Ensaio Filosofico Racismo

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Ensaio filosófico:

Titulo: Será o racismo justificável?

Um aspeto que acho importante mencionar são os vários conceitos de “raça” e “racismo”.
Denomina-se raça o conjunto das características hereditárias comuns morfológicas e
anatómicas que, dentro de uma espécie, distinguem uma variedade particular. Segundo a
opinião de dicionaristas, o termo raça aplica-se a animais e só por analogia a pessoas.
Concordavam, contudo, que “ter raça”, em alusão a um determinado grupo étnico, significava
ter “sangue infetado”, ou seja, ser descendente de judeus, mouros ou negros. O significado
desta expressão tem haver com a história, desde por volta de 700 d. C, os escravos eram
vendidos e usados. Durante os séculos X a XV, no Norte de África, o comércio de escravos
foi largamente praticado.

A definição aristotélica do “homem” como animal racional conformou a base filosófica para
o racismo no Ocidente. Para poder ser qualificado como ser humano, era necessário ser
racional. O colonizador encontrou no colonizado uma surpreendente semelhança de certos
traços fisiológicos. Ao mesmo tempo, havia diferenças físicas discerníveis e inegáveis. Estas
foram utilizadas como razão para excluir o colonizado da categoria de ser humano. Declarou-
se que os colonizados não eram, e nunca haviam sido, seres humanos porque careciam de
racionalidade. Nem a razão, nem a racionalidade formavam parte de sua natureza, ainda que
se mostrassem como seres humanos na aparência. O selo do racismo, portanto, é a afirmação
de que outros animais de aparência humana não são verdadeiros e completamente humanos.
Isso preparou o caminho para a colonização, subjugação, opressão e escravização dos
colonizados, que se estendeu durante séculos, devido à impossibilidade de oporem a esta
prática. Consequência da inexistência uma resposta eficaz, pois não tinham meios bélicos
para se defenderem nem nenhum sistema de proteção tornando-os vulneráveis perante
semelhantes ataques. Os colonizados padeceram uma história de humilhação e
desumanização.

Atualmente, o termo raça desapareceu e foi substituído por etnia para evitar o racismo. A
própria expressão apresenta uma certa contaminação.

As ideias racistas procuram uma causa científica no século XIX, sobretudo com Gobineau.
Foi diplomata, escritor e filósofo francês que tratou da diluição (e eventual morte) das
culturas pela miscigenação, ou seja, "anarquia étnica", havendo a divisão entre raças
superiores e inferiores.

Porém, no século XX, é na Alemanha onde as ideias racistas se conseguem concretizar, sob o
regime nazista. Os nazistas começaram a colocar a sua ideologia em prática com o apoio dos
cientistas alemães que acreditavam que a raça humana poderia ser aperfeiçoada através do
impedimento da reprodução de indivíduos por eles considerados “inferiores”, dando origem
ao genocídio.

Após a contextualização histórica do racismo, iremos basearmo-nos em dois autores, a favor


do racismo, nomeadamente Kant e Platão.

Platão (séc.IV a V a. C. ) e Kant ( séc.XVIII a XIX ) defendiam que uns nasceram para
mandar e outros para serem mandados, neste caso os negros para obedecer e os brancos para
mandar, através de um argumento naturalista. Sendo assim, o racismo é justificável para estes
filósofos. Kant aborda claramente uma visão da humanidade que tem os europeus como os
“condutores” do género humano (que, pela a sua própria “natureza” seriam destinados a tal
posição), e aos nativos dos territórios colonizados como os “selvagens”, “irreflexivos”,
“preguiçosos” e incapazes de possuir uma autonomia completa.

Uma ideia de Kant é apresentada como a “sociabilidade insociável” inerente ao ser humano
onde o homem quer concórdia; mas a natureza sabe melhor o que é bom para a sua espécie, e
quer discórdia.

Apesar destes argumentos a favor do racismo, o racismo não é justificável. Para apoiar esta
tese iremos dar alguns argumentos sustentados nas pessoas emblemáticas Nelson Mandela e
Luther King.

Nelson Mandela foi presidente da África do Sul. Foi o líder do movimento contra o
Apartheid. Apartheid é a legislação que segregava os negros no país. Condenado à prisão
perpétua, foi libertado após 27 anos, depois de grande pressão internacional. Recebeu o
“Prémio Nobel da Paz”, em dezembro de 1993. Destacando uma frase de Nelson Mandela,
quando saiu da prisão:“Tenho lutado contra a dominação branca e tenho lutado contra a
dominação negra. Defendo o ideal de uma sociedade livre e democrática onde as pessoas
vivam em harmonia, com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual desejo viver e atingir.
Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.

A partir desta frase podemos objetar contra o argumento dado a favor do racismo, pois nós
nascemos iguais. Quando nascemos não escolhemos a nossa cor e etnia. Então devemos ter
todos os mesmos direitos e oportunidades para sermos uma sociedade livre e justa.

“Eu tenho um sonho. O sonho de ver os meus filhos julgados pela sua personalidade, não pela
a cor da sua pele.” Luther King

Outros argumentos contra o racismo são:

 Um indiano, um africano e um asiático têm características comuns. Não é a raça ou


etnia que diferencia os seres humanos.
 Quais são as características hereditárias nos permitem distinguir raças superiores de
inferiores? Não há uma explicação científica suficiente.
 A mestiçagem é o encontro entre etnias. Logo, não há forma de saber se um mestiço
pertence à raça superior ou inferior?

Antes de terminar gostaria de citar o Artigo I – “Todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação
uns aos outros com espírito de fraternidade” (Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Logo o racismo não é justificável.

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