MULTILETRAMENTOS E COLABORAÇÃO: ATENUAÇÃO DA ESCRITA MERITOCRÁTICA NA FORMAÇÃO E PROFISSÃO DE PROFESSOR - Sean Mardem

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 108

APRESENTAÇÃO

O Seminário de Multiletramentos, Hipermídia e Ensino é um evento organizado pelo


Grupo de Pesquisa “(Multi)letramentos na escola por meio da hipermídia”. O evento, realizado
nos dias 23 e 24 de setembro de 2021, totalmente online, em virtude da pandemia da Covid-
19, chega em sua terceira edição para promover a discussão de práticas e reflexões teóricas
envolvendo educação, sociedade e tecnologia. Neste ano, o evento homenageia o centenário de
Paulo Freire, incluindo em sua programação espaços perpassados pela produção intelectual
deste grande educador brasileiro. Para isso, a programação do evento inclui conferência de
abertura, roda de conversa, apresentação de pôsteres, relatos de experiência e sessões de
comunicação.

REALIZAÇÃO

GRUPO DE PESQUISA (MULTI)LETRAMENTOS NA ESCOLA POR MEIO DA


HIPERMÍDIA

APOIO

2
CRÉDITOS

COORDENAÇÃO
Prof. Dr. Petrilson Pinheiro (Unicamp)
Prof. Me. Gabriela Claudino Grande (UFMS)

COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA


Prof. Dr. Bruno Cuter Albanese (UFMS)
Dra. Claudia Gomes Silva Guimarães
Danilo Mandolesi Rios (especialista-MBA) – (Unicamp)
Prof. Me. Deise Nancy de Morais (UNITAU/Unicamp)
Prof. Esp. Dulce Helena Soares Villa Nova (CEETEPS)
Prof. Me. Gabriela Claudino Grande (UFMS/Unicamp)
Prof. Me. Gabriela Martins Mafra (UENP/Unicamp)
Prof. Dra. Gláucia de Jesus Costa (IFSP)
B.el. Izabella Baptista Paladine (mestranda) – (Unicamp)
Prof. Dra. Joyce Fettermann (UENF)
Lara Mantovani (graduanda) – (Unicamp)
Me. Luana Mayer (Unicamp)
Me. Mayara Pereira Lima Silva
Esp. Patricia Pinho Andrade (Unicamp)
Me. Rafaela Salemme Bolsarin
Prof. Me. Rodrigo Geraldo Mendes (UFJF/Unicamp)
Prof. Dra. Roziane Keila Grando (Unicentro)
Prof. Dr. Carlos José Lírio (Unifesp)
Prof. Dra. Eliane Azzari (PUC-Campinas)

COMISSÃO ORGANIZADORA DESTE VOLUME


B.el. Izabella Baptista Paladine (mestranda) – (Unicamp)
Me. Luana Mayer (Unicamp)
Esp. Patricia Pinho Andrade (Unicamp)
Prof. Dra. Roziane Keila Grando (Unicentro)

APOIO TÉCNICO
Fernando Luis Barbosa
Danilo Rios

3
PROGRAMAÇÃO GERAL

23/09/2021

9h00 - 10h30: Mesa de abertura (Canal GPMulti Youtube) Prof. Dra. Walkyria Monte Mor:

“LETRAMENTOS E O PENSAMENTO FREIRIANO SOBRE EDUCAÇÃO E


SOCIEDADE”

10h45 - 12h30: Sessões de pôsteres

12h30 - 13h30: Almoço

13h30 - 15h30: Sessões de comunicações

15h30 - 16h00: Intervalo

16h00 - 18h00: Sessões de comunicações

24/09/2021

9h30 - 11h30: Minicursos

12h00 - 13h30: Almoço

13h30 - 15h00: Relatos de experiência

15h00 - 15h30: Intervalo

15h30 - 17h30: Mesa redonda/roda de conversa (Canal GPMulti Youtube) com


Prof. Dr. Carlos José Lírio, Prof. Dra. Eliane Azzari e Prof. Dr. Sandro Luiz da Silva:

“MULTILETRAMENTOS COMO FORMAS DE (RE)SIGNIFICAR: OLHARES PARA AS


DIVERSIDADES”

18h00: Encerramento (Canal GPMulti Youtube) - Apresentação do Grupo Qualquer Nota

4
SUMÁRIO
Comunicações Orais........................................................................................ 11
EU NÃO QUERO FICAR SÓ NA ESCOLA DISCUTINDO POLÍTICA:
PRÁTICAS DE LETRAMENTOS EM PROTESTOS DE TORCIDAS
ORGANIZADAS DURANTE A PANDEMIA ................................................. 11
EU ACREDITO É NA RAPAZIADA ............................................................... 12
GÊNERO E LETRAMENTOS DIGITAIS: DESIGUALDADES NA
FORMAÇÃO DOCENTE ENTRE CORPOS FEMINIZADOS ....................... 14
GRAMÁTICA{-S} NA SALA DE AULA DE LÍNGUAS INDÍGENAS ........ 15
DESAFIOS E AVANÇOS DOS ALUNOS SURDOS NAS DISCIPLINAS DE
CIÊNCIAS E BIOLOGIA .................................................................................. 16
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
E AQUISIÇÃO LINGUÍSTICA PARA SURDOS ............................................ 17
AÇÕES PEDAGÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DA
CRIANÇA SURDA NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................... 18
“ESCREVER EU NÃO SEI, AGORA FALAR [...] QUER SER MEU
ESCRIVÃO?”: UM ESTUDO SOBRE MULTILETRAMENTOS E
PRÁTICAS DE ENSINO MAIS INCLUSIVAS ............................................... 19
GUILHERME BOULOS E SUA PROPAGANDA .......................................... 20
POLÍTICA/ELEITORAL DIGITAL: UM ESTUDO DO GÊNERO NA
CONTEMPORANEIDADE............................................................................... 20
ESTUDO DO TEXTO: REFLEXÕES A PARTIR DA ANÁLISE DE UMA
CAMPANHA PUBLICITÁRIA ........................................................................ 21
ANÁLISE DE CHAMADA TELEVISIVA: MULTIMODALIDADE E
METAFUNÇÕES DA LINGUAGEM .............................................................. 22
DESINFORMAÇÃO, POSICIONAMENTO POLÍTICO E AUDIÊNCIA NO
INSTAGRAM: UM OLHAR PARA AS HASHTAGS SOBRE TRATAMENTOS
PARA COVID-19 .............................................................................................. 23
GÊNEROS TEXTUAIS DIGITAIS E A CONSTRUÇÃO DO GÊNERO BLOG
............................................................................................................................ 24
O GÊNERO DISCURSIVO DIGITAL FANFICTION E OS
MULTILETRAMENTOS: REFLEXÕES DOCENTES ...................................25
A PRÁTICA DA ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA E OS
MULTILETRAMENTOS NO ELLA ................................................................ 26
TDICs, TEXTO E MULTILETRAMENTOS ................................................... 27
PRÁTICAS COLABORATIVAS DE LEITURA E ESCRITA EM SALA DE
AULA EM UMA PERSPECTIVA MULTIMODAL ........................................ 28
MULTILETRAMENTOS E COLABORAÇÃO: ATENUAÇÃO DA ESCRITA
MERITOCRÁTICA NA FORMAÇÃO E PROFISSÃO DE PROFESSOR ..... 29

5
O DESIGNER E SEU PROJETO: MULTILETRAMENTOS NA ESCRITA
COLABORATIVA DO GÊNERO DISCURSIVO FANFIC ........................... 30
O SOFTWARE AUTORIA: ANÁLISE DA USABILIDADE POR
GRADUANDOS DE UM CURSO DE GEOGRAFIA ..................................... 31
INTERAÇÕES ONLINE NO COMMUNICATION CAFÉ: ROMPENDO
FRONTEIRAS E (RE)PENSANDO OPORTUNIDADES DE
APRENDIZAGEM DE INGLÊS ....................................................................... 32
CURSO DE LETRAS MEDIADO POR TECNOLOGIA NO AMAZONAS .33
O CURSO PRÉ-PEC-G UNIFESP EM TEMPOS DE PANDEMIA: PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS E ARTICULAÇÕES POLÍTICAS ....................................... 35
MULTILETRAMENTOS, GÊNEROS MULTIMODAIS E ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA NA PERSPECTIVA DE PROFESSORAS EM
FORMAÇÃO CONTINUADA ......................................................................... 36
HIPERMÍDIA: CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES .......................................................................................... 37
“EU NÃO ENTENDO A ESCOLA”: DIÁLOGOS ENTRE PEANUTS E
PAULO FREIRE ................................................................................................ 38
MULTIMODALIDADE, SINESTESIA E MULTILETRAMENTOS:
SUBJETIVIDADES PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA ........................................................................................................... 39
OS MULTILETRAMENTOS NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA
PORTUGUESA .................................................................................................40
INTERCULTURALIDADE CRÍTICA EM MATERIAIS DE PORTUGUÊS
COMO LÍNGUA DE ACOLHIMENTO ........................................................... 41
“NO AR, CONEXÃO JOVEM IBC”: ............................................................... 42
INCLUSÃO DIGITAL DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ........... 42
DA TECNOLOGIA À PEDAGOGIA DOS MULTILETRAMENTOS: EM
BUSCA DE UMA INTEGRAÇÃO CONCEITUAL ........................................ 43
PEDAGOGIA FREIREANA, EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E LETRAMENTO
CRÍTICO ............................................................................................................ 44
EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA: UM PROFESSOR NA SALA DE
AULA, UM PESQUISADOR NO MESTRADO .............................................. 45
A PÁSCOA FREIREANA ................................................................................. 46
LETRAMENTOS CRÍTICOS E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA EM
TEMPOS HIPERMODERNOS ......................................................................... 47
PROCESSOS DE CONHECIMENTO COMO ANDAIMES PEDAGÓGICOS:
EXPERIÊNCIAS COM TURMAS DE INGLÊS PARA FINS ACADÊMICOS
............................................................................................................................ 48
PRÁTICA TELETANDEM: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ...................................................................49
6
O USO DO SITE VISUWORDS E INFOGRÁFICOS COMO CATALISADOR
PARA DISCUSSÕES NA AULA DE LÍNGUA ADICIONAL ...................... 51
PEDAGOGIA DE PROJETOS: INTERDISCIPLINARIDADE E A BASE
NACIONAL COMUM CURRICULAR ............................................................ 52
CONSTRUÇÃO MULTIMODAL DE SIGNIFICADOS EM UMA DEFESA DE
MESTRADO: UMA ANÁLISE DO DESIGN .................................................. 53
O (RE)DESIGN DO CONCEITO DE MULTILETRAMENTOS NOS
DESIGNS VISUAIS NA FORMAÇÃO CONTINUADA ................................ 54
LETRAMENTOS MULTISSEMIÓTICOS NO ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA: UMA ANÁLISE DO VIDEOCLIPE “THIS IS AMERICA” ........ 55
A ARGUMENTAÇÃO EM MONOGRAFIAS DO CURSO DE LETRAS
LICENCIATURA .............................................................................................. 56
GÊNEROS DIGITAIS E A BNCC: DIFERENTES FORMAS DE SIGNIFICAR
PRÁTICAS DE LINGUAGENS EM UM CURSO COMPLEMENTAR DE
FORMAÇÃO DE PROFESSOR ....................................................................... 57
TRABALHO DE ESCRITA SOBRE A HISTÓRIA EM CONTEXTO
ESCOLAR: UM POSSÍVEL ALCANCE DE SIGNIFICADO PARA A VIDA
PRÁTICA ........................................................................................................... 58
A IMPORTÂNCIA DOS MULTILETRAMENTOS NAS SALAS VIRTUAIS
DO ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE PANDEMIA ................................ 59
FERRAMENTAS ONLINE NO ENSINO REMOTO DE ALEMÃO E O
DESENVOLVIMENTO DOS MULTILETRAMENTOS ................................ 60
USO DE METODOLOGIAS ATIVAS EM CURSOS ONLINE PARA
PROFESSORES .................................................................................................61
METODOLOGIAS ATIVAS E ENSINO REMOTO: ...................................... 62
UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES .................................................................................................62
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM TEMPOS DE ENSINO
EMERGENCIAL REMOTO: PERCURSOS, POTENCIALIDADES E CRISE
NO CUIDADO ...................................................................................................63
ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CONTEXTO
DE DISTANCIAMENTO SOCIAL: OLHARES DOCENTES ....................... 64
INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DAS AULAS REMOTAS:
RELATOS DE QUEM ALFABETIZA NA PANDEMIA ................................ 65
PANDEMIA DA COVID-19 E ENSINO REMOTO ........................................ 66
ENSINO REMOTO: UM OLHAR SOBRE AS IMAGENS E O ENSINO DE
TEXTOS PUBLICITÁRIOS DO CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO
CENTRO DE MÍDIAS DE SÃO PAULO ......................................................... 67
MIDIAEDUCAÇÃO: DEMOCRATIZANDO O ACESSO À LITERATURA
............................................................................................................................ 68
7
O SINCRETISMO DE LINGUAGEM: O TEXTO AUDIOVISUAL E O
ENSINO DA LEITURA .................................................................................... 69
HOGWARTS GAMES: IMPLICAÇÕES DE UM JOGO DIGITAL EM
PRÁTICAS ESCOLARES ................................................................................. 70
LUDOLETRAMENTO DIGITAL CRÍTICO: O JOGAR VIDEOGAME
COMO ATIVIDADE TEXTUAL-DISCURSIVA PARA ALÉM DA CRÍTICA
ESTRUTURAL ..................................................................................................71
PRÁTICAS MULTISSEMIÓTICAS, MULTILETRAMENTOS E
EDUCAÇÃO MIDIÁTICA: LETRAMENTOS E GÊNEROS
MULTISSEMIÓTICOS DO E-NAVE .............................................................. 72
PRODUÇÃO DE TEXTOS MULTIMODAIS/MULTISEMIÓTICOS: DA
BNCC AOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ................ 73
Relatos de experiência ......................................................................................... 74
DA TEORIA ÀS NOVAS PRÁTICAS DE (MULTI)LETRAMENTOS: A
CRIAÇÃO DE UM MÓDULO DE APRENDIZAGEM NA PLATAFORMA
CGSCHOLAR....................................................................................................74
O USO DO PADLET NA CONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS AFETIVAS NA
PANDEMIA ....................................................................................................... 75
O MEME COMO GÊNERO DISCURSIVO HÍBRIDO NUM CONTEXTO DE
PANDEMIA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA.................................................. 76
UMA PRÁTICA ONLINE COLABORATIVA: ............................................... 77
AUTONOMIA E SUCESSO! ............................................................................ 77
RETEXTUALIZANDO: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DAS
PRODUÇÕES DOS ALUNOS NA DISCIPLINA LABORATÓRIO DE
PRODUÇÃO TEXTUAL II ............................................................................... 78
ENTRE ESCRITA E REESCRITA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE
A PRODUÇÃO DE RESENHAS E RESUMOS COMO ATIVIDADES DA
DISCIPLINA LABORATÓRIO DE PRODUÇÃO TEXTUAL II .................. 79
REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL NA ESCOLA: UMA PROPOSTA
INTERDISCIPLINAR A FAVOR DO TEXTO ................................................ 80
A PRÁTICA DA REFLEXIVIDADE POR MEIO DA REESCRITA DOS
GÊNEROS RESENHA E RESUMO NO CURSO DE LETRAS ..................... 81
O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E A CONSCIÊNCIA DO SER
SUJEITO DA PRÓPRIA EDUCAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ........................................................ 82
PIBID DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA EXPERIÊNCIA SINGULAR ..83
MULTILETRAMENTOS E O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA
CRIANÇAS NA PANDEMIA: RELATO DE UMA ALUNA PROFESSORA-
PESQUISADORA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA .......................................... 84

8
PRODUTOS MIDIÁTICOS PARA DIVULGAÇÃO/POPULARIZAÇÃO DA
CIÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS PRODUÇÕES
DESENVOLVIDAS NA DISCIPLINA LABORATÓRIO DE PRODUÇÃO
TEXTUAL II (IEL/UNICAMP) ........................................................................ 85
TRADUZINDO A CIÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A
PRODUÇÃO DE VÍDEOS E PODCASTS A PARTIR DE UMA RESENHA
ACADÊMICA....................................................................................................86
EU, TU, NÓS: REFLETINDO SOBRE QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS
NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR .............................................. 87
FORMAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS DA COMUNIDADE CRISTO REI
............................................................................................................................ 89
Pôsteres ................................................................................................................. 90
IDENTIDADES E(M) DISCURSOS NO CIBERESPAÇO: A NARRATIVA
DA EXPERIÊNCIA EM #HUMANSOF .......................................................... 90
TREFFPUNKT: UMA ABORDAGEM INTERCULTURAL DURANTE O
ENSINO DE ALEMÃO NA REDE PÚBLICA ................................................ 91
CENTRO DE ESTUDOS DE LÍNGUAS – CEL-SP CONCEPÇÕES E
TRAJETÓRIA....................................................................................................92
MATERIAL DIDÁTICO: CONFECÇÃO E ADAPTAÇÃO NUMA
PERSPECTIVA MULTISSEMIÓTICA E PLURICULTURAL ...................... 93
EXPLORANDO LETRAMENTOS MULTIMODAIS EM NARRATIVAS
TRANSMIDIÁTICAS ....................................................................................... 95
MULTILETRAMENTOS E PROTÓTIPOS DIGITAIS ALIADOS AO ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ANÁLISE DA FERRAMENTA ELO .96
RESUMOS ACADÊMICOS NA ÁREA DE ARTES: ANÁLISE DE
PERCEPÇÕES E ESTRUTURA RETÓRICA .................................................. 97
DIÁLOGOS ENTRE A BNCC E O ENEM: IMPACTOS DO NOVO
DOCUMENTO CURRICULAR NA ABORDAGEM DA LITERATURA
PELO EXAME...................................................................................................98
MÍDIAS DIGITAIS E A DEMOCRATIZAÇÃO DOS LETRAMENTOS ..... 99
PRÁTICAS COLABORATIVAS DE ESCRITA EM UM AMBIENTE DE
APRENDIZAGEM ONLINE DO SCHOLAR ................................................. 100
DIÁLOGOS ENTRE A BNCC E O ENEM: IMPACTOS DO NOVO
DOCUMENTO CURRICULAR NA ABORDAGEM DA LÍNGUA
PORTUGUESA ............................................................................................... 101
OS MULTILETRAMENTOS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DE
ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO SOB A VISÃO DO
PROFESSOR ................................................................................................... 102
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA USO DE
FERRAMENTAS DIGITAIS .......................................................................... 103

9
OFICINAS HÍBRIDAS: REFLEXÕES E DESAFIOS PARA SE ROMPER O
MÉTODO TRADICIONAL DE ENSINO, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
.......................................................................................................................... 104
A MULTISSEMIOSE E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA
RELAÇÃO NECESSÁRIA ............................................................................. 105
A VIVÊNCIA DA PRÁTICA PROFISSIONAL: DIALOGICIDADE ENTRE
TEORIA E PRÁTICA SOB A ÓTICA DOS ................................................... 106
MULTILETRAMENTOS ................................................................................ 106

10
Comunicações Orais

EU NÃO QUERO FICAR SÓ NA ESCOLA DISCUTINDO


POLÍTICA: PRÁTICAS DE LETRAMENTOS EM PROTESTOS DE
TORCIDAS ORGANIZADAS DURANTE A PANDEMIA

Cleidson Jacinto de Freitas


[email protected]
Universidade Federal de Pernambuco

Partindo-se do pressuposto de que práticas de letramento são formas culturalmente


gerais de utilização da língua escrita de que as pessoas dispõem em suas vidas,
envolvendo valores, atitudes, sentimentos e relações sociais (BARTON e
HAMILTON, 2012), busca-se nesta pesquisa analisar os padrões ocorridos nos
eventos protestos de torcidas organizadas nas ruas durante a pandemia de Covid-
19, a fim de caracterizar essas práticas. Assume-se, assim, a posição de Street
(2015) de práticas de letramento como inextricavelmente ligadas a estruturas
culturais e de poder numa dada sociedade, o que nos ajuda a entender o percurso
das torcidas organizadas em sua história até chegarem a atos de protestos em plena
pandemia. Uma hipótese sobre o retorno positivo social do movimento autônomo
das torcidas é a de que elas resistem hoje numa crise de representação em que
tradicionais partidos políticos, bem como sindicatos, não conseguem mais ser
fontes de pertencimento e, nesse vácuo identitário, as torcidas organizadas,
formadas em sua maioria por jovens, preenchem esse vazio e acabam operando
como vetor de mobilização política. A metodologia utilizada nesta pesquisa
pressupõe uma abordagem qualitativa multifatorial: análise documental, tendo
como corpus uma seleção de imagens de protestos em escala nacional capturadas
pela grande mídia jornalística, pelas redes sociais das próprias torcidas
organizadas; e uma abordagem qualitativa de campo, através da captura in loco de
textos escritos/imagéticos e orais nos protestos das torcidas organizadas em Recife,
no protesto de 03 de julho de 2021. Nessa perspectiva etnográfica de estudo dos
letramentos, as práticas letradas das torcidas através de cartazes, faixas, bandeiras,
adesivos, folhetos, grito de protestos e músicas serão analisados a partir dos
sentidos reais que expressam localmente. Assim, nossa análise nos protestos recai
sobre a identificação, construção e efeitos de sentidos do tripé textos, eventos e
práticas, focando nosso problema de investigação, a saber, quais são as
singularidades das práticas sociais presentes nos discursos das torcidas organizadas
de futebol em protestos políticos que permitem situá-las numa perspectiva de
letramento ideológico? Busca-se investigar esse problema amparado em uma
perspectiva de letramento ideológico de Street (2015), em diálogo com conceitos
de evento e de prática de Barton e Hamilton (2012) e com a perspectiva libertadora
de Freire (2000).

Palavras-chave: letramentos; prática sociais; eventos; protesto; torcida.

11
EU ACREDITO É NA RAPAZIADA

Danielma da Silva Bezerra Brasileiro


[email protected]
Colégio Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro

Adão Fernandes Lopes


[email protected]
Colégio Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro

Camilla Santos Moura


[email protected]
Colégio Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro

Cíntia Bianca Liberal de Melo Pereira


[email protected]
Colégio Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro

Inspirados na letra da canção de Gonzaguinha e reconhecendo com alegria, mesmo


em tempos de pandemia, que as juventudes merecem a nossa atenção, respeito e
dedicação é que o Colégio Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro, localizado no interior
da Bahia, ofertante das modalidades: Ensino Médio, Educação Profissional
Integrada ao Ensino Médio e EJA, uniu esforços, num regime colaborativo com os
professores dessa U.E. para manter rotinas de estudos e fortalecimento de vínculos
afetivos e pedagógicos aos estudantes e a toda comunidade escolar, em março de
2020, início do período pandêmico, com o fechamento das escolas. De acordo com
Nóvoa (2020) há necessidade de responder aos anseios dos estudantes e
acompanhar as transformações sociais que nos rodeiam. O autor também afirma
que não é mais possível isolar teoria e prática, bem como, pensar numa estrutura
de ensino baseada em fórmulas prontas, engessadas, ultrapassadas e que não
correspondem à dinâmica tecnológica atual. Dessa forma, respaldados em Ribeiro
(1984) nos propomos a desenvolver um planejamento baseado no Estudo Dirigido
através do uso das tecnologias digitais, compartilhando em grupos de: whatsapp,
meet, google classroom, blog da escola e lives temáticas as atividades de forma
criativa/dinâmica com o objetivo de disseminar o conhecimento, o que ajudaram
os estudantes na seleção de bons conteúdos que favoreceram a sua formação
pessoal, cidadã e acadêmica, ensinando-os a estudar e a ocupar o tempo ocioso,
dentro de casa, recebendo/produzindo saberes significativos ao lado de outros
importantes colaboradores: as famílias - que unidas à rapaziada, não se cansam de
inovar. Nessa perspectiva acreditamos que ao iniciar o Ensino Médio, o estudante
vive um período de transição. É um momento de decisões com impacto para toda
a vida, especialmente em relação à escolha da carreira profissional. Por essa razão,
percebemos que os esforços investidos atenderam os objetivos propostos, a medida
que o sucesso das expectativas e a realização dos sonhos dos estudantes se
mantiveram atrelados a manutenção de uma trajetória de estudos dirigidos,
mantendo rotinas de estudos mediadas/orientadas pelos professores, o que
12
possibilitaram ao aluno autonomia intelectual para que estivessem aptos a
enfrentar diferentes desafios, durante o ano atípico, nos vestibulares, ENEM e a
iniciação tão desejada no mercado de trabalho. A possibilidade de um ensino
inovador que acredita na capacidade das juventudes, favoreceu a inclusão dos
estudantes na construção de suas aprendizagens, uma vez que passaram a confiar
na própria capacidade de desenvolver questões, observar objetivamente os
fenômenos da natureza e investigar a realidade de modo a transformá-la através de
um estudo autônomo, democrático e participativo.

Palavras-chave: Ensino Inovador; Estudo Dirigido; Juventudes; Pandemia.

13
GÊNERO E LETRAMENTOS DIGITAIS: DESIGUALDADES NA
FORMAÇÃO DOCENTE ENTRE CORPOS FEMINIZADOS

Marcella dos Santos Abreu


[email protected]
Universidade Federal do ABC

O presente trabalho tem como objetivo discutir o atravessamento das desigualdades


de gênero entre educadores/as envolvidos/as em formações propostas pela
Universidade Federal do ABC voltadas ao planejamento de cursos virtuais, em novo
ciclo de precariedade (RIBEIRO, 2020) que assola a educação brasileira durante a
pandemia de Covid-19. Ao longo de percursos formativos realizados com
profissionais do ensino superior e da educação básica da região do Grande ABC
paulista, foram problematizados recentes referenciais curriculares nacionais (MEC,
2018) que, embora comprometidos discursivamente com a perspectiva da
pedagogia dos multiletramentos (CAZDEN et al, 1996; ROJO, 2020), não são
acompanhados de políticas educacionais que permitam a formação e o acesso
equânime aos letramentos digitais, sobretudo por estudantes e educadores/as das
escolas públicas brasileiras (COSCARELLI, 2016; RIBEIRO, VECCHIO, 2020).
O Relatório técnico sobre trabalho docente em tempos de pandemia (GESTRADO,
2020) aponta que, dentre 15.654 professores/as das redes públicas da educação
básica entrevistados/as ao final do primeiro semestre de 2020, 78% se declararam
mulheres com idade entre 30 e 49 anos. Ainda no contexto dessas entrevistas,
53,6% dos/as respondentes afirmaram não ter recebido nenhum tipo de formação
para o ensino remoto. Além disso, apenas 28,5% declararam ter facilidade para
utilizar tecnologias digitais e aproximadamente 85% do grupo que julgava tal uso
difícil ou muito difícil era composto por mulheres. No conjunto das análises até
então realizadas sobre aquelas formações da UFABC, também temos discutido, por
meio da coleta de dados sobre o perfil das turmas e da leitura das avaliações finais
de cada oferta, o impacto destas discrepâncias e iniquidades em recortes de gênero
que, como ainda é comum no campo educacional (VIANNA, CARVALHO, 2020),
destaca-se também no universo de participantes de nossos cursos. Em edição
oferecida em 2020, declararam-se mulheres aproximadamente 50% e, em 2021,
70%, o que sinaliza, para além da carga de trabalho que recaiu sobre os corpos
feminizados durante o caos pandêmico (ARAUJO, YANNOULAS, 2020), a
responsabilização pela busca efetiva desse público por formação, se e quando ela
é disponibilizada. Assim, apresentaremos nesta comunicação conclusões parciais
de análise sobre o papel das universidades no diálogo com as redes de ensino do
seu entorno, para o fomento de ações e políticas educacionais que respondam, de
fato, às necessidades de letramentos digitais em tempos de pandemia (e para além
dele), sem dissociá-las tampouco de lutas históricas contra as desigualdades de
gênero interseccionalizadas em relações étnico-raciais e de classe social
estruturantes da sociedade brasileira.

Palavras-chave: Letramentos digitais; Gênero; Formação docente.

14
GRAMÁTICA{-S} NA SALA DE AULA DE LÍNGUAS
INDÍGENAS

Antonio Almir Silva Gomes


[email protected]
Universidade Federal do Amapá

A sala de aula de língua é lugar privilegiado da gramática. Quando pensamos aula


de língua materna, lá está a gramática, quando pensamos aula de língua não
materna e seus mais variados títulos – segunda língua, língua adicional, língua de
herança, etc. – lá também ela também. Em sua face mais conhecida, que perpassa
milênios da história da humanidade, materializa-se em seus módulos Fonética e
Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Semântica através dos quais uma série de
conceitos é evidenciada. Os quatro módulos em questão, com seus conjuntos de
conceitos, tomados como objetos na sala de aula de línguas com fins ao bem falar
e ao bem escrever, materializaram a gramática em sua face metalinguística,
caracterizada como a gramática dos conceitos. Os avanços recentes da Linguística
Aplicada, contudo, ao considerar a necessidade de que materiais de ensino reflitam
aquilo que seus usuários necessitam (WATERS, 2011), têm efeito na compreensão
de que a gramática dos conceitos não é suficiente para processos de ensinar e de
aprender línguas, fato que implica pensarmos outras formas de gramática. Com isso
em mente, o trabalho proposto volta-se ao ensino das línguas indígenas brasileiras
(LIBs) com o objetivo de discutir a presença e o modelo de gramática que se
adotará em sala de aula para fins de ensino; são discutidas questões relacionadas à
gramática prescritiva e descritiva, à gramática de uso, à gramática pedagógica, aos
efeitos de cada uma destas no interior da escola indígena. O efeito das discussões
incide sobre a necessidade de diferentes gramáticas no Ensino de Línguas em
Contexto Indígena (ELCIND). Trata-se, portanto, de um trabalho propositivo que
assim o faz consciente de que há muito a se observar na relação gramática e ensino
de LIBs, especialmente porque ainda hoje no Brasil são identificadas escolas
indígenas marcadas pela ausência de gramática disponível como material para o
professor, o que deve ser feito.

Palavras-chave: Ensino; Gramática; Língua; Indígena.

15
DESAFIOS E AVANÇOS DOS ALUNOS SURDOS NAS
DISCIPLINAS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Andressa Sales Garcia


[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso Do Sul

Nelson Dias
[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso Do Sul

Este estudo visa identificar e refletir sobre as dificuldades e os avanços no ensino


aprendizagem dos alunos surdos nas disciplinas de Ciências e Biologia, de acordo
com trabalhos publicados nos últimos 5 anos. Para a fundamentação teórica foram
utilizados os seguintes autores: Abreu et al (2019), Andrade (2018), Azevedo
(2008), Campello (2007), Campos (2011), Chassot (2003 e 2006), De Lacerda et al
(2011), Feltrini (2006), Fernandes e Moreira (2017), Krasilchik (2019), Krasilchik
e Marandino (2007), Lorenzetti et al, (2001), Lorenzetti e Delizoicov (2001),
Martins (2010), Monteiro et al (2011), Prince (2011), Santos (2021), Souza (2015).
Esses autores discutem sobre como o letramento científico (LC) está presente nas
diretrizes de educação do país, especificamente nas disciplinas de Ciências e
Biologia, e como há desafios para o LC no caso de alunos surdos. Além disso, há o
enfoque na questão da linguagem como grande obstáculo nas salas regulares, já que
nestas, a comunicação oral predomina, através da Língua Portuguesa, sendo que
para a comunicação com os surdos deve ser utilizada a Libras (Língua Brasileira de
Sinais), uma língua viso gestual. Neste estudo foi realizada uma pesquisa
bibliográfica na plataforma Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
(BDTD), a fim de obter os trabalhos que se enquadravam nos objetivos deste
estudo. Após triagens dos títulos e resumos, foram selecionados 9 trabalhos:
Contente (2017), Machado (2017), Martins e Piemonte (2020), Oliveira (2018),
Pinheiro (2018), Rumjanek (2016), Saller (2017), Tavares (2018), Winagraski
(2017). Estes foram analisados e categorizados, de acordo com a análise de
conteúdo de Bardin (1977), resultando em 9 categorias iniciais de desafios e 5 de
avanços. Apesar da pesquisa ainda estar em andamento, já foi possível obter alguns
resultados, de acordo com as categorias finais. Em desafios encontramos 2
categorias: “Formação e articulação entre professor-intérprete - inclusão ou
segregação?” e “Desafios na construção da identidade do estudante surdo”. Já como
avanços temos: “Acessibilidade linguística” e “Formação e socialização da língua”.
Dessa forma, buscaremos verificar quais os fatores relacionados à Libras, às
práticas dos professores, intérpretes e alunos têm gerado desafios para o LC dos
surdos nas disciplinas de Ciências e Biologia. Além disso, pretendemos identificar
as práticas que têm sido utilizadas pelos professores e intérpretes nas aulas, que
permitem que os estudantes surdos tenham as mesmas condições que os ouvintes
na obtenção do conhecimento.

Palavras-chave: Desafios; avanços; surdos; sinais; recursos visuais.


16
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM E AQUISIÇÃO LINGUÍSTICA PARA SURDOS

Marcia Eto Ifa Tatsumi


[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Ponta Porã

Nelson Dias
[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Ponta Porã

O presente resumo traz uma reflexão sobre os estudos de desenvolvimento da


linguagem e aquisição linguística pelos estudantes surdos. A Língua de Sinais é a
forma como os surdos estabelecem contato com o mundo, portanto é por meio dela
que ocorre o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita pela criança
surda. A partir de uma investigação de cunho teórico desenvolvida em um projeto
de conclusão de curso, objetivamos discutir a educação dos estudantes surdos,
considerando que a aquisição da língua de sinais é uma das formas de garantir os
conhecimentos sistematizados no ambiente escolar. Em 2002 a legislação
reconheceu a Língua Brasileira de Sinais - Libras pela Lei 10436/02, a criança
surda tem o direito de ser matriculada na escola comum juntamente com outras
crianças de sua idade, com garantia de aprendizagem e seu desenvolvimento afetivo
e cognitivo na sua língua materna. Devido à dificuldade enfrentada pela
comunidade surda, no que diz respeito ao acesso escolar, um dos pontos que foram
discutidos na pesquisa, é a falta de informação pela sociedade sobre a identidade
dos sujeitos surdos, sua diferença linguística e cultural. Para isso, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica que envolve autores que fundamentam a discussão sobre o
desenvolvimento da linguagem e aquisição linguística pelos estudantes surdos.
Utilizando busca na base de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo),
relatando análises de crianças surdas que na escola tiveram seu primeiro contato
com a Língua de Sinais e a sua interação com os professores e ouvintes, auxiliaram
no uso da comunicação. Através da atividade de produção de texto elaborada com
base em uma imagem é possível observar que a segunda língua – Língua
Portuguesa, promove a prática educacional com a proposta bilíngue auxiliando no
seu desenvolvimento de aprendizagem. O letramento acontece por meio da Língua
de Sinais, usada na escola considerando como a primeira língua, uma das formas
de garantir a aquisição de outras línguas. Dessa forma, para que a inclusão aconteça
de fato, devem ser validadas e legitimadas, no ambiente escolar, formas de
acessibilidade visual para que os estudantes possam ter pleno desenvolvimento
cognitivo e linguístico.

Palavras-chave: Inclusão; Língua de Sinais; Linguagem; Práticas Pedagógicas;


Surdos.

17
AÇÕES PEDAGÓGICAS NO DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM DA CRIANÇA SURDA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL

Maria Elena Aquino Dutra


[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Nelson Dias
[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

O presente estudo faz uma análise sobre a Educação Infantil e os aspectos de ensino
aprendizagem das crianças pequenas surdas inseridas nessa etapa da educação. A
pesquisa teve por objetivo elaborar ações pedagógicas que auxiliassem o
desenvolvimento da linguagem da criança surda, baseando-se na perspectiva
colaborativa (IBIAPINA, 2008). Essa abordagem compreende que professor e
pesquisador trabalhem de forma articulada na construção do conhecimento. As
ações foram construídas de modo que valorizassem o repertório visual, acesso à
Libras e interação entres as crianças. A inserção do aluno surdo no ensino regular
é uma das diretrizes da Política Nacional de Educação, considerando as suas
necessidades, sendo o professor o mediador e construtor do conhecimento por meio
da interação com o surdo e os colegas (LODI; LACERDA, 2014).A pesquisa foi
realizada em um Centro de Educação Infantil do município de Ponta Porã/MS, do
qual foram realizadas observações e posteriormente produção das ações
colaborativas com estratégias educacionais em uma sala de atividades do Jardim I,
onde havia uma criança surda que não conhecia Libras. Foram elaboradas seis
atividades com exploração dos recursos visuais e linguísticos, envolvendo
elementos como a contação de história utilizando a fábula, desenho e pintura,
recorte com colagem, brincadeira com barbante e música. Sabe-se que o
aprendizado ocorre de formas lúdicas, em um ambiente agradável, do qual a criança
aprenderá de forma real, onde as relações sinápticas do cérebro, são realizadas de
forma efetiva, considerando a verdadeira aquisição da linguagem (MOURA, 2018).
Por meio do estudo verificou-se que ampliar as linguagens promovem o
desenvolvimento social e cognitivo das crianças, independentemente de suas
características linguísticas e culturais assim como levou a compreender que há
possibilidade da realização de atividades que podem ser acessíveis tanto para
ouvintes quanto para os surdos, desde que sejam feitas as adaptações necessárias
para o acesso de todos. Adequar o currículo para todos é complexo, mas necessário.
Repensar o currículo e as metodologias utilizadas é urgente, pois pode evitar
elevados e inaceitáveis índices de reprovação existentes (CARVALHO, 2014).
Outro aspecto a ser destacado diz respeito à necessidade de uma formação inicial e
continuada aos professores que atuam com crianças surdas em seu cotidiano
educacional, pois muitos ainda vêem a surdez pelo olhar clínico e patológico.

Palavras-chave: Surdos; Educação Infantil; Inclusão.

18
“ESCREVER EU NÃO SEI, AGORA FALAR [...] QUER
SER MEU ESCRIVÃO?”: UM ESTUDO SOBRE
MULTILETRAMENTOS E PRÁTICAS DE ENSINO MAIS
INCLUSIVAS

Rachel Ferreira Oliveira Santos


[email protected]
Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE-UNICAMP)

Esta pesquisa teve como objetivo investigar práticas de ensino de português


pautadas nos multiletramentos, reconhecendo a necessidade de organizar o ensino
para mobilizar práticas mais inclusivas. Há poucos estudos na literatura brasileira
que considerem os multiletramentos como possibilidade de inclusão, entendida
nesta dissertação, não como restrita ao âmbito das deficiências, como é comum no
país, mas como a participação real e efetiva da diversidade de alunos que compõem
uma sala de aula (HALL, 2000, 2003, [1992]- 2006; SILVA, 2000, 2011;
SAWAIA, 1999; CAVALCANTI, 2013). Para tanto, esta pesquisa norteou-se pelo
conceito dos multiletramentos (GNL, 1996; COPE & KALANTIS, 2009, 2015;
2016; ROJO, 2012, 2013) que aponta para duas diversidades a serem consideradas
nas salas de aula: as diferenças socioculturais as quais inviabilizam a escola de
considerar apenas as culturas clássicas/cânones e as várias linguagens dos textos
contemporâneos que podem contemplar ao mesmo tempo características do oral,
do visual e do escrito. Assim, para geração dos registros foi aplicada uma Unidade
de Ensino reorganizada a partir da perspectiva dos multiletramentos, em um sétimo
ano do ensino fundamental de uma escola municipal do interior do estado de São
Paulo, com vinte alunos de idades entre 12 e 15 anos. Trata-se, portanto, de um
estudo de caso descritivo com uma abordagem qualitativa. Os instrumentos para
geração dos dados foram observação participante, vídeo-gravações das aulas e
registros em diário de campo. Nos dados analisados nesta pesquisa, foi observado
que trabalhar sob a perspectiva da pedagogia dos multiletramentos (GNL, 1996;
COPE & KALANTZIS, 2009) mobilizou situações de ensino que promoveram
uma participação mais efetiva em sala de aula, porque os alunos tiveram a
oportunidade de manifestar suas culturas, compreensões, línguas/ linguagens nas
atividades desenvolvidas. Foi observada também a potencialidade de a inclusão
acontecer, em outros espaços de interações sociais, porque as práticas pertencentes
ao cotidiano dos estudantes, das quais esses poderiam estar participando de forma
acrítica, foram ressignificadas, devido à possibilidade de problematizar tais
conhecimentos em classe. Ainda assim, as práticas inclusivas observadas nessas
situações de ensino não deixaram de ser atravessadas, em alguns momentos, pela
cultura do tipicamente escolar.

Palavras-chave: Ensino de Português; Multiletramentos; Práticas inclusivas .

19
GUILHERME BOULOS E SUA PROPAGANDA
POLÍTICA/ELEITORAL DIGITAL: UM ESTUDO DO GÊNERO
NA CONTEMPORANEIDADE
Luiz Guilherme de Brito Arduino
[email protected]
Universidade de Taubaté (UNITAU)

O tema deste trabalho diz respeito ao gênero discursivo propaganda,


especificamente, política/eleitoral digital contemporânea. Partimos da premissa de
que o discurso perpassa qualquer produção de um determinado gênero discursivo
e pode ser construído ou desconstruído em função de muitos fatores do contexto
sócio-histórico em que ele circula. Para uma análise do gênero propaganda na
contemporaneidade, entende-se que devem ser considerados os fatores inerentes às
mídias digitais, que constituem o grande espaço de circulação dos discursos
publicitários. Dito isto, em 2020, Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São
Paulo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), teve uma campanha
política/eleitoral com o foco no uso das mídias digitais, visto o contexto sócio-
histórico em que o país se encontrava em meio à pandemia da Covid-19. Mediante
a esta contextualização, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a
propaganda política/eleitoral digital de Guilherme Boulos (PSOL).
Especificamente, visa-se analisar o gênero propaganda e os fatores inerentes às
mídias digitais; investigar como foi produzido e circulado mediante os estudos do
gênero na contemporaneidade. Trata-se de uma pesquisa interdisciplinar,
abrangendo a área da Linguística Aplicada e da Comunicação. Teoricamente, a
pesquisa se fundamenta na concepção bakhtiniana de linguagem (BAKHTIN,
2003; 2016), com ênfase nos conceitos do gênero discursivo propaganda
(JENKINS, 2009; SAMPAIO, 2013; SANT’ANNA, 2006; RABELO, 2018), e em
estudos sobre mídias digitais, com ênfase nos conceitos de Marketing 3.0
(KOTLER, 2000) e Marketing 4.0 (KOTLER et al, 2017). Como procedimentos
metodológicos, optou-se por realizar uma pesquisa bibliográfica, de caráter
qualitativo, com análise interpretativista da propaganda política/eleitoral digital de
Guilherme Boulos (PSOL). Os resultados preliminares apontam que as mídias
digitais ampliam o alcance da propagação das mensagens contidas nas
propagandas. A campanha de Boulos utilizou de múltiplas linguagens e mídias para
comunicar-se com a população de São Paulo, como vídeos (para plataformas como
Youtube, Facebook e Instagram), imagens (para Facebook e Instagram e
WhatsApp) e diversos memes (WhatsApp, Facebook e Instagram), aumentando o
número de seguidores e curtidas nas redes sociais.

Palavras-chave: Propaganda política/eleitoral digital; Guilherme Boulos; mídias


digitais.

20
ESTUDO DO TEXTO: REFLEXÕES A PARTIR DA ANÁLISE DE
UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA
Vanessa Tiburtino
[email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais
Instituto Federal do Espírito Santo campus Nova Venécia

O estudo dos textos no cenário multissemiótico contemporâneo deve considerar não


só as múltiplas linguagens e práticas sociais que constituem nossa realidade, como
também os gêneros, discursos e modos em que os enunciados circulam. Neste
sentido, o texto não é entendido estanque em si mesmo ou como um subterfúgio
para estudo de orações isoladas, mas sim como enunciado concreto (BAKHTIN,
2014), pertencente a um contexto, cultura e que se realiza na atividade interativa e
dialógica com interlocutores. Nesta perspectiva, torna-se imprescindível investigar
como os textos podem ser explorados no processo de ensino-aprendizagem de uma
língua, com vistas a refletir sobre as possibilidades de realização de um trabalho
que vise à imersão crítica do aluno. Sob esse viés, este trabalho propõe analisar
peças de uma campanha publicitária de uma rede varejista que teve grande
repercussão em mídias on-line e off line em 2019, haja vista sua composição criativa
contando com elementos que ocasionaram uma paródia bem-humorada,
correlacionando modos, recursos semióticos e ecos de outros textos. As análises
tecidas têm o objetivo de evidenciar como a exploração desse anúncio publicitário
em sala de aula pode contribuir para elucidar a relevância dos múltiplos modos e
recursos no processo de interpretação e ressignificação dos possíveis sentidos
construídos no/pelo texto a partir de determinados gêneros. O trabalho ancora-se
nos estudos do gênero do discurso (BAKHTIN, 2011), dos Letramentos e
Multiletramentos (KALANTZIS et al., 2016; COPE; KALANTZIS, 2006) e na
abordagem multimodal (KRESS, 2010), enfatizando como os artefatos semióticos
dos textos observados integram e orquestram os significados. Recorremos a uma
abordagem metodológica qualitativa, visando explicitar os objetos investigados a
partir das dimensões que os gêneros oportunizam, salientando os aspectos
dialógicos e valorativos, estabelecendo elos com outros textos por meio da
manifestação dos elementos constantes na campanha, explorando as dimensões
internas, o estilo, a composição e o tema, bem como as condições de produção,
suas interdependências e posições dialógicas. As conclusões ratificam, a princípio,
a relevância de considerar o texto para além do conteúdo verbal e o gênero para
além de estruturas fixas, indicando conexões entre as condições de produção e
compreensão e a materialidade linguística textual, a fim de visualizar possíveis
caminhos para uma educação linguística emancipadora e mais consciente.

Palavras-chave: Gênero do discurso; Multiletramentos; Multimodalidade.

21
ANÁLISE DE CHAMADA TELEVISIVA:
MULTIMODALIDADE E METAFUNÇÕES DA
LINGUAGEM

Douglas Vidal Santiago


[email protected]
Mestre em Letras (Estudos Linguísticos) – Universidade Federal de São
Paul
o
(UNI
FES
P)

O presente trabalho visa analisar as metafunções da linguagem (representacional,


orientacional e composicional) da Gramática do Design Visual (KRESS; Van
LEEUWEN, 1996, 2006) na chamada televisiva das edições especiais do Jornal da
Cultura para a retrospectiva 2020. Para tanto, utilizamos o software ELAN 5.9
(Eudico Language Annotator) para realizar as anotações da coordenação dos
recursos multimodais mobilizados no vídeo, isto é, as imagens, a canção, os sons e
os elementos verbais orais e escritos com o intuito de observar minuciosamente de
que maneira a construção de sentido entre esses diferentes códigos sígnicos é
empreendida. Desta maneira, pretende-se relacionar os modos semióticos com o
valor social que trazem, além de observar em que medida os diferentes signos se
articulam, explicitar os possíveis efeitos de sentido da integração de elementos de
ordem verbo-visual, atentando-se para estes recursos, para o contexto sócio-
histórico e o propósito comunicativo do gênero. A justificativa por estudar os textos
multimodais se dá pela atualidade do tema, uma vez que os multiletramentos têm
como finalidade compreender o texto como artefato constitutivo das relações
sociais ainda que, de um modo geral, a leitura de imagens seja empreendida de
forma intuitiva pelas pessoas, persistem ainda dificuldades na composição e na
interpretação das mensagens em gêneros textuais que integram as práticas sociais
cotidianas (KNOLL; FUZER, 2019). Com o interesse de minimizar tal
problemática, a Gramática do Design Visual (Reading Images: The Grammar of
Visual Design) surge assim como uma teoria com relevância que busca elaborar
categorias analíticas para compreender o uso de imagens, tanto estáticas, quanto
móveis, em produções de caráter multimodal. A análise demonstra que a chamada
televisiva de cunho jornalístico é um texto audiovisual bastante produtivo que
possibilita dar visibilidade a maneira como os diferentes modos de linguagem são
conjugados de forma a construir o significado em textos multimodais, exigindo que
o leitor/telespectador acione mecanismos sociocognitivos durante a ação
comunicativa e interacional.

Palavras-chave: multimodadalidade; metafunções da linguagem; gênero chamada


televisiva.

22
DESINFORMAÇÃO, POSICIONAMENTO POLÍTICO E
AUDIÊNCIA NO INSTAGRAM: UM OLHAR PARA AS
HASHTAGS SOBRE TRATAMENTOS PARA COVID-19

Elis Nazar N. Siqueira


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

A pandemia do novo coronavírus acentuou problemas relacionados a fake news e


desinformação na internet, especialmente em redes sociais virtuais, a ponto de o
termo “infodemia” ter sido utilizado pela OMS para se referir ao quadro. No Brasil,
o Instagram é uma das redes sociais mais populares entre os usuários e é um
ambiente virtual no qual circulam diariamente grandes quantidades e variedades de
imagens e vídeos. Diante disso, este trabalho tem como objetivo apresentar e
discutir como as folksonomias e, mais especificamente, as hashtags relacionadas a
medicamentos para um suposto tratamento para Covid-19 foram utilizadas em
posts do Instagram. Primeiramente, proponho uma reflexão a respeito de como a
autocomunicação de massa (CASTELLS, 2011), ao conferir autonomia para
produção de conteúdos multimodais e hipertextuais em uma sociedade em rede e
com poderes multidimensionais e multifocais, também propicia maiores
possibilidades de compartilhamento de conteúdos desprovidos de veracidade ou
desassociados de fontes competentes, uma vez que ocorre um processo de
desinstitucionalização da informação. Em seguida, discuto a necessária expansão
do entendimento sobre as funções das folksonomias – práticas de indexação em
ambientes virtuais – visto que essas têm sido usadas não apenas para facilitar a
recuperação de conteúdos, como havia sido proposto originalmente por Wal
(2005), mas também para ampliar a visibilidade e a audiência online (SIQUEIRA,
2018), promover ativismos e causas (RECUERO, 2015; ALMEIDA, 2019) e até
mesmo marcar antagonismos (COOMBS; HOLLADAY, 2018) e enfraquecer
posicionamentos (MARWIK; LEWIS, 2017). Para a análise empírica, foram
selecionados aleatoriamente 400 posts do Instagram que continham a hashtag
#cloroquina e/ou a hashtag #ivermectina e que foram publicados entre os meses de
maio e junho de 2021. Assim, com auxílio do software Atlas.ti, elaborei categorias
de classificação para os posts e realizei procedimentos de codificação que
embasaram análises quantitativas e qualitativas. Os resultados parciais apontam
para o predomínio de posts que recorreram a essas hashtags para manifestar apoio
ao uso dos medicamentos citados em relação aos que as utilizaram para criticar esse
tipo de tratamento. De forma similar, também ocorreram em maior quantidade posts
que inseriram as hashtags selecionadas para demarcar identificação política do que
posts que usaram dessas hashtags para construir uma oposição política. Por fim,
posts que aplicaram as hashtags para vender produtos chamam atenção para
tentativas de alcançar maior visibilidade e permitem reflexões a respeito de qual
audiência está sendo buscada por cada publicação.

Palavras-chave: Folksonomias; Hashtags; Redes sociais virtuais; Desinformação;


Covid 19.

23
GÊNEROS TEXTUAIS DIGITAIS E A CONSTRUÇÃO DO
GÊNERO BLOG

Beatriz Amato de Almeida


E-mail: [email protected]
Universidade São Francisco

Gabriel Aparecido Bragiatto


E-mail: [email protected]
Pontifícia Universidade Católica de Campinas

A partir das novas dinâmicas sociais e as novas formas de se consumir informações,


nos últimos anos vimos não só as tecnologias digitais da informação e comunicação
(TDIC) evoluírem, como também a transformação no que diz respeito aos gêneros
textuais. Partindo disso, pretendemos analisar como os gêneros textuais digitais são
construídos, além da análise de como o gênero textual blog dialoga com essa
construção. Para sustentar o que vem a ser apresentado, usamos primeiramente o
autor Marcuschi (2008; 2010) para pensar o gênero textual e suas relações com a
tecnologia. Assim sendo, usamos como sustentação da construção do gênero textual
blog as autoras Komesu (2010), Miller (2012) e Pinheiro (2013). A metodologia do
presente trabalho está embasada na perspectiva da pesquisa bibliográfica de
Marconi e Lakatos (2003) como revisão de tudo aquilo que já foi publicado, para
que se percebam pontos inovadores que ainda não foram discutidos. Por fim,
tomamos como resultados da pesquisa bibliográfica, primeiramente o uso de
Marcuschi (2008; 2010) para a explanação acerca do gênero textual, do qual é
apresentado: a relevância dos gêneros textuais como construções dos textos que
encontramos em nossa vida diária, com padrões sociocomunicativos
característicos; apresentação dos suportes e dos serviços em função da atividade
comunicativa; a relação dos gêneros textuais com as tecnologias; características
comuns presentes nos gêneros textuais digitais. Com base na explanação dos
gêneros textuais digitais, partimos para a reflexão acerca do gênero textual digital
blog, com contribuições de três autoras: com a Komesu (2010), apresentamos as
características do tempo, espaço e interatividade nos blogs; com a Miller (2012),
mostramos os conteúdos, a cronologia reversa e a explicação do “log”; por fim,
com a Pinheiro (2013), trazemos os temas sobre a escola, hiperlinks, hipertextos e
a interatividade. Concluímos então, que todos esses textos relacionados ao blog
buscam dialogar com o fato do gênero ainda poder constituir o significado para uma
determinada comunidade, corroborando para que seja importante seu estudo
mediante o fato do gênero estar em desenvolvimento.

Palavras-chave: Gêneros textuais digitais; Gênero textual; Blog; Hipertexto.

24
O GÊNERO DISCURSIVO DIGITAL FANFICTION E
OS MULTILETRAMENTOS: REFLEXÕES
DOCENTES

Gabriel Fischer Lottermann


[email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Pamela Tais Clein Capelin


[email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Márcia Adriana Dias Kraemer


[email protected]
Universidade Federal da Fronteira Sul

Este estudo propõe reflexões acerca de uma proposta didático-pedagógica em


Língua Portuguesa, com foco no gênero fanfiction e dirigida ao contexto da Rede
Básica e Pública de Ensino do sudoeste do Paraná. A pergunta que norteia a
investigação questiona em que medida o estudo do gênero discursivo digital
fanfiction contribui à apropriação dos multiletramentos pelos estudantes para as
práticas sociais. Objetiva-se, com efeito, responder, a partir dos pressupostos
teóricos e da intervenção didática, à questão problematizadora. Com esse intuito,
embasam-se as análises teórico-metodológicas nos estudos sobre: interação
discursiva, dialogismo e gênero, a partir dos aportes do Círculo de Bakhtin
(BAKHTIN, 2016 [1952-1961]; 2003 [1979]; VOLÓCHINOV, 2018 [1929- 1930];
2013 [1925-30]); multiletramentos, escola e Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação – TDICs em Rojo (2012; 2013; 2015; 2017); fanfiction em Vargas
(2005); e Plano de Trabalho Docente – PTD em Gasparin (2007). A metodologia
da pesquisa caracteriza-se como teórico-prática, uma vez que se desenvolve por
documentação indireta, com revisão bibliográfica e documental, e direta na
reflexão acerca da intervenção didática. A análise e a interpretação das informações
acontecem por meio de abordagem qualitativo interpretativista, com fins
explicativos, método dialético e procedimentos técnicos de caráter histórico e
comparativo. A justificativa para o estudo reside na relevância de investigações
que reflitam sobre a apreensão, pelos alunos, dos multiletramentos necessários à
vida contemporânea, uma vez que, conforme sugere a BNCC (2018), é nos gêneros
digitais que se encontram boa parte das novas linguagens que circulam nas esferas
sociais e nas práticas linguístico discursivas das quais esses sujeitos sociais
participam. Desse modo, destaca se, como resultados, que esta pesquisa contribui à
ressignificação quanto à importância do trabalho com os gêneros digitais em sala
de aula, entendendo os como uma ferramenta profícua de mediação nos processos
escolares, visando aos multiletramentos diante dos textos-enunciados
multissemióticos da modernidade.

Palavras-chave: Língua Portuguesa; Multiletramentos; Gêneros Discursivos


Digitais; Fanfiction.

25
A PRÁTICA DA ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA E OS MULTILETRAMENTOS
NO ELLA

Giselly Tiago Ribeiro Amado


[email protected]
Universidade Federal de Uberlândia

Isabella Zaiden Zara Fagundes


[email protected]
Universidade Federal de Uberlândia
Bolsista CAPES

Este trabalho objetiva problematizar e refletir sobre as práticas de multimodalidade


e de multiletramentos no ensino da língua inglesa, no que se refere à escrita e à
oralidade trabalhadas em oito unidades didáticas do ELLA– English Language
Learning Laboratory – um laboratório virtual associado ao grupo de pesquisa LIA
- Linguagem Humana e Inteligência Artificial, o qual pertencemos e é composto
por uma equipe transdisciplinar, em especial da Universidade Federal de
Uberlândia, abrangendo a Linguística Aplicada e Ensino de Inglês e Ciência da
Computação. Entendemos que haja uma certa dificuldade na produção e
compreensão escrita e oral da língua inglesa, o que pode atingir muitas(os)
estudantes falantes da língua portuguesa, portanto com a intenção de prover meios
para minimizar e suprir tal dificuldade, da mesma forma auxiliar nos processos de
aprendizagem dessa língua inglesa, como língua estrangeira e tendo a inteligência
artificial como mediadora, foi criado o ELLA. A metodologia deste artigo é de
caráter qualitativo, analítico-descritivo-interpretativo, a qual delimitamos como
corpus de análise três atividades que compõem a unidade Matters of Health do
ELLA, elaborada pelas autoras. Tais atividades foram elegidas por apresentarem
multimodalidades em suas propostas, oportunizando a participação ativa de
estudantes que podem resolvê-las com respostas que envolvem diferentes
multimodalidades. Trazemos a Linguística Aplicada Crítica (PENNYCOOK,
2006), o giro decolonial (MIGNOLO, 2010; 2004; QUIJANO, 2000; 2005;
MALDONADO TORRES, 2007) e os multiletramentos (KRESS, 2005; COPE;
KALANTZIS, 2000) como um tripé teórico que fundamenta nossas reflexões e
problematizações, baseando nossa pesquisa em um quadro metodológico
discursivo aliado à perspectiva da Linguística Aplicada Crítica para analisarmos
como a inteligência artificial lida com as questões sociais emergentes como: raça,
gênero, classe, multiculturalismo, etc., as quais são exercidas na/pela língua(gem),
além de compreendermos como a inteligência artificial atua na mediação dos
processos de ensino-aprendizagem de língua inglesa com o propósito de que as(os)
estudantes possam legitimar-se e tomar a palavra nessa língua outra, utilizando
práticas de multiletramentos e de multimodalidade. Buscamos obter ferramentas
que auxiliem e proporcionem a prática da escrita e da oralidade em língua inglesa
propondo o distanciamento de alguns discursos naturalizados para que seja possível
uma (des)construção de sentidos. Os resultados indicam uma dificuldade de
implementação e de manutenção de uma prática decolonial dentro do ELLA, devido
a aprendizagem da inteligência artificial não poder se afastar da decolonialidade, o
que é algo bastante desafiador e que requer constantes avaliações, também em
termos algorítmicos, para que a proposta seja mantida.

Palavras-chave: Laboratório Virtual; Inteligência Artificial; Decolonialidade.

26
TDICs, TEXTO E MULTILETRAMENTOS
Marcio Santana da Costa
[email protected]
Universidade do Estado da Bahia

Suscitado pelas possibilidades relacionadas ao ensino de língua portuguesa em


modalidade remota e objetivando uma continuidade dos estudos no período da
pandemia, tornou-se essencial pensar em modelos e tecnologias de uso pedagógico
que fossem capazes de transpor o ensino para os meios digitais. Para isso pensou-
se sobre a possibilidade de se criar, a partir da utiliação de tecnologias digitais, um
espaço propício para a produção de textos. Com essa finalidade em vista, foi
elaborada uma proposta delimitada ao gênero textual relato pessoal, com o objetivo
de que os estudantes criassem um 'diário da quarentena'. Para tal foi utilizado o
aplicativo padlet, que permite a construção de um mural com os textos produzidos.
Estes textos pautaram a análise aqui proposta, servindo como base de dados para
tal, ao vislumbrarmos como o meio digital foi capaz de propiciar uma nova
abordagem para o ensino da produção textual no contexto do ensino remoto. Tendo
em vista uma abordagem que parte dos estudos da linguística textual, uma vez que
o texto é, sob o viés das contribuições de Marcuschi (2012) e Koch (2015),
elemento essencial para a comunicação, também se analisa as relações criadas entre
estas teorias e o ensino de gêneros escolares, através do olhar de Schneuwly e Dolz
(2010). Através, principalmente, do olhar de Rojo (2013) sobre os multiletramentos
e as TICs, especificando, no nosso caso, o ensino de produção textual em língua
portuguesa, explicita-se a necessidade de propostas que possuam uma construção
metodológica que se relacione às possibilidades digitais e é sob esse viés que
pautamos a análise dos dados obtidos com a proposta. A proposta de trabalho
resultou em produções escritas que, utilizadas como objetos de análise para
entender a importância do uso de tecnologias digitais para a construção dos
conhecimentos linguísticos relacionados à produção de textos escolares, podem ser
viabilizadas como alternativas metodológicas no período em que a educação
acontece concomitantemente ao período da pandemia, de forma remota e/ou
híbrida.

Palavras-chave: linguística textual; gêneros; TDICs.

27
PRÁTICAS COLABORATIVAS DE LEITURA E ESCRITA EM
SALA DE AULA EM UMA PERSPECTIVA MULTIMODAL
Bruno Bertacini Viégas
[email protected]
Professor da Educação Básica Estadual/SP

Este trabalho é fruto de uma análise do projeto Afetos [im]precisos, realizada em


duas turmas de 9º ano da E.E. Prof. José Leme do Prado (Valinhos/SP). Haja vista
as prescrições estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC -
BRASIL, 2018) e as demandas internas houve a necessidade de desenvolver
princípios relacionados a pedagogia dos multiletramentos, e assim a abordagem
multimodal em nosso contexto escolar, posto que notávamos que a ausência de
práticas multimodais inviabilizava o processo de ensino e aprendizagem. Por isso,
a nossa discussão tem como objetivo (i) analisar a eficiência de uma experiência
engajadora, a partir da teoria dos multiletramentos e da multimodalidade e (ii)
problematizar indícios de desenvolvimento autônomo, por meio da abordagem de
práticas de leitura e escrita. A análise está fundamentada na Semiótica Social
(KRESS, 2010), a qual deu suporte para repensar o conceito de gramática e design,
uma vez que este conceito apreende as diversas modalidades da comunicação e
descarta a rigidez, invariabilidade e a unicidade imposta pela tradição gramatical
do letramento escolar. Além disso, nos apoiamos na reflexão proposta em
Letramentos de Cope, Kalantzis e Pinheiro (2020), na qual se problematiza a
abordagem de uma pedagogia centrada exclusivamente na escrita em relação à
diversidade linguística e cultural e aos modos disponíveis de produção de
significado na atualidade. Dessa forma, a análise pretende verificar a partir da
realização do projeto como é possível engajar os estudantes de forma mais inclusiva
às práticas multimodais, uma vez que ao propor os letramentos em vez de
letramento, valoriza-se todas as modalidades igualmente e não apenas a
modalidade escrita para a construção de significados. Por isso, durante a realização
do projeto, priorizou-se as discussões intensas e as problematizações que
envolviam os gostos e interesses desses aprendizes permitindo-lhes trazer as suas
ideias para servirem como designs disponíveis para elaboração das atividades. E
com isso, a nossa proposta buscou viabilizar meios para que a produção dos
aprendizes tenha visibilidade em toda comunidade escolar, além do que,
defendemos que dar espaço a voz do aluno afeta a todos os atores da escola, já que
“mudanças significativas e duradouras requerem o apoio de todos os setores da
comunidade” (COPE; KALANTZIS; PINHEIRO, 2020, p. 29).
Palavras-chave: multimodalidade; letramentos; práticas de linguagens; contexto
escolar.

28
MULTILETRAMENTOS E COLABORAÇÃO: ATENUAÇÃO DA
ESCRITA MERITOCRÁTICA NA FORMAÇÃO E PROFISSÃO
DE PROFESSOR
Sean Mardem
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

A escrita impressa enquanto recurso privilegiado autoral, típica do pensamento


iluminista, consagrou-se como mais um símbolo da hierarquização social do Estado
com poucas classes letradas, sobre as massas. Não obstante, as políticas públicas de
alfabetização universal do último século se mostraram verdadeiras ideologias de
entenebrecimento das desigualdades de letramento que se perpetuariam apesar da
vulgarização do abecedário. Verdadeiras disparidades se cristalizariam,
especialmente após o surgimento da modernidade liquefeita sobre os alicerces das
TIC. Neste sentido, não seria uma inovação brasileira, o resultado das desastrosas
políticas de formação de professores, nas últimas três décadas, com matrizes
curriculares arcaicas formatadas segundo uma pedagogia iluminista e
desconectadas das transformações tecnológicas que já estavam sendo produzidas
no mundo via internet. Os professores formavam-se e ainda se formam, em grande
parte, letrados para um mundo românico, enquanto alunos adolescentes e as
oportunidades de empregabilidade se comunicam em idiomas hipermidiáticos. Este
estudo pretende discutir de que formas a ausência de letramentos voltados para
hipermídia, na formação docente, pode produzir deformidades para o exercício
profissional, para a produção motivada de conhecimentos junto aos alunos e, se de
algum modo, este mesmo percalço pode atuar como entrave no crescimento
profissional do professor. Como propõe Rajagopalan, se a linguística ficou
desconhecida da maioria dos leigos, isso ocorreu por uma excessiva preocupação
com projetos teoricamente conservadores e com poucas aplicações engajadas ou
epistemologicamente muito dadas à neutralidade. Em busca desta ligação
sociológica entre a linguística e a linguagem como meio no qual operam a realidade
e se mantém as realidades como relações de poder, realiza-se aqui uma proposta de
revisão bibliográfica. Nela incluem-se questões como a transgressão do modelo
autônomo feita por Gee e suas propostas ideológicas, as Práticas Colaborativas de
Escrita de Petrilson Pinheiro, Brian Street, a mudança da realidade pela
conscientização dos discursos como forma de abuso do poder em Fairclough e Dijk,
a educação para libertação e emancipação do sujeito em Freire, a revisão
significativa do currículo em Giroux como forma de resistência às estruturas de
dominação. Provisoriamente, as leituras demonstraram que os questionamentos
levantados nos objetivos iniciais do estudo mostram-se como hipóteses passíveis de
confirmação. Neste sentido, a ausência de letramentos para hipermídia nos cursos
de licenciatura podem estar ligados a sentimentos de frustração para os professores
e ao desinteresse para os alunos. Além disso, a desmotivação professoral pode
dificultar a formação continuada e contribuir com maiores obstáculos na ascensão
profissional e na mobilidade social.

Palavras-chave: Multiletramentos; Hipermídia e Poder; Ascensão profissional;


Formação de professores; Práticas Colaborativas de Escrita.

29
O DESIGNER E SEU PROJETO: MULTILETRAMENTOS NA
ESCRITA COLABORATIVA DO GÊNERO DISCURSIVO
FANFIC
Jônatas Nascimento de Brito
[email protected]
Universidade Estadual Paulista, Campus de Araraquara

Na perspectiva bakhtiniana, os gêneros refletem as condições específicas e as


finalidades que orientam as atividades humanas, em que o processo de utilização da
língua está diretamente associado aos aspectos sócio-históricos e ideológicos de
seus usuários (BAKHTIN, 1997). Levando-se em conta esses princípios
bakhtinianos e considerando os pressupostos da teoria dos multiletramentos em que
se estabelece a articulação entre a emergência multicultural das sociedades
contemporâneas e a integração de multilinguagens na constituição de textos cada
vez mais multimodais (COPE; KALANTZIS, 2009), este trabalho tem por objetivo
analisar a produção colaborativa do gênero discursivo fanfic por estudantes do 9º
ano do ensino fundamental de uma escola privada do interior da Bahia, a fim de
observar a produtividade teórico-metodológica de práticas multiletradas na
abordagem dos gêneros discursivos. Nesse sentido, a pesquisa está voltada para o
ensino da língua materna durante o desenvolvimento de aulas remotas no contexto
da pandemia de coronavírus, a qual impôs (e tem imposto) a professores, alunos e
escolas no geral uma constante reformulação de práticas e metodologias, tendo em
vista as inúmeras demandas e desafios colocados pelas distintas realidades
socioeconômicas do país. No âmbito do ensino de língua, as práticas discursivas se
manifestam nos mais diversos contextos de utilização das multilinguagens e a
ampliação dessas práticas para as situações que se vinculam a realidades sócio-
históricas concretas contribui para que “os jovens aprendam a tomar decisões, fazer
escolhas e assumir posições conscientes e reflexivas” (BNCC, 2018, p. 477). O
protagonismo desses sujeitos no contexto de práticas multiletradas só poderá
ressignificar os processos de criação, produção e circulação de conteúdos se as
práticas escolares de leitura/escrita dos textos multissemióticos, multimodais e
hipermidiáticos considerarem a utilização de ferramentas tecnológicas, como o
celular e o computador, por exemplo, para o desenvolvimento de uma produção
colaborativa, em que os estudantes participam simultaneamente do processo de
escrita de um texto, que pode ser mediado por ferramentas como chats, Google
Docs, Facebook, Prezi, entre outras (ROJO, 2012). Sendo assim, a pesquisa procura
demonstrar que o trabalho com a escrita em sala de aula pode ser significativo e
produtivo desde que haja por parte dos estudantes a percepção do seu papel como
designer dos seus projetos, capaz de utilizar ferramentas tecnológicas, outros textos
e práticas multiletradas que favoreçam as etapas de planejamento, produção,
processamento e circulação de gêneros discursivos diversos.

Palavras-chave: Escrita colaborativa; Gêneros; Multilinguagens; Designer.

30
O SOFTWARE AUTORIA: ANÁLISE DA USABILIDADE
POR GRADUANDOS DE UM CURSO DE GEOGRAFIA
Marília de Carvalho Caetano Oliveira
[email protected]
Universidade Federal de São João del-Rei

Este trabalho é um recorte de um projeto interdisciplinar mais abrangente intitulado


“O processo de produção de gêneros acadêmicos: reflexões e desdobramentos”, que
vem sendo desenvolvido, desde março de 2020, no âmbito do Grupo de Pesquisa
“Letramentos, Gêneros e Ensino” (UFSJ/CNPq), em parceria com o Professor Dr.
Fernando Augusto Teixeira, do departamento de Tecnologia da UFSJ. Aqui,
especificamente, temos por objetivo investigar aspectos relacionados ao ensino
aprendizagem de resumos acadêmicos por parte de estudantes de um curso de
Geografia de uma instituição pública do interior de Minas Gerais, dando ênfase à
discussão dos resultados dos testes de usabilidade do software hipermídia
“AutorIA”, sendo este um desdobramento do projeto mais amplo, acima referido.
Segundo Nielsen (1994), a verificação da usabilidade inclui modos de avaliar as
interfaces do usuário para encontrar problemas, ou seja, os testes têm como objetivo
analisar o processo de interação entre os alunos e o computador, verificando, assim,
a facilidade (ou não) de uso do sistema (CONRAD; LEVI, 2002). O aporte teórico
para a elaboração do software fundamentou se numa perspectiva híbrida: por um
lado, baseamo-nos nos princípios do Interacionismo Sociodiscursivo proposto por
Bronckart (1999, 2006, 2008), bem como sua vertente didática, nos termos de
Schneuwly e Dolz (2004). Por outro lado, utilizamos aspectos da Sociorretórica de
Swales (1990) e Askehave; Swales (2001), priorizando o modelo Create a
Research Space (modelo CARS) e suas possíveis adaptações ao gênero resumo
acadêmico. A metodologia, vinculada à Linguística Aplicada, teve uma perspectiva
qualitativa de cunho interpretativista (MOREIRA; CALEFE, 2008), com a
utilização de métodos empíricos. Os resultados revelaram a necessidade de ajustes
em relação a alguns aspectos do programa, como a rapidez para encontrar
informações, mas, de modo geral, os estudantes o avaliaram positivamente,
considerando-o como ferramenta útil para a produção de resumos acadêmicos.
Esses dados ratificam, portanto, que a tecnologia pode ser um importante recurso
no processo de didatização desse gênero textual/discursivo.

Palavras-chave: Resumo acadêmico; Software AutorIA; Testes de Usabilidade.

31
INTERAÇÕES ONLINE NO COMMUNICATION CAFÉ:
ROMPENDO FRONTEIRAS E (RE)PENSANDO
OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM DE INGLÊS
Clarissa Costa e Silva
E-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Este estudo objetiva apresentar e discutir algumas características das interações


online identificadas a partir dos encontros do projeto de extensão Communication
Café em 2020 e 2021. A partir de uma análise crítica, destacaremos algumas
especificidades ligadas às interações e às oportunidades de aprendizagem criadas
a partir da modalidade de ensino online. Sabemos que há um déficit nas
oportunidades de aprendizagem da língua inglesa em nosso país, em especial, no
tocante ao desenvolvimento de habilidades e competência comunicativa (LIMA;
SOUSA; LUQUETTI, 2014). Portanto, entendemos que devemos discutir essa
questão, bem como propor caminhos de transformação. Segundo Freire (1996), a
possibilidade de transformação social de um grupo de estudantes esta
intrinsicamente ligada às oportunidades de aprendizagens a que este tem acesso.
Através da seleção de alguns aspectos ligados as interações ocorridas no
Communication Café, esperamos apresentar um recorte importante no âmbito dos
estudos qualitativos sobre ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras como
ferramenta transformadora da realidade. Afinal, quais são alguns aspectos que se
sobressaem ao analisarmos as interações online no projeto? E, o que isso pode
informar sobre as experiências de ensino de inglês que visam oportunizar um
espaço gratuito e colaborativo de aprendizagem de inglês? Estas são algumas
questões norteadoras deste estudo e que aqui serão exploradas a fim de destacar,
dentre outros resultados, a necessidade de democratização das oportunidades
(gratuitas) de prática da conversação em inglês; e importância da valorização dos
diversos saberes e sotaques. O Communication Café faz parte da grade de projetos
de extensão desenvolvidos pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –
UESB desde 2014 e visa, por meio de seus encontros, oportunizar acesso a um
ambiente de prática da conversação em língua inglesa aos seus participantes. A
partir da compreensão de que a aprendizagem de uma língua estrangeira requer o
estabelecimento de uma rede de trocas – de conhecimentos, experiências e
interações – o princípio da aprendizagem colaborativa entre os indivíduos
(FREIRE, 1996; VYGOTSKY, 1998; DEWEY, 1938; 1959) assume um lugar
central na discussão e resultados apresentados. Este estudo espera colaborar com
reflexões importantes sobre as várias facetas que subjazem o processo de ensino e
aprendizagem de inglês como língua estrangeira.

Palavras-chave: Communication Café; interação online; aprendizagem;


transformação.

32
CURSO DE LETRAS MEDIADO POR TECNOLOGIA
NO AMAZONAS
Elaine Pereira Andreatta
[email protected]
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Fátima Maria da Rocha Souza


[email protected]
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

A professora Ana Elisa Ribeiro, no artigo “Que futuros redesenhamos? Uma


releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil
para o século XXI”, ao apresentar as dez competências gerais da BNCC, de 2020,
em consonância com o manifesto do New London Group, de 1996, portanto mais
de 20 anos depois, e refletir sobre esse atraso, nos pergunta: “é esse o design de
futuro que nós, brasileiros, latino americanos, consideramos bom e ideal, em nossas
condições reais e peculiares, em especial quanto às tecnologias?” (pág. 15)1. Essa
pergunta norteia a apresentação da experiência vivida no Curso de Letras Mediado
por Tecnologia, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), oferecido nos
anos de 2016 a 2020, para mais de 1000 estudantes em 30 municípios diferentes
do estado do Amazonas, a partir de uma realidade inovadora. Este trabalho tenta
entender como as múltiplas linguagens podem estar presentes em aulas
transmitidas pela televisão no formato oferecido no Amazonas, e de que maneira
isso reverbera na produção de conteúdos didáticos e materiais feitos por
professores e alunos. Ao longo do curso, foram ministradas as disciplinas de Leitura
e Produção Textual, Teoria e Prática da Leitura, Didática aplicada ao Ensino de
Língua Portuguesa, Estágio Supervisionado I e II. O conteúdo programático foi
ministrado ao vivo no estúdio do Centro de Mídias da UEA no turno noturno
durante a semana e no turno matutino em alguns sábados, via satélite para cada
interior com a presença de um professor assistente por sala, com base no livro-
texto elaborado pelas professoras, explorado através de aulas expositivo-dialógicas,
com o objetivo de apresentar, comentar, interpretar os tópicos em questão. Em sala
de aula, foram discutidos capítulos e passagens de livros que se encontram na
bibliografia e os alunos foram orientados em suas leituras de aprofundamento sobre
assuntos específicos na parte teórica. Na parte prática, os alunos assistiram a filmes,
participaram de debates com personalidades dos seus municípios e da capital, além
de atividades propostas e organizadas por eles para fins didáticos, com viés
cultural, e foram convidados a conhecer a dinâmica da sala de aula, do planejamento
escolar, do projeto político pedagógico dos espaços formais e não formais do seu
município, além de contar com a presença de personalidades locais para cada um
dos temas estudados.

Palavras-chave: Formação de professores; Ensino Presencial Mediado por


Tecnologia; Produção de conteúdo de Múltiplas Linguagens.
1
RIBEIRO, A. E. Que futuros redesenhamos? Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos
Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o século XXI. Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 9, p. 1-
19, e02011, 2020.

33
O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL
PARA REFUGIADOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Raiane Kely Carvalho Félix


[email protected]
Universidade Federal de São Paulo

A tendência para o crescente fluxo migratório internacional se constitui uma


realidade. No Brasil, a situação não é diferente. O país destaca-se como signatário
dos principais tratados relacionados a esses migrantes e como receptor de um
número crescente de deslocados forçados. Diante disso, faz-se indispensável a
discussão sobre políticas públicas que prevejam o acolhimento e a inserção desta
população na sociedade brasileira, sobretudo no que diz respeito às questões
linguísticas, visto que o português tem um papel essencial no processo de
apropriação do território. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar um
levantamento, a partir de pesquisas em sítios da internet e/ou relatórios públicos
divulgados, de cursos ou ações voltadas ao ensino remoto de português a migrantes
refugiados no Brasil no contexto da pandemia e uma breve análise de dois cursos
on-line disponibilizados gratuitamente no YouTube, a fim de verificar se o ensino
de português se dá numa perspectiva de acolhimento ou não. Para tal, utiliza-se a
abordagem qualitativa e interpretativista com foco na análise documental, visto que
o trabalho enfatiza exclusivamente aulas dos cursos "Estude Português em Casa”,
do Instituto Adus, e "Português como língua de acolhimento'', ofertado pela Unesp.
Nessa condição, faz-se uma breve contextualização dos cursos e os procedimentos
de seleção dos dados que foram adotados, os critérios para análise, a partir da
observação das aulas e temas disponibilizados. O marco teórico seguirá os
conceitos de língua de acolhimento (AMADO, 2013; CABETE, 2010; GROSSO,
2010; LOPEZ, 2016; LOPEZ & DINIZ, 2016). Os resultados apontam que um dos
cursos toma como base a perspectiva estruturalista de língua, que foca na
gramática/tradução que funciona com a prática da repetição, não abrangendo as
especificidades do português como língua de acolhimento (PLAc), enquanto o
outro adota uma perspectiva mais funcional e comunicativa da língua entrelaçado
com práticas de letramentos e interculturalidade, para que os aprendentes possam
agir e movimentar-se linguisticamente, culturalmente e socialmente nas situações
da cotidianas na sociedade.

Palavras-chave: Ensino de Português como Língua de Acolhimento; Refugiados;


Ensino remoto; Pandemia.

34
O CURSO PRÉ-PEC-G UNIFESP EM TEMPOS DE PANDEMIA:
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E ARTICULAÇÕES POLÍTICAS
Alan Silvio Ribeiro Carneiro
[email protected]
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Caroline de Souza Seemann Flutuoso


[email protected]
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Layana Christine de Oliveira


[email protected]
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

As políticas de internacionalização, ao longo do Programa Ciência Sem Fronteiras, 2011


– 2017, trouxeram visibilidade para essa dimensão no âmbito das universidades
brasileiras. Em paralelo, destacaram também o importante papel das políticas linguísticas
necessárias para a formação dos estudantes em mobilidade do Brasil para o exterior e do
exterior para o Brasil. Um dos programas mais significativos de mobilidade para o Brasil
é o Programa Estudante Convênio – Graduação, do Ministério das Relações Exteriores
(MRE), realizado, em parceria, com o Ministério da Educação (MEC) e instituições de
Ensino Superior (IES) brasileiras. Para iniciar os seus cursos de graduação, esses
estudantes devem ser aprovados no certificado de proficiência em português para
estrangeiros, Celpe – Bras, os estudantes que não podem fazer o exame em seus países
podem vir ao Brasil para estudar o português em universidades brasileiras, cursos
conhecidos como Pré – PEC – G. O Estado de São Paulo há anos não oferecia nenhum
curso com esse perfil, é nesse contexto que em 2019 foi implementado o curso Pré – PEC
– G da Unifesp. O contexto da pandemia de Covid-19 impactou a oferta do curso em
2020 e 2021, com diversas consequências nas práticas de ensino-aprendizagem dos
estudantes, mas sobretudo em relação ao seu desenvolvimento e conclusão habitual com
a realização do exame Celpe-Bras pelos estudantes ao final do curso, o que não pode
ocorrer em função da não aplicação do exame. O objetivo desta apresentação é discutir
o replanejamento das atividades nos meios digitais, em 2020, e destacar algumas
características do desenvolvimento do curso em 2021, e problematizar a necessidade do
exame Celpe-Bras como um condicionante para o ingresso na graduação dos estudantes
PEC-G. O relato de experiência a ser apresentado parte dos planos de ensino, dos
materiais didáticos elaborados no sentido de relatar como a pandemia demandou
reformulações tanto do ponto de vista da forma como também dos conteúdos a serem
trabalhados e das articulações políticas recentes que estão sendo feitas no sentido de
garantir que esses estudantes possam se matricular na graduação. O funcionamento do
curso em tempos de pandemia indicia os limites e as potencialidades dos recursos digitais
para o ensino de línguas e a necessidade de uma reflexão sobre os modos de ensinar, mas
também a necessidade de uma sensibilidade política que possa contribuir para que as
políticas linguísticas e educacionais possam ser construídas a partir da ótica do cuidado.

Palavras-Chave: Pré-PEC-G; Português como Língua Adicional; Planejamento Didático;


Práticas de Ensino-Aprendizagem; Exame Celpe-Bras
35
MULTILETRAMENTOS, GÊNEROS MULTIMODAIS E ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA NA PERSPECTIVA DE
PROFESSORAS EM FORMAÇÃO CONTINUADA

Luiza Vitória de Abreu Schell


[email protected]
Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Anderson Carnin
[email protected]
Universidade do Vale do Rio dos Sinos

O advento da cultura digital fomentou o surgimento de novas formas de comunicação nos


ambientes virtuais de interação, o que originou novos gêneros de texto carregados de
múltiplas semioses, como imagem, som, vídeo etc., que vão além da linguagem verbal.
No entanto, parece que esses novos gêneros, oriundos dessa nova cultura, pouco espaço
têm ganhado nas aulas de Língua Portuguesa. Considerando tal cenário, este estudo, que
pretende apresentar resultados parciais de pesquisa de mestrado, ainda em
desenvolvimento, procura analisar como professores de Língua Portuguesa em formação
continuada desenvolvem projetos de ensino numa perspectiva de trabalho que considere a
abordagem didática dos multiletramentos e do trabalho com gêneros multimodais e, a
partir disso, ressignificam suas práticas docentes. Para isso, a fundamentação teórica é
baseada nos estudos de multiletramentos (GRUPO DE NOVA LONDRES, 1996; ROJO,
2013); os estudos de gênero de texto (BRONCKART, 1999) e o desenvolvimento humano
(VYGOTSKI, 2004; BRONCKART, 2008; 2013). De base qualitativa (CRESWELL,
2007), esta pesquisa emprega, na geração de dados, uma proposta de intervenção formativa
realizada com professores de língua portuguesa atuantes na rede pública de ensino. Os
encontros formativos, realizados de modo online devido à pandemia de Covid 19, procuram
incentivar o trabalho com gêneros diversos no ensino remoto emergencial vivido entre os
anos de 2020-2021. Das interações realizadas nesse contexto interacional, são registradas
e analisadas as verbalizações de três professoras, em diferentes momentos da formação
continuada, procurando identificar pistas linguístico-discursivas que evidenciem os
movimentos de ressignificação da prática docente, especialmente no que concerne ao
trabalho com gêneros multimodais e ensino de língua portuguesa. Analisa-se, também,
como tais pistas podem revelar movimentos de debate e ressignificação do agir docente,
fomentando o desenvolvimento profissional das participantes da pesquisa. Para a análise
de dados é utilizado o modelo da arquitetura textual de Bronckart (1999), alinhado também
aos princípios dos estudos dos campos da cultura digital e dos multiletramentos. Os
resultados preliminares sugerem que as professoras participantes desta pesquisa
reconhecem a importância do trabalho com multiletramentos, mas ainda apresentam
dificuldade em desenvolver projetos de ensino voltados à cultura digital e ao trabalho com
gêneros multimodais nas aulas de Língua Portuguesa. Há, portanto, espaço para que novas
investigações e proposições didáticas sejam realizadas, no intuito de aproximar, por
exemplo, as prescrições oficiais advindas da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,
2018), ao trabalho de professores atuantes na Educação Básica.

Palavras-chave: cultura digital; multiletramentos; formação continuada; ensino de Língua


Portuguesa.
36
HIPERMÍDIA: CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE
FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Vanilda Aparecida Belizário


[email protected]
Universidade Federal de Lavras

Teciene Cássia de Souza


[email protected]
Universidade Federal de Lavras

Taísa Rita Ragi


[email protected]
Universidade Federal de Lavras

O conceito de hipermídia está diretamente relacionado à concepção de hipertexto e


de multimídias. Nesse viés, considerando o contexto educacional contemporâneo,
é possível compreender que tal conceito se faz presente na sala de aula, visto que
as aulas buscam realizar ensinamentos multiletrados que mesclam o conteúdo
programático formal com o cotidiano dos alunos. Para tanto, os elementos
supracitados se fazem presentes no desenvolvimento das atividades de diferentes
conteúdos, em especial no componente curricular de Língua Portuguesa. Contudo,
para que a hipermídia seja utilizada como instrumento pedagógico, é essencial que
os docentes possuam conhecimentos acerca de sua estrutura e aplicabilidade em
relação aos conteúdos curriculares. Nesse sentido, destaca-se a importância de uma
formação inicial e continuada que considere o uso de ferramentas tecnológicas no
processo de ensino e aprendizagem tanto de estudantes quanto dos próprios
docentes e, ainda, a primordialidade de suscitar o contexto sociocultural da
localidade onde estas ações se desenvolvem. Partindo da premissa de que a
formação do professor se reflete diretamente no seu trabalho com os estudantes, o
presente estudo tem por objetivo apresentar, de maneira reflexiva, os mecanismos
hipermidiáticos e suas contribuições para a formação inicial e continuada de
professores. Para tal, realiza-se uma pesquisa de cunho bibliográfico para
levantamento de hipóteses e para fundamentação dos dados, apoiada em autores
como Santaella (2008); Freire (1967; 1996); Fischmann (2000); Lemke (2010);
Lemos (2003); Busarello, Bieging e Ulbricht (2015); Rojo (2009; 2012); Rojo e
Moura (2019); Kalantzis, Cope e Pinheiro (2020). Como resultado, esperamos
comprovar que a hipermídia se faz presente no campo educacional, tanto no viés
dos alunos como no dos professores e, mais especificamente, como ela contribui
para a formação de professores de Língua Portuguesa, uma vez que esses
profissionais encontram-se inseridos nas diferentes esferas sociais e,
consequentemente, trazem para o contexto escolar, as inovações vivenciadas, por
meio de implementação de novas ferramentas pedagógicas que, influenciam tanto
na formação do estudante quanto na contínua formação do docente, ressignificando
as ações que constituem o processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Hipermídias; Formação de professores; Língua Portuguesa.

37
“EU NÃO ENTENDO A ESCOLA”: DIÁLOGOS ENTRE
PEANUTS E PAULO FREIRE

Monique Mattos A. de Alvarenga


[email protected]
Mestranda em Letras (UEMS)

Leonardo Gonçalves de Alvarenga


[email protected]
Doutor em Ciência da Religião (PUC-SP)

O educador Paulo Freire (1987) promoveu um amplo debate sobre o modelo


tradicional de ensino, o qual ele denominava de “educação bancária”. Segundo o
autor brasileiro, a educação bancária seria baseada na repetição, na autoridade
docente e na descontextualização dos conteúdos. Ao contrário disso, na visão de
Paulo Freire (1987, 1996), a educação deveria ser libertadora, para isso, entre outras
coisas, fazia-se necessário considerar a realidade do educando, a valorização e
incentivo à participação dos educandos no processo de ensino aprendizagem e a
compreensão do educador que aprende enquanto ensina. Com auxílio de algumas
Histórias em Quadrinhos é possível também levar em conta questionamentos que
se aproximam dessa realidade advinda do pensamento freiriano. Nesse sentido,
esse trabalho tem o objetivo de analisar através de uma leitura semiótica algumas
tiras de Peanuts, de autoria de Charles Schulz, sobre a educação e a escola,
buscando nelas reflexões críticas sobre o modelo tradicional de ensino. O
referencial teórico que fazemos uso para essa nossa análise são os trabalhos de
Paulo Freire sobre a educação e o conceito de multimodalidade em uma abordagem
da Semiótica a partir dos trabalhos de Kress & Van Leeuwen (1996), entendendo
as Histórias em quadrinhos como um texto multimodal que se utiliza de diversas
linguagens (verbal e não verbal) e estabelece interfaces com diversos campos do
saber em seus enredos. O trabalho seguiu a metodologia de pesquisa bibliográfica
sobre a visão freireana sobre a educação e os debates que ele promoveu sobre o
método tradicional vigente no Brasil. Além disso, busca-se descrever, através de
pesquisa bibliográfica também, parte da vida e obra de Charles Schulz, autor de
Peanuts, e coletar algumas tiras que tinham relação com escola e educação. Por
último, levantar as relações entre os questionamentos de Paulo Freire com o que se
encontra presente nas tiras. A hipótese que se tem é que as tirinhas analisadas
estabelecem diálogos com a pedagogia freireana e corroboram para uma visão de
educação libertadora que por suas características e alcance podem ampliar o debate.
Palavras-chave: Paulo Freire; Educação libertadora; Histórias em Quadrinhos;
Peanuts.

38
MULTIMODALIDADE, SINESTESIA E MULTILETRAMENTOS:
SUBJETIVIDADES PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
LÍNGUA INGLESA

Gabriela Claudino Grande


[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Práticas educacionais com o uso de Novas Tecnologias da Informação e


Comunicação (TIC) têm desempenhado um papel primordial para educação
linguística, sobretudo durante o ano de 2020, diante do surto da Covid-19 pelo
mundo, com o fechamento de escolas e universidades. Concernente às discussões
que investigam a formação de professores de Língua Inglesa e o uso de tecnologias
digitais, percebe-se que tanto os mecanismos institucionais quanto muitos dos
docentes ainda apresentam considerável resistência aos letramentos multimodais,
se pautando, principalmente, no grafocentrismo. Neste sentido, e para que
mudanças expressivas possam ocorrer, apoiados na gramática visual e por práticas
sociais que estimulam a criação de cidadãos críticos e autônomos comprometidos
com a ética e a solidariedade freireana, a pedagogia dos Multiletramentos e o
conceito de design são caminhos possíveis para o desenvolvimento de inovações
inteligentes e criativas na construção de conhecimentos para contextos
educacionais. Partindo, portanto, de uma costura teórico-metodológica dos
Multiletramentos e da perspectiva sociossemiótica da Multimodalidade como
abordagens críticas, a presente comunicação oral objetiva refletir
ontoepistemologicamente sobre a subjetividade e a identidade de um professor em
formação, em práticas multiletradas, através de elementos de design na construção
de significados, propostos por Kalantzis, Cope e Pinheiro (2020), tomados aqui
como dispositivo analítico. Para tal reflexão, as análises se debruçam sobre uma
apresentação de trabalho avaliativo, realizado para uma disciplina ministrada sobre
ensino de Língua inglesa, que ativou letramentos multimodais por meio da
sinestesia, fazendo os estudantes refletirem sobre suas identidades. As análises
conduzidas demonstraram como a multimodalidade e a sinestesia propiciam
produções de sentidos que levam o discente a refletir sobre sua subjetividade e
identidade híbrida de um professor gay que utiliza (ou pretende utilizar) os espaços
de educação linguística para criação de reflexões e usos de linguagens multimodais
e sinestésicas para produções de textos digitais. Adicionalmente, suas identidades
pessoal e profissional, aqui tomadas como fragmentadas, múltiplas, não-unitárias,
flexíveis, em constante progresso, contingente e performativa, também podem
representar espaços de resistência para educação linguística como instrumento de
luta, em oposição ao status hegemônico que essa língua tem desempenhado e
principalmente para efeitos de colonização.

Palavras-chave: Multimodalidade; sinestesia; multiletramentos; subjetividades de


professores; formação de professores de língua inglesa.
39
OS MULTILETRAMENTOS NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Juliana Souza Lopes Hott da Rocha


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Vivenciamos uma época em que o ritmo dos avanços e inovações tecnológicas têm
provocado mudanças e alterações na linguagem escrita e na forma de comunicação
por parte do ser humano. Estamos cercados por uma profusão de imagens nas
práticas da escrita em diferentes suportes, que tem colocado em evidência,
principalmente, a linguagem visual. Assim, entra em foco um tipo de texto que se
mostra bastante presente nas práticas sociais contemporâneas: o texto multimodal,
que irá requerer o desenvolvimento dos multiletramentos. Com a reestruturação
dos conteúdos da disciplina de língua portuguesa, os livros didáticos também foram
se estruturando à maneira que conhecemos hoje, compostos por diversos gêneros,
ilustrações, abordagens teóricas e exercícios a respeito de vocabulário,
interpretação de textos, gramática, redação, literatura, entre outros. Este trabalho
tem como objetivo discutir a presença dos multiletramentos nos livros de Língua
Portuguesa aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático
(PNLD). Para atingir esse objetivo, apresentamos uma discussão teórica a respeito
dos multiletramentos e analisamos a presença dos diferentes modos de significação
e dos designs utilizados em 1 dos livros aprovados pelo PNLD 2020, a fim de
compreender como a perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos está sendo
abordada. A pesquisa teve como corpus o livro do 6º ano da coleção Tecendo
Linguagens, de Tania Amaral Oliveira e Lucy Aparecida Melo Araújo, publicada
pela Editora IBEP, destinada ao Ensino Fundamental. A referida coleção faz parte
das obras aprovadas para o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2020 e
foi a coleção mais vendida de Língua Portuguesa nessa edição do Programa. A
análise tornou evidente que o livro analisado se configura como um design
multimodal, bem como também abarca diversas questões sociais e multiculturais,
trabalha com a perspectiva de diversos designs, a partir de abordagens que, dentro
dos limites de um material impresso, buscam propiciar a experienciação do novo,
favorecendo o desenvolvimento do trabalho com e para os multiletramentos.
Conseguimos perceber a articulação de temas com perspectivas globais e locais,
bem como a presença dos elementos do design e dos quatro componentes da
Pedagogia dos Multiletramentos, a Prática Situada, a Instrução Explícita, o
Enquadramento Crítico, e a possibilidade de desenvolver uma Prática
Transformada, por meio da qual os alunos podem se tornar designers de futuros
sociais. Nossos estudos pautam-se em Grupo de Nova Londres (2021), Pinheiro
(2016), Ribeiro (2020) e Kalantzis, Cope e Pinheiro (2020).

Palavras-chave: multimodalidade; multiletramentos; livro didático.

40
INTERCULTURALIDADE CRÍTICA EM
MATERIAIS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA
DE ACOLHIMENTO

Daniele Pechi de Paula


[email protected]
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Segundo dados do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) aproximadamente


43 mil estrangeiros vivem no Brasil com a condição de refúgio. Apenas nos últimos
dois anos, esse número quase quadruplicou, pois entre 1997 e 2018, o Brasil tinha
11.231 pessoas refugiadas reconhecidas. (CARITAS RJ, 2020). Neste trabalho,
discuto e proponho orientações para a criação de unidades didáticas para o ensino
de português como língua de acolhimento (PLAc) a partir da interculturalidade
crítica, por meio de uma análise de atividades dos materiais Portas Abertas (SÃO
PAULO, 2021) e Vamos Juntos(as)! (BIZON, CAMARGO & DINIZ, 2020). Esta
análise baseia-se em concepções de componente cultural para o ensino de línguas e
de interculturalidade defendidas por Salomão (2015) e Mendes (2004). Nas
palavras de Salomão (2015), o desafio que se coloca ao ensino e aprendizagem de
línguas e, por consequência, aos formadores de professores de línguas na
contemporaneidade é focar a compreensão de que inserir o componente cultural na
aprendizagem de uma língua estrangeira implica conhecer e transpor um vasto
mosaico sócio-histórico que veio substituir a noção de cultura nacional una e
homogênea, entendendo o ser humano, no que tange à cultura, como seu produto e
produtor. Para analisar os materiais, foram elaboradas perguntas guia, com base nos
referenciais teóricos mencionados, sendo elas: as tarefas fomentam interação entre
os estudantes? Ajudam os aprendizes a se posicionarem no mundo globalizado?
Reconhecem e valorizam as múltiplas identidades dos estudantes? São adaptáveis,
propiciam a criação de experiências na cultura alvo? São acompanhadas de
materiais autênticos, representativos de práticas sociais do uso da linguagem? A
análise preliminar indica que a operacionalização das perguntas acima em tarefas
representa um grande desafio, já que boa parte da produção de materiais didáticos
de PLAc ainda privilegiam a noção de língua como sistema e reservam à cultura
um espaço de curiosidade, de comparações rasas e de informações desconectadas
da aprendizagem, sem promover reflexões críticas, que possam levar os alunos a se
reconhecerem no mundo a partir dos elementos que os formam. Após a
apresentação dos pressupostos teóricos e da metodologia, parto para a análise dos
materiais, exercitando assim os critérios estabelecidos para tal. Tendo essa análise
em vista, sugiro aprimoramentos nas tarefas dos materiais didáticos e evidencio
suas características positivas.

Palavras-chave: português como língua adicional; português como língua de


acolhimento; material didático; migrações; interculturalidade crítica.

41
“NO AR, CONEXÃO JOVEM IBC”:
INCLUSÃO DIGITAL DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima


E-mail: [email protected]
Instituto Benjamin Constant

Millene Barros Guimarães de Sousa


E-mail: [email protected]
Instituto Benjamin Constant

O atravessamento da cultura digital no ensino remoto nunca foi tão imprescindível


no contexto de isolamento social, proveniente do momento pandêmico atual. O
presente trabalho surgiu da percepção da importância da cultura digital não só como
mediação da prática escolar, mas como prática inerente que contextualiza as ações
e os pensamentos dos sujeitos e, assim, se justifica trazer para dentro do espaço
escolar, mais especificamente, para as aulas de língua portuguesa toda essa
percepção. A partir dessa observação, o projeto piloto “Conexão Jovem IBC”
ganha corpo, numa escola pública localizada no Rio de Janeiro, especializada na
educação de pessoas com deficiência visual - pessoas com cegueira, com baixa
visão e surdocegueira - chamada Instituto Benjamin Constant (IBC). O piloto desse
projeto tem-se em sua centralidade a produção textual de gêneros discursivos orais
dos alunos, que circulam nos meios digitais, como o podcast, pois apresenta
padrões sociocomunicativos característicos, propósito comunicativo definido e
estilo com estruturação própria (MARCUSCHI, 2008), assim como, é uma prática
de linguagem, como refere-se na Base Nacional Comum Curricular (2018), no
desenvolvimento das habilidades dos estudantes. Este projeto, também, reflete o
trabalho a partir da perspectiva dos Multiletramentos (ROJO, MOURA; 2012).
Inicialmente, os alunos foram apresentados ao gênero discursivo podcast. Em
seguida, os estudantes começaram a produção do gênero discursivo. A escolha do
tema foi individual, não só pela liberdade de criação, mas também para facilitar a
gravação do podcast, que traria a hibridização de gênero, como a entrevista. Em
seguida, foi realizada a edição dos áudios e, também, criaram se dois textos para
abertura e encerramento dos episódios, gravados individualmente pelos alunos. O
projeto “Conexão Jovem IBC” estendeu-se à comunidade escolar, promovendo a
inserção de novos alunos e professores, sendo inseridos outros gêneros discursivos
nos podcasts, como o gênero discursivo slam. O uso do podcast como ferramenta
pedagógica não passa apenas pela criação e compartilhamento de conteúdos, é um
recurso que, por meio da comunicação oral, desenvolve habilidades de
organização, pensamento crítico, criatividade, senso de investigação, engajamento
social, reflexão, problematizações etc. Os jovens podem ganhar voz e conferir
sentido à sua própria história, não mais como espectador, mas sim apresentando-se
como sujeito, legitimando sua participação na sociedade, como cidadão com
deficiência visual nas diversas dimensões sociais.

Palavras-chave: Ensino Remoto; Educação Especial; Podcast; Entrevista oral;


Slam.
42
DA TECNOLOGIA À PEDAGOGIA DOS
MULTILETRAMENTOS: EM BUSCA DE UMA
INTEGRAÇÃO CONCEITUAL

Francisco Arquer Thomé


[email protected]
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

Tendo em vista que a ubiquidade das Tecnologias Digitais da Informação e


Comunicação (TDIC) firma um novo ethos que reconfigura a relação ensino-
aprendizagem no campo da Educação e de suas inter-relações Comunicacionais e
Linguísticas, o objetivo deste trabalho é estabelecer um entendimento basilar do
conceito de tecnologia, promovendo uma abordagem contextualizada que convirja
às dimensões pedagógicas dos (multi)letramentos. Para tanto, desenvolve-se uma
discussão sobre os interesses econômicos na educação e a respeito do pensamento
crítico em contexto, perpassando pela alfabetização tradicional, letramentos, novos
letramentos, letramentos digitais e multiletramentos, com o intuito de buscar um
alicerce conceitual entre as Tecnologias e a Pedagogia dos Multiletramentos.
Surgem então os questionamentos: é possível fazer um esclarecimento sobre o que
é a tecnologia? E sobre a pedagogia que envolve os multiletramentos? Além disso,
como seus conceitos se integram proficuamente? Com base nessas questões, os
"contextos" emergem durante as buscas conceituais e se tornam o pivô deste
trabalho. Destarte, os olhares macro e microcósmicos são reiterados na elaboração
desse desenho etimológico, e isso pode contribuir para que haja o fortalecimento de
um cenário sociopedagógico que promova relações críticas e colaborativas
enfáticas às multiplicidades linguísticas e culturais dos aprendizes, além de uma
profícua formação cidadã dos sujeitos. Para tanto, fundamenta-se, principalmente,
em Paulo Freire, Neil Selwyn, Mary Kalantzis, Bill Cope, Petrilson Pinheiro, Pierre
Bourdieu, Pascual Perez Paredes, Miguel Zapata Ros, Adilson Citelli e Glaucia da
Silva Brito, além dos estudos da New London Group (NLG). Diante da importância
de se encontrar uma solução que integre os conceitos dispostos, o trabalho busca
levar às escolas as discussões sobre as Tecnologias, assim como pensar em práticas
sociais colaborativas; tais atividades se apresentam como uma ferramenta educativa
que desconstrói a individualidade alimentada pelo estado econômico atual, além de
fortalecer a base pedagógica junto à Aprendizagem Ubíqua discente. A intenção
última do trabalho talvez seja, justamente, se afastar de uma postura laudatória junto
às tecnologias na educação, sugerindo a possibilidade de investigações e debates
acadêmicos epistemológicos que motivem tais reflexões a partir de um olhar
contextual e amplo.

Palavras-chave: Tecnologia; Pedagogia dos Multiletramentos; Contextos; TDIC;


Pensamento Crítico.

43
PEDAGOGIA FREIREANA, EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E
LETRAMENTO CRÍTICO
Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim
[email protected]
Universidade Federal do Paraná
A perspectiva de educação linguística da qual parte a proposição desta
comunicação, se insere na área de pesquisa em Linguística Aplicada (LA), numa
visão contemporânea, tal qual afirmada por autores como Signorini e Cavalcanti
(1998), Cavalcanti (2004, 2006) e Moita Lopes (2006, 2013). O foco desta área de
pesquisa recai sobre a linguagem e suas problematizações em contextos
específicos, e também diversos e plurais, e assim nos convida a pensar sobre quais
teorias sobre/de língua/linguagem podem fazer sentido(s) em nossas práticas
educacionais e de formação. Assim, o presente trabalho tem como objetivo
apresentar reflexões sobre a concepção de língua/linguagem em uma perspectiva
baseada na ideia de que os sentidos não estão dados, como pregaria uma concepção
homogeneizante de língua/linguagem, mas sim uma outra, ou seja, que entende os
sentidos como determinados por processos interpretativos e pelas interações sócio-
culturais. Nesse sentido, pretende-se apresentar conceitos e características que se
mostram coerentes com a visão de língua/linguagem que faz parte dos pressupostos
do que vem sendo entendido como letramento crítico em educação linguística
(MONTE MÓR, 2010, 2013, 2018; MENEZES DE SOUZA, 2011; FERRAZ,
2014, 2018) e que trazem influências da pedagogia freireana. Esta pedagogia
defende uma educação a partir de práticas pedagógicas que visem a formação
crítica, social e humana (FREIRE, 1970, 1987, 1990, 1992) dos sujeitos, que se
assumem como responsáveis pela construção de suas próprias histórias individuais
e coletivas para a transformação social.

Palavras-chave: Pedagogia freireana; educação linguística; letramento crítico.

44
EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA: UM PROFESSOR NA
SALA DE AULA, UM PESQUISADOR NO MESTRADO

Felipe Roberto Martins


[email protected]
Universidade Federal de São Paulo

O intuito deste trabalho é evidenciar as importâncias da educação pública brasileira


e da prática de multiletramento com podcast no ensino remoto. Sou Professor de
Língua Portuguesa, Literatura e Comunicação Profissional na Escola Técnica
Estadual – Etec de Suzano (Alto Tietê, região metropolitana da grande São Paulo)
do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETEPS e também
aluno do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal de São Paulo –
Unifesp de Guarulhos, na área de Estudos Linguísticos, na linha de pesquisa
Linguagem em Novos Contextos. Este relato de experiência de ensino no contexto
da pandemia intersecciona, meu lugar de fala de pesquisador e também meu lugar
de fala, de professor na educação básica no ensino médio. A partir do ano de 2020
ficou quase impossível não vivenciar o cotidiano didático-pedagógico com o uso
das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) (COSCARELLI,
2016), (RIBEIRO, 2020) e (ROJO, 2019) a fim de manter o vínculo aluno-escola-
professor. No segundo semestre de 2020 fui aluno especial no Mestrado e em 2021
sou aluno regular. Tem sido uma experiência desafiadora e potente do ponto de
vista político, intelectual e profissional – primordialmente – no aperfeiçoar da
práxis e visão teórica no processo ensino-aprendizagem (SILVA, 2011) com foco
na leitura (ANTUNES, 2019). Desde então, meu olhar teórico-prático tem-se
ampliado. Leciono para turmas de ensino técnico integrado ao médio em
Administração, Meio Ambiente e Química, mais de 300 estudantes. Entre as
principais formas de transposição didática (CHEVALLARD,1985) e modelização
didática utilizadas aponto: interatividade no diálogo individual/ coletivo na sala de
aula digital, aula ao vivo, vídeos e em especial o podcast. Sobretudo, o podcast
como ferramenta foi a que mais chamou a atenção devido consumir, poucos dados,
facilitando o acesso com qualidade para a maioria dos estudantes. O podcast é um
áudio com tema/ tempo pré-determinado. Na Escola que trabalho, as aulas são de
50 minutos. Numa aula é possível fazer aproximadamente três áudios de 15 até 20
minutos, para não exaurir os discentes – com sequências distintas ou que dialoguem
entre si – assim dinamizar o espaço cibernético da sala de aula conforme a Base
Nacional Comum Curricular, a nova BNCC (BRASIL, 2018) e as legislações
vigentes (BRASIL, 1996, 2006, 2012 e 2019). Agradeço à Rede Pública a qual
leciono pelo apoio e a Universidade Pública que me acolheu. E toda nossa
valorização para a Educação Pública Brasileira.

Palavras-chave: Sala de aula; Formação do professor; BNCC; TDIC.

45
A PÁSCOA FREIREANA

Francisco José Gomes Pereira


[email protected]
Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT

Ivanilde Apoluceno de Oliveira


[email protected]
Universidade do Estado do Pará – UEPA

O estudo enquadra-se no eixo temático “Paulo Freire e ensino de línguas e


literatura”, com objetivo de refletir o entrelaçamento da literatura-bíblica no
pensamento de Paulo Freire, a fim de compreender a releitura da “Páscoa” no
contexto educacional brasileiro. O pensamento freireano foi entrelaçado pela
literatura-bíblica cujos textos de sua autoria compõem-se de termologia como
“morte”, “ressurreição”, “encarnação”, “comunhão”, “libertação”, “Páscoa” entre
outros termos. Tais nomenclaturas constitui-se sua relação diretamente com o
pensamento judaico-cristã. Em diálogo com Giovanni Semeraro, em 2016, quando
esteve presente no evento Encontro Nacional de Educação (ENAED), ocorreu a
oportunidade de conversar sobre a influência da literatura-bíblica no pensamento
de Paulo Freire, e ele ressaltou que a libertação do povo israelita entrelaçou no
pensamento freireano. Utilizou-se na metodologia a abordagem qualitativa de
caráter descritivo e explicativo referente aos procedimentos bibliográficos e
documentais. A fundamentação teórica apoiou-se em Anderson, Chabalgoity,
Dullo, Freire, Guimarães, Oliveira, Streck, Semeraro e entre outros. Os dados
parciais apontaram a páscoa freireana significa transformações de mentes e ações,
no qual ocorre por meio da encarnação entre o dito e o feito (teoria e prática), porém
salienta que a burguesia transforma esse fato histórico em festividade de calendário,
sem buscar o verdadeiro significado do que está sendo comemorado. Concluiu-se
que a Páscoa freireana é uma travessia que se faz junto com os oprimidos para
renascer em uma profunda mudança na forma de ver o mundo, viver no mundo e
refazer-se no mundo, em comunhão. A Páscoa freireana é a encarnação da teoria
prática no exercício da docência. Dessa forma, é possível levar a redenção aos
oprimidos permitindo a relação concreta do sujeito no/com mundo, pois é na práxis
histórica que ocorre a verdadeira redenção pascal, que neste caso, significa
conscientização/libertação. A páscoa freireana é existencializar-se na realidade
histórica e não apenas na visão contemplativa e celebrativa.

Palavras-Chave: Educação; Páscoa; Paulo Freire.

46
LETRAMENTOS CRÍTICOS E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
EM TEMPOS HIPERMODERNOS

Lucas dos Santos Costa


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Este artigo visa refletir sobre letramentos críticos e ensino de língua materna, face
à contemporaneidade hipermoderna. É bibliográfico e se embasa em trabalhos
sobre a hipermodernidade, os letramentos críticos e o ensino de língua materna.
Compreende-se aqui que a contemporaneidade hipermoderna é caracterizada pela
radicalização da modernidade, destacada por meio do prefixo ‘hiper’. Nesse
período, representam excessos típicos dele a hipercomplexidade, o
hiperconsumismo e o hiperindividualismo. Ademais, existe um modo de crise
democrática, em que há dois tipos de individualismo: o responsável e o
irresponsável. Sendo assim, torna-se necessário um novo pacto social no qual a
educação deve promover a formação do cidadão para lidar ativamente com os
desafios hipermodernos, com desenvolvimento de espírito e pensamento críticos;
bem como a responsabilização coletiva e individual contra os comportamentos
irresponsáveis que põem em risco a sociedade e o futuro dessa. Para isso, é
adequado o trabalho pedagógico com letramentos críticos, que, basicamente,
envolvem leitura de textos, a fim de neles compreender, explorar e questionar
intenções, interesses, diferentes pontos de vista, seus sentidos e valores políticos,
ideológicos, sociais e culturais. Também, a produção e transformação de textos
sobre questões do mundo real, relacionadas à tomada de ações éticas e cidadãs, com
propósito de promover, democraticamente, solução de problemas e justiça social,
em escolas e comunidades. O ensino de língua materna, que desde os anos 1980
passa por uma virada pragmática, pelo menos teoricamente, se mostra propício para
que nele práticas de letramentos críticos sejam desenvolvidas. Isso porque nas
orientações teóricas para esse ensino, pautadas pela concepção de linguagem como
lugar de interação não neutra, tem-se entendido que ele deva ser organizado,
consoante práticas de uso linguístico (escuta, leitura, produção textual) e de
reflexão sobre esse uso (análise linguística); e tenha o texto como unidade de
ensino. Enfim, considera-se que os letramentos críticos (na orientação pedagógica
denominada “pós-moderna”), em torno das vozes dos alunos, contribui para que
esses como agentes democraticamente se expressem e assumam posições críticas
que sejam éticas e coerentes, da forma mais precisa possível, com suas ações. Além
disso, nota-se que o ensino de português centrado em práticas de uso linguístico,
inclusive desses letramentos e não em objetos de ensino, como os gêneros; e que
valoriza muito mais o processo do que o produto, vai em direção contrária aos
projetos neoliberais de escola que primam pela construção da unidade, da
‘distribuição’ dos mesmos saberes entre os indivíduos sociais desiguais e
diferentes.

Palavras-chave: Hipermodernidade; Criticidade; Leitura; Escrita.

47
PROCESSOS DE CONHECIMENTO COMO ANDAIMES
PEDAGÓGICOS: EXPERIÊNCIAS COM TURMAS DE INGLÊS
PARA FINS ACADÊMICOS

Joyce Vieira Fettermann


[email protected]
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Ensinar línguas requer muito mais do que apenas promover exercícios isolados de
componentes do currículo e isso não é novidade. Na verdade, Freire (1996) já
defendia a importância de aprender para intervir na realidade social, em vez de
aprender algo simplesmente por aprender. Diante disso, fica a responsabilidade de
ensinar com profundidade, levando estudantes a refletir criticamente e se posicionar
diante de questões latentes na sociedade contemporânea. A língua, então, pode
servir como um meio pelo qual tais atitudes podem ser tomadas, logo ensiná-la da
maneira como orienta Paulo Freire pode contribuir para proporcionar o “poder
semiótico” de Kress (2003). Nesse sentido, este trabalho pretende demonstrar como
os processos de conhecimento (COPE; KALANTZIS, 2005) podem servir como
andaimes pedagógicos e fomentar possibilidades de uso da língua pelos aprendizes,
por meio de um ensino integrado de língua e conteúdo, para que consigam
mobilizar seus conhecimentos para dizer o que desejam e interagir em seus
contextos sociais, lançando mão de modos variados da língua, seja a escrita, a fala,
imagens, gestos ou outros. As experiências obtidas a partir de planos de aula
baseados nos processos de conhecimento nas aulas de inglês instrumental e técnico
da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
proporcionaram a alunos de graduação, mestrado e doutorado de variadas áreas,
oportunidades de externar suas ideias e experiências, utilizando gêneros discursivos
como o resumo e o pôster acadêmico, além de trabalhar temas como antirracismo
e a presença de mulheres na ciência, culminando em produções multimodais para
impactar suas realidades. Como resultado, foi possível observar, pelos depoimentos
nas autoavaliações, como integrar a língua aos temas e aos gêneros permitiu
aprendizagens diversas, não apenas relacionadas a ela em si mesma, mas ajudando
os alunos a compreenderem, também, suas dificuldades e sucessos, em um processo
construtivo e reflexivo.

Palavras-chave: Multiletramentos. Processos de conhecimento. Poder semiótico.


Inglês acadêmico.

48
PRÁTICA TELETANDEM: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Patrícia Vasconcelos Almeida


[email protected]
Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Bianca Amaral Silva


[email protected]
Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Karoline Martins Amorim


[email protected]
Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Lais Padovani Silva Souza


[email protected]
Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Nicoli Candido Vilas Boas


[email protected]
Universidade Federal de Lavras (UFLA)

O presente trabalho tem o objetivo de discutir como a diversidade cultural e


linguística foi experienciada dentro da prática de Teletandem. De acordo com os
preceitos teóricos de Telles (2006), o Teletandem consiste em colocar pares de
falantes nativos ou competentes para a aprendizagem da língua por meio da
conversação bilíngue, a qual consiste em uma forma colaborativa e recíproca de
aprender a língua estrangeira com foco nas interações orais. Dentro desse cenário,
acredita-se ser possível pensar sobre a diversidade cultural e o seu papel na
aquisição de competência linguística e comunicativa (SAVIGNON, 1983), bem
como tecer considerações sobre as práticas de ensino-aprendizagem de línguas
estrangeiras e sobre o papel do componente cultural nas interações realizadas
durante o projeto (SALOMÃO, 2015). As discussões a serem apresentadas são
resultados de uma experiência vivenciada em um projeto de intercâmbio cultural
entre discentes do curso de Letras - Português/Inglês da Universidade Federal de
Lavras (BRASIL) e discentes da Columbia University (EUA), os quais eram
aprendizes de Língua Portuguesa. As interações entre os participantes aconteceram
semanalmente por um período de dois meses e foram divididas de forma que ambas
as línguas (inglês e português) fossem utilizadas a cada encontro respeitando uma
determinada proporcionalidade. Como recorte para este trabalho, selecionamos
momentos de interação que tiveram como foco a discussão de aspectos voltados
para religião, política, gastronomia e cultura midiática, os quais foram os mais
recorrentes para as quatro participantes da UFLA. Em uma perspectiva qualitativa
de análise, os resultados demonstram que a experiência de ensino-aprendizagem de
uma língua estrangeira via Teletandem, tendo como o foco discussões que
envolvem aspectos da diversidade cultural e linguística trazem um benefício para o
processo de formação docente. Visto que, desvincula a crença de que o processo de
49
ensino-aprendizagem deve-se pautar apenas nas questões estruturais da língua
focando nos aspectos comunicativos, visando o desenvolvimento da proficiência
linguística e o aprimoramento da prática docente.

Palavras-chave: práticas linguísticas; língua estrangeira; formação docente.

50
O USO DO SITE VISUWORDS E INFOGRÁFICOS
COMO CATALISADOR PARA DISCUSSÕES NA AULA
DE LÍNGUA ADICIONAL

Rafael Zaccaron
[email protected]
UFSC

Tendo em vista que a auto etnografia é um movimento que adiciona à ciência,


rechaçando parte da ciência tradicional de base positivista (PARDO, 2019), o
presente relato de experiência, de cunho auto etnográfico, de um estagiário do curso
de Letra-inglês em uma escola pública de Florianópolis foca em uma atividade
desenvolvida com base no site Visuwords com vistas ao desenvolvimento de um
infográfico. Como eixo central de uma unidade que tratava do tema ‘well-being’,
foi escolhida a produção de um infográfico em grupos como tarefa final. A escolha
do uso de infográficos justifica-se pelo caráter multimodal da mesma, em
consonância com aspectos de língua a serem abordados no ensino médio. Para
alcançar esse objetivo final, uma série de atividades foi previamente trabalhada
com a turma do terceiro ano do ensino médio de forma remota. Sendo uma delas,
o olhar crítico sobre a organização do léxico tendo como ponto de partida o uso do
Visuwords, um site que trabalha com a noção de dicionário visual. Tal atividade foi
adaptada a partir da proposta de Luz e Zaccaron (2020). No campo de aquisição de
língua adicional González-Lloret e Ortega (2014) salientam a necessidade de que
a tecnologia, já tão presente no nosso cotidiano, esteja integrada de forma que não
seja apenas um suporte para tarefas, mas ocupem um papel central. As atividades
relacionadas ao site Visuwords permitiram que os alunos fizessem uma reflexão
acerca de como o léxico mental é organizado, bem como o que possivelmente
ocorreria com o cérebro bilíngue (ou mais de duas línguas). Tal reflexão foi
dialogicamente trabalhada e, apesar das limitações do ensino online, trouxe bons
resultados com grande interesse da turma. Além de atividades síncronas, atividades
assíncronas usando recursos como o site Kahoot e a ferramenta H5P no Moodle
permitiram que um número expressivo de estudantes da turma pudesse completar
a tarefa infográfico. Tendo em vista outras atividades que tiveram baixa adesão da
turma, o uso do Visuwords e a escolha do infográfico como tarefa parecem ter
motivado os aprendizes de inglês e são recursos que podem ser incorporados na
aula de língua adicional.

Palavras-chave: ensino remoto; léxico; visuwords; inglês como língua adicional.

51
PEDAGOGIA DE PROJETOS: INTERDISCIPLINARIDADE E
A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Adriana Villarinho de Lima


[email protected]
Secretaria de Educação do Município de Guarulhos

Atualmente, a Educação Brasileira implementou a nova Base Nacional Comum


Curricular [BNCC] (Brasil, 2017), com caráter normativo, para construção de um
educando participante e ativo na sociedade. O presente trabalho teve como
finalidade avaliar as habilidades linguísticas da linguagem (EF35LP07); ou seja,
averiguar se houve utilização, ao produzir um texto, de conhecimentos linguísticos
e gramaticais, tais como: ortografia, regras básicas de concordância nominal e
verbal, pontuação (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação,
vírgulas em enumerações) e pontuação do discurso direto e também a (EF35LP21)
referente a ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes
gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências
por gêneros, temas e autores, conforme a BNCC, entre duas Instituições de Ensino,
localizadas no município de Guarulhos, que possuem metodologias de ensino
distintas. Ou seja, uma que contempla em seu processo pedagógico projetos, a qual
foi intitulada Escola Com Projeto, e a outra que não desenvolve projetos, apenas
projetos pontuais de acordo com o calendário escolar municipal, denominada
Escola Sem Projeto. A metodologia definida foi a aplicação de uma prova subjetiva
e objetiva, com caráter quantitativo e qualitativo, para os educandos do 3º ano do
Ensino Fundamental, ressalva-se que a prova foi elaborada com assuntos comuns
entre as duas escolas, de acordo com a averiguação dos planos de aulas semanais,
diário escolar e caderno do aluno, além da aplicação de questionários para os
professores com a propósito de conhecer os procedimentos – as práticas
pedagógicas – e as metodologias utilizadas em sala de aula para alcançar as
habilidades referente ao estudo. Foram realizadas visitas às duas Instituições com
o objetivo de observar a dinâmica escolar e como utiliza o mobiliário. Neste estudo,
foi observado que os educandos da Escola Com Projeto dispõem de maior
criatividade, pois desenvolvem diferentes saberes mediante a Interdisciplinaridade
e a Transdisciplinaridade trabalhadas nas atividades pedagógicas, tornando-se mais
expressivos, autônomos e críticos para o mundo globalizado, e seus resultados são
melhores nas habilidades linguísticas do que a Escola Sem Projeto. Isso se deve
principalmente à Pedagogia de Projeto, que permite uma estrutura dialética, não
linear e não hierarquizada. Outro ponto importante é a utilização dos espaços
escolares das duas Instituições, fora e dentro da sala de aula, que, apesar de
usufruírem do mesmo mobiliário, são manipulados e colocados de forma distintas,
auxiliando o educando nos diversos momentos de aprendizagem. É fato que na
Escola Sem Projeto os educandos são capazes de decifrar os códigos linguísticos,
identificam os gêneros textuais, produzem textos com algumas inadequações
ortográficas, entretanto têm dificuldades de reconhecer as regras durante a
elaboração do texto (pontuação, parágrafos, discurso direto e indireto entre outros)
e apresentam pouca criatividade.

Palavras-chave: Escola Com Projeto; Escola Sem Projeto; Habilidades


Linguísticas; BNCC.

52
CONSTRUÇÃO MULTIMODAL DE SIGNIFICADOS EM UMA
DEFESA DE MESTRADO: UMA ANÁLISE DO DESIGN

Luana Francine Mayer


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Sendo a defesa de dissertação de mestrado uma experiência de aprendizagem


fortemente significativa, na qual o eixo-estruturador da fala costuma ser a escrita, o
objetivo desta comunicação oral é investigar elementos básicos do design através da
análise de uma apresentação, realizada on-line em virtude da pandemia de Covid-19,
em dezembro de 2020, para perceber como os sentidos e significados multimodais
foram construídos durante a apresentação para projetar novos significados. Assim,
busca-se responder à seguinte questão: como os elementos básicos do design se
entrelaçam com a experiência de aprendizagem e contribuem com a construção de
significados multimodais em um momento no qual a escrita organiza a fala? Para tanto,
fez-se uso de alguns construtos teórico-analíticos da teoria da multimodalidade
(KRESS, 2010; ADAMI, 2016), especificamente a análise do design, que propõe uma
metalinguagem específica (KALANTZIS, COPE e PINHEIRO, 2020) para descrever
significados multimodais. A metodologia utilizada baseou-se no que é preconizado por
abordagens de cunho qualitativo: começou com a gravação do momento da defesa e,
posteriormente, houve a seleção dos frames nos quais os elementos de análise do design
foram mobilizados para entender como foram feitas as escolhas para possibilitar a
criação de sentidos, e como eles foram de fato criados no momento da fala. A
comunicação de resultados envolveu mais do que o que estava escrito, pois, na análise,
ao considerar outros modos de significação mobilizados para além da letra, como
imagens, imagens em movimento (gifs), cores, setas, e disposição dos elementos,
percebeu-se como a construção desses sentidos e significados se constituiu como
elemento intrínseco dos slides criados como eixo-estruturador da exposição oral. Os
resultados indicaram que a multissemiose e a multimodalidade se fizeram presentes
desde a escrita da dissertação, passando pela criação da apresentação de slides e
culminando na socialização do conhecimento. Esse processo de designing como um
todo tornou a apresentadora uma designer de significados, pois a maneira como fez as
interpretações, representações e comunicações é única no mundo. Para mais, a defesa,
que na trajetória do mestrado poderia ser considerada como o redesign derradeiro, se
tornou um novo design disponível que possibilitou transformações na maneira de
encarar a construção de slides como eixo-estruturadores de fala. Além disso, é
significativo pensar que essa discussão pode iluminar elementos de análise de design
oportunos para outros acadêmicos (graduandos e pós-graduandos) e até mesmo para
professores que socializam conhecimento e estruturam suas falas por meio da escrita.

Palavras-chave: letramentos multimodais; análise do design; multimodalidade.

53
O (RE)DESIGN DO CONCEITO DE MULTILETRAMENTOS
NOS DESIGNS VISUAIS NA FORMAÇÃO CONTINUADA

Patricia Pinho Andrade


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Em virtude do contexto pandêmico, os espaços de formação continuada virtualizaram


as relações comunicacionais outrora situadas em contextos síncronos e regionais,
contando com a multimodalidade, em diversos designs visuais, para estabelecer a
construção de múltiplos significados aos interactantes docentes de todo o país, no
ensino da Língua Portuguesa. Os cursos virtuais estabeleceram novas práticas de
letramentos a estes docentes, ambicionando novos sentidos à sua prática, mediadas
pelas emergentes tecnologias e novas interfaces. A partir do manifesto do New London
Group e da Pedagogia dos Multiletramentos explorada por Cope, Kalantzis e Pinheiro
(2020), o objetivo desta comunicação oral é investigar como um dos pilares dos
multiletramentos, a multimodalidade foi explorada por parte do Ministério da Educação,
Governo Federal, na formulação visual e escrita das suas interfaces assíncronas, para os
cursos na área de Língua Portuguesa, disponibilizados em seus portais oficiais. Para
tal, foram analisados os elementos visuais e escritos, presentes nos frames assíncronos
e introdutórios dos cursos, a partir dos cinco pilares de análise de design multimodal
propostos por Kalantizis, Cope e Pinheiro, 2020. Os cursos selecionados foram:
Práticas de Produção de Texto (SEALF/MEC), destinada a educação infantil e anos
iniciais e Aprendizagem de Língua Portuguesa e TDIC, parte da Especialização na
Cultura Digital, ofertada pela UFSC, com apoio do MEC, para os profissionais do
ensino fundamental e ensino médio. A metodologia consistiu em um primeiro momento
em uma formulação de um estado da arte, para assim compreender as relações da
Linguística Aplicada nos (re)designs do conceito de letramentos e as atuais
contribuições da Pedagogia dos Multiletramentos. A partir das contribuições de Ong
(1998), Graff (1982), Street (2014), Rojo (2009 e 2015) Signorini (2007), Kleiman
(1995) e Monte Mór (2015), Cope, Kalantzis e Pinheiro (2020) investigou-se quais
letramentos são representados nessas peças e quais abordagens pedagógicas estão sendo
semioticamente difundidas a partir de designs que irão compor o discurso nacional
sobre o tema. Estaria a multimodalidade, sendo explorada como uma interface sedutora
de antigas premissas ideológicas? Resultados apontam duas abordagens distintas a
depender da etapa. Na alfabetização, uma defesa por abordagens autênticas e didáticas
e no ensino fundamental o termo multiletramentos aparece vinculado as TDIC´s. A
abordagem crítica, contudo, se dá timidamente na exploração dos recursos visuais na
interface.

Palavras-Chave: análise do design; multimodalidade; formação continuada.

54
LETRAMENTOS MULTISSEMIÓTICOS NO ENSINO DE
LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE DO VIDEOCLIPE “THIS IS
AMERICA”

João Luiz Pereira da Costa Ferreira


[email protected]
Universidade do Estado da Bahia

Obdália Santana Ferraz Silva


[email protected]
Universidade do Estado da Bahia

O presente trabalho pretende relatar a experiência vivenciada com estudantes de uma


escola pública estadual, localizada na cidade de Feira de Santana - BA. O projeto diz
respeito a uma oficina de Inglês, ofertada de maneira virtual, como Atividade Curricular
Complementar (ACC), durante o ensino remoto, visando fortalecer, reconhecer e
valorizar conhecimentos, atitudes e valores promotores da formação integral dos
estudantes. Este trabalho fundamentou-se em estudos desenvolvidos por autores como:
Lúcia Santaella, que discute sobre a cultura das mídias, imagens e semiótica; Walkyria
Monte Mór, que pesquisa sobre o letramento crítico no ensino de línguas estrangeiras;
Thiago Soares, sobre a estética do videoclipe; Jay Lemke, sobre semiótica e letramento
multimidiático; Marcelo Buzato, sobre letramentos multimodais críticos; além de
Roxane Rojo, Ana Elisa Ribeiro, Carla Coscarelli, Gunther Kress, Bill Cope e Mary
Kalantzis, que oferecem contribuições significativas para a compreensão da pedagogia
dos multiletramentos e da multimodalidade. Na oficina, foi realizada uma análise da
letra da música e do videoclipe "This is America” (2018), de Childish Gambino, o qual
faz uma crítica à discriminação racial nos Estados Unidos. Assim, foram desenvolvidas
habilidades de análise crítica multimidiática, sob a perspectiva dos multiletramentos,
incentivando os estudantes a uma reflexão crítica sobre os sentidos e significados que
um leitor poderá construir a partir do texto audiovisual, verbal e imagético, que
constituem o videoclipe. O trabalho também atua em consonância com a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), a qual estabelece que o componente curricular de Língua
Inglesa deve garantir que os alunos desenvolvam a competência de utilizar novas
tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar,
compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua
inglesa, de forma ética, crítica e responsável. Os resultados da pesquisa nos levaram a
interpretar que um trabalho de leitura, análise e interpretação, como este da oficina,
poderá contribuir para a motivação em aprender Inglês e para o desenvolvimento de
uma consciência crítica e visão mais sensível a respeito de questões sociais expressas
nos mais variados modos de comunicação.

Palavras-chave: Multimodalidade; Multissemioses; Ensino de Língua Inglesa;


Videoclipe musical; “This is America”.

55
A ARGUMENTAÇÃO EM MONOGRAFIAS DO CURSO DE
LETRAS LICENCIATURA
Nayara da Silva Queiroz
[email protected]
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

Neste resumo, são apresentados parte dos resultados do projeto “Interações acadêmicas
e gêneros escritos: proposta de ensino de língua com fins específicos”, em especial “A
construção da argumentação em monografias do curso de Letras Licenciatura”. O
corpus de referência é composto por monografias de conclusão do curso de Letras
Licenciatura de uma instituição de ensino superior pública do estado do Maranhão.
Interessa-nos discutir como a escrita acadêmica tem sido objeto de várias pesquisas,
algumas com enfoque na análise de gêneros textuais, no campo dos estudos dos
letramentos, outras nos estudos linguísticos com o objetivo precípuo de oferecer aos
estudantes a capacidade de produzir e compreender textos do contexto acadêmico-
científico, assim como o uso da língua com fins específicos. Nesse sentido, o objetivo
principal consiste em investigar o funcionamento e as estratégias argumentativas
utilizadas pelos graduandos do curso de Letras Licenciatura na construção do gênero
monografia. Orientam as análises os estudos de Street (2014) e Lea (2006) sobre
letramentos acadêmicos e suas implicações sobre a escrita como prática social, além
das contribuições de Miller (1984) e Bazerman (1988, 2005, 2006), que apontam para
os principais conceitos sobre o estudo do gênero como tipificação, ação retórica,
sistema de atividades e comunidades discursivas, quanto às convenções retóricas que
influem no processo argumentativo estabelecido nas interações acadêmico-científicas.
Os principais resultados das análises apresentadas apontaram que as monografias,
dependendo da subárea, apresentam traços distintivos – textuais e discursivos – de um
contexto situacional específico, e os graduandos usaram determinados passos mais que
outros. Assim, compreende-se que o ensino de língua portuguesa no meio acadêmico,
reforça a ideia de que os gêneros tipificam ações, relações e identidades sociais;
organizam o sistema de atividades dos diversos contextos da vida humana, e mais que
isso, confirmam a noção de que a língua é uma atividade interativa, inserida no universo
das práticas sociais e discursivas, envolvendo interlocutores e propósitos
comunicativos determinados e distintos.

Palavras-chave: Escrita acadêmica; Monografia; Letras Licenciatura.

56
GÊNEROS DIGITAIS E A BNCC: DIFERENTES FORMAS DE
SIGNIFICAR PRÁTICAS DE LINGUAGENS EM UM CURSO
COMPLEMENTAR DE FORMAÇÃO DE PROFESSOR

Fernanda Abreu Gualhano


[email protected]
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Thais Fernandes Sampaio


[email protected]
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Esta pesquisa em andamento pretende investigar, a partir da execução de um curso on-line,


integrado a uma pesquisa do mestrado na área de Estudos Linguísticos da Universidade Federal
de Juiz de Fora, de que forma os participantes do curso de formação complementar se
posicionam em relação à forma como a BNCC aborda a questão dos gêneros digitais e das novas
maneiras de produzir significados no contexto globalizado. Este estudo considera o processo de
formação de professores de línguas segundo a perspectiva teórica da Linguística Aplicada
(MOITA LOPES, 2006, 2019; KUMARAVADIVELU, 2006). Considera-se, também, as
discussões de Santos (2001), Rojo e Barbosa (2015) e Buzato (2009) acerca das novas demandas
e desafios de experiências de formação com as tecnologias digitais na Era da Globalização. No
tocante aos aspectos metodológicos, calca-se em uma abordagem qualitativa interpretativista e
documental, inspirada em uma perspectiva multirreferencial (DENZIN; LINCOLN, 2000;
CELLARD, 2008; SANTOS, 2005). À vista disso, o curso “Multiletramentos e tecnologias
digitais na prática pedagógica” foi desenvolvido em outubro de 2020 e estruturado em dois
ciclos {relacionados, mas independentes}. Os dados analisados serão referentes ao encontro 01
{um} do módulo II, no qual propôs-se um trabalho de reflexão de conhecimento coletiva sobre
os gêneros digitais como novas maneiras na construção de sentido nas práticas sociais de
linguagem. No decorrer desse encontro, os alunos realizaram algumas atividades, como: o
preenchimento do infográfico a partir dos direcionamentos referentes ao conceito de gêneros
digitais, os meios de circulação e suas principais características. Ademais, eles preencheram as
lacunas dos trechos da BNCC que tratam acerca do uso de tecnologias e, com base na leitura
dos trechos na íntegra, houve discussão, levantamento de ideias e de propostas, dando ênfase na
prática efetiva. Como resultado, eles pontuaram e discutiram sobre: i) a importância de a BNCC
indicar a multimodalidade na construção/adaptações dos gêneros, expandindo a noção do
trabalho com a leitura; ii) o reconhecimento diante da lista de textos da cultura digital, disponível
no documento, que podem ser trabalhados em sala de aula; iii) apresentação de experiências
positivas e intercorrências em lidar com esses gêneros de forma direta. Percebe-se, pois, que os
momentos nessa etapa do curso foram fundamentais para pensarmos, de forma ativa e crítica,
sobre pautas necessárias e urgentes, como os gêneros digitais e o uso das tecnologias digitais no
processo formativo.
Palavras-chave: Formação do professor; BNCC; Multiletramentos; Diversidade Linguística;
Diversidade Cultural.

57
TRABALHO DE ESCRITA SOBRE A HISTÓRIA EM
CONTEXTO ESCOLAR: UM POSSÍVEL ALCANCE DE
SIGNIFICADO PARA A VIDA PRÁTICA
Carolina Menegatto Stock
[email protected]
Fundação Romi – NEI Núcleo de Educação Integrada

O trabalho-ação desenvolvido, é por natureza um estudo exploratório em ensino e


aprendizagem de História, procura encontrar articulação do conhecimento histórico,
seus problemas de aprendizagem (ligados à consciência histórica e aplicação para a
vida prática) e sua interação com as linguagens a partir da produção textual na escola,
como um trabalho inerente ao ser humano. Procura traçar questões frente à autonomia
e autoria dos saberes, para isso, apoia-se na pedagogia dos multiletramentos, no texto
multimodal e nos fundamentos do conhecimento histórico conceituado pelo historiador
Jörn Rüsen. Promover olhar atento à valorização dos procedimentos e articulações do
texto multimodal na educação histórica, enfrentar a produção textual como uma forma
de relacionar e assimilar as competências e habilidades do ensino da História, promoção
de sujeitos ativos socialmente, suas autonomias, e assim, preconizar sentido neste
conhecimento para a vida prática e a formação histórica. A intenção é uma busca de
potencializar a assimilação da História, enquanto um discurso narrativo, procurar o
distanciamento das transcrições e cópias do conhecimento. O estudo exploratório, entre
estudantes do ensino fundamental II da rede pública do estado de São Paulo, com foco
em turmas de 9º ano com uso de sequência didática, possui fundamentos na formação
histórica, na pedagogia dos multiletramentos e a escrita como uma tarefa humana,
possui foco na apresentação à produção textual aos alunos (instrução explícita) para a
articulação do conhecimento histórico, tem cardinal nas dificuldades apresentadas no
corpo textual: o problema da cópia e da reprodução, habilidades de escrita e narração.
Seu enquadramento crítico visa a prática transformadora e a questão das identidades e
também, buscar caminhos na pedagogia dos multiletramentos, pois há uma carência
formadora daqueles que trabalham com a História no manejo com o texto; procurar
alcance em formação continuada, para assim tratar sobre produções textuais com mais
técnica (procura de abordagens do campo da linguagem e da pedagogia) e o trabalho da
escrita com mais naturalidade dentro do ensino e aprendizagem de História.

Palavras-chave: Multiletramentos, Ensino de História, Produção Textual

58
A IMPORTÂNCIA DOS MULTILETRAMENTOS NAS SALAS
VIRTUAIS DO ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Francisco Alerrandro da Silva Araujo
[email protected]
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

O objetivo deste trabalho é refletir e evidenciar mais do que nunca a importância da


prática dos multiletramentos nas salas de aulas virtuais em tempos de pandemia do novo
Corona Vírus, onde toda a sociedade foi obrigada a se adequar e todo o Ensino, quer
seja ele público ou privado, básico ou superior, teve que se adaptar e se rearranjar no
que se refere à prática de ensino dos professores e ao olhar com mais atenção de como
se dará a aprendizagem dos alunos envolvidos. É sabido que desde tempos passados a
preocupação com ensino dos professores e a aprendizagem dos alunos já vinham sendo
discutidos nas mais variadas vertentes, dado à evolução crescente das tecnologias e as
dificuldades de atenção dos alunos. Cada dia mais observava-se que os alunos menos
aprendiam ou eram menos instigados a aprender devido muitos fatores que não cabem
relatar neste trabalho. Entretanto, pode-se afirmar que a prática dos multiletramentos
nas salas de aulas presenciais, nas diversas disciplinas, em qualquer tipo de escola,
executada e direcionada de forma correta pelo professor, trouxe um “alento” à
aprendizagem dos alunos na era da tecnologia, pois os mesmos já não se interessavam
por aulas simplesmente expositivas e impostas pelo professor. Assim, o conceito de
multiletramentos vai além, então, das noções de letramento e de letramentos múltiplos,
pois, mais do que focalizar diferentes abordagens de ensino, a proposta é que a escola
forme cidadãos capazes de analisar e debater a respeito da multiplicidade de culturas e
de canais de comunicação que o cercam, podendo, assim participar de forma ativa da
esfera pública, seja no aspecto profissional ou pessoal, deixando as aulas mais atrativas
(ROJO, 2012). A metodologia deste trabalho é vislumbrar, na perspectiva reflexiva,
estudos científicos que abarcam a importância da prática dos multiletramentos nas
escolas, salas de aulas virtuais e vivências dos alunos, para que eles se tornem
protagonistas de sua própria aprendizagem, bem como se sintam estimulados a buscar
seu próprio conhecimento, abertos ao “aprender a aprender”, desapegados dos laços da
antiga aprendizagem por memorização, levando o professor a não se ater mais à escrita
manual e impressa. As metodologias de ensino devem incluir o uso de vídeos, áudios,
tratamento da imagem, edição e diagramação (ROJO, 2012). A conclusão desta
pesquisa se dará quando o mesmo se tornar um artigo científico onde reunirá as diversas
contribuições das práticas de multiletramentos para a melhoria da qualidade da
aprendizagem dos alunos.

Palavras-chave: Multiletramentos; Ensino remoto; Práticas pedagógicas;


Aprendizagem.

59
FERRAMENTAS ONLINE NO ENSINO REMOTO DE
ALEMÃO E O DESENVOLVIMENTO DOS
MULTILETRAMENTOS

Lívia dos Santos Marques


[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

Cibele Cecílio de Faria Rozenfeld


[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

O ensino remoto de línguas estrangeiras (doravante LE) expôs a necessidade de


diversificação de recursos online e tecnologias digitais, as quais ampliam, muitas vezes,
as possibilidades de trabalho com textos multimodais (ROJO, 2013). Nesse sentido, os
estudos dos multiletramentos constituem perspectiva teórica importante, pois podem
orientar o professor de LE em relação ao uso de textos multissemióticos. Partindo desse
viés teórico, tais textos devem ser utilizados não apenas para ilustrar um tema a ser
tratado em determinada lição, mas favorecer a interpretação, em um processo de leitura
ativa, e a co-construção de novos sentidos, os quais podem ser expressos também de
maneira multimodal (KALANTZIS, COPE, PINHEIRO, 2020). Tal processo é
chamado de Design, ou seja, a utilização de textos multimodais disponíveis para leitura
crítica, e para co-criação e expressão de novos sentidos, resultando em um redesign, o
texto transformado (CAZDEN et. al., 1996). Sendo assim, neste trabalho temos como
objetivo abordar como o uso de duas ferramentas disponíveis online gratuitamente,
Padlet e Mentimeter, no ensino remoto de alemão, podem possibilitar a reflexão sobre,
e co-criação de textos multimodais, fomentando, portanto, o processo de design. A
análise apresentada é um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento, sobre o
uso de textos multimodais para desenvolvimento da interpretação crítica e valorização
da diversidade linguística e cultural. Tal estudo é desenvolvido com alunos do Ensino
Médio, os quais aprendem sobre a língua alemã e culturas de falantes da língua-alvo,
por meio do Projeto Treffpunkt. O projeto oferece aulas de alemão para os alunos e
oficinas sobre tecnologias para os professores de uma escola pública no interior de
Araraquara. A pesquisa apresentada é qualitativa, ou seja, que parte não da análise
numérica, mas da interpretação subjetiva do pesquisador (YIN, 2011). Ela foi conduzida
tendo como instrumentos de coleta de dados as atividades realizadas pelos alunos
durante as aulas do Projeto Treffpunkt, assim como diários reflexivos dos professores
do mesmo projeto. Ao final deste trabalho, apresentaremos como resultado o potencial
das ferramentas Padlet e Mentimeter no contexto do ensino remoto para estímulo do
processo de design entre os alunos, em discussões sobre língua e culturas alemãs.

Palavras-chave: textos multimodais; ensino remoto; ferramentas online.

60
USO DE METODOLOGIAS ATIVAS EM CURSOS ONLINE PARA
PROFESSORES

Ana Ligia Scachetti


[email protected]
Instituto Singularidades

Planejar maneiras para que os estudantes tenham uma postura ativa em sala de aula e,
assim, construam competências alinhadas à sociedade contemporânea são demandas
crescentes. Para adotar tais práticas, os professores precisam se aprimorar e nem sempre
encontram este apoio na escola. Diante disso, buscam outras instituições formadoras e,
mesmo antes da pandemia do coronavírus, era comum a oferta desses cursos online.
Seguindo o princípio do isomorfismo, tais iniciativas precisam incentivar que o
professor cursista tenha, ele mesmo, uma postura ativa durante a formação. A presente
pesquisa - realizada como trabalho de conclusão de curso da pós-graduação em
Metodologias Ativas, no Instituto Singularidades - tem, portanto, o objetivo de
investigar como cursos online para professores têm conseguido contemplar
metodologias ativas (sendo essas últimas conceituadas por Lilian Bacich e José Moran,
2018). A pesquisa etnográfica parte da vivência da autora - que trabalha há 10 anos na
Nova Escola (novaescola.org.br), com a produção de conteúdos e formações para
professores de escolas públicas. Além da reflexão pessoal, a investigação incluiu a
realização de entrevistas com sete autores de cursos online que se propõem a utilizar
metodologias ativas e a análise de 11 artigos que descrevem experiências de formação.
Os perfis encontrados podem ser sistematizados em: cursos 100% autoinstrucionais,
sem turma fechada; cursos que possuem turmas fechadas, com data para começar e
terminar e que têm troca entre os participantes ou com o instrutor, mas mantêm a
liberdade de horários; e cursos que levam para o online uma dinâmica parecida com a
que ocorre em formações presenciais, onde os encontros síncronos e a interação são
momentos essenciais. Os relatos e artigos permitiram identificar características de
metodologias ativas - descritas por Moriconi et al (2017) - nos percursos formativos,
como a reflexão sobre a prática, o planejamento de aulas, o incentivo à troca entre pares
e a análise de estudos de casos reais. A pesquisa também passa por quais os recursos
tecnológicos empregados e quanto eles colaboraram para propiciar uma postura mais
ativa, entendendo-se que a tecnologia por si só não transforma o ensino, mas pode
potencializá-lo se for utilizada dentro de determinadas premissas, como a "criação ativa
de conhecimento", na perspectiva de Bill Cope e Mary Kalantzis (2016). Como produto
final, além do registro científico da pesquisa, está sendo elaborado um guia online com
sugestões sobre como contemplar as metodologias ativas em cursos online para
professores.

Palavras-chave: formação de professores; cursos online; tecnologia; metodologias


ativas.

61
METODOLOGIAS ATIVAS E ENSINO REMOTO:
UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
Limerce Ferreira Lopes
[email protected].
Instituto Federal de Goiás/Campus Goiânia

Maria Cristina Morais de Carvalho


[email protected]
Instituto Federal de Goiás/Campus Goiânia

Micheline Madureira Lage


[email protected]
Instituto Federal de Goiás/Campus Goiânia

Esta comunicação apresenta um relato de experiência ocorrido no ano de 2020/2, em


uma turma de 1° período de Licenciatura em Letras, do Instituto Federal de Goiás -
Campus Goiânia. Nesse período, em que iniciamos o Ensino Remoto Emergencial
(ERE), realizamos várias reuniões com os colegas da coordenação de Linguagens, no
intuito de buscar alternativas para viabilizar estratégias de trabalho mais significativas,
tendo em vista a situação pandêmica em que estávamos e (estamos) vivendo. A partir
dessas reuniões, conseguimos traçar um plano de ação, entrelaçando temas,
metodologias e estratégias avaliativas em comum, o que nos levou a pensar em um
trabalho mais integrado. Dessa forma, partimos das práticas de linguagem
(leitura/discussão/produção) para o trabalho de integração, em três disciplinas: Prática
como componente curricular I, Literatura infantil e juvenil e Leitura e prática de leitura
e produção textual para, assim, buscar, por meio destas práticas integrativas, provocar
uma mudança de perspectiva no modo como o objeto “linguagem” seria ensinado e
como essa dinâmica da realidade, enquanto “histórica”, possibilitaria essa compreensão
dialógica da construção do conhecimento (BARBOSA, 2004; FAZENDA, 2002).
Assim, organizamos as temáticas e textos a serem trabalhados, que estavam
relacionados às questões articuladas às práticas letradas dos alunos, tais como: contação
de histórias, resgate das memórias de leitura no período da infância, construção dos
sentidos dos textos enquanto uma atividade interativa. Os textos discutidos nas três
disciplinas, de uma forma ou outra, sempre apresentavam um fio discursivo condutor,
que tocava na questão da “travessia”, temática que permeou os componentes
curriculares do primeiro período de letras. A partir das práticas de leitura e trocas de
experiências, formulamos uma obra coletiva, multimodal, de excelência: um mural
virtual, conhecido como “Padlet”. Esses resultados, apresentados por meio desta
ferramenta digital, possibilitaram, nas três disciplinas, identificar o quanto é efetivo o
trabalho integrativo, quando planejado, e o quanto as metodologias ativas podem nos
auxiliar neste processo de ressignificação das práticas pedagógicas atuais, em tempo
de pandemia.

Palavras Chave: Metodologias Ativas; Interdisciplinaridade; Ensino Remoto


Emergencial.
62
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM TEMPOS DE ENSINO
EMERGENCIAL REMOTO: PERCURSOS, POTENCIALIDADES
E CRISE NO CUIDADO

Stephanie Sales Rodrigues Nonato


[email protected]
Universidade de Brasília

Esta pesquisa pretende, por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD), analisar a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) para compreender como são articuladas os
princípios teóricos e metodológicos sobre a produção textual, intenta além disso,
partindo da pesquisa etnográfica virtual, investigar processos de leitura-escrita
desenvolvidos com estudantes de primeiro ano do Ensino Médio no contexto de ensino
remoto, sobretudo no que tange ao trabalho com a multimodalidade e as possíveis
contribuições para o desenvolvimento linguístico crítico com os estudantes. Também,
pela via da pesquisa ação promover em negociação com os atores sociais: professora e
estudantes eventos de Letramentos Críticos que contribuam para o ensino de língua
materna significativo e crítico. Além disso, sabendo da crescente problemática que é o
acúmulo de funções imputados às mulheres e seus desdobramentos negativos na saúde,
acesso a formação continuada e mecanismos de participação política, essa pesquisa
pretende também, analisar e refletir como tem sido o impacto do ensino remoto
emergencial na vida das mulheres participantes da pesquisa. A leitura e produção de
textos em suas mais diversas semioses mediam a vivência social e política na sociedade,
e não ter acesso aos meios de participação social se configura em uma marginalização
social, política e até financeira, sendo um recurso de domínio e poder DIJK (2010)
portanto, sustenta desigualdades. Nesse sentido, tornar o acesso aos meios de produção
de discursos se configura em uma estratégia de justiça social. Com as observações
realizadas até agora, notou-se que a internet e plataformas digitais enquanto suportes
textuais, têm facilitado a produção e veiculação de textos multimodais, ainda que o
trabalho pedagógico realizado com esses textos multissemióticos caminhe em uma
direção simplista, na qual elementos imagéticos e musicais são tratados como instâncias
meramente decorativas ou complementares do texto verbal, visto ainda, como o mais
importante.

Palavras-chave: Multiletramentos; ACD; Crise no cuidado; Letramentos Críticos.

63
ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA EM
CONTEXTO DE DISTANCIAMENTO SOCIAL: OLHARES
DOCENTES

Jane Lemos Ravagnani


[email protected]
Universidade do Estado de Mato Grosso

Olandina Della Justina


[email protected]
Universidade do Estado de Mato Grosso

Este trabalho tem por objetivo analisar, sob o viés da Linguística Aplicada, o ponto de
vista de professores que atuam com Língua Portuguesa (LP) na Educação Básica, mais
especificamente no Ensino Fundamental, sobre o ensino e a aprendizagem e como os
princípios teóricos do letramento crítico da Pedagogia Freiriana (FREIRE, 1987, 1989,
1996) e dos multiletramentos (THE NEW LONDON GROUP, 1996; ROJO, 2012)
estão presentes no processo. As discussões acerca do conceito de letramento crítico e
multiletramentos e como se relacionava com o ensino-aprendizagem de línguas
antecederam a crise sanitária gerada pelo surgimento da Covid-19. Todavia, ações e
discussões no entorno da necessidade de uso mais frequente das novas tecnologias
estimularam para se olhar o letramento crítico e os multiletramentos de forma mais
recorrente nas instituições de ensino e no âmbito da pesquisa diante da necessidade de
conduzir o trabalho escolar, antes predominantemente presencial, em ensino remoto.
Toda a comunidade escolar passou e passa por desafios para ensinar e aprender
adequando-se às novas possibilidades. A pandemia gerou impactos significativos na
forma de estudar, por exigir o distanciamento social em todas as disciplinas e também
de LP, que tem uma das maiores cargas horárias nas matrizes curriculares no âmbito
nacional e, consequentemente, nas escolas públicas norte-mato-grossenses. Diante deste
contexto que provocou mudanças na educação em sua totalidade, esta pesquisa busca
reflexionar sobre o que dizem os professores sobre o ensino-aprendizagem de LP, em
que extensão o letramento crítico e os multiletramentos se manifestaram ou não nas
vozes desses profissionais considerando os desafios para ensinar (BERALDO, 2020;
LIBERALI, 2020) em escolas públicas. Dessa maneira, o percurso metodológico desta
pesquisa é de natureza qualitativa-interpretativista (BAUER & GASKELL, 2002;
ANDRADE & HOLLANDA, 2010) e de base etnográfica, pois busca compreender a
partir da visão êmica dos participantes da pesquisa (SPRADLEY, 1980; WATSON-
GEGEO, 1988), todos professores de LP que estão vivenciando e atuando nesse
momento, e sua forma de significar o processo pelo qual estão passando. O estudo está
embasado em pressupostos teóricos relevantes, que discutem os conceitos de letramento
crítico (FREIRE, 1987, 1989, 1996) e multiletramentos (THE NEW LONDON
GROUP, 1996; ROJO, 2012), para citar alguns. Assim sendo, os resultados convergem
para apontar os enfrentamentos e a necessidade de se reinventar da maioria desses
professores para cumprir o seu papel de ensinar, mesmo diante de circunstâncias
adversas e compelidos a promover mudança(s) significativas nas práxis docente.

Palavras-chave: Linguística Aplicada; Multiletramentos; Ensino-aprendizagem;


Língua Portuguesa.

64
INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DAS
AULAS REMOTAS: RELATOS DE QUEM ALFABETIZA NA
PANDEMIA

Jessika Gama Ribeiro1


[email protected]
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo

Paula Regina Mazulquin2


[email protected]
Anglo Boituva

O objetivo deste artigo é analisar a linguagem de relatos de experiência de três


professoras alfabetizadoras que, no contexto da pandemia, tiveram que inovar (BRUCE,
1993; 1997; SIGNORINI, 2007) seus modos de ensinar as crianças nos meios digitais.
Nesse sentido, Signorini (2007) compreende o termo "inovação" como algo que se
insere em dado contexto e que passa por uma redefinição da escola como forma
dinâmica de organização institucional, tendo em vista que é nela que se produz uma
constelação de práticas sociais interrelacionadas, ao mesmo tempo em que também a
escola perpetua essas mesmas práticas. Parte-se, portanto, de certos esquemas tácitos
de percepção que, no cenário causado pela COVID-19, precisaram ser reconstruídos
pelas docentes, remodelando tais práticas institucionais em novos letramentos, a fim de
alcançar os objetivos propostos: alfabetizar as crianças nas aulas remotas. Assim, a
necessidade de inovar imbricada nesse contexto e a incorporação de novas tecnologias,
não levam, por si só, à mudança, mas sim o confronto entre velhas práticas de usos dos
recursos tecnológicos e as novas formas como a tecnologia são compreendidas. Este
estudo, em termos metodológicos, foi organizado por meio de uma entrevista
semiestruturada com três professoras que atuam no ciclo de alfabetização. As perguntas
tinham foco nos processos de mudança e inovação na perspectiva das professoras e nas
novas abordagens para ensinar, bem como isso também interferia em fatores da vida
cotidiana na pandemia, dados presentes em seus relatos de experiência. Conclui-se com
a análise, portanto, que as docentes não rejeitam os padrões de mudança (BRUCE,
1993; 1997; SIGNORINI, 2007) ao inovarem em suas aulas remotas e que possuem
uma postura utilitarista da tecnologia.

Palavras-chave: inovação; mudança; práticas de letramento; aulas remotas.

65
PANDEMIA DA COVID-19 E ENSINO REMOTO

Rafaela Tavares Bassetto


[email protected]
Universidade Estadual do Norte do Paraná

Letícia Jovelina Storto


[email protected]
Universidade Estadual do Norte do Paraná

A pandemia da COVID-19 gerou mudanças no mundo todo a partir de março de 2020.


Devido à necessidade de distanciamento físico para diminuir a contaminação pelo vírus
Sars-CoV-2, as instituições de ensino brasileiras, públicas e privadas foram obrigadas
a tomar medidas restritivas. As aulas foram suspensas em todos os níveis de ensino, e
muitas entidades recorreram a um regime especial para dar andamento às aulas de
forma remota. Com isso, emergiu na sociedade o termo “ensino remoto” que, nesta
pesquisa, é entendido como um ensinar e aprender não presencial e com uso de
tecnologias. Esse novo modelo educacional não se iguala à Educação a Distância
(EaD), pois se utiliza de metodologias semelhantes ao ensino presencial, a mesma carga
horária, mesma grade curricular e mesmos estudantes por turma. Além disso, a EaD
diferencia-se com um histórico mais antigo e consequentemente com mais recursos e
preparo. Com o objetivo de buscar aplicativos e programas usados no ensino superior
e avaliar sua pertinência no contexto citado, além de determinar as características do
trabalho realizado, realizamos pesquisa bibliográfica, documental e etnográfica. Para
tanto, elaboramos um questionário via Google Formulário, cujas respostas
possibilitaram compreender impressões de estudantes e professores acerca do ensino
remoto na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Os dados foram
analisados descritiva e qualitativamente. Por meio das informações coletadas,
verificou-se que a maioria dos alunos e docentes da UENP consideram essa modalidade
de ensino razoável. De 100 respostas, apenas cinco apontaram como um ótimo ensino.
Foi registrado também que grande parte dos docentes e discentes tiveram determinadas
dificuldades, como administração do tempo pela sobrecarga de atividades, falta
domínio das tecnologias, acesso deficitário à internet e ambiente desfavorável (casas
lotadas, ausência de espaço privado para estudos, barulho etc.). Em um espaço livre
para comentários, alunos apontaram que se sentiram desmotivados com as aulas on-
line e que é preciso mais formação docente. Ao fim da pesquisa, foi possível concluir
que profissionais da educação e os discentes não estavam preparados para mudarem a
forma de ensinar e aprender. Portanto, a formação continuada incluindo as tecnologias
é de extrema importância, visto que facilitaria e qualificaria a atuação da comunidade
escolar e acadêmica nesse processo. Ademais, e com igual relevância, são necessários
mais recursos institucionais para que toda a prática seja possível.

Palavras-Chave: Pandemia; Ensino Remoto; Tecnologias; Formação Docente.

66
ENSINO REMOTO: UM OLHAR SOBRE AS IMAGENS E O
ENSINO DE TEXTOS PUBLICITÁRIOS DO CURSO DE LÍNGUA
PORTUGUESA DO CENTRO DE MÍDIAS DE SÃO PAULO

Izabella Baptista Paladine


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

A pandemia de covid-19 acometeu o mundo de maneiras diversas, e o Brasil não


escapou desta realidade. As escolas, assim como outras instituições da sociedade,
tiveram de reagir e propor medidas de distanciamento. A solução encontrada pelo
Governo do Estado de São Paulo foi complementar o ensino emergencial remoto com
aulas organizadas pelo Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP), a serem
transmitidas aos alunos pela plataforma Youtube. Este trabalho pretende analisar uma
sequência de atividades de Língua Portuguesa deste curso - mais especificamente, a
sequência relacionada aos textos multimodais publicitários, ofertada em fevereiro de
2021 para a primeira série do ensino médio -, e tem por objetivos entender as
perspectivas didáticas que permeiam o material e proximidades entre a análise de
imagens proposta pelas aulas e alguns preceitos da teoria dos multiletramentos (NLG,
1996). Para tanto, busca-se descrever as atividades propostas pelo Caderno do Aluno
Aprender Sempre volume 1 do primeiro semestre de 2021, em conjunto com as quatro
vídeo aulas apresentadas sobre essa sequência. Finalmente, com base na discussão
teórica, teceu-se uma análise do conteúdo abordado, refletindo sobre o uso de imagens
no material didático e nas aulas, bem como especulando as concepções teóricas
subjacentes aos materiais. Para análise dos resultados, esta pesquisa mobilizou a teoria
dos multiletramentos (NLG, 1996) e categorias de análise do design (KALANTZIS,
COPE e PINHEIRO, 2020). Em primeiro lugar, foi possível observar a mobilização de
palavras como: “textos publicitários multimodais”, “recursos semióticos” e “leitura
crítica”. Essas palavras, contudo, ganham destaque apenas nas habilidades que serão
trabalhadas, e não chegam a ser incorporadas pelos discursos dos professores durante a
aula. Além disso, as análises realizadas reconhecem os primeiros passos dos professores
no sentido de incorporar e analisar a multimodalidade, dentro de discussões referentes
ao gênero publicitário, assim como deixam transparecer nas aulas a importância de
analisar as imagens e os vídeos. Já as perguntas sobre a intencionalidade das imagens e
os efeitos de sentido dos materiais propostos são utilizadas mais como uma estratégia
dos professores para promover a sistematização do conhecimento teórico sobre textos
do gênero publicitário do que como uma proposição crítica para a discussão.

Palavras-chave: Língua Portuguesa; Centro de Mídias SP; Multiletramentos;


Multimodalidade.

67
MIDIAEDUCAÇÃO: DEMOCRATIZANDO O ACESSO À
LITERATURA

Samara Gabriela Leal França


[email protected]
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP/SP

Garantir o acesso à literatura constitui-se a base de um processo educativo de uma


sociedade democrática e inclusiva. Assim, faz-se fundamental refletirmos sobre os
espaços e concepções correntes de letramentos literários. Pesquisas recentes, como
“Retratos da Leitura no Brasil” (2020), apontam dados negativos sobre a leitura, de
forma geral, e a leitura literária, de forma específica, no país. As evidências da pesquisa
indicam que há uma formação de leitores de literatura, apesar da escola. Isto é, o
número de discentes que leem o texto literário por vontade própria é maior do que
aqueles que o fazem por mediação escolar. Nesse sentido, Compagnon e Langlade
(1998) apud Rouxel (2012) refletem sobre as práticas leitoras presentes nas escolas,
que deixam, há muito tempo, tanto a leitura quanto o leitor à margem. Com práticas de
leitura “didatizadas” e com fins coercitivos de avaliação, o texto é dado como produto
intocável, como uma verdade única, livre de diferentes significações. (ROUXEL, 2012,
p.272). Assim, observamos a dificuldade da escola em fazer emergir um sujeito leitor
no sujeito escolar e, por consequência, “o gesto de ler” desaparece “sob o ato de
aprender”. (ROUXEL, 2012, p.275 apud BARTHES, 1984, p.40-41). Frente a essa
realidade, pretendemos (re)pensar o lugar dos letramentos literários em sala de aula.
Para esse fim, a presente proposta analisará um projeto de ensino que se baseia numa
perspectiva triangular (literatura, midiaeducação e inclusão), no intuito de favorecer a
literatura e o multiletramento (COPE, KALANTZIS, 2013 [1996], ROJO, 2013, 2015).
Presente no Livro Didático Integra Mundo, de linguagens e suas tecnologias, o projeto
apresenta-se em três etapas: 1) A literatura, eu e o mundo; 2) Pesquisando ferramentas
digitais; 3) Audiolivro à vista. Tais estratégias podem colaborar para a (re)significação
de experiências literárias na escola. O ponto de partida será a leitura da obra Dom
Casmurro, de Machado de Assis, convergindo, assim, para a formação de leitores que
são, ao mesmo tempo, pesquisadores, promotores e democratizadores de obras
literárias. Isso porque, os próprios discentes serão multiplicadores de práticas leitoras,
tendo em vista que elaborarão campanhas de incentivo à leitura e um objeto midiático
que favorecerá o acesso de pessoas com deficiência visual à literatura. Nesse contexto,
mesmo representando um desafio contemporâneo para alunos e professores, a mídia
digital possibilita formas inovadoras de acesso à literatura, favorecendo, também, um
espaço de percepção crítica, inclusiva e de múltiplos sentidos dos letramentos literários.

Palavras-chave: Leitura literária; Midiaeducação; Inclusão.

68
O SINCRETISMO DE LINGUAGEM: O TEXTO AUDIOVISUAL E O
ENSINO DA LEITURA

Sonia Merith-Claras
[email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste

Sandra Mara da Silva Marques Mendes


[email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste

Tomando o texto como unidade de trabalho, a BNCC avança em direção aos novos e
multiletramentos procurando contemplar “a cultura digital, diferentes linguagens e
diferentes letramentos, desde aqueles basicamente lineares, com baixo nível de
hipertextualidade, até aqueles que envolvem a hipermídia”. Assim, ganham destaque
na proposta as “formas de construir sentido das diferentes linguagens”, bem como uma
perspectiva de leitura que destaca, ao lado do texto escrito e oral, o multissemiótico.
Um viés de ensino que prioriza as práticas contemporâneas de linguagem, as quais
envolvem a multimodalidade, ou o multissemiótico, quer seja, as diferentes semioses.
Na Semiótica Discursiva, de linha francesa, a multimodalidade abordada na BNCC é
tratada sob o prisma do sincretismo de linguagem, quando o sentido em um texto é
construído na articulação de mais de um sistema semiótico, ou semioses (verbais,
plásticos, musicais...). No intuito de detectar os mecanismos de construção de sentido
de um texto sincrético, então, mais precisamente de um texto audiovisual, tomamos
como objeto de análise neste trabalho a propaganda do Banco Bradesco,
#ReinventeOFuturo, campanha veiculada na TV. Nosso percurso de análise, que pode
ser tomado como uma possibilidade de trabalho com o texto/propaganda na escola,
ancora-se nos pressupostos da semiótica discursiva e envolve tanto o plano do conteúdo
como também o plano da expressão, os quais, articulados numa relação semissimbólica,
produzem sentido. Diante do exposto, para tratar do plano do conteúdo respaldamo-nos
no percurso gerativo do sentido, enquanto para tratar do plano da expressão, valemo-
nos do arcabouço da semiótica tensiva e da semiótica plástica. Lembrando que o texto
diz respeito à relação de um plano do conteúdo com um plano da expressão. Por fim, a
análise em pauta pretende chamar atenção para os efeitos de sentido produzidos pelas
diferentes linguagens/semioses, motivando professores a explorar recursos que são
específicos do plano da expressão, por vezes menos abordados no contexto escolar.

Palavras-Chave: Multimodalidade; sincretismo; semiótica; leitura.

69
HOGWARTS GAMES: IMPLICAÇÕES DE UM JOGO DIGITAL
EM PRÁTICAS ESCOLARES
Bruna Eduarda Ignácio
[email protected]
Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Com a emergências das tecnologias digitais surgiram novas práticas sociais, dentre as
quais destacam-se as produções culturais de fãs a partir de temáticas específicas. No
processo de apropriação, os fãs produzem e compartilham produtos culturais que
permitem alto nível de participação, proporcionando conexões sociais com outros
sujeitos, bem como a troca de experiências e aprendizagens (THORNE et al, 2009).
Assim, essas comunidades de interesses evidenciam grande potencial para serem aliadas
no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que promovem conhecimentos
informais e colaborativos, tornando-se espaços de afinidades (GEE, 2004), como é o
caso do jogo Hogwarts Games. Agrupando apreciadores da saga literária de Harry
Potter, da escritora inglesa J. K. Rowling, na plataforma WhatsApp, Hogwarts Games
se caracteriza como um jogo digital contemporâneo que traz traços dos RPGs e
MMORPGs. Ancorados no WhatsApp e imersos na cultura participativa (JENKINS,
2006), os participantes dessa prática se apropriam e mimetizam elementos da narrativa
de fantasia de modo a criar e desenvolver um jogo majoritariamente verbal. Nesse viés,
esse estudo busca investigar as práticas desenvolvidas em Hogwarts Games no intuito
de compreender de quais modos as atividades desenvolvidas no jogo dão a entender as
relações estabelecidas entre os fãs e as ressignificações de uso do WhatsApp. Além
disso, objetiva-se refletir, a partir dos estudos dos letramentos, acerca das possíveis
implicações das práticas observadas no jogo para a educação linguística e seus fazeres
no ambiente escolar. Para tanto, caracterizando-se como uma pesquisa qualitativa e
interpretativista (DENZIN; LINCOLN, 2003), a Etnografia digital (PINK et al, 2016)
foi adotada como abordagem metodológica, por propiciar o estudo de práticas sociais
no ciberespaço e pela íntima relação entre a pesquisadora e o objeto de estudo, uma vez
que a pesquisadora está inserida no contexto do jogo. Desse modo, o corpus gerado
consiste em capturas de tela da participação dos jogadores nas partidas desenvolvidas
em Hogwarts Games e na coleta de relatos pessoais gerados via formulário digital
online. Assim, por envolver seres humanos, essa pesquisa foi avaliada e aprovada pelo
Comitê de Ética na Pesquisa e licenciado sob o Certificado de Apresentação para
Consideração Ética (CAAE), número 31792820.0.0000.5481. O presente trabalho está
sendo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

Palavras-chave: Jogos digitais; WhatsApp; Espaços de afinidades; Aprendizagens


informais.

70
LUDOLETRAMENTO DIGITAL CRÍTICO: O JOGAR
VIDEOGAME COMO ATIVIDADE TEXTUAL-DISCURSIVA
PARA ALÉM DA CRÍTICA ESTRUTURAL

Ritaciro Cavalcante da Silva


[email protected]
Instituto Federal de Alagoas

Neste trabalho em curso, argumento que o ato de jogar videogame por jogadores em
idade escolar se configura como uma atividade textual-discursiva, ou seja, que se dispõe
tanto como texto quanto como discurso, os dois originados da interação assíncrona entre
desenvolvedores e jogadores. É preciso entender o jogo como obra literária é produto
que não se basta em sua criação, mas que necessita da atuação do jogador para se definir
como tal. Jogos eletrônicos são artefatos digitais (SELBER, 2004), que reúnem
características audiovisuais e lúdicas para prover uma experiência incapaz de ser
transmitida por apenas um destes meios. As reflexões deste trabalho foram originadas
a partir dos estudos de Mukherjee (2015) do jogo eletrônico como máquina literária-
lúdica, e de Bogost (2008, 2011) em relação ao potencial persuasório dos jogos
eletrônicos através da retórica procedimental. A autoetnografia (ADAMS et al, 2015)
foi a corrente metodológica escolhida por entender que o ato de jogar é indissociável da
minha experiência pessoal, como professor, pesquisador e jogador, e que pode servir
como catalisador das experiências vividas e compartilhadas pelos participantes a fim de
expandir perspectivas que vão além do senso comum no que diz respeito aos jogos
eletrônicos e ao ato de jogá-los. Os dados estão sendo coletados por meio de entrevistas
virtuais em ferramentas de mensagens e/ou videoconferência e por práticas de jogar
transmitidas ao vivo pelo pesquisador para os participantes da pesquisa. Os resultados,
apesar de parciais, apontam para um entendimento da atividade do jogar como
realizadora de práticas sociais mediadas por tecnologias digitais, o que vai de encontro
ao senso comum do jogar videogame como atividade improdutiva e antissocial. Tais
práticas estariam passíveis de reflexão crítica por parte dos estudantes, rejeitando a
visão corriqueira do jogo eletrônico como mera ferramenta tecnológica ou brinquedo
despretensioso, e considerando o videogame como texto/discurso capaz de veicular e
criar sentidos em seus jogadores.

Palavras-chave: jogar; videogame; ludoletramento; autoetnografia.

71
PRÁTICAS MULTISSEMIÓTICAS,
MULTILETRAMENTOS E EDUCAÇÃO MIDIÁTICA:
LETRAMENTOS E GÊNEROS MULTISSEMIÓTICOS DO
E-NAVE
Victor Schlude
[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

O presente trabalho tem como objetivo investigar as práticas e gêneros multissemióticos


no ebook de práticas pedagógicas do Núcleo Avançado em Educação (doravante,
NAVE). O programa é uma parceria do Instituto Oi Futuro com as secretarias de
educação do Rio de Janeiro e de Pernambuco. As práticas presentes no ebook são
atividades e projetos de sala de aula elaboradas pelos professores das duas escolas de
ensino médio do programa localizadas nos dois estados mencionados, que ofertam
cursos profissionalizantes voltados para produção multimídia e programação de jogos.
O programa NAVE foi escolhido por ser um projeto educacional pautado em princípios
de inovação pedagógica, orientado pelo uso de metodologias inovadoras. Como
observado em Schlude (2021), o ebook conta com uma miríade de práticas e gêneros
multissemióticos, os quais são comumente atravessadas por fazeres e textos digitais. O
presente trabalho procura analisar tais práticas levando em consideração dimensões
culturais, sociais, ideológicas e políticas das mídias, interações e sociedade. Para isso,
sistematizo a relação dos gêneros, mídias e práticas de letramentos por elas promovidas
com seus devidos contextos de produção, distribuição e circulação. Minha análise busca
relacionar as dimensões interativas e culturais dos próprios recursos digitais ou, melhor
dizendo, designs de gênero (MACHADO, 2001), suas múltiplas linguagens e práticas
multissemióticas (NEW LONDON GROUP, 1996) e dimensões sociopolíticas das
mídias que utilizam (BUCKINGHAM, 2007). Portanto, a partir dessa análise, procuro
compreender como as práticas pedagógicas promovem relações de formação de sujeitos
presentes no mapa de multiletramentos (WESTBY, 2010) e os sentidos de educação
digital ou midiática (BUCKINGHAM, 2010). Como resultados parciais, identifiquei
uma ênfase nas práticas enquanto possíveis e pensadas para o domínio e experiência
escolar, pouco ampliando para outras vivências e deslocamentos de estudantes para fora
do domínio da escola ou mesmo para os usos e potencialidades das culturas e fazeres
digitais.

Palavras-chave: práticas multissemióticas; multiletramentos; educação midiática.

72
PRODUÇÃO DE TEXTOS MULTIMODAIS/MULTISEMIÓTICOS:
DA BNCC AOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Gabriela Martins Mafra


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Esta pesquisa, de abordagem qualitativa-interpretativista (SACCOL, 2009) construída


a partir de fonte documental, situa-se no campo da Linguística Aplicada de teor
indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), na área de concentração Linguagem e Educação.
Tendo como foco a prática de produção textual multimodal/multissemiótica em livros
didáticos de Língua Portuguesa. A pesquisa toma como corpus de análise a coleção
didática com maior valor de aquisição nacional, a saber: Tecendo linguagens, Oliveira
e Araújo (2018), aprovada pelo Plano Nacional do Livro Didático – PNLD, de 2020,
para os anos finais do Ensino Fundamental. O objetivo geral é compreender e
problematizar como essa coleção articula os saberes prescritos pela BNCC (BRASIL,
2018) às práticas de produção textual, multimodal/multissemiótica. Para tanto, almeja-
se examinar como consideram essa prática, seja em relação às outras práticas de
linguagem, às TDIC, aos encaminhamentos didáticos e de que modo o conceito
“letramentos” e seus correlatos permeiam as atividades de produção. Adotam se os
estudos sobre letramentos (com foco nos novos e multiletramentos), a partir do New
London Group (1996) e discussões em relação à multimodalidade e/ou multissemiose,
por meio da Semiótica Social (HODGE; KRESS, 1988; KRESS; VAN LEEUWEN,
2006 [1996], 2010 [1998]; KRESS, 2015) e de princípios da semiótica peirceana,
difundidos por Santaella e Nöth (2014 [1997]) e Santaella (2001), para interpretar os
dados documentais. Neste contexto, o estudo tem como interesse emancipatório
contribuir para as políticas públicas educacionais tecendo diálogos em relação ao
processo de didatização. Os resultados preliminares apontam uma supremacia da
linguagem verbal e visual na prática de produção textual, principalmente, da estática,
bem como um mascaramento dos campos de atuação ao selecionar gêneros,
tradicionalmente, do campo jornalístico-midiático e do artístico literário.

Palavras-chave: Documentos prescritivos; Ensino fundamental; Produção de textos.

73
Relatos de experiência

DA TEORIA ÀS NOVAS PRÁTICAS DE (MULTI)LETRAMENTOS:


A CRIAÇÃO DE UM MÓDULO DE APRENDIZAGEM NA
PLATAFORMA CGSCHOLAR

Andreza Kaisa dos Santos Gomes


[email protected]
Universidade Federal de Pernambuco

Everton Henrique Souza da Silva


[email protected]
Universidade Federal de Pernambuco

Este trabalho objetiva detalhar a experiência da criação de um módulo, planejado,


desenvolvido e apresentado aos licenciandos em Letras, na plataforma digital de
ensino e pesquisa CGScholar, como parte das atividades do minicurso ministrado de
forma remota entre os meses de maio e julho de 2021, durante a pandemia de COVID-
19. O foco do estudo se concentra na forma como as ferramentas tecnológicas desse
espaço on-line possibilitam práticas pedagógicas e de linguagens voltadas ao
protagonismo discente frente aos novos (multi)letramentos, bem como o letramento
digital e crítico, dialogando, portanto, com a BNCC (2018). A proposta do módulo
consistiu numa sequência didática, a qual poderia ser aplicada a distância e/ou
presencialmente, sobre os gêneros textuais resumo, vlog e resenha. A fim de embasar
as reflexões sobre a experiência, recorreu-se a autores, como Araújo (2021), Coscarelli
(2020), Janks (2018), Kalantzis, Cope e Pinheiro (2020), Ribeiro (2009; 2019; 2020),
Ribeiro e Coscarelli (2010), Rojo e Moura (2012) e Xavier (2002; 2010; 2021). À luz
desses teóricos, o processo de criação do módulo é analisado, partindo, dessa maneira,
da experiência com a plataforma, desconhecida pelos criadores do módulo antes do
minicurso, e utilizando das observações tomadas como ponto de partida para as
discussões propostas. Desse modo, a estruturação e a recepção do módulo, por parte
dos criadores, são ponderadas e percebidas a partir de um viés multidisciplinar e
multicultural, concebendo a língua nas suas mais diversas pluralidades. Por meio desta
pesquisa se constatou que a plataforma utilizada possibilitou caminhos para um
diálogo maior entre tecnologias e educação, podendo oferecer diferentes horizontes
dos já experimentados por educadores durante o ensino remoto em outros espaços
digitais. Com isso, pode vir a ser usada por professores nas aulas remotas ou a
distância, uma vez que oferece recursos, a exemplo da criação de módulos, que podem
proporcionar um ensino mais colaborativo e dinâmico.

Palavras-chave: Minicurso; CGScholar; Sequência didática; Novos (multi)letramentos.

74
O USO DO PADLET NA CONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS
AFETIVAS NA PANDEMIA

Cecy Simões de Souza Câmara


[email protected]
Universidade Federal do Amazonas

O presente resumo tem como proposta apresentar uma experiência de ensino realizada
no mês de abril de 2021, durante as aulas remotas de uma escola pública do município
de Manaus. A atividade situa-se no eixo temático “Relatos de experiência de ensino na
pandemia” e foi desenvolvida na aula de língua portuguesa para duas turmas de alunos
do 9º ano do turno matutino da Escola Municipal Antônio Matias Fernandes. A escola
está localizada no bairro da União, na cidade de Manaus – AM. As duas turmas tinham
aproximadamente 40 alunos, que acompanhavam as aulas por meio de um grupo de
WhatsApp destinado para esta série, por conta da pandemia de COVID-19. Quanto ao
objetivo geral, a proposta buscou trabalhar os sentimentos e emoções a partir das
relações afetivas dos alunos em seu ambiente familiar. A aula teve como objetivos
específicos desenvolver de maneira produtiva habilidades de leitura, escuta e escrita,
juntamente com o uso do ambiente virtual de podcasts Leitura com Afeto e do mural
virtual Padlet. No primeiro momento, os alunos foram convidados a ler o texto
intitulado “Tesouros da quarentena”, o texto pedia que os estudantes olhassem para
dentro de suas casas e tentassem encontrar algum tesouro, que poderia ser algo simples
ou algo caro, mas que tivesse algum valor sentimental e de conquista para família. Após
esse momento, foi proposto aos alunos que ouvissem o episódio 10 do podcast “Leitura
com Afeto”, cujo tema é a crônica de Rubem Alves, “A grande arte de ser feliz”, a fim
de sensibilizá-los, por meio da narrativa, para as coisas simples da vida que realmente
nos fazem felizes. Ao final dessas duas atividades, foi proposta a terceira e última
tarefa: a produção de um pequeno texto sobre o tesouro que haviam encontrado em suas
casas. Para isso, foi apresentado o ambiente virtual Padlet aos alunos e como eles
deveriam postar o texto e a imagem do seu tesouro. Como resultado, observou-se que
aqueles que finalizaram a atividade tiveram a compreensão da proposta, tanto em
relação a leitura do texto, quanto à apreciação do podcast, bem como à expressiva
criatividade, por meio dos textos escritos e postados no Padlet. Notou-se também que
os alunos sentiram-se motivados para falar de coisas de seus cotidianos, de relevância
e valor sentimental para suas vidas. Contudo, observou-se que a falta de internet foi o
grande entrave para execução da atividade pela maior parte dos alunos.
Palavras-chave: Multiletramentos; tecnologias digitais; pandemia.

75
O MEME COMO GÊNERO DISCURSIVO HÍBRIDO NUM
CONTEXTO DE PANDEMIA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA

Mônica do Socorro de Jesus Chucre


[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá
Universidade Estadual de Campinas

As práticas de ensino e aprendizagem dentro da escola, desde o momento da pandemia,


foram instauradas pelo virtual, a partir do chamado ensino remoto emergencial. Desta
forma, este relato de experiência apresenta uma proposta da disciplina de Língua
Portuguesa trabalhada para a construção do gênero híbrido meme a partir da temática
pandemia, com escopo em uma sequência didática que toma por base o estudo de
Literatura das Vanguardas Europeias e Brasileiras em 1922, e as possibilidades de uso
da tecnologia digital para a prática dos multiletramentos. Teve como objetivo contribuir
com a motivação e o aperfeiçoamento das competências de escrita e de leitura no que
diz respeito à compreensão do meme como gênero discursivo. O público-alvo foi duas
turmas, com total de 70 alunos, do terceiro ano do Ensino Médio Técnico Integrado do
Instituto Federal do Amapá, na cidade de Macapá, no retorno ao ano letivo de 2020, no
mês de setembro. Para tanto, o aporte teórico que subsidiou a estruturação dessa ação
didática teve como ponto de referência fundamentos de multiletramentos e hipermídia
por ROJO (2012/2015); SANTAELLA (2013/2014), no que abrange o estudo dos
Gêneros de Discurso a teoria de BAKHTIN (2003), ao trabalho com Sequência
Didática, Literatura e Produção Textual LAJOLO (2018); (SCHNEUWLY e DOLZ
(2004); SILVA (2011). Tendo em vista os pressupostos teórico-metodológicos
expostos constitui-se a seguinte problemática: que contribuições uma ação didática
voltada para o estudo do meme como gênero híbrido pode trazer para a mobilização dos
atos de ler e de escrever nas aulas de Língua e Literatura em formato on-line, em meio
à pandemia? Diante dessa questão, respaldadas nas vertentes teóricas referenciadas,
intencionou-se com essa proposta de ensino oferecer aos alunos do IFAP subsídios e
perspectivas para alcançar não só a leitura crítica como também a escrita proficiente de
textos da ordem da construção de sentidos na responsabilidade daquilo que o autor
(aluno) pretende expressar a partir da construção do gênero com compreensão dos
elementos relacionados à organização estrutural os quais, combinados, propiciam a
unidade textual e os efeitos de sentido que revestem a textualidade desse gênero
discursivo.

Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa; Memes; Gêneros Discursivos Híbridos;


Pandemia.

76
UMA PRÁTICA ONLINE COLABORATIVA:
AUTONOMIA E SUCESSO!
Sabrina Amoreira
[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Na escola privada de Ensino Fundamental I Arte Vida, em Pindamonhangaba, SP, as


aulas de inglês diárias têm duração de 50 minutos. Utiliza-se material didático
desenhado para ser aplicado três vezes por semana. No segundo semestre de 2020, uma
turma com 14 alunos do quinto ano passou a ter uma nova professora. Logo no início
percebeu-se a necessidade de deixá-los ativos em frente às telas, para evitar distrações.
Após introduzir uma rotina de estímulo à coautoria e responsabilidade pela ordem,
espaço e recursos utilizados, foi dado início uma sequência pedagógica cujo objetivo
foi proporcionar oportunidades de reforço linguístico em forma de revisão e o objetivo
social e profissional o de trabalhar textos multimodais, verbais e não-verbais, na forma
do gênero textual “tabela” através do uso coletivo de editores de texto online, buscador
de imagem Google e interação com a plataforma de jogos educacionais Kahoot. Aos
alunos foi feita uma proposta de criação de uma versão de jogo que os ajudassem a
estudar o conteúdo do livro. No primeiro dia, após o estudo do conteúdo programático,
foi apresentado o gênero textual como forma de organização visual para elencar
elementos. As colunas foram nomeadas como: “nome”, “pergunta”, “opções de
respostas” e “imagem relacionadas”. Os alunos foram expostos a um exemplo mostrado
visualmente através do compartilhamento de tela e narrado com o uso da técnica
thinking aloud. Cada linha da tabela representava a oportunidade de explorar um
conteúdo diferente e um espaço individual. Os alunos perceberam como o visual do
documento de edição coletiva se modificava durante o processo. Exploraram
ferramentas de edição quanto ao tamanho, tipos e cores de fontes bem como a
alternância de ordem das colunas, o que gerou discussões abertas sobre cada intenção
de mudança. Depois que escolheram seus espaços representados por linhas, registraram
perguntas e opções de respostas e buscaram por imagens online que representassem as
alternativas corretas – que serviriam de dica no momento do jogo. O processo
possibilitou discussões a respeito dos significados atribuídos às imagens e o resultado
final, além de trazer a ideia do jogo para realidade, foi marcado por relatos de sentimento
de sucesso e autonomia, conceitos positivos quanto ao trabalho em equipe e orgulho
pelo resultado da produção. Neste relato também serão mencionados desafios, barreiras
e reflexões pessoais acerca da prática.

Palavras-chave: Colaboração; Online; Multiletramentos; Visual; Espacial.

77
RETEXTUALIZANDO: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA
DAS PRODUÇÕES DOS ALUNOS NA DISCIPLINA
LABORATÓRIO DE PRODUÇÃO TEXTUAL II

Cinthia Malta dos Santos


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Busca-se apresentar neste relato as produções realizadas por alunos de graduação do


curso de Letras (diurno) da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP,
desenvolvidas na disciplina Laboratório de Produção Textual II – HL337, ministrada
na modalidade ensino remoto durante o primeiro semestre de 2021. A Turma, composta
por 22 alunos, teve excepcionalmente, além da professora, três estagiários, estes, alunos
da pós-graduação participantes do Programa de Estágio Docente (PED). O objetivo da
disciplina é conduzir o aluno a um passeio por diferentes gêneros textuais, explorando
as tecnologias sociais voltadas para o ensino de língua portuguesa, considerando o
processo de escrita e reescrita de textos. A proposta da disciplina foi composta por
cinco atividades principais realizadas em dupla ou individualmente. Foram elas: 1)
produção de resenha de uma tese/dissertação produzida no Instituto de Estudos da
Linguagem – IEL; 2) produção do resumo da tese/dissertação; 3) produção de um vídeo
ou podcast de divulgação ou popularização da ciência a partir das resenhas; 4)
entrevistas com o autor ou orientador da tese/dissertação; 5) confecção do Currículo
Lattes. Um detalhe importante a destacar, é que as teses e dissertações selecionadas e
apresentadas aos alunos para desenvolvimento dos seus trabalhos abrigam as três
grandes áreas de pesquisa dentro do IEL: Linguística, Linguística Aplicada e Teoria
Literária. Os alunos tendem a escolher a área que julgam ter mais afinidade. Para
avaliação desse processo foram aplicados formulários anônimos de autoavaliação e
também de avaliação da disciplina durante as produções dos alunos. Esses formulários
nos propiciaram um olhar mais próximo sobre as reflexões dos alunos durante a
confecção dos trabalhos. Parte desse resultado, que será apresentado aqui, envolve uma
reflexão sobre como os alunos assimilaram o processo de leitura, escrita,
retextualização, visto ser esse, um processo que envolve a compreensão do texto, uma
reflexão sobre a linguagem e, a partir daí, sua ressignificação. Em outras palavras,
poderíamos dizer grosso modo, o processo de tradução de uma linguagem para outra
linguagem. Após o encerramento da disciplina os trabalhos são inseridos no Comunica
IEL - http://comunicaiel.esy.es/, site da disciplina criado para abrigar tais produções e
cujo objetivo é apresentá-las não apenas à comunidade acadêmica, mas também a alunos
do Ensino Médio e àqueles que se interessem pelo que é produzido no Instituto de
Estudos da Linguagem.

Palavras-chave: Leitura; Produção textual; Retextualização.

78
ENTRE ESCRITA E REESCRITA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA SOBRE A PRODUÇÃO DE RESENHAS E
RESUMOS COMO ATIVIDADES DA DISCIPLINA
LABORATÓRIO DE PRODUÇÃO TEXTUAL II

José Elderson de Souza-Santos


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Este relato busca apresentar, sob a perspectiva do Estagiário de Docência, participante


do Programa de Estágio Docente (PED), a experiência de ensino desenvolvida ao longo
da disciplina HL337 C – Laboratório de Produção Textual II. Esta foi ministrada na
modalidade de ensino remoto no primeiro semestre de 2021 para 13 estudantes de
Letras, ingressantes em 2020, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A disciplina foi guiada por uma
docente da instituição e três estagiários de docência. O Instituo e a Universidade em
questão estão localizados em Campinas, cidade do interior do estado de São Paulo. O
foco dos trabalhos desenvolvidos pela disciplina é a ampliação das habilidades práticas
dos estudantes quanto à produção e à interpretação de textos, além disso, promove-se a
divulgação/popularização da ciência e se estimula a inserção dos alunos no campo
acadêmico/científico. Para tanto, foram cinco as principais atividades desenvolvidas: 1)
produção de resenhas e resumos de dissertações e teses produzidas no IEL; 2) produção
de vídeos e podcasts de divulgação ou popularização da ciência a partir das resenhas
feitas; 3) realização de entrevistas sobre os trabalhos resenhados com seus autores; 4)
confecção do Currículo Lattes dos discentes; 5) aplicação de formulários anônimos de
autoavaliação dos alunos e avaliação da disciplina, por meio dos quais o processo de
aprendizado foi acompanhado e registrado. Após a conclusão dos trabalhos, estes foram
inseridos no site da disciplina, denominado Comunica IEL (http://comunicaiel.esy.es/),
em que também podem ser acessadas outras produções semelhantes produzidas por
estudantes da disciplina em semestres passados. Nesta comunicação, apresentaremos a
atividade 1) produção de resenhas e resumos de dissertações e teses produzidas no IEL,
detalhando e discutido os processos de escrita e reescrita pelos quais os discentes
tiveram que passar até a versão final das resenhas e dos resumos a serem postados no
site supramencionado.

Palavras-chave: Produção textual; Resenha; Resumo.

79
REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL NA ESCOLA: UMA PROPOSTA
INTERDISCIPLINAR A FAVOR DO TEXTO

Daniel Soares Dantas


[email protected]
Secretaria Estadual de Educação da Paraíba

A ressignificação do repertório sociocultural e sua utilização na Redação do ENEM tem


sido uma tarefa desafiadora para as escolas que orientam estudantes da 3ª série do
Ensino Médio na produção textual. Esta proposta de trabalho surgiu a partir da
constatação como docente acerca da ausência de um direcionamento prático e
sistematizado a respeito do fortalecimento do repertório proveniente das diferentes
áreas do conhecimento a favor do desenvolvimento crítico do estudante, bem como sua
utilização para credibilizar o processo de argumentação no texto dissertativo-
argumentativo. Este trabalho trata de uma reflexão que envolve interdisciplinaridade e
multiculturalismo favoráveis à produção textual. Trata-se de um relato de experiência
que aborda o trabalho de professores de diferentes áreas do conhecimento da EEEFM
Dom Moisés Coelho (Cajazeiras-PB), direcionado a estudantes da 3ª série do Ensino
Médio. Nesse âmbito, o objetivo é socializar a prática de trabalho com atividade
envolvendo temas atuais que perpassam pela visão das diferentes áreas para propor
caminhos metodológicos que viabilizem a experiência em outras escolas. Nessa
perspectiva, as correntes teóricas que embasam as análises são pautadas nas orientações
técnicas para a produção do texto dissertativo-argumentativo (INEP, 2020), questões
atuais relacionadas ao ensino (BNCC, 2018) e na produção textual em sala de aula
(KOCH, 2008), além de outras discussões que perpassam o campo da
interdisciplinaride. Convém acrescentar que, nesse sentido, a metodologia adotada
configura-se como uma pesquisa-ação, de abordagem qualitativa e natureza descritiva.
Como resultado, é apresentado neste trabalho um relato sistematizado da experiência
com o projeto Repertório Sociocultural, realizado na EEEFM Dom Moisés Coelho que
envolve professores de áreas distintas em trabalho conjunto. Com essa abordagem,
mostramos que investir no fortalecimento do repertório por meio de ações
interdisciplinares pode gerar aprendizagens significativas, além de agregar valor à
escrita do texto dissertativo-argumentativo.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Texto; Repertório sociocultural; Ensino.

80
A PRÁTICA DA REFLEXIVIDADE POR MEIO DA REESCRITA
DOS GÊNEROS RESENHA E RESUMO NO CURSO DE LETRAS
Rairy de Carvalho
[email protected]
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

Pensar sobre a própria escrita não é uma tarefa fácil, exige uma predisposição suscitada
por um olhar crítico diante do próprio texto. Diante disso, a reescrita recebe o status de
metodologia fundamental para o entendimento do texto como um processo e não como
um produto final. O presente relato de experiência é resultado da participação no
Programa de Estágio Docente, na disciplina HL337A — Laboratório de Produção
Textual — ofertada remotamente, para o curso de Letras da Universidade Estadual de
Campinas, no 1º semestre de 2021, com o envolvimento de vinte alunos, em nível de
graduação, e três estagiários do Programa de Estágio Docente (PED) da Unicamp. A
disciplina ofertada em nível de graduação tem como objetivo, entre outros, a prática de
produção e de revisão de textos acadêmicos para a divulgação científica de trabalhos
realizados no Instituto de Estudos da Linguagem – IEL/Unicamp. A partir disso, a
prática docente relatada se centra no processo de escrita e reescrita de dois gêneros
discursivos trabalhados ao longo da disciplina: resenha e resumo. Ademais, a prática
pedagógica da refacção permitiu a observação de alguns fenômenos linguísticos, dentre
eles: o domínio progressivo da norma-padrão da língua portuguesa, o domínio de
produção dos gêneros resenha e resumo, a construção da referenciação e da progressão
no texto, a retextualização, o processo de autoria dos alunos e, por fim, a construção da
intertextualidade com o texto resenhado. Por conseguinte, percebeu-se a reescrita,
enquanto metodologia interativa de ensino, como uma possibilidade interação entre
leitor-escritor-revisor no processo de escrita de textos em ambiente acadêmico.

Palavras-chave: reescrita; resumo; resenha.

81
O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E A CONSCIÊNCIA DO
SER SUJEITO DA PRÓPRIA EDUCAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA DO
PIBID NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Larissa Landim de Carvalho
[email protected]
Universidade Estadual de Goiás

Maria de Lurdes Nazário


[email protected]
Universidade Estadual de Goiás

Objetivamos fazer um relato da experiência com a docência realizada por meio do


Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) de Língua Portuguesa
do Curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás, realizado no Centro de
Educação de Jovens e Adultos Professor Elias Chadud de Anápolis. No primeiro
semestre de 2019, ministramos aulas semanais em uma turma do ensino fundamental
do CEJA Elias Chadud, objetivando o desenvolvimento da competência comunicativa
dos alunos numa abordagem reflexiva e crítica dos conteúdos de língua portuguesa. As
aulas foram discutidas e planejadas no contexto dos encontros realizados pelo grupo de
estudo vinculado ao Programa, no qual fizemos debates sobre práticas de letramento
na educação básica e na educação de jovens e adultos, sobre a formação de um sujeito-
aluno que escreva e leia de forma competente e a importância da consciência do ser
sujeito da própria educação, conforme ensina Paulo Freire, dentre outros assuntos
igualmente relevantes. Nesse contexto, problematizamos o ensino de Língua
Portuguesa e desenvolvemos atividades numa perspectiva sociointeracionista
(MENDONÇA, 2006). Trabalhamos os conteúdos numa abordagem histórica, social e
política, considerando todos esses fatores na tentativa de compreender a situação real
na qual estávamos inseridos, observando a realidade da escola e também dos alunos.
Interpretamos que as práticas desenvolvidas ao longo do trabalho nesse semestre
contribuíram para o despertar da criticidade dos alunos, colaborando para o exercício
da sua cidadania. A experiência proporcionada pelo Pibid foi relevante, pois permitiu
aos pibidianos a vivência escolar, o contato direto com os alunos, com o corpo docente,
com as atividades que a docência exige do professor, com um aperfeiçoamento
constante do que é aprender para ensinar. Isso confere aos acadêmicos participantes
uma consciência ímpar acerca da carreira escolhida e que espera por esse profissional
engajado e preocupado com a práxis, um formador que se interessa pela integralidade
do ser, que pensa a teoria a partir da prática e, principalmente, um profissional apto a
lidar com as dificuldades que surgirão pelo caminho.

Palavras-chave: Pibid; EJA; Língua Portuguesa; Formação Humana.

82
PIBID DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA EXPERIÊNCIA
SINGULAR

Larissa Landim de Carvalho


E-mail: [email protected]
Maria de Lurdes Nazário
E-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Goiás

Resumo: Objetivamos fazer uma exposição da experiência com a docência realizada


por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, financiado pela
Capes, do Curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás (CCSEH), realizado no
Centro de Educação de Jovens e Adultos Professor Elias Chadud de Anápolis. Nossos
dados foram construídos por intermédio da vivência com uma turma do ensino
fundamental do CEJA Elias Chadud durante o primeiro semestre de 2019. As aulas
foram elaboradas tendo como base as matérias estudadas no Curso de Letras e também
as leituras realizadas em um grupo de estudo vinculado ao Programa onde fizemos
debates sobre práticas de letramento na educação de jovens e adultos, a formação do
leitor competente, e a importância da consciência do ser sujeito da própria educação,
conforme ensina Paulo Freire, dentre outros assuntos igualmente relevantes. O
programa tem como objetivo a inserção dos sujeitos em formação na realidade escolar,
ao passo que as práticas adotadas ao longo do trabalho contribuíram para o despertar
da criticidade, considerando, ainda, que a educação ultrapassa os muros da escola e que
o ensino deve colaborar para o efetivo exercício da cidadania. Importante pontuar que
as impressões aqui relatadas foram cuidadosamente coletadas ao longo da experiência,
o que permitiu uma proximidade maior com a prática, isto é, com a realidade. Ademais,
essa é uma experiência rica para todos os envolvidos, uma vez que possibilita aos
pibidianos a prática da docência enquanto os alunos da escola constroem a consciência
crítica e adquirem conhecimento acerca da língua materna.

Palavras-chave: Docência. Língua Portuguesa. PIBID.

83
MULTILETRAMENTOS E O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
PARA CRIANÇAS NA PANDEMIA: RELATO DE UMA ALUNA
PROFESSORA-PESQUISADORA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Mariana Meister
[email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Isabel Cristina Vollet Marson


[email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Formas diferenciadas de aprender e ensinar se fizeram presentes tanto para professores


quanto para os alunos no contexto da pandemia do Covid-19. No contexto contingente
de pandemia, professores foram desafiados a reconfigurar suas práticas em tempos de
crises permanentes (SOUSA SANTOS, 2020). Diante desse cenário esse relato de
experiência visa trazer um recorte da prática de uma acadêmica do Curso de Letras
Português-Inglês em formação inicial da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG), pesquisadora de iniciação científica voluntária (PROVIC-UEPG) no projeto
“Um olhar ubíquo para aprendizagem da língua inglesa (LI): análise e produção de
material didático à luz da pedagogia dos multiletramentos e da multimodalidade”
(PROPESP-UEPG) e professora de LI de uma escola católica privada da região dos
Campos Gerais desde 2019. Estudos sobre a mudança da concepção do letramento na
contemporaneidade (MONTE MÓR, 2015), os multiletramentos (COPE;
KALANTZIS, 2000), o uso de recursos semióticos (KRESS, 2003) e uso de material
didático (TOMLINSON, 2012) foram feitos na pesquisa qualitativa desenvolvida de
julho de 2020 a julho de 2021. Desafiadas pela urgente necessidade de pensar os
multiletramentos e a prática pedagógica do professor no contexto da pandemia
(KERSCH et al, 2021), mesmo sem saber que esse contexto pudesse interferir nas
atividades do projeto, esse trabalho traz as reflexões sobre a prática pedagógica de uma
professora que leciona LI para crianças de 3 a 7 anos, entre 2020 e 2021. Com o intuito
de atender a necessidade urgente de adaptar o contexto das aulas presencias ao modo
remoto, e trazer atividades didático-pedagógicas dinâmicas para o ensino de LI para
crianças, a professora traz sua experiência de uso de materiais didáticos alternativos
para o ensino da LI como ferramentas para videoconferência (Zoom, Google Meet), o
uso de plataformas (livro digital), uso de links (jogos, músicas, vídeos), o uso de
aplicativo para troca de mensagens e comunicação via Internet (Whatsapp), e
disponibilização de atividades via e-mail e pelo site institucional da escola privada.
Inúmeras dificuldades estruturais como problemas de conexão, poluição sonora durante
as aulas remotas, interrupções de membros da família durante as aulas online foram
percebidas pela docente, além da dificuldade de manter os alunos concentrados nas
atividades propostas por ela no ensino remoto. É fundamental refletir criticamente sobre
as práticas docentes durante o Covid-19 (TARC, 2020), as vantagens e desvantagens da
inserção das tecnologias de informação e comunicação (TICs) no ensino da LI e o
preparo para a docência na contemporaneidade.

Palavras-Chave: Ensino de língua inglesa; ensino remoto; multiletramentos; material


didático-pedagógico; professores.

84
PRODUTOS MIDIÁTICOS PARA
DIVULGAÇÃO/POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA SOBRE AS PRODUÇÕES DESENVOLVIDAS NA
DISCIPLINA LABORATÓRIO DE PRODUÇÃO TEXTUAL II
(IEL/UNICAMP)

Raquel Furtado de Mesquita


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Este relato visa apresentar a experiência de acompanhamento e orientação das


atividades realizadas na disciplina Laboratório de Produção Textual II, em especial, a
produção de vídeos e podcasts de divulgação/popularização da ciência. Essa disciplina
do curso de Letras da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) ocorreu de
forma remota, através das plataformas Google Classroom e Google Meet, no primeiro
semestre de 2021, em função da pandemia do novo coronavírus, SARS-CoV-2. A
disciplina foi organizada por uma professora do departamento de linguística e contou
com a participação de 3 discentes da pós-graduação que realizaram estágio de docência
no âmbito do Programa de Estágio Docente (PED), ministrando aulas para 13 discentes
do terceiro semestre da graduação. Com o objetivo de desenvolver as habilidades
textuais dos alunos, foram elaboradas diferentes atividades para a leitura, produção e
revisão de textos. Inicialmente, foram escolhidas dissertações e teses do Instituto de
Estudos da Linguagem (IEL), de acordo com os interesses dos alunos. A partir do
trabalho escolhido, os alunos, além de trabalharem na produção de uma resenha e de
um resumo, produziram também um vídeo ou um podcast que abordasse parte do
trabalho e conseguisse explicá-lo para uma outra audiência (alunos do ensino
fundamental, do ensino médio ou de outra graduação). Também fizeram uma entrevista
com o (a) autor (a) do trabalho, havendo também a possibilidade de entrevistar um(a)
docente do IEL, e realizaram cadastro e/ou atualização do próprio Currículo Lattes. A
fim de realizar uma avaliação constante da disciplina e compreender as principais
dificuldades e aprendizados dos alunos durante o desenvolvimento das atividades,
foram disponibilizados para os alunos formulários de autoavaliação, os quais foram
respondidos de forma anônima. Neste relato, discutiremos o processo de produção de
alguns vídeos e podcasts de divulgação/popularização da ciência, considerando os
recursos mobilizados e as estratégias de retextualização empreendidas.

Palavras-chave: Produção textual; Divulgação/popularização da ciência; Produtos


midiáticos; Estágio de docência.

85
TRADUZINDO A CIÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
SOBRE A PRODUÇÃO DE VÍDEOS E PODCASTS A PARTIR DE
UMA RESENHA ACADÊMICA

Karina Menegaldo
[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

Este relato tem por objetivo apresentar, partindo de um estágio de docência (Programa
de Estágio Docente - PED), a experiência de ensino desenvolvida ao longo da disciplina
HL337 C – Laboratório de Produção Textual II, sob supervisão da professora Dra. Anna
Christina Bentes. Esta disciplina foi ministrada na modalidade de ensino remoto no
primeiro semestre de 2021, para 21 estudantes de Letras, ingressantes em 2020 no
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Os trabalhos desenvolvidos pela disciplina tiveram como objetivo geral
o desenvolvimento e a ampliação das habilidades de interpretação e produção de textos
acadêmico/científicos. Neste relato enfocaremos na atividade de produção textual de
um texto de divulgação e popularização da ciência, a partir de uma resenha acadêmica,
como estratégia de transposição da linguagem acadêmica para um texto de divulgação.
A atividade relatada é parte de um planejamento que contou com cinco atividades de
produção textual, aplicadas e desenvolvidas: 1) a leitura de dissertações e teses,
produzidas no IEL, e a produção de resenhas e resumos a partir da leitura realizada; 2)
a produção de vídeos e podcasts de divulgação ou popularização da ciência a partir das
resenhas feitas; 3) a realização de entrevistas com os autores dos trabalhos resenhados;
4) a confecção do Currículo Lattes; 5) a reflexão sobre o trabalho realizado nas
atividades de preenchimento dos formulários anônimos de autoavaliação e de avaliação
da disciplina, também, utilizado pela docente responsável e pelos PEDs como
instrumento de acompanhamento e avaliação da disciplina. Após a conclusão dos
trabalhos, estes foram inseridos no site da disciplina, Comunica IEL
(http://comunicaiel.esy.es/).

Palavras-chave: Produção textual; Divulgação científica; Popularização da ciência.

86
EU, TU, NÓS: REFLETINDO SOBRE QUESTÕES
SOCIOAMBIENTAIS NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

Luciene da Silva Santos Bomfim


[email protected]
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul - IFMS

Daniela Bulcão Santi


[email protected]
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul - IFMS

Silvério Luiz de Sousa


[email protected]
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul - IFMS

Alcione Ribeiro Dias


[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Segundo Freire (2019) “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os


homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. A situação de pandemia
decretada reforça que um desequilíbrio em um ecossistema pode ocasionar um
problema de abrangência global, de maneira rápida e fortemente impactante (GIATTI
et al., 2020). Logo, ações integradas podem favorecer relações sociais mais saudáveis
e adequadas para o planeta e, nesse sentido, o objetivo deste trabalho é relatar a
experiência de um projeto de ensino (aprovado com fomento - edital 022/2021 –
PROEN/IFMS) interdisciplinar que busca contribuir para a construção de uma
consciência ecológica coletiva. O projeto sustenta-se metodologicamente na Teoria da
Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), em articulação com a Pedagogia
Psicodramática (ROMAÑA, 2019). Teoricamente nos respaldamos na Socionomia
(MORENO, 1975), em termos da visão de mundo e das relações, bem como no conceito
das Três Ecologias (GUATARRI, 2012). A proposta está sendo desenvolvida desde
abril e será encerrada em dezembro de 2021, em uma instituição de ensino básico,
técnico e tecnológico da rede federal, no formato on-line, com atividades síncronas (via
plataforma zoom) e assíncronas (via moodle), tendo como participantes 77 estudantes
(organizados em 07 grupos com 11 integrantes), com idade entre 14 e 16 anos,
envolvendo especialistas em 08 (oito) áreas do conhecimento, a saber: Língua
Portuguesa e Literatura, Sociologia, Filosofia, Geografia, Biologia, Enfermagem,
Psicologia e Análise de Sistemas. Quanto às ações referentes à primeira etapa (2021/1),
podemos citar: seis encontros on-line síncronos organizados por área do conhecimento;
seis encontros para planejamento (equipe executora); plantio de aproximadamente 100
mudas de ipês de cores variadas, durante a semana do meio ambiente; criação de um
aplicativo de georreferenciamento (denominado Eco Cerrado) para registro e
acompanhamento das mudas plantadas, desenvolvido por um dos autores deste
trabalho. Todo o processo está sendo registrado por meio de gravações dos encontros
síncronos e de anotações realizadas colaborativamente pelos professores numa planilha
87
disponível no Google Drive. Também foi criado um fórum no moodle para registro de
depoimentos dos participantes referentes a cada encontro. Esses registros corroboram
em reflexões e compartilhamento de vivências relacionadas ao cuidado tridimensional
- do “eu”, do “tu” e do “meio ambiente”, perpassando as diversas áreas do
conhecimento, vislumbrando, assim, suas especificidades e convergências. Conclui-se
ser relevante a realização de atividades pedagógicas participativas, mesmo que no
formato on-line, pois potencializam a ação-reflexão-ação entre estudantes e
especialistas sobre problemas emergentes que afetam eu, tu e o nosso ambiente.

Palavras-chave: Educação Básica; Meio Ambiente; Colaboração; Interdisciplinaridade.

88
FORMAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS DA COMUNIDADE CRISTO REI

Angelina Sales de Freitas


[email protected]
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Giovanna Pinto Praia


[email protected]
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Keyla Cirqueira Cardoso Nunes


[email protected]
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Raquel Souza de Lira


[email protected]
Secretaria Municipal de Educação (SEMED)

Este trabalho apresenta o processo de ensino e de aprendizagem desenvolvido no


projeto cultural Formação de Agentes Culturais da Comunidade Cristo Rei
(bit.ly/agentes-culturais-pf). O projeto foi desenvolvido a partir da biblioteca
comunitária Paulo Freire, espaço não-formal de ensino mantido há 20 anos na
Comunidade Rural Cristo Rei, localizada no município de Presidente Figueiredo, no
Amazonas. Inspirado no Curso Capacitação de Agentes Culturais, oferecido
virtualmente pela Fundação Demócrito Rocha, a investigação surgiu como
desdobramento do projeto de extensão Práticas Leitoras, desenvolvido entre 2019.2 (de
forma presencial) e 2020.1 (de forma virtual), com certificação emitida pela Pró Reitoria
de Extensão da Universidade do Estado do Amazonas. Aprovado na Lei Aldir Blanc
de incentivos culturais, a equipe desenvolveu um curso direcionado à juventude,
incentivando a ação cultural comunitária. Desse modo, foram realizadas oficinas, com
diferentes percursos formativos, no intuito de explorar o universo da biblioteca e alargar
os horizontes fora dela, tais como: Leitura Literária, Construção de Acervos, Artes
Integrada, Ideias em Ação, Patrimônio Material e Imaterial, Corpo e Arte e Intercâmbio
Cultural. Como resultado, foram produzidos conteúdos que tornam o curso replicável
em outras comunidades. Por fim, a formação atingiu mais de 100 jovens, seguindo a
faixa etária de 15 a 29 anos, preconizada no Estatuto da Juventude. Foram utilizadas
diversas mídias na condução do processo formativo, como, site, georreferenciamento,
e-book, material pedagógico em áudio, vídeo e pdf para WhatsApp, grupo fechado no
Facebook e perfil no Instagram, lives semanais com convidados e portifólio LinkTree
dos participantes oriundos de várias regiões do Amazonas, principalmente, da área rural
que têm acesso dificultado à internet. Ademais, envolveu-se pessoas da comunidade as
quais participaram como alunos e monitores, além de uma equipe técnica, de mediação
e formação cultural, em torno de 40 pessoas, todos integrados pela universidade:
professores, ex-alunos e alunos de graduação e de pós-graduação e, ainda, convidados
da área, o que só foi possível por ter sido disponibilizado via internet.

Palavras-chave: Projetos culturais; Formação de Agentes Culturais; Espaços não formais de


ensino; Ensino Remoto.
89
Pôsteres

IDENTIDADES E(M) DISCURSOS NO CIBERESPAÇO: A


NARRATIVA DA EXPERIÊNCIA EM #HUMANSOF

Fernanda Pradella Travaglini


[email protected]
Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Este trabalho, financiado por bolsa de iniciação científica processo nº 2020/13927-9, da


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), tem por objetivo
investigar relações dialógicas (BAKHTIN, 2016) estabelecidas em narrativas transmidiáticas
(GOSCIOLA, 2012), construídas pelos perfis “Humans of Curitiba” e “Humans of Ghana”, em
suas postagens nas plataformas Facebook e Instagram. Por se tratarem de narrativas
marcadamente multimodais, ou seja, que fazem uso combinado de imagens, vídeos e textos
verbais para construir sentidos – e, assim (re)(des)construir vivências, sentimentos e aspirações
de sujeitos ali retratados –, tais manifestações possibilitam adentrarmos a discussão acerca das
identidades narrativas (RICOEUR, 1997). A nosso ver, essas narrativas compõem uma vasta
rede de lentes que se (inter)cruzam e constroem sentidos. Nesse prisma, adotamos abordagem
qualitativa a fim de analisar, interpretar e compreender os dados elencados por intermédio de
buscas realizadas com apoio metodológico na Etnografia Digital (PINK et al, 2016). Tomamos
como base as visões de discurso e língua(gem) propostas em discussões bakhtinianas, somando-
as a outras bases teóricas tais como: considerações acerca da multimodalidade feitas por Monte
Mór (2017); o olhar sobre as relações estabelecidas entre as práticas socioculturais nos espaços
on-line e off-line, a partir do que postulam Blommaert e Maly (2019) e as considerações de
Arfuch (2007) acerca da representação/construção de identidades no espaço narrativo. Os
resultados observados até o momento demonstram que relações identitárias são configuradas
nessas/por essas narrativas em um espaço de construção de sentidos em que se estabelecem
relações dialógicas, as quais apresentam determinadas faces das subjetividades narradas,
revelando também modos específicos de retratar o mundo e, assim, de entendê-lo e nele agir.
Ademais, nossas análises também apontam para uma necessidade de revisitar discursos
identificados e de adotar uma postura crítica frente a determinados estigmas e olhares
(re)construídos na função narrativa acerca das subjetividades identificadas nos dados. Assim,
buscamos olhar, compreender e investigar os diversos e múltiplos discursos que atravessam os
sujeitos ali enunciados na elaboração de diferentes manifestações que constituem uma rede
polifônica de construção de sentidos através da linguagem multimodal, estabelecendo rede e
interconexão entre as práticas socioculturais no ciberespaço, o relato das experiências e
subjetividades, o tempo, a cultura, os saberes e os pensamentos oriundos à existência humana
e que, na Àgora digital (AZZARI, 2017), fundem-se, em processos de construção e/ou
representação identitária.

Palavras-chave: Identidades; Discurso; Letramentos; Multimodalidade; Etnografia digital.

90
TREFFPUNKT: UMA ABORDAGEM INTERCULTURAL
DURANTE O ENSINO DE ALEMÃO NA REDE PÚBLICA

Isabella Correia Silva


[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

Jaquelyne de Campos
[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

Mariana Rocha Siqueira


[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

Ao tratarmos do ensino e aprendizagem de uma Língua Estrangeira (LE), temos


discutido, cada vez mais, o papel das abordagens culturais, intransponíveis à história e
manutenção das línguas humanas. Assim, desde o fim do século XX, assume-se que o
ensino das LEs é fundamentado nas condições de produção do idioma; logo, não se pode
aprender uma língua sem aprender sobre a cultura de seus falantes (KRAMSCH, 1988),
um dos principais meios pelos quais a primeira se manifesta (Idem, 1996). Nessa
perspectiva, revela-se necessária a integração da diversidade cultural e linguística
durante este processo, a fim de retratar as funções comunicativas incorporadas aos
contextos socioculturais, que habilitam os aprendizes às competências ligadas à
interculturalidade, igualmente importantes ao desenvolvimento de suas habilidades
linguísticas em língua estrangeira (MARQUES-SCHÄFER, STANKE, 2021). À vista
disto, durante o contexto do ensino remoto emergencial, o Projeto Treffpunkt tem
promovido oficinas de língua e cultura alemã, por meio de insumos interculturais e dos
multiletramentos (ROJO, 2012). Essa escolha auxilia, também, na promoção do
Letramento Crítico (MONTE-MOR, 2006), o qual permite que o aluno reflita sobre a
própria realidade, partindo da apropriação e administração efetiva de divergências
afetivas, cognitivas e comportamentais (SPITZBERG & CHANGNON, 2009)
encontradas, neste caso, a partir da Língua Alemã. O projeto em questão vem sendo
realizado no âmbito dos “Programas para Melhoria do Ensino Público”, linha de
fomento da Fapesp, e tem como propósito possibilitar o acesso a oficinas de língua e
cultura alemãs a estudantes do Ensino Médio, de uma escola pública localizada em
Araraquara-SP. Como recorte de nossas atividades, pretendemos expor, à luz do aparato
teórico apresentado anteriormente, alguns resultados do trabalho que vem sendo
realizado, na modalidade remota, com a ajuda das mais variadas ferramentas digitais,
como o Spatial Chat, Mentimeter, Nearpod, Scumblr e Learning Apps. A partir dos
dados coletados em diários reflexivos e observações de aulas, nota-se que vem sendo
possível associar a bagagem cultural dos alunos, que envolve, naturalmente, sua língua
materna, à cultura do outro, contribuindo, assim, tanto para o enriquecimento de seu
desempenho linguístico-comunicativo em língua alemã, quanto para a formação, crítica
e multimodal dos alunos.

Palavras-chave: interculturalidade; letramento crítico; ferramentas online.

91
CENTRO DE ESTUDOS DE LÍNGUAS – CEL-SP CONCEPÇÕES E
TRAJETÓRIA

Adriana A. ALVARES
[email protected]
Universidade Católica de Santos - Santos/SP
(Bolsista Capes-Prosuc- Mestrado).

Marineide O. GOMES
[email protected]
Universidade Católica de Santos - Santos/SP

Para Freire (1996, 1987) a Educação é um processo constante de criação de


conhecimentos e de busca de transformação-reinvenção da realidade pela ação-reflexão
ação humana ao defini-la com a finalidade de promover a consciência crítica, por meio
do processo de ensinar o sujeito a ler o mundo e contribuir para transformações. O autor
cita duas formas de promoção da Educação como prática social: a educação dominadora
(bancária) e a educação libertadora. Essa segunda é possibilitadora da emancipação dos
sujeitos, tornando-os autônomos. Este trabalho pretende apresentar pesquisa (em fase
inicial) acerca do projeto do Centro de Estudos de Línguas do Estado de São Paulo
(CEL SP), no âmbito das Políticas Educacionais do Estado de São Paulo direcionadas
ao ensino de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM), como uma perspectiva de política
educacional para inclusão social e ampliação do Direito à Educação, e objetiva a
compreensão do processo de criação e desenvolvimento do mesmo. As reflexões de
Freire sustentam a importância do ensino-aprendizagem de outras línguas no processo
formativo de estudantes da educação básica, pela interação linguística, social e cultural,
como prática educacional, uma vez que a aquisição de uma nova língua e o acesso a
nova(s) cultura(s) contribuem para ampliar visões de mundo, fortalecer a inclusão
social de sujeitos, promover a cidadania e a inserção no mundo do trabalho, sendo
fatores que colaboram para a diminuição das desigualdades social/educacional. A
pesquisa, de base qualitativa (YIN, 2016; GOLDENBERG, 2002), busca ir às fontes
que expliquem a criação, desenvolvimento e avaliação do Projeto, e organiza-se pela
análise de documentos (CELLARD, 2012) orientadores do CEL-SP, levando à
compreensão crítica dos contextos de influências e de produção de texto (BALL;
MAINARDES, 2011) como uma das ações pedagógicas intencionalizadas do referido
Projeto, no âmbito das Políticas Educacionais do Estado de São Paulo. A pesquisa se
encontra em fase de revisão bibliográfica, pois visa identificar a produção existente
nesse campo de conhecimento e o diferencial da investigação, que ora propomos.

Palavras-chave: Política Educacional; CEL-SP - Centro de Estudos de Línguas do


Estado de São Paulo; Direito à Educação; Inclusão social.

92
MATERIAL DIDÁTICO: CONFECÇÃO E ADAPTAÇÃO NUMA
PERSPECTIVA MULTISSEMIÓTICA E PLURICULTURAL

Larissa Lima
[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Marcos Antônio
[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Maria Eduarda Franco


[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Paula da Silva Alves


[email protected]
Colégio Pedro II

Vitoria Luize Mendes


[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pretende-se com este trabalho debater a importância de adaptar diferentes materiais


didáticos conforme as especificidades das turmas abordadas, levando-se em
consideração questões como idade, ano de escolaridade, conhecimentos de mundo e
compartilhados, bem como questões sociais e culturais envolvidas. Segundo Cruz
(2018), se faz necessária a criação de atividades que sejam diversificadas, por meio do
uso de múltiplos instrumentos e confeccionadas levando em conta um nível de
dificuldade nivelado devidamente ao público ao qual será submetido. Aliado às ideias
de Rojo (2012), quando se refere à Pedagogia dos Multiletramentos do Grupo de Nova
Londres, e apoiado pelas novas tecnologias da informação e comunicação (as TICs) foi
elaborado um material multimodal que parte das "coleções" (Canclini, 2008 [1989])
dos alunos, ou seja, da cultura deles, dos gêneros e designs diversos e disponíveis nas
mídias digitais, cujas temáticas valorizavam as vivências dos alunos. Partimos do
pressuposto teórico de Marcuschi (2008), que concebe o texto como um evento
cognitivo em que convergem ações sociais, históricas e interacionais, cujos sujeitos
deixam impressos suas marcas ideológicas. Além disso, nos apoiamos em Paulo Freire,
que defende ser preciso que o professor traga a cultura do alunado para dentro da sala
de aula, explorando as questões que nascem com a discussão desses temas,
proporcionando ao estudante subsídios para uma produção crítica e transformadora. O
material foi aplicado, na modalidade remota, durante o ano letivo de 2020 o qual
ocorrera no primeiro semestre de 2021 na turma do 2°ano do Ensino Médio regular do

93
Colégio Pedro II, campus Engenho Novo II. Posteriormente, houve uma reformulação
das atividades propostas, a fim de adaptá-las às turmas de 2° e 3° anos da EJA da
mesma instituição, atendendo, assim, às necessidades específicas dos perfis estudantis
extremamente diferenciados, ampliando o acesso à informação, democratizando o
saber e garantindo aos alunos o direito de aprender na escola.

Palavras-chave: EJA; material didático; ensino remoto; Multiletramentos.

94
EXPLORANDO LETRAMENTOS MULTIMODAIS EM
NARRATIVAS TRANSMIDIÁTICAS

Ingrid Tainá Vieira Nascimento


[email protected]
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)

O presente trabalho, financiado por bolsa IC/FAPESP (n°2020/15169-4), aborda


(inter)conexões em narrativas construídas (trans)midiaticamente, nas quais se somam
práticas presentes entre os universos impresso e o digital. O estudo se dá a partir de
extratos coletados do perfil “Adjetivou”, criado em 2017 por cinco jovens amigas e que
circula nas plataformas: Facebook, Instagram e Twitter. Entre as fundadoras de
“Adjetivou” está a estudante de Letras Natália Nogueira, que é também autora do livro
de poemas “Colecionando partes de mim” (2018). Neste contexto, a investigação aborda
a construção de sentidos, através do estudo de narrativas que se apoiam na
multimodalidade. As buscas nas plataformas foram amparadas metodologicamente pela
Etnografia digital (PINK et al, 2016), e os dados elencados, juntamente com extratos do
texto impresso, foram submetidos à análise qualitativa e interpretativa, para a qual
tomamos por base as discussões de Bakhtin (2018); Lemke (2010), Gosciola (2012),
Monte Mór (2017), Jordão (2007) e Brait (2006). Objetivamente, operando sob o viés
dos (multi)letramentos, a pesquisa buscou compreender como o estudo dessas práticas
de leitura e de escrita, realizadas em ambientes digitais e que motivaram o surgimento
de narrativas associadas à produção de um livro impresso, pode contribuir para
discussões no campo da formação de docentes de línguas. Em nossos dados,
identificamos como se dá a relação dialógica entre os ambientes síncrono e assíncrono
ao observarmos postagens do perfil “Adjetivou” e extratos selecionados do livro de
Nogueira. Além disso, consideramos também possíveis conexões com outros perfis,
sejam eles os pessoais de Nogueira ou, como por exemplo, o perfil “CiberLiterando”
(ancorado em plataformas de áudio como o Spotify e o YouTube), criado com propósito
de discutir ciberliteratura por meio de uma série de podcasts, do qual a escritora também
é uma das administradoras. Nossos resultados apontam que, como defendem Barton e
Lee (2015), não é possível pensar de forma dicotômica as relações entre os ambientes
digitais e os analógicos, por conta do fluxo livre na constante mudança da linguagem e
das interfaces estabelecidas entre eventos desses universos. A partir do que sugere
Monte Mor (2017), acerca da sociedade digital e da sociedade da escrita, entendemos
que os dados estudados se inter-relacionam dialogicamente, inclusive apontando para
processos que levam os conhecimentos escolarizados e acadêmicos para fora da sala de
aula e que também legitimam os letramentos utilizados na sociedade tipográfica,
embora a tais processos sejam acrescidos de linguagens outras, mobilizadas para a
construção de sentidos.

Palavras-chave: Letramentos; multimodalidade; escrita criativa.

95
MULTILETRAMENTOS E PROTÓTIPOS DIGITAIS ALIADOS AO
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ANÁLISE DA
FERRAMENTA ELO
Fernanda Victória Cruz Adegas
[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Vinícius Oliveira de Oliveira


[email protected]
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

O desenvolvimento de protótipos digitais para o ensino de línguas tem se fortalecido


como uma agenda de estudos emergentes em Linguística Aplicada (LA). Segundo Rojo
(2013), um protótipo pode ser definido como um material de ensino navegável e
interativo, caracterizado como uma solução intermediária entre as sequências didáticas
e os materiais de ensino produzidos e disponibilizados de forma aberta, sob a
perspectiva dos multiletramentos. Por conseguinte, Rojo (2017a) traz evoluções ao
conceito, de maneira que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação
(TDICs) incorporam o chamado “Paradigma da Aprendizagem Interativa”. No entanto,
no texto de 2017b, Rojo traz uma outra visão para os Protótipos Digitais, os quais
passariam a ter as seguintes particularidades: são armazenados nas nuvens, com acesso
democrático e maior local de armazenamento; são dispostos em ferramentas
colaborativas gratuitas; possuem tecnologias aliadas aos bancos de dados; possuem um
esqueleto, como modelo robusto; contêm hipermídias e multissemioses e, por fim, são
produções multiculturais (ROJO, 2017b). Diante dessa realidade, os protótipos podem
ser encontrados nos mais diferentes sistemas de autoria de materiais didáticos para o
ensino de línguas presentes na web. Tendo isso em vista, o presente estudo consiste em
analisar os protótipos direcionados para o ensino de Língua Portuguesa no sistema de
autoria de materiais ELO (Ensino de Línguas Online), disponível em <
https://elo.pro.br/cloud/>. Para fins de recorte, são analisados os protótipos cujos níveis
de dificuldade são, respectivamente, “fácil”, “médio” e “difícil” e, também, aqueles cuja
avaliação dos usuários da plataforma é integral, com o objetivo de responder se tais
protótipos atendem aos requisitos descritos anteriormente. Como resultados, conclui-se
que foi encontrado o total de três protótipos, os quais são denominados “A letra x”,
“Sintaxe: relação entre os constituintes de orações” e “Poesia Slam”, um de cada nível
supracitado. Desses, os três foram desenvolvidos no Paradigma da Aprendizagem
Interativa, isto é, com o uso colaborativo das TDICs. Por conseguinte, afirma-se que os
três protótipos cumprem os princípios de acesso democrático (nuvens), vasto local de
armazenamento, tecnologias aliadas aos bancos de dados e ferramentas colaborativas.
No entanto, o protótipo “A letra x” faz o menor uso de hipermídias, de multissemioses
e de produções multiculturais e o “Sintaxe: relação entre os constituintes de orações”
deixa lacunas no ponto “multiculturais”. Destarte, frisa-se que o “Poesia Slam” contém
todos os parâmetros descritos acerca de protótipos, sendo, portanto, o mais prototípico
dos exemplos estudados.

Palavras-chave: Mutiletramentos; Protótipos Digitais de Ensino; Língua Portuguesa;


Ensino de Línguas Online – ELO.

96
RESUMOS ACADÊMICOS NA ÁREA DE ARTES: ANÁLISE DE
PERCEPÇÕES E ESTRUTURA RETÓRICA
Wagner Antônio Dinali
[email protected]
Universidade Federal de São João del – Rei

Orientadora: Marília de Carvalho Caetano Oliveira


[email protected]
Universidade Federal de São João del – Rei

Este trabalho objetiva refletir sobre a produção de resumos acadêmicos por estudantes
de um curso de Artes Aplicadas do interior de Minas Gerais, buscando analisar também
as percepções de seus professores sobre esse processo. Para tanto, utilizamos como
aporte teórico os Novos Estudos de Letramento - NEL (LEA; STREET, 1988, 2014) e
alguns fundamentos da Socioretórica (SWALES, 1990), especialmente a estrutura
conhecida como Create a Research Space (MODELO CARS). Tal estrutura pressupõe
movimentos (moves) e passos (steps) retóricos, que oferecem subsídios para o
reconhecimento dos gêneros e das práticas sociais que os envolvem. Em termos
metodológicos, realizamos uma pesquisa qualitativa de cunho interpretativista
(PAIVA, 2019), utilizando como instrumentos de geração de dados o preenchimento
de formulários online, que foi a preferência dos participantes (alunos e professores),
tendo em vista o período de pandemia em que estamos vivemos. Posteriormente, os
alunos também foram apresentados a um artigo científico da área, com finalidade de
produzirem, a partir desse texto, um resumo acadêmico. Houve uma produção intuitiva,
e depois, os alunos produziram o resumo com o auxílio do software AutorIA, tendo por
objetivo verificar se o uso do software influenciaria (positiva ou negativamente) a
escrita de resumos acadêmicos. Os resultados indicam que os estudantes, em sua
maioria, concluíram o ensino básico em escolas públicas e possuem certa experiência
em termos de uso de ferramentas digitais. Diante disso, percebeu-se que muitos alunos
possuem dificuldades na elaboração de um resumo acadêmico e tanto os alunos quanto
os professores julgam que aqueles não estão capacitados para produzirem o gênero em
questão. Porém, tais docentes acreditam na importância do resumo para a formação
universitária por diferentes razões, tais como a possibilidade de auxiliar no exercício
de compreensão e elaboração argumentativa. No que se refere à análise da estrutura
retórica dos resumos, verificou-se que, na segunda versão, houve mais contextualização
da obra, já que mais passos foram registrados. Sendo assim, presumimos que os
resultados desta pesquisa podem contribuir para ações efetivas de ensino e
aprendizagem do gênero resumo acadêmico, bem como para a elaboração de um
software adequado às necessidades dos estudantes desse campo disciplinar.
Palavras-chave: Resumo Acadêmico; Estrutura Retórica; Letramento Acadêmico.

97
DIÁLOGOS ENTRE A BNCC E O ENEM: IMPACTOS DO NOVO
DOCUMENTO CURRICULAR NA ABORDAGEM DA
LITERATURA PELO EXAME

Davi Leonardo Barbosa e Silva


[email protected]
Universidade Federal Rural de Pernambuco

Orientadora: Tatiana Simões Luna


[email protected]
Universidade Federal Rural de Pernambuco

A BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e


progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao
longo de sua formação, além de orientar os currículos nacionais de todas as escolas do
país, da Educação Infantil ao Ensino Médio. Atualmente o ENEM é utilizado como
mecanismo de acesso à educação superior, por meio do Sisu, do ProUni ou do Fies.
Este trabalho tem por objetivo analisar as relações entre a BNCC e o ENEM, e como
aquele documento influencia este exame, no que diz respeito ao eixo da Literatura.
Verificamos as competências e habilidades relativas aos campos de atuação artístico-
literário indicadas na BNCC do Ensino Médio, em comparação às questões de
Literatura da prova da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, apresentadas
nas edições de 2018 a 2020 do Enem, a fim de estabelecer um controle adequado.
Realizamos um levantamento acerca dos escritores, dos gêneros, dos suportes e dos
movimentos literários mais recorrentes, bem como dos tipos de questões: se abordam
a Literatura em inter-relação com outras áreas do conhecimento, se tomam a Literatura
como mero pretexto para abordagem de outros conteúdos ou se tratam da Literatura
propriamente dita. O resultado dessas análises demonstra que autores dos períodos
Modernistas e Contemporâneos são os mais prestigiados pelo Exame, sendo observada
uma relativa superioridade de textos do período Contemporâneo, com destaque para o
Enem de 2020, com 15 questões no total. Além disso, verificamos que o poema e o
conto são os gêneros textuais mais frequentes e que os suportes das questões mais
utilizados foram, respectivamente, o livro e a Internet, sendo a edição de 2020 a que
mais apresentou questões relacionadas aos textos digitais. No geral, o Exame
negligencia aspectos importantes da Literatura, pois permite que muitas questões se
apropriem dos textos literários para tratar de outros conteúdos, a saber: leitura e
compreensão textual ou tópicos gramaticais e linguísticos. Essas “concessões”, feitas
na elaboração, minam e prejudicam a formação literária do aluno, pois nem se trabalha
a leitura literária efetivamente nem se exploram conhecimentos específicos sobre a
Literatura. Apesar de manter os gêneros canônicos como base e ficar restrito a dois
períodos literários, deixando outros em segundo plano, é importante frisar que o Exame
acerta ao permitir que autores fora do cânone tenham suas obras reconhecidas,
principalmente as do eixo afro-brasileiro, tornando-o mais inclusivo e diversificado,
como propõe a BNCC.

Palavras-chave: BNCC; ENEM; Ensino Médio; Literatura.

98
MÍDIAS DIGITAIS E A DEMOCRATIZAÇÃO DOS LETRAMENTOS

Gabriela Manzato
[email protected]
Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Este trabalho relata pesquisa de Iniciação Científica (bolsa FAPIC/Reitoria), que tem
como objetivo estudar relações entre a leitura e a escrita realizadas em/por mídias
digitais e a democratização de práticas de (multi)letramentos. Especificamente, estuda
se textos elencados da plataforma pública e gratuita Wattpad
(https://www.wattpad.com), que permite o acesso e o compartilhamento gratuito da
escrita de ficção amadora. Adotando a perspectiva etnográfica digital para estudar as
relações entre sujeitos, língua(gens) e tecnologias, a pesquisa está fundamentada nos
estudos de Pink et al (2016) para subsidiar metodologicamente o levantamento de
dados. Buscou-se histórias de ficção escritas por pessoas que, na plataforma
supramencionada, se identificam como mulheres, histórias que são igualmente
comentadas por e endereçadas ao público leitor feminino. O trabalho, que é de cunho
interdisciplinar, respalda-se nos estudos dos letramentos (LANKSHEAR; KNOBEL,
2006), em discussões sobre a escrita amadora (VIIRES, 2005; VADDE, 2017), sobre
as relações entre as tecnologias digitais e a democratização de práticas sociais (JONES,
2008) e nos estudos culturais (MEDINA, 2013), a fim de construir percursos entre as
práticas de letramentos na plataforma investigada e a o papel dessas narrativas
amadoras na construção social das identidades femininas contemporâneas. De posse do
corpus levantado, recorreremos às resenhas teóricas para a fundamentação de um
dispositivo de análise que é dedicada à leitura dos resultados encontrados no
mapeamento da plataforma digital. Ao analisar a hashtag “#literaturafeminina” foram
encontradas 1.200 histórias, sendo que 1.119 delas são escritas por pessoas que se
reconhecem como mulheres, 21 por homens e 50 por pessoas cujo gênero não é
apontado. Ademais, ao também observar-se as imagens associadas às histórias que
estão indexados como “#literaturafeminina, notamos que entre elas 200 histórias
protagonizam imagens de casais heteronormativos e cerca de 100 possuem homens
brancos. Portanto, percebe-se que apesar da plataforma dar oportunidades para que a
leitura e a escrita amadora sejam disseminadas, os dados apontam que, nas histórias
observadas, há um índice excludente em relação a outras comunidades também menos
visibilizadas, como negros, indígenas e a comunidade LGBTQI+. Neste sentido, a ideia
de que há “democratização” de práticas letradas, pode ser colocada em teste, pois ao
mesmo tempo em que possibilita o surgimento e a divulgação de trabalhos amadores,
as histórias podem ser veículo para a reafirmação, a consolidação e a manutenção de
discursos heteronormativos, machistas e conservadores.

Palavras-chave: Letramentos; Mídias Digitais; Escrita Amadora; Etnografia Digital.

99
PRÁTICAS COLABORATIVAS DE ESCRITA EM UM
AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ONLINE DO SCHOLAR

Lara Nantes Antonio Filomeno Mantovani


[email protected]
Universidade Estadual de Campinas

O projeto visa analisar as affordances do Scholar, uma plataforma digital de


aprendizagem online para trocas de conhecimento social, desenvolvida a partir de
pesquisas na Universidade de Illinois, EUA, e que foi utilizada em uma disciplina de
graduação na Universidade Estadual de Campinas nos anos de 2018 e 2019. Essas
affordances se constituem como uma agenda para repensar o processo de ensino-
aprendizagem, que partem de sete princípios relacionados à ideia de e-learning:
aprendizagem ubíqua, feedback recursivo, significado multimodal, construção de
significado ativo, inteligência colaborativa, metacognição e aprendizagem diferenciada.
Neste sentido, o projeto busca estudar, com base em uma pesquisa documental online,
especificamente como essas affordances possibilitam práticas colaborativas de escrita
por meio de uma ferramenta específica de interação multimodal no Scholar. Em sua
primeira fase, a pesquisa se deu por meio de um levantamento bibliográfico a respeito
da temática do projeto. Em seguida, realizou-se uma pesquisa documental online, que
envolveu observação, coleta e análise das interações por escrito entre os alunos de uma
disciplina de graduação da Unicamp em um ambiente específico do Scholar nos anos
de 2018 e 2019. Como a pesquisadora deste projeto fez parte do Programa de Apoio à
Docência (PAD) da Unicamp, já fez parte de suas atribuições acompanhar todos os
procedimentos relativos à disciplina em questão, incluindo a plataforma Scholar, que
foi usada como ambiente de interação dos alunos durante as aulas. Ao estudar a
plataforma Scholar, evidencia-se ainda mais o desenvolvimento de ruptura,
deslocamento e novo olhar proporcionado pelo novo ethos e pela multidirecionalidade,
que reformulam as estruturas de sala de aula sobretudo no ambiente digital, as interações
entre professor-aluno e aluno-aluno, e as práticas colaborativas de escrita no espaço
online. Nesse sentido, as sete affordances, discutidas separadamente, podem ser vistas,
em muitos momentos, mescladas, híbridas, o que aponta para esse processo de
necessidade e inovação da escola ao tentar inserir as tecnologias mais modernas,
sobretudo em um momento de pandemia.

Palavras-chave: Práticas colaborativas de escrita; affordances; e-learning, graduação.

100
DIÁLOGOS ENTRE A BNCC E O ENEM: IMPACTOS DO
NOVO DOCUMENTO CURRICULAR NA ABORDAGEM
DA LÍNGUA PORTUGUESA

Lúrian Regina Muniz Coutinho


[email protected]
Universidade Federal Rural de Pernambuco

A Base Nacional Curricular Comum (doravante, BNCC), conforme definido na Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), é um documento
pelo qual se devem nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades
Federativas e também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas
de Educação infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A Base
estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os
estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Nosso trabalho tem por
objetivo analisar as relações entre a influência do currículo estabelecido pela BNCC do
Ensino Médio para Língua Portuguesa e a abordagem dada a essa disciplina pelo Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM), no que tange ao eixo dos conhecimentos
linguísticos e da leitura. Para tal, respaldamo-nos nos estudos de Luna e Marcuschi
(2017), de Geraldi (2015), de Saviani (2017). Tomamos como elemento de análise as
provas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, das 2018, 2019 e 2020 do
ENEM. Analisamos os seguintes aspectos das questões das provas: o eixo da linguagem,
o objeto de conhecimento, o gênero e o suporte do texto em pauta. A disciplina de
Língua Portuguesa tem maior presença, sobressaindo-se as questões que realizam a
abordagem da leitura em relação às que tratam de conhecimentos linguísticos. Quanto
aos gêneros, encontramos menor correlação entre os documentos, pois o ENEM
raramente aborda os novos gêneros, especialmente os digitais, que, em decorrência dos
multiletramentos, ganham bastante destaque na BNCC. Além disso, notamos que a
prova do ENEM tem um desequilíbrio na distribuição de conteúdo nas questões da área
de Linguagens, tendo em vista que a Língua Portuguesa e o eixo da leitura são mais
recorrentes na prova. No que se refere a esse eixo, a maioria das questões exploram
estratégias cognitivas de compreensão, especialmente a inferência global, mas não
focam a apreciação crítica dos discursos, como defende a Base. No âmbito dos
conhecimentos linguísticos, predominam tópicos como variação linguística e funções
da linguagem, sendo que este conteúdo não é indicado na BNCC. Um aspecto positivo
do ENEM, relativo a esse eixo, é que pouco explora nomenclaturas e novos conteúdos
de gramática tradicional, previstos naquele documento. Verificamos, portanto,
incongruências entre o documento e o exame, o que pode dificultar a apropriação de
ambos pelos docentes de Língua Portuguesa.

Palavras chave: Base Nacional Curricular Comum; Linguística; Gênero; Exame


Nacional do Ensino Médio .

101
OS MULTILETRAMENTOS NAS AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA DE ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO
SOB A VISÃO DO PROFESSOR

Rodrigo Ramalho Souza


[email protected]
Instituto Federal de São Paulo – Câmpus Salto

Joana de São Pedro Inocente


[email protected]
Instituto Federal de São Paulo – Câmpus Salto

No presente trabalho apresentaremos os resultados parciais do nosso projeto de


pesquisa, cujo objetivo é entender a existência de espaço para uma abordagem voltada
para os Multiletramentos nas aulas de língua portuguesa no ensino médio integrado ao
técnico, sob a visão do professor que atua cotidianamente na escola. Nesse sentido,
temos como base a definição de Rojo (2012) de Multiletramento, que é composta por
duas facetas: a multiplicidade das práticas de letramentos, ou seja, a multiplicidade de
linguagens, semioses e mídias envolvidas na criação de significação dos textos
multimodais contemporâneos; e pluralidade cultural, isto é, diferentes culturas
vivenciam essas práticas também de formas diferentes. Para que o objetivo seja
alcançado, desenvolveremos uma pesquisa de campo no Instituto Federal de São Paulo
(IFSP) – câmpus Salto, dividida em duas fases. Na primeira fase, como instrumento
para coleta de dados, realizaremos entrevistas semiestruturadas sobre o uso da
Pedagogia dos Multiletramentos nas aulas de língua portuguesa do ensino médio
integrado técnico do IFSP, sendo entrevistados no mínimo dois professores. Nessa fase,
buscaremos entender a visão dos entrevistados sobre o assunto, as abordagens que
realizam em sala de aula que se relacionam com a Pedagogia dos Multiletramentos,
assim como as avenças e desavenças entre a teoria e a prática. Já na segunda fase,
desenvolveremos um plano de aulas baseado nas entrevistas e nas fases da Pedagogia
dos Multiletramentos proposta pelo grupo Nova Londres (a prática situada, a instrução
aberta, enquadramento crítico e prática transformada – NLG, 1996). Em seguida,
apresentaremos esse plano aos professores entrevistados anteriormente para que deem
suas opiniões sobre a viabilidade da proposta e como ela pode ser mais bem aplicada à
realidade. Por fim, analisaremos as respostas obtidas no confronto com as teorias da
Pedagogia dos Multiletramentos. Esperamos que, com os resultados, possamos ter uma
percepção mais clara de uma abordagem voltada para os Multiletramentos nas aulas de
língua portuguesa, auxiliando tanto os professores que atuam cotidianamente na sala
de aula, quanto os professores em formação no curso de Letras. Ainda, esperamos que
esses resultados possam ser base para o desenvolvimento de materiais didáticos
inovadores em um projeto futuro.

Palavras-chave: Multiletramentos; multissemiose; português; professor.

102
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
PARA USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS

Armando de Vitta Santos


[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

Sofia Macri
[email protected]
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP

Com a adesão emergencial ao ensino remoto, tornou-se essencial o uso de tecnologias


digitais, as quais são, em muitos casos, desconhecidas pelos professores que planejam
suas aulas presenciais sem, normalmente, fazer uso de tais recursos. Neste cenário,
sustenta-se que transferir e transpor práticas metodológicas e pedagógicas do ensino
presencial ao remoto digital não é um processo fácil, portanto, a simples adesão ao
ambiente digital não significa adaptação daquelas práticas (OLIVEIRA; CORRÊA;
MORÉS, 2020). Portanto, o uso e o ensino de ferramenta digitais e das demais
tecnologias deve ser direcionado de maneira que os professores obtenham
conhecimento significativo, para que possam, efetivamente, dinamizar o espaço virtual
e aperfeiçoar suas habilidades pedagógicas; assim, tornando a aula mais interativa e
produtiva (BARROS; CARVALHO, 2011). Partindo dessa perspectiva, neste trabalho,
pretende-se descrever um programa desenvolvido para professores do Ensino
Fundamental e Médio sobre o uso de ferramentas digitais e sobre a forma como elas
podem auxiliar suas práticas docentes. Os dados foram coletados no Projeto Treffpunkt
— em andamento —, desenvolvido com o apoio da FAPESP e junto à uma escola
estadual do ensino básico. A equipe do projeto oferece, aos alunos, aulas de língua e
cultura alemã e, aos professores, Workshops semanais, visando apresentar e promover
debates sobre ferramentas digitais, levando em consideração suas possíveis funções em
sala de aula, o que se faz de grande importância para este trabalho. Há ainda uma lógica
determinada para a categorização, que apesar de não muito complexa, faz com que haja
uma compreensão gradual do uso de tecnologias, desde a organização e armazenamento
de documentos até a criação de jogos e cartazes. Apoiando-se em um ponto de vista
qualitativo, os dados que serão apresentados foram coletados a partir de diários
reflexivos dos docentes do programa, da descrição das atividades e dos comentários e
feedbacks dos professores participantes dos encontros.

Palavras-chave: formação de professores; ferramentas digitais; Workshops

103
OFICINAS HÍBRIDAS: REFLEXÕES E DESAFIOS PARA SE
ROMPER O MÉTODO TRADICIONAL DE ENSINO, UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA
Izabel Cristina Barbosa de Oliveira
[email protected]
Instituto Federal de Alagoas

O ensino híbrido, ou blended learning, é compreendido como a mistura entre momento


presenciais e virtuais (NASCIMENTO e PADILHA, 2020). Essa modalidade de ensino
vem sendo bastante discutida e empregada, aos poucos, nas diversas instituições
educacionais. Entretanto, mesmo na implantação de um ambiente virtual de
aprendizagem (AVA), que oferece outros recursos para o desenvolvimento do processo
de ensino-aprendizagem, observar-se uma relutância, tanto por parte dos docentes, ao
que se refere a mudar sua práxis, principalmente com relação ao manuseio do AVA;
quanto por parte dos discentes, que continuam esperando os conteúdos serem expostos
nos moldes tradicionais. Com a ampliação dos recursos metodológicos existentes
atualmente, devemos repensar a prática docente de maneira a possibilitar a autonomia
do estudante, e cada vez mais, o seu protagonismo. Indubitavelmente, ainda é
necessário todo um investimento referente à formação inicial e continuada dos
professores, a fim de atender as novas demandas educacionais (NETA e
CAPUCHINHO, 2017), especialmente, as que estão diretamente ligadas ao uso das
tecnologias digitais voltados para a educação. Por outro lado, a formação inicial do
discente deve promover maior autonomia e contato com as tecnologias digitais da
informação e comunicação (TDICs), a fim de romper com os paradigmas tradicionais
de ensino que ainda se perpetuam, e suscitar o interesse pelo uso pedagógico dessas
ferramentas no contexto educacional. Nesse contexto, aproveitou-se a possibilidade de
acompanhar duas oficinas híbridas ofertadas durante a 32º Semana de Letras de uma
instituição pública de ensino superior no ano de 2020. Nesse prisma, há, inicialmente,
uma quebra de paradigmas na forma de se ofertar e participar de oficinas em eventos
acadêmicos, o que nos aguça a curiosidade, uma vez que o uso das tecnologias amplia
as possibilidades de trazer materiais importantes e atualizados para o grupo e nos
comunicar com outros (MORAN, 2015), envolvendo-se de maneira mais autônoma e
colaborativa. Esse trabalho teve por objetivos: observar duas oficinas híbridas ofertadas
por uma universidade pública; analisar como foram criados os ambientes virtuais dessas
oficinas; e, refletir como se efetivou a participação dos inscritos no ambiente virtual.
Como resultados, verificou-se que as oficinas foram divididas em dois momentos
distintos, um expositivo e outro no ambiente virtual; os ambientes foram criados de
maneira a indicar materiais e promover a participação reflexiva dos inscritos; dos 30
inscritos, porém, nenhum efetuou as atividades sugeridas, não cooperando no painel
colaborativo proposto, nem respondendo e debatendo o questionário sobre as sugestões
de ensino de textos literários.

Palavras-chave: ensino híbrido; práxis docente; formação inicial; TDICs.

104
A MULTISSEMIOSE E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:
UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA
Poliana Soares da Silva
[email protected]
Universidade Federal de Pernambuco

O presente artigo tem por objetivo promover uma reflexão sobre a importância do
trabalho com a multissemiose no ensino de leitura nas aulas de língua portuguesa para
a promoção dos multiletramentos. Atualmente, a sociedade encontra-se permeada pelos
mais diversos gêneros multisemióticos. Ler, hoje, tornou-se uma tarefa mais complexa
que há décadas passadas, pelo fato de muitos gêneros textuais, que tinham sua estrutura
preenchida simplesmente com a linguagem verbal, passarem a aderir outras linguagens
para o seu corpo textual. Logo, na época atual, no ato de ler, não deve-se levar em
consideração meramente a linguagem verbal em detrimento das outras, mas a harmonia
entre as linguagens que compõem o texto como um todo. Porque, sem isso, a leitura e,
consequentemente, o processo de compreensão sofrem prejuízos significativos na
construção de um sentido tido como válido. Em vista disso, a escola enquanto agência
de letramentos e o professor de português, ocupando o papel de agente de letramento,
devem abordar, no meio escolar, as multissemioses no trabalho com o eixo de leitura,
trabalhando com uma diversidade de gêneros textuais multissemióticos que façam parte
do dia a dia do alunado. Isso é importante para possibilitar o desenvolvimento das
habilidades e competências de leitura dos discentes, essas tão necessárias para o
favorecimento da atuação dos educandos em eventos de letramento importantes para a
sua participação no meio social. Desse modo, a leitura é vista como uma atividade
crítico-reflexiva e, sobretudo, social. Além disso, a partir desse processo, a relação
escola-sociedade é estreitada e, ao passo que isso ocorre, o ensino-aprendizagem
oferecido no meio escolar torna-se muito mais significativo para o alunado. Para esse
propósito, o presente trabalho tem seu referencial teórico fundamentado em: Rojo e
Moura (2012 - 2019); Rojo (2009); Marcuschi (2008); Kleiman (1989 - 2005); Geraldi
(1984 - 2015); Antunes (2003); Koch e Elias (2006); Freire (1981 - 1997).

Palavras-chave: Multissemiose; Multiletramentos; Ensino; Leitura.

105
A VIVÊNCIA DA PRÁTICA PROFISSIONAL:
DIALOGICIDADE ENTRE TEORIA E PRÁTICA SOB A
ÓTICA DOS
MULTILETRAMENTOS
Amanda Ariani F. da Silva
[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Cristiane Barbalho Gaio


[email protected]
Colégio Pedro II- campus Engenho Novo II

Marcella Pereira
[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mônica Santos
[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Sérgio Luiz Aguilar


[email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro

O trabalho tem como objetivo apresentar planos de aulas e compartilhar experiências


de regências por alunos bolsistas do PIBID/UFRJ 2020 em turmas de 2º e 3º anos do
PROEJA do Colégio Pedro II (Campus Engenho Novo), durante o ano letivo de 2020,
realizado no primeiro semestre de 2021, de forma remota, por meio de atividades
síncronas, através da plataforma google meet. Durante o processo, discutiu-se a
importância de que professores em formação conheçam e desenvolvam estratégias
pedagógicas que contemplem as experiências culturais dos alunos e as múltiplas
linguagens através das quais os estudantes vivenciam suas práticas sociais e
comunicativas. Além disso, abordou-se também a necessidade de compreender o plano
de aula como uma etapa essencial para que se tenha êxito no processo de
ensino/aprendizagem, pois acreditamos que quando os saberes vivenciados são
respeitados e a prática caminha em direção ao que Paulo Freire chama de "Nova
Qualidade", conseguimos acolher democraticamente os alunos. Tendo em vista que a
atuação na docência jamais deve se estabelecer em uma relação dicotômica entre teoria
e prática, desde o início do processo, buscou-se embasamento teórico em Marcuschi
(2008), que concebe o texto na sua relação social e interacional entre os sujeitos no
processo comunicativo com um princípio de intersubjetividade e na de gêneros textuais,
que são criados a partir de uma necessidade comunicativa. Além disso, em Alves
(2015), Oliveira & Silva (2021), Rojo (2021) e Santo (2021), nas discussões sobre
multiletramento, que busca o trabalho com diferentes semioses, as quais se juntam para
106
a construção de sentidos, a fim de desenvolver a leitura e compreensão de textos
sobretudo multimodais, principalmente dos que emanam nas mídias sociais,
intensificados neste momento pandêmico. Para além do desenvolvimento das
competências linguísticas, pretendeu-se abordar questões como: o papel social da
linguagem e a formação de agentes capazes de ler e interpretar textos multimodais,
(re)significando o saber através da reflexão do educando.

Palavras-chave: Ensino; Multiletramento; PROEJA; PIBID.

107
108

Você também pode gostar