R - D - Aurelio Adelino Bernardo
R - D - Aurelio Adelino Bernardo
R - D - Aurelio Adelino Bernardo
Curitiba
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Curitiba
2014
AURÉLIO ADELINO BERNARDO
Curitiba
2014
Bernardo, Aurélio Adelino
Responsabilidade civil do Estado por lesão aos direitos
fundamentais/ Aurélio Adelino Bernardo. – Curitiba,
2014. 187 f.
ABREVIATURAS
al. – alínea
art. – artigo
arts. – artigos
Des. – Desembargador
Desª. Desembargadora
Ex. – exemplo
Id. – idem
Inc. – inciso
Min. - Ministro
n. ou nº - número
Rel. – Relator
Rel.ª – Relatora
T. – Turma
SIGLAS
AG – Agravo de Instrumento
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4
2. O Dano ........................................................................................................................... 89
INTRODUÇÃO
visão universal abstrata dos Direitos Humanos para a positivação concreta nos
ordenamentos jurídicos Estatais.
1
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Campus. 1992, pág. 24.
6
2
QUADROS, Fausto de. Introdução. ``in´´ QUADROS, Fausto de (Cord.). Responsabilidade Civil
Extracontratual da Administração Pública. Coimbra: Almedina, 1995, pág. 9.
7
3
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 23ª edição. São Paulo: Malheiros, 1998, pág.
530.
4
SILVA, Juary C. A responsabilidade do Estado por atos Judiciários e Legislativos: teoria da
responsabilidade unitária do poder público. São Paulo: Saraiva, 1985, pág 74.
10
5
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 16ª ed. São Paulo: ATLAS S. A, 2003, Pág. 522.
6
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Belo Horizonte: Fórum,
2007, pág. 194
7
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 523.
8
ALESSI, Renato. La responsabilità della pubblica amministrazione. 3ª ed. Milão: Giuffré, 1955, p. 155
11
Ora, Bandeira de Mello elucida que o sacrifício de direito, por sua vez,
não se pode confundir com a responsabilidade civil do Estado por fatos lícitos,
pois neste caso o poder conferido ao Estado não tem como escopo último a
lesão a um direito alheio, mas esta decorre de forma indireta, e como corolário
do exercício legítimo do poder outorgado10, ou seja, é atribuído ao Estado um
poder para exercer determinados atos que não visam sacrificar ou debilitar
determinado bem juridicamente tutelado, podendo, no entanto, provocar danos
como mero resultado ou consequência da ação legitima cuja obrigação de
indenizar11 recai sobre o Estado.
9
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Malheiros,
2010, pág. 994
10
Idem, pág. 995.
11
A doutrina italiana faz a destrinça terminológica entre indenização e ressarcimento, reservando
aquela para os casos de sacrifício de direito e esta para o os casos de responsabilidade propriamente
dita, distinção essa não acolhida pelo professor Celso Antônio Bandeira de Mello. Ob. cit. pág. 995, e
que nos subscrevemos a sua posição. Mais adiante, quando abordarmos a questão do dano
precisaremos a distinção entre indenização e ressarcimento.
12
12
Cfr. CRETELA JUNIOR, José. O Estado e a Obrigação de Indenizar. São Paulo: Saraiva, 1980, págs. 60-
61.
13
13
CAVALCANTI, Amaro. Responsabilidade Civil do Estado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1957, Tomo I págs. 147-
160.
14
Idem, págs. 159
15
Idem, págs. 159-160.
14
16
DUEZ, Paul. La responsabilité de la puissance publique. Paris: Dalloz, 1926 V/1 e 2 apud CAHALI, Yussef
Said. Responsabilidade Civil do Estado. 2ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, pág. 21.
17
CAVALCANTI, Amaro. Ob. cit. pág. 163.
18
SILVA, Juarey C. ob. cit. pág. 74
15
19
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág. 531.
20
BARBOSA, Rui. A culpa civil das Administrações públicas. Pág. 60 ``In´´ Obras Completas, 1948. V.25, t.
5 apud Cretella Junior. Ob. cit. pág. 186 afirma que ``pelo dano causado ao direitos dos particulares, não
hesitou jamais a justiça brasileira em responsabilizar municipalidades, províncias e Estados, o Governo
império, o da República... ´´
16
21
Idem
22
Cfr. CAHALI, Yussef Said. Ob. cit. pág. 23.
17
23
CRETELLA JUNIOR, José. Ob. cit. pág. 68.
24
CAVALCANTI, Amaro. Ob. cit. pág. 14.
25
CAHALI, Yussef Said. Ob. cit. pág. 23.
18
26
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. 1002-1003.
27
A redação dada nos artigos 500 e 501 do Código Civil Moçambicano tem a seguinte redação:
Artigo 500º (Responsabilidade do comitente)
1. Aquele que encarrega outrem de qualquer comissão responde, independentemente de culpa,
pelos danos que o comissário causar, desde que sobre este recaia também a obrigação de
indemnizar.
2. A responsabilidade do comitente só existe se o fato danoso for praticado pelo comissário, ainda
que intencionalmente ou contras as instruções daquele, no exercício da função que lhe foi
confiada.
3. O comitente que satisfazer a indemnização tem o direito de exigir do comissário o reembolso de
tudo quanto haja pago, exceto se houver também culpa da sua parte; neste caso será aplicável
o disposto no nº 2 do artigo 497º.
Artigo 501 (Responsabilidade do Estado e de outras pessoas coletivas públicas)
O Estado e demais pessoas coletivas públicas, quando haja danos causados a terceiro pelos seus órgãos,
agentes ou representantes no exercício de atividades de gestão privada, respondem civilmente por esses
danos nos termos em que os comitente respondem pelos danos causados pelos comissários.
28
Depois da Independência de Moçambique em 1975, a Constituição de Moçambique estabelecia um
regime monopartidário, de orientação marxista-leninista, daí que em 1976 eclodiu uma guerra civil que
durou 16 anos, para a introdução de uma democracia multipartidária, o que culminou com a aprovação
da Constituição de 1990, e posterior assinatura do Acordo geral de Paz em 1992 e a realização em 1994
das primeiras eleições multipartidárias em Moçambique.
19
29
Idem, pág. 365
30
Idem, pág. 365.
20
que o ato seja injusto, ou por omissão de um dever prescrito em lei, ou por
violação do direito31´´. A doutrina de responsabilidade subjetiva, que
pressupunha a existência de dolo ou culpa do agente para emergir a
responsabilidade do Estado foi afastada com o advento da Constituição
Federal Brasileira de 1946 e, contemporaneamente, a Constituição Federal de
1988 seguiu a mesma orientação.
31
BELAVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. 11ª ed. Rio de Janeiro: Paulo de
Azevedo, 1956 pág. 173
32
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág.
33
DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 11ª ed. rev. Atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2006,
página 773
21
34
DUEZ, Paul. La responsabilité de la Puissance Publique. Paris: Dalloz, 1927, p. 15 apud¸ Bandeira de
Mello, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. p 1005
35
BRUNINI, Weida Zancaner. Da responsabilidade Extracontratual da Administração Pública. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1981, pág. 24.
36
DIAS, José de Aguiar. Ob. cit. pág. 789
22
37
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1003
38
Idem, pág. 1004
39
idem
40
Idem, pág. 1002
23
41
Neste sentido Meirelles, Heley Lopes. Ob. cit. p. 532, refere que ``na teoria da culpa administrativa
exige-se a falta de serviço; na teoria da culpa administrativa exige-se, apenas, o fato de serviço. Naquela
a culpa é presumida da falta administrativa; nesta, é inferida do fato lesivo da administração´´.
42
Idem, pág. 532
43
Idem, pág. 533
24
Ora, importa referir que o termo agente aqui empregue, tal como no
direito brasileiro, é em sentido amplo, abrangendo tanto a funcionários públicos
no sentido técnico da palavra e demais servidores do Estado. Todavia, a
afirmação expressa que a conduta ensejadora de responsabilidade civil do
Estado deve ser ilícita, deixa o administrado numa posição precária, pois os
danos causados por fatos lícitos, bem como pelo risco da atividade
administrativa não cabem reparação, como afirma Menegale ``a
Responsabilidade do funcionário público é o substractum da reponsabilidade
do Estado; onde, de fato, não houver responsabilidade direta do funcionário,
não pode haver responsabilidade indireta do Estado45´´, deixando um grande
espaço para injustiças. Essa situação não se compagina com a fase atual do
instituto em análise, bem como com os ditames do Estado Democrático do
Direito.
44
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005, pág. 193.
45
MENEGALE. J. Guimarães. Direito Administrativo e ciência da administração. 3ª ed. 1957, pág 109.
25
cujos artigos, correspondem ao atual art. 37, § 6º, no qual se estatui in verbis:
"As pessoas jurídicas de Direito Público e as de Direito Privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo e culpa". É de salutar a retirada, pelo
legislador constituinte brasileiro, do requisito contido no artigo 15 do Código
Civil de 1916, segundo o qual a ação a responsabilidade incidiria se o
funcionário estivesse ``procedendo de modo contrario ao Direito ou faltando ao
dever prescrito por lei´´, na medida em que afastou a ideia de que o estado só
seria chamado a responder em caso de culpa do agente. Outrossim, o
legislador alargou o âmbito da responsabilidade civil do Estado as pessoas
coletivas de direito privado prestadoras de serviço público.
46
DIAS, José de Aguiar. Ob. cit. pág 800 e segs.
47
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 998
48
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo. ob. cit. pág. 195.
49
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág. 535.
26
50
CRETELLA JUNIOR, José. Ob. cit. 93-94.
51
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Ob. cit. pág. 198
27
52
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 996
53
Idem, págs. 996-997
54
DIAS, José de Aguiar. Ob. cit. pág. 772.
55
Idem, pág. 773
56
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Ob. cit. pág. 195.
28
57
CAVALCANTI, Amaro. Ob. cit. pág. 366.
58
SILVA. Juarey C. ob. cit. pág. 31.
59
Idem
29
60
CAHALI, Yussef Said. Ob. cit. pág. 27.
61
Idem, pág. 28
62
Idem
63
VILLA, Leguina. La responsabilidad civil de la Administración Pública. Madrid: Tecnos, 1970 pág. 117
apud CAHALI, Yussuf Said. Ob. cit. pág. 28
30
64
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ensaio Sobre os Pressupostos da Responsabilidade Civil.
Coimbra: Almedina, 1995, págs. 63-65.
31
65
SAAD, Renan. O ato ilícito e a Responsabilidade Civil do Estado: Doutrina e Jurisprudência. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 1994, pág. 30.
66
Dos autores que elencam tais causas excludentes e atenuantes podemos citar a título de exemplo,
Celso Antonio Bandeira de Mello. Ob. cit. págs. 1023-1025, José Cretella Junior. Ob. cit. pags. 138-148,
Romeu Felipe Bacellar Filho. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Ob. cit. pág. 241, dentre
outros.
67
Em Moçambique, como temos vido a referir, o regime é de responsabilidade subjetiva, podendo nessa
caso particular se recorrer ao Estado de necessidade como causa de Exclusão da Responsabilidade.
32
68
BRUNINI, Weida Zancaner. Ob. cit. pág. 69.
69
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1024.
70
BRUNINI, Weida Zancaner. Ob. cit. pág. 71
33
71
SAAD, Renan. Ob. cit. pág. 41
72
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Ob. cit. pág. 242-243.
73
Voltaremos a falar da Culpa e do grau de culpabilidade no próximo capítulo da presente dissertação.
34
Para o professor Romeu Felipe Bacellar Filho, a distinção entre caso fortuito
e Força maior não oferece grandes dificuldades, no primeiro o elemento
essencial é a imprevisibilidade. No segundo, o que caracteriza é a
irresistibilidade. O evento, em muitos casos, embora se possa prever, é
inevitável por sua força75. José Cretella Junior acrescenta que o caso fortuito
interioriza-se, é algo interno, enquanto que a força maior implica uma causa
conhecida e externa, contudo irresistível76.
74
Sobre as divergências doutrinárias a respeito dos institutos de Força Maior e caso fortuito, confira-se
CRETELA JUNIOR, José. Ob. cit. pág. 104-105.
75
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo Código Civil. Ob. cit. pág. 242.
76
CRETELLA JUNIOR, José. Ob. cit. pág. 105.
77
SAAD, Renan. Ob. cit. pág. 41.
35
Por outro lado, no caso de força maior o autor em referência, entende ser
acertada a invocação como causa de exclusão da responsabilidade do Estado,
dada irresistibilidade e inevitabilidade do acontecimento natural e cujos
esforços para impedi-los seriam vão79. Neste diapasão, a força maior é uma
causa excludente da responsabilidade civil do Estado, dado o seu caráter
irresistível que torna todo e qualquer esforço para evitar o dano inútil.
78
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1025.
79
Idem
36
80
A título de exemplo a Constituição Federal de 1988, no artigo 4º, Inc. II usa a expressão ``Direitos
Humanos´´ , e no artigo 5, Inciso LXXI emprega a expressão ``Direitos e liberdades constitucionais´´ e no
§ 1º do mesmo artigo, aplica a expressão Direitos e garantias fundamentais e o artigo 60, § 4º emprega
a expressão ``Direitos e Garantias Individuais´´. A Constituição da República de Moçambique na alínea e)
do artigo 11 emprega o termo Direitos Humanos, no artigo 42 utiliza a expressão Direitos fundamentais,
etc.
37
Assim, com base nos ensinamentos de LUÑO, podemos referir que ``os
direitos subjetivos diferem dos direitos humanos pelo fato daqueles poderem
desaparecer por via da transferência ou prescrição enquanto que as liberdades
que derivam dos direitos humanos em princípio são inalienáveis82´´.
81
LUÑO, António E. Pérez. Derechos Humanos, Estado de Derecho y Constituicion. Madrid: TECNOS,
1995, pág. 29.
82
Idem, pág. 32.
83
Idem
84
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. Rio de
Janeiro: Renovar, 2005, pág. 24
85
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. TOMO. IV. Coimbra: Coimbra Editora, 1988, p.50-
53
38
não positivados quer nas esferas dos ordenamentos jurídicos estatais, quer no
ordenamento jurídico internacional88.
88
Idem
89
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos Direitos Humanos. 2ª ed. São Paulo: Saraiva.
2001, pág. 56
90
MIRANDA, Jorge. Ob. cit. pág. 7.
40
91
LUÑO, António E. Pérez. Ob. cit. pág. 31
92
SARLET, Ingo Wolfgang. Ob. cit. pág. 30.
93
BARROS, Sérgio Resende de. Direitos Humanos: Paradoxo da civilização. Belo Horizonte: Del Rey,
2003, pág. 39
94
Idem, pág. 47.
41
95
HABERMAS, Jürgen. Sobre a Constituição da Europa. São Paulo: Unesp, 2012, pág. 18.
96
LUÑO, António E. Pérez. Ob. cit. pág. 48.
42
97
As normas do Direito Internacional se encontravam ancoradas e limitadas a temas tradicionais, como
a representação diplomática, imunidade de jurisdição, determinação de território, bem como no
regramento das soluções de controvérsias. Tinham o seu foco nos Estados enquanto sujeitos do Direito
Internacional, dando ínfima atenção ao cidadão individualmente considerado, que deixou de ser
pertença de um ou outro Estado, para ser cidadão internacional, isto é, do mundo, e com sua dignidade
merecedora de proteção internacional até contra as violações perpetradas pelo Estado de sua
nacionalidade.
98
PIOVESSAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 3ª ed. São Paulo: Max
Limonad, 1997, pág. 31.
43
99
HABERMAS, Jürgen. Ob. cit. pág. 9
100
PIOVESSAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional: um estudo comparativo dos sistemas
regionais europeu, interamericano e africano. São Paulo: Saraiva, 2006
101
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. A proteção Internacional dos Direitos Humanos: Fundamentos
jurídicos e instrumentos básicos. São Paulo: Saraiva, 1991, pág. 1
44
102
O Direito Internacional dos Direitos humanos constitui um conjunto de regras e princípios
internacionalmente consagrados, objetivando garantir a liberdade humana e a dignidade da pessoa
humana. Para RAMOS, André de Carvalho. Processo Internacional de Direitos Humanos: Análise dos
sistemas de apuração de violação dos Direitos Humanos e a implementação das decisões no Brasil. Rio
de Janeiro: Renovar, 2002, p. 25, o mencionado ramo constitui ``(...) o conjunto de direitos e faculdade
que garantem a dignidade da pessoa humana e beneficiam-se de garantias internacionais
institucionalizadas´´. Assim, o direito Internacional contemporâneo humanizou-se, na medida em que se
reconhece e proclama-se que os seres humanos têm direitos na ordem internacional, e que a sua
violação, tanto por ato comissivo ou por ato omissivo, enseja responsabilidade dos Estados
independentemente da nacionalidade das vítimas.
103
BUERGENTHAL, Thomas. Internacional Human Rights. Minnesota: West Publishing, 1988 pág. 17.
45
104
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Ob. cit. pág. 3
105
RAMOS, André de Carvalho. Responsabilidade Internacional Por violações de Direitos Humanos: seus
elementos, a reparação devida e sanções possíveis. Teoria e prática do Direito Internacional. Rio de
Janeiro: Renovar, 2004, pág. 31.
106
PIOVESSAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional: um estudo comparativo dos sistemas
regionais europeu, interamericano e africano. Ob. cit. pág. 9
107
Idem, pág. 11
46
mormente, os que estiveram sob o jugo dos regimes ditatoriais, bem como na
Europa de leste do período pós-comunista, consagraram nas suas
Constituições o princípio da dignidade da pessoa humana, tendo o elevado a
valor central e a base de sustentação de um núcleo de direitos da pessoa
humana e de um conjunto de mecanismos processuais de tutela108.
Assim, a Constituição italiana, aprovada à 22 de Dezembro de 1947,
consagrou no artigo 3º que ``todos os cidadãos tem a mesma dignidade
social´´. Mais incisiva foi lei fundamental alemã aprovada em 1949, inicia o seu
artigo 1º afirmando que ``a Dignidade da Pessoa Humana é inviolável...´´. O
mesmo caminho foi seguido pela Constituição grega de 1975 que estatui o
princípio da dignidade da pessoa humana.
Em Portugal, o legislador constituinte estatui a dignidade da pessoa
humana, no artigo 1º da Constituição de 1976, e a eleva a fundamento e pilar
do Estado. No mesmo sentido se manifestou o legislador constituinte espanhol
ao consagrar, no nº 1, do artigo 10 da Constituição de 1978, que a par de
outros princípios a dignidade da pessoa humana é fundamento da ordem
política e da paz social.
108
BOTELHO, Catarina Santos. A tutela dos Direitos Fundamentais: Avanços e recuos na dinâmica
garantística das justiças constitucional, Administrativa e Internacional. Coimbra: Almedina, 2010, pág.
98.
47
109
O nº 6, artigo 48º, com epigrafe Liberdade de Expressão e Informação refere in verbis: ``O
exercício dos direitos e liberdades referidos neste artigo é regulado por lei com base nos imperativos do
respeito pela Constituição e pela dignidade da pessoa humana´´.
110
HABERMAS, Jürgen. Ob. cit. pág. 14.
111
BOTELHO, Catarina Santos. Ob. cit. pág. 99.
112
Idem, pág. 101
48
113
HABERMAS, Jürgen. Ob. cit. pág. 17
114
SARLET, Ingo Wolfgang. Ob. cit. pág. 86
115
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura Civil-Constitucional dos Danos
Morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, pág. 77
49
116
MORAES, Mária Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo
normativo ``in´´ SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Constituição, Direitos Fundamentais e Direito Privado.
Porto Alegre: Livraria do Advogado editora, 2006, pág 115
117
KANT, Immanuel. A metafísica dos Costumes. São Paulo: EDIPRO, 2003, pág. 292
118
Idem, pág. 293.
119
ARENDT, Hannan. A condição humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2008, pág. 188
50
Para COMPARATO
126
COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos Humanos. São Paulo, 1997, pág. 28, disponível
em http://www.iea.usp.br/textos/comparatodireitoshumanos.pdf, acessado em 21 de Junho de 2013.
127
Bonavides, Paulo. Prefácio ``in´´ STARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos
Fundamentais na Constituição Federal de 1988. Ob. cit. pág. 19
53
128
Cfr. LUÑO, António E. Pérez. Ob. cit. pág. 212.
129
COSTA, Pietro. O Estado de Direito: Uma Introdução histórica, pág. 96 ``in´´COSTA, Pietro. DANILO,
Zolo (organizadores). O Estado de Direito: História, teoria, crítica. São Paulo: Martins Fontes, 2006, pág.
96
130
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5ª ed. Coimbra: Almedina, 1992, pág. 353
54
Por outro lado, o medievo também é marcado por algumas concepções que
precederam a noção de Estado de Direito, não de uma dicotomia entre poder
político e Lei, mas sim uma situação diversa, que Gomes Canotilho chama de
``liberdade no direito, ou seja, a liberdade que advém de um determinado
estatuto e que havia de conduzir à ideia de liberdade natural do homem134´´.
Nesta época a liberdade provinha de determinado status quo, que o atribuía
direitos e privilégios, não sendo, neste contexto inerentes a condição humana
ou ao individuo enquanto tal. Com efeito, Jorge Reis NOVAIS, assinala que
``tendo em conta a existência de uma jurisdição que tutelava os privilégios de
131
COSTA, Pietro. Ob. cit. pág. 99.
132
ARISTÓTELES. A Política. 4ª ed. São Paulo: ATENA. 1955, págs. 134-135
133
PLATÃO, Político, 301-2 (Platone, Opere, Laterza, Bari, 196, vol. I, pp. 502-3) apud COSTA, Pietro. Ob.
cit, pág. 100.
134
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Ob. cit. pág. 354
55
todos contra todos, com mais propriedade que de Estado de Direito se poderá
falar, relativamente a Idade Média de Estado de Justiça135´´.
135
NOVAIS, Jorge Reis. Contributo para uma teoria do Estado de Direito. Coimbra: Almedina, 2006, pág.
35
136
Só bem mais tarde é que surge a expressão ``Estado de Direito´´, como bem refere Pietro COSTA.ob.
cit. p. 117, que foi ``exatamente na Alemanha que, no decorrer do século XIX, a expressão ``Estado de
Direito´´ sai da ``pré-história´´ e entra oficialmente na história...´´, ou seja, surge a designação como tal.
As duas principais versões do ``Rechtsstaat´´ na Alemanha da primeira metade do século XIX foram
defendidas por Friedrich Julius Stahl e a Robert van Mohl.
137
COSTA, Pietro. Ob. cit. pág. 98
138
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 40-45.
56
139
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Ob. cit. pág. 355-356.
140
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 73.
141
LUÑO, António E. Perez. Ob. cit. pág. 222
142
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Ob. cit. pág. 356
57
Esse Estado era regido pela vontade geral, ou seja, limitado pela razão,
ou simplesmente, como o constitucionalista luso sintetiza, ``um Estado de
Direito Material143´´.
143
Idem
144
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 76-77
145
LUÑO, António E. Pérez. Ob. cit. pág. 222
58
Estado que determina e fixa quais os limites e as linhas da sua atividade, bem
como que estabelece através do direito à esfera livre do cidadão; o Estado
apenas age na forma do direito, que deve ser a sua veste independentemente
do conteúdo da sua ação, não representando nem o fim nem o conteúdo, mas
apenas que, o direito determina a forma de exercício de poder146.
Kelsen introduz a questão da hierarquia das leis como uma das grandes
novidades do Estado de Direito, colocando a norma constitucional como o
ápice do sistema jurídico151. A lei perde o seu caráter absoluto e passa a ser
um degrau intermédio, susceptível de controle por parte da constituição, ou
seja, a sua aplicação deve estar de acordo com o grau superior do
ordenamento jurídico, a constituição152. Esta nova construção teórica e visão
146
STAHL, Frederich J. Die Philosophie dês Rechts, II, Rechts-und Staatslehre auf der Grundlage
christlicher Weltanschauung, Erste Abteilung, Die allgemeinen Lehren und das Privatrecht (Tübingen,
1878, 5ª ed.), Olms, Hildesheim, 1963, pp. 195-6 apud COSTA. Pietro. Ob. cit. pág. 122-123.
147
COSTA, Pietro. Ob. cit. págs. 124-125.
148
Cfr. NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. págs.106-113
149
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 7ª ed. São Paulo: Martins Fonte., 2006, págs. 316-321.
150
COSTA, Pietro. Ob. cit. pág. 157.
151
KELSEN, Hans. Ob. cit. págs. 214-217.
152
Idem
59
153
COSTA, Pietro. Ob.cit. pág. 155
154
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 125
155
KELSEN, Hans. Ob. cit. pág. 346.
60
156
HELLER, Herman. La crisi dela doutrina dello stato, 1926, em HELLER, H. La sovranità ed altri scritti
sulla dotrina Del diritto e dello stato, organizado por PASQUINHO, P., GIUFFRÈ, MILANO, 1987, págs. 31
ss. Cfr também HELLER. H. Dottrina dello Stato, Napoli, 1988, págs. 97 ss apud COSTA, Pietro. Ob. cit.
pág. 168.
157
Idem
158
COSTA, Pietro. Ob. cit. pág. 171.
159
Idem, págs. 169-171.
160
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 206-210
61
161
LUÑO, António E. Pérez. Ob. cit. pág. 223
162
Idem, págs. 226-228
163
Idem
164
MIRANDA, Jorge. Ob. cit. pág. 25.
62
Ganha relevo aqui a lição de Jorge NOVAES ao referir que ``a extensão
exigida pela atual compreensão da dignidade da pessoa humana, os direitos
fundamentais só obtêm cabal realização e proteção em regime
democrático165´´, porque os direitos fundamentais como fins e valor do Estado
de Direito pressupõe garantias que apenas podem ser dadas num Estado
democrático. Por outro lado, os direitos fundamentais constitui dentro do
quadro democrático garantia das minorias contra eventuais desvios da maioria
no poder, assegurando dentre outros aspetos a liberdade de participação166.
165
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 207
166
SARLET, Ingo Wolfgag. A eficácia dos direitos fundamentais: : uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. Ob. cit. pág. 61
63
Importa referir que, não existe Estado sem sujeição ao Direito, por isso
para que um Estado seja Democrático de Direito, deve ter como um dos seus
postulados a Responsabilidade do Estado pelos danos causados pelos seus
167
NOVAIS, Jorge Reis. Ob. cit. pág. 218
168
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 999.
169
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Responsabilidade civil extracontratual das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público ``in´´ A & C – Revista de Direito Administrativo &
Constitucional. Curitiba: Juruá, Ano 2, número 9, 2002 págs. 16-17.
64
170
MIRANDA, Jorge. Ob. cit. págs. 177-178.
65
Com vista à realização dos seus fins, não raras vezes, o Estado
intrometesse de forma legitima ou ilegítima na esfera jurídica dos particulares.
Como pessoa jurídica, o Estado manifesta a sua vontade por meio de seus
agentes cuja atuação é suscetível de causar danos aos administrados,
decorrentes do risco ou da prática de atos comissivos, sejam eles matérias ou
atos jurídicos, ou ainda de omissões.
171
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 16ª Ed. São Paulo: ATLAS S. A, 2003, pág. 650
172
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1008.
66
173
MEIRELLES. Hely Lopes. Ob. cit. 535-536
67
174
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1011
175
SAAD, Renan Miguel. Ob. cit. pág. 54.
68
176
CRETELLA JUNIOR, José. Ob. cit. pág. 109
177
STEIN, Joachim Wolfgang. Revista forense número 264, apud BACELLAR FILHO, Romeu Felipe.
Responsabilidade Civil Extracontratual das Pessoas Jurídicas de Direito Privado Prestadoras de Serviço
Público. ``in´´ A & C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional. Ano 2, Nº 9. Curitiba: Juruá,
2002, pág. 16.
178
MIRANDA, Jorge. Ob. cit. pág. 269.
70
179
MEREILLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág. 536.
71
180
Idem
181
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1013
182
Idem
72
183
CRETELLA JUNIOR, José. Tratado de Direito Administrativo. São Paulo: Forense, Volume 8, 1970, pág.
210.
184
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1014-1015
185
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 655
186
Celso Antonio Bandeira de Mello. Ob. cit. p. 1014 esclarece que ``causa é o fator que positivamente
gera um resultado. Condição é o evento que não ocorreu, mas que, se houvera ocorrido, teria impedido o
resultado´´.
187
SAAD, Renan Miguel. Ob. cit. pág. 68
73
Assim, nos casos em que a omissão do Estado gera lesão aos Direitos
fundamentais como, por exemplo, a falta de prestação de socorro a um
paciente que se encontra no interior de uma unidade sanitário pública, e que
por tal omissão resulta na morte deste, caberá ao Estado provar que os
agentes da unidade sanitária agiram dentro das imposições legais, ou seja,
cumprindo todos os seus deveres.
188
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1015
189
Por regra, quem invoca um direito tem o ônus de provar, todavia dada a natureza do Estado e a sua
complexa máquina, a tutela efetiva do direito do cidadão só será possível mediante a inversão dessa
regra, bastando que o lesado demonstre o nexo causal.
190
Idem
74
191
Idem, pág. 1018
192
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo e o novo código civil. Ob. cit. pág. 220
193
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág. 532.
194
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 646
75
195
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág. 532
196
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 646
197
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Ob. cit. pág. 1019
198
Veja-se, por exemplo, o caso da explosão do paiol das Forças Armadas de Defesa de Moçambique
(FADM), situado no Bairro de Malhazine, na Cidade de Maputo em 28 de Março de 2008, cujas causas
são desconhecidas, em que ceifou vidas humanas, deixou dezenas de feridos e provocou avultados
danos matérias, ficando as vítimas reféns da boa vontade do Estado em apoiar na mitigação dos
prejuízos.
76
199
FACHIN, Zulmar. Responsabilidade Patrimonial do Estado por Ato Jurisdicional. Rio de Janeiro:
Renovar, 2001, pág. 153
200
Idem, pág. 155.
201
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução à Sociologia da Administração da Justiça ``in´´ Revista
crítica de ciências sociais, número 21, 1986, pág. 18.
77
202
DERGINT, Augusto do Amaral. Responsabilidade do Estado por atos judiciais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1994, pág. 189.
203
Idem, pág. 193
78
204
FAGUNDES, Miguel Seabra. O controle dos atos administrativos pelo poder judiciário. São Paulo:
Saraiva, 1984, pág 12. refere que ``o administrado, quando solicita qualquer manifestação (...) da
Administração Pública, o faz tendo em vista as leis vigentes no momento em que requer, e tem o direito
de ver a sua pretensão apreciada, com base nestas leis e dentro dos prazos fixados, ou, na ausência de
determinação de prazos, dentro de lapso de tempo razoável´´ .
205
DELEGADO, José Augusto. 1983, pág. 178 apud DERGINT, Augusto do Amaral. Ob. cit. 197.
79
206
FACHIN, Zulmar. Ob. cit. pág. 191
207
Em nota Dergint refere que na esfera penal o erro judiciário deve ser tomado de um ponto de vista
amplo, abarcando a prisão preventiva ilegal ou injusta, cujos danos patrimoniais e morais são patentes
DERGINT, Augusto do Amaral. ob. cit. pág. 164
80
judicial, que pode decorrer de culpa, erro (de fato e de direito) ou mesmo
ignorância do magistrado208.
208
Idem, pág. 164.
209
ARAUJO, Edmir Netto de. Responsabilidade do Estado por ato jurisdicional. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1981, pág. 109
210
FACHIN, Zulmar. Ob. cit. pág. 191
81
211
DERGINT, Augusto de Amaral. Ob. cit. pág. 169.
212
ARAUJO, Edmir Netto de. Ob. cit. pág. 114
213
DERGINT, Augusto do Amaral. Ob. cit. pág. 184.
214
FACHIN, Zulmar. Ob. cit. pág. 201
215
SILVA, Juarey C. ob. cit. pág. 175
82
216
FACHIN, Zulmar. Ob. cit. pág. 216
217
CAHALI, Yussef Said. Ob. cit. pág. 593.
218
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 662.
219
Araujo, Edmir Neto. Ob. cit. pág. 136
220
DERGINT, Augusto de Amaral. Ob. cit. pág. 131.
83
221
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 662
222
FACHIN, Zulmar. Ob. cit. pág. 181
223
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 663
84
224
DERGINT, Augusto de Amaral. Ob. Cit. pág. 136
225
Idem, pág. 138
226
Idem
227
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 663.
85
228
DERGINT, Augusto de Amaral. Ob. cit. pág. 144
229
ARAUJO, Edmir Netto de. Ob. cit. pág. 143
86
Cahali adverte que não se pode analisar nesta perspectiva ``já que não
se converte a respeito do ato legislativo como emanação de um poder
soberano, nem se cuida de imputar a cada um dos parlamentares eventual
responsabilidade pessoal pelo enunciado normativo 233´´. Assim, a favor da
responsabilização do Estado legislador Di Pietro responde de forma
paradigmática aos argumentos acima referidos, afirmando que
230
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. 538
231
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág 268.
232
CRETELLA JUNIOR, José. O Estado e a Obrigação de indenizar. Ob. cit. 284.
233
CAHALI, Yussuf Said. Ob. cit. pág. 527
87
234
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 658
235
SILVA, Juarey. C. ob. cit. pág. 251
236
A tese da responsabilidade do estado por leis inconstitucionais é perfilhada, dentre outros, por
Amaro Cavalcanti. Ob. cit. p. 313, Guimarães Menegale. Ob. cit. p. 50, Cretela Junior Ob. cit. p. 285 e ss,
Juary C. Silva. Ob. cit. p. 292, Yussef Said Cahali Ob. cit. p. 527-531, Di Pietro, Ob. cit. p. 658.
237
SAAD, Renan Miguel. Ob. cit. pág. 80.
88
238
CRETELLA JUNIOR, José. O Estado e a obrigação de indenizar. Pág. 290
239
FREITAS, Marisa Helena D´Arbo Alves de. Responsabilidade do Estado por Atos Legislativos. São
Paulo: Unesp, 2001, pág. 104
240
CRETELLA JUNIOR, José. O Estado e a obrigação de indenizar. pág. 295.
241
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Ob. cit. pág. 661.
242
SAAD, Renan Miguel. Ob. cit. pág. 82.
243
Idem
89
Nesse passo, como temos vindo a defender e bem refere Juary C. Silva
``que a ampliação da responsabilidade do Estado aos atos judiciários e
legislativos repousa irrecusavelmente na ideia do Estado de Direito, ou melhor,
no ideário global ínsito neste conceito244´´, dai acolhermos e defendermos a
ideia de uma responsabilidade unitária do poder público.
2. O Dano
244
SILVA, Juarey C. ob. cit. 279
90
245
DIAS, José de Aguiar. Ob. cit. pág. 969.
246
MIRANDA, Jorge. Ob. cit. pág. 268.
247
ITURRASPE, Jorge Mosset. Responsabilidad Civil Del médico. Buenos Aires: Astrea 1985. Pág 21
91
248
Na mesma esteira, Celso Antônio Bandeira de Mello adverte que não é qualquer decréscimo
patrimonial ou um dano econômico que vai gerar a obrigação de indenizar, mas sim um dano em
direito. Responsabilidade Extracontratual do Estado por comportamentos Administrativos ``in´´ Revista
dos Tribunais. Ano 70, vol. 552, 1981, pág. 11- 20.
249
CAHALI, Yussef Said. Ob. cit. pág. 68.
250
CRETELLA JUNIOR, José. O Estado e a obrigação de indenizar. Ob. cit. pág. 128
251
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Responsabilidade Extracontratual do Estado por
comportamentos Administrativos. Ob. cit. pág. 17
252
SANTOS, Antonio Jeová. Dano Moral indenizável. 3ª ed. São Paulo: Método, 2001, pág. 79
253
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 377
92
Por outro lado, a doutrina tem vindo a defender que o dano deve ser
especial, ou seja, subjetivado a vítima, ou vítimas ou um grupo de membros da
coletividade, na medida em que se o dano repercutir-se a toda coletividade,
será um sacrifício imposto de maneira igual a todos255.
254
SANTOS, Antonio Jeová. Ob. cit. pág. 75.
255
Cfr. Cretella Junior, José. O Estado e o direito de indenizar. Ob. Cit. pág. 129, BANDEIRA DE MELLO,
Celso Antônio. Responsabilidade extracontratual do Estado por comportamentos administrativos. Ob.
cit. pág. 19.
256
CRETELLA JUNIOR. O Estado e o direito de indenizar. Ob. cit. pág. 129.
257
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Responsabilidade extracontratual do Estado por
comportamentos administrativos. Ob. cit. pág. 17
93
jurídica por fato ou ato alheio258´´. Subjaz da lição dada pelo autor supracitado,
que a lesão aos direitos fundamentais, podem constituir gravames que se
repercutem no patrimônio (Danos patrimoniais) da vítima ou podem afetar a
esfera extrapatrimonial (danos morais), sendo que os primeiros atingem bens e
interesses capazes de serem avaliados em dinheiro, enquanto que os
interesses atingidos no segundo caso, não são suscetíveis de avaliação
pecuniária259.
Outrossim, a par dos danos acima referidos, podem ocorrer danos que
se repercutem apenas na esfera espiritual ou moral do titular de Direito, os
chamados danos morais ou extrapatrimoniais. Contemporaneamente, a
doutrina e jurisprudência brasileira é unanime quanto a reparação dos danos
acima aflorados, mormente com a consagração constitucional, no artigo 5,
incisos V e X, do direito a reparação dos danos morais, resultante de violações
de direitos de personalidade.
258
CRETELLA JUNIOR, José. O Estado e a obrigação de indenizar. Ob. cit. pág. 128
259
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 373.
260
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 143.
261
RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade Civil. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, págs. 14-15.
94
262
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 147
263
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 146
264
Idem
265
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 147
266
SILVA, Wilson Melo da. O Dano Moral e a sua Reparação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1969, pág.
13.
95
267
SANTOS, Antônio Jeová. Ob. cit. pág. 100
268
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 157
269
PIZARRO, Rámon Daniel; ROITMAN, Horacio, El Daño moral y la persona juridica ``in´´ Revista de
Derecho Privado Y Comunitario. Daños a la Persona. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, volume 1, 1995, páginas
222
270
SILVA, Wilson da Silva. Ob. cit. pag. 14
96
271
PERLINGIERI, Pietro. Perfis do Direito Civil: Introdução ao Direito Civil Constitucional. 3ª ed. São Paulo:
Renovar, 2007, pág. 33.
272
ITURRASPE, Mosset. El Daño fundado en la dimension Del hombre em su concreta realidad. ``in´´
Revista de Derecho Privado Y Comunitario. Daños a la Persona. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, volume 1,
1995, página 11.
273
Para o referido autor, a visão anterior era restrita e empobrecida, limitada e castrada em muitas
vertentes, sendo que agora é o momento da contemplação da pessoa humana no seu todo, numa
vertente mais enriquecida, não apenas na visão do homem não sua dimensão ou capacidade de
produzir riquezas (idem).
274
Idem, págs. 11-12.
97
275
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. págs. 177-118.
276
Idem, pag. 118.
277
PERLINGIERI, Pietro. Ob. cit. pág. 155
98
278
Idem
279
Cfr. Idem, pág. 156
280
SILVA, Wilson de Melo. Ob. cit. pág. 14.
281
BUERES, Alberto J.. El Daño moral y su conexion com las lesiones a la estitica, a la sique, a la vida de
relacion y a la persona general. ``in´´ Revista de Derecho Privado Y Comunitario. Daños a la Persona.
Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, volume 1, 1995, página 261.
99
282
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 132.
283
BUERES, Alberto J. ob. cit. pág. 263.
284
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. págs. 129-133.
100
3. O Nexo causal
285
MONTENEGRO, Antonio Lindbergh C. Responsabilidade Civil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
1996, pág. 333.
286
MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. Ob. cit. pág. 340-341.
101
Neste prisma, Antunes Varela ressalta que, para que haja responsabilidade
``exige-se entre o fato e o dano indenizável um nexo apertado do que a simples
coincidência ou sucessão cronológica287´´.
Esta teoria pode conduzir a graves injustiças, pois entre a ação ou omissão
e o dano podem ocorrem outras circunstâncias determinadas por aquele
evento, como afirma Fernando Pessoa Jorge ``o ato humano limita-se muitas
vezes a desencadear outras condições, que diretamente geram o efeito
danoso, e, no entanto, tem de considerar-se o agente responsável289´´.
Voltaremos à análise das críticas a esta teoria mais adiante.
287
VARELA, João de Matos Antunes. Das Obrigações em geral. Coimbra: Almedina, Vol. I, 1996, pág. 908.
288
TELLES, Inocêncio Galvão. Direito das Obrigações. 6ª edição. Coimbra: Coimbra, 1989, pág. 402.
289
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 391.
102
sua produção. Antunes Varela assevera que ao jurista cabe analisar ``o ponto
de vista em que o direito se deve colocar para selecionar, entre as várias
condições de certo evento danoso, as que legitimam a imposição, ao
respectivo autor, a obrigação de indenizar290´´.
O cerne desta teoria é o fato de considerar que para recair sobre alguém a
obrigação de indenizar, não basta que o evento lesivo seja condição (sine qua
non) do dano, é necessário que, em geral ou em abstrato, o fato seja uma
causa adequada do dano292. Ora, o fato deve ser idôneo para causar o dano
dentro do curso normal das coisas, dai designar-se causa (objetivamente)
adequada do dano293.
290
VARELA, João de Matos Antunes. Ob. cit. pág. 916
291
FARIA, Jorge Leite Areais de Ribeiro de. Direito das Obrigações. Coimbra: Almedina, Volume I, 2001,
pág. 501.
292
VARELA, João de Matos Antunes. Ob. cit. pág. 918
293
Idem
294
Idem, pág. 922
295
TELLES, Inocêncio Galvão. Ob. cit. 406.
103
296
SILVA, Wilson Melo. Responsabilidade sem culpa. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1974, pág. 119
297
Idem
104
Ora, face à exigência de que sob os auspícios desta teoria, o dano deve
estar adstrito a uma relação de causa e efeito, direto e imediato, em face do
evento lesivo, imaginemos o exemplo hipotético, em que um indivíduo sabota o
sistema de freios de um carro da polícia sem que o motorista em horário de
descanso se aperceba, e depois de retomar ao trabalho cinco horas mais tarde,
devido à perda de freios o mesmo vem a se envolver num acidente,
provocando a morte de todos os ocupantes do carro.
302
Idem
303
Cfr. SILVA, Wilson Melo da. Responsabilidade sem culpa. Ob. cit. pág. 128
304
No Brasil destaca-se SANTOS, Wilson. Responsabilidade sem culpa. Ob. cit. págs 118 - 121
305
TELLES, Inocêncio Galvão. Ob. cit. pág. 402
106
306
Idem, pág. 403
307
Idem
308
MONTENEGRO, Antônio Lindebergh C. ob. cit. pág. 342-343
309
Telles, Inocência Galvão. Ob. cit. pág. 404.
310
SILVA, Wilson Melo da. Responsabilidade sem culpa. Ob. cit. pág. 132.
107
311
MONTENEGRO, Antônio Lindebergh C. ob. cit. pág. 342.
312
CAHALI, Yussef Said. Ob. cit. pág. 79
313
MONTENEGRO, Antônio Lindebergh C. ob. cit. pág. 346.
108
314
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 65
315
VARELA, João de Matos Antunes. Ob. cit. pág. 587.
316
JORGE, Fernando de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 65
317
idem
109
assevera que ``a culpa é uma ligação psicológica ou moral (...) entre a conduta
ilícita e o agente, que leva a imputar a primeira ao segundo, para o fim de
submeter aos efeitos sancionatórios que o direito associa aos comportamentos
por ele proibidos318.´´
322
VARELA, João de Matos Antunes. Ob. cit. pág. 590-592
323
Idem, págs. 593-594
324
TELLES, Inocência Galvão. Ob. cit. pág. 345.
325
JORGE, Fernado de Sandy Lopes Pessoa. Ob. cit. pág. 322-323
326
MENEZES LEITÃO, Luis Manuel Telles de. Ob. cit. 317
111
Ora, dada sua natureza especial, o Estado manifesta a vontade por meio
de seus agentes, que por incumbência ou sob direção dos órgãos do Estado
executam as atividades materiais. Assim, para se responsabilizar o Estado
pelos atos do seus agentes em Moçambique é necessário que o agente tenha
agido com culpa, numa das modalidades acima afloradas, tendo o Estado
direito de regresso sobre este. Nesta acepção, o Estado assume a posição de
garante da indenização dos particulares lesados, e não tem a oneração do seu
patrimônio com um encargo definitivo, apenas visa suprir os efeitos de
insuficiência econômica do patrimônio do agente causador do dano, escolhido
e orientado pelo Estado, assunto que voltaremos abordar no quarto capítulo da
presente dissertação, quando analisarmos a questão do direito de regresso.
327
Idem, pág. 318
328
Idem
112
329
Esse modelo vem consagrado nos artigos 223 e seguintes da Constituição da República de
Moçambique de 2004, é semelhante ao modelo de organização do poder judicial francês.
330
O legislador constituinte não foi feliz em apenas distinguir órgão supremo da jurisdição
administrativa dos restantes tribunais administrativos, usando as letras iniciais maiúsculas para aquele e
minúsculas para estes, pois, por uma questão de rigor e clareza se devia dar a designação de Superior ou
Supremo Tribunal Administrativo ou Tribunal Supremo Administrativo.
114
331
Alínea e), do nº 1, do art. 5 da Lei 25/2009 de 26 de Setembro que estabelece a organização da
jurisdição administrativa.
332
Alínea a) e b) do artigo 4 da Lei 25/2009 de 26 de Setembro que estabelece a organização da
jurisdição administrativa.
333
Artigo 3, da Lei 25/2009 de 26 de Setembro que estabelece a organização da jurisdição
administrativa.
115
334
Artigo 29, da Lei 24/2007, de 20 de Agosto (Lei de Organização Judiciária de Moçambique)
335
A sua institucionalização ocorreu com a aprovação da Lei 4/92 de 6 de Maio, que reconhece os
Tribunais comunitários e estabelece as balizas da sua atuação.
116
336
ITURRASPE, Mosset. El Daño fundado en la dimension Del hombre em su concreta realidad. Ob. cit.
pág. 39
337
MONTENEGRO, Antonio Lindbergh C. Ressarcimento de Danos Pessoais e Materiais. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2001, pág. 209
338
Nesses casos, importa ter em atenção o princípio da fungibilidade das coisas para efeito de
substituição por outro do mesmo tipo, qualidade e quantidade, porém nas hipóteses em que a
reparação natural se mostra de difícil uso, mormente quando se trata de bens com algum uso,
tornando-se imperioso a aplicação dos ditames da boa fé e da equidade. Cfr. MONTENEGRO, Antonio
Lindbergh C. Ressarcimento de Danos Pessoais e Materiais. Ob. cit. pág. 205.
117
339
José de Aguiar. Ob. cit. pág. 986.
340
SESSAREGO, Carlos Fernández. Protección a la persona humana ``in´´ ANDORNO, Luis. CIFUENTES,
Santos, et all. Daño y protección a la persona humana. Buenos Aires: La Rocca, 1993.
341
Cfr. o debate no capítulo 3, ponto 2.1 da presente dissertação
342
A CFB/1988 atribuiu índole constitucional a reparação do dano moral e veio dissipar dúvidas sobre a
sua admissibilidade, estatuindo a sua reparabilidade nos incisos V, X do artigo 5. Na legislação ordinária
a sua previsão vem prevista no artigo 186 do Código Civil de 2002, bem como em outras legislações
especiais, como são os casos do Código de Defesa dos Consumidores e Código de Telecomunicações, em
Moçambique encontra-se previsto de forma expressa no artigo 496 do Código Civil.
118
343
CAHALI, Yussef Said. 3ª ed. Dano Moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, pág. 44.
344
REIS, Clayton. Avaliação do Dano Moral. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, pág. 79.
345
DIAS. José de Aguiar. Ob. cit. pág. 1001.
346
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. págs. 217-219.
119
347
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva,
volume 7, 2003, pág. 98.
348
Idem
349
PERREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1988, pág. 55
350
BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 3ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1998, pág. 247. Favoráveis à mesma tese manifestaram-se Arthur Oscar de Oliveira Deda, Sérgio
Cavalieri, José Carlos Moreira Alves, Paulo Costa Leite, dentre outros. Cfr. Moraes, Maria Celina Bodin
de. Ob. cit. p. 218.
120
351
SILVA, Wilson de Melo. Ob. cit. pág. 440
352
BREBBIA, Roberto H. El daño moral. 2ª Ed. Rosario: ORBIR, 1967, pág. 230
353
REIS, Cleyton. Ob. cit. pág. 84.
354
SAAD, Renan Miguel. Ob. cit. pág. 101
355
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 225.
121
356
FARIA, Jorge Leite Areias de Ribeiro. Ob. cit. págs. 492-493.
123
357
VARELA, João de Matos Antunes. Ob. cit. pág. 630
358
MENEZES DE LEITÃO, Luís Manuel Telles de. Ob. cit. pág 335.
359
Acórdão 89º/2012 do processo nº 214/2010- 1ª, do Tribunal Administrativo de Moçambique. pág. 14
124
360
SEVERO, Sérgio. Os Danos Extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996, pág. 191
361
Idem
362
TÁCITO, Caio. Responsabilidade do Estado por dano moral ``in´´ Revista de Direito Administrativo. Rio
de Janeiro: Renovar, vol. 197. jul./set. 1994, pág. 22
363
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 229
125
do dano por meio de uma pena pecuniária a ser paga a vítima364, o que coloca
em risco o escopo primordial do instituto da Responsabilidade Civil que é de
reparar os danos.
364
DI LAURO, Antonino Procida Mirabelli. La reparazione del danne Allá persona. Camerino-Napoli:ESI,
1993, p. 123 apud MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 258
365
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 260.
366
Idem, pág. 260-263.
126
367
VARELA, João de Matos Antunes. Ob. cit. 628.
368
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 303
127
369
Idem, págs. 132-133
370
VINEY, Geneviéve apud SEVERO, Sérgio. Ob. cit. pág. 203
128
Subjaz desses critérios que o juiz ante as provas produzidas nos auto, e
com base na sensibilidade natural do julgador, decidirá, impondo uma reposta
competente a ação lesiva desencadeada, mitigando a responsabilidade em
caso de concurso de culpa, ou ampliando a gravame, baseado em certa
relação entre o fato danoso e o dano que se repercute na esfera jurídica do
lesado372.
371
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 275
372
BITTAR, Carlos Alberto. Ob. cit. pág. 222.
129
No STJ, estes critérios também têm sido usados, como se pode ver no
voto do Relator Ministro Sidnei Beneti no AgRg no Recurso Especial Nº
1.367.193 - RS (2013⁄0032207-9) que considera que
373
PERLINGIERI, Pietro. Ob. cit. pág. 174.
374
Idem
131
375
Pág. 14 e 15 do Acordão nº 214/2010-1ª do Tribunal Administrativo Moçambicano. Importa realçar
que o valor pedido pela lesado foi de 500.000,00 Mts (quinhentos mil meticais), equivalente a 17000
dolares americanos.
376
Cfr. VARELA, Jõao de Matos Antunes. Ob. cit. págs 634-635.
132
fito de buscar a ratio legis sobre a matéria, Antunes Varela chega a duas
importantes conclusões,
377
Idem, pág. 635.
133
378
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 298
379
MIRANDA, Pontes De. Tratado de Direito Privado. Tomo III. Rio de Janeiro: Borsoi, 1966, pág. 206
134
380
PERLINGIERI, Pietro. Ob. cit. pág. 174.
381
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 300
382
PERLINGIERI, Pietro. Ob. cit. pág. 174.
135
383
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 306
384
PERLINGIERI, Pietro. Ob. cit. pág. 175
385
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 302
136
386
MORAES. Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 296
387
Para mais desenvolvimentos sobre a culpa do lesado, como atenuante da Responsabilidade
Extracontratual do Estado, vide o primeiro capítulo da presente dissertação.
137
3. A concretização da reparação
Com efeito, é mister ter uma visão ampla sobre o sentido da efetividade
da atuação do Poder Judicial para se compreender a execução, englobando
todas as medidas tendentes a satisfação do credor, bem como o cumprimento
do julgado como medida executivas395. É neste contexto que apesar das suas
peculiaridades, a ação movida contra a Fazenda Pública, reveste a índole de
execução.
393
FEDERIGHI, Wanderley José. Ob. cit. pág. 44
394
GRECO FILHO, Vicente. Da Execução Contra a Fazenda Pública. São Paulo: Saraiva, 1986, pág. 39.
395
Idem
396
GRECO FILHO, Vicente. Ob. cit. pág. 33
140
397
O impulso processual é dado pela parte interessada, no caso vertente o cidadão que com êxito viu
em sentença judicial o Estado ser condenada a reparar os danos causados em sua esfera judicial.
398
VIENA, Juvêncio Vasconcelos. Ob. cti. pág. 108-109 assinala que os ``embargos não têm a mesma
natureza jurídica de contestação. Não são uma simples ``resposta´´ do devedor. Sua natureza jurídica é
uma verdadeira ação cognitiva desconstitutiva do processo de execução, um instrumento processual
com alma de ação e corpo de ação.´´
399
Idem. Pág. 115-116.
400
GRECO FILHO, Vicente. Ob. cit. pág. 87
401
CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. ob. cit. pág. 210
141
402
GRECO FILHO, Vicente. Ob. cit. 92
403
Art. 164 da Lei do Contencioso administrativo em Moçambique, Lei nº 9/2001
142
404
É interessante o espírito do legislador que não lança medidas contra órgão ou patrimônio do órgão
que lesou os direitos fundamentais do cidadão, mas sim contra o titular que não cumpre a decisão.
Ademais, esclarece no número 3, do artigo 175 que em casos de órgão colegiais a medida compulsória
não é aplicável aos que votaram a favor do cumprimento, o que demonstra esta ideia de individualizar o
máximo possível a responsabilidade. Diferentemente do que ocorre no Brasil não existe a possibilidade
de se ordenar o seqüestro de valor para cobrir a reparação.
405
art. 175, da Lei do Contencioso administrativo em Moçambique, Lei nº 9/2001
143
Ora, não restam dúvidas que a Administração pública na sua atuação deve
prosseguir o interesse público, que Celso Antonio Bandeira de Mello
influenciado pela doutrina Italiana, principalmente Renato Alessi, distingue em
interesse público propriamente dito, ou designado de interesse primário, e
interesse secundário. Sendo estes relativos ao interesse do próprio aparato
estatal enquanto entidade personificada e aqueles relativos à sociedade como
um todo, são os interesses coletivos que a administração deve prosseguir406.
406
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Ob. cit. pág. 91-92
407
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. A Noção Jurídica de Interesse Público No Direito Administrativo
Brasileiro, ``in´´ BACELLAR FILHO, Romeu Felipe; HACHEM, Daniel Wunder (orgs.). Direito Administrativo
e Interesse Público: Estudos em Homenagem ao Professor Celso Antônio Bandeira de Mello. Belo
Horizonte: Fórum, 2010, pág. 91.
408
SARMENTO, Daniel. Interesses Públicos vs. Interesses Privados na perspectiva da Teoria e da Filosofia
Constitucional ``In´´ SARMENTO, Daniel (org.). Interesses Públicos versus Interesses Privados:
Desconstruindo o princípio de supremacia do interesse público. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pág.
81.
409
PERLINGIERI, Pietro. Ob. cit. pág. 285
144
410
SARMENTO, Daniel. Ob. cit., pág. 83.
411
BINENBOJM, Gustavo. Da supremacia do Interesse Público ao Dever de Proporcionalidade:Um novo
Paradigma para o Direito Administrativo ``In´´ SARMENTO, Daniel (Org.). ob. cit. pág. 148.
412
HACHEM, Daniel Wunder. O princípio constitucional da supremacia do interesse público. Belo
Horizonte: Fórum, 2011, pág. 335.
413
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2012, pág. 87.
414
Robert Alexy elenca alguns desses critérios tradicionais usados na tentativa de definir regras de
princípios, como é o caso do critério da generalidade, a determinabilidade dos casos de aplicação,
dentre outros. Ob. cit. pág. 86-90 .
145
Por outro lado, as regras são normas que apenas podem ser observadas
ou não, pois as regras já comportam as previsões tanto fáticas como jurídicas,
e como tal, quando válidas deve-se cumprir as suas prescrições416. No mesmo
diapasão, Dworkin atribui as regras a lógica de incidência de tudo-ou-nada. Se
os fatos que uma regra enuncia se verificam, então a regra é válida, e deve ser
aceita no caso em que se aplica, ou ela não é válida nos casos em que ela não
contribui em nada para a decisão417.
415
Idem, pág. 90
416
Idem, pág. 91
417
DWORKIN, Ronald. Taking Rights Seriously. 6th ed. Londres: Duckworth, 1991, pág. 39-43.
418
ALEXY, Robert. Ob. cit. págs. 91-92
419
Idem, pág. 93-99.
146
420
Ob. cit. pág. 149
421
SCHIER, Paulo Ricardo. Ensaio sobre a supremacia do Interesse Público sobre o Privado e o regime
Jurídico dos Direitos Fundamentais. SARMENTO, Daniel (org.). ob. cit. pág. 218-219.
422
SARMAENTO, Daniel. Ob. cit. pág. 98
423
Idem, pág. 99-100
147
eficácia e a proporcionalidade424. Dai que Hachem refere que não existe ``uma
suposta `cláusula geral de restrição dos direitos fundamentais´, abstratamente
considerada, decorrente do princípio de supremacia do interesse público, que
seria capaz de autorizar toda e qualquer limitação a tais direitos425´´. Assim, na
sua atuação a administração deve agir em respeito à dignidade da pessoa
humana e aos direitos fundamentais, que configuram o núcleo do interesse
público.
426
CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. ob. cit. pág. 215
427
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Ob. cit. pág. 1034.
149
428
BRUNINI, Weida Zancar. Ob. cit. pág. 62-63
429
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Ob. cit. pág. 1037
430
BRUNINI, Weida Zancar. Ob. cit. pág. 62
431
Idem, pág. 63.
432
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Ob. cit. pág. 1035.
150
433
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Ob. cit. pág. 1037.
434
MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit. pág 539.
151
435
Confira-se os processos REsp 537.688/DF, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de
2.5.2005; AgRg no Ag 731.148/AP , Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/08/2006, DJ 31/08/2006 p. 220; EREsp 313886/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇAO,
julgado em 26/02/2004, DJ 22/03/2004 p. 188, dentre outros.
436
BRUNINI, Weida Zancar. Ob. cit. pág. 64
437
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Ob. cit. pág. 1042
438
BRUNINI, Weida Zancar. Ob. cit. pág. 65
152
439
BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Direito Administrativo. ob. cit. pág. 199.
153
CONSIDERAÇÕES FINAIS
440
MORAES, Maria Celina Bodin de. Ob. cit. pág. 296
156
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia citada
22. BUERES, Alberto J.. El Daño moral y su conexion com las lesiones a
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23. CALIL, Mário Lúcio Garcez. Efetividade dos direitos sociais:
Prestação jurisdicional com base na ponderação de princípios. Porto
Alegre: Nuria Fabris, 2012.
24. CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 2ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.
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26. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. 5ª ed. Direito Constitucional.
Coimbra: Almedina, 1992.
27. CASAILLO, João. Dano a Pessoa e sua indenização. São Paulo:
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derecho argentino la criacion pretoriana de la jurisprudência italiana? .
``in´´ Revista de Derecho Privado Y Comunitario. Daños a la Persona.
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31. __________________________. Fundamento dos Direitos Humanos.
São Paulo, 1997, disponível em
http://www.iea.usp.br/textos/comparatodireitoshumanos.pdf
32. COSTA, Pietro. DANILO, Zolo (organizadores). O Estado de Direito:
História, teoria, crítica. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
33. COSTA, Mário Júlio de Almeida. Direito das Obrigações. 9ª ed.
Coimbra: Almedina, 2001.
34. CORDEIRO, Antonio Menezes. Estudos de Direito Civil. Coimbra:
Almedina, 1991.
160
Bibliografia Consultada
ANEXO