Manejo Do Déficit Hídrico Com Substâncias Bioestimulantes Na Cultura Da Soja

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Manejo do déficit hídrico com substâncias bioestimulantes na

cultura da soja

Wendson Soares da Silva Cavalcante1; Nelmício Furtado da Silva2; Marconi


Batista Teixeira3; Fernando Rezende Corrêa4; Fernando Rodrigues Cabral
Filho5; Luiz Fernando Gomes6; Paulo Eustáquio Rezende Nascimento7

¹ Acadêmico do Curso de Agronomia, UniBRÁS - Faculdade Rio Verde, Rio Verde/GO. E-mail:
[email protected]
² UniBRÁS - Faculdade Rio Verde, Rio Verde/GO. E-mail: [email protected]
³ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde/GO (IF
GOIANO), Rio Verde/GO. E-mail: [email protected]
4
UniBRÁS - Faculdade Rio Verde, Rio Verde/GO. E-mail: [email protected]
5
UniBRÁS - Faculdade Rio Verde, Rio Verde/GO. E-mail: [email protected]
6
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde/GO (IF
GOIANO), Rio Verde/GO. E-mail: [email protected]
7
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde/GO (IF
GOIANO), Rio Verde/GO. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

A soja (Glycine max (L) Merril) é uma planta pertencente à família das
Fabaceaes, e possui grande relevância no cenário econômico, haja em vista que é
cultivada em grande escala no Brasil e no mundo. Mundialmente o Brasil é o segundo
maior produtor de grãos de soja (Conab, 2020). A produtividade, eficiência e a
lucratividade são aspectos de maiores relevâncias, além de sempre buscar processos
produtivos sustentáveis. Sua produtividade considerando sua capacidade genética é
elevada, porém seu rendimento é altamente dependente de fatores climáticos, incluindo
a temperatura e a precipitação. As altas produções são limitadas pela disponibilidade
de nutrientes associada aos fatores climáticos (Dourado Neto et al., 2012).
Os bioestimulantes são definidos como mistura de dois ou mais reguladores
vegetais com outras substâncias (aminoácidos, nutrientes e vitaminas), extratos
vegetais, compostos contendo ácidos húmicos e fúlvicos e fitormônios (auxinas,
citocininas, giberelinas) (Silva et al., 2008). Os bioestimulantes são uma opção viável
para mitigar os efeitos fisiológicos negativos do estresse hídrico em plantas, além de
ajudar a planta a manter os processos fisiológicos (Aroca, 2012; Chojnacka et al., 2015),
com uma rápida recuperação após a superação do estresse hídrico (Pallardy, 2008). O
uso de bioestimulantes, antes e durante o estresse, pode ajudar a mitigar efeitos nocivos
das adversidades climáticas (Sanches, 2000).
Partindo da hipótese de que bioestimulantes a base de macronutrientes,
micronutrientes, aminoácidos, extratos vegetais e outras substâncias e complexos
naturais, aplicados no momento específico promove efeito no crescimento,
desenvolvimento e produtividade. Objetivou-se com o presente estudo avaliar as
características fisiológicas e a produtividade de grãos da soja submetida a aplicação de
diferentes bioestimulantes a base de macronutrientes, micronutrientes, aminoácidos,
extratos vegetais e outras substâncias e complexos naturais, aplicadas de forma isolada
e em associação nas condições edafoclimáticas da região do cerrado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão


(FEPE) da UniBRÁS - Faculdade Rio Verde, Rio Verde - GO, na seguinte localização
geográfica: 17°44'59.22"S e 50°55'56.78"O, com 765 m de altitude. O solo da área
experimental é classificado como Latossolo Vermelho distróferrico (LVdf). Foi utilizada
a variedade de soja BMX FLECHA 6266 RSF IPRO, semeada em 12 de outubro de
2018, semeada em sistema de plantio convencional, no preparo do solo foi feito uma
subsolagem e duas nivelações.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com quatro
repetições, sendo que as parcelas experimentais foram constituídas de 4,0 fileiras
espaçadas em 0,5 m e 5,0 m de comprimento com bordaduras de 1,0 m entre parcelas
e 0,5 m entre blocos. Nos tratamentos foram testados 5 bioestimulantes isoladamente
e combinados entre si: T1) Aminoácidos; T2) Extrato de Alga; T3) Ácidos fúlvicos; T4)
Fitohormônios; T5) Nutrientes; T6) Extrato de Alga + Ácidos Fúlvicos; T7) Aminoácidos

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+ Extrato de Alga + Nutrientes; T8) Aminoácidos + Extrato de Alga + Ácido Fúlvicos; T9)
Aminoácidos + Ácidos Fúlvicos + Nutrientes e Controle.
As aplicações dos bioestimulantes foliares foram feitas utilizando um
pulverizador costal com pressurização por CO 2 munido de barra de 2 m, contendo quatro
pontas de pulverização do tipo TT 110.02 (0,45 m entre pontas), aplicando volume de
calda equivalente a 100 L ha -1.
As variáveis biométricas foram determinadas com auxílio de fita métrica. Os
dados fisiológicos foram obtidos de 4 plantas por parcela experimental, totalizando 16
plantas por tratamento a cada avaliação. Para determinação do potencial hídrico (ΨW),
foi medido após o início do tratamento por meio de uma câmara de pressão do tipo
Scholander (Modelo 3005-1412, Soilmoisture Equipment Corp, Goleta – USA). Para
determinação indireta dos teores de clorofila foi utilizado o medidor de clorofila do tipo
ClorofiLOG1030®, modelo CFL1030 (Falker®, Porto Alegre, Brasil).
No final do ciclo, os experimentos foram dessecados e quantificados a massa de
100 grãos e produtividade de grãos. A produtividade de grãos foi determinada, colhendo
e trilhando as plantas de uma área de 2 m 2 central de cada parcela experimental,
totalizando 8 m2 por tratamento.
Os dados biométricos e fisiológicos, foram submetidos a análise de variância
(p<0,05) e os casos de significância foram submetidos ao teste de média (Tukey
p<0,05), utilizando o software estatístico SISVAR (Ferreira, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos diferentes tratamentos, observa-se que as variáveis altura de planta (AP),


número de nó (NN) e número de grãos (NG) foram significativas em função dos
tratamentos, já a variável número de vagem (NV) não apresentou efeito significativo em
função dos tratamentos. Todos os tratamentos obtiveram aumentos de altura de planta
(AP), número de nó (NN) e número de grãos (NG) superiores aos observados no
tratamento controle, sendo observados aumentos de 20% na AP, 36,89% no NN em
relação ao controle, os maiores valores de número de grãos (NG) foram observados no
tratamentos (T8), apresentando aumento médio de 36,63% em relação ao tratamento
controle, porém os resultados não diferem dos tratamentos (T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7
e T9) e esses por sua vez não diferem do controle, apresentando aumentos médios de
15,06% em relação ao tratamento controle (Tabela 1).

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As variáveis clorofila a (Cl a), clorofila b (Cl b) e clorofila total (Cl t) foram
significativas em função dos tratamentos (Tabela 2). Houve uma maior concentração de
clorofila a (Cl a), clorofila b (Cl b) e clorofila total (Cl t) em relação ao tratamento controle,
sendo observados aumentos de 5,70% na Cl a, 11,65% na Cl b e 6,60% na Cl t em
relação ao controle. O teor de clorofila reflete a qualidade foliar das plantas e como
consequência do aumento desta característica, ocorre maior taxa fotossintética,
portanto estando diretamente relacionado com o crescimento e a produtividade das
plantas (Pelissari, 2012).
Os bioestimulantes conferem as plantas uma maior capacidade de tolerância a
estresse abióticos, além de aumentar o teor de clorofilas das folhas o que leva a planta
a ter uma maior atividade fotossintética (Gutiérrez‐Gamboa et al., 2019).
A variável potencial hídrico (Ψw) foi significativa em função dos tratamentos
(Figura 1). Todos os tratamentos obtiveram aumentos de potencial hídrico (ΨW), os
maiores valores foram observados nos tratamentos (T5 e T6), apresentando aumentos
médios respectivos de 67,61%; 74,28% em relação ao tratamento controle, porém os
resultados não diferem dos tratamentos (T1, T3, T4, T7, T8 e T9) apresentando aumento
médio respectivos 40,00%; 58,09%; 40,00%; 54,28%; 40,95%; 59,04% em relação ao
tratamento controle os quais não diferem do tratamento (T2) e esse por sua vez não
difere do controle, porém apresenta um aumento superior de 24,76% em relação ao
tratamento controle (Figura 1), mostrando a importância do uso de bioestimulantes como
estratégia de manejo para enfrentar condições de déficit hídrico no campo, condições
enfrentadas na maioria das áreas cultivadas mesmo em condições de cultivo no período
chuvoso devido a ocorrência de veranicos, além da eficiência dos tratamentos contendo
os bioestimulantes no diferencial de potencial hídrico, ajustamento osmótico,
promovendo maior capacidade de absorver água, reter água, manter a turgidez e
continuar crescendo, contribuindo para formação de plantas vigorosas e com maior
capacidade de suportar um período de déficit hídrico que pode ocorrer, trazendo
prejuízos irreversíveis (Ferrari et al., 2015).
Silva et al. (2009) constataram que quando aplicaram o produto durante o
período de floração e pós-floração, houve aumento no número de vagens por planta,
porém, que não refletiu em aumento da produtividade de grãos. Ricce et al. (2011)
verificaram que o estresse pode causar um menor enchimento de grãos e,
consequentemente, uma menor massa de mil grãos, também relataram que sob alguma

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condição de restrição nos estádios finais de enchimento de grãos da soja, ocasionaram
menor produtividade de grãos de soja.
Os maiores valores de produtividade de grãos (PG) (Tabela 3), foram
observados nos tratamentos T2; T3 e T7 com aumentos médios respectivos de 20,50%;
22,05%; 27,55% em relação ao tratamento controle, porém os resultados não diferem
dos tratamentos T1; T4; T5; T6; T8 e T9 e esse por sua vez não difere do controle
(Tabela 3).
Nos tratamentos T1; T2; T3; T4; T5; T6; T7; T8 e T9, observa-se que houve
aumento médio respectivos de 13,48%; 13,59%; 23,87%; 19,66%; 21,29%; 23,37%;
18,87%; 19,21% e 24,60% da massa de 100 grãos (M100G) quando comparados ao
tratamento controle, mostrando a eficiência dos tratamentos contendo bioestimulantes
na estruturação de uma planta na fase reprodutiva com maior capacidade de investir
em estruturas reprodutivas e consequentemente maior PG de soja (Tabela 3).
Os bioestimulantes além de serem promotores de crescimento (Zhang &
Schimidt, 2000), estão intimamente relacionada aos mecanismos fisiológicos do
estresse (Vilanova, 2010; Gutiérrez‐Gamboa et al., 2019), além de manter o status
nutricional equilibrado da planta o que se reflete em uma maior tolerância a estresses
provocados por fatores bióticos e abióticos, caracterizada pela indução de resistência
sistêmica na planta. Além disso, ajudam na proteção da planta (Vilanova et al., 2009;
Gutiérrez‐Gamboa et al., 2019).

CONCLUSÃO

Os bioestimulantes promoveram efeitos significativos nas variáveis biométricas,


fisiológicas e na produtividade, com diferenças significativas expressivas em relação ao
tratamento controle.
Os bioestimulantes mostram-se promissores no manejo do déficit hídrico, além
de promover uma maior capacidade de mitigar os efeitos negativos do déficit hídrico.
O uso de bioestimulantes promoveram aumentos biométricos, fisiológicos e de
produtividade expressivos na cultura da soja, além de promover uma maior proteção à
planta.

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REFERÊNCIAS

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PALLARDY, S. G. Physiology of woody plants. 3th ed. Oxford: Elsevier, p.454, 2008.

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1344-1349, 2000.

AGRADECIMENTOS:
Os autores agradecem a AGIRTEC – Soluções de Precisão; MRE –
Agropesquisa; TECNO – Nutrição Vegetal; CORRÊA – Weed Science; GPAC – Grupo
de Pesquisa em Agricultura no Cerrado; IF GOIANO CAMPUS RIO VERDE – Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano; Programa Institucional de Iniciação
Científica da UniBRÁS – Faculdade Rio Verde/GO; III COMSOJA.

III COMSOJA, 13 de julho de 2020, Santa Maria/RS


FIGURAS E TABELAS

Tabela 1. Médias de altura de planta (AP), número de nó (NN), número de vagem (NV) e número
de grão (NG) nos diferentes Tratamentos
Médias
Tratamentos
AP NN NV NG
m ad ad ad
1 0,87 a 15,16 ab 34,66 87,66 ab
2 0,88 a 15,50 ab 34,66 86,83 ab
3 0,89 a 15,16 ab 39,00 83,55 ab
4 0,88 a 14,66 b 35,66 87,33 ab
5 0,91 a 15,83 ab 36,16 88,16 ab
6 0,93 a 16,16 ab 48,33 99,16 ab
7 0,90 a 15,33 ab 33,33 84,66 ab
8 0,92 a 16,66 a 41,50 105,66 a
9 0,92 a 15,16 ab 34,33 94,50 ab
Controle 0,75 b 11,33 c 31,33 77,33 b
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si segundo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

Tabela 2. Médias de clorofila a (Cl a), clorofila b (Cl b) e clorofila total (Cl t) nos diferentes
tratamentos
Médias
Tratamentos
Cl a Cl b Cl t
ad ad ad
1 44,16 a 12,05 a 56,21 a
2 44,17 a 12,22 a 56,40 a
3 44,42 a 12,22 a 56,63 a
4 44,55 a 11,94 a 56,49 a
5 43,97 a 11,81 a 55,78 a
6 44,51 a 12,04 a 56,55 a
7 44,21 a 11,80 a 56,02 a
8 44,53 a 12,29 a 56,82 a
9 44,86 a 12,26 a 57,12 a
Controle 41,98 b 10,81 b 52,95 b
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si segundo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

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Tabela 3. Médias da produtividade de grãos (PG) e massa de 100 grãos (M100G).
Médias
Tratamentos
PG M100G
-1
Kg ha g
1 3943,23 ab 20,20 a
2 4002,30 a 20,22 a
3 4053,74 a 22,05 a
4 3696,11 ab 21,30 a
5 3614,00 ab 21,59 a
6 3930,35 ab 21,96 a
7 4236,65 a 21,16 a
8 3935,22 ab 21,22 a
9 3733,15 ab 22,18 a
10 3321,37 b 17,80 b
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si segundo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

0,0

-0,2
Potencial hídrico w (MPa)

-0,27 a
-0,4 -0,34 a
-0,44 ab -0,43 ab
-0,48 ab
-0,6
-0,63 ab -0,63 ab -0,62 ab

-0,8 -0,79
-0,79 bc
bc

-1,0
-1,05 c

-1,2
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 Control

Figura 1. Médias de potencial hídrico (Ψw) nos diferentes tratamentos, Safra 2019/2020 – Rio
Verde – GO, 2020.

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