Influencia Da Midia
Influencia Da Midia
Influencia Da Midia
FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO
FORTALEZA
2019
CLAUDIO ERLON CASTRO TAVARES
FORTALEZA
2019
CLAUDIO ERLON CASTRO TAVARES
BANCA EXAMINADORA
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Aos meus pais, Claudiana e Francisco José, que desde o início me incentivaram e
estiveram presentes em cada etapa da minha vida, sempre me dando amor, carinho e atenção.
À minha família, especialmente a minha falecida avó, Maria Elisa, que sempre me
apoiou desde a infância.
À minha namorada, Stella Colares, que me deu incentivo mesmo nos momentos
mais difíceis e com sua doçura torna os meus dias leves e cheio de amor.
Aos dois irmãos que ganhei durante a vida, Lucas Falcão e Rodrigo Campos,
estando sempre comigo e contribuindo de forma significativa na minha vida.
Aos demais amigos que construí durante minha trajetória, o meu imenso obrigado.
Aos meus colegas e professores que fizeram parte da minha graduação, tanto na
Universidade de Fortaleza quanto na Universidade Federal do Ceará.
Aos meus queridos colegas do 22º Juizado Especial Cível do Tribunal de Justiça
do Estado do Ceará, local de bastante aprendizado e alegria no período que realizei estágio
durante quase dois anos.
Por fim, ao professor Raul Nepomuceno, por ter aceitado a orientação desse
trabalho e por ser um docente espetacular. Minha gratidão pelo seu tempo disponibilizado.
Sua contribuição foi deveras significativa para a construção deste projeto.
Palavras são, na minha nem tão humilde opinião,
nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de formar
grandes sofrimentos e também remediá-los.
J.K Rowling
RESUMO
The present study examines the implications of the media in the criminal law by
assessing the possibility of its influence in different criminal cases. As a more specific
objective, this study has been retained to examine the existence of the conflict of rights
guaranteed by the Constitution, such as the right to ample defense and contradictory and the
right of non-guilty, both consolidated in article 5 of the Constitution. This way, this study
seeks to verify the effects of criminal spectacularization, in other words, how the media treats
current cases more as a spectacle than a legal case. In the methodological aspect, the research
will have a bibliographic and descriptive aspect, using concrete cases, which the means of
communication constantly reported the development of the processes, interfering positively or
negatively in its solution. About the results, the research revealed that the phenomenon has a
great influence at the present time, and it causes damage in the application of several
fundamental rights guaranteed to the citizens.
Art. Artigo
c/c Combinado com
CF/88 Constituição Federal de 1988
CP Código Penal
CPP Código de Processo Penal
HC Habeas Corpus
PL Projeto de Lei
SP São Paulo
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiça
Vs. versus
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
2 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DIREITO BRASILEIRO ....................... 14
2.1 A Liberdade de Informação Jornalística .................................................................. 16
2.2 A Mídia no Século XXI ............................................................................................... 16
2.2.1 Fake News ................................................................................................................. 17
2.2.2 Clickbaits ................................................................................................................... 18
2.3 Direito a Informação e o Jornalismo Criminal ........................................................ 19
3 GARANTIAS PROCESSUAIS PENAIS .................................................................. 21
3.1 Princípio do Devido Processo Legal .......................................................................... 22
3.2 Princípio do Contraditório ........................................................................................ 22
3.3 Princípio da Ampla Defesa ........................................................................................ 23
3.4 Princípio da Imparcialidade ..................................................................................... . 24
3.5 Princípio da Não-Culpabilidade ............................................................................... 25
3.5.1 Execução Provisória após Condenação em Segunda Instância ............................. 27
4 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO PROCESSO PENAL ........................................ 29
4.1 Espetacularização do Direito Penal ........................................................................ 29
4.2 Presunção de Culpa x Presunção de Inocência ....................................................... 31
4.3 Direito Comparado ..................................................................................................... 31
4.3.1 União Europeia ........................................................................................................ 32
4.3.2 Estados Unidos da América ..................................................................................... 32
4.4 Estudos de Caso ...................................................................................................... 33
4.4.1 Caso Escola Base ................................................................................................... 33
4.4.2 Caso Dandara Ketley .............................................................................................. 34
4.4.3 Caso Eloá Cristina ................................................................................................. 36
4.4.4 Caso Daniella Perez ............................................................................................... 38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 41
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 43
12
1 INTRODUÇÃO
Por ser uma área do Direito que impacta fortemente na coletividade, tendo em
vista que se relaciona com garantias constitucionais, como o direito à vida, à propriedade e à
liberdade, dentre outros, os meios de comunicação em massa se utilizam de assuntos
relacionados ao Direito Penal como forma de atingir seu público. Tal situação nem sempre
ocorre de maneira correta, pois, buscando a audiência ou um alto número de acessos, torna-se
cada vez mais comum a espetacularização de dados ou situações envolvendo a seara criminal,
o que prejudica de forma significativa a aplicação da lei penal e lesa diversos direitos
fundamentais garantidos na Constituição Federal, como o direito à ampla defesa e a
imparcialidade do órgão julgador.
Corroborando com a temática, Archibald Cox (apud André Ramos Tavares, 2012,
p. 633) afirma:
que a Lei 5250/67 (Lei de Imprensa), dispositivo editado na vigência do regime militar, não
foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, visto sua incompatibilidade com o
espírito democrático da mesma.
A liberdade de informação jornalística de que fala a Constituição (art. 220, §1º) não se
resume mais na simples liberdade de imprensa, pois esta está ligada à publicação de
veículo impresso de comunicação. A informação jornalística alcança qualquer forma
de difusão de notícias, comentários e opiniões por qualquer veículo de comunicação
social. (SILVA, 2009, p. 246).
Nos últimos anos, porém, tornou-se claro que a imprensa extrapola sua função
primordial, que é informar. Com o advento das novas tecnologias e a forma que a
comunicação por meios telemáticos se estabeleceu, as mídias adquiriram um poder cada vez
maior, exercendo uma espécie de poder social, fazendo do cidadão não apenas um destinatário,
mas um refém da informação (GUERRA, 2005).
e TV, o início do século XXI apresentou a internet no Brasil, invenção que incrementou de
maneira significativa o alcance dos meios de informação, ocasionando o surgimento de sites,
blogs, canais de vídeos, além da produção de conteúdo para publicação por estes meios
(ZILLER, 2006).
informações falsas pela internet tem sido apontada como um dos principais problemas desta
década, com diversos estudos apontando que houve influência das fake news em eleições
presidenciais dos Estados Unidos da América, em 2016, e no Brasil no último ano.
Diversos são os motivos que podem ocasionar a divulgação das fake news, desde
questões ideológicas, obtenção de vantagens econômicas ou políticas, até mesmo sua
utilização para o cometimento de crimes, como injúria, difamação e calúnia, delitos previstos
no Código Penal Brasileiro.
2.2.2 Clickbaits
As clickbaits tem seu alcance intensificado quando divulgadas pelas redes sociais,
pois é lá que são propagadas de forma mais rápida, se baseando principalmente na exploração
de boatos, farsas, tragédias e sensacionalismo, como bem explica Fernando Zamith:
vezes usado também pelos cibernéticos jornalísticos e muito disseminado pelas redes
sociais. O objetivo, ao utilizar esta fórmula, é aumentar os acessos ao conteúdo
produzido, e, assim, gerar mais receitas de publicidade (ZAMITH, 2019, p. 8)
Com o aumento da criminalidade no nosso país nos últimos anos, um dos ramos
do jornalismo que tem se destacado é o policial, especialidade profissional na qual o jornalista
deve narrar e noticiar fatos relacionados a fatos criminosos, judiciais ou do sistema
penitenciário.
Como observado neste capítulo, é cediço que o fim da censura aos meios de
comunicação e o início da era da internet foram importantes para a construção da nossa
sociedade democrática atual. Todavia, também se mostra visível que a liberdade de expressão
jornalística irrestrita pode ocasionar diversos problemas a coletividade, sendo estendidos a
aplicabilidade de direitos e garantias garantidos em nossa Constituição Federal.
21
Devido ao período de exceção ao qual o Brasil foi submetido entre 1964 e 1985,
se fez crucial a necessidade da criação de uma nova Constituição que rompesse com o espírito
restritivo de direitos que a antiga Lei Maior emanava e inaugurasse um novo período no país,
com a positivação de diversos direitos essenciais para os cidadãos brasileiros.
Com isso, foi promulgada a Constituição Federal de 1988, que além de trazer
inúmeros direitos, trouxe também garantias para que os mesmos fossem concretizados. Sobre
a diferença entre direitos e garantias, Jorge Miranda elucida:
O princípio do devido processo legal está positivado no Artigo 5º, inciso LIV, da
nossa Constituição Federal, dispondo que “ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus
bens sem o devido processo legal”.
Nesse mandamento se aduz que não é possível que alguém seja condenado e perca
seus bens ou liberdade se não houver um procedimento regularizado e que esteja de acordo
com disposto na CF/88 e no Código de Processo Penal. Assim, para o Estado aplicar o jus
puniendi, deve-se respeitar tanto os aspectos processuais como os direitos e garantias
positivados em nosso ordenamento jurídico.
Dessa maneira, as partes devem buscar por meio de todos os meios aceitos pelo
ordenamento jurídico brasileiro a verdade sobre o que foi alegado e que possa ser utilizado em
sua defesa, de forma que possa influenciar o juiz em sua decisão.
sobre todos os atos processuais, a produção antecipada de provas quando houver ameaça de
perecimento. Sobre o contraditório, afirma Renato Brasileiro:
Nestor Távora (2016, p. 142) frisa que o princípio da ampla defesa não deve ser
confundido com o princípio da amplitude de defesa, um dos pilares do Tribunal do Júri, pois
enquanto a ampla defesa deve ser contíguo aos argumentos jurídicos apresentados para
rebater a parte contrária, a amplitude de defesa garante as partes a possibilidade de apresentar
24
fatos que deram nascimento ao litígio, pouco importando que, afinal, sua descoberta
aproveite a u outro litigante.
O princípio “in dubio pro reo”, dessa maneira, não é apenas uma maneira de se
apreciar as provas do processo, mas sim uma garantia que se houver hesitação do órgão
julgador sobre a culpabilidade do réu, o mesmo deve ser inocentado, visto que não cabe nem a
ele nem a sua defesa provar que não praticou o delito, e sim a parte acusadora (Ministério
Público ou querelante) provar o fato imputado (BRASILEIRO, 2017).
Por meio desse princípio é garantido ao réu o seu direito de recorrer a instâncias
superiores em liberdade, garantindo seu status libertatis.
[...] essa modalidade de prisão deve ser vista como o ponto único e exclusivo de toda e
qualquer prisão cautelar de natureza processual, pois, se não houver necessidade de se
decretar a prisão preventiva, a prisão em flagrante não deve ser persistir (vide,
inclusive, a redação do art. 310, II, do CPP) e, se não existirem os motivos que
autorizam a prisão preventiva, a prisão temporária deve ser revogada ao final.
em casos excepcionais.
duas instâncias, não se utilize de tal preceito constitucional para assegurar sua impunidade.
29
primórdios, pois é através da construção dessa relação entre o fato e as emoções humanas que
se estabelece o canal de comunicação entre o emitente e o emissor de uma maneira mais
intensa. Quando se trata de notícias envolvendo casos criminais esse recurso se mostra ainda
mais visível, visto que diversos meios de comunicação optam por utilizar a espetacularização
como uma das formas de atrair espectadores para consumir seu produto, que é a notícia.
É o modelo adotado pelo Direito brasileiro, que atribui à polícia a tarefa de investigar
e averiguar os fatos constantes na notícia-crime. Essa atribuição é normativa e a
autoridade policial atua como verdadeiro titular da investigação preliminar. No
modelo agora analisado, a polícia não é mero auxiliar, senão o titular, com autonomia
par decidir sobre as formas e os meios empregados na investigação e, inclusive, não se
pode afirmar que exista uma subordinação e relação aos juízes e promotores. (LOPES
JR., 2008, p 220).
A revolução a qual passa os meios de comunicação nos últimos anos, como foi
analisado, não é um fenômeno isolado, e sim uma tendência que ocorre de forma globalizada
em todo o planeta. Desta maneira, é manifesto o entendimento que os problemas que esta
inovação trouxe também ocorressem em outros países. Algumas regiões, como Estados
Unidos da América e a União Europeia, devido terem sofrido o impacto tecnológico de forma
mais intensa e previamente a outras nações, pelo seu desenvolvimento econômico súpero aos
outros, a possibilidade da criminalização de veículos midiáticos que veiculam fatos que
possam atrapalhar o processo penal já é debatida.
32
Os juízes depreenderam que a lei interna do país foi violada pelos jornalistas ao
divulgarem os áudios emitidos por rádio que os jornalistas obtiveram de forma ilícita,
portanto, devem sofrer a sanção penal cabível ao fato. O fato de profissionais da imprensa
estarem cobertos pela liberdade de expressão não os permite infringir a lei penal, devendo agir
com responsabilidade e sensatez perante as situações que lhe apresentam.
Os Estados Unidos da América foi um dos primeiros países no qual a temática dos
limites da mídia no âmbito do processo penal foi levada ao poder judiciário. Em 1964, a
Suprema Corte americana julgou o caso New York Times Co. vs. Sullivan, que diz respeito a
um funcionário público chamado L.B Sullivan, que foi criticado de forma velada pela
imprensa, em razão de suas funções públicas. As críticas, que glosavam de sua atuação como
policial no Alabama, foram publicadas em um artigo do jornal The New York Times. Após
ingressar com ação judicial pelo crime de difamação, o jornal foi condenado ao pagamento de
US$ 500.000,00 ao autor. Entretanto, o caso chegou a Suprema Corte e após sua análise, a
condenação foi revertida. Como fundamento da decisão, os juízes entenderam que a matéria
não citava o nome de Sullivan, e que a condenação do jornal pela mera publicação de críticas
33
referente ao trabalho do funcionário não caracterizaria a difamação alegada pelo mesmo, além
de ferir a liberdade de expressão jornalística garantida na constituição do país.
Não obstante a condenação, o caso foi julgado pela Suprema Corte dos Estados
Unidos, a qual a reverteu. Nesse julgamento, a Suprema Corte sustentou que a lei
aplicada pelas Cortes do Alabama carecia de constitucionalidade para proteger a
liberdade de expressão de imprensa, exigidas pela Primeira e Décima Quarta Emendas
(SILVA, 2012, p. 267).
Após adentrar na discussão sobre a influência da mídia nas decisões judiciais, far-
se-á um estudo de casos concretos sobre a temática apresentada.
Dandara Kettley, ou Dandara dos Santos, como o caso ficou mais conhecido, era
uma travesti que morava no Bairro Conjunto Ceará, na cidade de Fortaleza, Ceará. No dia 15
de fevereiro de 2017, Dandara se dirigiu ao conjunto habitacional Palmares, localizado no
bairro do Bom Jardim, na mesma cidade em que morava, e foi duramente espancada,
apedrejada e levou dois tiros, o que a fez entrar em óbito ainda na cena do crime.
Poucas horas após o assassinato, pessoas que filmaram o ato divulgaram as cenas
na rede social Facebook, o que fez com que em questão de minutos diversas pessoas
pudessem assistir a tortura a qual Dandara viveu em seus últimos momentos. No vídeo, é
possível ver a transexual sentada, ensanguentada, enquanto leva chutes, pauladas e murros de
diversas pessoas. Após alguns minutos de linchamento, Dandara é jogada em cima de um
carro de mão e levada para uma viela, onde levaria dois tiros no rosto (MELO, 2017).
Devido a crueldade das imagens, o vídeo logo alcançou uma grande repercussão e
diversos meios de comunicação passaram a divulgar o caso, o que iniciou uma onda de
protestos na internet para a investigação do caso pela polícia civil. Horas após a divulgação do
vídeo, o secretário de segurança pública do estado, o prefeito de Fortaleza, o governador e
35
O contato entre Sônia Abrão com o acusado repercutiu de forma bastante negativa,
principalmente com o desfecho trágico do sequestro, no qual Eloá faleceu após levar dois tiros,
um no rosto e um na virilha, e Nayara ferida. Diversos estudiosos sobre o tema criticaram a
atuação da apresentadora e da emissora. O sociólogo Rodrigo Pimentel, em entrevista ao
portal Terra, afirmou:
Relembra-se que circunstâncias do crime são aquelas que o tornam mais grave e que
de alguma forma, repercutirão, em regra, em suas consequências. Na nossa sociedade,
a mídia e o direito penal se interagem em relação bem próxima. Isso porque as pessoas
costumam ter interesse por casos desse jaez, razão pela qual ela funciona como “olhos
da sociedade”, não tendo como ficar alheia ao interesse que os crimes causam. Mas
muitas vezes, ao se veicular notícia de tal porte, cria-se, de forma inerente e
involuntária, a falsa realidade que foge aos reais números e aspectos da criminalidade,
em especial, do caso que está sendo veiculado.
A função da mídia é sem dúvida, uma demonstração do Estado
Democrático de Direito, mas que deve ser neutralizada, pelo Julgador, quando da
aplicação da pena, principalmente nos casos que tratam de crimes contra a vida, já que
38
Nos dias que seguiram o fato criminoso, a investigação policial sobre o caso logo
identificou Guilherme como suspeito, visto que diversas provas de materialidade e autoria
surgiram, como o testemunho de camareiras da emissora de TV afirmando ter visto o ator
com raiva pelo seu sumiço nos capítulos seguintes, além de seu carro coincidir com o avistado
na cena do crime. Após ser confrontado com os indícios de sua participação no crime,
Guilherme confessou o assassinato.
39
Após reunião com Glória Perez, Antônio Carlos Biscaia, na época Procurador de
Justiça do estado do Rio de Janeiro, se comprometeu a lançar uma emenda à lei de crimes
hediondos para a inclusão da prática de homicídio qualificado no rol da lei. Dias após a
entrega do PL 4146/93, que levava ao poder legislativo a discussão sobre a emenda à lei
8072/90, a mãe de Daniella iniciou uma massiva campanha popular através de abaixo-
assinados para pressionar os deputados para votar pela aprovação da emenda.
O Caso Daniella Perez, como se sabe, foi um crime que em função da forma que
ocorreu, trouxe uma natural comoção, principalmente por ser a vítima uma atriz em
ascensão. Todavia, é natural que, em qualquer crime, os familiares se insurjam contra
o fato e contra o criminoso. Gloria Perez contou com o seu fácil acesso aos meios de
comunicação, com o prestígio de ser autora de telenovelas, e buscou por todos os
meios possíveis e legais externar aquela comoção para toda a sociedade. (CRUZ, 2018,
p. 64).
121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº
13.142, de 2015).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entretanto, alguns veículos optam por utilizar ferramentas que podem causar
bastante prejuízo a sociedade, como as fakes news e os clickbaits.
Tais consequências podem ser comprovadas através do estudo dos casos concretos
apresentados nesse trabalho. No caso Dandara Ketley, no qual ficou clara a influência que a
propagação do vídeo com o assassinato da mesma nas redes sociais causou comoção e
estimulou a sociedade a pleitear justiça aos criminosos. No caso Eloá, é nítido que a
interferência dos veículos midiáticos durante o sequestro foi uma das responsáveis pelo
desfecho trágico. E por fim, no caso Daniella Perez, foi possível observar que a visibilidade
da vítima e sua mãe obtida por meio da mídia televisiva contribuiu para a aprovação de uma
lei que endureceu os delitos relacionados ao caso da morte da atriz.
REFERÊNCIAS
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