160
4.4.4 SEGURANÇA...............................................................................................212
4.4.5 PRIVACIDADE.............................................................................................214
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
Capítulo 5
CRIPTOATIVOS.....................................................................................................257
5.1.1 CRIPTOGRAFIA...........................................................................................272
5.2.1.1 BITCOIN.....................................................................................................300
5.2.1.2 ALTCOINS.................................................................................................308
Capítulo 6
REINVENTANDO OS SERVIÇOS FINANCEIROS: UM ESTUDO DA
INITIAL COIN OFFERING (ICO)...................................................................... 320
Capítulo 7
PONTOS DE CONTATO E DIVERGÊNCIAS ENTRE ICO E IPO.......381
Capítulo 8
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 435
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 444
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
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apresentado soluções para captação de recursos de outras formas,
principalmente para os empresários de pequeno e médio porte e
para as startups que sequer foram constituídas ainda.
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sobre valores mobiliários, blockchain e criptoativos, o que se torna
primordial para se fazer o comparativo entre institutos relacionados
aos citados temas. Além disso, o Direito Empresarial implica um
estudo histórico comparativo do desenvolvimento das várias formas
dos seus institutos no tempo e no espaço, o que foi fundamental para
compreender o atual contexto econômico com base no impacto da
tecnologia blockchain.
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Capítulo 2
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próprias instituições financeiras ou entre elas
e o Banco Central, são realizadas no chamado
mercado monetário. Trata-se de um mercado
utilizado basicamente para controle da liquidez
da economia, no qual o Banco Central intervém
para condução da Política Monetária. [...]
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 31
2) transformação dos montantes de capital, de
sorte que pequenos e médios montantes de
recursos, aportados por diferentes poupadores,
convertem-se, por ocasião da subscrição de
valores mobiliários, em grandes e consolidados
montantes de capital;
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 33
uma nova definição:
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Érica Gorga (2013, p. 258/263) coloca que, originalmente, os
títulos de crédito englobavam os valores mobiliários, sendo gênero
e espécie. De acordo com a doutrina italiana, por exemplo, as ações
seriam títulos de crédito impróprios e as notas promissórias títulos
de crédito próprios. Havia uma confusão entre os institutos.
“§ 1º Excluem-se do regime desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001) (Vide
art. 1º da Lei nº 10.198, de 14.2.2001)
I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal; (Redação dada pela Lei nº
10.303, de 31.10.2001)
II - os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures.
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
§ 2º Os emissores dos valores mobiliários referidos neste artigo, bem como seus
administradores e controladores, sujeitam-se à disciplina prevista nesta Lei, para as
companhias abertas. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
§ 3º Compete à Comissão de Valores Mobiliários expedir normas para a execução do disposto
neste artigo, podendo: (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
I - exigir que os emissores se constituam sob a forma de sociedade anônima; (Inciso incluído
pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
II - exigir que as demonstrações financeiras dos emissores, ou que as informações sobre o
empreendimento ou projeto, sejam auditadas por auditor independente nela registrado; (In-
ciso incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
III - dispensar, na distribuição pública dos valores mobiliários referidos neste artigo, a partici-
pação de sociedade integrante do sistema previsto no art. 15 desta Lei; (Inciso incluído pela
Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
IV - estabelecer padrões de cláusulas e condições que devam ser adotadas nos títulos ou
contratos de investimento, destinados à negociação em bolsa ou balcão, organizado ou não,
e recusar a admissão ao mercado da emissão que não satisfaça a esses padrões. (Inciso in-
cluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
§4º É condição de validade dos contratos derivativos, de que tratam os incisos VII e VIII do
caput, celebrados a partir da entrada em vigor da Medida Provisória no 539, de 26 de julho de
2011, o registro em câmaras ou prestadores de serviço de compensação, de liquidação e de
registro autorizados pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários.
(Incluído pela Lei nº 12.543, de 2011)”
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Outro elemento importante é a dependência do esforço ou
competência de terceiros. O investidor não terá uma participação
ativa. Além disso, há algumas características não essenciais, como
“a não destinação ao uso ou consumo, a inexistência de critério de
avaliação único e de preço mínimo de revenda” (PIMENTA, 2017, p.
116).
Por essa definição, então, uma nota promissória não será valor
mobiliário se for dada em garantia para a compra de um bem, mas
será se for para financiar um investimento empresarial. O principal,
para não ter dúvidas no direito brasileiro, é analisar as seguintes
características extraídas do inciso IX do art. 2º da Lei n. 6.385/1976:
oferta pública2; título ou contrato de investimento coletivo; direito
de participação, de parceria ou de remuneração; e esforço do
empreendedor ou de terceiros. Preenchidos esses requisitos, será
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valor mobiliário. E isso é importante, porque delimitará a competência
da Comissão de Valores Mobiliários, como bem destaca Érica Gorga
(2013, p. 263).
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de hábitos religiosos e, ainda, a localização por
geolocalizadores. [...] O uso desta ferramenta em
políticas de geomarketing é intenso e hostil a
ponto de acabar por dirigir o usuário a certa linha
de consumo ou estabelecimento, pelo simples
fato de se ter acesso prévio ao local onde o
mesmo se encontra. O usuário não percebe
que está sendo influenciado na sua tomada de
decisão quando verifica publicidades que se
relacionam a produtos ou serviços ao seu redor.
(SIMÃO FILHO, SCHWARTZ, 2018, p. 222)
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das tecnologias dos mundos digitais, físico e biológico, alterando as
relações entre as pessoas, profissionais ou pessoais.
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diretamente ou pelo lançamento ao público
de alguma plataforma de análise do mercado.
Tendo como referência esse aspecto, é preciso
avaliar como será o tratamento dessas atividades
frente às informações e aos comportamentos
que as referidas instituições têm acesso, de
forma privilegiada, em razão do serviço público
que prestam a seus usuários. (GONTIJO, 2018, p.
585)
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a) um conjunto específico de comandos
normativos, que envolve um agrupamento de
regras coercitivas editadas por órgão público
criado para esse fim específico;
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regulará e fiscalizará o mercado de valores mobiliários, efetivando os
princípios da liberdade econômica e da livre iniciativa com a defesa
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negociabilidade. (FERNANDES, 2015, p. 35)
B LO CKCH A I N
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Além disso, diferentemente dos contratos de trabalho e de
consumo,
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em um Estado do Bem-estar Social (LOPES, 2006, p. 33/34). Inclusive,
os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa encontram-se
como fundamentos da República e como fundamentos da ordem
econômica, nos mesmos dispositivos constitucionais6.
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inerentes ao mercado.
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condições de utilização de crédito fixadas pelo
Conselho Monetário Nacional. (BRASIL, 1976, Art.
4º)
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A CVM se destaca pela sua especialidade. O Direito
Empresarial deve ser bastante dinâmico e rápido para tentar
acompanhar as mudanças no mercado, e não depender do
Processo Legislativo no Congresso Nacional gera uma eficiência
enorme. Eizirik, Gaak, Parente e Henriques ressaltam inclusive que
a intervenção do Estado na ordem econômica tem que ser rápida
e eficaz, sendo importante a descentralização da Administração
Pública para a criação de entes especializados como a CVM.
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grupo em particular. Só depois de emitida a norma
geral é que se abre a possibilidade de atuação
do poder executivo, por meio de atos especiais.
O executivo dispõe de meios concretos para agir,
mas está igualmente impossibilitado de atuar
discricionariamente, porque todos os seus atos
estão limitados pelos atos gerais praticados pelo
legislativo. E se houver exorbitância de qualquer
dos poderes surge a ação fiscalizadora do poder
judiciário, obrigando cada um a permanecer nos
limites de sua respectiva esfera de competência.
(DALLARI, 2016, p. 217)
10 “Art. 31 - Nos processos judiciários que tenham por objetivo matéria incluída na competên-
cia da Comissão de Valores Mobiliários, será esta sempre intimada para, querendo, oferecer
parecer ou prestar esclarecimentos, no prazo de quinze dias a contar da intimação. (Incluído
pela Lei nº 6.616, de 16.12.1978) § 1º - A intimação far-se-á, logo após a contestação, por man-
dado ou por carta com aviso de recebimento, conforme a Comissão tenha, ou não, sede ou
representação na comarca em que tenha sido proposta a ação. (Incluído pela Lei nº 6.616, de
16.12.1978) § 2º - Se a Comissão oferecer parecer ou prestar esclarecimentos, será intimada
de todos os atos processuais subseqüentes, pelo jornal oficial que publica expedientes fo-
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da sua regulação e da CVM, passa-se à análise da Bolsa de Valores
e do Mercado de Balcão.
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- 1967: passa a se chamar Bovespa - Bolsa de Valores de São
Paulo, deixando de ser oficial;
12 “Associações civis sem fins lucrativos são entidades de benefício mútuo destinadas a pro-
porcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios. Ao deixar de ser
uma associação, a Bolsa promoveu a sua desmutualização e consequente transformação em
sociedades por ações” (COMISSÃO, 2019, p. 236).
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bolsa de valores? Tanto no mercado primário, como no secundário,
em regra, divide-se em três fases: pré-negociação, negociação
e pós-negociação, e a B3 presta serviços que abrange todas as
etapas. Explica-se da seguinte forma as três fases:
Essas regras
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base na obra de Juliano Lima Pinheiro (2014, p. 198), permitir aos
investidores maior transparência nos processos, o que reduz o risco,
melhoria da imagem institucional, valorizando as ações, aumento da
liquidez com aumento das emissões, e aumento da competitividade
do empresário no mercado, fortalecendo o mercado de capitais no
Brasil num todo.
Nível 1:
Nível 2:
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companhias que possuem a intenção de se colocar no mercado,
mas se fizessem de uma vez não teriam sucesso, ou teriam um risco
elevado, então no segmento Bovespa Mais haverá uma gradação
até efetivamente se estruturarem para emitir ações em bolsa.
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mobiliários compreende:
IV - as bolsas de valores.
- Investidores;
- Agentes Fiduciários;
- Auditores Independentes; e
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CVM, nos termos dos arts. 19 e 21 da Lei n. 6.385/7616.
16 “Art. 19. Nenhuma emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem
prévio registro na Comissão. [...] Art. 21. A Comissão de Valores Mobiliários manterá, além do
registro de que trata o Art. 19: I - o registro para negociação na bolsa; II - o registro para ne-
gociação no mercado de balcão, organizado ou não. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de
5.5.1997) §1º - Somente os valores mobiliários emitidos por companhia registrada nos termos
deste artigo podem ser negociados na bolsa e no mercado de balcão. §2º O registro do art. 19
importa registro para o mercado de balcão, mas não para a bolsa ou entidade de mercado de
balcão organizado. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 5.5.1997)” (BRASIL, 1976, Arts. 19 e 21).
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grupo do referido emissor. (BRASIL, 2009)
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investimento, desde que tenham a carteira gerida
por um ou mais cotistas, que sejam investidores
qualificados.
B LO CKCH A I N
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depositários centrais.
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outros) ou títulos e valores mobiliários exclusivos,
ou mesmo no que se refere aos prestadores
de serviços no âmbito do mercado de valores
mobiliários (como a seleção de gestores) e
outros aspectos relacionados. A atividade de
consultoria de valores mobiliários, porém, não
envolve a adoção e nem a implementação das
recomendações oferecidas. É o cliente quem
decide se irá efetivar as recomendações e de
que forma. No entanto, o consultor, as entidades
integrantes do sistema de distribuição de valores
mobiliários (corretoras, distribuidoras ou bancos)
e seus clientes em comum podem estabelecer
canais de comunição e ferramentas que permitam
executar as orientações e recomendações com
maior agilidade e segurança. (COMISSÃO, 2020)
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pela CVM que exerce profissionalmente a atividade de classificação
de risco de crédito no âmbito do mercado de valores mobiliários”. E
classificação de risco de crédito seria a atividade de “opinar sobre a
qualidade de crédito de um emissor de títulos de participação ou de
dívida, de uma operação estruturada, ou qualquer ativo financeiro
emitido no mercado de valores mobiliários”.
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pauta de exportações, que o classifica como o
segundo maior exportador do Brasil. Ademais,
o estado conta com um ambiente positivo para
o desenvolvimento de negócios, oferta de
mão de obra competitiva, energia abundante,
proximidade aos principais centros de consumo
do Brasil, o melhor sistema educacional do país,
dentre outros fatores. (INSTITUTO, 2015, p. 5)
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duas empresas que responderam negativamente
quanto à intenção de usos destes recursos têm
elevada probabilidade de fazê-lo nos próximos
anos.
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empenhando para auxiliar pequenas empresas a acessarem o
mercado de capitais, Leonardo Pereira, ex presidente da CVM, que
cumpriu mandato até 14/07/2017, menciona “a falta de cultura de
mercado de capitais como uma barreira que precisará ser enfrentada
para se abrir novas possibilidades de financiamento a esse setor da
economia nacional” (ALMEIDA, 2016). Tanto é que “a experiência tem
demonstrado que ao buscarem formas de se financiar as pequenas
e médias empresas utilizam primeiro recursos próprios, seguidos
por crédito bancário e somente depois ao mercado de capitais”
(ALMEIDA, 2016).
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Capítulo 3
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será a instituição financeira e nem sempre será possível também. A
abertura de capital, então, surge como boa opção.
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a companhia de modo geral, sujeitos a alguns
regimes institucionais diferenciados, em especial
no que tange (i) ao regime de utilização de
informações consideradas importantes para os
demais participantes do mercado (regime que
se corporifica nas obrigações de full disclosure
e na vedação ao insider trading); e (ii) às regras
de oferta pública, destinadas a proteger os
investidores em situações que possam afetar a
liquidez dos títulos (deliberação de fechamento
de capital ou alienação do poder de controle)
ou aplicáveis por força da dinâmica do mercado
e das operações que nele se podem realizar
(no caso das ofertas de aquisição de controle).
(FINKELSTEIN; PROENÇA, 2014, p. 140)
18 A Instrução CVM n. 400, de 29 de dezembro de 2003, foi alterada pelas Instruções CVM
n. 429/06, 442/06, 472/08, 482/10, 488/10, 507/11, 525/12, 528/12, 531/13, 533/13, 546/14,
548/14, 551/14, 566/15, 571/15, 583/16, 584/17, 588/17, 595/18, 600/18, 601/18 e 604/18.
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as ofertas públicas de distribuição de valores
mobiliários, nos mercados primário ou secundário
e tem por fim assegurar a proteção dos interesses
do público investidor e do mercado em geral,
através do tratamento equitativo aos ofertados e
de requisitos de ampla, transparente e adequada
divulgação de informações sobre a oferta, os
valores mobiliários ofertados, a companhia
emissora, o ofertante e demais pessoas
envolvidas. (COMISSÃO, 2003, Art. 1º)
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 103
distribuição);
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 105
Considerando a modernização tecnológica, esse processo
pode se dar via internet. Por meio de um sistema eletrônico, os
investidores analisam os pontos de seu interesse e enviam suas
ofertas de interesse de compra.
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Financeiro Nacional ou ao Ministério da Fazenda.
Além disso, a CVM pode se basear em normativos
de outra natureza, inclusive internacionais,
códigos de boas práticas e auto-regulação, além
das disposições estatutárias específicas de cada
companhia, como as denominadas ‘pílulas de
veneno’. (COMISSÃO, 2017, p. 750)
B LO CKCH A I N
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de informações, de modo que seja
B LO CKCH A I N
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do Mercado de Valores Mobiliários” (2017), de autoria da própria
Comissão de Valores Mobiliários:
g) OPA Concorrente;
h) OPA Voluntária; e
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 113
quando a transferência do controle acionário
ocorrer por meio de aquisição privada, e não
mediante escalada acionária ou oferta pública, o
artigo 254-A da Lei das S.A. obriga o adquirente
a realizar uma oferta pública de compra
da totalidade das ações com direito a voto
remanescentes, com vistas a lhes assegurar, ao
menos, 80% do valor do preço praticado no(s)
negócio(s) da transferência do controle, podendo
o estatuto social, o acordo de acionistas ou a
simples vontade do adquirente, elevar este valor
mínimo. Também a Instrução CVM 361 determina
que terão direito de exigir a participação na
referida OPA, as ações com direito a voto, que
seja pleno e permanente, por disposição legal ou
estatutária. (COMISSÃO, 2017, p. 772/773)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 115
concorrer. Ademais, considerando-se o aspecto
de competição desta modalidade de oferta, e
visando proteger os envolvidos na oferta inicial
e na oferta concorrente, as manifestações ou
ordens de venda que já tenham sido firmadas
em relação à aceitação da oferta inicial serão
consideradas nulas e, por consequência, sem
efeito. Nesse sentido, caberá ao acionista
minoritário ofertado se manifestar, aceitando a
oferta que for de seu interesse. (COMISSÃO, 2017,
p. 780)
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 117
de ordem pública.
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outras pessoas que façam essa intermediação,
conforme previstas na regulamentação; (iii) seja
feita negociação em qualquer estabelecimento
aberto ao público; ou, ainda, (iv) se utilize de
meios de publicidade que atinjam o público em
geral e irrestritamente. Excluem-se do conceito
de público em geral todos aqueles que tenham
prévia relação comercial, creditícia, societária ou
trabalhista, estreita ou habitual, com o emissor
dos valores mobiliários, conforme ressalvado no
parágrafo 1º do artigo 3º da Instrução CVM 400.
(COMISSÃO, 2017, p. 789)
Para ser uma oferta pública, então, não pode ser restrito
aos acionistas da companhia, mencionando aqui o Parecer de
Orientação da CVM n. 32, de 30 de setembro de 2005, que dispôs
que “o uso da Internet como meio para divulgar a oferta de valores
mobiliários caracteriza tal oferta, via de regra, como pública [...] uma
vez que a Internet permite o acesso indiscriminado às informações
divulgadas por seu intermédio”. Esse entendimento é facilmente
extraído do inciso IV do art. 3º da Instrução Normativa CVM 400:
B LO CKCH A I N
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sempre em conta o interesse público e a proteção
do investidor, além de certas condições especiais
da oferta, conforme previstas no artigo 4º,
parágrafo 1º da Instrução CVM 400, como (i) valor
unitário dos valores mobiliários e o valor total da
oferta; (ii) plano de distribuição; (iii) jurisdições
envolvidas e respectivos procedimentos; (iv) no
caso das ofertas de permuta, as características
da referida oferta; e (v) público alvo. (COMISSÃO,
2017, p. 790)
B LO CKCH A I N
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primeira distribuição de ações do emissor,
B LO CKCH A I N
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regulamentação se encontra na Instrução CVM 476. O ato normativo
apenas se refere a alguns valores mobiliários, sem mencionar
sobre a emissão ou o tipo societário do emissor, pode ser inclusive
sociedades que não sejam companhias. O diferencial é que não se
exigirá registro prévio perante a CVM e a justificativa é simplificar,
estando inserida no contexto pós crise de 2008:
B LO CKCH A I N
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deinvestidor profissional mediante termo próprio,
de acordo com o Anexo 9-A;
V – fundos de investimento;
I – investidores profissionais;
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a B3 divulgou, em 30 de outubro de 2014, o Ofício
Circular 072/2014-DP, no qual estabelece no item
5 outras regras a serem observadas no contexto
de uma oferta pública inicial (IPO) ou subsequente
(follow-on) de distribuição de ações sob a
Instrução CVM 476. Adicionalmente, a B3 finalizou
um processo de revisão dos regulamentos de
Novo Mercado e Nível 2, concluído em junho de
2017. Após votação pelas companhias abertas,
aprovou-se unicamente o novo regulamento
do “Novo Mercado”, que foi aprovado pela CVM
em Decisão do Colegiado de 05 de setembro de
2017 e deverá ter a conclusão do seu processo
de aprovação divulgada em breve pela B3 e início
de sua vigência provavelmente no início de 2018,
após a referida divulgação. Dentre as alterações
desse novo regulamento, encontra-se a previsão
de que a dispersão acionária passa a ser aplicável
apenas para as ofertas realizadas via Instrução
CVM 400, o que significa que as ofertas de
esforços restritos via Instrução CVM 476 estarão
dispensadas do cumprimento desse requisito.
(COMISSÃO, 2017, p. 802/803)
23 “Art. 172. O estatuto da companhia aberta que contiver autorização para o aumento do ca-
pital pode prever a emissão, sem direito de preferência para os antigos acionistas, ou com re-
dução do prazo de que trata o §4º do art. 171, de ações e debêntures conversíveis em ações,
ou bônus de subscrição, cuja colocação seja feita mediante: I - venda em bolsa de valores ou
subscrição pública; ou II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição de controle,
nos termos dos arts. 257 e 263. Parágrafo único. O estatuto da companhia, ainda que fechada,
pode excluir o direito de preferência para subscrição de ações nos termos de lei especial
sobre incentivos fiscais.” (BRASIL, 1976, Art. 172)
24 Importante o art. 55 da Instrução CVM 400: “Art. 55. No caso de distribuição com excesso
de demanda superior em um terço à quantidade de valores mobiliários ofertada, é vedada a
colocação de valores mobiliários em controladores ou administradores das Instituições Inter-
mediárias e da emissora ou outras pessoas vinculadas à emissão e distribuição, bem como
seus cônjuges ou companheiros, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 2º grau.
Parágrafo único. A vedação do caput não se aplica às instituições financeiras contratadas
como formador de mercado, desde que o direito de subscrever e a quantidade máxima de
valores mobiliários a ser subscrita, se houver tal limitação, estejam divulgados no Prospecto”.
(BRASIL, 2003, Art. 55)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 131
3.2.2 COMO FAZER OFERTAS PÚBLICAS DE
DISTRIBUIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 133
mobiliários:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 135
registro no mercado de balcão organizado. Mas independente
desses registros adicionais, deve-se observar a Instrução CVM
400. No Anexo II da citada Instrução encontram-se uma série de
documentos, dentre os quais se destacam:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 137
honrar quaisquer ordens de investimento prestadas por investidores
durante o processo de coleta de intenções de investimento que não
sejam confirmadas na data de liquidação” (COMISSÃO, 2017, p. 815).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 139
os coordenadores e a companhia realizam as
apresentações de roadshow, onde explicam aos
investidores institucionais acessados todas as
características da companhia, seus negócios, a
oferta propriamente dita e os riscos envolvidos. O
material utilizado nessas apresentações devem
guardar consistência com o teor das informações
constantes do prospecto e demais documentos
da oferta. (COMISSÃO, 2017, p. 818/819)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 141
em uma única instituição intermediária, condições
de desistência que não dependam de sua única
vontade e sujeição ao rateio em caso de excesso
de demanda, entre outras).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 143
da negociação.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 145
O pedido de registro, como já afirmado, envolve uma série
de documentos, estando todos discriminados no Anexo II da citada
Instrução28, sendo inclusive um rol aberto. O art. 56 da Instrução ainda
traz a responsabilidade do ofertante “pela veracidade, consistência,
qualidade e suficiência das informações prestadas por ocasião do
registro e fornecidas ao mercado durante a distribuição”. Continua o
dispositivo em seu parágrafo primeiro:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 147
criteriosamente a sua decisão de investimento.
Nesse sentido, o prospecto não poderá omitir
fatos relevantes ou conter informações que
induzam ao erro do investidor, e deverá conter,
entre outros, dados e informações sobre (i) a
oferta; (ii) os valores mobiliários objeto da oferta e
os direitos que lhes são inerentes; (iii) o ofertante;
(iv) a companhia emissora e sua situação
patrimonial, econômica e financeira; (v) terceiros
garantidores de obrigações relacionadas com
os valores mobiliários objeto da oferta, caso
aplicável; e (vi) terceiros que venham a ser
destinatários dos recursos captados com a
oferta. Adicionalmente, a CVM poderá requerer
informações adicionais que julgar adequadas
para a análise do documento pelos investidores.
(COMISSÃO, 2017, p. 830)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 149
os escritórios de advocacia envolvidos (em geral
quatro escritórios para operações globais –
sendo dois voltados para aspectos da legislação
brasileira e dois voltados para questões de
direito estrangeiro – ou dois escritórios para
operações puramente locais – sendo um
assessorando a companhia e outro assessorando
os bancos coordenadores) enviam uma lista
de legal due diligence em que solicitam uma
extensa relação de documentos da companhia
(como contratos financeiros, certidões judiciais,
cópias de processos, documentos societários,
alvarás e quaisquer instrumentos para analisar
a regularidade de seus negócios, relação de
empregados e acordos com sindicatos, etc).
Dado que na maioria das vezes os documentos
solicitados são referentes não apenas à
companhia emissora mas também outras
sociedades de seu grupo econômico, como
controladores, controladas e coligadas, esse
processo pode ser bastante complexo para a
companhia que, por vezes, precisa realizar um
grande esforço para conseguir levantar em
tempo hábil todos os documentos e informações
solicitadas pelos escritórios envolvidos, a fim
de atender as exigências feitas na lista de due
diligence. (COMISSÃO, 2017, p. 834/835)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 151
havendo restrições até que a oferta pública seja divulgada ao
mercado, como limitar a revelação de informação relativa à oferta
ao que for necessário para os objetivos da oferta, advertindo os
destinatários sobre o caráter reservado da informação transmitida,
restrições até a divulgação do anúncio de encerramento de
distribuição e abstenção de manifestação na mídia sobre a oferta.
Como regra, o período de silêncio se inicia desde quando a oferta
foi decidida ou projetada, exceto no caso de “manifestações na
mídia, o período de silêncio se inicia a partir do 60º (sexagésimo) dia
que antecede o protocolo na CVM do pedido de registro de oferta
ou desde que a oferta foi decidida ou projetada, o que ocorrer por
último” (COMISSÃO, 2017, p. 838). No caso de bancos coordenadores,
o referido período se inicia no momento de sua contratação. Com o
anúncio de encerramento, encerram-se os prazos:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 153
restrições também se aplicam para os segmentos do “Novo
Mercado”, “Nível 1”, “Nível 2”, “Bovespa Mais” e “Bovespa Mais Nível 2”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 155
grande procura por esse segmento de listagem.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 157
7,8% do valor da oferta. (MATTOS FILHO; PRADO;
DUTRA; SANTOS, 2020)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 159
Capítulo 4
A TECNOLOGIA BLOCKCHAIN
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 161
moral (ação oculta), que seria a tendência de alguém apresentar
comportamento desonesto ou indesejável e a seleção adversa
(informação oculta), que seria a tendência de que um conjunto de
atributos não observados se torne indesejável para o desavisado.
Esse estudo é importante porque gera a necessidade de ter cautela
na atuação mercadológica, pois
30 Coloca-se a palavra “solução” entre aspas, porque solução seria aquilo que resolve a
questão, e não necessariamente há algo que tenha essa consequência.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 163
com o objetivo de constituí-lo ou executá-lo.
São os custos que os contratantes enfrentam
para elaborar, manter e fazer cumprir o contrato.
A importância dos custos de transação se
tornou evidente a partir do seminal trabalho
de Ronald Coase e hoje é fundamental para a
análise econômica do Direito pois, conforme se
depreende do denominado Teorema de Coase,
quanto maiores forem os custos da transação,
menores serão as chances das partes chegarem
a contratar.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 165
dinheiro de seus clientes? (PIMENTA, 2019, p. 506)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 167
A internet nasceu para trocas de informações militares
e científicas, de modo que, inicialmente, interligava somente
organismos governamentais, centros de pesquisa e universidades.
Não se permitia o uso comercial.
A ideia da conectividade entre computadores veio da Guerra
Fria. A União Soviética tinha colocado em órbita o satélite artificial
Sputnik, e os Estados Unidos queriam fazer frente a isso. Preocupado
em manter uma comunicação ainda que ocorresse uma guerra
nuclear, buscaram a evolução da tecnologia de computadores. E a
ideia era justamente que houvesse rotas alternativas de transmissão
de informações se o Pentágono fosse destruído. (ERENBERG, 2003,
p. 7)
Como principais conceitos estruturais da internet, citam-se a
comunicação não hierárquica, falando-se em rede, e a comutação de
pacotes de informação. Por conta disso, fala-se que é virtualmente
impossível destruir todas as rotas de informação, já que as ligações
entre os computadores são emaranhadas como uma teia, que, ainda
se obstruídas algumas vias, consegue-se chegar ao destinatário por
outras. (ERENBERG, 2003, p. 5)
O ano de 1969 pode ser considerado o ano de nascimento
da internet, quando ocorria a conexão entre quatro computadores
instalados em universidades dos EUA. Em 1988 já havia cerca de
cem mil computadores nessa rede e foi quando surgiu o primeiro
“verme de internet”, que seriam os denominados “vírus” de hoje.
(ERENBERG, 2003, p. 9)
O ingresso formal do Brasil na rede mundial de computadores
se deu em 1990. É interessante que, no Brasil, não se encontra
uma definição jurídica de internet, mas a Lei n. 9.472/97 a classifica
como “serviço de valor adicionado”, observado o art. 6131, isto
31 “Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de teleco-
municações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas
ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações.
§ 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se
seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 169
têm esgoto tratado. Veja trecho da matéria:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 171
Tendo em vista essa corrente, outra corrente surgiu: a da
Escola da Arquitetura da Rede,
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 173
que tratados internacionais podem ter um papel relevante no
Direito Virtual, como um que regulasse os documentos digitais que
trafegam pela rede. Todavia, ainda assim, esse mercado pode ser
mais efetivado com normas domésticas. (ROHRMANN, 2005, p.
31/33)
Dessa forma, vem a corrente tradicionalista, contrapondo-se
às correntes até aqui estudadas que se opunham à possibilidade
de aplicar o direito tradicional às relações no ambiente virtual. Com
mais aceitação nos tribunais inicialmente, alegava que a internet
não seria muito bem um mundo à parte, de forma que se aplicaria
as regras do mundo físico mesmo. É claro que poderiam existir
eventuais dificuldades, mas elas também estão presentes quando
se julgam fatos do mundo físico. (ROHRMANN, 2005, p. 34)
Fato é que “não há atos praticados dentro do espaço virtual
que estejam fora do alcance de todas as jurisdições constituídas”
(ROHRMANN, 2005, p. 38). Exemplos disso podem ser quaisquer
ações que envolvam condenações a páginas de internet que
desrespeitem alguma legislação, como vender algo que é proibido
em determinado local, mas não em outro. Rohrmann (2005, p. 38)
cita a condenação pelos tribunais franceses da Yahoo! Inc., que
fez um leilão virtual de um ordenamento nazista no qual franceses
deram lances. Embora norte-americanos pudessem dar lances, os
franceses não poderiam, de modo que a companhia foi multada.
Então, estabelecida a corrente tradicionalista como a melhor
para o Direito Virtual, não pode haver o pensamento de que a internet
é um mundo sem lei, no qual se pode tudo. No Brasil, inclusive, foi
criado o Marco Civil da Internet, a Lei 12.965, de 23 de abril de 2014,
que “estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso
da Internet no Brasil”, sendo denominada como “Constituição da
Internet”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 175
o reconhecimento da rede mundial de
computadores como fundamento deixa bem
claro a despretensão da legislação no que tange
a solucionar conflitos de ordem internacional,
mas também de compreender que o assunto
é abrangência muito maior que uma mera
legislação interna pode conduzir, sendo apenas
uma norma de alcance nacional. Neste aspecto,
tal inciso apesar de óbvio aos olhos da maioria dos
doutrinadores, verifica-se sua coerência visto que
a não soberania dos países sobre a rede mundial
de computadores é a realidade concreta desta
ferramenta de comunicação e o Brasil reconhece
tal fato, deixando em termos explícitos que este
instrumento não pode ser conduzido em uma
visão de controle estatal. Há uma gama de países
que são envolvidos e, portanto, o assunto é de
ordem mundial, ou melhor, internacional.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 177
estar em contato permanente com as novas
tecnologias (sejam indivíduos, empresas ou
nações), a utilização impune de práticas abusivas
(lesivas à livre concorrência e/ou ao consumidor),
a facilidade de burla ou manipulação das
legislações locais, a extrema dependência de
tecnologias que exigem investimentos estatais
(de que serve toda a alta tecnologia da Internet
diante de um ‘apagão’?), a impossibilidade de
serem criadas regras jurídicas com a mesma
rapidez em que evoluem as relações pessoais
e comerciais, a ausência de intimidade dos
operadores da lei com os novos conceitos...
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 179
inadimplência de grande parte destes contratos,
gerando uma onda de baixa de valores também
dos imóveis, pelo excesso de oferta resultantes
da execução das garantias. Constatou-se, afinal,
que os ‘terceiros confiáveis’ do sistema financeiro
não eram tão confiáveis assim. (TEIXEIRA;
RODRIGUES, 2019, p. 12/13)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 181
O colapso dos mercados foi tão drástico que
obrigou o Federal Reserve (Fed, o Banco Central
dos EUA) — e o Banco Central Europeu (BCE)
— a injetar centenas de bilhões de dólares e
a baixar as taxas de juros. Os bancos centrais
entraram em águas nunca antes navegadas de
política monetária e fiscal. Foram medidas de
choque que não chegaram à raiz do problema:
os bancos estavam infectados por produtos,
criados por matemáticos financeiros, que se
baseavam em créditos oferecidos a pessoas
que apresentavam renda incompatível com as
prestações, passado recente de inadimplência,
falta de documentação adequada, ou mesmo a
devedores sem patrimônio, trabalho ou renda.
Eram hipotecas podres porque eram concedidas
a pessoas que tinham trabalhos ‘podres’: más
condições sanitárias, falta de seguro médico
e violações à legislação, como pagamento
abaixo do mínimo legal. Enquanto o mercado
habitacional crescia irracionalmente, parecia um
negócio rentável. Só que há dez anos explodiu
a crise de liquidez e de confiança na solvência
das entidades, provocando a maior depressão
desde a Segunda Guerra Mundial. [...] Foi a pior
calamidade financeira desde 1930. Durante seus
19 meses de duração mais de 8,7 milhões de
empregos foram perdidos, mais de metade dos
adultos passaram pela perda do emprego ou
por corte no salário ou tiveram que trabalhar em
tempo parcial. O consumo e o PIB encolheram
devido à escassez de crédito e ao aumento do
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 183
principles and basic rights for users. Starting as
mailing lists like the Cypherpunk-mailing list in the
1990s, different groups of activists experimented
with technologies enabling communication
without using centralized services, organizations
and bypassing federal control. Projects like Phil
Zimmermann’s PGP (Pretty Good Privacy) and
TOR (The Onion Router) have their origins in the
Cypherpunk movement. (OPPITZ; TOMSU, 2018,
p. 548-549).34
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 185
Nesse sentido, os Cypherpunks promoveram ações
judiciais contra o Governo dos Estados Unidos alegando a
inconstitucionalidade de medidas de controle de dados e liberdade
de expressão, e tiveram êxito em inúmeras. Desse movimento
surgem estudos que foram aproveitados para o surgimento
do Bitcoin, inclusive a primeira pessoa (Hal Finney) a receber
uma transação de Bitcoin feita por Nakamoto fazia parte desse
movimento. (CAMPOS, 2018, p. 14)
37 Destina-se o tópico 6.3 deste trabalho para a análise dos smart contracts, mas já se des-
taca que se encontram na doutrina outras denominações, como “contratos inteligentes” e
“contratos autoexecutáveis”, sendo considerada mais adequada por este autor a última, con-
siderando suas características.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 187
banco de dados onde são realizadas e registradas
as transações realizadas.
38 Em tradução livre: “Propomos uma solução para o problema do gasto duplo usando uma
rede ponto-a-ponto. A rede marca a hora nas transações codificando-as numa cadeia conti-
nua de provas-de-trabalho baseada em hash, formando um registo que não pode ser altera-
do sem refazer a prova-de-trabalho.” (NAKAMOTO, 2009)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 189
E quando se fala no surgimento do Bitcoin, há um
rompimento com esse modelo centralizado. Ora, a rede Bitcoin
surgiu de forma distribuída, de livre acesso e resistente à censura,
o que será fundamental em garantir uma maior autonomia para as
pessoas, sem tanta dependência de um organismo centralizador.
Atualmente, praticamente tudo que se precisa fazer tem um agente
centralizador envolvido.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 191
os resultados”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 193
p. 4). Trazendo uma definição corporativa, é “rede de trocas para
valores em movimento entre partes” (MOUGAYAR, 2017, p. 4). E a
definição legal diz que blockchain é “um mecanismo de validação
de transações que não requer apoio de intermediários” (MOUGAYAR,
2017, p. 4). A blockchain possuirá capacidades nessas três esferas,
sendo uma continuação da história da internet, por isso se trouxe
aqui um pouco da modernização tecnológica, origem da internet e
impacto no Direito.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 195
Para entender o funcionamento da blockchain, é importante
diferenciar web, internet e blockchain. A web só existe por conta
da internet, ela possibilita que informações fiquem disponíveis na
internet para acesso em todo o mundo. A web, então, torna a internet
mais útil. A blockchain também precisa da internet, mas quanto à
web pode estar vinculada ou não. Se não tiver vinculada, fala-se na
blockchain nativa, se tiver misturada, é a blockchain híbrida. Além
disso, poderá ter versão pública e privada também, como a internet.
(MOUGAYAR, 2017, p. 7/8)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 197
mera letra da norma.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 199
feita com segurança, baseada na confiança da
rede durante sua viagem, enquanto sobrevive a
ataques em potencial.
40 Caso o leitor pesquise no Google algo semelhante à “fraude na OLX e Mercado Livre”,
encontrará inúmeras notícias sobre o assunto. Por exemplo, em 20 de fevereiro de 2020, Na-
thália Larghi, do Portal Valor Investe publicou a seguinte notícia: “O Procon-SP notificou as
empresas WhatsApp, OLX, Zap e Mercado Livre por conta de um novo golpe que circula no
aplicativo de mensagens. Na estratégia, os fraudadores monitoram esses sites de venda e
entram em contato com um internauta que esteja anunciando algo. Na ligação, os golpistas
pedem para que esse vendedor informe um código que será recebido por meio de mensa-
gens SMS a fim de confirmar que ele realmente é o anunciante daquele produto”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 201
Sendo uma rede distribuída, todos os usuários estarão
conectados, não existindo um servidor central que controla e registra
as transações. Por isso se fala peer-to-peer (ponto a ponto), pois
qualquer computador (chamado de nó) pode receber informação
de outro nó e a validar. Por exemplo:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 203
6) Conclusão: a transação é concluída e fica registrada no
bloco na rede blockchain.
Em suma,
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 205
Os algoritmos do hash são importantes porque não é
possível descobrir os dados originais por um hash, garantindo a
confidencialidade dos dados originais. E quando se fala na saída
representada no exemplo, se for um hash comumente usado (SHA-
256), haverá 2256 possibilidades de valores, ou seja, 115.792.089.237
.316.195.423.570.985.008.687.907.853.269.984.665.640.564.039.457.5
84.007.913.129.639.936 possíveis valores. Logo, isso aumenta ainda
mais a segurança.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 207
E esse foi o avanço de Satoshi Nakamoto, pois “a rede registra
a primeira transação em que o proprietário gasta uma moeda
específica e rejeita subsequentes gastos dessa moeda, eliminando
assim um gasto duplicado” (TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p. 62).
Além disso, a rede blockchain é pública, de modo que todos possam
ver todas as transferências que estão ocorrendo. Para Nakamoto,
foi importante desintermediar os poderes dos bancos centrais e
eliminar a ambiguidade e interpretações conflitantes. Segundo Don
e Alex Tapscott (2016, p. 62), “deixe o código falar por si mesmo.
Deixe a rede chegar ao consenso algoritmicamente sobre o que
aconteceu e gravar criptograficamente na blockchain”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 209
Esse princípio no qual a blockchain se baseia vem para
resolver o problema da internet que deixa o poder em grandes
instituições. Ora, poderes centrais acabam se sobrepondo aos
usuários, de modo que o consentimento dos usuários pouco
importe para robustas alterações no sistema. E com a tecnologia
blockchain “não há negociação por baixo do pano. Cada ação
ou transação é transmitida através da rede para verificação e
validação subsequente. Nada passa por uma terceira central; nada
é armazenado em um servidor principal” (TAPSCOTT; TAPSCOTT,
2016, p. 66). Não haverá um Banco Central ou uma Reserva Federal
controlando, por exemplo, a emissão de moedas.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 211
de responsáveis deixaram uma marca na
população - reduzindo a confiança no governo
e deixando eleitores polarizados e furiosos.
Washington mobilizou bilhões de dólares para
salvar cada setor que provocou a crise. Mas,
fora de Wall Street, o resto dos Estados Unidos
sofreram penúrias dramáticas. O índice de
suicídios disparou conforme devedores perdiam
suas casas em todo o país. Cerca de 10 milhões
de americanos ficaram sem trabalho. [...] Nos
anos após a crise, as investigações de executivos
da Goldman Sachs e Lehman Brothers e outras
entidades não levaram a lugar algum.
4.4.4 SEGURANÇA
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 213
notícia de 16 de janeiro de 2020 do Estadão, de autoria de Bruna
Arimathea, verificou-se que os golpes via WhatsApp afetaram mais
de 8 (oito) milhões de pessoas em 2019. E “se a próxima fase da
revolução digital envolve comunicação em dinheiro diretamente
entre as partes, então a comunicação precisará ser à prova de
hacking” (TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p. 71). No caso da blockchain,
essa segurança é garantida com a criptografia, que será melhor
explicada quando forem trabalhados os criptoativos.
4.4.5 PRIVACIDADE
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 215
No sistema criado por Satoshi, não há a exigência de nenhuma
identificação, de modo que não se forneça dados pessoais, hoje
tão importantes. Inclusive, Clive Humby, matemático especializado
em ciência de dados, citado por César Ripari (2019), disse: “Data is
the new oil”, que traduzindo de forma livre seria “Dados são o novo
petróleo”. E os dados possuem uma enorme vantagem, porque
estão disponíveis em larga escala.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 217
de pessoas que tiveram informações hackeadas para criar perfis
políticos no contexto das eleições americanas de 2016, trabalhando-
se inclusive com um direito comparado.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 219
E isso afasta o poder de uma autoridade central, que não
existirá. O consenso da rede não pode ser substituído. Nesse
contexto, importantes os smart contracts, que serão mais detalhados
ainda neste trabalho.
4.4.7 INCLUSÃO
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 221
2017, p. 10). Ao examinar a blockchain, verificam-se inúmeros pedaços,
tais como banco de dados, aplicação de software, conexão entre
computadores, pessoas para acessá-lo, dentre outros. A blockchain
desafia outros softwares existentes por substituir ou complementar
práticas existentes e o principal: desafia a função e a concentração
de poder das instituições financeiras.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 223
qualquer um pode verificar se você incluiu
aquela informação porque o repositório possui
sua assinatura, mas somente você (ou um
programa) pode desbloquear o que está dentro
dele, pois somente você possui a chave para
aqueles dados. Então a blockchain se comporta
como um banco de dados, exceto parte da
informação armazenada, o ‘cabeçalho’, é pública.
(MOUGAYAR, 2017, p. 22)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 225
excitação e ceticismo hoje. A internet se mostrou
uma ferramenta maravilhosa, porque os grupo
animados ganharam dos céticos. Mas isso não
aconteceu à toa, por puro entusiasmo, ou apenas
com o tempo. Aconteceu, porque, desde o início,
os participantes conseguiram identificar os
desafios para a comercialização da internet e, um
por um, os resolveram, assim as barreiras ficaram
cada vez menores, e as oportunidades ficaram
maiores e mais possíveis de atingir. (MOUGAYAR,
2017, p. 67)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 227
(2016, p. 305/306)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 229
em função da rápida evolução da tecnologia. Segundo Tapscott e
Tapscott (2016, p. 310), “a maioria dos equipamentos de mineração
tem uma vida útil de três a seis meses”. Obviamente os usuários
da rede estão pensando nesses aspectos, surgindo ideias de
concentrar as máquinas em locais mais frios e a questão da
reciclagem também.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 231
manterem no controle.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 233
permita fazer mais com menos recursos humanos,
ainda não temos nenhum caso a temer, retardar
ou parar a caminhada. Em última análise, o que
importa não é se existem novas capacidades, mas
a medida em que as sociedades as transformam
em benefício social. Se as máquinas estão
criando tanta riqueza, então talvez seja a hora de
um novo contrato social que redefina o trabalho
humano e quanto tempo todos nós devêssemos
gastar vivendo. (TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p.
320/321)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 235
indivíduos e organizações podem usar inovações
para o bem e para o mal, e isso tem sido
verdade em uma ampla gama de tecnologias, da
eletricidade à internet. Yocahi Benkler, autor da
influente obra A riqueza das redes, nos disse: ‘A
tecnologia não é sistematicamente tendenciosa
em favor da desigualdade e da estrutura do
emprego; que é uma função de batalhas sociais,
políticas e culturais’. Embora a tecnologia possa
mudar as empresas e a sociedade dramática
e rapidamente, Benkler acredita que ‘não de
forma determinística, de uma forma ou de outra’.
(TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p. 328)
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 237
decisão não é necessariamente quem suporta o risco da decisão
tomada, logo se tornam primordiais mecanismos para mitigar
os conflitos de interesse e eventuais abusos. Além disso, com a
assimetria de informações, torna-se difícil o controle da relação
entre agente e principal. Desse modo,
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 239
de sanção.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 241
um não pode ser atendido sem que o outro seja sacrificado”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 243
(inclusive intangíveis) que norteiam a ação
gerencial e que conduzem à preservação e à
otimização do valor da organização;
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 245
é mais uma das razões que demonstram a importância desta
pesquisa. Primeiramente, sobre a celebração de contratos com
terceiros e oferta de valores mobiliários, importante comentar sobre
os smart contracts, que serão trabalhados em tópico posterior mais
detalhadamente. De toda forma, já se adianta que a sua grande
vantagem é o caráter de autoexecutividade, isto é, uma vez iniciado,
o próprio smart contract asseguraria o cumprimento dos termos
negociais pactuados.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 247
disponíveis para o acionista com antecedência mínima de um mês,
embora isso ainda exija uma ajuda especializada para compreensão
dos documentos.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 249
e operações”, criou o protótipo de blockchain “editável” para sistemas
corporativos e privados. Segundo os editores, o projeto “atende os
desafios da imutabilidade da blockchain para sistemas proprietários,
incluindo o direito de ser esquecido, erros humanos e ações ilegais”,
mas isso descaracterizaria toda a ideia de Satoshi Nakamoto? São
respostas que ainda não se têm e devem ser acompanhadas.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 251
outros a que elas têm acesso, para negociar com
investidores ignaros dessas mesmas informações.
Se estes últimos tivessem ciência, em tempo
oportuno, daquelas informações privilegiadas, ou
não teriam realizado aquelas operações, ou as
teriam celebrado em condições diversas.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 253
como o fato de depender dos gestores e, em inúmeros casos, o
gerenciamento nem sempre se dá com integridade. Às vezes o
problema nem é a integridade, mas o erro a que todos humanos
estão sujeitos. Um número errado na planilha pode trazer um enorme
problema para o resultado da contabilidade. Outro problema é
a baixa efetividade nas normas para reduzir fraudes, uma vez
que no comércio moderno há inúmeras formas de se esconder
irregularidades. Por fim, o fato dos métodos de contabilidade
tradicionais não serem efetivos para novos modelos de negócios.
(TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p. 110)
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 255
aquela.
CRIPTOATIVOS
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 257
referentes a operações realizadas com
criptoativos, inclusive intermediação, negociação
ou custódia, e que pode aceitar quaisquer meios
de pagamento, inclusive outros criptoativos.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 259
54 55
“
54 Os Relatórios do Banco Central Europeu que se fazem menção neste trabalho podem ser
consultados nos seguintes links: <https://www.ecb.europa.eu/pub/pdf/other/virtualcurren-
cyschemes201210en.pdf> e <https://www.ecb.europa.eu/pub/pdf/other/virtualcurrencys-
chemesen.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2020.
55 Os comentários aqui transcritos podem ser verificados no link: <https://www.camara.leg.
br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=438E8D9E2BB3943860F683354E389A-
BC.proposicoesWebExterno2?codteor=1358969&filename=PL+2303/2015>. Acesso em: 26
mar. 2020.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 261
janeiro de 2018, nos seguintes termos:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 263
mesmos efeitos, principalmente tributários. Para
essa situação, os efeitos decorrentes devem ser
aqueles inerentes à operação de compra e venda.
A ideia aqui é considerar para tratamento jurídico
a função principal do criptoativo na operação,
respeitando-se sua fungibilidade intrínseca. Uma
terceira hipótese é aquela onde o criptoativo
é usado como um ativo representativo de um
direito dentro da rede. (CAMPOS, 2018, p. 27/29)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 265
das telecomunicações em associação aos computadores. Não há
dúvidas quanto à importância dos documentos físicos, mas é fato
que os documentos eletrônicos hoje movimentam a grande massa
dos créditos.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 267
se que qualquer representação material também pode adquirir essa
característica (SANTOS, 2002, p. 460).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 269
suma, a não discriminação das mensagens de dados eletrônicos
em comparação às produzidas tradicionalmente, ou melhor, às
declarações de vontade, verbais ou escritas” (LAWAND, 2003,
p. 42/43). Importante relembrar aqui o art. 5º da Lei Modelo da
UNCITRAL sobre Comércio Eletrônico, da Organização das Nações
Unidas: “Artigo 5 - Reconhecimento jurídico das mensagens de
dados: Não se negarão efeitos jurídicos, validade ou eficácia
à informação apenas porque esteja na forma de mensagem
eletrônica.” (ONU, 1997).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 271
§1º As declarações constantes dos documentos
em forma eletrônica produzidos com a utilização
de processo de certificação disponibilizado pela
ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação
aos signatários, na forma do art. 131 da Lei no
3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil.
5.1.1 CRIPTOGRAFIA
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 273
três parâmetros:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 275
pública, por seu turno, será capaz de ‘abrir’,
de descriptografar apenas as mensagens que
foram criptografadas pela chave privada a ela
associada. A cada chave privada de criptografia
existe uma e uma só chave pública associada e,
obviamente, cada par de chaves estará associada
a apenas um usuário, a apenas uma pessoa como
‘proprietária’.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 277
proprietário da chave privada correspondente à chave pública.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 279
Então, como se verifica, é por meio da ICP-Brasil que um
documento eletrônico obterá a segurança jurídica. Claro que isso
não significa que seja a única forma de validação de documento
eletrônico, mas se seguir os moldes da ICP-Brasil, haverá uma
presunção de validade legal.
Na prática,
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 281
E, de acordo com o art. 10 da Medida Provisória 2.200-2,
são válidos os documentos assinados digitalmente no Brasil, seja
no âmbito da ICP-Brasil, sejam emitidos fora da Infraestrutura de
Chaves Públicas. Mas, se for emitido pela ICP-Brasil, haverá uma
presunção de veracidade em relação aos signatários. Embora o §1º
do citado art. 10 faça menção ao Código Civil de 1916, é evidente
que deve ser feita a adequação para o Código Civil de 2002, que
se encontra vigente e assim dispõe no art. 219: “As declarações
constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras
em relação aos signatários” (BRASIL, 2002, Art; 219).
Sobre o §2º,
pessoas jurídicas de direito privado. Art. 9º É vedado a qualquer AC certificar nível diverso do
imediatamente subseqüente ao seu, exceto nos casos de acordos de certificação lateral ou
cruzada, previamente aprovados pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil. (BRASIL, 2001, Art. 5º/9º)
Em Portugal,
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 283
verificou-se que o comércio eletrônico era uma
realidade que afetaria sociedade e meio jurídico,
surgindo deste contexto a necessidade de
regulamentação jurídica. Com fito de criar um
ambiente seguro para transações comerciais
eletrônicas e propiciar segurança tanto para os
fornecedores quanto para consumidores de
produtos adquiridos via web, surge o Decreto-
Lei 290-D/99, de 2 de agosto de 1999, norma
exemplar pois trata com grande propriedade do
tema documento eletrônico e assinatura digital. O
referido Decreto passou por algumas alterações
em virtude do Decreto-Lei 62.2003, o qual
procura compatibilizar o primeiro com diretivas
da Comunidade Europeia. (FREIRE JÚNIOR, 2015,
p. 377)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 285
sendo inclusive um instrumento do dia-a-dia de advogados e
empresários, por exemplo.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 287
Assim, enquanto a assinatura manual é identificada pela
grafia, a digital é identificada pelo sistema de criptografia, de modo
que se garante que o documento se encontra íntegro, como foi
criado e enviado. É interessante o sistema da assinatura digital,
pois se for incluído um espaço em branco no texto, por exemplo, a
assinatura fica invalidada. (BACELETE, 2011, p. 115)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 289
são muitas as possibilidades de aplicações da
assinatura digital, dentre elas encontram-se as
seguintes: - comércio eletrônico; - processos
judiciais e administrativos em meio eletrônico; -
facilitar a iniciativa popular na apresentação de
projetos de lei, uma vez que os cidadãos poderão
assinar digitalmente sua adesão às propostas;
- assinatura da declaração de renda e outros
serviços prestados pela Secretaria da Receita
Federal; - obtenção e envio de documentos
cartorários; - transações seguras entre
instituições financeiras, como já vem ocorrendo
desde abril de 2002, com a implantação do
Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB; - Diário
Oficial Eletrônico; - identificação de sítios na rede
mundial de computadores, para que se tenha
certeza de que se está acessando o endereço
realmente desejado; etc. (INSTITUTO, 2012)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 291
oferencendo recursos digitais brutos) e criptotokens (tokens digitais,
oferecendo bens e serviços digitais acabados).
5.2.1 CRIPTOMOEDAS
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 293
mais é que uma convenção humana para servir de meio de troca
universal, já que nem todos produzem tudo que precisam.58
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 295
existem artigos bem mais antigos que visam
métodos computacionais de prova (como é
o caso do Proof Of Work, que é central para a
construção das criptomoedas), então era possível
que as criptomoedas tivessem sido inventadas
antes disso, mas que nenhuma dessas aplicações
tivesse recebido a devida atenção e, portanto,
não caberia ao Bitcoin ser chamado de pioneiro.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 297
depositada em um custodiante, de forma que
cada Tether sempre valerá um dólar. Há também
a proposta da criptomoeda Digx (DGX) em que
cada token pretende representar um grama de
ouro. A controversa moeda venezuelana Petro
seria lastreada pelo Petróleo do país, com cada
Petro (PTR) valendo o equivalente a um barril de
petróleo. (TEIXEIRA; RODRIGUES, 2019, p. 58/59)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 299
- Marrocos: o uso de criptomoedas é considerado ilegal;
5.2.1.1 BITCOIN
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 301
era recalibrada automaticamente a cada duas
semanas, com o objetivo de manter a quantidade
de tempo entre os blocos em uma média de 10
minutos. Em outras palavras, 50 novos bitcoins
eram liberados a cada 10 minutos, e o grau de
dificuldade era aumentado ou diminuído pelo
software do Bitcoin para manter esse período
de saída intacto. No primeiro ano de circulação,
300 bitcoins eram liberados por hora (60 minutos,
10 minutos por bloco, 50 bitcoins liberados por
bloco), 7.200 bitcoins por dia e 2,6 mihões por
ano. (BURNISKE; TATAR, 2019, p. 36)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 303
possibilidade em pagamentos com cartão de crédito, por exemplo.
Sendo um sistema de pagamento não reversível, a criptomoeda
“elimina a ‘fraude amigável’ acarretada pelo mau uso de estornos
de consumidores” (ULRICH, 2014, p. 24), porém ainda há alguns
questionamentos a serem respondidos, sendo um exemplo como
ficaria o direito de arrependimento previsto no Código de Defesa do
Consumidor no direito brasileiro60.
60 “Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assi-
natura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de forne-
cimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrepen-
dimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante
o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.” (BRASIL,
1990)
61 Recomenda-se a matéria do Portal Forbes, de autoria de Jon Matonis, veiculada em 27 de
abril de 2013, cujo título é: “Bitcoin’s Promise in Argentina”. Está disponível no link: <https://www.
forbes.com/sites/jonmatonis/2013/04/27/bitcoins-promise-in-argentina/#1ac27c9833d5>,
com acesso em 02 jun. 2020.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 305
Sobre o comparativo feito por Fernando Ulrich (2016, p. 105),
ele completa:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 307
Como já explicado, para que o fluxograma que representa
um pagamento via cartão de débito funcione, haverá uma série
de órgãos estatais, com uma elevada regulamentação e altos
custos de transação. Enquanto isso, para o pagamento via bitcoin,
o usuário da rede fará o papel de proprietário, custodiante e criador
do instrumento financeiro, mas tudo garantido por criptografia.
5.2.1.2 ALTCOINS
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 309
pelo governo, como o ICANN, um site Namecoin
é registrado através de um serviço que existe
em cada computador da rede Namecoin.
Isso melhora a segurança, a privacidade e a
velocidade. Para ganhar um site .bit, é preciso ter
namecoins, daí a necessidade de se ter um ativo
nativo. (BURNISKE; TATAR, 2019, p. 39)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 311
dos criptoativos mais jovens no livro e adequado
apenas para investidores de criptoativos mais
experientes. (BURNISKE; TATAR, 2019, p. 47)
64 Em tradução livre, “A assinatura de anel é um esquema mais sofisticado, que de fato pode
exigir várias chaves públicas diferentes para verificação. No caso de assinatura de anel, te-
mos um grupo de indivíduos, cada um com sua própria chave secreta e pública. A afirmação
comprovada pelas assinaturas de toque é que o assinante de uma determinada mensagem
é um membro do grupo. A principal distinção com os esquemas comuns de assinatura di-
gital é que o assinante precisa de uma única chave secreta, mas um verificador não pode
estabelecer a identidade exata do assinante. Portanto, se você encontrar uma assinatura de
anel com as chaves públicas de Alice, Bob e Carol, poderá reivindicar apenas que um desses
indivíduos era o assinante, mas não poderá identificá-lo. Esse conceito pode ser usado para
tornar não rastreáveis as transações digitais enviadas à rede, usando as chaves públicas de
outros membros na assinatura de anel que será aplicada à transação. Essa abordagem prova
que o criador da transação é elegível para gastar o valor especificado na transação, mas sua
identidade será indistinguível dos usuários cujas chaves públicas ele usou em suas assina-
turas de anel. Note-se que as transações estrangeiras não o impedem de gastar seu próprio
dinheiro. Sua chave pública pode aparecer em dezenas de assinaturas de toque de outras
pessoas, mas apenas como um fator de confusão (mesmo que você já tenha usado a cha-
ve secreta correspondente para assinar sua própria transação). Além disso, se dois usuários
criarem assinaturas de anel com o mesmo conjunto de chaves públicas, as assinaturas serão
diferentes (a menos que usem a mesma chave privada).”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 313
lançado em 2016 com nenhuma moeda ainda em circulação, como
ocorreu com o Bitcoin, só que em um contexto de maior valorização
das criptomoedas. (BURNISKE; TATAR, 2019, p. 50/51)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 315
o ether é um elemento necessário – um
combustível – para operar a plataforma
de aplicação distribuída Ethereum. É uma
forma de pagamento feita pelos clientes da
plataforma, o ether é o incentivo que assegura
que desenvolvedores criem aplicações de
qualidade (desperdício de código custa mais), e
que a rede permaneça saudável (as pessoas são
compensadas por seus recursos disponibilizados).
(BURNISKE; TATAR, 2019, p. 57)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 317
da Apple, não construindo seus próprios sistemas operacionais.
Como ocorreu com o Bitcoin, incentivando o surgimento de novas
criptomoedas, o mesmo ocorreu com o Ethereum, incentivando
outros computadores mundiais descentralizados, como Lisk, Tezos,
Waves, dentre outros. (BURNISKE; TATAR, 2019, p. 62)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 321
sistemas automáticos de controle, a teoria da
informação, o processamento de dados e outros
elementos próprios. Com isso, verificamos, por
exemplo, que a assinatura do próprio punho do
obrigado vem sendo gradativamente substituída.
Hoje, não há mais necessidade de um cheque,
devidamente preenchido e assinado, para sacar
dinheiro em Banco. Basta possuir um simples
cartão magnético ou cartão de crédito e, de
qualquer lugar, a qualquer hora, próximo ou não
do Banco, até mesmo de outra cidade no país
ou no exterior, você poderá sacar valores da sua
conta, sem ter que assinar qualquer documento,
qualquer papel, qualquer título de crédito. A
transferência de valores de uma para outra
pessoa e inúmeras outras operações podem ser
realizadas com os mesmos cartões e até sem
eles, pelo uso de códigos e senhas fornecidas
pelos Bancos. Muitas dessas operações de
crédito são feitas pelos programas (softwares)
chamados ‘home banking’ que são oferecidos
a quem tem computador e um modem nele
ligado. Diante dessa evolução, não podemos
mais desconsiderar o estudo de tais assuntos,
principalmente o que estamos chamando de
Direito Comercial Virtual, que vai dominar os
nossos futuros dias. Seremos, por isso, forçados a
elaborar novas teorias, sobre quase tudo que até
aqui vimos. E isto há de ser agora, pois a evolução
da informática é extraordinária e nada espera.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 323
pessoas que vivem com menos de dois dólares
por dia. Os pagamentos que precisam fazer são
minúsculos, muito pequenos para a rede de
pagamentos convencionais, tais como cartões
de crédito e débito, onde as taxas mínimas fazem
os chamados micropagamentos impossíveis.
Os bancos simplesmente não veem o serviço a
essas pessoas como uma ‘proposição rentável’,
de acordo com um recente estudo da Havard
Business School. E assim, a máquina de fazer
dinheiro não é verdadeiramente global em escala
e escopo. (TAPSCOTT; TAPSCOTT; 2016, p. 90)
67 Coloca-se “justiça” entre aspas, considerando a obra de Dimitri Dimoulis (2011, p. 85 e 97)
uma vez que “o conceito de justiça é extremamente controvertido e não parece possível dar
uma definição que permita operacionalizá-la para avaliar o caráter justo ou injusto do direito
em vigor. [...] A justiça é um valioso ideal, pelo qual as pessoas lutam e até estão dispostas a
morrer. Mas a justiça é só isso: um ideal abstrato, fluido e mutável”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 325
desatualizada, com normas da época da era industrial. “No estado
de Nova York, as leis de transferência de dinheiro remontam à Guerra
Civil, quando os principais meios para se movimentar dinheiro eram
o cavalo e a charrete” (TAPSCOTT; TAPSCOTT; 2016, p. 90).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 327
de 21 (vinte e um) dias. A rede Bitcoin, por sua vez, “leva em média
10 minutos para autorizar e efetuar todas as transações conduzidas
nesse período” (TAPSCOTT; TAPSCOTT; 2016, p. 93).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 329
4 Emprestando valor – A dívida pode ser governo),
débito em cartão de emiti-da, trocada microempréstimos,
crédi-to, hipotecas, e regulari-zada na crowdfunding,
títulos cor-porativos, blockchain; aumenta reguladoras,
títulos munici-pais, a eficiência, reduz agências de
títulos governamen- o atrito, melhora classificação de risco
tais, títulos o risco sistêmico. de crédito, empresas
garantidos por ativos Os con-sumidores de software de
e outras formas de podem utili-zar sua avaliação de crédito.
crédito. reputação para
acessar empréstimos
de seus pares; o
que é significativo
para um mundo
sem conta ban-cária
e para os empre-
endedores.
5 Trocando valor A Blockchain Investimento,
– especulação, leva o tempo de banco por atacado,
hedging e liquidação de todas operadores de
arbitragem. Ordens as transações de câmbio, fundos
correspondentes, dias e semanas para especu-lativos,
compensação minutos e segundos. fundos de pen-são,
de transações, Essa velocidade e corretagem de va-
gestão de garantias eficiência também rejo, câmaras de
e valorização, criam oportunidades com-pensação,
liquidação e para que as pessoas ações, futu-ros,
custódia. sem conta e acesso bolsas de mercado-
bancário participem rias; corretoras
da criação da de com-modities,
riqueza. bancos cen-trais,
reguladoras.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 331
a negócios ilícitos, Austin Hill disse: “Wall Street tem de acordar
urgentemente” (TAPSCOTT; TAPSCOTT; 2016, p. 98), referindo-se ao
interesse da indústria financeira em tecnologias blockchain. Outro
caso interessante é o de Blythe Masters, uma das pessoas mais
importantes de Wall Street:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 333
Bitcoin”. Nele, explica-se a história do Bitcoin e, naturalmente, a da
blockchain, sendo que possuem as origens entrelaçadas, como já
explicado. Segundo Diego Marques (2017), “a narrativa posiciona
o Bitcoin como a única ‘moeda honesta’ em circulação. O filme
contrasta as diferenças entre os sistemas bancários centralizados
e a razão pública no coração do Bitcoin, que remove a necessidade
de uma autoridade central”. O documentário destaca como o Bitcoin
tem o poder de reduzir taxas de remessa e inserir no mercado as
pessoas que ainda não possuem acesso a contas bancárias.
Como explicado por Jairo Saddi (2007, p. 17), “um dado país
não consegue se desenvolver sem um amplo e estável mercado
de crédito”. Diz ainda que “desenvolvimento econômico sustentável
de longo prazo que permita o combate à pobreza, depende de um
mercado de crédito crescente que inclua a todos” (SADDI, 2007, p.
17). João Eunápio Borges (1971, p. 9) diz que os títulos de crédito
tiveram um papel mais importante que
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 335
fáceis de se transmitir crédito com segurança foram criadas, como
cartões de crédito e débito e transferência eletrônica de disponíveis
(TED’s).
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 337
alterados de modo a afetar o patrimônio jurídico
já consolidado. Aqui o princípio da segurança
jurídica suporta os particulares, assegurando
aos atos praticados sob certa regulamentação
não serão afetados por outra que advenha, seria
possível falar num direito à estabilidade conferido
aos cidadãos.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 339
E onde que entra a blockchain nessa questão? Os bancos
de fato possuem um papel de dar mais segurança às transações
bancárias, mas isso significa que somente eles podem dar essa
segurança? Como mostrado no citado documentário da Netflix, o
Bitcoin remove a necessidade de uma autoridade central, ou seja,
garante segurança sem a atuação dos bancos de forma centralizada.
E é preciso também ampliar o acesso das pessoas ao sistema
bancário, o qual é bem restrito como se verificou na pesquisa do
Instituto Locomotiva (2019). Então por que a resistência? Todos esses
questionamentos são necessários para entender o conflito inicial
entre bancos e quem apoia a blockchain, o que vem mudando.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 341
Ora, os bancos buscam rever alguns pressupostos para a
blockchain, de modo que se adapte aos seus interesses. Mas ainda
não há todas as respostas. Por exemplo, como ficaria o papel dos
reguladores, sendo que a blockchain por si só já funciona como
uma regulamentação, considerando a redução de riscos e aumento
da transparência nas negociações. O R3 mostra que os bancos não
querem perder seu domínio e isso pode atrapalhar o crescimento da
tecnologia blockchain, que possui as mais diversas possibilidades
para se desenvolver. Com ela, há os benefícios da “compensação
instantânea, a interoperabilidade global, os altos níveis de segurança
e a quase isenção de custo das transações. Ela beneficia a todos,
seja você uma pessoa ou um negócio” (TAPSCOTT; TAPSCOTT; 2016,
p. 107). Mas é importante o leitor ter em mente que, com grandes
grupos investindo nesse sistema, por qual razão eles iriam querer
ampliar para toda população e perder o controle?
então construímos uma desde o início. Aquele é Corda. Em 2016, a R3 lançou o Corda como
uma plataforma blockchain de código aberto com o apoio de uma comunidade vibrante de
organizações e desenvolvedores. Em 2018, lançamos o Corda Enterprise, que aproveita os
principais elementos do código aberto do Corda e os ajusta para atender aos requisitos de
infraestrutura de serviço e rede dos setores altamente regulamentados de hoje. Hoje, o R3
transformou-se de um consórcio bancário em uma empresa de software empresarial cujos
clientes continuam a colher os benefícios das comunidades vibrantes que construímos em
torno da plataforma Corda. Tanto os construtores quanto os exploradores se beneficiam de
duas distribuições interoperáveis totalmente compatíveis da Corda”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 343
6.2 O MODELO DISTRIBUÍDO DA BLOCKCHAIN NA
ATIVIDADE EMPRESÁRIA
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 345
identificar o trabalho a ser feito, distribuir a carga
entre as pessoas com vontade e capacidade de
fazê-lo, acordar seus papéis, responsabilidades e
compensações, e depois codificar esses direitos
em um ‘acordo autoaplicável explícito, detalhado
e inequívoco, que pode servir como a cola
para manter todos os aspectos de negócio do
nosso relacionamento junto’, esclareceu [Lubin].
Alguns acordos pagam por desempenho, outros
distribuem um salário anual em ether, e outros
ainda são mais como ‘pedidos de participação’
com recompensas ligadas à conclusão da
tarefa, como escrever uma linha de código. Se
o código passa no teste, então a recompensa é
automaticamente liberada. ‘Tudo pode ser visível
e devidamente transparente. Os incentivos são
explícitos e granulares’, explicou. (TAPSCOTT;
TAPSCOTT, 2016, p. 127)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 347
a transformar consumidores em produtores
(‘prosumers’). Planejadores de produto, em razão
da contribuição coletiva, produziram inovações.
Fabricantes alavancaram grandes redes de
abastecimento. (TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p.
130)
70 Desse aspecto podem ser extraídas inúmeras discussões, como o caso de haver uma
decisão judicial ordenando a retirada de determinado registro, em função, por exemplo, do
direito ao esquecimento, ou de um erro judiciário. Enfim, ainda são muitas perguntas para
esse aspecto da imutabilidade.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 349
Fazendo um comparativo entre o que a blockchain pode
fazer com o que o LinkedIn permite atualmente:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 351
6.3 SMART CONTRACTS
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 353
o produto seja entregue e o pagamento realizado. Sem esse terceiro
de confiança, ainda é possível fazer uma transação, uma vez que ele
não é um requisito de existência e validade. Interessante exemplo
é trazido por Teixeira e Rodrigues (2019, p. 115), considerando uma
programação não tão complexa:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 355
de um ativo digital puro como um Bitcoin, é
facilmente compreendida, pois os polos credor e
devedor podem ajustar cláusulas programáveis,
cuja verificação de sua ocorrência seja objetiva
e não dependa de terceiros, como uma data,
horário ou mesmo entrega de um produto.
Assim, esta situação fática, registrada na
plataforma blockchain se verifica, a transferência
do ativo digital se perfaz automaticamente,
sem participação de qualquer intermediário.
(TEIXEIRA; RODRIGUES, 2019, p. 115)
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 357
mercado acionário chinês quebrou, o S&P 500
teve seu pior desempenho em quatro anos, e
analistas financeiros em todos os lugares estavam
falando de outra desaceleração econômica
global e possível crise. IPOs tradicionais foram
retirados do mercado, fusões paralisadas, e o
Vale do Silício foi ficando nervoso sobre a sua
supervalorização de seus unicórnios queridos, as
empresas privadas avaliadas em mais de 1 bilhão
de dólares.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 359
GRUPENMACHER, PRADO, 2018, p. 794/795). Inclusive se deve tomar
cuidado na trudução de Initial Coin Offerings, recomendando-se
“oferta inicial de criptoativo” e não “oferta inicial de moeda”, uma vez
que as ICOs estão relacionadas a criptomoedas, criptocommodities
e criptotokens, conforme a sistemática dos criptoativos analisadas
no capítulo anterior.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 361
O monitoramento das ICOs se dará por sites online, como a Smith +
Crown, do qual se extraiu o gráfico acima.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 363
uma provável explicação de repulsa, temor e
ojeriza tida pelas moedas virtuais talvez seja
encontrada no fato de que, em sua pequena vida,
já serviram elas para inúmeras e reconhecidas
condutas criminosas. Tratou-se, entre outros,
de eventos como os conhecidos mercado de
assassinos; ou o caso da Silk Road, do chamado
Dread Pirate Roberts.73
73 Na sua obra, Renato de Mello Jorge Silveira (2018, p. 110/114) explica que houve uma
associação do Bitcoin com o mercado de assassinos da deepweb, uma vez que os pagamen-
tos em regra eram feitos com Bitcoins pela promessa de anonimato. Mas anonimato não se
confunde com sigilo total e irrastreabilidade. A mesma associação ocorre com o caso da Silk
Road, sendo seu criador Ross Ulbricht, com o codinome Dread Pirate Roberts, fez com que
surgisse um mercado anônimo de compra e venda de drogas, no qual se utilizava Bitcoins.
Falava-se até que era o e-Bay das drogas.
74 “Duplicata simulada. Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corres-
ponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá
aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído
pela Lei nº 5.474. de 1968)”. (BRASIL, 1940, Art. 172)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 365
Ao adquirir os tokens, eles terão valor de uso, de modo
que possam ser consumidos posteriormente, ou valor de troca,
podendo ser negociados. Mas como garantir que as ofertas
realizadas sejam efetivamente cumpridas, com o investimento
dos recursos arrecadados? Aí entra a tecnologia blockchain. Na
rede compartilhada, os tokens poderão ser acessados diretamente
pelos investidores por meio de suas chaves privadas (baseando-
se na criptografia), ou por meio de uma exchange onde se deu a
negociação. Nesse aspecto pode se questionar a segurança, uma
vez que o investidor fica “nas mãos” da exchange que terá todos
seus dados e pode simplesmente desaparecer.
76 Em tradução livre, “As ICOs representam a violação mais difundida, aberta e notória das
leis federais de valores mobiliários desde o Código de Hamurabi [...] É mais do que a extensão
da violação, é a qualidade quase cômica da violação”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 367
There are clear risks associated with these
offerings. ICOs are highly speculative investments
in which investors are putting their entire invested
capital at risk. While some operators are providing
legitimate investment opportunities to fund
projects or businesses, the increased targeting of
ICOs to retail investors through online distribution
channels by parties often located outside an
investor’s home jurisdiction -- which may not be
subject to regulation or may be operating illegally
in violation of existing laws -- raises investor
protection concerns. There have also been
instances of fraud, and as a result, investors are
reminded to be very careful in deciding whether
to invest in ICOs.77
77 Em tradução livre: “Existem riscos claros associados a essas ofertas. As ICOs são investi-
mentos altamente especulativos em que os investidores estão colocando todo o seu capital
investido em risco. Embora algumas operadoras estejam oferecendo oportunidades legíti-
mas de investimento para financiar projetos ou negócios, o aumento da segmentação de
ICOs para investidores de varejo por meio de canais de distribuição online por partes fre-
quentemente localizadas fora da jurisdição local do investidor – que pode não estar sujeito
à regulamentação ou estar operando ilegalmente em violação das leis existentes – levanta
preocupações com a proteção dos investidores. Também houve casos de fraude e, como
resultado, os investidores são lembrados de serem muito cuidadosos ao decidir se investem
em ICOs ”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 369
“The DAO”, Descentralized Autonomous Organization, entendendo
que havia um descumprimento da legislação em vigor. No Relatório
n. 81.207, de 25 de julho de 2017, ficou estabelecido os tokens DAO
seriam valores mobiliários, por preencherem os requisitos do Teste
de Howey e, dessa forma, deveria ter sido submetido a registro e
aprovação da SEC. Essa classificação é importante para verificar
se será tratada como uma abertura de capital ou não. Sendo
considerada como valores mobiliários, se não tiver o registro e
aprovação da SEC, ela poderá determinar sua suspensão.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 371
A empresa supostamente permite que seus
clientes retirem e depositem fundos em Ether
(ETH) e euros. Por último, o lançamento especifica
que a empresa se concentra em propriedades
localizadas em grandes centros urbanos na
Alemanha, incluindo Berlim, Hamburgo, Rostock,
Jena e Fulda. As autoridades alemãs também
mostraram uma abertura em relação à blockchain
e à criptomoeda. Em um comunicado recente,
o banco central observou que os benefícios
potenciais do Libra do Facebook não devem ser
suprimidos, apesar da incerteza regulatória e dos
potenciais riscos.
6.5 CROWDFUNDING
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 373
there are up to 344 million households in the
developing world able to make small crowdfund
investments in community businesses. These
households have an income of at least US$10,000
a year, and at least three months of savings or
three months savings in equity holdings. Together,
they have the ability to deploy up to US$96 billion
a year by 2025 in crowdfunding investments. The
greatest potential lies in China, which accounts for
up to US$50 billion of that figure, followed by the
rest of East Asia, Central Europe, Latin America/
the Caribbean, and the MENA region.80
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 375
Participação / Usada por Instrução CVM n. 588.
Investimento empreendedores,
pessoas jurídicas,
(equity crowdfunding) que buscam uma
alternativa de
financiamento das
atividades de sua
empresa nascente,
dando, em troca do
investimento efetuado
pelos investidores,
uma participação
naquela.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 377
possibilitando que novas ideias prosperem.
Como deflui do site da empresa, o Broota
presta serviços de tecnologia, fornecendo uma
plataforma online na internet para a captação
de recursos no âmbito do crownfunding. Sua
proposta é democratizar o acesso às melhoes
organizações inovadoras e de impacto, por isso, a
plataforma viabiliza a captação de investimentos
para startups de modo público ou privado.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 379
empréstimo, podendo ser o crédito convertido em participação no
capital social investida em casos como de aquisição de controle
por terceiros ou se houver transformação para sociedade anônima
antes do vencimento da dívida, ou o investimento também pode
se dar na forma de contrato de investimento coletivo, com o
investimento ingressando na sociedade como capital, de modo
que o investidor será remunerado com base no desempenho do
empreendimento. Maria Eugênia Reis Finkelstein (2018, p. 827)
sugere a forma da sociedade em conta de participação, como forma
de limitar o risco dos investidores. Caso haja uma má administração,
a responsabilidade dos investidores estará limitada ao capital
investido.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 381
Para uma IPO, inclusive, visando ao seu sucesso, a preparação
deve ocorrer bem antes da própria IPO propriamente dita:
82 “PwC” refere-se à PricewaterhouseCoopers Brasil Ltda., que atua há 103 anos no Brasil na
prestação de serviços em auditoria e asseguração, consultoria tributária e societária, consul-
toria de negócios e assessoria em transações.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 383
Logo, observa-se aí um prazo de pelo menos três anos caso
haja uma preparação para a realização da oferta. Caso a oferta
dos títulos inclua mercados internacionais, ainda se deve atentar à
legislação do mercado internacional.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 385
à operação como companhia aberta variam de
acordo com o mercado no qual a empresa atua,
principalmente porque cada país tem legislação
e regras específicas a serem cumpridas. A maioria
dos participantes no Brasil (66% das empresas
pesquisadas) afirma ter um custo de operação
como companhia aberta menor do que US$400
mil anualmente, enquanto no mercado norte-
americano a maior parte das empresas (67%)
afirma ter um gasto anual entre US$1 milhão e
US$1,9 milhão.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 387
Fazendo o mesmo caminho que se fez aqui com a IPO, falar-
se-á brevemente sobre como fazer uma ICO, esquematizando e
introduzindo a comparação que será feita. Como toda captação de
recursos, deve-se verificar inicialmente se ela realmente terá uma
utilidade, ou seja, analisar o mercado para verificar se realmente
o público-alvo estará disposto a investir83. Posteriormente,
será necessário verificar eventual regulamentação sobre ICO,
considerando que nem todos os países a permitem, como já
exemplificado aqui. Ainda há uma certa insegurança no que tange
às ICOs e a posição dos governos.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 389
criptomoedas e grupos de redes sociais, ressaltando que o público
de uma ICO pode ser diferente de uma IPO. Assim, está preparado
para o lançamento, que será ao vivo, com a duração variando de
acordo com a sua ICO. Inclusive, citam-se algumas ICOs que foram
consideradas bem sucedidas: Mastercoin (agora Omni Coin), que
durou um mês, levantando cerca de US$750 mil em Bitcoins; Stratis,
que durou 36 dias, arrecadando quase US$ 600 mil;
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 391
Quando se trabalhou a sistemática dos criptoativos, falou-se
sobre os criptotokens86, mas não se pode confundir com o token
que é um dispositivo físico, utilizado para assinaturas digitais se
assemelhando a um pen drive. Tarcísio Teixeira e Carlos Alexandre
Rodrigues (2019, p. 98) trazem a definição de criptotokens aqui
utilizada: “uma representação digital de ativos virtuais relacionados
à blockchain, que garante ao seu detentor um direito, que varia
conforme o modelo de negócio e projeto da empresa emissora,
sem qualquer intervenção de terceiro”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 393
pouco importará para a caracterização ou não como um contrato de
investimento, havendo um conceito jurisprudencial para tal, trazido
por Érica Gorga (2013, p. 267):
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 395
Buscar a natureza jurídica é verificar a essência, a afinidade
com uma categoria jurídica maior, e aqui se verifica o caso de uma
nova natureza jurídica, que não se encaixa em algo já existente. Por
isso se trabalha a blockchain como algo tão revolucionária.
1. Há um whitepaper publicado?
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 397
investimento? Em vez disso, ele deveria ser
promovido por sua funcionalidade e caso de uso,
e incluir avisos adequados que o identifiquem
como um produto, e não um investimento.
(BURNISKE; TATAR, 2019, p. 274)
89 Um dos problemas já tratados aqui neste trabalho foi a invasão por hackers que desvia-
ram parte dos investimentos arrecadados, o que contribuiu para a divisão da blockchain do
Ethereum.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 399
violations of the securities laws. Additionally,
securities exchanges providing for trading in these
securities must register unless they are exempt.
The purpose of the registration provisions of the
federal securities laws is to ensure that investors
are sold investments that include all the proper
disclosures and are subject to regulatory scrutiny
for investors’ protection.90
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 401
As ICOs, por sua vez, encontram espaço no âmbito das
startups, por exemplo, ou seja, algo nada consolidado e fora do
mercado de capitais. Como definido por Anna Fonseca Martins
Barbosa (2017, p. 15), startup é “uma denominação importada da
língua inglesa que quer dizer, de forma literal, uma empresa que
está no início, isto é, que acabou de ser criada”. A autora, citando
Steve Blank (2017, p. 16) mostra que uma atividade só deixa de ter
essa classificação após passar por três estágios:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 403
interessante observar que o token é como se fosse uma embalagem
contendo algo e, ao investir, é adquirida a chave para abrir essa
embalagem. O Portal do Bitcoin (2018) destaca:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 405
Independente se ICO ou IPO, aquela que está captando
recursos deve estar ciente que o mercado mudou. Antônio Celso
Ribeiro Brasiliano (2015) descreve quatro características do mercado
atual e que não podem ser esquecidas: volatilidade, incerteza,
complexidade e ambiguidade:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 407
às ICOs e um Comunicado do Banco Central sobre o tema,
selecionando-se os seguintes para o debate:
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 409
mil reais), sem prejuízo da responsabilidade pelas
infrações já cometidas antes da publicação desta
Deliberação, com a imposição da penalidade
cabível, nos termos do art. 11 da Lei nº 6.385,
de 1976, após o regular processo administrativo
sancionador; e
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 411
Inicialmente, tratou-se de conceituar as ICOs, definindo-as
como “captações públicas de recursos, tendo como contrapartida
a emissão de ativos virtuais, também conhecidos como tokens ou
coins, junto ao público investidor”. Dependendo do contexto de
emissão e direitos conferidos aos investidores, pode se caracterizar
como um valor mobiliário, nos termos do art. 2º da Lei n. 6.385/76,
que traz o rol exemplificativo dos valores mobiliários.
rios, nos termos do art. 2º, da Lei 6.385/76. 2. Nesse contexto, a CVM esclarece que certas
operações de ICO podem se caracterizar como operações com valores mobiliários já sujeitas
à legislação e à regulamentação específicas, devendo se conformar às regras aplicáveis. In-
correm na mesma situação companhias (abertas ou não) ou outros emissores que captem
recursos por meio de uma ICO, em operações cujo sentido econômico corresponda à emis-
são e à negociação de valores mobiliários. 3. As ofertas de ativos virtuais que se enquadrem
na definição de valor mobiliário e estejam em desconformidade com a regulamentação serão
tidas como irregulares e, como tais, estarão sujeitas às sanções e penalidades aplicáveis. A
CVM alerta que, até a presente data, não foi registrada nem dispensada de registro nenhuma
oferta de ICO no Brasil. 4. Por outro lado, há operações de ICO que não se encontram sob a
competência da CVM, por não se configurarem como ofertas públicas de valores mobiliários.
5. A CVM esclarece que valores mobiliários ofertados por meio de ICO não podem ser legal-
mente negociados em plataformas específicas de negociação de moedas virtuais (chamadas
de virtual currency exchanges), uma vez que estas não estão autorizadas pela CVM a dispo-
nibilizar ambientes de negociação de valores mobiliários no território brasileiro. 6. Quanto à
participação de potenciais investidores em operações de ICO, alerta-se para os seguintes ris-
cos inerentes a tais investimentos (em especial no que diz respeito a emissores ou ofertas não
registradas na CVM): a. Risco de fraudes e esquemas de pirâmides (“Ponzi”); b. Inexistência de
processos formais de adequação do perfil do investidor ao risco do empreendimento (suita-
bility); c. Risco de operações de lavagem de dinheiro e evasão fiscal/divisas; d. Prestadores
de serviços atuando sem observar a legislação aplicável; e. Material publicitário de oferta que
não observa a regulamentação da CVM; f. Riscos operacionais em ambientes de negociação
não monitorados pela CVM; g. Riscos cibernéticos (dentre os quais, ataques à infraestrutura,
sistemas e comprometimento de credenciais de acesso dificultando o acesso aos ativos ou
a perda parcial ou total dos mesmos) associados à gestão e custódia dos ativos virtuais; h.
Risco operacional associado a ativos virtuais e seus sistemas; i. Volatilidade associada a ativos
virtuais; j. Risco de liquidez (ou seja, risco de não encontrar compradores/vendedores para
certa quantidade de ativos ao preço cotado) associado a ativos virtuais; e k. Desafios jurídicos
e operacionais em casos de litígio com emissores, inerentes ao caráter virtual e transfron-
teiriço das operações com ativos virtuais. 7. A CVM recomenda aos potenciais investidores
que se deparam com anúncios de ICO, como forma de evitar o risco de fraude, verificar no
site da Autarquia se o ofertante é emissor registrado na CVM ou se a oferta foi registrada ou
dispensada de registro. Além disso, a Autarquia, por meio de seus canais de atendimento ao
investidor, encontra-se à disposição para receber denúncias e reclamações sobre possíveis
irregularidades em tais operações. 8. Os investidores devem avaliar atentamente as carac-
terísticas de tais operações, de forma a identificar sinais indicadores de irregularidades, tais
como: altos retornos garantidos, pressão para participar das transações imediatamente, ofer-
tantes ou ofertas não registradas na CVM, ausência de requisitos mínimos para a participação
em tais operações, entre outros”. (BRASIL, 2017)
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 413
are made between bank accounts and, only in
rare cases, a customer can withdraw their money
in cash by using special ATMs. Recently, some
decentralized cryptocurrency exchanges have
been established which operate using prepaid
smart contracts, rather than digital currencies.94
(COINTELEGRAPH, 2020)
94 Em tradução livre: “Uma troca de criptomoeda, ou uma troca de moeda digital, é um ser-
viço da web que fornece serviços a seus clientes para a troca de moeda virtual em vários ati-
vos, como moeda fiduciária ou outras moedas digitais. As plataformas geralmente funcionam
exclusivamente on-line, fornecendo transações em formulários eletrônicos e cobrando taxas
por elas, embora também existam algumas empresas físicas que usam métodos tradicionais
de pagamento. Cartões de débito e crédito, vales postais e outros tipos de transferências de
dinheiro são aceitos para fazer uma operação usando um DCE. Geralmente, as transações
são feitas entre contas bancárias e, apenas em casos raros, um cliente pode sacar seu di-
nheiro em dinheiro usando caixas eletrônicos especiais. Recentemente, foram estabelecidas
algumas trocas de criptomoedas descentralizadas que operam usando contratos autoexecu-
táveis pré-pagos, em vez de moedas digitais”.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 415
Segundo a CVM, uma ICO é algo inovador por se utilizar de
meios exclusivamente digitais, com maior facilidade e agilidade
para a captação de recursos, excluindo as fronteiras. Além disso, terá
maior velocidade e precisão dos registros, em função da tecnologia
utilizada, como criptografia, programação lógica, distributed ledger
tecnology – DLT, dentre outras, todas já explicadas neste trabalho.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 417
breves, genéricos, não padronizados e compostos
por algumas informações técnicas operacionais
sobre o ICO.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 419
referenciadas em moedas estabelecidas por governos soberanos.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 421
de investimento regulados na instrução CVM nº 555/14 não é
permitida.
b) contratos derivativos;
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 423
chegado, ainda, a uma conclusão a respeito
dessa possibilidade. Por fim, diante dessas
circunstâncias, julgamos conveniente que
os administradores e gestores de fundos de
investimento aguardem manifestação posterior e
mais conclusiva desta superintendência sobre o
tema para que estruturem o investimento indireto
em criptomoedas conforme descrito, ou mesmo
em outras formas alternativas que busquem essa
natureza de exposição a risco.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 425
2º, inciso IX, Lei n. 6.385/7695.
- PL 2.303/2015;
- PL 2.060/2019;
- PL 3.825/2019; e
- PL 3.949/2019.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 427
a emissão de moedas virtuais seria atividade
exclusiva do órgão. Todavia, como é cediço,
não há meios de evitar a emissão das moedas
em outros locais do mundo (atualmente, já
existem mais de 1.300 criptomoedas circulando
no mundo) e o relatório aponta a necessidade
de evitar que tais moedas sejam ofertadas à
população. Desta forma, opina pela proibição
de emissão em território nacional, bem como de
vedar a sua comercialização, intermediação e
mesmo a aceitação como meio de pagamento
para liquidação de obrigações no país.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 429
Art. 8º. A Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976,
passa a vigorar acrescida do seguinte artigo 28-A:
‘Art. 28-A. A Comissão de Valores Mobiliários pode
dispensar o registro de atividades regulamentadas
nos termos da Lei, com a finalidade de instituir
ambiente de testes de novas tecnologias e
inovações em produtos e serviços no mercado de
valores mobiliários. Parágrafo único. A Comissão
de Valores Mobiliários pode dispensar o registro
previsto no caput deste artigo dentro de limites
e restrições preestabelecidos, observando: I – os
riscos e benefícios de cada autorização; e II – o
estímulo a iniciativas inovadoras ou de médio
ou pequeno porte que visem conferir maior
eficiência, segurança e ampliação do acesso ao
mercado de valores mobiliários.’
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 431
de suas operações, além de buscar proteger os
recursos dos investidores desse mercado.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 433
O que se evidencia em todos os projetos é a preocupação
com as inovações tecnológicas e impactos no mercado financeiro,
principalmente no âmbito criminal, sendo mencionado nos projetos
o crime de lavagem de dinheiro, o que mostra que ainda há uma
associação dos criptoativos à prática de crimes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 435
enorme importância, por ser voltado para os agentes do mercado e
propulsor do desenvolvimento econômico. Por meio dele, o Estado
impacta diretamente em todo o desenvolvimento da sociedade.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 437
criptógrafos e hackers que faziam parte dos “Cypherpunks”, que
tinham como base a privacidade na internet. Já se questionava
a ingerência estatal e isso ficou mais forte com a crise de 2008.
Surgiu a pergunta: onde estava o Estado que permitiu tudo isso?
Mostrou-se uma nova forma de se estabelecer a confiança entre os
agentes do mercado sem um intermediário financeiro centralizando
a transação.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 439
mas é uma proteção diferente e adequada à relação empresária.
O erro aqui é algo comum e não cabe uma neutralização por parte
do Estado para proteger uma parte na relação. Isso seria premiar
a ineficiência. Outro exemplo que se pode citar é a aplicação
errônea da teoria da desconsideração da personalidade jurídica.
Ora, as pessoas jurídicas surgiram justamente para um estímulo
ao empreendedorismo como forma de redução do risco e, caso
haja uma aplicação exagerada e fora dos limites legais, a proteção
será contrária ao surgimento do instituto, ferindo o princípio da livre
iniciativa presente na Constituição.
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WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 441
que seja estudado com base na sua funcionalidade econômica e
no seu papel na sociedade, superando um tecnicismo que contrarie
sua finalidade.
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REFERÊNCIAS
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 445
ASCARELLI, Tullio. Teoria Geral dos Títulos de Crédito.
Campinas: Servanda, 2013.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 447
LAMBKIN, ANTHONY; RAYMOND, SAM. Crowdfunding’s potential
for the developing world. InfoDev. Washington DC; World Bank
Group, 2013. Disponível em: <http://documents.worldbank.org/
curated/en/409841468327411701/Crowdfundings-potential-for-
the-developing-world>. Acesso em: 16 jun. 2020.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 449
de 1976, na Instrução CVM nº 400, de 29 de dezembro de 2003 e
na Instrução CVM nº 480, de 7 de dezembro de 2009. Diário Oficial
da União, Brasília, 26 jul. 2012. Disponível em: <http://www.cvm.gov.
br/legislacao/deliberacoes/deli0700/deli785.html>. Acesso em:
23 jun. 2020.
B LO CKCH A I N
WALLAC E FA B R ÍCIO PAIVA SOUZA 451
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