Jussara
Jussara
Jussara
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Este propósito será conseguido através do estudo de caso, sendo necessária uma
metodologia ordenada para levantamento das informações essenciais de organização da
pesquisa, e consequentemente de dados essenciais de diagnóstico e análise das manifestações
patológicas.
É importante ressaltar também a contribuição do trabalho para profissionais que
deparam com situações em que necessitam avaliar o caso de patologias em residências, mesmo
que de pequeno porte e relativamente novas, mesmo com o avanço da tecnologia à disposição
dos profissionais da área.
2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Na concepção de Oliveira (2013, p. 24) “a patologia pode ser entendida como a parte
da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das
construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema.”
Sabe-se que “as patologias são os principais problemas que comprometem a vida útil das
construções”, e mesmo com o avanço tecnológico, e das novas técnicas de construção, com
diferentes tipos de materiais, o aumento do índice de patologias é grande. (ARIVABENE, 2015,
p. 02; PINHEIRO E GLAMT, 2017).
A patologia significa não atendimento ao desempenho desejado (SILVA E JONOV,
2011), sendo definida por muito bem por Gonçalves (2015):
Valente (et al, 2008, p. 7) descreve que as patologias surgem na maioria das vezes por
uma combinação de fatores correlatos, “tendo como origem deficiências nas etapas de
planejamento, projeto, execução, uso e manutenção”.
As patologias surgem em todo tipo de construção civil, desde que não se sigam as
condições, normas com as especificações e procedimentos que garantem a qualidade de
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edificação. Pinheiro e Glamt (2017) expõe o fato de que as pesquisas têm apontado que as
patologias ocorrem em praticamente metade das edificações.
É importante constar que as manifestações patológicas em edificações residências se
mostram mais frequentes em sete grupos considerados como principais, sendo a alvenaria um
deles. São eles: Instalações hidrossanitárias; Alvenaria; Impermeabilização; Esquadrias;
Cerâmica; Instalações elétricas; e Gesso (LIMA, 2015).
Segundo Silva (2013) as construções em alvenaria estrutural são um dos sistemas
construtivos mais antigos utilizados pela humanidade, com datas de 2.000 anos A.C, como
exemplo as Pirâmides do Egito.
Entretanto no século XX, houve o interesse do aperfeiçoamento de modelos e cálculos
a fim de propostas e projetos mais resistentes “não só a carga estática e dinâmicas de vento e
sismos, mas também devido a explosões”. Silva complementa que os centros de pesquisa em
alvenaria “já atingiram níveis de cálculo, controle e execução similares aos aplicados nas
estruturas de aço e concreto armado” (SILVA, 2013, p. 13-14).
Zanzarini (2016, p. 17) complementa que a alvenaria estrutural é feita para resistir a
cargas além do seu próprio peso, e por isso necessitam de uma estrutura e função resistente,
“devendo suportar e transferir os carregamentos da edificação ao solo”.
Todavia, por variados motivos, as patologias vêm atingindo deliberadamente as
construções residenciais de pequeno porte, e principalmente na alvenaria, devido a múltiplos
fatores. Oliveira (et al, 2016) cita que que podem ser apontados como tais falta de mecanismos
adequados de pesquisa e cálculos nos projetos ou o próprio erro de projeto, na especificação do
material, falhas na execução, falta de manutenção, entre outros cuidados para evitar o
surgimento das patologias.
Oliveira (et al, 2016) expõe que para a detecção de uma classificam-se etapas da
construção da seguinte maneira para melhor análise: planejamento, projeto, materiais, execução
e utilização. Segundo os autores, podem “surgir manifestações patológicas como consequências
de falhas em qualquer uma dessas etapas”.
Conhecidas as causas, volta-se agora as manifestações patológicas em si.
Dentre as principais manifestações patológicas classificadas como mais recorrentes em
alvenaria encontradas na atualidade, principalmente em projetos residenciais, des destacam-se
as seguintes.
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a) Recalque de fundação
De acordo com Valente (et al, 2009) o recalque de fundação trata-se do “aparecimento
de deformações diferenciadas do solo ao longo do plano das fundações”, isso porque o solo sob
a edificação é mole. Geralmente os recalques se dão por problemas de erros nos projetos, de
execução e não consideração da heterogeneidade do solo (SILVA e JONOV, 2011).
Oliveira (et al, 2016) faz um quadro com alguns detalhes importantes
Figura 01 – Recalque de fundação
Toda edificação, durante a obra ou mesmo após a sua conclusão, por um determinado
período de tempo, está sujeita a deslocamentos verticais, lentos, até que o equilíbrio
entre o carregamento aplicado e o solo seja atingido. Em projetos mal concebidos,
com erros de cálculo nas fundações (como, por exemplo, nas fundações superficiais
com diferenças acentuadas na relação carga/área de fundação), ocorrem recalques
diferenciais entre os vários apoios, causando a abertura de trincas nas alvenarias e na
estrutura. (Souza e Ripper, 1998, p 49).
b) Desagregação
Segundo Santos (2015) a desagregação do material é uma falha de variadas causas, mas
corresponde a “eliminação de fragmentos ou placas de concreto com a perda de monolitismo e
da fixação do cimento, deixando os agregados soltos”, ou seja, tem como consequência uma
peça com perda da capacidade de resistir aos esforços que a solicitam.
c) Carbonatação
Santos (2015) ainda traz a carbonatação como um tipo de manifestação patológica que se
trata da diminuição da resistência do concreto, “devido à ação do anidrido carbônico (C02)
presente na atmosfera, [...] com a sua subsequente reação com o hidróxido de cálcio existente
na água do concreto, forma-se, então, o carbonato de cálcio, o que implica na carbonatação do
concreto”.(SANTOS, 2015, cit. Souza e Ripper (1998).
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d) Infiltração
Santos (2016) descreve a infiltração como processo de vazamento de água externo para
a superfície revestida da alvenaria através de fissuras, má impermeabilização ou falta de
capacidade e absorção do material. Valente (et al, 2009) complemente que agentes causadores
das infiltrações podem ser variados.
e) Impermeabilização
f) Movimentação Higroscópica
Oliveira (et al, 2016) ainda cita mais quatro manifestações patológicas que podem ser
encontradas em alvenaria. Elas estão destacadas na figura a seguir:
Figura 04 – Outras manifestações patológicas em alvenaria
3 MATERIAL E MÉTODOS
Segundo Carmo (2012), a pesquisa é “um processo sistemático e bem definido de aplicação
do método científico visando descobrir respostas para problemas diversos que afligem o
homem”.
Dessa forma é realizado um desenho de pesquisa de acordo com a caracterização do estudo.
O Desenho de pesquisa é o arcabouço utilizado para planejar, implementar e analisar o estudo.
Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, de caráter aplicada e natureza explicativa,
tendo como método o estudo de caso.
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O Estudo de Caso é uma investigação intensa e detalhada de uma dada unidade social,
resultando num retrato bem organizado e completo dessa unidade (Carmo, 2012). Sendo assim,
são úteis como informação para planejar investigações detalhadas como demonstra Santos
(2016 cit. Yin, 2001), visto que são fundamentados em evidências, na qual a coleta e análise de
dados é a fonte de evidência para o desenvolvimento de suposições teóricas.
Realização de coleta de dados necessários para verificação e estudo das manifestações
patológicas encontradas. A etapa inicial de pesquisa documental durará 02 (dois) meses, e a
etapa de complementação também dois meses, mas esta será intercalada com a próxima etapa
de análise e diagnóstico do material já coletado.
Relatório de Diagnóstico, Causas e Consequências será construído em dois meses. Este
relatório será a avaliação das manifestações encontradas na residência durante a etapa de coleta
de dados, através da pesquisa documental e dos exames complementares, e das possíveis causas.
Trata-se da parte mais importante do trabalho contendo informações fundamentais sobre a
construção.
Caracterização da área de Estudo de caso: residência térrea com área total de 65 m2 em
terreno de 200 m2, com 6 cômodos, construída há 12 anos, pelo financiamento da caixa
seguindo todas as exigências de projetos, localizado à Rua Guanabara, número 617, no bairro
Residencial Jardins na cidade de Ilicínea/MG.
Figura 05 – Caracterização da área de estudo
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
PATOLOGIA 01
Ao primeiro contato visual com a casa é de fácil percepção uma rachadura vertical
significante no muro, e infiltração no rodapé, como mostram as figuras 6 e 7.
Figura 6 - Fachada da residência
Fonte: o autor.
Figura 7 - Patologia da fachada
Fonte: o autor.
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Fonte: o autor.
O recalque e a falta de impermeabilização também atingiram o hall de entrada da
residência, pelas figuras 10 e 11 pode-se observar o surgimento de um pequeno degrau em meio
a passagem.
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Fonte: o autor.
Figura 11 - Surgimento de um pequeno degrau.
Fonte: o autor.
O muro do hall de entrada e divisa com o vizinho não foi diferente, apresenta patologias
devido ao recalque e também apresenta indícios de infiltração, como mostra a figura 12.
Figura 12 - Muro de divisa com o vizinho
Fonte: o autor
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PATOLOGIA 02
Em quase todas as portas da residência há problemas. Nas figuras 13, 14, 15 e 16 podem-
se notar fissura horizontal e diagonal com início no canto superior das portas, em todas, as
fissuras afetam os dois lados entre as paredes. As fissuras horizontais são causadas por
movimentação higroscópica com retração da laje. As trincas diagonais com cerca de 45°
sugerem recalque de fundação. E ambas sofrem ausência de componentes estruturais como
vergas, cinta de amarração e viga baldrame. Na figura 17 ilustra-se como acontece o recalque,
e na figura 18, fotos cedidas pelo proprietário da residência comprovam a falta da estrutura.
Fonte: o autor
Fonte: o autor.
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Fonte: o autor.
Figura 16 - Trinca diagonal no canto das aberturas
Fonte: o autor.
Figura 17 - Recalque
PATOLOGIA 03
Nas janelas observam-se fissuras inclinadas que partem do canto inferior. Na janela da
cozinha a trinca atinge a cerâmica e rejunte. A figura 19 mostra a situação relatada. A possível
causa é movimentação higroscópica e sobrecarga nas aberturas. Nas fotos da figura 18
mostradas acima, identificam a ausência de vergas e contra vergas tornando-se mais um motivo
da agravação da trinca.
Figura 19 - Trinca na parte inferior das aberturas
Fonte: o autor.
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PATOLOGIA 04
Fonte: o autor.
PATOLOGIA 05
Fonte: o autor.
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Fonte: o autor.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Summary
6 REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 6118 – Norma Brasileira 6118 Projeto de Estrutura de Concreto – Procedimento.
Associação Brasileira Normas técnicas. Rio de Janeiro, 2004.
ABNT. NBR 9575. Norma Brasileira 9575 Impermeabilização – Seleção e Projeto. Associação
Brasileira Normas técnicas. Rio de Janeiro, ABNT, 2010.
SANTOS, Daniel Fonseca Nunes E Ricardo Gonçalves Dos. Estudo De Caso: Análise de
Patologias e Diagnóstico Estrutural em Edificação de Concreto Armado. Trabalho de
Conclusão de Curso. UCB. Brasília, 2016.
SILVA, Adriano de Paula e; JONOV, Cristiane Machado Parisi. Patologia das Construções.
UFMG, Curso de Especialização em Construção Civil. Belo Horizonte, 2011.
SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço
de estruturas de concreto. São Paulo : Pini, 1998
THOMAZ, Érico. Trincas em Edifícios – causas, prevenção e recuperação. São Paulo: PINI,
1989.
VALENTE, Ana Paula Veloso Valente (et al) Análise Dos Processos De Recuperação de
Patologias: Trincas e Impermeabilização Equipe. Ana Paula Veloso Valente; Adriano de
Paula e Silva; José Márcio Fonseca Calixto. Construindo, Belo Horizonte, v .1, n.2, p.7-11,
jul./dez. 2009.