Apostila CFO

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Índice

PM-BA
Polícia Militar do Estado da Bahia

Curso de Formação de Oficiais


Volume I
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com base no último
concurso para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova apostila elaborada
de acordo com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá o direito de troca,
atualizações ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

1. Leitura e interpretação de textos: a) verbais extraídos de livros e periódicos contemporâneos; b) mistos (verbais/
não verbais) e não verbais; c) textos publicitários (propagandas, mensagens publicitárias, outdoors, etc).......................01
2. Nomes e verbo. Flexões nominais e verbais....................................................................................................................07
3. Advérbio e suas circunstâncias de tempo, lugar, meio, intensidade, negação, afirmação, dúvida, etc......................29
4. Palavras de relação intervocabular e interoracional: preposições e conjunções.........................................................33
5. Frase, oração, período. Elementos constituintes da oração: termos essenciais, integrantes e acessórios. Coordenação
e Subordinação.............................................................................................................................................................................40
6. Sintaxe de colocação, concordância e regência. Crase...................................................................................................64
7. Formas de discurso: direto, indireto e indireto livre.....................................................................................................82
8. Semântica: sinonímia, antonímia e heteronímia............................................................................................................83
9. Pontuação e seus recursos sintático-semânticos.............................................................................................................86
10. Acentuação e ortografia..................................................................................................................................................89
11. Diferença entre redação técnica (oficial) e redação estilística e suas respectivas características.............................95
12. Correspondência oficial: conceito e tipos de documentos.........................................................................................106
13. Diferença entre ofício e memorando............................................................................................................................108

Didatismo e Conhecimento
Índice

LÍNGUA INGLESA

Compreensão de textos verbais e não-verbais....................................................................................................................01


Substantivos: Formação do plural: regular, irregular e casos especiais. Gênero. Contáveis e não-contáveis.............05
Formas possessivas dos nomes. Modificadores do nome...................................................................................................09
Artigos e Demonstrativos: Definidos, indefinidos e outros determinantes. Demonstrativo de acordo com a posição,
singular e plural. Adjetivos: Grau comparativo e superlativo: regulares e irregulares. Indefinidos...................................10
Numerais Cardinais e Ordinais...........................................................................................................................................13
Pronomes: Pessoais: sujeito e objeto. Possessivos: substantivos e adjetivos. Reflexivos. Indefinidos. Interrogativos.
Relativos........................................................................................................................................................................................14
Verbos (Modos, tempos e formas): Regulares e irregulares. Auxiliares e impessoais. Modais. Two-word verbs.Voz
ativa e voz passiva. O gerúndio e seu uso específico.................................................................................................................17
Discurso direto e indireto.....................................................................................................................................................27
Sentenças condicionais. Advérbios: Tipos: freqüência, modo, lugar, tempo, intensidade, dúvida, afirmação. Expressões
adverbiais......................................................................................................................................................................................28
Palavras de relação: Preposições. Conjunções...................................................................................................................29
Derivação de palavras pelos processos de prefixação e sufixação.....................................................................................31
Semântica / sinonímia e antonímia......................................................................................................................................31

MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO

1. Lógica Matemática: Proposições. Valores lógicos. Operações e propriedades. Negação. Sentenças abertas e
quantificadores.............................................................................................................................................................................47
2. Conjuntos numéricos: Números Naturais, Inteiros, Racionais, Reais e Complexos (forma algébrica e forma
trigonométrica). Operações, propriedades e aplicações. Sequências numéricas, progressão aritmética e progressão
geométrica.....................................................................................................................................................................................01
3. Álgebra: Expressões algébricas. Polinômios: operações e propriedades. Equações polinomiais e inequações
relacionadas..................................................................................................................................................................................09
4. Funções: generalidades. Funções elementares: 1o grau, 2o grau, modular,. exponencial e logarítmica, gráficos.
Propriedades.................................................................................................................................................................................12
5. Sistemas lineares, Matrizes e Determinantes: Propriedades, aplicações.....................................................................17
6. Análise Combinatória: Arranjos, Permutações e Combinações simples, Binômio de Newton e Probabilidade em
espaços amostrais finitos.............................................................................................................................................................25
7. Geometria e Medidas: Geometria plana: figuras geométricas, congruência, semelhança, perímetro e área. Geometria
espacial: paralelismo, perpendicularismo entre retas e planos, áreas e volumes dos sólidos geométricos: prisma, pirâmide,
cilindro, cone e esfera. Geometria analítica no plano: retas, circunferência e distâncias.....................................................28
8. Trigonometria: razões trigonométricas, funções, fórmulas de transformações trigonométricas, equações e
triângulos......................................................................................................................................................................................39
9. Proporcionalidade e Finanças: Grandezas proporcionais: Porcentagem. Acréscimos e descontos. Juros:
Capitalização simples e Capitalização composta......................................................................................................................42
10. Tratamento da Informação: Noções de Estatística: Estatística descritiva, resolução de problemas, tabelas, medidas
de tendência central e medidas de dispersão. Gráficos estatísticos usuais.............................................................................61

HISTÓRIA/ATUALIDADES

1. A expansão européia e a conquista da América. 1. 1 A decadência do feudalismo. 1.2 A formação de Portugal. 1.3.
A expansão marítima e os descobrimentos................................................................................................................................01
2. A colonização do Brasil: aspectos políticos, sociais econômicos e culturais. 2.1 Os movimentos coloniais. 2.2 A Bahia
no contexto da colonização..........................................................................................................................................................03

Didatismo e Conhecimento
Índice
3. O processo de independência do Brasil. 3.1 A transferência da Corte Portuguesa. 3.2 O processo de emancipação
política. 3.3 A independência da Bahia......................................................................................................................................08
4. O Brasil independente. 4.1 Primeiro Reinado. 4.2 Regência. 4.3 Segundo Reinado...................................................14
5. A instalação e a consolidação República. 5.1 As rebeliões regionais: Canudos, Contestado, as revoltas da Vacina e
da Chibata. 5.2 A Revolução de 1930. 5.3 A Era Vargas. 5.4 O Brasil no cenário internacional: as guerras mundiais.....15
6. O Brasil no período pós-Segunda Guerra Mundial. 6.1 A república populista. 6.2 A ditadura militar. 6.3 A
redemocratização e a Nova República.......................................................................................................................................29
7. O Brasil e o mundo contemporâneo. 7.1 Brasil: aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais. 7.2 Ciência
e tecnologia. 7.3 A questão ambiental. 7.4 O Brasil no contexto do mundo globalizado: relações internacionais, blocos
econômicos....................................................................................................................................................................................50
8. Questões de interesse geral,veiculadas pela mídia falada ou escrita de circulação nacional ou local, envolvendo
aspectos variados da sociedade brasileira e mundial...............................................................................................................50

GEOGRAFIA

1. A representação e a organização do espaço. 1.1 O espaço natural e a produção do espaço gráfico. 1.2 Espaço,
paisagem e lugar...........................................................................................................................................................................01
2. Fatores de localização do espaço: coordenadas geográficas, cartas e mapas, noções de escala, leitura e interpretação
de mapas, localização espacial do Brasil e suas implicações....................................................................................................01
3. Fundamentos geológicos e geomorfológicos do território brasileiro. 3.1 estrutura geológica e relevo brasileiro............05
4. A biosfera e os climas do Brasil. 4.1 As ações antrópicas e as alterações climáticas. 4.2 Os domínios vegetais e o
extrativismo. 4.3 As bacias hidrográficas brasileiras e seu aproveitamento econômico. 4.4 Os oceanos.............................09
5. A dinâmica da população brasileira. 5.1 A diversidade étnica e a questão racial. 5.2 Crescimento da população,
estrutura etária e mobilidade espacial.......................................................................................................................................15
6. O espaço urbano. 6.1 A cidade como expressão visível das desigualdades sócio-espaciais. 6.2 O descompasso entre o
crescimento econômico e o desenvolvimento social do Brasil. 6.3 Indicadores sociais. 6.4 As questões ambientais do espaço
urbano brasileiro: ocupação desordenada do solo, a questão do lixo, a contaminação dos solos e dos recursos hídricos. 6.5
O processo de metropolização e o aumento da violência..........................................................................................................18
7. O espaço agrário. 7.1 A questão agrária, os movimentos sociais no campo. 7.2 Sistemas agrícolas, o agronegócio e
as transformações no espaço rural. 7.3 As atividades agrárias...............................................................................................20
8. O espaço industrial. 8.1 Fatores de localização das indústrias no espaço geográfico brasileiro e mundial. 8.2 o
modelo de desenvolvimento industrial brasileiro. 8.3 O impacto ambiental provocado pelas atividades secundárias.....24
8.4 Os recursos minerais e as fontes de energia. 9. O sistema viário brasileiro: o espaço de circulação e sua dinâmica..............26
10. A nova ordem geopolítica mundial. 10.1 A inserção do Brasil no mundo globalizado.............................................28
11. A organização geopolítica brasileira: regiões. 11.1 A Bahia: localização geográfica, a organização do espaço, as
mesorregiões, manifestações socioculturais, a organização do espaço econômico baiano....................................................30

Didatismo e Conhecimento
SAC

Atenção
SAC
Dúvidas de Matéria
A NOVA APOSTILA oferece aos candidatos um serviço diferenciado - SAC (Serviço de Apoio ao Candidato).
O SAC possui o objetivo de auxiliar os candidatos que possuem dúvidas relacionadas ao conteúdo do edital.
O candidato que desejar fazer uso do serviço deverá enviar sua dúvida somente através do e-mail: professores@
novaconcursos.com.br.
Todas as dúvidas serão respondidas pela equipe de professores da Editora Nova, conforme a especialidade da
matéria em questão.
Para melhor funcionamento do serviço, solicitamos a especificação da apostila (apostila/concurso/cargo/Estado/
matéria/página). Por exemplo: Apostila Professor do Estado de São Paulo / Comum à todos os cargos - Disciplina:.
Português - paginas 82,86,90.
Havendo dúvidas em diversas matérias, deverá ser encaminhado um e-mail para cada especialidade, podendo
demorar em média 10 (dez) dias para retornar. Não retornando nesse prazo, solicitamos o reenvio do mesmo.

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Alguns erros de edição ou impressão podem ocorrer durante o processo de fabricação deste volume, caso
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Alertamos aos candidatos que para ingressar na carreira pública é necessário dedicação, portanto a NOVA
APOSTILA auxilia no estudo, mas não garante a sua aprovação. Como também não temos vínculos com a
organizadora dos concursos, de forma que inscrições, data de provas, lista de aprovados entre outros independe
de nossa equipe.
Havendo a retificação no edital, por favor, entre em contato pelo nosso e-mail, pois a apostila é elaborada com
base no primeiro edital do concurso, teremos o COMPROMISSO de enviar gratuitamente a retificação APENAS por
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Lembramos que nosso maior objetivo é auxiliá-los, portanto nossa equipe está igualmente à disposição para
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Condições básicas para interpretar
1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS: Fazem-se necessários:
A) VERBAIS EXTRAÍDOS DE LIVROS E a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
PERIÓDICOS CONTEMPORÂNEOS; literários, estrutura do texto), leitura e prática;
B) MISTOS (VERBAIS/NÃO VERBAIS) b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto)
E NÃO VERBAIS; C) TEXTOS e semântico;
PUBLICITÁRIOS (PROPAGANDAS, Observação – na semântica (significado das palavras)
MENSAGENS PUBLICITÁRIAS, incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação,
OUTDOORS, ETC). sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre
outros.
c) Capacidade de observação e de síntese e
d) Capacidade de raciocínio.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público,
a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece Interpretar X compreender
porque lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa
constante em provas relacionadas a concursos públicos. Interpretar significa
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
momento de responder às questões relacionadas a textos. - Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas - O autor permite concluir que...
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ).
Compreender significa
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a escrito.
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação - o texto diz que...
do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome - é sugerido pelo autor que...
de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e - o narrador afirma...
analisada separadamente, poderá ter um significado diferente
daquele inicial. Erros de interpretação
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de
diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo erros de interpretação. Os mais frequentes são:
de recurso denomina-se intertexto.
a) Extrapolação (viagem)
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A
não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações,
pela imaginação.
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento
das questões apresentadas na prova.
b) Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o
1. Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, desenvolvido.
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de c) Contradição
diferenças entre as situações do texto. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato,
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente,
realidade, opinando a respeito. errando a questão.
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias
em um só parágrafo. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras. e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de
concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o autor
diz e nada mais.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam QUESTÕES
palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vunesp/2013)
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. O uso da bicicleta no Brasil

A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil


OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países como
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta é um dos
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez mais pessoas
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes começam a acreditar que a bicicleta é, numa comparação entre todos
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de os meios de transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
adequação ao antecedente. A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas e a
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais na calçada.
de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, Bicicletas, triciclos e outras variações são todos considerados
deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo veículos, com direito de circulação pelas ruas e prioridade sobre os
adequado a cada circunstância, a saber: automotores.
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
depende das condições da frase. e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
qual (neutro) idem ao anterior. a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
quem (pessoa) motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o objeto favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
possuído. bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
como (modo) claro, nos impostos.
onde (lugar) No Brasil, está sendo implantado o sistema de compartilhamento
quando (tempo) de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, o Bike POA é um
quanto (montante) projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em parceria com o sistema
de Bicicletas SAMBA, com quase um ano de operação. Depois
de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades
Exemplo: espalhadas pelo país aderirem a esse sistema, mais duas capitais
Falou tudo QUANTO queria (correto) já estão com o projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria do compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em Porto
aparecer o demonstrativo O ). Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo site.
O valor do passe mensal é R$10 e o do passe diário, R$5,
Dicas para melhorar a interpretação de textos podendo--se utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; duas modalidades. Em todas as cidades que já aderiram ao projeto,
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a as bicicletas estão espalhadas em pontos estratégicos.
leitura; A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção não está
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não sabem que a
bicicleta já é considerada um meio de transporte, ou desconhecem as
menos duas vezes;
leis que abrangem a bike. Na confusão de um trânsito caótico numa
- Inferir; cidade grande, carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas,
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; misturam-se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; poderiam ser evitados.
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
compreensão; verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso é tão
questão; importante usar capacete e outros itens de segurança. A maior
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e caminhões
desconhece as leis que abrangem os direitos dos ciclistas. Mas
Fontes: muitos ciclistas também ignoram seus direitos e deveres. Alguém
que resolve integrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio
de locomoção precisa compreender que deverá gastar com alguns
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/ apetrechos necessários para poder trafegar. De acordo com o Código
como-interpretar-textos de Trânsito Brasileiro, as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser
equipadas com campainha, sinalização noturna dianteira, traseira,
http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-melhorar-a- lateral e nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
interpretacao-de-textos-em-provas (Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de 04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
locomoção nas metrópoles brasileiras
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra devido Televisão
à falta de regulamentação.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido
incentivado em várias cidades.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela maioria
dos moradores.
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
demais meios de transporte.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade arriscada
e pouco salutar.

02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos objetivos


centrais do texto é
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do ciclista.
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é mais
seguro do que dirigir um carro.
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta
no Brasil.
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de
locomoção se consolidou no Brasil. (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Adaptado)
dar prioridade ao pedestre.
É correto concluir que, de acordo com o cartum,
03. (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou
Vunesp/2013) Considere o cartum de Evandro Alves. pela TV são equivalentes.
(B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação
mais ativa.
Afogado no Trânsito (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
que não sabe se distrair.
(D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir a
um programa de televisão.
(E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
idêntico, embora ler seja mais prazeroso.

(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp 2013)


Leia o texto para responder às questões

Propensão à ira de trânsito

Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente perigoso.


Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro do mundo,
existem muitas variáveis de risco no trânsito, como clima, acidentes
de trânsito e obras nas ruas. E com relação a todas as outras pessoas
nas ruas? Algumas não são apenas maus motoristas, sem condições
de dirigir, mas também se engajam num comportamento de risco –
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot. algumas até agem especificamente para irritar o outro motorista ou
com.br) impedir que este chegue onde precisa.
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter antes
de passar para a ira de trânsito de fato, levando um motorista a tomar
Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
decisões irracionais.
concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante. Para
(A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas. muitos de nós, os carros são a extensão de nossa personalidade e
(B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas. podem ser o bem mais valioso que possuímos. Dirigir pode ser a
(C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas. expressão de liberdade para alguns, mas também é uma atividade
(D) o número excessivo de automóveis nas ruas. que tende a aumentar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos
(E) o uso de novas tecnologias no transporte público. consciência disso no momento.

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que 07. De acordo com o perito Dr. James,
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros (A) os congestionamentos representam o principal fator para
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao a ira no trânsito.
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um (B) a cultura dos motoristas é fator determinante para o
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos concentrarmos aumento de suas frustrações.
em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de (C) o motorista, ao dirigir, deve ser individualista em suas
dirigir. ações, a fim de expressar sua liberdade e garantir que outros
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr. motoristas não o irritem.
James acredita que a causa principal da ira de trânsito não são os (D) a principal causa da direção agressiva é o desconhecimento
congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim como nossa das regras de trânsito.
cultura visualiza a direção agressiva. As crianças aprendem que as (E) o comportamento dos pais ao dirigirem com ira contradiz
regras normais em relação ao comportamento e à civilidade não o aprendizado das crianças em relação às regras de civilidade.
se aplicam quando dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais
envolvidos em comportamentos de disputa ao volante, mudando GABARITO
de faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sempre
com pressa para chegar ao destino. 1- B 2-A 3-D 4-B 5-D 6-B 7-E
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos sugeriam
que o melhor meio para aliviar a raiva era descarregar a frustração.
Estudos mostram, no entanto, que a descarga de frustrações não
ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira de trânsito, a LINGUAGEM LITERÁRIA E NÃO LITERÁRIA
descarga de frustrações pode transformar um incidente em uma
violenta briga.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está predisposta Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as palavras. No
a apresentar um comportamento irracional quando dirige. Dr. entanto, é necessário fazer uma distinção entre a linguagem literária
James vai ainda além e afirma que a maior parte das pessoas fica e a linguagem não literária, isto é, aquela que não caracteriza a
emocionalmente incapacitada quando dirige. O que deve ser feito, literatura.
dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado emocional e fazer Embora um médico faça suas prescrições em determinado
as escolhas corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser consideradas
a emoção. literárias porque se tratam de um vocabulário especializado e de um
contexto de uso específico. Agora, quando analisamos a literatura,
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol. vemos que o escritor dispensa um cuidado diferente com a linguagem
com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) escrita, e que os leitores dispensam uma atenção diferenciada ao que
foi produzido.
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é Outra diferença importante é com relação ao tratamento do
correto afirmar que conteúdo: ao passo que, nos textos não literários (jornalísticos,
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à científicos, históricos, etc.) as palavras servem para veicular uma
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. série de informações, o texto literário funciona de maneira a chamar
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas pela a atenção para a própria língua (FARACO & MOURA, 1999) no
constante preocupação dos motoristas com o aspecto comunitário sentido de explorar vários aspectos como a sonoridade, a estrutura
do ato de dirigir. sintática e o sentido das palavras.
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é Veja abaixo alguns exemplos de expressões na linguagem não
o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da mesma expressão,
agressiva. porém, de acordo com alguns escritores, na linguagem literária:
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de experiências
e atividades não só individuais como também sociais. Linguagem não literária:
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das 1- Anoitece.
emoções positivas por parte dos motoristas. 2- Teus cabelos loiros brilham.
3- Uma nuvem cobriu parte do céu. ...
06. A ira de trânsito
A) aprimora uma atitude de reconhecimento de regras. Linguagem literária:
(B) implica tomada de decisões sem racionalidade. 1- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvarenga Peixoto)
(C) conduz a um comportamento coerente. 2- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! (Mário
(D) resulta do comportamento essencialmente comunitário Quintana)
dos motoristas. 3- um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nascença. (José
(E) decorre de imperícia na condução de um veículo. Cândido de Carvalho)

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da não A respeito dele, é possível afirmar que
literária? (A) não pode ser considerado literário, visto que a linguagem aí
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (palavras utilizada não está adequada à norma culta formal.
de sentido figurado), em que as palavras adquirem sentidos mais (B) não pode ser considerado literário, pois nele não se percebe
amplos do que geralmente possuem. a preservação do patrimônio cultural brasileiro.
- Na linguagem literária há uma preocupação com a escolha e a (C) não é um texto consagrado pela crítica literária.
disposição das palavras, que acabam dando vida e beleza a um texto. (D) trata-se de um texto literário, porque, no processo criativo
- Na linguagem literária é muito importante a maneira original da Literatura, o trabalho com a linguagem pode aparecer de várias
de apresentar o tema escolhido. formas: cômica, lúdica, erótica, popular etc
- A linguagem não literária é objetiva, denotativa, preocupa-se (E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permite que o
em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu sentido próprio, consideremos um texto literário.
utilitário, sem preocupação artística. Geralmente, recorre à ordem
direta (sujeito, verbo, complementos). Leia os fragmentos abaixo para responder às questões que
seguem:
Leia com atenção os textos a seguir e compare as linguagens
utilizadas neles.
TEXTO I
Texto A
Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que predispõe
O açúcar
alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao
próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. 2. Sentimento de
dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção, O branco açúcar que adoçará meu café
culto; adoração: amor à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação nesta manhã de Ipanema
ditada por laços de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação não foi produzido por mim
forte por pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
que apresenta grande variedade e comportamentos e reações. Vejo-o puro
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da e afável ao paladar
Língua Portuguesa, Nova Fronteira. como beijo de moça, água
na pele, flor
Texto B que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Amor é fogo que arde sem se ver; não foi feito por mim.
É ferida que dói e não se sente; Este açúcar veio
É um contentamento descontente; da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da
é dor que desatina sem doer. mercearia.
Luís de Camões. Lírica, Cultrix. Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo assunto, ou no Estado do Rio
porém os autores utilizam linguagens diferentes. e tampouco o fez o dono da usina.
No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”, usando Este açúcar era cana
uma linguagem objetiva, científica, sem preocupação artística. e veio dos canaviais extensos
No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com preocupação que não nascem por acaso
literária, artística. De fato, o poeta entra no campo subjetivo, com no regaço do vale.
sua maneira própria de se expressar, utiliza comparações (compara Em lugares distantes, onde não há hospital
amor com fogo, ferida, contentamento e dor) e serve-se ainda de nem escola,
contrastes que acabam dando graça e força expressiva ao poema homens que não sabem ler e morrem de fome
(contentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se sente,
aos 27 anos
fogo que não se vê).
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
QUESTÕES
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
1-) Leia o trecho do poema abaixo.
e dura
O Poeta da Roça produziram este açúcar
Sou fio das mata, cantô da mão grosa branco e puro
Trabaio na roça, de inverno e de estio com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio. fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro,
Patativa do Assaré Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228)

Didatismo e Conhecimento 5
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TEXTO II Fontes:

A cana-de-açúcar http://robertoavila.com.br/arquivos/literatura_aula01.htm
http://www.soliteratura.com.br/texto_literario/
Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil https://www.unifonte.com.br/wp-content/uploads/2012/02/
pelos colonizadores portugueses no século XVI. A região que Exerc%C3%ADcios-Complementares.pdf
durante séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil
http://blogdoenem.com.br/enem-2013-literatura-texto-nao-
é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos de massapé, além
literario/
da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram
condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor
nacional de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar,
que em parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
cana serve também para a produção de álcool, importante nos dias
atuais como fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos
canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada ao uso O que é linguagem? É o uso da língua como forma de expressão
do álcool como combustível. e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somente
um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos
2-) Para que um texto seja literário: e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita,
a) basta somente a correção gramatical; isto é, a expressão verbal não é verdade?
segundo as leis lógicas ou naturais. Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia
b) deve prescindir daquilo que não tenha correspondência na
ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se não,
realidade palpável e externa.
tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e coerente!
c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capacidade de
compreensão do leitor. Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras quando se
d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O escritor fala ou quando se escreve.
revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, revela o Homem aos A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não
outros homens. se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O objetivo,
e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: sentimentos, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que
ideias, ações. se está pensando, mas se utilizar de outros meios comunicativos,
como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos
3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção incorreta visuais.
a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma
produzi-lo, a expressão literária é utilizada principalmente como um entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, um
meio de refletir e recriar a realidade. bilhete? = Linguagem verbal!
b) No texto II, de expressão não literária, o autor informa o leitor Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol,
sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida,
o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não
como teve início seu cultivo no Brasil, etc.
c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum – açúcar fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e
– e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos “masculino” através de figuras na porta do banheiro, as placas de
formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar – branco, doce, trânsito? = Linguagem não verbal!
puro – e a vida do trabalhador que o produz – dura, amarga, triste. A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo,
d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de como nos casos das charges, cartoons e anúncios publicitários.
linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de novas
formas de dizer. Observe alguns exemplos:
e) O texto II não é literário porque, diferentemente do literário,
parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação. Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.

Gabarito Placas de trânsito – “proibido andar de bicicleta”, “quebra-


-molas”.
1-) D
Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário
2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao caráter
reflexivo do autor de um texto literário, ao passo em que ele revela masculino”.
às pessoas o “seu mundo” de maneira peculiar.
Imagem indicativa de “silêncio”.
3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um cunho
diferente do texto II. No primeiro há uma colocação diferenciada Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
por parte do autor em que o objetivo não é unicamente passar
informação, existem outros “motivadores” por trás desta escrita. Fonte: http://www.brasilescola.com/redacao/linguagem.htm

Didatismo e Conhecimento 6
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Camisas rosa-claro.
2. NOMES E VERBO. FLEXÕES Ternos rosa-claro.
NOMINAIS E VERBAIS. Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

Flexão dos adjetivos Obs.:


- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
O adjetivo varia em gênero, número e grau. composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os
Gênero dos Adjetivos dois elementos flexionados.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem Grau do Adjetivo
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
classificam-se em: Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo e
outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu
o superlativo.
e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-americano, Comparativo
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como a dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino. ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo:
Por exemplo: conflito político-social e desavença político-social. 1) Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação
Número dos Adjetivos é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
2) Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade
Plural dos adjetivos simples Analítico
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
simples. Por exemplo: 3) O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de
mau e maus feliz e felizes ruim e ruins boa e boas Superioridade Sintético

Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superioridade,
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver for
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, mas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é bom-melhor pequeno-menor
originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando um mau-pior alto-superior
elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. grande-maior baixo-inferior
Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Veja outros exemplos: Observe que:
Motos vinho (mas: motos verdes)
a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor,
Adjetivo Composto pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas
qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
masculina, singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo elementos.
composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas
ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um qualidades de um mesmo elemento.
substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará
como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um 4) Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo Inferioridade
composto inteiro ficará invariável. Por exemplo: Sou menos passivo (do) que tolerante.

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
Superlativo A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades
de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes centros
O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou urbanos e se dissemina pelo interior.
em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo e As estratégias que as sociedades adotam para combater a
apresenta as seguintes modalidades: violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços ocorridos
é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas
no campo das infecções, câncer, diabetes e outras enfermidades.
formas:
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que
dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretário é nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
muito inteligente. agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de seus
sufixos. desejos.
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que
Por exemplo: tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao
O secretário é inteligentíssimo. desenvolvimento psicológico pleno.

Observe alguns superlativos sintéticos: A revisão de estudos científicos permite identificar três fatores
benéfico beneficentíssimo principais na formação das personalidades com maior inclinação ao
bom boníssimo ou ótimo comportamento violento:
comum comuníssimo 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
cruel crudelíssimo
humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
difícil dificílimo
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
doce dulcíssimo
fácil facílimo valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
fiel fidelíssimo limites de disciplina.
3) Associação com grupos de jovens portadores de
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é comportamento antissocial.
intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação pode Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
ser: que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à falta
de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social, esses fatores
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. de risco criam o caldo de cultura que alimenta a violência crescente
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. nas cidades.
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a resposta
Note bem: do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o criminoso fica
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
impedido de delinquir apenas enquanto estiver preso. Ao sair, estará
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepostos
mais pobre, terá rompido laços familiares e sociais e dificilmente
ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas formas encontrará quem lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, na prisão, terá
: uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem vernácula. criado novas amizades e conexões mais sólidas com o mundo do
A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo latino + um crime.
dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
facílimo, paupérrimo. Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
A forma popular é constituída do radical do adjetivo português aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. superlotadas.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. Precisamos
i-í. de uma divisão de renda menos brutal, motivar os policiais a
executar sua função com dignidade, criar leis que acabem com a
QUESTÕES SOBRE ADJETIVO
impunidade dos criminosos bem-sucedidos e construir cadeias
novas para substituir as velhas.
01. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
2013). Leia o texto a seguir. Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão capazes
Violência epidêmica de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los na sociedade
por meio da educação formal de bom nível, das práticas esportivas e
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora da oportunidade de desenvolvimento artístico.
possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes sociais, é
nos bairros pobres que ela adquire características epidêmicas. (Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
01.Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas 09. Indique a alternativa incorreta quanto à correspondência
corresponde a – características de epidemias. entre a locução adjetiva e o adjetivo equivalente:
Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo em A)de pele = cutâneo
destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada. B)de professor = docente
A) água fluvial – água da chuva. C)de face = facial
B) produção aurífera – produção de ouro. D)de lua = lunático
C) vida rupestre – vida do campo.
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília. 10. O plural correto da expressão: “alemão capaz” é:
E) costela bovina – costela de porco. A)alemãos capazes
B)alemões capazes
02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto: C)alemães capazes
A)azul-celeste D)os alemão capaz
B)azul-pavão
C)surda-muda GABARITO
D)branco-gelo
01. B 02. C 03. D 04. B 05. C
03.Assinale a única alternativa em que os adjetivos não estão no
grau superlativo absoluto sintético: 06. D 07. A 08. A 09. D 10. C
A)Arquimilionário/ ultraconservador;
B)Supremo/ ínfimo; COMENTÁRIOS
C)Superamigo/ paupérrimo;
D)Muito amigo/ Bastante pobre 1-)
a-) fluvial – do rio
04.Na frase: “Trata-se de um artista originalíssimo”, o adjetivo b-) correta
c-) brasileiras – do Brasil
grifado encontra-se no grau:
d-) vida campestre
A)comparativo de superioridade.
e-) suína
B)superlativo absoluto sintético.
C)superlativo relativo de superioridade.
2-) Surdas-mudas
D)comparativo de igualdade.
E)superlativo absoluto analítico.
3-) d-) estão no superlativo absoluto analítico
05.Aponte a alternativa em que o superlativo do adjetivo está 4-) originalíssimo – grau superlativo absoluto sintético
incorreto:
A)Meu tio está elegantíssimo. 5-) C) Esta panela está cheissíssima de água.
B)Joana, ela é minha amicíssima. O correto é cheíssima.
C)Esta panela está cheissíssima de água.
D)A prova foi facílima. 6-) D)atitude muito benéfica = beneficientíssima
O correto é beneficentíssima ( sem o “i” em cien)
06. Indique nas alternativas a seguir o adjetivo incorreto da
locução adjetiva em negrito: 7-) minutíssimo é a forma correta.
A)mulher muito magra = macérrima
B)pessoa muito amiga = amicíssima 8-) “Essa lanchonete é famosa na cidade?”
C)pessoa muito inimiga = inimicíssimo Essa – pronome
D)atitude muito benéfica = beneficientíssima Lanchonete – substantivo
É – verbo
07. “Ele era tão pequeno que recebeu o apelido de miúdo”. A Famosa – adjetivo
palavra miúdo possui, no grau superlativo absoluto sintético, duas na – preposição
formas. Uma delas é miudíssimo (regular) e a outra, irregular, é: cidade – substantivo
A)minutíssimo
B)miudinitíssimo 9-) De lua – lunar
C)midunitíssimo
D)miduníssimo 10-) Alemães capazes

08. Quantos adjetivos existem na frase “Essa lanchonete é Flexão dos substantivos
famosa na cidade?”
A)1. O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando
B)2. sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode sofrer
C)3. variações para indicar:
D)4. Plural: meninos Feminino: menina
E)5. Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
Flexão de Gênero f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo -a: elefante - elefanta
real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros: g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no
masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os feminino: bode – cabra boi - vaca
substantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
Veja estes títulos de filmes: isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czarina
O velho e o mar réu - ré
Um Natal inesquecível
Os reis da praia Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
- Epicenos:
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
precedidos dos artigos a, as, uma, umas: Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre
A história sem fim porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o
Uma cidade sem passado masculino e o feminino.
As tartarugas ninjas Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de
especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de A cobra macho picou o marinheiro.
seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino
e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher, Sobrecomuns:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita Entregue as crianças à natureza.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma única quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um
forma, que serve tanto para o masculino quanto para o feminino. possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se
Classificam-se em: refere a palavra. Veja:
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. A criança chorona chamava-se João.
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea. A criança chorona chamava-se Maria.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas. Outros substantivos sobrecomuns:
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa criatura.
indivíduo. o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Marcela
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por faleceu
meio do artigo.
o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista. Comuns de Dois Gêneros:
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema ou Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
oma, são masculinos: o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que a
sintoma, o teorema. palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante da notícia
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam informa-nos de que se trata de um homem.
em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação A distinção de gênero pode ser feita através da análise do artigo
emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade) ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo.

Formação do Feminino dos Substantivos Biformes o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma
a) Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna jovem; artista famoso - artista famosa; repórter francês - repórter
b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao francesa
masculino: freguês - freguesa - A palavra personagem é usada indistintamente nos dois
c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três gêneros.
formas: a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa pelo masculino:
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona carochinha.
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
d) Substantivos terminados em -or: O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora a personagem.
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: personagem.
cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográfico
duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa Ana Belmonte.

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Observe o gênero dos substantivos seguintes: o estigma
o axioma
Masculinos o tracoma
o tapa o hematoma
o eclipse
o lança-perfume Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
o dó (pena)
o sanduíche Gênero dos Nomes de Cidades:
o clarinete Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
o champanha A histórica Ouro Preto.
o sósia A dinâmica São Paulo.
o maracajá A acolhedora Porto Alegre.
o clã Uma Londres imensa e triste.
o hosana Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o herpes
o pijama Gênero e Significação:
o suéter Muitos substantivos têm uma significação no masculino e outra
o soprano no feminino. Observe:
o proclama o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os movimentos
o pernoite que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente de um bloco
o púbis carnavalesco, manejando um bastão)
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição
de trânsito)
Femininos o cabeça (chefe)
a dinamite
a cabeça (parte do corpo)
a áspide
o cisma (separação religiosa, dissidência)
a derme
a cisma (ato de cismar, desconfiança)
a hélice
o cinza (a cor cinzenta)
a alcíone
a cinza (resíduos de combustão)
a filoxera
o capital (dinheiro)
a clâmide
a capital (cidade)
a omoplata
o coma (perda dos sentidos)
a cataplasma
a pane a coma (cabeleira)
a mascote o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a gênese a coral (cobra venenosa)
a entorse o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e de
a libido outros sacramentos)
a cal a crisma (sacramento da confirmação)
a faringe o cura (pároco)
a cólera (doença) a cura (ato de curar)
a ubá (canoa) o estepe (pneu sobressalente)
a estepe (vasta planície de vegetação)
- São geralmente masculinos os substantivos de origem grega o guia (pessoa que guia outras)
terminados em -ma: a guia (documento, pena grande das asas das aves)
o grama (peso) o grama (unidade de peso)
o quilograma a grama (relva)
o plasma o caixa (funcionário da caixa)
o apostema a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o diagrama o lente (professor)
o epigrama a lente (vidro de aumento)
o telefonema o moral (ânimo)
o estratagema a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o dilema o nascente (lado onde nasce o Sol)
o teorema a nascente (a fonte)
o trema o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor)
o eczema a maria-fumaça (locomotiva movida a vapor)
o edema o pala (poncho)
o magma a pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo)

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
o rádio (aparelho receptor) b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados
a rádio (estação emissora) de:
o voga (remador) verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
a voga (moda, popularidade) palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Flexão de Número do Substantivo
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados
indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de de:
um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia
e águas-de-colônia
Plural dos Substantivos Simples substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” cavalos-vapor
fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen - substantivo + substantivo que funciona como determinante do
hifens (sem acento, no plural). primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior.
Exceção: cânon - cânones. palavra-chave - palavras-chave
b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: bomba-relógio - bombas-relógio
homem - homens. notícia-bomba - notícias-bomba
c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo homem-rã - homens-rã
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes peixe-espada - peixes-espada
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – caracóis; verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
hotel - hotéis verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas e) Casos Especiais
maneiras: o louva-a-deus e os louva-a-deus
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. o bem-me-quer e os bem-me-queres
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras: o joão-ninguém e os joões-ninguém.
répteis ou reptis (pouco usada).
f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas Plural das Palavras Substantivadas
maneiras: As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
“es”: ás – ases / retrós - retroses flexões próprias dos substantivos.
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o Pese bem os prós e os contras.
lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. O aluno errou na prova dos noves.
g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
maneiras. Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações variam no plural.
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex Plural dos Diminutivos
- os látex. Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo.
Plural dos Substantivos Compostos pãe(s) + zinhos = pãezinhos
A formação do plural dos substantivos compostos depende animai(s) + zinhos = animaizinhos
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o botõe(s) + zinhos = botõezinhos
composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples: farói(s) + zinhos = faroizinhos
aguardente e aguardentes girassol e girassóis tren(s) + zinhos = trenzinhos
pontapé e pontapés malmequer e malmequeres colhere(s) + zinhas = colherezinhas
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados flore(s) + zinhas = florezinhas
por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. Algumas mão(s) + zinhas = mãozinhas
orientações são dadas a seguir: papéi(s) + zinhos = papeizinhos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de: funi(s) + zinhos = funizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos pai(s) + zinhos = paizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens pé(s) + zinhos = pezinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pé(s) + zitos = pezitos

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
Plural dos Nomes Próprios Personativos Flexão de Grau do Substantivo
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que a Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
terminação preste-se à flexão. variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Os Napoleões também são derrotados. - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado normal.
As Raquéis e Esteres. Por exemplo: casa
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Plural dos Substantivos Estrangeiros Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos como Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando terminam indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
em “s” ou “z”). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
os shows os shorts os jazz aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com as
Pode ser:
regras de nossa língua:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que indica
os clubes os chopes
pequenez. Por exemplo: casa pequena.
os jipes os esportes
as toaletes os bibelôs Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
os garçons os réquiens diminuição. Por exemplo: casinha.

Observe o exemplo: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php


Este jogador faz gols toda vez que joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Questões sobre Substantivo

Plural com Mudança de Timbre 01. (Escrevente TJ SP Vunesp/2012) A flexão de número do


Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre termo “preços-sombra” também ocorre com o plural de
da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado (A) reco-reco.
metafonia (plural metafônico). (B) guarda-costa.
Singular Plural (C) guarda-noturno.
corpo (ô) corpos (ó) (D) célula-tronco.
esforço esforços (E) sem-vergonha.
fogo fogos
forno fornos 02. (Escrevente TJ SP Vunesp/2013) Assinale a alternativa
fosso fossos cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
imposto impostos -padrão.
olho olhos (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
osso (ô) ossos (ó) (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
ovo ovos (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
poço poços (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
porto portos (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
posto postos
tijolo tijolos
03. Indique a alternativa em que a flexão do substantivo está
errada:
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. A) Catalães.
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de molho B) Cidadãos.
(ó) = feixe (molho de lenha). C) Vulcães.
D) Corrimões.
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
a) Há substantivos que só se usam no singular: 04. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da mesma
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc. forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
b) Outros só no plural: a) vulcão, abaixo-assinado;
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus (naipes b) irmão, salário-família;
de baralho), as fezes. c) questão, manga-rosa;
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular: d) bênção, papel-moeda;
bem (virtude) e bens (riquezas) e) razão, guarda-chuva.
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem, títulos)
d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com 05. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm um
sentido de plural: significado e no feminino têm outro, diferente, marque a alternativa
Aqui morreu muito negro. em que há um substantivo que não corresponde ao seu significado:
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas a) O capital = dinheiro;
improvisadas. A capital = cidade principal;

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
b) O grama = unidade de medida; GABARITO
A grama = vegetação rasteira;
01. D 02. D 03. C 04. C 05. E
c) O rádio = aparelho transmissor; 06. A 07. D 08. A 09. D 10. E
A rádio = estação geradora;
COMENTÁRIOS
d) O cabeça = o chefe;
A cabeça = parte do corpo;
1-) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formado
e) A cura = o médico. de substantivo + substantivo que funciona como determinante do
O cura = ato de curar. primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior.
= células-tronco
06. Correlacione os substantivos com os respectivos coletivos, e
indique a alternativa correta: 2-)
I - Bispos. A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
II - Cães de caça. B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
III -Vadios. = cidadãos
IV -Papéis. C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
( ) Resma. = certidões
( ) Concílio. E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! = degraus
( ) Corja.
( ) Matilha.
3-) Vulcões
A) IV, I, III, II.
B) III, I, II, IV.
C) I, III, II, IV. 4-) Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da mesma
D) III, I, IV, II. forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:

07. Indique a alternativa que apresenta erro na formação do Balões / canetas-tinteiro


plural: a) vulcões, abaixo-assinados;
A) Os boias-frias participaram da manifestação na estrada. b) irmãos, salários-família;
B) Colocaram tanto alpiste, que o quintal ficou cheio de beija- d) bênçãos, papéis-moeda;
flores. e) razões, guarda-chuvas.
C) Aqueles pães de ló estavam deliciosos.
D) Os abaixos-assinados foram entregues ao diretor. 5-) o cura: sacerdote / a cura: ato ou efeito de curar
08. Das palavras abaixo, faz plural como “assombrações” 6-)
a) perdão.
I - Bispos.
b) bênção.
c) alemão. II - Cães de caça.
d) cristão. III -Vadios.
e) capitão. IV -Papéis.

09. Entre os substantivos selecionados nas alternativas a seguir, ( ) Resma = papéis IV


há apenas um que pertence ao gênero masculino. Indique-o: ( ) Concílio. = bispos I
A) alface ( ) Corja. = vadios III
B) omoplata ( ) Matilha. = cães de caça II
C) comichão
D) lança-perfume 7-) Os abaixo-assinados foram entregues ao diretor.
10. Assinale a frase correta quanto ao emprego do gênero dos 8-)
substantivos.
b) bênçãos.
A) A perda das esperanças provocou uma profunda dó na
personagem. c) alemães.
B) O advogado não deu o ênfase necessário às milhares de d) cristãos.
solicitações. e) capitães.
C) Ele vestiu o pijama e sentou-se para beber uma champanha
gelada. 9-)
D) O omelete e o couve foram acompanhados por doses do A) a alface
melhor aguardente. B) a omoplata
E) O beliche não coube na quitinete recém-comprada pelos C) a comichão
estudantes. D) o lança-perfume

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
10-)
A) A perda das esperanças provocou um profundo dó na personagem.
B) O advogado não deu a ênfase necessário às milhares de solicitações.
C) Ele vestiu o pijama e sentou-se para beber um champanha gelado.
D) A omelete e a couve foram acompanhadas por doses da melhor aguardente.

Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em diante: trezentos/
trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
cardinais são invariáveis.

Os numerais ordinais variam em gênero e número:


primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas:


Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam--se em gênero e número:
Teve de tomar doses triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre
em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os
cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:

Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)


Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.

Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias de
seu bairro.

Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

QUESTÕES SOBRE NUMERAL

01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais” temos exemplos de numerais:
A)ordinais;
B)cardinais;
C)fracionários;
D)romanos;
E)Nenhuma das alternativas.

02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem empregados.


A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
D)Antes do artigo dez vem o artigo nono.
E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90 são, GABARITO
respectivamente
A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno, nongentésimo 01. B 02. D 03. B 04. B 05. A
B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo 06. D 07. A 08. D 09. C 10. A
C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo
D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo COMENTÁRIOS

04. (Contador – IESES – 2012).“Em maio, um abaixo-assinado, 1-) Nessa carteira só há duas notas de cinco reais = numerais
para que o parlamento extinga a lei ortográfica, tomou a 82ª Feira cardinais
do Livro de Lisboa.” O numeral ordinal destacado está corretamente
escrito na alternativa: 2-)
a) Oitogésima segunda. A) Ao papa Paulo Sexto sucedeu João Paulo Primeiro.
b) Octogésima segunda.
B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo dez.
c) Oitagésima segunda.
C) Depois do capítulo sexto, li o capítulo onze.
d) Octagésima segunda.
D) Antes do artigo dez vem o artigo nono. = correta
E) O artigo vinte e dois foi revogado.
05.Marque o emprego incorreto do numeral:
A) século III (três)
B) página 102 (cento e dois) 3-) 80 (octogésimo), 300 (trecentésimo ou tricentésimo) , 700
C) 80º (octogésimo) (septingentésimo) 90 (nonagésimo)
D) capítulo XI (onze)
E) X tomo (décimo) 4-) 82ª Feira = Octogésima segunda.

06.Triplo e tríplice são numerais: 5-)


A) multiplicativo o primeiro e ordinal o segundo A) século III (terceiro)
B) ambos ordinais B) página 102 (cento e dois)
C) ambos cardinais C) 80º (octogésimo)
D) ambos multiplicativos. D) capítulo XI (onze)
E) X tomo (décimo)
07. Indique a grafia e leitura corretas do seguinte numeral
cardinal: 3.726. 6-) triplo e tríplice = ambos são numerais multiplicativos
A) Três mil, setecentos e vinte e seis.
B) Três mil, e setecentos e vinte e seis. 7-)
C) Três mil e setecentos e vinte e seis. B) Três mil, e setecentos e vinte e seis. = retirar o “e”
D) Três mil, setecentos, vinte, seis. C) Três mil e setecentos e vinte e seis. = faltou a vírgula; retirar
o “e”
08.Em todas as frases abaixo,os numerais foram corretamente D) Três mil, setecentos, vinte, seis. = substituir as duas últimas
empregados, exceto em: vírgulas pela conjunção “e”
A) O artigo vinte e cinco deste código foi revogado.
B) Seu depoimento foi transcrito na página duzentos e vinte e 8-) Este terremoto ocorreu no século décimo antes de Cristo.
dois.
C) Ainda o capítulo sétimo desta obra.
9-) Ontem à tarde, um rapaz procurou por você? = artigo
D) Este terremoto ocorreu no século dez antes de Cristo.
indefinido
09. Em todas as frases abaixo, a palavra grifada é um numeral,
10-) Ele é o duodécimo colocado. = (posição 12)
exceto em:
A) Ele só leu um livro este semestre.
B) Não é preciso mais que uma pessoa para fazer este serviço. Flexão Verbal
C) Ontem à tarde, um rapaz procurou por você?
D) Você quer uma ou mais caixas deste produto? Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número,
tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação
10.Assinale o caso em que não haja expressão numérica de (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer);
sentido indefinido: desejo (querer).
A) Ele é o duodécimo colocado. O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus
B) Quer que veja este filme pela milésima vez? possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva
C) “Na guerra os meus dedos dispararam mil mortes”. e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos
D) “A vida tem uma só entrada; a saída é por cem portas”. mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilidades
E) N.D.A. de flexão que esses verbos possuem.

Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
Estrutura das Formas Verbais d) São impessoais, ainda:
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
os seguintes elementos: Ex.: Já passa das seis.
a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
essencial do verbo. Por exemplo: indicando suficiência. Ex.:
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito
São três as conjugações: expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o
1ª - Vogal Temática - A - (falar) sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.
2ª - Vogal Temática - E - (vender) 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
3ª - Vogal Temática - I - (partir) possível”. Por exemplo:
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o
Não deu para chegar mais cedo.
tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
Dá para me arrumar uns trocados?
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
d) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a - Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural). apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) A fruta amadureceu.
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) As frutas amadureceram.
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (compor,
repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma arcaica Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do pessoais na linguagem figurada:
infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe, pões, põem, Teu irmão amadureceu bastante.
etc.
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
Classificação dos Verbos animais; eis alguns:
bramar: tigre
Classificam-se em: bramir: crocodilo
a) Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais cacarejar: galinha
de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical. coaxar: sapo
Por exemplo: canto cantei cantarei cantava cantasse cricrilar: grilo
b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no
radical ou nas desinências. Por exemplo: faço fiz farei fizesse Os principais verbos unipessoais são:
c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso,
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais. necessário, etc.).
- Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos bastante.)
impessoais são: Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
fazer (em orações temporais).
conjunção que.
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. - Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos
Era primavera quando a conheci. morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
Estava frio naquele dia. verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são provavelmente causaria problemas de interpretação em certos
impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, contextos.
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do
-humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade
Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões
de ser impessoal para ser pessoal. muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar,
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no particípio,
em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação.


Por exemplo: Ir Pôr Ser Saber (vou, vais, ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

f) Auxiliares
São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanhado de verbo
auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA PORTUGUESA
SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do
sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos
essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater- -se,
apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do verbo.
Por exemplo:
Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.

Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):

Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por pronome
oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou
transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo:
Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: Maria penteou-me.

Observações:
1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática.
2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são os verbos
reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas.

Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular

Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA
Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: Eu sempre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por exemplo: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por exemplo: Estuda agora, menino.

Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sendo por
isso denominadas formas nominais. Observe:
- a) Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. Por
exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

- b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências,
assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo:
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.

- d) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação
terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo
verbal). Por exemplo:
Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:

1. Tempos do Indicativo
- Presente - Expressa um fato atual. Por exemplo: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado. Por exemplo:
Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado. Por exemplo: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até o momento atual. Por exemplo:
Tenho estudado muito para os exames.
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já tinha estudado as lições
quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples)
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual. Por exemplo: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado antes de outro
fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste.

Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
- Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por exemplo: Se eu
tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
- Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato passado. Por exemplo:
Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria viajado nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.

- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se ele viesse
ao clube, participaria do campeonato.

Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha estudado
bastante, não passou no teste.

- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.
obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as
encomendas.

- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior ao momento atual mas já terminado antes de outro fato futuro. Por exemplo:
Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal

CANTAR VENDER PARTIR


cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal

CANTAR VENDER PARTIR


canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela desinência
-E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o
tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S

Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema
desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só se
aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÕES SOBRE VERBO D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levarem em conta
nossa condição de mortais, não precisariam preocupar-se com os
01. (Agente Policia Vunesp 2013) Considere o trecho a seguir. degraus da notoriedade.
É comum que objetos ___________ esquecidos em locais E) Quanto mais aproveitássemos o que houvesse de grande
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as nos momentos felizes, menos precisaríamos nos preocupar com
pessoas _____________ a atenção voltada para seus pertences, conquistas superlativas.
conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, 06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em
as lacunas do texto. que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma-
(A) sejam … mantesse -padrão.
(B) sejam … mantivessem (A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da impressão
(C) sejam … mantém definitiva.
(D) seja … mantivessem (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio.
(E) seja … mantêm (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar no
feriado.
02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os (D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas (E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu
de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação superior.
(A) concluída.
(B) atemporal. 07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale
(C) contínua. a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido
(D) hipotética. da frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder,
(E) futura. quem encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma
mensagem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer (A) Caso a criança se havia perdido…
estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas (B) Caso a criança perdeu…
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta (C) Caso a criança se perca…
“débito ou crédito?”. (D) Caso a criança estivera perdida…
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de (E) Caso a criança se perda…
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. 08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.).
(C) adotar como referência de qualidade. Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo
(D) julgar de acordo com normas legais. futuro.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada D) … de onde vem o produto…?
exprime possibilidade. E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias... 09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas se
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. dá em conformidade com a norma-padrão da língua.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associação, (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
e não mais por sequências fixas previamente estabelecidas. (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito acontecido com a criança.
está ligado a uma nova concepção de textualidade... (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar preocupados.
toda a literatura do mundo... (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança se
05.(Analista – Arquitetura – FCC – 2013-adap.). Está adequada perdeu mesmo assim.
a correlação entre tempos e modos verbais na frase:
A) Os que levariam a vida pensando apenas nos valores 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
absolutos talvez façam melhor se pensassem no encanto dos – 2013-adap.).
pequenos bons momentos. Leia as frases a seguir.
B) Há até quem queira saber quem fosse o maior bandido entre I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira no
os que recebessem destaque nos popularescos programas da TV. animal.
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gostam II. Existiam muitos ferimentos no boi.
tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tenha aspirações a ser III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
metafísica. movimentada.

Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo 8-)
verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente: A) Os consumidores são assediados pelo marketing = presente
A) Existia – Haviam – Existiam C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
B) Existiam – Havia – Existiam = pretérito do Subjuntivo
C) Existiam – Haviam – Existiam D) … de onde vem o produto…? = presente
D) Existiam – Havia – Existia E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = pretérito
E) Existia – Havia – Existia perfeito

GABARITO 9-)
(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
01. B 02. C 03. E 04. B 05. E (B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter acontecido
06. A 07. C 08. B 09. C 10. D com a criança.
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
COMENTÁRIOS (E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a criança
se perdeu mesmo assim.
1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as 10-)
pessoas mantivessem a atenção voltada para seus pertences, I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira no
conservando-os junto ao corpo. animal.
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque movimentada.
expressa ação contínua (=não concluída)
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal; existir =
3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
variável. Portanto, temos:
um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
I – Existiam onze pessoas...
pergunta “débito ou crédito?”.
II – Havia muitos ferimentos...
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classificar
III – Existia muita gente...
segundo ideias preconcebidas.
Vozes do Verbo
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual.
se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as
= verbo no futuro do pretérito
vozes verbais:
5-) - a) Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
A) Os que levam a vida pensando apenas nos valores absolutos expressa pelo verbo. Por exemplo:
talvez fariam melhor se pensassem no encanto dos pequenos bons Ele fez o trabalho.
momentos. sujeito agente ação objeto (paciente)
B) Há até quem queira saber quem é o maior bandido entre os - b) Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação
que recebem destaque nos popularescos programas da TV. expressa pelo verbo. Por exemplo:
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gostem O trabalho foi feito por ele.
tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tem aspirações a ser sujeito paciente ação agente da passiva
metafísica. - c) Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levassem em conta paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
nossa condição de mortais, não precisariam preocupar-se com os O menino feriu-se.
degraus da notoriedade. Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção
de reciprocidade. Por exemplo:
6-) Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em silêncio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar Formação da Voz Passiva
no feriado. A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... e sintético.
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a 1- Voz Passiva Analítica
seu superior. Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do
verbo principal. Por exemplo:
7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve uma A escola será pintada.
grande perda salarial...) O trabalho é feito por ele.

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da Saiba que:
preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição 1) Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos,
de. Por exemplo: são chamados neutros.
A casa ficou cercada de soldados. O vinho é bom.
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja Aqui chove muito.
explícito na frase. Por exemplo: 2) Há formas passivas com sentido ativo:
A exposição será aberta amanhã. É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
seguintes: 3) Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo) Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) 4) Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) paciente.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Chamo-me Luís.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o Batizei-me na Igreja do Carmo.
mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a Operou-se de hérnia.
transformação da frase seguinte: Vacinaram-se contra a gripe.
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica php
com outros verbos que podem eventualmente funcionar como
auxiliares. Por exemplo: QUESTÕES SOBRE VOZES DOS VERBOS
A moça ficou marcada pela doença.
01. Transitando para a voz passiva a oração “O tropel dos
2- Voz Passiva Sintética cavalos avisava os cangaceiros.”, a forma verbal será:
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo A) ia avisando
na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo: B) avisavam
Abriram-se as inscrições para o concurso. C) avisava-se
Destruiu-se o velho prédio da escola. D) foram avisados
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética. E) eram avisados

Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina 02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo -
de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Transpondo-
significado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz -se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. (A) era abatido.
Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: (B) fora abatido.
SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA. (C) abatera-se.
(D) foi abatido.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva (E) tinha abatido
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
substancialmente o sentido da frase. 03. (FCC-TRE-Analista Judiciário – 2011) Transpondo-se
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) para a voz passiva a frase Hoje a autoria institucional enfrenta séria
Sujeito da Ativa objeto Direto concorrência dos autores anônimos, obter-se-á a seguinte forma
verbal:
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva) (A) são enfrentados.
Sujeito da Passiva Agente da Passiva (B) tem enfrentado.
(C) tem sido enfrentada.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito (D) têm sido enfrentados.
da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a forma (E) é enfrentada.
passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos:
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos. 04. (Fundação Carlos Chagas) Transpondo para a voz passiva
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres. a oração “O faro dos cães guiava os caçadores”, obtém-se a forma
- Eu o acompanharei. verbal:
Ele será acompanhado por mim. A) guiava-se
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não B) ia guiando
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudicaram- C) guiavam
me. D) eram guiados
Fui prejudicado. E) foram guiados

Didatismo e Conhecimento 28
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05. (Analista de Procuradoria – FCC – 2013-adap) Transpondo- 4-) O faro dos cães guiava os caçadores = Os caçadores eram
-se para a voz passiva a frase O poeta teria aberto um diálogo entre guiados...
as duas partes, a forma verbal resultante será:
A) fora aberto. 5-) O poeta teria aberto um diálogo entre as duas partes = Um
B) abriria. diálogo teria sido aberto...
C) teria sido aberto.
D) teriam sido abertas.
6-) Cruzaram-se rapidamente na rua as duas rivais. = voz
E) foi aberto.
reflexiva (recíproca)
06. A frase que não está na voz passiva é:
A) O filme foi estrondosamente aclamado pelo público. 7-)
B) Fizeram-se apenas os consertos mais urgentes nas ruas. A) Os turcos vendem maçã. = ativa
C) Cruzaram-se rapidamente na rua as duas rivais. B) As pessoas refugiam-se no vão da porta. = reflexiva
D) Escolheu-se a pessoa errada para o cargo. C) Os cães arranhavam o portão. = ativa

07. Assinale a alternativa que apresenta a frase na voz passiva: 8-) Entreolharam-se apaixonadamente os dois pombinhos. =
A) Os turcos vendem maçã. reflexiva
B) As pessoas refugiam-se no vão da porta.
C) Os cães arranhavam o portão. 9-) O presidente americano Barack Obama cancelou programa
D) O sorvete é feito pelo sorveteiro. = Programa foi cancelado pelo presidente...
08. Indique a única alternativa em que a oração não está na
10-) o engenheiro podia controlar todos os empregados da
voz passiva:
A) Entreolharam-se apaixonadamente os dois pombinhos. estação = Todos os empregados da estação podiam ser controlados...
B) O cantor romântico foi demoradamente aplaudido.
C) Elegeu-se, infelizmente, o deputado errado.
D) Fizeram-se apenas os exercícios mais fáceis.
3. ADVÉRBIO E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
09. Em “O presidente americano Barack Obama cancelou DE TEMPO, LUGAR, MEIO, INTENSIDADE,
programa”, a forma verbal “cancelou” está na voz ativa. A forma NEGAÇÃO, AFIRMAÇÃO, DÚVIDA, ETC.
correspondente, na voz passiva analítica, é
A) era cancelado.
B) foi cancelado.
C) tinha sido cancelado. O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
D) cancelava-se na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
E) estava sendo cancelado.
tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade,
10. A oração “o engenheiro podia controlar todos os empregados contiguidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal,
da estação ferroviária” está na voz ativa. Assinale a forma verbal no sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em
passiva correspondente. que esse processo se desenvolve.
A) podiam ser controlados O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
B) seriam controlados caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
C) podia ser controlado modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifica
D) controlavam-se o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você está
GABARITO até bem informado.
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
01. E 02. D 03. E 04. D 05. C alheio, representando uma qualidade, característica.
06. C 07. D 08. A 09. B 10. A O artista canta muito mal.
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
COMENTÁRIOS
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
1-) Transitando para a voz passiva a oração “O tropel dos cavalos verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como
avisava os cangaceiros.”, a forma verbal será: Os cangaceiros eram advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma
avisados... palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Temos
aí o que chamamos de locução adverbial, representada por algumas
2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de
abatido... modo algum, entre outras.
Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das
3-) Hoje a autoria institucional enfrenta séria concorrência dos circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam em
autores anônimos = Séria concorrência é enfrentada pela autoria... distintas categorias, uma vez expressas por:

Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às QUESTÕES SOBRE ADVÉRBIO
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a 01.(Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em 2013). Leia os quadrinhos para responder a questão.
-mente: calmamente, tristemente, propositadamente, pacientemente,
amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosamente,
generosamente
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em excesso,
bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, amanhã,
cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante,
nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve,
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente,
provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de
manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a
qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, (Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português. Volume
longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, Único)
nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à distancia
de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque dois
volta advérbios: Aí e ainda.
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de Considerando que advérbio é a palavra que modifica um verbo,
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum um outro advérbio ou um adjetivo, expressando a circunstância em
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, que determinado fato ocorre, assinale a alternativa que classifica,
quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe correta e respectivamente, as circunstâncias expressas por eles.
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, A) Lugar e negação.
certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmente B) Lugar e tempo.
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, C) Modo e afirmação.
simplesmente, só, unicamente D) Tempo e tempo.
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também E) Intensidade e dúvida.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
de designação: Eis 02. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). Leia
de interrogação: onde?(lugar), como?(modo), quando?(tempo), o texto a seguir.
por quê?(causa), quanto?(preço e intensidade), para quê?(finalidade)
Impunidade é motor de nova onda de agressões
Locução adverbial
Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas últimas
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade com que
Exemplo: foram cometidos, estão gerando ainda uma série de repercussões.
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da estudante
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria recusado
um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação penal, por
Há locuções adverbiais que possuem advérbios correspondentes. agressão, movida por sua ex-mulher.
Exemplo: No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma boate
Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente. em São Paulo também foram atacados por dois jovens que estavam
na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna fraturada. Esses
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são dois jovens teriam tentado se aproximar, sem sucesso, de duas
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única garotas que eram amigas dos rapazes que saíam da boate. Um dos
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é a suspeitos do ataque alega que tudo não passou de um engano e que
de grau: o rapaz teria fraturado a perna ao cair no chão.
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe Curiosamente, também é possível achar um blog que diz que
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se quebrou
inconstitucionalissimamente, etc; ao cair no chão.
Diminutivo: diminui a intensidade. Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos felizmente
Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar - comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão ajudar a polícia
devagarinho, na investigação.

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se quebrando A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes
por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões devem ser especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da
rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que eles sejam mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, isso
julgados e condenados. basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Wigner,
A impunidade é um dos motores da onda de violência que temos podemos nos perguntar por que a matemática é tão eficaz para
visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil impulsivo exprimir as leis da física.
de alguns jovens (amplificado pela bebida e por outras substâncias) (Folha de S.Paulo. 06.04.2013. Adaptado)
completa o mecanismo que gera agressões.
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar. Releia os trechos apresentados a seguir.
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro, - Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras podiam
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle sobre simplesmente escolher carreiras nas quais os números não
os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns dos encontravam muito espaço... (1.º parágrafo)
caminhos. - Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma ponta
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado) de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º parágrafo)
Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta respectivamente, circunstâncias de
circunstância adverbial de modo. A) afirmação e de intensidade.
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda B) modo e de tempo.
uma série de repercussões. C) modo e de lugar.
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em plena D) lugar e de tempo.
balada… E) intensidade e de negação.
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem sucesso, 04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Leia o texto
de duas amigas… para responder às questões
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou de
um engano... Mais denso, menos trânsito
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se
quebrando por aí… Henrique Meirelles

As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em


03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Leia o texto a
processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico
seguir.
da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura,
mas é importante também considerar e estudar em profundidade o
Cultura matemática
planejamento urbano.
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
Hélio Schwartsman desconcentração, incentivando a criação de diversos centros urbanos,
na visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros
de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens,
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito tempo, dificultando o escasso investimento em transporte coletivo e
a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito com aumentando a necessidade do transporte individual.
Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os Se olharmos Los Angeles como a região que levou a
números não encontravam muito espaço, como direito, jornalismo, desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
as humanidades e até a medicina de antigamente. região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
universitários, é considerado aceitável que um intelectual se cidade.
vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá da Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou dizer que adensamento e predominância do transporte coletivo, como mostram
não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão recriminadores Manhattan, Tóquio e algumas novas áreas urbanas chinesas.
quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na manga da camisa. Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. os diversos centros já existentes com investimentos no transporte
Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma ponta de coletivo.
desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo para quem O centro histórico de São Paulo é demonstração inequívoca do
não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras técnicas. que não deve ser feito. É a região da cidade mais bem servida de
Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as transporte coletivo, com infraestrutura de telecomunicação, água,
armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil eletricidade etc. Conta ainda com equipamentos de importância
até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas cultural e histórica que dão identidade aos aglomerados urbanos.
sem assimilar toda a numeralha que idealmente as informa. Seria natural que, como em outras grandes cidades, o centro de São
Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito para Paulo fosse a região mais adensada da metrópole. Mas não é o caso.
compreender as novas pesquisas que trazem informações relevantes Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com deslocamento
para nossa saúde e bem-estar. das atividades para diversas regiões da cidade.

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
É fundamental que essa visão de adensamento com uso 10. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio:
abundante de transporte coletivo seja recuperada para que possamos A) Só quero meio quilo.
reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte B) Achei-o meio triste.
individual devorando espaços viários que não têm a capacidade C) Descobri o meio de acertar.
de absorver a crescente frota de automóveis, fruto não só do novo D) Parou no meio da rua.
acesso da população ao automóvel mas também da necessidade de E) Comprou um metro e meio de tecido.
maior número de viagens em função da distância cada vez maior
entre os destinos da população.
GABARITO
(Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado)

Em – … mas é importante também considerar e estudar em 01. B 02. C 03. B 04. D 05. C
profundidade o planejamento urbano. –, a expressão em destaque é 06. C 07. C 08. D 09. A 10. B
empregada na oração para indicar circunstância de
A) lugar. COMENTÁRIOS
B) causa.
C) origem. 1-) AÍ = LUGAR AINDA = TEMPO
D) modo.
E) finalidade. 2-) a-) ainda = tempo
B) em plena balada = lugar
05. (UFC) A opção em que há um advérbio exprimindo C) sem sucesso = modo
circunstância de tempo é: D) não = negação .
A) Possivelmente viajarei para São Paulo.
E) por aí = lugar
B) Maria tinha aproximadamente 15 anos.
C) As tarefas foram executadas concomitantemente.
D) Os resultados chegaram demasiadamente atrasados. 3-) Simplesmente = modo / ainda = tempo

06. Indique a alternativa que completa a frase a seguir, 4-) em profundidade = profundamente = advérbio de modo
respectivamente, com as circunstâncias de intensidade e de modo.
Após o telefonema, o motorista partiu... 5-) concomitantemente = Diz-se do que acontece, desenvolve--
A)às 18 h com o veículo. se ou é expresso ao mesmo tempo com outra(s) coisa(s); simultâneo.
B)rapidamente ao meio-dia.
C)bastante alerta. 6-) A alternativa deve começar com advérbio que expresse
D)apressadamente com o caminhão. INTENSIDADE. Vá por eliminação:
E)agora calmamente. a-) às 18h = tempo
b-) rapidamente = modo
07. Em qual das alternativas abaixo o adjunto adverbial expressa c-) bastante= intensidade
o sentido de instrumento:?
d-) apressadamente = modo
A)Viajou de trem.
B)Tânia foi almoçar com seus primos. e-) agora = tempo
C)Cortou-se com o alicate.
D)Chorou de dor. 7-)
A-) Viajou de trem. = meio
08. Assinale a alternativa em que o elemento destacado NÃO é B)Tânia foi almoçar com seus primos. = companhia
um adjunto adverbial. C)Cortou-se com o alicate. = instrumento
A)“...ameaçou até se acorrentar à porta da embaixada brasileira D)Chorou de dor. = causa
em Roma.”
B)“...decidida na semana passada por Tarso Genro...”. 8-) “A concessão de refúgio político ao italiano Cesare Battisti,
C)“Hoje Mutti vive com identidade trocada e em lugar não decidida...”. = complemento nominal
sabido.”
D)“A concessão de refúgio político ao italiano Cesare Battisti, 9-):
decidida...”.
A) Ele permaneceu muito calado.
E)“...decida se é o caso de reabrir o processo e julgá-lo
B) Amanhã, não iremos ao cinema.
novamente?”
C) O menino, ontem, cantou desafinadamente.
09. Em todas as alternativas há dois advérbios, exceto em: D) Tranquilamente, realizou-se, hoje, o jogo.
A) Ele permaneceu muito calado. E) Ela falou calma e sabiamente. ( Nesse caso, subentende--se
B) Amanhã, não iremos ao cinema. calmamente. É a maneira correta de se escrever quando utilizarmos
C) O menino, ontem, cantou desafinadamente. dois advérbios de modo: o primeiro é escrito sem o sufixo
D) Tranquilamente, realizou-se, hoje, o jogo. “mente”, deixando este apenas no segundo elemento. Por exemplo:
E) Ela falou calma e sabiamente. “Apresentou-se breve e pausadamente.”)

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
10-) Em + o(s) = no(s)
a) Só quero meio quilo. = numeral Em + a(s) = na(s)
b) Achei-o meio triste. = um pouco (advérbio) Em + um = num
c) Descobri o meio de acertar. = substantivo Em + uma = numa
d) Parou no meio da rua. = numeral Em + uns = nuns
e) Comprou um metro e meio de tecido. = numeral Em + umas = numas
A + à(s) = à(s)
Por + o = pelo(s)
Por + a = pela(s)
4. PALAVRAS DE RELAÇÃO Preposição + Pronomes
INTERVOCABULAR E INTERORACIONAL: De + ele(s) = dele(s)
PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES. De + ela(s) = dela(s)
De + este(s) = deste(s)
De + esta(s) = desta(s)
De + esse(s) = desse(s)
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar
De + essa(s) = dessa(s)
termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente
De + aquele(s) = daquele(s)
há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro.
De + aquela(s) = daquela(s)
As preposições são muito importantes na estrutura da língua,
pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos De + isto = disto
indispensáveis para a compreensão do texto. De + isso = disso
De + aquilo = daquilo
Tipos de Preposição De + aqui = daqui
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente De + aí = daí
como preposições. De + ali = dali
A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, De + outro = doutro(s)
para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com. De + outra = doutra(s)
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais Em + este(s) = neste(s)
que podem atuar como preposições. Em + esta(s) = nesta(s)
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, Em + esse(s) = nesse(s)
visto. Em + aquele(s) = naquele(s)
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como Em + aquela(s) = naquela(s)
uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas. Em + isto = nisto
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de Em + isso = nisso
acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, Em + aquilo = naquilo
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás A + aquele(s) = àquele(s)
de. A + aquela(s) = àquela(s)
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode A + aquilo = àquilo
unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em
gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela Dicas sobre preposição
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal
preposição, mas das palavras às quais ela se une. oblíquo e artigo. Como distingui-los?
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra
- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo.
pode se dar a partir de dois processos:
Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular e
feminino.
1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
A dona da casa não quis nos atender.
preposição a + artigos definidos o, os
a + o = ao Como posso fazer a Joana concordar comigo?
preposição a + advérbio onde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos
a + onde = aonde e estabelece relação de subordinação entre eles.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar um
Preposição + Artigos tratamento adequado.
De + o(s) = do(s) - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou a
De + a(s) = da(s) função de um substantivo.
De + um = dum Temos Maria como parte da família. / A temos como parte da
De + uns = duns família
De + uma = duma Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / Creio
De + umas = dumas que a conhecemos melhor que ninguém.

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido
preposições: Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças
Destino = Irei para casa. no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo por
Modo = Chegou em casa aos gritos. eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade, já que
Lugar = Vou ficar em casa; cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. nas suas ações, refletem antes de tomar uma atitude”.
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tratamento. já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também minha
Instrumento = Escreveu a lápis. família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a minha
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo vai ter que
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. aprender porque vai rolar até o torneio familiar”.
Companhia = Estarei com ele amanhã. “Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o
egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós não
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso tem data
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
para entrar e data para sair, então ele tem que sair sem retornar para
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
o crime”, analisa o presidente do Conselho Estadual de Direitos
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. (Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. que-liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias.
Acesso em: 18.08.2012. Adaptado)
Fonte: http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo vai
QUESTÕES SOBRE PREPOSIÇÃO ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o termo em
destaque expressa relação de
01. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP – A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar do
2013). Leia o texto a seguir. projeto “Xadrez que liberta”.
B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo de
“Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação falar.
C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para
João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos preso D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou muito
por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros, grades, feliz, porque eu não esperava.
cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos em comum: E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir a
tabuleiros e peças de xadrez. revisão da minha pena.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula de
escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o que 02. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013 –
pretendem fazer quando estiverem em liberdade. adap.) Considere o trecho a seguir.
“Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada, garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate, no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham,
instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça errada, é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na instituição.
As preposições que preenchem o trecho, correta, respectivamente
eu posso perder uma peça muito importante na minha vida, como eu
e de acordo com a norma-padrão, são:
perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema maior é tomar o
A) a ...com
xeque-mate”, afirma João Carlos.
B) de ...com
O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos em
C) de ...a
22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez D) com ...a
que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar a E) para ...de
atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de Estado da
Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado o primeiro 03. (Agente Policial – Vunesp/2013). Assinale a alternativa cuja
torneio fora dos presídios desde que o projeto foi implantado.Vinte preposição em destaque expressa ideia de finalidade.
e oito internos de 14 unidades participam da disputa, inclusive João (A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de
Carlos e Fransley, que diz que a vitória não é o mais importante. R$957,70 para R$1.915,40.
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não (B) ... o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que o
esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas bafômetro e o exame de sangue eram obrigatórios para comprovar
devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como estou o crime.
sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido ao bom (C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer
comportamento”. o exame clínico”...

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz Soares, A ONG Anjos do Verão colabora _______ trabalho do Corpo
um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas embriagadas ao de Bombeiros, empenhando-se ____________ encontrar crianças
volante, a mudança “é um avanço”. perdidas.
(E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade policial (A) do ... sobre
de dizer quem está embriagado... (B) com o ... para
(C) no ... ante
04. (Agente Policial - VUNESP – 2013). Em – Jamais em minha (D) o ... entre
vida achei na rua ou em qualquer parte do globo um objeto qualquer. (E) pelo ... de
–, o termo em destaque introduz ideia de
(A) tempo. 10. Assinale a alternativa em que a norma culta não aceita a
(B) lugar. contração da preposição de:
(C) modo. A) Aos prantos, despedi-me dela.
B) Está na hora da criança dormir.
(D) posse.
C) Falava das colegas em público.
(E) direção.
D) Retirei os livros das prateleiras para limpá-los.
E) O local da chacina estava interditado.
05. Na frase - As duas sobrinhas quase desmaiam de enjoo... - a
preposição de, destacada, tem sentido de GABARITO
A)causa.
B)tempo. 01. B 02. B 03. B 04. B 05. A
C)assunto. 06. E 07. C 08. B 09. B 10. B
D)lugar.
E)posse. COMENTÁRIOS

06. No trecho: “(O Rio) não se industrializou, deixou explodir a 1-) xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo vai ter que
questão social, fermentada por mais de dois milhões de favelados, aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o termo em
e inchou, à exaustão, uma máquina administrativa que não destaque expressa relação de inclusão: rolará, inclusive, o torneio
funciona...”, a preposição a (que está contraída com o artigo a) familiar.
traduz uma relação de:
A) fim 2-) O metrô paulistano, de quem a banda recebe apoio,
B) causa garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
C) concessão no emprego, vantagem com que muitos trabalhadores sonham, é
D) limite o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na instituição.
E) modo As preposições que preenchem o trecho, correta, respectivamente
e de acordo com a norma-padrão, são:
07. (Agente Policial – Vunesp/2013) Assinale a alternativa em
que o termo em destaque expressa circunstância de posse. 3-)
(A) Por isso, grande foi a minha emoção ao deparar, no assento (A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de
do ônibus, com uma bolsa preta de senhora. R$957,70 para R$1.915,40. = preço
(B) Era razoável, e diante da testemunha abri a bolsa, não sem (C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer o
exame clínico”... = lugar
experimentar a sensação de violar uma intimidade.
(D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz Soares,
(C) Hesitei: constrangia-me abrir a bolsa de uma desconhecida
um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas embriagadas ao
ausente; nada haveria nela que me dissesse respeito.
volante, a mudança “é um avanço”. = posse
(D) ...e sei de um polonês que achou um piano na praia do
(E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade policial
Leblon. de dizer quem está embriagado = posse
(E) Mas eu não estava preparado para achar uma bolsa, e
comuniquei a descoberta ao passageiro mais próximo 4-) Jamais em minha vida achei na rua ou em qualquer parte do
globo um objeto qualquer. –, o termo em destaque introduz ideia de
08. Assinale a alternativa em que ocorre combinação de uma lugar.
preposição com um pronome demonstrativo:
A) Estou na mesma situação. 5-) As duas sobrinhas quase desmaiam de enjoo... - a preposição
B) Neste momento, encerramos nossas transmissões. de, destacada, tem sentido de causa (do desmaio).
C) Daqui não saio.
D) Ando só pela vida. 6-)
E) Acordei num lugar estranho. “(O Rio) não se industrializou, deixou explodir a questão
social, fermentada por mais de dois milhões de favelados, e inchou,
09. (Papiloscopista Policial – Vunesp/2013) Considerando à exaustão, uma máquina administrativa que não funciona...”, a
as regras de regência verbal, assinale a alternativa que completa, preposição a (que está contraída com o artigo a) traduz uma relação
correta e respectivamente, as lacunas da frase. de modo (=exaustivamente).

Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
7-) Classificação
(A) Por isso, grande foi a minha emoção ao deparar, no assento - Conjunções Coordenativas
do ônibus, com uma bolsa preta de senhora. = lugar - Conjunções Subordinativas
(B) Era razoável, e diante da testemunha abri a bolsa, não sem
experimentar a sensação de violar uma intimidade. = lugar Conjunções coordenativas
(D) ... e sei de um polonês que achou um piano na praia do
Leblon. =assunto Dividem-se em:
(E) Mas eu não estava preparado para achar uma bolsa, e - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto de
comuniquei a descoberta ao passageiro mais próximo. = finalidade cantar e de dançar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
8-) não só...como também.
A) Estou na mesma situação. (+ artigo) - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição,
de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
C) Daqui não saio. (+advérbio)
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
D) Ando só pela vida. (+advérbio)
todavia, no entanto, entretanto.
E) Acordei num lugar estranho (+artigo)
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
- Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
9-) A ONG Anjos do Verão colabora com o trabalho do Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
Corpo de Bombeiros, empenhando-se para encontrar crianças quer, já...já.
perdidas. - CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Ex.
Estudei muito, por isso mereço passar.
10-) Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois
A) Aos prantos, despedi-me dela. (ela = objeto) do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
C) Falava das colegas em público. (elas = objeto) - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
D) Retirei os livros das prateleiras para limpá-los. (=artigo) melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
E) O local da chacina estava interditado. (=artigo) Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do
verbo), porquanto.
É incorreto contrair a preposição de com o artigo que inicia
o sujeito de um verbo, bem como com o pronome ele(s), ela(s), Conjunções subordinativas
quando estes funcionarem como sujeito de uma oração. - CAUSAIS
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
vez que, como (= porque).
CONJUNÇÃO Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
- COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois mais...do que, menos...do que.
termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: Ela fala mais que um papagaio.
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amiguinhas. - CONCESSIVAS
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: que, apesar de, se bem que.
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
amiguinhas
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
cansada)
Cada informação está estruturada em torno de um verbo:
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: - CONFORMATIVAS
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou 3ª Principais conjunções conformativas: como, segundo, conforme,
oração: quando viu as amiguinhas. consoante
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a terceira Cada um colhe conforme semeia.
oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As palavras “e” e Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.
“quando” ligam, portanto, orações. - CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência.
Observe: Gosto de natação e de futebol. Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes ou “tão”, “tamanho”).
termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando Falou tanto que ficou rouco.
termos de uma mesma oração. - FINAIS
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Morfossintaxe da Conjunção Todos trabalham para que possam sobreviver.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
propriamente uma função sintática: são conectivos. (=para que),

Didatismo e Conhecimento 36
LÍNGUA PORTUGUESA
- PROPORCIONAIS tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando
mais, ao passo que, à proporção que. a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos, as
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de concerto
- TEMPORAIS selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem de Beethoven
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que. aos confins do planeta, convocando a multidão saudada na “Ode à
Quando eu sair, vou passar na locadora. alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould, depois de afastar-
se das apresentações ao vivo em 1964, previu que dentro de um
Diferença entre orações causais e explicativas século o concerto público desapareceria no éter eletrônico, com
grande efeito benéfico sobre a cultura musical.
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) (Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia
e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77)
dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
Veja os exemplos: No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos,
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.
atropelado”:
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o
uma explicação do fato expresso na oração anterior. elemento grifado pode ser substituído por:
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma da A) Porém.
outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm marcadas B) Contudo.
por vírgula. C) Todavia.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. D) Entretanto.
E) Conquanto.
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será
02.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Observando as
explicativa.
ocorrências da palavra “como” em – Como fomos programados
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)
para ver o mundo como um lugar ameaçador… – é correto afirmar
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
que se trata de conjunção
porque não havia cemitério no local.”
(A) comparativa nas duas ocorrências.
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte
(B) conformativa nas duas ocorrências.
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração
(C) comparativa na primeira ocorrência.
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do
(D) causal na segunda ocorrência.
período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com a
CS Explicativa. (E) causal na primeira ocorrência.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os
mortos em outra cidade. 03.(Analista de Procuradoria – FCC – 2013). Leia o texto a
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente seguir.
dependentes uma da outra.
Participação
Questões sobre Conjunção
Num belo poema, intitulado “Traduzir-se”, Ferreira Gullar
01.(Administrador – FCC – 2013). Leia o texto a seguir. aborda o tema de uma divisão muito presente em cada um de nós:
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso a que ocorre entre o nosso mundo interior e a nossa atuação junto
mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em disco; aos outros, nosso papel na ordem coletiva. A divisão não é simples:
rios de melodia digital correm na internet; aparelhos de mp3 com 40 costuma-se ver como antagônicas essas duas “partes” de nós, nas
mil canções podem ser colocados no bolso. No entanto, a música não quais nos dividimos. De fato, em quantos momentos da nossa vida
é mais algo que fazemos nós mesmos, ou até que observamos outras precisamos escolher entre o atendimento de um interesse pessoal e
pessoas fazerem diante de nós. Ela se tornou um meio radicalmente o cumprimento de um dever ético? Como poeta e militante político,
virtual, uma arte sem rosto. Quando caminhamos pela cidade num Ferreira Gullar deixou-se atrair tanto pela expressão das paixões
dia comum, nossos ouvidos registram música em quase todos os mais íntimas quanto pela atuação de um convicto socialista. Em seu
momentos − pedaços de hip hop vazando dos fones de ouvido de poema, o diálogo entre as duas partes é desenvolvido de modo a nos
adolescentes no metrô, o sinal do celular de um advogado tocando fazer pensar que são incompatíveis.
a “Ode à alegria”, de Beethoven −, mas quase nada disso será Mas no último momento do poema deparamo-nos com esta
resultado imediato de um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, estrofe:
como se dava no passado. “Traduzir uma parte
Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877, na outra parte
existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor − que é uma questão
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para de vida ou morte −
os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a será arte?”

Didatismo e Conhecimento 37
LÍNGUA PORTUGUESA
O poeta levanta a possibilidade da “tradução” de uma parte na No trecho – Temos de refletir sobre isso para mudar nossas
outra, ou seja, da interação de ambas, numa espécie de espelhamento. atitudes. –, a palavra destacada apresenta sentido de
Isso ocorreria quando o indivíduo conciliasse verdadeiramente a A) tempo.
instância pessoal e os interesses de uma comunidade; quando deixasse B) modo.
de haver contradição entre a razão particular e a coletiva. Pergunta- C) origem.
se o poeta se não seria arte esse tipo de integração. Realmente, com D) assunto.
muita frequência a arte se mostra capaz de expressar tanto nossa E) finalidade.
subjetividade como nossa identidade social. Nesse sentido, traduzir
05. (Escrevente TJ SP –Vunesp/2012) No período – A pesquisa
uma parte na outra parte significaria vencer a parcialidade e chegar a
do Dieese é um medidor importante, pois sua metodologia leva em
uma autêntica participação, de sentido altamente político. O poema conta não só o desemprego aberto (quem está procurando trabalho),
de Gullar deixa-nos essa hipótese provocadora, formulada com um como também o oculto (pessoas que desistiram de procurar ou estão
ar de convicção. em postos precários). –, os termos em destaque estabelecem entre as
(Belarmino Tavares, inédito) orações relação de
Os seguintes fatos, referidos no texto, travam entre si uma (A) alternância.
relação de causa e efeito: (B) oposição.
A) ser poeta e militante político / confronto entre subjetividade (C) causa.
e atuação social (D) adição.
B) ser poeta e militante político / divisão permanente em cada (E) explicação.
um de nós
C) ser movido pelas paixões / esposar teses socialistas 06. (Agente Policial – Vunesp/2013) Considerando que
D) fazer arte / obliterar uma questão de vida ou morte o termo em destaque em – Segundo especialistas, recusar o
E) participar ativamente da política / formular hipóteses com ar bafômetro não vai mais impedir o processo criminal... – introduz
de convicção ideia de conformidade, assinale a alternativa que apresenta a frase
corretamente reescrita, e com seu sentido inalterado.
(A) A fim de que para especialistas, recusar o bafômetro não vai
04. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Leia o
mais impedir o processo criminal...
texto a seguir. (B) A menos que para especialistas, recusar o bafômetro não vai
mais impedir o processo criminal...
Temos o poder da escolha (C) De acordo com especialistas, recusar o bafômetro não vai
mais impedir o processo criminal...
Os consumidores são assediados pelo marketing a todo momento (D) Apesar de que para especialistas, recusar o bafômetro não
para comprarem além do que necessitam, mas somente eles podem vai mais impedir o processo criminal...
decidir o que vão ou não comprar. É como se abrissem em nós uma (E) Desde que para especialistas, recusar o bafômetro não vai
“caixa de necessidades”, mas só nós temos o poder da escolha. mais impedir o processo criminal...
Cada vez mais precisamos do consumo consciente. Será
que paramos para pensar de onde vem o produto que estamos 07. (Agente Policial – Vunesp/2013) Considerando que o termo
consumindo e se os valores da empresa são os mesmos em que em destaque em – Esse valor é dobrado caso o motorista seja
acreditamos? A competitividade entre as empresas exige que elas reincidente em um ano. – estabelece relação de condição entre as
evoluam para serem opções para o consumidor. Nos anos 60, saber orações, assinale a alternativa que apresenta o trecho corretamente
reescrito, e com seu sentido inalterado.
fabricar qualquer coisa era o suficiente para ter uma empresa. Nos
(A) Porque o motorista é reincidente em um ano, esse valor é
anos 70, era preciso saber fazer com qualidade e altos índices de
dobrado.
produção. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou (B) Como o motorista é reincidente em um ano, esse valor é
diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar com dobrado.
responsabilidade socioambiental. (C) Conforme o motorista for reincidente em um ano, esse valor
O consumidor tem de aprender a dizer não quando a sua relação é dobrado.
com a empresa não for boa. Se não for boa, deve comprar o produto (D) Se o motorista for reincidente em um ano, esse valor é
em outro lugar. Os cidadãos não têm ideia do poder que possuem. dobrado.
É importante, ainda, entender nossa relação com a empresa ou (E) À medida que o motorista é reincidente em um ano, esse
produto que vamos eleger. Temos uma expectativa, um envolvimento valor é dobrado.
e aceitação e a preferência dependerá das ações que aprovamos ou
não nas empresas, pois podemos mudar de ideia. 08. Em – O projeto “Começar de Novo” busca sensibilizar
Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4% das entidades públicas e privadas para promover a ressocialização dos
pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas mesmas presos... – o termo em destaque estabelece uma relação de
pessoas admitem que já compraram produto pirata. Temos de refletir A) causa.
sobre isso para mudar nossas atitudes. B) tempo.
C) lugar.
D) finalidade.
(Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado)
E) modo.

Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – 2013). Sem que seja alterado o sentido do texto e de acordo com a
Leia o texto a seguir. norma-padrão da língua portuguesa, o termo em destaque pode ser
corretamente substituído por:
Barreira da língua (A) Por isso.
(B) Portanto.
A barreira da língua e dos regionalismos parece um mero detalhe (C) Pois.
em meio a tantas outras questões mais sérias já levantadas, como a (D) Porquanto.
falta de remédios, de equipes e de infraestrutura, mas não é. (E) Porém.
Como é possível estabelecer uma relação médico-paciente, um
diagnóstico correto, se o médico não compreende o paciente e vice- GABARITO
versa?
Sim, essa dificuldade já existe no Brasil mesmo com médicos 01. E 02. E 03. A 04. E 05. D
e pacientes falando português, mas ela só tende a piorar com o
06. C 07. D 08. D 09. A 10. E
“portunhol” que se vislumbra pela frente.
O ministro da Saúde já disse que isso não será problema, que é
COMENTÁRIOS
mais fácil treinar um médico em português do que ficar esperando
sete ou oito anos até um médico brasileiro ser formado.
1-) Conquanto é uma conjunção concessiva – abre uma exceção
Experiências internacionais, porém, mostram que não é tão fácil
assim. Na Alemanha, mesmo com a exigência da proficiência na à regra. Portanto, a troca correta é por uma outra conjunção
língua, um estudo constatou atraso de diagnósticos pelo fato de o adversativa.
médico estrangeiro não conseguir entender direito os sintomas de
pacientes. 2-) Como fomos programados para ver o mundo como um lugar
Além disso, há queixa dos profissionais alemães, que se sentem ameaçador…
sobrecarregados por terem de atuar como intérpretes dos colegas Causal na primeira ocorrência e comparativa na segunda.
de fora.
Nada contra a vinda dos estrangeiros, desde que estejam 3-) ser poeta e militante político / confronto entre subjetividade
aptos para o trabalho. Tenho dúvidas, porém, se três semanas de e atuação social.
treinamento, como aventou o ministro, é tempo suficiente para isso. O fato de ser poeta e militante político gera confronto entre seu
(Cláudia Collucci, Barreira da língua. Folha de S.Paulo, lado subjetivo e racional.
03.07.2013. Adaptado)
4-) Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitudes.
Considere o parágrafo final do texto: Apresenta a finalidade da reflexão. Devemos refletir para quê?

Nada contra a vinda dos estrangeiros, desde que estejam 5-) Uma junção, soma de ideias. Há a presença de conjunções
aptos para o trabalho. Tenho dúvidas, porém, se três semanas de aditivas.
treinamento, como aventou o ministro, é tempo suficiente para isso.
Mantendo-se os sentidos originais, ele está corretamente 6-) De acordo com especialistas, recusar o bafômetro não vai
reescrito de acordo com a norma-padrão em: mais impedir o processo criminal...
A) Nada contra a vinda dos estrangeiros, se estiverem aptos para Apresenta a mesma ideia que a do enunciado – além de ser a
o trabalho. Tenho dúvidas, no entanto: três semanas de treinamento, mais coerente.
como aventou o ministro, é suficiente para isso?
B) Nada contra a vinda dos estrangeiros, caso estão aptos para 7-) Esse valor é dobrado caso o motorista seja reincidente em
o trabalho. Tenho dúvidas, todavia: três semanas de treinamento,
um ano. – estabelece relação de condição, portanto devemos utilizar
como aventou o ministro, são suficiente para isso?
uma conjunção condicional: SE.
C) Nada contra a vinda dos estrangeiros, quando estarão
Se o motorista for reincidente em um ano, esse valor será
aptos para o trabalho. Tenho dúvidas, portanto: três semanas de
dobrado.
treinamento, como aventou o ministro, são suficientes para isso?
D) Nada contra a vinda dos estrangeiros, mas estariam aptos
para o trabalho. Tenho dúvidas, apesar disso: três semanas de 8-) A finalidade da sensibilização.
treinamento, como aventou o ministro, é suficiente para isso.
E) Nada contra a vinda dos estrangeiros, pois estarão aptos 9-) A) Nada contra a vinda dos estrangeiros, se estiverem
para o trabalho. Tenho dúvidas, por conseguinte: três semanas de aptos para o trabalho. Tenho dúvidas, no entanto: três semanas de
treinamento, como aventou o ministro, são suficiente para isso. treinamento, como aventou o ministro, é suficiente para isso? =
correta
10. (Agente Policial - Vunesp/2013) Considere o trecho: – Leve O único item que não altere o que foi dito no enunciado.
para casa – ponderou meu conselheiro, como quem diz: – É sua.
Mas acrescentou: – procure direito e o endereço aparece. 10-) Porém = conjunção adversativa.

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Frases
5. FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO.
ELEMENTOS CONSTITUINTES DA Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser
ORAÇÃO: TERMOS ESSENCIAIS, integralmente captados se atentarmos para o contexto em que
INTEGRANTES E ACESSÓRIOS. são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO. explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”,
usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de
pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que
aparentemente diz.
Frase
A entoação é um elemento muito importante da frase falada, pois
Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo ser nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo de como
formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou é dita, uma frase simples como “É ela.” pode indicar constatação,
não. A frase exprime, através da fala ou da escrita: ideias, emoções, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os
ordens, apelos. sinais de pontuação podem agir como definidores do sentido das
A frase define-se pelo seu propósito comunicativo, ou seja, frases.
pela sua capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um
conteúdo satisfatório para a situação em que é utilizada. Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos
previsível, de acordo com o sentido que transmitem. São elas:
Exemplos:
a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta é feita
O Brasil possui um grande potencial turístico. pelo emissor da mensagem. São empregadas quando se deseja obter
Espantoso! alguma informação. A interrogação pode ser direta ou indireta.
Não vá embora.
Silêncio! Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta)
O telefone está tocando. Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interrogação
indireta)
Observação: a frase que não possui verbo denomina-se Frase
Nominal.
b) Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da mensagem
dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido, utilizando o verbo no
Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que indica
nitidamente seu início e seu fim. A entoação pode vir acompanhada modo imperativo. Podem ser afirmativas ou negativas.
por gestos, expressões do rosto, do olhar, além de ser complementada
pela situação em que o falante se encontra. Esses fatos contribuem Faça-o entrar no carro! (Afirmativa)
para que frequentemente surjam frases muito simples, formadas por Não faça isso. (Negativa)
apenas uma palavra. Observe: Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa)

Rua! c) Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor exterioriza


Ai! um estado afetivo. Apresentam entoação ligeiramente prolongada.

Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acompanhadas de Por Exemplo:


gestos peculiares, são suficientes para satisfazer suas necessidades Que prova difícil!
expressivas. É uma delícia esse bolo!

Na língua escrita, a entoação é representada pelos sinais d) Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor constata um
de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia frasal. fato. Esse tipo de frase informa ou declara alguma coisa. Podem ser
Desaparecendo a situação viva, o contexto é fornecido pelo próprio
afirmativas ou negativas.
texto, o que acaba tornando necessário que as frases escritas
sejam linguisticamente mais completas. Essa maior complexidade
Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)
linguística leva a frase a obedecer às regras gerais da língua.
Portanto, a organização e a ordenação dos elementos formadores da Ela não está em casa. (Negativa)
frase devem seguir os padrões da língua. Por isso é que:
e) Frases Optativas: são usadas para exprimir um desejo.
As meninas estavam alegres.
Por Exemplo:
constitui uma frase, enquanto:
Deus te acompanhe!
Alegres meninas estavam as. Bons ventos o levem!

não é considerada uma frase da língua portuguesa. De acordo com a construção, as frases classificam-se em:

Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
Frase Nominal: é a frase construída sem verbos. Exemplos: Atenção:
Nem toda frase é oração.
Fogo! Por Exemplo:
Cuidado!
Belo serviço o seu! Que dia lindo!
Trabalho digno desse feirante.
Esse enunciado é frase, pois tem sentido.
Frase Verbal: é a frase construída com verbo. Por Exemplo: Esse enunciado não é oração, pois não possui verbo.
O sol ilumina a cidade e aquece os dias. Assim, não possuem estrutura sintática, portanto não são
Os casais saíram para jantar. orações, frases como:
A bola rolou escada abaixo. Estrutura da Frase
Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante!
As frases que possuem verbo são geralmente estruturadas a partir
de dois elementos essenciais: sujeito e predicado. Isso não significa,
A frase pode conter uma ou mais orações. Veja:
no entanto, que tais frases devam ser formadas, no mínimo, por dois
vocábulos. Na frase “Saímos”, por exemplo, há um sujeito implícito
na terminação do verbo: nós. Brinquei no parque. (uma oração)
Entrei na casa e sentei-me. (duas orações)
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em Cheguei, vi, venci. (três orações)
número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se declara algo”,
“o tema do que se vai comunicar”. Período
O predicado é a parte da frase que contém “a informação nova
para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, constituindo Período é a frase constituída de uma ou mais orações, formando
a declaração do que se atribui ao sujeito. É sempre muito importante um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou
analisar qual é o núcleo significativo da declaração: se o núcleo da composto.
declaração estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre
nas frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum Período Simples: é aquele constituído por apenas uma oração,
nome, teremos um predicado nominal (ocorre nas frases nominais que recebe o nome de oração absoluta. Exemplos:
que possuem verbo de ligação).
Observe: O amor é eterno.
As plantas necessitam de cuidados especiais.
O amor é eterno. Quero aquelas rosas.
O tempo é o melhor remédio.
O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é “O amor”. A
declaração referente a “o amor”, ou seja, o predicado, é «é eterno». Período Composto: é aquele constituído por duas ou mais
É um predicado nominal, pois seu núcleo significativo é o nome orações. Exemplos:
«eterno». Já na frase:
Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias.
Os rapazes jogam futebol. Quero aquelas flores para presentear minha mãe.
Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que acontece
O sujeito é “Os rapazes”, que identificamos por ser o termo que
ao anoitecer.
concorda em número e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado
é “jogam futebol”, cujo núcleo significativo é o verbo “jogam”. Cheguei, jantei e fui dormir.
Temos, assim, um predicado verbal.
Saiba que: Como toda oração está centrada num verbo ou numa
Oração locução verbal, a maneira prática de saber quantas orações existem
num período é contar os verbos ou locuções verbais.
Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para isso é
necessário: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint1.php
- que o enunciado tenha sentido completo;
- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal). QUESTÕES

Por Exemplo: 1-) Das frases abaixo relacionadas, indique as que contêm
oração ou orações:
Camila terminou a leitura do livro. A-) Que dia quente!
B-) Belas, as manhãs sertanejas!
Obs.: Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como C-) Estou em Monteiro há onze anos.
partes de um conjunto harmônico: elas são os termos ou as unidades D-) O aluno compreende perfeitamente o olhar do professor .
sintáticas da oração. Assim, cada termo da oração desempenha uma E-) Silêncio!
função sintática. F-) O sol brilhava no céu nordestino.

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
2. Assinale as alternativas em que não há oração: 4-)
( ) Havia muita gente naquela festa. a-) PS
( ) Socorro! b-) PC
( ) Que tristeza! c-) PS
( ) Aquele aluno não se saiu bem na avaliação. d-) PC
( ) Despediu‑se da esposa antes de viajar para a Itália. e-) PC
( ) Atenção, curva sinuosa! f-) PS
( ) Banco do Brasil. g-) PC
h-) PC
3-) Classifique os períodos abaixo em simples ou compostos.
i-) PC
a) Nestas férias, fomos conhecer Ouro
Preto.____________________ j-) PS
b) Ninguém perguntou se ele virá ao k-) PS
concerto.____________________ l-) PC
c) Quando chove, a cidade fica
insuportável.______________________
d) Não gostei do filme, os acontecimentos são muito
previsíveis.________ SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
e) Não empresto meus CDs a ninguém.___________________

4-) Classifique em: (PS) Período Simples ou (PC) Período


Composto. Frase, período e oração:
a) Neste ano elegeremos nosso presidente.
b) O vira-lata latiu e espantou o quero-quero. Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer
c) Poucas pessoas concordaram com nossa proposta. comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno,
d) Vocês falam muito e agem pouco. transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.
e) Confie em você, brigue por suas ideias, seja persistente! Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito
f) Ficou descontente com o resultado.
e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em Português há
g) Aproximou-se do telefone, iniciou a ligação, mas desistiu.
orações ou frases sem sujeito:
h) Não escreverei nada nem darei entrevista.
i) Se tu a amasses, serias feliz. Há muito tempo que não chove.
j) A simpática jovem é atriz. Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação,
k) Muitos confiaram em sua pesquisa. na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.
l) Vibramos, quando soubemos o resultado Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e
nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem
Resolução: ser classificadas a partir de seu sentido global:
- frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma
1-) pergunta. / Que queres fazer?
A-) Que dia quente! Frase (não há verbo) - frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou
B-) Belas, as manhãs sertanejas! Frase = não há verbo faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! – Faça-o sair!
C-) Estou em Monteiro há onze anos. = oração (2) - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo. /
D-) O aluno compreende perfeitamente o olhar do professor . = Que dia difícil!
oração (1) - frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já chegou.
E-) Silêncio! = frase Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo
F-) O sol brilhava no céu nordestino. = oração (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito e
predicado. O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
2-)
em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o tema do
( X ) Socorro!
que se vai comunicar”. O predicado é a parte da frase que contém “a
(X ) Que tristeza!
(X ) Atenção, curva sinuosa! informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema, constituindo
(X) Banco do Brasil. a declaração do que se atribui ao sujeito.
Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado
3-) Classifique os períodos abaixo em simples ou compostos. verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um predicado
a) Nestas férias, fomos conhecer Ouro Preto. = período simples nominal.
(locução verbal) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
b) Ninguém perguntou se ele virá ao concerto. = período opinião.
composto A existência é frágil.
c) Quando chove, a cidade fica insuportável. = período composto A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples)
d) Não gostei do filme, os acontecimentos são muito previsíveis. quando encerra um pensamento completo e vem limitada por ponto-
= período composto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e por reticências.
e) Não empresto meus CDs a ninguém. = período simples Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco.

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
Acima temos três orações correspondentes a três períodos Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de
simples ou a três frases. Mas, nem sempre oração é frase: “convém determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.
que te apresses” apresenta duas orações, mas uma só frase, pois Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável
somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento completo. pela concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples
Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se ou composto.
organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre um verbo A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível
(ou locução verbal), que implica na existência de um predicado, ao identificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso
qual pode ou não estar ligado um sujeito. ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente o
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. sujeito de uma oração.
Dessa forma: a) Estão gritando seu nome lá fora;
Rua! = é uma frase, não é uma oração. b) Trabalha-se demais neste lugar.
Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite
do meu bem.” O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único
Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode
não são frases, pois em si mesmas não satisfazem um propósito também ser um pronome indefinido.
comunicativo; são, portanto, membros de frase. a) Nós nos respeitamos mutuamente;
b) A existência é frágil;
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por c) Ninguém se move;
uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. d) O amar faz bem.
O período pode ser simples ou composto.
O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, um núcleo.
que recebe o nome de oração absoluta. a) Alimentos e roupas andam caríssimos;
b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
Chove. c) O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
A existência é frágil.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência
opinião. ao sujeito oculto, isto é, ao núcleo do sujeito que está implícito e que
pode ser reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.
Período composto é aquele constituído por duas ou mais Abolimos todas as regras. = (nós)
orações: O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se
pode identificar claramente a que o predicado da oração refere--se.
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.” Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário, teríamos
Cantei, dancei e depois dormi. uma oração sem sujeito.

Termos essenciais da oração: Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de duas
maneiras:
O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito
da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis não tenha sido identificado anteriormente:
para a formação das orações. No entanto, existem orações formadas 1) Bateram à porta;
exclusivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é a 2) Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
presença do verbo.
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo. b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do
a) “Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”; pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não
b) “Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”. apresentam complemento direto:
1) Precisa-se de mentes criativas;
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha 2) Vivia-se bem naqueles tempos;
e primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. 3) Trata-se de casos delicados;
Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, 4) Sempre se está sujeito a erros.
denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito relaciona-se com
o verbo, estabelecendo a concordância. O pronome se funciona como índice de indeterminação do
A função do sujeito é basicamente desempenhada por sujeito.
substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado,
Pronomes substantivos, numerais e quaisquer outras palavras articulam-se a partir de m verbo impessoal. A mensagem está
substantivadas (derivação imprópria) também podem exercer a centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem
função de sujeito. sujeito com:
a) Ele já partiu; a) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
b) Os dois sumiram; 1) Amanheceu repentinamente;
c) Um sim é suave e sugestivo. 2) Está chuviscando.

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos
meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral: significativos: um verbo e um nome. No predicado verbo-nominal,
1) Está tarde. o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao complemento verbal.
2) Ainda é cedo. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo,
3) Já são três horas, preciso ir; indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo que
4) Faz frio nesta época do ano; o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
a) O dia amanheceu ensolarado;
5) Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;
b) As mulheres julgam os homens inconstantes
6) Faz anos que esperamos melhores condições de vida;
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse
contém a informação nova para o ouvinte. Nas orações sem sujeito, predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro
o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer: nominal:
a) Chove muito nesta época do ano; a) O dia amanheceu;
b) Houve problemas na reunião. b) O dia estava ensolarado.

Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
declara a respeito desse sujeito. complemento homens como o predicativo inconstantes.
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. Termos integrantes da oração:
a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
b) Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo
complemento nominal são chamados termos integrantes da oração.
pensamento (predicado). Os complementos verbais integram o sentido dos verbos
transitivos, com eles formando unidades significativas. Esses
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente,
está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as sem a presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de
palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou preposição.
também ao sujeito da oração. O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres verbo.
de opinião. a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere ao b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indiretamente c) Dou-lhes três.
ao verbo. d) Houve muita confusão na partida final.
A existência (sujeito) é frágil (predicado).
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da
a) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes
oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a a pessoas:
palavra a ele relacionada. 1) Amar a Deus;
2) Adorar a Xangô;
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo 3) Estimar aos pais.
um verbo: b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de
a) Chove muito nesta época do ano; tratamento:
b) Senti seu toque suave; 1) Não excluo a ninguém;
c) O velho prédio foi demolido. 2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas c) para evitar ambiguidade:
para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos. Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo outra)
um nome; esse nome atribui uma qualidade ou estado ao sujeito, por
O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao
isso é chamado de predicativo do sujeito. O predicativo é um nome verbo, ou seja, através de uma preposição.
que se liga a outro nome da oração por meio de um verbo. a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não b) Os homens pedem-lhes amor sincero;
indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, indicando c) Gosto de música popular brasileira.
circunstâncias referentes ao estado do sujeito:
“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.” O termo que integra o sentido de um nome chama-se
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome
andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como que completa por intermédio de preposição:
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas. a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;
A função de predicativo é exercida normalmente por um adjetivo b) A arte é necessária à vida;
ou substantivo. c) Tenho-lhe profundo respeito.

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
Termos acessórios da oração e vocativo: Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem.
Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais, Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que se
explicativos, circunstanciais. relaciona porque poderia substituí-lo:
São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto adnominal, Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
o aposto e o vocativo.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma oração, em:
circunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas,
adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.
advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel de adjunto b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas:
adverbial. amor, arte, ação.
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
forma o carnaval.
d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial
são: por muito tempo na baía anoitecida.
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.
- afirmação: Sim, realmente irei partir. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou
- assunto: Falavam sobre futebol. interpelar um ouvinte real ou hipotético.
- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos,
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. papel na linguagem.
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. João, venha comigo!
- dúvida: Talvez nos deixem entrar. Traga-me doces, minha menina!
- fim: Estudou para o exame.
- frequência: Sempre aparecia por lá. PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
- instrumento: Fez o corte com a faca.
- intensidade: Corria bastante. O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. oração em sua composição. Sendo Assim:
- lugar: Vou à cidade. - Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período
- meio: Viajarei de trem. Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
- modo: Foram recrutados a dedo. - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor
- negação: Não há ninguém que mereça. solar. (Período Composto = três verbos, três orações).
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes.
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima corresponde
privilégios econômicos. a uma oração. Isso implica que o primeiro exemplo é um período
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. simples, pois tem apenas uma oração, os dois outros exemplos são
períodos compostos, pois têm mais de uma oração.
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina,
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as
especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva,
orações de um período composto: uma relação de coordenação ou
pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel
uma relação de subordinação.
de adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos
adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos. Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações,
infância. marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas
O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substantivo a que se individuais, como é o exemplo de:
refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do objeto liga-se - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
ao objeto por meio de um verbo. (Período Composto)
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a. Podemos dizer:
O poeta português deixou uma obra inacabada. 1. Estou comprando um protetor solar.
O poeta deixou-a inacabada. 2. Irei à praia.
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substantivo,
adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas ao Separando as duas, vemos que elas são independentes.
substantivo. É desse tipo de período que iremos falar agora: o Período
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, Composto por Coordenação.
desenvolver ou resumir a ideia contida num termo que exerça Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois
qualquer função sintática. tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.

Didatismo e Conhecimento 45
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Coordenadas Assindéticas Podemos modificar o período acima. Veja:
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através Oração Principal Oração Subordinada
de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a
Coordenadas Sindéticas oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada “existir
em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apresenta
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção “que”, conectivo
que são ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse caráter que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas
vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As orações cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado
coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas, ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou
adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introduzidas
conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como, por preposição.
assim... como.
- Não só cantei como também dancei. 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
- Comprei o protetor solar e fui à praia.
A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e
vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, porém,
no entanto, ainda, assim, senão. Suponho que você foi à biblioteca hoje.
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Oração Subordinada Substantiva
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia. Você sabe se o presidente já chegou?
Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja. introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras exemplos:
diferentes.
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto. O garoto perguntou qual era o telefone da moça.
Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte, Não sabemos por que a vizinha se mudou.
consequentemente, .pois (posposto ao verbo) Oração Subordinada Substantiva
- Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar. Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
- A situação é delicada; devemos, pois, agir De acordo com a função que exerce no período, a oração
subordinada substantiva pode ser:
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois a) Subjetiva
(anteposto ao verbo). É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do verbo
- Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. da oração principal. Observe:
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
- Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Sujeito

Período composto por subordinação
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: É fundamental que você compareça à reunião.
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.” Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Oração Principal Oração Subordinada
Atenção:
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, Observe que a oração subordinada substantiva pode ser
que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período simples:
do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo,
subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função
ou explícitas. de sujeito

Didatismo e Conhecimento 46
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Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal: d) Completiva Nominal
A oração subordinada substantiva completiva nominal completa
1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: um nome que pertence à oração principal e também vem marcada
É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro por preposição.
- Está evidente - Está comprovado Sentimos orgulho de seu comportamento.
É bom que você compareça à minha festa. Complemento Nominal

2- Expressões na voz passiva, como: Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos
Sabe-se - Soube-se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido orgulho disso.)
- Foi anunciado - Ficou provado Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. Lembre-se:


Observe que as orações subordinadas substantivas objetivas
3- Verbos como: indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido
acontecer de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em
conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o
Convém que não se atrase na entrevista. objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa
um verbo, o segundo, um nome.
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o
verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular. e) Predicativa
A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de
b) Objetiva Direta predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce função depois do verbo ser.
de objeto direto do verbo da oração principal.
Todos querem sua aprovação no vestibular. Nosso desejo era sua desistência.
Objeto Direto Predicativo do Sujeito

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso) Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objetiva Oração Subordinada Substantiva Predicativa
Direta
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas realce. Veja o exemplo:
desenvolvidas são iniciadas por: A impressão é de que não fui bem na prova.

1- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: f) Apositiva


A professora verificou se todos alunos estavam presentes. A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de
aposto de algum termo da oração principal.
2- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de seu
regidos de preposição), nas interrogações indiretas: casamento.
O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado. Aposto
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
3- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes
regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu casamento
Eu não sei por que ela fez isso. chegasse.
Oração Subordinada Substantiva Apositiva
c) Objetiva Indireta
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como 2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição. Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor
Meu pai insiste em meu estudo. e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm
Objeto Indireto introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto
adnominal do antecedente. Observe o exemplo:
Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso)
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
oração. Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção,
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:

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Esta foi uma redação que fez sucesso. Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e
Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem
o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo pronome específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não
relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando
o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração naquele momento.
subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o
antecede. Exemplo 2:
Obs.: para que dois períodos se unam num período composto, O homem, que se considera racional, muitas vezes age
altera-se o modo verbal da segunda oração. animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Atenção:
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo
relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual - a qual - os em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas
quais - as quais explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
Refiro-me ao aluno que é estudioso. “homem”.

Essa oração é equivalente a: Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é separada
Refiro-me ao aluno o qual estuda. da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é representada
pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas; de fato,
as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam
verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas 3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as
orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a
por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa
apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa,
ou particípio). condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida por
uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. a introduz.

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e
apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No Oração Subordinada Adverbial
segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo:
não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância
de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que
indicam uma circunstância referente, via de regra, a um verbo. A
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, classificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da
as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras circunstância que exprime. Observe os exemplos abaixo:
diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha
termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não vida.
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de minha
restritivas. Existem também orações que realçam um detalhe vida.
ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adverbial
suficientemente definido, as quais denominam-se subordinadas de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No segundo período,
adjetivas explicativas. esse papel é exercido pela oração “Quando vi a estátua”, que é,
portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa oração
Exemplo 1: é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa
(quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo-
que passava naquele momento. se:

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Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha vida. Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ainda
formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de
por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, que.
combinada com o artigo “o”). Só irei se ele for.
Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se
feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais. realizará caso essa condição seja satisfeita.
Baseia-se na circunstância expressa pela oração. Compare agora com:
Irei mesmo que ele não vá.
Circunstâncias Expressas pelas Orações Subordinadas A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de
Adverbiais qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração destacada
é, portanto, subordinada adverbial concessiva.
a) Causa Observe outros exemplos:
A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um Embora fizesse calor, levei agasalho.
determinado fato, ao motivo do que se declara na oração principal. Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da
“É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”. população continua à margem do mercado de consumo.
Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não
Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introduzido estudasse). (reduzida de infinitivo)
na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já que, uma
vez que, visto que. e) Comparação
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. As orações subordinadas adverbiais comparativas estabelecem
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alternativa uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração principal.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
a não ser cancelá-lo.
Ele dorme como um urso.
Já que você não vai, eu também não vou.
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
b) Consequência
Agem como crianças. (agem)
As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem um
Oração Subordinada Adverbial Comparativa
fato que é consequência, que é efeito do que se declara na oração
No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não
principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, de
ocorre.
forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que,
Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do verbo
tanto...que, tamanho...que. falar e do verbo fazer).
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (precedido
de tal, tanto, tão, tamanho) f) Conformidade
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.) As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou concretizando- ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
os. adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFORME
Infinitivo) Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo
(todas com o mesmo valor de conforme).
c) Condição Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos
realização ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais iguais.
condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se
realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. g) Finalidade
Principal conjunção subordinativa condicional: SE As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção, a
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, finalidade daquilo que se declara na oração principal.
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma vez Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
que (seguida de verbo no subjuntivo). Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locução
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente conjuntiva para que.
o melhor time será campeão. Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o contrato. Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada entrasse.
Caso você se case, convide-me para a festa.
h) Proporção
d) Concessão As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem
As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na
concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem oração principal.
uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À
diretamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa. PROPORÇÃO QUE

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Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto universitários, é considerado aceitável que um intelectual se
maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor), vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá da
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos... estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou dizer que
(mais), quanto menos...(menos). não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão recriminadores
À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões. quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na manga da camisa.
Visito meus amigos à medida que eles me convidam. Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
Quanto maior for a altura, maior será o tombo. cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma ponta de
i) Tempo desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo para quem
As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras técnicas.
uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as
exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas
Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal e sem assimilar toda a numeralha que idealmente as informa.
locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito para
que, depois que, sempre que, desde que, etc. compreender as novas pesquisas que trazem informações relevantes
Quando você foi embora, chegaram outros convidados. para nossa saúde e bem-estar.
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes
Mal você saiu, ela chegou. especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, isso
festa) (Oração Reduzida de Particípio) basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Wigner,
podemos nos perguntar por que a matemática é tão eficaz para
Fonte: exprimir as leis da física.
(Folha de S.Paulo. 06.04.2013.
Adaptado)
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29.php
http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas-
Releia o seguinte trecho do 3.º parágrafo do texto:
assindeticas-e-sindeticas/
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a cultura
humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
QUESTÕES SOBRE ORAÇÕES COORDENADAS
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a norma-
-padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo em destaque,
01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação
o trecho estará corretamente reescrito em:
integral de gosto e de estilo” tem valor: A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda a
A) conclusivo B) adversativo C) concessivo cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
D) explicativo E) alternativo B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A oração C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a
em destaque é: cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
a) coordenada explicativa D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase toda a
b) coordenada adversativa cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
c) coordenada aditiva E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a
d) coordenada conclusiva cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
e) coordenada assindética
04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Leia o texto
03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Leia o texto a a seguir.
seguir.
Mais denso, menos trânsito
Cultura matemática
Henrique Meirelles
Hélio Schwartsman
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico
de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura,
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito tempo, mas é importante também considerar e estudar em profundidade o
a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito com planejamento urbano.
Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
números não encontravam muito espaço, como direito, jornalismo, desconcentração, incentivando a criação de diversos centros urbanos,
as humanidades e até a medicina de antigamente. na visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.

Didatismo e Conhecimento 50
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Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros 07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjunção
e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens, sublinhada está corretamente indicado entre parênteses.
dificultando o escasso investimento em transporte coletivo e A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende
aumentando a necessidade do transporte individual. trabalhar como advogado. (explicação)
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição)
desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe.
região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário, (oposição)
temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
da cidade. Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com (alternância)
elevado adensamento e predominância do transporte coletivo, E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
como mostram Manhattan, Tóquio e algumas novas áreas urbanas chuva. (conclusão)
chinesas.
Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana
08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas no texto
verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais
“O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na casa, nem assustou
os diversos centros já existentes com investimentos no transporte
seus habitantes.” A seguir, classifique-as, respectivamente, como
coletivo. O centro histórico de São Paulo é demonstração inequívoca
do que não deve ser feito. É a região da cidade mais bem servida de coordenadas:
transporte coletivo, com infraestrutura de telecomunicação, água, A) adversativa e aditiva.
eletricidade etc. Conta ainda com equipamentos de importância B) explicativa e aditiva.
cultural e histórica que dão identidade aos aglomerados urbanos. C) adversativa e alternativa.
Seria natural que, como em outras grandes cidades, o centro de São D) aditiva e alternativa.
Paulo fosse a região mais adensada da metrópole. Mas não é o caso.
Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com deslocamento 09. Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as
das atividades para diversas regiões da cidade. pessoas que não sabem cozinhar.
É fundamental que essa visão de adensamento com uso A palavra porque pode ser substituída, sem alteração de sentido,
abundante de transporte coletivo seja recuperada para que possamos por
reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte A) entretanto.
individual devorando espaços viários que não têm a capacidade B) então.
de absorver a crescente frota de automóveis, fruto não só do novo C) assim.
acesso da população ao automóvel mas também da necessidade de D) pois.
maior número de viagens em função da distância cada vez maior E) porém.
entre os destinos da população.
(Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado) 10- Na oração “Pedro não joga e nem assiste”, temos a presença
de uma oração
Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel coordenada que pode ser classificada em:
mas também da necessidade de maior número de viagens... –, os A) Coordenada assindética;
termos em destaque estabelecem relação de B) Coordenada assindética aditiva;
A) explicação. C) Coordenada sindética alternativa;
B) oposição. D) Coordenada sindética aditiva.
C) alternância.
D) conclusão.
GABARITO
E) adição.

05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que 01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
estaremos a seu lado sempre. Marque a opção correta quanto à 06. A 07. B 08. A 09. D 10. D
sua classificação:
A) Coordenada sindética aditiva. COMENTÁRIOS
B) Coordenada sindética alternativa.
C) Coordenada sindética conclusiva. 1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral
D) Coordenada sindética explicativa. de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto: oração
coordenada sindética adversativa
06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor adversativo é:
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. 2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a oração
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. em destaque não é introduzida por conjunção, então: coordenada
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pedir assindética
esmola”.
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da 3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e ideia)
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. adversativa
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda a
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde E cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
à educação”. = conclusiva

Didatismo e Conhecimento 51
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B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. desconcentração, incentivando a criação de diversos centros urbanos,
= conformativa na visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens,
= conclusiva
dificultando o investimento em transporte coletivo e aumentando a
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. necessidade do transporte individual.
= explicativa Se olharmos Los Angeles como a região que levou a
Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
por porque; como conclusiva: substituo por portanto. região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
4-) fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas cidade.
também da necessidade de maior número de viagens... estabelecem Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
relação de adição de ideias, de fatos adensamento e predominância do transporte coletivo, como mostram
Manhattan e Tóquio.
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre. O centro histórico de São Paulo é a região da cidade mais
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética
bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura de
explicativa
telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras grandes
6-) cidades, essa deveria ser a região mais adensada da metrópole. Mas
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não ajuda não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com
(ideia contrária) deslocamento das atividades para diversas regiões da cidade.
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. = adição A visão de adensamento com uso abundante de transporte
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pedir coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será possível reverter
esmola”. = adição esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte individual,
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da fruto não só do novo acesso da população ao automóvel, mas
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. = adição também da necessidade de maior número de viagens em função da
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de
distância cada vez maior entre os destinos da população.
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde E
à educação”. = adição (Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado)

7-) As expressões mais denso e menos trânsito, no título,


A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende estabelecem entre si uma relação de
trabalhar como advogado. (explicação) = adversativa (A) comparação e adição.
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe. (B) causa e consequência.
(oposição) = conclusão (C) conformidade e negação.
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. (D) hipótese e concessão.
(alternância) = explicativa (E) alternância e explicação
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
chuva. (conclusão) = alternativa
02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
8-) – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positivo por eles se
- mas não penetrou na casa = conjunção adversativa tornarem uma referência positiva dentro da unidade, já que cumprem
- nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor nas suas
ações, refletem antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque
9-) Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as estabelece entre as orações uma relação de
pessoas que não sabem cozinhar. A) condição.
= conjunção explicativa: pois B) causa.
C) comparação.
10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adição, D) tempo.
soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva.
E) concessão.
Exercícios sobre Subordinação
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas que
(Papiloscopista Policial – Vunesp/2013). aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas, exceto:
Mais denso, menos trânsito A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em vida.
processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico C) Ignoras quanto custou meu relógio?
da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura, D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
mas é importante também considerar o planejamento urbano. E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). A) consequência.
Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com seu B) condição.
Namorado Lute. C) finalidade.
D) causa.
E) concessão.

07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.). Considere


o trecho: “Como as músicas eram de protesto, naquele mesmo ano
foi enquadrado na lei de segurança nacional pela ditadura militar
e exilado.” O termo Como, em destaque na primeira parte do
enunciado, expressa ideia de
A) contraste e tem sentido equivalente a porém.
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que.
C) conformidade e tem sentido equivalente a conforme.
D) causa e tem sentido equivalente a visto que.
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que.

(Dik Browne, Folha de S. Paulo, 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas
26.01.2013) – VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir.
É correto afirmar que a expressão contanto que estabelece entre Tomadas e oboés
as orações relação de
A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar depois “O do meio, com heliponto, tá vendo?”, diz o taxista, apontando
de casada. o enorme prédio espelhado, do outro lado da marginal: “A parte
B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso como cantor elétrica, inteirinha, meu cunhado que fez”. Ficamos admirando o
romântico. edifício parcialmente iluminado ao cair da tarde e penso menos no
C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já pensam
tamanho da empreitada do que em nossa variegada humanidade:
em casamento.
uns se dedicam à escrita, outros a instalações elétricas, lembro-
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão de músico
-me do meu tio Augusto, que vive de tocar oboé. “Fio, disjuntor,
provavelmente ganhará pouco.
tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a
E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido torne-se
contaminar-me.
um artista famoso.
Pergunto quantas tomadas ele acha que tem, no prédio todo. Há
quem ria desse tipo de indagação. Meu taxista, não. É um homem
05. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – Apesar
sério, eu também, fazemos as contas: uns dez escritórios por andar,
da desconcentração e do aumento da extensão urbana verificados
no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais os diversos cada um com umas seis salas, vezes 30 andares. “Cada sala tem o
centros já existentes... –, sem que tenha seu sentido alterado, o trecho quê? Duas tomadas?”
em destaque está corretamente reescrito em: “Cê tá louco! Muito mais! Hoje em dia, com computador, essas
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Extensão coisas? Depois eu pergunto pro meu cunhado, mas pode botar aí
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar pra uma média de seis tomadas/sala.”
ainda mais os diversos centros já existentes... Ok: 10 x 6 x 6 x 30 = 10.800. Dez mil e oitocentas tomadas!
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da Há 30, 40 anos, uma hora dessas, a maior parte das tomadas já
extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda estaria dormindo o sono dos justos, mas a julgar pelo número de
mais os diversos centros já existentes... janelas acesas, enquanto volto para casa, lentamente, pela marginal,
C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento centenas de trabalhadores suam a camisa, ali no prédio: criam
da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar logotipos, calculam custos para o escoamento da soja, negociam
ainda mais os diversos centros já existentes... minério de ferro. Talvez até, quem sabe, deitado num sofá, um
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão homem escute em seu iPod as notas de um oboé.
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar Alegra-me pensar nesse sujeito de olhos fechados, ouvindo
ainda mais os diversos centros já existentes... música. Bom saber que, na correria geral, em meio a tantos
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da profissionais que acreditam estar diretamente envolvidos no
extensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e movimento de rotação da Terra, esse aí reservou-se cinco minutos
adensar ainda mais os diversos centros já existentes... de contemplação.
Está tarde, contudo. Algo não fecha: por que segue no escritório,
06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É esse homem? Por que não voltou para a mulher e os filhos, não foi
fundamental que essa visão de adensamento com uso abundante de para o chope ou o cinema? O homem no sofá, entendo agora, está
transporte coletivo seja recuperada para que possamos reverter esse ainda mais afundado do que os outros. O momento oboé era apenas
processo de uso… –, a expressão em destaque estabelece entre as uma pausa para repor as energias, logo mais voltará à sua mesa e a
orações relação de seus logotipos, à soja ou ao minério de ferro.

Didatismo e Conhecimento 53
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“Onze mil, cento e cinquenta”, diz o taxista, me mostrando o 4-) a expressão contanto que estabelece uma relação de condição
celular. Não entendo. “É o SMS do meu cunhado: 11.150 tomadas.” (condicional)
Olho o prédio mais uma vez, admirado com a instalação elétrica
e nossa heteróclita humanidade, enquanto seguimos, feito cágados, 5-) Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana
pela marginal. verificados no Brasil = conjunção concessiva
(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 06.03.2013. Adaptado) B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
extensão urbana no Brasil, = causal
No trecho do primeiro parágrafo – “Fio, disjuntor, tomada, tudo!”, C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento
insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a contaminar-me. da extensão urbana no Brasil = comparativa
–, a construção tanto ... que estabelece entre as construções [com D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão
tanto orgulho] e [que chega a contaminar-me] uma relação de urbana verificados no Brasil = causal
A) condição e finalidade. E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
B) conformidade e proporção. extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
C) finalidade e concessão.
D) proporção e comparação. 6-) para que possamos = conjunção final (finalidade)
E) causa e consequência.
7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia de
09. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem causa da consequência “foi enquadrado” = causa e tem sentido
mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número de equivalente a visto que.
imigrantes que o Brasil em um ano.” A alternativa que substitui a
expressão em negrito, sem prejuízo ao conteúdo, é: 8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a
A) já que. construção estabelece entre as construções uma relação de causa e
B) todavia. consequência. (a causa da “contaminação” – consequência)
C) ainda que.
D) entretanto. 9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem
E) talvez. mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número
de imigrantes que o Brasil em um ano.” = conjunção concessiva:
10. (Escrevente TJ SP – Vunesp – 2013) Assinale a alternativa ainda que
que substitui o trecho em destaque na frase – Assinarei o documento,
contanto que garantam sua autenticidade. – sem que haja prejuízo 10-) contanto que garantam sua autenticidade. = conjunção
de sentido. condicional = desde que
(A) desde que garantam sua autenticidade.
(B) no entanto garantam sua autenticidade.
(C) embora garantam sua autenticidade. PERÍODO COMPOSTO
(D) portanto garantam sua autenticidade. POR COORDENAÇÃO
(E) a menos que garantam sua autenticidade.

GABARITO O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma


oração em sua composição. Sendo Assim:
01. B 02. B 03. C 04. D 05. A - Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
06. C 07. D 08. E 09. C 10. A - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período
Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
COMENTÁRIOS - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor
solar. (Período Composto = três verbos, três orações).
1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, consequentemente,
menos trânsito, então: causa e consequência Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima corresponde
a uma oração. Isso implica que o primeiro exemplo é um período
2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece entre as simples, pois tem apenas uma oração, os dois outros exemplos são
orações uma relação de causa com a consequência de “tem um períodos compostos, pois têm mais de uma oração.
efeito positivo”. Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as
orações de um período composto: uma relação de coordenação ou
3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subordinada uma relação de subordinação.
substantiva objetiva direta Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um
A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou seja, não mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações,
se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos verbos “convir”, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas
“parecer”, “importar”, “constar” etc. Segundo, considerado como individuais, como é o exemplo de:
o principal motivo, por não iniciar com as conjunções integrantes - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
“que” e “se”. (Período Composto)

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos dizer: Questões sobre Orações Coordenadas
1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia. 01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação
Separando as duas, vemos que elas são independentes. integral de gosto e de estilo” tem valor:
É desse tipo de período que iremos falar agora: o Período A) conclusivo B) adversativo C) concessivo
Composto por Coordenação. D) explicativo E) alternativo
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois
tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A oração
Coordenadas Assindéticas
em destaque é:
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através
a) coordenada explicativa
de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
b) coordenada adversativa
c) coordenada aditiva
Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas d) coordenada conclusiva
que são ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse caráter e) coordenada assindética
vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As orações
coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas, 03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Leia o texto a
adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. seguir.

Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais Cultura matemática


conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como,
assim... como. Hélio Schwartsman
- Não só cantei como também dancei.
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia. SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino
- Comprei o protetor solar e fui à praia. de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito tempo,
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito com
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os
no entanto, ainda, assim, senão. números não encontravam muito espaço, como direito, jornalismo,
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. as humanidades e até a medicina de antigamente.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando. Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia. universitários, é considerado aceitável que um intelectual se
vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá da
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas principais estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou dizer que
conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja. não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão recriminadores
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na manga da camisa.
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
diferentes.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.
Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma ponta de
desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo para quem
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras técnicas.
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte,
consequentemente, pois (posposto ao verbo) Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as
- Passei no vestibular, portanto irei comemorar. armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar. até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada. sem assimilar toda a numeralha que idealmente as informa.
- A situação é delicada; devemos, pois, agir Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito para
compreender as novas pesquisas que trazem informações relevantes
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais para nossa saúde e bem-estar.
conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois (anteposto A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes
ao verbo). especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da
- Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, isso
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo. basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Wigner,
- Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo. podemos nos perguntar por que a matemática é tão eficaz para
exprimir as leis da física.
Fonte:http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-
coordenadas-assindeticas-e-sindeticas/ (Folha de S.Paulo. 06.04.2013. Adaptado)

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
Releia o seguinte trecho do 3.º parágrafo do texto: É fundamental que essa visão de adensamento com uso
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a cultura abundante de transporte coletivo seja recuperada para que possamos
humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a norma- individual devorando espaços viários que não têm a capacidade
padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo em destaque, o de absorver a crescente frota de automóveis, fruto não só do novo
trecho estará corretamente reescrito em: acesso da população ao automóvel mas também da necessidade de
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda a maior número de viagens em função da distância cada vez maior
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. entre os destinos da população.
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. (Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado)
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel
D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase toda a mas também da necessidade de maior número de viagens... –, os
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. termos em destaque estabelecem relação de
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a A) explicação.
B) oposição.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
C) alternância.
D) conclusão.
04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Leia o texto
E) adição.
a seguir.
05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que estaremos
Mais denso, menos trânsito a seu lado sempre.
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
Henrique Meirelles A) Coordenada sindética aditiva.
B) Coordenada sindética alternativa.
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em C) Coordenada sindética conclusiva.
processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico D) Coordenada sindética explicativa.
da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura,
mas é importante também considerar e estudar em profundidade o 06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor adversativo é:
planejamento urbano. A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”.
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”.
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros urbanos, C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pedir
na visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento. esmola”.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da
e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens, miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”.
dificultando o escasso investimento em transporte coletivo e E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de
aumentando a necessidade do transporte individual. moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde E
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a à educação”.
desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário, 07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjunção
temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da sublinhada está corretamente indicado entre parênteses.
cidade. A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado trabalhar como advogado. (explicação)
B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição)
adensamento e predominância do transporte coletivo, como mostram
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe.
Manhattan, Tóquio e algumas novas áreas urbanas chinesas.
(oposição)
Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais
(alternância)
os diversos centros já existentes com investimentos no transporte E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
coletivo. chuva. (conclusão)
O centro histórico de São Paulo é demonstração inequívoca do
que não deve ser feito. É a região da cidade mais bem servida de 08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas no texto
transporte coletivo, com infraestrutura de telecomunicação, água, “O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na casa, nem assustou
eletricidade etc. Conta ainda com equipamentos de importância seus habitantes.” A seguir, classifique-as, respectivamente, como
cultural e histórica que dão identidade aos aglomerados urbanos. coordenadas:
Seria natural que, como em outras grandes cidades, o centro de São A) adversativa e aditiva.
Paulo fosse a região mais adensada da metrópole. Mas não é o caso. B) explicativa e aditiva.
Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com deslocamento C) adversativa e alternativa.
das atividades para diversas regiões da cidade. D) aditiva e alternativa.

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
09. Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as 6-)
pessoas que não sabem cozinhar. A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não ajuda
A palavra porque pode ser substituída, sem alteração de sentido, (ideia contrária)
por B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. = adição
A) entretanto. C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pedir
B) então. esmola”. = adição
C) assim. D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da
D) pois. miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. = adição
E) porém. E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde E
10- Na oração “PEDRO NÃO JOGA E NEM ASSISTE”, temos à educação”. = adição
a presença de uma oração coordenada que pode ser classificada em:
A) Coordenada assindética; 7-)
B) Coordenada assindética aditiva; A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende
C) Coordenada sindética alternativa; trabalhar como advogado. (explicação) = adversativa
D) Coordenada sindética aditiva. C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe.
(oposição) = conclusão
GABARITO D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
(alternância) = explicativa
01. B 02. E 03. D 04. E 05. D E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
06. A 07. B 08. A 09. D 10. D chuva. (conclusão) = alternativa

COMENTÁRIOS 8-)
- mas não penetrou na casa = conjunção adversativa
1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral - nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva
de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto: oração
coordenada sindética adversativa 9-) Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as
pessoas que não sabem cozinhar.
2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a oração = conjunção explicativa: pois
em destaque não é introduzida por conjunção, então: coordenada
assindética 10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adição,
soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva.
3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e ideia)
adversativa
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda a PERÍODO COMPOSTO
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. POR SUBORDINAÇÃO
= conclusiva
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
= conformativa “Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.”
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a Oração Principal Oração Subordinada
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
= conclusiva Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”,
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo
= explicativa em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo,
subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas
Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir ou explícitas.
por porque; como conclusiva: substituo por portanto.
Podemos modificar o período acima. Veja:
4-) fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
também da necessidade de maior número de viagens... estabelecem Oração Principal Oração Subordinada
relação de adição de ideias, de fatos
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre. oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada “existir
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apresenta
explicativa agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção “que”, conectivo

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas 2- Expressões na voz passiva, como:
cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado Sabe-se - Soube-se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido
ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou - Foi anunciado - Ficou provado
implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introduzidas
por preposição. 3- Verbos como:
convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer -
1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS acontecer

A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e Convém que não se atrase na entrevista.
vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o
Suponho que você foi à biblioteca hoje. verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular.
Oração Subordinada Substantiva
b) Objetiva Direta
Você sabe se o presidente já chegou? A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce função
Oração Subordinada Substantiva de objeto direto do verbo da oração principal.
Todos querem sua aprovação no vestibular.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também Objeto Direto
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)
exemplos: Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objetiva
Direta
O garoto perguntou qual era o telefone da moça.
Oração Subordinada Substantiva As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
desenvolvidas são iniciadas por:
Não sabemos por que a vizinha se mudou.
Oração Subordinada Substantiva 1- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”:
A professora verificou se todos alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
2- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes
De acordo com a função que exerce no período, a oração regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
subordinada substantiva pode ser: O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.

a) Subjetiva 3- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do verbo regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
da oração principal. Observe: Eu não sei por que ela fez isso.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito c) Objetiva Indireta
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como
É fundamental que você compareça à reunião. objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva preposição.
Meu pai insiste em meu estudo.
Atenção: Objeto Indireto
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser
substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período simples: Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso)
É fundamental isso. ou Isso é fundamental. Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
de sujeito oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal: Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: d) Completiva Nominal


É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro A oração subordinada substantiva completiva nominal completa
- Está evidente - Está comprovado um nome que pertence à oração principal e também vem marcada
É bom que você compareça à minha festa. por preposição.

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
Sentimos orgulho de seu comportamento. Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e
Complemento Nominal o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo pronome
relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações,
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração
orgulho disso.) subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o
Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal antecede.
Obs.: para que dois períodos se unam num período composto,
Lembre-se: altera-se o modo verbal da segunda oração.

Observe que as orações subordinadas substantivas objetivas Atenção:


indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual - a qual - os
de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em quais - as quais
conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o Refiro-me ao aluno que é estudioso.
objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa Essa oração é equivalente a:
um verbo, o segundo, um nome. Refiro-me ao aluno o qual estuda.

e) Predicativa Forma das Orações Subordinadas Adjetivas


A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam
predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas
depois do verbo ser. adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as
orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas
Nosso desejo era sua desistência. por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e
Predicativo do Sujeito apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio
ou particípio).
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para
realce. Veja o exemplo: No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva
A impressão é de que não fui bem na prova. desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e
apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No
segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo:
f) Apositiva não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
aposto de algum termo da oração principal.
Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de seu Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam,
casamento. as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras
Aposto diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.) termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas
Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu casamento restritivas. Existem também orações que realçam um detalhe
chegasse. ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra
Oração Subordinada Substantiva Apositiva suficientemente definido, as quais denominam-se subordinadas
adjetivas explicativas.
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Exemplo 1:
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem
e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm que passava naquele momento.
introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
adnominal do antecedente. Observe o exemplo:
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e
Esta foi uma redação bem-sucedida. particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal) específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não
se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando
Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo naquele momento.
bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção,
a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja: Exemplo 2:
O homem, que se considera racional, muitas vezes age
Esta foi uma redação que fez sucesso. animalescamente.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

Didatismo e Conhecimento 59
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Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo Circunstâncias Expressas pelas Orações Subordinadas
em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas Adverbiais
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causa

Saiba que: A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração determinado fato, ao motivo do que se declara na oração principal.
principal por uma pausa, que, na escrita, é representada pela vírgula. “É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”.
É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introduzido
de diferenciar as orações explicativas das restritivas; de fato, as
na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já que, uma
explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
vez que, visto que.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alternativa
a não ser cancelá-lo.
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a Já que você não vai, eu também não vou.
função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa
forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, b) Consequência
condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida por
uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes). As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem um
Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que fato que é consequência, que é efeito do que se declara na oração
a introduz. principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, de
forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que,
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. tanto...que, tamanho...que.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (precedido
Oração Subordinada Adverbial de tal, tanto, tão, tamanho)
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.)
Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou concretizando-
de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial os.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de
temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que
Infinitivo)
indicam uma circunstância referente, via de regra, a um verbo. A
classificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da
c) Condição
circunstância que exprime. Observe os exemplos abaixo: Condição é aquilo que se impõe como necessário para a
realização ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se
vida. realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal.
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de minha Principal conjunção subordinativa condicional: SE
vida. Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que,
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma vez
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adverbial que (seguida de verbo no subjuntivo).
de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No segundo período, Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente
esse papel é exercido pela oração “Quando vi a estátua”, que é, o melhor time será campeão.
portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa oração Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o contrato.
é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa Caso você se case, convide-me para a festa.
(quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo- d) Concessão
se: As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha vida. concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem
uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está
diretamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa.
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ainda
por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de
combinada com o artigo “o”). que.
Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é Só irei se ele for.
feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais. A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se
Baseia-se na circunstância expressa pela oração. realizará caso essa condição seja satisfeita.

Didatismo e Conhecimento 60
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Compare agora com: i) Tempo
Irei mesmo que ele não vá.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam
qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração destacada uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo
é, portanto, subordinada adverbial concessiva. exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou posterioridade.
Observe outros exemplos: Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Embora fizesse calor, levei agasalho. Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal e
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da
locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes
população continua à margem do mercado de consumo.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não que, depois que, sempre que, desde que, etc.
estudasse). (reduzida de infinitivo) Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
e) Comparação Mal você saiu, ela chegou.
As orações subordinadas adverbiais comparativas estabelecem Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a
uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração principal. festa) (Oração Reduzida de Particípio)
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
Ele dorme como um urso. Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29.php
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo: QUESTÕES SOBRE ORAÇÕES SUBORDINADAS
Agem como crianças. (agem)
Oração Subordinada Adverbial Comparativa 01. (Papiloscopista Policial – Vunesp/2013).
No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não
ocorre. Mais denso, menos trânsito
Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do verbo
falar e do verbo fazer).
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em
f) Conformidade processo de deterioração agudizado pelo crescimento econômico
As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam da última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura,
ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo mas é importante também considerar o planejamento urbano.
adotado para a execução do que se declara na oração principal. Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFORME desconcentração, incentivando a criação de diversos centros urbanos,
Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo na visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.
(todas com o mesmo valor de conforme). Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros
Fiz o bolo conforme ensina a receita. e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens,
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos dificultando o investimento em transporte coletivo e aumentando a
iguais. necessidade do transporte individual.
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a
g) Finalidade desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção, a
região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
finalidade daquilo que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locução cidade.
conjuntiva para que. Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos. adensamento e predominância do transporte coletivo, como mostram
Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada entrasse. Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade mais
h) Proporção bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura de
As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras grandes
ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na cidades, essa deveria ser a região mais adensada da metrópole. Mas
oração principal. não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À deslocamento das atividades para diversas regiões da cidade.
PROPORÇÃO QUE A visão de adensamento com uso abundante de transporte
Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será possível reverter
passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto
esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte individual,
maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos... fruto não só do novo acesso da população ao automóvel, mas
(mais), quanto menos...(menos). também da necessidade de maior número de viagens em função da
À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões. distância cada vez maior entre os destinos da população.
Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Quanto maior for a altura, maior será o tombo. (Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado)

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
As expressões mais denso e menos trânsito, no título, É correto afirmar que a expressão contanto que estabelece entre
estabelecem entre si uma relação de as orações relação de
(A) comparação e adição. A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar depois
(B) causa e consequência. de casada.
(C) conformidade e negação. B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso como cantor
(D) hipótese e concessão. romântico.
(E) alternância e explicação C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já pensam
em casamento.
02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão de músico
– 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positivo por eles se provavelmente ganhará pouco.
tornarem uma referência positiva dentro da unidade, já que cumprem E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido torne-se
melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor nas suas um artista famoso.
ações, refletem antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque
estabelece entre as orações uma relação de 05. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – Apesar
A) condição. da desconcentração e do aumento da extensão urbana verificados
B) causa. no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais os diversos
C) comparação. centros já existentes... –, sem que tenha seu sentido alterado, o trecho
D) tempo. em destaque está corretamente reescrito em:
E) concessão. A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Extensão
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas que ainda mais os diversos centros já existentes...
aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas, exceto: B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço. extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua mais os diversos centros já existentes...
vida.
C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento
C) Ignoras quanto custou meu relógio?
da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar
D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
ainda mais os diversos centros já existentes...
E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar
04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
ainda mais os diversos centros já existentes...
Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com seu
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
Namorado Lute.
extensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e
adensar ainda mais os diversos centros já existentes...

06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É


fundamental que essa visão de adensamento com uso abundante de
transporte coletivo seja recuperada para que possamos reverter esse
processo de uso… –, a expressão em destaque estabelece entre as
orações relação de
A) consequência.
B) condição.
C) finalidade.
D) causa.
E) concessão.

07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.). Considere


o trecho: “Como as músicas eram de protesto, naquele mesmo ano
foi enquadrado na lei de segurança nacional pela ditadura militar
e exilado.” O termo Como, em destaque na primeira parte do
enunciado, expressa ideia de
A) contraste e tem sentido equivalente a porém.
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que.
C) conformidade e tem sentido equivalente a conforme.
(Dik Browne, Folha de S. Paulo, D) causa e tem sentido equivalente a visto que.
26.01.2013) E) finalidade e tem sentido equivalente a para que.

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas 09. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem
– VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir. mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número de
imigrantes que o Brasil em um ano.” A alternativa que substitui a
Tomadas e oboés expressão em negrito, sem prejuízo ao conteúdo, é:
A) já que.
“O do meio, com heliponto, tá vendo?”, diz o taxista, apontando B) todavia.
o enorme prédio espelhado, do outro lado da marginal: “A parte C) ainda que.
elétrica, inteirinha, meu cunhado que fez”. Ficamos admirando o D) entretanto.
E) talvez.
edifício parcialmente iluminado ao cair da tarde e penso menos no
tamanho da empreitada do que em nossa variegada humanidade:
10. (Escrevente TJ SP – Vunesp – 2013) Assinale a alternativa
uns se dedicam à escrita, outros a instalações elétricas, lembro-
que substitui o trecho em destaque na frase – Assinarei o documento,
-me do meu tio Augusto, que vive de tocar oboé. “Fio, disjuntor, contanto que garantam sua autenticidade. – sem que haja prejuízo
tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a de sentido.
contaminar-me. (A) desde que garantam sua autenticidade.
Pergunto quantas tomadas ele acha que tem, no prédio todo. Há (B) no entanto garantam sua autenticidade.
quem ria desse tipo de indagação. Meu taxista, não. É um homem (C) embora garantam sua autenticidade.
sério, eu também, fazemos as contas: uns dez escritórios por andar, (D) portanto garantam sua autenticidade.
cada um com umas seis salas, vezes 30 andares. “Cada sala tem o (E) a menos que garantam sua autenticidade.
quê? Duas tomadas?”
“Cê tá louco! Muito mais! Hoje em dia, com computador, essas GABARITO
coisas? Depois eu pergunto pro meu cunhado, mas pode botar aí pra
uma média de seis tomadas/sala.” 01. B 02. B 03. C 04. D 05. A
Ok: 10 x 6 x 6 x 30 = 10.800. Dez mil e oitocentas tomadas! 06. C 07. D 08. E 09. C 10. A
Há 30, 40 anos, uma hora dessas, a maior parte das tomadas já
estaria dormindo o sono dos justos, mas a julgar pelo número de COMENTÁRIOS
janelas acesas, enquanto volto para casa, lentamente, pela marginal,
1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, consequentemente,
centenas de trabalhadores suam a camisa, ali no prédio: criam menos trânsito, então: causa e consequência
logotipos, calculam custos para o escoamento da soja, negociam
minério de ferro. Talvez até, quem sabe, deitado num sofá, um 2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece entre as
homem escute em seu iPod as notas de um oboé. orações uma relação de causa com a consequência de “tem um efeito
Alegra-me pensar nesse sujeito de olhos fechados, ouvindo positivo”.
música. Bom saber que, na correria geral, em meio a tantos
profissionais que acreditam estar diretamente envolvidos no 3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subordinada
movimento de rotação da Terra, esse aí reservou-se cinco minutos substantiva objetiva direta
de contemplação. A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou seja, não
Está tarde, contudo. Algo não fecha: por que segue no escritório, se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos verbos “convir”,
esse homem? Por que não voltou para a mulher e os filhos, não foi “parecer”, “importar”, “constar” etc. Segundo, considerado como
para o chope ou o cinema? O homem no sofá, entendo agora, está o principal motivo, por não iniciar com as conjunções integrantes
“que” e “se”.
ainda mais afundado do que os outros. O momento oboé era apenas
uma pausa para repor as energias, logo mais voltará à sua mesa e a 4-) a expressão contanto que estabelece uma relação de condição
seus logotipos, à soja ou ao minério de ferro. (condicional)
“Onze mil, cento e cinquenta”, diz o taxista, me mostrando o
celular. Não entendo. “É o SMS do meu cunhado: 11.150 tomadas.” 5-) Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana
Olho o prédio mais uma vez, admirado com a instalação elétrica verificados no Brasil = conjunção concessiva
e nossa heteróclita humanidade, enquanto seguimos, feito cágados, B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
pela marginal. extensão urbana no Brasil, = causal
(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 06.03.2013. Adaptado) C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento
da extensão urbana no Brasil = comparativa
No trecho do primeiro parágrafo – “Fio, disjuntor, tomada, tudo!”, D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão
insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a contaminar-me. urbana verificados no Brasil = causal
–, a construção tanto ... que estabelece entre as construções [com E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
tanto orgulho] e [que chega a contaminar-me] uma relação de
A) condição e finalidade.
6-) para que possamos = conjunção final (finalidade)
B) conformidade e proporção.
C) finalidade e concessão. 7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia de
D) proporção e comparação. causa da consequência “foi enquadrado” = causa e tem sentido
E) causa e consequência. equivalente a visto que.

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a - O verbo estiver no imperativo afirmativo:
construção estabelece entre as construções uma relação de causa e Amem-se uns aos outros.
consequência. (a causa da “contaminação” – consequência) Sigam-me e não terão derrotas.
- O verbo iniciar a oração:
9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem Diga-lhe que está tudo bem.
mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número Chamaram-me para ser sócio.
de imigrantes que o Brasil em um ano.” = conjunção concessiva: - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição
ainda que “a”:
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
10-) contanto que garantam sua autenticidade. = conjunção
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
condicional = desde que
- O verbo estiver no gerúndio:
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocupada.
Despediu-se, beijando-me a face.
6. SINTAXE DE COLOCAÇÃO, - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA. CRASE. Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo
instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.

De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a Mesóclise


colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos
átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futuro
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, do presente ou no futuro do pretérito:
nos e vos. A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração realizará)
em relação ao verbo: Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma proposta
1. próclise: pronome antes do verbo a você)
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
Fontes:
Próclise
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.
- Palavras com sentido negativo: htm
Nada me faz querer sair dessa cama.
Não se trata de nenhuma novidade. Questões sobre Pronome
- Advérbios:
Nesta casa se fala alemão. 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012).
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não está
- Pronomes relativos: claro até onde pode realmente chegar uma política baseada em
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a água
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mesmo que
- Pronomes indefinidos: a ameaça dos preços do carbono e da água faça em si diferença, as
Quem me disse isso? companhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos,
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação.
- Pronomes demonstrativos: Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
Isso me deixa muito feliz! encontrou até agora uma maneira de quantificar adequadamente os
Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas de crescimento
- Preposição seguida de gerúndio:
verde sempre será a segunda opção.
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
indicado à pesquisa escolar.
- Conjunção subordinativa:
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, referem-
-se, respectivamente, a
Ênclise (A) dúvidas e preços.
(B) dúvidas e insumos básicos.
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não (C) companhias e insumos básicos.
aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise (D) companhias e preços do carbono e da água.
vai acontecer quando: (E) políticas de crescimento e preços adequados.

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- adap.). Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta e
Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifado está respectivamente, considerando a norma culta da língua.
corretamente substituído por um pronome em: A) a que … acaba … à
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo B) com que … acabam … à
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-lhes C) de que … acabam … a
desalentado D) em que … acaba … a
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhecê- E) dos quais … acaba … à
lo?
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia 08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013-adap.).
ser-lhe Assinale a alternativa que substitui, correta e respectivamente, as
E) incomodaram o general... − incomodaram-no lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jovem
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). A fazia referência______ violência______ o brasileiro estava sujeito
substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, de forma cômica.
com os necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO A) Fazem... a ... de que
em: B) Faz ...a ... que
A) mostrando o rio= mostrando-o. C) Fazem ...à ... com que
B) como escolher sítio= como escolhê-lo. D) Faz ...à ... que
C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes. E) Faz ...à ... a que
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada lhes
acrescentariam. 09. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas. 2013). Leia o texto a seguir:

04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a Violência epidêmica


alternativa em que o pronome destacado está posicionado de acordo
com a norma-padrão da língua. A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes sociais, é
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. nos bairros pobres que ela adquire características epidêmicas.
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha. de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes centros
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. urbanos e se dissemina pelo interior.
As estratégias que as sociedades adotam para combater a
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alternativa violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito
cujo emprego do pronome está em conformidade com a norma pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços ocorridos
padrão da língua. no campo das infecções, câncer, diabetes e outras enfermidades.
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. A agressividade impulsiva é consequência de perturbações
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está abalada. nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas
(D) Conformado, se rendeu às punições. que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de seus
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. desejos.
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que
06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale a tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao
alternativa correta quanto à colocação pronominal, de acordo com a desenvolvimento psicológico pleno.
norma-padrão da língua portuguesa. A revisão de estudos científicos permite identificar três fatores
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que eles principais na formação das personalidades com maior inclinação ao
sejam sempre trazidos junto ao corpo. comportamento violento:
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação de ter 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos, humilhadas
de procurar a dona de uma bolsa perdida. ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos restituir 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
um objeto à pessoa que o perdeu. valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que abrisse a limites de disciplina.
bolsa que encontrara. 3) Associação com grupos de jovens portadores de
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma tendência comportamento antissocial.
natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à falta
07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Há de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social, esses fatores
pessoas que, mesmo sem condições, compram produtos______ não de risco criam o caldo de cultura que alimenta a violência crescente
necessitam e______ tendo de pagar tudo______ prazo. nas cidades.

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a resposta COMENTÁRIOS
do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o criminoso fica
impedido de delinquir apenas enquanto estiver preso. Ao sair, estará 1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
mais pobre, terá rompido laços familiares e sociais e dificilmente está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada em
melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a água
encontrará quem lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, na prisão, terá
e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mesmo que
criado novas amizades e conexões mais sólidas com o mundo do a ameaça dos preços do carbono e da água faça em si diferença, as
crime. companhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos,
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda. 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa, Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão encontrou até agora uma maneira de quantificar adequadamente os
superlotadas. insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas de crescimento
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a verde sempre será a segunda opção.
criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
2-)
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. Precisamos
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
de uma divisão de renda menos brutal, motivar os policiais a B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
executar sua função com dignidade, criar leis que acabem com a desalentado
impunidade dos criminosos bem-sucedidos e construir cadeias C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhecê-
novas para substituir as velhas. las ?
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão capazes sê-lo
de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los na sociedade
por meio da educação formal de bom nível, das práticas esportivas e 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
da oportunidade de desenvolvimento artístico.
4-)
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado) (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
(B) A menina tinha se distanciado muito da família.
Considere o seguinte trecho: (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram 5-)
limites de disciplina. (A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está abalada.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
O pronome lhes, nas duas ocorrências, nesse trecho, refere-se,
(E) Todos querem que se combata a corrupção.
respectivamente, a
A) adolescentes e adolescentes. 6-)
B) famílias e adolescentes. (B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação de ter
C) valores sociais altruísticos e limites de disciplina. de procurar a dona de uma bolsa perdida.
D) adolescentes e famílias. (C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos restituir
E) famílias e famílias. um objeto à pessoa que o perdeu.
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que abrisse a
10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013- adap.). bolsa que encontrara.
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma tendência
No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos
natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão
ajudar a polícia na investigação. – de acordo com a norma-padrão, 7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produtos
os pronomes que substituem, corretamente, os termos em destaque de que não necessitam e acabam tendo de pagar tudo a
são: prazo.
A) os comprovam … ajudá-la.
B) os comprovam …ajudar-la. 8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jovem
C) os comprovam … ajudar-lhe. fazia referência à violência a que o brasileiro estava sujeito de
D) lhes comprovam … ajudar-lhe. forma cômica.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
E) lhes comprovam … ajudá-la.
9-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
GABARITO valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
limites de disciplina.
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C Famílias que não impuseram aos adolescentes valores sociais,
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A formação moral e limites de disciplina.

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos 7) Em casos relativos à concordância com locuções pronominais,
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós, alguns
ajudar a polícia na investigação. de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a duas questões
felizmente os comprovam ... ajudá-la (advérbio) básicas:
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar
referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de
e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes nós o receberão.
principais desse processo são representados pelo sujeito, que no - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de nós
função de subordinado. o receberá.
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-
se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome
e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou
chegou atrasado. poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do singular, quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos
pois faz referência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como toda a verdade para ela.
poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados.
Temos aí o que podemos chamar de princípio básico. Contudo, a 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
intenção a que se presta o artigo em evidência é eleger as principais “que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
ocorrências voltadas para os casos de sujeito simples e para os de palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
sujeito composto. Dessa forma, vejamos: casa sou eu que decido tudo.

Casos referentes a sujeito simples 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50% dos
funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do eleitorado
2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo apoiou a decisão.
coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A Observações:
multidão, apavorada, saiu aos gritos. - Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de porcentagem,
Observação: esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal diretoria 50% dos funcionários.
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular: 1%
plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50%
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, uma
porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar com o núcleo 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
dessas expressões quanto com o substantivo que a segue: A maioria pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar. pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de vinte próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que
candidatos se inscreveram no concurso de piadas. os determinam:
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, este
5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão permanece no singular, contanto que o predicativo também esteja
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candidato no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma criação de
se inscreveu no concurso de piadas. Machado de Assis.
Observação: - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mundial.
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente, - Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
deverá permanecer no plural: Mais de um aluno, mais de um aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma
professor contribuíram na campanha de doação de alimentos. potência mundial.
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades de
formatura. Casos referentes a sujeito composto

6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”, o 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramaticais
verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que atuaram diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado a dois
na Copa América. pressupostos básicos:

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as demais: b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou 1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. próximo.
Tu e ele são primos. Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda
compareceram ao evento. com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este Estava ferido o pai e os filhos.
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compareceu c) Um substantivo e mais de um adjetivo
ao evento o pai e seus dois filhos.
1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais de Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo e
2- coloca o substantivo no plural.
grande companheiro merece toda a felicidade do mundo.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas ou d) Pronomes de tratamento
ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permanecer
no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista, 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
minha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, minha Vossa Santidade esteve no Brasil.
conquista, minha premiação é fruto de meu esforço.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-
verbal.htm 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
As cartas estão anexas.
Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos demais A bebida está inclusa.
termos da oração para que concordem em gênero e número com o Precisamos de nomes próprios.
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o Obrigado, disse o rapaz.
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se
flexionará à sua maneira. f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)

1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular


Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
e o adjetivo no plural.
concordam em gênero e número com o substantivo.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
- A pequena criança é uma gracinha. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra geral g) É bom, é necessário, é proibido
mostrada acima.
1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
a) Um adjetivo após vários substantivos de artigo ou outro determinante.
Canja é bom. / A canja é boa.
1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
concorda com o substantivo mais próximo. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. proibida.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
h) Muito, pouco, caro
2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
masculino ou concorda com o substantivo mais próximo. 1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
- Ela tem pai e mãe louros. Comi muitas frutas durante a viagem.
- Ela tem pai e mãe loura. Pouco arroz é suficiente para mim.
Os sapatos estavam caros.
3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
2- Como advérbios: são invariáveis.
para o plural. Comi muito durante a viagem.
- O homem e o menino estavam perdidos. Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. Comprei caro os sapatos.

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
i) Mesmo, bastante tenham conservado um resto de idealismo, um vago instinto daquilo
que é grande; realmente, creio que eles foram caluniados; convém
1- Como advérbios: invariáveis encorajá- -los, e lhes mostrar que esse instinto não os engana, e
Preciso mesmo da sua ajuda. que não são logrados por esse idealismo.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. Bem poderíamos lhes falar da navegação, cuja importância
ninguém ignora, e que tem necessidade da astronomia. Mas isso
2- Como pronomes: seguem a regra geral. seria abordar a questão por seu lado menos importante.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. A astronomia é útil porque nos eleva acima de nós mesmos; é
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. útil porque é grande; é útil porque é bela; é isso que se precisa dizer.
É ela que nos mostra o quanto o homem é pequeno no corpo e o
j) Menos, alerta quanto é grande no espírito, já que essa imensidão resplandecente,
onde seu corpo não passa de um ponto obscuro, sua inteligência
1- Em todas as ocasiões são invariáveis. pode abarcar inteira, e dela fruíra silenciosa harmonia. Atingimos
Preciso de menos comida para perder peso. assim a consciência de nossa força, e isso é uma coisa pela qual
Estamos alerta para com suas chamadas. jamais pagaríamos caro demais, porque essa consciência nos torna
mais fortes.
k) Tal Qual Mas o que eu gostaria de mostrar, antes de tudo, é a que ponto
a astronomia facilitou a obra das outras ciências, mais diretamente
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o úteis, porque foi ela que nos proporcionou um espírito capaz de
consequente. compreender a natureza.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. [Adaptado de Henri Poincaré (1854-1912). O valor da
ciência. Tradução Maria Helena Franco Martins. Rio de Janeiro:
l) Possível Contraponto, 1995, p.101]
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou Mantém-se o respeito às normas de concordância verbal caso a
“pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. forma do verbo grifado seja substituída pela que está entre parênteses
A mais possível das alternativas é a que você expôs. ao final da frase:
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. A) Os governos e os parlamentos devem achar que... (deve)
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da B) ...porque essa consciência nos torna mais fortes.(tornam)
cidade.
C) ...a astronomia é uma das ciências que custam mais caro ...
(custa)
m) Meio
D) E tudo isso para astros que [...] jamais desempenharão
qualquer papel nelas. (desempenhará)
1- Como advérbio: invariável.
E) ...é isso que se precisa dizer. (precisam)
Estou meio (um pouco) insegura.
02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concordância
2- Como numeral: segue a regra geral.
verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em:
Comi meia (metade) laranja pela manhã.
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, que
n) Só satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelectual,
estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, sua
1- apenas, somente (advérbio): invariável. matéria-prima.
Só consegui comprar uma passagem. B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre delineia
novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao ultrapassar os
2- sozinho (adjetivo): variável. limites da época em que vivem seus autores, gênios no domínio das
Estiveram sós durante horas. palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal permitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens
se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa
01. (Administrador – FCC – 2013). Leia o texto a seguir. verdadeira interação com a realidade.
Os governos e os parlamentos devem achar que a astronomia é D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor
uma das ciências que custam mais caro: o menor instrumento custa somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre
centenas de milhares de francos; o menor observatório custa milhões; ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
cada eclipse acarreta depois de si despesas suplementares. E tudo isso deste último e o prazer da leitura.
para astros que ficam tão distantes, que são completamente estranhos E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui
às nossas lutas eleitorais, e provavelmente jamais desempenharão leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que
qualquer papel nelas. É impossível que nossos homens políticos não ultrapassa os limites de tempo e de época.

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
03. (Escrevente Tj SP – Vunesp/2012) Leia o texto para 06. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013).
responder à questão. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, de
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não acordo com a norma-padrão da língua, as lacunas das frases, quanto
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada à concordância verbal e à colocação pronominal.
______muitos lares destroçados, mas______ pessoas boas
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a
prontas para ajudar.
água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mesmo Inteligente e informativa a reportagem que_____________ a
que a ameaça dos preços do carbono e da água em si ___________ transformar aborrecimentos em aprendizagem.
diferença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de A) Havia ...existiam ... nos ensina
repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer B) Haviam ... existia ... ensina-nos
preparação. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra. C) Havia ...existia ... nos ensina
Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de D) Haviam ... existiam ... ensina-nos
quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria E) Havia ...existiam ... ensina-nos
das políticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda
07. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
opção.
Assinale a alternativa em que o verbo foi empregado
corretamente.
(Carta Capital, 27.06.2012. A) Se a proprietária manter o valor do aluguel, poderemos
Adaptado) permanecer no apartamento.
B) Se os operários fazerem o acordo, a greve terminará.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas C) Se a empresa propuser um estágio no exterior, ele não
do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com: recusará.
(A) Restam… faça… será D) Se estas caixas caberem no armário, a sala ficará organizada.
(B) Resta… faz… será E) Se o microempresário querer, poderá fazer futuros
investimentos.
(C) Restam… faz... serão
(D) Restam… façam… serão 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
(E) Resta… fazem… será Assinale a frase correta quanto à concordância verbal e nominal.
A) Com os shows da banda, os músicos propõem um momento
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa em de descontração para os passageiros.
que o trecho B) Por causa da paralisação, as férias dos alunos terminou mais
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de cedo.
quantificar adequadamente os insumos básicos. – está corretamente C) Na cidade, já se esgotou as vagas nos hotéis para o período
de Carnaval.
reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
D) Ela próprio passou o uniforme de trabalho.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até E) Seguem anexadas ao e-mail o cronograma do curso e o
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos. currículo dos inscritos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
até agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser 09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale a
quantificados. alternativa correta quanto à concordância, de acordo com a norma--
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até padrão da língua portuguesa.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam A) Estudos recente demonstram a necessidade de se investir no
quantificado. ensino de matemática nos níveis fundamentais de aprendizagem.
B) Muito concorrida, carreiras como as de advogado e de
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
jornalista também requerem conhecimento matemático.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja C) A cultura científica, apesar de fundamental para muitas
quantificado. carreiras, ainda é visto com certo desprezo entre alguns estudantes.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou D) Conhecimentos básicos de estatística é de fundamental
até agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos importância para a compreensão de algumas informações do nosso
básicos. cotidiano.
E) A matemática pode ser considerada a base para algumas das
05. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Assinale mais intrigantes especulações científicas da atualidade.
a alternativa em que a concordância da palavra destacada está de
10. (Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013).
acordo com a norma culta da língua.
Leia o texto a seguir.
A) Ela mesmo reclamou com o gerente do mercado.
B) A vendedora ficou meia atrapalhada com o excesso de O chato é um chato, mas é essencial nos negócios
clientes na loja.
C) É proibido a entrada de animais no estabelecimento. O chato é um chato. Não é o tipo de companhia que se quer para
D) Ela voltou para dizer obrigada ao vendedor. tomar um vinho ou ir ao cinema. O chato tem a insuportável mania
E) Anexo aos comprovantes de pagamento, vão duas amostras de apontar o dedo para as coisas, enxergar os problemas que não
grátis. queremos ver, fazer comentários desconcertantes.

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
Por isso, é pouco recomendável ter um deles por perto nos GABARITO
momentos nos quais tudo o que você não quer fazer é tomar decisões.
Para todos os outros – e isso envolve o dia a dia dos negócios – é 01. C 02. A 03. A 04. E 05. D
bom ter um desses cada vez mais raros e discriminados exemplares 06. A 07. C 08. A 09. E 10. E
da fauna empresarial por perto.
Conselho dado por alguém que entende muito de ganhar COMENTÁRIOS
dinheiro, Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo:
“Ouça alguém que discorda de você”. No início de maio, Buffett 1-) a astronomia é uma das ciências que custam mais caro.
convidou um sujeito chamado Doug Kass para participar de um Nas gramáticas aborda-se sempre a expressão UM DOS QUE
dos painéis que compuseram a reunião anual de investidores de sua como determinante de duas concordâncias. O verbo fica no singular
empresa, a Berkshire Hathaway. só nas poucas vezes em que a ação se refere a um só agente:
Como executivo de um fundo de investimento, Kass havia O Sol é um dos astros que dá luz e calor à Terra.
apostado contra as ações da Berkshire. Buffett queria entender o
porquê. Kass foi o chato escolhido para alertá-lo sobre eventuais 2-)
erros que ninguém havia enxergado. A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, que
Buffett conhece o valor desse tipo de pessoa. O chato é o sujeito satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelectual,
que ainda acha que as perguntas simples são o melhor caminho para estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, sua
chegar às melhores respostas, é alguém que não tem medo. Não se matéria-prima. = correta
importa de ser tachado de inábil no trato com as pessoas ou de ser B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
politicamente incorreto. Questiona. Coloca o dedo na ferida. Insiste delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor
em ser um animal pensante, quando todo mundo sabe que dá menos ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores,
trabalho deixar tudo como está. gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
Quase sempre, as coisas que o chato diz fazem um tremendo C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes permite
sentido. Nada pode ser mais devastador para seus críticos do que a criar todo um mundo de ficção, em que personagens se transformam
em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira interação
constatação de que o chato, feitas as contas, tem razão.
com a realidade.
Pobre do chefe que não reconhece, não escuta e não tolera os
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor
chatos que cruzam seu caminho. Ele acredita que está seguro num
somente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre
mundo de certezas próprias, de verdades absolutas. Ora, o controle
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
total de um negócio é uma miragem. Coisas boas e ruins acontecem
deste último e o prazer da leitura.
o tempo todo nas empresas sem que ele se dê conta. Pensar que é
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que constituem
possível estar no comando de tudo, o tempo todo, só vai torná-lo
leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que
mais vulnerável como líder. E vai, mais dia ou menos dia, afastar
ultrapassa os limites de tempo e de época.
definitivamente os chatos, os questionadores, aqueles que fazem as
perguntas incômodas e necessárias. 3-)
Por isso, só existem chatos em lugares onde há alguma _Restam___dúvidas
perspectiva de futuro. Esse espécime de profissional só prolifera em mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
ambientes onde a liberdade de pensamento e expressão é respeitada, __faça __diferença
onde a dúvida não é um mal em si, onde existe disposição, coragem a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
e humildade para mudar de trajetória quando essa parece ser a será_____ a segunda opção.
melhor opção. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no
plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/
(Cláudia Vassallo, http://exame.abril.com.br, 07.07.2013. serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas.
Adaptado)
4-).
Considere as frases: (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
- Kass foi o chato escolhido para alertá-lo sobre eventuais erros (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
que ninguém havia enxergado. até agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem
- Por isso, só existem chatos em lugares onde há alguma quantificados.
perspectiva de futuro. (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
As expressões destacadas podem ser substituídas, correta e agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
respectivamente, seguindo as regras de concordância da norma- quantificados.
-padrão da língua portuguesa, por: (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
A) não havia sido enxergado ...pode haver agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
B) não havia sido enxergados ...podem haver quantificados.
C) não haviam sido enxergado ...pode haver (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
D) não havia sido enxergado ...podem haver até agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos
E) não haviam sido enxergados ...pode haver básicos. = correta

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) No primeiro caso, havia empregado com sentido de ter: sofre
A) Ela mesma reclamou com o gerente do mercado. flexão (vai para o plural concordando com o termo que o antecede
B) A vendedora ficou meio atrapalhada com o excesso de (erros); já no caso do haver com sentido de existir: invariável - ele e
clientes na loja. seu auxiliar (poder).
C) É proibida a entrada de animais no estabelecimento. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre
D) Ela voltou para dizer obrigada ao vendedor. = correta entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se em
E) Anexas aos comprovantes de pagamento, vão duas amostras estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas,
grátis. que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas
e claras.
6-)
Regência Verbal
__Havia _muitos lares destroçados, mas__existiam__ pessoas Termo Regente: VERBO
boas prontas para ajudar. A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
Inteligente e informativa a reportagem que _nos ensina_ a verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos
transformar aborrecimentos em aprendizagem. indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
Verbo haver usado no sentido de existir = impessoal, invariável O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
(não sofre flexão); já o verbo existir concorda com o sujeito. capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos
Quanto à colocação pronominal: a presença do pronome as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples
relativo (que) “atrai” o pronome oblíquo, ocorrendo, então, próclise mudança ou retirada de uma preposição. Observe:
(pronome antes do verbo). A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
7-) prazer”, satisfazer.
A) Se a proprietária mantiver o valor do aluguel, poderemos Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar
permanecer no apartamento. a alguém”.
B) Se os operários fizerem o acordo, a greve terminará.
C) Se a empresa propuser um estágio no exterior, ele não Saiba que:
recusará. =correta O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
D) Se estas caixas couberem no armário, a sala ficará organizada.
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente
E) Se o microempresário quiser, poderá fazer futuros o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:
investimentos. Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
8-)
A) Com os shows da banda, os músicos propõem um momento No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso,
de descontração para os passageiros. = correta é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei no
B) Por causa da paralisação, as férias dos alunos terminaram metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai,
mais cedo. possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é muito
C) Na cidade, já se esgotaram as vagas nos hotéis para o período comum existirem divergências entre a regência coloquial, cotidiana
de Carnaval. de alguns verbos, e a regência culta.
D) Ela própria passou o uniforme de trabalho. Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
E) Seguem anexados ao e-mail o cronograma do curso e o acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um
currículo dos inscritos. fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em
frases distintas.
9-)
A) Estudos recentes demonstram a necessidade de se investir Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
no ensino de matemática nos níveis fundamentais de aprendizagem.
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos
B) Muito concorridas, carreiras como as de advogado e de
adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
jornalista também requerem conhecimento matemático.
C) A cultura científica, apesar de fundamental para muitas a) Chegar, Ir
carreiras, ainda é vista com certo desprezo entre alguns estudantes. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de
D) Conhecimentos básicos de estatística são de fundamental lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino ou
importância para a compreensão de algumas informações do nosso direção são: a, para.
cotidiano. Fui ao teatro.
E) A matemática pode ser considerada a base para algumas das Adjunto Adverbial de Lugar
mais intrigantes especulações científicas da atualidade. = correta Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar
10-)
- Kass foi o chato escolhido para alertá-lo sobre eventuais erros b) Comparecer
que não haviam sido enxergados. O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
- Por isso, só pode haver chatos em lugares onde há alguma Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
perspectiva de futuro. jogo.

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos Transitivos Diretos d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
Os verbos transitivos diretos são complementados por introduzidos pela preposição “com”.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para o Antipatizo com aquela apresentadora.
estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como para uma minoria privilegiada.
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, la,
las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Agradecer, Perdoar e Pagar
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e
alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, objeto indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, humilhar,
namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, Agradeço aos ouvintes a audiência.
suportar, ver, visitar. Objeto Indireto Objeto Direto
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.
Amo aquele rapaz. / Amo-o. Objeto Direto Objeto Indireto
Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Paguei o débito ao cobrador.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Objeto Direto Objeto Indireto

Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). particular cuidado. Observe:
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Verbos Transitivos Indiretos
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos
indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposição
Informar
para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
Informe os novos preços aos clientes.
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam
pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. construções:
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
a) Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
“em”. Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
todos.
b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos Comparar
introduzidos pela preposição “a”. Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto.
Eles desobedeceram às leis do trânsito. Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
c) Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
“a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao Pedir
que” se responde. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de
Respondi ao meu patrão. oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Respondemos às perguntas. Pedi-lhe favores.
Respondeu-lhe à altura. Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica. Veja: Pedi-lhe que mantivesse em silêncio.
O questionário foi respondido corretamente. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Objetiva Direta

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
Saiba que: ASSISTIR
1) A construção “pedir para”, muito comum na linguagem 1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No assistência a, auxiliar. Por Exemplo:
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
subentendida. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. 2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir Assistimos ao documentário.
entregar-lhe os catálogos em casa). Não assisti às últimas sessões.
2) A construção “dizer para”, também muito usada popularmente, Essa lei assiste ao inquilino.
é igualmente considerada incorreta. Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intransitivo,
sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido pela
Preferir preposição “em”.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto Assistimos numa conturbada cidade.
introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. CHAMAR
Prefiro trem a ônibus. 1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem atenção ou a presença de.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
próprio verbo (pre). 2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar
objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado
Mudança de Transitividade versus Mudança de Significado ou não.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, A torcida chamou o jogador mercenário.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferentes A torcida chamou ao jogador mercenário.
regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante, A torcida chamou o jogador de mercenário.
pois além de permitir a correta interpretação de passagens escritas, A torcida chamou ao jogador de mercenário.
oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre
os principais, estão: CUSTAR
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou
AGRADAR preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Frutas e verduras não deveriam custar muito.
acariciar. 2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando transitivo indireto.
o revê. Muito custa viver tão longe da família.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia não Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
perde oportunidade de agradá-lo. Intransitivo Reduzida de Infinitivo
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude.
preposição “a”. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
O cantor não agradou aos presentes. Indireto Reduzida de Infinitivo
O cantor não lhes agradou.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
ASPIRAR atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o Observe o exemplo abaixo:
ar), inalar. Custei para entender o problema.
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Forma correta: Custou-me entender o problema.
2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
ambição. IMPLICAR
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
elas) a) dar a entender, fazer supor, pressupor
Suas atitudes implicavam um firme propósito.
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, mas b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar,
coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” e provocar
sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exemplo: Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) povo.

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver
Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”.
Implicava com quem não trabalhasse arduamente.

PROCEDER
1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa segunda acepção,
vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.
2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela preposição “a”) é
transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

QUERER
1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.

VISAR
1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre
intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o
exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de


Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos

Acessível a Diferente de Necessário a


Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a; relativa
a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).


... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem...
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra de Tunuí...
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador...

04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).


... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da frase acima se encontra em:
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo latino dirigere...
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades...
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento de justiça.

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
05. Leia a tira a seguir. 08. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
texto, de acordo com as regras de regência.
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a
exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a mídia
pode exercer sobre os jovens.
A) dos … na
B) nos … entre a
C) aos … para a
D) sobre os … pela
E) pelos … sob a

09. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas


– VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua,
assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos
quanto à regência, verbal ou nominal.
Considerando as regras de regência da norma-padrão da língua A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez mil
portuguesa, a frase do primeiro quadrinho está corretamente tomadas.
reescrita, e sem alteração de sentido, em: B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
A) Ter amigos ajuda contra o combate pela depressão. homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
B) Ter amigos ajuda o combate sob a depressão. C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
C) Ter amigos ajuda do combate com a depressão. logotipos e negociar.
D) Ter amigos ajuda ao combate na depressão.
D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas do
E) Ter amigos ajuda no combate à depressão.
edifício.
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse a
06. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa
um prédio na marginal.
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de
2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
10. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu
a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, conforme
espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais notável
as regras de regência da norma-padrão da língua e sem alteração de
em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
sentido.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos
notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros. dos trabalhadores domésticos.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente A) da
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais B) na
notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros. C) pela
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente seu D) sob a
espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais notável E) sobre a
em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu GABARITO
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. 01. D 02. D 03. A 04. A 05. E
06. D 07. A 08. C 09. A 10. C
07. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque. COMENTÁRIOS
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
responsabilidade pelo problema. 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se ciências ...
perdido. Facilitar – verbo transitivo direto
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
índio na porta do prédio. B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de ligação
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido de C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo
sua família. direto e indireto
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo
garotinha. transitivo indireto

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos 8-)
do sueco. Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já
Pedir = verbo transitivo direto e indireto assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transitivo exposição a imagens idealizadas pela mídia.
direto A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação mídia pode exercer sobre os jovens.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... =verbo
intransitivo 9-)
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um
=transitivo direto homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes logotipos e negociar.
desiguais... D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de tomadas
Constar = verbo intransitivo do edifício.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse em
troncos mais robustos. =ligação um prédio na marginal.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não
raro, quem... =transitivo direto 10-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra dos trabalhadores domésticos.
de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio,
mestre e colaborador...=transitivo direto CRASE
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
Lidar = transitivo intransitivo
A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistura”.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas vogais
sociedades... =transitivo direto
idênticas. É de grande importância a crase da preposição “a” com o
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes aquele(s),
justiça. =ligação
aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escrita,
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso apropriado
justiça... =transitivo direto e indireto
do acento grave depende da compreensão da fusão das duas vogais.
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento
É fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a
de justiça. =transitivo direto
regência dos verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender
5-) Considerando as regras de regência da norma-padrão da a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência
língua portuguesa, a frase do primeiro quadrinho está corretamente simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe:
reescrita, e sem alteração de sentido, em: Vou a + a igreja.
Ter amigos ajuda no combate à depressão. Vou à igreja.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
6-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontuação “a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando
encontra-se em tópico específico) ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação) Conheço a aluna.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à Refiro-me à aluna.
pontuação) No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer algo
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente, ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode ocorrer.
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir--se a algo
notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase é possível,
desde que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino
7-) “a” ou um dos pronomes já especificados.
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se
perdido. Casos em que a crase NÃO ocorre:
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio 1-) diante de substantivos masculinos:
na porta do prédio. Andamos a cavalo.
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de sua Fomos a pé.
família. Passou a camisa a ferro.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura pela Fazer o exercício a lápis.
garotinha. Compramos os móveis a prazo.

Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) diante de verbos no infinitivo: Crase diante de Nomes de Lugar
A criança começou a falar. Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo
Ela não tem nada a dizer. “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante deles
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do artigo
feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que
3-) diante da maioria dos pronomes e das expressões de peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração “da” ou
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona: “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. crase. Por exemplo:
Entreguei a todos os documentos necessários. Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos. Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes Alegre.)
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina por
uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá *- Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
crase. Por exemplo: A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.) Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.) Vou à praia. = Volto da praia.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
Cláudio para sair mais cedo.)
ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela
4-) diante de numerais cardinais:
regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Chegou a duzentos o número de feridos.
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Daqui a uma semana começa o campeonato.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
Aquela (s), Aquilo
1-) diante de palavras femininas:
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Sempre vamos à praia no verão. Refiro-me a + aquele atentado.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. Preposição Pronome
Sou grata à população. Refiro-me àquele atentado.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone. O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto
referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portanto,
2-) diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. Aluguei aquela casa.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho. O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
exemplos:
3-) na indicação de horas: Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Acordei às sete horas da manhã. Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Elas chegaram às dez horas. Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Foram dormir à meia-noite. Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
4-) em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que Espero aquele rapaz.
participam palavras femininas. Por exemplo: Fiz aquilo que você disse.
à tarde às ocultas às pressas à medida que Comprei aquela caneta.
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
às avessas à revelia à exceção de à imitação de A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
à esquerda às turras às vezes à chave quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exigir
à direita à procura à deriva à toa a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência
à luz à sombra de à frente de à proporção que da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido
à semelhança de às ordens à beira de feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:

Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. você.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando
Veja outros exemplos: por você.
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam responder seguintes formas:
nenhuma das questões. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

Crase com o Pronome Demonstrativo “a” 3-) depois da preposição até:
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
também pode ser detectada através da substituição do termo regente
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
feminino por um termo regido masculino. Veja:
até às cinco horas da tarde.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. Questões sobre Crase
As orações são semelhantes às de antes.
Os exemplos são semelhantes aos de antes. 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discussões
Suas perguntas são superiores às dele. sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos ou
Seus argumentos são superiores aos dele. policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em
Sua blusa é idêntica à de minha colega. legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. respeito envolvendo questões de saúde pública como programas de
esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e de
A Palavra Distância reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a crase um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da
deve ocorrer. Por exemplo: nossa própria família?
Sua casa fica à distância de 100km daqui. (A palavra está (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
determinada) 17.09.2012. Adaptado)
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A palavra As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
está especificada.) respectivamente, com:
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não pode (A) aos … à … a … a
ocorrer. Por exemplo: (B) aos … a … à … a
Os militares ficaram a distância. (C) a … a … à … à
Gostava de fotografar a distância. (D) à … à … à … à
Ensinou a distância. (E) a … a … a … a
Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância. 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, texto a seguir.
pode-se usar a crase. Veja: Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Gostava de fotografar à distância.
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Ensinou à distância.
-lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
Dizem que aquele médico cura à distância.
que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
1-) diante de nomes próprios femininos: Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes dada:
próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: A) à – a – a
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. B) a – a – à
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. C) à – a – à
D) à – à – a
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino E) a – à – à
diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as
frases abaixo das seguintes formas: 03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto. expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”.
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto. a) à - àqueles - a - há
b) a - àqueles - a - há
2-) diante de pronome possessivo feminino: c) a - aqueles - à - a
Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes d) à - àqueles - a - a
possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: e) a - aqueles - à - há

Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
04.(Agente Técnico – FCC – 2013). Leia o texto a seguir. a) às - àquelas _ à
b) as - aquelas - a
Comunicação c) às àquelas - a
d) às - aquelas - à
O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um autor e) as - àquelas - à
ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma queda de
popularidade em termos de venda. Ou, quando teatrólogo, em 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw. E, entre nós, o – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente
suave fantasma de Cecília Meireles recém está se materializando, empregado em:
tantos anos depois. A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a solidão dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos.
em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro que não me B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente. mecanismos biológicos de controle emocional.
Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se. Sua C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por afinidades. É D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
como, na vida, se faz um amigo. alimentam a violência crescente nas cidades.
E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada formiga E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
num formigueiro, cada ovelha num rebanho − para que sejamos atinge os mais vulneráveis.
humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente reproduzidos
uns dos outros. 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O
Mas acontece que há também autores xerox, que nos invadem sinal indicativo de crase está correto em:
com aqueles seus best-sellers... A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
Será tudo isto uma causa ou um efeito? biotecnologia.
Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já foi B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à educação
civilizado. dos filhos.
(Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
Aguilar, 1. ed., 2005. p. 654) instalações do prédio.
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe que
Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação envolva a segurança das pessoas.
festiva e efervescente. E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o comprometa o bem-estar do cidadão.
segmento grifado for substituído por:
A) leitura apressada e sem profundidade. 09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale a
B) cada um de nós neste formigueiro. alternativa em que a sequência da frase a seguir traz o uso correto do
C) exemplo de obras publicadas recentemente. acento indicativo de crase, de acordo com a norma-padrão da língua
D) uma comunicação festiva e virtual. portuguesa.
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. Um bom conhecimento de matemática é indispensável
A) à todo e qualquer estudante.
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP B) à estudantes de nível superior.
– 2013). O Instituto Nacional de Administração Prisional C) à quem pretende carreiras no campo de exatas.
(INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ D) à construção do saber nas mais diversas áreas.
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo E) à uma boa formação profissional.
para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade,
ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma vida digna. 10. (Agente Técnico de Assistência à Saúde – VUNESP – 2013).
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_ Leia a tirinha para responder à questão.
importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em:
18.08.2012. Adaptado)

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente,


as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa.
A) à … à … à
B) a … a … à
C) a … à … à
D) à … à ... a
E) a … à … a

06. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões


contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da casa
própria.

Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
As lacunas da tirinha devem ser preenchidas, correta e 6-) O Ministro informou que iria resistir _às__ pressões
respectivamente, com: contrárias àquelas_ modificações relativas __à_ aquisição da casa
A) à ...a ... à ... à própria.
B) a ...à ... à ... a - resistir a? regência verbal pede preposição;
C) a ...a ... à ... a - contrária a? regência nominal pede preposição;
D) a ...à ... a ... a - relativas a? regência nominal pede preposição.
E) a ...a ... à ... à
7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
GABARITO dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes
de verbo no infinitivo não há crase)
01. B 02. A 03. B 04. A 05. D B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
06. A 07. E 08. B 09. D 10. C mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no
singular e antecede palavra no plural, não há crase)
COMENTÁRIOS C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. (artigo
indefinido)
1-) D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina)
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não há E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade atinge
crase) os mais vulneráveis. = correta (regência nominal: desfavorável a?)
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à)
8-)
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar encaminhar
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
um drogado da nossa própria família? (antes de pronome indefinido/
biotecnologia. (artigo indefinido)
relativo) B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à educação
dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre a C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que _a__ instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ confiança (objeto D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe que
direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. envolva a segurança das pessoas. (pronome indefinido)
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”.
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; 9-)
- quem faz referência, faz referência A algo ou A alguém ( a Um bom conhecimento de matemática é indispensável à
construção do saber nas mais diversas áreas.
regência do verbo pede preposição)
A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exceção à
B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes de
senhora, que admite artigo); palavra no plural)
- há no sentido de tempo passado. C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. (pronome
indefinido/relativo)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
profundidade.
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome 10-)
indefinido) - a alguns anos - Pronome indefinido
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra - começar a ir - verbo no infinitivo
masculina) - ir à escola - ir a algum lugar – regência verbal pede preposição
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido) - aprender a ler - verbo no infinitivo
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra
masculina)
7. FORMAS DE DISCURSO: DIRETO,
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional INDIRETO E INDIRETO LIVRE.
(INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo
para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles
ele estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma vida digna. escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática social. A
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; análise de um discurso deve, portanto, considerar o contexto em que
- retorno a? regência nominal pede preposição; se encontra, assim como as personagens e as condições de produção
- antes de verbo no infinitivo não há crase. do texto.

Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de - Antônimos
discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; soberba
livre. Não necessariamente estes três discursos estão separados, eles - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem o produziu. Observação: A antonímia pode originar-se de um prefixo
Vejamos cada um deles: de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático
Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ganham e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo e
voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista; simétrico
traços da fala e da personalidade das personagens sejam destacados e assimétrico.
e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as falas
das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros,
O que são Homônimos e Parônimos:
servem para que as falas das personagens sejam introduzidas e elas
ganhem vida, como em uma peça teatral.
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns - Homônimos
durante a reprodução das falas.
Ex. a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferentes na
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que pronúncia:
suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de guaxinim rego (subst.) e rego (verbo);
do banhado!...” colher (verbo) e colher (subst.);
“- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!” jogo (subst.) e jogo (verbo);
Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala e denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. providência (subst.) e providencia (verbo).
Nesse caso, o narrador utiliza-se de palavras suas para reproduzir
aquilo que foi dito pela personagem. b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e diferentes na
Ex. escrita:
“Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de Assis) acender (atear) e ascender (subir);
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o cela (compartimento) e sela (arreio);
tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da masmorra, imaginava censo (recenseamento) e senso (juízo);
podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)
paço (palácio) e passo (andar).
Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa e
o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de
acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São palavras
mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem. iguais na escrita e na pronúncia:
Ex. caminho (subst.) e caminho (verbo);
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a cedo (verbo) e cedo (adv.);
respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! livre (adj.) e livre (verbo).
Houve um momento em que esteve quase... quase!”
“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, - Parônimos
qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e couro;
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede e cede;
que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; autuar e atuar;
(Graciliano Ramos) degradar e degredar; infligir e infringir; deferir e diferir; suar e soar.

FONTE: http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-antonimos,-
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/ homonimos-e-paronimos

QUESTÕES SOBRE SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS


8. SEMÂNTICA: SINONÍMIA, ANTONÍMIA
E HETERONÍMIA. 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas
da frase abaixo:
Da mesma forma que os italianos e japoneses _________ para
- Sinônimos o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________ para a
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; internamente,
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável a) imigraram - emigram - migram
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adversário b) migraram - imigram - emigram
e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; c) emigraram - migram - imigram.
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; d) emigraram - imigram - migram.
transformação e metamorfose; oposição e antítese. e) imigraram - migram – emigram

Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013 - Leia De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, está cor-
o texto para responder às questões de números 02 e 03. reto o que se afirma em
A) I, II e III.
Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica B) III, apenas.
C) I e III, apenas.
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu celular D) I, apenas.
antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo para alguns E) I e II, apenas.
pode ser matéria-prima para outros. O CMID – Centro Marista de
Inclusão Digital –, que funciona junto ao Colégio Marista de Santa 05. Leia as frases abaixo:
Maria, no Rio Grande do Sul, ensina os alunos do colégio a fazer 1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
robôs a partir de lixo eletrônico.
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Marte.
Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de hu-
constroem carros com sensores de movimento que respondem à
mor.
aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de baterias de
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
celular. “Tirando alguns sensores, que precisamos comprar, é tudo
reciclagem”, comentou o instrutor de robótica do CMID, Leandro
Schneider. Esses alunos também aprendem a consertar computadores Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de vocábu-
antigos. “O nosso projeto só funciona por causa do lixo eletrônico. los para as lacunas existentes:
Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, completou. a) concerto – há – a – cessões – há;
Em uma época em que celebridades do mundo digital fazem b) conserto – a – há – sessões – há;
campanha a favor do ensino de programação nas escolas, é inspirador c) concerto – a – há – seções – a;
o relato de Dionatan Gabriel, aluno da turma avançada de robótica d) concerto – a – há – sessões – há;
do CMID que, aos 16 anos, já sabe qual será sua profissão. “Quero e) conserto – há – a – sessões – a .
ser programador. No início das aulas, eu achava meio chato, mas
depois fui me interessando”, disse. 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para responder à questão.
Adaptado) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns sensores, limites de disciplina.
que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – pode ser substituída, O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, é:
sem alteração do sentido da mensagem, pela seguinte expressão: A) de desprendimento.
A) Pelo menos B) de responsabilidade.
B) A contar de C) de abnegação.
C) Em substituição a D) de amor.
D) Com exceção de
E) de egoísmo.
E) No que se refere a
07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preenchida
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para
o termo destacado em – …“No início das aulas, eu achava meio com a primeira alternativa da série dada nos parênteses:
chato, mas depois fui me interessando”, disse. A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das enchentes.
A) Estimulante. (afim- a fim).
B) Cansativo. B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Irritante. C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflingirem
D) Confuso. - infringirem).
E) Improdutivo. D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos. (conce-
lhos - conselhos).
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP – E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca de
2013). Analise as afirmações a seguir. - acerca de).
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à direita de
alteração do sentido do texto, por “faz”. cada palavra há um sinônimo.
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
do texto.

Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Leia o 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos comprar,
texto a seguir. é tudo reciclagem”...

Temos o poder da escolha 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das aulas, eu
achava meio chato, mas depois fui me interessando”
Os consumidores são assediados pelo marketing a todo momento “No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas depois
para comprarem além do que necessitam, mas somente eles podem fui me interessando”
decidir o que vão ou não comprar. É como se abrissem em nós uma
“caixa de necessidades”, mas só nós temos o poder da escolha. 4-)
Cada vez mais precisamos do consumo consciente. Será I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
que paramos para pensar de onde vem o produto que estamos por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem
consumindo e se os valores da empresa são os mesmos em que alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
acreditamos? A competitividade entre as empresas exige que elas II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita
evoluam para serem opções para o consumidor. Nos anos 60, saber da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. = correta
fabricar qualquer coisa era o suficiente para ter uma empresa. Nos III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui
anos 70, era preciso saber fazer com qualidade e altos índices de no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a
produção. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido do
diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar com texto. =correta
responsabilidade socioambiental.
O consumidor tem de aprender a dizer não quando a sua relação 5-)
com a empresa não for boa. Se não for boa, deve comprar o produto 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
em outro lugar. Os cidadãos não têm ideia do poder que possuem. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (=existe) vida
É importante, ainda, entender nossa relação com a empresa ou em Marte.
produto que vamos eleger. Temos uma expectativa, um envolvimento 3 – As sessões da câmara são verdadeiros programas de
humor.
e aceitação e a preferência dependerá das ações que aprovamos ou
4- Há dias que não falo com Alfredo. (=tempo
não nas empresas, pois podemos mudar de ideia.
passado)
Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4% das
pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas mesmas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
pessoas admitem que já compraram produto pirata. Temos de refletir
valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
sobre isso para mudar nossas atitudes.
limites de disciplina.
(Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado) O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, é
de egoísmo
No trecho – Temos uma expectativa, um envolvimento e Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres
aceitação... –, a palavra destacada apresenta sentido contrário de humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo
A) vontade. beneficiam outros. É sinônimo de filantropia. No sentido comum
B) apreciação. do termo, é muitas vezes percebida, também, como sinônimo de
C) avaliação. solidariedade. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são
D) rejeição. as inclinações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
E) indiferença. coletivas).
10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Na frase 7-)
– Os consumidores são assediados pelo marketing... –, a palavra A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das enchentes.
destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por: (afim = O adjetivo “afim” é empregado para indicar que uma coisa
A) perseguidos. tem afinidade com a outra. Há pessoas que têm temperamentos
B) ameaçados. afins, ou seja, parecidos)
C) acompanhados. B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar arreio no
D) gerados. cavalo)
E) preparados. C) Serão punidos os que infringirem o regulamento.
(inflingirem = aplicarem a pena)
GABARITO D) São sempre valiosos os conselhos dos mais velhos;
(concelhos= Porção territorial ou parte administrativa de um
01. A 02. D 03. A 04. A 05. D distrito).
06. E 07. E 08. A 09. D 10. A E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. (acerca de
= Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
COMENTÁRIOS
8-)
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imigraram b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) =
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros emigram para significados invertidos
a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; internamente, c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = significados
migram para o Sul, pelo mesmo motivo. invertidos

Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = significados Dois pontos
invertidos 1- Antes de uma citação
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = significados - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
invertidos
2- Antes de um aposto
9-) Temos uma expectativa, um envolvimento e aceitação... –, a - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde e
palavra destacada apresenta sentido contrário de rejeição. calor à noite.

3- Antes de uma explicação ou esclarecimento


10-) Os consumidores são assediados pelo marketing... –, a
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
palavra destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por
rotina de sempre.
perseguidos.
4- Em frases de estilo direto
Significados de Heterônimo : Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Personagem fictícia, criada por escritores (como o caso de Fer-
nando Pessoa), cujo objetivo é tentar compreender e propagar dife- Ponto de Exclamação
rentes maneiras de ver a realidade exterior/interior, tentando manter 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
distância da visão da realidade ortônima. súplica, etc.
Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis são famosos - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
heterônimos de Fernando Pessoa 2- Depois de interjeições ou vocativos
- Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!
9. PONTUAÇÃO E SEUS RECURSOS
Ponto de Interrogação
SINTÁTICO-SEMÂNTICOS. Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)

Reticências
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem 1- Indica que palavras foram suprimidas.
para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar - Comprei lápis, canetas, cadernos...
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua 2- Indica interrupção violenta da frase.
portuguesa. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”

Ponto 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida


1- Indica o término do discurso ou de parte dele. - Este mal... pega doutor?
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que se
encontra. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. - Deixa, depois, o coração falar...
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
Vírgula
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
Não se usa vírgula
Ponto e Vírgula ( ; ) *separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se
diretamente entre si:
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
a) entre sujeito e predicado.
importância. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão a Sujeito predicado
fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum b) entre o verbo e seus objetos.
espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas, frio Usa-se a vírgula:
e cobertor. - Para marcar intercalação:
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância,
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, vem caindo de preço.
decreto de lei, etc. b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
- Ir ao supermercado; produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Pegar as crianças na escola; c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não
- Caminhada na praia; querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão
- Reunião com amigos. dos lucros altos.

Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
- Para marcar inversão: A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de
1982. 03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os sinais
de pontuação estão empregados corretamente em:
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em
A) Duas explicações, do treinamento para consultores iniciantes
enumeração):
receberam destaque, o conceito de PPD e a construção de tabelas
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de vendas associadas
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
aos dois temas.
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: B) Duas explicações do treinamento para consultores iniciantes
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. receberam destaque: o conceito de PPD e a construção de tabelas
Price; mas, por outro lado, faltou falar das metas de vendas
- Para isolar: associadas aos dois temas.
- o aposto: C) Duas explicações do treinamento para consultores iniciantes
São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um receberam destaque; o conceito de PPD e a construção de tabelas
trânsito caótico. Price, mas por outro lado, faltou falar das metas de vendas associadas
- o vocativo: aos dois temas.
Ora, Thiago, não diga bobagem. D) Duas explicações do treinamento para consultores iniciantes,
receberam destaque: o conceito de PPD e a construção de tabelas
Fontes: Price, mas, por outro lado, faltou falar das metas de vendas
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ associadas aos dois temas.
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm E) Duas explicações, do treinamento para consultores iniciantes,
receberam destaque; o conceito de PPD e a construção de tabelas
Questões sobre Pontuação Price, mas por outro lado, faltou falar das metas, de vendas
associadas aos dois temas.
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa. 04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alternativa
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou a 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse ajudar (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu
a revelar quem era a sua dona. espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais notável
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou a (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse ajudar seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais
a revelar quem era a sua dona. notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse ajudar notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros.
a revelar quem era a sua dona. (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente seu
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais notável
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em outros.
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse ajudar (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu
a revelar quem era a sua dona.
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros.
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse ajudar
a revelar quem era a sua dona. 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo das
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a ordem vírgulas.
dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas da frase (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira
abaixo: instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem acione o código na internet.
ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter. código foi acionado.

Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, 10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). Assinale
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança a alternativa em que a pontuação está de acordo com a norma culta
foi encontrada. da língua.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro A) Atualmente, não se pode, fabricar apenas um produto.
às, areias do Guarujá. B) Os índices de produção devem, acompanhar, o mercado.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de C) A responsabilidade, socioambiental, é de extrema importância.
quem a encontrou e informar um ponto de referência D) Acreditar, no consumo, consciente é necessário.
E) O marketing, como se sabe, induz ao consumo desnecessário.
06. Assinale a série de sinais cujo emprego corresponde, na
mesma ordem, aos parênteses indicados no texto: GABARITO
“Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse parágrafo ( ) A
chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o escândalo da opinião 01. C 02. C 03. B 04. D 05. E
pública ou a renúncia do presidente ( ) Se é a chegada de reforços ( 06. B 07. B 08. B 09. E 10. E
) que relação há ( ) ou mostrou seu autor haver ( ) entre esse fato
e os restantes ( )”. COMENTÁRIOS
A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interrogação,
vírgula, vírgula, vírgula, ponto final 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interrogação, (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, (X)
vírgula, travessão, travessão, interrogação experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade, procurou
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final, a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
travessão, travessão, ponto final, ponto final ajudar a revelar quem era a sua dona.
D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, travessão, (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
vírgula, vírgula, vírgula, interrogação experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade, procurou
E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interrogação, a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
vírgula, vírgula, travessão, interogação ajudar a revelar quem era a sua dona.
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, embora
07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
corretamente: esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que pudesse
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado do ajudar a revelar quem era a sua dona.
concurso. (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado do (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
concurso. a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que pudesse
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado do ajudar a revelar quem era a sua dona.
concurso.
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concurso, 2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas devem
em fila. ser consideradas : uma é a contribuição teórica que o trabalho
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resultado do oferece ; a outra é o valor prático que possa ter.
concurso.
vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
08. A frase em que deveria haver uma vírgula é:
A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde. 3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã usou um
vestido azul. A) Duas explicações , (X) do treinamento para consultores
C) Ela tem lábios e nariz vermelhos. iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de PPD e a construção
D) Não limparam a sala nem a cozinha. de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de vendas
associadas aos dois temas.
09. (Cefet-PR) Assinale o item em que o texto está corretamente C) Duas explicações do treinamento para consultores iniciantes
pontuado: receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a construção de
A) Não nego, que ao avistar a cidade natal tive uma sensação tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar das metas de
nova. vendas associadas aos dois temas.
B) Não nego que ao avistar, a cidade natal, tive uma sensação D) Duas explicações do treinamento para consultores iniciantes
nova. , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a construção de
C) Não nego que, ao avistar, a cidade natal, tive uma sensação tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou falar das metas de
nova. vendas associadas aos dois temas.
D) Não nego que ao avistar a cidade natal tive uma sensação E) Duas explicações , (X) do treinamento para consultores
nova. iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
E) Não nego que, ao avistar a cidade natal, tive uma sensação construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar das
nova. metas , (X) de vendas associadas aos dois temas.

Didatismo e Conhecimento 88
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) C) A responsabilidade , (X) socioambiental , (X) é de extrema
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X) rapidamente importância.
, (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda que o avanço seja D) Acreditar , (X) no consumo , (X) consciente é necessário.
mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
outros. * Fica a dica para que acesse o site abaixo e entenda a
(B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) ampliam alteração que a posição da pontuação pode fazer em seu texto!
rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X) ainda que o
avanço seja mais notável , (X) em alguns países, o Brasil é um http://www.youtube.com/watch?v=uWKpx5Ls1zg
exemplo ! (X) , do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam rapidamente
seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ainda que o avanço seja
mais notável, em alguns países : (X) o Brasil é um exemplo, do que 10. ACENTUAÇÃO E ORTOGRAFIA.
em outros.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente ,
(X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X) o avanço seja
mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras
outros.
estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de algumas
5-) particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na estabelecer uma relação de familiaridade e, consequentemente,
pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica colocando-as em prática na linguagem escrita.
ao grupo ou acione o código na internet. À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo
onde o código foi acionado. nos adequamos à forma padrão.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
(X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que a Regras básicas – Acentuação tônica
criança foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega A acentuação tônica implica na intensidade com que são
primeiro às , (X) areias do Guarujá. pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma
mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como
6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse parágrafo ( são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de
? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o escândalo da átonas.
opinião pública ou a renúncia do presidente (? ) Se é a chegada de De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas como:
reforços ( , ) que relação há ( - ) ou mostrou seu autor haver ( - )
entre esse fato e os restantes ( ? ) Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última
sílaba.
7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
resultado do concurso.
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha irmã usou penúltima sílaba.
um vestido azul. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do “e”. Isso
ocorre quando a conjunção aditiva coordena orações de sujeitos
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na
diferentes nas quais a leitura fluente pode ser prejudicada pela
antepenúltima sílaba.
ausência da pontuação.
Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
9-)
A) Não nego , (X) que ao avistar a cidade natal tive uma Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de
sensação nova. uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma
B) Não nego que ao avistar , (X) a cidade natal, tive uma sílaba somente: são os chamados monossílabos, que, quando
sensação nova. pronunciados, apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.
C) Não nego que, ao avistar , (X) a cidade natal, tive uma Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em
sensação nova. uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar no
D) Não nego que ( , ) ao avistar a cidade natal ( , ) tive uma exemplo a seguir:
sensação nova.
“Sei que não vai dar em nada,
10-) Seus segredos sei de cor”.
A) Atualmente, não se pode , (X) fabricar apenas um produto.
B) Os índices de produção devem , (X) acompanhar , (X) o Os monossílabos em destaque classificam-se como tônicos; os
mercado. demais, como átonos (que, em, de).

Didatismo e Conhecimento 89
LÍNGUA PORTUGUESA
Os acentos Regras especiais:

acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos),
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a
as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos) Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra
oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o” Antes Agora
indica, além da tonicidade, timbre fechado: assembléia assembleia
Ex.: tâmara – Atlântico – pêssego – supôs idéia ideia
geléia geleia
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos jibóia jiboia
e pronomes. apóia (verbo apoiar) apoia
Ex.: à – às – àquelas – àqueles paranóico paranoico

trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abolido Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras derivadas de ou não de “s”, haverá acento:
nomes próprios estrangeiros. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
Ex.: mülleriano (de Müller)
Observação importante:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais nasais. Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
Ex.: coração – melão – órgão – ímã quando vierem depois de ditongo: Ex.:

Antes Agora
Regras fundamentais:
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Palavras oxítonas:
Sauípe Sauipe
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”,
“em”, seguidas ou não do plural(s):
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido. Ex.:
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)
Antes Agora
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
crêem creem
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos ou
lêem leem
não de “s”.
vôo voo
Ex.: pá – pé – dó – há enjôo enjoo
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas
de lo, la, los, las. - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos que,
respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento como
antes: CRER, DAR, LER e VER.
Paroxítonas:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: Repare:
- i, is 1-) O menino crê em você
táxi – lápis – júri Os meninos creem em você.
- us, um, uns 2-) Elza lê bem!
vírus – álbuns – fórum Todas leem bem!
- l, n, r, x, ps 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps Esperamos que os garotos deem o recado!
- ã, ãs, ão, ãos 4-) Rubens vê tudo!
ímã – ímãs – órfão – órgãos Eles veem tudo!

-- Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Repare - Cuidado! Há o verbo vir:
que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são Ele vem à tarde!
acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim Eles vêm à tarde!
ficará mais fácil a memorização!
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”. seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
água – pônei – mágoa – jóquei Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz

Didatismo e Conhecimento 90
LÍNGUA PORTUGUESA
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem 03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente, aterrador.”
seguidas do dígrafo nh: a palavra destacada encontra-se acentuada pelo mesmo motivo que:
ra-i-nha, ven-to-i-nha. A) túnel
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem B) voluntário
precedidas de vogal idêntica: C) até
xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba D) insólito
E) rótulos
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não serão 04. Assinale a alternativa correta.
mais acentuadas. Ex.: A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem paroxítonas
terminadas em ditongo.
Antes Depois B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente,
apazigúe (apaziguar) apazigue encontro consonantal e hiato.
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as palavras
averigúe (averiguar) averigue
grifadas são paroxítonas.
argúi (arguir) argui
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as partes
destacadas são dígrafos.
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plural E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-si-có-lo-
de: ga” e “a-ci-o-na”.
ele tem – eles têm
ele vem – eles vêm (verbo vir) 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, A) saúde
deter, abster. B) cooperar
ele contém – eles contêm C) ruim
ele obtém – eles obtêm D) creem
ele retém – eles retêm E) pouco
ele convém – eles convêm
06. “O episódio aconteceu em plena via pública de Assis. Dez
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram mulheres começaram a cantar músicas pela paz mundial. A partir
acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do daquele momento outras pessoas que passavam por ali decidiram
acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como: integrar ao grupo. Rapidamente, uma multidão aderiu à ideia. Assim
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito começou a formação do maior coral popular de Assis”. O vocábulo
perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para sublinhado tem sua acentuação gráfica justificada pelo mesmo
diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do motivo das palavras:
indicativo). Ex: A) eminência, ímpio, vácuo, espécie, sério
Ela pode fazer isso agora. B) aluá, cárie, pátio, aéreo, ínvio
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... C) chinês, varíola, rubéola, período, prêmio
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da preposição D) sábio, sábia, sabiá, curió, sério
por.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”, 07. Assinale a opção CORRETA em que todas as palavras estão
então estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos acentuadas na mesma posição silábica.
A) Nazaré - além - até - está - também.
outros casos, “por” preposição. Ex:
B) Água - início - além - oásis - religião.
Faço isso por você.
C) Município - início - água - século - oásis
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
D) Século - símbolo - água - histórias - missionário
E) Missionário - símbolo - histórias - século – município
Questões sobre Acentuação Gráfica
08. Considerando as palavras: também / revólver / lâmpada /
01. “Cadáver” é paroxítona, pois: lápis. Assinale a única alternativa cuja justificativa de acentuação
A) Tem a última sílaba como tônica. gráfica não se refere a uma delas:
B) Tem a penúltima sílaba como tônica. A) palavra paroxítona terminada em - is
C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica. B) palavra proparoxítona terminada em - em
D) Não tem sílaba tônica. C) palavra paroxítona terminada em - r
D) palavra proparoxítona - todas devem ser acentuadas
02. Assinale a alternativa correta.
A palavra faliu contém um: 09. Assinale a alternativa incorreta:
A) hiato A) Os vocábulos sábio, régua e decência são paroxítonos
B) dígrafo terminadas em ditongos crescentes.
C) ditongo decrescente B) O vocábulo armazém é acentuado por ser um oxítono
D) ditongo crescente terminado em em.

Didatismo e Conhecimento 91
LÍNGUA PORTUGUESA
C) Os vocábulos baú e cafeína são hiatos. 8-) tam – bém: oxítona / re – vól – ver: paroxítona / lâm – pa –
D) O vocábulo véu é acentuado por ser um oxítono terminado da: proparoxítona / lá – pis :paroxítona
em u. a-) é a regra do LÁPIS
b-) todas as proparoxítonas são acentuadas, independente de
10. Em quilo, há:
sua terminação
A) Ditongo aberto;
B) Tritongo; c-) regra para REVÓLVER
C) Hiato; d-) ok
D) Dígrafo;
E) Ditongo fechado. 9-) As alternativas A, B e C contêm afirmativas corretas. Na
D, há erro, pois véu é monossílabo acentuado por terminar em
GABARITO ditongo aberto.

01. B 02. C 03. B 04. A 05. E 10-) Qui – lo – Quanto ao fonema, não ouço o som do U : /
06. A 07. A 08. B 09. D 10. D kilo/. Duas letras, um fonema: dígrafo
COMENTÁRIOS

1-) Separando as sílabas: Ca – dá – ver: a penúltima sílaba é a ORTOGRAFIA


tônica (mais forte; nesse caso, acentuada). Penúltima sílaba tônica
= paroxítona
A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta
2-) fa - liu - temos aqui duas vogais na mesma sílaba, portanto: das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua.
ditongo. É decrescente porque apresenta uma semivogal e uma As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no
vogal. Na classificação, ambas são semivogais, mas quando juntas, que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados
a que “aparecer” mais na pronúncia será considerada “vogal”.
diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do
3-) ex – pe - ri – ên - cia : paroxítona terminada em ditongo grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal).
crescente (semivogal + vogal) As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm
a-) Tú –nel: paroxítona terminada em L a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular
b-) vo – lun - tá – rio : paroxítona terminada em ditongo crescente do verbo gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço,
c-) A - té – oxítona palácio ou passo, movimento durante o andar).
d-) in – só – li – to : proparoxítona
e-) ró – tu los – proparoxítona Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se
observar as seguintes regras:
4-)
a-) correta
b-) inteRRuptor: não é encontro consonantal, mas sim DÍGRAFO O fonema s:
c-) todas são, exceto MENTAL, que é oxítona
d-) são dígrafos, exceto QUANDO, que “ouço” o som do U, Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substantivadas
portanto não é caso de dígrafo derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent.
e-) cog – ni - ti – va / psi – có- lo- ga pretender - pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão
/ inverter - inversão / aspergir aspersão / submergir - submersão /
5-) sa - ú - de / co - o - pe – rar / ru – im / crê - em divertir - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
/ pou - co (ditongo)
repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir -
6-) e - pi - só - dio - paroxítona terminada em ditongo sensível / consentir - consensual
a-) ok
b-) a – lu –á :oxítona, então descarte esse item Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados dos
c-) chi – nês : oxítona, idem verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com verbos
d-) sa – bi – á : idem terminados por tir ou meter
agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão
7-) / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
a-) oxítona – TODAS - regressão / oprimir - opressão / comprometer - compromisso /
b-) paroxítona – paroxítona – oxítona – paroxítona – não
submeter - submissão
acentuada
c-) paroxítona – idem – idem – proparoxítona – paroxítona *quando o prefixo termina com vogal que se junta com a
d-) proparoxítona – idem – paroxítona – idem – idem palavra iniciada por “s”
e-) paroxítona – proparoxítona – paroxítona – proparoxítona – Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re + surgir - ressurgir
paroxítona *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo
Exemplos: ficasse, falasse

Didatismo e Conhecimento 92
LÍNGUA PORTUGUESA
Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos de *depois da letra “r” com poucas exceções.
origem árabe: emergir, surgir.
cetim, açucena, açúcar *depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado com j.
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica ágil, agente.
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu. Escreve-se com J e não com G:
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança, *as palavras de origem latinas
carapuça, dentuço jeito, majestade, hoje.
*nomes derivados do verbo ter. *as palavras de origem árabe, africana ou exótica.
abster - abstenção / deter - detenção / ater - atenção / reter - alforje, jiboia, manjerona.
retenção *as palavras terminada com aje.
*após ditongos aje, ultraje
foice, coice, traição
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r)
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção O fonema ch:
Escreve-se com X e não com CH:
O fonema z: *as palavras de origem tupi, africana ou exótica.
Escreve-se com S e não com Z: abacaxi, muxoxo, xucro.
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo, ou *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J).
em gentílicos e títulos nobiliárquicos. xampu, lagartixa.
freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc. *depois de ditongo.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose. frouxo, feixe.
catequese, metamorfose. *depois de “en”.
*as formas verbais pôr e querer. enxurrada, enxoval
pôs, pus, quisera, quis, quiseste. Observação: Exceção: quando a palavra de origem não derive
*nomes derivados de verbos com radicais terminados em “d”. de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa /
difundir - difusão Escreve-se com CH e não com X:
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s” *as palavras de origem estrangeira
Luís - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho chave, chumbo, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche,
*após ditongos salsicha.
coisa, pausa, pouso
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”.
As letras e e i:
anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com “i”,
só o ditongo interno cãibra.
Escreve-se com Z e não com S:
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo
com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com
macio - maciez / rico - riqueza
infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem não
termine com s) - atenção para as palavras que mudam de sentido quando
final - finalizar / concreto - concretizar substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária
*como consoante de ligação se o radical não terminar com s. (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé), pião
(brinquedo).
O fonema j:
Fonte:http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Escreve-se com G e não com J: ortografia

*as palavras de origem grega ou árabe Questões sobre Ortografia


tigela, girafa, gesso.
*estrangeirismo, cuja letra G é originária. 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alternativa que
sargento, gim. preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho a seguir,
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas de acordo com a norma-padrão.
exceções) Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno da
imagem, vertigem, penugem, bege, foge. corrupção e das fraudes.
Observação: Exceção: pajem (A) a … concenso … acerca
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio. (B) há … consenso … acerca
sortilégio, litígio, relógio, refúgio. (C) a … concenso … a cerca
*os verbos terminados em ger e gir. (D) a … consenso … há cerca
eleger, mugir. (E) há … consenço … a cerca

Didatismo e Conhecimento 93
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa 09 Marque a alternativa em que a palavra NÃO está corretamente
cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma- empregada de acordo com sua ortografia.
-padrão. A) Serei eu um ____________ colega? (mal)
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. B) Sei ____________ você guardou meus presentes. (onde)
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. C) Os alunos estão de ____________ com o diretor. (mal)
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. D) ____________ vocês estão indo com tanta pressa? (aonde)
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. E) Jonas ____________ sempre seus livros sempre encapados.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! (traz)
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
10. Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta:
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os
A) Porque essa cara?
usuários sobre o festival Sounderground.
Prezado Usuário B) Não vou porque não quero.
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô, C) Mas por quê?
________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, começa o D) Você saiu por quê?
Sounderground, festival internacional que prestigia os músicos que
tocam em estações do metrô. GABARITO
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
divirta-se! 01. B 02. D 03. C 04. C 05. B
06. D 07. A 08. D 09. A 10. A
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher as
lacunas, correta e respectivamente, com as expressões COMENTÁRIOS
A) A fim ...a partir ... as
B) A fim ...à partir ... às 1-) Além disso, há (existe) certamente consenso entre nós acerca
C) A fim ...a partir ... às (de + o) (sobre o ) do fenômeno da corrupção e das fraudes.
D) Afim ...a partir ... às
E) Afim ...à partir ... as 2-)
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de ortografia:
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. =
A) Ela interrompeu a reunião derrepente.
cidadãos
B) O governador poderá ter seu mandato caçado.
C) Os espectadores aplaudiram o ministro. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
D) Saiu com descrição da sala. certidões
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita?
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. 3-) Prezado Usuário
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança. A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô,
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa. Sounderground, festival internacional que prestigia os músicos que
tocam em estações do metrô.
06. Qual das alternativas abaixo apresenta pelo menos uma Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
palavra que deveria ser grafada com S no lugar do X? divirta-se!
A) Exumar – Exultar. Afim = afinidade; a partir: sempre separado; antes de horas: há
B) Exteriorizar – Êxtase. crase
C) Expectador – Excursão.
D) Expontâneo – Extrepitar. 4-)
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. =de repente
07. Está separada corretamente:
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. = cassado
A) Sus-sur-rar.
D) Saiu com descrição da sala. = discrição
B) Ra-dio-gra-far.
C) Tin-ho-rão.
D) So-bre-ssa-len-te. 5-)
E) Li-gni-ta. A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
mendigo/caderneta/poupança
08. Assinale a alternativa incorreta quanto ao uso de “a” e “há”: C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
A) Daqui a dois meses iremos à Europa. mendigo/caderneta/poupança
B) Isto foi há muito tempo. D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
C) Há meses que não a vejo. =mendigo/depositou/caderneta/poupança
D) A dois meses fomos na casa de sua mãe.
E) Há tempos atrás éramos muito felizes. 6-) Espontâneo – Estrepitar

Didatismo e Conhecimento 94
LÍNGUA PORTUGUESA
7-) Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito
B) Ra-dio-gra-far = Ra - di - o - gra - far Federal;
C) Tin-ho-rão. = ti - nho - rão Chefes de Estado – Maior das Três Armas;
D) So-bre-ssa-len-te. = so - bres - sa - len - te Oficiais Generais das Forças Armadas;
E) Li-gni-ta. = lig - ni - ta Embaixadores;
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios;
8-) Há dois meses fomos na casa de sua mãe. (= há no sentido Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
de tempo passado) Prefeitos Municipais.

9-) Serei eu um mau colega? (mal) - mau=adjetivo b) do Poder Legislativo:


Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
10-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está Deputados e do Senado Federal;
longe do ponto de interrogação.
Presidente e Membros do Tribunal de Contas da União;
Presidente e Membros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidente e Membros das Assembleias Legislativas Estaduais;
Presidente das Câmaras Municipais.
11. DIFERENÇA ENTRE
REDAÇÃO TÉCNICA (OFICIAL) E c) do Poder Judiciário:
REDAÇÃO ESTILÍSTICA Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal;
E SUAS RESPECTIVAS Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça;
CARACTERÍSTICAS. Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar;
Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral;
Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho;
Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça;
Pronomes de tratamento na redação oficial Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais;
A redação Oficial é a maneira para o poder público redigir atos Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho;
normativos. Para redigi-los, muitas regras fazem-se necessárias. Entre Juízes e Desembargadores;
elas, escrever de forma clara, concisa, sem muito comprometimento, Auditores da Justiça Militar.”
bem como um uso adequado das formas de tratamento. Tais regras,
acompanhadas de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos
asseguram que os atos normativos sejam bem executados. Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo
No Poder Público, a todo momento nós nos deparamos com respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
situações em que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional;
as quais não temos familiaridade. Nesses casos, os pronomes de Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
tratamento assumem uma condição e precisam estar adequados à E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos. E mais, exige- Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Juiz,
se, em discurso falado ou escrito, uma homogeneidade na forma de Senhor Ministro, Senhor Governador.
tratamento, não só nos pronomes como também nos verbos. O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento
No entanto, as formas de tratamento não são do conhecimento “Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima,
de todos. Para tanto, a partir do Manual da Presidência da República, afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos
apresentaremos as discriminações de usos dos pronomes de
públicos sejam ocupados.
tratamento:
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, mas
titulação acadêmica de quem defende tese de doutorado. Portanto, é
São de uso consagrado: Vossa Excelência, para as seguintes
aconselhável que não se use discriminadamente tal termo. Para que
autoridades:
nenhuma de suas correspondências oficiais contenha inadequações,
a) do Poder Executivo utilize bem os pronomes de tratamento.
Presidente da República;
Vice-Presidente da República; AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
Ministro de Estado;
Secretário-Geral da Presidência da República; 1. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL
Consultor-Geral da República;
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; O que é Redação Oficial
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República; Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira
Secretários da Presidência da República; pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.
Procurador – Geral da República; Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.

Didatismo e Conhecimento 95
LÍNGUA PORTUGUESA
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões
uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a
e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração pública texto literário. A redação oficial deve ser isenta da interferência da
direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, individualidade que a elabora.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda,
eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios para que seja alcançada a necessária impessoalidade.
fundamentais de toda administração pública, claro que devem
igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza
seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos
compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter
bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.
Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo,
cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o
concisão. funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua
Fica claro também que as comunicações oficiais são elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá
necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar
(o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio com clareza e objetividade.
Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem
a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para
forma homogênea (o público). atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à a determinados grupos. Não há dúvida de que um texto marcado
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com por expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos
impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.
que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua
texto jornalístico, da correspondência particular, etc. falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma
Apresentadas essas características fundamentais da redação imediata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente
oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma delas. contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão,
como os gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos
A Impessoalidade
fatores responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpora
mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
permanência, e vale-se apenas de si mesma para comunicar.
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua finalidade
que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba
de informar com o máximo de clareza e concisão, requerem o uso
essa comunicação. No caso da redação oficial, quem comunica é
do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é
sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria,
aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b)
Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica
se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do
é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que
comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do
conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima
outros Poderes da União. das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo,
dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: cidadãos.
embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a simplicidade
de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de
feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica
que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos
Administração guardem entre si certa uniformidade; sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária.
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal; pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
temático das comunicações oficiais restringe-se a questões que necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de
dizem respeito ao interesse público, é natural que não caiba qualquer linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão,
tom particular ou pessoal. deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.

Didatismo e Conhecimento 96
LÍNGUA PORTUGUESA
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações É pela correta observação dessas características que se redige
que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros
determinada área, são de difícil entendimento por quem não e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitura
esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de que torna possível sua correção.
explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com
administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. que são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete
sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que
Formalidade e Padronização não seja seguida por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há
assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto indesejável repercussão no redigir.
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas
exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, Pronomes de Tratamento
é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou Concordância com os Pronomes de Tratamento
daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível; Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como
padrão. O estabelecimento desse padrão exige que se atente para seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa
todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da Excelência conhece o assunto”.
apresentação dos textos. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria
definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
a padronização. Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere,
Concisão e Clareza e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso
interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher,
texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar
de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com satisfeita”.
essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento
do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às
o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de
ideias. A Sua Excelência o Senhor
O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao princípio Fulano de Tal
de economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o Ministro de Estado da Justiça
mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de forma 70.064-900 – Brasília. DF
alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se A Sua Excelência o Senhor
devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi- Senador Fulano de Tal
lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, Senado Federal
redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. 70.165-900 – Brasília. DF
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial.
Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata Senhor Ministro,
compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se
atinja por si só: ela depende estritamente das demais características Submeto a Vossa Excelência projeto (...)
da redação oficial. Para ela concorrem:
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações Fechos para Comunicações
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para
restrita, como a gíria e o jargão; fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a no 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
imprescindível uniformidade dos textos; padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas
linguísticos que nada lhe acrescentam. as modalidades de comunicação oficial:

Didatismo e Conhecimento 97
LÍNGUA PORTUGUESA
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
República: impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
Respeitosamente, m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
Rich Text nos documentos de texto;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
inferior: ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou
Atenciosamente, aproveitamento de trechos para casos análogos;
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a formados da seguinte maneira:
autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios,
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das tipo do documento + número do documento + palavras-chaves
Relações Exteriores. do conteúdo
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
Identificação do Signatário
Exposição de Motivos
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o Definição e Finalidade
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte: República ou ao Vice-Presidente para:
a) informá-lo de determinado assunto;
(espaço para assinatura) b) propor alguma medida; ou
Nome c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
República por um Ministro de Estado.
(espaço para assinatura) Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Nome Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos
Ministro de Estado da Justiça os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
interministerial.
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em
página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a Forma e Estrutura
última frase anterior ao fecho. Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação
do padrão ofício. A exposição de motivos, de acordo com sua
Forma de diagramação finalidade, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para
aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
forma de apresentação: No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman
poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; Mensagem
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da
página; Definição e Finalidade
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”); do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
e) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
3,0 cm de largura; da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
f) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
da margem esquerda; veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; interesse dos poderes públicos e da Nação.
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final.
comportar tal recurso, de uma linha em branco; As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, Nacional têm as seguintes finalidades:
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do ou financeira.
documento; b) encaminhamento de medida provisória.
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel c) indicação de autoridades.
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente
e ilustrações; da República ausentarem-se do País por mais de 15 dias.

Didatismo e Conhecimento 98
LÍNGUA PORTUGUESA
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de É conveniente o envio, juntamente com o documento principal,
concessão de emissoras de rádio e TV. de folha de rosto, e de pequeno formulário com os dados de
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. identificação da mensagem a ser enviada, conforme exemplo a
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. seguir:
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). [Órgão Expedidor]
i) comunicação de veto. [setor do órgão expedidor]
j) outras mensagens. [endereço do órgão expedidor]
Destinatário:____________________________________
Forma e Estrutura No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___
As mensagens contêm: Remetente: ____________________________________
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
horizontalmente, no início da margem esquerda: No de páginas: ________No do documento:____________
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo Observações:___________________________________
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, Correio Eletrônico
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e Definição e finalidade
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da transformou-se na principal forma de comunicação para transmissão
República, não traz identificação de seu signatário. de documentos.

Telegrama Forma e Estrutura


Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
Definição e Finalidade flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua
estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os
com uma comunicação oficial.
procedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem
toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc.
deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres
tanto do destinatário quanto do remetente.
públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
telegrama apenas àquelas situações que não seja possível o uso de
preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que
correio eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e,
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre
também em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
seu conteúdo.
deve pautar-se pela concisão. Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação
de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem
Forma e Estrutura pedido de confirmação de recebimento.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura Valor documental
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
na Internet. correio eletrônico tenha valor documental, e para que possa ser
aceito como documento original, é necessário existir certificação
Fax digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
em lei.
Definição e Finalidade
ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma
forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao Problemas de Construção de Frases
desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de
mensagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas
cujo conhecimento há premência, quando não há condições de envio principalmente pela construção adequada da frase, “a menor unidade
do documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, autônoma da comunicação”, na definição de Celso Pedro Luft.
ele segue posteriormente pela via e na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo predicado, que
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia do fax para Adriano da Gama Kury pode ser entendido como “a enunciação
e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, deteriora-se pura de um fato qualquer”. Sempre que a frase possuir pelo menos
rapidamente. um verbo, recebe o nome de período, que terá tantas orações quantos
forem os verbos não auxiliares que o constituem.
Forma e Estrutura Outra função relevante é a do sujeito – mas não indispensável,
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, de quem se diz
que lhes são inerentes. algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. Sempre que o verbo

Didatismo e Conhecimento 99
LÍNGUA PORTUGUESA
o exigir, teremos nas orações substantivos (nomes ou pronomes) Sujeito
que desempenham a função de complementos (objetos direto e Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a
indireto, predicativo e complemento adverbial). Função acessória ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, mas não ser
desempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções como:
da oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos que Errado: É tempo do Congresso votar a emenda.
desempenham as outras funções, ou deslocados para o início da Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
oração. Errado: Apesar das relações entre os países estarem cortadas,
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos (...).
que compõem uma oração (os parênteses indicam os elementos que Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cortadas,
podem não ocorrer): (...).
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
Podem ser identificados seis padrões básicos para as orações
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
pessoais (i. é, com sujeito) na língua portuguesa (a função que vem Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
entre parênteses é facultativa e pode ocorrer em ordem diversa): Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
O Presidente - regressou - (ontem). Frases Fragmentadas

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (adjunto A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma oração
adverbial) subordinada ou uma simples locução como se fosse uma frase
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na manhã de completa”. Decorre da pontuação errada de uma frase simples.
terça-feira). Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a
fragmentação de frases devem ser evitada nos textos oficiais, pois
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - (adjunto muitas vezes dificulta a compreensão. Ex.:
adverbial). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os setores). Nacional. Depois de ser longamente debatido.
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso Nacional,
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto - obj. depois de ser longamente debatido.
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa recebeu
indireto - (adj. Adv.)
a aprovação do Congresso Nacional.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - ao
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido
Deputado - (no Congresso). ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas as áreas
envolvidas na elaboração do texto legal.
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento adverbial - Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido
(adjunto adverbial) ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as áreas
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Aires - envolvidas na elaboração do texto legal.
(na próxima semana).
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) Erros de Paralelismo

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto adverbial) Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
O problema - será - resolvido - prontamente. “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramatical
idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se em
Esses seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, as erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos. Vejamos
frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na construção alguns exemplos:
de períodos, as várias funções podem ocorrer em ordem inversa Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios
à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Não interessa economizar energia e que elaborassem planos de redução de
aqui análise exaustiva de todos os padrões existentes na língua despesas.
Nesta frase temos, nas duas orações subordinadas que
portuguesa. O que importa é fixar a ordem normal dos elementos
completam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
nesses seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos mais
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
complexos, compostos por duas ou mais orações, em geral podem reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem planos
ser reduzidos aos padrões básicos (de que derivam). de redução de despesas) é uma oração desenvolvida introduzida pela
Os problemas mais frequentemente encontrados na construção conjunção integrante que. Há mais de uma possibilidade de escrevê-
de frases dizem respeito à má pontuação, à ambiguidade da ideia la com clareza e correção; uma seria a de apresentar as duas orações
expressa, à elaboração de falsos paralelismos, erros de comparação, subordinadas como desenvolvidas, introduzidas pela conjunção
etc. Decorrem, em geral, do desconhecimento da ordem das palavras integrante que:
na frase. Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios que
e recorrentes na construção de frases, registrados em documentos economizassem energia e (que) elaborassem planos para redução de
oficiais. despesas.

Didatismo e Conhecimento 100


LÍNGUA PORTUGUESA
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas como Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
reduzidas de infinitivo: Novamente, a não repetição dos termos comparados confunde.
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios Alternativas para correção:
economizar energia e elaborar planos para redução de despesas. Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Portaria.
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
coordenação de orações subordinadas. Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do que
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: os Ministérios do Governo.
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou “demais”)
inseguro, inteligência e ter ambição. acarretou imprecisão:
O problema aqui decorre de coordenar palavras (substantivos) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do que
com orações (reduzidas de infinitivo). os outros Ministérios do Governo.
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do que
transformá-la em frase simples, substituindo as orações reduzidas os demais Ministérios do Governo.
por substantivos:
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segurança, Ambiguidade
inteligência e ambição.
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso paralelismo, Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de
que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) a ideias de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, de forma paralela, deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de
estruturas sintáticas distintas: compreensão.
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de identificar-
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Paris, -se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um
Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade de correção antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer com:
é transformá-la em duas frases simples, com o cuidado de não repetir
o verbo da primeira (visitar): a) pronomes pessoais:
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta última Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que ele
capital, encontrou-se com o Papa.
seria exonerado.
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado pelo
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu secretariado.
uso inadequado da expressão e que num período que não contém
Ou então, caso o entendimento seja outro:
nenhum que anterior.
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exoneração
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem sólida
deste.
formação acadêmica.
Para corrigir a frase, ou suprimimos o pronome relativo:
b) pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em
formação acadêmica.
Outro exemplo de falso paralelismo com e que: seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso não
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas o surpreendeu.
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o programa. Observe-se a multiplicidade de ambiguidade no exemplo acima,
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior aqui as quais tornam virtualmente inapreensível o sentido da frase.
podemos ou suprimir a conjunção: Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente da
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas República. No pronunciamento, solicitou a intervenção federal em
precipitadas, que comprometam o andamento de todo o programa. seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente da República.

Erros de Comparação c) pronome relativo:


Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costumava
A omissão de certos termos ao fazermos uma comparação, trabalhar.
omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração refere-
escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível -se à mesa ou a gabinete. Essa ambiguidade se deve ao pronome
identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A ausência indevida relativo que, sem marca de gênero. A solução é recorrer às formas o
de um termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se qual, a qual, os quais, as quais, que marcam gênero e número.
quer dar a uma frase: Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costumava
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um trabalhar.
médico. Se o entendimento é outro, então:
A omissão de termos provocou uma comparação indevida: “o Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costumava
salário de um professor” com “um médico”. trabalhar.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o salário Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da dúvida
de um médico. sobre a que se refere a oração reduzida:
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de um Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o
médico. funcionário.

Didatismo e Conhecimento 101


LÍNGUA PORTUGUESA
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, deve-se 1. Substituição de palavras com o emprego de sinônimos, ou de
deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. palavras ou expressões do mesmo campo associativo.
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este 2. Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o
indisciplinado. substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar / desgaste /
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora chamou desgastante).
o médico. 3. Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi chamado recurso estilístico de intenção articulatória, e não uma redundância
por uma senhora. - resultado da pobreza de vocabulário. Por exemplo, “Grande no
pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio,
Fontes: ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima)
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_ 4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na
publicacoes_ver.php?id=2 maior especificidade do significado de um deles. Por exemplo, mesa
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/redacao-oficial- (mais específico) e móvel (mais genérico).
para-concursos.html 5. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de sentido
mais amplo com outros de sentido mais específico. Por exemplo,
felino está numa relação de hiperonímia com gato.
6. Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito
ADEQUAÇÃO CONCEITUAL viajar, porém só o farei no ano vindouro).

A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos,


Na construção de um texto, assim como na fala, usamos como certos pronomes, certos advérbios e expressões adverbiais,
mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que é conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quando, ao
dito, ou lido. remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente
Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar
e retomada do que foi escrito ou dito, são os referentes textuais e de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e,
buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não só assim, estabelece a relação entre as duas orações.).
entre os elementos que compõem a oração, como também entre a Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de
sequência de orações dentro do texto. fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio discurso.
Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo implícito, Exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada
baseado em conhecimentos anteriores que os participantes do sua característica: são elementos que não significam, apenas
processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa.
sigla, que para o público a quem se dirige deveria ser de conhecimento Já os componentes concentram em si a significação. Elisa
geral, evita que se lance mão de repetições inúteis. Guimarães (2) ensina-nos a esse respeito:
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária -
composta de termos e expressões - que une os diversos elementos “Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os
do texto e busca estabelecer relações de sentido entre eles. Dessa participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos,
forma, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios
(repetição, substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indicar
de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este,
orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente,
coerência textual. ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta próximo ano, depois de (futuro).”
de forma contraditória. Muitas vezes essa incoerência é resultado
Somente a coesão, contudo, não é suficiente para que haja
do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na organização
sentido no texto, esse é o papel da coerência, e coerência relaciona-
de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos
-se intimamente a contexto.
gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído
com os elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal. A seleção vocabular
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara (1), “o enunciado
não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se Na produção de texto, a seleção vocabular também é importante
organizam segundo princípios gerais de dependência e independência elemento de coesão, já que, muitas vezes, substituímos uma palavra
sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que já empregamos por outra que lhe retoma o sentido. Observe:
que sedimentam estes princípios”. Os advogados do réu apresentaram um pedido ao juiz, no entanto
Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases ou textos o magistrado não acatou a solicitação dos patronos do acusado.
desconexos – é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que Nessa frase, as palavras magistrado, solicitação, patronos e
essas frases estejam coesas e coerentes formando o texto. acusado funcionam como elementos de coesão, pois retomam,
Além disso, relembre-se que, por coesão, entende-se ligação, respectivamente, os termos juiz, pedido, advogados e réu. Veja que
relação, nexo entre os elementos que compõem a estrutura textual. a seleção vocabular utilizada na frase acima, além de dar coesão
Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de ao texto, tem função estilística, pois permite que não se repitam as
uma frase ou de um texto: mesmas palavras.

Didatismo e Conhecimento 102


LÍNGUA PORTUGUESA
Os mecanismos de combinação e seleção – a coerência e Atente para o fato de que as orações que formam esse trecho
articulação de sentidos apresentam uma perfeita relação de sentido criada com a ajuda dos
conectivos. Vamos analisar um a um os períodos encontrados no
Como você já deve ter percebido, escrever não é só colocar as texto transcrito acima para entender esses mecanismos relacionais
ideias no papel. Até porque essas ideias não surgem do nada. Elas que os conectivos nos dão.
fazem parte do processo de comunicação de que participamos “Além de ter liberdade para receber e transmitir informações é
e de todas as informações que nos chegam, através de trocas de preciso que todos sejam livres para manifestar opiniões e críticas
experiências com seus interlocutores e muita, muita leitura. sobre o comportamento do governo.”
Veja a manchete de um jornal de grande circulação nacional que No 1º segmento, encontramos a locução conjuntiva “além de”
publicou o seguinte: que introduz as orações seguintes, ambas subordinadas adverbiais
finais ‘para receber e (para) transmitir’, que por sua vez são
Professoras mandam carta a deputados protestando contra o coordenadas aditivas entre si, ou seja, têm a mesma função.
aumento de seus salários. Na 2ª oração “Não basta, porém, dizer na Constituição que essas
liberdades existem”, a conjunção destacada indica contradição,
Repare que, da forma como a manchete foi redigida, o leitor oposição ou restrição ao que foi dito na oração anterior.
poderia entendê-la de dois modos diversos: as professoras, Já, no último segmento do texto encontramos o pronome relativo
chateadas com o aumento insignificante de seus salários, reclamam, que retomando o substantivo governo da oração anterior e que
protestando, através de uma carta, aos senhores deputados; ou as aparece como oração principal de três outras orações subordinadas a
professoras questionam o aumento de salário que os deputados ela, também com o sentido de finalidade – para realizar sua vontade;
tiveram, comparando com o salário delas e escrevem-nos (para) satisfazer suas necessidades e (para) promover a melhoria de
protestando. suas condições de vida.
Por que essa dupla interpretação aconteceu e acontece quando ‘É preciso que existam meios concretos ao alcance de todo o
menos esperamos? povo para a obtenção e divulgação de informações, e por esses meios
Nesse caso, é o emprego do pronome “seus” o causador desse o povo participe constantemente do governo, que existe para realizar
sua vontade, satisfazer suas necessidades e promover a melhoria de
duplo sentido. Podemos dizer que o pronome possessivo destacado
suas condições de vida’.
tanto pode se referir aos salários das professoras como dos deputados.
Repare que trabalhamos com os conectores (outro nome para
Sendo o texto uma ‘unidade de sentido’, os elementos que o
os conectivos), visando à perfeita relação de sentido que deve haver
compõem (palavras, orações, períodos) precisam se relacionar
entre as partes que compõem um texto.
harmonicamente.
Sendo os conectivos elementos que relacionam partes de um
A estruturação de uma simples frase pode ser comparada com
discurso, estabelecendo relações de significado entre essas partes,
a articulação de um esqueleto com seus ossos. Do mesmo jeito que
possuem valores próprios, uns exprimindo finalidade, outros,
uma articulação entre dois ou mais ossos acontece, resultando num
oposição; outros, escolha e assim por diante.
movimento, as palavras devem combinar umas com as outras numa
articulação de pensamentos, tornando o texto coeso, com nexo. Não A seleção vocabular é também um importante mecanismo
se esqueça de que nexo significa “ligação, vínculo” coesivo e a estamos empregando quando substituímos uma palavra
Esse modo de estruturar o texto, a combinação e seleção das que já foi usada por outra que lhe retoma o sentido. Podemos usar
palavras para evitar a falta de nexo, recebe o nome de mecanismos sinônimos, pronomes (retos ou oblíquos), pronomes relativos, etc.
de coesão. Esse mecanismo seletivo, além de dar coesão ao texto, tem
A coesão decorre das relações de sentido que se operam entre função estilística, pois permite que as palavras não sejam repetidas.
os elementos de um texto. Também resulta da perfeita relação de De maneira geral, podemos dizer que temos um texto coerente e
sentido que tem de haver entre as partes de um texto. Assim, o uso coeso quando este não contém contradições, o vocabulário utilizado
de conectivos é de grande importância para que possa haver coesão está adequado, as afirmações são relevantes para o desenvolvimento
textual. do tema, os fatos estão corretamente sequenciados, ou seja, o texto
deverá estar constituído de relações de sentido entre os vocábulos,
Leia o texto que se segue: expressões e frases e do encadeamento linear das unidades
linguísticas no texto.
“Além de ter liberdade para receber e transmitir informações é O inverso é verdadeiro e podemos dizer que não haverá coesão
preciso que todos sejam livres para manifestar opiniões e críticas quando, por exemplo, empregarmos conjunções e pronomes
sobre o comportamento do governo. Não basta, porém, dizer na de modo inadequado, deixarmos palavras ou até frases inteiras
Constituição que essas liberdades existem. É preciso que existam desconectadas e quando a escolha vocabular for inadequada,
meios concretos ao alcance de todo o povo para a obtenção e levando à ambiguidade, entre outros problemas.
divulgação de informações, e por esses meios o povo participe Aconselhamos que, para se perceber a falta de coesão no texto
constantemente do governo, que existe para realizar sua vontade, produzido por você, o melhor que se tem a fazer é lê-lo atentamente,
satisfazer suas necessidades e promover a melhoria de suas estabelecer as relações entre as palavras que o compõem, as orações
condições de vida”. que formam os períodos e, por fim, os períodos que formam o texto.
DALLARI, Dalmo de Abreu. In: Viver em sociedade. São Como você pôde notar a coesão e a coerência textuais são
Paulo: Editora Moderna, 1985. p. 41. elementos facilitadores para a compreensão perfeita de um texto.

Didatismo e Conhecimento 103


LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência diz respeito a tudo que se harmoniza entre si, que Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, transgride
tem ligação. O conceito da palavra relaciona-se à presença de tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete trajando
conexão, de nexo entre as ideias. Isso porque buscamos sempre a xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de fraque e
existência de sentido, quer seja ao refletirmos sobre algo, quer seja cartola.
interpretando o que nos rodeia, quer seja ao tentarmos compreender Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser
o conteúdo daquilo que nos é apresentado em forma de texto escrito. íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o das liberdades da
Assim, podemos inferir que o uso de algumas expressões pode fala. No recesso do lar, na fala entre amigos, parentes, namorados,
comprometer o entendimento de um texto. etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais construções
do tipo:
Fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA9kEAE/
lingua-portuguesa-vi Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
NOÇÕES DA NORMA CULTA DA LÍNGUA Eu te amo, sim, mas não abuse!
PORTUGUESA Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.

Níveis de linguagem Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta,


A língua é um código de que se serve o homem para elaborar deixando mais livres os interlocutores.
mensagens, para se comunicar. Existem basicamente duas O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua da
modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais: Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as normas
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim, aquelas
língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base a mesmas construções se alteram:
norma culta, forma linguística utilizada pelo segmento mais culto e
influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada Eu não a vi hoje.
pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e Ninguém o deixou falar.
televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de Deixe-me ver isso!
serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colaborando Eu te amo, sim, mas não abuses!
na educação, e não justamente o contrário; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua popular ou Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
língua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem o
seu limite na gíria e no calão. Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de
comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, etc.). Daí o
fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta na
Norma culta:
pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que
A norma culta, forma linguística que todo povo civilizado
deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.
possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. E justamente
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética,
em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista político-
caracterizado por construções de rara beleza.
-cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal,
Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular afigura-se mais
qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato
expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:
instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a
constituir fato linguístico registro de linguagem definitivamente
Estou preocupado. (norma culta) consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.
Tô preocupado. (língua popular) Exemplos:
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
urge conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar
expressividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer a e Não vamos dispersar-nos.)
língua culta para conviver. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da daqui bem depressa.)
língua culta. O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu
posto.)
O conceito de erro em língua:
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude
de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da do seu significado, não poderia ser adjetivo associado à indústria, já
norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos não
diz: “Ninguém deixou ele falar”, não comete propriamente erro; na só como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra têxtil
verdade, transgride a norma culta. e do operário da indústria de fibra têxtil.

Didatismo e Conhecimento 104


LÍNGUA PORTUGUESA
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses
despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de níveis, destacam-se em importância o culto e o cotidiano, a que já
transgressões ou “erros” que se tornaram fatos linguísticos, já que fizemos referência.
só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de
pedir, que tem, início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou Fonte:http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/niveis-
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido de-linguagem
e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem
coragem de usar.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar
palavras como corrigir e correto, quando nos referimos a frases. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
“Corrija estas frases” é uma expressão que deve dar lugar a esta,
por exemplo: “Converta estas frases da língua popular para a língua
culta”. A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres,
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma frase permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar
“errada”; é, na verdade, uma frase elaborada conforme as normas conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados
gramaticais; em suma, conforme a norma culta. ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção
ao convívio social. E dentre os fatores que a ela se relacionam
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: O nível de
formalidade e o de informalidade.
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica, O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita,
não dispõe dos recursos próprios da língua falada. restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (melodia pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este
da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer do fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total
discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, etc., soberania sobre as demais.
fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa, Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o estilo
mais espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias
transformações e a evoluções. entre os estudos da língua, uma vez que, para a sociedade, aquela
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importância. Nas pessoa que fala ou escreve de maneira errônea é considerada
escolas, principalmente, costuma se ensinar a língua falada com “inculta”, tornando-se desta forma um estigma.
base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as
correções, as retificações, as emendas, a que os professores sempre chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações
estão atentos. de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando as em que é utilizada. Dentre elas destacam-se:
características e as vantagens de uma e outra, sem deixar transparecer
nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que em verdade Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresenta,
inexiste. a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua falada. bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em
A nenhum povo interessa a multiplicação de línguas. A nenhuma consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada
nação convém o surgimento de dialetos, consequência natural do com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se
enorme distanciamento entre uma modalidade e outra. fundamenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que fragmento exposto:
a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade Antigamente
linguística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atravessar “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram
o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam
será possível sem a língua escrita, cujas transformações, por isso primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões,
mesmo, processam-se lentamente e em número consideravelmente faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
menor, quando cotejada com a modalidade falada. meses debaixo do balaio.”
Importante é fazer o educando perceber que o nível da linguagem, Carlos Drummond de Andrade
a norma linguística, deve variar de acordo com a situação em
que se desenvolve o discurso. Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário
O ambiente sociocultural determina o nível da linguagem antiquado.
a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a
entoação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma Variações regionais: São os chamados dialetos, que são
criança como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como
não fala como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe
discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando
assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características
recesso do lar e na sala de aula. orais da linguagem.

Didatismo e Conhecimento 105


LÍNGUA PORTUGUESA
Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos Por ter como requisito não permitir que haja qualquer
grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução modificação posterior, o seu formato renuncia a quebras de
de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os linha eletivas, espaçamentos verticais e paragrafação, ocupando
jargões e o linguajar caipira. virtualmente todo o espaço disponível na página;
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, Números, valores, datas e outras expressões são sempre
como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. Os representados por extenso;
jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um Sem emprego de abreviaturas ou siglas;
linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos, Sem emendas, rasuras ou uso de corretivo (quando a ata estiver
advogados, profissionais da área de informática, dentre outros. sendo manuscrita e for necessária alguma correção, usar a expressão
Vejamos um poema sobre o assunto: “digo” seguida do texto correto);
Todos os verbos descritivos de ações da reunião usados no
Vício na fala pretérito perfeito do indicativo (disse, declarou, decidiu…).
Para dizerem milho dizem mio A estrutura básica para uma ata pode ser esta:
Para melhor dizem mió
Para pior pió Título da reunião;
Para telha dizem teia Cidade, dia, mês, ano, das h:min até h:min;
Para telhado dizem teiado Local da reunião;
E vão fazendo telhados. Introdução (Relatar sobre o título da reunião, local, data, hora
Oswald de Andrade e participantes);
Participantes da reunião (Nome completo do participante e
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/variacoes- especificar de qual instituição ele é);
linguisticas.htm Agenda (Relatar sobre a pauta da reunião, os temas a serem
tratados e os respectivos responsáveis de cada tema);
Desenvolvimento (Descrever sobre os temas principais citados
na reunião);
Conclusões (Descrever sobre as conclusões atingidas ao final
12. CORRESPONDÊNCIA OFICIAL: da reunião e suas respectivas decisões);
CONCEITO E TIPOS DE DOCUMENTOS. Recomendações (Descrever recomendações e observações
feitas no decorrer da reunião);
Distribuição (Relatar o nome de quem a ata será enviada).
A ata deverá ser assinada por todos os participantes.
Tipos de correspondências oficiais e empresariais
Atestado ou Certificado
De maneira geral, existem três macro tipos de correspondências:
É um documento em que se faz fé de algo e que tem valor
Particular – entre indivíduos (amigos, familiares e pessoas do legal. Pode haver atestados ou certificados de serviços prestados, de
convívio social) e pode apresentar diversos graus de formalidade, estudos realizados, de pagamentos, etc.
desde um caráter íntimo até certo grau de formalismo; Para a sua elaboração, utiliza-se geralmente papel de tamanho
Empresarial – é trocada entre empresas ou entre estas e pessoas A4, escrito em sentido vertical.
físicas; Cabeçalho (Coloca-se na parte superior do certificado, com
Oficial – acontece entre órgãos do serviço público ou entre os uma margem considerável. É constituído pelo nome da pessoa
mesmos e a sociedade. ou instituição que o envia, acompanhados dos seus dados de
identificação. Costuma-se escrever em maiúsculas.);
Com o objetivo de tornar este tipo de comunicação mais Corpo (Contém texto precedido pelo termo CERTIFICA ou
organizado e de fácil entendimento para todos os envolvidos, as ATESTA, em maiúsculas, seguido de dois pontos, onde se descreve
correspondências oficiais seguem determinados padrões de redação o objeto da certificação.);
e formatação, as quais serão abordadas a seguir. Local e data;
Assinatura e selo.
Ata
Bilhete
A ata é um documento no qual deve constar um resumo por
escrito, detalhando os fatos e as soluções a que chegaram as pessoas É um meio rápido e simples de transmitir uma mensagem.
convocadas a participar de uma assembleia, sessão ou reunião. A Normalmente é dirigido a uma pessoa próxima, com quem se tem
expressão correta para a redação de uma ata é “lavrar a ata”. Uma intimidade, e por isso mesmo costuma ser escrito em linguagem
das principais funções da ata é historiar, traçar um painel cronológico informal. Isso, contudo, não dispensa a atenção que deve ser
da vida de uma empresa, associação ou instituição. Serve como dada à qualidade da redação, especialmente considerando que o
documento para consulta posterior, tendo em alguns casos caráter relacionamento continua tendo caráter profissional.
obrigatório pela legislação. O bilhete não requer um tipo específico de papel, muito menos
Por tratar-se de um documento formal, a ata deve seguir segue um padrão formal. É sempre aconselhável, entretanto, uma
algumas normas específicas de formatação: boa apresentação.

Didatismo e Conhecimento 106


LÍNGUA PORTUGUESA
Mesmo sendo breve e informal, o bilhete apresenta uma forma
Assinatura (Deve-se obedecer à seguinte ordem: primeiro, o
de organização que deve ser seguida para atender ao seu maior
nome do remetente; depois, seu cargo. Somente as letras iniciais
objetivo: comunicar de forma rápida e precisa. Assim, deve conter
devem ser maiúsculas. Não se deve colocar o título do emissor na
as seguintes partes:
frente de seu nome. Para indicar que se trata de médico, advogado
Vocativo (Coloca-se o nome do receptor, sem emprego de
etc., basta que se coloque o registro do CRM ou da OAB, conforme
tratamento especial);
o caso. Também não é necessário colocar o traço acima do nome
Texto (Deve ser iniciado com marca de parágrafo e conter as
datilografado, para a assinatura.);
informações necessárias à comunicação de forma bem ordenada);
Anexos (Parte destinada à enumeração de papéis ou de
Nome do emissor;
documentos que acompanha a carta.).
Data e hora.
Circular
Carta comercial
Quando, em sua empresa, você deseja dirigir-se a muitas pessoas
As cartas comerciais, além de diversos destinos, também têm
ao mesmo tempo, para transmitir avisos, ordens ou instruções,
função variada, como a de informar, solicitar ou persuadir. Podem
deve optar por comunicar-se através de uma circular. Na verdade,
ser cartas de solicitação de emprego, oferta de algum produto de
a circular pode seguir o modelo de uma carta ou ofício, o que a
sua empresa, reclamação quanto à má prestação de algum serviço,
caracteriza é conter um assunto de interesse geral. Muitas vezes, a
cobrança de algum débito, enfim, diversas situações que fazem parte
circular é utilizada internamente nas empresas, com a finalidade de
do cotidiano empresarial.
facilitar a comunicação entre diversas seções e departamentos.
A linguagem utilizada em uma circular deve ser simples e direta
Como em qualquer correspondência oficial, o conteúdo da carta
para não dar margem a outras interpretações. Todos devem entender
deve ser adequadamente normalizado por parágrafos e redigido com
claramente o que está escrito.
clareza e concisão.
Estrutura:
A sua estrutura geral é:
Timbre da empresa;
Cabeçalho ou timbre (Referência da empresa; logotipo, símbolo
Número da circular;
ou emblema. Em geral, já vêm impressos no papel da carta);
Data (por extenso);
Número de controle (Facilita ao destinatário responder sua
Assunto;
carta e mencionar a referência. É também uma maneira de garantir
Corpo da mensagem;
o controle da correspondência. A colocação à direita é um destaque
Identificação / Assinatura do emissor da circular.
que facilita a leitura.);
Local e Data (Por extenso. Quando o papel é timbrado, pode-
Declaração
-se suprimir o local antes da data, uma vez que o endereçamento
completo aparece no pé de página.);
A declaração é utilizada quando se quer atestar ou confirmar
Destinatário (Não se deve colocar À/Às ou Ilmos. Senhores
algum fato para garantir um direito a uma determinada pessoa.
antes do nome da empresa ou pessoa a quem a carta se destina. Não
Divide-se nas seguintes partes:
é necessário escrever endereço, caixa postal e CEP no papel carta,
Timbre (Impresso como cabeçalho, contendo o nome do órgão
basta que esses dados apareçam no envelope.);
ou empresa. Atualmente a maioria das empresas possui um impresso
Referência (É o conteúdo da carta sintetizado, facilitando o
com logotipo. Nas declarações particulares usa-se papel sem tim-
registro para quem recebe. Não há necessidade de escrever Ref.
bre.);
ou REFERÊNCIA, pois a posição da frase na carta já indica esse
Título (Deve-se colocá-lo no centro da folha, em caixa alta.);
elemento.);
Texto (Deve-se iniciá-lo a cerca de quatro linhas do título.).
Invocação ou vocativo (O emprego de palavras como prezado,
Dele deve constar:
estimado, caro, amigo deve ser de acordo com o tipo de carta.
Identificação do emissor. Se houver vários emissores, é aconse-
Pode se tratar de uma carta puramente comercial ou pode envolver
lhável escrever, para facilitar: os abaixo assinados;
também relações de amizade.);
O verbo atestar/declarar deve aparecer no presente do indicati-
Corpo da carta ou conteúdo (Deve estar disposto, geralmente,
vo, terceira pessoa do singular ou do plural;
no centro do papel, em cerca de três parágrafos: a informação inicial,
Finalidade do documento, em geral costuma-se usar o termo
o desenvolvimento do tema e a conclusão. O assunto deve ser
“para os devidos fins”, mas também se pode especificar: “para fins
tratado em linguagem clara, objetiva e concisa. Deve-se evitar perda
de trabalho”, “para fins escolares”, etc.
de tempo na introdução do assunto, como palavras e expressões
Nome e dados de identificação do interessado. Esse nome pode
desnecessárias.);
vir em caixa alta, para facilitar a visualização;
Saudação final, despedida ou fecho (Modernamente, evitam-
Citação do fato a ser atestado.
-se palavras rebuscadas e chavões. Expressões longas, que nada
Local e data (Deve-se escrevê-los a cerca de três linhas do texto;
acrescentam de importante, caíram em desuso. Emprega-se
Assinatura (Assina-se a cerca de três linhas abaixo do local e
Atenciosamente ou Cordialmente, dependendo das relações de
data).
negócios.);

Didatismo e Conhecimento 107


LÍNGUA PORTUGUESA
Procuração
13. DIFERENÇA ENTRE OFÍCIO E
Através da procuração uma pessoa (física ou jurídica) autoriza MEMORANDO.
alguém a agir e realizar negócios em seu nome.
O indivíduo que concede a procuração é chamado de mandante,
constituinte ou outorgante. Aquele que recebe a procuração é cha-
Aviso e Ofício
mado de mandatário, procurador ou outorgado.
A procuração deve ser lavrada em papel ofício, iniciando o tex-
Definição e Finalidade
to com identificação e qualificação do outorgante e do outorgado. Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
Os poderes, a finalidade e o prazo de validade da procuração são praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é
expressos de forma precisa. Após o texto, a localidade, a data e a expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades
assinatura são expressas. de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
Há dois tipos de procuração: demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
Pública – aquela que é lavrada por tabelião em Livro de Notas. assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
O translado (cópia autêntica do que consta no livro) fica em poder no caso do ofício, também com particulares.
do procurador. É usada em casos de compra e venda de imóveis, em
assuntos de maior peso. Forma e Estrutura
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão
Particular – aquela que é datilografada ou manuscrita, sem re-
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário,
gistro no Livro de Notas. Digamos que você não possa fazer sua
seguido de vírgula.
matrícula na escola. Então, você poderá passar uma procuração par- Exemplos:
ticular para alguém de sua confiança que resolverá esse, e apenas Excelentíssimo Senhor Presidente da República
esse, assunto para você. Senhora Ministra
Senhor Chefe de Gabinete
Requerimento
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes
Se você precisar se dirigir a uma autoridade para fazer um pe- informações do remetente:
dido para o qual necessite ter amparo na lei, deve fazê-lo através de – nome do órgão ou setor;
um requerimento. – endereço postal;
– telefone e e-mail.
Serve para requerer ou pedir uma coisa específica à Administra-
ção ou aos organismos públicos. Os requerimentos recebem nomes
OBS: Estas informações estão ausentes no memorando, pois
diferentes, dependendo do organismo ao qual se dirigem: trata-se de comunicação interna, destinatário e remetente possuem
Conhece-se pelo nome de “Memorial” quando é dirigido a uma o mesmo endereço. No caso do Aviso é de um Ministério para
autoridade máxima, como, por exemplo, o chefe do Estado ou o outro Ministério, também não precisa especificar o endereço. O
papa; Ofício é enviado para outras instituições, logo, são necessárias as
Chama-se “Exposição” quando se dirige ao Parlamento da na- informações do remetente e o endereço do destinatário para que o
ção ou a um órgão do Governo; ofício possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Chama-se “Pedido” ao requerimento utilizado para os demais
casos. Memorando
Em geral, podemos observar as seguintes partes:
Definição e Finalidade
O memorando é a modalidade de comunicação entre
A autoridade destinatária (usa-se Excelentíssimo “Exmo.” para
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar
Juiz, Promotor, Senadores, Deputados, Vereadores, Presidente da hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se,
República, Governador, Prefeito e Ministros de Estado; usa-se Ilus- portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna.
tríssimo “Ilmo.” para as demais autoridades); Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado
Nome e qualificação do requerente; para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados
Exposição e solicitação; por determinado setor do serviço público.
Pedido de deferimento; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do
Localidade e data; memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e
Assinatura. pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar
desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos
Fonte: ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso
de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento
permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando
http://vivenciandoti.blogspot.com.br/2010/05/tipos-de-corres- maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se
pondencias-oficiais-e.html historie o andamento da matéria tratada no memorando.

Didatismo e Conhecimento 108


LÍNGUA PORTUGUESA
Forma e Estrutura

Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão


ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado
pelo cargo que ocupa. Ex:

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

Didatismo e Conhecimento 109


LÍNGUA INGLESA
LÍNGUA INGLESA
Por isso, o ponto de partida para uma leitura eficiente está
COMPREENSÃO DE TEXTOS sempre em você. Mas também não adianta buscar apenas infor-
VERBAIS E NÃO-VERBAIS. mação de coisas que te atraem, coisas que você gosta de saber. É
preciso ampliar sua visão de mundo. Se você for mulher, busque
saber algo sobre futebol também, sobre carros, sobre coisas do
mundo masculino. Se você for homem, busque também conhecer
No Brasil, de um modo geral, o inglês instrumental é uma assuntos do mundo feminino como cosméticos e vestuário. Bus-
das abordagens do ensino do Inglês que centraliza a língua técni- quem ambos interessar-se por assuntos relacionados a crianças,
ca e científica focalizando o emprego de estratégias específicas, idosos, povos diferentes do seu, países variados, regiões do mundo
em geral, voltadas à leitura. Seu foco é desenvolver a capacidade sobre as quais que você normalmente não sabe nada. Leia jornais,
de compreensão de textos de diversas áreas do conhecimento. O revistas, sites da internet, pesquise coisas curiosas, assista a pro-
estudo da gramática restringe-se a um mínimo necessário normal- gramas de TV jornalísticos, de variedades, de humor, de esportes,
mente associado a um texto atual ou similar que foi veiculado em de ciência, de religião, de saúde, de entretenimento, converse com
periódicos. O conhecimento de uma boa quantidade de palavras pessoas de opiniões, idades e classes sociais diferentes da sua, dê
também faz parte das técnicas que serão relacionadas abaixo. valor a todos os assuntos porque você nunca sabe qual tema será
abordado num texto de uma prova. Esteja preparado para todos
Dependendo do objetivo de sua leitura, você terá que saber eles. Desta forma podemos agilizar sua compreensão acerca de um
utilizar algum dos três níveis diferentes de compreensão: texto. Desta forma você terá mais prazer ao ler, pois compreen-
derá os mais variados textos. Desta forma você verá que é capaz
1. Compreensão Geral: obtida através de uma leitura rápida, de adquirir conhecimento em uma língua estrangeira. Desta forma
“uma passada de olho rápida no texto”, para captarmos as informa- poderemos minimizar seus problemas e aumentar suas chances de
ções gerais acerca dele, ou seja, aquilo que é de maior importância, obter o sucesso.
seu tema geral, seu assunto principal.
b) Skimming (ler ou examinar superficialmente; desnatar; re-
2. Compreensão de Pontos Principais: exige que tenhamos tirar aquilo de maior peso ou importância): é uma técnica que per-
maior atenção na busca das informações principais espalhadas mite rapidez e eficiência na busca de algum direcionamento inicial
pelo texto, observando cada parágrafo distintamente para identifi- acerca do texto. Realizar o skimming significa ler rapidamente o
car dados específicos que o autor quis destacar. texto para saber o assunto principal trabalhado pelo autor. Esta ati-
vidade de leitura nos proporciona um nível de compreensão geral,
3. Compreensão Detalhada: requer um nível de leitura mais visando nos dar uma visão global, aberta e ampla do texto. Ao
aprofundado que nos níveis anteriores. Exige a compreensão de realizarmos o skimming, não podemos nos deter em detalhes como
detalhes do texto, minúcias, palavra por palavra, e demanda, as- palavras novas nem palavras das quais nos esquecemos. Estamos
sim, mais tempo e atenção do leitor. Para tanto, em alguns casos, em busca do assunto principal e do sentido geral do texto.
será preciso reler várias vezes o texto.
c) Prediction: Com esta estratégia o leitor lança mão do seu
Para obter um bom nível de acerto durante os níveis de com- próprio conhecimento, através das experiências de vida que pos-
preensão, temos que por em prática algumas técnicas de auxílio à sui, e da informação linguística e contextual. Após realizar o skim-
ming, o leitor precisa concentrar-se para tentar ativar as informa-
leitura que passaremos a ver agora.
ções que já possui sobre o tema e prever que tipos de palavras,
frases ou argumentos podem estar presentes naquele texto. É um
a) Background knowledge (conhecimento prévio): para que
momento de reflexão. É a hora de buscar na memória tudo o que
um leitor consiga identificar e entender certas informações em
foi lido, estudado, discutido, e visto na mídia a respeito daquele
qualquer tipo de texto, torna-se extremamente importante que ele
tema. Além do mais, esta é uma estratégia de leitura que também
possua algum conhecimento prévio sobre seu assunto. Podemos
permite ao leitor prever o que vem a seguir em um texto. Trata-se
comparar esta situação com a de um estudante tentando fazer uma
do desenvolvimento sequenciado do pensamento. Isso só é possí-
prova de redação. Se ele nunca tiver lido, discutido, estudado ou
vel porque quem escreve, o faz de maneira organizada, porque as
ouvido falar do tema daquela redação, como poderá dissertar? Suas
pessoas pensam de maneira semelhante e porque alguns tipos de
ideias podem até ir para o papel, mas correrá um grande risco de textos possuem estruturas previsíveis levando nós leitores a atingir
não ter o vocabulário necessário, consistência, profundidade, argu- certas formas de compreensão. Quanto mais experiente for o lei-
mentos, conhecimento de causa, exemplos a citar, etc. sua redação tor, maior será sua capacidade de prever. Nesta etapa, passamos a
será pobre. Da mesma maneira, se o leitor de um texto técnico em associar o assunto do texto com as dicas tipográficas usadas pelo
língua inglesa não tiver conhecimento de mundo, vivência, experi- autor para transmitir significados.
ências variadas de vida, conhecimento prévio sobre o assunto, seu
nível de compreensão será mais superficial. d) Grifo de palavras cognatas, das palavras já conhecidas
pelo leitor e das repetidas: Muito comuns entre as línguas inglesa
e portuguesa, os cognatos são termos bastante parecidos tanto na
escrita como no significado em ambas as línguas.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA INGLESA
Grifar todas estas palavras em um texto é um recurso psi- Você verá que várias destas palavras já são conhecidas por
cológico e técnico que visa mostrar e provar visualmente para o você, assim, na verdade, terá que memorizar bem menos destas.
leitor que ele tem conhecimento de muitas das palavras daquele Um número bem significativo delas está presente em qualquer tipo
texto e de que, assim, ele é capaz de fazer uso dessas informações de texto. Quanto mais palavras você souber, mais poderá grifar!
para responder às questões propostas. Trata-se de um recurso que Apoie-se nelas e bom estudo!
usamos para dar mais relevância e importância às palavras que já
sabemos em um texto, pois é nelas que nos apoiaremos para resol- 001 although embora
ver exercícios e para entender os textos. É muito mais inteligente 002 able capaz
voltar nosso foco para as palavras que têm algum significado para 003 about sobre, aproximadamente
nós do que destacar aquelas que não conhecemos. Além disso, ao 004 above acima
grifar, você acaba relendo as informações de uma maneira mais 005 according to de acordo com
lenta, o que faz com que perceba certos detalhes que não havia 006 after depois, após
007 again novamente, de novo
percebido antes. É uma forma de quantificar em porcentagem
008 against contra
aproximada o quanto se sabe daquele texto. É preciso lembrar que
009 age idade
há um número muito grande de palavras repetidas nos textos e isso 010 air ar
facilita para o estudante, pois ele poderá grifar mais de uma vez a 011 all tudo
mesma palavra. 012 almost quase
013 alone só, sozinho
e) Scanning: esta técnica de leitura visa dar agilidade na bus- 014 along ao longo de
ca por informações específicas. Muitas vezes, após ler um texto, 015 already já
nós queremos reencontrar alguma frase ou alguma palavra já lida 016 also também
anteriormente. Para efetuar esta busca não precisamos ler o texto 017 always sempre
inteiro de novo, podemos simplesmente ir direto ao ponto aonde 018 among entre (3 ou mais coisas)
podemos encontrar tal informação. Isso é o scanning, significa en- 019 an um, uma
contrar respostas de uma forma rápida e direta sem perder tempo 020 ancient antigo
relendo o texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após 021 and e
uma ou mais leituras completas do texto em questão. Assim o lei- 022 another um outro
tor diminuirá o risco de confundir informações, perder tempo ou 023 any algum(a), qualquer
de dar respostas erradas. Se desejar, o estudante pode ler o que os 024 anything qualquer coisa
025 arm braço
exercícios pedirão antes de fazer o scanning, pois assim ele irá se-
026 army exército
lecionar mais facilmente o que for mais importante para responder
027 around em torno de, perto de
àquelas questões direcionando-se melhor. 028 art arte
029 as como, assim como
f) Lexical Inference (inferência lexical):  Inferir significa 030 at em, às
deduzir. Às vezes será preciso deduzir o sentido de um termo, 031 authority autoridade
decifrando o que ele quer dizer. Mas isso não pode ser feito de 032 away distante, longe
qualquer maneira. Para inferirmos bem, é necessário entender o 033 back de volta, atrás
significado daquela palavra desconhecida através do contexto no 034 because porque
qual ela está inserida, observando as palavras vizinhas, as frases 035 before antes
anteriores e posteriores, o parágrafo onde ela está, as noções gerais 036 behind atrás
que temos do texto, etc. Precisamos observar o meio no qual a 037 best melhor (superlativo)
palavra está posta. Neste caso teremos de nos fazer valer de nos- 038 better melhor (comparativo)
sos conhecimentos de classes gramaticais (substantivos, adjetivos, 039 between entre (2 coisas)
preposições, verbo, etc.), de afixos, de singular e plural, conheci- 040 beyond além
mento sobre a estrutura de textos, etc. Tudo isso em conjunto 041 big grande
pode ajudar numa aproximação do sentido real daquele termo que 042 black preto(a)
não sabemos. 043 blood sangue
044 body corpo
045 both ambos(as)
É preciso lembrar que estas estratégias serão mais ou menos 046 boy menino, garoto
eficazes dependendo do tamanho do vocabulário que você possui e 047 brother irmão
também do seu nível de conhecimento gramatical. 048 but mas, porém, exceto
049 by próximo a, perto de, por
Há estudos que relacionaram as palavras que mais aparecem 050 captain capitão
em textos e livros técnicos em língua inglesa. Desses estudos fo- 051 care cuidado
ram feitas diferentes listas com as 318 palavras que mais caem 052 case caso
nos textos, as 500 mais, as 700 mais, etc. Para facilitar seu es- 053 certain certo
tudo, incluímos aqui as 318 mais comuns para serem estudadas. 054 chapter capítulo
Ao memorizar estas palavras você obterá um magnífico subsídio 055 character caráter, personalidade
preparando-se para enfrentar qualquer texto. 056 child criança

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA INGLESA
057 children crianças 119 him ele, o (pessoa)
058 church igreja 120 himself ele mesmo (pessoa)
059 city cidade 121 his dele (pessoa)
060 common comum 122 history história
061 country país, zona rural 123 home casa, lar
062 course curso 124 horse cavalo
063 day dia 125 hour hora
064 dead morto 126 house casa
065 death morte 127 how como
066 different diferente 128 however entretanto
067 door porta 129 human humano
068 down para baixo 130 hundred cem, centena
069 during durante 131 idea idéia
070 each cada 132 if se
071 earth terra (planeta) 133 ill doente
072 either... or ou... ou 134 in em, dentro (de)
073 emperor imperador 135 indeed de fato, realmente
074 empire império 136 into para dentro de
075 end fim 137 it ele(a) (coisa, animal)
076 enemy inimigo 138 its seu, sua, (coisa, animal)
077 England Inglaterra 139 itself a si mesmo (coisa, animal)
078 enough suficiente 140 just apenas, justo
079 even mesmo 141 kind tipo, gentil
080 ever em qualquer momento, já 142 king rei
081 every cada, todo 143 knowledge conhecimento
082 eye olho 144 land terra
083 fact fato 145 large largo, amplo, grande
084 family família 146 law lei
085 far distanste, longe 147 (at) least (pelo) menos
086 father pai 148 left esquerdo(a)
087 fear medo 149 less menos
088 few poucos(as) 150 life vida
089 fire fogo 151 light luz, leve
090 first primeiro 152 little pouco(a)
091 five cinco 153 long longo
092 foot/feet pé/pés 154 longer mais longo
093 footnote notas de rodapé 155 love amor
094 for para, por 156 man/men homem/homens
095 force força, forçar 157 manner maneira
096 four quatro 158 many muitos (as)
097 France França 159 master mestre
098 free livre, grátis 160 matter matéria
099 French francês 161 me me, mim
100 friend amigo(a) 162 miles milhas
101 from de (origem) 163 mind mente
102 full completo, cheio 164 mine meu(s), minha(s)
103 general geral 165 moment momento
104 girl menina, garota 166 money dinheiro
105 God Deus 167 more mais
106 gold ouro 168 morning manhã
107 good bom(ns), boa(s) 169 most mais
108 government governo 170 mother mãe
109 great grande, maravilhoso 171 Mr. senhor
110 ground chão 172 Mrs. senhora
111 half metade 173 much muito(a)
112 hand mão/entregar 174 my meu(s), minha(s)
113 he ele (pessoa) 175 myself eu mesmo
114 head cabeça, líder 176 name nome
115 heart coração 177 nation nação
116 her dela (pessoa) 178 natural natural
117 here aqui 179 nature natureza
118 high alto 180 near próximo, perto

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA INGLESA
181 neither...nor nem...nem 243 son filho
182 never nunca 244 soon logo, em breve
183 new novo(a)(s) 245 spirit espírito
184 next próximo, a seguir 246 state estado, situação
185 night noite 247 still ainda
186 no não 248 street rua
187 non não 249 strength força
188 not não 250 strong forte
189 nothing nada 251 subject assunto, sujeito
190 now agora 252 such tão
191 number número 253 sure certo (certeza)
192 of de 254 ten dez
193 off afastado, desligado 255 than do que
194 often frequentemente 256 that aquele(a), esse(a)
195 old velho(s), velha(s) 257 the o, a, os, as
196 on sobre, em cima 258 their deles, delas
197 once uma vez 259 them eles, os
198 one um, uma 260 themselves eles mesmos
199 only apenas, único, somente 261 then então, em seguida
200 or ou 262 there lá
201 other outro(a) 263 therefore por esta razão
202 our nosso(a), nossos(as) 264 these estes(as)
203 out fora 265 they eles, elas
204 over acima, encerrado 266 thing coisa
205 part parte 267 thirty trinta
206 peace paz 268 this este(a), isto
207 people pessoas 269 those aquele(as), esses(as)
208 perhaps talvez 270 thousand mil, milhar
209 period período 271 three três
210 person pessoa 272 through através
211 place lugar 273 time tempo, momento, vez
212 point ponto 274 to para, em direção a
213 poor pobre 275 together junto(a)(s)
214 power poder, força 276 too também
215 present presente 277 towards na direção de
216 prince príncipe 278 town cidade
217 public público 279 true verdade
218 quite completamente, muito 280 truth verdade
219 rather preferencialmente 281 twenty vinte
220 reason razão 282 two dois
221 reign reino 283 under sob
222 religion religião 284 until/till até (que)
223 room cômodo, quarto 285 up para cima
224 round redondo 286 upon sobre
225 same mesmo(a) 287 us nos, a nós
226 sea mar 288 very muito
227 second segundo 289 voice voz
228 set conjunto 290 war guerra
229 seven sete 291 water água
230 several vários(as) 292 way caminho, maneira, jeito
231 she ela (pessoa) 293 we nós
232 short pequeno(a), curto(a)(s) 294 well bem
233 side lado 295 what o que, qual, quais
234 sight vista, visão 296 when quando
235 since desde 297 where onde
236 sir senhor 298 whether se
237 six seis 299 which (o,a) qual, (os, as) quais
238 small pequeno(s), pequena(s) 300 while enquanto
239 so então 301 white branco
240 some algum(a), alguns(mas) 302 who/whom quem, a quem
241 something algo, alguma coisa 303 whole complete, inteiro
242 sometimes algumas vezes 304 whose de quem, cujo(a)(s)

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA INGLESA
305 why por que? Além das técnicas mencionadas anteriormente, o leitor deve
306 wife esposa sempre se apoiar em informações universais como imagens, núme-
307 with com ros e símbolos. Neste exemplo a imagem atesta que o uso do celu-
308 within dentro de lar pode ser fatal. Baseado em nosso conhecimento de cotidiano, é
309 without sem um tema constantes no telejornal que o motorista não deve usar o
310 woman/women mulher/mulheres telefone celular ao volante. Observando os números no texto fica
311 word palavra
fácil identificar o número de fatalidades por ano entre outras in-
312 world mundo
formações.
313 year ano
314 yes sim
315 yet ainda, já ? ! , ; 4 / A a % = @ + “. Símbolos, cores, formatos, fotos, de-
316 you você(s) senhos, tamanhos de letras utilizados, estilos de letras escolhidos,
317 young jovem elementos de pontuação, algarismos, etc., ajudam-nos a desvendar
318 yours seu(s), sua(s) muitas minúcias do conteúdo de um texto.

Esses elementos são conhecidos como marcas, evidências ou


DICAS TIPOGRÁFICAS dicas tipográficas que os mais variados textos utilizam para comu-
nicar. São elementos que transmitem informações além das pala-
Qualquer porção de linguagem, seja ela falada, escrita, ges- vras, complementando-as. Saber reconhecê-las e também extrair
ticulada, desenhada etc., pode ser considerada texto. Assim, um delas algum sentido complementar para o texto fornece um grande
texto pode constituir-se de uma frase, uma palavra, um sinal, uma auxílio à leitura e à interpretação das ideias transmitidas.
imagem, ou alguma porção maior e mais longa como um romance
ou uma novela. Por isso, a comunicação não envolve somente a
linguagem verbal, como na escrita e na fala, mas também envol-
ve a linguagem não-verbal. Este tipo de linguagem se desenvolve SUBSTANTIVOS: FORMAÇÃO DO PLURAL:
de maneira complexa na sociedade contemporânea e relaciona-se REGULAR, IRREGULAR E CASOS
com outras linguagens como a moda, os gestos, a arte, os sinais, ESPECIAIS. GÊNERO. CONTÁVEIS E NÃO-
etc. CONTÁVEIS.
Observe o exemplo abaixo.

SUBSTANTIVOS

Substantivos, que no inglês são conhecidos como nouns, são


palavras que dão nome a pessoas, lugares, coisas, conceitos, ações,
sentimentos, etc. Também chamados de nomes, eles funcionam de
muitas maneiras nas sentenças. Na maioria das vezes, posicionam-
-se como o sujeito de um verbo, funcionando como o ator ou agen-
te dele.

Os nomes também podem receber uma ação quando funcio-


nam como objeto do verbo. Quando atuam como sujeitos ou ob-
jetos, os substantivos podem ser apenas uma palavra, frases, ou
cláusulas.

Exemplos:

-The plane crashed. (substantivo como sujeito da frase)

-He kicked the dog. (substantivo como objeto direto do verbo)

-To bungee jump is dangerous. (frase verbo-nominal agindo


como substantivo na posição de sujeito)

-What we thought was the best thing to do. (cláusula nominal


agindo como substantivo na posição de sujeito)

A maioria dos substantivos forma o plural com o acréscimo


de -s. Por exemplo:

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA INGLESA
Singular Plural Outros terminados em -f admitem plural de duas maneiras:
car cars 
cap caps  Dwarf dwarfs/dwarves
Scarf scarfs/scarves
Quando o nome termina em -y e é precedido por consoante, Hoof hoofs/hooves
faz-se o plural com -ies.
Alguns nomes têm a mesma forma tanto no singular quanto
a city cities  no plural:
a party parties
a lady ladies  A species two species
a baby babies A sheep two sheep
A fish two fish
Se o substantivo termina em -s, -ss, -z, -sh, -ch, -x (exceção: A deer two deer
ox => oxen), acrescentamos -es para formar o plural: A means two means
A series two series
A bus two buses
A fox two foxes Alguns nomes têm plural, mas usam verbo no singular:
A watch two watches
A class two classes news - The news is positive for the country.
A whiz two whizzes (dobra a última consoante) linguistics - Linguistics is the study of language.
A flash two flashes billiards - Billiards is played by many people around the
world.
Acrescenta-se -es somente em alguns substantivos termina-
dos em -o. Outros ganham apenas -s: Outros nomes têm forma plural e usam verbo no plural tam-
bém:
Potato potatoes
Tomato tomatoes pants - These pants are too big for me.
Hero heroes jeans - His jeans are dark brown.
Photo photos glasses - My glasses are old.
Radio radios pajamas - Her pajamas have holes.
Video videos
Shampoo shampoos Há vários substantivos que são somente usados no singular.
Zoo zoos Eles concordam com verbo e pronomes no singular, mesmo se
Kangaroo kangaroos transmitirem ideia de plural. Estes não podem ser precedidos pelos
artigos indefinidos a/an, por isso, muitas vezes, utilizamos alguma
Existem algumas formas irregulares de plural. Alguns exem- expressão quantificadora antes deles. Veja:
plos comuns são:
I have a piece of information for you. (Eu tenho uma informa-
woman women  ção para você)
man men  Can you give a word of advice? (Você pode me dar algum
child children  conselho?)
tooth teeth  He bought beautiful pieces of furniture for the bedroom. (Ele
foot feet comprou lindos móveis para o quarto)
goose geese I bring some news for your day. (Eu trago algumas notícias
mouse mice para o seu dia)
louse lice
person people GENEROS DOS SUBSTANTIVOS

Para alguns terminados em -f ou -fe, trocamos estas letras Em inglês, existem três tipos de gêneros para os substantivos:
por -ves. Para outros, apenas usamos -s: feminino, masculino e neutro. Os substantivos femininos, quando
estiverem no singular, podem ser trocados pelo pronome “she”. Os
Leaf leaves substantivos masculinos, quando no singular, podem ser trocados
Knife knives por “he”.
Wife wives
Life lives Os substantivos neutros são usados para fazer referência a coi-
Roof roofs sas ou animais, ou, ainda, para expressar uma ideia que sirva para
Belief beliefs ambos os sexos. Nesse último caso, podemos trocar o substantivo
Safe safes no singular pelo pronome pessoal “it”. No caso do plural, para
Chief chiefs todos os substantivos utilizamos o pronome pessoal “they”.

Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA INGLESA
Exemplos:

My mother sent me a kiss. => She sent me a kiss. (Minha mãe/Ela mandou-me um beijo)


My brother loves soccer. => He loves soccer. (Meu irmão/Ele ama futebol)
Is it a boy or a girl? (É menino ou menina?)

O gênero pode ser reconhecido em palavras de duas formas distintas:

1- Por anteposição ou posposição de palavras ou afixos: vários substantivos femininos são terminados pelo sufixo -ess, por exemplo.

Actor (ator) – Actress (atriz)
Prince (príncipe) – Princess (princesa)
Waiter (garçom) – Waitress (garçonete)

2- Por palavras diferentes: o masculino é determinado por uma palavra e o feminino, por outra:

Husband (esposo) – wife (esposa)
Brother (irmão) – sister (irmã)
Boy (garoto) – girl (garota)
Nephew (sobrinho) – niece (sobrinha)
Father (pai) – mother (mãe)

SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS E NÃO CONTÁVEIS

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LÍNGUA INGLESA
Contáveis são aqueles substantivos que podemos enumerar e Existe ainda o determinante a lot of que pode ser utilizado
contar, ou seja, que podem possuir tanto forma singular quanto tanto para substantivos contáveis como incontáveis.
plural. Eles são chamados de countable nouns ou de count nouns,
em inglês. Exemplo:
I have a lot of money.
Por exemplo, podemos contar pencil. Podemos dizer one pen- I have much money.
cil, two pencils, three pencils, etc.
There are a lot of cars in the street tonight.
Incontáveis são os substantivos que não possuem forma no plu- There are many cars in the street tonight.
ral. Eles são chamados de uncountable nouns, de non-countable
nouns, ou até de non-count nouns, em inglês. Podem ser precedi- Há dois tipos de pronomes possessivos: adjetivos e substan-
dos por alguma unidade de medida ou quantificador. Em geral, eles tivos.
indicam substâncias, líquidos, pós, conceitos, etc., que não pode-
mos dividir em elementos separados. Por exemplo, não podemos
contar “water”. Podemos, sim, contar “bottles of water” ou “liters Pronome Possessi- Pronome Possessi-
Tradução:
of water”, mas não podemos contar a palavra “water”. vo Adjetivo: vo Substantivo:

Outros exemplos de substantivos incontáveis são: music, art, My meu(s)/minha(s) Mine


love, happiness, advice, information, news, furniture, luggage, Your seu/sua Yours
rice, sugar, butter, water, milk, coffee, electricity, gas, power, mon- His dele His
ey, etc.
Her dela Hers
Em geral, estudantes de língua inglesa têm dificuldade de sa- dele/dela (coisas ou
Its Its
ber quando um substantivo é contável e quando é não-contável. animais)
As dicas são sempre conferir a informação num bom dicionário Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
e também tentar memorizar alguns dos mais comuns para agili-
zar o seu estudo. Nos dicionários, normalmente você encontra o Your seus/suas Yours
símbolo [U] para identificar os uncountable nouns e [C] para os Their deles/delas Theirs
countable nouns.
Os pronomes possessivos adjetivos vem antes do substanti-
Em várias situações necessitamos de fazer o uso de determi- vo.
nantes/quantificadores em conjunto com substantivos contáveis e Os pronomes possessivos substantivos podem vir após o
incontáveis. substantivo ou podem substituir o substantivo a qual se referem
assim reduzindo a frase.
Há determinantes específicos para os incontáveis: a little, lit-
tle, less, much. Exemplos:

Exemplos: His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando
com o dela)
I have a little time to exercise today. (Eu tenho algum tempo (His – pronome possessivo adjetivo, antes do substantivo
para me exercitar hoje) kid. Hers – pronome possessivo substantivo, substituindo o subs-
She has little patience with her students. (Ela tem pouca pa- tantivo kid, para evitar a repetição da mesma palavra várias vezes
ciência com seus alunos) na mesma frase).
He demonstrates less aptitude. (Ele demonstra menos aptidão)
Judy and her husband have much money. (Judy e seu marido My friends went to the club with yours. (Meus amigos fo-
têm muito dinheiro) ram ao clube com os seus)
E há alguns específicos para uso com substantivos contáveis: Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza)
a few, few, fewer, many. 
Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a
Exemplos: apresentação dele ou a dela?)
There are a few coins in my wallet. (Há algumas moedas na MODIFICADORES DE SUBSTANTIVOS
minha carteira)
Few people went to the show. (Poucas pessoas foram ao
Modifiers são palavras, locuções, frases, ou cláusulas que qua-
show)
lificam o significado de outras palavras. O termo é bem genérico:
We can see fewer cars on the streets today. (Podemos ver me-
qualquer parte da fala que funciona como um adjetivo ou advérbio
nos carros nas ruas hoje)
é um modificador.
He has many friends. (Ele tem muitos amigos)

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA INGLESA
Note:  Nos exemplos abaixo, o  modifier está em itálico e a FORMAS POSSESSIVAS DOS NOMES.
palavra que ele modifica está sublinhada; a função do modificador
MODIFICADORES DO NOME.
está descrita entre parênteses.

Adjetivos — descrevem ou modificam nomes. Uma locução


adjetiva ou cláusula adjetiva funciona da mesma maneira que uma
simples palavra funcionaria.
CASOS POSSESSIVOS COM ‘S
Exemplo: The yellow balloon flew away over the crying child.
(O adjetivo yellow modifica o substantivo balloon; crying modifi- Quando falamos de posse, geralmente em inglês se usa os pro-
ca o nome child) nomes adjetivos ou possessivos. Porém em algumas situações nós
queremos relacionar o objeto em questão diretamente ao nome de
seu proprietário.
Artigos  —  são palavras que acompanham os substantivos e
tem função de classifica-los.
Exemplos:
Example: The killer selected a knife from an antique collec-
The car of Maria.
tion. (The, a, e an são artigos que especificam ou delimitam seus
(O carro de Maria)
respectivos substantivos)
The pen of João.
Advérbios—  descrevem verbos, adjetivos, ou outros advér- (A caneta de João)
bios, completando a ideia de como, quanto ou quando. Uma locu-
ção adverbial ou cláusula adverbial funciona da mesma forma que Em Inglês, existe um “atalho” para este tipo de situação usan-
um único advérbio funcionaria. do o ‘s.
Exemplo: The woman carefully selected her best dress for the Exemplos:
party. (Carefully é um advérbio que modifica o verbo selected) Maria’s car.
João’s pen.
MODIFICADORES DE SUBSTANTIVOS
ATENÇAO: Não podemos confundir este ‘s possessivo com
Modifiers são palavras, locuções, frases, ou cláusulas que qua- o ‘s (abreviação de is)
lificam o significado de outras palavras. O termo é bem genérico:
qualquer parte da fala que funciona como um adjetivo ou advérbio Exemplos:
é um modificador. João’s a doctor.
(João é UM médico)
Note:  Nos exemplos abaixo, o  modifier está em itálico e a
palavra que ele modifica está sublinhada; a função do modificador João’s doctor.
está descrita entre parênteses. (O médico de João)
Adjetivos — descrevem ou modificam nomes. Uma locução Outros detalhes quanto ao ‘s.
adjetiva ou cláusula adjetiva funciona da mesma maneira que uma Caso existam múltiplos “donos” o ‘s vai apenas no último.
simples palavra funcionaria.
Exemplo:
Exemplo: The yellow balloon flew away over the crying child. Kate and Cindy’s parents.
(O adjetivo yellow modifica o substantivo balloon; crying modifi- (Os pais de Kate e Cindy)
ca o nome child)
Caso o “dono” seja terminado em S por conta de sua plurali-
Artigos  —  são palavras que acompanham os substantivos e dade, fazemos apenas o acréscimo do ‘ .
tem função de classifica-los.
Example: The killer selected a knife from an antique collec- Exemplos:
tion. (The, a, e an são artigos que especificam ou delimitam seus
respectivos substantivos) My brother’s house.
(A casa do meu irmão [apenas um irmão]
Advérbios—  descrevem verbos, adjetivos, ou outros advér-
bios, completando a ideia de como, quanto ou quando. Uma locu- My brothers’ house.
ção adverbial ou cláusula adverbial funciona da mesma forma que (A casa dos meus irmãos [mais de um irmão]
um único advérbio funcionaria.
O ‘s é muito usado para informação e grau de parentesco o que
Exemplo: The woman carefully selected her best dress for the pode confundir um pouco o estudante, portanto faça a leitura com
party. (Carefully é um advérbio que modifica o verbo selected) calma deste tipo de estrutura.

Didatismo e Conhecimento 9
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ADJETIVOS: GRAU COMPARATIVO
Exemplos: E SUPERLATIVO: REGULARES E
IRREGULARES. INDEFINIDOS.
Jack is my father’s brother.
(Jack é o irmão de meu pai)

Peter is her brother’s best friend.


(Peter é o melhor amigo do irmão dela).

William is David’s last name. ADJETIVOS E COMPARATIVOS


(William é o sobre nome do David).

ARTIGOS E DEMONSTRATIVOS:
DEFINIDOS, INDEFINIDOS E OUTROS
DETERMINANTES. DEMONSTRATIVO DE
ACORDO COM A POSIÇÃO, SINGULAR E
PLURAL.

ARTIGOS

Em geral, emprega-se o artigo definido the antes de substanti-


vos com a finalidade de especificá-los. Adjetivos são palavras ou grupo de palavras que indicam
características dos substantivos, definindo-os, delimitando-os ou
Exemplo: The boy is late. modificando-os.

Às vezes, pode ocorrer a presença de um ou mais adjetivos Ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, os adjetivos
entre o artigo the e o substantivo. em inglês não possuem forma singular, plural, masculina nem fe-
minina. Existe apenas a forma singular para ambos os sexos.
Exemplo: The little boy is late. Ou The little good boy is late.
She is beautiful. => They are beautiful.
Na língua inglesa, os artigos indefinidos são: a e an. Ambos
são traduzidos como: um ou uma. O artigo indefinido no inglês não His car is red. => Their cars are red.
tem plural. Só podemos usar a/an antes de substantivos que este-
jam no singular. Utilizamos a antes de palavras iniciadas com som Anna is intelligent. Jack is intelligent.
de consoante e an antes de palavras que iniciam com som de vogal.
Quando o(s) adjetivo(s) aparece(m) junto a um substantivo,
Exemplos: tal abjetivo(s) deve(m) vir antes do substantivo:
A cow.
An elephant. This is a big city.
They live in a huge white house.
Determinantes, também conhecidos como quantificadores, Marcos is a soccer player.
são usados antes de substantivos para fazer referência a algo espe-
cífico ou a um grupo em geral. Os adjetivos em inglês também possuem graus diversos, as-
sim como ocorre em português. Veja:
Os determinantes/quantificadores gerais são:
• Grau Comparativo de Igualdade  (as + adjetivo + as)  =
-a, an, a few, a little, any, enough, every, few, little, many, (tão/tanto... quanto)
much, no, other, several, some. 
Dereck is as short as Fred. (Dereck é tão baixo quanto Fred)
Exemplos (os substantivos quantificados estão sublinhados): That motorcycle is as fast as this one. (Aquela moto é tão
rápida quanto esta)
A woman sat under an umbrella. (Uma mulher sentou-se Julie is as beautiful as Sharon. (Julie é tão bela quanto Sha-
embaixo de um guarda-chuva) ron)

There is not enough food to everyone. (Não há comida sufi- • Grau Comparativo de Superioridade (adjetivo curto + er
ciente para todos) + than) = (mais... do que..)

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA INGLESA
(strong): Tim is stronger than Peter. (Tim é mais forte do que This is the least important detail. (Este é o detalhe menos
Peter) importante)
(tall): An elephant is taller than a lion. (Um elefante é mais
alto que um leão) I’m always the least nervous during the tests. (Sempre sou o
(thin): Nancy is thinner than Sue. (Nancy é mais magra do menos nervoso durante as provas)
que Sue)
That region is the least safe of the city. (Aquela região é a
• Grau Comparativo de Superioridade  (more + adjetivo menos segura da cidade)
longo + than) = (mais... do que..)
Há algumas adaptações que precisamos fazer na escrita dos
Dave is more intelligent than his brother. (Dave é mais inte- adjetivos quando acrescentamos -er e -est para formarmos, conse-
ligente que seu irmão) cutivamente, seus comparativos e superlativos. Observe:
He is more careful than his father as a driver. (Ele é mais
cuidadoso que seu pai como motorista) Aos que já são terminados em -e, acrescentamos apenas -r (no
This house is more comfortable than the other. (Esta casa é comparativo) ou -st (no superlativo):
mais confortável que a outra)
wide (largo) wider the widest
• Grau Comparativo de Inferioridade (less + adjetivo + late (tarde) later the latest
than) = (menos... do que...)
Àqueles adjetivos curtos terminados em -y, substituímos o -y
Christopher is less famous than Brad. (Christopher é menos por -i e depois colocamos -er ou -est:
famoso do que Brad)
Your city is less hot than mine. (Sua cidade é menos quente pretty (bonita) prettier the prettiest
do que a minha) dirty (sujo) dirtier the dirtiest
This language is less difficult than the others. (Esta língua é
Quando o adjetivo for curto e terminar com a sequência
menos difícil do que as outras)
consoante+vogal+consoante, dobra-se a última consoante antes
de acrescentar -er ou -est:
Os graus de comparativo devem ser utilizados apenas quan-
do estamos comparando duas pessoas ou duas coisas. Por outro
thin (magro/fino) thinner the thinnest
lado os graus de superlativo (como veremos abaixo) são utiliza-
fat (gordo) fatter the fattest
dos quando estamos comparando três ou mais pessoas ou coisas.
Geralmente as frases se referem a uma totalidade (da classe, da
Vamos estudar agora alguns adjetivos que possuem formas
cidade, etc.). irregulares:
Passemos então a estudar, agora, o grau superlativo: Bad(mau) worse the worst
Good(bom) better the best
• Grau Superlativo de Superioridade (the + adjetivo curto Far(longe) farther the farthest
+ est) = (o mais...) Far further the furthest
Little(pouco) less the least
(cheap): This is the cheapest restaurant in town. (Este é o res- Many(muitos/as) more the most
taurante mais barato da cidade) Much(muito/a) more the most
(tall): Jennifer is the tallest girl in the group. (Jennifer é a
garota mais alta do grupo) *Os adjetivos indefinidos podem ser comparados aos prono-
(dry): This is the driest region of the state. (Esta é a região mes indefinidos. Serão as mesmas palavras, mas com funções di-
mais seca do estado) ferentes na frase. Reveja o tópico sobre pronomes indefinidos para
mais detalhes.
• Grau Superlativo de Superioridade (the most + adjetivo
longo) = (o mais...) Não existe uma regra para determinar-nos quando um adjetivo
é curto ou longo, por exemplo se baseando no número de letras ou
This is the most modern TV set nowadays. (Este é o aparelho de algo do tipo. O estudante deve se familiarizar com os adjetivos já
TV mais moderno do momento) os classificando entre longos e curtos.
He is the most handsome actor in the movies. (Ele é o ator
mais bonito do cinema) ADJETIVOS INDEFINIDOS
Messy is the most famous soccer player now. (Messy é o
jogador de futebol mais famoso agora) Os indefinite adjectives são: some, any e no. Dependendo da
frase, eles podem ser traduzidos como algum(a), nenhum(a). Pelo
• Grau Superlativo de Inferioridade (the least + adjetivo) fato de serem adjetivos, perceba que sempre devem preceder um
= (o menos...) substantivo, qualificando-os. Vejamos o uso geral:

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA INGLESA

Em afirmativas: Em negativas: Em interrogativas: Aqui temos uma lista dos adjetivos mais comuns, em sua for-
ma –ed e –ing.
I have some I don’t need any Do you need any
money. help. money? Alarmed – Alarming (alarmado - alarmante)
Aggravated – Aggravating (agravado - agravante)
Em casos mais específicos, podemos usar some também em Annoyed – Annoying (irritado - irritante)
perguntas quando se deseja ou se espera uma resposta afirmativa e Bored – Boring (entediado – entediante)
também quando se oferece algo: Challenged – Challenging (desafiado – desafiante)
Charmed – Charming (encantado – encantador)
Would you like some coffee? Comforted – Comforting (conformado – conformante)
Do you need any help with your homework? Confused – Confusing (confuso)
Convinced – Convincing (convencido – convincente)
Casos especiais: Depressed – Depressing (depressivo – depressante)
Disappointed – Disappointing (desapontado – desapontante)
-O artigo indefinido any pode ser utilizado quando o verbo es- Disturbed – Disturbing (perturbado – perturbante)
tiver na forma afirmativa e a frase contiver algum termo de sentido Encouraged – Encouraging (encorajado – encorajante)
negativo como a palavra never. Veja: Fascinated – Fascinating (fascinado – fascinante)
Frightened – Frightening (assutado – assutador)
He never buys any fruit. (Ele nunca compra fruta nenhuma) Frustrated – Frustrating (frustrado – frustrante)
She never met any celebrity. (Ela nunca encontrou nenhuma Inspired – Inspiring (inspirado – inspirador)
celebridade) Interested – Interesting (interessado – interessante)
Relaxed – Relaxing (relexado – relaxante)
-O artigo indefinido no pode ser utilizado quando o verbo es- Relieved – Relieving (aliviado – aliviante)
tiver na forma afirmativa. A frase não pode conter nenhuma outra Shocked – Shocking (chocado – chocante)
palavra de sentido negativo: Surprised – Surprising (surpreso – surpriendente)
Tired – Tiring (cansado – cansativo)
I have no idea to give you. (Não tenho nenhuma ideia para te Worried – Worrying (preocupado – preocupante)
dar)
I have no job to do today. (Não tenho nenhum trabalho para
fazer hoje)
I have no place to go on my vacation. (Não tenho nenhum
lugar para ir durante minhas férias)

ADJETIVOS TERMINADOS EM –ED E –ING

Muitos adjetivos na língua inglesa possuem terminação –ed


ou –ing.

Adjetivos com terminação –ing se referem a uma característi-


ca de uma coisa ou de uma pessoa.
Adjetivos com terminação –ed­se referem ao que a pessoa está
sentindo.

Exemplos:
My friend is bored. (Meu amigo está entediado).
My friend is boring. (Meu amigo é entediante).

This book is confusing. (Este livro é confuso [confunde quem


o lê]).
I’m confused with this book. (Eu estou confuso com este li-
vro).

De forma geral dizemos que algo ou alguém é “-ing” e isso


nos faz sentir “-ed”

Michael Jordan is an interesting player. (Michael Jordan é um


jogador interessante).
I’m interested in basketball. (Eu estou interessado em baske-
tball).

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA INGLESA

NUMERAIS CARDINAIS E ORDINAIS.

NUMERAIS

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA INGLESA
Exemplos

January is the first month of the year. (Janeiro é o primeiro


mês do ano).
Michael is the third winner. (Michael é o terceiro ganhador).
John is the ninth student in the line. (John é o nono aluno na fila).

Os números ordinais também são usados em inglês para


datas.

January 28th (Vigésimo oitavo dia do mês de janeiro).

PRONOMES: PESSOAIS: SUJEITO E


OBJETO. POSSESSIVOS: SUBSTANTIVOS E
ADJETIVOS. REFLEXIVOS. INDEFINIDOS.
INTERROGATIVOS. RELATIVOS.
Pronome Posses- Pronome Possessi-
Tradução:
sivo Adjetivo: vo Substantivo:
PRONOMES PESSOAIS My meu(s)/minha(s) Mine
Your seu/sua Yours
Há dois tipos de pronomes pessoais: sujeitos e objetos. His dele His
Her dela Hers
Pronome Pessoal Tradução: Pronome Pessoal
Sujeito: Objeto: dele/dela (coisas ou
Its Its
animais)
I eu Me
Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
You você You
Your seus/suas Yours
He ele Him
Their deles/delas Theirs
She ela Her
It ele/ela (para coi- It Os pronomes possessivos adjetivos vem antes do substantivo.
sas ou animais) Os pronomes possessivos substantivos podem vir após o subs-
We nós Us tantivo ou podem substituir o substantivo a qual se referem assim
reduzindo a frase.
You vocês You
They eles/elas Them Exemplos:

Os pronomes pessoais sujeitos vêm antes do verbo, como su- His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando com
jeito da frase. Os pronomes pessoais objetos vêm depois de verbo o dela)
ou de preposição. Além de virem depois, o verbo principal da frase (His – pronome possessivo adjetivo, antes do substantivo kid.
está fazendo uma ação relacionada ao pronome pessoal objeto em Hers – pronome possessivo substantivo, substituindo o substanti-
questão. vo kid, para evitar a repetição da mesma palavra várias vezes na
mesma frase).
Exemplos: My friends went to the club with yours. (Meus amigos foram
ao clube com os seus)
She loves him a lot. Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza)

I saw her at the party yesterday. Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a apre-
sentação dele ou a dela?)
We are going to meet them in front of the stadium.
PRONOME REFLEXIVO
They waited for us for two hours.
Os Pronomes Reflexivos são usados quando a ação do verbo
Can you send this e-mail for me, please? recai sobre o próprio sujeito. Assim, o pronome reflexivo vem logo
após o verbo e concorda com o sujeito. Eles se caracterizam pelas
Há dois tipos de pronomes possessivos: adjetivos e substan- terminações -self (nas pessoas do singular) e -selves (nas pessoas
tivos. do plural).

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA INGLESA
myself (a mim mesmo, -me) SOME – Formas compostas
yourself [a ti, a você mesmo(a), -te,-se] Somebody = someone = alguém.
himself (a si, a ele mesmo, -se) Somewhere = em algum lugar.
herself (a si, a ela mesma, -se) Something = alguma coisa / algo.
itself [a si mesmo(a), -se] => para coisas ou animais Sometime = alguma vez / alguma hora.
ourselves [a nós mesmos(as), -nos]
yourselves (a vós, a vocês mesmos(as), -vos,-se) Exemplos:
themselves (a si, a eles mesmos, a elas mesmas, -se) There is somebody at the door. (Tem alguém na porta.)
Liz lives somewhere in Atlanta. (Liz vive em algum lugar
Exemplos: em Atlanta.)
I need something from the drugstore. (Eu preciso de algo da
She is looking at herself in the mirror. farmácia.)
(Ela está olhando para si mesma no espelho) Let’s have dinner sometime tonight. (Vamos jantar alguma
hora hoje a noite.)
He hurt himself with a knife.
(Ele machucou a si mesmo com a faca) ANY (Algum, nenhum, qualquer)
Utilizamos any nas perguntas e respostas negativas, antes do
*O Pronome Reflexivo também é empregado certas vezes substantivo.
para dar ênfase à pessoa que pratica a ação dizendo que ele mesmo Nas perguntas any se requere a qualquer quantidade, por
por si só praticou tal ação. Para tanto, podemos posicioná-lo logo exemplo quando perguntando se você tem qualquer quantidade
após o sujeito ou no fim da frase. Este tipo de estrutura também é de dinheiro.
conhecida como Emphatic pronouns.
Do you have any money?
Exemplos:
Carlos himself did the homework. Nas negativas, any tem a função de nada, zero, vazio, etc.
(O próprio Carlos fez a tarefa.) Não podemos fazer negativas em Inglês negando no auxiliar e em
. seguida com no quando queremos empregar esta função:
Marilyn herself wrote that message. There aren’t no fruits in the kitchen.
(A própria Marilyn escreveu aquela mensagem.) There aren’t any fruits in the kitchen.
There are no fruits in the kitchen. (“Auxiliar no infinitivo +
*Os Pronomes Reflexivos podem ser precedidos pela prepo- no” também é correto.)
sição by. Nesse caso, dão o sentido de que alguém fez algo sozi-
nho, sem ajuda ou companhia de ninguém. Exemplo: ANY – Formas compostas
Anybody = anyone = Alguém, ninguém, qualquer um
Did you go to the party by yourself? => Você foi à festa so- Anywhere = Algum lugar, nenhum lugar, qualquer lugar
zinho? Anything = Alguma coisa, nenhuma coisa, qualquer coisa
That old man wants to live by himself. => Aquele senhor
quer viver sozinho. Exemplos:
Is anybody out there? (Tem alguém aí?)
PRONOMES INDEFINIDOS You can buy bread anywhere (Você consegue comprar pão
em qualquer lugar.)
Os pronomes indefinidos, também conhecidos como Indefini- Do you have anything interesting? (Você tem alguma coisa
te Pronouns são utilizados para falar de lugares, coisas e pessoas interessante?)
indefinidos, de modo vago ou impreciso.
EVERY – (Todo, toda) – Formas compostas
SOME (Algum, alguma, alguns, algumas): Everybody = everyone = todos, todas, todo mundo.
É utilizado nas frases afirmativas e antes do substantivo. Everywhere = todos os lugares.
Everything = tudo.
There are some trees in the park.
Paul and Linda have some money. Exemplos:
(De modo vago estamos dizendo que existe uma quantidade Everybody at the party is happy. (Todos na festa estão feli-
razoável de árvores no parque e que Paul e Linda tem uma quan- zes.)
tidade razoável de dinheiro.) (O pronome everybody concorda com o verbo no singular.)
You can see pollution everywhere now. (Você consegue ver
O some também é utilizado, principalmente nos restaurantes poluição em todos os lugares agora.)
ou por um anfitrião, ao se oferecer uma comida, bebida ou servi- I have to buy everything today. (Eu tenho que comprar tudo
ço: hoje.)
Would you like some water?
Would you like some privacy? NO (Nenhum, nenhuma)

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA INGLESA
Deve ser usado sempre seguido de substantivo quando o ver- Where (onde, em que, no qual, na qual): refere-se a lugares.
bo está na forma afirmativa, mas a idéia é negativa. (comentamos Informações a serem unidas: I stayed in a hotel. The hotel was
sobre isso na explicação do any) very expensive.
The hotel where I stayed was very expensive. (O hotel onde
Exemplos: eu fiquei era muito caro)
a) There are no towels here.
b) There is no cream in your cup. Whose (cujo, cuja, de quem): usado para indicar posse.
Informações a serem unidas: This is the boy. The boy’s father
NO – Formas compostas is my boss.
Nobody = no one = ninguém. This is the boy whose father is my boss. (Este é o garoto cujo
No way = de modo algum. pai é meu patrão)
Nowhere = em lugar algum.
Nothing = nada. That (que): talvez seja o mais usado. Refere-se a coisas e pessoas.
Pode substituir who e which.
Exemplos: Informações a serem unidas: I saw a little girl. I saw the little
Nobody helped me. (Ninguém me ajudou.) girl a minute ago.
No way you are going to that party. (De modo algum você Where is the little girl that I saw a minute ago?
irá para aquela festa.)
It is raining nowhere. (Está chovendo em lugar algum.) PRONOMES INTERROGATIVOS
Nothing makes him happy. (Nada o faz feliz.)
Os Pronomes Interrogativos, Question Words, são utilizados
NONE (nenhum, nenhuma, ninguém ou nada) para obtermos informações mais específicas a respeito de algo ou
Utilizado no começo ou no fim da frase, ele é utilizado quan- alguém. As perguntas formuladas com eles são conhecidas por wh-
do o verbo está na forma afirmativa, mas a idéia é negativa. None -questions porque todos os pronomes interrogativos possuem as
é usado no lugar de um pronome ou substantivo. letras wh. Na grande maioria das vezes, os Interrogativos são posi-
cionados antes de verbos auxiliares ou modais, no início de frases.
Exemplos:
- Do you have any money? What – O que, que, qual (usado para questões com opções
- None. mais amplas de resposta):
What time is it now? (Que horas são agora?)
None of them is my brother. (Nenhum deles é meu irmão.) What are you doing here? (O que você está fazendo aqui?)

PRONOMES RELATIVOS Where – Onde:


Where do you work? (Onde você trabalha?)
Os Relative Pronouns são usados quando queremos identificar Where do your kids study? (Onde seus filhos estudam?)
ou adicionar alguém ou alguma coisa em uma oração; quando que-
remos informações que complementem a oração anterior. Pode- When – Quando:
mos também dizer que os pronomes relativos unem duas orações, When did they move? (Quando eles se mudaram?)
estabelecendo uma “relação” entre elas. Por isso, são chamados When did you travel to Europe? (Quando você viajou para a
“relativos”. Europa?)

Who (quem, que): usado para pessoas. Who – Quem:


Informações a serem unidas: That is the girl. She gave a kiss. Who is that girl? (Quem é aquela garota?)
That is the girl who gave me a kiss. (Aquela é a garota que Who arrived first in the race? (Quem chegou primeiro na cor-
me deu um beijo) rida?)

Whom (que, quem, o qual, a qual): usado para pessoas, normal- Why – Por que:
mente após preposição. Formal. Why did you cry? (Por que você chorou?)
Informações a serem unidas: We need to talk to someone. The
manager is the one. Why are you late for class? (Por que você está atrasado para
The manager is the one to whom we need to talk. (O gerente a aula?)
é aquele com quem precisamos falar)
Whom – Quem (mais formal, geralmente antecedido de pre-
Which (que): usado para coisas e animais. posição):
Informações a serem unidas: I watched a film. The film was With whom did you go to the park? (Com quem você foi ao
fantastic. parque?)
The film which I watched was fantastic. (O filme que eu as- To whom were you speaking last night? (Com quem você es-
sisti foi fantástico) tava falando ontem à noite?)

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA INGLESA
Whose – De quem:
Whose pen is this? (De quem é esta caneta?) VERBOS (MODOS, TEMPOS E FORMAS):
Whose mansion is that? (De quem é aquela mansão?)
REGULARES E IRREGULARES.AUXILIARES
Which – Qual, quais (usado para questões com opções limi-
E IMPESSOAIS. MODAIS. TWO-WORD
tadas de resposta): VERBS.VOZ ATIVA E VOZ PASSIVA. O
Which of those girls is your sister? (Qual daquelas meninas é GERÚNDIO E SEU USO ESPECÍFICO.
a sua irmã?)
Which  color do you prefer: yellow or blue? (Qual cor você
prefere: amarelo ou azul?) VERBOS
Existem diversas formas compostas dos pronomes interroga-
tivos. Podemos juntar outras palavras a eles antes dos verbos auxi-
liares, para especificar alguma informação. Veja:

What kind of movies do you like? (Que tipo de filmes você


gosta?)

What sports do you practice? (Que esportes você pratica?)


What soccer team are you a fan of? (Para que time de futebol
você torce?)
How often do you go to the gym? (Com que frequência você
vai à academia?)
How long is the Amazon river? (Qual o comprimento do rio
Amazonas?)
How much does this newspaper cost? (Quanto custa este jor-
nal?)
How many brothers do you have? (Quantos irmãos você
tem?) Quanto à forma, podemos classificar os verbos ingleses em
How good are you at tennis? (O quanto você é bom em tênis?) Regulares, Irregulares e Modais.
How old are you? (Quantos anos você tem?)
How far is São Paulo from Rio? (Qual a distância entre São São chamados de regulares os verbos que geralmente seguem
Paulo e Rio?) a mesma regra.
How deep is this river? (Quão profundo é este rio?) No caso do presente, verbos regulares são aqueles que rece-
bem S:
Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da oração, não Play – plays, sing – sings.
se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome interrogativo inicia a per-
gunta seguido das outras palavras na ordem afirmativa. Observe: No caso do passado, verbos regulares são aqueles que rece-
bem ed:
Who knows? (Quem sabe?) Play – played, cook – cooked.
What happened? (O que aconteceu?)
Who likes to eat vegetables? (Quem gosta de comer vegetais?) Verbos irregulares são aqueles que não seguem uma mesma
What broke the window? (O que quebrou a janela?) regra.
Who speaks English in this room? (Quem fala inglês nesta
sala?) Tanto no caso do presente ou do passado, os verbos sofrem
Why go now? (Por que ir agora?) modificações individuais.
How many people survived the accident? (Quantas pessoas
sobreviveram ao acidente?) Presente:
Which came first: the egg or the chicken?
have – has, do – does.
Em muitos casos, as perguntas são finalizadas por preposições
que complementam seu sentido: Passado:
Where are you from? (De onde você é?) Sing – sang, eat – ate.
What is your city like? (Como é a sua cidade?)
Who did you play against? (Contra quem você jogou?) Os verbos irregulares não têm uniformidade quanto à escrita
Where did you send the letter to? (Para onde você enviou a do passado simples e do particípio. Confira os três últimos exem-
carta?) plos na tabela abaixo.
What is this for? (Para que é isto?)

Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA INGLESA

Simple Past 28 clap clapped, clapt bater palma


Infinitivo Tradução
Past tense Participle 29 clean Cleaned limpar
to accept accepted accepted aceitar 30 climb Climbed subir, escalar
adicionar, 31 close Closed fechar
to add added added
somar
32 come Came vir, chegar
to arrive arrived arrived chegar
33 cook Cooked cozinhar
to be was, were been ser, estar
34 cost Cost custar
começar,
to begin began begun 35 broadcast Broadcast transmitir
iniciar
to buy bought bought comprar 36 create Created criar
37 cry Cried chorar
Abaixo segue uma tabela dos verbos mais utilizados na língua
38 cut Cut cortar
inglesa. Assim como as palavras mais comuns (aquela lista não
possui verbos) os verbos também são parte fundamental das fra- 39 damage Damaged danificar, estragar
ses. Quanto mais verbos o estudante souber – mais facilmente ele 40 dance Danced dançar
entenderá todas as frases de um texto. sair para um encontro,
41 date Dated
namorar
# Infinitive Simple Past Tradução 42 decide Decided decidir
1 accept Accepted aceitar 43 deliver Delivered entregar
2 agree Agreed concordar 44 depend Depended depender
3 answer Answered responder 45 dive dived, dove mergulhar
4 appear Appeared aparecer 46 do Did fazer, executar
5 arrive Arrived chegar 47 draw Drew desenhar
dreamt,
6 ask Asked perguntar 48 dream sonhar
dreamed
7 attack Attacked atacar 49 drink Drank beber
8 bake Baked assar 50 drive Drove dririgir (4 rodas)
9 be was, were ser, estar 51 eat Ate comer
10 become Became tornar-se 52 end Ended terminar
11 begin Began começar apreciar, desfrutar,
53 enjoy Enjoyed
gostar
12 believe Believed acreditar, crer exercitar-se, fazer
54 exercise Exercised
13 bet Bet apostar exercícios
55 fall Fell cair
14 bite Bit morder, picar
56 feed Fed alimentar(se), alguém
15 bleed Bled sangrar
57 fight Fought lutar
16 borrow Borrowed pedir emprestado
58 find Found encontrar
17 break Broke quebrar, interromper
59 finish Finished terminar
18 bring Brought trazer
60 fish Fished pescar
19 build Built construir
61 fix Fixed consertar, arrumar
20 burn burned, burnt queimar
62 fly Flew voar
21 buy Bought comprar
63 follow Followed seguir
22 call Called ligar, chamar
64 forget Forgot esquecer(se)
23 cancel Canceled cancelar
65 fry Fried fritar
24 carry Carried carregar
66 get Got conseguir, ganhar
25 celebrate Celebrated celebrar, comemorar
67 get up got up levantar-se
26 change Changed trocar, mudar
68 give Gave dar, conceder
27 chat Chatted bater papo
69 go Went ir

Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA INGLESA

70 grow Grew crescer, cultivar 111 rain Rained chover


71 guess Guessed adivinhar, supor 112 read Read ler
72 happen Happened acontecer 113 relax Relaxed relaxar, descansar
73 hate Hated odiar 114 remember Remembered lembrar, recordar
74 have Had ter, possuir 115 repair Repaired reparar, consertar
75 hear Heard ouvir 116 repeat Repeated repetir
76 help Helped ajudar 117 rescue Rescued resgatar, socorrer
77 hide Hid esconder, ocultar(se) 118 respond Responded responder
78 hit Hit bater 119 rest Rested relaxar, descansar
79 hunt Hunted caçar 120 review Reviewd revisar
80 hurt Hurt machucar 121 ride Rode cavalgar (2 rodas)
81 improve Improved melhorar, aperfeiçoar 122 run Run correr, administrar
82 interview Interviewed entrevistar salvar, economizar
123 save Saved
caminhar (exercício (dinheiro)
83 jog Jog 124 say Said dizer
físico)
84 jump Jumped pular, saltar 125 see Saw ver
guardar, manter, 126 sell Sold vender
85 keep Kept
permanecer
86 kiss Kissed beijar 127 send Sent enviar
87 know Knew saber, conhecer 128 sing Sang cantar
88 listen Listened escutar 129 sink Sank afundar, naufragar
89 live Lived viver, ao vivo 130 sit Sat sentar
90 look Looked olhar, parecer 131 skate Skated patinar, andar de skate
91 lose Lost perder 132 ski Skied esquiar
92 love Loved amar 133 sleep Slept dormir
fazer, produzir, 134 smell Smelt cheirar
93 make Made
fabricar
135 snow Snowed nevar
94 marry Married casar
136 speak Spoke falar
95 meet Met encontrar-se com
sentir saudades, perder 137 spell Spelled soletrar
96 miss Missed
a hora gastar tempo ou
138 spend Spent
97 move Moved mexer, mudar-se dinheiro
98 need Needed precisar, necessitar 139 spill spilled, spilt derramar liquido
99 offer Offered oferecer 140 start Started iniciar, começar
100 open Opened abrir 141 steal Stole roubar
101 paint Painted pintar 142 stop Stopped parar, deter
102 park Parked estacionar 143 study Studied estudar
103 pay Paid pagar 144 suggest Suggested sugerir
104 plant Planted plantar 145 swear Swore jurar, falar palavrão
sweat,
tocar instrumento, 146 sweat suar
105 play Played sweated
brincar 147 sweep Swept varrer
106 practice Practiced praticar, treinar 148 swim Swam nadar
107 prefer Prefered preferir 149 take Took tomar, pegar
108 pull Pulled puxar 150 talk Talked falar
109 push Pushed empurrar 151 teach Taught ensinar
desistir, sair,
110 quit Quit 152 tell Told contar, dizer
abandonar

Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA INGLESA

153 thank Thanked agradecer PRESENTE CONTÍNUO: indica algo que acontece no exa-
to momento da fala. As frases neste tempo verbal mostram o que
154 think Thought pensar, achar (opnião) alguém está fazendo (gerúndio). Necessita do verbo to be (am, is,
155 touch Touched tocar are) e mais algum outro verbo com terminação -ing (-ando, endo,
-indo, -ondo):
156 travel Traveled viajar
157 try Tried tentar I am writing a book. (Eu estou escrevendo um livro)
You are reading. (Você está lendo)
158 turn Turn girar, rodar, virar
He is listening to music. (Ele está escutando música)
159 understand Understood entender, compreender She is making lunch. (Ela está fazendo o almoço)
ficar nervoso, com It is playing with a ball. (Ele/Ela está brincando com uma
160 upset Upset
raiva bola.)
161 use Used usar We are learning together. (Nós estamos aprendendo juntos)
162 visit Visited visitar You are studying English. (Vocês estão estudando Inglês)
They are traveling. (Eles estão viajando)
163 wait Waited esperar
waked up, *O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a
164 wake up acordar
woke up pessoas quando não se sabe o sexo.
165 walk Walked caminhar, andar
166 want Wanted querer Tudo o que foi descrito nestas frases está acontecendo ago-
ra, neste exato momento. Por isso usamos o presente contínuo.
167 wash Washed lavar Para tornar todas estas frases negativas, basta posicionar a palavra
168 watch Watched assistir, vigiar not após o to be, ou fazer uma contração ente eles (am not, isn’t,
aren’t).
169 water Watered regar
170 wear Wore vestir I am not writing a book. (Apenas esta forma não pode ser
171 welcome Welcomed dar boas vindas contraída)
You aren’t reading.
172 win Won ganhar, vencer He isn’t listening to music.
173 wish Wished desejar She isn’t making lunch.
It isn’t playing with a ball.
174 work Worked trabalhar, funcionar We aren’t learning together.
175 worry Worried preocupar-se You aren’t studying English.
They aren’t traveling.
176 write Wrote escrever
Agora, para transformarmos as frases em interrogações, de-
TEMPOS VERBAIS vemos mudar a posição do to be. Precisamos posicioná-lo (am, is,
are) antes dos sujeitos das frases. As outras palavras permanecem
em suas posições originais. Claro que não podemos esquecer do
ponto de interrogação. Veja:

Am I writing a book?
Are you reading?
Is he listening to music?
Is she making lunch?
Is It playing with a ball?
Are we learning together?
Are you studying English?
Are they traveling?

PASSADO CONTÍNUO: se você quiser colocar todas as


frases que acabamos de estudar no passado, para relatar o que al-
guém estava fazendo, é muito simples. Basta trocar verbo to be
que estava no presente pelo to be no passado (was, were). Apenas
tenha atenção na hora de saber qual pessoa usará was e qual usará
were. Exemplos:

I was writing a book.


You were reading.
He was listening to music.
She was making lunch.

Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA INGLESA
It was playing with a ball. As negativas precisam fazer o uso dos verbos auxiliares do
We were learning together. e does, acrescidos de not (do+not=don’t / does+not=doesn’t).
You were studying English. Doesn’t será usado somente com 3ª pessoa singular. Exemplos:
They were traveling.
I don’t work in the evening.
Perceba que usamos was com I/He/She/It, e que usamos You don’t like to dance.
were com You/We/They. Agora, para formar a negativa (wasn’t, He doesn’t sleep a lot.
weren’t) e a interrogativa (Was I...?, Were you...?), basta proceder She doesn’t cook well.
da mesma forma que vimos no caso do Presente Contínuo. It doesn’t bark too much.
We don’t speak English fluently.
FUTURO CONTÍNUO: para relatar aquilo que alguém es- You don’t drive fast.
tará fazendo em um determinado momento no futuro, é só utilizar They don’t drink beer.
will be e mais qualquer outro verbo terminado em -ing.
Para fazermos perguntas, posicionaremos do e does antes do
I will be writing a book.
sujeito da frase e acrescentaremos o ponto de interrogação.
You will be reading.
He will be listening to music.
She will be making lunch. Do I work in the evening?
It will be playing with a ball. Do you like to dance?
We will be learning together. Does he sleep a lot?
You will be studying English. Does she cook well?
They will be traveling. Does it bark too much?
Do we speak English fluently?
Nas negativas, simplesmente posicionamos not logo após Do you drive fast?
o auxiliar will, ou fazemos uma contração com eles (will+not= Do they drink beer?
won’t).
Ótimo. Agora, para finalizarmos o presente simples, passemos
Para interrogar, faz-se a colocação do auxiliar will antes do ao principal verbo inglês: o to be. A conjugação do presente do to
sujeito das frases (Will I...?, Will you...?). be possui três formas: am, is e are. Este verbo significa duas coisas
ao mesmo tempo: ser e estar. Mas como identificar se numa frase
PRESENTE SIMPLES: este tempo verbal nos fala de situ- ele quer se referir ao verbo ser ou se ao verbo estar? Resposta:
ações que acontecem rotineiramente. Estas situações não aconte- depende da frase, depende do contexto. Veja:
cem no exato momento da fala, mas usualmente durante o dia a
dia. Por exemplo, você pode dizer em português “eu trabalho”. I am a teacher. (Eu sou um professor)
Essas suas palavras indicam algo rotineiro para você, não querem You are a student. (Você é um aluno)
dizer que você esteja trabalhando agora, neste exato momento. É He is late. (Ele está atrasado)
essa noção de que algo acontece no presente mas como uma rotina She is early. (Ela está adiantada)
é o que o presente simples indica. Vamos ver a conjugação de al- It is tall. (Ele/Ela é alto/a)
guns verbos no presente simples com frases afirmativas primeiro: We are Brazilians. (Nós somos brasileiros)
You are busy. (Vocês estão/são ocupados)
I work in the evening.
They are happy. (Eles/Elas estão/são felizes)
You like to dance.
He sleeps a lot.
Note que am é usado na primeira pessoa do singular, is na
She cooks well.
It barks too much. terceira do singular e are nas outras.
We speak English fluently.
You drive fast. Para negarmos, usamos not logo após o to be ou fazemos
They drink beer. contração entre eles.

Perceba que basta seguir a ordem “sujeito + verbo no infini- I am not a teacher.
tivo sem to (+complemento)” para formar algumas sentenças. É a You aren’t a student.
ordem natural das palavras em Português também. Assim, se você He isn’t late.
souber uma boa gama de verbos, poderá montar muitas frases She isn’t early.
para praticar. It isn’t tall.
We aren’t Brazilians.
Neste caso de sentenças afirmativas somente necessitamos to- You aren’t busy.
mar cuidado com os detalhes em negrito e em sublinhado. Todas They aren’t happy.
as vezes em que o sujeito da frase for a terceira pessoa do singular
(he/she/it), devemos acrescentar um -s no final do verbo. Em algu- Finalizando, para transformarmos estas frases em interroga-
mas situações será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma ções, temos que por o to be antes dos sujeitos. Lembrete: ponto
será has. Repito: só nas afirmativas com 3ª pessoa singular. de interrogação! Assim:

Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA INGLESA
Am I a teacher? I was tired.
Are you a student? You were sad.
Is he late? He was late.
Is she early? She was early.
Is It tall? It was beautiful.
Are we Brazilians? We were in São Paulo.
Are you busy? You were elegant.
Are they happy? They were at the bank.

PASSADO SIMPLES: indica alguma ação completa no pas- Nas negativas: wasn’t e weren’t. E nas interrogativas: Was
sado, ou seja, algo já finalizado. O passado simples caracteriza- I...?, Were you...?, Was he…?, etc.
-se pela adição da terminação -ed ao verbos REGULARES nas
afirmativas. Nas interrogativas, usamos Did antes dos sujeitos das FUTURO SIMPLES: Usamos o futuro simples para dizer
frases e, nas negativas, did not ou didn’t. Vejamos: que algo vai acontecer ou deverá acontecer, para expressar ações
que iremos fazer mas que não tínhamos planejado anteriormente,
I worked yesterday. (Eu trabalhei ontem) para fazer previsões sobre o futuro, uma vez que não temos certeza
You answered my e-mail. (Você respondeu ao meu e-mail) se essa previsão irá mesmo se concretizar ou não. Usamos também
He traveled a lot. (Ele viajou muito) o futuro simples para promessas, ofertas e propostas. A estrutura é
She watched the movie. (Ela assitiu o filme) formado pela utilização do auxiliar will após o sujeito seguido de
It barked all night. (Ele/Ela latiu a noite toda) algum verbo. A negativa é obtida com will not ou com a contração
We stayed here. (Nós ficamos aqui) won’t. Para perguntar no futuro simples, é só colocar will antes do
You played very well. (Vocês jogaram muito bem) sujeito. Exemplos:
They parked far. (Eles estacionaram longe)
I will buy a car. (Eu vou comprar um carro.)
I didn’t work yesterday. (Eu não trabalhei ontem) You will have a baby. (Você vai ter um bebê.)
He will study abroad. (Ele irá estudar no exterior.)
You didn’t answer my e-mail. (Você não respondeu ao meu
She will go to the park. (Ela irá para o parque.)
e-mail)
It will stay at the veterinarian. (Ele/ela* irá permanecer no
He didn’t travel a lot. (Ele não viajou muito)
veterinário.)
She didn’t watch the movie. (Ela não assistiu o filme)
We will make a barbecue. (Nós iremos fazer um churrasco.)
It didn’t bark all night. (Ele/Ela não latiu a noite toda)
You will help me later. (Você irá me ajudar depois.)
We didn’t stay here. (Nós não ficamos aqui)
They will be partners. (Eles serão parceiros.)
You didn’t play very well. (Vocês não jogaram muito bem)
They didn’t park far. (Eles não estacionaram longe) FUTURO IMEDIATO: Utilizamos o futuro imediato para
expressar algo que já foi planejado e por isso existe a certeza de
Did I work yesterday? (Eu trabalhei ontem?) que irá acontecer. Por ser algo que temos certeza que iremos fazer
Did you answer my e-mail? (Você respondeu ao meu e-mail?) o futuro imediato acaba sendo usado frequentemente para expres-
Did he travel a lot? (Ele viajou muito?) sar ações que acontecerão num futuro bem próximo, por isso cha-
Did she watch the movie? (Ela assistiu o filme?) mado de imediato. A estrutura do futuro imediato é o sujeito + o
Did it bark all night? (Ele/Ela latiu a noite toda?) verbo to be no presente (am, is, are) + going to + verbo principal
Did we stay here? (Nós ficamos aqui?) + complemento.
Did you play very well? (Vocês jogaram muito bem?)
Did they park far? (Eles estacionaram longe?) I’m going to visit my mother tonight (Eu irei visitar minha
mãe hoje a noite.)
Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mesma for- Jack is going to swim tomorrow. (Jack irá nadar amanhã.)
ma. A única diferença é nas afirmações, pois eles não recebem It is going to rain in a few minutes. (Irá chover em alguns
terminação -ed. É essencial memorizar as formas irregulares. Ve- minutos.)
jamos:
Como o futuro imediato é composto do to be, para fazermos
I went to the beach. (to go: ir) frases interrogativas e negativas, basta utilizar as mesmas regras
You left early. (to leave: sair, deixar) acrescentando not após o to be, ou colocando o mesmo antes do
He drank too much. (to drink: beber) sujeito para a interrogativa.
She had a sister. (to have: ter)
It slept under the bed. (to sleep: dormir) Steve is not going to dance samba. (Steve não irá dançar sam-
We stood in line. (to stand: ficar de pé) ba.)
You won together. (to win: vencer, ganhar) They aren’t going to play soccer. (Eles não irão jogar fute-
They cut the meat. (to cut: cortar) bol.)

Faz-se necessário, também revisar o passado do verbo to be. Is he going to buy a new car? (Ele vai comprar um carro
Ele será da seguinte forma: novo?)

Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA INGLESA
Are you going to call Ann? (Você irá ligar pra Ann?) Has he talked to the police officer? (Ele falou com o policial?)
Has Tina ever traveled to Salvador? (A Tina viajou a Salvador
Apenas em conversas e diálogos informais o going to pode ser alguma vez?)
substituído pela expressão/abreviação gonna: Have you ever seen a famous person? (Você alguma vez viu
uma pessoa famosa?)
I’m gonna study tonight. (Eu irei estudar hoje a noite.)
Are you gonna help me? (Você irá me ajudar?) PRESENTE PERFEITO CONTÍNUO: formado pela utili-
zação do auxiliar have ou has (has para he, she, it) mais o presente
PRESENTE PERFEITO: formado pela utilização do auxi- perfeito do verbo be e o gerúndio do verbo principal. Esta forma
liar have ou has (has para he, she, it) mais a forma do particípio de verbal enfatiza uma ação que começou no passado e que contina
outro verbo (conhecida como “a terceira forma do verbo”). Indica se repetindo até hoje.
dois tipos de situações.
I have been playing tennis for one hour. (Eu estou jogando
Quando a ação é contínua, que têm acontecido por um certo tennis há uma hora)
período e que ainda não acabaram, que continuam acontecendo. Daniel has been waiting for two hours. (Daniel está esperan-
do a duas horas)
I have worked here for five years. (Tenho trabalhado aqui há Anna has been teaching in the university since April. (Anna
cinco anos) tem lecionado na universidade desde Abril.)
She has gone to the club a lot lately. (Ela tem ido muito ao
clube ultimamente) As formas negativas serão:
Dave and Mike have studied together since 2010. (Dave e
Mike têm estudado juntos desde 2010) She has not been working at that company for three years
(Ela não trabalha naquela companhia a três anos).
Quando descrevemos situações que já ocorreram, mas que I haven’t been watching much television lately. (Eu não te-
nho assistido muita televisão ultimamente).
não sabemos quando. O tempo é indefinido, não interessa, ou sim-
Roberto hasn’t been feeling well in the past few days. (Ro-
plesmente não importa, pois o que importa é o fato acontecido.
berto não tem se sentido bem nos últimos dias).
Mike has seen the ocean for the first time. (Mike viu o oceano
Para fazermos perguntas no present perfect continuos, basta
pela primeira vez)
colocar have ou has antes do sujeito da frase.
Sheila and Susan have already been to New York. (Sheila e
Susan já estiveram em Nova Iorque)
Has David been doing his homework everyday? (David está
I have already made my bed. (Eu já arrumei minha cama) fazendo sua tarefa todos os dias?).
Have Donald and Mike been training for the race? (Donald e
As formas negativas podem serão: Mike estão treinando para aquela corrida?).
Have you been playing video games all day? (Você está jo-
I haven’t made my bed. (Eu não arrumei minha cama) gando video games o dia inteiro?)
Mike hasn’t seen the ocean. (Mike não viu o oceano)
Sheila and Susan haven’t been to New York. (Sheila e Susan PASSADO PERFEITO: usado para dizer que alguma coisa
não foram a Nova Iorque) ocorreu antes de outra no passado. Formado por had mais o parti-
cípio de algum verbo. Veja no próximo exemplo que há duas situa-
Se quisermos, podemos acrescentar no final da frase a palavra ções acontecendo, mas, aquela que aconteceu primeiro está usando
yet, que significa “ainda”, para modificar um pouco o sentido da o past perfect. E aquela que aconteceu em seguida está no passado
conversa: simples. Ambas as orações estão unidas por when.
(apenas nas negativas)
I had already left when my father called home. (Eu já tinha
I haven’t made my bed yet. (Eu ainda não arrumei minha saído quando meu pai ligou para casa)
cama)
Mike hasn’t seen the ocean yet. (Mike ainda não viu o oce- Não é extremamente necessário que haja duas orações. Pode
ano) have apenas uma. Veja;
Sheila and Susan haven’t been to New York yet. (Sheila e
Susan ainda não foram a Nova Iorque) David had bought meat for the barbecue this morning. (Da-
vid tinha comprado carne para o churrasco hoje de manhã)
Para fazermos perguntas no present perfect, basta colocar
have ou has antes do sujeito da frase. Às vezes, fazemos uso da A negativa é formada com had not ou hadn’t. Para perguntar,
palavra ever, que significa “alguma vez”, em perguntas: devemos posicionar o had antes do sujeito.
(o uso da palavra ever é opcional)
He hadn’t gone to the bar. (Ele não tinha ido ao bar)
Have you bought Milk for the baby? (Você comprou leite para Had you brought me those documents? (Você tinha me trazido
o bebê?) aqueles documentos?)

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA INGLESA
VERBOS AUXILIARES Does he eat pizza? (Ele come pizza?)
Does it eat pizza? (Ela/Ele come pizza?)
Em perguntas você pode mudar o tempo verbal de uma frase Do we eat pizza? (Nós comemos pizza?)
simplesmente alterando o verbo auxiliar. Por exemplo: Do you eat pizza? (Vocês comem pizza?)
Do they eat pizza? (Eles comem pizza?)
Do you work? = Você trabalha?
Does He work? = Ele trabalha? VERBOS MODAIS
Did you work? = Você trabalhou?
Will you work? = Você vai trabalhar? Os verbos modais são distintos dos regulares e irregulares
pois possuem características próprias:
Os verbos auxiliares não possuem tradução nas frases:
1. Não precisam de auxiliares na formação de negativas e
Do you play volleyball? = Você joga vôlei? interrogativas;
2. Sempre após os modais, usamos um verbo regular ou ir-
A presença de um verbo auxiliar numa frase nos indica em que regular no infinitivo, mas sem o “to”;
tempo verbal ela está (no presente, no passado ou no futuro), de- 3. Não sofrem alteração na terceira pessoa do singular do
pendendo do auxiliar que foi usado. Do e does indicam tempo pre- presente. Logo, nunca recebem “s”, “es” ou “ies” para he/she/it.
sente, did indica tempo passado, e will indica tempo futuro.
São verbos modais: can, could, may, might, should, must, ou-
Suas formas negativas são don’t (do not), didn’t (did not) e ght to.
won’t (will not).
May, Might (poder):
Para montarmos interrogações, basta posicionar o auxiliary
desejado antes do sujeito da frase. -May pode ser usado para pedir permissão:
May I open the window? (Posso abrir a janela?)
O auxiliar também pode facilitar as coisas nas respostas. Ele pode
May I use your bathroom? (Posso usar seu banheiro?)
substituir o verbo e todos os seus complementos. Assim, se alguém
faz um pergunta muito longa, você pode responder rapidamente:
-May e Might podem indicar possibilidade mais certa ou pro-
babilidade mais remota:
Do you always go to work by car on weekdays? (Você sempre
It may rain. (Pode chover) => may indica algo com mais cer-
vai para o trabalho de carro nos dias da semana?).
teza do que might.
Sua resposta pode ser, simplesmente, “Yes, I do”. It might rain. (Pode chover) => a probabilidade de chover é
Estas respostas curtas são conhecidas como short answers. pequena.
He might come to the party, but I don’t think he will. (Ele
Os verbos auxiliares seguidos de um verbo principal são usados pode vir à festa, mas não creio que virá)
praticamente só em perguntas ou frases negativas: -May e might podem ser usados para exprimir um propósito,
uma aspiração ou uma esperança:
Do you like pizza? (Você gosta de pizza?) May he rest in peace. (Que ele repouse em paz)
I don’t like pizza (Eu não gosto de pizza) I hope that he might like this cake. (Espero que ele possa gos-
tar deste bolo)
Numa frase afirmativa diríamos: May all your dreams come true. (Que todos os seus sonhos
se realizem)
I like pizza. (Eu gosto de pizza) -Para dizermos algo no passado e no futuro, ao invés de
may e might, normalmente usamos os verbos “to be allowed
As formas does e doesn’t são usadas quando o sujeito da frase to” ou “to be permitted to”, que significam “ser permitido”:
no presente for terceira pessoa do singular (he, she, it). He will be allowed to leave prison. (Ser-lhe-á permitido sair da
prisão)
I don’t eat pizza. (Eu não como pizza) I wasn’t allowed to enter without a uniform. (Não me deixa-
You don’t eat pizza. (Você não come pizza) ram entrar sem um uniforme)
She doesn’t eat pizza. (Ela não come pizza)
He doesn’t eat pizza. (Ele não come pizza) -May e might não são usados na interrogativa exprimindo pro-
It doesn’t eat pizza. (Ela/Ele não come pizza) babilidade ou possibilidade. Usamos to think, to be likely e can:
We don’t eat pizza. (Nós não comemos pizza) Do you think he is listening for us? (Você acha que ele está nos ouvindo?)
You don’t eat pizza. (Vocês não comem pizza) Is it likely to happen? (É possível/provável que isso aconteça?)
They don’t eat pizza. (Eles não comem pizza) Can this plan come true? (Poderá este plano se tornar realidade?)
Do I eat pizza? (Eu como pizza?)
Do you eat pizza? (Você come pizza?) -May e Might podem ser empregados na negativa, mas sem
Does she eat pizza? (Ela come pizza?) contração:

Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA INGLESA
He may or may not agree with you. (Ele pode concordar ou -As formas negativas são Shouldn’t e Ought not to.
não com você) You shouldn’t talk like that. (Você não deveria falar daquele
jeito)
Must (precisar, dever, ter que): I ought not to see her. (Eu não deveria vê-la)

-Must é usado no presente e no futuro. Must pode exprimir PHRASAL VERBS (VERBOS DE DUAS PALAVRAS)
ordem, necessidade, obrigação, dever. É equivalente a have to (ter
que): O Inglês tem uma grande variedade de two-word verbs (ver-
I must go now. (Preciso ir agora) bos de duas palavras). Talvez o melhor termo para identificá-los
You must obey your parents. (Você deve obedecer a seus pais) seja phrasal verbs (verbos frasais), assim chamados pelo fato de
You must follow your doctor’s advice. (Você tem que seguir serem compostos, possuindo mais de uma palavra, parecendo-se
os conselhos do seu médico) com um tipo de frase. Um phrasal verb é composto por um ver-
He has worked a lot; he must be tired. (Ele trabalhou muito; bo regular ou irregular junto com alguma partícula, que pode ser
deve estar cansado) uma preposição ou um advérbio, ou ambos. Os phrasal verbs têm
significados novos, diferentes das palavras que os compõem lidas
-A forma negativa mustn’t (must not) exprime uma proibição separadamente. Eles precisam ser entendidos como um grupo e
ou faz uma advertência: não com suas palavras de forma isolada.
Visitors must not feed the animals. (Visitantes estão proibidos
de alimentar os animais) Para ver a diferença, considere o significado do verbo to turn
You mustn’t miss the 9:00 train. (Você não pode perder o trem segundo o Dicionário Cambridge e, em seguida, as sentenças com
das 9:00) phrasal verbs derivados do mesmo verbo:
Can (poder): “TURN verb [I/T] (GO AROUND) to move or cause some-
thing to move in a circle around a central point or line.” = Mover
-Pode ser usado para expressar talentos e habilidades no
ou fazer com que algo se movimente em círculos ao redor de um
presente:
ponto ou de uma linha central.
They can sing really well. (Eles podem cantar realmente
muito bem)
• Fred turned on the light. (Fred acendeu a luz)
I can speak English. (Eu sei falar Inglês)
• Mary turned down the gas. (Mary diminuiu o gas)
• Ralph turned up the stereo. (Ralph aumentou o volume
-Pode ser usado para pedir permissão:
do aparelho de som)
Can I drink water, teacher? (Posso ir beber água, professor?)
Can I see your homework? (Posso ver sua tarefa?) • Susan turned over the pancake. (Susan virou a panqueca)
• The committee turned down the request. (O comitê re-
-Há duas formas negativas, can’t e cannot: cusou o pedido)
He can’t dance at all. (Ele não sabe dançar nada)
Tim cannot control his feelings. (Tim não consegue controlar Para entender como um two-word verb funciona, você tem
seus sentimentos) que refletir sobre o significado básico de “turned”. Geralmente, se
for possível substituir o verbo e sua preposição por outra palavra,
Could (conseguia, podia, poderia): uma palavra que signifique exatamente a mesma coisa, então, o
verbo é realmente um two-word verb. Poderíamos reescrever as
-Usamos could para expressar ideias como sendo o passado frases da seguinte maneira:
de Can:
When I was a teenager I could swim better. (Quando eu era • Fred put the light in the “on” position. (Fred pôs a luz na
adolescente eu podia nadar melhor) posição “ligada”)
I could run, now I can’t anymore. (Eu podia correr, mas ago- • Mary lowered the gas. (Mary reduziu o gás)
ra não consigo mais) • Ralph raised the volume on the stereo. (Ralph aumentou
o volume do som)
-Para pedir permissão, could é mais educado e formal que • Susan flipped the pancake. (Susan girou a panqueca)
Can: • The committee refused the request. (O comitê recusou
Could you help me? (Você poderia me ajudar?) o pedido)
Could I borrow your cell phone? (Eu poderia pegar empres-
tado seu celular?) Muitos phrasal verbs não têm objeto:

Should e Ought to (deveria): • After their fight, Susan and Paul made up. (Após a briga,
Susan e Paul fizeram as pazes)
-Usamos para expressar nossa opinião, para dar sugestão ou • During the wedding, the groom passed out. (Durante o
conselho: casamento, o noivo passou mal)
He should travel more. (Ele deveria viajar mais)
I ought to go right now. (Eu deveria ir imediatamente) Contudo, outros phrasal verbs pedem objeto:

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA INGLESA
• They  put up with  the inconvenience. (Eles  toleraram a Por fim, a voz passiva existe em todos os tempos verbais.
inconveniência)
• We decided on the rose wallpaper. (Nós selecionamos o Exemplos:
papel de parede rosa)
• The scientists wrote up their research. (Os cientistas es- Simple present: It is made in Brazil. (É feito no Brasil)
creveram algo sobre sua pesquisa) Present continuous: It  is being  made in Brazil. (Está sendo
• The traffic cop wrote up the offender. (O guarda de trân- feito no Brasil)
sito deu uma multa ao infrator) Present perfect: It has been made in Brazil. (Tem sido feito
• Fred flipped off the policeman. (Fred fez um gesto ofen- no Brasil)
sivo para o policial) Simple past: Parks are destroyed by our bad habits. (Parques
são destruídos por nossos maus hábitos)
Quanto a posição do phrasal verb. Simple past: Many people were called by this company. (Mui-
Quando falamos de substantivos a grande maioria dos phrasal tas pessoas foram chamadas por esta empresa)
verbs aceitam ser colocados de duas maneiras:
A voz passiva também é utilizada para dar foto ao objeto mas
I’ll hang up my coat. / I’ll hang my coat up. (Eu vou pendu- por fim informando quem foi o autor da obra ou do acontecimento.
rar o meu casaco) Para isso nós utilizamos a preposição by.
O substantivo pode vir após o phrasal verb ou no meio dele.
Kennedy was killed by Lee Harvey Oswald. (Kennedy foi
Entretanto, quando falamos de pronomes, eles obrigatoria- morto por Lee Harvey Oswald)
mente devem vir no meio do phrasal verb:
O USO DO GERUNDIO
I’ll hang it up (Eu vou pendurar [o meu casaco.])
Let’s help him out. (Vamos ajudar ele.) O gerúndio no inglês é usado em algumas situações especiais.
Abaixo nós iremos listar as mais comuns.
VOZ ATIVA E PASSIVA
Após Preposições:
Há duas vozes verbais: ativa e passiva Exemplos:
She is not interested in living with us.
A voz ativa é a voz “normal” do verbo, pois é com ela que nor- (Ela não está interessada em morar conosco.)
malmente nos comunicamos. Nela o foco é o sujeito fazendo uma
ação sobre o objeto. Observe os exemplos sob a ótica da ordem Read more about this by clicking here.
normal das palavras numa frase (Sujeito+verbo+objeto): (Leia mais sobre isto clicando aqui.)

Cats eat fish. (Gatos comem peixes) Após alguns verbos “especiais” (existem mais verbos, estes
são os mais comuns): admit, avoid, consider, continue, deny, disli-
A voz passiva é menos comum de ser usada. Ela é mais for- ke, enjoy, escape, finish, forgive, imagine, include, keep, mention,
mal. Nela o foco é sobre o objeto que está recebendo a ação. Neste miss, practice, reccommend, resist, risk, suggest, try, understand,
caso o sujeito recebe muita pouca atenção ou as vezes nem aparece quit.
na frase. Se compararmos com a voz ativa, veremos uma inversão Exemplos:
no posicionamento do sujeito e do objeto. I enjoy studying English.
(Eu aprecio estudar Inglês.)
Fish are eaten by cats. (Peixes são comidos por gatos)
I don’t mind helping her.
A voz passiva é comumente utilizada pelos meio de comu- (Eu não me importo de ajudar ela.)
nicação para a divulgação de crimes, uma vez que não se sabe a
quantidade ou o sexo dos bandidos. Após algumas expressões (novamente estas são apenas as
mais comuns): can’t stand, it’s worth, be used to, can’t help, feel
The bank was robbed last night (O banco foi roubado noite like, it’s no good, look forward to, what about, how about, it’s no
passada.) use, in spite of.
É incorreto dizer “alguém” roubou o banco. Alguém? Apenas Exemplos:
uma pessoa? I can’t stand watching this game.
(Eu não suporto assistir este jogo.)
A estrutura da voz passiva é bem simples: sujeito + be + verbo
principal no particípio. I’m looking forward to meeting your parents.
O be deve ser conjugado conforme o tempo verbal da frase. (Eu estou ansioso para conhecer os seus pais.)
Exemplo: am, is, are para o presente. Was, were para o passado,
will be para o futuro, etc. Assim como o verbo principal também Para transformar um verbo em substantivo:
deve sofrer as modificações necessárias. Exemplos:

Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA INGLESA
Dancing is his favorite activity. Direct Speech: Indirect Speech:
(Dançar é sua atividade favorita.)
(Simple Present) He said: She (Simple Past) He said (that)
Swimming is good for you. works with me. she worked with him.
(Nadar faz bem pra você.) (Present Continuous) She is (Past Continuous) She was
working with me. working with him.
Atividades seguidas do verbo go: (Past Continuous) She was (Past Perfect Continuous) She
Exemplos: working with me. had been working with him.
Let’s go bowling this weekend.
(Vamos jogar boliche este fim de semana.) (Simple Future) She will work (Simple Conditional) She
with me. would work with him.
They went jogging yesterday morning.
(Eles foram caminhar ontem de manhã.) Outras trocas de palavras e expressões que devem ser feitas do
discurso direto para o indireto são as seguintes:

Direct Speech: Indirect Speech:


DISCURSO DIRETO E INDIRETO. Today That day
Yesterday The day before
Last night The night before
Now Then
DISCURSO DIRETO E INDIRETO Here There
Tomorrow The next day
This That
These Those

-Quando se relata uma ordem ou comando de alguém, usa-se


o infinitivo no discurso indireto.

He said: “Close the door”. (Ele me disse: “Feche a porta”)


He told me to close the door. (Ele me disse para fechar a
porta)
He said: “Don’t close the door”. (Ele me disse: “Não feche a
porta”)
He told me not to close the door. (Ele me disse para não fe-
char a porta)

-Quando se relata uma pergunta, coloca-se a frase na forma


afirmativa fazendo as devidas transformações:

She said: Where is Bill?


She asked where Bill was. (Ela perguntou onde Bill estava)

He said: “Is Mary here?”


He asked if Mary was there. (Ele perguntou se Mary estava
Podemos relatar o que alguém disse de duas maneiras: lá)
-Should, Could, Must, Might e Would não alteram sua forma:
a) Pelo discurso direto (direct speech): quando repetimos o
que foi dito por alguém usando as mesmas palavras desta pessoa. She said: “I could go”.
Exemplo: She said that she could go. (Ela disse que ela poderia ir)
-He said: “I feel well”. -Say é usado com ou sem objeto indireto precedido de to. No
-Ele disse: “Eu me sinto bem”. discurso indireto, tell é usado com objeto indireto precedido de to.
Bill said: “I love Ann”. (Bill disse: “Eu amo Ana”)
b) Pelo discurso indireto (indirect speech): quando contamos
Bill said that he loved Ann. (Bill disse que amava Ana)
usando nossas próprias palavras o que foi dito por alguém. Exem- Bill said to Ann: “I love you”. (Bill disse para Ana: “Eu te
plo: amo”)
-He said that he felt well. Bill told Ann that he loved her. (Bill disse para Ana que a
-Ele disse que se sentia bem. amava)

Ao reproduzir o que alguém disse de forma indireta preci- -Em frases que apresentam sugestões o verbo introdutório do
samos efetuar algumas modificações na estrutura da frase. Veja discurso indireto é to suggest. E a forma let’s é alterada para we
algumas das mudanças mais frequentes: should.

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA INGLESA
He said: “Let’s take a taxi”.
He suggested (that) we should take a taxi. ADVÉRBIOS: TIPOS: FREQUÊNCIA, MODO,
LUGAR, TEMPO, INTENSIDADE, DÚVIDA,
AFIRMAÇÃO. EXPRESSÕES ADVERBIAIS.
SENTENÇAS CONDICIONAIS.

ADVÉRBIOS
MODO CONDICIONAL
Advérbios são palavras que modificam:
Passemos a falar, então, de sentenças Condicionais com a
palavra if (tradução: se). Eles são normalmente usados para falar - Um verbo (He ate slowly. = Ele comeu lentamente) - Como
sobre possíveis eventos e seus efeitos. Existem quatro tipos prin- ele comeu?
cipais: - Um adjetivo (He drove a very slow car. = Ele pilotou um
carro muito lento) - Como era a rapidez do carro?
-Zero Conditional: não é um condicional verdadeiro, pois am- - Outro advérbio (She walked quite slowly down the aisle. =
bos os eventos descritos vêm a ocorrer (If/When+present tense; Ela andou bem lentamente pelo corredor) - Com que lentidão ela
present tense). Exemplos: andou?

If I stay up late, I feel awful the next day. (Se eu fico acordado Advérbios frequentemente nos dizem quando, onde, por que,
até tarde, sinto-me mau no outro dia) ou em quais condições alguma coisa acontece ou aconteceu. Os
advérbios são geralmente classificados em:
When the moon passes between the earth and the sun, there is
an eclipse. (Quando a lua passa entre a terra e o sol, há um eclipse) Advérbios de Afirmação: certainly, certamente; indeed, sem
dúvida; obviously, obviamente; yes, sim; surely, certamente; etc.
-First Conditional: usado para falar sobre prováveis eventos
no futuro se alguma coisa vier a acontecer (If+present tense; future Advérbios de Dúvida: maybe, possivelmente; perhaps, talvez;
tense will). Exemplos: possibly, possivelmente; etc.

If I pass the exam, I will have a big party! (Se eu passar no Advérbios de Frequência: daily, diariamente; monthly, men-
exame, eu farei uma grande festa!) salmente; occasionally, ocasionalmente; often/frequently, frequen-
temente; yearly, anualmente; seldom/rarely, raramente; weekly,
If you don’t stop talking, I will send you to the principal. (Se semanalmente; always, sempre; never, nunca; sometimes, às ve-
você não parar de falar, eu vou te enviar ao diretor) zes; hardly ever, quase nunca, raramente; usually/generally, geral-
mente; etc.
-Second Conditional: usado para falar sobre situações impro-
váveis ou impossíveis (If+past tense; would, could, might). Exem- Advérbios de Intensidade: completely, completamente; enou-
plos:’’ gh, suficientemente, bastante; entirely, inteiramente; much, muito;
nearly, quase, aproximadamente; pretty, bastante; quite, completa-
If I won the lottery, I would give all the money to an orpha- mente; slightly, ligeiramente; equally, igualmente; exactly, exata-
nage. (Se eu ganhasse na loteria, eu daria todo dinheiro a um or- mente; greatly, grandemente; very, muito; sufficiently, suficiente-
fanato) mente; too, muito, demasiadamente; largely, grandemente; little,
pouco; merely, meramente; etc.
People might behave differently if they had the chance to re-
peat their lives. (As pessoas poderiam se comportar diferentemen- Advérbios de Lugar: anywhere, em qualquer lugar; around,
te se elas tivessem a chance de repetir suas vidas) ao redor; below, abaixo; everywhere, em todo lugar; far, longe;
here, aqui; near, perto; nowhere, em nenhum lugar; there, lá; whe-
-Third Conditional: usado para especular sobre o passado re, onde; etc.
(If+past perfect; would have, could have, might have+past parti-
ciple). Exemplos: Advérbios de Modo: actively, ativamente; wrongly, erronea-
mente; badly, mal; faithfully, fielmente; fast, rapidamente; gladly,
If we had saved more money, we would have gone to Canada alegremente; quickly, rapidamente; simply, simplesmente; steadi-
last year. (Se nós tivéssemos economizado mais dinheiro, nós terí- ly, firmemente; truly, verdadeiramente; well, bem; etc.
amos ido ao Canadá ano passado)
Advérbios de Negação: no, not, não.
If you had told me the truth, I wouldn’t have asked the teacher.
(Se você tivesse me dito a verdade, eu não teria perguntado ao Advérbios de Ordem: firstly, primeiramente; secondly, em se-
professor) gundo lugar; thirdly, em terceiro lugar; etc.

Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA INGLESA
Advérbios de Tempo: already, já; always, sempre; early, cedo; Locução Adverbial de Negação: by no means, de maneira al-
immediately, imediatamente; late, tarde; lately, ultimamente; ne- guma; in no case, em hipótese alguma; none of that, nada disso;
ver, nunca; now, agora; soon, em breve, brevemente; still, ainda; not at all, absolutamente; etc.
then, então; today, hoje; tomorrow, amanhã; when, quando; yester-
day, ontem; etc. Locução Adverbial de Tempo: all of a sudden, subitamente; at
first, a princípio; at present, atualmente; at once, imediatamente;
Advérbios Interrogativos: how, como; when, quando; where, from now on, doravante, daqui em diante; in after years, em anos
onde; why, por que; etc. vindouros; sooner or late, mais cedo ou mais tarde; up to now, até
agora; in a jiffy, in a trice, in a twinkling of an eye, in two shakes
Alguns exemplos: of a dog’s tail, in two ticks, em um momento, num abrir e fechar
de olhos; etc.
She moved slowly and spoke quietly. (Ela se moveu lenta-
mente e falou sussurrando) Mais exemplos:
She still lives there now. (Ela ainda mora lá agora)
It’s starting to get dark now. (Está começando a ficar escuro She has lived on the island all her life. (Ela viveu na ilha a
agora) vida toda)
She finished her tea first. (Primeiramente ela terminou seu She takes the boat every day. (Ela pega o barco todos os dias)
chá) He ate too much and felt sick. (Ele comeu em excesso e ficou
She left early. (Ela saiu cedo) enjoado)
Oscar is a very bright man. (Oscar é um homem muito bri- I like studying English very much. (Gosto muito de estudar
lhante) Inglês)
The children behaved very badly. (As crianças se comporta-
ram muito mal) PALAVRAS DE RELAÇÃO:
This apartment is too small for us. (Esse apartamento é peque- PREPOSIÇÕES. CONJUNÇÕES.
no demais para nós)
The coffee is too sweet. (O café está doce demais)
Jack is much taller than Peter. (Jack é muito mais alto do que
Peter)
São Paulo is far bigger than Recife. (São Paulo é muito maior PREPOSIÇÕES
que Recife)
The test was pretty easy. (A prova estava um tanto fácil) Preposições são palavras que usamos junto aos nomes e pro-
nomes para mostrar sua relação com outros elementos da frase.
Duas ou mais palavras podem ser usadas em conjunto, for- Apresentamos as principais preposições e seu uso:
mando, assim, as Locuções Adverbiais, como:
In: usamos com nomes de meses, anos, estações, partes do
Locução Adverbial de Afirmação: by all means, certamente; dia, cidades, estados, países, continentes.
in fact, de fato, na verdade; no doubt, sem dúvida; of course, com
certeza, certamente, naturalmente; etc. I was Born in January.
He lived here in 2012.
Locução Adverbial de Dúvida: very likely, provavelmente. The classes start in the summer.
He works in the morning/in the afternoon, in the evening.
Locução Adverbial de Frequência: again and again, repetida- I have a house in Belo Horizonte.
mente; day by day, dia a dia; every other day, dia sim, dia não; She lives in Paraná but works in Argentina.
hardly ever, raramente; every now and then, once in a while, de Steven has worked in Europe since 2011.
quando em quando; etc.
On: usado para dias da semana, datas (mês+dia), datas come-
Locução Adverbial de Intensidade: at most, no máximo; little morativas, ruas, praças e avenidas.
by little, pouco a pouco; more or less, mais ou menos; next to no-
thing, quase nada; on the whole, ao todo; to a certain extent, até I go to the church on Saturdays and on Sundays.
certo ponto; to a great extent, em grande parte; etc. Their baby was born on April 10TH.
I always have fun on New Year’s Day.
Locução Adverbial de Lugar: at home, em casa; at the seaside, The supermarket is on Brazil street.
à beira-mar; far and near, por toda parte; on board, a bordo; on The shopping mall is on Portugal square.
shore, em terra firme; to and from, para lá e para cá; etc.
At: usado com horas, com palavra night, com endereços
Locução Adverbial de Modo: arm in arm, de braços dados; (rua+número), lugares numa cidade.
at random, ao acaso; fairly well, razoavelmente; hand in hand, de
mãos dadas; head over heels, de cabeça para baixo; just so, assim I got up at 7:00.
mesmo; neck and neck, emparelhados; on credit, a crédito. The store is at 456 Lincoln street.

Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA INGLESA
He arrived late at night. In front of: na frente de: Peter sits in front of the teacher in
My father is at the airport now. the classroom.
Inside/outside: dentro de/fora de: Let the dog sleep inside/out-
Na dúvida, algumas das seguintes sugestões podem ajudar, side the house.
mas lembre-se: o uso das preposições nem sempre segue a regra Instead of: em vez de: You should study more instead of
geral. Confira sempre num dicionário as possibilidades de uso. playing video-games.
Into: para dentro, em: The plane disappeared into the cloud.
Use in para indicar “dentro de alguma coisa”: Near: perto de: The post office is near here.
Off: para fora (de uma superfície): Mark fell off his mo-
In the box torcycle.
In the refrigerator Out of: para fora de: Put these books out of the box.
In a shop Over: sobre, acima de, por cima de, mais que: There were over
In a garden 1.000 people in the show.
In France Through: através de: The guys walked through the forest.
Till/until: até (tempo): The message will arrive until tomor-
Use on para indicar contato: row.
To: para: Teresa will go to Italy next week.
On a bookshelf Towards: para, em direção a: The boy threw the rock towards
On a plate the window.
On the grass Under: em baixo de: The cat sleeps under the bed.
With/without: com/sem: Come with me. I can’t live without
Use at para indicar um lugar definido. Nesse caso, seu sentido you.
é o de “junto a”, “na”: Within: dentro de: I will go there within a week.

At the bus stop CONJUNÇÕES


At the top
At the bottom

Outras preposições, seus significados e exemplos com frases:

About: sobre, a respeito de: Tell me about your experiences.


Above: acima de: John’s apartment is above mine.
Across: através de, do outro lado: The dog ran across the fo-
rest.
After: depois de: She always wakes up after 9:00.
Against: contra: The car crashed against the wall.
Among: entre (vários ítens): The little boy was among many
criminals.
Around: em volta de: They traveled all around the country.
Before: antes de: She always arrives before 7 o’clock.
Behind: atrás de: Tim sits behind Peter.
Below: abaixo de: Answer the questions below.
Beside/Next to: ao lado de: The microphone is beside/next to
the monitor.
Besides: além de: Besides English, she can also speak Spa-
nish.
Between: entre (dois ítens): He was sitting between two bea- Uma conjunção é uma palavra ou grupo de palavras (locu-
tuful girls. ções conjuntivas ou locuções adverbiais) que juntam duas partes
Beyond: além de, após, atrás de: The lake is beyond the moun- de uma sentença ou que unem uma cláusula dependente subordi-
tains. nada a uma cláusula principal. As conjunções auxiliam na coesão
But: exceto: Everybody went to the party, but Chris. textual, garantindo a interligação de ideias.
By: por, junto, ao lado de: Let’s sleep by the fireplace.
Down: abaixo, para baixo: Their house is down the hill. Inicialmente, podemos considerar as conjunções sob três as-
Up: acima, para cima: Their house is halfway up the hill. pectos básicos:
During: durante: He was in the army during the war.
For: a favor de: Who’s not for us is against us. -Conjunções podem ser apenas uma palavra:
For: por, para, há (tempo): Do it for me! Fish is good for heal-
th. They’ve lived here for many years. And, but, because, although, or, nor, for, yet, so, since, unless,
From: de (origem): Where is he from? however, though.

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA INGLESA
-Conjunções podem ser compostas de mais de uma palavra:
Provided that, as long as, in order to, in spite of. DERIVAÇÃO DE PALAVRAS PELOS
PROCESSOS DE PREFIXAÇÃO E
-Conjunções podem ser correlativas, cercando um advérbio
ou adjetivo:
SUFIXAÇÃO.
So... that, neither… nor.

Além disso, as conjunções podem expressar diversos tipos de FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
ideias:
A formação de palavras acontece graças à morfologia. Tal for-
-Tempo: after, as, while, when, before, until, till, next, me- mação acontece para criar uma flexibilidade na língua, fazendo
anwhile, finally. com que o orador possa fazer a transição de uma classe de palavras
para outra sem tanto choque ao ouvinte. Conhecer o processo da
-Acréscimo de ideias: and, also, furthermore, as well as, in formação das palavras ajuda o estudante de língua estrangeira com
other words, in addition to, besides, moreover, both...and, not o processo lexical, ou seja, a habilidade de tentar compreender pa-
only... but also. lavras desconhecidas de um texto por conta própria.
Assim como na língua portuguesa o processo de formação das
-Alternativa: or, either... or. palavras em Inglês também ocorre através dos prefixos e sufixos.
Os prefixos são aqueles que vem no inicio da palavra e os sufi-
-Negação: neither... nor. xos são aqueles que vem no final. Os sufixos possuem uma maior
frequência na língua do que os prefixos. Os prefixos por sua vez
-Condição: if, as long as, provided that, unless, whether. normalmente não alteram a categoria gramatical da palavra, mas
sim o seu sentido.
-Causa ou razão: as, because, since, for.
Exemplos:
-Consequência ou resultado: so, therefore, then, accordingly,
expensive – inex-
thus, for this reason, as a result of, consequently, hence. color – colorful hope – hopeful
pensive
-Finalidade ou propósito: so that, so. normal - abnor-
big - biggest nice - nicer
mal
-Modo: as, as if, as though.

-Contraste: although, instead of, rather than, though, but, yet,


even though, however, in spite of that, nevertheless, whereas, whi- SEMÂNTICA / SINONÍMIA E ANTONÍMIA.
le, on the other hand.

-Comparação: like, alike, likewise, correspondingly, similarly,


in the same way, in this manner. Sinônimas são palavras diferentes, mas que possuem signifi-
cados quase idênticos ou semelhantes. O estado de ser sinônimo é
Exemplos: chamado de sinonímia.

Jack and Jill went to the mountains. Antônimas  são palavras com significados opostos ou quase
The water was warm, but I didn’t enter. opostos. O estado de ser antônimo é chamado de antonímia.
I went swimming although it was cold.
Russia is a beautiful country. It’s very cold, though. Estudos e prática mostram que aprender palavras combinadas
I don’t care what you did as long as you love me. com outras melhora nossa retenção. E também que é preciso mui-
He is so strong that broke the brick with his fist. ta, muita repetição. Ler em voz alta também ajuda.

A seguinte lista de antônimos (opostos) está apresentada por


ordem alfabética, como grupos. Cada grupo geralmente vai das
palavras mais fáceis às mais difíceis. Bom estudo e boa retenção!

Absence presence
Accept refuse
Accurate inaccurate
Advantage disadvantage
Alive dead
Always never
Ancient modern

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA INGLESA
Answer question, query Demand supply
Approval disapproval Despair hope
Abundant scarce Disappear appear
Admit deny Disease health
Advance retreat, retire Discourage encourage
Artificial natural Dismal cheerful
Arrival departure Doctor patient
Ascend descend Dry wet
Attack defense Dull clear, bright
Attractive repulsive Dusk dawn
Attention inattention Early late
Asleep awake Easy difficult
Ally enemy Ebb flow
Agree disagree East West
Bad good Economise waste
Backward forward, onward Encourage discourage
Bend straighten Entrance exit
Beautiful ugly Employer employee
Beginning ending Empty full
Below above Excited calm
Bent straight End beginning
Big small, little Expand contract
Blunt sharp Expensive inexpensive, cheap
Better worse Export import
Best worst Exterior interior
Blame praise External internal
Bless curse Fail succeed
Bitter sweet False true
Borrow lend Foolish wise
Bravery cowardice Fast slow
Build destroy, demolish Few many
Bold timid, meek Famous unknown
Bright dull Forelegs hind legs
Broad narrow Fat thin
Clear vague, cloudy Find lose
Careful rush, careless First last
Calm troubled Freedom captivity
Capable incapable Fold unfold
Captivity freedom, liberty Frequent seldom
Cheap dear, expensive Forget remember
Close distant Found lost
Clever stupid Fresh stale
Cold hot Friend enemy
Combine separate Fortunate unfortunate
Clockwise anti-clockwise Frank secretive
Correct incorrect Full empty
Conceal reveal Generous mean
Come go Gentle rough
Common rare Gather distribute
Comfort discomfort Glad sorry
Courage cowardice Gloomy cheerful
Cruel kind Giant dwarf, pygmy
Cunning simple Granted refused
Dainty clumsy Great small, little
Danger safety Guardian ward
Dark light Guest host
Deep shallow Guilty innocent
Decrease increase Happy sad, miserable
Definite indefinite Hard soft

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA INGLESA
Harmful harmless Mature immature
Hasten dawdle Maximum minimum
Hate love Me you
Healthy unhealthy, ill, diseased Merry mirthless, sad
Here there Minority majority
Heavy light Miser spendthrift
Height depth Misunderstand understand
Hero coward Narrow wide
Hill valley Near far, distant
Horizontal vertical Neat untidy
Hinder aid, help New old
Honest dishonest Night day
Humble proud Noisy quiet
Hunger thirst North South
Imitation genuine Obedient disobedient
Immense tiny, minute Odd even
Imprison free Offer refuse
Include exclude Open shut
Increase decrease Optimist pessimist
Inhabited uninhabited Out in
Inferior superior Parent child
Inside outside Past present
Intelligent unintelligent, stupid Patient impatient
Inhale exhale Peace war
Interior exterior, outside Permanent temporary
Interesting uninteresting, dull Please displease
Internal external Plentiful scarce
Intentional accidental Possible impossible
Join separate Poverty wealth
Junior senior Powerful feeble, weak
Justice injustice Polite impolite, rude
King queen Private public
Knowledge ignorance Prudent imprudent
Laugh cry Pretty unsightly, ugly
Lawful unlawful Pure impure
Lazy industrious, energetic Qualified unqualified
Land sea Rapid slow
Landlord tenant Regularly irregularly
Large little, small Rich poor
Last first Right wrong, left
Lawyer client Rigid pliable, soft
Lecturer student Rough smooth
Lender borrower Satisfactory unsatisfactory
Lengthen shorten Security insecurity
Left right Scatter collect
Less more Serious trivial
Light dark, heavy Second-hand new
Like dislike, unlike Sense nonsense
Likely unlikely Shopkeeper customer
Leader follower Singular plural
Little large, much, big Simple complicated
Lofty lowly Slim thick, stout
Long short Solid liquid
Loud soft Sober drunk
Loss find, win Speaker listener
Low high Sour sweet
Loyal disloyal Sorrow joy
Mad sane Stand lie
Master servant Straight crooked

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA INGLESA
Strong weak and in 1982, when he campaigned in California for a seat in the
Success failure Senate – and (CONJ) he lost both times, he often conducted him-
Sunny cloudy self as a sort of unelected shadow president. He once said, “There
Take give is not one human problem that (MODAL 1) not be solved if people
Tall short (MODAL 2) simply do as I advise.”
Tame wild
Teacher pupil (Adapted from http://www.nytimes.com/2012/08/01/books/
Thick thin gore-vidal-elegant-writer-dies-at-86.html?_r=1&nl=todaysheadl
Tight slack, loose ines&emc=tha2_20120801)
Top bottom
Transparent opaque 1. As preposições corretas para preencher os espaços (PREP
Truth untruth, lie 1), (PREP 2) e (PREP 3) são respectivamente:
Up down (A) on - in - on
Vacant occupied (B) at - on - in
Valuable valueless (C) on - at - in
Victory defeat (D) at - at - on
Virtue vice (E) in - in – at
Visible invisible
Voluntary compulsory 2. Em quais das alternativas abaixo “some” tem o mesmo
Vowel consonant significado de “He published some 25 novels?”
With without I. The following pages summarize some of the highlights of a
truly eventful year.
QUESTÕES II. This means a lot more tolerance that some would like to
give.
As questões foram retiradas da prova de Inglês do Concurso
III. Just as she was about to excuse herself and leave, a white
Público de ingresso para provimento de cargos de Professor de
woman of some seventy years came up to her.
Ensino Fundamental II e Ensino médio, Setembro de 2012. Ca-
IV. Some researchers have begun questioning whether an
derno de Prova ‘I09’, Tipo ‘001’ da Prefeitura Municipal de São
automatic system is the right choice for this task.
Paulo. (As perguntas foram traduzidas para o Português pelo autor
V. Some marine life was saved by teams of workers remo-
do material).
ving the heavy oil.
VI. Some question whether these are ethical practices.
TEXTO -
Atenção: As questões de números 1 a 7 referem-se ao texto VII. Some 200 different chemicals have been linked to mam-
abaixo. mary tumors in animals and people.
VIII. A few days later her car was found some twenty miles
Prolific, Elegant, Acerbic Writer away.
NYT, August 1, 2012
By CHARLES McGRATH (A) III, VII e VIII.
(B) I, IV e V.
Gore Vidal, the elegant, acerbic all-around man of letters who (C) II, VI e VII.
presided with a certain relish over what he declared to be the end (D) III, IV e V.
of American civilization, died (PREP 1) Tuesday (PREP 2) his (E) II, III e VI.
home (PREP 3) the Hollywood Hills section of Los Angeles, where
he moved in 2003, after years of living in Ravello, Italy. He was 3. O verbo correto para preencher o espaço (VERB 1) é:
86. The cause was complications of pneumonia, his nephew Burr (A) gave.
Steers said by telephone. (B) took.
Mr. Vidal was, at the end of his life, an Augustan figure who (C) made.
believed himself to be the last of a breed, and he was probably (D) did.
right. Few American writers have been more versatile or gotten (E) set.
more mileage from their talent. He published some 25 novels, two
memoirs and several volumes of stylish, magisterial essays. He 4. A conjunção correta para preencher o espaço (CONJ) é:
also wrote plays, television dramas and screenplays. For a while (A) but.
he was even a contract writer at MGM. And he could always be (B) still.
counted on for a spur-of-the-moment aphorism, putdown or shar- (C) yet.
ply worded critique of American foreign policy. Perhaps more than (D) despite.
any other American writer except Norman Mailer or Truman Ca- (E) although.
pote, Mr. Vidal (VERB 1) great pleasure in being a public figure.
He twice ran for office – in 1960, when he was the Democratic
Congressional candidate for the 29th District in upstate New York,

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA INGLESA
5. Os verbos modais corretos para preencher os espaços (MO-
DAL 1) e (MODAL 1) são:
(A) should - will.
(B) must - might.
(C) can - must.
(D) could - would.
(E) would - should.

6. De acordo com o texto, Gore Vidal:


(A) lived in Ravello until his death in 2003.
(B) lived in Los Angeles for 9 years.
(C) moved to Ravello in 2003.
(D) was proud to be an American.
(E) travelled around the world during his lifetime.

7. Podemos deduzir a partir do texto que o autor:


(A) also believes Gore Vidal was a unique writer.
(B) does not agree with Gore Vidal’s way of criticizing Ame-
rican foreign policy.
(C) Normal Mailer and Truman Capote were not as well
known as Gore Vidal.
(D) Gore Vidal was a versatile writer but not very prolific.
(E) Gore Vidal was, in fact, a humble man.

As questões de números 8 e 9 referem-se às frases abaixo.

Forty-eight years is almost enough time (VERB1) a record.


LARISA LATYNINA, a gymnast (REL1) career record of 18 Olym-
pic medals was surpassed by Michael Phelps, (REL2) won gold in
swimming the anchor leg in the 4 x 200 freestyle relay.

(Adapted from http://www.nytimes.com/2012/08/01/sports/


olympics/gymnast-larisa-latynina-is-elegant-reminder-ofolym-
pics-history.html?nl=todaysheadlines&emc=tha3_20120801)

8. O verbo correto para preencher o espaço (VERB1) é:


(A) to hold.
(B) for hold.
(C) for to hold.
(D) to holding.
(E) for to holding.

9. Os pronomes relativos corretos para preencher os espaços


(REL1) e (REL1) são:
(A) who - which.
(B) that - that.
(C) whose - that.
(D) whose - who.
(E) which - who.

GABARITO
1-
2- A
3- B
4- E
5- D
6- B
7- A
8- A
9- D

Didatismo e Conhecimento 35
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO
LÓGICO
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS
a) 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos.
NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS, REAIS
b) 5, 6 e 7 são consecutivos.
E COMPLEXOS (FORMA ALGÉBRICA E c) 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.
FORMA TRIGONOMÉTRICA). OPERAÇÕES,
PROPRIEDADES E APLICAÇÕES. - Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces-
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS, PROGRESSÃO sor (número que vem antes do número dado).
ARITMÉTICA E PROGRESSÃO Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero.
GEOMÉTRICA. a) O antecessor do número m é m-1.
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55.
d) O antecessor de 10 é 9.
Essa imagem mostra todos os conjuntos, sendo
Subconjuntos de N
Vale lembrar que um asterisco, colocado junto à letra que
simboliza um conjunto, significa que o zero foi excluído de tal
conjunto.

ℕ∗ = {1, 2, 3, 4, 5, … . }!
! Números Inteiros
Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero. Este
conjunto pode ser representado por:

ℤ = {… , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, … . }

!
Subconjuntos do conjunto  :
Números Naturais
Os números naturais são o modelo matemático necessário para
efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade,
obtemos os elementos dos números naturais:

N={0,1,2,3,4,5,6,….}

A construção dos Números Naturais


- Todo número natural dado tem um sucessor (número que vem
depois do número dado), considerando também o zero.
Exemplos: Seja m um número natural.
a) O sucessor de m é m+1.
b) O sucessor de 0 é 1. Números Racionais
c) O sucessor de 1 é 2. Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
!
d) O sucessor de 19 é 20. presso na forma ,!onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
!
5 1
- Se um número natural é sucessor de outro, então os dois nú- Assim, os números 5 =
1
! − 0,33333 … . (= − )!
3
são dois exemplos de
meros juntos são chamados números consecutivos. números racionais.
Exemplos:
a) 1 e 2 são números consecutivos. Representação Decimal das Frações
b) 5 e 6 são números consecutivos. p
c) 50 e 51 são números consecutivos. Tomemos um número racional q , tal que p não seja múltiplo
de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão do
- Vários números formam uma coleção de números naturais numerador pelo denominador.
consecutivos se o segundo é sucessor do primeiro, o terceiro é su- Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
cessor do segundo, o quarto é sucessor do terceiro e assim sucessi-
vamente. 1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um núme-
ro finito de algarismos. Decimais Exatos:

Didatismo e Conhecimento 1
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... .
Subtraindo membro a membro, temos:
99x = 512 a x = 512/99
512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
9
Números Reais
A reunião do conjunto dos números irracionais com o dos racio-
nais é o conjunto dos números reais.
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente. Deci-
mais Periódicos ou Dízimas Periódicas:

Operações

1. Adição
Representação Fracionária dos Números Decimais Seu objetivo é reunir em um só os valores de vários números.
Os números cujos valores devem ser reunidos são denominados par-
Trata-se do problema inverso: estando o número racional es- celas.
crito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de fração.
Temos dois casos: Propriedades
Comutativa
1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é Permite comutar(mudar) a ordem das parcelas. Assim:
o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo a+b=b+a
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais 3+5=5+3
do número decimal dado: -5+3=3+(-5)

Associativa
Na adição de três parcelas, é indiferente associar as duas pri-
meiras e posteriormente a terceira, ou associar as duas últimas e pos-
teriormente associar a primeira.
[a+b]+c=a+[b+c]
[2+3]+1=2+[3+1]

Elemento neutro
a+0=0+a=a

2. Subtração
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, A subtração é o ato ou efeito de subtrair algo. É diminuir al-
vamos apresentar o procedimento através de alguns exemplos: guma coisa. O resultado desta operação de subtração denomina-se
diferença ou resto. b+c=a, portanto, c=a-b
Exemplo 1
a é o minuendo; b o subtraendo
Seja a dízima 0, 333... .
No entanto, devemos considerar que a subtração de números
Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os membros por naturais nem sempre é possível. Quando o subtraendo é maior que o
10: 10x = 0,333 minuendo, não temos solução no conjunto dos naturais.
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da segun- 5-7 ∉ N, mas
da: 5-7=-2 ∈
10x – x = 3,333... – 0,333... ⇒ 9x = 3 ⇒ x = 3/9
3. Multiplicação
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração . Podemos interpretar a multiplicação como uma soma de par-
9
celas iguais.
Exemplo 2 bxa=a+a+a+a..

Seja a dízima 5, 1717... .

Didatismo e Conhecimento 2
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Propriedades 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o si-
nal para positivo e inverter o número que está na base. 
Comutativa
Se a e b são dois números naturais, a ordem com que forem
multiplicados não altera o produto:
axb= bxa
3x5=5x3
(-3)x(-5)=(-5)x(-3)=15 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor
5x(-3)=(-3)x5=-15 do expoente, o resultado será igual a zero. 

Associativa
Se a, b e c são números naturais, podemos substituir dois ou
mais fatores pelo produto efetuado sem alterar o resultado:
[axb]xc=ax[bxc] Propriedades
[3x2]x2=3x[2x2]
Elemento Neutro 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mes-
Ax1=1xA ma base, repete-se a base e  adicionar-se (soma) os expoentes.

4. Divisão Exemplos:
Operação inversa à multiplicação. 54 . 53 = 54+3= 57
D=dxq (5.5.5.5) .( 5.5.5)= 5.5.5.5.5.5.5 = 57
Onde,D é o dividendo d é o divisor e q o quociente
2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.
5. Potenciação Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
Os números envolvidos em uma multiplicação são chamados
de fatores e o resultado da multiplicação é o produto, quando os Exemplos:
fatores são todos iguais existe uma forma diferente de fazer a repre- 96 : 92 = 96-2 = 94
sentação dessa multiplicação que é a potenciação. 
2 . 2 . 2 . 2 = 16 → multiplicação de fatores iguais. 3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se
os expoentes.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56

4) (a . b)n = an . bn Quando a base é um produto


(multiplicação),ou quando (a : b)n = an : bn é um quociente (divi-
são).
Exemplos:
(3.5)2 = 32 . 52 = (15)2
Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. 6. Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação
1º = 1
5º = 1

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

31 = 3
41 = 4
Casos
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta
em um número positivo. 1. Se m é par, todo número real positivo tem duas raízes:

4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta


em um número negativo. 2. Se m é ímpar, cada número tem apenas uma raiz:

Didatismo e Conhecimento 3
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
3. n = 1 8 2
Se n = 1, então 1
a=a Observe: 12
38 = 312 = 3 3 = 3 3 2

= 10, porque 101 = 10 Então: 12


38 = 3 3 2 e3 3 2 = 12 38

4. n é par e a < 0 De modo geral, para a ∈ R+ , m ∈ N , n ∈ N * , se p ∈ N * , te-


mos:
Considere como exemplo a raiz quadrada de -36, onde a = -36
n. p
(negativo) e n = 2 (par). n
am = a m. p
Não existe raiz quadrada real de -36, porque não existe número
real que, elevado ao quadrado, dê -36. Se p é divisor de m e n, temos:
n: p
Não existe a raiz real de índice par de um número real negativo. n
am = a m: p
Multiplicando-se ou dividindo-se o índice e o expoente do ra-
Propriedade dos Radicais dicando por um mesmo número natural maior que zero, o valor do
radical não se altera.
1ª Propriedade: Simplificação de Radicais
3
Considere o radical 3 5 3 = 5 3 = 51 = 5 1º Caso

De modo geral, se a ∈ R+ , n ∈ N * , então: O índice do radical e o expoente do radicando têm fator co-
mum. De acordo com a 4ª propriedade dos radicais podemos divi-
n
an = a dir o índice e o expoente pelo fator comum.

O radical de índice n de uma potência com expoente também Exemplo


igual a n dá como resultado a base daquela potência.
Dividindo o índice 9 e o expoente 3 e 6 por 3, temos:
2ª Propriedade:
1 1 1 9
2 3.a 6 = 9:3 2 3:3.a 6:3 = 3 2a 2
Observe: 3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5
2º Caso
*
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N , então:
Os expoentes dos fatores do radicando são múltiplos do índi-
n
a.b = n a .n b ce. Considere o radical n a n. p , com a ∈ R+ , n ∈ N * e p ∈ Z .
Temos:
n. p
O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado
é igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do
n
a n. p = a n
= ap
radicando.
Assim, podemos dizer que, num radical, os fatores do radican-
3ª Propriedade: do cujos expoentes são múltiplos do índice podem ser colocados
fora do radical, tendo como novo expoente o quociente entre o
1 1
expoente e o índice.
Observe: 2  2 2 22 2
=  = 1 =
3 3 3 Exemplo
32
81a 2 b 8 = 3 4.a 2 .b 8 = 3 4 . a 2 . b 8 = 3 2.a.b 4
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R + , n ∈ N , então:
81a 2 b 8 = 3 4.a 2 .b 8 = 3 4 . a 2 . b 8 = 3 2.a.b 4 = 9ab 4
a na
n =
b nb
3º Caso

O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indica- Os expoentes dos fatores do radicando são maiores que o ín-
do é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos dice, mas não múltiplos deste. Transforma-se o radicando num
do radicando. produto de potências de mesma base, sendo um dos expoentes
múltiplos do índice;
4ª Propriedade:

Didatismo e Conhecimento 4
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo Conjugado de um número complexo
Sendo z=a+bi, chama-se conjugado de z o número complexo
que se obtém trocando o sinal da parte imaginária de z.
a 5 .b 3 = a 4 .a.b 2 .b = a 4 .b 2 . a.b = a 2b ab
z=
̅ a-bi
Números Complexos
Algumas equações não tem solução no conjunto dos números Exemplo
reais.
Exemplo z=4+5i→z =
̅ 4-5i

Operações com números complexos

1. Adição
Para somarmos dois números complexos basta somarmos, se-
Mas, se tivermos um conjunto para o qual admita a existência paradamente, as partes reais e imaginárias desses números. Assim,
de √(-1 ), a equação passará a ter solução não-vazia. se z=a+bi e z2=c+di, temos que:
Esse conjunto é o dos números complexos e convenciona-se z1+z2=(a+c) + (b+d)i
que i=√(-1).
Solucionando então, o exemplo acima: 2. Subtração
Para subtrairmos dois números complexos basta subtrairmos,
separadamente, as partes reais e imaginárias desses números. Assim,
se z=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1-z2=(a-c) + (b-d)i

3. Multiplicação
O número √(-1) , foi denominado unidade imaginária, devido Para multiplicarmos dois números complexos basta efetuarmos
à desconfiança que os matemáticos tinham dessa nova criação. a multiplicação de dois binômios, observando os valores das potên-
Para simplificar a notação: cia de i. Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1.z2 = a.c + adi + bci + bdi2
i2=-1 z1.z2= a.c + bdi2 = adi + bci
z1.z2= (ac - bd) + (ad + bc)i
Assim, no conjunto dos números complexos, as equações do 2º Observar que : i2= -1
grau com ∆ < 0 possuem solução não-vazia.
4. Divisão
Conjunto dos números complexos Para dividirmos dois números complexos basta multiplicarmos
O conjunto C dos números complexos é aquele formado pelos o numerador e o denominador pelo conjugado do denominador. As-
números que podem ser expressos na forma: sim, se z1= a + bi e z2= c + di, temos que:

z=a+bi,em que a∈R,b∈R e i=√(-1)

C={z=a+bi│a∈R,b∈R,i=√(-1)}

A forma z=a+bi é denominada forma algébrica de um número


complexo em que a é a parte real e b a parte imaginária.
Se a parte imaginária do número complexo é nula, então o nú-
mero é real.

z=a+0i→z=a(z é real) 5. Potenciação


Efetuando algumas potências de in, com n∈N, podemos obter
Se a parte real do número complexo é nula e a parte imaginária um critério para determinar uma potência genérica de i:
é diferente de zero, então o número é imaginário puro.
i0 = 1
z=0+bi→z=bi (z é imaginário puro,com b≠0) i1 = i
i2 = -1
Igualdade de números complexos i3 = i2.i = -1.i = -i
Dois números complexos são iguais se, e somente se, suas par- i4 = i2.i2=-1.-1=1
tes reais e imaginárias forem respectivamente iguais. i5 = i4. 1=1.i= i
i6 = i5. i =i.i=i2=-1
a+bi=c+di se,e somente se, i7 = i6. i =(-1).i=-i ......

Didatismo e Conhecimento 5
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Assim, para obter a potência in, basta calcular ir em que r é o Operações com Complexos na Forma Trigonométrica
resto da divisão de n por 4.
Dados os complexos:
Exemplo

i 23⇒23/4=5 e resto 3 então:i23=i3=-i


Multiplicação
Módulo e Argumento de um Número Complexo

Divisão

Potenciação
Sendo: z=ρ(cos θ + i ∙ sen θ) e n um número inteiro maior que
1, temos:

Radiciação
Do triângulo retângulo, temos: Denomina-se raiz enésima do número complexo a todo núme-
ro complexo w, tal que wn=z, para n=1, 2, 3,...

Para k=0,1, 2, 3,...temos:


A distância de ρ de P até a origem O é denominada módulo de
z, e indicamos:

Aplicações
Denomina-se argumento do complexo z não-nulo, a medida do
ângulo formado por (OP) com o semi-eixo real Ox. 1) No dia do lançamento de um prédio de apartamentos,  desses
O argumento que pertence ao intervalo [0,2π[ é denominado apartamentos foi vendido e  foi reservado. Assim:
argumento principal e é representado por: θ = arg (z) a) Qual a fração dos apartamentos que foi vendida e reservada?
b) Qual a fração que corresponde aos apartamentos que não fo-
Observe que: ram vendidos ou reservados?

Solução

Os números ρ e θ são as coordenadas polares do ponto P(a,b).

Forma Trigonométrica
2) Em um pacote há  de 1 Kg de açúcar. Em outro pacote há
Todo número complexo z=a+bi, não0nulo, pode sr expresso em . Quantos quilos de açúcar o primeiro pacote tem a mais que o
função do módulo, do seno e do cosseno do argumento z: segundo?

Solução:

3) Ana está lendo um livro. Em um dia ela leu do livro e no dia


seguinte leu do livro. Então calcule:
Substituindo, temos:
a) A fração do livro que ela já leu.
z=a+bi b) A fração do livro que falta para ela terminar a leitura.

Didatismo e Conhecimento 6
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à
soma dos extremos.

!! + !! = !! + !!!! = !! + !!!!
!
Termo Geral da PA
4)Resolva a equação em C: Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
seguinte forma:
x²-6 x+10=0

Solução

Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro


número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade.

!! = !! + ! − 1 !!
!
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34).
Sequências 6 e 34 são extremos, cuja soma é 40
Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
posição, temos uma sequência. O primeiro termo da sequência é in-
dicado por a1,o segundo por a2, e o n-ésimo por an.

Termo Geral de uma Sequência Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre-
Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de mos é igual à soma dos extremos.
formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal-
sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do termo cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética.
com sua posição.
!! + !! !
Para a posição n(n ∈ N*), podemos escrever an=f(n) !! =
2
!
Progressão Aritmética
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma cons-
tante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da PA.
!! = !!!! + !! ! ≥ 2
!
Exemplo
Exemplo Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é
A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5: igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?
Solução
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão:
Classificação
As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
com o valor da razão r.
r<0, PA decrescente
r>0, PA crescente
r=0 PA constante Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes dos
extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos. Como
Propriedades das Progressões Aritméticas esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo central tem
-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média exatamente o valor de metade da soma dos extremos.
aritmética entre o anterior e o posterior. Em notação matemática temos:
!!!! + !!!! !! + !!"
!! = , (! ≥ 2) = !!"
2 2
!

Didatismo e Conhecimento 7
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
!! + 176 Exemplo
= 81 Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
2
! a) A soma dos 6 primeiros termos
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
29524
Assim sendo:
Solução
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

Progressão Geométrica
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
por uma constante q, chamada razão da PG.

Exemplo
Dada a sequência: (4, 8, 16)

Classificação
Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita
As classificações geométricas são classificadas assim:
1º Caso:-1<q<1
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto !!
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1. !! = !"#$!!"#!"#
1−!
- Decrescente: Quando cada termo é menor que ! o anterior. Isto
Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é
ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
convergente.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao do
anterior. Isto ocorre quando q < 0.
2º Caso: ! > 1
- Constante: Quando todos os termos são ! iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di-
A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
vergente
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
3º Caso:
quando a1 = 0 ou q = 0.
Também não possui soma finita, portanto divergente
Termo Geral da PG
Produto dos termos de uma PG finita
Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é !
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é !! = !! ∙ !! !
a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
menos uma unidade.
!
Exercícios
1) Considere a PA(100, 93, 86,...). Determine a posição do
termo de valor 37.

2) O dono de uma fábrica pretende iniciar a produção com


2000 unidades mensais e, a cada mês, produzir 175 unidades a mais.
Portanto, o termo geral é:
Mantidas essas condições, em um ano quantas unidades a fábrica
!! = !! ∙ ! !!! terá que produzir no total?

3) Ao financiar uma casa no total de 20 anos, Carlos fechou


Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita
o seguinte contrato com a financeira: para cada ano, o valor das 12
Seja a PG finita de razão q e de soma dos termos Sn:
prestações deve ser igual e o valor da prestação mensal em um de-
1º Caso: q=1
terminado ano é R$ 50,00 a mais que o valor pago, mensalmente,
!! = ! ∙ !! no ano anterior. Considerando que o valor da prestação no primeiro
ano é de R$ 150,00, determine o valor da prestação no último ano. 
2º Caso: q≠1
!! !! − 1 4) A medida do lado, o perímetro e a área de um quadrado
!! =
!−1 estão, nessa ordem, em progressão geométrica. Qual a área do qua-
drado?

Didatismo e Conhecimento 8
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
5) Comprei um automóvel e vou pagá-lo em 7 prestações
crescentes, de modo que a primeira prestação seja de 100 reais e ÁLGEBRA: EXPRESSÕES ALGÉBRICAS.
cada uma das seguintes seja o dobro da anterior. Qual é o preço do
POLINÔMIOS: OPERAÇÕES E
automóvel?
PROPRIEDADES. EQUAÇÕES POLINOMIAIS
Respostas E INEQUAÇÕES RELACIONADAS.

Expressões Algébricas
As expressões algébricas são estruturas matemáticas formadas
por números, letras e sinais operatórios.

Monômios
As expressões algébricas que não representam as operações de
adição e subtração entre os números e as variáveis, são denominadas
de monômios.
Observe os exemplos:
 6x, 3x²y², ab, 10
 A parte numérica de uma expressão algébrica chamada de mo-
nômios é denominada coeficiente e a outra parte da sentença forma-
da por letras é chamada de parte literal.

Polinômios
Existe pelo menos uma operação de adição ou subtração na ex-
3) pressão
an = a1 + (n – 1)r Exemplo
a20 = 150 + (20 – 1)50 6x+y, 5xy³+6x+10, 2x³+5x²y+6xy²+5
a20 = 150 + 19 ⋅50
a20 = 150 + 950 Operações
a20 = 1100
1. Adição ou Subtração de Monômios
O valor da prestação no último ano será de R$ 1 100,00. Para somar ou subtrair de monômios, devemos primeiramente
eliminar os parênteses e depois realizar as operações. Só podemos
realizar as operações em termos semelhantes, ou seja, que tenham a
mesma variável e coeficiente.
Exemplos:
2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z
x+(-7x)=-6x

2. Multiplicação
Para multiplicar monômios, deve-se primeiramente multipli-
Portanto, a área é 16⋅16=256 car os valores numéricos observando com muito cuidado a regra de
multiplicação dos sinais, multiplicar as potências literais de mesma
base e escrever a resposta de uma forma simplificada
Exemplos
-(4x²y).(2xy) = -8x³y
a (x + y) = ax + ay

3. Divisão
Para dividir monômios, deve-se primeiramente dividir os valo-
res numéricos observando com muito cuidado a regra de divisão dos
O preço do automóvel é R$12700,00 sinais, dividir as potências literais de mesma base

Exemplo
(4x²y)÷(2xy) = 2x
(6x³ - 8x) 2x = 3x² - 4

Polinômios
Denomina-se polinômio a função:

Didatismo e Conhecimento 9
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO

! ! = !! ! ! + !!!! ! !!! + !!!! ! !!! + ⋯ + !!Multiplicação


! + !! de Polinômios
Para obter o produto de dois polinômios, multiplicamos cada
!! termo de um deles por todos os termos do outro, somando os coe-
!! + !!!! ! !!! + !!!! ! !!! + ⋯ + !! ! + !!
ficientes.

Grau de um polinômio Exemplo


Se an ≠0, o expoente máximo n é dito grau do polinômio. Indi-
camos: gr(P)=n
Exemplo
P(x)=7 gr(P)=0
P(x)=7x+1 gr(P)=1

Valor Numérico
O valor numérico de um polinômio P(x), para x=a, é o número
que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações.
Exemplo
P(x)=x³+x²+1 , o valor numérico para P(x), para x=2 é:
P(2)=2³+2²+1=13
O número a é denominado raiz de P(x).
Propriedades
Igualdade de polinômios Associativa
Os polinômios p e q em P(x), definidos por: Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:
P(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn (p · q) · r = p · (q · r)
Q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn
Comutativa
São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que:
ak = bk p·q=q·p

Adição e Subtração de Polinômios Elemento nulo


Para somar dois polinômios, adicionamos os termos com expo- Existe um polinômio po(x) = 0 tal que
entes de mesmo grau. Da mesma forma, para obter a diferença de po · p = po, qualquer que seja p em P[x].
dois polinômios, subtraímos os termos com expoentes de mesmo
grau. Elemento Identidade
Existe um polinômio p1(x) = 1 tal que
Exemplo po · p = po, qualquer que seja p em P[x]. A unidade polinomial é
simplesmente denotada por p1 = 1.

Existe uma propriedade mista ligando a soma e o produto de


polinômios:

Distributiva
Propriedades
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:
Associativa
p · (q + r) = p · q + p · r
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:
(p + q) + r = p + (q + r)
Com as propriedades relacionadas com a soma e o produto, a
Comutativa estrutura matemática (P[x],+,·) é denominada anel comutativo com
Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que: identidade.
p+q=q+p
Divisão de Polinômios
Elemento neutro Considere P(x) e D(x), não-nulos, tais que o grau de P(x) seja
Existe um polinômio po (x) = 0 tal que: maior ou igual ao grau de D(x). Nessas condições, podemos efetuar
po + p = p, qualquer que seja p em P[x]. a divisão de P(x) por D(x), encontrando o polinômio Q(x) e R(x):

Elemento oposto P(x)=D(x)⋅Q(x)+R(x)


Para cada p em P[x], existe outro polinômio q = -p em P[x] tal P(x)=dividendo
que p + q = 0 Q(x)=quociente
Com estas propriedades, a estrutura (P[x],+) é denominada um D(x)=divisor
grupo comutativo. R(x)=resto

Didatismo e Conhecimento 10
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Método da Chave Algoritmo de Briot-Ruffini
Passos Consiste em um dispositivo prático para efetuar a divisão de um
1. Ordenamos os polinômios segundo as potências decres- polinômio P(x) por um binômio D(x)=x-a
centes de x.
2. Dividimos o primeiro termo de P(x) pelo primeiro de Exemplo
D(x), obtendo o primeiro termo de Q(x). Divida P(x)=3x³-5x+x-2 por D(x)=x-2
3. Multiplicamos o termo obtido pelo divisor D(x) e subtra-
ímos de P(x). Solução
4. Continuamos até obter um resto de grau menor que o de Passos
D(x), ou resto nulo. -Dispõem-se todos os coeficientes de P(x) na chave
-Colocar a esquerda a raiz de D(x)=x-a=0.
Exemplo -Abaixar o primeiro coeficiente. Em seguida multiplica-se pela
Divida os polinômios P(x)=6x³-13x²+x+3 por D(x)=2x³-3x-1 raiz a e soma-se o resultado ao segundo coeficiente de P(x), obtendo
o segundo coeficiente. E assim sucessivamente.

Método de Descartes
Consiste basicamente na determinação dos coeficientes do quo- Portanto, Q(x)=3x²+x+3 e R(x)=4
ciente e do resto a partir da identidade:
Equação Polinomial
! ! =! ! ∙! ! +! ! Denomina-se equação polinomial de grau n, na variável x∈C,
toda equação que pode ser reduzida à forma:
Exemplo
Divida P(x)=x³-4x²+7x-3 por D(x)=x²-3x+2 !! ! ! + !!!! ! !!! + !!!! ! !!! + ⋯ + !! ! + !! = 0
!
Solução Exemplos
Devemos encontrar Q(x) e R(x) tais que: 3x-4=0
X³+x²-x+1=0
! ! − 4! ! + 7! − 3 = ! ! − 3! + 2 ∙ ! ! + ! !
! Teorema Fundamental da Álgebra
Vamos analisar os graus: Toda equação polinomial de grau n, com n≥1, tem pelo menos
uma raiz complexa.

Inequações Polinomiais
A inequação é caracterizada pelos sinais de maior (>), menor
Como Gr( R) < Gr(D), devemos impor Gr(R )=Gr(D)-1=2-1=1 (<), maior ou igual (≥) e menor ou igual (≤). 

Exemplo
Resolva a inequação:
a) 4x -20 > 12
Solução

4x>32
Para que haja igualdade: x>8

Exercícios
1) Considerando os polinômios –2x² + 5x – 2 e –3x³ + 2x –
1. Efetue a adição e a subtração entre eles.

2) Divida P(x)= 8x3 + 24x2 + 32x + 16 = 0  por D(x)=x+1=0


pelo método Briot-=Ruffini.

Didatismo e Conhecimento 11
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
3) Efetue a multiplicação de polinômio (x – 1) x (x2 + 2x - 6) 
por polinômio. FUNÇÕES: GENERALIDADES.
FUNÇÕES ELEMENTARES: 1ª GRAU,
4) Qual o valor numérico do polinômio p(x) = x3 - 5x + 2 para x = -1?
2ª GRAU, MODULAR, EXPONENCIAL
5) Qual a soma dos coeficientes do polinômio T(x) = (5x + E LOGARÍTMICA, GRÁFICOS.
1)4? PROPRIEDADES.

Respostas
1) Solução: Adição
(–2x² + 5x – 2) + (–3x³ + 2x – 1) → eliminar os parênteses Generalidades
fazendo o jogo de sinal Dados dois conjuntos A e B, não-vazios, função é uma relação
–2x² + 5x – 2 – 3x³ + 2x – 1 → reduzir os termos semelhantes binária de A em B de tal maneira que todo elemento x, pertencente
–2x² + 7x – 3x³ – 3 → ordenar de forma decrescente de acordo ao conjunto A, tem para si um único correspondente y, pertencente
com a potência ao conjunto B, que é chamado de imagem de x.
–3x³ – 2x² + 7x – 3.

Subtração
(–2x² + 5x – 2) – (–3x³ + 2x – 1) → eliminar os parênteses rea-
lizando o jogo de sinal
–2x² + 5x – 2 + 3x³ – 2x + 1 → reduzir os termos semelhantes
–2x² + 3x – 1 + 3x³ → ordenar de forma decrescente de acordo
com a potência
3x³ – 2x² + 3x – 1

2)
Notemos que, para uma relação binária dos conjuntos A e B,
nesta ordem, representarem uma função é preciso que:
Q(x)=8x²+16x+16
R(x)=0 - Todo elemento do conjunto A tenha algum correspondente
(imagem) no conjunto B;
3) Resposta “x³ + x² – 8x + 6”. - Para cada elemento do conjunto A exista um único correspon-
Solução: dente (imagem) no conjunto B.

(x – 1) . (x2 + 2x - 6)  Assim como em relação, usamos para as funções, que são rela-
x2 . (x – 1) + 2x . (x – 1) – 6 . (x – 1) ções especiais, a seguinte linguagem:
(x³ – x²) + (2x² – 2x) – (6x – 6)
x³ – x² + 2x² – 2x – 6x + 6 → reduzindo os termos semelhantes. Domínio: Conjunto dos elementos que possuem imagem. Por-
x³ + x² – 8x + 6. tanto, todo o conjunto A, ou seja, D = A.

4) Resposta “6”. Contradomínio: Conjunto dos elementos que se colocam à


Solução: Teremos, substituindo a variável x por x = -1 → p(-1) disposição para serem ou não imagem dos elementos de A. Portanto,
= (-1)3 - 5(-1) + 2 = -1 + 5 + 2 = 6 todo conjunto B, ou seja, CD = B.
 p(-1) = 6.
Conjunto Imagem: Subconjunto do conjunto B formado por
5) Resposta “1296”. todos os elementos que são imagens dos elementos do conjunto A,
Solução: Teremos: ou seja, no exemplo anterior: Im = {a, b, c}.
Para x = 1: 
S = T(1) = (5.1 + 1)4 = 64 = 6 . 6 . 6 . 6 = 1296.

Didatismo e Conhecimento 12
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos Função Crescente – a > 0
de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun-
ção f(x) = ax + b.

Note que para definir a função do 1° grau, basta haver uma ex-
pressão algébrica do 1° grau. Como dito anteriormente, o objetivo
da função é relacionar para cada valor de x um valor para o f(x).
Vejamos um exemplo para a função f(x)= x – 2.

x = 1, temos que f(1) = 1 – 2 = –1

x = 4, temos que f(4) = 4 – 2 = 2

Note que os valores numéricos mudam conforme o valor de x


é alterado, sendo assim obtemos diversos pares ordenados, constitu- Função Decrescente – a < 0
ídos da seguinte maneira: (x, f(x)). Veja que para cada coordenada
x, iremos obter uma coordenada f(x). Isso auxilia na construção de
gráficos das funções.

Portanto, para que o estudo das funções do 1° grau seja reali-


zado com sucesso, compreenda bem a construção de um gráfico e a
manipulação algébrica das incógnitas e dos coeficientes.

Estudo dos Sinais

Definimos função como relação entre duas grandezas repre-


sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax +
b, onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero.
Raiz da função
Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficiente pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e caso representação gráfica a seguir:
ele tenha sinal negativo, a função é decrescente.

Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz


de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base
na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando
o valor de x (raiz da função). Veja:

y = ax + b

y=0

ax + b = 0

Didatismo e Conhecimento 13
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
ax = –b Para que eles sejam equivalentes: 

x = –b/a g(x) = f(x) 

Portanto, para calcularmos a raiz de uma função do 1º grau, 25x + 110 = 20x + 140
basta utilizar a expressão x = –b/a.
25x – 20x = 140 – 110 
Aplicações
5x = 30 
Exemplo1 
x = 30/5 
Umapessoavaiescolherumplanodesaúdeentreduasopções:AeB. 
Condições dos planos:  x = 6 

Plano A: cobra um valor fixo mensal de R$ 140,00 e R$ 20,00 O plano mais econômico será: 
por consulta num certo período. 
Plano A = quando o número de consultas for maior que 6. 
Plano B: cobra um valor fixo mensal de R$ 110,00 e R$ 25,00 Plano B = quando número de consultas for menor que 6. 
por consulta num certo período.
Temos que o gasto total de cada plano é dado em função do Os dois planos serão equivalentes quando o número de consul-
número de consultas x dentro do período pré – estabelecido.  tas for igual a 6. 
Vamos determinar:  2) Um motorista de táxi cobra R$ 4,50 de bandeirada mais R$
0,90 por quilômetro rodado. Sabendo que o preço a pagar é dado
a)A função correspondente a cada plano. 
em função do número de quilômetros rodados, calcule o preço a ser
pago por uma corrida em que se percorreu 22 quilômetros? 
b) Em qual situação o plano A é mais econômico; o plano B é
mais econômico; os dois se equivalem. 
Resolução
a) Plano A: f(x) = 20x + 140 
f(x) = 0,9x + 4,5
Plano B: g(x) = 25x + 110
f(22) = 0,9*22 + 4,5 
b) Para que o plano A seja mais econômico:
f(22) = 19,8 + 4,5 
g(x) > f(x) 
f(22) = 24,3 
25x + 110 > 20x + 140 
O preço a pagar por uma corrida que percorreu 22 quilômetros
25x – 20x > 140 – 110 é de R$ 24,30.

5x > 30  Função Quadrática


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo
x > 30/5 grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
x > 6  É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e
deve ser o maior termo.
Para que o Plano B seja mais econômico: 
Considerações
g(x) < f(x)  Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se
25x + 110 < 20x + 140 a<0

25x – 20x < 140 – 110

5x < 30 

x < 30/5 

x < 6 

Didatismo e Conhecimento 14
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Relação do na função Imagem
Quando a parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em O conjunto-imagem Im da função y = ax2 + bx + c,  a  0, é o
dois pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equa- conjunto dos valores que y pode assumir. Há duas possibilidades:
ção ax²+bx+c=0
1ª - quando a > 0,
Quando ∆= 0 , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no
ponto

a>0
Repare que, quando tivermos o discriminante ∆=0, as duas raí-
zes da equação ax²+bx+c=0 são iguais a .

!
− !
2!

Se ∆<0, a parábola y=ax²+bx+c não intercepta o eixo.

Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e


um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade
voltada para baixo e um ponto de máximo V. 

Em qualquer caso, as coordenadas de V são  . Veja


os gráficos:

2ª quando a < 0,

a<0

Didatismo e Conhecimento 15
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo

Vamos construir o gráfico da função y = x2 + x:

Primeiro atribuímos a x alguns valores, depois calculamos o


valor correspondente de y e, em seguida, ligamos os pontos assim
obtidos.

x Y
-3 6
-2 2
-1 0
Função decrescente
0 0
1 2 Se   temos uma função exponencial decrescen-
te em todo o domínio da função.
2 6 Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
é decrescente.

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)
O número e é um número irracional e positivo e em função da
Função exponencial definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1
A expressão matemática que define a função exponencial é uma Este número é denotado por e em homenagem ao matemático
potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e dife- suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
rente de 1 e o expoente é uma variável. propriedades desse número.
Função crescente O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:
e = 2,7182818284
Se   temos uma função exponencial crescente, qual- Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser
quer que seja o valor real de x. escrita como a potência de base e com expoente x, isto é: 
ex = exp(x)
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida Propriedades da função exponencial
que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos que Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
a curva da função é crescente. racional, então:
• ax ay= ax + y
• ax / ay= ax - y
• (ax) y= ax.y
• (a b)x = ax bx
• (a / b)x = ax / bx
• a-x = 1 / ax  

Didatismo e Conhecimento 16
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Aplicações
Geralmente, o crescimento de determinados seres vivos mi-
croscópicos, como as bactérias, acontece exponencialmente. Dessa
forma, é comum o uso de funções exponenciais relacionado a pro-
blemas dessa natureza.
A decomposição ou desintegração de determinadas substâncias É importante salientar que toda equação linear tem incógnitas
também acontece segundo um padrão exponencial. A chamada meia de primeiro grau, isto é, os expoentes das incógnitas são iguais a 1.
vida de uma substância é o tempo necessário para que ela reduza a Sempre que o termo independente de uma equação linear é
sua massa pela metade. Eis aqui outro caso de aplicação das funções zero, ela é chamada equação linear homogênea.
exponenciais. Toda sequência ordenada de números reais que verifica uma
equação linear é chamada solução da equação. Assim, uma se-
Exemplo quência será solução da equação linear
O número de bactérias em um meio duplica de hora em hora.
Se, inicialmente, existem 8 bactérias no meio, ao fim de 10 horas o
número de bactérias será:

Exemplo

Tem como uma de suas soluções (2, 1, 0)

Sistema de equações lineares


Resolução: Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m
No tempo t = 0, o número de bactérias é igual a 8. equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.
No tempo t = 1, o número de bactérias é dado por 8.2 = 16.
No tempo t = 2, o número de bactérias é dado por 8.2.2 = 32.
Assim, no tempo t = x, o número de bactérias é dada por .

Logo, no tempo desejado, ou seja, ao fim de 10 horas, o número


de bactérias será de  .

Resposta: E.

SISTEMAS LINEARES, MATRIZES E Em que:


DETERMINANTES: PROPRIEDADES,
APLICAÇÕES.

Equações Lineares Sistema Linear 2 x 2

Equação Linear é toda equação do tipo Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de equações line-
ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

Em que: a1 x + b1 y = c1

a2 + b2 y = c2

Sistema Linear 3x3

Didatismo e Conhecimento 17
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Sistemas Lineares equivalentes Exemplo
Sistema 2x2 escalonado.
Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução
são ditos equivalentes. Por exemplo:

Sistema 3x3
A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
tem dois e a terceira, apenas um.
São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução
S={(1,2)}

Denominamos solução do sistema linear toda sequência orde-


nada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as equa-
ções do sistema. Sistema 2x3
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equações
do sistema.

Classificação Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento

1. Sistema Possível e Determinado Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro


equivalente pelas seguintes transformações elementares, realizadas
com suas equações:
-trocas as posições de duas equações
-Multiplicar uma das equações por um número real diferente
O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois de 0.
-Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o
resultado a outra equação.
Exemplo

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as


duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
Determinado), pois possui uma única solução.
Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve-
2. Sistema Possível e Indeterminado niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.

esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x e y


assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y podem Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação
assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.  Multiplicando a equação por -2:

3. Sistema Impossível

Somando as duas equações:

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas


equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.
Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In-
Sistema Escalonado cógnitas

Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº de
das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos o
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficiente determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e:
não-nulo da equação anterior. - Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.

Didatismo e Conhecimento 18
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
- Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível.

Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou


impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente
pelo método de eliminação de Gauss.

Exemplos

- Discutir, em função de a, o sistema:


Tipos de Matriz

Matriz linha

Chama-se matriz linha a toda matriz que possui uma única linha.
Resolução Assim, [2 3 7] é uma matriz do tipo 1 x 3.

1 3 Matriz coluna
D= = a−6
2 a Chama-se matriz coluna a toda matriz que possui uma única
coluna.
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6 Assim, 1 ! é uma matriz coluna do tipo 2 x 1.
3

Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado. Matriz quadrada


Para a ≠ 6, temos:
Chama-se matriz quadrada a toda matriz que possui número de
 x + 3 y = 5 linhas igual ao número de colunas. Uma matriz quadrada A do tipo n
x + 3 y = 5 x n é dita matriz quadrada de ordem n e indica-se por An. Exemplo:
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9

Que é um sistema impossível.


Assim, temos: a) Diagonaisa) Diagonal principal é a sequência tais que i=j,
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado) ou seja, (a11, a22, a33,..)
a = 6 → SI (Sistema impossível) b) Diagonal secundária é a sequência dos elementos tais que
i+j=n+1, ou seja, (a1n, a2 n-1,...)
Matriz
Chama-se matriz do tipo m x n, m ∈N* e n∈N*, a toda tabela
de m.n elementos dispostos em m linhas e n colunas.
Indica-se a matriz por uma letra maiúscula e colocar seus ele-
mentos entre parênteses ou entre colchetes como, por exemplo, a
matriz A de ordem 2x3.

Representação da matriz Matriz diagonal


Forma explicita (ou forma de tabela)
A matriz A é representada indicando-se cada um de seus ele- Uma matriz quadrada de ordem n(n>1) é chamada de matriz
mentos por uma letra minúscula acompanhada de dois índices: o diagonal se, e somente se, todos os elementos que não pertencem à
primeiro indica a linha a que pertence o elemento: o segundo indica diagonal principal são iguais a zero.
a coluna a que pertence o elemento, isto é, o elemento da linha i e da
coluna j é indicado por ij.
Assim, a matriz A2 x 3 é representada por:

Matriz identidade
Forma abreviada
A matriz A é dada por (aij)m x n e por uma lei que fornece aij em Uma matriz quadrada de ordem n(n>1) é chamada de matriz
função de i e j. identidade se, e somente se, os elementos da diagonal principal são
A=(aij)2 x 2, onde aij=2i+j iguais a um e os demais são iguais a zero.

Didatismo e Conhecimento 19
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Multiplicação de matrizes

O produto (linha por coluna) de uma matriz A = (aij)m x p por


Matriz nula uma matriz B = (bij)p x n é uma matriz C = (cij)m x n, de modo que cada
elemento cij é obtido multiplicando-se ordenadamente os elementos
É chamada matriz nula se, e somente se, todos os elementos são da linha i de A pelos elementos da coluna j de B, e somando-se os
iguais a zero.
produtos assim obtidos.

Dada as matrizes:
Matriz Transposta

Dada a matriz A=(aij) do tipo m x n, chama-se matriz transposta


de A a matriz do tipo n x m.

Matriz Inversa
Adição de Matrizes
Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Uma matriz B é cha-
Sejam A= (aij), B=(bij) e C=(cij) matrizes do mesmo tipo m x n.
mada inversa de A se, e somente se,
Diz-se que C é a soma de A com B, e indica-se por A+B.

Dada as matrizes:

Exemplo:
Determine a matriz inversa de A.

Propriedades da adição
Comutativa: A + B = B + A
Associativa: (A + B) + C = A + (B + C)
Elemento neutro: A + O = O + A = A
Elemento Oposto: A + (-A) = (-A) + A = O
Transposta da soma: (A + B)t = At + Bt

Subtração de matrizes Determinante


Dada uma matriz quadrada, chama-se determinante o número
Sejam A=(aij), B=(bij) e C=(cij), matrizes do mesmo tipo m x real a ela associado.
n. Diz-se que C é a diferença A-B, se, e somente se, C=A+(-B).
Cálculo do determinante

Multiplicação de um número por uma matriz

Considere:

Didatismo e Conhecimento 20
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Determinante de ordem 3 A=[a11] ⇒ det A=a11
Regra 1:
Repete a primeira e a segunda coluna - Para n ≥ 2:

a11 a12 .... a1n 


a a2 ... a2 n  n
A=   ⇒ det A = a . A

21
1j 1j
.......................  j =1
 
an1 an 2 ... an 

ou seja:
Regra 2 detA = a11.A11+a12.A12+…+a1n.A1n

Então, o determinante de uma matriz quadrada de ordem n, n ≥


2 é a soma dos produtos dos elementos da primeira linha da matriz
pelos respectivos co-fatores.

Exemplos

a11 a12 
Sendo A=   , temos:
detA= a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a32 a21 a13 - a31 a22 a13 -a12 a21 a33 - a32 a21 a2 
a23 a11
detA = a11.A11 + a12.A12, onde:
Cofator ou Complemento algébrico
Em geral, para uma matriz quadrada A=(aij) de ordem n, chama-
-se cofator do elemento aij, e indica-se por Aij, ao produto de (-1)i+j A11 = (-1)1+1.|a22| = a22
⋅detA
.
Exemplo A12 = (-1)1+2.|a21| = a21

Assim:
detA = a11.a22 + a12.(-a21)

detA = a11.a22 - a21.a12

Nota: Observamos que esse valor coincide com a definição vis-


ta anteriormente.

Determinante de uma Matriz de Ordem n

Definição

Vimos até aqui a definição de determinante para matrizes qua-


 2 3 2
dradas de ordem 1, 2 e 3. A11 = (-1) .
1+1 1 4 3 =-11
 
Seja A uma matriz quadrada de ordem n. 3 0 2 

Então: Assim:

- Para n = 1

Didatismo e Conhecimento 21
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Nota: Observamos que quanto mais “zeros” aparecerem na pri-
meira linha, mais o cálculo é facilitado.  1 2 3 1
 0 − 1 2 1 
Teorema de Laplace A= 
 0 7 7 4
 
Seja A uma matriz quadrada de ordem n, n ⇒ 2, seu determi-  0 − 2 − 3 0
nante é a soma dos produtos dos elementos de uma fila (linha ou
coluna) qualquer pelos respectivos co-fatores. Agora, aplicamos o teorema de Laplace na 1ª coluna:

Exemplo
 −1 2 1   −1 2 1
5 0 1 2 detA=1.(-1)1+1.
 7 7 4  =  7 7 4 
3 2 
1 0   − 2 − 3 0  − 2 − 3 0
Sendo A= 
4 1 0 0
  Aplicamos a regra de Sarrus,
3 − 2 2 0

Devemos escolher a 4ª coluna para a aplicação do teorema de


Laplace, pois, neste caso, teremos que calcular apenas um co-fator.

Assim:
detA = 2.A14 + 0.A24 + 0.A34 + 0.A44
det A = (0 – 16 – 21) - ( - 14 + 12 + 0)
detA = 0 – 16 – 21 + 14 – 12 – 0 = -49 + 14
3 2 1 detA = -35

A14=(-1)1+4 4 1 0 =+21

  Uma aplicação do Teorema de Laplace
3 − 2 2 
Sendo A uma matriz triangular, o seu determinante é o produto
detA = 2 . 21 = 42 dos elementos da diagonal principal; podemos verificar isso desen-
volvendo o determinante de A através da 1ª coluna, se ela for trian-
Observações Importantes: No cálculo do determinante de uma gular superior, e através da 1ª linha, se ela for triangular superior, e
matriz de ordem n, recaímos em determinantes de matrizes de ordem através da 1ª linha, se ela for triangular inferior.
n-1, e no cálculo destes, recaímos em determinantes de ordem n-2, e
assim sucessivamente, até recairmos em determinantes de matrizes Assim:
de ordem 3, que calculamos com a regra de Sarrus, por exemplo.

- O cálculo de um determinante fica mais simples, quando esco-


lhemos uma fila com a maior quantidade de zeros.
- A aplicação sucessiva e conveniente do teorema de Jacobi
pode facilitar o cálculo do determinante pelo teorema de Laplace.

Exemplo
 1 2 3 1
 0 −1 2 1 
Calcule det A sendo A= 
− 2 3 1 2
 
 3 4 6 3

A 1ª coluna ou 2ª linha tem a maior quantidade de zeros. Nos


dois casos, se aplicarmos o teorema de Laplace, calcularemos ainda
três co-fatores.

Para facilitar, vamos “fazer aparecer zero”em A31=-2 e A41=3


multiplicando a 1ª linha por 2 e somando com a 3ª e multiplicando
a 1ª linha por -3 e somando com a 4ª linha; fazendo isso, teremos:

Didatismo e Conhecimento 22
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Sabemos que detA=detAt, então:

Que é um determinante de Vandermonde de ordem 3, então:

detA = (4 – 2).(7 – 2).(7 – 4)=2 . 5 . 3 = 30

Determinante de Vandermonde e Regra de Chió O determinante não se altera, quando adicionamos uma fila
qualquer com outra fila paralela multiplicada por um número.
Uma determinante de ordem n ≥ 2 é chamada determinante de
Vandermonde ou determinante das potências se, e somente se, na 1ª Exemplo
linha (coluna) os elementos forem todos iguais a 1; na 2ª, números
abc
quaisquer; na 3ª, os seus quadrados; na 4ª, os seus cubos e assim Considere o determinante detA= d e f
sucessivamente.
g hi
Exemplos Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m, teremos:
- Determinante de Vandermonde de ordem 3

1 1 1
a b c
a 2 b2 c2

- Determinante de Vandermonde de ordem 4

1 1 1 1
a b c d
a2 b2 c2 d 2
Exemplo
a 3 b3 c3 d 3
Vamos calcular o determinante D abaixo.
Os elementos da 2ª linha são denominados elementos carac-
terísticos.

Propriedade

Um determinante de Vandermonde é igual ao produto de todas D = 8 + 0 + 0 – 60 – 0 – 0 = -52


as diferenças que se obtêm subtraindo-se de cada um dos elementos
característicos os elementos precedentes, independente da ordem do Em seguida, vamos multiplicar a 1ª coluna por 2, somar com a
determinante. 3ª coluna e calcular:

Exemplo

Calcule o determinante:

D1 = 48 + 0 + 0 – 100 – 0 – 0 = -52

Propriedades dos Determinantes


P1. O determinante da matriz A é igual ao determinante da sua
transposta.

Didatismo e Conhecimento 23
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
P2. Se todos os elementos situados acima ou abaixo da diagonal Temos
principal de A forem iguais a zero, o determinante de A será igual ao x = 3 * 50 000 
produto dos elementos da diagonal principal. x = 150 000 

P3. Se B é a matriz obtida de A quando uma fila de A é multipli- População da cidade A = 150 000 habitantes 
cada por uma constante k, então:DetB=k.detA População da cidade B = 50 000 habitantes 

P4.Se B é a matriz que se obtém da matriz A quando se trocam Exercícios


entrei si posições de duas filas paralelas, então detB=-det A.
1) Sabendo que = calcule x e y.
P5. (Teorema de Binet) Se a e B são matrizes quadradas de mes-
ma ordem n, então o determinante do produto de A por B é igual ao 3 x − y + z = 5

produto dos determinantes de A e B, isto é: det(AB)=(detA).(detB) 2) Resolver e classificar o sistema:  x + 3 y = 7
2 x + y − 2 z = −4
Aplicações 
1) Um clube promoveu um show de música popular brasi- 3) Determinar m real para que o sistema seja possível e deter-
leira ao qual compareceram 200 pessoas, entre sócios e não sócios. minado.
No total, o valor arrecadado foi de R$ 1 400;00 e todas as pessoas
pagaram ingresso. Sabendo que o preço do ingresso foi R$ 10;00 e
que cada sócio pagou metade desse valor, o número de sócios pre-
sentes ao show é:
(a) 60 (b)80 (c) 100 (d) 150 (e) 200

Solução 4) Escreva a matriz oposta de A = (aij) 2x 2 sabendo que aij = i + j.


Resposta b
Sendo x=sócios e y =não sócios 5) Escreva a matriz transposta A = (aij)3 x 3 dada por aij = i – 2j.

Respostas
1 0 ,!
Multiplicando a primeira equação por -5 1) Como I2 = = , devemos ter x – y = 1 e x + y = 0.
0 1

Somando:
2) Resposta “ S = {(1, 2, 4)}”.
Solução: Calculemos inicialmente D, Dx, Dy e Dz

2) A população de uma cidade A é três vezes maior que a po-


pulação da cidade B. Somando a população das duas cidades temos
o total de 200.000 habitantes. Qual a população da cidade A? 

Indicaremos a população das cidades por uma incógnita (letra


que representará um valor desconhecido). 
Cidade A = x 
Cidade B = y 

Solução
x = 3y 
x + y = 200 000 

Substituindo
x = 3y 
x + y = 200 000 
3y + y = 200 000 
4y = 200 000 
y = 200 000/4 
y = 50 000 
x = 3y , substituindo y = 50 000 

Didatismo e Conhecimento 24
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Como D= -25 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e:
ANÁLISE COMBINATÓRIA: ARRANJOS,
PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES SIMPLES,
BINÔMIO DE NEWTON E PROBABILIDADE
Assim: S = {(1, 2, 4)} e o sistema são possíveis e determinados. EM ESPAÇOS AMOSTRAIS FINITOS.

3) Resposta I2 = 1 0 , !.
0 1
Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D ≠ 0. Análise Combinatória
Assim: A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
problemas de contagem.

Princípio Fundamental da Contagem


Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de um
evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão
E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
Exemplo

Assim: -5m + 15 ≠ 0 → m ≠ 3

Então, os valores reais de m, para que o sistema seja possível e


determinado, são dados pelos elementos do conjunto:

O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças). 3(blu-


sas)=6 maneiras

Fatorial
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecuti-
vos. Para facilitar adotamos o fatorial.
!! = ! ! − 1 ! − 2 … 3 ∙ 2 ∙ 1, (! ∈ !)
! Arranjo Simples
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
sequência de p elementos distintos de E.

Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
algarismos distintos podemos formar?

Didatismo e Conhecimento 25
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que os números obtidos diferem entre si: Números Binomiais
Pela ordem dos elementos: 56 e 65 O número de combinações de n elementos, tomados p a p, tam-
Pelos elementos componentes:56 e 67 bém é representado pelo número binomial . ! !
Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos 3 !
elementos tomados 2 a 2.
Indica-se ! !!
= ,! ≥ ! ≥ 0
! !! ! − ! !
!!
!!,! = !
!−! !
Binomiais Complementares
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos deno-
Permutação Simples minadores é igual ao numerador são iguais:
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E. ! !
O número de permutações simples de n elementos é indicado =
! !−!
por Pn. !
Relação de Stifel
!! = !!
n n−1 !−1
= +
Exemplo ! !−1 !
Quantos anagramas tem a palavra MITO? !
Solução Triângulo de Pascal
A palavra mito tem 4 letras, portanto:

!! = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24
!
Permutação com elementos repetidos
De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

!!
!!!!,!!,!!,..,!! = !!!! ∈ !!!!!! , !! , . . !! ∈ ! ∗
!! ! !! ! !! ! … !! !

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra NATA?
Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 4! Permutações.
Como temos uma letra repetida, esse número será menor.

4! 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
!!! = = = 12
2! 2
!
Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com Binômio de Newton
i elementos é chamado combinação simples.
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma , com
!! n∈N. Vamos desenvolver alguns binômios:
!!,! =
!! ! − ! !
Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução
5! 5! 5 ∙ 4 ∙ 3!
!!,! = = = = 10 Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de
3! 5 − 3 ! 3! ∙ 2! 3! ∙ 2! Pascal.
!

Didatismo e Conhecimento 26
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
3. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra PROVA
foram listadas em ordem alfabética, como se fossem palavras de cin-
co letras em um dicionário. A 73ª palavra nessa lista é
(A) PROVA.
(B) VAPOR.
Probabilidade
(C) RAPOV.
Considere os seguintes experimentos:
(D) ROVAP.
-Lançamento de um dado
(E) RAOPV.
-Lançamento de uma moeda
Mesmo se esses experimentos forem repetidos várias vezes, nas
4. Calcule o número de comissões com 2 professores e 3 alunos
mesmas condições, não poderemos prever o resultado.
que podem ser formadas a partir de um grupo de 5 professores e 8
Um experimento cujo resultado, embora único, é imprevisível,
alunos.
é denominado experimento aleatório.
A Teoria da Probabilidade surgiu para tentar medir a chance de
5.Efetue o desenvolvimento de (x+3)4.
ocorrer um determinado resultado num experimento aleatório.
6. No lançamento de um dado, determinar a probabiliade de se
Espaço Amostral
obter:
O conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento
a)o número 2
aleatório é denominado espaço amostral, que vamos indicar por E.
b)um número par
c) um número múltiplo de 3
-lançamento de um dado: E={1, 2, 3, 4, 5, 6}
-lançamento de uma moeda:E={cara, coroa}
Respostas
Qualquer subconjunto do espaço amostral é chamado evento.
7! 7! 7.6.5.4!
Probabilidade em Espaços Amostrais Finitos
1. !!,! 7 − 3 ! = 4! = ! 4!
= 7.6.5 = 210
Probabilidade de um evento A representa a chance de ocorrer
!
um evento A. O valor p(A) é igual ao número de elementos de A,
2. O número total de jogos a serem realizados é A14,2 = 14 . 13
dividido pelo número de elementos do espaço amostral E.
= 182.
!ú!"#$!!"!!"!#!$%&'!!"!! ! !
! ! = = , 0 ≤ !(!) ≤ 1 3. Se as permutações das letras da palavra PROVA forem lista-
!ú!"#$!!"!!"!#!$%&'!!"!! ! !
das em ordem alfabética, então teremos:
P4 = 24 que começam por A
Exemplo
P4 = 24 que começam por O
Calcule a probabilidade de, jogando um dado ideal, obter um
P4 = 24 que começam por P
número maior que 4.
A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que começa
por R. Ela é RAOPV.
Solução
E={1, 2, 3, 4, 5, 6}
4. Para os professores temos:
Evento:A={5, 6} !!,!
!Para os alunos:C
! ! =2 2 1 8.3
! ! = =
! ! =6 6 3 Portanto o número de comissões é:
!
Exercícios

1. Quantos números de três algarismos distintos podem ser for-


mados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?

2. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 clubes, sendo


a disputa feita em dois turnos, para que cada clube enfrente o outro
no seu campo e no campo deste. O número total de jogos a serem
realizados é:
(A)182
(B) 91
(C)169
(D)196
(E)160

Didatismo e Conhecimento 27
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
5. !" !" !" !"
! ! = ! ! = ! ! = ! ! = !
!! !! !! !!
!
Congruência de Figuras Geométricas
Dois polígonos semelhantes são ditos congruentes quando a
constante de proporcionalidade é igual a 1 (k = 1), isto é, seus ângu-
los e lados correspondentes são congruentes.
Se os polígonos ABCD e A’B’C’D’ são congruentes, escreve-
mos ABCD ≡ A’B’D’C’.

Propriedades
A razão entre os perímetros de dois polígonos semelhantes é
igual à constante de proporcionalidade k.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
GEOMETRIA E MEDIDAS: GEOMETRIA
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
PLANA: FIGURAS GEOMÉTRICAS, correspondentes, então esses triângulos são congruentes.
CONGRUÊNCIA, SEMELHANÇA,
PERÍMETRO E ÁREA. GEOMETRIA
ESPACIAL: PARALELISMO,
PERPENDICULARISMO ENTRE RETAS
E PLANOS, ÁREAS E VOLUMES DOS
SÓLIDOS GEOMÉTRICOS: PRISMA,
PIRÂMIDE, CILINDRO, CONE E ESFERA.
GEOMETRIAANALÍTICANO PLANO: RETAS,
CIRCUNFERÊNCIA E DISTÂNCIAS.
! = !! !!!!!! = !′
!2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Semelhança de Figuras Geométricas Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
Dois polígonos são semelhantes quando tem os ângulos inter- nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então esses
nos correspondentes de mesma medida e os lados correspondentes dois triângulos são semelhantes.
proporcionais.

ABCD~A’B’C’D’(semelhança)

Os ângulos correspondentes são congruentes: !" !"


! ! ! = ! ! ! !!!!!! = !′
A≡A’ B≡B’ C≡C’ D≡D’ ! !
Os lados correspondentes são proporcionais: !

Didatismo e Conhecimento 28
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes.

LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ângulo


Dois triângulos são congruentes quando têm dois lados con-
gruentes e os ângulos formados por eles também são congruentes.

!" !" !"


= =
!! ! ! !! ! ! ! ! ! !
!
Congruência de Triângulos

A ideia de congruência: Duas figuras planas são congruentes


quando têm a mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mes- ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e um lado
mo tamanho. Dois triângulos são congruentes quando têm um lado e dois ân-
Para escrever que dois triângulos ABC e DEF são congruentes, gulos adjacentes a esse lado, respectivamente, congruentes.
usaremos a notação: ABC ~ DEF

Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruência entre


os lados, tal que:
AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e entre os ângulos: A ~ R , B ~ S
,C~T

LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um lado,


um ângulo e um ângulo oposto ao lado.
Dois triângulos são congruentes quando têm um lado, um ân-
gulo, um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse lado respecti-
vamente congruente.

Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, escreve-


mos: ABC ~ RST

Dois triângulos são congruentes, se os seus elementos corres-


pondentes são ordenadamente congruentes, isto é, os três lados e
os três ângulos de cada triângulo têm respectivamente as mesmas
medidas. Perímetro e Área
Para verificar se um triângulo é congruente a outro, não é neces- O perímetro de uma figura plana fechada é o comprimento da
sário saber a medida de todos os seis elementos, basta conhecerem linha que limita a figura.
três elementos, entre os quais esteja presente pelo menos um lado.
Para facilitar o estudo, indicaremos os lados correspondentes con-
gruentes marcados com símbolos gráficos iguais.

Casos de Congruência de Triângulos

LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.


Dois triângulos são congruentes quando têm, respectivamente,
os três lados congruentes. Observe que os elementos congruentes
têm a mesma marca.

Didatismo e Conhecimento 29
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Área de uma figura plana fechada é a extensão que essa figura 1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.
ocupa.

Exemplo 2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares.

1) Determine o perímetro da figura abaixo.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


dentes.

P=3+2+5+2+6+3=21

2) Supondo que a área média ocupada por uma pessoa em


um comício seja de 2500cm², quantas pessoas poderão se reunir em
uma praça retangular que mede 150 metros de comprimento por 50
metros de largura?

Solução

Área da praça:150x50=7500m²
Posição Relativa de Reta e Plano
2500cm²=0,25m² São três situações possíveis:
-reta contida no plano
Então, 7500:0,25=30000 pessoas -concorrente ao plano
-paralela ao plano
Posições Relativas de Duas Retas
Reta Contida no Plano
Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano. Nes-
se caso são chamadas retas coplanares. Podem também não estar
no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas reversas.

Retas Coplanares
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

Reta Concorrente ao Plano


Uma reta e um plano são concorrentes se tiverem um único pon-
-Duas retas concorrentes podem ser: to comum:O ponto P é o ponto de interseção entre a reta e o plano.

Didatismo e Conhecimento 30
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
-Planos Paralelos Distintos
Dois planos distintos são paralelos quando não tiverem ponto
comum.

Reta Paralela ao Plano


Uma reta e um plano são paralelos quando não têm ponto co-
mum.
Se uma reta r é paralela a um plano α, então ela será paralela
ou reversa a qualquer reta do plano, pois, para uma reta s ⊂α, temos
r∩s=∅ Sólidos Geométricos

Para explicar o cálculo do volume de figuras geométricas, pode-


mos pedir que visualizem a seguinte figura:

Posições Relativas de dois planos


As posições relativas de dois planos definem três categorias:

-Planos Coincidentes
Dois planos são coincidentes se tiverem todos os pontos co-
muns.  
a) A  figura representa a planificação de um prisma reto;
b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da
base pela altura do sólido, isto é

c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;


d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma
forma que o volume de um prisma reto.

-Planos Concorrentes Os formulários seguintes, das figuras geométricas são para cal-
Dois planos distintos são concorrentes ou secantes se tiverem cular da mesma forma que as acima apresentadas:
uma reta comum.
Figuras Geométricas:

!∩! =∅→! ∥!

Didatismo e Conhecimento 31
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Em função da inclinação do segmento PQ em relação ao plano
do “chão”, o cilindro será chamado reto ou oblíquo, respectivamen-
te, se o segmento PQ for perpendicular ou oblíquo ao plano que
contém a curva diretriz.

Objetos geométricos em um “cilindro”

Num cilindro, podemos identificar vários elementos:

- Base É a região plana contendo a curva diretriz e todo o seu


interior. Num cilindro existem duas bases.
- Eixo É o segmento de reta que liga os centros das bases do
Cilindros «cilindro».
- Altura A altura de um cilindro é a distância entre os dois pla-
nos paralelos que contêm as bases do “cilindro”.
- Superfície Lateral É o conjunto de todos os pontos do espa-
ço, que não estejam nas bases, obtidos pelo deslocamento paralelo
da geratriz sempre apoiada sobre a curva diretriz.
- Superfície Total É o conjunto de todos os pontos da superfície
lateral reunido com os pontos das bases do cilindro.
Seja P um plano e nele vamos construir um círculo de raio r. - Área lateral É a medida da superfície lateral do cilindro.
Tomemos também um segmento de reta PQ que não seja paralelo ao - Área total É a medida da superfície total do cilindro.
plano P e nem esteja contido neste plano P. - Seção meridiana de um cilindro É uma região poligonal ob-
Um cilindro circular é a reunião de todos os segmentos con- tida pela interseção de um plano vertical que passa pelo centro do
gruentes e paralelos a PQ com uma extremidade no círculo. cilindro com o cilindro.
Observamos que um cilindro é uma superfície no espaço R3,
mas muitas vezes vale a pena considerar o cilindro com a região Classificação dos cilindros circulares
sólida contida dentro do cilindro. Quando nos referirmos ao cilindro
como um sólido usaremos aspas, isto é, “cilindro” e quando for à Cilindro circular oblíquo Apresenta as geratrizes oblíquas em
superfície, simplesmente escreveremos cilindro. relação aos planos das bases.
A reta que contém o segmento PQ é denominada geratriz e a Cilindro circular reto As geratrizes são perpendiculares aos
curva que fica no plano do “chão” é a diretriz. planos das bases. Este tipo de cilindro é também chamado de cilin-
dro de revolução, pois é gerado pela rotação de um retângulo.
Cilindro eqüilátero É um cilindro de revolução cuja seção me-
ridiana é um quadrado.

Volume de um “cilindro”

Em um cilindro, o volume é dado pelo produto da área da base


pela altura.

V = Abase × h

Se a base é um círculo de raio r, então:

V = πr2 h

Áreas lateral e total de um cilindro circular reto

Quando temos um cilindro circular reto, a área lateral é dada


por:
Alat = 2 πr h
onde r é o raio da base e h é a altura do cilindro.

Atot = Alat + 2 Abase

Atot = 2 πr h + 2 πr2

Atot = 2 πr(h+r)

Didatismo e Conhecimento 32
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
O conceito de cone Observação: Para efeito de aplicações, os cones mais impor-
tantes são os cones retos. Em função das bases, os cones recebem
nomes especiais. Por exemplo, um cone é dito circular se a base é
um círculo e é dito elíptico se a base é uma região elíptica.

Observações sobre um cone circular reto


Considere uma região plana limitada por uma curva suave (sem
quinas), fechada e um ponto P fora desse plano. Chamamos de cone 1.  Um cone circular reto é chamado cone de revolução por ser
ao sólido formado pela reunião de todos os segmentos de reta que obtido pela rotação (revolução) de um triângulo retângulo em torno
têm uma extremidade em P e a outra num ponto qualquer da região. de um de seus catetos
2.  A seção meridiana do cone circular reto é a interseção do
Elementos do cone cone com um plano que contém o eixo do cone. No caso acima, a
seção meridiana é a região triangular limitada pelo triângulo isós-
- Base: A base do cone é a região plana contida no interior da celes VAB.
curva, inclusive a própria curva. 3.  Em um cone circular reto, todas as geratrizes são congruen-
- Vértice: O vértice do cone é o ponto P. tes entre si. Se g é a medida de cada geratriz então, pelo Teorema de
- Eixo: Quando a base do cone é uma região que possui centro, Pitágoras, temos: g2 = h2 + R2
o eixo é o segmento de reta que passa pelo vértice P e pelo centro 4.  A Área Lateral de um cone circular reto pode ser obtida em
da base. função de g (medida da geratriz) e R (raio da base do cone):ALat =
- Geratriz: Qualquer segmento que tenha uma extremidade no πRg
vértice do cone e a outra na curva que envolve a base. 5.  A Área total de um cone circular reto pode ser obtida em
função de g (medida da geratriz) e R (raio da base do cone):
- Altura: Distância do vértice do cone ao plano da base. ATotal = π R g + πR2
- Superfície lateral: A superfície lateral do cone é a reunião de
todos os segmentos de reta que tem uma extremidade em P e a outra
na curva que envolve a base.
- Superfície do cone: A superfície do cone é a reunião da super-
fície lateral com a base do cone que é o círculo.

- Seção meridiana: A seção meridiana de um cone é uma re-


gião triangular obtida pela interseção do cone com um plano que
contém o eixo do mesmo.

Classificação do cone Cones Equiláteros

Um cone circular reto é um cone equilátero se a sua seção me-


Quando observamos a posição relativa do eixo em relação à ridiana é uma região triangular equilátera e neste caso a medida da
base, os cones podem ser classificados como retos ou oblíquos. Um geratriz é igual à medida do diâmetro da base.
cone é dito reto quando o eixo é perpendicular ao plano da base e
é oblíquo quando não é um cone reto. Ao lado apresentamos um A área da base do cone é dada por:
cone oblíquo. ABase=π R2

Didatismo e Conhecimento 33
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Pelo Teorema de Pitágoras temos:

(2R)2 = h2 + R2

h2 = 4R2 - R2 = 3R2

Assim:
ℎ=! 3
!
Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto da área da
base pela altura, então:
1
! = ! 3!³
3 Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:
!Como a área lateral pode ser obtida por:
!" !! − !!
tan ! = ⟹ tan ! =
ALat = π R g = π R 2R = 2 πR 2 !" !! − !!
!
então a área total será dada por: 2º caso:

ATotal = 3 π R2

O conceito de esfera

A esfera no espaço R³ é uma superfície muito importante em


função de suas aplicações a problemas da vida. Do ponto de vista
matemático, a esfera no espaço R³ é confundida com o sólido ge-
ométrico (disco esférico) envolvido pela mesma, razão pela quais
muitas pessoas calculam o volume da esfera. Na maioria dos livros
elementares sobre Geometria, a esfera é tratada como se fosse um
sólido, herança da Geometria Euclidiana.

Do triângulo retângulo ABC, vem:

Portanto, para os dois casos, temos:


!! − !!
!=
4 !! − !!
! = !!! !
3 Coeficiente angular
!!
!"!#$ = 4!"²
! Coeficiente angular de uma reta não-perpendicular ao eixo é o
Geometria Analítica valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.
! = tan !
Retas !

Cálculo do coeficiente angular

Consideremos a reta que passa pelos pontos !(!! , !! )! e


!(!! , !! ), ,! com !! ≠ !! ! , e que forma com o eixo um ângulo
de medida .

1º caso: 0! < ! < 90! !

Didatismo e Conhecimento 34
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO

O valor do coeficiente angular varia em função de !!.

Toda equação na forma é chamada equação reduzida da reta,


em que é o coeficiente.
Posições relativas de duas retas
Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

Podemos classifica-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas

As retas e têm o mesmo coeficiente angular.

Assim, para !//!! , temos:

Retas concorrentes

As retas e têm coeficientes angulares diferentes.

A equação fundamental de é dada por: !! ≠ !! ↔ !! ≠ !!


!
Assim, para e concorrentes, temos:
! − !!
!! = → ! − !! = !! (! − !! )
! − !!
Equação reduzida da reta

Vamos determinar a equação da reta que passa por e tem coe-


ficiente angular :

!! !! !! !!
! ! ≠ !! ↔ − ≠− ↔ ≠
!! !! !! !!
!

Didatismo e Conhecimento 35
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Retas perpendiculares

Duas retas, r e s , não-verticais são perpendiculares se, e somen-


te se, os seus coeficientes angulares são tais que .

Como

Então:
1
!! ⊥ ! → !! = − Distância de ponto a reta
!!
E, reciprocamente, se Considere uma reta , de equação , e um ponto não pertencente a
. Pode-se demonstrar que a distância entre e é dada por:
Logo,
1
!! ⊥ ! ↔ !! = −
!!

Ângulo entre duas retas

Conhecendo os coeficientes angulares e de duas retas, e , não


paralelas aos eixos !" ! e !"! , podemos determinar o ângulo
agudo formado entre elas:

Circunferência
Equações da circunferência
Equação reduzida

Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano


equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado
centro da circunferência:

Se uma das retas for vertical, teremos:

Didatismo e Conhecimento 36
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência
circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên- cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0.
cia. Então:
Observando a equação, vemos que ela obedece às duas condi-
ções.
Assim:

1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola-


mos o termo independente

x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6

2º passo: determinamos os termos que completam os quadrados


perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as par-
celas correspondentes

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe- 3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos
rência e permite determinar os elementos essenciais para a constru-
ção da circunferência: as coordenadas do centro e o raio. ( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16

Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori- 4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro e
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2. o raio
 
Equação Geral

 Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral


da circunferência:

Posição de um ponto em relação a uma circunferência

Em relação à circunferência de equação ( x - a )2 + ( y - b )2 = r2,


Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe- o ponto P(m, n) pode ocupar as seguintes posições:
rência de centro C(2, -3) e raio r = 4.

A equação reduzida da circunferência é:

( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16

Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos:

Determinação do centro e do raio da


circunferência, dada a equação geral

Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro-


cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá-la
na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio da
circunferência.

Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:


- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1;
- Não deve existir o termo xy.

Didatismo e Conhecimento 37
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Assim:

Assim, para determinar a posição de um ponto P(m, n) em re-


lação a uma circunferência, basta substituir as coordenadas de P na
expressão (x - a)2 + (y - b)2 - r2:

- se ( m - a)2 + ( n - b)2 - r2 > 0, então P é exterior à circunferência;


- se ( m - a)2 + ( n - b)2 - r2 =    0, então P pertence à circunferência;
- se ( m - a)2 + ( n - b)2 - r2 < 0, então P é interior à circunferência.

Posição de uma reta em relação a uma circunferência

Dadas uma reta s: Ax + Bx + C = 0 e uma circunferência de


equação ( x - a)2 + ( y - b)2 = r2, vamos examinar as posições relativas
entre s e :

Exercícios
1. Dada uma equação reduzida de uma circunferência (x -
1)2 + (y + 4)2 = 9, dizer qual a origem e o raio da circunferência:

2. Para a circunferência de equação x2 + y2 - 6x ? 2y +6 = 0,


observar  posição relativa dos seguintes pontos
a) P(2, 1)
b) Q(5, 1)

3. Dado o cilindro circular equilátero (h = 2r), calcular a área


lateral e a área total.

4.A sombra de um prédio, num terreno plano, numa determi-


nada hora do dia, mede 15 m. Nesse mesmo instante, próximo ao
prédio, a sombra de um poste de altura 5 m mede 3 m. 
Também podemos determinar a posição de uma reta em rela-
ção a uma circunferência calculando a distância da reta ao centro da
circunferência. Assim, dadas a reta s: Ax + By + C = 0 e a circun-
ferência :

(x - a)2 + ( y - b )2 = r2, temos:

A altura do prédio, em metros, é

Didatismo e Conhecimento 38
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
a) 25.
b) 29.
c) 30.
d) 45.
e) 75.
Temos:
Respostas
1. Basta compararmos a equação dada com a equação gené-
rica reduzida de uma circunferência:
x0 = 1
y0 = -4
r2 = 9 → r = 3
Assim a origem está no ponto (1, -4) e ela possui um raio de 3.

2. Solução:
a) 22 + 12 ? 6.2 ? 2.1 +6 = -3 <0
P é interno à circunferência

b) 52 + 12 ? 6.5 ? 2.1 +6 = 0


Q Pertence à circunferência.

3. No cilindro equilátero, a área lateral e a área total é dada


por:
Alat = 2 πr. 2r = 4 πr2
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 4 πr2 + 2 πr2 = 6 πr2
V = Abase h = πr2. 2r = 2 πr3

4.alternativa A

3 5
=
15 ! Funções Trigonométricas
! TRIGONOMETRIA: RAZÕES
X=25TRIGONOMÉTRICAS, FUNÇÕES, Função seno
FÓRMULAS DE TRANSFORMAÇÕES A função seno é uma função que a todo arco de medida x∈R
TRIGONOMÉTRICAS, EQUAÇÕES E associa a ordenada y’ do ponto M.
TRIÂNGULOS.
D=R e Im=[-1,1]

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Exemplo
Sem construir o gráfico, determine o conjunto imagem da fun-
ção f(x)=2sen x.

Solução
-1≤sen x≤1
-2≤2sen x≤2
-2≤f(x)≤2

Im=[-2,2]

Didatismo e Conhecimento 39
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Função Cosseno

A função cosseno é uma função que a todo arco de medida


x∈R associa a abscissa x do ponto M.

D=R
Im=[-1,1]

Exemplo
Determine o conjunto imagem da função f(x)=2+cos x.
Fórmulas Trigonométricas
Solução Relação Fundamental

-1≤cos x≤1 !"!! ! + !"! ! ! = 1


-1+2≤2+cos x≤1+2 !
1≤f(x)≤3 Considerados dois arcos quaisquer de medidas a e b, as ope-
rações da soma e da diferença entre esses arcos será dada pelas se-
Logo, Im=[1,3] guintes identidades: 

Função Tangente
A todo arco de medida x associa a ordenada yT do pontoT. O
ponto T é a interseção da reta com o eixo das tangentes.

! ! = !"!!

Im=R
Triângulo Retângulo
Equações Trigonométricas Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado triangulo
retângulo.
Chamam-se equações trigonométricas igualdades que podem
ser escritas como, por exemplo, as indicadas abaixo: O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

!"#!! = !, cos ! = !!!"#!! ∈ !


Exemplo

Resolva a equação cos x=1/2 para x∈R.

Didatismo e Conhecimento 40
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
a: hipotenusa Lei dos Senos
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os di-
versos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa


pela altura relativa à hipotenusa.

!∙! =!∙ℎ
!
3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos
catetos sobre a hipotenusa.

ℎ! = ! ∙ !
!
4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados
dos catetos (Teorema de Pitágoras). Exercícios

!! = ! ! + !² 1)Determine o valor de cos 75º.


!
Lei dos Cossenos 2)Determine secante, cossecante e cotangente do arco de 30º.
A lei dos cossenos é uma importante ferramenta matemática
para o cálculo de medidas dos lados e dos ângulos de triângulos 3) No triângulo a seguir temos dois ângulos, um medindo 45º,
quaisquer. outro medindo 105º, e um dos lados medindo 90 metros. Com base
nesses valores determine a medida de x.

4) Dois lados de um triângulo medem 6m e 10m e formam entre


si um ângulo de 120º. Determinar a medida do terceiro lado.
Representando geometricamente a situação, temos:

5) Sendo a,b e c as medidas dos comprimentos dos lados de um


triângulo, indica, justificando, aqueles que são retângulos:

Didatismo e Conhecimento 41
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
a) a = 6; b = 7 e c = 13; a)
b) a = 6; b = 10 e c = 8.

Respostas

b)

PROPORCIONALIDADE E FINANÇAS:
GRANDEZAS PROPORCIONAIS:
PORCENTAGEM. ACRÉSCIMOS E
3) Para determinarmos a medida de x no triângulo devemos uti- DESCONTOS. JUROS: CAPITALIZAÇÃO
lizar a lei dos senos, mas para isso precisamos descobrir o valor do SIMPLES E CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA.
terceiro ângulo do triângulo. Para tal cálculo utilizamos a seguinte
definição: a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a
180º. Portanto:
Razão
α + 105º + 45º = 180º
α + 150º = 180º Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com
α = 180º – 150º b 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por
α = 30º a/b  ou a : b. 

Aplicando a lei dos senos Exemplo: 


Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças.
(lembrando que razão é divisão) 

Proporção

Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre


A/B e C/D é a igualdade:
4) Pela lei dos cossenos:

Propriedade fundamental das proporções


Numa proporção:

5) Se num triângulo as medidas dos seus lados verificarem o


Teorema de Pitágoras então pode-se concluir que o triângulo é re-
tângulo”.
Então teremos que verificar para cada alínea se as medidas dos
lados dos triângulos satisfazem ou não o Teorema de Pitágoras.

Didatismo e Conhecimento 42
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Os números A e D são denominados extremos enquanto os Um ciclista faz um treino para a prova de «1000 metros contra
números B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos o relógio», mantendo em cada volta uma velocidade constante
meios é igual ao produto dos extremos, isto é: A x D = B x C e obtendo, assim, um tempo correspondente, conforme a tabela
Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois: abaixo:

Velocidade (m/s) Tempo (s)


5 200
8 125
Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja 10 100
em proporção com 4/6.
Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma: 16 62,5
20 50

Observe que uma grandeza varia de acordo com a outra. Essas


grandezas são variáveis dependentes. Observe que:
Quando  duplicamos  a velocidade, o tempo fica reduzido
à metade.

Grandezas Diretamente Proporcionais 5 m/s  ---->  200s


10 m/s ---->  100s
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro-
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a Quando quadriplicamos a velocidade, o tempo fica reduzido
razão entre os valores correspondentes da 2ª. à quarta parte.

Exemplo 5 m/s  ---->  200s


20 m/s ---->  50s
Um forno tem sua produção de ferro fundido de acordo com
a tabela abaixo: Porcentagem

Tempo (minutos) Produção (Kg) Porcentagem  é uma fração cujo denominador é 100, seu


símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a
5 100
encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, em
10 200 máquinas de calcular, etc. A utilização da porcentagem se faz
15 300 por regra de 3 simples. Por exemplo, a vendedora de uma loja ga-
20 400 nha 3% de comissão sobre as vendas que faz. Se as vendas do mês
de outubro forem de R$ 3.500,00 qual será sua comissão? Equa-
Observe que uma grandeza varia de acordo com a outra. Essas cionando e montando a regra de 3 temos:
grandezas são variáveis dependentes. Observe que:

Quando duplicamos o tempo, a produção também duplica.

5 min  ---->  100Kg


10 min ---->  200Kg
Logo, a comissão será de R$ 105,00. Existe outra maneira
de encarar a porcentagem, que seria usar diretamente a definição:
Quando triplicamos o tempo, a produção também triplica.

5 min  ---->  100Kg


Logo 3% de R$ 3.500,00 seriam 
15 min ---->  300Kg
Grandezas Inversamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.

Exemplo

Didatismo e Conhecimento 43
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Uma dica importante: o FATOR DE MULTIPLICAÇÃO.

Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determinado


valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse
valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for
de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
abaixo:
Exemplo:
Acréscimo ou Lucro Fator de Multiplicação
O preço de venda de um bem de consumo é R$ 100,00. O
10% 1,10 comerciante tem um ganho de 25% sobre o preço de custo deste
15% 1,15 bem. O valor do preço de custo é:
20% 1,20 a) R$ 25,00
b) R$ 70,50
47% 1,47 c) R$ 75,00
67% 1,67 d) R$ 80,00
  e) R$ 125,00
Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos: 
Resolução

Ganho = lucro

No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação


será:

Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na forma de-


cimal)

Veja a tabela abaixo:

Desconto Fator de Multiplicação


10% 0,90
25% 0,75
34% 0,66
60% 0,40
90% 0,10

Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:  Resposta: D

Juros Simples

Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
e venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
envolvendo juros simples é a seguinte:
J = C i n, onde:
J = juros
Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada C = capital inicial
de prejuízo. i = taxa de juros
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
Assim, podemos escrever: ano...)

Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplicação


devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois devem
estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O que não
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou qualquer
formas: outra combinação de períodos.

Didatismo e Conhecimento 44
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras Observe que o crescimento do principal segundo juros simples
“JUROS SIMPLES” e facilita a sua memorização. é LINEAR enquanto que o crescimento segundo juros compostos é
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra- EXPONENCIAL, e, portanto tem um crescimento muito mais “rá-
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores, pido”. Isto poderia ser ilustrado graficamente da seguinte forma:
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial
(C) e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale
para qualquer combinação.
Montante
O Montante é a soma do Juros mais o Capital Inicial. Essa
fórmula também será amplamente utilizada para resolver questões.
M=C+J
M = montante
C = capital inicial
J = juros
Exemplo Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. particulares costumam reinvestir as quantias geradas pelas aplica-
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a ções financeiras, o que justifica o emprego mais comum de juros
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de compostos na Economia. Na verdade, o uso de juros simples não se
R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa justifica em estudos econômicos.
de juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de:
(A) 5,0% Fórmula para o cálculo de Juros compostos
(B) 5,9%
(C) 7,5%
Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a
(D) 10,0%
(E) 12,5% uma taxa mensal de juros compostos ( i ) de 10% (i = 10% a.m.).
Resposta Letra “e”. Vamos calcular os montantes (principal + juros), mês a mês:

O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri- Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 x 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1)
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 x 1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2
e a parcela a ser paga de R$45. Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 x 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3
Aplicando a fórmula M = C + J: .....................................................................................................
45 = 40 + J Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos eviden-
J=5 temente: S = 1000(1 + 0,1)n
Aplicando a outra fórmula J = C i n:
5 = 40 X i X 1 De uma forma genérica, teremos para um principal P, aplicado
i = 0,125 = 12,5%
a uma taxa de juros compostos i durante o período n : S = P (1 + i)n
onde S = montante, P = principal, i = taxa de juros e n = número
Capitalização Composta
de períodos que o principal P (capital inicial) foi aplicado.
Nota: Na fórmula acima, as unidades de tempo referentes à taxa
O capital inicial (principal) pode crescer, como já sabemos, de-
de juros (i) e do período (n), tem de ser necessariamente iguais. Este
vido aos juros, segundo duas modalidades, a saber:
é um detalhe importantíssimo, que não pode ser esquecido! Assim,
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende
por exemplo, se a taxa for 2% ao mês e o período 3 anos, deveremos
juros.
considerar 2% ao mês durante 3x12=36 meses.
Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados
Exemplo
ao principal e passam, por sua vez, a render juros. Também conheci-
do como “juros sobre juros”.
Expresse o número de períodos n de uma aplicação, em função
do montante S e da taxa de aplicação i por período.
Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital
através juros simples e juros compostos, com um exemplo: Supo-
Solução:
nha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao ano)
Temos S = P(1+i)n
Teremos:
Logo, S/P = (1+i)n
Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos escrever:
n = log (1+ i ) (S/P) . Portanto, usando logaritmo decimal (base
10), vem:

Didatismo e Conhecimento 45
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Temos também da expressão acima que: n.log(1 + i) = logS – J = 56000.(0,02).2 = 2240.
logP Juros do 2º investimento = R$ 2.240,00.
Portanto, o montante final será de
Deste exemplo, dá para perceber que o estudo dos juros com- R$ 80.00,00 + R$ 1.440,00 + R$ 2.240,00 = R$ 83.680,00.
postos é uma aplicação prática do estudo dos logaritmos.
3)C
Exercícios Do problema temos, capital C = 600, os juros J = 123,50, uma
1)  Por um descuido meu, perdi R$ 336,00 dos R$ 1.200,00 taxa i = 9,5%a.a. e o problema deseja saber o tempo t de aplicação.
que eu tinha em meu bolso. Quantos por cento eu perdi desta Repare antes nas alternativas que uma parte das respostas está em
quantia? meses, então para “facilitar nos cálculos” vamos converter a taxa i
para meses. Para determinarmos a taxa em meses, basta dividir por
2) Um investidor possui R$ 80.000,00. Ele aplica 30% desse 12, sendo assim a taxa proporcional a 9,5% a.a. em meses é
dinheiro em um investimento que rende juros simples a uma taxa de
3% a.m., durante 2 meses, e aplica o restante em investimento que
rende 2% a.m., durante 2 meses também. Ao fim desse período, esse
investidor possui:
A) R$ 83.680,00
B) R$ 84.000,00 Vamos ao cálculo do tempo t, utilizando a fórmula J = C.i.t:
C) R$ 84.320,00
D) R$ 84.400,00 Portanto, o tempo t = 26 meses = 2anos e 2 meses.
E) R$ 88.000,00
4)C = R$ 500
3) O capital de R$ 600,00, aplicado a juros simples de 9,5% i = 5% = 0,05
ao ano, produziu R$ 123,50 de juros. O tempo correspondente à n = 8 (as capitalizações são mensais)
aplicação foi de: M = C ⋅ (1 + i)n ⇒ M = 500 ⋅ (1,05)8 ⇒ M = R$ 738,73
A) 2 anos e 1 mês
B) 2 anos e 3 meses O valor dos juros será:
C) 2 anos e 2 meses J = 738,73 – 500
D) 1 ano e 11 meses J = R$ 238,73

4) O capital R$ 500,00 foi aplicado durante 8 meses à taxa de 5) M = R$ 477,62


5% ao mês. Qual o valor dos juros compostos produzidos? i = 3% = 0,03
n = 6 (as capitalizações são trimestrais)
5) Qual a aplicação inicial que, empregada por 1 ano e seis me- M = C ⋅ (1 + i)n
ses, à taxa de juros compostos de 3% ao trimestre, se torna igual a 477,62 = C ⋅ (1,03)6
R$ 477,62?

Respostas
1) R$ 336,00 é 28% de R$ 1.200,00. Obtemos este valor divi-
dindo-se 336 por 1200:

0,28 está na forma decimal, então o multiplicamos por 100%


para colocá-lo na sua forma percentual: 28%.
Portanto:
 Eu perdi 28% desta quantia.

2) Temos neste problema um capital sendo investido em duas


etapas. Vamos realizar os cálculos separadamente:
1º investimento
30% de R$ 80.000,00 = R$ 24.000,00 valor a ser investido a
uma taxa i = 3% a.m., durante um período t = 2 meses. Lembrando
que i = 3% = 0,03.
Cálculo dos juros J, onde J = C.i.t:
J = 24000.(0,03).2 = 1440.
Juros do 1º investimento = R$ 1440,00.
2º investimento
R$ 80.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 50.000,00 valor a ser in-
vestido a uma taxa i = 2% a.m., durante um período t = 2 meses.

Didatismo e Conhecimento 46
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
As proposições particulares são aquelas em que o predicado
LÓGICA MATEMÁTICA: PROPOSIÇÕES. refere-se apenas a uma parte do conjunto. Exemplo: “Alguns ho-
mens são mentirosos” é particular e simbolizamos por “algum S é
VALORES LÓGICOS. OPERAÇÕES E
P”.
PROPRIEDADES. NEGAÇÃO. SENTENÇAS
ABERTAS E QUANTIFICADORES. Proposições Afirmativas e Negativas
No caso de negativa podemos ter:

Proposições ou Sentenças “Nenhum homem é mentiroso” é universal negativa e simboli-


zamos por “nenhum S é P”.
Uma proposição é uma afirmação que pode ser verdadeira ou “Alguns homens não são mentirosos” é particular negativa e
falsa. Ela é o significado da afirmação, não um arranjo preciso das simbolizamos por “algum S não é P”.
palavras para transmitir esse significado. Por exemplo, “Existe um No caso de afirmativa consideramos o item anterior.
número primo par maior que dois” é uma proposição (no caso, fal- Chamaremos as proposições dos tipos: “Todo S é P”, “algum S
sa). “Um número primo par maior que dois existe” é a mesma pro- é P”, “algum S não é P” e “nenhum S é P”.
posição, expressa de modo diferente. É muito fácil mudar acidental-
mente o significado das palavras apenas reorganizando-as. A dicção Então teremos a tabela:
da proposição deve ser considerada algo significante. É possível uti-
lizar a linguística formal para analisar e reformular uma afirmação
AFIRMATIVA NEGATIVA
sem alterar o significado.
As sentenças ou proposições são os elementos que, na lingua- UNIVERSAL Todo S é P (A) Nenhum S é P (E)
gem escrita ou falada, expressam uma ideia, mesmo que absurda.
Considerar-se-ão as que são bem definidas, isto é, aquelas que po- PARTICULAR Algum S é P (I) Algum S não é P (O)
dem ser classificadas em falsas ou verdadeiras, denominadas decla-
rativas. As proposições geralmente são designadas por letras latinas Diagrama de Euler
minúsculas: p, q, r, s...
Para analisar, poderemos usar o diagrama de Euler.
Considere os exemplos a seguir: - Todo S é P (universal afirmativa – A)

p: Mônica é inteligente.
q: Se já nevou na região Sul, então o Brasil é um país europeu.
r: 7 > 3
s: 8 + 2 ¹ 10

Tipos de Proposições

Podemos classificar as sentenças ou proposições, conforme o


significado de seu texto, em:

- Declarativas ou afirmativas: são as sentenças em que se afir- - Nenhum S é P (universal negativa – E)


ma algo, que pode ou não ser verdadeiro. Exemplo: Júlio César é o
melhor goleiro do Brasil.
- Interrogativas: são aquelas sentenças em que se questiona
algo. Esse tipo de sentença não admite valor verdadeiro ou falso.
Exemplo: Lula estava certo em demitir a ministra?
- Imperativas ou ordenativas: são as proposições em que se
ordena alguma coisa. Exemplo: Mude a geladeira de lugar.

Proposições Universais e Particulares

As proposições universais são aquelas em que o predicado - Algum S é P (particular afirmativa – I)


refere-se à totalidade do conjunto. Exemplo:

“Todos os homens são mentirosos” é universal e simbolizamos


por “Todo S é P”

Nesta definição incluímos o caso em que o sujeito é unitário.

Exemplo: “O cão é mamífero”.

Didatismo e Conhecimento 47
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
- Algum S não é P (particular negativa – O) Exemplos

1.
p( x) : x + 4 = 9

A sentença matemática x + 4 = 9 é aberta, pois existem infi-


nitos números que satisfazem a equação. Obviamente, apenas um
deles, x = 5 , tornando a sentença verdadeira. Porém, existem in-
finitos outros números que podem fazer com que a proposição se
torne falsa, como x = −5.
Princípios
2.
q( x) : x < 3
- Princípio da não-contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa simultaneamente. Dessa maneira, na sentença x < 3 , obtemos infinitos valores
- Princípio do Terceiro Excluído: Uma proposição só pode ter que satisfazem à equação. Porém, alguns são verdadeiros, como
dois valores verdades, isto é, é verdadeiro (V) ou falso (F), não po- x = −2 , e outros são falsos, como x = +7.
dendo ter outro valor.
Atenção: As proposições ou sentenças lógicas são representa-
a) “O Curso Pré-Fiscal fica em São Paulo” é um proposição das por letras latinas e podem ser classificadas em abertas ou fecha-
verdadeira. das.
b) “O Brasil é um País da América do Sul” é uma proposição A sentença
s ( x) : 2 + 2 = 5 é uma sentença fechada, pois a
verdadeira. ela se pode atribuir um valor lógico; nesse caso, o valor de
s (x) é
c) “A Receita Federal pertence ao poder judiciário”, é uma pro- F, pois a sentença é falsa.
posição falsa. A sentença
p (x) “Phil Collins é um grande cantor de música
pop internacional” é fechada, dado que possui um valor lógico e esse
As proposições simples (átomos) combinam-se com outras, ou valor é verdadeiro.
são modificadas por alguns operadores (conectivos), gerando novas
Já a sentença
e(x) “O sorteio milionário da Mega-Sena” é
sentenças chamadas de moléculas. Os conectivos serão representa-
uma sentença aberta, pois não se sabe o objetivo de falar do sorteio
dos da seguinte forma:
da Mega-Sena, nem se pode atribuir um valor lógico para que
e(x)
seja verdadeiro, ou falso.
    corresponde a “não”
∧ corresponde a “e”
Modificadores
∨ corresponde a “ou”
⇒ corresponde a “então”
⇔ corresponde a “se somente se” A partir de uma proposição, podemos formar outra proposição
  usando o modificador “não” (~), que será sua negação, a qual pos-
Sendo assim, a partir de uma proposição podemos construir suirá o valor lógico oposto ao da proposição.
uma outra correspondente com a sua negação; e com duas ou mais,
podemos formar: Exemplo

- Conjunções: a ∧ b (lê-se: a e b) p: Jacira tem 3 irmãos.


- Disjunções: a ∨ b (lê-se: a ou b) ~p: Jacira não tem 3 irmãos.
- Condicionais: a ⇒ b (lê-se: se a então b)
- Bicondicionais: a ⇔ b (lê-se: a se somente se b) É fácil verificar que:
1. Quando uma proposição é verdadeira, sua negação é falsa.
Exemplo 2. Quando uma proposição é falsa, sua negação é verdadeira.

“Se Cacilda é estudiosa então ela passará no AFRF”


V ou F Sentença: p Negação: ~p V ou F
Sejam as proposições:
p = “Cacilda é estudiosa” V 4∈ N 4∉ N F
q = “Ela passará no AFRF”
12 é divisível por 12 não é divisível
F V
Daí, poderemos representar a sentença da seguinte forma: zero por zero.
Se p então q (ou  p ⇒q)
Para classificar mais facilmente as proposições em falsas ou
Sentenças Abertas verdadeiras, utilizam-se as chamadas tabelas-verdade.
Existem sentenças que não podem ser classificadas nem como
falsas, nem como verdadeiras. São as sentenças chamadas sentenças
abertas.

Didatismo e Conhecimento 48
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Para negação, tem-se As proposições composta são aquelas formadas por duas ou
mais proposições ligadas pelos conectivos lógicos. São geralmente
representadas por letras latinas maiúsculas (P, Q, R, S, ...). O sím-
p ~p bolo P (p, q, r), por exemplo, indica que a proposição composta P é
formada pelas proposições simples p, q e r.
V F
Exemplos
F V
São proposições simples:
Atenção: A sentença negativa é representada por “~”. p: A lua é um satélite da terra.
q: O número 2 é primo.
A sentença t: r: O número 2 é par.
“O time do Paraná resistiu à pressão do São Paulo” possui como s: Roma é a capital da França.
negativa de t, ou seja, “~t”, o correspondente a: “O time do Paraná t: O Brasil fica na América do Sul.
não resistiu à pressão do São Paulo”. u: 2 + 5 = 3 . 4

São proposições compostas:


Observação: Alguns matemáticos utilizam o símbolo “Ø O
Brasil possui um grande time de futebol”, que pode ser lida como
P(q, r): O número 2 é primo ou é par.
“O Brasil não possui um grande time de futebol”.
Q(s, t): Roma é a capital da França e o Brasil fica na América
do Sul.
Proposições Simples e Compostas
R: O número 6 é par e o número 8 é cubo perfeito.
Uma proposição pode ser simples (também denominada atômi-
ca) ou composta (também denominada molecular). As proposições Não são proposições lógicas:
simples apresentam apenas uma afirmação. Pode-se considerá-las
como frases formadas por apenas uma oração. As proposições sim- - Roma
ples são representadas por letras latinas minúsculas. - O cão do menino
- 7+1
Exemplos - As pessoas estudam
- Quem é?
(1) p: eu sou estudioso - Que pena!
(2) q: Maria é bonita
(3) r: 3 + 4 > 12 Tabela Verdade

Uma proposição composta é formada pela união de duas ou Proposição Simples - Segundo o princípio do terceiro excluído,
mais proposições simples. Indica-se uma proposição composta por toda proposição simples p, é verdade ou falsa, isto é, tem o valor
letras latinas maiúsculas. Se P é uma proposição composta das pro- lógico verdade (V) ou o valor lógico falso (F).
posições simples p, q, r, ..., escreve-se P (p, q, r,...). Quando P estiver
claramente definida não há necessidade de indicar as proposições p
simples entre os parênteses, escrevendo simplesmente P. V
F
Exemplos:
Proposição Composta - O valor lógico de qualquer proposição
(4) P: Paulo é estudioso e Maria é bonita. P é composta das pro- composta depende unicamente dos valores lógicos das proposições
posições simples p: Paulo é estudioso e q: Maria é bonita. simples componentes, ficando por eles univocamente determinados.
(5) Q: Maria é bonita ou estudiosa. Q é composta das proposi- É um dispositivo prático muito usado para a determinação do va-
ções simples p: Maria é bonita e q: Maria é estudiosa. lor lógico de uma proposição composta. Neste dispositivo figuram
(6) R: Se x = 2 então x2 + 1 = 5. R é composta das proposições todos os possíveis valores lógicos da proposição composta, corres-
simples p: x = 2 e q: x2 + 1 = 5. pondentes a todas as possíveis atribuições de valores lógicos às pro-
(7) S: a > b se e somente se b < a. S é composta das proposições posições simples componentes.
simples p: a > b e q: b < a.
Proposição Composta - 02 proposições simples
As proposições simples são aquelas que expressam “uma única
ideia”. Constituem a base da linguagem e são também chamadas de Assim, por exemplo, no caso de uma proposição composta
átomos da linguagem. São representadas por letras latinas minúscu- cujas proposições simples componentes são p e q, as únicas possí-
las (p, q, r, s, ...). veis atribuições de valores lógicos a p e a q são:

Didatismo e Conhecimento 49
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
p q 02. Considere as proposições p: A terra é um planeta e q: Aterra
gira em torno do Sol. Traduza para linguagem simbólica as seguin-
V V
tes proposições:
V F a) Não é verdade: que a Terra é um planeta ou gira em torno
F V do Sol.
F F b) Se a Terra é um planeta então a Terra gira em torno do Sol.
c) É falso que a Terra é um planeta ou que não gira em torno
Observe-se que os valores lógicos V e F se alternam de dois em do Sol.
dois para a primeira proposição p e de um em um para a segunda d) A Terra gira em torno do Sol se, e somente se, a Terra não é
proposição q, e que, além disso, VV, VF, FV e FF são os arranjos um planeta.
binários com repetição dos dois elementos V e F. e) A Terra não é nem um planeta e nem gira em torno do Sol.
(Expressões da forma “não é nem p e nem q” devem ser vistas
Proposição Composta - 03 proposições simples como “não p e não q”)
No caso de uma proposição composta cujas proposições sim-
ples componentes são p, q e r as únicas possíveis atribuições de va- 03. Dada a condicional: “Se p é primo então p = 2 ou p é im-
lores lógicos a p, a q e a r são: par”, determine:
a) a contrapositiva
b) a recíproca
p q r
V V V 04.
V V F a) Supondo V (p ^ q ↔ r ˅ s) = F e V (~r ^ ~s) = V, determine
V F V V (p → r ^ s).
V F F b) Supondo V (p ^ (q ˅ r)) = V e V (p ˅ r → q) = F, determine
V (p), V (q), V (r).
F V V
c) Supondo V (p → q) = V, determine V (p ^ r → q ^ r) e V (p
F V F ˅ r → q ˅ r).
F F V
F F F 05. Dê o conjunto-verdade em R das seguintes sentenças aber-
tas:
Analogamente, observe-se que os valores lógicos V e F se al- a) x² + x – 6 = 0 → x² - 9 = 0
ternam de quatro em quatro para a primeira proposição p, de dois b) x² ˃ 4 ↔ x² -5x + 6 = 0
em dois para a segunda proposição q e de um em um para a terceira
proposição r, e que, além disso, VVV, VVF, VFV, VFF, FVV, FVF, 06. Use o diagrama de Venn para decidir quais das seguintes
FFV e FFF sãos os arranjos ternários com repetição dos dois ele- afirmações são válidas:
mentos V e F.

Notação: O valor lógico de uma proposição simples p indica-se a) Todos os girassóis são amarelos e alguns pássaros são amare-
por V(p). Assim, exprime-se que p é verdadeira (V), escrevendo: los, logo nenhum pássaro é um girassol.
V(p) = V. Analogamente, exprime-se que p é falsa (F), escrevendo: b) Alguns baianos são surfistas. Alguns surfistas são louros.
V(p) = F. Não existem professores surfistas. Conclusões:
I- Alguns baianos são louros.
Exemplos II- Alguns professores são baianos.
III- Alguns louros são professores.
p: o sol é verde; IV- Existem professores louros.
q: um hexágono tem nove diagonais;
r: 2 é raiz da equação x² + 3x - 4 = 0 07. (CESPE - PF - Regional) Considere que as letras P, Q, R
V(p) = F
e T representem proposições e que os símbolos ̚ , ^, ˅ e → sejam
V(q) = V
V(r) = F operadores lógicos que constroem novas proposições e significam
não, e, ou e então, respectivamente. Na lógica proposicional, cada
Questões proposição assume um único valor (valor-verdade), que pode ser
verdadeiro (V) ou falso (F), mas nunca ambos. Com base nas infor-
01. Considere as proposições p: Está frio e q: Está chovendo. mações apresentadas no texto, julgue os itens a seguir.
Traduza para linguagem corrente as seguintes proposições: a) Se as proposições P e Q são ambas verdadeiras, então a pro-
a) P ˅ ~q posição ( ̚ P) ˅ ( ̚ Q) também é verdadeira.
b) p → q b) Se a proposição T é verdadeira e a proposição R é falsa, então
c) ~p ^ ~q a proposição R→ ( ̚ T) é falsa.
d) p ↔ ~q c) Se as proposições P e Q são verdadeiras e a proposição R é
e) (p ˅ ~q) ↔ (q ^~p)
falsa, então a proposição (P ^ R) → (¬ Q) é verdadeira.

Didatismo e Conhecimento 50
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
08. (CESPE - Papiloscopista) Sejam P e Q variáveis proposi- A loura: “Não vou à França nem à Espanha”.
cionais que podem ter valorações, ou serem julgadas verdadeiras A morena: “Meu nome não é Elza nem Sara”.
(V) ou falsas (F). A partir dessas variáveis, podem ser obtidas novas A ruiva: “Nem eu nem Elza vamos à França”.
proposições, tais como: a proposição condicional, denotada por P
→ Q, que será F quando P for V e Q for F, ou V, nos outros casos; a O agente de viagens concluiu, então, acertadamente, que:
disjunção de P e Q, denotada por P v Q, que será F somente quando a) A loura é Sara e vai à Espanha.
P e Q forem F, ou V nas outras situações; a conjunção de P e Q, b) A ruiva é Sara e vai à França.
denotada por P ^ Q, que será V somente quando P e Q forem V, e, c) A ruiva é Bete e vai à Espanha.
em outros casos, será F; e a negação de P, denotada por ¬P, que será d) A morena é Bete e vai à Espanha.
F se P for V e será V se P for F. Uma tabela de valorações para uma e) A loura é Elza e vai à Alemanha.
dada proposição é um conjunto de possibilidades V ou F associadas
a essa proposição. A partir das informações do texto, julgue os itens Respostas:
subsequentes.
a) As tabelas de valorações das proposições P v Q e Q → ¬P 01.
são iguais. a) “Está frio ou não está chovendo”.
b) As proposições (P v Q) → S e (P → S) v (Q → S) possuem b) “Se está frio então está chovendo”.
tabelas de valorações iguais. c) “Não está frio e não está chovendo”.
d) “Está frio se e somente se não está chovendo”.
09. (CESPE - PF - Regional) Considere as sentenças abaixo. e) “Está frio e não está chovendo se e somente se está chovendo
e não está frio”.
I- Fumar deve ser proibido, mas muitos europeus fumam.
II- Fumar não deve ser proibido e fumar faz bem à saúde. 02.
III- Se fumar não faz bem à saúde, deve ser proibido. a) ~(p ˅ q);
IV- Se fumar não faz bem à saúde e não é verdade que muitos b) p → q
europeus fumam, então fumar deve ser proibido. c) ~(p ˅ ~q)
V- Tanto é falso que fumar não faz bem à saúde como é falso d) ~p ^ ~q
que fumar deve ser proibido; consequentemente, muitos europeus e) q ↔ ~p
fumam.
03.
Considere também que P, Q, R e T representem as sentenças a) a contrapositiva: “Se p 2 e p é par, então p não é primo”.
listadas na tabela a seguir. b) a recíproca: “Se p = 2 ou p é ímpar, então p é primo”.

04.
P Fumar deve ser proibido.
a) Supondo V (p ^ q ↔ r ˅ s) = F (1) e V (~r ^ ~s) = V (2),
Q Fumar de ser encorajado. determine V (p → r ^ s). Solução: De (2) temos que V (r) = V (s) =
F; Usando estes resultados em (1) obtemos: V (p) = V (q) = V, logo,
R Fumar não faz bem à saúde. V (p → r ^ s) = F
T Muitos europeus fumam. b) Supondo V (p ^ (q ˅ r)) = V (1) e V (p ˅ r → q) = F (2),
determine V (p), V (q) e V (r). Solução: De (1) concluímos que V
Com base nas informações acima e considerando a notação in- (p) = V e V (q ˅ r) = V e de (2) temos que V (q) = F, logo V (r) = V
troduzida no texto, julgue os itens seguintes. c) Supondo V (p → q) = V, determine V (p ^ r → q ^ r) e V (p ˅
r → q ˅ r). Solução: Vamos supor V (p ^ r → q ^ r) = F. Temos assim
a) A sentença I pode ser corretamente representada por P ^ (¬ que V (p ^ r) = V e V (q ^ r) = F, o que nos permite concluir que V (p)
T). = V (r) = V e V (q) = F, o que contradiz V (p → q) = V. Logo, V (p ˅ r
b) A sentença II pode ser corretamente representada por (¬ P) → q ˅ r) = V. Analogamente, mostramos que V (p ˅ r → q ˅ r) = V.
^ (¬ R).
c) A sentença III pode ser corretamente representada por R → P. 05.
d) A sentença IV pode ser corretamente representada por (R ^ a) R – {2}
(¬ T)) → P. b) [-2,2[
e) A sentença V pode ser corretamente representada por T →
((¬ R) ^ (¬ P)). 06.
a) O diagrama a seguir mostra que o argumento é falso:
10. Um agente de viagens atende três amigas. Uma delas é lou-
ra, outra é morena e a outra é ruiva. O agente sabe que uma delas
se chama Bete, outra se chama Elza e a outra se chama Sara. Sabe,
ainda, que cada uma delas fará uma viagem a um país diferente da
Europa: uma delas irá à Alemanha, outra irá à França e a outra irá
à Espanha. Ao agente de viagens, que queria identificar o nome e o
destino de cada uma, elas deram as seguintes informações:

Didatismo e Conhecimento 51
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
b) O diagrama a seguir mostra que todos os argumentos são 10. Resposta “E”.
falsos: A melhor forma de resolver problemas como este é arrumar as
informações, de forma mais interessante, que possa prover uma me-
lhor visualização de todo o problema. Inicialmente analise o que foi
dado no problema:
a) São três amigas
b) Uma é loura, outra morena e outra ruiva.
c) Uma é Bete, outra Elza e outra Sara.
d) Cada uma fará uma viagem a um país diferente da Europa:
Alemanha, França e Espanha.
07.
e) Elas deram as seguintes informações:
a) Item ERRADO. Pela tabela do “ou” temos:
(¬ P) v (¬ Q) A loura: “Não vou à França nem à Espanha”.
(¬ V) v (¬ V) A morena: “Meu nome não é Elza nem Sara”.
(F) v (F) A ruiva: “Nem eu nem Elza vamos à França”.
Falsa
Faça uma tabela:
b) Item ERRADO. A condicional regra que:
R → (¬ T)
Cor dos cabelos Loura Morena Ruiva
F (¬ V)
F (F) Nem eu
Não vou à Meu nome
Verdadeira nem Elza
Afirmação França nem não é Elza
vamos à
a Espanha nem Sara
c) Item CERTO. Obedecendo a conjunção e a condicional: França
(P ^ R) → (¬ Q)
País Alemanha França Espanha
(V ^ F) → (¬ V)
F F Nome Elza Bete Sara
Verdadeira
Com a informação da loura, sabemos que ela vai para a Ale-
08. manha.
a) Item ERRADO. Basta considerarmos a linha da tabela-ver- Com a informação da morena, sabemos que ela é a Bete.
dade onde P e Q são ambas proposições verdadeiras para verificar Com a informação da ruiva sabemos que ela não vai à França
que as tabelas de valorações de P v Q e Q → ¬P não são iguais: e nem Elza, mas observe que a loura vai a Alemanha e a ruiva não
vai à França, só sobrando a Bete ir à França. Se Bete vai à França a
ruiva coube a Espanha. Elza é a loura e Sara fica sendo a ruiva.
P Q ¬P PvQ Q → ¬P
V V F V F Valores Lógicos

A Lógica Matemática, em síntese, pode ser considerada como


b) Item ERRADO. Nas seguintes linhas da tabela-verdade, te- a ciência do raciocínio e da demonstração. Este importante ramo da
mos os valores lógicos da proposição (P v Q) → S diferente dos da Matemática desenvolveu-se no século XIX, sobretudo através das
proposição (P → S) v (Q → S): ideias de George Boole, matemático inglês (1815 - 1864), criador
da Álgebra Booleana, que utiliza símbolos e operações algébricas
P Q S (P v Q) → S P→SvQ→S para representar proposições e suas interrelações. As ideias de Boole
tornaram-se a base da Lógica Simbólica, cuja aplicação estende-se
V F F F V por alguns ramos da eletricidade, da computação e da eletrônica.
A lógica matemática (ou lógica simbólica) trata do estudo das sen-
F V F F V
tenças declarativas também conhecidas como proposições, as quais
devem satisfazer aos dois princípios fundamentais seguintes:
09. - Princípio do terceiro excluído: uma proposição só pode ser
a) Item ERRADO. Sua representação seria P ^ T. verdadeira ou falsa, não havendo outra alternativa.
b) Item CERTO. Apenas deve-se ter o cuidado para o que diz a - Princípio da não contradição: uma proposição não pode ser
proposição R: “Fumar não faz bem à saúde”. É bom sempre ficar- ao mesmo tempo verdadeira e falsa.
mos atentos à atribuição inicial dada à respectiva letra.
c) Item CERTO. É a representação simbólica da Condicional Diz-se então que uma proposição verdadeira possui Valor Lógi-
entre as proposições R e P. co V (verdade) e uma proposição falsa possui Valor Lógico F (fal-
d) Item CERTO. Proposição composta, com uma Conjunção (R so). Os Valores Lógicos também costumam ser representados por
^ ¬T) como condição suficiente para P. 0 (zero) para proposições falsas (0 ou F) e 1 (um) para proposições
d) Item ERRADO. Dizer “...consequentemente...” é dizer “se... verdadeiras (1 ou V). As proposições são indicadas pelas letras lati-
então...”. A representação correta seria ((¬ R) ^ (¬ P)) → T. nas minúsculas: p, q, r, s, t, u, ...

Didatismo e Conhecimento 52
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
De acordo com as considerações acima, expressões do tipo, “O Conhecendo-se os valores lógicos de duas proposições simples
dia está bonito”; “3 + 5”; “x é um número real”; “x + 2 = 7”; etc., p e q, como determinaremos os valores lógicos das proposições
não são proposições lógicas, uma vez que não poderemos associar a compostas acima? Isto é conseguido através do uso da tabela a se-
ela um valor lógico definido (verdadeiro ou falso). Exemplificamos guir, também conhecida pelo sugestivo nome de Tabela Verdade.
a seguir algumas proposições, onde escreveremos ao lado de cada Sejam p e q duas proposições simples, cujos valores lógicos repre-
uma delas, o seu valor lógico V ou F. Poderia ser também 1 ou 0. sentaremos por 0 quando falsa (F) e 1 quando verdadeira (V). Pode-
p: “a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a mos construir a seguinte tabela simplificada:
180º” (V)
q: “3 + 5 = 2” (F) p q pɅq pVq p→q p↔q
r: “7 + 5 = 12” (V) 1 1 1 1 1 1
s: “a soma dos ângulos internos de um polígono de n lados é
dada por Si = (n - 2).180º” (V) 1 0 0 1 0 0
t: “O Sol é um planeta” (F) 0 1 0 1 1 0
w: “Um pentágono é um polígono de dez lados”. (F) 0 0 0 0 1 1
O Modificador Negação Da tabela acima, infere-se (deduz-se) que:
- a conjunção é verdadeira somente quando ambas as proposi-
Dada a proposição p, indicaremos a sua negação por ~p. (Lê-se ções são verdadeiras.
“não p”). Exemplo: - a disjunção é falsa somente quando ambas as proposições são
falsas.
p: Três pontos determinam um único plano (V) - a condicional é falsa somente quando a primeira proposição é
~p: Três pontos não determinam um único plano (F) verdadeira e a segunda falsa.
- a bi-condicional é verdadeira somente quando as proposições
Obs: duas negações equivalem a uma afirmação, ou seja, em possuem valores lógicos iguais.
termos simbólicos: ~(~p) = p.
Exemplo: Dadas as proposições simples:
Operações Lógicas p: O Sol não é uma estrela (valor lógico F ou 0).
q: 3 + 5 = 8 (valor lógico V ou 1).
As proposições lógicas podem ser combinadas através dos ope-
radores lógicos Ʌ, V, e, dando origem ao que conhecemos como Temos:
proposições compostas. Assim, sendo p e q duas proposições sim- p Ʌ q tem valor lógico F (ou 0).
ples, poderemos então formar as seguintes proposições compostas: p V q tem valor lógico V (ou 1).
p Ʌ q, p V q, p → q, p ↔ q. Estas proposições compostas recebem p → q tem valor lógico V (ou 1).
designações particulares, conforme veremos a seguir. p ↔ q tem valor lógico F (ou 0).
Conjunção: p ∧ q (lê-se “p e q”).
Assim, a proposição composta “Se o Sol não é uma estrela en-
Disjunção: p ∨ q (lê-se “p ou q”).
tão 3 + 5 = 8” é logicamente verdadeira, não obstante ao aspecto
quase absurdo do contexto da frase. As proposições verdadeiras (va-
Existem dois tipos de Disjunção Logica: a Inclusiva e a Ex-
lor lógico 1) ou falsas (valor lógico 0), estão associadas à analogia
clusiva. de que zero (0) pode significar um circuito elétrico desligado e um
(1) pode significar um circuito elétrico ligado. Isto lembra alguma
Inclusiva: significa “e/ou” onde pelo menos uma das senten- coisa vinculada aos computadores? Pois é, isto é uma verdade, e é
ças tem que ser verdadeira ou as duas têm que ser verdadeiras. Por a base lógica da arquitetura dos computadores. Seria demais imagi-
exemplo: nar que a proposição p ∨ q esteja associada a um circuito série e a
proposição p ∧ q a um circuito em paralelo? Pois, as analogias são
Comerei algo hoje ou passarei fome. válidas e talvez tenham sido elas que ajudaram a mudar o mundo.
Não comerei algo hoje.
Logo, passarei fome. QUESTÕES

Exclusiva: significa que uma das sentenças tem que ser verda- 01. (FCC – TRT-GO – Técnico Judiciário) Em lógica de pro-
deira e a outra tem que ser falsa, ou seja, ambas as sentenças não gramação, denomina-se _______ de duas proposições p e q a propo-
podem ser verdadeiras ou falsas. Por exemplo: sição representada por “p ou q” cujo valor lógico é a falsidade (F),
quando os valores lógicos das proposições p e q são ambos falsos
Comerei algo hoje ou passarei fome. ou ambos verdadeiros, e o valor lógico é a verdade (V), nos demais
Comerei algo hoje. casos. Preenche corretamente a lacuna acima:
Logo, não passarei fome. (A) disjunção inclusiva
(B) proposição bicondicional
Condicional: p → q (lê-se “se p então q”). (C) negação
Bi-condicional: p ↔ q (“p se e somente se q”). (D) disjunção exclusiva
(E) proposição bidirecional

Didatismo e Conhecimento 53
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
02. (CESGRANRIO - MPE-RO - Analista Programador) Sejam 04. (CESPE - TRE-ES - Técnico)
A, B e C variáveis numéricas contendo os valores 2, 4 e 5, respec-
tivamente, S uma variável contendo o literal “POSITIVO” e T uma Considere que P e Q sejam duas proposições que podem com-
variável lógica contendo o valor falso. Assinale a expressão lógica por novas proposições por meio dos conectivos lógicos ~, ∧, ∨ e
cujo resultado possui valor lógico verdadeiro. →, os quais significam “não”, “e”, “ou”, e “se... então”, respectiva-
(A) A + B < C ou S = “FALSO”. mente. Considere, ainda, que a negação de P, ~P (lê-se: não P) será
(B) A × B > C e S = “VERDADEIRO”. verdadeira quando P for falsa, e será falsa quando P for verdadeira;
(C) RESTO (B, A) > C e não T. a conjunção de P e Q, P∧Q (lê-se: P e Q) somente será verdadeira
quando ambas, P e Q, forem verdadeiras; a disjunção de P e Q, P∨Q
(D) A > B e não T ou S = “POSITIVO”.
(lê-se: P ou Q) somente será falsa quando P e Q forem falsas; e a
(E) (A2 > B ou T) e S = “POSITIVO”.
condicional de P e Q, P→Q (lê-se: se P, então Q) somente será falsa
quando P for verdadeira e Q falsa. Considere, por fim, que a tabela
03. (CESPE - INSS - Direito) verdade de uma proposição expresse todos os valores lógicos possí-
veis para tal proposição, em função dos valores lógicos das propo-
Proposições são sentenças que podem ser julgadas como verda- sições que a compõem. Com base nesse conjunto de informações,
deiras (V) ou falsas (F), mas não ambas. Se P e Q são proposições, julgue os itens seguintes.
então a proposição “Se P então Q”, denotada por P → Q, terá valor
lógico F quando P for V e Q for F, e, nos demais casos, será V. Uma A proposição ~(~P ∧ P) é verdadeira, independentemente do
expressão da forma P, a negação da proposição P, terá valores valor lógico da proposição P.
lógicos contrários aos de P. P ∨ Q, lida como “P ou Q”, terá valor
lógico F quando P e Q forem, ambas, F: nos demais casos, será ( ) Certo ( ) Errado
V. Roberta, Rejane e Renata são servidoras de um mesmo órgão
público do Poder Executivo Federal. Em um treinamento, ao lidar 05. (CESPE - TRT-RJ – Técnico Judiciário)
com certa situação, observou-se que cada uma delas tomou uma das
seguintes atitudes: Considere as seguintes informações da Secretaria de Recursos
Humanos do TRT/RJ, adaptadas do sítio www.trtrio.gov.br.
A1: deixou de utilizar avanços técnicos e científicos que esta-
vam ao seu alcance. Secretaria de Recursos Humanos - Registro Funcional
A2: alterou texto de documento oficial que deveria apenas ser
I Atualização de currículo - As solicitações de atualiza-
encaminhado para providências.
ção de currículo, instruídas com a documentação comproba-
A3: buscou evitar situações procrastinatórias. tória - cópias dos diplomas ou dos certificados de conclusão,
devidamente autenticadas - serão encaminhadas à Divisão de Admi-
Cada uma dessas atitudes, que pode ou não estar de acordo com nistração de Pessoal para registro, via Protocolo Geral.
o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder II Alteração de endereço - Em caso de mudança, o servidor
Executivo Federal (CEP), foi tomada por exatamente uma das ser- deverá comunicar, o quanto antes, seu novo endereço à Divisão de
vidoras. Além disso, sabe-se que a servidora Renata tomou a atitude Administração de Pessoal, a fim de manter sempre atualizados seus
A3 e que a servidora Roberta não tomou a atitude A1. Essas infor- dados pessoais.
mações estão contempladas na tabela a seguir, em que cada célula, III Identidade funcional - As carteiras de identidade funcional
correspondente ao cruzamento de uma linha com uma coluna, foi (inclusive segundas vias) deverão ser solicitadas diretamente à Di-
preenchida com V (verdadeiro) no caso de a servidora listada na visão de Administração de Pessoal por meio de formulário próprio
linha ter tomado a atitude representada na coluna, ou com F (falso), e mediante entrega de uma foto 3 × 4 atualizada. As novas carteiras
caso contrário. estarão disponíveis, para retirada pelo próprio interessado, no prazo
de dez dias úteis contados do recebimento do requerimento, naquela
divisão.
A1 A2 A3 A4
Roberta F Terão direito à carteira funcional todos os magistrados
e servidores ativos desta regional, ocupantes de cargos efeti-
Rejane vos, bem como os inativos e ocupantes de cargos em comis-
Renata V são CJ.3 e CJ.4. Ao se desligarem, por exoneração ou dispen-
sa, os servidores deverão entregar à Divisão de Administração
de Pessoal suas carteiras funcionais e, ao se aposentarem, terão
Com base nessas informações, julgue os itens seguintes. suas carteiras funcionais substituídas, para fazer constar a situação
de servidor inativo.
Se P for a proposição “Rejane alterou texto de documento ofi-
cial que deveria apenas ser encaminhado para providências” e Q Para resolução da questão, considere que todas as proposições
for a proposição “Renata buscou evitar situações procrastinatórias”, contidas no texto II tenham valor lógico V. Com base nos textos I
então a proposição P→Q tem valor lógico V. e II, assinale a opção correspondente à proposição que tem valor
( ) Certo ( ) Errado lógico V.

Didatismo e Conhecimento 54
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) Os magistrados têm direito à carteira funcional, mas os ser- 09. (CESPE - INSS - Analista) Proposições são sentenças que
vidores inativos não têm. podem ser julgadas como verdadeiras (V) ou falsas (F), mas não
(B) Em caso de mudança, o servidor deverá atualizar o novo como ambas. Se P e Q são proposições, então a proposição “Se P
endereço no prazo de 10 dias úteis. então Q”, denotada por P→Q, terá valor lógico F quando P for V e
(C) Somente os certificados de conclusão de cursos dos servi- Q for F, e, nos demais casos, será V. Uma expressão da forma P,
dores precisam ser autenticados. a negação da proposição P, terá valores lógicos contrários aos de P.
(D) A identidade funcional é solicitada na Divisão de Adminis- P∨Q, lida como “P ou Q”, terá valor lógico F quando P e Q forem,
tração de Pessoal ou no Protocolo Geral. ambas, F: nos demais casos, será V.
(E) Nem o servidor ativo nem o servidor que se aposentar pre- Considere as proposições simples e compostas apresentadas
cisam substituir suas carteiras funcionais. abaixo, denotadas por A, B e C, que podem ou não estar de acordo
com o artigo 5.º da Constituição Federal.
06. (CESPE – DETRAN-ES – Analista de Sistemas) Com rela-
A: A prática do racismo é crime afiançável.
ção à programação, algoritmos e estrutura de dados, julgue o item
B: A defesa do consumidor deve ser promovida pelo Estado.
seguinte. Por meio do operador lógico de disjunção (OU), verifi-
C: Todo cidadão estrangeiro que cometer crime político em ter-
cam-se os valores de entrada, de maneira que, caso ambos os valo-
ritório brasileiro será extraditado.
res sejam falsos, o resultado será verdadeiro e, caso apenas um dos
valores seja falso, o resultado será falso. De acordo com as valorações V ou F atribuídas corretamente
às proposições A, B e C, a partir da Constituição Federal, julgue o
( ) Certo ( ) Errado item a seguir. De acordo com a notação apresentada acima, é correto
afirmar que a proposição ( A) ∨ (( C) tem valor lógico F.
07. (CESPE – Banco do Brasil – Escriturário) Proposições são
frases que podem ser julgadas como verdadeiras (V) ou falsas (F), ( ) Certo ( ) Errado
mas não ambas; são frequentemente simbolizadas por letras maiús-
culas do alfabeto. A proposição simbolizada por A→B lida como 10. (CESPE – TRT – Técnico Judiciário) Uma proposição é
“se A, então B”, “A é condição suficiente para B”, ou “B é condição uma sentença que pode ser julgada como verdadeira - V -, ou falsa
necessária para A”, tem valor lógico F quando A é V e B é F; nos - F -, mas não V e F simultaneamente. Proposições simples são sim-
demais casos, seu valor lógico é V. A proposição A∧B lida como bolizadas por letras maiúsculas A, B, C etc., chamadas letras propo-
“A e B” tem valor lógico V quando A e B forem V e valor lógico F, sicionais. São proposições compostas expressões da forma A ∨ B,
nos demais casos. A proposição A, a negação de A, tem valores que é lida como “A ou B” e tem valor lógico F quando A e B forem F,
lógicos contrários aos de A. caso contrário será sempre V; A ∧ B, que é lida como “A e B” e tem
valor lógico V quando A e B forem V, caso contrário será sempre F;
Se o valor lógico da proposição “Se as operações de crédito no ¬A, que é a negação de A e tem valores lógicos contrários aos de A.
país aumentam, então os bancos ganham muito dinheiro” é V, então
é correto concluir que o valor lógico da proposição “Se os bancos Considerando todos os possíveis valores lógicos V ou F atribu-
não ganham muito dinheiro, então as operações de crédito no país ídos às proposições A e B, assinale a opção correspondente à propo-
não aumentam” é também V. sição composta que tem sempre valor lógico F.
(A) [A ∧ (¬B)] ∧ [(¬A) ∨ B]
( ) Certo ( ) Errado (B) (A ∨ B) ∨ [(¬A) ∧ (¬B)]
(C) [A ∧ (¬B)] ∨ (A ∧ B)
(D) [A ∧ (¬B)] ∨ A
08. (CESPE – Banco do Brasil – Escriturário) Proposições são
(E) A ∧ [(¬B) ∨ A]
sentenças que podem ser julgadas como verdadeiras - V - ou fal-
sas - F -, mas não como ambas, simultaneamente. As proposições
Respostas
são frequentemente representadas por letras maiúsculas e, a partir de
proposições simples, novas proposições podem ser construídas utili- 01. Resposta “D”.
zando-se símbolos especiais. Uma expressão da forma A → B, que é “Se...então...” (Condicional), “Ou...Ou...” (Disjunção Exclusi-
lida como “se A, então B”, é F se A for V e se B for F e, nos demais va) e “...se e somente se...” (Bicondicional) em proposições equi-
casos, será sempre V. Uma expressão da forma A ∧ B, que é lida valentes que usam apenas os conectivos “e” (Conjunção) e “ou”
como “A e B”, é V se A e B forem V e, nos demais casos, será sempre (Disjunção). Disjunção é o conectivo “ou”, certo? Eele pode ser
F. Uma expressão da forma A ∨ B, que é lida como “A ou B”, é F se inclusivo ou exclusivo. Inclusivo, como o nome já diz, vem de in-
A e B forem F e, nos demais casos, será sempre V. Uma expressão da clusão, ou seja, pode ser tanto p como q ao mesmo tempo. Exclusi-
forma ¬A, a negação de A, é V se A for F e é F se A for V. vo vem de exclusão, que eles não pode ser verdadeiros ao mesmo
Julgue os itens que seguem, a respeito de lógica sentencial e de tempo, algum precisa “cair fora”. Ou p ou q. Disjunção Exclusiva,
primeira ordem, tendo como referência as definições apresentadas a resposta da questão.
no texto. Se a proposição “Algum banco lucra mais no Brasil que
nos EUA” tiver valor lógico V, a proposição “Se todos os bancos 02. Resposta “D”.
lucram mais nos EUA que no Brasil, então os correntistas têm me- (A) A + B < C ou S = “FALSO”
lhores serviços lá do que aqui” será F. 2 + 4 < 5 ou S → F ou F → F
(B) A × B > C e S = “VERDADEIRO”
( ) Certo ( ) Errado 2x4>5eS→8>5eSFeF→F

Didatismo e Conhecimento 55
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
(C) RESTO (B, A) > C e não T - Exclusiva (só é verdadeira quando ambos os valores forem
Resto (4,2) > 5 e V → 0 > 5 e V → F e V → F semelhantes):
F+F=V
d) A > B e não T ou S = “POSITIVO” F+V=F
2 > 4 e V ou V → F e V ou V, então F e V = F ou V → V V+F=F
V+V=V
e) (A2 > B ou T) e S = “POSITIVO”
(4 > 4 ou F) e V → (F ou F) e V → F A questão especificou a disjunção como “ou”. Portanto, está
errada.
03. Resposta “Certo”.
Não foi Rejane quem alterou o texto, foi Roberta, a expressão 07. Resposta “Certo”.
será, nestas condições, F então V... o que torna a assertiva verda- P: “as operações de crédito no país aumentam”.
deira uma vez que se então só será falso na construção V então F. Q: “os bancos ganham muito dinheiro”.
Como estamos diante de uma condicional, o fato da proposição P P então Q. Tal estrutura lógica equivale a ~Q então ~P.
ser Falsa, já deixa a proposição se P então Q verdadeira, já que a
condicional só é falsa se P for V e Q for F. Sendo assim, como não “Se as operações de crédito no país aumentam, então os bancos
foi Rejane que alterou o texto, temos que P é Falsa, e a condicional, ganham muito dinheiro”. Equivale a A → B;
independentemente do valor de Q, será verdadeira. “Se os bancos não ganham muito dinheiro, então as operações
de crédito no país não aumentam”. Equivale a ~B → ~A;
04. Resposta “Certo” Logo, como A → B equivale a ~B → ~A a afirmativa é correta.

Tabela Verdade 08. Resposta “Errado”.


A proposição do tipo P então Q tem valor lógico V (verdadeiro)
quando as duas condições são verdadeiras, as duas condições são
P ~P ~P ∧ P ~(~P ∧ P) falsas e a primeira condição é falsa e a segunda é verdadeira. Sa-
bendo que a primeira condição é falsa (já que a questão afirma que
V F F V
“algum banco lucra mais nos Brasil do que nos EUA”), concluímos
F V F V que a segunda pode ser falsa ou verdadeira que a proposição terá va-
lor lógico V(verdadeiro). Logo, não podemos afirmar que a segunda
Quando temos: proposição será F.
A e ~A = F (o valor lógico sempre será falso. Eu vou para
praia “e” eu não vou para a praia). Negação:
A ou ~A = V ( o valor lógico sempre será verdadeiro. O cavalo Todo A é B = Algum A não é B.
é branco “ou” o cavalo não é branco). Algum A é B = Todo A não é B.
Algum A é B = Nenhum A é B.
Sendo a proposição P e ~P sempre falsa, conforme demonstra- Nenhum A é B = Algum A é B.
do acima, a negação então será sempre verdadeira.
Equivalência:
Todo A é B = Nenhum A não é B.
05. Resposta”D”.
Nenhum A é B = Todo A não é B.
A opção A pode ser simbolicamente representada como P∧¬Q,
Todo A é B = A condicionado a (→) B.
onde P é V e Q é V. Pela lei da conjunção, V ∧¬V=F. A opção B
é F, pois o texto diz que “em caso de mudança, o servidor deverá
1- Verdadeiro - Algum banco lucra mais no Brasil do que nos
comunicar, o quanto antes, seu novo endereço à Divisão de Ad-
EUA.
ministração de Pessoal”. A opção C é F, pois o texto diz que “có- 2- Falso - Todo banco não lucra mais no Brasil do que nos EUA.
pias dos diplomas ou dos certificados de conclusão, devidamente 3- Equivalente à segunda - Se todos os bancos não lucram mais
autenticadas devem ser encaminhadas à Divisão de Administração no Brasil do que nos EUA, então... (quer dizer que nos EUA lucram
de Pessoal”. A opção D pode ser simbolicamente representada por mais).
R∨S, onde R é V e S é F. Pela lei da disjunção, V ∨ F = V. A opção
E pode ser simbolicamente representada como ¬T∧¬U, onde T é F A primeira parte é falsa, a segunda parte não importa, pois falso
e U é V. Pela lei da conjunção, V ∧ F = F. condicionado a qualquer coisa sempre será verdadeiro. Equivalente
à terceira - Se todos os bancos lucram mais no EUA do que no Bra-
06. Resposta “Errado”. sil, então... Não importa o resto, continua sendo falso condicionado
Existem dois casos de disjunção: inclusiva e exclusiva. a qualquer coisa, sendo verdadeiro, portanto.
- Inclusiva (ou soma lógica) - só é falsa quando ambos os valo- 09. Resposta “Errado”.
res forem falsos:
F+F=F F ou V = V.
F+V=V A: F; ~A: V
V+F=V C: F; ~C: V
V+V=F ~A v ~C = V ∨ V = V

Didatismo e Conhecimento 56
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
A banca misturou constitucional com raciocínio-lógico, então Linha (I) - Considerando A verdade e B verdade. A segunda
teríamos que julgar. parte da OR (OU) seria verdade, consequentemente o resultado seria
Proposição A – falsa. verdade, Ex: (E) V ∧ [(F) ∨ V] = verdade.
Proposição B – verdadeira.
Proposição C – falsa. Afirmação e Negação

Na disjunção para ser falsa, ambas as proposições têm que ser Dada uma proposição, por exemplo “O carro é verde”, todos
falsas. sabemos, na linguagem corrente, negá-la; no exemplo considerado
seria “O carro não é verde”. Se a proposição “O carro é verde”
A ou B - F ou F = Falso
for verdadeira, então “O carro não é verde” é falsa; se “O carro é
¬A ou ¬ B = V ou V = Verdade
verde” for falsa, então “O carro não é verde” é verdadeira.
Somos então levados a introduzir, na nossa linguagem mate-
10. Resposta “A”. mática, além da afirmação a chamada operação de negação. Seja
A opção A de fato não poderá ser V, pois, para que isto ocorres- p uma proposição qualquer; chamaremos negação de p a uma nova
se teríamos que atribuir o valor V para A e para ¬B na primeira parte proposição, designada por ~p (leia-se “não p”), cujo valor lógico é
da conjunção, o que tornaria a segunda parte F. A opção B pode ser diferente do de p. Assim, se p for verdadeira, ~p é falsa; se p for fal-
V, basta que A ou B sejam V. A opção C pode ser V, basta que A e B sa, ~p é verdadeira. A tabela do valor lógico da negação é, portanto
sejam V. A opção D pode ser V, basta que A seja V. A opção E pode muito simples:
ser V, basta que A seja V.
p ~p
Tabela Verdade
V F

A B ~A ~B F V

V V F V Por exemplo, são verdadeiras as proposições ~ 2 < 1, ~ (2 + 3)2


= 22 + 32, ~ 52 53 = 56, são falsas as proposições ~ 42 = 16, ~ 2√-27 =
V F F F -3, ~ (52)3 = 56.
F V V V
Voltemos a um diálogo... “O nosso Governo não é bom” afir-
F F V F ma, convicto, o Antero Gatinho, da oposição, sorvendo lentamente
a sua “bica pingada”; “Não é verdade que o nosso Governo não
(A) [A ∧ (¬B)] ∧ [(¬A) ∨ B] seja bom” riposta, pressurosa, a Manuela Ferrada Lamas (afeta ao
Linha (I) - Considerando A verdade e B verdade. A primeira partido do Governo) entre dois golos da sua “italiana”. Não narrarei,
parte da AND (E) seria falsa, consequentemente o resultado seria por pudor, a continuação da história (nem o destino final da “bica
pingada” e da “italiana”), mas gostaria de chamar a atenção para a
falso, Ex: (A) [(V ∧ (F)] ∧ [(F) ∨ V] = falso.
frase da Manuela Ferrada Lamas; consiste ela na negação da frase
Linha (II) - Considerando A verdade e B falso. A primeira parte do Antero Gatinho, frase essa que, por sua vez, era a negação de “O
da AND (E) seria verdade, a segunda seria falsa, consequentemente nosso Governo é bom”.
o resultado seria falso, Ex: (A) [(V ∧ (V)] ∧ [(F) ∨ F] = falso. Vemos assim que, na linguagem corrente (mesmo em situações
Linha (III) - Considerando A falso e B verdade. A primeira parte menos dramáticas do que a descrita) utilizamos por vezes a negação
da AND (E) seria falsa, consequentemente o resultado seria falso, de uma negação. Em termos matemáticos, e sendo p uma proposição
Ex: (A) [(F ∧ (F)] ∧ [(V) ∨ V] = falso. qualquer, a negação da negação de p escreve-se ~ (~p).
Linha (IV) - Considerando A falso e B falso. A primeira parte da
AND (E) seria falsa, consequentemente o resultado seria falso, Ex: Qual o valor lógico desta proposição? É muito fácil determiná-
(A) [(F ∧ (F)] ∧ [(V) ∨ V] = falso. -lo: ~p tem valor lógico contrário a p, ~ (~p) tem valor lógico con-
trário a ~p, logo ~ (~p) e p têm o mesmo valor lógico.
(B) (A ∨ B) ∨ [(¬A) ∧ (¬B)]
Linha (I) - Considerando A verdade e B verdade. A primeira Podemos portanto afirmar que ~ (~p) ⇔ p (1)
parte da OR (OU) seria verdade, consequentemente o resultado seria Claro que a propriedade (1) poderia ter sido deduzida de uma
verdade, Ex: (B) [(V ∨ V) ∨ [(F) ∧ F] = verdade. tabela de verdade conveniente:

(C) [A ∧ (¬B)] ∨ (A ∧ B) p ~p ~(~p)


Linha (I) - Considerando A verdade e B verdade. A segunda
parte da OR (OU) seria verdade, consequentemente o resultado seria V F V
verdade, Ex: (C) [(V ∧ (F)] ∨ (V ∧ V) = verdade. F V F
(D) [A ∧ (¬B)] ∨ A A propriedade (1) pode ser generalizada para mais do que duas
Linha (I) - Considerando A verdade e B verdade. A segunda negações. Tem-se, por exemplo,
parte da OR (OU) seria verdade, consequentemente o resultado seria
verdade, Ex: (D) [V ∧ (F)] ∨ V = verdade. ~ (~ (~ p)) ⇔ ~ p,
~ (~ (~ (~ p))) ⇔ p.
(E) A ∧ [(¬B) ∨ A]

Didatismo e Conhecimento 57
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Podemos agora pensar nas propriedades que ligam a negação Questões
com as operações já estudadas. Da análise das tabelas de verdade
para a equivalência (⇔) e para a não equivalência (⇔) é imediato 01. Dê a negação lógica de cada sentença:
ver que a negação de uma equivalência é uma não equivalência e a) Nenhum aluno gosta de geometria.
vice-versa. Por outras palavras, quaisquer que sejam as proposições b) Tudo o que é bom engorda.
p e q, são verdadeiras as proposições seguintes: c) Existe um país de língua portuguesa na Europa.
d) Comprei um CD e um livro.
(~ (p ⇔ q)) ⇔ (p ⇔ q) (2)
02. Considere as afirmações seguintes:
(~ (p ⇔ q)) ⇔ (p ⇔ q) (3)
(I) Se um político tem muito dinheiro, então ele pode ganhar
Algo de análogo se passa com os símbolos de igualdade (=) e as eleições.
de desigualdade (≠); assim, sendo a e b dois entes quaisquer, são (II) Se um político não tem muito dinheiro, então ele não pode
verdadeiras as seguintes proposições: ganhar as eleições.
(III) Se um político pode ganhar as eleições, então ele tem mui-
(~ a = b) ⇔ (a ≠ b) (4) to dinheiro.
(~ a ≠ b) ⇔ (a = b) (5) (IV) Se um político não pode ganhar as eleições, então ele não
tem muito dinheiro.
De uma forma geral, qualquer que seja o símbolo matemático (V) Um político não pode ganhar as eleições, se ele não tem
usado para construir uma certa proposição, uma barra “/” sobre esse muito dinheiro.
símbolo corresponde à negação dessa proposição.
Vejamos agora as interligações entre a negação e as operações a) Assumindo que (I) é verdadeira, quais das outras afirmações
de conjunção e de disjunção. Mais especificamente, qual o valor ló- são verdadeiras?
gico da negação de uma conjunção? E de uma disjunção? Suponha- b) Qual é a negação de (I)?
mos que eu digo: “Hoje vou ao cinema e ao teatro”; intuitivamente, c) A afirmação (I) é do tipo p → q. Como ficaria a afirmação q
negar esta frase é dizer que “Hoje não vou ao cinema ou não vou → p, chamada recíproca de (I)?
d) Como ficaria a afirmação ~q → ~p, chamada contra positiva
ao teatro”. A intuição diz-nos que a negação de uma conjunção é
de (I)?
a disjunção das negações. De forma análoga, a negação de “Hoje
como sopa ou carne”, é “Hoje não como sopa nem como carne”; a 03. Escreva a negação das seguintes proposições numa senten-
intuição sugere-nos que a negação de uma disjunção é a conjunção ça o mais simples possível.
das negações. a) É falso que não está frio ou que está chovendo.
b) Se as ações caem aumenta o desemprego.
O que acabamos de dizer leva-nos a considerar duas proposi- c) Ele tem cabelos louros se e somente se tem olhos azuis.
ções p e q quaisquer e a tentar demonstrar rigorosamente as pro- d) A condição necessária para ser um bom matemático é saber
priedades lógica.
e) Jorge estuda física mas não estuda química.
(~ (p ∧ q)) ⇔ ((~ p) ∨ (~ q)) (6) (Expressões da forma “p mas q” devem ser vistas como “p e q”)
(~ (p ∨ q)) ⇔ ((~ p) ∧ (~ q)) (7)
04. (ESAF AFC-STN) A afirmação “Alda é alta, ou Bino não é
Claro que uma demonstração de (6) e (7) deverá ser feita à custa baixo, ou Ciro é calvo” é falsa. Segue-se, pois, que é verdade que:
de tabelas de verdade convenientes: a) se Bino é baixo, Alda é alta, e se Bino não é baixo, Ciro não
é calvo.
b) se Alda é alta, Bino é baixo, e se Bino é baixo, Ciro é calvo.
p q ~p ~q p∧q ~ (p ∧ q) (~p) ∨ (~q) c) se Alda é alta, Bino é baixo, e se Bino não é baixo, Ciro não
V V F F V F F é calvo.
d) se Bino não é baixo, Alda é alta, e se Bino é baixo, Ciro é
V F F V F V V calvo.
F V V F F V V e) se Alda não é alta, Bino não é baixo, e se Ciro é calvo, Bino
não é baixo.
F F V V F V V
05. Dê a negação das seguintes proposições:
p q ~p ~q p∨q ~ (p ∨ q) (~p) ∧ (~q) a) ( x ϵ A; p(x) ) ^ (Ǝ x ϵ A; q(x))
b) (Ǝ x ϵ A; P(X) ) → ( X ϵ A; q̴ (x))
V V F F V F F
c) Existem pessoas inteligentes que não sabem ler nem escrever.
V F F V V F F d) Toda pessoa culta é sábia se, e somente se, for inteligente.
F V V F V F F e) Para todo número primo, a condição suficiente para ser par
é ser igual a 2.
F F V V F V V
06. Dizer que a afirmação “todos os economistas são médicos”
As propriedades (6) e (7) são usualmente conhecidas com o é falsa, do ponto de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte
nome de primeiras leis de De Morgan. afirmação é verdadeira:

Didatismo e Conhecimento 58
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
a) pelo menos um economista não é médico c) p: Existe um país de língua portuguesa na Europa.
b) nenhum economista é médico ~p: Qualquer país na Europa não é de língua portuguesa.
c) nenhum médico é economista
d) pelo menos um médico não é economista d) p: Comprei um CD e um livro.
e) todos os não médicos são não economistas ~p: Não comprei um CD ou não comprei um livro.

07. A negação da afirmação condicional “se estiver chovendo, 02. Sejam:


eu levo o guarda-chuva” é: p: Um político tem muito dinheiro;
a) se não estiver chovendo, eu levo o guarda-chuva. q: Ele pode ganhar as eleições.
b) não está chovendo e eu levo o guarda-chuva.
c) não está chovendo e eu não levo o guarda-chuva. As afirmações dadas podem ser então escritas na maneira se-
d) se estiver chovendo, eu não levo o guarda-chuva. guinte:
e) está chovendo e eu não levo o guarda-chuva. (I) p → q
(II) ~p → ~q
08. Se Carlos é mais velho do que Pedro, então Maria e Julia (III) q → p
tem a mesma idade. Se Maria e Julia tem a mesma idade, então João (IV) ~q → ~p
é mais moço do que Pedro. Se João é mais moço do que Pedro, então (V) ~p → ~q
Carlos é mais velho do que Maria. Ora, Carlos não é mais velho do
que Maria. Então: a) Assumindo que (I) é verdadeira, apenas a afirmação (IV) é
a) Carlos não é mais velho do que Leila, e João é mais moço verdadeira.
do que Pedro.
b) Carlos é mais velho que Pedro, e Maria e Julia tem a mesma Para verificar esse fato, vamos examinar as tabelas-verdade:
idade.
c) Carlos e João são mais moços do que Pedro. ~p ~q ~p
p→ q→
d) Carlos é mais velho do que Pedro, e João é mais moço do p q ~p ~q → → →
q p
que Pedro. ~q ~p ~q
e) Carlos não é mais velho do que Pedro, e Maria e Julia não V V F F V V V V V
tem a mesma idade.
V F F V F V V F V
09. José quer ir ao cinema assistir ao filme “Fogo Contra Fogo”, F V V F V F F V F
mas não tem certeza se o mesmo está sendo exibido. Seus amigos,
Maria, Luís e Júlio têm opiniões discordantes sobre se o filme está F F V V V V V V V
ou não em cartaz. Se Maria estiver certa, então Júlio está enganado.
Se Júlio estiver enganado, então Luís está enganado. Se Luís estiver Observe que as duas únicas colunas iguais são aquelas em ne-
enganado, então o filme não está sendo exibido. Ora, ou o filme grito.
“Fogo contra Fogo” está sendo exibido, ou José não ira ao cinema.
Verificou - se que Maria está certa. Logo, b) A negação de (I) é ~(p → q):
a) O filme “Fogo contra Fogo” está sendo exibido. “Não é verdade que se um político tem muito dinheiro então ele
b) Luís e Júlio não estão enganados. pode ganhar as eleições”.
c) Júlio está enganado, mas Luís não.
d) Luís está enganado, mas Júlio não. Podemos observar essa resolução com um pouco mais de de-
e) José não irá ao cinema. talhe.

10. Sejam as declarações: Se ele me ama então ele casa comi- Vejamos: a afirmação p → q é equivalente a ~p ∨ q.
go. Se ele casa comigo então não vou trabalhar. Ora, se vou ter que
trabalhar podemos concluir que: Logo, a afirmação ~ (p → q) é equivalente a ~ (~p ∨ q) que, por
a) Ele é pobre, mas me ama. sua vez, é equivalente a p ∧ ~q. Vamos verificar essa última equiva-
b) Ele é rico, mas é pão duro. lência através da tabela-verdade:
c) Ele não me ama e eu gosto de trabalhar.
d) Ele não casa comigo e não vou trabalhar. ~p ∨ ~ (~p p ∧
e) Ele não me ama e não casa comigo. p q ~p ~q
q ∨ q) ~q
V V F F V F F
Respostas:
V F F V F V V
01. F V V F V F F
a) p: Nenhum aluno gosta de geometria.
~p: Existe algum aluno que gosta de geometria. F F V V V F F

b) p: Tudo o que é bom engorda. Logo a equivalência entre ~ (p → q) e p ∧ ~q nos permite dizer
~p: Existe algo que é bom e não engorda. que:

Didatismo e Conhecimento 59
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
“Existe um político que tem muito dinheiro e que não ganha às a)
eleições”. q → p ^ ~q → ~r
V→F^F→V
c) A afirmação recíproca de (I), q → p, é a seguinte: F^V
Se ele pode ganhar as eleições, então ele tem muito dinheiro. Falsidade

b)
d) A afirmação contra positiva de (I), ~q → ~p , é a seguinte: p→q^q→r
Se ele não pode ganhar as eleições, então ele não tem muito F→V^V→F
dinheiro. V^F
Falsidade
03.
a) “Não está frio ou está chovendo”. c)
b) “As ações caem e não aumenta o desemprego”. p → q ^ ~q → ~r
c) “Ele tem cabelos louros e não tem olhos azuis ou ele tem F→V^F→V
olhos azuis e não tem cabelos louros”. V^V
d) A proposição é equivalente a “Se é um bom matemático en- Verdade
tão sabe lógica”.
d)
e) “Jorge não estuda lógica ou estuda química”. ~q → p ^ q → r
F→F^V→F
04. Resposta “C”. V^F
A questão exige do candidato apenas conhecimentos das opera- Falsidade
ções lógicas fundamentais. Vamos representar as proposições sim-
ples: e)
p: Alda é alta ~p → ~q ^ r → ~q
q: Bino é baixo V→F^F→F
r: Ciro é calvo F^v
Falsidade
Escrevendo o enunciado em linguagem simbólica: p ˅ ~q ˅ r 05.
a) (Ǝ x ϵ A; ~p(x)) ˅ ( x ϵ A; ~q(x)
A afirmação dita no enunciado, representada por p ˅ ~q ˅ r, é b) (Ǝ x ϵ A; P(X) ) ^ (Ǝ x ϵ A; q(x))
falsa. Sabemos que na disjunção entre duas (ou mais) proposições c) “Todas as pessoas inteligentes sabem ler ou escrever”
p e q, seu valor lógico será Falsidade somente quando p e q forem d) “Existe pessoa culta que é sábia e não é inteligente ou que é
ambas falsas (ver tabela-verdade do “ou” que foi apresentada em tó- inteligente e não é sábia”
picos anteriores). Na questão, temos não duas, mas três proposições. e) “Existe um número primo que é igual a 2 e não é par”
Então p, q e ~r têm valores lógicos falsidade. Entenderam? De uma
outra maneira dizemos: para que a proposição p ˅ ~q ˅ r seja con- 06. Aprendemos que a palavra TODOS é negada por PELO
MENOS UM (=ALGUM). Daí, se o enunciado diz que é FALSA
siderada falsa, temos que ter a combinação F ˅ F ˅ F na respectiva
a sentença “Todos os economistas são médicos”, o que ela quer na
tabela-verdade: verdade é que façamos a NEGAÇÃO desta frase! Ora, se é mentira
que todos os economistas são médicos, é fácil concluirmos que pelo
p q r ~q p ˅ ~q ˅ r menos um economista não é médico! Alternativa “A”.
V V V F V 07. Resposta “E”. O que a questão pede é a negação de uma
V V F F V condicional. Ora, já aprendemos como se faz isso: mantém-se a pri-
meira parte E nega-se a segunda. Daí, concluiremos o seguinte: “se
V F F V V estiver chovendo, eu levo o guarda-chuva” é igual a: “está chovendo
F V V F V E eu não levo o guarda-chuva”.
08. Se Carlos não é mais velho do que Maria, então João não
F F V V V é mais moço que Pedro Se João não é mais moço que Pedro, então
Maria e Julia não tem a mesma idade Se Maria e Julia não tem a
F V F F F
mesma idade, então Carlos não é mais velho que Pedro. Logo, a
V F V V V única opção correta é: e) Carlos não é mais velho do que Pedro, e
Maria e Julia não tem a mesma idade.
F F F V V
09. Se Maria está certa, então Júlio está enganado. Se Júlio está
Com isso, descobrimos que “Alda não é alta”, “Bino é baixo” e enganado, então Luís está enganado. Se Luís estiver enganado, en-
“Ciro não é calvo”. A questão pede uma proposição composta com tão O Filme não está sendo exibido. Ora, ou o filme está sendo exi-
valor lógico verdade, a partir dos valores lógicos de p, q e r. Escre- bido ou José não irá ao cinema. Logo, concluímos que: José não irá
vendo cada item em linguagem simbólica temos: ao cinema. Resposta “E”.

Didatismo e Conhecimento 60
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
10. Resposta “E”. Vou trabalhar, então, ele não casou comigo. Se o nível de significância (ex: 5% anteriormente dado) é me-
Ele não casou comigo, então, não me ama. Logo, ele não me ama e nor, o valor é menos provavelmente um extremo em relação ao valor
não casa comigo. crítico. Deste modo, um resultado que é “significante ao nível de
1%” é mais significante do que um resultado que é significante “ao
nível de 5%”. No entanto, um teste ao nível de 1% é mais suscep-
tível de padecer do erro de tipo II do que um teste de 5% e por isso
10. TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO: terá menos poder estatístico.
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA: ESTATÍSTICA Ao divisar um teste de hipóteses, o técnico deverá tentar maxi-
DESCRITIVA, RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS, mizar o poder de uma dada significância, mas ultimamente tem de
TABELAS, MEDIDAS DE TENDÊNCIA reconhecer que o melhor resultado que se pode obter é um compro-
CENTRAL E MEDIDAS DE DISPERSÃO. misso entre significância e poder, em outras palavras, entre os erros
GRÁFICOS ESTATÍSTICOS USUAIS. de tipo I e tipo II.
É importante ressaltar que os valores p Fisherianos são filoso-
ficamente diferentes dos erros de tipo I de Neyman-Pearson. Esta
confusão é infelizmente propagada por muitos livros de estatística.
Conceitos Básicos
Divisão da Estatística:
A estatística é, hoje em dia, um instrumento útil e, em alguns
casos, indispensável para tomadas de decisão em diversos campos: - Estatística Descritiva: Média (Aritmética, Geométrica, Har-
científico, econômico, social, político… mônica, Ponderada) - Mediana - Moda - Variância - Desvio padrão
Todavia, antes de chegarmos à parte de interpretação para to- - Coeficiente de variação.
madas de decisão, há que proceder a um indispensável trabalho de - Inferência Estatística: Testes de hipóteses - Significância -
recolha e organização de dados, sendo a recolha feita através de re- Potência - Hipótese nula/Hipótese alternativa - Erro de tipo I - Erro
censeamentos (ou censos ou levantamentos estatísticos) ou sonda- de tipo II - Teste T - Teste Z - Distribuição t de Student - Normaliza-
gens. ção - Valor p - Análise de variância.
Existem indícios que há 300 mil anos a.C. já se faziam censos - Estatística Não-Paramétrica: Teste Binomial - Teste Qui-
na China, Babilônia e no Egito. Censos estes que se destinavam à -quadrado (uma amostra, duas amostras independentes, k amostras
independentes) - Teste Kolmogorov-Smirnov (uma amostra, duas
taxação de impostos.
amostras independentes) - Teste de McNemar - Teste dos Sinais -
Estatística pode ser pensada como a ciência de aprendizagem
Teste de Wilcoxon - Teste de Walsh - Teste Exata de Fisher - Teste Q
a partir de dados. No nosso quotidiano, precisamos tomar decisões, de Cochran - Teste de Kruskal-Wallis - Teste de Friedman.
muitas vezes decisões rápidas. - Análise da Sobrevivência: Função de sobrevivência - Kaplan-
-Meier - Teste log-rank - Taxa de falha - Proportional hazards mo-
dels.
- Amostragem: Amostragem aleatória simples (com reposição,
sem reposição) - Amostragem estratificada - Amostragem por con-
glomerados - Amostragem sistemática - estimador razão - estimador
regressão.
Em linhas gerais a Estatística fornece métodos que auxiliam - Distribuição de Probabilidade: Normal - De Pareto - De Pois-
o processo de tomada de decisão através da análise dos dados que son - De Bernoulli - Hipergeométrica - Binomial - Binomial negati-
possuímos. va - Gama - Beta - t de Student - F-Snedecor.
Em Estatística, um resultado é significante, portanto, tem signi- - Correlação: Variável de confusão - Coeficiente de correlação
ficância estatística, se for improvável que tenha ocorrido por acaso de Pearson - Coeficiente de correlação de postos de Spearman - Co-
(que em estatística e probabilidade é tratado pelo conceito de chan- eficiente de correlação tau de Kendall).
ce), caso uma determinada hipótese nula seja verdadeira, mas não Regressão: Regressão linear - Regressão não-linear - Regressão
sendo improvável caso a hipótese base seja falsa. A expressão teste logística - Método dos mínimos quadrados - Modelos Lineares Ge-
neralizados - Modelos para Dados Longitudinais.
de significância foi cunhada por Ronald Fisher.
- Análise Multivariada: Distribuição normal multivariada -
Mais concretamente, no teste de hipóteses com base em fre-
Componentes principais - Análise fatorial - Análise discriminante
quência estatística, a significância de um teste é a probabilidade má- - Análise de “Cluster” (Análise de agrupamento) - Análise de Cor-
xima de rejeitar acidentalmente uma hipótese nula verdadeira (uma respondência.
decisão conhecida como erro de tipo I). O nível de significância de - Séries Temporais: Modelos para séries temporais - Tendência
um resultado é também chamado de α e não deve ser confundido e sazonalidade - Modelos de suavização exponencial - ARIMA -
com o valor p (p-value). Modelos sazonais.
Por exemplo, podemos escolher um nível de significância de,
digamos, 5%, e calcular um valor crítico de um parâmetro (por Panorama Geral:
exemplo a média) de modo que a probabilidade de ela exceder esse
valor, dada a verdade da hipótese nulo, ser 5%. Se o valor estatísti- Variáveis: São características que são medidas, controladas ou
co calculado (ou seja, o nível de 5% de significância anteriormente manipuladas em uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos, prin-
escolhido) exceder o valor crítico, então é significante “ao nível de cipalmente no papel que a elas é dado em uma pesquisa e na forma
5%”. como podem ser medidas.

Didatismo e Conhecimento 61
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Pesquisa “Correlacional” X Pesquisa “Experimental”: A - Variáveis ordinais permitem ordenar os itens medidos em ter-
maioria das pesquisas empíricas pertencem claramente a uma des- mos de qual tem menos e qual tem mais da qualidade representa-
sas duas categorias gerais: em uma pesquisa correlacional (Levan- da pela variável, mas ainda não permitem que se diga “o quanto
tamento) o pesquisador não influencia (ou tenta não influenciar) ne- mais”. Um exemplo típico de uma variável ordinal é o status sócio-
nhuma variável, mas apenas as mede e procura por relações (corre- -econômico das famílias residentes em uma localidade: sabe-se que
lações) entre elas, como pressão sangüínea e nível de colesterol. Em média-alta é mais “alta” do que média, mas não se pode dizer, por
exemplo, que é 18% mais alta. A própria distinção entre mensuração
uma pesquisa experimental (Experimento) o pesquisador manipula
nominal, ordinal e intervalar representa um bom exemplo de uma
algumas variáveis e então mede os efeitos desta manipulação em
variável ordinal: pode-se dizer que uma medida nominal provê me-
outras variáveis; por exemplo, aumentar artificialmente a pressão nos informação do que uma medida ordinal, mas não se pode dizer
sangüínea e registrar o nível de colesterol. A análise dos dados em “quanto menos” ou como esta diferença se compara à diferença en-
uma pesquisa experimental também calcula “correlações” entre va- tre mensuração ordinal e intervalar.
riáveis, especificamente entre aquelas manipuladas e as que foram - Variáveis intervalares permitem não apenas ordenar em postos
afetadas pela manipulação. Entretanto, os dados experimentais po- os itens que estão sendo medidos, mas também quantificar e compa-
dem demonstrar conclusivamente relações causais (causa e efeito) rar o tamanho das diferenças entre eles. Por exemplo, temperatura,
entre variáveis. Por exemplo, se o pesquisador descobrir que sempre medida em graus Celsius constitui uma variável intervalar. Pode-se
que muda a variável A então a variável B também muda, então ele dizer que a temperatura de 40C é maior do que 30C e que um au-
poderá concluir que A “influencia” B. Dados de uma pesquisa cor- mento de 20C para 40C é duas vezes maior do que um aumento de
relacional podem ser apenas “interpretados” em termos causais com 30C para 40C.
base em outras teorias (não estatísticas) que o pesquisador conheça,  
Relações entre variáveis: Duas ou mais variáveis quaisquer
mas não podem ser conclusivamente provar causalidade.
estão relacionadas se em uma amostra de observações os valores
dessas variáveis são distribuídos de forma consistente. Em outras
Variáveis dependentes e variáveis independentes: Variáveis palavras, as variáveis estão relacionadas se seus valores correspon-
independentes são aquelas que são manipuladas enquanto que vari- dem sistematicamente uns aos outros para aquela amostra de obser-
áveis dependentes são apenas medidas ou registradas. Esta distinção vações. Por exemplo, sexo e WCC seriam relacionados se a maioria
confunde muitas pessoas que dizem que “todas variáveis dependem dos homens tivesse alta WCC e a maioria das mulheres baixa WCC,
de alguma coisa”. Entretanto, uma vez que se esteja acostumado ou vice-versa; altura é relacionada ao peso porque tipicamente in-
a esta distinção ela se torna indispensável. Os termos variável de- divíduos altos são mais pesados do que indivíduos baixos; Q.I. está
pendente e independente aplicam-se principalmente à pesquisa ex- relacionado ao número de erros em um teste se pessoas com Q.I.’s
perimental, onde algumas variáveis são manipuladas, e, neste sen- mais altos cometem menos erros.
tido, são “independentes” dos padrões de reação inicial, intenções
e características dos sujeitos da pesquisa (unidades experimentais). Importância das relações entre variáveis: Geralmente o
Espera-se que outras variáveis sejam “dependentes” da manipulação objetivo principal de toda pesquisa ou análise científica é encon-
trar relações entre variáveis. A filosofia da ciência ensina que não
ou das condições experimentais. Ou seja, elas dependem “do que os
há outro meio de representar “significado” exceto em termos de
sujeitos farão” em resposta. Contrariando um pouco a natureza da
relações entre quantidades ou qualidades, e ambos os casos en-
distinção, esses termos também são usados em estudos em que não volvem relações entre variáveis. Assim, o avanço da ciência sem-
se manipulam variáveis independentes, literalmente falando, mas pre tem que envolver a descoberta de novas relações entre variá-
apenas se designam sujeitos a “grupos experimentais” baseados em veis. Em pesquisas correlacionais a medida destas relações é feita
propriedades pré-existentes dos próprios sujeitos. Por exemplo, se de forma bastante direta, bem como nas pesquisas experimen-
em uma pesquisa compara-se a contagem de células brancas (White tais. Por exemplo, o experimento já mencionado de comparar
Cell Count em inglês, WCC) de homens e mulheres, sexo pode ser WCC em homens e mulheres pode ser descrito como procura de
chamada de variável independente e WCC de variável dependente. uma correlação entre 2 variáveis: sexo e WCC. A Estatística nada
  mais faz do que auxiliar na avaliação de relações entre variáveis.
Níveis de Mensuração: As variáveis diferem em “quão bem”  
elas podem ser medidas, isto é, em quanta informação seu nível de Aspectos básicos da relação entre variáveis: As duas proprie-
mensuração pode prover. Há obviamente algum erro em cada medi- dades formais mais elementares de qualquer relação entre variáveis
são a magnitude (“tamanho”) e a confiabilidade da relação.
da, o que determina o “montante de informação” que se pode obter,
- Magnitude é muito mais fácil de entender e medir do que a
mas basicamente o fator que determina a quantidade de informação
confiabilidade. Por exemplo, se cada homem em nossa amostra tem
que uma variável pode prover é o seu tipo de nível de mensuração. um WCC maior do que o de qualquer mulher da amostra, poderia-
Sob este prisma as variáveis são classificadas como nominais, ordi- -se dizer que a magnitude da relação entre as duas variáveis (sexo e
nais e intervalares. WCC) é muito alta em nossa amostra. Em outras palavras, poderia-
- Variáveis nominais permitem apenas classificação qualitativa. -se prever uma baseada na outra (ao menos na amostra em questão).
Ou seja, elas podem ser medidas apenas em termos de quais itens - Confiabilidade é um conceito muito menos intuitivo, mas ex-
pertencem a diferentes categorias, mas não se pode quantificar nem tremamente importante. Relaciona-se à “representatividade” do re-
mesmo ordenar tais categorias. Por exemplo, pode-se dizer que 2 sultado encontrado em uma amostra específica de toda a população.
indivíduos são diferentes em termos da variável A (sexo, por exem- Em outras palavras, diz quão provável será encontrar uma relação
plo), mas não se pode dizer qual deles “tem mais” da qualidade re- similar se o experimento fosse feito com outras amostras retiradas
presentada pela variável. Exemplos típicos de variáveis nominais da mesma população, lembrando que o maior interesse está na po-
são sexo, raça, cidade, etc. pulação.

Didatismo e Conhecimento 62
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
O interesse na amostra reside na informação que ela pode prover uma boa chance para tais erros, incluem alguma “correção” ou ajus-
sobre a população. Se o estudo atender certos critérios específicos te para o número total de comparações. Entretanto, muitos métodos
(que serão mencionados posteriormente) então a confiabilidade de estatísticos (especialmente análises exploratórias simples de dados)
uma relação observada entre variáveis na amostra pode ser estimada não oferecem nenhum remédio direto para este problema. Cabe en-
quantitativamente e representada usando uma medida padrão (cha- tão ao pesquisador avaliar cuidadosamente a confiabilidade de des-
mada tecnicamente de nível-p ou nível de significância estatística). cobertas não esperadas.
 
Significância Estatística (nível-p): A significância estatísti- Força X Confiabilidade de uma relação entre variáveis: Foi
ca de um resultado é uma medida estimada do grau em que este dito anteriormente que força (magnitude) e confiabilidade são dois
resultado é “verdadeiro” (no sentido de que seja realmente o que aspectos diferentes dos relacionamentos entre variáveis. Contudo,
ocorre na população, ou seja no sentido de “representatividade da eles não são totalmente independentes. Em geral, em uma amostra
população”). Mais tecnicamente, o valor do nível-p representa um de um certo tamanho quanto maior a magnitude da relação entre
índice decrescente da confiabilidade de um resultado. Quanto mais variáveis, mais confiável a relação.
Assumindo que não há relação entre as variáveis na popula-
alto o nível-p, menos se pode acreditar que a relação observada entre
ção, o resultado mais provável deveria ser também não encontrar
as variáveis na amostra é um indicador confiável da relação entre
relação entre as mesmas variáveis na amostra da pesquisa. Assim,
as respectivas variáveis na população. Especificamente, o nível-p quanto mais forte a relação encontrada na amostra menos provável
representa a probabilidade de erro envolvida em aceitar o resultado é a não existência da relação correspondente na população. Então a
observado como válido, isto é, como “representativo da população”. magnitude e a significância de uma relação aparentam estar forte-
Por exemplo, um nível-p de 0,05 (1/20) indica que há 5% de proba- mente relacionadas, e seria possível calcular a significância a partir
bilidade de que a relação entre as variáveis, encontrada na amostra, da magnitude e vice-versa. Entretanto, isso é válido apenas se o ta-
seja um “acaso feliz”. Em outras palavras, assumindo que não haja manho da amostra é mantido constante, porque uma relação de certa
relação entre aquelas variáveis na população, e o experimento de in- força poderia ser tanto altamente significante ou não significante de
teresse seja repetido várias vezes, poderia-se esperar que em aproxi- todo dependendo do tamanho da amostra.
madamente 20 realizações do experimento haveria apenas uma em
que a relação entre as variáveis em questão seria igual ou mais forte Por que a significância de uma relação entre variáveis de-
do que a que foi observada naquela amostra anterior. Em muitas pende do tamanho da amostra: Se há muito poucas observações
áreas de pesquisa, o nível-p de 0,05 é costumeiramente tratado como então há também poucas possibilidades de combinação dos valores
um “limite aceitável” de erro. das variáveis, e então a probabilidade de obter por acaso uma combi-
nação desses valores que indique uma forte relação é relativamente
Como determinar que um resultado é “realmente” signifi- alta. Considere-se o seguinte exemplo:
cante: Não há meio de evitar arbitrariedade na decisão final de qual Há interesse em duas variáveis (sexo: homem, mulher; WCC:
nível de significância será tratado como realmente “significante”. alta, baixa) e há apenas quatro sujeitos na amostra (2 homens e 2
Ou seja, a seleção de um nível de significância acima do qual os mulheres). A probabilidade de se encontrar, puramente por acaso,
resultados serão rejeitados como inválidos é arbitrária. Na prática, uma relação de 100% entre as duas variáveis pode ser tão alta quan-
a decisão final depende usualmente de: se o resultado foi previsto to 1/8. Explicando, há uma chance em oito de que os dois homens
a priori ou apenas a posteriori no curso de muitas análises e com- tenham alta WCC e que as duas mulheres tenham baixa WCC, ou
parações efetuadas no conjunto de dados; no total de evidências vice-versa, mesmo que tal relação não exista na população. Agora
consistentes do conjunto de dados; e nas “tradições” existentes na considere-se a probabilidade de obter tal resultado por acaso se a
área particular de pesquisa. Tipicamente, em muitas ciências resul- amostra consistisse de 100 sujeitos: a probabilidade de obter aquele
resultado por acaso seria praticamente zero.
tados que atingem nível-p 0,05 são considerados estatisticamente
Observando um exemplo mais geral. Imagine-se uma popu-
significantes, mas este nível ainda envolve uma probabilidade de
lação teórica em que a média de WCC em homens e mulheres é
erro razoável (5%). Resultados com um nível-p 0,01 são comumente
exatamente a mesma. Supondo um experimento em que se retiram
considerados estatisticamente significantes, e com nível-p 0,005 ou pares de amostras (homens e mulheres) de um certo tamanho da po-
nível-p 0,001 são freqüentemente chamados “altamente” significan- pulação e calcula-se a diferença entre a média de WCC em cada par
tes. Estas classificações, porém, são convenções arbitrárias e apenas de amostras (supor ainda que o experimento será repetido várias ve-
informalmente baseadas em experiência geral de pesquisa. Uma zes). Na maioria dos experimento os resultados das diferenças serão
conseqüência óbvia é que um resultado considerado significante a próximos de zero. Contudo, de vez em quando, um par de amostra
0,05, por exemplo, pode não sê-lo a 0,01. apresentará uma diferença entre homens e mulheres consideravel-
mente diferente de zero. Com que freqüência isso acontece? Quan-
Significância estatística e o número de análises realizadas: to menor a amostra em cada experimento maior a probabilidade de
Desnecessário dizer quanto mais análises sejam realizadas em um obter esses resultados errôneos, que, neste caso, indicariam a exis-
conjunto de dados, mais os resultados atingirão “por acaso” o nível tência de uma relação entre sexo e WCC obtida de uma população
de significância convencionado. Por exemplo, ao calcular correla- em que tal relação não existe. Observe-se mais um exemplo (“razão
ções entre dez variáveis (45 diferentes coeficientes de correlação), meninos para meninas”, Nisbett et al., 1987):
seria razoável esperar encontrar por acaso que cerca de dois (um Há dois hospitais: no primeiro nascem 120 bebês a cada dia
em cada 20) coeficientes de correlação são significantes ao nível-p e no outro apenas 12. Em média a razão de meninos para meninas
0,05, mesmo que os valores das variáveis sejam totalmente aleató- nascidos a cada dia em cada hospital é de 50/50. Contudo, certo dia,
rios, e aquelas variáveis não se correlacionem na população. Alguns em um dos hospitais nasceram duas vezes mais meninas do que me-
métodos estatísticos que envolvem muitas comparações, e portanto ninos. Em que hospital isso provavelmente aconteceu?

Didatismo e Conhecimento 63
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
A resposta é óbvia para um estatístico, mas não tão óbvia para os Tecnicamente, um modo comum de realizar tais avaliações é
leigos: é muito mais provável que tal fato tenha ocorrido no hospital observar quão diferenciados são os valores das variáveis, e então
menor. A razão para isso é que a probabilidade de um desvio aleató- calcular qual parte desta “diferença global disponível” seria detec-
rio da média da população aumenta com a diminuição do tamanho tada na ocasião se aquela diferença fosse “comum” (fosse apenas
da amostra (e diminui com o aumento do tamanho da amostra). devida à relação entre as variáveis) nas duas (ou mais) variáveis em
questão. Falando menos tecnicamente, compara-se “o que é comum
Por que pequenas relações podem ser provadas como sig- naquelas variáveis” com “o que potencialmente poderia haver em
nificantes apenas por grandes amostras: Os exemplos dos pará- comum se as variáveis fossem perfeitamente relacionadas”. Outro
grafos anteriores indicam que se um relacionamento entre as vari- exemplo:
áveis em questão (na população) é pequeno, então não há meio de Em uma amostra o índice médio de WCC é igual a 100 em
identificar tal relação em um estudo a não ser que a amostra seja homens e 102 em mulheres. Assim, poderia-se dizer que, em média,
correspondentemente grande. Mesmo que a amostra seja de fato o desvio de cada valor da média de ambos (101) contém uma com-
“perfeitamente representativa” da população o efeito não será esta-
ponente devida ao sexo do sujeito, e o tamanho desta componente
tisticamente significante se a amostra for pequena. Analogamente,
é 1. Este valor, em certo sentido, representa uma medida da relação
se a relação em questão é muito grande na população então poderá
entre sexo e WCC. Contudo, este valor é uma medida muito pobre,
ser constatada como altamente significante mesmo em um estudo
baseado em uma pequena amostra. Mais um exemplo: porque não diz quão relativamente grande é aquela componente em
Se uma moeda é ligeiramente viciada, de tal forma que quan- relação à “diferença global” dos valores de WCC. Há duas possibi-
do lançada é ligeiramente mais provável que ocorram caras do que lidades extremas: S
coroas (por exemplo uma proporção 60% para 40%). Então dez lan- - Se todos os valore de WCC de homens são exatamente iguais
çamentos não seriam suficientes para convencer alguém de que a a 100 e os das mulheres iguais a 102 então todos os desvios da média
moeda é viciada, mesmo que o resultado obtido (6 caras e 4 coroas) conjunta na amostra seriam inteiramente causados pelo sexo. Pode-
seja perfeitamente representativo do viesamento da moeda. Entre- ria-se dizer que nesta amostra sexo é perfeitamente correlacionado
tanto, dez lançamentos não são suficientes para provar nada? Não, se a WCC, ou seja, 100% das diferenças observadas entre os sujeitos
o efeito em questão for grande o bastante, os dez lançamentos serão relativas a suas WCC’s devem-se a seu sexo.
suficientes. Por exemplo, imagine-se que a moeda seja tão viciada - Se todos os valores de WCC estão em um intervalo de 0 a
que não importe como venha a ser lançada o resultado será cara. Se 1000, a mesma diferença (de 2) entre a WCC média de homens e
tal moeda fosse lançada dez vezes, e cada lançamento produzisse mulheres encontrada no estudo seria uma parte tão pequena na dife-
caras, muitas pessoas considerariam isso prova suficiente de que há rença global dos valores que muito provavelmente seria considerada
“algo errado” com a moeda. Em outras palavras, seria considerada desprezível. Por exemplo, um sujeito a mais que fosse considerado
prova convincente de que a população teórica de um número infinito poderia mudar, ou mesmo reverter, a direção da diferença. Portanto,
de lançamentos desta moeda teria mais caras do que coroas. Assim, toda boa medida das relações entre variáveis tem que levar em conta
se a relação é grande, então poderá ser considerada significante mes- a diferenciação global dos valores individuais na amostra e avaliar a
mo em uma pequena amostra. relação em termos (relativos) de quanto desta diferenciação se deve
à relação em questão.
Pode uma “relação inexistente” ser um resultado significan-
te: Quanto menor a relação entre as variáveis maior o tamanho de “Formato geral” de muitos testes estatísticos: Como o ob-
amostra necessário para prová-la significante. Por exemplo, imagi- jetivo principal de muitos testes estatísticos é avaliar relações entre
ne-se quantos lançamentos seriam necessários para provar que uma variáveis, muitos desses testes seguem o princípio exposto no item
moeda é viciada se seu viesamento for de apenas 0,000001 %! En- anterior. Tecnicamente, eles representam uma razão de alguma me-
tão, o tamanho mínimo de amostra necessário cresce na mesma pro-
dida da diferenciação comum nas variáveis em análise (devido à sua
porção em que a magnitude do efeito a ser demonstrado decresce.
relação) pela diferenciação global daquelas variáveis. Por exemplo,
Quando a magnitude do efeito aproxima-se de zero, o tamanho de
amostra necessário para prová-lo aproxima-se do infinito. Isso quer teria-se uma razão da parte da diferenciação global dos valores de
dizer que, se quase não há relação entre duas variáveis o tamanho WCC que podem se dever ao sexo pela diferenciação global dos
da amostra precisa quase ser igual ao tamanho da população, que valores de WCC. Esta razão é usualmente chamada de razão da va-
teoricamente é considerado infinitamente grande. A significância es- riação explicada pela variação total. Em estatística o termo variação
tatística representa a probabilidade de que um resultado similar seja explicada não implica necessariamente que tal variação é “compre-
obtido se toda a população fosse testada. Assim, qualquer coisa que endida conceitualmente”. O termo é usado apenas para denotar a va-
fosse encontrada após testar toda a população seria, por definição, riação comum às variáveis em questão, ou seja, a parte da variação
significante ao mais alto nível possível, e isso também inclui todos de uma variável que é “explicada” pelos valores específicos da outra
os resultados de “relação inexistente”. variável e vice-versa.

Como medir a magnitude (força) das relações entre vari- Como é calculado o nível de significância estatístico: Assu-
áveis: Há muitas medidas da magnitude do relacionamento entre ma-se que já tenha sido calculada uma medida da relação entre duas
variáveis que foram desenvolvidas por estatísticos: a escolha de uma variáveis (como explicado acima). A próxima questão é “quão signi-
medida específica em dadas circunstâncias depende do número de ficante é esta relação”? Por exemplo, 40% da variação global ser ex-
variáveis envolvidas, níveis de mensuração usados, natureza das re- plicada pela relação entre duas variáveis é suficiente para considerar
lações, etc. Quase todas, porém, seguem um princípio geral: elas a relação significante? “Depende”. Especificamente, a significância
procuram avaliar a relação comparando-a de alguma forma com a depende principalmente do tamanho da amostra. Como já foi expli-
“máxima relação imaginável” entre aquelas variáveis específicas. cado, em amostras muito grandes mesmo relações muito pequenas

Didatismo e Conhecimento 64
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
entre variáveis serão significantes, enquanto que em amostras muito (zero). Se tal probabilidade calculada é tão pequena que satisfaz ao
pequenas mesmo relações muito grandes não poderão ser considera- critério previamente aceito de significância estatística, então pode-se
das confiáveis (significantes). Assim, para determinar o nível de sig- concluir que o resultado obtido produz uma melhor aproximação do
nificância estatística torna-se necessária uma função que represente que está acontecendo na população do que a “hipótese nula”. Lem-
o relacionamento entre “magnitude” e “significância” das relações brando ainda que a hipótese nula foi considerada apenas por “razões
entre duas variáveis, dependendo do tamanho da amostra. Tal fun- técnicas” como uma referência contra a qual o resultado empírico
ção diria exatamente “quão provável é obter uma relação de dada (dos experimentos) foi avaliado.
magnitude (ou maior) de uma amostra de dado tamanho, assumindo
que não há tal relação entre aquelas variáveis na população”. Em Todos os testes estatísticos são normalmente distribuídos:
outras palavras, aquela função forneceria o nível de significância Não todos, mas muitos são ou baseados na distribuição normal di-
(nível-p), e isso permitiria conhecer a probabilidade de erro envol- retamente ou em distribuições a ela relacionadas, e que podem ser
vida em rejeitar a idéia de que a relação em questão não existe na derivadas da normal, como as distribuições t, F ou Chi-quadrado
população. Esta hipótese “alternativa” (de que não há relação na (Qui-quadrado). Tipicamente, estes testes requerem que as variáveis
população) é usualmente chamada de hipótese nula. Seria ideal se analisadas sejam normalmente distribuídas na população, ou seja,
que elas atendam à “suposição de normalidade”. Muitas variáveis
a função de probabilidade fosse linear, e por exemplo, apenas ti-
observadas realmente são normalmente distribuídas, o que é outra
vesse diferentes inclinações para diferentes tamanhos de amostra.
razão por que a distribuição normal representa uma “característica
Infelizmente, a função é mais complexa, e não é sempre exatamente geral” da realidade empírica. O problema pode surgir quando se ten-
a mesma. Entretanto, em muitos casos, sua forma é conhecida e isso ta usar um teste baseado na distribuição normal para analisar dados
pode ser usado para determinar os níveis de significância para os de variáveis que não são normalmente distribuídas. Em tais casos há
resultados obtidos em amostras de certo tamanho. Muitas daquelas duas opções. Primeiramente, pode-se usar algum teste “não paramé-
funções são relacionadas a um tipo geral de função que é chamada trico” alternativo (ou teste “livre de distribuição”); mas isso é fre-
de normal (ou gaussiana). qüentemente inconveniente porque tais testes são tipicamente me-
nos poderosos e menos flexíveis em termos dos tipos de conclusões
Por que a distribuição normal é importante: A “distribui- que eles podem proporcionar. Alternativamente, em muitos casos
ção normal” é importante porque em muitos casos ela se aproxima ainda se pode usar um teste baseado na distribuição normal se ape-
bem da função introduzida no item anterior. A distribuição de muitas nas houver certeza de que o tamanho das amostras é suficientemente
estatísticas de teste é normal ou segue alguma forma que pode ser grande. Esta última opção é baseada em um princípio extremamente
derivada da distribuição normal. Neste sentido, filosoficamente, a importante que é largamente responsável pela popularidade dos tes-
distribuição normal representa uma das elementares “verdades acer- tes baseados na distribuição normal. Nominalmente, quanto mais o
ca da natureza geral da realidade”, verificada empiricamente, e seu tamanho da amostra aumente, mais a forma da distribuição amostral
status pode ser comparado a uma das leis fundamentais das ciências (a distribuição de uma estatística da amostra) da média aproxima-se
naturais. A forma exata da distribuição normal (a característica “cur- da forma da normal, mesmo que a distribuição da variável em ques-
va do sino”) é definida por uma função que tem apenas dois parâme- tão não seja normal. Este princípio é chamado de Teorema Central
tros: média e desvio padrão. do Limite.
Uma propriedade característica da distribuição normal é que
68% de todas as suas observações caem dentro de um intervalo de Como se conhece as consequências de violar a suposição de
1 desvio padrão da média, um intervalo de 2 desvios padrões inclui normalidade: Embora muitas das declarações feitas anteriormente
95% dos valores, e 99% das observações caem dentro de um inter- possam ser provadas matematicamente, algumas não têm provas te-
valo de 3 desvios padrões da média. Em outras palavras, em uma óricas e podem demonstradas apenas empiricamente via experimen-
distribuição normal as observações que tem um valor padronizado tos Monte Carlo (simulações usando geração aleatória de números).
Nestes experimentos grandes números de amostras são geradas por
de menos do que -2 ou mais do que +2 tem uma freqüência rela-
um computador seguindo especificações pré-designadas e os resul-
tiva de 5% ou menos (valor padronizado significa que um valor é
tados de tais amostras são analisados usando uma grande variedade
expresso em termos de sua diferença em relação à média, dividida
de testes. Este é o modo empírico de avaliar o tipo e magnitude dos
pelo desvio padrão). erros ou viesamentos a que se expõe o pesquisador quando certas
suposições teóricas dos testes usados não são verificadas nos dados
Ilustração de como a distribuição normal é usada em ra- sob análise. Especificamente, os estudos de Monte Carlo foram usa-
ciocínio estatístico (indução): Retomando o exemplo já discutido, dos extensivamente com testes baseados na distribuição normal para
onde pares de amostras de homens e mulheres foram retirados de determinar quão sensíveis eles eram à violações da suposição de que
uma população em que o valor médio de WCC em homens e mulhe- as variáveis analisadas tinham distribuição normal na população. A
res era exatamente o mesmo. Embora o resultado mais provável para conclusão geral destes estudos é que as conseqüências de tais viola-
tais experimentos (um par de amostras por experimento) é que a di- ções são menos severas do que se tinha pensado a princípio. Embora
ferença entre a WCC média em homens e mulheres em cada par seja estas conclusões não devam desencorajar ninguém de se preocupar
próxima de zero, de vez em quando um par de amostras apresentará com a suposição de normalidade, elas aumentaram a popularidade
uma diferença substancialmente diferente de zero. Quão freqüente- geral dos testes estatísticos dependentes da distribuição normal em
mente isso ocorre? Se o tamanho da amostra é grande o bastante, todas as áreas de pesquisa.
os resultados de tais repetições são “normalmente distribuídos”, e
assim, conhecendo a forma da curva normal pode-se calcular preci- Objeto da Estatística: Estatística é uma ciência exata que visa
samente a probabilidade de obter “por acaso” resultados represen- fornecer subsídios ao analista para coletar, organizar, resumir, anali-
tando vários níveis de desvio da hipotética média populacional 0 sar e apresentar dados.

Didatismo e Conhecimento 65
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Trata de parâmetros extraídos da população, tais como média Histogramas
ou desvio padrão. A estatística fornece-nos as técnicas para extrair
informação de dados, os quais são muitas vezes incompletos, na
medida em que nos dão informação útil sobre o problema em es-
tudo, sendo assim, é objetivo da Estatística extrair informação dos
dados para obter uma melhor compreensão das situações que repre-
sentam. Quando se aborda uma problemática envolvendo métodos
estatísticos, estes devem ser utilizados mesmo antes de se recolher a
amostra, isto é, deve-se planejar a experiência que nos vai permitir
recolher os dados, de modo que, posteriormente, se possa extrair o
máximo de informação relevante para o problema em estudo, ou
seja, para a população de onde os dados provêm. Quando de posse
dos dados, procura-se agrupá-los e reduzi-los, sob forma de amostra,
deixando de lado a aleatoriedade presente. Seguidamente o objetivo
do estudo estatístico pode ser o de estimar uma quantidade ou tes-
tar uma hipótese, utilizando-se técnicas estatísticas convenientes, as
quais realçam toda a potencialidade da Estatística, na medida em
que vão permitir tirar conclusões acerca de uma população, base- Pictogramas
ando-se numa pequena amostra, dando-nos ainda uma medida do
erro cometido. 1ª (10)
Exemplo: Ao chegarmos a uma churrascaria, não precisamos
2ª (8)
comer todos os tipos de saladas, de sobremesas e de carnes dispo-
níveis, para conseguirmos chegar a conclusão de que a comida é de 3ª (4)
boa qualidade. Basta que seja provado um tipo de cada opção para
4ª (5)
concluirmos que estamos sendo bem servidos e que a comida está
dentro dos padrões. 5ª (4)
= 1 unidade
Escalas – Tabelas – Gráficos
Tabela de Frequências: Como o nome indica, conterá os
Tipos de gráficos: Os dados podem então ser representados
de várias formas: valores da variável e suas respectivas contagens, as quais são
denominadas frequências absolutas ou simplesmente, frequências.
Diagramas de Barras No caso de variáveis qualitativas ou quantitativas discretas, a
tabela de frequência consiste em listar os valores possíveis da
variável, numéricos ou não, e fazer a contagem na tabela de dados
brutos do número de suas ocorrências. A frequência do valor i será
representada por ni, a frequência total por n e a frequência relativa
por fi = ni/n.

Para variáveis cujos valores possuem ordenação natural


(qualitativas ordinais e quantitativas em geral), faz sentido
incluirmos também uma coluna contendo as frequências
acumuladas f ac, obtidas pela soma das frequências de todos os
valores da variável, menores ou iguais ao valor considerado.

Diagramas Circulares No caso das variáveis quantitativas contínuas, que podem


assumir infinitos valores diferentes, é inviável construir a tabela de
frequência nos mesmos moldes do caso anterior, pois obteríamos
praticamente os valores originais da tabela de dados brutos. Para
resolver este problema, determinamos classes ou faixas de valores
e contamos o número de ocorrências em cada faixa. Por ex., no
caso da variável peso de adultos, poderíamos adotar as seguintes
faixas: 30 |— 40 kg, 40 |— 50 kg, 50 |— 60, 60 |— 70, e assim
por diante. Apesar de não adotarmos nenhuma regra formal para
estabelecer as faixas, procuraremos utilizar, em geral, de 5 a 8
faixas com mesma amplitude.

Eventualmente, faixas de tamanho desigual podem ser


convenientes para representar valores nas extremidades da tabela.
Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 66
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Alguns autores utilizam a frequência absoluta ou a
porcentagem na construção do histograma, o que pode ocasionar
distorções (e, consequentemente, más interpretações) quando
amplitudes diferentes são utilizadas nas faixas. Exemplo:

Gráfico de Barras: Para construir um gráfico de barras,


representamos os valores da variável no eixo das abscissas e
suas as frequências ou porcentagens no eixo das ordenadas.
Para cada valor da variável desenhamos uma barra com altura
correspondendo à sua frequência ou porcentagem. Este tipo de
gráfico é interessante para as variáveis qualitativas ordinais ou
quantitativas discretas, pois permite investigar a presença de
tendência nos dados. Exemplo:

Gráfico de Linha ou Sequência: Adequados para apresentar


observações medidas ao longo do tempo, enfatizando sua tendência
ou periodicidade. Exemplo:

Diagrama Circular: Para construir um diagrama circular


ou gráfico de pizza, repartimos um disco em setores circulares
correspondentes às porcentagens de cada valor (calculadas
multiplicando-se a frequência relativa por 100). Este tipo de gráfico
adapta-se muito bem para as variáveis qualitativas nominais.
Exemplo:

Polígono de Frequência:
Semelhante ao histograma, mas construído a partir dos pontos
médios das classes. Exemplo:

Histograma: O histograma consiste em retângulos contíguos


com base nas faixas de valores da variável e com área igual à Gráfico de Ogiva:
frequência relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada Apresenta uma distribuição de frequências acumuladas,
retângulo é denominada densidade de frequência ou simplesmente utiliza uma poligonal ascendente utilizando os pontos extremos.
densidade definida pelo quociente da área pela amplitude da faixa.

Didatismo e Conhecimento 67
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
A média aritmética é 7.

Média Aritmética Ponderada

Definição

A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à


adição e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é
chamada média aritmética ponderada.

Cálculo da média aritmética ponderada

Se x for a média aritmética ponderada dos elementos do


conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} com “pesos” P1; P2; P3;
...; Pn, respectivamente, então, por definição:

Médias P1 . x + P2 . x + P3 . x + ... + Pn . x =
= P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn
Noção Geral de Média (P1 + P2 + P3 + ... + Pn) . x =
= P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn e, portanto,
Considere um conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} e
efetue uma certa operação com todos os elementos de A. x=
P1 .x1; P2 .x2 ; P3 .x3;...Pn xn
Se for possível substituir cada um dos elementos do conjunto A P1 + P2 + P3 + ...+ Pn
por um número x de modo que o resultado da operação citada seja
o mesmo diz-se, por definição, que x será a média dos elementos Observe que se P1 = P2 = P3 = ... = Pn = 1, então:
x1; x2 ; x3;...; xn que é a média aritmética simples.
de A relativa a essa operação. x=
n
Média Aritmética Conclusão
Definição
A média aritmética ponderada dos n elementos do conjunto
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à numérico A é a soma dos produtos de cada elemento multiplicado
adição é chamada média aritmética. pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
Cálculo da média aritmética
Exemplo
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto
numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: Calcular a média aritmética ponderada dos números 35, 20 e
10 com pesos 2, 3, e 5, respectivamente.

Resolução
n parcelas
e, portanto, Se x for a média aritmética ponderada, então:
x ; x ; x ;...; xn
x= 1 2 3 2.35 + 3.20 + 5.10 70 + 60 + 50 180
n x= ↔x= ↔x= ↔ x = 18
2 + 3+ 5 10 10
Conclusão
A média aritmética ponderada é 18.
A média aritmética dos n elementos do conjunto numérico A é
a soma de todos os seus elementos, dividida por n. Observação: A palavra média, sem especificar se é aritmética,
deve ser entendida como média aritmética.
Exemplo

Calcular a média aritmética entre os números 3, 4, 6, 9, e 13. Exercícios

Resolução 1. Determine a média aritmética entre 2 e 8.


2. Determine a média aritmética entre 3, 5 e 10.
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto (3, 4, 6, 3. Qual é a média aritmética simples dos números 11, 7, 13
9, 13), então x será a soma dos 5 elementos, dividida por 5. Assim: e 9?

3 + 4 + 6 + 9 + 13 35 4. A média aritmética simples de 4 números pares distintos,


x= ↔x= ↔x=7
15 5 pertences ao conjunto dos números inteiros não nulos é igual a
44. Qual é o maior valor que um desses números pode ter?

Didatismo e Conhecimento 68
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
5. Calcule a média aritmética simples em cada um dos seguin- Neste exercício, três dos elementos devem ter o menor valor
tes casos: possível, de sorte que o quarto elemento tenha o maior valor dentre
a) 15; 48; 36 eles, tal que a média aritmética seja igual a 44. Este será o maior
b) 80; 71; 95; 100 valor que o quarto elemento poderá assumir.
c) 59; 84; 37; 62; 10 Em função do enunciado, os três menores valores inteiros, pa-
d) 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 res, distintos e não nulos são:2, 4 e 6. Identificando como x este
quarto valor, vamos montar a seguinte equação:
6. Qual é a média aritmética ponderada dos números 10, 14, 2+4+6+x
18 e 30 sabendo-se que os seus pesos são respectivamente 1, 2, 3 = 44
e 5? 4
Solucionando-a temos:
7. Calcular a média ponderada entre 3, 6 e 8 para os respecti-
vos pesos 5 , 3 e 2. Logo, o maior valor que um desses números pode ter é 164.

8. Numa turma de 8ª série 10 alunos possuem 14 anos, 12 5) Solução:


alunos possuem 15 anos e oito deles 16 anos de idade. Qual será a) (15 + 48 + 36)/3 =
a idade média dessa turma? 99/3 = 33

9. Determine a média salarial de uma empresa, cuja folha de b) (80 + 71 + 95 + 100)/4=


pagamento é assim discriminada: 346/4 = 86,5

c) (59 + 84 + 37 + 62 + 10)/5=
Profissionais → Quantidade → Salário = 252/5
Serventes → 20 profissionais → R$ 320,00 = 50,4
Técnicos → 10 profissionais → R$ 840,00
d) (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9)/9=
Engenheiros → 5 profissionais → R$ 1.600,00 45/9 =
=5
10. Calcule a média ponderada entre 5, 10 e 15 para os respec-
tivos pesos 10, 5 e 20. 6) Resposta “22”.
Solução: Neste caso a solução consiste em multiplicarmos
Respostas cada número pelo seu respectivo peso e somarmos todos estes pro-
dutos. Este total deve ser então dividido pela soma total dos pesos:
1) Resposta “5”. 10.1+ 14.2 + 18.3 + 30.5 10 + 28 + 54 + 150 242
Solução: = = = 22
1+ 2 + 3 + 5 11 11
M.A. ( 2 e 8 ) = 2 + 8 / 2 = 10 / 2 = 5 → M.A. ( 2 e 8 ) = 5.
Logo, a média aritmética ponderada é 22.
2) Resposta “6”.
Solução: 7) Resposta “4,9”.
M.A. ( 3, 5 e 10 ) = 3 + 5 + 10 / 3 = 18 / 3 = 6 → M.A. ( 3, 5 Solução:
e 10 ) = 6.
3.5 + 6.3 + 8.2 15 + 18 + 16 49
MP = = = = 4,9
3) Resposta “10”. 5 + 3+ 2 10 10
Solução: Para resolver esse exercício basta fazer a soma dos
números e dividi-los por quatro, que é a quantidade de números, 8) Resposta “ ±14,93 ”
portanto: Solução:
11+ 7 + 13 + 9 40 14.10 + 15.12 + 16.8 140 + 180 + 128 448
M .A = = = 10 MP = = = = ±14,93
4 4 10 + 12 + 8 30 30

Logo, a média aritmética é 10. 9) Resposta “ ≅ R$651, 43 ”


Solução: Estamos diante de um problema de média aritmética
4) Resposta “164”. ponderada, onde as quantidades de profissionais serão os pesos. E
com isso calcularemos a média ponderada entre R$ 320,00 , R$
Solução: Quando falamos de média aritmética simples, ao di-
840,00 e R$ 1 600,00 e seus respectivos pesos 20 , 10 e 5. Portanto:
minuirmos um dos valores que a compõe, precisamos aumentar
a mesma quantidade em outro valor, ou distribuí-la entre vários 320.20 + 840.10 + 1600.5 22.800
MP = = ≅ R$651, 43
outros valores, de sorte que a soma total não se altere, se quisermos 20 + 10 + 5 35
obter a mesma média.

Didatismo e Conhecimento 69
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
10) Resposta “11,42”. 3
1,2.1,12.1,07 ⇒ 3 1, 43808 ⇒ 1,128741
Solução:
5.10 + 10.5 + 15.20 50 + 50 + 300 400
MP = = = = 11, 42 Como sabemos, um fator de 1, 128741 corresponde a 12,
10 + 5 + 20 35 35 8741% de aumento.
Este é o valor percentual médio mensal do aumento salarial,
Média Geométrica ou seja, se aplicarmos três vezes consecutivas o percentual 12,
8741%, no final teremos o mesmo resultado que se tivéssemos
Este tipo de média é calculado multiplicando-se todos os valo- aplicado os percentuais 20%, 12% e 7%.
res e extraindo-se a raiz de índice n deste produto.
Digamos que tenhamos os números 4, 6 e 9, para obtermos o Digamos que o salário desta categoria de operários seja
valor médio geométrico deste conjunto, multiplicamos os elemen- de R$ 1.000,00, aplicando-se os sucessivos aumentos temos:
tos e obtemos o produto 216.
Pegamos então este produto e extraímos a sua raiz cúbica,
chegando ao valor médio 6. Salário +% Salário Salário +% Salário
Extraímos a raiz cúbica, pois o conjunto é composto de 3 ele- Inicial Informado final inicial médio final
mentos. Se fossem n elementos, extrairíamos a raiz de índice n. R$ R$ R$ R$
20% 12, 8417
1.000,00 1.200,00 1.000,00 1.128,74
Neste exemplo teríamos a seguinte solução: R$ R$ R$ R$
12% 12, 8417
3
4.6.9 ⇒ 3 216 ⇒ 6 1.200,00 1.334,00 1.287,74 1.274,06
R$ R$ R$ R$
7% 12, 8417
Utilidades da Média Geométrica 1.334,00 1.438,00 1.274,06 1.438,08

Progressão Geométrica Observe que o resultado final de R$ 1.438,08 é o mesmo nos


dois casos. Se tivéssemos utilizado a média aritmética no lugar da
Uma das utilizações deste tipo de média é na definição de uma média geométrica, os valores finais seriam distintos, pois a média
progressão geométrica que diz que em toda PG., qualquer termo aritmética de 13% resultaria em um salário final de R$ 1.442,90,
é média geométrica entre o seu antecedente e o seu consequente: ligeiramente maior como já era esperado, já que o percentual
de 13% utilizado é ligeiramente maior que os 12, 8417% da média
an = an−1 .an+1 geométrica.
Tomemos como exemplo três termos consecutivos de uma
PG.: 7, 21 e 63. Cálculo da Média Geométrica
Temos então que o termo 21 é média geométrica dos termos
7 e 63. Em uma fórmula: a média geométrica de a1, a2, ..., an é
1/n
⎛ n ⎞
Vejamos: ⎜⎝ ∏ ai ⎟⎠ = (a1 .a2 ...an )1/n = n a1 .a2 ...an
i=1

7.63 ⇒ 441 ⇒ 21
A média geométrica de um conjunto de números é sempre
Variações Percentuais em Sequência menor ou igual à média aritmética dos membros desse conjunto
(as duas médias são iguais se e somente se todos os membros do
Outra utilização para este tipo de média é quando estamos tra- conjunto são iguais). Isso permite a definição da média aritmética
balhando com variações percentuais em sequência. geométrica, uma mistura das duas que sempre tem um valor inter-
mediário às duas.
Exemplo A média geométrica é também a média aritmética harmôni-
ca no sentido que, se duas sequências (an) e (hn) são definidas:
Digamos que uma categoria de operários tenha um aumento an + hn x+y
salarial de  20%  após um mês,  12%  após dois meses e  7%  após an+1 = ,a1 =
2 2
três meses. Qual o percentual médio mensal de aumento desta ca-
tegoria?
E
Sabemos que para acumularmos um aumento 2 2
hn+1 = ,h =
de  20%,  12%  e  7%  sobre o valor de um salário, devemos 1 1 1 1 1
multiplicá-lo sucessivamente por 1,2, 1,12 e 1,07 que são os
+ +
an hn x y
fatores correspondentes a tais percentuais.
A partir dai podemos calcular a média geométrica destes então an e hn convergem para a média geométrica de x e y.
fatores:

Didatismo e Conhecimento 70
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Cálculo da Media Geométrica Triangular Exercícios

Bom primeiro observamos o mapa e somamos as áreas dos 1. Determine a média proporcional ou geométrica entre 2 e 8.
quadrados catetos e dividimos pela hipotenusa e no final pegamos
a soma dos ângulos subtraindo o que esta entre os catetos e dividi- 2. Determine a média geométrica entre 1, 2 e 4.
mos por PI(3,1415...) assim descobrimos a media geométrica dos
triângulos. 3. Determine a média geométrica entre dois números sabendo
que a média aritmética e a média harmônica entre eles são, respec-
Exemplo tivamente, iguais a 4 e 9.

A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é 4. A média geométrica entre 3 números é 4. Quanto devo
dada por: multiplicar um desses números para que a média aumente 2 uni-
dades ?
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013
5. Qual é a média geométrica dos números 2, 4, 8, 16 e 32?
Aplicação Prática 6. Dados dois números quaisquer, a média aritmética simples
e a média geométrica deles são respectivamente 20 e 20,5. Quais
Dentre todos os retângulos com a área igual a 64 cm², qual são estes dois números?
é o retângulo cujo perímetro é o menor possível, isto é, o mais
econômico? A resposta a este tipo de questão é dada pela média 7. A média geométrica entre dois números é igual a 6. Se a eles
geométrica entre as medidas do comprimento a e da largura b, uma juntarmos o número 48, qual será a média geométrica entre estes
vez que a.b = 64. três números?

A média geométrica G entre a e b fornece a medida desejada. 8. Calcule a média geométrica entre 4 e 9.
G = R[a × b] = R[64] = 8
Resposta 9. Calcule a média geométrica entre 3, 3, 9 e 81

É o retângulo cujo comprimento mede 8 cm e é lógico que 10. Calcule a média geométrica entre 1, 1, 1, 32 e 234.
a altura também mede 8 cm, logo só pode ser um quadrado! O
perímetro neste caso é p = 32 cm. Em qualquer outra situação em Respostas
que as medidas dos comprimentos forem diferentes das alturas,
teremos perímetros maiores do que 32 cm. 1) Resposta “4”.
Solução:
Interpretação gráfica
M .G.(2e8) = 2 2 × 8 = 16 = 4 ⇒ M .G.(2e8) = 4
A média geométrica entre dois segmentos de reta pode ser
obtida geometricamente de uma forma bastante simples. 2) Resposta “2”.
Solução:
Sejam AB e BC segmentos de reta. Trace um segmento de reta
que contenha a junção dos segmentos AB e BC, de forma que eles M .G.(1,2e4) = 3 1× 2 × 4 = 3 8 = 2 ⇒ M .G.(1,2e4) = 2
formem segmentos consecutivos sobre a mesma reta.
Observação: O termo média proporcional deve ser, apenas,
utilizado para a média geométrica entre dois números.

3) Resposta “6”.
Solução: Aplicando a relação: g2 = a.h, teremos:

g2 = 4.9 → g2 = 36 → g = 6 → MG. (4, 9) = 6.


Dessa junção aparecerá um novo segmento AC. Obtenha o 27
4) Resposta “ ”
ponto médio O deste segmento e com um compasso centrado em 8
O e raio OA, trace uma semi-circunferência começando em A e
terminando em C. O segmento vertical traçado para cima a partir Solução: Se a média geométrica entre 3 números é 4, pode-
de B encontrará o ponto D na semi-circunferência. A medida do mos escrever:
segmento BD corresponde à média geométrica das medidas dos M .G. = 3 x.y.z ⇒ 4 = 3 x.y.z ⇒ x.y.z = 64
segmentos AB e BC.
Se multiplicarmos um deles por m, a nova média será:
4 + 2 = 3 x.y.z.m ⇒ 6 = 3 x.y.z.m ⇒ x.y.z.m = 216

Didatismo e Conhecimento 71
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
216 27
e como x . y . z = 64 → 64 . m = 216 → m = = Solucionando a mesma temos:
64 8
5) Resposta “8”. −41 ± 412 − 4.(−1).(−400)
Solução: Se dispusermos de uma calculadora científica, este −b 2 + 41b − 400 = 0 ⇒ b =
exercício pode ser solucionado multiplicando-se todos os números 2.(−1)
e extraindo-se do produto final, a raiz de índice cinco, pois se tra- ⎧ −41+ 81 −41+ 9 −32
tam de cinco números: ⎪⎪b1 = ⇒ b1 = ⇒ b1 = ⇒ b1 = 16
−2 −2 −2
⇒⎨
5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 32768 ⇒ 8 ⎪b = −41− 81 ⇒ b = −41+ 9 ⇒ b = −50 ⇒ b = 25
⎪⎩ 2 −2
2
−2
2
−2
2

Se não dispusermos de uma calculadora científica esta solução


ficaria meio inviável, pois como iríamos extrair tal raiz, isto sem
contar na dificuldade em realizarmos as multiplicações? O número b pode assumir, portanto os valores 16 e 25. É de
se esperar, portanto que quando b for igual a 16, que a seja igual
Repare que todos os números são potência de 2, podemos en- a 25 e quando b for igual a 25, que a seja igual a 16. Vamos con-
tão escrever: ferir.
5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 2.2 2.2 3.2 4.2 5 Sabemos que a = 41 - b, portanto atribuindo a b um de seus
possíveis valores, iremos encontrar o valor de a.
Como dentro do radical temos um produto de potências de
mesma base, somando-se os expoentes temos: Para b = 16 temos:
5
2.2 2.2 3.2 4.2 5 ⇒ 5 215 a = 41 - b ⇒ 41 - 16 ⇒ a = 25

Finalmente dividindo-se o índice e o expoente por 5 e resol- Para b = 25 temos:


vendo a potência resultante:
5
215 ⇒ 1 2 3 ⇒ 2 3 ⇒ 8 a = 41 - b ⇒ a = 41 - 25 ⇒ a = 16

Logo, os dois números são 16, 25.


Logo, a média geométrica deste conjunto é 8.
6) Resposta “16, 25”.
7) Resposta “12”.
Solução: Chamemos de a e b estes dois números. A média
Solução: Se chamarmos de P o produto destes dois números,
aritmética deles pode ser expressa como:
a partir do que foi dito no enunciado podemos montar a seguinte
a+b equação:
= 20,5
2
P =6

Já média geométrica pode ser expressa como:


Elevando ambos os membros desta equação ao quadrado, ire-
a.b = 20 mos obter o valor numérico do produto destes dois números:
2
P = 6 ⇒ ( P) = 6 2 ⇒ P = 36
Vamos isolar a na primeira equação:
a+b Agora que sabemos que o produto de um número pelo outro
= 20,5 ⇒ a + b = 20,5.2 ⇒ a = 41− b é igual 36, resta-nos multiplicá-lo por 48 e extraímos a raiz cúbica
2
deste novo produto para encontrarmos a média desejada:
Agora para que possamos solucionar a segunda equação, é ne-
cessário que fiquemos com apenas uma variável na mesma. Para M = 3 36.48 ⇒ M = 3 (2 2.32 ).(2 4.3) ⇒ M = 3 2 6.33
conseguirmos isto iremos substituir a por 41 - b: ⇒ M = 2 2.3 ⇒ M = 4.3 ⇒ M = 12

( ) = 20
2
a.b = 20 ⇒ (41− b).b = 20 ⇒ 41b − b 2 2
Note que para facilitar a extração da raiz cúbica, realizamos
⇒ 41b − b 2 = 400 ⇒ −b 2 + 41b − 400 = 0 a decomposição dos números 36 e 48 em fatores primos. Acesse
a página decomposição de um número natural em fatores primos
para maiores informações sobre este assunto.
Note que acabamos obtendo uma equação do segundo grau:
Logo, ao juntarmos o número 48 aos dois números iniciais, a
-b2 + 41b - 400 = 0
média geométrica passará a ser 12.

Didatismo e Conhecimento 72
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
8) Resposta “6”. O critério para decidir se uma observação é discrepante pode
Solução: G = 2 4.9 = 6 variar; por ora, chamaremos de discrepante os valores maiores do
que Q3+1.5*(Q3-Q1) ou menores do que Q1-1.5*(Q3-Q1).
9) Resposta “9”. O Boxplot fornece informações sobre posição, dispersão, assi-
Solução: G = 4 3.3.9.81 = 9 metria, caudas e valores discrepantes.

10) Resposta “6”. O Diagrama de dispersão é adequado para descrever o com-


Solução: G = 5 1.1.1.32.243 = 6 portamento conjunto de duas variáveis quantitativas. Cada ponto do
gráfico representa um par de valores observados. Exemplo:
Medidas de Dispersão

As medidas de tendência central fornecem informações valio-


sas mas, em geral, não são suficientes para descrever e discriminar
diferentes conjuntos de dados. As medidas de Dispersão ou varia-
bilidade permitem visualizar a maneira como os dados espalham-se
(ou concentram-se) em torno do valor central. Para mensurarmos
esta variabilidade podemos utilizar as seguintes estatísticas: ampli-
tude total; distância interquartílica; desvio médio; variância; des-
vio padrão e coeficiente de variação.

- Amplitude Total: é a diferença entre o maior e o menor valor


do conjunto de dados.
Ex.: dados: 3, 4, 7, 8 e 8. Amplitude total = 8 – 3 = 5

- Distância Interquartílica: é a diferença entre o terceiro e o Um aspecto importante no estudo descritivo de um conjunto
primeiro quartil de um conjunto de dados. O primeiro quartil é o va- de dados, é o da determinação da variabilidade ou dispersão desses
lor que deixa um quarto dos valores abaixo e três quartos acima dele. dados, relativamente à medida de localização do centro da amostra.
O terceiro quartil é o valor que deixa três quartos dos dados abaixo Supondo ser a média, a medida de localização mais importante, será
e um quarto acima dele. O segundo quartil é a mediana. (O primeiro relativamente a ela que se define a principal medida de dispersão - a
e o terceiro quartis fazem o mesmo que a mediana para as duas me- variância, apresentada a seguir.
tades demarcadas pela mediana.) Ex.: quando se discutir o boxplot.
Variância: Define-se a variância, como sendo a medida que se
- Desvio Médio: é a diferença entre o valor observado e a medi- obtém somando os quadrados dos desvios das observações da amos-
da de tendência central do conjunto de dados. tra, relativamente à sua média, e dividindo pelo número de observa-
ções da amostra menos um.
- Variância: é uma medida que expressa um desvio quadrático
médio do conjunto de dados, e sua unidade é o quadrado da unidade
dos dados.

- Desvio Padrão: é raiz quadrada da variância e sua unidade de


medida é a mesma que a do conjunto de dados.
Desvio-Padrão: Uma vez que a variância envolve a soma de
- Coeficiente de variação: é uma medida de variabilidade re- quadrados, a unidade em que se exprime não é a mesma que a dos
lativa, definida como a razão percentual entre o desvio padrão e a dados. Assim, para obter uma medida da variabilidade ou dispersão
média, e assim sendo uma medida adimensional expressa em per- com as mesmas unidades que os dados, tomamos a raiz quadrada da
centual. variância e obtemos o desvio padrão: O desvio padrão é uma medida
que só pode assumir valores não negativos e quanto maior for, maior
Boxplot: Tanto a média como o desvio padrão podem não ser será a dispersão dos dados. Algumas propriedades do desvio padrão,
medidas adequadas para representar um conjunto de valores, uma que resultam imediatamente da definição, são: o desvio padrão será
vez que são afetados, de forma exagerada, por valores extremos. maior, quanta mais variabilidade houver entre os dados.
Além disso, apenas com estas duas medidas não temos idéia da assi-
metria da distribuição dos valores. Para solucionar esses problemas,
podemos utilizar o Boxplot. Para construí-lo, desenhamos uma “cai-
xa” com o nível superior dado pelo terceiro quartil (Q3) e o nível
inferior pelo primeiro quartil (Q1). A mediana (Q2) é representada
por um traço no interior da caixa e segmentos de reta são colocados
da caixa até os valores máximo e mínimo, que não sejam observa-
ções discrepantes. Exemplo: Em uma turma de aluno, verificou-se através da aná-
lise das notas de 15 alunos, os seguintes desempenhos:

Didatismo e Conhecimento 73
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Se afinal pretendemos medir a dispersão relativamente à média.
Alunos Conceito na Prova
Por que é que não somamos simplesmente os desvios em vez de
1 4,3 somarmos os seus quadrados?
Experimenta calcular essa soma e verás que (x1-x) + (x2-x) +
2 4,5 (x1-x) + ... + (xn – x) ≠ 0. Poderíamos ter utilizado módulos, para
3 9 evitar que os desvios negativos, mas é mais fácil trabalhar com qua-
drados, não concorda?! E por que é que em vez de dividirmos pó
4 6 “n”, que é o número de desvios, dividimos por (n-1)? Na realidade,
5 8 só aparentemente é que temos “n” desvios independentes, isto é, se
calcularmos (n-1) desvios, o restante fica automaticamente calcula-
6 6,7 do, uma vez que a sua soma é igual a zero. Costuma-se referir este
7 7,5 fato dizendo que se perdeu um grau de liberdade.
Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, a uni-
8 10 dade em que se exprime não é a mesma que a dos dados. Assim,
9 7,5 para obter uma medida da variabilidade ou dispersão com as mes-
mas unidades que os dados, tomamos a raiz quadrada da variância e
10 6,3 obtemos o desvio padrão:
11 8
12 5,5
13 9,7
14 9,3
15 7,5 O desvio padrão é uma medida que só pode assumir valores não
Total 109,8 negativos e quanto maior for, maior será a dispersão dos dados. Al-
gumas propriedades do desvio padrão, que resultam imediatamente
Média 7,32 da definição, são:
Desvio - o desvio padrão é sempre não negativo e será tanto maior,
1,77
Padrão quanta mais variabilidade houver entre os dados.
- se s = 0, então não existe variabilidade, isto é, os dados são
Observamos no exemplo, que a média das provas, foi estimada todos iguais.
em 7,32 com desvio padrão em 1,77. Concluimos que a maioria das
notas concentrou-se em 9,09 e 5,55. Exemplo:  Na 2ª classe de certa escola o professor deu uma
tarefa constituída por um certo número de contas para os alunos re-
Vejamos de outra forma: solverem. Pretendendo determinar a dispersão dos tempos de cálcu-
lo, observam-se 10 alunos durante a realização da tarefa, tendo-se
Um aspecto importante no estudo descritivo de um conjunto obtido os seguintes valores:
de dados, é o da determinação da variabilidade ou dispersão desses
dados, relativamente à medida de localização do centro da amostra. Aluno Tempo (minutos)
Repare-se nas duas amostras seguintes, que embora tenham a mes- i xi
ma média, têm uma dispersão bem diferente:
1 13 - 3.9 15.21
2 15 - 1.9 3.61
3 14 - 2.9 8.41
4 18 1.1 1.21

Como a medida de localização mais utilizada é a média, será 5 25 8.1 65.61


relativamente a ela que se define a principal medida de dispersão - a 6 14 - 2.9 8.41
variância, apresentada a seguir.
Define-se a variância, e representa-se por s2, como sendo a 7 16 -0.9 0.81
medida que se obtém somando os quadrados dos desvios das ob- 8 17 0.1 0.01
servações da amostra, relativamente à sua média, e dividindo pelo
número de observações da amostra menos um: 9 20 3.1 9.61
10 17 0.1 0.01
169 0.0 112.90

Didatismo e Conhecimento 74
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: Na tabela anterior juntamos duas colunas auxiliares, - Aproximadamente 95% dos dados estão no intervalo
uma para colocar os desvios das observações em relação à média e
a outra para escrever os quadrados destes desvios. A partir da colu- - Aproximadamente 100% dos dados estão no intervalo 
na das observações calculamos a soma dessas observações, que nos
permitiu calcular a média = 16.9. Uma vez calculada a média foi
possível calcular a coluna dos desvios. Repare-se que, como seria
de esperar, a soma dos desvios é igual a zero. A soma dos quadrados
dos desvios permite-nos calcular a variância donde s = 3.54.

112.9
s2 = = 12.54
9

O tempo médio de realização da tarefa foi de aproximadamen-


te 17 minutos com uma variabilidade medida pelo desvio padrão
de aproximadamente 3.5 minutos. Na representação gráfica ao lado
visualizamos os desvios das observações relativamente à média (va-
lores do exemplo anterior):

Do mesmo modo que a média, também o desvio padrão é uma


medida pouco resistente, pois é influenciado por valores ou muito
grandes ou muito pequenos (o que seria de esperar já que na sua de-
Como se depreende do que atrás foi dito, se os dados se distri-
finição entra a média que é não resistente).  Assim, se a distribuição
buem de forma aproximadamente normal, então estão praticamente
dos dados for bastante enviesada, não é conveniente utilizar a média
todos concentrados num intervalo de amplitude igual a 6 vezes o
como medida de localização, nem o desvio padrão como medida de
desvio padrão.
variabilidade. Estas medidas só dão informação útil, respectivamen-
A informação que o desvio padrão dá sobre a variabilidade deve
te sobre a localização do centro da distribuição dos dados e sobre a
ser entendida como a variabilidade que é apresentada relativamente
variabilidade, se as distribuições dos dados forem aproximadamente
a um ponto de referência - a média, e não propriamente a variabili-
simétricas.
Propriedades para dados com distribuição aproximadamente dade dos dados, uns relativamente aos outros.
normal: Uma propriedade que se verifica se os dados se distribuem A partir da definição de variância, pode-se deduzir sem difi-
de forma aproximadamente normal, ou seja, quando o histograma culdade uma expressão mais simples, sob o ponto de vista compu-
apresenta uma forma característica com uma classe média predomi- tacional, para calcular ou a variância ou o desvio padrão e que é a
nante e as outras classes se distribuem à volta desta de forma apro- seguinte:
ximadamente simétrica e com frequências a decrescer à medida que
se afastam da classe média, é a seguinte:
Aproximadamente 68% dos dados estão no intervalo  
.

Amplitude: Uma medida de dispersão que se utiliza por vezes,


Desvio Padrão: Propriedades para dados com distribuição é a amplitude amostral r, definida como sendo a diferença entre a
aproximadamente normal: maior e a menor das observações: r = xn:n - x1:n, onde representamos
por x1:n e xn:n, respectivamente o menor e o maior valor da amostra
- Aproximadamente 68% dos dados estão no intervalo (x1, x2, ..., xn), de acordo com a notação introduzida anteriormente,
para a amostra ordenada.

Didatismo e Conhecimento 75
MATEMÁTICA/RACIOCÍNIO LÓGICO
Amplitude Inter-Quartil: A medida anterior tem a grande des-
vantagem de ser muito sensível à existência, na amostra, de uma
observação muito grande ou muito pequena. Assim, define-se uma
outra medida, a amplitude inter-quartil, que é, em certa medida, uma
solução de compromisso, pois não é afetada, de um modo geral, pela
existência de um número pequeno de observações demasiado gran-
des ou demasiado pequenas. Esta medida é definida como sendo a
diferença entre os 1º e 3º quartis. Amplitude inter-quartil = Q3/4 - Q1/4
Do modo como se define a amplitude inter-quartil, concluí-
mos que 50% dos elementos do meio da amostra, estão contidos
num intervalo com aquela amplitude. Esta medida é não negativa e
será tanto maior quanto maior for a variabilidade nos dados. Mas,
ao contrário do que acontece com o desvio padrão, uma amplitude
inter-quartil nula, não significa necessariamente, que os dados não
apresentem variabilidade.

Amplitude inter-quartil ou desvio padrão: Do mesmo modo


que a questão foi posta relativamente às duas medidas de localização
mais utilizadas - média e mediana, também aqui se pode por o pro-
blema de comparar aquelas duas medidas de dispersão.
- A amplitude inter-quartil é mais robusta, relativamente à pre-
sença de “outliers”, do que o desvio padrão, que é mais sensível aos
dados.
- Para uma distribuição dos dados aproximadamente normal,
verifica-se a seguinte relação. Amplitude inter-quartil 1.3 x desvio
padrão.
- Se a distribuição é enviesada, já não se pode estabelecer uma
relação análoga à anterior, mas pode acontecer que o desvio padrão
seja muito superior à amplitude inter-quartil, sobretudo se se verifi-
car a existência de “outliers”.

Didatismo e Conhecimento 76
HISTÓRIA/ATUALIDADES
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Conquistas Portuguesas
1. A EXPANSÃO EUROPÉIA E A
CONQUISTA DA AMÉRICA. Partindo de Lisboa, após a benção do sacerdote e da despedida
1.1 A DECADÊNCIA DO FEUDALISMO. do povo, caravela após caravela deixava Portugal, voltando com
1.2 A FORMAÇÃO DE PORTUGAL. notícias e lucros sempre crescentes. Inicialmente contornando a
1.3. A EXPANSÃO MARÍTIMA E OS África em:
DESCOBRIMENTOS. • 1415 conquistaram Ceuta;
• durante o século XV o litoral da África e Ilha da Madeira,
Açores, Cabo Verde e Cabo Bojador;
• 1488 chegaram ao Sul da África, contornando o Cabo da
As grandes navegações foram um conjunto de viagens marí- Boa Esperança;
timas que expandiram os limites do mundo conhecido até então. • 1498 atingiram a Índia com Vasco da Gama. O objetivo fora
Mares nunca antes navegados, terras, povos, flora e fauna começa- atingido.
ram a ser descobertas pelos europeus. E muitas crenças passadas
de geração a geração, foram conferidas, confirmadas, ou desmen- Conquistas Espanholas
tidas. Eram crenças de que os oceanos eram povoados por animais
gigantescos ou que em outros lugares habitavam seres estranhos e Espanha começou a navegar mais tarde, só após conseguir
perigosos. Ou que a terra poderia acabar a qualquer momento no expulsar os árabes de seu território. Mas em 1492, Cristóvão Co-
meio do oceano, o que faria os navios caírem no nada. lombo obteve do rei espanhol as três caravelas, Santa Maria, Pinta
e Nina, com as quais deveria dar a volta ao mundo e chegar às Ín-
Os motivos dias. Após um mês de angústias e apreensões chegou a terra firme,
pensando ter atingido seu destino. Retorna à Espanha, recebendo
O motivo poderoso que fez alguns europeus desafiar o des- todas as glórias pelo seu feito.
conhecido, enfrentando medo, foi a necessidade de encontrar um Portugal apressou-se a garantir também para si as vantagens
novo caminho para se chegar às regiões produtoras de especiarias, dessa descoberta e, em 1494, assinou com a Espanha o famoso
de sedas, de porcelana, de ouro, enfim, da riqueza. Tratado das Tordesilhas, que simplesmente dividia o mundo entre
Outros fatores favoreceram a concretização desse objetivo:
os dois pioneiros das grandes navegações. Foi traçada uma linha
imaginária que passava a 370 léguas de Cabo Verde. As terras a
• Comerciantes e reis aliados já estavam se organizando para
Leste desta linha seriam portuguesas e as que ficavam a Oeste se-
isso com capitais e estruturando o comércio internacional;
riam espanholas. Foi assim que parte do Brasil ficou pertencendo a
• A tecnologia necessária foi obtida com a divulgação de in-
Portugal seis anos antes de Portugal aqui chegar.
venções chinesas, como a pólvora (que dava mais segurança para
Infelizmente para Colombo, descobriu-se pouco depois que
enfrentar o mundo desconhecido), a bússola, e o papel. A invenção
ele não havia chegado às Índias, e “apenas” tinha descoberto um
da imprensa por Gutenberg popularizou os conhecimentos antes
novo continente, que recebeu o nome de América, em homenagem
restritos aos conventos. E, finalmente, a construção de caravelas,
a Américo Vespúcio que foi o navegador que constatou isso.
que impulsionadas pelo vento dispensavam uma quantidade enor-
me de mão-de-obra para remar o barco como se fazia nas gale- Colombo caiu em desgraça, morreu na miséria e a primeira
ras nos mares da antiguidade, e era mais própria para enfrentar as viagem em torno da terra foi realizada em 1519 por Fernão de
imensas distâncias nos oceanos; Magalhães e Sebastião del Cano.
• Histórias como a de Marcopolo e Prestes João aguçavam a Tiveram início no século XV. Os europeus começaram a de-
imaginação e o espírito de aventura; senvolver o comércio entre a Europa e o Oriente (na Ásia, prin-
• Até a Igreja Católica envolveu-se nessas viagens, interessada cipalmente na região das índias). Os produtos de maior valor co-
em garantir a catequese dos infiéis e pagãos, que substituiriam os mercial na época eram: as chamadas especiarias (cravo, canela,
fiéis perdidos para as Igrejas Protestantes. noz-mascada, gengibre). Sedas, porcelanas, tapetes, perfumes,
marfins, pedras preciosas etc.
Os pioneiros
A Pimenta
Os dois primeiros países que possuíam essas condições favo-
ráveis eram Portugal e Espanha. De todas as especiarias existentes no Oriente e cobiçadas pe-
Portugal, conhecedor de que as Índias (como genericamente los europeus, nenhuma era mais importante e mais valiosa do que
era chamado o Oriente), ficava a Leste, decidiu navegar nessa di- a pimenta. Hoje considerada mero condimento, a pimenta, nos sé-
reção, contornando os obstáculos que fossem surgindo. Optou pelo culos XVI e XVII, era artigo de fundamental importância na eco-
Ciclo Oriental. nomia européia. Como não havia condições de se alimentar o gado
Já a Espanha apostou no projeto trazido pelo genovês Cristó- durante o rigoroso inverno da Europa setentrial, a quase totalidade
vão Colombo, que acreditava na idéia da esfericidade da terra, e dos rebanhos era abatida por volta do mês de novembro. O sal
que bastaria navegar sempre em direção do ocidente para se con- era usado para preservar a carne por vários meses, mas a pimenta
tornar a terra e se atingir as Índias. Era o Ciclo Ocidental. E a e, em menor escala, o cravo eram considerados imprescindíveis
disputa estava iniciada entre os dois países. para tornar o sabor das conservas menos repulsivo. Na Europa, o

Didatismo e Conhecimento 1
HISTÓRIA/ATUALIDADES
preço da pimenta era altíssimo e na Índia os hindus só aceitavam Astrologia. Zurara, se biógrafo, atribuiu as “altas conquistas” do
trocá-la por ouro. Os portugueses chegaram a trazer cerca de 30 príncipe ao fato de ele “ter o ascendente de Áries, que é a casa de
mil quintais por ano (quase 2 mil toneladas ) de pimenta da Índia Marte, Aquário na casa de Saturno e o sol na casa de Júpiter”. 
para Lisboa.
Esses produtos eram originários da Índia, da China e do Cei- A Espanha e o “descobrimento” da América
lão, e chegavam às cidades de Alexandria e Constantinopla, tra-
zidos pelos árabes. Essas mercadorias eram comercializadas na Enquanto os portugueses exploravam a costa africana e desco-
Europa por preços muito elevados, pelos comerciantes italianos briam o caminho para a Índia, os espanhóis, através de Cristóvão
das cidades de Veneza e Gênova. Colombo, chegavam à América (1492). A audaciosa viagem de
Portugal e Espanha ambicionavam fazer esse comércio, dire- Colombo tinha por objetivo atingir a China através do Atlântico.
tamente com as Índias, comprando os produtos e vendendo-os por Nesse sentido, a América era um obstáculo e, de imediato, não des-
preços elevados. pertou interesse da Coroa Espanhola. O mesmo aconteceu com o
Brasil, em 1500, quando aqui chegou a esquadra de Pedro Álvares
O Pioneirismo Português Cabral.
Com a entrada em cena da Espanha, teve início uma disputa
Alguns estudiosos do passado atribuíram o pioneirismo portu- dos domínios de além-mar com Portugal. O acordo foi estabeleci-
guês na expansão marítima à sua posição geográfica privilegiada. do com o Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu os domínios
Outros consideram o fechamento do comércio no Mediterrâneo respectivos entre os dois Estados. 
pelos turcos como fator determinante para a saída portuguesa. São Por esse motivo, resolveram procurar um novo caminho para
teses inaceitáveis. Para os historiadores de hoje, o pioneirismo de as Índias, viajando pelo Oceano Atlântico, contornando o sul da
Portugal está ligado à precoce centralização política. Vejamos o África. Começou nesse período a época das Grandes Navegações.
por quê. Contribuíram para o desenvolvimento das navegações:
• a procura de um novo caminho para as Índias.
Do Mediterrâneo para o Atlântico • as invenções: caravela, bússola, astrolábio, pólvora, pa-
pel e imprensa.
Desde a Antiguidade, a história do Ocidente este-
ve restrita à navegação no Mediterrâneo. No início da Ida-
As Invenções
de Moderna, o oceano Atlântico era totalmente desconhecido.
A navegação limitava-se à região costeira da Europa: de Portugal
Algumas invenções contribuíram para o desenvolvimento do
aos países escandinavos- Dinamarca, Noruega e Suécia.
comércio, possibilitando a realização de longas viagens marítimas.
Devido aos altos riscos, a exploração do Atlântico não
Entre essas invenções, temos:
atraía investimentos particulares. Em consequência, a expansão
• A bússola, um instrumento usado para orientação. Cons-
só poderia ser feita com a iniciativa do Estado, pois era o único
agentes capaz de investir grandes recursos sem temer os prejuí- ta de uma agulha imantada voltada para o Norte.
zos, já que esses recursos provinham da arrecadação de impos- • As caravelas, que tornaram as viagens mais rápidas.
tos em escala nacional. Daí a importância da centralização, sem • O astrolábio, outro instrumento de orientação usado para
a qual esse agente investidor da expansão marítima não existiria. verificar a altura dos astros.
Na realidade, a constituição do Estado nacional ou a cen- • A pólvora, usada pelos navegantes para se defenderem
tralização política foi um pré-requisito da expansão. As- dos ataques, durante as viagens.
sim, depois de Portugal, lançaram-se à expansão, suces- O papel e a imprensa, que permitiram a divulgação dos acon-
sivamente, Espanha, Países Baixos, França e, finalmen- tecimentos sobre Geografia, ciências e Navegações.
te, Inglaterra, à medida que lograram a centralização.
No caso de Portugal, deve-se mencionar ainda a importância da Decadência do Feudalismo
Escola de Sagres, dirigida pelo infante D. Henrique, o Navegador.
O Estado financiava as pesquisas e as viagens de exploração, Na Idade Média, a exploração agrícola era predatória, isto é,
estabelecendo, em compensação, o monopólio régio do ultramar. explorava-se a terra até sua total exaustão. Por isso a produção
agrícola estagnou e, a partir do final do século XIII, declinou. O
O Senhor das Estrelas resultado imediato foi a alta dos preços dos cereais, principalmen-
te do trigo, alimento básico dos europeus dessa época. A falta de
De acordo com certos depoimentos (bastante controversos), o dinheiro por causa da paralisação do mercado agrícola agravou-se
Infante D. Henrique era alto, forte e loiro, devido à herança gené- ainda mais pelo esgotamento das minas de ouro e prata, levando ao
tica de sua mãe, a inglesa D. Filipa. Sendo ou não um tipo anglo- declínio do comércio  e das finanças.
-saxônico, D. Henrique seria visto por historiadores britânicos e A taxa de mortalidade aumentou, enquanto a de natalidade
lusos como o mais puro exemplo de virtude e ética cavalerianas. diminuiu. Com a queda na taxa de crescimento da população, di-
Biografias inglesas publicadas no século XIX o apresentariam minuiu a procura de trigo e outros cereais. Com isso ocorreu um
como um cavaleiro arturiano (ao lado), cercado de comólografos fenômeno oposto ao do momento anterior: os preços desses produ-
similares ao mago Merlin e de cavaleiros ousados e indômitos. tos baixaram. Ao mesmo tempo, os preços dos produtos manufa-
Na vida real, D. Henrique de fato interessava-se por ocultismo, turados de luxo subiam vertiginosamente. Esses dois fatos prejudi-
chegando a escrever um livro chamado Segredo dos Segredos da cavam os aristocratas. Por um lado, seus ganhos diminuíram, uma

Didatismo e Conhecimento 2
HISTÓRIA/ATUALIDADES
vez que vinham dos produtos da terra. Por outro, tinham dificulda-
des de comprar produtos de luxo, por causa da alta dos preços. Por 2. A COLONIZAÇÃO DO BRASIL:
isso, a aristocracia recorria à guerra e ao aumento das obrigações ASPECTOS POLÍTICOS, SOCIAIS
servis para manter o seu estilo de vida privilegiado. ECONÔMICOS E CULTURAIS.
2.1 OS MOVIMENTOS COLONIAIS.
As transformações sociais
2.2 A BAHIA NO CONTEXTO DA
A Peste Negra, como foi chamada na época, foi uma epidemia
COLONIZAÇÃO.
de peste bubônica trazida do Oriente por volta de 1348. Atingiu
todas as regiões européias e todas as classes sociais: dizimou mais
de 30% da população européia. A Peste Negra  acelerou o processo
de desagregação do feudalismo, pois tornou  escassa a mão-de-
-obra e dizimou parte da aristocracia, concentrando o poder e a Logo após o descobrimento do Brasil (1500), a coroa portu-
propriedade da terra. A reação da aristocracia e do patriciado ur- guesa começou a temer invasões estrangeiras no território brasilei-
bano contra as reivindicações dos trabalhadores se torna cada vez ro. Esse temor era real, pois corsários e piratas ingleses, franceses
mais violenta. e holandeses viviam saqueando as riquezas da terra recém des-
As obrigações servis em produtos e trabalho foram gradati- coberta. Era necessário colonizar o Brasil e administrar de forma
vamente substituídas por pagamentos de uma quantia fixa em di- eficiente.
nheiro, o que garantia uma estabilidade de rendimentos para os
senhores e estimulava o camponês a aumentar a produção. Formação das Capitanias Hereditárias 
A escassez de mão-de-obra posterior à Peste Negra levou os
servos a fazer exigências por melhores condições e diminuição das Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III
obrigações. Essas mudanças de pagamento de taxas transforma- resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral
ram as relações de produção. Muitos servos conseguiram comprar até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes
sua liberdade, prática incentivada pelos senhores feudais para au- faixas de terras, conhecidas como Capitanias Hereditárias, foram
mentar suas rendas. Enfim, os senhores feudais incentivavam uma doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que rece-
prática que, contraditoriamente, acabaria com o próprio feudalis- biam as terras, chamados de donatários, tinham a função de admi-
mo. Em algumas regiões aumentavam ainda mais as pressões e os nistrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também
laços de servidão sobre  os camponeses.
aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à
A pressão violenta exercida pelos senhores sobre os campo-
ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras,
neses para aumentar suas rendas foi chamada de segunda servidão
e deu-se principalmente na Europa oriental e na Inglaterra. Mas o os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de ex-
resultado dessa superexploração  foi que os camponeses, depois plorar as riquezas minerais e vegetais da região.
de um certo tempo, se encontravam em total exaustão. Esse fato Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou
levou à estagnação da produção, em vez de aumentá-la. A crise do seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste
feudalismo agravava-se cada vez mais. sistema administrativo. 
Camponeses e trabalhadores urbanos passaram a exigir maio- As dificuldades de administração das capitanias eram inú-
res ganhos. Os senhores faziam uma contrapressão, isto é, tentava meras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a falta de
limitar cada vez mais o rendimento dos trabalhadores. O resultado recursos e a extensão territorial dificultaram muito a implantação
desse conflito foi uma onda de rebeliões camponesas que se esten- do sistema. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vi-
deu às cidades. cente, todas acabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o rei
Na França, a rebelião começou na cidade de Paris, em 1358, de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o
e a população exigia o fim das pesadas taxações cobradas pelo Governo-Geral. Este seria mais centralizador, cabendo ao gover-
rei para manter a Guerra dos Cem anos. Também os camponeses nador geral as funções antes atribuídas aos donatários.
franceses se rebelaram nessa época, unindo-se aos revoltosos das Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Ca-
cidades e ameaçando os senhores. Esses levantes foram reprimidos pitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra
e seus líderes executados. Em 1381, explodiu na Inglaterra outro
do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente
movimento popular  camponês, liderado por John Ball, que prega-
os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmen-
va contra a Igreja e os grandes proprietários, responsabilizando-os
pela miséria e pela fome. Aliados a outros camponeses, esses re- te, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes
beldes tomaram Londres e exigiram a abolição da escravidão. Essa propriedades rurais.
sublevação também foi reprimida.
Uma das principais transformações sociais decorrentes da Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários:
crise do sistema feudal foi a consolidação de uma nova classe so- SãoVicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e
cial: a burguesia (habitantes do burgo-cidade). Essa classe nasceu Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois da
dentro do próprio feudalismo e cresceu com a expansão econô- Silveira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Segu-
mica. Dominava as atividades comerciais, artesanais e bancárias. ro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia),
Os burgueses passaram a comprar terras dos senhores feudais e a Bahia (Francisco Pereira Coutinho). Pernambuco (Duarte Coe-
investir na produção agrícola. Essa classe foi muito importante na lho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da Traição até o
desagregação do feudalismo, pois começou a deslocar, lentamente, Amazonas (João de Barros, Aires da,Cunha e Fernando Álvares
o eixo da economia para as atividades comerciais urbanas. de Andrade).

Didatismo e Conhecimento 3
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530) Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Here-
ditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o Governo-Geral.
A expressão “descobrimento” do Brasil está carregada de eu- Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia. O pri-
rocentrismo (valorização da cultura européia em detrimento das meiro governador-geral foi Tomé de Souza, que recebeu do rei a
outras), pois desconsidera a existência dos índios em nosso país missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção
antes da chegada dos portugueses. Portanto, optamos pelo termo agrícola no Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro
“chegada” dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril e prata.
de 1500, data que inaugura a fase pré-colonial. Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos po-
Neste período não houve a colonização do Brasil, pois os por- líticos compostos pelos “homens-bons”. Estes eram os ricos pro-
prietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O
tugueses não se fixaram na terra. Após os primeiros contatos com
povo não podia participar da vida pública nesta fase.
os indígenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portu-
A capital do Brasil neste período foi Salvador, pois a região
gueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica. Nordeste era a mais desenvolvida e rica do país.
O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois
sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada para tingir te- A Economia Colonial
cidos. Para executar esta exploração, os portugueses utilizaram o
escambo, ou seja, deram espelhos, apitos, chocalhos e outras bu- A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor
gigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de produção
carregamento até as caravelas). de açúcar. Utilizava a mão-de-obra africana escrava e tinha como
Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, in- objetivo principal a venda do açúcar para o mercado europeu. Além
gleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Torde- do açúcar destacou-se também a produção de tabaco e algodão.
silhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recém As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja, eram
descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando mão-
e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Por- -de-obra escrava e visando o comércio exterior.
tugal. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasi- O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil
leiro para um outro país. Para tentar evitar estes ataques, Portugal só podia fazer comércio com a metrópole.
organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém
com poucos resultados. A sociedade Colonial
Os portugueses continuaram a exploração da madeira, cons-
A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande
truindo as feitorias no litoral que nada mais eram do que armazéns
diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos
e postos de trocas com os indígenas. e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia
No ano de 1530, o rei de Portugal organizou a primeira ex- uma camada média formada por trabalhadores livres e funcionários
pedição com objetivos de colonização. Esta foi comandada por públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem
Martin Afonso de Souza e tinha como objetivos: povoar o territó- africana.
rio brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de- Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exer-
-açúcar no Brasil. cia um grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e
nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos
A fase do Açúcar (séculos XVI e XVII ) filhos.
A casa-grande era a residência da família do senhor de enge-
O açúcar era um produto de muita aceitação na Europa e al- nho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O conforto
cançava um grande valor. Após as experiências positivas de culti- da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições de
vo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e higiene das senzalas (habitações dos escravos).
ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. Seria uma
forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de come- Invasão Holandesa no Brasil
çar o povoamento do Brasil. A mão-obra-obra escrava, de origem
africana, foi utilizada nesta fase. Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de
ataques e fixação de holandeses. Interessados no comércio de açú-
car, os holandeses implantaram um governo em nosso território. Sob
Administração Colonial o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá até serem ex-
pulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife,
Para melhor organizar a colônia, o rei resolveu dividir o Brasil modernizando a cidade.
em Capitanias Hereditárias. O território foi dividido em faixas de
terras que foram doadas aos donatários. Estes podiam explorar os Expansão Territorial: Bandeiras e Bandeirantes
recursos da terra, porém ficavam encarregados de povoar, proteger
e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. No geral, o sistema de Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do ter-
Capitanias Hereditárias fracassou, em função da grande distância ritório brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes
da Metrópole, da falta de recursos e dos ataques de indígenas e pi- penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisionar
ratas. As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontra-
que apresentaram resultados satisfatórios, graças aos investimen- ram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás
tos do rei e de empresários. e Mato Grosso.

Didatismo e Conhecimento 4
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O Ciclo do Ouro: Século XVIII  Na ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos ho-
landeses(1630), muitos dos senhores de engenho acabaram por
Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portu- abandonar suas terras. Este fato beneficiou a fuga de um gran-
gal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte de número de escravos. Estes, após fugirem, buscaram abrigo
de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de no Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas.
declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do Esse fato propiciou o crescimento do Quilombo dos Palma-
que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a res. No ano de 1670, este já abrigava em torno de 50 mil escravos.
20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado Estes, também conhecidos como quilombolas, costumavam pegar ali-
nas Casas de Fundição. mentos às escondidas das plantações e dos engenhos existentes em
A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões próximas; situação que incomodava os habitantes.
regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou Esta situação fez com que os quilombolas fossem combatidos
uma verdadeira “corrida do ouro” para estas regiões. Procurando tanto pelos holandeses (primeiros a combatê-los) quanto pelo governo
trabalho na região, desempregados de várias regiões do país parti- de Pernambuco, sendo que este último contou com os serviços do
ram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia. bandeirante Domingos Jorge Velho.
O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância nes- A luta contra os negros de Palmares durou por volta de cinco
te período, pois eram eles os responsáveis pelo abastecimento de anos; contudo, apesar de todo o empenho e determinação dos ne-
animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) e outros gros chefiados por Zumbi, eles, por fim, foram derrotados.
mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras. Os quilombos representaram uma das formas de resistência e
combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros
Desenvolvimento Urbano nas Cidades Mineiras buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cul-
tura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para
Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e a formação da cultura afro-brasileira.
cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste contexto que
apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil: Tiradentes
Aleijadinho.
Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o O nome do líder da Inconfidência Mineira era Joaquim José da
mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em Silva Xavier. Nasceu na Vila de São Jose Del Rei (atual cidade de
cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana. Tiradentes, Minas Gerais) em 1746, porém foi criado na cidade de
Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital Vila Rica (atual Ouro Preto).
do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. Exerceu diversos trabalhos entre eles minerador e tropeiro.
Tiradentes também foi alferes, fazendo parte do regimento militar
Revoltas Coloniais e Conflitos
dos Dragões de Minas Gerais.
Junto com vários integrantes da aristocracia mineira, entre
Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram
eles poetas e advogados, começa a fazer parte do movimento dos
várias revoltas e conflitos neste período:
inconfidentes mineiros, cujo objetivo principal era conquistar a In-
- Guerra dos Emboabas : os bandeirantes queriam exclusivi-
dependência do Brasil. Tiradentes era um excelente comunicador
dade na exploração do ouro nas minas que encontraram. Entraram
e orador. Sua capacidade de organização e liderança fez com que
em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das
fosse o escolhido para liderar a Inconfidência Mineira. Em 1789,
minas.
após ser delatado por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento foi
- Revolta de Filipe dos Santos : ocorrida em Vila Rica, repre-
sentou a insatisfação dos donos de minas de ouro com a cobrança descoberto e interrompido pelas tropas oficiais. Os inconfidentes
do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foi foram julgados em 1792. Alguns filhos da aristocracia ganharam
preso e condenado a morte pela coroa portuguesa. penas mais brandas como, por exemplo, o açoite em praça pública
- Inconfidência Mineira (1789) : liderada por Tiradentes , os ou o degredo.
inconfidentes mineiros queriam a libertação do Brasil de Portugal. Tiradentes, com poucas influências econômicas e políticas, foi
O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderes con- condenado a forca. Foi executado em 21 de abril de 1792. Partes
denados. do seu corpo foram expostas em postes na estrada que ligava o
Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua casa foi queimada e seus bens
História dos Quilombos confiscados.

No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), Conclusão : Tiradentes pode ser considerado um herói na-
os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros em cional. Lutou pela independência do Brasil, num período em que
igual situação em locais bem escondidos e fortificados no meio nosso país sofria o domínio e a exploração de Portugal. O Brasil
das matas. Estes locais eram conhecidos como quilombos. Nes- não tinha uma constituição, direitos de desenvolver indústrias em
tas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africa- seu território e o povo sofria com os altos impostos cobrados pela
na, plantando e produzindo em comunidade. Na época colonial, metrópole. Nas regiões mineradoras, o quinto (imposto pago sobre
o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, o ouro) e a derrama causavam revolta na população. O movimento
principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, da Inconfidência Mineira, liderado por Tiradentes, pretendia trans-
Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas. formar o Brasil numa república independente de Portugal.

Didatismo e Conhecimento 5
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Bandeirantes No Brasil Colonial, principalmente nos séculos XVII e XVIII,
os tropeiros tinham uma grande importância econômica. Estes
Os Bandeirantes foram os homens valentes, que no princípio condutores de mulas eram também comerciantes.
da colonização do Brasil, foram usados pelos portugueses com o Os tropeiros faziam o comércio de animais (mulas e cavalos)
objetivo de lutar com indígenas rebeldes e escravos fugitivos. entre as regiões sul e sudeste. Comercializavam também alimen-
Estes homens, que saiam de São Paulo e São Vicente, diri- tos, principalmente o charque (carne seca) do sul para o sudeste.
giam-se para o interior do Brasil caminhando através de flores- Como a região da minas estava, no século XVIII, muito volta-
tas e também seguindo caminho por rios, o Rio Tietê foi um dos da para a extração de ouro, a produção destes alimentos era muito
principais meios de acesso para o interior de São Paulo. Estas ex- baixa. Para suprir estas necessidades, os tropeiros vendiam estes
plorações territoriais eram chamadas de Entradas ou Bandeiras. alimentos na região.
Enquanto as Entradas eram expedições oficiais organizadas pelo Os tropeiros também foram muito importantes na abertura de
governo, as Bandeiras eram financiadas por particulares (senhores estradas e fundação de vilas e cidades. Muitos entrepostos e feiras
de engenho, donos de minas, comerciantes).  comerciais criados por tropeiros deram origem a pequenas vilas e,
Estas expedições tinham como objetivo predominante captu- futuramente, às cidades.
rar os índios e procurar por pedras e metais preciosos. Contudo, A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movi-
estes homens ficaram historicamente conhecidos como os respon- mentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo
sáveis pela conquista de grande parte do território brasileiro. Al- brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português
guns chegaram até fora do território brasileiro, em locais como a no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em
Bolívia e o Uruguai.  pleno ciclo do ouro.
Do século XVII em diante, o interesse dos portugueses passou No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portu-
a ser a procura por ouro e pedras preciosas. Então, os bandeirantes gal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas
Fernão Dias Pais e seu genro Manuel Borba Gato, concentraram- e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de
-se nestas buscas desbravando Minas Gerais. Depois outros ban- leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial
deirantes foram para além da linha do Tratado de Tordesilhas e do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma
descobriram o ouro. Muitos aventureiros os seguiram, e, estes, per- lei que proibia o funcionamento de industrias fabris em território
maneceram em Goiás e Mato Grosso dando início a formação das brasileiro.
primeiras cidades. Nessa ocasião destacaram-se: Antonio Pedroso, Vale lembrar também que, neste período, era grande a extra-
Alvarenga e Bartolomeu Bueno da Veiga, o Anhanguera.  ção de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasi-
Outros bandeirantes que fizeram nome neste período foram: leiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte
Jerônimo Leitão (primeira bandeira conhecida), Nicolau Barreto por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses.
(seguiu trajeto pelo Tietê e Paraná e regressou com índios captu- Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem  ter pagado o im-
rados), Antônio Raposo Tavares (atacou missões jesuítas espanho- posto”) sofria duras penas, podendo até ser degredado (enviado a
las para capturar índios), Francisco Bueno (missões no Sul até o força para o território africano).
Uruguai).  Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas mi-
Como conclusão, pode-se dizer que os bandeirantes foram nas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as
responsáveis pela expansão do território brasileiro, desbravando cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funciona-
os sertões além do Tratado de Tordesilhas. Por outro lado, agiram va da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria
de forma violenta na caça de indígenas e de escravos foragidos, pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole.
contribuindo para a manutenção do sistema escravocrata que vigo- Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados
rava no Brasil Colônia. da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os perten-
ces até completar o valor devido.
Governo geral Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação mui-
to grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e do-
Em função do desempenho insatisfatório do sistema de Ca- nos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais partici-
pitanias Hereditárias, D. João III, rei de Portugal resolveu criar pação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira
o Governo-Geral no Brasil no ano de 1549. Era uma forma de (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influencia-
centralizar o poder na colônia e acabar com a desorganização ad- dos pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu,
ministrativa. começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o
problema: a conquista da Independência do Brasil.
Governadores Gerais
  Os Inconfidentes 
Os três governadores gerais do Brasil que mais se destacaram
foram Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá.  O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier,
Como resultados da implantação deste sistema político-ad- conhecido por Tiradentes era formado pelos poetas Tomas Antonio
ministrativo no Brasil, podemos citar: catequização de indígenas, Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de
desenvolvimento agrícola e incentivo à vinda de mão-de-obra es- Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mi-
crava africana para as fazendas brasileiras. neira. A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e im-
Este sistema durou até o ano de 1640, quando foi substituído plantar o sistema de governo republicano em nosso país. Sobre a
pelo Vice. questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida.

Didatismo e Conhecimento 6
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandei- Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais
ra para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primór-
fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen dios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram
(Liberdade ainda que Tardia). escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo
Os inconfidentes haviam marcado o dia do movimento para uma os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos
data em a derrama seria executada. Desta forma, poderiam contar da História.  
com o apoio de parte da população que estaria revoltada. Porém, um Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo
dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e
para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas Roma foi uma delas, estas detinham um grande número de escravos;
com a coroa. Todos os inconfidentes foram presos, enviados para contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a
a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao chance de comprar sua liberdade.  
rei. Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na
África e outros uma pena de prisão. Porém, Tiradentes, após assumir primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros
a liderança do movimento, foi condenado a forca em praça pública. africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra
Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Minei- escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de
ra como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela indepen- escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem merca-
dência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia dorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro
com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito. daqueles mais fracos ou velhos.
Por volta do final do século XVII, os paulistas que residiam O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do
na capitania de São Vicente encontraram ouro no sertão. Este fato navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos
fez com que muitos garimpeiros e portugueses fossem para aquela morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lan-
região. çados ao mar.
Pelo fato de terem sido os primeiros a descobrir, os paulistas Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século
queriam ter mais direitos e benefícios sobre o ouro que haviam en- XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalha-
contrado, uma vez que este, estava nas terras em que viviam. vam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma
alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas
Entretanto, os forasteiros pensavam e agiam diferentemente;
(galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para
estes, por sua vez, eram os chamados emboabas. Os emboabas for-
evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo
maram suas próprias comunidades, dentro da região que já era habi-
que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
tada pelos paulistas; neste mesmo local, eles permaneciam constan-
Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou
temente vigiando todos os passos dos paulistas. Os paulistas eram
de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a reli-
chefiados pelo bandeirante Manuel de Borba Gato; já o líder dos
gião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua
emboabas era o português Manuel Nunes Viana.
portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e
Dentro desta rivalidade ocorreram muitas situações que abala- restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos,
ram consideravelmente as relações entre os dois grupos. Os emboa- realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas
bas limitaram os paulistas na região do Rio das Mortes e seu o líder representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta:
foi proclamado “governador”. A situação dos paulistas piorou ainda a capoeira.
mais quando estes foram atacados em Sabará. As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão,
Após seu sucesso no ataque contra os paulistas, Nunes Viana embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, prin-
foi tido como o “supremo ditador das Minas Gerais”, contudo, este, cipalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e
por ordem do governador do Rio de Janeiro, teve que se retirar para até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.
o rio São Francisco. No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam com-
Inconformados com o tratamento que haviam recebido do gru- prar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando al-
po liderado por Nunes Viana, os paulistas, desta vez sob liderança guns “trocados” durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres.
de Amador Bueno da Veiga, formaram um exército que tinha como Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades aca-
objetivo vingar o massacre de Capão da Traição. Esta nova batalha bavam fechando as portas para estas pessoas.
durou uma semana. Após este confronto, foi criada a nova capitania O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna.
de São Paulo, e, com sua criação, a paz finalmente prevaleceu. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escra-
vos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes,
Escravidão eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em
  liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do
Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos portugue- que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura,
ses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi
de negros africanos, colocando-os a venda de forma desumana e o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
cruel por toda a região da América. A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou
Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães-de- a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado
-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a
Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando
e idéias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros fatos o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países
ligados a este assunto. que faziam esta prática.

Didatismo e Conhecimento 7
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei A partir de então a Capitania Real da Baía tornou-se a sede da
Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de colônia portuguesa na América, sendo fundada, para esse fim, a
setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava li- cidade de São Salvador da Bahia, pelo primeiro Governador-geral,
berdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no Tomé de Sousa.
ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia As ilhas e terras do Recôncavo transformar-se-iam, mais tar-
liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. de, em “capitanias autônomas”:
Somente no final do século XIX é que a escravidão foi • Capitania de Itaparica – a ilha de Itaparica, doada em
mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em sesmaria pelo Governador-geral Tomé de Sousa a D. Violante da
13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Câmara, foi transformada em capitania e doada, em 1558, a seu
Princesa Isabel. filho, D. Antônio de Ataíde, primeiro conde da Castanheira, que a
legou para seu filho homônimo, o segundo conde da Castanheira.
A Bahia no contexto da Colonização • Capitania do Paraguaçu - a sesmaria do rio Paraguaçu,
doada a Álvaro da Costa, filho do Governador-geral Duarte da
Costa, foi transformada em capitania em 1566, em recompensa
A Capitania da Baía de Todos os Santos foi uma das capitanias
pela contribuição do seu donatário na expulsão dos indígenas do
do Brasil durante o período colonial.
Recôncavo. Por um documento de 1571, sabe-se que essas terras
A costa do atual estado brasileiro da Bahia foi atingida e re-
iam “da parte da barra do dito Rio de Peroassu da parte do sul até
conhecida por navegadores portugueses desde 1500, e desde então a barra do Rio de Jaguaripe por costa”.
foi alvo da ação de contrabandistas de pau-brasil (“Caesalpinia Às vésperas da Independência do Brasil, a 28 de fevereiro
echinata”). de 1821, a Capitania da Baía tornou-se uma província e assim
A baía que lhe dá o nome foi descoberta no dia 1 de novem- permaneceu durante todo o período imperial. Com a Proclamação
bro - dedicado, pelo calendário católico, a Todos os Santos -, pela da República Brasileira (1889), a província tornou-se o atual
primeira expedição exploradora em 1501. estado da Bahia.
Com o estabelecimento, pela Coroa Portuguesa do sistema
de Capitanias Hereditárias para a colonização do Brasil (1534), o
território do atual estado da Bahia estava distribuído entre vários 3. O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
lotes: DO BRASIL.
• da foz do rio São Francisco à do rio Jaguariçá, doado a 3.1 A TRANSFERÊNCIA DA
Francisco Pereira Coutinho (Capitania da Baía de Todos os San- CORTE PORTUGUESA.
tos); 3.2 O PROCESSO DE
• da foz do rio Jaguariçá à do rio Coxim, a Jorge de Figuei- EMANCIPAÇÃO POLÍTICA.
redo Correia (Capitania de Ilhéus); e 3.3 A INDEPENDÊNCIA DA BAHIA.
• da foz do rio Coxim à do rio Mucura, a Pero de Campos
Tourinho (Capitania de Porto Seguro).
O lote que constitui a Capitania da Baía foi doado em 5 de
março de 1534. Quando o seu donatário chegou, dois anos mais A Família Real no Brasil
tarde, já existia na baía de Todos os Santos uma pequena comu-
nidade de europeus entre os quais se destacava Diogo Álvares Napoleão invade Portugal e força vinda da corte portuguesa
Correia, o Caramuru, com a esposa, Catarina Paraguaçu, e muitos ao Brasil.
filhos.
Com o auxílio destes, Francisco Pereira Coutinho fundou - a Corte portuguesa chega ao Brasil em 1808 (instala-se no
Rio de Janeiro)
uma povoação (Vila do Pereira depois Vila Velha, 1536) no alto
- A Abertura dos Portos as nações amigas: Inglaterra
de Santo Antônio da Barra, onde ergueu uma casa-forte (Castelo
- Realizações de D.João: criação do Banco do Brasil, Jardim
do Pereira). A paz reinou durante alguns anos, estabelecendo-se
Botânico, Teatro Real, Imprensa Régia, Escola Médica 
engenhos e espalhando-se as culturas de cana-de-açúcar, algodão
e tabaco. O processo de Independência do Brasil
Ao final de quase uma década, o estabelecimento inicial foi ar-
rasada por um maciço ataque dos Tupinambás (1545), que forçou - portugueses exigem a volta da família real
os colonos a se refugiarem na vizinha Capitania de Porto Seguro. - D.Pedro fica no Brasil como príncipe regente
Negociada a paz, ao retornarem à Vila do Pereira, o donatário e - Portugal quer recolonizar o Brasil
os colonos naufragaram durante uma tempestade diante da Ilha - Dia do Fico (9 de janeiro de 1822)
de Itaparica, tendo os sobreviventes sido capturados e devorados
pelos indígenas (1547). Independência do Brasil (1822)
Diante dessa tragédia, as terras de Francisco Coutinho fo-
ram adquiridas aos respectivos herdeiros pela Coroa Portuguesa - com o apoio da elite, D.Pedro declara o Brasil independente
(1548), para nelas ser estabelecido o Governo-geral da colônia. Os (7 de Setembro de 1822)
demais estabelecimentos da região, à época (Capitanias de Ilhéus - Poucas mudanças após a Independência: permanece a escra-
e de Porto Seguro), também foram devastados pelo indígena re- vidão / monarquia / povo não participou
voltado. - apoio da Inglaterra

Didatismo e Conhecimento 8
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Primeira Constituição do Brasil: A Constituição da Man- ção no movimento, menos Joaquim José da Silva Xavier, o alferes
dioca (1824) conhecido como Tiradentes, que assumiu a responsabilidade de li-
derar o movimento. Após decreto de D. Maria I é revogada a pena
- voto censitário (por rendas) de morte dos inconfidentes, exceto a de Tiradentes. Alguns tem a
- poder Moderador do Imperador (absolutista)  pena transformada em prisão temporária, outros em prisão perpétua.
Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, onde provavelmente foi
O Processo de Independência do Brasil assassinado.
Tiradentes, o de mais baixa condição social, foi o único con-
Em primeiro lugar, entender que o 07 de setembro de 1822 não denado à morte por enforcamento. Sua cabeça foi cortada e levada
foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um acontecimento para Vila Rica. O corpo foi esquartejado e espalhado pelos caminhos
que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial, iniciada de Minas Gerais (21 de abril de 1789). Era o cruel exemplo que fica-
com as revoltas de emancipação no final do século XVIII. Ainda va para qualquer outra tentativa de questionar o poder da metrópole.
é muito comum a memória do estudante associar a independência O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove anos
do Brasil ao quadro de Pedro Américo, “O Grito do Ipiranga”, que mais tarde iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates, também
personifica o acontecimento na figura de D. Pedro. chamada de Conjuração Baiana. A influência da loja maçônica Ca-
Em segundo lugar, perceber que a independência do Brasil, valeiros da Luz deu um sentido mais intelectual ao movimento que
restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a realidade contou também com uma ativa participação de camadas populares
sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características do como os alfaiates João de Deus e Manuel dos Santos Lira.Eram
período colonial. pretos, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados e reli-
Valorizando essas duas questões, faremos uma breve avaliação giosos. Justamente por possuír uma composição social mais abran-
histórica do processo de independência do Brasil. gente com participação popular, a revolta pretendia uma república
Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na Amé- acompanhada da abolição da escravatura. Controlado pelo governo,
rica Latina a crise do Antigo Sistema Colonial. No Brasil, essa cri- as lideranças populares do movimento foram executadas por enfor-
se foi marcada pelas rebeliões de emancipação, destacando-se a
camento, enquanto que os intelectuais foram absolvidos.
Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Foram os primeiros
Outros movimentos de emancipação também foram controla-
movimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto colo-
dos, como a Conjuração do Rio de Janeiro em 1794, a Conspiração
nial e assumir um caráter republicano. Era apenas o início do pro-
dos Suaçunas em Pernambuco (1801) e a Revolução Pernambucana
cesso de independência política do Brasil, que se estende até 1822
de 1817. Esta última, já na época que D. João VI havia se estabele-
com o “sete de setembro”. Esta situação de crise do antigo sistema
cido no Brasil. Apesar de contidas todas essas rebeliões foram deter-
colonial, era na verdade, parte integrante da decadência do Antigo
minantes para o agravamento da crise do colonialismo no Brasil, já
Regime europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglater-
ra e principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos que trouxeram pela primeira vez os ideais iluministas e os objetivos
princípios iluministas, que juntos formarão a base ideológica para a republicanos.
Independência dos Estados Unidos (1776) e para a Revolução Fran-
cesa (1789). Trata-se de um dos mais importantes movimentos de A Família Real no Brasil e a Preponderância Inglesa
transição na História, assinalado pela passagem da idade moderna
para a contemporânea, representada pela transição do capitalismo Se o que define a condição de colônia é o monopólio imposto
comercial para o industrial. pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o Brasil deixava
de ser colônia. O monopólio não mais existia. Rompia-se o pacto
Os Movimentos de Emancipação colonial e atendia-se assim, os interesses da elite agrária brasileira,
acentuando as relações com a Inglaterra, em detrimento das tradicio-
A Inconfidência Mineira destacou-se por ter sido o primeiro nais relações com Portugal.
movimento social republicano-emancipacionista de nossa história. Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no Brasil,
Eis aí sua importância maior, já que em outros aspectos ficou mui- é considerado a primeira medida formal em direção ao “sete de se-
to a desejar. Sua composição social por exemplo, marginalizava as tembro”.
camadas mais populares, configurando-se num movimento elitista Há muito Portugal dependia economicamente da Inglaterra.
estendendo-se no máximo às camadas médias da sociedade, como Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João VI ao Brasil,
intelectuais, militares, e religiosos. Outros pontos que contribuíram que gradualmente deixava de ser colônia de Portugal, para entrar na
para debilitar o movimento foram a precária articulação militar e a esfera do domínio britânico. Para Inglaterra industrializada, a inde-
postura regionalista, ou seja, reivindicavam a emancipação e a re- pendência da América Latina era uma promissora oportunidade de
pública para o Brasil e na prática preocupavam-se com problemas mercados, tanto fornecedores, como consumidores.
locais de Minas Gerais. O mais grave contudo foi a ausência de uma Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Navegação
postura clara que defendesse a abolição da escravatura. O desfecho e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definitivamente o monopólio
do movimento foi assinalado quando o governador Visconde de do comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na dependência
Barbacena suspendeu a derrama -- seria o pretexto para deflagar a do capitalismo inglês.
revolta - e esvaziou a conspiração, iniciando prisões acompanhadas Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao
de uma verdadeira devassa. absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Implantou-
Os líderes do movimento foram presos e enviados para o Rio de -se uma monarquia constitucional, o que deu um caráter liberal ao
Janeiro responderam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tratar-se de uma burguesia
ao rei), pelo qual foram condenados. Todos negaram sua participa- mercantil que tomava o poder, essa revolução assume uma postura

Didatismo e Conhecimento 9
HISTÓRIA/ATUALIDADES
recolonizadora sobre o Brasil. D. João VI retorna para Portugal e Portugal”.Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822),
seu filho aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira, que D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. Era
sentia-se duplamente ameaçada em seus interesses: a intenção reco- o início do Império, embora a coroação apenas se realizasse em
lonizadora de Portugal e as guerras de independência na América primeiro de dezembro de 1822.
Espanhola, responsáveis pela divisão da região em repúblicas. A independência não marcou nenhuma ruptura com o proces-
so de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho
O Significado Histórico da Independência escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manu-
tenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas.
A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do O “sete de setembro” foi apenas a consolidação de uma ruptura
Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.
pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi im-
posta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade na- Ocorreram muitas revoltas pela libertação do Brasil, nas quais
cional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite muitos brasileiros perderam a vida.
rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados Os que morrem achavam que valia a pena sacrificar-se para
por escravos e trabalhadores pobres em geral. melhorar a situação do povo brasileiro. Queriam uma vida melhor,
Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para não só para eles, mas para todos os brasileiros.
que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa Mas a Independência do Brasil só aconteceu em 1822. E não
a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo foi uma separação total, como aconteceu em outros países da Amé-
tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revo- rica que, ao ficarem independentes, tornaram-se repúblicas gover-
lucionário-republicano que marcava a independência da América nadas por pessoas nascidas no país libertado. O Brasil independen-
Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. te continuou sendo um reino, e seu primeiro imperador foi Dom
A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Pedro I, que era filho do rei de Portugal.
Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postu- Historicamente, o processo da Independência do Brasil ocu-
ra recolonizadora das Cortes. pou as três primeiras décadas do século XIX e foi marcado pela
D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida po- vinda da família real ao Brasil em 1808 e pelas medidas tomadas
deria representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o no período de Dom João. A vinda da família real fez a autonomia
apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os inte- brasileira ter mais o aspecto de transição.
resses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito O processo da independência foi bastante acelerada pelo que
mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente ocorreu em Portugal em 1820. A Revolução do Porto comandada
do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua pela burguesia comercial da cidade do Porto, que foi um movi-
permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: mento que tinha características liberais para Portugal mas, para o
“Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou Brasil, significava uma recolonização.
pronto. Diga ao povo que fico”. O processo de nossa independência acabou em 1822, quando
É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo Dom Pedro proclamou a Independência, se separando assim de
e bem mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador Portugal.
em troca da futura independência não alterar a realidade sócio- Antes do Brasil conseguir sua Independência muitos brasilei-
econômica colonial. Contudo, o Dia do fico era mais um passo para ros perderam a vida, para melhorar a situação do povo brasileiro.
o rompimento definitivo com Portugal. Graças a homens como No início do século XIX Napoleão Bonaparte era imperador
José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca da independência), da França. Ele queria conquistar toda a Europa e para tanto der-
Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira e outros, o movimento de rotou os exércitos de vários países. Mas não conseguiu vencer a
independência adquiriu um ritmo surpreendente com o cumpra-se, marinha inglesa.
onde as leis portuguesas seriam obedecidas somente com o aval Para enfrentar a Inglaterra, Napoleão proibiu todos os países
de D. Pedro, que acabou aceitando o título de Defensor Perpétuo europeus de comercializar com os inglês. Foi o chamado Bloqueio
do Brasil (13 de maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Continental (Congresso de Viena).
Senado. Em 3 de junho foi convocada uma Assembléia Geral Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe regen-
Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerou- te Dom João. Como Portugal era um antigo aliado da Inglaterra,
-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Dom João ficou numa situação muito difícil: se fizesse o que Na-
Brasil. poleão queria, os ingleses invadiriam o Brasil, pois estavam muito
São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos An- interessados no comércio brasileiro; se não o fizesse, os franceses
dradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Gover- invadiriam Portugal.
nativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da A solução que Dom João encontrou, com a ajuda dos aliados
província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça ingleses, foi transferir a corte portuguesa para o Brasil.
de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente. Em novembro de 1807 Dom João com toda a sua família e
José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, sua corte partiram para o Brasil sob a escolta da esquadra inglesa.
juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no 15 mil pessoas vieram para o Brasil em quatorze navios trazendo
Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. suas riquezas, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo que
Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São poderam trazer.
Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bra- Quando o exército de Napoleão chegou em Lisboa, só encon-
dou: “É tempo... Independência ou morte... Estamos separados de trou um reino abandonado e pobre.

Didatismo e Conhecimento 10
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O príncipe regente desembarcou em Salvador em 22 de janei- Ciências, Artes e Ofícios, a Academia de Belas-Artes e dois Colé-
ro de 1808. Ainda em Salvador Dom João abriu os portos do Brasil gios de Medicina e Cirurgia, um no Rio de Janeiro e outro em Sal-
aos países amigos, permitindo que navios estrangeiros comercias- vador. Foram fundados o Museu Nacional, o Observatório Astro-
sem livremente nos portos brasileiros. nômico e a Biblioteca Real, cujo acervo era composto por muitos
Essa medida foi de grande importância para a economia bra- livros e documentos trazidos de Portugal. Também foi inaugurado
sileira. o Real Teatro de São João e o Jardim Botânico. Uma atitude muito
De Salvador, a comitiva partiu para o Rio de Janeiro, onde importante de dom João foi a criação da Imprensa Régia. Ela edi-
chegou em 08 de março de 1808. O Rio de Janeiro tornou-se a sede tou obras de vários escritores e traduções de obras científicas. Foi
da corte Portuguesa. um período de grande progresso e desenvolvimento.
Com a chegada da Família Real ao Brasil, novos tempos para
a colônia. A volta da Família Real a Lisboa

O Reino de Dom João – um novo Brasil Tanto movimento por aqui provocou a indignação do outro
lado do Atlântico. Afinal, o Brasil deixara de ser uma simples co-
Com a instalação da corte no Brasil, o Rio de Janeiro tornou- lônia. Nosso país tinha sido elevado à condição de Reino Unido a
-se a sede do império português e Dom João teve de organizar toda Portugal e Algarves. Quer dizer, enquanto a família real esteve por
a administração brasileira. aqui, a sede do reino foi o Rio de Janeiro, que recebeu muitas me-
Criou três ministérios: o da Guerra e Estrangeiros, o da Mari- lhorias. Enquanto isso, em Portugal, o povo estava empobrecido
nha e o da Fazenda e Interior; instalou também os serviços auxilia- com a guerra contra Napoleão e o comércio bastante prejudica-
res e indispensáveis ao funcionamento do governo, entre os quais do com a abertura dos portos brasileiros. Os portugueses estavam
o Banco do Brasil, a Casa da Moeda, a Junta Geral do Comércio e insatisfeitos e, em 1820, estourou a Revolução Liberal do Porto,
a Casa da Suplicação ( Supremo Tribunal). cidade ao norte de Portugal. Os rebeldes exigiram a volta de dom
A 17 de dezembro de 1815 o Brasil foi elevado a reino e as João e a expulsão dos governantes estrangeiros. Queriam também
capitanias passaram em 1821 a chamar-se províncias. que o comércio do Brasil voltasse a ser feito exclusivamente pelos
comerciantes portugueses. Cedendo às pressões de Portugal, dom
Em 1818 com a morte da rainha D. Maria I, a quem Dom João
João voltou em 26 de abril de 1821. Deixou, contudo, seu filho
substituía, deu-se no Rio de Janeiro a proclamação e a coroação do
dom Pedro como regente do Brasil. Assim, agradava aos portu-
Príncipe Regente, que recebeu o título de Dom João VI.
gueses e aos brasileiros que tinham lucrado com a vinda da corte
A aclamação de D. João VI deu-se nos salões do Teatro de
portuguesa para o Brasil, especialmente com a abertura dos portos.
São João. 
Dom Pedro o defensor do Brasil
As Mudanças Econômicas no Brasil
A situação do Brasil permaneceu indefinida durante o ano de
Depois da chegada da família real duas medidas de Dom João 1821. No final desse ano, um fato novo redefiniu a situação: che-
deram rápido impulso à economia brasileira: a abertura dos portos garam ao Rio de Janeiro decretos da corte que exigiam a completa
e a permissão de montar indústrias que haviam sido proibidas por obediência do Brasil às ordens vindas da metrópole. No dia 9 de
Portugal anteriormente. dezembro de 1821, o governo brasileiro voltou a ser dependente
Abriram-se fábricas, manufaturas de tecidos começaram a de Portugal. Dom Pedro recebeu ordens para voltar a Portugal,
surgir, mas não progrediram por causa da concorrência dos tecidos mas o Partido Brasileiro, grupo formado por grandes fazendeiros,
ingleses. comerciantes e altos funcionários públicos, o convenceu a ficar. O
Bom resultado teve, porém, a produção de ferro com a criação regente recebeu listas com assinaturas de cerca de 8.000 pessoas
da Usina de Ipanema nas províncias de São Paulo e Minas Gerais. pedindo que ele permanecesse no país. Em 9 de janeiro de 1822,
Outras medidas de Dom João estimularam as atividades eco- apoiado pelas províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Ge-
nômicas do Brasil como: rais, dom Pedro decidiu permanecer. Ele foi à sacada e disse: “Se é
Construção de estradas; para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que
Os portos foram melhorados. Foram introduzidos no país no- fico!”. Essa data ficou conhecida como o Dia do Fico.
vas espécies vegetais, como o chá; Portugal não aceitou pacificamente a decisão de Dom Pedro.
Promoveu a vinda de colonos europeus. As tropas portuguesas sediadas no Rio de Janeiro tentaram força-
A produção agrícola voltou a crescer. O açúcar e do algodão, -lo a embarcar, o povo reagiu em defesa de Dom Pedro . Pressio-
passaram a ser primeiro e segundo lugar nas exportações, no início nados essas tropas voltaram para Portugal. 
do século XIX. Neste período surgiu o café, novo produto, que
logo passou do terceiro lugar para o primeiro lugar nas exporta- D. Pedro recusou-se a partir
ções brasileira.
Dom Pedro estimulado pelo entusiasmo popular, tomou novas
Medidas de Incentivo à Cultura decisões. Primeiramente reformou o ministério dando-lhe força e
unidade . Para isso nomeou a 16 de janeiro de 1822, José Bonifácio
Além das mudanças comerciais, a chegada da família real ao de Andrada e Silva Ministro dos Negócios do Interior, da Justiça e
Brasil também causou um reboliço cultural e educacional. Nes- dos Estrangeiros. Em 04 de abril aconselhado por José Bonifácio
sa época, foram criadas escolas como a Academia Real Militar, decretou que as ordens vindas de Portugal, só teriam valor se apro-
a Academia da Marinha, a Escola de Comércio, a Escola Real de vadas por ele, como isso, enfrentando as exigências das cortes.

Didatismo e Conhecimento 11
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em 03 de junho de 1822, convocou uma Assembléia Nacio- As Guerras pela Independência
nal Constituinte para fazer as novas leis do Brasil. Isso significava
que, definitivamente, os brasileiros fariam as próprias leis. Para A Independência havia sido proclamada, mas nem todas as
o Parlamento português (denominado Cortes) não poderia haver províncias do Brasil puderam reconhecer o governo do Rio de Ja-
desobediência maior. neiro e unir-se ao Império sem pegar em armas. As Províncias da
As agitações populares tomaram conta das ruas nas principais Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Grão-Pará e , por último, Cis-
cidades brasileiras. E em 1º de agosto Dom Pedro dirigiu um mani- platina, dominadas ainda por tropas de Portugal , tiveram que lutar
festo aos brasileiros, convocando-os a se unirem. Em 06 de agosto, pela sua liberdade, até fins de 1823.
dirigiu outro manifesto às nações exigindo o reconhecimento, pe- Na Bahia, a expulsão dos portugueses só foi possível quando
los outros povos, dos direitos do Brasil. Dom Pedro I enviou para lá uma forte esquadra comandada pelo
No dia 14 de agosto, Dom Pedro partiu para a província de almirante Cochrane, para bloquear Salvador. Sitiados por terra e
São Paulo que se encontrava agitada por lutas internas. A regência por mar, as tropas portuguesas tiveram finalmente que se render
ficou entregue à sua esposa dona Leopoldina. Durante a sua ausên- em 02 de julho de 1823.
cia, chega ao Rio de Janeiro uma carta das Cortes Portuguesas, na Após a vitória na Bahia, a esquadra de Cochrane, seguindo
qual exigia a volta imediata de Dom Pedro à Portugal e a anulação para o norte, bloqueou a cidade de São Luís. Esse bloqueio apres-
da convocação da Assembléia Nacional Constituinte. sou a derrota dos portugueses não só no Maranhão, mas também
Leopoldina e José Bonifácio enviaram um correio para levar no Piauí.
essa carta a Dom Pedro. José Bonifácio e Leopoldina enviam outra Do Maranhão um dos navios de Cochrane continuou até o ex-
carta, cada um reforçava a idéia de que havia chegado a hora de tremo norte, e, ameaçando a cidade de Belém, facilitou a rendição
tomar uma decisão. dos portugueses no Grão-Pará.
A proclamação da Independência é considerada necessária por No extremo Sul, a cidade de Montevidéu, sitiada por terra e
D. Leopoldina e o conselho do Estado. bloqueada por uma esquadra brasileira no rio do Prata teve de se
entregar.
A Proclamação da Independência do Brasil Com o reconhecimento da Independência pela Cisplatina
completou-se a união de todas as províncias, sob o governo de
Dom Pedro estava voltando à São Paulo, após uma viagem a
Dom Pedro I, firmando assim o Império Brasileiro. (Ver: Guerras
Santos. Era 16 horas e 30 minutos do dia 07 de setembro de 1822,
da Independência do Brasil)
quando o correio alcançou Dom Pedro nas margens do rio Ipiranga
e entregou-lhe as cartas. Ele começou a lê-las.
O Reconhecimento da Independência
Eram uma instrução das Cortes portuguesas, uma carta de
Dom João VI, outra da princesa e um ofício de José Bonifácio.
Unidas todas as províncias e firmado dentro do território bra-
Todos diziam a mesma coisa: que Lisboa rebaixava o príncipe a
mero delegado das Cortes, limitando sua autoridade às províncias, sileiro o Império, era necessário obter o reconhecimento da Inde-
onde ela ainda era reconhecida. Além disso, exigiam seu imediato pendência por parte das nações estrangeiras.
regresso a Portugal, bem como a prisão e processo de José Boni- A primeira nação estrangeira a reconhecer a Independência do
fácio. A princesa recomendava prudência, mas José Bonifácio era Brasil foram os Estados Unidos em maio de 1824. Não houve difi-
alarmante, comunicando-lhe que além de seiscentos soldados lusi- culdades, pois os norte-americanos eram a favor da independência
tanos que já haviam desembarcado na Bahia, outros 7 mil estavam de todas as colônias da América. (Independência dos EUA)
em treinamento para serem colocados em todo o Norte do Brasil. O reconhecimento por parte das nações européia foi mais di-
Terminava afirmando: “Só existem dois caminhos: ou voltar para fícil porque os principais países da Europa, entre eles Portugal,
Portugal como prisioneiro das cortes portuguesas ou proclamar a haviam-se comprometido, no Congresso de Viena em 1815, a de-
Independência, tornando-se imperador do Brasil”. fender o absolutismo, o colonialismo e a combater as idéias de
Dom Pedro sabia que o Brasil esperava dele uma atitude. De- liberdade.
pois de ler, amassou e pisoteou as cartas, montou seu cavalo e Entre as primeiras nações européias apenas uma foi favorável
cavalgou até às margens do Ipiranga e gritou à guarda de honra: ao reconhecimento do Brasil independente: a Inglaterra, que não
“Amigos, as cortes de Lisboa nos oprimem e querem nos escravi- queria nem romper com seu antigo aliado, Portugal, nem prejudi-
zar...Deste dia em diante, nossas relações estão rompidas”. car seu comércio com o Brasil. Foi graças à sua intervenção e às
Após arrancar as insígnia de cores azuis e brancas de seu uni- demoradas conversações mantidas junto aos governos de Lisboa e
forme, o príncipe sacou a espada e gritou: “ Por meu sangue, por do Rio de Janeiro que Dom João VI acabou aceitando a Indepen-
minha honra e por Deus, farei do Brasil um país livre”, em segui- dência do Brasil, fixando-se as bases do reconhecimento.
da, erguendo a espada, afirmou: “Brasileiros, de hoje em diante A 29 de agosto de 1825 Portugal, através do embaixador in-
nosso lema será: Independência ou Morte!”. glês que o representava, assinou o Tratado luso-brasileiro de reco-
Momento em que D. Pedro proclama a Independência do Bra- nhecimento. O Brasil, entretanto, teve que pagar a Portugal uma
sil nas margens do Rio Ipiranga em São Paulo. indenização de dois milhões de libra esterlinas, e Dom João VI
A notícia se espalhou por todo o Brasil. O povo cantou e dan- obteve ainda o direito de usar o título de Imperador do Brasil, que
çou nas ruas. O Brasil não era mais uma nação acorrentada. não lhe dava, porém qualquer direito sobre a antiga colônia.
No dia seguinte, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janei- A seguir as demais nações européias, uma a uma, reconhece-
ro. Na capital foi saudado como herói. ram oficialmente a Independência e o Império do Brasil.
No dia 1º de dezembro de 1822, aos 24 anos, foi coroado im- Em 1826 estava firmada a posição do Brasil no cenário inter-
perador do Brasil e recebeu o título de Dom Pedro I. nacional.

Didatismo e Conhecimento 12
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, o Brasil enfrentou A libertação de Salvador do domínio de tropas portuguesas foi
com bravura e venceu os piratas, os franceses e os holandeses. longa e difícil. Na realidade, as lutas contra as forças portuguesas
Ocorreram muitas lutas internas e muitos perderam a sua vida para do brigadeiro Madeira de Melo, a mais alta autoridade militar da
tentar tornar seu país livre e independente de Portugal. Essa luta província, começaram a crescer desde 1820. Com a independência
durou mais de trezentos anos. proclamada por dom Pedro, os conflitos aumentaram.
O processo da Independência foi muito longo e por ironia do
destino foi um português que a proclamou. Salvador: foco de resistência portuguesa
Em 07 de Setembro de 1822, Dom Pedro filho do rei de Portu-
gal Dom João VI, pressionado pelas Cortes de Lisboa para retornar Portugal desejava fazer de Salvador um foco de resistência à
a imediatamente para Portugal , pois o interesse das Cortes eram independência da Colônia. No início de 1823, tropas portuguesas
a recolonização do Brasil e também sofrendo pressões do povo chegaram a Salvador para reforçar os contingentes da Metrópole.
brasileiro ele às margens do Ipiranga proclama a independência do As tropas brasileiras de Manuel Pedro, que havia sido nomeado
Brasil e definitivamente separando-se de Portugal.
por dom Pedro para a mesma função de Madeira de Melo, foram
Porém a independência do Brasil não ocorreu em todas as pro-
derrotadas. Diante da derrota, recuaram para o Recôncavo Baiano,
víncias do Brasil, as províncias da Bahia, do Maranhão, do Piauí,
pois os habitantes dessa região eram os maiores defensores da in-
do Grão-Pará e da Cisplatina, ainda estavam dominadas pelos por-
tugueses e precisaram de muitas lutas para que elas tornassem tam- dependência.
bém independentes. Essas lutas se estenderam até 1823. A partir de então começou o cerco a Salvador, onde concen-
Depois de todas as províncias estarem independentes, houve travam-se os militares e os comerciantes portugueses. Cercada, a
a necessidade do reconhecimento da Independência por parte das cidade ficou incomunicável, sem alimentos e munição. Madeira de
outras nações. O primeiro país da América a reconhecer a nossa Melo pediu ajuda a Portugal e dom Pedro envia o general Labatut
independência foi os Estados Unidos. Os países europeus o re- para reforçar as tropas brasileiras. As entradas de Salvador ficaram
conhecimento foi mais difícil, e o Brasil teve até que pagar uma praticamente interditadas pelas forças que defendiam a indepen-
indenização à Portugal, depois de demoradas conversações a Inde- dência. Madeira de Melo não tem outra alternativa a não ser ir
pendência do Brasil foi reconhecida por todas as nações européia para o ataque. No dia 8 de novembro de 1822, trava-se em Pirajá
e em 1826 o Brasil firmou sua posição de país independente no uma das batalhas mais duras e violentas da libertação da Bahia e
cenário internacional. Madeira de Melo teve de recuar.
Mais será que o Brasil conseguiu realmente a sua independên- Nos primeiros meses de 1823, a situação de Salvador deterio-
cia? Acho que a resposta é sim e não ao mesmo tempo. Porque o rou muito. Sem alimentos, as doenças matavam cada vez mais pes-
Brasil atualmente tem seu governo, formado por brasileiros, e não soas. Diante dessa situação, o chefe português permite a saída dos
é mais uma colônia de outro país. Mas por outro lado ele ainda moradores de Salvador e cerca de 10 mil pessoas deixam a capital
continua dependendo dos outros países, possuindo uma dívida ex- da província. Em fins de maio, uma nova frota brasileira coman-
terna muito alta. Os estrangeiros continuam invadindo o nosso país dada pelo inglês lord Cochrane chega a Salvador. Vendo que era
montando empresas estrangeiras em nosso país, e com isso as nos- inútil a resistência, as tropas portuguesas se rendem.
sas riquezas acabam indo para fora enquanto isso nosso país con- O mês de julho começa com o embarque dos portugueses. No
tinua tento desemprego, pessoas miseráveis, baixo salários, etc, e dia 2, o Exército brasileiro entra vitorioso em Salvador.
os países que aqui se estalam quase não pagam impostos e enviam As guerras de independência, em especial a que se travou na
grandes remessas de dinheiro para seu país de origem deixando ele Bahia, revelam um aspecto importante no processo da emancipa-
cada vez mais rico as custas de nosso país. ção política do Brasil, muitas vezes pouco valorizado em nossos
Por tudo isso, ainda falta muita coisa para conseguirmos nossa estudos históricos: a independência enfrentou uma questão militar.
total independência, e para isso acontecer muita coisa precisa ser
E como o Brasil não tinha uma estrutura militar adequada às ne-
mudada em nosso país. As riquezas produzida com o trabalho do
cessidades de seu imenso território, precisou lançar mão de tropas
brasileiro deve contribuir para elevar o nível de vida da nossa po-
pulação, a vida dos brasileiros deve ser mais respeitada e protegida mercenárias, comandadas por oficiais estrangeiros.
e para isso ainda temos que lutar muito ainda para que possamos
conseguir realmente a nossa total independência. Recôncavo Baiano

A Independência da Bahia Recôncavo Baiano é a área situada em torno da baía de Todos


os Santos. Era uma região rica, com muitos engenhos de açúcar,
No dia 7 de setembro de 1822, dom Pedro I proclamou a inde- povoados e vilas.
pendência em uma viagem de volta de Santos para São Paulo. Esse Os habitantes das vilas e povoados do Recôncavo Baiano
dia é considerado a data da emancipação do Brasil como nação, o eram na maioria defensores da Independência. Proprietários ricos
dia da Independência. Entretanto, durante algum tempo ocorreram logo começaram a organizar batalhões patrióticos de mulatos e ne-
lutas em diversos pontos do território brasileiro contra tropas por- gros para lutar contra os portugueses. E muitas Câmaras Munici-
tuguesas, que defendiam a continuidade da dominação de Portu- pais decidiram desafiar as ordens de Madeira de Melo, aclamando
gal sobre o Brasil. Essas lutas pela consolidação da independência oficialmente dom Pedro como imperador e Defensor Perpétuo do
prolongaram-se do final de 1822 ao final de 1823. Além do Rio Brasil.
de Janeiro, estenderam-se pelas províncias da Bahia (até julho de Da união entre os soldados da capital e do interior nasceu o
1823), Pará (outubro de 1823), Maranhão, Piauí, Ceará (agosto de Exército Patriótico, forte e combativo. Sua combatividade ficaria
1823) e Cisplatina, pois nessas províncias o contingente das tropas ainda maior com os reforços enviados de outras províncias, princi-
portuguesas era grande. palmente Pernambuco.

Didatismo e Conhecimento 13
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A 22 de setembro de 1822, anuciou-se a ruptura definitiva: a Sua última tentativa de recuperar prestígio político é frustra-
Câmara de Cachoeira instalou na cidade um governo paralelo, o da pela má recepção que teve durante uma visita a Minas Gerais
Conselho Interino do governo da província da Bahia. A situação se na virada de 1830 para 1831. A intenção era costurar um acordo
invertia. Agora era o interior que governava, preparando-se para com os políticos da província, mas é recebido com frieza. Alguns
retomar a capital. setores da elite mineira fazem questão de ligá-lo ao assassinato do
jornalista. Revoltados, os portugueses instalados no Rio de Janeiro
promovem uma manifestação pública em desagravo ao imperador.
4. O BRASIL INDEPENDENTE. Isso desencadeia uma retaliação dos setores antilusitanos. Há tu-
4.1 PRIMEIRO REINADO. multos e conflitos de rua na cidade. Dom Pedro fica irado e prome-
4.2 REGÊNCIA. te castigos. Mas não consegue sustentação política e é aconselhado
4.3 SEGUNDO REINADO. por seus ministros a renunciar ao trono brasileiro. Ele abdica em 7
de abril de 1831 e retorna a Portugal.

2º Reinado
1º Reinado
Dom Pedro II: um imperador em meio às transformações de
um longo governo.
Período inicial do Império, estende-se da Independência do O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maiori-
Brasil, em 1822, até a abdicação de Dom Pedro I , em 1831. Acla- dade de Dom Pedro II, realizada no dia 23 de julho de 1840. Na
mado primeiro imperador do país a 12 de outubro de 1822, Dom época, o jovem imperador tinha apenas quinze anos de idade e só
Pedro I enfrenta a resistência de tropas portuguesas. Ao vencê-las, conseguiu ocupar o posto máximo do poder executivo nacional
em meados do ano seguinte, consolida sua liderança. graças a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos políti-
Seu primeiro ato político importante é a convocação da As- cos liberais. Até então, os conservadores (favoráveis à centraliza-
sembléia Constituinte, eleita no início de 1823. É também seu pri- ção política) dominaram o cenário político nacional.
meiro fracasso: devido a uma forte divergência entre os deputados Antes do novo regime monárquico, o período regencial foi ca-
brasileiros e o soberano, que exigia um poder pessoal superior racterizado por uma política conservadora e autoritária que fomen-
ao do Legislativo e do Judiciário, a Assembléia é dissolvida em tou diversas revoltas no Brasil. As disputas políticas do período e o
novembro. A Constituição é outorgada pelo imperador em 1824. desfavor promovido em torno do autoritarismo vigente permitiram
Contra essa decisão rebelam-se algumas províncias do Nordes- que a manobra em favor de Dom Pedro de Alcântara tivesse sus-
te, lideradas por Pernambuco. A revolta, conhecida pelo nome de tentabilidade política. Nos quarenta e nove anos subseqüentes o
Confederação do Equador, é severamente reprimida pelas tropas Brasil esteve na mão de seu último e mais longevo monarca.
imperiais. Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro II contou com a
Embora a Constituição de 1824 determine que o regime vi- criação de dispositivos capazes de agraciar os dois grupos políticos
gente no país seja liberal, o governo é autoritário. Freqüentemente, da época. Liberais e conservadores, tendo origem em uma mesma
Dom Pedro impõe sua vontade aos políticos. Esse impasse cons- classe sócio-econômica, barganharam a partilha de um poder re-
tante gera um crescente conflito com os liberais, que passam a vê-lo pleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia como
cada vez mais como um governante autoritário. Preocupa também um “intermediário imparcial” às disputas políticas. Ao mesmo
o seu excessivo envolvimento com a política interna portuguesa. tempo em que se distribuíam ministérios, o rei era blindado pelos
Os problemas de Dom Pedro I agravam-se a partir de 1825, com a amplos direitos do irrevogável Poder Moderador.
entrada e a derrota do Brasil na Guerra da Cisplatina . A perda da A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, con-
figurou um período de relativa estabilidade. Depois da Revolução
província da Cisplatina e a independência do Uruguai, em 1828,
Praieira, em 1847, nenhuma outra rebelião interna se impôs contra
além das dificuldades econômicas, levam boa parte da opinião pú-
a autoridade monárquica. Por quê? Alguns historiadores justificam
blica a reagir contra as medidas personalistas do imperador.
tal condição no bom desempenho de uma economia impulsiona-
Sucessão em Portugal – Além disso, após a morte de seu pai da pela ascensão das plantações de café. No entanto, esse bom
Dom João VI , em 1826, Dom Pedro envolve-se cada vez mais desempenho conviveu com situações delicadas provindas de uma
na questão sucessória em Portugal. Do ponto de vista português, economia internacional em plena mudança.
ele continua herdeiro da Coroa. Para os brasileiros, o imperador O tráfico negreiro era sistematicamente combatido pelas gran-
não tem mais vínculos com a antiga colônia, porque, ao proclamar des potências, tais como a Inglaterra, que buscava ampliar seus
a Independência, havia renunciado à herança lusitana. Depois de mercados consumidores por aqui. A partir da segunda metade do
muita discussão, formaliza essa renúncia e abre mão do trono de século XIX, movimentos abolicionistas e republicanos ensaiavam
Portugal em favor de sua filha Maria da Glória. discursos e textos favoráveis a uma economia mais dinâmica e um
Ainda assim, a questão passa a ser uma das grandes bandeiras regime político moderno e inspirado pela onda republicana liberal.
da oposição liberal brasileira. Nos últimos anos da década de 1820, Após o fim da desgastante e polêmica Guerra do Paraguai
esta oposição cresce. O governante procura apoio nos setores por- (1864 – 1870), foi possível observar as primeiras medidas que
tugueses instalados na burocracia civil-militar e no comércio das indicaram o fim do regime monárquico. O anseio por mudanças
principais cidades do país. Incidentes políticos graves, como o as- parecia vir em passos tímidos ainda controlados por uma elite
sassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró em São Pau- desconfiada com transformações que pudessem ameaçar os seus
lo, em 1830, reforçam esse afastamento: esse crime é cometido antigos privilégios. A estranha mistura entre o moderno e o conser-
a mando de policiais ligados ao governo imperial e Dom Pedro é vador ditou o início de uma república nascida de uma quartelada
responsabilizado pela morte. desprovida de qualquer apoio popular.

Didatismo e Conhecimento 14
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Guerra Cisplatina Instalaram-se nas colônias espanholas juntas governativas
contra o rei José 1º. Diante do isolamento da metrópole durante as
A Guerra da Cisplatina foi um conflito que ocorreu de 1825 guerras napoleônicas, as possessões da Espanha na América fica-
até 1828, envolvendo os países Brasil e Argentina. O motivo desta ram envolvidas pelo sentimento separatista, que, aos poucos, foi se
batalha era pelo domínio da Província de Cisplatina, atual Uru- alastrando. À divisão político-administrativa dos territórios espa-
guai, uma região que sempre foi cobiçada pelos portugueses e es- nhóis corresponderam os limites territoriais dos novos países que
panhóis. surgiam. Embora a luta independentista não tivesse contemplado,
No ano de 1680, Portugal fundou a região Colônia do Sacra- de início, uma discussão sobre a forma de governo, a república
mento, que foi o primeiro nome dado á região de Cisplatina. Em apareceu como modelo ideal. De um lado, porque rompia com a
1777, o território passou a ser posse da Espanha. matriz espanhola, monárquica. De outro, pois atendia à participação
Em 1816, a coroa Portuguesa, que estava no Brasil, ocupou popular na luta contra a metrópole. A república, sendo uma forma
novamente a região, nomeando-a como Província da Cisplatina. de governo então considerada mais democrática, fortaleceu-se
No ano de 1825, um novo movimento surge em prol da liber- como modelo adequado para aquele momento.
tação da província. Mas os moradores de Cisplatina se recusam a Em 1808, a Família Real portuguesa chegou ao Brasil - na
fazer parte do Brasil, e João Antonio Lavalleja, organiza um movi- época, sua mais importante colônia. A presença da Corte lusitana
mento para declarar independência da região. A Argentina por in- na América mudou completamente o destino do Brasil face aos
teresse no território da Cisplatina, ajuda no movimento, ofertando, vizinhos latino-americanos. A transferência da Corte para o Reino
força política, armas, alimentos, etc. O Brasil se revoltou decla- Unido de Portugal e Algarves limitou as perspectivas do movi-
rando guerra à Argentina e ao revoltosos da região de Cisplatina. mento separatista em relação à metrópole.
Foram muitos conflitos entre os combatentes, e com tudo isso Diferentemente das colônias espanholas, a presença do rei de
muito dinheiro público foi gasto, desequilibrando a economia bra- Portugal no Brasil não isolou a metrópole da possessão portuguesa
sileira. E além de tudo, o Brasil foi vencido na batalha. na América. De um lado, isso não deu espaço às agitações políticas
No ano de 1828, sob interferência da Inglaterra, foi firmado e sociais que marcaram o início do século 19 na América espanho-
um acordo entre Brasil e Argentina, que foi marcado pela indepen-
la. De outro, ao invés de romper, manteve a tradição portuguesa
dência da Província da Cisplatina seria independente.
quanto à forma de governo.
Com isso, a situação do Brasil se complicou mais, e os brasi-
A adoção da monarquia no Brasil pós-independência repre-
leiros ficaram mais insatisfeitos com o governo.
sentou uma continuação em relação à Europa, e não um rompi-
Durante praticamente todo o século XIX o Brasil foi a única
mento, como nos demais países da região.
monarquia de uma América Latina dividida em várias e pequenas
Ao mesmo tempo, a adoção da forma de governo monárquica
repúblicas. Para além da diferença entre monarquia e república,
provocou uma diferença importante entre os processos indepen-
por que, no caso latino-americano, o Brasil foi o único país a man-
ter o regime monárquico? Quais as conseqüências dessa particula- dentistas do Brasil e das outras nações latino-americanas. Enquan-
ridade em relação às outras nações latino-americanas? to nestas a população, de modo geral, participou da luta contra a
Até o início daquele século, o pano de fundo histórico da antiga metrópole, no Brasil, a independência foi feita “pelo alto”,
América Latina foi relativamente o mesmo. Embora tenha existi- proclamada pelo filho que o rei de Portugal deixou para trás ao
do uma grande diferença entre o processo colonizador espanhol e voltar para a Europa.
português, o Novo Continente sempre foi visto pelos povos ibéri- A adoção do regime monárquico, portanto, significou a cen-
cos, de modo geral, como um fornecedor de produtos tropicais e tralização do poder em torno da figura de dom Pedro 1°.
matéria-prima para o mercado europeu. Tanto o Brasil quando as
demais nações latino-americanas, portanto, tiveram praticamente a
mesma formação colonial. 5. A INSTALAÇÃO E A CONSOLIDAÇÃO
Dali em diante, contudo, os caminhos começaram a se dividir. REPÚBLICA.
Enquanto a república foi adotada largamente pelos países que iam 5.1 AS REBELIÕES REGIONAIS: CANUDOS,
surgindo no continente, a monarquia foi escolhida como forma CONTESTADO, AS REVOLTAS DA VACINA E
de governo no Brasil. Também por isso o país prosseguiu relati- DA CHIBATA.
vamente isolado das outras nações da América Latina. Por outro 5.2 A REVOLUÇÃO DE 1930.
lado, a monarquia lhe conferiu o poder necessário para manter uma 5.3 A ERA VARGAS.
extensão territorial bem maior que qualquer outro país da região. 5.4 O BRASIL NO CENÁRIO
INTERNACIONAL:AS GUERRAS MUNDIAIS.
Rompimento em relação à Europa

O início do século 19 marcou profundamente a história da


Europa. Napoleão Bonaparte havia iniciado um ambicioso plano Canudos
de expansão territorial. Desse projeto, por exemplo, fez parte o
Bloqueio Continental, decretado em 1806 pelo imperador francês. A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era
A Espanha, ao contrário de Portugal, associou-se ao plano de muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono políti-
Bonaparte. Na América, as colônias espanholas se organizaram co afetavam os nordestinos, principalmente a população mais ca-
contra o rei José Bonaparte (José 1º), irmão de Napoleão - um rente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso,
monarca fantoche que assumiu o trono espanhol em aliança com desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896,
a França. no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por

Didatismo e Conhecimento 15
HISTÓRIA/ATUALIDADES
quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adqui- Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da
rida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter região por de um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora
este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para o estabele-
emprego. cimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exporta-
O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo ção. Com isso, muitas famílias foram expulsas de suas terras.
depois da Proclamação da República, era quem liderava este movi- O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta.
mento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar Muitos trabalhadores que atuaram em sua construção tinham sido
com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com
entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por
Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande nú- parte da empresa norte-americana ou do governo.
mero de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia
libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.  Participação do monge José Maria
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal
forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para jus- Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fér-
tificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com til para o aparecimento de lideranças religiosas de caráter messiâni-
nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo co. Na área do Contestado não foi diferente, pois, diante da crise e
a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acos- insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este
tumados a viver.  pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus,
Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para
governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, prin-
que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência cipalmente de camponeses sem terras.
da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificul-
dades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde Os conflitos
as forças da República já estavam mais bem equipadas e organi-
zadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) co-
meçaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua
os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar
capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o
qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre
beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo de-
foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.
sestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais e
Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a
soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de
luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, tam-
desarticular o movimento.
bém, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus
o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os
em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam
a importância da luta social na história de nosso país. bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes,
Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, na maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas ofi-
mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes pro- ciais foram bem menores.
blemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que
reivindicavam melhores condições de vida (mais empregos, justi- O fim da Guerra
ça social, liberdade, educação etc), foram tratadas como “casos de
polícia” pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais
muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que luta- conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último
vam por direitos sociais e melhores condições de vida. reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de
prisão.
Contestado A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos
e os governos tratavam as questões sociais no início da República.
A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais
na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre.
O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com
forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome negociação. Quando havia organização daqueles que eram injus-
de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de tiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam os
disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina. movimentos com repressão e força militar.

Causas da Guerra Revolta da Vacina


A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul esta-
va sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio O início do período republicado da História do Brasil foi mar-
dos coronéis (grandes proprietários rurais com força política) da cado por vários conflitos e revoltas populares. O Rio de Janeiro não
região e do governo. Para a construção da estrada de ferro, milha- escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de
res de família de camponeses perderam suas terras. Este fato, ge- caráter popular na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desenca-
rou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram deou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta
sem terras para trabalhar. pelo governo federal, contra a varíola.

Didatismo e Conhecimento 16
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Situação do Rio de Janeiro no início do século XX  Reivindicações

A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almiran-
precária. A população sofria com a falta de um sistema eficiente de te Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos,
saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da
entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola. A população de revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revol-
baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal tosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então
vítima deste contexto. capital do Brasil).
Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues
Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reur- Segunda revolta 
banização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo
Cruz foi designado pelo presidente para ser o chefe do Departa- Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca
mento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as
resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os ma-
condições sanitárias da cidade.
rinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente
solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou
Campanha de Vacinação Obrigatória 
e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta
A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática na Ilha das Cobras. Esta segunda revolta foi fortemente reprimida
em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas
foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as
agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à for- condições de vida eram desumanas, alguns prisioneiros faleceram.
ça, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado Outros revoltosos presos foram enviados para a Amazônia, onde
acontecia, pois grande parte das pessoas não conhecia o que era deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha.
uma vacina e tinham medo de seus efeitos. O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e in-
ternado como louco no Hospital de Alienados. No ano de 1912, foi
Revolta popular  absolvido das acusações junto com outros marinheiros que parti-
ciparam da revolta.
A revolta popular aumentava a cada dia, impulsionada tam- Podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma
bém pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de manifestação de insatisfação ocorrida no início da República.
vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro Embora pretendessem implantar um sistema político-econômico
da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações moderno no país, os republicanos trataram os problemas sociais
mais simples. como “casos de polícia”. Não havia negociação ou busca de solu-
As manifestações populares e conflitos espalham-se pelas ções com entendimento. O governo quase sempre usou a força das
ruas da capital brasileira. Populares destroem bondes, apedrejam armas para colocar fim às revoltas, greves e outras manifestações
prédios públicos e espalham a desordem pela cidade. Em 16 de populares.
novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da
vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e República Velha (1889 – 1930)
a polícia para acabar com os tumultos. Em poucos dias a cidade
voltava a calma e a ordem. Os treze presidentes. Ao longo da República Velha, que é a
denominação convencional para a história republicana que vai da
Revolta da Chibata
proclamação (1889) até a ascensão de Getúlio Vargas em 1930, o
Brasil conheceu uma seqüência de treze presidentes. O traço mais
A Revolta da Chibata foi um importante movimento social
saliente dessa primeira fase republicana encontra-se no fato de que
ocorrido, no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro.
Começou no dia 22 de novembro de 1910.   a política esteve inteiramente dominada pela oligarquia cafeeira,
Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com em cujo nome e interesse o poder foi exercido.
castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas Desses treze presidentes, três foram vices que assumiram o
(chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os ma- poder: Floriano Peixoto, em virtude da renúncia de Deodoro da
rinheiros. Fonseca; Nilo Peçanha, pela morte de Afonso Pena; e, finalmen-
te, Delfim Moreira, pela morte de Rodrigues Alves, ocorrida logo
Causas da revolta  após a sua reeleição.

O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Governo Provisório (1889-1891). Proclamada a República,
Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um co- na mesma noite de 15 de novembro de 1889 formou-se o Governo
lega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de Provisório, com o Marechal Deodoro como chefe de governo.  
guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu
na presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta. Primeiras medidas. O Governo Provisório, assim formado,
O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o co- decretou o regime republicano e federalista e a transformação das
mandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, antigas províncias em “estados” da federação. O Império do Brasil
os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraça- chamava-se, agora, com a República, Estados Unidos do Brasil - o
do São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso. seu nome oficial.

Didatismo e Conhecimento 17
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em caráter de urgência, foram tomadas também as seguintes Durante os trabalhos da Assembléia Constituinte evidenciaram-
medidas: a “grande naturalização”, que ofereceu a cidadania a to- -se as divergências entre os republicanos. Havia o projeto de uma
dos os estrangeiros residentes; a separação entre Igreja e Estado e república liberal - defendido pelos cafeicultores paulistas - grande
o fim do padroado; a instituição do casamento e do registro civil. autonomia aos estados (federalismo); garantia das liberdades indi-
Porém, dentre as várias medidas, destaca-se particularmente o “en- viduais; separação dos três poderes e instauração das eleições. Este
calhamento”, adotado por Rui Barbosa, então ministro da Fazenda.   projeto visava a descentralização administrativa, tornando o poder
público um acessório ao poder privado - marcante ao longo da Re-
O “encilhamento”. Na corrida de cavalos, a iminência da lar- pública Velha.
gada era indicada pelo seu encalhamento, isto é, pelo momento em O outro projeto republicano era inspirado nos ideais da Revo-
que se apertavam com as cilhas (tiras de couro) as selas dos ca- lução Francesa, o período da Convenção Nacional e a instalação da
valos. É o instante em que as tensões transparecem no nervosismo Primeira República Francesa. Este ideal era conhecido como repú-
das apostas. Por analogia, chamou-se “encilhamento” à politica de blica jacobina, defendida por intelectuais e pela classe média urbana.
emissão de dinheiro em grande quantidade que redundou numa de- Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo discutir os
senfreada especulação na Bolsa de Valores. destinos da nação. Por fim, inspirada nas idéias de Augusto Comte,
Para compreender por que o Governo Provisório decidiu emitir com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto de
tanto papel-moeda, é preciso recordar que, durante a escravidão, os uma república positivista. O seu ideal era o progresso dentro da or-
fazendeiros se encarregavam de fazer as compras para si e para seus dem, cabendo ao Estado o papel de garantir estes objetivos.
escravos e agregados. E o mercado de consumo estava praticamente Este Estado teria de ser forte e centralizado.
limitado a essas compras, de modo que o dinheiro era utilizado qua- Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda Cons-
se exclusivamente pelas pessoas ricas. Por essa razão, as emissões tituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto de uma repú-
de moeda eram irregulares: emitia-se conforme a necessidade e sem blica liberal foi vencedor.
muito critério. Foram características da Constituição de 1891:
A situação mudou com a abolição da escravatura e a grande • instituição de uma República Federativa, onde os Estados
imigração. Com o trabalho livre e assalariado, o dinheiro passou a teriam ampla autonomia econômica e administrativa;
ser utilizado por todos, ampliando o mercado de consumo. • separação dos poderes em Poder Executivo, exercido pelo
Para atender à nova necessidade, o Governo Provisório adotou presidente eleito para um mandato de quatro anos (sem direito à
uma política emissionista em 17 de janeiro de 1890. O ministro da reeleição), e auxiliado pelos ministros;
Fazenda, Rui Barbosa, dividiu o Brasil em quatro regiões, autorizan- • o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional,
do em cada uma delas um banco emissor. As quatro regiões autori- formado pela Câmara de Deputados( eleitos para um mandato de
zadas eram: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. três anos, sendo seu número proporcional à população de cada Esta-
O objetivo da medida era o de cobrir as necessidades de pagamento do) e pelo Senado Federal, com mandato de 9 anos, a cada três anos
dos assalariados - que aumentaram desde a abolição - e, além disso, um terço dele seria renovado;
expandir o crédito a fim de estimular a criação de novas empresas. • o Poder Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo
Todavia, a desenfreada política emissionista acarretou uma in- Tribunal Federal.
flação* incontrolável, pois os “papéis pintados” não tinham como • o voto era descoberto (não secreto), direto e universal aos
lastro outra coisa que não a garantia do governo. Por isso, o resulta- maiores de 21 anos. Proibido aos soldados, analfabetos, mendigos e
do foi muito diverso do esperado: em vez de estimular a economia a religiosos de ordens monásticas.
crescer, desencadeou uma onda especulativa. Os especuladores cria- • ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os di-
ram projetos mirabolantes e irrealizáveis e, em seguida, lançaram reitos e as garantias individuais.
as suas ações na Bolsa de Valores, onde eram vendidas a alto preço. A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada pelo mo-
Desse modo, algumas pessoas fizeram fortunas da noite para o dia, delo norte-americano, sendo adotado o nome de República Federa-
enquanto seus projetos permaneciam apenas no papel. tiva dos Estados Unidos do Brasil. Nas “diposições transitórias” da
Em 1891, depois de um ano de orgia especulativa, Rui Barbosa Constituição ficava estabelecido que o primeiro presidente do Brasil
se deu conta do caráter irreal de sua medida e tentou remediá-la, não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela Assembléia Cons-
buscando unificar as emissões no Banco da República dos Estados tituinte.
Unidos do Brasil. Mas a demissão coletiva do ministério naquele
mesmo ano frustrou a sua tentativa. O Encilhamento

A Constituição de 1891 Além da elaboração da Constituição de 1891, o gover-


no provisório de Deodoro da Fonseca foi marcado uma polí-
Logo após a proclamação da República, foi convocada uma tica econômica e financeira, conhecida como Encilhamento.
Assembléia Constituinte para elaborar uma nova Constituição, pro- Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a in-
mulgada em 24 de fevereiro de 1891. dustrialização e a produção agrícola. Para atingir estes objetivos,
A nova Constituição inspirou-se no modelo norte-americano, Rui Barbosa adota a política emissionista, ou seja, o aumento da
ao contrário da Constituição imperial, inspirada no modelo francês. emissão do papel-moeda, com a intenção de aumentar a moeda em
Segundo a Constituição de 1891, o nosso país estava dividi- circulação.
do em vinte estados (antigas províncias) e um Distrito Federal (ex- O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades anôni-
-município neutro). Cada estado era governado por um “presidente”. mas fazendo com que boa parte do dinheiro em circulação não
Declarava também que o Brasil era uma república representativa, fosse aplicado na produção, mas sim na especulação de títulos e
federalista e presidencialista. ações de empresas fantasmas.

Didatismo e Conhecimento 18
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A especulação financeira provocou uma desordem nas finan- Conforme ficara estabelecido, a Assembléia Constituinte,
ças do país, acarretando uma enorme desvalorização da moeda, após a elaboração da nova Constituição, transformou-se em Con-
forte inflação e grande número de falências. gresso Nacional, encarregado de eleger o primeiro presidente da
Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via com bons República. Para essa eleição apresentaram-se duas chapas: a pri-
olhos esta tentativa de Rui Barbosa em industrializar o Brasil, algo meira era encabeçada por Deodoro da Fonseca para presidente e o
que não estava em seus planos. almirante Eduardo Wandenkolk para vice, a segunda era constituí-
da por Prudente de Morais para presidente e o marechal Floriano
Governo Constitucional (1891) Peixoto para vice.
A eleição realizou-se em meio a tensões muito grandes en-
Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fon- tre militares e civis, pois o Congresso Nacional era francamente
seca eleito pela Assembléia- permaneceu no poder, em parte de- contrário a Deodoro. Em primeiro lugar, porque este ambicionava
vido às pressões dos militares aos cafeicultores. A eleição pela fortalecer o seu poder, chegando mesmo a se aproximar de monar-
Assembléia revelou os choques entre os republicanos positivistas quistas confessos, como o barão de Lucena, a quem convidou para
(que postulavam a idéia de golpe militar para garantir o “continuís- formar o segundo ministério no Governo Provisório, após a renún-
mo”) e os republicanos liberais. cia coletiva do primeiro. Em segundo, devido à impopularidade de
O candidato destes era Prudente de Morais, tendo como vice- e ao desgaste de Deodoro, motivados pelas crises desencadeadas
presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto na Assem- pelo “encilhamento”, pelas quais, junto com Rui Barbosa, era di-
bléia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente reta mente responsável.
de Deodoro da Fonseca. O novo governo, autoritário e centrali- Prudente de Morais tinha a maioria. Teoricamente seria eleito.
zador, entrou em choque com o Congresso Nacional, controlado Contudo, os militares ligados a Deodoro fizeram ameaças, pressio-
pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano Peixoto. nando o Congresso a elegê-lo. E foi o que aconteceu, embora por
Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso uma pequena margem de votos. O vice de Deodoro, entretanto, foi
votou o projeto da Lei das Responsabilidades, tornado possível derrotado por ampla diferença por Floriano Peixoto.
o impeachment de Deodoro. Este, por sua vez, vetou o projeto,  
fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da oposição e de- A renúncia de Deodoro
cretou estado de sítio.
A reação a este autoritarismo foi imediata e inesperada, ocor- Deodoro, finalmente eleito presidente pelo Congresso, não
rendo uma cisão no interior do Exército. Uma greve e trabalhado- conseguiu governar com este último. Permanentemente hostiliza-
res, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de Janeiro, e do pelo Congresso, buscou o apoio dos governos dos estados. Na
a sublevação da Marinha no dia seguinteliderada pelo almirante oposição estavam o mais poderoso dos estados - São Paulo - e o
Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara mais influente dos partidos - o PRP (Partido Republicano Paulista).
apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Con- Em 3 de novembro de 1891, a luta chegou ao auge. Sem levar
gresso - forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, em conta a proibição constitucional, Deodoro fechou o Congresso
sendo substituído pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto. e decretou o estado de sítio, a fim de neutralizar qualquer reação e
tentar reformar a Constituição, no sentido de conferir mais poderes
A Consolidação da República (1891-1894) ao Executivo.
  Porém, o golpe fracassou. As oposições - tanto civis como ‘
“Em vez de quatro poderes, como no Império, foram adotados ‘tares - cresceram e culminaram com a rebelião do contra-almiran-
três: Executivo, Legislativo e Judiciário”. te Custódio de Melo, que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro
Executivo, exercido pelo presidente da República, eleito por com os navios sob seu comando. Deodoro renunciou, assumindo
voto direto, por quatro anos, com um vice-presidente, que assu- em seu lugar Floriano Peixoto.
miria a presidência no afastamento do titular, efetivando-se, sem  
nova eleição, no caso de afastamento definitivo depois de dois Floriano Peixoto (1891-1894). A ascensão de Floriano foi
anos de exercício. considerada como o retorno à legalidade. As Forças Armadas -
Legislativo, com duas casas temporárias Câmara dos Deputa- Exército e Marinha - e o Partido Republicano Paulista apoiaram
dos e Senado Federal que, reunidos, formavam o Congresso Na- o novo governo. Os primeiros atos de Floriano foram: a anulação
cional (...). do decreto que dissolveu o Congresso; a derrubada dos governos
Judiciário, com o Supremo Tribunal Federal, como órgão má- estaduais que haviam apoiado Deodoro; o controle da especula-
ximo, cuja instalação foi providenciada pelo Decreto n° 1, de 26 ção financeira e da especulação com gêneros alimentícios, através
de fevereiro de 1891, que também dispôs sobre os funcionários da de seu tabelamento. Tais medidas desencadearam, imediatamente,
Justiça Federal. Os três poderes exercer-se-iam harmoniosa, mas violentas reações contra Floriano. Para agravar ainda mais a situa-
independentemente.” ção, a esperada volta à legalidade não aconteceu.
A República foi obra, basicamente, dos partidos republicanos De fato, para muitos, era preciso convocar rapidamente uma
- notadamente o de São Paulo -, unidos aos militares de tendência nova eleição presidencial, conforme estabelecia o artigo 42 da
positivista. Porém, tão logo o grande objetivo foi atingido, ocor- Constituição, no qual se lia:
reu a cisão entre os “republicanos históricos” e os militares. As  
divergências giraram em torno da questão federalista: os civis de- Art. 42 - Se, no caso de vaga, por qualquer causa, da presidên-
fendiam o federalismo e os militares eram centralistas, portanto cia ou vice-presidência, não houverem ainda decorrido dois anos
partidários de um poder central forte. do período presidencial, proceder-se-á à nova eleição.

Didatismo e Conhecimento 19
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Floriano não convocou nova eleição e permaneceu no firme ção, para o Congresso, dos candidatos oficiais. Desse modo, o po-
propósito de concluir o mandato do presidente renunciante. A ale- der Legislativo, constituído por deputados e senadores aliados do
gação de Floriano era de que a lei só se aplicava aos presidentes presidente - poder Executivo -, aprovava as leis de seu interesse.
eleitos diretamente pelo povo. Ora, como a eleição do primeiro Estava afastado assim o conflito entre os dois poderes.
presidente fora indireta, feita pelo Congresso, Floriano simples- Em cada estado existia, portanto, uma minoria (oligarquia)
mente ignorou a lei. dominante, que, aliando-se ao governo federal, se perpetuava no
  poder. Existia também uma oligarquia que dominava o poder fede-
O manifesto dos treze generais. Contra as pretensões de Flo- ral, representada pelos políticos paulistas e mineiros. Essa aliança
riano, treze oficiais (generais e almirantes) lançaram um manifesto entre São Paulo e Minas - que eram os estados mais poderosos -,
em abril de 1892, exigindo a imediata realização das eleições pre- cujos lideres políticos passaram a se revezar na presidência, ficou
sidenciais, como mandava a Constituição. A reação de Floriano foi conhecida como a “política do café com leite”.
simples: afastou os oficiais da ativa, reformando-os.  
  A Comissão de Verificação. As peças para o funcionamento
A revolta da Armada. Essa inabalável firmeza de Floriano da “política dos governadores” foram, basicamente, a Comissão
frustrou os sonhos do contra-almirante Custódio de Melo, que am- de Verificação e o coronelismo. As eleições na República Velha
bicionava a presidência. Levadas por razões de lealdade pessoal, não eram, como hoje, garantidas por uma justiça eleitoral. A acei-
as Forças Armadas se dividiram. Custódio de Melo liderou a re- tação dos resultados de um pleito era feita pelo poder Legislativo,
volta da Armada estacionada na baía de Guanabara (1893). Essa através da Comissão de Verificação. Essa comissão, formada por
rebelião foi imediatamente apoiada pelo contra-almirante Salda- deputados, é que oficializava os resultados das eleições.  
nha da Gama, diretor da Escola Naval, conhecido por sua posição O presidente da República podia, portanto, através do controle
monarquista. que tinha sobre a Comissão de Verificação, legalizar qualquer re-
  sultado que conviesse aos seus interesses, mesmo no caso de frau-
A revolução federalista. No Rio Grande do Sul, desde 1892, des, que, aliás, não eram raras.
uma grave dissensão política conduzira o Partido Republicano  
Gaúcho e o Federalista ao confronto armado. Os partidários do pri- O coronelismo. O título de “coronel”, recebido ou comprado,
meiro, conhecidos como “picapaus”, eram apoiados por Floriano, era uma patente da Guarda Nacional, criada durante a Regência,
e os do segundo, chamados de “maragatos”, aderiram à rebelião de como já vimos. Geralmente, o termo era utilizado para designar
Custódio de Melo. os fazendeiros ou comerciantes mais ricos da cidade e havia se
  espalhado por todos os municípios.
Floriano, o Marechal de Ferro. Contra as rebeliões arma- Durante o Segundo Reinado, os localismos haviam sido sufo-
das, Floriano agiu energicamente, graças ao apoio do Exército e do cados pela política centralizadora, mas eles renasceram às véspe-
PRP (Partido Republicano Paulista), o que lhe valeu a alcunha de ras da República. Com a proclamação e a adoção do federalismo,
Marechal de Ferro. Retomando o controle da situação ao reprimir os coronéis passaram a ser as figuras dominantes do cenário polí-
as revoltas, Floriano aplainou o caminho para a ascensão dos civis. tico dos municípios.
  Em torno dos coronéis giravam o membros das oligarquias
A “Política dos Governadores” e a Constituição da Repú- locais e regionais. O seu poder residia no controle que exerciam
blica Oligárquica sobre os eleitores. Todos eles tinham o seu “curral” eleitoral, isto
  é, eleitores cativos que votavam sempre nos candidatos por eles
A hegemonia dos cafeicultores. Vimos anteriormente que a indicados, em geral através de troca de favores fundados na rela-
República tornou-se possível, em grande parte, graças à aliança ção de compadrio. Assim, os votos despejados nos candidatos dos
entre militares e fazendeiros de café. Esses dois grupos tinham, coronéis ficaram conhecidos como “votos de cabresto”. Porém,
entretanto, dois projetos distintos em relação à forma de organiza- quando a vontade dos coronéis não era atendida, eles a impunham
ção do novo regime: os primeiros eram centralistas e os segundos, com seus bandos armados - os jagunços -, que garantiam a eleição
federalistas. Os militares não eram suficientemente poderosos para de seus candidatos pela violência.
impor o seu projeto nem contavam com aliados que pudessem lhes A importância do coronel media-se, portanto, por sua capa-
dar o poder de que precisavam. cidade de controlar o maior número de votos, dando-lhe prestígio
Os cafeicultores, ao contrário, contavam com um amplo arco fora de seu domínio local. Dessa forma, conseguia obter favores
de aliados potenciais e compunham, economicamente, o setor dos governantes estaduais ou federais, o que, por sua vez, lhe dava
mais poderoso da sociedade. A partir de Prudente de Morais, que, condições para preservar o seu domínio.
em 1894, veio a suceder Floriano, o poder passou definitivamente  
para esses grandes fazendeiros. Mas foi com Campos Sales (189& O mercado consumidor. Na última década do século XIX, o
1902) que uma fórmula política duradoura de dominação foi final- mercado de consumo se expandiu e se transformou estruturalmen-
mente elaborada: a “política dos governadores”. te devido à implantação do trabalho livre.
  Conforme já mencionamos, na época da escravidão, os se-
A “política dos governadores”. Criada por Campos Sales nhores concentravam o poder de compra, já que eles adquiriam os
(1898-1902), a “política dos governadores” consistia no seguinte: produtos necessários não apenas para si e sua família, mas também
o presidente da República apoiava, com todos os meios ao seu para os escravos. Assim, antes da maciça imigração européia, a
alcance, os governadores estaduais e seus aliados (oligarquia esta- parte mais importante do mercado de consumo era representada
dual dominante) e, em troca, os governadores garantiriam a elei- quase exclusivamente pelos fazendeiros.

Didatismo e Conhecimento 20
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A implantação do trabalho livre emancipou não apenas os es- Devido aos problemas gerados pelo aumento do consumo, o
cravos, mas também os consumidores, pois a intermediação dos governo federal foi obrigado a estimular a produção interna a fim
fazendeiros, embora não desaparecesse completamente, começou, de diminuir as importações. Esse problema não existiria se as ex-
gradativamente, a perder importância. Consumidores, com dinhei- portações, principalmente do café, fossem suficientes para cobrir
ro na mão, decidiam por si mesmos o que e onde comprar. Com todos os gastos com as importações. Não era esse o caso. Entre-
isso, o mercado de consumo se pulverizou. Conforme veremos tanto, para que o modelo agroexportador fosse preservado, era ne-
adiante, esse crescimento e segmentação do mercado de consu- cessário criar condições para o abastecimento através da produção
mo exerceu uma pressão poderosa no sentido da modernização da nacional própria. Foi por esse motivo que a industrialização come-
economia brasileira. çou a ser estimulada no Brasil.
   
A tradição da monocultura. Entretanto, o principal setor da A organização da economia cafeeira. As fazendas de café
economia - a cafeicultura - continuava crescendo dentro de pa- estavam espalhadas pelo interior, distantes dos grandes centros ur-
banos onde a produção era vendida. Com as precárias condições
drões coloniais. Na verdade, a cafeicultura não apenas precisava
de transporte, aliadas ao fato de que os fazendeiros administravam
preservar o caráter colonial da economia brasileira, mas também
diretamente as suas propriedades, os cafeicultores acabaram dele-
ajudava a mantê-lo. Como no passado, a economia cafeeira es-
gando a terceiros (os chamados comissários) a colocação de sua
tava inteiramente organizada para abastecer o mercado externo,
produção no mercado.
no qual, por sua vez, adquiria os produtos manufaturados de que Esses encarregados da negociação das safras nos grandes cen-
precisava. tros eram, de início, pessoas de confiança com a incumbência de
Esse padrão econômico tinha como conseqüência o fraco realizar as operações no lugar do fazendeiro. Aos poucos, de sim-
desenvolvimento tanto da produção de produtos manufaturados, ples encarregados, esses comissários começaram a concentrar em
mesmo os de consumo corrente, quanto da agricultura de subsis- suas mãos as safras de vários fazendeiros, tornando-se importantes
tência. intermediários entre produtores e exportadores, em geral estran-
Com o crescimento do mercado de consumo que se seguiu à geiros.
abolição, as importações aumentaram, pois até produtos alimentí- As casas comissárias que então se organizaram passaram a
cios eram trazidos de fora. negociar em grande escala o café de várias procedências. Com o
  tempo, apareceu um novo intermediário: os ensacadores. Estes
O endividamento externo. As exportações, todavia, não compravam o café das casas comissárias, classificavam e unifor-
cresceram na mesma proporção, de modo que, para financiar as mizavam o produto, adaptando-o ao gosto dos consumidores es-
importações, o governo começou a se endividar continuamente. trangeiros e, finalmente, o revendiam aos exportadores.
Esses empréstimos eram contratados sobretudo na Inglaterra, que, Com a profissionalização dos comissários, estes começaram
assim, tornou-se a maior credora do Brasil. Enfim, chegou-se a um a atuar também como banqueiros dos cafeicultores, financiando a
ponto em que as dívidas se acumularam a ponto de desencadear produção por conta da safra a ser colhida.
uma crise por falta de capacidade de o país saldar as suas dívidas Por volta de 1896, esse esquema começou a mudar. Os ex-
externas. portadores (estrangeiros), com a finalidade de aumentar os seus
  lucros, passaram a procurar diretamente os fazendeiros para ne-
O funding loan. Em 1898, antes mesmo de Campos Sales gociar a compra antecipada das safras. Com seus representantes
tomar posse, o ministro da Fazenda, Joaquim Duarte Murtinho, percorrendo as fazendas para fechar negócio, essa nova relação
foi à Inglaterra renegociar a dívida. Conhecido como funding loan entre produtores e exportadores indicava, na verdade, que o mer-
(empréstimo de consolidação), o acordo financeiro negociado com cado brasileiro encontravase em fase de profunda transformação.
De fato, conforme o esquema até então vigente, os comis-
os credores consistiu no seguinte: o Brasil substituiu o pagamento
sários não apenas intermediavam a venda das safras, como tam-
em dinheiro por pagamento em títulos dos juros dos empréstimos
bém intermediavam a compra dos fazendeiros nas grandes casas
anteriores e um novo empréstimo lhe foi concedido para criar con-
importadoras de produtos de consumo estrangeiros. O esquema,
dições futuras de pagamento dos débitos.
portanto, era o seguinte: fazendeiros - comissários - ensacadores
  --- exportadores/importadores comissários - fazendeiros.
O estímulo à industrialização. Diante de tal situação, o go- A decisão dos exportadores em negociar a safra diretamen-
verno federal adotou uma política para desestimular as importa- te com os fazendeiros modificou também a forma de atuação dos
ções. Acontece que, com a República, a arrecadação dos impostos importadores que, não dispondo mais do comissário que interme-
fora dividida do seguinte modo: os estados ficavam com os impos- diava as compras para o fazendeiro, tiveram de espalhar agentes e
tos sobre as exportações, e o governo federal com os impostos so- representantes de vendas pelo interior. O mercado ficou mais seg-
bre as importações. Ora, desestimular as importações significaria mentado mas, em compensação, mais livre.
diminuir as suas receitas. Por essa razão, o governo federal recor-  
reu ao imposto de consumo, que já havia sido instituído, mas até A crise de superprodução. Contudo, desde 1895, a economia
então não tinha sido cobrado. cafeeira não andava bem. Enquanto a produção do café crescia em
Observemos que a simples instituição do imposto de consumo ritmo acelerado, o mercado consumidor europeu e norte-america-
indicava que o mercado de consumo já havia atingido dimensões no não se expandia no mesmo ritmo. Conseqüentemente, sendo a
significativas e revelava a expectativa do governo em relação ao oferta maior que a procura, o preço do café começou a despencar
seu crescimento. E isso testemunhava a importância já adquirida no mercado internacional, trazendo sérios riscos para os fazendei-
pelo mercado interno. ros.

Didatismo e Conhecimento 21
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Nos primeiros dois anos do século XX, o Brasil havia pro- Campos Sales ( 1898/1902)
duzido pouco mais de 1 milhão de sacas acima da capacidade de
consumo do mercado internacional. Essa cifra saltou para mais de Em seu governo procurou reorientar a política econômica para
4 milhões em 1906, alarmando a cafeicultura. atender os interesses das oligarquias rurais: café, algodão, borracha,
  cacau, açúcar e minérios. Adotando o princípio de que o Brasil era
O Convênio de Taubaté (1906). Para solucionar o problema, um país essencialmente agrícola, o apóio à expansão industrial foi
os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de janeiro reu- suspenso.
niam-se na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo. Decidiu-se Já em seu governo, a inflação e a dívida externa eram proble-
então que, a fim de evitar a queda de preço, os governos estaduais mas sérios. Seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, deu início
interessados deveriam contrair empréstimos no exterior para ad- ao chamado saneamento financeiro: política deflacionista visando
quirir parte da produção que excedesse o consumo do mercado a valorização da moeda. Além do corte de crédito à expansão da
internacional. Dessa maneira, a oferta ficaria regulada e o preço industria, o governo deixou de emitir moeda e criou novos impos-
poderia se manter. Teoricamente, o café estocado deveria ser libe- tos, aumentando os que já existiam. Procurou-se uma redução dos
rado quando a produção, num dado ano, fosse insuficiente. Ao lado gastos públicos e foi adotado uma política de arrocho salarial. Outra
disso, decidiu-se desencorajar o plantio de novos cafezais median- medida para o equilíbrio econômico foi o funding-loan, acordo de
te a cobrança de altos impostos. Estabelecia-se, assim, a primeira negociação da dívida externa: o Brasil teria um novo empréstimo;
política de valorização do café. suspensão, por 13 anos do pagamento das dívidas e de 63 para liqüi-
O governo federal foi contra o acordo, mas a solução do Con- dar as dívidas.
vênio de Taubaté acabou se impondo. De 1906 a 1910, quando Para conseguir apóio do Congresso na adoção do saneamento
terminou o acordo, perto de 8 500 000 sacas de café haviam sido financeiro, Campos Sales colocou em funcionamento a política dos
retiradas de circulação. governadores.
O acordo não foi propriamente uma solução, mas um simples
paliativo. E o futuro da economia cafeeira continuou incerto. Rodrigues Alves (1902/1906)
A República Velha está subdividida em dois períodos. A Re-
pública da Espada, momento da consolidação das instituições re- Período conhecido como “qüadriênio progressista”, marcado
publicanas, e a República Oligárquica, onde as instituições repu- pela modernização dos portos, ampliação da rede ferroviária e pela
blicanas são controladas pelos grandes proprietários de terras. urbanização da cidade do Rio de Janeiro - preocupação de seu pre-
feito, Pereira Passos.
A República da Espada (1891/1894) Houve também a chamada Campanha de Saneamento, dirigida
por Osvaldo Cruz, buscando eliminar a febre amarela e a varíola.
Período inicial da história republicana onde o governo foi Para combater a varíola, foi imposta a vacinação obrigatória, pro-
exercido por dois militares, devido o temor de uma reação monár- vocando um descontentamento popular. Os opositores ao governo
quica. Momento de consolidação das instituições republicanas. Os aproveitaram-se da situação, eclodindo a Revolta da Vacina.
militares presidentes foram os marechais Deodoro da Fonseca e No quadriênio de Rodrigues Alves foi aprovada as decisões do
Floriano Peixoto. Convênio de Taubaté, visando a valorização do café.
Destaque para o surto da borracha que ocorreu em seu gover-
Prudente de Morais (1894/1898) no. A extração e exportação da borracha atendia os interesses da in-
dústria de pneumáticos e de automóveis. No entanto, a extração da
Seu governo foi marcado pela forte oposição dos florianistas. borracha não se mostrou como alternativa ao café. Sua exploração
Adotou uma postura de incentivar a expansão industrial, mediante apresentou um caráter de surto, de aproximadamente 50 anos.
a adoção de taxas alfandegárias que dificultavam a entrada de pro- A economia da borracha provocou uma questão externa, en-
dutos estrangeiros. Esta política não agradou a oligarquia cafeeira, volvendo Brasil e Bolívia, a chamada Questão do Acre. A solução
reclamando incentivos somente para o setor rural. veio com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em que o Brasil
O principal acontecimento de seu governo foi a eclosão da anexou o Acre, pagando uma indenização de 2 milhões de libras
Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, no interior da Bahia. As para a Bolívia.
causas deste movimento são encontradas no latifúndio de caráter
monocultor voltado para atender os interesses do mercado externo. Afonso Pena ( 1906/1909)
O predomínio do latifúndio acentua a miséria da população serta-
neja e a fome. Implantação do plano para a valorização do café, onde o gover-
O movimento de Canudos possui um cunho religioso (messia- no compraria toda a produção de café e armazenando-a, para depois
nismo). Antônio Conselheiro, pregando a salvação da alma, fun- vendê-la. Faleceu em 1909, tendo seu mandato presidencial termi-
dou o arraial de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris. Canudos nado por Nilo Peçanha, seu vice-presidente.
possuirá uma população de, aproximadamente, 20 mil habitantes.
Dedicavam-se às pequenas plantações e criação de animais para a Nilo Peçanha (1909/1910)
subsistência.
O arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica, que per- Criação do Serviço de Proteção ao Índio, dirigido pelo mare-
dia fiéis; nem aos latifundiários, que perdiam mão-de-obra. Sob a chal Cândido Mariano da Silva Rondon.
acusação do movimento ser monarquista, o governo federal ini- Seu curto governo foi marcado pela sucessão presidencial. De
ciou uma intensa campanha militar. um lado, representando a máquina oligárquica, estava o candidato
A Guerra de Canudos é objeto de análise de Euclides da Hermes da Fonseca, de outro, como candidato da oposição, estava
Cunha, em sua obra “Os Sertões”. Rui Barbosa.

Didatismo e Conhecimento 22
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O lema da campanha de Rui Barbosa era Campanha Civilista, A crise econômica foi deflagrada com o início da queda - gra-
visto que Hermes da Fonseca era marechal do exército. Rui Bar- dual e constante - dos preços das matérias primas no mercando
bosa defendia a reforma eleitoral com o voto secreto, a revisão internacional, por conta do final da Primeira Guerra Mundial. O
constitucional e a elaboração do Código Civil. Apesar de grande setor mais afetado no Brasil foi, como não poderia deixar de ser, o
votação, Rui Barbosa não venceu as eleições setor exportador do café.
No plano militar, Epitácio Pessoa resolveu substituir ministros
Hermes da Fonseca ( 1910/1914) militares por ministros civis, em pastas ocupadas por membros das
Forças Armadas. Para o Ministério da Marinha foi indicado Raul
Imposição da chamada Política das Salvações: intervenção fe- Soares, e para o Ministério da Guerra, Pandiá Calógeras. A nomea-
deral para derrubar oligarquias oposicionistas, substituindo-as por ção causou descontentamento militar.
outras que apoiassem a administração. A oposição militar às oligarquias desencadearam o chamado
Esta política de intervenção provocou a chamada Revolta de Tenentismo. O tenentismo foi um movimento que propunha a mo-
Juazeiro, ocorrida no Ceará, e liderada pelo padre Cícero. ralização do país, mediante o voto secreto e da centralização po-
Ainda em seu governo, na cidade do Rio de Janeiro, eclodiu a lítica. Teve um forte caráter elitista -muito embora sua propostas
Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro João Candido, contra identificavam-se com os interesses das camadas médias do país.
os castigos corporais e excesso de trabalho na Marinha. A rebelião Os tenentes julgavam-se os únicos capazes de solucionarem os
militar foi duramente reprimida. problemas do país: o chamada “ideal de salvação nacional”.
O seu governo foi marcado por uma acentuação da crise eco- O primeiro levante do tenentes ocorreu em 05 de julho de
nômica - queda nas exportações do café e da borracha - levando o 1922, episódio conhecido como Levante do Forte de Copacabana
governo a realizar um segundo funding loan. ( os 18 do Forte). O motivo deste levante foi a publicação de car-
tas, cujos conteúdos, ofendiam o Exército. O autor teria sido Artur
Venceslau Brás ( 1914/1918) Bernardes, recém eleito presidente da República.

Em seu governo ocorre, no sul do país, um movimento social Artur Bernardes ( 1922/1926).
muito semelhante à Guerra de Canudos. O conflito, denominado
Guerra do Contestado, apresentava como causas a miséria e a fome Apesar do episódio das “cartas falsas”, Artur Bernardes foi
da população sertaneja, nas fronteiras de Santa Catarina e Para- declarado vencedor em março de 1922 . O descontentamento no
ná. O movimento teve um caráter messiânico, pois liderado pelo meio militar foi muito grande. O levante do forte de Copacabana
“monge” João Maria. A exemplo de Canudos, o movimento foi foi uma tentativa de impedir a sua posse.
duramente reprimido pelo governo. No ano de 1924 uma nova revolta tenentista ocorre. Desta
O principal evento, que marcou o quadriênio de Venceslau feita em São Paulo - Revolução Paulista de 1924. A reação do
Brás, foi a Primeira Guerra Mundial (1914/18). A duração da governo foi violenta, forçando os rebeldes a fugirem da cidade.
guerra provocou, no Brasil, um surto industrial. Este processo Os revoltosos encontraram-se com outra coluna militar (gaúcha) é
está ligado à política de substituição de importações: já que não se comandada por Luís Carlos Prestes. Originou-se assim, a Coluna
conseguia importar nada, em virtude da guerra, o Brasil passou a Prestes, que percorreu cerca de 25 mil quilômetros no interior do
produzir. Este impulso à industrialização fez nascer uma burguesia Brasil, denunciando os problemas da República Oligárquica. No
industrial e o operariado. ano de 1927 a Coluna foi desfeita, tendo a maioria dos líderes bus-
A classe operária, por sua vez, vivia em precárias condições, cado refúgio na Bolívia.
não possuindo salário mínimo, não tendo jornada de trabalho regu- O governo de Artur Bernardes foi palco da Semana de Arte
lamentada, havia exploração do trabalho infantil e feminino. Mui- Moderna, inaugurando o Modernismo no Brasil. A expansão in-
tos acidentes de trabalho aconteciam. Contra este estado de coisas, dustrial, o crescimento urbano, o desenvolvimento do operariado
a classe operária manifestou-se, através de greves. inspiraram os modernistas.
A maior delas ocorreu em 1917, sendo reprimida pela polícia.
Aliás, a questão social na República Velha, ou seja, a relação capi- Washington Luís ( 1926/1930)
tal/trabalho, era vista como “caso de polícia”. Até a década de 30 o
movimento operário terá como bandeira os ideiais do anarquismo Governo marcado pela eclosão da Revolução de 1930.
e do anarcossindicialismo. No ano de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou,
causando sérios efeitos para a economia mundial. A economia
Rodrigues Alves/ Delfim Moreira (1918/1919) norteamericana fica arruinada, com pesadas quedas na produção,
além da ampliação do desemprego. A crise econômica nos EUA
O eleito em 1918 fora Rodrigues Alves que faleceu (gripe es- fizeram-se sentir em todo o mundo.
panhola) sem tomar posse. Seu vice-presidente, Delfim Moreira, Os efeitos da crise de 1929, para o Brasil, fizeram-se sentir
de acordo com o artigo 42 da Constituição Federal, marcou novas com a queda brutal nos preços do café. Os fazendeiros de café
eleições. O vencedor do novo pleito foi Epitácio Pessoa. pediram auxílio ao governo federal, que rejeitou, alegando que a
queda nos preços do café seria compensada pelo aumento no volu-
Epitácio Pessoa ( 1919/1922). me das exportações, o que, aliás, não ocorreu.
No plano interno, em 1930, ocorriam eleições presidenciais.
Seu governo é marcado pelo início de graves crises econô- Washington Luís indicou um candidato paulista -Júlio Prestes,
micas e políticas, responsáveis pela chamada Revolução de 1930. rompendo o pacto estabelecido na política do café-com-leite. Os

Didatismo e Conhecimento 23
HISTÓRIA/ATUALIDADES
mineiros não aceitaram ( Washington Luís representava os paulista A constante disputa por mercados fornecedores e consumido-
e, seguindo a regra, o próximo presidente deveria ser um mineiro, res trazia uma forte inquietação e o prenúncio de um conflito imi-
aliás o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada ). nente entre as potências européias. Esse embate, conhecido como
O rompimento da política do café-com-leite vai fortalecer a oposi- Primeira Guerra Mundial (1914/18), ocorreu como resultado de
ção, organizada na chamada Aliança Liberal. um conjunto de fatores determinantes que, em nível conjuntural e
A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, tendo Getúlio estrutural, passaremos a analisar.
Vargas para presidente e João Pessoa para vice-presidente. Esta O imperialismo resultante da evolução do sistema capitalista
chapa contava com o apoio das oligarquias do Rio Grande do Sul, para o chamado capitalismo monopolista, do qual teve origem a
Paraíba e de Minas Gerais, além do Partido Democrático, formado expansão colonialista em direção à África e Ásia, culminou num
por dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP). clima de disputas territoriais entre os países industrializados,
O programa da Aliança Liberal vai de encontro aos interes- contribuindo sobremaneira para o agravamento das tensões
ses das classes dominantes marginalizadas pelo setor cafeeiro e, mundiais.
aumentando sua base de apoio, defendia a regulamentação das
O rompimento do equilíbrio europeu após o surgimento da
leis trabalhistas, a instituição do voto secreto e do voto feminino.
Alemanha pós-unificação (1871) foi um fator de grande impor-
Reivindicava a expansão da industrialização e uma maior centrali-
tância para a eclosão do conflito. O crescimento econômico da
zação política. De quebra, propunha a anistia aos tenentes conde-
nados, sensibilizando o setor militar. Alemanha, apesar de uma unificação e industrialização tardia, foi
Porém, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, o candida- surpreendente, pela rapidez e dimensão alcançadas. Num curto es-
to da situação, Júlio Prestes, venceu as eleições. A vitória do candi- paço de tempo, a Alemanha conseguiu superar economicamente a
dato situacionista provocou insatisfação das oligarquias margina- França e, no início do século XX, disputava com a Grã-Bretanha
lizadas, dos tenentes e da camada média urbana. Alguns tenentes, sua posição hegemônica em reação à Europa e ao mundo.
como Juarez Távora e João Alberto, iniciaram uma conspiração Nesse clima de disputa por mercados entre os países europeus
para evitar a posse de Júlio Prestes. Temendo que a conspiração industrializados, começou a se desenhar uma conjuntura de “Paz
pudesse contar com a participação popular, os líderes oligárquicos Armada”, que levou os países industrializados a aumentarem sua
tomaram o comando do processo. “Façamos a revolução antes que produção de material bélico antevendo uma possível guerra.
o povo a faça”, esta fala de Antônio Carlos Andrade, governador O nacionalismo crescente nas múltiplas minorias nacionais,
de Minas, sintetiza tudo. que foram englobadas às grandes monarquias européias (Con-
O estopim do movimento foi o assassinato de João Pessoa. gresso de Viena, 1814/15), contribuiu para acentuar as tensões no
Em 03 de outubro, sob o comando de Góes Monteiro eclode a re- continente europeu. O Império austro-húngaro pode ser lembrado
volta no Rio Grande do Sul; em 04 de outubro foi a vez de Juarez como o exemplo mais claro desse momento.
Távora iniciar a rebelião na Paraíba. O Império era composto por um conjunto de pequenas na-
cionalidades (húngaros, croatas, romenos, tchecos, eslovacos, bós-
Por fim. Em 24 de outubro de 1930, temendo-se uma guerra nios etc.) que não conseguiam manter laços de unidade e organiza-
civil, o alto-comando das Forças Armadas no Rio de Janeiro de- vam-se para questionar, por meio de movimentos nacionalistas, a
sencadeou o golpe, depondo Washington Luís, impedindo a posse monarquia dual austro-húngara e lutar contra ela.
de Júlio Prestes e formando uma junta pacificadora, composta pe- Em decorrência do clima de rivalidade e crescente hostilidade
los generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías que envolvia a Europa, acentuou-se a “Política de Alianças”, que
Noronha. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas era empossado, teve em Bismarck, ao final da unificação alemã, o seu precursor.
de forma provisória, como presidente da República. A Tríplice Aliança era formada pela Alemanha, Áustria-Hungria
e Itália, enquanto a Tríplice Entente era composta por Inglaterra,
Significado da Revolução de 30.
França e Rússia.

O movimento de 1930, apesar de sua complexa base social (
Os Principais Conflitos e os Antecedentes da Guerra
oligarquias dissidentes, tenentes, camadas médias urbanas ) não
deve ser visto como uma ruptura na estrutura social, política e eco-
nômica do Brasil. A revolução não rompeu com o sistema oligár- • Conflito Franco-Alemão – A França queria o revanchis-
quico, houve tão somente uma substituição de oligarquias no po- mo sobre a Alsácia e Lorena, esta última extremamente rica em
der. A revolução de 30 colocou um novo governo compromissado minério de ferro. Os alemães tomaram esses territórios após vitória
com diversos grupos sociais. Sob este ponto de vista, pode-se dizer sobre os franceses na guerra de 1870. A partir daí, a burguesia fran-
que o movimento de 1930 patrocinou um “re-arranjo” do Estado cesa alimentou na imprensa, igrejas, escolas e quartéis, cada vez
brasileiro. mais, o espírito de revanche, que foi largamente responsável pela
Grande Guerra. Esse conflito tornou-se mais agudo à medida que
1ª Guerra Mundial os dois países disputavam, na África, o Marrocos.
• Conflito Anglo-Alemão – O crescimento industrial ale-
Fatores Estruturais e Conjunturais mão criou a concorrência comercial anglo-alemã; paralelamente
a isso, crescia também a rivalidade naval. O desenvolvimento da
Por volta do final do século XIX e da primeira década do sécu- Marinha alemã abalou o domínio inglês nos mares.
lo XX, a Europa vivia um clima de otimismo e confiança, ao mes- Por outro lado, a Alemanha penetrava comercialmente no Im-
mo tempo em que o avanço da industrialização (Segunda Revo- pério turco, e a prova disso foi o plano de construir a estrada de
lução Industrial – Difusão) e da corrida imperialista (neocolonia- ferro Berlim – Bagdá. Esse empreendimento tornava mais fácil o
lismo) denotavam uma fase do capitalismo capaz de gerar crises. acesso ao petróleo existente naquela região (Oriente Médio).

Didatismo e Conhecimento 24
HISTÓRIA/ATUALIDADES
• Conflito Germano- Russo – Devido à disputa dos dois Sob o conselho da Rússia, a Sérvia rejeitou as imposições,
imperialismos no Leste europeu, sobretudo na Turquia. alegando que o ultimato atentava contra a sua soberania. A Áustria
• Conflito Austro-Russo – Esse conflito girou em torno declarou guerra à Sérvia, a Rússia mobilizou suas tropas destina-
da Séria (região que, em 1830, tornou-se independente do Império das a operar sobre as fronteiras austro-russas.
turco). A Alemanha exigiu a desmobilização da Rússia e, como não
obteve resposta, mobilizou-se. Quando a Alemanha invadiu a Bél-
Havia o pan-eslavismo da Rússia, política pela qual essa na- gica para atacar a França, esta lhe declarou guerra.
ção procurava proteger os povos eslavos, presentes na Europa
Central e nos Bálcãs, subjugados aos impérios turco e austríacos. O Conflito
O crescimento da Sérvia se colocava em função da indepen-
dência e do agrupamento de uma série de povos eslavos, como os A Primeira Grande Guerra apresentou três frentes de batalha:
bosnianos, os croatras e os montenegrinos. Dessa forma, criava- - a frente ocidental, onde belgas, ingleses e franceses comba-
-se a Grande Sérvia ou atual Iusgulávia; entretanto, esse anseio tiam os alemães.
chocava-se com os domínios dos impérios turco e austríaco. - a frente oriental, onde os russos combatiam os alemães.
A guerra foi antecedida por uma corrida armamentista desen- - a frente dos Bálcãs, onde os sérvios combatiam os austríacos.
volvida pelos países europeus a partir das crises do Marrocos e O primeiro momento do conflito foi marcado pela Guerra de
dos Bálcãs. Movimento (de agosto a novembro de 1914).
No ano de 1914, o exército alemão tratou de colocar em práti-
As Crises do Marrocos ca seu plano de guerra chamado Plano Schlieffen (do general Von
Schlieffen). Esse plano mostrava que a Alemanha deveria invadir
A disputa entre França e Alemanha pelo domínio daquele país primeiro a Bélgica, para facilitar depois a invasão da França e, em
quase levou à guerra, que só foi evitada graças à diplomacia de seguida, investir sobre a Rússia.
vários países. Na execução do plano, os alemães não contavam com um im-
A questão marroquina foi resolvida em 1911, quando a Fran- previsto: o avanço russo sobre a Alemanha. Isso exigiu da Alema-
ça tomou o Marrocos e a Alemanha apoderou-se de uma parte do nha a criação de uma frente oriental de combate, o que enfraque-
Congo Francês. ceu a frente ocidental. Dessa forma, seu avanço sobre a França
foi detido na batalha sobre o rio Marne, em setembro (Batalha do
As Crises Balcânicas Marne).
Ainda no final de 1914, a guerra ganharia outra característica:
Essas crises foram marcadas pelo crescimento da Sérvia e pe- a guerra de movimento seria substituída pela guerra de posições,
las rivalidades entre Rússia, Áustria e Turquia. isto é, uma Guerra de Trincheiras. Foram abertas trincheiras de
Os planos de crescimento da Sérvia foram frustrados quan- ambos os lados (Aliados e Ententes) que iam desde o mar do Norte
do a Áustria, no ano de 1906, anexou os territórios da Bósnia e até a Suíça.
Herzegovina. Desse modo, os sérvios expandiram-se para o sul, Do lado oriental, o exército russo mostrava sua fraqueza. A
onde desenvolveram vários conflitos contra a Turquia, sobretudo falta de equipamentos militares era notória no final de 1914; des-
nos anos de 1911 e 1913. sa forma, o exército russo começava a perder territórios para os
As Guerras Balcânicas (nome dado aos conflitos travados na alemães.
região dos Bálcãs) fortaleceram a Sérvia, que agora se voltava com Em 1915, a Itália entrava na guerra ao lado da Entente, sur-
maior força contra a Áustria. preendendo o mundo. É que esse país manifestava interesse em
Os sérvios aumentavam cada vez mais a propaganda naciona- tomar territórios controla pela Áustria-Hungria.
lista entre os eslavos dominados pela Áustria-Hungria. Em 1917, a situação tornava-se difícil. Na França, Inglaterra,
Pensando em minimizar a agitação antiaustríaca, o arquidu- Alemanha e Rússia estouravam levantes populares, sobretudo de
que Francisco Ferdinando, futuro imperador do Império austro- operários, recusando a guerra. Nesses levantes populares, os ope-
-húngaro, pretendia incluir um reino eslavo. Isso criaria uma mo- rários tentavam se organizar em conselhos de fábrica, por meio
narquia tríplice e dificultaria a independência dos eslavos daquele dos quais buscavam, inclusive, o controle da produção industrial.
império. Entretanto, nesse ano, ambos os lados do conflito tentaram
quebrar o equilíbrio de forças em busca da vitória; foi assim que a
Causa Imediata Alemanha investiu sobre a Inglaterra com uma nova estratégia de
guerra: a guerra submarina. Por meio dela, os alemães pretendiam
A crise diplomática surgiu com o assassinato do arqueduque interromper o fornecimento de matérias-primas e alimentos à In-
da Áustria, Francisco Ferdinando (28/7/1914) em Sarajevo (Bós- glaterra e seus aliados.
nia), por um patriota sérvio da sociedade secreta “Mão Negra”.
Em Viena, decidiu-se eliminar, por uma humilhação diplomá- A Entrada dos EUA e sua Proposta de Paz
tica ou guerra, a Sérvia, que era sempre fator de agitação antiaus-
tríaca. Berlim concordou, mas a Rússia não aceitou a repressão, Os norte-americanos mantinham-se neutros, liderados pelo
pois a Sérvia era instrumento do pan-eslavismo. presidente Wilson e, com isso, ganhavam os mercados ingleses
Em 23 de julho, um ultimato austríaco à Sérvia exigia que se abandonados na América Latina.
desfizessem todas as agitações sérvias e que aceitassem a partici- Porém, da neutralidade passaram para a intervenção. O blo-
pação de funcionários austríacos nas perícias sobre o assassinato queio britânico no mar do Norte impôs uma contra-réplica alemã
do arqueduque Francisco Ferdinando. com bloqueios submarinos em torno da Inglaterra.

Didatismo e Conhecimento 25
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Vários navios americanos foram afundados em fevereiro de O tratado amputava, de maneira significativa, a Alemanha,
1917; os americanos romperam relações com a Alemanha e, con- considerada pelas agressões. O resultado do Tratado feriu o senti-
comitantemente à ruptura, a Rússia se retirava da Entente devido à mento alemão que manifestaria na Segunda Guerra Mundial.
revolução. Por outro lado, os banqueiros e industriais norte-ameri- • Enfraquecer o capitalismo alemão;
canos temiam que, se a Alemanha ganhasse a guerra, tornar-se-ia • colocar fim à agitação que contagiou a Europa, após o
difícil receber as imensas dívidas que os países da Entente tinham final da guerra;
para os Estados Unidos. • criar condições para destituir o governo socialista so-
Os Estados Unidos entravam agora de fato para cobrir a reti- viético. Uma das medidas tomadas nesse sentido foi a criação do
rada da Rússia, mobilizando 1 200 000 homens e uma vastíssima
“cordão sanitário”, que objetivava neutralizar geograficamente a
produção industrial. Porém, Wilson procurava restabelecer a paz,
presença soviética na Europa. O “cordão sanitário” consistia na
propondo os “14 pontos de paz”, que pregavam o retorno de Alsá-
cia e Lorena para a França, a Independência da Bélgica, Polônia, formação de uma série de pequenos países dominados por ditadu-
Sérvia e Romênia, e também liberdade nos mares e a criação da ras de extrema direita, nas fronteiras européias da União Soviética.
Sociedade das Nações, que deveria ser árbitro internacional e fazer
reinar a justiça. Fundação da Liga das Nações

A Saída da Rússia Por uma proposta de Wilson, surgiu, em Versalhes (1919), a


Liga das Nações. Entretanto, o congresso norte-americano não ra-
Em novembro de 1917, a Rússia se retirava da guerra, total- tificou o Tratado de Versalhes e, assim, os EUA nunca chegaram a
mente batida pela sua falta de organização e de suprimentos; além fazer parte da Liga das Nações.
do mais, apresentava um saldo negativo de, aproximadamente, tre Historicamente, a Liga das Nações limitou-se a resolver pos-
milhões de mortos, feridos e desaparecidos. síveis divergências entre os países vencedores, bem como “prote-
Nesse país, desenvolvia-se um processo revolucionário que ger” o mundo capitalista da influência bolchevique.
inauguraria, para a história, o primeiro governo socialista. Esse Entretanto, as tentativas de assegurar a paz internacional, tão
governo assinaria, com o governo alemão, um acordo de paz e de defendida pelas nações vencedoras da guerra, apresentavam seus
retirada da Rússia da guerra, chamado Brest-Litovsky. limites. A crise econômica e social, provocada pelas pesadas in-
denizações impostas aos países vencidos, a opressão das minorias
Fim da Guerra
nacionais, e as rivalidades imperialistas entre os vencedores prepa-
raram o caminho para a Segunda Guerra Mundial.
Em 1918, a Alemanha começou a sofrer várias derrotas no
campo de batalha e, internamente, o país passava por levantes po-
pulares; o movimento operário se reorganizava, surgiam vários Tratados de Saint-Germain, Neully, Trianon e Sèvres
conselhos operários que governavam as cidades abandonavam as
cidades abandonadas pelo poder central. A Monarquia chegava ao No tratado de Saint-Germain, a Áustria cendia territórios à
fim, com a abdicação de Guilherme II, em novembro, após o es- Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Iusgulávia e Polônia. Ao
touro da revolução. Era o fim do Segundo Reich. mesmo tempo, o governo austríaco era forçado a reconhecer a in-
A Alemanha, derrotada em todas as frentes, pediu a paz no dia dependência desses novos países.
11 de novembro. A Itália recebeu Trento, Trieste, Ístria e Fiume.
Pelo mesmo tratado, ficava proibido qualquer tipo de aliança
Os Tratados Pós-Guerra com a Alemanha.
Por meio do Tratado de Neully, a Bulgária perdia territórios
O Tratado de Versalhes para a Romênia, Iugoslávia e Grécia.
Com o término do conflito, a Hungria passava a ser um Estado
Composto por Lloyd George, da Inglaterra, Wilson dos EUA, soberano, já que se desmembrara da monarquia austro-húngara.
e Clemenceau, da França. Firmaram-se as seguintes disposições O tratado de Trianon reduziu o território húngaro, com a ces-
no tratado: são da Eslováquia à Tchecoslováquia, da Transilvânia à Romênia e
- os 14 pontos – propostos por Wilson – foram esquecidos; os
da Croácia-Eslavônia à Iugoslávia.
vencidos eram considerados culpados e deveriam:
O tratado de Sèvres fez com que a maior porção do território
- ALEMANHA – entregar para a França a Alsácia e Lorena; a
Polônia seria restabelecida e a Alemanha deveria ceder territórios turco na Europa fosse cedida à Grécia.
à Dinamarca;
- os alemães cederiam 60 Km de suas fronteiras orientais à Conseqüências da Primeira Guerra Mundial
Polônia, o “corredor polonês”, e lhe entregariam a cidade de Dant-
zig; • Progressiva degradação dos ideais liberais e democrá-
- a região mineradora de Sarre ficava sob a tutela da Liga das ticos, resultante das crises do período Pós-Guerra (entreguerras
Nações, mas suas minas de carvão passavam para a França; 1919 a 1939) e do avanço dos totalitarismos de direita e de esquer-
- ainda pela paz, a Alemanha seria desmilitarizada, seu exér- da (nazi-fascismo e ditadura soviética).
cito teria no máximo 100 000 homens. O exército alemão e o Reno • Fortalecimento das paixões e dos sentimentos naciona-
deveriam ser totalmente desmilitarizado; listas, gerados pelos tratados de paz (ex.: Versalhes), que levaram
- as colônias alemãs na África e na Ásia seriam divididas à manutenção do “revanchismo europeu” (especialmente por parte
entre Inglaterra, França, Bélgica e Japão; da Alemanha e da Itália).

Didatismo e Conhecimento 26
HISTÓRIA/ATUALIDADES
• Com a desmobilização ao final do conflito, verificou-se Financiados pelos grandes proprietários capitalistas, armados
um grande desemprego nos países europeus. pelos militares organizados em brigadas (Squadri), os camisane-
• A Primeira Guerra Mundial expôs a fragilidade européia gras rompiam as greves e puniam os chefes sindicalistas e socia-
e o progressivo declínio dos países europeus no contexto mundial. listas.
• O equilíbrio europeu desapareceu à medida que o resul- Em agosto de 1922, os fascistas substituíram a força pública e
tado do conflito e as alterações político-territoriais permitiram a obrigaram a CGLI a suspender uma ordem de greve geral; a prévia
supremacia da França e da Grã-Bretanha, em detrimento do resto foi feita nesse momento, sem nenhum obstáculo; o caminho ao
da Europa. poder estava livre.
• Ascensão dos Estados Unidos como grande potência Em outubro, Mussolini, o Duce, reuniu suas tropas em Perou-
mundial. se e Nápoles. Os 27 presidentes do Conselho de Facta, demissioná-
rios, são ameaçados pela marcha dos fascistas, em Roma.
O Avanço Nazi-fascista Vitor Emanuel III abandona o Conselho de Facta e convida
Mussolini para formar um ministérios.
A Primeira Guerra Mundial (1914/18) não conseguiu resolver Habitualmente, Mussolini se introduz nos gabinetes liberais e
as contradições e os problemas econômicos e políticos que a ge-
populares, obtendo plenos poderes da Câmara e deixando intatas
raram.Ao contrário, a paz determinada pelo Tratado de Versalhes
as liberdades públicas.
veio apenas acentuar os conflitos já existentes, uma vez acentuou
Em 1924, os fascistas só conseguiram 60% das cadeiras. Mat-
o revanchismo europeu (Alemanha) e gerou um desequilíbrio eco-
nômico com suas retaliações, que proporcionaram os agentes de- teotti, um socialista, denunciou na tribuna os crimes do fascismo
sencadeadores das crises do entreguerra a recessão, o desemprego e foi assassinado.
e a inflação. A partir desse momento, Mussolini perdeu posição, mas por
Nessa conjuntura pós-guerra, o surgimento de governos to- pouco tempo – “Se o fascismo é uma associação de criminosos, eu
talitários de direita (nazi-fascistas) ou de esquerda (socialistas) me responsabilizo”. Mussolini excluiu os deputados da oposição,
tornou-se inevitável, com a falência das “Democracias Liberais” suprimiu os partidos políticos, menos o Fascista, dissolveu os sin-
nos países mais atingidos pelos reflexos da Primeira Guerra. dicatos, fechou os jornais hostis, exilou seus adversários etc.
Marcados pelo autoritarismo, nacionalismo expansionista e Em suma, pode-se dizer que uma ditadura, um cesarismo de-
militarista, corporativismo e valorização do sentimento em detri- mocrático que ambiciona restaurar uma Roma Imperial, pesava
mento da razão, ergueram-se Estados ditatoriais na Europa e no sobre a Itália que, passivamente, permitia.
mundo entreguerras. Mussolini impôs à Itália a ditadura do fascismo de 1925 a
1943. O fascismo possuía uma nova concepção (ou talvez fosse
O Fascismo na Itália uma síntese de concepções antigas); criou um sistema político ori-
ginal, transformou a economia italiana numa economia poderosa
De 1919 a 1922, a Itália atravessou uma tríplice crise de ex- e procurou levar a Itália a partilhar do mundo colonial, enfim, a
trema violência. constituir-se num Império Colonial.
O fascismo poderia ser uma projeção violenta sobre o mundo
Crise moral exterior da personalidade de Mussolini. Entretanto, a ação do Duce
é a síntese de Nitzche, George Sorel Maurras e até mesmo da
Apesar de estar no bloco vencedor, não teve reparações finan- encílica Rerum Novarum de leão XIII, de 1891.
ceiras e retirou-se humilhada da Conferência de Paris. De acordo com os princípios do pensamento fascista:
• O indivíduo nada mais é do que uma fração do Estado. O
Crise econômica indivíduo deve estar a serviço do Estado e deve procurar exaltar a
grandeza da pátria.
Inflação, alta nos preços (a lira é desvalorizada em 75%), po-
• A vida é um combate perpétuo contra as forças destrui-
breza; o país possuía poucas indústrias e a que maior força tinha,
doras do Estado, a guerra exalta e enobrece o homem, regenera os
a Fiat, oprimia os operários; os pequenos proprietários rurais eram
povos ociosos e decadentes, reafirma a virilidade que a paz destrói.
explorados pelos grandes latifundiários.
• As lutas de classe, que enfraquecem o Estado, cessarão,
Crise política os trabalhadores e patrões solidários unir-se-ão em corporações
para uma melhor produção, sob o comando do Estado, ao jugo do
A confederação Geral do Trabalho lançava apelos de greve interesse nacional.
e desocupação das fábricas. Os governos liberais eram apoiados Do Duce se tornou presidente do Conselho, responsável so-
por uma coligação de liberais e populares, mas as disseminações mente diante do rei, governava por decretos, nomeava ministros
proibiam todas as iniciativas governamentais. e era assistido por um grande conselho fascista. Os trabalhadores
A fraqueza governamental fazia surgir uma força de defesa foram reunidos em sindicatos fascistas, e os patrões, nas federa-
contra o anarquismo: o fascismo. ções industriais, formando corporações presididas por delegados
Benito Mussolini, jornalista, abandonava o jornal socialista do Duce que regulamentavam o trabalho e os preços.
(Avanti) em 1914, para sustentar a tese da guerra contra a Áustria Em 11 de fevereiro de 1929, era assinado o Acordo de Latrão,
(para os fascistas a guerra passa a ser um símbolo de glória). Os que estabelecia o reconhecimento da soberania do Estado do Vati-
fascistas queriam restaurar a grandeza do passado italiano e acabar cano e proclamava o catolicismo como religião do Estado. Musso-
com a anarquia. lini reestabeleceu as relações com o Vaticano, rompidas em 1870.

Didatismo e Conhecimento 27
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A imigração passa a ser proibida, com o programa fascista de C. A Guerra Civil Espanhola
colonização da Tripolitânia. A agricultura e a indústria se desen-
volviam, sanando o desemprego e a falência de bancos e indús- A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foi decisiva para o de-
trias, comuns depois de 1929. lineamento da Segunda Guerra Mundial.
Fruto dessa situação, surge a Guerra da Etiópia. Em 1935, o Em 1931, uma parcela da burguesia espanhola, unida aos tra-
general Badoglio toma Addis-Abeba. Ainda foi criado o Instituto balhadores, proclamou a Republica. Os republicanos espanhóis
de Reconstrução Industrial, um organismo financeiro que impul- pretendiam realizar um programa de reformas, entre as quais esta-
sionava a indústria. vam a reforma agrária e a reforma urbana.
As relações ítalo-alemãs resultavam da oposição franco-ingle- Para combater o programa republicano, os latifundiários, o
sa à Itália. clero e os oficiais do exercito se organizaram no Partido da Falan-
Em 1936, Mussolini proclamou o eixo Roma-Berlim. Mas a ge, de orientação fascista.
Itália se aproximava da Alemanha com a Guerra Civil Espanhola, Em 17 de julho de 1936, quando o pais se debatia em inten-
em que alemães e italianos entram em favor de Franco. sa agitação, levantaram-se os militares, comandados pelo general
Os italianos ocupavam a Albâinia, enquanto os alemães ocu-
Francisco Franco, para derrubar a República.
pavam a Boêmia e a Moravia, em 1939.
Os fascistas espanhóis receberam ajuda da Itália e Alemanha,
que enviaram homens e armas; os republicanos contaram com o
2ª Guerra Mundial
apoio da União Soviética e das Brigadas Internacionais, formadas
por trabalhadores e intelectuais de diversos paises.
Fatores e Antecedentes
A França e Inglaterra insistiam na idéia de que os paises deve-
A terceira década do século XX foi marcada pela instabilida- riam praticar uma (política de não-intervenção).
de das relações internacionais, pela crise econômica e pelo cres- Como a ajuda recebida pelos republicanos revelou-se insufi-
cimento dos regimes nazi-fascistas. Esse contexto, acrescido das ciente, as forças do fascismo venceram a guerra em 1939. Com a
disputas entre EUA, França e Inglaterra de um lado e Alemanha, vitória que se consolidou em 28/03/1939 e com a queda de Madri,
Itália e Japão de outro, gerou a Segunda Grande Guerra. Franco passou a ser apoiado pela Igreja e por uma parcela dos tra-
balhadores. Foi mais uma vitória da ditadura que nasceu da demo-
A. O Rearmamento Alemão cracia. A guerra proporcionou para a Alemanha, um experimento
de seus materiais bélicos e uma aproximação com a Itália.
Hitler preocupou-se com o rearmamento e com os aliados. Em
1935, por um plebiscito, restabelece o Sarre para a Alemanha. Em D. As Alianças
1936, reocupou militarmente a Renânia. Em 1939 o serviço militar
agrupa 1.500.000 homens ao exercito alemão, que compõem as Tanto a França como a Grã-Bretanha pronunciaram sanções
unidades blindadas (Panzerdivisionen) e a aviação militar (Luft- contra a Itália em relação à Etiópia, o que aproximou Hitler da
waffe). Itália. A Guerra Civil Espanhola, em 1936, deu a Hitler e a Musso-
lini uma aproximação ideológica e estratégica na medida em que
B. A Politica Externa de Hitler apoiaram Franco. Em 1º de novembro de 1936, Mussolini procla-
mou o eixo Roma-Berlim, uma manifestação de solidariedade e
A concretização dos objetivos hitleristas e as primeiras rea- não-aliança, pois esta só se completaria com a visita do Füher a
ções européias deram-se de 1933 a 1935. Seus objetivos estavam Roma, em 1938.
exposto Mein Kampf e eram, basicamente, livrar a Alemanha da O Japão, tomando a China, temia a URSS e assinaria, em
humilhação onerosa de Versalhes, reunir em um grande Reich ale- 1936, com a Alemanha, o Pacto Antikomintern, ao qual aderiram
mão todas as populações européias de língua alemã e conquistar a Itália, a Hungria de Horth e a Espanha de Franco. Hitler criava
o oeste (Polônia e Ucrânia) para usá-lo como fornecedor de maté-
pontos de apoio.
rias-primas para a Alemanha.
Em 14 de outubro de 1933, Hitler obtinha igualdade de direi-
E. O Anschluss
tos em relação aos franceses, em matéria de armamentos, abando-
nando a Conferencia de Desarmamento.
Desde 1934, com o assassinato do chanceler austríaco Dol-
Em 25 de julho de 1934, os nazistas austríacos assassinaram
os chanceler Dolfuss, na esperança de provocar o Anschluss (a fuss, os nazistas alemães passaram a exercer cada vez mais in-
união da Áustria com a Alemanha). fluência na política interna da Áustria. Com o crescimento econô-
Hitler procurava se isolar, mas Mussolini inseriu a Alemanha mico implantado por Hitler na Alemanha, aliado ao nacionalismo
no (Pacto dos Quatro), de 1933, a fim de modificar as fronteiras da pangermânico, os austríacos, cada vez mais, tendiam a aceitar uma
Europa Central. anexação à Alemanha, unindo, dessa forma, a raça germânica sob
Os franceses imediatamente, aliaram-se aos eslavos e firma- um Reich.
ram o Pacto de Assistência Mútua, que Stalin aceitou diante da Em maio de 1938, foi realizado um plebiscito sobre o Ans-
ameaça nazista. Mais tarde, a França procurou sacrificar a Etiópia chluss e o resultado foi de 99,75% a favor. Estava, assim, concre-
e estabelecer um acordo com a Itália, junto à Inglaterra, em 1935. tizado o Anschluss.

Didatismo e Conhecimento 28
HISTÓRIA/ATUALIDADES
F. A Crise da Tchecoslováquia Em junho de 1941, o exército alemão atacou a União Soviética,
desrespeitando o tratado de não-agressão.
A política expansionista alemã continuou em 1938. A operação Barba Ruiva determinou a invasão àquele país em
Hitler exigiu, em Nuremberg, a região dos Sudetos, incorpo- três frentes:
rada à Tchecoslováquia em 1919, onde viviam aproximadamente - norte, para ocupar Leningrado;
três milhões de alemães. Os Tchecoslováquios resistiram e preten- - centro, para ocupar Moscou;
deram não entregar; para tanto contavam com o apoio da França e - sul, para ocupar a região da Ucrânia e do Cáucaso.
da URSS. A resistência soviética se fez através da campanha da “terra ar-
Para evitar a guerra, Mussolini propôs uma conferência das rasada”, isto é, em seu recuo os soviéticos queimavam e demoliam
quatro grandes potências em Munique. Mussolini, Hitler, Neville
tudo aquilo que os invasores pudessem utilizar e, com isso, conse-
Chamberlain e Edouard Daladier representaram, respectivamente,
guiram deter o avanço alemão.
a Itália, a Alemanha, a Inglaterra e a França. A Tchecoslováquia não
foi admitida na reunião. Em dezembro, chegava ao fim a tentativa de negociação entre
Hitler saiu vitorioso mais uma vez, posto que a região dos Sude- EUA e Japão a respeito da expansão deste país da Ásia, com o ata-
tos lhe foi concedida; e, em março de 1939, desrespeitando o acordo que japonês base de Pearl Harbor.
de Munique, o Führer tomou o resto do país. A entrada dos EUA na guerra reforçou os aliados, visto que sua
indústria foi convertida para a produção bélica. Os norte-americanos
G. A vez da Polônia e o Início da Guerra tornaram-se os abastecedores das diversas nações que lutavam con-
tra o Eicho (Alemanha, Itália e Japão).
Um acordo germânico-soviético decidiu a crise final. O pacto Em 1942 os japoneses sofreram suas primeiras derrotas. O
de não-agressão nada mais era do que a repartição da Polônia em Afrikakorps também foi derrotado pelo exército inglês do marechal
duas áreas de influência e a passagem da Finlândia, Estônia, Letônia Montgomery, na batalha de El Alamenin.
e Bessarábia para o controle russo. Em 1943, na batalha de Stalingrado, o exercito alemão, após
Em 28 de março de 1939, Hitler exigiu Dantzig da Polônia. perder 350 mil homens, foi derrotado. O Exercito Vermelho, lidera-
A Polônia, encorajada pela França e pela Inglaterra resistiu. Hitler do pelo marechal Zukov, começava seu avanço.
temendo uma reação ocidental conjunta com a Rússia, assinou um Na batalha do atlântico, a marinha anglo-americana abateu os
pacto germânico-soviético de não-agressão, reiniciando, a partir daí, submarinos alemãs e, em seguida, as cidades alemãs sofreram, dia-
a agressão à Polônia.
riamente, ataques aéreos das forças anglo-americanas.
Em 1º/09/1939, embora a Inglaterra procurasse estabelecer um
Mesmo diante dessas derrotas, a Alemanha se mostrava forte.
pacto entre Berlim e Varsóvia, tropas alemãs penetravam na Polô-
nia. A Inglaterra e a França em questão de horas exigiram a retirada Porém, no dia 6 de junho de 1944, começava a Operação Over-
da Alemanha e declararam guerra. lord, que consistia no desembarque de milhares de soldados no norte
da França, na região da Normandia, cujo o objetivo era acabar com
1. A Guerra a dominação alemã na Europa Ocidental.
A Alemanha resistia através da propaganda nazista e das bom-
Enquanto a Polônia era invadida pelos alemães, a oeste, e pe- bas voadoras, enquanto os aliados invadiam seu território. No dia 8
los soviéticos, a leste, a França e a Inglaterra declararam guerra à de maio de 1945, a rendição alemã colocava fim ao Terceiro Reich.
Alemanha. Por outro lado, na Ásia, a guerra continuava com a resistência
Na Polônia, os alemães aplicaram uma nova tática de guerra em japonesa. No entanto, a 6 de agosto de 1945, os norte-americanos
que o movimento era um dos elementos fundamentais. Tratava-se da realizaram o bombardeio atômico em Hiroshima e a nove de agosto
blitzkrieg, a guerra-relâmpago, embasada na aviação, na artilharia em Nagasaki.
de grande alcance e nos tanques (panzers). Em 16 de agosto, após vencer a resistência de militares que de-
Essa tática de guerra permitiu a vitória alemã em poucas sema- sejavam continuar a guerra, o governo japonês pediu a paz, encer-
nas. A Polônia, no final de setembro, estava divida entre a Alemanha rando dessa forma Segunda Guerra Mundial.
e a URSS.
No Ocidente, a França e Inglaterra não acreditavam na guerra e
insistiam em realizar a paz com a Alemanha.
Entretanto, em abril de 1940, os alemães invadira a Dinamarca 6. O BRASIL NO PERÍODO PÓS-SEGUNDA
e a Noruega e, em seguida, a Holanda e a Bélgica, preparando o GUERRA MUNDIAL.
ataque sobre a França. 6.1 A REPÚBLICA POPULISTA.
No território francês tentou-se impedir o avanço alemão, através
6.2 A DITADURA MILITAR.
da Linha Maginot, formada pro franceses e ingleses. A fragilidade
dessa defesa obrigou o exército franco-inglês a constantes retiradas.
6.3 A REDEMOCRATIZAÇÃO E A NOVA
As forças alemãs, com seus submarinos, atacavam os navios
REPÚBLICA.
ingleses, e com os aviões, as cidades inglesas. Mas, em setembro a
Inglaterra obteve uma vitória sobre a Alemanha. A Real Força Aérea
“RAF” afastou a Força Aérea Alemã (Lufwaffe) dos céus ingleses.
Por outro lado, no norte da África, o exército alemão (Afri- Dá-se o nome de Revolução de 1930 ou Revolução de 30 ao
kakorps), comandado pelo general Erwin Rommel (a”Raposa do movimento armado liderado pelos estados de Minas Gerais e Rio
Deserto”), atacou os ingleses, somando numerosas vitórias, porém Grande do Sul que culminou com o golpe de Estado que depôs o
não conseguiu a conquista do canal de Suez. presidente paulista Washington Luís em 24 de outubro.

Didatismo e Conhecimento 29
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em 1929 lideranças do estado de São Paulo romperam a alian- O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, diz em dis-
ça com os mineiros representada pela política do café-com-leite, e curso, ainda em 1929: “ Façamos a revolução pelo voto antes que
indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência o povo a faça pelas armas”. Esta frase foi vista como a expressão
da República. Em reação, o Presidente de Minas Gerais, Antônio do instinto de sobrevivência de um político experiente e um pres-
Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista do ságio.
gaúcho Getúlio Vargas. Em 1º de março de 1930 houve eleições
para presidente da República que deram a vitória ao candidato go- As Eleições e a Revolução
vernista Júlio Prestes, que não tomou posse em virtude do golpe de
estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 e
Getúlio Vargas assumiu a chefia do “governo provisório” em deram a vitória a Júlio Prestes que obteve 1.091.709 votos con-
3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha. tra apenas 742.794 dados a Getúlio. Ressaltando que Getúlio teve
A crise da República Velha havia se prolongado ao longo da quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
década de 1920, perdendo visibilidade com a mobilização do tra- A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições,
balhador industrial, com as Revoltas nazifacistas e as dissidências alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude.
políticas que enfraqueceram as grandes oligarquias, ameaçando a Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Libe-
estabilidade da tradicional aliança rural entre os estados de São ral conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus
Paulo e Minas Gerais (a “Política do café com leite”). mandatos. A partir daí, iniciou-se uma conspiração, com base no
Em 1926, setores que se opunham ao Partido Republicano Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
Paulista (PRP) fundaram o Partido Democrático (PD), que defen- A conspiração sofreu um revés em junho com o brado comu-
dia um programa de educação superior. Mas o maior sinal do des- nista de Luís Carlos Prestes que seria um ex-membro do movi-
gaste republicano era a superprodução de café, alimentada pelo mento tenentista ,mas ele tornou-se adepto das idéias de Karl Marx
governo com constantes “valorizações” do trabalho rural e gene- assim começou a apoiar o comunismo.Isso o levou ,depois de um
rosos subsídios públicos. tempo, a tentativa frustada da intentona comunista pela ANL Logo
em seguida outro contratempo: morre em acidente aéreo o tenente
Crise de 1929
Siqueira Campos.
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado por
Em Juiz de Fora, o Partido Republicano Mineiro (PRM) passa
João Dantas em Recife, por questões políticas e de ordem pessoal,
para a oposição, forma a Aliança Liberal com os segmentos pro-
servindo como estopim para a mobilização armada. João Dantas
gressistas de outros Estados e lança o gaúcho Getúlio Vargas para
seria, logo a seguir, barbaramente assassinado.
a presidência, tendo o paraibano João Pessoa como vice.
As acusações de fraude e a degola arbitrária de deputados mi-
A Revolução neiros e de toda a bancada da Paraíba da Aliança Liberal; o descon-
tentamento popular devido à crise econômica causada pela grande
Na República Velha (1889-1930), vigorava no Brasil a chama- depressão de 1929; o assassinato de João Pessoa e o rompimento
da “política do café com leite”, em que políticos de São Paulo e de da política do café com leite, foram os principais fatores, (ou pre-
Minas Gerais, se alternavam na presidência da república. Porém, textos na versão dos partidários de Júlio Prestes), que criaram um
no começo de 1929, Washington Luís indicou o nome do Presiden- clima favorável a uma revolução.
te de São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor, no que foi apoia- Getúlio tentou várias vezes a conciliação com o governo de
do por presidentes de 17 estados. Apenas três estados negaram o Washington Luís e só se decidiu pela revolução quando já se apro-
apoio a Prestes: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Os ximava a posse de Júlio Prestes que se daria em 15 de novembro.
políticos de Minas Gerais esperavam que Antônio Carlos Ribeiro A revolução de 1930 iniciou-se, finalmente, no Rio Grande do
de Andrada, o então governador do estado, fosse o indicado. Sul em 3 de outubro, às 17 horas e 25 minutos. Osvaldo Aranha
Assim a política do café com leite chegou ao fim e iniciou-se telegrafou a Juarez Távora comunicando início da Revolução. Ela
a articulação de uma frente oposicionista ao intento do presidente rapidamente se alastrou por todo o país. Oito governos estaduais
e dos 17 estados de eleger Júlio Prestes. Minas Gerais, Rio Grande no nordeste foram depostos pelos tenentes.
do Sul e Paraíba uniram-se a políticos de oposição de diversos No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto “O Rio Grande
estados, inclusive do Partido Democrático de São Paulo, para se de pé pelo Brasil” e partiu, por ferrovia, rumo à capital federal
oporem à candidatura de Júlio Prestes , formando, em agosto de (então, o Rio de Janeiro).
1929, a Aliança Liberal. Esperava-se que ocorresse uma grande batalha em Itararé (na
Em 20 de setembro do mesmo ano, foram lançados os candi- divisa com o Paraná), onde as tropas do governo federal estavam
datos da Aliança Liberal às eleições presidenciais: Getúlio Vargas acampadas para deter o avanço das forças revolucionárias, lidera-
como candidato a presidente e João Pessoa (presidente da Paraíba das militarmente pelo coronel Góis Monteiro.
e sobrinho de Epitácio Pessoa) como candidato a vice-presidente. Porém em 12 e 13 de outubro ocorreu o Combate de Quati-
Apoiaram a Aliança Liberal intelectuais como José Américo de Al- guá, que pode ter sido o maior combate desta Revolução, mesmo
meida e Lindolfo Collor, membros das camadas médias urbanas e tendo sido muito pouco estudado. Quatiguá localiza-se a direita de
a corrente político-militar chamada “Tenentismo” (que organizou, Jaguariaiva, próxima a divisa entre São Paulo e Paraná.
entre outras, a Revolta Paulista de 1924), na qual se destacavam A batalha não ocorreu em Itararé,já que os generais Tasso Fra-
Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Siqueira Campos, João Al- goso e Mena Barreto e o Almirante Isaías de Noronha depuseram
berto Lins de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa e Juraci Ma- Washington Luís, em 24 de outubro e formaram uma junta de go-
galhães e três futuros presidentes da república. verno.

Didatismo e Conhecimento 30
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Jornais que apoiavam o governo deposto foram empastelados; Especialmente o balanço de 1930 feito pelos paulistas é som-
Júlio Prestes, Washington Luís e vários outros próceres da repúbli- brio. Reclamam eles que, após Júlio Prestes em 1930, nenhum ci-
ca velha foram exilados. dadão nascido em São Paulo foi eleito ou ocupou a presidência,
exceto, e por alguns dias apenas, Ranieri Mazzilli e o Dr. Ulisses
Uma República Nova Guimarães.
E dizem ainda, os paulistas, que apenas em 1979 chegou a
Às 3 horas da tarde de 3 de novembro de 1930, a junta militar presidência alguém comprometido com os ideais da revolução de
passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestiu 1932: João Figueiredo, que fora exilado em 1932. João Figueiredo
farda militar pela primeira vez na vida, por sugestão de seus asses- fez a abertura política do regime militar.
sores, para incutir no povo a “aura revolucionária”), encerrando a Getúlio foi o primeiro a fazer no Brasil propaganda pessoal
chamada república velha. em larga escala chamada “culto a personalidade”, típica do fas-
Na mesma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados gaú- cismo e do stalinismo e ancestral do marketing político moderno.
chos cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no obelisco da
A aliança elite-proletariado, criada por Getúlio, tornou-se típi-
avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da Revo-
ca no Brasil, como a Aliança PTB-PSD apoiada pelo clandestino
lução de 1930.
PCB na fase de 1946-1964, e atualmente com a aliança PT-PP-
Getúlio tornou-se chefe do Governo Provisório com amplos
poderes. A constituição de 1891 foi revogada e Getúlio passou a -PMDB-PL.
governar por decretos. Getúlio nomeou interventores para todos os O estilo conciliador de Getúlio foi incorporado à maneira de
Governos Estaduais, com exceção de Minas Gerais. Esses inter- fazer política dos brasileiros, e teve seu maior adepto no ex-mi-
ventores eram na maioria tenentes que participaram da Revolução nistro da Justiça de Getúlio, Tancredo Neves. O maior momento
de 1930. desse estilo conciliador foi a grande aliança política que se formou
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova Consti- visando as diretas-já e, em seguida, uma aliança maior ainda em
tuição só é aprovada em 1934, depois de forte pressão social, como torno do Dr. Tancredo, visando a transição do Regime Militar para
a Revolução Constitucionalista de 1932. Mas a estrutura do Estado a democracia, em 1984 - 1985.
brasileiro modifica-se profundamente depois de 1930, tornando-se
mais ajustada às necessidades econômicas e sociais do país. A Nova Economia do Brasil
O regime centralizador, por vezes autoritário, do getulismo ou
Era Vargas estimula a expansão das atividades urbanas e desloca A política trabalhista é alvo de polêmicas até hoje e foi taxa-
o eixo produtivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as da de “paternalista” por intelectuais de esquerda, que o acusavam
bases da moderna economia brasileira. de tentar anular a influência desta esquerda sobre o proletariado,
desejando transformar a classe operária num setor sob seu con-
A Nova Política do Brasil trole nos moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito
Mussolini.
Com a queda de Washington Luís acaba o ciclo de presidentes Os defensores de Getúlio Vargas contra-argumentam, dizendo
maçons. Apenas dois dos presidentes da república velha não eram que em nenhum outro momento da história do Brasil houve avanços
membros da maçonaria. Nos 60 anos seguintes a 1930, maçons comparáveis nos direitos dos trabalhadores. O expoentes máximos
ocupariam a presidência por meses apenas. dessa posição foram João Goulart e Leonel Brizola, sendo Brizola
Três ex-ministros de Getúlio Vargas chegaram à presidência considerado o último herdeiro político do “Getulismo”, ou da “Era
da república: Eurico Dutra, João Goulart e Tancredo Neves, este Vargas”, na linguagem dos brasilianistas.
não chegou a assumir o cargo. A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, a longo prazo,
Três tenentes de 1930 chegaram à presidência da república:
estas leis trabalhistas prejudicam os trabalhadores porque aumen-
Castelo Branco, Médici e Geisel.
tam o chamado “custo Brasil”, onerando muito as empresas e ge-
E ainda mais: O ex-tenente Juarez Távora foi o segundo co-
rando a inflação que corróe o valor real dos salários.
locado nas eleições presidenciais de 1955, e o ex-tenente Eduardo
Segundo esta versão, o Custo Brasil faz com que as empre-
Gomes, o segundo colocado, em 1945 e 1950. Ambos candidatos
da UDN , o que mostra também a influência dos ex-tenentes na sas brasileiras contratem menos trabalhadores, aumentem a infor-
UDN, partido este que tinha ainda, entre seus líderes, o ex-tenente malidade e faz que as empresas estrangeiras se tornem receosas
Juraci Magalhães, que quase foi candidato em 1960. de investirem no Brasil. Assim, segundo a crítica liberal, as leis
Os partidos fundados por Getúlio Vargas PSD (partido dos ex- trabalhistas gerariam, além da inflação, mais desemprego e sub-
-interventores no Estado Novo e intervencionista na economia) e o -emprego entre os trabalhadores.
antigo PTB, dominaram a cena política de 1946 até 1964. O intervencionismo estatal na economia iniciado por Getúlio
PSD, UDN e PTB, os maiores partidos políticos daquele pe- só cresceu com o passar dos anos, atingindo seu máximo no go-
ríodo, eram liderados por mineiros (PSD e UDN) e por gaúchos verno do ex-tenente de 1930 Ernesto Geisel. Somente a partir do
(o PTB). Governo de Fernando Collor se começou a fazer o desmonte do
Apesar de quinze anos (1930-1945) não serem um período estado intervencionista.
longo, em se tratando de carreira política, raríssimos foram os po- E, durante 60 anos, após 1930, todos os ministros da área eco-
líticos da República Velha que conseguiram retomar suas carreiras nômica do governo federal, foram favoráveis a intervenção do es-
políticas depois da queda de Getúlio em 1945. A renovação do tado na economia, exceto Eugênio Gudin por sete meses em 1954,
quadro político foi quase total. Renovação tanto de pessoas quanto e a dupla Roberto Campos - Octávio Bulhões, por menos de 3 anos
da maneira de se fazer política. (1964 -1967).

Didatismo e Conhecimento 31
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Trabalhadores do Brasil simpatia popular. As manifestações de rua começaram a ocorrer
com o apoio de todas as forças políticas do estado, até por aquelas
Era com esta frase que Getúlio iniciava seus discursos. Na que tinham simpatizado com o movimento de 1930 (exemplo do
visão dos apoiadores de Getúlio, ele não ficou só no discurso. A Partido Democrático - PD). Diante das pressões crescentes, Ge-
orientação trabalhista de seu governo, que em seu ápice instituiu a túlio resolveu negociar com a oligarquia paulista, indicando um
CLT e o salário-mínimo, marca, para os getulistas, um tempo das interventor do próprio estado. Isso foi interpretado como um sinal
mudanças sociais célebres, onde os trabalhadores pareciam estar de fraqueza. Acreditando que poderiam derrubar o governo fede-
no centro do cenário político nacional. ral, os oligarcas articularam com outros estados uma ação nesse
sentido.
O primeiro governo Vargas (1930 - 1945) Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. Numa
delas, quatro jovens, Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo foram
As Forças de oposição ao Regime Oligárquico
mortos e se transformaram em mártires da luta paulista em nome
da legalidade constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou ou-
Como vimos anteriormente, no decorrer das três primeiras
tras “concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa o voto
décadas deste século, houve uma série de manifestações operá-
secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto para a
rias, insatisfação dos setores urbanos e movimentos de rebeldia
Constituição e marcou as eleições para 1933.
no interior do Exército (Tenentismo). Eram forças de oposição
ao regime oligárquico, mas que ainda não representavam ameaça
à sua estabilidade. Esse quadro sofreu uma grande modificação A Revolução Constitucionalista de 1932
quando, no biênio 1921-30, a crise econômica e o rompimento da
política do café-com-leite por Washington Luís colocaram na opo- A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as “conces-
sição uma fração importante das elites agrárias e oligárquicas. Os sões” suficientes. Baseada no apoio popular que conseguira obter
acontecimentos que se seguiram (formação da Aliança Liberal, o e contando com a adesão de outros estados, desencadeou, em 9 de
golpe de 30) e a conseqüente ascensão de Vargas ao poder podem julho de 1932, a chamada Revolução Constitucionalista. Ela visa-
ser entendidos como o resultado desse complexo movimento polí- va a derrubada do governo provisório e a aprovação imediata das
tico. Ele se apoiou em vários setores sociais liderados por frações medidas que Getúlio protelava.
das oligarquias descontentes com o exclusivismo paulista sobre o Entretanto, o apoio esperado dos outros estados não ocorreu e,
poder republicano federal. depois de três meses, a revolta foi sufocada.
Até hoje, o caráter e o significado da Revolução Constitucio-
O Governo Provisório nalista de 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é inegável
que o movimento teve duas dimensões. No plano mais aparente,
Com Washingtom Luís deposto e exilado, Getúlio Vargas foi predominaram as reivindicações para que o país retornasse à nor-
empossado como chefe do governo provisório. As medidas do malidade política e jurídica, lastreadas numa expressiva participa-
novo governo tinham como objetivo básico promover uma centra- ção popular. Nesse sentido, alguns destacam que o movimento foi
lização política e administrativa que garantisse ao governo sediado um marco na luta pelo fortalecimento da cidadania no Brasil. Num
no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. Em outras palavras, plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava o rancor das
o federalismo da República Velha caía por terra. Para atingir esse elites paulitas, que viam no movimento uma possibilidade de reto-
objetivo, foram nomeados interventores para governar os estados. mar o controle do poder político que lhe fora arrebatado em 1930.
Eram homens de confiança, normalmente oriundos do Tenentismo, Se admitirmos que houve uma revolução em 1930, o que
cuja tarefa era fazer cumprir, em cada estado, as determinações do aconteceu em São Paulo, em 1932, foi a tentativa de uma contra-
governo provisório. -revolução, pois visava restaurar uma supremacia que, durante
Esse fato e mais o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo
mais de 30 anos, fez a nação orbitar em torno dos interesses da
à convocação de novas eleições desencadearam reações de hostili-
cafeicultura. Nesse sentido, o movimento era marcado por um rea-
dade ao seu governo, especialmente no estado de São Paulo.
cionarismo elitista, contrário ao limitado projeto modernizador de
As eleições dariam ao país uma nova constituição, um pre-
1930.
sidente eleito e um governo com legitimidade jurídica e política.
Mas poderia também significar a volta ao poder dos derrotados na
Revolução de 30. Constituição de 1934

A Reação Paulista Uma vez neutralizada a oposição paulista, o calendário polí-


tico seguiu a programação definida pelo governo provisório. Em
A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu 1934, foi concluída e promulgada a nova Constituição. Entre os
em 24 de outubro de 1930, mas não admitia perder o controle do seus principais aspectos, destacavam-se a ampliação da participa-
Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou ção eleitoral com o voto feminino, a adoção do voto secreto, o sis-
com a não aceitação do interventor indicado para São Paulo, o tema de representação classista, a defesa dos direitos individuais
tenentista João Alberto. Às pressões pela indicação de um inter- (habeas-corpus e mandado de segurança), o nacionalismo (a ex-
ventor civil e paulista, começa a se somar a reivindicação de elei- ploração do subsolo dependia de aprovação do governo, empresas
ções para a Constituinte. Essas teses foram ganhando rapidamente de comunicação deveriam estar sob o controle de capital nacional).

Didatismo e Conhecimento 32
HISTÓRIA/ATUALIDADES
As Leis Trabalhistas Nacionalismo conservador

Foi aprovado também um conjunto de leis que garantiam di- Esse movimento contava com o apoio de vários estratos das
reitos aos trabalhadores, destacando-se entre eles: salário mínimo, classes médias urbanas, Igreja e setores do Exército. O projeto que
jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e do seus ideológos tinham em mente decorria de uma certa leitura que
menor, descanso remunerado (férias e finais de semana), indeni- faziam da história do país até aquele momento.
zação por demissão, assistência médica, previdência social. A for-
malização dessa legislação trabalhista teve vários significados e A Tradição Agrícola Brasileira
implicações. Representou a primeira modificação importante na
maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as regras Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais pro-
a partir das quais o mercado de trabalho e as relações trabalhistas fundamente a formação histórica do país e do seu povo era a tra-
podereriam se organizar. Garantiu, assim, uma certa estabilidade dição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica,
ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o social e política organizou-se em torno da agricultura. Todos os
apoio dos assalariados urbanos à política getulista. nossos valores morais, regras de convivência social, costumes e
Essa legislação denota a grande habilidade política de Getú- tradições, enfim, a espinha dorsal da nossa cultura, fincavam suas
lio. Ele apenas formalizou um conjunto de conquistas que, em boa raízes no modo de vida rural. Dessa forma, tudo o que ameaça-
parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros va essa “tradição agrícola” (isto é, estímulos a outros setores da
industriais. Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Po- economia, crescimento da indústria, expansão da urbanização e
bres” e benfeitor dos trabalhadores. suas conseqüências, como a propagação de novos valores, hábi-
Tais conquistas mantinham-se à margem da lei em virtude da tos e costumes tipicamente urbanos, bem como novas formas de
concepção anarquista, que não reconhecia ao Estado o direito de expressão artística e culturais) representava um atentado contra a
regular as relações entre as classe sociais. Reivindicar leis proteto- integridade e o caráter nacional, uma corrupção da nossa identi-
ras do trabalho, ou aceitar as que o Estado aprovasse, seria o mes- dade como povo e nação. Por ser contrário a transformações e à
mo que reconhecer o seu papel e a necessidade dessa instituição, medida que as tendências modernizadoras tinham origem externa
por natereza opressora, o que, como vimos contrariava o pensa- (induzidas pela industrialização, vanguardas artísticas européias
mento anarquista. Assim, Getúlio capitalizou as conquistas que o etc.) é que o movimento caracterizava-se por ser nacionalista e
movimento operário, sob a liderança anarquista, havia obtido nas conservador.
décadas anteriores.
Um Projeto para o Brasil
O Controle Sindical
Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse
A aprovação da legislação sindical representou um grande
mantida, os ideólogos do nacionalismo conservador propunham o
avanço nas relações de trabalho no Brasil, pois pela primeira vez o
seguinte: os latifúndios deveriam ser divididos em pequenas par-
trabalhador obtinha, individualmente, amparo nas leis para resistir
celas de terras a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao
aos excessos da exploração capitalista. Por outro lado, paralela-
campo, tornando o Brasil uma grande comunidade de pequenos e
mente à sua implantação, o Estado definiu regras extremamente
prósperos proprietários.
rígidas para a organização dos sindicatos, entre as quais a que au-
Podemos concluir, a partir desse ideário, que eram antilati-
torizava o seu funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam
os recursos da entidade e as que davam ao governo direito de in- fundiários, antiindustrialistas e, no limite, aticapitalistas. Na esfera
tervir nos sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário. política, defendiam um regime autoritário de partido único.
Mantinha, assim, os sindicatos sob um controle rigoroso.
O Integralismo
Eleições Presidenciais de 1934
Esse movimento deu origem à Ação Integralista Brasilei-
Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembléia ra, cujo lema era Deus, Pátria e Família, e seu principal líder e
Constituinte converteu-se em Congresso Nacional e elegeu o pre- ideólogo foi Plínio Salgado. Tradicionalmente, a AIB tem sido in-
sidente da República por via indireta: o próprio Getúlio. Começa- terpretada como a manifestação do nazifascismo no Brasil, pela
va o período constitucional do governo Vargas. semelhança entre os aspectos aparentes do integralismo e do na-
zifascismo. Uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz
O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica anticomunismo, tendências ditatoriais e apelo à violência eram tra-
ços que aproximavam as duas ideologias. Um exame mais atento,
Durante esse período, simultaneamente à implantação do pro- entretanto, mostra que eram projetos distintos. Enquanto o nazi-
jeto político do governo, foram se desenhando outros dois pro- fascismo era apoiado pelo grande capital e buscava uma expansão
jetos para o país. Esse breve período constitucional foi marcado econômico-industrial a qualquer custo, ao preço de uma guerra
por lutas, às vezes violentas, entre os defensores desses projetos, mundial se necessário, os integralistas queriam voltar ao campo.
levando a uma verdadeira polarização ideológica. Num certo sentido, o projeto nazifascista era mais modernizan-
O tom desse momento político do país foi marcado pelo con- te que o integralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam
fronto entre duas correntes: uma defendia um nacionalismo con- propostas e projetos globais para a sociedade radicalmente distin-
servador, a outra, um nacionalismo revolucionário. tos.

Didatismo e Conhecimento 33
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Nacionalismo Revolucionário O Processo Político: Aspectos da Constituição de 1937

Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações A Constituição imposta por Vargas foi elaborada pelo seu mi-
de classe, profissionais liberais, jornalistas e o Partido Comunista nistro da Justiça, Francisco Campos. Ficou conhecida como Pola-
prestaram apoio a outro movimento político: o nacionalismo revo- ca, pois foi inspirada na Constituição fascista polonesa da época. A
lucionário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que nova Constituição implicou uma brutal centralização política-admi-
isso implicasse subordinação e dependência em relação às potências nistrativa. Colocou fim às eleições diretas, à liberdade partidária e
estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos. de organização. A imprensa foi submetida a uma rigorosa censura.
Acentuou o nacionalismo e o intervencionismo estatal na economia.
Outro Projeto para o Brasil Além disso, a Constituição era marcadamente corporativista, isto é,
as classes sociais deveriam subordinar os seus interesses particula-
O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrária res aos interesses gerais da nação. Superando o conflito de classes,
como forma de melhorar as condições de vida do trabalhador urbano todos deveriam buscar sempre a harmonia social, o desenvolvimen-
e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Considerava to e o progresso do país. Em outras palavras, foi implantada uma
que a única maneira de realizar esses objetivos seria a implantação ditadura no Brasil.
de um governo popular no Brasil.
Esse movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora, A Organização do Estado Novo
cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes, então membro do
Partido Comunista. No Estado Novo foi criado o Dasp (Departamento de Admi-
nistração dos Serviços Públicos) visando profissionalizar o serviço
As Eleições de 1938 público e diminuir a influência das forças políticas locais na má-
quina governamental. Foi criado também o DIP (Departamento de
Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu Imprensa e Propaganda) com duplo objetivo: censurar nos meios
sem conflitos maiores até 1937. Nesse ano, começaram a se dese- de comunicação tudo o que fosse contrário ou prejudicial ao gover-
nhar as condidaturas para as eleições de 1938. no e exaltar as obras do regime, promovendo a imagem do ditador.
Criou-se ainda a Polícia Política, que tinha como objetivo reprimir
Dentre as candidaturas, começou a se destacar a de Armando
indivíduos e grupos políticos que discordassem do regime.
Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados sua elei-
Em 1943, Vargas sistematizou todas as leis do trabalho exis-
ção para presidente. Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam
tentes na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ela apenas rea-
apoio e os militares herdeiros da tradição tenentista não viam com
firmou o sentido geral da legislação trabalhista do governo Vargas;
bons olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao poder.
de um lado garantia direitos individuais aos trabalhadores, de outro
Mas, uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia inevitável.
mantinha sob rígido controle suas associações de classe (sindicatos).
No campo político essas foram as realizações mais marcantes
O Plano Cohen do Estado Novo. Mas foi na esfera econômica que ocorreram as
Enquanto as articulações políticas visando as eleições se de- mais importantes realizações do governo Vargas, que passaremos a
senvolviam, veio à luz o famoso Plano Cohen. Segundo as informa- analisar a seguir.
ções oficiais, forças de segurança do governo tinham descoberto um
plano de tomada do poder pelos comunistas. Muito bem elaborado, Realizações econômicas
colocava em risco as instituições, caso fosse deflagrado. O governo
então, para evitar o perigo vermelho, solicitou do Congresso Nacio- Em linha gerais, podemos afirmar ue o objetivo maior, implícito
nal a aprovação do estado de sítio, que suspendia as liberdades pú- duranto todo o primeiro governo Vargas, foi mudar o perfil econô-
blicas e dava ao governo amplos poderes para combater a subversão. mico do país, de agroexportador para urbano-industrial. Mas, sem
dúvida, foi durante o Estado Novo que esse projeto caminhou com
A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937 mais velocidade.
A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a medida, Para a realização desse desafio, concorreu uma série de fatores
mas diante do clamor do Exército, das classes médias e da Igreja, e condições favoráveis de ordem interna e na esfera internacional.
que temiam a escalada comunista, o Congresso autorizou a decreta-
ção do estado de sítio. A seguir, com amplos poderes concentrados Os Fatores Internos
em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou uma nova Constituição ao
país, implantando, por meio desse golpe o Estado Novo. A política agrícola e a política industrial foram decisivas nessa
transição.
O Estado Novo (1937 - 1945)
Política Agrícola
A Farsa
Vargas compreendia que a ênfase na industrialização não de-
A maneira como o golpe foi dado em 1937 e as informações veria implicar desprezo pela agricultura. Nessa fase inicial, só a ex-
obtidas posteriormente revelaram que o Plano Cohen não passou de portação de produtos agrícolas, em especial o café, poderia gerar os
uma farsa. Ela foi preparada por militares ligados a Getúlio (Góes recursos necessários para o país importar as máquinas e os equipa-
Monteiro e Olímpio Mourão Filho) visando impedir a realização das mentos necessários às indústrias. Por esse motivo, a condução da
eleições em 1938. política agrícola foi complexa.

Didatismo e Conhecimento 34
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Os Fatores Externos O regime de governo escolhido foi o presiden- cialismo. O
mandato do presidente da República, eleito pelo voto direto, seria
As tensões econômicas e políticas mundiais, que estavam se de quatro anos, sem direito à reeleição para o mandato imediata-
acumulando desde o final da Primeira Guerra Mundial, explodi- mente seguinte, sem contudo haver impedimentos para um manda-
ram, finalmente, em 1939. A guerra colocou frente a frente as po- to posterior. Tanto é que Rodrigues Alves foi o primeiro presidente
tências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e os Aliados (Inglaterra, reeleito democraticamente do Brasil – apesar de não ter assumido
França, EUA, URSS). por morrer às vésperas da posse por gripe espanhola. O mesmo
valia para o vice-presidente. É interessante notar que, à época, o
A Crise do Estado Novo vice-presidente era eleito independentemente do candidato à presi-
dência da República, muitas vezes sendo escolhido o da oposição,
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial deu início a o que dificultava o Governo. Também, no caso de morte ou abdi-
uma fase de crescentes dificuldades para o governo. cação do Presidente, seu vice assumia apenas até serem realizadas
novas votações, não tendo que ficar até ser completado o respec-
O Surgimento dos Partidos tivo quadriênio, como ocorre atualmente. Claro que isso deu mar-
gem a alguns vice-presidentes, como Delfim Moreira, para prolon-
Como vimos, à medida que a Segunda Guerra foi chegando garem seus mandatos, dificultando a promoção de novas eleições
ao fim, os políticos começaram a se organizar e a formar parti- presidenciais. Por fim, as eleições para Presidente e vice ocorriam
dos. Os principais partidos que surgiram na fase final do Estado no 1.º de março, tomando-se as posses no 15 de novembro.
Novo, e que marcaram a história política do país de 45 e 64, foram Quanto às regras eleitorais, determinou-se que o voto no Bra-
os seguintes: UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido sil continuaria “a descoberto” (não-secreto) – a assinatura da cédu-
Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PCB la pelo eleitor tornou-se obrigatória – e universal. Por “universal”
(Partido Comunista Brasileiro). entenda-se o fim do voto censitário, que definia o eleitor por sua
renda, pois ainda se mantiveram excluídos do direito ao voto os
O Segundo Governo Vargas: 1951 – 1954 analfabetos, as mulheres, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à
obediência eclesiástica e os mendigos. Além disso, reservou-se ao
O retorno de Vargas representou a retomada de seu projeto na- Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições
cioal-desenvolvimentista, baseado no estímulo ao capital nacional, de cargos políticos federais, e às assembléias estaduais a regula-
na forte atuação do Estado na economia e no controle à penetração mentação para as eleições estaduais e municipais, o que mudaria
do capital estrangeiro. apenas a partir da constituição de 1934, com a criação da Justiça
Eleitoral. Ficou mantido o voto distrital, com a eleição de três de-
A Constituião de 1891 putados para cada distrito eleitoral do país.
Definiu-se, também, a separação entre a igreja e o Estado: as
A elaboração da constituição brasileira de 1891 iniciou-se em eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, o governo não
1890. Após um ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em interferiria mais na escolha de cargos do alto clero, como bispos,
24 de fevereiro de 1891. Esta constituição vigorou durante toda a diáconos e cardeais, e extinguiu-se a definição de paróquia como
República Velha e sofreu apenas uma alteração em 1927. unidade administrativa – que antigamente poderia equivaler tan-
No início de 1890, iniciaram-se as discussões para a elabora- to a um município como também a um distrito, vila, comarca ou
ção da nova constituição, que seria a primeira constituição republi- mesmo a um bairro (freguesia). Além disso, o País não mais assu-
cana e que vigoraria durante toda a Primeira República. Após um miu uma religão oficial, que à altura era a católica, e o monopó-
ano de negociações com os poderes que realmente comandavam o lio de registros civis passou ao Estado, sendo criados os cartórios
Brasil, a promulgação da constituição brasileira de 1891 aconteceu para os registros de nascimento, casamento e morte, bem como
em 24 de Fevereiro de 1891. Os principais autores da constituição os cemitérios públicos, onde qualquer pessoa poderia ser sepulta-
da Primeira República foram Prudente de Morais e Rui Barbosa. da, indepentemente de seu credo. O Estado também assumiu, de
A constituição de 1891 foi fortemente inspirada na constitui- forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas
ção dos Estados Unidos da América, fortemente descentralizadora públicas de ensino fundamental e intermediário. Essa separação
dos poderes, dando grande autonomia aos municípios e às antigas viria a irritar a Igreja, aliada de última hora dos republicanos e que
províncias, que passaram a ser denominadas “estados”; seus “go- só se reconciliaria com o Governo durante o Estado Novo, bem
vernadores” passaram a ser denominados “presidentes de estado”. como ajudaria a incitar uma série de revoltas, como a Guerra de
Foi inspirada no modelo federalista estadunidense, permitindo que Canudos.
se organizassem de acordo com seus peculiares interesses, desde Por fim, extinguiam-se os foros de nobreza, bem como os
que não contradissessem a Constituição. Exemplo: a constituição brasões particulares, não se reconhecendo privilégio aritocrático
do estado do Rio Grande do Sul permitia a reeleição do presidente algum. É certo que alguns poucos, geralmente os mais influentes
do estado. entre os republicanos, mantiveram seus títulos nobiliárquicos e
Consagrou a existência de apenas três poderes independentes brasões mesmo em plena República, como o barão de Rio Branco,
entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O antigo Poder mas isso mais por respeito e cortesia. Há que se ressaltar que, pela
Moderador, símbolo da monarquia, foi abolido. Os membros dos nova constituição, o brasileiro que aceitasse alguma titulação es-
poderes Legislativo e Executivo seriam eleitos pelo voto popu- trangeira que contradissesse os preceitos republicanos da carta de
lar direto, caracterizando-os como representantes dos cidadãos na 1891, sem autorização expressa do Congresso, perderia seus direi-
vida política nacional. tos políticos. Também, as antigas ordens honoríficas imperiais que

Didatismo e Conhecimento 35
HISTÓRIA/ATUALIDADES
ainda remanesciam, a Imperial Ordem do Cruzeiro e da Imperial Constituição Brasileira de 1934
Ordem de Avis, foram oficialmente extintas, sendo posteriormente
substituídas pelas ordens Nacional do Cruzeiro do Sul e do Mérito A Constituição Brasileira de 1934, promulgada em 16 de julho
Militar – que mantiveram muitas das características de suas ante- pela Assembléia Nacional Constituinte, foi redigida “para orga-
cessoras. Essa continuidade simbólica também se fez notar no pa- nizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade,
vilhão nacional e no hino, cuja música já era considerada, de forma a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico”, segun-
não-oficial, o hino nacional desde o Segundo Reinado. do o próprio preâmbulo. Ela foi a que menos durou em toda a
Visando fundamentar juridicamente o novo regime, a primei- História Brasileira: durante apenas três anos, mas vigorou oficial-
ra constituição republicana do país foi redigida à semelhança dos mente apenas um ano (suspensa pela Lei de Segurança Nacional).
princípios fundamentais da carta estadunidense, embora os princí- O cumprimento à risca de seus princípios, porém, nunca ocorreu.
pios liberais democráticos oriundos daquela Carta tivessem sido Ainda assim, ela foi importante por institucionalizar a reforma da
em grande parte suprimidos. Isto ocorreu porque as pressões das organização político-social brasileira — não com a exclusão das
oligarquias rurais, mas com a inclusão dos militares, classe média
oligarquias latifundiárias, por meio de seus representantes, exer-
urbana e industriais no jogo de poder.
ceram grande influência na redação do texto desta constituição,
A Constituição de 1934 foi conseqüência direta da Revolução
daí surgindo o Federalismo, objetivo dos cafeicultores paulistas
Constitucionalista de 1932, quando a Força Pública de São Pau-
para aumentar a descentralização do poder e fortalecer oligarquias lo lutou contra as forças do Exército Brasileiro. Com o final da
regionais, esvaziando o poder central, especialmente o militar. A Revolução Constitucionalista, a questão do regime político veio à
influência paulista, à época já detentora de 1/6 do PIB nacional, tona, forçando desta forma as eleições para a Assembléia Consti-
é determinante, tendo ali surgido o primeiro partido republicano, tuinte em maio de 1933, que aprovou a nova Constituição substi-
formado pela Convenção de Itu. Posteriormente, aliar-se-iam aos tuindo a Constituição de 1891, já obsoleta devido ao dinamismo e
republicanos fluminenses e mineiros, e aos militares. evolução da política brasileira. Em 1934, a Assembléia Nacional
Constituinte, convocada pelo Governo Provisório da Revolução
Pontos Principais de 1930, redigiu e promulgou a segunda constituição republicana
do Brasil. Reformando profundamente a organização da Repúbli-
• Abolição das instituições monárquicas; ca Velha, realizando mudanças progressistas, a Carta de 1934 foi
• Os senadores deixaram de ter cargo vitalício; inovadora mas durou pouco: em 1937, uma constituição já pronta
• Sistema de governo presidencialista; foi outorgada por Getúlio Vargas, transformando o presidente em
• O presidente da República passou a ser o chefe do Poder ditador e o estado “revolucionário” em autoritário.
Executivo;
• As eleições passaram a ser pelo voto direto, mas conti- Constituição Brasileira de 1937
nuou a ser a descoberto (não-secreto);
• Os mandatos tinham duração de quatro anos para o presi- A Constituição Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente
dente, sete anos para senadores e três anos para deputados federais; Getúlio Vargas em 10 de Novembro de 1937, mesmo dia em que
• Não haveria reeleição de Presidente e vice para o man- implanta a ditadura do Estado Novo, é a quarta Constituição do
dato imediatamente seguinte, não havendo impedimentos para um Brasil e a terceira da república de conteúdo pretensamente demo-
posterior a esse; crático. Será, no entanto, uma carta política eminentemente outor-
• Os candidatos a voto eletivo seriam escolhidos por ho- gada mantenedora das condições de poder do presidente Getúlio
mens maiores de 21 anos, à exceção de analfabetos, mendigos, Vargas. É também conhecida como Polaca, por ter sido baseada
soldados, mulheres e religiosos sujeitos ao voto de obediência; na Constituição autoritária da Polônia. Foi redigida pelo jurista
Francisco Campos, ministro da Justiça do novo regime, e obteve a
• Ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, com-
aprovação prévia de Vargas e do ministro da Guerra, general Eu-
posto pelo Senado e pela Câmara de Deputados;
rico Gaspar Dutra.
• As províncias passaram a ser denominadas estados, com
A Constituição de 1937 foi a primeira republicana autoritária
maior autonomia dentro da Federação; que o Brasil teve, atendendo a interesses de grupos políticos dese-
• Os estados da Federação passaram a ter suas constitui- josos de um governo forte que beneficiasse os dominantes e mais
ções hierarquicamente organizadas em relação à constituição fe- alguns, que consolidasse o domínio daqueles que se punham ao
deral; lado de Vargas. A principal característica dessa constituição era
• Os presidentes das províncias passaram a ser presidentes a enorme concentração de poderes nas mãos do chefe do Execu-
dos Estados, eleitos pelo voto direto à semelhança do presidente tivo. Seu conteúdo era fortemente centralizador, ficando a cargo
da República; do presidente da República a nomeação das autoridades estaduais,
• A Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasileiro, os interventores. Esses, por sua vez, cabia nomear as autoridades
deixando de ser a religião oficial do país. municipais.
O Governo Vargas caracterizou-se desde o início pela centra-
Além disso, consagrava--se a liberdade de associação e de lização do poder. Mas ela foi ao extremo com a ditadura de 1937-
reunião sem armas, assegurava-se aos acusados o mais amplo di- 1945, o Estado Novo — nome copiado da ditadura fascista de An-
reito de defesa, aboliam-se as penas de galés, banimento judicial e tónio Salazar em Portugal. Com ela, Getúlio implantou um regime
de morte, instituía-se o habeas-corpus e as garantias de magistra- autoritário de inspiração fascista que durou até o fim da II Grande
tura aos juízes federais (vitaliciedade, inamovibilidade e irreduti- Guerra. E consolidou o seu governo, que começara, “provisoria-
bilidade dos vencimentos). mente”, em 1930.

Didatismo e Conhecimento 36
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de Por meio do ato das disposições transitórias da Constituição
1945, foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional Cons- Federal de 1946, foram extintos os territórios do Iguaçu e de Ponta
tituinte, paralelamente à eleição presidencial. Eleita a Constituinte, Porã em 18 de setembro, tendo sido reintegrados aos estados que
seus membros se reuniram para elaborar uma nova constituição, outrora abrangiam suas áreas, em decorrência de articulações en-
que entrou em vigor a partir de setembro de 1946, substituindo a gendradas pelos políticos paranaenses no âmbito da Assembléia
Carta Magna de 1937. Nacional Constituinte.
A Constituição de 1937 deu origem a vários acontecimentos
na História política do Brasil que têm consequências até hoje. E, Constituição Brasileira de 1967
principalmente, formou o grupo de oposição a Getúlio que cul-
minou no golpe militar de 1964. Este, por sua vez, deu origem à A Constituição Brasileira de 1967 foi votada em 24 de janei-
Constituição de 1967, a outra constituição republicana autoritária ro de 1967 e entrou em vigor no dia 15 de março de 1967. Foi
elaborada pelo Congresso Nacional, a que o Ato Institucional n.
— a segunda e, até agora, a última.
4 atribuiu função de poder constituinte originário (“ilimitado e
soberano”). O Congresso Nacional, transformado em Assembléia
Constituição Brasileira de 1946 Nacional Constituinte e já com os membros da oposição afasta-
dos, elaborou, sob pressão dos militares, uma Carta Constitucional
A Constituição de 1946 foi promulgada em 18 de setembro semi-outorgada que buscou legalizar e institucionalizar o regime
de 1946. militar conseqüente da Revolução de 1964.
A mesa da Assembleia Constituinte promulgou Constituição No dia 6 de dezembro de 1966 foi publicado o projeto de
dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições Constitu- constituição redigido por Carlos Medeiros Silva, ministro da Jus-
cionais Transitórias no dia 18 de setembro de 1946, consagrando tiça, e por Francisco Campos. Como houve protestos por parte da
as liberdades expressas na Constituição de 1934, que haviam sido oposição e da Arena, em 7 de dezembro o governo editou o AI-4,
retiradas em 1937. convocando o Congresso Nacional de 12 de dezembro de 1966 a
24 de janeiro de 1967 para discutir e votar a nova Constituição.
Foram dispositivos básicos regulados pela carta: Enquanto isso o governo poderia legislar com Decretos-Leis sobre
segurança nacional, administração e finanças. No dia 24 de janeiro
• A igualdade de todos perante a lei; de 1967 aprovada, sem grandes alterações, a nova Constituição,
• A liberdade de manifestação de pensamento, sem censu- que incorporava as medidas já estabelecidas pelos Atos Institu-
ra, a não ser em espetáculos e diversões públicas; cionais e Complementares. Em 15 de março de 1967 o governo
• A inviolabilidade do sigilo de correspondência; divulgou o Decreto-Lei 314, que estabelecia a Lei de Segurança
Nacional.
• A liberdade de consciência, de crença e de exercicio de
A necessidade da elaboração de nova constituição com todos
cultos religiosos;
os atos institucionais e complementares incorporados, foi para que
• A liberdade de associação para fins lícitos; houvesse a reforma administrativa brasileira e a formalização le-
• A inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo; gislativa, pois a Constituição de 18 de Setembro de 1946 estava
• A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de conflitando desde 1964 com os atos e a normatividade constitucio-
autoridade competente e a garantia ampla de defesa do acusado; nal, denominada institucional.
• Extinção da pena de morte; A Constituição de 1967 foi a sexta do Brasil e a quinta da
• Separação dos três poderes. República. Buscou institucionalizar e legalizar o regime militar,
aumentando a influência do Poder Executivo sobre o Legislativo
Gustavo Capanema, jurista e político mineiro, Luis Viana Fi- e Judiciário e criando desta forma, uma hierarquia constitucional
lho, escritor, historiador e político baiano, Aliomar Baleeiro, juris- centralizadora. As emendas constitucionais que eram atribuições
ta e político baiano, Clodomir Cardoso, jurista, escritor e político do Poder Legislativo, com o aval do Poder Executivo e Judiciário,
maranhense, Gilberto Freire, escritor e sociólogo pernambucano, passaram a ser iniciativas únicas e exclusivas dos que exerciam
e Barbosa Lima Sobrinho, escritor, intelectual, jornalista e político o Poder Executivo, ficando os demais relevados à meros espec-
pernambucano, são algumas das personalidades que integraram a tadores das aprovações dos pacotes, como seriam posteriormente
Assembleia Constituinte que elaborou e promulgou a Constituição nominadas as emendas e legislações baixadas pelo Presidente da
de 1946. República.
Foi durante a vigência desta Constituição que ocorreu o Golpe
Constituição Brasileira de 1988
militar de 1964, durante a presidência de João Goulart. A partir
de então, a carta-magna passou a receber uma série de emendas,
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é
descaracterizando-a. Tendo sido suspensa por seis meses pelo Ato a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de
Institucional Número Um, foi definitivamente extinta pela promul- validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no
gação da Constituição de 1967, proposta oficialmente pela emissão topo da pirâmide normativa. É a sétimaa reger o Brasil desde a sua
do Ato Institucional Número Quatro. Independência.
A Constituição Brasileira de 1946, bastante avançada para a Desde 1964 estava o Brasil sob o regime da ditadura militar,
época, foi notadamente um avanço da democracia e das liberdades e desde 1967 (particularmente subjugado às alterações decorren-
individuais do cidadão. A Carta seguinte significou um retrocesso tes dos Atos Institucionais) sob uma Carta Magna imposta pelo
nos direitos civis e políticos. governo.

Didatismo e Conhecimento 37
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O sistema de exceção, em que as garantias individuais e so- Defesa do Estado e das Instituições - trata do Estado de De-
ciais eram diminuídas (ou mesmo ignoradas), e cuja finalidade fesa, Estado de Sítio, das Forças Armadas e das Polícias.
era garantir os interesses da ditadura (internalizado em conceitos Tributação e Orçamento - define limitações ao poder de tri-
como segurança nacional, restrição das garantias fundamentais, butar do Estado, organiza o sistema tributário e esmiuça os tipos
etc.) fez crescer, durante o processo de abertura política, o anseio de tributos e a quem cabe cobrá-los. Trata ainda da repartição das
por dotar o Brasil de uma nova Constituição, defensora dos valores receitas e de normas para a elaboração do orçamento público.
democráticos. Anseio este que se tornou necessidade após o fim da Ordem Econômica e Financeira - regula a atividade eco-
ditadura militar e a redemocratização do Brasil, a partir de 1985. nômica e também eventuais intervenções do Estado na economia.
Discorre ainda sobre as normas de política urbana, política agríco-
Ideologias Manifestas na CF/88 la e política fundiária.
Ordem Social - trata da Seguridade Social (incluindo Pre-
Independentemente das controvérsias de cunho político, a vidência Social), Saúde, Assistência Social, Educação, Cultura,
Constituição Federal de 1988 assegurou diversas garantias consti- Desporto, Meios de Comunicação Social, Ciência e Tecnologia,
tucionais, com o objetivo de dar maior efetivade aos direitos fun- Meio Ambiente, Família, além de dar atenção especial aos seguin-
damentais, permitindo a participação do Poder Judiciário sempre tes segmentos: crianças, jovens, idosos e populações indígenas.
que houver lesão ou ameaça de lesão a direitos. Disposições Gerais - artigos esparsos versando sobre temáti-
Para demonstrar a mudança que estava havendo no siste- cas variadas e que não foram inseridas em outros títulos em geral
ma governamental brasileiro, que saíra de um regime autoritário por tratarem de assuntos muito específicos.
recentemente, a Carta Magna de 1988 qualificou como crimes Disposições Transitórias - faz a transição entre a Constitui-
inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o estado demo- ção anterior e a nova. Também estão incluídos dispositivos de du-
crático e a ordem constitucional, criando assim dispositivos cons- ração determinada.
titucionais para bloquear golpes de quaisquer natureza.
Com a nova constituição, o direito maior de um cidadão que Características
vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada a elei-
ção direta para os cargos de Presidente da República, Governador Rigidez - a Constituição exige um processo legislativo mais
de Estado (e do Distrito Federal), Prefeito, Deputado (Federal, Es- elaborado, consensual e solene para a elaboração de emendas
tadual e Distrital), Senador e Vereador. A nova Constituição tam-
constitucionais de que o processo comum exigido para todas as
bém previu uma maior responsabilidade fiscal. Ela ainda ampliou
demais espécies normativas.
os poderes do Congresso Nacional, tornando o Brasil um país mais
democrático.
Pontos em Destaque e Emendas Constitucionais
Pela primeira vez uma Constituição brasileira define a função
social da propriedade privada urbana, prevendo a existência de
O artigo 60 da constituição estabelece as regras que regem o
instrumentos urbanísticos que, interferindo no direito de proprie-
dade (que a partir de agora não mais seria considerado inviolável), processo de criação e aprovação de emendas constitucionais. Uma
teriam por objetivo romper com a lógica da especulação imobi- emenda pode ser proposta pelo Congresso Federal (um terço da
liária. A definição e regulamentação de tais instrumentos, porém, Câmara dos Deputados ou do Senado Federal), pelo Presidente
deu-se apenas com a promulgação do Estatuto da Cidade em 2001. da República ou pela maioria das assembléias dos governos esta-
duais. Uma emenda é aprovada somente se uma maioria absoluta
Estrutura (três quintos) da Câmara dos Deputados e Senado Federal aprova-
rem a proposta.
A Constituição de 1988 está dividida em 10 títulos (o preâm- As emendas constitucionais devem ser elaboradas respeitan-
bulo não conta como título). As temáticas de cada título são: do certas limitações. Há limitações materiais (conhecidas como
Preâmbulo - introduz o texto constitucional. De acordo com a cláusulas pétreas, art. 60, §4º), limitações circunstanciais (art.60,
doutrina majoritária, o preâmbulo não possui força de lei. §1º), limitações formais ou procedimentais (art. 60, I, II, III, §3º),
Princípios Fundamentais - anuncia sob quais princípios será e ainda há uma forma definida de deliberação (art. 60, §2º) e pro-
dirigida a República Federativa do Brasil. mulgação (art. 60, §3º).
Direitos e Garantias Individuais - elenca uma série de di- Implicitamente considera-se que o art. 60 da CF/88 é irrefor-
reitos e garantias individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade mável pois alterações no art. 60 permitiriam uma revisão completa
e políticos. As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em da Constituição. Nos casos não abordados pelo art. 60 é possível
Constituições anteriores) representaram um marco na história bra- propor emendas. Os órgãos competentes para submeter emendas
sileira. são: a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Presidente da
Organização do Estado - define o pacto federativo, alinha- República e de mais da metade das Assembléias Legislativas das
vando as atribuições de cada ente da federação (União, Estados, unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
Distrito Federal e Municípios). Também define situações excep- maioria relativa de seus membros.
cionais de intervenção nos entes federativos, além de versar sobre A emenda constitucional de revisão, conforme o art 3º da
administração pública e servidores públicos. ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), além
Organização dos Poderes - define a organização e atribui- de possuir implicitamente as mesmas limitações materiais e cir-
ções de cada poder (Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder cunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados que o procedimen-
Judiciário), bem como de seus agentes envolvidos. Também define to comum de emenda constitucional, também possuía limitação
os processos legislativos (inclusive para emendar a Constituição). temporal - apenas uma revisão constitucional foi prevista, 5 anos

Didatismo e Conhecimento 38
HISTÓRIA/ATUALIDADES
após a promulgação, sendo realizada em 1993. No entanto, ao con- de receita bastante diminuídas. Metade do imposto de renda (IR) e
trário das emendas comuns, ela tinha um procedimento de delibe- do imposto sobre produtos industrializados (IPI) - os principais da
ração parlamentar mais simples para reformar o texto constitucio- União - foi automaticamente distribuída aos Estados e Municípios.
nal pela maioria absoluta dos parlamentares, em sessão unicameral Além disso, cinco outros tributos foram transferidos para a base de
e promulgação dada pela Mesa do Congresso Nacional. cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
A Constituição brasileira já sofreu 62 reformas em seu texto (ICMS). Ao mesmo tempo, os constituintes ampliaram as funções
original, sendo 56 emendas constitucionais sendo a última feita do Governo Federal.
no dia 20 de dezembro de 2007, e 6 emendas constitucionais de Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves no
revisão. A única revisão constitucional geral prevista pela Lei Fun- campo fiscal, que têm repercurtido nos recursos para programas
damental brasileira aconteceu em 5 de Outubro de 1993. sociais ao induzir a União a buscar receitas não partilháveis com
os Estados e Municípios, contribuindo para o agravamento da ine-
Remédios Constitucionais ficiência e da iniqüilidade do sistema tributário e do predomínio de
impostos indiretos e contribuições. Conseqüentemente houve uma
A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos, ações e crescente carga sobre tributos tais como o imposto sobre operações
garantias, os denominados “Remédios Constitucionais”. Por Re- financeiras (IOF), contribuição de fim social (FINSOCIAL), con-
médios Constitucionais entende-se as garantias constitucionais, tribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), entre outros.
ou seja, instrumentos jurídicos para tornar efetivo o exercício dos
direitos constitucionais. Castello Branco (1964/1966)

Os Rémédios Constitucionais previstos no art. 5º da CF/88 O Congresso Nacional ratificou a indicação do comando mi-
são: litar, e elegeu o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco,
• Habeas Data - sua finalidade é garantir ao particular o chefe do Estado-Maior do Exército. Como vice-presidente foi elei-
acesso informações que dizem ao seu respeito constantes do regis- to o deputado pelo PSD José Maria Alkmin, secretário de finanças
tro de banco de dados de entidades governamentais ou de caráter do governo de Minas Gerais, do governador Magalhães Pinto, que
público ou correção destes dados, quando o particular não preferir ajudou a articular o golpe.
fazer por processo sigiloso, administrativo ou judicial (art. 5º, LX- No dia 15 de abril de 1964, Castello Branco tomou posse. Em
17 de julho, sob a justificativa de que a reforma política e econô-
XII, da CF).
mica planejada pelo governo militar poderia não ser concluída até
• Ação Popular - objetiva anular ato lesivo ao patrimônio
31 de janeiro de 1966, quando terminaria o mandato presidencial
público e punir seus responsáveis art. 5º, LXXIII, da CF e Lei n.º
inaugurado em 1961, o Congresso aprovou a prorrogação do seu
4.171/65).
mandato até 15 de março de 1967, adiando as eleições presiden-
• Habeas Corpus - instrumento tradicionalíssimo de garan-
ciais para 3 de outubro de 1966. Essa mudança fez com que alguns
tia de direito, assegura a reparação ou prevenção do direito de ir
políticos que apoiaram o movimento passassem a ser críticos do
e vir, constrangido por ilegalidade ou por abuso de poder (art. 5º, governo, a exemplo de Carlos Lacerda, que teve sua pré-candi-
LXVIII, da CF). datura homologada pela UDN ainda em 8 de novembro de 1964.
• Mandado de Segurança - usado de modo individual (art. As cassações continuaram, superando 3.500 nomes em 1964,
5º, LXIX, da CF). Tem por fim proteger direito líquido e certo, não entre os quais o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que se exilou
amparado por habeas corpus ou habeas data. em Paris.
• Mandado de Segurança Coletivo - usado de modo coleti- Em seguida Castelo Branco baixou o AI-2, o o que era um
vo (art. 5º, LXX, da CF). Tem por finalidade proteger o direito de simples movimento militar passou a se constituir num regime,
partidos políticos, organismos sindicais, entidades de classe e as- evoluindo para uma linha dura no comando do general Costa e
sociação legalmente constituídas em defesa dos interesses de seus Silva em 1967.
membros ou associados.
• Mandado de Injunção - usado para viabilizar o exercício A Linha Dura
de um direito constitucionalmente previsto e que depende de regu-
lamentação (art. 5º, LXXI, da CF). No governo estavam oficiais da linha dura, e as ruas eram
dominadas pelas greves dos operários e movimentos estudantis.
Política Urbana e Transferências de Recursos Neste clima se iniciou a contravertida batalha entre o Estado e os
manifestantes, que reivindicavam o fim do regime. Como conse-
Entre outros elementos inovadores, esta Constituição destaca- quencia, as liberdades individuais foram suprimidas e a Nação
-se das demais na medida em que pela primeira vez estabelece definitivamente entrou em um processo de radicalização entre os
um capítulo sobre política urbana, expresso nos artigos 182 e 183. militares e a oposição, que gerou o gradual fechamento do regime,
Até então, nenhuma outra Constituição definia o município como até culminar com o AI-5.
ente federativo: a partir desta, o município passava efetivamente a
constituir uma das esferas de poder e a ela era dada uma autonomia Eleições de 1965
e atribuições inéditas até então.
Com isso Constituição de 1988 favoreceu os Estados e Muni- A lei eleitoral de 15 de julho de 1965 proibia a reeleição, as-
cípios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos, porém sem a sim, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda, não concorreram, ficando
correspondente transferência de encargos e responsabilidades. O apenas apoiando seus candidatos da UDN. No entanto, em Minas
Governo Federal continuou com os mesmos custos e com fonte Gerais venceu Israel Pinheiro, do PSD e no Rio de Janeiro, Fran-

Didatismo e Conhecimento 39
HISTÓRIA/ATUALIDADES
cisco Negrão de Lima, do PTB, o que foi visto como alarmante Em 16 de janeiro de 1969 foi divulgada nova lista de 43 cas-
pelos setores “linha dura” do governo militar que se mobilizaram sados com 35 deputados, 2 senadores e 1 ministro do STF, Peri
em alterar mais uma vez a constituição para garantir a vitória dos Constant Bevilacqua.
políticos de situação. O regime militar estava se tornando uma ditadura mais e mais
No dia 6 de outubro, o Presidente da República encaminhou violenta, a imprensa da época (Folha de São Paulo) veladamente
ao Congresso Nacional medidas para endurecer o regime, atri- afirmava que o AI-5 foi o “golpe dentro do golpe”, expressão esta
buindo ao governo militar mais poderes, restringindo a liberdade que acabou virando chavão entre a população.
de expressão e ação dos cassados, controlar o Supremo Tribunal
Federal, acabar com o foro especial para os que exerceram man- A Emenda Constitucional
dato executivo e estabelecendo eleições indiretas para Presidente
da República. No dia 17 de outubro, foi promulgada pela junta militar a
No dia 8 de outubro, Lacerda, na televisão, chama Castelo Emenda Constitucional nº 1, incorporando dispositivos do AI-5 à
Branco de traidor da revolução, rompe com o governo e renuncia constituição, estabelecendo o que ficou conhecido como Consti-
à sua candidatura. tuição de 1969.
Em 25 de outubro, Médici e Rademaker foram eleitos pelo
1968 - Reações ao Regime Congresso por 293 votos, havendo 76 abstenções, correspondentes
Em julho ocorreu a primeira greve do governo militar, em à bancada do MDB. O novo presidente tomou posse no dia 30 de
Osasco. A linha dura, representada entre outros por Aurélio de Lira novembro.
Tavares, ministro do exército e Emílio Garrastazu Médici, chefe
do SNI começou a exigir medidas mais repressivas e combate às Após o Golpe de 1964
idéias consideradas subversivas.
A repressão se intensificou e em 30 de agosto a Universidade Logo após o golpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, a dita-
Federal de Minas foi fechada e a Universidade de Brasília invadida dura foi endurecendo e fechando o regime aos poucos. O período
pela polícia. compreendido entre 1968 até 1975 foi determinante para a nomen-
Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, do
clatura histórica conhecida como “anos de chumbo”.
MDB, pronunciou discurso na Câmara convocando o povo a um
Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restri-
boicote ao militarismo e a não participar dos festejos de Indepen-
ções impostas por seguidos Atos Institucionais que ignoravam e
dência do Brasil em 7 de setembro como forma de protesto. O dis-
cancelavam a validade da Constituição Brasileira, criando um Es-
curso foi considerado como ofensivo pelos militares e o governo
tado de exceção, suspendendo a democracia.
encaminhou ao congresso pedido para processar deputado Márcio
Querendo impor um modelo sócio, político e econômico para
Moreira Alves, o que foi rejeitado na Câmara por 75 votos.
o Brasil, a ditadura militar no entanto tentou forjar um ambiente
O AI-5 e o Fechamento do Regime Militar democrático, e não se destacou por um governante definido ou per-
sonalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficial-
Para enfrentar a crise Costa e Silva editou, em 13 de dezem- mente conhecida por este nome, mas pelo nome de “Revolução”
bro de 1968, o AI-5 que permitia ao governo decretar o recesso - os golpistas de 1964 sempre denominaram assim seu feito - e
legislativo e intervir nos estados sem as limitações da constituição, seus governos eram considerados “revolucionários”. A visão críti-
a cassar mandatos eletivos, decretar confisco dos bens “de todos ca do regime só começou a ser permitida a partir de 1974, quando
quantos tenham enriquecido ilicitamente” e suspender por 10 anos o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da
os direitos políticos de qualquer cidadão. Ou seja, apertou ainda vida sócio-política do país.
mais o regime. O AC 38 decretou o recesso do Congresso por tem-
po indeterminado. Bipolarização
Foram presos jornalistas e políticos que haviam se manifes-
tado contra o regime, entre eles o ex-presidente Juscelino Kubits- Durante a eclosão do golpe de 1964 havia duas correntes ideo-
chek, e ex-governador Carlos Lacerda, além de deputados esta- lógicas no Brasil, sendo uma de esquerda e outra de direita. Aque-
duais e federais do MDB e mesmo da ARENA. las correntes tinham movimentos populares de ambas facções,
Lacerda foi preso e conduzido ao Regimento Marechal Cae- acredita-se financiados com capital externo. Além da polarização,
tano de Farias, da Polícia Militar do Estado da Guanabara, sendo existia também um forte sentimento antigetulista, dizem alguns
libertado por estar com a saúde debilitada, após uma semana fa- motivador do movimento militar que derrubou Jango.
zendo greve de fome.
No dia 30 de dezembro de 1968 foi divulgada uma lista de Lista dos principais movimentos de direita e esquerda
políticos cassados: 11 deputados federais, entre os quais Márcio
Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos políticos suspen- A esquerda
sos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva falou em rede de
rádio e tv, afirmando que o AI-5 havia sido não a melhor, mas a - Mais de mil sindicatos de trabalhadores foram fundados até
única solução e que havia salvo a democracia e estabelecido a vol- 1964
ta às origens do regime. - Surge o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT)
No início de 1969 Lacerda viajou para a Europa e, em maio, - Pacto de Unidade e Ação (PUA aliança intersindical)
seguiu para a África como enviado especial de O Estado de São - União Nacional dos Estudantes (UNE)
Paulo e do Jornal da Tarde. - Ação Popular (católicos de esquerda)

Didatismo e Conhecimento 40
HISTÓRIA/ATUALIDADES
- Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb - reunindo dos escritórios de censura espalhados pelo país. Começa a haver
intelectuais de esquerda) vazamentos de dados e informações para órgãos de direitos huma-
- Frente de Mobilização Popular (FMP, liderada por Leonel nos internacionais, sendo portanto urgente a interrupção de toda e
Brizola) qualquer informação de eventos que possam ocasionar algum tipo
- União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil de protesto da opinião pública internacional e o espalhamento de
- Ligas camponesas notícias indesejáveis em território nacional.
- Organizações de luta contra o regime militar e pela instala- Também são criados tribunais de censura, com a finalidade
ção do regime comunista (inclusive surgidas após o golpe) de julgar rapidamente órgãos de comunicações que porventura
- Ação Libertadora Nacional (ALN) burlem a ordem estabelecida, com seu fechamento e lacramento
- Comando de Libertação Nacional (COLINA) imediato em caso de necessidade institucional.
- MNR
- Molipo A estratégia política do governo Geisel
- Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8]
- PCB Tratava-se da já referida “abertura lenta, gradual e segu-
- PCBR ra” idealizada por Golbery. Lenta e gradual, para o militares não
- Partido Operário Comunista (POC) perderem o controle do processo. Segura, para evitar que as forças
- POLOP políticas derrubadas em 1964 oltassem ao poder.
- VAR-Palmares Seria muito simplismo, entretanto, supor que a “abertura”
- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) tenha sido planejada e implementada só por essa razão. Outros
motivos foram decisivos para a sua adoção.
A direita Em primeiro lugar, Geisel e seu grupo tinham perfeita cons-
ciência de que a situação do país, especialmente a econômica, tor-
- Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) nara-se complicada. As crescentes dificuldades econômicas decor-
- Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) rentes do colapso do “milagre”, descritas anteriormente, geravam
- Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, financiada focos de descontentamento entre setores empresariais, classes mé-
pelo Ipes) dias e operariado. O novo governo sabia que manter uma ditadura
- União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes) num quadro de crescimento econômico e relativa prosperidade era
- Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Adce, li- muito diferente de mantê-la numa situação de crise econômica. A
gada ao Ipes) falta de liberdade política aliada à queda nos lucros e à grave crise
- Movimento Anticomunista (MAC, formado por universitá- social era uma combinação perigosa, que poderia fazer explodir o
rios) sistema político, com conseqüências imprevisíveis para o interesse
- Frente da Juventude Democrática (formada por estudantes dominantes.
anticomunistas radicais)
Em segundo lugar, os militares sabiam que as medidas eco-
- Comando de Caça aos Comunistas (o famoso CCC que era
nômicas para enfrentar a crise seriam impopulares e provocariam
formado por estudantes anticomunistas radicais)
descontentamentos, inclusive entre poderosos grupos econômicos.
- Esquadrões da Morte (formados por policiais para o assassi-
Havia o temor de que o desgaste que o governo iria sofrer com
nato de opositores)
essas medidas atingisse o Exército. Os fracassos do governo se
confudiriam com os do Exército. Para esse grupo de militares lide-
A Invasão da UNE
rados por Geisel, afastar-se, o mais rápido possível, do Executivo
era uma forma de preservar a instituição e evitar a sua desmora-
Em Ibiúna, São Paulo, realizou-se em 12 de outubro de 1968 o
trigésimo congresso da UNE. A polícia invade a reunião e prende lização e desgaste perante a nação. Isso, pensavam, seria o fim,
1240 estudantes, muitos são feridos, alguns gravemente; quando pois para eles o Exército e o conjunto das Forças Armadas eram os
levados para a prisão são torturados e muitas moças abusadas se- principais pilares da República.
xualmente pelos policiais. Aqueles que tentam protestar contra a Diante desses problemas havia, pelo menos, duas alternati-
violência são espancados e humilhados publicamente, os familia- vas. Ou o governo reorientava a economia visando atenuar a crise
res que tentam entrar com habeas-corpus são fichados pelo SNI social, melhorar os salários, diminuir a concentração de renda e
e ameaçados pelas forças de segurança. Alguns pais, por serem recuperar o sistema público de saúde e educação, ou implemen-
funcionários de instituições públicas, perdem seus empregos e tava reformas políticas que criassem canais para que o descon-
são perseguidos pelas forças de repressão; alguns repórteres que tentamento popular pudesse se manisfestar, desde que preservada
presenciaram os espancamentos têm seus equipamentos destruí- a estabilidade política, ou seja, os interesses essenciais das elites
dos pelos policiais, sendo dada ordem para nada ser publicado ou econômicas e políticas.
divulgado pelos meios de comunicação. Ora, era óbvio que a elite empresarial, base de apoio do gover-
no, não iria admitir alterações no modelo econômico. No decorrer
Criação do Conselho Superior de Censura da década de 1964 - 1974, ele fora responsável pelo espetacular
enriquecimento dessa fração da sociedade brasileira.
Em função dos acontecimentos que estão por atropelar a his- A elite econômica, a partir daquele momento, passou a lutar
tória, é criado no dia 22 de novembro de 1968 o Conselho Supe- com unhas e dentes para preservar essa forma de produzir riqueza
rior de Censura, cuja função é centralizar e coordenar as ações e miséria em larga escala: o modelo econômico brasileiro.

Didatismo e Conhecimento 41
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em resumo, a “abertura política” visava realizar mudanças A Abertura Política Avança: O Fim Do AI-5
graduais no sistema político para atingir dois objetivos simultâ-
neos. Primeiro, transferir o poder aos civis que apoiaram o golpe Ela extinguiu o AI-5, principal instrumento jurídico da di-
de 1964. Segundo, manter o selvagem sistema de acumulação ca- tadura militar. O Executivo já não tinha poder legal de fechar o
pitalista criado pelos militares e pelos grupos econômicos domi- Congresso, cassar mandatos e direitos políticos. O habeas-corpus
nantes. foi restaurado e a censura prévia, ao rádio e à televisão, abolida. A
pena de morte e a de prisão perpétua foram extintas. Foi restaurada
a independência do Judiciário.
A Vitória da Oposição nas Eleições de 1974
No lugar do AI-5, foram criadas as medidas de emergência, o
estado de sítio e o estado de emergência, que, no conjuto, davam
O primeiro desafio que Geisel teve de enfrentar foram as ao Executivo alguns poderes perdidos com a extinção do AI-5.
eleições legislativas de novembro de 1974. Convencido de que a No final de 1978, foram revogados os decretos de banimento
Arena tinha os melhores condidatos, certo de que o MDB era fra- de mais de 120 exilados políticos. Muitos políticos de expressão,
co e sem lideranças de expressão, decidiu dar os primeiros passos entretanto, ficaram fora dessa lista, entre eles Leonel Brizola e
ruma à liberalização política. Permitiu uma relativa liberdade de Luís Carlos Prestes, que continuavam proibidos de voltar ao país.
expressão durante a campanha eleitoral. Os candidatos puderam ir Pode parecer paradoxal a sucessão de medidas autoritárias e
à televisão, expor e debater suas idéias. A campanha da oposição liberalizantes adotadas por Geisel. Na verdade, não havia contra-
centrou-se na denúncia da injustiça social, da falta de liberdades dição alguma nessa estratégia. O presidente estava empenhado em
públicas e da excessiva abertura da economia ao capital estran- dar andamento à abertura política. Mas ele não admitia perder o
geiro. controle sobre esse processo. Daí as medidas de caráter autoritário.
A vitória do MDB foi esmagadora: dobrou a representação na Elas sempre foram introduzidas para dar ao governo condições de
conduzir o processo, na seqüência e na velocidade que julgava
Câmara Federal, triplicou a representação no Senado e assumiu o
apropriadas.
controle das Assembléias Legislativas nos Estados mais importan-
tes do país. Os Obstáculos à Estratégia do Governo
O governo ficou preocupado diante do resultado das eleições.
No decorrer dos anos de 1975 e 1976, nada tinha aparecido de Apesar de Geisel ter sido bem-sucedido na implementação de
novo na esfera política e econômica que desse a Geisel a esperança seu programa político, não foram poucos os obstáculos que teve de
de alcançar um resultado melhor nas eleições para o governador de remover para atingir seus objetivos.
1978. Muito pelo contrário. A indignação e revolta contra a situa- Havia, basicamente, duas forças de oposição ao seu projeto
ção política e econômica aumentaram ainda mais. de liberalização. A primeira, e mais poderosa, estava no interior
das próprias Forças Armadas. Era a linha-dura, que comandava os
O Governo se prepara para as Eleições de 1978: O Pacote organismos de repressão montados durante o governo Médici. A
de Abril segunda, bem menos poderosa, era composta por algumas organi-
zações da sociedade civil.
No início de 1977, no dia 1º de abril, Geisel recorreu ao AI-5.
A Resistência Militar à Abertura Política
Fechou o Congresso e outorgou o Pacote de Abril. Entre as prin-
cipais medidas desse conjunto de decretos, estava a adoção de As primeiras dificuldades de Geisel com a linha-dura come-
maioria simples para realizar reformas na Constituição (o governo çaram a aparecer logo depois da derrota eleitoral do governo nas
não controlava mais dois terços do Congresso). Além disso, deter- eleições de 1974. Para esse grupo, a derrota ocorreu por causa do
minavam que os governadores de Estado e um terço dos senado- PCB, que, apesar de estar na ilegalidade, desenvolvia intensa ativi-
res fossem eleitos indiretamente por um colégio eleitoral estadual, dade política. Iniciou-se uma ampla campanha de perseguição aos
composto inclusive por vereadores. Essas medidas garantiam a vi- comunistas. Inúmeros suspeitos de ligações com o partido foram
tória da Arena na eleição para governadores. Os estados do Norte presos e desapareceram. Até um filho de general foi preso sem que
e Nordeste, controlados pela Arena, teriam direito a um número ele pudesse fazer nada a respeito. Dez líderes sindicais foram deti-
maior de deputados, comparativamente aos estados do Sul e do dos e torturados no Rio de Janeiro. A Igreja e a OAB tinha entrado
Sudeste. Isso porque foi estabelecido um número mínimo e um com um pedido de informações ao governo a respeito do paradeiro
número máximo de deputados federais por estado, prejudicando de 22 suspeitos que foram presos e haviam desaparecido. O gover-
os estados mais populosos e importantes. Por fim, a Lei Falcão no, simplesmente, não sabia informar onde eles se encontravam.
(nome do ministro da Justiça da época, Armando Falcão) determi-
A Morte de Herzog e de Manoel Fiel Filho
nava que os candidatos não poderiam se manisfestar, nem no rádio
nem na televisão, durante a campanha eleitoral. Em outubro de 1975, um jornalista que trabalhava na TV-
Em síntese, tais reformas visaram garantir a vitória da Arena -Cultura de São Paulo ficou sabendo que o DOI-Codi estava a sua
nas eleições de 1978, o que acabou ocorrendo. procura e se apresentou espontaneamente ao QG do II Exército
Apesar das medidas autoritárias, o governo não tinha desisti- para prestar depoimento. Foi imediatamente preso, interrogado e
do de seu projeto de liberalização. Em outubro de 1978, no final torturado até a morte. Na versão do comando do II Exército, o
do seu mandato, Geisel impôs ao Congresso, e a Arena aprovou, a jornalista havia se suicidado na cela, enforcando-se com o próprio
Emenda Constitucional nº 11. cinto.

Didatismo e Conhecimento 42
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A repercusão foi enorme, pois acabava de ser assassinado um A Sucessão do General Geisel
membro da elite cultural paulista. A Igreja, a OAB, estudantes e
professores das principais universidades paulistas marcaram atos Apesar das dificuldades, Geisel continuava a conduzir com
de protesto e cobraram do governo um esclarecimento para o caso. firmeza os planos para fazer o seu sucessor. Quando ele foi indi-
O fato era uma desmoralização para Geisel, pois contrariava a sua cado, nem a linha-dura nem o partido de oposição, o MDB, acei-
promessa de liberalização. Ficava evidente que o governo não ti- taram.
nha controle sobre seus organismos de segurança. A linha-dura tinha seu próprio candidato, mas Geisel se en-
Em janeiro, o operário metalúrgico e ativista sindical Manoel carregou de neutralizá-lo, conseguindo transformar Figueiredo no
Fiel Filho, que vinha sendo torturado havia dias nas dependências candidato oficial do Exército.
do DOI-Codi, em São Paulo, também perdeu a vida em virtude das
O MDB, por sua vez, não concordava com a forma pela qual
brutalidades que sofreu. Na versão do comando do II Exército, tra-
o presidente era escolhido. O partido resolveu, então, lançar um
tava-se de outro suicídio. Geisel, que defendera o camandante do
II Exército por ocasião da morte de Herzog, sentiu-se traído, pois candidato próprio para concorrer com Figueiredo no Colégio Elei-
era evidente que aqueles cadáveres estavam sendo “colocados so- toral. Foi escolhido um outro general, de coloração nacionalista
bre sua mesa” com a única intenção de criar problemas para o seu e defensor da redemocratização, Euler Bentes Monteiro. Como a
projeto de abertura. Era um desafio aberto à sua autoridade. Ele maior parte do Colégio Eleitoral era composta pela Arena, fiel se-
tomou, então, uma atitude rápida e ousada, afastando o comandan- guidora das determinações do Exército, o candidato oficial acabou
te do II Exército, Ednardo d’Ávila, sem consultar o Alto Comando vencendo, em outubro de 1978, por 355 a 266 votos.
das Forças Armadas, como era comum nesses casos. Depois con-
fessou que o fez não porque Ednardo estivesse envolvido com a Governo Figueiredo (Março-1979 / Março-1985)
tortura ou mortes, mas, sim, porque ele não tinha controle sobre
alguns oficiais comandados por ele. No momento em que o movimento operário e sindical retoma-
A aprovação do Alto Comando à decisão de Geisel mostrou va as suas lutas, ocorria a sucessão do presidente Geisel.
que ele contava com um enorme apoio dentro do Exército. A partir João Baptista Figueiredo era integrante do seu grupo e estava
desse momento, a linha-dura passou para a defensiva. Se o co- decidido a dar continuidade à estratégia da abertura política que
mandante do II Exército podia “cair” por desafiar a autoridade Geisel havia iniciado.
presidencial, o que poderia acontecer com oficiais de patentes in-
feriores? Economia e Política Econômica
O Renascimento do Movimento Operário e Sindical
As dificuldades econômicas que o governo Figueiredo teve
A repressão que se seguiu ao golpe de 1964 praticamente eli- de enfrentar eram tremendas. Os operários já não aceitavam ser
minou toda uma geração de dirigentes e ativistas sindicais. Nos esfolados. Setores empresariais reclamavam do avanço da estati-
anos seguintes, uma nova geração de operários, sem sólidas vincu- zação. A dívida externa tirava a capacidade de o governo investir
lações partidárias, começou a retomar as lutas trabalhistas reorga- e sustentar o ritmo de crescimento. O preço do petróleo jogava os
nizar os sindicatos. Esse processo ocorreu com maior rapidez no gastos com importações nas alturas.
“centro nervoso” da indústria brasileira, o setor automobilístico Para administrar essa situação, o comando da área econômica
sediado no ABCD paulista. foi entregue a Mário Henrique Simonsen, nomeado ministro do
A retomada da luta sindical ganhou grande impulso nessa Planejamento. Delfim foi trazido de volta da França e destacado
região em 1977. Nesse ano, tornou-se pública e inquestionável a para o Ministério da Agricultura. Ficou de prontidão, esperando
falsificação ocorrida no índice da inflação de 1973, quando Delfim uma falha de Simonsen.
Netto era ministro da Fazenda. Economista competente e muito
hábil com os números, Delfim estabeleceu em 15% a inflação de Os planos de Simonsen e sua queda
1973. Entretanto, os números do Banco Mundial sobre a economia
brasileira não batiam com esse índice. Depois de refazer várias Simonsen assumiu dizendo que o Brasil não poderia mais
vezes os cálculos, os técnicos do Banco Mundial chegaram à con- crescer no mesmo ritmo. Crescimento significava aumento das
clusão de que a inflação de 1973 não poderia ser inferior a 22,5%. importações e obtenção de mais empréstimos. O país, entretanto,
Esse índice, projetado nos anos seguintes, representava uma perda
não tinha condições de importar mais nem contrair novos emprés-
de, aproximadamente, 34% nos salários dos trabalhadores.
timos. O Brasil tinha de se preparar para crescer menos e começar
O sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, por iniciati-
va de seu presidente, Luís Inácio da Silva, conhecido por “Lula”, a pagar seus compromissos externos.
baseado nos dados do Banco Mundial, começou uma campanha Os grandes bancos internacionais aplaudiram o diagnóstico do
exigindo a reposição daquela enorme perda salarial. ministro. Os empresários brasileiros, não.
O governo e os empresários reconheciam a fraude, mas não Diante da perspectiva de queda nas vendas, falta de crédito e
aceitavam repor a perda. Depois de sete meses de negociações, já falências, começaram a criticar o ministro e, em cinco meses, mais
no início da campanha salarial, em maio de 1978, as greves explo- precisamente em agosto de 1979, ele caiu.
diram na indústria automobilística do ABCD paulista. Depois que foi afastado, Mário Henrique Simonsen arrumou
Depois se propagaram por todo o país. Meio milhão de traba- um bom emprego no First National City Bank of New York, um
lhadores fizeram greve nesse ano. Em 1979 as paralizações atingi- dos maiores bancos norte-americanos e um dos principais credores
ram mais de três milhões de assalariados. do Brasil.

Didatismo e Conhecimento 43
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Delfim Netto e as Promessas de um Novo “Milagre” bery, impediu que a sigla PTB fosse entregue a Brizola. Ele, então,
fundou o PDT (Partido Democrático Trabalhista). A sigla PTB foi
Delfim Netto saiu da reserva e, finalmente, foi escalado como entregue a Ivete Vargas, que organizou o partido com políticos que
titular, comandando o poderoso Ministério do Planejamento. Mis- vieram da Arena e do MDB.
são: reeditar o “milagre econômico”. O PMDB e PDT representavam o pequeno e o médio empre-
Mas a dura realidade mostrou que a sua capacidade milagrosa sariado, que não foram tão favorecidos pelo “milagre econômico”,
declinava à exata medida que escasseavam os recursos externos. setores da classe média, profissionais liberais, grupos nacionalis-
tas.
A Continuidade da Abertura Política O novo PTB, por sua vez, não tinha semelhança com o antigo
partido getulista. Era um partido que tendia a votar sempre com o
Apesar de permanecer o traço anti-popular das medidas eco- PDS e o PP, dando assim sustentação ao regime militar e às elites
nômicas, no campo político as mudanças continuavam. que assumiram o poder em 1964.
O projeto de abertura política dava novos passos, todos eles Correndo por fora desse processo, surgiu, em outubro de
milimetricamente planejados e programados pelo “mago” do re- 1979, o PT.
gime, Golbery do Couto e Silva. A estratégia do ministro tinha O PT resultou da convergência de três forças sociais que não
etapas muito bem determinadas. reconheciam os políticos tradicionais como porta-vozes de seus
O plano consistia na realização, em seqüência, das seguintes interesses: liderança sindical, que emergiu com as greves de 1978,
reformas: anistia a todos os presos e exilados políticos, reformu- principalmente no ABCD; movimentos sociais, como as socieda-
lação partidária (fim da Arena e do MDB), restauração da eleições des amigos de bairro, as comunidades eclesiais de base, movimen-
diretas (para governadores e depois para prefeitos das capitais), to dos sem-terra; ex-militantes de grupos da esquerda clandestina,
convocação de uma Constituinte, que seria o coroamento do pro- setores da classe média empobrecida, profissionais liberais e traba-
cesso de “redemocratização” do país. O sucessor de Figueiredo lhadores do setor de serviços.
ainda seria escolhido indiretamente. Só ao final de seu mandato é A idéia da criação do PT surgiu no ABCD, e desde o início
que seriam realizadas eleições diretas para presidente. Lula tornou-se um dos seus principais líderes.
Por que essa seqüência e não outra? Simplesmente porque
Golbery sabia que a miséria crescente do povo e o descontenta- As Eleições Diretas para Governador
mento da classe média, em virtude da crise econômica, produziram
uma gigantesca derrota eleitoral do regime nas eleições marcadas Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições diretas
para 1982, se fosse mantido o bipartidarismo. Se a oposição per- para governador. Realizadas as eleições, as previsões do estrate-
manecesse unida ao MDB, esse partido receberia os votos da mas- gista do regime se confirmaram. Apesar de a oposição (PMDB,
sa descontente e a oposição assumiria o controle do Congresso, PDT e PT) ter recebido a maioria dos votos e eleito governadores
criando problemas para o governo na continuidade das reformas de estados importantes (Montoro, em São Paulo; Brizola, no Rio
políticas. de Janeiro; Tancredo Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu
A idéia que estava por trás da anistia e da reformalização par- obter maioria no Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Elei-
tidária era simples e eficaz: dividir a oposição e, assim, enfraque- toral, que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em 1984.
cê-la. Os militares conseguiam assim criar as condições que ga-
rantiam a continuidade da abertura na seqüência e no ritmo que
Anistia desejavam, bem como a transferência do poder aos civis de sua
confiança.
Com a anistia, retornaram ao Brasil lideranças políticas de ex-
pressão nacional, como Leonel Brizola, Miguel Arraes, Francisco A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo
Julião, Luís Carlos Prestes, Márcio Moreira Alves, o pivô da crise
que precipitou o AI-5, e demais líderes do PCB e do PC do B (na Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar
ilegalidade) resistência da linha-dura às reformas políticas que estavam em an-
damento.
Reformulação Partidária As primeiras manifestações dos grupos que estavam descon-
tentes com a abertura vieram em 1980. No final desse ano e no iní-
O retorno desses líderes acendeu o debate político no país e cio de 1981, bombas começaram a explodir em bancas de jornais
contribuiu para que fosse montado um novo quadro político par- que vendiam periódicos considerados de esquerda (Jornal Movi-
tidário. mento, Pasquim, Opinião etc.).
Em novembro de 1979, o Congresso aprovou a lei de reformu- Uma carta-bomba foi enviada à OAB e explodiu nas mãos de
lação partidária. A Arena foi extinta, e seus integrantes formariam uma secretária, matando-a. Havia desconfianças de que fora uma
dois partidos: o PDS (Partido Democrático Social) e o PP (Partido ação do DOI-Codi, mas nunca se conseguiu provar nada.
Popular). Esses partidos representavam o grande empresariado, os
grandes proprietários de terras e os banqueiros. O Caso Riocentro
A maioria dos políticos do extinto MDB ficaram juntos e cria-
ram o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Al- Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante
guns dos seus integrantes entraram no partido que Brizola estava a realização de um show de música popular. Dele participavam
organizando, o PTB. A Justiça Eleitoral, por determinação de Gol- inúmeros artistas considerados de esquerda pelo Regime.

Didatismo e Conhecimento 44
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Quando as primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproxi- As emissoras de televisão, principalmente a Rede Globo, ten-
maram do local da explosão, depararam com uma cena dramática taram ignorar as manifestações públicas. Quem só se informava
e constrangedora. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a campanha das di-
o teto e as portas destroçados. Havia dois homens no seu interior, retas surgiu do nada. Quando as manifestações de rua superaram 1
reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército ligados ao milhão de pessoas, até a Globo teve de dar a notícia.
DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro, estava Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a votação da
morto, praticamente partido ao meio. A bomba explodira na altura emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada. Faltaram 22 votos para
de sua cintura. O motorista, um capitão, estava vivo, mas grave- atingir os dois terços necessários. Da bancada do PDS, 112 de-
mente ferido e inconsciente. putados não compareceram ao Congresso, contrariando a vontade
O Exército abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o popular, que se manifestara de forma cristalina nas ruas. Um pro-
caso e, depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de de- fundo sentimento de frustração e impotência tomou conta do país.
poimentos, concluiu que a bomba havia sido colocada ali, dentro O Congresso Nacional, que deveria expressar a vontade da
do carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos nação, na verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniên-
terroristas. Essa foi a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi cias políticas de uma elite minoritária, mas que dominava o país.
encerrado. O poder dessa elite advinha da força econômica, do controle que
mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos oportunistas e do
A campanha das Diretas-já comando que detinha dos meios de comunicação, especialmente
das emissoras de televisão.
As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um clima
de euforia na oposição, pois ela fora muito bem votada, em espe- As Articulações Políticas que Antecederam a Eleição Indi-
cial o PMDB. Esse fortalecimento da oposição acabou motivando reta de Janeiro de 1985
o deputado Dante de Oliveira, do PMDB, a propor, em janeiro
de 1983, uma emenda constitucional restaurando as eleições para Derrotada a emenda das diretas, estava nas mãos do Colégio
presidente da República em 1984. A iniciativa do deputado passou, Eleitoral a escolha do novo presidente. Ele era composto por sena-
a princípio, despercebida. dores, deputados federais e delegados de cada estado.
Entretanto, progressivamente, sua proposta foi ganhando ade-
O PMDB iria lançar um candidato. Desde meados de 1984, o
sões importantes. Em março, o jornal Folha de S. Paulo resolveu,
nome estava praticamente escolhido. Era o governador de Minas
em editorial,apoiar a emenda para as diretas. Em junho, reuniram-
Gerais, Tancredo Neves. Político moderado, ligado aos banquei-
-se no Rio de Janeiro os governadores Franco Montoro e Leonel
ros, era um homem de confiança dos grupos conservadores, mas,
Brizola, mais o líder do PT, Luís Inácio da Silva, para discutir
ao mesmo tempo, respeitado pela oposição. Faltava, entretanto,
como os partidos políticos de oposição poderiam agir para aprovar
definir quem seria o vice-presidente na chapa de Tancredo.
a emenda das diretas. Vários governadores do PMDB assinaram
um manifesto de apoio. O PT e entidades da sociedade civil de São Do lado do PDS as coisas estavam cada vez mais complica-
Paulo convocaram uma manifestação de apoio à eleição direta. Ela das. Três grupos políticos debatiam-se para conseguir a indicação
reuniu cerca de 10.000 pessoas. A campanha começava a ganhar do partido.
as ruas. O primeiro era liderado por Paulo Maluf; o segundo, por Má-
A seguir, ocorreram manifestações em Curitiba (40.000 pes- rio Andreazza; e o terceiro, por um grupo de políticos do Nordeste
soas), Salvador (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), nova- liderado por José Sarney e Marco Maciel.
mente em São Paulo (200.000 a 300.000 pessoas). Em fevereiro Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo Maluf, com
de 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) e Doutel de An- seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha grandes chances
drade (PDT) saíram em caravana pelo Brasil, fazendo comícios de conseguir a indicação.
nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula começava a
se firmar como liderança nacional. O Surgimento da Frente Liberal
A campanha ganhava força. Novas manifestações ocorreram
no Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No José Sarney, Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e
dia 10 de abril de 1984, foi convocada uma manifestação no Rio de aliados já se sentiam derrotados do PDS. Estavam também con-
Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da Candelária vencidos de que teriam pouca influência em um possível governo
cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior manifestação pública malufista. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL
realizada em toda a história do país até aquela data. No dia 16 (Partido da Frente Liberal).
realizada no Anhangabaú, em São Paulo, uma manifestação que
quebrou o recorde do Rio. Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas. O Surgimento da Aliança Democrática
Não havia dúvida. O povo brasileiro queria votar para presidente.
O governo era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizen- A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma frente
do que a eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio política para derrotar Maluf no Colégio Eleitoral. Surgiu a Aliança
Carlos Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos Transportes de Democrática, que apoiou a chapa Tancredo Neves (presidente),
Figueiredo), Paulo Maluf, José Sarney, todos do partido do gover- pelo PMDB, e José Sarney (vice-presidente), pela Frente Liberal.
no, o PDS, faziam de tudo para evitar que a campanha produzisse Enquanto Maluf representava uma fração de elite econômi-
efeito no Congresso. Mário Andreazza, Paulo Maluf e Sarney dis- ca paulista, o leque de forças políticas que sustentavam a Aliança
putavam a indicação pelo PDS como candidatos a presidente no Democrática era muito maior. Ela juntava o maior partido de opo-
Colégio Eleitoral. sição, o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais expres-

Didatismo e Conhecimento 45
HISTÓRIA/ATUALIDADES
sões políticas conservadoras dos estados nordestinos. Além disso, medidas duras de enxugamento da máquina estatal, como a demis-
tais lideranças, como José Sarney e Antônio Carlos Magalhães, são em massa de funcionários públicos e a extinção de autarquias,
eram políticos da confiança de Roberto Marinho, proprietário da fundações e empresas públicas. Ao mesmo tempo, anunciou pro-
Rede Globo de Televisão. Ou seja, o apoio desses políticos à can- vidências para abrir a economia nacional à competição externa, fa-
didatura Tancredo trouxe junto o apoio da Rede Globo. Maluf es- cilitando a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país.
tava derrotado. Os planos de modernização econômica e de reforma admin-
Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS, que for- sitrativa são bem recebidos, em geral. As elites políticas e empre-
maram a Frente Liberal, de traidores. Tiveram como resposta que sariais apoiaram a desregulamentação da economia e a redução da
traição era apoiar um corrupto como Maluf. intervenção estatal no setor.
Entre xingamentos e agressões verbais, os meses finais de Corrupção - Mas, já em 1991, as dificuldades encontradas
1984 expiraram. pelo plano de estabilização, que não acabou com a inflação e au-
mentou a recessão, começaram a minar o governo. Circulam sus-
A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney
peitas de envolvimento de ministros e altos funcionários em uma
grande rede de corrupção. Até a primeira-dama, Rosane Collor,
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancre-
dirirgente da LBA, foi acusada de malversação do dinheiro públi-
do Neves, primeiro presidente civil em 20 anos. Ele obteve 275
co e de favorecimento ilícito a seus familiares.
votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS (em 340 possí-
veis), que correspondiam à dissidência da Frente Liberal, e mais As suspeitas transformaram-se em denúncias graças a uma
39 votos espalhados entre os outros partidos. No total foram 480 intensa campanha da imprensa. Em 25 de abril de 1992, Pedro
contra 180 do candidato derrotado. O PT, por não concordar com Collor, irmão do Presidente, deu uma explosiva entrevista à revista
as eleições indiretas, não participou da votação. “Veja”. Nela, falou sobre o “esquema PC” de tráfico de influência
A posse do novo presidente estava marcada para 15 de mar- e de irregularidades financeiras organizadas pelo empresário Paulo
ço. Um dia antes, entretanto, Tancredo Neves foi internado com César Farias, amigo de Collor e caixa de sua campanha eleitoral.
diverticulite. Depois de várias operações, seu estado de saúde se A reportagem teve enorme repercussão e a partir daí surgiram no-
agravou, falecendo no dia 21 de abril de 1985. vas revelações sobre irregularidades no governo. Em 26 de maio,
Com a morte do presidente eleito, assumiu o vice, José Sar- o Congresso nacional instalou uma Comissão Parlamentar de In-
ney. Figueiredo se negou a lhe entregar a faixa presidencial, dan- quérito (CPI) para apurar as denúncias de irregularidades. Logo
do-a a Ulisses Guimarães, presidente da Câmara, e este empossou depois, a revista “ISTOÉ” publicou uma entrevista de Eriberto
Sarney. Por caminhos tortuosos, o presidente acabou saindo mes- França, motorista da secretária de Collor, Ana Acioli. Ele confir-
mo do PDS. mou que as empresas de PC faziam depósitos com regularidade
Por uma dessas ironias da história, os militares tiveram de en- nas contas fantasmas movimentadas pela secretária. Essas infor-
tregar o poder ao homem que, dias antes, acusaram de traidor. mações atingiram diretamente o Presidente.
Hostilidades pessoais a parte, a transição completou-se e, ape- Impeachment - Surgiram manifestações populares em todo
sar das dificuldades, foi coroada de sucesso, pois o poder voltou às o país. Os estudantes organizaram diversas passeatas pedindo o
mãos dos civis, mas dos civis confiáveis, daqueles que não repre- Impeachment do Presidente. Depois de um penoso processo de
sentavam ameaça aos interesses enraizados no decorrer de 20 anos apuração e confirmação das acusações e da mobilização de am-
de regime militar. plos setores da sociedade por todo o país, o Congresso Nacional,
pressionado pela população, votou o impeachment (impedimento)
Collor presidencial. Primeiramente, o processo foi apreciado na Câmara
dos deputados, em 29 de setembro de 1992, e, depois, no Sena-
Primeiro governo civil brasileiro, eleito por voto direto des- do Federal, em 29 de dezembro de 1992. O Parlamento decidiu
de 1960. Foi também o primeiro escolhido dentro das regras da
afastar Collor do cargo de Presidente da República e seus direitos
Constituição de 1988, com plena liberdade partidária e eleição em
políticos são cassados por oito anos. Foi também denunciado pela
dois turnos. Collor, ex-governador de Alagoas, político jovem e
Procuradoria-Geral da República pelos crimes de formação de
com amplo apoio das forças conservadoras, derrotou no segundo
quadrilha e de corrupção.
turno da eleição, Luiz Inácio “Lula” da Silva, migrante nordesti-
no, ex-metalúrgico e destacado líder da esquerda. Entre suas pro- Itamar Franco assumiu a presidência após o Impeachment de
messas da campanha estão a moralização da política e o fim da Fernando Collor de Mello de forma interina entre outubro e de-
inflação. Para as elites, ofereceu a modernização econômica do zembro de 92, e em caráter definitivo em 29 de dezembro de 1992.
país consoante a receita do neoliberalismo. Prometeu a redução O Brasil vivia um dos momentos mais difíceis de sua história: re-
do papel do Estado, a eliminação dos controles burocráticos da cessão prolongada, inflação aguda e crônica, desemprego, etc. Em
política econômica, a abertura da economia e o apoio às empresas meio a todos esses problemas e o recém Impeachment de Fernando
brasileiras para se tornarem mais eficientes e competitivas perante Collor de Mello, os brasileiros se encontravam em uma situação de
a concorrência externa. descrença geral nas instituições e de baixa auto-estima.
Plano Collor - No dia seguinte ao da posse, ocorrida em 15 de O novo presidente se concentrou em arrumar o cenário que en-
março de 1990, o Presidente lançou seu programa de estabiliza- contrara. Itamar procurou realizar uma gestão transparente, algo tão
ção, o plano Collor, baseado em um gigantesco e inédito confisco almejado pela sociedade brasileira. Para fazer uma gestão tranqüi-
monetário, congelamento temporário de preços e salários e refor- la, sem turbulências, procurou o apoio de partidos mais à esquerda.
mulação dos índices de correção monetária. Em seguida, tomou Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na Constituição, o

Didatismo e Conhecimento 46
HISTÓRIA/ATUALIDADES
governo fez um plebiscito para a escolha da forma e do sistema Oposição versus Governo
de governo no Brasil. O povo decidiu manter tudo como estava:
escolheu a República (66% contra 10% da Monarquia) e o Presi- No Congresso Nacional, as oposições, que taxavam as polí-
dencialismo (55% contra 25% do Parlamentarismo). ticas governamentais de “neoliberais”, não tiveram forças para se
No governo de Itamar Franco foi elaborado o mais bem-suce- opor, mas seguiram acusando o governo de defender os interesses
dido plano de controle inflacionário da Nova República: o Plano do capital estrangeiro, de transferir para a iniciativa privada o pa-
Real. Montado pelo seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique trimônio público, de eliminar direitos trabalhistas e de prosseguir
Cardoso, o plano visava criar uma unidade real de valor (URV) com uma política econômica que prejudicava as camadas mais
para todos os produtos, desvinculada da moeda vigente, o Cruzeiro pobres.
Real. Desta forma, cada URV correspondia a US$ 1. Posterior- O governo Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas,
mente a URV veio a ser denominada “Real”, a nova moeda brasi- demonstrando que foram implementadas uma série de políticas
sociais de transferência de renda para as populações mais pobres,
leira. O Plano Real foi eficiente, já que proporcionou o aumento do
através de programas como o bolsa-escola, o vale-gás e o bolsa-
poder de compra dos brasileiros e o controle da inflação.
-alimentação.
Mesmo tendo sofrido as conseqüências das investigações da
Avanços significativos foram alcançados nas áreas da educa-
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional, ção, saúde (com a distribuição gratuita de medicamentos contra a
entre 1993 e 1994, em virtude de denúncias de irregularidades no AIDS e a criação dos remédios genéricos, vendidos a preços bai-
desenvolvimento do Orçamento da União, Itamar Franco terminou xíssimos) e principalmente na questão agrária (com a implementa-
seu mandato com um grande índice de popularidade. Uma prova ção de um sólido programa de reforma agrária).
disso foi o seu bem-sucedido apoio a Fernando Henrique Cardoso Apesar disso, durante toda a gestão Fernando Henrique Car-
na sucessão presidencial. doso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
promoveu por todo o país numerosas manifestações e invasões de
Fernando Henrique propriedades agrárias, produtivas e improdutivas.

Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo de ministro da Estabilidade Política e Governabilidade


Fazenda no governo Itamar Franco. A estabilidade econômica e
o controle da inflação alcançadas por meio do Plano Real abriram Apesar das críticas dos partidos de oposição às alianças polí-
caminho para sua candidatura à Presidência da República, efetiva- ticas do governo, foi a forte base parlamentar de apoio a Fernando
da pela aliança partidária formada, majoritariamente, pelo Partido Henrique Cardoso que contribuiu decisivamente para a estabilida-
da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Partido da Frente Li- de política, um dos traços importantes da gestão FHC, pois, além
beral (PFL, depois transformado em Partido Democratas). de assegurar a governabilidade, consolidou a jovem e frágil demo-
Fernando Henrique, sociólogo e respeitado intelectual, ele- cracia brasileira.
geu-se presidente no primeiro turno com 55 % dos votos válidos.
Popularmente chamado de FHC, assumiu a presidência em 1º de Reeleição
janeiro de 1995. A ampla aliança partidária que sustentou a candi-
datura e o governo possibilitou ao novo presidente contar com uma Contando com maioria parlamentar, o governo conseguiu que
sólida base de apoio parlamentar. Isso permitiu a continuidade da o Congresso Nacional aprovasse uma Emenda constitucional per-
política econômica e a aprovação de inúmeras reformas constitu- mitindo a reeleição do presidente da República. Desse modo, FHC
cionais. disputou o pleito de 1998.
A aprovação da emenda da reeleição sofreu severas críticas
da oposição, que acusou o governo de FHC de compra de votos de
Continuidade do Plano Real e Reforma do Estado
membros do Legislativo federal, o que jamais foi provado. Hou-
ve tentativas, por parte dos partidos oposicionistas, de abertura
No que se refere às reformas, o governo conseguiu que o de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
Congresso Nacional aprovasse a quebra dos monopólios estatais as denúncias. Não obstante, os governistas conseguiram barrar a
nas áreas de comunicação e petróleo, bem como a eliminação de abertura da chamada “CPI da compra de votos”.
restrições ao capital estrangeiro. A ampla política de privatização FHC conseguiu se reeleger novamente em primeiro turno,
de empresas estatais renovou o país, por exemplo, nas áreas de contando com o apoio das mesmas forças políticas que sustenta-
telefonia e de extração e comercialização de minérios. ram seu primeiro mandato. A aliança política congregava o PSDB,
O governo também cuidou que projetos de mudanças mais o PFL e parte do PMDB.
consistentes na estrutura e no funcionamento do Estado brasileiro Um dos trunfos da propaganda eleitoral do governo para ree-
fossem encaminhados a partir da discussão das reformas tributá- leger FHC foi a defesa da manutenção da política econômica. E, de
ria e fiscal, da previdência social e dos direitos trabalhistas. O ar- fato, o governo prosseguiu com o programa de privatizações das
gumento era de que essas reformas e mudanças administrativas empresas estatais e com o Plano Real.
tinham por objetivo fomentar a modernização das estruturas esta- Um dos pontos centrais para a manutenção da estabilidade
tais, a fim de sustentar o desenvolvimento econômico e a integra- econômica duradoura foi o controle dos gastos públicos. Foi visan-
ção do país no mercado mundial. do a esse objetivo que o governo FHC aprovou, em maio de 2000,
Apesar das várias crises externas que impactaram a economia a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tal Lei impede que prefeitos e
brasileira durante o período, graças à continuidade do Plano Real a governadores, e também o governo federal, gastem mais do que a
inflação se manteve baixa, na casa de um dígito percentual anual, capacidade de arrecadação prevista no orçamento dos municípios,
e assim continuou pelos anos seguintes. dos Estados e da União.

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HISTÓRIA/ATUALIDADES
A manutenção do Plano Real e das elevadas taxas de juros, as Lula se tornou presidente do Brasil e sua trajetória de vida
metas de ajustes fiscais e o controle dos gastos governamentais, fazia com que diversas expectativas cercassem o seu governo. Se-
contudo, não conseguiram dar conta de suprir lacunas deixadas ria a primeira vez que as esquerdas tomariam controle da nação.
pelas administrações anteriores. No setor elétrico, por exemplo, os No entanto, seu governo não se resume a essa simples mudança.
baixos investimentos e a ocorrência de longa estiagem levaram ao Entre as primeiras medidas tomadas, o Governo Lula anunciou um
colapso das centrais hidrelétricas, ameaçando o país com o chama- projeto social destinado à melhoria da alimentação das populações
do “apagão”. O racionamento de energia elétrica foi imposto e a menos favorecidas. Estava lançada a campanha “Fome Zero”.
economia brasileira sofreu um período de leve estagnação. Essa seria um dos diversos programas sociais que marcaram o
seu governo. A ação assistencialista do governo se justificava pela
Reorganização das Oposições necessidade em sanar o problema da concentração de renda que
assolava o país. Tal medida inovadora foi possível graças à conti-
No primeiro mandato governamental, Fernando Henrique nuidade dada às políticas econômicas traçadas durante a Era FHC.
Cardoso conseguiu conter a oposição e aprovar com facilidade O combate à inflação, a ampliação das exportações e a contenção
projetos políticos e reformas constitucionais. Porém, no segundo
de despesas foram algumas das metas buscadas pelo governo.
mandato, o presidente teve maior dificuldade de governar devido à
A ação política de Lula conseguiu empreender um desenvol-
reorganização das oposições.
No Congresso Nacional, o Partido dos Trabalhadores (PT) vimento historicamente reclamado por diversos setores sociais.
liderava a oposição. O PT articulou os movimentos sociais e sin- No entanto, o crescimento econômico do Brasil não conseguiu se
dicais e as esquerdas de modo geral, formando uma ampla frente desvencilhar de práticas econômicas semelhantes às dos governos
de oposição parlamentar. O MST continuou a pressionar o gover- anteriores. A manutenção de determinadas ações políticas foram
no, invadindo propriedades agrárias e ocupando sedes de órgãos alvo de duras críticas. No ano de 2005, o governo foi denunciado
governamentais. Em muitas ocasiões, as invasões desencadearam por realizar a venda de propinas para conseguir a aprovação de
conflitos armados no campo. As centrais sindicais, também in- determinadas medidas.
fluenciadas pelo PT, promoveram diversas marchas e manifesta- O esquema, que ficou conhecido como “Mensalão”, instaurou
ções em defesa de reajustes e aumentos salariais. um acalorado debate político que questionava se existia algum tipo
de oposição política no país. Em meio a esse clima de indefinição
Vitória da Oposição das posições políticas, o governo Lula conseguiu vencer uma se-
gunda disputa eleitoral. O novo mandato de Lula é visto hoje mais
Ao se aproximar o pleito que escolheria o sucessor de Fernan- como uma tendência continuísta a um quadro político estável, do
do Henrique Cardoso, o governo apoiou a candidatura do ministro que uma vitória dos setores de esquerda do Brasil.
da saúde, José Serra, do PSDB, em aliança com o PMDB. Os ou- Independente de ser um governo vitorioso ou fracassado, o
tros candidatos que disputaram o pleito foram: Luiz Inácio Lula da Governo Lula foi uma importante etapa para a experiência demo-
Silva (PT / Pc do B / PL / PMN / PCB), Anthony Garotinho (PSB
crática no país. De certa forma, o fato de um partido formalmen-
/ PGT / PTC), Ciro Gomes (PPS / PDT / PTB), José Maria de Al-
te considerado de esquerda ascender ao poder nos insere em uma
meida (PSTU) e Rui Costa (PCO).
Nenhum obteve índice de votação suficiente para se eleger no nova etapa do jogo democrático nacional. Mesmo ainda sofrendo
primeiro turno. Os dois candidatos mais votados foram Luiz Inácio com o problema da corrupção, a chegada de Lula pode dar fim a
Lula da Silva e José Serra. No segundo turno das eleições, Lula um pensamento político que excluía a chegada de novos grupos
obteve 61,3 % dos votos; e José Serra, 38,7 %. ao poder.
Eleito o novo presidente, Fernando Henrique Cardoso orga-
nizou a transição de modo a facilitar o acesso antecipado da nova Dilma Vana Rousseff – Presidenta do Brasil
administração às informações relevantes ao exercício do governo,
fato até então inédito na história do país. Dilma tomou posse em 1 de janeiro de 2011, no plenário do
Congresso Nacional, em Brasília. Ela foi empossada juntamente
Luís Inácio Lula da Silva com o vice-presidente, Michel Temer. A cerimônia foi conduzida
pelo então presidente do Senado Federal, José Sarney. Ela leu o
No ano de 2002, as eleições presidenciais agitaram o con- compromisso oficial de “manter, defender e cumprir a Constitui-
texto político nacional. Os primeiros problemas que cercavam o ção, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
governo FHC abriram brechas para que Lula chegasse ao poder sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. O
com a promessa de dar um outro rumo à política brasileira. O de- vice-presidente, Michel Temer, leu o mesmo termo de posse.
senvolvimento econômico trazido pelo Plano Real tinha trazido No seu discurso de posse, Dilma declarou seu compromisso
grandes vantagens à população, entretanto, alguns problemas com
de erradicar a miséria no Brasil e de criar oportunidades para to-
o aumento do desemprego, o endividamento dos Estados e a distri-
dos. Ela também enfatizou a importância da eleição de uma mulher
buição de renda manchavam o bloco governista.
Foi nesse contexto que Lula buscou o apoio de diversos seto- para o cargo e desejou que esse fato abrisse as portas para outras
res políticos para empreender uma chapa eleitoral capaz de agra- mulheres no futuro. Prosseguiu agradecendo ao ex-presidente Lula
dar diferentes setores da sociedade brasileira. No primeiro turno, a e fez menção especial a José Alencar, que não pôde comparecer à
vitória de Lula sobre os demais candidatos não foi suficiente para posse devido à internação hospitalar. Completou seu pronuncia-
lhe dar o cargo. Na segunda rodada da disputa, o ex-operário e reti- mento lembrando que ainda era preciso uma longa evolução do
rante nordestino conseguiu realizar um feito histórico na trajetória país nos aspectos político e econômico, ressaltando também a re-
política do país. levância do Brasil no cenário internacional.

Didatismo e Conhecimento 48
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em abril de 2007, Dilma já era apontada como possível candi- Em 2009, foi incluída entre os 100 brasileiros mais influentes
data à presidência da República. No mês seguinte, Dilma afirmou do ano, pela Revista Época e, em novembro do ano seguinte, a
que era simpática à ideia. Em outubro do mesmo ano, jornais es- Revista Forbes classificou-a como a 16ª pessoa mais poderosa do
trangeiros, como o argentino La Nación e o espanhol El País, já mundo.
indicavam que ela era um nome forte à sucessão de Lula, que pas-
sou a fazer uma superexposição de Dilma para testar seu potencial Repercussão Internacional
como candidata. Em abril de 2008, a The Economist indicava que
sua candidatura não parecia ainda viável, pois era pouco conheci- Durante sua campanha eleitoral, a possibilidade de eleição de
da, ainda que fosse a ministra mais poderosa de Lula. Dilma Rousseff recebeu destaque em vários periódicos internacio-
Em dezembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nais.
disse que jamais conversara com Dilma Rousseff sobre sua possí- Para o britânico The Independent, em matéria publicada so-
vel candidatura para as eleições presidenciais de 2010, dizendo ter bre a candidata, a sua eleição “marca o desmantelamento final do
apenas insinuado. Para Lula, Dilma é a “pessoa mais gabaritada” ‘Estado de segurança nacional’, um arranjo que os governos con-
para sucedê-lo. Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram acusados servadores nos Estados Unidos e na Europa já viram como seu me-
pela oposição de estarem fazendo propaganda eleitoral antes do
lhor artifício para manter um status quo podre, que manteve uma
prazo durante visitas feitas pelo Presidente às obras de Transpo-
vasta maioria na América Latina na pobreza, enquanto favorecia
sição do Rio São Francisco. O episódio ganhou mais notoriedade
seus amigos ricos”, sendo ela uma candidata que “não se cons-
quando o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar
trange com o passado de guerrilha urbana, que incluiu o combate a
Mendes, comentou o caso.
Sua candidatura foi oficializada em 13 de junho de 2010, em generais e a temporada na prisão como prisioneira política”. Disse
convenção nacional do Partido dos Trabalhadores realizada em também que, caso eleita, tornar-se-á “a mulher mais poderosa do
Brasília-DF. Foi também referendado o nome do atual presidente mundo”.
da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP) como seu O jornal espanhol El País caracterizou Dilma como “uma
vice. Sua candidatura foi apoiada por figuras famosas como Chico grande gestora, mulher mais de ação do que de pensamento” e
Buarque, Beth Carvalho, Alceu Valença, Elba Ramalho, Emir Sa- posteriormente, ao estimar que o candidato do PSDB José Serra
der, Oscar Niemeyer, Leonardo Boff, e Marilena Chauí. pode sofrer uma “derrota humilhante” nas urnas, pôs em questão
Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte, 14 de de- o aparecimento de escândalos levantados por outros candidatos às
zembro de 1947. É uma economista e política brasileira, filiada ao vésperas das eleições: “milhares de brasileiros sonhavam com uma
Partido dos Trabalhadores (PT). Durante o governo do presidente campanha eleitoral sem sobressaltos e centrada nas propostas dos
Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a chefia do Ministério de Minas candidatos, mas mais uma vez o jogo sujo está eclipsando o debate
e Energia, e posteriormente, da Casa Civil. Em 2010, o resultado político”.
de segundo turno, em 31 de outubro, fez com que Dilma se tornas- A candidata, que é descendente de búlgaros, recebeu uma re-
se a primeira mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado, e portagem de duas páginas do mais importante periódico da Bulgá-
também de governo, em toda a história do Brasil. ria, o Trud, e vários jornalistas de meios de comunicação do país
Nascida em família de classe média alta, interessou-se pelos comentam com empolgação a possibilidade uma filha de búlgaro
ideais socialistas durante a juventude, logo após o Golpe Militar ser eleita presidente do Brasil. Durante sua campanha o país expe-
de 1964. Iniciando na militância, integrou organizações que de- rimentou uma espécie de “febre” e interesse por Dilma.
fendiam a luta armada contra o regime militar, como o Comando
de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Re- Programa de Governo
volucionária Palmares (VAR-Palmares). Passou quase três anos
presa entre 1970 e 1972, primeiramente na Operação Bandeirante Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de S.
(Oban), onde teria passado por sessões de tortura, e, posteriormen- Paulo, o programa de governo de Dilma Rousseff registrado no
te, no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). TSE em 06 de julho de 2010, uma formalidade exigida pela legis-
Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde, junto a
lação, contemplou duas versões em questão de algumas horas. Ini-
Carlos Araújo, seu companheiro por mais de trinta anos, ajudou
cialmente o partido registrou um papelório com 19 páginas, todas
na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e partici-
rubricadas pela candidata, com temas controversos como controle
pou ativamente de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o car-
da mídia, aborto e invasão de terras. Horas depois, uma segunda
go de secretária municipal da Fazenda de Porto Alegre de 1985 a
1988, no governo Alceu Collares. De 1991 a 1993 foi presidente versão, sem os temas mais controversos – classificados como ra-
da Fundação de Economia e Estatística e, mais tarde, foi secretária dicais por diversos meios de comunicação, como a Folha de S.
estadual de Minas e Energia, de 1999 a 2002, tanto no governo de Paulo, o jornal O Globo e a revista Veja, foi enviada para substituir
Alceu Collares como no de Olívio Dutra, no meio do qual se filiou o primeiro, esse assinado por advogados procuradores do PT. Ain-
ao Partido dos Trabalhadores (PT) em 2001. da segundo o jornal, a assessoria da candidata teria afirmado que
Em 2002, participou da equipe que formulou o plano de gover- tanto ela quanto José Eduardo Dutra (presidente do partido) assi-
no de Luiz Inácio Lula da Silva para a área energética. Posterior- naram a versão sem ler o que estava escrito. Indagada, Dilma res-
mente, nesse mesmo ano, foi escolhida para ocupar o Ministério de pondeu que “Nós não concordamos com a posição expressa (sobre
Minas e Energia, onde permaneceu até 2005, quando foi nomeada controle da mídia, aborto e invasão de terras)”. “Tem coisas do PT
ministra-chefe da Casa Civil, em substituição a José Dirceu, que com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos,
renunciara ao cargo após o chamado escândalo do mensalão. e assim nos outros partidos também”.

Didatismo e Conhecimento 49
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Dilma foi a primeira candidata a presidência a receber multa eleitoral por propaganda irregular na eleição de 2010. A primeira multa,
de cinco mil reais, foi em 13 de maio de 2010, após o TSE analisar o programa partidário veiculado pelo PT em dezembro de 2009 e con-
siderar que houve propaganda antecipada em favor de Dilma. A segunda infração ocorreu dia 10 de abril de 2010, na sede do Sindicato dos
Metalúrgicos. A terceira multa, também no valor de cinco mil reais, foi aplicada no dia 8 de julho de 2010.
No dia 13 de julho, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral Nancy Andrighi multou mais uma vez a candidata em seis mil reais. No
dia 20 de julho uma representação impetrada pelo Ministério Público Eleitoral foi acatada pelo ministro Henrique Neves, e outra multa de
cinco mil reais foi aplicada à presidenciável. No mesmo dia, outra multa de 5 mil reais foi aplicada à candidata. A sétima punição foi dada
no dia 22 de julho e teve o valor de 4 mil reais.
Por propaganda antecipada, Dilma já contabiliza sete multas, totalizando trinta e três mil reais de débito com a justiça.

7. O BRASIL E O MUNDO CONTEMPORÂNEO. 7.1 BRASIL: ASPECTOSB SOCIAIS,


POLÍTICOS, ECONÔMICOS E CULTURAIS.
7.2 CIÊNCIA E TECNOLOGIA.
7.3 A QUESTÃO AMBIENTAL.
7.4 O BRASIL NO CONTEXTO DO MUNDO GLOBALIZADO: RELAÇÕES
INTERNACIONAIS, BLOCOS ECONÔMICOS.
8. QUESTÕES DE INTERESSE GERAL,VEICULADAS PELA MÍDIA FALADA OU ESCRITA
DE CIRCULAÇÃO NACIONAL OU LOCAL, ENVOLVENDO ASPECTOS VARIADOS DA
SOCIEDADE BRASILEIRA E MUNDIAL.

POLÍTICA

TSE autoriza criação do Rede Sustentabilidade, partido fundado por Marina Silva
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta terça-feira (21), por 7 votos a 0, o registro da Rede Sustentabilidade, partido idealizado pela
ex-senadora Marina Silva. Este é o 34º partido do país.
Com a decisão, a legenda fica apta a receber filiados e lançar candidatos para as eleições municipais de 2016. Mas para concorrer, segundo a
Folha, os eventuais candidatos terão que estar filiados à Rede dentro dos próximos 10 dias, quando vence o prazo estipulado pela Justiça Eleitoral.
Na sessão desta terça-feira, o relator João Otávio de Noronha pediu o deferimento do registro, seguido por Herman Benjamin, Henrique Neves,
Luciana Lóssio, Gilmar Mendes, Rosa Weber e José Antonio Dias Toffoli. Marina Silva, conforme antecipou a coluna Expresso, acompanhou a
decisão do plenário.
Em 2013, a um ano das eleições presidenciais, Marina Silva tentou criar o partido, mas por seis votos a um o registro foi negado. Não conseguira
validar o número de assinaturas de apoio exigido pela legislação.
Fonte: Revista Época - (22/09/2015)

TSE aprova registro do Partido da Mulher Brasileira, o 35º do país


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta terça-feira (29) o registro para o Partido da Mulher Brasileira (PMB), a 35ª legenda oficial-
mente reconhecido no país. Com a decisão, a nova legenda poderá disputar as eleições municipais do ano que vem. O partido adotará nas urnas o
número 35.
O estatuto do partido não proíbe a filiação de homens e rege-se “sem restrições de qualquer ordem: sexual, social, racial, econômica ou reli-
giosa”. Ainda conforme as regras, poderá se filiar “todo cidadão na plenitude de seus direitos políticos que estiver de acordo com o Manifesto e o
Programa partidário”.
O partido começou o processo de criação em 2008 e, desde então, obteve apoio de 501 mil eleitores, quantidade que supera o mínimo atualmente
exigido pela lei, de 486 mil (o equivalente a 0,5% dos votos dados para o cargo de deputado federal nas eleições do ano passado).
O PMB também comprovou possuir mais de nove diretórios no país, outro requisito: já existem unidades em Alagoas, Amapá, Amazonas, Bah-
ia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe.
Ao final da aprovação no TSE, a fundadora e presidente da legenda, Suêd Haidar Nogueira disse que a ideia do PMB surgiu da necessidade de
maior participação e respeito das mulheres em instâncias partidárias.
“Agora é um novo caminho que vamos trilhar, dentro do Partido da Mulher Brasileira, para que possamos ter os nossos direitos garantidos,
afirmados, dentro de tudo aquilo que sempre buscamos”, disse a fundadora, que é comerciante.
No site da legenda, o PMB se define como um partido de “mulheres progressistas”, “ativistas de movimentos sociais e populares” e que, junto
com homens, “manifestaram sempre a sua solidariedade com as mulheres privadas de liberdades políticas, vítimas de opressão, da exclusão e das
terríveis condições de vida”.
“Todos os partidos políticos têm mulheres, contudo a vida cotidiana de mulheres continua na mesma, dia após dia, ano após ano. Apesar do
trabalho partidário perseverante de muitas mulheres, os interesses de mulheres nunca foram prioritários”, diz o texto.

Didatismo e Conhecimento 50
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Em outro trecho, o partido diz que “a balança da história está mu- Rodrigo de Castro (PSDB-MG) declararam doações de R$ 48,4 mil a
dando; a força perde seu ímpeto e, com satisfação observamos a Nova Aécio, mas o tucano não registrou o recebimento;
Ordem Mundial que será menos masculina, mas permeada pelos ideais 5) Particulares declararam ter doado R$ 750 mil a Aécio, mas o
femininos ou, melhor dizendo, será uma Era na qual os elementos mas- valor não apareceu na prestação de contas do candidato;
culinos e femininos estarão em maior equilíbrio”. 6) Repasses R$ 20 mil para a conta do candidato feitos no final de
Fonte: G1 - (29/09/2015) julho, mas não declarados por ele em sua primeira prestação de contas
parcial, entregue no início de agosto;
TSE aponta 15 ‘inconsistências’ nas contas da campanha de 7) Repasses do Comitê Financeiro da campanha no valor de R$
Aécio Neves 4,2 milhões, recebidos no final de agosto, mas não registrados na se-
Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responsáveis por gunda prestação parcial, entregue em setembro;
analisar contas de campanha apontaram 15 “inconsistências” em infor- 8) Aécio declarou ter doado R$ 500 mil para o comitê da campa-
mações sobre receitas, despesas e transferências na prestação de con- nha de José Serra (PSDB-SP) ao Senado, mas o paulista não declarou
tas entregue no ano passado pelo candidato à Presidência pelo PSDB, o recebimento em sua prestação;
Aécio Neves, derrotado no segundo turno pela candidata do PT, a atual 9) Dois escritórios de advocacia declararam ter recebido, cada um,
presidente, Dilma Rousseff. R$ 60 mil da campanha de Aécio, mas a prestação do tucano aponta
A prestação de contas do tucano ainda está sendo analisada pela valores menores, de R$ 56,3 mil e R$ 58,1 mil;
relatora do processo, ministra Maria Thereza de Assis Moura, e não 10) Fornecedores informaram ao TSE que receberam da campa-
tem data para ser julgada pela Corte. Uma eventual rejeição das contas nha R$ 2,3 milhões para prestar diversos serviços, mas a prestação de
ou aprovação com ressalvas não interfere no mandato de senador de contas teria omitido esses pagamentos na prestação final de campanha;
Aécio e leva, no máximo, à aplicação de multa. 11) Despesas de R$ 83,8 realizadas em julho não foram registra-
No último dia 14 de agosto, a ministra intimou Aécio Neves a das na primeira prestação de contas parcial, entregue em agosto, mas
esclarecer uma série de omissões e divergências nas contas. somente na prestação final;
Nesta segunda-feira (31), em Belo Horizonte, o senador afirmou 12) Despesas de R$ 1 milhão realizadas em setembro não foram
que os problemas apontados são “coisas eminentemente formais”. registradas na segunda prestação de contas parcial, entregue no mesmo
“Não há nenhuma denúncia – diferentemente do que ocorre em
mês, mas somente na prestação final;
relação às contas da presidente da República – de utilização de empre-
13) Problemas no registro das chamadas “doações indiretas”, isto
sas fantasmas, de pagamentos indevidos, sem a correspondente presta-
é, valores repassados pela conta de Aécio a outros candidatos oriundos
ção dos serviços”, disse Aécio Neves.
de doadores privados. A prestação de contas do tucano informa, por
“Os advogados já, imediatamente, comunicaram as correções,
exemplo, que repassou R$ 500 mil a outros prestadores de contas (can-
com as justificativas ao Tribunal Eleitoral. Não há nenhuma investiga-
didatos ou diretórios partidários) oriundos da Construbase Engenharia.
ção em relação a conta do PSDB”, declarou.
A assessoria do senador afirmou que as “inconsistências” não O valor, no entanto, não aparece na relação de doações recebidas na
configuram irregularidades e que todas as receitas e despesas estão prestação de contas do candidato.
identificadas. De acordo com a assessoria, houve “desencontros de in- 14) Comitê Financeiro da campanha registrou em sua prestação
formação” porque as transações são realizadas a partir de três contas de contas o recebimento de R$ 2 milhões do candidato, oriundos da
diferentes, uma em nome do candidato, outra do comitê financeiro e Construtora Odebrecht. A prestação de contas do tucano, no entanto,
uma terceira do partido. não teria contabilizado esse repasse feito ao comitê.
Em alguns casos, segundo a assessoria, prestadores de serviços 15) Doações oriundas de terceiro depositadas pelo Comitê Finan-
informaram ao TSE terem realizado serviços diretamente para o can- ceiro na conta de Aécio aparece como se tivesse outra origem na pres-
didato, mas o fizeram para empresas contratadas pela campanha. Em tação do candidato.
outras situações, repasses feitos a diretórios estaduais só puderam ser
registrados posteriormente porque o valor foi gasto depois, também Explicações
conforme a assessoria. Em resposta, o PSDB esclareceu alguns dos pontos questionados
‘Inconsistências’ pelo TSE. Explicou que as doações de R$ 3,9 milhões “foram devi-
Veja abaixo as 15 inconsistências apontadas pelos técnicos do damente declaradas”, mas que foram emitidos recibos em nome do
TSE na prestação de contas de Aécio Neves: PSDB Nacional em vez do PSDB do Ceará, que fez as despesas em
1) Repasse de R$ 3,9 milhões da direção nacional do PSDB e favor da campanha do partido.
de diretórios regionais à campanha de Aécio, mas declarados por ele Com relação a doações não declaradas nas prestações parciais, o
somente numa retificação entregue em março deste ano, e na prestação partido disse que eles foram declarados na prestação final “unicamente
em razão de trâmites contábeis posteriormente retificados” e que isso
final, entregue em novembro do ano passado.
não leva à desaprovação das contas.
2) O Comitê Financeiro informou que fez duas doações a Aécio Referindo-se a despesas de R$ 2,3 milhões registradas por pres-
no valor de R$ 651 mil em novembro, mas ele registrou o recebimento tadores, mas não por Aécio, o partido disse que algumas delas foram
em outubro. Uma terceira doação registrada pelo diretório mineiro no realizadas pelo partido e outras por empresas e profissionais à produto-
valor de R$ 5,7 mil foi declarada pelo candidato como sendo de R$ ra responsável pelos programas de TV do partido, e não ao candidato.
36 mil; O PSDB também explicou o valor doado pela Construbase não
3) O candidato declarou ter recebido R$ 4 milhões de diretórios entrou na receita da prestação de Aécio por erro na informação do doa-
do PSDB e do PTB, mas o valor não teria sido declarado pelos diretó- dor. O erro teria sido corrigido, totalizando doações de R$ 1,75 milhão
rios em suas respectivas prestações de contas; da construtora ao comitê financeiro.
4) Comitê do PSDB de Goiás e o candidato a deputado federal Em relação à doação da Odebrecht, o partido diz que o erro tam-

Didatismo e Conhecimento 51
HISTÓRIA/ATUALIDADES
bém foi corrigido, pois os R$ 2 milhões foram doados à Direção Na- REFORMA MINISTERIAL
cional do PSDB, que transferiu o valor ao comitê.
Pelo ajuste e contra impeachment, Dilma oferece cinco minis-
Celso de Mello autoriza inquéritos sobre Mercadante e Aloy- térios ao PMDB
sio Nunes A presidente Dilma Rousseff decidiu oferecer cinco ministérios
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao PMDB para atrair o apoio da legenda, aprovar o ajuste fiscal e barrar
autorizou a abertura de investigações sobre o ministro Aloizio Mer- um possível processo de impeachment. Para tanto, sacrificou uma das
cadante (Casa Civil) e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), principais pastas do PT, a Saúde, o que gerou descontentamento no
com base na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da seu partido. Ministério com o maior orçamento da Esplanada, é co-
UTC Engenharia. mandado pelo PT desde o primeiro mandato de Dilma. Ele é ocupado
Os dois pedidos de inquérito foram feitos pelo procurador-geral atualmente por um afilhado do ex-presidente Lula, Arthur Chioro.
da República, Rodrigo Janot, e repassados a Celso de Mello, por não A opção da presidente foi acalmar o PMDB diante da crise polí-
terem relação direta com o esquema de corrupção na Petrobras, segun-
tica. Assim, o Palácio do Planalto ofereceu dois ministérios à bancada
do as apurações preliminares. Por isso, o caso não ficou com o ministro
do partido na Câmara e dois aos parlamentares do Senado. Um quinto
Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo.
Para Janot, não há indícios de que as menções feitas por Pessoa ministro seria indicado pelos peemedebistas das duas Casas.
a Mercadante e Aloysio Nunes estão relacionadas a desvios na Petro- Se esse novo arranjo for oficializado, o principal partido aliado e
bras, mas sim a infrações eleitorais, com declaração incorreta de doa- fiel da balança neste momento de crise política, deverá ficar com cinco
ções às suas campanhas. ministérios na reforma --atualmente tem seis. Dilma manterá, pela cota
No pedido de abertura de inquérito, o procurador afirma não haver do Senado, Kátia Abreu na Agricultura, que a partir de agora abrigará
indícios de que os dois atuaram para desviar dinheiro da Petrobras e também o Ministério da Pesca. Além disso, Eduardo Braga continuará
ocultar a origem, só de que receberam dinheiro para campanha e não em Minas e Energia.
declararam corretamente. Assim, poderiam não ter conhecimento de Pela Câmara, além da Saúde, o PMDB ganharia mais uma pasta
uma origem supostamente ilegal do dinheiro. a ser criada a partir da fusão de Portos com Aviação Civil. Essa pas-
Para Mercadante, Pessoa disse que doou R$ 500 mil em 2010, ta de infraestrutura teria à frente Eliseu Padilha, homem de confiança
quando ele era candidato ao governo de São Paulo. Para o senador do vice-presidente Michel Temer, conforme sinalizou a presidente nas
Aloysio Nunes Ferreira, o empresário disse ter doado R$ 300 mil de conversas de ontem.
forma oficial e R$ 200 mil em dinheiro vivo, sem declaração. Apesar disso, deputados apresentaram outros nomes para essa
Caberá a Mello supervisionar as investigações, que podem incluir vaga, como José Priante (PA), primo do senador Jader Barbalho, Mau-
medidas como quebras de sigilo, tomada de depoimentos e intercepta- ro Lopes (MG), Celso Pansera (RJ) e Newton Cardoso Júnior (MG).
ções telefônicas, por exemplo. Embora o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
No início do mês, quando veio à tona a existência de um pedido de tenha dito que não indicaria ninguém, Pansera, um dos nomes lem-
investigação, Mercadante disse que se reuniu uma única vez com Ri- brados pela bancada, é seu aliado. O deputado foi citado pelo doleiro
cardo Pessoa e que recebeu R$ 500 mil em doações, com comprovação Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, como “pau mandado de
por meio de recibo e prestação de contas à Justiça Eleitoral. Cunha”. Afilhado de Temer e de Cunha, Henrique Eduardo Alves, ex
“Reafirmo que em toda a minha vida me reuni uma única vez com -presidente da Câmara, deve seguir no Turismo. Essa seria a indicação
o senhor Ricardo Pessoa, por sua solicitação. Na oportunidade, não era de consenso das duas Casas.
ministro de Estado, mas senador e pré-candidato ao governo do Estado
de São Paulo, em 2010. Nāo há, portanto, qualquer relação com as Petistas
apurações de fraude na Petrobras” declarou na nota.
Na tentativa de resistir, Arthur Chioro se reuniu no Palácio do
Também no início do mês, o presidente do PSDB saiu em de-
Planalto com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Diante do
fesa de Aloysio Nunes. “O senador Aloysio Nunes, cuja biografia é
reconhecida e respeitada até mesmo por seus adversários, foi um dos mal-estar causado no PT com a notícia da mudança, um emissário de
Dilma chegou a telefonar para Chioro, à tarde, para dizer que o gover-
primeiros a denunciar toda essa operação da qual, por razões óbvias,
no precisava ceder o posto ao PMDB. A medida era necessária, segun-
jamais poderia ter participado”, afirmou à época, em nota.
do esse interlocutor, para manter o partido na base de sustentação no
Fonte: G1 – (22/09/2015)
Congresso, dar sinais positivos ao mercado e “conter a alta do dólar”.
Chioro foi indicado pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, com
as bênçãos de Lula. As informações sobre sua saída provocaram revol-
ta no PT e nova divisão no PMDB.
Mesmo com a decisão do vice-presidente Michel Temer de não
indicar ministros para a equipe de Dilma, o PMDB mostrou a divisão
entre seus grupos. O líder na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), avisou
que a bancada queria a Saúde. A partir daí, os articuladores políticos do
Planalto começaram a negociar com ele a indicação do PMDB do Rio,
em consórcio com deputados do partido em Minas.
O primeiro nome apresentado para ocupar o ministério foi o do
deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG), mas Dilma o vetou.
Ontem à noite, o governo discutia os outros dois nomes indicados pe-
los deputados peemedebistas - Manoel Júnior (PB), aliado de Cunha, e
Marcelo Castro (PI), que trocou acusações com o presidente da Câma-
ra por causa da reforma política.

Didatismo e Conhecimento 52
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Com as mudanças, o governo pretende organizar sua relação com Criada em 2011 pelo governo, a renúncia fiscal atingiu, em 2014,
o PMDB e depois partir para tentar reaglutinar outros partidos da base cerca de R$ 22 bilhões. A desoneração trocava a contribuição patronal
aliada. Os novos arranjos vão tratar de siglas como o PSD, do ministro de 20% sobre a folha de pagamentos para a Previdência por alíquotas
Gilberto Kassab (Cidades), o PTB e o PP. incidentes na receita bruta das empresas. Com a sanção de Dilma, o
As mudanças têm no horizonte frear o avanço do impeachment governo aumentou as duas alíquotas atuais de 1% e 2% para, respec-
no Congresso e aprovar o pacote fiscal que inclui, entre outros pontos, tivamente, 2,5% e 4,5%. A mudança poderá resultar em uma arreca-
a volta da CPMF. dação de cerca de R$ 10 bilhões. As novas alíquotas só entrarão em
Fonte: Uol Notícias - (23/09/2015) vigor em 1º de dezembro, porque a lei determina prazo de 90 dias para
a mudança na tributação.
Pepe Vargas deve retornar à Câmara com reforma ministerial
O ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas, re- Veto de Dilma à proposta que muda a aposentadoria é man-
velou a interlocutores que deverá retomar seu mandato na Câmara dos tido pelo Congresso
Deputados assim que a presidente Dilma Rousseff anunciar a reforma Após mais de seis horas de deliberações, foi encerrada a sessão
ministerial, o que deve ocorrer ainda nesta semana. do Congresso que analisava os vetos presidenciais a diversas maté-
Pepe Vargas e outros ministros da área social, como Miguel Ros- rias, sem que fosse apreciado o veto da presidente Dilma Rousseff ao
setto (Secretaria-Geral), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulhe- aumento de servidores do Poder Judiciário. Os parlamentares manti-
res) e Nilma Lino Gomes (Igualdade Racial), se reuniram com Dilma veram 26 dos 32 vetos na pauta, inclusive de temas polêmicos como a
na última quinta-feira (24), no Palácio da Alvorada, para discutir as mudança no fator previdenciário e a isenção de PIS/Cofins para óleo
mudanças no primeiro escalão. diesel. Mas, depois das 2h da manhã, partidos da oposição e alguns da
Após o encontro na residência oficial da Presidência, Pepe contou base decidiram entrar em obstrução para derrubar a sessão.
a assessores próximos que Dilma informou os ministros sobre a inten- Depois de manter os vetos do fator previdenciário e do óleo diesel,
ção de criar um ministério que absorva as pastas de Direitos Humanos, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), comemorou as vitórias
Mulheres, Igualdade Racial e parte das atribuições da Secretaria-Geral. e disse antever que a sessão cairia por falta de quórum. Parlamentares
Deputado federal licenciado, Pepe pretende retomar o mandato na de partidos da oposição, como PSDB, PPS e PSOL decidiram obstruir
Câmara com a saída do primeiro escalão. Ele comandou três pastas ao a votação antes que o veto ao aumento do Judiciário fosse apreciado.
longo do governo Dilma Rousseff: Desenvolvimento Agrário, Rela- O restante dos vetos, inclusive do Judiciário, ficará para uma próxima
ções Institucionais e Direitos Humanos. sessão, que pode se apenas em outubro.
— O governo já obteve três vitórias, com a manutenção do fator e
Integrante da corrente petista Democracia Socialista (DS), Pepe
do óleo diesel e ainda dos ex-territórios. A oposição que não quer mais
foi deslocado para a Secretaria de Direitos Humanos há pouco mais
votar. Resolvemos 75% dos vetos, faltando apenas o do reajuste dos
de cinco meses. Ele teve de deixar o comando da articulação política
servidores — comemorou o líder do governo na Câmara.
do Palácio do Planalto em razão de divergências com o presidente da
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), tam-
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro foi um dos articula-
bém comemorou o resultado e disse que irá defender junto ao presi-
dores da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presi-
dente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que a sessão para
dência da casa legislativa.
concluir a análise do veto ao reajuste no Judiciário seja feita em breve.
impasse na reforma
— A mobilização foi muito forte, especialmente na Câmara. E a
Na tentativa de retomar o apoio da base aliada no Congresso Na-
presidente Dilma tem condições de manter a mobilização. A oposição
cional com a reforma ministerial, a presidente tem promovido uma viu que não tinha condições de vencer e derrubou a sessão. Hoje foi um
série de reuniões diárias nas últimas semanas para tentar refazer a cor- dia importante e o mercado vai verificar isso — disse Delcídio.
relação de forças na Esplanada dos Ministérios. Nos encontros, Dil- Na sessão do Congresso iniciada na noite desta terça-feira e que
ma tem conversado com ministros, líderes partidários e dirigentes das varou a madrugada, os parlamentares mantiveram vetos com potencial
legendas que integram a base governista, além do ex-presidente Luiz de gerar forte impacto nas contas públicas, como o veto presidencial às
Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Michel Temer. mudanças no cálculo do fator previdenciário e o que garante isenção de
Inicialmente, Dilma pretendi anunciar as mudanças no primeiro PIS/ Cofins para óleo diesel.
escalão na última quarta-feira (23). No entanto, um impasse em torno A mudança no fator previdenciário era um dos pontos que mais
do espaço do PMDB na Esplanada inviabilizou a conclusão da reforma preocupava o governo já que, se derrubado, poderia aumentar as des-
ministerial. pesas do Regime Geral da Previdência Social em R$ 883 bilhões até
Fonte: G1 - (29/09/2015) 2050. Já as alterações sobre a tributação ao óleo diesel poderiam gerar
um impacto de R$ 64,6 bilhões até 2019, segundo cálculos do Minis-
Dilma sanciona lei que reduz desoneração da folha de paga- tério do Planejamento.
mento O texto que flexibilizava o fator previdenciário, aprovado como
A presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que revê a desone- emenda a uma das Medidas Provisórias do ajuste fiscal, estabelecia
ração na folha de pagamento concedida a 56 setores da economia e a regra “85/95”, que permite a aposentadoria integral quando a soma
aumenta as alíquotas incidentes sobre a receita bruta das empresas. A da idade e do tempo de contribuição atingir 85 no caso das mulheres
presidenta vetou um trecho da lei que previa tributação diferenciada ou 95 anos para os homens. Para compensar o veto, Dilma enviou ao
para o setor têxtil. A lei foi aprovada no dia 19 de agosto pelo Senado Congresso uma Medida Provisória com uma regra de progressividade
após meses de negociação e era a última medida do ajuste fiscal que para o cálculo das aposentadorias, baseada na mudança de expectativa
dependia de aprovação do Congresso. de vida.

Didatismo e Conhecimento 53
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A manutenção dos vetos foi uma vitória para o governo, que até a PMDB garantiu 45 votos
segunda-feira tentava adiar a votação, temendo ser derrotado. Somente Além do veto presidencial ao projeto que garante reajustes aos
na manhã de ontem o governo mudou sua estratégia de adiamento e servidores do Judiciário, outros vetos também preocupavam o gover-
decidiu enfrentar a questão no plenário ontem à noite. Encorajada pela no. Entre eles, o veto à extensão do reajuste do salário-mínimo a todos
sinalização positiva da bancada do PMDB na Câmara e temendo uma os benefícios do INSS, ou seja, aos aposentados e pensionistas; o que
piora no quadro que levou o dólar a disparar, Dilma entrou em campo garante isenção de Imposto de Renda a professores para a compra de
pessoalmente para evitar uma derrota do governo e acionou seus mi- livros didáticos (impacto de R$ 16 milhões até 2019), entre outros.
nistros para que telefonassem aos parlamentares não só da base, mas A garantia da bancada do PMDB na Câmara de que ao menos 45
deputados do partido votariam a favor da manutenção dos vetos en-
também da oposição, apelando pela manutenção dos vetos.
corajou a presidente a defender a análise imediata. O apoio foi conse-
Aos parlamentares com quem conversou, a presidente disse estar guido a partir do compromisso de Dilma de nomear dois deputados da
preocupada com a alta do dólar, que ontem passou de R$ 4, a maior bancada para a Esplanada dos Ministérios. O líder do partido, Leonar-
cotação da história do Real. Disse também, segundo relatos feitos ao do Picciani (PMDB-RJ), que vai levar a Dilma hoje as indicações de
GLOBO, que tem preocupação com novos rebaixamentos do grau de nomes para compor o ministério no âmbito da reforma administrativa,
investimento do Brasil por outras agências de risco. A alguns parla- deixou claro que as mudanças que estão sendo promovidas no governo
mentares, a presidente disse que a derrubada dos vetos causaria uma servirão para conquistar os votos necessários para manter os vetos.
situação de extrema dificuldade para o país. Foram analisados 32 ve- — É fundamental que a reforma ministerial sirva para isso. Ela
tos. O rombo calculado pelo governo em caso de derrubada era de R$ está sendo feita com dois objetivos. O primeiro é cortar gastos. O se-
127,8 bilhões. gundo é reorganizar a correlação de forças dentro da base de apoio do
Segundo líderes aliados, que consideravam arriscada a votação, governo — disse.
Dilma ligou para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB No início da tarde desta terça-feira, o líder do governo, José Gui-
-RJ), para dizer que o melhor seria enfrentar de uma vez a questão no marães (PT-CE), esteve com Leonardo Picciani para definir a manu-
tenção da sessão. Até a noite de segunda-feira, líderes aliados conta-
Congresso. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
bilizavam apenas 200 dos 257 votos necessários para manter os vetos.
esteve com Dilma no início da tarde desta terça-feira e passou a defen- Nenhum dos líderes arriscou dizer que o governo teria o número de
der a votação dos vetos presidenciais à noite. Mais cedo, antes do en- votos suficientes para evitar a derrubada dos vetos, mas defenderam
contro com Dilma, Renan havia defendido o adiamento. Ele se reuniu que o melhor neste momento é encerrar de uma vez a questão.
com os líderes aliados e contava com a fidelidade dos senadores para — É melhor vencermos logo essa agonia. Passamos por dias de
manter os vetos mais importantes. muita instabilidade, o país não suporta mais aumento de despesas.
— Se houver uma maioria que desfaça qualquer possibilidade de Qualquer passo em falso pode agravar ainda mais a situação. Até com
desarrumar ainda mais a economia, acho que pode apreciar — afirmou. a oposição precisamos dialogar. É fundamental manter esses vetos.
A derrubada do veto ao aumento dos servidores do Judiciário cau- Prefiro que o Congresso seja chamado a essa reflexão de uma vez —
saria um rombo de R$ 36,2 bilhões em quatro anos. O reajuste médio afirmou Guimarães.
é de 56%, mas pode chegar a 78,56% em alguns casos. Dilma chegou Os servidores do Judiciário pressionaram os parlamentares a der-
a telefonar para uma senadora da oposição, Ana Amélia (PP-RS), para rubar os vetos. Um grupo de servidores, que conseguiu senha e acesso
pedir ajuda. Mas, acabou ouvindo um “não”. A senadora disse à pre- à Câmara, fez uma espécie de corredor polonês na entrada do plenário
da Casa. Entre os mais festejados pelos manifestantes estavam os se-
sidente que havia assumido um compromisso com o Judiciário e que
nadores Paulo Paim (PT-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Ana
não seria coerente manter o veto ao aumento salarial para a categoria.
Amélia (PP-RS).
Ana Amélia disse, porém, que poderia avaliar sua postura em relação Já no lado de fora do Congresso, servidores do Judiciário ocupa-
aos demais vetos presidenciais. ram o gramado em frente à Câmara com vuvuzelas, bastões e piscando
A presidente argumentou, segundo relato de um senador que con- luzes dos celulares Por alguns momentos, foi aberta uma grande faixa
versou com ela, que é preciso suspender a onda de notícias negativas e com a inscrição “impeachment”, depois fechada.
manter o veto ao projeto que reajustou os salários do Judiciário. Além Fonte: O Globo - (22/09/2015)
da preocupação com a alta do dólar, a manutenção do veto, segundo
Dilma, fará com que ela viaje aos Estados Unidos, amanhã, “mais tran- Parlamentares entregam representação a Janot na qual pe-
quila”, e o governo consiga “respirar” em meio à crise. dem afastamento de Cunha
O senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos parlamentares que Um grupo de sete parlamentares entregou nesta quinta-feira
recebeu telefonema da presidente, chegou a aconselhá-la a trabalhar (03/09) ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, uma repre-
pelo adiamento da votação. O senador alertou Dilma de que o governo sentação com um pedido cautelar de afastamento do presidente da Câ-
“estaria acabado” se perdesse a votação. mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado por corrupção e lava-
gem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras. O pedido está
Ao longo do dia, ficou claro que a tendência dos parlamentares,
condicionado ao recebimento da denúncia contra Cunha no Supremo
tanto na base, quanto na oposição, era de manter os vetos. Pesou nos Tribunal Federal (STF).
cálculos oposicionistas a perspectiva de poder em um futuro próximo O documento entregue a Janot destaca que Cunha tem usado o
e o tamanho do problema que o próximo governo poderia herdar com cargo de presidente da Casa para benefício próprio e para tentar obs-
a derrubada dos vetos. truir os andamentos das investigações. Segundo o senador Randolfe
— Eu defendia antes que os vetos fossem derrubados para acabar Rodrigues (PSOL-AP), a representação se baseia no artigo 86 da Cons-
logo com esse governo. Mas agora acho que o governo está tão perto tituição, que diz que o presidente da República não pode ser réu em
de acabar, que estou achando melhor manter esses vetos para não com- ação em ação no STF e, sendo réu, é necessário seu afastamento por
prometer quem vier depois — explicou um senador da oposição. até 180 dias para que ele seja julgado.

Didatismo e Conhecimento 54
HISTÓRIA/ATUALIDADES
“Como o presidente da Câmara é o terceiro na linha sucessória, ESTATUTO DA FAMÍLIA
obviamente esse dispositivo constitucional se aplica a ele”, explicou.
“Além disso, é de notório conhecimento o comportamento do presi- Comissão aprova definição de família como união entre ho-
dente da Câmara obstacularizando as investigações da Operação Lava mem e mulher
Jato”, completou. Em reunião tumultuada, a comissão especial que discute o Esta-
A peça apresentada nesta quinta-feira pelo grupo de parlamentares tuto da Família na Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira
está vinculada ao prazo do STF em aceitar a denúncia contra Cunha. (24) o texto principal do projeto, que define família como a união entre
Esse prazo, entretanto, pode ser ampliado, já que os advogados do pee- homem e mulher. A comissão aprovou o relatório por 17 votos favorá-
medebista solicitaram que o período de 15 dias para que Cunha apre- veis e 5 contrários, mas quatro destaques ao texto ainda precisam ser
aprovados.
sente sua defesa seja alterado para 30 dias. A decisão pode sair ainda
Os deputados chegaram a iniciar a discussão dos destaques, mas
nesta quinta e, como o Supremo já concedeu a ampliação do prazo para
as votações no plenário, presididas por Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), é possível que foram iniciadas.
Cunha seja beneficiado. De acordo com o regimento interno da Casa, nenhuma comissão
Em meados de agosto, Janot apresentou ao STF acusação for- pode votar projetos e destaques simultaneamente ao plenário. Assim,
mal contra Cunha. A denúncia instaurou na Câmara um movimento os destaques devem ser apreciados em uma próxima reunião.
de oposicionistas pelo afastamento do peemedebista do comando da Trâmite
Casa. Cunha, entretanto, sempre tem dito que não cogita renunciar e Após a conclusão da votação, a regra é que o projeto siga para o
nem se afastar da presidência da Câmara. Senado sem necessidade de ser votado pelo plenário da Câmara. De-
Assinaram o documento os senadores Randolph Rodrigues putados podem, entretanto, apresentar recurso para pedir que o texto
(PSOL-AP) e Lasier Costa Martins (PDT-RS) e os deputados Chi- seja votado pelo plenário antes de ir para o Senado. A deputada Érika
Kokay (PT-DF), contrária ao projeto, já adiantou que fará isso.
co Alencar (PSOL-RJ), Edmilson Brito Rodrigues (PSOL-PA) Jean
Após o fim da reunião que aprovou o Estatuto da Família, depu-
Wyllys (PSOL-RJ), Alessandro Molon (PT-RJ) e Glauber Braga (PS-
tados favoráveis à definição de família como união heterossexual se
B-RJ). reuniram para uma fotografia e comemoraram a aprovação do projeto.
Para Chico Alencar, o parlamento brasileiro “não pode aceitar que O parecer do relator do projeto de lei que cria o Estatuto da Famí-
se naturalizem” investigações e denúncias contra “representantes da lia, deputado federal Diego Garcia (PHS-PR), define a família como a
população”. “Há um corporativismo que faz com que esse assunto seja união entre homem e mulher por meio de casamento ou união estável,
esquecido lá”, disse. “Mas o cinismo parlamentar não vai preponde- ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os fi-
rar”, disse. lhos.
O deputado petista Alessandro Molon disse que a vinda à PGR O texto dispõe sobre os direitos da família e as diretrizes das polí-
acontece depois de os parlamentares fazerem “tudo que podiam” na ticas públicas voltadas para atender a entidade familiar em áreas como
Câmara. “Chegamos ao limite do que podíamos fazer neste momen- saúde, segurança e educação. De autoria do deputado Anderson Ferrei-
ra (PR-PE), a proposta tramita na casa desde 2013.
to”, disse. Segundo ele, caso Janot peça ao Supremo o afastamento de
Cunha e o Supremo determine que ele deixe o cargo, o processo não
Discussão
volta para a Câmara. “Sendo afastado, a Câmara terá que realizar no- Logo no início da sessão, antes mesmo de os parlamentares come-
vas eleições no prazo de cinco sessões, que é o que está no regimento, çarem a discutir o texto do projeto, a deputada Érika Kokay (PT-DF)
porque a Câmara não pode ficar sem presidente”, afirmou. afirmou que o projeto “institucionaliza o preconceito e a discrimina-
Além de ser o responsável por enviar a acusação formal contra ção”.
Cunha, ontem, Janot enviou ao STF um parecer contrário ao recurso O deputado Takayama (PSC-PR) interrompeu a deputada e gritou
da Câmara dos Deputados que questiona a decisão do ministro Luis que “homem com homem não gera” e “mulher com mulher não gera”.
Roberto Barroso de indicar que contas de presidentes da República Em seguida, manifestantes contrários ao projeto rebateram: “não gera,
devem ser apreciadas em sessão conjunta do Congresso, com deputa- mas cria”.
dos e senadores. A decisão de Barroso, do último dia 13, enfraquece as Mais tarde, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) criticou o texto
do relator. Ela disse que “dá nojo” ler o texto e afirmou que o deputa-
articulações do presidente da Câmara, que ditavam o ritmo do processo
do usou apenas preceitos religiosos em seu relatório. “O seu parecer é
de apreciação do balanço contábil relativo à gestão Dilma Rousseff
péssimo. E acho que a Câmara dos Deputados é melhor do que isso”,
em 2014. afirmou.
O deputado Bacelar (PTN-BA) defendeu que os homossexuais
Manifesto têm direito de receber igual proteção às famílias compostas por casais
No fim de agosto, um grupo de 36 deputados opositores a Cunha heterossexuais.
divulgou um manifesto em que pede a saída do peemedebista do cargo. “Que país é este? Que sociedade é esta que estamos construindo?
Não há na lista nenhum parlamentar do PSDB, do Solidariedade e do Seria mais fácil, talvez, substituir a Constituição pela Bíblia”, ironizou.
DEM. Do PMDB, só há o apoio do deputado Jarbas Vasconcelos (PE). O texto, segundo Bacelar, representa um retrocesso para a socie-
Dentre os apoiadores, o maior número vem do PT (18, ou 30% da dade brasileira. “[O projeto] está excluindo, punindo e discriminando a
bancada). Há ainda deputados do PSB, PPS, PSOL, PROS, PSC e PR. família formada por um casal homoafetivo. Está fomentando a intole-
rância. É isso o resultado desse projeto de lei”, disse.
Fonte: Época Negócios – (03/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 55
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Por outro lado, o deputado Evandro Gussi (PV-SP) defendeu o “Claramente a realidade é diferente das expectativas que foram
projeto do Estatuto da Família. “Queremos que todas as pessoas ho- criadas. A queda da popularidade que foi muito rápida nas últimas três
mossexuais tenham seus direitos garantidos, mas a Constituição disse pesquisas. Esse ano, a popularidade dela começou a cair a cair quando
que a família merece uma especial proteção, porque é base da socie- as pessoas perceberam que havia um problema na economia”, afirmou.
dade”, disse. Eleitores de Aécio
O deputado Elizeu Dionizio (SD-MS) também defendeu o tex- Quando avaliados os eleitores de Aécio Neves (PSDB-MG), que
to de Diego Garcia e disse que, mesmo com as tentativas de adiar a foi derrotado por Dilma no segundo turno das eleições presidenciais, a
votação, os defensores do projeto sairiam vitoriosos na reunião desta popularidade de petista é ainda pior.
quinta. Apenas 1% dos eleitores do tucano avaliavam o governo petista
como “ótimo” ou “bom” entre julho e setembro. Já os que avaliam
Adiamento como “ruim” ou “péssimo” são 89% em setembro.
Deputados contrários ao texto do Estatuto da Família apresen- Fonte: Uol - (30/09/2015)
taram requerimentos para adiar a apreciação do texto, mas eles não
foram aprovados. OPERAÇÃO LAVA JATO
Um desses parlamentares foi o deputado Glauber Braga (PSOL
Ex-deputado André Vargas (ex-PT) é o primeiro político con-
-RJ), que apresentou requerimento de adiamento da votação por cinco
denado na Lava Jato
sessões. A Justiça Federal condenou o ex-deputado André Vargas (ex-PT/
Braga acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB PR) a 14 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem
-RJ), de atrasar o início da sessão no plenário para que a votação sobre de dinheiro supostamente desviado de contratos de publicidade da Cai-
o Estatuto da Família acontecesse ainda nesta quinta na comissão. A xa Econômica Federal. É o primeiro político condenado na Operação
partir do momento em que a ordem do dia tem início no plenário da Lava Jato. Segundo sentença do juiz federal Sérgio Moro, o ex-parla-
Casa, as comissões não podem mais realizar votações. mentar ‘recebeu propina não só no exercício do mandato de deputado
O primeiro vice-presidente da comissão que debate o Estatuto da federal, mas também da função de vice-presidente da Câmara dos De-
Família é o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), conhecido por seu putados, entre os anos de 2011 a 2014, período em que praticou a maior
conservadorismo e por defender a “cura gay”. Ele chegou a presidir a parte dos fatos criminosos’.
reunião desta quinta. O presidente da comissão é o deputado Sóstenes Também foram condenados o publicitário Ricardo Hoffmann - 12
Cavalcante (PSD/RJ). anos e dez meses – e o irmão do ex-deputado, Leon Denis Vargas Ilá-
Fonte: G1 - (24/09/2015) rio, a 11 anos e quatro meses.
Moro avalia a ‘personalidade desfavorável’ de Vargas e cita, na
AVALIAÇÃO DO GOVERNO DILMA sentença, uma passagem marcante do ex-deputado relativa ao Su-
premo Tribunal Federal. “A responsabilidade de um vice-presidente
Mais da metade dos eleitores de Dilma desaprovam o gover- da Câmara é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade
no, aponta Ibope quando pratica crimes. A vetorial personalidade também lhe é desfavo-
Mais da metade dos eleitores de Dilma Rousseff em 2014 desa- rável. Rememoro aqui o gesto de afronta do condenado ao erguer o pu-
provam o governo da presidente segundo pesquisa Ibope encomen- nho cerrado ao lado do então Presidente do Supremo Tribunal Federal,
dada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta o eminente Ministro Joaquim Barbosa, na abertura do ano legislativo
quarta-feira (30). de 2014, em 4 de fevereiro de 2014, e que foi registrado em diversas
De acordo com a pesquisa, 52% dos entrevistados que afirmaram fotos.”
ter votado em Dilma no ano passado avaliam o governo da petista “O parlamentar, como outros e talvez até mais do que outros, tem
como “ruim” ou “péssimo”. Na pesquisa anterior, divulgada em julho, plena liberdade de manifestação”, prosseguiu o juiz. “Protestar contra
o julgamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal na Ação Penal
esse número era de 53%.
470 é algo, portanto, que pode e poderia ter sido feito por ele ou por
A pesquisa CNI/Ibope foi realizada entre os dias 18 e 21 de setem-
qualquer um, muito embora aquela Suprema Corte tenha agido com o
bro com 2.002 pessoas em 140 municípios e tem uma margem de erro
costumeiro acerto. Entretanto, retrospectivamente, constata-se que o
de dois pontos percentuais. condenado, ao tempo do gesto, recebia concomitantemente propina em
Somados todos os entrevistados, a aprovação ao governo Dilma é contratos públicos por intermédio da Borghi Lowe. Nesse caso, o ges-
de 10% em setembro, contra 9% em julho. O índice de reprovação ao to de protesto não passa de hipocrisia e mostra-se retrospectivamente
governo, que em julho era de 68%, chegou a 69% em setembro. revelador de uma personalidade não só permeável ao crime, mas tam-
Quando avaliados apenas os entrevistados que afirmaram ter vo- bém desrespeitosa às instituições da Justiça. Conduta social, motivos
tado em Dilma, o índice de aprovação (“ótimo” ou “bom”) ao governo e comportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias de-
petista passou de 19%, em julho, para 17%, em setembro. vem ser valoradas negativamente. A prática dos crimes de corrupção
Para o gerente de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, o alto envolveu o pagamento de propinas de pelo menos R$ 1.103.950,12
índice de eleitores da presidente Dilma que reprovam o seu governo é por intermédio de contratos de publicidade firmados com a Caixa e o
resultado de uma “frustração de expectativas”. Ministério da Saúde, um valor expressivo. As consequências também
“A ficha caiu. Só agora que as pessoas perceberam a crise e isso devem ser valoradas negativamente, uma vez que o custo das propinas
gera desapontamento e as pessoas acabam mudando de opinião”, afir- foi arcado pelas entidades públicas, prejudicando-as no mínimo em
mou Fonseca. igual medida do benefício ao condenado. Considerando quatro veto-
Para o coordenador, os entrevistados estão descontentes com a di- riais negativas, de especial reprovação, fixo, para o crime de corrupção
ferença entre as promessas de Dilma durante a campanha e a realidade passiva, pena de quatro anos e seis meses de reclusão.”
do ajuste fiscal e da crise econômica. Fonte: Istoe.com.br – (22/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 56
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Suposto operador do PMDB na Lava Jato se entrega à polícia Lava Jato condena Vaccari, Duque e mais oito por desvios na
no Rio Petrobras
João Rezende Henriques, apontado pela Operação Lava Jato A Justiça condenou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto a
como o maior operador de propina na Diretoria Internacional da Pe- 15 anos de prisão nas investigações da Lava Jato. Outras nove pessoas
trobras, se entregou na Superintendência da Polícia Federal (PF) do também foram condenadas pelos desvios na Petrobras
Rio de Janeiro no início da tarde desta segunda-feira (21). O mandado João Vaccari Neto foi condenado pelos crimes de corrupção e la-
de prisão temporária contra ele foi expedido na 19ª fase da operação,
vagem de dinheiro. Ele pegou 15 anos e quatro meses de prisão, mais
deflagrada nesta manhã.
Nela também foi cumprido mandado de prisão preventiva – sem multa de R$ 826.016.
prazo determinado – contra José Antunes Sobrinho, um dos donos da Renato Duque foi condenado a 20 anos e oito meses de cadeia por
Engevix. Ele é investigado por ter pago R$ 140 milhões de propina da corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além de uma
empresa para a Eletronuclear. Sobrinho foi preso em casa, em Floria- multa de R$ 1,25 milhão.
nópolis, e chegou à sede da PF, em Curitiba, no início desta tarde. O Ministério Público apontou pagamento de propina de mais de
Esta nova etapa da Lava Jato representa um avanço nas investiga- R$ 136 milhões em quatro obras da Petrobras. Mais de R$ 4,2 milhões
ções da 15ª, 16ª e 17ª fases e está associada ao pagamento de propina a teriam sido entregues a João Vaccari Neto e ao Partido dos Trabalhado-
partir de contratos na Eletronuclear. res, inclusive por meio de doações oficiais de campanha.
Na sentença, o juiz Sergio Moro afirma que as doações aparentam
PMDB ser uma espécie de parcelamento de uma dívida. Ele cita as doações
A Polícia Federal associa o nome de João Henriques ao PMDB, mensais de R$ 60 mil entre junho de 2009 e janeiro de 2010 e entre
uma vez que ele agiria como operador do partido. abril e julho de 2010.
“Esse operador é investigado por intermediar o pagamento de pro-
O juiz sustenta também que o elemento mais reprovável do es-
pinas com destaque, especificamente, por um contrato de compra de
navios-sonda pela Petrobras no valor de mais de 1,8 bilhão de dólares, quema criminoso da Petrobras é a contaminação da esfera política pela
em que a propina ultrapassa 30 milhões de dólares. Há um indicativo influência do crime
do envolvimento do PMDB, até por ser um partido que vem sendo Também nesta segunda-feira (21) a Polícia Federal deflagrou a
mencionado quando se diz respeito a diretoria Internacional”, disse o 19ª fase da Operação Lava Jato. José Antunes Sobrinho, dono da cons-
delegado Igor Romário de Paula. trutora Engevix, foi preso em Florianópolis. A prisão dele é preventiva.
A direção do PMDB afirma que jamais autorizou ninguém a agir Os investigadores sustentam que ele conseguiu contrato com a
como intermediário, lobista ou operador junto à Petrobras. Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, depois de ter pago propina
para Othon Pinheiro da Silva, ex-presidente da estatal. Othon está pre-
Contato com testemunhas so há quase dois meses
Sobre a prisão de um dos donos da Engevix, o Ministério Público A 19ª fase também investiga fraudes na Diretoria Internacional da
Federal (MPF) afirmou que José Antunes Sobrinho entrou em contato Petrobras durante a gestão de Jorge Zelada, que está preso. As inves-
com testemunhas da Lava Jato para alterar a verdade. tigações apontaram o pagamento de propina na compra de um navio
A propina paga pela empresa para Othon Luiz Pinheiro, ex-di-
sonda.
retor-presidente da Eletronuclear teria ocorrido por meio de contratos
da Engevix com a estatal entre 2011 e 2013. De acordo com o MPF, Também foi preso nesta segunda-feira João Augusto Henriques,
Sobrinho realizou pagamentos de propina já com a operação em curso. apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção. A pri-
“Ele [Sobrinho] fez movimentações em janeiro de 2015, inclu- são dele é temporária.
sive, quando outro diretor da Engevix estava preso. Isso demonstra o Segundo a investigação, o operador teria simulado contratos de
quanto eles não têm limites nas suas operações”, disse o procurador prestação de serviços para receber dinheiro de empreiteiras investiga-
Carlos Fernandes Santos Lima. das no escândalo.
“Os casos do mensalão, do petrolão, Eletronuclear são todos co-
Réus nexos porque dentro deles esta a mesma organização criminosa”, afir-
Tanto Sobrinho quanto Henriques já são réus em ações penais ma o procurador Carlos Fernando Lima.
oriundas na Lava Jato que tramitam na primeira instância da Justiça Fonte: G1 – (22/09/2015)
Federal em Curitiba.
Sobrinho responde pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de MENSALÃO
dinheiro na mesma ação que envolve o ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, referente a 17ª fase da operação.
Já Henriques responde por corrupção passiva e lavagem de di- Após extradição, Pizzolato deverá começar a cumprir pena
nheiro na mesma ação em que Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área na Papuda
Internacional da Petrobras. As acusações partiram da 15ª fase da Lava O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzola-
Jato. to, condenado no processo do mensalão, deverá, inicialmente, começar
a cumprir pena na Penitenciária da Papuda, nos arredores de Brasília,
Esquemas conexos quando chegar ao país após a conclusão do processo de extradição,
De acordo com o MPF, o Mensalão, o Petrolão e os casos de cor- conforme informado pela Procuradoria Geral da República.
rupção descobertos na Eletronuclear estão ligados. Posteriormente, a defesa de Pizzolato, no entanto, poderá requerer
Carlos Fernandes Santos Lima disse que os esquemas são cone- sua transferência para dois presídios localizados em Santa Catarina,
xos, e que as autoridades trabalham com a hipótese de que tudo co- onde tem familiares: em Curitibanos ou Itajaí. Todas as unidades fo-
meçou na Casa Civil, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio ram vistoriadas pela PGR, que garantiu às autoridades italianas terem
Lula da Silva, quando Dirceu comandou a pasta. condições de alojar o ex-diretor do BB, sem risco à sua integridade
Fonte: G1 – (21/09/2015) física e moral.

Didatismo e Conhecimento 57
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Nesta terça (22), o Conselho de Estado da Itália, última instância Ao justificar o veto, a presidente Dilma Rousseff se baseou na
da justiça administrativa do país europeu, rejeitou uma decisão liminar decisão Supremo que considerou a doação de campanha por empresas
anterior que suspendia a extradição. inconstitucional.
Com a decisão, o governo italiano está apto para entregar o petista “A possibilidade de doações e contribuições por pessoas jurídicas
ao Brasil. Ele, no entanto, ainda tem a possibilidade de recorrer à Corte a partidos políticos e campanhas eleitorais, que seriam regulamentadas
Europeia de Direitos Humanos, sediada em Estrasburgo, na França, por esses dispositivos, confrontaria a igualdade política e os princípios
paralisando novamente o processo. republicano e democrático, como decidiu o Supremo Tribunal Federal
Na sessão desta terça, foram analisados novos documentos e ví- - STF”, diz a justificativa.
deos entregues pelo Brasil para assegurar o respeito aos direitos fun- Diante do veto de Dilma, caberá ao Congresso Nacional analisá-lo
damentais dos presos. A defesa de Pizzolato usava como argumento e decidir se o mantém ou o derruba. Para derrubar um veto presiden-
contra a extradição as más condições das cadeias no Brasil. cial, são necessários 257 votos de deputados e outros 41 de senadores.
Pizzolato fugiu em 2013 do Brasil para escapar da prisão. Ele foi A próxima sessão de votação de vetos presidenciais está marcada para
preso no início de 2014 na Itália e desde então o governo brasileiro esta quarta-feira (30).
tenta a extradição. Nesta terça-feira, em uma manobra para permitir o financiamento
Em nota, o Ministério da Justiça do Brasil disse que “as autori- empresarial de campanha nas eleições de 2016, o presidente da Câma-
dades brasileiras estão prontas para cumprir o processo de extradição ra, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), exigiu que eventual veto da presiden-
do Sr. Henrique Pizzolato, tão logo receba as informações sobre o mo- te Dilma Rousseff a doações empresariais fosse incluído na pauta da
mento em que será feita a entrega pelo governo italiano”. sessão desta quarta-feira.
O secretário de cooperação internacional da Procuradoria Geral “A posição da maioria dos líderes é não votar nenhum veto se não
da República, Vladimir Aras, que atua no caso, informou ainda que o puder votar também o veto da lei eleitoral. Eu cumpro o que a maioria
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai pedir urgência ao dos líderes assim decidir”, disse Cunha.
Ministério da Justiça do Brasil na condução dos trâmites para trazer o O presidente do Senado, Renan Calheiros, reagiu, dizendo que
ex-diretor do BB. incluir o veto à doação de empresas na sessão de quarta seria um gesto
Fuga e processo inútil.
Pizzolato foi condenado em 2012 por corrupção passiva, peculato “A apreciação desse veto na sessão de amanhã [quarta], quando o
Brasil espera que concluamos apreciação dos outros vetos, seria gesto
e lavagem de dinheiro. No ano seguinte, antes de ser expedido o man-
inútil do Congresso Nacional. Seria um gesto sem nenhuma eficácia”,
dado de prisão, ele fugiu para a Itália.
afirmou Renan.
Declarado foragido em 2014, ele foi encontrado e preso pela In-
Ele argumentou que a apreciação desse possível veto iria contra
terpol em Maranello, município do norte da Itália. Após Pizzolato ser
a regra do Congresso Nacional que estabelece que os vetos devem ser
detido, o governo brasileiro pediu sua extradição à Justiça italiana.
pautados depois de 30 dias a partir da data de chegada ao Legislativo.
A solicitação do Brasil foi negada na primeira instância pela Corte
de Apelação de Bolonha, mas a Procuradoria-Geral da República re- PEC da reforma política
correu e a Corte de Cassação de Roma decidiu, em fevereiro deste ano, O veto da presidente e a decisão do STF não interferem no an-
conceder a extradição. Em 24 de abril, o governo da Itália autorizou damento de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), em an-
que ele fosse enviado ao Brasil para cumprir a pena do mensalão. damento no Congresso, que restabelece a doação de empresas a cam-
O processo sofreu um revés depois que a defesa apelou à Jus- panhas. O texto já foi aprovado pela Câmara e agora aguarda votação
tiça administrativa da Itália, instância que tem poder para suspender em dois turnos no Senado. Como se trata de uma PEC, sua aprovação
decisões do governo. No caso, a autorização do Ministério da Justiça leva à promulgação pelo próprio Congresso, sem necessidade de san-
italiano que liberou a entrega de Pizzolato a partir da decisão judicial. ção pela presidente.
Fonte: G1 – (22/09/2015) A eventual aprovação pode levar a um novo julgamento no Su-
premo sobre as doações, caso alguma entidade ou partido questione a
REFORMA POLÍTICA constitucionalidade da emenda.

Dilma sanciona reforma política, mas veta doação de empresa Prazo para filiação
a campanha Ao sancionar o projeto de lei da reforma eleitoral, Dilma manteve
A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta terça-feira (29) a o artigo aprovado no Congresso que determina que, para concorrer às
Lei da Reforma Política aprovada pelo Congresso Nacional, mas ve- eleições, o candidato deverá estar com a filiação partidária deferida
tou sete itens, incluindo o trecho que permitia a doação de empresas a pela legenda no mínimo seis meses antes da data da eleição.
campanhas eleitorais. Os vetos foram publicados em edição extra do Pela legislação atual, qualquer mudança no sistema eleitoral deve
“Diário Oficial da União”. ocorrer no prazo de até um ano antes do pleito – ou seja, no caso das
No último dia 17, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) eleições de 2016, até a próxima sexta (2).
decidiu declarar inconstitucionais normas que permitem a empresas
doar para campanhas eleitorais. Por outro lado, ao analisar itens da Troca de partido
reforma política, em setembro, a Câmara havia aprovado projeto que Outro ponto do projeto aprovado no Congresso e mantido pela
permite a doação empresarial. presidente na sanção da lei foi o que trata da perda do mandato do
O artigo sobre doações de empresas vetado pela presidente tinha detentor de cargo eletivo que se desfiliar sem justa causa.
a seguinte redação após ter sido aprovado no Congresso: “Doações e Fica permitida somente a mudança de partido que ocorrer dentro
contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais poderão dos 30 dias que antecedem o prazo final - de seis meses - estabelecido
ser feitas para os partidos políticos a partir do registro dos comitês fi- para a filiação com possibilidade de disputa na eleição, majoritária ou
nanceiros dos partidos ou coligações”. proporcional. O período deve se referir aos meses finais do mandato.

Didatismo e Conhecimento 58
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Pela lei, será considerada justa causa para a desfiliação de um par- A decisão de convocar sessão da Câmara para momentos antes
tido, o que, portanto, não implica perda de mandato, “mudança subs- da reunião do Congresso foi anunciada por Cunha no plenário. O pee-
tancial ou desvio reiterado do programa partidário” e “grave discrimi- medebista explicou que apenas seguia o que havia sido acordado entre
nação política pessoal”. os líderes. “É uma obstrução dos líderes da Câmara. Eu vou continuar
tocando a pauta [da Câmara]. A sessão de Congresso só pode ser feita
Voto impresso com acordo, com a concordância das duas Casas”, afirmou Cunha.
Outro ponto aprovado pelo Congresso Nacional e vetado pela pre- Antes de Cunha convocar a sessão, Renan Calheiros disse que,
sidente era o que previa a impressão, pela urna eletrônica, do registro caso isso ocorresse, a reunião do Congresso ocorreria assim que aca-
do voto do eleitor.
basse a sessão da Câmara, no mesmo plenário.
Segundo o projeto, esse comprovante seria depositado em um lo-
“Se por algum motivo não for possível, se houver convocação
cal lacrado após a confirmação pelo eleitor de que a impressão estava
da Câmara para funcionar no mesmo horário, vamos convocar desde
correta.
Ao justificar o veto, Dilma argumentou que o Tribunal Superior logo para o momento seguinte”, disse Renan. Segundo ele, a sessão do
Eleitoral (TSE) manifestou-se contrariamente à sanção do item porque Congresso ocorrerá “preferencialmente” na própria quarta-feira.
isso geria “altos custos”, com impacto de R$ 1,8 bilhão. Renan também criticou a possibilidade de inclusão do veto ao fi-
“Além disso, esse aumento significativo de despesas não veio nanciamento privado de campanha na sessão. Segundo ele, esse seria
acompanhado da estimativa do impacto orçamentário-financeiro, nem um “gesto inútil” do Congresso.
da comprovação de adequação orçamentária”, explicou a presidente.
Fonte: G1 - (29/09/2015) Vetos
Na sessão do Congresso da última terça-feira (22), os parlamen-
Sessão do Congresso é incógnita diante de impasse com Cunha tares chegaram a apreciar e manter 26 dos 32 vetos que estavam na
O Congresso Nacional tem sessão marcada para as 11h30 des- pauta. Além dos seis vetos que restaram da pauta da semana passada,
ta quarta-feira (30) para analisar vetos presidenciais a pautas-bomba, um novo veto foi acrescentado à lista.
como o que barra o reajuste para servidores do Judiciário. No entanto, O Palácio do Planalto tem trabalhado na articulação política com
a realização da votação ainda é uma incógnita diante de impasse com a base aliada na Câmara e no Senado para evitar a derrubada dos vetos.
o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Essa possibilidade preocupa o Executivo porque significaria uma am-
Em uma estratégia para inviabilizar a sessão conjunta de senado- pliação nos gastos do governo, que já prevê um orçamento deficitário
res e deputados, que acontece no plenário da Câmara, Cunha convocou para o próximo ano. Segundo cálculos do Executivo, uma eventual
para as 11h uma sessão extraordinária de votação exclusiva da Câmara.
derrubada de todos os vetos geraria um gasto extra para o governo de
Ele quer com isso fazer pressão para que seja incluído na pauta do
R$ 23,5 bilhões em 2016.
Congresso o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto de lei da
reforma política que barrou o financiamento privado de campanha e Confira os vetos na pauta do Congresso:
foi publicado nesta terça-feira. Veto 21 – Áreas da Marinha
O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), resiste O Congresso havia decidido reduzir os custos dos contribuintes
em colocar o veto na pauta de última hora para não contrariar a praxe com taxas e multas sobre o uso de áreas costeiras da Marinha, de pro-
regimental. Ele argumenta que isso contraria a regra que estabelece priedade da União, mas a Presidência optou pelo veto parcial argumen-
que os vetos sejam analisados pelos parlamentares depois de 30 dias a tando que a medida iria provocaria perda de receitas, sem a indicação
partir da data de chegada ao Legislativo. de medidas compensatórias”.
Na tentativa de negociar uma saída para a situação, Renan poderá Veto 25 – Dedução de IR para professores
sugerir aos líderes partidários que apresentem um requerimento para Outro item vetado pela presidente e que pode impactar nas contas
inclusão do veto na pauta. A manobra tiraria das mãos dele a respon- públicas se o Congresso derrubar é a permissão para que professores
sabilidade de colocar o veto em votação. No entanto, para isso, ele descontem do imposto de renda gastos com a compra de livros. De
precisará convencer Cunha a liberar o plenário para o Congresso. Se acordo com o Ministério do Planejamento, essa proposta vai gerar uma
isso não ocorrer, o mais provável é que a sessão conjunta seja adiada. perda de R$ 4 bilhões na arrecadação do governo neste ano. Até 2019,
Com base em acordo costurado com líderes na Câmara, Cunha o impacto é de R$ 16 bilhões.
defende que o veto da presidente à legislação eleitoral seja apreciado Veto 26 – Reajuste do Judiciário
antes de sexta-feira (2), prazo final para que as novas regras possam va- O tema mais polêmico que será analisado pelos parlamentares é o
ler para a eleição do ano que vem. Pela legislação, qualquer mudança
reajuste entre 53% e 78% a servidores do Judiciário. O projeto, vetado
tem que ser aprovada um ano antes do pleito.
por Dilma, previa que as correções fossem escalonadas até 2019. De
Cunha tem a intenção de derrubar o veto presidencial e garantir a
acordo com o Planejamento, essa proposta vai gerar uma despesa de
doação de empresas a campanhas na eleição do próximo ano. Para um
veto ser derrubado, são necessários os votos de ao menos 457 deputa- R$ 5,3 bilhões no ano que vem. Em quatro anos, até 2019, o custo total
dos e 41 senadores. será de R$ 36,2 bilhões.
Veto 29 – Aposentados
Obstrução na Câmara O governo também batalha para manter o veto de Dilma ao texto
A lei sobre a reforma política foi sancionada com vetos nesta ter- que estende para todos os aposentados e pensionistas as regras de rea-
ça-feira após pressão da Câmara. Parlamentares haviam condicionado juste anual do salário mínimo. A previsão é de que essa medida gere
a votação dos demais vetos já previstos na pauta do Congresso à apre- um gasto de R$ 0,3 bilhão em 2016. Nos próximos quatro anos, a des-
ciação do veto do financiamento eleitoral. pesa somará R$ 11 bilhões.

Didatismo e Conhecimento 59
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Veto 31 – Clubes de futebol Nas eleições de 2014, 70% do dinheiro arrecadado por partidos
A presidente vetou parcialmente a lei que refinancia as dívidas e candidatos veio de empresas. Pela lei atual, pessoas jurídicas pode-
fiscais e trabalhistas de clubes de futebol. Vários trechos da lei foram riam doar até 2% do faturamento bruto do ano anterior ao das eleições.
vetados pelo Executivo, inclusive um que dava isenção de Imposto Pessoas físicas também podem fazer doações, no limite de 10% de seu
sobre a Renda da premiação de uma loteria. Nessa caso, Dilma argu- rendimento. Essa possibilidade foi mantida pelo STF.
mentou que a proposta de isenção implicaria renúncia de receita, sem a O julgamento começou em dezembro de 2013 e foi interrompi-
devida estimativa de impacto orçamentário. do duas vezes. Em 2013, o ministro Teori Zavascki pediu vista e, em
Veto 33 – Depósitos judiciais abril de 2014, o ministro Gilmar Mendes fez o mesmo. O julgamen-
O texto prevê que haverá transferência para a conta única do Te- to só foi retomado nesta quarta-feira (16). Ontem, Mendes votou pela
souro do Estado, do Distrito Federal ou do Município de 70% do valor permissão das contribuições eleitorais das empresas. Também votou
atualizado dos depósitos referentes a processos judiciais e administra- favoravelmente o ministro Teori Zavascki e Celso de Mello, o último
tivos. Para isso, cria um fundo de reserva destinado a garantir a restitui- a votar nesta quinta.
ção da parcela transferida ao Tesouro.
Um trecho vetado estabelece que até 10% da parcela destinada ao Argumentos a favor de proibir as doações
fundo de reserva pode ser utilizado para constituição de fundo garan- A ministra Rosa Weber afirmou em seu voto que as doações pri-
tidor de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e de investimentos de in- vadas desequilibram as chances dos candidatos, favorecendo aqueles
fraestrutura. Segundo a presidente, isso elevaria o risco de insuficiência que conseguem mais contribuições empresariais. “É de rigor, pois,
para honrar resgates. concluir, que a influência do poder econômico transforma o processo
Veto 37 – Código de Trânsito eleitoral em jogo político de cartas marcadas”, afirmou Weber.
A presidente vetou, parcialmente, um projeto que altera o Códi- Já a ministra Cármen Lúcia, que também votou nesta quinta-feira,
go de Trânsito para colocar regras sobre retenção, remoção e leilão de acompanhou o relator no julgamento da inconstitucionalidade das doa-
veículos. Dilma vetou o trecho que revogava um artigo do Código de ções, e usou um argumento defendido por outros ministros, de que as
Trânsito que fixa elementos da penalidade de apreensão de veículo. doações levam a um “abuso” do poder econômico. “Se não há regras
Fonte: G1 - (30/09/2015) expressas [na Constituição], considero que o espírito da Constituição
Dilma veta financiamento empresarial de campanhas me leva a pedir vênia dos votos divergentes para acompanhar o rela-
A presidente Dilma Rousseff decidiu sancionar parcialmente o tor”, afirmou Lúcia.
projeto de reforma política aprovado pela Câmara, mas vetou o finan- Em 2013, quatro ministros já haviam votado a favor de mudar
ciamento empresarial de campanhas. De acordo com a Folha de S.
a lei e proibir o financiamento por empresas. Foram eles: Joaquim
Paulo, Dilma deixou o decreto assinado no fim da tarde de quinta-feira
Barbosa (que já se aposentou da Corte), Luiz Fux, Dias Toffoli e Luís
(24), antes de embarcar para Nova York, onde a presidente vai abrir a
Roberto Barroso.
Assembleia Geral da ONU. A decisão foi comunicada por Dilma a li-
deranças da base aliada, de acordo com O Globo, e deve ser publicada E, em abril de 2014, os ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo
no Diário Oficial até a segunda-feira (28). Lewandowski também votaram contra a doação por empresas.
A decisão da presidente coincide com a do STF, que, na semana “No Brasil, os principais doadores de campanha contribuem para
passada, determinou que o financiamento empresarial de campanha é partidos que não têm identidade política e se voltam para obtenção de
inconstitucional. Segundo a Folha, na última segunda-feira (21), Dil- acordos com o governo. As empresas investem em todos os candidatos
ma já havia dado sinais de que tomaria essa decisão. Em jantar com o que têm chance de vitória”, afirmou Marco Aurélio ao votar.
comando do PCdoB, Dilma disse que não poderia se opor a decisão da “O financiamento fere profundamente o equilíbrio dos pleitos,
suprema corte. que nas democracias deve se reger pelo princípio do ‘one man, one
No mesmo encontro, Dilma disse que conversou a respeito com vote’ [um homem, um voto]”, disse Lewandowski.
o presidente da Câmara, Eduardo Cunha . Favorável ao financiamento “O financiamento público de campanha surge como a única alter-
das campanhas , ele disse, na semana passada, que o assunto não está nativa de maior equilíbrio e lisura das eleições. Permitir que pessoas
encerrado, apesar da decisão do STF. jurídicas participem do processo eleitoral é abrir um flanco para dese-
Fonte: Revista Época - (25/09/2015) quilíbrio da dicotomia público-privada”, afirmou Dias Toffoli.
“O papel do direito é procurar minimizar o impacto do dinheiro na
Por 8 votos a 3, STF proíbe doações de empresas a políticos criação de desigualdade na sociedade e acho que temos uma fórmula
Depois de um ano e nove meses, o STF (Supremo Tribunal Fe- que potencializa a desigualdade em vez de neutralizá-la”, disse Luís
deral) concluiu nesta quinta-feira (17) o julgamento da proibição das Roberto Barroso.
doações de empresas a candidatos e partidos políticos.
Por 8 votos a três, o tribunal considerou as doações inconstitucio- Argumentos contrários à proibição de doações
nais. A ação que contestou as contribuições empresariais no financia- “O que a Constituição combate é a influência econômica abu-
mento político foi movida em 2013 pela OAB (Ordem dos Advogados siva”, disse o decano Celso de Mello. “Entendo que não contraria a
do Brasil), com o argumento de que o poder econômico desequilibra Constituição o reconhecimento da possibilidade de pessoas jurídicas
a disputa eleitoral. de direito privado contribuírem mediante doações a partidos políticos
Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, presidente da Corte, a e candidatos, desde que sob sistema de efetivo controle que impeça o
proibição já vale para as eleições municipais de 2016, “salvo alteração abuso do poder econômico”, afirmou o ministro.
legislativa significativa”. Em complemento ao seu voto nesta quinta-feira, Zavascki voltou
Na última quinta-feira (10), a Câmara dos Deputados derrubou o a afirmar que não há na Constituição a proibição expressa às doações
veto do Senado e aprovou projeto de lei que permite doações de em- empresariais. No entanto, o ministro defendeu que o STF proponha a
presas a partidos, num limite de R$ 20 milhões. O texto seguiu para a proibição de doações de empresas com contratos com o poder público
sanção da presidente Dilma Rousseff (PT), mas a decisão de hoje no e que doem a candidatos rivais. “É possível afirmar que certas veda-
STF pode levar a presidente a vetar a nova legislação. A petista tem até ções constituem em decorrência natural do sistema constitucional”,
o dia 30 para avaliar o projeto. afirmou o ministro.

Didatismo e Conhecimento 60
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Gilmar Mendes, por sua vez, fez um voto duro, com muitas crí- Tempo de propaganda
ticas ao PT, partido da presidente Dilma Rousseff. Em seu voto, o mi- O projeto reduz a duração da campanha eleitoral de 90 para 45
nistro argumentou que a proibição das doações empresariais tornaria dias. Também diminui o tempo da propaganda eleitoral gratuita no rá-
necessário o financiamento público, feito com recursos do governo, de dio e na televisão dos atuais 45 dias para 35 dias. O objetivo é moder-
gastos elevados das campanhas. Ele também argumentou que a proi- nizar e reduzir o custo da propaganda eleitoral gratuita.
bição “asfixiaria” os partidos de oposição. “Nenhuma dúvida de que Nas eleições gerais – para presidente, governadores, senadores,
ao chancelar a proibição das doações privadas estaríamos chancelando
deputados federais e estaduais – o tempo de duração da propaganda
um projeto de poder. Em outras palavras, restringir acesso ao financia-
mento privado é uma tentativa de suprimir a concorrência eleitoral e eleitoral gratuita também vai mudar. Hoje são dois blocos de 50 mi-
eternizar o governo da situação”, declarou. nutos por dia, mais 30 minutos distribuídos ao longo da programação.
Fonte: Portal Uol – (17/09/2015) Pelo projeto, serão dois blocos de 25 minutos e outros 70 minutos ao
longo da programação. As inserções serão de 30 segundos a um minu-
Câmara conclui votação e mantém doação de empresas a par- to, entre 5h e 0h – atualmente, vai de 8h a 0h.
tidos Nas eleições municipais (prefeito, vereador), no primeiro turno,
A Câmara concluiu nesta quarta-feira (9) a votação de um projeto serão dois blocos de 10 minutos cada, para candidatos a prefeito. Além
de reforma política e restabeleceu a doação de empresas para partidos. disso, haverá 80 minutos de inserções por dia, sendo 60% para prefei-
Os deputados também excluíram restrições à contratação de pesquisas tos e 40% para vereadores, com duração de 30 segundos a um minuto.
de intenção de voto por veículos de comunicação. As alterações ha- No segundo turno, serão 60 minutos diários para a propaganda eleito-
viam sido feitas no Senado, após a Câmara ter feito a primeira votação.
ral, usados em inserções de até 60 segundos.
O texto segue agora para sanção presidencial.
O projeto da reforma política foi aprovado em 14 de julho pelos
deputados e prevê, entre outros pontos, teto para doações empresariais Teto de gastos
e limite de gastos em campanhas. O texto seguiu para o Senado e foi O projeto fixa ainda teto de gastos nas eleições baseado em per-
aprovado nesta terça (8), mas, como sofreu várias alterações, retornou centuais de despesas declaradas nas disputas eleitorais imediatamente
para a Câmara. anteriores à entrada em vigor dessa lei.
Rodrigo Maia elaborou um novo texto, resgatando grande parte De acordo com a proposta, para o primeiro turno das eleições de
da redação aprovada pela Câmara e mantendo somente pequenas mo- presidente da República, governadores e prefeitos, o limite de gasto
dificações feitas pelos senadores. Pelo texto do relator, será permitido nas campanhas de cada candidato será de até 70% do maior gasto de-
o financiamento empresarial a partidos políticos, limitado a R$ 20 mi- clarado para o cargo, quando a disputa foi definida em primeiro turno.
lhões por empresa – o Senado havia proibido qualquer doação de em-
Nos casos em que a eleição foi para o segundo turno, o limite será de
presa. Também foram derrubadas restrições impostas pelos senadores
a pesquisas eleitorais. 50% do maior gasto declarado. (veja na tabela acima os demais limites
Pelo texto aprovado no Senado, os veículos de comunicação fica- de gastos de campanha)
riam impedidos de contratar institutos de pesquisas que nos 12 meses
anteriores à eleição tivessem prestado serviços a partidos políticos, Veto a propaganda ‘cinematográfica’
candidatos e a órgãos ou entidades da administração pública direta e A proposta também limita o uso de recursos artísticos nas propa-
indireta dos poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do gandas, para evitar publicidades “cinematográficas”. De acordo com o
Distrito Federal e dos municípios. Os deputados retiraram esta regra. texto, não poderão ser usados “efeitos especiais, cenas externas, mon-
Teto de doações tagens, trucagens, computação gráfica, edições e desenhos animados”.
O texto fixa teto de R$ 20 milhões como gasto máximo para o fi- Esses recursos só serão permitidos em vinhetas de abertura e en-
nanciamento de campanha eleitoral por pessoas jurídicas. Atualmente, cerramento. Pelo texto, o programa eleitoral terá a participação dos
doações de empresas a campanhas obedecem à regra do limite de 2%
candidatos e dos apoiadores, que só poderão participar no limite de
do faturamento bruto, o que foi mantido.
No entanto, a norma atual não estabelece teto com valor mone- 25% do tempo total.
tário fixo.
Outra imposição nova é a regra que impede uma companhia de Debate eleitoral
doar mais que 0,5% do faturamento bruto a um único partido. Ou seja, O projeto também altera as regras atuais de participação nos deba-
o limite de 2% continua, mas desde que diluído entre ao menos quatro tes eleitorais em emissoras de televisão, nas eleições majoritárias e pro-
siglas. porcionais. Atualmente têm direito a participar candidatos de partidos
A pessoa jurídica que não obedecer às novas regra poderá ser im- que possuam pelo menos um representante na Câmara dos Deputados.
pedida de participar de licitações e de firmar contratos públicos por cin- Pelo texto aprovado pelos parlamentares, será assegurada a par-
co anos, além de pagar multa de cinco a dez vezes o valor da doação. ticipação de candidatos dos partidos com representação superior a
O texto mantém o limite de contribuições de pessoas físicas em
nove representantes na Câmara dos Deputados. Com isso, candidatos
10% dos rendimentos brutos obtidos no ano anterior à eleição, mas
prevê que a soma de doações para um mesmo partido ou candidato não de partidos menores não terão acesso a essa participação na televisão,
pode ultrapassar um quarto desse valor. como ocorreu na última eleição presidencial, quando participaram dos
Empresas com contratos debates os candidatos Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL)
O projeto impede de financiar campanhas companhias que exe- e Eduardo Jorge (PV) – os três são de partidos com menos de nove
cutam obras públicas. A pessoa jurídica que descumprir a regra poderá deputados eleitos.
pagar multa no valor de cinco a dez vezes a quantia doada, além de fi- O projeto prevê que, no primeiro turno, se 2/3 dos candidatos con-
car proibida de participar de licitações e celebrar contratos com o poder cordarem, o número de participantes nos debates poderá ser reduzido
público pelo período de cinco anos. aos com mais chance de vitória.

Didatismo e Conhecimento 61
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Prazo de filiação O senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve também uma emenda
O relator resgatou ainda o texto da Câmara que prevê que um po- aprovada. Ela impõe a obrigatoriedade, após o voto do eleitor, de im-
lítico, para se candidatar, precisa estar filiado ao partido político pelo pressão de um recibo para que o eleitor confira o seu voto. Esse recibo
menos seis meses antes da eleição. A versão do Senado mantinha a será colocado em urna lacrada pelo chefe da sessão eleitoral para que
regra atual, pela qual uma pessoa, para concorrer, precisar estar filiada possa servir a uma eventual checagem de votos posterior.
pelo menos um ano antes da data do pleito. O projeto retornará agora para a Câmara, onde os deputados po-
derão aprová-lo integral ou parcialmente. Eles podem ainda retomar o
Participação feminina texto original da Câmara apenas em alguns trechos, mas não poderão
Apesar de rejeitar a maior parte das alterações do Senado, Rodrigo fazer novas inserções para modificar o projeto. A expectativa é que
Maia aceitou sugestões dos senadores a respeito de medidas de estímu- ele seja aprovado definitivamente, ainda este mês, para que as regras
lo à participação feminina na política. A Câmara havia fixado que pelo possam valer para as eleições do ano que vem.
menos um minuto do programa partidário de TV e dois minutos nas Fonte: Istoé.com.br – (03/09/2015)
inserções fossem dedicados às mulheres. Os senadores estabeleceram
esse mínimo em 10% nos dois casos – o que acabou sendo acatado Sérgio Moro sofre primeira derrota e réu da Lava Jato é ab-
solvido por lavagem
pelos deputados.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região reverteu na segunda-
feira (21), pela primeira vez, uma condenação do juiz Sérgio Moro na
Direito de resposta na internet
operação Lava Jato. Esse foi o primeiro recurso que chegou ao tribunal
Os deputados também aprovaram outra sugestão vinda do Sena- contra condenações de Moro sobre o mérito do esquema de lavagem
do, que concede o direito de resposta em relação a conteúdo divulgado de dinheiro. Por maioria, a 8ª Turma decidiu absolver André Catão,
na internet. O pedido poderá ser apresentado a qualquer tempo ou em funcionário do doleiro Carlos Charter.
até 72 horas após sua retirada do ar. O julgamento é simbólico porque Charter, junto com o doleiro
Fonte: G1 - (09/09/2015) Alberto Youssef, está na origem da operação. O nome Lava Jato, aliás,
é uma referência ao posto de gasolina usado por Charter para lavar
Reforma política: Senado muda regras para eleição propor- dinheiro – Catão era o gerente. Eles foram o primeiro alvo da Polícia
cional Federal quando a operação foi deflagrada, em março do ano passado,
Em sessão que durou cerca de oito horas, o plenário do Senado e tinha como foco lavagem de dinheiro – ainda não havia na ocasião
votou hoje (2) o Projeto de Lei 75/2015, que foi enviado pela Câmara suspeitas da extensão do esquema na Petrobras.
dos Deputados e trata de diversos temas relacionados à reforma polí- Até agora, a Justiça vinha mantendo a grande maioria das deci-
tica. O projeto havia sido discutido em comissão especial formada na sões provisórias do juiz Sérgio Moro, como a manutenção de prisões
Casa, mas recebeu mais de 100 emendas em plenário que modificaram preventivas. A decisão do TRF-4 foi a primeira que analisou o mérito
o texto da comissão. da operação – ou seja, se as provas colhidas na investigação eram sufi-
Uma das mudanças propiciadas por emendas, no plenário, foi a cientes para uma condenação.
que trata de eleições proporcionais e coligações partidárias. Pelo texto O voto vencedor foi do desembargar federal Leandro Paulsen, re-
aprovado, ficou estabelecido que, mesmo estando em uma coligação, visor do caso. “Esse é o primeiro mérito, senhor presidente, da Opera-
um candidato só será eleito se atingir pelo menos 10% dos votos do ção Lava Jato que abordamos”, disse antes de anunciar seu voto, profe-
quociente eleitoral. O quociente é dado segundo a divisão do total de rido no fim de agosto. Nesta terça-feira, o desembargador Victor Laus
votos de um colégio eleitoral pelo número de vagas disponível para acompanhou Paulsen, formando maioria pela absolvição de Catão.
o cargo. Atualmente, um candidato que recebe muitos votos além do Para Paulsen, não ficou comprovado que André Catão, na condi-
quociente, que é o necessário para se eleger, pode ajudar a eleger um ção de funcionário, se beneficiou do esquema. “Não há nenhum ele-
colega de coligação que não atingiu o número. mento que aponte qualquer enriquecimento por parte dele, e sim ale-
Outro tema tratado pelas emendas, foi o da extinção do domicílio gações no sentido de que é uma pessoa de modesto poder econômico”.
Para o desembargador, André Catão apenas cumpriu suas tarefas
eleitoral. Atualmente, o candidato tem que morar na cidade ou estado
como funcionário de Charter. No caso específico, Catão e Charter fo-
ao qual se candidatar, mas o projeto extinguiu essa obrigatoriedade.
ram condenados por lavar dinheiro do tráfico de drogas. “Ele é uma
O texto-base do projeto também tratou da regulamentação do pessoa que realizava os atos materiais de depositar numa conta e em
tempo de TV e rádio para os programas político-partidários e de pro- outra, e o que temos aqui são dois ou três depósitos nestes autos apenas
paganda eleitoral obrigatória. Pelo texto aprovado, ficou estabelecido e tão somente. Há uma escuta telefônica que procura vincular essa pes-
uma redução de 50 minutos para 25 minutos no tempo de televisão soa aos fatos, ele não nega que fez os depósitos, mas afinal de contas
destinado à propaganda eleitoral de presidente da República e depu- fazia parte das atividades profissionais dele diárias realizar operações
tados federais. financeiras.”
A campanha de governadores, deputados estaduais e senadores O entendimento de Paulsen diverge da decisão de Moro. Ao con-
também será reduzida para 25 minutos. Já a de prefeitos e vereadores denar Catão, Moro afirmou que era “pouco plausível” que Catão, ge-
será de dez minutos corridos, com inserções que somarão 70 minutos rente financeiro do posto desde 2003, não soubesse da “utilização do
ao longo da programação, sendo 60% desse tempo para os prefeitos e estabelecimento comercial para a lavagem de dinheiro e para a prática
40% para os vereadores. “Ou seja, os comerciais serão os carros-chefes de crimes financeiros”. Ele foi condenado a quatro anos, em regime
da campanha, o que diminui muito os custos”, disse o senador Romero semiaberto, por lavagem de dinheiro.
Jucá (PMDB-RR), relator da reforma. Mesmo contrariando Moro, o desembargador Leandro Paulsen
Uma emenda da senadora Marta Suplicy (sem partido – SP) tam- elogiou o trabalho do juiz na condução da Lava Jato. “O magistrado
bém estabeleceu que as propagandas institucionais do Tribunal Supe- analisou cada caso, analisou as provas e decidiu com a independência
rior Eleitoral deverão incentivar a participação feminina na política. que lhe é peculiar. Então, estamos em um caso bem trabalhado, um
Serão inserções de cinco minutos por 120 dias. caso que vem sendo analisado com cuidado desde o início.”

Didatismo e Conhecimento 62
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O advogado Marcelo Moura, que defende Catão, disse que seu “Queremos um país em que as leis sejam o limite. Muitos de nós
cliente ficou sete meses preso provisoriamente, em regime fechado, lutamos por isso quando as leis e os direitos foram vilipendiados du-
enquanto a decisão no mérito era em semiaberto. Catão já está solto. rante a ditadura. Queremos um país em que os governantes se com-
“Ele teve uma punição mais gravosa do que a própria condenação. Foi portem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos,
a primeira vez, no mérito, que um tribunal analisou a Lava Jato e, de além de juízes que julguem com liberdade e imparcialidade, sem pres-
forma técnica, apontou ilegalidades nas decisões”, afirmou. sões de qualquer natureza, desligados de paixões político-partidárias”,
Fonte: Revista Época – (22/09/2015) ressaltou.
Dilma também dedicou parte do discurso à defesa da democracia
ECONOMIA no Brasil. Em um dos trechos, ela citou uma declaração do ex-presi-
ASSEMBLEIA GERAL DA ONU dente do Uruguai José Mujica, na qual ele afirma que a democracia não
é perfeita, mas é preciso defendê-la para melhorá-la.
Na ONU, Dilma diz que Brasil não tem ‘problemas estrutu-
Sem mencionar diretamente o atual momento político do Brasil, a
rais graves’
presidente foi enfática ao dizer que o Brasil “continuará trabalhando”
Em seu discurso na sessão de abertura da Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff pelo caminho democrático e não “abrirá mão” das conquistas pelas
admitiu aos líderes mundiais que o Brasil passa, atualmente, por um quais “tanto lutamos”.
momento de dificuldades econômicas, com aumento da inflação, des- “Queremos um país em que o confronto de ideias se ambiente de
valorização cambial e queda de receitas. Ela, no entanto, ressaltou que, civilidade e respeito. Queremos um país em que a liberdade de impren-
apesar da crise, o país não vive “problemas estruturais graves”, e sim sa seja fundamento dos direitos de opinião e manifestação”, declarou
dificuldades pontuais. a petista.
Após destacar que, nos últimos seis anos, o Brasil adotou uma
série de medidas para tentar reduzir os efeitos da crise econômica in- Refugiados
ternacional de 2008 e que essas ações chegaram “ao limite”, Dilma A presidente da República também usou seu discurso na Assem-
frisou que o objetivo de seu governo é gerar mais oportunidades de bleia Geral da ONU para comentar a crise de imigração que o mundo
investimentos, ampliando a geração de empregos no país. vive atualmente. Na avaliação de Dilma, é um “absurdo impedir o livre
Ao longo de cerca de 20 minutos de discurso, ela disse que a trânsito de pessoas”. Ela se referia a situação de refugiados que tentam
economia brasileira é “mais forte e sólida” do que em anos anterio- chegar a países da Europa.
res e tem condições de superar as dificuldades e “avançar na trilha do Nas últimas semanas, a Europa tem recebido milhares de imigran-
crescimento”. Como em discursos recentes, a petista voltou a afirmar tes ilegais saídos de países em conflito na África e no Oriente Médio. A
que o momento é de transição para o “novo ciclo de desenvolvimento emigração em massa vem gerando acirramento da repressão nas fron-
econômico”.
teiras europeias e acidentes envolvendo imigrantes que se arriscam
“A lenta recuperação da economia mundial e o fim do superciclo
das commodities incidiram negativamente sobre nosso crescimento. A para chegar a um novo país.
desvalorização cambial e as pressões recessivas produziram inflação e “Em um mundo onde circulam livremente mercadorias, capitais,
forte queda da arrecadação, levando a restrições nas contas públicas. O informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”,
Brasil, no entanto, não tem problemas estruturais graves, nossos pro- opinou a presidente brasileira.
blemas são conjunturais e, diante desta situação, estamos reequilibran- Dilma voltou a declarar, a exemplo do que fez durante reuniões
do o Orçamento e assumimos uma forte redução de nossas despesas, preliminares da ONU no fim de semana, que o Brasil está aberto para
gastos de custeio e parte do investimento”, enfatizou. receber imigrantes.
Dilma citou no auditório da ONU que, na tentativa de conter a “O Brasil é um país de acolhimento, um país formado por refu-
crise econômica, seu governo propôs ao Congresso Nacional “cortes giados. Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo mun-
drásticos” de despesas no Orçamento do ano que vem. Conforme a do. Assim como abrigamos há mais de um século europeus, árabes e
petista, o país deverá se reorganizar na economia, buscando a estabili- asiáticos, estamos abertos e de braços abertos para receber refugiados.
dade macroeconômica e a retomada do crescimento com distribuição Somos um país multiétnico”, disse a presidente, sendo intensamente
de renda. aplaudida pelos governantes mundiais.
“Propusemos cortes drásticos de despesas e redefinimos nossas Fonte: G1 - (28/09/2015)
receitas. Essas iniciativa visam a reorganizar o quadro fiscal, reduzir a
inflação, consolidar a estabilidade macroeconômica e garantir a reto- ALTA DO DÓLAR
mada do crescimento com distribuição de renda.”
A chefe do Executivo falou ainda sobre as políticas sociais e de
transferência de renda implantadas nos últimos anos pelo governo bra- Dólar fecha acima de R$ 4 pela primeira vez na história
sileiro. Segundo ela, a “eficácia” do programa Fome Zero pode ser O dólar fechou em alta nesta terça-feira (22) e passou a máxima
vista na retirada do Brasil do chamado “mapa da fome”, um dos itens histórica de R$ 4. A alta vem na esteira das preocupações do mercado
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. com votações no Congresso e com a possibilidade de o Federal Reser-
ve, o banco central dos Estados Unidos, elevar os juros este ano.
Corrupção A moeda norte-americana teve alta de 1,83%, vendida a R$
Dilma também abordou, em meio ao discurso, o tema da corrup- 4,0538. Veja a cotação do dólar hoje. No ano, o dólar já tem alta acu-
ção. A presidente afirmou que, graças ao “vigor de suas instituições”, mulada de 52,47%.
o Estado brasileiro tem atuado de forma “firme e imparcial”, por meio A cotação de fechamento desta terça é a mais alta já registrada
de seus órgãos de fiscalização, para investigar e punir desvios e crimes. desde a criação do real. A mais alta até então havia sido registrada em
Ela destacou que, no Brasil, o governo e a sociedade “não toleram a 10 de outubro de 2002, quando o dólar chegou a ser vendido a R$ 4 du-
corrupção”. rante o pregão, mas desacelerou a alta e fechou naquele dia a R$ 3,98.

Didatismo e Conhecimento 63
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Na época, a moeda norte-americana foi impulsionada, entre ou- O salto da moeda dos EUA alimentava nas mesas de câmbio que o
tros, pelas perspectivas de que o então candidato à Presidência Luiz Banco Central pode ampliar ainda mais sua intervenção, uma vez que
Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito, algo que não agradava o mercado cotações mais altas tendem a pressionar a inflação.
financeiro. “(Resta) ao BC achar alguma saída para conter a desvalorização
“(O dólar) vai continuar subindo, sabe-se lá até onde”, disse à do real, pois leilão de linha não faz mais preço”, escreveu o operador
Reuters o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. “O da corretora Correparti, em nota a clientes, Guilherme França Esquel-
problema é a falta de credibilidade, o ambiente de incertezas. Não há bek, segundo a Reuters.
leilão que segure”, acrescentou, referindo-se às intervenções do Banco O BC deu continuidade nesta terça ao seu programa diário de in-
Central. terferência no câmbio, seguindo a rolagem dos swaps cambiais que
vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes
Dólar turismo a mais de R$ 4,50 a venda futura de dólares.
Nas casas de câmbio, a disparada do dólar já mostra seus reflexos. Ao todo, já rolou o equivalente a US$ 6,740 bilhões, ou cerca de
Na manhã desta terça-feira, a cotação chegava a R$ 4,50 no cartão 71% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.
pré-pago, com o IOF de 6,38% incluído, na Confidence Câmbio. Em
espécie, a moeda sai por R$ 4,27. Na Cotação, o dólar chegava a R$
Expectativas
4,489 no cartão e a R$ 4,276 em espécie (ambos com imposto incluí-
Segundo dados do boletim Focus, do Banco Central, a estimativa
do). Na Vips Turismo, os valores eram de R$ 4,22 e R$ 4,45, respec-
dos analistas dos bancos é que a valorização do dólar perca força. A
tivamente.
projeção do mercado financeiro é que a taxa de câmbio chegue ao final
Gastos no exterior do ano em R$ 3,86 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos
A disparada do dólar freia os gastos dos brasileiros no exterior. analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 3,80 para R$ 4.
Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo BC, essas despesas Fonte: G1 – (22/09/2015)
caíram 46,2% em agosto, frente ao mesmo mês do ano anterior, para
US$ 1,26 bilhão. Dilma afirma que Brasil tem reservas de dólares suficientes
para “não haver nenhum problema”
Votações Após o dólar bater recordes históricos ao longo da semana, a pre-
A partir das 19h desta terça-feira, o Congresso Nacional se reúne sidente Dilma Rousseff assegurou neste sábado (26), em Nova York,
para decidir se mantém ou rejeita vetos da presidente Dilma a projetos que o Brasil tem reservas suficientes para lidar com as oscilações da
que geram despesas e integram a chamada “pauta-bomba”. moeda norte-americana e que o País tem uma posição firme e clara
Alvo de grande preocupação do governo, eventual derrubada dos sobre a questão.
vetos vai anular quase todo o esforço de corte de gastos que o gover- — O Brasil hoje tem reservas suficientes para que não tenhamos
no anunciou como parte do pacote de ajuste fiscal – R$ 26 bilhões nenhum problema, nenhuma disruptura por conta do dólar.
– dificultando ainda mais o reajuste das contas públicas e alimentando A presidente ressaltou que o governo se preocupa com a questão
apostas de que o país pode perder o selo de bom pagador por outras pelo fato de que há empresas que têm dívidas em dólar.
agências de classificação de risco além da Standard and Poor’s. Nesta Dilma aproveitou o tema para ressaltar a atuação do BC (Banco
manhã, porém, o analista da Moody’s Mauro Leos afirmou que o Bra- Central) para conter a alta brusca da moeda norte-americana.
sil ainda está em condição melhor do que países que perderam o selo — O governo terá uma posição bem clara e firme como foi essa
de bom pagador. que o Banco Central teve ao longo do final da semana passada.
“Essas dificuldades que o governo enfrenta no Congresso deixam Na quinta-feira (24), quando o dólar bateu R$ 4,25 durante o dia, o
o país quase ingovernável do ponto de vista fiscal”, disse o operador da presidente do BC, Alexandre Tombini, declarou que as reservas inter-
corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa. nacionais brasileiras “são um seguro, podem e devem ser utilizadas”.
Segundo ele, “certamente todos os instrumentos estão à disposição do
Juros dos EUA
BC”.
Os mercados temem ainda que o Fed, banco central dos Estados
— Em relação às reservas internacionais, são um seguro. Pode e
Unidos, eleve as taxas de juros do país. A elevação da taxa, mantida nas
deve ser utilizado.
mínimas históricas desde a crise financeira internacional, deverá atrair
Fonte: R7 - (26/09/2015)
recursos para os EUA, retirando dólares do Brasil – e incentivando a
alta na cotação da moeda em relação ao real.
O dólar subia globalmente após declarações de uma série de in- Congresso decide se mantém vetos do governo a aumentos de
tegrantes do Federal Reserve, banco central norte-americano, ressalta- gastos
rem que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, após As atenções nesta terça-feira (22) estão voltadas para Brasília. O
postergar na semana passada esse movimento em meio a preocupações Congresso decide se mantém os vetos da presidente Dilma aos aumen-
com a economia global. tos de gastos aprovados pelos próprios parlamentares. O governo pre-
fere até adiar a votação. Se for derrotado, o efeito nas contas públicas,
Ação do BC já em situação muito complicada, será devastador. Essa é a avaliação
Na segunda-feira, o Banco Central fez um leilão de venda de US$ de técnicos do governo. Quer ver um exemplo? Apenas um dos pro-
3 bilhões com compromisso de recompra. Mas a medida não foi su- jetos que o governo derrubou, o que reajusta salários de servidores do
ficiente para frear a alta na cotação do dólar frente ao real: a moeda Judiciário, representa gastos de R$ 36 bilhões de reais. É mais do que
terminou o dia em alta de 0,57%, vendida a R$ 3,9809. os cortes de despesas anunciados no pacote fiscal.

Didatismo e Conhecimento 64
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Foi um tal de gastar sola de sapato e se reunir tarde da noite, nesta RECRIAÇÃO DA CPMF
segunda-feira (21). Líderes dos partidos aliados confirmaram o que já
se sabia o dia inteiro. O governo não tem votos para barrar as despesas Dilma envia ao Congresso PEC que cria ‘nova CPMF’
que foram aprovadas pelo Congresso, vetadas pela presidente Dilma, e A presidente Dilma Rousseff enviou nesta terça-feira (22) ao Con-
que agora precisam da palavra final de deputados e senadores. Para não gresso Nacional Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria
correr risco, o jeito é evitar a votação. um imposto nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movi-
“Nós não podemos nem pensar em ver derrubados esses vetos, mentação Financeira (CPMF). O envio foi publicado em edição extra
porque aí é um caos total”, adverte o líder do governo, Delcídio Amaral do “Diário Oficial da União”, segundo informou a Casa Civil.
(PT/MS) . Anunciada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Joaquim
Na lista de vetos da presidente, que o Congresso decidirá se man- Levy, após reunião da coordenação política do governo no Palácio do
tém ou não, estão: Planalto, a criação do imposto foi considerada por ele “bastante cen-
O reajuste de até 78% para os servidores do Judiciário, que até tral” no “esforço” de diminuir o déficit das contas. De acordo com o
texto enviado para o Congresso Nacional, haverá noventena na co-
2019 custaria quase R$ 36 bilhões.
brança do tributo, ou seja, a cobrança começa somente 90 dias depois
O reajuste aos aposentados e pensionistas igual ao salário mínimo,
da eventual aprovação, informou a Receita Federal.
que custaria, até 2019 também, R$ 11 bilhões.
Segundo o Ministério da Fazenda, a PEC enviada estabelece uma
A isenção do PIS/Cofins para o óleo diesel, que teria impacto de alíquota de 0,2% sobre as movimentações financeiras. Ao anunciar as
R$ 64 bilhões. medidas, o governo informou que o novo imposto irá vigorar por até
E o desconto do Imposto de Renda para professor comprar livros, quatro anos, e os recursos arrecadados serão destinados à Previdência
mais R$ 16 bilhões. Social.
Em um momento desse, de ajuste fiscal, o conjunto de vetos pro- “O produto da arrecadação da contribuição, no período estabele-
duz R$ 127 bilhões a mais para o país, será que é justo eu quebrar o cido, será destinado ao custeio da previdência social e não integrará a
pais?”, questiona o vice-líder do governo, deputado Sílvio Costa, do base de cálculo da Receita Corrente Líquida”, diz o texto da proposta
PSC-PE. de emenda constitucional.
O governo está trabalhando para esvaziar a sessão e não ter parla- Criada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
mentar suficiente para a votação. A outra estratégia é o cancelamento, o (CPMF) para financiar investimentos na saúde, a CPMF foi extinta
que pode ser feito pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.E essas pelo Congresso Nacional em 2007, durante o governo do ex-presidente
sessões têm mesmo sido raras. A última votação de vetos no Congresso Luiz Inácio Lula da Silva.
foi em março. De lá para cá, foram marcadas outras 10 sessões. Quatro Conforme mostrou o G1, a volta do imposto enfrenta resistências
não tiveram quórum e outras 6 nem aconteceram. de parlamentares. O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral
Até o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, do PMDB (PT-MS), por exemplo, chegou a afirmar que as chances de aprovação
-RJ, justamente quem colocou esses projetos bilionários para votar, e pelo Legislativo da proposta que cria o imposto são “pequenas”.
que vem cobrando cortes de despesa do governo, nesta segunda-feira,
depois de uma reunião com a presidente Dilma, disse que a pauta é Cortes e novos tributos
incendiária. No último dia 14, a equipe econômica do governo anunciou uma
“Seria uma atitude de colocar mais gasolina na fogueira. Não tem série de medidas para reduzir gastos e aumentar a arrecadação.
sentido a gente recriminar e não concordar com a criação de imposto e Entre essas medidas, também está a criação de um imposto sobre
ajudar a criar despesas”, afirmou “ganho de capital progressivo”, que será cobrado sobre aumentos de
A oposição assiste de camarote a movimentação do governo. receita das pessoas físicas; redução do benefício a ser concedido no
“A responsabilidade pela derrubada do veto é do próprio governo. próximo ano para os exportadores de produtos manufaturados; e redu-
ção dos benefícios dados à indústria química por meio do PIS/Cofins.
A oposição numericamente é raquítica, insignificante, não tem força
Além da PEC da “nova CPMF”, o governo também enviou ao
para derrubar veto algum”, afirma o senador Álvaro Dias, do PSDB
Congresso nesta terça-feira outra proposta de emenda constitucional
-PR.
que revoga o abono de permanência dos servidores públicos, adicional
Aguardando o que vai acontecer nesta terça-feira (22), o governo que a categoria recebe quando continua a trabalhar após a aposentado-
segurou o envio, ao Congresso, do pacote de ajuste fiscal. Enquanto ria. Atualmente, há 101 mil servidores nessa situação e, com o corte, o
isso, continua discutindo mudanças no primeiro escalão do governo. O governo espera economizar R$ 1,2 bilhão.
prometido é o corte de 10 ministérios. Também nesta terça a presidente O executivo também enviou ao Legislativo nesta terça Medida
chamou partido por partido. O PMDB, que tem mais espaço, ficou até Provisória que altera a incidência do Imposto de Renda sobre o ganho
de madrugada em reunião. É que desagradar aliados neste momento de de capital em razão da alienação de bens e direitos, passando dos atuais
ajuste fiscal não é prudente. E aí, haja jantar, haja reunião. 15% fixos para 15% quando o ganho for até R$ 1 milhão; 20%, quan-
E na noite desta terça-feira, o Sindijus, Sindicato dos Trabalhado- do o ganho for entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões; R$ 25%, quando o
res do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito ganho variar de R$ 5 milhões a R$ 20 milhões; e 30% quando o valor
Federal, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para pedir que ultrapassar R$ 20 milhões.
o Congresso seja obrigado a votar o veto presidencial ao projeto de lei Por último, o governo enviou ao Legislativo projeto de lei que
que trata do reajuste da categoria. disciplina em todo o país a aplicação de um teto para a remuneração de
O ministro Luiz Fachin está com o caso. Ele pediu que a Advoca- agentes políticos e públicos. Segundo a proposta apresentada na sema-
cia-Geral da União preste esclarecimentos sobre o pedido e só depois na passada pela equipe econômica, o objetivo do governo é reduzir até
disse que vai decidir se concede ou não a liminar pedida. R$ 800 milhões com a medida.
Fonte: G1 – (22/09/2015) Fonte: G1 – (22/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 65
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Governo vai rever tributação sobre smartphones, vinhos e Maior transparência
destilados O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou que o governo
O governo continuará adotando medidas para melhorar os resul- está adotando uma série de medidas que representam sacrifício, como
tados das contas públicas em 2016 por meio do aumento de tributos e redução dos ministérios.
venda de participações acionárias, além de novas concessões, infor- “A gente sabe onde a gente quer chegar, a gente sabe como vai
mou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ao comentar o pro- chegar, que é através de reformas, é fazer o Brasil mais justo simples,
jeto do Orçamento de 2016. eficiente através de medidas legislativas em alguns casos. Precisa de
O documento, que prevê déficit inédito (gastos maiores que recei- uma ponte para assegurar a estabilidade fiscal, com receitas para cobrir
tas) de R$ 30,5 bilhões, o que representa 0,5% do Produto Interno Bru- despesas no curto prazo, podem ser ações provisórias, mas é importan-
to (PIB), foi entregue ao Congresso Nacional nesta segunda-feira (31). te considerá-las”, disse Levy.
Segundo o ministro, o governo irá rever a política de benefício Segundo ele, essa é a conclusão que o orçamento apresentado é
fiscal do Programa de Inclusão Digital, que consistia na redução a “transparente e provoca reflexão no momento em que o Brasil enfrenta
zero das alíquotas do PIS/Cofins na venda a varejo de computadores uma mudança significativa do ambiente econômico”.
e notebooks – e que também abrange tablets, modems, smartphones e Fonte: G1 – (31/08/2015)
roteadores digitais. Em 2015, o impacto do programa é de cerca de R$
8 bilhões. Governo avalia aumentar tributos que não precisam passar
Além disso, o ministro do Planejamento informou que haverá pelo Congresso
alta de impostos de bebidas quentes, como vinhos e destilados. Tam- Diante da dificuldade de fechar as contas de 2016 sem a recriação
bém devem ser feitas alterações no Imposto de Renda sobre direito de da CPMF, a área econômica já admite a possibilidade de recorrer à
imagem e no Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) que incide elevação das alíquotas de tributos que não precisam de aprovação do
nas operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Congresso Nacional, como Cide, IPI e IOF, para tentar reduzir o rombo
Social (BNDES). Com a elevação dos tributos, o governo espera arre- no Orçamento da União.
cadar mais R$ 11,2 bilhões em 2016. Esses tributos dependem apenas da “caneta” da presidente da
As mudanças serão feitas por meio de atos administrativos e tam- República e são utilizados como instrumento regulatório de políti-
bém por envio de medida provisória (MP) ao Congresso. ca econômica para enfrentar determinadas situações conjunturais da
No caso da tributação sobre computadores e notebooks, entre economia. Não há necessidade de aprovação de mudança legal pelos
outros produtos, o ministro afirmou que será enviada uma Medida deputados e senadores. As mudanças na alíquota podem ser feitas por
Provisória ao Congresso para rever a atual política. Ele não informou, meio de decreto presidencial.
porém, se os benefícios acabarão por completo ou se serão reduzidos. Há consenso no governo sobre a necessidade de elevação da carga
Em relação à tributação de vinhos e destilados, o aumento pode tributária. Caberá agora a presidente Dilma Rousseff decidir sobre o
ser implementado somente com ato legal da Receita Federal, confir- tributo com menor efeito colateral na economia ou um “mix” de alta
mou o Ministério do Planejamento. Já no caso do IOF, Barbosa expli- das alíquotas de todos eles.
cou que ele pode ser implementado via decreto presidencial. Os estudos mais avançados no Ministério da Fazenda são o que
envolvem a alta da Cide-Combustíveis, segundo fontes. Um aumento
CPMF da Cide dos atuais R$ 0,22 por litro para algo em torno de R$ 0,60
Questionado se o governo ainda considera em criar um tributo representaria uma arrecadação extra para a União de cerca de R$ 12
para financiar a saúde pública, após ter desistido de reeditar a Contri- bilhões. O aumento menor para R$ 0,40 é outra opção em estudo. A
buição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o ministro dificuldade para o Ministério da Fazenda é calibrar a alíquota sem fazer
do Planejamento informou que será iniciada uma discussão no Con- um estrago gigantesco na inflação.
gresso sobre como melhorar a qualidade do gasto público nessa área. Uma fonte da equipe econômica reconheceu, no entanto, que ne-
A CPMF era um imposto sobre transações bancárias que vigorou nhum dos tributos que podem ser elevados pela presidente tem capaci-
por dez anos e acabou em 2007, quando foi derrubado pelo Senado. dade sozinho de garantir uma arrecadação em torno de R$ 64 bilhões,
“Queremos ter uma ampla discussão sobre fontes e uso de recur- que é tamanho do rombo que o governo precisa cobrir no Orçamento
sos para a saúde. Vamos iniciar a discussão para construir uma pro- de 2016 para fechar as contas com superávit de R$ 34,4 bilhões e, junto
posta em conjunto com o Congresso Nacional. O foco principal é me- com resultado previsto dos Estados e municípios de R$ 9,4 bilhões,
lhorar a qualidade do gasto, não é aumento de receita [com aumento fechar o ano dentro da meta de 0,7% Produto Interno Bruto (PIB).
de tributo]. Se o Congresso achar que é necessário mais recursos...”, A defesa do compromisso de cumprimento da meta de 0,7% foi
declarou ele. assumida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do
Nelson Barbosa disse que “hoje o principal desafio fiscal do Bra- Banco Central, nas reuniões internas do G-20, na Turquia. Um recuo
sil é controlar o crescimento dos gastos obrigatórios da União”. Isso nesse compromisso pela presidente Dilma comprometerá de vez a per-
significa discutir, além de despesas com a saúde, os gastos com a Pre- manência do ministro Levy no governo. O governo tem um prazo de
vidência, com funcionários públicos, entre outros, afirmou o ministro. um mês para enviar ao Congresso um adendo à proposta de Orçamen-
Concessões e estatais to.
Nelson Barbosa informou ainda que também haverá vendas de Ainda assim o governo dependerá de mudanças que terão ser fei-
participações acionárias do governo, mas não detalhou quais empresas tas pelo Congresso. Uma das propostas também em estudo é a cria-
públicas poderão ser alienadas, além do leilão da folha de pagamentos ção de uma alíquota mais alta do Imposto de Renda da Pessoa Física
da União. (IRPF) para atingir os mais ricos. Hoje, a alíquota mais alta é de 27,5%.
Também estão previstos a ampliação do processo de concessões Cálculos indicam que a elevação da alíquota para 35% poderia render
e venda de imóveis e o aperfeiçoamento e aumento da cobrança da mais R$ 7 bilhões. Também há medidas em estudo para a tributação
dívida ativa da União. Estas medidas renderão, de acordo com ele, R$ de lucros e dividendos recebidos de empresas e o fim do benefício de
37,3 bilhões ao governo. Juros de Capital Próprio (JCP) para as grandes empresas.

Didatismo e Conhecimento 66
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O espaço de cortes de despesas no curto prazo permanece muito Sobre as despesas obrigatórias, o ministro do Planejamento afir-
restrito. Nas despesas discricionárias (as não obrigatórias) o máximo mou que sua redução envolve medidas que precisam ser enviadas ao
que poderá ser cortado é de cerca de R$ 2 bilhões, mesmo assim com Congresso Nacional. “Em paralelo a este orçamento, temos ações para
grande prejuízo para a administração da máquina e dos programas de construir politicas de longo prazo para controlar os principais gastos
governo. A previsão de gastos de R$ 250,4 bilhões com as despesas da união (...) É possível controlar gastos obrigatórios e ainda assim
discricionárias incluída na proposta de Orçamento de 2016 é em nível atender demandas da população”, declarou ele.
semelhante ao que foi pago em 2012, o que na avaliação de um inte- No orçamento deste ano, o governo informou que o programa
grante da equipe econômica mostra o tamanho do esforço do governo fiscal de longo prazo tem como principais linhas de atuação medidas
na redução dos gastos. legais e infra-legais para reduzir o déficit da Previdência Social e medi-
Mesmo essas despesas não podem ser totalmente cortadas. Desse das para reestruturar cargos dos servidores públicos, além de “redução
total, R$ 90 bilhões de gastos da União e R$ 17 bilhões da Educação de concursos”.
obedecem limites constitucionais. No grupo de despesas discricioná- O plano também contempla medidas para reavaliar fontes e usos
rias, também estão os recursos para o programa Bolsa Família (R$ 30 de recursos para a Saúde “com foco na redução de custos judiciais e au-
bilhões), bolsas de estudo, pagamentos de terceirizados, compras para mento da qualidade do gasto”, além da chamada “reforma administra-
a reforma agrária, seguro agrícola, contribuição para creches e transfe- tiva” - que contempla redução de ministérios e cargos comissionados,
rências para penitenciárias. além da venda de imóveis, entre outras medidas.
Fonte: Istoe.com.br – (08/09/2015) Fonte: G1 - (31/08/2015)

Governo prevê alta real dos gastos no Orçamento 2015 Gás de cozinha terá aumento de 15% a partir de terça, diz
Apesar de ter enviado, pela primeira vez, uma proposta de orça- Petrobras
mento ao Congresso Nacional com déficit primário (despesas maiores A Petrobras informou nesta segunda-feira (31) que reajustará os
do que receitas, sem contar os juros), o governo prevê gastar mais no preços de gás liquefeito de petróleo para uso residencial, envasado em
ano que vem. botijões de até 13 kg (GLP P-13).
A estimativa para as chamadas “despesas discricionárias”, ou seja, Segundo nota enviada à imprensa, a alta média será de 15% e
aquelas que não são obrigatórias, sobre as quais o governo tem contro- entra em vigência a partir de desta terça (1).
le, é de R$ 250 bilhões em 2016, uma alta de 9,2% contra os R$ 229 Segundo a Petrobras, este é o primeiro aumento do preço do gás
bilhões previstos para este ano (último limite, autorizado em julho). de cozinha desde dezembro de 2002.
Em nota divulgada na sexta-feira (28), o Sindicato Nacional das
Em 2013 e 2014, respectivamente, as despesas discricionárias haviam
Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) ha-
somado R$ 220 bilhões e R$ 259 bilhões.
via informado que haveria o aumento, sem precisar de quanto seria.
O aumento é maior do que a inflação prevista para o período, de
De acordo com o Sindigás, o presidente da Sergás (sindicato das
5,4%.
revendedoras), Robson Carneiro dos Santos, afirma que o reajuste será
Apesar da alta prevista, o governo informou que prevê estabilida-
repassado ao consumidor. “Não tem como segurar o preço final por
de nas chamadas despesas discricionárias (não obrigatórias) em pro-
muito tempo porque os nossos custos também subiram muito”, afir-
porção ao PIB, no patamar de 4% em 2016 – mesmo valor deste ano. mou, segundo nota divulgada no site do sindicato.
Quase todos os ministérios tiveram aumento autorizado em suas Fonte: G1 - (31/08/2015)
verbas, que também atingiu o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). O único que teve bloqueio, em relação ao limite autorizado REBAIXAMENTO DA NOTA DE CRÉDITO DO BRASIL
para este ano, foi o programa Ciência Sem Fronteiras, a cargo dos Mi-
nistérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. Fitch: mudança de ‘rating’ pode ocorrer a qualquer momento
Um diretor da agência de avaliação de risco Fitch Ratins disse
Orçamento 20,4% maior para o PAC. que a agência pode revisar a nota do país a qualquer momento. Rafael
No caso do PAC, depois do forte corte que está sendo implemen- Guedes, contudo, ressalvou que a agência não costuma mudar o rating
tado neste ano, os valores liberados voltarão a subir em 2016. De acor- em mais de um degrau por vez. Mas ele lembrou que em 2002 a Fitch
do com o documento, que foi enviado nesta segunda-feira (31) ao Con- rebaixou a avaliação do país duas vezes no mesmo ano.
gresso Nacional, as despesas do PAC deverão somar R$ 42,4 bilhões Atualmente, a nota do Brasil pela agência é BBB, dois degraus
em 2016, contra R$ 35,22 bilhões neste ano, o que representa uma alta acima do nível junk. Depois de perder, no início do mês, o selo de bom
de 20,4%. Em 2014, totalizaram R$ 57,68 bilhões. pagador da Standard & Poor’s, o país é considerado grau de investi-
“No PAC, a prioridade é completar nossas obrigações. E não co- mento por duas agências: Fitch e Moody’s. Se mais uma das agências
meçar projetos novos se não houver recursos. A prioridade é reduzir revisar para baixo a nota do Brasil, o país pode perder uma série de
os restos a pagar, completar as obras em andamento. Terminar mais investidores, já que muitos fundos de investimento só podem aplicar
de 1,5 milhão de unidades do Minha Casa Minha Vida, além de rodo- capital em países que tenham selo de bom pagador por pelo menos
vias, ferrovias, portos, aeroportos, mobilidade urbana. Iniciar projetos duas agências.
novos somente se forem compatíveis com nossa disponibilidade de re- Fonte: Yahoo Notícias - (28/09/2015)
cursos”, declarou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
Após rebaixamento, Dilma se diz comprometida com meta
Despesas obrigatórias fiscal
Já as despesas obrigatórias estão estimadas pelo governo federal Depois do rebaixamento do Brasil pela agência de avaliação
em R$ 960 bilhões, ou 15,4% do PIB, em 2016, contra R$ 871 bilhões, de risco Standard & Poor’s, a presidente Dilma Rousseff disse estar
ou 15% do PIB, neste ano – um aumento de 0,4 ponto percentual. “comprometida” com a meta de superávit fiscal de 0,7% do PIB.

Didatismo e Conhecimento 67
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Dilma havia dado uma entrevista do jornal Valor Econômico antes Entre as ideias, surgiu a possibilidade de retomada da CPMF e,
do Brasil perder o grau de investimento e voltou a falar com o jornal nesta semana, de aumento do Imposto de Renda. Os parlamentares,
em seguida. porém, não têm demonstrado apoio a eventuais aumentos de tributos
“O governo brasileiro continua trabalhando para melhorar a exe- e têm defendido um corte maior de gastos. Mesmo com déficit, a peça
cução fiscal e torná-la sustentável. É fundamental a retomada do cres- orçamentária de 2016 embute aumento de despesas.
cimento”, afirmou Dilma. No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um
“Você vai notar que de 1994 a 2015 só em 7 anos, a partir de 2008, “certificado de segurança” que as agências de classificação dão a paí-
a nota foi acima de BB+. Portanto, essa classificação não significa que ses que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores.
o Brasil esteja em uma situação em que não possa cumprir as suas
obrigações. Pelo contrário, está pagando todos os seus contratos como Contas públicas
também temos uma clara estratégia econômica. Vamos continuar nesse As contas de todo o setor público (governo, estados, municípios
caminho e retomar o crescimento deste país”, completa. e empresas estatais) registraram em 2014 o primeiro déficit primário
A presidente prometeu enviar um pacote de medidas ao Congresso (receitas menos despesas, sem contar juros) da história em 2014. No
Nacional com propostas de corte de despesas e aumento de impostos. ano passado, o déficit primário foi de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do
Fonte: Exame.com (10/09/2015) PIB, em todo ano passado.
Em 2015, as contas públicas registraram, de janeiro a julho, o pior
Levy diz que governo vai cortar gastos mais que em outros resultado da série histórica, que começa em 2001, para este período.
casos Em 12 meses até julho, houve um déficit primário de R$ 50,99 bilhões,
O ministro da Fazenda Joaquim Levy disse que “o governo vai, ou 0,89% do PIB, também o pior resultado da série histórica para este
deve cortar gastos, sim. Mais do que já cortou em alguns casos”, após a indicador.
agência de classificação de risco Standard & Poors anunciar a perda do Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta, no
grau de investimento para a economia brasileira. “Existe um problema conceito conhecido no mercado como resultado “nominal”, houve dé-
difícil, que é um programa que só vai ser vencido se as pessoas olharem ficit de R$ 502 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a expres-
com responsabilidade. A gente tem dado um diagnóstico transparente, sivos 8,81% do PIB. Trata-se, também, do pior resultado da história.
verdadeiro e agora as pessoas têm que tomar essas responsabilidades Esse número é acompanhado com atenção pelas agências de classifi-
em todos os níveis. O governo vai, deve cortar gastos, sim. Mais do cação de risco na determinação da nota dos países.
que já cortou em outros casos. E com gestão, ferramentas inteligen- Ajuste fiscal
tes. E, se precisar, a gente tem que ter disposição de também fazer um Desde o início do ano, em uma tentativa de melhorar os resulta-
sacrifício para todo mundo poder voltar a ter a economia crescendo”, dos das contas públicas, foram aumentados tributos sobre emprésti-
disse Levy. mos, carros, cosméticos, cerveja, vinhos, destilados, bancos, receitas
Levy voltou a falar sobre a necessidade de garantir o esforço fiscal financeiras das empresas, taxas de fiscalização de serviços públicos,
para o Orçamento de 2016. “Nós queremos equilíbrio fiscal. A gente gasolina e exportações de manufaturados, entre outros.
quer atingir a meta que é necessária para trazer tranquilidade para a Também foram promovidas limitações de benefícios sociais,
economia brasileira”, comentou. como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por
Em comunicado, a agência S&P chama a atenção para a deterio- morte, além de aumento da tributação sobre a folha de pagamentos.
ração fiscal e a falta de coesão da equipe ministerial, como causas da Todas estas medidas já passaram pelo crivo do Congresso Nacional.
decisão de rebaixar a nota.
“O mundo mudou, tinha mais tantas coisas que dava para fazer Brasil conquistou grau de investimento em 2008
na época e que a gente fez, não dá mais para fazer assim se a gente A S&P é a primeira agência entre as maiores a tirar o grau de in-
quer crescer. E aí a gente vai ter que fazer essas escolhas. Qual vai ser vestimento do Brasil. Na Moody´s, o país está no último degrau, antes
exatamente o imposto, quanto vai ser, qual vai ser exatamente o corte, do grau especulativo. Na Fitch, o Brasil segue dois degraus acima.
a gente vai conversar, foi isso o que Congresso pediu para a gente, e O Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências inter-
depois, eu acho que nas próximas semanas, o governo vai ter que fazer nacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s em 2008. Em 2009, con-
isso com muita clareza. Agora, todo mundo vai ter que estar envolvido quistou a classificação pela Moody’s.
nisso e é um desafio para cada um de nós”, reforçou.
Segundo a S&P, a proposta do Orçamento para 2016 com um dé- Selo de bom pagador
ficit R$ 30,5 bilhões, ou o equivalente a 0,3% do PIB em vez dos 0,7% O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos
previstos em julho, “reflete um desacordo com a composição e mag- investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de risco que
nifude das medidas necessárias para reequilibrar as contas públicas”. determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibili-
A peça orçamentária de 2016 foi enviada ao Congresso, pela pri- dade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de
meira vez na história, com a previsão de déficit (despesas maiores do perder o capital investido com a instabilidade econômica local.
que receitas). A meta fiscal para o governo é de um déficit de R$ 30,5 Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou
bilhões no ano que vem, o equivalente a 0,5% do PIB. Para todo o setor os Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode
público (envolvendo estados, municípios e empresas estatais), a meta investir em títulos de países que estão classificados com grau de in-
é de um resultado negativo de R$ 21,1 bilhões, ou 0,34% do PIB, em vestimento por agências internacionais. Por isso, essa “nota” permite
2016. que o país receba recursos de investidores interessados em aplicar seu
Nas últimas semanas, o governo tem anunciado a intenção de dinheiro naquele local.
encontrar novas formas de receita para equilibrar o Orçamento vem, A perda do grau de investimento na S&P significa também um
inclusive sendo defendida em público pela presidente Dilma Rousseff revés para a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Joa-
como forma de evitar o déficit no Orçamento de 2016. Dilma avaliou quim Levy, que vem trabalhando para tentar melhorar o perfil das con-
recentemente o governo cortou “tudo que poderia ser cortado”, nas pa- tas públicas visando não só o equilíbrio fiscal como também o risco de
lavras de Dilma. perda do chamado “grau de investimento”.

Didatismo e Conhecimento 68
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Previsão para a economia Após escândalo, Volks demite presidente, diz imprensa alemã
No comunicado, a agência diz esperar que o déficit fiscal do país Depois de ser acusada pelo governo dos Estados Unidos de ter
aumente para uma média de 8% do PIB em 2015 e 2016 antes de cair equipado quase meio milhão de carros com um software que mascara
para 5,9% em 2017, contra 6,1% em 2014. Para a S&P, a dívida públi- a emissão de poluentes, a Volkswagen demitiu nesta terça-feira (22) o
ca do país (sem contar as reservas internacionais), deve subir para 53% presidente global Martin Winterkorn, segundo o site alemão Der Ta-
do PIB este ano e para 59% no próximo ano, de 47% em 2014. “Tam- gespiegel.
bém esperamos que a receita com os juros suba para acima de 20% este De acordo com a publicação, fontes informaram que o executivo
ano e no próximo, dos 15% no ano passado”, conclui. será substituído pelo atual presidente da Porsche, Matthias Müller.
G1 - (10/09/2015) Ainda conforme divulgou o Der Tagespiegel, a presidência do
conselho da empresa deve se reunir na quarta-feira e uma reunião com
Standard & Poor’s tira grau de investimento da Petrobras e todos os vinte membros do conselho fiscal deve acontecer na sexta-
bancos feira.
A Volkswagen, entretanto, nega a saída de Winterkorn. Ao site
A Standard & Poor’s (S&P) rebaixou a nota de 31 empresas nesta
norte-americano Business Insider, um porta-voz da montadora disse
quinta-feira (10) – entre elas a Petrobras, que perdeu o grau de investi-
apenas que a empresa não pode comentar nada neste momento. “Ago-
mento – e de outras 13 instituições financeiras, das quais 11 perderam
ra temos que esperar”, afirmou.
o selo de bom pagador.
A ação de rating é um desdobramento direto do rebaixamento da O escândalo
nota de crédito soberano do Brasil, anunciada na véspera, que fez o A montadora alemã é acusada pela Agência de Proteção Ambien-
país perder o selo de bom pagador na classificação da S&P. Não sig- tal norte-americana (EPA), na sigla em inglês, de ter usado em motores
nifica, necessariamente, que as companhias estão em situação ruim. a diesel um software que mascara as emissões de poluentes durante
Segundo a agência, as novas notas refletem a visão da S&P de que testes.
as empresas estão atualmente com o número máximo de “degraus” de Esse tipo de motor teria equipado modelos da Volks e também da
diferença acima da nota do país. Audi. Ao rodar normalmente, ele liberaria na atmosfera até 40 vezes
Sete das 31 companhias mantiveram o grau de investimento por- mais gases do que o permitido pela regulação.
que existe uma “distância máxima” que pode ser mantida em relação Nesta terça-feira, a empresa anunciou que o caso é bem maior
ao rating do país, rebaixado para BB+. Entre elas estão Ambev, Voto- do que se imaginava e que até 11 milhões de carros em todo o mundo
rantim e Globo – que, hoje, está dois degraus acima da nota do Brasil. poderão ser afetados pelo problema. A companhia também disse que
(veja a lista abaixo) reservará 6,5 bilhões de euros no trimestre para cobrir despesas rela-
Petrobras cionadas à polêmica, o que a forçará a reduzir a projeção de lucro para
A nota da Petrobras foi rebaixada em dois níveis, de “BBB-” para o ano.
“BB”, com perspectiva negativa. A estatal está agora na categoria es- Além disso, a Volkswagen está sujeita a investigações nos Estados
peculativa. Unidos e poderá receber multas de até 18 bilhões de dólares.
Entre os 13 bancos com ratings afetados após o corte da nota do Os reguladores da União Europeia também vão se reunir para dis-
Brasil, dois já não tinham grau de investimento; as demais o perderam. cutir como lidar com o escândalo, que deve prejudicar a economia do
Entre os bancos que têm agora grau especulativo estão o Banco do bloco.
Brasil, Itaú, Bradesco, BNDES e Caixa Econômica Federal. Na segunda-feira, as ações da companhia despencaram 20%, sua
Dívida da Petrobras maior queda na história.
Em comunicado, a S&P disse que a perspectiva negativa aplicada Fonte: Exame.com - (22/09/2015)
à dívida da Petrobras – que abre a possibilidade de outro rebaixamento
INTERNACIONAL
no futuro – é um reflexo da situação política e econômica do país.
ASSEMBLEIA GERAL DA ONU
“Vamos continuar avaliando a qualidade de crédito das empresas
em uma base contínua em vista da enfraquecida qualidade do crédito
Obama acena a Putin na ONU por causa do impasse no con-
soberano e de perspectivas macroeconômicas mais fracas”, afirmou a flito da Síria
S&P. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder russo
Em teleconferência com jornalistas mais cedo, analistas da S&P Vladimir Putin transferiram nesta segunda-feira sua rivalidade para a
já tinham sinalizado que a Petrobras corria o risco de perder o grau de sede das Nações Unidas, em Nova York. Em discursos na Assembleia
investimento e ter a sua dívida rebaixada para a categoria especulativa. Geral da ONU, seguidos de uma reunião bilateral, Obama e Putin abor-
Segundo a agência, o Brasil precisa mostrar sólido e consistente daram a guerra civil na Síria, que causou mais de 200.000 mortos e
comprometimento para reverter a sua situação e voltar a ter grau de quatro milhões de refugiados.
investimento. O ativismo militar e diplomático da Rússia nos últimos dias preo-
Em comunicado, a Petrobras afirmou que a financiabilidade dos cupa a Administração Obama, paralisada entre a luta contra os jihadis-
projetos da companhia, no médio prazo, foi alcançada por meio de fi- tas do Estado Islâmico (EI) e a oposição ao regime de Bashar al-Assad,
nanciamentos captados neste ano com instituições financeiras no Bra- a quem os EUA atribuem o início da guerra.
sil e no exterior. “Os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar com qualquer na-
“A companhia esclarece, ainda, que seus financiamentos não ção, incluindo a Rússia e o Irã, para resolver o conflito”, disse Obama
possuem cláusulas atreladas ao rating das agências classificadoras de à Assembleia Geral. “Mas não pode haver, depois de tanto sangue e
risco. Ou seja, a reclassificação não provocará alterações nos contratos matanças, um retorno ao status quo anterior à guerra.” O presidente
vigentes”, informou a estatal. dos EUA disse que, por realismo, será preciso aceitar compromissos,
Fonte: G1 – (10/09/2015) mas também uma transição para um governo na Síria sem al-Assad.

Didatismo e Conhecimento 69
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Há dois anos Obama e Putin não realizavam uma reunião formal O presidente americano lembrou que, no começo do conflito na
e há quase um ano não participavam de um encontro internacional. O Síria há mais de quatro anos, o regime de Assad reagiu aos “protestos
conflito na Ucrânia, entre acusações mútuas de interferência, e a anexa- pacíficos” com “repressão” e “assassinando” os manifestantes. “Os
ção da província ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014 esfriaram Estados Unidos estão preparados para trabalhar com todos os países,
a relação entre os dois líderes. Obama tentou isolar Putin e, com seus incluindo Rússia e Irã, para resolver o conflito”, garantiu Obama. Mas
parceiros europeus, impôs sanções econômicas. A Síria oferece à Rús- depois disse que na Síria é necessária “uma transição” com “um novo
sia a oportunidade de desempenhar um papel importante no Oriente líder e um governo inclusivo”.
Médio diante da paralisia dos EUA e da União Europeia na Síria. O governo de Obama reivindica desde o início do conflito na Síria
A Rússia enviou tropas e aviões para a Síria. Neste fim de semana, a renúncia de Assad, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, dei-
chegou a um acordo com o Iraque, Irã e com a Síria para compartilhar xou claro nos últimos dias que acredita que a “única solução” para crise
informações na guerra contra o EI. O intervencionismo russo coincide é fortalecer o atual regime. Enquanto isso, o presidente do Irã, Hassan
com a chegada diária na Europa de dezenas de milhares de refugiados Rohani, afirmou durante o fim de semana à rede “CNN” que “todo o
provenientes de países em conflito, entre eles a Síria e o Iraque, parcial- mundo aceitou” a continuidade no poder de Assad para lutar contra o
mente ocupados pelos jihadistas. grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que ocupa parte da Síria.
O acordo das potências da ONU com o Irã —aliado, como a Rús- Obama e Putin se reunirão nesta tarde na ONU, em sua primeira
sia, de al-Assad— permite, no papel, acelerar a cooperação contra o EI, reunião formal desde o início da crise ucraniana, para abordar tanto
objetivo comum de norte-americanos, russos e iranianos, mas Washin- esse tema como o conflito na Síria. Sobre a Ucrânia, Obama defen-
gton e Moscou discordam no diagnóstico sobre as causas da guerra deu as sanções impostas à Rússia após a anexação da Crimeia porque
civil e suas soluções. os EUA não podem ficar calado “quando a soberania e a integridade
Obama quer usar sua reunião com Putin para “entender” como o territorial de uma nação são violadas”. “O povo ucraniano está agora
crescente envolvimento da Rússia na Síria servirá para resolver o con- mais interessado do que nunca em se aliar à Europa ao invés de com a
flito. Os EUA, que há um ano estão bombardeando posições islamis- Rússia”, ressaltou Obama.
tas, acreditam que a brutalidade do regime de al-Assad tem alimentado
militantes islâmicos violentos e, portanto, não há solução para a guerra Hollande
sem uma transição política que, a longo prazo, tire al-Assad do poder. O presidente da França, François Hollande, se mostrou aberto
A Rússia discorda. O país argumenta que, para derrotar o Estado Islâ- para discutir com toda a comunidade internacional nesta segunda-feira
mico, é necessário aliar-se ao regime de al-Assad. uma solução para a guerra na Síria, mas insistiu que o líder do país,
A estratégia de Obama, além dos bombardeios contra o EI na Sí- Bashar al Assad, não pode fazer parte desse processo. “Al Assad é a
ria e no Iraque, consistiu em um plano para treinar e armar grupos de origem do problema, não pode ser parte da solução. Não se pode fazer
rebeldes que se opõem a al-Assad e aos jihadistas. O plano fracassou. as vítimas trabalharem ao lado dos carrascos”, discursou Hollande na
Pretendia treinar mais de 5.000 militantes. Apenas quatro ou cinco es- Assembleia Geral da ONU.
tão em combate. O líder francês criticou os “esforços diplomáticos” de alguns paí-
Quando a guerra começou, em 2011, os EUA exigiram a saída de ses para incluir o “ditador” em uma solução negociada para a crise e
al-Assad. Dois anos depois, Obama estava prestes a pedir uma inter- insistiu que a ameaça dos jihadistas do Estado Islâmico (EI) não pode
venção contra o ditador sírio. No último minuto, suspendeu o ataque. ser utilizada como desculpa para manter o regime. “Ainda hoje esse
Os avanços do EI forçaram uma mudança de estratégia e transforma- mesmo regime continua a atirar bombas sobre vilarejos civis inocen-
ram al-Assad em um aliado de fato dos EUA contra os jihadistas. Ago- tes”, lembrou Hollande.
ra, a Administração Obama admite que possa ter um papel durante a O presidente francês disse querer trabalhar com todos os agentes
transição. internacionais, sem “descartar a ninguém”, e considerou que a ideia
O encontro com Obama tira Putin do ostracismo no qual o presi- de formar uma “grande coalizão” para resolver a guerra é “possível”,
dente norte-americano tentou colocá-lo desde a separação da Crimeia “desejável” e “necessária”.
e o coloca no centro de todas as conversas esta semana em Nova York. “Mas esta coalizão deve ter uma base clara ou nunca verá a luz”,
Há anos que a Assembleia Geral da ONU —o encontro que reúne disse Hollande, que considerou que o eixo dessa resposta tem que ser
todo mês de setembro os representantes de mais de 140 países— não o comunicado de Genebra selado há mais de três anos e que previa
reunia tantos líderes, entre eles o presidente do Irã, Hassan Rohani; Pu- dar fim à violência com a formação de um governo de transição com
tin, que há dez anos não discursava perante a Assembleia; e o cubano elementos do regime e da oposição.
Raúl Castro, que nunca havia participado e planeja se encontrar com “Aí está a base. Vamos utilizá-la, para avançar”, assinalou, ao in-
Obama nesta terça-feira. sistir que Al Assad não pode estar nessa estrutura por ter responsabili-
Fonte: El País Brasil - (28/09/2015) dade na tragédia. A França, que no último fim de semana anunciou seus
primeiros ataques contra posições dos jihadistas do Estado Islâmico
Obama chama Assad de “tirano” e diz que não procura outra (EI) no leste da Síria, continuará a assumir “suas responsabilidades”,
Guerra Fria com a Rússia garantiu Hollande.
O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou nesta segunda- O presidente francês também se referiu à crise dos refugiados e
feira (28/09) o líder sírio Bashar Al-Assad de “tirano” e disse que não defendeu que a Europa “deve fazer seus deveres”, lembrando que os
procura uma nova “Guerra Fria” com a Rússia, durante seu discurso vizinhos da Síria já demonstraram grande solidariedade. “A Europa
perante a Assembleia Geral da ONU. está fundada sobre valores e princípios, e o direito de asilo é parte de-
“Após tanto derramamento de sangue, não podemos voltar ao les”, disse Hollande, que pediu a todo o mundo que preste assistência
‘status quo’ na Síria”, ressaltou Obama, que acrescentou que “não há aos refugiados.
respostas fáceis” para resolver o conflito nesse país. Fonte: Época Negócios - (28/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 70
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Raúl Castro pede fim do embargo contra Cuba na assembleia A maioria dos migrantes que chegam à Grécia por mar são sírios
da ONU em fuga da guerra em seu país. Entre os que chegaram à Itália, os mais
O presidente de Cuba Raúl Castro fez nesta segunda-feira (28) seu numerosos são os eritreus.
primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, um discurso breve Além das vítimas fatais registradas durante a tentativa de chegar a
(menos de 20 minutos), mas ainda assim histórico, pelo momento de Europa por mar, a OIM informou que outras 1.000 pessoas faleceram
reaproximação com os EUA. este ano em outras rotas de imigração, como o deserto do Saara e a
Apesar do bom momento entre Washington e Havana, o manda- Baía de Bengala, na Ásia.
tário cubano pediu o fim do embargo contra a ilha e “alfinetou” os Fonte: Uol - (01/09/2015)
americanos na questão de Porto Rico, pedindo sua independência do
que chamou de dominação colonial -- os portorriquenhos atualmente Países da União Europeia violam tratados em comum ao re-
são uma espécie de território dos EUA. cusarem refugiados
Em julho, EUA e Cuba retomaram suas relações diplomáticas e A maior crise de fugitivos na Europa desde o final da Segunda
abriram embaixadas nos respectivos territórios. No entanto, o embargo Guerra Mundial tornou-se uma crise da própria União Europeia (UE),
econômico ainda vigora e seu fim depende da aprovação do Congresso
depois que os países do bloco leste começaram a desrespeitar as leis
dos EUA. Nesta segunda mais cedo, o presidente americano Barack
que regulamentam o asilo — tanto internas como internacionais. A
Obama também defendeu o levantamento do bloqueio.
principal é o Protocolo de Dublin, assinado em 1999, que diz que o
“Depois de 56 anos, as relações diplomáticas foram restabelecidas
refugiado deve ficar no país onde teve acesso à UE. Segundo o cientis-
entre Cuba e os EUA”, disse Raúl Castro. “Agora se dá início a um
longo e complexo processo até à normalização das relações. Isso será ta político Hajo Funke, da Universidade Livre de Berlim, a norma foi
alcançado quando se coloque fim ao bloqueio econômico, comercial sepultada sem nenhum diálogo ou votação.
e financeiro; se devolva à Cuba o território ocupado ilegalmente na — Os países do Leste recusam-se a receber refugiados, desrespei-
base naval de Guantánamo; se acabe com as transmissões de rádio e tando a própria lei da UE — afirma Funke.
televisão e o programa de subversão e desestabilização contra a ilha; O jurista Itziar Ruiz, da Anistia Internacional, assegura que a UE
e se compense nosso povo pelos danos humanos e econômicos que “viola obrigações do Direito Internacional de proteção de refugiados e
ainda sofre”. de não devolução”.
Castro também lembrou que 188 países apoiaram o fim do embar- — Os Estados-membros, à exceção da Alemanha, mantêm postu-
go diante da ONU. “Continuaremos apresentando o projeto de resolu- ras intoleráveis — criticou a também jurista Araceli Mangas, especia-
ção pela necessidade de romper o bloqueio econômico imposto pelos lista em Direito Europeu da Universidade Complutense de Madri, em
Estados Unidos a Cuba”, disse Castro. entrevista ao jornal “El Mundo”.
Castro também citou a presidente Dilma: “Reiteramos nosso ‘Maior catástrofe humanitária da UE’
apoio solidário à presidenta Dilma Rousseff e ao povo do Brasil na de- Transformada em campo de refugiados, onde dois mil pessoas
fesa de suas importantes conquistas sociais e da estabilidade do país”. aguardam permissão para embarcar num trem em direção à Alemanha,
Sobre a crise migratória internacional, o cubano disse que a Europa a estacão ferroviária de Keleti, em Budapeste, é a imagem do caos que
tem responsabilidade e precisa assumi-la: “A União Europeia deve as- tomou conta da UE pelo fluxo de fugitivos. Ontem, com as mão dadas
sumir de maneira plena e imediata suas responsabilidades pela crise e erguidas, os imigrantes protestaram, gritando: “Liberdade! Liberda-
humanitária que ajudou a gerar.” de!” Para Funke, os países estão se distanciando cada vez mais dos
Para Castro, o povo sírio “é capaz de resolver por si mesmo” os ideais do bloco.
seus problemas e criticou as “intervenções externas” no país. “Reno- — Trata-se da maior catástrofe humanitária da História da UE.
vamos nossa confiança em que o povo sírio é capaz de resolver por si Pelo Protocolo de Dublin, Grécia e Itália deveriam processar a
mesmo suas diferenças”, disse. maior parte dos pedidos de asilo por serem os primeiros países da UE
Ao encerrar o seu discurso, Raúl citou o irmão Fidel Castro, ex- onde eles pisam, chegando por mar. Ou mesmo a Hungria, o primeiro
dirigente da ilha, que disse que se deve combater a fome, as doenças, a
país do bloco na rota dos Bálcãs, após os fugitivos deixarem a Grécia.
pobreza e a destruição dos meios naturais com urgência antes que seja
Mas, eleito três vezes com plataformas conservadoras, o primeiro-mi-
muito tarde.
nistro húngaro, Viktor Orban, considerou os fugitivos uma “explosão”
Fonte: G1 - (28/09/2015)
e “ameaça de infecção”. Já o ex-presidente tcheco Václav Klaus defi-
CRISE MIGRATÓRIA NA EUROPA niu a política de refugiados da UE propagada pela chanceler federal
alemã, Angela Merkel, de “suicídio”.
Mais de 350.000 migrantes cruzaram o Mediterrâneo desde — Se a UE quer praticar o suicídio ao aceitar um número ilimita-
janeiro do de refugiados, pode fazer isso, mas sem a nossa aprovação — de-
Mais de 350.000 migrantes atravessaram o Mediterrâneo desde clarou Klaus.
janeiro e mais de 2.643 pessoas morreram no mar quando tentavam Segundo o atual presidente tcheco, Milos Zeman, os fugitivos são
chegar à Europa, anunciou nesta terça-feira a Organização Internacio- uma “tsunami” e, para ele, os muçulmanos seriam especialmente peri-
nal para as Migrações (OIM). gosos. Já o premier eslovaco, Robert Fico, classificou a ideia de a UE
Quase 235.000 chegaram à Grécia e 115.000 à Itália, segundo a receber todos os refugiados de guerras de “maluca”.
organização com sede em Genebra. — Enquanto a Alemanha propõe a criação de cotas, para que os
Mais de 2.000 chegaram à Espanha e quase uma centena a Malta. milhares de fugitivos sejam divididos entre os 28 países da UE, os
O número no decorrer de 2015 supera com folga o total de 2014, países do Leste querem fechar suas fronteiras — ressalta o cientista
quando 219.000 migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo. político Hajo Funke.

Didatismo e Conhecimento 71
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Mas não só os países do antigo bloco comunista são contra o in- “Falei esta manhã com o presidente francês e a posição franco
gresso de refugiados. O Reino Unido chegou a interromper o tráfego -alemã, que transmitirei às instituições europeias, é que estamos de
do Eurotúnel para impedir a entrada de refugiados. Cerca de quatro mil acordo com a necessidade de cotas obrigatórias dentro da União Eu-
pessoas estão acampadas em Calais, na França, aguardando a oportu- ropeia para partilharmos a responsabilidade”, disse Merkel à imprensa
nidade de cruzar o Canal da Mancha. durante uma visita a Berna.
Líderes de alguns países do antigo bloco comunista na UE — Ela acrescentou que a poder econômico e o tamanho do país que
Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Polônia — se encontram em vai acolher os refugiados têm de ser considerados, “mas sem as cotas
Praga para uma conferência sobre a crise dos refugiados. Os quatro não poderemos resolver o problema”.
países, que fazem parte da UE desde 2004, desejam adotar uma po- A presidência francesa emitiu um comunicado em Paris anuncian-
sição comum para evitar a pressão da Alemanha, que quer resgatar a do que a França e a Alemanha vão transmitir a Bruxelas “propostas
validade do Protocolo de Dublin. comuns para organizar o acolhimento de refugiados e uma repartição
Na quarta-feira, uma imagem tornou-se símbolo da atual crise mi- equitativa na Europa” e para “harmonizar as normas do sistema de asi-
gratória. Aylan Kurdi, de apenas 3 anos, foi encontrado morto em uma lo europeu”.
praia no balneário turístico de Bodrum, na Turquia. Ele se afogou, bem A iniciativa franco-alemã visa também “assegurar o regresso dos
como outros 12 refugiados sírios, que tentavam alcançar de barco a imigrantes irregulares aos seus países de origem e dar o apoio e a coo-
ilha grega de Kos. Outras cinco crianças, entre elas o irmão dele, Galip, peração necessários aos países de origem e de trânsito”, acrescenta o
5 anos, estavam entre os mortos. comunicado.
A cena do corpo do menino, com o rosto enfiado na areia, tomou “Para os refugiados que tentam chegar à Europa (…) as tragédias
conta das redes sociais e também foi publicada em vários jornais. “Se sucedem-se aos dramas. Milhares de vítimas morreram desde o início
essa imagem extraordinariamente poderosa de uma criança síria morta do ano. A União Europeia tem de agir de maneira decisiva e em con-
em uma praia não mudar a atitude da Europa com os refugiados, o formidade com os seus valores”, diz o texto.
que irá?”, questionava o título do britânico “The Independent”. Já o “Estes homens e estas mulheres, com suas famílias, fogem de
português “Público” justificou a publicação: “Vamos de forma pater- guerra e de perseguições. Precisam de proteção internacional que lhes
nalista proteger o leitor de quê? De ver uma criança morta à borda da é devida. A Convenção de Genebra, assinada após a guerra, vincula to-
água, com a cara na areia? Não sabemos se esta fotografia vai mudar dos os países. A Europa deve proteger aqueles para quem ela é a última
mentalidades e ajudar a encontrar soluções. Mas hoje, no momento de esperança”, conclui o comunicado.
decidir, acreditamos que sim.”
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou hoje (3)
aos Estados-Membros da União Europeia (UE) para aceitarem pelo
DIREITOS EM XEQUE
menos 100 mil refugiados, de modo a aliviar a pressão nos países da
Declaração Universal dos Direitos Humanos - O artigo 14 da De-
chamada linha da frente. “Aceitar mais refugiados é um gesto impor-
claração Universal dos Direitos Humanos prevê: “Em caso de perse-
tante de verdadeira solidariedade”, disse Tusk, salientando ser atual-
guição, toda pessoa tem direito de buscar asilo, e a desfrutar dele, em
mente necessária “uma distribuição equitativa de pelo menos 100 mil
qualquer país.” Países europeus têm infringido este direito ao fechar
fronteiras ou criar cotas para migrantes fugindo de conflitos, extremis- refugiados pelos Estados-Membros”.
mo e ditaduras nos países de origem. O Reino Unido se nega a aceitar “Apelo a todos os dirigentes da UE para demonstrarem solidarie-
qualquer refugiado. dade com os Estados-Membros que enfrentam uma onda migratória
Convenção de Genebra - Muitos países não estão cumprindo o sem precedentes”, salientou Tusk, após uma reunião conjunta com o
Estatuto do Refugiado da Convenção de Genebra, de 1951, que esta- primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
belece “a proteção que um Estado oferece a pessoas que não são seus Antes, o presidente do Conselho Europeu, discursou para os em-
nacionais e cuja vida ou liberdade está em perigo por atos, ameaças e baixadores da União Europeia e alertou para o risco de uma divisão
perseguições das autoridades de outro Estado”. Leste-Oeste por causa do acolhimento aos refugiados.
Carta de Direitos Fundamentais da UE - O artigo 9, “Direito ao Em julho, o Conselho Europeu recusou uma proposta da Comis-
asilo”, tem sido desrespeitado, bem como o artigo 6, que afirma a são Europeia de estabelecer cotas obrigatórias para a reinstalação e re-
“obrigatoriedade de registrar todas as solicitações de proteção interna- colocação de refugiados, tendo os chefes de Estado e de Governo dos
cional que sejam apresentadas”. 28 países chegado a um acordo para o acolhimento de 32 mil pessoas
Convênio Europeu de Direitos Humanos - Os artigos 3, 13 e o oriundas da Síria e da Eritreia, número inferior aos 40 mil propostos
protocolo 4° têm sido violados com as atitudes de países europeus na pelo executivo comunitário, em maio.
atual crise migratória. É uma das tábuas de direitos mais descumpridas
pela União Europeia (UE). Em 2014, o Tribunal Europeu dos Direitos Alemanha pode receber 500 mil refugiados por ano a médio
Humanos, em Estrasburgo, obrigou a Espanha a manter em território prazo
nacional 30 saarauís aos quais o país se recusou conceder asilo, em Com sua força econômica, a Alemanha pode receber meio milhão
2011. de refugiados por ano a médio prazo, afirmou o vice-chanceler e minis-
Fonte: O Globo - (03/09/2015) tro da Economia, Sigmar Gabriel.
“Acredito que podemos enfrentar um número da ordem de meio
Alemanha e França propõem cotas obrigatórias para acolhi- milhão (de refugiados por ano) durante vários anos, talvez mais”, disse
mento de refugiados o líder social-democrata em uma entrevista ao canal público ZDF.
A Alemanha e a França decidiram apresentar à União Europeia “Mas não podemos aceitar a cada ano um milhão de pessoas e
(UE) uma “iniciativa comum” para a imposição de cotas obrigatórias integrá-las sem problema”, completou.
no acolhimento de refugiados pelos países europeus, anunciou hoje a A Alemanha espera receber este ano 800 mil pedidos de asilo, um
chanceler alemã, Angela Merkel. número quatro vezes maior que em 2014.

Didatismo e Conhecimento 72
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Gabriel disse que a Alemanha pode continuar recebendo mais re- “Não há religião, crença, filosofia quando se trata de refugiados”,
fugiados de outros países europeus. “Somos economicamente um país disse.
forte”, afirmou. Na semana passada, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban,
Nesta segunda-feira (7), a chanceler alemã, Angela Merkel, anun- disse que a chegada de migrantes ameaça as “raízes cristãs” da Euro-
ciou que vai destinar 6 bilhões de euros para administrar o grande fluxo pa. Na França, alguns deputados defenderam que o país receba apenas
de migrantes e afirmou que o fluxo em massa de imigrantes mudará o refugiados cristãos.
país, prometendo trabalhar para que estas modificações sejam “posi- Ao mesmo tempo, a Alemanha se mostrou “aberta” à possibilida-
tivas”. de de uma reunião extraordinária de chefes de Estado e de Governo da
“O que vivemos agora é algo que seguirá nos ocupando pelos pró- União Europeia para abordar a crise migratória.
ximos anos, nos mudará, e queremos que a mudança seja positiva e
pensamos que podemos conseguir isto”, declarou Merkel. Distribuição
Merkel mencionou um fim de semana “emocionante e impactan- A distribuição por país leva em consideração a população do Es-
te”, durante o qual chegaram a Alemanha quase 20 mil refugiados pro- tado, o PIB total, a taxa de desemprego e o número de solicitações de
cedentes em sua maioria da Síria. asilo nos últimos quatro anos, segundo o documento publicado pela
A chanceler comemorou o fato da Alemanha “ter se transformado Comissão Europeia.
em um país que as pessoas associam à esperança. É algo muito valioso
A seguir a distribuição proposta pela Comissão:
se observarmos nossa história”.
Alemanha 31.443
Fonte: G1 - (08/09/2015) Áustria 3.640
Bélgica 4.564
Comissão Europeia apresenta plano para crise migratória e Bulgária 1.600
pede coragem Chipre 274
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu à Croácia 1.064
União Europeia (UE) “ações corajosas e determinadas” para responder Eslováquia 1.502
à crise migratória na Europa e fez um apelo para que o bloco receba Eslovênia 631
160 mil refugiados, ao apresentar seu plano para que a UE divida a res- Espanha 14.931
ponsabilidade sobre receber as pessoas que têm chegado ao continente. Estônia 373
“Os números são impressionantes”, afirmou Juncker em um dis- Finlândia 2.398
curso na Eurocâmara em Estrasburgo (leste da França), recordando França 24.031
que quase 500 mil refugiados chegaram a países da UE desde o início Letônia 526
do ano. Lituânia 780
“É o momento de ações corajosas e determinadas para a UE”, dis- Luxemburgo 440
se, antes de pedir que a UE distribua 120 mil refugiados além dos 40 Malta 133
mil já solicitados pela Comissão aos países do bloco há alguns meses Holanda 7.214
para ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afetados pela che- Polônia 9.287
gada maciça de migrantes. Portugal 3.074
O objetivo é ajudar Itália e Grécia, e agora a Hungria, países afeta- República Tcheca 2.978
dos pela chegada maciça de migrantes, a examinar os pedidos de asilo Romênia 4.646
e recebê-los em seus territórios. Suécia 4.469
Juncker pediu que depois da distribuição dos 160 mil solicitantes Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca não aparecem na lista por
de asilo, a UE instaure “um mecanismo permanente” para que o bloco conta da opção que permite a estes países não participar nesta política
possa enfrentar um novo fluxo migratório de maneira mais rápida. comunitária.
Fonte: G1 - (09/09/2015)
A chanceler alemã, Angela Merkel, que anunciou que seu país
está comprometido a receber meio milhão de migrantes por ano, voltou
Obama decide receber 10 mil refugiados sírios
a pedir uma distribuição “obrigatória” na UE, medida que conta com a
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiu que o
oposição de vários países do leste do bloco. país vai receber 10 mil refugiados sírios até o ano que vem. Cerca de
Merkel considera que a proposta de Juncker, pela qual a Alema- 1,5 mil serão recebidos até o final deste mês. A informação é do porta-
nha oferecerá mais de 31.000 vagas para os demandantes de asilo, voz da Casa Branca, John Earnest.
constitui “um primeiro passo para uma divisão equitativa”. Ele disse que o número representa aumento significativo e de-
Alemanha, França e Espanha são os países com maiores cotas na monstra o compromisso dos Estados Unidos na recepção e satisfação
nova proposta da Comissão Europeia. das necessidades de refugiados da Síria. Mas o porta-voz destacou que
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, não citou nú- o Congresso precisará fazer uma reserva financeira substancial para
meros, mas afirmou que ficou “reconfortado” ao escutar Juncker, que acolher mais refugiados.
propôs um fundo fiduciário para os refugiados de 1,8 bilhão de euros. O anúncio da gestão Obama chega um dia depois de o presidente
A maior parte do dinheiro do fundo será destinada aos países de da Comissão Europeia ter proposto um plano para realocar mais 120
origem dos migrantes, a partir do Fundo para o Desenvolvimento da mil refugiados.
UE destinado aos países da África, do Caribe e do Pacífico (ACP), que O governo norte-americano vinha sendo criticado por entidades
já tem orçamento para o período 2014-2020. defensoras de direitos humanos por não ter anunciado aumento no nú-
Juncker fez um apelo à União Europeia para que não estabeleça mero de refugiados, após a divulgação da foto do menino Aylan Kurdi,
diferença entre os refugiados de acordo com a religião. de 3 anos, morto em uma praia da Turquia.

Didatismo e Conhecimento 73
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A organização Rescue Committee, que ajuda pessoas que fogem “Eles [refugiados] estão na Hungria e esperamos do Estado hún-
de conflitos e desastres naturais, pediu aos Estados Unidos que rece- garo que os trate como se deve”, acrescentou Vulin. O ministro ob-
bam 65 mil refugiados até o fim do ano que vem. Em agosto, o Depar- servou que os refugiados que fracassarem em sua tentativa de entrar
tamento de Estado havia anunciado que receberia entre 5 mil e 8 mil na Hungria poderão permanecer na Sérvia e retornar aos centros de
refugiados em 2016. acolhida.
Fonte: Agência Brasil - (10/09/2015) Fonte: El País Brasil - (15/09/2015)

Hungria fecha fronteira e criminaliza entrada ilegal de refu- Brasil acolhe, mas ainda não integra refugiados
giados Mais de 8 mil refugiados vivem atualmente no país. Sírios são
A Hungria anunciou na manhã desta terça-feira que abriu um pro- maioria entre migrantes de 80 nacionalidades que conseguem asilo,
cesso criminal contra 60 migrantes por violarem a cerca que separa mas contam com pouca ajuda federal para encontrar moradia, emprego
o país da Sérvia, informa a AFP. Budapeste fechou na segunda-feira e aprender o idioma.
sua fronteira aos refugiados e só tramitará solicitações de asilo feitas Para o sírio Talal al-Tinawi, é difícil responder à pergunta “você
por cidadãos documentados e procedentes de zonas de conflito que se está feliz no Brasil?”, mas também não há outra opção. “Eu quero con-
apresentarem nos pontos de entrada oficiais. A partir desta terça, co- tinuar a minha vida”, diz.
meça a valer uma lei que estabelece penas de três anos de prisão para O engenheiro mecânico decidiu deixar a Síria depois de ficar três
quem entrar na Hungria de forma ilegal, mais cinco pela agravante de meses e meio preso, confundido com um procurado das forças de se-
danificar a cerca fronteiriça. gurança do ditador Bashar al-Assad. Ele e a família viveram por dez
Juristas ouvidos pela emissora estatal de TV húngara M1 disse- meses em condições precárias na Jordânia, assim como milhares de
ram que as primeiras sentenças, com julgamento sumário, serão apenas sírios forçados a deixar o país em meio à guerra civil.
condicionais, acarretando a deportação do réu. Em caso de tentativa de A notícia de que o Brasil tinha acabado de aprovar uma normativa
reincidência, a pena de prisão poderia ser executada imediatamente. para facilitar a concessão de asilo a sírios motivou a ida ao país, em
Ao todo, 130 magistrados aplicarão a nova lei por meio de julgamentos dezembro de 2013. “Agora está melhor, mas quando eu cheguei aqui e
rápidos na cidade de Szeged (sul). tive que começar tudo de novo. Foi muito difícil. Não conhecia nada,
A partir de hoje [ 15 de setembro] serão estabelecidos também nem ninguém”, lembra.
procedimentos acelerados para a tramitação dos pedidos de asilo, que
Tinawi, a mulher e dois filhos estão entre os 2.077 refugiados sí-
poderão ser concedidos em poucos dias. Em caso de recusa, no entan-
rios que vivem atualmente no Brasil. A pequena de sete meses que
to, os solicitantes serão devolvidos à Sérvia. “Já que essa é a norma
nasceu em São Paulo é a “brasileirinha” da família.
jurídica internacional, é preciso fazer desse jeito”, afirmou o porta-voz
Os sírios são maioria entre os 8,4 mil asilantes de mais de 80 na-
do Governo húngaro, Zoltán Kovács, acrescentando que “começa uma
cionalidades reconhecidos no país, de acordo com o Comitê Nacional
nova era, com esta lei e com o fechamento físico da fronteira” na loca-
para Refugiados (Conare), órgão do governo responsável pela análise
lidade de Röszke.
Em meio à pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda dos pedidos de refúgio. A norma que concede vistos especiais às pes-
Guerra Mundial, o Governo húngaro construiu às pressas uma cerca soas afetadas pelo conflito vale até 23 de setembro, mas o governo
de 175 quilômetros separando o seu território da Sérvia, na esperança estuda estender o prazo.
de conter a onda imigratória, além de mobilizar 900 policiais e 4.300 Apesar de ter uma legislação moderna e ser signatário dos princi-
militares junto à sua fronteira sul. O Conselho de Ministros discutirá pais tratados internacionais sobre refúgio, o Brasil falha na integração
nesta terça-feira o decreto de um estado de emergência por causa da dos estrangeiros que fogem de guerras e perseguições por causa da
“migração maciça”, o que facilitaria a adoção de medidas governa- etnia, religião ou grupo social.
mentais extraordinárias para barrar os refugiados. “Após o reconhecimento do refúgio, pouco é oferecido para que
Na segunda-feira, a polícia húngara deteve 9.380 migrantes que eles consigam subsistir”, explica Manuel Furriela, presidente da Co-
entraram no país pela Sérvia, maior número para um só dia desde o missão da OAB-SP para os Direitos dos Refugiados. “Eles têm gran-
começo do ano, segundo relato de autoridades locais. No final do dia, des desafios para conseguir uma colocação profissional, moradia, mes-
a polícia chegou inclusive a bloquear a principal passagem fronteiriça mo que provisória, e ter acesso aos serviços públicos.”
em Röszke, muito utilizada pelos migrantes, majoritariamente sírios,
em sua tentativa de alcançar o norte da Europa. De solicitante a refugiado
Desde o começo do ano, as autoridades húngaras registraram a No Brasil, os requerentes de asilo são submetidos a entrevistas
entrada de mais de 180.000 refugiados em situação irregular. A imensa para provar que foram vítimas diretas de conflitos e perseguições. En-
maioria deles, no entanto, prosseguiu sua viagem rumo a Alemanha, quanto aguardam a resposta, os estrangeiros recebem uma documen-
Holanda e nações escandinavas. O tratamento dispensado aos refu- tação provisória.
giados tem sido duramente criticado por organizações como a Human O governo brasileiro é parceiro do Alto Comissariado das Nações
Rights Watch, que aponta condições “desumanas” nos centros de re- Unidas para Refugiados (Acnur) e tem posição de liderança na Amé-
cepção. rica Latina na acolhida de requerentes de asilo. Entre 2010 e o fim de
2014, o número de reconhecimentos de refúgio aumentou 1.240%.
Resposta da Sérvia “A situação melhorou, mas o processo ainda é lento. Alguns so-
A Sérvia alertou que não aceitará os refugiados que a Hungria licitantes chegam a esperar mais de um ano pelo visto permanente”,
tentar devolver “à força”. “Não seguraremos ninguém à força no nosso afirma Marcelo Haydu, diretor-executivo da ONG Adus - Instituto de
território, e por isso tampouco permitiremos a nenhum país que de- Reintegração do Refugiado.
volva ninguém à força para o nosso território”, afirmou o ministro do Em agosto de 2015, o governo registrou 12.668 pedidos de refú-
Trabalho sérvio, Aleksandar Vulin. gio, que aguardam avaliação.

Didatismo e Conhecimento 74
HISTÓRIA/ATUALIDADES
“O Conare está abarrotado de pedidos. O volume brasileiro é pe- Brasil recebeu mais de dois mil refugiados sírios desde 2011
queno em relação aos grandes fluxos internacionais, mas a demanda Muita gente se emocionou com as imagens dos refugiados que
tem duplicado a cada ano. E o órgão não estava estruturado para aten- chegam a todo momento na Europa, mas essa realidade não está muito
der esse volume”, observa Furriela. distante do Brasil. Nós somos o principal destino dos sírios na América
“Além disso, os processos são complexos, individuais e rigoro- Latina.
sos.” Desde 2011, mais de dois mil sírios chegaram ao país e a previsão
Em agosto, o comitê para refugiados anunciou a criação de uni- é que esse número continue a subir. Há quatro anos, 25% dos pedidos
dades regionais em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, além da de refúgio concedidos pelo Ministério da Justiça são para sírios.
contratação de novos funcionários públicos e de voluntários, e o uso São Paulo já tem uma grande comunidade síria, que começou a
de videoconferências para facilitar as entrevistas com os requerentes. chegar no século dezenove e deu muitas contribuições à capital paulis-
“O governo enfrenta uma nova realidade e diante dela tem apri- ta. Agora, começa a receber novas famílias que fogem da guerra.
morado suas políticas públicas, inclusive com iniciativas para oferecer Na casa de Talal Al Tinawi, a vida começou de novo. Sara tem
abrigo e assistência jurídica, social e psicológica”, disse à DW Brasil sete meses e é brasileira, filha de pais sírios refugiados. Eles chegaram
Beto Vasconcelos, secretário nacional de Justiça e presidente do Co- há um ano e oito meses, com os filhos mais velhos, fugindo da guerra
nare. no país onde nasceram. Foi lá que a família aprendeu a cozinhar os
pratos árabes que hoje garantem o próprio sustento.
De onde vem a ajuda Hoje o pessoal vem até a casa dele buscar as encomendas, mas
Quando chegaram ao Brasil, em dezembro de 2013, Tinawi e a Talal sonha em abrir um restaurante. “Eu quero ficar, viver aqui .Por
família ficaram abrigados na casa de um imigrante sírio em São Paulo isso, eu tenho um plano para o futuro”, diz.
por três meses. O Brasil não foi a primeira opção. Primeiro, eles foram para o
“Do governo, só recebi ajuda para fazer os documentos”, diz. Líbano e tentaram o visto para vários países europeus. Todos negaram.
“Esse sírio cadastrou meus filhos na escola pública, alugou um posto Aí, pensaram em cruzar o oceano.
numa feira para que eu pudesse vender roupas e me ajudou a alugar o Em São Paulo, os refugiados costumam morar perto das mesqui-
apartamento onde vivo até hoje. Aprendi português numa mesquita.” tas, como uma no Brás, e acabam formando uma comunidade. Para
Depois de ser vendedor, ele conseguiu trabalho numa empresa de chegar ao Brasil eles normalmente não precisam se arriscar tanto quan-
engenharia, mas durou apenas um ano. “Por causa da crise econômica, to os sírios que fogem para a Europa, porque o Brasil concede visto
houve demissões e fiquei desempregado”. humanitário antes mesmo deles deixarem o Oriente Médio.
Apesar de ser engenheiro, ele ainda não conseguiu validar o di- Com essa documentação, conseguem viajar para o Brasil e quan-
ploma no Brasil. do desembarcam no país podem dar entrada no pedido de refúgio.
Durante um jantar em casa feito pela mulher de Tinawi, uma vo- A resolução que instituiu essa política é de 2013. Um ano antes,
luntária de uma ONG sugeriu que a família abrisse um restaurante de por causa do aumento da tensão na Síria, o Brasil decidiu transferir os
comida árabe. Eles criaram uma página no Facebook e já fazem entre- serviços consulares de Damasco para Beirute, no Líbano.
ga sob encomenda de especialidades sírias e vendem os produtos em Por isso, a jornada dos refugiados começa nos países vizinhos da
eventos para imigrantes e refugiados. Síria, onde tem representação diplomática brasileira. Primeiro, eles
“Quem mais oferece suporte são as organizações do terceiro setor, têm que ir para o próprio Líbano ou para países como Jordânia e Tur-
principalmente as não-governamentais, que têm prestado esse trabalho quia para tirar o visto. Com ele, conseguem embarcar em um avião e
muito mais do que o governo”, diz Furriela. atravessar o Atlântico até o Brasil.
A meta de abrir um restaurante depende, agora, da solidariedade A resolução que facilita a vinda dos sírios para o Brasil tem vali-
de internautas. Tinawi lançou uma campanha de crowdfunding para dade de dois anos e está prestes a vencer. A ONG Conectas, ligada aos
comprar geladeiras, fogões e todos os utensílios necessários para a co- Direitos Humanos, defende que ela seja prorrogada.
zinha. “É uma medida muito interessante porque garante que os sírios
A imigrante síria Nazek al-Attar, que vive há 37 anos no Brasil, venham de uma forma segura até o Brasil, porque lamentavelmente o
faz parte da “Oasis”, uma rede solidária de cidadãos sírios, que ajudou que nós temos visto na Europa é que as pessoas estão buscando refúgio
Tinawi nos primeiros meses no Brasil. em países europeus, mas para isso eles têm que se lançar numa jornada
“A maior parte dos que chegam aqui são formados e dificilmente muito perigosa e até mesmo mortal. Só que ainda tem um ponto em
conseguem emprego na área em que trabalhavam”, conta Attar. “Te- que o Brasil melhorar e muito que é como ele vai lidar com a chegada
mos que ajudar em praticamente tudo. Eles chegam com quase nada dos sírios. A chamada integração dos refugiados na sociedade”, ressal-
de dinheiro, por causa dos custos da viagem.” ta Camila Asano, coordenadora de política externa da Conectas.
Os sobrinhos dela, Majid Kouider, 20, que vivia na Jordânia, e Não é fácil, mas a vontade de fazer dar certo é grande, dos dois
Majid Aasali, 24, da Síria, se arriscaram na travessia pelo Mediterrâneo lados. A casa do Talal está abarrotada de doações de brasileiros para
para chegar à Europa há duas semanas. Eles se encontraram na Turquia refugiados sírios.
e pagaram a atravessadores para embarcar com centenas de migrantes A auxiliar de limpeza Suelen Souza conta que trouxe roupas, sa-
a uma ilha grega. patos e uns ursinhos e disse que vai ver se consegue mais coisas.
“Eles quase morreram. É assim: um parente na Síria, outro na Jor- E assim a guerra vai aproximando dois países tão distantes, igual-
dânia, outro na Europa. É muito difícil sobreviver à guerra”. Os primos zinho na parede da casa do Talal.
seguiram para Hungria e chegaram finalmente à Alemanha. Dos 110 São Paulo também tem recebido muitos haitianos, que chegam de
mil pedidos de refúgio feitos a Berlim desde 2011, 75% foram apro- ônibus vindos do Acre. Eles ficam em uma igreja católica no Centro da
vados, de acordo com o Serviço Federal para Migração e Refugiados. cidade, muitas vezes em condições precárias.
Fonte: Uol - (09/09/2015) Fonte: G1 - (07/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 75
HISTÓRIA/ATUALIDADES
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA GUATEMALA Senado americano ratifica acordo nuclear iraniano
O Senado americano ratificou nesta quinta-feira (10/09) o acordo
Eleitores da Guatemala vão às urnas após renúncia do pre- sobre o programa nuclear iraniano, ao vetar uma moção de repúdio
sidente ao tratado, proposta pelo Partido Republicano. A ratificação foi uma
As urnas da Guatemala se abriram neste domingo (6) para a reali- importante vitória para o presidente americano, Barack Obama, em
zação das eleições gerais. O pleito ocorre após denúncias de corrupção direção à aprovação do pacto no Congresso.
levarem o ex-presidente Otto Pérez Molina a renunciar ao cargo. A Apesar de 58 votos contra e 42 a favor, eram necessários 60 para
vice-presidente, Roxana Baldetti, foi presa. levar a medida ao plenário. Assim, em caso de vitória da oposição, o
No sábado, centenas de guatemaltecos protestaram fazendo um acordo ficaria sujeito a uma medida executiva do presidente. E para
velório simbólico da democracia, que consideram morta. invalidar o veto de Obama, seria necessária uma maioria de dois terços
Apesar disso, as seções eleitorais abriram em clima de tranquilida- no Senado e na Câmara dos Representantes.
de nos 338 municípios do país, nos quais 7,5 milhões de guatemaltecos “Esse voto é uma vitória para a diplomacia, para a segurança na-
estão convocados a eleger um presidente entre 14 candidatos. cional americana e para a segurança do mundo. Daqui para frente, nós
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rudy Pineda, vamos voltar ao trabalho crítico de implementação e verificação do
declarou aberta a votação nos quase 2.700 postos em todo o país, em acordo, para que o Irã não alcance uma arma nuclear”, disse Obama,
uma breve cerimônia na presença de observadores internacionais. agradecendo aos senadores.
Imagens exibidas pela televisão local mostravam pessoas fazendo O Congresso americano têm até o dia 17 de setembro para dar
fila desde cedo para votar. Em algumas seções, os mesários fizeram o seu parecer sobre o acordo. Os críticos, principalmente a oposição
orações e cantaram o hino nacional antes de começar a receber as cé- republicana, alegam que o pacto não é capaz de assegurar que o Irã
dulas a partir das 10h (horário de Brasília). jamais desenvolverá armas nucleares. Eles argumentam que a suspen-
Fonte: G1 - (06/09/2015) são das sanções vai apenas contribuir para que o regime dos aiatolás
alcance seu objetivo.
Comediante vence primeiro turno na Guatemala Apoio internacional
O diretor de cinema, ator e comediante Jimmy Morales surpreen- Pouco antes da votação, a chanceler federal da Alemanha, Angela
deu ao vencer o primeiro turno das eleições presidenciais da Guatema- Merkel, o presidente da França, François Hollande, e o primeiro-mi-
la, segundo resultados divulgados nesta segunda-feira (07/09). nistro britânico, David Cameron, defenderam o acordo nuclear, em um
Com 96,65% dos votos contados, Morales, candidato da Frente de artigo assinado em conjunto e publicado no jornal americano Washin-
Convergência Nacional (FCN-Nación), garantiu 24,14% dos votos. A gton Post.
seguir, vieram Manuel Baldizón, da Liberdade Democrática Renovada “Nós estamos confiantes de que o acordo proporciona as bases
(Lider), com 19,43%, e Sandra Torres, da Unidade Nacional da Espe- para resolver permanentemente o conflito sobre o programa nuclear
rança (UNE), com 19,48%. iraniano”, disseram os líderes.
O terceiro e o segundo colocados terão de esperar os resultados Após anos de impasse, Irã e as potências reunidas no grupo P5+1
definitivos, que podem demorar até cinco dias, para saber quem dispu- – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU
tará o segundo turno com Morales, em 25 de outubro. (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha – con-
O comediante, de 46 anos, que há poucos meses era praticamente seguiram fechar um acordo sobre o programa nuclear iraniano em ju-
um desconhecido, conseguiu capitalizar a frustração popular com os lho.
políticos tradicionais em meio a uma onda de escândalos de corrupção, O acordo histórico visa garantir que o Irã não produza armas nu-
que levaram à queda do presidente Otto Pérez Molina e instalaram a cleares. Em contrapartida, Estados Unidos e União Europeia (UE) vão
pior crise política do país em décadas. aliviar as sanções que afetam drasticamente a economia iraniana. As
“Estou emocionado com resultados”, disse o candidato, asse- negociações entre os dois lados haviam começado em 2006.
gurando que não tem compromisso com nenhum setor e que a única Fonte: Deutsche Welle Brasil - (11/09/2015)
aliança que fez foi com o povo.
A participação dos eleitores pode ter superado os 78%, sendo pos- ELEIÇÕES NA CATALUNHA
sivelmente o maior índice desde o retorno do país à democracia, há 30
anos. A mais alta participação, de 69,34%, havia sido registrada em Coalizão separatista vence eleições regionais na Catalunha
2011, quando Pérez Molina venceu. Os partidos separatistas conquistaram a maioria absoluta dos
assentos no Parlamento da Catalunha neste domingo (27), mas não
Escândalo e renúncias alcançaram mais de 50% dos votos absolutos, o que pode levar o go-
Muitos analistas consideravam difícil a realização das eleições verno a frear os planos separatistas liderados pelo presidente catalão,
devido às manifestações que ocorrem desde abril contra a corrupção e, Artur Mas.
em paralelo, para pedir a suspensão do processo eleitoral. O movimento independentista conseguiu 72 das 135 vagas dispu-
Na semana passada, o presidente Pérez Molina, um militar da re- tadas na região, conseguindo maioria absoluta - Junts pel Si conseguiu
serva, foi preso e renunciou em meio a escândalos de corrupção. A sua 62 cadeiras, enquanto o CUP teve 10 assentos.
vice-presidente, Roxana Baldetti, já havia renunciado há quatro meses O grupo havia proposto para este domingo um plebiscito para a
pelo mesmo motivo. Ambos estariam à frente de uma rede de corrup- independência, algo que os outros partidos acabaram não aceitando
ção aduaneira batizada de La Línea. oficialmente. Entretanto, os partidos separatistas conseguiram 47,8%
Desde a prisão de Baldetti, os guatemaltecos saem à rua todos dos votos absolutos, o que não seria suficiente para ganhar a consulta
os sábados para exigir o fim da corrupção e da impunidade. Muitos popular.
eleitores estavam indecisos em participar da eleição devido à não apro- Junts pel Si e CUP propunham a independência da Catalunha,
vação de reformas da Lei Eleitoral e de Partidos Políticos para evitar a uma opção que o governo espanhol - conduzido pelo Partido Popular
reeleição de deputados e prefeitos. (PP) - considerada inconstitucional com o respaldo do principal partido
Fonte: Deutsche Welle Brasil - (07/09/2015) de oposição no país, o socialista PSOE.

Didatismo e Conhecimento 76
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Os separatistas não conseguiram a maioria absoluta em número O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, também é um
de votos – apesar de terem conseguido a maioria dos assentos no Par- forte opositor dos separatistas catalães. Linde disse que a secessão
lamento – porque as eleições são proporcionais. Logo, um candidato levaria à imposição de fortes restrições bancárias na Catalunha,
de uma região menos populosa precisa de menos votos para se eleger como as vistas recentemente na Grécia. Questionado se um Estado
do que aquele que representa uma região com maior densidade popu- catalão seria estável nessas condições, Linde disse que, ainda que
lacional. a economia catalã tenha um peso relativamente considerável, com
No caso catalão, regiões de menor população elegeram mais sepa- um Produto Interno Bruto (PIB) um pouco superior ao de Portu-
ratistas, fazendo com que a coalizão alcançasse um grande número de gal, não faz sentido tratar dessas questões “teóricas”.
cadeiras, mas não a maioria absoluta dos votos. As advertências de Linde, em linha com outras de dirigen-
Coalizões tes da União Europeia, estão entre as mais duras já feitas pelos
Abaixo da coalizão ganhadora se situaram vários partidos que membros do BCE sobre o assunto. O bloco separatista liderado
rejeitam a hipótese independentista, como Ciudadanos (centro, 25 ca- pelo presidente da Catalunha, Artur Mas, deve vencer a eleição,
deiras), PSC (socialistas, 16), PP (centro-direita, 11) e Catalunya sí que segundo as pesquisas mais recentes. Ele pode precisar, porém, do
es pot (esquerda, 11). apoio de outro partido separatista para formar um governo em
Junts pel Si é uma coalizão integrada por políticos de diferen- Barcelona.
tes tendências, tanto da esquerda republicana como da centro-direita, Fonte: Época Negócios – (21/09/2015)
como é o caso do presidente do Executivo regional, Artur Mas, que
deseja a reeleição e que no passado se caracterizou por ser um nacio-
PAPA FRANCISCO VISITA CUBA
nalista moderado.
E OS ESTADOS UNIDOS
Cerca de 5,5 milhões de catalães foram convocados às urnas para
pleitos destinados a renovar o parlamento regional e escolher o novo
governo, mas os nacionalistas viam essas eleições como o início de um Papa Francisco pede aos cubanos que sirvam às pessoas e não
processo encaminhado à eventual secessão da Catalunha. às ideias
Mas e seus aliados falaram a seus simpatizantes em Barcelona e O papa Francisco pediu neste domingo em sua homilia durante a
quiseram dar ao resultado uma leitura positiva ao afirmar que no pleito missa na Praça da Revolução de Havana que os cubanos sirvam às pes-
“ganhou (seu projeto)” e se deu uma “grande legitimidade” à coalizão soas, e não às ideias, e insistiu que a importância das nações se mede
para seguir com o programa independentista. em como atendem as necessidades dos mais desfavorecidos.
Por outro lado, fontes do Executivo espanhol disseram à Agência O pontífice disse que o povo cubano tem “vocação de grandeza” e
Efe que o governo considera que os resultados das eleições catalãs de- afirmou que deve cuidar especialmente dos mais frágeis.
monstram que Artur Mas fracassou em sua estratégia separatista, por- “A importância de um povo, de uma nação, a importância de uma
que não alcançou nem em votos nem em cadeiras o apoio suficiente da pessoa sempre se baseia em como serve à fragilidade de seus irmãos”,
sociedade catalã para seu projeto. continuou o papa, que dedicou sua homilia aos cristãos.
Já o líder socialista, Pedro Sánchez, afirmou que os partidários “Todos estamos convidados a cuidar uns dos outros por amor”.
da independência na Catalunha “perderam o plebiscito. Há uma maio- O papa alertou para a tentação de “querer beneficiar os ‘meus’ em
ria de catalães que não quer a independência, mas que quer abrir um nome do ‘nosso’ porque isso pode gerar uma dinâmica de exclusão”.
tempo de convivência, diálogo e de reforma no conjunto” da Espanha. “O serviço nunca é ideológico, já que não se serve às ideias, mas
Nas próximas semanas acontecerá a constituição do parlamento às pessoas”, continuou na missa, celebrada no mesmo local em que
regional e a formação do novo governo, tudo isso enquanto na Espanha os papas João Paulo II, em 1998, e Bento XVI, em 2012, realizaram
se aproximam as eleições legislativas, previstas para dezembro e na cerimônias.
qual é provável que o debate catalão siga presente. Francisco lembrou que “o santo povo fiel a Deus que caminha em
O próprio Mas não tem garantida a reeleição à frente do Executivo Cuba é um povo que tem gosto pela festa, pela amizade, pelas coisas
regional catalão, já que a CUP está em condições de apoiar a Junts pel belas, e também tem feridas, mas sabe estar de braços abertos”.
Si, mas não o próprio Mas como presidente, por considerar que fez “Hoje os convido a cuidarem dessa vocação, a cuidarem destes
uma política conservadora e de cortes sociais. dons que Deus os presenteou, mas especialmente quero convidá-los a
Fonte: G1 – (28/09/2015) cuidarem e servirem, de modo especial, à fragilidade de seus irmãos”.
“Não descuidem deles por projetos que podem parecer sedutores,
BC da Espanha diz que Catalunha precisará deixar Euro, se
mas que os afastam do rosto de quem está ao seu lado”, advertiu o papa
declarar independência
na cerimônia, que foi assistida pelo presidente cubano, Raúl Castro, e
O presidente do Banco Central da Espanha, Luis Maria Lin-
pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
de, disse nesta segunda-feira que a Catalunha, caso declare inde-
pendência do restante do país, será “automaticamente” excluída “Servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Cuidar
da zona do euro. A declaração é feita dias antes de uma contestada dos frágeis de nossas famílias, de nossa sociedade, de nosso povo”,
eleição regional no domingo. disse o papa.
Também membro do conselho do Banco Central Europeu O pontífice celebrou a eucaristia diante de milhares de cubanos
(BCE), Linde disse que os bancos catalães perderiam imediata- que o esperavam desde o começo da manhã. Ele circulou para cum-
mente financiamento do BCE, no caso de uma separação unilate- primentá-los mais de perto a bordo de um papamóvel conversível de
ral da Espanha, como ameaçado pelo governo catalão, deixando a fabricação cubana.
economia local em sérias dificuldades. Fonte: G1 – (20/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 77
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Após visitar Cuba, Papa Francisco chega aos Estados Unidos O pontífice pediu aos cubanos que pensem com maior abertura e
O Papa Francisco chegou por volta das 16h45 desta terça-feira sejam tolerantes às ideias de outras pessoas. Em uma missa na segun-
(22) à base Andrews, no estado norte-americano de Maryland, que da-feira para dezenas de milhares de pessoas em Holguín, no leste da
serve a capital Washington. O Papa foi recebido pelo presidente ameri- ilha, ele exortou seus ouvintes “a não se satisfazerem com a aparência
cano Barack Obama, acompanhado da primeira-dama Michelle e suas ou com o que for politicamente correto”.
duas filhas, em sua primeira visita ao país. Em seguida, ele cumpri- Moderação
mentou bispos, inclusive o cardeal Donald Wuerl, da arquidiocese de A abordagem mais suave, um contraste com a adotada por seus
Washington, e recebeu flores de crianças. dois antecessores imediatos quando visitaram Cuba, parece impul-
sionada por um desejo de incentivar calmamente os cubanos em um
O pontífice deixou a base naval em um Fiat 500 com uma placa
momento delicado após a retomada das relações diplomáticas com os
SCV-1, que é usada em diferentes veículos para identificar o Papa Mó-
Estados Unidos. Enquanto isso, a Igreja cubana está discretamente ne-
vel. A abreviação “SCV” significa “estado da Cidade do Vaticano”. gociando mais espaço para a sua missão religiosa.
Há grande expectativa quanto ao que Francisco dirá nos Estados “Ele falou com clareza, discrição e moderação”, disse o porta-voz
Unidos, onde fará o primeiro pronunciamento de um Papa perante o do Vaticano, Federico Lombardi, aos jornalistas, quando perguntado
Congresso, em Washington, e falará na Organização das Nações Uni- por que o Papa não tinha tratado diretamente de questões como o his-
das (ONU), em Nova York. O Papa também visitará a Filadélfia. tórico de Cuba em direitos humanos e o embargo comercial dos EUA,
O primeiro compromisso oficial de Francisco em Washington será ao qual o Vaticano se opõe.
uma visita a Obama na Casa Branca, na manhã de quarta-feira. Vin- “O papa quer fazer uma contribuição, mas a responsabilidade re-
te mil pessoas são aguardadas nos jardins da residência presidencial, cai sobre os líderes das nações. Ele não quer exagerar o seu papel, só
onde o Papa deverá dar um discurso em inglês. quer contribuir, fazendo sugestões, promovendo o diálogo, a justiça e o
O Papa concluiu nesta terça sua visita a Cuba, fazendo assim uma bem comum das pessoas”, disse o porta-voz.
ligação entre os dois países adversários de longa data que iniciaram Fonte: G1 - (22/09/2015)
uma abertura nas relações bilaterais com mediação do pontífice. Em
julho, EUA e Cuba retomaram sua relações diplomáticas e abriram Papa fala no Congresso dos EUA e pede fim de hostilidade aos
embaixadas nos respectivos territórios. imigrantes
Antes de aterrissar nos EUA, o pontífice disse a repórteres a bordo O Papa Francisco realizou na manhã desta quinta-feira (24) o pri-
do avião que o transportou que espera que o embargo imposto pelos meiro discurso de um papa no Congresso dos Estados Unidos, como
parte de sua agenda durante sua primeira visita ao país. Em seu dus-
EUA contra Cuba seja levantado como parte das negociações entre os
curso, o Papa pediu o fim da “mentalidade de hostilidade” contra os
dois países, mas que não falará sobre isso no Congresso norte-ameri-
imigrantes, falou sobre o fundamentalismo religioso, a necessidade de
cano, mas sim sobre as relações internacionais de uma maneira geral. proteger as pessoas mais vulneráveis e a luta pela igualdade na socie-
“Meu desejo é que eles alcancem um bom resultado, que alcan- dade norte-americana.
cem um acordo que satisfaça os dois lados”, afirmou. O pontífice também voltou a tocar no tema da mudança climática,
que divide republicanos e democratas nos EUA. Para ele, o Congresso
Cuba dos EUA tem um importante papel a cumprir na luta contra os danos
Em Cuba, Francisco se reuniu com o presidente Raúl Castro e ambientais causados pela atividade humana, e pediu “ações valentes”
também encontrou o ex-presidente Fidel Castro em sua casa em Hava- neste sentido. “Estou convencido de que podemos fazer a diferença e
na. O encontro durou cerca de 40 minutos e ocorreu em um “ambiente não tenho nenhuma dúvida de que os EUA e este Congresso devem ter
muito familiar e informal”, com a presença da esposa do líder cubano, um papel importante”.
Dalia Soto del Valle. Em outro assunto polêmico, o Papa pediu a abolição global da
Nesta terça, disse à repórteres a bordo do avião que o levava aos pena de morte. “Estou convencido de que este é o melhor modo, já que
EUA que falou muito da encíclica papal “Laudato si”, na qual o pon- toda vida é sagrada”, disse. Em referência ao aborto e à eutanásia, ele
tífice trata sobre o meio ambiente, em seu encontro com o líder da afirmou que a humanidade deve “proteger e defender a vida humana
Revolução Cubana. em todos os estágios de seu desenvolvimento.”
“Ele está muito interessado no tema da ecologia”, declarou Fran- Francisco se disse ainda preocupado com o futuro dos casamentos
cisco aos meios de comunicação internacionais, entre eles a Agência e famílias, visto que “relações fundamentais estão sendo questiona-
das”.
Efe. “O encontro não foi tão formal, mas espontâneo. Estava também
“A família foi essencial para construir esse país. E merece todo
sua família presente. Além de meus acompanhantes, meu motorista es-
nosso apoio e encorajamento. Mesmo assim, não oculto minhas preo-
tava lá”, contou o pontífice. cupações quanto à família, que está ameaçada, talvez como nunca an-
“Do passado não falamos. Bom, sim do passado, de como eram tes, do lado de dentro e do lado de fora”, afirmou, segundo a agência
os jesuítas, de como faziam-no trabalhar, disso sim”, revelou o papa France Presse.
argentino quando perguntado se o ex-presidente cubano tinha lhe pas- O pontífice iniciou seu discurso falando diretamente aos parla-
sado a sensação de que se arrependeu de algo do que fez no passado. mentares, sobre seu dever em defender e preservar a dignidade da po-
“O arrependimento é uma coisa muito íntima. Uma coisa de cons- pulação, e estimular o crescimento de todos os membros da sociedade,
ciência”, acrescentou o Papa. principalmente aqueles mais vulneráveis.
Além de Havana, o Papa visitou as cidades de Holguín e Santiago. “Eu gostaria não apenas de falar com vocês parlamentares, mas
Enquanto esteve na ilha o Papa evitou fazer declarações políticas os- através de vocês, com toda a população dos EUA. Queria esta opor-
tensivas, que os dissidentes esperavam que ele fizesse, mas usou suas tunidade para dialogar com milhares de mulheres e homens. Eles não
homilias para enviar mensagens ligadas à espiritualidade e sobre a ne- estão apenas pagando seus impostos, mas em seu próprio modo susten-
cessidade de mudanças no país comunista, de partido único. tam a vida em sociedade”, disse Francisco.

Didatismo e Conhecimento 78
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Ele pediu que o Congresso dê esperança para as pessoas que estão Em seguida, o Papa se reuniu com cerca de 200 pessoas sem-teto
“presas no ciclo da pobreza”. no centro beneficente desta igreja, que oferece alimento, assistência
médica e ajuda para arrumar emprego. Francisco disse aos presentes,
Imigração que eles lembravam-no de “uma pessoa de que gosto, que é e foi mui-
Após falar sobre o tema da imigração em outras ocasiões durante to importante ao longo da minha vida (...) Vocês me lembram de São
sua visira aos EUA, o Papa tocou novamente no assunto, lembrando José”.
que ele é filho de imigrantes, assim como alguns dos presentes no Con- “Não encontramos nenhum tipo de justificativa social, moral, ou
gresso. “Não devemos repetir os pecados e os erros do passado. Deve- do tipo que for, para aceitar a falta de alojamento. São situações injus-
mos resolver viver agora de maneira tão nobre e justa quanto possível, tas, mas sabemos que Deus as está sofrendo conosco, está vivendo-as
enquanto educamos novas gerações.” ao nosso lado. Não nos deixa sozinhos”, disse o papa.
Ele pediu que o Congresso rejeite a “mentalidade de hostilidade” O pontífice também buscou consolar o grupo. “Diante de situa-
em relação aos imigrantes e reconheça que as pessoas que querem se ções injustas, dolorosas, a fé nos traz essa luz que dissipa a escuridão.
mudar para os Estados Unidos são pessoas que estão tentando melho- Assim como José, a fé nos abre a presença silenciosa de Deus em toda
rar suas vidas e as de suas famílias. vida, em toda pessoa, em toda situação. Ele está presente em cada um
“Construir uma nação pede que reconheçamos que nós preci- de vocês, em cada um de nós”.
samos nos relacionar constantemente com os outros, rejeitando uma Depois, convidou-os a rezar com ele e abençoou a refeição de pei-
mentalidade de hostilidade para poder adotar uma de subsidiariedade to de frango desossado e salada de macarrão para o grupo antes de se
recíproca”, disse Francisco. misturar à multidão, trocando apertos de mão e parando para tirar fotos
Para ele, a crise dos refugiados é algo sem precedentes desde a enquanto admiradores gritavam “Papa! Papa!” em espanhol.
Segunda Guerra Mundial, e o drama no continente americano repre-
senta “grandes desafios e decisões difíceis”. Para ele, é necessário não Temas polêmicos
deixar-se intimidar por números, e adotar uma reposta que os trate de O Papa seguiu para Nova York na tarde desta quinta-feira. Ele
um modo sempre “humano, justo e fraternal”. chegou aos EUA na terça e participou de diversos compromissos em
Francisco pediu vigilância contra qualquer tipo de fundamentalis- Washington. Além do evento na Casa Branca, ele passeou de papamó-
mo, e advertiu que “nenhuma religião é imune às diversas formas de vel pelas ruas de Washington D.C., participou de um encontro com
bispos na catedral da cidade e canonizou um padre espanhol.
aberração individual ou extremismo religioso”. “Combater a violên-
Francisco tocou em temas polêmicos durante seus compromissos.
cia realizada em nome de uma religião, uma ideologia, ou um sistema
Na visita à Casa Branca, além da mudança climática, ele e Obama fa-
econômico e, ao mesmo tempo, proteger a liberdade das religiões, das
laram sobre a aproximação dos EUA com Cuba e da crise migratória e
ideias, e das pessoas requer um delicado equilíbrio sobre o qual temos
dos refugiados em seus discursos.
que trabalhar”, afirmou.
No encontro com os bispos, o Papa disse que os crimes de abuso
O Papa assinalou que este ano marca o 120º aniversário do assas-
sexual de menores pelos clérigos não devem se repetir jamais. “Eu sei
sinato do presidente Abraham Lincoln, o “guardião da liberdade”, e
o quanto os fez sofrer o ferimento dos últimos anos, e tenho acompa-
também lembrou da marcha de Martin Luther King saindo de Selma
nhado de perto seu generoso esforço para curar as vítimas, consciente
realizada há 50 anos, como parte de seu sonho de que os afro-america- de que, quando curamos, também somos curados, e por continuar a
nos tivessem direitos na América. “Esse sonho continua a nos inspirar, trabalhar para garantir que esses crimes não se repitam mais”, disse.
e estou feliz de saber que a América continua a ser para muitos a ‘terra Francisco adotou medidas severas contra a pedofilia, mas, nos
dos sonhos’.” Estados Unidos, sua decisão de não se reunir com vítimas de abuso se-
Participaram da sessão conjunta do Congresso diversas autori- xual decepcionou muitos seguidores, segundo a agência France Presse.
dades, como os responsáveis do Supremo Tribunal, os presidentes do No mesmo discurso, lembrou as origens de imigração de sua fa-
Senado e da Câmara dos Representantes, o Secretário de Estado e o mília e pediu que os sacerdotes dos EUA acolham os imigrantes latinos
decano do Corpo Diplomático. “sem medo” em suas igrejas. “Agora há esta grande onda de imigração
latina em muitas de suas dioceses. Talvez não seja fácil para vocês le-
Desabrigados rem suas almas; talvez sejam submetidos à prova por sua diversidade.
Após o discurso desta manhã no Congresso, o Papa apareceu no Em todo o caso, saibam que eles também têm recursos para comparti-
balcão e saudou a multidão que o aguardava em frente ao prédio. Ele lhar. Portanto, os acolham sem medo”, disse o pontífice.
disse estar feliz por ver crianças e pediu, como costuma fazer, para que Fonte: G1 - (24/09/2015)
os fieis rezem por ele.
“Senhor, abençoe este povo, abençoe a cada um deles, abençoe a VENEZUELA
suas famílias, dê a eles o que mais necessitam, e peço a vocês o favor de
rezarem por mim”, afirmou. “Ao que não creem ou não podem rezar, Venezuela condena líder opositor López a 13 anos de prisão
que me desejem coisas boas”, acrescentou, para delírio da multidão. A Justiça venezuelana condenou, nessa quinta-feira (10), o líder
Mais tarde, durante visita à igreja de Saint Patrick, o Papa evo- opositor Leopoldo López a 13 anos e nove meses de prisão por in-
cou o problema da falta de moradia. Ele lembrou a passagem bíblica citação à violência durante uma marcha contra o governo de Nicolás
que mostra a sagrada família também não tinha abrigo quando Maria Maduro.
estava prestes a dar à luz. “Como o filho de Deus não tem casa?, se per- Trata-se da maior pena possível para delitos de instigação pública,
guntava José. Como José vocês podem se perguntar porque estamos associação para delinquência, danos à propriedade e incêndio – previs-
sem casa?”, observou. Ele fez um apelo aos católicos para abrirem o tos no Código Penal e na Lei Orgânica contra a Delinquência Organi-
coração. zada e Financiamento ao Terrorismo.

Didatismo e Conhecimento 79
HISTÓRIA/ATUALIDADES
O advogado Juan Carlos Gutierrez disse que a defesa apelará “nos Venezuela e Colômbia diminuem a tensão, mas a fronteira
próximos dias” à sentença, que qualificou como “violação sistemática permanece fechada
dos direitos humanos” e falha “baseada em mentiras”. Ele disse que Os presidentes da Colômbia e Venezuela, Juan Manuel Santos e
não há uma “base jurídica sólida” para a sentença. Nicolas Maduro, concordaram na segunda-feira em reduzir a tensão
Os principais dirigentes oposicionistas da Venezuela classificaram entre os dois países, mas a fronteira permanecerá fechada. Os líderes
a sentença para López, fundador e líder do partido Vontade Popular anunciaram em um comunicado conjunto lido pelo presidente equato-
(VP), de “infame”, uma “provocação” produzida por uma “Justiça po- riano, Rafael Correa, o retorno imediato dos embaixadores e a “norma-
dre”. lização progressiva da fronteira”.
“Esta sentença contra Leopoldo López é definitivamente uma pro- Segundo o jornal espanhol, a crise, provocada por Maduro em
vocação. Não se esqueça que estamos a 87 dias de eleições cruciais na 19 de agosto, afetou 20 mil pessoas, segundo dados da ONU:1.500
Venezuela. Eleições que o governo está perdendo”, disse o secretário porque eles foram deportados da Venezuela e o restante porque eles
executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, decidiram sair de suas casas por medo de retaliação.
ao canal CNN. “É a retomada das relações baseadas na cooperação e no respei-
Henrique Capriles, que foi candidato à presidência duas vezes es- to e confrontação comum dos problemas que têm dois países”, disse
creveu em sua conta no Twitter: “a Justiça na nossa Venezuela está Maduro após a reunião. “Foi uma reunião muito franca, muito clara,
podre. Hoje mais do que nunca entendemos que o caminho para a li- num clima de fraternidade. Quem ganhou hoje? A sensatez, o diálogo,
berdade de Leopoldo e de todos começa no #6D”, disse em alusão às e por isso deve sempre prevalecer, a paz.” “Foi uma discussão calma,
eleições, a serem realizadas no dia 6 de dezembro. amigável e produtiva”, disse Santos.
Ao saírem do Palácio da Justiça, onde foi proferida a sentença, fa- Ambos os líderes concordaram em uma agenda de trabalho entre
miliares e colegas opositores de López se dirigiram à praça Bolivar, no os dois países. Nesta quarta-feira (23/9) ministros envolvidos na crise
município de Chacao, onde falaram a dezenas de simpatizantes sobre o vão se reunir em Caracas “para abordar as questões sensíveis de fron-
resultado do julgamento, a posição do dirigente condenado e as ações
teiras”. Um dos aspectos a serem abordados será o contrabando.
que serão organizadas nos próximos dias.
De acordo com o jornal El País, o encontro, realizado na residên-
“Me coloque as algemas”
cia privada do presidente do Equador, durou quase cinco horas. Os dois
A manifestação que resultou na condenação de López ocorreu no
líderes foram recebidos pelos presidentes Rafael Correa (Equador) e
dia 12 de fevereiro de 2014 e não foi somente
Tabaré Vázquez (Uruguai), facilitadores da reunião como presidente
convocada e organizada pelo líder do VP, mas por vários outros
dirigentes da oposição. A pena deverá ser cumprida na prisão militar temporário da Unasul e Celac, respectivamente. O formato da reu-
de Ramo Verde, próxima a Caracas – onde ele já está preso há mais de nião tinha sido previamente acordado pelas chancelarias. Primeiro os
um ano e meio. quatro líderes se encontraram, acompanhados pelos seus ministros dos
A esposa de López, Lilian Tintori, pediu aos simpatizantes do ma- Negócios Estrangeiros durante três horas; então, e vendo a disponibi-
rido que mantenham a calma e esperem “a convocação” que o líder lidade para o diálogo, a reunião foi ampliada para outros membros das
fará “junto com seus companheiros” da aliança opositora MUD. Ela delegações.
anunciou que López emitirá um comunicado nesta sexta-feira (11). Desde o início, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos,
Segundo Tintori, durante o pronunciamento da sentença, o marido havia defendido uma solução diplomática e negociada para a crise pro-
permaneceu tranquilo e disse ao militar que o acompanhava: “me colo- vocada pela solução Maduro, embora os resultados fossem em vão.
que as algemas, porque elas não serão tiradas nem pela juíza nem pela “Viemos com as melhores intenções, mas sem expectativas”, o menos
Justiça injusta. Estas algemas serão tiradas pelo povo da Venezuela.” otimista do que o seu homólogo venezuelano presidente colombiano
Fonte: Portal Terra – (11/09/2015) disse antes de sair. “Eu venho com o maior desejo de paz com a Co-
lômbia”, disse Maduro na chegada em Quito, onde se mudaram uma
EUA revelam profunda preocupação com condenação de Ló- mensagem clara. “Ou ganhamos ou ganhamos paz paz” Ambos os lí-
pez na Venezuela deres tentaram fechar atitude exibida na frente das câmeras.
A subsecretária de Estado dos Estados Unidos para o Hemisfério Este é o primeiro encontro entre os chefes de Estado desde Ma-
Ocidental, Roberta Jacobson, se mostrou “profundamente preocupa- duro decidiu fechar parte da fronteira com a Colômbia no dia 19 de
da” com a pena de 13 anos e nove meses de prisão ditada nesta quinta- agosto, depois de um incidente em que três membros da Guarda Na-
feira para o líder da oposição venezuelana Leopoldo López. cional Bolivariana (GNB) ficaram feridos, de acordo com o governo
Em seu perfil no Twitter, Roberta escreveu que está “profunda- venezuelano, por paramilitares e traficantes colombianos. O que ele foi
mente preocupada com a condenação de Leopoldo López” e pediu que inicialmente interpretado como uma medida de precaução. O primei-
“o governo proteja a democracia e os direitos humanos na Venezuela”. ro anúncio envolvendo o fechamento de 72 horas - dois dias depois
López foi condenado hoje a 13 anos e nove meses de prisão em que ele levou o fechamento da ponte Simon Bolivar, no rio Táchira,
decisão de um tribunal de primeira instância, informaram fontes de seu ligando a Colômbia e a Venezuela. Maduro também declarou estado
partido, o Vontade Popular (VP), e seu advogado, Roberto Marrero. de emergência em vários municípios da Venezuela e da deportação de
“Terminou a audiência e a juíza (Susana) Barreiros sentenciou cidadãos colombianos que vivem no país vizinho começou.
Leopoldo a 13 anos, nove meses e sete dias de reclusão na prisão de Fonte: Jornal do Brasil – (22/09/2015)
Ramo Verde”, disse Marrero em seu perfil do Twitter.
Com isso, López pegou a pena máxima para os crimes dos quais Venezuela e Colômbia chegam a acordo para resolver crise
era acusado: incitação à violência, formação de quadrilha, danos à pro- na fronteira
priedade e incêndio, todos relacionados com os atos violentos ocorri- Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia,
dos no final de uma manifestação antigovernamental convocada por Juan Manuel Santos, se reuniram hoje (21) pela primeira vez desde o
ele e outros políticos no dia 12 de fevereiro de 2014, que terminou com início da crise na fronteira entre os dois países. A crise já dura um mês
três mortes. e fez com que cerca de 20 mil colombianos, que viviam em território
Fonte: Portal Terra – (11/09/2015) venezuelano, deixassem o país.

Didatismo e Conhecimento 80
HISTÓRIA/ATUALIDADES
No final do encontro, na capital do Equador, Quito, os dois go- O estudo do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
vernos anunciaram a decisão de normalizar imediatamente as relações e da Polícia Rodoviária Federal, também considera a renda que os
diplomáticas; de investigar denúncias de ambas partes e de fazer uma acidentados deixam de receber afastados do trabalho e os danos aos
reunião ministerial na capital venezuelana, Caracas, na próxima quar- veículos.
ta-feira (23), para encontrar formas de combater o contrabando e nar- Juntando com as estradas estaduais e municipais, a conta final
cotráfico na região. chega a R$ 42 bilhões de prejuízo por ano. E as causas mais comuns
Tanto Maduro quanto Santos manifestaram a intenção de se reu- dos acidentes são desatenção e desrespeito às leis de trânsito.
nir, o que foi possível com a ajuda e a participação dos presidentes do “A base de tudo a questão da educação, mas não a educação que
Equador, Rafael Correa, e do Uruguai, Tabaré Vázquez. O Equador a gente vê, de entrar em uma escola, tirar uma carteira e ser habilitado.
exerce a presidência pró-tempore da Comunidade de Estados Latino Essa educação tem que começar lá na escola, lá no Ensino Fundamen-
-Americanos e Caribenhos (Celac) e o Uruguai o da União de Nações tal, e vir gradualmente conscientizando o cidadão. Sem isso a gente
Sul-americanas (Unasul), daí a iniciativa de Correa e Tabaré Vázquez não vai conseguir reduzir as estatísticas de trânsito, infelizmente”, con-
para que os dois presidentes se encontrassem. ta o agente da PRF Franklin Cardoso.
Os quatro presidentes ficaram satisfeitos com o que consideram Na BR-020, ao norte de Brasília, motoristas não negam sua parce-
ser um diálogo “construtivo”. Ficou acertado que os embaixadores da la de culpa. “Enquanto nós não nos educarmos e entender que na fila de
Colômbia, em Caracas, e da Venezuela, em Bogotá, deverão voltar a um hospital não é lugar para o cidadão estar, vai acontecer toda hora”,
seus postos, normalizando as relações diplomáticas. defende o caminhoneiro Alaílson dos Santos.
A crise foi desencadeada no dia 19 de agosto depois de uma em- Mas eles não esquecem das deficiências das rodovias. “A infraes-
boscada a três militares venezuelanos, que patrulhavam a fronteira, trutura é precária no Brasil, precisa melhorar a condição das estradas.
para impedir o contrabando de alimentos e combustível. Além dos E também a conscientização dos motoristas, porque tem muita impru-
militares, um civil venezuelano foi ferido por homens armados que dência também envolvida nisso”, diz o produtor rural Marcio Moisés.
fugiram de moto. Imprudência, desleixo, precariedade, abandono. O trânsito brasi-
Maduro atribuiu o ataque a “paramilitares” colombianos que, se- leiro pede socorro para parar de machucar e matar.
gundo ele, protegem o milionário negócio do contrabando, e mandou Nos últimos dez anos o número de mortos aumentou 34,5% e a
fechar parte da fronteira. Cerca de mil colombianos, vivendo ilegal- quantidade de feridos subiu 50%. Contra motoristas inconsequentes, a
mente na Venezuela, foram deportados. Câmara dos Deputados aprovou um projeto que dobra a pena para o
Desde então, a tensão só aumentou, apesar dos chanceleres dos motorista que dirigir bêbado e provocar um acidente com morte.
dois países terem se reunido duas vezes. Colômbia chamou seu em- Atualmente, a pena máxima é de quatro anos de prisão. Pela pro-
baixador em Caracas “para consultas” e Venezuela fez o mesmo com o posta, a punição pode chegar a até oito anos. O projeto segue agora
seu representante em Bogotá. para votação no Senado.
Em um mês, Maduro estendeu o “estado de exceção” a 23 muni- Fonte: G1 - (24/09/2015)
cípios fronteiriços e cerca de 20 mil colombianos deixaram a Venezue-
la, temendo ser expulsos. O Ministério da Defesa colombiano acusou Extintor de incêndio em carro deixará de ser obrigatório
aviões venezuelanos de violarem seu espaço aéreo, o que foi negado O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu em reunião
pela Venezuela. nesta quinta-feira (17) que o uso do extintor de incêndio em carros,
Fonte: Agência Brasil – (21/09/2015) caminhonetes, camionetas e triciclos de cabine fechadas, será opcional,
ou seja, a falta do equipamento não mais será considerada infração
CULTURA E SOCIEDADE nem resultará em multa.
A entidade justifica que os carros atuais possuem tecnologia com
Custo anual da imprudência no trânsito supera R$ 40 bilhões maior segurança contra incêndio e, além disso, o despreparo para o uso
Cada vez que um motorista faz uma barbeiragem nas estradas a do extintor poderia causar mais perigo para os motoristas.
conta é dividida com todo mundo. E não é pouco dinheiro, não. O O fim da obrigatoriedade do extintor para carros começará a valer
custo anual da imprudência dá mais de R$ 40 bilhões. a partir da publicação da resolução, o que deverá ocorrer nos próximos
Vidas perdidas, tragédias familiares. Essa é a consequência ime- dias, diz o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
diata que todos nós conhecemos. Mas economistas avaliaram também Desde 1970, rodar com veículos sem o equipamento ou com ele
o peso financeiro. Dinheiro público gasto com transporte de acidenta- vencido ou inadequado é considerado infração grave, com multa de
dos e até com o combustível que a Polícia Rodoviária usa para chegar R$ 127,69 e mais 5 pontos na carteira de motorista. O Brasil é um dos
até as vítimas. poucos países que obrigava automóveis a ter o extintor. Nos Estados
São apenas máquinas, mas que podem matar quando os condu- Unidos e na maioria das nações europeias não existe a obrigatoriedade.
tores não conhecem ou não respeitam seus limites. O motoqueiro que O equipamento continuará sendo exigido no país apenas para ca-
costura; o motorista do carro que corta; o caminhoneiro que desafia o minhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e veículos destinados
trânsito. Nessa corrida da morte, infelizmente, o Brasil é um campeão. ao transporte de produtos inflamáveis.
Em 2014, só nas rodovias federais, foram 170 mil acidentes. Muita gente trocou o extintor
Além da perda de vida, os acidentes também causam prejuízos fi- A medida foi anunciada pouco antes de começar a valer a obri-
nanceiros e não só para o acidentado ou para família dele. Do combus- gatoriedade dos extintores do tipo ABC, prevista para 1º de outubro.
tível gasto pela polícia para chegar ao local; da ambulância usada para Quem não fizesse a substituição poderia ser multado.
transportar os feridos; do tratamento no hospital. Só com os acidentes O Contran havia decidido pelo uso desse tipo de equipamento
do ano passado, nas rodovias federais, todos nós pagamos uma conta porque ele combate o fogo em mais tipos de materiais do que o do tipo
que passou de R$ 12 bilhões. BC, que equipava carros até alguns anos atrás.

Didatismo e Conhecimento 81
HISTÓRIA/ATUALIDADES
A exigência da troca começou a valer em 1º janeiro deste ano e De acordo com o levantamento, os principais problemas citados
provocou correria às lojas no fim do ano passado, resultando em falta pelos tomadores dos recursos das obras que estão em situação inade-
do produto e denúncias de preços exorbitantes e de venda de equipa- quada são atrasos na elaboração de projetos executivos e em licitação,
mentos vencidos “maquiados” como novos. dificuldades e demora na obtenção de licenças de órgãos ambientais,
Com isso, ela foi adiada para abril, para que as fabricantes con- adiamentos por conta da crise hídrica, entre outros.
seguissem aumentar a produção e atender à demanda, Mas o extintor
continuou em falta em diversas cidades e houve novos adiamentos. Fases do PAC
Depois da terceira e última prorrogação do prazo, para outubro, Segundo Carlos, os status das obras de cada fase do PAC são dis-
o Contran realizou reuniões e ouviu dos fabricantes que era necessá- tintos e devem ser analisados de forma separada.
rio um tempo maior, de cerca de 3 a 4 anos, para atender à demanda. Das 337 obras monitoradas, 213 são do PAC 1. O levantamento
Porém, segundo o presidente do conselho, essa justificativa já estava aponta que 45% das obras estavam concluídas, mas 42% estavam pa-
sendo dada pelas indústrias há 11 anos. E foi decidido o fim da obriga- ralisadas ou atrasadas. Já entre os 124 projetos do PAC 2, os números
toriedade para carros. são ainda mais preocupantes: apenas 2% estavam concluídos. Além
A decisão repercutiu nas redes sociais e é comparada à do kit de disso, 41% ainda não haviam sido iniciados.
primeiros socorros, que passou a ser obrigatórios nos carros em 1998 “Quando fazemos a soma das duas fases, o 2 puxa o resultado
e, no ano seguinte, a exigência foi derrubada. geral para baixo. E mesmo o 1 puxando o resultado para cima com
O que diz o Contran o percentual de obras concluídas, não podemos ignorar que 42% das
“A mudança na legislação ocorre após 90 dias de avaliação técni- obras ainda têm algum tipo de problema”, diz o presidente.
ca e consulta aos setores envolvidos”, diz a nota do Contran. Segundo Carlos também destaca os problemas específicos de cada fase.
o órgão, o uso do extintor sem preparo representa mais risco ao moto- “Quando o PAC do Saneamento começou, em 2007, o setor vinha de
rista do que o incêndio em si. E o Contran citou a baixa incidência de duas décadas sem investimentos. Assim, os projetos que foram aprova-
incêndios entre o volume total de acidentes com veículos, e um núme- dos eram projetos engavetados que precisavam ser readequados. Isso
ro menor ainda de pessoas que dizem ter usado o extintor. leva tempo e atrasa o processo”, diz.
De acordo com o Contran, a Associação Brasileira de Engenharia Com o PAC 2, anunciado em 2011, o setor esperava que a exe-
Automotiva (AEA) informou que dos 2 milhões de sinistros em veí- cução fosse ser mais rápida, já que todos já tinham a experiência de
culos cobertos por seguros, 800 tiveram incêndio como causa. Desse participar da primeira fase. Os dados, porém, mostram outra realidade.
“Comparada com a fase 1, [os contratos do PAC 2] são novos, mas é
total, apenas 24 informaram que usaram o extintor, equivalente a 3%.
preocupante perceber que muitas obras nem começaram. Era para ser
Estudos e pesquisas realizadas pelo Denatran constataram que as
melhor que o PAC 1, mas o PAC 2 sofre de burocracia muito forte, ex-
inovações tecnológicas introduzidas nos veículos resultaram em maior
cessiva. Sofre de lentidão de aprovação de projeto e de licitação, bem
segurança contra incêndio, afirma a nota. como de obtenção de licenças ambientais”, comenta Carlos.
Entre as quais, o corte automático de combustível em caso de
colisão, localização do tanque de combustível fora do habitáculo dos Evolução com problemas
passageiros, flamabilidade de materiais e revestimentos, entre outras. Da amostra total, 181 são obras de esgoto. Neste recorte, o percen-
Segundo o próprio conselho, as autoridades consideram que falta tual de obras inadequadas é ainda mais alto que a média das obras de
de treinamento e despreparo dos motoristas para o manuseio do ex- saneamento no geral: 54% dos projetos estavam paralisados, atrasados
tintor geram mais risco de danos à pessoa do que o próprio incêndio. ou ainda não foram iniciados.
“Além disso, nos ‘test crash’ realizados na Europa e acompanhados por Entre 2013 e 2014, houve um aumento no número de obras para-
técnicos do Denatran, ficou comprovado que tanto o extintor como o lisadas, que passaram de 34 (19%) para 38 (21%). Ao mesmo tempo,
seu suporte provocam fraturas nos passageiros e condutores”, explica porém, houve queda nas obras atrasadas - de 32 (18%) para 30 obras
o presidente do conselho. (17%). O percentual de obras concluídas também cresceu, passando de
Fonte: G1 - (17/09/2015) 15% para 26%.
“Houve uma evolução nas obras de esgoto, mas isso era espe-
Em cidades grandes, 52% das obras do PAC Saneamento têm rado, pois muitas obras estavam bem avançadas quando fizemos esta
problemas análise no ano passado”, diz Carlos. “Mas o que percebemos é que as
A maioria das obras de água e esgoto do Programa de Aceleração obras problemáticas ficam ‘saltando’ entre os status. De atrasada para
do Crescimento (PAC) nas grandes cidades do país está em situação paralisada, depois volta para atrasada, e assim vai. O que vai mudan-
inadequada em relação a seus cronogramas, aponta um estudo do Ins- do nos percentuais é que as obras com andamento normal vão sendo
tituto Trata Brasil referente a 2014. concluídas.”
Das 337 obras planejadas para os municípios acima de 500 mil Já entre as 156 obras de água da amostra do levantamento, os nú-
habitantes (41 cidades no total), 175 (52%) estavam paralisadas, atra- meros são ligeiramente melhores: 33% estavam concluídas e outras
sadas ou ainda não haviam sido iniciadas em dezembro do ano passa- 17% estavam em situação normal de andamento. “Há sempre um in-
do. teresse maior das autoridades de fazer obras de água, pois a população
Já 29,1% dos projetos analisados (ou 98 obras) estavam concluí- reconhece mais esses projetos que os de esgoto”, diz Carlos.
dos no final de 2014. Desse total, porém, 19 obras estavam fisicamente Apesar disso, 50% das obras estavam em situação inadequada -
prontas, mas ainda apresentavam pendências e não haviam sido entre- 19% paralisadas, 17% atrasadas e 14% não iniciadas.
gues para uso público. “As obras de água costumam ser maiores e, por isso, tem chance
“As obras de água e esgoto formam uma amostra muito relevan- de encontrar mais problemas no terreno e na execução. Há uma buro-
te do PAC, de R$ 21,1 bilhões, e isso é muito dinheiro. Escolhemos cracia muito grande na forma como o projeto é aprovado. A equipe faz
o recorte de cidades grandes porque teoricamente elas sabem fazer a sondagem de solo e registra que é fácil de escavar. Mas, se durante a
projetos, licitações. Isso agrava o quadro, pois apesar de notarmos um obra encontra uma rocha e precisa fazer a detonação, isso faz o projeto
avanço nas obras concluídas, metade delas ainda têm problemas”, diz parar e voltar tudo para trás, forçando uma reprogramação. Um episó-
o presidente do instituto, Édison Carlos. dio que devia ser rápido se torna muito burocrático”, diz Carlos.

Didatismo e Conhecimento 82
HISTÓRIA/ATUALIDADES
CASO UBER STF retoma julgamento sobre criminalização do porte de dro-
gas
Câmara de Vereadores de SP aprova lei que proíbe o aplica- O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar hoje (9) o jul-
tivo Uber gamento sobre a constitucionalidade da criminalização do porte de
A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou uma lei que proíbe drogas. Os ministros discutem se a criminalização, prevista na Lei de
o Uber, serviço de transporte feito por particulares usando um aplicati- Drogas, fere o direito à vida privada. O julgamento será retomado com
vo. A aprovação veio depois de intensa pressão dos taxistas. o voto-vista do ministro Edson Fachin.
A pressão pela votação começou nas ruas. Os táxis saíram de vá- O julgamento conta um voto a favor da descriminalização do por-
rias regiões da cidade para se encontrar em frente à Câmara de São
te, proferido no dia 20 de agosto pelo relator, ministro Gilmar Mendes.
Paulo. Nas galerias, mais gente vigiando de perto o voto dos verea-
Para Mendes, o porte de entorpecentes não pode receber tratamento
dores.
Quem discursava contra a proibição dos aplicativos de transporte criminal, por ofender a vida privada dos cidadãos. Segundo o minis-
com carros particulares era ouvido de costas pelos manifestantes. No tro, embora a norma trate de maneira distinta usuários e traficantes, na
final, a proibição do aplicativo foi aprovada por 43 votos a favor e ape- prática a Lei de Drogas, na maioria dos casos de prisão, trata a todos
nas três contra. Em frente à Câmara, os taxistas, que acompanharam como traficantes. Além disso, ele entende que é preocupante deixar ex-
toda a votação do lado de fora, soltaram fogos e comemoraram, como clusivamente aos policiais a distinção entre os dois casos, sem critérios
uma vitória. claros estabelecidos na legislação.
A proibição foi aprovada, mas resta uma brecha, que pode permi- Se a maioria dos ministros seguir o relator, quem portar drogas
tir a regularização do aplicativo no futuro. É que também foi aprova- não poderá ser preso, exceto se o policial entender que a situação con-
da uma emenda enviada pela Prefeitura de São Paulo. No texto, fica figura tráfico de drogas. Em casos de dúvida sobre a situação, o preso
determinado que haverá mais estudos para aprimorar a legislação de deverá ser apresentado imediatamente ao juiz, que decidirá pelo en-
transporte individual de passageiros e a compatibilização de novos ser- quadramento como uso ou tráfico de entorpecentes.
viços e tecnologias. O julgamento vai prosseguir com os votos dos ministros Edson
A Câmara dos Vereadores tem um prazo de dez dias para enca- Fachin, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Luiz Fux, Dias Toffoli,
minhar o documento à Prefeitura. Depois de recebido, o prefeito Fer- Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Celso de Mello e o presidente do STF,
nando Haddad terá quinze dias para decidir pela sanção ou pelo veto. Ricardo Lewandowski.
Rio de Janeiro A descriminalização é julgada no recurso de um ex-preso, conde-
No Rio, a discussão sobre a proibição, ou não, do aplicativo Uber
nado a dois meses de prestação de serviços à comunidade por porte de
foi parar na Assembleia Legislativa. Um representante da empresa
Uber e cerca de 50 taxistas participaram da audiência. O representante maconha. A droga foi encontrada na cela do detento.
da Uber Daniel Mangabeira disse que a empresa fez um levantamento No recurso, a Defensoria Pública de São Paulo diz que o porte de
sobre os hábitos dos seus passageiros e concluiu que a maioria usaria drogas, tipificado no Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006),
o próprio carro se não existisse o aplicativo. Ele declarou ainda que o não pode ser configurado crime, por não gerar conduta lesiva a ter-
Uber não é concorrente dos taxis. ceiros. Além disso, os defensores afirmam que a tipificação ofende os
O representante dos taxistas na audiência reconheceu que o servi- princípios constitucionais da intimidade e a liberdade individual.
ço precisa melhorar. Fonte: Agência Brasil - (09/09/2015)
O secretário estadual de Transporte, Carlos Roberto Osório, afir-
mou que considera o Uber ilegal. “Existe uma legislação que garante EDUCAÇÃO
ao sistema de taxis dos municípios a exclusividade do transporte indi-
vidual de passageiros”, disse. Governo prevê corte de R$ 1,4 bilhão em Ciência sem Fron-
No mês passado, a Câmara dos Vereadores aprovou um projeto de teiras
lei que proíbe o aplicativo no Rio. O prefeito Eduardo Paes ainda vai O programa Ciência Sem Fronteir
decidir se sanciona ou não a lei. as (vinculado aos ministérios da Ciência e Tecnologia e Educa-
Fonte: G1 – (10/09/2015) ção), que concede bolsas de estudos para alunos brasileiros estudarem
no exterior, foi drasticamente cortado para 2016, segundo aponta a
DESCRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE DROGAS
proposta orçamentária encaminhada ao Congresso nesta segunda-feira
Fachin libera vista de ação sobre descriminalização do porte pelo governo. O valor apresentado para o programa no ano que vem
de drogas - R$ 2,1 bilhões - é R$ 1,4 bi menor do que o reservado para o ano de
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), 2015. A desvalorização do real frente ao dólar foi um dos fatores do
liberou hoje (31) para julgamento o processo que trata da descriminali- corte. A maioria dos cursos é paga em moeda americana.
zação do porte de drogas. Há duas semanas, Fachin pediu vista da ação Fonte: Revista Época - (31/08/2015)
para analisar melhor o assunto.
A data para retomada do julgamento depende de decisão do presi- PAPA FRANCISCO
dente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski.
O julgamento foi interrompido após o voto do relator, ministro Papa simplifica procedimentos para anulação de casamentos
Gilmar Mendes, que se manifestou a favor da descriminalização do O Papa Francisco simplificou os procedimentos para anulação de
porte de drogas. O crime é tipificado no Artigo 28 da Lei de Drogas casamentos. O pontífice determinou que o trâmite será gratuito para
(Lei 11.343/2006). De acordo com Gilmar Mendes, a criminalização é todos e mais curto para os casos mais evidentes.
uma medida desproporcional e fere o direito à vida privada. Além disso, o “motu propio” (carta papal) decidiu que apenas
Faltam os votos de dez ministros. uma sentença bastará para decretar a nulidade, ao invés das duas que
Fonte: Istoe.com.br - (31/08/2015) eram exigidas até agora.

Didatismo e Conhecimento 83
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Nos casos mais evidentes, o bispo da diocese será juiz, com o “Fortaleza é um exemplo de um quadro muito grave de violência,
objetivo de que as decisões respeitem “a unidade católica na fé e na que infelizmente a gente não tem tido sucesso em enfrentar. A taxa
disciplina”, segundo a agência France Presse. permanece praticamente idêntica ao longo dos anos e elevada”, afirma
O recurso ao tribunal da sede apostólica romana, a Rota, continua- Samira.
rá sendo possível, mas para casos excepcionais. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, in-
O processo para conseguir um “decreto de nulidade” era criticado forma, por meio de nota, que conseguiu parar a curva de crescimento
por ser lento, caro e demorado. Casais e sacerdotes afirmam que os de crimes violentos no estado, como homicídios, latrocínios e lesões
procedimentos atuais desencorajavam mesmo aqueles com razões le- corporais seguidas de morte, neste ano. A mudança ocorreu devido ao
gítimas para fazer uma anulação. Programa em Defesa da Vida, segundo a secretaria.
As mudanças, anunciadas pelo Vaticano nesta terça-feira (8), são “A consolidação do Programa no início de 2015 possibilitou que,
consideradas as mais profundas dos últimos séculos, segundo a agên- no acumulado dos oito primeiros meses deste ano, Fortaleza registre
cia Reuters. queda [nos crimes violentos] de 19,3%, passando de 1.372 casos, em
O papa reafirma a “indissolubilidade do matrimônio”, mas deter- 2014, para 1.107 em 2015. São 265 óbitos a menos no período”, diz
a nota. “A queda é resultado da integração entre as forças de seguran-
mina que a igreja seja mais misericordiosa com os católicos em difi-
ça [...]; do trabalho das polícias focado nas áreas, horários e dias que
culdade. apresentam maiores taxas de crimes, com base em análises estatísticas
Para conseguir o “decreto de nulidade” é preciso mostrar que o e criminais; dos levantamentos realizados pelas áreas de inteligência;
casamento não foi válido de acordo com a lei da Igreja por falta de da interiorização de serviços especializados das polícias; entre outras
alguns pré-requisitos não terem sido respeitados como a livre vontade, iniciativas.”
a maturidade psicológica e a abertura para ter filhos. É a primeira vez que o fórum realiza um levantamento focado nas
Os católicos que se divorciam e se casar novamente fora da Igreja capitais brasileiras. Os dados foram obtidos por meio de solicitações às
são considerados ainda ser casado com sua primeira esposa e viven- secretariais estaduais da Segurança Pública com base na Lei de Acesso
do em um estado de pecado, o que os impede de receber sacramentos à Informação e por meio de cruzamento de informações disponibiliza-
como a comunhão. das pelos órgãos na web.
No domingo (6), o Papa Francisco pediu para que toda paróquia Homicídios, lesões e latrocínios
e comunidade religiosa na Europa receba ao menos uma família imi- Fortaleza aparece no topo do ranking de crimes violentos em ra-
grante cada, em um gesto de solidariedade que, segundo ele, começará zão principalmente do número de homicídios. A cidade tem o maior
pelo próprio Vaticano. número absoluto de assassinatos do país (1.930) e, consequentemente,
Na terça-feira (1º), o papa anunciou que dará permissão a todos a maior taxa (75 a cada 100 mil).
os padres para perdoar formalmente as mulheres que tiveram abortos Já São Luís (MA) é a capital com o maior número absoluto de
e buscarem perdão durante o Ano Santo da Igreja Católica, que vai de lesões corporais seguidas de morte (35) e, por isso, detém também a
dezembro de 2015 a novembro de 2016. maior taxa (3,3 a cada 100 mil).
Fonte: G1 - (08/09/2015) Aracaju (SE) aparece na primeira posição com relação aos latro-
cínios (os roubos seguidos de morte). A cidade tem um índice de 5,3
VIOLÊNCIA mortes a cada 100 mil habitantes.
Campo Grande (MS) é a capital com a maior variação na taxa de
Capitais registram um assassinato a cada meia hora no país, crimes violentos intencionais de 2013 para 2014: 36,5% de aumento. A
revela estudo cidade, no entanto, ainda possui o quarto menor índice do país.
Uma pessoa é assassinada a cada meia hora, em média, nas capi- A Secretaria da Segurança de Sergipe diz que houve um equívoco
porque os dados enviados para a confecção do relatório foram referen-
tais do país. É o que mostram dados do Fórum Brasileiro de Segurança
tes a todo o estado. “O número correto de latrocínios em 2014 foi 13
Pública referentes a 2014. Os números constam do 9º Anuário Brasilei-
(e não 33). O diretor do Centro de Estatística e Análise Criminal (Cea-
ro de Segurança Pública, que está em fase de conclusão. crin), delegado Gefferson Alvarenga, emitiu um ofício para o fórum
De acordo com o anuário, houve 15.932 mortes decorrentes de retificado os dados e solicitando a devida alteração.”
crimes violentos intencionais (homicídios dolosos, lesões corporais se- As secretarias de Segurança Pública do Maranhão e de Mato
guidas de morte e latrocínios) nas 27 capitais no ano passado – o que Grosso do Sul foram procuradas pelo G1 para comentar os dados, mas
equivale a uma vítima a cada 30 minutos aproximadamente. ainda não responderam.
Juntas, as capitais registraram uma taxa média de 33 mortes vio- Gastos com segurança
lentas a cada 100 mil habitantes em 2014. Fortaleza (CE) é a que tem o O anuário mostra que, apesar da crise, os estados têm investido
maior índice (77,3) e São Paulo (SP), o menor (11,4). mais em segurança. Foram R$ 67,3 bilhões em 2014 – um aumento
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), locais com índices de 17% em relação a 2013, quando a despesa com a área chegou a R$
iguais ou superiores a 10 são tidos como zonas endêmicas de violência 57,5 bilhões.
– todas as capitais podem ser incluídas nessa classificação. Os municípios, somados, também gastaram R$ 3,9 bilhões com
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segurança no ano passado.
Samira Bueno, diz que o quadro é bastante preocupante. “Os dados re- “É preciso ressaltar que foi um ano eleitoral e é natural que os
velam as dificuldades encontradas no enfrentamento da violência letal governantes queiram mostrar serviço, mas houve, sim, um aumento
nos grandes centros urbanos.” expressivo no gasto, inclusive com a crise econômica. Só que não
Ela ressalta, no entanto, que há disparidades regionais. “O Brasil há nenhum estudo que mostre uma correlação direta entre aumento
tem experiências de sucesso, como São Paulo, que desde o início dos de despesas e redução de crimes contra a vida. E o Brasil é o grande
anos 2000 tem apresentado uma redução expressiva das taxas de ho- exemplo disso, pois gasta o equivalente ao que Alemanha, França e ou-
micídio, o Rio de Janeiro, com as UPPs, e Pernambuco, por exemplo. tros países desenvolvidos gastam com segurança pública, e esse gasto
Só que essas experiências localizadas acabam anuladas pelo aumento não tem se traduzido em eficiência da política pública, em melhoria”,
em outras.” afirma Samira Bueno.

Didatismo e Conhecimento 84
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Os dados mostram exatamente isso: a taxa de mortes a cada 100 No mundo, em 1990, 12,7 milhões de crianças de até cinco anos
mil nas capitais se manteve estável em comparação a 2013 – ano com tinham morrido, já neste ano, pela primeira vez, o índice deve ficar
um número de crimes violentos menor, mas próximo (15.804). abaixo de seis milhões. O relatório destaca que o Brasil teve uma redu-
Médias dos gastos com segurança (Foto: G1) ção significativa e conseguiu inclusive diminuir as disparidades regio-
O estado que mais investiu em policiamento, informação e inteli- nais, mas elas ainda são fortes.
gência e em Defesa Civil foi São Paulo: R$ 10,3 bilhões. Já o Acre foi “Dos cerca de 5.500 municípios, mais de mil têm a taxa de morta-
o estado com o maior gasto per capita: R$ 568,88 por habitante. lidade de crianças até 5 anos no patamar de cinco mortes para cada mil
Apenas três unidades da federação diminuíram a verba destinada nascidos vivos. Mas em 32 municípios, a taxa excede 80 mortes a cada
à segurança em um ano: Mato Grosso, Piauí e Tocantins. O Piauí é
mil nascidos vivos”, diz o relatório.
o que tem o menor gasto do Brasil, tanto absoluto (R$ 59 milhões)
quanto per capita, de R$ 18,48 – muito abaixo da média nacional (R$ O estudo destaca ainda que as crianças indígenas têm duas vezes
332,21). “Trata-se de um padrão de gasto muito baixo e que tem apre- mais chance de morrer antes do primeiro ano de vida na comparação
sentado um decréscimo. Neste caso, é claro que a área precisa de mais com as demais crianças brasileiras.
recursos”, afirma a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segu- No contexto global, apesar da queda de 50%, a OMS e a Unicef
rança Pública. chamam atenção para o fato de a meta de redução da mortalidade in-
“O problema é quando se tem muito e o dinheiro é mal gerido. fantil em dois terços não ter sido cumprida. Segundo o estudo, cerca
Mas há também a questão do modelo de segurança pública. Há duas de 16 mil crianças na faixa etária até 5 anos morrem diariamente e,
polícias que não têm ciclo completo, que não dialogam no âmbito esta- segundo o estudo, o maior risco de morte é verificado nos primeiros
dual, que deviam compartilhar informações, mas não o fazem, que não dias após o nascimento. Cerca de 45% dos casos ocorrem antes que a
trabalham, em geral, de forma integrada. É um modelo dispendioso”,
criança complete um mês de vida.
diz Samira.
“Temos que reconhecer um tremendo progresso global, mas um
A União também colocou menos dinheiro no setor no ano passa-
do. Foram R$ 8,1 bilhões – contra R$ 8,3 bilhões em 2013. grande número de crianças continua morrendo por causas evitáveis an-
Fonte: G1 - (30/09/2015) tes do quinto aniversário. Isso deve nos impulsionar a redobrar nossos
esforços para fazer o que sabemos que precisa ser feito”, afirmou a
Polícia brasileira é a que mais mata no mundo vice-diretora da Unicef, Geeta Rao Gupta.
O Brasil aparece no topo do ranking de um levantamento feito Entre as causas da mortalidade infantil estão doenças evitáveis
pela Anistia Internacional sobre mortes causadas por forças policiais. como pneumonia, diarreia e malária, mas o principal motivo da morte
Só em 2012, foram 56 mil mortes no país. Em 2014, 15,6% dos de crianças nesta idade continua sendo a desnutrição, responsável por
homicídios ocorridos foram causados pela polícia. Os dados mostram metade das vítimas.
também que, em alguns casos, as vítimas estavam rendidas, feridas ou O relatório traça ainda as diferenças regionais. Na África subsaa-
não foram advertidas para que pudessem se entregar.
riana, a chance de uma criança de até 5 anos morrer é de 1 em 12, já
No Rio de Janeiro, entre 2010 e 2013, 99,5% dessas vítimas eram
nos países ricos é de 1 em cada 147.
homens, quase 80% negras e 75% com idades entre 15 a 29 anos.
O levantamento mostra ainda que muitos desses casos não rece- Fonte: O Globo - (09/09/2015)
bem a punição devida. A Anistia Internacional acompanhou 220 inves-
tigações envolvendo mortes provocadas por policiais no Brasil desde Estado americano da Geórgia nega clemência e executará
2011. Um caso, apenas, teve o policial acusado formalmente pela Jus- mulher
tiça. Em 2015, 183 investigações ainda não haviam sido concluídas. A Comissão de Perdão e Liberdade Condicional do Estado da
No relatório, a Anistia sugere investigações independentes, puni- Geórgia negou, na tarde desta terça-feira (29 de setembro), a clemên-
ções em casos de abuso e regras mais rígidas de conduta para agentes cia para Kelly Renee Gissendaner e ela será executada hoje às 19 horas
da lei como ferramenta para reduzir esses números. (locais, 20h de Brasília). Kelly é a única mulher atualmente no corre-
Estados Unidos dor da morte no Estado e será a primeira mulher a ser executada em 70
Ao lado do Brasil, no topo desse ranking está os Estados Unidos.
anos na Geórgia e a 16ª no país desde que os EUA retomaram a pena
Não há números oficiais que dimensionem a violência policial no país.
Estatísticas sugerem, no entanto, que os números sejam bem parecidos de morte em 1976.
com os do Brasil. Sua execução estava prevista para março, mas o procedimento foi
Boa parte das vítimas no país norte-americano é jovem e negro. adiado na última hora devido a um problema com o produto químico
Em 2014, vale lembrar, o jovem negro Michael Brown foi morto utilizado na injeção letal.
por um policial branco, Darren Wilson, na cidade de Ferguson, que A mulher, de 46 anos e mãe de três filhos, foi condenada á morte
nem chegou a ser indiciado. O homicídio gerou uma onda de protestos por planejar e conspirar em 1997 a morte de seu marido, Doug Gissen-
por todo o país. daner, junto ao amante, Gregory Bruce Owen, que foi o autor material
Fonte: Band.com.br - (07/09/2015) do assassinato, foi condenado á prisão perpétua após depor contra Gis-
Mortalidade infantil no Brasil cai 73% em relação a 1990 sendaner no julgamento.
O Brasil reduziu em 73% a mortalidade infantil em relação a De acordo com o Centro de Informações sobre a Pena Capital
1990, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS)
(DPIC), nos últimos 100 anos foram executadas mais de 40 mulheres
e do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef). A taxa é maior
que a média mundial, que caiu 53% em relação ao mesmo período. nos EUA. Até outubro de 2014, havia 57 mulheres no corredor da mor-
Segundo a pesquisa, há 25 anos, a cada mil nascidos vivos 61 morriam. te em todo o país.
Este ano, a cada mil crianças 16 morrem. Fonte: Estadão.com - (29/09/2015)

Didatismo e Conhecimento 85
HISTÓRIA/ATUALIDADES
RAINHA ELIZABETH Desde então, se converteu em um símbolo de constância que atra-
vessou a desintegração do império, a Guerra Fria, as mudanças sociais
Rainha Elizabeth II se torna monarca a ocupar mais tempo o do pós-guerra e dos anos 60, e a chegada da era digital, com a abertura
trono britânico de uma conta no Twitter.
A rainha Elizabeth II se torna nesta quarta-feira (9) o monarca Os tempos mudaram e a popularidade da monarquia sofreu altos
a ocupar o trono britânico por mais tempo. Precisamente a partir das e baixos, mas a rainha sempre foi uma figura popular, possivelmente a
13h30, pelo horário de Brasília, ela supera o reinado de sua tataravó, a mulher mais reconhecida do mundo.
rainha Vitória, que permaneceu no trono por 63 anos e 216 dias, entre
os anos de 1837 e 1901. Sucessão
O recorde de reinado de Elizabeth II significa que agora há três
Coroada no dia 2 de junho de 1953, a soberana de 89 anos ocupa
gerações de futuros monarcas na lista de herdeiros, algo que não acon-
o trono do Reino Unido e outros 15 reinos, entre eles Canadá, Austrá-
tecia desde a morte de Vitória.
lia, Nova Zelândia e Jamaica, e no passado também foi a monarca da O filho mais velho da rainha, o príncipe Charles, de 66 anos, é
África do Sul, Sri Lanka, Paquistão e Nigéria. agora mais velho que a idade de aposentadoria britânica. Ele é o her-
De acordo com a agência France Presse, o marco desta quarta não deiro que passou mais tempo na função na história britânica, pois os-
contará com uma celebração pública. O único compromisso público tenta a honra desde os três anos.
da rainha será a inauguração de uma nova linha férrea na Escócia, uma A ordem de sucessão tem em segundo lugar o filho mais velho de
discrição dentro do padrão de austeridade de seu reinado. Charles, o príncipe William, neto da rainha, de 33 anos. Em terceiro
Na semana passada, a casa da moeda do Reino Unido lançou uma vem o filho mais velho de William, bisneto da rainha, o príncipe Geor-
edição especial de moedas para comemorar o feito de Elizabeth II. A ge, que completou dois anos em julho.
peça de prata, com um valor de 20 libras (cerca de R$ 112), mostra
os cinco retratos de Elizabeth II que apareceram em moedas e notas ‘Vida de serviço’
britânicas desde sua coroação. Ao escrever o prefácio de uma nova biografia sobre a rainha, de
O reinado de Elizabeth II “será recordado como um feito im- autoria do ex-secretário do Foreign Office Douglas Hurd, o príncipe
pressionante, permanecer de maneira segura no trono ao longo de um William afirma que sua avó é um “modelo de uma vida de serviço” a
período de tremendas mudanças sociais e econômicas”, diz à AFP seu cargo.
Andrew Gimson, autor do livro “Gimson’s Kings and Queens: Brief “O exemplo e a continuidade proporcionada pela rainha não ape-
nas é muito pouco frequente entre os líderes, mas também é uma gran-
Lives of the Monarchs since 1066” (“Reis e Rainhas de Gimson: Bre-
de fonte de orgulho e confiança”, escreveu.
ves Vidas dos Monarcas desde 1066”).
“Uma e outra vez, em silêncio e com modéstia, a rainha demons-
Apesar de ser a monarca de mais idade no mundo depois da morte trou a todos que podemos abraçar com confiança o futuro, sem com-
do rei saudita Abdullah, aos 90 anos em janeiro, ela não é a pessoa que prometer as coisas que são importantes”.
está há mais tempo na função. Esta honra corresponde a Bhumibol E no aspecto pessoal, completou, “a bondade da rainha e seu sen-
Adulyadej, de 87 anos, rei da Tailândia desde 1946. so de humor, seu inato senso da calma e perspectiva, e seu amor pela
família e o lar são atributos que desfrutei em primeira mão”.
Trajetória
Elizabeth Alexandra Mary - apelidada de “Lilibeth” por sua fa- Veja os principais acontecimentos que marcaram a trajetória
mília - era a terceira na linha de sucessão ao trono, atrás de seu tio de Elizabeth II como monarca:
Edward, príncipe de Gales, e seu pai Albert, duque de York. Década de 1950: No dia 2 de junho de 1953 a rainha é coroada
Nasceu em abril de 1926 e foi criada por tutoras. Se mudou ao pa- quase 16 meses após a morte de seu pai, num momento em que o país
lácio de Buckingham em 1937, quando seu pai foi coroado, depois que se reerguia da Segunda Guerra Mundial. A cerimônia, na abadia de
seu tio Edward VIII abdicou ao trono para se casar com a divorciada Westminster, é transmitida ao vivo no rádio e na televisão em 44 lín-
americana Wallis Simpson. No fim da Segunda Guerra Mundial, aos guas.
18 anos, se integrou às Forças Armadas como motorista. Década de 1960: Em 1965 a rainha fez uma visita histórica à Ale-
Em novembro de 1947 se casou com seu primo em terceiro grau, manha, sendo o primeiro monarca britânico a visitar o país em 52 anos.
o comandante naval Philip Mountbatten, que renunciou aos seus títulos Década de 1970: A rainha recebe o imperador Hirohito do Japão
em 1971, em sua primeira visita à Grã-Bretanha desde a Segunda
de príncipe da Grécia e da Dinamarca para se casar. Seu primeiro filho,
Guerra Mundial.
o príncipe Charles, nasceu em 1948. Foi seguido pela princesa Anne,
Em 1977, celebra seu jubileu de prata (25 anos no trono), acompa-
em 1950, pelo príncipe Andrew em 1960 e pelo príncipe Edward em nhado por 500 milhões de espectadores na televisão. Os “Sex Pistols”
1964. estragaram em parte a festa com a canção “God Save The Queen”, pri-
Elizabeth II se tornou rainha com apenas 25 anos, após a morte meira afronta real à monarquia, chamada de “regime fascista”. A capa
repentina de seu pai, o rei George VI, em 1952. Antes disso, em seu do álbum mostra a rainha com os olhos e boca vendados.
21º aniversário, prometeu dedicar sua vida ao império britânico em um Em 1979 recebe no palácio Buckingham a primeira premiê mu-
programa de rádio na Cidade do Cabo, onde viajava com sua família. lher, Margaret Thatcher e no mesmo ano se torna a primeira soberana
“Declaro a todos vocês que toda a minha vida, seja longa ou curta, da Grã-Bretanha a viajar ao Oriente Médio.
estará dedicada a vosso serviço e ao serviço de nossa grande família Década de 1980: Como chefe da Igreja na Inglaterra, a rainha
imperial à qual todos pertencemos”, prometeu. recebe no palácio de Buckingham a visita do papa João Paulo II em
Quando ascendeu ao trono, Winston Churchill era primeiro-mi- 1982, que é a primeira visita de um Papa ao país em 450 anos. No ano
nistro, a Índia havia acabado de conseguir sua independência e a Grã seguinte, concede Ordem de Mérito à Madre Teresa de Calcutá, em
-Bretanha ainda governava em partes da Ásia e da África. Nova Déli, na Índia.

Didatismo e Conhecimento 86
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Realizou a primeira visita oficial de um monarca britânico à Chi- finir como serão feitas as proibições no espaço aéreo da cidade durante
na, em 1986. o evento. A Força Aérea Brasileira informou que tem quatro drones na
Década de 1990: A rainha visitou lugares nunca antes imaginá- Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e que os equipa-
veis, como Hungria, Rússia, Polônia e República Checa. Também es- mentos poderão ser usados durante os Jogos.
teve com o presidente da África do Sul, Nelson Mandela, em visitas de Os riscos desse aumento de drones no céu são reais, alerta o em-
Estado reciprocadas realizadas em 1995 e 1996. presário Ricardo Cohen, vice-presidente da Associação Brasileira de
Em 1997 lançou o primeiro site da Monarquia Britânica. Em Multirrotores. Para ele, a fácil aquisição do equipamento não dispensa
1999, abriu órgãos constitucionais descentralizados no País de Gales uma boa capacitação.
e na Escócia. — Nosso mantra é: pratique o voo seguro e siga as normas. Para
Década de 2000: celebra seu jubileu de ouro (50 anos no trono) operar, tem que haver um aprendizado, uma orientação. Então, não é só
em 2002, com um tour pelos países do Commonwealth, como Jamai- ligar e sair voando. É que nem carro. Qualquer um pode comprar, mas
ca, Nova Zelândia, Austrália e Canadá, além de 70 cidades do Reino não é todo mundo que está habilitado — explicou.
Unido, e dois grandes shows nos jardins do palácio de Buckingham. Há equipamentos com peso entre 1,5kg e 20kg e com tamanho
Década de 2010: Visita a Irlanda em 2011, a primeira visita de um entre 25 centímetros e 1,2 metro. Na ausência de uma regulamenta-
monarca britânico ao país desde sua independência. No ano seguinte ção, o fotógrafo Francisco Almendra aprendeu a usar o equipamento
completa 60 anos no poder e comemora o jubileu de diamante com sozinho. Com o Drone do Amor, devidamente pintado e fantasiado,
uma viagem pelo Reino Unido e diversos países do Commonwealth. chegou a filmar blocos de carnaval. Atualmente, porém, deixou de so-
Em 2014 faz o seu primeiro tweet, para divulgar uma exposição brevoar multidões:
no Museu de Ciências de Londres. — É por questão de segurança. Nunca tive problemas, mas não
Fonte: G1 - (09/09/2015) acho certo. Revisei a forma como uso o drone. Voar em cidade é peri-
goso. Se aquilo cair na cabeça de alguém, faz um estrago. Há toda uma
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO série de precauções. É preciso um plano de voo muito bem feito.
As igrejas também já estão se acostumando com a presença dos
Anac apresenta proposta para regulamentar o uso do drone, drones. Segundo Reynaldo Cavalcanti, diretor de um estúdio fotográfi-
que já invadiu o céu carioca co, o serviço ficou bastante conhecido depois do casamento do cantor
Um zum-zum-zum tomou conta do céu no Rio. O ruído é carac- Naldo Benny com Ellen Cardoso, a Mulher Moranguinho, em 2013. O
terístico e deu nome ao equipamento: em inglês, drone significa zum- valor da filmagem pode chegar a R$ 9 mil.
bido. Para muitos cariocas, o robô cinegrafista já virou moda e pode — Toda noiva quer drone, é muito engraçado. As imagens são
inseridas no blu-ray do casamento ou mesmo editadas no mesmo dia e
ser visto em casamentos, shows, formaturas e obras. Até a prefeitura
exibidas durante a festa — diz Cavalcanti.
entrou na onda tecnológica. Mas a rápida popularização dessas aero-
Almendra acredita que o uso do drone vai se tornar cada vez mais
naves pilotadas remotamente não veio acompanhada de regras espe-
comum.
cíficas. Com um ano de atraso, a Agência Nacional de Aviação Civil
— Drone é uma tecnologia nova e que vai ser tão popular quanto
(Anac) lança nesta quarta-feira uma proposta para regulamentar o uso
o celular. A regulamentação é importante para que as pessoas enten-
dos aparelhos. A consulta pública permitirá que qualquer pessoa envie
dam o que é permitido ou não. Por enquanto, o que temos é um vácuo
sugestões ou críticas sobre o projeto durante 30 dias. (na legislação).
A grande novidade do momento é o uso de drones na construção Fonte: O Globo - (01/09/2015)
civil. Em alguns casos, as construtoras enviam as imagens das tomadas
aéreas para os clientes, que se informam sobre o andamento de suas Estudo desvenda como veneno de vespa brasileira mata célula
futuras residências. A Secretaria municipal de Obras (SMO) também de câncer
usa esse serviço para monitorar seus projetos. A ciência já conhecia as propriedades anticancerígenas do veneno
Nesta segunda-feira, um equipamento fez um sobrevoo no costão da vespa brasileira Polybia paulista, que se mostrou eficaz em coibir a
da Avenida Niemeyer, para registrar a construção da ciclovia que ligará proliferação de células de câncer de próstata e bexiga, bem como de
Leblon a São Conrado. Ao custo de R$ 35,9 milhões, as obras estão leucemia. O que não se sabia era como a toxina presente no veneno
82% concluídas, de acordo com a SMO. A previsão de inauguração é conseguia atacar seletivamente determinadas células de câncer, dei-
dezembro. xando intactas as células normais.
O presidente da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio), Uma pesquisa desenvolvida a partir de uma parceria entre a Uni-
Márcio Machado, afirmou que, além do acompanhamento de projetos versidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade de Leeds, no
em andamento, pretende fazer, até o fim do ano, vistorias em obras já Reino Unido, descobriu o mecanismo de ação da toxina, abrindo o
realizadas: caminho para o desenvolvimento de uma nova classe de drogas para
— É um instrumento valioso, que serve de apoio ao nosso traba- tratamento de câncer. Os resultados foram publicados na revista cientí-
lho diário em lugares de difícil acesso. Todas as obras concluídas são fica “Biophysical Journal” nesta terça-feira (1º).
inspecionadas depois de algum tempo. Desde 1966, fazemos voos de Nas células cancerígenas, existem dois tipos de lipídios que ficam
helicóptero para identificar os problemas, mas há casos em que não é do lado de fora da membrana das células. Em células normais, esses
possível chegar muito perto. O drone é como o olho humano no local lipídios ficam localizados do lado de dentro da membrana. O que a
das obras. O custo também é muito menor que o do uso de helicópte- toxina MP1 faz é interagir com esses lipídios que por acaso só estão
ros. “acessíveis” nas células cancerígenas.
Atento à segurança, o Comitê Organizador Rio 2016 busca solu- O resultado dessa interação é a formação de “buracos” na mem-
ções para que a nova mania não atrapalhe as Olimpíadas. O comitê e o brana da célula cancerígena, mecanismo que acaba levando à morte
Ministério da Defesa esperam o resultado da regulamentação para de- das células.

Didatismo e Conhecimento 87
HISTÓRIA/ATUALIDADES
“Uma terapia de câncer que ataque a composição lipídica da Os pesquisadores utilizaram três modelos de membranas celulares
membrana da célula seria uma classe completamente nova de drogas para testar a teoria. Viram que o peptídio sintetizado a partir de veneno
anticancerígenas”, disse um dos autores do estudo, Paul Beales, da de vespa se unia às células que mostravam uma concentração anormal
Universidade de Leeds. “Isso poderia ser útil no desenvolvimento de de PS e PE do lado de fora, mas não às que mostravam a configuração
novas combinações de terapias, onde múltiplas drogas são usadas si- típica de uma célula saudável, segundo explicam no artigo publicado
multaneamente para tratar câncer ao atacar diferentes partes das células pela revista científica Biophysical Journal.
de câncer simultaneamente.” De fato, as membranas enriquecidas com o lipídio PS aumenta-
Os pesquisadores puderam testar esse mecanismo de ação em ram em sete vezes seu nível de aglutinação ao peptídio da vespa. Ao
modelos de membranas criadas em laboratório, que continham esses mesmo tempo e reforçando o mecanismo, a maior presença de PS no
tipos de lipídio. A exposição dessa membrana à ação da toxina MP1, exterior da célula elevou a porosidade da membrana em até 30 vezes.
do veneno da vespa, revelou à formação de poros que, em uma célula “Formados em alguns segundos, esses poros são grandes o suficiente
de verdade, levaria à sua morte. para que moléculas essenciais, como a RNA, ou proteínas escapem da
Segundo os autores, a toxina tem o potencial para ser um trata- célula”, diz Ruggiero Neto.
mento seguro contra câncer, mas mais pesquisas são necessárias para Esse enfraquecimento da membrana celular ocorre geralmente na
desenvolver um medicamento. chamada apoptose das células. A maioria delas tem sua morte progra-
Fonte: G1 - (01/09/2015) mada, ditada por genes. Na verdade, essa apoptose é a base da vida, na
forma de regeneração celular: algumas morrem para que outras novas
cheguem. Mas, com o câncer, as células tumorais também apresentam
O veneno de uma vespa brasileira pode matar as células can-
uma maior permeabilidade da membrana. E essa poderia ser a entrada
cerosas para combater o tumor.
A vespa Polybia paulista, mais conhecida como paulistinha, tem “As terapias contra o câncer que atacam a composição dos lipí-
uma picada muito dolorosa. No entanto, seu veneno poderia esconder dios da membrana celular poderiam representar uma nova e completa
uma nova estratégia para atacar o câncer. Pesquisadores brasileiros e classe de drogas anticâncer”, diz Paul Beales, pesquisador em biologia
britânicos estudaram como uma molécula da toxina age sobre as célu- molecular da Universidade de Leeds e coautor do estudo. Uma das
las. Essa molécula tem capacidade de distinguir as células cancerosas possibilidades oferecidas pelo veneno sintetizado da paulistinha é que
das saudáveis, atacando apenas as doentes. ele poderia ser um grande aliado em ofensivas múltiplas. Seu MP1
A paulistinha, um himenóptero da família Vespidae típico da re- poderia atacar a membrana da célula tumoral enquanto outros agentes
gião sudeste do Brasil, vive em comunidades de dezenas ou centenas se encarregariam do núcleo da célula. “Poderia ser de grande utilidade
de insetos com uma estrutura social de castas liderada por várias ra- no desenvolvimento de novas terapias combinadas, que utilizam várias
inhas. Seu veneno é tão poderoso e complexo que há décadas chama drogas simultaneamente para tratar o câncer, atacando diferentes partes
a atenção dos cientistas. Já foram descobertas mais de cem proteínas da célula cancerosa ao mesmo tempo,” comenta o cientista britânico.
e peptídios (moléculas menores) e suspeita-se que ainda há mais por Os pesquisadores, que receberam financiamento do Governo bra-
descobrir. sileiro e da Comissão Europeia, agora querem aumentar a capacidade
Um desses peptídios tem uma poderosa ação antibacteriana, per- seletiva do MP1 e testá-lo primeiramente com culturas de células e,
mitindo que a paulistinha mantenha seus ninhos protegidos contra as depois, em animais.
bactérias. Daí surgiu o interesse científico por seu veneno. Poderia ser Fonte: El País Brasil - (01/09/2015)
uma alternativa para superar a crescente resistência aos antibióticos.
Mas, em 2008, pesquisadores chineses descobriram que esse peptídio, DESCOBERTAS CIENTÍFICAS
conhecido como MP1, também atacava células cancerosas de alguns
tipos de câncer. Agora, cientistas da Universidade Estadual Paulista Descoberto na Inglaterra ‘Stonehenge’ cinco vezes maior que
(Unesp) e da Universidade de Leeds (Reino Unido) descobriram como original
um veneno com propriedades antibacterianas consegue distinguir cé- Arqueólogos acreditam que cerca de cem monolitos descobertos
lulas tumorais das saudáveis. a poucos quilômetros do misterioso monumento arqueológico de Sto-
nehenge poderiam ser a maior estrutura neolítica da Grã-Bretanha.
“Os peptídios de todos os venenos são geralmente citotóxicos
As pedras de 4,5 mil anos, algumas com mais de 4 metros de al-
[tóxico às células], mas não o MP1, que tem uma poderosa atividade
tura, estão enterradas a cerca de um metro de profundidade e foram
bactericida”, explica João Ruggiero Neto, pesquisador do Instituto de identificadas com o uso de um radar no “Super-henge” de Durrington
Biociências da Unesp e coautor do estudo. “Tanto a ação bactericida Walls, um enorme círculo de pedras, muito maior do que Stonehenge,
quanto a antitumoral estão relacionadas com a capacidade desse pep- na mesma região do monumento.
tídio para induzir filtrações nas células ao abrir os poros ou fissuras O monumento, que teria 1,5 km de circunferência e 500 m de
na membrana da célula”, acrescenta. Como o MP1 é catiônico (tem diâmetro, é de uma “escala extraordinária” e único, de acordo com os
carga positiva) e tanto as bactérias quanto as membranas das celula- pesquisadores. A área de Durrington Walls teria cinco vezes o tamanho
res tumorais têm lipídios aniônicos (com carga negativa), a “atração de Stonehenge.
eletrostática é a base para essa seletividade,” diz o cientista brasileiro. O grupo de cientistas do Stonehenge Hidden Landscapes está tra-
A membrana celular é formada, entre outros elementos, por vários balhando em um mapa subterrâneo da área há cinco anos.
tipos de lipídios, tais como a fosfatidilserina (PS, na nomenclatura in- O novo monumento fica a apenas três quilômetros de Stonehenge
ternacional) ou a fosfatidilcolina (PE, mais conhecida como lecitina). e, acredita-se, era um lugar destinado a realização de rituais.
Ambos são essenciais na estrutura exterior das células. Mas, enquan- As pedras foram erguidas ao lado de uma vala circular escavada
to nas células saudáveis esses fosfolipídios tendem a se concentrar no na terra, formato característico dos henges, nome dado a um tipo espe-
interior da membrana, nas cancerosas aparecem na parte exterior. Na cífico de aterro do Período Neolítico que consiste em um área terrapla-
hipótese dos cientistas, essa diferença é o que permite que o veneno da nada em forma circular ou oval com uma vala interna cercando outra
vespa paulistinha diferencie as células saudáveis das cancerosas. área circular de cerca de 20 m de diâmetro.

Didatismo e Conhecimento 88
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Os cientistas descobriram que as pedras ficavam de pé, no que As imagens divulgadas pela agência espacial mostram pe-
poderia ser um monumento mais impressionante que o vizinho. nhascos e paredões em vales e crateras, marcados por linhas que
“Achamos que não há nada como isso no mundo”, disse o pesqui- podem se estender por centenas de metros durante o verão mar-
sador que liderou o grupo, Vince Gaffney, da Universidade de Brad- ciano. Em alguns pontos, as linhas se combinam formando pa-
ford. “Isso é completamente novo e a escala é extraordinária.” drões intrincados.
Uso de radar permitiu mapear estrutura sem fazer escavação Os cientistas ainda não sabem de onde poderia vir a água, mas
“A presença do que parecem ser pedras, cercando o local de um o estudo levanta possibilidades, ainda não comprovadas, como a
dos maiores estabelecimentos neolíticos da Europa, acrescenta um de que ela venha de aquíferos salgados, se condense a partir da
novo capítulo à história de Stonehenge.” fina atmosfera marciana, ou mesmo de uma combinação de ambos
As descobertas estão sendo anunciadas no primeiro dia do Festi- os fatores, em diferentes partes do planeta.
val de Ciência Britânico, na Universidade de Bradford. O pesquisador Alfred McEwen, membro da equipe de pesqui-
Fonte: G1 – (07/09/2015) sadores do MRO e professor de geologia planetária na Universi-
dade do Arizona, afirma que ainda não foi encontrada “água pa-
As evidências que fazem a Nasa acreditar que exista água em rada” no planeta, mas, sim, camadas finas de solo molhado. “Essa
Marte água é mais salgada do que a dos oceanos da Terra”, afirmou.
“Marte não é o planeta seco que pensávamos. Em certas cir- Três espaçonaves devem ir a Marte nos próximos três anos.
cunstâncias, existe água líquida em Marte”, disse Jim Green, dire- Uma delas é o veículo ExoMars, da agência espacial europeia
tor de ciência planetária da Nasa, em anúncio nesta segunda-feira. (ESA), que vai perfurar a superfície do planeta para buscar ves-
Em uma entrevista coletiva, cientistas da agência espacial tígios de vida.
americana afirmam que manchas escuras observadas na super- ‘Como a Terra’
fície de Marte podem estar ligadas à existência de água corrente De acordo com John Grunsfeld, chefe da equipe científica da
durante o verão no planeta. Nasa, Marte já foi um planeta “muito parecido com a Terra, com
“Essas manchas se formam no fim da primavera, aumentam mares salgados e mornos e lagos de água fresca”.
no verão e somem no outono. Por 40 anos, não pudemos explicar “Mas algo aconteceu com Marte, que perdeu sua água. Será
por que elas existiam”, afirmou Green. que já houve vida no planeta e podemos descobrir isso?”
“Marte sofreu uma enorme mudança climática e perdeu sua Pesquisadores já haviam encontrado provas de que o planeta
água. Mas há muito mais umidade no ar do que jamais havíamos tinha água congelada em seus polos, em sua fina atmosfera e, mais
recentemente, em pequenas poças que pareciam se formar à noite
imaginado.”
na superfície.
Dados do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) mos-
Em março, a Nasa revelou ter descoberto que um vasto ocea-
tram que as linhas escuras, que aparecem em declives marcianos,
no pode ter ocupado quase metade do hemisfério norte do planeta.
estão associadas a depósitos de sal, que podem alterar os pontos
De acordo com os pesquisadores, o oceano teria existido por
de congelamento e evaporação da água, fazendo com que ela fique
cerca de 1,5 bilhão de anos, mas, com o tempo, a atmosfera do país
líquida por tempo suficiente para se mover. Sem isso, a água con-
ficou mais fina, e a queda na pressão do ar fez com que mais água
gelaria nas baixas temperaturas do planeta.
fosse perdida para o oceano.
A aparente existência de água líquida e corrente aumenta a
O planeta também teria perdido a maior parte de seu isola-
possibilidade de que micróbios também possam existir hoje – ou mento térmico e, sem calor suficiente para manter a água líquida,
ter existido – no planeta vermelho, segundo os cientistas. o oceano diminuiu e acabou congelando. Hoje, apenas cerca de
A descoberta também tem implicações para os planos de en- 13% da água permaneceria, congelada nos polos marcianos.
viar astronautas a Marte, já que a identificação de córregos perto Em abril, a agência espacial divulgou que o veículo Curiosity
da superfície poderia facilitar o estabelecimento de colônias. encontrou informações que mostravam a existência de água bem
Minutos antes do anúncio, o estudo de Lujendra Ojha, do Ins- salgada – uma espécie de salmoura – no solo marciano.
tituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, foi divulgado Fonte: BBC – Brasil – (28/09/2015)
na publicação científica Nature Geoscience. Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul
“Nossas descobertas apoiam fortemente a hipótese de que as Um grupo de pesquisadores apresentou nesta quinta-feira (10) na
linhas recorrentes em declives se formam como resultado de ati- África do Sul os remanescentes fósseis de um primata que podem ser
vidade contemporânea de água em Marte”, afirma o estudo, es- de uma espécie do gênero humano desconhecida até agora.
clarecendo que “a origem da água que forma as atuais linhas em A criatura foi encontrada na caverna conhecida como Rising Star
declives ainda não foi compreendida”. (estrela ascendente), 50 km a nordeste de Johanesburgo, onde foram
“A água é essencial para a vida como a conhecemos. A presen- exumados os ossos de 15 hominídeos. O primata foi batizado de Homo
ça de água líquida em Marte hoje tem implicações astrobiológicas, naledi. Em língua sotho, “naledi” significa estrela, e Homo é o mesmo
geológicas e hidrológicas que podem afetar a futura exploração gênero ao qual pertencem os humanos modernos.
humana.” Os fósseis foram encontrados em uma área profunda e de difícil
‘Fim do mistério’ acesso da caverna, na área arqueológica conhecida como “Berço da
“Precisamos de múltiplas espaçonaves durante muitos anos Humanidade”, considerada patrimônio mundial pela Unesco. Por se
para resolver esse mistério, e agora sabemos que há água líquida situar num depósito sedimentar onde as camadas geológicas se mistu-
na superfície deste planeta frio e deserto”, afirmou Michael Me- ram de maneira complexa, os cientistas ainda não conseguiram datar
yer, cientista-chefe do programa de exploração de Marte da Nasa, o primata descoberto, que poderia ter qualquer coisa entre 100 mil e 4
durante a coletiva. milhões de anos.

Didatismo e Conhecimento 89
HISTÓRIA/ATUALIDADES
“Estou feliz de apresentar uma nova espécie do ancestral huma- a evolução de seres vivos. Seria a Terra 2.0 que os astrônomos tanto
no”, declarou Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand buscam. “Uma coisa interessante dessa gêmea solar é que ela tem uma
de Johannesburgo, numa entrevista coletiva em Moropeng, onde fica o idade similar à do Sol - ele tem 4,6 bilhões de anos, e essa gêmea tem
“Berço da Humanidade”. quatro bilhões de anos”, explica Meléndez. “Se lá existir uma gêmea
Em 2013 e 2014, os cientistas encontraram mais de 1.550 ossos da Terra, já teve tempo suficiente para ter desenvolvido algum tipo de
que pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos, incluindo bebês, adul- vida, inclusive vida mais complexa, como temos aqui.”
tos jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma morfologia Fonte: Revista Galileu - (20/07/2015)
homogênea e pertenciam a uma “nova espécie do gênero humano que
era desconhecida até então”. MEIO AMBIENTE
O Museu de História Natural de Londres classificou a descoberta
como extraordinária. Meta do Brasil é reduzir emissão de gases em 43% até 2030,
“Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos diz Dilma
e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo A presidente Dilma Rousseff afirmou, na Cúpula da ONU sobre
tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo Desenvolvimento Sustentável, que o Brasil tem a meta de reduzir em
são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopi- 43% a emissão de gases do efeito estufa até 2030. O ano base, segundo
thecus”, disse Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Na- ela, é 2005.
tural de Londres, autor de um artigo sobre o tema que acompanhou o “Será de 37% até a 2025 a contribuição do Brasil para a redução
estudo de Berger, publicado no periódico científico eLife. de emissão de gases do efeito estufa e para 2030 a nossa ambição é de
A descoberta pode permitir uma compreensão melhor sobre a redução de 43%”, afirmou a presidente em discurso na sede de ONU,
transição, há milhões de anos, entre o australopiteco primitivo e o pri- em Nova York. Esta é a proposta que o Brasil deve levar para a cúpula
mata do gênero homo, nosso ancestral direto. do clima de Paris, a COP 21, a ser realizada em dezembro.
Se for muito antiga, com mais de 3 milhões de anos, a espécie Para Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima,
teria convivido com os australopitecos, anteriores ao gênero homo. Se o anúncio é uma indicação positiva, mas ainda com um grau de am-
for mais recente, com menos de 1 milhão de anos, é possível que tenha bição insuficiente. “Se comparar com outros países que são grandes
coexistido com os neandertais -- primos mais próximos do Homo sa- emissores, o Brasil é um dos que está se propondo a fazer mais. Mas se
piens -- ou até mesmo com humanos modernos. comparar com o que o país tem de potencial de redução de emissões,
Os trabalhos que levaram à descoberta foram patrocinados pela com a nossa responsabilidade e com a urgência, poderíamos ser mais
National Geographic Society, dos EUA, e pela Fundação Nacional de ambiciosos”, afirmou.
Pesquisa da África do Sul. Se as propostas dos países para 2030 anunciadas até o momento
Fonte: G1 - (10/09/2015) forem concretizadas, o planeta ainda deve chegar a um aquecimento
entre 3ºC e 4ºC, segundo estimativas. Para o Painel Intergovernamen-
Teoria sugere que vida na Terra só foi possível graças a Jú- tal de Mudanças Climáticas (IPCC), o ideal seria de limitar o aqueci-
piter mento global a 2ºC.
Júpiter é o maior e mais imponente planeta do Sistema Solar, e seu A proposta brasileira, apesar de ser melhor do que a dos outros
nome é uma homenagem ao todo poderoso deus romano. Rei de todas grandes emissores do mundo, não está em compasso com o que seria
as divindades da Roma Antiga, seu equivalente na mitologia grega é necessário para atingir a meta proposta pelo IPCC. Para Rittl, o anún-
ninguém menos que Zeus. E conforme os astrônomos aprimoram suas cio “ainda não assegura que o Brasil esteja fazendo tudo o que pode
teorias sobre a formação de planetas e de sistemas solares, a escolha do para limitar o aquecimento global a 2ºC e mostra que o país não está
nome se mostra cada vez mais apropriada. A comunidade astronômica explorando todo o potencial de redução de emissões com ganhos eco-
tem fortes indícios para crer que foi a presença de Júpiter que determi- nômicos, seja na restauração florestal, na agricultura de baixo carbono
nou a configuração atual dos planetas. e no investimento em energias renováveis”.
Ao que tudo indica, por ser gigantesco, ele atua como uma espécie Levando em conta que o total de emissões em 2005 foi de 2,03
de barreira gravitacional que não deixa os outros gigantes gasosos mi- bilhões de toneladas de CO2 equivalente, a meta representaria emi-
grarem para mais perto do Sol - o que destruiria os planetas rochosos tir 1,28 bilhões de toneladas em 2025 e 1,15 bilhões de toneladas em
internos, inclusive o nosso. Em outras palavras, Júpiter seria o rei do 2030.
Sistema Solar porque estabiliza as órbitas de todos os outros astros.
“Essa estabilidade, em uma escala de bilhões de anos, tem permitido o Combate ao desmatamento
surgimento da vida na Terra”, afirmou a GALILEU Jorge Meléndez, A presidente também detalhou metas do país no combate ao des-
astrônomo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosfé- matamento e no reflorestamento de áreas degradadas.
ricas (IAG) da USP. “Até 2020, o Brasil pretende: primeiro, o fim do desmatamento
O pesquisador é líder da equipe de brasileiros que encontrou um ilegal no país. Segundo, a restauração e o reflorestamento de 12 mi-
exoplaneta gêmeo de Júpiter orbitando uma distante gêmea do Sol, lhões de hectares. Terceiro, a recuperação de 15 milhões de hectares de
descoberta anunciada na semana passada pelo Observatório Europeu pastagens degradas. Quarto, a integração de 5 milhões de hectares de
do Sul (ESO, na sigla em inglês). Caso as teorias mais aceitas atual- lavoura-pecuária-floresta”, disse a presidente.
mente estejam corretas, isso significa que aquilo que os cientistas acha- Para Rittl, limitar a meta ao fim do desmatamento ilegal é um pon-
ram pode ser um sistema planetário semelhante ao nosso. E se a vida na to preocupante do anúncio. “Significa que teremos que conviver com
Terra realmente só se desenvolveu graças à estabilidade gravitacional esse crime ambiental por muito tempo. O Brasil é o único país no mun-
proporcionada por Júpiter, então é possível que esta estrela alieníge- do de renda média que convive com uma alta taxa de desmatamento e
na também abrigue um mundo rochoso com condições propícias para com muita ilegalidade.”

Didatismo e Conhecimento 90
HISTÓRIA/ATUALIDADES
Ele lembra que 15 estados brasileiros que tem Mata Atlântica se Para piorar, a atual crise econômica e o inédito déficit de mais
comprometeram a zerar o desmatamento ilegal em 2018, muito antes de R$ 30 bilhões nas contas do governo federal em 2016 prometem
do que o governo federal se propõe a fazer no âmbito nacional. agravar ainda mais o cenário: além de empurrar mais pessoas para o
Durante seu pronunciamento, a presidente enfatizou a importân- degradante trabalho nos lixões, haverá menos recursos para enfrentar
cia da COP 21. “A Conferência de Paris é uma oportunidade única de a questão.
construirmos uma resposta comum ao desafio global de mudanças do “Sei que muita gente não tem coragem de encarar pela nojeira que
clima. O Brasil tem feito grande esforço para reduzir as emissões de é, mas não tive outra opção”, conta Edson Sousa Silva, 31, recém-che-
gases de efeito estufa sem comprometer nosso desenvolvimento eco- gado ao lixão de Peruíbe (no litoral sul de São Paulo).
nômico e nossa inclusão social”, afirmou Dilma, que fará o discurso de Sem trabalho na construção civil, onde atuava, Edson começou a
abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta segunda-feira
catar materiais recicláveis há dois meses. Nesse período, ganhou R$
(28).
2.000.
Fontes renováveis
No discurso, Dilma citou também metas do Brasil para a área de Ele trabalha à noite, cavucando lixos domésticos com uma lanter-
energia. Um dos objetivos, segundo ela, é estabelecer um limite de na presa à cabeça e sem nenhuma proteção nas mãos –”a luva atrapalha
45% de fontes renováveis no total da matriz energética. e deixa o trabalho mais lento”.
“Na área de energia, também temos objetivos ambiciosos. Primei- O lixão de Peruíbe é exemplo do fracasso do país ao lidar com
ro, a garantia de 45% de fontes renováveis no total da matriz energé- seus resíduos. A reportagem da Folha visitou o local em três noites
tica [...] Segundo, a participação de 66% da fonte hídrica na geração diferentes no último mês.
de eletricidade. Terceiro, a participação de 23% das fontes renováveis, Na Cetesb (companhia ambiental do governo paulista), a área é
eólica, solar e biomassa, na geração de energia elétrica. Quarto, o au- classificada como aterro sanitário de médio porte, que opera com uma
mento de cerca de 10% na eficiência elétrica.Quinto, a participação de licença provisória. Uma nova avaliação será feita em dezembro.
16% de etanol carburante e demais fontes derivadas da cana-de-açúcar Na prática, contudo, o local funciona como um lixão: embora
no total da matriz energética”, detalhou a presidente. cercado, tem resíduos a céu aberto e dezenas de catadores –inclusive
“As adaptações necessárias frente à mudança do clima estão sen- crianças, também equipadas com botas e lanternas na cabeça para en-
do acompanhadas por transformações importantes nas áreas de uso da frentar as montanhas de lixo. Todos trabalham quando chega a noite,
terra e florestas, agropecuária, energia, padrões de produção e consu- único horário permitido para a entrada deles na área.
mo”, continuou Dilma. “O Brasil assim contribui decisivamente para A 500 metros há um riacho, alvo potencial do resíduo formado
que o mundo possa atender às recomendações do painel de mudança com a decomposição do lixo e que penetra o solo até o lençol freático.
do clima, que estabelece limite máximo de 2°C de aumento de tempe-
A maioria reside no bairro vizinho, uma ocupação que cresceu às
ratura neste nosso século”, concluiu a presidente.
margens da rodovia. “Prefiro viver aqui do que na cadeia”, afirma o ca-
Hidrelétricas tador José Carlos Sena, 39, há nove anos no lixão de Peruíbe. Ele mora
Após o discurso, a presidente deu entrevista coletiva para explicar na ocupação, numa pequena casa erguida com materiais recicláveis.
as metas do Brasil para o meio ambiente. Ao ser questionada sobre Até comida ele diz que já reaproveitou.
problemas na construção das hidrelétricas de Belo Monte e de entraves Engenheiro ambiental da Cetesb em Santos, responsável pela área
para o leilão da usina de São Luiz do Tapajós, que enfrenta resistência de Peruíbe, César Valente afirma que a “persistência dos lixões indica
de povos indígena, Dilma disse que o Brasil não está pronto “ainda” um desequilíbrio”. “Se tem catador operando, não dá para chamá-lo de
para abrir mão da energia de hidrelétricas. Ela admitiu falhas, mas en- aterro sanitário.”
fatizou que elas não farão o governo desistir de conciliar geração de O Ministério do Meio Ambiente estima em 3.000 os lixões ativos
energia com preservação ambiental. no Brasil, destino de quase metade do lixo produzido. São cerca de 800
“O Brasil não pode abrir mão da hidreletricidade ainda. Ele abrirá mil catadores em todo o país.
quando ele ocupar o potencial que ele tem para ocupar. Ele terá de
abrir e aí nós estaremos diante dos mesmos desafios que os países de- Ambição e fracasso
senvolvidos estão, colocar o que no lugar? Tem gente que coloca no Reflexo da euforia dos anos Lula (2003-2010), o Congresso apro-
lugar as fontes físseis [como as de material nuclear]. Eu espero que vou em 2010 um Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Entre outras
até lá tenham desenvolvido mais tanto a solar quanto a eólica”, disse medidas, a legislação fixou até data para o fim dos lixões: agosto de
a presidente. 2014. O Brasil passou muito longe da meta.
“Nós temos feito um imenso esforço para compatibilizar a gera-
“Talvez nem em 50 anos conseguiremos acabar com os lixões”,
ção de energia com a preservação ambiental. Tem falha? Ah, não tenha
afirma Albino Rodrigues Alvarez, pesquisador do Ipea (Instituto de
dúvida que tem, mas o fato de ter falhas não significa que a gente vai
destruir esse processo, pelo contrário, a gente tem de reconhecê-las e Pesquisa Econômica Aplicada) responsável por um estudo sobre o
melhorar. Agora, não se iluda, tem falhas em qualquer construção de tema. “O plano era muito ambicioso. O lixo é um desafio civilizacional
qualquer projeto”, concluiu Dilma. e está diretamente ligado à educação.”
Fonte: G1 - (27/09/2015) Exemplo da complexidade é o caso de Brasília, cidade que tem
a maior renda per capta do Brasil e onde está o Lixão da Estrutural, o
Plano fracassa e Congresso busca novo prazo para acabar maior da América Latina.
com lixões Apesar do fracasso, um novo projeto de lei, em trâmite no Con-
Uma das formas de medir o atraso de um país é olhando para o gresso (aprovado no Senado e aguardando votação na Câmara), prevê
seu lixo. O Brasil, que falhou no plano de erradicar os lixões, continua ampliar o prazo para erradicar os lixões –para as pequenas cidades, o
aumentando ano a ano a sua produção de resíduos. limite seria em 2021.

Didatismo e Conhecimento 91
HISTÓRIA/ATUALIDADES
“Se não conseguimos acabar com eles nos últimos cinco anos, Assim, afirma, o Ibama tem conseguido agir antes que o problema
conseguiremos nos próximos cinco?”, questiona Ariovaldo Caodaglio, se torne maior. Ele opina que a taxa oficial deve ser parecida com o
presidente do Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do ano passado.
Estado de São Paulo). Segundo ele, para lidar com os resíduos, os mu- De acordo com Evaristo, o Inpe deve lançar em breve o que ele
nicípios dependem de verba federal, cada vez mais comprometida pelo chamou de Deter-B, um satélite com resolução de 56 metros, rodando
arrocho fiscal. a cada cinco dias, para conseguir lidar com esse desmatamento mul-
Para alguns, mais do que opção à crise, o trabalho virou exemplo tipontos.
familiar. Após anos como catador, Aparecido Bonifácio, 65, se aposen-
tou, mas continua retornando ao lixão de Peruíbe quase todas as noites. A humanidade já destruiu a metade de todas as árvores do
Agora, vai ao local para acompanhar a mulher e a filha, que continuam planeta
tirando dali o sustento. É o tipo de pergunta que pega qualquer pai de surpresa e que nem
Fonte: Folha.com - (09/09/2015) as melhores mentes puderam responder de forma satisfatória: Quantas
árvores há no mundo?
Desmatamento na Amazônia aumenta em 69% no último ano Um novo estudo acaba de apresentar o cálculo mais preciso até o
Duas semanas depois de o governo federal anunciar que o desma- momento, e os resultados são surpreendentes, para o bem e para o mal.
tamento na Amazônia em 2014 foi o segundo menor da história, um Até agora se pensava que havia 400 bilhões de árvores em todo o pla-
novo levantamento trouxe um indicativo de que a taxa oficial pode não neta, ou 61 por pessoa. A contagem se baseava em imagens de satélite
se portar tão bem neste ano. e estimativas da área coberta por florestas, mas não em observações in
O número de alertas de alteração da cobertura vegetal na Amazô- loco. Depois, em 2013, estudos com base em contagens diretas confir-
nia entre agosto do ano passado e julho deste ano subiu 68,7% na com- maram que somente na Amazônia há quase 400 bilhões de árvores, por
paração com o período de agosto de 2013 a julho de 2014, de acordo isso a pergunta continuou no ar. Trata-se de um dado crucial para en-
com dados divulgados nessa segunda, 31, pelo Deter, monitoramento tender como funciona o planeta em nível global, em especial o ciclo do
carbono e as mudanças climáticas, mas também a distribuição de espé-
em tempo real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
cies animais e vegetais e o efeito da atividade humana em todas elas.
O levantamento registrou corte raso e degradação em uma área de
Uma nova verificação, publicada nesta quarta-feira pela revista
5.121,92 km² de floresta no ano que passou, contra 3.035,93 km² no
Nature, mostra que na realidade há 3 trilhões de árvores em todo o
ano anterior. É o número mais alto dos últimos seis anos e equivale a
planeta, umas oito vezes mais do que o calculado anteriormente. Em
3,5 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
média, há 422 árvores para cada ser humano.
Apesar de ágil para observar em tempo real o que está aconte-
A distribuição por país revela uma enorme desigualdade, com ri-
cendo e enviar alertas para a fiscalização, o Deter é impreciso. Desse
cos como a Bolívia com mais de 5.000 árvores por pessoa, e notoria-
modo, ele não serve para fornecer o número oficial de perda da cober-
mente pobres, como Israel, onde apenas há duas para cada habitante.
tura florestal, mas dá uma boa pista de como ele pode se comportar. Grande parte do contraste se deve a fatores naturais como o clima, a
O valor final da perda é fornecido por outro sistema do Inpe, o topografia ou as características do solo, mas também ao efeito incon-
Prodes, e costuma ser divulgado em novembro, sendo confirmado no fundível da civilização. Quanto mais aumenta a população humana,
meio do ano seguinte. mais diminui a proporção de árvores. Em parte isso se explica porque
É esse o número oficial do desmatamento e foi o que a ministra a vegetação prospera mais onde há maior umidade, os lugares que os
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou há duas semanas. O humanos também preferem para estabelecer terras de cultivo.
último dado do Prodes apontou que o desmatamento de agosto de 2013 O trabalho calcula que, a cada ano, as atividades humanas des-
a julho de 2014 foi o segundo menor da história - 5.012 km². troem 15 bilhões de árvores. A perda líquida, compensado com o apa-
Se a tendência do Deter se confirmar, o Prodes poderá também recimento de novas árvores e o reflorestamento, é de 10 bilhões de
trazer um aumento. Somente duas vezes desde que o monitoramen- exemplares. Desde o começo da civilização, o número de árvores do
to começou a ser feito Deter e Prodes seguiram trajetórias diferentes. planeta se reduziu em 46%, quase a metade do que havia, indica o
Uma delas foi justamente no ano passado. Os alertas mostravam alta, estudo publicado nesta quarta-feira na Nature.
mas o número final foi de baixa. Se esse ritmo de destruição prosseguir sem alterações, as árvores
desaparecerão do planeta em 300 anos. São três séculos, umas 12 ge-
Perfil rações. “Esse é o tempo que resta se não fizermos nada, mas temos a
Para Luciano Evaristo, diretor de proteção ambiental do Ibama, esperança de que poderemos frear o ritmo e ampliar o reflorestamento
uma mudança no perfil do desmatamento é a principal explicação para nos próximos anos para aplacar o impacto humano nos ecossistemas
essa diferença. e no clima”, explica Thomas Crowther, pesquisador da Universidade
“O desmatador é esperto e aprendeu a evitar o satélite. Sabe que Yale (EUA) e principal autor do estudo.
se cortar acima de 25 hectares vai perder o lucro do seu crime. Então
adotou novas técnicas, como o corte multipontos, que vai comendo a Europa sem florestas
floresta por baixo das copas.” Há dois anos, representantes da “Campanha do 1 Bilhão de Ár-
Além disso, explica, o Deter tem uma resolução muito baixa, de vores”, da ONU, para replantar parte da vegetação perdida precisavam
250 metros, o que dificulta, por exemplo, diferenciar corte raso (que saber qual o impacto que seus esforços estavam tendo. Contataram
configura a perda total da floresta) de degradação. Crowther, que trabalha na Escola de Estudos Flore
Ele diz que o Ibama tem buscado usar imagens em alta resolução á no mundo e quan-
de satélites que enxergam cortes menores que 25 hectares, mas são tas nas diferentes regiões onde trabalham. Foi o começo do presente
mais lentos, só rodam de 16 em 16 dias. estudo, assinado por 38 pesquisadores de 14 países. Juntos compilaram

Didatismo e Conhecimento 92
HISTÓRIA/ATUALIDADES
dados da densidade florestal tomados em mais de 400.000 pontos de a) No mínimo um ano antes da eleição,
todos os continentes, menos a Antártida. Dividiram a Terra em 14 tipos b) No mínimo a seis meses antes da eleição,
de biomas, ou paisagens bioclimáticas, estimaram a densidade de árvo- c) No mínimo a três meses antes da eleição,
res em cada um deles com base em imagens de satélite e comprovaram d) No mínimo a dois meses da eleição,
sua confiabilidade com as medidas in loco. Por último, compuseram o e) No mínimo a quarenta e cinco dias das eleições
mapa global de árvores mais preciso feito até hoje, no qual cada pixel
é um quilômetro quadrado. 5) Com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência
Os resultados mostram que a maior densidade de árvores se en-
Standart & Poor’s, significa que o Brasil perdeu o selo de “bom paga-
contra nas matas boreais e nas regiões subárticas da Rússia, Escandiná-
via e América do Norte. A maior extensão de floresta está nos trópicos, dor” e passou para o grau especulativo. A afirmação está:
com 43% de todas as árvores do planeta. As matas do norte só contêm ( ) Correta ( x ) Errada
24% do total de exemplares e 22% estão nas zonas temperadas.
A Europa é uma das regiões mais castigadas. “Antes da civili- 6) O opositor venezuelano Leopoldo López foi preso por:
zação, toda a Europa era uma grande floresta, mas a pressão humana a) Incitação à violência durante uma caminhada contra o governo
resultante do desenvolvimento agrícola, industrial e urbano transfor- de Nicolás Maduro, x
mou essa região em uma das mais desmatadas em todo o mundo”. b) Dano ao patrimônio público durante uma caminhada contra o
Observa Crowther. Na Espanha, há 11,3 bilhões de árvores, sendo 245 governo de Hugo Chávez,
por pessoa. c) Incitação à violência durante uma caminhada contra o governo
Fonte: El País Brasil – (02/09/2015) de Hugo Chávez,
d) Terrorismo,
Questões: e) Corrupção e dano ao erário.
1) Com a criação do PMB, o Partido da Mulher Brasileira, o
7) O Uber, que está no centro de uma discussão envolvendo
Brasil passou a ter:
a) 40 partidos taxistas e motoristas particulares, é:
b) 30 partidos a) Um aplicativo de carona solidária, ou seja, gratuita, para celu-
c) 32 partidos lares.
d) 35 partidos x b) Um serviço de transporte particular em que o usuário paga
e) 25 partidos pela corrida, como um táxi. x
c) Um aplicativo de comunicação utilizado por motoristas para
2) De acordo com o texto aprovado pela comissão da Câmara informar sobre as condições do tráfego nas cidades.
dos Deputados, que discute o Estatuto da Família, esta é definida d) Um programa de computador que realiza um mapeamento das
como: melhores condições de transporte, indicando se é mais viável recorrer
a) A união homossexual e a união heterossexual; a taxistas ou motoristas particulares.
b) A união heterossexual, somente x e) Um aplicativo que incentiva a prática da locomoção utilizando
c) A comunidade composta por parentes em primeiro grau bicicletas.
consanguíneo, desde que tenham a guarda e garantam os direitos da
criança, além da união heterossexual.
d) A comunidade composta por parentes em até o segundo grau 8) A rainha Elizabeth se tornou a monarca a ocupar o trono britâ-
consanguíneo, desde que tenham a guarda e garantam os direitos da nico por mais tempo, ao ultrapassar a marca de sua tataravó, a Rainha
criança, além da união heterossexual. Vitória, que ocupou o posto por 63 anos e 216 dias. A afirmação está:
e) A união heterossexual composta por parentes em até o terceiro ( ) Correta ( ) Errada
grau consanguíneo, desde que tenham a guarda e garantam os direitos
da criança, além da união heterossexual. 8) A nova espécie do gênero humano descoberta na África do Sul
foi batizada de:
3) O ex-deputado André Vargas (ex-PT/PR) foi o primeiro políti- a) Homo economicus
co condenado na Operação Lava Jato. Ele ficou conhecido por repetir, b) Homo habilis
no plenário da Câmara o mesmo gesto que nomes como José Dirceu c) Homo novus
e José Genoíno executaram ao serem presos no Mensalão. A pena de d) Homo naledi x
14 anos e 4 meses de prisão foi aplicada ao ex-deputado pelo cometi- e) Homo capensis
mento dos crimes de:
a) Lavagem de dinheiro e peculato,
9) O Plano Nacional de Resíduos Sólidos estabelecia como data
b) Lavagem de dinheiro e corrupção ativa,
c) Lavagem de dinheiro e corrupção passiva, x limite para a extinção dos lixões, o mês de:
d) Lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, a) Julho de 2014
e) Lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. b) Março de 2015
c) Setembro de 2015
4) De acordo com a PEC da reforma eleitoral, para poder concor- d) Abril de 2015
rer às eleições de 2016, o candidato precisa estar devidamente filiado e) Agosto de 2014 x
a algum partido político:

Didatismo e Conhecimento 93
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA

A REPRESENTAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO FATORES DE LOCALIZAÇÃO DO ESPAÇO:


DO ESPAÇO; O ESPAÇO NATURAL E A COORDENADAS GEOGRÁFICAS,
PRODUÇÃO DO ESPAÇO GRÁFICO; ESPAÇO, CARTAS E MAPAS, NOÇÕES DE ESCALA,
PAISAGEM E LUGAR. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE MAPAS;
LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DO BRASIL E
SUAS IMPLICAÇÕES.
O conceito de espaço (Espaço Geográfico, no caso) é extrema-
mente importante para a Geografia. É o seu grande objeto de estudo.
Objetivando construir esse conceito de maneira particular (seguindo Uma breve introdução sobre a Ciência Cartográfica
bases, mas independente da Física e da Filosofia, por exemplo), as
construções epistemológicas na Geografia têm sido desenvolvidas Quando o objeto de estudo é a Cartografia percebe-se, desde os
com o intuito de construir um conceito abrangente de espaço geo-
primórdios da humanidade, que o Homem busca meios de se orien-
gráfico que seja capaz de reunir a diversidade das pesquisas Geo-
tar no espaço terrestre. À medida que o mesmo foi ampliando sua
gráficas.
capacidade técnica, a busca por se localizar e se movimentar am-
O Espaço Geográfico é entendido como o produto das relações
parado por referências foi se tornando uma necessidade ainda mais
entre o ambiente e a sociedade. Henri Lefebvre, por exemplo, nas
evidente. Isso porque, muitas vezes, conhecer caminhos era questão
suas contribuições para a construção do conceito, evidencia que o
de sobrevivência, seja para buscar áreas férteis para a produção de
espaço não é algo dado, mas sim produzido pelo homem a partir da
alimentos, seja para se proteger de invasões de outros povos.
transformação da natureza como fruto de seu trabalho.
Ainda, o autor salienta que as relações sociais são elementos Ainda nesse processo de evolução, outras ações exigiam conhe-
constituintes do espaço e é a por meio delas que o homem altera cimentos cartográficos, como para estabelecer rotas de navegação
a natureza. Ademais, as relações sociais de produção, consumo e e de atividades comerciais, definir estratégias de guerra, delimitar
reprodução (social) são determinantes na produção do espaço. espacialmente a ocorrência de recursos etc. Enfim, a sociedade, his-
Por fim, Lefebvre salienta que o espaço deve ser estudado a toricamente e com seus recursos disponíveis, procurou fazer uso da
partir das formas, funções e estruturas, e que novas relações podem cartografia. Esta pode ser entendida como a ciência da representação
dar funções diferentes para formas preexistentes, pois o espaço não gráfica da superfície terrestre, tendo como produtos finais mapas,
some, mas sim combina elementos de diferentes tempos. maquetes, cartas etc. Ou seja, é a ciência que trata da concepção,
A partir dessas ideias, outros autores contribuíram para a evo- produção, difusão, utilização e estudo desses materiais, principal-
lução do conceito. Entre eles, inegavelmente, um dos mais lidos e mente de mapas (amplamente utilizados). Para isso, as representa-
debatidos é Milton Santos. Segundo ele, o Espaço Geográfico deve ções do espaço podem ser acompanhadas de um amplo conjunto
ser entendido como um conjunto indissociável, solidário e também de informações, como figuras geométricas, símbolos, uso de cores,
contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não consi- linhas e diversos outros elementos.
derados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história E, conforme já foi mencionado, nota-se uma evolução muito
se dá. Para o autor, no princípio, tudo eram coisas, mas hoje tudo grande dessas técnicas ao longo da história. As práticas da cartogra-
tende a ser objeto, uma vez que as próprias coisas, quando utilizadas fia remontam à Pré-História, quando rústicos desenhos eram usados
pelos homens a partir de um conjunto de intenções sociais, passam, para delimitar territórios de caça e de pesca; na Babilônia (Antigui-
também, a ser objetos. Toda essa transformação é intermediada pela dade), os mapas do mundo já eram impressos em madeira (mapas,
técnica, sendo esta definida como um conjunto de meios instrumen- obviamente, a partir das técnicas limitadas da época, muito dife-
tais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao rentes das projeções atuais). A evolução ainda passa pelas ideias de
mesmo tempo, cria espaço. Ptolomeu, na Idade Média e dos mapas relativamente complexos da
Outros conceitos também são extremamente importantes para a época das Grandes Navegações. Foi aproximadamente nesse perío-
Geografia, como os de PAISAGEM e LUGAR. do que algumas projeções de superfícies curvas passaram a ser im-
Para Milton Santos, “a paisagem é um conjunto de formas que, pressas em superfícies planas. A mais conhecida foi a de Mercator.
num dado momento, exprime as heranças que representam as su- Hoje, com os amplos avanços da ciência cartográfica, os instru-
cessivas relações localizadas entre homem e natureza”. Em outras mentos para a obtenção de informações e elaboração de materiais
palavras, é a materialização de um instante da sociedade. são mais modernos e precisos. O uso de fotografias aéreas, imagens
Já o conceito de Lugar remonta à ideia de pertencimento. É de satélites, digitalização de imagens, cruzamento de informações,
uma categoria muito utilizada por aqueles pensadores que realização de mapas temáticos, sempre com maior precisão e menor
preferem construir uma concepção significativamente compreen- distorção, garantem maior eficiência e confiabilidade aos produtos
siva da Geografia. Nesse sentido, o lugar pode ser definido como apresentados.
o espaço percebido, uma determinada área ou ponto do espaço da
maneira como são entendidos e percebidos pela razão humana. Seu Noções de Orientação
conceito também se liga ao chamado espaço afetivo, aquele local em
que uma determinada pessoa possui certa familiaridade ou intimida- Existem diferentes maneiras de se localizar no espaço terrestre.
de, como uma rua, uma praça ou a própria casa. Entre elas, uma das mais utilizadas é a rosa dos ventos. Antes, a
Esses conceitos (espaço geográfico, lugar e paisagem) são ex- rosa-dos-ventos não estava associada aos pontos cardeais, mas sim
tremamente importantes para a construção da Geografia enquanto à direção dos ventos. Posteriormente, foi utilizada para delimitar a
ciência. direção de pontos. São eles (o ponto e os graus dentro dos 360º:

Didatismo e Conhecimento 1
GEOGRAFIA
► Cardeais: Já as longitudes estão relacionadas aos meridianos (variação em
N - Norte (0º) graus a partir do Meridiano de Greenwich, para Oeste e para Leste
S - Sul (180º) (de 0 a 180 para cada extremo). O meridiano de Greenwich e as
L - Leste – ou Este (90º) longitudes são muito importantes na definição dos fusos horários
O - Oeste (270º) das diversas partes do planeta.
Quando se cruza um paralelo com um meridiano, tem-se a coor-
► Colaterais: denada de um ponto, por exemplo: Ponto X: 30º lat N; 60º long O.
NE - Nordeste (45º)
Veja alguns exemplos na ilustração a seguir:
SE - Sudeste (135º)
NO - Noroeste (315º)
SO - Sudoeste (225º)

► Subcolaterais:
NNE - Nor-nordeste (22,5º)
ENE - Leste-nordeste (67,5º)
ESE - Leste-sudeste (112,5º)
SSE - Sul-sudeste (157,5º)
SSO - Sul-sudoeste (202,5º)
OSO - Oeste-sudoeste (247,5º)
ONO - Oeste-noroeste (292,5º)
NNO - Norte-noroeste (337,5º)

Esses pontos são representados pela Rosa, que pode ter diferen-
tes formas de representação. Eis um exemplo:
O ponto D, por exemplo, estaria a 60º de Latitude Norte e 30º
de Longitude Leste. Nenhum outro ponto do planeta possui essa lo-
calização. Ressalta-se que os sistemas de coordenadas e a própria
rosa dos ventos são conhecimentos-chave para a utilização de tec-
nologias e equipamentos modernos utilizados atualmente, como os
aparelhos receptores de GPS.

Representação da realidade

Existem diferentes maneiras de se representar a realidade. Entre


elas, uma das mais utilizadas é o mapa. Os mapas vão muito além de
simples ilustrações, meros desenhos, pois são carregados de infor-
mações, e, por meio de uma boa leitura, transmitem vários aspectos
sobre a realidade mapeada.
Fica evidente que, por mais técnicas que se usem, mesmo ex-
tremamente modernas, os mapas representam as realidades, mas não
são elas. Por isso, algumas informações sã suprimidas e/ou distorci-
das, dependendo das técnicas e ideologias utilizadas.
O mapa representa a realidade com o uso de uma escala, que
nada mais é do que uma relação de proporção entre o mapa e a rea-
lidade mapeada (dimensões reais). As escalas podem ser numéricas
ou gráficas.
Como forma de orientação/localização, também podem ser
• A escala numérica pode ser representada por uma fração or-
usadas as coordenadas geográficas (ou terrestres), que são linhas
dinária (1 / 200.000), ou por uma razão (1: 200.000, onde se lê “um
imaginárias que se cruzam e dão a localização geográfica de um
para duzentos mil”). Na escala de 1 : 200.000, a área representada
determinado ponto na superfície. Através do “cruzamento” entre o foi diminuída 200 mil vezes; isso quer dizer que 1 cm no mapa equi-
paralelo e o meridiano de um lugar, ficamos sabendo sua localiza- vale a 200.000 cm no terreno; ou que um metro no mapa equivalem
ção exata na superfície terrestre. a 200.000 Km na realidade. Nota-se que a escala é uma relação de
Os paralelos estão relacionados com as latitudes, ou seja, a va- proporção, independente da unidade utilizada.
riação em graus a partir da Linha do Equador, para o Norte e para o • Já a escala gráfica é representada por uma linha reta dividida
Sul (variam de 0º a 90º). Para alguns paralelos foram estabelecidos em partes iguais; essa escala conta com a vantagem de possibilitar
nomes especiais, como Trópicos de Câncer e Capricórnio e Círculos que as distâncias sejam percebidas diretamente no mapa, sem a ne-
Polares Ártico e Antártico. Nota-se que a variação latitudinal pos- cessidade de fazer cálculos, como na escala numérica. Ela permite a
sui várias funções, entre elas, a de delimitar as zonas térmicas do visualização dessa distância. Veja a seguir um exemplo dessa forma
planeta. de representação da escala.

Didatismo e Conhecimento 2
GEOGRAFIA
Projeção de Mercator
Os meridianos e paralelos retas que se cortam em ângulos re-
tos. É uma projeção cilíndrica conforme, que acaba exagerando as
regiões polares e o hemisfério Norte em geral.

Independente da escala utilizada, percebe-se que a Cartografia


trabalha com escalas de redução, fazendo com que a realidade possa
ser representada em projeções menores do que ela.
As escalas não são proporções definidas aleatoriamente. Con-
forme próprios manuais do IBGE, escalas diferentes estão associa- Projeção de Peters
das a funções diferentes dos mapas. Observe: Arno Peters, em 1973, propôs uma Projeção também cilíndrica,
• Quanto à natureza da representação: mas equivalente, que determina uma distribuição dos paralelos com
CADASTRAL - Até 1:25.000: As cadastrais são representações intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos. Ela compro-
em escala grande, geralmente planimétrica e com maior nível de de- mete a forma dos continentes, mas permite proporções mais adequa-
talhamento, apresentando grande precisão geométrica. Normalmen- das em relação a Mercator.
te é utilizada para representar cidades e regiões metropolitanas, nas
quais a densidade de edificações e arruamento é grande.
GERAL TOPOGRÁFICA - De 1:25.000 até 1:250.000: Carta
elaborada a partir de levantamentos aerofotogramétrico e geodési-
co original ou compilada de outras cartas topográficas em escalas
maiores. Inclui os acidentes naturais e artificiais, em que os elemen-
tos planimétricos (sistema viário, obras, etc.) e altimétricos (relevo
através de curvas de nível, pontos colados, etc.) são geometricamen-
te bem representados.
GEOGRÁFICA - 1:1:000.000 e menores: Carta em que os
detalhes planimétricos e altimétricos são generalizados, os quais
oferecem uma precisão de acordo com a escala de publicação. A
representação planimétrica é feita através de símbolos que ampliam
muito os objetos correspondentes, alguns dos quais muitas vezes
têm que ser bastante deslocados. A representação altimétrica é feita
através de curvas de nível, cuja eqüidistância apenas dá uma idéia
geral do relevo e, em geral, são empregadas cores hipsométricas.
Projeção de Mollweide
Projeções Cartográficas No caso de Mollweide, os paralelos são linhas retas e os meri-
dianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre,
tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exati-
Uma das tarefas mais árduas da Cartografia é projetar a super-
dão, tanto em área como em configuração, no entanto, as extremi-
fície da Terra, que é arredondada, nos mapas, que são planos. Por
dades apresentam grandes distorções. Observe a mesma a seguir:
conta disso, acabam sendo utilizadas diferentes técnicas de proje-
ções, cada uma proporcionando distorções diferentes. Nota-se as
projeções também possuem uma função ideológica, pois algumas
áreas são valorizadas em detrimento de outras, conforme a técnica
adotada. Nota-se que os sistemas de projeções constituem-se de uma
fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a
partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas pla-
nas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geo-
métrico das projeções consegue reduzir as deformações, mas nunca
eliminá-las. Vejam as principais projeções a seguir:

Didatismo e Conhecimento 3
GEOGRAFIA
Projeção de Goode Algumas informações abordadas no mapa e suas respectivas
É uma projeção descontínua, e usa essa descontinuidade para representações ficam a critério do organizador do mapa. Por outro
eliminar várias áreas oceânicas, e, com isso, reduzir as distorções. lado, outras acabam respeitando convenções cartográficas regionais,
nacionais e internacionais, pois estas buscam universalizar alguns
significados e facilitar a interpretação dos mapas. É o caso de símbo-
los específicos para ferrovias, aeroportos, hospitais, usinas nucleares
etc. Vejam alguns exemplos de convenções adotados pelo DAER-
-RS:

Também existem projeções cônicas, nas quais os meridianos


convergem para os pólos e os paralelos são arcos concêntricos situa-
dos a igual distância uns dos outros. Elas apresentam pouca distorção
para as chamadas latitudes médias. Também existem as projeções
azimutais que consiste na tomada de um determinado ponto e a de-
limitação de áreas tangentes a partir deste (muito usada para mapear
as áreas polares, por exemplo. Destaca-se que, no caso da Terra, a
maneira mais adequada (mas nem sempre possível) de representá-la
é a partir do Globo, pois este, a partir de uma escala, procura fazer
uma representação próxima ao formato original da área mapeada.

A Leitura dos Mapas


Um dos primeiros a ser observado em um mapa é o seu título.
Seguramente ele trará duas informações importantes, de imediato: o
que foi mapeado e em que lugar (e em alguns casos a data/período
em questão). Não observar o título de um mapa pode comprome-
ter toda a sua análise. Ademais, para que possa ser realizada uma
boa leitura das informações presentes nos mapas, a legenda acaba Ainda com relação à leitura dos mapas, alguns pontos merecem
sendo uma ferramenta fundamental, pois esta vai expressar valores destaque, como, por exemplo as isolinhas. No caso da Cartografia,
e aspectos diversos presentes dentro do mapa, como linhas, cores, as mais utilizadas são as curvas de nível (isoípsas), que eu ligam
figuras geométricas etc. No mapa, estas informações não seriam pontos de mesma altitude; as isóbaras (linhas com pontos de mesma
apresentadas, pois seria gerada uma poluição visual desnecessária, pressão); isoieta (mesma precipitação pluviométrica em um deter-
o que comprometeria sua leitura. Diante disso, alguns aspectos sem minado período); isoterma (mesma temperatura) etc. Veja um exem-
significado explícito no mapa acabam sendo identificados por meio plo das curvas de nível e da construção de um perfil topográfico a
da legenda. Em resumo, a legenda decodifica símbolos usados no partir delas:
mapa. Veja um exemplo a seguir, no qual a legenda auxilia no enten-
dimento das áreas delimitadas no mapa.

Didatismo e Conhecimento 4
GEOGRAFIA
Fusos Horários
Qual a razão para existirem horários diversificados no mundo? Isso ocorre em razão do movimento que a Terra realiza em torno do seu
próprio eixo, denominado de movimento de rotação. Essa volta dura 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. Nesse período, o Sol ilumina os 360º
da circunferência terrestre. A intensidade da luz e da sombra (dia e noite) proporciona a sensação de dia e noite, surgindo a necessidade de
adequarmos os horários à luminosidade. Ademais, a definição dos fusos auxilia a organização do espaço e as dinâmicas humanas (comércio,
transporte, prestação de serviços, horário de início e encerramento de eventos etc.).
Após um longo processo de negociação entre vários países, em 1884, o meridiano de Greenwich (GMT - 0º de longitude) tornou-se o mar-
co para a contagem do tempo. Convencionou-se dizer que a Terra gira de oeste para leste, fazendo com que as horas à direita (Leste) de GMT
sejam adiantadas em relação às horas da metade localizada à esquerda (Oeste). Dessa forma, o dia surge primeiro no extremo oriente, portanto,
no continente asiático.
Essa variação é dada pelos fusos, ou seja, tem-se 12 fusos a Oeste e 12 a Leste de Greenwich. Cada fuso corresponde a uma faixa de 15º,
sendo esse valor equivalente a uma hora. Ou seja, a cada 15º, adianta-se uma hora (se o movimento for para Leste) ou atrasa-se uma hora (se o
movimento for sentido Oeste. Analise o exemplo a seguir:
• O Ponto A está localizado a 60º Leste. Neste ponto, o relógio marca 18 horas. De acordo com o sistema de fusos horários, que hora
será no Ponto B, que fica a 30º Oeste?
Resolução: Lembre-se que cada fuso equivale a 15º ou uma hora. O ponto A está a 60ºL de Greenwich. Já o ponto B está a 30º Oeste de
Greenwich. Somando os dois valores, temos 90º de diferença entre os pontos A e B. Dividindo o valor por 15º (para transformar o valor em
fusos), encontramos o valor de 6 fusos, ou 6 horas. Como o ponto B está a Oeste do ponto A, devemos atrasar o relógio em 6 horas. Logo, no
Ponto B são 12 horas (18-6).
É importante destacar que esta é uma visão geral e teórica, já que nem todos os países seguem “ao pé da letra” essa definição. Na verdade,
muitos adotam a chamada “hora legal”, que é definida para facilitar a integração do país. Note, por exemplo, que no Brasil as linhas seguem
traçados tortuosos para evitar de dividir um estado em dois fusos, por exemplo. Outros países, ainda, adotam fusos de meia hora, por exemplo.
A figura a seguir mostra de maneira geral a definição dos fusos, destacando que existem particularidades (horas legais e horários de verão,
por exemplo). Diante disso, cada realidade deve ser estudada de maneira particular.

3. FUNDAMENTOS GEOLÓGICOS E
GEOMORFOLÓGICOS DO TERRITÓRIO
BRASILEIRO.
3.1 ESTRUTURA GEOLÓGICA E RELEVO
BRASILEIRO.

A geologia do Brasil, juntamente com a região das Guianas, distingue-se nitidamente da do resto da América do Sul pela simples ob-
servação do mapa geológico com o território do continente. Na região ocidental situam-se os Andes, que sobressaem como se fossem sua
coluna vertebral, formando as cadeias montanhosas mais elevadas da América do Sul. Larga faixa adjacente aos Andes, no lado oriental,
comportou-se, em geral, como área subsidente no Cenozoico e atualmente está coberta por depósitos quaternários, estendendo-se em planí-
cies baixas e contínuas com diversos nomes geográficos (Pampas, Chaco, Beni, Llanos).

Didatismo e Conhecimento 5
GEOGRAFIA
Ocorrem pequenas áreas de rochas pré-cambrianas distribu- as planícies. Os planaltos e as depressões representam as formas
ídas ao longo do geossinclíneo Andino (restos do embasamento predominantes, ocupando cerca de 95% do território, e têm origem
trazidos à superfície pelos dobramentos e falhas) e outras dispos- e tanto cristalina quanto sedimentar. Em alguns pontos do territó-
tas transversalmente ao eixo da grande cadeia. No mais, somente rio, especialmente nas bordas dos planaltos, o relevo apresenta-
afloram rochas paleozoicas, mesozoicas e cenozoicas, na região -se muito acidentado, como a ocorrência de serras e escarpas. As
andina e na faixa oriental adjacente. planícies representam os 5% restantes do território brasileiro e são
As rochas da crosta terrestre estão em constante processo de exclusivamente de origem sedimentar.
transformação, sendo modificadas pela ação erosiva de agentes
externos (chuvas, ventos etc.) e agentes internos (erupções vul- Classificação do relevo brasileiro
cânicas e tectonismo). Esse processo ocorre há bilhões de anos e
o conhecimento da estrutura geológica de um determinado local é Existem várias classificações do nosso relevo, porém algumas
de fundamental importância na análise do relevo e dos possíveis delas se tornaram mais conhecidas e tiveram grande importância
recursos minerais existentes. O Brasil, por apresentar uma grande em momentos diferentes da nossa história.
extensão territorial (8.514.876 quilômetros quadrados), possui es- A mais antiga delas é a que foi elaborada pelo professor Arol-
trutura geológica composta por três tipos distintos: escudos crista- do de Azevedo, na década de 40, que utilizava como critério para
linos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos. a definição das formas o nível altimétrico. Assim, a superfícies
aplainadas que superassem a marca dos 200 m de altitude seriam
Escudos cristalinos: Responsável por aproximadamente 36% classificadas como planaltos, e as superfícies aplainadas que apre-
do território nacional, essa formação ocorreu no período pré-cam- sentassem altitudes inferiores a 200 m seriam classificadas como
briano. Ela apresenta composição diferente conforme os terrenos planícies. Com base nisso, o Brasil dividia-se em oito unidades
arqueozoicos (32% do território nacional) e proterozoicos (4% do de relevo, sendo 4 planaltos, que ocupavam 59% do território e 4
território). No primeiro é possível encontrar rochas como o gra- planícies, que ocupavam os 41% restante.
nito, gnaisses, grafita e elevações como a serra do Mar. Sua for- No final da década de 50, o professor Aziz Nacib Ab’Saber
mação é a mais antiga, apresentando pequena riqueza mineral. Já apresentou uma nova classificação, com maior rigor científico, que
utilizava como critério para a definição das formas o tipo de alte-
nos terrenos proterozoicos, há rochas metamórficas que formam
ração dominante na superfície, ou seja, o processo de erosão e se-
jazidas minerais (ferro, níquel, chumbo, ouro, prata, diamantes e
dimentação. Planalto corresponderia a superfície aplainada, onde
manganês). A serra dos Carajás, no estado do Pará, é um terreno
o processo erosivo estaria predominando sobre o sedimentar, en-
proterozoico.
quanto a planície (ou terras baixas) se caracterizaria pelo inverso,
ou seja, o processo sedimentar estaria se sobrepondo ao processo
Bacias sedimentares: Essa formação recobre cerca de 60%
erosivo. Por essa divisão, o relevo brasileiro se compunha de 10
do território brasileiro. São constituídas de espessas camadas de
unidades, sendo 7 planaltos, que ocupavam 75% do território, e
rochas sedimentares, consequência da intensa deposição de sedi-
três planícies, que ocupavam os 25 restantes.
mentos de origem marinha, glacial e continental nas partes mais A localização de 92% do território brasileiro na zona intertro-
baixas do relevo. Nesses terrenos é possível encontrar petróleo e pical e as baixas altitudes do relevo explicam a predominância de
carvão mineral, além de minerais radioativos (urânio e tório), xisto climas quentes, com médias de temperatura superiores a 20º C. Os
betuminoso, areia, cascalho e calcário. tipos de clima presentes no Brasil são: equatorial, tropical, tropical
de altitude, tropical atlântico, semiárido e subtropical.
Terrenos vulcânicos: São áreas que sofreram a ação de der- O clima equatorial domina a região amazônica e se caracteriza
rames vulcânicos. Esse processo originou a formação de rochas por temperaturas médias entre 24º C e 26º C e amplitude térmica
como o basalto e o diabásio. A decomposição do basalto é respon- anual (diferença entre a máxima e a mínima registrada durante um
sável por fertilizar o solo, no Brasil essas áreas são denominadas ano) de até 3º C. As chuvas são abundantes (mais de 2.500 mm/
de “terra roxa”. ano) e regulares, causadas pela ação da massa equatorial continen-
A formação do relevo brasileiro decorre da ação de diversos tal. No inverno, a região pode receber frentes frias originárias da
elementos, como a estrutura geológica do território, os agentes massa polar atlântica. Elas são as responsáveis pelo fenômeno da
internos, o tectonismo e o vulcanismo, e os agentes externos: as friagem, a queda brusca na temperatura, que pode chegar a 10º C.
águas correntes e o intemperismo. Extensas áreas do planalto central e das regiões Nordeste e
Entre as principais características do nosso relevo, destaca-se Sudeste são dominadas pelo clima tropical. Nelas, o verão é quente
o predomínio das formações sedimentares recentes, que ocupam e úmido e o inverno, frio e seco. As temperaturas médias excedem
64% da superfície. Tais formações se sobrepõem aos terrenos pré- os 20º C, com amplitude térmica anual de até 7º C. As chuvas va-
-cambrianos, mais antigos, que formam o embasamento de nosso riam de 1.000 a 1.500 mm/ano.
relevo, de origem cristalina, e que afloram em 36% do território. O tropical de altitude predomina nas partes altas do Planalto
Como reflexo dessa estrutura geológica, de base sedimentar, a alti- Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo norte do Paraná e sul do
metria de do relevo brasileiro vai caracterizar-se pelo predomínio Mato Grosso do Sul. Apresenta temperaturas médias entre 18º C
das baixas e médias altitudes. e 22º C e amplitude térmica anual entre 7º C e 9º C. O compor-
O relevo brasileiro, em sua formação, não sofreu a ação dos tamento pluviométrico é igual ao do clima tropical. As chuvas de
movimentos orogenéticos recentes, responsáveis pelo surgimento verão são mais intensas devido à ação da massa tropical atlântica.
dos chamados dobramentos modernos e, por isso, caracteriza-se No inverno, as frentes frias originárias da massa polar atlântica
pela presença de três grandes formas: os planaltos as depressões e podem provocar geadas.

Didatismo e Conhecimento 6
GEOGRAFIA
A faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Paraná Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - caracterizam-se
sofre atuação do clima tropical atlântico. As temperaturas variam pela presença de terrenos sedimentares e pelos depósitos de rocha
entre 18º C e 26º C, com amplitudes térmicas crescentes conforme de origem vulcânica, da era mesozoica. Localizam-se na porção
se avança para o sul. Chove cerca de 1.500 mm/ano. No litoral do meridional do país, acompanhando os cursos dos afluentes do rio
Nordeste, as chuvas intensificam-se no outono e no inverno. Mais Paraná, estendendo-se desde os estados de Mato Grosso e Goiás,
ao sul, são mais fortes no verão. até o Rio Grande do Sul, ocupando a faixa ocidental dessa região,
O clima semiárido predomina nas depressões entre planaltos atingindo altitudes em torno de 1.000 m.
do sertão nordestino e no trecho baiano do vale do Rio São Fran-
cisco. Suas características são temperaturas médias elevadas, em Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por uma
torno de 27º C, e amplitude térmica em torno de 5º C. As chuvas, larga faixa no sentido Leste-Oeste na porção centro-ocidental do
além de irregulares, não excedem os 800 mm/ano, o que leva às país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Dominados pela pre-
“secas do Nordeste”, os longos períodos de estiagem. sença de terrenos sedimentares, suas altitudes atingem cerca de
O clima subtropical predomina ao sul do Trópico de Capri- 800 m, exercendo a função de divisor de águas das bacias dos rios
córnio, compreendendo parte de São Paulo, Paraná e Mato Gros- Amazonas, Paraguai e Guaporé.
so do Sul e os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Caracteriza-se por temperaturas médias inferiores a 18º C, com
Planaltos Residuais Norte-Amazônicos - ocupam uma área
amplitude térmica entre 9º C e 13º C. Nas áreas mais elevadas, o
onde se mesclam terrenos sedimentares e cristalinos, na porção
verão é suave e o inverno frio, com nevascas ocasionais. Chove
mais setentrional do país, do Amapá até o Amazonas, caracteri-
entre 1.500 mm e 2.000 mm.
zando-se em alguns pontos pela definição das fronteiras brasileiras
A mais recente classificação do relevo brasileiro é a proposta
pelo professor Jurandyr Ross, divulgada em 1995. Fundamentando e em outros, pela presença das maiores altitudes do Brasil, como
suas pesquisas nos dados obtidos a partir de um detalhado levan- o Pico da Neblina (3014 m), na divisa do estado de Roraima com
tamento da superfície do território brasileiro, realizado através de a Venezuela.
sistema de radares do projeto Radambrasil, do Ministério de Minas
e Energia, o professor Ross apresenta uma subdivisão do relevo Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também ocupam ter-
brasileiro em 28 unidades, sendo 11 planaltos,11 depressões e 6 renos onde se mesclam o rochas sedimentares e cristalinas, esten-
planícies. dendo se por uma larga faixa de terras ao sul do Rio Amazonas,
Essa nova classificação utilizou como critério a associação de desde a porção meridional do Pará até Rondônia. O destaque dessa
informações sobre o processo de erosão, sedimentação dominante subunidade é a presença de algumas formações em que são en-
na atualidade, com a base geológica e estrutural do terreno e ainda contradas jazidas minerais de grande porte (é o caso da serra dos
com o nível altimétrico do lugar. Assim, define-se planalto como Carajás, no Pará).
uma superfície irregular, com altitudes superiores a 300 m, e que
teve origem a partir da erosão sobre rochas cristalinas ou sedi- Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - ocupam
mentares; depressão é uma superfície mais plana, com altitudes uma larga faixa de terras na porção oriental do país e, em terrenos
entre 100 e 500 m, apresentando inclinação suave, resultante de predominantemente cristalinos, onde observamos a presença de
prolongado processo erosivo, também sobre rochas cristalinas ou superfícies bastante acidentadas, com sucessivas escarpas de pla-
sedimentares; e planície é uma superfície extremamente plana e nalto; daí o fato de ser chamada a região de “domínio dos mares de
formada pelo acúmulo recente de sedimentos fluviais, marinhos morros”. Aí encontramos também formações de elevadas altitudes,
ou lacustres. como as serras do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este
planalto como sendo a “região das terras altas”. Na porção mais
Vejamos uma síntese com as características mais importantes interior dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma
de cada uma das subunidades do relevo brasileiro: importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na região
denominada Quadrilátero Ferrífero.
- Planaltos
Planaltos Serras de Goiás-Minas - terrenos de formação an-
Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de terrenos
tiga, predominantemente cristalinos, que se estendem do sul de
de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste da região,
Tocantins até Minas Gerais, caracterizando-se por formas muito
numa estreita faixa que acompanha o rio Amazonas, do curso mé-
acidentadas que como a serra da Canastra, onde estão as nascentes
dio até a foz. Suas altitudes atingem cerca de 400 m na porção
do rio São Francisco - entremeadas de formas tabulares, como as
norte e 300 m na porção sul.
chapadas nas proximidades do Distrito Federal.
Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - constituem-se
também de terrenos de uma bacia sedimentar, estendendo-se das Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma área de
áreas centrais do país (GO-TO), até as proximidades do litoral, rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas, que se concen-
onde se alargam, na faixa entre Pará e Piauí, sendo cortados de tram ao norte e ao sul da grande planície do Pantanal, no oeste bra-
norte a sul, pelas águas do rio Parnaíba. Aí encontramos a predo- sileiro. Aí, na porção meridional, destaca-se a serra da Bodoquena,
minância das formas tabulares, conhecidas como chapadas. onde as altitudes alcançam cerca de 800 m.

Didatismo e Conhecimento 7
GEOGRAFIA
Planalto da Borborema - corresponde a uma área de terrenos Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto do Rio
formados de rochas pré cambrianos e sedimentares antigas, apare- Tocantins, quase sempre em terrenos de formação cristalinas pré
cendo na porção oriental no nordeste brasileiro, a leste do estado cambriana. Suas altitudes declinam de norte para sul, variando en-
de Pernambuco, como um grande núcleo cristalino e isolado, atin- tre 200 e 500 m.
gindo altitudes em torno de 1.000 m.
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná -
Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracterizada pela caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedimentares das eras
presença de rochas de diversas origens geológicas, apresenta um Paleozoica e Mesozoica, aparece como uma larga faixa de terras,
certo predomínio de material pré cambriano. Localiza-se na ex- localizada entre as terras dos planaltos da bacia do Paraná e do
tremidade meridional do país, no sul do Rio Grande do Sul, onde Atlântico leste e sudeste. Suas altitudes oscilam entre 600 e 700 m.
encontramos as famosas “coxilhas”, que são superfícies convexas,
caracterizadas por colinas suavemente onduladas, com altitudes
Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam as terras
inferiores a 450 m.
 
sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e do Rio Ibicuí, no
Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas altitudes, que variam
- Depressões
em torno dos 200 m.
Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde a uma
enorme área de origem sedimentar no oeste da Amazônia, com al- - Planícies
titudes em torno de 200 m, apresentando uma superfície aplainada,
atravessada ao centro pelas águas do rio Amazonas. Planície do Rio Amazonas - a região das terras baixas ama-
zônicas era considerada uma das maiores planícies do mundo, mas
Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada na por- atualmente todo esse espaço divide-se em várias unidades, clas-
ção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia oriental e sificadas como planaltos, depressões e planície. Se considerásse-
os planaltos residuais norte amazônicos, com altitudes que variam mos apenas a origem, seus,1,6 milhões de quilômetros quadrados
entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas e sedimentares antigas, formariam uma grande planície, pois a origem é sedimentar. Se
e estende-se entre o litoral do Amapá e a fronteira do estado do considerássemos a altimetria, também denominaríamos esta região
Amazonas com a Colômbia. de planície, pois não ultrapassa 150 m de altitude. Considerando-
-se, no entanto, o processo erosivo e deposicional, percebemos que
Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos predomi- mais de 95% dessas terras baixas são, na verdade, planaltos ou de-
nantemente sedimentares e altitudes variando entre 100 e 400 m, pressões de baixa altitude, onde o processo erosivo se sobrepõe ao
está localizado na porção meridional da Amazônia, intercalando-
de sedimentação restando à planície verdadeira uma estreita faixa
-se com as terras dos planaltos residuais sul amazônicos.
de terras às margens dos grandes rios da região.
Depressão do Araguaia - acompanha quase todo o vale do rio
Araguaia e apresenta terrenos sedimentares, com uma topografia Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita que se es-
muito plana e altitudes entre 200 e 350 m. Em seu interior encon- tende no sentido norte-sul, margeando o trecho médio do rio Ara-
tramos a planície do rio Araguaia. guaia, em terras dos estados de Goiás e Tocantins. Em seu interior,
o maior destaque fica com a ilha do Bananal que, com uma área de
Depressão Cuiabana - localizada no centro do país, encaixa- cerca de 20.000 km2 , é a maior ilha fluvial do planeta.
da entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis e do alto Pa-
raguai, caracteriza-se pelo predomínio dos terrenos sedimentares Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de uma faixa
de baixa altitude, variando entre 150 e 400 m. bastante estreita de terras planas e muito baixas, que se alonga pe-
las fronteiras ocidentais do país, penetrando a noroeste, no territó-
Depressão do Alto Paraguai-Guaporé - superfície caracteri- rio boliviano, tendo seu eixo marcado pelas águas do rio Guaporé.
zada pelo predomínio das rochas sedimentares, localiza-se entre os
rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato Grosso. Planície e Pantanal Mato-grossense - corresponde a uma
grande área que ocupa porção mais ocidental do Brasil Central. É
Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Miranda, loca- de formação extremamente recente, datando do período quaterná-
liza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em que predominam rio da era Cenozoica; por isso apresenta altitudes muito modestas,
rochas cristalinas pré cambrianas, com altitudes extremamente em torno de 100 m acima do nível do mar. É considerada a mais
baixas, entre 100 e 150 m.
típica planície brasileira, pois está em constante processo de sedi-
mentação. Todo ano, durante o verão, as chuvas aumentam o nível
Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam uma
extensa faixa de terras que se alonga desde as proximidades do de águas dos rios, que transbordam. Como o declive do relevo é
litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o interior de Minas mínimo, o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal su-
Gerais, acompanhando quase todo o curso do rio São Francisco. pera a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo fluvial que
Apresentam variedade de formas e de estruturas geológicas, porém atravessa a planície de norte a sul, ocasionando, então, as grandes
destaca-se a presença do relevo tabular, as chapadas, como as do enchentes que transformam toda a planície numa enorme área ala-
Araripe (PE-CE) e do Apodi (RN). gada (vem daí o nome “pantanal”).

Didatismo e Conhecimento 8
GEOGRAFIA
Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna ao Patamares: Por fim, os patamares são formas planas ou ondu-
seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa enorme ladas que constituem superfícies intermediárias ou degraus entre
área plana, coberta de campos, como uma planície comum. áreas de relevo mais elevado e áreas mais baixas. São encontrados
na Região Nordeste entre as depressões sertanejas e a Serra da
Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase a totali- Borborema e na bacia sedimentar do Paraná, formando degraus
dade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais meridional entre níveis diferenciados de planaltos.
até o território do Uruguai. A originalidade dessa planície está em
sua formação dominantemente marinha e lacustres, com mínima
participação da deposição de origem fluvial.
A BIOSFERA E OS CLIMAS DO BRASIL;
Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem a inúme- AS AÇÕES ANTRÓPICAS E AS MUDANÇAS
ras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocupam áreas mui- CLIMÁTICAS; OS DOMÍNIOS VEGETAIS
to pequenas. Geralmente localizam se na foz de rios que deságuam E O EXTRATIVISMO; AS BACIAS
no mar, especialmente daqueles de menor porte. Apresentam-se HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS E SEU
muito largas no litoral norte e quase desaparecem no litoral su- APROVEITAMENTO ECONÔMICO; OS
deste. E em trechos do litoral nordestino, essas pequenas planícies OCEANOS.
apresentam-se intercaladas com áreas de maior elevação as barrei-
ras-, também de origem sedimentar.

Planaltos: Os planaltos são terrenos relativamente planos e


situados em áreas de altitude mais elevada. São limitados, pelo A Biosfera, camada formada a partir da intersecção da Atmos-
menos de um lado, por superfícies mais baixas. No Brasil, são fera, Litosfera e Hidrosfera, é aquela capaz de abrigar e reger a vida
exemplos o Planalto Central Brasileiro, o Planalto Centro-Sul Mi- em todas as suas formas no planeta. Nessa parte do material, serão
neiro, os planaltos da Região Amazônica e os planaltos da bacia abordadas diferentes informações sobre as paisagens naturais e sua
sedimentar do Paraná. relação com a Sociedade.
A Terra possui uma característica extremamente importante
Planícies: As planícies são áreas planas ou suavemente ondu- para que haja vida em seu interior: a existência de atmosfera. Esta,
ladas, formadas pela deposição de sedimentos transportados pela por sua vez, é composta por vários gases, sendo o nitrogênio, o oxi-
ação da água ou do vento, por exemplo. Em geral, encontram-se gênio os mais abundantes. Ela possui diversas finalidades, entre elas
em regiões de baixa altitude. Por surgirem da deposição de sedi- proteger a Terra de raios ultravioletas e prover oxigênio para a res-
mentos inconsolidados (partículas que não se assentaram) vindos piração dos seres vivos. A imagem a seguir mostra a estrutura da
de outros locais, são relevos mais recentes que outros. Entre as atmosfera.
planícies brasileiras, destacam-se a do Pantanal mato-grossense,
a do rio Amazonas e seus principais afluentes e as encontradas no
litoral do país.

Depressões: As depressões são um conjunto de relevos planos


ou ondulados que ficam abaixo do nível altimétrico (de altitude)
das regiões vizinhas. Exemplos de depressão no Brasil podem ser
encontrados na Região Amazônica, como as depressões do Acre
e do Amapá. Encontram-se ainda na Região Sudeste, onde sítios
urbanos aproveitaram as características favoráveis do relevo para a
construção de grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte.

Serras: As serras constituem relevos acidentados, geralmente


em forma de cristas (partes altas, seguidas por saliências) e topos
aguçados ou em bordas elevadas de planaltos. A Serra do Mar e a
Serra da Mantiqueira são bons exemplos. As chapadas e os tabu-
leiros são relevos de topo plano formados em rochas sedimentares,
normalmente limitados por bordas com inclinações variadas.

Chapadas: As chapadas estão situadas em altitudes medianas


a elevadas. São exemplos no Brasil a Chapada Diamantina, as cha-
padas dos Guimarães e dos Parecis. Os tabuleiros são encontrados
em altitudes relativamente baixas, podendo ocorrer nas faixas cos-
teiras e interiores. No litoral, predominam na Região Nordeste e,
no interior, na Região Amazônica.

Didatismo e Conhecimento 9
GEOGRAFIA
A Troposfera é a camada mais próxima da crosta terrestre. É Clima no Brasil
composta, basicamente, por Nitrogênio, Oxigênio e Gás Carbônico.
Quase todo o vapor encontrado na atmosfera situa-se na troposfera, Quando se fala em classificação climática, é importante res-
que ocupa 75% da massa atmosférica. Atinge cerca de 17 km nas re- saltar que existem diversas metodologias para tal, e os resultados
giões trópicas e pouco mais que 7 km nas regiões polares, portanto, acabam sendo igualmente diferentes. Entre elas, podem ser citadas
tendo uma espessura variada; as classificações de Köppen, de Lysia Bernardes e de Strahler. Esta
A Estratosfera é a segunda camada mais próxima da Terra. Nela, última classificação baseia-se no estudo das dinâmicas das massas
encontra-se o gás ozônio, responsável pela barreira de proteção dos de ar e é amplamente abordada em concursos. Vejamos alguns deta-
raios ultravioleta.. Chega a 50 km de altitude e é caracterizada por lhes desta classificação, primeiro mostrando as massas de ar atuando
apresentar pouco fluxo de ar e por ser muito estável. Em razão da
no Brasil em diferentes momentos e, posteriormente, a classificação
pequena quantidade de oxigênio, não é propícia para a presença do
a partir deste critério:
homem.
A Mesosfera é caracterizada por ser muito fria, com tempera-
turas que oscilam em torno dos 100º C negativos. No entanto, sua
temperaturanão é uniforme, uma vez que a parte de contato com a
estratosfera é um pouco mais quente, ponto da troca de calor entre
as duas.
A Termosfera é a camada atmosférica mais extensa, podendo
alcançar os 500 km de altura. O ar é escasso e absorve facilmente
a radiação solar, atingindo temperaturas muito elevadas, próximas
a 1000ºC.
A Exosfera é a camada mais distante da Terra, chegando a 800
km de altitude. É composta basicamente de gás hélio e hidrogênio.
É nesta camada que se encontram os satélites de dados e os telescó-
pios espaciais.
Na atmosfera acontecem diferentes fenômenos meteorológicos
importantes para a sociedade. Daí a necessidade de se estudar o tem-
po e o clima de diferentes lugares.
O tempo é entendido enquanto a situação/comportamento da at-
mosfera em um determinado lugar/instante. Já o clima é a sucessão
habitual dos tempos, dando origem a um conjunto de características
de uma determinada região. Portanto, o tempo pode mudar a todo
instante. Já o clima é uma classificação de uma região, necessitando
de longos estudos para se identificar uma mudança significativa.
O clima é formado a partir da interação entre elementos e fato-
res. Os elementos (temperatura, pressão, precipitação, vento, umida-
de e massas de ar) formam um determinado clima a partir da influên-
cia dos fatores climáticos. Os principais fatores são:
• Altitude: quanto maior a altitude, menor tende a ser a
temperatura;
• Latitude: quanto maior a latitude, ou seja, a medida que
se afasta da linha do Equador, menor tende a ser a temperatura;
• Continentalidade: a interiorização em relação ao ocea-
no tende a tornar o ambiente mais seco e com maiores amplitudes A seguir, algumas características de cada tipo climático iden-
térmicas; tificado:
• Maritimidade: o contato com o oceano aumenta a umi-
dade e reduz a amplitude térmica; • Equatorial Úmido: É o clima da maior parte da Amazô-
• Relevo: relevos mais acidentados ou mais planos ten- nia. É controlado pela massa Equatorial continental e caracterizado
dem a dificultar ou facilitar a circulação de massas de ar, respecti- pela combinação de temperaturas sempre elevadas, chuvas abun-
vamente; dantes e pequena amplitude térmica.
• Vegetação: a presença ou não de vegetação, bem como • Clima Litorâneo Úmido – Ocorre no litoral leste (re-
suas características, interferem no tipo de cobertura do solo e sua giões Nordeste e Sudeste) e é controlado principalmente pela massa
interação com a radiação, bem como permitem maior ou menor tropical atlântica. No litoral da Região Sudeste, principalmente nos
umidade, por exemplo; trechos em que a Serra do mar avança sobre o mar, as chuvas são
• Ação antrópica: a humanidade e suas atividades mudam muito intensas. A localidade de Itapanhaú, no litoral de Bertioga
sensivelmente as características climáticas, sobretudo nos últimos (SP), detém o recorde de chuvas no país, com o índice de 4.514 mm
dois séculos. em um ano.

Didatismo e Conhecimento 10
GEOGRAFIA
• Clima Tropical com duas Estações – É o mais carac-
terístico do Brasil. Abrange uma vasta porção do país que inclui a
maior parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, grande parte do
Nordeste e o Estado do Tocantins. A principal característica desse
clima é a existência de duas estações bem diferenciadas: verões
quentes e chuvosos e invernos secos.
• Clima Tropical Semi-Árido – Abrange o sertão nordes-
tino e o norte de Minas Gerais. Caracteriza-se por apresentar tempe-
raturas muito elevadas e chuvas escassas e mal distribuídas durante
o ano. Apresenta os menores índices pluviométricos do país.
• Clima Subtropical Úmido – Ocorre na Região Sul do
país. É controlado pela Massa Polar Atlântica. Esse clima apresenta
chuvas bem distribuídas no decorrer do ano, possui as estações do
ano bem diferenciadas e apresenta invernos relativamente rigorosos.
A forte penetração do ar frio no inverno acarreta quedas de tempe-
ratura acompanhada por geadas e, às vezes, por queda de neve nas
áreas mais elevadas, como por exemplo, São Joaquim, em Santa
Catarina.
Fonte: http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/147
Outra classificação bastante abordada em concursos é a da Geó-
grafa Lysia Bernardes, que adapta a classificação de Köppen à reali-
dade brasileira. Divide o Brasil em cinco climas básicos: Vegetação no Brasil

Clima equatorial: Com médias térmicas e pluviométricas eleva- Ainda com relação à caracterização física do território brasi-
leiro, outro tema amplamente abordado em concursos são as carac-
das, chuvas bem distribuídas ao longo do ano, como na Amazônia;
terísticas dos biomas que cobrem o território. Segundo o próprio
IBGE, um Bioma é um conjunto de tipos de vegetação que abrange
Clima Tropical: Com chuvas de verão e estiagem no inverno.
grandes áreas contínuas, em escala regional, com flora e fauna simi-
E o clima da região Centro-Oeste, parte do Nordeste e Norte Oci-
lares, definida pelas condições físicas predominantes nas regiões.
dental.
Esses aspectos climáticos, geográficos e litológicos (das rochas), por
exemplo, fazem com que um bioma seja dotado de uma diversidade
Clima semi-árido: Caracterizado por chuvas escassas e mal dis-
biológica singular, própria.
tribuídas ao longo do ano; é o clima do Polígono das Secas ou sertão
No Brasil, os biomas existentes são (da maior extensão para
do Nordeste.
a menor): a Amazônia, o cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o
Pampa e o Pantanal.
Clima tropical de altitude: Semelhante ao clima tropical, mas
com acentuadas quedas de temperatura no inverno. Ocorre nos tre-
A seguir, conheça cada bioma do Brasil (informações do IBGE).
chos mais elevados do Sudeste e no sul do Mato Grosso do Sul,
influenciado pelo fator altitude.

Clima subtropical: É o clima do sul do país; apresenta médias


térmicas menores de 20º C, devido à influência da massa polar atlân-
tica. A chuva é bem distribuída ao longo do ano, sem uma grande
seca definida.

Muito se comenta, no Mundo em geral, sobre as chamadas mu-


danças climáticas. A sociedade, de modo geral, promove uma inten-
sa exploração de recursos naturais, incorrendo em mudanças drásti-
cas na paisagem e na emissão de gases potencializadores do Efeito
Estuda natural da Terra, podendo levar, entre outros aspectos, ao au-
mento nas temperaturas médias do Planeta. O Brasil, nesse sentido,
não está dissociado das causas, tampouco imune às consequências.

A figura a seguir mostra alguns impactos a serem observadas no


Brasil a partir das mudanças climáticas:

Didatismo e Conhecimento 11
GEOGRAFIA
• Amazônia • Caatinga

Trata-se da a maior reserva de biodiversidade do mundo e o O nome é de origem indígena e significa “mata clara e aber-
maior bioma do Brasil – ocupando quase metade (49,29%) do terri- ta”. É exclusivamente brasileira e ocupa cerca de 11% do país.
tório nacional. Cobre totalmente cinco Estados (Acre, Amapá, Ama- É o principal bioma da Região Nordeste, ocupando totalmente o
zonas, Pará e Roraima), quase totalmente Rondônia (98,8%) e par- Ceará e parte do Rio Grande do Norte (95%), da Paraíba (92%),
cialmente Mato Grosso (54%), Maranhão (34%) e Tocantins (9%). de Pernambuco (83%), do Piauí (63%), da Bahia (54%), de Ser-
É dominado pelo clima quente e úmido (com temperatura média de gipe (49%), do Alagoas (48%) e do Maranhão (1%). A caatinga
25 °C) e por florestas. As chuvas são torrenciais e bem distribuídas também cobre 2% de Minas Gerais. Apresenta uma grande riqueza
durante o ano e rios com fluxo intenso. É marcado pela bacia amazô- de ambientes e espécies, que não é encontrada em nenhum outro
nica, que escoa 20% do volume de água doce do mundo. bioma. A seca, a luminosidade e o calor característicos de áreas
A vegetação característica é de árvores altas. Nas planícies que tropicais resultam numa vegetação de savana estépica, espinhosa e
acompanham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as decidual (quando as folhas caem em determinada época). Há tam-
matas de várzeas (periodicamente inundadas) e as matas de igapó
bém áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsão climático mais
(permanentemente inundadas). Estima-se que esse bioma abrigue
ameno. Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um
mais da metade de todas as espécies vivas do Brasil.
de longo período de estiagem, seguido de chuvas intermitentes e
um de seca curta seguido de chuvas torrenciais (que podem faltar
• Cerrado
durante anos). Dos ecossistemas originais da caatinga, 80% foram
O segundo maior bioma da América do Sul e cobre 22% do alterados, em especial por causa de desmatamentos e queimadas.
território brasileiro. Ocupa totalmente o Distrito Federal e boa parte
de Goiás (97%), de Tocantins (91%), do Maranhão (65%), do Mato • Pampa
Grosso do Sul (61%) e de Minas Gerais (57%), além de cobrir áreas
menores de outros seis Estados. É no Cerrado que está a nascente Está presente somente no Rio Grande do Sul, ocupando 63%
das três maiores bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, do território do Estado. Ele constitui os pampas sul-americanos,
São Francisco e Prata), o que resulta em elevado potencial aquífero que se estendem pelo Uruguai e pela Argentina e, internacional-
e grande biodiversidade. Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies mente, são classificados de Estepe. O pampa é marcado por clima
de plantas já catalogadas. chuvoso, sem período seco regular e com frentes polares e tempe-
Predominam formações da savana e clima tropical quente su- raturas negativas no inverno.
búmido, com uma estação seca e uma chuvosa e temperatura média Predomina uma vegetação constituída de ervas e arbustos,
anual entre 22 °C e 27 °C. Além dos planaltos, com extensas cha- recobrindo um relevo nivelado levemente ondulado. Formações
padas, existem nessas regiões florestas de galeria, conhecidas como florestais não são comuns nesse bioma e, quando ocorrem, são do
mata ciliar e mata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folha- tipo floresta ombrófila densa (árvores altas) e floresta estacional
gem persistente durante todo o ano; e a vereda, em vales encharca- decidual (com árvores que perdem as folhas no período de seca).
dos e que é composta de agrupamentos da palmeira buriti sobre uma
camada de gramíneas (estas são constituídas por plantas de diversas • Pantanal
espécies, como gramas e bambus).
Cobre 25% de Mato Grosso do Sul e 7% de Mato Grosso e
• Mata Atlântica seus limites coincidem com os da Planície do Pantanal, mais co-
nhecida como Pantanal mato-grossense. O Pantanal é um bioma
É um complexo ambiental que engloba cadeias de maciços praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena faixa
antigos, vales, planaltos e planícies de toda a faixa continental dele adentra outros países (o Paraguai e a Bolívia). Caracterizado
atlântica leste brasileira, além de avançar sobre o Planalto por inundações de longa duração (devido ao solo pouco permeá-
Meridional até o Rio Grande do Sul. Ocupa totalmente o Espírito
vel) que ocorrem anualmente na planície, e provocam alterações
Santo, o Rio de Janeiro e Santa Catarina, 98% do Paraná e áreas de
no ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das populações lo-
mais 11 Unidades da Federação.
cais. A vegetação predominante é a savana. A cobertura vegetal
Tem como principal tipo de vegetação a floresta ombrófila den-
original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande parte
sa, basicamente composta por árvores altas e relacionada a um clima
substituída por lavouras e pastagens, num processo que já repercu-
quente e úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos e variados
te na Planície do Pantanal.
conjuntos florestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é
reconhecida como o bioma brasileiro mais descaracterizado, fruto Uma outra forma de abordar o conceito vegetação refere-se à
dos intensos desmatamentos relacionados aos episódios de coloni- delimitação exclusivamente das coberturas vegetais. Nesse caso, o
zação no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país levaram o Brasil possui cinco Formações Florestais, três formações arbusti-
homem a ocupar e destruir parte desse espaço (cana de açúcar, café, vas e herbáceas e duas formações complexas, conforme ilustra o
pecuária, urbanização, industrialização etc.). quadro a seguir:

Didatismo e Conhecimento 12
GEOGRAFIA

Hidrografia Brasileira

O Brasil é um país de grande extensão territorial (mais de 8,5 milhões de Km2), tendo uma extensa rede hidrográfica. Algumas caracterís-
ticas dessa rede se destacam:
- Genericamente, os rios brasileiros são de planalto, o que potencializa a produção de energia por hidrelétricas, mas por outro lado, dificulta
a navegação fluvial (carece de eclusas para a ligação desses desníveis);
- Existe um predomínio de rios com regime pluvial, ou seja, abastecidos basicamente por águas das chuvas. Existem exceções, como o Rio
Amazonas, que é de regime misto (também recebe água do derretimento de neve oriunda dos Andes, no seu alto curso);
- No geral, os rios brasileiros são exorreicos, ou seja, a drenagem das águas tem como destino os oceanos. Ressalta-se que, mesmo que
a água de um rio deságue em um rio no interior (exemplo, o Rio Tietê desaguando no Rio Paraná), esse volume hídrico irá posteriormente ao
oceano, mantendo o caráter exorreico.
- Com exceção do rio Amazonas, que apresenta uma foz mista, de delta e estuário, e do rio Parnaíba, que apresenta foz em delta, os rios
brasileiros – que deságuam livremente no oceano formam estuários.
- No geral, os rios brasileiros são perenes, ou seja, possuem água corrente o ano todo. No semiárido nordestino alguns rios são intermiten-
tes, ou seja, secam e parte do ano, na estação seca.
A seguir, seguem as principais características das grandes bacias hidrográficas brasileiras. Destaca-se que são vários os critérios para as
definições das bacias. A classificação adotada foi a da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica):

- Bacia do Rio Amazonas

A Bacia Amazônica abrange uma área de drenagem da ordem de 6.112 .000 Km², ocupando cerca de 42 % da superfície do território na-
cional. É a maior rede hidrográfica mundial, estendendo-se dos Andes até o Oceano Atlântico. Engloba cerca de 42% da superfície brasileira,
ocupando também áreas da Venezuela e Bolívia.
O principal rio é o Amazonas (6.570 km). Com nascente há cerca de 5.000m acima do nível do mar. Entra no Brasil na confluência com
o rio Javari, somente a partir da confluência com o rio Javari, próximo a Tabatinga, sendo, então, chamado de Solimões e, somente a partir da
confluência com o rio Negro, passa a ser denominado de Amazonas. Próximo a Manaus, bifurca-se com o Paraná do Careiro, estimando-se aí
uma largura da ordem de 1.500m e profundidade em torno de 35 m. Entre a confluência do rio Negro e a região das ilhas, próximo a desembo-
cadura, é conhecido por Baixo Amazonas. Em virtude de sua posição geográfica, praticamente paralela ao Equador, o regime do Amazonas é
influenciado pelos dois máximos de pluviosidade dos equinócios, sendo, por isso conhecido como regime fluvial de duas cheias.
A bacia Amazônica está sujeita ao regime de interferência, portanto tem contribuintes dos hemisférios Norte e Sul, coincidindo a cheia de
um hemisfério com a vazante do outro.

- Bacia do Tocantins-Araguaia

Trata-se de uma importante bacia brasileira, com uma vazão média anual de 10.900m3/s e uma área de drenagem de 767.000Km2 (7,5%
do território nacional). Majoritariamente no Centro Oeste, engloba áreas dos estados do Tocantins e Goiás (58%), Mato Grosso (24%), Pará (
13%) e Maranhão (4%), além do DF ( 1%).

Didatismo e Conhecimento 13
GEOGRAFIA
- Bacia do Atlântico trechos Norte/Nordeste - Bacia do Rio Uruguai

A Bacia do Atlântico - Trecho Norte/Nordeste banha extensas Abrange uma área de aproximadamente 384.000 km2, dos
áreas dos Estados do Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande quais 176.000 km2 situam-se em território nacional, compreen-
do Norte, e parte do Estado da Paraíba, Pernambuco, Pará e Alagoas. dendo 46.000Km2 do Estado de Santa Catarina e 130.000Km2 no
Inclui-se nesta região o ponto mais oriental do País, Ponta do Seixas Estado do rio Grande do Sul. Possui uma vazão média anual de
na Paraíba. A Bacia do Atlântico - Trecho Norte/Nordeste, possui 3.600m3/s, volume médio anual de 114 Km3.
uma vazão média anual de 6.800 m3/s e uma área de drenagem de
Em sua porção nacional, encontra-se totalmente na região sul,
996.000 Km² composta por dois trecho: Norte e Nordeste. O Tre-
possuindo as sub-bacias Canoas, Pelotas, Forquilha, Ligeiro, Peixe,
cho Norte corresponde a área de drenagem dos rios que deságuam
Irani, Passo Fundo, Chapecó, da Várzea, Antas, Guarita, Itajaí, Pira-
ao norte da Bacia Amazônica, incluindo a bacia do rio Oiapoque.
tini, Ibicuí, alto Uruguai e Médio Uruguai.
A drenagem da bacia é representada por rios principais caudalosos
e perenes, que permanecem durante o ano com razoável vazão, se
- Bacia dos Rios do Atlântico Sul - trecho Sudeste
comparados aos da região semi-árida nordestina. O segundo trecho
- Nordeste, corresponde a área de drenagem dos rios que deságuam
Com uma área de 224.000 Km2 , banha extensas áreas do Es-
no Atlântico, entre a foz do rio Tocantins e a do rio São Francisco.
tado do Rio Grande do Sul e parte dos Estados de Santa Catarina,
- Bacia do São Francisco Paraná e São Paulo. Abarca os rios Ribeira do Iguape, Itajaí, Mam-
pituba, Jacuí, Taquari, Jaguarão (e seus respectivos afluentes), lagoa
Possui uma vazão média anual de 3.360m3/s, volume médio dos Patos e lagoa Mirim.
anual de106Km3 e uma área de drenagem de 631.000Km2 , que
representa 7,5% do território nacional; onde 83% da área da bacia OS OCEANOS
distribuem-se nos Estados de Minas Gerais e Bahia, 16% nos Esta-
dos de Pernambuco, Alagoas e Sergipe , e o restante 1% no Estado Os oceanos são grandes extensões de água salgada que ocupam
de Goiás e Distrito Federal. as depressões da superfície da Terra. O surgimento dos oceanos (se-
O rio que dá o nome à Bacia, O São Francisco,tem uma exten- gundo a teoria do aparecimento dos oceanos) está diretamente liga-
são de 2.700 Km, nascendo na Serra da Canastra, em Minas Gerais, do à formação da atmosfera, ainda no período pré-cambriano. Neste
percorrendo a longa depressão encravada entre o Planalto Atlântico período, o planeta encontrava-se muito aquecido e o vapor da água
e as Chapadas do Brasil Central, segue a orientação sul-norte até presente na atmosfera deu origem a um grande volume de chuvas
aproximadamente a cidade de Barra, dirigindo-se então para Nor- que se acumularam nas áreas mais baixas do relevo.
deste até atingir a cidade de Cabrobó, quando inflete para Sudeste Os oceanos são de grande importância para o planeta. São
para desembocar no Oceano Atlântico. É importância não só pelo grandes produtores de oxigênio a partir das microalgas oceânicas;
volume de água transportado numa região semi-árida mas, princi- são ricos em biodiversidade; são fontes de extração mineral; são
palmente, pela sua contribuição histórica e econômica na fixação reguladores térmicos do planeta; exercem influência na dinâmica
das populações ribeirinhas e na criação das cidades hoje plantadas atmosférica e diferenciam tipos climáticos; são importantes vias de
ao longo do vale, bem como pelo potencial hídrico passível de apro- transporte; etc.
veitamento em futuros planos de irrigação dos excelentes solos si- Mesmo sendo interligados, os oceanos não realizam grande tro-
tuados à sua margem. ca de água entre eles em razão de possuírem características próprias,
como temperatura, insolação solar, salinidade (quantidade de sais
- Bacia dos Rios da Região do Atântico Sul trecho Leste dissolvidos na água) e movimentos das ondas, marés e correntes ma-
rítimas. Desse modo, os oceanos, ou seja, a imensa massa de água
Engloba parte dos territórios dos estados de São Paulo, Minas salgada que cobre o planeta Terra, foram divididos em cinco porções
Gerais, Bahia, Sergipe, além dos estados do Rio de Janeiro e Espí- (Fonte: www.sogeografia.com.br):
rito Santo. Esta bacia compreende a área de drenagem dos rios que Oceano Antártico: É o único que  circunda o globo terrestre de
deságuam no Atlântico, entre a fóz do rio São Francisco, ao norte, forma completa. Possui uma superfície de 20.327.000 km². Também
e a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, ao sul. conhecido como Oceano Austral é o nome dado ao conjunto das
Possui uma vazão média anual de 3.690m3/s, volume médio anual águas que banham o  Continente Antártico. Fazem parte deste
de117 Km3 em uma área de drenagem calculada em 569.000Km2. conjunto o mar de Amundsen, o mar de Bellingshausen, parte da
passagem de Drake, o mar de Ross e o mar de Weddell. Alguns pes-
- Bacia do Rio Paraná quisadores o consideram como uma extensão de outros oceanos, e
não como um específico.
Importante bacia brasileira, possui uma vazão média anual de Oceano Ártico: corresponde ao conjunto de águas congeladas
15.620 m3/s, volume médio anual de 495 Km3 e uma área de drena- localizadas nas proximidades do círculo Polar Ártico no extremo
gem de1.237.000 Km2. Possui importantes rios em sua composição, norte do planeta e ocupa uma área de aproximadamente 21 milhões
como o Paraná (nome da Bacia), Grande, Paranapanema, Tietê etc. de quilômetros quadrados. O Ártico é coberto por banquisas que
É fortemente utilizada para a produção de energia e para a navega- correspondem a um enorme volume de águas congeladas e por esta
ção. razão recebe também o nome de Mar Glacial Ártico.

Didatismo e Conhecimento 14
GEOGRAFIA
Oceano Atlântico: O nome Atlântico tem origem no nome Atlas
(titã da mitologia grega). É o segundo maior em extensão, com 80
milhões de km², cobrindo cerca de 20% da superfície terrestre e com
uma profundidade média de 3.300 metros. É muito rico em biodi-
versidade (peixes, mamíferos marinhos, crustáceos entre outros) e
extremamente importante para a pesca, navegação, turismo e explo-
ração de petróleo e gás. Nele estão os mares Mediterrâneo, do Norte,
do Caribe, Canal da Mancha e Mar da Irlanda.
Oceano Índico: É o terceiro maior oceano do mundo, com uma
extensão de 73.440.000 km².  Banha  os países litorâneos do leste
e do nordeste da África, as nações do litoral sul da Ásia desde a
Península Arábica até o oeste do Sudeste Asiático, a Indonésia, mais
A pirâmide 1 mostra uma base mais estreita, o que mostra um
o noroeste, oeste e sul da Austrália. Possui elevada importância eco-
número menor de jovens, quando comparada com a pirâmide 2, que
nômica, pois é o responsável pelo transporte de mercadorias, prin- possui uma base bem mais larga. Por um outro lado, o topo da pi-
cipalmente do petróleo do sudeste asiático aos países do ocidente e râmide 1 é mais largo que o da pirâmide 2, mostrando que no país
que  recebe as águas de rios importantes na história da humanidade representado por ela é maior o número de idosos. O que se pode
como o Ganges, e os rios Tigre e Eufrates etc. concluir? A pirâmide 1 mostra a presença de uma população com
Oceano Pacífico: É o maior do planeta, com 180 milhões de menor taxa de natalidade, mas com maior expectativa de vida, exa-
km², cobrindo cerca de 1/3 da superfície do globo e a quase metade tamente o oposto da realidade representada pela pirâmide 2. A partir
do volume dos oceanos. Também é aquele com maior profundidade do entendimento das pirâmides, é possível perceber as característi-
cas das populações representadas e algumas situações que merecem
média (cerca de 4280 metros), com a presença de importantes fossas
destaque: uma sociedade com baixa taxa de natalidade consegue
submarinas (como a das Marianas, com mais de 11.000 metros de repor satisfatoriamente sua população economicamente ativa? Ela
profundidade. Está localizado a oeste da América, a leste da Austrá- também consegue garantir com qualidade os serviços de previdên-
lia e da Ásia, e ao sul da Antártida. cia social? E a sociedade representada pela pirâmide 2, quais são os
problemas sociais que levam a uma reduzida expectativa de vida?
Por quê as mulheres geram tantos filhos? São questões que podem
ser estudadas a partir dessas pirâmides.
A DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA; Algumas sociedades estão em um momento de transição entre
ADIVERSIDADE ÉTNICA E A QUESTÃO as realidades das pirâmides 1 e 2. É o caso da sociedade brasileira,
RACIAL; INDICADORES SOCIAS; que apresenta uma redução na natalidade e um aumento na expec-
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO; tativa de vida. A pirâmide a seguir representa a sociedade brasileira
ESTRUTURA ETÁRIA E MOBILIDADE em dois momentos, representando essa transição:
ESPACIAL

Entende-se por população o conjunto de pessoas que vivem em


determinado território, podendo ser uma cidade, um país ou mesmo
o planeta como um todo.

A população pode ser classificada de diferentes maneiras: na-


cionalidade, religião, rural ou urbana, economicamente ativa ou ina-
tiva. Ainda, sobre esta população podem ser estabelecidos indicado-
res sociais, como renda, desigualdade social, escolaridade, taxas de
natalidade e mortalidade etc.

Quando se estuda a população, inegavelmente, é importante


compreender sua dinâmica de crescimento, ou seja, se ele cresce
mais rapidamente o mais vagarosamente, ou mesmo se ela efetiva-
mente cresce. Ainda, é importante perceber, dentro da composição
dessa população, o percentual de jovens, adultos e crianças. Essas
informações são bem visualizadas nas chamadas pirâmides etárias,
ou seja, gráficos que mostram a composição de uma população a
partir do sexo e das faixas etárias. Observe os exemplos a seguir:

Didatismo e Conhecimento 15
GEOGRAFIA
Algumas teorias ajudam a compreender a dinâmica de cresci- O crescimento vegetativo ou natural corresponde à diferença
mento de uma população e suas consequências. Um dos primeiros entre as taxas de natalidade e de mortalidade. No Brasil, embora
estudiosos do tema foi Thomas Robert Malthus. O autor, no contex- essas duas taxas tenham declinado no período de 1940-1960, foi
to dos séculos XVIII e XIX, salientava que a população crescia em somente a partir da década de 60 que o crescimento vegetativo
progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia passou a diminuir.
em progressão aritmética. Isso resultaria em propagação de fome e A partir da década de 60, com a urbanização acelerada no Bra-
miséria, já que eram os mais pobres que se multiplicavam em maior sil, a taxa de natalidade passou a cair de forma mais acentuada que
velocidade. Para Malthus eram os mais pobres os responsáveis pela a taxa de mortalidade. Consequentemente, o crescimento vegeta-
própria situação precária, e o governo não deveria intervir para au-
tivo começou a diminuir, embora ainda apresentasse valores altos,
xiliá-los.
típicos de países subdesenvolvidos.
Da teoria de Malthus derivaram outras, como a Neomalthusia-
na, que salienta a importância da realização do controle da natali-
dade para evitar a pobreza; e a Ecomalthusiana, que salienta que o
grande contingente populacional demanda por mais recursos natu-
rais, potencializando os problemas ambientais no planeta.
Em oposição a essas teorias, os Reformistas, inspirados nas
ideias de Karl Marx, evidenciam que a grande causa da fome e da
miséria é a má distribuição de renda. Segundo eles, a população
não cresce mais em PG, tampouco a produção de alimentos em
PA, mas a miséria ainda persiste no planeta. Daí a necessidade de
programas sociais para atender a população mais pobre.
Outro conceito bastante evidenciado quando se fala em popu-
lação é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). É um índice
dado por um número que vai de zero a um, calculado a partir da ex-
pectativa de vida, da renda e da escolaridade de uma determinada
população. Quanto maior o número apresentado, melhor é o índice
de desenvolvimento humano desta população.
Atualmente, os dez maiores IDH’s são dos seguintes países:
Noruega, Austrália, EUA, Países Baixos. Alemanha, Nova Zelân-
dia, Irlanda, Suécia, Suíça e Japão. O Brasil é o 85º, com um IDH
de 0,730. Já os dez piores são países africanos, como Níger, Re-
pública Democrática do Congo, Moçambique, Chade e Burkina
Fasso.

População Brasileira O início oficial da imigração no Brasil ocorreu em 1808, com


a assinatura, por D. João VI, de um decreto que permitia a posse
População é o conjunto de pessoas que residem em determi- de terra por estrangeiro. Quando esse decreto foi assinado, o Brasil
nado território, que pode ser uma cidade, um estado, um país ou tinha 1,2 milhão de brancos e 2 milhões de negros.
mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segunda Apesar da imigração livre e oficial ter se iniciado em 1808, pou-
sua religião, nacionalidade, local de moradia (urbana e rural), ati- cos imigrantes entraram no Brasil até 1850. O elevado contingente
vidade econômica (ativa ou inativa) e tem seu comportamento e de escravos e a facilidade do tráfico negreiro desestimularam a vinda
suas condições de vida retratados através de indicadores sociais, de imigrantes.
como taxas de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, índi- De fato, foi somente a partir de 1850, com a proibição do trá-
ces de analfabetismo, participação na renda, etc. fico negreiro e a expansão da cafeicultura e principalmente a partir
O Brasil, em 2013, ultrapassou a casa dos 200 milhões de ha- de 1888 (Abolição da Escravatura) que a imigração se intensificou.
bitantes. (aproximadamente 201 milhões). É um país populoso, o No período de 1808 a 1980, o Brasil recebeu cerca de 5,5 mi-
quinto maior do planeta, porém, não é densamente povoado (den- lhões de imigrantes, dos quais cerca de 4,2 milhões permanecem
sidade demográfica de aproximadamente 23,6 hab/km2. Segundo no país.
o IBGE, o país tem atualmente 201,032 milhões de habitantes, O principal motivo da não-fixação definitiva de 1,3 milhão de
contra 199,242 milhões em 2012, um crescimento de cerca de 1 imigrantes foi o contraste entre a propaganda enganosa que o Brasil
por cento. Em 2000, a população brasileira era de 177,448 milhões fazia no exterior para atrair o imigrante e as reais condições de vida
de habitantes. e de trabalho que o imigrante encontrava no país.
Antes da colonização, a população do atual território brasilei- De acordo com a nacionalidade, os cinco grupos mais numero-
ro era, segundo estimativas, de dois a cinco milhões de índios, per- sos de imigrantes que entraram no Brasil até o final dos anos 2000
tencentes a vários grupos. Os grupos mais numerosos, e que ocu- foram, pela ordem: portugueses, italianos, espanhóis, alemães e ja-
pavam as maiores extensões territoriais, eram o jê e o tupi-guarani. poneses.

Didatismo e Conhecimento 16
GEOGRAFIA
Atualmente, o cenário imigração/emigração apresenta informa- Nos países subdesenvolvidos é muito comum o fenômeno do
ções importantes. A crise econômica a partir de 2008 gerou graves inchaço do terciário. Trata-se de um crescimento exagerado ou ir-
problemas econômicos em diversos países que constantemente re- real deste setor, pois na verdade a população nele empregada não
cebiam brasileiros, como Japão, EUA e diversos da Europa. Essa di- corresponde ao seu crescimento real – muitas estão empregadas ou
ficuldade em conseguir empregos e salários esperados fez com que subempregadas mas poucas de fato trabalhando. O Brasil se encaixa
o fluxo de brasileiros para o exterior reduzisse significativamente. de certa forma nessas condições.
Ademais, o Brasil passou a receber um fluxo significativo de Nesses países, o intenso êxodo rural não foi acompanhado por
imigrantes. Destaque para imigrantes de países da própria América uma oferta de empregos equivalente. Além disso, como a atividade
do Sul, como bolivianos e paraguaios. Ainda, um assunto de bastan-
industrial é geralmente restrita e não elástica, as indústrias não ab-
te destaque na mídia atualmente é a entrada de imigrantes haitianos,
sorvem os grandes contingentes de migrantes.
que fogem das condições sociais complexas em seu país. Ressalta-
-se que esses imigrantes (haitianos, bolivianos, paraguaios etc.) por Se dividirmos a população ativa por setores econômicos, vere-
diversas vezes fazem parte de fluxos clandestinos, atuando em tra- mos que uma grande maioria está no setor Terciário, existindo um
balhos não assistidos por leis, muitos em condições inadequadas. equilíbrio entre a população do setor Primário e do setor Secundário.
Os especialistas discutem que o Brasil precisa de um maior controle A população brasileira apresenta distribuição geográfica bas-
fronteiriço, regularizando a entrada desses imigrantes e garantindo, tante irregular, mostrando de início um enorme contraste entre a fa-
se for o caso de incentivar tais fluxos, condições mais dignas de vida chada litorânea, onde se encontra o grosso da população, e o interior
e trabalho. do país, muito vasto mas fracamente povoado.
Com relação à estrutura por sexo e idade, até a década de 1930, Duas razões são importantes para explicar este fato:
principalmente por causa do predomínio da imigração masculina so- 1 – A condição do Brasil como ex-colônia e a consequente de-
bre a feminina, havia mais homens do que mulheres no Brasil. Em pendência econômica e necessidade de contato com o exterior.
1872, por ocasião do primeiro censo, a proporção entre os sexos era 2 – A concentração das principais atividades e da urbanização
a seguinte: homens, 51,5%; mulheres, 48,5%. na porção oriental do país (próximas à faixa litorânea).
A partir do censo de 1940, a população feminina passou a pre- Do ponto de vista etário costuma-se dividir a população nas
dominar sobre a masculina, embora com pequena diferença. Em seguintes faixas: jovens (0 a 19), adultos (20 a 59) e idosos (60 ou
todas as grandes regiões brasileiras ocorre o predomínio de mulhe- mais).
res sobre homens. As maiores diferenças a favor das mulheres são A estrutura etária é um importante indicador do nível de desen-
encontradas nas regiões Norte, por causa da elevada mortalidade
volvimento sócio-econômico dos países. Nos países que apresentam
masculina, Nordeste, por causa da saída de homens e Sudeste, pela
uma estrutura com elevado predomínio de adultos idosos, vamos
elevada emigração e mortalidade masculina.
encontrar um maior desenvolvimento sócio-econômico. Por outro
A razão principal do predomínio feminino está na maior morta-
lidade masculina, seguida pela emigração. A estimativa aponta que lado, estrutura etária com predomínio de população jovem caracte-
o Brasil tem 99,336 milhões de homens e 101,695 milhões de mu- riza países com menor desenvolvimento sócio-econômico. O Brasil,
lheres. (dados de 2013). atualmente, vem passando por um processo de transição, com uma
Quanto à questão da produção ou do trabalho, a população de diminuição na população jovem e um aumento na população idosa.
um país pode ser dividida inicialmente, em dois principais grupos: Em 2013, importantes dados foram apresentados sobre a evolu-
a população economicamente ativa e a população economicamente ção da dinâmica populacional brasileira. A população este ano ultra-
não ativa. passa a marca de 200 milhões de habitantes, de acordo com estimati-
A população economicamente ativa é a parcela que compreen- va IBGE divulgada em setembro, que projeta um pico populacional
de as pessoas com 10 anos ou mais de idade, de ambos os sexos, que em 2042 antes de começar a recuar nos anos seguintes.
exercem atividades extradomésticas e remuneradas. O ritmo de crescimento da população vem diminuindo nos últi-
A população não economicamente ativa é a parcela que não mos anos, segundo o IBGE, devido à menor fecundidade e à maior
exerce atividade remunerada ou que não está empenhada na procura esperança de vida. Com isso, a população deve atingir seu pico em
de trabalho remunerado, como crianças, estudantes, donas-de-casa, 2042, com estimadas 228,4 milhões de pessoas. A partir deste ano,
etc. haverá um processo de redução da população do país. A redução
No Brasil, a participação da população economicamente é cres- esperada do nível de crescimento da população estará associada, so-
cente, mas ainda inferior à de muitos países desenvolvidos. bretudo, à queda do número médio de filhos por mulher, que vem
De acordo com a atividade que exerce, a população ativa é clas-
decrescendo desde a década de 1970.
sificada nos seguintes setores:
A projeção do IBGE mostra que o número médio de filhos por
- Primário: abrange as seguintes atividades: agricultura, pecuá-
ria, silvicultura, caça e pesca. mulher é de 1,77 em 2013. Em 2020, esse índice chegará a 1,61 filho
- Secundário: abrange as seguintes atividades: indústrias de em média por mulher, recuando para 1,5 filho em 2030, o menor a
transformação, construção civil e extração mineral complexa. ser observado. Isso, também, porque as mulheres tenderão a retardar
- Terciário: abrange diversas atividades relacionadas à presta- a chegada dos filhos. Em 2013, a média gira em torno dos 26,9 anos.
ção de serviços e comércio, tais como: lojas, bancos, funcionalismo Pelas projeções, atingirá 28 anos em 2020 e 29,3 anos em 2030.
público, atividades liberais, transportes, comunicação, educação etc. A esperança de vida ao nascer atingiu 71,2 anos para homens e
Aqui é importante considerar que quanto maior o nível do atra- 74,8 para mulheres em 2013. Em 2060, espera-se um significativo
so sócio-econômico de um país, maior é a população ativa no setor aumento (77,8 anos para homens e de 81 anos para mulheres, confi-
primário. À medida que o país vai se industrializando e se urbani- gurando um ganho médio de 6,6 anos de vida para homens e de 6,2
zando, vão aumentando os ativos nos setores secundário e terciário. anos para mulheres).

Didatismo e Conhecimento 17
GEOGRAFIA
Segundo o IBGE, a caracterizada transição demográfica altera os investimentos no setor agrícola, especialmente no setor cafeeiro,
significativamente a estrutura etária da população. A queda da fe- deixavam de ser rentáveis, além das dificuldades de importação oca-
cundidade, acompanhada do aumento na expectativa de vida, vem sionadas pela Primeira Guerra Mundial e pela Segunda, passou-se a
provocando um envelhecimento acelerado da população brasileira, empregar mais investimentos no setor industrial.
representado pela redução da proporção de crianças e jovens, frente Os diferentes estabelecimentos comerciais, como a têxtil e a
a um aumento na proporção de idosos na população. alimentícia, concentraram-se principalmente no Sudeste, notada-
Após atingir o pico em 2042, o IBGE projetou que em 2060 a mente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse acelerado
população brasileira recuará para 218,173 milhões de pessoas, sen- desenvolvimento industrial necessitava de grande contingente de
do 106,1 milhões de homens e 112 milhões de mulheres. mão-de-obra para trabalhar nessas fábricas, na construção civil, no
O interior do país, formado basicamente pelas regiões Norte comércio ou nos serviços, o que atraiu milhares de migrantes do
e Centro-Oeste, constitui um imenso vazio demográfico. A maior campo para as cidades (êxodo rural).
parte da Região Norte tem densidade demográfica inferior a 1 hab/ O processo de urbanização brasileiro apoiou-se basicamente no
Km2.
êxodo rural. O campo, por vários aspectos já abordados no texto
sobre a estrutura fundiária brasileira, acabou se transformando em
um espaço de repulsão populacional. O trabalhador, na ausência
O ESPAÇO URBANO; A CIDADE COMO de oportunidades no campo, migrou para as cidades, levando a um
EXPRESSÃO DAS DESIGUALDADES enorme crescimento de muitos espaços urbanos no Brasil, dando
SÓCIO-ESPACIAIS; O DESCOMPASSO origem a enormes metrópoles e à multiplicação de cidades médias.
ENTRE O CRESCIMENTO ECONÔMICO Atualmente, a participação da população urbana no total da po-
E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO pulação brasileira atinge níveis próximos aos países desenvolvidos e
BRASIL;; A QUESTÃO AMBIENTAL DO com uma urbanização mais antiga. Em 1940, cerca de 30% do total
ESPAÇO URBANO BRASILEIRO: OCUPAÇÃO
da população do país viviam em cidades. Esse percentual cresceu
DESORDENADA DO SOLO, A QUESTÃO DO
LIXO, A CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS E aceleradamente, sendo que em meados da década de 1960 a popu-
DOS RECURSOS HÍDRICOS; O PROCESSO lação urbana já era superior à rural. Em 2000, a população urbana
DE METROPOLIZAÇÃO E O AUMENTO DA era de cerca de 81% e, em 2013, cerca de 85% de pessoas vivem em
VIOLÊNCIA. cidades no Brasil. De acordo com projeções, até 2050, a porcenta-
gem da população brasileira que vive em centros urbanos deve pular
para quase 95%, o que mostra que o Brasil ainda vive um processo
de urbanização.
Os textos apresentados a seguir irão apresentar de maneira Destaca-se, ainda, o fato do processo de urbanização no Brasil
contextualiza as informações solicitadas no edital. Por serem temas possuir singularidades em relação ao europeu, sobretudo pela dife-
extremamente interligados, algumas ideias serão abordadas em con- rença de velocidade no seu crescimento. Na Europa esse processo
junto, não seguindo rigorosamente a ordem apresentada no título é mais antigo. Com exceção da Inglaterra, único país que se tornou
destacado do texto. urbanizado na primeira metade do século XIX, a maioria dos países
europeus se tornou urbanizada entre a segunda metade do século
Urbanização Brasileira XIX e a primeira metade do século XX. Ainda, nesses países a ur-
banização foi mais ordenada, não colhendo na mesma intensidade
O processo de urbanização é o aumento proporcional da popu- os reflexos de uma urbanização acelerada e, muitas vezes, desor-
lação urbana em relação à população rural. Segundo esse conceito, denada.
só ocorre urbanização quando o crescimento da população urbana é
superior ao crescimento da população rural. Esse processo está as-
Entre os problemas acumulados em razão do crescimento de-
sociado ao chamado êxodo rural, ou seja, a transferência de pessoas
sordenado das cidades, alguns merecem destaque, quais sejam:
dos ambientes rurais para os ambientes urbanos.
• Favelização: multiplicação de moradias irregulares,
Somente na segunda metade do século XX, em meados da dé-
muitas em áreas de risco, fruto de um amplo déficit habitacional e
cada de 1960, o Brasil tornou-se um país urbano, ou seja, mais de
da desigualdade econômica dos ambientes urbanos. Cerca de ¼ da
50% de sua população passou a residir nas cidades. A partir da dé-
cada de 1950, o processo de urbanização no Brasil tornou-se cada população brasileira vive em favelas, sobretudo em grandes centros;
vez mais acelerado. Isso se deve, principalmente, à intensificação • Trânsito: o acelerado aumento na circulação de automó-
do processo de industrialização brasileiro ocorrido a partir de 1956, veis, associados a sistemas viários insuficientes, bem como a falta
como parte da “política desenvolvimentista” do governo Juscelino de serviços de transporte coletivo adequados, faz com que os proble-
Kubitschek. mas de mobilidade urbana se multipliquem;
Industrialização e Urbanização estiveram ligadas de maneira • As cidades, no seu processo de crescimento desorde-
bastante intensa no Brasil, pois as unidades fabris buscavam impor- nado, ampliam o problema denominado de macrocefalia urbana,
tantes fatores locacionais, como infra-estrutura, disponibilidade de ou seja, um aumento populacional além das estruturas disponíveis
mão-de-obra e presença de mercado consumidor. Ainda, destaca-se (como nos já citados casos de déficit habitacional e mobilidade ur-
o fato da industrialização brasileira ter se pautado no modelo de- bana, além da falta de escolas, rede de saúde, espaços para entrete-
nominado substituição de importações, ou seja, no momento que nimento, segurança pública, saneamento básico etc.

Didatismo e Conhecimento 18
GEOGRAFIA
Nos últimos anos, a rede urbana brasileira vem apresentando nada pela emissão de gases poluentes; a poluição dos recursos hí-
significativas mudanças, fruto de um amplo processo de integração dricos (cursos d´água, represas, águas subterrâneas etc); a poluição
dos mercados a partir da Globalização. sonora e visual; o acúmulo de lixo gerado pelas grandes concentra-
Estas cidades são ligadas umas as outras e dependentes entre ções populacionais etc.
si dentro das novas tendências do mercado (produção, circulação, Nesse prisma, Maricato e Tanaka (2006, p. 19) salientam que
consumo e os diversos aspectos das relações sociais). “A evolução dos indicadores urbanísticos que refletem as reais
Até a década de 1970 a rede urbana brasileira caracterizava-se condições de vida da população, por sua vez, é bastante negativa.
por uma menor complexidade funcional dos seus centros urbanos, São comuns a ocupação inadequada do solo (envolvendo áreas am-
ou seja, por um pequeno grau de articulação entre estes, com intera- bientalmente sensíveis, como margens de córregos, mangues, dunas,
ções espaciais predominantemente regionais. A partir desse momen- várzeas e matas), o crescimento acelerado de favelas (e de ocupa-
to, a a criação de novos núcleos urbanos, a crescente complexidade ções ilegais de modo geral), a ocorrência de enchentes (decorrentes
funcional dos já existentes, a mais intensa articulação entre centros da impermeabilização exagerada do solo e do comprometimento das
e regiões, a complexidade dos padrões espaciais da rede e as novas linhas de drenagem) e de desmoronamentos com mortes (devido à
formas de urbanização, entre outros aspectos, modificam a rede ur- ocupação inadequada de encostas), a degradação de recursos hídri-
bana, tornando-a mais complexa. As cidades brasileiras estão bem cos com esgotos e outros problemas.”
mais integradas. Ainda como relação aos impactos ambientais associados ao
Nessa rede urbana, algumas cidades se destacam hierarquica- processo de urbanização, torna-se relevante as contribuições de
mente. São Paulo, por exemplo, é considerada uma Metrópole Glo- Mota (2003), em que destaca e pontua tais impactos, quais sejam:
bal, pois sua influência transcende o território Nacional. Destaca-se • desmatamento;
nessa perspectiva, a cidade do Rio de Janeiro, que vem crescendo • movimentos de terra;
em visibilidade, sobretudo por conta dos inúmeros eventos já reali- • impermeabilização do solo;
zados e ainda por realizar, que acabam atraindo vultosos investimen- • aterramento de rios, lagoas etc;
tos públicos e privados. Ademais, existem as metrópoles nacionais, • modificações nos ecossistemas (em diferentes escalas);
como Belo Horizonte, Curitiba e Brasília, com papel de destaque • alterações de caráter global: efeito estufa e comprometi-
no país. Ainda, existem as Metrópoles Regionais, que acabam por mento dos níveis de ozônio (O3);
exercer grande influência em determinadas regiões, como Belém e • poluição ambiental (sonora, visual, efluentes líquidos e
Campinas. Por último, alguns centros regionais acabam exercendo sólidos etc).
influência sobre as cidades no seu entorno (Bauru-SP, Maringá-PR,
Uberlândia-SP etc.). Como é perceptível, a urbanização é um potencial gerador de
impactos ambientais. Ainda por esse prisma, Mota apud Wilhem
O ambiente urbano e os impactos ambientais (2003) salienta didaticamente alguns pontos que exemplificam al-
guns dos impactos ao meio ambiente causados pelo processo de ur-
As relações entre os homens, que tem como palco o meio am- banização, quais sejam:
biente, mostra grande parte de suas contradições no meio urbano. As 1) Desmatamento: para a instalação de residências, unidades
oportunidades de trabalho concentram-se nas cidades e, em busca comerciais e industriais torna-se inevitável a derrubada de árvores.
destas, caminham um enorme contingente populacional que acabam Esse processo, agravado pelo modo indiscriminado que foi efetua-
por gerar enormes aglomerados urbanos, que em grande parte dos do, resulta em uma impermeabilização e “aridez” excessivas das
casos são concebidos sem um planejamento adequado. cidades que acaba influindo, entre outros aspectos, nos microclimas;
Nesse sentido, MOTA apud LEFF (2001, p. 18) salienta que 2) Terraplanagem: os preparos iniciais para o parcelamento
“As aglomerações urbanas, junto com seus impactos ambien- do solo, em grande parte dos casos, alteram a topografia original,
tais negativos, são o resultado de um número de processos históricos repercutindo na drenagem natural, o que influencia diretamente no
e econômicos, incluindo a super-concentração de indústrias devido carreamento de sedimentos para fundos de vale e conseqüentes as-
aos dependentes modelos de desenvolvimento, combinada com uma soreamentos. Ademais, destaca-se fragilização da estrutura do solo;
inadequada estrutura de posse da terra, técnicas não apropriadas de 3) Erosão: o desnudamento de solos frágeis implica em pro-
agricultura e crescimento da população rural. Isso conduz ao aumen- cessos erosivos;
to do fluxo de imigrantes para as metrópoles na busca de empregos 4) Aterros: muitas áreas com cursos d’água ou nascentes são
e serviços, em taxas que as cidades não podem mais suportar. As aterradas para aumentar as áreas passíveis de parcelamento;
forças de concentração urbana já ultrapassaram as capacidades físi- 5) Legislação permissiva: observa-se, historicamente, nor-
ca e social das mega-cidades. Este processo tem exteriorizado custos mativas que foram permissivas a elevadas taxas de ocupação e apro-
sociais e ecológicos na forma de saturação dos níveis de poluição do veitamento. Quando eficientes, destaca-se a falta de estrutura para
ar, da água e sonora”. garantir o seu cumprimento;
O crescimento das cidades de forma desordenada, então, apre- 6) Elevadas taxas de ocupação: o intuito de maximizar os
senta-se como responsável por diferentes impactos ambientais. lucros oriundos do parcelamento remete à negação de espaços ne-
Cunha e Guerra (2002) afirmam que o crescimento das cidades tem cessários à infra-estruturas básicas. Destaca-se a falta de drenagem
se dado, de maneira geral, da forma mais desordenada possível, cau- urbana e a impermeabilização excessiva, levando as águas das chu-
sando naturalmente uma série de impactos ao meio-ambiente. São vas torrenciais a irem com significativa rapidez às calhas dos rios,
inúmeros esses impactos, tais como: a poluição atmosférica ocasio- provocando as enchentes;

Didatismo e Conhecimento 19
GEOGRAFIA
7) Falta de infra-estruturas: As elevadas taxas de crescimento Inegavelmente, existe uma estreita relação entre agricultura e
das grandes cidades não foram acompanhadas por investimentos em impactos ambientais no ambiente rural. Uma das principais modi-
infra-estrutura, o que acaba por gerar deficiências no abastecimento ficações efetuadas pelas práticas agrícolas em um ambiente natural
de água, coleta e tratamento de efluentes e resíduos sólidos etc. Essa é a modificação da cobertura vegetal. Conforme salienta WILHEM
lógica, com o tempo, implica em atitudes extremamente nocivas ao (1993), grande parte das atividades humanas acabam por retirar a
meio, tais como a perfuração de poços e fossas sem qualquer auto- cobertura vegetal original, sendo estas substituídas por outras ou até
rização ou rigor técnico, utilização de cursos d’água como canais de mesmo pela ausência destas.
esgoto etc. A cobertura vegetal densa intensifica, por exemplo, a infiltração
8) Atividades humanas: por esse prisma, destacam-se: as uni- da água no solo, possibilitando uma maior recarga dos lençóis sub-
dades fabris como potenciais poluidoras; o uso de veículos e com- terrâneos. Nesse sentido, Botelho e Silva (2004, p. 163) salientam
bustíveis extremamente poluentes. que
Face ao exposto, tornam-se compreensíveis as preocupações O destino das precipitações no ambiente das florestas pode as-
relativas à melhora da qualidade de vida no ambiente urbano, bem sumir vários caminhos. Uma parte fica interceptada pelos vegetais
como as medidas necessárias para o alcance desta. que constituem os diversos extratos do ambiente florestal (arbóreo,
Ademais, deve-se ressaltar que os problemas ora citados não arbustivo, herbáceo e litter ou serrapilheira). A outra parcela da
são exclusivos às grandes cidades. Presidente Prudente, por exem- chuva consegue chegar ao solo atravessando a copa das árvores ou
plo, cidade do interior de São Paulo, possui uma população de apro- escoando diretamente pelo tronco. Esta água segue, então, duas di-
ximadamente 200 mil habitantes e é considerada uma cidade média. reções: uma parte escoa pela superfície e a outra infiltra no solo. A
No entanto, observam-se ocupações irregulares de fundos de vale, água que infiltra depende das características da vertente, da estrutura
problemas estruturais com a disposição de resíduos sólidos, falta de e da textura do solo. Em subsuperfície, a água alimenta os lençóis
água em seus domínios para o abastecimento público, parcelamen- subterrâneos e os rios. Dentro do solo, a água é absorvida pelas raí-
tos de solo irregulares e clandestinos, entre outros. Esses problemas, zes dos vegetais e retorna à atmosfera pela evapotranspiração.
sem dúvida, são encontrados em muitos outros municípios brasilei- Percebe-se, então, que a retirada da cobertura vegetal acaba por
ros. interferir na dinâmica do ciclo hidrológico, uma vez que, sem a ab-
sorção do impacto da chuva feita pela vegetação, o solo fica exposto
diretamente à chuva, ao vento, etc, facilitando a ocorrência de pro-
O ESPAÇO AGRÁRIO; A QUESTÃO AGRÁRIA, cessos erosivos (WHILEM, 1993).
OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO; Ainda com relação à alteração da cobertura vegetal, deve-se ob-
SISTEMAS AGRÍCOLAS, O AGRONEGÓCIO E servar que não se pode englobar todas as atividades agropecuárias
AS TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO RURAL; como geradoras dos mesmos tipos de impactos. Pastagens e ativida-
AS ATIVIDADES AGRÁRIAS des agrícolas acarretam impactos diferentes no tocante à absorção
da água das chuvas. Segundo Botelho e Silva (2004, pg. 165)
As áreas com agricultura e pastagens irão apresentar comporta-
mento diferentes. Nas pastagens, os sistema radicular das gramíneas
favorece a infiltração, ocorrendo perdas mínimas de solo e águas
Entende-se por agricultura o conjunto de técnicas utilizadas através do escoamento superficial.
para cultivar as mais diversas plantas com o objetivo de conseguir Entretanto, deve-se ressaltar que esta conclusão remete-se a
alimentos, energia, matéria-prima para roupas, fibras, construções, pastagens com uma altura significativa das gramíneas, bem como
medicamentos, ferramentas etc. um número adequado de animais por área. A pecuária no Oeste do
A agricultura foi e é extremamente importante para a huma- Estado de São Paulo, no caso, acaba sobrecarregando pequenas
nidade. A produção de alimentos foi um dos fatores que permitiu áreas de pastagens com um número excessivo de animais, o que
ao Homem a fixação em um determinado espaço (sedentarização). acaba por influir significativamente na qualidade ambiental dos pas-
Esse processo retrocede ao Neolítico. Seguramente, a agricultura tos. Devido ao pisoteio de animais, as áreas de pastagens tornam-se
evoluiu historicamente. Novas técnicas surgem, aumentando a ca- áreas com elevado grau de erodibilidade. Por esse prisma, Botelho
pacidade de produção, quantitativa e qualitativamente. e Silva (2004, pg. 165) salientam que o pastoreio compacta o solo e
Existem diferentes sistemas de produção. Os extensivos são cria caminhos preferenciais para o escoamento superficial, aumen-
sistemas com menor capacidade de investimento, igualmente geran- tando o risco de erosão.
do menor produtividade. Nesses sistemas, existe uma maior depen- Já nas áreas agrícolas, a substituição da cobertura vegetal ori-
dência dos fatores naturais, como a água da chuva. Já nos sistemas ginal proporciona diferentes impactos. Segundo Botelho e Silva
intensivos, os recursos são mais abundantes, com grande uso de (2004, pg. 165),
maquinários, fertilizantes, defensivos agrícolas etc., gerando mais As áreas com agricultura apresentam problemas bem maiores
investimentos/produtividade. quanto ao aumento do escoamento superficial. Enquanto nas áreas
Algumas áreas no planeta se destacam por sua grande capaci- com florestas e com gramíneas predomina a infiltração, nas áreas
dade de produção. Os belts dos EUA, por exemplo, são áreas com agrícolas alguns fatores, como exposição do solo às gotas das chu-
forte capacidade produtiva. Por outro lado, algumas áreas são espa- vas, ausência de cobertura vegetal durante uma parte do ano e falta
ços pautados pela baixa capacidade tecnológica, incorrendo em mau de práticas conservacionistas, proporcionam a formação de fluxo
uso do solo e baixa produtividade. superficial.

Didatismo e Conhecimento 20
GEOGRAFIA
Os processos erosivos, além de interferirem na qualidade das Espaço Agrário Brasileiro – Breve Histórico da Estrutura
áreas agrícolas e de pastagens, acabam por proporcionar um maior Fundiária
carreamento de sedimento para os cursos d’água. Nesse sentido, Bo-
telho e Silva (2004, pg.167) salientam que: A estrutura fundiária, ou seja, o modo como as propriedades
A água do escoamento superficial aumentará significativamente rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tamanhos,
o volume de água dos rios durante os eventos chuvosos. Além disso, mostra que o Brasil é amplamente desigual nesse quesito, ou seja,
essa água também será responsável por perdas de solo por erosão. A “pouca” gente concentra a maior parte das áreas (grandes latifún-
elevada capacidade de transporte da água poderá carrear toneladas dios), enquanto uma grande maioria fica com uma fatia significati-
de sedimentos para os canais fluviais, diminuindo a fertilidade dos vamente menor do espaço agrário. Isso mostra, portanto, uma imen-
solos, pois erodem os horizontes superficiais mais ricos em nutrien- sa desigualdade no acesso à terra no Brasil.
tes e matéria orgânica; assorear e deteriorar a qualidade das águas Essa estrutural fundiária configura-se como um dos principais
dos rios, em função da enorme quantidade de sedimentos e matéria problemas do espaço agrário brasileiro, uma vez que interfere di-
retamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários e,
orgânica; e, finalmente, provocar inundações nas áreas mais baixas
diretamente, nas condições de trabalho e o modo de vida (qualidade)
da bacia hidrográfica.
dos trabalhadores rurais.
Além desses fatores, destacam-se ainda algumas atividades de
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma
preparo do solo como extremamente danosas ao meio ambiente. A discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que alguns
utilização do “gradão”, na busca de revirar o solo, acaba por torná- detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem pouca
-lo ainda mais susceptível aos processos erosivos, o que proporciona ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração fundiária
o carreamento de uma quantidade ainda maior de sedimentos aos brasileira.
cursos d’água próximos. O quadro a seguir mostra algumas características da estrutura
Ainda relacionado aos impactos ambientais ocasionados por fundiária brasileira.
atividades agropecuárias, pode-se destacar a utilização de fertilizan-
tes e defensivos químicos, o que acaba por contaminar os alimentos
produzidos, o solo e os recursos hídricos. Botelho e Silva (2004, pg.
170) salientam que:
O uso contínuo de pesticidas pode acarretar alguns problemas,
como o desenvolvimento de organismos resistentes aos agentes quí-
micos, o que exige maior dosagem ou o desenvolvimento de novos
compostos químicos. Alguns pesticidas não são biodegradáveis e
tendem a resistir durante muito tempo no meio ambiente, sem falar
nos efeitos prejudiciais dos produtos químicos em outros organis-
mos, pois grande parte dos pesticidas poderá se movimentar para o
interior do solo, afetando a fauna e a flora, e toda a cadeia alimentar.
Por fim, destacam-se os impactos relacionados ao destino in-
correto de dejetos1 animais. O volume de dejetos produzido por uma
criação, caso não passe pelos tratamentos cabíveis, possui um po- Outra forma de concentração de terras no Brasil, mais recen-
tencial elevado de poluição. BOTELHO e SILVA (2004, pg. 172), temente, é proveniente de um processo de expropriação, ou seja,
exemplificam: a venda de pequenas propriedades rurais para grandes latifundiá-
rios com intuito de pagar dívidas (muitas geradas em empréstimos
Na suinocultura há grande concentração de animais em peque-
e financiamentos bancários) ou por não conseguir competitividade
nas áreas, acarretando uma elevada produção de dejetos no mesmo
econômica frente à concorrência de grandes propriedades. Esse pro-
lugar. O poder poluente dos dejetos suínos é de 10 a 12 vezes maior
cesso como um todo favorece o êxodo rural, uma vez que muitos
em volume (em litros) do que o do esgoto humano, sendo, em alguns trabalhadores não conseguem se fixar no campo.
aspectos, como o da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), 100 Esse cenário traz diferentes problemas: o campo, centrado na
vezes mais poluente (Christimann, 1988). Isso significa dizer que produção de matérias-primas exportáveis, diversas vezes não con-
um rebanho de 250.000 cabeças de suínos produz igual volume de segue suprir o mercado interno com itens básicos da alimentação,
dejetos por dia que uma cidade com 2,5 milhões de habitantes e o inflacionando o preço dos alimentos por uma relação de maior de-
poder poluente (em DBO) equivalente ao de uma metrópole com 25 manda frente a uma menor oferta. Ainda, potencializa os conflitos
milhões de pessoas. no campo, sobretudo aqueles encabeçados por movimentos sociais
Diante do exposto, percebe-se que o ambiente rural, bem como de luta pela terra, que almejam uma estrutura fundiária mais inclusi-
as atividades deste, não está ausente dos impactos ambientais. Nes- va e com mais espaço à agricultura familiar frente ao agronegócio.
se sentido, faz-se necessário uma utilização consciente dos recursos
naturais no meio rural, na busca de arrefecer os impactos das ativi- Produção no Espaço Agrário Brasileiro
dades agropecuárias.
Na sequência do material, serão apresentadas diversas informa- O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de
ções sobre a agricultura no Brasil. alguns produtos agrícolas como o café, o açúcar, soja e suco de
1 Os dejetos são compostos por dejeções (fezes e urina), laranja. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo,
água desperdiçada pelos bebedouros e de higienização, resíduos há a necessidade de importação de alguns produtos, com destaque
de rações decorrentes do processo criatório (Christimann, 1988 para o trigo (dos EUA, Canadá e Argentina, por exemplo), cuja área
in Botelho e Silva, 2004). plantada foi reduzida a partir de 1990.

Didatismo e Conhecimento 21
GEOGRAFIA
Ao longo da história do Brasil, a política agrícola tem dirigido conquistando o papel de maior fornecedor de açúcar no mercado
maiores subsídios aos produtos agrícolas de exportação, cultivados internacional. Em 1660 a cana-de-açúcar, no Brasil, sofreu a sua
nos grandes latifúndios, em detrimento da produção do mercado in- grande crise devido à entrada no mercado internacional do açúcar
terno, obtida em pequenas e médias propriedades. Alguns dos prin- das Antilhas. Durante o início do século XVIII, a economia cana-
cipais produtos: vieira sofreu uma lenta recuperação, retornando ao ritmo normal só
na segunda metade do século XVIII, quando ressurgiram os grandes
Soja – O cultivo da soja desenvolveu-se no Brasil na Região Sul engenhos, tornando-se o açúcar o primeiro produto de nossa eco-
pelos imigrantes alemães no século XIX. Até a década de 1960, ela nomia. Hoje, a cana-de-açúcar sofre a concorrência do açúcar de
permaneceu nessa região, considerada de clima mais favorável ao beterraba no mercado internacional, onde a beterraba atende a 35%
seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que o pequeno consumo in- do consumo mundial do açúcar. São Paulo detém 60% da produção
terno não incentivava o aumento da produção. Já no final da década nacional, seguido de Alagoas e Pernambuco.
de 1960, a soja do Brasil foi colocada no mercado internacional. In-
centivada pela demanda externa, a área de cultivo expandiu-se bas- Milho – Nativo da América, o milho é cultivado em todos os
tante, especialmente pelos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do estados brasileiros, pois adapta-se facilmente às mais variadas con-
Sul, Goiás, São Paulo. Hoje, o produto é cultivado inclusive em es- dições climáticas. Entre as principais variedades cultivadas temos:
tados da região Norte e Nordeste, com forte extensão para uma área amarelo, pérola, catete, goiano, cristalino, etc. O milho é consumido
do país denominada “MAPITOBA” (área que une parte dos estados no Brasil inteiro como produto complementar da alimentação, sendo
do Maranhão, Piaui, Tocantins e Bahia . Os principais produtores que em algumas regiões toma o lugar de produto bási
são Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. co. Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais são principais
Café – O café chegou ao Brasil em 1727, trazido por Francisco produtores.
de Melo Palheta e introduzido inicialmente em Belém, no Pará. Na Feijão – O feijão ocupa mais de 4 milhões de hectares cultiva-
Amazônia, não encontrou condições favoráveis para se desenvolver dos no Brasil, o que corresponde a 11% do total da área ocupada
devido ao clima superúmido e aos solos facilmente esgotáveis. No pelas lavouras. Com essa cifra, ocupa o quarto lugar em área culti-
início do século XIX, começou a ser plantado na Baixada Fluminen- vada no Brasil. Porém muitas vezes temos que fazer a importação do
se e se espalhou por todo o Vale do Paraíba, atingindo as encostas produto para abastecer o mercado interno.
da Mantiqueira e as contra-encostas da serra do Mar. Por volta de
1860, a região de Campinas transformou-se na mais importante área Arroz – Planta originária da Ásia, especialmente do Vietnã, In-
cafeeira paulista, expandindo-se pelas manchas de terra roxa da de- donésia, Índia e China. É uma planta conhecida desde a antiguidade
pressão periférica paulista. O café sofreu inúmeras crises, tanto de e constitui o alimento básico de bilhões de seres humanos. Apesar de
superprodução, como também perdas por causa das geadas. Atual- ser um dos alimentos básicos da população brasileira, durante mui-
mente, o estado de Minas Gerais domina amplamente a produção tos anos a nossa produção não foi suficiente para atender às necessi-
nacional, com cerca de 47% do total, seguido do Espírito Santo e dades do mercado interno. A partir de 1920, as plantações de arroz
de São Paulo. se desenvolveram no Brasil, sendo que hoje o país ocupa um lugar
de destaque entre outros produtores mundiais. São cultivadas, no
Cacau – Continua sendo importante produto de exportação. É Brasil, duas variedades: o arroz de várzea e o arroz de sequeiro ou de
originário da América e seu desenvolvimento data do século XVIII encosta. O arroz de várzea é cultivado principalmente no Rio Gran-
quando começou a ser plantado no litoral da Bahia. O cacau adap- de do Sul, nos vales dos rios Jacuí e Uruguai, sendo que o arroz de
tou-se bem às condições de solo da Bahia, expandindo-se e vindo a sequeiro é cultivado especialmente em Minas Gerais e Mato Grosso.
representar, em fins do século passado, o principal produto da região
e do estado. A Bahia e o Espírito Santo dominam a produção bra- Mandioca – Um dos produtos mais antigos, já era cultivado pe-
sileira. los índios e teve grande importância econômica no período colonial
e mesmo depois da independência. Basta lembrar, que nossa primei-
Algodão – É uma das mais tradicionais culturas agrícolas do ra Constituição foi chamada de “Constituição da Mandioca”, pois
país, quer como fornecedor de matéria-prima para a indústria têxtil, esse produto foi tomado como referência para estabelecer quem se-
que como fornecedor de matéria-prima para a indústria de óleos co- ria eleitor, haja vista, que o voto era censitário. A Bahia, Rio Grande
mestíveis. Temos dois tipos de produção: o algodão arbóreo, predo- do Sul e Minas Gerais são os principais produtores nacionais.
minante no Nordeste, e o algodão arbustivo, encontrado no Nordeste
e no Sudeste. A cultura algodoeira requer investimentos de capital, Trigo – A introdução do trigo no Brasil data da primeira expedi-
pois devem ser observados os seguintes itens: * a época; * o uso ção colonizadora, que trouxe sementes da Europa. Em 1556, tentou-
de inseticidas e fertilizantes; * a prática adequada de conservação e -se o seu cultivo na capitania de São Vicente. No Rio Grande do Sul,
preparo dos solos. a cultura do trigo foi introduzida em 1749, por colonos vindos dos
Açores. Apesar de todas as pesquisas realizadas, o Brasil ainda não é
Cana-de-açúcar – Essa cultura data da época colonial. A empre- auto-suficiente e até tem diminuído sua produção nos últimos anos.
sa agrícola canavieira no Brasil apareceu como uma solução para Depois do petróleo, esse cereal é o produto que mais onera a nossa
que os portugueses ocupassem efetivamente as terras descobertas e pauta de importações. Aliado aos problemas de ordem técnica, te-
ao mesmo tempo mantivessem um fluxo de bens permanentes para mos também os problemas de ordem climática. Paraná e Rio Grande
a Europa. De 1532 a 1660 a produção de cana-de-açúcar cresceu, do Sul possuem a maior produção.

Didatismo e Conhecimento 22
GEOGRAFIA
Pecuária no Brasil - baixos índices de fertilidade;
- baixa rentabilidade;
De acordo com a classificação das atividades econômicas uti- - obtenção de carne de baixa qualidade, o que dificulta a
lizadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), a pecuária exportação;
compreende a criação de gado (bovino, suíno, equino, etc.), aves, - desmatamento de vastas áreas florestadas.
coelhos e abelhas. A criação do gado bovino é a mais difundida
mundialmente, devido à utilidade que apresenta para o homem, ou As principais áreas do país que apresentam essa realidade são a
seja, força de trabalho, meio de transporte e, principalmente o forne- periferia da Amazônia, o cerrado dos estados de Mato Grosso, Mato
cimento de carne, leite e couro. Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Minas Gerais, além do Sertão
nordestino e do Pantanal Mato-Grossense.
Áreas de Pastagens
Produção leiteira no Brasil
No Brasil, cerca de 20% do território é constituído pelas pas-
tagens naturais e artificiais. Essa cifra tem aumentado nos últimos
A principal área produtora de leite no Brasil situa-se na Região
anos, embora de maneira lenta. As pastagens artificiais apresentam
Sudeste, compreendendo as bacias leiteiras do Rio de Janeiro, São
um suporte de 1,0 cabeça de gado por hectare.
Paulo e Minas Gerais, três dos maiores centros consumidores do
A maior parte do rebanho brasileiro está com pastos insuficien-
tes, significando que são insuficientemente alimentados. A região país, e o complexo industrial de laticínios da zona de Minas Gerais
Sul do Brasil, pelas suas características morfológicas, é a que apre- com o Vale do Paraíba.
senta melhores condições para o desenvolvimento do gado. O gado leiteiro localiza-se próximo aos centros consumidores
A região Centro-Oeste possui um rebanho bovino muito nume- devido:
roso, sendo essa região responsável por boa parte do abastecimento * à maior exigência de administração e da assistência técnica;
de carne para diversas partes do país. * ao fato de ser a atividade mais intensiva;
Por outro lado, o rebanho suíno, que é o segundo mais numero- * à maior necessidade de capital;
so do país, concentra-se especialmente na região Sul, sendo o estado * à maior dificuldade de conservação do leite consumido in na-
do Paraná, aquele que possui o maior e melhor rebanho. tura;
Podemos ainda observar que os rebanhos caprino e ovino apa- * à menor distância para transporte do produto, cujo forneci-
recem predominantemente nas regiões Nordeste e Sul, sendo que mento é contínuo;
90% do gado caprino está no Nordeste e a maior parte do gado suíno * à maior facilidade da aquisição de insumos para a produção.
na região Sul. Vale a pena lembrar que a região Sul, devido às condições de
clima e solo, apresenta grandes extensões de campos que represen-
O rebanho bovino tam áreas para pastos naturais de grande qualidade. O rebanho gaú-
cho é de alta qualidade e é representado pelas raças hereford, devon,
Introduzido no Brasil por volta de 1530 em São Vicente, e logo olled angus e shorthorn para corte. Em áreas próximas às grandes
depois no Nordeste (Recife e Salvador), o gado bovino espalhou-se cidades criam-se os gados holandês, Jersey e normando para a pro-
com o tempo para as diversas regiões do país da seguinte forma: dução leiteira. As principais áreas de criação são as seguintes:
* de São Vicente, o gado atingiu o interior paulista e daí dirigiu- - Campanha Gaúcha – RS
-se às regiões Sul e Centro-Oeste; - Planalto Norte Gaúcho – RS
* do litoral nordestino, o gado espalhou-se pelo Vale do São - Campos de Vacaria – RS
Francisco, Sertão nordestino (Piauí, Maranhão), região Norte (Pará) - Campos de Lajes – SC
e Minas Gerais.
- Campos Gerais de Guarapuava – PR
A partir do século XIX as raças indianas (zebu) foram intro-
duzidas na região Sudeste, principalmente em Minas Gerais, onde
Pecuária de Corte
adaptaram-se bem e expandiram-se. Seu cruzamento com raças na-
cionais de qualidade inferior, originou o gado mestiço indubrasil.
No final do século XIX iniciou-se a importação de raças eu- O rebanho de corte da região Sudeste está concentrado princi-
ropeias selecionadas (hereford, devon, shorthorn), principalmente palmente no estado de Minas Gerais e em São Paulo. É uma ativi-
para o Sul do país, região que permitiu boa aclimatação e grande dade em expansão, porém não tem mostrado significativa melhoria
expansão. nas técnicas de criação e produtividade dos rebanhos, guardando a
O gado bovino é criado de forma predominantemente extensi- sua característica de exploração tradicional de caráter extensivo e de
va, amplamente utilizada em regiões inóspitas para garantir a posse baixo nível tecnológico.
da terra. Em regiões afastadas dos principais centros de consumo, No estado de Minas Gerais, destacamos as regiões do Triângulo
onde há deficiência no sistema de transportes, ou quando o solo não Mineiro, região do rio Doce e rio Mucuri, o médio Jequitinhonha e
oferece boas condições de utilização agrícola e, portanto, produção a região de Montes Claros. No estado de São Paulo, destacamos a
de ração, a pecuária intensiva é economicamente inviável. As prin- Alta Noroeste e a Alta Sorocaba, com destaque para as cidades de
cipais consequências econômicas dessa realidade são: Barretos e Araçatuba.
- baixo aproveitamento da terra; A especialização que se desenvolveu no Brasil Central pecuá-
- predomínio de gado rústico (zebu); rio, tendo São Paulo como o grande centro de engorda e de indus-
- alta incidência de doenças e subnutrição; trialização de carne e os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e

Didatismo e Conhecimento 23
GEOGRAFIA
parte de Minas Gerais como os fornecedores de gado magro, co- saram a produzir em larga escala, ampliando sua participação no
meça a se modificar com a implantação de frigoríficos nas áreas de comércio mundial.
produção e com a expansão e a melhoria do sistema rodoviário que, Já a Terceira Revolução Industrial é marcada pelo avanço da
atingindo esses estados, permite o fluxo contínuo da carne para os eletrônica, da informática, da robotização etc. O Japão foi um dos
centros consumidores. precursores, mas outras economias também vivem esse estágio.
Sistemas de Criação – Há dois sistemas de criação: o intensivo Vale destacar que, no mundo atual, a industrialização se distri-
e o extensivo. bui por inúmeras áreas do planeta, expandindo a produção para além
Sistema de criação intensivo – é a criação que ocupa áreas limi- dos centros industriais tradicionais. Áreas como os Tigres Asiáticos,
tadas, com rebanhos pouco numerosos. Apresenta alto rendimento por exemplo, se consolidam como grandes espaços de produção, por
em qualidade graças à aplicação de métodos científicos. Representa, oferecerem vantagens competitivas às empresas que ali se instalam
em geral, a criação destinada à produção de leite e aparece no sul (mão de obra barata, qualificada e disciplinada, por exemplo). Ou-
de Minas Gerais, no vale do Paraíba e como já vimos, em regiões tros países apresentam crescimento de sua industrialização, como o
próximas aos grandes centros urbanos. Brasil, México e Argentina, sobretudo pelo aumento do consumo
Sistema de criação extensivo – é a criação que ocupa extensas interno. Isso tudo está associado à atual fase da Globalização, na
áreas, com rebanhos numerosos e pastagens naturais em sua maio- qual as empresas procuram vantagens competitivas. Daí as grandes
ria; apresenta rendimento de baixa qualidade. Representa a pecuária empresas transnacionais possuírem filiais espalhadas por grande
destinada ao corte e é o tipo de criação predominante no Brasil. parte do planeta.
Na sequência do material serão apresentadas diversas conside-
rações sobre a economia/industrialização no Brasil.
O ESPAÇO INDUSTRIAL; FATORES DE
LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS NO ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE A ECONOMIA /
ESPAÇO GEOGRÁFICO BRASILEIRO INDUSTRIALIZAÇÃO / RELAÇÕES COMERCIAIS E FI-
E MUNDIAL; O MODELO DE NANCEIRAS DO BRASIL
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL O Brasil nasceu no seio do sistema colonial, e por séculos de-
BRASILEIRO; O IMPACTO AMBIENTAL dicou-se quase que exclusivamente à produção de gêneros agrícolas
PROVOCADO PELAS ATIVIDADES para a exportação. Mais tarde, ao longo da primeira metade do sé-
SECUNDÁRIAS. culo XX, o país passa por uma então modesta industrialização, com
vistas a produzir internamente gêneros que, antes, eram importados.
É o chamado modelo da substituição das importações, como os apli-
cados no México, Argentina etc.
INDÚSTRIA Na segunda metade do século XX, aliado à forte entrada de
capitais internacionais, o país passa a diversificar sua produção in-
A Industrialização é um processo de modernização pelo qual dustrial, inclusive com a produção de bens de consumo duráveis.
passam os meios de produção de uma determinada sociedade. É O processo de industrialização se intensificou ao longo do regime
pautada pela ampliação de tecnologias e pelo desenvolvimento da militar, inclusive com momentos de grande euforia e crescimento da
economia de modo geral. economia (milagre econômico).
O processo de evolução da indústria, como ela é conhecida Mais tarde, na década de 1980, o país passa por graves crises
atualmente, demandou um longo período. O primórdios de uma econômicas, acumulando fracassos em planos econômicos, convi-
industrialização efetiva ocorreram na Inglaterra. Isso porque a in- vendo com níveis extremamente elevados de inflação e com uma
dústria altera não só os modos de se produzir, mas são impactantes indústria nacional significativamente atrasada frente aos grandes
também nas relações sociais. centros. No início dos anos 90, o país passa por um processo de
No século XVIII ocorre a chamada Primeira Revolução Indus- abertura econômica a produtos estrangeiros, inclusive com vistas a
trial, quando a Inglaterra baseia seu desenvolvimento econômico aumentar a concorrência interna e estimular o investimento e o cres-
nas indústrias, promovendo o cercamento dos campos (enclosures) e cimento. Paralelo a isso, o país passa por privatizações, diminuindo
empurrando os trabalhadores para as áreas que se urbanizavam atra- a participação do estado em alguns ramos e setores.
vés da produção industrial. Ao mesmo tempo, esse processo libera Com a estabilização da moeda (Plano Real, a partir de 1994),
mão-de-obra em abundância, amplia o mercado consumidor e dis- a economia passa por momentos mais estáveis e de crescimento,
ponibiliza terras à produção capitalista. A Industrialização promove incentivando a ascensão em vários setores, fazendo o país a ocupar
mudanças que vão muito além da utilização de máquinas, pois re- uma posição de destaque na economia mundial.
presenta novas formas de organização social, sobretudo com a forte Atualmente, o Brasil ocupa uma posição de emergente no ce-
divisão entre detentores dos meios de produção e o proletariado, ou nário internacional, inclusive é membro do BRICS, um grupo que
seja, aquele que vende sua força de trabalho. reúne algumas das economias que mais crescem no planeta. No
Na Primeira Revolução Industrial, destaca-se, ainda, o uso do entanto, os últimos dados sobre o crescimento da economia brasi-
ferro como matéria prima e do carvão mineral como principal fonte leira estão aquém das médias desses emergentes. Enquanto Rússia,
energética. África do Sul e Índia cresceram, em média, cerca de 4% (e a China
A Segunda Revolução Industrial aumentou significativamente quase 8%), o Brasil teve um modesto crescimento de 0,9%. Isso se
a quantidade de países participantes da evolução industrial. É uma deve a problemas que a gestão econômica enfrentam em equacionar
fase marcada pelo uso do aço, do petróleo e da energia elétrica. Paí- crescimento econômico a controle da inflação. Ainda, merece des-
ses como EUA, Alemanha, Itália, Japão e mesmo a Inglaterra pas- taque o fato da estrutura brasileira (portos, aeroportos, produção de

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GEOGRAFIA
energia e matérias-primas em geram aumentarem significativamente destaque para as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre.
o chamado “Custo Brasil”, dificultando a concorrência no merca- Destacam-se ainda outras áreas industriais, como Blumenau, Joinvi-
do externo. Mais investimentos nesses setores seriam fundamentais lle, Maringá e Londrina. A agropecuária é bem forte na região, como
para dinamizar a economia nacional. Na composição de seu PIB, a na produção de soja, milho, carne de frango e de porco etc.
maior participação está relacionada ao setor terciário (comércio e
serviços). O gráfico a seguir mostra a participação dos setores da QUESTÃO AMBIENTAL / IMPACTOS AMBIENTAIS
economia na composição do PIB. DO SETOR SECUNDÁRIO

A Questão Ambiental

Alguns assuntos relativos a este tema já foram abordados em


outros tópicos deste material, como na identificação dos biomas e
na caracterização climática do Brasil. Neste momento, serão apre-
sentadas algumas reflexões mais amplas, abordando a construção da
Questão Ambiental, bem como diversos impactos relacionados aos
ambientes rurais e urbanos.
A história do homem na terra é marcada por uma constante
apropriação da natureza. Desde as primeiras civilizações, com in-
tensidades diferentes, o homem precisou se alimentar, morar, entre
outros e, para tanto, enxergou nos recursos naturais as soluções para
as suas necessidades. Entende-se recurso natural como qualquer in-
O Brasil, atualmente, apresenta uma balança comercial supe- sumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas neces-
ravitária, mesmo sendo majoritariamente um exportador de bens sitem para sua manutenção (BRAGA, 2.005, p. 4).
primários e importador de gêneros industrializados. Seguem alguns Nesse sentido, Schonardie (2.003, p.26) salienta que existência
dos principais produtos da pauta de exportações/importações brasi- a dos danos ambientais coincide com a própria história da existência
leira. do ser humano na face da Terra, isto é, desde os princípios, o homem
• Exportados: minério de ferro, aço, soja e derivados, tem devastado, poluído e destruído o meio em que vive.
automóveis, cana-de-açúcar, aviões, carne bovina, café e carne de Outros autores reforçam essa concepção. CUNHA e GUERRA
frango; (2.002, p. 219), salientam que, em princípio, qualquer atividade hu-
• Importados: petróleo bruto, produtos eletrônicos, peças mana causa impactos ambientais.
para veículos, medicamentos, automóveis, óleos combustíveis, gás Entretanto, deve-se ressaltar que num período mais recente a
natural e motores para aviação; interação entre homem e natureza vem se tornando fortemente noci-
va ao meio ambiente. Pós Idade Média, o homem traz ao centro do
Ressalta-se que a economia brasileira é bastante heterogênea no pensamento a valorização do racionalismo. Esta concepção altera a
território. O Sudeste, por exemplo, apresenta o maior parque indus- relação entre homem e meio, uma vez que a natureza passa, cada vez
trial do Brasil. Abriga as maiores montadoras e siderúrgicas do país. mais, a ser enxergada como um recurso passível das mais diferentes
Os serviços e o comércio são bem sofisticados e diversificados, além explorações.
de representarem a principal atividade econômica da região. Nesse sentido, Leff (2001) salienta que esta visão mecanicista
Já a economia da região Norte baseia-se, principalmente, no ex- da razão cartesiana acaba por gerar o princípio construtivo de um
trativismo vegetal de produtos como madeira, látex, açaí e castanha. modelo econômico que predominou sobre diferentes sociedades, le-
A atividade de mineração também é muito forte na região, princi-
vando a uma falsa idéia de progresso da civilização moderna. Desse
palmente extração de ferro, cobre e ouro. Merece destaque também
modo, a racionalidade econômica interpreta a natureza como um
a Zona Franca de Manaus, que atrai empresas devido a incentivos
mero recurso, gerando processos de destruição ecológica e degra-
fiscais oferecidos pelo Governo Federal.
dação ambiental.
A economia do Nordeste é bem diversificada. Há uma gran-
Ainda por esse prisma, Branco (2003) esclarece que
de presença de indústrias, como nas metrópoles Recife, Salvador e
Fortaleza, além de turismo, agronegócio e exploração de petróleo. “A preservação do meio ambiente é, também, um problema que
A cana-de-açúcar é o principal produto agrícola da região, além da passa pela história cultural do Ocidente, capitalista, voltado para a
crescente fruticultura irrigada no Vale do Rio São Francisco. tecnologia, que tem por meta a produção em massa e a padronização
O Centro-Oeste tem uma economia que gira em torno da agro- e que dá a ilusão de um crescimento ilimitado, privilegiando alguns
pecuária (plantações de soja, milho, entre outros), pecuária bovina segmentos da sociedade em detrimento de outros. O poder político e
e indústrias. No entanto, atualmente, muitas industrias se instalaram econômico é exercido por uma classe organizada e dominante, que
nessa região, como nas cidades de Catalão, Anápolis, Goiânia, Bra- tem em vista somente o seu bem-estar econômico. Caracteriza essa
sília etc. sociedade o espírito competitivo e o não cooperativismo. É a com-
Por fim, no Sul, a maior parte das riquezas provém do setor petição da Economia, do mundo dos negócios, do consumismo, e
de serviços. O ramo industrial é representado, principalmente, pe- esse comportamento leva à exploração e à destruição dos recursos
los setores metalúrgico, automobilístico, têxtil e alimentício, com naturais”. (pg 5)

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GEOGRAFIA
As reflexões ora apresentadas remetem a uma organização so- grande foco das preocupações da sociedade, da política, das ONG’s
cial que, aparentemente, não se preocupava com os impactos dessa e de empresas e que, no presente contexto mundial, é oportuno abor-
exploração exacerbada. As duas primeiras revoluções industriais, darmos as questões relativas ao meio-ambiente. Nunca na história
por exemplo, tinham por único objetivo a maximização da produção da humanidade constatou-se tanta preocupação, pesquisas e projetos
e, conseqüentemente, os lucros oriundos desta. Houve a necessidade de preservação do meio-ambiente como nas últimas três décadas.
de um número cada vez maior (e em maior quantidade) de matérias Como destaque para esta emergente preocupação da socieda-
primas que garantissem o crescimento ilimitado da produção. de contemporânea com os impactos ambientais podemos destacar
Mediante todo esse crescimento econômico, ficou evidente as Conferências Mundiais, onde foram discutidos os problemas e
que o ambiente não tardaria a demonstrar que a exploração ocor-
as possíveis soluções para estes. Destacam–se as conferências de
ria de forma agressiva. A poluição atmosférica, a dificuldade cada
Estocolmo – Suécia (1972), Rio de Janeiro – Brasil (1992), Johan-
vez maior para o abastecimento hídrico, o complexo destino a ser
nesburgo – África do Sul (2002), Rio + 20 – Rio de Janeiro - Brasil
dado ao lixo dessa sociedade consumista entre outros, começou a
impactar o próprio causador de todos esses problemas: a sociedade (2012).
mundial. Nesse sentido, Duarte (2003, p 11) salienta que Ademais, observa-se a criação de uma série de leis que visam
“...os problemas ecológicos decorrentes do desenvolvimento regulamentar a interação Homem-meio, impondo determinados li-
das técnicas científicas apareciam em diversas áreas: na indústria, mites à ocupação do espaço, bem como ao processo produtivo. No
na agricultura, nas cidades. Londres e outras cidades européias apre- caso do Brasil, destaca-se as Resoluções CONAMA, o Código Flo-
sentavam, na década de 1950, índices de poluição que provocavam restal, A Lei de Parcelamento de Solo Urbano, o Estatuto da Cidade
graves doenças na população”. (Lei 10257-2001), entre outras. Todas citadas, de uma forma ou de
Ainda nesse sentido, Bastos e Freitas in Cunha e Guerra outra, acabam regulamentando as interações entre a sociedade e o
(2.002, p. 17) salientam que meio natural, na busca de garantir um certo controle na apropriação
“Esta mentalidade resultou em desequilíbrio ambiental, que do meio natural.
atualmente se manifesta de diversas formas: poluição hídrica, po- Por fim, deve-se reforçar que a Questão Ambiental possui
luição atmosférica, chuva ácida, destruição da camada de ozônio. origem no próprio homem e somente mudanças na concepção de
E os processos erosivos são apenas alguns exemplos dos problemas mundo deste fará com que a sobrevivência de futuras gerações seja
ambientais que comprometem a nossa qualidade de vida”. garantida. Para tanto, é importante que a natureza passe a ser vis-
Nesse mesmo enfoque, BASTOS e FREITAS (2002) salientam ta como mais do que um recurso. Trata-se de conciliar a ânsia por
que a interação do homem com o meio-ambiente, seja essa inte- crescimento com a necessidade de se considerar a finitude do que
ração de forma harmônica ou prejudicial para uma das partes, irá
chamamos de natural.
provocar sérias mudanças em nível global. Essas mudanças, decor-
rentes da relação histórica sociedade-natureza, tem gerado profun-
das discussões sobre as questões ambientais em todos os segmentos
da sociedade. Em complementação, Braga (2005, p. 6) salienta que OS RECURSOS MINERAIS E AS FONTES
os efeitos da população podem ter caráter localizado, regional ou DE ENERGIA; O SISTEMA VIÁRIO
global. Os mais conhecidos e perceptíveis são os efeitos locais ou BRASILEIRO: O ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO
regionais, os quais, em geral, ocorrem em áreas de grande densidade E SUA DINÂMICA
populacional ou atividade industrial, correspondendo às aglomera-
ções urbanas em todo o planeta, que floresceram com a Revolução
Industrial.
Inegavelmente, o setor secundário é um potencial gerador de RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA
impactos ambientais. A transformação de diversas matérias primas
em diferentes produtos acaba por acumular alterações negativas ao O Homem, durante toda a história, necessitou, em maio ou me-
ambiente em várias etapas da produção. nor escala e variedade, de recursos naturais. Contudo, é num período
mais recente que a humanidade faz uso dos chamados recursos natu-
Alguns pontos podem ser destacados, como: rais numa escala muito mais significativa.
• A forte pressão em diferentes ecossistemas pela busca Entende-se como recursos naturais tudo aquilo que é necessário
de matérias primas (combustíveis, madeira, solo, água, fibras, pro- ao homem e que se encontra na natureza, como o solo, a água, o oxi-
dutos agrícolas etc.);
gênio, energia vinda do Sol, madeiras, carvão mineral, petróleo, gás,
• A poluição oriunda da geração de resíduos sólidos e
vento etc.. Os recursos naturais são classificados em dois grupos
efluentes líquidos;
distintos, ou seja, os recursos naturais não renováveis e os recursos
• A contaminação do ar em razão da emissão de gases
poluentes; etc. naturais renováveis.
Os recursos naturais não renováveis englobam todos os ele-
O mundo, sobretudo na segunda metade do século XX, passa mentos que são usados nas atividades humanas e que não têm ca-
a assistir a uma onda de preocupação com o meio-ambiente. Di- pacidade de renovação a curto e médio prazo (possivelmente, com
ferentes movimentações políticas e sociais eclodem em diferentes milhões de anos, eles possam aparecer novamente). Como exemplo,
países. A sociedade civil também passa a se organizar na busca de temos o alumínio, o ferro, o petróleo, o ouro, o estanho, o níquel etc.
contribuir para a problemática ora apresentada. Schonardie (2.003, Isso significa que quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem,
p.17) afirma que, atualmente, a questão ambiental tem se tornado o por isso a preocupação com as gerações futuras.

Didatismo e Conhecimento 26
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Já os recursos naturais renováveis possuem a capacidade de renovação após serem utilizados pelo homem em suas atividades produtivas.
Podem ser citados como exemplos a madeira, água, plantas, solo, energia vinda do sol e do movimento da água e vento etc. Caso haja o uso
ponderado de tais recursos, certamente não se esgotarão.
Dentre os recursos naturais, muitos deles são considerados fontes para a produção de energia. Assim como os recursos, as fontes possuem
origem em materiais renováveis ou não renováveis.
O gráfico a seguir mostra as principais fontes de energia utilizadas no Brasil no Mundo.

Fonte: http://energiaslalternativas.blogspot.com.br/

TRANSPORTE NO BRASIL

A infra-estrutura de um determinado país é composta por um vasto conjunto de atividades que proporcionem condições para o desenvolvi-
mento econômico e social. Uma dessas atividades são os serviços de transporte, fundamentais para o deslocamento de pessoas e mercadorias.
O transporte pode ser realizado de diferentes formas, por diferentes modais, individualmente ou combinados. Sendo assim, os meios de
transporte são classificados em:
 Ferroviário: transporte terrestre, sobre trilhos. Ele é muito vantajoso para o transporte de cargas pesadas, sobretudo de matérias-
-primas.
 Rodoviário: transporte terrestre, feito em carros, caminhões ou ônibus, que se deslocam em ruas, rodovias ou estradas em diferentes
condições. Costuma possuir valor elevado, em razão da baixa capacidade de carga. No entanto, é valorizado pela versatilidade.
 Marítimo: transporte aquaviário, com deslocamento intercontinental de cargas e passageiros por mares ou oceanos.
 Fluvial: transporte aquaviário, em barcos ou balsas, que se movimentam sobre os rios capazes de suportá-lo.
 Aéreo: muito rápido, com uso de aviões e helicópteros, predominantemente. Eficaz para o transporte de passageiros, porém, em razão
dos elevados custos e espaço reduzido, não é adequado para o transporte de cargas pesadas.
 Dutoviário: transporte por tubos (dutos), podendo ser gasodutos (substâncias gasosas), oleodutos (líquidas) ou minerodutos (substân-
cias sólidas).

Historicamente, o Brasil passou por momentos distintos no tocante à utilização/distribuição dos meios de transportes. Nota-se, num primei-
ro momento, uma forte dependência da navegação marítima, estabelecendo relações entre a metrópole e a colônia.
Já no princípio da colonização e no seu desenvolvimento, o país possuía diversos caminhos coloniais, seja para exploração das terras ao
interior, seja para o transporte de mercadorias, com, por exemplo, o uso de tração animal.
Já no século XIX, iniciam-se a implantação de ferrovias no Brasil, notadamente ligadas ao escoamento da produção cafeeira das áreas
produtoras até os portos exportadores, como o de Santos-SP.
Já no Século XX, inicia-se no Brasil um período pautado pelo Rodoviarismo, ou seja, a expansão da malha rodoviária em detrimento da
ferroviária.
Atualmente, o país apresenta, ainda uma forte concentração do transporte de cargas e passageiros com base em rodovias.
Seguem, a seguir, alguns gráficos, tabelas e figuras sobre o transporte no país:

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GEOGRAFIA

Ano: 2005 – Fonte: www.biodieselbr.com

Nota-se que, no país, existe uma quantidade significativa de vias terrestres. No entanto, grande parte apresenta condições precárias, inclu-
sive sem pavimentação.

Ano: 2005 – Fonte: www.biodieselbr.com

A tabela apresentada evidencia o que já havia sido mencionado anteriormente, ou seja, o predomínio do transporte rodoviário em detri-
mento dos demais.
Por fim, muito se discute no país sobre a necessidade de melhorias no transporte nacional. Essas melhorias vão desde a pavimentação e
melhorias nas condições nas rodovias nas áreas interiores do país; revisão nos valores das rodovias pedagiadas, já que as tarifas elevadas encare-
cem o preço do frete e fazem com que alguns produtos percam competitividade; a melhoria na capacidade de escoamento dos portos brasileiros;
reativação de diversos trechos de ferrovias; aproveitamento dos potenciais que o país possui para a navegação fluvial; aumento na capacidade
do transporte aeroviário; melhoria na mobilidade urbana, sobretudo em grandes centros etc.

A NOVA ORDEM GEOPOLÍTICA MUNDIAL;


A INSERÇÃO DO BRASIL NO MUNDO
GLOBALIZADO

Durante a segunda metade do Século XX, o mundo viveu sob uma divisão bipolar do planeta, ou seja, o bloco capitalista, liderado pelos
EUA, e o socialista, liderado pela URSS. Naquela época, a divisão do mundo era a seguinte: Primeiro Mundo ou os países capitalistas desenvol-
vidos, Segundo Mundo ou os países socialistas e Terceiro Mundo ou os países capitalistas subdesenvolvidos. O mapa a seguir mostra o bipolar:

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GEOGRAFIA

Fonte: http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/220.htm

Com o fim da Guerra Fria, a ordem bipolar deu origem a um mundo multipolar, marcado pelo surgimento de novos centros de tomada de
decisão e influência na economia e sociedade mundial.
A Nova Ordem Mundial significa o plano geopolítico internacional das correlações de poder e força entre os Estados Nacionais após o final
da Guerra Fria. Mediante a queda do Muro de Berlim, no ano de 1989, a desestruturação da URSS, em 1991, o mundo se viu diante de novas
realidades geopolíticas. A soberania dos Estados Unidos e do capitalismo se estendeu por praticamente todo o mundo. A ordem bipolar, em tese,
dá origem a uma ordem unipolar, centrada nos EUA. No entanto, posteriormente ganha força a chamada multipolaridade, pois, após o término
da Guerra Fria, o poderio militar não era mais o critério principal a ser considerado para determinar a potencialidade global de um país, mas
sim o poder econômico. Nessa perspectiva, outros países emergem para rivalizar com os EUA, como o Japão e a Alemanha reunificada em um
primeiro momento. Nos anos 2000, também surgem os emergentes, com destaque para a China.
Alguns autores também defendem a chamada unimultipolaridade, ou seja, “uni” para apontar a supremacia militar e política dos EUA e
“multi” para designar os múltiplos centros de poder econômico.
Ainda, a Nova Ordem Mundial reclassificou a hierarquia entre os países. A antiga divisão entre 1º mundo (países capitalistas desenvolvi-
dos), 2º mundo (países socialistas desenvolvidos) e 3º mundo (países subdesenvolvidos e emergentes) deu lugar a divisão entre desenvolvidos
(“Norte”) e Subdesenvolvidos (“Sul). Mais recentemente, ganha força também uma posição intermediária, a dos subdesenvolvidos industria-
lizados ou emergentes.

A imagem a seguir ilustra esta divisão:

Didatismo e Conhecimento 29
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A GLOBALIZAÇÃO Ademais, em razão de recentemente ter sediado (e ainda sedia-
rá) importantes eventos, o país acaba sendo colocado em evidência.
A Globalização deve ser entendida como um amplo processo de Por fim, como já foi mencionado, o país também é figura exem-
integração entre países, culturas, sociedades e mercados, em escala plar das desigualdades provocadas pela globalização, apresentando
global, inegavelmente associados à evolução nos meios de comuni- um espaço interno e uma sociedade extremamente heterogêneos,
cação e transporte. fruto desse processo.
Diversos autores divergem sobre os primórdios da Globaliza-
ção. Alguns abordam que o próprio processo de expansão marítimo-
-comercial europeia, gerando maior integração entre os continentes, 11. A ORGANIZAÇÃO GEOPOLÍTICA
foi o berço da Globalização. Por outro lado, outros enxergam que BRASILEIRA: REGIÕES.
essas ações se tornam mais evidentes somente a partir da segunda 11.1 A BAHIA: LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA,
metade do século XX, com novas tecnologias (telefonia, internet A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO, AS
etc.) “encurtando” as distâncias. MESORREGIÕES, MANIFESTAÇÕES
As integrações a partir do advento da Globalização passam por SOCIOCULTURAIS, A ORGANIZAÇÃO DO
diferentes temas e escalas: ESPAÇO ECONÔMICO BAIANO.
• A economia é amplamente integrada, fruto de uma cada
vez mais intensa interdependência entre os mercados, respeitadas as
especificidades da DIT atual; as empresas reproduzem suas relações A Bahia é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situ-
em várias áreas do globo, aproveitando as vantagens competitivas ada a sul da Região Nordeste e é o maior estado da região, fazendo
dos novos fatores locacionais, multiplicando os fluxos de capitais limites com oito outros estados brasileiros, sendo eles: Minas Gerais
entre diferentes pontos; a sul, sudoeste e sudeste, Goiás a oeste e sudoeste, Tocantins a oeste
• Cresce a difusão de uma cultura global, uma vez que al- e noroeste, Piauí a norte e noroeste, Pernambuco a norte, Alagoas
guns espaços economicamente dominantes possuem maior facilida- a nordeste, Sergipe a nordeste e Espírito Santo a sudeste. A leste, é
de e potencial em expandir seus costumes, hábitos, idiomas, padrões banhada pelo Oceano Atlântico e tem, com novecentos km, a mais
etc., ampliando uma visão cosmopolita de mundo; extensa costa de todos os estados do Brasil com acesso ao Oceano
• A detenção da construção e difusão da informação ga- Atlântico. Ocupa uma área de 564.733,177 km², sendo pouco maior
nha cada vez mais força. Nota-se, também, que a circulação é cada que a França. Dentre os estados nordestinos, a Bahia representa a
vez mais rápida e intensa. Por outro lado, o conhecimento produzido maior extensão territorial, a maior população, o maior produto inter-
torna-se obsoleto de maneira bastante rápida, carecendo de constan- no bruto, o maior número de municípios, além de ser o estado que
te inovação e evolução. mais recebe turistas na região.
A capital estadual é Salvador. Além dela, há outras cidades in-
Por outro lado, é importante reconhecer que o processo de glo- fluentes na rede urbana baiana, como as capitais regionais Feira de
balização possui algumas situações/problema, das quais alguns pon- Santana e Vitória da Conquista, o bipolo Itabuna-Ilhéus, Barreiras e
tos merecem destaque: o bipolo Juazeiro-Petrolina, esta última é um município pernambu-
• A cultura global, por sua intensidade e poder de mul- cano e núcleo, junto com Juazeiro, da RIDE Polo Petrolina e Juazei-
tiplicação, por vezes acaba tendo um papel de sufocamento junto ro. A essas, somam-se, por sua população e importância econômica,
às culturas locais e regionais, gerando uma certa “homogeneização três municípios integrantes da Grande Salvador: Camaçari, Lauro de
cultural”; Freitas e Simões Filho; e os municípios interioranos de Alagoinhas,
• A mesma velocidade que reproduz conceitos positivos Eunápolis, Jequié, Teixeira de Freitas, Porto Seguro e Paulo Afonso.
é a que multiplica cenários nefastos, como ações terroristas, intole- Parte mais antiga e um dos primeiros núcleos de riqueza açuca-
reira da América Portuguesa, recebeu a Bahia imenso contingente e
râncias, crises econômicas, epidemias etc.;
enorme influência de trabalhadores compulsórios africanos, trazidos
• A Globalização é um processo desigual no tempo e no
pelos colonizadores europeus para seus engenhos e fazendas, em
espaço, sendo que a forte inclusão de uns acaba por potencializar a
especial do Golfo da Guiné, das antigamente chamadas costas dos
exclusão de outros. É enganoso pensar que a evolução nas comu-
escravos, da pimenta, do marfim e do ouro, no oeste africano, com
nicações e transportes foram capazes de universalizar a riqueza, a destaque para o país iorubá e o antigo reino de Daomé. Diferente-
inovação tecnológica, os avanços na medicina etc. Na verdade, fica mente disso, muito depois, o Rio de Janeiro recebeu escravos de
evidente a construção de espaços privilegiados em detrimento de Angola e Moçambique. Assim, a influência da cultura africana na
outros onde se multiplica a exclusão. Bahia permaneceu alta na música, na culinária, na religião, no modo
de vida de sua população, não só ao redor de Salvador e Recôncavo
O Brasil está amplamente inserido no mundo globalizado, co- baiano, mas, principalmente, em toda a costa baiana. Um dos sím-
lhendo as virtudes e, paralelamente, as desvantagens de um sistema bolos mais importantes do estado é a da negra com o tabuleiro de
complexo, heterogêneo e desigual. É grande o número de turistas acarajé, vestida de turbante, colares e brincos dourados, pulseira,
brasileiros que circulam pelo mundo, cada vez mais bem recebidos saias compridas e armadas, blusa de renda e adereços de pano da
em razão, sobretudo, de movimentarem as economias visitadas. costa, a típica baiana.
Ainda, o país, por seu crescimento econômico, busca ser cada Foi na Bahia, entre Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro, que
vez mais ativo em questões geopolíticas supranacionais, inclusive a frota de Pedro Álvares Cabral ancorou, no ano de 1500, marcando
tentando insistentemente uma cadeira definitiva no Conselho de Se- o descobrimento do Brasil pelos europeus e a celebração da primeira
gurança da ONU. missa, na praia da Coroa Vermelha, feita por frei Henrique Soares de

Didatismo e Conhecimento 30
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Coimbra. É de se destacar também o decreto de abertura dos portos Zonas Turísticas
às nações amigas, promulgada em 28 de janeiro de 1808 por meio
de uma Carta Régia pelo príncipe regente D. João VI de Portugal, na
Capitania da Baía de Todos os Santos, acabando com o monopólio
comercial e abrindo a economia brasileira para o comércio exterior.
Em 1º de novembro de 1501, o navegante florentino Américo Ves-
púcio, a serviço da Coroa portuguesa, descobriu e batizou a Baía de
Todos-os-Santos, maior reentrância de mar no litoral desde a foz do
Rio Amazonas até o estuário do Rio da Prata. A povoação formada
nessas margens tornou-se a primeira sede do governo-geral em mar-
ço de 1549 com a chegada do fidalgo Tomé de Sousa, a mando do rei
D. João III de Portugal para fundar a que seria, pelos próximos 214
anos, a cidade-capital da América portuguesa, Salvador.
Ao longo da história, a Bahia recebeu diversos encômios como
Boa Terra e Terra da Felicidade, por causa de sua população alegre
e festiva. Possui um alto potencial turístico, que vem sendo mui-
to explorado através de seu litoral, o maior do Brasil, da Chapada
Diamantina, do Recôncavo e de outras belezas naturais e de valor
histórico e cultural. Apesar de ser a oitava maior economia do Bra- Mesorregiões: as sete mesorregiões baianas são:
sil, com o produto interno bruto superior a 150.000.000.000 de re-
ais, são pouco mais de 11.000 reais de PIB per capita. Isso gera um - Mesorregião do Extremo Oeste Baiano
quadro em que a renda é mal distribuída, se refletindo no Índice de - Mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia
Desenvolvimento Humano: 0,66 em 2010, o sexto menor do Bra- - Mesorregião do Centro-Sul Baiano
- Mesorregião do Sul Baiano
sil, equivalente ao Índice de Desenvolvimento Humano de 2010 do
- Mesorregião do Centro-Norte Baiano
Egito. Na Bandeira do Brasil, o estado da Bahia é representado pela
- Mesorregião do Nordeste Baiano
estrela Gamma Crucis da constelação do Cruzeiro do Sul (Crux). - Mesorregião Metropolitana de Salvador
A Bahia possui em sua divisão política quatrocentos e dezessete
municípios, agrupados geograficamente pelo IBGE em sete mesor-
regiões e trinta e duas microrregiões.
- Turisticamente pela PRODETUR/BA em zonas turísticas, as
quais são Baía de Todos os Santos, Costa dos Coqueiros, Costa do
Dendê, Costa do Cacau, Costa das Baleias, Costa do Descobrimen-
to, Caminhos do Oeste, Chapada Diamantina e Lagos do São Fran-
cisco.
- Economicamente e pelo governo da Bahia nas regiões Metro-
politana de Salvador, Extremo Sul, Oeste, Serra Geral, Litoral Nor-
te, Sudoeste, Litoral Sul, Médio São Francisco, Baixo Médio São
Francisco, Irecê, Chapada Diamantina, Recôncavo Sul, Piemonte da
Diamantina, Paraguaçu e Nordeste.

Regiões Econômicas

Microrregiões

Esta é uma lista de microrregiões do estado da Bahia, as 32


microrregiões baianas são:

Microrregião de Barreiras
Microrregião de Santa Maria da Vitória
Microrregião de Cotegipe
Microrregião de Bom Jesus da Lapa
Microrregião de Barra
Microrregião de Juazeiro
Microrregião de Paulo Afonso

Didatismo e Conhecimento 31
GEOGRAFIA
Microrregião de Itapetinga A Organização do Espaço Geográfico
Microrregião de Vitória da Conquista
Microrregião de Brumado A Bahia é o quinto estado do país em extensão territorial e equi-
Microrregião de Guanambi vale a 36,3% da área total do Nordeste brasileiro e 6,64% do territó-
Microrregião de Livramento do Brumado rio nacional. Da área de 567.295,67 km², cerca de setenta por cento
Microrregião de Boquira encontram-se na região do semiárido. O seu litoral é o maior entre os
Microrregião de Seabra estados brasileiros, com 1.183 quilômetros. Possui famosas praias,
Microrregião de Jequié como a Praia de Itapuã, diversas vezes homenageada em músicas e
Microrregião de Porto Seguro poesias.
Microrregião de Ilhéus-Itabuna
Microrregião de Valença Hidrografia
Microrregião de Irecê
Microrregião de Senhor do Bonfim O principal rio é o São Francisco, que corta o estado na direção
Microrregião de Jacobina sul-norte. Com importância análoga, os rios Paraguaçu - maior rio
Microrregião de Itaberaba genuinamente baiano, e o de Contas - maior bacia situada apenas
Microrregião de Feira de Santana no estado, que se somam os rios Jequitinhonha, Itapicuru, Capivari,
Microrregião de Jeremoabo Rio Grande, entre outros que compõem um total de 16 bacias hidro-
Microrregião de Euclides da Cunha gráficas.
Microrregião de Ribeira do Pombal
Microrregião de Serrinha Relevo
Microrregião de Alagoinhas
Microrregião de Entre Rios Seu território está situado na fachada atlântica do Brasil. O rele-
Microrregião de Catu vo é caracterizado pela presença de planícies, planaltos, e depressões
Microrregião de Santo Antônio de Jesus e as formas tabulares e planas (chapadas, chapadões, tabuleiros). As
altitudes da Bahia são modestas, de modo geral: o território baiano
Microrregião de Salvador
possui uma elevação relativa, já que 90% de sua área está acima de
200 metros em relação ao nível do mar.
Os pontos mais elevados (culminantes) na Bahia são o Pico do
Barbado, com 2.033,3 metros, localizado na Serra dos Barbados,
entre os municípios de Abaíra e Rio do Pires e o Pico das Almas,
com 1.836 metros, localizado entre os municípios de Érico Cardoso,
Livramento de Nossa Senhora e Rio de Contas, na Serra das Almas.
O planalto e a baixada são as suas duas grandes unidades mor-
fológicas bastante caracterizadas.
Os chapadões e as chapadas presentes no relevo mostram que
a erosão trabalhou em busca de formas tabulares. Um conjunto de
chapadões situados a oeste recebe, na altura do estado, o nome de
Espigão Mestre.
Os planaltos ocupam quase todo o estado, apresentando uma
série de patamares, por onde cruzam rios vindos da Chapada Dia-
mantina, da serra do Espinhaço, que nasce no centro de Minas Ge-
rais, indo até o norte do estado, e a própria Chapada Diamantina, de
formato tabular, marcando seus limites a norte e a leste. O planalto
Municípios semi-árido, localizado no sertão brasileiro, caracterizado por baixas
altitudes.
O relevo que predomina o estado baiano é a depressão.
As planícies estão situadas na região litorânea, onde a altitude
não ultrapassa os 200 metros. Ali, surgem praias, dunas, restingas
e até pântanos. Quanto mais se anda rumo ao interior, mais surgem
terrenos com solos relativamente férteis, onde aparecem colinas que
se estendem até o oceano. As planícies aluviais se formam a partir
dos rios Paraguaçu, Jequitinhonha, Itapicuri, de Contas, e Mucuri,
que descem da região de planalto, enquanto o rio São Francisco atua
na formação do vale do São Francisco, onde o solo apresenta for-
mação calcária.
Um único recorte no litoral baiano, determina o surgimento do
Recôncavo baiano, cuja superfície apresenta solo variado, sendo
muito pouco fértil em algumas áreas, enquanto em outras a fertilida-
de é favorecida pela presença do solo massapê, formado por terras
de origem argilosa.

Didatismo e Conhecimento 32
GEOGRAFIA
Ao norte, o limite é o rio São Francisco, no município de Cura- Além dessas formas de estabelecer áreas protegidas, há os
çá, divisa com Pernambuco. Sendo a latitude 8º 32’ 00” e a longitude parques estaduais e nacionais, também protegidas por lei. São sete
39º 22’ 49”. Ao sul, o limite extremo é a Barra do Riacho Doce, no nacionais (Marinho dos Abrolhos, Chapada Diamantina, Descobri-
município de Mucuri, na divisa com o Espírito Santo. Sendo a lati- mento, Grande Sertão Veredas - também localizado em Minas Ge-
tude 18º 20’ 07” e a longitude 39º 39’ 48”. No leste, o ponto extremo rais -, Monte Pascoal e Nascentes do Rio Parnaíba - também locali-
é a Barra do Rio Real, no município de Jandaíra, na divisa com o zado no Piauí, Maranhão e Tocantins - e Pau Brasil) e três estaduais
Oceano Atlântico. Sendo a latitude 11º 27’ 07” e a longitude 37º 20’ (Serra do Conduru, Morro do Chapéu e Sete Passagens).
37”. O ponto extremo do oeste é o divisor de águas, no município Entretanto, nem sempre o meio ambiente está livre de poluição
de Formosa do Rio Preto, divisa com o Tocantins. Sendo a latitude na Bahia. Acidentes e crimes ambientais como queimadas, contami-
11º 17’ 21” e a longitude 46º 36’ 59”. O centro geográfico do Estado nação por metais pesados e derramamento de petróleo e de outros
fica na cidade de Seabra, na Praça Luiz Acosta, defronte ao prédio derivados de combustíveis fósseis são alguns dos principais proble-
dos Correios. Coordenadas 12º 25.098 S e 41º48.105 W (informa- mas ambientais baianos. O caso mais recente ocorreu na praia de
ção Google Earth). Caípe, no município de São Francisco do Conde, onde cerca de 2,5
metros cúbicos de óleo provenientes da Refinaria Landulpho Alves,
Clima provocando não só impactos ambientais, como econômicos.

Devido à sua latitude, o clima tropical predomina em toda a Demografia


Bahia, apresentando temperaturas elevadas, em que as médias de
temperatura anuais, em geral ultrapassam os 30  °C, entretanto na De acordo com estimativas do IBGE, a Bahia é o 4º estado bra-
serra do Espinhaço as temperaturas são mais amenas e agradáveis. sileiro mais populoso e o 15º mais povoado, com uma população
Contudo, no sertão, o clima é o semi-árido, em que os índices plu- de 14.080.654 habitantes distribuída em 564.692,7 km² resultando
viométricos são bastantes baixos, sendo comuns os longos períodos em 24,93 hab./km². Se fosse um país, a Bahia seria o 65º em popu-
de seca. lação, entre o Camboja (64º: 14.132.398 hab.) e o Equador (65º:
Há distinções apenas quanto aos índices de precipitação em 13.752.593 hab.), e 149º em densidade demográfica, entre a Repú-
cada uma das diferentes regiões. Enquanto que no litoral e na região blica Democrática do Congo (148º: 25 hab./km²) e o Moçambique
de Ilhéus, a umidade é maior, e os índices de chuvas podem ultra- (149º: 24 hab./km²) e à frente do Brasil (150º: 21 hab./km²).
passar os 1.500 mm anuais, no sertão pode não chegar aos 500 mm Em relação aos ciganos, a Bahia é o estado brasileiro onde há
anuais. a maior quantidade de grupos vivendo, segundo pesquisa inédita do
A estação das chuvas é irregular, consequentemente podendo IBGE.
falhar totalmente em certos anos, desencadeando a seca, que é mais
marcante no interior, com exceção para região do vale do rio São Etnias
Francisco.

Vegetação Cor/Raça Porcentagem


Fitogeograficamente, possui três grandes formações vegetais: Pardos 63,4%
a caatinga, a vegetação predominante, a floresta tropical úmida e Brancos 20,3%
cerrado. A caatinga se localiza em toda a região norte, na área da
depressão do São Francisco, e na serra do Espinhaço, deixando para Pretos 15,7%
o cerrado apenas a parte ocidental e para a floresta tropical úmida, Amarelos ou indígenas 0,6%
o sudeste.
A floresta tropical úmida sofreu forte impacto da exploração
antrópica, em que se devastou madeiras de lei. Nesses locais, vem
A Bahia é o centro da cultura afro-brasileira e boa parte da sua
ocorrendo o reflorestamento com o eucalipto.
população é de origem africana, com uma maior porcentagem de
pardos, seguidos por brancos, pretos e ameríndios.
Ecologia
Um estudo genético realizado no Recôncavo baiano confirmou
o alto grau de ancestralidade africana na região. Foram analisadas
Foram criadas 36 áreas de proteção ambiental (APAs), totali-
pessoas da área urbana dos municípios de Cachoeira e Maragojipe,
zando 128 unidades de conservação cadastradas no estado, instituí-
além de quilombolas da área rural de Cachoeira. A ancestralidade
das por decretos e portarias federais, estaduais e municipais. A inci-
africana foi de 80,4%, a europeia 10,8% e a indígena 8,8%.
dência das APAs se deve a sua adequação e orientação às atividades
Um estudo genético realizado na população de Salvador con-
humanas sendo mais flexíveis. Considerando os diferentes biomas,
firmou que a maior contribuição genética da cidade é a africana
cerrado, caatinga e floresta (Mata Atlântica), constata-se que com
(49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). O
maior percentual de unidades de conservação encontra-se em áreas
estudo também concluiu que indivíduos que possuem sobrenome
de florestas devido à sua fragmentação e estado de degradação. As
com conotação religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade
Reservas Particulares (RPPN) surgem como opção de preservação
africana (54,9%) e a pertencer a classes sociais menos favorecidas.
totalizando 46 unidades.

Didatismo e Conhecimento 33
GEOGRAFIA
Populações Indígenas

As populações indígenas localizados na Bahia pertencem, em grande maioria, ao tronco linguístico macro-jê, dentre elas estão os grupo
indígena Pataxó, Pataxó-hã-hã-hãe, Quiriri e o extinto Camacã. Grande parte dos índios vem perdendo o hábito do idioma materno, passando a
falar a língua portuguesa. As tribos e aldeias indígenas estão bastante distribuídas pela Bahia em áreas/terras e reservas indígenas.

Etnias indígenas Pessoas


Atikum 249
Kaimbé 903
Kantaruré 332
Kiriri 2167
Pankararé 1304
Pankaru 107
Pataxó 11084
Tupinambá 4083
Pataxó-Hã-Hã-Hãe 2388
Truká 131
Tumbalalá 1090
Tuxá 1568
Xukuru-Kariri 55
Total 25816

De acordo com informações da ANAÍ-Bahia e da FUNAI, os pataxós vivem, principalmente, na costa do Atlântico Sul, no municípios de
Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália, Prado e Itamaraju; os pataxós-hã-hã-hães vivem no sudeste baiano nas Áreas Indígenas Fazenda Baiana
e Caramuru/Paraguassu; os ribeirinhos tuxás vivem nas margens do rio São Francisco no norte de Bahia, nas Áreas Indígenas Ibotirama (mu-
nicípio de Ibotirama), Rodelas e Nova Rodelas (município de Rodelas), e também em Pernambuco; os pancararés (Pankararé) que vivem nas
Áreas Indígenas Brejo do Burgo e Pankararé, localizadas ao norte da Estação Ecológica Raso da Catarina, nos municípios de Nova Glória e
Glória; os índios quiriris (Kiriri) moram na Terra Indígena Kiriri, entre os municípios de Ribeira do Pombal e Banzaê, e na Área Indígena Barra
à margem esquerda do São Francisco, no município de Muquém de São Francisco; vizinhos a estes, os caimbés (Kaimbé) estão espalhados pela
Área Indígena Massacará e pelas localidades de Muriti e Tocas, todas dentro do município de Euclides da Cunha; já os índios tumbalalás vivem
no antigo aldeamento do Pambu, também às margens do São Francisco entre os municípios de Abaré e Curaçá; os cantarurés (Kantaruré) habi-
tando a Terra Indígena Kantaruré da Batida, no município de Glória; a pequena etnia dos pancarus (Pankaru) que habitam a Reserva Indígena
Vargem Alegre, localizada ao norte da serra do Ramalho, no município de Bom Jesus da Lapa.
Há também a presença dos tupinambá de Olivença em Ilhéus, Una e Buerarema, geréns, trucás (Truká ou Tur-Ká), aticuns-umãs (Aticum
ou Atikim-Umã) e Xukuru-Kariris. O território baiano foi habitado ainda pelos sapuiás e camacãs.
É no sul da Bahia que está localizada a Aldeia da Pedra Branca, à qual pertencia o índio Galdino, que foi queimado vivo por jovens de
classe média-alta num ponto de ônibus de Brasília, em 1997.

Cidades mais populosas

A cidade mais populosa do estado é Salvador (capital do estado, com 2 998 056 habitantes), que também é a terceira cidade brasileira mais
populosa, sendo seguida por Feira de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro, Ilhéus, Itabuna, Camaçari, Barreiras, Jequié, Lauro de Freitas,
Teixeira de Freitas e Porto Seguro. Cidades mais populosas da Bahia (estimativa de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística):

Posição Cidade Pop. Posição Cidade Pop.


1 Salvador 2 998 056 11 Alagoinhas 137 810
2 Feira de Santana 591 707 12 Teixeira de Freitas 125 430

Didatismo e Conhecimento 34
GEOGRAFIA
Vitória da
3 318 901 13 Porto Seguro 122 896
Conquista
4 Juazeiro 243 896 14 Simões Filho 116 662
5 Camaçari 234 558 15 Paulo Afonso 106 703
6 Ilhéus 219 266 16 Eunápolis 99 553
7 Itabuna 213 656 17 Valença 89 597
Santo Antônio de
8 Lauro de Freitas 156 936 18 88 768
Jesus
9 Jequié 150 541 19 Candeias 81 699
10 Barreiras 137 832 20 Guanambi 79 886

Economia

A Bahia corresponde a 36% do PIB do Nordeste e em mais da metade das exportações da região. É o sexto estado brasileiro mais rico. A
economia do estado baseia-se na indústria (química, petroquímica, informática, automobilística e suas peças), agropecuária (mandioca, feijão,
cacau e coco), mineração, turismo e nos serviços. Existe o importante Polo petroquímico de Camaçari e um complexo industrial da Ford Motor
Company em Camaçari, nas proximidades de Salvador. As atividades agropecuárias, que ocupam cerca de 70% da população ativa do Estado.

Setor Primário

Agricultura

A agricultura está dividida em grande lavoura comercial, a pequena lavoura comercial e a agricultura de subsistência. A grande lavoura
está baseada na cultura da cana-de-açúcar e integrada com modernas usinas e na do cacau. Entre as pequenas culturas comerciais a mandioca,
o coco-da-baía, o fumo, o café, o agave, o algodão, a cebola, dendê (e consequente azeite-de-dendê) são as produções em destaque. As culturas
de subsistência estão em todo o território e desempenha um papel secundário da cultura principal (cana-de-açúcar ou cacau), em que a cultura
da mandioca é a mais importante, seguida em menor quantidade pelo feijão, o milho, o café e a banana.
A Bahia é o primeiro produtor nacional de cacau, sisal, mamona, coco, feijão e mandioca, sendo os dois últimos mais voltados para a sub-
sistência do que para a comercialização. A região de Itabuna é uma das mais propícias áreas para o cultivo do cacau em toda a Bahia. Tem bons
índices também na produção de milho e cana-de-açúcar.
Outra região do estado que merece a devida atenção é aquela compreendida pelo rio São Francisco, conhecida também como Vale do São
Francisco, compreendendo as cidades de Juazeiro, Curaçá, Casa Nova, Sobradinho, dentre outras. A região é a maior produtora de frutas tropi-
cais do país, essa fruticultura é irrigada, tem crescido e exporta para os mercados europeu, asiático e estadunidense.
Além de ser o principal produtor de cacau, é também o principal exportador de cacau no Brasil. Recentemente, o cultivo da soja aumentou
substancialmente no oeste do estado.

Pecuária

Fator prioritário da economia baiana, a pecuária bovina ocupa hoje o sexto lugar nacional, enquanto a caprina registra atualmente os maio-
res números do setor em todo o Brasil, mas também se destacando os rebanhos de ovinos.

Extrativismo

As atividades extrativas vegetais têm pequena participação na economia baiana. Entretanto tem reservas consideráveis de minérios e de
petróleo. A mineração baseia-se essencialmente na produção de ouro, cobre, magnesita, cromita, sal-gema, barita, manganês, chumbo, urânio,
ferro, talco, columbita, prata, cristal de rocha e zinco.

Setor Secundário

Indústria

A indústria na Bahia é relativamente modesta, apesar do crescimento dos últimos 20 anos, não representa uma grande força econômica no
estado, volta-se para os setores da química, petroquímica, agroindústria, informática, automobilística e suas peças, produtos alimentares, têxtil
e fumo.

Didatismo e Conhecimento 35
GEOGRAFIA
Porém na cidade de Salvador, estão concentradas as indústrias Atualmente a Bahia conta com oito universidades, sendo quatro
metalúrgicas, mecânicas, gráficas, de material elétrico e comunica- públicas estaduais (UNEB, UEFS, UESB e UESC), duas públicas
ções. federais (UFBA e UFRB) e duas particulares/privadas (UCSal e
Com um crescimento sustentado de grupos de pesquisa a uma UNIFACS). Além dessas, o estado conta ainda com a UNIVASF
taxa de 30% ao ano, a Bahia saltou da 9ª para a 6ª posição no ranking sediada em Petrolina (PE), que possui um campus em Juazeiro.
nacional em 2005, abrindo espaço para o projeto da Tecnovia: um De acordo com a edição de julho de 2008 do Ranking Web of
World Universities, somente sete instituições de ensino superior
grande parque tecnológico em Salvador, tendo como prioridades TI,
baianas estão presentes entre as 119 melhores brasileiras que fazem
biotecnologia e energia. A primeira área do complexo tem previsão
parte das cinco mil melhores do mundo. A melhor universidade do
para ser inaugurada em 2010. estado da Bahia é a UFBA, que é também a melhor de todo o norte
A primeira biofábrica do país se encontra na cidade sertaneja de e nordeste brasileiro, ocupando o 692º lugar entre as melhores uni-
Juazeiro, no vale do rio São Francisco. versidades do mundo, o 17º entre as latino-americanas e o 11º entre
brasileiras. Após a UFBA, figura a UNIFACS que está na 3560ª po-
Energia sição no mundo e 76ª no Brasil, seguida da UEFS (3733º no mundo
e 82º no Brasil), da UNEB (4037º no mundo e 92º no Brasil), FIB
Conta com abundante suprimento de energia elétrica, fornecido (4060º no mundo e 93º no Brasil), da UESC (4835º no mundo e 116º
pelo complexo hidrelétrico de Paulo Afonso e pelas hidrelétricas de no Brasil) e da UESB (4872º no mundo e 118º no Brasil).
Sobradinho e Itapebi, que juntas produzem quase seis mil megawat-
ts de energia. Saúde
A Bahia é dos maiores produtores nacionais de petróleo e gás
natural. Há um importante centro petroquímico foi criado em Ca- A saúde na Bahia não é das melhores do país, problemas típicos
da saúde brasileira ocorrem no estado. Algumas doenças tem altos
maçari, o Polo Petroquímico de Camaçari, e uma refinaria em São
índices de doentes, como o câncer de mama, que, de acordo com a
Francisco do Conde, a Refinaria Landulpho Alves, ambas as cons-
Sociedade Brasileira de Mastologia, atinge cerca de dois mil novos
truções estão localizadas na região metropolitana de Salvador. casos anualmente. Apesar disso, certas práticas que poderiam sal-
var muitas vidas não são comuns no estado, a exemplo da doação
Setor Terciário de órgãos. 60% das famílias baianas se recusam a doar órgãos de
parentes, índice bem maior do que a média nacional que é de 25%.
A Chapada é um dos Polos Turísticos mais completos do Brasil. Entre as doenças mais comuns, estão a dengue e a meningite, as
Dispõe de aeroportos, boa malha rodoviária, hotéis de alto padrão quais estão alastrando-se por todo o território baiano e não apenas
com selos de reconhecimento como o do grupo “Roteiro de Char- infectam os baianos, mas também provocam a morte.
me”. Por causa do turismo, a Chapada Diamantina passou a ser uma Na parte da estrutura, destaca-se o Hopital Geral do Estado
das áreas mais desenvolvidas da Bahia. Os principais municípios (HGE) na Bahia, mas também há outros como o Hospital Santo An-
são: Lençóis, Andaraí, Mucugê e Palmeiras. tônio, Hospital Sarah Kubitschek, Complexo Hospitalar Universitá-
Os principais veículos da imprensa baiana são o tradicional jor- rio Professor Edgard Santos.
nal A Tarde, que também possui uma emissora de rádio; a TV Salva- As ciências médicas estão também organizadas, assim, as so-
ciedades científicas Academia de Medicina da Bahia e Academia de
dor (emissora local), Correio da Bahia, TV Bahia e outras emissoras
Medicina de Feira de Santana desenvolvem e publicam as pesquisas
que transmitem a Globo no interior do estado, todas as empresas da
médicas dos especialistas baianos.
Rede Bahia; o jornal Tribuna da Bahia; a emissora de TV Band Ba-
hia, e a emissora da Bandnews FM em Salvador; e as emissoras de Cultura
televisão TV Aratu, TV Educativa da Bahia (mantida pelo governo
estadual), TV Itapoan e a TV Cabrália. Alguns museus da Bahia são Museu Afro-Brasileiro, Museu de
Arte da Bahia, Museu de Arte Moderna da Bahia, Memorial dos
Educação Governadores Bahia, Museu Carlos Costa Pinto, Museu Henriqueta
Catharino, Fundação Casa de Jorge Amado e Museu Geográfico da
A Bahia possui um longo histórico na área de educação, desde Bahia. No interior do estado, destaca-se o Museu Histórico de Je-
os primeiros jesuítas que já no século XVI instalaram escolas em quié, com um importante acervo sobre a história e cultura da região
Salvador, então a capital da Colônia. Educadores de renome como sudoeste. O Museu dos Humildes em Santo Amaro, arte sacra, o
Abílio Cezar Borges, Ernesto Carneiro Ribeiro e Anísio Teixeira ca- Hansen em Cachoeira, o Danneman em São Felix, com sua Bienal
pitanearam o proscênio educacional do país. do Recôncavo.
A escola pública na Bahia é basicamente estadual e municipal,
Política de Transportes
sendo que o município tem uma preocupação maior com a ensino
fundamental (1ª a 4ª série) e o governo estadual com a educação O sistema de transportes brasileiro define-se basicamente por
fundamental também, mas só da 5ª a 8ª série, além do ensino médio. uma extensa matriz rodoviária, sendo também servido por um sis-
O governo federal tem pouca participação na formação direta da tema limitado de transporte fluvial (apesar do numeroso sistema de
população, porém muitos recursos utilizados por estas instituições bacias hidrográficas presentes no país), ferroviário e aéreo. O intuito
escolares são provenientes dos fundos federais. de criar uma rede de transportes ligando todo o país nasceu com as

Didatismo e Conhecimento 36
GEOGRAFIA
democracias desenvolvimentistas, em especial as de Getúlio Vargas Reflexo da insatisfação de algumas categorias dos transporta-
e Juscelino Kubitschek. Àquela época, o símbolo da modernidade e dores, um representante dos autônomos, o Movimento União Brasil
do avanço em termos de transporte era o automóvel. Isso provocou Caminhoneiro (MUBC), que deflagrou a paralisação dos caminho-
uma especial atenção dos citados governantes na construção de es- neiros no final de julho, pediu ao governo que prorrogasse o prazo
tradas. Desde então, o Brasil tem sua malha viária baseada no trans- de adaptação para 240 dias, solicitação que não foi atendida. O texto
porte rodoviário. da Lei traz direitos e deveres dos motoristas e estabelece duas figu-
Com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de quilôme- ras jurídicas importantes para o dia a dia dos profissionais: o tempo
tros, sendo 96.353 km de rodovias pavimentadas (2004), as estradas de direção e a jornada de trabalho. É muito importante que estes dois
são as principais transportadoras de carga e de passageiros no tráfe- conceitos não sejam confundidos.
go brasileiro. Os primeiros investimentos na infraestrutura rodoviá- Tempo de direção é o período em que o motorista passa efe-
ria deram-se na década de 1920, no governo de Washington Luís, tivamente conduzindo o veículo e se aplica tanto para autônomos
sendo prosseguidos no governo Vargas e Gaspar Dutra. O presiden- quanto para contratados de empresas. Segundo a Lei, o tempo de
te Juscelino Kubitschek (1956-1961), que concebeu e construiu a direção obrigatório para todos os motoristas profissionais não deve
capital Brasília, foi outro incentivador de rodovias. Kubitschek foi ultrapassar as quatro horas ininterruptas, com intervalos de meia
responsável pela instalação de grandes fabricantes de automóveis hora para descanso. Jornada de trabalho é o período em que o em-
no país (Volkswagen, Ford e General Motors chegaram ao Brasil pregado está à disposição da empresa, mas não necessariamente à
durante seu governo) e um dos pontos utilizados para atraí-los era, frente do caminhão ou do ônibus. A jornada de trabalho é regida
evidentemente, o apoio à construção de rodovias. Hoje, o país tem pelas regras da CLT e pelas convenções coletivas firmadas pelos
instalados em seu território outros grandes fabricantes de automó- Sindicatos laborais e patronais. Na base territorial de São Paulo, por
veis, como Fiat, Renault, Peugeot, Citroën, Chrysler, Mercedes- exemplo, a convenção dos motoristas do setor de cargas determina
-Benz, Hyundai e Toyota. O Brasil é o sétimo mais importante país que a jornada de trabalho é de 8 horas diárias. Pela Lei, esta jornada
da indústria automobilística. pode ser acrescida de somente duas horas extras.
Existem cerca de 4.000 aeroportos e aeródromos no Brasil, sen- Tanto o tempo de direção quanto a jornada de trabalho serão
do 721 com pistas pavimentadas, incluindo as áreas de desembar- fiscalizados pelas autoridades do Trabalho e de Trânsito, por meio
de dispositivos regulamentados, como o tacógrafo, obrigatório em
que. O país tem o segundo maior número de aeroportos em todo o
todos os veículos, ou por meio de uma papeleta, no caso dos autôno-
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O Aeroporto Internacional
mos. A Lei estabelece intervalo mínimo de uma hora refeição e de
de São Paulo, localizado nas proximidades de São Paulo, é o maior e
11 horas de descanso obrigatório a cada 24 horas trabalhadas. Além
mais movimentado aeroporto do país, grande parte dessa movimen-
disso, a nova regra determina que o empregado deve ter descanso
tação deve-se ao tráfego comercial e popular do país e ao fato de que
remunerado de 36 horas após viagens de longa distância. Não será
o aeroporto liga São Paulo a praticamente todas as grandes cidades
mais permitida a remuneração dos motoristas por quilometragem,
de todo o mundo. O Brasil tem 34 aeroportos internacionais e 2.464
por viagem ou produtividade, se a empreitada ultrapassar as horas
aeroportos regionais.
regulamentares da jornada de trabalho do empregado ou do tempo
O país possui uma extensa rede ferroviária de 28.857 km de
de direção.
extensão, a décima maior rede do mundo. Atualmente o governo
brasileiro, diferentemente do passado, procura incentivar esse meio
Tempo de espera
de transporte; um exemplo desse incentivo é o projeto do Trem de
Alta Velocidade Rio-São Paulo, um trem-bala que vai ligar as duas Um dos grandes adventos da nova Lei é a criação da figura do
principias metrópoles do país. Há 37 portos sendo que 11 desses tempo de espera. Nas operações, é muito comum o motorista ficar
são considerados grandes, no conceito de Internacionais, de grandes aguardando o caminhão ser carregado ou descarregado, ou ficar pa-
navios, segundo o PNAC II, dentre os quais o maior é o Porto de rado em uma barreira fiscal para a fiscalização dos documentos da
Santos. O país também possui 50.000 km de hidrovias. carga. Pela nova Lei, o tempo de espera, para os motoristas empre-
gados, deve começar a ser contado a partir do término da jornada de
Transporte Rodoviário trabalho e será remunerado com uma hora de trabalho mais 30%,
sem a incidência de encargos e base de cálculo no pagamento.
Em relação ao transporte rodoviário brasileiro, pode-se dizer Assim como o tempo de espera representa uma novidade trazi-
que a criação da Lei do Motorista promoveu inúmeras discussões da com a nova lei, o legislador criou a figura do “tempo de reserva”,
neste setor. Esta referida Lei que estabelece a obrigatoriedade a to- assim entendido como sendo o tempo de repouso dos motoristas que
dos os condutores de ônibus com mais de dez passageiros e cami- trabalham em dupla, se revezando na direção do caminhão. Diferen-
nhões acima de 4,5 toneladas de realizar paradas para descanso e temente do tempo de espera onde os 30% (trinta por cento) sobre a
obedecer ao tempo de direção está em vigor em todo o Brasil, segun- hora normal são indenizados, no “tempo de reserva” a hora normal
do determina resolução do Conselho Nacional de Trânsito (CON- é “remunerada” em 30% (trinta por cento).
TRAN). No entanto, como é sabido, não há infraestrutura rodoviária A figura do tempo de reserva também é aplicável ao transporte
nem pontos de parada adequados para que os caminhoneiros possam de passageiros de longa distância em regime de revezamento, nos
cumprir as regras do tempo de direção e das 11 horas obrigatórias de termos do parágrafo 12º, do artigo 235-E. Outra importante inova-
descanso a cada período de 24 horas. ção trazida pela nova lei é a contida no parágrafo 11, do artigo 235-E

Didatismo e Conhecimento 37
GEOGRAFIA
que regula a situação muito comum na região norte do país, onde os deficiências de infraestrutura, câmbio valorizado, etc. -, a guerra dos
veículos de transportes são conduzidos através de embarcações flu- portos vem reduzir ainda mais a capacidade dos produtos nacionais
viais. Nesses casos, desde que a embarcação disponha de alojamen- de competir com seus concorrentes importados. Em alguns casos,
to para o repouso diário previsto no parágrafo 3º, do artigo 235-C o impacto desses incentivos a produtos importados se materializa
(intervalo de 1 hora para refeição e 11 horas a cada 24 horas), esse na transferência imediata da produção do Brasil para o exterior. Em
tempo não será considerado como jornada de trabalho, a não ser o outros, o impacto se dá via redução da rentabilidade da indústria
tempo restante, que será considerado de espera. nacional, reduzindo sua capacidade de investimento e crescimento.
Sob qualquer ponto de vista, o impacto da guerra dos portos
Transporte Ferroviário
sobre o potencial de desenvolvimento do País é claramente negativo
e seus efeitos, crescentes, pois a cada ano as importações realizadas
O transporte rodoviário caiu de 58% para 52% em 2011 e deve
através dos Estados que concedem incentivos crescem como pro-
continuar caindo. Dessa forma, crescimento das ferrovias pode al-
terar Plano Nacional de Logística e Transporte. O crescimento da porção das importações totais do País. Uma segunda consequência
participação do modal ferroviário na divisão da matriz de transpor- da guerra dos portos é o uso irracional da já deficitária estrutura de
tes do País superou as expectativas e pode forçar o governo federal a transportes do País. Se, em função dos incentivos portuários, um
revisar a meta do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), produto que normalmente seria importado pelo Estado A passa a ser
que previa o modal ocupando 36% do montante em 2025, uma vez importado pelo Estado B e transportado para o Estado A, a malha de
que, já foi registrado que as ferrovias respondem por 30% de toda transportes entre os Estados A e B fica sobrecarregada, prejudicando
carga transportada. Contudo, essa revisão deverá elevar a meta do não apenas o concorrente direto do produto importado, mas todas as
ferroviário para 40%, trazendo equilíbrio entre as modalidades, in- empresas e os indivíduos que utilizam a malha de transportes.
clusive com o rodoviário, que, segundo ele, deve continuar caindo. Por fim, outra das consequências da guerra dos portos é uma
perda de arrecadação do conjunto dos Estados brasileiros. Embo-
Transporte Marítimo ra os Estados que concedem os incentivos tenham algum ganho de
arrecadação - na medida em que cobram um ICMS reduzido sobre
No transporte marítimo, um dos fatores que mais comprome- importações que normalmente não passariam por seus portos -, esse
teram foi a chamada “guerra dos portos”, pela qual alguns Estados ganho se dá à custa de uma perda expressiva de arrecadação dos
concedem uma redução de ICMS a produtos estrangeiros que in- outros Estados. Se os Estados têm condições de renunciar à sua re-
gressem no País por seus portos ou fronteiras. Na atual conjuntura, ceita, deveriam fazê-lo com medidas de desoneração que aumentem
em que a crise internacional tende a aumentar a pressão competitiva
a competitividade das empresas - por exemplo, via desoneração dos
global, a eliminação da guerra dos portos deveria ser uma das prio-
investimentos e da devolução de créditos dos exportadores -, e não
ridades da agenda de desenvolvimento do País.
com medidas que prejudicam a competitividade, como ocorre na
Para entender como funciona a guerra dos portos é necessário
guerra dos portos.
compreender como é cobrado o ICMS nas transações entre Estados
no Brasil. Normalmente, numa transação interestadual, o vendedor Por seus efeitos altamente negativos, a eliminação da prática de
recolhe ao Estado de origem do produto um imposto de 12% (em guerra portuária entre os Estados sempre foi um dos objetivos das
alguns casos essa alíquota é de 7%). Já o adquirente do produto, propostas de reforma tributária que vêm sendo discutidas há muito
localizado no Estado de destino, é tributado à alíquota interna de tempo no País. Nos últimos anos, no entanto, o problema agravou-se
ICMS (usualmente 17% ou 18%), mas tem um crédito de 12%, de forma expressiva, seja pela adoção de incentivos portuários por
equivalente ao imposto cobrado no Estado de origem. Assim, se a número crescente de Estados, seja pela piora da competitividade da
alíquota interna for de 18%, o imposto efetivamente arrecadado no indústria nacional em decorrência da valorização do real - a qual se
Estado de destino corresponderá a 6% do valor do produto compra- refletiu na virtual estagnação da produção industrial do País.
do em outro Estado. Nesse contexto, foi apresentado um projeto de resolução do Se-
O mecanismo típico da guerra dos portos consiste em reduzir o nado (PRS n.º 72) com o único objetivo de eliminar a guerra dos
ICMS cobrado de empresas importadoras, as quais vendem o produ- portos, pela redução a zero da alíquota de ICMS cobrada no Estado
to para outros Estados como se o imposto tivesse sido integralmente de origem nas transações interestaduais com produtos importados.
recolhido. Um exemplo desse tipo de incentivo é a cobrança de 3% Tal proposta teve, contudo, tramitação relativamente lenta, tendo
de ICMS sobre um produto importado, que é vendido a outro Esta- sido aprovado um parecer na Comissão de Assuntos Econômicos
do gerando um crédito de 12%. Dessa forma, enquanto o produto limitando a queda da alíquota interestadual a 2% após uma transição
nacional paga 18% de ICMS, o importado paga apenas 9% (3% no de quatro anos. Recentemente, o tema parece ter voltado à pauta de
Estado de origem e 6% no Estado de destino). Ou seja, a guerra dos
prioridades do governo, o que é bastante positivo. Na conjuntura
portos funciona como uma espécie de imposto de importação inver-
atualmente vivida pelo Brasil - agravada pela crise internacional,
tido, pelo qual se tributa o produto nacional, mas não o importado.
que amplia as pressões competitivas em nível mundial - a rápida
Os impactos negativos desse tipo de incentivo são vários.
O primeiro, e mais sério, é o impacto sobre a indústria nacional. eliminação da guerra dos portos deveria ser uma prioridade do País,
Não bastassem os vários problemas que reduzem a competitividade seja pela aprovação do PRS n.º 72, seja por outro instrumento, caso
dos produtos brasileiros - juros altos estrutura tributária irracional, haja impasses políticos que dificultem essa aprovação.

Didatismo e Conhecimento 38
GEOGRAFIA
Elevador Lacerda
Elevador do Taboão
Ascensores Plano Inclinado Gonçalves
Plano Inclinado Liberdade-Calçada
Plano Inclinado do Pilar
Infraestrutura
Aquidabã • Barroquinha • Iguatemi • Lapa • Mussurunga • Pirajá • Rodoviária • Salvador Card • Avenidas •
Túneis • Via Expressa Baía de Todos os Santos • Linha Viva • Ponte Salvador–Ilha de Itaparica

Rodoviário Sistemas
STCO (Amarelinho) • Salvador Bus • BRT Lapa-LIP • Corredor Transversal I • Corredor Transversal II (BRT
Paripe-Águas Claras)

Infraestrutura
Água de Meninos • Centro Náutico • Botelho, Ilha de Maré • Paramana, Ilha dos Frades • Ponta de Nossa
Senhora, Ilha dos Frades • São Tomé de Paripe • Marina do Contorno • Píer Salvador • Marina Bonfim •
Marina da Ribeira • Farol da Barra • Farol de Itapuã • Farol de Monte Serrat • Porto de Salvador • Yacht Club
da Bahia
Hidroviário
Linhas
Maré/Itamoabo-São Tomé de Paripe • Plataforma-Ribeira • Salvador-Itaparica • Salvador-Vera Cruz • Madre
de Deus-Salvador (Bom Jesus) • Madre de Deus-Salvador (Paramana) • Salvador-Morro de São Paulo

Sistema Metroviário • Trem do Subúrbio • VLT Metropolitano (VLT Retiro-Santa Luzia • VLT Simões Filho-
Ferroviário
Águas Claras)
Aeroviário Aeroporto Internacional • Base Militar Aérea
Cicloviário Movimento Salvador Vai de Bike • Ciclovia do Parque de Pituaçu • Cidade Bicicleta
Organizações Agerba • Codeba • CTB • Infraero • Internacional Marítima • SETPS • Transalvador

Transporte na Bahia

Os transportes da Bahia estão concentrados, basicamente, nas rodovias. Tendo Feira de Santana como eixo polarizador, o sistema rodo-
viário tem como vias principais a BR-242, que liga Salvador ao oeste baiano e à capital federal; a BR-101 de sentido norte/sul com traçado
paralelo ao litoral; a BR-116 que liga a metrópole ao sudoeste. Outras rodovias estaduais e federais atendem ao tráfego de longa distância ou
atendem as sedes dos municípios fazendo parte dum sistema combinado que se complementam a exemplo da BR-110, BR-415, BR-407, BA-
099 e BA-001.

Transporte Aeroviário

A Bahia conta com vários aeroportos e aeródromos, sendo o Internacional Dois de Julho, também conhecido como Internacional de Salva-
dor Deputado Luís Eduardo Magalhães, o sexto aeroporto mais movimentado do Brasil e o primeiro do nordeste, respondendo por mais de 30%
do movimento de passageiros desta região do país. No interior, há outros principais, localizados nas principais cidades do interior baiano, são
eles: o Aeroporto de Barreiras, em Barreiras; Aeroporto João Durval Carneiro, em Feira de Santana; Aeroporto Jorge Amado, em Ilhéus; Aero-
porto Horácio de Mattos, em Lençóis; Aeroporto de Paulo Afonso, em Paulo Afonso; Aeroporto de Porto Seguro, em Porto Seguro; Aeroporto
Pedro Otacílio Figueiredo, em Vitória da Conquista; Aeroporto de Valença, em Valença; e Aeroporto de Caravelas, em Caravelas.

Transporte Aquaviário

Os transportes aquáticos na Bahia é formado por portos, terminais hidroviários, hidrovias e eclusas. O número de portos é três: Porto de
Salvador (em Salvador), Porto de Aratu (em Candeias) e Porto de Ilhéus (em Ilhéus). Eles são administrados pela União através da Compa-
nhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA). O último destaca-se por ser o maior exportador de cacau do Brasil. Há também os terminais
hidroviários de Juazeiro (em Juazeiro), de Ibotirama (em Ibotirama), de Xique-Xique (em Xique-Xique) e de Caramuru. Aquele primeiro é
administrado pela Companhia de Navegação do São Francisco (FRANAVE) e localiza-se no rio São Francisco.

Didatismo e Conhecimento 39
GEOGRAFIA
Na Bahia está localizada parte de uma importante hidrovia ção Rodoviária de Salvador, pela Arena Fonte Nova, pelo Centro
brasileira, a hidrovia do São Francisco, que liga o Porto de Jua- Administrativo da Bahia. É pretendido levar a linha 2 do Metrô de
zeiro, na cidade baiana de Juazeiro, a cidade mineira de Pirapora, Salvador ao Aeroporto Internacional de Salvador, ao Litoral Norte,
equivalendo à distâncias de Salvador à Brasília. Essa hidrovia é a à Estrada do Coco.
principal ligação entre o Nordeste geoeconômico e o Centro-Sul. O Metrô será integrado ao Trem Suburbano, também da Com-
Há também uma eclusa, em Sobradinho, próximo à lagoa, à barra- panhia de Transportes de Salvador (CST), que cobre a região vol-
gem e à usina hidrelétrica de Sobradinho, a eclusa de Sobradinho. tada para a Baía de Todos-os-Santos. Degradado, velho e pixado, o
sistema funciona em horário reduzido, com dois trens, em défice e
Transporte Ferroviário o tempo do trajeto completo foi mais que triplicado devido à Ponte
de São João que quebrou.20 Para os trens do Subúrbio Ferroviá-
O transporte ferroviário baiano está renascendo, assim como rio, é projetado transformá-lo em metrô de superfície e também
tem acontecido com o brasileiro em geral. A rede ferroviária baia- estendê-lo até o bairro do Comércio e até a Ilha de São João, em
na já foi constituída pela Estrada de Ferro da Bahia ao São Fran- Simões Filho, e também para o Polo Petroquímico de Camaçari.
cisco, Estrada de Ferro Centro-Oeste da Bahia, Estrada de Ferro Posteriormente, também é estudada uma prorrogação da linha até
Central da Bahia (EFCBH) e Estrada de Ferro Santo Amaro, que o município de Conceição da Feira, dentro da Região Metropolita-
posteriormente foram incorporadas à Viação Férrea Federal Les- na de Feira de Santana, para meados da década de 2020.
te Brasileiro (VFFLB). Mais tarde, as ferrovias brasileiras foram E recentemente, o transporte ferroviário de passageiros vol-
reunidas sob o controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que tou a existir na Bahia com o Transbaião. Ele é uma linha turística
absorveu a VFFLB e outras três ferrovias baianas: Estrada de Fer- cultural-histórica e percorrerá treze municípios baianos, incluindo
ro de Ilhéus, Estrada de Ferro Bahia e Minas (EFBM) e Estrada de Camaçari, Catu, Entre Rios e Alagoinhas.
Ferro de Nazaré (TRN), sendo que as duas últimas foram erradi- Para a Copa do Mundo FIFA de 2014, o transporte de massa
cadas e a EFBM foi incluída antes na Viação Férrea Centro-Oeste a ser implantado foi anunciado no dia 21 de junho de 2011. Será
(VFCO).5 A Malha Centro-Leste da RFFSA, o que correspondia, um sobre trilhos (metrô de superfície ou monotrilho) de 22 quilô-
entre outras, à rede da VFFLB e da VFCO, foi leiloada em 1996, metros da Rótula do Abacaxi à Portão, em Lauro de Freitas, com
o sistema BRT complementando-o nas avenidas Orlando Gomes,
então adquirida pela Ferrovia Centro Atlântica, atualmente contro-
29 de Março, Pinto de Aguiar e Gal Costa, chamadas de “vias ali-
lada pela Vale.
mentadoras”. As obras, cujo valor máximo é três bilhões de reais,
O renascimento ocorre, dentro do planejamento nacional, ico-
deverão começar junto com o ano de 2012 e terminar junto com o
nizado na construção da Ferrovia Leste-Oeste (FIOL, EF-334),
ano de 2013.
que escoará a produção do Oeste baiano pelo Porto de Ilhéus e
O sistema cicloviário também receberá investimentos. Com
também chegará ao Tocantins se conectando à Ferrovia Norte-Sul,
quarenta milhões de reais, serão instalados 188 km nas orlas de
em adição às ferrovias EF-1018 , EF-1169 , EF-02510 , EF-43011
Salvador e Lauro de Freitas, no Centro Histórico Soteropolitano, e
, EF-43112 , EF-44513 .
na Avenida Paralela seguindo o metrô e as estações de transborbo.
A parte urbana da VFFLB localizada em Salvador, que vai
A finalização das obras são esperadas em dois anos, se iniciadas no
da Calçada a Paripe, foi transformada em linha de trens urbanos início de 2012, antes da Copa do Mundo FIFA de 2014. As linhas
e ficou sendo operado pela Companhia Brasileira de Trens Urba- marítimas Salvador-Ilha de Itaparica e Salvador-Ilha de Tinharé
nos (CBTU), que depois passou para a administração municipal da interligam a capital baiana às principais ilhas baianas. Esse sistema
Companhia de Transportes de Salvador (CTS), que seria responsá- de balsas (ferry boat) apresenta problemas, atrapalhando a circula-
vel pelo sistema metroviário da Região Metropolitana de Salvador. ção de pessoas e veículos pela Baía de Todos-os-Santos.
Contudo a implementação do trecho já construído e a construção
dos outros projetados se arrastam há mais de doze anos, e atual- QUESTÕES
mente sem conectar o Trem suburbano de Salvador ao Metrô de
Salvador. 01)(FGV-SP) A urbanização - o aumento da parcela urbana
Ainda no transporte ferroviário de passageiros, o metrô e o na população total - é inevitável e pode ser positiva. A atual con-
trem são somados ao Transbaião, de caráter turístico-cultural, aos centração da pobreza, o crescimento das favelas e a ruptura social
projetos e intenções de esticamento e modernização do Trem do nas cidades compõem, de fato, um quadro ameaçador. Contudo,
Subúrbio e ao estudo de um trem regional de passageiros sobre o nenhum país na era industrial conseguiu atingir um crescimento
percurso Alagoinhas-Salvador-Conceição da Feira. econômico significativo sem a urbanização. As cidades concen-
tram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade
Transporte Urbano de se escapar dela.
Situação da População Mundial 2007: desencadeando o po-
Considerando as Regiões Metropolitanas de Salvador e de tencial de crescimento urbano. Fundo de População das Nações
Feira de Santana e todo o resto do Recôncavo Baiano, há muitos Unidas (UNFPA), 2007, p. 1.
problemas na mobilidade e projetos para melhorá-la. O Metrô de Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação coerente
Salvador, após a conclusão das 18 estações distribuídas em duas com os argumentos do texto:
linhas (Linha 1 e Linha 2), passará pelas quatro estações de trans- a) No mundo contemporâneo, os governos devem substituir
bordo de ônibus (Lapa, Pirajá, Mussurunga e Iguatemi), pelo cen- políticas públicas voltadas ao meio rural por políticas destinadas
tro financeiro soteropolitano Iguatemi-Tancredo Neves, pela Esta- ao meio urbano.

Didatismo e Conhecimento 40
GEOGRAFIA
b) A urbanização só terá efeitos positivos nas economias mais II. A unidade de relevo mais importante é o Planalto da Bacia
pobres se for controlada pelos governos, por meio de políticas de do Paraná, de origem vulcânica, drenado por afluentes da margem
restrição ao êxodo rural. esquerda dos rios Paraná e Uruguai.
c) A concentração populacional em grandes cidades é uma das III. É a terceira região mais populosa, mas é a de menor ritmo
principais causas da disseminação da pobreza nas sociedades con- de crescimento populacional do país, principalmente por mudança
temporâneas. no comportamento reprodutivo e por migrações para outras regiões.
d) Nos países mais pobres, o processo de urbanização é res- Está(ão) correta(s)
ponsável pelo aprofundamento do ciclo vicioso da exclusão eco- a) apenas I.
nômica e social. b) apenas II.
e) Os benefícios da urbanização não são automáticos, pois há c) apenas III.
necessidade da contribuição das políticas públicas para que eles d) apenas I e II.
se realizem. e) I, II e III.

05)(Ufam) Os maiores centros industriais da região Nordeste


02) (FGV) O bioma, que ocupa 22% do território brasileiro, já
são:
perdeu quase 1 milhão de quilômetros quadrados, cerca de 48% de
a) Recife, Maceió e São Luís.
sua cobertura total. Somente entre 2002 e 2008, foram desmatados
b) João Pessoa, Maceió e Salvador.
85 075 quilômetros quadrados, segundo dados do Ministério do c) São Luís, Natal e Teresina.
Meio Ambiente. d) Fortaleza, Salvador e Recife.
Em todo o bioma, a expansão das lavouras de cana-de-açúcar e) Salvador, Fortaleza e João Pessoa.
e de soja, além da produção de carvão e das queimadas (naturais
ou provocadas), são os principais fatores de desmatamento. A pe- 06) (UECE) Analise as seguintes afirmações que tratam do pro-
cuária também tem contribuição significativa para a sua destrui- cesso de industrialização no Brasil.
ção, principalmente por causa do modelo de produção extensivo, I. No governo de Getúlio Vargas, foram criadas determinadas
que chega a destinar mais de um hectare para cada boi. condições de infra-estrutura necessárias para a industrialização
(http://noticias.ambientebrasil.com.br/clip- brasileira.
ping/2010/09/16/60444-) II. O governo de Juscelino Kubitschek priorizou a construção
de rodovias e obras para geração de energia.
O texto refere-se III. A década de 1990 foi marcada pela globalização da econo-
a) à caatinga.  mia e pela consolidação do Brasil como grande produtor e exporta-
b) à mata atlântica.  dor de tecnologia.
c) ao cerrado.
d) ao pantanal.  Está correto o que se afirma em
e) aos campos. a) III
b) I e II
03)(UNIOESTE) Sobre o domínio de vegetação formado pela c) II
Mata Atlântica, assinale a alternativa correta. d) I e III
a) A floresta atlântica é fisionomicamente semelhante ao do- e) I
mínio de vegetação do cerrado.
b) Em toda sua extensão de abrangência a rede hidrográfica 07) (Espcex (Aman) 2013) “A agricultura é hoje o maior negó-
caracteriza-se pela predominância de rios intermitentes e sazonais. cio do país. (...) Apenas [em 2005], a cadeia do agronegócio gerou
um Produto Interno Bruto de 534 bilhões de reais.”
c) Originalmente, antes de ter a maior parte de sua área devas-
(Faria, 2006 in: Terra, Araújo e Guimarães, 2009).
tada, o território ocupado por esse tipo de vegetação estendia-se da
A atual expansão da agricultura e do agronegócio no Brasil
faixa litorânea da região sul até a fronteira com a Bolívia, domi-
deve-se, entre outros fatores ao(à)
nando a paisagem do centro-oeste brasileiro. a) forte vinculação da agricultura à indústria, ampliando a
d) Desenvolve-se predominantemente em áreas de baixo índi- participação de produtos com maior valor agregado no valor das
ce pluviométrico e de solo arenoso. exportações brasileiras, como os dos complexos de soja e do setor
e) Apesar da redução significativa de sua área de abrangên- sucroalcooleiro.
cia, ao longo de séculos de ocupação, ainda destaca-se pela gran- b) expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste e na Amazô-
de biodiversidade encontrada por hectare nos fragmentos de mata nia e ao emprego intensivo de mão de obra no campo, nessas áreas,
preservados. determinando o aumento da produtividade agrícola.
c) difusão de modernas tecnologias e técnicas de plantio na
04) A Região Sul diferencia-se das demais regiões brasileiras maioria dos estabelecimentos rurais do País, contribuindo para a ex-
por suas características naturais, políticas e populacionais, entre pansão das exportações brasileiras.
outras. d) modelo agrícola brasileiro, pautado na policultura de expor-
Pode(m)-se, então, afirmar:  tação e na concentração da propriedade rural.
I. Tem grande importância geopolítica, pois é uma região de e) Revolução Verde, que, disseminada em larga escala nas pe-
fronteiras com Argentina, Uruguai e Paraguai, favorecendo o in- quenas e médias propriedades do País, incentivou a agricultura
tercâmbio comercial e cultural. voltada para os mercados interno e externo.

Didatismo e Conhecimento 41
GEOGRAFIA
08)(UFPR) A globalização é um fenômeno que tem como uma
de suas características fundamentais a crescente abertura econô-
mica e política entre os países. Sobre esse fenômeno, é correto
afirmar:
a) Sua emergência tornou obsoletos os blocos econômicos re-
gionais, pois facilitou o comércio direto de país para país.
b) Uma das consequências políticas do fortalecimento desse
fenômeno foi a transferência da soberania nacional para organis-
mos supranacionais, a exemplo da ONU.
c) As fronteiras nacionais perderam suas funções legais de
controle de fluxos.
d) A causa da globalização foi a queda do muro de Berlim,
dando fim à divisão do mundo conhecida como bipolaridade e ini-
ciando uma nova fase, a multipolaridade.
e) O desenvolvimento tecnológico associado às condições po-
líticas mundiais das últimas décadas do século XX intensificou o
processo de globalização
Fonte:IBGE/Censo 2010, http://fernandonogueiracosta.word-
09) Analise as afirmações a seguir: press.com.Acesso em 11/08/11

(      ) A queda do Muro da Vergonha, como era designado o A respeito da atual pirâmide etária brasileira, é possível cons-
muro de Berlim, significou o fim das intolerâncias ideológicas, o tatar que
que estimulou o grande fluxo migratório em todo o mundo agora a) a população brasileira vivencia uma transição demográfica
globalizado, interdependente e sem fronteiras. com aumento significativo do crescimento vegetativo em âmbito
nacional.
(      ) O fim da Guerra Fria teve como maior símbolo a der-
b) é evidente a permanência de uma pirâmide etária com per-
rubada do muro de Berlim, porém outros “muros da Vergonha”
fil típico de nações subdesenvolvidas, com predomínio no país da
passaram a ser erguidos, agora não mais ideológicos, mas étnicos,
faixa etária composta por jovens entre 0 a 19 anos, como pode ser
políticos, econômicos e sociais.
verificado em seu ápice.
c) ocorrem uma dinâmica demográfica de redução da taxa de
(      ) A globalização diminuiu as fronteiras para o capital e
natalidade e um envelhecimento da população brasileira em ritmo
criou uma integração econômica entre as nações do mundo, mas
acelerado, acarretando um alargamento do topo da nossa pirâmide
aprofundou as desigualdades entre ricos e pobres com a criação
de modo cada vez mais expressivo.
de barreiras que não são apenas simbólicas, são cada vez mais,
d) os dados fornecidos pela atual pirâmide etária apresentam
também físicas, entre territórios nacionais e dentro dos territórios
um país predominantemente senil em razão do aumento dos índi-
de uma mesma nação.
ces de fecundidade nas últimas décadas.
(      ) Os muros que se erguem em quase todas as partes do e) a taxa de natalidade ainda é muito elevada no país, fato
mundo mostram o crescimento dos radicalismos, das intolerâncias comprovado pelo predomínio do contingente demográfico jovem
e da xenofobia que alimenta as políticas demográficas de extrema sobre a faixa etária da população adulta, compreendida entre 20 a
direita nos países do primeiro mundo e provoca a morte de muitos 60 anos.
que tentam escalar tais muros.
 
Assinale a sequência correta das afirmações. GABARITO:
a) F V V V
b) V V V F 01-E
c) V V V V 02-C
d) F F V V 03-E
e) V V F F 04-E
05-D
10)(UNIFENAS) A pirâmide de idade da população reflete 06-B
uma dinâmica demográfica onde são verificadas importantes trans- 07-A
formações na composição etária da nação, para efeitos de plane- 08-E
jamento socioeconômico do país. O IBGE (Instituto Brasileiro de 09-E
Geografia e Estatística) divulgou através de dados coletados pelo 10-C
Censo 2010 a nova pirâmide etária do Brasil.

Didatismo e Conhecimento 42
Índice

PM-BA
Polícia Militar do Estado da Bahia

Curso de Formação de Oficiais


Volume II
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com base no último
concurso para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova apostila elaborada
de acordo com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá o direito de troca,
atualizações ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Constituição da República Federativa do Brasil: Poder Constituinte.........................................................................01


2. Dos princípios fundamentais............................................................................................................................................02
3. Dos direitos e garantias fundamentais. 3.1 Dos direitos e deveres individuais e coletivos. 3.2 Da nacionalidade. 3.3
Dos direitos políticos....................................................................................................................................................................05
4. Da organização do Estado. 4.1 Da organização político-administrativa. 4.2 Da União. 4.3 Dos Estados federados.
4.4 Do Distrito Federal e dos Territórios...................................................................................................................................21
4.5 Da administração pública: 4.5.1 Disposições gerais. 4.5.2. Dos servidores públicos. 4.5.3 Dos militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios..........................................................................................................................................32
5. Da organização dos poderes.5.1 Do poder Legislativo. 5.1.1 Do Congresso Nacional. 5.1.2 Das atribuições do
Congresso Nacional. 5.1.3 Da Câmara dos Deputados. 5.1.4 Do Senado Federal.................................................................38
5.2 Do Poder Executivo. 5.2.1 Do Presidente e do Vice-Presidente da República. 5.2.2 Das atribuições do Presidente
da República. 5.2.3 Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional..............................................................42
5.3 Do Poder Judiciário. 5.3.1 Disposições gerais...............................................................................................................46
5.4 Das funções essenciais à Justiça. 5.4.1 Do Ministério Público....................................................................................50
6. Da defesa do Estado e das instituições democráticas. 6.1 Do estado de defesa e do estado de sítio. 6.2 Das Forças
Armadas. 6.3 Da segurança pública...........................................................................................................................................54
7. Constituição do Estado da Bahia: (Cap. XXIII “ Do Negro”)......................................................................................59

Didatismo e Conhecimento
Índice

DIREITOS HUMANOS

1. Precedentes históricos: Direito Humanitário, Liga das Nações e Organização Internacional do Trabalho (OIT)..........03
2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948.....................................................................................................08
3. Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (arts. 1º ao 32)...............17
4. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (arts. 1º ao 15). Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos/1966 (arts. 1º ao 27). Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial (Decreto nº 65.810/69). Convenção Sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher
(Decreto nº 4.377/02)....................................................................................................................................................................26

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Administração pública: conceito, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios.............................01


2. Poderes administrativos: poder vinculado; poder discricionário; poder hierárquico; poder disciplinar; poder
regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder.............................................................................................................03
3. Atos administrativos. 3.1 Conceito. 3.2 Atributos. 3.3 Requisitos. 3.4 Classificação. 3.5 Extinção...........................06
4. Organização administrativa. 4.1 Órgãos públicos: conceito e classificação. 4.2 Entidades administrativas: conceito
e espécies.......................................................................................................................................................................................09
5. Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos;
regime jurídico único, provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime
disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa.................................................................................................12
6. Contratos Administrativos e Licitações 6.1 Lei Estadual n.º 9.433/05.........................................................................47
7. Serviço Público: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; delegação: concessão,
permissão, autorização................................................................................................................................................................87
8. Controle e responsabilização da Administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo;
responsabilidade civil do Estado 8.1 Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92)................................................................91
9. Regime jurídico do militar estadual: Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia (Lei Estadual no 7.990, de
27 de dezembro de 2001 e suas alterações, em especial as Leis n.º 11.356, de 06 de janeiro de 2009, e 11.920, de 29 de junho
de 2010).......................................................................................................................................................................................101
Criação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Lei nº 10.549/06) modificada pela Lei Nº 13.204/14.......132
Criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Lei nº 10.678/03)...........153

DIREITO PENAL

1. Da aplicação da lei penal. 1.1 Lei penal no tempo. 1.2 Lei penal no espaço. 2. Do crime. 2.1 Elementos. 2.2
Consumação e tentativa. 2.3 Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 2.4 Arrependimento posterior. 2.5 Crime
impossível. 2.6 Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade..............................................................................................05
3. Contravenção.....................................................................................................................................................................14
4. Imputabilidade penal........................................................................................................................................................16
5. Dos crimes contra a pessoa (homicídio, lesão corporal, rixa e injúria)........................................................................17
6. Dos crimes contra a liberdade pessoal (ameaça, seqüestro e cárcere privado)...........................................................30
7. Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes e
receptação)....................................................................................................................................................................................32
8. Dos crimes contra a dignidade sexual.............................................................................................................................47
9. Dos crimes contra a paz pública (Associação Criminosa).............................................................................................60
10. Dos crimes contra a administração pública (peculato e suas formas, concussão, corrupção ativa e passiva,
prevaricação, usurpação de função pública, resistência, desobediência, desacato, contrabando e descaminho)...............61

Didatismo e Conhecimento
Índice

DIREITO PROCESSO PENAL

1. Princípios do Processo Penal............................................................................................................................................01


2. Sistemas Processuais.........................................................................................................................................................02
3. Inquérito Policial...............................................................................................................................................................03
4. Ação Penal: espécies..........................................................................................................................................................08
5. Da Prova: conceito, finalidade e obrigatoriedade; do exame de corpo de delito e perícias em geral; do interrogatório
do acusado e da confissão; do ofendido; da testemunha; do reconhecimento; da acareação; dos documentos; da busca e
apreensão......................................................................................................................................................................................13
6. Da Prisão e da Liberdade Provisória..............................................................................................................................28

LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR À MATÉRIA PENAL E PROCESSUAL PENAL

Legislação Complementar à Matéria Penal e Processual Penal Lei das contravenções penais (decreto-lei 3.688/41)..................01
Corrupção de Menores (Lei n.º 2.252/1954)......................................................................................................................06
Crimes de abuso de autoridade (Lei n.º 4.898/65)..............................................................................................................08
Lei de apoio às pessoas portadoras de deficiência (Lei nº 7.853/1989).............................................................................10
Crimes hediondos (Lei n.º 8.072/90)....................................................................................................................................13
Prisão temporária (Lei n.º 7.960/89)....................................................................................................................................14
Lei que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor (Lei nº 7.716/89 e Lei nº 9.459/1997)..............15
Estatuto da criança e do adolescente (Lei n.º 8.069/90).....................................................................................................17
Juizados especiais (Lei n.º 9.099/95)....................................................................................................................................52
Crime organizado (Lei n.º 9.034/95)....................................................................................................................................59
Escuta telefônica (Lei n.º 9.296/96)......................................................................................................................................63
Crimes de tortura (Lei n.º 9.455/97)....................................................................................................................................64
Estatuto do desarmamento e regulamentação específica (Lei nº 10.826/03, Decreto Nº 5.123/04 e Decreto nº
3.665/2000)....................................................................................................................................................................................64
Crimes ambientais (Lei n.° 9.605/98)................................................................................................................................ 117
Proteção à testemunha (Lei n.° 9.807/99)..........................................................................................................................126
Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90).............................................................................................................129
Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003)..................................................................................................................................131
Nova redação ao caput e ao § 3º do art. 304 do Decreto-Lei 3.689/1941 -CPP (Lei nº 11.113/2005)............................141
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06)..................................................................................................................................141
Lei que institui o sistema nacional de políticas públicas sobre drogas (Lei n.º 11.343/06)...........................................146
Estatuto do torcedor (Lei nº 10.671/2003).........................................................................................................................154
Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011).............................................................................................................161
Lei de Combate ao Genocídio (Lei nº 2.889/56)...............................................................................................................167
Lei Caó (Lei nº 7.437/85) e Lei nº 12.888, de 20 de Julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial).............................168

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O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
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O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1.3 Limites materiais ao Poder Constituinte Originário.
1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA São limites:
A) Limites transcendentes. Por tal ideia, as limitações ao Poder
FEDERATIVA DO BRASIL: PODER
Constituinte Originário viriam do direito natural, dos valores éti-
CONSTITUINTE. cos, e da consciência jurídica coletiva;
B) Limites imanentes. São limitações ligadas à própria configu-
ração do Estado, à própria identidade do Estado;
C) Limites heterônomos. São aqueles que advêm de outros
Representa o Poder Constituinte a expressão da vontade de ordenamentos jurídicos, principalmente do direito internacional.
um povo. Trata-se do poder de criar normas constitucionais (fede- Hoje, algumas regras de direito internacional são fortes limitações
ral ou estaduais), e de reformá-las. Emmanuel Joseph Sieyés, em à soberania interna do Estado.
sua obra “O que é o Terceiro Estado?”, é considerado o precursor Veja-se, pois, que mesmo tendo como uma de suas principais
da matéria. características a ausência de limitação, já há na doutrina quem con-
Neste diapasão, são duas as espécies de Poder Constituinte, trarie isso e estabeleça limites ao Poder Constituinte Originário nos
a saber: o Poder Constituinte Originário e o Poder Constituinte planos moral, ideológico e internacional.
Derivado, sendo que esta última espécie se subdivide em Poder
Constituinte Reformador e Poder Constituinte Decorrente. 1.4 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Po-
der Constituinte Originário sempre será o povo, que exercerá tal di-
1 Poder Constituinte Originário. Trata-se do poder político, reito, no caso do Brasil, por uma Assembleia Nacional Constituinte.
supremo e incondicionado, de criar uma Constituição. Segundo
Sieyès, jusnaturalista, o Poder Constituinte Originário será incon- 2 Poder Constituinte Derivado Reformador. É o procedi-
dicionado (por não estar submetido ao direito positivo, mas apenas mento de emenda a uma Constituição, nos moldes previstos no art.
aos princípios do direito natural), permanente (pois não se esgota 60, CF.
com o seu exercício, isto é, permanece existente), e inalienável
(pois o povo, como seu titular, nunca pode perder o direito de mu- 2.1 Características do Poder Constituinte Reformador. São
dar a sua vontade através da elaboração de nova Constituição). suas características:
A) Derivado. Ele deriva, advém, principia a partir do Poder
1.1 Características do Poder Constituinte Originário. In- Constituinte Originário;
dependentemente da posição de Sieyés, a doutrina, em geral, afir- B) Limitado. Existem limitações de ordem material, temporal,
ma que são características do Poder Constituinte Originário: circunstancial, explícitas, implícitas etc.;
A) Inicial. Não há nenhum outro poder antes ou acima do Po- C) Condicionado. Deve respeitar as formalidades traçadas pela
der Constituinte Originário. É ele quem dá início a todo o ordena- Constituição Federal.
mento jurídico (isto é, ele é quem inaugura a nova ordem jurídica,
rompendo com a ordem anterior); 2.2 Limitações ao Poder Constituinte Derivado Reforma-
B) Autônomo. Cabe apenas ao Poder Constituinte Originário dor. Podem ser, conforme o art. 60, da Constituição Federal:
escolher a ideia de direito que irá prevalecer na Constituição; A) Limitações temporais. Visam impedir a modificação da
C) Incondicionado. O Poder Constituinte Originário não está Constituição dentro de um determinado período de tempo, para que
submetido a nenhum tipo de condição formal ou material. haja uma maior estabilidade do texto constitucional. É o caso do
art. 60, §5º, da Constituição, p. ex., que afirma que a matéria cons-
1.2 Espécies de Poder Constituinte Originário. São as se- tante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada
guintes: não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa;
A) Poder constituinte histórico. Trata-se do poder responsável B) Limitações circunstanciais. Impedem a modificação da
para elaborar a primeira Constituição do Estado. No Brasil, esse Constituição em determinadas circunstâncias excepcionais, de ex-
papel é atribuído à Constituição Imperial de 1824; trema gravidade (a Constituição não poderá ser emendada na vi-
B) Poder constituinte revolucionário. É aquele que surge a gência de intervenção federal, de estado de defesa, ou de estado
partir de um golpe de Estado ou de uma insurreição contra a ordem de sítio, conforme preceitua o parágrafo primeiro, do art. 60, CF,
vigente. No Brasil, as Constituições de 1891 (em razão da procla- p. ex.);
mação da República, em 1889), de 1934 (em razão da Revolução C) Limitações formais. Elas podem ser subjetivas, se relacio-
Constitucionalista, de 1932), de 1937 (em razão do Estado Novo, nadas ao sujeito que irá iniciar o processo de emenda à Constituição
decretado neste mesmo ano), de 1946 (em razão do fim do Estado (podem o Presidente da República, o qual somente tem iniciativa,
Novo, em 1945), de 1967 (em razão do regime militar, iniciado em mas não veta, não sanciona, não promulga, e não publica; ou 1/3
1964), e de 1969 (em razão do recrudescimento do regime militar dos membros da Câmara ou Senado; ou mais da metade das As-
através dos atos institucionais), são representantes do poder cons- sembleias Legislativas das unidades da federação, manifestando-
tituinte originário revolucionário; se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros); ou
C) Poder constituinte transicional. Surge em razão de uma objetivas, que são limitações ligadas ao procedimento para ser dis-
transição natural, independente de golpes políticos e revoluções. cutida e aprovada uma “PEC - Proposta de Emenda à Constituição”
A Constituição pátria de 1988 é exemplo desta espécie de Poder (votação em dois turnos, em cada Casa do Congresso Nacional,
Constituinte Originário. exigindo-se aprovação de 3/5 dos respectivos membros em cada
uma das quatro votações).

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
D) Limitações materiais. São limitações que impedem a alte- 3.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Po-
ração de determinados conteúdos consagrados na Constituição Fe- der Constituinte Derivado Decorrente também será o povo, através
deral, chamados de “cláusulas pétreas”, cujo objetivo fundamental dos parlamentares por ele eleitos em âmbito estadual.
é resguardar metas a longo prazo, pensar no futuro, para que as
pessoas não atuem somente em relação ao interesse do presente. 4 Poder Constituinte no âmbito dos Municípios. Os Muni-
E, por falar em “cláusulas pétreas”, são suas finalidades pre- cípios, e também o Distrito Federal, não possuem Poder Consti-
servar a identidade material da Constituição; proteger instituições tuinte. Estes dois entes da federação se regulam por Lei Orgânica,
e valores essenciais; e assegurar a continuidade do processo de- e não por Constituições. É errado, pois, falar que um Município
mocrático. tenha uma “Constituição Municipal”, ou que o Distrito Federal te-
Isto posto, as “cláusulas pétreas” podem ser expressas, se con- nha uma “Constituição Distrital”.
sagradas no art. 60, §4º, CF (a forma federativa de Estado; o voto Desta maneira, o Poder Constituinte se estende, no máximo,
direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e até os Estados. Não se pode falar que os Municípios e o Distrito
os direitos e garantias individuais), ou implícitas, como os direitos Federal exerçam Poder Constituinte, ainda que Decorrente.
sociais (segundo Paulo Bonavides e Ingo Sarlet), e o sistema pre-
sidencialista e a forma republicana de governo (embora isso não 5 Revisão Constitucional. Há quem a chame de “Poder Cons-
seja unânime na doutrina quanto a ser ou não uma “cláusula pétrea tituinte Derivado Revisor”. Trata-se do procedimento para realizar
implícita”). uma Revisão Constitucional, conforme previsto no art. 3º, do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias. Há que se atentar
2.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Po- para alguns detalhes acerca da Revisão Constitucional, entretanto:
der Constituinte Derivado Reformador também será o povo, atra- A) A Revisão Constitucional foi prevista para acontecer após
vés dos parlamentares por ele eleitos para, dentre outras atribui- a Constituição completar cinco anos. Assim, se a Lei Fundamental
ções, alterar a Constituição. foi promulgada em cinco de outubro de 1988, a Revisão Constitu-
cional deveria começar a partir de cinco de outubro de 1993. Desta
3 Poder Constituinte Derivado Decorrente. Trata-se do po- maneira, é errado dizer que a Revisão já deveria ter findado até
der dos Estados-Membros de elaborarem suas Constituições, nos cinco de outubro de 1993, como usualmente (embora de maneira
termos dos arts. 25, da Constituição Federal, e 11, do Ato das Dis- equivocada) se costuma afirmar;
posições Constitucionais Transitórias. B) O art. 3º, da ADCT é norma constitucional de eficácia
exaurida, e, portanto, não pode ser objeto de Emenda Constitucio-
3.1 Características do Poder Constituinte Decorrente. Por nal. Disso se infere que tal art. 3º cumpriu sua função, e que uma
formar, junto com o Poder Constituinte Reformador, o gênero Emenda Constitucional não pode estabelecer que nova Revisão
“Poder Constituinte Derivado”, as características do Poder Cons- Constitucional seja feita no país;
tituinte Decorrente são as mesmas do Poder de alterar uma Cons- C) O procedimento de Revisão é bem mais simplificado que o
tituição, a saber: de Emenda. Na Revisão, as propostas, para serem aprovadas, de-
A) Derivado. Ele deriva, advém do Poder Constituinte Ori- veriam obter o voto da maioria absoluta dos membros do Congres-
ginário; so Nacional em sessão unicameral. Ou seja, as duas Casas legisla-
B) Limitado. Existem limitações de ordem material, temporal, tivas votaram conjuntamente, e, para se aprovar uma proposta, era
circunstancial, explícitas, implícitas etc.; preciso o voto de cinquenta por cento mais um dos membros das
C) Condicionado. Deve respeitar as formalidades traçadas duas Casas contatos conjuntamente;
pela Constituição Federal. D) A Revisão Constitucional terminou sem maiores realiza-
ções ou modificações à Lei Fundamental, no primeiro semestre
3.2 Limites ao Poder Constituinte Decorrente. São eles: de 1994, foram seis ao total. Pode-se dizer que seu objetivo não
A) Princípios constitucionais sensíveis. A expressão “princí- foi realmente cumprido: era o de analisar o que havia dado certo
pios constitucionais sensíveis” foi cunhada por Pontes de Miranda, e o que havia dado errado nos primeiros cinco anos de Constitui-
para os princípios previstos no art. 34, VII, da Constituição Fede- ção, mas terminou com alterações superficiais que não provocaram
ral. Questões como “forma republicana, sistema representativo e quaisquer mudanças no rumo da ciência constitucional.
regime democrático”, “direitos da pessoa humana”, e “prestação
de contas da administração pública, direta e indireta” devem ser
respeitadas pelos Estados ao elaborarem seus Textos Constitucio- 2. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
nais;
B) Princípios constitucionais extensíveis. São aqueles previs-
tos para a União (normas de observância obrigatória), e que se
estendem aos Estados, podendo estar expressos (ex.: arts. 28 e 75, A seguir, há que se estudar os quatro primeiros artigos da
CF) ou implícitos; Constituição Federal, que trazem os princípios fundamentais da
C) Princípios constitucionais estabelecidos. São aqueles que República Federativa do Brasil. Para tanto, convém a análise de
trazem regras vedatórias (ex.: art. 19, CF) e mandatórias (ex.: art. cada dispositivo separadamente, para sua melhor compreensão.
37, CF), e que defluem do sistema constitucional adotado (ex.:
respeito recíproco entre os entes da federação, graças ao sistema 1 Art. 1º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o
federativo adotado). entendimento do leitor:

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união 1.5 Significado de “dignidade da pessoa humana” (art. 1º,
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- III, CF). A dignidade humana é o elemento mais forte que a Cons-
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen- tituição Federal consagra a um ser humano, apesar de independer
tos: desta consagração constitucional para que o ser humano tenha o di-
I - a soberania; reito à existência digna.
II - a cidadania Consiste a dignidade numa série de fatores que, necessariamen-
III - a dignidade da pessoa humana; te, devem ser observados para que o homem tenha condições de
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; sobrevivência. Não é à toa que a dignidade da pessoa humana tem
V - o pluralismo político. “status” de sobreprincípio constitucional, isto é, está acima até mes-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce mo dos princípios (é o entendimento que prevalece na doutrina).
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos des-
ta Constituição. 1.6 Significado de “valores sociais do trabalho e da livre ini-
ciativa” (art. 1º, IV, CF). É o reconhecimento de que adotamos o
Os “princípios fundamentais” da República Federativa do capitalismo (iniciativa privada), mas um “capitalismo humanista”,
Brasil estão posicionados logo no início da Constituição pátria, isto é, fortemente influenciado pelos valores sociais do trabalho. É
após o preâmbulo constitucional, e antes dos direitos e garantias exatamente por isso, p. ex., que os arts. 7º e 8º, da Constituição Fe-
fundamentais. Representam as premissas especiais e majoritárias deral, consagram uma série de direitos aos trabalhadores urbanos e
que norteiam todo o ordenamento pátrio, como a dignidade da rurais. É exatamente por isso também, p. ex., que não se pode impor
pessoa humana, o pluralismo político, a prevalência dos direitos pena de trabalhos forçados, que se considera o trabalho escravo cri-
humanos, a harmonia entre os três Poderes etc. me, e que se exige que o trabalho deve ser justamente remunerado
Há que se tomar cuidado, contudo, para eventuais “pegadi- de acordo com sua complexidade.
nhas” de concurso. Se a questão perguntar “quais são os funda-
mentos da República Federativa do Brasil”, deve-se responder 1.7 Significado de “pluralismo político” (art. 1º, V, CF). Por
aqueles previstos no art. 1º, caput, CF. Agora, se a questão pergun- ser o Brasil um país cuja identidade é resultante da miscigenação
tar “quais são os objetivos fundamentais da República Federativa étnica, religiosa, racial, ideal, o pluralismo político assegura que to-
do Brasil”, deve-se responder aqueles previstos no art. 3º. Por fim, das estas nuanças sejam devidamente respeitadas, constituam elas
se a questão perguntar “quais são os princípios seguidos pelo Bra- ou não uma maioria. É dizer, desta forma, que o pluralismo político
sil nas relações internacionais”, deve-se responder aqueles previs- representa o respeito às minorias, também.
tos no art. 4º, da Lei Fundamental.
2 Art. 2º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o en-
1.1 Significado de “República Federativa do Brasil” (art. tendimento do leitor:
1º, caput, CF). Com efeito, a expressão “República Federativa do
Brasil”, usada no art. 1º, caput, CF, revela, dentre outras coisas: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
A) A forma de Estado: o Brasil é uma federação, isto é, o re- tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
sultado da união indissolúvel de Estados-membros, dos Municí-
pios e do Distrito Federal. Inclusive, por força do art. 60, §4º, I, São três os Poderes da República, a saber: o Executivo (ou Ad-
CF, a forma federativa de Estado é cláusula pétrea constitucional- ministrativo), o Legislativo e o Judiciário, todos independentes e
mente explícita. harmônicos entre si.
B) A forma de governo: O Brasil é uma república. Por independência significa que cada Poder pode realizar seus
próprios concursos, pode destinar o orçamento da maneira que lhe
1.2 Significado de “Estado Democrático de Direito” (art. convier, pode estruturar seu quadro de cargos e funcionários livre-
1º, caput, CF). Ato contínuo, o mesmo art. 1º, caput, prevê que mente, pode criar ou suprimir funções, pode gastar ou suprimir
esta união indissolúvel dos membros da federação constitui-se despesas de acordo com suas necessidades, dentre inúmeras outras
um “Estado Democrático de Direito”, Estado este que representa atribuições.
o resultado de uma revolução histórica, por ser o sucessor, nesta Por harmonia significa que cada Poder deve respeitar a esfera
ordem, dos Estados Liberal e Social. de atribuição dos outros Poderes. Assim, dentro de suas atribuições
típicas, ao Judiciário não compete legislar (caso em que estaria inva-
1.3 Significado de “soberania” (art. 1º, I, CF). Significa po- dindo a esfera de atuação típica do Poder Legislativo), ao Executivo
der político, supremo e independente. Soberania, aqui, tem signifi- não compete julgar, e ao Executivo não compete editar leis (repete-
cado de “soberania nacional”. É totalmente diferente da “soberania se: em sua esfera de atribuições típicas).
popular”, de que trata o parágrafo único, do art. 1º, CF, segundo a Essa harmonia, também, pode ser vista no controle que um Po-
qual todo poder emana do povo, que o exerce por meio de repre- der exerce sobre o outro, na conhecida “Teoria dos Freios e Contra-
sentantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição. pesos”.
É óbvio que cada Poder tem suas funções atípicas (ex.: em al-
1.4 Significado de “cidadania” (art. 1º, II, CF). É o direito guns casos o Judiciário legisla) (ex. 2: em alguns casos o Legislativo
de ter direitos. O cidadão, por meio da cidadania, pode contrair julga). Isso não representa óbice, todavia, que a atuação funcional de
direitos e obrigações. cada Poder corra de maneira independente, desde que respeitada a
harmonia de cada um para com seus “Poderes-irmãos”, obviamente.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3 Art. 3º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o Este “desenvolvimento nacional” deve ser entendido em sen-
entendimento do leitor: tido amplo, isto é, para mais que um simples progresso econômico.
Engloba, também, o desenvolvimento político, social, cultural,
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe- ideal, dentre tantos outros.
derativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 3.3 Significado da expressão “erradicar a pobreza e a
II - garantir o desenvolvimento nacional; marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- (art. 3º, III, CF). Trata-se de desdobramento da garantia do de-
gualdades sociais e regionais; senvolvimento nacional do art. 3º, II, CF.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, O Brasil é uma nação de diferenças socioeconômicas gritan-
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. tes no que atine à sua população, com a majoritária concentração
de riqueza nas mãos de poucos. Sendo assim, como um processo
Logo no início do estudo dos “princípios fundamentais”, lo- osmótico, do meio mais para o menos concentrado, é preciso que
calizados entre os arts. 1º e 4º, da Constituição, foi dito que os parte dessa riqueza seja transferida aos grupos populacionais mais
“fundamentos da República Federativa do Brasil” não são a mes- carentes.
ma coisa que os “objetivos fundamentais da República Federativa Veja-se que, neste aspecto, o texto constitucional foi feliz em
do Brasil”. seu texto: é preciso “erradicar” a pobreza e a marginalização, mas
Melhor explica-se: por “fundamentos” entende-se aquelas si- “reduzir” as desigualdades sociais e regionais. Ora, bem sabem
tuações que já são inerentes ao sistema constitucional pátrio. A
todos que sempre haverá discrepâncias sociais e regionais (a con-
dignidade da pessoa humana, p. ex., não é um objetivo a ser al-
centração da produção industrial, p. ex., obviamente se concentra
cançado num futuro próximo, mas uma exigência prevista para o
em sua maior parte na região sudeste e em menor parte na região
presente. Já os “objetivos fundamentais” são as premissas a que o
norte do país). O que se deve é, apenas, atenuar estas desigual-
Brasil se compromete a alcançar o quanto antes em prol da conso-
dades.
lidação da sua democracia.
Já a pobreza “é pobreza em qualquer lugar” (com o perdão da
Graças a este art. 3º, pode-se falar que o Brasil vive à égide de
licença poética), e, portanto, deve ser extirpada deste país.
uma Constituição compromissária, dirigente. O art. 3º nos revela
que temos um caminho a ser percorrido. O art. 3º é a busca pela
3.4 Significado da expressão “promover o bem de todos,
concretização dos princípios fundamentais do art. 1º.
E, como objetivos fundamentais, se elenca a construção de sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I), a garantia do de- outras formas de discriminação” (art. 3º, IV, CF). Eis o reco-
senvolvimento nacional (art. 3º, II), a erradicação da pobreza e da nhecimento do “pluralismo” como elemento norteador da nação
marginalidade, e a redução das desigualdades sociais e regionais (o “pluralismo”, como já dito outrora, é muito mais que o simples
(art. 3º, III), e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de conceito de “democracia”).
origem, raça, sexo, idade, cor, e quaisquer outras formas de discri- A promoção do bem de todos deve ser feita sem qualquer
minação (art. 3º, IV). diferenciação quanto às posições políticas, religiosas, étnicas,
ideais, e sociais.
3.1 Significado da expressão “construir uma sociedade li-
vre, justa e solidária” (art. 3º, I, CF). A “fraternidade” não é con- 4 Art. 4º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar o
sagrada explicitamente na Constituição, tal como o são a “liberda- entendimento do leitor:
de” e a “igualdade”, somente se lhe fazendo menção no preâmbulo
constitucional, quando se utiliza a expressão “sociedade fraterna”. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
Por “sociedade livre”, se entende a não submissão deste país relações internacionais pelos seguintes princípios:
a qualquer força estrangeira (tal como já foi este país colônia de I - independência nacional;
Portugal) bem como por qualquer movimento totalitário nacional II - prevalência dos direitos humanos;
(tal como já foi este país vítima do regime militar). III - autodeterminação dos povos;
Por “sociedade justa” há que se entender aquela que respeita IV - não-intervenção;
e que faz ser respeitada, não permitindo atrocidades políticas, abu- V - igualdade entre os Estados;
sos econômicos, ou violações à dignidade humana. VI - defesa da paz;
Por fim, por “sociedade solidária” há que se entender a obser- VII - solução pacífica dos conflitos;
vância ao terceiro vetor da Revolução Francesa, a saber: a “fra- VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
ternidade”, representativa da cooperação interna e internacional. IX - cooperação entre os povos para o progresso da huma-
nidade;
3.2 Significado da expressão “garantir o desenvolvimento X - concessão de asilo político.
nacional” (art. 3º, II, CF). Mais à frente se estudará a chamada Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará
“terceira geração/dimensão” de direitos fundamentais, ligada ao a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
valor “fraternidade”, dentro da qual estariam, dentre outros, o di- América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
reito ao progresso, ao meio ambiente, e o direito de propriedade -americana de nações.
sobre o patrimônio comum da humanidade.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O art. 4º é a revelação de que vivemos em um “Estado Cons- 4.7 Significado de “repúdio ao terrorismo e ao racismo”
titucional Cooperativo”, expressão esta utilizada por Peter Häber- (art. 4º, VIII, CF). “Repúdio” tem significado de repulsa, contra-
le, defensor de uma concepção culturalista de Constituição. Por riedade. “Racismo” é um termo amplo para designar qualquer tipo
“Estado Constitucional Cooperativo” se entende um Estado que de discriminação, seja ela de raça ou não.
se disponibiliza para outros Estados, que se abre para outros Esta- O Brasil não tem uma tipificação específica para crimes de
dos, mas que exige algum grau de reciprocidade em troca, a bem terrorismo, como o tem para os crimes de racismo. A “Lei de Se-
do desenvolvimento de um constitucionalismo mundial, ou, ao gurança Nacional” (Lei nº 7.170/83) apenas fala em “atos de terro-
menos, ocidental. rismo” em seu art. 20, sem especificar, contudo, o que seriam estes
atos e como puni-los. Por tratar-se de conceito indeterminado, há
4.1 Significado de “independência nacional” (art. 4º, I, se defender que, hoje, o Brasil não pune de forma autônoma o
CF). É a consequência da “soberania nacional”, constante do art. crime de terrorismo.
1º, I, CF. Afinal, é graças à independência deste país que se autori-
za a chamá-lo de nação soberana. 4.8 Significado de “cooperação entre os povos para o pro-
gresso da humanidade” (art. 4º, IX, CF). Um bom exemplo da
4.2 Significado de “prevalência dos direitos humanos” aplicação deste princípio está no parágrafo único, do art. 4º, da
(art. 4º, II, CF). Os direitos humanos são proteções jurídicas ne- Constituição Federal, segundo o qual a República Federativa do
cessárias à concretização da dignidade da pessoa humana. Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural
Em verdade, os direitos fundamentais nada mais são que os dos povos da América Latina, visando à formação de uma comu-
direitos humanos internalizados em Constituições. nidade latino-americana de nações. Tal objetivo acabou sendo em
Desta forma, tal como os direitos fundamentais devem pre- parte alcançado com a criação do MERCOSUL, ainda não total-
valecer no plano interno, também os direitos humanos devem ser mente implementado.
a tônica no plano internacional. Disso infere-se que tanto faria ao Essa ideia de cooperação entre os povos remonta a uma pro-
constituinte ter consagrado, neste art. 4º, II, CF, a “prevalência dos posta defendida pelo globalismo, de formação de blocos econô-
direitos humanos” (como o fez) ou a “prevalência dos direitos fun- mico-políticos de desenvolvimento recíproco. Some-se a isso o
damentais”. O resultado pretendido é o mesmo. fato de que, o art. 4º, IX, CF, em sua parte final, faz menção ao
“progresso da humanidade”, o qual é considerado um direito fun-
4.3 Significado de “autodeterminação dos povos” (art. 4º, damental de terceira dimensão/geração, aliado ao valor “fraterni-
III, CF). Esse princípio é um “recado” às demais nações. Por tal, dade”, na abrasileirada classificação de Paulo Bonavides.
o Brasil afirma que não aceita nem adota a prática de que um povo Assim, unindo a ideia de fraternidade à de criação de grupos
seja submetido/subordinado a outro. Todos têm direito a um Es- de países (como o MERCOSUL, como a União Europeia etc.), for-
tado, para que possam geri-lo, autonomamente, da maneira que ma-se o princípio de cooperação entre os povos para o progresso
melhor lhes convier. de cada país e da humanidade.

4.4 Significado de “não intervenção” e “defesa da paz” 4.9 Significado de “concessão de asilo político” (art. 4º, X,
(art. 4º, IV e VI, CF). A República Federativa do Brasil é um Es- CF). “Asilo político” é a proteção que um Estado dá a nacionais
tado não beligerante. Não é uma tendência deste país as “guerras de outros Estados que estiverem sofrendo perseguições políticas
de conquistas” nem as “guerras preventivas”, tal como é praxe na em razão de sua ideologia, crença, etnia etc. O Estatuto do Estran-
cultura norte-americana, mas só as “guerras defensivas”, isto é, as geiro (Lei nº 6.815/80) regula a condição do asilado. Em seu art.
guerras de proteção ao território e ao povo brasileiro, ainda que, 28, se afirma que o estrangeiro admitido no território nacional na
para isso, precise lutar fora do espaço territorial pátrio. Em outras condição de asilado político ficará sujeito, além dos deveres que
palavras, “guerra defensiva” não significa esperar ser invadido, lhe forem impostos pelo direito internacional, a cumprir as dispo-
como erroneamente se possa pensar. sições da legislação vigente e as que o Governo brasileiro lhe fixar.
Para a solução dos conflitos, busca-se a arbitragem internacio-
nal, os acordos internacionais, a mediação, o auxílio das Nações
Unidas etc. O belicismo só deve ser utilizado em último caso. 3. DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS. 3.1 DOS DIREITOS E
4.5 Significado de “igualdade entre os Estados” (art. 4º, V, DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. 3.2
CF). Trata-se de princípio autoexplicativo. O Brasil não reconhece
DA NACIONALIDADE. 3.3 DOS DIREITOS
a existência de Estados “maiores” ou “melhores” que os outros
tão-somente por seu poderio bélico, econômico, cultural etc. Sen-
POLÍTICOS.
do iguais todas as nações, todas podem proteger-se e ser protegidas
contra ameaças estrangeiras, tal como o Brasil se autoriza a fazer.

4.6 Significado de “solução pacífica dos conflitos” (art. 4º, A seguir, das quatro espécies de direitos e garantias fun-
VII, CF). Trata-se de desdobramento dos princípios da “não in- damentais previstas na Constituição Federal (direitos e deveres
tervenção” e da “defesa da paz” já estudados. Para a solução dos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos da nacionali-
conflitos, busca-se a arbitragem internacional, os acordos interna- dade, e direitos políticos). As outras espécies serão estudadas
cionais, a mediação, o auxílio das Nações Unidas etc. O belicismo separadamente.
só deve ser utilizado em último caso.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1 Direitos e deveres individuais e coletivos. Reproduzamos XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis-
o art. 5º, CF, para facilitar o estudo: solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros manecer associado;
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos ou extrajudicialmente;
termos desta Constituição; XXII - é garantido o direito de propriedade;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
coisa senão em virtude de lei; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropria-
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de- ção por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
sumano ou degradante; mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o casos previstos nesta Constituição;
anonimato; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra- petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; proprietário indenização ulterior, se houver dano;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produ-
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistên- tiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvi-
cia religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; mento;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a ros pelo tempo que a lei fixar;
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas
científica e de comunicação, independentemente de censura ou
e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
licença;
desportivas;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in-
dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po- térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
o dia, por determinação judicial; às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que XXX - é garantido o direito de herança;
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
processual penal; será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro- filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabe- pessoal do “de cujus”;
lecer; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- consumidor;
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissio- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
nal; formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
manecer ou dele sair com seus bens; segurança da sociedade e do Estado;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa-
locais abertos ao público, independentemente de autorização, des- gamento de taxas:
de que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
competente; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de-
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ve- fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
dada a de caráter paramilitar; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo- lesão ou ameaça a direito;
perativas independem de autorização, sendo vedada a interferên- XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurí-
cia estatal em seu funcionamento; dico perfeito e a coisa julgada;

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organiza- aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
ção que lhe der a lei, assegurados: defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
a) a plenitude de defesa; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
b) o sigilo das votações; meios ilícitos;
c) a soberania dos veredictos; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con- julgado de sentença penal condenatória;
tra a vida; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a iden-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regula-
sem prévia cominação legal; mento).
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di- se esta não for intentada no prazo legal;
reitos e liberdades fundamentais; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro-
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im- cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; exigirem;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entor- ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competen-
pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes te, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os militar, definidos em lei;
que, podendo evitá-los, se omitirem; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional do preso ou à pessoa por ele indicada;
e o Estado Democrático; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento família e de advogado;
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto-
ridade judiciária;
entre outras, as seguintes:
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
a) privação ou restrição da liberdade;
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
b) perda de bens;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
c) multa;
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
d) prestação social alternativa;
alimentícia e a do depositário infiel;
e) suspensão ou interdição de direitos;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém so-
XLVII - não haverá penas:
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
do art. 84, XIX; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
b) de caráter perpétuo; direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou ha-
c) de trabalhos forçados; beas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de po-
d) de banimento; der for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercí-
e) cruéis; cio de atribuições do Poder Público;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; por:
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física a) partido político com representação no Congresso Nacio-
e moral; nal;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que b) organização sindical, entidade de classe ou associação le-
possam permanecer com seus filhos durante o período de ama- galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
mentação; em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a fal-
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou ta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di-
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
drogas afins, na forma da lei; nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime LXXII - conceder-se-á habeas data:
político ou de opinião; a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
autoridade competente; de entidades governamentais ou de caráter público;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
o devido processo legal; por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação B) Algumas questões práticas sobre o direito à vida. Como
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de fica o caso das Testemunhas de Jeová, que não admitem receber
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, transfusão de sangue? Como fica a questão do conflito entre o di-
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando reito à vida e a liberdade religiosa? O entendimento prevalente é o
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do de que o direito à vida deve prevalecer sobre a liberdade religiosa.
ônus da sucumbência; E o caso da eutanásia/ortotanásia? São escassas as decisões
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e judiciais admitindo o “direito de morrer”, condicionando isso ao
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; elevado grau de sofrimento de quem pede, bem como a impossibi-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, lidade de recuperação deste. Há se lembrar que, tal como o direito
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; de permanecer vivo, o direito à vida também engloba o direito de
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na viver com dignidade, e conviver com o sofrimento físico é um
forma da lei: profundo golpe a esta dignidade do agente.
a) o registro civil de nascimento; E a legalização do aborto? Também há grande celeuma em
b) a certidão de óbito; torno da questão. Quem se põe favoravelmente ao aborto o faz
com base no direito à privacidade e à intimidade, de modo que não
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
caberia ao Estado obrigar uma pessoa a ter seu filho. Quem se põe
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da ci-
de maneira contrária ao aborto, contudo, o faz com base na vida do
dadania.
feto que se está dando fim com o procedimento abortivo.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
E a hipótese de fetos anencéfalos? O Supremo Tribunal Fe-
assegurados a razoável duração do processo e os meios que ga- deral decidiu pela possibilidade de extirpação do feto anencefá-
rantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda lico do ventre materno, sem que isso configure o crime de aborto
Constitucional nº 45, de 2004) previsto no Código Penal. Isto posto, em entendendo que o feto
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias funda- anencefálico tem vida, agora são três as hipóteses de aborto: em
mentais têm aplicação imediata. caso de estupro, em caso de risco à vida da gestante, e em caso de
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não feto anencefálico. Por outro lado, em entendendo que o feto anen-
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela cefálico não tem vida, não haverá crime de aborto por se tratar de
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Fe- crime impossível, afinal, para que haja o delito é necessário que o
derativa do Brasil seja parte. feto esteja vivo. De toda maneira, qualquer que seja o entendimen-
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos to adotado, agora é possível tal hipótese, independentemente de
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na- autorização judicial.
cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluí- 1.2 Direito à liberdade. O direito à liberdade, consagrado no
do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados caput do art. 5º, CF, é genericamente previsto no segundo inciso
na forma deste parágrafo) do mesmo artigo, quando se afirma que ninguém será obrigado a
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal In- fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Tal
ternacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído dispositivo representa a consagração da autonomia privada.
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Trata-se a liberdade, contudo, de direito amplíssimo, por
compreender, dentre outros, a liberdade de opinião, a liberdade de
1.1 Direito à vida. O art. 5º, caput, da Constituição Federal, pensamento, a liberdade de locomoção, a liberdade de consciência
dispõe que o direito à vida é inviolável. Dividamos em subtópi- e crença, a liberdade de reunião, a liberdade de associação, e a
cos: liberdade de expressão.
A) Acepções do direito à vida. São duas as acepções deste Dividamos em subtópicos:
A) Liberdade de consciência, de crença e de culto. O art. 5º,
direito à vida, a saber, o direito de permanecer vivo (ex.: o Brasil
VI, da Constituição Federal, prevê que é inviolável a liberdade de
veda a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada pelo
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
Presidente da República em resposta à agressão estrangeira, con-
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
forme o art. 5º, XLVII, “a” c.c. art. 84, XIX, CF), e o direito de
de culto e a suas liturgias. Ademais, o inciso VIII, do art. 5º, dispõe
viver com dignidade (ex.: conforme o art. 5º, III, CF, ninguém será que é assegurada, nos termos de lei, a prestação de assistência reli-
submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante) giosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
(ex. 2: consoante o art. 5º, XLV, CF, nenhuma pena passará da Ressalta-se, preliminarmente, que a “consciência” é mais am-
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e plo que “crença”. A “crença” tem aspecto essencialmente religio-
a decretação do perdimento de bens ser, nos termos de lei, es- so, enquanto a “consciência” abrange até mesmo a ausência de
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do uma crença.
valor do patrimônio transferido) (ex. 3: são absolutamente veda- Isto posto, o “culto” é a forma de exteriorização da crença.
das neste ordenamento constitucional penas de caráter perpétuo, O culto se realiza em templos ou em locais públicos (desde que
de banimento, cruéis, e de trabalhos forçados) (ex. 4: a pena será atenda à ordem pública e não desrespeite terceiros).
cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza O Brasil não adota qualquer religião oficial, como a República
do delito, a idade e o sexo do apenado, conforme o inciso XLVIII, Islâmica do Irã, p. ex. Em outros tempos, o Brasil já foi uma nação
do art. 5º, CF) (ex. 5: pelo art. 5º, XLIX, é assegurado aos presos o oficialmente católica. Com a Lei Fundamental de 1988, o seu art.
respeito à integridade física e moral); 19 vedou o estabelecimento de religiões oficiais pelo Estado.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Mas, então, como fica a utilização de símbolos religiosos em denúncia anônima pode ensejar a verificação, pela autoridade po-
locais públicos? Como o Brasil é um Estado laico, não faria sen- licial, do contido na denúncia, para que, em verificando sua plau-
tido a colocação de crucifixos em salas de audiência, p. ex. Os sibilidade, aí sim instaure o Inquérito Policial para o desenrolar
tribunais vêm entendendo, contudo, que sua colocação ou retirada regular das investigações;
é algo facultativo ao administrador do local, por representarem D) Liberdade de profissão. É livre o exercício de qualquer tra-
manifestações culturais de um país pluralista e multifacetário balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
como o Brasil. que a lei estabelecer (art. 5º, XIII, CF).
E quanto aos feriados religiosos? A sua fundamentação está Trata-se de norma constitucional de eficácia contida, seguindo
no art. 215, §2º, da Constituição Federal, segundo o qual a lei dis- a tradicional classificação de José Afonso da Silva, pois o exercí-
porá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação cio de qualquer trabalho é livre, embora a lei possa estabelecer
para os diferentes segmentos étnicos nacionais. Isto posto, tal dis- restrições. É o caso do exercício da advocacia, p. ex., condicionado
positivo vem sendo interpretado no sentido de que o feriado deve à prévia composição dos quadros da Ordem dos Advogados do
possuir um aspecto cultural muito forte para viger. Ainda assim, Brasil por meio de exame de admissão.
há quem questione o excesso de feriados católicos. Tal liberdade representa tanto o exercício de qualquer profis-
O que é a “escusa de consciência”? Está prevista no art. 5º, são como a escolha de qualquer profissão;
VIII, da Constituição, segundo o qual ninguém será privado de E) Liberdade de expressão. Trata-se de liberdade amplíssima.
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica Conforme o nono inciso, do art. 5º, da Lei Fundamental, é livre a
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comu-
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada nicação, independentemente de censura ou licença.
em lei. Tal dispositivo é a consagração do direito à manifestação do
Enfim, a escusa de consciência representa a possibilidade que pensamento, ao estabelecer meios que deem efetividade a tal direi-
a pessoa tem de alegar algum imperativo filosófico/religioso/po- to, afinal, o rol exemplificativo de meios de expressão previstos no
lítico para se eximir de alguma obrigação, cumprindo, em contra- mencionado inciso trata das atividades intelectuais, melhor com-
partida, uma prestação alternativa fixada em lei. preendidas como o direito à elaboração de raciocínios independen-
A prestação alternativa não tem qualquer cunho sancionató- tes de modelos preexistentes, impostos ou negativamente dogma-
rio. É apenas uma forma de se respeitar a convicção de alguém. tizados; das atividades artísticas, que representam o incentivo à
E se não houver prestação alternativa fixada em lei, fica in- cena cultural, sem que músicas, livros, obras de arte e espetáculos
teatrais, por exemplo, sejam objeto de censura prévia, como houve
viabilizada a escusa de consciência? Não, a possibilidade é ampla.
no passado recente do país; das atividades científicas, aqui enten-
Mesmo se a lei não existir, a pessoa poderá alegar o imperativo
didas como o direito à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico;
de consciência, independentemente de qualquer contraprestação.
e da comunicação, termo abrangente, se considerada a imprensa, a
E se a pessoa se recusa a cumprir, também, a prestação al-
televisão, o rádio, a telefonia, a internet, a transferência de dados
ternativa? Ficará com seus direitos políticos suspensos (há quem
etc.;
diga que seja hipótese de perda dos direitos políticos, na verdade),
F) Liberdade de informação. É assegurado a todos o acesso à
por força do que prevê o art. 15, IV, da Constituição Federal.
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
B) Liberdade de locomoção. Consoante o inciso XV, do art.
exercício profissional (art. 5º, XIV, CF).
5º, da Lei Fundamental, é livre a locomoção no território nacional Tal liberdade engloba tanto o direito de informar (prerrogativa
em tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos de lei de transmitir informações pelos meios de comunicação), como o
(essa Lei é a de nº 6.815 - Estatuto do Estrangeiro), nele entrar, direito de ser informado.
permanecer ou dele sair com seus bens. Isso nada mais representa Vale lembrar, inclusive, que conforme o art. 5º, XXXIII, da
que a “liberdade de ir e vir”; Constituição, todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
C) Liberdade da manifestação do pensamento. Conforme o formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
art. 5º, IV, da Constituição pátria, é livre a manifestação do pensa- geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-
mento, sendo vedado o anonimato. Por outro lado, o inciso subse- sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
quente a este assegura o direito de resposta, proporcional ao agra- segurança da sociedade e do Estado;
vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. G) Liberdade de reunião e de associação. Pelo art. 5º, XVI,
Veja-se, pois, que a Constituição protege a “manifestação” CF, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
do pensamento, isto é, sua exteriorização, já que o “pensamento abertos ao público, independentemente de autorização, desde que
em si” já é livre por sua própria natureza de atributo inerente ao não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mes-
homem. mo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade compe-
Ademais, a vedação ao anonimato existe justamente para per- tente. Eis a liberdade de reunião.
mitir a responsabilização quando houver uma manifestação abu- Já pelo art. 5º, XVII, CF, é plena a liberdade de associação
siva do pensamento. para fins lícitos, sendo vedado que associações tenham caráter pa-
Neste diapasão, uma denúncia anônima pode dar início a um ramilitar. Eis a liberdade de associação.
Inquérito Policial? O Supremo Tribunal Federal entende que a O que diferencia a “reunião” da “associação”, basicamente, é
denúncia anônima, por si só, não pode dar ensejo a um proces- o espaço temporal em que existem. As reuniões são temporárias,
so-crime/inquérito, sob risco de ver-se instaurada uma série de para fins específicos (ex.: protesto contra a legalização das drogas).
processos-crime/inquéritos por motivos escusos, como vingança Já as associações são permanentes, ou, ao menos, duram por mais
e chantagem política. Todavia, para o Guardião da Constituição, a tempo que as reuniões (ex.: associação dos plantadores de tomate).

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ademais, a criação de associações independe de lei, sendo ve- Nada obstante o posicionamento que se tome, há se lembrar
dada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII, que o Supremo Tribunal Federal, também mui recentemente, re-
CF). As associações poderão ter suas atividades suspensas (para conheceu a constitucionalidade das políticas de ações afirmativas
isso não se exige decisão judicial transitada em julgado), ou pode- por unanimidade, seja para o caso de afrodescendentes, seja para
rão ser dissolvidas (para isso se exige decisão judicial transitada o caso de estudantes advindos do ensino público, o que indica, a
em julgado) (art. 5º, XIX, CF). Ninguém poderá ser compelido partir das decisões prolatadas, um período de prevalência da tese
a associar-se ou manter-se associado, contudo (art. 5º, XX, CF). por bastante tempo no Guardião da Constituição;
Também, o art. 5º, XXI, da CF, estabelece a possibilidade de C) Igualdade de gênero. A CF é expressa, em seu art. 5º, I:
representação processual dos associados pelas entidades associati- homens e mulheres são iguais nos termos da Constituição Federal.
vas. Trata-se de verdadeira representação processual (não é substi- Isso significa que a CF pode fixar distinções, como o faz quan-
tuição), que depende de autorização expressa dos associados nesse to aos requisitos para aposentadoria, quanto à licença gestante, e
sentido, podendo ser dada em assembleia ou mediante previsão quanto ao serviço militar obrigatório apenas para os indivíduos do
genérica no Estatuto. sexo masculino, p. ex. Quanto à legislação infraconstitucional, é
possível fixar distinções, desde que isso seja feito em consonância
1.3 Direito à igualdade. Por ser um dos mais importantes di- com a Constituição Federal, isto é, sem excedê-la ou sendo-lhe
reitos fundamentais, convém dividi-lo em subtópicos para melhor insuficiente.
análise:
A) Igualdade formal e material. A igualdade deve ser anali- 1.4 Direito à segurança. A segurança é tratada tanto no caput
sada tanto em seu prisma formal, como em seu enfoque material. do art. 5º, como no caput do art. 6º, ambos da Constituição Federal.
Sob enfoque formal, a igualdade consiste em tratar a todos No caput do art. 6º, se refere à segurança pública, que será
igualmente (ex.: para os maiores de dezesseis anos e menores de estudada quando da análise dos direitos sociais. A segurança a que
dezoito anos, o voto é facultativo. Todos que se situam nesta faixa se refere o caput do art. 5º é a segurança jurídica, que impõe aos
etária têm o direito ao voto, embora ele seja facultativo). Poderes Públicos o respeito à estabilidade das relações jurídicas já
Ademais, neste enfoque formal, a igualdade pode ser na lei constituídas.
(normas jurídicas não podem fazer distinções que não sejam auto- Engloba-se, pois, o direito adquirido (o direito já se incor-
rizadas pela Constituição), bem como perante a lei (a lei deve ser porou a seu titular), o ato jurídico perfeito (deve se preservar a
aplicada igualmente a todos, mesmo que isso crie desigualdade). manifestação de vontade de quem editou algum ato, desde que ele
Já sob enfoque material, a igualdade consiste em tratar de for- não atente contra a lei, a moral e os bons costumes), e a coisa jul-
ma desigual os desiguais (ex: o voto é facultativo para os analfabe- gada (é a imutabilidade de uma decisão que impede que a mesma
tos. Todavia, os analfabetos não podem ser votados. A alfabetiza- questão seja debatida pela via processual novamente), consagra-
ção é uma condição de elegibilidade. Significa que, se o indivíduo
dos todos no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.
souber ler e escrever, poderá ser votado. Se não, há óbice constitu-
cional a que ocupe cargo eletivo);
1.5 Direito de propriedade. Conforme o art. 5º, caput e
B) Igualdade e ações afirmativas. Como fica a questão das
inciso XXII, da Constituição Federal, é assegurado o direito de
ações afirmativas? Elas ferem o princípio da igualdade, ou consa-
propriedade. Há limitações, contudo, a tal direito, como a função
gram, justamente, a ideia de igualdade material? Preliminarmente,
social da propriedade. Para melhor compreender tal instituto fun-
as ações afirmativas são políticas públicas ou programas privados
damental vamos dividi-lo em temas específicos:
criados temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de re-
duzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou de uma A) Função social da propriedade. A função social, consagrada
hipossuficiência econômica ou física, por meio da concessão de no art. 5º, XXIII, CF, não é apenas um limite ao direito de proprie-
algum tipo de vantagem compensatória de tais condições. dade, mas, sim, faz parte da própria estrutura deste direito. Assim,
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma só há direito de propriedade se atendida sua função social (há, mi-
sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí- noritariamente, quem pense o contrário).
fico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de Conforme o art. 182, §2º, da Constituição Federal, a proprie-
benefícios. Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério dade urbana cumpre com sua função social quando atende às exi-
republicano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar gências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
determinado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não diretor.
por pertencer a determinada categoria); são medida inapropriada, Já conforme o art. 186, da Lei Fundamental, a função social
imediatista, e podem ser utilizadas como meio de “politicagem ba- da propriedade rural é cumprida quando atende, simultaneamen-
rata” (ou seja, por tal argumento, há outros meios mais adequados te, e segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
para obter esse resultado); fomentariam o racismo e o ódio; favo- ao aproveitamento racional e adequado, à utilização adequada dos
receriam negros de classe média alta; bem como ferem o princípio recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, à
da isonomia por causar uma discriminação reversa. observância das disposições que regulam as relações de trabalho,
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende e à exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objeti- trabalhadores.
vo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma Indubitavelmente, a função social da propriedade, seja ela
compensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); repre- urbana ou rural, representa a mitigação do “status” absoluto que
sentam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com por tempos marcou a relação entre o homem e a coisa (objeto).
o presente. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade Imiscuindo-se nesta relação há agora, pois, o aspecto social a que
material); bem como promovem a diversidade. a coisa e o homem devem servir.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Aliás, é esta função social da propriedade que assegura que a Ainda, no caso de desapropriação por interesse social, pode
pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que traba- ocorrer a chamada “desapropriação sanção”, pelo desatendimento
lhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de da função social da propriedade. Nesse caso, diante da “culpa”
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre do proprietário, a indenização será prévia, justa, porém não será
os meios de financiar o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI, CF); em dinheiro, mas sim em títulos públicos. Com efeito, são duas
B) Inviolabilidade do domicílio. A Constituição Federal asse- as hipóteses de desapropriação-sanção: desapropriação-sanção de
gura, em seu art. 5º, XI, que a casa é asilo inviolável do indivíduo, imóvel urbano, prevista no art. 182, §4º, III, CF (o pagamento é
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, feito em títulos da dívida pública, com prazo de resgate de até dez
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- anos); desapropriação-sanção de imóvel rural, prevista no art. 184,
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial. CF (ela é feita para fins de reforma agrária, e o pagamento é feito
Veja-se que, em caso de flagrante delito, para prestar socorro, em títulos da dívida agrária, com prazo de resgate de até vinte
ou evitar desastre, na casa se pode entrar a qualquer hora do dia. anos, contados a partir do segundo ano de sua emissão);
Se houver necessidade de determinação judicial, a entrada na re- E) Confisco da propriedade. O confisco está previsto no art.
sidência, salvo consentimento do morador, somente pode ser feita 243 da CF. Também é hipótese de transferência compulsória da
durante o dia. propriedade, como a desapropriação. Mas, dela se distingue por-
Isto posto, para fins de interpretação constitucional, deve-se que no confisco não há pagamento de qualquer indenização.
adotar uma interpretação extensiva acerca do conceito de “casa”. Isto posto, são duas as hipóteses de confisco: as glebas de
Assim, abrange escritórios, consultórios, quartos de hotel habita- qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de
dos, estabelecimentos comerciais e industriais (na parte em que plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especifi-
não são abertos ao público), a boleia de caminhão (mas só en- camente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de
quanto o motorista dorme, pois, durante o trabalho, na estrada, é produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indeniza-
veículo comum sujeito a blitz) etc.
ção ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em
Ademais, a Constituição Federal utiliza a expressão “duran-
lei (art. 243, caput, CF); bem como todo e qualquer bem de valor
te o dia”. Pelo critério cronológico, “dia” é das 6h00min até as
econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entor-
18h00min (veja-se que esse critério é diferente daquele adotado
pelo CPC, que admite a execução de mandados até às 20h00min); pecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
pelo critério físico-astronômico, “dia” é o espaço de tempo que vai confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica,
da aurora ao crepúsculo (não se trata de um critério subjetivo, pois na forma da lei (art. 243, parágrafo único, CF);
a ciência consegue determinar com precisão os horários da aurora F) Usucapião da propriedade (aquelas previstas na Constitui-
e do crepúsculo); e, pelo critério misto, deve haver conjugação ção). Há duas previsões constitucionais acerca de usucapião, em
dos dois critérios anteriores, para dar o máximo de proteção ao que o prazo para aquisição da propriedade é reduzido: usucapião
domicílio (assim, pode-se ingressar das 6h00min até às 18h00min, urbano (aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos
desde que o sol já tenha nascido (aurora) ou não tenha se posto e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente
(crepúsculo)); e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
C) Requisição da propriedade. A Constituição Federal prevê adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
duas hipóteses de requisição: no caso de iminente perigo público, a imóvel urbano ou rural, conforme o art. 183, caput, da CF); e usu-
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, asse- capião rural (aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural
gurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano (art. 5º, ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
XXV, CF); e no caso de vigência de estado de sítio, decretado em oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta
caso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
fatos que comprovem a ineficácia da medida tomada durante o es- tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade, consoante o
tado de defesa, é possível a requisição de bens (art. 139, VII, CF). art. 191, caput, da CF).
Na requisição civil não há transferência de propriedade. Há Não custa chamar a atenção, veja-se, que as hipóteses consti-
apenas uso ou ocupação temporários da propriedade particular. tucionais também exigem os requisitos tradicionais da usucapião,
Trata-se de ocupação emergencial, de modo que só caberá indeni- a saber, a posse mansa e pacífica, a posse ininterrupta, e a posse
zação posterior, e, ainda, se houver dano. não-precária.
A requisição militar também é emergencial. Também só have- Não custa lembrar, por fim, que imóveis públicos não podem
rá indenização posterior, diante de dano; ser adquiridos por usucapião;
D) Desapropriação da propriedade. Prevista no art. 5º, XXIV, G) Propriedade intelectual. A Constituição protege a proprie-
da CF, é cabível em três casos: necessidade pública; utilidade pú- dade intelectual como direito fundamental.
blica; e interesse social.
Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publi-
Na desapropriação, dá-se retirada compulsória da propriedade
cação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros
do particular.
pelo tempo que a lei fixar (art. 5º, XXVII, CF).
Se em razão de interesse social, exige-se indenização em di-
nheiro justa e prévia, como regra geral. São assegurados, nos termos de lei, a proteção às participa-
E, nos casos de necessidade e utilidade pública, o particular ções individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e
não tem culpa alguma. Trata-se, meramente, de situação de pre- voz humanas, inclusive nas atividades esportivas (art. 5º, XXVIII,
valência do interesse público sobre o interesse privado. A inde- “a”, CF), bem como direito de fiscalização do aproveitamento
nização, como regra geral, também deve ser prévia, justa, e em econômico das obras que criarem ou de que participarem (art. 5º,
dinheiro. XXVIII, “b”, CF).

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio galidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, “a”, CF), bem como
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações in- a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
dustriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a ou- direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5º,
tros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- XXXIV, “b”, CF);
volvimento tecnológico e econômico do país (art. 5º, XXIX, CF); D) Direito ao juiz natural. A Constituição veda, em seu art.
H) Direito de herança. Tal direito está previsto, de maneira 5º, XXXVII, a criação de juízos ou tribunais de exceção. Desta
pioneira, no trigésimo inciso, do art. 5º, CF. Nas outras Constitui- maneira, todos devem ser processados e julgados por autoridade
ções, ele era apenas deduzido do direito de propriedade. judicial previamente estabelecida e constitucionalmente investida
Ademais, a sucessão de bens de estrangeiros situados no país em seu ofício. Não é possível a criação de um tribunal de julga-
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos mento após a prática do fato tão somente para apreciá-lo. No mes-
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei mo sentido, o art. 5º, LIII, CF prevê que ninguém será processado
pessoal do “de cujus” (art. 5º, XXXI, CF). nem sentenciado senão por autoridade competente;
E) Direito ao tribunal do júri. Ao tribunal do júri compete
1.6 Direito à privacidade. Para o estudo do Direito Constitu-
o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, salvo se tiver o
cional, a privacidade é o gênero, do qual são espécies a intimidade,
agente prerrogativa de foro assegurada na Constituição Federal,
a honra, a vida privada e a imagem. Neste sentido, o inciso X, do
caso em que esta prerrogativa prevalecerá sobre o júri (é o caso
art. 5º, da Constituição, prevê que são invioláveis a intimidade, a
do Prefeito Municipal, p. ex., que será julgado pelo Tribunal de
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direi-
Justiça, pelo Tribunal Regional Federal ou pelo Tribunal Regional
to à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
Eleitoral, a depender da natureza do delito perpetrado).
violação:
Ademais, além da competência para crimes dolosos contra
A) Intimidade, vida privada e publicidade (imagem). Pela
“Teoria das Esferas”, importada do direito alemão, quanto mais a vida, norteiam o júri a plenitude de defesa (que é mais que a
próxima do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera ampla defesa), o sigilo das votações, e a soberania dos veredictos;
(as esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada, e F) Direito ao devido processo legal. Ninguém será privado
pela publicidade). da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art.
Desta maneira, a intimidade merece maior proteção. São 5º, LIV). Em verdade, o termo correto é “devido procedimento
questões de foro personalíssimo de seu detentor, não competindo a legal”, pois todo processo, para ser processo, deve ser legal. O que
terceiros invadir este universo íntimo. pode ser legal ou ilegal é o “procedimento”.
Já a vida privada merece proteção intermediária. São questões Ademais, há de se lembrar que também na esfera adminis-
que apenas dizem respeito a seu detentor, desde que realizadas em trativa (e não só na judicial) o direito ao procedimento é devido.
ambiente íntimo. Se momentos da vida privada são expostos ao Por fim, insere-se na cláusula do devido processo legal o di-
público, pouco pode fazer a proteção legal que não resguardar a reito ao duplo grau de jurisdição, consistente na possibilidade
honra e a imagem do indivíduo. de que as decisões emanadas sejam revistas por outra autoridade
Por fim, na publicidade a proteção é mínima. Compete à pro- também constitucionalmente investida;
teção legal apenas resguardar a honra do indivíduo, já que o ato é G) Direito ao contraditório e à ampla defesa. “Contraditó-
público; rio” e “ampla defesa” não são a mesma coisa, se entendendo pelo
B) Honra. O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atri- primeiro o direito vigente a ambas as partes de serem informadas
butos pertinentes à reputação do cidadão sujeito de direitos. Exata- dos atos processuais praticados, e pelo segundo o direito do acu-
mente por isso o Código Penal prevê os chamados “crimes contra sado de se defender das imputações que lhe são feitas. Assim, en-
a honra”. quanto o contraditório vale para ambas as partes, a ampla defesa
só vale para o acusado.
1.7 Direitos de acesso à justiça. São vários os desdobramen- O contraditório e a ampla defesa vigem tanto para o procedi-
tos desta garantia: mento judicial como para o administrativo. Neste sentido, o art.
A) Defesa do consumidor. Conforme o inciso XXXII, do art. 5º, LV, CF prevê que aos litigantes, em processo judicial ou ad-
5º, da Constituição, o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa ministrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contra-
do consumidor. Tal lei existe, é a Lei nº 8.078/90 - Código de De- ditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
fesa do Consumidor; H) Inadmissibilidade de provas ilícitas. São inadmissíveis no
B) Inafastabilidade do Poder Judiciário. A lei não excluirá da processo tanto as provas obtidas ilicitamente (quanto contrárias à
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito (art. 5º, Constituição) como as obtidas ilegitimamente (quando contrários
XXXV, CF). Junte-se a isso o fato de que os juízes não podem se aos procedimentos estabelecidos pela lei processual). Prova “ilí-
furtar de decidir (proibição do “non liquet”). Isso tanto é verdade cita” e “ilegítima” são espécies do gênero “prova ilegal”.
que, na ausência de lei, ou quando esta for omissa, o juiz decidirá O art. 5º, LVI, CF diz “menos do que queria dizer”, por se
o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios ge- referir apenas às provas ilícitas;
rais de direito (art. 4º, da Lei de Introdução às Normas do Direito I) Direito à ação penal privada subsidiária da pública. O
Brasileiro - LINDB); titular da ação penal pública é o Ministério Público, e a ele com-
C) Direito de petição e direito de certidão. São a todos asse- pete, pois, manejar esta espécie de ação penal. Se isto não for feito
gurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de por pura desídia do órgão ministerial, é possível o manejo de ação
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile- penal privada subsidiária da pública pela vítima (art. 5º, LIX, CF);

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
J) Direito à publicidade dos atos processuais. Todos os atos Nada obstante, o preso será informado de seus direitos, dentre
processuais serão públicos (art. 5º, LX, CF) e as decisões deverão os quais o de permanecer calado (direito a não autoincriminação),
ser devidamente fundamentadas (art. 93, IX, CF). É possível im- sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado (art.
por o sigilo processual se o interesse público ou motivo de força 5º, LXIII, CF).
maior assim indicar; O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua
K) Direito à assistência judiciária. O Estado prestará assis- prisão ou por seu interrogatório policial (art. 5º, LXIV, CF), valen-
tência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insufi- do lembrar que toda prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
ciência de recursos (art. 5º, LXXIV, CF). À Defensoria Pública autoridade judicial competente (art. 5º, LXV, CF).
competirá tal função, nos moldes do art. 134, caput, da Consti- Ademais, ninguém será levado à prisão ou nela mantido quan-
tuição Federal. do a lei admitir a liberdade provisória com ou sem fiança (art. 5,
Ademais, são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na LXVI, CF).
forma da lei, o registro civil de nascimento (art. 5º, LXXVI, “a”, Por fim, às presidiárias serão asseguradas condições para que
CF) e a certidão de óbito (art. 5º, LXXVI, “b”, CF); possam permanecer com seus filhos durante o período de amamen-
L) Direito à duração razoável do processo. Trata-se de inciso tação (art. 5º, L, CF);
acrescido à Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº F) Penas admitidas e vedadas pelo ordenamento pátrio. São
45/2004. admitidas as penas de privação ou restrição de liberdade, perda de
Objetiva-se fazer cessar as brigas judiciais infindáveis. Para bens, multa, prestação social alternativa, bem como suspensão ou
se aferir a duração razoável do processo é preciso analisar o grau interdição de direitos.
de complexidade da causa, a disposição das partes no resultado da Por outro lado, não haverá penas de morte (salvo em caso de
demanda, e a atividade jurisdicional que caminhe no sentido de guerra declarada pelo Presidente da República contra nação es-
prezar ou não por um fim célere (mas com qualidade). trangeira), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimen-
to e cruéis. Eis o teor do inciso XLVI, do art. 5º, da Constituição
Federal;
1.8 Direitos constitucionais penais. Vejamos:
G) Uso de algemas. Consoante a Súmula Vinculante nº 11,
A) Princípio da legalidade. Não há crime sem lei anterior que
só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado
o defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 5º, XXXIX,
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia,
CF). Ademais, a lei penal somente retroagirá se para beneficiar o
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
acusado (art. 5º, XL, CF);
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
B) Princípio da pessoalidade das penas. Nenhuma pena pas-
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato pro-
sará da pessoa do condenado (apenas a obrigação de reparar o
cessual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
dano e a decretação do perdimento de bens podem passar da pes-
Estado;
soa do condenado, se estendendo aos seus sucessores até o limite H) Sigilosidade do inquérito policial para o defensor do acu-
do patrimônio transferido). Eis o teor inciso XLV, do art. 5º, da sado. De acordo com o art. 20, do Código de Processo Penal, a
Lei Fundamental pátria; autoridade policial assegurará no inquérito o sigilo necessário à
C) Princípio da presunção de inocência (ou presunção de elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Mas,
não culpabilidade). Ninguém será considerado culpado até o trân- esse sigilo não é absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos autos
sito em julgado de sentença penal condenatória (art. 5º, LVII, CF). do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autoridade policial,
Assim, enquanto for possível algum recurso, a presunção do acu- e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV, da
sado é de inocência. Lei nº 8.906/94 - Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, e
Isso não represente um óbice à imposição de prisões proces- com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso aos atos já
suais/medidas cautelares diversas da prisão, todavia; documentados nos autos, independentemente de procuração, para
D) Crimes previstos na Constituição. A prática do racismo assegurar direito de assistência do preso e investigado.
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de re- Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e
clusão, nos termos da lei (art. 5º, XLVV). irrestrito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos
A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de gra- autos, mas não em relação às diligências em andamento.
ça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion- já documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às
dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), ha-
podendo evitá-los, se omitirem (art. 5º, XLIII, CF). beas corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é
Por fim, constitui crime inafiançável e imprescritível a ação o mandado de segurança em nome do próprio advogado, já que a
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucio- prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele.
nal e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CF);
E) Direitos relacionados a prisões. Em regra, toda prisão 1.9 Habeas corpus. Vejamos o primeiro dos chamados “remé-
deve ser determinada pela autoridade judicial, mediante ordem dios constitucionais”:
escrita e fundamentada, salvo se em caso de flagrante delito (art. A) Surgimento. A Magna Carta inglesa, de 1215, foi o primei-
5º, LXI, CF). ro documento a prevê-lo, enquanto o “Habeas Corpus Act”, de
Ato contínuo, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 1679, procedimentalizou-o pela primeira vez. No Brasil, o Código
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e de Processo Penal do Império, de 1832, trouxe-o para este orde-
à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 5º, LXII, CF). namento, enquanto a primeira Constituição Republicana, de 1891,

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
foi a primeira Lei Fundamental pátria a consagrar o instituto (é da H) Procedimento. O procedimento está previsto no Código de
época da Lei Fundamental a chamada “Doutrina Brasileira do Ha- Processo Penal, entre seus arts. 647 e 667;
beas Corpus”, que maximizava o instituto a habilitava-o a proteger I) Algumas considerações finais. Pela Súmula nº 695, do Su-
qualquer direito, inclusive aqueles que hoje são buscados pela via premo Tribunal Federal, não cabe HC quando já extinta a pena
do Mandado de Segurança). Hoje, a previsão constitucional do ha- privativa de liberdade.
beas corpus está no art. 5º, LXVIII, da Constituição da República; Pela Súmula nº 693, STF, não cabe habeas corpus contra deci-
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional (e não são condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso
de “recurso processual penal”, veja-se) de natureza tipicamente por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
penal que almeja a proteção das liberdades individuais de loco- Pela Súmula nº 690, STF, compete ao Supremo o julgamento
moção quando esta se encontra indevidamente violada ou em vias de habeas corpus contra decisão de turma recursal dos juizados
de violação. especiais criminais.
Vale lembrar que, apesar de ser uma ação tipicamente penal, Por fim, pela Súmula nº 694, do Supremo, não cabe tal “writ”
não há qualquer óbice a que se utilize o habeas corpus em outras contra a imposição de pena de exclusão de militar ou de perda de
searas como a cível, num caso de indevida privação de liberdade patente ou de função pública.
por dívida de alimentos, p. ex., ou na trabalhista, caso alguém seja
indevidamente impedido de exercer seu labor, noutro exemplo; 1.10 Mandado de segurança. Vejamos:
C) Espécies. O habeas corpus pode ser preventivo (quando A) Surgimento. Trata-se de remédio trazido ao Brasil (há
houver mera ameaça de violação ao direito de ir e vir, caso em que quem defenda, prevalentemente, que o instituto seja criação ge-
se obterá um “salvo-conduto”), ou repressivo (quando ameaça já nuinamente brasileira) pela Lei Fundamental de 1934, e, desde
tiver se materializado); então, a única Constituição que não o previu foi a de 1937. Hoje,
D) Legitimidade ativa. É amplíssima. Qualquer pessoa pode o mandado de segurança individual está constitucionalmente dis-
manejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, assim como o Minis- ciplinado no art. 5º, LXIX, e o mandado de segurança coletivo no
tério Público. A pessoa que o maneja é chamada “impetrante”, en- art. 5º, LXX, todos da Lei Maior pátria;
quanto que a pessoa que dele se beneficia é chamada “paciente” B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, de rito
(desta maneira, é perfeitamente possível que impetrante e paciente sumário e especial, destinada à proteção de direito líquido e certo
sejam a mesma pessoa). de pessoa física ou jurídica não amparado por habeas corpus
A importância deste “writ” é tão grande que, nos termos do ou habeas data (com isso já se denota a natureza subsidiária do
segundo parágrafo, do art. 654, do Código de Processo Penal, os “writ”: ele somente é cabível caso não seja hipótese de habeas
juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício o re- corpus ou habeas data).
médio quando, no curso do processo, verificarem que alguém sofre Ademais, apesar de ser mais comum sua utilização no âmbito
ou está na iminência de sofrer coação ilegal; cível, óbice não deve haver à sua utilização nas searas das justiças
E) Legitimidade passiva. Pode ser tanto um agente público criminal e especializada;
(autoridade policial ou autoridade judicial, p. ex.) como um agente C) Espécies. O “writ” pode ser preventivo (quando se estiver
particular (diretor de uma clínica de psiquiatria, p. ex.). na iminência de violação a direito líquido e certo), ou repressivo
F) Hipóteses de coação ilegal. A coação será considerada ile- (quando já consumado o abuso/ilegalidade);
gal, nos moldes do art. 648, CPP, quando não houver justa causa D) Legitimidade ativa. Deve ser a mais ampla possível,
para tal; quando alguém estiver preso por mais tempo do que de- abrangendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou
termina a lei; quando quem tiver ordenado a coação não tiver com- estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos pú-
petência para fazê-lo; quando houver cessado o motivo que autori- blicos despersonalizados e universalidades reconhecidas por lei
zou a coação; quando não for alguém admitido a prestar fiança nos (espólio, condomínio, massa falida etc.). Vale lembrar que esta
casos em que a lei autoriza; quando o processo for manifestamente legitimidade pode ser ordinária (se postula-se direito próprio em
nulo; ou quando extinta a punibilidade. nome próprio) ou extraordinária (postula-se em nome próprio di-
Vale lembrar, por outro lado, que o segundo parágrafo, do art. reito alheio);
142, da Constituição, veda tal remédio constitucional em relação a E) Legitimidade passiva. A autoridade coatora deve ser auto-
punições disciplinares militares; ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
G) Competência para apreciação. A competência é determi- buições do Poder Público;
nada de acordo com a autoridade coatora. Assim, se esta for um F) Mandado de segurança coletivo. O mandado de segurança
Delegado de Polícia, o “writ” será endereçado ao juiz de primeiro coletivo poderá ser impetrado por partido político com represen-
grau; se for o juiz de primeira instância, endereça-se ao tribunal tação no Congresso Nacional ou por organização sindical, entida-
a que é vinculado; se for o promotor de justiça, para um primeiro de de classe ou associação legalmente constituída e em funciona-
entendimento endereça-se ao juiz de primeira instância e para um mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
segundo entendimento endereça-se ao tribunal respectivo equipa-
membros ou associados;
rando, pois, a autoridade ministerial ao magistrado de primeiro
G) Competência. A competência se fixa de acordo com a au-
grau; se a autoridade coatora for o juiz do JECRIM, competente
toridade coatora. Assim, pode apreciar mandado de segurança um
para apreciar o remédio será a turma recursal.
juiz de primeiro grau, estadual ou federal; os Tribunais estaduais
Vale lembrar, ainda, que o STF (arts. 102, I, “d”, “i” e 102, II,
ou federais; o STF (arts. 102, I, “d” e 102, II, “a”, CF); e o STJ
“a”, CF) e o STJ (arts. 105, I, “c” e 105, II, “a”, CF) também têm
(arts. 105, I, “b” e 105, II, “b”, CF);
competência para apreciar habeas corpus.
H) Procedimento. É regulado pela Lei nº 12.016/09.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1.11 Mandado de injunção. Vejamos: Já um segundo entendimento, subdividindo-se, confere cará-
A) Surgimento. Prevalece que é uma criação genuinamente ter condenatório ou mandamental à ciência da mora, nos moldes
brasileira, tendo sido previsto pela primeira vez na Constituição de uma “obrigação de fazer” referida no art. 461 ou de uma “exe-
Federal de 1988. Institutos com nomes semelhantes podem ser cução contra a Fazenda Pública” referida nos arts. 730 e seguintes,
encontrados no direito anglo-saxão, embora, neste, sua finalidade todos do Código de Processo Civil, ensejando a necessidade de
é distinta daquela para a qual a Constituição brasileira o criou. execução de sentença, própria no caso condenatório, ou imprópria
Atualmente, o mandado de injunção está disciplinado no art. 5º, no caso mandamental. Há julgados esparsos no STF perfilhando-
LXXI, da Constituição Federal; se aos posicionamentos condenatório e mandamental.
B) Natureza jurídica. Cuida-se de ação constitucional que Um terceiro entendimento (“corrente concretista individual
objetiva a regulamentação de normas constitucionais de eficácia intermediária”) entende que, constatada a mora legislativa, é o
limitada (omissas, portanto), assegurando, deste modo, o intento caso de assinalar um prazo razoável para a elaboração da norma
de aplicabilidade imediata previsto no parágrafo primeiro, do art. regulamentadora. Findo tal prazo e persistindo a omissão, é caso
5º, da Constituição Federal; de indenização por perdas e danos a ser buscada perante o Estado.
C) Legitimidade ativa. Toda e qualquer pessoa, nacional ou Por sua vez, uma quarta corrente (“corrente concretista in-
estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize di- dividual pura”) acena pelo caráter constitutivo da injunção con-
reito fundamental não materializável por omissão legislativa do cedida via pronunciamento judicial, mas que a criação normativa
Poder Público; se limita apenas aos litigantes. Assim, admite-se atividade legis-
D) Legitimidade passiva. Pertence à autoridade ou órgão res- lativa do Judiciário, mas com alcance restrito às partes. Esse é o
ponsável pela expedição da norma regulamentadora; posicionamento atualmente prevalente do Guardião da Constitui-
E) Competência. No tocante ao órgão competente para jul- ção Federal.
gamento, o tal “writ” apresenta competência “móvel”, de acordo Por fim, uma quinta corrente (“corrente concretista geral”)
com a condição e vinculação do impetrado. Assim, tal incumbên- entende, sim, ser constitutiva a natureza da injunção concedida,
cia caberá ao Supremo Tribunal Federal, quando a elaboração de
tomando de um caso específico a inspiração necessária para a edi-
norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República,
ção de uma norma geral e abstrata. Seria o exercício atípico de
do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Fe-
“atividade legislativa” do Judiciário. Consoante tal entendimento,
deral, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de
o STF sanaria ele próprio a ausência de regulamentação a normas
Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
constitucionais de eficácia e aplicabilidade limitada.
Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tri-
bunal de Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
1.12 Habeas data. Vejamos:
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da admi-
A) Surgimento. A origem do habeas data está no direito nor-
nistração direta ou indireta, excetuados os casos da competência
te-americano, através do “Freedom of Information Act”, de 1974,
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art. com a finalidade de possibilitar o acesso do particular aos dados
105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as deci- ou às informações constantes de registros públicos ou particulares
sões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus, permitidos ao público. No Brasil, a Constituição Federal de 1988
mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. foi a primeira a trazê-lo, em seu art. 5º, LXXII;
121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, que
entes a ele vinculados; objetiva assegurar o conhecimento de informações relativas à
F) Procedimento. Não há lei regulamentando o mandado de pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
injunção, se lhe aplicando, por analogia, a Lei nº 12.016/09, inclu- de entidades governamentais de caráter público, bem como a re-
sive no que atine ao mandado de injunção coletivo; tificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por procedimen-
G) Diferença do mandado de injunção para a ação direta de to sigiloso, judicial ou administrativo;
inconstitucionalidade por omissão. O mandado de injunção é re- C) Legitimidade ativa. Tal “writ” pode ser impetrado por pes-
médio habilitado a socorrer o particular numa situação concreta, soa física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica. Ain-
isto é, busca-se um pronunciamento apto a atender uma especifi- da, há quem defenda sua impetração por entes despersonalizados,
cidade. Já a ADO é instrumento adequado a atender o particular como a massa falida e o espólio;
numa situação abstrata, sendo dotado, por conseguinte, de conteú- D) Legitimidade passiva. Figurarão no polo ativo entidades
do e finalidade mais abrangente que seu antecessor em razão de governamentais da Administração Pública Direta e Indireta nas
seu raio de alcance. Em outras palavras, seria dizer que o mandado três esferas, bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas
de injunção se baseia em um comando da emergência, e a ADI por jurídicas privadas prestadores de serviços de interesse público
omissão se baseia em um dispositivo de urgência. que possuam dados relativos à pessoa do impetrante;
H) Efeitos da decisão concedida em sede de mandado de in- E) Competência. A Constituição Federal prevê a competência
junção. Aqui há divergência na doutrina e na jurisprudência. do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribu-
Para uma primeira corrente (“corrente não concretista”), deve nal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais
o Judiciário apenas cientificar o omisso em prol da edição norma- (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII);
tiva necessária, dando à injunção concedida natureza declaratória F) Procedimento. A disciplina do habeas data está prevista
apenas. Este posicionamento imperou por muito tempo no Supre- na Lei nº 9.507/97.
mo Tribunal Federal.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1.13 Ação popular. Vejamos: mista (inciso IV); e a associação que, concomitantemente, esteja
A) Surgimento. Sua origem vem da época do Império Roma- constituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil (inciso
no, quando os cidadãos romanos dirigiam-se ao magistrado para V, alínea “a”) e inclua, entre suas finalidades institucionais, a pro-
buscar a tutela de um bem, valor ou interesse que pertencesse à teção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
coletividade. O primeiro texto legal sobre a ação popular surgiu na livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
Bélgica, em 1836. turístico e paisagístico (inciso V, alínea “b”) (Redação dada pela
No Brasil, a primeira Lei Fundamental pátria a disciplinar a Lei nº 13.004, de 2014);
ação popular foi a de 1934. Suprimida na de 1937, mas restabe- E) Legitimidade passiva. Não há, em regra, limitação quanto a
lecida na de 1946, tem estado presente em todas as Cartas desde quem deva figurar no polo passivo da ação civil pública.
então. Na Constituição Federal de 1988, sua previsão se encontra
no art. 5º, LXXIII; 1.15 Tratados Internacionais de que o Brasil seja signa-
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, que tário. Quando a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor, o
visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de Supremo Tribunal Federal entendia que todo e qualquer Tratado
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio am- Internacional, fosse ou não sobre direitos humanos, tinha “status”
biente e ao patrimônio histórico e cultural; de lei ordinária.
C) Requisitos para a propositura da ação popular. Há um Tal entendimento vigorou até o advento da Emenda Consti-
requisito objetivo (o legitimado ativo deve ser cidadão) e outro tucional nº 45/2004, que acresceu ao art. 5º da Constituição um
subjetivo (a proteção do patrimônio público, da moralidade admi- parágrafo terceiro, segundo o qual os tratados e convenções inter-
nistrativa, do meio ambiente, do patrimônio histórico, e do patri- nacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
mônio cultural); Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
D) Legitimidade ativa. Deve ser “cidadão”, isto é, aquele que votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
esteja no pleno gozo dos direitos políticos. Se está falando, pois, constitucionais.
do cidadão-eleitor. Inclusive, o parágrafo terceiro, do art. 1º, da Mas como fica a situação dos Tratados Internacionais que não
Lei nº 4.717/65, que regula a ação popular, dispõe que a prova da forem (ou não foram) aprovados pelo quórum de Emenda Consti-
cidadania para ingresso em juízo será feita com o título eleitoral ou tucional? Com isso, o STF revisou seu posicionamento, e, atual-
com o documento a que ele corresponda; mente, os Tratados Internacionais possuem tripla hierarquia em
E) Legitimidade passiva. Nos moldes do art. 6º, da Lei nº nosso ordenamento:
4.717/65, sempre haverá um ente da Administração Pública, direta A) Se versar sobre direitos humanos, e for aprovado pelo quó-
ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide com rum de Emenda Constitucional, o “status” do Tratado Internacio-
dinheiro público; nal será de Emenda Constitucional;
F) Competência. Será fixada de acordo com a origem do ato B) Se versar sobre direitos humanos, mas não for aprovado
ou omissão a serem impugnados. Vale lembrar que, quanto ao pro- pelo quórum de Emenda Constitucional, o “status” do Tratado In-
cedimento, a Lei nº 4.717/65, que disciplina tal ação, afirma que ternacional será de norma supralegal, isto é, abaixo da Constitui-
segue-se o rito ordinário previsto no Código de Processo Civil, ção, mas acima do ordenamento infraconstitucional;
com algumas modificações.
C) Se não versar sobre direitos humanos, o Tratado Interna-
cional terá o “status” de lei ordinária, conforme o entendimento
1.14 Ação civil pública. Vejamos:
primeiro do Supremo Tribunal Federal.
A) Cabimento. Conforme o art. 1º, da Lei nº 7.347/85, é ca-
bível ação civil pública em caso de danos patrimoniais e morais
2 Direitos da nacionalidade. Dispositivos constitucionais
causados ao meio ambiente (inciso I); ao consumidor (inciso II);
pertinentes ao tema:
a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (inciso III); a qualquer outro interesse difuso ou co-
letivo (inciso IV); por infração da ordem econômica e da econo- Art. 12. São brasileiros:
mia popular (inciso V); à ordem urbanística (inciso VI); à honra e I - natos:
à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (inciso VII) a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
(Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014); e ao patrimônio público e de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
social (inciso VIII) (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014). país;
B) Não cabimento. Segundo o art. 1º, parágrafo único, da b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra-
LACP - Lei da Ação Civil Pública, não será cabível ação civil pú- sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
blica para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições Federativa do Brasil;
previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucional c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
cujos beneficiários podem ser individualmente determinados; sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
C) Objeto. De acordo com o art. 3º, LACP, a ação civil pode- petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
rá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
obrigação de fazer ou não fazer; nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitu-
D) Legitimidade ativa. Consoante o art. 5º, da LACP, tem le- cional nº 54, de 2007)
gitimidade ativa tanto para a ação principal como para a cautelar II - naturalizados:
o Ministério Público (inciso I); a Defensoria Pública (inciso II); a a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (inciso III); sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na B) Critério sanguíneo (ou jus sanguinis). A nacionalidade é
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter- definida pelo vínculo de descendência. Países que sofrem uma de-
ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona- bandada muito grande de nacionais, em razão de conflitos, doen-
lidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de ças, necessidades econômicas, ou oportunidades promissoras em
Revisão nº 3, de 1994) terras estrangeiras, costumam adotar tal critério;
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, C) Critério misto. A nacionalidade pode ser definida tanto em
se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos razão do local do nascimento, como pelo vínculo de descendência.
os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Pode-se dizer que a República Federativa do Brasil adota tal crité-
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Re- rio, pois tanto são brasileiros natos os filhos nascidos no exterior
visão nº 3, de 1994) de pais brasileiros desde que qualquer deles esteja a serviço do
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros país (critério sanguíneo), p. ex., como o são os nascidos em terri-
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. tório nacional, ainda que de pais estrangeiros, desde que qualquer
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: deles não esteja a serviço de seu país (critério territorial), noutro
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; exemplo.
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal; 2.3 Brasileiros natos. São eles:
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; A) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
V - da carreira diplomática; de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
VI - de oficial das Forças Armadas. país (art. 12, I, “a”, CF);
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda B) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasi-
Constitucional nº 23, de 1999) leira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Fede-
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro rativa do Brasil (art. 12, I, “b”, CF);
que: C) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe bra-
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) nacionalidade brasileira (art. 12, I, “c”, CF).
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, 2.4 Brasileiros naturalizados. São eles:
de 1994) A) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
sileira, exigidas aos originários dos países de língua portuguesa
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (art.
permanência em seu território ou para o exercício de direitos
12, II, “a”, CF). Trata-se de hipótese conhecida por “naturalização
civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
ordinária”;
1994)
Convém observar que, aqui, há um desdobramento em duas
situações, a saber, o caso dos estrangeiros que não são originários
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
de países de língua portuguesa, e o caso dos estrangeiros originá-
Federativa do Brasil.
rios dos países de língua portuguesa.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ban-
deira, o hino, as armas e o selo nacionais. Para os estrangeiros advindos de países de língua portuguesa
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão (Portugal, Timor Leste, Macau, Angola etc.), a própria Constitui-
ter símbolos próprios. ção fixa os requisitos: residência por um ano ininterrupto e idonei-
dade moral. Prevalece que há direito público subjetivo de quem se
2.1 Espécies de nacionalidade. São elas: encontra nesta condição, ou seja, não se trata de mera faculdade do
A) Nacionalidade originária (ou primária). É aquela que re- Poder Executivo.
sulta do nascimento. O Estado a atribui ao indivíduo num ato uni- Já para os estrangeiros advindos de países que não falam a
lateral, isto é, independentemente da vontade do indivíduo; língua portuguesa, as condições estão previstas no Estatuto do Es-
B) Nacionalidade secundária (ou adquirida). É aquela que trangeiro (Lei nº 6.815/80), cujo art. 112 fala, cumulativamente,
decorre de uma manifestação conjunta de vontades. Ao indivíduo, em capacidade civil segundo a lei brasileira; registro como per-
competirá demonstrar seu interesse em adquirir a nacionalidade de manente no Brasil; residência contínua no território nacional pelo
um país; ao Estado, competirá decidir se aceita ou não tal indiví- prazo mínimo de quatro anos imediatamente anteriores ao pedido
duo como seu nacional. de naturalização; saber ler e escrever a língua portuguesa (consi-
derando as condições do naturalizando); ter uma profissão e bens
2.2 Modos de aquisição da nacionalidade. Tratam-se de suficientes à manutenção própria e da família; ter boa saúde (não
critérios através dos quais a nacionalidade é fixada em um país. se exige a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro que já resida
São eles: no Brasil há mais de dois anos); ter boa conduta; bem como ine-
A) Critério territorial (ou jus solis). A nacionalidade é defini- xistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no
da pelo local do nascimento. Países que recebem muitos imigran- exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de
tes costumam adotar tal critério; prisão, abstratamente considerada, superior a um ano.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Vale lembrar que, neste caso, a concessão da naturalização Quanto ao brasileiro naturalizado, a regra é que também não
(que se fará mediante “portaria do Ministro da Justiça”) é uma possa ser extraditado, com duas exceções: em caso de crime co-
faculdade do Poder Executivo, ou seja, a existência dos requisitos mum praticado antes da naturalização (exceto crime político ou de
constantes do art. 112, da Lei nº 6.815/80, não assegura a natura- opinião), ou em caso de tráfico ilícito de entorpecentes, ainda que
lização; praticado após a naturalização.
B) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup- 2.7 Perda da nacionalidade. A Constituição Federal prevê
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade duas hipóteses de perda de nacionalidade, em seu art. 12, §4º:
brasileira (art. 12, II, “b”, CF). Trata-se de hipótese conhecida por A) Se o brasileiro tiver cancelada sua naturalização por sen-
“naturalização extraordinária”, segundo a qual, uma vez presentes tença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse na-
os requisitos, prevalece na doutrina o entendimento de que há direito cional;
público subjetivo à aquisição da nacionalidade. B) Se o brasileiro adquirir outra nacionalidade, salvo em
caso de reconhecimento da nacionalidade originária pela lei es-
2.5 “Quase nacionalidade”. É aquela prevista no art. 12, §1º, trangeira, ou em caso de imposição de naturalização pela norma
da CF. Nesse dispositivo, a Lei Fundamental pátria não atribui nacio- estrangeira ao brasileiro residente em Estado estrangeiro como
nalidade aos portugueses, mas cria uma situação de quase nacionali- condição para permanência em seu território ou para o exercício
dade desde que exista reciprocidade por parte de Portugal. de direitos civis.
Mas, o português é equiparado ao brasileiro nato ou ao natura-
lizado? Analisando o dispositivo constitucional, verifica-se que há 3 Direitos políticos. Convém reproduzir os dispositivos
ressalva quanto às previsões constitucionais específicas (utiliza-se constitucionais pertinentes ao tema:
a expressão “salvo os casos previstos nesta Constituição”). Disso
conclui-se que o português (diante de reciprocidade) equipara-se ao Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
brasileiro naturalizado. universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para to-
dos, e, nos termos da lei, mediante:
2.6 Diferenças entre brasileiros natos e naturalizados. De I - plebiscito;
acordo com o art. 12, §2º, da Constituição Federal, apenas o texto II - referendo;
constitucional pode fixar distinções entre brasileiros natos e naturali- III - iniciativa popular.
zados. Lei infraconstitucional não pode fazê-lo, salvo se respeitar ou § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
reforçar o que diz a Lei Fundamental pátria. I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
Neste diapasão, a Constituição Federal fixa cinco diferenças: II - facultativos para:
A) Cargos públicos privativos de brasileiros natos (art. 12, §3º, a) os analfabetos;
CF). Há três cargos que, por questão de segurança nacional, apenas b) os maiores de setenta anos;
podem ser ocupados por brasileiros natos, a saber, os cargos de di- c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
plomata, de oficial das Forças Armadas, e de Ministro de Estado da § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
Defesa; durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
B) Linha sucessória da Presidência da República (art. 12, §3º, § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
CF). O Presidente da República, o Vice-Presidente da República, o I - a nacionalidade brasileira;
Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado, e os II - o pleno exercício dos direitos políticos;
Ministros do STF, devem ser brasileiros natos. Eis a linha sucessória III - o alistamento eleitoral;
da Presidência da República, consoante previsto no art. 80, da Cons- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
tituição; V - a filiação partidária; Regulamento
C) Assentos do Conselho da República (art. 89, VII, da Consti- VI - a idade mínima de:
tuição Federal). Integrarão o Conselho da República, nos moldes do a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
República e Senador;
art. 89, VII, CF, seis brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Esta-
de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois
do e do Distrito Federal;
eleitos pelo Senado Federal, e dois eleitos pela Câmara dos Deputa-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Esta-
dos, todos com mandato de três anos, vedada a recondução;
dual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
D) Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão (art.
d) dezoito anos para Vereador.
222, caput, da CF). A propriedade de empresa jornalística e de radio-
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
difusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas cons-
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
tituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no país. Também, substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
conforme o segundo parágrafo do mesmo dispositivo, a responsabi- único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Consti-
lidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação tucional nº 16, de 1997)
veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Re-
de dez anos, em qualquer meio de comunicação social; pública, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
E) Vedação de extradição (art. 5º, LI, da CF). Veda-se, de Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis me-
forma absoluta, a extradição do brasileiro nato. ses antes do pleito.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o C) Iniciativa popular (art. 14, III, CF). Consoante o art. 13,
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau da Lei nº 9.709/98, consiste a iniciativa popular na apresentação
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Es- de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no míni-
tado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os mo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. eleitores de cada um deles. Tal projeto deve dizer respeito tão so-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- mente a um só assunto, e não poderá ser rejeitado por vício de
dições: forma (caso em que caberá à Câmara dos Deputados providenciar
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou
da atividade; de redação).
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato 3.2 Espécies (modalidades) de direitos políticos. Os direitos
da diplomação, para a inatividade. políticos são divididos em duas grandes espécies:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inele- A) Direitos políticos positivos. Permitem a participação do in-
gibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a pro- divíduo na vida política do Estado.
bidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato Tais direitos podem ser ativos (capacidade eleitoral ativa),
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legi- quando permitem ao indivíduo votar, ou passivos (capacidade
timidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o
eleitoral passiva), quando permitem ao indivíduo ser votado e, se
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
for o caso, eleito;
direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de
B) Direitos políticos negativos. Consistem em uma privação
Revisão nº 4, de 1994)
dos direitos políticos. Deles decorrem as inelegibilidades (absolu-
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- tas e relativas), a perda, e a suspensão de direitos políticos.
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção
ou fraude. 3.3 Sufrágio. É a própria essência do direito político. É o di-
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segre- reito de participar do processo político, de votar e ser votado. No
do de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária Brasil, o sufrágio é universal e periódico.
ou de manifesta má-fé. O sufrágio universal é adotado em regimes democráticos,
em regra. As exigências formais para que o sufrágio seja exerci-
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda do (idade mínima, nacionalidade etc.) não retiram a qualidade de
ou suspensão só se dará nos casos de: “universal” do sufrágio brasileiro.
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em Também existe o “sufrágio restrito” em que se exige alguma
julgado; condição específica para que possa haver participação no processo
II - incapacidade civil absoluta; eletivo. Há três tipos de sufrágio restrito, nenhum deles vigente no
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto Brasil de hoje:
durarem seus efeitos; A) Censitário. É a exigência de algum tipo de condição eco-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta- nômica para que a pessoa possa participar. A Constituição Imperial
ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; de 1824 tinha essa exigência;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. B) Capacitário. É a exigência de alguma capacidade especial,
geralmente de natureza intelectual (ex.: somente se autoriza a votar
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor quem tem nível superior);
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra C) Em razão do sexo. Muitos países ainda proíbem a mulher
até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda de votar. No Brasil, esta já foi uma tônica vigente.
Constitucional nº 4, de 1993)
3.4 Voto. O voto é o exercício do direito de sufrágio. Assim, a
3.1 Exercício da soberania nacional. Se faz através de: Constituição cometeu uma impropriedade ao afirmar que “o voto
A) Plebiscito (art. 14, I, CF). Consiste na consulta prévia à
é secreto e periódico”. O que é “periódico” é o sufrágio, e o que é
população acerca de um ato que se pretende tomar. Consoante o
“secreto” é o escrutínio, que se verá a seguir.
primeiro parágrafo, do art. 2º, da Lei nº 9.709/98, o plebiscito é
Isto posto, são características do voto:
convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,
A) Direto. Em regra, os representantes do povo são escolhidos
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha
sido prometido; de forma direta no Brasil. Há uma única exceção constitucional,
B) Referendo (art. 14, II, CF). Consiste na consulta posterior em que haverá eleição indireta, no art. 81, §1º, da Lei Fundamen-
à população acerca de um ato que já foi praticado, mas que ainda tal, segundo o qual, vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi-
não entrou em vigor (e somente entrará caso isso seja da vonta- dente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta
de da população). Consoante o segundo parágrafo, do art. 2º, da a última vaga. Todavia, ocorrendo a vacância nos últimos dois
Lei nº 9.709/98, o referendo é convocado com posterioridade a anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será
ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional,
ratificação ou rejeição; na forma da lei.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Então, veja-se que, se os cargos de Presidente e Vice-Presi- 3.9 Idades mínimas para exercer um mandato eletivo.
dente da República ficarem vagos nos dois primeiros anos do man- São elas:
dato, o cargo de Presidente será assumido pelo Presidente da Câ- A) 35 anos. Presidente da República, Vice-Presidente da Repú-
mara de forma temporária, porque novas eleições diretas ocorrerão blica e Senador da República;
noventa dias depois da abertura da última vaga. Os novos eleitos B) 30 anos. Governador de Estado e do Distrito Federal, e Vice-
assumirão um “mandato-tampão”, pelos dois anos que restam da- Governador de Estado e do Distrito Federal;
quele mandato. Mas, se os cargos vagarem nos dois últimos anos C) 21 anos. Prefeito, Vice-Prefeito, Deputado Federal, Deputa-
do mandato, o Presidente da Câmara assumirá o cargo temporaria- do Distrital, Deputado Estadual, e Juiz de Paz;
mente, determinando a realização de eleições indiretas, pelo Con- D) 18 anos. Vereador.
gresso Nacional, em trinta dias depois da abertura da última vaga;
B) Igual para todos. O voto de todos tem valor igual; 3.10 Condições de elegibilidade. Elas estão no art. 14, §3º,
C) Periódico. Essa característica decorre da periodicidade das da CF:
eleições; A) Nacionalidade brasileira. Os “quase nacionais” do art. 12,
D) Livre. O que assegura a liberdade no direito de voto é o §1º (portugueses com residência permanente no Brasil) podem ser
escrutínio secreto; eleitos (exceto para os cargos privativos de brasileiros natos), desde
E) Personalíssimo. Ou seja, a pessoa não pode transferir esse que haja reciprocidade para os brasileiros que estejam em mesma
direito por meio de procuração ou qualquer outro instrumento. situação em Portugal. Trata-se de exceção à exigência da nacionali-
dade brasileira;
3.5 Escrutínio. O escrutínio é o modo como o direito de voto B) Pleno exercício dos direitos políticos. O cidadão não pode in-
é exercido (ex.: voto fechado ou voto aberto). correr em nenhuma hipótese de perda/suspensão de direitos políticos;
C) Alistamento eleitoral. Para ser votado, o indivíduo deve, an-
3.6 Alistabilidade. É a capacidade eleitoral ativa, isto é, trata- tes de tudo, poder votar, isto é, ser “eleitor”;
se do direito de votar. D) Domicílio eleitoral na circunscrição. “Domicílio eleitoral”
Isto posto, no Brasil são inalistáveis (isto é, que não podem é a sede eleitoral em que o cidadão se encontra alistado. Assim, se
votar), por força do segundo parágrafo, do art. 14, da Constituição “X” tem domicílio eleitoral no Estado de São Paulo, p. ex., e quiser
Federal: se candidatar a Governador de Estado, só pode fazê-lo pelo Estado
A) Conscritos, durante o serviço militar obrigatório. “Cons-
de São Paulo, mas não pelo Estado do Rio Grande do Sul. Noutro
crito” é aquele que se alista nas Forças Armadas aos 17/18 anos,
exemplo, se “Y” tem domicílio eleitoral na cidade de Belo Horizonte,
prestando o serviço militar obrigatório. O conceito de conscrito
não pode se candidatar à Prefeitura pela cidade de Uberlândia, mas
abrange também médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários
apenas pela capital mineira;
que prestem o serviço militar obrigatório após a conclusão do cur-
E) Filiação partidária. No Brasil, não se admite “candidato sem
so superior;
partido”;
B) Estrangeiros. Exceto os portugueses equiparados (“quase
F) Idade mínima. Já trabalhado alhures.
nacionais”);
C) Os menores de 16 anos. Conforme entendimento do Tribu-
nal Superior Eleitoral, um menor de dezesseis anos pode requerer 3.11 Espécies de inelegibilidade. Na condição de “direitos po-
seu título de eleitor, desde que possua dezesseis anos completos no líticos negativos”, as inelegibilidades podem ser:
dia das eleições. A) Inelegibilidades absolutas. São situações insuperáveis, em
que não será possível a superação do obstáculo. As inelegibilidades
3.7 Obrigatoriedade/facultatividade do alistamento e do absolutas, por serem restrições graves a direitos políticos, apenas po-
voto. No Brasil, o alistamento e o voto são obrigatórios para os dem ser estabelecidas pela Constituição Federal.
maiores de dezoito, e menores de setenta anos. São duas as hipóteses de inelegibilidade absoluta, constantes do
Desta maneira, uma pessoa com dezesseis anos completos, e art. 14 §4º, da CF, a saber, os inalistáveis (conscritos, menores de
menos de dezoito anos, não está obrigada a se alistar (e, conforme dezesseis anos, e estrangeiros), e os analfabetos;
entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, ainda que possua o B) Inelegibilidade relativa. Aqui, é possível a desincompatibi-
título de eleitor, não está obrigada a votar). lização.
Também, a pessoa com mais de setenta anos não está obriga-
da a se alistar ou votar. 3.12 Espécies de inelegibilidade relativa. Vejamos:
Por fim, o analfabeto não está obrigado a se alistar e/ou votar. A) Reeleição para cargos de Chefe do Executivo. Isso foi permi-
tido em 1997, pela Emenda Constitucional nº 16. Conforme o quinto
3.8 Elegibilidade. É a capacidade eleitoral passiva, isto é, parágrafo, do art. 14, da Constituição Federal, o Presidente da Repú-
trata-se do direito de ser votado. blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos,
Quando se atinge a plena cidadania no Brasil? No Brasil, a e quem os houver substituído no curso dos mandatos poderão ser ree-
cidadania vai se adquirindo progressivamente e, aos trinta e cinco leitos para um único período subsequente. Isso significa que somente
anos, a pessoa atinge a cidadania plena. Isto porque, é apenas aos é possível um segundo mandato subsequente, jamais um terceiro.
trinta e cinco anos que a pessoa passa a poder ser eleita para Pre- E se os agentes aqui mencionados tencionarem concorrer a
sidente da República, Vice-Presidente da República ou Senador da outros cargos? Devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
República. meses antes do pleito. O objetivo é que a máquina pública adminis-
trativa não seja utilizada como instrumento de captação de votos;

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Inelegibilidade em razão do parentesco. Consoante o art.
14, §7º, da Constituição, são inelegíveis, no território de jurisdi- 4. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO.
ção do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, 4.1 DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
ADMINISTRATIVA. 4.2 DA UNIÃO. 4.3 DOS
do Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses an-
ESTADOS FEDERADOS. 4.4 DO DISTRITO
teriores ao pleito, salvo e já titular de mandato eletivo e candidato FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS.
à reeleição.
Assim, suponha-se que “X” é Governadora do Estado do
Amapá. “Y”, seu filho, não pode concorrer à Prefeitura de Ma-
Convém reproduzir os dispositivos constitucionais pertinentes
capá, capital do Amapá, por ser território de circunscrição de “X”,
ao tema:
salvo se “Y” apenas estiver tentando à reeleição. Isso não obsta,
todavia, que “Y” concorra a Prefeito por algum Município do Es-
TÍTULO III
tado do Acre, afinal, isso está fora da circunscrição do Estado do
Da Organização do Estado
Amapá, da qual “X”, mãe de “Y”, é Governadora.
CAPÍTULO I
Noutro exemplo, suponha-se que “A” é Prefeito da cidade do
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Rio de Janeiro. “B”, cônjuge de “A”, não pode se candidatar a Ve-
reador pela cidade do Rio de Janeiro, salvo se candidato à reelei-
Art. 18. A organização político-administrativa da República
ção. Isso não representa óbice a que “A” se candidate a Vereador
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distri-
na cidade de Niterói, pois tal Município está fora da circunscrição
to Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
da cidade do Rio de Janeiro, da qual “A” é Prefeito;
Constituição.
C) Elegibilidade do militar alistável. Se contar com menos
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
de dez anos de serviço, o militar alistável deverá afastar-se da
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
atividade; se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem
pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
serão reguladas em lei complementar.
ato da diplomação, para a inatividade. Eis a essência do oitavo
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se
parágrafo, do art. 14, da Lei Fundamental pátria.
ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da popula-
3.13 Possibilidade de estabelecer outras inelegibilidades
ção diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congres-
relativas. Outras inelegibilidades relativas poderão ser determi-
so Nacional, por lei complementar.
nadas por lei complementar. Tal lei já existe, e é a Lei Comple-
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
mentar nº 64/90. A “Lei da Ficha Limpa” (Lei Complementar nº
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período de-
135/2010) promoveu alterações nesta Lei Complementar.
terminado por Lei Complementar Federal, e dependerão de con-
sulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
3.14 Suspensão ou perda dos direitos políticos. Nos termos
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Munici-
do art. 15, caput, da Constituição Federal, é vedada a cassação de
pal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada
direitos políticos. Só é possível a “perda” (quando se dá de forma
pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
definitiva) ou a “suspensão” (quando se dá de forma provisória)
dos direitos políticos nos seguintes casos:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
A) Cancelamento da naturalização por sentença transitada
e aos Municípios:
em julgado. Trata-se de hipótese de perda dos direitos políticos;
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
B) Incapacidade civil absoluta. Trata-se de hipótese de sus-
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re-
pensão dos direitos políticos, afinal, pode-se recuperar a capaci-
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
dade;
forma da lei, a colaboração de interesse público;
C) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto
II - recusar fé aos documentos públicos;
durarem seus efeitos. Trata-se de hipótese de suspensão dos di-
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências en-
reitos políticos;
tre si.
D) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta-
ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII. Aqui há divergência
CAPÍTULO II
sobre ser perda ou suspensão dos direitos políticos. Prevalece que
DA UNIÃO
é hipótese de suspensão dos direitos políticos;
E) Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º.
Art. 20. São bens da União:
Trata-se de hipótese de suspensão dos direitos políticos. Ademais,
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
o juiz deve apontar expressamente essa suspensão em sua sen-
atribuídos;
tença.
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das frontei-
ras, das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de são ou permissão:
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
fluviais; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aprovei-
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou- tamento energético dos cursos de água, em articulação com os
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aero-
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental portuária;
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre
Constitucional nº 46, de 2005) portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona limites de Estado ou Território;
econômica exclusiva; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e inter-
VI - o mar territorial; nacional de passageiros;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Pú-
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
blico do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69,
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi- de 2012) (Produção de efeito)
cos e pré-históricos; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como pres-
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito tar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela
direta da União, participação no resultado da exploração de pe- Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo terri- geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
tório, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver-
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. sões públicas e de programas de rádio e televisão;
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, XVII - conceder anistia;
ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fron- XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as
teira, é considerada fundamental para defesa do território nacio- calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
nal, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recur-
sos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
Art. 21. Compete à União: (Regulamento)
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclu-
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
sive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
organizações internacionais;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacio-
II - declarar a guerra e celebrar a paz; nal de viação;
III - assegurar a defesa nacional; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuá-
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que ria e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- 19, de 1998)
maneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a
ção federal; lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
bélico; seguintes princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, Nacional;
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
privada; ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médi-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de or- cos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Consti-
denação do território e de desenvolvimento econômico e social; tucional nº 49, de 2006)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional
são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da nº 49, de 2006)
lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada existência de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional
pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) nº 49, de 2006)

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Dis-
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da trito Federal e dos Municípios:
atividade de garimpagem, em forma associativa. I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das institui-
ções democráticas e conservar o patrimônio público;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e ga-
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrá- rantia das pessoas portadoras de deficiência;
rio, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
II - desapropriação; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu-
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e rais notáveis e os sítios arqueológicos;
em tempo de guerra; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi- obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul-
fusão; tural;
V - serviço postal; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação,
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada
metais; pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
valores; quer de suas formas;
VIII - comércio exterior e interestadual; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abas-
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, tecimento alimentar;
aérea e aeroespacial; IX - promover programas de construção de moradias e a me-
XI - trânsito e transporte; lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; X - combater as causas da pobreza e os fatores de margina-
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; lização, promovendo a integração social dos setores desfavoreci-
XIV - populações indígenas; dos;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi-
de estrangeiros; tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condi- seus territórios;
ções para o exercício de profissões; XII - estabelecer e implantar política de educação para a se-
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Dis- gurança do trânsito.
trito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territó- Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para
rios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e
pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito) os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda
nacionais; Constitucional nº 53, de 2006)
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
popular; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
XX - sistemas de consórcios e sorteios; legislar concorrentemente sobre:
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
garantias, convocação e mobilização das polícias militares e cor- urbanístico;
pos de bombeiros militares; II - orçamento;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviá- III - juntas comerciais;
ria e ferroviária federais; IV - custas dos serviços forenses;
XXIII - seguridade social; V - produção e consumo;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
XXV - registros públicos; defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; e controle da poluição;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, tu-
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas rístico e paisagístico;
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao con-
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas sumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; turístico e paisagístico;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnolo-
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti- gia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela
ma, defesa civil e mobilização nacional; Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
XXIX - propaganda comercial. X - criação, funcionamento e processo do juizado de peque-
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- nas causas;
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relaciona- XI - procedimentos em matéria processual;
das neste artigo. XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
deficiência; regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secre-
XV - proteção à infância e à juventude; taria, e prover os respectivos cargos.
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo le-
civis. gislativo estadual.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas ge- Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro
rais não exclui a competência suplementar dos Estados. domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér-
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em pri-
peculiaridades. meiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais,
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus- o disposto no art. 77. (Redação dada pela Emenda Constitucional
pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. nº 16, de1997)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro
CAPÍTULO III cargo ou função na administração pública direta ou indireta, res-
DOS ESTADOS FEDERADOS salvada a posse em virtude de concurso público e observado o
disposto no art. 38, I, IV e V. (Renumerado do parágrafo único,
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Consti- pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tuições e leis que adotarem, observados os princípios desta Cons- § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos
tituição. Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assem-
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não bleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §
lhes sejam vedadas por esta Constituição. 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda Consti-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante tucional nº 19, de 1998)
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamenta- CAPÍTULO IV
ção. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995) Dos Municípios
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, insti-
tuir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrre- Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em
giões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
para integrar a organização, o planejamento e a execução de dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulga-
funções públicas de interesse comum. rá, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na
Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergen- mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo rea-
tes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as lizado em todo o País;
decorrentes de obras da União; II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primei-
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem ro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato
no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Muni- dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso
cípios ou terceiros; de Municípios com mais de duzentos mil eleitores; (Redação dada
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro
União. do ano subsequente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será obser-
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa vado o limite máximo de: (Redação dada pela Emenda Constitu-
corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara cional nº 58, de 2009) (Produção de efeito) (Vide ADIN 4307)
dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acresci- a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
do de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Esta- 58, de 2009)
duais, aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sis- b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
tema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Armadas. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitan-
4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cin-
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) co milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de nº 58, de 2009)
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses- u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
senta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000
58, de 2009) (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucio-
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de nal nº 58, de 2009)
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (tre- v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
zentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete
58, de 2009) milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 58, de 2009)
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucio- de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
nal nº 58, de 2009) milhões) de habitantes; e (Incluída pela Emenda Constitucional
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais nº 58, de 2009)
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Cons- de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda
titucional nº 58, de 2009) Constitucional nº 58, de 2009)
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
nº 58, de 2009) III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional nº
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 19, de 1998)
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
(novecentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucio- Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, ob-
nal nº 58, de 2009) servado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um mi- máximos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de
lhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitu- 2000)
cional nº 58, de 2009)
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máxi-
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
mo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída pela
nº 25, de 2000)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitan-
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emen-
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela
da Constitucional nº 25, de 2000)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emen-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) da Constitucional nº 25, de 2000)
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída pela cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emen-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) da Constitucional nº 25, de 2000)
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil ha-
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a ses-
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; (Incluída senta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o
de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco
até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
Constitucional nº 58, de 2009) Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (qua- não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da recei-
tro milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional ta do Município; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de
nº 58, de 2009) 1992)

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pa- § 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Munici-
lavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Mu- pal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
nicípio; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda Constitucional I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
nº 1, de 1992) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da verean- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (In-
ça, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para cluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respec- III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei
tivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa; (Renu- Orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
merado do inciso VII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) 2000)
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; § 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
(Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. (Incluído
1992) pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela Emenda Art. 30. Compete aos Municípios:
Constitucional nº 1, de 1992) I - legislar sobre assuntos de interesse local;
XII - cooperação das associações representativas no planeja- II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
mento municipal; (Renumerado do inciso X, pela Emenda Consti- ber;
tucional nº 1, de 1992) III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse especí- como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de
fico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifesta- prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
ção de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legis-
do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) lação estadual;
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela Emenda Cons- são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluí-
titucional nº 1, de 1992) do o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Munici- e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fun-
pal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos
damental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais,
2006)
relativos ao somatório da receita tributária e das transferências
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União
previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
realizado no exercício anterior: (Incluído pela Emenda Constitu-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri-
cional nº 25, de 2000)
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de
e da ocupação do solo urbano;
até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e es-
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Redação tadual.
dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população en- Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
tre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habi- Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos siste-
tantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional mas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma
nº 58, de 2009) da lei.
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni-
e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Redação dada pela cípio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) onde houver.
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
habitantes; (Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
58, de 2009) Municipal.
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Mu- § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
nicípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
habitantes. (Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
58, de 2009) termos da lei.
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto de Contas Municipais.
com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 25, de 2000)

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
CAPÍTULO V 1.1 Vedações à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS aos Municípios. Veda-se aos entes da federação:
Seção I A) Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
DO DISTRITO FEDERAL embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re-
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municí- forma da lei, a colaboração de interesse público (art. 19, I, CF);
pios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com in- B) Recusar fé aos documentos públicos (art. 19, II, CF);
terstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câma- C) Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si
ra Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabe- (art. 19, III, CF).
lecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis- 1.2 Possibilidade dos Estados incorporarem-se entre si,
lativas reservadas aos Estados e Municípios. subdividirem-se ou desmembrarem-se para se anexarem
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, obser- a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Fede-
vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá rais. Neste caso, exige-se aprovação da população diretamente
com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato interessada, através de plebiscito, bem como aprovação do Con-
de igual duração. gresso Nacional por lei complementar. A Lei nº 9.709/98 ajuda a
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-
disciplinar a questão.
se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
1.3 Criação, incorporação, fusão e desmembramento de
Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bom-
beiros militar. Municípios. Isso será feito por lei estadual, dentro do período
determinado por lei complementar federal, de forma que tudo
Seção II dependerá de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações
DOS TERRITÓRIOS dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Via-
bilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. A
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e Lei nº 9.709/98 ajuda a disciplinar a questão.
judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos 1.4 Repartição de competências e o princípio da predo-
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste minância do interesse. Segundo o “Princípio da Predominância
Título. do Interesse”, à União cumpre as matérias e questões de interesse
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao geral; aos Estados cumprem as matérias de interesse regional; e
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas aos Municípios cumprem as matérias de interesse local. O Distri-
da União. to Federal terá competências tanto de Estado como de Município,
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, a depender da matéria legislada, isto é, se de interesse regional ou
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, have- local, respectivamente.
rá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros
do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
1.5 Princípio da simetria constitucional. Tal axioma exige
sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência
uma correlação entre o disposto na Constituição Federal e o pre-
deliberativa.
visto nas Constituições Estaduais; e, por sua vez, entre o disposto
1 Considerações gerais sobre a organização político-admi- na Constituição de um Estado e o previsto nas Leis Orgânicas dos
nistrativa. Com supedâneo no art. 18, caput, da Constituição Fe- Municípios afetados cada qual ao seu respectivo Estado. Desta
deral, a organização político-administrativa da República Federa- maneira, visa-se formar um conceito de unidade, em nível es-
tiva do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal calonado decrescente (do meio federal para o municipal), entre
e os Municípios, nos termos da Lei Fundamental de 1988. o previsto na Constituição Federal da República Federativa do
Desta maneira, a primeira informação que se extrai é a de que Brasil, nas Constituições dos Estados, e nas Leis Orgânicas dos
são entes da federação: União, Estados, Municípios e Distrito Fe- Municípios e do Distrito Federal.
deral. Os Territórios não são entes da federação.
Mas o que são os Territórios, então? Os Territórios federais 1.6 Competência comum da União, dos Estados, do Dis-
integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou rein- trito Federal e dos Municípios. Vejamos, conforme o art. 23, da
tegração serão reguladas em lei complementar. Constituição Federal:
Ademais, há que se lembrar que, desde 21 de abril de 1960, A) Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das institui-
em substituição à cidade do Rio de Janeiro (que, por sua vez, subs- ções democráticas e conservar o patrimônio público (inciso I);
tituiu a cidade de Salvador em 1763), Brasília é a capital fede- B) Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e ga-
ral (e também sede do Distrito Federal). Vale obtemperar, neste rantia das pessoas portadoras de deficiência (inciso II);
diapasão, que “Brasília” e “Distrito Federal” não são expressões
C) Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
sinônimas. “Brasília” é apenas uma cidade, contida no “Distrito
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu-
Federal”, o qual é formado também por terras e por outras cidade-
rais notáveis e os sítios arqueológicos (inciso III);
las, conhecidas por “cidades-satélite”.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
D) Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de Convém lembrar, neste diapasão, que no âmbito da legislação
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- concorrente, a competência da União se limita ao estabelecimento
tural (inciso IV); de normas gerais, o que não exclui a competência suplementar
E) Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à de outros Estados. Por sua vez, caso inexista a norma geral edi-
ciência; à tecnologia, à pesquisa e à inovação (inciso V); tada pela União, poderá o Estado fazê-lo, exercendo competência
F) Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- legislativa plena. Mas, se a União não editou a norma geral, o
quer de suas formas (inciso VI); Estado o fez, e, depois, sobrevém lei federal sobre normas gerais,
G) Preservar as florestas, a fauna e a flora (inciso VII); isso suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário.
H) Fomentar a produção agropecuária e organizar o abasteci- Ademais, aos Municípios compete suplementar a legislação fede-
mento alimentar (inciso VIII); ral e a estadual no que couber.
I) Promover programas de construção de moradias e a me-
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (inciso 2 União. Trata-se de pessoa jurídica de direito público in-
IX); terno, nos moldes do art. 41, I, do Código Civil, embora isso não
J) Combater as causas da pobreza e os fatores de marginali- constitua óbice à sua atuação no plano internacional, em suas re-
zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos lações com Estados estrangeiros.
(inciso X);
K) Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi- 2.1 Bens da União. São eles, com base no que prevê o art. 20
tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em da Constituição da República:
seus territórios (inciso XI); A) Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
L) Estabelecer e implantar política de educação para a segu- atribuídos (inciso I);
rança do trânsito (inciso XII). B) As terras devolutas indispensáveis à defesa das frontei-
Vale lembrar que, consoante os ditames do parágrafo único, ras, das fortificações e construções militares, das vias federais de
do art. 23, CF, leis complementares fixarão normas para a coope- comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei (inciso
ração entre e União e os Estados, o Distrito Federal e os Municí- II). Vale lembrar que, se a terra devoluta não for indispensável
pios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
-estar em âmbito nacional. das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, per-
tencerá aos Estados, nos moldes do art. 26, IV, CF;
1.7 Competência legislativa concorrente da União, dos C) Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos
Estados, e do Distrito Federal. Compete concorrentemente à de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
União, aos Estados, e ao Distrito Federal, nos moldes do art. 24, limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
da Lei Fundamental, legislar sobre: ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
A) Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e fluviais (inciso III);
urbanístico (inciso I); D) As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou-
B) Orçamento (inciso II); tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
C) Juntas comerciais (inciso III); excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
D) Custas dos serviços forenses (inciso IV); aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
E) Produção e consumo (inciso V); federal, e as referidas no art. 26, II, da Constituição (inciso IV);
F) Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- E) Os recursos naturais da plataforma continental e da zona
fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e econômica exclusiva (inciso V);
controle da poluição (inciso VI); F) O mar territorial (inciso VI);
G) Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís- G) Os terrenos de marinha e seus acrescidos (inciso VII);
tico e paisagístico (inciso VII); H) Os potenciais de energia hidráulica (inciso VIII);
H) Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu- I) Os recursos minerais, inclusive os do subsolo (inciso IX);
midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís- J) As cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi-
tico e paisagístico (inciso VIII); cos e pré-históricos (inciso X);
I) Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, K) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (inciso
pesquisa, desenvolvimento e inovação (inciso IX); XI). Vale lembrar que, conforme a Súmula nº 650, do Supremo
J) Criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas Tribunal Federal, os incisos I e XI, do art. 20, CF, não alcançam
causas (inciso X); as terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indí-
K) Procedimentos em matéria processual (inciso XI); genas em passado remoto.
L) Previdência social, proteção e defesa da saúde (inciso XII);
M) Assistência jurídica e defensoria pública (inciso XIII); 2.2 Competência administrativa da União. O art. 21, CF,
N) Proteção e integração social das pessoas portadoras de de- disciplina a competência administrativa da União:
ficiência (inciso XIV);
A) Manter relações com Estados estrangeiros e participar de
O) Proteção à infância e à juventude (inciso XV).
organizações internacionais (inciso I);
B) Declarar a guerra e celebrar a paz (inciso II);
C) Assegurar a defesa nacional (inciso III);

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
D) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que X) Explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
maneçam temporariamente (inciso IV); enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
E) Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os princípios e
ção federal (inciso V); condições (inciso XXIII) de que toda atividade nuclear em territó-
F) Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material rio nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante
bélico (inciso VI); aprovação do Congresso Nacional (alínea “a”); de que, sob regime
G) Emitir moeda (inciso VII); de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de
H) Administrar as reservas cambiais do país e fiscalizar as radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e indus-
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, triais (alínea “b”); de que, sob regime de permissão, são autoriza-
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência das a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de
privada (inciso VIII); meia-vida igual ou inferior a duas horas (alínea “c”); e de que a
I) Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência
ção do território e de desenvolvimento econômico e social (inciso de culpa (alínea “d”);
IX); Z) Organizar, manter e executar a inspeção do trabalho (inciso
J) Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional (inciso XXIV);
W) Estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
X);
atividade de garimpagem, em forma associativa (inciso XXV).
K) Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
2.3 Competência legislativa privativa da União. Conforme
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór-
o art. 22, da Lei Fundamental, à União compete legislar privati-
gão regulador e outros aspectos institucionais (inciso XI); vamente sobre:
L) Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão A) Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrá-
ou permissão (inciso XII) os serviços de radiodifusão sonora, e de rio, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho (inciso I);
sons e imagens (alínea “a”); os serviços e instalações de energia B) Desapropriação (inciso II);
elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em arti- C) Requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
culação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergé- em tempo de guerra (inciso III);
ticos (alínea “b”); a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutu- D) Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi-
ra aeroportuária (alínea “c”); os serviços de transporte ferroviário fusão (inciso IV);
e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que E) Serviço postal (inciso V);
transponham os limites de Estado ou Território (alínea “d”); os F) Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de metais (inciso VI);
passageiros (alínea “e”); os portos marítimos, fluviais e lacustres G) Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
(alínea “f”); valores (inciso VII), bem como comércio exterior e interestadual
M) Organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi- (inciso VIII);
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos H) Diretrizes da política nacional de transportes (inciso IX);
Territórios (inciso XIII); I) Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
N) Organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o aérea e aeroespacial (inciso X);
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar J) Trânsito e transporte (inciso XI);
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de servi- K) Jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia (in-
ços públicos, por meio de fundo próprio (inciso XIV); ciso XII);
O) Organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- L) Nacionalidade, cidadania e naturalização (inciso XIII);
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional (inciso XV); M) Populações indígenas (inciso XIV), bem como emigração,
P) Exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros (inciso
públicas e de programas de rádio e televisão (inciso XVI); XV);
N) Organização do sistema nacional de emprego e condições
Q) Conceder anistia (inciso XVII);
para o exercício de profissões (inciso XVI);
R) Planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
O) Organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
midades públicas, especialmente as secas e as inundações (inciso
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
XVIII); bem como organização administrativa destes (inciso XVII);
S) Instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hí- P) Sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia na-
dricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (inciso cionais (inciso XVIII);
XIX); Q) Sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
T) Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclu- popular (inciso XIX);
sive habitação, saneamento básico e transportes urbanos (inciso R) Sistemas de consórcios e sorteios (inciso XX);
XX); S) Normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
U) Estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional garantias, convocação e mobilização das polícias militares e cor-
de viação (inciso XXI); pos de bombeiros militares (inciso XXI);
V) Executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e T) Competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
de fronteiras (inciso XXII); ferroviária federais (inciso XXII);

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
U) Seguridade social (inciso XXIII), bem como diretrizes e ba- Isto posto, são preceitos obrigatórios que devem ser obser-
ses da educação nacional (inciso XXIV); vados pelas Leis Orgânicas Municipais, conforme o art. 29, CF:
V) Registros públicos (inciso XXV); A) A eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
X) Atividades nucleares de qualquer natureza (inciso XXVI); para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo
Z) Normas gerais de licitação e contratação, em todas as moda- realizado em todo o país (inciso I);
lidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e funda- B) A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no pri-
cionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido meiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato
o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 da Consti-
de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III (inciso XXVII); tuição no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores
W) Defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, de- (inciso II);
fesa civil e mobilização nacional (inciso XXVIII); C) A posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia primeiro de
Y) Propaganda comercial (inciso XXIX). janeiro do ano subsequente ao da eleição (inciso III);
Vale lembrar, por fim, que conforme os ditames do parágrafo D) Para a composição das Câmaras Municipais, será obser-
único do dispositivo constitucional em comento, lei complementar vado o limite máximo de (inciso IV): nove Vereadores, nos Mu-
poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das nicípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes (alínea “a”); onze
matérias relacionadas neste artigo. Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) ha-
bitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes (alínea “b”); treze
3 Estados federados. Tratam-se de pessoas jurídicas de direito Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) ha-
público interno, com supedâneo no segundo inciso, do art. 41, do bitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes (alínea “c”);
Diploma Civil. quinze Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquen-
ta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes (alínea
3.1 Bens dos Estados. São eles, consoante o art. 26, da Cons- “d”); dezessete Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000
tituição Federal: (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi-
A) As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e tantes (alínea “e”); dezenove Vereadores, nos Municípios de mais
em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes
de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento
de obras da União (inciso I);
sessenta mil) habitantes (alínea “f”); vinte e um Vereadores, nos
B) As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
de até 300.000 (trezentos mil) habitantes (alínea “g”); vinte e três
ou terceiros (inciso II);
Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 (trezentos mil)
C) As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União (inciso
habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habi-
III);
D) As terras devolutas não compreendidas entre as da União tantes (alínea “h”); vinte e cinco Vereadores, nos Municípios de
(inciso IV). mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de
até 600.000 (seiscentos mil) habitantes (alínea “i”); vinte e sete
3.2 Possibilidade de terem os Estados suas próprias Cons- Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil)
tituições. É possível, desde que estas respeitem a Constituição habitantes e de até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes
Federal. É a informação que se pode extrair do caput, do art. 25, (alínea “j”); vinte e nove Vereadores, nos Municípios de mais de
da Constituição da República. Também, o art. 11, do Ato das Dis- 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
posições Constitucionais Transitórias, dispõe que cada Assembleia (novecentos mil) habitantes (alínea “k”); trinta e um Vereadores,
Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do nos Municípios de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constitui- de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes (alínea
ção Federal, obedecidos os princípios desta. “l”); trinta e três Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000
No mais, a competência dos Estados é residual (ou subsidiá- (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 (um
ria), nos moldes do que prevê o primeiro parágrafo, do art. 25, da milhão e duzentos mil) habitantes (alínea “m”); trinta e cinco Ve-
Constituição Federal, segundo o qual são reservadas aos Estados as readores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e du-
competências que não lhe sejam vedadas por esta Constituição. Des- zentos mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos
te modo, a Constituição Federal prevê competências para a União e cinquenta mil) habitantes (alínea “n”); trinta e sete Vereadores,
e para os Municípios. A competência dos Estados será subsidiária nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta
àquelas atribuídas a estes entes, desde que não haja preceito vedató- mil) habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil)
rio na Lei Fundamental. habitantes (alínea “o”); trinta e nove Vereadores, nos Municípios
de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de
4 Municípios. São pessoas jurídicas de direito público interno, até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes (alínea “p”);
nos moldes do art. 41, III, do Código Civil. quarenta e um Vereadores, nos Municípios de mais de 1.800.000
(um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois
4.1 Possibilidade de terem os Municípios suas “Constitui- milhões e quatrocentos mil) habitantes (alínea “q”); quarenta e três
ções Municipais”. Isto não é possível. Os Municípios possuem Lei Vereadores, nos Municípios de mais de 2.400.000 (dois milhões
Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez e quatrocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 (três milhões)
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal. de habitantes (alínea “r”); quarenta e cinco Vereadores, nos Mu-
Tal Lei Orgânica deve estar em consonância com a Constituição do nicípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de
respectivo Estado, bem como com a Constituição Federal. até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes (alínea “s”); quarenta

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
e sete Vereadores, nos Municípios de mais de 4.000.000 (quatro 4.2 Competência dos Municípios. Vejamos o que prevê o art.
milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de habi- 30, da Constituição:
tantes (alínea “t”); quarenta e nove Vereadores, nos Municípios de A) Legislar sobre assuntos de interesse local (inciso I);
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 B) Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber
(seis milhões) de habitantes (alínea “u”); cinquenta e um Vereado- (inciso II);
res, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habi- C) Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
tantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes (alínea “v”); como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
cinquenta e três Vereadores, nos Municípios de mais de 7.000.000 tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei (inciso
(sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de III);
habitantes (alínea “w”); e cinquenta e cinco Vereadores, nos Mu- D) Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
nicípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes (alínea estadual (inciso IV);
“x”); E) Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
E) Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, ob- o de transporte coletivo, que tem caráter essencial (inciso V);
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e F) Manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
153, §2º, I, todos da Constituição Federal (inciso V); do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
F) O subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas tal (inciso VI);
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, ob- G) Prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
servado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios do Estado, serviços de atendimento à saúde da população (inciso
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites VII);
máximos (inciso VI): em Municípios de até dez mil habitantes, o H) Promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “a”); em Municípios da ocupação do solo urbano (inciso VIII);
de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo I) Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural lo-
dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio dos cal, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual
Deputados Estaduais (alínea “b”); em Municípios de cinquenta (inciso IX).
mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Es- 5 Distrito Federal e Territórios. Consistem em pessoas ju-
taduais (alínea “c”); em Municípios de cem mil e um a trezentos rídicas de direito público interno, nos moldes do que preconiza o
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá segundo inciso, do art. 41, do Código Civil.
a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea
“d”); em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil ha- 5.1 Impossibilidade de divisão do Distrito Federal em Mu-
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a ses- nicípios. A Constituição Federal veda que o Distrito Federal seja
senta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “e”); dividido em Municípios, em seu art. 32. Ademais, há se lembrar
em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio que o Distrito Federal não tem uma Constituição Estadual, mas
máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento sim Lei Orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo
do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “f”); de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa (tal
G) O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não Lei Orgânica deverá atender aos princípios estabelecidos na Cons-
poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do tituição pátria).
Município (inciso VII);
H) Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras 5.2 Competências legislativas do Distrito Federal. Ao Dis-
e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município trito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas
(inciso VIII); aos Estados e Municípios (primeiro parágrafo, do art. 32, da Cons-
I) Proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, tituição Federal). Tal fator, inclusive, leva o Supremo Tribunal Fe-
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os deral a declarar o Distrito Federal como um ente “sui generis”, por
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo possuir características tanto de Município como de Estado.
Estado para os membros da Assembleia Legislativa (inciso IX);
J) Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça (inciso 5.3 Possibilidade de divisão dos Territórios em Municí-
X); pios. Isto é perfeitamente possível. Ademais, nos Territórios fede-
K) Organização das funções legislativas e fiscalizadoras da rais com mais de cem mil habitantes (lembrando que, atualmente,
Câmara Municipal (inciso XI); o país não possui nenhum Território), além do Governo nomea-
L) Cooperação das associações representativas no planeja- do na forma da Constituição Federal, haverá órgãos judiciários
mento municipal (inciso XII); de primeira e de segunda instância, membros do Ministério Pú-
M) Iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico blico e Defensores Públicos federais. Por fim, a lei disporá sobre
do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, as eleições para a Câmara Territorial (que equivale à Assembleia
pelo menos, cinco por cento do eleitorado (inciso XIII); Legislativa, só que no âmbito dos Territórios) e sua competência
N) Perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pará- deliberativa.
grafo único, da Constituição (inciso XIV).

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
5.4 Os Territórios elegem seus Senadores? Não, contudo VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públi-
cada Território (se houver) poderá eleger quatro Deputados. Isto cos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os crité-
ocorre, pois os Senadores são representantes dos Estados no Con- rios de sua admissão;
gresso Nacional (cada Estado elege três Senadores), e Território IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
não é Estado. Assim, os Territórios elegem apenas Deputados, que terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
são representantes do povo (que tanto existe nos Estados como nos interesse público;
Territórios), mas não Senadores. É o que consta do art. 45, §2º, da X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de
Constituição Federal. que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou altera-
dos por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada
caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e
4.5 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: sem distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitu-
4.5.1 DISPOSIÇÕES GERAIS. 4.5.2. DOS cional nº 19, de 1998) (Regulamento)
SERVIDORES PÚBLICOS. 4.5.3 DOS XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autárquica
MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO
e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-
Dispositivos constitucionais correspondentes: tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como
CAPÍTULO VII limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
Seção I Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
DISPOSIÇÕES GERAIS no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargado-
res do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Ju-
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
diciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Públi-
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Re-
co, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, as-
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Po-
sim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela
der Executivo;
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo do serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações nº 19, de 1998)
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor pú-
exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, blico não serão computados nem acumulados para fins de con-
de 1998) cessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois Constitucional nº 19, de 1998)
anos, prorrogável uma vez, por igual período; XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de con- e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos
vocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III,
provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos con- e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
cursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; de 1998)
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
buições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emen-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) da Constitucional nº 19, de 1998)
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre as- b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científi-
sociação sindical; co; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitu- de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela
cional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, so- praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
ciedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades con- prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressar-
troladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação cimento.
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, prece- que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-
dência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; rado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia ou culpa.
e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu-
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que
último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela possibilite o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso an- órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
terior, assim como a participação de qualquer delas em empresa ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
privada; dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
obras, serviços, compras e alienações serão contratados median- sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
te processo de licitação pública que assegure igualdade de con- I - o prazo de duração do contrato;
dições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências III - a remuneração do pessoal.”
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas
cumprimento das obrigações. (Regulamento) e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que rece-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, berem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio
funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras em geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o com- sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
partilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti-
19.12.2003) vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, in- 1998)
formativo ou de orientação social, dela não podendo constar no- § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remune-
mes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de ratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas
autoridades ou servidores públicos. de caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído pela Emenda
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III impli- Constitucional nº 47, de 2005)
cará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
termos da lei. artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembar-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) gadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da quali- disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e
dade dos serviços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional
de 1998) nº 47, de 2005)
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a in-
formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autár-
X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) quica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se
III - a disciplina da representação contra o exercício negli- as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitu-
gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração cional nº 19, de 1998)
pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri-
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a in- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. ração;

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos car-
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não gos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda Constitucional
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso ante- nº 19, de 1998)
rior; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exer- Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
cício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para provenientes da economia com despesas correntes em cada ór-
todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; gão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvol-
tamento, os valores serão determinados como se no exercício es- vimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do ser-
tivesse. viço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de pro-
dutividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Seção II § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados
DOS SERVIDORES PÚBLICOS em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído pela
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
cípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
único e planos de carreira para os servidores da administração pú- autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
blica direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respec-
nº 2.135-4) tivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionis-
tas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda
pios instituirão conselho de política de administração e remunera- Constitucional nº 41, 19.12.2003)
ção de pessoal, integrado por servidores designados pelos respec- § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
tivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus pro-
de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) ventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Reda-
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- ção dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
ponentes do sistema remuneratório observará: (Redação dada pela I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído pela Emenda incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitu-
Constitucional nº 19, de 1998) cional nº 41, 19.12.2003)
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
Constitucional nº 19, de 1998) de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Reda-
Constitucional nº 19, de 1998) ção dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requi- cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se-
sitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebra- guintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
ção de convênios ou contratos entre os entes federados. (Redação 20, de 15/12/98)
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição,
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferen- 15/12/98)
ciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Incluído b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão de 15/12/98)
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por oca-
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, sião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposenta-
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluí- doria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca-
nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re- sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili-
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de
o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
19, de 1998) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
leis complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Emenda Constitucional nº 47, de 2005) 20, de 15/12/98)
I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitu- § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
cional nº 47, de 2005) comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-
Constitucional nº 47, de 2005) se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais Constitucional nº 20, de 15/12/98)
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Incluído pela § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
Emenda Constitucional nº 47, de 2005) cípios, desde que instituam regime de previdência complementar
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição se- para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, po-
rão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, derão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem
“a”, para o professor que comprove exclusivamente tempo de concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência so-
e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda cial de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional
Constitucional nº 20, de 15/12/98) nº 20, de 15/12/98)
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos § 15. O regime de previdência complementar de que trata o
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no
previsto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucio- que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
nal nº 20, de 15/12/98) complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respecti-
vos participantes planos de benefícios somente na modalidade de
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão
contribuição definida. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda Consti-
nal nº 41, 19.12.2003)
tucional nº 41, 19.12.2003)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de instituição do correspondente regime de previdência complemen-
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso apo- tar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
sentado à data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucio- § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
nal nº 41, 19.12.2003) cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza-
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no dos, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41,
cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo 19.12.2003)
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regi-
óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) me geral de previdência social de que trata o art. 201, com percen-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para pre- tual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos
servar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme cri- efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
térios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Consti- § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completa-
tucional nº 41, 19.12.2003) do as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou muni- § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um
cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
serviço correspondente para efeito de disponibilidade. (Incluído previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitu-
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de con- cional nº 41, 19.12.2003)
tagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído pela Emenda § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime pró-
Constitucional nº 20, de 15/12/98) prio de previdência social para os servidores titulares de cargos
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ-
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pen-
dência social, e ao montante resultante da adição de proventos
são que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emen- lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda
da Constitucional nº 20, de 15/12/98) Constitucional nº 47, de 2005)

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- 1.2 Administração direta e indireta. Os órgãos da Admi-
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de nistração Pública direta são aqueles componentes dos Poderes da
concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, República propriamente ditos. Tais órgãos são despersonalizados.
de 1998) Já os órgãos da Administração Pública indireta são as autar-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação quias, fundações, empresas públicas, e sociedades de economia
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) mista. Tais órgãos têm personalidade jurídica própria, ou de direi-
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluí- to público (autarquias e fundações públicas de direito público) ou
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) de direito privado (fundações públicas de direito privado, empresas
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada públicas, e sociedades de economia mista).
ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempe- 1.3 Alguns princípios aplicáveis à Administração Pública.
nho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluí- São eles:
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) A) Princípio da legalidade. Para o direito privado, legalidade
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor es- significa poder fazer tudo o que a lei não proíbe (autonomia priva-
tável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, da). Já para a Administração Pública, legalidade significa somente
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, apro- poder fazer aquilo previsto em lei;
veitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remunera- B) Princípio da impessoalidade. Impessoalidade denota au-
ção proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela Emenda sência de subjetividade. O administrador não pode se utilizar da
Constitucional nº 19, de 1998) coisa pública para satisfazer interesses pessoais;
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- C) Princípio da moralidade. Traduz a ideia de honestidade,
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcio- de ética, de correção de atitudes, de boa-fé. A moralidade adminis-
nal ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro trativa representa mais que a moralidade comum, porque enquanto
cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nesta as relações são interpessoais, na moralidade administrativa
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri- envolve-se o trato da coisa pública;
gatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
D) Princípio da publicidade. Tal princípio significa conhe-
para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
cimento, ciência, divulgação ao titular dos interesses em jogo, a
1998)
saber, o povo. Disso infere-se que a publicidade acaba sendo con-
dição de eficácia, em regra, do ato administrativo (como ocorre nos
Seção III
procedimentos licitatórios, p. ex.). Neste diapasão, o primeiro pará-
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E
grafo, do art. 37, da Constituição, preceitua que a publicidade dos
DOS TERRITÓRIOS
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos;
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter- E) Princípio da eficiência. Tal princípio não estava previsto no
ritórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) texto originário da Constituição Federal em 1988. Foi ele acrescido
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e pela Emenda Constitucional nº 19/1998, e significa presteza, quali-
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições dade no serviço, agilidade, economia, ausência de desperdício;
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo F) Princípio da supremacia do interesse público. Em um even-
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, tual conflito entre um interesse particular e outro da coletividade,
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos este último deverá prevalecer, como regra geral. Tal princípio de-
governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de corre de outro axioma, a saber, o “da Indisponibilidade do Inte-
15/12/98) resse Público”, segundo o qual, sendo a coisa pública pertencente
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe- a todos, não pode o agente administrador dela utilizar livremente;
deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do G) Princípio da presunção de legitimidade dos atos adminis-
respectivo ente estatal. (Redação dada pela Emenda Constitucional trativos. Há uma presunção relativa (isto é, que admite prova em
nº 41, 19.12.2003)1 Noções gerais sobre a Administração Pública. contrário) em torno dos atos administrativos, de que são legítimos,
válidos e eficazes.
Vejamos: É óbvio que, além destes, há outros princípios vigentes para a
Administração Pública, como o da isonomia, o da razoabilidade/
1.1 Atividade administrativa. A atividade administrativa pode- proporcionalidade, o da autotutela etc. Mas, tais matérias não se-
rá ser prestada de maneira centralizada, pelos entes políticos com- rão aqui explicadas, por serem da alçada do Direito Administrativo
ponentes da Administração Direta (União, Estados, Municípios e propriamente dito.
Distrito Federal), ou de maneira descentralizada, pelos entes com-
ponentes da Administração Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, 1.4 Ocupantes de cargos, empregos e funções públicas. Tan-
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) bem como por to brasileiros (que preencham os requisitos estabelecidos em lei)
particulares (através de concessionárias e permissionárias de serviços como os estrangeiros (na forma da lei) podem ocupar cargos, em-
públicos, p. ex.). pregos e funções públicas.

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1.5 Investidura em cargo ou emprego público. Em regra, a B) É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
investidura em cargo ou emprego público se dá mediante aprova- exceto, quando houver disponibilidade de horários, na hipótese de
ção prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, dois cargos de professor, ou de um cargo de professor com outro
de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego. técnico ou químico, ou de dois cargos ou empregos privativos de
As exceções são os cargos em comissão, de livre nomeação e exo- profissionais de saúde com profissões regulamentadas;
neração. C) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Po-
Em situações excepcionais, como urgência ou interesse públi- der Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
co de duração temporária, se pode dispensar o concurso público, Executivo;
ou, ao menos, realizar processo seletivo simplificado. Neste diapa- D) A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
são, a Lei nº 8.745/93 disciplina os casos de contratação por tempo funções e empregos públicos da administração direta, autárquica
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,
interesse público, p. ex. dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
1.6 Prazo de validade do concurso público. O prazo de pensões de outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-
validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
uma vez por igual período. Convém lembrar que, durante o prazo natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
improrrogável previsto no edital, aquele aprovado em concurso Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
público será convocado com prioridade sobre novos concursados nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distri-
para assumir cargo ou emprego. to Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais no âmbito do Po-
1.7 Contratação pela Administração Publica de obras, ser- der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
viços, compras e alienações. Ressalvadas as hipóteses de dispen- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
sa ou inexigibilidade, a contratação, pela Administração Pública, cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
de obras, serviços, compras ou alienações se dá mediante procedi- Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este li-
mento licitatório. A lei que dispõe sobre normas gerais de licitação mite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
é a Lei nº 8.666/93. Defensores Públicos.
Consoante o art. 37, XXI, da Lei Fundamental pátria, os pro-
cedimentos licitatórios devem ser públicos, e devem assegurar 2.4 Fixação dos padrões de vencimento do sistema remu-
igualdade de condições a todos os concorrentes (com cláusulas neratório do servidor público. A fixação dos padrões de venci-
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições mento e dos demais componentes do sistema remuneratório ob-
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá servará:
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis A) A natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
à garantia do cumprimento das obrigações). dos cargos componentes de cada carreira;
B) Os requisitos para a investidura;
2 Servidores públicos. Utilizando a expressão “servidor pú- C) As peculiaridades dos cargos.
blico” em sentido genérico, por tais se pode entender os agentes
que trabalham em prol do funcionamento e das obrigações assu- 2.5 Nuanças em relação aos padrões de vencimento do sis-
midas pelo Estado. tema remuneratório do servidor público. Vejamos:
A) O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
2.1 Direito à livre associação sindical do servidor público. Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
O servidor público, tal como na iniciativa privada, tem direito à remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
livre associação sindical, independentemente da existência de lei ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
regulamentadora neste sentido. prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI, da
2.2 Direito de greve do servidor público. Ao servidor públi- Constituição Federal;
co é assegurado o direito de greve, a ser exercido nos termos e nos B) Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
limites definidos em lei específica (art. 37, VII, CF). O problema cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-
é que essa lei não foi regulamentada até hoje, razão pela qual o neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
Supremo Tribunal Federal vem mandando aplicar, no que couber, disposto no art. 37, XI, da Constituição;
a lei de greve da iniciativa privada (Lei nº 7.783/89) aos servidores C) Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
públicos. Tais decisões vêm ocorrendo em sede de mandados de anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
injunção. empregos públicos;
D) A remuneração dos servidores públicos organizados em
2.3 Algumas nuanças atinentes à remuneração de pessoal carreira poderá ser fixada nos termos do art. 39, §4º, CF.
de serviço público. Vejamos:
A) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- 2.6 Aposentadoria dos servidores públicos. Os servidores
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoa do abrangidos pelo regime de previdência de que trata o art. 40, CF,
serviço público; serão aposentados:

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A) Por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio- Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
incurável, na forma da lei; cargo.
B) Compulsoriamente, aos setenta anos de idade, ou aos se- Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória
tenta e cinco anos de idade, na forma de lei complementar; a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para
C) Voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de essa finalidade.
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se- 3 Militares dos Estados, do Distrito Federal, e dos Terri-
guintes condições: 1) Sessenta anos de idade e trinta e cinco de tórios. São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri-
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta tórios, os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
de contribuição, se mulher; 2) Sessenta e cinco anos de idade, se Militares, instituições estas organizadas com base na hierarquia e
homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos pro- na disciplina.
porcionais ao tempo de contribuição.
Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão redu-
zidos em cinco anos, em relação ao disposto na primeira condição 5. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES. 5.1 DO
da hipótese “C” acima vista, para o professor que comprove exclu- PODER LEGISLATIVO. 5.1.1 DO CONGRESSO
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na NACIONAL. 5.1.2 DAS ATRIBUIÇÕES DO
educação infantil e no ensino fundamental e médio.
Ainda, há se lembrar que os proventos de aposentadoria e as
CONGRESSO NACIONAL. 5.1.3 DA CÂMARA
pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re- DOS DEPUTADOS. 5.1.4 DO SENADO
muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu FEDERAL.
a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da
pensão.
Há se lembrar, por fim, que para o cálculo dos proventos de
aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas Dispositivos constitucionais sobre os assuntos cobrados no pre-
as remunerações utilizadas como base para as contribuições do sente edital:
servidor aos regimes de previdência de que tratam os arts. 40 e
201, da Constituição Federal, na forma da lei. TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
2.7 Possibilidade de adoção de critérios diferenciados para (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
a concessão de aposentadoria, na forma do art. 40, da Consti- CAPÍTULO I
tuição Federal. Não é possível a adoção de critérios diferenciados DO PODER LEGISLATIVO
para a concessão de aposentadoria, ressalvados, nos termos defini- SEÇÃO I
dos em leis complementares, os casos de servidores: DO CONGRESSO NACIONAL
A) Portadores de deficiência;
B) Que exerçam atividades de risco; Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacio-
C) Cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais nal, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro
anos.
2.8 Possibilidade de cumulação de aposentadorias, na for-
ma do art. 40, da Constituição. Ressalvadas as aposentadorias Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes
decorrentes dos cargos acumuláveis na forma da Constituição, é do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi- cada Território e no Distrito Federal.
me de previdência previsto no art. 40, CF. § 1º O número total de Deputados, bem como a representa-
ção por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
2.9 Estabilidade dos servidores públicos. São estáveis após complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos
três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma
de provimento efetivo em virtude de concurso público. daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
O servidor público estável só perderá o cargo: setenta Deputados.
A) Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
B) Mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
rada ampla defesa; Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Es-
C) Mediante procedimento de avaliação periódica de desem- tados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,
Há se lembrar que, invalidada por sentença judicial a demis- com mandato de oito anos.
são do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibili- dois terços.
dade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. § 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as de- V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exor-
liberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por bitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legis-
maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. lativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
Seção II VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150,
II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitu-
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presi- cional nº 19, de 1998)
dente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
União, especialmente sobre: arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
forçado; de governo;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da adminis-
desenvolvimento; tração indireta;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em
bens do domínio da União; face da atribuição normativa dos outros Poderes;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão
de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Le- de emissoras de rádio e televisão;
gislativas; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Con-
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; tas da União;
VIII - concessão de anistia; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ati-
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério vidades nucleares;
Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e or- XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
ganização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o apro-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Pro- veitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas
dução de efeito) minerais;
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de ter-
e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; ras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da adminis- Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou
tração pública; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Es-
de 2001) tado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
XII - telecomunicações e radiodifusão; Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informa-
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições ções sobre assunto previamente determinado, importando crime
financeiras e suas operações; de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Re-
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994)
mobiliária federal. § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Co-
Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, missões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa
III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
41, 19.12.2003) § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste ar-
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in- tigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não
ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de
ao patrimônio nacional; informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a de Revisão nº 2, de 1994)
celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressal- Seção III
vados os casos previstos em lei complementar; DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a
se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, au- I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração
torizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas me- de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República
didas; e os Ministros de Estado;

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, XII - elaborar seu regimento interno;
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de ses- XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
senta dias após a abertura da sessão legislativa; criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-
III - elaborar seu regimento interno; ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire-
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun- trizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respec- 19, de 1998)
tiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Consti- art. 89, VII.
tucional nº 19, de 1998) XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu-
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho
art. 89, VII. das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Seção IV 42, de 19.12.2003)
DO SENADO FEDERAL Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio-
nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos,
pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae- judiciais cabíveis.
ronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) 1 Considerações gerais sobre o Poder Legislativo. O Poder Le-
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fede- gislativo, no âmbito da União, é exercido pelo Congresso Nacional,
ral, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho que é formado pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados.
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da Repúbli- O Brasil adota, portanto, o sistema de bicameralismo (duas Casas Le-
ca e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; gislativas).
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- (hoje são 513 Deputados), de maneira que o número total de Depu-
blica, a escolha de: tados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal,
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à popu-
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo lação, de maneira que nenhuma unidade da federação terá menos de
Presidente da República; oito e mais que setenta Deputados. Vale lembrar que, conforme já dito
c) Governador de Território; outrora, apesar de inexistirem, no Brasil, Territórios federais, caso es-
d) Presidente e diretores do banco central; tes existissem, cada um elegeria quatro Deputados.
e) Procurador-Geral da República; Os Deputados são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional,
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; para mandato de quatro anos, permitidas ilimitadas reconduções ao
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em poder.
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- Já o Senado Federal compõem-se de representantes dos Estados
ráter permanente; e do Distrito Federal, eleitos no sistema eleitoral majoritário simples.
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de Cada Estado/Distrito Federal elege três Senadores (totalizando, assim,
interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territó- oitenta e um Senadores), para mandato de oito anos, renovando-se o
rios e dos Municípios; Senado a proporções de um terço e dois terços (isto é, se na eleição
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites atual se elege um Senador, significa que na eleição seguinte se elegerá
globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Es- dois Senadores. Jamais se elege três Senadores ao mesmo tempo). Por
tados, do Distrito Federal e dos Municípios; fim, vale lembrar que cada Senador será eleito com dois suplentes (os
VII - dispor sobre limites globais e condições para as ope- quais não são votados).
rações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Disso infere-se que o número de Deputados Federais varia de Es-
Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais tado para Estado, enquanto o número de Senadores é sempre o mesmo
entidades controladas pelo Poder Público federal; por Estado, a saber, três. Tal fato se dá porque, enquanto são os Depu-
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de tados os representantes do povo, são os Senadores os representantes
garantia da União em operações de crédito externo e interno; dos Estados/Distrito Federal.
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante Já no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, o Poder Legis-
da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- lativo é representado pelas Assembleias Legislativas (no Distrito Fe-
nicípios; deral, esta é chamada “Câmara Legislativa”), que é órgão unicameral
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla- (ou seja, não há nos Estados duas Casas Legislativas como há na esfe-
rada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal ra da União). O número de Deputados à Assembleia Legislativa, por
Federal; força da cabeça do art. 27, da Constituição da República, corresponde-
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exo- rá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e,
neração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos
término de seu mandato; forem os Deputados Federais acima de doze.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Por fim, no âmbito dos Municípios, o Poder Legislativo será I) Organização administrativa, judiciária, do Ministério Públi-
desempenhado pela Câmara de Vereadores, que é órgão unicame- co e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organiza-
ral (ou seja, não há nos Municípios duas Casas Legislativas, como ção judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (inciso
há em nível da União). Os limites máximos de composição da Câ- IX);
mara de Vereadores seguem o art. 29, IV, da Constituição. J) Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b (in-
2 Reunião do Congresso Nacional. Ordinariamente, o Con- ciso X);
gresso Nacional se reunirá de dois de fevereiro a dezessete de K) Criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-
julho (primeira parte), e de primeiro de agosto a vinte e dois de ção pública (inciso XI);
dezembro (segunda parte). Quando estas datas caírem em sábado, L) Telecomunicações e radiodifusão (inciso XII);
domingo e feriado, as reuniões serão marcadas para o primeiro dia M) Matéria financeira, cambial e monetária, instituições fi-
útil subsequente. A tal período se dá o nome de “sessão legislati- nanceiras e suas operações (inciso XIII);
va”. Uma “legislatura” (quatro anos), pois, é o resultado de quatro N) Moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mo-
sessões legislativas. biliária federal (inciso XIV).
Por sua vez, extraordinariamente, o Congresso pode se reu- O) Fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal
nir durante o recesso parlamentar. Nestes casos, a convocação se Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153, III;
fará pelo Presidente do Senado Federal (em caso de decretação de e 153, §2º, I, todos da Constituição (inciso XV).
estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autoriza-
ção para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a 4 Competência exclusiva do Congresso Nacional. Vejamos
posse do Presidente e do Vice-Presidente da República), conforme o que prevê o art. 49, da Constituição da República:
dispõe o primeiro inciso, do sexto parágrafo, do art. 57, CF; ou A) Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos
Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos ao patrimônio nacional (inciso I);
membros de ambas as Casas (em caso de urgência ou interesse B) Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a
celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-
território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressal-
vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
vados os casos previstos em lei complementar (inciso II);
Nacional), conforme dispõe o segundo inciso, do sexto parágrafo,
C) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República
do art. 57, CF.
a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias
Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional
(inciso III);
somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ve-
D) Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, auto-
dado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convoca-
rizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas
ção. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convoca-
(inciso IV);
ção extraordinária do Congresso Nacional, serão elas incluídas na
E) Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
pauta de convocação. tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa
(inciso V);
3 Atribuições do Congresso Nacional. Com supedâneo no F) Mudar temporariamente sua sede (inciso VI);
art. 48, da Constituição, cabe ao Congresso Nacional, com a san- G) Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os
ção do Presidente da República (salvo nos casos dos arts. 49, 51 Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150,
e 52), dispor sobre todas as matérias de competência da União, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Lei Fundamental (inciso VII);
especialmente sobre: H) Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
A) Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
(inciso I); arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Cons-
B) Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento tituição (inciso VIII);
anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso I) Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
forçado (inciso II); República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
C) Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (in- governo (inciso IX);
ciso III); J) Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
D) Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de- Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
senvolvimento (inciso IV); indireta (inciso X);
E) Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e K) Zelar pela preservação de sua competência legislativa em
bens do domínio da União (inciso V); face da atribuição normativa dos outros Poderes (inciso XI);
F) Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de L) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legis- emissoras de rádio e televisão (inciso XII);
lativas (inciso VI); M) Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas
G) Transferência temporária da sede do Governo Federal (in- da União (inciso XIII);
ciso VII); N) Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativi-
H) Concessão de anistia (inciso VIII); dades nucleares (inciso XIV);

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O) Autorizar referendo e convocar plebiscito (inciso XV); I) Estabelecer limites globais e condições para o montante da
P) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveita- dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
mento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mine- pios (inciso IX);
rais (inciso XVI); J) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-
Q) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras rada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (inciso Federal (inciso X);
XVII). K) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone-
ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do térmi-
5 Competência privativa da Câmara dos Deputados. São no de seu mandato (inciso XI);
elas, nos moldes do art. 51, CF: L) Elaborar seu regimento interno (inciso XII);
A) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração M) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-
e os Ministros de Estado (inciso I); ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respecti-
B) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen- diretrizes orçamentárias (inciso XIII);
ta dias após a abertura da sessão legislativa (inciso II); N) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do
C) Elaborar seu regimento interno (inciso III); art. 89, VII, da Constituição (inciso XIV);
D) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, O) Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu-
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun- tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem-
ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respecti- penho das administrações tributárias da União, dos Estados e do
va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de Distrito Federal e dos Municípios (inciso XV).
diretrizes orçamentárias (inciso IV);
E) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do
art. 89, VII, da Constituição (inciso V). 5.2 DO PODER EXECUTIVO. 5.2.1 DO
PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE
6 Competência privativa do Senado Federal. Vejamos o DA REPÚBLICA. 5.2.2 DAS ATRIBUIÇÕES
que preceitua o art. 52, da Constituição da República: DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. 5.2.3
A) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO
pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de CONSELHO DE DEFESA NACIONAL.
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-
ca nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (inciso I);
B) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Dispositivos constitucionais pertinentes aos temas cobrados
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República
no presente edital:
e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (in-
ciso II); CAPÍTULO II
C) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- DO PODER EXECUTIVO
blica, a escolha de (inciso III): magistrados, nos casos estabeleci- Seção I
dos na Constituição (alínea “a”); Ministros do Tribunal de Contas DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
da União indicados pelo Presidente da República (alínea “b”); Go-
vernador de Território (alínea “c”); Presidente e diretores do banco Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Re-
central (alínea “d”); Procurador-Geral da República (alínea “e”); pública, auxiliado pelos Ministros de Estado.
titulares de outros cargos que a lei determinar (alínea “f”);
D) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Re-
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- pública realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de
ráter permanente (inciso IV); outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
E) Autorizar operações externas de natureza financeira, de in- segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do man-
teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios dato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda Constitu-
e dos Municípios (inciso V); cional nº 16, de 1997)
F) Fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo- § 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vi-
bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, ce-Presidente com ele registrado.
do Distrito Federal e dos Municípios (inciso VI); § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, re-
G) Dispor sobre limites globais e condições para as operações gistrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos,
de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito não computados os em branco e os nulos.
Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na
controladas pelo Poder Público federal (inciso VII); primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a
H) Dispor sobre limites e condições para a concessão de ga- proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais
rantia da União em operações de crédito externo e interno (inciso votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos
VIII); votos válidos.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
dentre os remanescentes, o de maior votação. a) organização e funcionamento da administração federal,
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32,
qualificar-se-á o mais idoso. de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (In-
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República toma- cluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
rão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compro- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
misso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as seus representantes diplomáticos;
leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, su-
a integridade e a independência do Brasil. jeitos a referendo do Congresso Nacional;
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força X - decretar e executar a intervenção federal;
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-
cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de cessário, dos órgãos instituídos em lei;
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, no-
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para mis- mear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
sões especiais. promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Pre- 23, de 02/09/99)
sidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os
dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o
Federal. presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quan-
do determinado em lei;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a Tribunal de Contas da União;
última vaga. XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Cons-
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período tituição, e o Advogado-Geral da União;
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. do art. 89, VII;
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Con-
período de seus antecessores. selho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, au-
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro torizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando
anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condi-
sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, ções, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
de 1997) XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con-
gresso Nacional;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
maneçam temporariamente;
Seção II XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
Das Atribuições do Presidente da República projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orça-
mento previstos nesta Constituição;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe-
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção rentes ao exercício anterior;
superior da administração federal; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre- da lei;
vistos nesta Constituição; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como do art. 62;
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Cons-
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; tituição.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de cele-
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repú- bração da paz, nos termos desta Constituição;
blica ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado
traçados nas respectivas delegações. de sítio e da intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas
[...] indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre
seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacio-
Seção V nadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DE- de qualquer tipo;
FESA NACIONAL IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
Subseção I iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a
Do Conselho da República defesa do Estado democrático.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Con-
selho de Defesa Nacional.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consul-
ta do Presidente da República, e dele participam:
1 Considerações gerais Poder Executivo. Ao Poder Exe-
I - o Vice-Presidente da República;
cutivo são atribuídas as funções de chefia, tanto de Estado como
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; de Governo, decorrentes do sistema presidencialista adotado no
III - o Presidente do Senado Federal; Brasil. Sua função precípua é a administrativa, razão pela qual há
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos De- quem também o chame de “Poder Administrativo” (ou “função
putados; administrativa”).
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; Em âmbito nacional, o Poder Executivo é exercido pelo Pre-
VI - o Ministro da Justiça; sidente da República, com auxílio dos Ministros de Estado; em
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e âmbito estadual e distrital, o é pelo Governador de Estado (no
cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da caso do Distrito Federal, se utiliza a expressão “Governador Dis-
República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela trital”), com auxílio dos Secretários de Estado; em âmbito muni-
Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada cipal, o é pelo Prefeito Municipal, com auxílio dos Secretários
a recondução. Municipais.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se 2 Eleições para Presidente e Vice-Presidente da Repúbli-
sobre: ca. As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República se
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; realizarão no primeiro domingo de outubro (em primeiro turno),
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições e no último domingo de outubro (em segundo turno), se houver,
democráticas. do ano anterior ao término do mandato presidencial vigente. A
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presiden-
Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar te com ele registrado, e, será considerado eleito o candidato que
da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em bran-
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Con- co e os nulos.
selho da República. Mas, se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á,
Subseção II dentre os remanescentes, o de maior votação (isto é, aquele que
ficou em terceiro lugar no primeiro turno).
Do Conselho de Defesa Nacional
O mandato do Presidente da República é de quatro anos (per-
mitida a reeleição uma única vez), e terá início em primeiro de
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta
janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.
do Presidente da República nos assuntos relacionados com a so-
Ademais, o Presidente e o Vice-Presidente da República não
berania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele partici- poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país
pam como membros natos: por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; 3 Posse do Presidente da República e do Vice-Presiden-
III - o Presidente do Senado Federal; te da República. O Presidente da República e seu Vice tomarão
IV - o Ministro da Justiça; posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromis-
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela so de:
Emenda Constitucional nº 23, de 1999) A) Manter, defender e cumprir a Constituição;
VI - o Ministro das Relações Exteriores; B) Observar as leis;
VII - o Ministro do Planejamento. C) Promover o bem geral do povo brasileiro;
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáu- D) Sustentar a união, a integridade e a independência do
tica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) Brasil.

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Pre- O) Nomear, observado o disposto no art. 73, CF, os Ministros
sidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não do Tribunal de Contas da União (inciso XV);
tiver assumido o cargo, este será declarado vago. O Vice-Presidente P) Nomear os magistrados, nos casos previstos na Constitui-
substitui o Presidente no caso de impedimento, ou sucede-o no caso ção, e o Advogado-Geral da União (inciso XVI);
de vacância. Q) Nomear membros do Conselho da República, nos termos
do art. 89, VII, CF (inciso XVII);
4 Impedimento/vacância dos cargos de Presidente e Vice- R) Convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho
-Presidente da República. Neste caso, com supedâneo nos arts. 80 e de Defesa Nacional (inciso XVIII);
81, da Constituição Federal, observar-se-á a linha sucessória da Pre- S) Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado
sidência da República, isto é, o Presidente da Câmara dos Deputados, pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida
o Presidente do Senado Federal, e o Ministro Presidente do Supremo no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, de-
Tribunal Federal, nesta ordem. cretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional (inciso XIX);
Nestes casos, os agentes acima mencionados assumem apenas T) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres-
interinamente. Isto porque, se a vacância/impedimento do Presidente/ so Nacional (inciso XX);
Vice-Presidente da República se der nos dois primeiros anos de man- U) Conferir condecorações e distinções honoríficas (inciso
dato, deve ser feita eleição no prazo de noventa dias depois de aberta XXI);
a última vaga. Agora, se a vacância ocorrer nos dois últimos anos de V) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
mandato, a eleição para ambos os cargos deve ser feita no prazo de çar estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
trinta dias depois de aberta a última vaga, pelo Congresso Nacional, neçam temporariamente (inciso XXII);
na forma de lei (esta é uma exceção de eleições indiretas no Brasil). X) Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o proje-
Em qualquer dos casos, os eleitos apenas completarão o período to de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
de seus antecessores. previstos na Constituição (inciso XXIII);
Z) Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de ses-
5 Atribuições do Presidente da República. Elas estão, essen- senta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes
cialmente, previstas no art. 84, da Lei Fundamental, segundo o qual ao exercício anterior (inciso XXIV);
compete privativamente ao Presidente da República: W) Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
A) Nomear e exonerar os Ministros de Estado (inciso I);
de lei (inciso XXV);
B) Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção su-
Y) Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do
perior da administração federal (inciso II);
art. 62, CF (inciso XXVI).
C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
Vale frisar que tal rol é exemplificativo, afinal, o inciso XXVII,
na Constituição (inciso III);
do art. 84, da Constituição, dispõe que, além destas, o Presidente
D) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expe-
da República pode exercer outras atribuições desde que previstas
dir decretos e regulamentos para sua fiel execução (inciso IV);
E) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente (inciso V); na Lei Fundamental.
F) Dispor mediante decreto sobre (inciso VI): organização e fun- Por fim, as atribuições mencionadas nas letras “F”, “L”, e “W”
cionamento da administração federal, quando não implicar aumento primeira parte, poderão ser delegadas pelo Presidente da Repúbli-
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (alínea “a”), ca aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República, ou
bem como sobre extinção de funções ou cargos públicos, quando va- ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados
gos (alínea “b”); nas respectivas delegações.
G) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus re-
presentantes diplomáticos (inciso VII); 6 Conselho da República. Consiste em órgão superior de
H) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a consulta do Presidente da República, com disciplinamento efetua-
referendo do Congresso Nacional (inciso VIII); do pela Lei nº 8.041/90.
I) Decretar o Estado de Defesa e o Estado de Sítio (inciso IX); Dele participam o Vice-Presidente da República, o Presiden-
J) Decretar e executar a intervenção federal (inciso X); te da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, os
K) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacio- líderes da maioria e da minoria da Câmara dos Deputados, o Mi-
nal por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação nistro da Justiça, bem como seis cidadãos brasileiros natos, com
do país e solicitando as providências que julgar necessárias (inciso mais de trinta e cinco anos de idade (sendo dois nomeados pelo
XI); Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal, e dois
L) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessá- eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três
rio, dos órgãos instituídos em lei (inciso XII); anos, vedada a recondução).
M) Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Além destes, o Presidente da República poderá convocar Mi-
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover nistro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando
seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são priva- constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
tivos (inciso XIII); Com supedâneo no art. 90, CF, compete ao Conselho da Repú-
N) Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros blica pronunciar-se sobre:
do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Gover- A) Intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio (in-
nadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente ciso I);
e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando deter- B) Questões relevantes para a estabilidade das instituições de-
minado em lei (inciso XIV); mocráticas (inciso II).

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
7 Conselho da Defesa Nacional. Trata-se, também, de órgão Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal
de consulta do Presidente da República, com disciplinamento pro- Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados
movido pela Lei nº 8.183/91, destinado aos assuntos relacionados os seguintes princípios:
com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz subs-
Dele participam como membros natos o Vice-Presidente da tituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a parti-
República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente cipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exi-
do Senado Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro de Estado da gindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
Defesa, o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro do Plane- jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classifica-
jamento, bem como os Comandantes da Marinha, do Exército, e ção; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
da Aeronáutica. II - promoção de entrância para entrância, alternadamente,
Com fulcro no primeiro parágrafo, do art. 91, CF, são atribui- por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
ções do Conselho de Defesa Nacional: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes
A) Opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra- consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
ção da paz, nos termos desta Constituição (inciso I); b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exer-
B) Opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado cício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta
de sítio e da intervenção federal (inciso II); parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais
C) Propor os critérios e condições de utilização de áreas in- requisitos quem aceite o lugar vago;
dispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos
efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da ju-
com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual- risdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
quer tipo (inciso III); reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda
D) Estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de ini- Constitucional nº 45, de 2004)
ciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá
do Estado democrático (inciso IV). recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços
de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
5.3 DO PODER JUDICIÁRIO. 5.3.1 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
DISPOSIÇÕES GERAIS. e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver
autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-
-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Dispositivos constitucionais pertinentes ao assunto cobrado
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por anti-
no edital em lume:
guidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou
CAPÍTULO III única entrância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
DO PODER JUDICIÁRIO 45, de 2004)
Seção I IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamen-
DISPOSIÇÕES GERAIS to e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou re-
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: conhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
I - o Supremo Tribunal Federal; magistrados; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corres-
II - o Superior Tribunal de Justiça; ponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da
VI - os Tribunais e Juízes Militares; estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento,
e Territórios. nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso,
Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superio- VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de-
res têm jurisdição em todo o território nacional. (Incluído pela pendentes observarão o disposto no art. 40; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo auto-
rização do tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por forma do art. 93, VIII;
voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-
nas alíneas a , b , c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Cons- ção, salvo uma de magistério;
titucional nº 45, de 2004) II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa-
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão ção em processo;
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nuli- III - dedicar-se à atividade político-partidária.
dade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalva-
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no das as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitu-
sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação cional nº 45, de 2004)
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por apo-
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da sentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional
maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda nº 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004)
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- Art. 96. Compete privativamente:
res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze I - aos tribunais:
e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribui- a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos in-
ções administrativas e jurisdicionais delegadas da competência ternos, com observância das normas de processo e das garantias
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcio-
do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade
namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juí-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
zos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado
correicional respectiva;
férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionan-
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de
do, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes
juiz de carreira da respectiva jurisdição;
em plantão permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
45, de 2004)
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títu-
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será pro- los, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos
porcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população; necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança as-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) sim definidos em lei;
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus mem-
de administração e atos de mero expediente sem caráter decisó- bros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vincu-
rio; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) lados;
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e
graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo,
de 2004) observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fede- b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
rais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
será composto de membros, do Ministério Público, com mais de como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive
dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade Constitucional nº 41, 19.12.2003)
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de represen- c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
tação das respectivas classes. d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do
lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem-
após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse bros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tri-
período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, bunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; Poder Público.

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aque-
Estados criarão: les decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e lei- suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações
gos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de cau- por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em
sas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Consti-
por turmas de juízes de primeiro grau; tucional nº 62, de 2009).
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham
voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e compe- 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do pre-
tência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou catório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma
em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exer- da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos,
cer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do
previstas na legislação. disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de
âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitu-
nº 45, de 2004) cional nº 62, de 2009).
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição
custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações defi-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) nidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas
devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administra- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
tiva e financeira. § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, se-
dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de gundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual
ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.
diretrizes orçamentárias.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de
interessados, compete:
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos,
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Fe-
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de preca-
deral e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tri-
tórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o paga-
bunais;
mento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Consti-
aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respec- tucional nº 62, de 2009).
tivos tribunais. § 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respec- consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presi-
tivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de dente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusi-
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na vamente para os casos de preterimento de seu direito de precedên-
lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados cia ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfa-
na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº ção do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada
45, de 2004) pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissi-
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § vo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de
1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá,
consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela
Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá § 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou
haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extra- suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, reparti-
polem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto ção ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento
se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplemen- de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela
tares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independente-
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, mente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de com-
Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far- pensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, ins-
se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos preca- critos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original
tórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de
ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspen-
abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional sa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído
nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009) pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicita- E) O Poder Judiciário edita a chamada “legislação judicial”,
rá à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) que é aquela decorrente da atividade criativa do juiz, sobretu-
dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação so- do oriunda das Cortes Constitucionais. Esse é um tema bastante
bre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, “complexo”, e passível de amplas discussões. É aqui que se encon-
para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional tram as discussões em torno do chamado “ativismo judicial”, da
nº 62, de 2009). jurisdição constitucional, das sentenças aditivas, da constituciona-
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da lidade da Súmula Vinculante, os recentes entendimentos tomados
entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precató- pelo STF em sede de mandado de injunção etc. Alega-se que isso
rios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. representa a invasão, pelo Poder Judiciário, da atribuição típica de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). legislar do Poder Legislativo. É óbvio que o Judiciário tem atri-
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, buições atípicas para legislar, mas tais atribuições, por serem atí-
a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até picas, precisam estar consagradas constitucionalmente, como de
o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será fei- fato estão. Contudo, dentre estas atribuições, não está prevista a
ta pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de pou- atividade legislativa do Poder Judiciário de forma constante como
vem acontecendo.
pança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros sim-
ples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
2 Órgãos do Poder Judiciário. São eles, consoante o art. 92,
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
da Constituição Federal:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
A) O Supremo Tribunal Federal;
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus cré- B) O Conselho Nacional de Justiça;
ditos em precatórios a terceiros, independentemente da concor- C) O Superior Tribunal de Justiça;
dância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos D) Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;
§§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). E) Os Tribunais e Juízes do Trabalho
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após F) Os Tribunais e Juízes Eleitorais;
comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de G) Os Tribunais e Juízes Militares;
origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitu- H) Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
cional nº 62, de 2009). Territórios.
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar O STF, o CNJ, e os Tribunais Superiores, têm sede em Brasí-
a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial lia, capital do país.
para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Fe- Ademais, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
deral e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corren- bunais Superiores se estende por todo o território nacional.
te líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009). 3 Princípios de observância obrigatória no Estatuto da
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União po- Magistratura. Consoante o art. 93, da Constituição, lei comple-
derá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distri- mentar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
to Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. (Incluído Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009) A) Ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz subs-
tituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a parti-
1 Considerações gerais sobre o Poder Judiciário. Hoje, se- cipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exi-
guindo o entendimento consagrado do Ministro do Supremo Tri- gindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
bunal Federal, Gilmar Ferreira Mendes, são atribuições do Poder jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação
Judiciário: (inciso I). Há se lembrar que, conforme o art. 59, da Resolução
nº 75/2009, considera-se atividade jurídica aquele exercida com
A) O Poder Judiciário faz a defesa de direitos fundamentais.
exclusividade por bacharel em Direito; o efetivo exercício de ad-
Não há se falar em Poder Judiciário sem a defesa dos direitos fun-
vocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mí-
damentais;
nima em cinco atos privativos de advogado em causas ou questões
B) O Poder Judiciário defende a força normativa da Constitui-
distintas; o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive
ção. Há muito as Constituições deixaram de ter conteúdo político, de magistério superior, que exija a utilização preponderante de
não vinculador dos Poderes e dos entes da Administração Pública. conhecimento jurídico, independentemente de serem privativos de
Hoje, as Constituições têm conteúdo jurídico, normativo. Isso de- bacharel em direito; o exercício da função de conciliador junto
monstra que a Constituição não é um recado, não é um aviso, não a tribunais judiciais, juizados especiais, varas especiais etc., no
é uma declaração de intenções, não é um pedido. A Constituição é mínimo dezesseis horas mensais e durante um ano; e o exercício
uma norma jurídica, com imperatividade reforçada simplesmente da atividade de mediação ou de arbitragem na composição dos
pelo fato de “ser Constituição”; litígios. Os três anos serão aferidos quando da inscrição definitiva
C) O Poder Judiciário faz o seu autogoverno. É o chamado no concurso;
“autogoverno dos tribunais”: o Poder Judiciário elege os seus ór- B) Promoção de entrância para entrância, alternadamente, por
gãos diretivos, cria seus regimentos internos, organiza seus pró- antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas (inci-
prios concursos, tudo com base nesse autogoverno; so II): é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes
D) O Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Po- consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento (alínea
deres; “a”); a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exer-

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta M) A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado
parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionan-
requisitos quem aceite o lugar vago (alínea “b”); aferição do me- do, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes
recimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de em plantão permanente (inciso XII);
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequên- N) O número de juízes na unidade jurisdicional será propor-
cia e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aper- cional à efetiva demanda judicial e à respectiva população (inciso
feiçoamento (alínea “c”); na apuração de antiguidade, o tribunal XIII);
somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado O) Os servidores receberão delegação para a prática de atos
de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório
e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a (inciso XIV);
indicação (alínea “d”); não será promovido o juiz que, injustifica- P) A distribuição de processos será imediata, em todos os
damente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não po- graus de jurisdição (inciso XV).
dendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão
(alínea “e”); 4 Garantias gozadas pelos juízes. São elas, conforme o art.
C) O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por an- 95, da Constituição:
tiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após
única entrância (inciso III); dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío-
D) Previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamen- do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
to e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I);
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou re- B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
conhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II);
magistrados (inciso IV); C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts.
E) O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corres- 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da CF
ponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado (inciso IV).
para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos
demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível 5 Vedações impostas aos juízes. Aos juízes é vedado (pará-
federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura grafo único, do art. 95, da Constituição):
judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-
superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder ção, salvo uma de magistério (inciso I);
a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa-
Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos ção em processo (inciso II);
arts. 37, XI, e 39, §4º, todos da Constituição (inciso V); C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III);
F) A aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus depen- D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri-
dentes observarão o disposto no art. 40 (inciso VI); buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressal-
G) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autori- vadas as exceções previstas em lei (inciso IV);
zação do tribunal (inciso VII); E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
H) O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do ma- antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen-
gistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da tadoria ou exoneração (inciso V).
maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa (inciso VIII);
I) A remoção a pedido ou a permuta de magistrados de co- 5.4 DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA.
marca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas
5.4.1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do inciso II, do art. 93 (inciso VIII-A);
J) Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nuli-
dade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos Dispositivos constitucionais pertinentes ao Ministério Público:
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação (inciso IX); CAPÍTULO IV
K) As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
maioria absoluta de seus membros (inciso X); SEÇÃO I
L) Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- DO MINISTÉRIO PÚBLICO
res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e
o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribui- Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, es-
ções administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
outra metade por eleição pelo tribunal pleno (inciso XI); e individuais indisponíveis.

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a uni- I - as seguintes garantias:
dade, a indivisibilidade e a independência funcional. a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcio- perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
nal e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério
serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegu-
ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de rada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional
carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. nº 45, de 2004)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º,
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentá- e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, §
ria dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen- 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tárias. II - as seguintes vedações:
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá-
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de rios, percentagens ou custas processuais;
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para b) exercer a advocacia;
fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun-
os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda ção pública, salvo uma de magistério;
Constitucional nº 45, de 2004) e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalva-
fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído das as exceções previstas em lei. (Incluída pela Emenda Constitu-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) cional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não po- § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto
derá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda Constitucio-
que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orça- nal nº 45, de 2004)
mentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertu-
ra de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
Constitucional nº 45, de 2004) I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei;
Art. 128. O Ministério Público abrange: II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos ser-
I - o Ministério Público da União, que compreende: viços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Consti-
a) o Ministério Público Federal; tuição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
b) o Ministério Público do Trabalho; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
c) o Ministério Público Militar; proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; outros interesses difusos e coletivos;
II - os Ministérios Públicos dos Estados. IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou represen-
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procu- tação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos
rador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da Repúbli- previstos nesta Constituição;
ca dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, V - defender judicialmente os direitos e interesses das popula-
após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos mem- ções indígenas;
bros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos
recondução. de sua competência, requisitando informações e documentos para
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por ini- instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
ciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de auto- VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma
rização da maioria absoluta do Senado Federal. da lei complementar mencionada no artigo anterior;
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Fe- VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
deral e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas ma-
carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procu- nifestações processuais;
rador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
para mandato de dois anos, permitida uma recondução. que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a represen-
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Fede- tação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
ral e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maio- § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis
ria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
respectiva. teses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja inicia- § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
tiva é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelece- por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
rão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Re-
Público, observadas, relativamente a seus membros: dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos dis-
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a par- ciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Es-
ticipação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, tados julgados há menos de um ano;
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de ativi- V elaborar relatório anual, propondo as providências que jul-
dade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de clas- gar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País
sificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem
2004) prevista no art. 84, XI.
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o dis- § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Correge-
posto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº dor nacional, dentre os membros do Ministério Público que o inte-
45, de 2004) gram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribu- auxiliares;
nais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e cor-
a direitos, vedações e forma de investidura. reição geral;
III requisitar e designar membros do Ministério Público, de-
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público com- legando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Mi-
põe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da Re- nistério Público.
pública, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo-
Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma gados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
recondução, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Minis-
de 2004) tério Público, competentes para receber reclamações e denúncias
I o Procurador-Geral da República, que o preside; de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério
II quatro membros do Ministério Público da União, assegura- Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando
da a representação de cada uma de suas carreiras; diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
III três membros do Ministério Público dos Estados;
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e 1 Considerações gerais sobre o Ministério Público. O Mi-
outro pelo Superior Tribunal de Justiça; nistério Público é instituição permanente, essencial à função juris-
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or- dicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
dem dos Advogados do Brasil; do regime democrático, e dos interesses sociais e individuais in-
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação iliba- disponíveis.
da, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado
Federal. 2 Órgãos formadores do Ministério Público. São eles:
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público A) O Ministério Público da União. Este, por sua vez, com-
serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma preende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do
da lei. Trabalho, o Ministério Público Militar, e o Ministério Público do
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o Distrito Federal e Territórios;
controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Pú- B) Os Ministérios Públicos dos Estados.
blico e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros,
cabendo lhe: 3 Princípios institucionais do Ministério Público. São eles,
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministé- previstos no parágrafo primeiro, do art. 127, da Constituição Fe-
rio Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de deral:
sua competência, ou recomendar providências; A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público for-
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mam um órgão único;
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos pra- B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério Públi-
ticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União co formam um órgão indivisível;
e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo C) A independência funcional. A independência funcional de-
para que se adotem as providências necessárias ao exato cum- corre da autonomia do Ministério Público, que é tanto administra-
primento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de tiva, como normativa e financeira.
Contas; Isto posto, ao Ministério Público é assegurada autonomia fun-
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou cional e administrativa, podendo propor ao Legislativo (observado
órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive o art. 169, CF) a criação e extinção de seus cargos e serviços au-
contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência dis- xiliares, provendo-os por concurso de provas ou de provas e tí-
ciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos tulos, bem como a política remuneratória e os plano de carreira.
disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade Ademais, a lei disporá sobre a organização e o funcionamento do
ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao Ministério Público. Por fim, o Ministério Público elaborará sua
tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, asse- proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
gurada ampla defesa; diretrizes orçamentárias.

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
4 Garantias atribuídas aos membros do Ministério Públi- A) O Procurador-Geral da República, que o preside;
co. São elas: B) Quatro membros do Ministério Público da União, assegu-
A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo rada a representação de cada uma de suas carreiras;
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; C) Três membros do Ministério Público dos Estados;
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, D) Dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal
mediante decisão da maioria absoluta de órgão colegiado do Mi- e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
nistério Público, assegurada ampla defesa, obviamente; E) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or-
C) Irredutibilidade de subsídio, em regra. dem dos Advogados do Brasil;
F) Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação iliba-
5 Vedações aos membros do Ministério Público. São elas: da, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado
A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá- Federal.
rios, percentagens ou custas processuais; Isto posto, ao CNMP compete o controle da atuação adminis-
B) Exercer a advocacia; trativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos
C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei; deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe (art. 130-A, §2º,
D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun- CF);
ção pública, salvo uma de magistério; A) Zelar pela autonomia funcional e administrativa do Minis-
E) Exercer atividade político-partidária, em regra; tério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de
F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri- sua competência, ou recomendar providências;
buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressal- B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou
vadas as exceções previstas em lei. mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos prati-
cados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e
6 Funções institucionais do Ministério Público. Elas estão dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para
previstas no art. 129 da Constituição Federal, a saber: que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
A) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
da lei (inciso I); C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou
B) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos ser- órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive
viços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Consti- contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência dis-
tuição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia (inciso ciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos
II); disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade
C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegu-
outros interesses difusos e coletivos (inciso III); rada ampla defesa;
D) Promover a ação de inconstitucionalidade ou representa- D) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
ção para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos
previstos nesta Constituição (inciso IV); Estados julgados há menos de um ano;
E) Defender judicialmente os direitos e interesses das popula- E) Elaborar relatório anual, propondo as providências que jul-
ções indígenas (inciso V); gar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as
F) Expedir notificações nos procedimentos administrativos atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista
de sua competência, requisitando informações e documentos para no art. 84, XI, CF.
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva (inciso VI); Com relação à sua função de corregedoria, o Conselho es-
G) Exercer o controle externo da atividade policial, na forma colherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os
da lei complementar mencionada no artigo anterior (inciso VII); membros do Ministério Público que o integram, vedada a recon-
H) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de dução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem confe-
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas ma- ridas pela lei, as seguintes:
nifestações processuais (inciso VIII); A) Receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
I) Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação auxiliares;
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas (inciso IX). B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e
Vale lembrar, neste diapasão, que a legitimação do Ministério correição geral;
Público para o manejo da ação civil pública não impede a de ter- C) Requisitar e designar membros do Ministério Público, de-
ceiros, nas mesmas hipóteses. legando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Mi-
nistério Público.
7 Conselho Nacional do Ministério Público. Trazido à
Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45/2004 jun- Por fim, há de se lembrar que o Presidente do Conselho Fede-
tamente com o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional ral da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho
do Ministério Público (CNMP) compõe-se de quatorze membros Nacional do Ministério Público.
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a es-
colha pela maioria absoluta do Senado Federal, para mandato de
dois anos, admitida uma recondução, sendo:

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Seção II
6. DA DEFESA DO ESTADO E DAS DO ESTADO DE SÍTIO
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS. 6.1 DO
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conse-
ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE
lho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
SÍTIO. 6.2 DAS FORÇAS ARMADAS. 6.3 DA Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio
SEGURANÇA PÚBLICA. nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência
de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante
o estado de defesa;
Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema: II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira.
TÍTULO V Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar au-
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas torização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, re-
CAPÍTULO I latará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO Nacional decidir por maioria absoluta.
Seção I
DO ESTADO DE DEFESA
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração,
as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente
da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restri- da República designará o executor das medidas específicas e as
tos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por áreas abrangidas.
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calami- § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá
dades de grandes proporções na natureza. ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigora- estrangeira.
rem, dentre as seguintes: § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio
I - restrições aos direitos de: durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal,
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacio-
b) sigilo de correspondência; nal para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; § 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na até o término das medidas coercitivas.
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e
custos decorrentes. Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fun-
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior damento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se as seguintes medidas:
persistirem as razões que justificaram a sua decretação. I - obrigação de permanência em localidade determinada;
§ 3º Na vigência do estado de defesa: II - detenção em edifício não destinado a acusados ou conde-
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo execu- nados por crimes comuns;
tor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz com- III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondên-
petente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer cia, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
exame de corpo de delito à autoridade policial; liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au-
IV - suspensão da liberdade de reunião;
toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua au-
V - busca e apreensão em domicílio;
tuação;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
VII - requisição de bens.
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi- difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas
dente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá
por maioria absoluta. Seção III
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convoca- DISPOSIÇÕES GERAIS
do, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líde-
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando res partidários, designará Comissão composta de cinco de seus
enquanto vigorar o estado de defesa. membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transi-
pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. tada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o esta- anterior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
do de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos
pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Na- VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV
cional, com especificação e justificação das providências adota- e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade
das, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; (Redação dada pela
aplicadas. Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de
CAPÍTULO II 19.12.2003)
DAS FORÇAS ARMADAS X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os li-
mites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remune-
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanen- ração, as prerrogativas e outras situações especiais dos milita-
tes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na discipli- res, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive
na, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e desti- aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e
nam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais de guerra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir
Armadas. serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, ale-
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disci- garem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o de-
plinares militares. corrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política,
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados mili- para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
tares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, (Regulamento)
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço
as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros en-
nº 18, de 1998)
cargos que a lei lhes atribuir. (Regulamento)
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas
inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e assegu-
CAPÍTULO III
radas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reforma-
DA SEGURANÇA PÚBLICA
dos, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, junta-
mente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
Armadas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no dos seguintes órgãos:
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, I - polícia federal;
nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional II - polícia rodoviária federal;
nº 77, de 2014) III - polícia ferroviária federal;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse IV - polícias civis;
em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não ele- V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
tiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carrei-
respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa ra, destina-se a:” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo 19, de 1998)
de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014) infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou inter-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (In- nacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
cluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
de 1998) competência;
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de de 1998)
tribunal especial, em tempo de guerra; (Incluído pela Emenda IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciá-
Constitucional nº 18, de 1998) ria da União.

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi- Já no sistema rígido, as medidas que podem ser tomadas em
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, caso de crise são previamente delimitadas, de maneira taxativa. É
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. o caso do Brasil, que adota o sistema rígido no estado de defesa e
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) no estado de sítio.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi-
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, 2 Estado de defesa. O Presidente da República pode decretar
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias fede- estado de defesa sem autorização prévia do Congresso Nacional.
rais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Ele vai ouvir previamente apenas o Conselho da República e o
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de Conselho de Defesa Nacional, que são apenas órgãos de consulta
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as fun- (ou seja, o Presidente não fica vinculado ao que disserem estes dois
ções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto Conselhos).
as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser- 2.1 Finalidade do estado de defesa. O estado de defesa é
vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além decretado para preservar ou prontamente restabelecer, em locais
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaça-
de defesa civil. das por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, for- por calamidades de grandes proporções na natureza.
ças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente
com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito 2.2 Forma de decretação. O Presidente da República o fará
Federal e dos Territórios. por decreto, o qual conterá:
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos A) O tempo da duração da medida. O tempo de duração do
órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garan- estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser pror-
tir a eficiência de suas atividades. rogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais justificarem sua decretação;
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, con- B) A especificação das áreas a serem abrangidas;
forme dispuser a lei. C) A indicação das medidas coercitivas a vigorarem.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do 2.3 Restrições que podem ser estabelecidas durante o esta-
art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) do de defesa. Vejamos:
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da or- A) Restrições ao direito de reunião, ainda que exercida no seio
dem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio das associações;
nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, B) Restrições ao sigilo de correspondência;
de 2014) C) Restrições ao sigilo de comunicação telefônica e telegrá-
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- fica;
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao D) Determinações sobre ocupação e uso temporário de bens e
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela serviços públicos, na hipótese de calamidade pública (caso em que
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) a União responderá pelos danos e custos decorrentes).
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus 2.4 Nuanças sobre o estado de defesa. São elas:
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. A) Na vigência do estado de defesa, a prisão por crime con-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) tra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este
comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
1 Disposições gerais. Vamos trabalhar com normas pertinen- não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de de-
tes ao estado de defesa, ao estado de sítio, às Forças Armadas, e à lito à autoridade policial (esta comunicação ao juiz competente
segurança pública, que prezam o respeito pelo regime democráti- será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico
co e pelas instituições públicas, visando manter a normalidade das e mental do detido no momento de sua autuação);
relações sociais. B) É vedada a incomunicabilidade do preso, e a prisão ou de-
A parte da Constituição que trata da “Defesa do Estado e das tenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo
Instituições Democráticas” (Título V) traz aquilo que a doutrina quando autorizada pelo Poder Judiciário;
costuma denominar “sistema constitucional de crises”. C) Como dito alhures, o Presidente da República não precisa
Com efeito, são dois os sistemas utilizados para trabalhar os de autorização do Congresso Nacional para decretar estado de de-
casos de “crise constitucional”, a saber, o sistema flexível e o sis- fesa. Todavia, após sua decretação (ou prorrogação), tem o Presi-
tema rígido. dente o prazo de vinte e quatro horas para submeter o decreto (com
No sistema flexível, a ordem jurídica não delimita previamen- a devida justificativa) ao Congresso, que decidirá por maioria ab-
te as medidas que podem ser tomadas em caso de crise, de modo soluta pela manutenção ou não da medida (se o Congresso estiver
que tais medidas podem ser estabelecidas de acordo com a neces- em recesso, será convocado extraordinariamente no prazo de cinco
sidade concreta. Como exemplo, se pode mencionar a “Lei Mar- dias). Isto posto, o Congresso apreciará o decreto dentro de dez
cial”, na qual são determinadas as medidas que serão tomadas para dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
o caso de afronta à ordem constitucional. Países como Inglaterra e enquanto estiver em vigência tal medida. Rejeitado pelo Congres-
Estados Unidos adotam este sistema de “Lei Marcial”. so o decreto, cessa imediatamente o Estado de Defesa.

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3 Estado de sítio. Diferentemente do estado de defesa, em 3.4 Medidas que poderão ser tomadas contra as pessoas
que o Presidente da República decreta e só depois o Congresso durante a vigência do estado de sítio decretado com base em
aprecia o ato, no estado de sítio, por ser medida mais gravosa (isto declaração de estado de guerra ou resposta à agressão arma-
é, um “estado de defesa qualificado”), deverá o Presidente solici- da estrangeira (hipótese “B”, do tópico “3.1”). Em princípio,
tar prévia autorização do Congresso Nacional para decretá-lo (ou por ausência de previsão das medidas que podem ser tomadas, pre-
prorrogá-lo, se for o caso). Isto posto, o Presidente deve ouvir o valece o entendimento segundo o qual pode ser suspenso qualquer
Conselho da República e o Conselho da Defesa Nacional (que direito e garantia constitucional, dada a gravidade da situação.
são órgãos meramente consultivos), e depois solicita autorização
do Congresso para decretação do estado de sítio (o Presidente, 3.5 Nuanças vigentes para o estado de sítio. São elas:
ao solicitar autorização, deve relatar as razões de seu intento ao A) Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du-
Congresso, que decidirá por maioria absoluta). rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado, de imediato,
Vale lembrar que, durante o estado de sítio, o Congresso Na- convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reu-
cional permanecerá em funcionamento. nir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato;
B) O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até
3.1 Hipóteses de decretação de estado de sítio. São elas: o término das medidas coercitivas.
A) Em caso de comoção grave de repercussão nacional ou
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida to- 4 Aspectos comuns ao estado de defesa e ao estado de sítio.
mada durante o estado de defesa (nestes casos, o estado de sítio Vejamos:
A) A Constituição Federal não poderá ser emendada durante
não poderá ser determinado por prazo superior a trinta dias nem
vigência de estado de defesa e estado de sítio (e também interven-
prorrogado, de cada vez, por prazo superior);
ção federal). É o que consta do parágrafo primeiro, do art. 60, da
B) Em caso de declaração de estado de guerra ou de respos-
Constituição Federal;
ta à agressão armada estrangeira (neste caso, o estado de sítio B) As imunidades de Deputados e Senadores subsistirão du-
dura enquanto perdurar a guerra/agressão armada estrangeira). rante o estado de sítio (e também durante o estado de defesa, que
é menos gravoso), só podendo ser suspensas mediante o voto de
3.2 Forma de decretação. O Presidente da República deter- dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos
minará o estado de sítio por decreto, o qual conterá: praticados fora do recinto do Congresso Nacional que sejam in-
A) A duração da medida; compatíveis com a execução da medida (veja-se que, para os atos
B) As normas necessárias à sua execução; praticados dentro do recinto do Congresso Nacional, a suspensão
C) A indicação das garantias constitucionais que ficarão sus- das imunidades não é possível em hipótese alguma). Eis o teor do
pensas; oitavo parágrafo, do art. 53, da Constituição Federal;
D) Depois de publicado o decreto, o Presidente da República C) A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes parti-
ordenará o executor das medidas bem como as áreas abrangidas dários, designará Comissão composta de cinco de seus membros
pelo estado de sítio. para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao
estado e defesa e ao estado de sítio. Eis o teor do art. 140, da Lei
3.3 Medidas que poderão ser tomadas contra as pessoas Fundamental;
durante a vigência do estado de sítio decretado com base em D) Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão
comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fa- também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilíci-
tos que comprovem a eficácia da medida tomada durante o tos cometidos por seus executores ou agentes. Eis o teor do caput,
estado de defesa (hipótese “A”, do tópico “3.1”) Vejamos o do art. 141, CF;
que dispõe o art. 139, CF: E) Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as
A) Obrigação de permanência em localidade determinada medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
(inciso I); da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com espe-
B) Detenção em edifício não destinado a acusados ou conde- cificação e justificação das providências adotadas, com relação
nados por crimes comuns (inciso II); nominal dos atingidos, e indicação das restrições aplicadas. Eis o
teor do art. 141, parágrafo único, da Constituição Federal.
C) Restrições relativas à inviolabilidade da correspondên-
cia, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
5 Forças armadas. A Marinha, o Exército e a Aeronáutica.
liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei
Tratam-se de instituições permanentes e regulares, organizadas
(inciso III). Vale lembrar que não se inclui nas restrições aqui
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
estabelecidas a difusão de pronunciamentos de parlamentares do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à
efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
respectiva Mesa; destes, da lei e da ordem.
D) Suspensão da liberdade de reunião (inciso IV);
E) Busca e apreensão em domicílio (inciso V); 5.1 Nuanças pertinentes às Forças Armadas. Vejamos:
F) Intervenção nas empresas de serviços públicos (inciso A) Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli-
VI); nares militares. Esta é a regra geral (art. 142, §2º, CF). Inclusive,
G) Requisição de bens (inciso VII). consoante a Súmula nº 694, do Supremo Tribunal Federal, não
cabe habeas corpus contra a imposição de pena de exclusão de
militar ou de perda de patente ou de função pública;

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Os membros das Forças Armadas são denominados “mili- 6 Segurança pública. A segurança tem um duplo aspecto na
tares”. Neste diapasão, lei complementar estabelecerá as normas Constituição Federal, a saber, o aspecto de direito e garantia indi-
gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego vidual e coletivo, por estar prevista no caput, do art. 5º, da Cons-
das Forças Armadas (trata-se da Lei Complementar nº 97/1999); tituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da igual-
C) As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas dade, e da propriedade), bem como o aspecto de direito social,
inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e assegura- por estar prevista no art. 6º, da Constituição Federal. A segurança
das em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, do caput, do art. 5º, CF, todavia, se refere à “segurança jurídica”.
sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente Já a segurança do art. 6º, CF, se refere à “segurança pública”,
com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Arma- a qual encontra disciplinamento no art. 144, da Constituição da
das; República.
D) O militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua que
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no a educação e a saúde são “direitos de todos e dever do Estado”,
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos fala, por outro lado, que a segurança pública, antes mesmo de ser
termos da lei; direito de todos, é um “dever do Estado”. Com isso, isto é, ao co-
E) O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em locar a segurança pública antes de tudo como um dever do Estado,
cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, e só depois como um direito do todos, denota o compromisso dos
ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista agentes estatais em prevenir a desordem, e, consequencialmente,
no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo evitar a justiça por próprias mãos.
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Federal, se
promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço afirma que a segurança pública é exercida para a preservação
apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo da ordem pública e da incolumidade das pessoas, como para a
depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido preservação dos patrimônios público e particular.
para a reserva, nos termos da lei;
F) Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (dife- 6.1 Órgãos que compõem a estrutura da segurança públi-
rentemente dos civis, para os quais a sindicalização e a greve são
ca. São eles:
direitos);
A) A polícia federal;
G) O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filia-
B) A polícia rodoviária federal;
do a partidos políticos;
C) A polícia ferroviária federal;
H) O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indig-
D) As polícias civis;
no do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
E) As polícias militares e corpos de bombeiros militares.
militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal
especial, em tempo de guerra;
6.2 Função da Polícia Federal. A polícia federal, instituída
I) O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso VI, e estruturado em carreira, destina-se:
do segundo parágrafo, do art. 142, CF; A) A apurar infrações penais contra a ordem política e so-
J) Aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, cial ou em detrimento de bens, serviços e interessas da União ou
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em
K) A lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limi- lei;
tes de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do B) A prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, con- fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
sideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas competência;
cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. C) A exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e
de fronteiras;
5.2 Obrigatoriedade do serviço militar. Em regra, o servi- D) A exercer, com exclusividade, as funções de polícia judi-
ço militar é obrigatório. Às Forças Armadas compete, contudo, na ciária da União.
forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempos de
paz, depois de alistados, alegarem imperativo de consciência, en- 6.3 Função da Polícia Rodoviária Federal. A polícia ro-
tendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convic- doviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela
ção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
essencialmente militar. patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

5.3 Não obrigatoriedade do serviço militar em tempos de 6.4 Função da Polícia Ferroviária Federal. A polícia fer-
paz. As mulheres e os eclesiásticos (nestes casos, eles ficarão su- roviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela
jeitos a outros encargos a lei lhes atribuir) ficam isentos do serviço União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
militar obrigatório em tempos de paz. patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
6.5 Função das Polícias Civis. Às polícias civis, dirigidas QUESTÕES DE FIXAÇÃO
por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com-
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração 1. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE/PE - 2011 - FCC) O
de infrações penais, exceto as militares. Poder Constituinte Derivado decorrente consiste:
(A) No estabelecimento da primeira Constituição de um novo
6.6 Função das Polícias Militares. Às polícias militares ca- país.
bem o papel de polícia ostensiva e a preservação da ordem pú- (B) Na possibilidade de alterar-se o texto constitucional do
blica. país, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria
Constituição Federal.
6.7 Função dos Corpos de Bombeiros Militares. Além das (C) Na possibilidade dos Estados-membros de se auto organi-
atividades definidas em lei, incumbe aos corpos de bombeiros mi- zarem através de suas Constituições Estaduais próprias, respeitan-
litares a execução de atividades de defesa civil. do as regras limitativas da Constituição Federal.
(D) No estabelecimento de uma Constituição posterior de um
6.8 Da segurança viária. Exercida para a preservação da velho país.
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimô- (E)  No fato de não estar sujeito a qualquer forma prefixada
nio nas vias públicas, a segurança viária compreende a educação, para manifestar a sua vontade.
engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade 2. (ANALISTA JUDICIÁRIO - CNJ - 2013 - CESPE)
urbana eficiente; e compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Acerca dos princípios fundamentais da Constituição Federal de
Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades 1988 (CF), julgue o item que segue: “A República Federativa do
executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, Brasil rege-se, nas suas relações internacionais, pelos seguintes
na forma da lei. princípios: independência nacional; prevalência dos direitos hu-
manos; autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade
entre os Estados; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; re-
7. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA: púdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos para
(CAP. XXIII “DO NEGRO”) o progresso da humanidade; e concessão de asilo político”.

3.  (ANALISTA TÉCNICO - DPE/SC - 2013 - FEPESE)


Assinale a alternativa correta em matéria de Direito Constitucio-
nal. É fundamento da República Federativa do Brasil:
A seguir, se traz a aludida legislação compilada:
(A) A defesa da paz.
(B) Erradicar a pobreza.
[...]
(C) A dignidade da pessoa humana.
(D) A prevalência dos direitos humanos.
Art. 286. A sociedade baiana é cultural e historicamente mar-
(E) Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
cada pela presença da comunidade afro-brasileira, constituindo a
prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito a
pena de reclusão, nos termos da Constituição Federal. 4. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE/SP - 2012 - FCC) Em
reconhecimento à internacionalização da matéria relativa a direitos
Art. 287. Com países que mantiverem política oficial de dis- e garantias fundamentais, a Constituição da República estabelece
criminação racial, o Estado não poderá: que:
I - admitir participação, ainda que indireta, através de empre- (A) Tratados internacionais, em matéria de direitos humanos,
sas neles sediadas, em qualquer processo licitatório da Adminis- serão equivalentes a emendas constitucionais se forem aprovados,
tração Pública direta ou indireta; em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através de de- quintos dos votos dos respectivos membros.
legações oficiais. (B) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, mediante
recurso especial, as causas decididas em única ou última instância,
Art. 288. A rede estadual de ensino e os cursos de formação quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tra-
e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar incluirão em tado internacional.
seus programas disciplina que valorize a participação do negro na (C)  O Procurador-Geral da República, com a finalidade de
formação histórica da sociedade brasileira. assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,
Art. 289. Sempre que for veiculada publicidade estadual com poderá suscitar, perante o Supremo Tribunal Federal, incidente de
mais de duas pessoas, será assegurada a inclusão de uma da raça deslocamento de competência para a Justiça Federal.
negra. (D) Competem originariamente aos Tribunais Regionais Fe-
derais processar e julgar as causas relativas a graves violações de
Art. 290. O dia 20 de novembro será considerado, no calendá- direitos humanos.
rio oficial, como Dia da Consciência Negra. (E) A República Federativa do Brasil submete-se à jurisdição
de qualquer Tribunal Internacional a cuja criação tenha manifesta-
[...] do adesão, salvo do Tribunal Penal Internacional.

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
5. (EXAME DE ORDEM UNIFICADO - OAB - 2012 - 8. (TÉCNICO JURÍDICO - PG/DF - 2011 - IADES) Se-
FGV) A Constituição assegura, entre os direitos e garantias indi- gundo Pontes de Miranda, nacionalidade é o vínculo jurídico-
viduais, a inviolabilidade do domicílio, afirmando que “a casa é -político que faz da pessoa um dos elementos componentes da
asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem dimensão pessoal do Estado. Assim, uma pessoa pode adquirir a
o consentimento do morador” (art. 5º, XI, CRFB). A esse respeito, nacionalidade brasileira no modo originário:
assinale a alternativa correta: (A) Somente por meio de laços de sangue (Ius sanguinis).
(A) O conceito de “casa” é abrangente e inclui quarto de ho- (B) Somente por meio do local de nascimento (Ius solis).
tel. (C) Pelo casamento ou outro benefício legal.
(B) O conceito de casa é abrangente, mas não inclui escritório (D) Pela naturalização.
de advocacia. (E) Pelo sistema misto tanto por laços de sangue quanto pelo
(C) A prisão em flagrante durante o dia é um limite a essa local de nascimento.
garantia, mas apenas quando houver mandado judicial.
(D) A prisão em quarto de hotel obedecendo a mandado judi- 9. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DNIT - 2013 -
cial pode se dar no período noturno. ESAF) Assinale a opção incorreta:
(A) Estão previstas entre as condições de elegibilidade a na-
6. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE/SP - 2012 - FCC) Um cionalidade brasileira, o alistamento eleitoral e pleno exercício
órgão da Administração direta de determinado Município efetua dos direitos políticos.
contratação de serviços que poderiam ser prestados por servidores (B) Para o exercício do direito de propor ação popular, é ne-
públicos, sem realizar licitação e sem que o ato que determinou cessário o alistamento eleitoral.
a contratação tivesse sido precedido de justificativa. Nessa hipó- (C) Apesar de terem o direito de votar, os maiores de dezes-
tese, poderia: seis anos e menores de dezoito anos e os analfabetos não são ele-
(A) O Ministério Público, por meio de mandado de seguran- gíveis.
ça coletivo, requerer que fosse declarada a ilegalidade da contra- (D) Em algumas situações, para ratificar ou rejeitar ato legis-
tação, por ofensa aos princípios constitucionais de realização de lativo, a população é convocada para votar em plebiscito.
licitação e motivação dos atos administrativos. (E) A incapacidade civil absoluta gera suspensão dos direitos
(B) Uma associação de servidores públicos municipais, por políticos.
meio de habeas data, requerer a anulação da contratação e a deter-
minação de que seja realizado concurso público para contratação 10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/MS - 2013 - CESPE)
de novos servidores, com vistas ao desempenho das atividades. Relativamente aos direitos políticos e aos partidos políticos, assi-
(C) Um servidor público integrante dos quadros do órgão mu- nale a opção correta:
nicipal, por meio de mandado de segurança, requerer a anulação (A) A inelegibilidade reflexa aplica-se ao cônjuge ou parente
do ato praticado pelo dirigente do órgão, por abuso de poder. do vice-prefeito e dos secretários municipais.
(D) Um cidadão qualquer, por meio de ação popular, requerer (B) Para concorrer a outro cargo, o deputado federal deve
a anulação do contrato, por ser lesivo ao patrimônio público e renunciar ao respectivo mandato até seis meses antes do pleito.
à moralidade administrativa, ficando o autor, salvo comprovada (C) A CF adotou o sufrágio capacitário ao estabelecer a inele-
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. gibilidade dos analfabetos.
(E) O Procurador-Geral de Justiça, por meio de mandado (D) O conscrito não pode se alistar como eleitor.
de injunção, requerer que fosse declarada a omissão do Poder (E) A CF permite que os partidos políticos recebam recursos
Público municipal no cumprimento de sua obrigação de prestar financeiros de governo estrangeiro, desde que haja a correspon-
serviços. dente prestação de contas à justiça eleitoral.

7. (PROCURADOR - PGE/MT - 2011 - FCC) O filho de 11. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/MS - 2013 - CESPE)
mãe brasileira naturalizada e pai estrangeiro, nascido no país de Ricardo, pai adotivo de Sérgio, irmão de Tiago e casado com Sara,
origem do pai por ocasião de viagem de turismo de seus genitores, Governador de Estado e reeleito para um segundo mandato, vi-
será considerado, nos termos da Constituição da República: sando a candidatar-se para o mandato de Senador pelo mesmo Es-
(A) Estrangeiro. tado, renunciou ao mandato de Governador sete meses antes das
(B) Brasileiro naturalizado, após residir na República Federa- eleições legislativas, razão por que Alberto, Vice-Governador, as-
tiva do Brasil por mais de quinze anos ininterruptos e sem conde- sumiu o cargo de Governador. Considerando a situação hipotética
nação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira. acima, assinale a opção correta e com base no que dispõe a CF:
(C) Brasileiro naturalizado, desde que resida por um ano inin- (A) Sérgio, por não ser filho biológico de Ricardo, pode can-
terrupto no Brasil e possua idoneidade moral. didatar-se para suceder seu pai no cargo de Governador de Estado.
(D) Brasileiro nato, desde que seja registrado em repartição (B) Se eleito para o mandato de Senador, Ricardo não pode-
brasileira competente ou venha a residir na República Federativa rá, nas eleições seguintes, candidatar-se novamente ao cargo de
do Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori- Governador de Estado, porque já o exerceu por dois mandatos
dade, pela nacionalidade brasileira. consecutivos.
(E) Brasileiro nato, independentemente do preenchimento de (C) Ricardo ao renunciar ao mandato de Governador para
qualquer condição. desincompatibilizar-se, afastou a inelegibilidade relativa por mo-
tivos funcionais.

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) Alberto não poderá candidatar-se à reeleição para o cargo (B) Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
de Governador de Estado. gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
(E) Sara, por ser mulher de Ricardo, é absolutamente inelegí- fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
vel para todo e qualquer cargo político. competência.
(C) Exercer, concorrentemente com as polícias civis e milita-
12. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/SC - 2011 - PON- res, as funções de polícia judiciária da União.
TUA) Analise os itens abaixo: (D) Exercer as funções de polícia marítima, fluvial, aeropor-
I. Os partidos políticos poderão receber recursos financeiros tuária e de fronteiras.
de entidades estrangeiras, desde que prestem contas regularmente
à Justiça Eleitoral brasileira. 16. (PROCURADOR AUTÁRQUICO - DER/RO - 2010 -
II. A criação ou fusão de partidos políticos depende de prévia FUNCAB) Acerca da defesa do Estado e das instituições demo-
autorização do Congresso Nacional. cráticas, assinale a alternativa correta:
III. Compete privativamente à Justiça Eleitoral prescrever (A) O estado de defesa pode ser instituído por tempo inde-
normas de disciplina e fidelidade partidárias. terminado, mas deve determinar quais as medidas coercitivas que
Está(ão) correto(s): vigorarão durante a sua existência.
(A) Apenas os itens II e III. (B) A  duração do estado de sítio não pode ser prorrogada
(B) Apenas os itens I e III. por mais de uma vez, mas as medidas coercitivas podem incluir a
(C) Apenas o item I. suspensão da liberdade de reunião.
(D) Nenhum dos itens. (C) No estado de sítio ocorre o controle político concomitante,
enquanto no estado de defesa, o controle político será sucessivo.
13. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT/10ª Região - 2013 - (D) A chamada crise constitucional que substitui a legalidade
CESPE) No que concerne ao regime constitucional da administra- normal pela legalidade extraordinária, impede que o Presidente da
ção pública, julgue o item seguinte: “A CF autoriza a acumulação República, uma vez cessado o estado de exceção, responda por
remunerada de dois cargos de técnico-administrativo, desde que abusos e excessos cometidos.
haja compatibilidade de horários e seja observado o teto constitu- (E) É possível decretar estado de defesa quando a ordem pú-
cional da remuneração do serviço público”. blica e a paz social estejam ameaçadas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
14. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT/1ª Região - 2013 -
FCC) Considere as seguintes afirmações em relação ao regime ju-
17. (JUIZ DO TRABALHO - TRT/3ª Região - 2013 - TR-
rídico dos servidores públicos, à luz da Constituição da República
T/3ª Região) Nos termos da Constituição da República, não com-
e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria:
pete privativamente ao Senado Federal:
I. Dentro do prazo de validade de concurso público, a Admi-
(A) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
nistração poderá escolher o momento no qual se realizará a no-
pública nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado
meação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, estando
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.
obrigada a nomear os aprovados dentro do número de vagas pre-
(B) Proceder à tomada de contas do Presidente da República,
visto no edital, ressalvadas situações excepcionalíssimas que justi-
fiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
com o interesse público. ta dias após a abertura da sessão legislativa.
II. Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo (C) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vanta- deral, o Procurador-Geral da República e o Advogado- Geral da
gem de servidor público, nem ser substituído por decisão judicial. União nos crimes de responsabilidade.
III. Até que sobrevenha lei específica para regulamentar o (D) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição
exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis, apli- pública, a escolha de Ministros do Tribunal de Contas da União
ca-se-lhes, no que couber, a lei que disciplina o exercício do direito indicados pelo Presidente da República.
de greve dos trabalhadores em geral. (E) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-
Está correto o que se afirma em: rada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
(A) I e II, apenas. Federal.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas. 18. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DNIT - 2013 -
(D) I, II e III. ESAF) Em relação às competências do Congresso Nacional, da
(E) I, apenas. Câmara dos Deputados e do Senado Federal, assinale a opção cor-
reta:
15.  (DELEGADO DE POLÍCIA - PC/GO - 2008 - UEG/ (A) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar, por
NÚCLEO) São atribuições da Polícia Federal: dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o
(A) Apurar infrações penais contra a ordem pública e social Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Es-
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de tado.
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras (B) Compete privativamente à Câmara dos Deputados pro-
infrações cuja prática tenha repercussão regional ou interestadual e cessar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei. crimes de responsabilidade.

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) Compete ao Congresso Nacional, por meio de iniciativa GABARITO
do Presidente do Senado Federal, proceder à tomada de contas do
Presidente da República, quando não apresentadas dentro de ses- 1. Alternativa “C”
senta dias após a abertura da sessão legislativa. 2. Afirmação correta
(D) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar o 3. Alternativa “C”
Presidente da República e o Vice-Presidente da República a se au- 4. Alternativa “A”
sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias. 5. Alternativa “A”
(E) Compete privativamente ao Senado Federal processar e 6. Alternativa “D”
julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do 7. Alternativa “D”
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministé- 8. Alternativa “E”
rio Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral 9. Alternativa “D”
da União nos crimes de responsabilidade. 10. Alternativa “D”
11. Alternativa “C”
19. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT/11ª REGIÃO - 2012 12. Alternativa “D”
- FCC) É lícito ao Presidente da República, delegar ao Ministro de 13. Afirmação errada
Estado, a atribuição de: 14. Alternativa “D”
(A) Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear 15. Alternativa “B”
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, pro- 16. Alternativa “E”
mover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes 17. Alternativa “B”
são privativos. 18. Alternativa “E”
(B) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 19. Alternativa “C”
representantes diplomáticos e celebrar tratados, convenções e atos 20. Alternativa “A”
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
(C) Dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcio- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
namento da administração federal, quando não implicar aumento
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e sobre a CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional.
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. 6. ed. Salvador: JusPODIUM, 2012.
(D) Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. Rio de Ja-
Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, neiro: Forense, 2013.
o presidente e os diretores do banco central e outros servidores,
quando determinado em lei. LAZARI, Rafael José Nadim de; BERNARDI, Renato. En-
(E) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con- saios escolhidos de direito constitucional. Brasília: Kiron, 2013.
gresso Nacional, conferir condecorações e distinções honoríficas e
enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires;
de diretrizes orçamentárias. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional.
5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
20. (JUIZ DO TRABALHO - TRT/3ª Região - 2013 - TR-
T/13ª Região) Relativamente ao direito constitucional, assinale a SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional posi-
alternativa incorreta: tivo. 35. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
(A) Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República, far-se-á eleição cento e vinte dias depois de aberta a LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 17. ed.
última vaga. São Paulo: Saraiva, 2013.
(B) Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presi-
dente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente VADE MECUM SARAIVA. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
(C) O Presidente e o Vice-Presidente da República não pode-
rão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por
período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
(D) Admitida a acusação contra o Presidente da República,
por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações pe-
nais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de respon-
sabilidade.
(E) O Presidente da República, na vigência de seu mandato,
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de
suas funções.

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE DIREITOS
HUMANOS
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOS seja enterrado porque havia lutado contra o país. Neste sentido,
a personagem Antígona defende, ao ser questionada sobre o des-
Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos direitos hu- cumprimento da ordem do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus;
manos, desde os seus elementos básicos como conceito, caracterís- e a Justiça, a deusa que habita com as divindades subterrâneas, ja-
ticas, fundamentação e finalidade, passando pela análise histórica mais estabeleceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito
e chegando à compreensão de sua estrutura normativa. que tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mortal
Na atualidade, a primeira noção que vem à mente quando se o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém irrevogá-
fala em direitos humanos é a dos documentos internacionais que os veis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E
consagram, aliada ao processo de transposição para as Constitui- ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos como o que
ções Federais dos países democráticos. Contudo, é possível apro- proclamaste, eu, que não temo o poder de homem algum, posso
fundar esta noção se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos violar sem merecer a punição dos deuses! [...]”.
direitos humanos, as quais serão abordadas mais detalhadamente O desrespeito às normas de direito natural - e porque não di-
adiante, acrescentando-se que existem direitos inatos ao homem zer de direitos humanos - leva à invalidade da norma que assim o
independentemente de previsão expressa por serem elementos es- preveja (Ex: autorizar a tortura para fins de investigação penal e
senciais na construção de sua dignidade. processual penal não é simplesmente inconstitucional, é mais que
Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode ser isso, por ser inválida perante a ordem internacional de garantia de
estabelecido: direitos humanos são aqueles inerentes ao homem direitos naturais/humanos uma norma que contrarie a dignidade
enquanto condição para sua dignidade que usualmente são des- inerente ao homem sob o aspecto da preservação de sua vida e
critos em documentos internacionais para que sejam mais segura- integridade física e moral).
mente garantidos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na Enfim, quando questões inerentes ao direito natural passam a
verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana. ser colocadas em textos expressos tem-se a formação de um con-
O direito natural se contrapõe ao direito positivo, localizado ceito contemporâneo de direitos humanos. Entre outros documen-
no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ideia de imutabi- tos a partir dos quais tal concepção começou a ganhar forma, des-
lidade de certos princípios, que escapam à história, e a universali- tacam-se: Magna Carta de 1215, Bill of Rights ao final do século
dade destes princípios transcendem a geografia. A estes princípios, XVII e Constituições da Revolução Francesa de 1789 e Americana
que são dados e não postos por convenção, os homens têm aces- de 1787. No entanto, o documento que constitui o marco mais sig-
so através da razão comum a todos (todo homem é racional), e nificativo para a formação de uma concepção contemporânea de
são estes princípios que permitem qualificar as condutas humanas direitos humanos é a Declaração Universal de Direitos Humanos
como boas ou más, qualificação esta que promove uma contínua de 1948. Após ela, muitos outros documentos relevantes surgiram,
vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e Moral.1 como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Pacto
As premissas dos direitos humanos se encontram no conceito Internacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de
de lei natural. Lei natural é aquela inerente à humanidade, inde- 1966, além da Convenção Interamericana de Direitos Humanos
pendentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada acima (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969, entre outros.
de tudo. O conceito de lei natural foi fundamental para a estrutu- A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir que
ração dos direitos dos homens, ficando reconhecido que a pessoa a dignidade do homem não seja violada, estabelecendo um rol
humana possui direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em de bens jurídicos fundamentais que merecem proteção ineren-
qualquer tempo e lugar, que devem ser respeitados por todos os tes, basicamente, aos direitos civis (vida, segurança, propriedade
Estados e membros da sociedade. O direito natural é, então, co- e liberdade), políticos (participação direta e indireta nas decisões
mum a todos e, ligado à própria origem da humanidade, representa políticas), econômicos (trabalho), sociais (igualdade material, edu-
um padrão geral, funcionando como instrumento de validação das cação, saúde e bem-estar), culturais (participação na vida cultural)
ordens positivas2. e ambientais (meio ambiente saudável, sustentabilidade para as fu-
O direito natural, na sua formulação clássica, não é um con- turas gerações). Percebe-se uma proximidade entre os direitos hu-
junto de normas paralelas e semelhantes às do direito positivo, e manos e os direitos fundamentais do homem, o que ocorre porque
sim o fundamento deste direito positivo, sendo formado por nor- o valor da pessoa humana na qualidade de valor-fonte da ordem
mas que servem de justificativa a este, por exemplo: “deve se fazer de vida em sociedade fica expresso juridicamente nestes direitos
o bem”, “dar a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser fundamentais do homem.
conservada”, “os contratos devem ser observados” etc.3 As normas de direitos humanos e direitos fundamentais, por
Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles4 intitula- sua própria natureza, possuem baixa densidade normativa. Isso
da Antígona, na qual a personagem se vê em conflito entre seguir significa que elas abrem alta margem para interpretação e geral-
o que é justo pela lei dos homens em detrimento do que é justo por mente adotam a forma de princípios, não de regras.
natureza quando o rei Creonte impõe que o corpo de seu irmão não Neste sentido, toma-se a divisão clássica de Alexy5, segundo
1 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o o qual a distinção entre regras e princípios é uma distinção entre
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. dois tipos de normas, fornecendo juízos concretos para o dever ser.
2 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o A diferença essencial é que princípios são normas de otimização,
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. ao passo que regras são normas que são sempre satisfeitas ou não.
3 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. ed. São Se as regras se conflitam, uma será válida e outra não. Se princí-
Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. pios colidem, um deles deve ceder, embora não perca sua validade
4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São Paulo: 5 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Virgílio
Martin Claret, 2003. Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
e nem exista fundamento em uma cláusula de exceção, ou seja, Comparato7 aponta outros fundamentos de direitos humanos
haverá razões suficientes para que em um juízo de sopesamento associados à dignidade da pessoa humana:
(ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção a) Auto consciência: “Contrariamente aos outros animais, o
de tal critério de equiparação normativa entre regras e princípios, homem não tem apenas memória de fatos exteriores, incorporada
o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os nomes do pós- ao mecanismo de seus instintos, mas possui a consciência de sua
-positivismo. própria subjetividade, no tempo e no espaço; sobretudo, consciência
Ainda assim, é possível verificar, com relação a estas normas de sua condição de ser vivente e mortal”.
específicas, princípios ou tendências mais abrangentes, que envol- b) Sociabilidade: “[...] o indivíduo humano somente desenvolve
vem um grupo de diretrizes ou então indiretamente compõem to- as suas virtualidades de pessoa, isto é, de homem capaz de cultura
das elas. Em outras palavras, existem determinados fundamentos e auto-aperfeiçoamento, quando vive em sociedade. É preciso não
que pairam sobre todos os princípios e regras de direitos humanos esquecer que as qualidades eminentes e próprias do ser humano - a
e fundamentais, como o caso da dignidade da pessoa humana, da razão, a capacidade de criação estética, o amor - são essencialmente
democracia e da razoabilidade-proporcionalidade, ou referem-se comunicativas”.
c) Historicidade: “A substância da natureza humana é histórica,
especificamente a um grupo deles, a exemplo da liberdade, da isto é, vive em perpétua transformação, pela memória do passado e
igualdade e da fraternidade. o projeto do futuro”.
Por isso, embora a nomenclatura princípio seja usual em dou- d) Unicidade existencial: “outra característica essencial da con-
trina e jurisprudência quanto a estes elementos que serão estudados dição humana é o fato de que cada um de nós se apresenta como um
neste capítulo, opta-se, para fins de distinção dos demais princípios ente único e rigorosamente insubstituível no mundo”.
específicos, a adoção do vocábulo fundamento. Logo, pretende-se Outro fundamento de direitos humanos é a democracia. A ado-
deixar evidente que a existência de normas específicas de baixa ção da forma democrática de Estado aparece como fundamento dos
densidade normativa, adotando a forma de princípio jurídico, não direitos humanos por ser um pressuposto para que eles possam ser
exclui normas ainda mais abrangentes, também tomando a forma adequadamente exercidos. Em outras palavras, fora de um Estado
de princípio, com baixíssima densidade normativa, a ponto de po- democrático, não há possibilidade de exercício pleno de nenhuma
das dimensões de direito: a liberdade fica tolhida pela censura, os
derem ser consideradas fundamentos base de todo o sistema de
direitos políticos pelo impedimento da participação popular, os di-
direitos humanos e fundamentais. reitos econômicos, sociais e culturais pela manipulação de recursos
O principal fundamento de direitos humanos, sem sombra de ao que é conveniente ao governo antidemocrático e não ao interesse
dúvidas, é a dignidade da pessoa humana. A exemplo do que ex- coletivo, os direitos de solidariedade pela impossibilidade de criação
põe Comparato6: “Uma das tendências marcantes do pensamento de consciência coletiva sem o exercício e a efetivação dos direitos in-
moderno é a convicção generalizada de que o verdadeiro funda- dividuais. Na Declaração de 1948, o conceito de democracia aparece
mento de validade - do direito em geral e dos direitos humanos associado adequadamente ao pressuposto de um Estado de Direito
em particular - já não deve ser procurado na esfera sobrenatural da que propicie e assegure todos os direitos humanos e fundamentais.
revelação religiosa, nem tampouco numa abstração metafísica - a Pode-se afirmar que o centro das três primeiras dimensões de
natureza - como essência imutável de todos os entes no mundo. direitos humanos consagrados também constituem fundamentos de
direitos humanos, quais sejam: liberdade, igualdade e fraternida-
Se o direito é uma criação humana, o seu valor deriva, justamen-
de. Como se depreende do sistema internacional de proteção de di-
te, daquele que o criou. O que significa que esse fundamento não reitos humanos tais fundamentos lançam base para a declaração de
é outro, senão o próprio homem, considerado em sua dignidade inúmeros direitos humanos, servindo de viés para a leitura de todos
substancial de pessoa, diante da qual as especificações individuais eles. Assim, são mais do que princípios e sim verdadeiros nortes para
e grupais são sempre secundárias”. a proteção internacional dos direitos humanos.
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpre- Não obstante, pela larga margem de interpretação que decorre da
tação de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que baixa densidade normativa das normas de direitos humanos, surgem
possa se considerar compatível com os valores éticos, notadamen- como fundamentos para a interpretação sistêmica a razoabilidade e
te da moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da a proporcionalidade. Alexy8 entende que determinados valores ex-
pessoa humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana teriorizam tudo o que é levado em conta num sopesamento de direi-
como centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídi- tos fundamentais: “assim, com poucos conceitos, como ‘dignidade’,
‘liberdade’, ‘igualdade’, ‘proteção’ e ‘bem-estar da comunidade’, é
co, seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação.
possível abarcar quase tudo aquilo que tem que ser levado em consi-
A menção constante da dignidade no que pode ser conside- deração em um sopesamento de direitos fundamentais”. Por sua vez,
rado o principal instrumento de declaração de direitos humanos “segundo a lei do sopesamento, a medida permitida de não-satisfação
universais, qual seja a Declaração Universal de 1948, desde o seu ou de afetação de um princípio depende do grau de importância da
início a coloca não só como principal norte de interpretação das satisfação do outro”9 .
normas de direitos humanos como um todo, mas como a justifica-
tiva principal para a criação de um sistema internacional com tal 7 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos Humanos.
natureza de proteção. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em: <http://www.
iea.usp.br/publicacoes/textos/comparatodireitoshumanos.pdf>. Acesso em:
02 jul. 2013.
6 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos Humanos. 8 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Virgílio
Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em: <http://www. Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
iea.usp.br/publicacoes/textos/comparatodireitoshumanos.pdf>. Acesso em: 9 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Virgílio
02 jul. 2013. Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Os fundamentos de direitos humanos servem como norte para
toda norma de proteção dos direitos humanos, tanto no processo de 1. PRECEDENTES HISTÓRICOS: DIREITO
elaboração quanto no de aplicação, sempre tendo em vista a pro- HUMANITÁRIO, LIGA DAS NAÇÕES E
moção da dignidade da pessoa humana em todas suas dimensões ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO
de direitos. TRABALHO (OIT).
Os direitos humanos possuem as seguintes características
principais:
1) Historicidade: os direitos humanos possuem antecedentes
históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas pers- O surgimento dos direitos humanos está envolvido num his-
pectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimensões tórico complexo no qual pesaram vários fatores: tradição humanista,
de direitos. recepção do direito romano, senso comum da sociedade da Europa na
2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a todos e Idade Média, tradição cristã, entre outros10. Com efeito, são muitos os
por isso se encontram ligados a um sistema global (ONU), o que elementos relevantes para a formação do conceito de direitos humanos
impede o retrocesso. tal qual perceptível na atualidade de forma que é difícil estabelecer um
3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem con- histórico linear do processo de formação destes direitos. Entretanto,
teúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inegociá- é possível apontar alguns fatores históricos e filosóficos diretamente
veis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia ligados à construção de uma concepção contemporânea de direitos hu-
uma limitação do princípio da autonomia privada. manos.
4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem ser re- É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja, mesmo
nunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material des- antes da existência de Cristo, que o ser humano passou a ser conside-
tes direitos para a dignidade da pessoa humana. rado, em sua igualdade essencial, como um ser dotado de liberdade e
5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem deixar de ser razão. Surgiam assim os fundamentos intelectuais para a compreensão
observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das da pessoa humana e para a afirmação da existência de direitos uni-
autoridades públicas, sob pena de nulidades. versais, porque a ela inerentes. Durante este período que despontou
6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem um único a ideia de uma igualdade essencial entre todos os homens. Contudo,
conjunto de direitos porque não podem ser analisados de maneira foram necessários vinte e cinco séculos para que a Organização das
isolada, separada. Nações Unidas - ONU, que pode ser considerada a primeira organi-
7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se perdem zação internacional a englobar a quase-totalidade dos povos da Terra,
com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis proclamasse, na abertura de uma Declaração Universal dos Direitos
e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição). Humanos de 1948, que “todos os homens nascem livres e iguais em
8) Complementaridade: os sistemas regionais descentrali- dignidade e direitos”11.
zam a ONU para respeitar a complementaridade, ou seja, os di- No berço da civilização grega continuou a discussão a respeito da
ferentes elementos de base cultural, religiosa e social das diversas existência de uma lei natural inerente a todos os homens. As premissas
regiões. da concepção de lei natural estão justamente na discussão promovida
9) Interdependência: as dimensões de direitos humanos na Grécia antiga, no espaço da polis. Neste sentido, destaca Assis12 que,
apresentam uma relação orgânica entre si, logo, a dignidade da originalmente, a concepção de lei natural está ligada não só à de natu-
pessoa humana deve ser buscada por meio da implementação mais reza, mas também à de diké: a noção de justiça simbolizada a partir da
eficaz e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais, deusa diké é muito ampla e abstrata, mas com a legislação passou a ter
econômicos e de solidariedade como um todo único e indissolúvel. um conteúdo palpável, de modo que a justiça deveria corresponder às
10) Efetividade: para dar efetividade aos direitos humanos a leis da cidade; entretanto, é preciso considerar que os costumes primi-
ONU se subdivide, isto é, o tratamento é global mas certas áreas tivos trazem o justo por natureza, que pode se contrapor ao justo por
irão cuidar de determinados direitos de suas regiões. Além disso, convenção ou legislação, devendo prevalecer o primeiro, que se refere
há uma descentralização para os sistemas regionais para preservar ao naturalmente justo, sendo esta a origem da ideia de lei natural.
a complementaridade, sem a qual não há efetividade. Reflete tal De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona uma discus-
característica a aplicabilidade imediata dos direitos humanos pre- são a respeito da prevalência da lei natural sobre a lei posta. Na obra,
vista no art. 5°, §1° da Constituição Federal. a protagonista discorda da proibição do rei Creonte de que seu irmão
11) Relatividade: o princípio da relatividade dos direitos hu- fosse enterrado, uma vez que ele teria traído a pátria. Assim, enterra seu
manos possui dois sentidos: por um, o multiculturalismo existente irmão e argumenta com o rei que nada do que seu irmão tivesse feito
no globo impede que a universalidade se consolide plenamente, em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra imposta pelos deu-
de forma que é preciso levar em consideração as culturas locais ses de que todo homem deveria ser enterrado para que pudesse partir
para compreender adequadamente os direitos humanos; por outro, desta vida: a lei natural prevaleceria então sobre a ordem do rei.13
os direitos humanos não podem ser utilizados como um escudo 10 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica Moderna.
para práticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou di- Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.
minuição da responsabilidade por atos ilícitos, assim os direitos 11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos
humanos não são ilimitados e encontram seus limites nos demais Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
direitos igualmente consagrados como humanos. 12 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade e poder.
São Paulo: Lúmen, 2002.
13 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São Paulo:
Martin Claret, 2003.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), o pação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei natural,
primeiro grande filósofo grego, questionaram essa concepção de definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas coisas que devem
lei natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto da vontade dos ser feitas ou evitadas pertencem aos preceitos da lei de natureza, que
cidadãos, seria variável no tempo e no espaço, não havendo que a razão prática naturalmente apreende ser bens humanos”. Logo, a
se falar num direito imutável; ao passo que Aristóteles (384 a.C. - lei natural determina o agir virtuoso, o que se espera do homem em
322 a.C.), que o sucedeu, estabeleceu uma divisão entre a justiça sociedade, independentemente da lei humana.
positiva e a natural, reconhecendo que a lei posta poderia não ser Com a concepção medieval de pessoa humana é que se iniciou
justa14. um processo de elaboração em relação ao princípio da igualdade
Aristóteles15 argumenta: “lei particular é aquela que cada co- de todos, independentemente das diferenças existentes, seja de or-
munidade determina e aplica a seus próprios membros; ela é em dem biológica, seja de ordem cultural. Foi assim, então, que surgiu
parte escrita e em parte não escrita. A lei universal é a lei da na- o conceito universal de direitos humanos, com base na igualdade
tureza. Pois, de fato, há em cada um alguma medida do divino, essencial da pessoa20.
uma justiça natural e uma injustiça que está associada a todos os No processo de ascensão do absolutismo europeu, a monarquia
homens, mesmo naqueles que não têm associação ou pacto com da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabelecer no início do
outro”. século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar da formação da monar-
Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo, doutri- quia inglesa, em 1215 os barões feudais ingleses, em uma reação às
na que se desenvolveu durante seis séculos, desde os últimos três pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a
séculos anteriores à era cristã até os primeiros três séculos desta Magna Carta. Referido documento, em sua abertura, expõe a no-
era, mas que trouxe ideias que prevaleceram durante toda a Idade ção de concessão do rei aos súditos, estabelece a existência de uma
Média e mesmo além dela. O estoicismo organizou-se em torno hierarquia social sem conceder poder absoluto ao soberano, prevê
de algumas ideias centrais, como a unidade moral do ser humano limites à imposição de tributos e ao confisco, constitui privilégios à
e a dignidade do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, burguesia e traz procedimentos de julgamento ao prever conceitos
como consequência, de direitos inatos e iguais em todas as partes como o de devido processo legal, habeas corpus e júri. Não que a
do mundo, não obstante as inúmeras diferenças individuais e gru- carta se assemelhe a uma declaração de direitos humanos, principal-
pais16.
mente ao se considerar que poucos homens naquele período eram
Influenciado pelos estóicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), um
de fato livres, mas ela foi fundamental naquele contexto histórico
dos principais pensadores do período da jovem república romana,
de falta de limites ao soberano21. A Magna Carta de 1215 instituiu
também defendeu a existência de uma lei natural. Neste sentido é
ainda um Grande Conselho que foi o embrião para o Parlamento
a assertiva de Cícero17: “a razão reta, conforme à natureza, gravada
inglês, embora isto não signifique que o poder do rei não tenha sido
em todos os corações, imutável, eterna, cuja voz ensina e prescre-
absoluto em certos momentos, como na dinastia Tudor. Havia um
ve o bem, afasta do mal que proíbe e, ora com seus mandados,
absolutismo de fato, mas não de Direito.
ora com suas proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons,
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profundamente
nem fica impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser isentos de pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro do universo,
seu cumprimento pelo povo nem pelo senado; não há que procurar ocupando o espaço de Deus. Naturalmente, as premissas da lei natu-
para ela outro comentador nem intérprete; não é uma lei em Roma ral passaram a ser questionadas, já que geralmente se associavam à
e outra em Atenas, - uma antes e outra depois, mas uma, sempiter- dimensão do divino. A negação plena da existência de direitos inatos
na e imutável, entre todos os povos e em todos os tempos”. ao homem implicava em conferir um poder irrestrito ao soberano, o
Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período me- que gerou consequências que desagradavam a burguesia.
dieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes pensado- O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) conside-
res do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. -1274 d.C.)18, rada um marco para o pensamento absolutista, relata com precisão
supondo que o mundo e toda a comunidade do universo são regi- este contexto no qual o poder do soberano poderia se sobrepor a
dos pela razão divina e que a própria razão do governo das coisas qualquer direito alegadamente inato ao ser humano desde que sua
em Deus fundamenta-se em lei, entendeu que existe uma lei eterna atitude garantisse a manutenção do poder. Maquiavel22 considera
ou divina, pois a razão divina nada concebe no tempo e é sempre “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual
eterna. Com base nisso, Aquino19 chamou de lei natural “a partici- não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe
14 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade e poder. pretende conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão
São Paulo: Lúmen, 2002. sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo
15 ARISTÓTELES.  Retórica. Tradução Marcelo Silvano Madeira. São atenta sempre para as aparências e os resultados”.
Paulo: Rideel, 2007.  Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação
16 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pereira. São
Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a 122.
17 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador Cisneiros. Rio 20 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos
de Janeiro: Ediouro, 1995. Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
18 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Vannucchi e 21 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Contribuições
Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Jurídicas. Revista Intertemas: revista da Toledo. Presidente Prudente, ano
Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pereira. São 09, v. 11, p. 201-227, nov. 2006.
Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a 122. 22 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo:
19 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Vannucchi e Martin Claret, 2007.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensadores da
autocrática, baseados na teoria política desenvolvida até então que época, transportando o racionalismo para a política, refutando o
negava a exigência do respeito à Ética, logo, ao direito natural, Estado Absolutista, idealizando o direito de rebelião da sociedade
no espaço público. Somente num momento histórico posterior se civil e afirmando que o contrato entre os homens não retiraria o
permitiu algum resgate da aproximação entre a Moral e o Direito, seu estado de liberdade. Ao lado dele, pode ser colocado Montes-
qual seja o da Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, quieu (1689 d.C. - 1755 d.C.), que avançou nos estudos de Locke
com o movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica
Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão antropocen- divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim,
trista permaneceu, mas começou a se consolidar a ideia de que não merece menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de-
era possível que o soberano impusesse tudo incondicionalmente fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando na obra
aos seus súditos. O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita pela pequena
Com efeito, quando passou a se questionar o conceito de So- burguesia e pelas camadas populares face ao seu caráter democrá-
berano, ao qual todos deveriam obediência mas que não deveria tico. Enfim, estes três contratualistas trouxeram em suas obras as
obedecer a ninguém. Indagou-se se os indivíduos que colocaram ideias centrais das Revoluções Francesa e Americana. Em comum,
o Soberano naquela posição (pois sem povo não há Soberano) te- defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que o sobera-
riam direitos no regime social e, em caso afirmativo, quais seriam no não possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas
eles. As respostas a estas questões iniciam uma visão moderna do pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal. No en-
direito natural, reconhecendo-o como um direito que acompanha tanto, Rousseau era o pensador que mais se diferenciava dos dois
o cidadão e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.23 anteriores, que eram mais individualistas e trouxeram os principais
Antes que despontassem as grandes revoluções que interrom- fundamentos do Estado Liberal, porque defendia a entrega do po-
peram o contexto do absolutismo europeu, na Inglaterra houve uma der a quem realmente estivesse legitimado para exercê-lo, pensa-
árdua discussão sobre a garantia das liberdades pessoais, ainda que mento que mais se aproxima da atual concepção de democracia.
o foco fosse a proteção do clero e da nobreza. Quando a dinastia 1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a Re-
Stuart tentou transformar o absolutismo de fato em absolutismo volução Americana. Em 1776 se deu a independência das treze
de direito, ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de Colônias da América Continental Britânica, registrada na Decla-
Direitos de 1948, que exigia o cumprimento da Magna Carta de ração de Direitos do Homem e, posteriormente, na Declaração de
1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-lo, fechando por duas vezes Independência. Após diversas batalhas, a Inglaterra reconheceu a
o Parlamento, sendo que a segunda vez gerou uma violenta reação independência em 1783. Destacam-se alguns pontos do primeiro
que desencadeou uma guerra civil. Após diversas transições no documento: o artigo I do referido documento assegura a igualdade
trono inglês, despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 de todos de maneira livre e independente, considerando esta como
até 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange, que um direito inato; o artigo II estabelece que o poder pertence ao
aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights. povo e que o Estado é responsável perante ele; o artigo V prevê
Todo este movimento resultou, assim, nas garantias expres- a separação dos poderes e o artigo VI institui a realização de elei-
sas do habeas corpus e do Bill of Rights de 1698. Por sua vez, ções diretas, necessariamente. A declaração americana estava mais
a instituição-chave para a limitação do poder monárquico e para voltada aos americanos do que à humanidade, razão pela qual a
garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parlamento e foi Revolução Francesa costuma receber mais destaque num cenário
a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a ideia de governo histórico global.
representativo, ainda que não do povo, mas pelo menos de suas 2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade do
camadas superiores24. governo de resolver sua crise financeira, ascendendo com isso a
Tais ideias liberais foram importantes como base para o Ilu- classe burguesa (sans-culottes), sendo o primeiro evento de tal as-
minismo, que se desencadeou por toda a Europa. Destaca-se que censão a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, seguida por
quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, se dava o ad- outros levantes populares. Derrubados os privilégios das classes
vento do capitalismo em sua fase industrial. O processo de forma- dominantes, a Assembleia se reuniu para o preparo de uma carta
ção do capitalismo e a ascensão da burguesia trouxeram implica- de liberdades, que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem
ções profundas no campo teórico, gerando o Iluminismo. e do Cidadão.26
O Iluminismo lançou base para os principais eventos que Entre outras noções, tal documento previu: a liberdade e
ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as Re- igualdade entre os homens quanto aos seus direitos (artigo 1º), a
voluções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem nestes necessidade de conservação dos seus direitos naturais, quais sejam
movimentos todos os principais fatos do século XIX e do início do a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão
século XX, por exemplo, a disseminação do liberalismo burguês, o (artigo 2º); a limitação do direito de liberdade somente por lei (ar-
declínio das aristocracias fundiárias e o desenvolvimento da cons- tigo 4º); o princípio da legalidade (artigo 7º); o princípio da ino-
ciência de classe entre os trabalhadores25. cência (artigo 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10
23 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica Moderna. e 11); e a necessária separação de poderes (artigo 16).
Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009. 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na Ingla-
24 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos terra, criou o sistema fabril, o que reformulou a vida de homens
Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. e mulheres pelo mundo todo, não só pelos avanços tecnológicos,
25 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem 26 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem
das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e
Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
mas notadamente por determinar o êxodo de milhões de pessoas doentes e brutalizados, além de milhões de corpos dos judeus, polo-
do interior para as cidades. Os milhares de trabalhadores se sujeita- neses, russos, ciganos, homossexuais e traidores do Reich em geral,
vam a jornadas longas e desgastantes, sem falar nos ambientes in- que foram perseguidos, torturados e mortos29.
salubres e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças. Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o responsá-
Neste contexto, surgiu a consciência de classe27, lançando-se base vel por redigir o primeiro documento de relevância internacional
para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas. abrangendo a questão dos direitos humanos. Em 26 de junho de
Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - buscada nas 1945 foi assinada a carta de organização das Nações Unidas, que
revoluções anteriores - melhor funciona o mercado capitalista, be- tem por fundamento o princípio da igualdade soberana de todos os
neficiando quem possui maior número de bens. Assim, a classe que estados que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia Geral, um
detinha bens, qual seja a burguesia, ampliou sua esfera de poder, Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico
enquanto que o proletariado passou a ser vítima do poder econô- e Social, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional
mico. No Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico de Justiça30.
fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho não tinha Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946 rea-
defesa, mas descobriu que ao se unir com outros em situação seme- lizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram submetidos a
lhante poderia conquistar direitos. Para tanto, passaram a organizar julgamento os principais líderes nazistas, o principal argumento
greves. levantado foi o de que todas as ações praticadas foram baseadas
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à proteção da ví- em ordens superiores, todas dotadas de validade jurídica perante a
tima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se do princípio da Constituição. Explica Lafer31: “No plano do Direito, uma das ma-
hipossuficiência do trabalhador, que é o princípio da proteção e que neiras de assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurí-
gerou os princípios da primazia, da irredutibilidade de vencimentos dico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto em maté-
e outros. Nota-se que no campo destes direitos e dos demais direitos ria constitucional quanto em todos os desdobramentos normativos.
econômicos, sociais e culturais não basta uma postura do indivíduo: A Constituição de Weimar nunca foi ab-rogada durante o regime
é preciso que o Estado interfira e controle o poder econômico. nazista, mas a lei de plenos poderes de 24 de março de 1933 teve
Entre os documentos relevantes que merecem menção nesta não só o efeito de legalizar a posse de Hitler no poder como o de
esfera, destacam-se: Constituição do México de 1917, Constituição legalizar geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira,
Alemã de Weimar de 1919 e Tratado de Versalhes de 1919, sendo como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guerra Mun-
que o último instituiu a Organização Internacional do Trabalho - dial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se a fonte de toda
OIT (que emitia convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira legalidade positiva, em virtude de uma lei do Parlamento que mo-
Guerra Mundial. dificou a Constituição. Também a Constituição stalinista de 1936,
No final do século XIX e no início de século XX, o mundo completamente ignorada na prática, nunca foi abolida”.
passou por variadas crises de instabilidade diplomática, posto que No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Na-
vários países possuíam condições suficientes para se sobreporem ções Unidas elaborou a Declaração Universal dos Direitos Huma-
sobre os demais, resultado dos avanços tecnológicos e das me- nos. Um dos principais pensadores que contribuiu para a Declara-
lhorias no padrão de vida da sociedade. Neste contexto, surgiram ção Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi Maritain32, que
condições para a eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que entendia que os direitos humanos da pessoa como tal se fundamen-
alteraram o curso da história da civilização ocidental. Entre estas, tam no fato de que a pessoa humana é superior ao Estado, que não
destaca-se a Segunda Guerra Mundial, cujos eventos foram marca- pode impor a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns
dos pela desumanização: todos com o devido respaldo jurídico pe- direitos, por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo
rante o ordenamento dos países que determinavam os atos. A teoria o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do amor,
jurídica que conferiu fundamento a um Direito que aceitasse tantas e segue a doutrina cristã para determinar seus atos: tais elementos
barbáries, sem perder a sua validade, foi o Positivismo que teve determinam o agir moral e levam à produção do bem na sociedade
como precursor Hans Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito. humanista integral.
No entender de Kelsen28, a justiça não é a característica que Moraes33 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais impor-
distingue o Direito das outras ordens coercitivas porque é relativo tante conquista no âmbito dos direitos humanos fundamentais em
o juízo de valor segundo o qual uma ordem pode ser considerada nível internacional, muito embora o instrumento adotado tenha
justa. Percebe-se que a Moral é afastada como conteúdo necessário sido uma resolução, não constituindo seus dispositivos obriga-
do Direito, já que a justiça é o valor moral inerente ao Direito. ções jurídicas dos Estados que a compõem. O fato é que desse
.A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em 1945,
após uma sucessão de falhas alemãs, que impediram a conquista de 29 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem
Moscou, desprotegeram a Itália e impossibilitaram o domínio da das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e
região setentrional da Rússia (produtora de alimentos e petróleo). Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
Já o evento que culminou na rendição do Japão foi o lançamento 30 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem
das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e
tomou conhecimento da extensão da tirania alemã quando os exér- Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
citos Aliados abriram os campos de concentração na Alemanha e 31 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o
nos países por ela ocupados, encontrando prisioneiros famintos, pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
27 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem 32 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de
das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. 33 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral,
28 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João Baptista comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa do
Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
documento se originaram muitos outros, nos âmbitos nacional e Os outros dois precedentes históricos reconhecidos pela dou-
internacional, sendo que dois deles praticamente repetem e por- trina decorrem do Tratado de Versalhes.
menorizam o seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Em 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial, apesar das
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Eco- inúmeras tentativas de diplomacia após 1870. Em 1882, foi for-
nômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966. mada a Tríplice Aliança, entre Alemanha, Itália e Áustria-Hun-
Ainda internacionalmente, após os pactos mencionados, vá- gria, visando impedir que a França buscasse vingança após a
rios tratados internacionais surgiram. Nesta linha, Piovesan34 derrota na Guerra Franco-Prussiana. Contudo, os países euro-
apontou os seguintes documentos: Convenção Internacional sobre peus começaram a desconfiar das boas intenções dos seus vi-
a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, Con- zinhos e, em 1907, se formou a Tríplice Entente, composta por
venção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação
França, Grã-Bretanha e Rússia. Dentro das próprias alianças não
contra a Mulher, Convenção sobre os Direitos da Criança, Con-
eram poucos os conflitos internos e, aliados a esta instabilidade
venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Convenção
contra a Tortura, etc. diplomática, o nacionalismo e o militarismo contribuíram para
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regionais de que começasse a Primeira Guerra Mundial.
proteção, que buscam internacionalizar os direitos humanos no Colocados muitos interesses em jogo, os países guerrearam
plano regional, em especial na Europa, na América e na África35. em dois blocos: de um lado, Sérvia, Rússia, França, Grã-Breta-
Resultou deste processo a Convenção Americana de Direitos Hu- nha, Japão, Itália, Romênia, Estados Unidos, Grécia, Portugal
manos (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969. e Brasil; de outro lado, Áustria, Alemanha, Bulgária e Turquia.
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos textos O segundo grupo foi derrotado, sendo cada país submetido a
das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer36, a afir- um pacto de rendição formulado pela Liga das Nações; o mais
mação do jusnaturalismo moderno de um direito racional, univer- famoso destes é o Tratado de Versalhes, aplicado à Alemanha,
salmente válido, gerou implicações relevantes na teoria constitu- que impunha em suas cláusulas a entrega de territórios e arma-
cional e influenciou o processo de codificação a partir de então. mentos, bem como o pagamento de uma indenização bilionária.
Embora muitos direitos humanos também se encontrem nos textos Assim, o Tratado de Versalhes foi assinado em 28 de junho
constitucionais, aqueles não positivados na Carta Magna também de 1919, entre as potências aliadas e a Alemanha, fixando as
possuem proteção porque o fato de este direito não estar assegura- condições para a paz depois da primeira guerra mundial.
do constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública internacio- A cláusula de culpa de guerra considerou a Alemanha nação
nal, ferindo o princípio da dignidade humana. agressora, responsável por reparações às nações aliadas, sendo
Trabalhando de forma específica dentro deste histórico prece-
que uma comissão determinou em 1921 que a Alemanha deveria
dentes jurídicos da internacionalização dos direitos humanos,
pagar 33 bilhões de dólares.
menciona-se inicialmente o direito humanitário e a fundação da
Cruz Vermelha. O tratado foi intensamente criticado pelos alemães. Nos
Historicamente, em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o Co- anos seguintes, foi revisto e alterado, quase sempre a favor da
mitê dos Cinco, como uma comissão de investigação da Socieda- Alemanha. Muitas concessões foram feitas à Alemanha antes da
de de Genebra para o Bem-estar Público. Entre seus objetivos, se ascensão de Adolf Hitler.
encontrava o de organizar uma conferência internacional sobre a O Tratado de Versalhes instituiu dois dos precedentes da in-
possível implementação das ideias de Henri Dunant. ternacionalização dos direitos humanos: a Liga das Nações e a
Depois da primeira conferência, adotou-se a primeira Conven- Organização Internacional do Trabalho.
ção de Genebra, de 22 de agosto de 1864, tratando das condições Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das
dos feridos das forças armadas no campo de batalha. A convenção Nações, foi uma organização internacional, idealizada em 1919,
continha dez artigos, estabelecendo pela primeira vez regras legais em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vence-
garantindo a neutralidade e a proteção para soldados feridos, mem- doras da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um
bros de assistência médica e certas instituições humanitárias, no acordo de paz, notadamente Inglaterra, França e Estados Uni-
caso de um conflito armado, aceitando-se a fundação de socieda- dos. Além da divisão entre os vencedores que dificultava a paz,
des nacionais com este fim de proteção. Após o estabelecimento da os vencidos se recusavam a assinar o injustos tratados impostos,
Convenção de Genebra, as primeiras sociedades nacionais foram com a Alemanha tentando ludibriar as determinações do Tratado
fundadas. de Versalhes, assim como Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia
Quando Henri Dunant foi à falência, a imagem do Comitê dos
se recusavam a aceitar as obrigações impostas. No final das con-
Cinco ficou comprometida perante a opinião pública, embora neste
tas, todos assinaram seus tratados.
meio tempo tivessem sido fundadas outras sociedades nacionais.
Em 1876, o comitê adotou o nome Comitê Internacional da Cruz Os inúmeros tratados e compromissos firmados fora do âm-
Vermelha (CICV), que é até o presente sua designação oficial, cujo bito da Liga das Nações já mostravam a fraqueza da instituição,
esforços têm sido reconhecidos até hoje, tanto que por três vezes embora a princípio ela tenha correspondido às esperanças depo-
recebeu o Prêmio Nobel da Paz (1917, 1944, e 1963). sitadas. Ocorre que a Liga das Nações promoveu o isolamen-
34 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional to de grandes países como a Rússia (numa fase inicial), além
Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. de fundar-se num tratado internacional altamente prejudicial a
35 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional países perdedores da guerra como a Alemanha. Não obstante,
Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. os Estados Unidos nunca apoiaram a Liga das Nações, o que
36 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o fez com que ela tivesse pouco ou nenhum poder no âmbito das
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. Américas.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
A Liga das Nações funcionou de 1920 a 1946, dissolvida
na sua 21ª sessão e tendo seus bens transferidos à ONU, en- 2. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
cerradas as contas da comissão de liquidação em 1947. A Liga DIREITOS HUMANOS/1948.
das Nações possuía dois organismos autônomos, a Organização
Internacional do Trabalho - OIT, criada pelo Tratado de Versa-
lhes, e a Corte Permanente de Justiça Internacional - CPJI,
cujo estatuto foi elaborado em 1920, as quais remanescem, embo- Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da  As-
ra a segunda com outra nomenclatura e estatuto37, qual seja Corte sembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948
Internacional de Justiça - CIJ.
Quanto à Organização Internacional do Trabalho, cons- Preâmbulo
titui a agência das Nações Unidas que tem por missão promover
oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso O preâmbulo é um elemento comum em textos constitucio-
a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, nais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jorge Miranda41
equidade, segurança e dignidade. O Trabalho Decente, conceito define: “[...] proclamação mais ou menos solene, mais ou menos
formalizado pela OIT em 1999, sintetiza a sua missão histórica de significante, anteposta ao articulado constitucional, não é compo-
promover oportunidades para que  homens e mulheres possam ter nente necessário de qualquer Constituição, mas tão somente um
um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberda- elemento natural de Constituições feitas em momentos de ruptura
de, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo  considerado histórica ou de grande transformação político-social”. Do conceito
condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das do autor é possível extrair elementos para definir o que represen-
desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática tam os preâmbulos em documentos internacionais: proclamação
e o desenvolvimento sustentável38. dotada de certa solenidade e significância que antecede o texto do
documento internacional e, embora não seja um elemento neces-
O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro
sário a ele, merece ser considerada porque reflete o contexto de
objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho
ruptura histórica e de transformação político-social que levou à
(em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declara-
elaboração do documento como um todo. No caso da Declaração
ção Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho
de 1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes às
e seu seguimento adotada em 1998: liberdade sindical  e reconhe- Guerras Mundiais.
cimento efetivo do direito de negociação coletiva, eliminação de Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
todas as formas de trabalho forçado, abolição efetiva do trabalho todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
infantil, eliminação de todas as formas de discriminação em ma- inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
téria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo mundo,
e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual todos
do diálogo social39. os seres humanos são dotados da mesma dignidade e para que ela
A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Ver- seja preservada é preciso que os direitos inerentes à pessoa hu-
salhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. É a única das mana sejam garantidos, já aparece no preâmbulo constitucional,
agências do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripar- sendo guia de todo documento.
tite, composta de representantes de governos e de organizações Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade dos di-
de empregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela reitos humanos, pela qual os direitos humanos não possuem con-
formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho teúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inegociá-
(convenções e recomendações)40. veis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia
uma limitação do princípio da autonomia privada.
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos
humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciên-
cia da Humanidade e que o advento de um mundo em que os ho-
mens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a
mais alta aspiração do homem comum,
A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas quando
da abertura dos campos de concentração nazistas, nos quais os ca-
dáveres esqueléticos do que não eram considerados seres humanos
perante aquele regime político se amontoavam. Aquelas pessoas
37 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional não eram consideradas iguais às demais por possuírem alguma ca-
Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. racterística, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a
38 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. Disponível importância de se atentar para os antecedentes históricos e com-
em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013. preender a igualdade de todos os homens, independentemente de
39 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. Disponível qualquer fator.
em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.
40 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. Disponível 41 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição. Lisboa:
em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013. Petrony, 1978.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Considerando essencial que os direitos humanos sejam prote- a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a
gidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compe- proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias
lido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, aos portadores de deficiência, entre outras medidas que atribuam a
Por todo o mundo se espalharam, notadamente durante a Se- pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades, protegen-
gunda Guerra Mundial, regimes totalitários altamente opressivos, do e respeitando suas diferenças.42
não só por parte das Potências do Eixo (Alemanha, Itália, Japão), b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dignidade é um
mas também no lado dos Aliados (Rússia e o regime de Stálin). atributo da pessoa humana, segundo o qual ela merece todo o res-
Considerando essencial promover o desenvolvimento de rela- peito por parte dos Estados e dos demais indivíduos, independen-
ções amistosas entre as nações, temente de qualquer fator como aparência, religião, sexualidade,
Depois de duas grandes guerras a humanidade conseguiu per- condição financeira. Todo ser humano é digno e, por isso, possui
ceber o quanto era prejudicial não manter relações amistosas entre direitos que visam garantir tal dignidade.
as nações, de forma que o ideal de paz ganhou uma nova força. c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, os direi-
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, tos humanos dividem-se em três dimensões, cada qual representa-
na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade tiva de um momento histórico no qual se evidenciou a necessidade
e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos ho- de garantir direitos de certa categoria. A primeira dimensão, pre-
mens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social sente na expressão livres, refere-se aos direitos civis e políticos, os
e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, quais garantem a liberdade do homem no sentido de não ingerência
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram estatal e de participação nas decisões políticas, evidenciados his-
a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito toricamente com as Revoluções Americana e Francesa. A segunda
universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a ob- dimensão, presente na expressão iguais, refere-se aos direitos eco-
servância desses direitos e liberdades, nômicos, sociais e culturais, os quais garantem a igualdade mate-
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e rial entre os cidadãos exigindo prestações positivas estatais nesta
liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento direção, por exemplo, assegurando direitos trabalhistas e de saúde,
desse compromisso, possuindo como antecedente histórico a Revolução Industrial. A
Todos os países que fazem parte da Organização das Nações terceira dimensão, presente na expressão fraternidade, refere-se ao
Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto os que ingressa- necessário olhar sobre o mundo como um lugar de todos, no qual
ram posteriormente (basicamente, todos demais países do mundo), cada qual deve reconhecer no outro seu semelhante, digno de di-
totalizando 193, assumiram o compromisso de cumprir a Carta da reitos, olhar este que também se lança para as gerações futuras, por
ONU, documento que a fundou e que traz os princípios condutores exemplo, com a preservação do meio ambiente e a garantia da paz
da ação da organização. social, sendo o marco histórico justamente as Guerras Mundiais.43
Assim, desde logo a Declaração estabelece seus parâmetros funda-
A Assembleia  Geral proclama mentais, com esteio na Declaração dos Direitos do Homem e do
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como Cidadão de 1789 e na Constituição Francesa de 1791, quais sejam
o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, igualdade, liberdade e fraternidade. Embora os direitos de 1ª, 2ª e
com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da socieda- 3ª dimensão, que se baseiam nesta tríade, tenham surgido de forma
de, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através paulatina, devem ser considerados em conjunto proporcionando a
do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos plena realização do homem44.
e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a igual-
nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e dade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta igualdade de
a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos forma a ser possível que todo homem atinja um grau satisfatório
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios de dignidade.
sob sua jurisdição. Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadei-
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das Na- ra igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção
ções Unidas, no qual há representatividade de todos os membros e especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta-
por onde passam inúmeros tratados internacionais. dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pessoas
com diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e res-
Artigo I peitando suas diferenças.
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direi-
tos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir em relação Artigo II
umas às outras com espírito de fraternidade. Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liber-
O primeiro artigo da Declaração é altamente representativo, dades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer
trazendo diversos conceitos chaves de todo o documento: espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política
a) Princípios da universalidade, presente na palavra todos, que ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nasci-
se repete no documento inteiro, pelo qual os direitos humanos per- mento, ou qualquer outra condição. 
tencem a todos e por isso se encontram ligados a um sistema global 42 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
(ONU), o que impede o retrocesso. Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a igual- 43 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio
dade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta igualdade de de Janeiro: Elsevier, 2004.
forma a ser possível que todo homem atinja um grau satisfatório 44 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
de dignidade. Neste sentido, as discriminações legais asseguram Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da dignidade da Artigo IV
pessoa humana, de forma que todos seres humanos são iguais indepen- Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escra-
dentemente de qualquer condição, possuindo os mesmos direitos visando vidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas
a preservação de sua dignidade. formas. 
O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impede a distinção “O trabalho escravo não se confunde com o trabalho servil.
entre pessoas pela condição do país ou território a que pertença, o que é A escravidão é a propriedade plena de um homem sobre o outro.
importante sob o aspecto de proteção dos refugiados, prisioneiros de guer- Consiste na utilização, em proveito próprio, do trabalho alheio.
ra, pessoas perseguidas politicamente, nacionais de Estados que não cum- Os escravos eram considerados seres humanos sem personalida-
pram os preceitos das Nações Unidas. Não obstante, a discriminação não de, mérito ou valor. A servidão, por seu turno, é uma alienação
é proibida apenas quanto a indivíduos, mas também quanto a grupos hu-
relativa da liberdade de trabalho através de um pacto de prestação
manos, sejam formados por classe social, etnia ou opinião em comum45.
de serviços ou de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já
“A Declaração reconhece a capacidade de gozo indistinto dos direi-
tos e liberdades assegurados a todos os homens, e não apenas a alguns que a servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
setores ou atores sociais. Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo. O servo
é suficiente para que este realmente se efetive. É fundamental aos orde- pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela utilização do solo,
namentos jurídicos próprios dos Estados viabilizar os meios idôneos a que superava a metade da colheita”51.
proporcionar tal gozo, a fim de que se perfectibilize, faticamente, esta A abolição da escravidão foi uma luta histórica em todo o glo-
garantia. Isto se dá não somente com a igualdade material diante da lei, bo. Seria totalmente incoerente quanto aos princípios da liberdade,
mas também, e principalmente, através do reconhecimento e respeito das da igualdade e da dignidade se admitir que um ser humano pudesse
desigualdades naturais entre os homens, as quais devem ser resguardadas ser submetido ao outro, ser tratado como coisa. O ser humano não
pela ordem jurídica, pois é somente assim que será possível propiciar a possui valor financeiro e nem serve ao domínio de outro, razão
aludida capacidade de gozo a todos”46. pela qual a escravidão não pode ser aceita.

Artigo III Artigo V


Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou cas-
Segundo Lenza47, “abrange tanto o direito de não ser morto, privado tigo cruel, desumano ou degradante.
da vida, portanto, direito de continuar vivo, como também o direito de Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por cruel-
ter uma vida digna”. Na primeira esfera, enquadram-se questões como
dade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, in-
pena de morte, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia, entre
formação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura. A
outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se desdobramentos como
a proibição de tratamentos indignos, a exemplo da tortura, dos trabalhos tortura é uma espécie de tratamento ou castigo cruel, desumano
forçados, etc. ou degradante. A Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbitam todos os Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes
direitos da pessoa humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, eco- (Resolução n° 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi
nômicos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em conceituar estabelecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil
o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter em 28 de setembro de 1989. Em destaque, o artigo 1 da referida
valor ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal Convenção:
de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de todos os seres humanos.
Trata-se de um direito que pode ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Outros Trata-
direito de nascer; b) direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida mentos ou Penas Cruéis
digna quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da vida através 1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tortura” de-
da pena de morte48. signa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consectário do direito ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de
à vida, pois ela depende da liberdade para o desenvolvimento intelectual obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões;
e moral. Assim, “[...] liberdade é assim a faculdade de escolher o próprio de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha come-
caminho, sendo um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que decor- tido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta
re da inteligência e da volição, duas características da pessoa humana”49.
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem medo, pro-
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofri-
tegido pela solidariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de
mentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa
garantir o direito à vida50.
no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com
45 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unica-
46 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos mente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. ou delas decorram.
47 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. 2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a res-
São Paulo: Saraiva, 2011. tringir qualquer instrumento internacional ou legislação nacional
48 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos que contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo.
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 50 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
49 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 51 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo VI Não significa que em alguns casos não seja aceita a privação
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reco- de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver praticado um
nhecida como pessoa perante a lei. ato que comprometa a segurança ou outro direito fundamental de
“Afinal, se o Direito existe em função da pessoa humana, será outra pessoa.
ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. Negar-lhe a per-
sonalidade, a aptidão para exercer direitos e contrair obrigações, Artigo X
equivale a não reconhecer sua própria existência. [...] O reconheci- Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiên-
mento da personalidade jurídica é imprescindível à plena realiza- cia justa e pública por parte de um tribunal independente e im-
ção da pessoa humana. Trata-se de garantir a cada um, em todos os parcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento
lugares, a possibilidade de desenvolvimento livre e isonômico”52. de qualquer acusação criminal contra ele.
O sistema de proteção de direitos humanos estabelecido no “De acordo com a ordem que promana do preceito acima re-
âmbito da Organização das Nações Unidas é global, razão pela produzido, as pessoas têm a faculdade de exigir um pronuncia-
qual não cabe o seu desrespeito em qualquer localidade do mundo. mento do Poder Judiciário, acerca de seus direitos e deveres postos
Por isso, um estrangeiro que visite outro país não pode ter seus em litígio ou do fundamento de acusação criminal, realizado sob o
direitos humanos violados, independentemente da Constituição amparo dos princípios da isonomia, do devido processo legal, da
daquele país nada prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. publicidade dos atos processuais, da ampla defesa e do contraditó-
A pessoa humana não perde tal caráter apenas por sair do territó- rio e da imparcialidade do juiz”53.
rio de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas do Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de exce-
princípio da universalidade. ção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o julgamento
do caso daquela pessoa. O juízo deve ser escolhido imparcialmen-
Artigo  VII te, de acordo com as regras de organização judiciária que valem
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis- para todos. Não obstante, o juízo deve ser independente, isto é,
tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção poder julgar independentemente de pressões externas para que o
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e julgamento se dê num ou noutro sentido. O juízo também deve ser
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
imparcial, não possuindo amizade ou inimizade em graus relevan-
Um dos desdobramentos do princípio da igualdade refere-se à
tes para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consagrado
igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de caráter genérico e abs-
e para que alguém possa ser privado dela por uma condenação
trato que evidencia não aplicar-se a uma pessoa determinada, mas
criminal é preciso que esta se dê dentro dos trâmites legais, sem
sim a todas as pessoas que venham a se encontrar na situação por
violar direitos humanos do acusado.
ela descrita. Não significa que a legislação não possa estabelecer,
em abstrato, regras especiais para um grupo de pessoas desfavo-
Artigo XI
recido socialmente, direcionando ações afirmativas, por exemplo,
aos deficientes, às mulheres, aos pobres - no entanto, todas estas 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de
ações devem respeitar a proporcionalidade e a razoabilidade (prin- ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
cípio da igualdade material). provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua de-
Artigo VIII fesa.
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais O princípio da presunção de inocência ou não culpabilidade
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra a condenação cri-
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou minal transitada em julgado, isto é, processada até o último recurso
pela lei. interposto pelo acusado, este deve ser tido como inocente. Durante
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios para ga- o processo penal, o acusado terá direito ao contraditório e à ampla
ranti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Estados-partes o de- defesa, bem como aos meios e recursos inerentes a estas garantias,
ver de estabelecer em suas legislações internas instrumentos para e caso seja condenado ao final poderá ser considerado culpado. A
proteção dos direitos humanos. Geralmente, nos textos constitu- razão é que o estado de inocência é inerente ao ser humano até que
cionais são estabelecidos os direitos fundamentais e os instrumen- ele viole direito alheio, caso em que merecerá sanção.
tos para protegê-los, por exemplo, o habeas corpus serve à prote- “Através desse princípio verifica-se a necessidade de o Estado
ção do direito à liberdade de locomoção. comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido inocente. Está
diretamente relacionado à questão da prova no processo penal que
Artigo IX deve ser validamente produzida para ao final do processo condu-
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. zir a culpabilidade do indivíduo admitindo-se a aplicação das pe-
Prisão e detenção são formas de impedir que a pessoa saia de nas previamente cominadas. Entretanto, a presunção de inocência
um estabelecimento sob tutela estatal, privando-a de sua liberdade não afasta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões
de locomoção. Exílio é a expulsão ou mudança forçada de uma provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como medidas
pessoa do país, sendo assim também uma forma de privar a pessoa de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores devem estar
de sua liberdade de locomoção em um determinado território. Ne- previstos em lei”54.
nhuma destas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem 53 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
o respeito aos requisitos previstos em lei. Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
52 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos 54 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omis- Artigo XIII
são que, no momento, não constituíam delito perante o direito 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e resi-
nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais dência dentro das fronteiras de cada Estado.
forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável Não há limitações ao direito de locomoção dentro do próprio
ao ato delituoso. Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que a legislação
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal in interna pode estabelecer casos em que tal direito seja relativizado,
pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma lei penal por exemplo, obrigando um funcionário público a residir no mu-
elaborada posteriormente não pode se aplicar a atos praticados no nicípio em que está sediado ou impedindo o ingresso numa área
passado - nem para um ato que não era considerado crime passar a
de interesse estatal.
ser, nem para que a pena de um ato que era considerado crime seja
São exceções à liberdade de locomoção: decisão judicial que
aumentada. Evidencia não só o respeito à liberdade, mas também
imponha pena privativa de liberdade ou limitação da liberdade,
- e principalmente - à segurança jurídica.
normas administrativas de controle de vias e veículos, limitações
para estrangeiros em certas regiões ou áreas de segurança nacio-
Artigo XII
nal e qualquer situação em que o direito à liberdade deva ceder
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada,
aos interesses públicos58.
na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclu-
ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à pro-
sive o próprio, e a este regressar.
teção da lei contra tais interferências ou ataques.
A nacionalidade é um direito humano, assim como a liberda-
A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade se
enquadra na primeira dimensão de direitos fundamentais no que de de locomoção. Destaca-se que o artigo não menciona o direito
tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício da liberdade le- de entrar em qualquer país, mas sim o de deixá-lo.
ga-se também às limitações a este exercício: de que adianta ser
plenamente livre se a liberdade de um interfere na liberdade - e Artigo XIV
nos direitos inerentes a esta liberdade - do outro. 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procu-
“O direito à intimidade representa relevante manifestação rar e de gozar asilo em outros países. 
dos direitos da personalidade e qualifica-se como expressiva prer- 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição
rogativa de ordem jurídica que consiste em reconhecer, em favor legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
da pessoa, a existência de um espaço indevassável destinado a contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
protegê-la contra indevidas interferências de terceiros na esfera O direito de asilo serve para proteger uma pessoa perseguida
de sua vida privada”55. por suas opiniões políticas, situação racial, convicções religiosas
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao ou outro motivo político em seu país de origem, permitindo que
abordar a proteção da vida privada - que, em resumo, é a privaci- ela requeira perante a autoridade de outro Estado proteção. Claro,
dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami- não se protege aquele que praticou um crime comum em seu país
gos -, Silva56 entende que “o segredo da vida privada é condição e fugiu para outro, caso em que deverá ser extraditado para res-
de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos ponder pelo crime praticado.
de personalidade em si. “O direito à honra distancia-se levemen- O direito dos refugiados é o que envolve a garantia de asilo
te dos dois anteriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a fora do território do qual é nacional por algum dos motivos espe-
pessoa tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela cificados em normas de direitos humanos, notadamente, perse-
fazem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade guição por razões de raça, religião, nacionalidade, pertença a um
no meio social. O direito à imagem também possui duas conota- grupo social determinado ou convicções políticas. Diversos docu-
ções, podendo ser entendido em sentido objetivo, com relação à mentos internacionais disciplinam a matéria, a exemplo da Decla-
reprodução gráfica da pessoa, por meio de fotografias, filmagens, ração Universal de 1948, Convenção de 1951 relativa ao Estatuto
desenhos, ou em sentido subjetivo, significando o conjunto de dos Refugiados, Quarta Convenção de Genebra Relativa à Prote-
qualidades cultivadas pela pessoa e reconhecidas como suas pelo ção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra de 1949, Convenção
grupo social”57. relativa ao Estatuto dos Apátridas de 1954, Convenção sobre a
O artigo também abrange a proteção ao domicílio, local no Redução da Apatridia de 1961 e Declaração das Nações Unidas
qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode desenvolver sobre a Concessão de Asilo Territorial de 1967. Não obstante, a
sua personalidade; e à correspondência, enviada ao seu lar uni- constituição brasileira adota a concessão de asilo político como
camente para sua leitura e não de terceiros, preservando-se sua um de seus princípios nas relações internacionais (art. 4º, X, CF).
privacidade. “A prática de conceder asilo em terras estrangeiras a pessoas
que estão fugindo de perseguição é uma das características mais
55 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. antigas da civilização. Referências a essa prática foram encon-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. tradas em textos escritos há 3.500 anos, durante o florescimento
56 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. dos antigos grandes impérios do Oriente Médio, como o Hitita,
São Paulo: Malheiros, 2006. Babilônico, Assírio e  Egípcio antigo.
57 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. 58 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Mais de três milênios depois, a proteção de refugiados foi Existe uma relação evidente entre o problema dos refugiados
estabelecida como missão principal da agência de refugiados da e a questão dos direitos humanos. As violações dos direitos hu-
ONU, que foi constituída para assistir, entre outros, os refugiados manos constituem não só uma das principais causas dos êxodos
que esperavam para retornar aos seus países de origem no final da maciços, mas afastam também a opção do repatriamento voluntá-
II Guerra Mundial. rio enquanto se verificarem. As violações dos direitos das minorias
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabeleceu o AC- e os conflitos étnicos encontram-se cada vez mais na origem quer
NUR, determina que um refugiado é alguém que ‘temendo ser per- dos êxodos maciços, quer das deslocações internas. [...]
seguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assembleia Ge-
ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade ral criou a Organização Internacional para os Refugiados (OIR),
e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da que assumiu as funções da Agência das Nações Unidas para a As-
proteção desse país’. sistência e a Reabilitação (ANUAR). Foi investida no mandato
Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e assistência temporário de registrar, proteger, instalar e repatriar refugiados.
para dezenas de milhões de refugiados, encontrando soluções du- [...] Cedo se tornou evidente que a responsabilidade pelos refu-
radouras para muitos deles. Os padrões da migração se tornaram giados merecia um maior esforço da comunidade internacional, a
cada vez mais complexos nos tempos modernos, envolvendo não desenvolver sob os auspícios da própria Organização das Nações
apenas refugiados, mas também milhões de migrantes econômi- Unidas. Assim, muito antes de terminar o mandato da OIR, ini-
cos. Mas refugiados e migrantes, mesmo que viajem da mesma ciaram-se as discussões sobre a criação de uma organização que
forma com frequência, são fundamentalmente distintos, e por esta lhe pudesse suceder.
razão são tratados de maneira muito diferente perante o direito O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugia-
internacional moderno. dos (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de Dezembro
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, decidem de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto Comissariado
deslocar-se para melhorar as perspectivas para si mesmos e para das Nações Unidas para os Refugiados. O Alto Comissariado foi
suas famílias. Já os refugiados necessitam deslocar-se para salvar instituído em 1 de Janeiro de 1951, como órgão subsidiário da
suas vidas ou preservar sua liberdade. Eles não possuem proteção Assembleia Geral, com um mandato inicial de três anos. Desde
de seu próprio Estado e de fato muitas vezes é seu próprio gover- então, o mandato do ACNUR tem sido renovado por períodos su-
no que ameaça persegui-los. Se outros países não os aceitarem em cessivos de cinco anos [...]”.
seus territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, poderão
estar condenando estas pessoas à morte ou à uma vida insuportá- Artigo XV
vel nas sombras, sem sustento e sem direitos”59.
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
As Nações Unidas60 descrevem sua participação no histórico
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionali-
do direito dos refugiados no mundo:
dade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
“Desde a sua criação, a Organização das Nações Unidas tem
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indi-
dedicado os seus esforços à proteção dos refugiados no mundo.
víduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar
Em 1951, data em que foi criado o Alto Comissariado das Na-
o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obriga-
ções Unidas para os Refugiados (ACNUR), havia um milhão de
ções. Não é aceita a figura do apátrida ou heimatlos, o indivíduo
refugiados sob a sua responsabilidade. Hoje este número aumen-
que não possui nenhuma nacionalidade.
tou para 17,5 milhões, para além dos 2,5 milhões assistidos pelo
É possível mudar de nacionalidade nas situações previstas
Organismo das Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro aos
em lei, naturalizando-se como nacional de outro Estado que não
Refugiados da Palestina, no Próximo Oriente (ANUATP), e ain-
da mais de 25 milhões de pessoas deslocadas internamente. Em aquele do qual originalmente era nacional. Geralmente, a perma-
1951, a maioria dos refugiados eram Europeus. Hoje, a maior nência no território do pais por um longo período de tempo dá di-
parte é proveniente da África e da Ásia. Atualmente, os movi- reito à naturalização, abrindo mão da nacionalidade anterior para
mentos de refugiados assumem cada vez mais a forma de êxodos incorporar a nova.
maciços, diferentemente das fugas individuais do passado. Hoje,
oitenta por cento dos refugiados são mulheres e crianças. Tam- Artigo XVI
bém as causas dos êxodos se multiplicaram, incluindo agora as 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer res-
catástrofes naturais ou ecológicas e a extrema pobreza. Daí que trição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de con-
muitos dos atuais refugiados não se enquadrem na definição da trair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos
Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados. Esta Convenção em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 
refere-se a vítimas de perseguição por razões de raça, religião, 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno
nacionalidade, pertença a um grupo social determinado ou con- consentimento dos nubentes.
vicções políticas. [...] O casamento, como todas as instituições sociais, varia com
o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas culturas. Há
quem o defina como um ato, outros como um contato. Basicamen-
59 http://www.acnur.org/t3/portugues/a-quem-ajudamos/refugiados/
te, casamento é a união, devidamente formalizada conforme a lei,
60 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos Humanos
com a finalidade de construir família. A principal finalidade do
e Refugiados. Ficha normativa nº 20. Disponível em: <http://www.gddc.pt/
casamento é estabelecer a comunhão plena de vida, impulsionada
direitos-humanos/Ficha_Informativa_20.pdf >. Acesso em: 13 jun. 2013.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
pelo amor e afeição existente entre o casal e baseada na igualdade Silva65 entende que a liberdade de expressão pode ser vista
de direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.61 Não sob diversos enfoques, como o da liberdade de comunicação, ou
é aceitável o casamento que se estabeleça à força para algum dos liberdade de informação, que consiste em um conjunto de direitos,
nubentes, sendo exigido o livre e pleno consentimento de ambos. formas, processos e veículos que viabilizam a coordenação livre
Não obstante, é coerente que a lei traga limitações como a idade, da criação, expressão e difusão da informação e do pensamento.
pois o casamento é uma instituição séria, base da família, e somen- Contudo, o a manifestação do pensamento não pode ocorrer de
te a maturidade pode permitir compreender tal importância. forma ilimitada, devendo se pautar na verdade e no respeito dos
direitos à honra, à intimidade e à imagem dos demais membros
Artigo XVII da sociedade.
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade
com outros. Artigo XX
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
1. Toda pessoa tem direito à  liberdade de reunião e asso-
“Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo o or-
ciação pacíficas. 
denamento jurídico estabelecer suas modalidades de aquisição,
O direito de reunião pode ser exercido independentemente
perda, uso e limites. O direito de propriedade, constitucionalmente
assegurado, garante que dela ninguém poderá ser privado arbitra- de autorização estatal, mas deve se dar de maneira pacífica, por
riamente [...]”62. O direito à propriedade se insere na primeira di- exemplo, sem utilização de armas.
mensão de direitos humanos, garantindo que cada qual tenha bens 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma asso-
materiais justamente adquiridos, respeitada a função social. ciação.
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, ve-
Artigo XVIII dada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém poderá
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, cons- ser compelido a associar-se e, uma vez associado, será livre, tam-
ciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de bém, para decidir se permanece associado ou não”66.
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou
crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, Artigo XXI
isolada ou coletivamente, em público ou em particular. 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de
Silva63 aponta que a liberdade de pensamento, que também seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livre-
pode ser chamada de liberdade de opinião, é considerada pela dou- mente escolhidos. 
trina como a liberdade primária, eis que é ponto de partida de todas 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço públi-
as outras, e deve ser entendida como a liberdade da pessoa adotar co do seu país. 
determinada atitude intelectual ou não, de tomar a opinião pública 3. A vontade do povo será a base  da autoridade do governo;
que crê verdadeira. Tal opinião pública se refere a diversos aspec-
esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas,
tos, entre eles religião e crença. A liberdade de religião atrela-se à
por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente
liberdade de consciência e à liberdade de pensamento, mas o inver-
so não ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamento que assegure a liberdade de voto.
e consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a liberdade “Na sociedade moderna, nascida de transformações que cul-
de consciência também concretiza a liberdade de ter ou não ter re- minaram na Revolução Francesa, o indivíduo é visto como ho-
ligião, ter ou não ter opinião político-partidária ou qualquer outra mem (pessoa privada) e como cidadão (pessoa pública). O termo
manifestação positiva ou negativa da consciência64. cidadão designava originalmente o habitante da cidade. Com a
No que tange à exteriorização da liberdade de religião, ou consolidação da sociedade burguesa, passa a indicar a ação polí-
seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida nenhuma per- tica e a participação do sujeito na vida da sociedade”67.
seguição, assim como é garantido o direito de praticá-la em grupo Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de go-
ou individualmente. verno em que o poder de tomar decisões políticas está com os
cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne com
Artigo XIX os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou indireta
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um representante).
este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou
de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quais- parlamentarista, republicano ou monárquico - somente importa
quer meios e independentemente de fronteiras. que seja dado aos cidadãos o poder de tomar decisões políticas
(por si só ou por seu representante eleito), nos termos que este
61 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. São Paulo: artigo da Declaração prevê. A principal classificação das demo-
Saraiva, 2009. v. 6.
cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, também
62 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral,
comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa do 65 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed.
Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. São Paulo: Malheiros, 2006.
63 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. 66 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed.
São Paulo: Malheiros, 2006. São Paulo: Saraiva, 2011.
64 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos 67 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI,
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua vontade por público é mais fácil controlar tal aspecto, mas são inúmeras as
voto direto e individual em casa questão relevante; b) indireta, empresas privadas que pagam menor salário a mulheres e que não
também chamada representativa, em que os cidadãos exercem chegam a ser levadas à justiça por isso. Não obstante, a remune-
individualmente o direito de voto para escolher representante(s) ração deve ser suficiente para proporcionar uma existência digna,
e aquele(s) que for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos os com o necessário para manter assegurados ao menos minimamente
eleitores. todos os direitos humanos previstos na Declaração.
Não obstante, se introduz a dimensão do Estado Social, de Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista e,
forma que ao cidadão é garantida a prestação de serviços públicos. como visto, a todos é garantida a liberdade de associação, não po-
Isto se insere na segunda dimensão de direitos humanos, referentes dendo ninguém ser impedido ou forçado a ingressar ou sair de um
aos direitos econômicos, sociais e culturais - sem os quais não se sindicato.
consolida a igualdade material.
Artigo XXIV
Artigo XXII Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limi-
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à se- tação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remu-
gurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela coo- neradas.
peração internacional e de acordo com a organização e recursos Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem somente
de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais in- dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, assegura-se horá-
dispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua rios livres para que a pessoa desfrute de momentos de lazer e des-
personalidade. canso, bem como impede-se a fixação de uma jornada de trabalho
Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a segunda muito exaustiva. São medidas que asseguram isto a previsão de
dimensão de direitos fundamentais. O Pacto internacional de Di- descanso semanal remunerado, a limitação do horário de trabalho,
reitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 é o documento que a concessão de férias remuneradas anuais, entre outras.
especifica e descreve tais direitos. de uma maneira geral, são direi- Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é fornecido
tos que não dependem puramente do indivíduo para a implementa- “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. De forma
ção, exigindo prestações positivas estatais, geralmente externadas geral, os dispositivos em comento versam sobre o direito ao traba-
por políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas que lho, principal meio de sobrevivência dos indivíduos que ‘vendem’
necessitam de investimento maior ou menos para proporcionar força de trabalho em troca de uma remuneração justa. Ademais,
um bom índice de desenvolvimento social, diminuindo desigual- estabelecem a liberdade do cidadão de escolher o trabalho e, uma
dades). Entre outros direitos, envolvem o trabalho, a educação, a vez obtido o emprego, o direito de nele encontrar condições justas,
saúde, a alimentação, a moradia, o lazer, etc. Como são inúmeras tanto no tocante à remuneração, como no que diz respeito ao limite
as áreas que necessitam de investimento estatal, naturalmente o de horas trabalhadas e períodos de repouso (disposição constante
atendimento a estes direitos se dá de maneira gradual. do artigo XXIV da Declaração). Garantem ainda o direito dos tra-
balhadores de se unirem em associação, com o objetivo de defesa
Artigo XXIII de seus interesses”68.
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção Artigo XXV
contra o desemprego. 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de asse-
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual gurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação,
remuneração por igual trabalho. vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indis-
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração pensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,
justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se subsistência fora de seu controle.    
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.  O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão de vida
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles in-
suficiente para garantir sua dignidade em todas as esferas: alimen-
gressar para proteção de seus interesses.
tação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se sabe que é um obje-
O trabalho é um instrumento fundamental para assegurar a
tivo constante do Estado Democrático de Direito proporcionar que
todos uma existência digna: de um lado por proporcionar a remu-
pessoas cheguem o mais próximo possível - e cada vez mais - desta
neração com a qual a pessoa adquirirá bens materiais para sua sub-
circunstância.
sistência, de outro por gerar por si só o sentimento de importância
Fala-se em segurança no sentido de segurança pública, de de-
para a sociedade por parte daquele que faz algo útil nela. No en-
ver do Estado de preservar a ordem pública e a incolumidade das
tanto, a geração de empregos não se dá automaticamente, cabendo
pessoas e do patrimônio público e privado69. Neste conceito enqua-
aos Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir os
índices de desemprego o máximo possível. dra-se a seguridade social, na qual o Estado, custeado pela cole-
A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho rea- tividade e pelos cofres públicos, garante a manutenção financeira
lizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao princípio dos que por algum motivo não possuem condição de trabalhar.
da igualdade, por não ser justo que uma pessoa que desempenhe 68 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
as mesmas funções que a outra receba menos por um fator exter- Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
no, característico dela, como sexo ou raça. No âmbito do serviço 69 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e as- 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais
sistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária
matrimônio, gozarão da mesma proteção social. ou artística da qual seja autor.
A proteção da maternidade tem sentido porque sem isto o Os conflitos que se dão entre a liberdade e a propriedade inte-
mundo não continua. É preciso que as crianças sejam protegidas lectual se evidenciam, principalmente, sob o aspecto da liberdade
com atenção especial para que se tornem adultos capazes de pro- de expressão, na esfera específica da liberdade de comunicação ou
porcionar uma melhora no planeta. informação, que, nos dizeres de Silva70, “compreende a liberdade
de informar e a liberdade de ser informado”. Sob o enfoque do
Artigo XXVI direito à liberdade e do direito de acesso à cultura, seria livre a
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gra- divulgação de toda e qualquer informação e o acesso aos dados
tuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instru- disponíveis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro
ção elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui um ca-
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta ba- ráter dualista: moral, que nunca prescreve porque o autor de uma
seada no mérito. obra nunca deixará de ser considerado como tal, e patrimonial,
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi- que prescreve, perdendo o autor o direito de explorar benefícios
mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito econômicos de sua obra71. Cada vez mais esta dualidade entre di-
pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A ins- reitos se encontra em conflito, uma vez que a evolução tecnológica
trução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre trouxe meios para a cópia em massa de conteúdos protegidos pela
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as propriedade intelectual.
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de Artigo XVIII
instrução que será ministrada a seus filhos. Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional
A Declaração Universal de 1948 divide a disponibilidade e em que os direitos e  liberdades estabelecidos na presente Decla-
a obrigatoriedade da educação em níveis. Aquela educação que ração possam ser plenamente realizados.
é considerada essencial, qual seja, a elementar, deve ser gratuita Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos huma-
e obrigatória. Já a educação fundamental, de grande importância, nos tem caráter global e cada Estado que assumiu compromisso
deve ser gratuita, mas não é obrigatória. Esta nomenclatura adota- perante a ONU ao integrá-la deve garantir o respeito a estes di-
da pela Declaração equipara-se ao ensino fundamental e ao ensino reitos no âmbito de seu território. Com isso, a pessoa estará numa
médio no Brasil, sendo elementar o primeiro e fundamental o se- ordem social e internacional na qual seus direitos humanos sejam
gundo. A educação técnico-profissional refere-se às escolas vol- assegurados, preservando-se sua dignidade. Em outras palavras,
tadas ao ensino de algum ofício, não complexo a ponto de exigir “devidamente emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem
formação superior e, justamente por isso, possuem menor duração internacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces das
e menor custo; ao passo que a educação superior é a que se dá no instituições humanitárias, tanto estatais quanto particulares, orien-
âmbito das universidades, formando profissionais de maior espe- tando seus passos a serviço da comunidade humana”72.
cialidade numa área profissional, com amplo conhecimento, razão
pela qual dura mais tempo e é mais onerosa. As duas últimas são Artigo XXIX
de maior custo e não podem ser instituídas de tal forma que sejam 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que
garantidas vagas para todas as pessoas em sociedade, entretanto, o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
exige-se um critério justo para a seleção dos ingressos, o qual seja 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa es-
baseado no mérito (os mais capacitados conseguirão as vagas de tará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva-
ensino técnico-profissional e superior). mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
Ainda, a Declaração de 1948 deixa clara que a educação não dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên-
envolve apenas o aprendizado do conteúdo programático das ma- cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
térias comuns como matemática, português, história e geografia, democrática.
mas também a compreensão de abordagens sobre assuntos que 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese algu-
possam contribuir para a formação da personalidade da pessoa ma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das
humana e conscientizá-la de seu papel social. Nações Unidas.
Não obstante, da parte final da Declaração extrai-se a cons- Explica Canotilho73 que “a ideia de deveres fundamentais é
ciência de que a educação não é apenas a formal, aprendida nos suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos direitos funda-
estabelecimentos de ensino, mas também a informal, transmitida mentais. Como ao titular de um direito fundamental corresponde
no ambiente familiar e nas demais áreas de contato da pessoa, um dever por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o par-
como igreja, clubes e, notadamente, a residência. Por isso, os pais 70 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed.
têm um papel direto na escolha dos meios de educação de seus São Paulo: Malheiros, 2006.
filhos. 71 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de informação,
privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Artigo XXVII 72 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do pro- 73 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da
cesso científico e de seus benefícios.  constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ticular está vinculado aos direitos fundamentais como destinatário Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito fundamental, Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou em vigor, para
enquanto protegido, pressuporia um dever correspondente”. Esta é o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de conformidade com o dis-
a ideia que a Declaração de 1948 busca trazer: não será assegurada posto no segundo parágrafo de seu art. 74;
nenhuma liberdade que contrarie a lei ou os demais direitos de A primeira fase do chamado processo de elaboração dos trata-
outras pessoas, isto é, os preceitos universais consagrados pelas dos é a negociação. No Brasil, compete à União “manter relações
Nações Unidas. com Estados estrangeiros e participar de organizações internacio-
nais”, nos termos do artigo 21, I da Constituição Federal. O único
Artigo XXX agente nas relações internacionais com competência exclusiva é o
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser in- Presidente da República, que manterá as relações com o respectivo
terpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo Estado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e atos interna-
ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar cionais, que precisam apenas do referendo do Congresso Nacional,
qualquer ato destinado à destruição  de quaisquer dos direitos e conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da Constituição Federal. O
liberdades aqui estabelecidos. momento seguinte é o da assinatura do tratado por esta autoridade
“A colidência entre os direitos afirmados na Declaração é na- competente. Contudo, a exigibilidade dos tratados depende de atos
tural. Busca-se com o presente artigo evitar que, no eventual cho- posteriores. A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislati-
que entre duas normas garantistas, os sujeitos nela mencionados vo é indispensável para a conclusão de um tratado no ordenamento
se valham de uma interpretação tendente a infirmar qualquer das jurídico brasileiro, já que muito embora a competência seja ex-
disposições da Declaração ao argumento de que estão respeitando clusiva do Presidente da República, cabe ao Congresso Nacional,
um direito em detrimento de outro”74. por meio de um decreto legislativo, autorizar a ratificação do ato
Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria im- internacional. Nos termos do artigo 49, I da Constituição Federal
possível garantir um sistema no qual todas as pessoas tivessem “é da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver
tais direitos plenamente respeitados, afinal, estes necessariamente definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
colidiriam com os direitos das outras pessoas, os quais teriam que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio na-
ser violados. Este é um dos sentidos do princípio da relatividade cional”. Quanto ao Pacto de São José da Costa Rica, este foi nego-
dos direitos humanos - os direitos humanos não podem ser utili- ciado e assinado pela autoridade do Executivo competente e pos-
zados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento teriormente submetido à aprovação do Congresso Nacional, a qual
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilí- foi concedida pelo Decreto Legislativo n° 27/92. Somente depois
esta foi promulgada pelo Decreto n° 678/92 e ratificada pelo Brasil
citos, assim os direitos humanos não são ilimitados e encontram
perante a Organização dos Estados Americanos.
seus limites nos demais direitos igualmente consagrados como
humanos. Isto vale tanto para os indivíduos, numa atitude perante
DECRETA:
os demais, quanto para os Estados, ao externar o compromisso
global assumido perante a ONU.
Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da
Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia ao
3. CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE presente decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente como nela
DIREITOS HUMANOS/1969 (PACTO DE SÃO se contém.
JOSÉ DA COSTA RICA) (ARTS. 1º AO 32).
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacio-
nal, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguin-
te declaração interpretativa: “O Governo do Brasil entende que
os arts. 43 e 48, alínea d , não incluem o direito automático de vi-
DECRETO n° 678, de 6 de novembro de 1992. sitas e inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos Humanos, as quais dependerão da anuência expressa do Estado”.
(Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua pu-
cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição blicação.
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independência e
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada no âmbito 104° da República.
da Organização dos Estados Americanos, em São José da Costa ITAMAR FRANCO
Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em vigor internacional Fernando Henrique Cardoso
em 18 de julho de 1978, na forma do segundo parágrafo de seu Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.11.1992.
art. 74;
Considerando que o Governo brasileiro depositou a carta de Depois do processo de internacionalização dos direitos hu-
adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992; manos, iniciou-se um processo de regionalização deles, ou seja,
74 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos adaptação do conteúdo de cada uma das declarações de direitos
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. até então proferidas a determinadas regiões do globo.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ANEXO PARTE I - DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS PROTEGIDOS
HUMANOS (1969)
(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA) A primeira parte da Convenção trata do aspecto material da
proteção dos direitos humanos na América. No capítulo I, são es-
PREÂMBULO tabelecidos os deveres dos Estados-partes, que são os de respeito e
adoção das disposições do pacto no ordenamento jurídico interno;
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção, no capítulo II são enumerados os direitos civis e políticos, que
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, são praticamente os mesmos declarados no âmbito internacional,
dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de embora mais amplos em relação a alguns direitos; no capítulo III
liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos di- ocorre uma remissão à Carta da Organização dos Estados Ameri-
reitos humanos essenciais; canos no tocante aos direitos econômicos, sociais e culturais, de
Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana realização progressiva; no capítulo IV são tratados os casos de
não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, suspensão de garantias, interpretação e aplicação; no capítulo V
mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa abordam-se os deveres das pessoas.
humana, razão por que justificam uma proteção internacional,
de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que CAPÍTULO I - ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
oferece o direito interno dos Estados americanos;
Considerando que esses princípios foram consagrados na Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração 1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir
Universal dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e de- seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua
senvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âm- jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor,
bito mundial como regional; sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra na-
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos tureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento
Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano ou qualquer outra condição social.
livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições 2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Os Estados-membros da OEA assumem o compromisso de
que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos,
respeitar os direitos humanos declarados neste documento para
sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e
com todos os seres humanos que ingressem em território de sua
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana
jurisdição, não apenas nacionais. Nota-se, ainda, que não há ser
Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à
humano que possa não ser considerado como pessoa.
própria Carta da Organização de normas mais amplas sobre os
direitos econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno
Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos determinas-
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no arti-
se a estrutura, competência e processo dos órgãos encarregados
go 1° ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou
dessa matéria; de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de
Convieram no seguinte: acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições
Pelo preâmbulo da Convenção denotam-se os antecedentes desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que
históricos e as intenções envoltas em sua elaboração. Basicamen- forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
te, os direitos humanos já haviam sido reconhecidos internacio- O conteúdo da Convenção tem um caráter genérico, de for-
nalmente desde a criação da ONU e a elaboração da Declaração ma que meios específicos para assegurar os direitos nela previstos
Universal dos Direitos Humanos de 1948 por todos os Estados- dentro do ordenamento interno são necessários. Este artigo deixa
membros da organização. Entretanto, ainda se buscava um ca- claro o dever dos Estados-partes de adaptar o ordenamento interno
minho para a efetivação deles, garantindo a dignidade inerente a este contexto.
à pessoa humana em qualquer localidade, independentemente de
fatores externos. Neste sentido, optou-se por um processo de re- CAPÍTULO II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
gionalização dos direitos humanos, no qual as peculiaridades das
grandes regiões globais poderiam ser levadas em consideração, Em relação à primeira dimensão de direitos, aponta Bobbio75:
permitindo maior efetividade das normas de direitos humanos. “[...] o desenvolvimento dos direitos do homem passou por três
Assim, os países da América se reuniram para a formação de uma fases: num primeiro momento, afirmaram-se os direitos de liber-
organização específica, a Organização dos Estados Americanos, dade, isto é, todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do
e para a assunção de um compromisso internacional continental Estado e a reservar para o indivíduo, ou para os grupos particula-
pela preservação dos direitos humanos. res, uma esfera de liberdade em relação ao Estado; num segundo
momento, foram propugnados os direitos políticos, os quais – con-
cebendo a liberdade não apenas negativamente, como não impe-
dimento, mas positivamente, como autonomia – tiveram como
75 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
consequência a participação cada vez mais ampla, generalizada 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no mo-
e frequente dos membros de uma comunidade no poder político mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou
(ou liberdade no Estado) [...]”. Estes dois momentos representam maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
a formação da primeira dimensão de direitos humanos, correspon- Não é possível aplicar pena de morte a menores de 18 anos
dentes aos direitos civis e políticos, os quais são abordados neste (proteção à criança e ao adolescente) e nem às mulheres grávidas
capítulo da Convenção. Em geral, tais direitos não exigem uma (proteção da maternidade e da infância).
postura ativa estatal, mas sim de abstenção, deixando de se ingerir 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis-
em direitos humanos individuais e permitindo que as pessoas par- tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedi-
ticipem das decisões políticas. dos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte
enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade ju- competente.
rídica Segundo Bitencourt77, anistia “é o esquecimento jurídico do
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua persona- ilícito e tem por objeto fatos (não pessoas) definidos como crimes,
lidade jurídica. de regra, políticos, militares ou eleitorais, excluindo-se, normal-
“O conceito de personalidade está umbilicalmente ligado ao mente, os crimes comuns”; ao passo que indulto coletivo ou pro-
de pessoa. Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, priamente dito “destina-se a um grupo determinado de condenados
ou seja, adquire personalidade. Esta é, portanto, qualidade ou atri- e é delimitado pela natureza do crime e quantidade da pena apli-
buto do ser humano. Pode ser definida como aptidão genérica para cada, além de outros requisitos que o diploma legal pode estabele-
adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É cer”; já a comutação da pena é o indulto parcial, não extinguindo a
pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. punibilidade, mas diminuindo a pena a ser cumprida.
A personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem jurídica,
que a estende a todos os homens, consagrando-a na legislação ci- Artigo 5º - Direito à integridade pessoal
vil e nos direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade. 1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade
É qualidade jurídica que se revela como preliminar de todos os física, psíquica e moral.
direitos e deveres”76. São garantias inerentes ao direito à vida e ao direito à saúde.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou
Artigo 4º - Direito à vida tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine-
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento rente ao ser humano.
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por cruel-
Atenção: a Convenção assegura a proteção à vida desde a dade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, in-
formação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura, sendo
concepção! Não obstante, veda a morte por razões arbitrárias, por
assim uma espécie de trato cruel, desumano ou degradante. As pe-
exemplo, pena de morte sem o devido processo legal.
nas também não podem ser cruéis, desumanas ou degradantes, por
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta
exemplo, de trabalhos forçados. O cumprimento da pena, ainda
só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento
que em si ela não seja cruel, a exemplo da privativa de liberdade,
de sentença final de tribunal competente e em conformidade com
deve se dar de maneira digna, não se aceitando a falta de estrutura
a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito
nos estabelecimentos prisionais.
sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
quais não se aplique atualmente.
Pelo princípio da personalidade da pena o crime pode ser im-
No ideário de proteção à vida, impedindo a aplicação de pena putado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a única pessoa
de morte, a Convenção adota um posicionamento de não retroces- passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça se fosse pos-
so. Basicamente, para os casos e nas localidades em que a pena de sível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: caso con-
morte foi abolida não é possível passar a aplicá-la. trário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, alcançaria
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que inocentes.
a hajam abolido. 4. Os processados devem ficar separados dos condenados,
Os países que adotavam pena de morte antes da Convenção salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a
não podem ampliar sua aplicação para outros crimes, mas não são tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
obrigados a aboli-la plenamente. Trata-se de um benefício inerente à presunção de inocência:
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a deli- os que ainda são considerados inocentes perante a lei devem ficar
tos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos. separados dos culpados.
A aplicação de pena de morte por crimes políticos significaria 5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser
uma violação dos direitos políticos, que permitem o livre exercício separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com
do pensamento perante o Estado. Sem isto, não há democracia. a maior rapidez possível, para seu tratamento.
Assim, somente cabe pena de morte para certos delitos comuns Para proteger as crianças e os adolescentes tem-se um sistema
mais graves aos quais já se aplicava tal pena antes da Convenção específico para processo e condenação criminal, bem como local
naquele Estado-parte. próprio de execução da pena.
76 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 9. ed. São Paulo: 77 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed. São
Saraiva, 2011. v. 1. Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados. pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas Consti-
A pena tem função retributiva e preventiva (geral e especial). tuições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de acordo com
Retributiva por ser uma resposta ao mal causado pelo criminoso elas promulgadas.
para a sociedade. Preventiva geral no sentido de intimidar todos 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarcera-
os destinatários da norma penal, visando impedir que eles prati- mento arbitrários.
quem crimes; preventiva especial no sentido de impedir o autor A legislação deve ser expressa a respeito dos casos em que se
do crime que volte a delinquir. Há, ainda, a função social ou res- admite a privação da liberdade de locomoção.
socializadora, que visa permitir que o condenado seja devolvido à 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das ra-
sociedade em condições de não mais cometer crimes e conviver zões da detenção e notificada, sem demora, da acusação ou das
pacificamente. acusações formuladas contra ela.
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida,
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autoriza-
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e da por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julga-
tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são da em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo
proibidos em todas as suas formas. de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho for- a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
çado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer
delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem
forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene
proibir o cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribu- sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-
nal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, -partes cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada
nem a capacidade física e intelectual do recluso. de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou
Se todo ser humano é uma pessoa e, como tal, dotada de tribunal competente, a fim de que este decida sobre a legalidade
dignidade, aceitar a escravidão seria absurdo. Inerente a isto se de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido.
encontra a vedação de trabalhos forçados: não significa que não O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra
pode existir trabalho obrigatório, mas a negativa em cumpri-lo
pessoa.
não pode impedir o cumprimento da pena, embora o desempenho
Os itens 4 a 6 tratam do devido processo legal (ampla defesa
do trabalho possa gerar sua diminuição proporcional aos dias tra-
e contraditório) garantidos àquele que é privado de sua liberdade
balhados. Havendo trabalho obrigatório, este não pode influenciar
de locomoção. É preciso que a pessoa seja notificada a respeito
a dignidade e nem a capacidade física ou intelectual do acusado,
dos motivos da acusação, seja levada ao juiz que decidirá sobre a
por exemplo, colocar um professor para limpar os banheiros da
manutenção da prisão e possa interpor recurso contra tal decisão.
prisão e não para ministrar aulas aos detentos é uma violação.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não li-
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para
mita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
os efeitos deste artigo:
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expe- Uma das maiores polêmicas jurídicas brasileiras nos últimos
dida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou anos envolve justamente este dispositivo da Convenção: enquanto
serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das au- ela somente permite a prisão por dívida em caso de obrigação
toridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem alimentar, a Constituição brasileira a permite também para os
ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas depositários infiéis (aquele que fica vinculado ao cumprimento
jurídicas de caráter privado; de uma obrigação meramente contratual, cuja função que lhe é
b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção confiada envolve a guarda de uma coisa específica, devendo con-
por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei servá-la e restituí-la in natura quando for exigida pelo deposi-
estabelecer em lugar daquele; tante ou pagar o preço equivalente se a coisa não mais existir na
c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que sua esfera de disponibilidade). Ocorre que os tratados de direitos
ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade; humanos, a partir da Emenda Constitucional n° 45/04, cumpridas
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívi- as condições do artigo 5°, §3° são considerados como emendas
cas normais. constitucionais; mas a Convenção em estudo foi ratificada antes
Evidencia-se que trabalho obrigatório não significa trabalho desta alteração legislativa, havendo posicionamentos diversos a
forçado. Nestes casos, não há trabalho forçado, por mais que o respeito dela possuir ou não o caráter constitucional. Depois de
indivíduo na verdade não queira desempenhá-lo. muitas discussões, o Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 05
de dezembro de 2008 que é ilegal a prisão civil do depositário
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal infiel, utilizando-se da tese de que os tratados de direitos huma-
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pes- nos têm status supralegal, ou seja, encontram-se acima das leis
soais. ordinárias, porém abaixo da Constituição Federal. Neste sentido,
A liberdade aparece ligada à segurança porque a privação da a súmula vinculante n° 25 e Habeas Corpus n° 87.585-8/TO.
liberdade de um por parte do Estado visa, necessariamente, a pre-
servação da segurança dos demais.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 8º - Garantias judiciais 4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas ga- não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.
rantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal com- Não cabe revisão criminal pro societate - em favor da socie-
petente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, dade. Não importa se o acusado foi indevidamente absolvido, tran-
na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na sitada em julgado a decisão não poderá ser processado novamen-
determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhis- te pelo mesmo fato. A revisão criminal só é possível se surgirem
ta, fiscal ou de qualquer outra natureza. provas para absolver o réu condenado criminalmente, nunca para
Evidencia-se o direito ao contraditório, consistente em poder condená-lo.
ouvir e dar uma resposta a respeito dos fatos controversos levados a 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for neces-
juízo, em qualquer esfera. Também traz o princípio do juiz natural e sário para preservar os interesses da justiça.
da vedação ao tribunal de exceção, de forma que sempre será fixado O segredo de justiça é limitado a alguns casos porque, em
o juízo competente de maneira prévia por regras de organização judi- regra, “o direito subjetivo das partes e advogados à intimidade
ciária, avaliando-se ainda se aquele juízo atribuído é de fato imparcial somente estará garantido se não prejudicar o interesse público à
(não possuindo inimizades ou amizades para com as partes).
informação”79.
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presu-
ma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua cul-
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade
pa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no
às seguintes garantias mínimas:
momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acor-
O estado de inocência é inerente à pessoa humana, de forma que
somente pode ser considerada culpada após o trânsito em julgado do do com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais
processo criminal que apure devidamente o ilícito (princípio da pre- grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se,
sunção de inocência). depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tra- mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se.
dutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do Há uma regra dominante em termos de conflito de leis penais
juízo ou tribunal; no tempo que é a da irretroatividade da lei penal, sem a qual não
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusa- haveria nem segurança e nem liberdade na sociedade, em flagrante
ção formulada; desrespeito ao princípio da legalidade e da anterioridade da lei.
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à Logo, o tempo rege a ação - tempus regit actum - e uma lei so-
preparação de sua defesa; mente abrange os atos praticados durante a sua vigência, não antes
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser as- (retroatividade) nem depois (ultra-atividade). Contudo, o princípio
sistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente da irretroatividade vige somente quanto à lei mais severa, de forma
e em particular, com seu defensor; que a lei que for mais favorável ao réu irá retroagir, no que se con-
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor propor- solida o princípio da retroatividade da lei mais benéfica.80
cionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação inter-
na, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor Artigo 10 - Direito à indenização
dentro do prazo estabelecido pela lei; Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tri- caso de haver sido condenada em sentença transitada em julgado,
bunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de por erro judiciário.
outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos; Uma pessoa injustamente condenada por um erro estatal na
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a apuração do ilícito tem direito a indenização.
confessar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
Todas as garantias enumeradas fazem parte do devido processo 1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reco-
legal, formado pelo binômio contraditório + ampla defesa. Pelo prin- nhecimento de sua dignidade.
cípio do devido processo legal “ninguém será privado da liberdade ou 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou
de seus bens sem o devido processo legal. Corolário a esse princípio, abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio
asseguram-se aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra
aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios ou reputação.
e recursos a ela inerentes”78. São meios, por exemplo, a conferência de 3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inge-
um tradutor e de um defensor, público ou privado, e ainda os direitos rências ou tais ofensas.
ao silêncio e à não produção de provas contra si. São recursos as vias Privacidade e personalidade são direitos que parecem interli-
de questionamento da decisão judicial perante outro juiz ou tribunal gados, uma vez que a primeira é condição de expansão da segunda.
superior. A honra pode ser objetiva, no que tange ao modo como o mundo
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de vê a pessoa, e subjetiva, referindo-se à maneira como ela se vê.
nenhuma natureza. Para o bom desenvolvimento da personalidade é preciso garantir
Assim, não é que a confissão não seja um meio de prova válido: é a privacidade, cabendo à lei proteger todos estes bens jurídicos.
válida, mas não pode ser obtida à força, por exemplo, mediante tortura 79 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed.
ou ameaça.
São Paulo: Saraiva, 2011.
78 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. 80 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed. São
São Paulo: Saraiva, 2011. Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião comum nos regimes ditatoriais, mas que é preciso limitar a veicu-
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de lação de conteúdos que violem direitos humanos alheios ou atentem
religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua reli- contra a moral social. Por exemplo, se uma pessoa publicar um conteú-
gião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem do ofensivo a outra cometerá violação da honra, se divulgar conteúdos
como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas antissemitas praticará crime de preconceito e discriminação.
crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios
privado. indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de
2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e
possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros
crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
opiniões.
3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
A propriedade dos meios de comunicação não pode ser utilizada
crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei e que se
para manipulação do pensamento da população.
façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia,
ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção mo-
pessoas. ral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.
4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que Antes de permitir que um espetáculo chegue ao público é aceita
seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que a avaliação prévia do conteúdo, limitando o acesso, por exemplo, a
esteja de acordo com suas próprias convicções. determinada faixa etária.
Uma das esferas da liberdade de pensamento é a liberdade 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
de crença religiosa. Cada qual tem direito a professar a crença como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua
que quiser no Estado democrático, não podendo ser tolhido deste incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
direito. No entanto, há algumas limitações lógicas ao exercício Permitir o incentivo a este tipo de pensamento contrário à paz
deste direito, notadamente quanto às colisões com outros direitos mundial vai contra o que os sistemas global e regional de proteção de
humanos: por exemplo, não pode ser aceita a prática de sacrifício direitos humanos buscam.
humano nos cultos religiosos.
A religiosidade é um dos aspectos em que os pais influenciam Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta
os filhos e, por isso, possuem direito de vê-los educados em con- 1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas
sonância com tais crenças. emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente regulamen-
tados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pelo
mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições
Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão
que estabeleça a lei.
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das ou-
expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e tras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
difundir informações e ideias de qualquer natureza, sem consi- 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publi-
derações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma cação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televisão,
impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha. deve ter uma pessoa responsável, que não seja protegida por imunida-
“Na verdade, o ser humano, através dos processos internos de des, nem goze de foro especial.
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do A publicação de um conteúdo ofensivo dá ao ofendido direito de
que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao resposta (direito de em local idêntico, com mesmo destaque e circu-
consagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a existên- lação, expor seus argumento contrários à ofensa publicada), mas não
cia jurídica ao chamado direito de opinião”81. exime o ofensor de responder por seu ato. Para garantir isto, nos meios
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não de comunicação é preciso de um responsável que não seja impedido de
pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ul- ser processado regularmente, ou seja, que não possua imunidades ou
teriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se goze de foro especial.
façam necessárias para assegurar:
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; Artigo 15 - Direito de reunião
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exer-
cício desse direito só pode estar sujeito às restrições previstas em lei e
da saúde ou da moral públicas.
que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, ao interes-
Silva82 explica que “o homem se torna cada vez mais livre se da segurança nacional, da segurança ou ordem públicas, ou para
na medida em que amplia seu domínio sobre a natureza”, ou seja, proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das
com a evolução da sociedade, a tendência é que o círculo que demais pessoas.
delimita a esfera da liberdade se amplie. Entretanto, o direito à O direito de reunião evidencia a liberdade de expressão conferida
liberdade nunca foi assegurado de forma irrestrita, assim como aos indivíduos e aos grupos sociais. Grupos de pessoas podem se reu-
nunca se defendeu no campo ético que alguém pudesse exercê-lo nir para manifestar algum pensamento, respeitados os limites legais,
sem limites. Não significa que é aceita a censura prévia, como era por exemplo, não é autorizada a presença de armas, ou ainda, é
81 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso preciso informar o poder público para que ele tome providências
de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. para garantir a segurança numa manifestação grupal principalmen-
82 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. te se ela tiver grande repercussão (exemplificando, algumas para-
São Paulo: Malheiros, 2006. das gays chegam a reunir milhões de pessoas).

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 16 - Liberdade de associação Artigo 19 - Direitos da criança
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua con-
fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, so- dição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade e do
ciais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza. Estado.
2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições A criança é parte fundamental da sociedade, representando seu
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade demo- futuro. Protegê-la significa garantir que no futuro existirão adultos
crática, ao interesse da segurança nacional, da segurança e da ordem preparados para construir uma sociedade melhor. Para tanto são cria-
públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos dos inúmeros mecanismos. No Brasil, destaca-se o Estatuto da Crian-
e as liberdades das demais pessoas. ça e do Adolescente.
3. O presente artigo não impede a imposição de restrições legais,
e mesmo a privação do exercício do direito de associação, aos mem- Artigo 20 - Direito à nacionalidade
bros das forças armadas e da polícia. 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Entidades associativas têm legitimidade para representar seus 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo
filiados judicial ou extrajudicialmente, podendo defender, em nome território houver nascido, se não tiver direito a outra.
próprio, direitos de seus associados. Logo, caracteriza a união das 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalida-
forças individuais num grupo organizado e devidamente autorizado de, nem do direito de mudá-la.
por lei. Ninguém é obrigado a ingressas ou permanecer em uma as- Com estas regras, impede-se que uma pessoa não se vincule ju-
sociação. Nenhuma associação pode defender interesses ilícitos (por rídica e politicamente a um Estado, integrando o povo e desfrutando
exemplo, seria absurdo permitir que o PCC ou o Comando Verme- de direitos e obrigações. No mínimo, terá a nacionalidade do território
lho fossem consideradas associações, posto que reúnem criminosos). em que tiver nascido. A figura do apátrida é vedada. Em certos casos,
Enfim, a lei pode limitar, com razoabilidade e proporcionalidade, a será possível mudar de nacionalidade, não podendo a pessoa ser im-
liberdade de associação. pedida.

Artigo 17 - Proteção da família Artigo 21 - Direito à propriedade privada


1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e deve 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei pode
ser protegida pela sociedade e pelo Estado. subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraí- O direito à propriedade é garantido, mas não de forma ilimitada.
rem casamento e de constituírem uma família, se tiverem a idade e as Entre os limites possíveis destaca-se o do respeito à função social. Por
condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em que exemplo, não poderá manter a propriedade aquele que não a torna
não afetem estas o princípio da não-discriminação estabelecido nesta produtiva.
Convenção. 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo median-
3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento te o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade pública
livre e pleno dos contraentes. ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei.
4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas para O item se refere ao instituto da desapropriação, pelo qual o Es-
assegurar a igualdade de direitos e a adequada equivalência de res- tado toma a propriedade de um bem em prol do interesse coletivo,
ponsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o mesmo indenizando o proprietário.
e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, serão ado- 3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de exploração do
tadas as disposições que assegurem a proteção necessária aos filhos, homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei.
com base unicamente no interesse e conveniência dos mesmos. Usura significa agiotagem, uma pessoa emprestar dinheiro por
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos juros abusivos e utilizar meios controversos para receber os juros e o
fora do casamento, como aos nascidos dentro do casamento. valor emprestado de volta.
A proteção da família é essencial porque ela é a base da estrutura
social. O tradicional modo de constituição da família é o casamento, Artigo 22 - Direito de circulação e de residência
tanto que ele é protegido nesta Convenção e na DUDH, sendo o con- 1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um
sentimento dos nubentes um requisito essencial. Durante o casamen- Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, em
to, as obrigações devem ser partilhadas e, em caso de dissolução, deve conformidade com as disposições legais.
ser priorizado o melhor interesse dos filhos para decidir a respeito de 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país,
guarda, visitas e alimentos. No mais, os filhos nascidos dentro ou fora inclusive de seu próprio país.
do casamento são equiparados. 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido,
senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma sociedade
Artigo 18 - Direito ao nome democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segu-
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus pais rança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde
ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar a todos públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.
esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam-
O nome é um modo de individualização da pessoa natural. “Inte- bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de
gra a personalidade, individualiza a pessoa não só durante a sua vida interesse público.
como também após a sua morte, e indica a sua procedência fami- A liberdade de circulação dentro de seu país ou em um territó-
liar”83. rio em que entre legalmente não é plena: pode ser restringida em
83 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 9. ed. São Paulo: virtude de lei, bem como visando proteger o interesse público e a
Saraiva, 2011. v. 1. segurança social.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual Artigo 25 - Proteção judicial
for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar. 1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a
6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais com-
um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expul- petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda-
so em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei. mentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente
Nota-se que não se garante o livre ingresso em território que Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas
não o do próprio país, para tanto é preciso respeitar as regras do que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
país para recebimento de estrangeiros - apenas se veda a expulsão No Brasil, entre outros instrumentos, destacam-se o mandado
arbitrária do que já esteja lá. de segurança, o habeas corpus e o habeas data.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter- 2. Os Estados-partes comprometem-se:
ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sis-
ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legisla- tema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que
ção de cada Estado e com as Convenções internacionais. interpuser tal recurso;
O asilo político é instituição pela qual um Estado confere abri- b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
go e proteção a um indivíduo que tenha fugido de um outro Estado c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competen-
no qual sofria perseguição por delitos políticos ou conexos a ele. tes, de toda decisão em que se tenha considerado procedente o
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entre- recurso.
gue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou Não basta prever tais garantias, é preciso conferir estrutura ao
à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua Judiciário para cumpri-las.
raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões
políticas. CAPÍTULO III - DIREITOS ECONÔMICOS,
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. SOCIAIS E CULTURAIS
A extradição é permitida, dentro dos limites da legislação de
direitos humanos. Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo
Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providências,
Artigo 23 - Direitos políticos tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacio-
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e nal, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir pro-
oportunidades: gressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das
a) de participar da condução dos assuntos públicos, direta- normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura,
mente ou por meio de representantes livremente eleitos; constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, re-
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, formada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos
disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados.
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto,
que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
CAPÍTULO IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS, I
Participar das decisões políticas de maneira direta ou indireta
NTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO
é um direito político de primeira dimensão. Existem modalidades
de participação direta, consolidando a democracia direta, mas ge-
Artigo 27 - Suspensão de garantias
ralmente, como são muitos os indivíduos que podem participar em
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emer-
sociedade, adota-se a democracia indireta, na qual são eleitos re- gência que ameace a independência ou segurança do Estado-par-
presentantes por meio do voto. Ainda assim, são comuns alguns te, este poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo
mecanismos de participação direta, como o plebiscito, o referendo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
e a iniciativa popular, formando um modelo de democracia misto. obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações
públicas de seu país. que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discrimina-
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, ção alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, reli-
a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo de gião ou origem social.
idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade A limitações de direitos humanos é permitida, mas não é pos-
civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo sível que ela viole premissas ligadas à dignidade humana, como
penal. raça, cor, sexo, idioma, religião. Por exemplo, na situação descrita
O acesso às funções públicas geralmente se dá por concurso no artigo seria aceitável autorizar trabalhos forçados compatíveis
público, não podendo utilizar critérios preconceituosos para ad- com a dignidade humana.
missão. 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos di-
reitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhe-
Artigo 24 - Igualdade perante a lei cimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão),
têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei. 9 (princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de
Trata-se do princípio da igualdade perante a lei. Assim, a lei é consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao
válida para todas as pessoas, embora possa estabelecer regramen- nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23
tos específicos para certos grupos sociais vulneráveis. (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a pro-
teção de tais direitos.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Nem precisaria especificar, pois tais direitos estão ligados jus- b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
tamente a raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. Entre- que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos
tanto, a especificação aumenta a segurança jurídica. Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito dos referidos Estados;
de suspensão deverá comunicar imediatamente aos outros Esta- c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser
dos-partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário humano ou que decorrem da forma democrática representativa de
Geral da Organização dos Estados Americanos, as disposições governo;
cuja aplicação haja suspendido, os motivos determinantes da sus- d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Decla-
pensão e a data em que haja dado por terminada tal suspensão. ração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos
Assim, o direito de suspensão é, basicamente, a possibilidade internacionais da mesma natureza.
do Estado-parte da Organização dos Estados Americanos, por algu- A Convenção não pode ser usada para contrariar os preceitos
ma razão específica e discriminada em suas justificativas, de deixar que ela visa proteger, para permitir a violação de direitos humanos
de cumprir parte do conteúdo da Convenção Americana de Direitos fundamentais consagrados.
Humanos, respeitados os limites consagrados internacionalmente
Artigo 30 - Alcance das restrições
no que tange à dignidade humana.
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao
gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não
Artigo 28 - Cláusula federal
podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul-
1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Es- gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual
tado federal, o governo nacional do aludido Estado-parte cumprirá houverem sido estabelecidas.
todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as No decorrer da Convenção são reconhecidos vários casos em
matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial. que é possível limitar direitos humanos, mas sempre é preciso ter
A forma federativa de Estado tem origem nos Estados Unidos, em mente o interesse da coletividade e a finalidade pelas quais
em 1787. No federalismo por agregação, os Estados independentes foram aceitas.
ou soberanos abrem mão de parcela de sua soberania para agre-
gar-se entre si e formarem um Estado Federativo, mas mantendo a Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos
autonomia entre si: foi o que ocorreu nos Estados Unidos. Mas tam- Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Conven-
bém é possível o federalismo por desagregação, quando a federação ção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acor-
surge a partir de um Estado unitário e resolve descentralizar-se, a do com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70.
exemplo do Brasil desde 1891. Dentro da federação há repartição As sentenças da corte trazem direitos e liberdades por ela re-
de competências entre a União e as unidades federativas. Como conhecidos e que deverão ser cumpridos pelo Estado-parte a qual
a União que firma os compromissos internacionais, nem sempre se referem.
ela terá competência para fazer cumprir todas as normas deles, que
podem ser da alçada das unidades federativas. CAPÍTULO V - DEVERES DAS PESSOAS
2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres-
pondem à competência das entidades componentes da federação, Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos
o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas perti- 1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade
nentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, e a humanidade.
a fim de que as autoridades competentes das referidas entidades 2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos
possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem
Convenção. comum, em uma sociedade democrática.
Enfim, o máximo que é possível para a União é alertar as suas Explica Canotilho84 quanto aos direitos fundamentais, mas o
mesmo vale para os direitos humanos: “a ideia de deveres fun-
unidades federativas para que elas tomem providências para o cum-
damentais é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos
primento das normas convencionadas internacionalmente.
direitos fundamentais. Como ao titular de um direito fundamental
3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir
corresponde um dever por parte de um outro titular, poder-se-ia
entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligencia- dizer que o particular está vinculado aos direitos fundamentais
rão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as como destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um dever
Estado, assim organizado, as normas da presente Convenção. correspondente”. Logo, a um direito humano conferido à pessoa
É possível que Estados-partes firmem entre si tratados específi- corresponde o dever de respeito ao arcabouço de direitos conferi-
cos, caso em que deverão se atentar para as normas da Convenção. dos às outras pessoas.
Considera-se um aspecto da característica da relatividade dos
Artigo 29 - Normas de interpretação direitos humanos, que não podem ser utilizados como um escudo
Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser inter- para práticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou di-
pretada no sentido de: minuição da responsabilidade por atos ilícitos. Assim, os direitos
a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, humanos não são ilimitados e encontram seus limites nos demais
suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liberdades reconheci- direitos igualmente consagrados como humanos.
dos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela 84 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da
prevista; constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade ine-
4. PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS rente à pessoa humana,
ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Uni-
(ARTS. 1º AO 15). PACTO INTERNACIONAL versal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano livre, liberto
DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS/1966 do temor e da miséria, não pode ser realizado a menos que se
(ARTS. 1º AO 27). CONVENÇÃO criem condições que permitam a cada um gozar de seus direitos
INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO econômicos, sociais e culturais, assim como de seus direitos civis
DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO e políticos,
RACIAL (DECRETO Nº 65.810/69). Considerando que a Carta das nações Unidas impõe aos Es-
CONVENÇÃO SOBRE ELIMINAÇÃO DE tados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos
TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO direitos e das liberdades do homem,
CONTRA A MULHER (DECRETO Nº 4.377/02). Compreendendo que o indivíduo por ter deveres para com
seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem
a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e reconhecidos no presente Pacto,
Culturais (arts. 1º ao 15). Acordam o seguinte:

O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e PARTE I


Culturais volta-se à proteção da segunda dimensão dos direitos
humanos, trazendo dos artigos 1º a 15 os direitos materiais pro- Artigo 1º
tegidos. 1.  Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em vir-
tude desse direito, determinam livremente seu estatuto político e
DECRETO Nº 591 DE 6 DE JULHO DE 1992 asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e
O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe con- cultural. 
fere o artigo 84, inciso VIII, da Constituição, e  2.  Para a consecução de seus objetivos, todos os povos po-
Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Eco- dem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos na-
nômicos, Sociais e Culturais foi adotado pela XXI Sessão da As- turais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação
sembleia-Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 1966; econômica internacional, baseada no princípio do proveito mú-
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do tuo, e do Direito internacional. Em caso algum, poderá um povo
referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo nº ser privado de seus meios de subsistência. 
226, de 12 de dezembro de 1991; 3.  Os Estados Partes do presente pacto, inclusive aqueles
Considerando que a Carta de adesão ao Internacional sobre que tenham a responsabilidade de administrar territórios não-
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais depositada em 24 de ja- -autônomos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício
neiro de 1992;
do direito à autodeterminação e respeitar esse direito, em confor-
Considerando que o Pacto ora promulgado entrou em vigor,
midade com as disposições da Carta das nações unidas.
para o Brasil, em 24 de abril de 1992;
Considerando que o Pacto ora promulgado entro em vigor,
para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu artigo 27, PARTE II
§ 2°; decreta:
Artigo 2º
Art. 1° O pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 1.  Cada Estados Partes do presente Pacto comprometem-se
Sociais e Culturais, apenso por cópia ao presente Decreto, será a adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistên-
executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém. cia e cooperação internacionais, principalmente nos planos eco-
nômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que
Art.2° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.  visem assegurar, progressivamente, por todos os meios apropria-
Fernando Collor - Presidente da República.  dos, o, pleno exercício e dos direitos reconhecidos no presente
Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativa. 
Anexo ao Decreto que promulga o Pacto Internacional 2.  Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a
Sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais/M  R  E - Pacto garantir que os direitos nele enunciados se exercerão sem discri-
Internacional Sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais minação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
PREÂMBULO situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação. 
3.  Os países em desenvolvimento, levando devidamente em
Os Estados Partes do presente pacto, consideração os direitos humanos e a situação econômica nacio-
Considerando que, em conformidade com os princípios pro- nal, poderão determinar em que medida garantirão os direitos
clamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dig- econômicos reconhecidos no presente Pacto àqueles que não se-
nidade inerente a todos os membros da família humana e de seus
jam seus nacionais.
direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade,
da justiça e da paz no mundo,

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 3º b)  a segurança e a higiene no trabalho; 
Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a c)  igual oportunidade para todos de serem promovidos, em
assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os seu trabalho, á categoria superior que lhes corresponda, sem ou-
direitos econômicos, sociais e culturais enunciados no presente tras considerações que as de tempo de trabalho e capacidade; 
pacto. d)  o descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de
trabalho e férias periódicas remuneradas, assim como a remune-
Artigo 4º ração dos feriados.
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, no
exercício dos direitos assegurados em conformidade com o pre- Artigo 8º
sente Pacto pelo Estado, este poderá submeter tais direitos uni- 1.  Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a
camente às limitações estabelecidas em lei, somente na medida garantir: 
compatível com a natureza desses direitos e exclusivamente com a) O direito de toda pessoa de fundar com outras sindicatos e
o objetivo de favorecer o bem-estar geral em uma sociedade de- de filiar-se ao sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamen-
mocrática. te aos organização interessada, com o objetivo de promover e de
proteger seus interesses econômicos e sociais. O exercício desse
Artigo 5º direito só poderá ser objeto das restrições previstas em lei e que
1.  Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá ser sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse
interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou in- da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os
divíduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou direitos e as liberdades alheias; 
de praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os b) O direito dos sindicatos de formar federações ou confede-
direitos ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor- rações nacionais e o direito desta de formar organizações sindi-
lhes limitações mais amplas do que aquelas nele prevista.  cais internacionais ou de filiar-se às mesmas; 
2.  Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direi- c) O direito dos sindicatos de exercer livremente suas ativi-
tos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer dades, sem quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e
País em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no inte-
sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reco- resse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para prote-
nheça em menor grau. ger os direitos e as liberdades das demais pessoas; 
d)  O direito de greve, exercido de conformidade com as leis
PARTE III de cada país. 
2.  O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições
Artigo 6º legais o exercício desses direitos pelos membros das forças arma-
1.  Os Estados Partes do Presente Pacto reconhecem o direito das, da política ou da administração pública. 
ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa de ter a 3.  Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que
possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente os Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização Inter-
escolhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salva- nacional do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção
guarda esse direito.  do direito sindical, venha a adotar medidas legislativas que res-
2.  As medidas que cada Estado parte do presente pacto to- trinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias
mará a fim de assegurar o pleno exercício desse direito deverão previstas na referida Convenção.
incluir a orientação e a formação técnica e profissional, a elabo-
ração de programas, normas e técnicas apropriadas para assegu- Artigo 9°
rar um desenvolvimento econômico, social e cultural constante e Os Estados Partes do presente Pacto de toda pessoa à previ-
o pleno emprego produtivo em condições que salvaguardem aos dência social, inclusive ao seguro social.
indivíduos o gozo das liberdades políticas e econômicas funda-
mentais.  Artigo 10
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que: 
Artigo 7º 1.  Deve-se conceder à família, que é o elemento natural e
Os Estados Partes do presente pacto o reconhecem o direito fundamental da sociedade, as mais amplas proteção e assistência
de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favorá- possíveis, especialmente para a sua constituição e enquanto ela
veis, que assegurem especialmente:   for responsável pela criação e educação dos filhos. O matrimônio
a)  uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os deve ser contraído com livre consentimento dos futuros cônjuges. 
trabalhadores:  2.  Deve-se conceder proteção às mães por um período de
i)  um salário equitativo e uma remuneração igual por um tempo razoável antes e depois do parto. Durante esse período,
trabalho de igual valor, sem qualquer distinção; em particular, deve-se conceder às mães que trabalhem licença remunerada ou
as mulheres deverão ter a garantia de condições de trabalho não licença acompanhada de benefícios previdenciários adequados. 
inferiores às dos homens e receber a mesma remuneração que ele 3.  Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de assis-
por trabalho igual;  tência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção
ii)  uma existência decente para eles e suas famílias, em con- por motivo i de filiação ou qualquer outra condição. Devem-se
formidade com as disposições do presente Pacto.  proteger as crianças e adolescentes contra a exploração econômi-

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ca e social. O emprego de crianças e adolescentes em trabalhos 2.  Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, com
que lhes sejam nocivos à saúde ou que lhes façam correr perigo o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito: 
de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o desenvolvimento a)  a educação primária deverá ser obrigatória e acessível
normal, será punido por lei.  gratuitamente a todos; 
Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob b)  a educação secundária em suas diferentes formas, in-
os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado da clusive a educação secundária técnica e profissional, deverá ser
mão-de-obra infantil. generalizada e tornar-se acessível a todos, por todos os meios
apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva
Artigo 11 do ensino gratuito; 
1.  Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito c)  a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se
de toda pessoa a nível de vida adequado para si próprio e sua acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos
família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequa- os meios apropriados e, principalmente, pela implementação pro-
das, assim como a uma melhoria contínua de suas condições de gressiva do ensino gratuito; 
vida. Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para as- d)  dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível,
segurar a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido,
a educação de base para aquelas que não receberam educação
a importância essencial da cooperação internacional fundada no
primária ou não concluíram o ciclo completo de educação pri-
livre consentimento. 
2.  Os Estados Partes do presente pacto, reconhecendo o di- mária; 
reito fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, e)  será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de
adotarão, individualmente e mediante cooperação internacional, uma rede escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um
as medidas, inclusive programas concretos, que se façam neces- sistema de bolsas estudo e melhorar continuamente as condições
sárias para:  materiais do corpo docente. 
a)  Melhorar os métodos de produção, conservação e distri- 3.  Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
buição de gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhe- respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tuto-
cimentos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de edu- res legais - de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas
cação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes criadas pelas autoridades públicas, sempre que atendam aos pa-
agrários, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização drões mínimos de ensino prescritos ou aprovados pelo Estado, e
mais eficazes dos recursos naturais;  de fazer com que seus filhos venham a receber educação religiosa
b)  Assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimen- ou moral que seja de acordo com suas próprias convicções. 
tícios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta 4.  Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser
os problemas tanto dos países importadores quanto dos exporta- interpretada no sentido de restringir a liberdade de indivíduos e
dores de gêneros alimentícios. de entidades de criar e dirigir instituições de ensino, desde que
respeitados os princípios enunciados no § 1° do presente artigo
Artigo 12
e que essas instituições observem os padrões mínimos prescritos
1.  Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
pelo Estado.
de toda pessoa desfrutar o mais elevado nível possível de saúde
física e mental. 
2.  As medidas que os Estados partes do presente Pacto deve- Artigo 14
rão adotar com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito Todo Estado Parte do presente Pacto que, no momento em que
incluirão as medidas que se façam necessárias para assegurar:  se tornar Parte, ainda não tenha garantido em seu próprio territó-
a)  a diminuição da mortalidade infantil, bem como o desen- rio ou territórios sob sua jurisdição a obrigatoriedade e a gratui-
volvimento são das crianças;  dade da educação primária, se compromete a elaborar e a adotar,
b)  a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e dentro de um prazo de dois anos, um plano de ação detalhados
do meio ambiente;  destinado à implementação progressiva, dentro de um número
c)  a prevenção e tratamento das doenças epidêmicas, endêmi- razoável de anos estabelecidos no próprio plano, do princípio da
cas, profissionais e outras, bem como a luta contra essas doenças;  educação primária obrigatória e gratuita para todos.
d)  a criação de condições que assegurem a todos assistência
médica e serviços médicos em caso de enfermidade. Artigo 15
1.  Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada
Artigo 13 indivíduo o direito de: 
1.  Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito a)  Participar da vida cultural; 
de toda pessoa à educação. Concordam em que a educação de- b)  desfrutar o progresso científico e suas aplicações; 
verá visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana e
c)  beneficiar-se da proteção dos interesses morais e mate-
do sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos
riais decorrentes de toda a produção científica, literária ou artís-
humanos e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a
educação deverá capacitar todas as pessoas a participar efetiva- tica de que seja autor. 
mente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tole- 2.  As medidas que os Estados Partes do presente  Pacto deve-
rância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos rão adotar com a finalidade de assegurar o pleno exercício desse
raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações direito aquelas necessárias à conservação, ao desenvolvimento e
Unidas em prol da manutenção da paz.  à difusão da ciência e da cultura. 

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
3.  Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade ine-
respeitar a liberdade indispensável à pesquisa científica e à ativi- rente à pessoa humana,
dade criadora.  Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Uni-
4.  Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefí- versal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano livre, no
cios que derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação gozo das liberdades civis e políticas e liberto do temor e da misé-
e das ralações internacionais no domínio da ciência e da cultura. ria, não pode ser realizado a menos que se criem condições que
permitam a cada um gozar de seus direitos civis e políticos, assim
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 como de seus direitos econômicos, sociais e culturais,
(arts. 1º ao 27). Considerando que a Carta das nações Unidas impõe aos Es-
tados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos é o prin- direitos e das liberdades do homem,
cipal tratado internacional em termos de proteção da primeira di- Compreendendo que o indivíduo por ter deveres para com
mensão de direitos humanos, relacionada aos direitos de liberdade e seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem
aos direitos políticos. Dos artigos 1º a 27 são abordados os direitos a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos
materiais, tratando-se em protocolo adicional da instituição de um reconhecidos no presente Pacto,
Comitê de Direitos Humanos, voltado à proteção e à efetivação des-
Acordam o seguinte:
tes direitos.
PARTE I
DECRETO Nº 592, DE 6 DE JULHO DE 1992.
Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos. Promulgação. Artigo 1º
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que 1.  Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em vir-
lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e tude desse direito, determinam livremente seu estatuto político
Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social
e Políticos foi adotado pela XXI Sessão da Assembleia-Geral das e cultural. 
Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966; 2.  Para a consecução de seus objetivos, todos os povos po-
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do dem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos na-
referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo n° turais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação
226, de 12 de dezembro de 1991; econômica internacional, baseada no princípio do proveito mú-
Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional tuo, e do Direito internacional. Em caso algum, poderá um povo
sobre Direitos Civis e Políticos foi depositada em 24 de janeiro de ser privado de seus meios de subsistência. 
1992; 3.  Os Estados partes do presente pacto, inclusive aqueles
Considerando que o pacto ora promulgado entrou em vigor, que tenham a responsabilidade de administrar territórios não-
para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 49, § 2°; -autônomos e territórios sob tutela, deverão promover o exer-
cício do direito à autodeterminação e respeitar esse direito, em
DECRETA: conformidade com as disposições da Carta das nações unidas.

Art. 1° O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, PARTE II


apenso por cópia ao presente decreto, será executado e cumprido
tão inteiramente como nele se contém. Artigo 2º
1.  Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
Art. 2° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. respeitar e a garantir a todos os indivíduos que se achem em
seu território e que estejam sujeito a sua jurisdição os direitos
Brasília, 06 de julho de 1992; 171° da Independência e 104° reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por
da República.
motivo de raça, cor, sexo, religião, opinião política ou outra natu-
reza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento
ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO
ou qualquer outra condição. 
INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E PO-
2.  Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza
LÍTICOS/M  R  E - PACTO INTERNACIONAL SOBRE DI-
REITOS CIVIS E POLÍTICOS destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente
Pacto, os Estados do presente Pacto comprometem-se a tomar
PREÂMBULO as providências necessárias com vistas a  adotá-las, levando em
consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e as
Os Estados Partes do presente pacto, disposições do presente Pacto. 
Considerando que, em conformidade com os princípios procla- 3.  Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a: 
mados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dignida- a)  garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reco-
de inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos nhecidos no presente pacto tenham sido violados, possa dispor de
iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça um recurso efetivo, mesmo que a violência tenha sido perpetrada
e da paz no mundo, por pessoa que agiam no exercício de funções oficiais; 

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
b)  garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá 3.  Quando a privação da vida constituir um crime de geno-
seu direito determinado pela competente autoridade judicial, ad- cídio, entende-se que nenhuma disposição do presente artigo au-
ministrativa ou legislativa ou por qualquer outra autoridade com- torizará qualquer Estado Parte do presente pacto a eximir-se, de
petente prevista no ordenamento  jurídico do Estado em questão; modo algum, do cumprimento de quaisquer das obrigações que
e a desenvolver as possibilidades de recurso judicial;  tenham assumido em virtude das disposições da Convenção sobre
c)  garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. 
de qualquer decisão que julgar procedente tal recurso. 4.  Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indul-
to ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de
Artigo 3º pena poderão ser concedidos em todos os casos. 
Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a asse- 5.  A pena de morte não deverá ser imposta em casos de cri-
gurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direi- mes cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a
tos civis e políticos enunciados no presente pacto. mulheres em estado de gravidez. 
6.  Não se poderá invocar disposição alguma do presente ar-
Artigo 4º tigo para retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um
1.  Quando situações excepcionais ameacem a existência da Estado Parte do presente pacto.
nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados Partes do
presente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida pela si- Artigo 7º
tuação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou
presente Pacto, desde que tais medidas não sejam incompatíveis tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido,
com as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a
Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por experiências médicas ou científicas.
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social. 
2.  A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão Artigo 8º
dos artigos 6°, 7°, 8° (§§1° e 2°), 11, 15, 16 e 18.  1.  Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão
3.  Os Estados Partes do presente pacto que fizerem uso do e o tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos. 
direito de suspensão devem comunicar imediatamente aos outros 2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. 
Estados Partes do Presente Pacto, por intermédio do Secretário- 3.  a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos for-
Geral das Nações Unidas, as disposições que tenham suspenso, çados ou obrigatórios; 
bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados Partes deve- b)  A alínea “a” do presente parágrafo não poderá ser in-
rão fazer uma nova comunicação, igualmente por intermédio do terpretada no sentido de proibir, nos países em que certos crimes
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na data em sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de
que terminar tal suspensão. uma penas de trabalhos forçados, imposta por um tribunal com-
petente; 
Artigo 5º
c)  Para os efeitos do presente parágrafo, não serão conside-
1.  Nenhuma disposição do presente pacto poderá ser inter-
rados “trabalhos forçados ou obrigatórios”: 
pretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indivíduo
i)  qualquer trabalho ou serviço , não previsto na alínea “b”,
qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atos que tenham por
normalmente exigido de um indivíduo que tenha sido encerrado
objetivo destruir os direitos ou liberdades reconhecidos no pre-
em cumprimento de decisão judicial ou que, tendo sido objeto de
sente Pacto ou impor-lhes limitações mais amplas do que aquelas
tal decisão, ache-se em liberdade condicional; 
nele prevista. 
2.  Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos di- ii)  qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se
reitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qual- admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço na-
quer Estado Parte do presente pacto em virtude de leis, conven- cional que a lei venha a exigir daqueles que se oponha ao serviço
ções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente militar por motivo de consciência; 
pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau.  iii)  qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de
calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade; 
PARTE III iv)  qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obriga-
ções cívicas normais.
Artigo 6º
1.  O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito Artigo 9°
deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamen- 1.  Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. 
te privado de sua vida.  Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente.
2. Nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, Ninguém poderá ser privado de sua liberdade, salvo pelos motivos
esta poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, previstos em lei e em conformidade com os procedimentos. 
em conformidade com legislação vigente na época em que o cri- 2.  Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das
me foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições razões da prisão e notificada, sem demora, das acusações formu-
do presente pacto, nem com a Convenção sobre a Prevenção e ladas contra ela. 
a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena 3.  Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infra-
apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e ção penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz
proferida por tribunal competente.  ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções e terá

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em Artigo 14
liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julga- 1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes
mento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente
estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento e com as devidas garantias por um tribunal competente, indepen-
da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, dente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer
se necessário for, para a execução da sentença.  acusação de caráter penal formulada contra ela ou na determina-
4.  Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por ção de seus direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o
prisão ou encarceramento terá de recorrer a um tribunal para público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um jul-
que este decida sobre a legalidade de seu encarceramento e orde- gamento, que por motivo de moral pública, de ordem pública ou de
ne sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.  segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando
5.  Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ile- o interesse da vida privada das partes o exija, quer na medida em
gais terá direito à reparação. que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em cir-
cunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudi-
Artigo 10 car os interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferi-
1.  Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada da em matéria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que
com humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa hu- o interesse de menores exija procedimento oposto, ou o processo
mana.  diga respeito a controvérsia matrimoniais ou á tutela de menores. 
2.  a) as pessoas processadas deverão ser separadas, salvo 2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se pre-
em circunstância excepcionais, das pessoas condenadas e rece- suma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua
ber tratamento distinto, condizente com sua condição de pessoa culpa. 
não-condenada.  3.  Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena
b)  as pessoa processadas, jovens, deverão ser separadas das igualdade, a, pelo menos, as seguintes garantias: 
adultas e julgadas o mais rápido possível. a)  de ser informado, sem demora, numa língua que compreen-
3.  O regime penitenciário num tratamento cujo objetivo da e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação
principal seja a reforma e a reabilitação moral dos prisioneiros. contra ela formulada; 
b)  de dispor do tempo e do meios necessários à preparação de
Os delinquentes juvenis deverão ser separados dos adultos e re-
sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua escolha; 
ceber tratamento condizente com sua idade e condição jurídica.
c)  de ser julgado sem dilações indevidas; 
d)  de estar presente no julgamento e de defender-se pessoal-
Artigo 11
mente ou por intermédio de defender de sua escolha; de ser infor-
Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir
mado, caso não tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo
com uma obrigação contratual.
e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um defensor
designado “ex officio” gratuitamente, se não tiver meios para re-
Artigo 12
munerá-lo; 
1.  Toda pessoa que se ache legalmente no território de um e)  de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da acusa-
Estado terá o direito de nele livremente circular e escolher sua ção e de obter o comparecimento e o interrogatório das testemu-
residência.  nhas de defesa nas mesmas condições de que dispõe as de acusa-
2.  Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer ção; 
país, inclusive de seu próprio país.  f)  de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não
3.  Os direito supracitados não poderão constituir objeto de compreenda ou não fale a língua empregada durante o julgamento; 
restrição, a menos que estejam previstas em lei e no intuito de g)  de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a con-
proteger a segurança nacional e a ordem, a saúde ou a moral fessar-se culpada. 
pública, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, 4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos
e que sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no termos da legislação penal levará em conta a idade dos menores e
presente pacto.  a importância de promover sua reintegração social. 
4.  Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu 5.  Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito
próprio país. de recorrer da sentença condenatória e da pena a uma instância,
em conformidade com a lei. 
Artigo 13 6.  Se uma sentença condenatória passada em julgado for pos-
Um estrangeiro que se ache legalmente no território de um teriormente anulada ou se indulto for concedido, pela ocorrência
Estado Parte do presente pacto só poderá dele ser expulso em ou descoberta de fatos novos que provem cabalmente a existên-
decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei e, a cia de erro judicial, a pessoa que sofreu a pena decorrente dessa
menos que razões imperativas de segurança nacional a isso se condenação deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos
oponham, terá a possibilidade de expor as razões que militem que fique provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente,
contra sua expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autori- não-revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. 
dades competentes, ou por uma ou várias pessoas especialmente 7.  Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito
designadas pelas referidas autoridades, e de fazer-se representar pelo qual já foi absolvido ou condenado por sentença passada em
com esse objetivo. julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos penais de
cada país.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 15 Artigo 20
1.  Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que 1.  Será proibido por lei qualquer propaganda em favor de
não constituam delito de acordo com direito nacional ou interna- guerra. 
cional, no momento em que foram cometidos. Tampouco poder-se- 2.  Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, ra-
-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocor- dical, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação,
rência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular à hostilidade ou à violência.
a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá beneficiar-se. 
2.  Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julga- Artigo 21
mento ou a condenação de qualquer indivíduo por atos ou omis- Direito de reunião pacífica será reconhecido. O exercício desse
sões que, no momento em que foram cometidos, eram conside- direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e que se
rados delituosos de acordo com os princípios gerais de direito façam necessárias, em um sociedade democrática, no interesse da
reconhecidos pela comunidade das nações. segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para
proteger a saúde públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas.
Artigo 16
Toda pessoa terá direito, em qualquer lugar, ao reconheci- Artigo 22
mento de sua personalidade jurídica. 1.  Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras,
inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a
Artigo 17 proteção de seus interesses. 
1.  Ninguém poderá ser objeto de ingerência arbitrárias ou 2.  O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições
ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou previstas em lei e que se façam necessárias, em um sociedade de-
em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas honra e mocrática, no interesse da segurança nacional, da segurança e da
reputação.  ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou
2.  Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas os direitos a liberdades das demais pessoas. O presente artigo não
ingerências ou ofensas.  impedirá que se submeta a restrições legais o exercício desse direito
por membros das forças armadas e da polícia. 
Artigo 18
3.  Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que
1.  Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de
Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização do Trabalho,
consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de
relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venham
ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a li-
a adotar medidas legislativas que restrinjam - ou aplicar a lei de
berdade de professar sua religião ou crença, individual ou coleti-
maneira a restringir - as garantias previstas na referida Convenção.
vamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da
celebração de ritos, de práticas e do ensino. 
2.  Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que Artigo 23
possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião 1.  A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e
ou crença de sua escolha.  terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 
3.  A liberdade de manifestar a própria religião ou crença 2.  Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em
estará sujeita apenas a limitações previstas em lei e que se façam idade núbil, contrair casamento e construir família. 
necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a 3.  Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos
moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.  futuros esposos. 
4.  Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a 4.  Os Estados Partes do presente Pacto deverão adota as me-
respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores didas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e respon-
legais - de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que sabilidades dos esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e
esteja de acordo com suas próprias convicções. o por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, deverão
adotar-se disposições que assegurem a proteção necessária para os
Artigo 19 filhos.
1.  Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 
2.  Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse Artigo 24
direito incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir infor- 1.  Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por
mações e ideias de qualquer natureza, independentemente de con- motivo de cor, sexo, religião, origem nacional ou social, situação
siderações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma econômica ou nascimento, às medidas de proteção que a sua condi-
impressa ou artística, ou qualquer outro meio de sua escolha.  ção de menor requerer por parte de sua família, da sociedade e do
3.  O exercício do direito previsto no § 2º do presente artigo Estado. 
implicará deveres e responsabilidades especiais.  2.  Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu
Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, nascimento e deverá receber um nome. 
que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se 3.  Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade.
façam necessárias para: 
a)  assegurar o respeito dos direitos e da reputação das de- Artigo 25
mais  pessoas;  Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das
b)  proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a formas de discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restri-
moral pública. ções infundadas: 

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
a)  de participar da condução dos assuntos públicos, direta- Considerando que todos os homens são iguais perante a lei
mente ou por meio de representantes livremente escolhidos;  e têm o direito à igual proteção contra qualquer discriminação e
b)  de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, contra qualquer incitamento à discriminação, 
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, Considerando que as Nações Unidas têm condenado o co-
que garantam a manifestação da vontade dos eleitores;  lonialismo e todas as práticas de segregação e discriminação a
c)  de ter acesso em condições gerais de igualdade, às fun- ele associadas, em qualquer forma e onde quer que existam, e
ções públicas de seu país. que a Declaração sobre a Concessão de Independência, a Paí-
ses e povos Coloniais, de 14 de dezembro de 1960 (Resolução n.
Artigo 26 1.514(XV), da Assembleia Geral) afirmou e proclamou solene-
Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem mente a necessidade de levá-las a um fim rápido e incondicional, 
discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito, a Considerando que a Declaração das Nações Unidas sobre elimi-
lei deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir a nação de todas as formas Discriminação Racial, de 20 de novem-
bro de 1963, (Resolução n. 1.904 (XVIII) da Assembleia Geral),
todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discri-
afirma solenemente a necessidade de eliminar rapidamente a dis-
minação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
criminação racial através do mundo em todas as suas formas e
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação
manifestações e de assegurar a compreensão e o respeito à digni-
econômica, nascimento ou qualquer outra situação.
dade da pessoa humana, 
Convencidos de que qualquer doutrina de superioridade ba-
Artigo 27 seada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente
 No caso em que haja minorias étnicas, religiosas ou linguís- condenável, socialmente injusta e perigosa, em que, não existe
ticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser justificação para a discriminação racial, em teoria ou na prática,
privadas do direito de ter, conjuntamente com outras membros de em lugar algum, 
seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua Reafirmando que a discriminação entre os homens por mo-
própria religião e usar sua própria língua. tivos de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo a ralações
amistosas e pacíficas entre as nações e é capaz de disturbar a paz
Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as e a segurança entre povos e a harmonia de pessoas vivendo lado a
Formas de Discriminação Racial (Decreto nº 65.810/69). lado até dentro de um mesmo Estado. 
Convencidos que a existência de barreiras raciais repugna os
Decreto nº 65.810 - de 8 de dezembro de 1969 ideais de quaisquer sociedade humana, 
Presidente da República, havendo o Congresso Nacional Alarmados por manifestações de discriminação racial em evi-
aprovado pelo decreto legislativo n. 23 (*), de 21 junho de 1967, a dência em algumas áreas do mundo e por políticos governamen-
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas tais baseadas em superioridade racial ou ódio, como as políticas
Discriminação Racial, que foi aberta à assinatura em Nova York e de apartheid, segregação ou separação, 
pelo Brasil 7 de março de 1966; Resolvido a adotar todas as medidas necessárias para eli-
E havendo sido depositado de Ratificação, junto ao Secretário minar rapidamente a discriminação racial em todas as suas
Geral das Nações Unidas, a 27 de março de 1968; formas e manifestações, e a prevenir e combater doutrinas e
E tendo a referida Convenção entrado em vigor, de conformi- práticas racistas com o objetivo de promover o entendimen-
dade com o disposto em seu artigo 19, 1.°, a 4 de janeiro de 1969;  to entre raças e construir uma comunidade internacional livre
Decreta que a mesma, apensa por cópia ao presente Decreto, de todas as forma segregação racial e discriminação racial, 
seja executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém.  Levando em conta a Convenção sobre Discriminação nos Empre-
gos e Ocupação adotada pela Organização Internacional do Tra-
Emílio G. Médici - Presidente da República.
balho em 1958, e a Convenção contra discriminação no Ensino
adotada pela Organização da Nações Unidas para a Educação, a
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Ciência e a Cultura, em 1960, Desejosos de completar os princí-
Formas de Discriminação Racial
pios estabelecidos na Declaração das Nações Unidas sobre a eli-
minação de todas as formas de discriminação racial e assegurar o
Os Estados partes na presente Convenção,  mais cedo possível a adoção de medidas práticas esse fim, 
Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-se em Acordam no seguinte:  
princípios de dignidade inerentes a todos os seres humanos, e que
todos os Estados Membros comprometeram-se a tomar medidas PARTE I
separadas e conjuntas em cooperação com a Organização, para
a consecução de um dos propósitos das Nações Unidas que é pro- Artigo I
mover e encorajar o respeito universal e observância dos direitos 1.  Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial”
humanos e liberdades fundamentais para todas, sem discrimina- significará qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência
ção de raça, sexo, idioma ou religião.  baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimen-
homem proclama que todos os homens nascem livres e iguais em to, gozo ou exercício num mesmo plano, (em igualdade de condi-
dignidade e direitos e que todo homem tem todos os direitos esta- ção), de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio
belecidos na mesma, sem distinção de qualquer espécie e princi- político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio
palmente de raça, cor ou origem nacional.  de sua vida. 

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2.  Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, Artigo IV
restrições e preferências feitas por um Estado Parte nesta Conven- Os Estados partes condenam toda propaganda e toda as or-
ção entre cidadãos.  ganizações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na su-
3.  Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afe- perioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa
tando as disposições legais dos Estados Partes, relativas a nacio- cor ou de uma certa origem étnica ou que pretendem justificar ou
nalidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais e
não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.  comprometem-se a adotar imediatamente medidas positivas desti-
4.  Não serão consideradas discriminações racial as medidas nadas a eliminar qualquer incitação a uma tal discriminação, ou
especiais tomadas como o único objetivo de assegurar progresso quaisquer atos de discriminação com este objetivo, tendo em vista
adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que os princípios formulados na Declaração universal dos direitos do
necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcio- homem e os direitos expressamente enunciados no artigo 5 da pre-
nar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos sente convenção, eles se comprometem principalmente: 
humanos e liberdades fundamentais, contanto que, tais medidas a)  a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de
não conduzam, em consequência , á manutenção de direitos sepa- ideias baseadas na superioridade ou ódio raciais, qualquer incita-
rados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem mento à discriminação racial, assim como quaisquer atos de vio-
sidos alcançados os seus objetivos. lência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça
ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem
Artigo II étnica, como também qualquer assistência prestada a atividades
1.  Os Estados Partes condenam a discriminação racial e racistas, inclusive seu financiamento; 
comprometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem b)  a declarar ilegais e a proibir as organizações assim como
uma política de eliminação da discriminação racial em todas as as atividades de propaganda organizada e qualquer outro tipo de
suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças atividades de propaganda que incitar à discriminação e que a en-
e para esse fim:  corajar e a declara delito punível por lei a participação nestas
a)  cada Estado parte compromete-se a efetuar nenhum ato ou organizações ou nestas atividades. 
prática de discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas c)  a não permissão às autoridades públicas nem às institui-
ou instituições e fazer com que todas as autoridades públicas na- ções públicas, nacionais ou locais, o incitamento ou encorajamen-
cionais ou locais, se conformem com esta obrigação;  to à discriminação racial.
b)  cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defen-
Artigo V
der ou apoiar a discriminação racial praticada por uma pessoa ou
De conformidade com as obrigações fundamentais enuncia-
organização qualquer; 
das no artigo 2, os Estados Partes comprometem-se a proibir e a
c)  cada Estado parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim
eliminar a discriminação racial em todas suas formas e a garantir
de rever as políticas governamentais nacionais e locais e para mo-
o direito de cada um à igualdade perante a lei sem distinção de
dificar, ab-rogar ou anular qualquer disposição regulamentar que
raça, de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no
tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde já
gozo dos seguintes direitos: 
existir;  a)  direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qual-
d)  cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropria- quer outro órgão que administre justiça; 
dos, inclusive, se as circunstâncias o exigirem as medidas legis- b)  direito à segurança da pessoa ou á proteção do Estado
lativas, proibir e por fim, a discriminação racial praticadas por contra violência ou lesão corporal cometida, quer por funcioná-
pessoa, por grupo ou das organizações;  rios de Governo, que por qualquer indivíduo, grupo ou instituição; 
e)  cada Estado Parte compromete-se favorecer, quando for o c)  direitos políticos principalmente direito de participar às
caso, as organizações e movimentos multirraciais e outros meios eleições - de votar e ser votado - conforme o sistema de sufrágio
próprios a eliminar as barreiras entre as raças e a desencorajar o universal e igual, direito de tomar parte no Governo, assim como
que tende a fortalecer a divisão racial.  na direção dos assuntos públicos, em qualquer grau e o direito
2.  Os Estados Parte tomarão, se as circunstâncias o exigirem, de acesso, em igualdade de condições, às condições, às funções
nos campos social, econômico, cultural e outros, as medidas espe- públicas; 
ciais e concretos para assegurar como convier o desenvolvimento d)  outros direitos civis, principalmente, 
ou a proteção de certos grupos raciais de indivíduos pertencentes i)  direito de circular livremente e de escolher residência den-
a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de tro das fronteiras do Estado; 
igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberda- ii)  direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de voltar
des fundamentais.  a seu país; 
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade iii)  direito a uma nacionalidade; 
de manter direitos desiguais ou distintos para os diversos grupos iv)  direito de casar-se e escolher o cônjuge; 
raciais, depois de alcançados os objetivos em razão dos quais fo- v)  direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em
ram tomadas. conjunto, à propriedade; 
vi)  direito de herdar; 
Artigo III vii)  direito à liberdade de pensamento, de consciência e de
Os Estados Partes especialmente condenam a segregação ra- religião; 
cial e o apartheid e comprometem-se a proibir e a eliminar nos viii)  direito à liberdade de opinião e de expressão; 
territórios sob sua jurisdição todas as práticas dessa natureza. ix)  direito à liberdade de reunião e de associação pacífica; 

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
e)  direitos econômicos, sociais e culturais, principalmente:  4.  Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião
i)  direitos ao trabalho, a livre escolha de seu trabalho, a con- dos Estados Partes convocada pelo Secretário Geral das Nações
dições equitativas e satisfatórias de trabalho, à proteção contra Unidas. Nessa reunião, em que o quorum será alcançado com dois
o desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a uma terços dos Estados Partes, serão eleitos membros com Comitê, os
remuneração equitativa e satisfatória;  candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria ab-
ii)  direito de fundar sindicatos e a eles se afiliar;  soluta de votos dos representantes dos Estados partes presentes e
iii)  direito à habitação;  votantes. 
iv)  direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdên- 5.  a) os membros do Comitê serão eleitos por um período de
cia social e aos serviços sociais;  quatro anos Entretanto, o mandato de nove membros eleitos na pri-
v)  direito à educação e à formação profissional;  meira eleição, expirará ao fim de dois anos; logo após a primeira
vi)  direito a igual participação das atividades culturais.  eleição os nomes desses nove membros serão escolhidos, por sorteio,
f)  direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados pelo Presidente do Comitê. 
ao uso do público, tais como, meios de transportes, hotéis, restau- b)  para Preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte, cujo pe-
rantes, cafés, espetáculos e parques. rito deixou de exercer suas funções de membro do Comitê, nomeará
outro perito dentre seus nacionais sob reserva da aprovação do co-
Artigo VI mitê. 
Os Estados partes assegurarão a qualquer pessoa que esti- 6)  Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas dos
ver sob sua jurisdição, proteção e recursos perante os tribunais membros do comitê para o período em que estes desempenharem
nacionais e outros órgãos do Estado competentes, contra quais- funções no comitê.
quer atos de discriminação racial que, contrariamente à presente
convenção, violaram seus direitos individuais e suas liberdades Artigo IX
fundamentais, assim como o direito de pedir a esses tribunais uma 1.  os estados partes comprometem-se a apresentar ao Secretá-
satisfação ou reparação justa e adequada por qualquer dano de rio Geral, para exame do Comitê, m relatório sobre as medidas le-
que foi vitima em decorrência de tal discriminação. gislativas, judiciárias, administrativas ou outras que tomarem para
tornarem efetivas as disposições da presente convenção: a) dentro
Artigo VII do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da convenção, para
Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medidas ime- cada Estado interessado no que lhe diz respeito, e posteriormente,
diatas e eficazes, principalmente no campo do ensino, educação, cada dois anos, e toda vez que o Comitê solicitar informações com-
da cultura, e da informação, para lutas contra os preconceitos que plementares aos Estados Partes. 
levem à discriminação racial e para promover, o entendimento, 2.  O comitê submeterá anualmente à Assembleia Geral, um
a tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais e étnicos relatório sobre suas atividades e poderá fazer sugestões e recomen-
assim como para propagar ao objetivo e princípios da Carta das dações de ordem geral baseadas no exame dos relatórios e das infor-
Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, mações recebidas dos Estados Partes. Levará estas sugestões e re-
da Declaração das nações Unidas sobre a eliminação de todas as comendações de ordem geral ao conhecimento da Assembleia Geral,
formas de discriminação racial e da presente Convenção. e, se as houver, juntamente com as observações dos Estados Partes.

PARTE II Artigo X
1.  Comitê adotará seu regulamento interno. 
Artigo VIII 2.  O Comitê elegerá sua mesa por um período de dois anos. 
1.  Será estabelecido um Comitê para a eliminação da dis- 3.  O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas for-
criminação racial (doravante denominado “o Comitê”) composto necerá os serviços de Secretaria ao Comitê. 
de 18 peritos conhecidos para sua alta moralidade e conhecida 4.  O Comitê reunir-se-á normalmente na Sede das Nações
imparcialidade, que serão eleitos pelos Estados Membros dentre Unidas.
seus nacionais e que e que atuarão a título individual, levando-se
em conta uma repartição geográfica equitativa e a representação Artigo XI
das formas diversas de civilização assim como dos principais sis- 1.  Se um Estado Parte julgar que outro Estado igualmente Par-
temas jurídicos.  te não aplica as disposições da presente Convenção, poderá chamar
2.  Os membros do comitê serão eleitos em escrutínio secre- a atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê transmitirá, então, a
to de uma lista  de candidatos designados pelos Estados Partes, comunicação ao Estado Parte interessado. Num prazo de três meses,
Cada Estado Parte poderá designar um candidato escolhido den- O estado destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou decla-
tre seus nacionais.  rações por escrito, a fim de esclarecer a questão e indicar as medidas
3.  A primeira eleição será realizada seis meses após a data corretivas que por acaso tenham sido tomadas pelo referido Estado. 
da entrada em vigor da presente Convenção. Três meses pelo me- 2.  Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data do
nos antes de cada eleição, o Secretário Geral das Nações Unidas recebimento da comunicação original pelo Estado destinatário a
enviará uma Carta aos Estados Partes para convidá-los a apre- questão não foi resolvida a contento do dois estados, por meio de
sentar suas candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário negociações bilaterais ou por qualquer outro processo que estiver  a
Geral elaborará uma lista por ordem alfabética, de todos os can- sua disposição, tanto um como o outro terão o direito de submetê-la
didatos assim nomeados com indicação dos Estados partes que os novamente ao comitê, endereçando uma notificação ao Comitê as-
nomearam, e a comunicará aos Estados Partes.  sim como ao outro Estado interessado. 

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
3.  O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão, 2.  O Presidente do Comitê transmitirá o relatório da Comis-
de acordo com o 2.° do presente artigo, após ter constatado que são a cada um dos Estados Partes na controvérsia. Os referidos
todos os recursos internos disponíveis foram interpostos ou esgo- Estados comunicarão ao Presidente do Comitê num prazo de três
tados, de conformidade com os princípios de direito internacional meses se aceitarem ou não, as recomendações contidas no relató-
geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os proce- rio da Comissão. 
dimentos de recurso excedem prazos razoáveis.  3.  Expirado o prazo previsto no 2.° do presente artigo, o
4.  Em qualquer questão que lhe for submetida, o Comitê Presidente do Comitê comunicará o Relatório da comissão e as
poderá solicitar aos Estados Partes presentes que lhe forneçam declarações dos Estados partes interessadas aos Estados Partes
quaisquer informações complementares pertinentes.  na Comissão.
5.  Quando o Comitê examinar uma questão conforme o pre-
sente artigo os Estados Partes interessados terão o direito de no- Artigo XIV
mear representante que participará sem direito de voto dos traba- 1.  Todo Estado Parte poderá declarar a qualquer momento
lhos Comitê durante todos os debates. que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar
comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos sob sua ju-
Artigo XII risdição que se consideram vítimas de uma violação pelo referido
1. a) Depois que o Comitê obtiver e consultar as informações Estado Parte, de qualquer um dos direitos enunciados na presente
que julgar necessárias, o Presidente nomeará uma Comissão de Convenção. O Comitê não receberá qualquer comunicação de um
Conciliação ad hoc (doravante denominada “A Comissão”), com- Estado Parte que não houver feito tal declaração.
posta de 5 pessoas que deverão ser ou não membros do Comitê. Os 2.  Qualquer Estado Parte que fizer uma declaração de con-
membros serão nomeados com o consentimento pleno e unânime formidade com o parágrafo do presente artigo, poderá criar ou
das partes na controvérsia e a Comissão fará seus bons ofícios à designar um órgão dentro d sua ordem  jurídica nacional, que terá
disposição dos Estados presentes, com o objetivo de chegar a uma competência para receber e examinar As petições de pessoas ou
solução amigável da questão, baseada no respeito à à presente grupos de pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vítimas de
convenção.  uma violação de qualquer um dos direitos enunciados na presente
b) Se o Estados partes na controvérsia não chegarem a um Convenção e que esgotaram os outros recursos locais disponíveis. 
entendimento em relação a toda ou parte da composição da Co- 3.  A declaração feita de conformidade com o 1.° do presente
missão num prazo de três meses, os membros da Comissão que artigo e o nome de qualquer órgão criado ou designado pelo Esta-
não tiverem o assentimento dos Estados Partes, na controvérsia, do Parte interessado consoante o 2.° do presente artigo será depo-
serão eleitos por escrutínio secreto - entre os membros do Comitê, sitado pelo Estado Parte interessado junto ao Secretário geral das
por maioria de dois terços dos membros do comitê.  Nações Unidas que remeterá cópias aos outros Estados Partes.
2. Os membros da Comissão atuarão a título individual. Não A declaração poderá ser retirada a qualquer momento mediante
deverão ser nacionais de uma dos Estados Partes na controvérsia notificação ao Secretário Geral mas esta retirada não prejudicará
nem de um Estado que não seja parte da presente Convenção.  as comunicações que já estiverem sendo estudadas pelo Comitê. 
3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu regula- 4.  O órgão criado ou designado de conformidade com o 2.°
mento interno. do presente artigo,  deverá manter um registro de petições e có-
4. Comissão reunir-se-á normalmente na sede nas nações pias autenticadas do registro serão depositadas anualmente por
Unidas ou em qualquer outro lugar apropriado que a comissão canais apropriados junto ao Secretário Geral das Nações Unidas,
determinar.  no entendimento que o conteúdo dessas cópias não será divulgado
5. secretariado previsto no 3.° do artigo 10 prestará igual- ao público. 
mente seus serviços à Comissão cada vez que uma controvérsia 5.  Se não obtiver reparação satisfatória do órgão criado ou
entre os Estados Partes provocar sua formação.  designado de conformidade com o 2.° do presente artigo, o peti-
6.  Todas as despesas dos membros da Comissão serão di- cionário terá o direito de levar a questão ao Comitê  dentro de
vididas igualmente entre os Estados Partes na controvérsia num seis meses. 
cálculo estimativo feito pelo Secretário Geral.  6.  a) O Comitê, a título confidencial, qualquer comunicação
7.  O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for ne- que lhe tenha sido endereçada, ao conhecimento do Estado Par-
cessário, as despesas dos membros da Comissão, antes que o te que, pretensamente houver violado qualquer das disposições
reembolso seja efetuado pelos Estados Partes na Controvérsia, de desta Convenção, mas a identidade da pessoas ou dos grupos de
conformidade com o 6.° do presente artigo.  pessoas não poderá ser revelado sem o consentimento expresso
8.  As informações obtidas e confrontadas pelo Comitê serão da referida pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê não receberá
postas à disposição da Comissão, e a Comissão poderá solicitar comunicações anônimas. 
aos Estados interessados de lhe fornecer qualquer informação b)  Nos três meses seguintes, o referido Estado submeterá, por
complementar pertinente. escrito ao Comitê, as explicações ou recomendações que escla-
reçam a questão e indicará as medidas corretivas que por acaso
Artigo XIII houver adotado.
1.  após haver estudado a questão sob todos os seus aspec- 7.  a) O Comitê examinará as comunicações , à luz az infor-
tos, a Comissão preparará e submeterá ao Presidente do Comitê mações que lhe forem submetidas pelo Estado Parte interessado
um relatório com as conclusões sobre todas as questões de fato e pelo peticionário. O Comitê só examinará uma comunicação de
relativas à controvérsia entre as partes e as recomendações que um peticionário após ter-se assegurado que este esgotou todos os
julgar oportunas a fim de chegar a uma solução amistosa da con- recursos internos disponíveis. Entretanto, esta regra não se apli-
trovérsia.  cará se os processos de recurso excederem prazos razoáveis. 

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
b)  O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações even- PARTE III
tuais, ao Estado Parte interessado e ao peticionário. 
8.  O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo des- Artigo XVII
tas comunicações, se for necessário, um resumo das explicações 1.  A presente convenção ficará aberta à assinatura de todo
e declarações dos Estados Partes interessados assim como suas Estado Membro da Organização das Nações Unidas ou membro de
próprias sugestões e recomendações.  qualquer uma de suas agências especializadas, de qualquer Estado
9.  O Comitê somente terá competência para exercer as Parte no Estatuto da Corte Internacional de Justiça, assim como
funções previstas neste artigo se pelo menos dez Estados Partes de qualquer outro Estado convidado pela Assembleia Geral da Or-
nesta Convenção estiverem obrigados por declaração feitas de ganização das Nações Unidas a tornar-se parte na presente  Con-
conformidade com o parágrafo deste artigo. venção. 
2.  A presente Convenção ficará sujeita à ratificação e os instru-
Artigo XV mentos de ratificação serão depositados junto ao secretário Geral
1.  Enquanto não forem atingidos os objetivos da Resolução das Nações Unidas.
n. 1.514 (XV) da Assembleia Geral de 14 de dezembro de 1960,
relativa à Declaração sobre a concessão da independência dos Artigo XVIII
países e povos coloniais, as disposições da presente convenção 1.  A presente Convenção ficará aberta à adesão de qualquer
não restringirão de maneira alguma o direito de petição conce- Estado mencionado no 1.° do artigo 17. 
2.  A adesão será efetuada pelo depósito de um instrumento de
dida aos povos por outros instrumentos internacionais ou pela
adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
Organização das Nações Unidas e suas agências especializadas. 
2.  a) O Comitê constituído de conformidade com o 1.° do ar-
Artigo XIX
tigo 8 desta Convenção receberá cópia das petições provenientes
1.  Esta  convenção entrará em vigor no trigésimo dia após a
dos órgãos das Nações Unidas que se encarregarem de questões data do depósito junto ao Secretário Geral das Nações Unidas do
diretamente relacionadas com os princípios e objetivos da pre- vigésimo sétimo instrumento de ratificação. 
sente Convenção e expressará sua opinião e formulará recomen- 2.  Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a
dações sobre petições recebidas quando examinar as petições re- ele aderir após o depósito do vigésimo sétimo instrumento de ratifi-
cebidas dos habitantes dos territórios sob tutela ou não autônomo cação ou adesão esta convenção entrará em vigor no trigésimo dia
ou de qualquer território a que se aplicar a resolução 1.514 (XV) após o depósito de seu instrumento de ou adesão.
da Assembleia Geral, relacionadas a questões tratadas pela pre-
sente Convenção e que forem submetidas a esses órgãos.  Artigo XX
b)  O Comitê receberá dos órgãos competentes da Organi- 1.  O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará, a
zação das Nações Unidas cópia dos relatórios sobre medidas de todos os Estados que forem ou vierem a tornar-se partes desta Con-
ordem legislativa, judiciária, administrativa ou outra diretamente venção, as reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação
relacionada com os princípios e objetivos da presente Convenção ou adesão. Qualquer estado que objetar a essas reservas, deverão
que as Potências Administrativas tiverem aplicado nos territórios notificar ao Secretário Geral, dentro de noventa dias da data referi-
mencionados na alínea “a” do presente parágrafo e expressará da comunicação, que não a aceita. 
sua opinião e fará recomendações a esses órgãos.  2.  Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto
3.  O Comitê incluirá em seu relatório à Assembleia Geral e o escopo desta Convenção nem uma reserva cujo efeito seria a de
um resumo das petições e relatórios que houver recebido de ór- impedir o funcionamento de qualquer dos órgãos previstos nesta
gãos das Nações unidas e as opiniões e recomendações que hou- convenção. Uma reserva será considerada incompatível ou impe-
ver proferido sobre tais petições e relatórios.  ditiva se a ela objetarem ao menos dois dos Estados Partes nesta
4.  O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações Uni- Convenção. 
das qualquer informação relacionada com os objetivos da pre- 3.  As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por
sente Convenção que este dispuser sobre os territórios menciona- uma notificação endereçada com esse objeto ao Secretariado Geral.
dos no 2° (a) presente artigo. Tal notificação surtirá efeito na data de seu recebimento.

Artigo XXI
Artigo XVI
Qualquer Estado Parte poderá denunciar esta Convenção me-
As disposições desta Convenção relativas a solução das
diante notificação escrita endereçada ao Secretário Geral da Orga-
controvérsias ou queixas serão aplicada sem prejuízo de outros
nização das Nações Unidas. A denúncia surtirá efeito um ano após
processos para solução de controvérsias e queixas no campo da a data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral.
discriminação previstos nos instrumentos constitutivos das Na-
ções Unidas e suas agências especializadas, e não excluirá a pos- Artigo XXII
sibilidade dos Estados Partes recomendarem aos outros, proces-  Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Partes rela-
sos para a solução de uma controvérsia de conformidade com os tiva à interpretação ou aplicação desta Convenção, que não for re-
acordos internacionais ou especiais que os ligarem. solvida por negociação ou pelos processos previstos expressamente
nesta Convenção, será, pedido de qualquer das Partes na contro-
vérsia, submetida à decisão da Corte Internacional de Justiça a não
ser que os litigantes concordem em outro meio de solução.

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo XXIII DECRETA:
1.  Qualquer estado Parte poderá formular a qualquer mo-
mento um pedido de revisão da presente Convenção, mediante Art. 1o A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
notificação escrita endereçada ao Secretário Geral das Nações de Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro de 1979,
Unidas.  apensa por cópia ao presente Decreto, com reserva facultada em
2.  A Assembleia Geral decidirá a respeito das medidas a seu art. 29, parágrafo 2, será executada e cumprida tão inteira-
serem tomadas, caso for necessário, sobre o pedido. mente como nela se contém.

Artigo XXIV Art. 2o  São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional


O Secretário Geral da Organização das nações unidas  co- quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Con-
municará a todos os estados mencionados no 1.° do Artigo 17 venção, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos
desta Convenção.  termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou
a)  as assinaturas e os depósitos de instrumentos de ratifica- compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
ção e de adesão de conformidade com os artigos 17 e 18; 
b)  a data em que a presente Convenção entrar em vigor, de Art. 3o  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
conformidade com o artigo 19; 
c)  as comunicações e declarações recebidas de conformida- Art. 4o  Fica revogado o Decreto no 89.460, de 20 de março
de com os artigos14, 20 e 23; de 1984.
d)  as denúncias feitas de conformidade com o artigo 21.
Brasília, 13 de setembro de 2002; 181o da Independência e
Artigo XXV 114o da República.
1.  Esta Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, francês
e inglês e russo são igualmente autênticos será depositada nos FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
arquivos das Nações Unidas  Osmar Chohfi
2.  O Secretário Geral das Nações Unidas enviará cópias
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
autenticadas desta Convenção a todos os Estados pertencentes
criminação contra a Mulher
a qualquer uma das categorias mencionadas no 1.° do artigo 17. 
Os Estados Partes na presente convenção,
Em fé do que os abaixo assinados devidamente autorizados
CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas reafirma a
por seus Governos assinaram a presente Convenção que foi aber-
fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da
ta a assinatura em Nova York a 7  de março de 1966.
pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher,
CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Direitos
Convenção Sobre Eliminação de Todas as Formas de Humanos reafirma o princípio da não-discriminação e proclama
Discriminação Contra a Mulher (Decreto nº 4.377/02). que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade
e direitos e que toda pessoa pode invocar todos os direitos e li-
DECRETO Nº 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002. berdades proclamados nessa Declaração, sem distinção alguma,
Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as For- inclusive de sexo,
mas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o De- CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Convenções In-
creto no 89.460, de 20 de março de 1984. ternacionais sobre Direitos Humanos tem a obrigação de garantir
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que ao homem e à mulher a igualdade de gozo de todos os direitos
lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e econômicos, sociais, culturais, civis e políticos,
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo De- OBSERVANDO as convenções internacionais concluídas sob
creto Legislativo no 93, de 14 de novembro de 1983, a Convenção os auspícios das Nações Unidas e dos organismos especializados
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra em favor da igualdade de direitos entre o homem e a mulher,
a Mulher, assinada pela República Federativa do Brasil, em Nova OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e recomen-
York, no dia 31 de março de 1981, com reservas aos seus artigos dações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas Agências Especia-
15, parágrafo 4o, e 16, parágrafo 1o, alíneas (a), (c), (g) e (h); lizadas para favorecer a igualdade de direitos entre o homem e a
Considerando que, pelo Decreto Legislativo no 26, de 22 de mulher,
junho de 1994, o Congresso Nacional revogou o citado Decreto PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar destes
Legislativo no 93, aprovando a Convenção sobre a Eliminação de diversos instrumentos, a mulher continue sendo objeto de grandes
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, inclusive os discriminações,
citados artigos 15, parágrafo 4o, e 16, parágrafo 1o , alíneas (a), RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher viola
(c), (g) e (h); os princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade
Considerando que o Brasil retirou as mencionadas reservas humana, dificulta a participação da mulher, nas mesmas condições
em 20 de dezembro de 1994; que o homem, na vida política, social, econômica e cultural de seu
Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o Bra- país, constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da sociedade
sil, em 2 de março de 1984, com a reserva facultada em seu art. e da família e dificulta o pleno desenvolvimento das      potenciali-
29, parágrafo 2; dades da mulher para prestar serviço a seu país e à humanidade,

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de pobreza, Artigo 2o
a mulher tem um acesso mínimo à alimentação, à saúde, à educa- Os Estados Partes condenam a discriminação contra a mu-
ção, à capacitação e às oportunidades de emprego, assim como à lher em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos
satisfação de outras necessidades, os meios apropriados e sem dilações, uma política destinada a
CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova Ordem eliminar a discriminação contra a mulher, e com tal objetivo se
Econômica Internacional baseada na equidade e na justiça con- comprometem a:
tribuirá significativamente para a promoção da igualdade entre o a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constitui-
homem e a mulher, ções nacionais ou em outra legislação apropriada o princípio da
SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de todas as igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios
formas de racismo, discriminação racial, colonialismo, neocolo- apropriados a realização prática desse princípio;
nialismo, agressão, ocupação estrangeira e dominação e interfe- b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter,
rência nos assuntos internos dos Estados é essencial para o pleno com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra
exercício dos direitos do homem e da mulher, a mulher;
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da segurança in- c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher
ternacionais, o alívio da tensão internacional, a cooperação mú- numa base de igualdade com os do homem e garantir, por meio
tua entre todos os Estados, independentemente de seus sistemas dos tribunais nacionais competentes e de outras instituições pú-
econômicos e sociais, o desarmamento geral e completo, e em par- blicas, a proteção efetiva da mulher contra todo ato de discrimi-
ticular o desarmamento nuclear sob um estrito e efetivo controle nação;
internacional, a afirmação dos princípios de justiça, igualdade e  d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de discrimi-
proveito mútuo nas relações entre países e a realização do direi- nação contra a mulher e zelar para que as autoridades e institui-
to dos povos submetidos a dominação colonial e estrangeira e a ções públicas atuem em conformidade com esta obrigação;
ocupação estrangeira, à autodeterminação e independência, bem e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discrimina-
como o respeito da soberania nacional e da integridade territo- ção contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização
rial, promoverão o progresso e o desenvolvimento sociais, e, em ou empresa;
consequência, contribuirão para a realização da plena igualdade f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter
entre o homem e a mulher, legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e
CONVENCIDOS de que a participação máxima da mulher, práticas que constituam discriminação contra a mulher;
em igualdade de condições com o homem, em todos os campos, g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que cons-
é indispensável para o desenvolvimento pleno e completo de um tituam discriminação contra a mulher.
país, o bem-estar do mundo e a causa da paz,
TENDO presente a grande contribuição da mulher ao bem- Artigo 3o
-estar da família e ao desenvolvimento da sociedade, até agora Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e, em parti-
não plenamente reconhecida, a importância social da materni- cular, nas esferas política, social, econômica e cultural, todas as
dade e a função dos pais na família e na educação dos filhos, e medidas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para asse-
conscientes de que o papel da mulher na procriação não deve ser gurar o pleno desenvolvimento e progresso da mulher, com o ob-
causa de discriminação mas sim que a educação dos filhos exige jetivo de garantir-lhe o exercício e gozo dos direitos humanos e li-
a responsabilidade compartilhada entre homens e mulheres e a berdades fundamentais em igualdade de condições com o homem.
sociedade como um conjunto,
RECONHECENDO que para alcançar a plena igualdade en- Artigo 4o
tre o homem e a mulher é necessário modificar o papel tradicional 1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais de ca-
tanto do homem como da mulher na sociedade e na família, ráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre
RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na Decla- o homem e a mulher não se considerará discriminação na forma
ração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher e, definida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará,
para isto, a adotar as medidas necessárias a fim de suprimir essa como consequência, a manutenção de normas desiguais ou sepa-
discriminação em todas as suas formas e manifestações, radas; essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade
CONCORDARAM no seguinte: de oportunidade e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais, in-
PARTE I clusive as contidas na presente Convenção, destinadas a proteger
a maternidade, não se considerará discriminatória.
Artigo 1o
Para os fins da presente Convenção, a expressão “discrimi- Artigo 5o
nação contra a mulher” significará toda a distinção, exclusão ou Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apropriadas
restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado para:
prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens
mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igual- e mulheres, com vistas a alcançar a eliminação dos preconceitos e
dade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades práticas consuetudinárias e de qualquer outra índole que estejam
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e baseados na ideia da inferioridade ou superioridade de qualquer
civil ou em qualquer outro campo. dos sexos ou em funções estereotipadas de homens e mulheres.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
b) Garantir que a educação familiar inclua uma compreensão b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames, pessoal
adequada da maternidade como função social e o reconhecimento docente do mesmo nível profissional, instalações e material esco-
da responsabilidade comum de homens e mulheres no que diz res- lar da mesma qualidade;
peito à educação e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo- c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis
se que o interesse dos filhos constituirá a consideração primordial masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de
em todos os casos. ensino mediante o estímulo à educação mista e a outros tipos de
educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em parti-
Artigo 6o cular, mediante a modificação dos livros e programas escolares e
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas, in- adaptação dos métodos de ensino;
clusive de caráter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfi- d) As mesmas oportunidades para obtenção de bolsas de estu-
co de mulheres e exploração da prostituição da mulher. do e outras subvenções para estudos;
e) As mesmas oportunidades de acesso aos programas de
PARTE II educação supletiva, incluídos os programas de alfabetização fun-
cional e de adultos, com vistas a reduzir, com a maior brevidade
Artigo 7o possível, a diferença de conhecimentos existentes entre o homem
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para e a mulher;
eliminar a discriminação contra a mulher na vida política e pública f) A redução da taxa de abandono feminino dos estudos e a
do país e, em particular, garantirão, em igualdade de condições com organização de programas para aquelas jovens e mulheres que
os homens, o direito a: tenham deixado os estudos prematuramente;
a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e ser elegível g) As mesmas oportunidades para participar ativamente nos
para todos os órgãos cujos membros sejam objeto de eleições públi- esportes e na educação física;
cas; h) Acesso a material informativo específico que contribua
b) Participar na formulação de políticas governamentais e na para assegurar a saúde e o bem-estar da família, incluída a infor-
execução destas, e ocupar cargos públicos e exercer todas as funções mação e o assessoramento sobre planejamento da família.
públicas em todos os planos governamentais;
c) Participar em organizações e associações não-governamen-
Artigo 11
tais que se ocupem da vida pública e política do país.
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas
para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera do em-
Artigo 8o
prego a fim de assegurar, em condições de igualdade entre homens
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para
e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
garantir, à mulher, em igualdade de condições com o homem e sem
discriminação alguma, a oportunidade de representar seu governo a) O direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser
no plano internacional e de participar no trabalho das organizações humano;
internacionais. b) O direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive
a aplicação dos mesmos critérios de seleção em questões de em-
Artigo 9o prego;
1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos iguais aos c) O direito de escolher livremente profissão e emprego,
dos homens para adquirir, mudar ou conservar sua nacionalidade. o direito à promoção e à estabilidade no emprego e a todos os
Garantirão, em particular, que nem o casamento com um estrangeiro, benefícios e outras condições de serviço, e o direito ao acesso à
nem a mudança de nacionalidade do marido durante o casamento, formação e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem,
modifiquem automaticamente a nacionalidade da esposa, convertam- formação profissional superior e treinamento periódico;
na em apátrida ou a obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge. d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e
2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos direitos igualdade de tratamento relativa a um trabalho de igual valor,
que ao homem no que diz respeito à nacionalidade dos filhos. assim como igualdade de tratamento com respeito à avaliação da
qualidade do trabalho;
PARTE III e) O direito à seguridade social, em particular em casos de
aposentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra
Artigo 10 incapacidade para trabalhar, bem como o direito de férias pagas;
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas condições
eliminar a discriminação contra a mulher, a fim de assegurar-lhe de trabalho, inclusive a salvaguarda da função de reprodução.
a igualdade de direitos com o homem na esfera da educação e em 2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por ra-
particular para assegurarem condições de igualdade entre homens zões de casamento ou maternidade e assegurar a efetividade de
e mulheres: seu direito a trabalhar, os Estados-Partes tomarão as medidas
a) As mesmas condições de orientação em matéria de carreiras adequadas para:
e capacitação profissional, acesso aos estudos e obtenção de diplo- a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou
mas nas instituições de ensino de todas as categorias, tanto em zonas licença de maternidade e a discriminação nas demissões motiva-
rurais como urbanas; essa igualdade deverá ser assegurada na edu- das pelo estado civil;
cação pré-escolar, geral, técnica e profissional, incluída a educação b) Implantar a licença de maternidade, com salário pago ou
técnica superior, assim como todos os tipos de capacitação pro- benefícios sociais comparáveis, sem perda do emprego anterior,
fissional; antiguidade ou benefícios sociais;

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio ne- e) Organizar grupos de autoajuda e cooperativas a fim de obter
cessários para permitir que os pais combinem as obrigações para igualdade de acesso às oportunidades econômicas mediante emprego ou
com a família com as responsabilidades do trabalho e a participa- trabalho por conta própria;
ção na vida pública, especialmente mediante fomento da criação f) Participar de todas as atividades comunitárias;
e desenvolvimento de uma rede de serviços destinados ao cuidado g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos serviços de
das crianças; comercialização e às tecnologias apropriadas, e receber um tratamento
d) Dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos igual nos projetos de reforma agrária e de restabelecimentos;
tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais para elas. h) gozar de condições de vida adequadas, particularmente nas esfe-
3. A legislação protetora relacionada com as questões com- ras da habitação, dos serviços sanitários, da eletricidade e do abasteci-
preendidas neste artigo será examinada periodicamente à luz dos mento de água, do transporte e das comunicações.
conhecimentos científicos e tecnológicos e será revista, derrogada
ou ampliada conforme as necessidades. PARTE IV

Artigo 12 Artigo 15
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas 1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igualdade com o ho-
para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera dos cui- mem perante a lei.
dados médicos a fim de assegurar, em condições de igualdade entre 2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em matérias civis,
homens e mulheres, o acesso a serviços médicos, inclusive os refe- uma capacidade jurídica idêntica do homem e as mesmas oportunidades
rentes ao planejamento familiar. para o exercício dessa capacidade. Em particular, reconhecerão à mu-
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os Estados-Partes lher iguais direitos para firmar contratos e administrar bens e dispensar-
garantirão à mulher assistência apropriadas em relação à gravidez, lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas do processo nas cortes de
ao parto e ao período posterior ao parto, proporcionando assistên- justiça e nos tribunais.
cia gratuita quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma 3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou outro ins-
nutrição adequada durante a gravidez e a lactância. trumento privado de efeito jurídico que tenda a restringir a capacidade
jurídica da mulher será considerado nulo.
Artigo 13 4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mulher os mesmos
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas direitos no que respeita à legislação relativa ao direito das pessoas à li-
para eliminar a discriminação contra a mulher em outras esferas da berdade de movimento e à liberdade de escolha de residência e domicílio.
vida econômica e social a fim de assegurar, em condições de igual-
dade entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
Artigo 16
a) O direito a benefícios familiares;
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas adequadas para
b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e outras
eliminar a discriminação contra a mulher em todos os assuntos relati-
formas de crédito financeiro;
vos ao casamento e às ralações familiares e, em particular, com base na
c) O direito a participar em atividades de recreação, esportes e
igualdade entre homens e mulheres, assegurarão:
em todos os aspectos da vida cultural.
a) O mesmo direito de contrair matrimônio;
Artigo 14 b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge e de contrair
1. Os Estados-Partes levarão em consideração os problemas matrimônio somente com livre e pleno consentimento;
específicos enfrentados pela mulher rural e o importante papel que c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o casamento e
desempenha na subsistência econômica de sua família, incluído seu por ocasião de sua dissolução;
trabalho em setores não-monetários da economia, e tomarão todas d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais, qualquer que
as medidas apropriadas para assegurar a aplicação dos dispositi- seja seu estado civil, em matérias pertinentes aos filhos. Em todos os ca-
vos desta Convenção à mulher das zonas rurais. sos, os interesses dos filhos serão a consideração primordial;
2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apropriadas e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavelmente sobre o
para eliminar a discriminação contra a mulher nas zonas rurais a número de seus filhos e sobre o intervalo entre os nascimentos e a ter
fim de assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulhe- acesso à informação, à educação e aos meios que lhes permitam exercer
res, que elas participem no desenvolvimento rural e dele se benefi- esses direitos;
ciem, e em particular as segurar-lhes-ão o direito a: f) Os mesmos direitos e responsabilidades com respeito à tutela,
a) Participar da elaboração e execução dos planos de desen- curatela, guarda e adoção dos filhos, ou institutos análogos, quando
volvimento em todos os níveis; esses conceitos existirem na legislação nacional. Em todos os casos os
b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive infor- interesses dos filhos serão a consideração primordial;
mação, aconselhamento e serviços em matéria de planejamento g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mulher, inclusive o
familiar; direito de escolher sobrenome, profissão e ocupação;
c) Beneficiar-se diretamente dos programas de seguridade so- h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em matéria de proprie-
cial; dade, aquisição, gestão, administração, gozo e disposição dos bens, tanto
d) Obter todos os tipos de educação e de formação, acadêmica a título gratuito quanto à título oneroso.
e não-acadêmica, inclusive os relacionados à alfabetização fun- 2. Os esponsais e o casamento de uma criança não terão efeito legal
cional, bem como, entre outros, os benefícios de todos os serviços e todas as medidas necessárias, inclusive as de caráter legislativo, serão
comunitário e de extensão a fim de aumentar sua capacidade téc- adotadas para estabelecer uma idade mínima para o casamento e para
nica; tornar obrigatória a inscrição de casamentos em registro oficial.

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
PARTE V a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Con-
venção para o Estado interessado; e
Artigo 17 b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e toda vez
1. Com o fim de examinar os progressos alcançados na aplica- que o Comitê a solicitar.
ção desta Convenção, será estabelecido um Comitê sobre a Elimi- 2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades que
nação da Discriminação contra a Mulher (doravante denominado o influam no grau de cumprimento das obrigações estabelecidos por
Comitê) composto, no momento da entrada em vigor da Convenção, esta Convenção.
de dezoito e, após sua ratificação ou adesão pelo trigésimo quin-
to Estado-Parte, de vinte e três peritos de grande prestígio moral e Artigo 19
competência na área abarcada pela Convenção. Os peritos serão 1. O Comitê adotará seu próprio regulamento.
eleitos pelos Estados-Partes entre seus nacionais e exercerão suas 2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois anos.
funções a título pessoal; será levada em conta uma repartição geo-
gráfica equitativa e a representação das formas diversas de civiliza-
Artigo 20
ção assim como dos principais sistemas jurídicos;
1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por um
2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto
de uma lista de pessoas indicadas pelos Estados-Partes. Cada um período não superior a duas semanas para examinar os relatórios
dos Estados-Partes poderá indicar uma pessoa entre seus próprios que lhe sejam submetidos em conformidade com o Artigo 18 desta
nacionais; Convenção.
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a data de entra- 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente na sede
da em vigor desta Convenção. Pelo menos três meses antes da data das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar que o Comitê de-
de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações Unidas dirigirá uma termine.
carta aos Estados-Partes convidando-os a apresentar suas candida-
turas, no prazo de dois meses. O Secretário-Geral preparará uma Artigo 21
lista, por ordem alfabética de todos os candidatos assim apresenta- 1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das
dos, com indicação dos Estados-Partes que os tenham apresentado e Nações Unidas, informará anualmente a Assembleia Geral das
comunica-la-á aos Estados Partes; Nações Unidas de suas atividades e poderá apresentar sugestões e
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião recomendações de caráter geral baseadas no exame dos relatórios
dos Estados-Partes convocado pelo Secretário-Geral na sede das e em informações recebidas dos Estados-Partes. Essas sugestões
Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quorum será alcançado e recomendações de caráter geral serão incluídas no relatório do
com dois terços dos Estados-Partes, serão eleitos membros do Comi- Comitê juntamente com as observações que os Estados-Partes te-
tê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria nham porventura formulado.
absoluta de votos dos representantes dos Estados-Partes presentes 2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os rela-
e votantes; tórios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mulher.
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de As Agências Especializadas terão direito a estar representa-
quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos na das no exame da aplicação das disposições desta Convenção que
primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente após correspondam à esfera de suas atividades. O Comitê poderá con-
a primeira eleição os nomes desses nove membros serão escolhidos, vidar as Agências Especializadas a apresentar relatórios sobre a
por sorteio, pelo Presidente do Comitê; aplicação da Convenção nas áreas que correspondam à esfera de
6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê realizar- suas atividades.
se-á em conformidade com o disposto nos parágrafos 2, 3 e 4 deste
Artigo, após o depósito do trigésimo quinto instrumento de ratifica-
PARTE VI
ção ou adesão. O mandato de dois dos membros adicionais eleitos
nessa ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por sorteio, pelo Presi-
dente do Comitê, expirará ao fim de dois anos; Artigo 23
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte cujo perito Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer dis-
tenha deixado de exercer suas funções de membro do Comitê no- posição que seja mais propícia à obtenção da igualdade entre ho-
meará outro perito entre seus nacionais, sob reserva da aprovação mens e mulheres e que seja contida:
do Comitê; a) Na legislação de um Estado-Parte ou
8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da Assembleia b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo interna-
Geral, receberão remuneração dos recursos das Nações Unidas, na cional vigente nesse Estado.
forma e condições que a Assembleia Geral decidir, tendo em vista a
importância das funções do Comitê; Artigo 24
9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporcionará o pes- Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas as medi-
soal e os serviços necessários para o desempenho eficaz das funções das necessárias em âmbito nacional para alcançar a plena reali-
do Comitê em conformidade com esta Convenção. zação dos direitos reconhecidos nesta Convenção.
Artigo 18
1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter ao Secretá- Artigo 25
rio-Geral das Nações Unidas, para exame do Comitê, um relatório 1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos os Es-
sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras tados.
que adotarem para tornarem efetivas as disposições desta Conven- 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica designado de-
ção e sobre os progressos alcançados a esse respeito: positário desta Convenção.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os instrumentos EXERCÍCIOS
de ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral das
Nações Unidas. 1. (CESPE - 2011 - TRF 5ª Região - Juiz) A Declaração Uni-
4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os Esta- versal dos Direitos Humanos 
dos. A adesão efetuar-se-á através do depósito de um instrumento a) não trata de direitos econômicos.
de adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. b) trata dos direitos de liberdade e igualdade.
c) trata o meio ambiente ecologicamente equilibrado como
Artigo 26 direito de todos.
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer momento, for- d) não faz referência a direitos políticos.
mular pedido de revisão desta revisão desta Convenção, mediante e) não faz referência a direitos culturais e à bioética.
notificação escrita dirigida ao Secretário-Geral das Nações Uni-
das. R: B. Os direitos de liberdade e igualdade são o foco da De-
2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre as claração de 1948, como se percebe pelos seus dois primeiros arti-
medidas a serem tomadas, se for o caso, com respeito a esse pe- gos: “Artigo I. Todas as pessoas nascem livres e iguais em digni-
dido. dade e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir
em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo II.
Artigo 27 Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a par- estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espé-
tir da data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou cie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de
adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a qualquer outra condição”. 
ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratificação
ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o 2. (CESPE - 2012 - DPE-AC - Defensor Público) A Declara-
depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão. ção Universal de Direitos Humanos
a) foi proclamada pelos revolucionários franceses do final do
Artigo 28 século XVIII e confirmada, após a Segunda Guerra Mundial, pela
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e enviará Assembleia Geral das Nações Unidas.
a todos os Estados o texto das reservas feitas pelos Estados no
b) foi o primeiro documento internacional a estabelecer ex-
momento da ratificação ou adesão.
pressamente o princípio da vedação ao retrocesso social.
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto
c) nada declara sobre o direito à propriedade, em razão da ne-
e o propósito desta Convenção.
cessidade de acomodação das diferentes ideologias das potências
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por
vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário-Ge-
d) não faz referência à possibilidade de qualquer pessoa dei-
ral das Nações Unidas, que informará a todos os Estados a respei-
to. A notificação surtirá efeito na data de seu recebimento. xar o território de qualquer país ou nele ingressar, embora assegu-
re expressamente a liberdade de locomoção dentro das fronteiras
Artigo 29 dos Estados.
1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados-Par- e) assegura a toda pessoa o direito de participar do governo
tes relativa à interpretação ou aplicação desta Convenção e que de seu próprio país, diretamente ou por meio de representantes.
não for resolvida por negociações será, a pedido de qualquer das
Partes na controvérsia, submetida a arbitragem. Se no prazo de R: E. Nos termos do artigo XXI, item 1, “toda pessoa tem o
seis meses a partir da data do pedido de arbitragem as Partes direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por
não acordarem sobre a forma da arbitragem, qualquer das Partes intermédio de representantes livremente escolhidos”.
poderá submeter a controvérsia à Corte Internacional de Justiça
mediante pedido em conformidade com o Estatuto da Corte. 3. (FCC - 2010 - SJCDH-BA - Agente Penitenciário) São
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura ou ra- princípios fundamentais proclamados no artigo I da Declaração
tificação desta Convenção ou de adesão a ela, poderá declarar Universal dos Direitos Humanos, de 1948:
que não se considera obrigado pelo parágrafo anterior. Os demais a) a igualdade entre homens e mulheres e a liberdade de pen-
Estados-Partes não estarão obrigados pelo parágrafo anterior pe- samento e religião.
rante nenhum Estado-Parte que tenha formulado essa reserva. b) a presunção de inocência e a inviolabilidade da vida pri-
3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a reserva pre- vada.
vista no parágrafo anterior poderá retirá-la em qualquer momento c) o amplo acesso à educação e ao trabalho.
por meio de notificação ao Secretário-Geral das Nações Unidas. d) a liberdade de ir e vir e o direito de buscar asilo em outros
países.
Artigo 30 e) a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol,
francês, inglês e russo são igualmente autênticos será depositada R: E. Preconiza o citado dispositivo: “todas as pessoas nas-
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. cem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão
Em testemunho do que, os abaixo-assinados devidamente au- e consciência e devem agir em relação umas às outras com espí-
torizados, assinaram esta Convenção. rito de fraternidade”.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
4. (FCC - 2009 - DPE-MA - Defensor Público) Ao introduzir 6. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Quando
a concepção contemporânea de direitos humanos, a Declaração se fala em direitos humanos, considerando sua historicidade, é cor-
Universal de Direitos Humanos de 1948 afirma que reto dizer que:
a) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên- a) somente passam a existir com as Declarações de Direitos ela-
cia dos direitos humanos, conferindo primazia ao valor da solida- boradas a partir da Revolução Gloriosa Inglesa de 1688.
riedade, como condição ao exercício dos direitos civis, políticos, b) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da Carta
econômicos, sociais e culturais. Magna de 1215, que é a expressão maior da proteção dos Direitos
b) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência do Homem em âmbito universal.
dos direitos humanos, conferindo paridade hierárquica entre di- c) a concepção contemporânea de Direitos Humanos foi intro-
reitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais. duzida, em 1789, pela Declaração dos Direitos do Homem e do Ci-
c) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dadão, fruto da Revolução Francesa.
dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos civis e po- d) a internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir
líticos, como condição ao exercício dos direitos econômicos, so- do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante o
ciais e culturais. nazismo.
d) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên-
cia dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos econô- R: D. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de
micos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos direitos 1948 se iniciou um processo de internacionalização dos direitos hu-
civis e políticos. manos porque ela foi o primeiro documento internacional a abor-
e) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dar os direitos humanos, discriminando-os expressamente. Ocorre
dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos econômi- que com a crescente positivação do Direito pelo Estado que se fez
cos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos direitos presente antes e durante as grandes guerras, ele se tornou um sim-
civis e políticos. ples instrumento de gestão e comando da sociedade, ou seja, deixou
de ser algo dado pela razão comum, gerando uma mutabilidade no
tempo e um particularismo no espaço: o lícito e o ilícito passou a
R: B. A declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948
ser basicamente o que cada Estado impõe como tal, não o consoli-
reconhece todos os direitos humanos, sejam eles da primeira, da
dado pelo direito natural. O mundo somente tomou conhecimento
segunda ou da terceira dimensão, como essenciais à dignidade
da extensão da tirania alemã quando os exércitos Aliados abriram
humana. Logo, não há primazia entre eles. No mais, de fato, di-
os campos de concentração na Alemanha e nos países por ela ocu-
reitos humanos são dotados de universalidade (valem para todos
pados, encontrando prisioneiros famintos, doentes e brutalizados,
seres humanos, garantindo-se um sistema global), indivisibilidade
além de milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, ciganos,
(compõem um único conjunto de direitos porque não podem ser
homossexuais e traidores do Reich em geral, que foram persegui-
analisados de maneira isolada, separada) e interdependência (as dos, torturados e mortos. No Tribunal de Nuremberg, ao qual foram
dimensões de direitos humanos apresentam uma relação orgâni- submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, o principal
ca entre si, logo, a dignidade da pessoa humana deve ser buscada argumento levantado foi o de que todas as ações praticadas foram
por meio da implementação mais eficaz e uniforme das liberda- baseadas em ordens superiores, todas dotadas de validade jurídica
des clássicas, dos direitos sociais, econômicos e de solidariedade perante a Constituição. Percebeu-se a necessidade de impedir que
como um todo único e indissolúvel). isto ocorresse novamente e, para tanto, os direitos naturais ora con-
sagrados desde o início da história foram positivados, num movi-
5. (FGV - 2011 - OAB) A respeito da internacionalização dos mento de laicização e sistematização do Direito característico do
direitos humanos, assinale a alternativa correta.  mundo moderno, formando uma ponte involuntária entre o jusnatu-
a) Já antes do fim da II Guerra Mundial ocorreu a internacio- ralismo e o positivismo jurídico.
nalização dos direitos humanos, com a limitação dos poderes do
Estado a fim de garantir o respeito integral aos direitos fundamen- 7. (VUNESP - 2010 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário)
tais da pessoa humana. Na hipótese de ocorrência de ato lesivo ao patrimônio público ou de
b) A limitação do poder, quando previsto na Constituição, ga- entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
rante por si só o respeito aos direitos humanos. meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, nos termos do
c) A criação de normas de proteção internacional no âmbito que dispõe, expressamente, a Constituição, o cidadão poderá ajuizar
dos direitos humanos possibilita a responsabilização do Estado a) ação popular.
quando as normas nacionais forem omissas. b) habeas corpus.
d) A internacionalização dos direitos humanos impõe que o c) ação civil pública.
Estado, e não o indivíduo, seja sujeito de direito internacional. d) mandado de injunção.
e) ação de improbidade administrativa.
R: C. As normas de proteção de direitos humanos são dotadas
de universalidade, de forma que valem para todos os indivíduos do R: A. Neste sentido, prevê o artigo 5°, no inciso LXXIII que
mundo, independentemente do território em que se encontrem. As- “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
sim, funcionam como limitadoras da soberania estatal, posto que o vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
Estado não pode fazer o que bem entender contra os direitos huma- que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
nos e ficar impune. Para tanto, inúmeros mecanismos se encontram ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
previstos internacionalmente. salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência”.

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
8. (FGV - 2011 - OAB) Com relação aos chamados “direitos 10. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) A proteção
econômicos, sociais e culturais”, é correto afirmar que  internacional dos direitos humanos é um conjunto de normas jurí-
a) são direitos humanos de segunda geração, o que significa dicas que garante o respeito à dignidade de todas as pessoas. Com
que não são juridicamente exigíveis, diferentemente do que ocorre relação ao sistema e à natureza de proteção internacional contra as
com os direitos civis e políticos. violações de direitos humanos, assinale a opção correta
b) são previstos, no âmbito do sistema interamericano, no a) Os tratados institutivos de garantias de direitos humanos
texto original da Convenção Americana sobre Direitos Humanos fundamentam-se na noção contratualista, que supera o princípio da
(Pacto de San José da Costa Rica). reciprocidade e é comum aos direitos dos tratados.
c) formam, juntamente com os direitos civis e políticos, um b) A natureza diplomática da proteção internacional dos di-
conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os quais não reitos humanos atribui aos Estados o dever de proteger tanto os
há qualquer relação hierárquica. nacionais quanto os estrangeiros que se encontrem em território
d) incluem o direito à participação no processo eleitoral, à pátrio, do que se depreende que a nacionalidade tem especial im-
educação, à alimentação e à previdência social. portância nesse contexto.
c) A natureza do sistema de proteção internacional dos direi-
R: C. A única coisa que distingue os direitos civis e políticos tos humanos é de domínio reservado do Estado nos limites de sua
dos direitos econômicos, sociais e culturais é que os primeiros, soberania, possibilitando a responsabilização internacional do Es-
pertencentes à 1ª dimensão de direitos humanos, exigem do Es- tado quando as instituições nacionais forem omissas na tarefa de
tado apenas uma postura passiva, de não intervenção, enquanto proteger os direitos humanos.
que o seu exercício se dá diretamente pelos indivíduos com maior d) A natureza sinalagmática dos tratados internacionais impõe
facilidade; já os segundos, componentes da 2ª dimensão, exigem obrigações estatais efetivas para a proteção dos indivíduos e de
do Estado uma postura ativa, ou seja, a elaboração de políticas pú- seus direitos diante de outro Estado contratante.
blicas para a efetivação destes direitos. Por isso, são disciplinados e) O regime objetivo das normas internacionais de direitos
internacionalmente em dois Pactos. No entanto, como a Declara- humanos refere-se às várias obrigações dos Estados com os indi-
ção Universal dos Direitos Humanos confere a ambos a mesma víduos que estão sob sua jurisdição, independentemente da nacio-
essencialidade para a dignidade humana é possível afirmar que não nalidade da pessoa.
existe entre eles nenhuma relação hierárquica.
R: E. Uma característica do sistema internacional de proteção
9. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Acerca da
de direitos humanos é a universalidade, pela qual todos os seres
afirmação histórica dos direitos humanos, assinale a opção correta.
humanos possuem exatamente os mesmos direitos inerentes à dig-
a) A Magna Carta, de 1215, instituiu a separação dos poderes
nidade em todo lugar do planeta, independente de sua naciona-
ao declarar que o funcionamento do parlamento, um órgão que
lidade, consoante a um Sistema Global de Proteção dos Direitos
visa defender os súditos perante o rei, não pode estar sujeito ao
Humanos. Neste sentido, o preâmbulo traz uma fórmula genérica e
arbítrio deste.
o artigo XVIII frisa: “toda pessoa tem direito a uma ordem social
b) Os sistemas das minorias e de mandatos, criados no âmbito
das Nações Unidas, garantiam que os habitantes pertencentes às e internacional em que os direitos e  liberdades estabelecidos na
minorias de determinados países europeus enviassem petições ao presente Declaração possam ser plenamente realizados”.
Comitê de Minorias.
c) A Declaração de Filadélfia é considerada a primeira carta 11. (FUNIVERSA - 2010 - SEJUS-DF - Especialista em As-
política a atribuir aos direitos trabalhistas o estatuto de direito fun- sistência Social - Ciências Contábeis) Acerca da Declaração Uni-
damental, juntamente com as liberdades individuais e os direitos versal dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta.
políticos. a) A Declaração é documento fortemente inspirado pela dou-
d) A importância histórica do habeas corpus, de 1679, con- trina religiosa da Igreja Católica e baseia-se na crença em um deus
siste no fato de que essa garantia judicial, instituída na Inglaterra único e no amor ao próximo.
para proteger a liberdade de locomoção, serviu de modelo para a b) A Declaração pressupõe as diferenças culturais entre os
criação de outras formas de proteção das liberdades fundamentais, povos, mas adota determinados princípios e regras com caráter
como o juicio de amparo, na América Latina. absoluto e pretensão de universalidade, como a proscrição da es-
e) A Constituição de Weimar foi o primeiro documento a afir- cravidão e da tortura e a igualdade de todos perante a lei.
mar os princípios democráticos na história política moderna. c) A fim de garantir o direito à imagem e a privacidade dos
cidadãos, a Declaração estabelece que, no caso de alguém ser pro-
R: D. Embora o Habeas Corpus já existisse na Inglaterra, no- cessado criminalmente, deverá ser julgado pelo órgão competente
tadamente tendo como marco a Magna Carta de 1215, somente em processo sigiloso; o sigilo somente deverá ser levantado na
em 1679 foi promulgada a Lei do Habeas Corpus, delineando os hipótese de condenação transitada em julgado.
direitos inerentes a esta garantia e tornando-a mais eficaz. O diplo- d) Pelo fato de reconhecer o direito à liberdade de locomoção
ma inglês serviu de parâmetro para legislações em todo mundo, e a relevância do intercâmbio cultural entre os povos, a Declaração
inclusive servindo de parâmetro para criação de outras garantias propugna a possibilidade de livre entrada e saída dos indivíduos
semelhantes. No México, a juicio de amparo visa proteger garan- em qualquer país, em tempo de paz.
tias constitucionais em geral, não somente inerentes à liberdade. e) Devido à inspiração de natureza socialista vigente na época
No Brasil, o mandado de segurança é uma garantia inspirada no de sua aprovação, a Declaração não menciona de forma expressa o
Habeas Corpus. direito à propriedade privada.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
R: B. A Declaração, por partir das Nações Unidas, mais im- terminados de direitos, no seguinte sentido: direitos civis e políticos
portante órgão internacional, tem a pretensão de valer para todas correspondem à dimensão da liberdade (1ª); direitos econômicos,
as pessoas do mundo. Obviamente, particularidades culturais exis- sociais e culturais referem-se à dimensão da igualdade (2ª); e direi-
tem e devem ser respeitadas. Contudo, reconhece-se a existência de tos difusos e coletivos abrangem a dimensão da fraternidade (3ª).
uma dignidade inerente a todos os homens que impede a aceitação
de determinadas práticas, como a escravidão, a tortura e a arbitra- 14. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil)
riedade. Considerando o que a doutrina majoritária dispõe sobre o desen-
volvimento e conquista dos direitos humanos, pode-se afirmar
12. (MPE-SP - 2011 - MPE-SP - Promotor de Justiça) O prin- que esse desenvolvimento histórico, classificado por gerações de
cípio da dignidade da pessoa humana: direitos, pode ser, cronologicamente, assim representado:
a) está previsto constitucionalmente como um dos fundamen- a) direitos individuais; direitos coletivos e direitos sociais.
tos da República e constitui um núcleo essencial de irradiação dos b) direitos individuais, direitos coletivos e liberdades nega-
direitos humanos, devendo ser levado em conta em todas as áreas tivas.
na atuação do Ministério Público. c) liberdades positivas, liberdades negativas e direitos sociais.
b) não está previsto constitucionalmente, mas consta do cha- d) direitos sociais; direitos de liberdade e direitos da frater-
mado Pacto de São José da Costa Rica, possuindo grande centra- nidade.
lidade no reconhecimento dos direitos humanos e tendo reflexo na e) direitos de liberdade; direitos sociais e direitos difusos.
atuação criminal do Ministério Público.
c) está previsto constitucionalmente como um dos objetivos R: E. Ligados ao valor liberdade, os direitos de primeira ge-
da República e possui grande centralidade no reconhecimento dos ração/dimensão são os direitos civis e políticos, que têm carac-
direitos humanos, mas não tem reflexo direto na atuação criminal terísticas de direitos de defesa, isto é, essencialmente negativos.
do Ministério Público. Por sua vez, ligados ao valor igualdade, os direitos de segunda
d) está previsto como um dos direitos fundamentais previstos dimensão/geração são os direitos sociais, econômicos e culturais,
na Constituição Federal, serve de base aos direitos de personalidade essencialmente positivos, e com natureza de direitos prestacio-
e deve ser considerado na atuação do Ministério Público, em espe-
nais. Por fim, ligados ao valor fraternidade, se pode elencar
cial perante o juízo de família.
como alguns dos direitos de terceira dimensão/geração o direito
e) não está previsto constitucionalmente, mas consta da De-
ao desenvolvimento/progresso, o direito ao meio ambiente, o di-
claração Universal dos Direitos do Homem, constitui um núcleo
reito à autodeterminação dos povos, o direito de comunicação,
essencial de irradiação dos direitos humanos, devendo ser levado
o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da huma-
em conta em todas as áreas na atuação do Ministério Público.
nidade, dentre outros. Tratam-se de direitos predominantemente
transindividuais, ou seja, alguns são coletivos, outros são difusos.
R: A. O princípio da dignidade da pessoa humana, mais do que
Observa-se, portanto, que a tutela coletiva nasce como ciência au-
princípio, é fundamento, o que é reconhecido pela Constituição Fe-
deral de 1988 em seu artigo 1º ao trazê-lo enquanto fundamento da tônoma durante este contexto.
República no inciso III. No mais, é de fato núcleo essencial de pro-
teção da pessoa humana, isto é, dos direitos humanos reconhecidos 15. (ESAF - 2012 - CGU - Analista de Finanças e Controle)
internacionalmente, merecendo respeito e consideração por parte A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América
de todas instituições públicas, mas principalmente pelo Ministério de 1776 e a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Ci-
Público, um dos principais responsáveis pela defesa dos direitos dadão de 1789 são consideradas de grande relevância para o reco-
humanos fundamentais (notadamente de 3ª dimensão). nhecimento das garantias e proteção aos direitos humanos. Essas
duas Declarações possuíam características em comum, exceto:
13. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) Na a) os direitos declarados traziam uma conotação de direito
evolução dos direitos humanos, costumam-se classificar, geralmen- natural.
te, as gerações dos direitos em três fases (Eras dos Direitos), con- b) os direitos ainda eram concebidos como privilégios.
forme seu processo evolutivo histórico. Assinale a alternativa que c) garantiam o direito à propriedade.
representa, correta e cronologicamente, essa classificação: d) asseguravam direitos já inseridos na Constituição de seus
a) direitos civis; direitos políticos; direitos fundamentais. Estados.
b) igualdade; liberdade; fraternidade. e) os direitos tinham conotação individualista.
c) direitos individuais; direitos coletivos; direitos políticos e
civis. R: D. Tais declarações tiveram como marco essencial justa-
d) direitos civis e políticos; direitos econômicos e sociais; di- mente trazer pela primeira vez, de forma escrita e compilada num
reitos difusos. único documento, os direitos considerados inerentes ao homem.
e) liberdades positivas; liberdades negativas; direitos dos Ambas aplicavam-se apenas ao país em que foram promulgadas,
povos. embora a Declaração Francesa tenha adquirido maior repercussão
internacional.
R: D. As dimensões de direitos humanos são verdadeiros fun-
damentos de direitos humanos que se correlacionam com o funda-
mento da interdependência. Não são, assim, dimensões estanques,
mas que dialogam. Entretanto, podem ser detectadas em grupos de-

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER
1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO,
ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO; O poder estatal é o conjunto de prerrogativas públicas confe-
NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS. ridas ao Estado, para que o mesmo possa atingir os seus objetivos
e metas, é a manifestação do Estado, na execução das atividades
administrativas, que tem como finalidade a proteção do próprio
Estado, defendendo os interesses coletivos contra aqueles de na-
tureza exclusivamente privada.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os poderes da Administração Pública, sob a ótica do Direito
Administrativo, dividem-se em: Poder Vinculado; Poder Discri-
A Administração Pública sob o aspecto material, objetivo ou cionário; Poder Hierárquico; Poder Regulamentar e Poder de
funcional representa nada mais do que o conjunto de atividades que Polícia. Os referidos poderes do Estado serão estudados em ca-
costumam ser consideradas próprias da função administrativa, As- pitulo próprio.
sim, temos que o conceito adota como referência a atividade pro- Importante é não confundir com a tripartição dos Poderes do
priamente dita, o que é de fato realizado, e não quem as realizou. Estado, previsto na Constituição Federal, que assim se dividem:
De maneira usual, são apontadas como próprias da administra- Poder Executivo; Poder Legislativo; Poder Judiciário.
ção pública em sentido material as seguintes atividades:
ORGANIZAÇÃO
- Serviço Público: prestações concretas que representem utili-
dades ou comodidades materiais para a população em geral;
A organização do Estado na Constituição do brasileiro é o
- Policia Administrativa: são as atividades de restrições ou con- termo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Cons-
dicionamentos impostos ao exercício de atividades privadas em be- tituição Federal de 1988, destinados a determinar a organização
nefício do interesse coletivo; político-administrativa, ou seja, das atribuições de cada ente da
federação.
- Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pública; Além disso, tratam das situações excepcionais de intervenção
nos entes federativos, versam sobre administração pública e servi-
- Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Estado no dores públicos, tanto militares quanto civis, e também das regiões
setor privado. dos país e sua integração geográfica, econômica e social.
O Brasil adotou a Federação como forma de organizar o Es-
Administração Pública sob o aspecto formal, subjetivo ou or- tado, a Federação é uma aliança de Estados para a finalidade de
gânico é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes que o formação de um único Estado, em que as unidades federadas pre-
nosso ordenamento jurídico identifica como administração pública, servam parte da sua autonomia política, entretanto a soberania é
não importando a atividade que exerça. Assim temos que, via de transferida ao Estado Federal. Dentro da estrutura organizacional
regra, esses órgãos, entidades e agentes desempenha função admi- do Estado Federal Brasileiro temos as seguintes entidades fede-
nistrativa. rativas: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Portanto, somente considera-se administração pública, sob aná- Além de adotar a federação, institui-se a República que é uma
lise jurídica, a organização administrativa que o ordenamento jurídi- forma de organização política do Estado, na qual os principais
co brasileiro vigente assim o considerar, não importando a atividade agentes do poder político são escolhidos pelo povo através do
que exercer. voto.
A administração pública é composta exclusivamente por órgãos Dessa maneira, diante das disposições constitucional, o Es-
integrantes da administração direta, e, pelas entidades da adminis- tado Brasileiro integra a República Federativa do Brasil em um
tração indireta. orgânico único e indissolúvel, formado pelos Estados, Municípios
e distrito Federal, fundamentado na soberania, na cidadania, na
ELEMENTOS DO ESTADO
dignidade da pessoa humana, nos valores sociais e no pluralismo
politico.
POVO: conjunto de indivíduos. População é o aspecto demo-
gráfico (número de habitantes). Nação agrupamento político autô-
nomo que ocupa território com limites definidos e cujos membros O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
respeitam instituições compartidas.
O regime jurídico-administrativo é um regramento de direito
TERRITÓRIO: dimensão espacial. público, sendo aplicável aos órgãos e entidades vinculadas e que
compõe a administração pública e ainda à atuação dos agentes
PODER/GOVERNO:  relacionada com a função política de administrativos em geral.
comando, coordenação, direção, fixação de planos e diretrizes de Tem seu embasamento na concepção de existência de pode-
atuação do Estado. res especiais passíveis de ser exercidos pela administração pú-
Não se confunde com o conceito de Administração Pública – blica, por meio de seus órgãos e entidades, e exteriorizados pode
aparelhamento do Estado para a execução das políticas públicas. meio de seus agentes, que por sua vez é controlado ou limitado
Fonte: Noções de Direito Administrativo, pela profª Amanda por imposições também especiais à atuação da administração pú-
Almozara. blica, não existentes nas relações de direito privado.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
FINS Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrati-
No que se refere a sua finalidade, a Administração Pública vo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais
tem como fim a realização do bem comum, ou seja, atender ao in- do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclu-
teresse da coletividade, desde a proteção das fronteiras, segurança sivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal.
da paz, até as mínimas necessidades comuns das pessoas. Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade tem es-
treita relação com o também principio constitucional da isonomia,
Hely Lopes Meirelles - “Os fins da Administração pública ou igualdade, sendo dessa forma vedada perseguições ou benes-
se resumem num único objetivo: o bem comum da coletividade ses pessoais.
administrada. Toda atividade do administrador público deve ser
orientada para esse objetivo. Se ele o administrador se afasta ou Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na
desvia, trai o mandato de que está investido, porque a comunida- Constituição Federal no caput do artigo 37, que trata especifica-
de não instituiu a Administração senão como meio de atingir o mente da moral administrativa, onde se refere à ideia de probida-
bem-estar social. Ilícito e imoral será todo ato administrativo que de e boa-fé.
não for praticado no interesse da coletividade”. A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao sta-
Fonte: http://www.tacianasmania.com.br/2009/01/direito- tus de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que
-administrativo-administrao.html um ato imoral é também um ato inconstitucional.
A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a
PRINCÍPIOS BÁSICOS presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que se
constitui de um conjunto de regras e normas de conduta impostas
A Administração Pública é a atividade do Estado exercida ao administrador da coisa pública.
pelos seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos
públicas, em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções ins- da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito posi-
tituídos e necessários para a obtenção dos objetivos do governo. tivo, como forma de impor à Administração Pública, por meio de
A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esfe- juízo de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral
ras, obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, mora- no exercício de suas atribuições administrativas, através do pres-
lidade, publicidade e eficiência, como impõe a norma fundamen- suposto da moralidade.
tal do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil A noção de moral administrativa não esta vinculada às con-
de 1988, que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A administra- vicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção de
ção pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, atuação adequada e ética perante a coletividade, durante a gerên-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos cia da coisa pública.
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
de e eficiência e, também, ao seguinte”. Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional,
Diante de tais princípios expressos constitucionalmente te- temos que a administração tem o dever de oferecer transparên-
mos: cia de todos os atos que praticar, e de todas as informações que
Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a estejam armazenadas em seus bancos de dados referentes aos ad-
configuração do regime jurídico-administrativo, pois se justifica ministrados.
no sentido de que a Administração Pública só poderá ser exercida Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e
quando estiver em conformidade com a Lei. busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos prati-
O administrador não pode agir, nem mesmo deixar de agir, cados devem ser acessíveis aos cidadãos.
senão de acordo com o que dispõe a lei. Para que a administração Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação oficial
possa atuar, não basta à inexistência de proibição legal, é neces- como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei,
sária para tanto a existência de determinação ou autorização da onde o sigilo deve ser mantido e preservado.
atuação administrativa na lei. Os particulares podem fazer tudo o
que a lei não proíba, entretanto a Administração Pública só pode Princípio da Eficiência: Por tal principio temos a imposição
fazer aquilo que a lei autorizar. exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qualida-
Importante ainda esclarecer que a administração pública está de dos serviços que presta ou põe a disposição dos administrados,
obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape- evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos
nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princí- serviços.
pios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa
pela própria administração pública. prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais
econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da admi-
Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a nistração pública.
Administração Pública tem que manter uma posição de neutrali- O administrador deve procurar a solução que melhor atenda
dade em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recur-
nem mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Admi- sos públicos, evitando dessa forma desperdícios.
nistração pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões
pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse pú-
blico.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim, temos que o poder vinculado da Administração Pública
2. PODERES ADMINISTRATIVOS: obriga ao administrador obedecer ao principio da legalidade, e dessa
PODER VINCULADO; PODER DISCRICIONÁ- forma, somente poderá emanar o ato, desde que esteja de acordo
com o que dispõe a lei, não havendo flexibilidade sobre a execução
RIO; PODER HIERÁRQUICO; PODER
do ato, tendo em vista que está diretamente vinculado a lei.
DISCIPLINAR; PODER REGULAMENTAR;
PODER DE POLÍCIA; USO E ABUSO DO
PODER DISCRICIONÁRIO
PODER.
Temos pelo Poder Discricionário aquele mediante o qual o ad-
ministrador tem a liberdade de praticar a ação administrativa, esco-
lhendo por parâmetros de conveniência, necessidade, oportunidade
DOS PODERES ADMINISTRATIVOS e conteúdo do ato, mas dentro dos limites impostos pela lei.
A conveniência se identifica quando o ato interessa, convém
A Administração é dotada de poderes ou prerrogativas instru- ou satisfaz ao interesse público. Há oportunidade quando o ato é
mentais que garantem o efetivo desempenho de suas atribuições que praticado no momento adequado à satisfação do interesse público.
lhe são legalmente definidas. São juízos subjetivos do agente competente que levam a autoridade
Os poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas que a decidir, nos termos da lei, que se incumbe de indicar quando é
a Administração Pública possui para alcançar os fins almejados pelo possível essa atuação.
Estado, tais poderes são inerentes à Administração Pública para que O Poder Discricionário tem como base a autorização legal con-
esta possa proteger o interesse público. Encerram prerrogativas de ferida ao administrador público decida, nos limites da lei, sobre a
autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas nos conveniência e oportunidade da prática do ato discricionário, bem
limites da lei. como de escolher seu conteúdo, sendo passível de análise sobre o
Muito embora a expressão poder pareça apenas uma faculdade mérito administrativo.
de atuação da Administração Pública, o fato é que os poderes admi- A discricionariedade atribuída à Administração trata-se efetiva-
nistrativos envolvem não uma mera faculdade de agir, mas sim um mente de uma prerrogativa, um poder conferida pela lei à Adminis-
dever de atuar diante das situações apresentadas ao Poder Público. tração, entretanto, não remete ao livre arbítrio para o exercício de
Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a Ad- suas atribuições, cabendo, contudo, à Administração a análise livre
ministração Pública deve agir, na medida em que os poderes con- da conveniência e da oportunidade para a prática de qualquer ato,
feridos ao Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa maneira a obedecidas as regras vinculativas definidas pelo direito positivo. A
noção de deveres administrativos oriundos da obrigação do Poder discricionariedade encontra limites na lei, nos princípios gerais de
Público em atuar, utilizando-se dos poderes e prerrogativas atribuí- direito e nos preceitos de moralidade administrativa.
dos mediante lei.
O dever de agir está ligado à própria noção de prerrogativas PODER HIERÁRQUICO
públicas garantidas ao Estado, que enseja, por consequência, outros
deveres: dever de eficiência, dever de probidade, dever de prestar O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para
contas, dever de dar continuidade nos serviços públicos, entre ou- distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus
tros. agentes, estabelecendo assim a relação de subordinação.
Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se pela exis-
PODER VINCULADO tência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos,
sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, podemos
O poder da Administração Pública ocorre por meio de força verificar a presença da hierarquia entre órgãos e agentes na esfera in-
vinculante que lhe é imposta e garantida pela Constituição Federal terna da Administração Direta do Poder Executivo, ou então hierar-
de 1988, mais precisamente em seu artigo 37, onde há vinculação quia entre órgãos e agentes internamente de uma fundação pública.
dos atos administrativos ao princípio da legalidade, ou seja, à força Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes administra-
do enunciado das leis editadas pelo Estado. tivos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerrogativa
O conhecido Poder Vinculado é aquele de que dispõe a admi- de ordenar, fiscalizar, rever, delegar tarefas a seus subordinados.
nistração pública para a prática de atos administrativos em que é É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e organizar as
mínima ou então inexistente a possibilidade de atuação do admi- funções de seus agentes e órgãos, estabelecendo relação de subor-
nistrador público, em outras palavras é o poder de que ela se utiliza dinação entre seus servidores, tal subordinação, vale destacar, é de
quando esta diante de uma situação em que a lei previamente já vin- caráter interno, somente é aplicável dentro da própria Administração
culou uma única forma de atuação. Pública.
Dessa maneira, no tocante aos atos vinculados, não é possível A hierarquia estabelece uma ordem de importância gerando for-
a administração pública formular considerações de oportunidade e ma às relações de coordenação e de subordinação entre os agentes
conveniência, sendo certo que sua atuação está limitada nos estritos públicos, adquirindo assim uma relação de subordinação escalonada
conteúdos legais. objetivando a ordem das atividades administrativas.
Analisadas as considerações iniciais sobre o Poder Vinculado, Para a preservação do principio hierárquico é indispensável
é possível então concluir que não se trata especificamente de uma mencionar que o descumprimento de ordem de superior hierárquico
prerrogativa, assim entendida como poder, mas sim como um dever constitui-se em ato ilícito, passível de punição administrativa e pe-
da administração em cumprir e vincular-se ao que dispõe a lei, nal. Assim o servidor público subalterno deve estrita obediência às
quando não se verifica liberdade do administrador de escolhas. ordens e demais instruções legais de seus superiores.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DISCIPLINAR Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Administração
limita o exercício dos direitos individuais e coletivos com o obje-
O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as tivo de assegurar a ordem pública, estabelecendo assim um nível
infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apura- aceitável de convivência social, esse poder também pode ser deno-
ção regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas minado de polícia administrativa.
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabelecimento
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre to- das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade pública exigem.
dos aqueles que se vinculam à Administração. O principio norteador da aplicação do Poder de Polícia é a predo-
O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com o minância do interesse público sobre o interesse privado.
Poder Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correlato. Pelo O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a
descumprimento do poder hierárquico o subalterno pode ser punido Administração Pública para, na forma e nos limites legais, condi-
administrativa ou judicialmente. ciona ou restringe o uso de bens, exercício de direitos e a pratica
É assim a aplicação do poder disciplinar, a faculdade do hie- de atividades privadas, com o objetivo de proteger os interesses
rarca de punir administrativamente o subalterno, dentro dos limites gerais da coletividade.
legais, dessa faculdade de punir verifica-se a existência, mesmo Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o exer-
que mínima, da discricionariedade administrativa, pois há análise
cício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
de conveniência e oportunidade.
Mesmo sendo considerado como poder discricionário da
Também não se confunde com o poder punitivo do Estado, que
Administração, o Poder de Polícia é controlado e limitado pelo
é realizado através do Poder Judiciário e é aplicado com finalidade
ordenamento jurídico que regulam a atuação da própria Admi-
social, visando à repressão de crimes e contravenções devidamente
tipificados nas leis penais. nistração, isto porque o Estado deve sempre perseguir o interesse
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna público, mas sem que haja ofensa aos direitos individuais garan-
da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as infrações tidos por lei.
relacionadas com o serviço público. Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia é um
Em se tratando de servidor público, as penalidades disciplina- poder de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar social, im-
res vêm definidas dos respectivos Estatutos. pedindo que os abusos dos direitos pessoais possam ameaçar os
Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve direitos e interesses gerais da coletividade.
obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitu- Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de sanções
cionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o para fazer cumprir suas determinações, fundamentadas na lei, e
principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla assim, diversas são as sanções passiveis de aplicação, previstas
defesa, do contraditório e do devido processo legal. nas mais variadas e esparsas leis administrativas, que podem ser
aplicadas no âmbito da atividade de polícia administrativa.
PODER REGULAMENTAR
Poder de Polícia Administrativa
O Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo do Chefe
do Poder Executivo, indelegável a qualquer subordinado, trata-se O Poder de Polícia Administrativa tem o objetivo principal
do poder atribuído ao chefe do Poder Executivo para editar atos, da manutenção da ordem pública em geral, atuando em situações
com o objetivo de dar fiel cumprimento ás leis. em que é possível a prevenção de possíveis cometimentos de
Temos por regulamento como ato normativo, expedido através infrações legais, entretanto, poderá atuar tanto preventivamente
de decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de execução como de forma repressiva, porem, em ambos os casos, a atua-
da lei, ou prover situações não disciplinadas em lei, importante des- ção da Policia Administrativa tem a finalidade de evitar e impedir
tacar que o regulamento não tem a capacidade e a competência de comportamentos dos indivíduos que possam causar prejuízos para
inovar o direito previsto em lei, não cria obrigações, apenas explica a sociedade.
e detalha o direito, e sobretudo, uniformiza procedimentos necessá-
O Poder de Polícia Administrativa visa a proteção específica
rios para o cumprimento e execução da lei.
de valores sociais, vedando a práticas de condutas que possam
O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de nor-
ameaçar a segurança pública, a ordem pública, a tranquilidade e
mas que orientam a execução de uma determinada matéria.
bem estar social, saúde e higiene coletiva, a moralidade pública,
Diante de tais conceitos podemos concluir que o regulamento é
a explicitação da lei em forma de decreto executivo, não se inscre- entre outras.
vendo como tal os decretos autônomos, até porque não há em nosso Importante esclarecer que o poder de polícia administrativa
ordenamento jurídico o instituto dos regulamentos autônomo com incide sobre atividades e sobre bens, não diretamente sobre os ci-
força de lei, cuja competência de edição fica sob a responsabilidade dadãos, haja vista que não existem sanções aplicadas decorrentes
do Chefe do Poder Executivo. do poder de polícia administrativa que impliquem em restrição ao
direito de liberdade das pessoas como detenção e prisão.
PODER DE POLÍCIA Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de polí-
cia administrativa, tais como: multa administrativa; demolição de
A partir da Constituição Federal e das leis em nosso ordena- construções irregulares; apreensão de mercadorias com entrada
mento jurídico, foi conferido uma série de direitos aos cidadãos, irregular no território nacional; interdição de estabelecimento co-
que por sua vez, tem o seu pleno exercício vinculado com o bem merciais que estão em desacordo com a lei; embargos administra-
estar social. tivos a obras, entre outras.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Poder de Polícia Judiciária Limites do Poder de Polícia
A Polícia Judiciária desenvolve e executa atividades de caráter
repressivo e ostensivo, ou seja, possui o dever de reprimir atividades Muito embora a Discricionariedade seja característica do ato
infratoras a lei por meio da atuação policial em caráter criminal, com emanado com fundamento no Poder de Polícia, a lei impõe alguns
sua consequente captura daqueles que infringirem a lei penal. limites quanto a competência, a forma e aos fins almejados pela
Assim, a Polícia Judiciária atua em defesa dos preceitos esta- Administração Pública, não sendo o Poder de Polícia um poder
belecidos no Código Penal Brasileiro, com foco em sua atuação nas absoluto, visto que encontra limitações legais.
atividades consideradas crime pela lei penal, tendo características e Não podemos perder de vista que toda a atuação administra-
prerrogativas ostensivas, repressivas e investigativas. tiva, seja em que esfera for, deve obediência ao principio admi-
A atuação da Polícia Judiciária incide sobre as pessoas, sendo nistrativo constitucional da Legalidade, devidamente previsto no
exercido pelos órgãos especializados do Estado como a Polícia Ci- artigo 37 da Constituição Federal.
vil e a Polícia Militar, sendo certo que tais atividades repressoras Assim, toda atuação administrativa pautada dentro dos limites
e ostensivas objetiva auxiliar o Poder Judiciário, em sua atividade legais, seja quanto a competência do agente que executou a ativi-
jurisdicional, na aplicação da lei em casos concretos, fornecendo o dade administrativa ou então a forma em que foi realizada, será
conjunto probatório suficiente para condenar ou absolver o cidadão considerada um ato legal e legítimo, desde que atenda o interesse
apresentado a Justiça Pública. coletivo.
De outra forma, o ato administrativo que for praticado com
Características do Poder de Polícia vícios de competência, ilegalidades, ilegitimidades, ou ainda que
contrariem o interesse público, será considerado um ato ilegal, pra-
A doutrina administrativa majoritária considera as principais ca- ticado com abuso ou desvio de poder.
racterísticas do Poder de Polícia: Os limites impostos à atuação do poder de polícia se destinam
a vedar qualquer manifestação administrativa revestida de arbitra-
- Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos emanados riedade e ilegalidade por parte do agente público, sendo certo que
por força do poder de polícia a característica autoexecutória imedia- todo e qualquer ato administrativo poderá ser levado a analise de
tamente a partir de sua edição, isso ocorre porque as decisões admi- legalidade pelo Poder Judiciário, que tem o poder jurisdicional de
nistrativas trazem em si a força necessária para a sua auto execução.
anular ato ilegal ou ilegítimo.
Os atos autoexecutórios do Poder de Polícia são aqueles que
podem ser materialmente implementados pela administração, de ma-
ABUSO DE PODER
neira direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja necessário,
sem que a Administração Pública precise de uma autorização judicial
O exercício ilegítimo das prerrogativas conferidas pelo or-
prévia.
denamento jurídico à Administração Pública caracteriza de modo
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se
na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta, aten- genérico, o denominado abuso de poder.
dendo o interesse público, assim, a faculdade de revestimento do ato Dessa maneira, o abuso de poder ocorre diante de uma ilegiti-
administrativo pela característica da autoexecução de seus próprios midade, ou, diante de uma ilegalidade, cometida por agente públi-
atos se manifesta principalmente pela supremacia do interesse cole- co no exercício de suas funções administrativas, o que nos autoriza
tivo sobre o particular. a concluir que o abuso de poder é uma conduta ilegal cometida
pelo agente público, e, portanto, toda atuação fundamentada em
- Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das decisões abuso de poder é ilegal.
adotadas pela Administração Pública, objetivando a garantia do cum- Importante destacar que é plenamente possível o abuso de
primento, mesmo que forçado, do ato emanado mediante o Poder de poder assumir tanto a forma comissiva, quanto à omissiva, ou seja,
Polícia. o abuso tanto pode ocorrer devido a uma ação ilegal do agente
Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia tem caráter impera- público, quanto de uma omissão considerada ilegal.
tivo e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a administração
pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os administra- O abuso de poder pode ocorrer de duas maneiras, quais sejam:
dos, ou então impor-lhes restrições. excesso de poder ou desvio de poder.
Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento facul-
tativo pelo administrado, haja vista que todos os atos adotados com - Excesso de Poder: Ocorre quando o agente público atua fora
fundamento no Poder de Polícia admite a coerção estatal para fim dos limites de sua competência, ou seja, o agente público não tinha
de torná-lo efetivo, sendo certo que tal coerção independe de prévia a competência funcional prevista em lei para executar a atividade
autorização judicial. administrativa.

- Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles que a - Desvio de Poder: Ocorre quando a atuação do agente é pau-
Administração Pública pode praticar com certa liberdade de escolha tada dentro dos seus limites de competência, mas contraria a fina-
e decisão, sempre dentro dos termos e limites legais, quanto ao seu lidade administrativa que determinou ou autorizou a sua atuação.
conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e conveniência
administrativa.
Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a legislação
outorga ao agente público certa margem de liberdade de escolha,
diante da avaliação de oportunidade e conveniência da pratica do ato.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Competência: O requisito da Competência pode ser definido
3. ATOS ADMINISTRATIVOS. como o poder legal conferido ao agente público para o desempe-
3.1 CONCEITO. 3.2 ATRIBUTOS. nho regular e específico das atribuições de seu cargo.
3.3 REQUISITOS. 3.4 CLASSIFICAÇÃO. A competência é a condição primeira de validade do ato ad-
3.5 EXTINÇÃO. ministrativo, onde deve haver uma análise sobre a incidência ou
não da capacidade específica e legalmente definida para a prática
do ato.
Importante observar que a noção de competência do agente,
CONCEITO na esfera do Direito Administrativo, alcança, além do agente, tam-
bém o órgão do Estado que ele representa.
Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”, ou Dessa forma, conclui-se que competência é prerrogativa do
seja, são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e desti- Estado, exercitada por seus agentes, respeitada a hierarquia e dis-
nadas diretamente à produção de efeitos no mundo jurídico. tribuição constitucional de atribuições.
De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio A competência é um elemento, ou requisito, sempre vincu-
Bandeira de Mello, ato administrativo pode ser conceituado como: lado, ou seja, não há possibilidade de escolha na determinação
“declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes – como, por da competência para a prática de um ato, tendo em vista que tal
exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de vinculação decorre de lei.
prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurí- Para os estudos sobre o requisito da competência do ato ad-
dicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e ministrativo, se mostra necessário e oportuno mencionar a exis-
sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”. tência das figuras da avocação de competência e a delegação de
Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles, te- competência.
mos que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de A avocação é o ato mediante o qual o superior hierárquico
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, traz para si o exercício temporário de certa competência atribuída
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, por lei a um subordinado, devendo ser medida excepcional e de
extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos adminis- caráter precário, sendo que a avocação não será possível quando
trados ou a si própria”. se tratar de competência exclusiva do subordinado.
Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser de- A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual o supe-
finido como: “a declaração do Estado ou de quem o represente, rior hierárquico delega para seu subordinado ou a outro órgão,
produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob competência que lhe pertence, também tem a característica de ser
regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Judi- temporário e revogável a qualquer momento, devendo seguir os
ciário”. limites previstos em lei,
Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo que Nos casos em que houver avocação ou delegação de compe-
a função administrativa se concretiza, sendo toda a exteriorização tência não se verifica a transferência da titularidade da competên-
da vontade do Estado, executada pelos agentes públicos, objeti- cia, apenas o seu exercício. Importante salientar que o ato de de-
vando alcançar o interesse coletivo. legação ou avocação de competência é discricionário e revogável
Portanto, ato administrativo é a manifestação ou declaração a qualquer momento.
da Administração Pública, editada pelo Poder Público, através de Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, de sua
seus agentes, no exercício concreto da função administrativa que esfera de competência, temos presente então uma das figuras de
exerce, ou de quem lhe faça às vezes, sob as regras de direito abuso de poder, ou excesso de poder, que, nem sempre está obri-
público, com a finalidade de preservar e alcançar os interesses da gado à anulação do ato, visto que o vício de competência admite
coletividade, passível de controle Jurisdicional. convalidação, salvo quando se tratar de competência em razão da
matéria ou de competência exclusiva.
REQUISITOS E ELEMENTOS DO ATO ADMINIS-
TRATIVO Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o Po-
der Público deve perseguir o interesse público. É o objetivo prin-
A doutrina administrativa é pacifica em apontar cinco requisi- cipal que a Administração Pública pretende alcançar com a práti-
tos básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência, ca do ato administrativo.
finalidade, forma, motivo e objeto. Dessa maneira a finalidade do ato deve ser sempre o interesse
Além dos requisitos elaborados pela doutrina administrativa, da coletividade e a finalidade específica prevista em lei para aque-
aplicam-se aos atos administrativos os requisitos gerais de todos le ato da administração.
os atos jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e for- Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer ato pra-
ma prescrita ou não proibida em lei. ticado visando exclusivamente o interesse privado, ou seja, o
Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato ad- desatendimento a qualquer das finalidades do ato administrativo
ministrativo, pois o ato que for editado ou praticado em desacordo configura vício insanável, com a obrigatória anulação do ato. O
com o que o ordenamento jurídico estabeleça para cada requisito, vício de finalidade é denominado pela doutrina como desvio de
será, via de regra, um ato nulo. poder, configurando em uma das modalidades do abuso de poder.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Forma: é o modo de exteriorização do ato administrativo. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Todo ato administrativo, em principio, deve ser formal, e a forma
exigida pela lei quase sempre é escrita, em atendimento inclusive Entende-se por atributos as qualidades ou características dos
ao principio constitucional de publicidade. atos administrativos, uma vez que requisitos dos atos administra-
A forma, ou formalidade é o conjunto de exterioridades que tivos constituem condições de observância obrigatória para a sua
devem ser observadas para a regularidade do ato administrativo. validade, os atributos podem ser entendidos como as característi-
Assim, temos que todo ato administrativo é formal, pelo que sua cas dos atos administrativos.
falta resulta, necessariamente, na inexistência do ato administra- Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais
tivo. autores são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexe-
A forma do ato administrativo pode ser entendido em dois cutoriedade e tipicidade.
sentidos, no amplo e no estrito.
Em sentido amplo, a forma do ato administrativo é o proce- Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimidade, ou
dimento previsto em lei para a prática regular do ato. legalidade, é a única característica presente em todos os atos ad-
Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de requisitos for- ministrativos.
mais que devem constar no próprio ato administrativo, de acordo Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se presume
com suas formalidades próprias. legítimo e, em princípio, apto para produzir os efeitos que lhe são
inerentes, cabendo então ao administrado a prova de eventual vício
Motivo: É a causa imediata do ato administrativo, é a situa- do ato, caso pretenda ver afastada a sua aplicação, dessa maneira
ção fática, ou jurídica, que determina ou possibilita a atuação verificamos que o Estado, diante da presunção de legitimidade,
administrativa, razão pela qual todo ato administrativo deve ser não precisa comprovar a regularidade dos seus atos.
motivado, assim temos que o motivo é elemento integrante do Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato admi-
ato. nistrativo, até sua futura revogação ou anulação, tem eficácia plena
O motivo do ato administrativo não se traduz apenas como desde o momento de sua edição, produzindo regularmente seus
um elemento, mas também como um pressuposto objetivo do ato efeitos, podendo inclusive ser executado compulsoriamente.
em si, pois o motivo que deu origem ao Ato Administrativo tor-
nou-se regra jurídico-administrativa obrigatória. Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato admi-
Diante da possibilidade legal de controle externo do ato ad- nistrativo, temos a possibilidade de a administração pública, de
ministrativo (exercido pelo Poder Judiciário e Poder Legislativo) maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou en-
analisando a legalidade e legitimidade dos atos, a doutrina ad- tão impor-lhes restrições.
ministrativa formulou a teoria dos motivos determinantes, que Importante esclarecer que nem todos os atos administrativos
vincula a realização do ato administrativo com os motivos que o são revestidos de imperatividade, mas, da mesma forma que ocor-
originaram, sendo certo que o ato deve ser praticado por agente re relativamente à presunção de legitimidade, os atos acobertados
pela imperatividade podem, em princípio, ser imediatamente im-
competente e de acordo com as determinações legais.
postos aos particulares a partir de sua edição.
A teoria dos motivos determinantes vincula a existência e a
pertinência dos motivos (fáticos e legais) à efetiva realização do
Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força exe-
ato, demonstrando os motivos que declarou como causa determi-
cutória imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque
nante a prática do ato.
as decisões administrativas trazem em si a força necessária para a
Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrência do
sua auto execução.
motivo ou a situação declarada como determinante para a prática
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-
do ato, ou então a inadequação entre a situação ocorrida e o mo- se na natureza pública da atividade administrativa, cujo principal
tivo descrito na lei, o ato será nulo. objetivo é o atendimento ao interesse público.
Não se pode confundir Motivo com Motivação, visto que Assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela
Motivação é a declaração expressa dos motivos que determina- característica da autoexecução de seus atos se manifesta princi-
ram e justificaram a prática do ato administrativos. palmente pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular.
Os atos autoexecutórios são aqueles que podem ser material-
Objeto: O objeto é o próprio conteúdo material do ato. O mente implementados pela administração, de maneira direta, in-
objeto do ato administrativo identifica-se com o seu conteúdo, clusive mediante o uso de força, caso seja necessário, sem que a
por meio do qual a administração manifesta sua vontade, ou sim- Administração Pública precise de uma autorização judicial prévia.
plesmente atesta situações preexistentes.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o objeto Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipicidade
do ato administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o é: “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a
ato decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurí- figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir de-
dica” terminados resultados”.
Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da
alteração na esfera jurídica que o ato provoca, é o efeito jurídico tipicidade garante que o ato administrativo deve corresponder a
imediato que o ato editado produz. figuras previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vi-
gente.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Atos Simples, Complexo e Composto: Ato administrati-
vo simples é aquele que decorre de uma única manifestação de
Atos Vinculados e Atos Discricionários: Os atos vinculados vontade, de um único órgão, unipessoal ou mediante apreciação
são os que a Administração Pública pratica sem qualquer margem de colegiado. Assim, o ato simples esta completo somente com
de liberdade de decisão, tendo em vista que a lei previamente de- essa manifestação, não dependendo de outra, seja concomitante
terminou a única medida possível de ser adotada sempre que se ou posterior, para que seja considerado perfeito, não dependendo
configure a situação objetiva descrita em lei. ainda de manifestação de outros órgãos ou autoridades para que
Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pú- possa produzir seus regulares efeitos.
blica pode praticar com certa liberdade de escolha e decisão, sem- Ato administrativo complexo é o que necessita, para sua for-
pre dentro dos termos e limites legais, quanto ao seu conteúdo, mação e validade, da manifestação de vontade de dois ou mais
seu modo de realização, sua oportunidade e conveniência admi- órgãos, ou autoridades, diferentes.
nistrativa.
Ato administrativo composto é aquele cujo conteúdo resulta
Dessa maneira, na edição de um ato vinculado a administra-
de manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou a produção
ção Pública não dispõe de nenhuma margem de decisão, sendo
que o comportamento a ser adotado pelo Administrador está re- de seus regulares efeitos dependem de outro ato que o aprove. A
gulamentado em lei, enquanto na edição de um ato discricionário, atribuição desse outro ato é simplesmente instrumental, visando
a legislação outorga ao agente público determinada margem de a autorizar a prática do ato principal, ou então conferir eficácia
liberdade de escolha, diante da avaliação de oportunidade e conve- a este. Ressalta-se que o ato acessório ou instrumental em nada
niência da pratica do ato. altera o conteúdo do ato principal.
Neste sentido, oportuno esclarecer a expressão “Mérito Ad-
ministrativo”. O mérito do ato administrativo não é considerado Ato Válido, Ato Perfeito e Ato Eficaz: Ato válido é o que
requisito para a formação do ato, mas tem implicações com o mo- esta em total conformidade com o ordenamento jurídico vigente,
tivo e o objeto do ato, e consequentemente, com as suas condições atendendo as exigências legais e regulamentares impostas para
de validade e eficácia. que sejam validamente editadas, não contendo qualquer vício ou
O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valo- defeito, irregularidades ou ilegalidades.
ração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Ad- Ato administrativo perfeito é o qual esta pronto, acabado, que
ministração incumbida de sua prática quando autorizada a decidir já esgotou e concluiu o seu ciclo, foram exauridas todas as etapas
sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar. de formação, já esgotaram todas as fases necessárias para a sua
O merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos admi- produção.
nistrativos praticados no exercício de competência discricionária. Ato administrativo eficaz é aquele que já está disponível e
Nos atos vinculados não há que se falar em mérito, visto que toda
apto a produzir seus regulares efeitos, sendo capaz de atingir sua
a atuação do Poder Executivo se resume no atendimento das im-
plenitude e alcance.
posições legais. Quanto ao mérito administrativo a Administração
decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo
quando seu proceder caracterizar excesso ou desvio de poder. EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO – DESFAZI-
MENTO DO ATO
Atos Gerais e Atos Individuais: Os atos administrativos gerais
caracterizam-se por não possuir destinatários diretos e determina- O ato administrativo vigente permanecerá produzindo seus
dos, apresentam apenas situações normativas aplicáveis a todos efeitos no mundo jurídico até que algo capaz de alterar essa con-
os administrados e hipóteses fáticas que se enquadrem nos casos dição ocorra.
descritos de forma abstrata. Uma vez publicado e eivado de vícios, terá plena vigência e
Assim, é possível dizer que tais atos possuem como caracte- deverá ser cumprido, em atendimento ao atributo da presunção
rística a generalidade e abstração. de legitimidade, até o momento em que ocorra formalmente a sua
Os atos administrativos individuais são aqueles que possuem extinção, por meio da Anulação ou Revogação do Ato Adminis-
destinatário final certo e determinado, produzindo seus efeitos de trativo.
maneira direta e concreta e de forma individualizada, seja consti- O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante
tuindo ou declarando situações jurídico-administrativa particula- do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios em sua forma-
res. O ato individual pode ter um único destinatário – ato singular ção, ou então poderá ser declarada a falta de necessidade de sua
– ou então diversos destinatários, desde que determinados e iden- validade.
tificados – atos plúrimos.
Neste sentido o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Sú-
mula 473 que assim garante: A administração pode anular seus
Atos Internos e Atos Externos: Atos administrativos internos,
são aqueles destinados a produzir efeito somente no âmbito da Ad- próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
ministração Publica, atingindo de forma direta e exclusiva seus porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
órgãos e agentes. de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri-
Atos administrativos externos são os que atingem os cidadãos dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
administrados de forma geral, criando direitos ou obrigações ge- Assim, o ato administrativo é considerado extinto quando
rais ou individuais, declarando situações jurídicas. Para esses atos ocorrer as principais formas de extinção.
é necessário que haja a publicação em imprensa oficial, como con-
dição de vigência e eficácia do ato.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Revogação: é modalidade de extinção de ato administrativo
que ocorre por razões de oportunidade e conveniência da Admi- 4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA.
nistração Pública, atendido o interesse coletivo. 4.1 ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO E
A Administração Pública pode revogar um ato quando enten- CLASSIFICAÇÃO. 4.2 ENTIDADES
der que, embora se trate de um ato válido, que atenda a todas as ADMINISTRATIVAS: CONCEITO
prescrições legais, não atende adequadamente ao interesse públi- E ESPÉCIES.
co no caso concreto.
Assim, temos que a revogação é a retirada, do mundo jurí-
dico, de um ato válido, mas que, por motivos de oportunidade e
conveniência (discricionariedade administrativa), tornou-se ino- ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
portuno ou inconveniente a sua manutenção.
De acordo com os ensinamentos do jurista administrativo
Importante esclarecer que a medida de revogação de ato ad-
Hely Lopes Meirelles, organização da Administração Pública é
ministrativo é ato exclusivo e privativo da Administração Pública
“todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de
que praticou o ato revogado. Assim, o Poder Judiciário em hipó-
serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”.
tese alguma poderá revogar um ato administrativo editado pelo De maneira objetiva, temos que Organização da Administra-
Poder Executivo ou Poder Legislativo. Tal imposição decorre do ção Pública é toda a atividade concreta e imediata desenvolvida
Princípio da Autotutela do Estado em revogar seus próprios atos, pelo Estado para o alcance dos interesses públicos.
de acordo com sua vontade. De maneira subjetiva, podemos afirmar que trata-se do con-
O ato revogatório não retroage para atingir efeitos passados junto de órgãos e de agentes públicos aos quais a lei atribui o exer-
do ato revogado, apenas impedindo que este continue a surtir efei- cício da função administrativa do Estado.
tos, assim, temos que a revogação do ato administrativo opera
com o efeito “ex nunc”, ou seja, os efeitos da revogação não re- ÓRGÃOS PÚBLICOS
troagem, passando a gerar seus regulares efeitos a partir do ato
revogatório. É uma unidade estatal com atribuição específica dentro da
organização do Estado. É composto por agentes públicos que di-
Anulação: ocorre quando um ato administrativo estiver eiva- rigem e compõem o órgão, voltado para o cumprimento de uma
do de vícios, relativos à legalidade ou legitimidade. atividade a ser desenvolvida pelo Estado.
Assim que os vícios forem identificado pela própria Admi- Em outras palavras, os órgãos públicos são unidades integran-
nistração Pública, esta poderá anulá-lo de ofício. É possivel ain- tes da estrutura administrativa de uma mesma pessoa jurídica nas
da que algum cidadão identifique os vícios e ilegalidades do ato quais são agrupadas as competências a serem exercidas por meio
administrativo e comunique a Administração Pública, que poderá de seus agentes públicos, ou seja, são simples conjuntos de com-
anulá-lo. petência, sem personalidade jurídica própria, resultados de uma
A anulação do ato administrativo quando estiver com vícios técnica de organização administrativa conhecida como “descon-
de ilegalidade ou ilegitimidade poderá ocorrer ainda por decisão centração”
fundamentada do Poder Judiciário. Entretanto, o Poder Judiciário Os órgãos públicos formam a estrutura do Estado, mas não
não poderá atuar de oficio, deverá aguardar a impetração de medi- têm personalidade jurídica, uma vez que são apenas parte de uma
da judicial por qualquer interessado na anulação do ato. estrutura maior, essa sim detentora de personalidade.
O controle de legitimidade ou legalidade deverá ocorrer em Como parte da estrutura superior, o órgão público não tem
vontade própria, limitando-se a cumprir suas finalidades dentro da
sua forma, nunca em relação ao mérito do ato administrativo.
competência funcional que lhes foi determinada decorrente da or-
Importante esclarecer que nem todo ato administrativo que
ganização estatal.
estiver com vício de legalidade ou legitimidade deverá obrigato-
É denominada ADMINISTRAÇÃO DIRETA o conjunto de
riamente ser anulado, antes deve ser verificado se tal vício é sa-
órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, esta-
nável ou insanável. Assim, quando se verificar que trata-se de um dos, municípios e Distrito Federal), aos quais foi atribuída compe-
vício insanável, a anulação do ato deve ser obrigatória, entretanto, tência para o exercício, de maneira centralizada, de atividades ad-
quando se tratar de um vício sanável, o ato poder ser anulado ministrativas, é composta por órgãos ligados diretamente ao poder
ou convalidado, de acordo com a discricionariedade conferida à central, seja na esfera federal, estadual ou municipal.
Administração Pública, que irá efetuar análise de oportunidade e A organização da Administração Pública Federal está regu-
conveniência da manutenção dos efeitos do ato administrativo. lamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a
A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efeitos pro- Administração Direta:
vocados pelo ato anulado também são nulos, daí surge o denomi-
nado efeito “ex tunc”, que significa dizer justamente que, com a DECRETO-LEI Nº 200, DE 25
anulação, os efeitos do ato retroage desde a sua origem. DE FEVEREIRO DE 1967.

Art. 4° A Administração Federal compreende:


I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços in-
tegrados na estrutura administrativa da Presidência da República
e dos Ministérios.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS TEORIA DO ÓRGÃO

QUANTO À POSIÇÃO ESTATAL: Pela Teoria do Órgão, amplamente adotada por nossa doutrina
- Órgãos independentes- São os definidos na Constituição e e jurisprudência administrativa, presume-se que a pessoa jurídica de
representativos dos Poderes do Estado. Não possuem qualquer direito público manifesta suas vontades por meio dos seus órgãos,
subordinação hierárquica e somente são controlados uns pelos que são partes integrantes da própria estrutura da Administração Pú-
outros. Ex.: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado blica ou centros de competências criados para expressar a vontade
Federal, Chefias do Executivo, Tribunais e Juízes, Ministério Pú- do Estado, de tal modo que, quando os agentes que atuam nestes ór-
blico e Tribunais de Contas. gãos manifestam sua vontade, considera-se que esta foi manifestada
pelo próprio Estado.
- Órgãos autônomos - São os subordinados diretamente à cú- A Teoria do Órgão é muito utilizada para justificas a validade
pula da Administração. Têm ampla autonomia administrativa, fi- dos atos praticados por agentes públicas, quando atuam no exercício
regular de suas atribuições, pois considera-se que o ato praticado
nanceira e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos, com
pelo agente público é ato emanado do órgão ao qual atua e está vin-
funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das
culado, assim, é considerado como ato administrativo.
atividades que constituem sua área de competência. Seus dirigen-
Deve-se esclarecer que não é qualquer ato que será imputado à
tes são, em geral, agentes políticos nomeados em comissão. São
Administração Pública. É necessário que o ato revista-se, ao menos,
os Ministérios e Secretarias, bem como a AGU (Advocacia-Geral de aparência de ato jurídico público legítimo e seja praticado por
da União) e as Procuradorias dos Estados e Municípios. alguém que se deva presumir ser um agente público devidamente
investido no cargo. Fora desses casos, o ato não será considerado
- Órgãos superiores - Detêm poder de direção, controle, de- ato do Estado.
cisão e comando dos assuntos de sua competência específica. Assim, para que possa haver a imputação, a pessoa que pratica
Representam as primeiras divisões dos órgãos independentes e o ato administrativo deve fazê-lo em uma situação tal que leve o
autônomos. Ex.: Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos, Di- administrado a presumir regular sua atuação.
visões, etc.
ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ADMI-
- Órgãos subalternos - São os que se destinam à execução dos NISTRAÇÃO INDIRETA
trabalhos de rotina, cumprindo ordens superiores. Ex.: portarias,
seções de expediente, etc. É o conjunto de pessoas jurídicas – desprovidas de autonomia
política – que, vinculadas à Administração Direta, têm a competên-
QUANTO À ESTRUTURA: cia para o exercício, de maneira descentralizada, de atividades ad-
- Órgãos Simples: são também conhecidos por unitários, ou ministrativas. São composta por entidades com personalidade jurí-
unos, são aqueles que possuem apenas um centro único de compe- dica própria, que foram criadas para realizar atividades de Governo
tência, sua característica fundamental é a ausência de outro órgão de forma descentralizada. São exemplos as Autarquias, Fundações,
em sua estrutura, para auxiliá-lo no desempenho de suas funções Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
A organização da Administração Pública Federal está regula-
- Órgãos Compostos: São queles os quais detém estruturas mentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a Ad-
compostas por outros órgãos menores, seja com desempenho de ministração Indireta:
função principal seja de auxilio nas atividades, as funções são dis-
tribuídas em vários centros de competência, sob a supervisão do DECRETO-LEI Nº 200, DE 25
órgão de chefia, respeitadas as ordens hierárquicas. DE FEVEREIRO DE 1967.

Art. 4° A Administração Federal compreende:


- Órgãos Federais: São os órgãos ligados a administração
...
pública central localizada na esfera federal, a Caixa Econômica
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
Federal (CEF) é uma das empresas. tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
QUANTO À ATUAÇÃO FUNCIONAL: b) Empresas Públicas;
- Órgãos Singulares: são aqueles que decidem e atuam por c) Sociedades de Economia Mista.
meio de um único agente, o superior hierárquico. Os órgãos sin- d) fundações públicas. Parágrafo único. As entidades com-
gulares possuem vários agentes auxiliares, mas sua característica preendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
de singularidade é expressa pelo desenvolvimento de sua função em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal ati-
por um único agente, em geral o titular. vidade.

- Órgãos Coletivos: são aqueles que decidem pela manifesta- Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
ção de vários membros, de forma conjunta e por maioria de votos, I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com per-
sem a prevalência da vontade de um chefe previamente determi- sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
nado. A vontade da maioria é imposta de forma legal, regimental atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
ou estatutária. seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des-
centralizada.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade Empresa Pública: Trata-se da entidade dotada de personali-
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital ex- dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e ca-
clusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade pital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de
econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por
contingência ou de conveniência administrativa podendo reves- forca de contingência ou de conveniência administrativa podendo
tir-se de qualquer das formas admitidas em direito. revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de Sendo considerada como pessoa jurídica de direito privado,
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a cuja administração fica sob responsabilidade exclusivamente pelo
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade Poder Público, instituído por um ente estatal, com a finalidade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maio- definida em lei específica e sendo de propriedade única do Estado.
ria à União ou a entidade da Administração Indireta. A finalidade pode ser de atividade econômica ou de presta-
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ção de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem sua
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude criação autorizada por lei, como instrumento de ação do Estado,
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades dotada de personalidade de direito privado mas submetida a certas
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú- regras decorrente da finalidade pública, constituídas sob qualquer
blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido das formas admitidas em direito, cujo capital seja formado por ca-
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado pital formado unicamente e exclusivamente por recursos públicos
por recursos da União e de outras fontes. de pessoa de administração direta ou indireta. Pode ser Federal,
§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida municipal ou estadual.
a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá ape-
nas à União, em caráter permanente. Sociedade de Economia Mista: É a entidade dotada de perso-
§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Admi-
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a explora-
nistração Indireta existentes nas categorias constantes deste ar-
ção de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima,
tigo.
cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adqui-
ou a entidade da Administração Indireta.
rem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública
Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o
de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não
Estado e particulares ambos reunindo e unificando recursos para
se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concer-
a realização de uma finalidade, sempre de objetivo econômico. A
nentes às fundações.
sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de direito pri-
vado e não se beneficia de isenções fiscais ou de foro privilegiado.
Assim, temos doutrinariamente:
O Estado poderá ter uma participação majoritária ou minoritária;
Autarquias: É o serviço autônomo, criado por lei, com per- entretanto, mais da metade das ações com direito a voto devem
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar pertencer ao Estado. A sociedade de economia mista é do gênero
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para de sociedade anonima, e seus funcionários são regidos pela Con-
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira solidação das Leis Trabalhistas – CLT.
descentralizada.
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que significa Fundação Pública: É a entidade dotada de personalidade jurí-
dizer que tem praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições dica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
da administração direta. O seu regime jurídico pouco se dife- autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
rencia do estabelecido para os órgãos da Administração Direta, não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
aparecendo, perante terceiros, como a própria Administração Pú- com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
blica. Difere da União, Estados e Municípios (pessoas públicas respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por re-
políticas) por não ter capacidade política, ou seja, o poder de cursos da União e de outras fontes.
criar o próprio direito, é pessoa pública administrativa, porque As fundações públicas são organizações dotadas de persona-
tem apenas o poder de autoadministração, nos limites estabele- lidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criadas para
cidos em lei. um fim específico de interesse coletivo, como educação, cultura e
Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de adminis- pesquisa, sempre merecedoras de um amparo legal. As fundações
tração indireta e está diretamente relacionada à administração públicas são autônomas administrativamente, patrimônio próprio,
central, visto que não pode legislar em relação a si, mas deve e funcionamento custeado, principalmente, por recursos do poder
obedecer à legislação da administração à qual está subordinada. público, mesmo que sob a forma de prestação de serviços.
É ainda importante destacar que as autarquias possuem bens
e receita próprios, assim, não se confundem com bens de pro-
priedade da Administração direta à qual estão vinculadas. Igual-
mente, são responsáveis por seus próprios atos, não envolvendo
a Administração central, exceto no exercício da responsabilidade
subsidiária.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Empregados Públicos: são aqueles que mantém vínculo fun-
5. AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E cional com a administração pública, ocupantes de empregos públicos,
CLASSIFICAÇÃO; PODERES, DEVERES sujeitando-se a regime jurídico contratual de trabalho, regidos especifi-
E PRERROGATIVAS; CARGO, camente pelas regras e normas previstas na Consolidação das Leis do
EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS; Trabalho (CLT).
REGIME JURÍDICO ÚNICO,
PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, - Agentes Temporários: são os particulares contratados pela Admi-
REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO; nistração Pública com tempo de prestação de serviço determinado, para
DIREITOS E VANTAGENS; REGIME atender necessidades temporárias de excepcional interesse público, são
DISCIPLINAR; RESPONSABILIDADE ocupantes de função pública remunerada e temporária, com contrato
CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA. de trabalho regido pelas normas do Direito Público, e não trabalhista
(CLT), mas também não possui o caráter estatutário. É uma forma espe-
cial de prestação de serviço público temporário, urgente e excepcional.

CONCEITO DE AGENTES PÚBLICOS - Agentes Honoríficos: são os indivíduos requisitados ou designa-


dos para colaborarem com o Poder Público (de maneira transitória) para
Considera-se “Agente Público” toda pessoa física que exerça, a prestação de serviços específicos, levado em consideração sua condi-
mesmo que de maneira temporária e transitória, com ou sem remune- ção cívica, de sua honorabilidade ou então pela sua notória capacidade
ração, mediante eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- profissional. Via de regra não são remunerados e não possuem qualquer
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego vinculo profissional com a Administração Pública.
ou função pública.
Como exemplos de Agentes Honoríficos temos: Jurados, Mesários
Conforme se pode observar do conceito de Agente Público, seu
eleitorais, etc.
sentido é amplo, englobando todas as pessoas físicas que, de qual-
quer modo e a qualquer título, exercem uma função pública, median-
- Agentes Delegados: são os particulares que recebem a atribuição
te remuneração ou gratuita, permanente ou temporária, política ou
de exercerem determinada atividade, obra ou serviço público, fazendo-
administrativa, atuando em nome do Estado.
Assim, temos que o Agente Público é a pessoa natural mediante -o em nome próprio e por sua conta em risco, sob a fiscalização perma-
o qual a Administração Pública se manifesta e atua, são competentes nente do poder delegante.
para exteriorizar as vontades do Estado, em razão de vínculos jurídi- Ressalta-se que não possuem caráter de servidores públicos, nem
cos existentes entre o Poder Público e o individuo que está exercendo mesmo atuam em nome da administração pública, são colaboradores
função pública. que se sujeitam, durante a prestação dos serviços públicos a responsa-
bilidade civil objetiva.
ESPÉCIES Como exemplo de Agentes Delegados temos: As Concessioná-
rias e Permissionárias de serviços públicos, leiloeiros, tradutores
A doutrina identifica e classificam em categorias os integrantes públicos etc.
do gênero ‘Agente Público’, as seguintes espécies:
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
- Agentes Políticos: são os integrantes dos mais altos graus do
Poder Público, aos quais incumbe a elaboração das diretrizes de atua- - Cargos públicos: nos ensinamentos do professor e jurista Celso
ção do governo, e das funções de direção, orientação e fiscalização Antônio Bandeira de Mello, temos que cargos públicos: “São as mais
geral da atuação da Administração Pública. simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas
São Agentes Políticos: os chefes do Poder Executivo, em suas por um agente , prevista em número certo, com denominações próprias,
diferentes esferas (Presidente da República, governadores e prefei- retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei”.
tos), seus auxiliares imediatos (Ministros e secretários estaduais ou Importante esclarecer que aqueles que são titulares de cargos pú-
municipais), bem como os membros do Poder Legislativo (senado- blicos são submetidos ao regime estatutário, são servidores públicos
res, deputados e vereadores); efetivos e/ou comissionados.

- Servidor Público: na definição do jurista Celso Antônio Ban- - Empregos Públicos: para Celso Antônio Bandeira de Mello, “São
deira de Mello, temos que são servidores públicos: “Todos aqueles núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por
que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades go- agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista”.
vernamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estados, Destaca-se que os ocupantes de empregos públicos são regidos ao
Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de regime contratual, obedecidos as regras da CLT, com natureza traba-
Direito Público. Em suma: são os que entretêm com o Estado e com lhista.
as pessoas de Direito Público da Administração indireta relação de
trabalho de natureza profissional e caráter não eventual”. - Funções Públicas: são as funções de confiança e ainda as funções
Em outras palavras, podemos definir servidor público como exercidas por agentes públicos contratado por tempo certo e determi-
aqueles que gozam da titularidade de cargos públicos de provimento nado para atender interesse de caráter excepcional de interesse pú-
efetivou ou de provimento de cargo em comissão, são agentes admi- blico, não havendo a necessidade de abertura de concurso público
nistrativos, de caráter estatutário. para tal contratação, dada sua urgência e excepcionalidade.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
PODERES, DEVERES E PRERROGATIVAS TÍTULO I
CAPÍTULO ÚNICO
Em um Estado Democrático de Direito, a Administração Pú- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
blica é um instrumento de realização do interesse público1, sendo
que o Estado é um ente político, com personalidade jurídica; uma Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
pessoa moral que depende de pessoas naturais para manifestar sua Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
vontade e realizar suas atividades, razão pela qual os agentes pú- especial, e das fundações públicas federais.
blicos possuem atribuições especiais, denominadas de poderes2.
O uso do poder é uma prerrogativa do agente público, que Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legal-
deve ser exercido nos estritos limites da lei e sempre visando a mente investida em cargo público.
finalidade pública de seus atos. O mau uso do poder, conhecido
como abuso de poder, revela-se pelo excesso ou pelo desvio. O Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos limites de sabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser
sua competência; embora competente para praticar o ato, ultrapas- cometidas a um servidor.
sa os contornos legais3. O desvio de poder ocorre quando o agen- Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os
te público utiliza suas prerrogativas para interesses particulares, brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e ven-
desviando-se do interesse público4. Como o interesse público é a cimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
finalidade de todo ato administrativo, o abuso de poder também é efetivo ou em comissão.
denominado de desvio de finalidade.
Quanto aos deveres, estes são o de agir, o de eficiência, o de Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
probidade e o de prestar contas5. O dever de agir é o que impõem casos previstos em lei.
ao agente público desempenhar as atribuições de seu cargo, função
ou emprego público, em sua plenitude e no momento adequado. TÍTULO II
Não cabe ao agente, portanto, escolher “se” ou “quando” irá mani- DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRI-
festar a vontade da Administração6. BUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
O dever de eficiência determina que o agente público realize
suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, de forma a CAPÍTULO I
satisfazer os interesses do administrado e da coletividade7. O dever DO PROVIMENTO
de probidade indica que o agente público deve se pautar por ati-
tudes retas, leais, justas e honestas, ou seja, ser íntegro e buscar o SEÇÃO I
melhor para a Administração Pública. Quando a lei lhe possibilitar DISPOSIÇÕES GERAIS
escolhas, elegerá a que for mais vantajosa para a Administração e,
consequentemente, para a coletividade8. Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo pú-
Sobre o dever de prestar contas, deve-se lembrar que o agen- blico:
te público administra um patrimônio que pertence à coletividade,
I - a nacionalidade brasileira;
motivo pelo qual é essencial a apresentação ao público da gestão
II - o gozo dos direitos políticos;
financeira, bem como dos planos de governo9.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
REGIME JURÍDICO ÚNICO
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis
da União, das autarquias e das fundações públicas federais. outros requisitos estabelecidos em lei.
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o di-
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 reito de se inscrever em concurso público para provimento de car-
DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 13 go cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que
DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997. são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte
por cento) das vagas oferecidas no concurso.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- § 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
1 Gasparini, 2008, p. 141.
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
2 Marinela, 2012, p. 232. procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
3 Id, p. 233.
4 Id. Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante
5 Gasparini, 2008, p. 150. ato da autoridade competente de cada Poder.
6 Id
7 Id, p. 151.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
8 Id, p. 153.
9 Id, p. 154.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: SEÇÃO IV
I - nomeação; DA POSSE E DO EXERCÍCIO
II - promoção;
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo,
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi-
V - readaptação; lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão
VI - reversão; ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
VII - aproveitamento; os atos de ofício previstos em lei.
VIII - reintegração; § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu-
IX - recondução. blicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
SEÇÃO II § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publi-
DA NOMEAÇÃO cação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e
V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII,
Art. 9o A nomeação far-se-á: alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de contado do término do impedimento. (Redação dada pela Lei nº
provimento efetivo ou de carreira; 9.527, de 10.12.97)
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97)
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício,
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri-
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-
ção médica oficial.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul-
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade. Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão nº 9.527, de 10.12.97)
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. (Re-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem
SEÇÃO III efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não
DO CONCURSO PÚBLICO entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o
disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, § 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde
podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, § 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o
de isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo
nº 9.527, de 10.12.97) (Regulamento) legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término
do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publica-
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) ção. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário exercício serão registrados no assentamento individual do servi-
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. dor.
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candi- Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresen-
dato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assen-
expirado. tamento individual.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quais-
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção,
de publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro muni- do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis
cípio em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, 6, 5 e 4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, § 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
a nova sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou nº 9.527, de 10.12.97)
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será con- § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças
tado a partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem
e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) assim na hipótese de participação em curso de formação, e será
retomado a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabeleci-
nº 9.527, de 10.12.97)
dos no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO V
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada
DA ESTABILIDADE
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e em-
e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito possado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no
horas diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
de 17.12.91) (prazo 3 anos - vide EMC nº 19)
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de con-
fiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, ob- Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de
servado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra-
que houver interesse da Administração. (Redação dada pela Lei tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de tra- SEÇÃO VI
balho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, DA TRANSFERÊNCIA
de 17.12.91)
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por SEÇÃO VII
período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão DA READAPTAÇÃO
e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do car-
go, observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19) Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
I - assiduidade;
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em
II - disciplina;
inspeção médica.
III - capacidade de iniciativa;
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
IV - produtividade; será aposentado.
V- responsabilidade. § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi-
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo
probatório, será submetida à homologação da autoridade com- vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
petente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por ocorrência de vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que
dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, SEÇÃO VIII
sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados DA REVERSÃO
nos incisos I a V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº (REGULAMENTO DEC. Nº 3.644, DE 30.11.2000)
11.784, de 2008
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor apo-
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa- sentado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. 4.9.2001)

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insub- SEÇÃO X
sistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida DA RECONDUÇÃO
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) anteriormente ocupado e decorrerá de:
a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisó- I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001) II - reintegração do anterior ocupante.
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medi- Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.
c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provi-
sória nº 2.225-45, de 4.9.2001) SEÇÃO XI
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4.9.2001) Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui-
45, de 4.9.2001) ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
tante de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determi-
2.225-45, de 4.9.2001) nará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração
considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Me- Pública Federal.
dida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon-
o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor- sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi-
rência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em
4.9.2001) outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da ad-
ministração perceberá, em substituição aos proventos da aposen-
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
tadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive
a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo
com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente
legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
à aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4.9.2001)
CAPÍTULO II
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
DA VACÂNCIA
ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo
menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
2.225-45, de 4.9.2001) I - exoneração;
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste ar- II - demissão;
tigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) III - promoção;
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
4.9.2001) VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver com- VIII - posse em outro cargo inacumulável;
pletado 70 (setenta) anos de idade. IX - falecimento.

SEÇÃO IX Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do


DA REINTEGRAÇÃO servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor está- I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
vel no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exer-
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad- cício no prazo estabelecido.
ministrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante 10.12.97)
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou I - a juízo da autoridade competente;
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. II - a pedido do próprio servidor.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO III § 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará me-
DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO diante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e
entidades da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído
SEÇÃO I pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DA REMOÇÃO § 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no ór-
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou gão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será
de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
sede. arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se de 10.12.97)
por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de § 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em
10.12.97) disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou
nº 9.527, de 10.12.97) entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei 9.527, de 10.12.97)
nº 9.527, de 10.12.97)
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do in- CAPÍTULO IV
teresse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) DA SUBSTITUIÇÃO
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de dire-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo- ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
cado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão,
de 10.12.97) previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou enti-
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dependente que viva às suas expensas e conste do seu assenta- § 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente,
mento funcional, condicionada à comprovação por junta médica sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função
oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de-
que o número de interessados for superior ao número de vagas,
les durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
de 10.12.97)
em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo
10.12.97)
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su-
SEÇÃO II
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de
DA REDISTRIBUIÇÃO
efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de pro-
vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares
pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria.
apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes
preceitos: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) TÍTULO III
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de DOS DIREITOS E VANTAGENS
10.12.97)
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527, CAPÍTULO I
de 10.12.97) DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluí-
do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e comple- de cargo público, com valor fixado em lei.
xidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº 431,
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação de 2008). (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fina- Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
lidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
9.527, de 10.12.97) § 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- § 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao cor-
de caráter permanente, é irredutível. respondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime-
individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. diatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
rio mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados
título de remuneração, importância superior à soma dos valores até a data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no 2.225-45, de 4.9.2001)
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribu- Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
nal Federal. exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas-
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as van- sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação
tagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Me-
nº 9.624, de 2.4.98) dida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

Art. 44. O servidor perderá: Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres-
justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tação de alimentos resultante de decisão judicial.
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o CAPÍTULO II
art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação DAS VANTAGENS
de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabe-
lecida pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor
10.12.97) as seguintes vantagens:
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso I - indenizações;
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da II - gratificações;
chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercí- III - adicionais.
cio. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou
provento para qualquer efeito.
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne- § 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Vide mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
Decreto nº 1.502, de 1995) (Vide Decreto nº 1.903, de 1996)
(Vide Decreto nº 2.065, de 1996) (Regulamento) (Regula- Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas,
mento) nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver consig- acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da fundamento.
administração e com reposição de custos, na forma definida em
regulamento. (Redação dada pela Medida Provisória nº 681, de SEÇÃO I
2015) DAS INDENIZAÇÕES
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º
não excederá trinta e cinco por cento da remuneração mensal, sen- Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
do cinco por cento reservados exclusivamente para a amortização I - ajuda de custo;
de despesas contraídas por meio de cartão de crédito (Redação II - diárias;
dada pela Medida Provisória nº 681, de 2015) III - transporte.
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas
até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao ser- Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos inci-
vidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no sos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua conces-
prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do são, serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei
interessado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, nº 11.355, de 2006)
de 4.9.2001)

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SUBSEÇÃO I com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,
DA AJUDA DE CUSTO entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se
houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território
de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em ca-
ráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da
qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete- sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmen-
nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma te, no prazo de 5 (cinco) dias.
sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de trans- prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba- diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
gagem e bens pessoais.
SUBSEÇÃO III
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são as-
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE
segurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de re- que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo-
moção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições
(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração SUBSEÇÃO IV
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo DO AUXÍLIO-MORADIA
exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.355, DE 2006)

Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel
de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empre-
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen- sa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa
do servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
mudança de domicílio.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando ca- atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de
bível. 2006)
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi-
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de cus- dor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
to quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
prazo de 30 (trinta) dias. funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou
SUBSEÇÃO II tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou
DAS DIÁRIAS promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exer-
cer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação
de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação;
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em ca-
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
ráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a inde-
auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
nizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimen-
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para
tação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Di-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) reção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Na-
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo tureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite pela Lei nº 11.355, de 2006)
fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as des- VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun-
pesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em
nº 9.527, de 10.12.97) relação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir pela Lei nº 11.355, de 2006)
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslo- no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
car dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo
ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regu- inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei
larmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas nº 11.355, de 2006)

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi-
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº nalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo
11.355, de 2006) exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art.
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida
o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comis- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
são relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos ser-
Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) vidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
(vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função co- SUBSEÇÃO II
missionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela DA GRATIFICAÇÃO NATALINA
Lei nº 11.784, de 2008
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem-
pela Lei nº 11.784, de 2008 bro, por mês de exercício no respectivo ano.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os será considerada como mês integral.
requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocen-
tos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
de dezembro de cada ano.
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de Parágrafo único. (VETADO).
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído pela Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação na-
Lei nº 11.355, de 2006) talina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre
a remuneração do mês da exoneração.
SEÇÃO II
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cál-
culo de qualquer vantagem pecuniária.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gratifi- SUBSEÇÃO III
cações e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
sessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
II - gratificação natalina;
2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4.9.2001)
SUBSEÇÃO IV
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
ou penosas; DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, PERICULOSI-
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; DADE OU ATIVIDADES PENOSAS
VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias; Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tó-
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído xicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional
pela Lei nº 11.314 de 2006) sobre o vencimento do cargo efetivo.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade
SUBSEÇÃO I e de periculosidade deverá optar por um deles.
DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
DIREÇÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97) causa a sua concessão.

Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servi-
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento dores em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu perigosos.
exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afasta-
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) e em serviço não penoso e não perigoso.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvi-
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situa- mento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da ad-
ções estabelecidas em legislação específica. ministração pública federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa-
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur-
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento
cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e li- de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314
mites fixados em regulamento. de 2006)
III - participar da logística de preparação e de realização de
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com concurso público envolvendo atividades de planejamento, coor-
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle denação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando
permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra- tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições
passem o nível máximo previsto na legislação própria. permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo se- IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
rão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas
atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
SUBSEÇÃO V § 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de
DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés- I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
cimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela
trabalho. Lei nº 11.314 de 2006)
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex-
cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori-
máximo de 2 (duas) horas por jornada.
zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
SUBSEÇÃO VI
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos
DO ADICIONAL NOTURNO
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico
da administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreen-
2006)
dido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratan-
dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por do de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;
cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
e trinta segundos. b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.
o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
prevista no art. 73. § 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso so-
mente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput
SUBSEÇÃO VII deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo
DO ADICIONAL DE FÉRIAS de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação
de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de tra-
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao ser- balho, na forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
vidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 11.314 de 2006)
(um terço) da remuneração do período das férias. § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei-
direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer
a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da
que trata este artigo. aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)

SUBSEÇÃO VIII CAPÍTULO III


DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU DAS FÉRIAS
CONCURSO
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.314 DE 2006) Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces-
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Férias
11.314 de 2006) (Regulamento) de Ministro - Vide)

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigi- § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
dos 12 (doze) meses de exercício. como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao ser- por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
viço. Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, § 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da admi- § 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
período da licença prevista no inciso I deste artigo.
nistração pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efe- término de outra da mesma espécie será considerada como pror-
tuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, ob- rogação.
servando-se o disposto no § 1o deste artigo. (Férias de Ministro
- Vide) SEÇÃO II
§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, DA FAMÍLIA
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver
direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do
pela Lei nº 8.216, de 13.8.91) padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas
§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante com-
do mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela provação por perícia médica oficial. (Redação dada pela Lei nº
11.907, de 2009)
Lei nº 8.216, de 13.8.91)
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência direta
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea-
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Fe- mente com o exercício do cargo ou mediante compensação de ho-
deral quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei rário, na forma do disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada
nº 9.525, de 10.12.97) pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias conse- condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
cutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
em qualquer hipótese a acumulação. remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
neração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado
a partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (In-
motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
cluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide) um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
Parágrafo único. O restante do período interrompido será 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO III
CAPÍTULO IV DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO
DAS LICENÇAS CÔNJUGE

SEÇÃO I Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acom-
DISPOSIÇÕES GERAIS panhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro pon-
to do território nacional, para o exterior ou para o exercício de
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remune-
I - por motivo de doença em pessoa da família;
ração.
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; § 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou compa-
III - para o serviço militar; nheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer
IV - para atividade política; dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de nicípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade
10.12.97) da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde
VI - para tratar de interesses particulares; que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. (Re-
VII - para desempenho de mandato classista. dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO IV SEÇÃO VIII
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO
CLASSISTA
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será
concedida licença, na forma e condições previstas na legislação Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
específica. muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
do cargo. ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar ser-
SEÇÃO V viços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e
observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094,
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, de 2005) (Regulamento)
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, 12.998, de 2014)
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) para cargos de direção ou de representação nas referidas entidades,
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia desde que cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os Lei nº 12.998, de 2014)
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses. § 2o A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998,
de 2014)
SEÇÃO VI
DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO CAPÍTULO V
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97) DOS AFASTAMENTOS

Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servi- SEÇÃO I


dor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO
do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três me- OU ENTIDADE
ses, para participar de curso de capacitação profissional. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do
não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Reda-
ção dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento) (Vide
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Decreto nº 4.493, de 3.12.2002) (Regulamento)
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confian-
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ça; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela
Art. 90. (VETADO). Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou
SEÇÃO VII entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTI- ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, man-
CULARES tido o ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela
Lei nº 8.270, de 17.12.91)
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou
ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es- sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
tágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despe-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qual- sas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação dada
quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Re- pela Lei nº 11.355, de 2006)
dação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) § 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da Repú- § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
blica, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse par-
órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro pró- ticular antes de decorrido período igual ao do afastamento, res-
prio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído salvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) afastamento.
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servi- § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
dor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. carreira diplomática.
(Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) § 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so- que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na- servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei
cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento nº 9.527, de 10.12.97)
de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e
II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado ce- Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo
dido condicionado a autorização específica do Ministério do Pla- internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
nejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
de cargo em comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº 2000)
10.470, de 25.6.2002)
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com SEÇÃO IV
a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.907, DE 2009)
órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá de- DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PRO-
terminar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, inde- GRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO
pendentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ PAÍS
1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
(Vide Decreto nº 5.375, de 2005) Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração,
e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com
SEÇÃO II o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
ELETIVO para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em
instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907,
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se de 2009)
as seguintes disposições: § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade defini-
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará rá, em conformidade com a legislação vigente, os programas de
afastado do cargo; capacitação e os critérios para participação em programas de pós-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela
III - investido no mandato de vereador: Lei nº 11.907, de 2009)
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- § 2o Os afastamentos para realização de programas de mes-
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; trado e doutorado somente serão concedidos aos servidores titula-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do res de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo me-
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. nos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado,
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá incluído o período de estágio probatório, que não tenham se afas-
para a seguridade social como se em exercício estivesse. tado por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista licença capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois)
não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade anos anteriores à data da solicitação de afastamento. (Incluído pela
diversa daquela onde exerce o mandato. Lei nº 11.907, de 2009)
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-
SEÇÃO III doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
EXTERIOR quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não
tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estu- ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
do ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269,
Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supre- de 2010)
mo Tribunal Federal. § 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício
missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do
nova ausência. afastamento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo CAPÍTULO VII
ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência DO TEMPO DE SERVIÇO
previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade,
na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço pú-
dos gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, blico federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
de 2009)
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justi- Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que
ficou seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e ses-
§ 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior senta e cinco dias.
ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
entidade. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são
no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou
CAPÍTULO VI entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Fe-
DAS CONCESSÕES deral;
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração,
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar- em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente
se do serviço: (Redação dada pela Medida provisória nº 632, de da República;
2013) IV - participação em programa de treinamento regularmente ins-
tituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, con-
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
forme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 11.907, de
II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
2009)
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal
(dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
a) casamento;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta-
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou mento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. 9.527, de 10.12.97)
VIII - licença:
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudan- a) à gestante, à adotante e à paternidade;
te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro
e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com- União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada pela Lei nº
pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res- 9.527, de 10.12.97)
peitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e c) para o desempenho de mandato classista ou participação de
alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para efeito
portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de
junta médica oficial, independentemente de compensação de ho- 2005)
rário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Redação
servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de de- dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de f) por convocação para o serviço militar;
horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527, IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
de 10.12.97) X - participação em competição desportiva nacional ou convo-
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado cação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no
à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) exterior, conforme disposto em lei específica;
ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos XI - afastamento para servir em organismo internacional de que
I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº 9.527,
11.501, de 2007) de 10.12.97)

Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e dis-
da administração é assegurada, na localidade da nova residência ponibilidade:
ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios
em qualquer época, independentemente de vaga. e Distrito Federal;
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônju- II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família
ge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em
na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de
autorização judicial. 2010)

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; Art. 110. O direito de requerer prescreve:
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele- I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
no serviço público federal; patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quan-
Previdência Social; do outro prazo for fixado em lei.
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo inte-
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. ressado, quando o ato não for publicado.
102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será con- Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando
tado apenas para nova aposentadoria. cabíveis, interrompem a prescrição.
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
Forças Armadas em operações de guerra. Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço relevada pela administração.
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada
e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a
mista e empresa pública. procurador por ele constituído.

CAPÍTULO VIII Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer
DO DIREITO DE PETIÇÃO tempo, quando eivados de ilegalidade.

Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. neste Capítulo, salvo motivo de força maior.

Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade compe- TÍTULO IV


tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que DO REGIME DISCIPLINAR
estiver imediatamente subordinado o requerente.
CAPÍTULO I
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que DOS DEVERES
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não po-
dendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Art. 116. São deveres do servidor:
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsidera- I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados II - ser leal às instituições a que servir;
no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias. III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) mente ilegais;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; V - atender com presteza:
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpos- a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
tos. ressalvadas as protegidas por sigilo;
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente su- b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
perior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, suces- ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
sivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autorida- VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
de a que estiver imediatamente subordinado o requerente. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando hou-
ver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconside- autoridade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº
ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação 12.527, de 2011)
ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº VII - zelar pela economia do material e a conservação do
12.300, de 2010) patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensi- IX - manter conduta compatível com a moralidade adminis-
vo, a juízo da autoridade competente. trativa;
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de recon- X - ser assíduo e pontual ao serviço;
sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data XI - tratar com urbanidade as pessoas;
do ato impugnado. XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
poder.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será CAPÍTULO III
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior DA ACUMULAÇÃO
àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando
ampla defesa. Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
CAPÍTULO II § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
DAS PROIBIÇÕES e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº Estados, dos Territórios e dos Municípios.
2.225-45, de 4.9.2001) § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia auto- nada à comprovação da compatibilidade de horários.
rização do chefe imediato; § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual- cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da
quer documento ou objeto da repartição;
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu-
III - recusar fé a documentos públicos;
nerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e
9.527, de 10.12.97)
processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
da repartição; Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi- nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
lidade ou de seu subordinado; coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
associação profissional ou sindical, ou a partido político; neração devida pela participação em conselhos de administração
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista,
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par-
em detrimento da dignidade da função pública; ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser
X - participar de gerência ou administração de sociedade priva- legislação específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na 2.225-45, de 4.9.2001)
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela
Lei nº 11.784, de 2008 Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu-
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assis- de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos
tenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de ho-
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- rário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autori-
quer espécie, em razão de suas atribuições; dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
geiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; CAPÍTULO IV
XV - proceder de forma desidiosa; DAS RESPONSABILIDADES
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ser-
viços ou atividades particulares;
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativa-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici- comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário
tado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ou a terceiros.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erá-
artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 11.784, rio somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
de 2008 outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em- § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso-
para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
de 2008 recebida.
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na for-
ma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de inte- Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
resses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco)
função. anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não
houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
cumular-se, sendo independentes entre si. efeitos retroativos.

Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do I - crime contra a administração pública;
fato ou sua autoria. II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci- IV - improbidade administrativa;
vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repar-
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra tição;
autoridade competente para apuração de informação concernente VI - insubordinação grave em serviço;
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun- salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
ção pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011) VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
CAPÍTULO V cargo;
DAS PENALIDADES X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio
nacional;
Art. 127. São penalidades disciplinares: XI - corrupção;
I - advertência; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções pú-
II - suspensão; blicas;
III - demissão; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão; Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal
VI - destituição de função comissionada. de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se
refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua che-
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas fia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
adotará procedimento sumário para a sua apuração e regulariza-
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
ção imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desen-
atenuantes e os antecedentes funcionais.
volverá nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencio-
10.12.97)
nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simul-
taneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos
objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e
e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei,
relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de § 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á
10.12.97) pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela des-
crição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação de
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das
das faltas punidas com advertência e de violação das demais proi- datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis- regime jurídico. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcri-
servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a ins- tas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como
peção médica determinada pela autoridade competente, cessando promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por in-
os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. termédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias,
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalida- apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo
de de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação
(cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, fi- dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cando o servidor obrigado a permanecer em serviço.

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo disposi- pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, para I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 9.527, de 10.12.97)
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela
trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá au- falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
tomaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze meses;
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de apo- tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
sentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. (In- cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para jul-
§ 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo gamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias,
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circuns-
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas
tâncias o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respec-
9.527, de 10.12.97) tivo Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
demissão. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. tratar de destituição de cargo em comissão.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este arti-
go, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
destituição de cargo em comissão.
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indis- cargo em comissão;
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
ação penal cabível. III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, fato se tornou conhecido.
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo às infrações disciplinares capituladas também como crime.
prazo de 5 (cinco) anos. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede- disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão autoridade competente.
por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.

Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-


viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
durante o período de doze meses.

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
TÍTULO V CAPÍTULO III
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR DO PROCESSO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado


DISPOSIÇÕES GERAIS a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no
exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no ções do cargo em que se encontre investido.
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
gurada ao acusado ampla defesa.
competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indica-
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
rá, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autori-
igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
dade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão
de 10.12.97)
ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularida- § 1o A Comissão terá como secretário servidor designado
de, mediante competência específica para tal finalidade, delegada pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus
em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli- membros.
ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu- § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou
nais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, con-
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten- terão caráter reservado.
ticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evi- Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
dente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquiva- fases:
da, por falta de objeto. I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
missão;
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: II - inquérito administrativo, que compreende instrução, de-
I - arquivamento do processo; fesa e relatório;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de III - julgamento.
até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar. Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do
excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual perío- ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual
do, a critério da autoridade superior. prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo in-
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) ponto, até a entrega do relatório final.
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, § 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que
ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instaura- deverão detalhar as deliberações adotadas.
ção de processo disciplinar.
SEÇÃO I
CAPÍTULO II DO INQUÉRITO
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utili-
não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade zação dos meios e recursos admitidos em direito.
instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afas-
tamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disci-
sem prejuízo da remuneração. plinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a au-
concluído o processo. toridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério
Público, independentemente da imediata instauração do processo
disciplinar.

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a to- § 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
mada de depoimentos, acareações, investigações e diligências ca- para diligências reputadas indispensáveis.
bíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessá- § 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
rio, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
dos fatos. termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
assinatura de (2) duas testemunhas.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sa-
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum bido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e
interesse para o esclarecimento dos fatos. em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a conhecido, para apresentar defesa.
comprovação do fato independer de conhecimento especial de pe- Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
rito. será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.

Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- citado, não apresentar defesa no prazo legal.
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. § 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do proces-
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a ex- so e devolverá o prazo para a defesa.
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da § 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instaurado-
repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados ra do processo designará um servidor como defensor dativo, que
para inquirição. deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível,
ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Re-
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente. Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio-
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão ou à responsabilidade do servidor.
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- § 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comis-
mentos previstos nos arts. 157 e 158. são indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas decla-
rações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
entre eles. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interroga- julgamento.
tório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, rein- SEÇÃO II
quiri-las, por intermédio do presidente da comissão. DO JULGAMENTO

Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimen-
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo § 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori-
menos um médico psiquiatra. dade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será pro- competente, que decidirá em igual prazo.
cessado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a § 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
expedição do laudo pericial. o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
pena mais grave.
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a § 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputa- aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori-
dos e das respectivas provas. dades de que trata o inciso I do art. 141.
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre- § 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a
sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de autoridade instauradora do processo determinará o seu arquiva-
10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. mento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. (In-
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
e de 20 (vinte) dias.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não
quando contrário às provas dos autos. constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as ainda não apreciados no processo originário.
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de Art. 177. O requerimento de revisão do processo será diri-
responsabilidade. gido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se
autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autori- ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
dade que determinou a instauração do processo ou outra de hierar- Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade compe-
quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, tente providenciará a constituição de comissão, na forma do art.
no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração 149.
de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originá-
do processo. rio.
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia
trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo e hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas
IV do Título IV. que arrolar.

Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi- conclusão dos trabalhos.
duais do servidor.
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para processo disciplinar.
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a
penalidade, nos termos do art. 141.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
autoridade julgadora poderá determinar diligências.
so aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o pará-
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão,
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
se for o caso.
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comis-
são, que será convertida em exoneração.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da agravamento de penalidade.
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
ou indiciado; TÍTULO VI
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri- DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
missão essencial ao esclarecimento dos fatos. CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
SEÇÃO III
DA REVISÃO DO PROCESSO Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para
o servidor e sua família.
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a administração pública direta, autárquica e fundacional não terá
inadequação da penalidade aplicada. direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exce-
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento ção da assistência à saúde. (Redação dada pela Lei nº 10.667, de
do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão 14.5.2003)
do processo. § 2o (Revogado pela Medida Provisória nº 689, de 2015)
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão Produção de efeito
será requerida pelo respectivo curador. § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimen-
requerente. to mensal da contribuição própria, no mesmo percentual devi-

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
do pelos servidores em atividade, acrescida do valor equivalente à II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
contribuição da União, suas autarquias ou fundações, incidente so- tos proporcionais ao tempo de serviço;
bre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de suas III - voluntariamente:
atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
pessoais. (Redação dada pela Medida Provisória nº 689, de 2015) (trinta) se mulher, com proventos integrais;
Produção de efeito b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma-
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro-
o segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos ventos integrais;
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
vencimento. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um de serviço.
conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades: § 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incu-
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, inva- ráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa,
lidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e re- alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira
clusão; posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante,
III - assistência à saúde. espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avança-
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos dos do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunode-
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições ficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na
desta Lei. medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas in-
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do ser- salubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art.
vidor compreendem: 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o
I - quanto ao servidor: disposto em lei específica.
a) aposentadoria; § 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à jun-
b) auxílio-natalidade; ta médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a
c) salário-família;
incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im-
d) licença para tratamento de saúde;
possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço; nº 9.527, de 10.12.97)
g) assistência à saúde;
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e de-
satisfatórias; clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
II - quanto ao dependente: que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
a) pensão vitalícia e temporária; ativo.
b) auxílio-funeral;
c) auxílio-reclusão; Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigora-
d) assistência à saúde. rá a partir da data da publicação do respectivo ato.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os ser- para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e
vidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224. quatro) meses.
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, § 2o Expirado o período de licença e não estando em con-
dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem dições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será
prejuízo da ação penal cabível. aposentado.
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da
CAPÍTULO II
licença e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
DOS BENEFÍCIOS
como de prorrogação da licença.
SEÇÃO I § 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão con-
DA APOSENTADORIA sideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade enseja-
dora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Cons- nº 11.907, de 2009)
tituição) § 5o A critério da Administração, o servidor em licença para
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con-
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que
doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e pro- ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº
porcionais nos demais casos; 11.907, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob- Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da apo-
em atividade. sentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer be-
nefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi-
em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
dos dependentes.
Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias es- madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
pecificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for
considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
provento integral, calculado com base no fundamento legal de nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para
concessão da aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, a Previdência Social.
de 2009)
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o pro- não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
vento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da ativi-
dade. SEÇÃO IV
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação na-
talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será con-
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. cedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº
11.907, de 2009)
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa- § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida encontrar internado.
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde
de serviço efetivo. se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor,
e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art.
SEÇÃO II 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação
DO AUXÍLIO-NATALIDADE dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente pro-
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por moti- duzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos
vo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- humanos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. de 2009)
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de § 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias
50% (cinquenta por cento), por nascituro. no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afasta-
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor mento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial.
público, quando a parturiente não for servidora. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata
SEÇÃO III o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia ofi-
DO SALÁRIO-FAMÍLIA cial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
inativo, por dependente econômico.
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
para efeito de percepção do salário-família: (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí-
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados cia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela
até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e Lei nº 11.907, de 2009)
quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza- Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se refe-
ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do rirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de
inativo; lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
III - a mãe e o pai sem economia própria. qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgâni- SEÇÃO VI
cas ou funcionais será submetido a inspeção médica. DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO

Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos pe- Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servi-
riódicos, nos termos e condições definidos em regulamento. (In- dor acidentado em serviço.
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União e Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imedia-
Lei nº 12.998, de 2014) tamente, com as atribuições do cargo exercido.
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór- Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
pela Lei nº 12.998, de 2014) dor no exercício do cargo;
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce- II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar- versa.
quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistên- Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de
cia à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que pos- tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada,
suam autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma à conta de recursos públicos.
do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médi-
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato ca oficial constitui medida de exceção e somente será admissível
administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pú-
junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº blica.
12.998, de 2014)
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
SEÇÃO V dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LICEN-
ÇA-PATERNIDADE SEÇÃO VII
DA PENSÃO
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóte-
(Vide Decreto nº 6.690, de 2008) ses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado o
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição
de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
a partir do parto.
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
apta, reassumirá o exercício.
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servido- Art. 217. São beneficiários das pensões:
ra terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. c) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
d) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicial-
períodos de meia hora. mente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) c) Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008) d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de III - o companheiro ou companheira que comprove união está-
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este vel como entidade familiar;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
artigo será de 30 (trinta) dias. IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin-
tes requisitos:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº
13.135, de 2015)
b) seja inválido;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c)(Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência) Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regu- I - o seu falecimento;
lamento;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do a concessão da pensão ao cônjuge;
servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de bene-
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no ficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se
inciso IV.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental
§ 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os que o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os pe-
incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos
ríodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e “b” do
V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
inciso VII; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o
inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI.(Re- IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo
dação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) filho ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me- V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên- VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135,
cia econômica, na forma estabelecida em regulamento.(Incluído de 2015)
pela Lei nº 13.135, de 2015) VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I
a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se
habilitados.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº
2015) 13.135, de 2015)
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
2015) com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois
§ 3o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2
(dois) anos após o início do casamento ou da união estável: (In-
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
cluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
(cinco) anos.
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova poste- (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
rior ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
oferecida. 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
pela Lei nº 13.135, de 2015) idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de ida-
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro- de. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na § 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão
união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de cuja preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade
constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial ou por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento
no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. para avaliação das referidas condições. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 13.135, de 2015)
§ 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presu-
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII,
mida do servidor, nos seguintes casos:
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe- ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de
tente; qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, in-
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou dependentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições
acidente não caracterizado como em serviço; mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo união estável. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
ou em missão de segurança. § 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano
vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, corres-
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, pondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao
hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado. nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em § 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao § 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
referido incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previ- que condicional.
dência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
(RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribui- será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos de-
ções mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. pendentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 13.135, de 2015)

Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a CAPÍTULO III


respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação dada DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inati-
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta-
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
189. ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio,
mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos
ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa-
em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigi-
dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
da perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade
SEÇÃO VIII
celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendi-
DO AUXÍLIO-FUNERAL
mento do sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos
declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor fa-
Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
lecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês § 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplica-
da remuneração ou provento. ção do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promo-
§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será verá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica,
pago somente em razão do cargo de maior remuneração. que constituirá junta médica especificamente para esses fins, indi-
§ 2o (VETADO). cando os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a com-
§ 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) provação de suas habilitações e de que não estejam respondendo
horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão.
que houver custeado o funeral. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será in- União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:
denizado, observado o disposto no artigo anterior. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser-
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados
do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de trans- ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
porte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas
fundação pública. patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce-
lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam
SEÇÃO IX autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto-
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu- gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo
são, nos seguintes valores: de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de
de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade 2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
competente, enquanto perdurar a prisão; II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu- 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determi- assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do
ne a perda de cargo. órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições defini-
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendi- das em assembléia geral da categoria.
do pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

CAPÍTULO IV Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do


DO CUSTEIO cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas
e constem do seu assentamento individual.
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira
ou companheiro, que comprove união estável como entidade
TÍTULO VII familiar.
CAPÍTULO ÚNICO
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o muni-
INTERESSE PÚBLICO cípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver
exercício, em caráter permanente.
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
TÍTULO IX
CAPÍTULO ÚNICO
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído
por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclu-
sive as em regime especial, e das fundações públicas, regidos
TÍTULO VIII pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Fun-
CAPÍTULO ÚNICO cionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943, exceto os contratados por prazo determinado,
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte cujos contratos não poderão ser prorrogados após o vencimento
e oito de outubro. do prazo de prorrogação.
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe- regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos,
cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcio- na data de sua publicação.
nais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e
operacionais; mantidas enquanto não for implantado o plano de cargos dos
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con- órgãos ou entidades na forma da lei.
decoração e elogio. § 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exer-
cidas por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal,
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em ficam extintas na data da vigência desta Lei.
dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do § 4o (VETADO).
vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, § 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serven-
o prazo vencido em dia em que não haja expediente. tuários da Justiça, remunerados com recursos da União, no que
couber.
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com esta-
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
bilidade no serviço público, enquanto não adquirirem a nacio-
sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
nalidade brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do
dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos ineren-
eximir-se do cumprimento de seus deveres. tes aos planos de carreira aos quais se encontrem vinculados os
empregos.
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos § 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste arti-
da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e go, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Consti-
os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: tucionais Transitórias, poderão, no interesse da Administração
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substi- e conforme critérios estabelecidos em regulamento, ser exone-
tuto processual; rados mediante indenização de um mês de remuneração por ano
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o de efetivo exercício no serviço público federal. (Incluído pela
final do mandato, exceto se a pedido; Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
na declaração de rendimentos, serão considerados como indeni-
zações isentas os pagamentos efetuados a título de indenização Redistribuição
prevista no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de A norma define este instituto como o deslocamento de cargo de pro-
10.12.97) vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do dispos- para outro órgão ou entidade do mesmo Poder (art. 37). É essencial a
to no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando con- prévia apreciação do órgão central do SIPEC.
siderados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Por exemplo, o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
– DNER foi extinto em 2001, sendo substituído pelo Departamento
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT. Os cargos do antigo
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em DNER foram redistribuídos a outros órgãos, como DNIT e Ministério da
anuênio. Fazenda. O servidor ocupante do cargo redistribuído o segue, passando
a exercer suas atividades em outro órgão ou entidade do mesmo Poder.
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei Os preceitos a serem observador na redistribuição são: interesse da
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada administração; equivalência de vencimentos; manutenção da essência
em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 das atribuições do cargo; vinculação entre os graus de responsabilidade
a 90. e complexidade das atividades; mesmo nível de escolaridade, especiali-
dade ou habilitação profissional; compatibilidade entre as atribuições do
Art. 246. (VETADO). cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade.

Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, ha- Substituição
verá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao O instituto da substituição destina-se a não deixar os órgãos públi-
período de contribuição por parte dos servidores celetistas abran- cos sem os agentes competentes para tomada de decisões importantes.
gidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) Por isso, determina a Lei nº 8.112/90 que os servidores investidos em
cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Nature-
za Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência
de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem
entidade (art. 38).
do servidor.
Dessa forma, os órgãos públicos sempre terão agentes com compe-
tências decisórias, pois a substituição se opera automaticamente quando
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os
diretores, chefes ou ocupantes de cargos de natureza especial e, também,
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per- titulares de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria,
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União se afastam de suas funções, como, por exemplo, no caso de férias, trata-
conforme regulamento próprio. mento de saúde, etc.
O substituto acumulará as funções, sem prejuízo do cargo que ocu-
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, pa, tendo direito à gratificação de substituição a contar do trigésimo dia
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta- da substituição do titular.
doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou- DIREITOS E VANTAGENS
tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele Os servidores públicos têm uma série de direitos e vantagens
dispositivo. (Mantido pelo Congresso Nacional) consignados na Constituição Federal (arts. 37 a 41) e, no caso dos
servidores civis da União, detalhados na Lei nº 8.112/90. O estudo desses
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) direitos e vantagens importa em conhecer as regras sobre remuneração,
vantagens, gratificações, indenizações, férias, licenças, afastamentos,
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, concessões, aposentadoria e seguridade social. Estas duas últimas
com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subse- não serão estudadas neste tópico, por não comporem o programa da
quente. disciplina de Direito Administrativo exigido pelo edital do concurso que
ora se enfrenta.
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais Remuneração
disposições em contrário. Deve-se estabelecer, inicialmente, a diferença entre subsídio,
vencimento e remuneração. As expressões se referem a uma retribuição
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e pecuniária em razão do exercício da função pública, sendo que o
102o da República. vocábulo subsídio foi introduzido pela EC 19/98, que dentre outras
alterações, incluiu o comando de que o membro de Poder, o detentor
FERNANDO COLLOR de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
Jarbas Passarinho Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,
Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.12.1990 e abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória
republicado em 18.3.1998 [...] (CF, art. 39, § 4º).

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Subsídio, portanto, é uma forma de remuneração que tem como característica ser um montante pecuniário único, sem quaisquer
acréscimos. Apesar de inicialmente ser destinado aos agentes políticos, a remuneração do servidor público também pode ser fixada na forma
de subsídio (CF, art. 39, § 8º).
Deve-se registrar a dura crítica que Celso Antônio Bandeira de Mello faz a expressão parcela única, adjetivando-a de rebarbativa, que
significa algo repelente por ser desagradável. Afinal, uma parcela não pode ser única, pois parcela é um componente de um todo10.
Vencimento, de outro lado, é definido pela Lei nº 8.112/90 como a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público (art. 40).
Aparentemente não há diferença entre vencimento e subsídio.
O problema surge na conceituação de remuneração, definida pela Lei nº 8.112/90 como o vencimento do cargo efetivo acrescida das
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. Ou seja, remuneração, de acordo com o Estatuto dos Servidores da União, é uma
vantagem pecuniária formada por outras vantagens de ordem pecuniária.
Todavia, quando se estabeleceu, em função da alteração feita pela EC nº 19/98, que os agentes políticos são remunerados por subsídio
fixado em parcela única, tem-se que o subsídio é uma forma de remuneração que não comporta o acréscimo de outras vantagens.
A única forma de se escapar dessa arapuca conceitual armada pelo Constituinte Derivado, é entender que há um sentido amplo de
remuneração, que seria simplesmente a retribuição pecuniária pelo exercício de função pública. Nesse entendimento, tem-se remuneração
como um gênero que comporta duas espécies: o subsídio e a remuneração em sentido estrito.
A remuneração em sentido estrito é a conceituação da Lei nº 8.112/90, que importa no vencimento acrescidos de algumas parcelas,
que são as vantagens pecuniárias permanentes. Esta remuneração é irredutível.
A Constituição Federal ainda determina que a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou alterada por lei
específica, respeitando-se a iniciativa privativa em cada caso (CF, art. 37, X). Além disso, os vencimentos devem ser isonômicos para
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes (Lei 8.112/90, art. 41, § 4º).
Em atenção ao comando constitucional, o art. 42 da Lei 8.112/90 repete, parcialmente, o inciso XI do art. 37 da Constituição
Federal, que determina um limite remuneratório aos agentes públicos. No caso do servidor público civil da União, este não pode receber,
mensalmente, a título de remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos em espécie, a qualquer título, no âmbito dos
respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Também é importante ressaltar que a Constituição Federal proíbe a equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito de
remuneração de pessoal, com o escopo de evitar aumentos em cadeia11. Ainda com o intuito de impedir majorações sem razoabilidade, a
Constituição Federal também prescreve que os acréscimos pecuniários percebidos pelo servidor não sejam computados para acréscimos
ulteriores (CF, art. 37, XIII e XIV).
A remuneração do servidor não será objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto no caso de decisão judicial que verse sobre
obrigação de prestar alimentos. Em caso de falta injustificada, o servidor perde a remuneração do respectivo dia, bem como terá descontado
desta, proporcionalmente, os casos de atrasos e saídas antecipadas.

Vantagens pecuniárias
As vantagens pecuniárias definidas a Lei nº 8.112/90, além do vencimento, são indenizações, gratificações ou adicionais. As
indenizações não se agregam à remuneração, diferentemente das gratificações e adicionais, que são incorporadas, nos casos e condições
indicados em lei.
A tabela que segue resume as hipóteses previstas:

Indenizações Gratificações Adicionais


Exercício de atividades insalubres, perigosas
Ajuda de custo. ou penosas.
Exercício de função.
Diárias. Prestação de serviço extraordinário.
Natalina.
Transporte. Noturno.
Encargo de curso ou concurso.
Auxílio-moradia. De Férias.
Outros.

Indenizações
Indenizar significa ressarcir. Dessa forma, há indenização pecuniária a um servidor público quando este realizou alguma despesa em
razão do exercício de sua função. Por esse motivo, as indenizações, que consistem em ajuda de custo, diárias, transporte e auxílio-moradia,
não integram a remuneração.
A ajuda de custo (art. 53) incide quando o servidor, no interesse do serviço, mudar de domicílio, em caráter permanente, para exercer
suas funções em nova sede, incluindo-se nomeação para cargo em comissão. Veda-se o duplo pagamento caso o cônjuge ou companheiro
também detenha a condição de servidor e vier a ter exercício na mesma sede.
Esta ajuda de custa, que inclui as despesas de transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens
pessoais, não é devida ao servidor que se afasta, ou reassume, em virtude de mandato eletivo. Também há ajuda de custa à família do
servidor que falecer na nova sede, garantindo-se transporte para a localidade de origem, dentro de um ano, contado do óbito.
10 Mello, 2013, p. 278.
11 Id, p. 283.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
As diárias (art. 58) são modalidades de indenização concurso público a título de membro de banca examinadora ou da
destinadas a ressarcir despesas extraordinárias com pousada, logística de preparação de sua realização, bem como se envolver
alimentação e locomoção urbana, quando o servidor afastar-se, a na supervisão, aplicação, fiscalização ou avaliação deste ou de
serviço, para outro ponto do território nacional. O servidor que provas de exame vestibular.
receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica Em relação aos adicionais de insalubridade, periculosidade
obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. ou atividades penosas, a Lei nº 8.112/90 determina que serão
O afastamento é eventual e transitório, pois, se os deslocamentos observadas as situações em legislação específica. Neste sentido,
constituírem exigência permanente do cargo, o servidor não terá o art. 12 da Lei nº 8.270/91, prescreve que os servidores civis da
direito a esta vantagem. União, das autarquias e das fundações públicas federais perceberão
A indenização de transporte (art. 60) tem lugar quando o adicionais de insalubridade e de periculosidade, nos termos das
servidor realizar despesas com a utilização de meio próprio de normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em
locomoção para a execução de serviços externos, por força de geral e calculados com base nos seguintes percentuais: cinco, dez e
atribuições próprias do cargo. vinte por cento, no caso de insalubridade nos graus mínimo, médio
O auxílio-moradia destina-se aos que mudem o local de e máximo, respectivamente; dez por cento, no de periculosidade.
residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança Como se nota, a configuração de casos de insalubridade,
do Grupo Direção e Assessoramento Superiores (DAS), níveis 4, 5 periculosidade ou atividades penosas para o servidor público segue
e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes. a regulamentação da CLT, que, por sua vez, remete ao Ministério
do Trabalho a criação das normas específicas (CLT, art. 195).
Esta indenização visa ressarcir despesas, comprovadamente
Especificando algumas situações, a Lei nº 8.112/90 prescreve
realizadas, com aluguel ou hospedagem, sendo devida se não
que o trabalho com substâncias tóxicas ou radioativas configuram
houver imóvel funcional disponível para uso pelo servidor.
a hipótese de adicional por insalubridade e que o serviço em zona
de fronteira e localidades cujas condições de vida o justifiquem
Gratificações e Adicionais são situações que geram o adicional por atividade penosa. Outra
Os adicionais e as gratificações não se confundem. O especificação é o afastamento da servidora gestante ou lactante das
adicional12 é uma recompensa pelo desempenho de atribuições atividades insalubres, perigosas ou penosas e a obrigatoriedade
especiais que escapam à rotina, enquanto a gratificação é dos que operam Raio X serem submetidos a exames médicos a
recompensa pelo desempenho de serviços comuns em condições cada 6 (seis) meses.
incomuns13. O adicional se relaciona com a função, enquanto a O adicional por serviço extraordinário (art. 73) importa em
gratificação refere-se ao serviço ou ao servidor. O adicional é um acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
permanente; a gratificação é provisória. normal de trabalho, limitado a 2 (duas) horas por jornada, permitido
São espécies de gratificações: pelo exercício de função; somente para atender situações excepcionais e temporárias.
natalina; e por encargo de curso ou concurso. Por sua vez, os O adicional noturno (art. 75) é um acréscimo de 25% (vinte e
adicionais compreendem os seguintes casos: pelo exercício de cinco por cento) ao valor-hora, contando-se cada hora como sendo
atividades insalubres, perigosas ou penosas; pela prestação de 52’30’’ (cinquenta e dois minutos e trinta segundos), que deve ser
serviço extraordinário; noturno; de Férias; outros, relativos ao pago em razão do serviço prestado no horário compreendido entre
local ou à natureza do trabalho. 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte.
A retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e O adicional de férias (art. 76) é um acréscimo de 1/3 (um
assessoramento (art. 62) é o acréscimo pecuniário que o servidor terço) na remuneração do período de férias.
investido em função de confiança tem direito. Ressalta-se que a
Constituição Federal, ao dispor sobre as funções de confiança, Férias
estabelece que elas se destinam exclusivamente às atribuições de O servidor público, após um primeiro período aquisitivo de 12
direção, chefia e assessoramento e devem ser exercidas somente meses, tem direito a férias de 30 dias, que podem ser acumuladas
por servidores ocupantes de cargo efetivo. no caso de necessidade do serviço público por até dois períodos.
A gratificação natalina (art. 63) segue a mesma lógica do 13º As faltas do serviço não podem ser levadas à conta de férias, ou
salário do Direito do Trabalho, portanto, corresponde a 1/12 da seja, não podem ser compensadas (art. 77).
As férias podem ser parceladas em até três etapas, desde que o
remuneração que o servidor tem direito no mês de dezembro, por
servidor assim requeira e de que haja interesse da Administração.
mês de exercício no respectivo ano, devendo ser paga até o dia 20
Note-se que para este caso, deve haver coincidência entre os
de dezembro, salvo no caso de exoneração, quando será paga no
interesses particular e público.
desligamento do servidor, calculada sobre a remuneração do mês
Ressalta-se que as férias do servidor que opera direta e
da exoneração. Para fins de contagem, considera-se fração igual permanentemente equipamentos de Raio X ou substâncias
ou superior a 15 (quinze) dias como mês integral e a gratificação radioativas são contadas de forma diferente. Nesta situação, são
não deve ser considerada para cálculo de qualquer vantagem vinte dias consecutivos, a cada semestre, vedada a acumulação.
pecuniária.
A gratificação por encargo de curso ou concurso (art. 76- Licenças, afastamentos e concessões
A) é devida ao servidor que, em caráter eventual, atuar como Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que entre licenças
instrutor em curso de formação, desenvolvimento ou treinamento e afastamentos não há diferenças, senão a de nomes, sendo que
instituído no âmbito da Administração, ou ao que participar de alguns afastamentos foram rotulados como concessões e outros
12 O adicional por tempo de serviço foi revogado em 1999. foram previstos sem qualquer designação14.
13 Gasparini, 2008, p. 233. 14 Mello, 2013, p. 320.

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
De fato, licenças e afastamentos são direitos e vantagens do servidor que implicam em ausência do serviço, sendo que na maioria
das situações é o servidor que a requer. São deferidas quando configurada alguma hipótese legal e, na maioria dos casos, por um prazo
determinado. Além disso, as licenças, afastamentos e concessões podem ser concedidos com remuneração ou sem remuneração, bem como
se pode contar, ou não, o tempo da ausência para efeitos legais. Dessa forma, e seguindo lição de Celso Antônio Bandeira de Mello15,
agrupam-se as ausências no serviço de acordo com os efeitos relacionados à remuneração e contagem de tempo de serviço.

- para tratamento de saúde, até o limite de dois anos.


- à gestante.
Com remuneração e contagem de - paternidade.
tempo de serviço para todos os - para servidora adotante ou que obtiver guarda judicial.
efeitos legais - por acidente em serviço.
- para prestação de serviço militar.
- para realizar curso de capacitação profissional.
Com remuneração e contagem
- para candidatura a atividade política.
de tempo de serviço apenas para
- por motivo de doença em pessoa da família, por até 60 dias.
disponibilidade e aposentadoria
Sem remuneração, mas com
contagem de tempo, salvo para - para desempenho de mandato classista.
promoção por merecimento
Sem remuneração e sem contagem - por motivo de afastamento de cônjuge ou companheiro.
de tempo de serviço - para tratar de interesses particulares.

Licenças
As licenças previstas na Lei nº 8.112/90 são: por motivo de doença em pessoa da família; por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; para o serviço militar; para atividade política; para capacitação; para tratar de interesses particulares; para desempenho
de mandato classista (art. 81). A propósito, a licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será
considerada como prorrogação (art. 82).
O servidor pode obter licença por motivo de doença em pessoa da família (art. 83), quando o doente for seu cônjuge ou companheiro,
pai ou mãe, filho ou filha, padrasto ou madrasta, enteado ou enteada, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
funcional. A doença deve ser comprovada por perícia médica oficial e será deferida somente se a assistência direta do servidor for
indispensável e não puder ser prestada concomitantemente com o exercício do cargo. Esta licença pode ser concedida a cada 12 (doze)
meses, com remuneração por até 60 (sessenta) dias ou sem remuneração por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, em ambas as
situações.
A licença por motivo de afastamento do cônjuge (art. 84), incluindo-se companheiro ou companheira, pode ser concedida para que
o servidor acompanhe a pessoa com a qual comunga a vida, caso esta seja deslocada para outro ponto do território nacional, para o
exterior ou para o exercício de mandato eletivo. Esta licença é por prazo indeterminado e sem remuneração. Todavia, se o cônjuge ou
companheiro também for servidor público, o que pede licença pode exercer provisoriamente função compatível com seu cargo em entidade
da Administração Direta, autárquica ou fundacional. Sobre isso, o Superior Tribunal de Justiça esclareceu que o provimento originário do
cônjuge ou companheiro para localidade diversa, não gera essa hipótese, pois a qualidade de servidor inicia-se com a posse, não com a
nomeação.16
Caso convocado, o servidor tem direito à licença para o serviço militar (art. 85), de acordo com legislação específica (vide Lei nº
6.880/80). Concluído o serviço militar, terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo.
Os servidores públicos podem participar ativamente da vida política do país, integrando partidos políticos. Para tanto há a licença para
atividade política (art. 86), concedida sem remuneração, durante o período que mediar a escolha do servidor em convenção partidária, como
candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, e com remuneração, por até 3 (três) meses,
a partir do registro da candidatura e até o 10º (décimo) dia seguinte ao da eleição. Ressalta-se que o servidor será obrigatoriamente afastado,
a partir do registro de sua candidatura, até o 10º (décimo) dia seguinte ao pleito, caso exerça cargo de direção, chefia, assessoramento,
arrecadação ou fiscalização.
A cada cinco anos (quinquênio) de efetivo exercício, o servidor poderá obter licença para capacitação (art. 87), por até 3 (três) meses,
a fim de participar de curso de capacitação profissional, realizado no interesse da Administração. Este período de licença não é acumulável.
O servidor pode obter, sem remuneração, licença para tratar de assuntos particulares (art. 91), por até três anos consecutivos. Para
tanto, já deve ter superado o estágio probatório, sendo que o deferimento ou não da benesse é por critério da Administração, discricionário,
portanto. Esta licença pode ser interrompida a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. Entendeu que é possível
análise judicial em relação a finalidade e motivo da interrupção da licença concedida, para se evitar comportamentos ilegais sob o pretexto
de estarem acobertados pela discricionariedade administrativa17.
15 Id.
16 Superior Tribunal de Justiça. RMS nº 44.119/SP, julgado em 10/12/2013.
17 Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 1.076.011/DF, julgado em 28/02/2012.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A licença para desempenho de mandato classista (art. 92) Tribunal Federal. Não se trata de direito subjetivo do servidor,
permite ao servidor público ausentar-se de suas atividades, sem pois o pedido de autorização pressupõe análise discricionária
remuneração, para desempenhar mandato em confederação, por parte da Administração18. Findo este afastamento, o servidor
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato tem obrigação de permanecer em serviço pelo período igual do
representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão afastamento, não podendo exonerar-se ou pedir licença para tratar
ou, ainda, para participar de gerência ou administração em de interesse particular, a não ser que indenize as despesas havidas
sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para com sua ausência.
prestar serviços a seus membros. Esta licença é concedida pelo Sendo do interesse da Administração, o servidor poderá
mesmo prazo do mandato, podendo ser renovada, no caso de obter afastamento para participação em programa de pós-
reeleição. graduação stricto sensu (art. 96-A), com remuneração, desde
Recentemente, a Lei nº 12.998/14 alterou a relação entre o que a participação no curso não possa ocorrer simultaneamente
número de servidores que podem obter a licença e a respectiva com o exercício do cargo. Para cursar mestrado o beneficiário
entidade em que exercem representação, dispondo da seguinte deve ser titular de cargo efetivo no órgão ou entidade há pelo
forma: para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 menos 3 (três) anos e, para doutorado 4 (quatro) anos. Em ambas
(dois) servidores; para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a situações conta-se o estágio probatório e o servidor não pode ter se
30.000 (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; para entidades afastado para tratar de assuntos particulares ou ter obtido licença
com mais de 30.000 (trinta mil) associados, 8 (oito) servidores. capacitação com fundamento nesta mesma hipótese nos 2 (dois)
anos anteriores à solicitação. Se o curso for de pós-doutorado, este
Afastamentos último prazo é de 4 (quatro) anos. Finalizado o curso, o servidor
Continuando a descrição das ausências permitidas, a Lei nº deverá permanecer no exercício de suas funções por período
8.112/90 denomina como afastamentos quatro tipos: para servir mínimo igual ao do afastamento. O Descumprimento dessa regra
a outro órgão ou entidade; para o exercício de mandato eletivo, e a não obtenção do título ou grau que justificou o afastamento,
durante o prazo de sua duração; para estudo ou missão no exterior, salvo força maior ou caso fortuito, gera o dever de ressarcir a
para participação em programa de pós-graduação “stricto sensu”. Administração das despesas efetuadas como aperfeiçoamento.
É possível o afastamento do servidor para servir a outro órgão
ou entidade (art. 93), de quaisquer dos Poderes, em qualquer esfera Concessões
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios), para exercer cargo Há quatro casos de afastamento, que a lei chama de
em comissão ou função de confiança. Se a União ceder servidor a concessões. São a ausência para doar sangue, por um dia, para
um Estado, Distrito Federal ou Município, será destes cessionários alistamento eleitoral, por dois dias, por motivo de casamento,
o ônus da remuneração. De outro lado, se a cessão é em favor de por oito dias, e por falecimento de cônjuge, companheiro, pais,
empresa pública ou sociedade de economia mista, o servidor pode padrastos, madrastas, filhos, enteados, menores sob guarda ou
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do tutela e irmãos, também por oito dias (art. 97).
cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em Também há a concessão de horário especial (art. 98) para
comissão, situação que a entidade cessionária efetuará o reembolso servidor estudante, quando comprovada incompatibilidade entre
das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. Além o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do
deste tipo de cessão, outras leis podem criar novas hipóteses. cargo, situação que será exigida compensação de horário.
Observe-se que a licença para atividade política, vista em
parágrafo anterior, refere-se ao período em que o servidor público Outros afastamentos
concorre a pleito eleitoral. Caso eleito, tem-se o afastamento Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, ainda há cinco
para o exercício de mandato eletivo (art. 94), regulamentada tipos de afastamentos, que não receberam qualquer denominação
também pela Constituição Federal (art. 38), determinando-se que pela Lei 8.112/90. São os as ausências: para participar de programa
o servidor eleito: tratando-se de mandato eletivo federal, estadual de treinamento regularmente instituído; para júri e outros serviços
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; obrigatório por lei; deslocamento para nova sede, por trinta dias;
investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego para participar de competição desportiva nacional ou para integrar
ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; representação desportiva nacional; para servir em organismo
investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de internacional do qual o Brasil participe ou com o qual coopere19.
horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, Com exceção do afastamento para mandato político, todos
sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo ocorrem com a contagem de tempo para todos os efeitos legais.
compatibilidade, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar Em apenas três casos não será devida a remuneração: mandato
pela sua remuneração. Em qualquer caso que exija o afastamento eletivo, salvo no caso de prefeito ou vereador, em que pode
para o exercício de mandato eletivo, o tempo de serviço será haver opção pela remuneração; para servir em outro órgão ou
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção entidade, pois receberá destes a remuneração; e para participar de
por merecimento; e, o servidor continuará contribuindo para a competição desportiva, ante a ausência de lei específica20.
seguridade social, como se no exercício estivesse.
Para que o servidor ausente-se do país, mediante afastamento
18 Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp nº 506328/SC, julgado em
para estudo ou missão no exterior (art. 95), por até 4 (quatro) anos, 25/02/2014.
são necessárias autorizações do Presidente da República, Presidente 19 Mello, 2013, p. 325.
dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo 20 Id.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
REGIME DISCIPLINAR

Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de
seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos21. Para Meirelles, estes deveres são os de lealdade às instituições, também
denominado de dever de fidelidade, de obediência às ordens legais e aos superiores e de conduta ética, onde se inclui o dever de honestidade22.
Tais deveres, impostos aos agentes administrativos pelo respectivo estatuto, são tidos como de observância necessária ao satisfatório
exercício dos cargos e ao normal funcionamento da Administração Pública, sendo que para Gasparini são os de assiduidade, pontualidade,
discrição, urbanidade, lealdade e obediência23. Para Di Pietro, estes deveres seriam os de assiduidade, pontualidade, discrição, urbanidade,
obediência e lealdade24.
Como se nota, não há uniformidade entre os doutrinadores a respeito de quais seriam os deveres do servidor público. Em décadas
passadas, Cretella Júnior criticou o fato de que a maior parte dos tratadistas enumera e expõe os deveres dos servidores públicos, sem o
compromisso de alguma sistematização25.
Para o estudo dos deveres dos servidores públicos da União, pode-se deixar de lado as “listas” enunciadas pelos doutrinadores,
observando-se somente o que dispõe a Lei nº 8.112/90 e adotando-se um conceito mínimo para dever como sendo a obrigação de o servidor
submeter-se a certa conduta em serviço ou fora dele, ficando ele passível de sanção26.
Para os concursos públicos, portanto, deve-se ler atentamente as “listas” do próprio Estatuto, que enumera deveres (art. 116), proibições
(art. 117), casos de demissão (art. 132), hipótese de cassação de aposentadoria ou disponibilidade (art. 134) e situações de destituição de
cargo em comissão por não ocupante de cargo efetivo (art. 135).
Esclarece-se que os estatutos enumeram condutas e proibições a serem observadas pelos servidores, configurando umas e outras, os seus
deveres, como dois lados da mesma moeda27. Por isso, também se entende como “deveres” não apenas a obrigação de se portar de acordo
com as condutas indicadas com a denominação de deveres, mas também a obrigação de não incidir nos casos de proibições, demissão,
cassação e destituição.
Portar-se de forma contrária à lei resulta na aplicação de sanção ao servidor. Por esse motivo, entende-se por regime disciplinar a
especificação de condutas que devem ser seguidas pelo agente público e sua relação com a penalidade possível de ser imposta. Esta relação
vem resumida na tabela que segue:

Penalidade Hipótese de incidência na Lei nº 8.112/90


Art. 117
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imedia-
to;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto
da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de
serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempe-
nho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
Advertência VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou
sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, compa-
nheiro ou parente até o segundo grau civil;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

Outros casos
- no caso de inobservância de dever funcional (art. 116), previsto em norma interna, que
não justifique pena mais grave.

Observação
- O registro de advertência é cancelado após 3 anos.

21 Meirelles, 2001, p. 436.


22 Id.
23 Gasparini, 2008, p. 234.
24 Di Pietro, 2008, p. 577.
25 Cretella Júnior, 1981, p. 558.
26 CARLIN, Volnei Ivo. Direito Administrativo. Florianópolis : OAB/SC Editora, 2001, p. 198.
27 Medauar, 1996, p. 320.

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Penalidade Hipótese de incidência


- Por no máximo 90 dias: em caso de reincidência das faltas punidas com advertência.
- Por no máximo 90 dias: em casos que não justifiquem demissão, como nos do art. 117,
incisos XVII (cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto
em situações de emergência e transitórias) e XVIII (exercer quaisquer atividades que
Suspensão sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho).
- Por 15 dias: no caso de recusa a inspeção médica.
Observações
- A suspensão pode ser convertida em multa, se conveniente para a Administração.
- O registro de suspensão é cancelado após 5 anos.
Penalidade Hipótese de incidência
Art. 117
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da digni-
Demissão (137) que resulta em in-
dade da função pública;
compatibilidade por 5 anos para nova
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando
investidura
se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e
de cônjuge ou companheiro;
Penalidade Hipótese de incidência
Demissão ou destituição (137) que
Art. 132
impede o retorno ao serviço público
I - crime contra a administração pública;
federal
Penalidade Hipótese de incidência
Art. 132
Demissão ou destituição (136 e 137)
IV - improbidade administrativa;
que impede retorno ao serviço público,
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
implica em indisponibilidade de bens e
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
ocasiona ressarcimento ao erário.
XI - corrupção.
Penalidade Hipótese de incidência
Art. 117
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não
personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comandi-
tário;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de
suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades par-
Demissão sem outra consequência
ticulares;
Art. 132
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa pró-
pria ou de outrem;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
Penalidade Hipótese de incidência
Cassação de aposentadoria ou disponi- Art. 134
bilidade. Aplicada quando na atividade se praticou falta punível com demissão.
Penalidade Hipótese de incidência
Destituição de cargo em comissão,
Art. 135
exercido por ocupante de cargo não
Aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
efetivo.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Das penalidades possíveis, a advertência é a menos severa. efeito secundário, há situações em que o efeito secundário é
Trata-se de uma repreensão na forma escrita que deve ser aplicada incompatibilidade de nova investidura por 5 (cinco) anos, e, a
nos casos delineados na lei, conforme a tabela acima, quando não situações em que esta incompatibilidade pode ser vitalícia, com ou
se justifique a imposição de penalidade mais grave (art. 129). sem indisponibilidade de bens e ressarcimento ao erário.
Passados 3 (três) anos de efetivo exercício, contados da aplicação A pena de cassação (art. 134) é aplicada ao que está inativo,
da sanção, o registro da advertência é cancelado (art. 131). seja por aposentadoria ou disponibilidade, quando na atividade
Mais rigorosa que a advertência é a suspensão, que importa houver praticado falta punível com demissão. Diferentemente, o
no afastamento do servidor de suas atividades, sem direito que exerce cargo em comissão e não possui cargo efetivo, pode
à remuneração, nos casos e prazos já indicados. Se houver sofrer a penalidade de destituição do cargo, se praticar quaisquer
conveniência para o serviço, a pena de suspensão pode ser condutas passíveis de suspensão ou demissão.
convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por Por fim, deve-se deixar anotado que todas essas penalidades
dia de vencimento ou remuneração. Esta conversão é decidida a somente podem ser aplicadas após o devido processo
critério da Administração Pública, não sendo direito do servidor, administrativo disciplinar, garantindo-se ao acusado a ampla
que fica obrigado a permanecer no serviço, se assim for decidido defesa e o contraditório (CF, art. 5º LV) e devendo-se, na aplicação
(art. 130). A suspensão deve ser aplicada por escrito (art. 129) das sanções, considerar-se a natureza e a gravidade da infração
e, passados 5 (cinco) anos de efetivo exercício, o seu registro é cometida, os danos que dela provierem para o serviço público,
cancelado (art. 131). as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
A demissão, por sua vez, significa o desligamento definitivo funcionais do servidor (art. 128).
da pessoa, que deixa de ser servidor público em razão de extinção Anota-se que os detalhes do processo disciplinar administrativo
do vínculo estatutário. Para o Direito Administrativo, demissão não são estudados nesta apostila por não integrarem o conteúdo
sempre significará a aplicação de uma penalidade, ou seja, sempre programático do concurso em questão.
estará relacionada com a prática de uma conduta grave descrita
na lei (art. 132). Portanto, não se pode confundir demissão com RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO
exoneração. A exoneração também importa em rompimento
do vínculo estatutário, porém, não decorre da aplicação de uma O servidor público no exercício de suas atribuições pode ser
sanção. A exoneração ocorre de ofício quando o servidor que responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas adminis-
tomou posse não inicia o efetivo exercício do cargo ou quando trativa, civil ou penal.
não for aprovado no estágio probatório. O ocupante de cargo A administração pode aplicar a sanção de forma cumulativa,
em comissão também pode ser exonerado a qualquer momento. ou seja, o mesmo ato pode ser punido por um sanção civil, penal
Quando o servidor, por vontade própria, manifesta o desejo de e administrativa.
se desligar da Administração Pública, o rompimento do vínculo
estatuário igualmente ocorre pela exoneração. Responsabilidade Civil – o servidor público é obrigado a re-
Nota-se que na Lei nº 8.112/90 não há a figura da demissão parar o dano causado à administração pública ou a terceiro, em
a bem do serviço público, mencionada na Lei de Improbidade decorrência de sua conduta dolosa ou culposa, praticada de forma
Administrativa (Lei nº 8.429/92) e em outros estatutos, como omissiva ou comissiva, mediante o direito de regresso.
no do Estado de São Paulo. Esta expressão, nas leis em que é Essa responsabilidade é subjetiva, ao contrário da responsabi-
utilizada, serve para criar uma gradação entre as hipóteses que lidade da administração que é objetiva.
geram demissão, fazendo com que em alguns casos haja um efeito
secundário ao desligamento. Responsabilidade penal – decorre da conduta ilícita praticada
Apesar do Estatuto de Servidor Público Civil da União não pelo servidor público que a lei penal tipifica como infração penal.
utilizar tal expressão, também faz uma gradação. Dessa forma, Os principais crimes contra a administração estão previstos
quando o servidor valer-se do cargo para lograr proveito pessoal artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.
ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública
ou atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabi-
companheiro, além de demitido, ficará incompatível por 5 (cinco) lidade administrativa do servidor, que após apuração por meio de
anos para nova investidura em cargo público federal. sindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido
Se o motivo da demissão foi o cometimento de crime contra com uma das seguintes medidas disciplinares:
a Administração Pública, além da demissão, o servidor público a) advertência – faltas de menor gravidade;
não poderá voltar ao serviço público federal. E, nos casos de b) suspensão – se houver reincidência da falta punida com
improbidade administrativa, aplicação irregular de dinheiros advertência;
públicos, lesão aos cofres públicos, dilapidação do patrimônio c) demissão – aplicada quando o servidor cometer falta grave;
nacional e corrupção, o servidor é demitido, ficando impedido de d) cassação de aposentadoria ou disponibilidade – aplicada
retornar ao serviço público e sujeito a indisponibilidade de bens e ao servidor aposentado, que, quando em atividade, praticou falta
a ressarcir o patrimônio público. grave;
O ato de demissão, por si, sempre é mesmo, pois significa o e) destituição de cargo em comissão ou função comissionada
rompimento forçado do vínculo estatutário. No efeito secundário – também em virtude do cometimento de falta grave.
é que as hipóteses variam. Assim, há casos de demissão sem

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A publicação do edital deve observar um prazo mínimo de
antecedência para o recebimento das propostas ou então da rea-
6. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E
lização da licitação, sendo que qualquer modificação que se faça
LICITAÇÕES 6.1 LEI ESTADUAL N.º 9.433/05.
necessário no edital exige a divulgação pela mesma forma que se
deu seu texto inicial e original, tornando a abrir o prazo antes esta-
belecido para a apresentação das propostas, exceto quando a alte-
ração não afetar a formulação das propostas.
CONCEITO DE LICITAÇÕES PÚBLICAS
Habilitação: É a fase em que a Administração Pública pro-
Licitação é um procedimento administrativo, de ocorrência cura averiguar as condições pessoais de cada licitante, efetuando
obrigatória pelas entidades do governo para celebração de contrato análise com o objetivo de averiguar a documentação e requesitos
administrativo, em que, atendida a igualdade entre os participan- pessoais dos licitantes, tendo em vista futura contratação, e verifi-
tes, deve ser escolhida a melhor proposta dentre as apresentadas cando ainda as condições que o licitante tem de cumprir o objeto
pelos interessados, e com elas travar determinadas relações de da futura contratação.
conteúdo patrimonial, verificado o preenchimento dos requisitos A habilitação tem a finalidade de garantir que o licitante, fu-
mínimos e necessários ao bom cumprimento das obrigações que turo vencedor do certame, tenha condições técnicas, financeiras
forem assumidas perante a Administração Pública. e de idoneidade para cumprirem o objeto contratado por meio de
Dessa maneira, a Licitação traz em seu bojo a ideia de disputa licitação.
igualitária entre os concorrentes, com a finalidade de selecionar a É possível a dispensa da fase de habilitação, em seu todo ou
proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, visando em parte, nos casos da modalidade de convite, concurso, forneci-
a celebração de um contrato administrativo, entre ela e o particu- mento de bens para pronta entrega e ainda leilão.
lar vencedor da concorrência, para a realização de obras, serviços, Cumpre ressaltar que, encerrada a fase de habilitação, o lici-
concessões, permissões, alienações, compras ou locações. tante aprovado para participar do certame não poderá mais desistir
Dai surge então a necessidade de regulamentar a prática licita- da proposta já apresentada, exceto quando houver motivo justo
tória, atendendo disposição da Constituição Federal, mais precisa- decorrente de fato superveniente, desde que aceito pela comissão
mente no artigo 37, inciso XXI, que assim dispõe: da licitação.

“Art. 37: XXI - ressalvados os casos especificados na legis- Classificação: É a fase em que o Poder Público analisa as pro-
lação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados postas comerciais dos licitantes que já foram habilitados, e poste-
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de riormente escolhe a melhor proposta que atendem aos interesses
da administração.
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabele-
Trata-se do julgamento das propostas apresentadas pelos li-
çam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
citantes, que deverá sempre obediência aos critérios objetivos de
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên-
julgamento constante no edital, sendo que a responsabilidade de
cias de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garan-
efetuar o julgamento, via de regra, fica a cargo da comissão de
tia do cumprimento das obrigações”.
licitação.
A etapa do julgamento, ou classificação, pode ser subdividida
Assim, visando à regulamentação do processo de escolha da
em duas fases:
melhor proposta (licitação) foi editada Lei 8.666/93, que traz a
normatização da atividade. - Desclassificação: A desclassificação ocorre assim que a ad-
ministração verifica a conformidade de cada proposta com os re-
FASES DA LICITAÇÃO quisitos do edital, especificações técnicas e compatibilidade com
os preços aplicáveis no mercado. Assim, as propostas que estive-
São fases da licitação o edital, a habilitação, a classificação, rem em desconformidade serão eliminadas, ou então, desclassifi-
a homologação e a adjudicação. cadas.
Edital: O edital é o instrumento por meio do qual a adminis- - Ordem de Classificação: as propostas já classificadas, ou
tração torna pública a realização de licitação, sendo o meio utili- seja, que estão de acordo com os critérios estabelecidos no edital,
zado por todas as modalidade de licitação, exceto na modalidade será estabelecida a ordem de classificação das propostas, de acor-
convite. do com o julgamento objetivo previsto em edital e da proposta que
Além de ser o instrumento de divulgação do edital, é ainda melhor atenda aos interesses da coletividade.
a lei interna da licitação, pois nele devem estar previstas todas as
regras que regerão o procedimento licitatório, e uma vez publi- Cumpre ao final esclarecer que, no caso de todos os licitantes
cadas devem ser seguidas, tanto pela administração quanto pelos forem inabilitados ou então todas as propostas desclassificadas, a
licitantes. administração pública poderá fixar prazo de 08 (oito) dias aos li-
Assim, o edital deve descrever com detalhes o objeto a ser citantes para a apresentação de nova documentação, ou então a
licitado, os documentos a serem trazidos no momento da habilita- correção das propostas desclassificadas, objetivando sanar as irre-
ção, o critério objetivo de julgamento das propostas, entre outras gularidades. No caso da modalidade de convite, o prazo reduz para
normas que forem pertinentes. 03 (três) dias úteis.

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Homologação: A homologação é a fase da licitação na qual cumprimento ao princípio da competitividade entre os licitantes,
todos os seus atos e procedimentos são levados ao conhecimento e os interessados em participar do certame não cadastrados previa-
avaliação da autoridade que conduziu a licitação, para a confirma- mente, tem a possibilidade de se inscreverem até o terceiro dia
ção ou não de todas as decisões tomadas. É a confirmação ou não anterior à data do recebimento das propostas, desde que satisfaçam
de todos os atos praticados no procedimento licitatório, conferindo as condições de qualificações exigidas.
a validade do certame licitatório. Ressalta-se que a modalidade de tomada de preços será ado-
Nesta etapa é feito o controle de legalidade do procedimento tada para a celebração de contratos relativos as obras, serviços e
licitatório, sendo que verificado irregularidades nas fases da lici- compras de produtos de menor vulto do que é exigido para partici-
tação, a autoridade competente não homologará o procedimento, par da modalidade de concorrência.
remetendo o processo a comissão de licitação, para a correção das
etapas com falhas, e a repetição dos atos com vícios. Convite: Modalidade realizada entre interessados do ramo de
que trata o objeto da licitação, escolhidos e convidados em número
Adjudicação: É a ultima fase que temos no procedimento da mínimo de três pela Administração.
licitação, que nada mais é do que a entrega do objeto da licitação O convite é a modalidade de licitação mais simples, sendo que
ao vencedor. a Administração escolhe quem quer convidar, entre os possíveis
A adjudicação é o ato pelo qual a administração pública atri- interessados, cadastrados ou não. A divulgação deve ser feita me-
bui ao vencedor da melhor proposta o objeto ora licitado, sendo diante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do órgão
que esta etapa tem a finalidade única de garantir ao vencedor que, ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgação.
quando a administração for celebrar o contrato referente ao objeto Na modalidade de convite, com vistas ao princípio da com-
licitado, assim o fará com o vencedor. petitividade, é possível a participação de interessados que não te-
Com a adjudicação há a efetiva liberação dos demais licitantes nham sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do
perdedores de cumprimento de suas propostas, e ao contrário, vin- objeto licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade licita-
cula o vencedor a obrigatoriedade de manter os termos propostos. dora. Esses interessados devem solicitar o convite com antecedên-
cia de até 24 horas da apresentação das propostas.
MODALIDADES DE LICITAÇÃO Na modalidade de Convite, para que a contratação seja possí-
vel, são necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, que
Modalidade de Licitação é forma específica de conduzir o atendam a todas as exigências do ato convocatório. Não é sufi-
procedimento licitatório, a partir de critérios pré definidos em lei. ciente a obtenção de três propostas, é preciso para tanto que as três
O valor estimado para a contratação é o principal fator de escolha sejam válidas. Caso isso não ocorra, a Administração deve repetir
da modalidade a ser adotada pelo administrador público, exceto o convite e convidar mais um interessado, no mínimo, enquan-
quando se tratar de pregão, que não está limitado a valores. to existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações,
Além do leilão e do concurso, as demais modalidades de li- ressalvadas as hipóteses de limitação de mercado ou manifesto
citação admitidas são exclusivamente: Concorrência, Tomada de desinteresse dos convidados, circunstâncias estas que devem ser
Preços e Convite.
justifica das no processo de licitação.
Concorrência: De todas as modalidades de licitação existentes
Concurso: É a modalidade de licitação entre quaisquer inte-
no ordenamento jurídico brasileiro, esta se revela a mais complexa,
ressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
e uma das diferenças entre as demais modalidades é possuir a fase
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
da habilitação preliminar, logo após a abertura do procedimento.
conforme critérios constantes do edital publicado na imprensa ofi-
Modalidade da qual podem participar quaisquer interessados
cial com antecedência mínima de 45 dias.
que na fase de habilitação preliminar comprovem possuir os requi-
Dessa forma, o que determina a necessidade de escolha da
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução do
modalidade de licitação de Concurso, é a natureza do seu objeto, e
objeto da licitação.
Presta-se a contratação de obras, serviços e compras de pro- não o seu valor contratado.
dutos, independente do valor a ser contratado, além disso, é a mo-
dalidade exigida por lei, com regra, para a compra de imóveis e Leilão: É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessa-
para a alienação de imóveis públicos, para a concessão de direito dos, para a venda, a quem oferecer o maio lance, igual ou superior
real de uso, para licitações internacionais, para a celebração de ao valor da avaliação de bens móveis e imóveis.
contrato administrativo de concessão de serviços públicos e para a
contratação de parcerias público-privadas. Pregão: A modalidade denominada Pregão está disciplinada
na Lei 10.520/2002. É a modalidade de licitação passível de utili-
Tomada de Preço: Modalidade realizada entre interessados zação, por todos os entes federados, para aquisição de bens e ser-
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições viços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação.
exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do A disputa entre os licitantes concorrentes é feita por meio de
recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. propostas e lances em seção pública, sendo que o determinante
Na modalidade de tomada de preços, a fase da habilitação para a escolha da modalidade Pregão é a natureza do objeto da
corresponde ao próprio cadastramento exigido em lei, é prévia contratação, ou seja, a aquisição de bens e serviços comuns, e não
a abertura do procedimento licitatório, e assim, objetivando dar o valor do contrato administrativo.

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim, a Lei 10.520/02, define como bens e serviços comuns tração pública), de acordo com o interesse coletivo, e sob a esfera
“aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser do direito público, ficando o particular contratado condicionado
objetivamente definidos por edital, por meio de especificações a suportar as cláusulas impostas pela administração, em razão do
usuais no mercado”. atendimento do interesse público.
Ressalta-se que, de acordo com o que dispõe o Decreto Não se pode confundir contrato administrativo com contrato
5.450/2005, no âmbito da Administração Pública Federal, é obri- da administração, visto que nos contratos da administração, temos
gatória a utilização da modalidade Pregão, de preferência pregão o ajuste firmando entre a administração pública e o particular, entre-
eletrônico, nas licitações para a aquisição de bens e serviços co- tanto, o poder público não figura utilizando-se de suas prerrogativas,
muns. sendo que tal avença é regida pelo direito privado.

DISPENSA DE LICITAÇÃO CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CONTRATOS AD-


MINISTRATIVOS
Podemos afirma de maneira genérica que, a dispensa de licita-
ção engloba hipóteses que, muito embora exista possibilidade ju- Em razão dos poderes e prerrogativas conferidos a Administra-
rídica de competição, a lei autoriza a celebração direta do contrato ção Pública, fica autorizada a determinar alterações e modificações
ou mesmo determina a não realização do procedimento licitatório. nas prestações devidas pelo particular contratado, em razão das ne-
Nos casos em que a lei autoriza a contratação sem a realização cessidades públicas, e ainda tem o poder de acompanhar e fiscalizar
de licitação, diz que ela é dispensável. Esclarece que nessas hipó- sistematicamente a execução, podendo impor sanções estipuladas
teses, a competição é viável e possível, entretanto a lei autoriza a previamente quando irregularidades a ensejarem e a rescindir o con-
administração pública decidir sobre a sua ocorrência ou não, de trato de forma unilateral, quando houver legitimo interesse público.
acordo com critérios de oportunidade e conveniência, dispensar a Em suma, temos que os contratos administrativos revelam-se
sua realização. na seguinte dualidade: inicialmente, temos a Administração Pública
Entretanto, em outras situações, ha própria lei, diretamente podendo gozar de todas as suas prerrogativas e poderes indispensá-
dispensa compulsoriamente a realização da licitação. Nessas hi- veis a proteção aos direitos e interesses públicos, e de outro modo,
póteses temos que a lei denominou licitação dispensada. Neste temos que é de competência do particular conferir integral garantia
caso não cabe a Administração Pública decidir sobre a realização aos interesses privados que ditaram sua participação nos estreitos
ou não da licitação. Não ocorrerá a licitação porque a própria lei limites contratuais.
garantiu que, mesmo sendo juridicamente possível a realização da Assim, a doutrina administrativa identifica como principais
licitação, fica dispensada. características pertinentes aos contratos administrativos seu ca-
ráter consensual, formais, onerosos, entre outros. Entretanto,
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO merecem maiores esclarecimentos outras características, senão
vejamos a seguir.
Há inexigibilidade quando a licitação é juridicamente impos-
sível. A impossibilidade jurídica de realização de licitação decor- Contrato de Adesão: Os contratos administrativos tem a carac-
re da inviabilização de competição, pelo motivo de não existir a terística de serem típicos contratos de adesão, onde uma das partes
pluralidade de potenciais proponentes, e assim inviável a disputa (neste caso a Administração Pública) propõe as cláusulas e a outra
entre licitantes. parte não pode propor alterações, supressões ou acréscimo, simples-
mente aceita as suas condições e cláusulas ou não.
CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO
Formalismo: Em regras gerais, todos os contratos administra-
Contrato, sejam eles de caráter público ou privado, é a con- tivos devem ser formais e escritos, sendo que todo o contrato deve
venção estabelecida entre duas ou mais pessoas, com as respec- mencionar obrigatoriamente os nomes das partes e seus representan-
tivas manifestações de vontades, para constituir, regulamentar ou tes legais, a finalidade do contrato, o ato administrativo que autori-
extinguir entre as partes uma relação jurídica, sendo certo que para zou a sua celebração, o número do processo de licitação, da possível
a validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, dispensa ou inexigibilidade de licitação, a sujeição dos contratantes
objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei. às normas específicas da Lei 8.666/93 e as cláusulas contratuais.
Assim, segundo os ensinamentos do jurista Celso Antônio
Bandeira de Mello, temos o conceito de contratos administrativos: Fiscalização: A execução do contrato deverá ser acompanhada
e fiscalizada por um representante da Administração Pública espe-
“É um tipo de avença travada entre a Administração e tercei- cialmente designado para tal fim, permitida a contratação de tercei-
ros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo do ros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
objeto, a permanência do vínculo e as condições preestabelecidas atribuição.
assujeitam-se a cambiáveis imposições de interesse público, res- O representante da Administração anotará em registro próprio
salvado os interesses patrimoniais do contratante privado”. todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, de-
terminando o que for necessário à regularização das faltas ou defei-
Em outras palavras, temos que contrato administrativo é a tos por ele observados.
convenção firmada pela Administração Pública, agindo nesta qua- As decisões e providências que ultrapassarem a competência do
lidade, com particulares ou então com outras entidades adminis- representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo
trativas mesmo, nos termos pactuados pela contratante (adminis- hábil para a adoção das medidas convenientes.

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pessoalidade: Os contratos administrativos são, em regra, contra- - Rescisão: As causas gerais que ensejam a rescisão de con-
tos pessoais, e a execução dos termos contratados devem ser cumpri- trato administrativo estão descritas no artigo 78, e seus incisos da
dos pelas pessoas (físicas ou jurídicas) que se obrigou diante o Poder Lei 8.666/93.
Público. É imprescindível a pessoalidade nos contratos administrati- Há hipóteses em que autorizam a rescisão unilateral pela ad-
vos, tendo em vista que há celebração após a realização de licitação ministração do contrato administrativo, e outras que ensejam resci-
em que se busca não apenas a proposta mais favorável a Adminis- são judicial ou rescisão consensual entre os contratantes, havendo
tração Pública, mais também a selecionar a pessoa (física ou jurídi- ainda causas de rescisão decorrentes de interesse público superve-
ca) que ofereça as condições necessárias de assegurar a execução do niente e de força maior ou caso fortuito. Para tanto é necessário o
objeto contratado. estudo das hipóteses previstas na Lei 8.666/93.

DAS CLÁUSULAS EXORBITANTES DOS CONTRATOS SANÇÃO ADMINISTRATIVA


ADMINISTRATIVOS
- Do Atraso Injustificado: O atraso injustificado na execu-
Os contratos administrativos possui características peculiares, di- ção do contrato sujeitará o contratado à multa de mora, na forma
ferenciando-os dos contratos privados, que é a existência de cláusulas prevista no instrumento convocatório ou no contrato. A aplicação
exorbitantes. da multa administrativa não impede que a Administração Pública
Tais cláusulas decorrem de lei e conferem a administração publi- promova a rescisão unilateral do contrato e ainda aplique demais
ca prerrogativas especificas de direito público, são denominadas de sanções.
“exorbitantes” porque as cláusulas extrapolam aquilo que seria admi- A multa, aplicada após regular processo administrativo, será
tido no direito privado. descontada da garantia do respectivo contratado, e caso a multa for
de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta
- Exigência de Garantia: A exigência de que os licitantes e contra- garantia em favor da Administração, responderá o contratado pela
tados prestem garantias, visa assegurar o adequado adimplemento do sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos eventual-
contrato, ou na hipóteses de inexecução do objeto contratado, facilitar mente devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso,
o ressarcimento dos prejuízos sofridos pela Administração Pública.
cobrada judicialmente.
- Alteração Unilateral do Contrato: A possibilidade de alteração
- Da Inexecução total ou parcial do Contrato: Pela inexecução
unilateral do contrato efetuado entre a Administração e o contratado
total ou parcial do contrato a Administração poderá, sempre ga-
deve sempre ter o objetivo de sua adequação às finalidades do interes-
rantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
se coletivo, devem ainda respeitar os direitos do administrado, prin-
a) advertência;
cipalmente o direito ao restabelecimento do equilíbrio econômico-fi-
b) multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
nanceiro originalmente estabelecido em contrato.
no contrato;
- Aplicação Direta de Sanções: A possibilidade de aplicação de c) suspensão temporária de participação em licitação e im-
sanções administrativas pelo Poder Público, quando verificada irregu- pedimento de contratar com a Administração, por prazo não supe-
laridades do particular na execução do contrato , independe de prévia rior a 2 (dois) anos;
manifestação do Poder Judiciário. d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos deter-
- Possibilidade de Rescisão Unilateral do Contrato: A possibili- minantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação pe-
dade de rescindir de maneira unilateral o contrato administrativo se rante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será con-
dá diante da supremacia jurídica da administração pública perante o cedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos
particular, tendo em vista que o contrato administrativo foi celebrado prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada
sob a esfera do direito público. com base no inciso anterior.

EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO DO REEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO

A extinção do contrato administrativo é o término do vínculo A alteração do contrato administrativo se dará visando o res-
de obrigações assumidas entre a administração pública e o particular tabelecimento da que relação que as partes pactuaram inicialmente
contratado. E extinção pode se dar em razão de da conclusão do objete entre encargos e remuneração, objetivando a manutenção do equi-
contratado, ou então do termino do prazo previsto para a vigência do líbrio da equação financeira inicial na hipótese de sobrevirem fatos
contrato, ou ainda a ocorrência de anulação ou rescisão do contrato. supervenientes, imprevisíveis ou previsíveis de consequências in-
calculáveis que possam retardar ou impedir a execução do contrato
- Anulação: A anulação de um contrato administrativo segue as em caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe que configu-
regras análogas dos Atos Administrativos, ou seja, um contrato ad- ra uma alteração econômica extraordinária e extracontratual.
ministrativo deve ser anulado quando constatado ilegalidades em sua Entretanto, para que seja possível a identificação de eventual
celebração. A anulação de contrato administrativo pode ser realizada desequilíbrio entre os valores pactuados no contrato administra-
pelo próprio Poder Público, de oficio ou quando provocado, ou tivo e a realidade praticada no mercado privado, é importante o
então pelo Poder Judiciário, mediante prévia provocação e sempre acompanhamento e a gestão do contrato, bem como a fiscaliza-
por motivo de ilegalidade ou ilegitimidade. ção sobre a boa execução das cláusulas e obrigações pactuadas.

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Para tanto é conferida a Administração Pública as prerroga- PRORROGAÇÃO DE PRAZO DE VIGÊNCIA E EXE-
tivas e cláusulas exorbitantes, objetivando sempre a supremacia CUÇÃO
do interesse coletivo sobre o interesse privado. Quando, durante
a gestão e fiscalização do cumprimento do contrato administra- A duração dos contratos administrativos, regulamentados
tivo, a Administração Pública verificar descumprimento de cláu- pela Lei Federal nº 8.666/93 ficará adstrita à vigência dos respec-
sula contratual, atrasos na execução dos serviços contratados, má tivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
execução de serviços, entre outras situações que possam lesar o a) aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas
interesse público, o Poder Público poderá adotar as providencias metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser
no sentido de punir a empresa contratada. prorrogados se houver interesse da Administração e desde que
isso tenha sido previsto no ato convocatório;
GARANTIA CONTRATUAL b) à prestação de serviços a serem executados de forma
contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
A garantia contratual não excederá a 5% (cinco por cento) do sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condi- mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses;
ções pactuadas contratualmente. c) ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas
Entretanto, nos casos de obras, serviços e fornecimentos de de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até
grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos fi- 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
nanceiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecni-
camente aprovado pela autoridade competente, o limite de garan- Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e
tia poderá ser elevado para até 10% (dez por cento) do valor do de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas
contrato. do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econô-
A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituí- mico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
da após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada devidamente autuados e justificados em processo:
monetariamente. Nos casos de contratos que importem na entrega - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depo- - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
sitário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
bens. ções de execução do contrato;
- interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
TEORIAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
- aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato,
Teoria do fato do Príncipe: Tal teoria se aplica quando ocorre nos limites permitidos por esta Lei;
fato superveniente, imprevisível ou previsível de consequências - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
incalculáveis que altera o equilíbrio da equação econômico-finan- terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
ceira, criado pelo Poder público, repercutindo sobre todos os con- porâneo à sua ocorrência;
tratos por ele celebrados. - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra-
Como exemplo temos que, por mera suposição, depois da ce- ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte,
lebração de um contrato, a Administração Pública resolve criar diretamente, impedimento ou retardamento na execução do con-
um novo tributo, ou então aumentar uma alíquota, sendo respon- trato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
sável pelo pagamento o contratado, assim, diante desse aumento,
as despesas do contratado aumentam, o que rompe o equilíbrio da Importante esclarecer que toda prorrogação de prazo deverá
equação econômico-financeira estipulado quando do momento da ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autorida-
contratação, nesta hipótese aplica-se a Teoria do Fato do Príncipe, de competente para celebrar o contrato, sendo vedado a realização
visando o reequilíbrio na relação contratual. do contrato com prazo de vigência indeterminado.

Teoria da Imprevisão: A Teoria da Imprevisão, como o pró-


prio nome já menciona, aplica-se aos fatos imprevisíveis que pos-
sam ocorrer durante a execução do contrato. Assim, todos os fatos
supervenientes, imprevisíveis ou previsíveis de consequências
incalculáveis que venham a alterar o equilíbrio da equação eco-
nômico financeira, é passível de aplicação da Teoria da Imprevi-
são para ocorrer a correção e restabelecer a equação inicialmente
contratada.
Trata-se de fatos de caso fortuito ou de força maior, ou seja,
se durante s execução do contrato surgirem fatos imprevisíveis
causados pela natureza, pelo homem ou por terceiros capazes de
alteram o equilíbrio da relação contratual.

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
LEI ESTADUAL Nº 9.433 DE 01 DE MARÇO DE 2005 Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta
Dispõe sobre as licitações e contratos administrativos perti- mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada
nentes a obras, serviços, compras, alienações e locações no âm- em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade,
bito dos Poderes do Estado da Bahia e dá outras providências. da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da eficiência, da probidade administrativa, da vinculação ao ins-
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber trumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte: correlatos.
§ 1º - É vedado aos agentes públicos, sob pena de responsa-
CAPÍTULO I bilidade:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação,
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem
SEÇÃO I o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes, ou
de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
Art. 1º - Esta Lei disciplina o regime jurídico das licitações e objeto específico do contrato;
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, compras, II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial,
alienações e locações no âmbito dos Poderes do Estado da Bahia, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas
em consonância com as normas gerais estabelecidas pelas Leis Fe- brasileiras e estrangeiras, inclusive quanto à moeda, modalidade e
derais nos 8.666, de 21 de junho de 1993, e 10.520, de 17 de julho local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos
de 2002, e segundo o mandamento do art. 26 da Constituição do de agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo se-
Estado da Bahia. guinte e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991.
§ 1º - Aos Poderes Legislativo e Judiciário, inclusive ao Tri- § 2º - Em igualdade de condições e somente como critério de
bunal de Contas do Estado e ao dos Municípios, bem como ao desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens
Ministério Público, aplicam-se as disposições desta Lei. e serviços:
§ 2º - Subordinam-se ao regime desta Lei os órgãos da Admi- I - produzidos no País;
nistração Direta do Estado, suas autarquias e fundações públicas. II - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
§ 3º - As sociedades de economia mista, empresas públicas e § 3º - São públicos e acessíveis a todos os atos do procedimen-
demais entidades de direito privado controladas, direta ou indire- to licitatório, mas o conteúdo das propostas será conservado em
tamente, pelo Estado da Bahia, que sejam prestadoras de serviço sigilo até a sua oportuna abertura em público, conforme previsto
público, submeter-se-ão às disposições desta Lei até que elaborem nesta Lei.
seus regulamentos próprios de licitação e contratos administrati-
vos, cuja eficácia dependerá de aprovação pela autoridade a que Art. 4º - Todos quantos participem de licitação promovida pe-
estiverem vinculadas e de publicação na imprensa oficial, observa- los órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público
dos os princípios da Administração Pública. subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabeleci-
§ 4º - As sociedades de economia mista, empresas públicas e do nesta Lei, assegurando-se-lhes o contraditório e a ampla defesa,
demais entidades de direito privado controladas, direta ou indireta- com os meios e recursos que lhes sejam inerentes.
mente, pelo Estado da Bahia, que sejam exploradoras de atividades
econômicas, submeter-se-ão às disposições desta Lei ou de seus Art. 5º - É assegurado a todo cidadão, nos termos previstos
regulamentos próprios até que seja editada a lei instituidora do es- nesta Lei, desde quando não interfira de modo a perturbar ou impe-
tatuto jurídico prevista na Constituição Federal. dir a realização dos trabalhos, amplo direito ao acompanhamento,
§ 5º - Para a realização de obras, prestação de serviços ou vigilância e participação do procedimento licitatório, bem como à
aquisição de bens com recursos provenientes de convênios, con- representação contra eventuais irregularidades que chegarem ao
tratos, acordos ou ajustes celebrados com órgãos e entidades da seu conhecimento.
Administração Pública Federal, poderão ser adotadas as normas
e procedimentos licitatórios previstos na legislação federal, desde Art. 6º - No pagamento das obrigações relativas ao forneci-
que condicionante à obtenção de recurso. Acrescido pela Lei nº mento de bens, locações, realização de obras e prestação de servi-
10.967 de 23 de abril de 2008. ços, para cada fonte diferenciada de recursos a unidade da Admi-
nistração Pública Estadual obedecerá à estrita ordem cronológica
SEÇÃO II das datas de sua exigibilidade.
DOS PRINCÍPIOS § 1º - A administração de cada Poder fará publicar nos res-
pectivos sites oficiais, na Internet, a relação de todas as faturas
Art. 2º - As contratações de obras e serviços, inclusive os de emitidas por seus contratados, indicando as datas de entrada nos
publicidade, compras, alienações, concessões e locações, bem órgãos e dos respectivos vencimentos e pagamentos.
como a outorga de permissões pela Administração Pública Esta- § 2º - Qualquer pagamento fora da ordem de que trata o caput
dual, serão obrigatoriamente precedidas de licitação, ressalvados deste artigo, somente poderá ocorrer quando presentes relevantes
unicamente os casos previstos em lei. razões de interesse público e mediante prévia justificativa da auto-
ridade competente, devidamente publicada.

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e su-
corrigidos pelos critérios previstos no ato convocatório, e que lhes ficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra
preservem o valor. ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,
§ 4º - A correção de que trata o parágrafo anterior, cujo paga- elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos prelimi-
mento será feito junto com o principal, correrá à conta das mes- nares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamen-
mas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a que se to do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a
referem. avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo
§ 5º - Observado o disposto no caput deste artigo, os paga- de execução;
mentos deverão ser efetuados no prazo de até 8 (oito) dias úteis, X - Projeto Executivo - conjunto dos elementos necessários e
contados da apresentação da fatura. suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas
pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
Art. 7º - Todos os valores, preços e custos utilizados nas lici- XI - Administração Pública - a Administração direta e indi-
tações e contratos da Administração terão como expressão mone- reta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
tária a moeda corrente nacional, ressalvadas as exceções previstas abrangendo inclusive as entidades com personalidade jurídica de
em lei. direito privado sob controle do poder público e as fundações por
ele instituídas ou mantidas;
SEÇÃO III -  XII - Administração - órgão, entidade ou unidade adminis-
DAS DEFINIÇÕES trativa pela qual a Administração Pública Estadual opera e atua
concretamente;
Art. 8º - Para os fins desta Lei, considera-se: XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da Ad-
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ministração Pública, sendo para a União e para o Estado da Bahia
ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta; os respectivos Diários Oficiais;
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada uti- XIV - Contrato - todo e qualquer ajuste entre entidades públi-
lidade de interesse para a Administração, tais como: demolição; cas e pessoas físicas ou jurídicas privadas, de qualquer natureza, e
conserto; instalação; montagem; operação; limpeza e conservação; entre entidades públicas entre si, em que haja um acordo de von-
guarda; vigilância; transporte de pessoas, de bens ou de valores; tades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
reparação; adaptação; manutenção; locação de bens; publicidade; recíprocas, seja qual for a denominação utilizada;
seguro ou trabalhos técnico-profissionais; XV - Contratante - entidade signatária do instrumento con-
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para forne- tratual;
cimento de uma só vez ou parceladamente; XVI - Contratado - pessoa física ou jurídica signatária de con-
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a ter- trato com a Administração Pública;
ceiros; XVII - Convênio - ajuste celebrado sem objetivo de lucro, em
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas con- regime de mútua cooperação, entre entidades públicas ou entre es-
tratações cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) ve- tas e entidades privadas de qualquer natureza, cuja verba repassa-
zes o valor mínimo estabelecido para a realização de concorrência da, se houver, permanece com a natureza de dinheiro público, com
de obras e serviços de engenharia; obrigatoriedade de prestação de contas, pela entidade recebedora,
VI - Licitação por item - licitação destinada à aquisição de ao Tribunal de Contas correspondente;
diversos bens ou à contratação de serviços pela Administração, XVIII - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada
quando estes puderem ser adjudicados a licitantes distintos; pela Administração com a função de receber, examinar e julgar os
VII - Execução direta - a realizada pelos órgãos e entidades da documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadastra-
Administração, pelos próprios meios; mento de licitantes;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata XIX - Órgão Central de Compra e Serviço - órgão destinado
com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: a promover a realização, normatização, orientação e avaliação das
a) empreitada por preço global - quando se contrata a execu- compras e serviços;
ção da obra ou do serviço por preço certo e total; XX - Órgão Central de Registro Cadastral - órgão permanente
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execu- destinado a proceder ao exame dos documentos necessários ao ca-
ção da obra ou do serviço por preço certo de unidades determina- dastramento dos interessados, licitantes e convenentes e acompa-
das, dentro de um período previamente especificado; nhar o seu desempenho perante a Administração Pública Estadual;
c) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos traba- XXI - Órgão Central de Licitação - órgão destinado a promo-
lhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais; ver a realização, normatização, orientação e avaliação dos proce-
d) empreitada integral - quando se contrata um empreendi- dimentos licitatórios da Administração;
mento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das XXII - Órgão Central de Controle, Acompanhamento e Ava-
obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabili- liação Financeira de Contratos e Convênios - órgão destinado a
dade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições proceder ao controle, acompanhamento e avaliação financeira dos
de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais contratos e convênios, no âmbito da Administração;
para sua utilização em condições de segurança estrutural e opera- XXIII - Equilíbrio econômico-financeiro do contrato - relação
cional e com as características adequadas às finalidades para as de equivalência, originariamente pactuada, entre os encargos assu-
quais foi contratada; midos pelo contratado e a sua remuneração, inicialmente ajustada;

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XXIV - Caso fortuito ou força maior - acontecimento extraor- Art. 10 - O catálogo unificado de materiais e serviços do Esta-
dinário, superveniente, imprevisível no momento da celebração do do, elaborado, mantido e controlado pelo órgão central de compras
contrato, exterior à vontade das partes e inteiramente irresistível; de cada Poder, estabelecerá famílias, grupos e classes, de forma
XXV - Reajustamento de preços - alteração dos valores ini- genérica ou específica, em razão da natureza dos materiais e/ou
cialmente ajustados, na periodicidade e índice pactuados, para pre- serviços.
servar o valor inicial do contrato corroído pela variação de custo § 1º - O catálogo disponibilizará as especificações e códigos
dos insumos básicos utilizados na sua execução ou pela perda do para efeito de solicitação de material e de serviço e controle de
poder aquisitivo da moeda, decorrente da inflação; estoque.
XXVI - Revisão de preços - alteração do valor original do § 2º - Os materiais e serviços, ou grupos de material e servi-
contrato, para recompor o preço que se tornou insuficiente ou ex- ço poderão, independentemente de sua natureza, ser arrolados de
cessivo, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-finan- forma genérica.
ceiro inicialmente ajustado, em razão da superveniência de fatos § 3º - O órgão central de compras de cada Poder acompanha-
imprevisíveis ou previsíveis, porém de consequências incalculá- rá, permanentemente, a utilização de itens de materiais e serviços
veis, que agravem o custo da execução do contrato, bem assim e procederá à atualização no catálogo.
para reduzir o seu preço com vistas a compatibilizá-lo com os va-
lores de mercado;
CAPÍTULO II - 
XXVII - Preço referencial ? é o resultado da pesquisa de pre-
DAS OBRAS E SERVIÇOS
ços de mercado, obtido pela média dos valores praticados à época
da abertura da licitação;
SEÇÃO I - 
XXVIII - Empresa brasileira - a constituída sob as leis brasi-
leiras e que tenha sua sede e administração no País; DISPOSIÇÕES GERAIS
XXIX - Licitações simultâneas - as de objeto semelhante e
com realização prevista para intervalos não superiores a 30 (trinta) Art. 11 - Nenhuma obra ou serviço será licitado ou contrata-
dias; do, sob pena de nulidade dos atos e responsabilidade de quem lhe
XXX - Licitações sucessivas - aquelas com objetos similares, deu causa, sem que se atenda aos seguintes requisitos:
cujo instrumento convocatório subsequente seja publicado antes I - existência de projeto básico, aprovado pela autoridade
de decorridos 120 (cento e vinte) dias do término do contrato re- competente e disponível para exame dos interessados em partici-
sultante da licitação antecedente; par do processo licitatório;
XXXI - Licitação de alta complexidade técnica - aquela que II - projeto executivo, se for o caso;
envolva alta especialização, constituindo-se esta fator de extrema III - disponibilidade de recursos orçamentários;
relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado ou IV - adoção, quando for o caso, de providências para oportuna
continuidade da prestação de serviços públicos essenciais; liberação, ocupação, utilização, aquisição ou desapropriação dos
XXXII - Serviços contínuos - são os serviços de natureza e bens públicos ou particulares necessários à execução projetada;
necessidade permanentes para a Administração Pública, de execu- V - estimativa do orçamento do empreendimento, detalhado
ção protraída de forma contínua no tempo, cuja interrupção pode em planilhas que expressem a composição de seus custos unitá-
causar riscos ou prejuízos, o que torna obrigatória a sua prestação; rios, disponíveis para consulta de qualquer cidadão;
XXXIII - Bens e serviços comuns - são aqueles destituídos de VI - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exer-
complexidade técnica ou de especialização, segundo pronuncia- cício financeiro e nos dois subsequentes;
mento técnico, qualquer que seja o valor estimado da contratação; VII - declaração do ordenador de despesa de que a despesa
XXXIV - Adimplemento da obrigação contratual - é a pres- tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária
tação do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de
parcela destes, bem como qualquer outro evento contratual a cuja diretrizes orçamentárias.
ocorrência esteja vinculada à emissão de documento de cobrança; § 1º - As exigências previstas nos incisos I e II aplicam-se
XXXV - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum- somente às obras e serviços de engenharia.
primento das obrigações assumidas por empresas em licitações e
§ 2º - Entende-se como disponibilidade de recursos orçamen-
contratos.
tários, para os fins do disposto no inciso III do caput deste artigo:
I - a efetiva existência de dotação que assegure o pagamento
SEÇÃO IV - 
das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executa-
DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E DE SERVIÇO
dos no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo
Art. 9º - Os materiais e serviços necessários aos órgãos da cronograma;
administração direta, autárquica e fundacional serão contratados II - a previsão da inclusão de recursos orçamentários em
através dos órgãos setoriais e seccionais ou pelo órgão central de exercícios futuros, inclusive aqueles que advenham do repasse de
compras, de acordo com os procedimentos previstos no sistema verbas assegurado por outros órgãos ou entidades públicas, me-
de material, patrimônio e serviços e o disposto em regulamento diante convênios, acordos ou outros ajustes específicos.
específico, no âmbito de cada Poder. § 3º - A estimativa de que trata o inciso VI do caput deste
Parágrafo único - O regulamento referido no caput deste arti- artigo será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo
go definirá os itens de materiais e serviços que deverão ser contra- utilizadas.
tados através do órgão central.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 12 - É vedado incluir no objeto da licitação: V - facilidade na execução, conservação e operação, sem pre-
I - a obtenção de recursos financeiros para a sua execução, juízo da durabilidade da obra ou serviço;
seja qual for sua origem, exceto, nos termos da legislação especí- VI - adoção das normas técnicas de saúde e de segurança do tra-
fica, nos casos de empreendimentos executados e explorados sob o balho adequadas;
regime de concessão ou permissão; VII - impacto ambiental.
II - o fornecimento de materiais e serviços sem previsão de
quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões Art. 15 - A execução da obra ou serviço será sempre programada
do projeto básico ou executivo; em sua totalidade, permitindo-se, porém, sua execução em parcelas
III - bens e serviços sem similaridade ou de marcas, carac- técnica e economicamente viáveis, de acordo com os recursos finan-
terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for ceiros disponíveis e a conveniência da Administração.
tecnicamente imprescindível, conforme justificativa escrita e do- § 1º - A programação da obra ou serviço deverá prever custo atual
cumentada pelos órgãos técnicos, expressamente autorizada pela e o final, levando-se em consideração os prazos de execução.
autoridade superior competente, ou, ainda, quando o fornecimento § 2º - Quando os recursos disponíveis só permitirem execução
de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração parcelada, cada etapa ou conjunto de etapas será objeto de uma lici-
contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. tação distinta, preservada, sempre, a modalidade licitatória pertinente
para a execução total do empreendimento.
Art. 13 - O projeto básico de obras e serviços de engenharia § 3º - Em qualquer caso, a autorização da despesa será efetuada
será elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos pre- para o custo total da obra ou serviço projetado.
liminares que assegurem, sem prejuízo do caráter competitivo da § 4º - É vedado o retardamento imotivado da execução de obra
execução: ou serviço ou de suas parcelas, se existente previsão orçamentária
para sua execução total, salvo insuficiência de recursos financeiros
I - visão global da obra, permitindo a identificação de seus
ou comprovado motivo de ordem técnica, justificados em despacho
elementos constitutivos;
circunstanciado da autoridade superior, devidamente publicado na
II - viabilidade técnica do empreendimento, prevendo solu-
imprensa oficial.
ções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de
forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes
Art. 16 - A execução de cada etapa será obrigatoriamente prece-
durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização
dida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos tra-
das obras e montagem; balhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o
III - orçamento detalhado do provável custo global da obra qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das
ou serviço, com base em quantitativos de serviços e fornecimento obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração.
propriamente avaliados;
IV - identificação dos tipos de serviços a executar e de mate- Art. 17 - São nulos de pleno direito os atos praticados e contratos
riais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especi- celebrados com infringência ao disposto nos arts. 11, 12, 13, 14 e 16
ficações que assegurem os melhores resultados para o empreendi- desta Lei, devendo ser apurada a responsabilidade de quem lhes tenha
mento; dado causa.
V - definição dos métodos de avaliação do custo da obra, e de
sua compatibilidade com os recursos disponíveis; Art. 18 - Não poderá participar, direta ou indiretamente, da lici-
VI - definição do prazo de execução; tação, da execução de obras ou serviços e do fornecimento de bens a
VII - informações que possibilitem o estudo e a dedução de eles necessários:
métodos construtivos, instalações provisórias e condições organi- I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurí-
zacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua dica;
execução; II - a empresa responsável, isoladamente ou em consórcio, pela
VIII - subsídios para montagem do plano de licitação e gestão elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do pro-
da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de supri- jeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco
mentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável
cada caso; técnico, subordinado ou subcontratado;
IX - avaliação do impacto ambiental e seu adequado tratamen- III - servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou
to, se for o caso. responsável pela licitação;
Parágrafo único - Aplicam-se as especificações do projeto bá- IV - demais agentes públicos, assim definidos no art. 207 desta
sico de obras e serviços de engenharia previstas neste artigo, no Lei, impedidos de contratar com a Administração Pública por vedação
que couber e for pertinente, aos demais tipos de serviços. constitucional ou legal.
§ 1º - É permitida a participação do autor do projeto ou da empre-
Art. 14 - Nos projetos básicos e projetos executivos serão con- sa, a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação ou na execução
siderados principalmente os seguintes requisitos: da obra ou serviço, como consultor ou técnico, nas funções de fisca-
I - segurança; lização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; Administração interessada.
III - economia na execução, conservação e operação; § 2º - O disposto neste artigo não impede a licitação ou contra-
IV - possibilidade do emprego de mão-de-obra, materiais, tec- tação de obra ou serviço que inclua, como encargo do contratado ou
nologia e matéria-prima existentes no local de execução, conser- pelo preço previamente fixado pela Administração, a elaboração
vação e operação; do projeto executivo.

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - Considera-se participação indireta, para os fins do dis- V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas
posto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza especiais;
técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou de pa- VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
rentesco até o 3º grau entre o autor do projeto, pessoa física ou VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico;
jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos VIII - outros previstos na legislação específica de exercício e
e obras, incluindo-se o fornecimento de bens e serviços a estes fiscalização profissional.
necessários. § 1º - Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação pre-
§ 4º - Aplica-se o disposto no parágrafo anterior aos membros vistos nesta Lei, os contratos para prestação de serviços técnicos
da comissão de licitação. profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser licita-
dos mediante a modalidade de concurso, com prévia estipulação de
Art. 19 - As obras e serviços destinados aos mesmos fins te- prêmios ou remuneração, atendidas as demais disposições desta Lei.
rão projetos padronizados por categorias, classes ou tipos, exceto § 2º - A empresa de prestação de serviços técnicos profissionais
quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do especializados que apresente a relação dos integrantes de seu corpo
local ou às exigências específicas do empreendimento. técnico em procedimento licitatório, ou como elemento de justifica-
ção de dispensa ou inexigibilidade de licitação, fica obrigada a ga-
Art. 20 - As obras e serviços poderão ser executados nos se- rantir que os referidos profissionais realizem pessoal e diretamente
guintes regimes: os serviços objeto do contrato.
I - execução direta; § 3º - A Administração somente poderá contratar, pagar, pre-
II - execução indireta, nas seguintes modalidades: miar ou receber projeto ou serviço técnico especializado, inclusive
a) empreitada por preço global; da área de informática, se o autor ou contratado ceder os direitos
b) empreitada por preço unitário; patrimoniais a ele relativos e a Administração puder utilizá-los de
c) tarefa; acordo com o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para
d) empreitada integral. sua elaboração.
§ 4º - Quando o projeto referir-se a obra imaterial de caráter
Art. 21 - O disposto no art. 11 aplica-se, no que couber, aos tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos direitos incluirá
casos de dispensa e de inexigibilidade da licitação. o fornecimento de todos os dados, documentos e elementos de in-
formação pertinentes à tecnologia de concepção, desenvolvimento,
Art. 22 - A prestação de serviços de fornecimento de alimen- fixação em suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
tação preparada para cadeias, presídios, hospitais, escolas e simi-
lares, fica sujeita a normas regulamentares especiais expedidas SEÇÃO III – 
pelos órgãos competentes, observadas as peculiaridades locais e DAS CONCESSÕES E DAS PERMISSÕES
os seguintes requisitos:
I - preço por unidade de refeição; Art. 24 - As obras públicas podem ter a sua execução delegada
II - determinação da periodicidade do fornecimento; sob a forma de concessão e os serviços públicos sob o regime de
III - cardápio padronizado, sempre que possível, e alimenta- concessão ou permissão.
ção balanceada de acordo com os gêneros usuais na localidade;
IV - adoção de refeições industrializadas, onde houver con- Art. 25 - Entende-se por concessão de serviço público o contra-
dições para sua manipulação, desde que adequadas a seus fins e to administrativo, precedido de licitação, na modalidade de concor-
vantajosas para a Administração; rência, pelo qual a Administração delega, por prazo determinado,
V - periódica fiscalização, pelas autoridades sanitárias com- a pessoa jurídica pública ou privada, ou a consórcio de empresas
petentes, sobre a qualidade e condições de higiene dos alimentos a organização e o funcionamento de um serviço público, reservan-
fornecidos. do-se a tarefa de fiscalização, controle e regulamentação, respeitado
sempre o equilíbrio econômico-financeiro.
SEÇÃO II -  Parágrafo único - A concessionária atua em seu próprio nome,
DOS SERVIÇOS TÉCNICOS por sua conta e risco e é remunerada, em regra, através de tarifas
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS pagas pelos usuários, podendo o poder concedente prever, em favor
da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras
Art. 23 - Para os fins desta Lei, consideram-se serviços téc- fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, aces-
nicos profissionais especializados aqueles que, na forma da legis- sórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com
lação específica de exercício profissional, requerem o domínio de vistas a favorecer a modicidade das tarifas.
uma área delimitada do conhecimento humano e formação além da
capacitação profissional comum, tais como: Art. 26 - Entende-se por concessão de obra pública o contrato
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou exe- administrativo, precedido de licitação, na modalidade de concorrên-
cutivos; cia, pelo qual a Administração ajusta, por prazo determinado, com
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; pessoa jurídica pública ou privada, a edificação, total ou parcial,
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei- conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de uma obra pú-
ras ou tributárias; blica, ficando o controle, a fiscalização e a regulamentação da sua
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou utilização a cargo do poder concedente, a quem cabe preservar o
serviços; equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único - A concessionária atua em seu próprio nome, V - balizar-se pelos preços de mercado e os habitualmente
por sua conta e risco, sendo remunerada através da exploração da praticados no âmbito dos demais órgãos e entidades da Adminis-
obra e/ou de tarifas pagas pelos usuários, podendo o poder conce- tração Pública, mediante troca de informações;
dente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a VI - definir as unidades e quantidades a serem adquiridas, em
possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternati- função da estimativa do consumo e utilização prováveis;
vas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com VII - prever condições de guarda e armazenamento que evitem
ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das a deteriorização do material adquirido.
tarifas. § 1º - Sempre que houver recursos disponíveis para a aquisi-
ção total programada, a autoridade responsável deverá justificar,
Art. 27 - Entende-se por concessão de serviço público prece- perante seu superior hierárquico, eventual decisão de parcelamento.
dida da execução de obra pública o contrato administrativo, de- § 2º - O órgão central de compras e serviços disponibilizará,
corrente de licitação, na modalidade de concorrência, por prazo com as respectivas especificações, a lista dos materiais, serviços e
determinado, celebrado com pessoa jurídica pública ou privada, gêneros padronizados, atualizando-a periodicamente.
tendo como objeto a edificação, reforma, ampliação ou melhora- § 3º - A padronização realizar-se-á mediante prévio processo
mento de uma obra ou de um bem público, seguida da organização administrativo, no qual constem as justificativas técnicas e econô-
ou funcionamento de um serviço público, fiscalizado, controlado e micas, e será aprovada por decreto do Governador do Estado.
regulamentado pelo concedente, respeitado o equilíbrio econômi- § 4º - Aplicam-se as regras do art. 15 às aquisições parceladas
co-financeiro e a modicidade das tarifas. de bens.
§ 5º - Aplicam-se aos fornecimentos em geral as vedações pre-
Art. 28 - Entende-se por permissão de serviço público a de- vistas nos incisos III e IV do art. 18 desta Lei.
legação, pelo poder concedente, a título precário, da prestação de § 6º - Nas compras deverão constar as especificações comple-
serviços públicos à pessoa física ou jurídica, em seu próprio nome tas dos bens a serem adquiridos sem indicação de marcas, carac-
e por sua conta e risco. terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for
Parágrafo único - A permissão de serviço público será forma- tecnicamente imprescindível, conforme justificativa escrita e do-
lizada mediante contrato de adesão, precedido de licitação, no qual cumentada pelos órgãos técnicos, expressamente autorizada pela
deve estar consignado o seu caráter precário. autoridade superior competente.
§ 7º - Mediante justificativa circunstanciada, a autoridade su-
Art. 29 - Aplicam-se às licitações e aos contratos para permis- perior competente poderá autorizar a licitação com expressa indi-
são ou concessão de serviços públicos os dispositivos desta Lei cação de marca ou modelo, quando necessária à padronização ou à
no que não conflitem com a legislação específica sobre o assunto. uniformidade dos materiais e serviços ou, ainda, nos casos em que
Parágrafo único - As exigências contidas nos incisos III, VI for tecnicamente imprescindível.
e VII do art. 11 desta Lei serão dispensadas nas licitações para
Art. 32 - Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de
concessão de serviços com execução prévia de obras, quando não
divulgação oficial, em quadro de avisos de amplo acesso público e,
forem previstos desembolsos por parte da Administração conce-
sempre que possível, por meios eletrônicos, à relação de todas as
dente.
compras realizadas pela Administração direta e indireta, de manei-
ra a permitir a identificação do bem comprado, seu preço unitário,
CAPÍTULO III - 
a quantidade adquirida, o procedimento de aquisição, o nome do
DAS COMPRAS
fornecedor e o valor total da operação, devendo ser aglutinadas por
itens as compras decorrentes de licitações, dispensas e inexigibili-
dade.
Art. 30 - Nenhuma compra poderá ser efetuada sem a ade- Parágrafo único - Qualquer cidadão poderá apresentar denún-
quada caracterização de seu objeto e a indicação dos recursos or- cias, perante a autoridade máxima do órgão ou entidade adquirente,
çamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e relativas ao superfaturamento dos preços constantes da relação de
responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. compras acima mencionada.
Art. 31 - As compras deverão, sempre que possível: CAPÍTULO IV - 
I - atender ao princípio da padronização e à compatibilidade DO REGISTRO DE PREÇOS
de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando
for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e ga-
rantia oferecidas; Art. 33 - As compras de aquisição frequente pela Administra-
II - ser processadas através do sistema de registro de preços; ção e os serviços de menor complexidade técnica serão processadas
III - obedecer às condições de compra e pagamento semelhan- mediante o sistema do registro de preços, a ser regulamentado por
tes às que prevalecerem no setor privado, para os negócios da mes- decreto.
ma espécie, inclusive com pagamento em prestações parceladas, § 1º - O registro de preços deverá ser precedido de ampla e
observando a legislação orçamentária; permanente pesquisa do mercado local.
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias, § 2º - Far-se-á o registro dos preços de serviços e fornecimen-
para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando à economi- tos mediante licitação nas modalidades de pregão ou concorrência,
cidade; devendo constar dos editais:

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - estipulação prévia do sistema de controle, reajuste e atua- c) negociação de títulos, na forma da legislação pertinente;
lização dos preços registrados, segundo os critérios fixados em d) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, obe-
regulamento; decida a legislação específica, e subordinada à prévia autorização
II - prazo de validade do registro, não superior a um ano; legislativa quando importar em perda do controle acionário;
III - estimativa das quantidades a serem provavelmente adqui- e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos
ridas ou utilizadas pela Administração, na medida de suas neces- ou entidades da Administração Pública Estadual, na consecução de
sidades e segundo a conveniência do serviço, durante o prazo de suas finalidades específicas;
validade do registro; f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
IV - sanções para a recusa injustificada do beneficiário ao entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por
fornecimento dos bens ou prestação dos serviços, dentro do limite quem deles dispõe.
máximo previsto; III - quando de navios e aeronaves, dependerá de autorização
V - previsão de cancelamento do registro, por inidoneidade legislativa específica e será procedida mediante licitação, prefe-
superveniente ou comportamento irregular do beneficiário, ou, rencialmente através de leilão.
ainda, no caso de substancial alteração das condições do mercado.
§ 3º - Durante seu prazo de validade, as propostas seleciona- Art. 35 - Para a venda de bens móveis, avaliados, isolados
das no registro de preços ficarão à disposição da Administração, ou globalmente, em quantia não superior ao limite de tomada de
para que efetue as contratações nas oportunidades e quantidades preços para compras e serviços, nos termos desta Lei, a Adminis-
de que necessitar, até o limite estabelecido. tração poderá preferir o leilão.
§ 4º - A existência de preços registrados não obriga a Admi-
nistração a firmar as contratações que deles poderão advir, fican- Art. 36 - A doação de bens imóveis a terceiros obedecerá às
do-lhe facultada a utilização de outros meios, previstas nesta Lei. disposições constitucionais, devendo constar obrigatoriamente de
§ 5º - O beneficiário do registro de preços, em igualdade de sua escritura os encargos do donatário, o prazo de seu cumprimen-
condições, tem direito à preferência para a contratação, dentro dos to e a cláusula de reversão, sob pena de nulidade.
limites previstos, do prazo de validade estabelecido e das condi- Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, caso o donatário
ções da proposta, tantas vezes quanto necessitar a Administração. necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláu-
§ 6º - Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar pre- sula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca
ço constante do quadro geral, em razão da sua incompatibilidade em segundo grau, em favor do doador.
com o preço vigente no mercado.
Art. 37 - Na concorrência para a venda de bens imóveis, a
CAPÍTULO V -  fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhimento de
DOS BENS PÚBLICOS ESTADUAIS quantia correspondente a 5% (cinco por cento) do preço da ava-
liação.
SEÇÃO I - 
DA ALIENAÇÃO Art. 38 - A venda de bens imóveis, que deverá ser feita me-
diante concorrência ou leilão público, observará, além de outras
disposições desta Lei, o seguinte:
Art. 34 - A alienação, a qualquer título, dos bens da Admi- I - na venda por leilão público, a publicação do edital observa-
nistração Pública Estadual, subordinada à existência de interesse rá as mesmas disposições legais aplicáveis à concorrência pública;
público devidamente justificado, será sempre precedida de avalia- II - os licitantes apresentarão propostas ou lances distintos
ção a ser efetuada pelo órgão ou entidade alienante e submetida para cada imóvel;
à apreciação e aprovação de comissão designada pela autoridade III - o preço mínimo de venda será fixado com base no valor
competente, obedecendo às seguintes normas: de mercado do imóvel, estabelecido em avaliação feita pela Admi-
I - quando de imóveis, dependerá de autorização legislativa nistração, cuja validade será no máximo de dois anos;
específica, nos termos do art. 18 da Constituição Estadual, para IV - atendimento das condições previstas no regulamento e no
os órgãos da Administração direta, autarquias e fundações públi- edital de licitação.
cas e demais entidades que não explorem atividades lucrativas,
e, para toda a Administração Pública Estadual, de licitação, sob Art. 39 - Entende-se por investidura, para os fins desta lei, a
a modalidade de concorrência ou leilão público, dispensada esta alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanes-
nos seguintes casos: cente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inapro-
a) quando o adquirente for pessoa jurídica de direito público veitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação
interno, entidade de sua administração indireta, ou subsidiária; e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do
b) na investidura. valor fixado para licitação destinada a compras e serviços na mo-
II - quando de bens móveis, na forma da lei, dependerá de dalidade de convite.
licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de inte- Art. 40 - Para efeito da alienação de bens públicos, a avaliação
resse social, expressamente justificados pela autoridade compe- administrativa será efetuada por uma comissão especial, composta
tente, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio- de, no mínimo, três membros, tomando-se por base critérios téc-
-econômica; nicos devidamente justificados e estipulando-se sempre um preço
b) permuta, permitida nos casos de interesse social, precedida mínimo, cujo valor constará do edital da licitação ou do processo
de dupla avaliação dos bens; de sua dispensa.

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - Não alcançado o preço mínimo da avaliação do bem § 1º - A concessão de uso de bens públicos imóveis será ou-
imóvel, do navio ou da aeronave a serem alienados, proceder-se-á torgada em caráter gratuito ou mediante remuneração, sempre com
a nova licitação e, caso não seja novamente alcançado o preço mí- imposição de encargos, com prazo determinado, e precedida de
nimo, proceder-se-á a nova avaliação. licitação, na modalidade de concorrência, para exploração indica-
§ 2º - Não alcançado o preço mínimo da avaliação do bem da no edital.
móvel a ser alienado, ficará a critério da comissão de alienação § 2º - Independerá de licitação a concessão de uso de bens
reduzir, em até 25% (vinte e cinco por cento), o valor inicial. públicos de qualquer natureza às organizações sociais vencedoras
de licitação para celebração de contrato de gestão, exclusivamente
Art. 41 - A Administração, sempre que possível, preferirá a quanto aos bens necessários ao cumprimento do referido contrato.
outorga de concessão de direito real de uso, na forma da Lei, à
venda ou doação de bens imóveis. Art. 46 - A cessão de uso de bens públicos estaduais móveis
ou imóveis far-se-á gratuitamente, ou em condições especiais, a
Art. 42 - O produto da alienação dos bens móveis e imóveis entidade de sua administração indireta ou a outras pessoas jurí-
do Estado, das multas aplicadas aos contratados e da receita rela- dicas integrantes da Administração Pública, para que sejam por
tiva ao ressarcimento dos custos referentes aos editais de licitação elas utilizados, sempre com predeterminação de prazo e, quando
da Administração Direta será recolhido à conta única do tesouro cabível, atribuição de encargos.
estadual, integrante do Sistema de Caixa Única do Estado, consti-
tuindo-se em receita do Tesouro, o qual poderá ser revertido para Art. 47 - A permissão de uso de bens públicos estaduais será
fundo especial definido em lei específica. efetuada a título precário ou clausulada, por ato administrativo, em
Parágrafo único - O valor oriundo das alienações dos bens de caráter gratuito ou mediante remuneração, sempre com imposição
que trata o caput deste artigo deverá ser classificado como receita de encargos e após chamamento público dos interessados para se-
de capital, sendo vedada a sua aplicação em despesas correntes, leção, dispensado este quando o permissionário for entidade filan-
exceto quando se destinar ao Fundo de Custeio da Previdência So- trópica ou assistencial.
cial dos Servidores Públicos do Estado da Bahia.
Art. 48 - A autorização de uso de bens públicos estaduais será
SEÇÃO II -  feita, mediante remuneração ou com imposição de encargos, por
ato administrativo e para atividades ou usos específicos e transitó-
DA UTILIZAÇÃO DE BENS PÚBLICOS
rios, a título precário.
POR TERCEIROS
CAPÍTULO VI - 
Art. 43 - O uso de bens móveis e imóveis estaduais por tercei-
DA LICITAÇÃO
ros poderá ser outorgado mediante concessão, cessão, permissão
ou autorização, segundo o caso, atendido o interesse público.
SEÇÃO I - 
DAS MODALIDADES
Art. 44 - A concessão de direito real de uso será outorgada, na
forma da legislação pertinente, mediante prévia autorização legis-
lativa e concorrência, para transferir a terceiros, como direito real Art. 49 - As licitações serão efetuadas no local onde se situar
resolúvel, inter vivos ou mortis causa, por tempo certo e determi- a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, de-
nado, o uso gratuito ou remunerado de bem público imóvel, com vidamente justificado.
específica destinação aos fins de urbanização, industrialização, Parágrafo único - O disposto neste artigo não impedirá a ha-
edificação, cultivo da terra ou outra exploração de interesse so- bilitação de interessados residentes ou sediados em outros locais.
cial, sob pena de reversão, no caso de desvirtuamento da finalidade
contratual. Art. 50 - São modalidades da licitação, unicamente, as seguin-
Parágrafo único - Independerá de licitação a concessão de di- tes, vedada a combinação entre si:
reito real de uso de bens imóveis estaduais: I - concorrência;
a) quando outorgada a outro órgão ou entidade da Adminis- II - tomada de preços;
tração Pública; III - convite;
b) quando o uso se destinar a concessionário de serviço pú- IV - pregão;
blico; V - concurso;
c) para os assentamentos urbanos da população de baixa renda VI - leilão.
em terras públicas estaduais não utilizadas ou subutilizadas, nos § 1º - Concorrência é a modalidade de licitação que se faz pelo
termos da Constituição do Estado; chamamento universal de quaisquer interessados que comprovem
d) para a realização da política agrícola e fundiária estadual, possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
nos termos e para os fins previstos na Constituição do Estado; para execução do seu objeto.
e) para entidades filantrópicas, com a finalidade da efetiva uti- § 2º - Tomada de Preços é a modalidade de licitação entre
lização vinculada a seus fins específicos. interessados devidamente cadastrados ou que provem perante a
comissão, na data da abertura da licitação, que atendem a todas as
Art. 45 - A concessão de uso de bem público é o contrato ad- condições exigidas no edital para habilitação, observada a necessá-
ministrativo através do qual a Administração acorda com o par- ria qualificação e permitida a exigência de documentação compro-
ticular a utilização ou exploração exclusiva de um bem público. batória da capacidade técnica e operacional específica do licitante.

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - Convite é a modalidade de licitação entre interessados § 3º - No caso de leilão público de bens imóveis, o arrema-
do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e tante pagará, no ato do pregão, sinal correspondente a, no mínimo,
convidados em número mínimo de 03 (três) pela unidade adminis- 5% (cinco por cento) do valor da arrematação, complementando
trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento o preço no prazo e nas condições previstas no edital, sob pena
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspon- de perder, em favor da Administração Pública, o valor correspon-
dente especialidade. dente ao sinal e, em favor do leiloeiro, se for o caso, a respectiva
§ 4º - Pregão é a modalidade de licitação destinada à aquisição comissão.
de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da § 4º - Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à
contratação, em que a disputa é feita por meio de propostas escri- vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
tas e lances verbais, em uma única sessão pública, ou por meio da § 5º - O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, prin-
utilização de recursos de tecnologia da informação. cipalmente no município em que o mesmo se realizará.
§ 5º - Concurso é a modalidade de licitação que se faz pela § 6º - Quando o leilão público for realizado por leiloeiro ofi-
convocação de quaisquer interessados, para escolha de trabalho cial, a respectiva comissão será, na forma do regulamento, de até
técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios 5% (cinco por cento) do valor da arrematação e será paga pelo
ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de arrematante, juntamente com o sinal.
regulamento próprio.
§ 6º - Leilão é a modalidade de licitação utilizada para a venda Art. 53 - A concorrência deve ser adotada para a compra de
de bens móveis ou de produtos legalmente apreendidos ou penho- bens imóveis, para concessões de direito real de uso e para os re-
rados, ou para a alienação de bens imóveis, nos termos desta Lei, a gistros de preços, devendo também ser utilizada para a alienação
quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avalia- de bens móveis ou imóveis, quando a Administração não optar
ção, efetuado em sessão presencial ou eletrônica. pelo leilão público, sendo que para a alienação de bens imóveis
§ 7º - Na hipótese do § 2º deste artigo, a Administração so- dependerá de autorização prévia da Assembléia Legislativa, ex-
mente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos de ceto quando a aquisição haja derivado de procedimentos judiciais
habilitação compatíveis com o objeto da licitação, nos termos do ou de dação em pagamento.
edital. § 1º - Nos casos em que couber convite, a Administração po-
§ 8º - Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça mais derá optar pela tomada de preços e, em qualquer hipótese, pela
de 03 (três) possíveis interessados, a cada novo convite realizado concorrência.
para objeto idêntico ou assemelhado é obrigatória a convocação
§ 2º - As licitações internacionais devem ser realizadas na
de, no mínimo, um novo interessado, enquanto existirem cadastra-
modalidade de concorrência, podendo ser utilizada a tomada de
dos não-convidados nas últimas licitações.
preços caso o órgão central de registro cadastral disponibilize o
§ 9º - Quando, por limitações do mercado ou manifesto desin-
cadastro internacional de fornecedores, ou convite, observados os
teresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mí-
limites de valor fixados para cada modalidade.
nimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo, tais circunstâncias
§ 3º - É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “to-
deverão ser devidamente justificadas no processo, para que este
mada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma
prossiga, regularmente, sob pena de realização de novo convite.
obra ou serviço, sempre que o somatório de seus valores caracte-
Art. 51 - O regulamento do concurso, que acompanhará obri- rizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respecti-
gatoriamente o edital, deverá indicar: vamente.
I - a qualificação exigida dos participantes; § 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica quando
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; se tratar de parcelas de natureza específica, que possam ser execu-
III - as condições de realização do concurso e os prêmios ou a tadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela
remuneração a serem concedidos; do executor da obra ou serviço.
IV - a obrigatoriedade de cessão dos direitos patrimoniais do § 5º - As obras, serviços e compras efetuados pela Adminis-
licitante vencedor, ou, quando for o caso, o fornecimento dos da- tração serão divididos em tantas parcelas quantas se comprova-
dos tecnológicos pertinentes em favor da Administração; rem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação
V - tratando-se de projeto, a autorização à Administração, pelo com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no
vencedor, para executá-lo quando julgar conveniente. mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da econo-
mia de escala.
Art. 52 - O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a § 6º - Na execução de obras e serviços e nas compras parce-
servidor designado pela Administração, procedendo-se na forma ladas de bens, nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou
da legislação pertinente. conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de correspon-
§ 1º - Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela der licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a
Administração para fixação do preço mínimo de arrematação. execução do objeto em licitação.
§ 2º - Os bens móveis arrematados serão pagos à vista ou no § 7º - Na compra de bens de natureza divisível e desde que
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por cen- não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a co-
to), e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local do leilão, tação de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas
imediatamente entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pa- à ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitati-
gamento do restante no prazo estipulado no edital de convocação, vo mínimo para preservar a economia de escala.
sob pena de perder em favor da Administração o valor já recolhido.

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 54 - Os avisos contendo os resumos dos editais de li- SEÇÃO II - 
citação deverão ser publicados, no mínimo, por 01 (uma) vez no DOS TIPOS
Diário Oficial do Estado e uma ou mais vezes em jornal diário de
grande circulação no Estado e, sempre que possível, disponibili-
zados nos meios eletrônicos de comunicação, com os seguintes Art. 57 - São os seguintes os tipos de licitação:
prazos mínimos de antecedência, até o recebimento das propostas I - menor preço;
ou realização do evento: II - melhor técnica;
I - 45 (quarenta e cinco) dias para: III - técnica e preço;
a) concurso; IV - maior lance ou oferta.
b) concorrência, quando a licitação for do tipo melhor técnica § 1º - Entende-se como licitação de menor preço a que obje-
ou técnica e preço, ou ainda quando o contrato a ser celebrado tiva a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração,
adotar o regime de empreitada integral. sendo vencedora aquela que atender às especificações do edital ou
II - 30 (trinta) dias para: convite e ofertar o menor preço.
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” do § 2º - A licitação de melhor técnica destina-se a selecionar a
inciso anterior; proposta melhor qualificada para execução de uma técnica ade-
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo melhor quada às soluções propostas, para atingir determinado fim, e que
técnica ou técnica e preço. alcance a maior valorização das propostas técnicas e valorização
III - 15 (quinze) dias para tomada de preços, nos casos não mínima para as propostas de preço, permitindo a negociação das
especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou para leilão; condições propostas.
IV - 10 (dez) dia úteis para convite, quando a licitação for do § 3º - A licitação de técnica e preço destina-se a selecionar o
tipo melhor técnica ou técnica e preço; proponente melhor qualificado para execução de uma técnica ade-
V - 08 (oito) dias úteis para o pregão; quada às soluções propostas, para atingir determinado fim e que
VI - 05 (cinco) dias úteis para convite, quando a licitação for alcance a maior média ponderada das valorizações das propostas
do tipo menor preço. técnicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no
§ 1º - Se necessário para o interesse público, poderá a Admi- instrumento convocatório.
nistração utilizar-se de outros meios de divulgação, para ampliar a § 4º - Entende-se como licitação de maior lance ou oferta a
área de competição. que objetiva a alienação de bens ou concessão de direito real de
§ 2º - Quando se tratar de obras, compras e serviços financia- uso.
dos, parcial ou totalmente, com recursos federais ou garantidos
por instituições federais, o aviso deverá também ser publicado no Art. 58 - Os tipos de licitação melhor técnica e técnica e preço
Diário Oficial da União. serão utilizados para serviços de natureza predominantemente in-
§ 3º - O instrumento convocatório do convite será afixado, por telectual que admitam confronto objetivo, em especial:
cópia, em local apropriado para conhecimento de todos e publica- I - elaboração de projetos;
do na imprensa oficial. II - cálculos;
§ 4º - O aviso publicado conterá a indicação do local em que III - fiscalização;
os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas IV - supervisão e gerenciamento;
as informações sobre a licitação. V - engenharia consultiva em geral;
§ 5º - Os prazos estabelecidos neste artigo serão contados a VI - estudos técnicos preliminares, projeto básico e projeto
partir da primeira publicação do edital resumido, ou da expedição executivo.
do convite, ou, ainda, da efetiva disponibilidade do edital ou do § 1º - A contratação de bens e serviços de informática obser-
convite e respectivos anexos, para consulta, prevalecendo a data vará o disposto no art. 3º da Lei Federal nº 8.248, de 23 de outubro
que ocorrer mais tarde. de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu § 2º, e
§ 6º - Qualquer modificação no edital exige divulgação pela adotará obrigatoriamente o tipo de licitação técnica e preço, per-
mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo le- mitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados
gal inicialmente estabelecido, exceto quando a alteração não afetar em decreto do Poder Executivo, sendo obrigatória a audiência do
a formulação das propostas. órgão estadual competente nos pedidos de aquisição de equipa-
mentos e contratação de serviços desta natureza.
Art. 55 - Para definição das modalidades licitatórias serão ob- § 2º - Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste
servados os limites fixados por ato expedido pela Administração, artigo poderão ser adotados mediante autorização expressa e mo-
os quais não excederão a 70% (setenta por cento) do valor fixado tivada da maior autoridade da Administração promotora, para os
para situação idêntica, e na área de sua competência, pela União. seguintes fins:
a) fornecimento de bens, execução de obras ou prestação de
Art. 56 - A Administração, na aquisição de bens e serviços serviços de grande vulto e alta complexidade tecnológica de do-
comuns até o limite previsto para dispensa de licitação, deverá, mínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida
sempre que possível, optar pelo sistema de compras eletrônicas. qualificação;
b) adoção de soluções alternativas e variações de execução
por livre escolha dos licitantes, tendo em vista sua qualidade, pro-
dutividade, rendimento e durabilidade, conforme os parâmetros
fixados no ato convocatório.

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO III -  IX - quando as propostas apresentadas em licitação anterior
DA DISPENSA E DA INEXIGIBILIDADE consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no
DE LICITAÇÃO mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos
órgãos oficiais competentes, casos em que, cumprindo o disposto
Subseção I -  no § 3º do art. 97 desta Lei e persistindo a situação, serão adjudi-
DA DISPENSA cados diretamente os bens ou serviços, por valor não superior ao
constante do respectivo registro de preços;
Art. 59 - É dispensável a licitação: X - na contratação de remanescente de obra, serviço ou for-
Ver também: Decreto nº 9.433 , de 31 de maio de 2005 - Dele- necimento, em consequência de rescisão contratual, desde que
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas
ga competência para autorizar dispensa e inexigibilidade de lici-
as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
tação e dá outras providências.
quanto ao preço, devidamente corrigido;
I - para obras e serviços de engenharia de valor não excedente
XI - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
a 10% (dez por cento) do limite previsto para modalidade de con- perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
vite, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no preço do dia;
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante- XII - na contratação de instituição brasileira, que detenha in-
mente; questionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucra-
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por tivos, incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do
cento) do limite previsto para compras e serviços que não sejam ensino ou do desenvolvimento institucional, desde que presente a
de engenharia, na modalidade de convite, e para alienações, nos relação entre o objeto do contrato e a finalidade precípua da insti-
casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de tuição, inadmitindo o trespasse da execução do objeto contratual
um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa a terceiros;
ser realizada de uma só vez; XIII - na contratação de instituição dedicada à recuperação
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; social do preso, que detenha inquestionável reputação ético-profis-
Ver também: Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - Dele- sional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acor-
ga competência para autorizar dispensa e inexigibilidade de lici-
do internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional,
tação e dá outras providências.
quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan- para o Poder Público;
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa XV - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa-
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, dronizados de uso da Administração e de edições técnicas oficiais,
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju-
e somente para os bens necessários ao atendimento da situação rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in-
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi- XVI - para a aquisição de componentes ou peças de origem
tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamen-
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos tos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor ori-
contratos; ginal desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e for indispensável para a vigência da garantia;
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a XVII - nas compras ou contratações de serviços para o abaste-
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta- cimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus
belecidas; meios de deslocamento quando em estada eventual de curta dura-
ção em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes,
VI - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
por motivo de movimentação operacional ou de adestramento,
interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou
quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor-
entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não
criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta exceda ao limite previsto para compras e serviços que não sejam
Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado de engenharia, na modalidade de convite;
no mercado; XVIII - na contratação de associação de portadores de defi-
VII - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- ciência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por
mento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessi- órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de
dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, des- serviços ou fornecimento de mão-de-obra temporária, desde que
de que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
avaliação prévia; XIX - para a aquisição de bens destinados exclusivamente à
VIII - para aquisição ou restauração de obras de arte e objetos pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela
históricos, de autenticidade certificada, desde que sejam compatí- CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento à pesqui-
veis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade; sa, credenciadas pelo CNPq para esse fim específico;

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XX - na contratação do fornecimento ou suprimento de ener- § 3º - Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidaria-
autorizado, segundo as normas da legislação específica; mente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o
XXI - na contratação realizada por empresa pública ou socie- prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo
dade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para de outras sanções legais cabíveis.
a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi-
ços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado Art. 61 - É inexigível a licitação, por inviabilidade de com-
no mercado; petição, quando, em razão da natureza do serviço a ser prestado
XXII - para prestação de serviços pelas organizações sociais, que e da impossibilidade prática de se estabelecer o confronto entre
tenham firmado contrato de gestão com o Estado, e desde que limita- os interessados, no mesmo nível de igualdade, certas necessida-
dos os serviços às atividades objetos de sua qualificação; des da Administração possam ser melhor atendidas mediante a
XXIII - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec- contratação do maior número possível de prestadores de serviço,
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tec- hipótese em que a Administração procederá ao credenciamento
nologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de de todos os interessados que atendam às condições estabelecidas
criação protegida. em regulamento.
XXIV - na contratação de instituição ou organização, pública ou Ver também: Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - De-
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de lega competência para autorizar dispensa e inexigibilidade de
assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Estadual licitação e dá outras providências.
de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar, ins-
Parágrafo único - A Administração elaborará regulamento
tituído por lei estadual.
específico para cada credenciamento, o qual obedecerá, rigorosa-
Inciso XXIV acrescido pelo art. 21 da Lei nº 12.372, de 23 de
mente, aos princípios constitucionais da isonomia, da legalidade,
dezembro de 2011.
Parágrafo único - Considera-se estado de calamidade pública e da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economici-
grave perturbação da ordem interna ou guerra, o que assim tiver sido dade e aos princípios do procedimento licitatório.
declarado, em ato formal, pela autoridade competente.
Subseção III - 
Subseção II -  DO CREDENCIAMENTO
DA INEXIGIBILIDADE

Art. 62 - Na implantação de um sistema de credenciamento,


Art. 60 - É inexigível a licitação quando caracterizada a inviabili- a Administração deverá preservar a lisura, transparência e econo-
dade de competição, em especial: micidade do procedimento e garantir tratamento isonômico aos
Ver também: Decreto nº 9.433, de 31 de maio de 2005 - Delega interessados, com o acesso permanente a qualquer um que preen-
competência para autorizar dispensa e inexigibilidade de licitação e cha as exigências estabelecidas em regulamento, devendo instruir
dá outras providências. o respectivo processo com os seguintes elementos:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só I - convocação dos interessados por meio do Diário Oficial
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comer- do Estado, de jornal de grande circulação e, sempre que possível,
cial exclusivo, vedada a preferência de marca; por meio eletrônico;
II - para a contratação dos serviços técnicos enumerados no art. II - fixação criteriosa da tabela de preços que remunerará os
23 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de serviços a serem prestados;
notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de pu- III - regulamentação da sistemática a ser adotada.
blicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, Art. 63 - O regulamento para credenciamento deverá ser ela-
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagra- borado pelo órgão público interessado e observar os seguintes
do pela crítica especializada ou pela opinião pública. requisitos:
§ 1º - Considera-se produtor, empresa, representante comercial I - ampla divulgação, mediante aviso publicado no Diário
ou revendedor exclusivo aquele que seja o único a explorar a ativida-
Oficial do Estado, em jornal de grande circulação local e, sem-
de no âmbito nacional, para os limites de concorrência e tomada de
pre que possível, por meio eletrônico, podendo também a Admi-
preços, e no do Estado, para o limite de convite, devendo a compro-
nistração utilizar-se de chamamento a interessados do ramo, que
vação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo
órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação gozem de boa reputação profissional, para ampliar o universo dos
ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação credenciados;
Patronal, quando seja o caso, ou pelas entidades de classe equivalente. II - fixação de critérios e exigências mínimas para que os in-
§ 2º - Considera-se de notória especialização o profissional ou teressados possam se credenciar;
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de III - possibilidade de credenciamento, a qualquer tempo, de
desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organiza- interessado, pessoa física ou jurídica, que preencha as condições
ção, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relaciona- mínimas fixadas;
dos com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial IV - fixação de tabela de preços dos diversos serviços a serem
e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto prestados, dos critérios de reajustamento e das condições e prazos
do contrato. para o pagamento dos serviços;

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - rotatividade entre todos os credenciados, sempre excluí- X - pareceres jurídicos e, conforme o caso, técnicos, emitidos
da a vontade da Administração na determinação da demanda por sobre a dispensa ou inexigibilidade;
credenciado; XI - no caso de dispensa com fundamento nos incisos I e II do
VI - vedação expressa de pagamento de qualquer sobretaxa art. 59 desta Lei, expressa indicação do valor estimado para a contra-
em relação à tabela adotada; tação, podendo ser dispensada nestas hipóteses a audiência do órgão
VII - estabelecimento das hipóteses de descredenciamento, jurídico da entidade;
assegurados o contraditório e a ampla defesa; XII - prova de regularidade para com as fazendas Federal, Es-
VIII - possibilidade de rescisão do ajuste, a qualquer tempo, tadual e Municipal do domicílio ou sede da empresa, bem como de
pelo credenciado, mediante notificação à Administração, com a regularidade para com a Fazenda do Estado da Bahia;
antecedência fixada no termo; XIII - prova de regularidade relativa à Seguridade Social (INSS),
IX - previsão de os usuários denunciarem irregularidade na mediante a apresentação da Certidão Negativa de Débitos/CND e ao
prestação dos serviços e/ou no faturamento; Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), mediante a apre-
X - fixação das regras a serem observadas pelos credenciados sentação do Certificado de Regularidade de Situação/CRS.
na prestação do serviço.
Art. 66 - São vedadas as dispensas sucessivas de licitação, com
Subseção IV -  base nos incisos I e II do art. 59 desta Lei, assim entendidas aquelas
DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE DISPENSA E INEXIGIBI- com objeto contratual idêntico ou similar realizadas em prazo infe-
LIDADE rior a 60 (sessenta) dias, bem como as licitações simultâneas ou su-
cessivas que ensejem a mudança da modalidade licitatória pertinente.

Art. 64 - Quando para a realização do objeto do convênio for CAPÍTULO VII - 


necessária a contratação de obra, compra ou serviço com terceiros, DOS ÓRGÃOS DE LICITAÇÃO E DE
a entidade pública obrigatoriamente responsável pela realização REGISTRO CADASTRAL
direta do empreendimento será competente para dispensar a licita-
ção, se for o caso, na forma desta Lei. SEÇÃO I - 
DOS ÓRGÃOS CENTRAIS DE LICITAÇÃO E
DE REGISTRO CADASTRAL
Art. 65 - A dispensa ou a inexigibilidade de licitação requer
sempre ato formal fundamentado da autoridade competente, publi-
cado na imprensa oficial, com exceção das hipóteses previstas nos
Art. 67 - O órgão central de licitação tem por finalidade norma-
incisos I e II do art. 59 desta Lei.
tizar, orientar, acompanhar e avaliar os procedimentos licitatórios no
§ 1º - São competentes para autorizar a dispensa de licitação
âmbito de sua competência.
os chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os Pre-
Parágrafo único - Compete ao órgão central de licitação:
sidentes dos Tribunais de Contas, o Procurador Geral de Justiça e I - expedir instruções quanto à padronização dos procedimentos
os titulares das entidades públicas da Administração indireta, ad- licitatórios em geral, bem como normas específicas para a realização
mitida a delegação. de leilões e concursos;
§ 2º - As dispensas previstas nos incisos III a XXIII do art. II - orientar as comissões de licitações no cumprimento da legis-
59, as situações de inexigibilidade referidas no art. 60 e seus in- lação pertinente;
cisos, necessariamente justificadas, bem como o retardamento a III - fixar normas diretivas sobre avaliações prévias necessárias
que se refere a parte final do § 4º, do art. 15 desta Lei deverão ser à alienação de bens públicos;
comunicados à autoridade superior dentro de 03 (três) dias, para IV - fixar normas para a contratação de entidades prestadoras de
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 05 (cinco) serviços considerados necessários ao funcionamento das atividades
dias, como condição para eficácia dos atos. básicas de caráter geral de toda a Administração;
§ 3º - O processo de dispensa e de inexigibilidade será instruí- V - promover a licitação para registros de preços de bens e ser-
do, no que couber, com os seguintes elementos: viços de uso geral pela Administração;
I - numeração sequencial da dispensa ou inexigibilidade; VI - constituir comissão central de licitações;
II - caracterização da circunstância de fato que autorizou a VII - desenvolver ações de atualização e aperfeiçoamento das
providência; comissões de licitação e pregoeiros.
III - autorização do ordenador de despesa;
IV - indicação do dispositivo legal aplicável; Art. 68 - O órgão central de registro cadastral manterá cadastro
V - indicação dos recursos orçamentários próprios para a des- unificado das pessoas físicas e jurídicas interessadas em participar de
pesa; licitação da Administração.
VI - razões da escolha do contratado;
VII - consulta prévia da relação das empresas suspensas ou Art. 69 - O cadastro unificado tem por finalidade cadastrar os
impedidas de licitar ou contratar com a Administração Pública do interessados, pessoas físicas ou jurídicas, para participarem de lici-
Estado da Bahia; tações realizadas por órgãos e entidades da Administração Pública
VIII - justificativa do preço, inclusive com apresentação de direta, autárquica e fundacional, e entidades de direito privado inte-
orçamentos ou da consulta aos preços de mercado; grantes da Administração Pública, bem como acompanhar o de-
IX - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos sempenho das pessoas cadastradas e ampliar as opções de contra-
quais os bens serão alocados; tação e de celebração de convênios com a Administração.

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado § 5º - A investidura dos membros das comissões permanentes
e deverá estar permanentemente aberto aos interessados que re- não excederá a 02 (dois) anos, vedada a recondução da totalidade
queiram sua inscrição com os documentos relativos à habilitação de seus membros para a mesma comissão no período subsequente.
jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e § 6º - Os membros da comissão de licitação responderão solida-
regularidade fiscal, mencionados nesta Lei. riamente por todos os atos praticados pela mesma, salvo se houver
§ 2º - Será fornecido aos interessados, pelo órgão central de posição individual divergente, que deverá ser devidamente funda-
registro cadastral, o Certificado de Registro Cadastral (CRC), me- mentada e registrada na ata da reunião na qual tiver sido tomada a
diante a apresentação da documentação relacionada no parágrafo decisão.
anterior, ou o Certificado de Registro Simplificado (CRS), median- § 7º - No caso de concurso, o julgamento será efetuado por uma
te a apresentação de, no mínimo, a documentação relativa à habili- comissão especial, integrada por pessoas de reputação ilibada e re-
tação jurídica, regularidade fiscal e qualificação técnica. conhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos
§ 3º - Será de, no máximo, 12 (doze) meses o prazo de validade ou não.
do Certificado de Registro Cadastral ou Simplificado, devendo ser § 8º - Os critérios de escolha dos membros da comissão e as
renovado anualmente, mediante chamamento público dos interes- regras do seu fornecimento serão disciplinadas por meio de ato es-
sados. pecífico a ser expedido pelo Chefe do respectivo Poder.
§ 4º - Os inscritos serão classificados por categorias, tendo em
vista sua especialização, conforme a qualificação técnica e econô- CAPÍTULO VIII - 
mico-financeira, avaliada pelos documentos relacionados nos arts. DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO
101 e 102 desta Lei.
§ 5º - A atuação dos licitantes no cumprimento das obrigações SEÇÃO I - 
assumidas será acompanhada e anotada no registro cadastral, à DISPOSIÇÕES GERAIS
vista de informações que serão prestadas obrigatoriamente pelos
órgãos e entidades estaduais competentes, inclusive a relação de
compromissos que possam importar em diminuição da capacidade Art. 73 - Constitui condição prévia para empenho e licitação de
operacional ou financeira do inscrito. serviços, fornecimento de bens ou execução de obras que acarrete
despesa que o processo respectivo esteja instruído com:
Art. 70 - A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
cancelado o registro cadastral do inscrito que deixar de satisfazer em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;
as exigências previstas nesta Seção, ou cujo desempenho, apurado II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem
na forma do artigo precedente, não seja considerado satisfatório,
adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual
facultada ao interessado a ampla defesa.
e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias.
Art. 71 - Os órgãos e entidades da Administração estadual po-
derão, justificadamente, utilizar-se de registros cadastrais de outros
Art. 74 - O procedimento da licitação será iniciado com a aber-
órgãos ou entidades da Administração Pública.
tura do processo devidamente autuado, protocolado e numerado,
contendo a autorização respectiva do agente público competente,
SEÇÃO II - 
DAS COMISSÕES sucinta indicação de seu objeto e dos recursos para a despesa, ao
qual serão oportunamente juntados:
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;
Art. 72 - A inscrição em registro cadastral, sua alteração ou II - comprovante da publicação do edital resumido, na forma do
cancelamento, as propostas e a habilitação dos licitantes serão pro- art. 54 desta Lei, ou da entrega e afixação do convite, ou da publica-
cessadas e julgadas por comissão, permanente ou especialmente ção deste, se for o caso;
designada. III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro
§ 1º - No caso de convite, a comissão de licitação poderá, ex- administrativo ou oficial ou do servidor responsável pelo convite;
cepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em caso IV - original das propostas e dos documentos que as instruírem;
de exiguidade do pessoal disponível, ser substituída por servidor V - atas, relatórios, atos e deliberações da comissão de licitação;
formalmente designado pela autoridade competente. VI - pareceres jurídicos e, conforme o caso, outros pareceres
§ 2º - São competentes para designar as comissões de licitação, técnicos emitidos sobre a licitação;
homologar o seu julgamento e adjudicar o objeto ao licitante vence- VII - atos de homologação do procedimento licitatório e de ad-
dor, os titulares máximos dos Poderes, dos órgãos autônomos, das judicação do objeto licitado;
Secretarias de Estado e das entidades integrantes da Administração. VIII - recursos apresentados pelos interessados, intimação dos
§ 3º - As comissões de licitação, permanentes ou especiais, recursos aos demais licitantes e respectivas manifestações e deci-
serão compostas por, no mínimo, 03 (três) membros, sendo pelo sões;
menos dois deles servidores qualificados, pertencentes ao quadro IX - ato de anulação ou de revogação da licitação, devidamente
permanente do órgão da Administração responsável pela licitação. fundamentado;
§ 4º - A comissão designada para proceder ao julgamento dos X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o
pedidos de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cance- caso;
lamento, será integrada por profissionais legalmente habilitados, XI - comprovantes das publicações;
no caso de obras, serviços ou fornecimento de equipamentos. XII - demais documentos relativos à licitação.

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 75 - As minutas de editais de licitação, bem como as dos § 3º - A abertura dos envelopes relativos aos documentos das
contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente propostas e de habilitação será realizada sempre em ato público,
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração. previamente designado, do qual se lavrará ata circunstanciada as-
sinada pelos licitantes e pela comissão ou servidor responsável.
Art. 76 - Sempre que o valor estimado para uma licitação, § 4º - Todos os documentos contidos nos envelopes serão
ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas, for rubricados pelos licitantes presentes e pela comissão ou servidor
superior a 100 (cem) vezes o limite previsto para a realização de designado.
obras e serviços de engenharia na modalidade de concorrência, o § 5º - É facultado à comissão ou autoridade superior, em qual-
processo licitatório será, obrigatoriamente, iniciado com uma au- quer fase da licitação, promover diligência destinada a esclarecer
diência pública, concedida pela autoridade responsável e realiza- ou complementar a instrução do processo.
da, pelo menos, 15 (quinze) dias úteis antes da data prevista para § 6º - A comissão poderá conceder aos licitantes o prazo de
a publicação do edital e divulgada, com a antecedência mínima de 03 (três) dias úteis para a juntada posterior de documentos cujo
10 (dez) dias úteis da sua realização, pelos mesmos meios previs- conteúdo retrate situação fática ou jurídica já existente na data da
tos para a publicidade da licitação. apresentação da proposta.
§ 1º - A audiência de que trata o presente artigo será aberta à § 7º - Os erros materiais irrelevantes serão objeto de sanea-
participação de todos os interessados, que terão direito a receber mento, mediante ato motivado da comissão de licitação.
informações e a manifestar sua opinião, bem como a apresentar § 8º - É vedada a participação de uma única pessoa como re-
sugestões sobre o empreendimento. presentante de mais de um licitante.
§ 2º - As manifestações e sugestões apresentadas na forma do § 9º - O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e à to-
parágrafo anterior serão apreciadas pela Administração, em caráter mada de preços e, no que couber, ao convite.
não vinculante. § 10 - Iniciada a sessão de abertura das propostas, não mais
cabe a desistência do licitante, salvo por motivo justo, decorrente
Art. 77 - É facultado a qualquer licitante o amplo conhecimen- de fato superveniente e aceito pela comissão.
to dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório, e, a § 11 - Poderá a autoridade competente, até a assinatura do
qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o contrato, excluir licitante, em despacho motivado, se tiver ciência
pagamento dos custos devidos. de fato ou circunstância, anterior ou posterior ao julgamento da
licitação, que revele inidoneidade ou falta de capacidade técnica
Art. 78 - A licitação será processada e julgada com observân- ou financeira.
cia dos seguintes procedimentos:
I - abertura dos envelopes contendo as propostas de preço; SEÇÃO II - 
II - verificação da conformidade e compatibilidade de cada DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
proposta com os requisitos e especificações do edital ou convite e,
conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados Art. 79 - O edital conterá, em seu preâmbulo, o número de
pela Administração ou por órgão oficial competente ou, ainda, com ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu
os constantes do sistema de registro de preços, quando houver, setor, a finalidade da licitação, sua modalidade, regime de execu-
promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou ção e tipo, a menção à legislação aplicável, o local, dia e hora para
incompatíveis; recebimento das propostas e da documentação de habilitação, bem
III - julgamento e classificação das propostas, de acordo com como para o início da abertura dos envelopes respectivos e indica-
os critérios de avaliação constantes do ato convocatório; rá, obrigatoriamente, o seguinte:
IV - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes des- I - descrição clara e precisa do objeto licitado, que permita seu
classificados, contendo a respectiva documentação de habilitação, total e completo conhecimento;
desde que não tenha havido recurso ou após a sua denegação; II - local onde poderão ser examinados o edital e seus anexos,
V - abertura dos envelopes e apreciação da documentação re- o projeto básico e, se já disponível, o projeto executivo;
lativa à habilitação dos concorrentes classificados nos três primei- III - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada
ros lugares; dos instrumentos, para a execução do ajuste e para a entrega do
VI - deliberação da comissão licitante sobre a habilitação dos objeto da licitação;
três primeiros classificados; IV - exigência de garantia, se for o caso, nas modalidades pre-
VII - convocação, se for o caso, de tantos licitantes classi- vistas nesta Lei;
ficados quantos forem os inabilitados no julgamento previsto no V - sanções para ilegalidades praticadas no procedimento lici-
inciso anterior; tatório e para o inadimplemento contratual;
VIII - deliberação final da autoridade competente quanto à ho- VI - condições para participação na licitação e apresentação
mologação do procedimento licitatório e adjudicação do objeto da das propostas;
licitação ao licitante vencedor, no prazo de até 10 (dez) dias após VII - critérios de julgamento, com disposições claras e parâ-
o julgamento. metros objetivos;
§ 1º - As licitações do tipo melhor técnica e técnica e preço VIII - locais, horários e códigos de acesso a meios de comuni-
terão início com a abertura das propostas técnicas, as quais serão cação à distância em que serão fornecidos elementos, informações
analisadas e julgadas pela Comissão. e esclarecimentos complementares relativos à licitação e às condi-
§ 2º - Do julgamento previsto no parágrafo anterior caberá ções para atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento
recurso. de seu objeto;

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IX - critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, III - minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e veda- o licitante vencedor, salvo nas hipóteses de dispensa deste instru-
dos a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de mento, previstas nesta Lei;
variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto IV - as especificações complementares e as normas de execu-
nos §§ 1º e 2º, do art. 97 desta Lei; ção pertinentes à licitação;
X - equivalência das condições de pagamento entre empresas V - no caso de concurso, o respectivo regulamento.
brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais;
XI - condições de pagamento prevendo, segundo o caso: Art. 82 - Nas compras para entrega imediata, assim entendidas
a) prazo de pagamento não superior a 08 (oito) dias, contados aquelas com prazo de entrega até quinze dias contados da data da
a partir da data final do período de adimplemento de cada parcela; celebração do ajuste, poderão ser dispensados:
b) cronograma de desembolso máximo por período, em con- I - o critério de reajuste;
formidade com a disponibilidade de recursos financeiros; II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” do inci-
c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, so XI do art. 79 desta Lei, correspondente ao período compreendi-
desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até do entre as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento,
a data do efetivo pagamento; desde que não superior a quinze dias.
d) compensações financeiras e apenações, por eventuais atra-
sos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamento; Art. 83 - Nas licitações para a execução de obras e serviços,
e) exigência de seguros, quando for o caso; quando for adotada a modalidade de execução de empreitada por
XII - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva preço global, a Administração deverá fornecer, obrigatoriamente,
do custo de produção, com a indicação, sempre que possível, de junto com o edital, todas as informações e os elementos neces-
índices específicos ou setoriais que retratem a efetiva variação do sários para que os licitantes possam elaborar suas propostas de
custo de produção, para o reajustamento de preços, desde a data preços com total e completo conhecimento do objeto da licitação.
prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a que esta
se referir até a data do adimplemento de cada parcela; Art. 84 - O conhecimento da íntegra do edital será amplamen-
XIII - indicação dos prazos de validade das propostas; te assegurado a todos os interessados, nada mais se lhes exigin-
XIV - condições para o recebimento do objeto da licitação, do, para tanto, senão o pagamento do custo efetivo da reprodução
obedecidos os prazos previstos nesta Lei; gráfica ou do meio magnético do instrumento, quando solicitados.
XV - limites para pagamento de instalação e mobilização para
execução de obras e serviços, que serão obrigatoriamente destaca- Art. 85 - Nas licitações do tipo menor preço, as especificações
das das demais parcelas, etapas e tarefas; do edital poderão abranger, entre outras pertinentes ao objeto da
XVI - indicação objetiva e justificada das parcelas de maior licitação, requisitos de qualidade, rendimento e prazo, definidos
relevância técnica e de valor significativo estritamente necessárias através de parâmetros objetivos, sempre que tais fatores possam
para o objeto da licitação, para efeito da capacitação técnica dos repercutir no custo final.
licitantes;
XVII - previsão específica no caso de possibilidade de prorro- Art. 86 - Nas licitações do tipo melhor técnica, o edital defi-
gação dos prazos contratuais; nirá critérios objetivos de pontuação das propostas, bem como os
XVIII - fixação do prazo para pagamento do saldo devedor pesos e a valoração mínima estabelecida para a proposta técnica.
pelo arrematante de bem leiloado;
XIX - previsão expressa admitindo a subcontratação, quando Art. 87 - Nas licitações do tipo técnica e preço, o edital defini-
for o caso; rá critérios objetivos de pontuação das propostas, bem como os pe-
XX - fixação do valor das multas de mora por inadimplência sos para a ponderação da média das propostas técnicas e de preços.
contratual;
XXI - instruções e normas para os recursos administrativos Art. 88 - Nas licitações do tipo maior lance ou oferta, nos ca-
cabíveis, nos termos desta Lei; sos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso, o
XXII - outras indicações específicas ou peculiares da licita- edital indicará os fatores e critérios suficientes para apuração do
ção. maior lance ou oferta.

Art. 80 - O original do edital deverá ser datado, rubricado em Art. 89 - Nas concorrências de âmbito internacional, o edital
todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permane- deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do comércio
cendo no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias, resumi- exterior e atender às exigências dos órgãos competentes.
das ou integrais, para divulgação, inclusive por meios eletrônicos, § 1º - Quando ao licitante estrangeiro for permitido cotar pre-
e fornecimento aos interessados. ço em moeda estrangeira, igualmente poderá fazê-lo o licitante
brasileiro.
Art. 81 - Constituem anexos do edital, dele fazendo parte in- § 2º - No caso em que seja contratado afinal o licitante brasi-
tegrante: leiro, na hipótese do parágrafo anterior, o pagamento será efetuado
I - projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, em moeda brasileira, à taxa do câmbio vigente no dia útil imedia-
desenhos, especificações e outros complementos; tamente anterior à data do efetivo pagamento.
II - orçamento estimado e planilhas de quantitativos e preços § 3º - As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão
unitários; equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro.

Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º - Para fins de julgamento da licitação, as propostas apre- Art. 93 - No caso da licitação de tipo menor preço a classifi-
sentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos gravames cação obedecerá à ordem crescente dos preços propostos, proce-
consequentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os dendo-se, em caso de empate, exclusivamente, na forma prevista
licitantes brasileiros quanto à operação final de venda. no artigo anterior.
§ 5º - Para a realização de obras, prestação de serviços ou
aquisição de bens com recursos provenientes de financiamento Art. 94 - Para contratação de bens e serviços de informática, a
ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira Administração observará o disposto na legislação federal e adota-
ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, rá, obrigatoriamente, o tipo de licitação técnica e preço, permitido
na respectiva licitação poderão ser admitidas as condições decor- o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decre-
rentes de acordos, protocolos, convenções ou tratados internacio- to do Poder Executivo.
nais aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas
e procedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério Art. 95 - Nas licitações do tipo melhor técnica será adotado
de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, o o seguinte procedimento claramente explicitado no instrumento
qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avalia- convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração
ção, desde que por elas exigidos para a obtenção do financiamento se propõe a pagar:
ou da doação, e que também não conflitem com o princípio do I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas
julgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado do ór- dos licitantes e feita a avaliação e classificação destas propostas de
gão executor do contrato, despacho esse ratificado pela autoridade acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado,
imediatamente superior. definidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório
§ 6º - As cotações de todos os licitantes, no caso deste artigo, e que considerem a capacitação e a experiência do proponente, a
serão efetuadas para entrega no mesmo local de destino. qualidade técnica da proposta, compreendendo metodologia, or-
ganização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos
Art. 90 - A Administração não pode descumprir as normas e trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a serem mobiliza-
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. das para a sua execução;
II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á
SEÇÃO III -  à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham atingi-
DO JULGAMENTO E DA CLASSIFICAÇÃO do a valorização mínima estabelecida no instrumento convocatório
DAS PROPOSTAS e à negociação das condições propostas, com a proponente melhor
classificada, com base nos orçamentos detalhados apresentados e
Art. 91 - O julgamento das propostas será objetivo, em con-
respectivos preços unitários e tendo como referência o limite re-
formidade com os critérios previamente estabelecidos no ato con-
presentado pela proposta de menor preço entre os licitantes que
vocatório e com os princípios desta Lei.
obtiveram a valorização mínima;
§ 1º - É vedada a utilização de qualquer elemento, critério
III - no caso de impasse na negociação anterior, procedimento
ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa, ainda
idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais proponen-
quando indiretamente, burlar o princípio da igualdade entre os li-
tes, pela ordem de classificação, até a consecução de acordo para
citantes, sob pena de responsabilidade.
§ 2º - Não poderá ser considerada qualquer oferta de vantagem a contratação;
ou condição não prevista no edital ou convite, inclusive financia- IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos lici-
mentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem tantes que não forem preliminarmente habilitados ou que não obti-
baseada nas ofertas dos demais licitantes, excetuada as hipóteses verem a valorização mínima estabelecida para a proposta técnica.
de licitações nas modalidades de pregão ou leilão.
§ 3º - Não se admitirá proposta que apresente preços global ou Art. 96 - Nas licitações do tipo técnica e preço, obedecer-se-á
unitário simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com o seguinte procedimento:
os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos res- I - na primeira fase, serão abertos os envelopes das propostas
pectivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação não técnicas dos licitantes, efetuando-se sua avaliação e classificação,
tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licita-
materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os do, definidos com clareza e objetividade no instrumento convoca-
quais ele renuncie à parcela ou à totalidade da remuneração. tório e que considerem a capacitação e a experiência do proponen-
§ 4º - Aplica-se o disposto no § 3º deste artigo também às te, a qualidade técnica da proposta, compreendendo metodologia,
propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou importações de organização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados
qualquer natureza. nos trabalhos e a qualificação das equipes técnicas a serem mobili-
§ 5º - Em nenhum caso, sob pena de responsabilidade, serão zadas para a sua execução;
objeto de reformulação os critérios de julgamento previstos nesta II - será feita a avaliação e a valorização das propostas de pre-
Lei e no ato convocatório. ços, de acordo com os critérios objetivos preestabelecidos no ins-
trumento convocatório, dos licitantes já classificados na proposta
Art. 92 - No caso de empate entre duas ou mais propostas e técnica;
observado o disposto no § 2º do art. 3º desta Lei, se for o caso, a III - a classificação dos proponentes será efetuada pela ordem
classificação das propostas será decidida mediante sorteio, em ato decrescente das médias ponderadas das pontuações alcançadas nas
público, para o qual os licitantes serão convocados, vedado qual- propostas técnicas e de preços, de acordo com os pesos expressa-
quer outro critério. mente estabelecidos no ato convocatório.

Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 97 - Serão desclassificadas: Art. 100 - A documentação relativa à regularidade fiscal, con-
I - as propostas que não atendam às exigências do ato convo- forme o caso, consistirá em:
catório da licitação; I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou
II - as propostas com valor global superior aos praticados no mer- no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);
cado ou com preços manifestamente inexequíveis, assim considerados II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou
aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade através de municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, perti-
documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes nente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;
com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são compa- III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual
tíveis com a execução do objeto do contrato, condições estas necessa- e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente,
riamente especificadas no ato convocatório da licitação. na forma da lei;
§ 1º - Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo conside- IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fun-
ram-se manifestamente inexequíveis, no caso de licitações de menor do de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situa-
preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores ção regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei.
sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes va-
lores: Art. 101 - A documentação relativa à qualificação técnica limi-
I - média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% tar-se-á a:
(cinquenta por cento) do valor orçado pela Administração; ou I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - valor orçado pela Administração. II - comprovação de aptidão para o desempenho de atividade
§ 2º - Dos licitantes classificados na forma do parágrafo anterior pertinente e compatível, em características, quantidades e prazos,
cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta por cento) do com o objeto da licitação;
menor valor a que se referem os incisos I e II, será exigida, para a assi- III - indicação das instalações, do aparelhamento e do pessoal
natura do contrato, prestação de garantia adicional, dentre as modalida- técnico, adequados e disponíveis para a realização do objeto da lici-
des previstas no art. 136, § 1º desta Lei, igual à diferença entre o valor tação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe
resultante do parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta. técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
§ 3º - Se todas as propostas forem desclassificadas ou todos os IV - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu
licitantes classificados forem inabilitados, poderá a Administração fi- os documentos e, quando exigido, de que tomou conhecimento de
xar um prazo de 08 (oito) dias úteis aos licitantes para apresentação
todas as informações e das condições locais para o cumprimento das
de nova proposta ou nova documentação, após sanadas as causas que
obrigações objeto da licitação;
motivaram a desclassificação ou inabilitação, facultada, no caso de
V - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial,
convite, a redução deste prazo para três dias úteis.
quando for o caso.
§ 1º - No caso das licitações pertinentes a obras e serviços, a
SEÇÃO IV - 
comprovação da aptidão referida no inciso II deste artigo será efetua-
DA HABILITAÇÃO
da mediante um ou mais atestados fornecidos por pessoas jurídicas
de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades
Art. 98 - Para a habilitação dos interessados na licitação exigir- profissionais competentes, suficientes para comprovar a aptidão do
se-á, exclusivamente, documentos relativos a: licitante.
I - habilitação jurídica; § 2º - A exigência relativa à capacitação técnica limitar-se-á à
II - regularidade fiscal; comprovação do licitante possuir, em nome da empresa, atestado de
III - qualificação técnica; responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de carac-
IV - qualificação econômico-financeira; terísticas semelhantes às do objeto da licitação, limitadas estas ex-
V - comprovação de não realização no estabelecimento de traba- clusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do
lho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) anos e de objeto da licitação ou de possuir, em seu quadro permanente e na data
qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo, na condição prevista para a entrega da proposta, profissional de nível superior ou
de aprendizes, a partir de 14 (quatorze) anos. outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor
de tal atestado;
Art. 99 - A documentação relativa à habilitação jurídica consistirá § 3º - As parcelas de maior relevância técnica e de valor signifi-
em: cativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no instru-
I - cédula de identidade; mento convocatório.
II - registro comercial, no caso de empresa individual; § 4º - Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devida- certidões ou atestados de obras ou serviços similares, de complexida-
mente registrado, no caso de sociedades comerciais, e, em se tratando de tecnológica e operacional equivalente ou superior.
de sociedades por ações, acompanhado dos documentos de eleição dos § 5º - Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação
seus administradores; de aptidão, quando for o caso, será feita através de um ou mais ates-
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, tados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou privado,
acompanhada de prova da diretoria em exercício; suficientes para comprovar a aptidão do licitante.
V - decreto de autorização, no caso de empresa ou sociedade es- § 6º - Nas licitações para contratação de serviços, o licitante po-
trangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autoriza- derá também comprovar a aptidão operacional, por meio de relação
ção para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando explícita de máquinas, equipamentos e pessoal técnico especiali-
a atividade assim o exigir. zado, considerados essenciais ao objeto da licitação, na forma pre-

Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
vista no edital, e da declaração formal de sua disponibilidade, sob § 4º - A comprovação da boa situação financeira da empresa
as penas da lei, vedadas, entretanto, as exigências de propriedade e será feita de forma objetiva, por meio do cálculo de índices con-
de sua localização prévia. tábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo
§ 7º - Quando consideradas essenciais para o cumprimento administrativo que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a
do objeto da licitação, nas hipóteses de obras, as exigências míni- exigência de índices e valores não usualmente adotados para a correta
mas relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos avaliação de situação financeira, suficiente ao cumprimento das obri-
e pessoal técnico especializado serão atendidas mediante a apre- gações decorrentes da licitação.
sentação de relação explícita e declaração formal de sua disponi-
bilidade, sob as penas da lei, vedadas, entretanto, as exigências de Art. 103 - Os documentos necessários à habilitação poderão ser
propriedade e de localização prévia. apresentados em original, cópia autenticada na forma da lei ou por
§ 8º - É vedada, em qualquer caso, sob pena de responsabi- servidor da Administração, ou por exemplar de sua publicidade em
lidade, a exigência de comprovação de atividade ou aptidão com órgão de imprensa oficial.
indicação de quantidades mínimas, prazos máximos, limitação de § 1º - A documentação de que tratam os arts. 98 a 102 desta Lei
tempo ou de época ou, ainda, em locais específicos, ou quaisquer poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite,
outras que possam direcionar o resultado da licitação ou inibir a concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.
universalidade da participação no certame. § 2º - Os documentos enumerados nos arts. 98 a 102 desta Lei po-
derão ser substituídos pelo Certificado de Registro Cadastral quanto
§ 9º - No caso de obras, serviços e compras de grande vulto,
às informações disponibilizadas em sistema informatizado de consul-
de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos
ta direta indicado no edital.
licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito § 3º - A documentação referida neste artigo poderá ser substituída
de sua aceitação ou não, será efetuada exclusivamente por critérios por Certificado de Registro Cadastral emitido por órgão ou entidade
objetivos. pública, desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em
§ 10 - Os profissionais indicados pelo licitante para fins de obediência ao disposto nesta Lei.
comprovação da capacitação técnica deverão participar da obra
ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a sua substituição por Art. 104 - As empresas estrangeiras que não funcionarem no
profissionais de experiência equivalente ou superior, desde que País atenderão, tanto quanto possível, nas licitações internacionais, às
aprovada pela Administração. exigências dos artigos anteriores, mediante documentos equivalentes,
autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor
Art. 102 - A documentação relativa à qualificação econômico- juramentado, devendo ter representação legal no Brasil, com poderes
financeira será limitada a: expressos para receber citação e responder administrativa ou judicial-
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último mente.
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que Parágrafo único - O disposto no caput deste artigo e nos arts. 105,
comprovem a boa situação financeira da empresa, podendo ser § 5º, e 126, parágrafo único, não se aplica às licitações internacionais,
atualizados por índices oficiais quando encerrados há mais de 03 quando o objeto da licitação seja:
(três) meses da data de apresentação da proposta, vedada a sua I - aquisição de bens ou serviços cujo pagamento seja feito com
substituição por balancetes ou balanços provisórios; o produto de financiamento concedido por organismo financeiro in-
II - certidão negativa de falência ou concordata, emitida pelo ternacional de que o Brasil participe, ou por agência estrangeira de
distribuidor da sede da pessoa jurídica, expedida nos 90 (noventa) cooperação;
dias anteriores à data prevista para o recebimento dos envelopes; II - compra de equipamentos fabricados e entregues no exterior,
III - garantia de participação, quando exigida no edital, limi- desde que haja prévia autorização do Chefe do Poder Executivo;
tada a 1% (um por cento) do valor estimado para o objeto da con- III - aquisição de bens e serviços realizados por unidades admi-
tratação, nas mesmas modalidades e critérios previstos no art. 136 nistrativas sediadas no exterior.
desta Lei.
Art. 105 - Quando o edital permitir, poderão licitar pessoas jurí-
§ 1º - A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da
dicas reunidas em consórcio constituído para a licitação, vedado, po-
capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos
rém, ao consorciado competir, na mesma licitação, isoladamente, ou
que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a
através de outro consórcio, obedecidas as seguintes normas:
exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de I - comprovação do compromisso público ou particular de cons-
rentabilidade ou lucratividade. tituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
§ 2º - Nas compras para entrega futura e na execução de obras II - indicação da empresa responsável pelo consórcio, que deverá
e serviços, a Administração poderá estabelecer, no instrumento atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;
convocatório da licitação, quando indispensável para assegurar o III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 98 a 102
adimplemento das obrigações a serem pactuadas, alternativamen- desta Lei por cada consorciado, admitindo-se, para efeito de quali-
te, a garantia prevista no item III deste artigo ou a exigência de ficação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado,
capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, que não poderá e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos
exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva partici-
relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, pação, podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um
admitida sua atualização por índices oficiais. acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para
§ 3º - Em cada licitação poderá, ainda, ser exigida a relação licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios
dos compromissos assumidos pelos licitantes, que repercutam so- compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas as-
bre sua capacidade financeira ou operacional. sim definidas em lei;

Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na Parágrafo único - A licitação na modalidade pregão não se
mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamente; aplica às contratações de obras e serviços de engenharia, bem
V - responsabilidade individual e solidária dos integrantes pe- como às locações imobiliárias e alienações em geral.
las exigências de ordem fiscal e administrativa, pertinentes à lici-
tação, até o recebimento definitivo do seu objeto, bem como por Art. 109 - O pregão será realizado em sessão pública presen-
todos os atos de comércio relativos à licitação e ao contrato. cial ou por meio do sistema de compras eletrônicas.
§ 1º - As empresas consorciadas, vencedoras da licitação, ficam
obrigadas a promover, antes da celebração do contrato, a constitui- Art. 110 - Os contratos celebrados pelos órgãos e entidades da
ção definitiva do consórcio, mediante arquivamento do instrumento Administração, para aquisição de bens e serviços comuns, serão
próprio na Junta Comercial da sede da empresa líder. precedidos, preferencialmente, de licitação pública na modalidade
§ 2º - A constituição de consórcio importa em compromisso tá- pregão.
cito dos consorciados de que não terão sua constituição ou compo-
sição alteradas ou modificadas sem a prévia e expressa anuência da Art. 111 - Compete à autoridade superior do órgão ou entidade
Administração, até o cumprimento do objeto da licitação, mediante promotora da licitação a designação do pregoeiro e dos componen-
termo de recebimento. tes da equipe de apoio para a condução do certame.
§ 3º - A capacitação técnica e financeira do consórcio será o § 1º - Somente poderá atuar como pregoeiro o servidor que
somatório das de seus componentes, na proporção de sua respectiva tenha realizado capacitação específica para exercer tal atribuição.
participação. § 2º - A equipe de apoio do pregoeiro deverá ser integrada, em
Revogado pelo art. 3º da Lei nº 9.658 , de 04 de outubro de sua maioria, por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego
2005. da Administração, preferencialmente pertencentes ao quadro per-
§ 4º - Poderá a Administração estabelecer, para os licitantes manente do órgão ou entidade promotora do pregão, para prestar a
reunidos em consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cen- necessária assistência ao pregoeiro.
to) dos valores exigidos do licitante individual para comprovar sua
qualificação econômico-financeira, inexigível para os consórcios Art. 112 - São atribuições do pregoeiro:
totalmente compostos de micro e pequenas empresas, assim defi- I - coordenar e conduzir os trabalhos da equipe de apoio;
nidas em lei. II - receber, examinar e decidir as impugnações ao edital;
§ 5º - No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras, a III - iniciar a sessão pública do pregão;
liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira que atenda IV - receber e examinar as credenciais e proceder ao creden-
às condições para tal fim, que forem fixadas no edital, ressalvadas ciamento dos interessados;
as licitações previstas no parágrafo único do art. 104 desta Lei. V - receber e examinar a declaração dos licitantes dando ciên-
cia da regularidade quanto às condições de habilitação;
SEÇÃO V -  VI - receber os envelopes das propostas de preço e dos docu-
DA HOMOLOGAÇÃO E DA ADJUDICAÇÃO mentos de habilitação;
VII - proceder à abertura dos envelopes das propostas de pre-
Art. 106 - Após classificadas as propostas e concluída a fase de ço, ao seu exame e à classificação dos proponentes;
habilitação, a autoridade superior competente examinará as vanta- VIII - conduzir a etapa competitiva dos lances;
gens da proposta vencedora, em relação aos objetivos de interesse IX - proceder à classificação dos proponentes depois de en-
público colimados pela licitação, homologará o procedimento lici- cerrados os lances;
tatório e adjudicará o objeto contratual ao licitante vencedor, em X - indicar a proposta ou o lance de menor preço e a sua acei-
despacho circunstanciado. tabilidade;
XI - proceder à abertura do envelope de habilitação do licitan-
Art. 107 - Quando à licitação acudir apenas um interessado, te que apresentou a melhor proposta e verificar a regularidade da
poderá ser homologada a licitação e com este celebrado o contra- documentação apresentada, a fim de declará-lo vencedor;
to, desde que esteja comprovado nos autos que o preço proposto é XII - negociar diretamente com o proponente para que seja
compatível com o de mercado e sejam satisfeitas todas as exigên- obtido preço melhor;
cias legais e regulamentares, bem como as especificações do ato XIII - adjudicar o objeto da licitação ao licitante da proposta
convocatório. de menor preço aceitável, desde que não tenha havido recurso;
XIV - receber, examinar, instruir e decidir sobre os recursos e,
SEÇÃO VI -  quando mantida a sua decisão, encaminhar os autos à autoridade
DO PREGÃO superior para deliberação;
XV - elaborar, juntamente com a equipe de apoio, a ata da
Subseção I -  sessão do pregão;
DISPOSIÇÕES GERAIS XVI - encaminhar o processo licitatório, devidamente instruí-
do, após a sua conclusão, à autoridade superior para a homologa-
Art. 108 - Para fins de realização da licitação na modalidade ção e contratação.
pregão, consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos pa-
drões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente defi- Art. 113 - Na fase interna ou preparatória do pregão, o servi-
nidos no edital, com base nas especificações usuais praticadas no dor responsável pela formalização do processo licitatório deverá
mercado. adotar, sem prejuízo de outras, as seguintes providências:

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - justificar a necessidade da contratação; II - quando o quantitativo total estimado para a contratação
II - definir o objeto a ser contratado, de forma precisa, sufi- ou o fornecimento não puder ser atendido pelo licitante vencedor,
ciente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrele- admitir-se-á a convocação de tantos quantos licitantes forem ne-
vantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou a cessários para o atingimento da totalidade do quantitativo deman-
realização do contrato; dado, respeitada a ordem de classificação, desde que os referidos
III - informar o valor estimado do objeto da licitação, de modo licitantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta vencedora;
a propiciar a avaliação da composição dos custos, através de orça- III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no inciso
mento detalhado, considerando os preços praticados no mercado; anterior, excepcionalmente, poderão ser registrados outros preços
IV - definir os métodos, a estratégia de suprimento e o prazo diferentes da proposta vencedora, desde que se trate de objetos
de execução do contrato; de qualidade ou desempenho superior, devidamente justificada e
V - estabelecer os critérios de aceitação das propostas, as exi- comprovada a vantagem, e que as ofertas sejam em valor inferior
gências de habilitação, as sanções administrativas aplicáveis por ao limite máximo admitido.
inadimplemento às cláusulas do contrato, inclusive com fixação
dos prazos e das demais condições essenciais para a contratação; Art. 118 - Precederá à abertura da sessão pública de pregão,
VI - indicar a dotação orçamentária e o cronograma físico- presencial ou eletrônico o seguinte procedimento:
financeiro de desembolso, quando for o caso; I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de
VII - definir os critérios de julgamento de menor preço, obser- publicação de aviso no Diário Oficial do Estado e no Sistema de
vando os prazos máximos para fornecimento do bem ou prestação Compras Eletrônicas e, quando o valor estimado da contratação
do serviço; as especificações técnicas e os parâmetros mínimos atingir ao limite fixado para tomada de preços, também em jornal
de desempenho e de qualidade e as demais condições que devam diário de grande circulação do Estado;
constar obrigatoriamente no edital; II - no aviso da licitação deverão constar a definição precisa
VIII - instruir o processo com a motivação dos atos especifica- do objeto, bem como a indicação dos locais, dias e horários em
dos nos incisos anteriores e os indispensáveis elementos técnicos que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital, e o local, dia e
sobre os quais estiverem apoiados. hora da realização da sessão pública;
III - até 02 (dois) dias úteis antes da data fixada para a reali-
Art. 114 - Para a participação no pregão é vedada a exigência
zação da sessão pública do pregão, qualquer cidadão ou licitante
de:
poderá solicitar esclarecimentos, providências ou impugnar o ato
I - garantia de proposta;
convocatório do pregão, cabendo ao pregoeiro decidir sobre a pe-
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para
tição no prazo de até 01 (um) dia útil;
participação no certame;
IV - o prazo fixado no edital para a apresentação das propos-
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes
tas, contados a partir da publicação do aviso, não será inferior a
ao fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo es-
08 (oito) dias úteis;
timado de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de
V - os editais deverão ser disponibilizados, na íntegra, na in-
recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.
ternet.
Art. 115 - A participação de empresas reunidas em consórcio,
quando permitida no instrumento convocatório, está condicionada Art. 119 - Como condição para celebração do contrato, o lici-
às exigências estabelecidas nesta Lei. tante vencedor deverá apresentar nova planilha de preços, com os
valores readequados ao que foi ofertado na fase de lance e manter
Art. 116 - Quando permitida a participação de empresas es- as condições de habilitação.
trangeiras na licitação, as exigências de habilitação serão atendidas Parágrafo único - Se o licitante vencedor, convocado dentro
mediante documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos do prazo de validade de sua proposta, não celebrar o contrato,
consulados e traduzidos por tradutor juramentado. é facultado à Administração, examinando e verificando a aceita-
Parágrafo único - O licitante deverá ter procurador residente e bilidade das propostas subsequentes, na ordem de classificação,
domiciliado no País, com poderes para receber citação, intimação proceder à contratação, sem prejuízo da aplicação das sanções
e responder administrativa e judicialmente por seus atos, juntando previstas na legislação pertinente.
os instrumentos de mandato com os demais documentos de habi-
litação. Subseção II - 
DO PREGÃO PRESENCIAL
Art. 117 - As compras e contratações de bens e serviços co-
muns de uso na Administração, quando efetuadas pelo Sistema de Art. 120 - O pregão presencial atenderá às disposições cons-
Registro de Preços, poderão adotar a modalidade pregão, confor- tantes dos artigos anteriores, devendo ser observado, ainda os se-
me regulamento específico, observando-se o seguinte: guintes procedimentos específicos:
I - são considerados bens e serviços comuns da área de saúde, I - a sessão pública do pregão terá início no horário fixado no
aqueles necessários ao atendimento da rede de saúde pública es- edital, devendo o licitante ou seu representante legal realizar seu
tadual, cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser ob- credenciamento, comprovando, se for o caso, que possui os neces-
jetivamente definidos no edital, por meio de especificações usuais sários poderes para formulação de propostas, lances e negociação,
do mercado; e para a prática dos demais atos inerentes ao certame;

Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - concluída a fase de credenciamento, os licitantes deve- XV - os licitantes cadastrados no Cadastro Unificado de For-
rão entregar ao pregoeiro a declaração de pleno conhecimento e necedores do Estado da Bahia poderão deixar de apresentar os
atendimento às exigências de habilitação previstas no edital e os documentos de habilitação que constem no referido Cadastro, desde
envelopes da proposta de preço e dos documentos de habilitação; que previsto no edital, para a confirmação das suas condições habili-
III - iniciada a sessão pública do pregão, não cabe desistência tatórias, com base no Sistema Informatizado de Cadastro de Fornece-
da proposta; dores do órgão competente, sendo assegurado ao licitante o direito de
IV - o pregoeiro procederá à abertura dos envelopes contendo complementar, no envelope de habilitação, a documentação, quando
as propostas de preços e classificará o autor da proposta de menor for o caso, para atualizá-la;
preço e aqueles que tenham apresentado propostas em valores su- XVI - constatado o atendimento às exigências fixadas no edital, o
cessivos e superiores em até 10% (dez por cento), relativamente à de licitante será declarado vencedor;
menor preço; XVII - se a oferta não for aceita ou se o licitante desatender às
V - quando não forem verificadas, no mínimo, 03 (três) propostas exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará a oferta subsequen-
escritas de preços nas condições definidas no inciso anterior, o pre- te, na ordem de classificação, verificando a sua aceitabilidade e pro-
goeiro classificará as propostas subsequentes de menor preço, até o cedendo à habilitação do proponente e assim sucessivamente até a
máximo de 03 (três), para que seus autores participem dos lances ver- apuração de uma proposta que atenda às condições estabelecidas no
bais, quaisquer que sejam os preços oferecidos nas propostas escritas; edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor;
VI - em seguida, será dado início a etapa de apresentação de lan- XVIII - quando todas as propostas escritas forem desclassifica-
ces verbais pelos proponentes selecionados, que deverão, de forma das, o pregoeiro poderá suspender o pregão e estabelecer uma nova
sucessiva e distinta, apresentar seus lances, a começar com o autor da data, com prazo não superior a 03 (três) dias úteis, para o recebimento
proposta selecionada de maior preço e seguido dos demais, em ordem de novas propostas;
decrescente, até que não haja mais cobertura da oferta de menor valor; XIX - nas situações previstas nos incisos VIII, X, XII, XVI e
VII - somente serão admitidos lances verbais em valores inferio- XXVIII o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente
res aos anteriormente propostos pelo mesmo licitante; para que seja obtido preço melhor;
Redação do inciso VII do art. 120 de acordo com o art. 1º da Lei XX - declarado o vencedor, ao final da sessão, qualquer licitante
nº 9.658, de 04 de outubro de 2005. poderá manifestar, motivadamente, a intenção de recorrer da decisão
Redação original: “VII -somente serão admitidos lances verbais do pregoeiro, através do registro da síntese das suas razões em ata,
cujos valores se situem abaixo do menor valor anteriormente regis- sendo que a falta de manifestação imediata e motivada implicará a
trado”; decadência do direito de recurso e, consequentemente, a adjudicação
VIII - a desistência em apresentar lance verbal, quando convoca- do objeto da licitação ao licitante vencedor pelo pregoeiro;
do pelo pregoeiro, implicará a exclusão do licitante da etapa de lances XXI - manifestada a intenção de recorrer, será concedido o pra-
e na manutenção do último preço apresentado pelo licitante, para efei- zo de 03 (três) dias úteis para a apresentação das razões do recurso,
to de ordenação das propostas; ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentarem
IX - caso não se realizem lances verbais, será verificada a con- contrarrazões, se quiserem, em igual prazo, cuja contagem terá início
formidade entre a proposta escrita de menor preço e o valor estimado no primeiro dia útil subsequente ao do término do prazo do recorrente;
para a contratação; XXII - o exame, a instrução e o encaminhamento dos recursos à
X - caso não se realizem lances verbais pelos licitantes seleciona- autoridade superior do órgão ou entidade promotora da licitação, será
dos e a proposta de menor preço vier a ser desclassificada ou, ainda, realizado pelo pregoeiro no prazo de até 03 (três) dias úteis;
inabilitada, o pregoeiro deverá restabelecer a etapa competitiva de XXIII - a autoridade superior do órgão ou entidade promotora da
lances entre os licitantes, obedecendo aos critérios dos incisos IV e licitação terá o prazo de até 03 (três) dias úteis para decidir o recurso;
V deste artigo; XXIV - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas
XI - havendo apenas uma proposta e desde que atenda a todas as dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
condições do edital e estando o seu preço compatível com os pratica- XXV - decididos os recursos e constatada a regularidade dos atos
do no mercado, esta poderá ser aceita, devendo o pregoeiro negociar, procedimentais, a autoridade superior fará a adjudicação do objeto
visando obter preço melhor; ao licitante vencedor e homologará a licitação, sendo o adjudicatário
XII - declarada encerrada a etapa competitiva e ordenadas as pro- convocado para assinar o contrato no prazo estabelecido no edital;
postas, o pregoeiro examinará a aceitabilidade da primeira oferta clas- XXVI - como condição para celebração do contrato, o licitante
sificada quanto ao objeto e valor, decidindo motivadamente a respeito; vencedor deverá manter as condições de habilitação;
XIII - concluída a etapa classificatória das propostas e lances ver- XXVII - para a contratação, o licitante vencedor deverá encami-
bais, e sendo aceitável a proposta de menor preço, o pregoeiro dará nhar, no prazo de até 01 (um) dia útil após o encerramento da sessão,
início à fase de habilitação com a abertura do envelope contendo a nova planilha de preços, com os valores readequados ao que foi ofer-
documentação do proponente da melhor oferta, confirmando as suas tado no lance verbal;
condições de habilitação; XXVIII - o prazo de validade das propostas será de 60 (sessenta)
XIV - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante dias, se outro não estiver fixado no edital;
está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade XXIX - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de
Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, e as Fa- validade de sua proposta, não celebrar o contrato, é facultado à Admi-
zendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, e com a compro- nistração examinar e verificar a aceitabilidade das propostas sub-
vação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação sequentes, na ordem de classificação, procedendo à contratação,
jurídica e qualificações técnicas e econômico-financeiro; sem prejuízo da aplicação das sanções previstas nesta Lei.

Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Subseção III -  XVI - durante o transcurso da sessão pública, os licitantes
DO PREGÃO ELETRÔNICO serão informados, em tempo real, do valor do menor lance regis-
trado que tenha sido apresentado pelos demais licitantes, vedada a
Art. 121 - O pregão eletrônico atenderá às disposições cons- identificação do detentor do lance;
tantes dos arts. 108 e 119, devendo ser observados, ainda, os pro- XVII - a etapa de lances da sessão pública, prevista em edital,
cedimentos específicos constantes deste artigo: será encerrada mediante aviso de fechamento iminente dos lances,
I - como condição para participação do pregão por meio ele- emitido pelo sistema aos licitantes, após o que transcorrerá período
trônico é necessário, previamente, o credenciamento pelos usuá- de tempo de até 30 (trinta) minutos, aleatoriamente, determinado
rios e os licitantes; também pelo sistema eletrônico, findo o qual será automaticamen-
II - o credenciamento se dará através da atribuição de chave te encerrada a recepção de lances;
de identificação e ou senha individual; XVIII - alternativamente ao disposto no inciso anterior, desde
III - o credenciamento do usuário será pessoal e intransferível que previsto no edital e com justificativa do pregoeiro registrada
para acesso ao sistema, sendo o mesmo responsável por todos os em ata, o encerramento antecipado da sessão pública poderá ocor-
rer por sua decisão, quando transcorrido o tempo mínimo de 50%
atos praticados nos limites de suas atribuições e competências;
(cinquenta por cento) do previsto inicialmente no edital para a ses-
IV - o credenciamento do usuário implica em sua responsabi-
são de lances, mediante o encaminhamento de aviso de fechamen-
lidade legal e na presunção de capacidade técnica para realização
to iminente dos lances e subsequente transcurso do prazo de até 30
das transações inerentes ao pregão;
(trinta) minutos, findo o qual será encerrada a recepção de lances;
V - o licitante é responsável pelos ônus decorrentes da perda XIX - no caso da adoção do rito previsto no inciso anterior,
de negócios, resultante da inobservância de quaisquer mensagens encerrada a etapa competitiva, o pregoeiro poderá encaminhar,
emitidas pelo pregoeiro ou pelo sistema, ainda que ocorra sua des- pelo sistema eletrônico, contraproposta diretamente ao licitante
conexão; que tenha apresentado o lance de menor valor, bem assim decidir
VI - a sessão pública do pregão terá início no horário fixado sua aceitação;
no edital; XX - o pregoeiro anunciará, imediatamente após o encerra-
VII - a participação no pregão dar-se-á por meio da digitação mento da etapa de lances da sessão pública ou, quando for o caso,
da senha de identificação do licitante e subsequente encaminha- após a negociação e decisão acerca da aceitação do lance de menor
mento de proposta de preço até a data e horário previstos no edi- valor, a proposta que, em consonância com as especificações con-
tal, exclusivamente por meio do sistema eletrônico; tidas no edital, apresentou o menor preço;
VIII - como requisito para participação no pregão, o licitante XXI - ao final da sessão, o licitante vencedor deverá encami-
deverá manifestar, em campo próprio do sistema, o pleno conhe- nhar nova planilha de custos, com os respectivos valores readequa-
cimento e atendimento às exigências de habilitação previstas no dos ao valor ofertado e registrado de menor lance;
edital; XXII - na hipótese do inciso anterior, como requisito para a
IX - no caso de contratação de serviços comuns, as planilhas celebração do contrato, o licitante vencedor deverá apresentar o
de custos previstas no edital deverão ser encaminhadas em formu- documento original ou cópia autenticada da proposta e da planilha
lário eletrônico específico, juntamente com a proposta de preços; de custos;
X - iniciada a sessão pública do pregão eletrônico, não cabe XXIII - encerrada a etapa de lances da sessão pública, o li-
desistência da proposta; citante detentor da melhor oferta deverá comprovar a situação de
XI - a partir do horário previsto no edital, terá início a sessão regularidade na forma prevista no edital, devendo a comprovação
pública do pregão eletrônico, com a divulgação das propostas de se dar, de imediato, mediante a remessa da documentação via fax,
preços recebidas e em perfeita consonância com as especificações com o encaminhamento do original ou cópia autenticada no prazo
e condições estabelecidas no edital; máximo de 02 (dois) dias úteis do encerramento do pregão, sendo,
inclusive, condição indispensável para a contratação;
XII - aberta a etapa competitiva, os licitantes poderão enca-
XXIV - a indicação do lance vencedor, a classificação dos lan-
minhar lances exclusivamente por meio do sistema eletrônico,
ces apresentados e das informações relativas à sessão pública do
sendo imediatamente informado do seu recebimento e respectivo
pregão deverão constar da ata divulgada no sistema, sem prejuízo
horário de registro e valor;
das demais formas de publicidade previstas nesta Lei;
XIII - os licitantes poderão oferecer lances sucessivos, obser- XXV - se a oferta de menor valor não for aceitável, ou se o li-
vado o horário fixado e as regras de aceitação dos mesmos estabe- citante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro exami-
lecidas no edital convocatório; nará a oferta subsequente, na ordem de classificação, verificando
XIV - o sistema eletrônico rejeitará automaticamente os lan- a sua aceitabilidade e procedendo à habilitação do proponente, e
ces em valores superiores aos anteriormente apresentados pelo assim sucessivamente, até a apuração de uma proposta que atenda
mesmo licitante; às condições estabelecidas no edital, sendo o respectivo licitante
Redação do inciso XIV do art. 121 de acordo com o art. 1º da declarado vencedor;
Lei nº 9.658, de 04 de outubro de 2005. XXVI - na situação prevista no inciso anterior, o pregoeiro po-
Redação original: “XIV - o sistema eletrônico rejeitará auto- derá negociar diretamente com o proponente para que seja obtido
maticamente os lances cujos valores forem superiores ao último preço melhor;
lance anteriormente registrado no sistema e aceito”; XXVII - quando todas as propostas forem desclassificadas, o
XV - não serão registrados, para o mesmo item, 02 (dois) ou pregoeiro poderá suspender o pregão e estabelecer, imediatamente,
mais lances de mesmo valor, prevalecendo aquele que for recebi- um novo prazo de até 30 (trinta) minutos para o recebimento de
do e registrado primeiro; novas propostas;

Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XXVIII - constatado que o proponente da melhor oferta aceitá- CAPÍTULO IX - 
vel atende às exigências fixadas no edital, o licitante será declarado DOS CONTRATOS
vencedor;
XXIX - declarado o vencedor, ao final da sessão, qualquer lici- SEÇÃO I - 
tante poderá manifestar, motivadamente, no prazo de até 10 (dez) mi- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
nutos, a intenção de recorrer da decisão do pregoeiro, com o registro
da síntese das suas razões em ata, sendo que a falta de manifestação Art. 123 - Os contratos administrativos de que trata esta Lei
imediata e motivada importará na decadência do direito de recurso e, regem-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito públi-
consequentemente, na adjudicação do objeto da licitação ao licitante co, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral
vencedor; dos contratos e as disposições de direito privado.
XXX - manifestada a intenção de recorrer, por qualquer dos lici-
tantes, será concedido o prazo de 03 (três) dias úteis para a apresenta- Art. 124 - Os contratos definirão, com clareza e precisão, os
ção das razões do recurso, que deverá ser formulado em documento direitos, obrigações e responsabilidades das partes e as condições
próprio no sistema eletrônico, ficando os demais licitantes desde logo de seu cumprimento e execução, de acordo com os termos da lici-
intimados para apresentarem contrarrazões, se quiserem, em igual tação e da proposta a que se vinculam.
prazo, cuja contagem terá início no primeiro dia útil subsequente ao § 1º - Os contratos decorrentes de dispensa ou inexigibilidade
do término do prazo do recorrente; de licitação devem atender aos termos do ato que os autorizou e
XXXI - o exame, a instrução e o encaminhamento dos recursos aos da respectiva proposta.
à autoridade superior, será realizado pelo pregoeiro no prazo de até § 2º - São competentes para celebrar contratos os Chefes de
03 (três) dias úteis; Poder, os Presidentes dos Tribunais de Contas, o Procurador Geral
XXXII - a autoridade superior do órgão promotor do pregão ele- de Justiça e os titulares das entidades públicas da Administração
trônico terá o prazo de até 03 (três) dias úteis para decidir o recurso; indireta ou quem deles receber delegação.
XXXIII - o acolhimento de recurso importará na invalidação § 3º - O prazo para assinatura dos contratos, a ser fixado no
apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; instrumento convocatório, não poderá exceder 30 (trinta) dias, a
contar da data da homologação e adjudicação da respectiva licita-
XXXIV - decididos os recursos e constatada a regularidade dos
ção ou do despacho autorizador de sua dispensa ou inexigibilida-
atos procedimentais, a autoridade superior fará a adjudicação do ob-
de, prorrogável pela metade, em despacho motivado da autoridade
jeto ao licitante vencedor e homologará a licitação, sendo o adjudi-
competente.
catário convocado para assinar o contrato no prazo estabelecido no
§ 4º - O adjudicatário será convocado para, no prazo e condi-
edital;
ções estabelecidos no instrumento convocatório, firmar o termo de
XXXV - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, sob pena de
validade de sua proposta, não celebrar o contrato, é facultado à Ad- decair seu direito à contratação, podendo solicitar sua prorrogação
ministração examinar e verificar a aceitabilidade das propostas sub- por igual período, por motivo justo e aceito pela Administração.
sequentes, na ordem de classificação, procedendo à contratação, sem
prejuízo da aplicação das sanções previstas na legislação específica. Art. 125 - É vedado ao agente político e ao servidor público de
Parágrafo único - Os atos essenciais do pregão eletrônico serão qualquer categoria, natureza ou condição, celebrar contratos com
documentados no processo respectivo, com vistas à aferição de sua a Administração direta ou indireta, por si ou como representante
regularidade pelos agentes de controle, nos termos da legislação per- de terceiro, sob pena de nulidade, ressalvadas as exceções legais.
tinente. Parágrafo único - Não se inclui na vedação deste artigo a
prestação de serviços em caráter eventual, de consultoria técnica,
SEÇÃO VII -  treinamento e aperfeiçoamento, bem como a participação em co-
DA REVOGAÇÃO E DA ANULAÇÃO missões examinadoras de concursos, no âmbito da Administração
Pública.
Art. 122 - A autoridade superior competente somente poderá re-
vogar a licitação por motivo de interesse público decorrente de fato Art. 126 - São cláusulas necessárias, em todo contrato, as que
superveniente, devidamente comprovado, pertinente e suficiente para estabeleçam:
justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou I - o objeto e seus elementos característicos;
por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
fundamentado. III - o preço e as condições de pagamento; os critérios, data-
§ 1º - A anulação do procedimento licitatório por motivo de ile- -base e periodicidade do reajustamento de preços; os critérios de
galidade não gera a obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no atualização monetária entre a data de adimplemento das obriga-
parágrafo único do art. 128 desta Lei. ções e a do seu efetivo pagamento;
§ 2º - A nulidade do procedimento licitatório induz a nulidade IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão,
do contrato, com as consequências previstas no parágrafo único do de entrega, de observação e de recebimento provisório ou definiti-
art. 128 desta Lei. vo, conforme o caso;
§ 3º - Em qualquer caso de desfazimento do processo licitatório, V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com indicação da
ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa. classificação funcional programática e da categoria econômica;
§ 4º - O disposto neste artigo e em seus parágrafos aplica-se, no VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execu-
que couber, aos procedimentos de dispensa e de inexigibilidade de ção, quando exigidas;
licitação. VII - o sistema de fiscalização;

Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VIII - os direitos e responsabilidades das partes, as sanções Art. 129 - Aplica-se o disposto nos arts. 126 e 128 desta Lei e
contratuais e o valor das multas; demais normas gerais, no que couber:
IX - os casos de rescisão; I - aos contratos de seguro, de financiamento e de locação em
X - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso que a Administração seja locatária, e aos demais cujo conteúdo
de rescisão administrativa por inexecução total ou parcial do con- seja regido, predominantemente, por normas de direito privado;
trato; II - aos contratos em que Administração for parte, como usuá-
XI - a responsabilidade pelos prejuízos decorrentes de parali- ria de serviço público.
sação da obra, serviço ou fornecimento;
XII - quando for o caso, as condições de importação e expor- Art. 130 - A Administração não poderá celebrar o contrato
tação, a data e a taxa de câmbio para conversão ou o critério para com preterição da ordem de classificação das propostas ou com
a sua determinação; terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nu-
XIII - o foro judicial; lidade.
XIV - a vinculação ao edital ou convite, ou ao termo que a
dispensou ou a inexigiu e à proposta do licitante vencedor; SEÇÃO II - 
XV - a legislação aplicável à execução do contrato e especial- DA FORMALIZAÇÃO
mente aos casos omissos;
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a Art. 131 - São formalidades essenciais dos contratos adminis-
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações as- trativos e seus aditamentos:
sumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas I - celebração por autoridade competente;
na licitação, inclusive de apresentar, ao setor de liberação de fatu- II - forma escrita, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo;
ras e como condição de pagamento, os documentos necessários. III - redação na língua vernácula ou tradução para esta, se ce-
Parágrafo único - Nos contratos celebrados pela Administra- lebrados em idioma estrangeiro;
ção com pessoa física ou jurídica, inclusive as domiciliadas no ex- IV - estipulação do preço em moeda nacional, convertendo-se
terior, deverão constar necessariamente cláusula que declare com- para esta, ao câmbio do dia, o valor pactuado em moeda estran-
petente o foro da capital do Estado da Bahia para dirimir qualquer geira.
questão contratual, salvo o disposto no parágrafo único do art. 104 § 1º - A publicação resumida do instrumento de contrato e de
desta Lei. seus aditamentos na imprensa oficial, condição indispensável para
sua validade e eficácia, deverá ocorrer no prazo de 10 (dez) dias
corridos da sua assinatura, qualquer que seja o seu valor, ainda
Art. 127 - O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
que sem ônus, ressalvados os contratos decorrentes de dispensa de
tituído por esta Lei confere à Administração as prerrogativas de:
licitação com base nos incisos I e II, do art. 59 desta Lei.
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
§ 2º - A publicação referida no parágrafo anterior deverá con-
finalidades de interesse público, desde que mantido o equilíbrio
ter, obrigatoriamente, a indicação da modalidade de licitação e de
econômico-financeiro original do contrato e respeitados os demais
seu número de referência ou do ato de fundamentação legal da
direitos do contratado;
dispensa ou inexigibilidade, nome das partes, objeto, valor, fonte
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados nos orçamentária da despesa, prazo de duração, regime de execução e
incisos I a XV, XX e XXI do art. 167 desta Lei; forma de pagamento.
III - fiscalizar-lhes a execução; § 3º - Os aditivos contratuais serão publicados nas mesmas
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou par- condições do contrato aditado, mencionando-se, obrigatoriamente,
cial do ajuste; em caso de alteração do seu valor, o que consta do instrumento
V - no caso de serviços essenciais, ocupar e utilizar proviso- originário, sob pena de responsabilidade da autoridade signatária.
riamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados à § 4º - É nulo de pleno direito o contrato verbal com a Admi-
execução do contrato, havendo necessidade de acautelar apuração nistração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, em
administrativa de faltas contratuais, ou na hipótese de rescisão do regime de adiantamento, de valor não superior a 5% (cinco por
contrato administrativo. cento) do limite estabelecido para compras e serviços que não se-
§ 1º - As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos jam de engenharia, na modalidade de convite.
contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia § 5º - Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas re-
concordância do contratado. partições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos
§ 2º - Na hipótese de alteração unilateral do contrato, serão seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os re-
revistas as suas cláusulas econômico-financeiras para que se man- lativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por ins-
tenha o equilíbrio contratual. trumento lavrado em cartório competente, juntando-se cópias da
documentação no processo que lhe deu origem.
Art. 128 - A declaração de nulidade do contrato administra-
tivo opera retroativamente, desconstituindo os efeitos jurídicos já Art. 132 - O instrumento de contrato é obrigatório nos casos
produzidos e impedindo os que seriam ordinariamente produzidos. de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas,
Parágrafo único - A nulidade não exonera a Administração do inexigibilidades e pregão cujos preços estejam compreendidos nos
dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado limites daquelas modalidades de licitação, e facultativo nos demais
até a data de sua declaração e por outros prejuízos regularmente em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos
comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo- hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, au-
se a responsabilidade de quem lhe deu causa. torização de compra ou ordem de execução de serviço.

Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou § 5º - O complemento da garantia poderá ser exigido de uma
ato convocatório da licitação. vez, como condição para a assinatura do contrato.
§ 2º - Na “carta-contrato”, “nota de empenho de despesa”, § 6º - A garantia prestada, quando em dinheiro, será atualizada
“autorização de compra”, “ordem de execução de serviço” ou ou- monetariamente na oportunidade de sua devolução pela Adminis-
tros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no tração.
art. 126 desta Lei. § 7º - A devolução da garantia ocorrerá:
§ 3º - É dispensável o “termo de contrato” e facultada a subs- I - para os licitantes desclassificados e inabilitados, após o re-
tituição prevista neste artigo, a critério da Administração e inde- sultado da classificação e da habilitação, respectivamente;
pendentemente de seu valor, nos casos de compras com entrega II - para os demais licitantes, logo após a homologação ou o
imediata e integral dos bens adquiridos, das quais não resultem fim de validade da proposta, o que ocorrer primeiro;
obrigações futuras, inclusive assistência técnica. III - para o contratado, após o recebimento definitivo do ob-
jeto do contrato.
Art. 133 - Os instrumentos contratuais obedecerão à minuta-
-padrão aprovada pela Procuradoria Geral do Estado ou pelo órgão Art. 137 - A garantia responderá pelo inadimplemento das
de assessoria jurídica da unidade responsável pela licitação. obrigações contratuais e pelas multas impostas, independente-
Parágrafo único - Os setores técnicos dos órgãos ou entidades mente de outras cominações legais.
contratantes fornecerão aos setores jurídicos minuta do instrumen-
to contratual contendo as cláusulas técnicas, retratando fielmente Art. 138 - No caso de contratos que importem na entrega de
o estipulado no edital. bens pela Administração, nos quais a posse for transferida para o
contratado, o valor da garantia será acrescido até 20% (vinte por
Art. 134 - Os atos de prorrogação, suspensão ou rescisão dos cento) do valor desses bens.
contratos administrativos sujeitar-se-ão às formalidades exigidas
para a validade do contrato originário. SEÇÃO IV - 
DOS PRAZOS DE DURAÇÃO
Art. 135 - Independem de termo contratual aditivo, podendo
ser registrado por simples apostila: Art. 139 - É vedado o contrato com prazo de vigência inde-
I - a simples alteração na indicação dos recursos orçamentá- terminado.
rios ou adicionais custeadores da despesa, sem modificação dos
respectivos valores; Art. 140 - A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
II - reajustamento de preços previsto no edital e no contrato, adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
bem como as atualizações, compensações ou apenações financei- quanto aos relativos:
ras decorrentes das condições de pagamento dos mesmos cons- I - aos projetos cujos produtos estejam incluídos entre as
tantes. metas do Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se
houver interesse da Administração e desde que haja previsão no
SEÇÃO III -  ato convocatório;
DAS GARANTIAS II - à prestação de serviços a serem executados de forma con-
tínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por sucessivos
Art. 136 - A critério da autoridade competente, e desde que períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vanta-
previsto no instrumento convocatório, poderá ser exigida presta- josas para a Administração, limitada a 60 (sessenta) meses;
ção de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. III - ao aluguel de equipamento e à utilização de programas
§ 1º - São modalidades de garantia: de informática, cuja duração poderá estender-se pelo prazo de até
I - caução em dinheiro ou títulos da dívida pública; 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
II - seguro-garantia; Parágrafo único - Em caráter excepcional, devidamente justi-
III - fiança bancária. ficado e mediante autorização da autoridade superior, o prazo de
§ 2º - As garantias a que se refere o parágrafo anterior, quando que trata o inciso II deste artigo poderá ser prorrogado por até 12
exigidas, não excederão a 1% (um por cento) do valor estimado (doze) meses.
para as licitações, nem a 5% (cinco por cento) do valor efetivo dos
contratos, devendo ser fixadas de acordo com o vulto e a natureza Art. 141 - Os prazos de início de etapas de execução, de con-
da obra, compra ou serviço. clusão e de entrega admitem prorrogação, mantidos todos os di-
§ 3º - Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, reitos, obrigações e responsabilidades e assegurada a manutenção
envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consi- do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, desde que ocorra
deráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado alguma das seguintes causas:
pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no pará- I - alteração qualitativa do projeto ou de suas especificações
grafo anterior poderá ser elevado para até 10% (dez por cento) do pela Administração;
valor do contrato. II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, ou
§ 4º - A garantia prestada pelo licitante vencedor poderá con- previsível de consequências incalculáveis, alheio à vontade das
verter-se em garantia do contrato, devendo ser complementada, partes, que altere fundamentalmente as condições da execução do
quando necessário. contrato;

Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - retardamento na expedição da ordem de execução do § 1º - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
serviço ou autorização de fornecimento, interrupção da execução ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas
do contrato ou diminuição do ritmo do trabalho, por ordem e no obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
interesse da Administração; valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de refor-
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra- ma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta
to, nos limites permitidos por esta Lei; por cento) para os seus acréscimos.
V - impedimento, total ou parcial, da execução do contrato por § 2º - Respeitados os limites e para os fins do parágrafo ante-
fato ou ato de terceiro, reconhecido pela Administração em docu- rior, se o contrato não tiver estipulado preços unitários para obras
mento contemporâneo à sua ocorrência; e serviços, esses serão fixados com base em tabelas oficiais e, na
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra- sua falta, mediante acordo entre as partes.
ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos, de que resulte im- § 3º - Nenhum acréscimo ou supressão poderá ser realizado
pedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo sem a devida motivação ou exceder os limites estabelecidos no §
das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. 1º deste artigo, salvo as supressões resultantes de acordo celebrado
pelos contratantes.
Art. 142 - Qualquer prorrogação deverá ser solicitada ainda § 4º - Em caso de supressão de obras, bens e serviços, se o
no prazo de vigência do contrato, com justificação escrita e previa- contratado, antes de notificado, já houver adquirido os materiais
mente autorizada pela autoridade competente para celebrar o ajuste.
necessários e posto no local dos trabalhos, deverá ser reembolsado
Parágrafo único - A prorrogação dos contratos de prestação de
pelos custos de aquisição regularmente comprovados e monetaria-
serviços a serem executados de forma contínua deverá ser solicita-
mente corrigidos, podendo caber a indenização por outros danos
da pelo servidor responsável pelo seu acompanhamento no prazo
eventualmente decorrentes da supressão, desde que regularmente
máximo de até 60 (sessenta) dias antes do seu termo final.
comprovados.
SEÇÃO V -  § 5º - Quaisquer tributos ou encargos legais criados, altera-
DAS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS E DAS REVISÕES dos ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais,
DOS PREÇOS quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de com-
provada repercussão nos preços contratados, implicarão revisão
Art. 143 - Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera- destes para mais ou para menos, conforme o caso.
dos, mediante justificação expressa, nos seguintes casos: § 6º - Havendo alteração unilateral do contrato que aumente
I - unilateralmente pela Administração: os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer,
a) quando necessária, por motivo técnico devidamente justi- por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
ficado, a modificação do projeto ou de suas especificações, para § 7º - A revisão do preço original do contrato, quando imposta
melhor adaptação aos objetivos do contrato; em decorrência das disposições deste artigo, dependerá da efetiva
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- comprovação do desequilíbrio, das necessárias justificativas, dos
corrência de majoração ou redução quantitativa de seu objeto, nos pronunciamentos dos setores técnico e jurídico e da aprovação da
limites permitidos por esta Lei; autoridade competente.
II - por acordo das partes: § 8º - A variação do valor contratual para fazer face ao rea-
a) quando conveniente a substituição ou reforço da garantia de juste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, com-
execução; pensações ou apenações financeiras decorrentes das condições
b) quando necessária a modificação do regime de execução da de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, por verifica- orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido,
ção técnica da inadequação das condições contratuais originárias; não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.
por motivos relevantes e supervenientes, mantido o valor original
atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao SEÇÃO VI - 
cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta-
DO REAJUSTAMENTO
ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
d) quando necessário o restabelecimento da relação que as
Art. 144 - O reajustamento dos preços contratuais, previsto
partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e
nesta Lei, deverá retratar a variação efetiva do custo de produção,
a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra,
serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio optando a Administração pela adoção dos índices específicos ou
econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevi- setoriais mais adequados à natureza da obra, compra ou serviço,
rem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências in- sempre que existentes.
calculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado,
ou seja, em caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou Art. 145 - Na ausência dos índices específicos ou setoriais,
fato da Administração, configurando área econômica extraordinária previstos no artigo anterior, adotar-se-á o índice geral de preços
e extracontratual; mais vantajoso para a Administração, calculado por instituição ofi-
e) quando possível a redução do preço ajustado para compati- cial, que retrate a variação do poder aquisitivo da moeda.
bilizá-lo ao valor de mercado ou quando houver diminuição, devi- Parágrafo único - Quando o bem ou serviço estiver submetido
damente comprovada, dos preços dos insumos básicos utilizados a controle governamental, o reajustamento de preços não poderá
no contrato. exceder aos limites fixados.

Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 146 - O reajustamento de preços será efetuado na periodi- Art. 153 - O recebimento de material, a fiscalização e o acom-
cidade prevista em lei federal, considerando-se a variação ocorrida panhamento da execução do contrato ficarão a cargo de comissão
desde a data da apresentação da proposta ou do orçamento a que de servidores permanentes do quadro da Administração, sob a su-
esta se referir até a data do efetivo adimplemento da obrigação. pervisão geral do órgão central de controle, acompanhamento e
Parágrafo único - Quando, antes da data do reajustamento, avaliação financeira de contratos e convênios, órgão este com qua-
tiver ocorrido revisão do contrato para manutenção do seu equi- dro de pessoal obrigatoriamente recrutado por concurso público.
líbrio econômico financeiro, exceto nas hipóteses de força maior, Parágrafo único - Nas contratações de grande vulto ou de alta
caso fortuito, agravação imprevista, fato da administração ou fato complexidade técnica e mediante despacho fundamentado da auto-
do príncipe, será a revisão considerada à ocasião do reajuste, para ridade competente, a fiscalização e o acompanhamento da execu-
evitar acumulação injustificada. ção do contrato poderão ser realizados por pessoa física ou jurídica
especializada, contratada para esse fim, sem reduzir nem excluir a
Art. 147 - Havendo atraso ou antecipação na execução das responsabilidade do contratado no cumprimento de seus encargos.
obras, serviços ou fornecimentos, relativamente à previsão do res-
pectivo cronograma, que decorra da responsabilidade ou iniciativa Art. 154 - Cabe à fiscalização acompanhar e verificar a perfei-
do contratado, o reajustamento obedecerá às condições seguintes: ta execução do contrato, em todas as suas fases, até o recebimento
I - quando houver atraso, sem prejuízo da aplicação das san- do objeto, competindo-lhe, primordialmente, sob pena de respon-
ções contratuais devidas pela mora, se os preços aumentarem, sabilidade:
prevalecerão os índices vigentes na data em que deveria ter sido I - anotar, em registro próprio, as ocorrências relativas à exe-
cumprida a obrigação; se os preços diminuírem, prevalecerão os cução do contrato, determinando as providências necessárias à
índices vigentes na data do efetivo cumprimento da obrigação; correção das falhas ou defeitos observados;
II - quando houver antecipação, prevalecerá o índice da data II - transmitir ao contratado instruções e comunicar alterações
do efetivo cumprimento da obrigação. de prazos, cronogramas de execução e especificações do projeto,
quando for o caso;
Art. 148 - Na hipótese de atraso na execução do contrato por III - dar imediata ciência a seus superiores e ao Órgão Central
culpa da Administração, prevalecerão os índices vigentes nesse de Controle, Acompanhamento e Avaliação Financeira de con-
período, se os preços aumentarem, ou serão aplicados os índices tratos e convênios, dos incidentes e ocorrências da execução que
correspondentes ao início do respectivo período, se os preços di-
possam acarretar a imposição de sanções ou a rescisão contratual;
minuírem.
IV - adotar, junto a terceiros, as providências necessárias para
a regularidade da execução do contrato;
Art. 149 - A atualização monetária dos pagamentos devidos
V - promover, com a presença do contratado, as medições das
pela Administração, em caso de mora, será calculada considerando
obras e a verificação dos serviços e fornecimentos já efetuados,
a data do vencimento da fatura ou outro documento de cobrança e
emitindo a competente habilitação para o recebimento de paga-
a do seu efetivo pagamento, de acordo com os critérios previstos
mentos;
no ato convocatório e que lhes preserve o valor.
VI - esclarecer prontamente as dúvidas do contratado, solici-
Art. 150 - Para fins de atualização monetária dos débitos da tando ao setor competente da Administração, se necessário, pare-
Administração, serão observados os seguintes prazos de venci- cer de especialistas.
mento da obrigação contratual, contados da data de apresentação VII - cumprir as diretrizes traçadas pelo órgão central de con-
da Nota Fiscal/Fatura, ou outro documento de cobrança: trole, acompanhamento e avaliação financeira de contratos e con-
I - para obras e serviços, até 08 (oito) dias úteis; vênios;
II - para compras e fornecimentos, até 08 (oito) dias úteis. VIII - fiscalizar a obrigação do contratado de manter, durante
toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obriga-
SEÇÃO VII -  ções assumidas, as condições de habilitação e qualificação exigi-
DA EXECUÇÃO, DA FISCALIZAÇÃO E DO RECEBI- das na licitação, bem como o regular cumprimento das obrigações
MENTO DO OBJETO CONTRATUAL trabalhistas e previdenciárias.

Art. 151 - O contrato deverá ser executado fielmente pelas Art. 155 - Responderá a fiscalização, em caso de omissão ou
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta inexatidão, nos casos de:
Lei, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecu- I - falta de constatação da ocorrência de mora na execução;
ção, total ou parcial. II - falta de caracterização da inexecução ou do cumprimento
Parágrafo único - A Administração deverá fornecer ao con- irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e pra-
tratado os elementos indispensáveis ao início da obra, serviço ou zos;
fornecimento, dentro de, no máximo, 10 (dez) dias da assinatura III - falta de comunicação às autoridades superiores, em tem-
do contrato. po hábil, de fatos cuja solução ultrapasse a sua competência, para
adoção das medidas cabíveis;
Art. 152 - Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se IV - recebimento provisório ou emissão de parecer circunstan-
como adimplemento da obrigação contratual a prestação do ser- ciado pelo recebimento definitivo do objeto contratual pela Admi-
viço, a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, nistração, sem a comunicação de falhas ou incorreções;
bem como qualquer outro evento contratual cuja ocorrência esteja V - emissão indevida da competente autorização para o rece-
vinculada à emissão de documento de cobrança. bimento, pela contratada, do pagamento.

Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 156 - O contratado deverá manter preposto, aceito pela § 1º - Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vul-
Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo na to, o recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado e, nos
execução do contrato, devendo substituí-lo sempre que lhe for exi- demais, mediante recibo.
gido. § 2º - O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste
artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em casos
Art. 157 - O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, excepcionais, devidamente justificados e previstos no edital.
reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o § 3º - Na hipótese de não ser lavrado o termo circunstanciado
objeto do contrato quando se verificarem vícios, defeitos ou incor- ou de não ser procedida a verificação dentro dos prazos fixados,
reções resultantes da execução ou de materiais empregados. reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à Admi-
Parágrafo único - Em caso de descumprimento de obrigação nistração nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dos mesmos.
prevista neste artigo, poderá a Administração executar, direta ou § 4º - O recebimento definitivo de obras, compras ou serviços,
indiretamente, o objeto do contrato, cobrando as despesas corres- cujo valor do objeto seja superior ao limite estabelecido para a
pondentes, devidamente corrigidas, permitida a retenção de crédi- modalidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no
tos do contratado. mínimo, 03 (três) membros.
§ 5º - Esgotado o prazo de vencimento do recebimento provi-
Art. 158 - O contratado é responsável pelas imperfeições do sório sem qualquer manifestação do órgão ou entidade contratante,
objeto contratado e pelos danos causados diretamente à Adminis- não dispondo o edital de forma diversa, considerar-se-á definitiva-
tração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo, na execução mente aceito pela Administração o objeto contratual, para todos
do contrato, não excluindo ou reduzindo tal responsabilidade a fis- os efeitos.
calização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
Art. 162 - Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos
Art. 159 - O contratado é responsável pelo cumprimento das seguintes casos:
exigências previstas na legislação profissional específica e pelos I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resul- II - serviços profissionais;
tantes da execução do contrato. III - obras e serviços de valor até o limite previsto para com-
§ 1º - A inadimplência do contratado, com relação às exigên- pras e serviços, que não sejam de engenharia, na modalidade de
cias e encargos previstos neste artigo, não transfere à Administra- convite, desde que não se componham de aparelhos, equipamentos
ção a responsabilidade pelo seu pagamento, nem poderá onerar o e instalações sujeitos à verificação de funcionamento e produtivi-
objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e dade.
edificações, inclusive perante o registro de imóveis.
§ 2º - A Administração, quando do pagamento das faturas aos Art. 163 - Salvo disposições em contrário constantes do edital,
contratados, procederá à retenção dos tributos, na forma prevista na do convite, ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais provas
legislação específica. exigidas por normas técnicas oficiais para a boa execução do obje-
§ 3º - A Administração poderá, também, exigir seguro para ga- to do contrato correm por conta do contratado.
rantia de pessoas e bens, devendo essa exigência constar do ato
convocatório da licitação, limitada a 10% (dez por cento) do valor Art. 164 - A Administração rejeitará, no todo ou em parte,
do contrato. obra, serviço ou fornecimento em desacordo com as condições
pactuadas, podendo, entretanto, se lhe convier, decidir pelo recebi-
Art. 160 - Na execução do contrato, o contratado poderá, nos mento, neste caso com as deduções cabíveis.
limites admitidos no edital e no contrato, subcontratar partes da
obra, serviço ou fornecimento, sem prejuízo das responsabilidades Art. 165 - O recebimento provisório ou definitivo não exclui a
contratuais e legais. responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do ser-
viço, nem a ético-profissional pela perfeita execução do contrato,
Art. 161 - Executado o contrato, o seu objeto será recebido: dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.
I - em se tratando de obras e serviços:
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento SEÇÃO VIII - 
e fiscalização, mediante termo circunstanciado, firmado pelas par- DA INEXECUÇÃO E DA RESCISÃO
tes, em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado, DOS CONTRATOS
com a duração máxima de 90 (noventa) dias;
b) definitivamente, em razão de parecer circunstanciado de ser- Art. 166 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a
vidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante sua rescisão, com as consequências contratuais e as previstas em
termo assinado pelas partes, após o decurso de prazo de observação lei ou regulamento.
ou de vistoria, comprovando a adequação do objeto aos termos con-
tratuais, obedecido o disposto no art. 157 desta Lei. Art. 167 - Constituem motivos para rescisão dos contratos,
II - em se tratando de compras ou locação de equipamentos: sem prejuízo, quando for o caso, da responsabilidade civil ou cri-
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da minal e de outras sanções:
conformidade do material com a especificação, pelo prazo de 15 I - razões de interesse público, de alta relevância e amplo co-
(quinze) dias; nhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantida- da esfera administrativa a que está subordinado o contratante, exa-
de do material e consequente aceitação. radas no processo administrativo a que se refere o contrato;

Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - alteração social ou modificação da finalidade ou da estru- XX - ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regular-
tura da empresa, se, a juízo da Administração, prejudicar a execu- mente comprovada, impeditiva da execução do contrato;
ção do contrato; XXI - impossibilidade de alteração do valor do ajuste por re-
III - falta de cumprimento ou cumprimento irregular de cláu- cusa da contratada, nas hipóteses previstas no art. 143 , II, alínea
sulas contratuais, especificações, projetos ou prazos; “e”, desta Lei.
IV - retardamento injustificado do início da execução do con- Parágrafo único - Os casos de rescisão contratual serão for-
trato; malmente motivados nos autos do processo, assegurados o contra-
V - mora na execução contratual, levando a Administração a ditório e a ampla defesa.
comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, serviço ou for-
necimento, nos prazos estipulados; Art. 168 - A rescisão do contrato poderá ser:
VI - paralisação, total ou parcial, da execução da obra, serviço I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração,
ou fornecimento sem justa causa previamente comunicada à Ad- nos casos enumerados nos incisos I a XV, XX e XXI do artigo
ministração; anterior;
VII - subcontratação parcial do seu objeto, a associação do II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no
contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, processo de licitação, desde que haja conveniência para a Admi-
do contrato, bem como a fusão, cisão ou incorporação da contrata- nistração;
III - judicial, nos termos da legislação.
da, não admitidas no edital e no contrato;
§ 1º - A rescisão administrativa ou amigável deverá ser prece-
VIII - desatendimento reiterado às determinações regulares da
dida de autorização motivada da autoridade competente.
fiscalização ou da autoridade superior;
§ 2º - Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos I e XVI
IX - cometimento reiterado de faltas na execução contratual,
a XX do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será
anotadas na forma do inciso I do art. 154 desta Lei; este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que hou-
X - falta de integralização da garantia nos prazos estipulados; ver sofrido, tendo ainda direito a:
XI - descumprimento da proibição de trabalho noturno, pe- I - devolução da garantia;
rigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) anos e de qualquer II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data
trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de da rescisão;
aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. III - pagamento do custo da desmobilização;
XII - superveniência da declaração de inidoneidade para lici- § 3º - Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do
tar e contratar com a Administração; contrato, o cronograma de execução será prorrogado automatica-
XIII - perecimento do objeto contratual, tornando impossível mente por igual período.
o prosseguimento da execução da avença;
XIV - declaração de falência ou instauração da insolvência Art. 169 - A rescisão de que tratam os incisos II a XII do art.
civil; 167 desta Lei acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo
XV - dissolução da sociedade ou falecimento do contratado; das sanções previstas nesta Lei:
XVI - supressão, por parte da Administração, de obras, ser- I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
viços ou compras, acarretando a modificação do valor inicial do em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
contrato além do limite permitido no art. 143, § 1º, desta Lei; II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos,
XVII - suspensão da execução contratual, por ordem escrita material e pessoal empregados na execução do contrato, necessá-
da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, rios à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 127 desta Lei;
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem III - execução da garantia contratual e cobrança dos valores
interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem das multas e das indenizações, para ressarcimento da Administra-
o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório ção;
de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas IV - retenção de créditos decorrentes do contrato até o limite
mobilizações e desmobilizações e outras previstas, assegurado dos prejuízos causados à Administração.
ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do § 1º - A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste
artigo fica a critério da Administração, que poderá dar continuida-
cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada
de à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta, observado
a situação;
neste último caso o disposto no art. 59, inciso XI desta Lei.
XVIII - atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
§ 2º - A Administração poderá, no caso de concordata, manter
devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou for-
o contrato, podendo assumir o controle direto de determinadas ati-
necimentos, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo vidades e serviços essenciais.
em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem inter- § 3º - Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser
na ou guerra, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de precedido de autorização expressa da autoridade máxima do órgão
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas ou entidade, conforme o caso.
até que seja normalizada a situação;
XIX - não liberação, por parte da Administração, de área, lo-
cal ou objeto para execução da obra, serviço ou fornecimento, nos
prazos contratuais, bem como das fontes de matérias naturais es-
pecificadas no projeto;

Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO X -  IV - prova de regularidade do convenente para com a Seguri-
DOS CONVÊNIOS dade Social (INSS), mediante a apresentação da Certidão Negati-
va de Débitos/CND, e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), mediante a apresentação do Certificado de Regularidade
Art. 170 - Constitui o convênio uma forma de ajuste entre o de Situação/CRS;
Poder Público e entidades públicas ou privadas, buscando a conse- V - plano de trabalho detalhado, com a clara identificação
cução de objetivos de interesse comum, por colaboração recíproca, das ações a serem implementadas e da quantificação de todos os
distinguindo-se dos contratos pelos principais traços característi- elementos;
cos: VI - prévia aprovação do plano de trabalho pela autoridade
I - igualdade jurídica dos partícipes; competente;
II - não persecução da lucratividade; VII - informação das metas a serem atingidas com o convê-
III - possibilidade de denúncia unilateral por qualquer dos par- nio;
tícipes, na forma prevista no ajuste; VIII - justificativa da relação entre custos e resultados, inclu-
IV - diversificação da cooperação oferecida por cada partícipe; sive para aquilatação da equação custo/benefício do desembolso
V - responsabilidade dos partícipes limitada, exclusivamente, a ser realizado pela Administração em decorrência do convênio;
às obrigações contraídas durante o ajuste. IX - especificação das etapas ou fases de execução, estabe-
lecendo os prazos de início e conclusão de cada etapa ou fase
Art. 171 - A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelo programada;
Estado da Bahia e demais entidades da Administração depende de X - orçamento devidamente detalhado em planilha;
prévia aprovação do competente plano de trabalho proposto pela XI - plano de aplicação dos recursos financeiros;
organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as se- XII - correspondente cronograma de desembolso;
guintes informações: XIII - indicação das fontes de recurso - dotação orçamentária
I - identificação do objeto a ser executado; - que assegurarão a integral execução do convênio;
II - metas a serem atingidas; XIV - a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
III - etapas ou fases de execução; exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; XV - a declaração do ordenador da despesa de que a despesa
V - cronograma de desembolso; tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de
da conclusão das etapas ou fases programadas; diretrizes orçamentárias;
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenha- XVI - sendo o convênio celebrado nos dois últimos quadri-
ria, comprovação de que os recursos próprios para complementar mestres do mandato é imprescindível que haja declaração do or-
a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o denador de despesa de que existe disponibilidade de caixa para
custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão pagamento das despesas decorrentes do convênio a ser celebrado.
descentralizador.
§ 1º - Os convênios, acordos, ou ajustes que não impliquem Art. 174 - A minuta do convênio deve ser adequada ao dis-
repasse de verba pela entidade convenente, poderão prescindir das posto no artigo anterior, devendo, ainda, contemplar:
condições previstas nos incisos IV e V deste artigo. I - detalhamento do objeto do convênio, descrito de forma
§ 2º - O plano de trabalho deverá ser elaborado com a obser- precisa e definida;
vância dos princípios da Administração Pública, especialmente os II - especificação das ações, item por item, do plano de tra-
da eficiência, economicidade, isonomia, proporcionalidade, vanta- balho, principalmente as que competirem à entidade privada de-
josidade e razoabilidade. senvolver;
§ 3º - O plano de trabalho deve detalhar as ações a serem im- III - previsão de prestações de contas parciais dos recursos
plementadas e, envolvendo construções e/ou reformas, ser acresci- repassados de forma parcelada, correspondentes e consentâneos
do do projeto próprio, aprovado pelos órgãos competentes, acom- com o respectivo plano e cronograma de desembolso, sob pena de
panhado de cronograma físico-financeiro da obra. obstar o repasse das prestações financeiras subsequentes;
IV - indicação do agente público que, por parte da Adminis-
Art. 172 - Sem prejuízo do acompanhamento direto pelos tração, fará o acompanhamento e a fiscalização do convênio e dos
órgãos setoriais, o órgão central de controle, acompanhamento e recursos repassados, bem como a forma do acompanhamento, por
avaliação financeira de contratos e convênios supervisionará a fiel meio de relatórios, inspeções, visitas e atestação da satisfatória
execução dos convênios. realização do objeto do convênio;
V - previsão de que o valor do convênio não poderá ser au-
Art. 173 - Os processos destinados à celebração de convênio mentado, salvo se ocorrer ampliação do objeto capaz de justifi-
deverão ser instruídos com os seguintes documentos: cá-lo, dependendo de apresentação e aprovação prévia pela Ad-
I - ato constitutivo da entidade convenente; ministração de projeto adicional detalhado e de comprovação da
II - comprovação de que a pessoa que assinará o convênio fiel execução das etapas anteriores e com a devida prestação de
detém competência para este fim específico; contas, sendo sempre formalizado por aditivo;
III - prova de regularidade do convenente para com as Fazen- VI - previsão da necessidade de abertura de conta específica
das Públicas; para aplicação dos recursos repassados.

Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 175 - Os recursos financeiros repassados em razão do ções financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão
convênio não perdem a natureza de dinheiro público, ficando a repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta)
sua utilização vinculada aos termos previstos no ajuste e devendo dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada de
a entidade, obrigatoriamente, prestar contas ao ente repassador e contas especial do responsável, providenciada pela autoridade
ao Tribunal de Contas. competente do órgão ou entidade titular dos recursos.

Art. 176 - As parcelas do convênio serão liberadas em estri- Art. 183 - Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber,
ta conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres
casos abaixo enumerados, hipóteses em que as mesmas ficarão celebrados por qualquer dos Poderes do Estado, órgãos e entidades
retidas até o saneamento das impropriedades ocorrentes: de sua Administração direta ou indireta, entre si ou com outras
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular pessoas de direito público ou privado.
aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da legisla-
ção aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscalização CAPÍTULO XI - 
local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão descen- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
tralizador dos recursos ou pelos órgãos competentes do controle
interno da Administração; Art. 184 - Constitui ilícito administrativo a prática dos seguin-
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos tes atos pelo licitante:
recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou I - impedir, frustrar ou fraudar o procedimento licitatório, me-
fases programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamen- diante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, com o
tais de Administração Pública nas contratações e demais atos pra- intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem;
ticados na execução do convênio, ou o inadimplemento do execu- II - devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimen-
tor com relação a outras cláusulas conveniais básicas;
to licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo;
III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneado-
III - afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça,
ras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos ou por inte-
fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
grantes do respectivo sistema de controle interno.
IV - desistir de licitar, em razão de vantagem oferecida;
V - apresentar declaração ou qualquer outro documento falso,
Art. 177 - No convênio é vedado:
visando ao cadastramento, à atualização cadastral ou à participa-
I - previsão de pagamento de taxa de administração ou outras
ção no procedimento licitatório;
formas de remuneração ao convenente;
VI - recusar-se, injustificadamente, após ser considerado ad-
II - trespasse, cessão ou transferência a terceiros da execução
judicatário, em assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento
do objeto do convênio.
equivalente, dentro do prazo estabelecido pela Administração, ex-
Art. 178 - A ampliação do objeto do convênio dependerá de ceto quanto aos licitantes convocados nos termos do art. 59, inciso
prévia aprovação de projeto de trabalho adicional e da compro- XII, desta Lei, que não aceitarem a contratação nas mesmas con-
vação da execução das etapas anteriores com a devida prestação dições propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao
de contas. prazo e preço;
VII - cometer fraude fiscal.
Art. 179 - A ampliação do objeto do convênio e a prorroga-
ção de seu prazo de vigência serão formalizadas mediante termo Art. 185 - Constitui ilícito administrativo a prática dos seguin-
aditivo. tes atos, pelo contratado:
I - admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou
Art. 180 - Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, vantagem, inclusive prorrogação contratual, durante a execução do
serão, obrigatoriamente, aplicados em cadernetas de poupança de contrato celebrado com o Poder Público, sem autorização em lei,
instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos
superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de cur- contratuais;
to prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da II - haver concorrido, comprovadamente, para a consumação
dívida pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em de ilegalidade, obtendo vantagem indevida ou se beneficiando, in-
prazos menores que um mês. justamente, das modificações ou prorrogações contratuais;
III - ensejar a sua contratação pela Administração, no prazo
Art. 181 - As receitas financeiras auferidas na forma do artigo de vigência da suspensão do direito de licitar ou contratar com a
anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do convênio Administração ou da declaração de inidoneidade;
e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo IV - incorrer em inexecução de contrato;
constar de demonstrativo específico que integrará as prestações V - fraudar, em prejuízo da Administração, os contratos ce-
de contas do ajuste. lebrados:
a) elevando arbitrariamente os preços;
Art. 182 - Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extin- b) vendendo, como verdadeiro ou perfeito, bem falsificado ou
ção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanes- deteriorado;
centes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplica- c) entregando bem diverso do contratado;

Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) alterando substância, qualidade ou quantidade da mercado- II - 0,3% (três décimos por cento) ao dia, até o trigésimo dia de
ria fornecida; atraso, sobre o valor da parte do fornecimento ou serviço não realizado
e) tornando, injustificadamente, mais oneroso o contrato. ou sobre a parte da etapa do cronograma físico de obras não cumprido;
VI - frustrar, injustificadamente, licitação instaurada pela Ad- III - 0,7% (sete décimos por cento) sobre o valor da parte do for-
ministração; necimento ou serviço não realizado ou sobre a parte da etapa do cro-
VII - cometer fraude fiscal. nograma físico de obras não cumprido, por cada dia subsequente ao
trigésimo.
Art. 186 - Ao candidato a cadastramento, ao licitante e ao con- § 1º - A multa a que se refere este artigo não impede que a Ad-
tratado, que incorram nas faltas previstas nesta Lei, aplicam-se, ministração rescinda unilateralmente o contrato e aplique as demais
segundo a natureza e a gravidade da falta, assegurada a defesa pré- sanções previstas nesta Lei.
via, as seguintes sanções: § 2º - A multa, aplicada após regular processo administrativo, será
I - multa, na forma prevista nesta Lei; descontada da garantia do contratado faltoso.
§ 3º - Se o valor da multa exceder ao da garantia prestada, além da
II - suspensão temporária de participação em licitação e im-
perda desta, o contratado responderá pela sua diferença, que será des-
pedimento de contratar com a Administração, por prazo não exce-
contada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração
dente a 05 (cinco) anos;
ou, ainda, se for o caso, cobrada judicialmente.
III - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
a Administração Pública, enquanto perdurarem os motivos deter- Art. 193 - Será advertido verbalmente, pelo presidente da comis-
minantes desta punição e até que seja promovida sua reabilitação são, o licitante cuja conduta vise a perturbar o bom andamento da ses-
perante a Administração Pública Estadual; são, podendo essa autoridade determinar a sua retirada do recinto, caso
IV - descredenciamento do sistema de registro cadastral. persista na conduta faltosa.
Parágrafo único - As sanções previstas nos incisos II, III e IV
deste artigo deverão ser aplicadas ao adjudicatário e ao contratado, Art. 194 - Serão punidos com a pena de suspensão temporária do
cumulativamente com a multa. direito de cadastrar e licitar e impedimento de contratar com a Admi-
nistração os que incorram nos ilícitos previstos nos incisos VI e VII do
Art. 187 - A Administração deverá constituir comissão pro- art. 184 e I, IV, VI e VII do art. 185 desta Lei.
cessante para apurar as faltas administrativas previstas nesta Lei.
Art. 195 - Serão punidos com a pena de declaração de inidoneida-
Art. 188 - Ao candidato a cadastramento, ao licitante e ao con- de para licitar e contratar com a Administração, enquanto perdurarem
tratado é assegurado o direito de defesa no processo instaurado os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a rea-
para a aplicação de penalidades. bilitação perante a autoridade competente para aplicar a punição, os
que incorram nos ilícitos previstos nos incisos I a V do art. 184 e II, III
Art. 189 - Na hipótese prevista no artigo anterior, o interessa- e V do art. 185 desta Lei.
do deverá apresentar sua defesa no prazo de 05 (cinco) dias úteis,
contado da notificação do ato, sendo facultada a produção de pro- Art. 196 - Para a aplicação das penalidades previstas nesta Lei
vas admitidas em direito. devem ser levados em conta a natureza e a gravidade da falta, os pre-
Parágrafo único - Quando se fizer necessário, as provas serão juízos dela advindos para a Administração Pública e a reincidência na
produzidas em audiência, previamente designada para este fim. prática do ato.

Art. 190 - Concluída a instrução processual, a parte será in- Art. 197 - A declaração de inidoneidade para licitar e contratar
com a Administração Pública é da competência do Chefe do respectivo
timada para apresentar razões finais, no prazo de 05 (cinco) dias
Poder ou de quem dele receber delegação.
úteis.
Art. 198 - Decorrido o prazo da sanção prevista no inciso II do art.
Art. 191 - Transcorrido o prazo previsto no artigo anterior, a 186 desta Lei, a reabilitação poderá ser requerida perante a autoridade
comissão, dentro de 15 (quinze) dias corridos, elaborará o relatório competente para aplicar a penalidade, sendo concedida sempre que o
final e remeterá os autos para deliberação da autoridade compe- licitante ou contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos causa-
tente, após o pronunciamento da Procuradoria Geral do Estado ou dos, se for o caso, e comprovar que não mais subsistem os motivos que
órgão de assessoria jurídica da entidade. ensejaram a penalidade.

Art. 192 - A inexecução contratual, inclusive por atraso injus- Art. 199 - A declaração de inidoneidade será aplicada, após pro-
tificado na execução do contrato, sujeitará o contratado à multa de cesso administrativo regular, às empresas e aos profissionais que:
mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no con- I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por
trato, que será graduada de acordo com a gravidade da infração, meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;
obedecidos os seguintes limites máximos: II - tenham praticado atos ilícitos, visando a frustrar os princípios
I - 10% (dez por cento) sobre o valor da nota de empenho ou e objetivos da licitação;
do contrato, em caso de descumprimento total da obrigação, inclu- III - demonstrarem não possuir idoneidade para contratar com a
sive no de recusa do adjudicatário em firmar o contrato, ou ainda Administração, em virtude de atos ilícitos praticados;
na hipótese de negar-se a efetuar o reforço da caução, dentro de 10 IV - tenham sofrido condenação definitiva por atos de improbida-
(dez) dias contados da data de sua convocação; de administrativa, na forma da lei.

Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 200 - Fica impedida de participar de licitação e de contra- § 2º - O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste
tar com a Administração Pública a pessoa jurídica constituída por artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente,
membros de sociedade que, em data anterior à sua criação, haja motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir
sofrido penalidade de suspensão do direito de licitar e contratar eficácia suspensiva aos demais recursos.
com a Administração ou tenha sido declarada inidônea para licitar e § 3º - Interposto o recurso, será comunicado aos demais lici-
contratar e que tenha objeto similar ao da empresa punida. tantes, que poderão impugná-lo no prazo de 05 (cinco) dias úteis.
§ 4º - O recurso será dirigido à autoridade superior, por inter-
CAPÍTULO XII -  médio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar
DAS IMPUGNAÇÕES, DOS RECURSOS sua decisão, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo
E DAS REPRESENTAÇÕES prazo, fazê-lo subir, devidamente informado.
§ 5º - Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de
reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do processo
Art. 201 - Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar, pe- estejam com vista franqueada ao interessado.
rante a autoridade máxima do órgão ou entidade licitante, o edital de § 6º - Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade
licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protoco- de convite, os prazos estabelecidos nos incisos I e II e no § 3º
lar o pedido até 05 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a aber- deste artigo serão de 02 (dois) dias úteis.
tura dos envelopes das propostas, cabendo à Administração julgar a
impugnação em até 03 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade de Art. 203 - No prazo de 05 (cinco) dias úteis, a autoridade
representação ao Tribunal de Contas.
competente, sob pena de responsabilidade, decidirá sobre os re-
§ 1º - Decairá do direito de impugnar, perante a Administração,
cursos, ouvida a Procuradoria Geral do Estado ou o órgão de as-
as falhas ou irregularidades do edital de licitação, o licitante que não
sessoria jurídica da unidade.
o fizer até o segundo dia útil que anteceder à data prevista no edital
para recebimento dos envelopes e início da abertura dos envelopes das
propostas, hipótese em que tal impugnação não terá efeito de recurso. Art. 204 - Independente das impugnações e dos recursos
§ 2º - A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o previstos neste Capítulo, qualquer licitante, contratado ou pessoa
impedirá de participar do processo licitatório até que seja proferida física ou jurídica poderá representar à Procuradoria Geral do Es-
decisão final na via administrativa. tado da Bahia, ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes
§ 3º - A desclassificação do licitante importa a preclusão do seu do sistema de controle interno, inclusive ao Órgão de Controle e
direito de participar das fases subsequentes. Acompanhamento e Avaliação Financeira de Contratos e Convê-
§ 4º - Se reconhecida a procedência das impugnações ao instru- nios, e, ainda, ao Ministério Público Estadual, contra irregularida-
mento convocatório, a Administração procederá a sua retificação e de na aplicação desta Lei.
republicação, com devolução dos prazos, nos termos do art. 54 desta Parágrafo único - O Tribunal de Contas e os órgãos integran-
Lei. tes do controle interno estadual poderão solicitar para exame,
até antes da abertura das propostas, cópia do edital ou convite
Art. 202 - Dos atos da Administração decorrentes da aplicação da licitação já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da
desta Lei cabe: Administração interessada a acatar as medidas corretivas que, em
I - recurso, no prazo de 05 (cinco) dias úteis a contar da intimação função desse exame, lhes forem recomendadas.
do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
a) julgamento das propostas; CAPÍTULO XIII - 
b) habilitação ou inabilitação do licitante; DAS RESPONSABILIDADES DOS
c) anulação ou revogação da licitação; AGENTES PÚBLICOS
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral,
sua alteração ou cancelamento; SEÇÃO I - 
e) rescisão do contrato, a que se referem os incisos de I a XV, XX DISPOSIÇÕES GERAIS
e XXI do art. 167 desta Lei;
f) aplicação da pena de suspensão temporária;
g) aplicação da pena de multa.
Art. 205 - Os agentes públicos que praticarem atos em de-
II - recurso de representação, no prazo de 05 (cinco) dias úteis
sacordo com os preceitos desta Lei, visando frustrar os objetivos
da intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou do
da licitação, sujeitam-se às sanções nela previstas, sem prejuízo
contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
III - pedido de reconsideração da declaração de inidoneidade, de outras responsabilidades administrativas e de natureza civil e
feita pela autoridade competente no prazo de 10 (dez) dias úteis da criminal, apuráveis nos termos da legislação em vigor, bem como
intimação do ato. do seu possível enquadramento nas sanções previstas na legisla-
§ 1º - A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas “a”, “b”, ção federal pertinente, por atos de improbidade administrativa e
“c”, “e” e “f”, deste artigo, e no inciso III, será feita mediante publica- responsabilidade fiscal.
ção na imprensa oficial, salvo para os casos previstos nas alíneas “a” e
“b”, se presentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi adotada Art. 206 - As infrações penais relativas às licitações e contra-
a decisão, quando poderá ser feita por comunicação direta aos inte- tos administrativos serão apuradas e processadas nos termos da lei
ressados e lavrada em ata, e o previsto na alínea “g”, quando se federal que regulamenta o art. 37, XXI, da Constituição Federal.
dará a intimação pessoal do interessado.

Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 207 - Considera-se agente público, para os efeitos desta XX - ocasionar, pelo retardamento de providências de sua
Lei, aquele que exerce, ainda que transitoriamente, mandato, car- competência, prorrogação de prazo ou suspensão da execução con-
go, emprego ou função na Administração direta, indireta e outras tratual, lesivas aos interesses da Administração;
entidades sujeitas ao controle do Estado, por eleição, nomeação, XXI - causar, por negligência ou imperícia no fornecimento
designação, contratação ou qualquer forma de investidura. de dados técnicos, retardamento do início da execução de obra ou
serviço;
SEÇÃO II -  XXII - omitir-se na adoção ou supervisão das providências
DAS FALTAS DISCIPLINARES previstas no art. 154, ou incidir nas faltas previstas no art. 155 des-
ta Lei, ocasionando o recebimento indevido de objeto contratual
incorreto ou defeituoso;
Art. 208 - Constitui falta disciplinar a prática das seguintes XXIII - dar causa, por ação ou omissão, à rescisão contratual
condutas: lesiva aos interesses da Administração, nas hipóteses previstas nos
I - dispensar ou declarar inexigível licitação, fora das hipóte- incisos XVII, XVIII e XIX do art. 167 desta Lei;
ses previstas em lei, visando ao benefício próprio com a celebração XXIV - prejudicar, por ação ou omissão, o andamento e a de-
do contrato com o Poder Público; cisão dos recursos administrativos;
II - exercer o patrocínio, direta ou indiretamente, de interes- XXV - desobedecer à estrita ordem cronológica das datas de
se privado perante a Administração, dando causa à celebração de exigibilidade do pagamento das obrigações relativas ao forneci-
contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Público; mento de bens, locações, realização de obras e prestação de ser-
III - direcionar a elaboração do instrumento convocatório com viços.
inclusão de cláusulas que frustrem o caráter competitivo da licita-
ção ou estabeleçam preferência ou discriminação entre licitantes, Art. 209 - As infrações especificadas no artigo anterior sujeita-
em violação ao § 1º, inciso I, do art. 3º desta Lei; rão seus responsáveis, mediante processo, no qual seja assegurada
IV - dificultar aos cidadãos interessados o exercício do direito a garantia do contraditório e da ampla defesa, às sanções previstas
previsto no art. 5º desta Lei; na legislação aplicável ao regime jurídico do servidor, de acordo
V - parcelar desnecessariamente a execução de obras, com- com a gravidade da falta e sem prejuízo do ressarcimento dos da-
pras ou serviços, burlando as modalidades licitatórias pertinentes; nos causados ao erário.
VI - ocasionar a nulidade das licitações ou contratos, por vio- Parágrafo único - As sanções administrativas, previstas no ar-
lação do disposto no art. 11 e demais disposições desta Lei; tigo anterior, serão agravadas quando o autor da infração for titular
VII - avaliar, por valor inferior ao do mercado, bens destina- de cargo de provimento em comissão ou função de confiança, dire-
dos à alienação; ção, chefia ou assessoramento em órgão ou entidade da Adminis-
VIII - incluir no objeto da licitação fornecimento de materiais tração Pública Estadual.
sem previsão de quantidades ou em desacordo com o projeto bá-
sico ou executivo; CAPÍTULO XIV - 
IX - infringir os princípios pertinentes à elaboração e publica- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ção dos editais e convites;
X - infringir os princípios relativos ao julgamento das licita- Art. 210 - Na contagem dos prazos previstos nesta Lei, ex-
ções, especialmente quanto à objetividade dos critérios e ao res- cluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, conside-
guardo do sigilo das propostas; rando-se os dias consecutivos, exceto quando for explicitamente
XI - ocasionar, por ação ou omissão, o superfaturamento de disposto em contrário.
preços nas obras, serviços e compras; Parágrafo único - Somente se iniciam e vencem os prazos pre-
XII - proceder de modo contrário às disposições do edital ou vistos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na entidade.
convite nas licitações e contratações;
XIII - celebrar contratos ou seus aditamentos com violação Art. 211 - Quando o objeto do contrato interessar a mais de
das disposições legais e regulamentares; uma entidade pública, caberá ao órgão indicado no edital ou no
XIV - dar causa ao pagamento das obrigações contratuais da contrato responder pela sua boa execução, fiscalização e pagamen-
Administração com atraso, ensejando, injustificadamente, a onera- to, perante a entidade interessada.
ção dos cofres públicos; Parágrafo único - No caso deste artigo, fica facultado à entida-
XV - efetuar reajustamento de preços ou ensejar prorrogação de interessada o acompanhamento da execução do contrato.
de prazos contratuais, em desobediência aos critérios estabeleci-
dos nesta Lei e no próprio contrato; Art. 212 - O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-
XVI - ordenar a execução de obra ou serviço sem aprovação qualificação nas concorrências, a ser procedida sempre que o ob-
dos respectivos projetos e orçamentos; jeto da licitação recomendar análise mais detida da qualificação
XVII - autorizar a devolução da garantia sem a verificação do técnica dos interessados.
efetivo adimplemento das obrigações do contratado; Parágrafo único - A adoção do procedimento de pré-qualifica-
XVIII - relevar a imposição de multas ou sanções, sem base ção será feita mediante proposta da autoridade competente, apro-
legal; vada pela imediatamente superior e obedecerá às exigências desta
XIX - deixar de exigir reforço de garantias, nos casos previs- Lei quanto à concorrência, à convocação dos interessados, ao pro-
tos nesta Lei e no instrumento convocatório; cedimento e à análise da documentação.

Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 213 - O controle das despesas decorrentes dos contratos Estado reputa que não convém relegá-las simplesmente a livre ini-
e outros instrumentos regidos por esta Lei será efetuado pelo Tribu- ciativa; ou seja, que não é socialmente desejável fiquem tão só assu-
nal de Contas do Estado, na forma da legislação pertinente, ficando jeitadas à fiscalização e controles que exerce sobre a generalidade
os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demons- das atividades privadas.”
tração de sua legalidade e regularidade, nos termos da Constituição
Estadual, sem prejuízo do controle interno por parte dos órgãos com- Celso Antônio Bandeira de Mello ainda complementa seu
petentes. conceito afirmando que:

Art. 214 - O disposto nesta Lei não se aplica às licitações instau- “É toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodi-
radas e aos contratos assinados anteriormente à sua vigência. dade material destinada à satisfação da coletividade em geral,
mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado
Art. 215 - Aplicam-se às licitações e aos contratos para a permis- assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo
são ou concessão de serviços públicos os dispositivos desta Lei, que ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Públi-
não conflitem com a legislação específica sobre o assunto. co – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de
Parágrafo único - As exigências contidas nos incisos III e V a restrições especiais - , instituído em favor dos interesses definidos
VII do art. 11 desta Lei serão dispensadas nas licitações para con- como públicos no sistema normativo”.
cessão de obra ou de serviço com execução prévia de obras em que
não foram previstos desembolsos por parte da Administração Pública Segundo o jurista Hely Lopes de Meirelles, serviço público é:
concedente.
“Todo aquele prestado pela Administração ou por seus dele-
Art. 216 - Para efeito de comprovação do requisito de habilita- gados, sob normas e controle estatal, para satisfazer necessida-
ção, previsto no inciso V do art. 98 desta Lei, e até que seja discipli- des essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conve-
nada a expedição do documento por órgão oficial federal, os editais niência do Estado”.
de licitação exigirão declaração da observância da proibição pela
empresa licitante. Para a Profª Maria Sylvia Zanella Di Prieto, temos o entendi-
mento de serviços públicos sob a ótica de dois elementos, ‘subje-
Art. 217 - Esta Lei entrará em vigor após 90 (noventa) dias da
tivo’ e ‘formal’, senão vejamos seu posicionamento:
data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, espe-
cialmente a Lei nº 4.660, de 08 de abril de 1986, e alterações poste-
“O elemento subjetivo, porque não mais se pode considerar
riores.
que as pessoas jurídicas públicas são as únicas que prestam ser-
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 01
viços públicos; os particulares podem fazê-lo por delegação do
de março de 2005.
poder público, e o elemento formal, uma vez que nem todo serviço
PAULO SOUTO
público é prestado sob regime jurídico exclusivamente público”.
Governador
Assim, verifica-se que, nas mais variadas concepções jurídi-
cas acerca do conceito de “serviço público”, podemos facilmen-
7. SERVIÇO PÚBLICO: CONCEITO, te definir os pontos em comum e aceitar, de maneira ampla que
CLASSIFICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO E serviço público é como o conjunto de todas as atividades exer-
CONTROLE; FORMA, MEIOS E REQUISITOS; cidas pelo Estado ou delegados, sob o regime jurídico de direito
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO, público, ou seja, a atividade jurisdicional, atividade de governo,
AUTORIZAÇÃO. atividade legislativa, prestação de serviço público, colocados a
disposição da coletividade.
De outra forma, estudando o conceito de “serviço público”,
mas sob análise mais restritiva, temos que são todas as prestações
CONCEITO de utilidade ou comodidades materiais efetuadas diretamente e
exclusivamente ao povo, seja pela administração pública ou pelos
Inicialmente, devemos elucidar que a Constituição Federal de delegatários de serviço público, voltado sempre à satisfação dos
1988 não conceitua “serviço público”, e tampouco temos no ordena- interesses coletivos.
mento jurídico pátrio, em leis esparsas, seu significado legal. O objetivo da Administração Pública, no exercício de suas
Dessa maneira temos que ficou sob os cuidados da doutrina ad- atribuições, é de garantir à coletividade a prestação dos serviços
ministrativa elaborar seu significado, entretanto, não existe um con- públicos de maneira tal que possa corresponder aos anseios da
ceito doutrinário consensual de “serviço público”. coletividade, atingindo diretamente o interesse público, devendo
Nos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, o Poder Público disciplinar a aplicação dos recursos materiais (or-
temos o conceito de serviço público como: çamentários), visando a aplicação no desenvolvimento de progra-
mas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimen-
“Certas atividades (consistentes na prestação de utilidade ou to, modernização e otimização da prestação dos serviços públicos.
comodidade material) destinada a satisfazer a coletividade em geral,
são qualificadas como serviços públicos quando, em dado tempo, o

Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CLASSIFICAÇÃO O serviço público social é o que atende a necessidades
Os doutrinadores apresentam diversas classificações dos serviços coletivas em que a atuação do Estado é essencial, as que convivem
públicos, dispondo-as, na maioria das vezes, de forma dual, ou seja, com a iniciativa privada, como ocorre no âmbito da saúde e da
contrapondo uma tipologia a outra. Infelizmente, é como se houvesse educação.
uma batalha na doutrina jurídica para escolher os melhores nomes às
melhores classificações, resultando numa miríade de tipos e palavras Serviços uti singuli versus uti universi
equívocas, utilizadas de forma diversa por diferentes doutrinadores. Os serviços uti singuli, também conhecidos como específicos
Apresenta-se aqui um apanhado de tipologias, baseado nas lições de ou individuais, são aqueles que tem por finalidade a satisfação
Carvalho Filho, Cretella Júnior, Gasparini, Marinela, Meirelles e Di individual e direta das necessidades das pessoas. São designados
Pietro28. de divisíveis, sendo possível sua mensuração específica e cobrança
de tarifa. É o caso de alguns serviços industriais e comerciais,
Serviços públicos próprios versus impróprios como energia elétrica e transporte, e de alguns sociais, tais como
Os serviços públicos próprios são aqueles que, atendendo a ensino e saúde.
necessidades coletivas, o Estado assume como seus e os executa Os serviços uti universi, que podem ser chamados de
diretamente, por seus agentes, ou indiretamente, por meio de gerais, coletivos e indivisíveis, atendem a toda a população, sem
concessionários e permissionários. objetivar usuários específicos, que o usufruem indiretamente.
Os serviços públicos impróprios, são os apenas autorizados, Estão nessa categoria os serviços de saneamento e iluminação
regulamentados e fiscalizados pelo Estado, mas, na realidade, não pública.
são serviços públicos, pelo fato de a lei não ter atribuído ao Estado
a incumbência de prestá-lo. Exemplo dessa situação são os serviços PRINCÍPIOS (REQUISITOS) INFORMATIVOS DOS
prestados por instituições financeiras. SERVIÇOS PÚBLICOS
Deve-se deixar aqui registrado que a doutrina mais antiga de A relevância e a prevalência do interesse coletivo sobre o
Hely Lopes Meirelles não se coaduna com esta classificação, pois ele interesse de particulares informam os princípios que orientam a
reserva a terminologia “próprios do Estado” para os serviços que não disposição e organização do funcionamento dos serviços públicos.
são delegáveis, sendo os “impróprios”, os realizados por entidades da Importante ressaltar que, a figura principal no serviço público não
Administração Indireta ou por particulares que receberam delegação. é seu titular, nem mesmo o prestador dele, as sim o usuário dos
serviços.
Serviços delegáveis versus indelegáveis Além dos princípios gerais do Direito Administrativo, tanto
Os serviços delegáveis são aqueles que, em razão de disposição os princípios expressos na Constituição Federal, como também os
normativa, comportam ser executados diretamente pelo Estado implícitos, presentes em toda a atividade administrativa, especifi-
ou indiretamente, por particulares, mediante alguma forma de camente na prestação dos serviços públicos, identifica-se a presen-
delegação. São serviços não exclusivos do Estado. A conceituação ça de mais quatros, que norteia e orienta a prestação dos serviços
restrita de serviço público leva em consideração esta característica, colocados a disposição da coletividade, quais são: o Princípio da
sendo exemplos atuais a telefonia, fornecimento de energia elétrica, Continuidade do Serviço Público; Principio da Mutabilidade do
o transporte coletivo, etc. Regime Jurídico e o Princípio da Igualdade dos Usuários do Servi-
Os serviços indelegáveis são os que somente podem ser ço Público, e ainda o Princípio do Aperfeiçoamento.
prestados de forma direta pelo Estado, ou seja, por seus agentes.
Por isso também são designados de exclusivos do Estado, como no Princípio da Continuidade do Serviço Público: O serviço pú-
caso dos serviços diplomáticos, da defesa nacional, da segurança blico deve ser prestado de maneira continua, o que significa dizer
interna e da prestação jurisdicional. Estas funções se encaixam nos que não é passível de interrupção. Isto ocorre justamente pela pró-
setores de planejamento político e de atividade estatal típica, visto na pria importância de que o serviço público se reveste diante dos
introdução deste tema. anseios da coletividade.
Observa-se que Gasparini chama os serviços indelegáveis de É o principio que orienta sobre a impossibilidade de parali-
“essenciais”, tidos como de “necessidade pública”, ao passo que os sação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito dos
indelegáveis são “não essenciais”, mas de “utilidade pública”. administrados a que não seja suspenso ou interrompido, pois en-
tende-se que a continuidade dos serviços públicos é essencial a
Serviços administrativos versus industriais e comerciais comunidade, não podendo assim sofrer interrupções.
versus sociais Diante de tal princípio temos o desdobramento de outros de
Os serviços administrativos são os que a Administração executa suma importância para o “serviço público”, quais são: qualidade e
para atender suas necessidades internas ou preparar outros serviços regularidade, assim como com eficiência e oportunidade.
que serão prestados ao público.
Os serviços industriais e comerciais, que podem ser aglutinados Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico: É aquele que
na expressão serviços econômicos, são os que produzem renda reconhece para o Estado o poder de mudar de forma unilateral as
para quem os presta, mediante remuneração estabelecida na forma regras que incidem sobre o serviço público, tendo como objetivo a
de tarifa, também designada de preço público. Na classificação de adaptação às novas necessidades, visando o equilíbrio na relação
Meirelles eles são serviços impróprios, mas, para Di Pietro, incluem- contratual econômico-financeira, satisfazendo o interesse geral à
se na noção de serviços prestados indiretamente pelo Estado, que os máxima eficácia.
delega na forma de concessão ou permissão. Em atenção ao Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico
28 Carvalho Filho, 2006; Cretella Júnior, 1981; Gasparini, 2008; Marinela, dos Serviços Públicos, temos a lição da Profª. Maria Sylvia Zanel-
2012; Meirelles, 2001; Di Pietro, 2008. la Di Prieto, que assim leciona:

Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
“Nem os servidores públicos, nem os usuários de serviço Assim, sendo permanente o dever de controlar, tendo em vista
públicos, nem os contratados pela Administração têm direito ad- o interesse coletivo, esse controle se efetiva não apenas pela Admi-
quirido à manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto nistração Pública, mas também pelo usuário.
dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem As Agências Reguladoras, devidamente criadas por lei, vêm
ser alterados ou mesmo reincididos unilateralmente para atender prestando importante serviço na tarefa de fiscalização das conces-
ao interesse público; o aumento das tarifas é feito unilateralmente sões e permissões de serviço público.
pela Administração, sendo de aplicação imediata”.
DIREITO DO USUÁRIO/CONSUMIDOR
Justamente por vincular-se o regime jurídico dos contratos
administrativos de concessão e permissão de serviços públicos aos Atuando como destinatário direto da prestação de serviços
preceitos de Direito Público, com suas cláusulas exorbitantes, e públicos, os usuários participam da Administração Pública, com
ainda em presença da necessidade constante da adaptação dos ser- direito a reclamação relativa à qualidade na prestação de servi-
viços públicos ao interesse coletivo, torna-se necessária e razoável ço publico em geral, sendo assegurada a manutenção de serviços
a possibilidade de alteração, ou mudança do regime de execução de atendimento ao usuário e avaliação constante e periódica, seja
dos serviços, objetivando adequar aos interesses coletivos. externa ou interna, da qualidade e efetividade dos serviços colo-
cados à disposição da coletividade.
Principio da igualdade dos usuários dos serviços públicos: Todos os cidadãos têm direito a receber dos órgãos públi-
Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei e desta cos informações corretas de seus interesses particulares, ou então
forma não podemos ser tratados de forma injusta e desigual, assim, de interesse coletivo em geral. Na hipótese de desatendimento, o
não se pode restringir o acesso aos benefícios dos serviços públicos interessado tem o direito de impetrar a medida conhecida como
para os sujeitos que se encontrarem em igualdade de condições. habeas data, visando assegurar o conhecimento das informações
Diante de tal principio temos o desdobramento de dois aspec- pedidas.
tos da Igualdade dos Usuários de Serviços públicos: É ainda direito dos usuários de serviços públicos a faculda-
de de representação contra o exercício negligente, abusivo ou ir-
- A Universalidade que significa dizer que o serviço público regular de cargo, emprego ou função na Administração Pública,
deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos que se encon- cobrando das autoridades administrativas providencias para sanar
tram em equivalente situação. tais irregularidades ou abusos.

- A Neutralidade, que significa dizer que é impossível dar FORMA E MEIOS


qualquer tipo de privilégios que forem incompatíveis com o prin-
cípio da isonomia. Logo são “impossíveis” vantagens individuais Forma
fundadas em raça, sexo, credo religioso, time de futebol e etc. Acompanhando lição de Hely Lopes Meirelles, em relação à
forma de prestação do serviço público esta pode ser centralizada,
Princípio do Aperfeiçoamento: Temos o aperfeiçoamento descentralizada ou desconcentrada. Nota-se que esta terminologia
como uma constante evolução da sociedade, dessa forma, e sim- se aproxima muito da utilizada para caracterizar a divisão da
plesmente por isso, é que no serviço público ele se impõe como Administração Pública em direta e indireta. Tanto é verdade que
um direito do cidadão, assim, o aperfeiçoamento da prestação dos Gasparini estuda tal divisão em função da execução dos serviços
serviços públicos vincula-se à eficiência dos serviços a serem pres- públicos.
tados. O serviço púbico centralizado é aquele cuja execução é
realizada por entidades da Administração Direta, tais como os
DA REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE Ministérios de Estado e suas respectivas Secretarias. Aqui o
conceito restrito de serviço público não se encaixa adequadamente,
Cumpre à Administração Pública o dever/poder de regula- posto que tais atividades não são delegáveis a particulares. De
mentação e o controle quando há ocorrência de concessão e per- outra banda, a expressão “centralizado” é utilizada com a mesma
missão de executar os serviços públicos por particulares, visando conotação nos estudos do serviço público e da organização
a garantia da regularidade do atendimento aos seus objetivos, que administrativa.
envolvem gestão de serviço público. O serviço público descentralizado, como o nome indica,
Ao poder concedente, ou seja, ao Poder Público, compete re- é o que tem sua execução realizada foram dos círculos da
gulamentar o serviço concedido por meio de lei e regulamentos, Administração Direta. A descentralização pode ser feita para
ou do próprio contrato, estabelecendo direitos e deveres das par- entidade da Administração Indireta, situação em que a palavra
tes contratantes e dos usuários. Importante frisar que, a atividade “descentralizar” tem igual sentido para os estudos de serviço
privada, mesmo quando atuante no exercício do serviço público, público e organização administrativa. Todavia, também pode
objetiva o lucro, daí surge a necessidade permanente de manter a ser feita para pessoa jurídica fora da estrutura estatal, caso em
fiscalização. que descentralização significará alguma das modalidades de
O controle e o poder de fiscalização serão exercidos pela pró- delegação que serão estudadas no tópico posterior.
pria Administração, através do seu sistema de controle interno, ou A título de exemplo, o serviço postal no Brasil é realizado pela
então será exercido, quando provocado, pelo Poder Judiciário e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, que é uma
pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas. empresa pública federal integrante da Administração Indireta,

Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
enquanto que o fornecimento de gás canalizado para diversos Tal norma ainda indica outra forma de concessão, a qual
municípios do Estado de São Paulo é feito pela Companhia de denomina de concessão de serviço público precedida da
Gás de São Paulo – Comgas, que se trata de uma empresa privada execução de obra pública, que se trata de construção, total ou
e que realiza tal atividade em razão de contrato de concessão parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento
firmado com o Estado de São Paulo. de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder
A denominação de prestação desconcentrada de serviço concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência,
público é utilizada quando a execução da atividade é distribuída à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
entre vários órgãos da entidade responsável, tal qual a conceituação capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de
utilizada nos estudos da organização administrativa. forma que o investimento da concessionária seja remunerado
e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por
Meios de prestar o serviço público prazo determinado (art. 2º, III).
Os serviços púbicos podem ser prestados diretamente ou Para Mello, ambos os conceitos padecem de qualidade técnica
indiretamente. A prestação do serviço é direta quando realizada lastimável, pois, de um lado, a norma inclui na conceituação
pelos próprios meios da pessoa responsável pela prestação ao informações desnecessárias, como a obrigatoriedade da utilização
público. De outro lado, é indireta quando o responsável pelo de licitação na modalidade concorrência, que por ser um requisito
serviço encarrega terceiro de sua realização. Na execução indireta de validade não compõe obrigatoriamente o conceito. De outro lado,
aparecem as figuras da concessão e permissão, estudadas em redige mal o que é essencial, como o fato de que na modalidade
de concessão precedida da execução de obra o beneficiário da
tópico posterior.
delegação remunera-se pela própria exploração do serviço32.
Os demais doutrinadores não aparentam desgostar da definição
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO,
legal, ainda que tracem algumas críticas. Um conceito seguro, com
AUTORIZAÇÃO todos os elementos necessários para enfrentar um questionamento em
concursos públicos, é fornecido por Di Pietro que define concessão
Entende-se por delegação, em sentido amplo, a concessão ou como o contrato administrativo pelo qual a Administração confere
a transmissão de um poder, atribuído ou inerente a uma pessoa, ao particular a execução remunerada de serviço público ou de obra
promovida por esta a outrem para que pratique atos que lhe eram pública, ou lhe cede o uso de bem público, para que o explore pelo
confiados, ou exerça função, que lhe era atribuída ou confiada29. prazo e nas condições regulamentares e contratuais33.
Compreendendo este conceito ao estudo dos serviços públicos,
frisa-se que a maioria destes serviços são de titularidade do Poder Outro bom conceito é o de Gasparini:
Público em função de determinação constitucional. Portanto, Concessão de serviço púbico é o contrato administrativo pelo
tal titularidade não pode ser transferida, mas somente o poder qual a Administração Pública transfere, sob condições, a execução
suficiente para a execução da atividade. Marinela esclarece que nas e exploração de certo serviço público que lhe é privativo a um
hipóteses em que a titularidade do serviço é exclusiva do Estado, a particular que para isso manifeste interesse e que será remunerado
sua prestação pode ser realizada por ele ou alguém em seu nome, adequadamente mediante a cobrança, dos usuários, de tarifa
admitindo-se a transferência da titularidade da prestação, sendo previamente por ela aprovada34.
que o Estado conserva a titularidade do serviço30. Ressalta-se que a concessão de serviço público regulamentada
No mesmo sentido, Mello adverte para não se confundir a na Lei nº 8.987/95 tem sido chamada pelos doutrinadores de
titularidade do serviço com a titularidade da prestação do serviço. concessão comum ou de concessão tradicional, para diferenciá-la
Explica que o Estado por ser titular dos serviços públicos detém a das concessões patrocinada e administrativa, criadas pela Lei nº
senhoria sobre eles, o que não significa que deve obrigatoriamente 11.079/04, que institui normas gerais para licitação e contratação
prestá-los por si. Assim, poderá promover-lhes a prestação de parceria público-privada no âmbito da administração pública.
entregando a entidades estranhas ao aparelhamento estatal direto Para esclarecer, parceria público-privada é um tipo de contrato
titulação para que a desempenhe31. de concessão, onde a modalidade patrocinada é a concessão de
A delegação de serviços públicos pode ser feita a entidades serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 9.987/95,
da Administração Indireta ou a particulares, pelas modalidades quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários,
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado,
de concessão, permissão e autorização, consoante previsto na
e a modalidade administrativa é o contrato de prestação de serviços
Constituição Federal (arts. 21, XI, XII, XXIII; 25, § 2º; 30, V; 175;
de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
223)
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação
de bens.
Concessão
Nos termos da Lei nº 8.987/95, concessão de serviço público é Permissão
a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente (União, Nos termos da Lei 8.987/95, permissão de serviço público é
Estado, Distrito Federal ou Município), mediante licitação, na a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco e por prazo determinado (art. 2º, II). conta e risco.
29 De Plácido e Silva, 1967. 32 Mello, 2013, p. 723.
30 Marinela, 2012, p. 540. 33 Di Pietro, 2008, p. 274.
31 Mello, 2013, p. 697. 34 Gasparini, 2008, p. 365.

Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Gasparini se rebela contra a indicação de que a permissão é
a título precário, pois a própria norma em questão aponta que o 8. CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO
poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato DA ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE
justificando a conveniência da outorga de concessão ou permissão, ADMINISTRATIVO; CONTROLE
caracterizando seu objeto, área e prazo. Se haverá formalização JUDICIAL; CONTROLE LEGISLATIVO;
de contrato, no qual será incluso determinado prazo, tanto para a RESPONSABILIDADE CIVIL DO
concessão como para a permissão, esta não poderia ser precária35. ESTADO 8.1 IMPROBIDADE
Marinela explica que o fato de a permissão ser um ato precário ADMINISTRATIVA (LEI 8.429/92).
significa dizer que a Administração dispõe de poderes para
estabelecer alterações ou encerrá-la a qualquer tempo, desde que
fundadas razões de interesse público aconselhem, sem obrigação
de indenizar o permissionário, não se desconsiderando a natureza CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
de contrato com prazo atribuída ao instituto da permissão, todavia,
se caracterizado o interesse público, a Administração pode retomar É através do exercício das funções administrativas, ou, pela
serviço36. expedição de atos administrativos que o Estado, no uso de suas
Não obstante, pela doutrina tradicional a permissão é, a prerrogativas em face do indivíduo, estabelece a formação de re-
princípio, precária, mas admite condições e prazos para exploração lações jurídico-administrativas entre a Administração Pública e o
do serviço37, sendo a precariedade uma característica que diferencia Administrado.
a permissão da concessão38. Este é o posicionamento a ser adotado Com a edição dos atos administrativos pela Administração
em concursos públicos. Pública deve atender, alem da manifestação da vontade, do objeto
e da forma, ao motivo e ainda à finalidade, dentro de um contexto
Autorização rígido de legitimidade e de legalidade.
Os serviços autorizados são aqueles que o Poder Público, por Ao divergir com qualquer um dos princípios constitucionais,
ato unilateral, precário e discricionário, consente na sua execução quais sejam: legalidade, moralidade, publicidade ou impessoali-
por particular para atender a interesses coletivos instáveis ou dade, o administrador público ofende o próprio Estado, além de
emergência transitória39. violar direitos diversos do administrado. Observa-se então que,
Carvalho Filho e Marinela divergem desse posicionamento, quando tais questões são levadas em juízo, em quase todas as
afirmando que não há autorização para prestação de serviços ações são ajuizadas em face do administrador e não contra o Es-
públicos, pois, autorização é ato administrativo discricionário tado.
e precário pelo qual a Administração consente que o indivíduo Por controle entende-se a faculdade atribuída a um Poder para
desempenhe atividade de seu exclusivo ou predominante interesse, exercer vigilância, garantida a faculdade de correção, sobre a con-
o que não caracteriza tal atividade como serviço público40. duta de outro, dentro dos limites previstos constitucionalmente.
Di Pietro esclarece que, de fato, pela autorização não há Como é sabido, todo ato emanado da Administração Pública
prestação de serviço público aos usuários, mas por esta forma deve ser motivado, que justifica o próprio ato, e funciona como
de delegação o Poder Público entrega a execução de um serviço meio de controle dos atos administrativos, seja ele vinculado ou
de sua titularidade a um particular para que este o execute em
discricionário.
benefício próprio41.
CONTROLE ADMINISTRATIVO

O Controle Administrativo, ou também chamado de controle


interno, tem como finalidade principal obter a harmonia e a padro-
nização da ação administrativa, a eficácia dos serviços adminis-
trativos e, bem assim, a retidão e a competência dos funcionários
que guarnecem a administração.
A auto revisão do ato administrativo fundamenta-se na hie-
rarquia que, como vínculo que subordina os demais órgãos admi-
nistrativos, graduando a autoridade de cada um, deriva o poder
de vigilância e o poder de direção, bem como o poder de revisão,
pelos quais se garante a completa unidade de direção ao sistema
administrativo.
Temos então que controle interno é aquele controle exercido
pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, na
35 Gasparini, 2008, p. 409. esfera da própria Administração, assim, qualquer controle efetivo
36 Marinela, 2012, p. 570. realizado pelo Poder Executivo sobre os seus serviços ou agentes
37 Meirelles, 2001, p. 373. é considerado interno, assim como o controle do Poder Legisla-
38 Di Pietro, 2008, p. 285. tivo ou do Poder Judiciário, por seus órgãos de Administração,
39 Meirelles, 2001, p. 375.
sobre seus agentes e também sobre os atos administrativos pra-
40 Carvalho Filho, 2006, p. 360; Marinela, 2012, p. 573.
41 Di Pietro, 2008, p. 287. ticados.

Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim, com o objetivo de serem observadas as normas fun- Assim, em razão da atuação administrativa, no decorrer da
damentais, os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem execução de seus fins, podem ocorrer conflitos de interesses entre
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela de- a Administração e o administrado que levem ao estabelecimento
verão dar ciência imediata ao Tribunal de Contas respectivo, sob de incertezas e dúvidas a respeito da razão ou da justiça do ato
pena de responsabilidade solidária, sendo considerado parte legiti- praticado, o que demanda a necessidade de eleição de um árbitro
ma para a prática dos atos de denuncia, qualquer cidadão, partido alheio e parcial à relação jurídica.
político, associação ou sindicato. O modelo de Estado de Direito impõe-se, de um lado a su-
jeição do Estado à ordem jurídica por ele mesmo estabelecida,
Da Revisão “Ex-officio”: decorrente do princípio da legalidade, e, de outro lado, o controle
A revisão “ex-officio” pode ser entendida de maneira geral jurídico dessa sujeição, em busca da eliminação do árbitro.
como a revisão espontânea exercida pela Administração sobre seus Desta feita, diante da presença de um conflito de interesses
próprios atos, que decorre em virtude da hierarquia e da autotutela. entre a Administração e o administrado, ao Poder Judiciário,
Diante da verificação de que o ato administrativo não atende quando provocado, compete à solução do litígio, tendo lugar o
aos requisitos prescritos em, ou em presença reconhecida da in- conhecido controle jurisdicional. O controle jurisdicional somen-
conveniência ou da inoportunidade, a autoridade prolatora pode te ocorre quando houver provocação da parte interessada em pre-
rever diretamente o ato ou ele pode ser revisto pelo agente de hie- sença de um fato concreto.
rarquia superior, independente de provocação de parte interessada. Todo direito é protegido por uma ação e a Constituição Fede-
ral assegura aos administrados o direito de petição ao Poder Judi-
Da Revisão Provocada: ciário em defesa de direito ou contra ilegalidade ou ainda eventual
A revisão provocada, na instância administrativa, realiza-se abuso de poder, conforme garante o artigo 5º, inciso XXXIV, da
através de recurso, de pedido de reconsideração, de reclamação ou Constituição Federal.
de representação. O reexame da ação da Administração pelo Poder Judiciário
Tal recurso, além da tranquilidade psicológica que assegura limita-se à verificação da legalidade do ato, isto porque à Admi-
ao administrado ou servidor, visa corrigir os possíveis e eventuais nistração e só a ela compete a análise da oportunidade e da conve-
erros do ato administrativo, inscrevendo-se como um direito potes- niência da ação administrativa.
tativo do administrado, com natureza subjetiva, que ele pode usar Assim, só o direito e não o interesse do administrado pode-
sempre que julgar preterido um direito seu ou incorreto, em seu rá ser objeto da ação revisória do Poder Judiciário. Não pode o
desfavor, um ato administrativo.
Poder Judiciário adentrar no mérito do ato administrativo para
Diante de uma situação desfavorável, de natureza subjetiva,
indagar a oportunidade e a conveniência, mas tão somente a legi-
ou repleto de desobediência às formalidades legais, de natureza
timidade, isto é, a sua conformidade com a lei.
objetiva, ao administrado prejudicado é assegurado o direito à
Quando o Poder Judiciário é provocado, chamado a se ma-
interposição de recurso através de petição dirigida à autoridade
nifestar deve circunscrever o âmbito da sua real atuação ao caso
superior, devidamente motivada, como forma de provocação da
sobre o qual tenha sido chamado ou provocado a atuar.
atuação do controle interno da Administração.
É sabido que a Administração Pública somente pode agir de
A representação tem o conceito voltado à exposição direcio-
acordo com o que prescreve a lei, contudo, pode deixar, por mo-
nada à autoridade superior, é um recurso com natureza constitucio-
nal que consiste na denuncia formal de irregularidades existentes tivada por flagrantes interesses públicos, de cumprir exatamente
em uma ato administrativo. com a lei, isto é, deixar de executá-la em um determinado momen-
A reclamação nada mais é do que um pedido dirigido à auto- to, sem que isto implique em quebra de princípio da legalidade.
ridade hierárquica superior, em forma de protesto ou queixa, por Apesar da disposição constitucional prevista no artigo 5º,
meio do qual o autor da reclamação reivindica a reparação de ato inciso XXXV, que não exclui da apreciação do Poder Judiciário
que reputar injusto. lesão ou ameaça de direito, em presença da independência dos
O pedido de reconsideração é dirigido à própria autoridade Poderes, regularmente definida no artigo 2º, da Constituição Fe-
que editou o ato, buscando nova deliberação. deral, são impostas restrições legais à apreciação dos atos admi-
nistrativos pelo Poder Judiciário.
CONTROLE JUDICIAL Há uma grande necessidade de subtrair a Administração a
uma prevalência do Poder Judiciário, capaz de diminuí-la, ou até
Controle judicial, pode ser assim entendido como sinônimo mesmo de anulá-la em suas atividades peculiares, se põem restri-
de reexame ou revisão, ou seja, é a verificação, pelo Poder Judi- ções à apreciação jurisdicional dos atos administrativos, no que
ciário, quando provocado, da legalidade dos atos praticados pela respeita à extensão e consequências, para que assim se respeite
Administração Pública, isto porque a jurisdição civil, contenciosa a autonomia constitucionalmente firmada entre os três Poderes.
e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional. É vedada ao Poder Judiciário a apreciação do ao administrati-
Para que haja a ocorrência do controle jurisdicional, atra- vo quanto ao mérito, protegendo assim o poder discricionário que
vés da propositura de uma ação, além da ilegalidade dos atos da a Administração Pública goza, ficando assim restrita essa análise
Administração, há que existir, por parte de quem aciona o Poder e apreciação somente quanto à sua conformidade com a lei, res-
Judiciário, legítimo interesse econômico ou moral e legitimidade, peitando o principio da legalidade.
entendendo-se por interesse a possibilidade de haver benefício ou
prejuízo como decorrência da ação da Administração e por legiti-
midade a conformidade com a lei.

Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CONTROLE LEGISLATIVO Deve ainda ser apreciado e autorizado pelo Senado Federal
a realização de operações externas de natureza financeira, de in-
O controle legislativo, integrante do sistema de controle ex- teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
terno, que muitos denominam parlamentar sem que vigore no e dos Municípios e estabelecer limites globais e condições para o
país o regime parlamentarista, que é exercido sob os aspectos de montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e
correção e fiscalização, tendo em vista o interesse publico. dos Municípios. Além de dispor sobre limites e condições para a
O controle externo legislativo é desempenhado de forma di- concessão de garantia da União em operação de crédito externo e
reta e indireta. Será direto quando exercido pelo Congresso Na- interno.
cional, em nível federal; pelas Assembleias Legislativas, nível Já a competência da Câmara dos Deputados, nos exatos ter-
estadual e distrital; e pelas Câmaras Municipais, em nível mu- mos do artigo 51, inciso I, da Constituição Federal, autorizar, pelo
nicipal. voto de dois terços de seus membros, a instauração de processo
Será legislativo indireto o controle exercitado pelos Tribu- contra o Presidente da República e o Vice-Presidente da Repúbli-
nais de Contas, que funcionam como órgãos auxiliares de Poder ca, assim como os Ministros de Estado.
Legislativo. A Câmara dos Deputados, no exercício do controle externo, é
Controle Legislativo Direto: Compete ao Congresso Nacio- competente a tomada de contas do Presidente da República, quan-
nal, ou seja, às duas Casas Legislativas Federais (Senado Federal do não apresentada ao Congresso Nacional, dentro do prazo de
e Câmara dos Deputados), de acordo com o que dispõe o artigo sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, nos termos do
49, V, da Constituição Federal, sustar os atos normativos do Poder artigo 51, inciso II da Constituição Federal.
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de O controle exercido pelas Câmaras Municipais, diante do
delegação legislativa. Possui também como função, no exercício Poder Executivo Municipal vem definido nas Leis Orgânicas pró-
do controle externo de acompanhamento da execução orçamentá- prias de cada Município.
ria, com parecer técnico de Comissão Mista (artigo 166, §1º, II da Controle Legislativo Indireto: Durante o Império brasileiro
Constituição Federal) e em atendimento a solicitação do Tribunal não existiu no país nenhum Tribunal de Contas, embora em Portu-
de Contas da União, sustar ato do Poder Executivo que possa cau- gal tivesse existido as Casas de Contas que eram responsáveis pela
sar dano irreparável ou grave lesão à economia pública. arrecadação e fiscalização das receitas públicas, mas em nada pode
O Congresso Nacional, ou qualquer de suas comissões, po- ser comparado com as Cortes de Contas.
derão convocar Ministro de Estado ou qualquer titular de órgãos Os primeiros esboços da ideia da formação de um Tribunal de
Contas surgiram com a observância da ineficiência dos parlamen-
diretamente subordinados à Presidência da República para, caso
tos na função da fiscalização dos bens e gastos públicos, quando do
haja necessidade, prestar de maneira pessoal, informações so-
surgimento das monarquias parlamentaristas.
bre assuntos previamente determinado, podendo ser enquadrado
Assim, verificou-se a necessidade de um Tribunal, auxilian-
como crime de responsabilidade, a ausência a tal convocação,
do o exercício do Poder Legislativo de fiscalização e controle dos
sem justificação adequada.
gastos públicos. Assim, os Tribunais de Contas da União, dos Es-
Compete ainda ao Congresso Nacional, para apuração dos
tados e de alguns Municípios, atuam como órgãos auxiliares do
fatos controversos, instaurar Comissão de Inquérito, nos termos
Poder Legislativo, exercendo o controle externo, ou indireto, da
da Lei 1.579/52.
Administração Pública, buscando em sua atuação a fiscalização da
Dentro das atribuições de controle externo, o Congresso Na- gestão financeira, orçamentária e patrimonial do Estado.
cional é competente para realizar o julgamento das contas que O Tribunal de Contas da União é regularmente composto
o Presidente da República deve apresentar anualmente, e ainda por nove ministros, devidamente sediado no Distrito Federal e
apreciar os atos sobre a execução dos planos de governo. possui jurisdição em todo território nacional e tem suas atividades
É de competência privativamente ao Senado Federal, no regulamentadas pela Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.
exercício do controle externo, nos termos do artigo 52 da Consti- É de competência do Presidente da República a nomeação,
tuição Federal, processar e julgar o Presidente da República bem após aprovação pelo Senado Federal por votação secreta e após
como o Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade, e os Mi- arguição pública, de um terço dos membros do Tribunal de Contas
nistros de Estado nos crimes com a mesma natureza conexos com da União. O restante, ou seja, os outros dois terços são escolhidos
aqueles. pelo Congresso Nacional, obedecida a regulamentação definida
Da mesma maneira, compete ao Senado Federal, o processa- pelo Decreto Legislativo nº 6, de 22 de abril de 1993.
mento e consequente julgamento dos Ministros do Supremo Tri- Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea-
bunal Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado- dos dentre brasileiros, com idade superior a 35 anos e inferior a
Geral da União nos crimes de responsabilidade. 65 anos, que possuam idoneidade moral e reputação ilibada, com
Ao Senado Federal incumbe a função de aprovar, previamen- notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e finan-
te, mediante voto secreto, depois de realizada arguição pública a ceiros ou administração pública, que tenha mais de dez anos de
escolha de magistrados (nos casos específicos normatizados pela exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
Constituição Federal), escolha de Ministros para composição do tais conhecimentos, de acordo com o que dispõe o artigo 73, § 1º
Tribunal de Contas da União, previamente indicados pelo Presi- da Constituição Federal, seguido do artigo 71 da Lei nº 8.443/92.
dente da República (um terço), escolha de Governado de Territó- No caso de ausência ou impedimentos legais os Ministros são
rio, presidente e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da substituídos, mediante convocação do Presidente do Tribunal, pe-
República, escolha (após arguição em seção secreta) dos chefes los Auditores, observada a ordem de antiguidade no cargo, ou a
integrantes de missão diplomática de caráter permanente. maior idade, no caso de idêntica antiguidade.

Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O artigo 71 da Constituição Federal normatiza que o contro- EVOLUÇÃO HISTÓRICA E FUNDAMENTOS JURÍDI-
le externo, de competência do Congresso Nacional, será exercido COS
com auxilio do Tribunal de Contas da União. Ampliando o cam-
po de atuação do Tribunal de Contas da União, dentro dos limites Para chegarmos ao modelo de Responsabilidade do Estado
constitucionais, a Lei nº 8.443/92 estabelece, em seu artigo 1º, as diante dos prejuízos causados a terceiros, passamos a discorrer ra-
limitações de competência do mesmo Tribunal. pidamente sobre a evolução histórica deste instituto bem como seus
A composição dos Tribunais de Contas dos Estados vem fundamentos jurídicos.
definida nas Constituições e nas legislações complementares de
cada Estado. Para o regular desempenho de sua competência o Tri- - 1ª Etapa: Irresponsabilidade do Estado - inicialmente tínhamos
bunal de Contas receberá da Secretaria de Estado da Fazenda e das o entendimento majoritário em diversas escolas do Direito pelo mun-
Prefeituras Municipais, em cada exercício, o rol dos responsáveis do que o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos seus atos,
por dinheiro, valores e bens públicos, e outros documentos ou in- ou seja, o Poder Público era isento de qualquer responsabilidade pe-
formações que considerar necessários. rante terceiros, essa período ficou conhecido como “The King can do
Cumpre destacar que os pareceres emitidos pelo Tribunal de no wrong” ou “O Rei não erra nunca”.
Contas referentes às contas prestadas pelo Governador e pelos Pre-
feitos Municipais não têm poder vinculante, podendo ser aceitos - 2ª Etapa: Responsabilidade Subjetiva – A partir dessa fase, o
ou não pelo Poder Legislativo. Poder Público passou a responder baseado no conceito de culpa, cul-
As contas que devem ser prestadas pelas Mesas da Câmara pa anônima, quando o serviço que deveriam prestar ou não prestou,
dos deputados, do Senado Federal, das Assembleias Legislativas, ou ainda quando prestou de forma deficiente. A culpa não recaia em
das Câmaras Municipais e ainda pelos Tribunais (Poder Judiciário alguém particular, bastava para tanto constatar que o serviço não foi
Federal e Estadual), eram julgadas pelos Tribunais de Contas da efetuado, ou então feito com deficiência para a culpa recair sobre o
União ou dos Estados, dependendo da esfera a qual pertence. serviço e não sobre a pessoa. Este período ficou conhecido pela ex-
Entretanto, a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de pressão “Culpa do Serviço”.
2000, estabelece, em seu artigo 56, que as contas prestadas pelos
Chefes do Poder Executivo incluirão, além das contas próprias, as - 3ª Etapa: Responsabilidade Objetiva – O Poder Público passa
dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e a responder com fundamento no nexo de causalidade, ou seja, a re-
do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio, lação de causa e efeito entre o fato ocorrido e as consequências dela
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas. resultantes. O Estado responde sem a comprovação de dolo ou culpa.
Assim, a nova legislação desvincula os Chefes dos outros Po- A teoria da responsabilidade objetiva surge com a Constituição
deres das disposições normativas contida no artigo 71, inciso II, da Federal de 1946, substituindo a teoria subjetiva baseada na “Culpa do
Constituição Federal. Serviço”. O texto constitucional de 1946 estabelece a responsabili-
Só com relação às contas dos Chefes do Executivo é que o dade direta do Estado, exigindo culpa ou dolo do funcionário apenas
pronunciamento do Tribunal de Contas constitui mero parecer pré- para estabelecer o direito regressivo do Estado contra seu agente.
vio, sujeito à apreciação final do Poder Legislativo, antes do qual
não há inelegibilidade. As contas de todos os demais responsáveis REQUISITOS PARA DEMONSTRAÇÃO DA RESPON-
por dinheiro e bens públicos são julgadas pelo Tribunal de Contas SABILIDADE DO ESTADO
e suas decisões geram inelegibilidade.
Conforme estudado até o presente momento, temos que, via de
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREI- regra, a Responsabilidade do Estado em reparar os danos causados a
TO BRASILEIRO terceiros é na modalidade objetiva.
Dessa forma, temos que para o terceiro prejudicado possa plei-
Temos pacificado o entendimento em nosso ordenamento ju- tear a reparação dos danos sofridos é necessário a demonstração do
rídico que um ato praticado por uma pessoa poderá gerar conse- dano e do nexo causal.
quências a outrem, em três esferas distintas do Direito Brasileiro. Para tanto, basta que exista o dano decorrente da atuação de
Inicialmente, se o ato praticado pelo autor for tipificado em agente público, agindo nessa qualidade, e a relação de causalidade
lei como crime ou contravenção, este responderá na esfera penal. entre a ação ou omissão do Estado e o resultado final (dano propria-
Caso o ato praticado caracterizar infração a normas administra- mente dito).
tivas, o autor do ato deverá responder na esfera administrativa, Assim, demonstrado os dois elementos fundamentais (dano +
entretanto, se o ato ocasionar dano ao patrimônio de outrem ou sua nexo causal) significa dizer que não importa verificar e comprovar a
moral, o autor da pratica do ato deverá responder de acordo com as culpa de determinado agente público, para que nasça a responsabili-
lei civis do nosso ordenamento jurídico. dade do Estado em reparar os danos causados.
Assim, via de regra, as esferas do direito acima descritas são
autônomas e independentes entre si, com ritos e procedimentos CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RES-
diferentes para a apuração da responsabilidade e aplicação das PONSABILIDADE DO ESTADO
sanções aplicáveis em cada caso e em cada esfera do Direito, en-
tretanto, poderá ocorrer a imputação de responsabilidade cumula- Nos casos de responsabilidade objetiva, o Estado somente não
tiva, caso o ato praticado pelo autor gere sua responsabilização nas será responsabilizado por danos causados a terceiros quando faltar
diferentes esferas acima demonstradas. a comprovação da relação de nexo de causalidade de sua atuação
administrativa e o dano.

Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nas palavras do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, te- de que o dano é resultado de um ato praticado por determinado
mos no caso de responsabilidade objetiva que o Estado somente agente, este elo de ligação entre o ato, dano e o agente causado a
exime-se: “apenas se não produziu a lesão que lhe é imputada ou doutrina jurídica nomeou de nexo causal, sendo utilizado como
se a situação de risco inculcada a ele inexistiu ou foi sem relevo parâmetro para averiguar a culpa do agente que praticou o ato que
decisivo para a eclosão do dano. Fora daí responderá sempre. Em resultou em dano.
suma: realizados os pressupostos da responsabilidade objetiva, Assim, comprovado a ocorrência do nexo causal, o grau de
não há evasão possível. culpabilidade do agente que praticou o ato e a extensão do dano,
Como verificado, temos que para a comprovação da respon- esgota-se a responsabilidade civil com a correspondente indeniza-
sabilidade do Estado em reparar o dano reside na simples demons- ção pela lesão causada.
tração do dano e do nexo de causalidade. Temos então, diante da introdução explanada, que a essa mo-
Assim, temos que o nexo de causalidade é o fundamento prin- dalidade de responsabilidade civil, a qual exige a comprovação da
cipal (junto com o dano) para a imputação de responsabilidade ao culpa do agente para sua caracterização, o caráter subjetivo, ou seja,
Estado em reparar os danos causados, sendo certo que tal respon- a responsabilidade civil subjetiva leva em consideração a conduta
sabilidade deixará de existir, ou então será atenuada quando a pres- do agente causador do dano, exigindo que ele tenha atuado com
tação do serviço público não for a causa do dano, ou na hipótese de culpa, para que ele possa ser responsabilizado e compelido ao pa-
não ser a única causa. gamento de indenização correspondente a extensão do dano (patri-
Dessa maneira são apontadas como causas da excludente ou monial e/ou moral).
atenuante de responsabilidade a força maior e/ou a culpa exclusiva Entretanto, ao Poder Público não é aplicado este modelo de
da vítima. responsabilidade civil subjetiva, visto que, de acordo com o orde-
A hipótese de ocorrência de força maior é o acontecimento namento jurídico vigente, inclusive constitucional, e os posiciona-
imprevisível, não sendo imputável responsabilidade à Administra- mentos doutrinários majoritários, temos que a Administração Pú-
ção Pública quando não houver o nexo de causalidade entre o dano blica possui o dever de indenizar aquele que for lesado por ação ou
sofrido e o comportamento da Administração Pública. omissão de seus agentes públicos (ou delegatário de serviço públi-
Entretanto tal regra não é absoluta e comporta exceção, ou co), que agindo nesta qualidade, praticou o ato gerador do dano.
seja, mesmo que seja configurada a ocorrência de motivo de força Assim, o particular lesado, deverá ajuizar ação diretamente
maior, a Administração Pública poderá ser responsabilizada nos
contra a Administração Pública, e não contra o agente público que
casos em que, juntamente com o motivo de força maior ocorrer
praticou o ato lesivo, bastando ao particular comprovar em juízo
omissão do Estado na prestação de serviços públicos.
a relação de causa e consequência entre a atuação lesiva da Ad-
Como exemplo podemos citar os casos de enchente em decor-
ministração Pública e o dano decorrente, bem como a valoração
rência de grande volume de chuvas. Caso se comprove que, muito
patrimonial do dano.
embora o volume de chuva foi elevado, não houve o correto escoa-
Isto ocorre porque, diferentemente da responsabilidade civil
mento da água nas galerias mantidas pela Administração, seja pela
subjetiva, a Administração pública responde perante os usuários
falta de limpeza das galerias ou simplesmente falta de sistema de
dos serviços públicos de forma objetiva, bastando a demonstração
drenagem (deficiência no serviço publicou) o Estado responderá
pelos danos causados. do nexo causal e o dano para surgir a obrigação de indenizar, não
No tocante a culpa da vítima, é necessário observar se sua sendo necessária a demonstração de que houve culpa do agente pú-
culpa é exclusiva ou concorrente com a atuação estatal. blico (ou delegatário de serviço público) na falha da execução de
No caso comprovado de culpa exclusiva da vítima o Estado suas funções públicas, que originaram a lesão ao particular.
não possui responsabilidade, pois não houve participação do Es- Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, o conceito de
tado na ocorrência do evento danoso; entretanto, se a culpa for responsabilidade objetiva do Estado é “a obrigação de indenizar
concorrente, temos possibilidade de causa atenuante da responsa- que incumbe a alguém em razão de um procedimento licito ou ilí-
bilidade estatal, atribuindo parte da responsabilidade à vítima e cito que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de
outra parte à Administração Pública. outrem. Para configurá-la basta, pois, a mera relação causal entre
o comportamento e o dano”.
DA REPARAÇÃO DO DANO Diante de tais esclarecimentos, temos que a responsabilidade
civil do Estado, bem como de seus prestadores de serviço público
Denomina-se responsabilidade na esfera civil a obrigação é objetiva, bastando para tanto a demonstração da relação de causa
imposta a uma pessoa de indenizar ou ressarcir os danos experi- e efeito entre o serviço público e o dano, para gerar a obrigação de
mentados por alguém. A responsabilidade pode ser contratual ou indenização.
extracontratual. Dessa maneira não se cogita a ideia de que, aquele que sofreu
Quando estamos diante da responsabilidade civil contratual, danos, comprovar culpa ou dolo, quando figure no polo passivo, a
a mesma segue os princípios gerais dos contratos, entretanto, a administração pública, bastando para tanto a incidência do nexo
responsabilidade civil extracontratual baseia-se na culpa do agente de causalidade. É dessa maneira que garante o artigo 37, § 6º da
causador do dano. Constituição Federal, senão vejamos:
A responsabilidade civil patrimonial extracontratual decorre “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
de atos que causem lesão patrimonial, dano moral, ou ambos. Via do, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que
de regra, para a imputação de responsabilidade civil deve restar ca- seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
balmente demonstrado não só a ocorrência do dano, mas também a o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
relação entre um ato e o dano, ou seja, é necessária a comprovação culpa.”

Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Neste sentido, estão enquadrados a Administração Pública em As penalidades envolvem ressarcimento do dano, multa, per-
todas as suas vertentes, ou seja, toda a esfera administrativa está da do que foi obtido ilicitamente, perda da função pública, suspen-
sujeita a responsabilidade objetiva pelos danos que causar a tercei- são dos direitos políticos, que podem ser de 3 a 10 anos, conforme
ros, seja a Administração Direta, Indireta, Concessionárias e/ou Per- a hipótese e o caso concreto, e ainda proibição de contratar com o
missionárias de Serviços Públicos. poder público por período definido na lei.

DO DIREITO DE REGRESSO A Lei 8.429/92 estabelece três espécies de atos de improbi-


dade:
Cumpre ressaltar o direito que a Administração Pública tem de - os atos que importam enriquecimento ilícito, devidamente
ingressar com ação judicial visando a apuração das responsabilida- previsto no artigo 9º;
des de seus agente no cometimento do dano a terceiros, dai surge o - os atos que causam lesão ao patrimônio público, previsto no
direito de regresso conferido ao Poder Público visando a verificação artigo 10, e;
de dolo ou culpa de seus agente e possível ressarcimento de valores. - os atos que atentam contra os princípios da Administração
Há dois aspectos peculiares que ensejam o direito de regresso Pública com previsão legal no artigo11.
da Administração Pública contra seu agente:
Importante salientar que a responsabilidade pode ser apurada
- A Administração Pública para ingressar com ação regressiva cumulativamente, ou seja, o agente do ato de improbidade poderá
contra seu agente, deverá comprovar previamente já ter sido con- ser enquadrado e penalizado tanto na lei de Improbidade Adminis-
denada a indenizar o particular lesado, haja vista que seus direito trativa, como também criminalmente, respondendo por suas con-
regressivo é originário a partir de sentença final condenatória, sem dutas tipificadas no Código Penal.
possibilidades de reversão recursal. A Lei além de prever punições de caráter penal ou criminal,
dispõe ainda sobre as penas de natureza civil e política, ou seja, in-
- Ocorrência de dolo ou culpa do agente público na lesão ex- cluem a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos,
perimentada pelo particular, ou seja, é necessária a comprovação multas, reparação do dano e ressarcimento de valores.
de que o agente agiu com dolo ou culpa para ser responsabilizado Dessa forma, para os estudos acerca das sanções aplicáveis
(responsabilidade subjetiva do agente). aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercí-
Em linhas gerais, temos que a Administração Pública, ou de- cio de mandato, cargo, emprego ou função da administração públi-
legatária de execução dos serviços públicos, cujo agente praticou o ca direta, indireta ou fundacional, suas hipóteses de improbidade
ato lesivo, indeniza o particular independentemente de comprova- administrativa e penalidades, é imprescindível a leitura atenta do
ção de dolo ou culpa do Poder Público, entretanto, o agente público que dispõe a Lei 8.429/1992, que a seguir segue:
somente será condenado a ressarcir a Administração Pública regres-
sivamente se houver a comprovação de dolo ou culpa de sua parte, LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992.
durante o exercício de suas funções públicas.
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LEI 8.429/1992 casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
A Improbidade Administrativa é caracterizada, genericamente, fundacional e dá outras providências.
pela violação aos princípios da moralidade, impessoalidade e econo-
micidade e enriquecimento ilícito cometido por agente público, em O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con-
seu conceito mais amplo, no exercício de suas funções administrati- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
vas, ou em decorrência dela, conforme previsto por lei.
A Lei Federal n° 8.429/92 trata dos atos de improbidade prati- CAPÍTULO I
cadas por qualquer agente público, bem como estabelece as sanções Das Disposições Gerais
e dever indenizar e/ou restituir o patrimônio público.
As disposições desta lei alcançam todas as pessoas qualificadas Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
como agentes públicos, seja na administração direta, indireta e fun- agente público, servidor ou não, contra a administração direta,
dacional, mesmo que transitoriamente, remuneradas ou não. Atin- indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
gem de forma direta ainda as empresas incorporadas ao patrimônio Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
público e as entidades para criação ou custeio onde o erário público empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para
haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
receita anual. mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
São abrangidos ainda, na referida lei, aqueles que, mesmo não serão punidos na forma desta lei.
sendo agentes públicos, induzam ou concorram para a prática do ato Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des-
de improbidade ou dele se beneficiem sob qualquer forma, direta ou ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
indiretamente. Neste sentido, são equiparados a agentes públicos, fi- entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
cando sujeitos às sanções previstas na Lei de Improbidade Adminis- creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
trativa, os responsáveis e funcionários de pessoas jurídicas de direito ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
privado que recebam verbas públicas e promovam o seu desvio, cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitan-
apropriação, ou uso em desconformidade com as finalidades para do-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito
as quais se deu o repasse. sobre a contribuição dos cofres públicos.

Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re- facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, de mercado;
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprie-
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, dade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, em-
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob pregados ou terceiros contratados por essas entidades;
qualquer forma direta ou indireta. V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
reta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato vantagem;
dos assuntos que lhe são afetos. VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
reta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de merca-
integral ressarcimento do dano. dorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas
no art. 1º desta lei;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao to, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza
seu patrimônio. cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à
renda do agente público;
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patri- VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
mônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autori- sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-
dade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Mi- nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
nistério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput atividade;
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressar- IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
cimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
enriquecimento ilícito. X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou decla-
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio ração a que esteja obrigado;
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
desta lei até o limite do valor da herança. rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
CAPÍTULO II XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo-
Dos Atos de Improbidade Administrativa res integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei.
Seção I
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Seção II
Importam Enriquecimento Ilícito Dos Atos de Improbidade Administrativa que
Causam Prejuízo ao Erário
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa impor-
tando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que cau-
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, sa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbarata-
1° desta lei, e notadamente: mento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou no art. 1º desta lei, e notadamente:
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpo-
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de ração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
agente público; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
por preço superior ao valor de mercado; aplicáveis à espécie;

Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para celebra-
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ção de parcerias da administração pública com entidades priva-
rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entida- das ou dispensá-lo indevidamente (Vide Lei nº 13.019, de 2014)
des mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das forma- (Vigência);
lidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas administração pública com entidades privadas (Vide Lei nº
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte de- 13.019, de 2014) (Vigência);
las, por preço inferior ao de mercado; XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela adminis-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de tração pública com entidades privadas sem a estrita observân-
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; cia das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para
VI - realizar operação financeira sem observância das nor- a sua aplicação irregular.” (NR) (Vide Lei nº 13.019, de 2014)
mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou (Vigência)
inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob- Seção III
servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra
à espécie; os Princípios da Administração Pública
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
indevidamente; (Vide Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
atenta contra os princípios da administração pública qualquer
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori-
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia-
zadas em lei ou regulamento; lidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou ren- I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento
da, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
público; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
irregular; IV - negar publicidade aos atos oficiais;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se en- V - frustrar a licitude de concurso público;
riqueça ilicitamente; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fa-
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, zê-lo;
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. bem ou serviço.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscali-
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso- zação e aprovação de contas de parcerias firmadas pela admi-
ciada sem observar as formalidades previstas na lei;(Incluído pela nistração pública com entidades privadas.” (NR) (Vide Lei nº
Lei nº 11.107, de 2005) 13.019, de 2014) (Vigência)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessi-
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as for- bilidade previstos na legislação.” (NR) (Vide Lei nº 13.146, de
malidades previstas na lei.(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) 2015) (Vigência)
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in-
corporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídi- CAPÍTULO III
ca, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela Das Penas
administração pública a entidades privadas mediante celebração
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e ad-
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou re-
ministrativas previstas na legislação específica, está o responsá-
gulamentares aplicáveis à espécie (Vide Lei nº 13.019, de 2014)
vel pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que
(Vigência); podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi- a gravidade do fato:(Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos trans- I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acresci-
feridos pela administração pública a entidade privada mediante dos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades le- quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
gais ou regulamentares aplicáveis à espécie (Vide Lei nº 13.019, políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
de 2014) (Vigência); vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com en- com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
tidades privadas sem a observância das formalidades legais ou ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermé-
regulamentares aplicáveis à espécie (Vide Lei nº 13.019, de 2014) dio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
(Vigência); de dez anos;

Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação,
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimô- em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades
nio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a repre-
suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento sentação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti- determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por servidores federais, será processada na forma prevista nos arts.
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se
prazo de cinco anos; tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regula-
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, mentos disciplinares.
se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos polí-
ticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis-
vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incen- de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de
tivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por improbidade.
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Con-
prazo de três anos. selho de Contas poderá, a requerimento, designar representante
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o para acompanhar o procedimento administrativo.
juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o
proveito patrimonial obtido pelo agente. Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria
CAPÍTULO IV do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
Da Declaração de Bens sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con- § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o
dicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
serviço de pessoal competente. (Regulamento) (Regulamento) exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações finan-
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoven- ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos
tes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e tratados internacionais.
valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando
for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro-
ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a
posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada,
dependência econômica do declarante, excluídos apenas os obje-
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
tos e utensílios de uso doméstico.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na
de que trata o caput.
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, car-
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as
go, emprego ou função.
ações necessárias à complementação do ressarcimento do patri-
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
mônio público.
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Mi-
que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
nistério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do
determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação dada
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Fe- pela Lei nº 9.366, de 1996)
deral na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como
proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de
para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo. nulidade.
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juí-
CAPÍTULO V zo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade § 6o A ação será instruída com documentos ou justificação
administrativa competente para que seja instaurada investigação que contenham indícios suficientes da existência do ato de im-
destinada a apurar a prática de ato de improbidade. probidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Có-
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha digo de Processo Civil.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
conhecimento. 45, de 2001)

Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au- Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Mi-
tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer mani- nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade admi-
festação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e nistrativa ou mediante representação formulada de acordo com o
justificações, dentro do prazo de quinze dias.(Incluído pela Medi- disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito
da Provisória nº 2.225-45, de 2001) policial ou procedimento administrativo.
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da ine- CAPÍTULO VII
xistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da Da Prescrição
inadequação da via eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.225-45, de 2001) Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre-
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre- vistas nesta lei podem ser propostas:
sentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de
45, de 2001) cargo em comissão ou de função de confiança;
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
de 2001) público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade-
quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem CAPÍTULO VIII
julgamento do mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº Das Disposições Finais
2.225-45, de 2001)
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput
e § 1o, do Código de Processo Penal. (Incluído pela Medida Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
Provisória nº 2.225-45, de 2001) 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
em contrário.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa-
ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamen- Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
te determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o 104° da República.
caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
FERNANDO COLLOR
CAPÍTULO VI Célio Borja
Das Disposições Penais
Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.6.1992
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de impro-
bidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o
autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou
à imagem que houver provocado.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos


políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
competente poderá determinar o afastamento do agente público
do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
neração, quando a medida se fizer necessária à instrução proces-
sual.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei inde-


pende:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, sal-
vo quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº
12.120, de 2009).
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de contro-
le interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

Didatismo e Conhecimento 100


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO II
DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
9. REGIME JURÍDICO DO MILITAR
ESTADUAL: ESTATUTO DOS
SEÇÃO I
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO
DOS REQUISITOS E CONDIÇÕES PARA O INGRESSO
DA BAHIA (LEI ESTADUAL Nº 7.990,
DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001 E
Art. 5º - São requisitos e condições para o ingresso na Polícia
SUAS ALTERAÇÕES, EM ESPECIAL
Militar:
AS LEIS N.º 11.356, DE 06 DE
I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
JANEIRO DE 2009, E
II - ter o mínimo de dezoito e o máximo de trinta anos de
11.920, DE 29 DE JUNHO DE 2010).
idade;
III - estar em dia com o Serviço Militar Obrigatório;
IV - ser eleitor e achar-se em gozo dos seus direitos políticos;
V - possuir idoneidade moral, comprovada por meio de folha
corrida policial militar e judicial, na forma prevista em edital;
LEI Nº 7.990 DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001
VI - aptidão física e mental, comprovada mediante exames
médicos, testes físicos e exames psicológicos, na forma prevista
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares do Estado da em edital;
Bahia e dá outras providências. VII - possuir estatura mínima de 1,60 m para candidatos do
sexo masculino e 1,55 m para as candidatas do sexo feminino;
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber VIII - possuir a escolaridade ou formação profissional exigida
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ao acompanhamento do curso de formação a que se candidata, na
forma prevista em edital.
TÍTULO I - IX -possuir Carteira Nacional de Habilitação válida, categoria
GENERALIDADES B. (Inciso IX acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de 06 de
janeiro de 2009.)
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 6º - O ingresso na Polícia Militar é assegurado aos apro-
vados em concurso público de provas ou de provas e títulos, me-
Art. 1º - Este Estatuto regula o ingresso, as situações institu- diante matrícula em curso profissionalizante, observadas as con-
cionais, as obrigações, os deveres, direitos, garantias e prerrogati- dições prescritas nesta Lei, nos Regulamentos e nos respectivos
vas dos integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia. editais de concurso da Instituição.

Art. 2º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia SEÇÃO II


constituem a categoria especial de servidores públicos militares DO COMPROMISSO POLICIAL MILITAR
estaduais denominados policiais militares, cuja carreira é integra-
da por cargos técnicos estruturados hierarquicamente. Art. 7º - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar, pres-
tará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação cons-
Art. 3º - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da ciente das obrigações e dos deveres policiais militares e manifesta-
Polícia Militar. rá a sua firme disposição de bem cumpri-los.
§ 1º - A hierarquia policial militar é a organização em carreira
da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia Art. 8º - O compromisso a que se refere o artigo anterior terá
Militar, consubstanciada no espírito de acatamento à sequência de caráter solene e será prestado pelo policial militar na presença da
autoridade. tropa, no ato de sua investidura, conforme os seguintes dizeres:
§ 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento inte- “Ao ingressar na Polícia Militar do Estado da Bahia, prometo re-
gral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamen- gular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosa-
tam o organismo policial militar e coordenam seu funcionamento mente as ordens legais das autoridades a que estiver subordinado e
regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção
dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse or- da ordem pública e à segurança da sociedade mesmo com o risco
ganismo. da própria vida”.
§ 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser ob- Parágrafo único - Ao ser promovido ou nomeado ao primeiro
servados e mantidos em todas as circunstâncias da vida, entre os posto, o Oficial prestará compromisso, em solenidade especial, nos
policiais militares. seguintes termos: “Perante as Bandeiras do Brasil e da Bahia, pela
minha honra, prometo cumprir os deveres de Oficial da Polícia Mi-
Art. 4º - A situação jurídica dos policiais militares é defini- litar do Estado da Bahia e dedicar-me inteiramente ao seu serviço”.
da pelos dispositivos constitucionais que lhe forem aplicáveis,
por este Estatuto e por legislação específica e peculiar que lhes
outorguem direitos e prerrogativas e lhes imponham deveres e
obrigações.

Didatismo e Conhecimento 101


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO III c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de poli-
DA HIERARQUIA POLICIAL MILITAR ciais militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão,
se não estiverem especificamente enquadrados nas alíneas “a” e
SEÇÃO I “b” deste parágrafo.
DA ESCALA HIERÁRQUICA § 3º - Nos casos de nomeação coletiva por conclusão de cur-
so e promoção ao primeiro posto ou graduação, prevalecerá, para
Art. 9º - Os postos e graduações da escala hierárquica são os efeito de antiguidade, a ordem de classificação obtida no curso.
seguintes: § 4º - Em igualdade de posto ou graduação, os policiais milita-
I - Oficiais: res da ativa têm precedência sobre os da inatividade.
a) Coronel PM; § 5º - Em igualdade de posto ou graduação, a precedência en-
b) Tenente Coronel PM; tre os policiais militares de carreira na ativa e os convocados é de-
c) Major PM; finida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação destes.
d) Capitão PM; § 6º - Em igualdade de posto, os Oficiais do Quadro de Segu-
e) 1º Tenente PM. rança terão precedência sobre os Oficiais do Quadro de Oficiais
II - Praças Especiais: Auxiliares da Polícia Militar e estes terão precedência sobre os
a) Aspirante-a-Oficial PM; Oficiais do Quadro Complementar de Oficiais Policiais Militares.
b) Aluno-a-Oficial PM; § 7º - A precedência entre os Praças Especiais e aos demais é
c) Aluno do Curso de Formação de Sargentos PM; assim regulada:
d) Aluno do Curso de Formação de Cabos PM; a) o Aspirante Oficial é hierarquicamente superior aos praças;
e) Aluno do Curso de Formação de Soldados PM. b) o Aluno Oficial é hierarquicamente superior aos Subtenen-
tes;
III - Praças: c) o Aluno do Curso de Formação de Sargentos é hierarquica-
a) Subtenente PM; mente superior ao Cabo.
b) 1º Sargento PM;
c) Cabo PM;
TÍTULO II -
d) Soldado 1ª Classe PM.
CAPÍTULO I
Art. 10 - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por
DAS FORMAS DE PROVIMENTO
ato do Governador do Estado e registrado em Carta Patente; Gra-
duação é o grau hierárquico do Praça conferido pelo Comandante
Art. 12 - São formas de provimento do cargo de policial mi-
Geral da Polícia Militar.
litar:
§ 1º - A todos os postos e graduações de que trata este artigo
será acrescida a designação «PM». I - nomeação;
§ 2º - Quando se tratar de policial militar dos Quadros Com- II - reversão;
plementar e Auxiliar, o posto será seguido da designação policial III - reintegração.
militar e da abreviatura da especialidade.
§ 3º - Sempre que o policial militar da reserva remunerada ou Art. 13 - A nomeação far-se-á em caráter permanente, quando
reformado fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-lo com as se tratar de provimento em cargo da carreira ou em caráter tempo-
abreviaturas indicadoras de sua situação. rário, para cargos de livre nomeação e exoneração.
§ 1º - A investidura nos cargos dar-se-á com a posse e o efetivo
SEÇÃO II exercício com o desempenho das atribuições inerentes aos cargos.
DA PRECEDÊNCIA § 2º - São competentes para dar posse o Governador do Estado
e o Comandante Geral da Polícia Militar.
Art. 11 - A precedência entre policiais militares da ativa, do
mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto ou Art. 14 - A reversão é o ato pelo qual o Policial Militar retorna
graduação e pelo Quadro, salvo nos casos de precedência funcional ao serviço ativo e ocorrerá nas seguintes hipóteses: (Redação de
estabelecida em Lei. acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010.)
§ 1º - A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a I - quando cessar o motivo que determinou a sua agregação,
partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção ou no- devendo retornar à escala hierárquica, ocupando o lugar que lhe
meação, salvo quando for fixada outra data. competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga que
§ 2º - No caso do parágrafo anterior, havendo igualdade, a an- ocorrer;
tiguidade será estabelecida: II - quando cessar o período de exercício de mandato eletivo,
a) entre policiais militares do mesmo Quadro, pela posição, nas devendo retornar ao mesmo grau hierárquico ocupado e mesmo
respectivas escalas numéricas ou registros existentes na Instituição; lugar que lhe competir na escala numérica no momento de sua
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou graduação transferência para a reserva remunerada.
anterior se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer-se-á, suces- § 1º - O Policial Militar revertido nos termos do inciso II,
sivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de praça e à deste artigo, que for promovido, passará a ocupar o mesmo lugar
data de nascimento para definir a precedência, sendo considerados na escala numérica, observado o novo grau hierárquico, sendo tal
mais antigos, respectivamente, os de data de praça mais antiga e previsão aplicada, tão somente, à primeira promoção ocorrida após
de maior idade; a reversão.

Didatismo e Conhecimento 102


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - A competência para a reversão será: respectivo acréscimo no seu tempo de serviço e a uma indenização
I - da mesma autoridade que efetuou a agregação, nos termos no valor de 50% (cinquenta por cento) dos seus proventos, en-
do art. 26, desta Lei; quanto perdurar a convocação. (Redação de acordo com o art. 2º
II - da autoridade competente para efetuar a transferência do da Lei nº 10.957, de 02 de janeiro de 2008.)
Policial Militar para a reserva remunerada, nos termos da legisla- § 2º - A convocação de que trata este artigo terá a duração
ção vigente. necessária ao cumprimento da atividade ou missão que lhe deu ori-
§ 3º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o retorno gem e deverá ser precedida de inspeção de saúde, vedado o exercí-
ao serviço ativo deverá ocorrer no primeiro dia útil imediatamente cio de cargo ou função de comando, direção e chefia.
subsequente ao término do mandato eletivo. § 3º - Não implicará em convocação a nomeação para cargo
§ 4º - Não poderá haver interrupção entre o momento da trans- em comissão.
ferência do Policial Militar para a inatividade, em razão do exercí-
cio de mandato eletivo, e o seu posterior retorno à Corporação, em Art. 19 - Os Praças Especiais são os Aspirantes a Oficial, Alu-
face do disposto no inciso II deste artigo. nos dos diversos cursos de formação.
§ 5º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos Poli-
ciais Militares que tenham exercido ou que se encontrem no exer- Art. 20 - Integram a categoria dos Praças Especiais:
cício de mandato eletivo estadual no momento da edição desta Lei, I - os Aspirantes a Oficial;
vedado o pagamento, em caráter retroativo, de diferenças remu- II - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro
neratórias de qualquer natureza em decorrência da aplicação do de Oficiais Policiais Militares;
disposto neste parágrafo. III - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro
§ 6º - Para fins de reversão, prevista no inciso II deste artigo, é Complementar;
obrigatório que o Policial Militar não tenha atingido a idade limite IV - os Alunos do Curso de Formação Oficiais Auxiliares;
de 60 (sessenta) anos. V - os Alunos do Curso de Formação de Sargentos;
VI - os Alunos do Curso de Formação de Soldados.
Art. 15 - A reintegração é o retorno do policial militar demiti- § 1º - Equiparam-se aos Alunos do Curso de Formação de
do ao cargo anteriormente ocupado ou o resultante de sua transfor- Oficiais do Quadro de Oficiais Policiais Militares, os Alunos do
mação, quando invalidado o ato de afastamento pela via judicial, Curso de Formação de Oficiais do Quadro de Oficiais Bombeiros
por sentença transitada em julgado, ou pela via administrativa, nos Militares realizados na Polícia Militar da Bahia ou em outras Ins-
termos do art. 91 desta Lei. tituições militares.
§ 2º - Durante o período de realização do curso profissiona-
CAPÍTULO II lizante, os alunos oficiais receberão, a título de bolsa de estudo,
DAS SITUAÇÕES INSTITUCIONAIS o equivalente a 30% (trinta por cento) os do 1º ano, 35% (trinta e
DA POLÍCIA MILITAR cinco por cento) os do 2º ano e 40% (quarenta por cento) os do 3º
ano, da remuneração do posto de 1º Tenente. (Redação de acordo
Art. 16 - O policiais militares encontram-se organizados em com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010.)
carreira, em uma das seguintes situações institucionais: § 3º - Na hipótese de ser policial militar de carreira, o Aluno
I - na ativa:
poderá optar pela percepção da bolsa de estudo de que trata o pa-
a) os de carreira;
rágrafo anterior ou pela remuneração do seu posto ou graduação,
b) os convocados;
acrescida das vantagens pessoais.
c) os praças especiais.
d) os agregados;
Art. 21 - A agregação é a situação na qual o policial militar da
e) os excedentes;
ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Quadro,
f) os ausentes e desertores;
nela permanecendo sem número.
g) os desaparecidos e extraviados.
II - na inatividade:
a) os da reserva remunerada; Art. 22 - O policial militar será agregado e considerado, para
b) os reformados. todos os efeitos legais, como em serviço ativo, quando:
III - os da reserva não remunerada. I - nomeado para cargo policial militar ou considerado de na-
tureza policial militar, estabelecido em Lei, não previsto no Qua-
Art. 17 - O policial militar de carreira é aquele que se encontra dro de Organização da Polícia Militar;
no desempenho do serviço policial militar a partir da conclusão II - estiver aguardando sua transferência, a pedido ou “ex
com aproveitamento, do respectivo curso de formação. officio”, para a reserva remunerada, por ter sido enquadrado em
quaisquer dos requisitos que a motivarem.
Art. 18 - O policial militar da reserva remunerada, por conve- § 1º - A agregação do policial militar, no caso do inciso I,
niência da Administração, em caráter transitório e mediante aceita- é contada a partir da data de posse no novo cargo até o regresso
ção voluntária, poderá ser convocado para o serviço ativo, por ato à Polícia Militar ou à transferência “ex officio” para a reserva
do Governador do Estado. remunerada.
§ 1º - O Policial Militar convocado nos termos deste artigo § 2º - A agregação do policial militar, no caso do inciso II
terá os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierárquica, deste artigo, é contada a partir da data indicada no ato que a torna
exceto quanto à promoção, a qual não concorrerá, fazendo jus ao pública.

Didatismo e Conhecimento 103


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 23 - O policial militar será agregado quando for afastado, Art. 25 - O policial militar agregado ficará adido, para efeito
temporariamente, do serviço ativo por motivo de: de alterações e remuneração, ao órgão de pessoal da Instituição,
I - ter sido julgado incapacitado, temporariamente, para o ser- continuando a figurar no respectivo registro, sem número, no lugar
viço policial militar e submetido a gozo de licença para tratamento que até então ocupava.
de saúde própria, a pedido ou ex officio, ou por motivo de acidente; Parágrafo único - O policial militar agregado, quando no de-
II - ter ultrapassado doze meses em licença para tratamento sempenho de cargo policial militar, ou considerado de natureza
de saúde própria; policial militar, concorrerá à promoção, por qualquer dos critérios,
III - ter entrado em gozo de licença para tratar de interesse sem prejuízo do número de concorrentes regularmente estipulado.
particular ou para acompanhar cônjuge ou companheiro;
IV - ter ultrapassado seis meses contínuos em gozo de licença Art. 26 - A agregação se faz:
para tratar de saúde de pessoa da família; I - por ato do Governador do Estado ou da autoridade por ele
V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto tramita delegada, quanto aos Oficiais;
o processo de reforma; II - por ato do Comandante Geral ou da autoridade por ele
VI - ter sido considerado oficialmente extraviado; delegada, quanto aos praças.
VII - ter-se esgotado o prazo que caracteriza o crime de de-
serção previsto no Código Penal Militar, se oficial ou praça com Art. 27 - Excedente é a situação transitória a que, automatica-
estabilidade assegurada; mente, passa o policial militar que:
VIII - ter, como desertor, se apresentado voluntariamente, ou I - tendo cessado o motivo que determinou sua agregação, seja
ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar; revertido ao respectivo Quadro, estando o mesmo com seu efetivo
IX - se ver processar administrativamente ou através de pro- completo;
cesso judicial, após ficar exclusivamente à disposição da Justiça; II - seja promovido por bravura, sem haver vaga;
X - ter sido condenado a pena restritiva de liberdade superior III - sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica,
a seis meses, por sentença transitada em julgado, enquanto durar ultrapasse o efetivo de seu Quadro, em virtude da promoção de
a execução, incluído o período de sua suspensão condicional, se outro policial militar em ressarcimento de preterição;
concedida esta, ou até ser declarado indigno de pertencer à Polícia IV - tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por
Militar ou com ela incompatível; incapacidade, retorne ao respectivo Quadro, estando este com seu
XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do efetivo completo.
posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Mili- § 1º - O policial militar, cuja situação é de excedente, ocupará
tar ou em outros diplomas legais, penais ou extra-penais; a mesma posição relativa, em antiguidade, que lhe cabe na escala
XII - ter passado à disposição de órgão ou entidade da União, hierárquica e receberá o número que lhe competir, em consequên-
de outros Estados, do Estado ou do Município, para exercer cargo cia da primeira vaga que se verificar.
ou função de natureza civil; § 2º - O policial militar, na situação de excedente, é conside-
XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo, emprego ou fun- rado para todos os efeitos como em efetivo serviço e a ele se apli-
ção público civil temporário, não eletivo, inclusive da administra- cam, respeitados os requisitos legais, em igualdade de condições e
ção indireta; sem nenhuma restrição, as normas para indicação para cargo poli-
XIV - ter se candidatado a cargo eletivo, desde que conte dez cial militar, curso ou promoção.
ou mais anos de serviço; § 3º - O policial militar, excedente por haver sido promovido
XV - permanecer desaparecido por mais de trinta dias, na for- por bravura sem haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, des-
ma do art. 30 desta Lei. locando o critério de promoção a ser seguido para a vaga seguinte.
Parágrafo único - A agregação do policial militar é contada da
seguinte forma: Art. 28 - É considerado ausente o policial militar que, por
a) nos casos dos incisos I, II e IV, a partir do primeiro dia após mais de vinte e quatro horas consecutivas:
os respectivos prazos e enquanto durar o evento; I - deixar de comparecer à sua organização policial militar
b) nos casos dos incisos III, V, VI VII, VIII, IX, X, XI e XV, sem comunicar motivo de impedimento;
a partir da data indicada no ato que tornar público o respectivo II - ausentar-se, sem licença, da organização policial militar
evento; onde serve ou do local onde deva permanecer;
c) nos casos dos incisos XII e XIII, a partir da data da posse no III - deixar de se apresentar no lugar designado, findo o prazo
cargo até o regresso à Polícia Militar ou transferência “ex officio” de trânsito ou férias;
para a reserva; IV - deixar de se apresentar à autoridade competente após a
d) no caso do inciso XIV, a partir da data do registro como cassação ou término de licença ou agregação ou ainda no momento
candidato até sua diplomação ou seu regresso à Polícia Militar, se em que é efetivada mobilização, declarado o estado de defesa, de
não houver sido eleito. sítio ou de guerra;
V - deixar de se apresentar a autoridade competente, após o
Art. 24 - O policial militar agregado fica sujeito às obrigações término de cumprimento de pena.
disciplinares concernentes às suas relações com outros policiais § 1º - É também considerado ausente o policial militar que
militares e autoridades civis, salvo quando titular de cargo que lhe deixar de se apresentar no momento da partida de comboio que
dê precedência funcional sobre outros policiais militares ou mili- deva integrar, por ocasião de deslocamento da unidade em que
tares mais graduados ou antigos. serve.

Didatismo e Conhecimento 104


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - Decorrido o prazo mencionado neste artigo, serão ado- TÍTULO III -
tadas as providências cabíveis para a averiguação da ausência, DA DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR
observando-se os procedimentos disciplinares previstos neste Es-
tatuto e/ou criminais. CAPÍTULO I
DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS MILITARES
Art. 29 - O policial militar é considerado desertor nos casos
previstos na legislação penal militar. SEÇÃO I
-DOS VALORES POLICIAIS MILITARES
Art. 30 - É considerado desaparecido o policial militar na ati-
va, assim declarado por ato do Comandante Geral, quando no de- Art. 37 - São valores institucionais:
sempenho de qualquer serviço, em viagem, em operação policial I - da organização:
militar ou em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado a) a dignidade do homem;
por mais de oito dias. b) a disciplina;
Parágrafo único - A situação de desaparecimento só será con- c) a hierarquia;
siderada quando não houver indício de deserção. d) a credibilidade;
e) a ética;
Art. 31 - O policial militar que, na forma do artigo anterior, f) a efetividade;
permanecer desaparecido por mais de trinta dias, será oficialmente g) a solidariedade;
considerado extraviado e agregado na forma do art. 23, inciso XV. h) a capacitação profissional;
i) a doutrina;
Art. 32 - O policial militar da reserva remunerada é aquele j) a tradição.
afastado do serviço que, nessa situação, perceba remuneração do II - do profissional:
Estado, ficando sujeito à ação disciplinar da Instituição e à presta- a) a eficiência e a eficácia;
ção de serviços na ativa, nos termos do art. 18 deste Estatuto. b) o espírito profissional;
c) a aparência pessoal;
Art. 33 - O policial militar reformado é o que está dispensado d) a autoestima;
definitivamente da prestação do serviço ativo, percebendo remu- e) o profissionalismo;
neração pelo Estado e permanecendo sujeito ao controle discipli- f) a bravura;
nar da Instituição. g) a solidariedade;
h) a dedicação.
Art. 34 - O oficial militar da reserva não remunerada é aquele
ex-integrante do serviço ativo exonerado na forma do art. 186. Art. 38 - São manifestações essenciais dos valores policiais
Parágrafo único - O oficial da reserva não remunerada não militares:
está sujeito à ação disciplinar da Instituição nem a convocação. I - o sentimento de servir à sociedade, traduzido pela vontade
de cumprir o dever policial militar e pelo integral devotamento à
CAPÍTULO III preservação da ordem pública e à garantia dos direitos fundamen-
DA ESTABILIDADE tais da pessoa humana;
II - o civismo e o respeito às tradições históricas;
Art. 35 - O policial militar, habilitado em concurso público III - a fé na elevada missão da Polícia Militar;
e nomeado para cargo de sua carreira, adquirirá estabilidade ao IV - o orgulho do policial militar pela Instituição;
completar três anos de efetivo exercício, desde que seja aprovado V - o amor à profissão policial militar e o entusiasmo com que
no estágio probatório, por ato homologado pela autoridade com- é exercida;
petente. VI - o aprimoramento técnico-profissional.

Art. 36 - O estágio probatório compreende um período de SEÇÃO II


trinta e seis meses, durante o qual serão observadas a aptidão e DA ÉTICA POLICIAL MILITAR
capacidade para o desempenho do cargo, observados, entre outros,
os seguintes fatores: Art. 39 - O sentimento do dever, a dignidade policial militar
I - assiduidade; e o decoro da classe impõem a cada um dos integrantes da Polícia
II - disciplina; Militar conduta moral e profissional irrepreensíveis, tanto durante
III - observância das normas hierárquicas e ética militar; o serviço quanto fora dele, com observância dos seguintes precei-
IV - responsabilidade; tos da ética policial militar:
V - capacidade de adequação para cumprimento dos deveres I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da
militares; dignidade pessoal;
VI - eficiência. II - exercer com autoridade, eficiência, eficácia, efetividade e
§ 1º - A autoridade competente terá o prazo improrrogável de probidade as funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
trinta dias para a homologação do resultado do estágio probatório. III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
§ 2º - O período em que o praça especial encontrar-se no curso IV - cumprir e fazer cumprir as Leis, os regulamentos, as ins-
de formação será computado para o estágio probatório de que trata truções e as ordens das autoridades competentes, à exceção das
este artigo. manifestamente ilegais;

Didatismo e Conhecimento 105


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na aprecia- II - o respeito aos Símbolos Nacionais;
ção do mérito dos subordinados; III - a submissão aos princípios da legalidade, da probidade,
VI - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico próprio e dos da moralidade e da lealdade em todas as circunstâncias;
subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; IV - a disciplina e o respeito à hierarquia;
VII - praticar a solidariedade e desenvolver permanentemente V - o cumprimento das obrigações e ordens recebidas, salvo as
o espírito de cooperação; manifestamente ilegais;
VIII - ser discreto em suas atitudes e maneiras e polido em sua VI - o trato condigno e com urbanidade a todos;
linguagem falada e escrita; VII - o compromisso de atender com presteza ao público em
IX - abster-se de tratar de matéria sigilosa, de qualquer nature- geral, prestando com solicitude as informações requeridas, ressal-
za, fora do âmbito apropriado; vadas as protegidas por sigilo;
X - cumprir seus deveres de cidadão; VIII - a assiduidade e pontualidade ao serviço, inclusive quan-
XI - manter conduta compatível com a moralidade adminis- do convocado para cumprimento de atividades em horário extraor-
trativa; dinário.
XII - comportar-se educadamente em todas as situações;
XIII - conduzir-se de modo que não sejam prejudicados os SEÇÃO II
princípios da disciplina, do respeito e do decoro policial militar; DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO
XIV - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encami- Art. 42 - Comando é a soma de autoridade, deveres e res-
nhar negócios particulares ou de terceiros; ponsabilidades de que o policial militar é investido legalmente,
XV - abster-se, na inatividade, do uso das designações hierár- quando conduz seres humanos ou dirige uma organização policial
quicas quando: militar, sendo vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prer-
a) em atividade político-partidária; rogativa impessoal, em cujo exercício o policial militar se define e
b) em atividade comercial ou industrial; se caracteriza como chefe.
c) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a res- Parágrafo único - Aplica-se aos Comandantes de Operações
peito de assuntos políticos ou policiais militares, excetuando-se os Policiais Militares e de Bombeiros Militares, Comandantes de Po-
de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; liciamento Regional e Comandante de Policiamento Especializa-
d) no exercício de funções de natureza não policiais militares,
do, à Direção, à Coordenação, à Chefia de Organização Policial
mesmo oficiais.
Militar, no que couber o estabelecido para o comando. (Redação
XVI - zelar pelo bom conceito da Polícia Militar;
de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.)
XVII - zelar pela economia do material e a conservação do
patrimônio público.
Art. 43 - A subordinação é o respeito ao princípio da hierar-
quia, em face do qual as ordens dos superiores, salvo as manifesta-
Art. 40 - Ao policial militar da ativa é vedado comerciar ou
mente ilegais, devem ser plena e prontamente acatadas.
tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser
Parágrafo único - A subordinação não afeta, de modo algum, a
sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em socieda-
de anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. dignidade pessoal do policial militar e decorre, exclusivamente, da
Parágrafo único - No intuito de aperfeiçoar a prática profissio- estrutura hierarquizada da Polícia Militar.
nal é permitido aos oficiais do Quadro Complementar de Oficiais
Policiais Militares o exercício de sua atividade técnico-profissio- Art. 44 - As funções de comando, de chefia, de coordenação e
nal no meio civil, desde que compatível com as atribuições do seu de direção de organização policial militar são privativas dos inte-
cargo e com o horário de trabalho, respeitadas as limitações cons- grantes do Quadro de Oficiais Policiais Militares.
titucionais. § 1º - Compete aos Oficiais Auxiliares do Quadro de Oficiais
Auxiliares da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de Oficiais
TÍTULO IV - Auxiliares Bombeiros Militares - QOABM o exercício de ativida-
DO REGIME DISCIPLINAR des operacionais e administrativas, excetuando-se o comando de
Unidades e Subunidades e o subcomando de Unidades.(Redação
CAPÍTULO I de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010.)
DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES § 2º - Aos integrantes do Quadro Complementar de Oficiais
Policiais Militares cabe, ao longo da carreira, o exercício das fun-
SEÇÃO I ções técnicas de suas respectivas especialidades.
CONCEITUAÇÃO
Art. 44-A - O Quadro de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar
- QOAPM e o Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Milita-
Art. 41 - Os deveres policiais militares emanam de um con- res - QOABM serão integrados por policiais militares oriundos
junto de vínculos morais e racionais, que ligam o policial militar à do círculo de praças, cujo acesso ocorrerá por promoção, preen-
pátria, à Instituição e à segurança da sociedade e do ser humano, e chidos os requisitos previstos neste Estatuto e em regulamento de
compreendem, essencialmente: conclusão e aprovação no respectivo Curso de Formação previsto
I - a dedicação integral ao serviço policial militar e a fidelida- em regulamento. (acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de
de à Instituição a que pertence; junho de 2010.)

Didatismo e Conhecimento 106


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - O maior grau hierárquico do Quadro de Oficiais Auxilia- Art. 50 - O policial militar responde civil, penal e administra-
res da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de Oficiais Auxilia- tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
res Bombeiros Militares - QOABM é o Posto de Major. § 1º - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou co-
§ 2º - Somente poderão concorrer à promoção ao posto de missivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo do erário ou
Major do QOAPM e do QOABM os Capitães que possuam gra- de terceiros, na seguinte forma:
duação em curso de nível superior reconhecido pelo Ministério a) a indenização de prejuízos causados ao erário será feita por
da Educação, preenchidos os demais requisitos legais, inclusive intermédio de imposição legal ou mandado judicial, sendo descon-
conclusão com aproveitamento do Curso de Especialização no tada em parcelas mensais não excedentes à terça parte da remune-
Serviço Público - CESP promovido pela Polícia Militar. ração ou dos proventos do policial militar;
b) tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o po-
Art. 45 - Os graduados auxiliam e complementam as ativi- licial militar perante a Fazenda Pública, em ação regressiva, de
dades dos Oficiais no emprego de meios, na instrução e na admi- iniciativa da Procuradoria Geral do Estado.
nistração da Unidade, devendo ser empregados na supervisão da § 2º - A responsabilidade penal abrange os crimes militares,
bem como os crimes de competência da Justiça comum e as con-
execução das atividades inerentes à missão institucional da Polí-
travenções imputados ao policial militar nessa qualidade.
cia Militar. (Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356,
§ 3º - A responsabilidade administrativa resulta de ato omis-
de janeiro de 2009.)
sivo ou comissivo, praticado no desempenho de cargo ou função
Parágrafo único - No exercício das suas atividades profissio-
capaz de configurar, à luz da legislação própria, transgressão dis-
nais e no comando de subordinados, os Subtenentes, 1º Sargentos ciplinar.
e Cabos deverão impor-se pela capacidade técnico-profissional, § 4º - As responsabilidades civil, penal e administrativa pode-
pelo exemplo e pela lealdade, incumbindo-lhes assegurar a ob- rão cumular-se, sendo independentes entre si.
servância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de ser- § 5º - A responsabilidade administrativa do policial militar
viço e das normas operativas, pelos Praças que lhes estiverem policial militar sujeita-se aos efeitos da elisão e da prescrição na
diretamente subordinados, bem como a manutenção da coesão e seguinte forma:
do moral da tropa, em todas as circunstâncias. a) será elidida no caso de absolvição criminal que negue a
existência do fato ou de sua autoria;
Art. 46 - Os soldados poderão, excepcional e temporaria- b) prescreverá:
mente, exercer o comando de fração de tropa em locais e situa- 1.em cinco anos, quanto às infrações puníveis com demissão;
ções que assim o exijam. 2.em três anos, quanto às infrações puníveis com sanções de
detenção;
Art. 47 - Aos praças especiais, em curso de formação, cabe a 3.em cento e oitenta dias, quanto às demais infrações.
rigorosa observância das prescrições dos regulamentos que lhes c) o prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato
são pertinentes, exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e se tornou conhecido;
ao aprendizado técnico-profissional, ficando vedado o emprego d) sendo a falta tipificada penalmente, prescreverá juntamente
em atividade operacional ou administrativa, salvo em caráter de com o crime;
instrução. e) a abertura de sindicância ou a instauração de processo dis-
ciplinar interrompe a prescrição até a decisão final por autoridade
CAPÍTULO II competente.
DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES
POLICIAIS MILITARES SEÇÃO II
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
SEÇÃO I
Art. 51 - São transgressões do policial militar:
DA ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES
I - não levar ao conhecimento da autoridade competente, no
mais curto prazo, falta ou irregularidade que presenciar ou de que
Art. 48 - O policial militar em função de comando responde
tiver ciência e couber reprimir;
integralmente pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir,
II - deixar de punir o transgressor da disciplina;
pelos atos que praticar, bem como pelas consequências que deles III - retardar a execução de qualquer ordem, sem justificativa;
advierem. IV - não cumprir ordem legal recebida;
§ 1º - Cabe ao policial militar subordinado, ao receber uma V - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de qual-
ordem, solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total en- quer dever, serviço ou instrução;
tendimento e compreensão. VI - deixar, imotivadamente, de participar a tempo à autorida-
§ 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento de de imediatamente superior, impossibilidade de comparecer à OPM
ordem recebida, a responsabilidade pessoal e integral pelos ex- ou a qualquer ato de serviço;
cessos e abusos que cometer. VII - faltar ou chegar atrasado injustificadamente qualquer ato
de serviço em que deva tomar parte ou assistir;
Art. 49 - A violação das obrigações ou dos deveres policiais VIII - permutar serviço sem permissão da autoridade compe-
militares poderá constituir crime ou transgressão disciplinar, se- tente;
gundo disposto na legislação específica. IX - abandonar serviço para o qual tenha sido designado;

Didatismo e Conhecimento 107


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
X - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por força de Art. 55 - A detenção será aplicada em caso de reincidência em
disposição legal ou ordem; faltas punidas com advertência e de violação das demais proibi-
XI - deixar de apresentar-se à OPM para a qual tenha sido ções que não tipifiquem infração sujeita a demissão, não poden-
transferido ou classificado e às autoridades competentes nos casos do exceder de trinta dias, devendo ser cumprida em área livre do
de comissão ou serviços extraordinários para os quais tenha sido quartel.
designado;
XII - não se apresentar, findo qualquer afastamento do serviço Art. 56 - A penalidade de advertência e a de detenção terão
ou ainda, logo que souber que o mesmo foi interrompido; seus registros cancelados, após o decurso de dois anos, quanto à
XIII - deixar de providenciar a tempo, na esfera de suas atri- primeira, e quatro anos, quanto a segunda, de efetivo exercício, se
buições, por negligência ou incúria, medidas contra qualquer irre- o policial militar não houver, nesse período, praticado nova infra-
gularidade de que venha a tomar conhecimento; ção disciplinar.
XIV - portar arma sem registro; Parágrafo único - O cancelamento da penalidade não produzi-
XV - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não regula- rá efeitos retroativos.
mentar, bem como, indevidamente, distintivo ou condecoração;
XVI - sair ou tentar sair da OPM com tropa ou fração de tropa, Art. 57 - A pena de demissão, observada as disposições do art.
sem ordem expressa da autoridade competente; 53 desta Lei, será aplicada nos seguintes casos:
XVII - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM I - a prática de violência física ou moral, tortura ou coação
fora das horas de expediente, desde que não seja o respectivo chefe contra os cidadãos, pelos policiais militares, ainda que cometida
ou sem sua ordem escrita com a expressa declaração de motivo, fora do serviço;
salvo em situações de emergência; II - a consumação ou tentativa como autor, coautor ou par-
XVIII - deixar de portar o seu documento de identidade ou de tícipe em crimes que o incompatibilizem com o serviço policial
exibi-lo quando solicitado. militar, especialmente os tipificados como:
XIX - deixar deliberadamente de corresponder a cumprimento a) de homicídio (art. 121 do Código Penal Brasileiro);
de subordinado ou deixar o subordinado, quer uniformizado, quer 1.quando praticado em atividade típica de grupo de extermí-
em traje civil, de cumprimentar superior, uniformizado ou não, nio, ainda que cometido por um só agente;
neste caso desde que o conheça ou prestar-lhe as homenagens e 2.qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V do Código Penal
sinais regulamentares de consideração e respeito; Brasileiro).
XX - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou clara- b) de latrocínio (art. 157, § 3º do Código Penal Brasileiro, in
mente inexequível, que possa acarretar ao subordinado responsa- fine);
bilidade ainda que não chegue a ser cumprida; c) de extorsão:
XXI - prestar informação a superior hierárquico induzindo-o 1.qualificado pela morte (art. 158, § 2º do Código Penal Bra-
a erro, deliberadamente. sileiro);
2.mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput e
SEÇÃO III §§ 1º, 2º e 3º do Código Penal Brasileiro).
DAS PENALIDADES d) de estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput
e parágrafo único, ambos do Código Penal Brasileiro);
Art. 52 - São sanções disciplinares a que estão sujeitos os po- e) de atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação
liciais militares: com art. 223, caput e parágrafo único do Código Penal Brasileiro);
I - advertência; f) de epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º do Código
II - detenção; Penal Brasileiro);
III - demissão; g) contra a fé pública, puníveis com pena de reclusão;
IV - cassação de proventos de inatividade. (Acrescido pelo h) contra a administração pública;
art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.) i) de deserção.
Parágrafo único - Decorrerão da aplicação das sanções disci- III - tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
plinares, a que forem submetidos os policiais militares, submis- IV - prática de terrorismo;
são a programa de reeducação, suspensão de férias ou licenças em V - integração ou formação de quadrilha;
gozo ou desligamento de curso, conforme decisão da autoridade VI - revelação de segredo apropriado em razão do cargo ou
competente, constante do ato de julgamento. função;
VII - a insubordinação ou desrespeito grave contra superior
Art. 53 - Na aplicação das penalidades, serão consideradas a hierárquico (art. 163 a 166 do CPM);
natureza e a gravidade da infração cometida, os antecedentes fun- VIII - improbidade administrativa;
cionais, os danos que dela provierem para o serviço público e as IX - deixar de punir o transgressor da disciplina nos casos
circunstâncias agravantes e atenuantes. previstos neste artigo;
X - utilizar pessoal ou recurso material da repartição ou sob a
Art. 54 - A advertência será aplicada, por escrito, nos casos de guarda desta em serviço ou em atividades particulares;
violação de proibição e de inobservância de dever funcional pre- XI - fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades
vistos em Lei, regulamento ou norma interna, que não justifiquem pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negócios parti-
imposição de penalidade mais grave. culares ou de terceiros;

Didatismo e Conhecimento 108


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XII - participar o policial militar da ativa de firma comercial, § 1º - A sindicância poderá ser conduzida por um ou mais po-
de emprego industrial de qualquer natureza, ou nelas exercer fun- liciais militares, que poderão ser dispensados de suas atribuições
ção ou emprego remunerado, exceto como acionista ou quotista normais, até a apresentação do relatório final.
em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada; § 2º - O prazo para conclusão da sindicância não excederá
XIII - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou clara- trinta dias, podendo ser prorrogado por metade deste período, a
mente inexequível, que possa acarretar ao subordinado responsa- critério da autoridade competente.
bilidade, ainda que não chegue a ser cumprida; § 3º - O processo disciplinar sumario destina-se a apuração de
XIV - permanecer no mau comportamento por período supe- falta que, em tese, seja aplicada a pena de advertência e detenção.
rior a dezoito meses, caracterizado este pela reincidência de atitu- § 4º - O processo administrativo disciplinar será instaurado
des que importem nas transgressões previstas nos incisos I a XX, quando, em tese, sobre a falta se aplique a pena de demissão, me-
do art. 51, desta Lei. diante a nomeação pela autoridade competente da Comissão do
Parágrafo único - Aos policiais militares da reserva remune- Processo Administrativo Disciplinar.
rada e reformados incursos em infrações disciplinares para qual
esteja prevista a pena de demissão nos termos deste artigo e do SEÇÃO II
artigo 53 será aplicada a penalidade de cassação de proventos de DO PROCESSO DISCIPLINAR
inatividade, respeitado, no caso dos Oficiais, o disposto no art. 189
deste Estatuto. (Parágrafo único acrescido pelo art. 6º da Lei nº Art. 61 - O processo disciplinar sumário desenvolver-se-á
11.356, de janeiro de 2009.) com as seguintes fases:
I - publicação da portaria, com descrição do fato objeto da
CAPÍTULO III apuração e indicação do dispositivo legal supostamente violado,
DA APURAÇÃO DISCIPLINAR além da nomeação de um ou mais policiais militares que conduzi-
rão o processo, bem como o presidente dos trabalhos na hipótese
de mais de um policial militar na comissão apuradora;
Art. 58 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no II - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e o relatório;
serviço é obrigada a promover a sua imediata apuração mediante III - julgamento.
sindicância ou processo disciplinar. § 1º - O policial militar ou a Comissão escolherá livremente o
Parágrafo único - Quando o fato narrado não configurar evi- secretário para os trabalhos, observada a hierarquia.
dente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquiva- § 2º - O prazo para a conclusão do processo disciplinar será
da por falta de objeto. de trinta dias, prorrogável pela metade do período mediante ato da
autoridade competente.
§ 3º - Para garantir a celeridade da instrução no curso do pro-
Art. 59 - Como medida cautelar, e a fim de que o policial mi- cesso disciplinar sumario, o policial militar ou a comissão apura-
litar acusado do cometimento de falta disciplinar não interfira na dora poderá ficar dispensados dos demais trabalhos regulares.
apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo § 4º - O policial militar ou a comissão apuradora deverá iniciar
disciplinar poderá, fundamentadamente, de ofício ou por provo- seus trabalhos, no prazo máximo de trinta dias, contados da sua
cação de encarregado de feito investigatório, requerer ao escalão instauração, só podendo ultrapassar o período de trinta dias, na
competente o seu afastamento do exercício do cargo ou da função, hipótese de pedido motivado e despacho fundamentado da autori-
pelo prazo de trinta dias, sem prejuízo da remuneração, devendo dade competente, desde que comprovada a existência de circuns-
permanecer à disposição da Instituição para efeito da instrução da tância excepcional.
apuração da falta. § 5º - O processo disciplinar sumario não poderá ser conduzi-
Parágrafo único - O afastamento deverá determinar a proibi- do por cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguí-
ção temporária do uso de uniforme e arma e ser prorrogado por neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não § 6º - Aplicam-se, no que couber, ao presente processo as re-
concluído o processo de apuração regular da falta. gras previstas nas Seções III, IV, V e VI deste Capítulo.

SEÇÃO I
DA SINDICÂNCIA Art. 62 - O processo administrativo disciplinar destina-se a
apurar responsabilidade do policial militar por infração praticada
no exercício de suas funções ou relacionada com as atribuições do
Art. 60 - A sindicância será instaurada para apurar irregulari- seu cargo, inclusive conduta irregular do mesmo, verificada em
dades ocorridas no serviço público, identificando a autoria e mate- sua vida privada, que tenha repercussão nas atribuições do cargo
rialidade da transgressão, dela podendo resultar: ou no serviço público.
I - arquivamento do procedimento; § 1º - Para a apuração prevista no caput deste artigo, a autori-
II - instauração de processo disciplinar sumario; dade competente nomeará a Comissão Processante que observará
III - instauração de processo administrativo disciplinar; as normas previstas neste Capítulo.
IV - instauração de inquérito policial militar; § 2º - O processo administrativo disciplinar somente será pre-
V - encaminhamento ao Ministério Público, quando resultar cedido de sindicância quando não houver elementos suficientes
provado o cometimento de ilícito penal de competência da Justiça para a constatação da materialidade do fato ou identificação da
Comum. autoria.

Didatismo e Conhecimento 109


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 63 - O processo administrativo disciplinar desenvolver- SEÇÃO III
se-á com as seguintes fases: DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS
I - instauração, com a publicação da portaria do ato que cons-
tituir Comissão Processante responsável pelo feito; Art. 68 - O presidente da Comissão, após nomear o secretário,
II - lavratura do termo de acusação; determinará a autuação da portaria e das demais peças existentes e
III - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e relatório; instalará os trabalhos, designando dia, hora e local para as reuniões
IV - julgamento. e ordenará a citação do acusado para apresentar defesa inicial e
§ 1º - A autoridade competente, mediante portaria, designará a indicar provas, inclusive rol de testemunhas com no máximo de
Comissão, composta por três policiais militares de hierarquia igual cinco nomes.
ou superior à do acusado, determinará que esta lavre o termo de
acusação, descrevendo detalhadamente os fatos imputados ao po- Art. 69 - Os termos serão lavrados pelo secretário da Comis-
licial militar além indicar o dispositivo legal supostamente violado são e terão forma processual.
e as penalidades a que o acusado estará sujeito. § 1º - A juntada de qualquer documento aos autos será feita
§ 2º - A cópia do termo mencionado no parágrafo anterior in- por ordem cronológica de apresentação, devendo o presidente ru-
tegrará o ato de citação, sendo peça indispensável, sob pena de bricar todas as folhas.
nulidade da citação. § 2º - Constará dos autos do processo a folha de antecedentes
§ 3º - Na portaria será indicado também o membro que será o funcionais do acusado.
presidente da Comissão, permitindo livremente a escolha por este § 3º - As reuniões da Comissão serão registradas em atas cir-
do secretário dos trabalhos. cunstanciadas.
§ 4º - O prazo para a conclusão do processo disciplinar será de § 4º - Todos os atos, documentos e termos do processo serão
sessenta dias, prorrogável por igual período pela autoridade com- extraídos em duas vias ou reproduzidas em cópias autenticadas,
petente. formando autos suplementares.
§ 5º - Sempre que necessário, e mediante requerimento funda-
mentado à autoridade que instaurou o feito, os membros da Comis- Art. 70 - A citação do acusado será feita pessoalmente ou por
edital e deverá conter:
são dedicarão tempo integral aos seus trabalhos, ficando dispensa-
I - a descrição dos fatos e os fundamentos da imputação;
dos de suas funções, até a entrega do relatório final.
II - data, hora e local do comparecimento do acusado, para
§ 6º - A Comissão deverá iniciar seus trabalhos, no prazo de
apresentação da defesa e interrogatório;
cinco dias, contados da data de sua instauração, só podendo ultra-
III - a obrigatoriedade do acusado fazer-se representar por ad-
passar o período previsto nesta Lei para sua conclusão na hipótese
vogado;
de pedido motivado pelo seu Presidente e despacho fundamentado
IV - a informação quanto à continuidade do processo indepen-
da autoridade competente, desde que comprovada a existência de dentemente do não comparecimento do acusado.
circunstância excepcional. § 1º - A citação pessoal será feita, preferencialmente, pelo se-
§7º - A Comissão, ao emitir o seu relatório final, indicará se a cretário da Comissão, apresentando ao destinatário o instrumento
falta praticada torna o Praça ou o Oficial indigno para permanecer correspondente em duas vias, devidamente assinadas pelo Presi-
na Polícia Militar ou com a Instituição incompatível. dente e acompanhadas do termo de acusação.
§ 2º - O comparecimento voluntário do acusado perante a Co-
Art. 64 - Não poderá participar de comissão cônjuge, compa- missão supre a citação.
nheiro ou parente do indiciando, consanguíneo ou afim, em linha § 3º - Quando o acusado se encontrar em lugar incerto ou não
reta ou colateral, até o terceiro grau. sabido ou quando houver fundada suspeita de ocultação para frus-
trar a diligência, a citação será feita por edital.
Art. 65 - O policial militar da reserva remunerada e o refor- § 4º - O edital será publicado, por uma vez, no Diário Oficial
mado poderão ser também submetidos a Processo Disciplinar, po- do Estado e em jornal de grande circulação da localidade do último
dendo ser apenados com sanções compatíveis com sua situação domicílio conhecido, se houver, e fará remissão expressa ao termo
institucional. de acusação.
§ 5º - Recusando-se o acusado a receber a citação, deverá o
Art. 66 - O processo administrativo disciplinar de que possa fato ser certificado à vista de duas testemunhas.
resultar a indignidade ou incompatibilidade do Oficial para perma- § 6º - A designação da data para apresentação da defesa inicial
nência na Polícia Militar será julgado pelo Tribunal de Justiça do e o interrogatório do acusado respeitará o interstício mínimo de
Estado da Bahia para decisão quanto a perda do posto e da patente. cinco dias contados da data da citação.

Art. 67 - Os membros da Comissão exercerão suas atividades SEÇÃO IV


com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessá- DA INSTRUÇÃO
rio à elucidação do fato ou quando exigido pelo interesse publico,
sob pena da responsabilidade. Art. 71 - A instrução respeitará o princípio do contraditório,
Parágrafo único - As reuniões e as audiências da Comissão assegurando-se ao acusado ampla defesa, com meios e recursos a
terão caráter público, excetuando-se as sessões de julgamento e ela inerentes.
os casos em que o interesse da disciplina assim não o recomende.
Art. 72 - Os autos da sindicância, se realizada, integrarão o
processo disciplinar como peça informativa.

Didatismo e Conhecimento 110


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 73 - A Comissão promoverá o interrogatório do acusado, a Art. 80 - Compete à Comissão tomar conhecimento de novas
tomada de depoimentos, acareações e a produção de outras provas, imputações que surgirem, durante o curso do processo, contra o acu-
inclusive a pericial, se necessária. sado, caso em que este poderá produzir novas provas objetivando a
§ 1º - No caso de mais de um acusado, cada um será ouvido defesa.
separadamente podendo ser promovida a acareação, sempre que di-
vergirem em suas declarações. Art. 81 - Ultimada a instrução, intimar-se-á o acusado, atra-
§ 2º - A designação dos peritos recairá, preferencialmente, em vés de seu defensor, a apresentar defesa no prazo de dez dias,
policiais militares com capacidade técnica especializada, e na falta assegurando-lhe vista do processo.
deles, em pessoas estranhas ao serviço público estadual, com a mes- Parágrafo único - Havendo dois ou mais acusados, o prazo
ma capacidade técnica específica para a investigação a ser procedi- será comum de vinte dias, correndo na repartição.
da, assegurado ao acusado a faculdade de formular quesitos.
§ 3º - O presidente da Comissão poderá indeferir pedidos con- Art. 82 - A ausência do policial militar acusado, regularmente
siderados impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum in- citado, não importará no reconhecimento da verdade dos fatos.
teresse para o esclarecimento dos fatos.
Art. 83 - Apresentada a defesa final, a Comissão elaborará
Art. 74 - A defesa do acusado será promovida por advogado por relatório minucioso, no qual resumirá as peças principais dos au-
ele constituído ou por defensor público ou dativo. tos e mencionará as provas em que se basear para formar a sua
§ 1º - Caso o acusado, regularmente intimado, não compareça convicção e será conclusivo quanto à inocência ou responsabi-
sem motivo justificado, o presidente da Comissão designará defen- lidade do policial militar, indicando o dispositivo legal transgre-
sor público ou dativo. dido, bem como a natureza e a gravidade da infração cometida,
§ 2º - Nenhum ato da instrução poderá ser praticado sem a pré- os antecedentes funcionais, os danos que dela provierem para o
via intimação do acusado e do seu defensor. serviço público e, em especial, para o serviço policial militar pro-
priamente dito, além das circunstâncias agravantes e atenuantes.
Art. 75 - Em qualquer fase do processo poderá ser juntado do- § 1º - A Comissão apreciará separadamente as irregularidades
cumento aos autos, antes do relatório. que forem imputadas a cada acusado.
§ 2º - A Comissão poderá sugerir providências para evitar
Art. 76 - As testemunhas serão intimadas através de ato expe- reiteração de fatos semelhantes aos que originaram o processo e
dido pelo presidente da Comissão, devendo a segunda via, com o quaisquer outras que lhe pareçam de interesse público.
ciente delas, ser anexada aos autos.
§ 1º - Se a testemunha for policial militar, a intimação poderá Art. 84 - A Comissão terá o prazo de vinte dias, prorrogável
ser feita mediante requisição ao chefe da repartição onde serve, com por mais dez, para entregar o relatório final à autoridade compe-
indicação do dia, hora e local marcados para a audiência. tente que a instituiu, a contar do término do prazo de apresentação
§ 2º - Se as testemunhas arroladas pela defesa não forem en- da defesa final.
contradas e o acusado, intimado para tanto, não fizer a substituição
dentro do prazo de três dias úteis, prosseguir-se-á nos demais termos Art. 85 - O processo disciplinar, com o relatório da Comissão,
do processo. será remetido para julgamento pela autoridade que determinou a
instauração.
Art. 77 - O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. SEÇÃO V
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. DO JULGAMENTO
§ 2º - Antes de depor, a testemunha será qualificada, não sendo
compromissada em caso de amizade íntima ou inimizade capital ou Art. 86 - No prazo de trinta dias, contados do recebimento
parentesco com o acusado ou denunciante, em linha reta ou colateral do processo, a autoridade que o instaurou, investida no papel de
até o terceiro grau. julgadora, proferirá a sua decisão.
§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da au-
Art. 78 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do toridade instauradora do processo, este será encaminhado à auto-
acusado, a Comissão proporá à autoridade competente que ele seja ridade competente, que decidirá em igual prazo.
submetido a exame por Junta Médica oficial, da qual participe, pelo § 2º - Havendo acusados pertencentes a unidades diversas e
menos, um médico psiquiatra, que emitirá o respectivo laudo, facul- pluralidade de sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
tada ao acusado a indicação de assistente técnico. tente para a imposição da pena mais grave.
Parágrafo único - O incidente de insanidade mental será pro- § 3º - Se a penalidade prevista for a demissão, a sanção, no
cessado em autos apartados e apensos ao processo principal, ficando tocante aos Oficiais, caberá ao Governador do Estado.
este sobrestado até a apresentação do laudo, sem prejuízo da realiza- § 4º - Reconhecida pela Comissão a inocência do policial
ção de diligências imprescindíveis. militar, a autoridade instauradora do processo determinará o seu
arquivamento.
Art. 79 - O acusado que mudar de residência fica obrigado a
comunicar a Comissão o local onde será encontrado.

Didatismo e Conhecimento 111


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 87 - O julgamento acatará, ordinariamente, o relatório da III - os proventos calculados com base na remuneração inte-
Comissão, salvo quando contrário às provas dos autos. gral do posto ou graduação imediatamente superior quando, con-
§ 1º - Quando o relatório contrariar as evidências dos autos, tando com trinta anos ou mais de serviço, for transferido para a
a autoridade julgadora poderá, motivadamente, discordar das con- reserva remunerada;
clusões do colegiado, e, fundamentadamente, com base nas provas IV - os proventos calculados com base na remuneração inte-
intra-autos, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o gral do seu próprio posto ou graduação acrescida de 20% (vinte
policial militar de responsabilidade. por cento) quando, contando com trinta e cinco anos ou mais de
§ 2º - Se constatado que a Comissão laborou propositada- serviço, for ocupante do último posto da estrutura hierárquica da
mente em erro, de modo a conduzir as conclusões no sentido da Corporação no seu quadro e, nessa condição, seja transferido para
absolvição ou da condenação, será imposta a seus membros pe- a reserva remunerada;
nalidade disciplinar correspondente à transgressão e na medida de V - nas condições ou nas limitações impostas na legislação e
sua culpa, mediante procedimento disciplinar próprio, com as ga- regulamentação peculiares:
rantias constitucionais a este inerente, em especial o contraditório a) o uso das designações hierárquicas;
e a ampla defesa. b) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à gradua-
§ 3º - O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade ção, satisfeitas as exigências de qualificação e competência para
do processo, ressalvada a hipótese de procrastinação intencional. o seu exercício;
c) a percepção de remuneração;
Art. 88 - A autoridade julgadora que der causa à prescrição de d) a alimentação, assim entendida as refeições ou subsídios
que trata o art. 50, § 5º será responsabilizada na forma do Capítulo com esse objetivo, fornecido aos policiais militares durante o ser-
II, do Título IV, deste Estatuto. viço;
e) o fardamento, constituindo-se no conjunto de uniformes
Art. 89 - Quando a transgressão disciplinar também estiver ca-
necessários ao desempenho de suas atividades, incluindo-se as
pitulada como crime, o processo disciplinar será remetido ao Mi-
roupas indispensáveis no alojamento;
nistério Público para instauração da ação penal, ficando os autos
suplementares arquivados na repartição. f) indenização de transporte;
g) indenização de diárias;
Art. 90 - O policial militar submetido a processo disciplinar
só poderá ser exonerado a pedido ou passar, voluntariamente, para h) auxílio transporte, devido ao policial militar nos desloca-
a reserva, após a conclusão do processo e o cumprimento da pena- mentos da residência para o trabalho e vice-versa, na forma e con-
lidade, acaso aplicada. dições estabelecidas em regulamento;
i) honorário de ensino, observado o disposto em regulamento;
SEÇÃO VI j) a promoção;
REVISÃO DO PROCESSO k) a transferência, a pedido, para a reserva remunerada;
l) as férias, os afastamentos temporários do serviço e as li-
cenças;
Art. 91 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer m) a exoneração a pedido;
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou n) adicional de férias correspondente a um terço da remune-
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a ração percebida;
inadequação da penalidade aplicada. o) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá resultar mas de saúde, higiene e segurança;
agravamento de penalidade. p) adicional de remuneração para as atividades penosas, insa-
lubres ou perigosas, na mesma forma e condições dos funcioná-
TÍTULO V - rios públicos civis;
DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS DOS POLICIAIS q) adicional noturno;
MILIARES r) adicional por serviço extraordinário;
s) o auxílio-natalidade, licença-maternidade e paternidade,
CAPÍTULO I garantindo-se à gestante a mudança de função, nos casos em que
DOS DIREITOS houver recomendação médica, sem prejuízo de seus vencimentos
e demais vantagens do cargo, posto ou graduação;
SEÇÃO I
t) seguro contra acidentes do trabalho;
ENUMERAÇÃO
u) estabilidade econômica pelo exercício de cargo comissio-
nado.
Art. 92 - São direitos dos Policiais Militares:
I - a garantia da patente e da graduação, em toda a sua pleni- VI - o policial militar acidentado em serviço, que necessite de
tude, com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes; tratamento especializado, recomendado por Junta Médica Oficial,
II - os proventos calculados com base na remuneração integral terá garantido os recursos médico-hospitalares, medicamentos e
do seu posto ou graduação quando, não contando com trinta anos próteses necessários à sua recuperação conforme dispuser o re-
de serviço, for transferido para a reserva remunerada ex officio por gulamento;
ter atingido a idade limite de permanência em atividade no posto VII - outros direitos previstos em Lei.
ou na graduação;

Didatismo e Conhecimento 112


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO II e) para o solteiro, viúvo ou divorciado, pelo casamento ou
DOS DEPENDENTES DO POLICIAL MILITAR concubinato;
f) para o separado judicialmente com percepção de alimentos,
Art. 93 - Consideram-se dependentes econômicos do policial pelo concubinato;
militar: g) para os beneficiários economicamente dependentes, quan-
I - para efeito de previdência social: do cessar esta situação;
a) cônjuge ou o(a) companheiro(a); h) para o dependente em geral, pela perda o posto ou gradua-
b) os filhos solteiros, desde que civilmente menores; ção aquele de quem depende.
c) os filhos solteiros inválidos de qualquer idade; § 10 - A qualidade de dependente é intransmissível.
d) os pais inválidos de qualquer idade.
II - para efeito de fruição dos serviços de assistência à saúde: SEÇÃO III
a) cônjuge, ou o(a) companheiro(a); DO DIREITO DE PETIÇÃO
b) os filhos solteiros, menores de 18 anos;
c) os filhos solteiros inválidos com dependência econômica. Art. 94 - É assegurado ao policial militar o direito de requerer,
§ 1º - A dependência econômica das pessoas indicadas nas representar, pedir reconsideração e recorrer, dirigindo o seu pedi-
alíneas ‘a’ e ‘b’, dos incisos I e II, é presumida e a das demais deve do, por escrito, à autoridade competente.
ser comprovada. § 1º - Para o exercício do direito de que trata este artigo, é
§ 2º - Equiparam-se aos filhos, nas condições dos incisos I e assegurada vista do processo ou documento na repartição, e cópia,
II deste artigo, os dependentes nos termos da legislação previden- esta última mediante o ressarcimento das respectivas despesas,
ciária estadual. ressalvado o disposto na Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
§ 3º - É considerado companheiro(a), nos termos do inciso I § 2º - Se não houver pronunciamento da autoridade compe-
deste artigo, a pessoa que, sem ser casado(a), mantém união es- tente no prazo de trinta dias, considerar-se-á indeferido o pedido.
tável com o policial militar solteiro(a), viúvo(a), separado(a) ju- § 3º - Preclui, em trinta dias, a contar da publicação, ou da
dicialmente ou divorciado(a), ainda que este(a) preste alimentos ciência, pelo policial militar interessado, do ato, decisão ou omis-
ao ex-cônjuge, e desde que resulte comprovada vida em comum. são, para apresentar pedido de reconsideração ou interpor recurso.
§ 4º - Considera-se dependente econômico, para os fins desta
Art. 95 - Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou-
Lei, a pessoa que não tenha renda, não disponha de bens e tenha
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo
suas necessidades básicas integralmente atendidas pelo policial
ser renovado, devendo ser apresentado em quinze dias corridos, a
militar.
contar do recebimento da comunicação oficial ou do efetivo co-
§ 5º - Perdurará até vinte e quatro anos de idade, para efei-
nhecimento pelo interessado, quanto a ato relacionado com a lista
tos previdenciários a condição de dependente para o filho solteiro,
de composição para acesso.
desde que não percebam qualquer rendimento, na forma do pará-
Parágrafo único - Em caso de deferimento do requerimento
grafo anterior, e sejam comprovadas, semestralmente, suas matrí-
ou provimento do pedido de reconsideração, os efeitos da decisão
culas e frequência regular em curso de nível superior ou a sujeição retroagirão à data do ato impugnado.
a ensino especial, nas hipóteses previstas no art. 9º, da Lei Federal
nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Art. 96 - Caberá recurso, nas hipóteses de indeferimento ou
§ 6º - Dos dependentes inválidos exigir-se-á prova de não se- não apreciação do pedido de reconsideração, sendo competente
rem beneficiários, como segurados ou dependentes, de outros se- para apreciar o recurso a autoridade hierarquicamente superior à
gurados de qualquer sistema previdenciário oficial, ressalvada a que tiver expedido o ato ou proferido a decisão.
hipótese do parágrafo seguinte. § 1º - Entende-se indeferido, para todos os efeitos, o recurso
§ 7º - No caso de filho maior, solteiro, inválido e economica- que não for examinado pela autoridade competente, no prazo de
mente dependente, admitir-se-á a duplicidade de vinculação previ- trinta dias do seu encaminhamento pelo policial militar interes-
denciária como dependente, unicamente em relação aos genitores, sado.
segurados de qualquer regime previdenciário. § 2º - Acolhido o recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
§ 8º - A condição de invalidez será apurada por Junta Médica data do ato impugnado.
Oficial do Estado ou por instituição credenciada pelo Poder Públi- § 3º - O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a
co, devendo ser verificada no prazo nunca superior a seis meses juízo da autoridade competente, em despacho fundamentado.
nos casos de invalidez temporária.
§ 9º - A perda da qualidade de dependente ocorrerá: Art. 97 - O direito de requerer prescreve em cinco anos, quan-
a) para o cônjuge, pela separação judicial ou pelo divórcio, to aos atos de demissão e de cassação de inatividade ou que afetem
desde que não lhe tenha sido assegurada a percepção de alimentos, interesse patrimonial e créditos resultantes da relação funcional e
ou pela anulação do casamento; nos demais casos em cento e vinte dias.
b) para o companheiro(a), quando revogada a sua indicação Parágrafo único - O prazo de prescrição será contado da data
pelo policial militar ou desaparecidas as condições inerentes a essa da publicação do ato impugnado ou da ciência, pelo policial mili-
qualidade; tar, quando não for publicado.
c) para o filho e os referidos no § 2º, deste artigo, ao alcança-
rem a maioridade civil, ressalvado o disposto no § 5º, do mesmo Art. 98 - O pedido de reconsideração e o recurso, quando
artigo, ou na hipótese de emancipação; cabíveis, suspendem a prescrição administrativa, recomeçando a
d) para o maior inválido, pela cessação da invalidez; correr, pelo restante, no dia em que cessar a causa da suspensão.

Didatismo e Conhecimento 113


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 99 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos § 2º - São indenizações devidas ao policial militar no serviço
neste capítulo, salvo quando o policial militar provar evento im- ativo:
previsto, alheio à sua vontade, que o impediu de exercer o direito a) ajuda de custo;
de petição. b) diária;
c) transporte;
Art. 100 - A administração deverá rever seus atos a qualquer d) transporte de bagagem;
tempo, quando eivados de ilegalidade. e) auxílio acidente;
f) auxílio moradia;
SEÇÃO IV g) auxílio invalidez;
DOS DIREITOS POLÍTICOS h) auxílio fardamento.
§ 3º - O policial militar fará jus, ainda, a seguro de vida ou
Art. 101 - Os policiais militares são alistáveis como eleitores invalidez permanente em face de riscos profissionais custeado in-
e elegíveis segundo as regras seguintes: tegralmente pelo Estado.
I - se contar com menos de dez anos de serviço, deverá afas-
Art. 103 - O policial militar terá direito a perceber, pelo exer-
tar-se da atividade;
cício do cargo de provimento temporário, gratificação equivalente
II - se contar mais de dez anos de serviço será, ao se candi-
a 30% (trinta por cento) do valor correspondente ao símbolo res-
datar a cargo eletivo, três meses antes da data limite para realiza-
pectivo ou optar pelo valor integral do símbolo, que neste caso,
ção das convenções dos partidos políticos, agregado ex officio e será pago como vencimento básico enquanto perdurar a investidu-
considerado em gozo de licença para tratar de interesse particular; ra ou ainda pela diferença entre este e o soldo respectivo.
se eleito, passará, automaticamente, no ato da diplomação, para a Parágrafo único - O policial militar substituto perceberá, a
inatividade, fazendo jus a remuneração proporcional ao seu tem- partir do décimo dia consecutivo, a remuneração do cargo do subs-
po de serviço. tituído, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, sendo-
Parágrafo único - Enquanto em atividade, os policiais milita- lhe facultado exercer qualquer das opções previstas neste artigo.
res não podem filiar-se a partidos políticos.
Art. 104 - Ao policial militar que tiver exercido, por dez anos
SEÇÃO V contínuos ou não, cargo de provimento temporário, é assegurada
DA REMUNERAÇÃO estabilidade econômica, consistente no direito de continuar a per-
ceber, no caso de exoneração ou dispensa, como vantagem pes-
Art. 102 - A remuneração dos policiais militares é devida em soal, retribuição equivalente a 30% (trinta por cento) do valor do
bases estabelecidas em legislação peculiar, compreendendo: símbolo correspondente ao cargo de maior hierarquia que tenha
I - na ativa: exercido por mais de dois anos ou a diferença entre o maior valor
1.vencimentos constituído de: e o vencimento do cargo de provimento permanente.
a) soldo; § 1º - O direito à estabilidade econômica constitui-se com a
exoneração ou dispensa do cargo de provimento temporário, sendo
b) gratificações.
o valor correspondente fixado neste momento.
2.Indenizações.
§ 2º - A vantagem pessoal por estabilidade econômica será
II - na inatividade, proventos constituídos das seguintes par- reajustada sempre que houver modificação no valor do símbolo
celas: em que foi fixada, observando-se as correlações e transformações
a) soldo ou quotas de soldo; estabelecidas em Lei.
b) gratificações incorporáveis. § 3º - O policial militar beneficiado pela estabilidade econô-
§ 1º - São gratificações a que faz jus o policial militar no mica que vier a ocupar outro cargo de provimento temporário de-
serviço ativo: verá optar, enquanto perdurar esta situação entre a vantagem pes-
a) pelo exercício de cargo de provimento temporário; soal já adquirida e o valor da gratificação pertinente ao exercício
b) natalina; do novo cargo.
c) adicional por tempo de serviço, sob a forma de anuênio; § 4º - O policial militar beneficiado pela estabilidade eco-
d) adicional por exercício de atividades insalubres, perigosas nômica que vier a ocupar, por mais de dois anos, outro cargo de
ou penosas; provimento temporário, poderá obter a modificação do valor da
e) adicional por prestação de serviço extraordinário; vantagem pessoal, passando esta a ser calculada com base no valor
f) adicional noturno; do símbolo correspondente ao novo cargo.
g) adicional de inatividade; § 5º - o valor da estabilidade econômica não servirá de base
h) gratificação de atividade policial militar; para cálculo de qualquer outra parcela remuneratória.
i ) honorários de ensino.
Art. 104-A - No caso de policiais militares transferidos, com-
j) Gratificação por Condições Especiais de Trabalho - CET;
pulsoriamente, para a reserva remunerada em razão de diplomação
(Acrescida pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.)
para cargo eletivo, previsto no art. 14, § 8º, II da Constituição Fe-
k) Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tem- deral, o tempo de exercício do cargo eletivo será computado, ao
po Integral e Dedicação Exclusiva – “RTI.”(Alínea acrescida final do exercício e a partir de então, para revisão dos respectivos
pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.) proventos de reservistas, inclusive quanto ao adicional por tempo
de contribuição.

Didatismo e Conhecimento 114


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - O tempo de serviço prestado no cargo eletivo será conta- Art. 107 - Os policiais militares que trabalharem com habi-
do para todos os efeitos legais, inclusive para integralização do de- tualidade em condições insalubres, perigosas ou penosas farão jus
cênio aquisitivo do direito à vantagem prevista no art. 104 da Lei ao adicional correspondente, conforme definido em regulamento.
nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001, cuja fixação do valor será § 1º - O direito aos adicionais de que trata este artigo cessa
feita, no caso de permanência neste cargo por mais de 02 (dois) com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa
anos, no símbolo correspondente ao cargo de provimento tempo- à concessão.
rário da Polícia Militar que mais se aproxime do valor percebido § 2º - Haverá permanente controle da atividade do policial
no cargo eletivo e o período decenal. militar em operações ou locais considerados insalubres, perigo-
§ 2º - A eficácia das disposições deste artigo e seus parágrafos sos ou penosos.
é garantida àqueles que estiverem em exercício de mandato eletivo § 3º - A policial militar gestante ou lactante será afastada,
a partir da publicação desta Lei e fica condicionada ao recolhimen- enquanto durar a gestação e lactação, das operações, condições
to, pelo interessado, durante o exercício do cargo eletivo, de con- e locais previstos neste artigo, para exercer suas atividades em
tribuição mensal para o FUNPREV, sobre a diferença entre o valor locais compatíveis com o seu bem-estar, sendo-lhe assegurada
dos proventos de reservista percebidos e aquele dos vencimentos a licença-maternidade de 180 (cento e oitenta) dias. Redação de
de que trata este artigo. acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010.
Artigo 104-A e §§ 1º e 2º acrescidos pelo art. 6º da Lei nº
11.356, de janeiro de 2009.
Art. 108 - O serviço extraordinário será remunerado com
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora nor-
Art. 105 - A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
mal de trabalho, incidindo sobre o soldo e a gratificação de ativi-
avos) da remuneração a que o policial militar ativo fizer jus, no
mês de exercício, no respectivo ano, considerando a fração igual dade policial ou outra que a substitua, na forma disciplinada em
ou superior a quinze dias como mês integral, não servindo de base regulamento.
para cálculo de qualquer parcela remuneratória. Parágrafo único - Somente será permitida a realização de
§ 1º - A gratificação será paga no mês de dezembro de cada serviço extraordinário para atender situações excepcionais e tem-
ano, ficando assegurado o seu adiantamento no mês do aniversário porárias, respeitado o limite máximo de duas horas diárias, po-
do servidor policial militar, em valor não excedente à metade da dendo ser elevado este limite nas atividades que não comportem
remuneração mensal percebida, salvo opção expressa do benefi- interrupção.
ciário manifestada com a antecedência mínima de trinta dias da
data do seu aniversário para percepção da vantagem no ensejo das Art. 109 - O serviço noturno, prestado em horário compreen-
suas férias ou época em que o funcionalismo público em geral a dido entre vinte e duas horas de um dia e cinco do dia seguinte,
perceba. terá o valor-hora acrescido de cinquenta por cento sobre o soldo
§ 2º - Ao policial militar inativo, com exceção da reserva não na forma da regulamentação correspondente.
remunerada, será devida a gratificação natalina em valor equiva- Parágrafo único - Tratando-se de serviço extraordinário, o
lente aos respectivos proventos. acréscimo a que se refere este artigo incidirá sobre a remunera-
§ 3º - Ao policial militar exonerado ou demitido será devida a ção prevista no artigo anterior.
gratificação na proporcionalidade dos meses de efetivo exercício,
calculada sobre a remuneração do mês do afastamento do serviço. Art. 110 - A gratificação de atividade policial militar será
§ 4º - Na hipótese de ter havido adiantamento do valor supe- concedida ao policial militar a fim de compensá-lo pelo exercí-
rior ao devido no mês da exoneração ou demissão, o excesso será cio de suas atividades e os riscos dele decorrentes, considerando,
devolvido, no prazo de trinta dias, findo o qual, sem devolução, conjuntamente, a natureza do exercício funcional, o grau de risco
será o débito inscrito na dívida ativa. inerente às atribuições normais do posto ou graduação e o con-
ceito e nível de desempenho do policial militar.
Art. 106 - O policial militar com mais de cinco anos de efetivo § 1º - A gratificação será escalonada em referências de I a V,
exercício no serviço público terá direito por anuênio, contínuo ou com fixação de valor para cada uma delas sendo concedida ou
não, à percepção de adicional calculado à razão de 1% (um por
alterada para as referências III, IV ou V em razão, também, da
cento) sobre o valor do soldo do cargo que é ocupante, a contar do
remuneração do regime de trabalho de quarenta horas semanais a
mês em que o policial militar completar o anuênio.
que o policial militar ficará sujeito.
§ 1º - Para efeito desta gratificação, considera-se de efetivo
§ 2º - O Policial Militar perderá o direito a gratificação quan-
exercício o tempo de serviço prestado, sob qualquer regime de tra-
balho, na administração pública estadual, suas autarquias, funda- do afastado do exercício das funções inerentes ao seu posto ou
ções, empresas públicas e sociedades de economia mista. graduação, salvo nas hipóteses de férias, núpcias, luto, instala-
§ 2º - Para o cálculo do adicional não serão computadas quais- ção, trânsito, licença gestante, licença paternidade, licença para
quer parcelas pecuniárias, ainda que incorporadas ao vencimento tratamento de saúde, cumprimento de sentença penal condenató-
para outros efeitos legais. ria não transitada em julgado e licença prêmio por assiduidade,
§ 3º - O policial militar beneficiado pela estabilidade econô- esta última se a gratificação vier sendo percebida há mais de 06
mica na forma do art. 104 desta Lei, terá o adicional por tempo de (seis) meses. Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920,
serviço a que faça jus calculado sobre o valor do símbolo do cargo de 29 de junho de 2010.
em que tenha se estabilizado, quando for este superior ao soldo do § 3º - revogado pelo art. 6º da Lei nº 11.920, de 29 de junho
posto ou graduação que ocupe. de 2010.

Didatismo e Conhecimento 115


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º - A Gratificação de Atividade Policial Militar incorpora- Art. 110-C - A Gratificação por Condições Especiais de Tra-
se aos proventos de inatividade quando percebida por 05 (cinco) balho - CET e a Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime
anos consecutivos ou 10 (dez) interpolados, sendo fixada na Re- de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva - RTI incidirão sobre o
ferência de maior valor percebida por, pelo menos, 12 (doze) me- soldo recebido pelo beneficiário e não servirão de base para cálcu-
ses contínuos, ou a média destes, sendo assegurada a melhor opção lo de qualquer outra vantagem, salvo as relativas à remuneração de
de maior vantagem que se apresente ao Policial Militar. Redação férias, abono pecuniário e gratificação natalina.
de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010. Parágrafo único - Quando se tratar de ocupante de cargo ou
§ 5º - Fica assegurada aos atuais policiais militares a incorpo- função de provimento temporário, a base de cálculo será o valor
ração, aos proventos de inatividade, da gratificação de atividade do vencimento do cargo ou função, salvo se o militar optar expres-
policial militar, qualquer que seja o seu tempo de percepção. samente pelo soldo do posto ou graduação.
§ 6º - Na hipótese de nomeação para exercício de cargo de Artigo 110-C acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja-
provimento temporário, o pagamento da gratificação somente será neiro de 2009.
mantido se o cargo em que esta se efetivar for estabelecido em
Lei, como sendo policial militar ou de natureza policial militar e Art. 110-D - Incluem-se na fixação dos proventos integrais
na hipótese de substituição de cargo de provimento temporário o ou proporcionais as Gratificações por Condições Especiais de Tra-
policial militar perceberá, durante tal período, a gratificação do balho - CET e pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo
substituído. Integral e Dedicação Exclusiva - RTI percebidas por 5 (cinco) anos
§ 7º - O cálculo previsto no § 4º deste artigo será efetuado consecutivos ou 10 (dez) interpolados, calculados pela média per-
observando-se o quanto fixado no art. 92, incisos III e IV, deste centual dos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao
diploma legal. Acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de mês civil em que for protocolado o pedido de inativação ou àquele
junho de 2010. em que for adquirido o direito à inatividade.
§ 8º - Na reforma por incapacidade definitiva decorrente da Artigo 110-D acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja-
hipótese prevista no inciso I do art. 179 desta Lei, a gratificação de neiro de 2009.
atividade policial militar será incorporada aos proventos de inati- § 1º - Na incorporação aos proventos de inatividade dos poli-
vidade, independentemente do tempo de percepção, na referência ciais militares somam-se indistintamente os períodos de percepção
de maior valor percebida. Acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, da Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Tempo In-
de 29 de junho de 2010. tegral e Dedicação Exclusiva - RTI e a Gratificação por Condições
Especiais de Trabalho - CET.
Art. 110-A - A Gratificação pelo Exercício Funcional em Re- § 2º - Na reforma por incapacidade definitiva, as gratificações
gime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva - RTI poderá ser incorporáveis integrarão os proventos de inatividade independen-
concedida aos policiais militares com o objetivo de remunerar o temente do tempo de percepção.
aumento da produtividade de unidades operacionais e administra- § 3º - Fica assegurada aos policiais militares a contagem de
tivas ou de seus setores ou a realização de trabalhos especializados. tempo de percepção das vantagens recebidas a título de gratifi-
Artigo 110-A acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja- cações por Condições Especiais de Trabalho e pelo Regime de
neiro de 2009. Tempo Integral e Dedicação Exclusiva, no período anterior a 1º
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo poderá ser con- de janeiro de 2009.
cedida nos percentuais mínimo de 50% (cinquenta por cento) e
máximo de 150% (cento e cinquenta por cento), na forma fixada Art. 111 - A ajuda de custo destina-se a compensar as despe-
em regulamento. sas de instalação do policial militar que, no interesse do serviço,
§ 2º - O Conselho de Políticas de Recursos Humanos - COPE passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio,
expedirá resolução fixando os percentuais da Gratificação pelo ou que se deslocar a serviço ou por motivo de curso, no país ou
Exercício Funcional em Regime de Tempo Integral e Dedicação para o exterior.
Exclusiva - RTI. § 1º - Correm por conta da administração as despesas de trans-
porte do policial militar e sua família.
Art. 110-B - A Gratificação por Condições Especiais de Tra- § 2º - É assegurada aos dependentes do policial militar que
balho - CET somente poderá ser concedida no limite máximo de falecer na nova sede, a ajuda de custo e transporte para a locali-
125% (cento e vinte e cinco por cento) na forma que for fixada em dade de origem dentro do prazo de cento e oitenta dias, contados
regulamento, com vistas a: do óbito.
Artigo 110-B acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja- § 3º - A ajuda de custo não poderá exceder a importância cor-
neiro de 2009. respondente a quinze vezes o valor do menor soldo pago, exce-
I - compensar o trabalho extraordinário, não eventual, presta- tuando da regra a hipótese de curso no exterior, competindo a sua
do antes ou depois do horário normal; fixação ao Governador do Estado.
II - remunerar o exercício de atribuições que exijam habilita- § 4º - Não será concedida ajuda de custo:
ção específica ou demorados estudos e criteriosos trabalhos téc- a) ao policial militar que for afastado para servir em outro
nicos; órgão ou entidade dos Poderes da União, de outros Estados, do
III - fixar o servidor em determinadas regiões. Distrito Federal e dos Municípios;
Parágrafo único - O Conselho de Políticas de Recursos Huma- b) ao policial militar que for removido a pedido;
nos - COPE expedirá resolução fixando os percentuais da Gratifi- c) a um dos cônjuges, sendo ambos servidores estaduais,
cação por Condições Especiais de Trabalho - CET. quando o outro tiver direito à ajuda de custo pela mesma mudança.

Didatismo e Conhecimento 116


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 112 - O policial militar ficará obrigado a restituir a aju- § 4º - O auxílio-invalidez será suspenso automaticamente
da de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova pela autoridade competente, se for verificado que o policial militar
sede no prazo de trinta dias. nas condições deste artigo, exerça ou tenha exercido, após o rece-
Parágrafo único - Não haverá obrigação de restituir a ajuda de bimento do auxílio, qualquer atividade remunerada, sem prejuízo
custo nos casos de exoneração de ofício ou de retorno por motivo de outras sanções cabíveis, bem como for julgado apto em inspeção
de doença comprovada. de saúde a que se refere o parágrafo anterior.
§ 5º - O policial militar de que trata este capítulo terá direito
Art. 113 - Ao policial militar que se deslocar da sede em ca- ao transporte dentro do Estado, quando for obrigado a se afastar de
ráter eventual ou transitório, no interesse do serviço, serão conce- seu domicílio para ser submetido à inspeção de saúde, prevista no
didas, além de transporte, diárias para atender às despesas de ali- § 2º deste artigo.
mentação e hospedagem, desde que o deslocamento não implique § 6º - O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao valor do
desligamento da sede. soldo do posto de Sargento PM.
§ 1º - O total de diárias atribuídas ao policial militar não po-
derá exceder a cento e oitenta dias por ano, salvo em casos espe- Art. 116 - O adicional de inatividade será calculado e pago
ciais expressamente autorizados pelo Chefe do Poder Executivo. mensalmente ao policial militar na inatividade, incidindo sobre o
§ 2º - O policial militar que receber diárias e não se afastar da soldo do posto ou graduação e em função da soma do tempo de
efetivo serviço, com os acréscimos assegurados na legislação em
sede, sem justificativa, fica obrigado a restituí-la integralmente e
vigor para esse fim, nas seguintes condições:
de uma só vez, no prazo de cinco dias.
I - de 30% (trinta por cento), quando o tempo for de 35 (trinta
§ 3º - Na hipótese do policial militar retornar à sede em prazo
e cinco) anos;
menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diá- II - de 25% (vinte e cinco por cento), quando o tempo compu-
rias recebidas em excesso, no prazo de cinco dias do seu retorno. tado for de 30 (trinta) anos;
§ 4º - Os valores das diárias de alimentação e hospedagem III - de 5% (cinco por cento), quando o tempo computado for
serão fixadas em tabela própria, considerando os diversos postos inferior a 30 (trinta) anos.
e graduações que deverão ser agrupados segundo critérios estabe- Parágrafo único - O adicional de inatividade de que trata este
lecidos em regulamento. artigo será devido exclusivamente aos policiais militares que te-
nham ingressado na Instituição até a data da vigência desta Lei.
Art. 114 - Conceder-se-á indenização de transporte ao poli-
cial militar que realizar despesas com a utilização de meio próprio Art. 117 - A remuneração e proventos não estão sujeitos a pe-
de locomoção para execução de serviços externos, na sede ou fora nhora, sequestro ou arresto, exceto em casos previstos em Lei.
dela, no interesse da administração, na forma e condições estabe-
lecidas em regulamento. Art. 118 - O valor do soldo de um mesmo grau hierárquico é
igual para o policial militar da ativa e da inatividade, ressalvado o
Art. 115 - O policial militar da ativa que venha a ser refor- disposto no inciso II, do art. 92, desta Lei.
mado por incapacidade definitiva e considerado inválido, impos-
sibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho, não Art. 119 - Por ocasião de sua passagem para a inatividade, o
policial militar terá direito a tantas quotas de soldo quantos forem
podendo prover os meios de sua subsistência, fará jus a um auxí-
os anos de serviço, computáveis para a inatividade até o máximo de
lio-invalidez no valor de 25% (vinte e cinco por cento) do soldo
trinta anos, ressalvado o disposto do inciso II, do art. 92, desta Lei.
com a gratificação de tempo de serviço, desde que satisfaça a uma Parágrafo único - Para efeito de contagem dessas quotas, a fra-
das condições abaixo especificada, devidamente declaradas por ção de tempo igual ou superior a cento e oitenta dias será conside-
junta oficial de saúde: rada um ano.
I - necessitar de internamento em instituição apropriada, po-
licial militar ou não; Art. 120 - A proibição de acumular proventos de inatividade
II - necessitar de assistência ou de cuidados permanentes de não se aplica aos policiais militares da reserva remunerada e aos
enfermagem. reformados quanto ao exercício de mandato eletivo, observado o
§ 1º - Quando, por deficiência hospitalar ou prescrição médica que dispõe a Constituição Federal.
comprovada por Junta Policial Militar de Saúde, o policial militar
em uma das condições previstas neste artigo, receber tratamento Art. 121 - Os proventos da inatividade serão revistos na mesma
na própria residência, também fará jus ao auxílio-invalidez. proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remune-
§ 2º - Para continuidade do direito ao recebimento do auxí- ração dos policiais militares em atividade, sendo também estendi-
lio-invalidez o policial militar ficará obrigado a apresentar, anual- dos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
mente, declaração de que não exerce qualquer atividade remune- concedidos aos policiais militares em atividade, inclusive quando
rada pública ou privada e, a critério da administração, submeter- decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função
se periodicamente, a inspeção de saúde de controle. em que se deu a aposentadoria, na forma da Lei.
Parágrafo único - Ressalvados os casos previstos em Lei, os
§ 3º - No caso de oficial ou praça mentalmente enfermo, a
proventos da inatividade não poderão exceder à remuneração per-
declaração de que trata este artigo deverá ser firmada por 2 (dois)
cebida pelo policial militar da ativa no posto ou graduação corres-
oficiais da ativa da Polícia Militar.
pondente aos seus proventos.

Didatismo e Conhecimento 117


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 121-A - Aos policiais militares que exerçam atribuição § 3º - A promoção por bravura é a que corresponde ao reco-
de motorista e motociclista de viatura fica concedida isenção de nhecimento, pela Instituição, da prática, pelo policial militar, de
pagamento das taxas devidas ao Departamento Estadual de Trân- ato ou atos não comuns de coragem e audácia, em razão do serviço
sito para renovação e mudança na categoria da Carteira Nacional que, ultrapassando os limites normais do cumprimento do dever,
de Habilitação. representem feitos indispensáveis ou úteis às operações policiais
Art. 121-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de militares, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo positivo
junho de 2010. deles emanados, observando-se o seguinte:
a) ato de bravura, considerado altamente meritório, é apurado
SEÇÃO VI em sindicância procedida por um Conselho Especial para este fim
DA PROMOÇÃO designado pelo Comandante Geral;
b) na promoção por bravura não se aplicam as exigências esti-
Subseção I puladas para promoção por outro critério previsto nesta Lei;
GENERALIDADES c) será concedida ao oficial promovido por bravura, quando
for o caso, a oportunidade de satisfazer as condições de acesso ao
Art. 122 - O acesso na hierarquia policial militar, fundamen- posto ou graduação a que foi promovido, de acordo com o regula-
tado principalmente no desempenho profissional e valor moral, é mento desta Lei.
seletivo, gradual e sucessivo e será feito mediante promoções, de § 4º - A promoção post mortem é a que visa expressar o reco-
conformidade com a legislação e regulamentação de promoções nhecimento do Estado ao policial militar falecido no cumprimen-
de modo a obter-se um fluxo ascensional regular e equilibrado de to do dever, ou em consequência deste, em situação em que haja
carreira. ação para a preservação da ordem pública, ou em consequência de
Parágrafo único - O planejamento da carreira dos policiais mi- ferimento, quando no exercício da sua atividade ou em razão de
litares é atribuição do Comando Geral da Polícia Militar. acidente em serviço, doença, moléstia ou enfermidades contraídas
no cumprimento do dever ou que neste tenham tido sua origem.
Art. 123 - A promoção tem como finalidade básica o preenchi- a) os casos de morte por ferimento, doença, moléstia ou enfer-
mento de vagas pertinentes ao grau hierárquico superior, com base midades referidos neste artigo, serão comprovados por atestado de
nos efetivos fixados em Lei para os diferentes quadros. origem ou inquérito sanitário de origem, quando não houver outro
Parágrafo único - A forma gradual e sucessiva da promoção procedimento apuratório, sendo utilizados como meios subsidiá-
resultará de um planejamento organizado de acordo com as suas rios para esclarecer a situação os termos relativos ao acidente, à
peculiaridades e dependerá, além do atendimento aos requisitos baixa ao hospital, bem como as papeletas de tratamento nas enfer-
estabelecidos neste Estatuto e em regulamento, do desempenho sa- marias e hospitais e os respectivos registros de baixa;
tisfatório de cargo ou função e de aprovação em curso programado b) no caso de falecimento do policial militar, a promoção por
para os diversos postos e graduações. bravura exclui a promoção post mortem que resulte das conse-
quências do ato de bravura.
Art. 124 - Os Alunos Oficiais que concluírem o Curso de For- § 5º - Em casos extraordinários, poderá haver promoção em
mação de Oficiais serão declarados Aspirantes a Oficial pelo Co- ressarcimento de preterição, outorgada após ser reconhecido, ad-
ministrativa ou judicialmente, o direito ao policial militar preterido
mandante Geral da Policia Militar.
à promoção que lhe caberia, observado o seguinte:
a) caracteriza-se essa hipótese e o seu direito à promoção
Art. 125 - Os alunos dos diversos cursos de formação de Pra-
quando o policial militar.
ças que concluírem os respectivos Cursos serão promovidos pelo
1.tiver solução favorável a recurso interposto;
Comandante Geral às respectivas graduações.
2.tiver cessada sua situação de desaparecido ou extraviado;
3.for absolvido ou impronunciado no processo a que estiver
Subseção II
respondendo, quando a sentença transitar em julgado;
DOS CRITÉRIOS DE PROMOÇÕES 4.for considerado não culpado em processo administrativo
disciplinar.
Art. 126 - As promoções serão efetuadas pelos critérios de: b) a promoção em ressarcimento de preterição será conside-
I - antiguidade; rada efetuada segundo os critérios de antiguidade, recebendo o
II - merecimento; policial militar promovido o número que lhe competia na escala
III - bravura; hierárquica, como se houvesse sido promovido na época devida.
IV - “post mortem”;
V - ressarcimento de preterição. Art. 127 - As promoções são efetuadas:
§ 1º - Promoção por antiguidade é a que se baseia na prece- I - para as vagas de Coronel PM, somente pelo critério de
dência hierárquica de um oficial PM sobre os demais de igual pos- merecimento;
to, dentro de um mesmo Quadro, decorrente do tempo de serviço. II - para as vagas de Tenente Coronel PM, Major PM, Capitão
§ 2º - Promoção por merecimento é a que se baseia no conjun- PM, 1º Tenente PM, e 1º Sargento PM, pelos critérios de antigui-
to de atributos e qualidades que distinguem e realçam o valor do dade e merecimento, de acordo com a seguinte proporcionalidade
policial militar entre seus pares, avaliados no decurso da carreira em relação ao número de vagas;
e no desempenho de cargos e comissões exercidos, em particular III - para o posto de Tenente Coronel - uma por antiguidade e
no posto que ocupa. quatro por merecimento;

Didatismo e Conhecimento 118


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - para o posto de Major PM - uma por antiguidade e duas Art. 129 - As Listas de Acesso serão organizadas na data e na
por merecimento; forma da regulamentação da presente Lei.
V - para o posto de Capitão PM - uma por antiguidade e uma § 1º - Os parâmetros para a avaliação do desempenho utilizados
por merecimento; para a composição das Listas devem considerar, além dos requisitos
VI - para o posto de 1º Tenente PM - somente pelo critério compatíveis com as características profissiográficas do posto e gra-
de antiguidade; duação visados:
VII - para a graduação de Subtenente PM - uma por antigui- a) a eficiência revelada no desempenho de cargos e comissões;
dade e três por merecimento; b) a potencialidade para o desempenho de cargos mais elevados;
VIII -para a graduação de 1º Sargento PM - uma por antigui- c) a capacidade de liderança, iniciativa e presteza nas decisões;
dade e duas por merecimento; Inciso VIII acrescido pelo art. 6º d) os resultados obtidos em cursos de interesse da Instituição;
da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009. e) realce do oficial entre seus pares;
IX -para a graduação de Cabo PM - somente pelo critério de f) a conduta moral e social;
antiguidade. g) satisfatório condicionamento físico, apurado em teste de ap-
X -para a graduação de Soldado 1ª Cl PM - somente pelo tidão física.
critério de antiguidade. Inciso X acrescido pelo art. 6º da Lei nº § 2º - O mérito e as qualidades consideradas para fins de pontua-
11.356, de janeiro de 2009. ção são aferidos a partir dos itens constantes de fichas de informações,
§ 1º - Quando o policial militar concorrer à promoção por elaboradas e tabuladas pelas Subcomissões de Avaliação de Desem-
ambos os critérios, o preenchimento da vaga de antiguidade pode- penho.
rá ser feito pelo critério de merecimento, sem prejuízo do cômpu-
to das futuras quotas de merecimento. Art. 130 - O Oficial e o Praça não poderá constar da Lista de Pré-
§ 2º - § 2º revogado pelo art. 6º da Lei nº 11.920, de 29 de qualificação, quando:
junho de 2010. I - não satisfizer aos requisitos de:
a) interstício;
Art. 127-A - Para ser promovido à graduação de Cabo é in- b) aptidão física; ou
dispensável que o Soldado de 1ª Classe esteja incluído na Lista de c) as peculiaridades inerentes a cada posto ou graduação dos di-
Acesso por Antiguidade, tenha bom comportamento e que sejam ferentes quadros.
observados os demais requisitos legais. II - for considerado não habilitado para o acesso, em caráter pro-
visório, a juízo da Subcomissão de Avaliação de Desempenho (SAD),
Art. 127-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de
por incapacidade de atendimento aos requisitos de:
junho de 2010.
a) desempenho profissional;
b) conceito moral.
Subseção III -
III - encontrar-se preso por motivação processual penal ou penal;
DAS LISTAS DE ACESSO
IV - for denunciado ou pronunciado em processo crime, enquan-
to a sentença final não transitar em julgado;
Art. 128 - Listas de Acesso à promoção são relações de Ofi-
V - estiver submetido a processo administrativo disciplinar;
ciais e Praças dos diferentes Quadros, organizadas por postos e
VI - estiver preso preventivamente, em virtude de inquérito poli-
graduações, objetivando o enquadramento dos concorrentes sob
cial militar ou instrução penal de quaisquer jurisdições;
os pontos de vista da Pré-qualificação para a Promoção(Lis- VII - encontrar-se no cumprimento de sentença penal transitada
ta de Pré-qualificação - LPQ), do critério de Antiguidade (Lista em julgado por crime de jurisdição penal militar ou comum, enquanto
de Acesso por Antiguidade - LAA) , do critério de Merecimento durar o cumprimento da pena, devendo, no caso de suspensão condi-
(Lista de Acesso por Merecimento - LAM) e dos concorrentes cional, ser computado o tempo acrescido à pena original;
finais à elevação (Lista de Acesso Preferencial - LAP). VIII - estiver licenciado para tratar de interesse particular;
§ 1º - A Lista de Pré-qualificação (LPQ) é a relação dos Ofi- IX - for condenado à pena de suspensão do exercício do posto
ciais e Praças concorrentes que satisfazem às condições de acesso ou graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar ou
e estão compreendidos nos limites quantitativos de antiguidade, em legislação penal ou extra-penal extravagante, durante o prazo de
fixados no Regulamento de Promoções. suspensão;
§ 2º - A Lista de Acesso por Antiguidade (LAA) é a relação X - for considerado desaparecido;
dos Oficiais e Praças pré-qualificados, concorrentes ao acesso por XI - for considerado extraviado;
esse critério, dispostos em ordem decrescente de antiguidade. XII - for considerado desertor;
§ 3º - A Lista de Acesso por Merecimento (LAM) é a relação XIII - estiver em débito para com a Fazenda Estadual, por al-
dos Oficiais e Praças pré-qualificados e habilitados ao acesso, por cance;
pontuação igual ou superior à média do total de pontos dos con- XIV - estiver cumprindo pena acessória de interdição para o
correntes em face da apreciação do seu desempenho profissional, exercício de função pelo dobro do prazo da pena aplicada por conde-
mérito e qualidades exigidas para a promoção. nação por crime de tortura;
§ 4º - A Lista de Acesso Preferencial (LAP) é o elenco de XV - estiver cumprindo sanção administrativa de suspensão do
Oficiais e Praças pré-qualificados e habilitados segundo o número cargo, função ou posto ou graduação, ou pena de impedimento de
e espécie de vagas existentes sob cada critério. exercício de funções no município da culpa, por condenação em
processo por abuso de autoridade.

Didatismo e Conhecimento 119


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - Na hipótese do inciso II deste artigo o Oficial ou Praça § 2º - Interstício, para fins de ingresso em Lista de Pré-qua-
será submetido a Processo Administrativo Disciplinar. lificação, é o tempo mínimo de permanência em cada posto ou
§ 2º - Recebido o relatório da Comissão, instaurado na forma graduação:
do parágrafo anterior, o Governador do Estado ou o Comandante a) no posto de Tenente-Coronel PM - trinta meses;
Geral decidirá sobre a inabilitação para o acesso. b) no posto de Major PM - trinta e seis meses;
§ 3º - Além das hipóteses previstas neste artigo, será excluído c) no posto de Capitão PM - quarenta e oito meses;
de qualquer Lista de Acesso o Oficial ou Praça que: d) no posto de 1º Tenente PM - quarenta e oito meses;
a) nela houver sido incluído indevidamente; e) na graduação de Aspirante-a-Oficial PM - doze meses;
b) houver sido promovido; f) na graduação de 1º Sargento PM - oitenta e quatro meses;
c) houver falecido; g) na graduação de Cabo PM - noventa e seis meses;
d) houver passado para a inatividade. h) na graduação de Soldado 1ª Cl PM - cento e vinte meses.
§ 3º - É, ainda, condição essencial ao ingresso na Lista de Pré-
Art. 131 - Será excluído da Lista de Acesso por Merecimento qualificação para promoção ao posto de coronel do QOPM o exer-
(LAM) já organizada, ou dela não poderá constar, o Oficial ou Pra- cício de função arregimentada, como oficial superior, por vinte e
ça que estiver ou vier a estar agregado: quatro meses, consecutivos ou não, sendo pelo menos doze meses,
I - por motivo de gozo de licença para tratamento de saúde de na chefia, comando, direção ou coordenação ou no exercício de
pessoa da família, por prazo superior a seis meses contínuos; cargo de direção e assessoramento superior, exercido na atividade
II - em virtude de exercício de cargo, emprego ou função pú- policial militar ou de natureza policial militar no âmbito da admi-
blica de provimento temporário, inclusive da administração indi- nistração pública estadual.
reta; § 4º - O regulamento de promoções definirá e discriminará
III - por ter passado à disposição de órgão do Governo Fe- as condições de acesso, de arregimentação, as unidades com au-
deral, do Governo do Estado ou de outro Estado ou do Distrito tonomia administrativa e os procedimentos para a avaliação dos
Federal, para exercer função de natureza civil. conceitos profissional e moral.
Parágrafo único - Para ser incluído ou reincluído na Lista de § 5º - Os períodos de interstício e de serviço arregimentado
Acesso por Merecimento (LAM), o Oficial ou Praça a que se refere previstos nesta Lei, só poderão ser reduzidos pelo Governador do
este artigo deve reverter ao serviço ativo da Instituição, pelo me- Estado quando justificada a modificação em face da necessidade
nos noventa dias antes da data de reunião da Comissão de Promo- excepcional do serviço policial militar.
ções para avaliação dos concorrentes à promoção para o período
ao qual se referir. Art. 135 - A promoção pelo critério de antiguidade competirá
ao policial militar que, estando na Lista de Acesso, for o mais an-
Art. 132 - O Oficial ou Praça que deixar no posto ou gradua- tigo da escala numérica em que se achar.
ção, de figurar por três vezes consecutivas ou não, em Lista de Parágrafo único - A antiguidade para a promoção é contada no
Acesso por Merecimento (LAM) por insuficiência de desempe- posto ou graduação, deduzido o tempo relativo:
nho, se cada uma delas foi integrada por oficial com menos tempo a) ausência não justificada;
de serviço no posto, é considerado inabilitado para a promoção ao b) prisão disciplinar com prejuízo do serviço;
posto imediato pelo critério de merecimento. c) cumprimento de pena judicial privativa da liberdade;
d) suspensão das funções, por determinação judicial ou admi-
Art. 133 - A inabilitação do Oficial ou Praça para o acesso, nistrativa;
em caráter definitivo, somente resultará de ato do Governador do e) licença para tratar de assunto particular;
Estado, para o primeiro e, do Comandante Geral da PMBA, em f) agregação, como excedente, por ter sido promovido inde-
decorrência de processo administrativo disciplinar. vidamente;
g) afastamento para realização de curso ou estágio, custeado
Subseção IV pelo Estado, em que não tenha logrado aprovação.
DAS CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A PROMOÇÃO
Art. 136 - O policial militar que se julgar prejudicado em seu
Art. 134 - Para ser promovido pelo critério de antiguidade ou direito à promoção em consequência de composição de Lista de
de merecimento, é indispensável que o policial militar esteja in- Acesso poderá impetrar recurso ao Comandante Geral da Institui-
cluído na Lista de Pré-qualificação. ção, como primeira instância na esfera administrativa, conforme
§ 1º - Para ingressar na Lista de Pré-qualificação, é necessário previsto no art. 96 desta Lei.
que o Oficial ou Praça PM satisfaça os seguintes requisitos essen- Parágrafo único - Os recursos referentes à composição de Lis-
ciais, estabelecidos para cada posto ou graduação: ta de Acesso e à promoção deverão ser solucionados no prazo de
a) condições de acesso; 15 (quinze) dias, contados da data de seu recebimento.
b) interstício;
c) aptidão física; Subseção V
d) as peculiaridades dos diferentes quadros, reconhecidas DO PROCESSAMENTO DAS PROMOÇÕES
através da aprovação em Curso preparatório para o novo posto ou
graduação. Art. 137 - O ato de promoção dos Oficiais é consubstanciado
e) conceito profissional; por decreto do Governador do Estado, sendo o das Praças efetiva-
f) conceito moral. do por ato administrativo do Comandante Geral.

Didatismo e Conhecimento 120


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - O ato de nomeação para o posto inicial de carreira, bem a) são membros natos da Comissão de Promoções de Oficiais o
como o de promoção ao primeiro posto de oficial superior, acarreta Comandante Geral, o Subcomandante Geral e o Diretor do Departa-
expedição de Carta Patente, pelo Governador do Estado. mento de Pessoal; Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356,
§ 2º - A promoção aos demais postos é apostilada à última de janeiro de 2009.
Carta Patente expedida. b) os membros efetivos da Comissão são 04 (quatro) Coronéis
do Quadro de Oficiais Policiais Militares (QOPM), designados pelo
Art. 138 - Nos diferentes Quadros, as vagas que se devem Governador do Estado, pelo prazo de 01 (um) ano, que estejam em
considerar para a promoção serão provenientes de: exercício de cargo da Polícia Militar previsto em QO, podendo haver
I - promoção ao posto ou graduação superior; recondução para igual período. Redação de acordo com o art. 6º da
II - agregação; Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.
III - passagem à situação de inatividade; § 3º - A Comissão de Promoções de Praças, de caráter permanen-
IV - demissão; te, presidida pelo Subcomandante Geral da Instituição é constituída de
V - falecimento; membros natos e efetivos sob as seguintes condições:
VI - aumento de efetivo. a) são membros natos da Comissão de Promoções de Praças o
§ 1º - As vagas são consideradas abertas: Subcomandante Geral, o Diretor do Departamento de Administração,
o Coordenador de Operações, e o Diretor do Instituto de Ensino e o
a) na data da assinatura do ato que promover, passar para a
Chefe de Gabinete da Casa Militar;
inatividade, demitir ou agregar o policial militar;
b) os membros efetivos 03 (três) Oficiais Superiores, Comandan-
b) na data do óbito do policial militar;
tes de Unidade Operacional da Capital e 03 (três) Oficiais Superiores,
c) como dispuser a Lei, no caso de aumento de efetivo.
Comandantes de Unidade Operacional do Interior, designados pelo
§ 2º - Cada vaga aberta em determinado posto ou graduação Comandante Geral da Instituição, pelo prazo de um ano, que estejam,
acarretará vaga nos postos ou graduações inferiores, sendo esta há mais de seis meses, podendo haver recondução para igual período.
sequência interrompida no posto ou graduação em que houver § 4º - As Subcomissões de Avaliação têm como finalidade subsi-
preenchimento por excedente. diar o processo promocional através da indicação dos policiais milita-
§ 3º - Serão também consideradas as vagas que resultarem das res aptos à elevação por excelência de desempenho, sendo constituí-
transferências “ex officio” para a reserva remunerada já previstas, das sob as seguintes condições:
até a data da promoção, inclusive por implemento de idade. a) os membros serão designados pelo Comandante Geral da Ins-
§ 4º - Não preenche vaga o policial militar que, estando agre- tituição, dentre os Oficiais que estejam no exercício de cargo em Uni-
gado, venha a ser promovido e continue na mesma situação. dade Administrativa ou Operacional da Polícia Militar prevista no QO
há mais de seis meses;
Art. 139 - As promoções serão coordenadas e processadas pela b) o mandato é de um ano sem direito à recondução no posto.
Comissão de Promoções de Oficiais, com base no exame de mérito § 5º - A critério do Comandante Geral poderão ser criadas, em
procedido pelas Subcomissões de Avaliação de Desempenho. cada Unidade Administrativa ou Operacional, órgãos colegiados, de
§ 1º - Integram a Comissão de Promoções de Oficiais as se- composição compatível como o seu efetivo, denominados Subcomis-
guintes Subcomissões de Avaliação de Desempenho: sões Setoriais de Avaliação de Desempenho, destinados a subsidiar o
a) Subcomissão “A” - para avaliação de desempenho de Te- processo de avaliação.
nentes constituída por dois Majores e dois Tenentes Coronéis, e § 6º - As subcomissões de que trata o parágrafo anterior serão
presidida por um Coronel, designados pelo Comandante Geral; integradas pelo Comandante, Chefe ou Diretor, Subcomandante, Sub-
b) Subcomissão “B” - para avaliação de desempenho de Capi- chefe, e Subdiretor, Chefe da UPO, Chefe da UAAF e um represen-
tães constituída por quatro Tenentes Coronéis e presidida por um tante eleito pela unidade, do posto ou graduação avaliado.
Coronel designados pelo Comandante Geral; § 7º - O regulamento de Promoções definirá as atribuições e o
c) Subcomissão “C” - para avaliação de desempenho de Ma- funcionamento das Comissões de Promoções de Oficiais e de Praças
jores e Tenentes Coronéis, constituída por quatro Coronéis desig- e, das Subcomissões de Avaliação de Desempenho.
nados pelo Comandante Geral e presidida pelo Diretor de Admi-
SEÇÃO VII
nistração.
DAS FÉRIAS E DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS DO
d) Subcomissão “D” - para avaliação de desempenho de Sub-
SERVIÇO
tenentes, 1ºs Sargentos e Cabos, constituída por cinco Tenentes
Coronéis ou Majores Comandantes de Unidades Operacionais, o Art. 140 - O policial militar fará jus, anualmente, a trinta dias
Coordenador de Operações e o Diretor do Departamento de Pes- consecutivos de férias, que, no caso de necessidade do serviço, podem
soal, que a presidirá; Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, sob as condições dos
11.356, de janeiro de 2009. parágrafos seguintes:
e) Subcomissão “E” - para avaliação de desempenho de Sol- § 1º - Para o primeiro período aquisitivo serão exigidos doze me-
dados constituída por seis Tenentes Coronéis ou Majores Coman- ses de exercício; para os demais, o direito será reconhecido após cada
dantes de Unidades Operacionais, o Comandante de Policiamento período de doze meses de efetivo serviço, podendo ser gozadas dentro
da Capital, o Comandante de Policiamento do Interior e o Diretor do exercício a que se refere, segundo previsão constante de Plano de
de Administração, que a presidirá. Férias, de responsabilidade da Unidade em que serve.
§ 2º - A Comissão de Promoções de Oficiais, de caráter per- § 2º - Serão responsabilizados os Comandantes, Diretores, Coor-
manente, presidida pelo Comandante Geral da Instituição é cons- denadores e Chefes que prejudicarem, injustificadamente, a con-
tituída de membros natos e efetivos sob as seguintes condições: cessão regular das férias.

Didatismo e Conhecimento 121


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - A concessão de férias não será prejudicada pelo gozo Art. 142 - As férias e outros afastamentos mencionados nos
anterior de licença para tratamento de saúde, licença prêmio por arts. 140 e 141 são concedidos com a remuneração do respectivo
assiduidade, nem por punição anterior, decorrente de transgressão posto ou graduação, cargo e vantagens deste decorrentes e compu-
disciplinar, pelo estado de guerra, de emergência ou de sítio ou tados como tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais.
para que sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o
direito àquelas licenças. SEÇÃO VIII
§ 4º - Somente em casos de interesse da segurança nacional, DAS LICENÇAS
de grave perturbação da ordem, de calamidade pública, comoção
interna, transferência para a inatividade ou como medida adminis- Subseção I
trativa de cunho disciplinar, seja por afastamento preventivo ou GENERALIDADES
para cumprimento de punição decorrente de transgressão discipli-
nar de natureza grave e em caso de internamento hospitalar, terá o Art. 143 - Licenças são autorizações para afastamento total
policial militar interrompido ou deixará de gozar na época prevista do serviço, em caráter temporário, concedidas ao policial militar
o período de férias a que tiver direito, registrando-se o fato nos em consonância com as disposições legais e regulamentares que
seus assentamentos. lhes são pertinentes.
§ 5º - Na impossibilidade de gozo de férias no momento opor-
tuno pelos motivos previstos no parágrafo anterior, ressalvados os Art. 144 - As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou
casos de cumprimento de punição decorrente de transgressão dis- nas condições estabelecidas neste artigo.
ciplinar de natureza grave, o período de férias não usufruído será Parágrafo único - A interrupção da licença prêmio por as-
indenizado pelo Estado. siduidade e da licença para tratar de interesse particular poderá
§ 6º - Independentemente de solicitação será pago ao policial ocorrer:
militar, por ocasião das férias, um acréscimo de 1/3 (um terço) da a) em caso de mobilização e estado de guerra;
remuneração correspondente ao período de gozo. b) em caso de decretação de estado de defesa ou estado de
§ 7º - As férias serão gozadas de acordo com escala organiza- sítio;
da pela unidade administrativa ou operacional competente. c) para cumprimento de sentença que importe em restrição da
§ 8º - É facultado ao policial militar converter 1/3 (um terço) liberdade individual;
do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, desde d) para cumprimento de punição disciplinar, conforme regu-
que o requeira com antecedência mínima de sessenta dias. lado pelo Comando Geral;
§ 9º - No cálculo do abono pecuniário será considerado o va- e) em caso de denúncia ou de pronúncia em processo criminal
lor do acréscimo de férias previsto no § 6º deste artigo, sendo o ou indiciamento em inquérito policial militar, a juízo da autorida-
pagamento dos benefícios efetuado no mês anterior ao do início de que efetivou a denúncia ou a indiciação.
das férias.
Subseção II
Art. 141 - Obedecidas as disposições legais e regulamenta- DAS ESPÉCIES DE LICENÇA
res, o policial militar tem direito, ainda, aos seguintes períodos de
afastamento total do serviço sem qualquer prejuízo, por motivo de: Art. 145 - São licenças do serviço policial militar:
I - núpcias: oito dias; I - prêmio por assiduidade;
II - luto: oito dias; II - para tratar de interesse particular;
III - instalação: até dez dias; III - para tratamento de saúde de pessoa da família;
IV - trânsito: até trinta dias; IV - para tratamento da própria saúde;
V - amamentação; V - por motivo de acidente;
VI - doação de sangue: um dia, por semestre. VI - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
§ 1º - O afastamento por luto é relativo ao falecimento de côn- VII - para o policial militar atleta participar de competição
juge, companheiro(a), pais, padrasto ou madrasta, filhos, enteados, oficial;
menor sob guarda e tutela e irmãos, desde que comprovados me- VIII - à gestante;
diante documento hábil. IX - paternidade e à (o) adotante .
§ 2º - O afastamento para amamentação do próprio filho ou
adotado, é devido até que este complete seis meses e consistirá Art. 146 - Licença prêmio por assiduidade é a autorização
em dois descansos na jornada de trabalho, de meia hora cada um, para o afastamento total do serviço, concedida a título de reco-
quando o exigir a saúde do lactente, este período poderá ser di- nhecimento da Administração pela constância de frequência ao
latado, a critério da autoridade competente, em despacho funda- expediente ou às atividades da missão policial militar, relativa a
mentado cada quinquênio de tempo de efetivo serviço prestado, sem qual-
§ 3º - Preservado o interesse do serviço e carga horária a que quer restrição para a sua carreira ou redução em sua remuneração.
está obrigado o policial militar, poderá ser concedido horário es- § 1º - A licença prêmio por assiduidade tem a duração de três
pecial ao policial militar estudante, quando comprovada a incom- meses, a ser gozada de uma só vez quando solicitada pelo interes-
patibilidade do horário escolar com o da Unidade, sem prejuízo sado e julgado conveniente pela autoridade competente, poderá
do exercício do cargo e respeitada a duração semanal do trabalho, ser parcelada em períodos não inferiores a trinta dias.
condicionada à compensação de horários. § 2º - O período de licença prêmio por assiduidade não inter-
rompe a contagem de tempo de efetivo serviço.

Didatismo e Conhecimento 122


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - Os períodos de licença prêmio por assiduidade não d) menor sob guarda ou tutela;
gozados pelo policial militar são computados em dobro para fins e) os avós;
exclusivos de contagem de tempo para a passagem à inatividade e, f) os irmãos menores ou incapazes.
nesta situação, para todos os efeitos legais. § 4º - A licença somente será deferida se a assistência direta do
§ 4º - A licença prêmio por assiduidade não é prejudicada pelo policial militar for indispensável e não puder ser prestada simul-
gozo anterior de licença para tratamento de saúde própria e para taneamente com o exercício do cargo, o que deverá ser apurado
que sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direi- através de sindicância social.
to àquelas licenças. § 5º - É vedado o exercício de atividade remunerada durante
§ 5º - O direito de requerer licença prêmio por assiduidade não o período da licença, constituindo a constatação de burla motivo
prescreve nem está sujeito a caducidade. para a sua cassação e apuração de responsabilidade administrativa.
§ 6º - Uma vez concedida a licença prêmio por assiduidade, o § 6º - A remuneração da licença para tratamento de saúde de
policial militar, dispensado do exercício das funções que exercer, pessoa da família será concedida:
ficará à disposição do órgão de pessoal da Polícia Militar. a) com remuneração integral - até três meses;
§ 7º - Não se concederá licença prêmio por assiduidade a po- b) com 2/3 (dois terços) da remuneração - quando exceder a
licial militar que no período aquisitivo: três e não ultrapassar seis meses;
a) sofrer sanção disciplinar de detenção; c) com 1/3 (um terço) da remuneração - quando exceder a seis
b) afastar-se do cargo em virtude de: e não ultrapassar doze meses.
1.licença para tratamento de saúde de pessoa da família; § 7º - O policial militar não poderá permanecer de licença
2.licença para tratar de interesse particular; para tratamento de saúde de pessoa de família, por mais de vinte e
3.condenação a pena privativa de liberdade, por sentença de- quatro meses, consecutivos ou interpolados.
finitiva;
4.autorização para acompanhar cônjuge ou companheiro. Art. 149 - Licença para tratamento da própria saúde é o afasta-
mento total do serviço, concedido ao policial militar até o período
Art. 147 - Licença para tratar de interesse particular é a auto- máximo de dois anos, a pedido ou compulsoriamente, de oficio,
rização para o afastamento total do serviço, concedida ao policial com base em perícia realizada por junta médica oficial, sem pre-
militar com mais de dez anos de efetivo serviço que a requerer com juízo do cômputo do tempo de serviço e da remuneração a que
aquela finalidade, pelo prazo de até três anos, sem remuneração e
fizer jus:
com prejuízo do cômputo do tempo de efetivo serviço.
§ 1º - Para licença até quinze dias, a inspeção poderá ser feita
§ 1º - O policial militar deverá aguardar a concessão da licen-
por médico de setor de assistência médica da Polícia Militar, Mé-
ça em serviço.
dico Oficial ou credenciado sob as seguintes condições:
§ 2º - A licença para tratar de interesse particular poderá ser
a) sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
interrompida a qualquer tempo, a pedido do policial militar ou por
na residência do policial militar ou no estabelecimento hospitalar
motivo de interesse público, mediante ato fundamentado da auto-
ridade que a concedeu. onde ele se encontrar internado;
§ 3º - Não será concedida nova licença para tratar de interesse b) inexistindo médico da Instituição ou vinculado a sistema
particular antes de decorridos dois anos do término da anterior, oficial de saúde no local onde se encontrar o policial militar, será
salvo para completar o período de que trata este artigo. aceito atestado fornecido por médico particular, com validade
§ 4º - A licença para tratar de interesse particular fica condi- condicionada a homologação pelo setor de assistência de saúde
cionada à indicação, pelo beneficiário, do local onde poderá ser da Instituição.
encontrado, para fins de mobilização ou interrupção, respondendo § 2º - Durante os primeiros doze meses, o policial militar
omissão, falsidade ou mudança não comunicada de domicilio à será considerado temporariamente incapacitado para o serviço;
Administração. decorrido esse prazo, será agregado na forma do inciso I do art.
23 desta Lei.
Art. 148 - Licença para tratamento de saúde de pessoa da fa- § 3º - Decorrido um ano de agregação, na forma do parágrafo
mília é o afastamento total do serviço que poderá ser concedido ao anterior, o policial militar será submetido a nova inspeção médica
policial militar, mediante prévia comprovação do estado de saúde e, se for considerado física ou mentalmente inapto para o exercí-
do familiar adoentado por meio de junta médica oficial. cio das funções do seu cargo, será julgado definitivamente incapaz
§ 1º - A interrupção de licença para tratamento de saúde de para o serviço e reformado na forma do inciso II, do art. 177, desta
pessoa da família para cumprimento de pena disciplinar que im- Lei.
porte em restrição da liberdade individual, será regulada pelo Co- § 4º - Se for considerado apto, na inspeção médica a que se re-
mando Geral. fere o parágrafo anterior, para o exercício de funções burocráticas,
§ 2º - A licença para tratamento de saúde de pessoa da famí- o policial militar deverá ser a elas adaptado.
lia será sempre concedida com prejuízo da contagem de tempo de § 5º - Contar-se-á como de prorrogação o período compreen-
efetivo serviço e a remuneração durante seu gozo obedecerá aos dido entre o dia do término da licença e o do conhecimento, pelo
termos do parágrafo 6º deste artigo. interessado, do resultado de nova avaliação a que for submetido se
§ 3º - Pessoas da família para efeito da concessão de que trata julgado apto para reassumir o exercício de suas funções;
o caput deste artigo são: § 6º - Verificada a cura clínica, o policial militar voltará à ati-
a) o cônjuge ou companheiro(a); vidade, ainda quando, a juízo de médico oficial deva continuar o
b) os pais, o padastro ou madrasta; tratamento, desde que as funções sejam compatíveis com suas con-
c) os filhos, enteados, dições orgânicas.

Didatismo e Conhecimento 123


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 7º - Para efeito da concessão de licença de ofício, o policial c) a doença proveniente de contaminação acidental do policial
militar é obrigado a submeter-se à inspeção médica determinada militar no exercício de sua atividade por substância tóxica e/ou
pela autoridade competente para licenciar. No caso de recusa injus- ionizante ou radioativa;
tificada, sujeitar-se-á às medidas disciplinares previstas nesta Lei. d) o dano sofrido em deslocamento ou viagem para o servi-
§ 8º - O policial militar poderá desistir da licença a pedido ço ou a serviço da polícia militar, independentemente do meio de
desde que, a juízo de inspeção médica, seja julgado apto para o locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do policial
exercício. militar.
§ 9º - A licença para tratamento de saúde será concedida sem § 2º - Não é considerada agravação ou complicação de aci-
prejuízo da remuneração, sendo vedado ao policial militar o exercí- dente em serviço a lesão superveniente absolutamente indepen-
cio de qualquer atividade remunerada, sob pena de cassação da li- dente, resultante de acidente de outra origem que se associe ou se
cença, sem prejuízo da apuração da sua responsabilidade funcional. superponha as consequências do anterior.
§ 10 - A modalidade de licença compulsória para tratamento de
saúde será aplicada quando restar verificado que o policial militar Art. 151 - Licença por motivo de afastamento do cônjuge ou
é portador de uma das moléstias graves enumeradas nos diversos companheiro (a) é o afastamento do serviço, com prejuízo da re-
incisos deste parágrafo cujo estado, a juízo clínico, se tornou in- muneração e do cômputo do tempo de serviço, de possível con-
compatível com o exercício das funções do cargo ou arriscado para cessão ao policial militar que necessitar acompanhar companhei-
as pessoas que o cercam: ro ou cônjuge, policial militar público estadual, que for deslocado
a) tuberculose ativa; para outro ponto do Estado, do País ou do exterior, para realização
b) hanseníase; de curso, treinamento ou missão ou para o exercício de mandato
c) alienação mental; eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
d) neoplasia maligna; Parágrafo único - Ocorrendo o deslocamento no território
e) cegueira posterior ao ingresso no serviço público; estadual o policial militar poderá ser lotado provisoriamente em
f) paralisia irreversível e incapacitante; Unidade Administrativa ou Operacional, desde que para exercício
g) cardiopatia grave; de atividade compatível com posto ou graduação.
h) doença de Parkinson;
i) espondiloartrose anquilosante; Art. 152 - Licença para o policial militar atleta participar de
j) nefropatia grave; competição oficial é o afastamento do serviço concedível ao pra-
k) estado avançado da doença de Paget (osteite deformante); ticante de desporto amador oficialmente reconhecido, durante o
l) síndrome da deficiência imunológica adquirida (AIDS); período da competição oficial.
m) esclerose múltipla; Parágrafo único - A licença para participação de competi-
n) contaminação por radiação; ção desportiva será concedida sem prejuízo da remuneração e do
o) outras que a Lei indicar, com base na medicina especiali- cômputo do tempo de serviço.
zada.
Art. 153 - Licença à gestante é o afastamento total do serviço,
Art. 150 - Licença por motivo de acidente é o afastamento com sem prejuízo da remuneração e do cômputo do tempo de serviço,
remuneração integral e sem prejuízo do cômputo do tempo de ser- concedido à policial militar no período de 120 dias consecutivos
viço a que faz jus o policial militar acidentado em serviço ou em depois do parto.
decorrência deste que for vitimado em ocorrência policial militar de § 1º - Para os fins previstos neste artigo, o início do afasta-
que participou ou em que foi envolvido, estando ou não escalado, mento da policial militar será determinado por atestado médico
oficialmente, de serviço. emitido por órgão oficial, observado o seguinte:
§ 1º - Equipara-se a acidente em serviço, para efeitos desta Lei: a) a licença poderá, a depender das condições clínicas, ter
a) o fato ligado ao serviço, dele decorrente ou em cuja etiolo- início no nono mês de gestação, ou antes, por prescrição médica;
gia, de qualquer modo se identifique relação com o cargo, a função b) no caso de nascimento prematuro, a licença terá início na
ou a missão do serviço policial militar, que, mesmo não tendo sido data do parto;
a causa exclusiva do acidente, haja contribuído diretamente para a c) no caso de natimorto, a licença terá início na data do parto;
provocação de lesão corporal, redução ou perda da sua capacida- § 2º - Em casos excepcionais, os períodos de repouso antes
de para o serviço ou produzido quadro clínico que exija repouso e e depois do parto poderão ser aumentados de mais duas semanas
atenção médica na sua recuperação; cada um, mediante justificativa constante de atestado médico, ob-
b) o dano sofrido pelo policial militar no local e no horário do servado o seguinte:
serviço, dele decorrente ou em cuja etiologia, de qualquer modo, a) no caso de natimorto, a policial militar será submetida,
exista relação de causa e efeito com o serviço, em consequência de: trinta dias após o evento, a exame médico para verificação de suas
1.ato de agressão ou sabotagem praticado por terceiro; condições para reassunção das funções;
2.ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de b) em se tratando de aborto não criminoso, devidamente ates-
disputa relacionada com o serviço e não constitua falta disciplinar tado por médico oficial, a policial militar terá direito a trinta dias
do policial militar beneficiário; de repouso;
3.ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro; c) em caso de parto antecipado, a mulher conservará o direito
4.desabamentos, inundações, incêndios e outros sinistros; a 120 dias consecutivos previstos neste artigo.
5.casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

Didatismo e Conhecimento 124


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 154 - Licença à paternidade é o afastamento total do ser- Art. 158 - O porte de arma é inerente ao policial militar, sendo
viço pelo prazo de cinco dias consecutivos, e imediatos ao nasci- impostas restrições ao seu uso apenas aos que revelarem conduta
mento do filho ou acolhimento do adotado, destinado ao apoio do contraindicada ou inaptidão psicológica para essa prerrogativa.
policial militar à sua família por ocasião do nascimento ou adoção § 1º - Os policiais militares somente poderão portar arma de
de filho, sem prejuízo da remuneração e do cômputo do tempo de fogo, desde que legalmente registrada no seu nome ou pertencente
serviço. à Instituição, nos limites do Território Federal , na forma da legis-
§ 1º - Ao policial militar que adotar ou obtiver guarda judicial lação específica..
de criança de até um ano de idade serão concedidos cento e vinte § 2º - As aquisições e transferências de arma de fogo deverão
dias de licença, para ajustamento da criança, a contar do dia em ser obrigatoriamente comunicadas ao órgão próprio da Instituição,
que este chegar ao novo lar. para registro junto ao órgão competente.
§ 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, em se tratando de § 3º - Somente em relação aos policiais militares de bom com-
criança com mais de um ano de idade, o prazo será de sessenta portamento presume-se a aptidão para adquirir armas, nas condi-
dias. ções e prazos fixados pela legislação federal.
§ 4º - A cédula de Identidade Funcional da Polícia Militar é,
CAPÍTULO II para todos os efeitos legais, documento comprobatório do porte de
DAS PRERROGATIVAS arma. § 4º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho
de 2010.
SEÇÃO I § 5º - Havendo contraindicação para o porte de arma, em
CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO conformidade com o caput deste artigo, o comando da corporação
adotará medidas para substituir a cédula de identidade funcional
Art. 155 - As prerrogativas do policial militar são constituí- por outra em que conste a restrição.
das pelas honras, dignidades e distinções devidas aos graus hie-
rárquicos e aos cargos. Subseção Única -
Parágrafo único - São prerrogativas do policial militar: DO USO DOS UNIFORMES
a) uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emble-
mas da Polícia Militar do Estado, correspondentes ao posto ou à Art. 159 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus distinti-
vos, insígnias, emblemas, são privativos dos policiais militares e
graduação;
simbolizam as prerrogativas que lhes são inerentes.
b) honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam as-
segurados em Leis e regulamentos;
Art. 160 - O uso dos uniformes com seus distintivos, insígnias
c) cumprimento das penas disciplinares de prisão ou detenção
e emblemas, bem como os modelos, descrição, composição, peças
somente em organização policial militar cujo Comandante, Coor-
acessórias e outras disposições são estabelecidos na regulamenta-
denador, Chefe ou Diretor tenha precedência hierárquica sobre o
ção peculiar.
preso ou detido;
Parágrafo único - É proibido ao policial militar o uso de uni-
d) julgamento em foro especial, nos crimes militares;
formes:
e) o porte de arma, na conformidade da legislação federal a) em manifestação de caráter político-partidária, desde que
pertinente. não esteja de serviço;
b) em evento não policial militar no exterior, salvo quando
Art. 156 - Somente em caso de flagrante delito ou em cum- expressamente determinado ou autorizado;
primento de mandado judicial, o policial militar poderá ser preso c) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades poli-
por autoridade policial civil, ficando esta obrigada a entregá-lo ciais militares e a cerimônias cívicas comemorativas de datas na-
imediatamente à autoridade policial militar mais próxima, só po- cionais ou a atos sociais solenes de caráter particular, desde que
dendo retê-lo em dependência policial civil durante o tempo ne- autorizado pelo Diretor de Administração.
cessário à lavratura do flagrante.
§ 1º - Cabe ao Comandante Geral da Polícia Militar a iniciati- Art. 161 - É vedado a pessoas ou organizações civis de qual-
va de responsabilizar a autoridade policial que não cumprir o dis- quer natureza usar uniformes, mesmo que semelhantes, ou osten-
posto neste artigo e que maltratar ou consentir que seja maltratado tar distintivos, insígnias ou emblemas que possam ser confundidos
preso policial militar, ou não lhe der o tratamento devido. com os adotados na Polícia Militar.
§ 2º - O Comandante Geral da Polícia Militar providenciará Parágrafo único - São responsáveis civil, penal e administrati-
junto às autoridades competentes os meios de segurança do poli- vamente pela infração das disposições deste artigo, além dos comi-
cial militar submetido a processo criminal na Justiça comum ou tentes, os proprietários, gerentes, diretores ou chefes de repartições
militar, em razão de ato praticado em serviço. das referidas organizações.

Art. 157 - O policial militar da ativa no exercício de fun-


ções policiais militares é dispensado do serviço do júri na Justiça
Comum e do serviço na Justiça Eleitoral, na forma da legislação
competente.

Didatismo e Conhecimento 125


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
TÍTULO VI - § 1º - O acesso à graduação de 1º Sargento, privativo de po-
DO SERVIÇO POLICIAL MILITAR licial militar de carreira, dar-se-á mediante curso de formação
realizado na própria Instituição e será precedido de avaliação de
CAPÍTULO I desempenho dos candidatos à matrícula no referido curso, sob res-
DO SERVIÇO E DA CARREIRA POLICIAL MILITAR ponsabilidade de Comissão especialmente designada pelo Coman-
dante Geral, com mandato de dois anos, permitida a recondução.
Art. 162 - O serviço policial militar consiste no desempenho § 2º - O processo de seleção de que trata o parágrafo anterior
das funções inerentes ao cargo policial militar e no exercício das observará o disposto em regulamento.
atividades inerentes à missão institucional da Polícia Militar, com-
preendendo todos os encargos previstos na legislação peculiar e CAPÍTULO II
específica relacionados com a preservação da ordem pública no DO CARGO E FUNÇÃO POLICIAIS MILITARES
Estado.
§ 1º - A jornada de trabalho do policial militar será de 30 (trin- SEÇÃO I
ta) horas semanais ou de 40 (quarenta) horas semanais, de acordo DO CARGO POLICIAL MILITAR
com a necessidade do serviço.
§ 2º - São equivalentes as expressões na ativa, da ativa, em Art. 166 - Cargo policial militar é o conjunto de atribuições,
serviço ativo, em serviço na ativa, em serviço, em atividade, em deveres e responsabilidades cometidos a um policial militar em
efetivo serviço, atividade policial militar ou em atividade de natu- serviço ativo, com as características essenciais de criação por Lei,
reza policial militar, quando referentes aos policiais militares no denominação própria, número certo e pagamento pelos cofres pú-
desempenho de encargo, incumbência, missão ou tarefa, serviço blicos, em caráter permanente ou temporário.
ou atividade policial militar, nas organizações policiais militares, § 1º - O cargo policial militar a que se refere este artigo é o que
bem como em outros órgãos do Estado, desde que previstos em Lei se encontra especificado no Quadro de Organização e legislação
ou Regulamento. específica.
§ 2º - As obrigações inerentes ao cargo policial militar devem
Art. 163 - A carreira policial militar é caracterizada pela ativi- ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas
dade continuada e inteiramente devotada às finalidades da Institui- em legislação peculiar.
ção denominada atividade policial militar e pela possibilidade de § 3º - A competência para a nomeação dos ocupantes dos car-
gos de provimento temporário da estrutura da Polícia Militar, sím-
ascensão hierárquica, na conformidade do merecimento e antigui-
bolo DAS-1 a DAI-4, é do Governador do Estado, competindo ao
dade do policial militar.
Comandante Geral prover os demais.
Parágrafo único - A carreira policial militar inicia-se com o
ingresso e obedece à sequência de graus hierárquicos, sendo priva-
Art. 167 - Os cargos policiais militares são providos com pes-
tiva do pessoal da ativa.
soal que satisfaça os requisitos de grau hierárquico e de qualifica-
ção exigidos para o seu desempenho.
Art. 164 - O ingresso na carreira de oficial PM é feito no posto
§ 1º - O desempenho a que se refere o caput deste artigo será
de Tenente PM, satisfeitas as exigências legais, mediante curso de avaliado por uma Comissão Especial, cuja composição, competên-
formação realizado na própria Instituição. cia, organização e atribuições serão regulamentadas.
§ 1º - A posição hierárquica do oficial PM no posto inicial § 2º - O objetivo da avaliação de desempenho em razão do
resulta da sua classificação no curso de formação. cargo é verificar a efetividade do cumprimento das metas do pla-
§ 2º - A ascensão aos demais postos dependerá de aprovação nejamento estratégico da Instituição, bem como da adequação do
em curso programado para habilitar o Oficial à assunção das res- avaliado aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
ponsabilidades do novo grau, cujo acesso dar-se-á mediante teste publicidade e aos parâmetros de eficiência e economicidade no tra-
seletivo de provas ou de provas e títulos, respeitada a antiguidade. to com a coisa pública.
§ 3º - A reprovação em dois cursos, consecutivos ou não, im- § 3º - A constatação, pela Comissão, de rendimento insatis-
plicará em presunção de inaptidão para a continuidade na carreira fatório no exercício do cargo ensejará, sem prejuízo das medidas
policial militar, sujeitando o Oficial PM à apuração da sua aptidão administrativas cabíveis, o afastamento do seu titular, assegurados
para permanência na carreira, assegurados o contraditório e ampla o contraditório e a ampla defesa.
defesa.
§ 4º - O ingresso na carreira de Oficial PM no Quadro Auxi- Art. 168 - A vacância do cargo policial militar decorrerá de:
liar de Segurança é privativo de policial militar, dar-se-á, mediante I - exoneração;
curso de formação realizado na própria Instituição, na forma esta- II - demissão;
belecida neste artigo. III - inatividade;
§ 5º - O processo de seleção para o ingresso na carreira de IV - falecimento;
Oficial observará o disposto em regulamento. V - extravio;
VI - deserção.
Art. 165 - O ingresso na carreira de Praça da Polícia Militar § 1º - Ocorrendo vaga, considerar-se-ão abertas, na mesma
ocorrerá na graduação de soldado PM 1ª classe, mediante curso data, as vagas decorrentes de seu preenchimento.
de formação realizado na própria Instituição, observadas as exi- § 2º - A exoneração de policial militar ocupante de cargo de
gências previstas nesta Lei e no respectivo edital convocatório do provimento temporário, dar-se-á a seu pedido ou por iniciativa da
concurso. autoridade competente para a nomeação.

Didatismo e Conhecimento 126


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º - A demissão de policiais militares será aplicada exclusi- § 2º - Ultrapassado o prazo a que se refere o parágrafo ante-
vamente como sanção disciplinar. rior, o policial militar será considerado desligado da organização a
§ 4º - A data de abertura de vaga por extravio é a que for ofi- que estiver vinculado, deixando de contar tempo de serviço, para
cialmente considerada para os efeitos dessa ocorrência. fins de transferência para a inatividade.
§ 5º - A data de abertura de vaga por deserção é aquela assim
considerada pela legislação penal militar. SEÇÃO II
DA PASSAGEM PARA A RESERVA REMUNERADA
Art. 169 - Dentro de uma mesma organização policial militar
a sequência de substituições bem como as normas, atribuições e Art. 175 - A passagem do policial militar à situação de inativi-
responsabilidades a elas relativas, são as estabelecidas na legislação dade, mediante transferência para a reserva remunerada, se efetua:
peculiar, respeitadas as qualificações exigidas para o cargo ou para
I - a pedido;
o exercício da função.
II - “ex officio”.
Art. 170 - O policial militar ocupante de cargo provido em ca- Parágrafo único - A transferência para a reserva remunerada
ráter efetivo permanente ou temporário gozará dos direitos corres- pode ser suspensa na vigência do estado de sítio, estado de defesa
pondentes ao cargo, conforme previsto em dispositivo legal. ou em caso de mobilização, calamidade pública ou perturbação da
ordem pública.
SEÇÃO II
DA FUNÇÃO POLICIAL MILITAR Art. 176 - A transferência para a reserva remunerada, a pedi-
do, será concedida mediante requerimento escrito, ao policial mi-
Art. 171 - Função policial militar é o exercício das atribuições litar que contar, no mínimo, trinta anos de serviço.
inerentes ao cargo policial militar. § 1º - No caso de o policial militar haver realizado qualquer
curso ou estágio de duração superior a seis meses, por conta do
Art. 172 - As obrigações que, pela generalidade, peculiarida- Estado, em outra Unidade da Federação ou no exterior, sem que
de, duração, vulto ou natureza não são catalogadas como posições hajam decorridos três anos de seu término, deverá informar no seu
tituladas em Quadro de Organização ou dispositivo legal, são cum- pedido tal fato, para que seja calculada a indenização de todas as
pridas como encargo, incumbência, serviço, comissão ou atividade despesas correspondentes à realização do referido curso ou estágio.
policial militar ou de natureza policial militar. § 2º - A falta de pagamento da indenização das despesas refe-
Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, ao encargo, incum- ridas no parágrafo anterior determinará a inscrição na dívida ativa
bência, serviço, comissão ou atividade policial militar ou de natu-
do débito.
reza policial militar, o disposto neste Capítulo para o cargo policial
§ 3º - Não será concedida transferência para a reserva remune-
militar.
rada, a pedido, ao policial militar que:
CAPÍTULO III a) estiver respondendo a processo criminal, processo civil por
DO DESLIGAMENTO DO SERVIÇO ATIVO abuso de autoridade ou processo administrativo;
b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza.
SEÇÃO I
DOS MOTIVOS DE EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO Art. 177 - A transferência para a reserva remunerada, “ex offi-
cio”, verificar-se-á sempre que o policial militar incidir em um dos
Art. 173 - A exclusão do serviço ativo e o consequente desli- seguintes casos:
gamento da organização a que estiver vinculado o policial militar, I - atingir a idade-limite de 60 anos para Oficiais e Praças;
decorrem dos seguintes motivos: II - terem os oficiais ultrapassado 06 (seis) anos de perma-
I - transferência para a reserva remunerada; nência no último posto ou 09 (nove) anos de permanência no pe-
II - reforma; núltimo posto, previstos na hierarquia do seu Quadro, desde que,
III - demissão; também, contem 30 (trinta) ou mais anos de serviço; Redação de
IV - perda do posto, da patente e da graduação; acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.
V - exoneração; III - ser diplomado em cargo eletivo, na forma do inciso II, do
VI - deserção; § 1º do art. 48, da Constituição Estadual;
VII - falecimento;
IV - for o oficial considerado não habilitado para o acesso em
VIII - extravio.
caráter definitivo, no momento em que vier a ser objeto de aprecia-
Art. 174 - O policial militar da ativa, enquadrado em um dos ção para o ingresso em Lista de Acesso;
incisos I, II e V do artigo anterior, ou tendo requerido exoneração V - tomar posse em cargo ou emprego publico civil perma-
a pedido, continuará no exercício de suas funções até ser desligado nente;
da organização policial militar em que serve. VI - permanecer afastado para exercício de cargo, emprego ou
§ 1º - O desligamento do policial militar da organização em função publica civil ou temporária não eletiva, ainda que da admi-
que serve deverá ser feito após a publicação em Diário Oficial, ou nistração direta por mais de dois anos, contínuos ou não.
boletim de sua organização policial militar, do ato oficial corres- VII - for o Oficial alcançado pela quota compulsória e conte
pondente e não poderá exceder a 45 (quarenta e cinco) dias da data com 30 (trinta) anos de efetivo serviço. Inciso VII acrescido pelo
desse ato. art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009.

Didatismo e Conhecimento 127


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - A transferência para a reserva remunerada não se pro- IV - for condenado à pena de reforma, prevista no Código Pe-
cessará quando o policial militar for enquadrado nos incisos I, «a», nal Militar, por sentença passada em julgado, por decisão da Justi-
e II deste artigo, encontrar-se exercendo cargo de Secretário de ça Estadual em consequência do Conselho da Justificação para os
Estado ou equivalente, Subsecretario, Chefe de Gabinete de Secre- Praças e Oficiais.
taria de Estado ou outro cargo em comissão de hierarquia igual aos Parágrafo único - O policial militar reformado só readquirirá a
já mencionados, enquanto durar a investidura. situação policial militar anterior:
§ 2º - Para efeito do disposto neste artigo, a idade do policial a) se Oficial, na hipótese do inciso I, letra “c”, do caput deste
militar considerada será a consignada para o ingresso na Institui- artigo, por outra sentença da justiça Militar ou do Tribunal de Jus-
ção, vedada qualquer alteração posterior. tiça do Estado e nas condições nela estabelecidas;
§ 3º - Os oficiais do último e penúltimo posto, referidos no b) se a reforma decorrer de subsunção à hipótese do inciso I,
inciso II deste artigo, que estiverem na ativa quando da entrada letra “a”, do caput deste artigo, em se tratando de moléstia curável
em vigor desta Lei, somente serão transferidos para a reserva re- responsável por afastamento durante período inferior a dois anos,
munerada, ex-officio, se ultrapassarem 08 (oito) e 12 (doze) anos houver recuperado a saúde, segundo laudo de junta de inspeção.
de permanência no posto, respectivamente, desde que, também,
contem 30 (trinta) ou mais anos de serviço. § 3º acrescido pelo art. Art. 179 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse-
6º da Lei nº 11.356, de janeiro de 2009. quência de:
I - ferimento recebido em operações policiais militares ou na
Art. 177-A - Com o fim de manter a renovação, o equilíbrio e manutenção da ordem pública ou enfermidade contraída nessa si-
a regularidade de acesso ao posto superior dos Quadros de Oficiais tuação ou que tenha nela sua causa eficiente;
definidos na Lei de Organização Básica, haverá anualmente um
II - acidente em serviço ou em decorrência do serviço;
número de vagas à promoção, nas proporções a seguir indicadas:
III - qualquer doença, moléstia ou enfermidade adquirida,
Artigo 177-A acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja-
com relação de causa e efeito às condições inerentes ao serviço;
neiro de 2009.
I - QOPM, QOBM e QOSPM: IV - qualquer das doenças constantes do § 10, do art. 149 deste
a) Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei; Estatuto;
b) Tenente Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei. V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem relação
II -QCOPM de causa e efeito com o serviço.
a) Tenente Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei. § 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II e III deste artigo
III -QOAPM e QOABM serão comprovados por atestado de origem ou Inquérito Sanitário
a) Capitão -1/8 do efetivo fixado em lei. de Origem, sendo os termos do acidente, baixa a hospital, papele-
§ 1º - As frações que resultarem da aplicação das proporções tas de tratamento nas enfermarias e hospitais e os registros de bai-
previstas neste artigo serão aproximadas para o número inteiro xa utilizados como meios subsidiários para esclarecer a situação.
imediatamente superior, computando assim vagas obrigatórias § 2º - O policial militar julgado incapaz por um dos motivos
para promoção, observado o disposto no § 2º deste artigo. constantes do inciso IV deste artigo, somente poderá ser reforma-
§ 2º - Quando o resultado da aplicação das proporções for do após a homologação, por Junta de Saúde ou Junta Médica cre-
inferior a 01 (um) inteiro, serão adicionadas as frações obtidas denciada, de inspeção que concluir pela incapacidade definitiva,
cumulativamente aos cálculos correspondentes dos anos seguintes, obedecida a regulamentação especial da Polícia Militar.
até completar-se 01 (um) inteiro para obtenção de uma vaga para
promoção obrigatória. Art. 180 - O policial militar da ativa, julgado incapaz definiti-
§ 3º - Quando o número de vagas fixado para promoção na vamente por um dos motivos constantes dos incisos I, II, III e IV
forma deste artigo não for alcançado com as vagas ocorridas du- do artigo anterior, será reformado com qualquer tempo de serviço.
rante o ano-base, aplicar-se-á a quota compulsória.
§ 4º - Os critérios e requisitos para a aplicação da quota com- Art. 181 - O policial militar da ativa, julgado incapaz defini-
pulsória serão estabelecidos em regulamento. tivamente por um dos motivos constantes do inciso I, do art. 179,
desta Lei, será reformado com a remuneração integral.
SEÇÃO III § 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos previstos
DA REFORMA nos incisos II, III e IV, do art. 179, desta Lei, quando, verificada a
incapacidade definitiva, for o policial militar considerado inválido,
Art. 178 - A reforma dar-se-á “ex officio” e será aplicada ao
impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho.
policial militar que:
§ 2º - Ao benefício previsto neste artigo e seus parágrafos po-
I - atingir as seguintes idades-limite para permanência na re-
derão ser acrescidos outros relativos à remuneração, estabelecidos
serva remunerada:
a) se oficial superior, 64 anos; em Lei, desde que o policial militar, ao ser reformado, já satisfaça
b) se oficial intermediário ou subalterno, 60 anos; às condições por ela exigidas.
c)se praça, 56 anos.
II - for julgado incapaz definitivamente para o serviço ativo Art. 182 - O policial militar da ativa, julgado incapaz defi-
da Polícia Militar; nitivamente por um dos motivos constantes do inciso V, do art.
III - estiver agregado por mais de um ano, por ter sido julgado 179, desta Lei, será reformado com remuneração proporcional ao
incapaz temporariamente, mediante homologação de Junta de Saú- tempo de serviço.
de ou Junta Médica credenciada;

Didatismo e Conhecimento 128


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 183 - O policial militar reformado por incapacidade de- Art. 187 - A exoneração “ex officio” será aplicada ao policial
finitiva que for julgado apto em inspeção pela Junta de Saúde ou militar nas seguintes hipóteses:
Junta Médica credenciada, em grau de recurso ou revisão, poderá I - por motivo de licença para tratar de interesses particulares,
retornar ao serviço ativo ou ser transferido para a reserva. além de três anos contínuos;
§ 1º - O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo decorrido II - quando não satisfizer as condições do estágio probatório;
na situação de reformado não ultrapassar dois anos devendo ser III - quando ultrapassar dois anos contínuos ou não, em licen-
procedido na forma do disposto no §1º, do artigo 27, desta Lei. ça para tratamento de saúde de pessoa de sua família;
§ 2º - A transferência para a reserva remunerada, observado IV - quando permanecer agregado por prazo superior a dois
o limite de idade para a permanência nessa situação, ocorrerá se o anos, contínuos ou não, por haver passado à disposição de órgão
tempo transcorrido como reformado ultrapassar de dois anos. ou entidade da União, do Estado, de outro Estado da Federação ou
de Município, para exercer função de natureza civil.
Art. 184 - O policial militar reformado por alienação mental, § 1º - As hipóteses previstas neste artigo serão examinadas em
enquanto não ocorrer a designação judicial de curador, terá sua re- procedimento administrativo regular, devendo a autoridade com-
muneração paga aos seus beneficiários ou responsáveis, desde que petente fundamentar o ato que dele resulte.
o tenham sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem trata- § 2º - O policial militar exonerado «ex officio” passa a integrar
mento humano e condigno, até sessenta dias após o ato de reforma. o contingente da reserva não remunerada, não terá direito a qual-
§ 1º - O responsável pelo policial militar reformado provi- quer remuneração, sendo a sua situação militar definida pela Lei
denciará a sua interdição judicial, demonstrando a propositura da do Serviço Militar.
ação, sob pena de suspensão da respectiva remuneração até que a
medida seja providenciada. Art. 188 - Não se concederá exoneração a pedido:
§ 2º - A interdição judicial do policial militar e seu interna- I - ao policial militar que esteja em débito com a Fazenda Pú-
mento em instituição apropriada, policial militar ou não, deverão blica;
ser providenciados pela Instituição quando não houver beneficiá- II - ao policial militar agregado por estar sendo processado no
rio, parente ou responsável pelo mesmo ou, possuindo, não adotar foro militar ou comum ou respondendo a processo administrativo
a providência indicada no caput deste artigo, no prazo de 60 (ses- disciplinar.
senta dias).
SEÇÃO V
§ 3º - Os processos e os atos de registro de interdição de poli-
DA PERDA DO POSTO, DA PATENTE
cial militar terão andamento sumário, serão instruídos com laudo
E DA GRADUAÇÃO
proferido pela Junta de Saúde ou Junta Médica credenciada e isen-
tos de custas.
Art. 189 - O Oficial só perderá o posto e a patente se for decla-
rado indigno para a permanência na Polícia Militar ou tiver condu-
SEÇÃO IV
ta com ela incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça do Es-
DA EXONERAÇÃO tado da Bahia, em decorrência de julgamento a que for submetido.
Parágrafo único - O Oficial declarado indigno do oficialato,
Art. 185 - A exoneração de policiais militares e consequente ou com ele incompatível, condenado à perda do posto e patente
extinção do vínculo funcional e o desligamento da Instituição se só poderá readquirir a situação policial militar anterior por outra
efetuará: sentença judicial e nas condições nela estabelecidas.
I - a pedido;
II - “ex officio”. Art. 190 - O Oficial que houver perdido o posto e a patente
será demitido sem direito a qualquer remuneração e terá a sua si-
Art. 186 - A exoneração, a pedido, será concedida mediante tuação militar definida pela Lei do Serviço Militar.
requerimento do interessado.
§ 1º - A exoneração a pedido não implicará indenização aos Art. 191 - Ficará sujeito à declaração de indignidade para o
cofres públicos pela preparação e formação profissionais, quando oficialato e para permanência na Instituição por incompatibilidade
contar o policial militar com mais de cinco anos de carreira, res- com a mesma, o Oficial que:
salvada a hipótese de realização de curso ou estágio com ônus para I - for condenado, por tribunal civil ou militar, em sentença
a Instituição; transitada em julgado a pena privativa de liberdade individual su-
§ 2º - Quando o policial militar tiver realizado qualquer curso perior a dois anos, após submissão a processo administrativo dis-
ou estágio, no País ou Exterior, não será concedida a exoneração ciplinar;
a pedido antes de decorrido período igual ao do afastamento, res- II - for condenado, em sentença transitada em julgado, por
salvada a hipótese de ressarcimento das despesas correspondentes. crimes para os quais o Código Penal Militar comina a perda do
§ 3º - O policial militar exonerado, a pedido, passa a integrar posto e da patente como penas acessórias e por crimes previstos na
o contingente da reserva não remunerada, sem direito a qualquer legislação especial concernente à Segurança Nacional;
remuneração, sendo a sua situação militar definida pela Lei do Ser- III - incidir nos casos previstos em Lei, que motivam o julga-
viço Militar. mento por processo administrativo disciplinar e neste for conside-
§ 4º - O direito à exoneração, a pedido, poderá ser suspenso na rado culpado.
vigência do estado de defesa, estado de sítio ou em caso de mobili-
zação, calamidade pública ou grave perturbação da ordem pública. Art. 192 - Perderá a graduação o Praça que incidir nas situa-
ções previstas nos incisos II e III, do artigo anterior.

Didatismo e Conhecimento 129


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO VI SEÇÃO VIII
DA DEMISSÃO DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO

Art. 193 - A demissão será aplicada como sanção aos policiais Art. 197 - O policial militar da ativa que vier a falecer será
militares de carreira, após a instauração de processo administra- excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estava
tivo em que seja assegurada a ampla defesa e o contraditório nos vinculado, a partir da data da ocorrência do óbito.
seguintes casos:
I - incursão numa das situações constantes do art. 57 desta Art. 198 - O extravio do policial militar da ativa acarreta in-
Lei ; terrupção da contagem do tempo de serviço policial militar, com
II - quando assim se pronunciar a Justiça Militar ou Tribunal o consequente afastamento temporário do serviço ativo, a partir
de Justiça, após terem sido condenados, por sentença transitada da data em que o mesmo for oficialmente considerado extraviado.
em julgado, a pena privativa ou restritiva de liberdade individual § 1º - A exclusão do serviço ativo será feita seis meses após a
superior a dois anos; agregação por motivo de extravio.
III - que incidirem nos casos que motivarem a apuração em § 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, cala-
processo administrativo disciplinar e nele forem considerados cul- midade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos,
pados. o extravio ou o desaparecimento do policial militar da ativa será
Parágrafo único - O policial militar que houver sido demitido considerado, para fins deste Estatuto, como falecimento, tão logo
a bem da disciplina só poderá readquirir a situação policial militar sejam esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência ou
anterior : quando se dêem por encerradas as providências de busca e salva-
a) por sentença judicial, em qualquer caso; mento.
b) por outra decisão da autoridade julgadora do processo ad-
ministrativo disciplinar na hipótese de revisão do mesmo. Art. 199 - O policial militar reaparecido será submetido a pro-
cesso administrativo disciplinar, por decisão do Comandante Ge-
Art. 194 - Será do Governador do Estado a competência do ato ral, se assim for julgado necessário.
de demissão do Oficial. Parágrafo único - O reaparecimento de policial militar extra-
Parágrafo único - A competência para o ato de demissão do viado, já excluído do serviço ativo, resultará em sua reintegração e
Praça é do Comandante Geral da Polícia Militar. nova agregação, pelo tempo necessário à apuração das causas que
deram origem ao extravio.
Art. 195 - A demissão do Oficial ou Praça não o isenta das
indenizações dos prejuízos causados ao Erário. CAPÍTULO IV
Parágrafo único - O Oficial ou Praça demitido não terá direito DO TEMPO DE SERVIÇO
a qualquer remuneração ou indenização e a sua situação será defi-
nida pela Lei do Serviço Militar. Art. 200 - O policial militar começa a contar tempo de serviço
a partir da data de sua matrícula no respectivo curso de formação.
SEÇÃO VII § 1º - O policial militar reintegrado recomeça a contar tempo
DA DESERÇÃO de serviço na data de sua reintegração.
§ 2º - A contagem do tempo de serviço é feita dia a dia, ex-
Art. 196 - A deserção do policial militar acarreta a interrupção cluídos os períodos em que não houve efetiva prestação de serviço
do cômputo do tempo de serviço policial militar e a consequente nem tenham sido assim considerados por força desta Lei.
demissão “ex officio”. § 3º - Quando, por motivo de força maior, oficialmente reco-
§ 1º - A demissão do policial militar desertor, com estabilidade nhecido, como nos casos de inundação, naufrágio, incêndio, sinis-
assegurada, processar-se-á após um ano de agregação, se não hou- tro aéreo e outras calamidades, faltarem dados para contagem do
ver captura ou apresentação voluntária antes desse prazo. tempo de serviço, após processo administrativo onde se recolherão
§ 2º - O policial militar, sem estabilidade assegurada, será todos os indícios existentes, caberá ao Comandante Geral da Polí-
automaticamente demitido após oficialmente declarado desertor, cia Militar decidir sobre o tempo a ser computado, para cada caso
mediante devido processo legal. particular, de acordo com os elementos disponíveis.
§ 3º - O policial militar desertor que for capturado ou que
se apresentar voluntariamente, depois de haver sido demitido será Art. 201 - Na apuração do tempo de serviço do policial mili-
reintegrado ao serviço ativo e, a seguir, agregado para se ver pro- tar será feita a distinção entre tempo de efetivo serviço e anos de
cessar. serviço.
§ 4º - O Oficial desertor terá sua situação definida pelos dispo- § 1º - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo compu-
sitivos que lhe são aplicáveis pela legislação penal militar. tado dia a dia entre a data do ingresso e a data limite estabelecida
§ 5º - O policial militar desertor não fará jus a qualquer remu- para sua contagem ou a data do desligamento do serviço ativo,
neração, exceto na hipótese prevista no parágrafo anterior restrita mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado, devendo ser obser-
esta, todavia, ao soldo. vadas as seguintes peculiaridades:
a) será também computado como tempo de efetivo serviço
o tempo passado dia-a-dia pelo policial militar da reserva remu-
nerada que for convocado para o exercício de funções policiais
militares.

Didatismo e Conhecimento 130


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
b) o tempo de serviço em campanha é computado pelo dobro, CAPÍTULO V
como tempo de efetivo serviço, para todos os efeitos. DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS
c) não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço os pe- DO SERVIÇO ATIVO
ríodos em que o policial militar estiver afastado do exercício de
suas funções em gozo de licença prêmio à assiduidade nem nos Art. 208 - As recompensas constituem reconhecimento dos
afastamentos previstos nos arts. 141, incisos I a VI, 145 incisos IV, bons serviços prestados pelo policial militar.
V, VIII e IX desta Lei. § 1º - São recompensas:
d) ao tempo de efetivo serviço de que trata este artigo, apurado a) os prêmios de Honra ao Mérito;
e totalizado em dias, será aplicado o divisor trezentos e sessenta e b) as condecorações por serviços prestados;
cinco, para a correspondente obtenção dos anos de efetivo serviço, c) os elogios, louvores e referências elogiosas individuais ou
até uma casa decimal arredondável para mais; coletivos;
e)o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo d) as dispensas de serviço.
federal, estadual, municipal ou distrital será computado para todos § 2º - As recompensas serão concedidas de acordo com as nor-
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento. Alínea mas estabelecidas nos regulamentos da Polícia Militar.
acrescida pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho de 2010.
§ 2º - Anos de serviço é a expressão que designa o tempo de Art. 209 - As dispensas de serviço são autorizações concedidas
efetivo serviço a que se refere o parágrafo anterior, com o acrés- ao policial militar para o afastamento total do serviço, em caráter
cimo do tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, temporário.
prestado pelo policial militar anteriormente ao seu ingresso na Po- § 1º - As dispensas de serviço podem ser concedidas ao policial
lícia Militar. militar:
a) como recompensa;
Art. 202 - O acréscimo a que se refere o § 2º, do art. 198, desta b) para desconto em férias.
Lei será computado para a transferência para a inatividade. § 2º - As dispensas de serviço serão concedidas com a remune-
ração integral e computadas como tempo de efetivo serviço.
Art. 203 - Não é computável, para efeito algum, o tempo:
TÍTULO VII -
I - decorrido por prazo superior a doze meses, em gozo de
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E REGRAS DE
licença para tratamento de saúde de pessoa da família;
TRANSIÇÃO
II - passado em licença para tratar de interesse particular ou
para acompanhamento de cônjuge;
CAPÍTULO ÚNICO
III - passado como desertor;
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
IV - decorrido em cumprimento de pena de suspensão de exer-
cício do posto, graduação, cargo ou função, por sentença passada Art. 210 - A assistência religiosa à Polícia Militar será regulada
em julgado; por legislação específica.
V - decorrido em cumprimento de sanção disciplinar que in-
terfira no exercício; Art. 211 - Aos Oficiais do Quadro de Oficiais Policiais Milita-
VI - decorrido em cumprimento de pena privativa de liberda- res e do Quadro de Oficiais Auxiliares, portadores ou que venham
de, por sentença transitada em julgado, desde que não tenha sido a adquirir diploma de nível superior nas modalidades profissionais
concedida suspensão condicional da pena, caso as condições esti- contempladas pelas especialidades do Quadro Complementar de
puladas na sentença não o impeçam. Oficiais é assegurado o direito de transferirem-se para este, sem sub-
missão a curso de adaptação, havendo conveniência para o serviço,
Art. 204 - Entende-se por tempo de serviço em campanha o respeitado o posto e a patente e condicionado o ingresso no posto
período em que o policial militar estiver em operações de guerra. inicial do referido Quadro.
Parágrafo único - O tempo de serviço passado pelo policial Parágrafo único - Aos Oficiais do Quadro Complementar de
militar no exercício de atividades decorrentes ou dependentes de Oficiais Policiais Militares é assegurada a matrícula em Curso de
operações de guerra, será regulado em legislação específica. Formação de Oficiais Policiais Militares, observadas a conveniência
para o serviço.
Art. 205 - O tempo de serviço dos policiais militares benefi-
ciados por anistia será contado na forma estabelecida no ato legal Art. 212 - Aos policiais militares que se incapacitem para o ser-
que a conceder. viço policial militar e que, á juízo de junta médica oficial, reúnam
condições de serem readaptados para o exercício de atividades ad-
Art. 206 - A data limite estabelecida para final de contagem ministrativas, fica assegurada a faculdade de optarem pela perma-
dos anos de serviço, para fins de passagem para a inatividade, será nência no serviço ativo e, nesta condição, prosseguirem na carreira.
a do desligamento da Unidade a que pertencia o policial militar,
em consequência da exclusão do serviço ativo. Art. 213 - Aos Praças da Policia Militar possuidores ou que
venham adquirir diploma de nível superior nas modalidades pro-
Art. 207 - Na contagem dos anos de serviço não poderá ser fissionais contempladas pelas especialidades do Quadro Comple-
computada qualquer superposição de tempo de serviço público fe- mentar é assegurada a matrícula no Curso de Formação de Oficiais
deral, estadual e municipal. respectivos, mediante processo seletivo, observada a conveniência
do serviço.

Didatismo e Conhecimento 131


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 214 - É vedado o uso, por organização civil, de designa- Art. 220 - Até que sejam extintas as graduações de Subtenente
ções, símbolos, uniformes e grafismos de veículos e uniformes que PM e Cabo PM, na forma prevista na Lei nº 7.145, de 19 de agosto
possam sugerir sua vinculação à Polícia Militar. de 1997, serão as mesmas consideradas como integrantes da escala
Parágrafo único - Excetuam-se da prescrição deste artigo as hierárquica a que se refere o art. 9º, desta Lei, exclusivamente para
associações, clubes, círculos e outras organizações que congre- os efeitos nela previstos.
guem membros da Polícia Militar e que se destinem, exclusiva-
mente, a promover intercâmbio social e assistencial entre os po- Art. 221 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
liciais militares e suas famílias e entre esses e a sociedade civil.
Art. 222 - Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 215 - A Polícia Militar organizará e manterá um programa
de readaptação, a ser regulamentado, destinado à reciclagem dos PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 27
valores morais, éticos e institucionais dos policiais militares que de dezembro de 2001.
revelem conduta caracterizada por: CÉSAR BORGES
I - insensibilidade às medidas correicionais; Governador
II - violência gratuita;
III - envolvimento em episódios de confronto armado em ser-
viço que resultem em morte;
IV - vícios de embriaguez alcoólica e/ou de dependência de CRIAÇÃO DA SECRETARIA DE PROMOÇÃO
substâncias entorpecentes; DA IGUALDADE RACIAL (LEI Nº 10.549/06)
V - desvios de conduta, caracterizados por reiterada inadapta- MODIFICADA PELA LEI Nº 13.204/14.
ção aos valores policiais militares;
VI - uso indevido de arma de fogo;
VII - baixo desempenho funcional;
VIII - ingresso no mau comportamento. LEI Nº 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006

Art. 216 - Integram o Quadro Complementar de Oficiais, os Modifica a estrutura organizacional da Administração Pública
profissionais da área de saúde que ingressarem na Policia Militar do Poder Executivo Estadual e dá outras providências.
após a vigência desta Lei.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber
Art. 217 - Integram o Quadro de Oficiais Policiais Militares que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
para todos os efeitos legais os oficiais que concluíram e que vierem
a concluir com aproveitamento do Curso de Formação de Oficiais Art. 1º - A Administração Pública Estadual fica modificada na
Bombeiros Militares em outras corporações por designação do Co- forma da presente Lei.
mando Geral da Polícia Militar.
Art. 2º - Ficam alteradas as denominações das seguintes Se-
Art. 218 - A antiguidade dos oficiais de que trata o parágrafo cretarias de Estado:
anterior será definida pela data de promoção ao primeiro posto, I - Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte - SE-
sendo, em caso de nomeação coletiva, efetuada com base na ordem TRAS, para Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
de classificação obtida pelas médias finais nos respectivos cursos. - SETRE;
II - Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades So-
Art. 219 - Após a entrada em vigor do presente Estatuto serão ciais - SECOMP, para Secretaria de Desenvolvimento Social e
ajustados todos os dispositivos legais e regulamentares que com Combate à Pobreza - SEDES;
ele tenham ou venham a ter pertinência devendo as normas com III - Secretaria de Governo - SEGOV para Casa Civil;
implicações disciplinares ser editadas em cento e oitenta dias a IV - Secretaria de Cultura e Turismo - SCT, para
contar da publicação desta Lei. V - Secretaria da Justiça e Direitos Humanos - SJDH, para
§ 1º - Até que sejam devidamente regulamentados, os Con- Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH.
selhos de Justificação e Disciplinares em andamento e os que ve-
nham a ocorrer até a promulgação de sua normatização definitiva, Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias:
deverão ser concluídos sob os aspectos procedimentais não con- I - Secretaria de Relações Institucionais - SERIN;
templados por esta Lei, observadas as prescrições legais em vigor. II - Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI;
§ 2º - Os atuais oficiais-capelães passam a integrar o Quadro III - Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional
Complementar de Oficiais Policiais Militares, nos postos em que SEDIR;
se encontram. IV - Secretaria de Turismo - SETUR.
§ 3º - O Quadro Suplementar de Oficiais Bombeiros Militares
será extinto à medida em que ocorrer a vacância dos respectivos Art. 4º - Ficam transferidas as seguintes atividades, funções,
postos. fundos, órgãos e entidades:
§ 4º - Os integrantes do Quadro de Oficiais Especialista pas- I - da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte -
sam a compor o Quadro de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar. SETRE, para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate
à Pobreza - SEDES:

Didatismo e Conhecimento 132


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) a Superintendência de Assistência Social; Art. 6º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem
b) o Fundo Estadual de Assistência Social, de que trata a Lei por finalidade a coordenação política do Poder Executivo e de suas
6.930/95; relações com os demais Poderes das diversas esferas de Governo,
c) o Fundo Estadual de Atendimento à Criança e ao Adolescente, com a sociedade civil e suas instituições.
de que trata a Lei 6975/96; § 1º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem a
d) a Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC; seguinte estrutura básica:
e) o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS; a) Gabinete do Secretário;
f) o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente - CECA; b) Diretoria de Administração e Finanças;
g) a Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC; c) Coordenação de Assuntos Legislativos;
h) a Coordenação de Defesa Civil - CORDEC; d) Coordenação de Assuntos Federativos;
II - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po- e) Coordenação de
breza - SEDES, para a Casa Civil, o Fundo Estadual de Combate Articulação Social.
e Erradicação da Pobreza - FUNCEP, instituído pelo art. 4º da Lei Parágrafo único - As Coordenações têm por objetivo o pla-
7.988/2001; nejamento, a execução e o controle das atividades a cargo da Se-
III - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po- cretaria de Relações Institucionais SERIN, conforme dispuser o
breza - SEDES, para a Casa Civil: Regulamento.
a) a Diretoria Executiva do Fundo Estadual de Combate e Erra-
dicação da Pobreza FUNCEP, criada pelo art. 2º, inciso II, alínea c, da Art. 7º - A Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPRO-
Lei nº 7.988, de 21 de dezembro de 2001, com as alterações introdu- MI tem por finalidade planejar e executar políticas de promoção
zidas pela Lei nº 9.509, de 20 de maio de 2005, exceto a Diretoria de da igualdade racial e proteção dos direitos de indivíduos e grupos
Orçamento Público e a Diretoria de Finanças; étnicos atingidos pela discriminação e demais formas de intolerân-
Redação de acordo com o art. 46 da Lei nº 10.955, de 12 de cia, bem assim, planejar e executar as políticas públicas de caráter
dezembro de 2007. transversal para as mulheres.
Redação original: “a) a Diretoria Executiva do FUNCEP criada § 1º - A Secretaria de Promoção à Igualdade - SEPROMI tem
pelo art. 2º, II, c e § 8º da Lei 7.988/2001, com as alterações intro- a seguinte estrutura básica:
duzidas pela Lei 9.509/2005, exceto a Coordenação de Orçamento e
I - Órgãos Colegiados:
Finanças;”
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra;
b) o Conselho de Políticas de Inclusão Social;
b) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher;
c) a Câmara Técnica de Gestão de Programas;
II - Órgãos da Administração Direta:
IV - da Casa Civil:
a) Gabinete do Secretário;
a) para a Secretaria de Relações Institucionais SERIN: as funções
b) Diretoria de Administração e Finanças;
de coordenação de assuntos legislativos;
b) para o Gabinete do Governador, órgão vinculado diretamente c) Superintendência de Políticas para as Mulheres;
ao Governador: a Ouvidoria Geral do Estado, a Secretaria Particular d) Superintendência de Promoção da Igualdade Racial.
do Governador, o Escritório de Representação do Governo, o Cerimo- § 2º - A Superintendência de Políticas para as Mulheres tem
nial e a Assessoria Especial do Governador; por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar
V - da Secretaria de Cultura para a Secretaria de Turismo - SE- e executar programas e atividades voltadas à implementação de
TUR: políticas para as mulheres, implementar ações afirmativas e definir
a) a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos; ações públicas de promoção da igualdade entre homens e mulheres
b) a Empresa de Turismo da Bahia S/A BAHIATURSA; e de combate à discriminação.
VI - da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - § 3º - A Superintendência de Promoção da Igualdade Racial
SJCDH, para a Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI: tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, contro-
a) o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra; lar e executar programas e atividades voltadas à implementação de
b) o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher; políticas e diretrizes para a promoção da igualdade e da proteção
VII - da Secretaria do Planejamento - SEPLAN para a Secretaria dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por
de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR: discriminação racial e demais formas de intolerância.
a) os Conselhos Regionais de Desenvolvimento; § 4º - Fica acrescida à composição do Conselho de Desenvol-
b) a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional CAR. vimento da Comunidade Negra e do Conselho Estadual de Defesa
dos Diretos da Mulher, de que tratam as alíneas a e b do art. 17
Art. 5º - As estruturas básicas da Secretaria de Relações Institu- da Lei nº 4.697/87, a representação da Secretaria de Promoção da
cionais - SERIN, da Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI Igualdade - SEPROMI.
e da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR,
não conterão a Diretoria Geral prevista no art. 2º da Lei 7.435/98. Art. 8º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regio-
Parágrafo único - Fica criada a Diretoria de Administração e Fi- nal - SEDIR tem por finalidade planejar e coordenar a execução da
nanças em cada uma das Secretarias referidas neste artigo e no Gabi- política estadual de desenvolvimento regional integrado; formular,
nete do Governador, tendo por finalidade o planejamento e coordena- em parceria com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econô-
ção das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, mico e Social, os planos e programas regionais de desenvolvimen-
avaliação, estudos e análises, administração financeira e de contabili- to; estabelecer estratégias de integração das economias regionais;
dade, material, patrimônio, serviços, recursos humanos, moderni- acompanhar e avaliar os programas integrados de desenvolvimen-
zação administrativa e informática. to regional.

Didatismo e Conhecimento 133


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional Art. 11 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate
- SEDIR tem a seguinte estrutura básica: à Pobreza - SEDES tem por finalidade planejar, coordenar, execu-
I - Órgãos Colegiados: tar e fiscalizar as políticas de desenvolvimento social, segurança
a) Conselhos Regionais de Desenvolvimento. alimentar e nutricional e de assistência social.
II - Órgãos da Administração Direta: § 1º - A Superintendência de Apoio à Inclusão Social, passa
a) Gabinete do Secretário; a ser denominada Superintendência de Inclusão e Assistência Ali-
b) Diretoria de Administração e Finanças; mentar, com a finalidade de promover as ações de inclusão social
c) Coordenação de Políticas do Desenvolvimento Regional; e de assistência alimentar, conforme dispuser o regulamento.
d) Coordenação de Programas Regionais;
§ 2º - Fica extinta a Superintendência de Articulação e Pro-
III - Entidade da Administração Indireta:
gramas Especiais.
a) Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR.
§ 2º - As coordenações têm por objetivo o planejamento, a
execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria de De- Art. 12 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate
senvolvimento e Integração Regional - SEDIR, conforme dispuser à Pobreza - SEDES tem a seguinte estrutura básica:
o regulamento. I - Órgãos Colegiados:
a) Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC;
Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de assistência dire- b) Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adoles-
ta e imediata ao Governador, tem a seguinte estrutura básica: cente - CECA;
a) Chefia do Gabinete; c) Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS;
b) Secretaria Particular do Governador; d) Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado
c) Cerimonial; da Bahia - CONSEA BA;
d) Assessoria Especial do Governador; II - Órgãos da Administração Direta:
e) Assessoria Internacional; a) Gabinete do Secretário;
f) Escritório de Representação do Governo. b) Diretoria Geral;
Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe do Gabinete c) Superintendência de Assistência Social;
do Governador, ao qual são atribuídas as atividades de supervisão d) Superintendência de Inclusão e Assistência Alimentar;
e coordenação dos órgãos integrantes da estrutura do Gabinete do III - Órgão em Regime Especial de Administração Direta:
Governador, bem como a elaboração da agenda e o exercício de a) Coordenação de Defesa Civil - CORDEC.
outras atribuições designadas pelo Governador.
IV - Entidade da Administração Indireta:
Redação de acordo como o art. 39 da Lei nº 13.204, de 11 de
a) Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC.
dezembro de 2014.
Redação original: “ Parágrafo único - O Secretário do Desenvolvimento Social
Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de assistência di- e Combate à Pobreza - SEDES passa a integrar na condição de
reta e imediata ao Governador, tem a seguinte estrutura básica: presidente, o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS,
a) Chefia do Gabinete; o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente -
b) Ouvidoria Geral do Estado; CECA e a Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC.
c) Secretaria Particular do Governador;
d) Cerimonial; Art. 13 - A Secretaria de Turismo - SETUR tem por finalidade
e) Assessoria Especial do Governador; planejar, coordenar e executar políticas de promoção e fomento
f) Assessoria Internacional; ao turismo.
g) Escritório de Representação do Governo; § 1º - A Secretaria de Turismo - SETUR tem a seguinte es-
h) Diretoria de Administração e Finanças. trutura básica:
Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe de Gabinete I - Órgãos da Administração Direta:
do Governador, ao qual são asseguradas as prerrogativas, repre- a) Gabinete do Secretário;
sentação, remuneração e impedimentos de Secretário de Estado, b) Diretoria Geral;
cabendo-lhe a supervisão e a coordenação dos órgãos integrantes c) Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos;
da estrutura do Gabinete do Governador, a elaboração da agenda d) Superintendência de Serviços Turísticos.
e o exercício de outras atribuições designadas pelo Governador.”
II - Entidade da Administração Indireta:
a) Empresa de Turismo da Bahia S/A - BAHIATURSA.
Art. 10 - A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
§ 2º - A Superintendência de Serviços Turísticos tem por fina-
- SETRE tem por finalidade planejar e executar as políticas de em-
prego e renda e de apoio à formação do trabalhador, de economia lidade planejar e executar programas e projetos de qualificação de
solidária e de fomento ao esporte. serviços e mão de obra, capacitação empresarial, certificação de
Parágrafo único - Fica criada na Secretaria do Trabalho, Em- qualidade, regulação e fiscalização de atividades turísticas.
prego, Renda e Esporte - SETRE a Superintendência de Econo-
mia Solidária, com a finalidade de planejar, coordenar, executar
e acompanhar as ações e programas de fomento à economia so-
lidária.

Didatismo e Conhecimento 134


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 14 - Ficam criadas:
I - na Secretaria da Agricultura - SEAGRI: a Superintendência de Agricultura Familiar, com a finalidade de orientar, apoiar, coorde-
nar, acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltados ao fortalecimento da agricultura familiar.
II - na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH:
a) a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, com a finalidade de promover e fortalecer o desenvol-
vimento dos programas e ações voltados para a defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência;
b) a Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas, vinculada à Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos.

Art. 15 - Para atender à implantação dos novos órgãos criados por esta Lei e às adequações na estrutura da Administração Pública
Estadual, ficam criados 04 (quatro) cargos de Secretário de Estado e os cargos em comissão constantes do Anexo Único desta Lei.

Art. 16 - Ficam extintos os cargos em comissão constantes do Anexo Único desta Lei.

Art. 17 - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a promover, no prazo de 120 (cento e vinte) dias:
I - a revisão e a elaboração dos regimentos, estatutos e outros instrumentos regulamentadores para adequação das alterações organi-
zacionais decorrentes desta Lei;
II - as modificações orçamentárias necessárias ao cumprimento desta Lei, respeitados os valores globais constantes do orçamento do
exercício de 2007.
Parágrafo único - As modificações de que trata o inciso II deste artigo incluem a abertura de créditos especiais destinados, exclusiva-
mente, à criação de categorias de programação indispensáveis ao funcionamento de órgãos criados ou decorrentes desta Lei, respeitado
o Art. 7º da Lei Orçamentária de 2007.

Art. 18 - Fica o Poder Executivo autorizado a praticar os atos necessários à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação dos
órgãos criados ou reorganizados por esta Lei.

Art. 19 - Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 2007.

Art. 20 - Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 28 de dezembro de 2006.

PAULO SOUTO
Governador

Publicada D.O.E.
Em 29.12.2006

ANEXO DA LEI Nº 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006

ANEXO ÚNICO

SECRETARIA DA JUSTIÇA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


CRIADOS Coordenador Executivo DAS-2B 02
EXTINTOS Assessor Especial DAS-2C 01

Didatismo e Conhecimento 135


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS - SERIN

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Coordenador Executivo DAS-2B 03
Assessor Especial DAS-2C 02
Diretor DAS-2C 01
Assessor Técnico DAS-3 01
CRIADOS Secretário de Gabinete DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 06
Coordenador III DAI-4 01
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 04
Subtotal 1 23
Coordenador I DAS-2C 01
Assistente II DAS-3 01
REMANEJADOS
SEGOV Assessor Administrativo DAI-4 01
Secretário Administrativo I DAI-5 01
Subtotal 2 04
TOTAL GERAL (1+2) 27

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO E INTEGRAÇÃO REGIONAL - SEDIR

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Coordenador Executivo DAS-2B 02
Assessor Especial DAS-2C 02
Diretor DAS-C 01

CRIADOS Assessor Técnico DAS-3 01


Secretário de Gabinete DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 06
Coordenador III DAI-4 01
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 04
Total 22

Didatismo e Conhecimento 136


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SECRETARIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE - SEPROMI

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Superintendente DAS-2A 02
Assessor Especial DAS-2C 02
Diretor DAS-2C 01
Coordenador I DAS 2C 02
CRIADOS
Assessor Técnico DAS-3 01
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 04
Coordenador III DAI-4 03
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 04
Total 24

SECRETARIA DE TURISMO - SETUR

CRIADOS CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Superintendente DAS-2A 01
Subtotal 1 01
Coordenador I DAS-2C 01
Coordenador II DAS-3 02
Coordenador III DAI-4 01
EXTINTOS da SCT Coordenador IV DAI-5 05

Assistente de Execução Orçamentária DAI-5 01

Secretário Administrativo II DAI-6 01

Subtotal 2 11

Didatismo e Conhecimento 137


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Chefe de Gabinete DAS-2A 01


Superintendente DAS-2A 01
Diretor Geral DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 02
Diretor DAS-2C 07
Coordenador I DAS-2C 01
Assessor Técnico DAS-3 04
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Secretário de Gabinete DAS-3 01
REMANEJADOS DA SCT Coordenador II DAS-3 13
Assessor Administrativo DAI-4 02
Coordenador III DAI-4 03
Assistente Orçamentário DAÍ-4 03
Oficial de Gabinete DAÍ-5 02
Coordenador IV DAÍ-5 05
Secretário Administrativo I DAÍ-5 03

Assistente de Execução Orçamentária DAÍ-5 01

Secretário Administrativo II DAÍ-6 05


Subtotal 3 56
Total (1+3) 57

SECRETARIA DE CULTURA - SECULT

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Diretor Geral DAS-2B 01
Diretor DAS-2C 03
Coordenador I DAS-2C 01
Coordenador II DAS-3 07
CRIADOS Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Secretário Administrativo I DAI-5 01
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo II DAI-6 03
Subtotal 1 23

Didatismo e Conhecimento 138


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Superintendente DAS-2A 02
Assessor Especial DAS-2C 01
Diretor DAS-2C 05
Assessor Técnico DAS-3 04
Coordenador II DAS-3 09
Assistente de Conselho I Administrativo DAS-3 01
Assessor Administrativo DAI-4 03
Coordenador III DAI-4 04
REMANEJADOS da SCT
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Coordenador IV DAI-5 06
Assistente IV DAI-5 01

Assistente de Execução Orçamentária DAI-5 01

Secretário Administrativo I DAI-5 02


Secretário de Câmara DAI-5 04
Secretário de Comissão DAI-5 01
Secretário Administrativo II DAI-6 07
Subtotal 2 52
Total (1+2) 75

SECRETARIA DA AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E REFORMA


AGRÁRIA - SEAGRI

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Superintendente DAS-2A 01
CRIADOS Diretor DAS-2C 02
Coordenador II DAS-3 01
Subtotal 04
REMANEJADOS
Coordenador II DAS-3 03
da própria SEAGRI

Didatismo e Conhecimento 139


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À POBREZA - SEDES

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Superintendente DAS-2A 01
Diretor Geral DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 03
Diretor DAS-2C 01
Coordenador I DAS-2C 06
Coordenador Técnico DAS-2D 04
Assessor Técnico DAS-3 08
Coordenador II DAS-3 24
REMANEJADOS DA SECOMP
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assistente de Conselho I DAS-3 01
Coordenador III DAI-4 20
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Coordenador IV DAI-5 02
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Secretário Administrativo I DAI-5 06
Secretário Administrativo II DAI-6 03
Subtotal 1 87
Superintendente DAS-2A 01
Coordenador Executivo DAS-2B 01
REMANEJADOS
Coordenador I DAS-2C 06
DA Coordenador Técnico DAS-2D 08
SETRAS Coordenador II DAS-3 29
Assessor Técnico DAS-3 01
Assistente de Conselho I DAS-3 02
Coordenador III DAI-4 83
Assessor Administrativo DAI-4 23
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Assistente de Execução Orçamentária DAI-5 01
Coordenador IV DAI-5 04
Secretário Administrativo I DAI-5 07
Secretário Administrativo II DAI-6 04
Subtotal 2 172
Total (1+2) 259

Didatismo e Conhecimento 140


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SECRETARIA DO TRABALHO, EMPREGO, RENDA E ESPORTE - SETRE

CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Superintendente DAS-2A 01
Diretor Geral DAS-2B 01
Coordenador Executivo DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 03
Coordenador I DAS-2C 08
Diretor DAS-2C 03
Coordenador Técnico DAS-2D 07
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01
Secretário de Gabinete DAS-3 01

REMANEJADOS DA Assessor Técnico DAS-3 11


SETRAS Assistente de Conselho I DAS-3 02
Coordenador II DAS-3 23
Coordenador III DAI-4 39
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Assessor Administrativo DAI-4 06

Assistente de Execução Orçamentária DAI-5 01

Oficial de Gabinete DAI-5 02


Secretário Administrativo I DAI-5 10
Coordenador IV DAI-5 69
Coordenador V DAI-6 11
Secretário Administrativo II DAI-6 07
Subtotal 1 210
REMANEJADOS DA
Superintendente DAS-2A 01
SECOMP
Coordenador I DAS-2C 02
Coordenador II DAS-3 07
Coordenador III DAI-4 03
Secretário Administrativo I DAI-5 01
Subtotal 2 14
EXTINTO SETRAS
Coordenador Executivo DAS-2B 01
Coordenador I DAS-2C 02
Assistente Técnico DAS-3 02
Subtotal 05
Total (1+2) 224

Didatismo e Conhecimento 141


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CASA CIVIL

REMANEJADOS DA
CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE
SEGOV
Assessor Geral DAS-1 01
Chefe de Gabinete DAS-2A 01
Diretor Geral DAS-2B 01
Coordenador Executivo DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2B 01
Assessor Especial DAS-2C 04
Diretor DAS-2C 03
Coordenador I DAS-2C 09
Coordenador Técnico DAS-2D 01
Assessor Técnico DAS-3 16
Coordenador II DAS-3 09
Secretário de Gabinete DAS-3 01
Assistente II DAS-3 08
Gerente DAS-3 01
Assessor de Comunicação Social I DAS-3 11
Assessor de Comunicação Social II DAI-4 08
Assessor Administrativo DAI-4 12
Coordenador III DAI-4 07
Assistente Orçamentário DAI-4 02
Coordenador IV DAI-5 08
Oficial de Gabinete DAI-5 02
Assistente IV DAI-5 26
Secretário Administrativo I DAI-5 07
Assessor de Comunicação Social III DAI-5 01
Secretário Administrativo II DAI-6 07
Assistente V DAI-6 15
Subtotal 163
Diretor DAS-2B 01
Diretor Adjunto DAS-2D 01
REMANEJADOS
SECOMP Assessor Técnico DAS-3 01
Coordenador II DAS-3 02
Subtotal 3 05
TOTAL 168
EXTINTOS DA SEGOV Assessor Chefe DAS-1 01
Secretário Particular do Governador DAS-1 01
Diretor DAS-1 01
Coordenador Executivo DAS-2B 01

Didatismo e Conhecimento 142


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Assessor Especial DAS-2C 03


Assessor Técnico DAS-3 01
Coordenador III DAI-4 01
Coordenador IV DAI-5 01
Oficial de Gabinete DAI-5 01
Assistente IV DAI-5 03
Secretário Administrativo I DAI-5 03
Secretário Administrativo II DAI-6 03
TOTAL 20
CRIADOS Coordenador Executivo DAS-2B 02

GABINETE DO GOVERNADOR

REMANEJADOS DA
CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE
SEGOV
Assessoria Especial do Governador DAS-2A 04
Assessor Especial DAS-2B 01
Coordenador de Escritório DAS-2B 01
Secretário de Gabinete do Governador DAS-2C 02
Assessor Especial DAS-2C 05
Coordenador I DAS-2C 06
Coordenador Técnico DAS-2D 01
Oficial de Gabinete do Governador DAS-3 04
Coordenador II DAS-3 03
Assessor Técnico DAS-3 08
Assistente II DAS-3 04
Secretário de Gabinete DAS-3 02
Assessor Administrativo DAI-4 02
Coordenador III DAI-4 02
Assistente Orçamentário DAI-4 01
Assistente III DAI-4 08
Secretário Administrativo I DAI-5 14
Assistente IV DAI-5 22
Assistente V DAI-6 02
Secretário Administrativo II DAI-6 01
Subtotal 1 93
CRIADOS Assessor Chefe DAS-2A 01
Ouvidor Geral do Estado DAS-2A 01
Secretário Particular do Governador DAS-2A 01
Diretor DAS-2A 01
Diretor DAS-2C 01
Subtotal 2 05
EXTINTO DA SEGOV Ouvidor Geral do Estado DAS-1 01
Total (1+2) 98

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO - SEC

EXTINTOS CARGOS SÍMBOLO QUANTIDADE


Assessor Técnico DAS-3 02

Didatismo e Conhecimento 143


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
RESUMO GERAL II - da Secretaria do Meio Ambiente - SEMA para a Secretaria
de Infraestrutura Hídrica e Saneamento - SIHS:
CRIADOS EXTINTOS a) Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da
DAS-1 -- DAS-1 04 Bahia - CERB;
DAS -2A 12 DAS –2A -- III - da Secretaria de Desenvolvimento Urbano - SEDUR para
DAS-2B 10 DAS-2B 02 a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento - SIHS:
DAS-2C 18 DAS-2C 07 a) Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. - EMBASA;
DAS-3 32 DAS-3 07 b) Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da
DAI-4 10 DAI-4 02 Bahia - AGERSA.
DAI-5 21 DAI-5 14
DAI-6 03 DAI-6 04 Art. 5º - A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desen-
volvimento Social - SJDHDS tem por finalidade executar as po-
Total 106 Total 40
líticas públicas voltadas para a proteção e promoção dos direitos
QUADRO ESPECIAL DA SEGOV humanos, bem como planejar, coordenar, executar e fiscalizar as
Extinção políticas de desenvolvimento social, de segurança alimentar e nu-
DAS-2C 03 tricional e de assistência social.
§ 1º - A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvi-
DAS-3 07
mento Social - SJDHDS tem a seguinte estrutura básica:
DAI-4 15
I - Órgãos Colegiados:
DAI-5 25
a) Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS;
TOTAL 50
b) Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adoles-
cente - CECA;
LEI Nº 13.204 DE 11 DE DEZEMBRO DE 2014 c) Conselho Estadual de Defesa do Consumidor - CEDC/BA;
d) Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas - CEPAD;
Modifica a estrutura organizacional da Administração Pública Redação de acordo com o Decreto nº 16.087, de 21 de maio
do Poder Executivo Estadual e dá outras providências. de 2015.
Redação original: “d) Conselho Estadual de Entorpecentes
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber - CONEN/BA;”
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: e) Conselho Estadual dos Direitos da População de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT;
Art. 1º - A Administração Pública do Poder Executivo Esta- f) Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Es-
dual fica modificada, na forma da presente Lei. tado da Bahia - COPIBA;
g) Conselho Estadual de Proteção aos Direitos Humanos -
Art. 2º - Fica alterada a denominação das seguintes Secreta- CEPDH;
rias, Entidade e Órgão do Estado: h) Conselho Estadual do Idoso - CEI;
I - Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma i) Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI para Secretaria da Agri- - COEDE/BA;
cultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura - SEAGRI; j) Conselho Gestor do Fundo Estadual de Proteção ao Consu-
II - Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração - SICM midor - CGFEPC/BA;
para Secretaria de Desenvolvimento Econômico - SDE; k) Conselho Estadual da Juventude - CEJUVE;
III - Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídri- l) Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado
cos da Bahia - CERB para Companhia de Engenharia Hídrica e de da Bahia - CONSEA/BA;
Saneamento da Bahia - CERB; II - Órgãos da Administração Direta:
IV - Superintendência de Transportes da Secretaria de In- a) Gabinete do Secretário;
fraestrutura para Superintendência de Planejamento em Logística b) Assessoria de Planejamento e Gestão;
de Transporte e Intermodalismo da Secretaria de Infraestrutura - c) Coordenação de Controle Interno;
SEINFRA. d) Coordenação de Administração dos Centros Sociais Urba-
nos - CSU;
Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias de Estado: e) Superintendência de Assistência Social;
I - Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimen- f) Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos;
to Social - SJDHDS; g) Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor;
II - Secretaria de Desenvolvimento Rural - SDR; h) Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiên-
III - Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento - SIHS. cia;
i) Superintendência de Políticas sobre Drogas e Acolhimento
Art. 4º - Ficam transferidas as vinculações dos seguintes Ór- a Grupos Vulneráveis;
gãos e Entidades: j) Superintendência de Inclusão e Segurança Alimentar;
I - da Secretaria de Comunicação Social - SECOM para a Se- k) Diretoria Geral;
cretaria da Educação - SEC: III - Entidades da Administração Indireta:
a) Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB; a) Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC.

Didatismo e Conhecimento 144


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar as- reforma agrária, trabalhadores rurais, fundo de fechos de pastos,
sistência ao titular da Pasta em suas tarefas técnicas e administra- pescadores, marisqueiros, ribeirinhos, dentre outros, tendo como
tivas, exercendo a competência relativa à sua representação social princípios norteadores a agroecologia, rede solidária de produção
e política, ao preparo e encaminhamento do expediente, à coorde- e comercialização, desenvolvimento sustentável, gestão e controle
nação do fluxo de informações e às relações públicas da Secretaria. social das políticas públicas.
§ 3º - A Assessoria de Planejamento e Gestão tem por finalida- § 1º - A Secretaria de Desenvolvimento Rural - SDR tem a
de promover, no âmbito setorial, em articulação com a Secretaria seguinte estrutura básica:
da Administração - SAEB e a Secretaria do Planejamento - SE- I - Órgão Colegiado:
PLAN, a gestão organizacional, do planejamento estratégico, do a) Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável
orçamento e de tecnologias da informação e comunicação - TIC, - CEDRS;
dos sistemas formalmente instituídos, com foco nos resultados ins- II - Órgãos da Administração Direta:
titucionais. a) Gabinete do Secretário;
§ 4º - A Coordenação de Controle Interno tem por finalidade b) Assessoria de Planejamento e Gestão;
desempenhar as funções de acompanhamento, controle e fiscaliza- c) Coordenação de Controle Interno;
ção da execução orçamentária, financeira e patrimonial, em estrei- d) Coordenação Executiva de Pesquisa, Inovação e Extensão
ta articulação com o órgão estadual de controle interno. Tecnológica;
§ 5º - A Coordenação de Administração dos Centros Sociais e) Superintendência de Agricultura Familiar;
Urbanos tem por finalidade orientar e prover a gestão dos Centros f) Superintendência de Políticas Territoriais e Reforma Agrária;
Sociais Urbanos. g) Diretoria Geral;
§ 6º - A Superintendência de Assistência Social tem por fina- II - Órgãos em Regime Especial de Administração Direta:
lidade a implementação da Política Estadual de Assistência Social a) Coordenação de Desenvolvimento Agrário - CDA;
e do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, no âmbito do b) Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Exten-
Estado. são Rural - BAHIATER.
§ 7º - A Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Hu- III - Entidade da Administração Indireta:
manos tem por finalidade planejar, coordenar, promover, supervi- a) Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR.
sionar, articular, avaliar e fiscalizar as políticas públicas estaduais § 2º - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar as-
voltadas para a promoção e proteção dos direitos humanos, além sistência ao titular da Pasta em suas tarefas técnicas e administra-
tivas, exercendo a competência relativa à sua representação social
de executar as deliberações emanadas dos Conselhos Estaduais
e política, ao preparo e encaminhamento do expediente, à coorde-
vinculados à referida Secretaria.
nação do fluxo de informações e às relações públicas da Secretaria.
§ 8º - A Superintendência de Proteção e Defesa do Consumi-
§ 3º - A Assessoria de Planejamento e Gestão tem por finalida-
dor tem por finalidade coordenar e executar a Política Estadual de
de promover no âmbito setorial, em articulação com a Secretaria
Proteção, Amparo e Defesa do Consumidor.
da Administração - SAEB e a Secretaria do Planejamento - SE-
§ 9º - A Superintendência dos Direitos das Pessoas com De-
PLAN, a gestão organizacional, do planejamento estratégico, do
ficiência tem por finalidade planejar, coordenar, supervisionar, orçamento e de tecnologias da informação e comunicação - TIC,
avaliar e fiscalizar a execução das políticas públicas estaduais vol- dos sistemas formalmente instituídos, com foco nos resultados ins-
tadas para a promoção e proteção dos direitos das pessoas com titucionais.
deficiência. § 4º - A Coordenação de Controle Interno tem por finalidade
§ 10 - A Superintendência de Políticas sobre Drogas e Acolhi- desempenhar as funções de acompanhamento, controle e fiscaliza-
mento a Grupos Vulneráveis tem por finalidade planejar, coordenar, ção da execução orçamentária, financeira e patrimonial, em estrei-
supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das políticas públicas ta articulação com o órgão estadual de controle interno.
preventivas às drogas e de atendimento aos dependentes e suas fa- § 5º - A Coordenação Executiva de Pesquisa, Inovação e Ex-
mílias, promovendo a reinserção social de usuários de drogas. tensão Tecnológica tem por finalidade planejar o desenvolvimento
§ 11 - A Superintendência de Inclusão e Segurança Alimentar de programas, projetos e realizar ações voltadas para a promoção
tem por finalidade apoiar, orientar, promover, fortalecer, coorde- e estimulo à pesquisa, inovação e difusão tecnológica, articulada
nar, acompanhar, controlar e executar programas, ações e ativida- com universidades, centros de pesquisa, de ensino e outras institui-
des voltadas à inclusão social, segurança e assistência alimentar, ções públicas e privadas.
no âmbito estadual, divulgando as ações governamentais de sua § 6º - A Superintendência de Agricultura Familiar tem por fi-
área de competência e complementação local. nalidade o planejamento, gestão e articulação de programas, proje-
§ 12 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos tos e ações voltadas para a promoção, estímulo e estruturação das
órgãos setoriais e seccionais, dos sistemas formalmente instituí- atividades econômicas desenvolvidas por agricultores familiares,
dos, responsáveis pela execução das atividades de administração suas organizações e demais segmentos, de forma sustentável e ali-
financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços e re- nhada com o desenvolvimento da Bahia.
cursos humanos. § 7º - A Superintendência de Políticas Territoriais e Reforma
Agrária tem por finalidade o desenvolvimento de programas, pro-
Art. 6º - A Secretaria de Desenvolvimento Rural - SDR tem jetos e ações complementares voltadas para promover a reestrutu-
por finalidade formular, articular e executar políticas, programas, ração e regularização fundiária, a reforma agrária, acesso à terra
projetos e ações voltadas para a reforma agrária e o desenvolvi- através do crédito fundiário, discriminatória rural, apoiar a estru-
mento sustentável da agricultura familiar, nela incluídos os meei- turação de assentamentos rurais, e articular políticas voltadas para
ros, parceiros, quilombolas, populações indígenas, assentados da a estratégia de desenvolvimento territorial.

Didatismo e Conhecimento 145


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 8º - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos § 6º - A Superintendência de Saneamento tem por finalidade
órgãos setoriais e seccionais, dos sistemas formalmente instituí- coordenar e elaborar estudos, programas e projetos, visando à for-
dos, responsáveis pela execução das atividades de administração mulação, execução e acompanhamento da Política Estadual de Sa-
financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços e re- neamento Básico, bem como apoiar os Municípios na implantação
cursos humanos. de modelos sustentáveis de saneamento básico.
§ 9º - A Superintendência Baiana de Assistência Técnica e § 7º - A Superintendência de Infraestrutura Hídrica tem por
Extensão Rural - BAHIATER, órgão em Regime Especial de Ad- finalidade coordenar, elaborar estudos, programas e projetos, vi-
ministração Direta, da estrutura da Secretaria de Desenvolvimento sando à formulação, execução e acompanhamento do Plano Esta-
Rural - SDR, tem por finalidade promover a execução de políticas dual de Segurança Hídrica e da Política Estadual de Segurança de
de desenvolvimento da assistência técnica e extensão rural, es- Barragens.
pecialmente as que contribuam para a elevação da produção, da § 8º - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos
produtividade e da qualidade dos produtos e serviços rurais, para órgãos setoriais e seccionais, dos sistemas formalmente instituídos,
a melhoria das condições de renda, da qualidade de vida e para responsáveis pela execução das atividades de administração finan-
a promoção social e o desenvolvimento sustentável no meio rural ceira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços e recursos
baiano. humanos.

Art. 7º - A Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento - Art. 8º - A Secretaria de Desenvolvimento Urbano - SEDUR
SIHS tem por finalidade fomentar, acompanhar e executar estudos passa a ter por finalidade formular e executar a Política Estadual de
e projetos de infraestrutura hídrica, bem como formular e executar Desenvolvimento Urbano, de Habitação e de Assistência Técnica
a Política Estadual de Saneamento Básico. aos Municípios.
§ 1º - A Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento - § 1º - Ficam criadas, na estrutura básica da Secretaria de De-
SIHS tem a seguinte estrutura básica: senvolvimento Urbano - SEDUR, as seguintes Unidades:
I - Órgãos da Administração Direta: I - Coordenação de Assessoramento Técnico de Projetos, com
a) Gabinete do Secretário; a finalidade de validar tecnicamente os projetos, adequando-os à
b) Assessoria de Planejamento e Gestão; realidade de campo, propor soluções técnicas e tecnológicas, bem
c) Coordenação de Controle Interno; como assumir a responsabilidade pelo controle de qualidade dos
d) Coordenação de Integração de Políticas e Projetos; referidos projetos;
e) Superintendência de Saneamento; II - Superintendência de Mobilidade, com a finalidade de for-
f) Superintendência de Infraestrutura Hídrica; mular, implementar, acompanhar e avaliar a Política Estadual de
g) Diretoria Geral; Mobilidade Urbana e Interurbana, assegurando a mobilidade nas
II - Entidades da Administração Indireta: grandes cidades e regiões conurbadas, agir previamente para evitar
a) Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da problemas de mobilidade nas cidades médias, através do planeja-
Bahia - AGERSA; mento, expansão e integração de transportes coletivos urbanos e
b) Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da metropolitanos nos diversos modais, bem como propor uma políti-
Bahia - CERB; ca tarifária módica.
c) Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A - EMBASA. § 2º - A Superintendência de Planejamento e Gestão Territorial
§ 2º - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar as- passa a ter por finalidade formular a Política Estadual de Desen-
sistência ao titular da Pasta em suas tarefas técnicas e administra-
volvimento Urbano, por meio de estudos, programas e projetos de
tivas, exercendo a competência relativa à sua representação social
planejamento e gestão territorial, prestar assistência técnico-insti-
e política, ao preparo e encaminhamento do expediente, à coorde-
tucional aos Municípios no planejamento e gestão do território, na
nação do fluxo de informações e às relações públicas da Secretaria.
execução e na implantação de projetos urbanísticos de infraestru-
§ 3º - A Assessoria de Planejamento e Gestão tem por finalida-
tura e equipamentos, incluindo diretrizes para o planejamento e a
de promover, no âmbito setorial, em articulação com a Secretaria da
gestão metropolitana, podendo atuar de forma descentralizada, bem
Administração - SAEB e a Secretaria do Planejamento - SEPLAN,
como formular, coordenar, monitorar e avaliar a Política Estadual
a gestão organizacional, do planejamento estratégico, do orçamento
de Resíduos Sólidos.
e de tecnologias da informação e comunicação - TIC, dos sistemas
§ 3º - Ficam extintas, na estrutura básica da Secretaria de De-
formalmente instituídos, com foco nos resultados institucionais.
§ 4º - A Coordenação de Controle Interno tem por finalidade senvolvimento Urbano - SEDUR, as seguintes Unidades:
desempenhar as funções de acompanhamento, controle e fiscaliza- I - Coordenação de Informações Geográficas Urbanas;
ção da execução orçamentária, financeira e patrimonial, em estreita II - Superintendência de Saneamento.
articulação com o órgão estadual de controle interno.
§ 5º - A Coordenação de Integração de Políticas e Projetos tem Art. 9º - A estrutura básica da Secretaria do Planejamento - SE-
por finalidade coordenar a articulação institucional entre a área de PLAN fica alterada, na forma a seguir indicada:
saneamento básico e de infraestrutura hídrica, a Política Estadual I - a Superintendência de Gestão e Avaliação passa a deno-
de Saneamento Básico, a Política Estadual de Resíduos Sólidos, a minar-se Superintendência de Monitoramento e Avaliação, com a
Política Estadual de Recursos Hídricos, a Política Estadual de Meio finalidade de assessorar o Secretário na gestão e implementação
Ambiente, a Política Estadual de Saúde e a Política Estadual de do Plano Plurianual, bem como acompanhar, monitorar e avaliar
Desenvolvimento Urbano e entre o Plano de Infraestrutura Hídrica. os resultados das políticas, programas e projetos governamentais;

Didatismo e Conhecimento 146


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - os Conselhos Regionais de Desenvolvimento passam a in- Art. 11 - A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pes-
tegrar a sua estrutura básica, com a finalidade de articular e fomen- ca e Aquicultura - SEAGRI passa a ter por finalidade formular e
tar os programas e ações de interesse regional, em consonância executar a Política de Desenvolvimento da Agropecuária, Coope-
com as Políticas de Desenvolvimento do Estado, sendo implanta- rativismo e Irrigação, bem como promover e executar ações de de-
dos segundo os critérios de regionalização adotados; fesa sanitária animal e vegetal, o controle e a inspeção de produtos
III - a Superintendência de Cooperação Técnica e Financeira de origem agropecuária.
para o Desenvolvimento deixa de integrar a sua estrutura básica. § 1º - Fica criada, na estrutura básica da Secretaria da Agricul-
tura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura - SEAGRI, a Coor-
Art. 10 - A Secretaria da Administração - SAEB passa a ter por denação Executiva de Pesquisa, Inovação e Extensão Tecnológica,
finalidade planejar, coordenar, executar e controlar as atividades com a finalidade de planejar o desenvolvimento de programas,
de administração geral, de modernização administrativa, de infor- projetos e realizar ações voltadas para a promoção e estimulo à
matização e a gestão de edificações públicas do Estado, bem como pesquisa, inovação e difusão tecnológica, articulada com universi-
formular e executar a política de recursos humanos, de previdência dades, centros de pesquisa, de ensino e outras instituições públicas
e assistência aos servidores públicos estaduais, de processamento e privadas.
de dados e de desenvolvimento dos serviços públicos. § 2º - Fica extinta a Superintendência de Irrigação, sendo suas
§ 1º - A estrutura básica da Secretaria da Administração - funções absorvidas pela Superintendência de Desenvolvimento
SAEB fica acrescida dos seguintes Órgão e Unidade: Agropecuário, que passa a ter por finalidade formular, planejar,
I - Conselho de Qualidade do Serviço Público, com a finalida-
coordenar, promover, supervisionar, acompanhar, avaliar e execu-
de de estabelecer metas e pactuação de resultados para os órgãos
tar as atividades necessárias para o desenvolvimento da agrope-
e entidades da Administração Pública, bem como apreciar e deli-
cuária e do agronegócio, incluindo ações, estudos e projetos de
berar sobre propostas de políticas e diretrizes de Tecnologias da
Informação e Comunicação - TIC e de Tecnologias de Gestão que irrigação promovidos pelo Estado, em sintonia com as demandas
aprimorem a qualidade dos serviços públicos prestados; dos específicos segmentos das cadeias agroprodutivas e firmar par-
II - Superintendência de Patrimônio, com a finalidade de coor- cerias de cooperação técnico-científica.
denar, supervisionar, controlar e executar as atividades relativas à § 3º - O Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável -
administração patrimonial do Estado, bem como planejar, coor- CEDRS e a Superintendência de Agricultura Familiar deixam de
denar, promover, supervisionar, avaliar as atividades relativas à integrar a estrutura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irriga-
gestão de edificações públicas e executar a ampliação, reforma, ção, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI.
manutenção, conservação, urbanização e paisagismo dos prédios
públicos, respeitadas as competências correlatas das Coordena- Art. 12 - A Secretaria de Comunicação Social - SECOM tem
ções Executivas de Infraestrutura da Rede Física, facultada ainda por finalidade propor, coordenar e executar a Política de Comuni-
a delegação à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado cação Social do Governo, bem como coordenar as atividades da
da Bahia - CONDER para a execução de edificações de prédios Ouvidoria Geral do Estado.
públicos em função do valor e complexidade, conforme disposto § 1º - Fica acrescida à estrutura básica da Secretaria de Co-
em Decreto. municação Social - SECOM a Ouvidoria Geral do Estado, com a
§ 2º - A Superintendência de Serviços Administrativos - SSA finalidade de receber, encaminhar e acompanhar denúncias, recla-
passa a denominar-se Superintendência de Recursos Logísticos - mações e sugestões dos cidadãos, relativas à prestação de serviços
SRL, com a finalidade de planejar, coordenar, promover, supervi- públicos em geral, assim como representações de infrações funcio-
sionar, controlar e avaliar as atividades pertinentes à administra- nais, sem prejuízo das competências específicas de outros órgãos
ção de material e serviços, no âmbito da Administração Pública da Administração Estadual.
Estadual. § 2º - Fica extinta a Coordenação de Comunicação Integrada
§ 3º - Ficam extintas a Superintendência de Gestão Pública - e criada a Coordenação de Publicidade e Propaganda, com a fi-
SGP e a Coordenação de Tecnologias Aplicadas à Gestão Pública nalidade de acompanhar e coordenar ações de mídia do Governo
- CTG e criada a Superintendência da Gestão e Inovação - SGI, junto aos veículos de comunicação e desenvolver estratégias mais
com a finalidade de planejar, coordenar, promover, acompanhar adequadas para otimizar os investimentos em mídia dos órgãos e
e avaliar a implementação de estratégias, programas e projetos de entidades governamentais.
modernização e inovação tecnológica para a gestão pública, em
§ 3º - Fica extinta a Diretoria Geral e criada a Diretoria de Ad-
consonância com as políticas e diretrizes governamentais.
ministração e Finanças, com a finalidade de executar as atividades
§ 4º - A Corregedoria Geral da Secretaria da Administração
de material, patrimônio, serviços, recursos humanos, administra-
passa a ter por finalidade fiscalizar e controlar a atuação funcional
e a conduta dos servidores do Poder Executivo Estadual, receben- ção financeira e de contabilidade.
do, encaminhando e acompanhando as denúncias e representações
de infrações funcionais, em articulação com as Corregedorias ins- Art. 13 - A Secretaria da Saúde - SESAB passa a ter por fi-
tituídas nos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual. nalidade a formulação da Política Estadual de Saúde, a gestão do
§ 5º - A Superintendência de Atendimento ao Cidadão - SAC, Sistema Estadual de Saúde e a execução de ações e serviços para
órgão em Regime Especial de Administração Direta, passa a ter promoção, proteção e recuperação da saúde, em consonância com
por finalidade planejar, promover, acompanhar, avaliar e certifi- as disposições da Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
car a qualidade da prestação dos serviços públicos estaduais, bem que constitui o Sistema Único de Saúde - SUS.
como realizar as atividades necessárias à manutenção e ampliação § 1º - Ficam criadas, na estrutura básica da Secretaria da Saú-
dos Postos de Serviço de Atendimento ao Cidadão. de, as seguintes Unidades:

Didatismo e Conhecimento 147


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - Corregedoria da Saúde, com a finalidade de acompanhar, II - ficam alteradas as denominações e finalidades das seguin-
controlar e avaliar a regularidade da atuação funcional e da condu- tes Unidades:
ta dos servidores da SESAB, em estreita articulação com o órgão a) Superintendência de Desenvolvimento da Educação Básica,
central do Sistema de Correição Estadual; que passa a denominar-se Superintendência de Políticas para a Edu-
II - Central de Aquisições e Contratações da Saúde, com a cação Básica, com a finalidade de coordenar a implantação da Po-
finalidade de planejar, executar e controlar as aquisições e con- lítica Educacional do Estado, no que se refere ao desenvolvimento
tratações de bens e serviços de apoio à rede própria do serviço de do currículo e à avaliação da educação básica, nos diversos níveis e
saúde; modalidades;
III - Coordenação de Monitoramento de Prestação de Serviços b) Superintendência de Educação Profissional, que passa a deno-
de Saúde, com a finalidade de acompanhar as atividades finalísti- minar-se Superintendência de Desenvolvimento da Educação Profis-
cas da área de saúde; sional, com a finalidade de planejar, coordenar, promover, executar,
IV - Coordenação Executiva de Infraestrutura da Rede Físi- acompanhar e supervisionar, no âmbito do Estado, as políticas, pro-
ca, com a finalidade de avaliar a necessidade de serviços de en- gramas, projetos e ações de educação profissional, incluindo orienta-
genharia, bem como executar a construção, ampliação, reforma, ção profissional para seus estudantes e certificação profissional para
manutenção, conservação, urbanização e paisagismo dos prédios trabalhadores;
sob gestão da Secretaria da Saúde, observadas as diretrizes estabe- c) Superintendência de Organização e Atendimento da Rede Es-
lecidas pela Secretaria da Administração; colar, que passa a denominar-se Superintendência de Planejamento e
V - Coordenação de Gestão de Sistemas de Tecnologias de In- Organização da Rede Escolar, com a finalidade de planejar e coorde-
formação e Comunicação na Saúde, com a finalidade de promover, nar ações que apoiem o funcionamento das Unidades Escolares do
coordenar e executar as ações de desenvolvimento e modernização Sistema de Ensino, segundo normas gerais de organização e legali-
tecnológica para a área de saúde, em consonância com as políticas zação, garantindo a base indispensável à manutenção do padrão de
e diretrizes governamentais. qualidade do trabalho pedagógico;
§ 2º - Ficam extintas as Diretorias Regionais de Saúde - DI- d) Superintendência de Acompanhamento e Avaliação do Siste-
RES e criados os Núcleos Regionais de Saúde - NRS, com a finali- ma Educacional, que passa a denominar-se Superintendência de Ges-
dade de acompanhar as atividades de regulação e de vigilância sa- tão da Informação Educacional, com a finalidade de coordenar, acom-
nitária, bem como as ações relativas à Coordenação de Monitora- panhar, monitorar e avaliar os resultados de desempenho das Unida-
mento de Prestação de Serviços de Saúde, à Central de Aquisições des Escolares e dos estudantes da rede estadual, bem como produzir
e Contratações da Saúde e à Corregedoria da Saúde, contribuindo e disseminar informações, visando subsidiar as políticas educacionais
para o fortalecimento da gestão junto aos Municípios. que promovam a melhoria da gestão;
Ver também: Decreto nº 16.075 de 14 de maio de 2015 - Defi- III - a Coordenação de Projetos Especiais passa a ter por finali-
ne o âmbito de atuação territorial dos Núcleos Regionais de Saú- dade coordenar a execução de projetos especiais, entendidos como
de, instituídos pela Lei nº 13.204, de 11 de dezembro de 2014, e dá prioritários, que visem à melhoria da escolaridade do cidadão baiano;
outras providências. IV - ficam extintas as Diretorias Regionais de Educação - DIREC
§ 3º - A Diretoria Geral passa a ter por finalidade a coorde- e criados os Núcleos Regionais de Educação - NRE, com a finali-
nação dos órgãos setoriais e seccionais dos sistemas formalmente dade de implementar a gestão das políticas educacionais no âmbito
instituídos, responsáveis pela execução das atividades de adminis- regional, executando as ações de acompanhamento, monitoramento
tração financeira e de contabilidade, material, patrimônio e servi- e intervenção pedagógica nas Unidades Escolares, em consonância
ços, bem como das licitações e contratos, em estreita articulação com as diretrizes do Órgão Central.
com as unidades centrais do Sistema Estadual de Administração, Parágrafo único - Os cargos de Diretor dos Núcleos Regionais
respeitada a competência da Central de Aquisições e Contratações de Educação serão providos exclusivamente por servidores públicos
da Saúde. efetivos do Estado da Bahia.

Art. 14 - A Secretaria da Educação - SEC passa a ter a sua Art. 15 - A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI
estrutura básica alterada na forma seguinte: passa a ter a sua estrutura básica alterada, na forma a seguir indicada:
I - ficam criados os seguintes Órgão e Unidades: I - ficam criadas as seguintes Unidades:
a) Comitê de Gestão Educacional, com a finalidade de pro- a) Coordenação de
mover estratégias e ações que visem integrar e potencializar as Articulação Institucional, com a finalidade de articular, interse-
ofertas educacionais, além do fortalecimento da gestão voltada torialmente, a execução da Política de Ciência e Tecnologia entre os
para resultados; órgãos de Governo, a sociedade e a comunidade científica;
b) Coordenação de Apoio à Educação Municipal, com a finali- b) Coordenação Geral de Infraestrutura de TI, com a finalidade
dade de apoiar os Municípios na implementação de políticas e pro- de planejar, coordenar e promover a infraestrutura de TI no Estado
gramas educacionais, em regime de colaboração, visando ao for- da Bahia;
talecimento de sua gestão em todo o território do Estado da Bahia; II - a Superintendência de Desenvolvimento Científico e Tecno-
c) Coordenação Executiva de Infraestrutura da Rede Física, lógico passa a denominar-se Superintendência de Desenvolvimento
com a finalidade de avaliar a necessidade de serviços de engenha- Científico, com a finalidade de formular, acompanhar e executar pro-
ria, bem como executar a construção, ampliação, reforma, manu- gramas, projetos e a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem
tenção, conservação, urbanização e paisagismo dos prédios sob como fortalecer a base científica e tecnológica, planejando e coorde-
gestão da Secretaria da Educação, observadas as diretrizes estabe- nando a infraestrutura para o desenvolvimento científico no Estado
lecidas pela Secretaria da Administração; da Bahia;

Didatismo e Conhecimento 148


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - a Superintendência de Tecnologia para a Competitividade II -fica acrescida a Superintendência de Cooperação Técnica
passa a denominar-se Superintendência de Inovação, com a finali- e Financeira para o Desenvolvimento, com a finalidade de propor,
dade de promover a criação de novas bases para o desenvolvimento coordenar, apoiar e executar as ações de negociações de parcerias
econômico e inclusão social do Estado, com base nas dinâmicas ino- e mobilizações de recursos, para o financiamento de programas e
vativas dos setores produtivos, fortalecendo a capacitação empresa- projetos de desenvolvimento econômico e social, em articulação
rial e os serviços tecnológicos para a competitividade, promovendo com outros órgãos e entidades da Administração Pública Estadual,
a popularização da ciência, extensão tecnológica, inclusão digital e de outras esferas de Governo e do setor privado.
tecnologias sociais; Parágrafo único - Aos cargos em comissão criados para as uni-
IV - fica extinta a Coordenação de Projetos Especiais. dades descritas no inciso II deste artigo não se aplica o disposto no
art. 14 da Lei nº 8.210, de 22 de março de 2002.
Art. 16 - A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
- SETRE tem sua estrutura básica alterada, na forma a seguir indi- Art. 20 - Fica extinta, na estrutura da Casa Militar do Go-
cada: vernador - CMG, a Diretoria Geral e criada a Diretoria de Admi-
I - fica criada a Coordenação de Fomento ao nistração e Finanças, com a finalidade executar as atividades de
Artesanato, com a finalidade de formular e coordenar a políti- material, patrimônio, serviços, recursos humanos, administração
ca de preservação, incentivo, promoção e divulgação do artesanato financeira e de contabilidade.
baiano;
II - a Superintendência de Economia Solidária passa a denomi- Art. 21 - Fica extinta, na estrutura do Gabinete do Governa-
nar-se Superintendência de Economia Solidária e Cooperativismo, dor, a Diretoria de Administração e Finanças.
com a finalidade de planejar, coordenar, executar e acompanhar as
ações e programas de fomento à economia solidária e ao coopera- Art. 22 - Fica extinta, na estrutura do Gabinete do Vice-Go-
tivismo. vernador, o Gabinete Administrativo.

Art. 17 - A Casa Civil passa a ter por finalidade assistir o Gover- Art. 23 - Passa a integrar a estrutura básica das Secretarias de
nador do Estado no desempenho de suas atribuições constitucionais, Estado, da Casa Civil e da Casa Militar do Governador, a Asses-
políticas e administrativas e promover a publicação dos atos oficiais, soria de Planejamento e Gestão, com a finalidade de promover no
bem como orientar, coordenar, executar e supervisionar as ações de âmbito setorial, em articulação com a Secretaria da Administra-
defesa civil. ção - SAEB e a Secretaria do Planejamento - SEPLAN, a gestão
§ 1º - A estrutura básica da Casa Civil fica acrescida dos seguin- organizacional, do planejamento estratégico, do orçamento e de
tes Órgãos: tecnologias da informação e comunicação - TIC, dos sistemas for-
I - Comissão Institucional de Defesa Civil - CIDEC, com a fina- malmente instituídos, com foco nos resultados institucionais.
lidade de promover a integração das ações de defesa civil do Estado;
II - Superintendência de Proteção e Defesa Civil - SUDEC, com Art. 24 - Passa a integrar a estrutura básica das Secretarias
a finalidade de implementar o Plano Estadual de Proteção e Defesa de Estado e da Casa Civil, a Coordenação de Controle Interno,
Civil, bem como coordenar, executar e supervisionar as atividades com a finalidade de desempenhar as funções de acompanhamento,
de prevenção, preparação, resposta e recuperação às situações de controle e fiscalização da execução orçamentária, financeira e pa-
emergência ou de calamidade pública. trimonial, em estreita articulação com o órgão estadual de controle
§ 2º - Fica criada a Assessoria Geral de Projetos Especiais, com interno.
a finalidade de realizar a prospecção, o planejamento e a análise es- Parágrafo único - A unidade administrativa a que se refere o
tratégica de projetos especiais, promovendo a sua coordenação, in- caput deste artigo não integra a estrutura básica das Secretarias
tegração, monitoramento e avaliação, em articulação com os órgãos de Promoção da Igualdade Racial, de Relações Institucionais e de
e entidades executoras. Políticas para as Mulheres e da Casa Militar do Governador.
§ 3º - As competências da Assessoria de Planejamento e Gestão
e da Diretoria Geral da Casa Civil serão exercidas também no âmbi- Art. 25 - A Diretoria Geral que seja integrante da estrutura
to do Gabinete do Governador e do Gabinete do Vice-Governador. básica de Secretaria de Estado passa a ter por finalidade a coorde-
nação dos órgãos setoriais e seccionais, dos sistemas formalmente
Art. 18 - Fica criada, na estrutura da Secretaria da Segurança instituídos, responsáveis pela execução das atividades de adminis-
Pública - SSP, a Coordenação Executiva de Infraestrutura da Rede tração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços
Física, com a finalidade de avaliar a necessidade de serviços de en- e recursos humanos.
genharia, bem como executar a construção, ampliação, reforma, ma-
nutenção, conservação, urbanização e paisagismo dos prédios sob Art. 26 - A Diretoria Administrativa e Financeira que seja in-
gestão da Secretaria da Segurança Pública, observadas as diretrizes tegrante da estrutura básica de Secretaria de Estado passa a ter por
estabelecidas pela Secretaria da Administração. finalidade executar as atividades de material, patrimônio, serviços,
recursos humanos, administração financeira e de contabilidade.
Art. 19 - A estrutura básica da Secretaria da Fazenda - SEFAZ
fica alterada, na forma a seguir indicada: Art. 27 - Fica criada a Superintendência Baiana de Assistên-
I - fica criada a Coordenação de Qualidade do Gasto Público, cia Técnica e Extensão Rural - BAHIATER, órgão em Regime
com a finalidade de executar programas e projetos de desenvolvi- Especial de Administração Direta, da estrutura da Secretaria de
mento, implantação e disseminação de práticas voltadas para a me- Desenvolvimento Rural - SDR, com a finalidade de promover a
lhoria da gestão da qualidade do gasto público; execução de políticas de desenvolvimento da assistência técnica e

Didatismo e Conhecimento 149


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
extensão rural, especialmente as que contribuam para a elevação § 2º - O Gabinete tem por finalidade prestar assistência ao Di-
da produção, da produtividade e da qualidade dos produtos e ser- retor-Superintendente em suas tarefas técnicas e administrativas.
viços rurais, para a melhoria das condições de renda, da qualidade § 3º - A Coordenação de Qualidade tem por finalidade plane-
de vida e para a promoção social e desenvolvimento sustentável jar, coordenar, acompanhar e avaliar todas as atividades relaciona-
no meio rural baiano. das com a qualidade e produtividade no órgão.
§ 1º - A Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Ex- § 4º - A Diretoria de Terminais tem por finalidade promover a
tensão Rural - BAHIATER tem a seguinte estrutura básica: manutenção e conservação dos terminais rodoviários, hidroviários
I - Gabinete; e aeroviários, bem como a administração dos terminais não dele-
II - Diretoria de Assistência Técnica e Extensão Rural; gados do Estado da Bahia.
III - Diretoria de Inovação e Sustentabilidade; § 5º - A Diretoria de Construção e Manutenção tem por fina-
IV - Diretoria Operacional; lidade a construção, manutenção e conservação da infraestrutura
V - Diretoria Administrativa e Financeira. de transportes.
§ 2º - O Gabinete tem por finalidade prestar assistência ao Di- § 6º - A Diretoria de Projetos e Programas Especiais tem por
retor-Superintendente em suas tarefas técnicas e administrativas. finalidade promover estudos, realizar pesquisas, projetos e ativida-
§ 3º - A Diretoria de Assistência Técnica e Extensão Rural tem des de planejamento, programação, orçamento e acompanhamento
por finalidade executar as atividades de planejamento, gestão, mo- de obras e serviços de engenharia, sob a responsabilidade do ór-
nitoramento e avaliação das ações de assistência técnica e extensão gão, bem como o acompanhamento e a avaliação do seu impacto
ambiental.
rural, bem como formação de técnicos, agricultores familiares e
§ 7º - A Diretoria de Logística tem por finalidade programar,
demais segmentos, captação de recursos, acompanhamento, super-
coordenar e supervisionar as operações de Sistema de Infraestru-
visão de contratos e convênios de assistência técnica e extensão
tura de Transportes do Estado e exercer a gestão de informações.
rural, desenvolvimento de projetos estratégicos e de apoio às ca- § 8º - A Coordenação Administrativa e Financeira tem por
deias produtivas e articulação de políticas públicas relacionadas à finalidade executar as atividades de programação, orçamentação,
assistência técnica e extensão rural. acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, patrimô-
§ 4º - A Diretoria de Inovação e Sustentabilidade tem por nio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e
finalidade planejar, articular e executar atividades de inovação informática, administração financeira e de contabilidade.
tecnológica e sustentabilidade, voltadas para o fortalecimento da
agricultura familiar e suas organizações, em consonância com os Art. 29 - Fica criada a Superintendência de Fomento ao Tu-
pilares estratégicos estabelecidos para o desenvolvimento susten- rismo do Estado da Bahia - BAHIATURSA, órgão em Regime
tável da Bahia. Especial de Administração Direta, da estrutura da Secretaria de
§ 5º - A Diretoria Operacional tem por finalidade executar ati- Turismo - SETUR, integrante do Sistema Estadual de Turismo,
vidades relacionadas à coordenação técnica dos Serviços Territo- com a finalidade de gerenciar e executar a Política de Fomento e
riais e Municipais de Apoio à Agricultura Familiar, em articulação Desenvolvimento do Turismo, bem como a promoção de eventos
com os outros órgãos que compõem a Secretaria de Desenvolvi- turísticos, no âmbito estadual.
mento Rural e outras instituições. § 1º - A Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado
§ 6º - A Diretoria Administrativa e Financeira tem por finali- da Bahia - BAHIATURSA tem a seguinte estrutura básica:
dade executar as atividades de programação, orçamentação, acom- I - Gabinete;
panhamento, avaliação, estudos e análises, material, patrimônio, II - Coordenação de Ações Estratégicas;
serviços, recursos humanos, modernização administrativa e infor- III - Diretoria de Serviços Turísticos;
mática, administração financeira e de contabilidade. IV - Diretoria de Promoções;
V - Diretoria de Administração e Finanças.
Art. 28 - Fica criada a Superintendência de Infraestrutura de § 2º - O Gabinete tem por finalidade prestar assistência ao Di-
Transportes da Bahia - SIT, órgão em Regime Especial de Ad- retor-Superintendente em suas tarefas técnicas e administrativas.
ministração Direta, da estrutura da Secretaria de Infraestrutura § 3º - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por finalidade
- SEINFRA, com a finalidade de executar programas relativos à promover ações integradas e otimizadas de gestão organizacional,
gestão de pessoas, planejamento e tecnologia da informação e co-
subfunção transporte, de competência do Estado, à exceção da-
municação, voltadas à promoção do desempenho organizacional e
queles cometidos em lei a outras entidades ou órgãos e, em caráter
fortalecimento dos resultados institucionais, no âmbito da BAH-
supletivo, os referentes aos planos federal e municipal, bem como
IATURSA, em articulação com outras unidades de execução dos
a construção e a administração dos seus terminais rodoviários, hi- sistemas formalmente instituídos.
droviários e aeroviários. § 4º - A Diretoria de Serviços Turísticos tem por finalidade
§ 1º - A Superintendência de Infraestrutura de Transportes da gerenciar e executar políticas de fomento ao turismo, em conso-
Bahia - SIT tem a seguinte estrutura básica: nância com as diretrizes governamentais, usando uma política de
I - Gabinete; marketing voltada para a expansão do fluxo turístico, no âmbito
II - Coordenação de Qualidade; estadual, bem como a promoção de eventos turísticos, de recepção
III - Diretoria de Terminais; e lazequias extintas por esta Lei em todos os seus direitos, créditos
IV - Diretoria de Construção e Manutenção; e obrigações, decorrentes de lei, ato administrativo, contrato ou
V - Diretoria de Projetos e Programas Especiais; convênio, bem assim nas demais obrigações pecuniárias, inclusive
VI - Diretoria de Logística; nas respectivas receitas, que passarão a ser recolhidas à conta do
VII - Coordenação Administrativa e Financeira. Tesouro Estadual.

Didatismo e Conhecimento 150


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º - Os atuais servidores integrantes do quadro de pessoal § 2º - O Poder Executivo adotará as providências necessá-
das autarquias previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo rias para a avaliação econômico-financeira da EBAL e, de modo
ficam transferidos com seus respectivos cargos e vencimentos para geral, para a modelagem do processo de desestatização, ficando,
quadro de pessoal provisório da Secretaria da Administração, até a ainda, autorizado a criar Comissão para acompanhar e assessorar
definição da sua nova lotação. o desenvolvimento das atividades inerentes à consecução das ope-
§ 5º - Ficam extintos os cargos em comissão das autarquias rações autorizadas por este artigo, assegurada a representação dos
extintas por esta Lei. trabalhadores.

Art. 33 - O Governador do Estado constituirá Comissão Es- Art. 37 - Fica a Habitação e Urbanização da Bahia S.A. - UR-
pecial, com a finalidade de proceder ao levantamento das infor- BIS, em liquidação, nos termos da legislação aplicável, autorizada
mações a que se refere o art. 32 desta lei e de sugerir as medidas a transferir, total ou parcialmente, para o Estado da Bahia, o seu
necessárias à absorção das atividades das autarquias extintas por patrimônio imobiliário livre e desimpedido, incluídas as áreas re-
esta Lei, devendo o Relatório Final indicar: manescentes dos conjuntos habitacionais que edificou.
I - situação patrimonial, com o completo inventário dos bens § 1º - As áreas remanescentes dos conjuntos habitacionais que
móveis e imóveis que estejam incorporados ao seu patrimônio; tenham sido objeto de ocupação espontânea em assentamentos de
II - situação contábil; características subnormais deverão ser objeto de regularização
III - contratos e convênios vigentes e em execução; fundiária, mediante parcelamento e cessão não onerosa aos ocu-
IV - licitações em curso; pantes que, na data de publicação desta Lei, tenham comprovada-
V - processos administrativos e judiciais ativos; mente mais de 03 (três) anos de residência no local.
VI - situação funcional dos servidores. § 2º - A escritura do imóvel será lavrada preferencialmente em
nome da ocupante mãe, esposa ou companheira.
Art. 34 - A implementação das novas estruturas definidas, res- § 3º - O Poder Executivo, mediante Decreto, regulamentará o
pectivamente, no art. 10, §1º, II, no art. 16 e no art. 28, todos desta disposto no § 1º deste artigo.
Lei, necessárias à absorção das atividades das Autarquias extintas § 4º - Os imóveis a que se refere esta Lei poderão ser objeto
por esta Lei, ocorrerá no prazo de até 60 (sessenta) dias da data de de dação em pagamento de tributos incidentes sobre o patrimônio
publicação desta Lei. imobiliário da URBIS.

Art. 35 - Fica o Poder Executivo autorizado a praticar os atos Art. 38 - O inciso II do art. 4º da Lei nº 10.704, de 12 de no-
necessários à extinção: vembro de 2007, passa a vigorar com a seguinte redação:
I - da Empresa de Turismo da Bahia S.A. - BAHIATURSA, “
Sociedade de Economia Mista, vinculada à Secretaria de Turismo Art. 4º - ....................................................................................
- SETUR; .................................................................................................
II - da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. - II - o Secretário de Infraestrutura Hídrica e Saneamento e mais
EBDA, Sociedade de Economia Mista, vinculada à Secretaria de 08 (oito) representantes do Poder Público Estadual, indicados pelo
Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aqui- Governador;
cultura - SEAGRI. ................................................................................................”
§ 1º - A extinção das Empresas referidas nos incisos I e II do
caput deste artigo será antecedida de processo de liquidação, na Art. 39 - O art. 9º da Lei nº 10.549, de 28 de dezembro de
forma dos arts. 208 e 210 a 218 da Lei Federal nº 6.404, de 15 de 2006, passa a vigorar com a seguinte redação:
dezembro de 1976, e nos respectivos Estatutos Sociais.
§ 2º - O processo de liquidação será realizado com o acom- “Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de assistência di-
panhamento da Procuradoria Geral do Estado, que poderá adotar reta e imediata ao Governador, tem a seguinte estrutura básica:
providências necessárias à preservação dos interesses do Estado a) Chefia do Gabinete;
da Bahia. b) Secretaria Particular do Governador;
§ 3º - O Estado sucederá a Entidade que venha a ser extinta c) Cerimonial;
nos seus direitos e obrigações legais. d) Assessoria Especial do Governador;
e) Assessoria Internacional;
Art. 36 - Fica o Poder Executivo autorizado a promover a alie- f) Escritório de Representação do Governo.
nação onerosa, integral ou parcial, de sua participação no capital Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe do Gabinete
societário, inclusive do controle acionário, da Empresa Baiana de do Governador, ao qual são atribuídas as atividades de supervisão
Alimentos S.A - EBAL, e/ou dos ativos, bens e direitos desta. e coordenação dos órgãos integrantes da estrutura do Gabinete do
§ 1º - Para efetivar o disposto no caput deste artigo, fica o Governador, bem como a elaboração da agenda e o exercício de
Poder Executivo autorizado a realizar operações societárias que outras atribuições designadas pelo Governador.”
envolvam a EBAL, como cisão, incorporação, fusão, transforma-
ção, criação de subsidiárias, desativação parcial de seus empreen- Art. 40 - O inciso IV do art. 11, o inciso II do art. 30 e o art.
dimentos, redução ou ampliação de capital social, dentre outras 32 da Lei nº 11.370, de 04 de fevereiro de 2009, passam a vigorar
que se revelem convenientes e oportunas. com a seguinte redação:

Didatismo e Conhecimento 151


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
“Art. 11 - .................................................................................... Art. 45 - O cargo de Diretor-Superintendente tem como atri-
................................................................................................... buições dirigir, coordenar, supervisionar e controlar as atividades da
Superintendência, bem como promover e controlar a aplicação de re-
IV - Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organi- cursos destinados a seus programas, de acordo com as normas legais
zado - DRACO; e regulamentares pertinentes.
............................................................................................”
Art. 46 - Os cargos de Assessor de Planejamento e Gestão tem
“Art. 30 - .............................................................................. como atribuições assessorar o titular do órgão nas atividades relati-
................................................................................................ vas à gestão organizacional, ao planejamento estratégico, ao orça-
II - coordenar, supervisionar e orientar as investigações e apu- mento e às tecnologias da informação e comunicação - TIC.
rações sobre Crimes contra o Patrimônio;
Art. 47 - Os cargos de Coordenador de Controle Interno tem
...........................................................................................”
como atribuições coordenar as funções de acompanhamento, con-
trole e fiscalização da execução orçamentária, financeira e patrimo-
“Art. 32 - Ao Departamento de Repressão e Combate ao Cri- nial.
me Organizado, que tem por finalidade planejar, coordenar, dirigir,
controlar, avaliar e executar as atividades de repressão ao tráfico Art. 48 - A implementação e funcionamento das atividades a
ilícito de substâncias entorpecentes e drogas afins, a crimes contra serem prestadas pela Superintendência de Fomento ao Turismo do
a Administração Pública, contra a Ordem Econômica e ao crime Estado da Bahia - BAHIATURSA e pela Superintendência Baiana
organizado, bem como de crimes cuja prática tenha repercussão in- de Assistência Técnica e Extensão Rural - BAHIATER ocorrerão no
terestadual e seja exigida repressão integrada e uniforme, de com- prazo de até 60 (sessenta) dias.
petência da Polícia Civil do Estado, compete:
I - elaborar diretrizes específicas de planejamento operacional Art. 49 - Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no
relativas aos crimes previstos no caput deste artigo; prazo de 180 (cento e oitenta) dias, os atos necessários:
II - promover permanente intercâmbio com órgãos federais, I - à elaboração e/ou revisão dos atos regulamentares e regi-
estaduais e municipais congêneres; mentais que decorram, implícita ou explicitamente, das disposições
III - desenvolver métodos, técnicas e procedimentos, bem desta Lei, inclusive os que se relacionam com pessoal, material e
como elaborar diretrizes que visem à eficiência nas atividades de patrimônio, bem como as alterações organizacionais e de cargos em
combate aos crimes previstos no caput deste artigo, nas suas unida- comissão decorrentes desta Lei;
II - à utilização, para o funcionamento das Secretarias de Esta-
des operacionais;
do, mediante processo formal de cessão, de servidores das demais
IV - planejar, coordenar e avaliar as investigações e operações Secretarias, Autarquias e Fundações do Estado da Bahia, por meio
das unidades policiais civis de sua competência, inclusive em atua- de instrumento próprio adequado;
ção conjunta com outras organizações; III - à abertura de créditos adicionais, necessários ao funciona-
V - monitorar e oferecer suporte, ordinariamente, às Delega- mento das Secretarias e demais órgãos e entidades da Administração
cias de Polícia Territoriais naquilo que se refere à respectiva espe- Pública Indireta do Poder Executivo Estadual;
cialização. IV - à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação
Parágrafo único - O Departamento de Repressão e Combate ao das Secretarias e demais órgãos e entidades da Administração Públi-
Crime Organizado será dirigido por Delegado de Polícia Civil, da ca Indireta do Poder Executivo Estadual, em especial os processos
ativa, Classe Especial ou Classe I.” licitatórios;
V - à transferência, quando for o caso, dos contratos, convênios,
Art. 41 - Para atender à implantação das novas Secretarias, Ór- protocolos e demais instrumentos vigentes, necessária à implemen-
gãos e Entidades, bem como às adequações na estrutura da Admi- tação das alterações das competências definidas nesta Lei, proce-
nistração Pública Estadual, ficam criados e transformados os cargos dendo-se às devidas adequações orçamentárias;
em comissão constantes do Anexo I e extintos os cargos em comis- VI - à elaboração de estudos sobre o quadro de cargos efetivos
são constantes do Anexo II. para atendimento às atividades inerentes às competências definidas
nesta Lei;
VII - às modificações orçamentárias que se fizerem necessá-
Art. 42 - O Quadro de cargos em comissão das Secretarias, Ór-
rias ao cumprimento do disposto nesta Lei, respeitados os valores
gãos e Entidades previstas nesta Lei são os constantes dos Anexos
globais constantes do orçamento do exercício de 2015 e no Plano
III a XXXVIII. Plurianual.
Art. 43 - O Quadro Especial da Casa Civil fica acrescido dos Art. 50 - Esta Lei entra em vigor em 1º de janeiro de 2015,
cargos em comissão constantes do Anexo XXXIX. ressalvado o disposto nos incisos I, II e III do caput do art. 32, cuja
vigência será 60 (sessenta) dias daquela data.
Art. 44 - O cargo de Superintendente da Superintendência de
Atendimento ao Cidadão - SAC e da Superintendência de Proteção PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 11
e Defesa Civil - SUDEC passa a denominar-se Diretor-Superinten- de dezembro de 2014.
dente, mantido o mesmo símbolo.
JAQUES WAGNER
Governador

Didatismo e Conhecimento 152


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
EXERCÍCIOS
CRIAÇÃO DA SECRETARIA DE
01. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Ad-
POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDA-
DE RACIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚ- ministrativa Parte superior do formulário) “Um dos princípios
BLICA (LEI Nº 10.678/03). da Administração Pública exige que a atividade administrativa
seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional.
A função administrativa já não se contenta em ser desempenha-
da apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o
serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da
LEI No 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003. comunidade e de seus membros” (Hely Lopes Meirelles. Direito
Administrativo Brasileiro).
Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igual- O conceito refere-se ao princípio da
dade Racial, da Presidência da República, e dá outras providências. A) impessoalidade.
B) eficiência.
Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida
C) legalidade.
Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Nacional aprovou, e
D) moralidade.
eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no exer-
E) publicidade.
cício da Presidência da Mesa do Congresso Nacional, para os efei-
tos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação
dada pela Emenda constitucional nº 32, combinado com o art. 12 02. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e
da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei: Legislação)
Prescreve o caput do artigo 37 da Constituição Federal que a
Art. 1o  Fica criada, como órgão de assessoramento imediato Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes
ao Presidente da República, a Secretaria Especial de Políticas de da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe-
Promoção da Igualdade Racial. decerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. A respeito dos princípios da Administra-
Art. 2o (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010) ção Pública, assinale a alternativa incorreta.
A) O princípio da legalidade significa estar a Administração
Art. 3o  O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Es- Pública, em toda a sua atividade, adstrita aos mandamentos da
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidên- lei, deles não podendo se afastar, sob pena de invalidade do ato.
cia da República, e terá a sua composição, competências e funcio- Assim, se a lei nada dispuser, não poderá a Administração agir,
namento estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado salvo em situações excepcionais. Ainda que se trate de ato discri-
até 31 de agosto de 2003. cionário, há de se observar o referido princípio.
Parágrafo único.  A Secretaria Especial de Políticas de Promo- B) Segundo a doutrina majoritária e decisão hodierna do
ção da Igualdade Racial, da Presidência da República, constituirá, STF, o rol de princípios previstos no artigo 37, caput, do texto
no prazo de noventa dias, contado da publicação desta Lei, grupo constitucional é taxativo, ou seja, a Administração Pública, em
de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e razão da legalidade e taxatividade não poderá nortear-se por ou-
da sociedade civil, para elaborar proposta de regulamentação do tros princípios que não os previamente estabelecidos no referido
CNPIR, a ser submetida ao Presidente da República. dispositivo.
C) A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, § 1º,
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de Pro- dispõe sobre a forma de como deve ser feita a publicidade dos
moção da Igualdade Racial da Presidência da República, 1(um) atos estatais estabelecendo que a publicidade dos atos, progra-
cargo de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Redação dada
mas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
pela Lei nº 11.693, de 2008)
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Especial de
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Políticas de Promoção da Igualdade Racial no cargo de Ministro
de Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção D) O princípio da eficiência foi inserido positivamente na
da Igualdade Racial. (Incluído pela Lei nº 11.693, de 2008) Constituição Federal via emenda constitucional.
E) O STF reiteradamente tem proclamado o dever de
Art. 5o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. submissão da Administração Pública ao princípio da moralida-
de. Como exemplo, cita-se o julgado em que o Pretório Excelso
Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da Inde- entendeu pela vedação ao nepotismo na Administração, não se
pendência e 115º da República. exigindo edição de lei formal a esse respeito, por decorrer direta-
mente de princípios constitucionais estabelecidos, sobretudo o da
Senador EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS moralidade da Administração.

Didatismo e Conhecimento 153


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
03. (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor a) gera a possibilidade de cobrança de preço público.
Público) b) se instrumentaliza sempre, e apenas, por meio de alvará
Afirma-se, a respeito do princípio da eficiência da Adminis- de autorização.
tração Pública, que ele foi inserido na atual Constituição Federal c) para atingir os seus objetivos maiores, afasta a razoabili-
com o intuito de: dade, em prol da predominância do interesse público.
A) estabelecer um modelo gerencial de Administração d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibili-
B) fazer prevalecer o modelo burocrático de Administração dade de cobrança de taxa.
C) valorizar a organização hierárquica.
D) fazer prevalecer a valorização da rigidez da forma. 08. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Admi-
E) restringir a participação popular de gestão. nistrativa) Exemplifica adequadamente o exercício de poder dis-
ciplinar por agente da administração a
04. (FCC - 2011 - TRE-AP - Analista Judiciário - Área Ju- a) interdição de restaurante por razão de saúde pública.
diciária) b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o de-
A conduta do agente público que se vale da publicidade oficial vido mandado judicial.
c) aplicação de penalidade administrativa a servidor públi-
para realizar promoção pessoal atenta contra os seguintes princí-
co que descumpre seus deveres funcionais.
pios da Administração Pública:
d) aplicação de multa de trânsito.
A) razoabilidade e legalidade.
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subor-
B) eficiência e publicidade.
dinados.
C) publicidade e proporcionalidade.
D) motivação e eficiência. 09. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área
E) impessoalidade e moralidade. Judiciária) Assinale a opção correta com relação aos poderes hie-
rárquico e disciplinar e suas manifestações.
05. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi- a) As delegações administrativas emanam do poder hierár-
ciário - Segurança) quico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordinado, que
Analise as seguintes proposições, extraídas dos ensinamentos pode, contudo, subdelegá-las livremente a seu próprio subordina-
dos respectivos Juristas José dos Santos Carvalho Filho e Celso do.
Antônio Bandeira de Mello: b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta
I. O núcleo desse princípio é a procura de produtividade e condenação criminal.
economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico ma-
os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos nifesta-se mediante a distribuição de competências entre a Câmara
serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. dos Deputados e o Senado Federal.
II. No texto constitucional há algumas referências a aplica- d) O poder disciplinar da administração pública autoriza-
ções concretas deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II, lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos servidores pú-
ao exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego público de- blicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, assim
pende de concurso, exatamente para que todos possam disputar- como aos invasores de terras públicas.
lhes o acesso em plena igualdade. e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior
hierárquico, o caráter de um poder-dever, uma vez que a condes-
As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes cendência na punição é considerada crime contra a administração
princípios da Administração Pública: pública.
A) moralidade e legalidade.
B) eficiência e impessoalidade. 10. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Auxiliar Judiciário) No tocan-
te aos poderes da administração e ao uso e abuso do poder, assinale
C) legalidade e publicidade.
a opção correta.
D) eficiência e legalidade.
a) O poder regulamentar da administração pública mani-
E) legalidade e moralidade.
festa-se por meio de atos de natureza normativa, instituidores de
direito novo de forma ampla e genérica, com efeitos gerais e abs-
06. (CESPE - 2012 - IBAMA - Técnico Administrativo) No tratos, expedidos em virtude de competência própria dos órgãos
que concerne à administração pública, julgue os itens a seguir. estatais.
Mesmo estando no exercício do poder disciplinar, a autorida- b) Decorrem do poder de polícia da administração pública
de competente não pode impor penalidade administrativa ao agen- os atos que se destinam à limitação dos interesses individuais em
te público sem o devido processo administrativo. favor do interesse público, sendo a autoexecutoriedade a principal
( ) Certo característica de todas as medidas de polícia.
( ) Errado c) Segundo a doutrina, o abuso de poder, que pode assumir
duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autorida-
07. (FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado) É de competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, ultrapassa
correto afirmar que o poder de polícia, conferindo a possibilidade os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades adminis-
de o Estado limitar o exercício da liberdade ou das faculdades de trativas, circunstâncias em que o ato do agente somente poderá ser
proprietário, em prol do interesse público, revisto pelo Poder Judiciário.

Didatismo e Conhecimento 154


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) A prerrogativa de que dispõe a administração pública 15. (TRT 15R - 2011 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho)
para não só ordenar e coordenar, mas também para corrigir as ati- São considerados atributos dos atos administrativos os seguintes,
vidades de seus órgãos e agentes resulta do poder hierárquico, cujo exceto:
exercício limita-se ao controle de legalidade. a) finalidade;
e) A administração, no exercício do poder disciplinar, apu- b) presunção de legitimidade;
ra infrações e aplica penalidades aos servidores e particulares su- c) autoexecutoriedade;
jeitos à disciplina administrativa, por meio do procedimento legal, d) imperatividade;
assegurados o contraditório e a ampla defesa. e) tipicidade

11. (CESPE - 2012 - ANATEL - Analista Administrativo) 16. (FCC - 2011 - TRE-TO - Analista Judiciário - Área
Com relação aos atos administrativos, julgue os itens seguintes. Judiciária) Os órgãos públicos
Competência, finalidade, forma, motivo e objeto são requisi- a) confundem-se com as pessoas físicas, porque congre-
tos de validade de um ato administrativo. gam funções que estas vão exercer.
( ) Certo b) são singulares quando constituídos por um único centro
( ) Errado de atribuições, sem subdivisões internas, como ocorre com as
seções integradas em órgãos maiores.
12. (CESPE - 2012 - ANATEL - Analista Administrativo) c) não são parte integrante da estrutura da Administração
Com relação aos atos administrativos, julgue os itens seguintes. Pública.
A anulação de ato administrativo será aplicada ao ato que, d) não têm personalidade jurídica própria.
mesmo válido, legítimo, perfeito, venha a se tornar inconveniente, e) são compostos quando constituídos por vários agentes,
inoportuno ou desnecessário. sendo exemplo, o Tribunal de Impostos e Taxas.
( ) Certo
( ) Errado
17. (FCC - 2010 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário
- Área Judiciária) Inseridos na estrutura do Estado, os órgãos
13. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Ad-
públicos
ministrativa) Analise o seguinte atributo do ato administrativo:
a) são centros de competência que congregam atribuições
O atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder
exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo
a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir de-
de expressar a vontade do Estado.
terminados resultados. Para cada finalidade que a Administração
b) representam juridicamente a pessoa jurídica que inte-
pretende alcançar existe um ato definido em lei. (Maria Sylvia Za-
gram, mas não possuem capacidade processual.
nello Di Pietro, Direito Administrativo)
c) são dotados de personalidade jurídica própria, razão
Trata-se da
a) Presunção de Legitimidade. pela qual mantêm relações funcionais entre si e com terceiros.
b) Tipicidade. d) compostos são unidades de ação constituídas por um
c) Imperatividade. só centro de competência, que exerce funções auxiliares diver-
d) Autoexecutoriedade. sificadas.
e) Presunção de Veracidade. e) autônomos são os originários da Constituição e repre-
sentativos dos três Poderes do Estado, que se subordinam hierar-
14. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) O ato adminis- quicamente.
trativo distingue-se dos atos de direito privado por, dentre outras
razões, ser dotado de alguns atributos específicos, tais como 18. (ISAE - 2011 - AL-AM - Analista – Controle) - Com
a) autodeterminação, desde que tenha sido praticado por relação à estrutura da Administração Pública, analise as afirma-
autoridade competente, vez que o desrespeito à competência é o tivas a seguir:
único vício passível de ser questionado quando se trata deste atri- I. Pertencem à Administração Pública indireta as seguin-
buto. tes entidades: sociedades de economia mista, empresas públicas,
b) autoexecutoriedade, que autoriza a execução de algumas autarquias e fundações públicas.
medidas coercitivas legalmente previstas diretamente pela Admi- II. As entidades paraestatais compõem a Administração
nistração. Pública direta.
c) presunção de legalidade, que permite a inversão do ônus III. As entidades que compõem a Administração Pública
da prova, de modo a caber ao particular a prova dos fatos que aduz indireta possuem personalidade jurídica própria.
como verdadeiros. Assinale:
d) imperatividade, desde que tenha sido praticado por auto- a) se somente a afirmativa I estiver correta.
ridade competente, vez que o desrespeito à competência é o único b) se somente a afirmativa II estiver correta.
vício passível de ser questionado quando se trata deste atributo. c) se somente a afirmativa III estiver correta.
e) presunção de veracidade, que enseja a presunção de con- d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
formidade do ato com a lei, afastando a possibilidade de dilação e) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
probatória sobre a questão fática.

Didatismo e Conhecimento 155


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
19. (IESES - 2011 - TJ-MA - Titular de Serviços de No- a) Concorrência
tas e de Registros) - De acordo com o Decreto-lei nº 200, de b) Tomada de Preços
25.2.1967, que dispôs sobre a organização da administração fe- c) Convite
deral e estabeleceu diretrizes para a reforma administrativa, a enti- d) Pregão
dade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com pa- e) Concessão
trimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para
a exploração de atividade econômica que o governo seja levado 24. (Questão Adaptada) Conforme dispõe a Lei Estadual nº
a exercer por força de contingência ou de conveniência adminis- 9.433/2005, analise as afirmativas abaixo:
trativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em É dispensável a licitação:
direito, corresponde a:
a) fundação pública I - para obras e serviços de engenharia de valor não excedente
b) empresa pública a 10% (dez por cento) do limite previsto para modalidade de con-
c) sociedade de economia mista vite, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou
d) autarquia serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
20. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas mente;
e de Registros - Critério Remoção) Sobre a administração indi- II - para outros serviços e compras de valor até 20% (vinte
reta, é correto afirmar que: por cento) por cento) do limite previsto para compras e serviços
a) as sociedades de economia mista e as fundações públicas,
que não sejam de engenharia, na modalidade de convite, e para
por serem pessoas jurídicas de direito privado, não precisam res-
alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram
peitar o princípio da publicidade.
a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
b) as causas cíveis em que é parte a sociedade de economia
vulto que possa ser realizada de uma só vez;
mista são de competência da Justiça Federal.
c) autarquia é pessoa jurídica de direito público, criada por III - para a compra ou locação de imóvel destinado ao aten-
lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de dimento das finalidades precípuas da Administração, cujas neces-
serviço público descentralizado, mediante controle administrativo sidades de instalação e localização condicionem a sua escolha,
exercido nos limites da lei. independente do preço a ser contratado, segundo avaliação prévia;
d) a fundação, por desempenhar atividade no âmbito social, IV - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
não está sujeita ao controle administrativo ou tutela por parte da perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
administração direta, sendo, por isso, dotada de autoadministração. licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
preço do dia;
21. (Questão Adaptada) De acordo com o que dispõe a Lei
Estadual nº 9.433/2005 acerca dos princípios da Licitação, assinale Assinale a alternativa correta:
a alternativa INCORRETA:
a) Legalidade a) Estão corretas as afirmativas I e II, apenas;
b) Impessoalidade b) Estão corretas as afirmativas I, II e IV, apenas;
c) Improbidade Administrativa c) Estão corretos apenas a afirmativa IV
d) Vinculação ao instrumento convocatório d) Estão corretas as afirmativas I e IV, apenas;
e) Julgamento objetivo das propostas e) Todas as afirmativas estão corretas

22. (Questão Adaptada) Conforme dispõe os preceitos legais 25. (Questão Adaptada) Nos termos da Lei Estadual nº
constantes na Lei Estadual nº 9.433/2005, consideram-se serviços 9.433/2005, é inexigível a licitação quando caracterizada a invia-
técnicos profissionais especializados aqueles que, na forma da le- bilidade de competição, em especial:
gislação específica de exercício profissional, requerem o domínio a) Para locação de materiais, equipamentos, ou gêneros que
de uma área delimitada do conhecimento humano e formação além só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
da capacitação profissional comum, tais como: comercial exclusivo, vedada a preferência de marca;
a) pareceres, perícias e avaliações específicas b) para contratação de profissional de qualquer setor artís-
b) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras, ex- tico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
ceto os serviços;
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
c) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati- c) para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros
vas de rito ordinário em jurisdição comum;
d) restauração de obras de arte e bens de valor histórico que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou represen-
e) estudos técnicos e planejamentos exceto os projetos bá- tante comercial exclusivo, que por tal razão possa ser conferida
sicos ou executivos. preferência de marca;
d) para contratação de profissional de qualquer setor artísti-
23. (Questão Adaptada) Nos termos definidos pela Lei Esta- co, diretamente ou através de empresário exclusivo, independente
dual nº 9.433/2005, em conformidade com as disposições previstas de ser consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pú-
na Lei Geral de Licitações, assinale a alternativa incorreta acerca blica.
das modalidades de Licitação admitidas:

Didatismo e Conhecimento 156


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
26. (FCC - 2011 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judi- a) modicidade.
ciário - Área Administrativa) O serviço público não é passível de b) continuidade.
interrupção ou suspensão afetando o direito de seus usuários, pela c) eficiência.
própria importância que ele se apresenta, devendo ser colocado à d) generalidade.
disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim como e) atualidade.
com eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio fundamental
dos serviços públicos denominado 31. (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) Sobre
a) impessoalidade. a Responsabilidade Civil do Estado é CORRETO afirmar, EX-
b) mutabilidade. CETO:
c) continuidade. a) As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos
d) igualdade. danos que seus agentes, no exercício de suas funções, causarem
e) universalidade. a terceiros.
b) Cabível ao Estado ajuizar ação de regresso em face do agen-
27. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - Direito te causador do dano, desde que tenha agido dolosamente, mostran-
- Área Judiciária – específicos) No que se refere aos serviços do-se inviável à pretensão se a conduta foi meramente culposa.
públicos, julgue os itens a seguir. c) O princípio da repartição dos encargos também constitui
Os serviços públicos devem ser prestados ao usuário com a fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.
observância do requisito da generalidade, o que significa dizer que, d) As pessoas jurídicas de direito privado que prestam servi-
satisfeitas as condições para sua obtenção, eles devem ser ofereci- ços delegados serão responsáveis pelos atos seus ou de seus pre-
dos sem qualquer discriminação a quem os solicite. postos, desde que haja vínculo jurídico de direito público entre o
( ) Certo Estado e o delegatário.
( ) Errado
32. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Ad-
ministrativa) José, preso provisório, atualmente detido em uma
28. (CESPE - 2011 - FUB - Secretário Executivo – Específi-
Cadeia Pública na cidade de Recife mata a golpes de arma branca
cos) Acerca de direito administrativo, julgue os itens subsecutivos.
um de seus oito companheiros de cela. Neste caso, o Estado de
A concessão de serviços do poder público a entidades priva-
Pernambuco, em ação civil indenizatória movida pela viúva do
das não pode ser extinta pelo Estado, ao qual compete, tão somen-
falecido detento,
te, o poder de fiscalização.
a) será responsabilizado com fundamento na responsabilidade
( ) Certo
subjetiva do Estado.
( ) Errado
b) será responsabilizado apenas se houver comprovação da
omissão dolosa dos agentes carcerários.
29. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Ju- c) não será responsabilizado, uma vez que o dano foi causa-
diciário - Execução de Mandados) No que se refere à autorização do por pessoa física que não faz parte dos quadros funcionais do
de serviço público, é correto afirmar: Estado.
a) Trata-se de ato precário, podendo, portanto, ser revoga- d) não será responsabilizado, na medida em que inexiste prova
do a qualquer momento, por motivo de interesse público. do nexo de causalidade entre a ação estatal e o evento danoso.
b) Trata-se de ato unilateral, sempre vinculado, pelo qual e) será responsabilizado, independentemente da comprovação
o Poder Público delega a execução de um serviço público de sua de sua culpa, com base na responsabilidade objetiva do Estado.
titularidade, para que o particular o execute predominantemente
em seu próprio benefício. 33. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) A responsabili-
c) O serviço é executado em nome do autorizatário, por sua zação do servidor público pode se dar no âmbito civil, penal e
conta e risco, sem fiscalização do Poder Público. administrativo. Em relação a referida responsabilização, é correto
d) Trata-se de ato unilateral, discricionário, porém não pre- afirmar:
cário, pelo qual o Poder Público delega a execução de um serviço a) O ilícito administrativo é dotado da mesma tipicidade do
público, para que o particular o execute predominantemente em ilícito penal, uma vez que demanda expressa previsão legal da con-
benefício do Poder Público. duta punível para sua caracterização.
e) Trata-se de ato que depende de licitação, pois há viabi- b) A caracterização do ilícito penal demanda a comprovação
lidade de competição. da existência de dolo ou culpa, enquanto na esfera civil se admite
a responsabilização objetiva do servidor.
30. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Ju- c) A caracterização do ilícito civil prescinde da comprovação
diciário - Execução de Mandados) O Jurista José dos Santos Car- do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do servidor e o
valho Filho apresenta o seguinte conceito para um dos princípios dano verificado.
dos serviços públicos: Significa de um lado, que os serviços pú- d) Uma mesma conduta do servidor público pode configurar
blicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale ilícito administrativo e ilícito penal, mas o processo administrativo
dizer, deve beneficiar o maior número de indivíduos. Mas é preciso disciplinar somente se inicia após a conclusão do processo crime,
dar relevo também ao outro sentido, que é o de serem eles pres- caso tenha restado comprovada a autoria.
tados, sem discriminação entre os beneficiários, quando tenham e) A caracterização do ilícito administrativo prescinde da
estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. comprovação da tipicidade do ilícito penal, porque o fato punível
Trata-se do princípio da na esfera administrativa pode não constituir crime.

Didatismo e Conhecimento 157


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
34. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos GABARITO:
específicos) Um indivíduo se encontrava preso em penitenciária
estadual, quando foi assassinado por um colega de cela. Nessa si- 01 B
tuação hipotética, o estado:
a) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da 02 B
vítima, pois o Estado não se responsabiliza por atos individuais de 03 A
terceiros. 04 E
b) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da
05 B
vítima, porque o dano não foi causado por agente estatal.
c) poderá ser responsabilizado pelos danos à família da víti- 06 CERTO
ma, desde que seja provada culpa dos agentes penitenciários na 07 D
fiscalização dos detentos. 08 C
d) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da
vítima, porque não houve vínculo causal entre o evento danoso e o 09 E
comportamento estatal. 10 E
e) poderá ser condenado a reparar os danos à família da víti- 11 CERTO
ma, ante sua responsabilidade objetiva.
12 ERRADO
35. (MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça) - As 13 B
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta- 14 B
doras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agen- 15 A
tes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
a) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 16 D
casos de dolo. 17 A
b) salvo comprovação de ausência de dolo ou culpa do res- 18 E
ponsável.
19 B
c) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa. 20 C
d) salvo comprovação de ausência de dolo do responsável. 21 C
e) salvo comprovação de culpa da vítima. 22 D
36. (CESPE - 2012 - ANAC - Técnico Administrativo) - Jul- 23 E
gue os itens que se seguem, a respeito do controle e responsabili- 24 D
zação da administração. 25 B
O Judiciário pode adentrar o mérito do ato administrativo dis-
26 C
cricionário para examinar a ausência ou falsidade dos motivos que
ensejaram a sua edição: 27 CERTO
( ) Certo 28 ERRADO
( ) Errado 29 A
37. (CESPE - 2011 - FUB - Secretário Executivo – Específi- 30 D
cos) Acerca de direito administrativo, julgue os itens subsecutivos. 31 B
O controle interno da administração pública é realizado pelo 32 E
Poder Judiciário, com o apoio do Poder Legislativo; o controle
33 E
externo está a cargo da Controladoria Geral da República.
( ) Certo 34 E
( ) Errado 35 C
36 CERTO
38. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário - Área
Administrativa – Específicos) No que concerne ao controle da 37 ERRADO
administração pública, julgue os itens a seguir. 38 CERTO
O recurso interposto fora do prazo não será conhecido, o que
não impede que a administração reveja, de ofício, o ato ilegal.
( ) Certo
( ) Errado

Didatismo e Conhecimento 158


DIREITO PENAL
DIREITO PENAL
Vale lembrar que os efeitos extrapenais, contudo, subsistem,
1. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. como a perda de cargo público, perda de pátrio poder, perda da ha-
1.1 LEI PENAL NO TEMPO. bilitação, confisco dos instrumentos do crime etc. A competência
1.2 LEI PENAL NO ESPAÇO. para a aplicação do abolitio criminis após o trânsito em julgado é
do juízo da execução:

Súmula nº 611 do STF: “Transitada em julgado a sentença


condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei
ANTERIORIDADE DA LEI mais benigna.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
O parágrafo único do artigo 2º trata do fenômeno da extrativi-
pena sem prévia cominação legal.
dade da lei penal, ou seja; a lei pode retroagir SOMENTE quando
Princípio da Legalidade para beneficiar o agente.

Esse princípio, consagrado no art. 1º do Código Penal, encon- Extratividade: É o fenômeno pelo qual a lei produz efeitos
tra-se atualmente descrito também no art. 5º XXXIX, da Consti- fora de seu período de vigência. Divide-se em duas modalidades:
tuição Federal. Segundo ele, “não há crime sem lei anterior que retroatividade e ultratividade.
o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. A doutrina Na retroatividade, a lei retroage aos fatos anteriores à sua en-
subdivide o princípio da legalidade em: trada em vigor, se houver benefício para o agente; enquanto na
a) Princípio da anterioridade, segundo o qual uma pessoa só ultratividade, a lei produz efeitos mesmo após o término de sua
poder ser punida se, à época do fato por ela praticado, já estava em vigência.
vigor a lei que descrevia o delito. Assim, consagra-se a irretroati- Não há que se falar em conflito de leis entre o artigo primeiro
vidade da norma penal (salvo a exceção do art. 2º, parágrafo único, (legalidade) e o parágrafo único do artigo 2º (extratividade). Ve-
do Código Penal que será discutida abaixo). jamos:
b) Princípio da reserva legal, apenas a lei em sentido formal a) No artigo 1º, decretando a irretroatividade da lei, o Código
pode descrever condutas criminosas. É vedado ao legislador utili- Penal (CP) procurou defender a dignidade humana e a estrutura
zar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas legislati- democrática brasileiras, ambos fundamentos cruciais à existência
vas para incriminar condutas. da nossa República federativa (Art. 1º, III e parágrafo único da
CF/88), porque trata-se de uma barreira à discricionariedade es-
As normas penais em branco (aquelas que exigem comple-
tatal no que se refere à punição. Ele reflete o objetivo claro de
mentação por outras normas, de igual nível [leis] ou de nível diver-
controle dos bens jurídicos da sociedade. O que seria de uma na-
so [decretos, regulamentos etc.]). Não ferem o princípio da reserva
legal. ção se qualquer pessoa com poder pudesse escolher as condutas
que devem ser punidas e assim fazê-lo do modo que lhe der mais
LEI PENAL NO TEMPO satisfação?
b) O artigo 2º, por sua vez, em seu parágrafo único, faz exa-
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior tamente o mesmo do artigo 1º. A retroatividade que valida é res-
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e tringida aos efeitos benéficos do dispositivo penal em questão, o
os efeitos penais da sentença condenatória. que é relacionado com os objetivos da punição estatal e igualmente
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favo- ao princípio da dignidade humana, porque evitar que as mudan-
recer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos ças sociais se estendam àqueles que, por exemplo, têm o direito
por sentença condenatória transitada em julgado. constitucional de ir e vir cerceado por uma conduta que não é mais
considerada lesiva, é negar a igualdade de tratamento do Estado a
A lei que revoga um tipo incriminador extingue o direito de toda a sociedade, sobretudo quanto à defesa da dignidade e quanto
punir (abolitio criminis). A consequência do abolitio criminis é à justiça, ambos também explicitamente acobertas constitucional-
a extinção da punibilidade do agente. Por beneficiar o agente, o mente.
abolitio criminis alcança fatos anteriores e será aplicado pelo Juiz Neste contexto, a lei posterior continua a considerar o fato
do processo, podendo ser aplicado antes do final do processo, le- como criminoso, mas traz alguma benesse ao acusado: pena me-
vando ao afastamento de quaisquer efeitos da sentença, ou após a
nor, maior facilidade para obtenção de livramento condicional etc.
condenação transitada em julgado. No caso de já existir condena-
Desta forma, pela combinação dos arts. 1º e 2º do Código Pe-
ção transitada em julgado, o abolitio criminis causa os seguintes
nal, podemos chegar a duas conclusões:
efeitos: a extinção imediata da pena principal e de sua execução,
a) a norma penal, em regra, não pode atingir fatos passados.
a libertação imediata do condenado preso e extinção dos efeitos
Não pode, portanto, retroagir;
penais da sentença condenatória (Exemplo: reincidência, inscrição
no rol dos culpados, pagamento das custas etc.). b) a norma penal mais benéfica, entretanto, retroage para atin-
gir fatos pretéritos.

Didatismo e Conhecimento 1
DIREITO PENAL
Hipóteses de lei posterior: - Teoria do resultado: O tempo do crime é o tempo que se
a) “Abolitio criminis”: lei posterior deixa de considerar produz o resultado, sendo irrelevante o tempo da ação;
um fato como criminoso. Trata-se de lei posterior que revoga o - Teoria mista ou da ubiquidade: O tempo do crime será tanto
tipo penal incriminador, passado o fato a ser considerado atípico. o tempo da ação quanto o tempo do resultado.
Como o comportamento deixou de constituir infração penal, o Es- A teoria utilizada pelo Código Penal (CP) é a teoria da ATI-
tado perde a pretensão de impor ao agente qualquer pena, razão VIDADE. Na teoria da atividade o agente, em caso de lei nova,
pela qual se opera a extinção da punibilidade, nos termos do art. responderá sempre de acordo com a última lei vigente, seja ela
107, III, do Código Penal. mais benéfica ou não. Por exemplo, suponha-se que a pessoa com
b) “Novatio legis in mellius”: é a lei posterior que, de qual- idade de 17 anos, 11 meses e 29 dias efetue disparo contra alguém,
quer modo, traz um benefício para o agente no caso concreto. A lex que morre apenas uma semana depois. Ora, o homicídio só se con-
mitior (lei melhor) é a lei mais benéfica, seja anterior ou posterior sumou com a morte (quando o agente já estava com 18 anos), mas
o agente não poderá ser punido criminalmente, pois, nos termos do
ao fato. A norma penal retroage e aplica-se imediatamente aos pro-
art. 4º, considera-se praticado o delito no momento da ação (quan-
cessos em julgamento, aos crimes cuja perseguição ainda não se
do o agente ainda era menor de idade).
iniciou e, também, aos casos já encerrados por decisão transitada
em julgado. TERRITORIALIDADE
c) “Novatio legis in pejus”: é a lei posterior que, de qualquer
modo, venha a agravar a situação do agente no caso concreto. Nes- Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
se caso a lex mitior é a lei anterior. A lei menos benéfica, seja ante- ções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido
rior, seja posterior, recebe o nome de lex gravior (lei mais grave). no território nacional.
d) “Novatio legis” incriminadora: é a lei posterior que cria § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
um tipo incriminador, tornando típica conduta considerada irrele- território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de na-
vante penal pela lei anterior. tureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectiva-
mente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra-
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em
As leis acima citadas são autorrevogáveis, ou seja, são exce- porto ou mar territorial do Brasil.
ções à regra de que uma lei se revoga por outra lei. Subdividem-se
em duas espécies: Existem várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da nor-
- leis temporárias: Aquelas que já trazem no seu próprio texto ma penal a fatos cometidos no Brasil:
a data de cessação de sua vigência, ou seja, a data do término de a) Princípio da territorialidade: a lei penal só tem aplicação
vigência já se encontra explícito no texto da lei. no território do Estado que a editou, pouco importando a naciona-
- leis excepcionais: Aquelas feitas para um período excepcio- lidade do sujeito ativo ou passivo.
nal de anormalidade. São leis criadas para regular um período de b) Princípio da territorialidade absoluta: só a lei nacional é
aplicável a fatos cometidos em seu território.
instabilidade. Neste caso, a data do término de vigência depende
c) Princípio da territorialidade temperada: a lei nacional
do término do fato para o qual ela foi elaborada.
se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, excepcio-
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem o
nalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim
agente (Exemplo: Num surto de febre amarela é criado um crime estabelecer algum tratado ou convenção internacional. Foi este o
de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém cometa o princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal.
crime e logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigên- Abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania:
cia da lei, o agente responderá pelo crime). Se não fosse assim, a solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao
lei perderia sua força coercitiva, visto que o agente, sabendo qual longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo. Bem como conside-
seria o término da vigência da lei, poderia retardar o processo para ram-se extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
que não fosse apenado pelo crime. mencionadas nos §§ 1º e 2º do art. 5º do Código Penal.
O alto-mar não está sujeito à soberania de qualquer Estado.
TEMPO DO CRIME Regem-se, porém, os navios que lá navegam pelas leis nacionais
do pavilhão que os cobre; no tocante aos atos civis e criminais
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação a bordo praticados. No tocante ao espaço aéreo, sobre a camada
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. atmosférica da imensidão do alto-mar e dos territórios terrestres
não sujeitos a qualquer soberania, também não existe o império
Trata-se da fixação do tempo em que crime reputa-se pratica- da ordem jurídica de Estado algum, salvo a do pavilhão da aero-
do. Existem três teorias sobre o tempo do crime: nave, para os atos nela verificados, quando cruzam esse espaço tão
- Teoria da atividade: O tempo do crime é o tempo da prática amplo. Assim, cometido um crime a bordo de um navio pátrio em
da conduta, ou seja, é o tempo que se realiza a ação ou a omissão alto-mar, ou de uma aeronave brasileira no espaço livre, vigoram
que vai configurar o crime, ainda que outro seja o momento do as regras sobre a territorialidade: os delitos assim cometidos se
resultado; consideram como praticados em território nacional.

Didatismo e Conhecimento 2
DIREITO PENAL
Cabe ressaltar ainda o princípio da passagem inocente, onde a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
se um fato cometido a bordo de navio ou avião estrangeiro de pro- b) houve requisição do Ministro da Justiça.
priedade privada, que esteja apenas de passagem pelo território
brasileiro, não será aplicada a nossa lei, se o crime não afetar em A extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei
nada nossos interesses. penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior.

LUGAR DO CRIME EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: O art.


7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade da lei penal.
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde  O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade in-
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. condicionada, uma vez que é obrigatória a aplicação da lei brasi-
leira ao crime cometido fora do território brasileiro.
Para os crimes de espaço máximo ou a distancia (crimes exe-  As hipóteses contidas no inciso I, com exceção da última
cutados em um país e consumados em outro) foi adotada a teoria (d), são fundadas no princípio de proteção, onde o que impera é a
da ubiquidade, ou seja, a competência para o julgamento do fato defesa do interesse nacional. Se o interesse nacional foi afetado de
será de ambos os países. algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria.
Para os chamados “delitos plurilocais” (ação se dá em um lu-
gar e o resultado em outro dentro de um mesmo país), foi adotada a EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: O inci-
teoria do resultado (art. 70 do Código de Processo Penal), ou seja, so II, do art. 7º, prevê três hipóteses de aplicação da lei brasileira
o foro competente é o foro do local do resultado. Nas infrações a autores de crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de ex-
de competência dos Juizados Especiais Criminais, a Lei 9.099/95 traterritorialidade condicionada, pois dependem dessas condições:
seguiu a teoria da atividade, ou seja, o foro competente é o da ação. a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir. Utilizou-se o princípio da justiça ou competência uni-
EXTRATERRITORIALIDADE versal;
b) Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever de
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
obrigar o seu nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação da
estrangeiro:
lei brasileira ao crime por ele cometido no estrangeiro. Trata-se do
I - os crimes:
dispositivo da aplicação do princípio da nacionalidade ou perso-
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
nalidade ativa;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa públi-
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território
ca, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituí-
estrangeiro e aí não sejam julgados. Inclui-se no Código Penal o
da pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu ser- princípio da representação.
viço; A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, fica subor-
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domicilia- dinada a todas as condições estabelecidas pelo § 2º do art. 7º. De-
do no Brasil; pende, portanto, das condições a seguir relacionadas:
II - os crimes:  A Entrada do agente no território nacional;
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a re-  Ser o fato punível também no país em que foi praticado.
primir; Na hipótese de o crime ter sido praticado em local onde nenhum
b) praticados por brasileiro; país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possível a
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer- aplicação da lei brasileira.
cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangei-  Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei bra-
ro e aí não sejam julgados. sileira autoriza a extradição
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei  Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira favorável.
depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da lei
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; brasileira: A do crime cometido por estrangeiro contra brasileiro
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasi- fora do Brasil. É ainda um dispositivo calcado na teoria de prote-
leira autoriza a extradição; ção, além dos casos de extraterritorialidade incondicionada. Exige
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter o dispositivo em estudo, porém, além das condições já menciona-
aí cumprido a pena; das, outras duas:
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por ou-  Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extra-
tro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais dição (pode ter sido requerida, mas não concedida);
favorável.  Que haja requisição do Ministro da Justiça.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as Alguns princípios que devem ser observados para a aplicação
condições previstas no parágrafo anterior: da extraterritorialidade:

Didatismo e Conhecimento 3
DIREITO PENAL
- Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei bra- EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
sileira ao crime cometido por brasileiro fora do Brasil. Neste caso
o único critério observado é a nacionalidade do sujeito ativo (art. Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
7º, II, b, do CP). brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
- Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei homologada no Brasil para:
brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e
do Brasil. O que importa é a nacionalidade da vítima, mesmo que a outros efeitos civis;
o crime tenha sido praticado no exterior (art. 7º, §3º). II - sujeitá-lo a medida de segurança.
- Real, da defesa ou proteção: aplica-se a lei brasileira ao Parágrafo único - A homologação depende:
crime cometido fora do Brasil, que afeta interesse nacional (art. 7º, a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
I, a, b e c, do CP). interessada;
- Justiça Universal ou princípio da universalidade: todo b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradi-
Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacio- ção com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença,
nalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
que o criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta
se constituísse em um só território para efeitos repressão criminal Quanto à eficácia de sentença estrangeira, o Código Penal, em
(art. 7, I, d e II, a, do CP). seu art. 9°, em consonância com o art. 105, I, alínea i, da Constitui-
- Princípio da representação: a lei penal brasileira também ção Federal, prescreve que a sentença estrangeira, quando a aplica-
é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações ção da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
privadas quando realizados no estrangeiro e aí não venham a ser pode ser homologada no Brasil para: I – obrigar o condenado à
julgados. reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II – sujei-
- Princípio da preferência da competência nacional: ha- tá-lo a medida de segurança.
vendo conflito entre a justiça brasileira e a estrangeira, prevalecerá Essa homologação compete ao Superior Tribunal de Justiça.
a competência nacional. O fundamento da homologação da sentença estrangeira está
- Princípio da limitação em razão da pena: não será con- no entendimento de que nenhuma sentença de caráter criminal que
cedida a extradição para países onde a pena de morte e a prisão emane de autoridade jurisdicional estrangeira terá eficácia em de-
perpétua são previstas, a menos que deem garantias de que não terminado Estado sem o seu consentimento, pois o direito penal é
irão aplicá-las. fundamentalmente territorial.
- Jurisdição subsidiária: verifica-se a subsidiariedade da ju-
risdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3º do art. 7º do CONTAGEM DE PRAZO
Código Penal. Se o autor de um crime praticado no estrangeiro for
processado perante esse juízo, sua sentença preponderará sobre a Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
do juiz brasileiro. Caso o réu seja absolvido pelo juiz territorial, Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
aplicar-se-á a regra do non bis in idem (não permissão da dupla
condenação pelo mesmo fato) para impedir o persecutio criminis A contagem do prazo penal tem relevância especial nos casos
(art. 7º, § 2º, d, do CP). No entanto no caso de condenação, se o de duração de pena, do livramento condicional, do sursis, da deca-
condenado se subtrair à execução da pena, será julgado pelos ór- dência, da prescrição, etc., institutos de direito penal.
gãos judiciários nacionais e, se for o caso, condenado de novo, so- Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co-
lução, inclusive, consagrada no art. 7º, §2º, d e e, do Código Penal. mum. Há no caso imprecisão tecnológica; pouco importando se o
mês tenha 30 ou 31 dias, ou se o ano é ou não bissexto. O calendá-
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO rio comum a que se refere o legislador tem o nome de “gregoria-
no”, em contraposição ao juliano, judeu, árabe, etc.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena im- O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Assim, se
posta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é uma pena começa a ser cumprida às 23h30min, os 30 minutos res-
computada, quando idênticas. tantes serão contados como sendo o 1º dia.
O prazo penal distingue-se do prazo processual, pois, neste,
Considerando que, sendo possível a aplicação da lei brasileira exclui-se o 1º dia da contagem, conforme estabelece o art. 798,
a crimes cometidos em território de outro país, ocorrerá também a § 1º, do Código de Processo Penal. Assim, se o réu é intimado da
incidência da lei estrangeira, dispõe o código como se deve proce- sentença no dia 10 de abril, o prazo para recorrer começa a fluir
der para se evitar a dupla posição. apenas no dia 11 (se for dia útil).
Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, Os prazos penais são improrrogáveis. Desta forma, se o prazo
será ela descontada na execução pela lei brasileira, quando forem termina em um sábado, domingo ou feriado, estará ele encerrado.
idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a Ao contrário dos prazos processuais que se prorrogam até o 1º dia
cumprir se a pena imposta no Brasil for mais severa. Se a pena útil subsequente.
cumprida no estrangeiro for superior à imposta no país, é evidente
que esta não será executada. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA
No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro
atenuará a aplicada no Brasil, de acordo com a decisão do juiz no Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
caso concreto, já que não há regras legais a respeito dos critérios nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa,
de atenuação que devem ser obedecidos. as frações de cruzeiro.

Didatismo e Conhecimento 4
DIREITO PENAL
Também se tem entendido que, por analogia com o art. 11, - Contravenção (Lei nº 3.688/41): prisão simples e multa ou
deve ser desprezada a fração de dia multa, como se faz para o só multa. Caráter preventivo, visando a Lei das Contravenções Pe-
dia de pena privativa de liberdade. Extintos o cruzeiro antigo e nais a coibir condutas conscientes que possam trazer prejuízo a al-
o cruzado, o novo cruzeiro e o cruzeiro real, o real é a unidade guém. Ex.: omissão de cautela na guarda ou condução de animais.
monetária nacional, devendo ser desprezados os centavos, fração
da nova moeda brasileira. Ex.: pessoa condenada a pagar R$ 55,14 ESTRUTURA DO CRIME
pagará apenas R$ 55,00.
A estrutura do crime, bem como de seus requisitos, sofre pro-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL funda diferenciação de acordo com a teoria que se adote em relação
à conduta, que é o primeiro elemento componente do fato típico.
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos Assim, uma vez adotada a teoria clássica (causal ou naturalista),
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo di- a teoria finalista da ação, ou a teoria constitucionalista do delito,
verso. haverá grandes divergências acerca do significado dos temas que
envolvem a conduta, dolo, culpa e culpabilidade.
Esse dispositivo consagra a aplicação subsidiária das normas
gerais do direito penal à legislação especial, desde que esta não TEORIA TRIPARTITE – Corrente Majoritária:
trate o tema de forma diferente. Ex.: o art. 14, II, do Código Penal, →Fato típico
que trata do instituto da tentativa, aplica-se aos crimes previstos →Antijurídico
em lei especial, mas é vedado nas contravenções penais, uma vez →Culpável
que o art. 4º da Lei de Contravenções Penais declara que não é
punível a tentativa de contravenção. A conduta é tratada como simples exteriorização de movimen-
tos ou abstenção de comportamento, desprovida de qualquer finali-
dade. Corresponde a teoria clássica (causal ou naturalista), que
teve sua origem no tratado de Fraz von Liszt.
2. DO CRIME. 2.1 ELEMENTOS.
2.2 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA. Para essa teoria o crime tem a seguinte estrutura:
2.3 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPEN- 1) Fato típico, que tem o seguintes elementos:
DIMENTO EFICAZ. 2.4 ARREPENDIMENTO a) conduta (na qual não interessa a finalidade do agente);
POSTERIOR. 2.5 CRIME IMPOSSÍVEL. b) resultado;
2.6 CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE c) nexo causal;
E CULPABILIDADE. d) tipicidade.

2) Antijuridicidade. Cometido um fato típico presume-se ser


ele antijurídico, salvo se ocorrer uma das causas excludentes de
ilicitude previstas na lei.
DO CRIME
3) Culpabilidade, composta pelos seguintes elementos:
Crime, em sentido amplo, é a ação ou omissão, imputável a a) Imputabilidade;
pessoa, lesiva ou perigosa a interesse penalmente protegido, cons- b) Exigibilidade de conduta diversa;
tituída de determinados elementos e eventualmente integrada por c) Dolo e culpa.
certas condições ou acompanhada de determinadas circunstâncias
previstas em lei. É a violação de um bem penalmente protegido. O dolo é normativo, possuindo os seguintes requisitos:
Para que haja crime, é preciso uma conduta humana positiva - Consciência da conduta e do resultado;
ou negativa. Nem todo comportamento do homem, porém, cons- - Consciência do nexo de causalidade;
titui delito, em face do princípio da reserva legal. Logo, somente - Consciência da antijuridicidade;
aqueles previstos na lei penal é que podem configurar o delito. - Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.
Pode-se dizer, portanto, que o primeiro requisito do crime é
o fato típico (previsto em lei). Contudo, não basta que o fato seja Observações:
típico, é preciso que seja contrário ao direito: antijurídico. Isto por- *A culpabilidade é limite e fundamento de aplicação da pena.
que, embora o fato seja típico, algumas vezes é considerado lícito *O inimputável não comete crime, mas pode receber Medi-
(Exemplo: Legítima defesa). Logo, excluída a antijuridicidade, da de Segurança.
não há crime.
Quando utilizamos a expressão infração penal esta engloba TEORIA BIPARTITE – Corrente Minoritária:
tanto o crime (ou delito), como a contravenção penal. Assim, o cri- →Fato típico
me e a contravenção penal são espécies do gênero infração penal. →Antijurídico
- Crime: pena sempre de reclusão ou detenção, cumulada ou
não com multa. Tem caráter repressivo, situando o Direito somente A conduta é o comportamento humano, voluntário e cons-
após a ocorrência do dano a alguém. Ex.: alguém, conduzindo im- ciente (doloso ou culposo) dirigido a uma finalidade. Corresponde
prudentemente um veículo, atropela outrem e lhe causa ferimentos. à teoria finalista que teve origem com Hans Weltel.

Didatismo e Conhecimento 5
DIREITO PENAL
O crime, para essa teoria, é um fato típico e antijurídico e, em - conteúdo material do crime (que é muito mais do que apenas
suma, tem a seguinte estrutura: a inadequação social, consiste em que o fato deve ter uma relevân-
cia mínima, ser socialmente inadequado, ter alteridade, ofensivi-
1) Fato típico, que possui os seguintes elementos: dade, a norma precisa ser proporcional a mal praticado etc).
a) conduta dolosa ou culposa. O dolo é natural, pois deixa de A teoria constitucional do direito penal é, portanto, uma evo-
integra a culpabilidade, passando a integrar o fato típico, tendo lução em relação às anteriores e permite ao Poder Judiciário exer-
apenas os seguintes elementos: citar controle sobre o que o legislador diz ser crime, tornando o
- Consciência da conduta e do resultado; juiz um intérprete e não mero escravo da lei.
- Consciência do nexo causal; No Brasil, até a década de setenta, predominou a teoria clás-
- Vontade de realizar a conduta e provocar o resultado. sica do delito (Bento de Faria, Nélson Hungria, Basileu Garcia,
Magalhães Noronha, Aníbal Bruno, Frederico Marques etc.). Des-
b) resultado sa época até recentemente passou a preponderar à teoria finalista
c) nexo causal (Mestieri, Dotti, Toledo, Delmanto, Damásio, Mirabete, Tavares,
Cirino dos Santos, Bitencourt, Silva Franco, Prado, Capez, Greco,
d) tipicidade
Brandão etc.). Agora é chegado o momento do primado da teoria
constitucionalista do delito.
2) Antijuridicidade. Não houve modificações em relação à
teoria clássica.
FATO TÍPICO
A culpabilidade, que não é requisito do crime, é composta dos O fato típico é o primeiro requisito do crime. Consiste no fato
seguintes elementos: que se amolda no conjunto de elementos descritivos contidos na
a) imputabilidade lei penal.
b) exigibilidade de conduta diversa;
c) potencial consciência da ilicitude. ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

Observações: O fato típico é composto dos seguintes elementos:


*A culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena. - conduta dolosa ou culposa;
*O inimputável comete crime, mas não tem culpabilidade, - resultado (nos crimes materiais);
não tendo pena e sim Medida de Segurança. - nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (nos cri-
mes materiais);
Importante: O inimputável é absolvido nas duas correntes, - tipicidade (enquadramento do fato material a uma norma
aplicando não pena, mas, Medida de Segurança. penal).

TEORIA CONSTITUCIONAL DO DIREITO PENAL CONDUTAS E ATOS: conduta é a materialização da von-


- A Constituição Federal e os princípios dela decorrentes de- tade humana, que pode ser executada por um único ou por vários
vem assumir um papel de protagonismo na aplicação do direito atos. O ato, portanto, é apenas uma parte da conduta. Ex.: é possí-
penal, relegando (o tipo penal) à sua correta posição de subalterni- vel matar a vítima (conduta) por meio de um único ato (um disparo
dade em relação ao Texto Magno. Fala-se em um verdadeiro direi- mortal) ou de vários atos (vários golpes no corpo da vítima).
to penal constitucional, no qual o fato típico passa a ser muito mais
do que apenas mera realização dolosa ou culposa de uma conduta -Formas de conduta:
descrita em lei como crime. A subsunção formal, por si só, sem a) Ação (comportamento positivo): fazer, realiza algo. Nes-
que se verifique a lesividade e a inadequação do comportamento, sa hipótese, a lei determina um não fazer, e o agente comete o
delito justamente por fazer o que a lei proíbe.
já não pode autorizar o juízo de tipicidade penal.
b) Omissão (comportamento negativo): abstenção, um não
Não se pode admitir descompasso entre a vontade imperiosa
fazer. A omissão por sua vez, pode dar origem a duas espécies de
do Estado e o sentimento social de justiça. Desse modo o Estado
crimes:
Democrático de Direito parte do gigantesco princípio a orientar
b1) Omissivos próprios ou puros: nos quais inexiste um de-
todo direito penal que é o princípio da dignidade da pessoa hu- ver jurídico de agir, ou seja, não há uma norma impondo um dever
mana, o qual serve de orientação para o legislador, no momento de fazer. Assim, só existirá essa espécie de delito omissivo quando
da elaboração da norma in abstracto, determinando a ele que se o próprio tipo penal descrever uma conduta omissiva. Ex.: crime
abstenha de descrever como delito condutas que não tenham con- de omissão de socorro (art. 135).
teúdo de crime. Assim, toda vez que a norma houver violação à b2) Omissivos impróprios ou comissivos por omissão: são
dignidade humana, está será inconstitucional. aqueles para os quais a lei impõe um dever de agir e, assim, o não
O fato típico será, por conseguinte, resultante da somatória agir constitui crime, na medida em que leva à produção de um re-
dos seguintes elementos: sultado que o agir teria evitado. Ex.: a mãe deixa de alimentar seu
- subsunção formal (era o que bastava para a teoria naturalista filho causando-lhe a morte, responde por homicídio.
ou causal)
- dolo ou culpa (teoria finalista só chegava até esse segundo DO RESULTADO: o resultado é a modificação do mundo
requisito) exterior provocada pela conduta do agente.

Didatismo e Conhecimento 6
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-Teoria sobre o resultado: Para se aferir se determinada conduta é causa ou não de um
a) Naturalística: é a modificação que o crime provoca no resultado, deve-se fazer o juízo hipotético de eliminação, que con-
mundo exterior. Pode consistir em morte, como em crime de ho- siste na supressão mental de determinada ação ou omissão dentro
micídio (art. 121). Para essa teoria, é possível que haja crime sem de toda a cadeia de condutas presentes no contexto do crime. Se,
resultado, como nos crimes de mera conduta. eliminada, o resultado desaparecer, pode-se afirmar que aquela
b) Jurídica ou normativa: é o efeito que o crime produz na conduta é causa. Caso contrário, ou seja, se a despeito de suprimi-
órbita jurídica, ou seja, a lesão ou o perigo de lesão de um interesse da, o resultado ainda assim existir, não será considerada conduta.
protegido pela lei. Por essa teoria não há crime sem resultado, pois, Atente-se para o fato de que ser causa do resultado não é bas-
sem lesão (ou perigo de lesão) ao interesse tutelado, o fato seria tante para ensejar a responsabilização penal. É preciso, ainda, ve-
um irrelevante penal. rificar se a conduta do agente considerada causa do resultado foi
praticada mediante dolo ou culpa, pois nosso Direito Penal não
NEXO CAUSAL: é a relação natural de causa e efeito exis- se coaduna com a responsabilidade objetiva, isto é, aquela que se
tente entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente. contenta com a demonstração do nexo de causalidade, sem levar
Nos crimes materiais somente existe a configuração do delito em conta o elemento subjetivo da conduta.
quando fica evidenciado que a conduta do agente provocou o re-
Portanto, dizer que alguém causou o resultado não basta para
sultado, ou seja, quando fica demonstrado o nexo causal.
ensejar a responsabilidade penal. É mister ainda que esteja pre-
Nos crimes formais e nos crimes de mera conduta não se exige
sente o elemento subjetivo (dolo ou culpa) nessa conduta que foi
o nexo causal, uma vez que esses crimes dispensam a ocorrência
causa do evento.
de qualquer resultado naturalístico e, assim, não há que se pensar
em nexo de causalidade entre a conduta e resultado. O art. 13 caput aplica-se, exclusivamente, aos crimes mate-
riais porque, ao dizer “o resultado, de que depende a existência
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE do crime”, refere-se ao resultado naturalístico da infração penal
(aquele que é perceptível aos sentidos do homem e não apenas ao
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, mundo jurídico), e a única modalidade de crime que depende da
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ocorrência do resultado naturalístico para se consumar (existir) é
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. o material, como por exemplo; o homicídio (121 CP), em que a
morte da vítima é o resultado naturalístico.
No campo penal, a doutrina aponta três teorias a respeito da Aos crimes formais (exemplo; concussão - 316 CP) e os de
relação de causalidade: mera conduta (exemplo; violação de domicílio - 150 CP), o art.
a) Da equivalência das condições ou equivalência dos an- 13 caput não tem incidência, pois prescindem da ocorrência do
tecedentes ou conditio sine que non: Segundo a qual quaisquer resultado naturalístico para existirem.
das condutas que compõem a totalidade dos antecedentes é causa
do resultado, como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo co- SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE
merciante que não tinha ideia do propósito homicida do crimino-
so comprador. Contudo, recebe críticas por permitir o regresso ao § 1º - A superveniência de causa relativamente independente
infinito já que, em última análise, até mesmo o inventor da arma exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
seria causador do evento, visto que, se arma não existisse, tiros fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
não haveria;
b) Da causalidade adequada: Considera causa do evento O parágrafo primeiro do art. 13 nos diz que: “a superveniên-
apenas a ação ou omissão do agente apta e idônea a gerar o resul- cia de causa independente exclui a imputação quando, por si só,
tado. Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da arma produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se
pelo comerciante não é considerada causa do resultado morte que a quem os praticou”. Admite, o referido mandamento legal, a in-
o comprador produzir, pois vender licitamente a arma, por si só,
terrupção do nexo causal entre a conduta do agente e o resultado.
não é conduta suficiente a gerar a morte.
Nessas hipóteses, pode-se dizer que existe uma concausa, ou seja,
c) Da imputação objetiva: Pela qual, para que uma condu-
a conduta do agente e outra causa qualquer, quais sejam:
ta seja considerada causa do resultado é preciso que: 1) o agente
a) a causa que produza o resultado seja superveniente à con-
tenha, com sua ação ou omissão, criado, realmente, um risco não
tolerado nem permitido ao bem jurídico; ou 2) que o resultado não duta do agente, isto é, ocorra depois de sua ação;
fosse ocorrer de qualquer forma, ou; 3) que a vítima não tenha con- b) que a causa superveniente seja relativamente independen-
tribuído com sua atitude irresponsável ou dado seu consentimento te da conduta do agente, isto é, mantenha relação com a conduta
para a ocorrência do resultado. inaugurada pelo autor;
c) que a causa superveniente independente produza o resulta-
A teoria adotada pelo Código Penal: “O resultado, de que do por si só, isto é, seja causa bastante para a produção do resul-
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe tado.
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido”. Exemplo: Telma ministra veneno mortal a Clarice, que, socor-
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o re- rida por uma equipe de médicos e enfermeiros, vem a morrer, pou-
sultado não teria ocorrido, nota-se que Código adotou a teoria da cos minutos após a ingestão da substância, em função de acidente
equivalência das condições ou conditio sine qua non. sofrido pela ambulância a caminho do hospital.

Didatismo e Conhecimento 7
DIREITO PENAL
Encontram-se aqui todas as características elencadas acima: RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
a) o acidente com a ambulância que transportava Clarice ocor-
reu após a ingestão do veneno ministrado por Telma (superveniên- § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
cia); devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incum-
b) o acidente não teria acontecido se Clarice não tivesse sido be a quem:
envenenada por Telma (independência relativa); a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
c) as lesões causadas pelo acidente foram determinantes para b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
a morte de Clarice (“por si só”). resultado;
Dessa forma: Telma responderá pelos fatos que praticou, qual c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrên-
seja, tentativa de homicídio. cia do resultado.
Não obstante, caso somente aplicássemos o caput do art. 13 ao
caso em tela, Telma seria responsável pela morte de Clarice uma Da mesma forma que ação, em Direito Penal, não significa
vez que, eliminando-se o envenenamento, o acidente da ambulân- “fazer algo”, mas fazer o que o ordenamento jurídico proíbe, a
cia, que provocou a morte de Clarice, não teria ocorrido; logo é omissão não é um “não fazer”, mas não fazer o que o ordenamento
causa. jurídico obriga.
Contudo, vejamos outros exemplos: Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento
a) Telma, mesmo sabendo ser Clarice é cardiopata, tendo cer- de um dever jurídico de agir em circunstâncias tais que o omiten-
teza de que sua conduta não virá a provocar sua morte, aplica, em te tinha a possibilidade física ou material de realizar a atividade
Clarice, um terrível susto, vindo esta a falecer vítima de um infarto devida.
fulminante; Consequentemente, a omissão passa a ter existência jurídica
b) Telma, não sabendo ser Clarice cardiopata, ministra-lhe re- desde que preencha os seguintes pressupostos:
médio para lhe descongestionar as vias respiratórias, porém acaba  Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou uma
por lhe acelerar o batimento cardíaco e Clarice vem a sofrer um obrigação de evitar um resultado proibido;
infarto fulminante;  Possibilidade física, ou material, de agir.
c) Telma, sabendo ser Clarice cardiopata e desejando o resul- O primeiro pressuposto (dever jurídico de agir ou de evitar
tado morte, a expõe, deliberadamente, a situação de alta tensão um resultado lesivo) exige o conhecimento dos meios pelos quais
emocional (criada por ela mesma, Telma), vindo Clarice a sofrer o ordenamento jurídico pode impor às pessoas a obrigação de não
um infarto fulminante. se omitir, em determinadas circunstâncias.
Para cada uma dessas situações, teríamos uma situação jurídi- Em segundo lugar, o dever jurídico pode ser imposto ao garan­
co-penal distinta para Telma. No primeiro exemplo, a conduta de tidor, ou seja, há pessoas que, pela sua peculiar posição diante do
Telma poderia ser tipificada como homicídio culposo; no segundo bem jurídico, recebem ou assumem a obrigação de assegurar sua
caso, não haverá crime; na terceira hipótese, haveria homicídio con­servação. A posição de garantidor requer essencialmente que o
doloso. sujeito esteja encarregado da proteção ou custódia do bem jurídico
Note-se que em todas as soluções apresentadas, o simples es- que aparece lesionado ou ameaçado de agressão.
tabelecimento do nexo de causalidade entre a conduta de Telma e o O essencial para compreender a posição de garantidor é o re­
resultado “morte de Clarice” não são suficientes para resolvermos conhecimento de que determinadas pessoas estabelecem um vín-
o problema. Há de se analisar, como estabelece a doutrina, os de- culo, uma relação especial com o bem jurídico, criando no orde-
mais elementos do fato típico (além do nexo de causalidade e do namento a expectativa de que o protegerá de eventuais danos. O
resultado morte). Direito, en­tão, espera a sua ação de garantia. Se não cumprir esse
Cabe ainda analisarmos se a conduta humana é dolosa ou cul- dever, será imputado por omissão imprópria.
posa e, também, a subsunção do fato à norma penal incriminadora No Código Penal, esta regra está no artigo 13,§ 2º: a posição
- tipicidade. de garantidor pode emanar de:
Voltemos aos nossos exemplos: no primeiro caso, Telma agiu a) dever legal, imposto pela lei;
com culpa consciente (o agente esperava levianamente que o re- b) aceitação voluntária, ou seja, quando o sujeito livremente
sultado não ocorresse); no segundo não houve dolo nem culpa na a assume, tal como acontece, por exemplo, nos casos de con­trato;
conduta de Telma, sendo, portanto, o fato atípico; na terceira hou- c) ingerência, quando o sujeito, por sua conduta precedente,
ve dolo, com consciência e voluntariedade no preparo da situação cria a situação de perigo para o bem jurídico.
que causou o resultado morte.
Não restam dúvidas que soluções apoiadas exclusivamente no TIPICIDADE: É o nome que se dá ao enquadramento da
estabelecimento de um nexo de causalidade objetivo entre condu- conduta concretizada pelo agente na norma penal descrita em abs-
ta e resultado e na simples existência do próprio resultado, que são trato. Em suma, para que haja crime é necessário que o sujeito
características necessárias, mas não suficientes, para se construir o realize, no caso concreto, todos os elementos componentes da des-
fato típico, cometem grave erro no que diz respeito a sua formação crição típica (definição legal do delito).
completa. Dada a superação da Teoria Causal da conduta humana A adequação típica pode dar-se de duas maneiras:
e da Responsabilidade Penal Objetiva, não poderíamos aceitar, em a) imediata ou direta: quando houver uma correspondência
nenhuma das três hipóteses acima colocadas, o mesmo desfecho total da conduta ao tipo.
jurídico-penal para Telma. Outrossim, além do fato típico, também b) mediata ou indireta: quando a materialização da tipicida-
a antijuridicidade e a culpabilidade são requisitos para a existên- de exige a utilização de uma norma de extensão, sem a qual seria
cia do crime, estendendo-se, então, a análise para conceitos como absolutamente impossível enquadrar a conduta no tipo. É o que
a ilicitude do fato e sua reprovabilidade social. ocorre nos casos de participação (art. 29) e tentativa (art. 14, II).

Didatismo e Conhecimento 8
DIREITO PENAL
Os tipos penais são modelos criados pela lei, por meio dos CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
quais as condutas consideradas indesejáveis pelo senso comum
(de acordo com o entendimento do legislador) são descritas taxa- Crime consumado é aquele em que foram realizados todos
tivamente como crimes, com a finalidade de dar aos indivíduos a os elementos da definição legal. Crime exaurido é aquele em que o
garantia maior do princípio da reserva legal. agente já consumou o crime, mas continua atingindo o bem jurídi-
O tipo é o modelo descritivo da conduta contido na lei. O tipo co. O exaurimento influi na primeira fase da fixação da pena (art.
59, caput, do Código Penal).
legal é composto de elementares e circunstâncias.
Elementar: Vem de elemento, que é todo componente essen- Iter criminis: são as fases que o agente percorre até chegar à
cial do tipo sem o qual este desaparece ou se transforma em outra consumação do delito. A doutrina aponta quatro etapas diferentes
figura típica. no caminho do crime:
Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre - Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando, idea-
no caput (cabeça) do tipo incriminador (texto da lei penal), por lizando, planejando a prática do crime. Nessa fase o crime não é
isso o caput é chamado de tipo fundamental. (Exemplo: art. 121, punível.
matar alguém. Matar é elementar do tipo). - Preparação: é a prática dos atos necessários ao início da
Circunstância: É aquilo que não integra a essência, ou seja, execução. Não existe fato típico ainda, salvo se o ato preparatório
se for retirado, o tipo não deixa de existir. As circunstâncias estão constituir crime autônomo.
dispostas em parágrafos (ex.: qualificadoras, privilégios etc.), não - Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase,
servindo para compor a essência do crime, mas sim para influir na o agente inicia a realização do núcleo do tipo e o crime já se torna
pena. punível. A execução começa com a prática do primeiro ato idôneo
e inequívoco à consumação do crime. Ato idôneo é o capaz de
O crime será mais ou menos grave em decorrência da circuns-
produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora de qualquer
tância, entretanto será sempre o mesmo crime (Exemplo: furto du- dúvida, induz ao resultado. Assim, a execução está ligada ao verbo
rante o sono noturno; o sono é circunstância, tendo em vista que, de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o verbo do tipo,
se não houver, ainda assim existirá o furto). inicia-se a execução.
- Consumação: quando todos os elementos do fato típico são
Espécies de Elemento realizados.
1) Elementos objetivos ou descritivos: são aqueles cujo sig- A consumação nas várias espécies de crimes:
nificado depende de mera observação. Para saber o que quer dizer a) materiais: com a produção do resultado naturalístico;
um elemento objetivo, o sujeito não precisa fazer interpretação. b) culposos: com a produção do resultado naturalístico;
Todos os verbos do tipo constituem elementos objetivos (ex.: ma- c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;
tar, falsificar etc.). São aqueles que independem de juízo de valor, d) formais: com a simples atividade, independente do resul-
existem concretamente no mundo (ex.: mulher, coisa móvel, filho tado;
etc.). Se um tipo penal possui somente elementos objetivos, ele e) permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo;
f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento
oferece segurança máxima ao cidadão, visto que, qualquer que seja
devido;
o aplicador da lei, a interpretação será a mesma. São chamados g) omissivos impróprios: com a produção do resultado natu-
de tipo normal, pois é normal o tipo penal que ofereça segurança ralístico;
máxima; h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado
2) Elementos subjetivos: compõem-se da finalidade espe- agravador;
cial do agente exigida pelo tipo penal. Determinados tipos não se i) complexos: quando os crimes componentes estejam inte-
satisfazem com a mera vontade de realizar o verbo. Existirá ele- gralmente realizados;
mento de ordem subjetiva sempre que houver no tipo as expres- j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles,
sões “com a finalidade de”, “para o fim de” etc. (ex.: rapto com fim isoladamente, é indiferente à lei penal. O momento consumativo
libidinoso etc.). O elemento subjetivo será sempre essa finalidade é incerto, pois não se sabe quando a conduta se tornou um hábito,
especial que a lei exige. Não confundir o elemento subjetivo do por essa razão, não cabe prisão em flagrante nesses crimes.
tipo com o elemento subjetivo do injusto, que é a consciência do
caráter inadequado do fato, a consciência da ilicitude; TENTATIVA (ART.14, II)
3) Elementos normativos: é exatamente o oposto do ele-
Tentativa é a não consumação de um crime, que começou a
mento objetivo. É aquele que depende de interpretação para se ser executado, por circunstâncias alheias à vontade do agente. De
extrair o significado, ou seja, é necessário um juízo de valor sobre acordo com o que dispõe o artigo 14, II do Código Penal, a saber:
o elemento. São elementos que trazem possibilidade de interpreta-
ções equívocas, divergentes, oferecendo um certo grau de insegu- Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a exe-
rança. São chamados de tipos anormais porque possuem grau de cução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
incerteza, insegurança. agente.
Existem duas espécies de elementos normativos:
- elemento normativo jurídico: é aquele que depende de inter- 1. Aplicação da Pena
pretação jurídica (ex.: funcionário público, documento etc. Todos A tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado,
esses vêm definidos na lei); reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa redução é a proximidade
- elemento normativo extrajurídico ou moral: é aquele que do momento consumativo, ou seja, quanto mais próximo chegar da
depende de interpretação não jurídica (ex.: mulher “honesta”). consumação, menor será a redução.

Didatismo e Conhecimento 9
DIREITO PENAL
2. Espécies de Tentativa TENTATIVA ABANDONADA OU QUALIFICADA
Tentativa imperfeita ou inacabada: Ocorre quando a execu-
ção do crime é interrompida, ou seja, o agente, por circunstâncias Ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não se produz
alheias à sua vontade, não chega a praticar todos os atos de exe- por força da vontade do próprio agente. É chamada pela doutrina
cução do crime. de “ponte de ouro”.
Tentativa perfeita ou acabada: Também conhecida como Comporta duas espécies: desistência voluntária e arrependi-
“crime falho”. Ocorre quando o agente pratica todos os atos de mento eficaz.
execução do crime, mas o resultado não se produz por circunstân-
cias alheias à sua vontade. Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte): O agente interrom-
Tentativa branca ou incruenta: Classificação para os crimes pe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo,
contra a pessoa; ocorre quando a vítima não é atingida. a sua consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de
Tentativa cruenta: Classificação para os crimes contra a pes- execução, sendo possível somente na tentativa imperfeita ou ina-
soa; ocorre quando a vítima é atingida, mas o resultado desejado cabada. Não há que se falar em desistência voluntária em crime
não acontece por circunstância alheia à vontade do agente. unissubsistente, visto que este é composto de um único ato.
Tentativa idônea: É aquela em que o sujeito pode alcançar a
consumação, mas não consegue fazê-lo por circunstâncias alheias Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte): O agente executa o
à sua vontade. É a tentativa propriamente dita, definida no art. 14, crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende, im-
II, do Código Penal. pedindo o resultado. Só é possível no caso da tentativa perfeita ou
Tentativa inidônea: Sinônimo de crime impossível (art. 17) acabada. Ocorre somente nos crimes materiais que se consumam
ocorre quando o agente inicia a execução, mas a consumação do com a verificação do resultado naturalístico.
delito era impossível por absoluta ineficácia do meio empregado A desistência ou o arrependimento não precisa ser espontâneo,
ou por absoluta impropriedade do objeto material. Nesse caso, não mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência ou a resipiscên-
se pune a tentativa, pois a lei considera o fato atípico. cia for sugerida por terceiros subsistirão seus efeitos. A tentativa
abandonada, em suas duas modalidades, exclui a aplicação da pena
3. Infrações que Não Admitem Tentativa por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até
Crimes culposos: Parte da doutrina admite no caso de culpa então praticados.
imprópria.
Crimes preterdolosos: No caso dos crimes preterdolosos ou ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16)
preterintencionais, o evento de maior gravidade não querido pelo
agente, é punido a título de culpa. No caso de latrocínio tentado, o Nos termos do artigo 16 do Código Penal, “Nos crimes come-
resultado morte era querido pelo agente; assim, embora qualifica- tidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
do pelo resultado, o latrocínio só poderá ser preterdoloso quando ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
consumado. por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
Crimes omissivos próprios: São crimes de mera conduta (exem- terços”. A expressão utilizada pelo legislador é redundante, pois
plo: crime de omissão de socorro, artigo 135 do Código Penal). todo arrependimento é posterior. Na verdade o arrependimento é
Contravenção penal: A tentativa não é punida (artigo 4.º do posterior à consumação do crime. Trata-se de causa obrigatória de
Decreto-lei n. 3.688/41). redução de pena. É causa objetiva de diminuição de pena, portanto,
Delitos de atentado: São crimes em que a lei pune a tentati- estende-se aos coautores e partícipes condenados pelo mesmo fato.
va como se fosse consumado o delito (exemplo: crime de evasão
mediante violência contra a pessoa, artigo 352 do Código Penal). Requisitos
Crimes habituais: Tais crimes exigem, para consumação, a Só cabe em crime cometido sem violência ou grave amea-
reiteração de atos que, isolados, não configuram fato típico. Inviá- ça contra a pessoa. Visa o legislador a dar oportunidade ao agen-
vel a verificação da tentativa, posto que uma segunda conduta já te, que pratica crime contra o patrimônio sem violência ou grave
caracteriza o delito. ameaça, de reparar o dano ou restituir a coisa. Na jurisprudência,
Crimes unissubsistentes: Que se consumam com um único prevalece o entendimento de que a lei só se refere à violência dolo-
ato. Ex.: injúria verbal. sa, podendo a diminuição ser aplicada aos crimes culposos em que
Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado: Trata-se, por haja violência, como o homicídio culposo. Assim, a intenção do
exemplo, do crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio legislador foi criar um instituto para os crimes patrimoniais, mas a
(artigo 122 do Código Penal). Nesse delito, se a pessoa empresta jurisprudência estendeu ao homicídio culposo.
um revolver para outra se matar e esta não se mata, o fato é atípico, - Reparação do dano ou restituição da coisa (deve ser in-
mas se ela comete o suicídio, o crime está consumado. tegral).
- Por ato voluntário do agente. Não há necessidade de ser
Observações: Parte da doutrina entende que os crimes for- ato espontâneo, podendo haver influência de terceira pessoa.
mais e de mera conduta não admitem tentativa. Não concordamos - O arrependimento posterior só pode ocorrer até o recebimen-
com esse entendimento. O crime de ameaça, por exemplo, trata-se to da denúncia ou queixa. Após, a reparação do dano será somente
de crime formal, mas admite a tentativa no caso de ameaça por causa atenuante genérica (artigo 65, inciso III, alínea “b”).
escrito, em que a carta é interceptada por terceiro. Alguns crimes
de mera conduta também admitem tentativa, como a violação de Critérios para Aplicação da Redução da Pena
domicílio (o agente pode, sem sucesso, tentar invadir domicílio de São dois os critérios para se aplicar a redução da pena: espon-
outrem). O crime unissubsistente comporta tentativa em alguns ca- taneidade e celeridade. O arrependimento posterior não precisa ser
sos, por exemplo, quando o agente efetua um único disparo contra espontâneo, mas se for a pena sofrerá maior diminuição. Também,
a vítima e erra o alvo. quanto mais rápido reparar o dano, maior será a diminuição.

Didatismo e Conhecimento 10
DIREITO PENAL
Relevância da Reparação do Dano ficante). O agente é protagonista de uma farsa. A jurisprudência
- Cheque sem fundos: o pagamento até o recebimento da de- considera a encenação do flagrante preparado uma terceira espécie
núncia ou queixa extingue a punibilidade (Súmula 554 do Supre- de crime impossível, entendendo não haver crime ante a atipicida-
mo Tribunal Federal). de do fato (Súmula n. 145 do Supremo Tribunal Federal).
- Crimes contra a ordem tributária: o pagamento do tributo
até o recebimento da denúncia ou queixa também extingue a pu- O Código Penal brasileiro adotou a teoria objetiva tempera-
nibilidade. da pela qual só há crime impossível se a ineficácia do meio e a
- Peculato culposo (artigo 312, § 3.º): se a reparação do dano impropriedade do objeto forem absolutas. Por isso, se forem rela-
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é tivas, haverá crime tentado. Ex.: tentar matar alguém com revól-
posterior reduz de metade a pena imposta. ver e projéteis verdadeiros que, entretanto, não detonam por estar
- Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à velhos. Aqui a ineficácia do meio é acidental e existe tentativa de
representação (artigo74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95): ha- homicídio.
vendo composição civil do dano em audiência preliminar, extin-
gue-se o direito de queixa ou representação. Art. 14 - Diz-se o crime: 

Delação eficaz ou premiada CRIME CONSUMADO 


Instituto distinto do arrependimento posterior é o da delação I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
premiada, no qual se estimula a delação feita por um coator ou sua definição legal; 
participe em relação aos demais, mediante o benefício da redução
obrigatória da pena. TENTATIVA 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17) circunstâncias alheias à vontade do agente.

O crime impossível também chamado de tentativa inidônea, PENA DE TENTATIVA


tentativa inadequada ou quase-crime. É aquele que, pela ineficá- Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
cia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, dimi-
objeto material, é impossível de se consumar. Não se trata de cau- nuída de um a dois terços.
sa de isenção de pena, como parece sugerir a redação do art. 17
do Código Penal, mas de causa geradora de atipicidade, pois não DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO
se concebe queira o tipo incriminador descrever como crime uma EFICAZ
ação impossível de se realizar. Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde
Ineficácia absoluta do meio: O meio empregado jamais po- pelos atos já praticados.
deria levar à consumação do crime. A ineficácia do meio deve ser
absoluta (exemplo: um palito para matar um adulto, uma arma de ARREPENDIMENTO POSTERIOR
brinquedo). Deve-se lembrar, que um determinado meio pode ser Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave amea-
ineficaz para um crime, mas eficaz para outro. Exemplo: num cri- ça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi-
me de roubo, uma arma totalmente inapta a produzir disparos pode mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
ser utilizada para intimidar a vítima. pena será reduzida de um a dois terços. 
 
Impropriedade Absoluta do Objeto: A pessoa ou a coisa sobre CRIME IMPOSSÍVEL 
a qual recai a conduta jamais poderia ser alvo do crime. Assim, Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso-
haverá crime impossível quando o objeto sobre o qual o agente faz luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossí-
recair sua conduta não é protegido pela norma penal incriminadora vel consumar-se o crime.
ou quando ele (objeto) sequer existe. Exemplo: atirar em alguém
que já está morto. CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE E CULPABI-
O crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto é LIDADE
também chamado delito putativo por erro de tipo, pois se trata de
um crime imaginário; o agente quer cometer um crime, mas devi- Antijuricidade ou ilicitude, como já mencionado acima, é a
do ao desconhecimento da situação de fato, comete um irrelevante contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo legal,
penal (exemplo: mulher pensa que está grávida e ingere substância com a ordem jurídica, constituindo lesão de um interesse prote-
abortiva). Não se confunde com o erro de tipo, pois neste o agente gido.
não sabe, devido a um erro de apreciação da realidade, que está co- A antijuricidade pode ser afastada por determinadas causas,
metendo um crime (exemplo: compra cocaína pensando ser talco). as determinadas causas de exclusão de antijuricidade; quando isso
ocorre, o fato permanece típico, mas não há crime, excluindo-se
Crime de ensaio ou experiência: Também chamado “delito a ilicitude, e sendo ela requisito do crime, fica excluído o próprio
putativo por obra do agente provocador” ou “crime de flagrante delito; em consequência, o sujeito deve ser absolvido; são causas
preparado”, ocorre quando a polícia ou terceiro (agente provoca- de exclusão de antijuricidade, previstas no artigo 23 do Código
dor) prepara uma situação, que induz o agente a cometer o delito Penal: estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento
(exemplo: detetive simula querer comprar maconha e prende o tra- de dever legal; exercício regular de direito.

Didatismo e Conhecimento 11
DIREITO PENAL
Assim, apesar de todo crime, em um primeiro momento, ser a) Ofendículos e defesa mecânica predisposta: os ofendícu-
considerado um ato ilícito, haverá situações em que mesmo co- los são aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de
metendo um crime, isto é, praticando uma conduta expressamente qualquer outro bem jurídico. O que os caracteriza é a visibilidade,
proibida pela lei, a conduta do agente não será considerada ilícita. devendo ser perceptíveis por qualquer pessoa (exemplos: lança no
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas exclu- portão da casa, caco de vidro no muro etc.). Defesa mecânica pre-
são da antijuridicidade, causas justificantes ou descriminantes) disposta é aparato oculto destinado à defesa da propriedade ou de
podem ser: qualquer outro bem jurídico. Podem configurar delitos culposos,
- causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de ne- pois alguns aparatos instalados imprudentemente podem trazer trá-
cessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o gicas consequências.
exercício regular de direito); Observação: Para o Prof. Damásio de Jesus, nos dois casos,
- causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, que salvo condutas manifestamente imprudentes, é mais correta a apli-
podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio da re- cação da justificativa da legítima defesa. A predisposição do apare-
serva legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora (exem- lho constitui exercício regular de direito, mas, no momento em que
plo: colocação de piercing; não se trata de crime de lesão corporal, este atua, o caso é de legítima defesa preordenada (aquela posta
pois há o consentimento do ofendido). anteriormente a agressão).
Existem também causas excludentes específicas, previstas na
própria Parte Especial do Código Penal, e que somente são aplicá- b) Lesões esportivas: Pela doutrina tradicional, a violência
veis a determinados delitos: desportiva é exercício regular do direito, desde que a violência seja
a) no aborto para salvar a vida da gestante ou quando a gravi- praticada nos limites do esporte. Assim, mesmo a violência que
dez resulta de estupro (art. 128, I e II); acarreta alguma lesão, se previsível para a prática do esporte, será
b) nos crimes de injúria e difamação, quando a ofensa é irro- exercício regular do direito (exemplo: numa luta de boxe poderá
gada em juízo na discussão da causa, na opinião desfavorável da haver, inclusive, a morte de um dos lutadores).
crítica artística, literária ou científica e no conceito emitido por
funcionário público em informação prestada no desempenho de c) Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de órgão
suas funções; etc. constituem exercício regular da profissão do médico. Se a in-
c) na violação do domicílio, quando um crime está ali sendo tervenção for realizada em caso de emergência por alguém que não
cometido (art. 150, § 3º, II).
é médico, será caso de estado de necessidade.
EXCLUSÃO DE ILICITUDE
d) Consentimento do ofendido: O consentimento do ofendido
exclui a tipicidade quando a discordância da vítima for elemento
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
do tipo. Exemplo: não há invasão de domicílio se a “vítima” auto-
I - em estado de necessidade;
rizou a entrada em sua casa.
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito. Requisitos para exclusão da tipicidade:
- ser o bem jurídico disponível;
EXCESSO PUNÍVEL - capacidade da vítima em poder dispor do bem;
- ser o consentimento dado antes ou durante o fato;
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste - a consciência do agente de que houve consentimento.
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Quando a discordância não for elemento do tipo, ocorre causa
supralegal de exclusão da ilicitude. O que pode ocorrer no crime
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL de dano, por exemplo, artigo 163 do Código Penal. E os requisitos
são: disponibilidade do bem; capacidade da vítima em poder dele
Estrito Cumprimento do Dever Legal: É o dever emanado dispor.
da lei ou de respectivo regulamento. O agente atua em cumprimen- O exercício abusivo do direito faz desaparecer a excludente.
to de um dever emanado de um poder genérico, abstrato e impes-
soal. Se houver abuso, não há a excludente, ou seja, o cumprimen- ESTADO DE NECESSIDADE
to deve ser estrito. Exemplo: um soldado mata assaltante que faz
jovem de refém, por ordem de seu superior hierárquico. Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de in-
Como a excludente exige o estrito cumprimento do dever, de- teresses protegidos pelo direito, em que o agente, para salvar um
ve-se ressaltar que haverá crime quando o agente extrapolar os bem próprio ou de terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o
limites deste. interesse de outrem; perigo atual é o presente, que está acontecen-
do; iminente é o prestes a desencadear-se.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO O estado de necessidade é uma causa de exclusão de ilicitude,
encontra-se tipificado no art. 24 do CP. Consiste em uma conduta
Exercício Regular do Direito: consiste na atuação do agente lesiva praticada para afastar uma situação de perigo. Não é qual-
dentro dos limites conferidos pelo ordenamento legal. O sujeito quer situação de perigo que admite a conduta lesiva e não é qual-
não comete crime por estar exercitando uma prerrogativa a ele quer conduta lesiva que pode ser praticada na situação de perigo.
conferida pela lei. Assim, o exercício de um direito não configura Existindo uma situação de perigo que ameace dois bens jurídicos,
fato ilícito. Exceto se a pretexto de exercer um direito, houver in- um deles terá que ser lesado para salvar o outro de maior valor.
tuito de prejudicar terceiro. Exemplos:

Didatismo e Conhecimento 12
DIREITO PENAL
Requisitos para a existência do estado de necessidade: - Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposi-
- Perigo deve ser atual ou iminente, ou seja, deve estar aconte- ção do agente no momento da agressão.
cendo naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, portanto, - Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos li-
o perigo for remoto ou futuro, não há o estado de necessidade. mites para conter a agressão.
- Perigo deve ameaçar um direito próprio ou um direito
alheio. Abrange qualquer bem protegido pelo ordenamento jurí- Espécies de legítima defesa
dico. Se o bem não for tutelado pelo ordenamento, não se admite - Legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É a
estado de necessidade. errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo
- Perigo não pode ter sido criado voluntariamente. Quem dá ou erro de proibição. Os agentes imaginam haver agressão injusta
causa a uma situação de perigo não pode invocar o estado de ne- quando na realidade esta inexiste.
cessidade para afastá-la. Aquele que provocou o perigo com dolo - Legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro
não age com estado de necessidade porque tem o dever jurídico de plenamente justificável, o agente, por erro supõe ainda existir a
impedir o resultado. agressão e, por isso, excede-se. Nesse caso, excluem-se o dolo e a
- Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode culpa (art. 20, § 1º, 1ª parte).
invocar o estado de necessidade. A pessoa que possui o dever legal - Legítima defesa sucessiva: é a repulsa do agressor inicial
de enfrentar o perigo deve afastar a situação de perigo sem lesar contra o excesso. Assim, a pessoa que estava inicialmente se de-
qualquer outro bem jurídico. fendendo, no momento do excesso, passa a ser considerada agres-
- Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente sora, de forma a permitir legítima defesa por parte do primeiro
deverá ser sacrificado outro bem se não houver outra maneira de agressor.
afastar a situação de perigo. Atenção, enquanto a legitima defesa real é causa de exclusão
- É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do da ilicitude do fato. A legítima defesa putativa excluirá o dolo e
perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravida- consequentemente o fato típico. Isto porque a denominada legiti-
de da lesão causada pelo fato necessitado.
ma defesa putativa na verdade caracteriza erro de tipo, ou seja, o
agente tem uma falsa percepção da realidade que faz com que o
ESTADO DE NECESSIDADE
mesmo pense que está agindo em uma situação de legitima defesa,
quando, de fato, não está sofrendo agressão alguma.
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica
o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua von-
Hipóteses de cabimento da legítima defesa:
tade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. - Cabe legítima defesa real de legítima defesa putativa. Exem-
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o plo: uma pessoa atira em um parente que está entrando em sua
dever legal de enfrentar o perigo. casa, supondo tratar-se de um assalto. O parente, que também está
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito armado, reage e mata o primeiro agressor.
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. - Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa real. Exem-
plo: A vai agredir B. A joga B no chão. B, em legítima defesa real,
LEGÍTIMA DEFESA imobiliza A. Nesse instante, chega C e, desconhecendo que B está
em legítima defesa real, o ataca agindo em legítima defesa putativa
Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em repe- de A (legítima defesa de terceiro).
lir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, - Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa putativa.
usando moderadamente dos meios necessários. Ex.: dois desafetos se encontram e, equivocadamente, acham que
serão agredidos um pelo outro.
Requisitos da Legítima Defesa - Cabe legítima defesa real contra agressão culposa. Isso por-
- Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana. Não que ainda que a agressão seja culposa, sendo ela também ilícita,
pode ser confundida com uma simples provocação. Segundo contra ela cabe a excludente.
NUCCI, a possibilidade de legítima defesa contra provocação é - Cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável.
inadmissível, pois a provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é Os inimputáveis podem agir voluntária e ilicitamente, embora não
o suficiente para gerar o requisito legal, que é a agressão. No en- sejam culpáveis. Para agir contra agressão de inimputável, exige-
tanto o autor faz uma ressalva: quando a provocação for insistente, se, no entanto, cautela redobrada, porque nesse caso a pessoa que
torna-se agressão, justificando, assim, a reação, que deve, contudo, ataca não tem consciência da ilicitude de seu ato.
respeitar o requisito da moderação. Se o ataque é comandado por Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa
animais irracionais, não é legítima defesa e sim estado de neces- subjetiva?
sidade. Resposta: Em tese caberia, pois a partir da continuidade da
- Atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e agressão a vítima se torna agressora. Para a jurisprudência, en-
iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defesa tretanto, não é aceita quando o excesso for repelido pelo próprio
contra agressão passada ou futura e também quando há promessa agressor, porque não pode invocar a legítima defesa quem iniciou
de agressão. a agressão, mas o excesso pode ser repelido por terceiro.
- A direito próprio ou de terceiro: é legítima defesa própria
quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quan- Excesso
do o sujeito defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia É a intensificação de uma conduta inicialmente justificada.
mesmo agredindo o próprio terceiro (ex.: em caso de suicídio, po- Em um primeiro momento o agente está agindo coberto por uma
de-se agredir o terceiro para salvá-lo). excludente, mas, em seguida, a extrapola.

Didatismo e Conhecimento 13
DIREITO PENAL
O excesso pode ser: Causas dirimentes: são aquelas que excluem a culpabilidade.
a) doloso: descaracteriza a legítima defesa a partir do momen- São estas: erro de proibição; coação moral irresistível; obediência
to em que é empregado o excesso, e o agente responde dolosamen- hierárquica; d) inimputabilidade por doença mental ou desenvolvi-
te pelo resultado que produzir. Ex.: uma pessoa inicialmente estava mento mental incompleto ou retardado; inimputabilidade por me-
em legítima defesa consegue desarmar o agressor e, na sequência, noridade penal; inimputabilidade por embriaguez completa, pro-
o mata. Responde por homicídio doloso. veniente de caso fortuito ou força maior. Diferem das excludentes,
b) culposo (ou excesso inconsciente, ou não intencional): que excluem a ilicitude e podem ser legais e supralegais.
é o excesso que deriva de culpa em relação à moderação, e, para
alguns doutrinadores, também quanto à escolha dos meios neces-
sários. Nesse caso, o agente responde por crime culposo. Trata-se 3. CONTRAVENÇÃO.
também de hipótese de culpa imprópria.
O excesso doloso ou culposo é também aplicável nas demais
excludentes de ilicitude (estado de necessidade, estrito cumpri-
mento do dever legal, exercício regular de direito etc.). As contravenções penais são infrações consideradas de me-
nor potencial ofensivo que muitas pessoas acabam cometendo no
LEGÍTIMA DEFESA dia a dia, que chegam até a ser toleradas pela sociedade e até por
autoridades, mas que não podem deixar de receber a devida puni-
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- ção. Todavia, é evidente que por serem delitos de menor gravidade
radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual recebem penas proporcionais. As contravenções penais estão pre-
ou iminente, a direito seu ou de outrem. vistas no Decreto-lei nº 3.688/41, o qual está dividido em capítulos
que tratam, respectivamente: das contravenções referentes à pes-
CULPABILIDADE soa; das contravenções referentes ao patrimônio; à incolumidade
pública; à paz pública; à fé pública; à organização do trabalho; a
CULPABILIDADE: é a possibilidade de se considerar al- polícia de costumes e à administração pública.
guém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, Algumas contravenções foram revogadas por leis especiais,
costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação como, por exemplo, a do porte de arma, que é tratado pela Lei n.
exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não 10.826/03. Todas as contravenções são punidas com prisão sim-
se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de ples, multa ou ambas cumulativamente.
pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infra- A competência para julgar tais infrações é do Juizado Especial
Criminal, já que são consideradas de menor potencial ofensivo. As
ção penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro
contravenções mais comuns são: omissão de cautela na guarda ou
do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor
condução de animais; deixar cair objetos de janelas de prédios;
do agente. Para censurar quem cometeu um crime, a culpabilidade provocação de tumulto ou conduta inconveniente; provocar falso
deve estar necessariamente fora dele. alarma; perturbação do trabalho ou do sossego alheio; recusa de
Com isso, podemos considerar a existência de etapas sucessi- moeda de curso legal; jogo de azar; jogo do bicho; mendicância;
vas de raciocínio, de maneira que, ao se chegar à culpabilidade, já importunação ofensiva ao pudor; embriaguez; servir bebidas al-
se constatou ter ocorrido um crime. Verifica-se, em primeiro lugar, coólicas a menores, pessoas doentes mentais ou já embriagadas;
se o fato é típico ou não; em seguida, em caso afirmativo, a sua simulação da qualidade de funcionário; crueldade contra animais;
ilicitude; só a partir de então, constatada a prática de um delito perturbação da tranquilidade alheia; omissão de comunicação de
(fato típico e ilícito), é que se passa ao exame da possibilidade de crime; anuncio de meio abortivo; internação irregular em estabele-
responsabilização do autor. cimento psiquiátrico; indevida custodia de doente mental; violação
Na culpabilidade afere-se apenas se o agente deve ou não res- de lugar ou objeto; perigo de desabamento; deixar de colocar em
ponder pelo crime cometido. E nenhuma hipótese será possível a via pública sinal destinado a evitar perigo a transeunte; arremesso
exclusão do dolo e da culpa ou da ilicitude nessa fase, uma vez que ou colocação perigosa; exercício ilegal de profissão; exercício ile-
tais elementos já foram analisados nas precedentes. gal do comércio de antiguidades; recusa de dados sobre a identida-
Teoria adotada pelo Código Penal brasileiro: teoria limitada de; exumação ou inumação de Cadáver.
da culpabilidade. Nessa teoria, o erro recai sobre uma situação de A Contravenção Penal também é conhecida por crime anão;
fato (descriminante putativa fática) é erro de tipo, enquanto o que delito liliputiano; crime vagabundo (este terceiro sinônimo caiu
na prova do MP/SP).
incide sobre a existência ou limites de uma causa de justificação
Quando utilizamos a expressão infração penal esta engloba
é o erro de proibição. As descriminantes putativas fáticas são tra-
tanto o crime (ou delito), como a contravenção penal. Assim, o cri-
tadas como erro de tipo (art. 20, §1º), enquanto as descriminantes me e a contravenção penal são espécies do gênero infração penal.
putativas por erro de proibição, ou erro de proibição indireto, são Com isso, apesar de crimes serem ontologicamente idênticos às
consideradas erro de proibição (art. 21). contravenções penais, há algumas diferenças:
Elementos da culpabilidade segundo a teoria do Código Pe-
nal, são três: Diferenças entre crimes e contravenções penais
a) imputabilidade; a) Tipo de pena privativa de liberdade
b) potencial consciência da ilicitude; - Em se tratando de crime, as penas privativas de liberdade são
c) exigibilidade de conduta diversa. reclusão e detenção.

Didatismo e Conhecimento 14
DIREITO PENAL
- Em se tratando de contravenção penal a ÚNICA pena priva- “Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.”
tiva de liberdade possível é a prisão simples (arts. 5º e 6º da Lei
das Contravenções Penais). d) Regras de extraterritorialidade

“Art. 5º As penas principais são: - Crime admite extraterritorialidade da lei penal.


I – prisão simples. - Contravenção penal não admite extraterritorialidade – JA-
II – multa. MAIS a lei penal brasileira vai alcançar a contradição penal ocor-
rida no estrangeiro (art. 2º, da LCP). É territorialidade:
“Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem ri-
gor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial “Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção pratica-
de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.” da no território nacional.”

e) Competência para o processo e julgamento


Prisão simples JAMAIS é cumprida no fechado, nem mesmo
por intermédio da regressão.
- No caso de crime, pode ser da justiça estadual ou federal.
- No caso de contravenção penal, somente da justiça esta-
b) Tipo de ação penal dual. Art. 109, IV, da Constituição Federal:
- O crime admite ação penal pública e ação penal de iniciativa
privada. “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:”
- Contravenção penal, não. Crimes, admitem as mais variadas “IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
espécies de ação penal. Contravenção penal, não! Contravenção detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas en-
penal só é perseguida mediante ação pena pública incondicio- tidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contraven-
nada. Isso está no art. 17, da Lei das Contravenções: ções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral;”
“Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade pro-
ceder de ofício.” Nem quando ela for conexa a um crime federal vai para a Jus-
tiça Federal.
É uma maneira diferente de falar: ação penal pública incon-
dicionada. Atenção: Há um caso em que a contravenção penal pode e
Em resumo, o que defendem parte da doutrina e jurisprudên- deve ser processada e julgada perante a Justiça Federal: quando o
cia: autor for detentor de foro de prerrogativa de função federal (juiz
- Lesão corporal dolosa de natureza leve – era pública incon- federal pratica contravenção, quem julga é o TRF).
dicionada, torna-se condicionada com a lei.
- Vias de fato – era pública incondicionada, permanece incon- f) Limite das penas
dicionada depois da lei. Nisso, a jurisprudência enxerga uma con- - No caso de crime, a pena está limitada a 30 anos.
tradição. Como pode o mais depender de representação e o menos - No caso de contravenção penal, o cumprimento da pena está
não? Assim, transforma as vias de fato em pública condicionada. limitado a 5 anos.
Então, segundo esse entendimento, isso é uma exceção ao art.
17, da LCP. “Art. 10, LCP. A duração da pena de prisão simples não pode,
em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das
multas ultrapassar cinquenta contos.”
Equívoco da exceção – Qual é o equívoco dessa construção?
É imaginar que tipo de ação penal está ligado à gravidade do fato.
g) Sursis
O tipo de ação penal não está ligado à gravidade do fato, mas à
- No caso de crime, a suspensão tem um período de prova
conveniência do processo, da transferência ou não da titularidade variando de 2 a 4 anos, em regra.
da ação para a vítima. Tanto é que um dos crimes mais graves do - No caso da contravenção penal, o período de prova, varia de
Código Penal, que é o de estupro, tem regra de ação privada. Se 1 a 3 anos. Art. 11, LCP:
fosse, assim, o furto também dependeria de representação da víti-
ma, já que é menos que o estupro. A contravenção penal “impor- “Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode
tunação ofensiva ao pudor” também dependeria de queixa-crime, suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três,
por esse raciocínio. Fica a crítica. a execução da pena de prisão simples, bem como conceder livra-
mento condicional.”
Observação importante: STF – não reconhece essa exce-
ção. O STF trabalha com o artigo 17, da LCP, SEM exceções. Nestes termos, vislumbra-se que a diferença primordial entre
crime e contravenção, baseia-se quanto ao grau e quanto à gravi-
c) Punibilidade da Tentativa dade. O que é crime e o que é contravenção penal, vai depender
de opção política do legislador. Ele pode, amanhã transformar uma
Em se tratando de crime, a tentativa é punível. Em se tratando contravenção em crime e vice-versa porque a diferença é quanto
de contravenção penal, não se pune a tentativa (art. 4º, da LCP). ao grau. Para fazer a opção, o legislador toma por base o que está
Cuidado! Eu não estou dizendo que contravenção penal não admi- na lei. Na hora de escolher se tal fato vai ser crime ou vai ser con-
te tentativa. Eu estou dizendo que a tentativa não é punível. Ad- travenção ele deve analisar se exige reclusão ou prisão simples.
mite tentativa, apenas essa tentativa não interessa, não é punível.

Didatismo e Conhecimento 15
DIREITO PENAL
Vejam como, realmente, a opção é política: o mesmo fato Desenvolvimento mental incompleto: É o desenvolvimento
(porte ilegal de arma de fogo), até 1997, era uma contravenção que ainda não se concluiu. É o caso do menor de 18 anos e do sil-
penal. Em 2003 passou a ser crime. Exatamente o mesmo fato. O vícola inadaptado à sociedade.
legislador veio enquadrá-lo na condição de crime. O mesmo fato. Desenvolvimento mental retardado: É o caso dos oligo-
Tudo isso com base em opção política. frênicos, que se classificam em débeis mentais, imbecis e idiotas,
dotados de reduzidíssima capacidade mental, e dos surdos-mudos
que, em consequência da anomalia, não têm qualquer capacidade
4. IMPUTABILIDADE PENAL. de entendimento e de autodeterminação.
Adotou-se, quanto aos doentes mentais, o critério biopsico-
lógico.

Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoas SEMI-IMPUTABILIDADE OU RESPONSABILIDADE


que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada DIMINUÍDA
a prática de um fato punível. O conceito de sujeito imputável é Difere da inimputabilidade apenas no requisito consequencial.
encontrado no artigo 26, caput, do Código Penal, que trata dos Enquanto na inimputabilidade a perda da capacidade de entender
inimputáveis. Imputável é o sujeito mentalmente são e desenvolvi- ou querer é total, na semi-imputabilidade, é parcial. A semi-impu-
do, capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de
tabilidade não exclui a culpabilidade, e após análise do caso con-
acordo com esse entendimento.
Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles abrangi- creto, a lei confere ao juiz a opção de aplicar medida de segurança
dos pelas hipóteses de inimputabilidade enumeradas na lei, que ou pena diminuída (redução de1/3 a 2/3).
são as seguintes:
a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou MENORIDADE (ART. 27)
retardado; Nos termos do art. 27 do Código Penal, os menores de 18
b) menoridade; anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
c) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força legislação especial. Adotou-se, portanto, o critério biológico, que
maior; presume, de forma absoluta, ser o menor de 18 anos inteiramente
d) dependência de substância entorpecente. incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Pode ser a inimputabilidade absoluta ou relativa. Se for ab-
soluta, isso significa que não importam as circunstâncias, o in- A menoridade cessa no primeiro instante do dia que o agente
divíduo definido como “inimputável” não poderá ser penalmente completa os 18 anos, ou seja, se o crime é praticado na data do 18º
responsabilizado por seus atos. aniversário, o agente já é imputável e responde pelo crime.
Se a inimputabilidade for relativa, isso indica que o indivíduo A legislação especial que regulamenta as sanções aplicáveis
pertencente a certas categorias definidas em lei poderá ou não ser aos menores inimputáveis é o Estatuto da Criança e do Adolescen-
penalmente responsabilizado por seus atos, dependendo da análise te (Lei nº 8.069/90), que prevê a aplicação de medidas socioedu-
individual de cada caso na Justiça, segundo a avaliação da capa- cativas aos adolescentes (pessoas com 12 anos ou mais e menores
cidade do acusado, as circunstâncias atenuantes ou agravantes, as de 18 anos), consistentes em advertência, obrigação de reparar o
peculiaridades do caso e as provas existentes. dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, se-
A imputabilidade possui dois elementos: miliberdade ou internação, e a aplicação de medidas de proteção
- intelectivo (capacidade de entender);
às crianças (menores de 12 anos) que venham a praticar fatos defi-
- volitivo (capacidade de querer).
Faltando um desses elementos, o agente não será imputável. nidos como infração penal.

Critérios para a definição da inimputabilidade: EMOÇÃO E PAIXÃO (art. 28, I)


- Biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental A emoção é um sentimento súbito, repentino, de breve dura-
do acusado (quer em face de problemas mentais ou da idade do ção, passageiro e intenso (ira momentânea, o medo, a vergonha).
agente). A paixão é duradoura, perene (o amor, a ambição, o ódio). Nem a
- Psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo da ação emoção nem a paixão excluem a imputabilidade penal. Somente a
ou omissão, tinha a capacidade de entendimento e autodetermina- emoção pode funcionar como redutor de pena. A emoção pode ser
ção. causa de diminuição de pena em alguns crimes, dependendo das
- Biopsicológico: considera inimputável aquele que, em razão circunstâncias (artigos 121, §1.º, e 129, § 4.º, do Código Penal), ou
de sua condição mental (causa), era, ao tempo da ação ou omissão, pode constituir atenuante genérica (artigo 65, inciso III, alínea “c”,
totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de deter- do Código Penal). Ex: O marido chega em casa e encontra a esposa
minar-se de acordo com tal entendimento (consequência). com outro, comete um homicídio. Foi movido por forte emoção.
DISTÚRBIOS MENTAIS EMBRIAGUEZ (art. 28, II)
Doença mental: É a perturbação mental de qualquer ordem Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo
(exemplos: psicose, esquizofrenia, paranoia, epilepsia etc.). A de- álcool ou substancia de efeitos análogos (cocaína, ópio etc), cujas
pendência patológica de substância psicotrópica configura doença consequências variam desde uma ligeira excitação até o estado de
mental. paralisia e coma.

Didatismo e Conhecimento 16
DIREITO PENAL
A embriaguez divide-se em: Redução de pena
a) Embriaguez não acidental: A embriaguez não acidental Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois
pode ser voluntária ou culposa. terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
Voluntária: Ocorre quando o individuo ingere substância tóxi- ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
ca, com o intuito de embriagar-se. inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
Culposa: Ocorre quando o indivíduo, que não queria se em- terminar-se de acordo com esse entendimento.
briagar, ingere, por imprudência, álcool ou outra substância de efei-
tos análogos em excesso, ficando embriagado. Não está acostuma-
do, começa a beber e fica bêbado: Será considerado imputável, pois Menores de dezoito anos
no momento da decisão de beber, optou pela bebida. Poderia ter Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
evitado. Exceção: O bêbado que bebe há muito tempo (alcoolismo) inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legis-
doença mental. lação especial.
A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabili-        
dade, ainda que no momento do crime o embriagado esteja privado Emoção e paixão
inteiramente de sua capacidade de entender ou de querer. Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
  I - a emoção ou a paixão;
b) Embriaguez acidental: A embriaguez acidental somente       
exclui a culpabilidade se for completa e decorrente de caso fortuito Embriaguez
ou força maior. II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou subs-
Exemplo de Força maior. Alguém obrigar outra pessoa a inge- tância de efeitos análogos.
rir bebida alcoólica.
Exemplo de caso fortuito: quando sujeito está tomando deter- § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez comple-
minado remédio e, inadvertidamente, ingere bebida alcoólica, cujo ta, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da
efeito é potencializado em face dos remédios, fazendo com que ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
uma pequena quantia de bebida o faça ficar em completo estado de ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
embriaguez. Embriaguez involuntária. mento.
  § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
c) Embriaguez patológica: Embriaguez patológica é a decor- agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
rente de enfermidade congênita existente, por exemplo, nos filhos maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena ca-
de alcoólatras que se ingerirem quantidade irrisória de álcool ficam pacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
em estado de fúria incontrolável. Se for o agente, ao tempo da ação de acordo com esse entendimento.
ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, estará
excluída sua imputabilidade (aplica-se a regra do art. 26, caput). Se
houver mera redução dessa capacidade, o agente responderá pelo
crime, mas a pena será reduzida (art. 26, parágrafo único).
  5. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
d) Embriaguez preordenada: Embriaguez preordenada ocor- (HOMICÍDIO, LESÃO CORPORAL, RIXA E
re quando o indivíduo, voluntariamente, se embriaga para criar co- INJÚRIA).
ragem para cometer um crime. Não há exclusão de imputabilidade.
O agente responde pelo crime, incidindo sobre a pena uma circuns-
tância agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea “a” CP.
Prezado(a) candidato(a), considerando o que prevê o Edi-
DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE tal do presente concurso, em seguida iremos abordar somente
Segundo o art. 45, caput, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Tó- no presente tópico “Dos crimes contra a pessoa” os crimes que
xicos), é isento de pena (inimputável) o agente que, em razão da são mencionados como os que serão objeto de questionamento
dependência, ou sob o efeito de substância entorpecente ou que de- no concurso. Assim, a leitura atenta do texto legal, bem como a
termine dependência física ou psíquica proveniente de caso fortuito
explicação posterior, com certeza levará a compreensão do ne-
ou força maior, era ao tempo da ação ou omissão, qualquer quer te-
cessário para a realização de uma boa prova.
nha sido o resultado da infração praticada (do Código Penal, da Lei
de Tóxicos ou qualquer outra lei), inteiramente incapaz de entender Porém, sempre lembramos que todo empenho e esforço
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse complementar, nos dias de hoje vem sendo o que faz real dife-
entendimento. Se a redução dessa capacidade for apenas parcial, o rença quando o assunto é concursos públicos.
agente é considerado imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3
a 2/3 (parágrafo único). Assim dispõe o Código Penal acerca dos Crimes contra a
Pessoa:
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL TÍTULO I
        DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental
CAPÍTULO I
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tem-
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
po da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
       
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Homicídio simples

Didatismo e Conhecimento 17
DIREITO PENAL
Art. 121. Matar alguém: § 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de presta-
ção de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.       (In-
Caso de diminuição de pena cluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode re- a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104,
duzir a pena de um sexto a um terço. de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
Homicídio qualificado parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
§ 2° Se o homicídio é cometido: II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
motivo torpe; 13.104, de 2015)
II - por motivo fútil; III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
ou outro meio
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou    
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofen- (...)
dido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou CAPÍTULO II
vantagem de outro crime: DAS LESÕES CORPORAIS
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.        
Lesão corporal
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de ou-
trem:
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo femini- Pena - detenção, de três meses a um ano.
no: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e Lesão corporal de natureza grave
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e § 1º Se resulta:
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou trinta dias;
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: II - perigo de vida;
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo fe- § 2° Se resulta:
minino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, I - Incapacidade permanente para o trabalho;
de 2015) II - enfermidade incurável;
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
13.104, de 2015) IV - deformidade permanente;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. V - aborto:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Homicídio culposo Lesão corporal seguida de morte


§ 3º Se o homicídio é culposo: § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
Pena - detenção, de um a três anos. agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um Diminuição de pena
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imedia- vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção,
to socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode redu-
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso zir a pena de um sexto a um terço.
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 Substituição da pena
(sessenta) anos.  § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois con-
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o tos de réis:
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
desnecessária.  II - se as lesões são recíprocas.

Didatismo e Conhecimento 18
DIREITO PENAL
Lesão corporal culposa II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
§ 6° Se a lesão é culposa: nº I do art. 141;
Pena - detenção, de dois meses a um ano. III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendi-
do foi absolvido por sentença irrecorrível.
Aumento de pena
§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer Difamação
das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.  (Redação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
dada pela Lei nº 12.720, de 2012) reputação:
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

 Violência Doméstica  Exceção da verdade


§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
de suas funções.
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações do-
       
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela
Injúria
Lei nº 11.340, de 2006) Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação decoro:
dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o  a 3o  deste artigo, se as § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
pena em 1/3 (um terço).  mente a injúria;
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra in-
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de júria.
deficiência.  § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que,
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltan-
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes tes:
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu côn- pena correspondente à violência.
juge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em  § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referen-
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
tes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
idosa ou portadora de deficiência:
(...) Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
       
CAPÍTULO IV Disposições comuns
DA RIXA Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se
        de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
Rixa        I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de go-
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os conten- verno estrangeiro;
dores: II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu- divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora
detenção, de seis meses a dois anos.
de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
       
Calúnia Exclusão do crime
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
definido como crime: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. parte ou por seu procurador;
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa- II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou
ção, a propala ou divulga. científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou di-
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. famar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público,
Exceção da verdade em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: do ofício.
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

Didatismo e Conhecimento 19
DIREITO PENAL
Retratação Pergunta: Que se entende por autoria incerta?
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata ca- Resposta: Ocorre quando, na autoria colateral, não se conse-
balmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. gue identificar o causador da morte, respondendo todos por tenta-
        tiva de homicídio.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere ca-
lúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir Classificação:
explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério É um crime simples, comum, instantâneo, material e de dano.
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Sujeito passivo:
       
Qualquer ser humano após seu nascimento e desde que esteja
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se pro-
vivo.
cede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da Crime impossível: tem a finalidade de afastar a tentativa por
violência resulta lesão corporal. absoluta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro Há crime impossível por absoluta impropriedade do objeto na con-
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Códi- duta de quem tenta tirar a vida de pessoa já morta e, neste caso, não
go, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do há tentativa de homicídio, ainda que o agente não soubesse que a
mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Códi- vítima estava morta. Haverá também crime impossível, mas por
go. (Redação dada pela Lei nº 12.033.  de 2009) absoluta ineficácia do meio, quando o agente usa, por exemplo,
arma de brinquedo ou bala de festim.
HOMICÍDIO
Consumação:
São três os tipos (espécies): Dá-se no momento da morte (crime material). A morte ocorre
- homicídio simples; quando cessa a atividade encefálica (Lei n. 9.434/97, artigo 3.º). A
- homicídio privilegiado; prova da materialidade se faz por meio do laudo de exame necros-
- homicídio qualificado. cópico assinado por dois legistas, que devem atestar a ocorrência
da morte e se possível as suas causas.
Homicídio Simples:
Conceito de homicídio: eliminação da vida humana extraute- Tentativa:
rina, provocada por outra pessoa. Tentativa branca de homicídio: ocorre quando o agente prati-
Tipo penal: matar alguém. ca o ato de execução, mas não atinge o corpo da vítima que, por-
Pena: reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. tanto, não sofre qualquer dano em sua integridade corporal.
Objeto jurídico: Tentativa cruenta de homicídio: ocorre quando a vítima é atin-
Objetividade jurídica trata-se do bem jurídico tutelado pela gida, sendo apenas lesionada.
norma penal. No caso do homicídio o bem jurídico tutelado é a Tentativa de homicídio diferencia-se de lesão corporal consu-
vida humana extrauterina. O homicídio é um crime simples, pois mada: o que distingue é o dolo (intenção do agente).
tem apenas um bem jurídico tutelado (vida). Crimes complexos Progressão criminosa: o agente inicia a execução querendo
são aqueles em que a lei protege mais de um bem jurídico (exem- apenas lesionar e depois altera o seu dolo e resolve matar. Con-
plo: latrocínio).
sequência: o agente só responde pelo homicídio que absorve as
Sujeito ativo: lesões corporais.
Qualquer pessoa. O homicídio é um crime comum, pois pode Lesão corporal seguida de morte: trata-se de crime preterdo-
ser praticado por qualquer pessoa, ao contrário dos crimes pró- loso (dolo na lesão e culpa na morte). Não se confunde com a
prios, que só podem ser praticados por determinadas pessoas. progressão criminosa.
O homicídio admite coautoria e participação. Lembre-se que Desistência Voluntária: o agente só responde pelos atos já
o Código Penal adotou a teoria restritiva, logo:
praticados. Ocorre quando, por exemplo, ele efetua um disparo
Autor: é a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo, o ver-
bo do tipo (é quem subtrai, quem constrange, quem mata). contra a vítima e percebe que não a atingiu de forma mortal, sendo
Partícipe: é a pessoa que não comete a conduta descrita no que, na sequência, voluntariamente deixa de efetuar novos dispa-
tipo, mas de alguma forma contribui para o crime. Exemplo: aque- ros, apesar de ser possível fazê-lo. O agente responde só por lesões
le que empresta a arma, incentiva. corporais. Não há tentativa, por não existir circunstância alheia à
vontade do agente que tenha impedido a consumação (artigo 15 do
Para que exista coautoria e participação, é necessário que Código Penal).
exista liame subjetivo, ou seja, a ciência por parte dos envolvidos
de que estão colaborando para um fim comum.
Elemento subjetivo:
Pergunta: Que vem a ser autoria colateral? - dolo direto: quando a pessoa quer o resultado;
Resposta: Ocorre quando duas ou mais pessoas querem come- - dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o resulta-
ter o mesmo crime e agem ao mesmo tempo, sem que uma saiba da do (prevê a morte e age).
intenção da outra, e o resultado morte decorre da conduta de um só No caso de homicídio decorrente de racha de automóveis (ar-
agente, que é identificado no caso concreto. O que for identificado
responderá por homicídio consumado e o outro por tentativa. tigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro), os Tribunais têm en-
tendido que se trata de homicídio com dolo eventual.

Didatismo e Conhecimento 20
DIREITO PENAL
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - ARTIGO 121, § 1.º, DO Inciso II - motivo fútil
CÓDIGO PENAL Matar por motivo de pequena importância, motivo insignifi-
Natureza Jurídica: cante. Exemplo: matar por causa de uma “fechada” no trânsito.
Causa de diminuição de pena (redução de 1/6 a 1/3, em todas A ausência de prova, referente aos motivos do crime, não per-
as hipóteses). mite o reconhecimento dessa qualificadora.
Apesar de o parágrafo trazer a expressão “pode”, trata-se de Ciúme não caracteriza motivo fútil.
uma obrigatoriedade, para não ferir a soberania dos veredictos. O A existência de uma discussão “forte”, precedente ao crime,
privilégio é votado pelos jurados e, se reconhecido o privilégio, afasta o motivo fútil, ainda que a discussão tenha se iniciado por
a redução da pena é obrigatória, pois do contrário estaria sendo motivo de pequena importância, pois se entende que a causa do
ferido o princípio da soberania dos veredictos. Trata-se, portanto, homicídio foi a discussão e não o motivo anterior que a havia ori-
de um direito subjetivo do réu. ginado.
As hipóteses são de natureza subjetiva porque estão ligadas A vingança será considerada, ou não, motivo fútil, dependen-
aos motivos do crime: do do que a tenha originado.
- Motivo de relevante valor moral (nobre): diz respeito a senti-
mentos do agente que demonstre que houve uma motivação ligada Inciso III - emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tor-
a uma compaixão ou algum outro sentimento nobre. É o caso da tura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa representar
eutanásia. perigo comum.
- Motivo de relevante valor social: diz respeito ao sentimento
da coletividade. Exemplo: matar o traidor da Pátria. Emprego de veneno:
- Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta Trata-se do venefício, que é o homicídio praticado com o em-
provocação da vítima. prego de veneno.
Requisitos: É necessário que seja inoculado de forma que a vítima não
a - existência de uma injusta provocação (não é injusta agres- perceba. Se o veneno for introduzido com violência ou grave
são, senão seria legítima defesa). Exemplo: adultério, xingamento, ameaça, será aplicada a qualificadora do meio cruel. Certas subs-
traição. Não é necessário que a vítima tenha tido a intenção especí- tâncias que são inofensivas para as pessoas em geral poderão ser
consideradas veneno em razão de condições de saúde peculiares da
fica de provocar, bastando que o agente se sinta provocado.
vítima, como no caso do açúcar para o diabético.
b - que, em razão da provocação, o agente fique tomado por
uma emoção extremamente forte. Emoção é um estado súbito e
Emprego de fogo:
passageiro de instabilidade psíquica.
Se além de causar a morte da vítima o fogo ou explosivo da-
c - reação imediata (logo em seguida...): não pode ficar evi-
nificarem bem alheio, o agente só responderá pelo homicídio qua-
denciada uma patente interrupção entre a provocação e a morte.
lificado (artigo 163, parágrafo único, inciso II, do Código Penal).
Leva-se em conta o momento em que o sujeito ficou sabendo da
provocação.
Emprego de explosivo:
HOMICÍDIO QUALIFICADO - ARTIGO 121, § 2.º, DO Exemplo de bombas caseiras em torcidas de futebol. Eventual
CÓDIGO PENAL dano ao patrimônio alheio ficará absorvido pelo homicídio qualifi-
Pena: reclusão de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. cado pelo fogo ou explosivo.
Classificação:
- Quanto aos motivos: incisos I e II. Emprego de asfixia:
- Quanto ao meio empregado: inciso III. Causa o impedimento da função respiratória. Formas de as-
- Quanto ao modo de execução: inciso IV. fixia:
- Por conexão: inciso V. - Asfixia mecânica
- Contra a mulher: VI. - Esganadura: o agente, com seu próprio corpo, comprime o
- Contra integrantes dos órgãos de segurança pública (ou pescoço da vítima.
contra seus familiares): VII. - Estrangulamento: passar fio, arame etc. no pescoço da ví-
tima, causando-lhe a morte. É a própria força do agente atuando,
Inciso I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por mas não com as mãos.
outro motivo torpe - Enforcamento: é a força da gravidade que faz com que o
Na paga ou promessa de recompensa, há a figura do mandante peso da vítima cause sua morte (por exemplo: o pescoço da vítima
e do executor. Neste caso, o homicídio é também chamado homi- é envolto com uma corda).
cídio mercenário. - Sufocação: é a utilização de algum objeto que impeça a en-
A paga é prévia em relação à execução. Na promessa de re- trada de ar nos pulmões da vítima (exemplo: introduzir algodão na
compensa, o pagamento é posterior à execução. Mesmo se o man- garganta da vítima, colocar travesseiro no seu rosto).
dante não a cumprir, existirá a qualificadora. - Afogamento: imersão em meio líquido.
Motivo torpe: é o motivo moralmente reprovável, vil, repug- - Soterramento: imersão em meio sólido (exemplo: enterrar
nante. Exemplo: matar o pai para ficar com herança; matar a es- alguém vivo fora de um caixão).
posa porque ela não quis manter relação sexual. O ciúme não é - Imprensamento ou sufocação indireta: impedir o movimen-
considerado motivo torpe. A vingança será considerada, ou não, to respiratório colocando, por exemplo, um peso sobre o tórax da
motivo torpe dependendo do que a tenha originado. vítima.

Didatismo e Conhecimento 21
DIREITO PENAL
- Asfixia tóxica: uso de gás asfixiante: monóxido de carbono, Inciso V – para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
por exemplo. nidade ou vantagem de outro crime
- Confinamento: trancar alguém em lugar fechado de forma O inciso refere-se às qualificadoras por conexão, que podem
a impedir a troca de ar (exemplo: enterrar alguém vivo dentro de ser:
caixão). - Teleológica: Quando a morte visa assegurar a execução de
outro crime (exemplo: matar o segurança para sequestrar o empre-
Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel: sário). Haverá concurso material entre o homicídio qualificado e
Tortura: Deve ser a causa direta da morte. Trata-se de meios o outro delito, salvo se houver crime específico no Código Penal
que causam na vítima intenso sofrimento físico ou mental. A reite- para esta situação (exemplo: no latrocínio, o agente mata para rou-
ração de golpes, dependendo da forma como ela é utilizada, pode bar).
ou não caracterizar a qualificadora de meio cruel (exemplos: ape-
drejamento, paulada, espancamento etc.). - Consequencial: Ocorre quando a morte visa garantir:
Eventual mutilação praticada após a morte caracteriza crime - ocultação de outro crime: o agente quer evitar que alguém
autônomo de destruição de cadáver (artigo 211 do Código Penal).
descubra que o crime foi praticado;
O crime de tortura com resultado morte (artigo 1.º, § 3.º, da
- impunidade: evitar que alguém conheça o autor de um crime
Lei n. 9.455/97), que prevê pena de reclusão de 8 a 16 anos, não
(exemplo: matar testemunha);
se confunde com o homicídio qualificado pela tortura. A diferença
- vantagem (exemplo: ladrões de banco – um mata o outro).
está no elemento subjetivo. No homicídio qualificado, o agente
quer a morte da vítima e utiliza meio que causa intenso sofrimen-
to físico ou mental. No crime de tortura com resultado morte, no Na conexão teleológica, primeiro o agente mata e depois co-
entanto, o agente tem a intenção de torturar a vítima, mas acaba mete o outro crime. Na consequencial, primeiro comete o outro
provocando sua morte culposamente (trata-se de crime preterdolo- crime, depois mata.
so - dolo no antecedente e culpa no consequente). Se o agente visa a garantia da execução, a ocultação, a impu-
Meio insidioso: é o meio ardiloso que consiste no uso de frau- nidade ou vantagem de uma contravenção, será aplicada a quali-
de, armadilha, parecendo não ter havido infração penal, e sim um ficadora do motivo torpe, conforme o caso. Não incide o inciso V,
acidente, como no caso de sabotagem nos freios do automóvel. pois, esse se refere expressamente a outro crime.

Emprego de qualquer meio do qual possa resultar perigo Inciso VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
comum: feminino
Gera perigo a um número indeterminado de pessoas. Não é Inciso incluído pela Lei n° 13.104, de 2015 para incluir mais
necessário que o caso concreto demonstre o perigo comum, basta uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando
que se comprove que o meio usado poderia causar dano a várias crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino.
pessoas, ainda que não haja uma situação de risco específico.
O § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo
Inciso IV – à traição, de emboscada ou mediante dissimula- “razões da condição de sexo feminino”, esclarecendo que ocorrerá
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa em duas hipóteses: a) violência doméstica e familiar; b) menospre-
do ofendido zo ou discriminação à condição de mulher; A lei acrescentou ainda
Refere-se ao modo que o sujeito usou para aproximar-se da o § 7º ao art. 121 do CP estabelecendo causas de aumento de pena
vítima. para o crime de feminicídio.
Traição: aproveitar-se da prévia confiança que a vítima de-
posita no agente para alvejá-la (exemplo: matar a esposa que está A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a)
dormindo). durante a gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto; b) contra
- Emboscada ou tocaia: aguardar escondido a passagem da pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c)
vítima por um determinado local para matá-la. na presença de ascendente ou descendente da vítima.
- Dissimulação: uso de artifício para se aproximar da vítima.
Pode ser: Por fim, a lei alterou o art. 1º da Lei 8072/90 (Lei de crimes
Material: dá-se com o uso de disfarce, fantasia ou métodos hediondos) para incluir a alteração, deixando claro que o feminicí-
análogos para se aproximar. dio é nova modalidade de homicídio qualificado, entrando, portan-
- Moral: a pessoa usa a palavra. Sujeito dá falsas provas de to, no rol dos crimes hediondos.
amizade ou de apreço para poder se aproximar.
De acordo com o Instituto Avante Brasil (www.institutoavan-
tebrasil.com.br) uma mulher morre a cada hora no Brasil. Quase
Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a
metade desses homicídios são dolosos praticados em violência do-
defesa da vítima
méstica ou familiar através do uso de armas de fogo, 34% são por
Exemplos: surpresa, disparo pelas costas, enquanto a vítima instrumentos perfuro-cortantes (facas, por exemplo), 7% por asfi-
dorme etc. xia decorrente de estrangulamento, representando os meios mais
Quando uma pessoa armada mata outra desarmada, a jurispru- comuns nesse tipo ocorrência.
dência não configura a qualificadora por razão de política criminal.

Didatismo e Conhecimento 22
DIREITO PENAL
Fonte: “Lei do feminicídio: entenda o que mudou”, Situação dos guardas municipais
por Auriney Brito (http://aurineybrito.jusbrasil.com.br/arti- Como se vê pela redação do caput do art. 144 da CF/88,
gos/172479028/lei-do-feminicidio-entenda-o-que-mudou) não há menção às guardas municipais. Diante disso, indaga-se:
o homicídio praticado contra um guarda municipal no exer-
Inciso VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. cício de suas funções pode ser considerado qualificado, nos
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema pri- termos do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP? Essa nova
sional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício qualificadora aplica-se também para os guardas municipais?
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com- SIM. A qualificadora do inciso VII do § 2º do art. 121 do CP
panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão aplica-se em situações envolvendo guardas municipais. Chega-se
dessa condição a essa conclusão tanto a partir de uma interpretação literal como
O homicídio cometido contra integrantes dos órgãos de segu- teleológica.
rança pública (ou contra seus familiares) passa a ser considerado O inciso VII fala em “autoridade ou agente descrito nos arts.
como homicídio qualificado, se o delito tiver relação com a função 142 e 144 da Constituição Federal”.
Repare que o legislador não restringiu a aplicação da qualifi-
exercida.
cadora ao caput do art. 144 da CF/88.
As guardas municipais estão descritas no art. 144, não em seu
Primeiro ponto
caput, mas sim no § 8º, que tem a seguinte redação:
O homicídio cometido contra integrantes dos órgãos de se-
Art. 144 (...) § 8º Os Municípios poderão constituir guardas
gurança pública (ou contra seus familiares) passa a ser conside- municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instala-
rado como homicídio qualificado, se o delito tiver relação com a ções, conforme dispuser a lei.
função exercida.
A Lei n.° 13.142/2015 acrescentou o inciso VII ao § 2º do art. Desse modo, a interpretação literal do inciso VII do § 2º do
121 do CP prevendo o seguinte: art. 121 do CP não exclui a sua incidência no caso de guardas mu-
nicipais. Vale aqui aplicar o vetusto brocardo jurídico “ubi lex non
Art. 121. Matar alguém: distinguir nec nos distinguere debemus”, ou seja, “onde a lei não
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. distingue, não pode o intérprete distinguir”.
(...) Ressalte-se que não se trata de interpretação extensiva ou am-
Homicídio qualificado pliativa contra o réu. A lei fala no art. 144 da CF/88, sem qualquer
§ 2° Se o homicídio é cometido: restrição ou condicionante. O art. 144 é composto não apenas pelo
(...) caput, mas também por parágrafos. Ao se analisar todo o artigo
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e para cumprir a remissão feita pela lei (e não apenas o caput) não
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e se está ampliando nada, mas apenas dando estreita obediência à
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função vontade do legislador.
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou Além disso, há razões de natureza teleológica que justificam
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: essa interpretação.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. O objetivo do legislador foi o de proteger os servidores pú-
blicos que desempenham atividades de segurança pública e que,
REQUISITO 1: VÍTIMA DO CRIME por estarem nessa condição, encontram-se mais expostos a riscos
- Autoridades ou agentes do art. 142 da CF/88 do que as demais pessoas. Os guardas municipais, por força de lei
O art. 142 da CF/88 trata sobre as Forças Armadas (Marinha, que deu concretude ao § 8º do art. 144 da CF/88, estão também
Exército ou Aeronáutica). incumbidos de inúmeras atividades relacionadas com a segurança
pública. Refiro-me à Lei n.° 13.022/2014 (Estatuto das Guardas
Municipais), que prevê, dentre as competências dos guardas mu-
- Autoridades ou agentes do art. 144 da CF/88
nicipais, a sua atuação em prol da segurança pública das cidades
O art. 144, por sua vez, elenca os órgãos que exercem ativida-
(arts. 3º e 4º da Lei).
des de segurança pública. O caput desse dispositivo tem a seguinte
redação:
Agentes de segurança viária
O mesmo raciocínio acima penso que pode ser aplicado para
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res- os agentes de segurança viária, disciplinados no § 10 do art. 144
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem da CF/88:
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos: § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da or-
I - polícia federal; dem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio
II - polícia rodoviária federal; nas vias públicas:
III - polícia ferroviária federal; I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
IV - polícias civis; sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e

Didatismo e Conhecimento 23
DIREITO PENAL
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos § 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Servidores aposentados Desse modo, a restrição imposta pelo inciso VII é manifesta-
Não estão abrangidos pelo inciso VII do § 2º do art. 121 do mente inconstitucional. No entanto, mesmo sendo inconstitucio-
CP os servidores aposentados dos órgãos de segurança pública, nal, não é possível “corrigi-la” acrescentando, por via de inter-
considerando que, para haver essa inclusão, o legislador teria que pretação, maior punição para homicídios cometidos contra filhos
ter sido expresso já que, em regra, com a aposentadoria o ocupante adotivos. Se isso fosse feito, haveria analogia in malam partem, o
do cargo deixa de ser autoridade, agente ou integrante do órgão que é inadmissível no Direito Penal.
público.
Parentes por afinidade também estão fora
Não estão abrangidos os parentes por afinidade, ou seja, aque-
Familiares das autoridades, agentes e integrantes dos ór- les que a pessoa adquire em decorrência do casamento ou união
gãos de segurança pública estável, como cunhados, sogros, genros, noras etc. Assim, se o tra-
Também será qualificado o homicídio praticado contra cônju- ficante mata a sogra do Delegado que o investigou não cometerá
ge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau das autorida- o homicídio qualificado do art. 121, § 2º, VII, do CP. A depender
des, agentes e integrantes dos órgãos de segurança pública. do caso concreto, poderá ser enquadrado como motivo torpe (art.
121, § 2º, I, do CP).
Quando se fala em cônjuge ou companheiro, isso inclui, tanto
relacionamentos heteroafetivos como homoafetivos. Assim, matar
um companheiro homoafetivo do policial, em retaliação por sua Resumindo as vítimas que estão abrangidas pela nova qua-
atuação funcional, é homicídio qualificado, nos termos do art. 121, lificadora:
§ 2º, VII, do CP. O homicídio será QUALIFICADO se for cometido contra as
seguintes vítimas:
A expressão “parentes consanguíneos até 3º grau” abrange:
• Ascendentes (pais, avós, bisavós);
AUTORIDADE, AGENTE OU INTEGRANTE da(o) (s):
• Descendentes (filhos, netos, bisnetos);
• Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica);
• Colaterais até o 3º grau (irmãos, tios e sobrinhos).
• Polícia Federal;
• Polícia Rodoviária Federal;
O filho adotivo está abrangido na proteção conferida por
este inciso VII? Se um filho adotivo do policial é morto como re- • Polícia Ferroviária Federal;
taliação por sua atuação funcional haverá homicídio qualificado • Polícias Civis;
com base no art. 121, § 2º, VII, do CP? • Polícias Militares;
O tema certamente suscitará polêmica na doutrina e jurispru- • Corpos de Bombeiros Militares;
dência, mas penso que não. • Guardas Municipais*;
Existem três espécies de parentesco no Direito Civil: • Agentes de segurança viária*;
a) parentesco consanguíneo ou natural (decorrente do vínculo • Sistema Prisional (agentes, diretores de presídio, carcereiro
biológico); etc.);
b) parentesco por afinidade (decorrente do casamento ou da • Força Nacional de Segurança Pública.
união estável);
c) parentesco civil (decorrente de uma outra origem que não OU
seja biológica nem por afinidade).
CÔNJUGE, COMPANHEIRO ou PARENTE consanguíneo
De acordo com essa classificação, a adoção gera uma espécie até 3º grau de algumas das pessoas acima listadas.
de parentesco civil entre adotando e adotado. O filho adotivo pos-
sui parentesco civil com seu pai adotivo. REQUISITO 2: RELAÇÃO COM A FUNÇÃO
O legislador, ao prever o novel inciso VII cometeu um grave Não basta que o crime tenha sido cometido contra as pessoas
equívoco ao restringir a proteção do dispositivo às vítimas que se- acima listadas. É indispensável que o homicídio esteja relacionado
jam parentes consanguíneos da autoridade ou agente de segurança com a função pública desempenhada pelo integrante do órgão de
pública, falhando, principalmente, por deixar de fora o parentesco segurança pública.
civil.
Tivesse o legislador utilizado apenas a expressão “parente”, Assim, três situações justificam a incidência da qualificadora:
sem qualquer outra designação, poderíamos incluir todas as mo-
dalidades de parentesco. Ocorre que ele, abraçando a classificação • O indivíduo foi vítima do homicídio no exercício da função.
acima explicada, escolheu proteger apenas os parentes consanguí- Ex: PM que, ao fazer a ronda no bairro, é executado por um
neos. bandido.
É certo que a CF/88 equipara os filhos adotivos aos filhos con-
sanguíneos, afirmando que não poderá haver tratamento discrimi- • O indivíduo foi vítima do homicídio em decorrência de sua
natório entre eles. Isso está expresso no § 6º do art. 227: função.

Didatismo e Conhecimento 24
DIREITO PENAL
Ex: Delegado de Polícia é morto pelo bandido como vingança Por ser qualificadora subjetiva, em caso de concurso de pes-
por ter prendido a quadrilha que ele chefiava. soas, essa qualificadora não se comunica aos demais coautores ou
partícipes, salvo se eles também tiverem a mesma motivação. Ex:
• O familiar da autoridade ou agente foi vítima do homicídio João, por vingança, deseja matar o Delegado que lhe investigou
em razão dessa condição de familiar de integrante de um órgão de e, para tanto, contrata o pistoleiro profissional Pedro, que não se
segurança pública. importa com os motivos do mandante, já que seu intuito é apenas
Ex: filho de Delegado de Polícia Federal é morto por organi- lucrar com a execução; João responderá por homicídio qualificado
zação criminosa como retaliação por ter conduzido operação poli- do art. 121, § 2º, VII e Pedro por homicídio qualificado mediante
cial que apreendeu enorme quantidade de droga. paga (art. 121, § 2º, I); a qualificadora do inciso VII não se estende
ao executor, por força do art. 30 do CP:
De outro lado, não haverá a qualificadora do inciso VII do §
2º do art. 121 do CP se o crime foi praticado contra um agente de Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições
segurança pública (ou contra seus familiares), mas este homicídio de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
não tiver qualquer relação com sua função.
Ex: policial civil, em seu período de folga, está em uma boate Impossibilidade de a qualificadora do inciso VII ser conju-
e paquera determinada moça que ele não viu estar acompanhada. gada com o privilégio do § 1º :
O namorado da garota, com ciúmes, saca uma arma e dispara tiro O § 1º do art. 121 do CP prevê a figura do homicídio privile-
contra o policial. Não haverá a qualificadora do inciso VII, mas o giado nos seguintes termos:
crime, a depender do conjunto probatório, poderá ser qualificado
com base no motivo fútil (inciso II). § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção,
Em suma, a novel qualificadora não protege a pessoa do mi- logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode re-
litar, do policial, do delegado etc. A nova qualificadora tutela a duzir a pena de um sexto a um terço.
FUNÇÃO desempenhada por esses indivíduos. Esse é o bem jurí-
A jurisprudência até admite a existência de homicídio privile-
dico protegido.
giado-qualificado. No entanto, para isso, é necessário que a qua-
lificadora seja de natureza objetiva. No caso do novo inciso VII a
OUTRAS OBSERVAÇÕES
qualificadora é subjetiva. Logo, não é possível que seja conjugada
com o § 1º.
Tentado ou consumado
Fonte:
Incidirá a qualificadora tanto nos casos de homicídio tentado,
como consumado.
Segundo ponto
Elemento subjetivo A pena da LESÃO CORPORAL será aumentada de 1/3 a 2/3
É indispensável que o homicida saiba (tenha consciência) da se essa lesão tiver sido praticada contra integrantes dos órgãos
função pública desempenhada e queira cometer o crime contra o de segurança pública (ou contra seus familiares), desde que o
agente que está em seu exercício ou em razão dela ou ainda que delito tenha relação com a função exercida.
queira praticar o delito contra o seu familiar em decorrência dessa A Lei n.° 13.142/2015 acrescentou o § 12 ao art. 129 do CP,
atividade. prevendo o seguinte:
Ex: João, membro de uma organização criminosa, está “ju-
rado de morte” pela organização criminosa rival e, por isso, anda Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de ou-
sempre armado e atento. João não sabia que estava sendo investi- trem:
gado pela Polícia Federal, inclusive sendo acompanhado por dois Pena - detenção, de três meses a um ano.
agentes da PF à paisana. Determinado dia, ao perceber que estava (...)
sendo seguido, João, pensando se tratar dos membros da organi- Aumento de pena
zação rival, mata os dois policiais. Não incidirá a qualificadora do (...)
inciso VII do § 2º do art. 121 do CP porque ele não tinha dolo de § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
matar especificamente os policiais no exercício de suas funções. A descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
depender do conjunto probatório, João poderá, em tese, responder do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
por homicídio qualificado com base no motivo torpe (inciso I), no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu côn-
desde que não fique caracterizada a legítima defesa putativa. juge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
Natureza da qualificadora
A qualificadora do inciso VII é de natureza subjetiva, ou seja, Para quais espécies de lesão corporal se aplica o novo § 12?
está relacionada com a esfera interna do agente (ele mata a vítima A causa de aumento prevista no novo § 12 do art. 129 do CP
no exercício da função, em decorrência dela ou em razão da condi- aplica-se para todas as espécies de lesão corporal DOLOSA, in-
ção de familiar do agente de segurança pública). cluindo:
Ademais, não se trata de qualificadora objetiva porque nada • Lesão corporal leve (art. 129, caput);
tem a ver com o meio ou modo de execução. • Lesão corporal grave (art. 129, § 1º);

Didatismo e Conhecimento 25
DIREITO PENAL
• Lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º); HOMICÍDIO CULPOSO - ARTIGO 121, § 3º, DO CÓDI-
• Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º). GO PENAL
Pena: detenção de 1 (um) a 3 (três) anos.
Fica de fora, portanto, a lesão corporal culposa (art. 129, § 6º A morte decorre de imprudência, negligência ou imperícia.
do CP). - Imprudência: consiste numa ação, conduta perigosa.
- Negligência: é uma omissão; ocorre quando se deveria ter
Valem as mesmas observações sobre o homicídio qualificado tomado certo cuidado.
Para que incida essa causa de aumento, serão necessários tam- - Imperícia: ocorre quando uma pessoa não possui aptidão
bém dois requisitos: técnica para a realização de certa conduta e mesmo assim a realiza,
• Requisito 1: lesão corporal contra integrantes dos órgãos de
dando causa à morte.
segurança pública ou contra seus familiares.
• Requisito 2: o delito deve ter relação com a função desem-
LESÃO CORPORAL
penhada.

Terceiro ponto Conceito: ofensa à integridade corporal consiste no dano ana-


tômico prejudicial ao corpo humano. Exemplo: corte, queimadura,
Foram previstos como crimes hediondos: mutilações etc.
• Lesão corporal dolosa gravíssima (art. 129, § 2º)
• Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º) Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido.
• Homicídio qualificado Saliente-se que a lei não pune a autolesão. A autolesão pode, entre-
... praticados contra integrantes dos órgãos de segurança tanto, constituir crime de outra natureza, tais como autolesão para
pública (ou contra seus familiares), se o delito tiver relação com receber seguro (artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal), ou
a função exercida. criação de incapacidade para frustar a incorporação militar (artigo
184 do Código Penal Militar).
A Lei n.° 13.142/2015 alterou a Lei de Crimes Hediondos (Lei
n.° 8.072/90), que passa a ter a seguinte redação: Sujeito Passivo: qualquer pessoa, salvo nas hipóteses em que
a vítima só poderá ser mulher grávida.
Art. 1º (...)
Consumação: no momento da ofensa à integridade física ou
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica
à saúde.
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e
homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e
VII); Tentativa: É possível. A tentativa de lesão corporal difere da
contravenção de vias de fato (artigo 21 da Lei de Contravenções
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, Penais), pois, na contravenção o agente não tem intenção de lesio-
§ 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando nar a vítima (exemplo: empurrão). Se o agente emprega violência
praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e ultrajante, com intenção de humilhar a vítima, estamos diante do
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e crime de injúria real (artigo 140, § 2.º, do Código Penal).
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função Se o agente agride sem a intenção de lesionar, mas lesiona,
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou ocorre a lesão corporal culposa, que afasta as vias de fato.
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
Lesão Leve:
NOVOS DELITOS CONSIDERADOS COMO CRIMES Por exclusão, é toda lesão que não for grave nem gravíssima.
HEDIONDOS Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. A lesão corporal
leve é infração de menor potencial ofensivo.

Concurso de crimes:
Em muitos crimes, como no roubo, por exemplo, a violência é
utilizada como meio de execução. O que ocorrerá se da violência
decorrer lesão leve?
No silêncio da lei a respeito do resultado violência, conclui-se
que a lesão leve fica absorvida (exemplo: roubo, extorsão, estupro,
atentado violento ao pudor, crime de tortura etc.). Se, no entanto, a
lei expressamente ressalvar a aplicação autônoma do resultado da
violência, o agente responderá pelos dois crimes, sendo somadas
as penas (exemplo: injúria real, constrangimento ilegal, dano qua-
lificado, rapto, exercício arbitrário das próprias razões, resistência
etc.).

Didatismo e Conhecimento 26
DIREITO PENAL
Ação penal: A debilidade não se confunde com a perda ou inutilização do
O artigo 88 da Lei n. 9.099/95 transformou a lesão corporal membro, sentido ou função, hipóteses de lesão corporal gravíssi-
dolosa leve em crime de ação penal pública condicionada à repre- ma, disciplinadas no § 2.º.
sentação do ofendido. A jurisprudência e a doutrina estenderam a
exigência da representação para as vias de fato. Inciso IV - aceleração do parto
Outra regra trazida pela Lei n. 9.099/95: para o oferecimento Caracteriza-se pela antecipação da data do nascimento. Pres-
da denúncia não é necessário um exame de corpo de delito, basta supõe o nascimento com vida. Para evitar a responsabilidade ob-
um boletim de ocorrência ou ficha médica. jetiva, é necessário que o agente saiba que a mulher está grávida.

Lesão decorrente de esporte: Lesão Gravíssima – Artigo 129, § 2.º, do Código Penal
Não há crime, desde que tenha havido respeito às regras do Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
jogo, pois se trata de exercício regular de direito. A denominação lesão gravíssima é dada pela doutrina e juris-
prudência. A lei não utiliza essa expressão, que tem a finalidade
Intervenção cirúrgica: de diferenciar as lesões do § 2.º que tem pena mais severa do que
Se a cirurgia não é de emergência, o médico deve obter o con- o § 1.º.
sentimento do paciente ou do seu representante legal. Trata-se, Se uma lesão se enquadra em grave e gravíssima, o réu res-
quando há consentimento, de exercício regular de direito. ponderá pela gravíssima.
Se a cirurgia for de urgência, o agente estará acobertado pelo
estado de necessidade em favor de terceiro.
Inciso I – se resulta incapacidade permanente para o tra-
balho:
Lesão Grave – Artigo 129, § 1.º, do Código Penal
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão. É mais específico que o § 1.º, inciso I. A incapacidade deve ser
Inciso I – se resulta incapacidade para as ocupações habi- permanente (a lei não diz perpétua) e deve abranger qualquer tipo
tuais por mais de 30 dias de trabalho (posição majoritária). Para uma corrente minoritária,
É necessário o exame complementar, realizado no primeiro a incapacidade da vítima deve impossibilitar o trabalho que ela
dia após o período de 30 dias, para comprovar a materialidade da exercia anteriormente.
lesão grave (artigo 168, § 2.º, do Código de Processo Penal). O O sujeito passivo não poderá ser criança ou pessoa idosa apo-
prazo de 30 dias é contado nos termos do artigo 10 do Código sentada.
Penal.
Ocupação habitual é qualquer atividade rotineira na vida da Inciso II – se resulta enfermidade incurável:
vítima, tal como estudar, andar, praticar esportes etc., exceto a Da lesão decorre doença para a qual não existe cura.
considerada ilícita. No caso de atividade lícita, mas imoral, have- Para uma corrente, a transmissão intencional de AIDS tipifica
rá lesão grave (exemplo: incapacitar prostituta de manter relações a tentativa de homicídio. Para outra, caracteriza lesão gravíssima,
sexuais). pela transmissão de moléstia incurável.
Se a vítima deixar de praticar atividades rotineiras, por sentir
vergonha, não há se falar em incapacidade. Inciso III – se resulta perda ou inutilização de membro, sen-
Trata-se de um exemplo de crime a prazo. tido ou função:
O resultado agravador pode ser culposo ou doloso. A perda pode se dar:
- por mutilação: ocorre pela própria ação lesiva; é o corte de
Inciso II – se resulta perigo de vida uma parte do corpo da vítima (extirpação do braço, da perna, da
É uma hipótese preterdolosa, pois o sujeito não quer a morte. mão etc.);
Se o agente queria o resultado morte, responderá por tentativa de - por amputação: é a extirpação feita pelo médico, posterior-
homicídio. mente à ação, para salvar a vida da vítima.
O perito deve dizer claramente em que consistiu o perigo de Na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo da
vida (exemplo: houve perigo de vida porque a vítima perdeu muito vítima, ainda que parcialmente, mas totalmente inapto para a
sangue etc.), e o Promotor de Justiça deve transcrever na denúncia.
realização de sua atividade própria.
Inciso III – se resulta debilidade permanente de membro,
Observações:
sentido ou função.
Membros são os apêndices do corpo (braços e pernas). Exem- Com relação aos membros: o decepamento de um dedo ou a
plo: cortar o tendão do braço, causando perda parcial do membro. perda parcial dos movimentos do braço constitui lesão grave, ou
Os sentidos são o tato, o olfato, a visão, o paladar e a audição. seja, mera debilidade. Havendo paralisia total, ainda que seja de
Exemplo: diminuição da capacidade de enxergar, ouvir etc. um só braço, ou se houver mutilação da mão, a lesão é gravíssima
A função consiste no funcionamento de órgãos ou aparelhos pela inutilização de membro.
do corpo humano (exemplo: função respiratória, função reprodu- Com relação aos sentidos: há alguns sentidos captados por
tora). órgãos duplos (visão e audição). A provocação de cegueira, ainda
A debilidade é o enfraquecimento, a diminuição, a redução que completa, em um só olho, constitui apenas debilidade perma-
da capacidade funcional. A debilidade deve ser permanente, ou nente. O mesmo ocorre com a audição.
seja, de recuperação incerta e improvável e cuja cessação eventual Com relação à função: a perda ou inutilidade de função só
ocorrerá em data incalculável (permanente não é a mesma coisa será possível em função não vital, como por exemplo, a perda da
que perpétua). função reprodutora, causada pela extirpação do pênis.

Didatismo e Conhecimento 27
DIREITO PENAL
Inciso IV – se resulta deformidade permanente Lesão Corporal Culposa – Artigo 129, § 6.º, do Código Pe-
Está ligado ao dano estético, causado pelas cicatrizes. Exem- nal
plo: queimadura por fogo, por ácido (vitriolagem), etc. Requisitos: Aplicam-se todos os institutos do homicídio culposo, inclusi-
Que o dano estético seja razoável, ou seja, de uma certa mon- ve os que se referem às causas de aumento de pena e também às
ta. Deve ser permanente, isto é, não se reverte com o passar do regras referentes ao perdão judicial (§§ 7.º e 8.º do artigo 129 do
tempo. Se a vítima se submeter a uma cirurgia plástica e houver Código Penal).
a correção, desclassifica-se o delito. Se a cirurgia plástica for pos- A pena para lesão culposa é de 2 (dois) meses a 1 (um) ano
sível, mas a vítima não a fizer, persiste o crime, pois a vítima não de detenção.
No Código de Trânsito Brasileiro (artigo 303), porém, a lesão
está obrigada a fazer a cirurgia. Se a deformidade surgiu de um
corporal culposa, com o agente na direção de veículo automotor,
erro médico, há dois crimes (lesão dolosa em relação ao primeiro
recebe pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e sus-
e lesão culposa em relação ao médico). pensão da habilitação.
Que a deformidade seja visível. A composição quanto aos danos civis extingue a punibilida-
Que seja capaz de provocar impressão vexatória. A deformi- de, tanto da lesão culposa do Código Penal quanto do Código de
dade estética deve ser algo que reduza a beleza física da vítima. Trânsito Brasileiro. Exige-se representação, porque a ação penal é
pública condicionada. Na lesão culposa, não há figura autônoma
Inciso V – se resulta aborto decorrente da gravidade da lesão cujo grau (leve, grave ou gravís-
Aborto é a interrupção da gravidez, com a consequente morte simo) é irrelevante para caracterizar lesão corporal culposa, afe-
do produto da concepção. tando apenas a tipificação da pena em concreto.
Trata-se de qualificadora preterdolosa. Há dolo na lesão e cul-
CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
pa em relação ao aborto. Se houver dolo também em relação ao
O art. 129, § 7º, combinado com o art. 121, § 4º, do Código
aborto, o agente responde por lesão corporal em concurso formal
Penal, estabelece que a pena da lesão corporal dolosa, de qualquer
imperfeito com aborto (artigo 70, caput, parte final). Há, por fim, espécie, sofrerá acréscimo de um terço se a vítima é menor de 14
hipótese do agente que quer provocar o aborto e, culposamente, anos ou maior de 60.
causa lesão grave na mãe (artigo 127 do Código Penal).
É necessário que o agente saiba que a mulher está grávida. Violência Doméstica
Isso para evitar a chamada responsabilidade objetiva (artigo 19 do §§ 9º, 10 e 11: Esses dispositivos, criados pela Lei n.
Código Penal). 10.886/2004, não constituem tipos penais autônomos, já que não
possuem núcleo, isto é, não têm nenhum verbo descrevendo uma
Lesão Corporal Seguida de Morte – Artigo 129, § 3.º, do conduta típica própria. Para criar um tipo penal autônomo não bas-
Código Penal: ta lhe dar um nome — “violência doméstica”, por exemplo. Pela
Pena: reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. redação dos §§ 9º e 10, resta claro que, pelo texto legal aprovado,
o legislador quis acrescentar algumas circunstâncias com o intuito
É também um crime preterdoloso no qual há dolo na lesão
de agravar o crime de lesão corporal.
e culpa no resultado morte. O agente não prevê a morte, que era Tanto é assim que, como já mencionado, não descreveu uma
previsível. Por ser preterdoloso, não admite tentativa. conduta típica própria, mas sim fez remissão ao crime de lesão
Se não houver dolo na agressão (lesão), trata-se de homicídio corporal, iniciando o § 9º com a expressão “se a lesão...”, dei-
culposo. xando evidente que, ao acrescentar circunstâncias (crime contra
Caracterizará progressão criminosa se houver dolo inicial de ascendente, descendente, irmão, cônjuge etc.) e prever novos li-
lesão e, durante a execução, o agente resolver matar a vítima. Nes- mites de pena, acabou criando, no § 9º, o crime de lesão corporal
se caso, responderá pelo homicídio doloso (crime mais grave). dolosa leve qualificada pela violência doméstica. A pena que, ori-
ginariamente, era de seis meses a um ano, foi alterada pela Lei n.
Lesão Corporal Privilegiada – Artigo 129, § 4.º, do Código 11.340/2006, passando a ser de três meses a três anos de detenção,
Penal pena esta que deverá sofrer acréscimo de um terço se a vítima da
violência doméstica for portadora de deficiência, nos termos do
As hipóteses de privilégio das lesões corporais são as mesmas
art. 129, § 11, do Código Penal (criado pela Lei n. 11.340/2006).
do homicídio privilegiado. O privilégio só se aplica nas lesões do-
losas. É uma causa de redução de pena de 1/6 a 1/3. Lesão contra integrantes dos órgãos de segurança pública
ou seus familiares
Substituição da Pena - Artigo 129, § 5.o, do Código Penal §12: Já visto anteriormente.
“O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
pena de detenção pela de multa”, nas seguintes hipóteses: DA RIXA
- quando estiver presente uma das causas de privilégio (tra-
tando-se de lesão corporal leve privilegiada, o juiz poderá reduzir Conceito: Rixa é uma luta desordenada, um tumulto, envol-
a pena restritiva de liberdade ou substituí-la por multa); vendo troca de agressões entre três ou mais pessoas, em que os
- quando as lesões forem recíprocas (sem que um dos agentes lutadores visam todos os outros indistintamente. Como nesses tu-
multos é impossível estabelecer qual golpe foi desferido por deter-
tenha agido em legítima defesa).

Didatismo e Conhecimento 28
DIREITO PENAL
minado agressor contra outro, todos devem ser punidos por rixa, Qualificação doutrinária. Crime de concurso necessário
ou seja, pela participação no tumulto. Dessa forma, não há rixa (plurissubjetivo), doloso, instantâneo, simples, de ação livre, co-
quando existem dois grupos contrários, perfeitamente definidos, missivo, comum e de perigo abstrato.
lutando entre si, porque, nessa hipótese, os integrantes de cada
grupo serão responsabilizados pelas lesões corporais causadas nos Legítima defesa. Não é possível se alegar legítima defesa na
integrantes do grupo contrário. A jurisprudência, entretanto, vem rixa, pois quem dela participa comete ato antijurídico. Assim, se,
reconhecendo o crime de rixa quando se inicia uma troca de agres- durante a rixa, uma pessoa empunha um revólver para atingir outro
sões entre dois grupos distintos, mas, em razão do grande número rixoso e este se defende, matando o primeiro, responde pela rixa
porque este crime já se havia consumado anteriormente. Há legíti-
de envolvidos, surge tamanha confusão, que, durante seu desenro-
ma defesa apenas em relação ao homicídio.
lar, torna-se impossível identificar tais grupos.
A rixa qualificada é, na realidade, um dos últimos resquícios
Objetividade jurídica. A vida e a saúde das pessoas envol- de responsabilidade objetiva que estão em vigor em nossa lei pe-
vidas. nal, uma vez que a sua redação, bem como a própria explicação
extraída da exposição de motivos, deixa claro que todos os en-
Sujeito ativo e passivo. Trata-se de crime de concurso ne- volvidos na rixa sofrerão maior punição, independentemente de
cessário cuja configuração exige uma participação de, no mínimo, serem eles ou não os responsáveis pela lesão grave ou morte. Até
três pessoas (ainda que alguns sejam menores de idade) na troca mesmo a vítima das lesões graves responderá pela pena agravada.
de agressões. É também definido como crime de condutas contra- Por outro lado, se for descoberto o autor do resultado agravador,
postas, já que os rixosos agem uns contra os outros e, assim, são, a ele responderá pela rixa qualificada em concurso material com o
um só tempo, sujeito ativo e passivo do delito. crime de lesões corporais graves ou homicídio (doloso ou culpo-
so, dependendo do caso), enquanto todos os demais continuarão
Elemento subjetivo. O dolo. É irrelevante o motivo que le- respondendo pela rixa qualificada. Há, entretanto, entendimento
vou ao surgimento da rixa. Trata-se de crime de perigo em que no sentido de que a pessoa identificada como responsável pelo
se pune a simples troca de agressões, sem a Necessidade de que resultado agravador responderá pelas lesões graves ou morte em
qualquer dos envolvidos sofra lesão. Caso isso ocorra e o autor das concurso com rixa simples, pois puni-la pela rixa qualificada cons-
lesões seja identificado, ele responderá pela rixa e pelas lesões le- tituiria bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato).
ves. Se, entretanto, as lesões forem graves ou houver morte, haverá É indiferente que o resultado tenha ocorrido em um dos inte-
rixa qualificada, que será estudada mais adiante. A contravenção grantes da rixa ou em terceira pessoa.
de vias de fato, porém, fica absorvida pela rixa. Se ocorrerem várias mortes, haverá crime único de rixa quali-
Veja-se, ainda, que o crime é de perigo abstrato, pois a lei pre- ficada, devendo a circunstância ser levada em conta na fixação da
sume que, com a troca de agressões, há situação de risco. pena- base (art. 59 do CP).
Não há crime na conduta daquele que ingressa na luta apenas Se o agente tomou parte na rixa e saiu antes da morte da víti-
para separar os lutadores, já que inexiste dolo nessa hipótese. ma, responde pela forma qualificada, pois se entende que, com seu
comportamento anterior, colaborou com a criação de condições
Elemento objetivo. Participar: significa tomar parte nas para o desenrolar da luta, que culminou em resultado mais lesivo.
agressões através de chutes, socos, pauladas etc. A participação, Ao contrário, se o agente entra na rixa após a morte, responde por
entretanto, pode ser: rixa simples.
- material — por parte daqueles que realmente tomam parte na Diz a lei que a rixa é qualificada se efetivamente ocorre morte
luta através dos chutes, socos etc.; ou lesão grave. Assim, se durante a luta ocorre uma tentativa de
- moral — por parte daqueles que incentivam os demais atra- homicídio da qual não sobrevém morte nem lesão grave, a rixa é
vés de induzimento, instigação ou qualquer outra forma de estí- simples e o autor da tentativa, se identificado, também responderá
mulo. O partícipe moral, todavia, deve ser, no mínimo, a quarta por esse crime.
pessoa, já que a rixa exige pelo menos três na efetiva troca de A pena da figura qualificada é a mesma, quer resulte morte ou
agressões. lesão grave.
Na primeira hipótese, o agente é chamado de partícipe da rixa
e, na segunda, de partícipe do crime de rixa. DA INJÚRIA

Consumação. Com a efetiva troca de agressões. Os crimes contra a honra são:


a) calúnia;
Tentativa. Em regra não é possível, pois, ou ocorre a rixa e b) injúria;
o crime está consumado, ou ela não se inicia, e, nesse caso, não c) difamação.
há crime. Damásio E. de Jesus, por sua vez, entende ser possível Cada um desses crimes tem um significado próprio e está pre-
a tentativa na chamada rixa ex proposito, em que três lutadores visto no Código Penal e em várias legislações especiais (Código
combinam uma briga entre si, na qual cada um lutará com qualquer Eleitoral, Código Militar, Lei de Segurança Nacional). Assim, a
deles, sendo que a polícia intervém no exato momento em que legislação penal comum somente será aplicada quando não ocorrer
iriam iniciar-se as violências recíprocas. uma das hipóteses especiais.

Didatismo e Conhecimento 29
DIREITO PENAL
CONCEITO DE HONRA Exceção da verdade
Honra é o conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais É inadmissível no crime de injúria. Em primeiro lugar, não
de uma pessoa, que a tornam merecedora de apreço no convívio interessa ao Direito comprovar a veracidade de opiniões pessoais
social e que promovem a sua autoestima. que consistam em ultrajes contra alguém, ou seja, não importa ve-
A honra divide-se em: rificar se realmente fulano é “cornudo”, “incompetente”, “bêba-
1) honra objetiva; do”, “trapaceiro”. No crime de calúnia, pelo contrário, por se tratar
2) honra subjetiva. de imputação de fato definido como crime, interessa a Justiça Pú-
blica investigar se tal fato é ou não verdadeiro. Em segundo lugar,
Honra objetiva. Sentimento que o grupo social tem a respei- não importa para a configuração do crime de injúria a falsidade das
to dos atributos físicos, morais e intelectuais de alguém. É o que ofensas, ao contrário do crime de calúnia.
os outros pensam a respeito do sujeito. A calúnia e a difamação
atingem a honra objetiva. Ambas se consumam, portanto, quando
terceira pessoa toma conhecimento da ofensa proferida.
6. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
Honra subjetiva. Sentimento que cada um tem a respeito de
PESSOAL (AMEAÇA, SEQUESTRO E
CÁRCERE PRIVADO).
seus próprios atributos. É o juízo que se faz de si mesmo, o seu
amor- -próprio, sua autoestima.
A honra subjetiva subdivide-se em:
1) honra-dignidade — diz respeito aos atributos morais da
pessoa; Dando sequência ao estudo, embora conste no Código Penal
2) honra-decoro — refere-se aos atributos físicos e intelec- outros “Crimes contra a liberdade pessoal”, considerando o que
tuais. solicita o Edital do concurso, iremos em seguida estudar somen-
A injúria atinge a honra subjetiva e, assim, se consuma quan- te o que este dispõe acerca da “Ameaça, Sequestro e Cárcere
Privado”.
do a própria vítima toma conhecimento da ofensa que lhe foi feita.
Consubstancia-se no verbo injuriar, que é, conforme a defi-
SEÇÃO I
nição de Nélson Hungria, “a manifestação, por qualquer meio, de DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
um conceito ou pensamento que importe ultraje, menoscabo ou
vilipêndio contra alguém”. Trata-se de crime de ação livre. Todos Ameaça
os meios hábeis à manifestação do pensamento podem servir à in- Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
júria: a palavra oral ou escrita, a pintura, o gesto etc. Até mesmo qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
por omissão é possível cometer a injúria. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
Consumação: Por se tratar de crime contra a honra subjetiva, ção.
o crime somente se consuma quando o fato chega ao conhecimento        
da vítima. Sequestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro
Tentativa: Possível apenas na forma escrita, nunca na oral. ou cárcere privado: 
A injúria, ao contrário da difamação, não se consubstancia na Pena - reclusão, de um a três anos.
imputação de fato concreto, determinado, mas sim, na atribuição § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
de qualidades negativas ou de defeitos. Consiste ela em uma opi- I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
nião pessoal do agente sobre o sujeito passivo, desacompanhada nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em
de qualquer dado concreto. São os insultos, xingamentos. Ressal-
casa de saúde ou hospital;
ta-se que, ainda que a qualidade negativa seja verdadeira, isso não
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
retira o cunho injurioso da manifestação. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. 
De acordo com a classificação doutrinária, a injúria pode ser: § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
a) imediata – quando é proferida pelo próprio agente; reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
b) mediata – quando o agente se vale de outro meio para exe- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
cutá-la.
c) direta – quando se referem ao próprio ofendido; AMEAÇA
d) oblíqua – quando atinge alguém estimado pelo ofendido
e) indireta ou reflexa – quando ao oferecer alguém, também Objetividade jurídica. A liberdade das pessoas no que tange
se atinge a honra de terceira pessoa; à tranquilidade, sossego etc.
f) equívoca – quando por meio de expressões ambíguas;
g) explícitas – quando são empregadas expressões que não se Sujeito ativo. Qualquer pessoa.
revestem de dúvidas. Sujeito passivo. Deve(m) ser pessoa(s) determinada(s) e ca-
paz(es) de entender o caráter intimidatório da ameaça proferida.

Didatismo e Conhecimento 30
DIREITO PENAL
Assim, dizer a uma criança de um ano que irá matá-la não constitui o delito. Ex.: após uma colisão de veículos, um dos condutores,
crime, pois a criança não compreende o que foi falado e não se conhecido como agressivo e valentão, diz ao outro que irá matá-lo.
sente amedrontada. É óbvio, por outro lado, que há crime quando É claro que a vítima se sente intimidada.
o agente se dirige aos pais e diz a estes que irá matar a criança, Discussão semelhante existe em relação à ameaça feita por
pois a morte do filho constitui mal injusto e grave, sendo evidente pessoa embriagada. Para alguns há crime porque o art. 28, II, do CP
o poder de atemorizar os genitores. estabelece que a embriaguez voluntária não exclui a infração. Para
outros, a pessoa embriagada não tem intenção de intimidar. Pare-
Tipo objetivo. A ameaça, ato de intimidar que é, pode ser co- ce, contudo, que uma interpretação intermediária é mais adequada,
metida, nos termos da própria lei, de diversas formas: por palavras,
excluindo- se o crime de ameaça apenas quando se demonstrar que
gestos, escritos, ou por qualquer outra forma apta a amedrontar.
o estágio de embriaguez era tão elevado que o próprio agente já
Trata- -se de crime de ação livre.
não tinha controle do que falava, pois é comum que pessoas com-
A ameaça, além disso, pode ser:
1) Direta. Refere-se a mal a ser causado na própria vítima. pletamente embriagadas passem a falar coisas sem sentido.
2) Indireta. Refere-se a mal a ser provocado em terceira pes-
soa, como no exemplo há pouco mencionado da ameaça de matar Consumação. No momento em que a vítima toma conheci-
o filho recém-nascido feita aos pais. mento do teor da ameaça, independentemente de sua real intimi-
3) Explícita. Exibição de arma, por exemplo. dação.
4) Implícita. Quando o agente dá a entender, de forma velada, Trata-se, pois, de crime formal. Basta que o agente queira inti-
que causará mal a alguém. midar e que a ameaça proferida tenha potencial para tanto.
A ameaça pode, ainda, ser condicionada a eventos futuros da
própria vítima e a ela alheios. Ex.: “se você casar de novo eu te Tentativa. É possível, nos casos de ameaça feita por escrita.
mato” ou “se eu não arrumar outro trabalho eu me mato”. Caso, to- Ex.: carta contendo ameaça que se extravia e não chega ao
davia, o agente condicione o mal a uma ação ou omissão imediata destinatário.
da vítima, o crime é o de constrangimento ilegal. Ex.: “se você for
embora agora eu te mato”. Neste último caso, o agente está forçan- Ação penal. Pública condicionada à representação.
do a vítima a não fazer algo, com emprego de grave ameaça, o que
configura crime mais grave de constrangimento ilegal. SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
A ameaça deve se referir, ainda, a mal:
a) grave — de morte, de lesões corporais, de colocar fogo na
Objetividade jurídica. A liberdade de ir e vir.
casa da vítima etc. Se a ameaça não for considerada grave, não
existirá o delito de ameaça;
b) injusto — não acobertado pela lei. A exigência de que o mal Sujeito ativo. Qualquer pessoa, mas, caso seja funcionário
seja injusto é o elemento normativo do crime de ameaça. público no exercício da função, haverá crime de abuso de auto-
A doutrina exige também que o mal prometido seja iminente ridade.
e verossímil, já que não constitui infração penal, por exemplo, a Sujeito passivo. Qualquer pessoa, inclusive as paraplégicas
promessa de fazer chover sem parar até inundar a região. Tampou- ou portadoras de doenças incapacitantes, que não podem ser obri-
co haverá crime se o agente disser que vai matar a vítima, que hoje gadas a ir ou permanecer em qualquer local contra sua vontade.
tem 18 anos, quando ela completar 80.
Não é necessário, por outro lado, que a ameaça seja proferida Tipo objetivo. No cárcere privado a vítima fica em local fe-
na presença da vítima, mas o delito só se consumará quando a chado, sem possibilidade de deambulação, ao contrário do seques-
vítima dela tomar conhecimento. tro, em que a vítima fica privada de sua liberdade, mas em local
aberto.
Elemento subjetivo. Trata-se de crime doloso que pressupõe Como diz Júlio Fabbrini Mirabete, nesse caso há enclausura-
intenção específica de intimidar a vítima. Não é necessário, entre- mento e no outro, confinamento.
tanto, que o agente tenha, em seu íntimo, intenção de concretizar
o mal prometido. Elemento subjetivo. É o dolo. Não se exige qualquer inten-
Os doutrinadores costumam salientar, em sua maioria, que o ção específica. Se a finalidade for obter um resgate, haverá crime
fato de o agente ter proferido a ameaça em momento de raiva, de
de extorsão mediante sequestro (art. 159), e se houver intenção
exaltação de ânimos, não afasta a ameaça, porque o art. 28, I, do
libidinosa, será reconhecida a figura qualificada do próprio crime
Código Penal diz que a emoção não exclui o crime. Na jurispru-
de sequestro (art. 148, § 1º,V).
dência, entretanto, prevalece o entendimento de que a ameaça feita
em meio a uma discussão, em momento de ira, não constitui crime
por falta de intenção específica de amedrontar a vítima. O melhor Consumação. Quando ocorre a efetiva privação da liberdade
entendimento, todavia, é no sentido de que a análise deve ser feita por tempo juridicamente relevante. Trata-se de crime permanente,
em cada caso concreto. É comum, por exemplo, que na briga entre no qual é possível a prisão em flagrante durante todo o tempo em
irmãos, um grite que vai matar o outro, porém, ninguém leva isso que a vítima estiver no cárcere.
a sério – a frase foi dita “da boca para fora”. Ao contrário, existem
situações em que o fato de o agente estar nervoso constitui até Tentativa. É possível, quando o agente inicia o ato executório
mesmo fator de maior apreensão por parte da vítima, configurando mas não consegue sequestrar a vítima.

Didatismo e Conhecimento 31
DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
7. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
(FURTO, ROUBO, EXTORSÃO, APROPRIA- a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
ÇÃO INDÉBITA, ESTELIONATO E OUTRAS de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para
FRAUDES E RECEPTAÇÃO). si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Na mesma linha de estudo dos tópicos acima, em seguida, III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
vamos acompanhar apenas os “Crimes contra o Patrimônio” agente conhece tal circunstância.
que serão objeto de questionamento no presente concurso. As- IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
sim, dispõe o Código Penal sobre o tema. transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
TÍTULO II
sua liberdade. 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
CAPÍTULO I reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
DO FURTO reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
               
Furto Extorsão
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mó- Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
vel: ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer
durante o repouso noturno. alguma coisa:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de deten- § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
ção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
multa. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual- disposto no § 3º do artigo anterior.
quer outra que tenha valor econômico.
§ 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
Furto qualificado da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
crime é cometido: além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
da coisa; cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza; Extorsão mediante sequestro
III - com emprego de chave falsa;
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do res-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração
gate: 
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior.  Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
        Sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessen-
Furto de coisa comum ta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.         
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. § 3º - Se resulta a morte: 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível,  Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.  § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
CAPÍTULO II terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
DO ROUBO E DA EXTORSÃO        
        Extorsão indireta
Roubo Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Didatismo e Conhecimento 32
DIREITO PENAL
(...) Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
CAPÍTULO V ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo pos-
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA suidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo
        de quinze dias.
Apropriação indébita        
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o
posse ou a detenção: disposto no art. 155, § 2º.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
CAPÍTULO VI
Aumento de pena DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente re-
cebeu a coisa:
Estelionato
I - em depósito necessário;
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, in-
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
        Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos
Apropriação indébita previdenciária mil réis a dez contos de réis.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con- § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o pre-
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou juízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155,
convencional:  § 2º.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.  § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importân- Disposição de coisa alheia como própria
cia destinada à previdência social que tenha sido descontada de I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em ga-
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do rantia coisa alheia como própria;
público;  
II – recolher contribuições devidas à previdência social que Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
de produtos ou à prestação de serviços;   própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respecti- prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
vas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
previdência social.  
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, Defraudação de penhor
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, impor- III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
tâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início do objeto empenhado;
da ação fiscal.
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar Fraude na entrega de coisa
somente a de multa se o agente for primário e de bons anteceden- IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa
tes, desde que:  que deve entregar a alguém;
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previ- Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
denciária, inclusive acessórios; ou   V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de seguro;
suas execuções fiscais. 
        Fraude no pagamento por meio de cheque
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder
da natureza do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. economia popular, assistência social ou beneficência.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:        
Duplicata simulada
Apropriação de tesouro Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade,
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; ou ao serviço prestado. 

Didatismo e Conhecimento 33
DIREITO PENAL
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.   III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Du- sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;
plicatas. IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da
         sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito so-
Abuso de incapazes cial, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessi- VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de-
dade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou de- sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou
bilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de dividendos fictícios;
ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa,
de terceiro: ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. parecer;
        VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, auto-
Induzimento à especulação rizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex- ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
periência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.
é ruinosa:        
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.   Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “war-
        rant”
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
Fraude no comércio desacordo com disposição legal:
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
quirente ou consumidor:        
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi- Fraude à execução
ficada ou deteriorada; Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruin-
II - entregando uma mercadoria por outra: do ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira CAPÍTULO VII
por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por DA RECEPTAÇÃO
verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:        
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Receptação
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
         em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de cri-
Outras fraudes me, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel oculte:
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Receptação qualificada
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa- § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
ção, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
a pena. de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer-
        cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber
Fraudes e abusos na fundação ou administração de socie- ser produto de crime:
dade por ações Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fa- § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará-
zendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assem- grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandes-
bleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocul- tino, inclusive o exercício em residência.
tando fraudulentamente fato a ela relativo: § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
constitui crime contra a economia popular. oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
 § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas
contra a economia popular:  as penas. 
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isen-
que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao to de pena o autor do crime de que proveio a coisa. 
público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o
econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar
em parte, fato a elas relativo; a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer 155.
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;

Didatismo e Conhecimento 34
DIREITO PENAL
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da c) Coisa alheia móvel (objeto material do tipo)
União, Estado, Município, empresa concessionária de servi- Coisa móvel: aquela que pode ser transportada de um local
ços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista para outro. O Código Civil considera como imóvel alguns bens
no caput deste artigo aplica-se em dobro. móveis, como aviões, embarcações, o que para fins penais é irre-
levante.
CAPÍTULO VIII Os semoventes também podem ser objeto de furto, como, por
DISPOSIÇÕES GERAIS exemplo, o abigeato, ou seja, o furto de gado.
Areia, terra (retirados sem autorização) e árvores (quando ar-
       
rancadas do solo) podem ser objeto de furto, desde que não confi-
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
gure crime contra o meio ambiente.
previstos neste título, em prejuízo:  A coisa deve ser alheia (elemento normativo do furto).
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; O furto é um tipo anormal porque contém elemento normativo
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo que exige juízo de valor. Coisa alheia é aquela que tem dono; dessa
ou ilegítimo, seja civil ou natural. forma, não constituem objeto de furto a res nullius (coisa de nin-
        guém, que nunca teve dono) e a res derelicta (coisa abandonada).
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o Nessas hipóteses, o fato será atípico porque a coisa não é alheia.
crime previsto neste título é cometido em prejuízo:  A coisa perdida (res desperdicta) tem dono, mas não pode ser
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; objeto de furto porque falta o requisito da subtração; quem a en-
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; contra e não a devolve não está subtraindo - responderá por apro-
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. priação de coisa achada, tipificada no art. 169, par. ún., inc. II, do
        Código Penal.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anterio- A coisa só é considerada perdida quando está em local público
ou aberto ao público. Coisa perdida, por exemplo, dentro de casa,
res:
dentro do carro, se achada e não restituída ao proprietário, carac-
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando terizará crime de furto.
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; Coisa de uso comum: (água dos mares, ar atmosférico etc.)
II - ao estranho que participa do crime. não pode ser objeto de furto, exceto se estiver destacada de seu
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou meio natural e for explorada por alguém. Ex.: água da Sabesp.
superior a 60 (sessenta) anos. Não confundir com furto de coisa comum, art. 156 do Có-
digo Penal, que ocorre quando o objeto pertence a duas ou mais
FURTO pessoas nas hipóteses de sociedade, condomínio de coisa móvel e
co-herança. É crime de ação penal pública condicionada à repre-
Furto Simples sentação.
Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. O art. 155, § 3.o, do Código Penal trata do furto de energia.
Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica, bem como qualquer
Elementos outra forma de energia com valor econômico. Esse dispositivo é
uma norma penal explicativa ou complementar (esclarece outras
a)Subtrair: tirar algo de alguém, desapossar
normas; na hipótese, define como objeto material do furto, a ener-
Pode ocorrer em dois casos:
gia).
- tirar algo de alguém; A subtração de cadáver ou parte dele tipifica o delito específi-
- receber uma posse vigiada e sem autorização levar o bem, co do art. 211 do Código Penal (destruição, subtração ou ocultação
retirando-o da esfera de vigilância da vítima. de cadáver). O cadáver só pode ser objeto de furto quando pertence
Conclui-se que a expressão engloba tanto a hipótese em que a uma instituição e está sendo utilizado para uma finalidade especí-
o bem é tirado da vítima quanto aquela em que a coisa é entregue fica. Ex.: faculdade de medicina, institutos de pesquisa.
voluntariamente ao agente e este a leva consigo. A subtração de órgão de pessoa viva ou de cadáver, para fins
Essa modalidade difere da apropriação indébita porque nesta de transplante, caracteriza crime da Lei n. 9.434/97. Cortar o ca-
a posse é desvigiada. Ex.: A Caixa de Supermercado tem a posse belo de alguém para vender, não configura furto, mas sim, lesão
vigiada, se pegar dinheiro praticará furto. corporal.

b) Ânimo de assenhoramento definitivo do bem, para si ou Sujeito ativo


para outrem (animus rem sibi habendi) Pode ser qualquer pessoa, exceto o dono, porque o tipo exige
Trata-se do elemento subjetivo específico do tipo. Não basta que a coisa seja alheia.
apenas a vontade de subtrair (dolo geral): a norma exige a intenção Subtrair coisa própria, que se encontra em poder de terceiro,
específica de ter a coisa, para si ou para outrem, de forma defini- em razão de contrato (mútuo pignoratício) ou de ordem judicial
tiva. (objeto penhorado), acarreta o crime do art. 346 do Código Penal
É esse elemento que distingue o crime de furto e o furto de uso (tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em
(fato atípico). Para a sua caracterização é necessário que o agente poder de terceiro por determinação judicial ou convenção). Este
tenha intenção de uso momentâneo e que restitua a coisa imediata crime não tem nome; é um subtipo do exercício arbitrário das pró-
e integralmente à vítima. prias razões.

Didatismo e Conhecimento 35
DIREITO PENAL
O credor que subtrair bem do devedor, para se auto-ressarcir O furto noturno não se aplica ao furto qualificado. Só vale
de dívida já vencida e não paga, pratica o crime de exercício arbi- para o furto simples:
trário das próprias razões (art. 345 do CP). Não responde por furto - pela posição do parágrafo (o § 1.º só vale para o que vem
porque não agiu com intenção de causar prejuízo. antes);
Se alguém, por erro, pegar um objeto alheio pensando que lhe - no furto qualificado já há previsão de pena maior.
pertence, não responderá por furto em razão da incidência do erro A jurisprudência dominante traça algumas considerações:
de tipo. - só se aplica quando o fato ocorre em residência (definida
pelo art. 150, § 4.o, do Código Penal como sendo qualquer com-
Sujeito passivo partimento habitado, ou o aposento de habitação coletiva, ou com-
É sempre o dono e, eventualmente, o possuidor ou detentor partimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
que sofre algum prejuízo. atividade) ou em qualquer de seus compartimentos, desde que haja
O agente que furta um bem que já fora anteriormente furtado morador dormindo;
responde pelo delito, que terá como vítima não o primeiro furtador, - o aumento não se aplica se a casa estiver desabitada ou se
mas o dono da coisa. seus moradores estiverem viajando;
Pessoas jurídicas podem ser vítimas de furto, porque o seu - não se aplica o aumento no caso de furto praticado na rua ou
patrimônio é autônomo do patrimônio dos sócios. em comércio.
Para o Prof. Damásio o aumento é cabível estando a casa ha-
Consumação bitada ou não, bastando que o agente se aproveite da menor vi-
O furto consuma-se mediante dois requisitos: gilância que decorre do “período do sossego noturno”, conforme
- retirada do bem da esfera de vigilância da vítima; orientação da Exposição de Motivos do Código Penal, n. 56.
- posse tranquila do bem, ainda que por pouco tempo.
Se, na fuga, o agente se desfaz ou perde o objeto, que não Furto Privilegiado - Art. 155, § 2.o, do Código Penal
venha a ser recuperado pela vítima, consuma-se o delito, pois a ví- Requisitos
tima sofreu efetivo prejuízo. É exceção à exigência de que o agente Que o agente seja primário (todo aquele que não é reinciden-
tenha posse tranquila do bem. te). Se o réu for primário e tiver maus antecedentes, fará jus ao
Quando há concurso de agentes, se o crime está consumado privilégio, porque a lei não exige bons antecedentes.
para um, está também consumado para todos – adoção da teoria Que a coisa subtraída seja de pequeno valor. A jurisprudência
unitária. Ex.: dois ladrões furtam uma carteira, um foge com o bem adotou o critério objetivo para conceituar pequeno valor, conside-
e o outro é preso no local: o crime está consumado para ambos. rando aquilo que não excede a um salário mínimo. Na tentativa
leva-se em conta o valor do bem que se pretendia subtrair.
Tentativa Deve ser examinado o valor do bem no momento da subtração
É possível, até mesmo na forma qualificada, com exceção do e não o prejuízo suportado pela vítima. Ex.: no furto de um carro,
§ 5.o do art. 155 do Código Penal. que é recuperado depois, o prejuízo pode ter sido pequeno, mas
O fato de ter havido prisão em flagrante não implica, neces- será levado em conta o valor do objeto furtado.
sariamente, que o furto seja tentado, como, por exemplo, o caso Não confundir privilégio com furto de bagatela; pelo princípio
do flagrante ficto (art. 302, IV, do CPP), que permite a prisão do da insignificância, o crime de furto de bagatela é atípico porque a
agente encontrado, algum tempo depois da prática do crime com lesão ao bem jurídico tutelado é ínfima, irrisória.
papéis, instrumentos, armas ou objetos (PIAO) que façam presu- No furto privilegiado, ao contrário, o fato é considerado cri-
mir ser ele o autor do crime. me, mas haverá um benefício.

Concurso de delitos Furto Qualificado- Art. 155, §§ 4.º e 5.º, do Código Penal
A violação de domicílio fica absorvida pelo furto praticado em Quando o juiz reconhecer mais de uma qualificadora, utilizará
residência por ser crime meio (princípio da consunção). a segunda como circunstância judicial na primeira fase da fixação
Se o agente, após a subtração, danifica o bem subtraído, res- da pena.
ponde apenas pelo furto, sendo o dano um post factum impunível, O furto qualificado tentado admite a suspensão condicional
pois a segunda conduta delituosa não traz novo prejuízo à vítima. do processo, pois a pena mínima passa a ser de 8 meses – para
se chegar a esse resultado diminui-se a pena mínima em abstrato,
Se a pessoa furta um bem, e depois o aliena a um terceiro de
prevista para o delito, do redutor máximo previsto na tentativa (2
boa-fé, deve responder por furto e por disposição de coisa alheia – 2/3 = 8 meses).
como própria. A jurisprudência, entretanto, diz que é um post fac-
tum impunível. Art. 155, § 4.º, do Código Penal
A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é co-
Furto Noturno: Art. 155, § 1.o, do Código Penal metido:
“A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o
repouso noturno.” a) Com rompimento ou destruição de obstáculo
Trata-se de causa de aumento de pena que tem por finalidade Pressupõe uma agressão que danifique o objeto, destruindo-o
garantir a proteção em relação ao patrimônio durante o repouso (destruição total) ou rompendo-o (destruição parcial). O art. 171
do proprietário, uma vez que neste período há menor vigilância de do Código de Processo Penal exige perícia.
O obstáculo pode ser passivo (porta, janela, corrente, cadeado
seus pertences.
etc.) ou ativo (alarme, armadilha).

Didatismo e Conhecimento 36
DIREITO PENAL
A simples remoção do obstáculo não caracteriza a qualificado- Se a vítima percebe a conduta do agente, não se aplica a qua-
ra, que exige o rompimento ou destruição. lificadora.
Desligar o alarme não danifica o objeto, não fazendo incidir Se a vítima não perceber a conduta do agente, mas for vista
a qualificadora. por terceiro, subsiste a qualificadora.
O cão não é considerado obstáculo.
O crime de dano fica absorvido pelo furto qualificado quando c) Com emprego de chave falsa
é meio para a subtração, por ser uma qualificadora específica. Considera-se chave falsa:
A qualificadora só é aplicada quando o obstáculo atingido não - cópia feita sem autorização;
é parte integrante do bem a ser subtraído. Ex.: arrombar o portão
- qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura. Ex.: grampo,
para furtar o carro – aplica-se a qualificadora; quebrar o vidro do
chave mixa, gazua etc.
carro para subtrair o automóvel – furto simples; quebrar o vidro do
A chave falsa deve ser submetida à perícia para constatação
carro para subtrair uma bolsa que está dentro – furto qualificado.
A divergência surge quanto ao furto de toca-fitas. Para uns, incide de sua eficácia.
a qualificadora; para outros, o furto é simples porque o toca-fitas é A utilização da chave verdadeira encontrada ou subtraída pelo
parte integrante do carro. agente não configura a qualificadora; o furto será simples. Se sub-
traída mediante fraude, haverá furto qualificado mediante fraude.
b) Com abuso de confiança, mediante fraude, escalada ou
destreza
Com abuso de confiança – requisitos: d) Mediante o concurso de duas ou mais pessoas
Que a vítima, por algum motivo, deposite uma especial con- A aplicação da qualificadora dispensa a identificação de todos
fiança em alguém: amizade, namoro, relação de emprego etc. os indivíduos e é cabível ainda que um dos envolvidos seja menor.
Saliente-se que a relação de emprego deve ser analisada no caso
concreto, pois, em determinados empregos, patrão e empregado ROUBO
não possuem qualquer contato, inclusive para os empregados do-
mésticos a jurisprudência exige a demonstração da confiança. Enquanto o furto é a subtração pura e simples de coisa alheia
Que a subtração tenha sido praticada pelo agente, aproveitan- móvel, para si ou para outrem (artigo 155 do Código Penal), o
do-se de alguma facilidade decorrente da relação de confiança. roubo é a subtração de coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante violência, grave ameaça ou qualquer outro recurso que
Emprego de fraude: significa usar de artifícios para enganar
reduza a possibilidade de resistência da vítima.
alguém, possibilitando a execução do furto.
O caput do artigo 157 trata do roubo próprio, e o seu § 1.º des-
O furto mediante fraude distingue-se do estelionato porque
neste a fraude é utilizada para convencer a vítima a entregar o bem creve o que a doutrina chama roubo impróprio. A diferença reside
ao agente e naquele, a fraude serve para distrair a vítima para que no preciso instante em que a violência ou a grave ameaça contra
o bem seja subtraído. a pessoa são empregadas. Quando o agente pratica a violência ou
No furto, a fraude é qualificadora; no estelionato é elementar grave ameaça, antes ou durante a subtração, responde por roubo
do tipo. próprio; quando pratica esses recursos depois de apanhada a coisa,
A jurisprudência entende que a entrega do veículo a alguém para assegurar a impunidade do crime ou a detenção do objeto
que pede para testá-lo, demonstrando interesse na sua compra, ca- material, responde por roubo impróprio.
racteriza o crime de furto qualificado pela fraude (para possibilitar A pena para ambos é de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
a indenização por parte do seguro, que cobre apenas furto e não anos, e multa.
estelionato, crime que realmente ocorreu porque houve entrega).
Elementos do Tipo
Escalada: é o acesso por via anormal ao local da subtração. - Subtrair e coisa alheia móvel: já foram objeto de análise no
Ex.: entrada pelo telhado, pela tubulação do ar-condicionado, pela módulo relativo ao crime de furto.
janela, escavação de um túnel e outros. - Violência: trata-se da violência física.
Para configuração da escalada tem-se exigido que o agente - Grave ameaça: é a promessa de um mal grave e iminente
dispense um esforço razoável para ter acesso ao local: entrar por (exemplos: anúncio de morte, lesão, sequestro).
uma janela que se encontra no andar térreo, saltar um muro baixo, - Qualquer outro meio: é a chamada violência imprópria, que
por exemplo, não qualificam o furto. pode ser revelada, por exemplo, pelo uso de sonífero, de hipnose
O art. 171 do Código de Processo Penal exige a perícia do etc. A simulação de arma e o uso de arma de brinquedo configuram
local. a grave ameaça.
A “trombada” será considerada violência se for meio utilizado
Destreza: habilidade do agente que permite a prática do furto pelo agente para reduzir a vítima à impossibilidade de resistên-
sem que a vítima perceba. cia, caracterizando o roubo e não o furto (um forte empurrão, por
A vítima deve estar ao lado ou com o objeto para que a destre- exemplo). Se, no entanto, a “trombada” consistir num mero esbar-
za tenha relevância (uma bolsa, um colar etc.). rão, incapaz de machucar a vítima, empregado com o intuito de
Se a vítima está dormindo ou em avançado estado de embria- distraí-la, haverá crime de furto.
guez não se aplica a qualificadora, pois não há necessidade de ha-
O mesmo acontece com o arrebatamento de objeto preso ao
bilidade para tal subtração.
corpo da vítima.

Didatismo e Conhecimento 37
DIREITO PENAL
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa. Diferenças entre roubo próprio e roubo impróprio
Sujeito Passivo: pode ser qualquer pessoa que sofra dimi- No roubo próprio a violência ou grave ameaça ocorre antes ou
nuição (perda) patrimonial (proprietário ou possuidor) ou que seja durante a subtração; no roubo impróprio, ocorre depois.
atingida pela violência ou grave ameaça. No roubo próprio, a violência ou grave ameaça constituem
meio para a subtração, enquanto no roubo impróprio, o agente, ini-
Objetividade Jurídica cialmente, quer apenas furtar e, depois de já se haver apoderado de
Em virtude de o crime em estudo ser considerado complexo, bens da vítima, emprega violência ou grave ameaça para garantir a
tutela-se, além da posse e propriedade, a integridade física e a li- sua impunidade ou a detenção do bem.
berdade individual. No roubo próprio, a lei menciona três meios de execução,
que são a violência, a grave ameaça ou qualquer outro recurso que
Concurso de Crimes dificulte a defesa da vítima. No roubo impróprio, a lei menciona
O número de vítimas não guarda equivalência com o número apenas dois, que são a grave ameaça e a violência, incabível o em-
de delitos. Este último será relacionado com base no número de prego de sonífero ou hipnose (violência imprópria).
resultados (lesão patrimonial), que o agente sabia estar realizando
no caso concreto. Requisitos do roubo impróprio
É possível que um só roubo tenha duas vítimas? São os seguintes os requisitos do roubo impróprio:
Sim, pois a vítima do roubo é tanto quem sofre a lesão patri- Que o agente tenha se apoderado do bem que pretendia furtar.
monial, como quem sofre a violência ou grave ameaça. Exemplo: Se o agente ainda não tinha a posse do bem, não se pode cogitar de
se A empresta seu carro a B, sendo este último assaltado, ambos roubo impróprio, nem de tentativa. Exemplo: o agente está tentan-
serão vítimas. do arrombar a porta de uma casa, quando alguém chega ao local
Da mesma forma, havendo grave ameaça contra duas pessoas, e é agredido pelo agente, que visa garantir sua impunidade e fugir
mas lesado o patrimônio de apenas uma, haverá crime único, po- sem nada levar. Haverá tentativa de furto qualificado em concurso
rém, com duas vítimas. material com o crime de lesões corporais.
Empregada grave ameaça contra cinco pessoas e lesado o pa- Que a violência ou grave ameaça tenham sido empregadas
trimônio de três, por exemplo, há três crimes de roubo em concur-
logo depois o apoderamento do objeto material. O “logo depois”
so formal.
está presente enquanto o agente não tiver consumado o furto no
E se o agente emprega grave ameaça contra uma pessoa para
caso concreto. Após a consumação do furto, o emprego de vio-
subtrair bens de duas?
lência ou de grave ameaça não pode caracterizar o roubo impró-
Nesse caso, se o agente não sabe que está lesando dois patri-
prio. Poderá haver, por exemplo, furto consumado em concurso
mônios, há crime único, evitando-se a responsabilidade penal ob-
material com lesão corporal. A violência ou grave ameaça pode
jetiva; se o agente sabe que está lesando dois patrimônios (subtrai
ser contra o próprio dono do bem ou contra um terceiro qualquer,
o relógio do cobrador e o dinheiro do caixa, por exemplo), há dois
até mesmo um policial. Para a jurisprudência, se a violência contra
crimes de roubo em concurso formal.
policial serviu para transformar o furto em roubo impróprio, não
É possível a existência de crime continuado, se preenchidos
se pode aplicar em concurso o crime de resistência, porque confi-
os requisitos do artigo 71 do Código Penal. Exemplo: indivíduo
rouba uma pessoa em um ônibus, sai dele, entra em outro e rouba guraria bis in idem.
outra pessoa. Que a violência ou grave ameaça tenham por finalidade garan-
tir a detenção do bem ou assegurar a impunidade do agente.
Tentativa
A tentativa é possível e será verificada quando, iniciada a Consumação
execução, mediante violência ou grave ameaça, o agente não con- O roubo impróprio consuma-se no exato momento em que é
segue efetivar a subtração; não se exige o início da execução do empregada a violência ou grave ameaça, ainda que o agente não
núcleo “subtrair”, e sim da prática da violência, conforme entende atinja sua finalidade (garantir a impunidade ou evitar a detenção).
o Prof. Damásio de Jesus. O golpe desferido que não atinge a vítima é considerado vio-
Quando o agente é preso em flagrante com o objeto do roubo, lência empregada; portanto, roubo impróprio consumado.
após perseguição, responde por crime tentado (para aqueles que Tentativa
exigem a posse tranquila da coisa para consumação) e por crime A tentativa não é admissível, pois ou o agente emprega a vio-
lência ou a grave ameaça e o crime de roubo impróprio está con-
consumado (Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Jus-
sumado, ou não as emprega e o crime praticado é o de furto. Esse
tiça, que dispensam o requisito da posse tranquila da coisa para
é o entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência.
consumação do roubo).
Alguns autores (minoria) admitem a tentativa quando o agente
quer empregar a violência, mas é impedido.
Roubo Impróprio – Artigo 157, § 1.º, do Código Penal
“Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a Causas de Aumento da Pena – Artigo 157, § 2.º, do Código
coisa, emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim Penal (Roubo Circunstanciado)
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si “§ 2.º A pena aumenta-se de um terço até metade:
ou para terceiro.” I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

Didatismo e Conhecimento 38
DIREITO PENAL
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas; - lesa o princípio da proporcionalidade.
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância; De notar-se que a decisão apenas cancelou a referida Súmu-
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser la, não havendo impedimento a que juízes e tribunais ainda conti-
transportado para outro Estado ou para o exterior; nuem adotando a primeira orientação, que determina o agravamen-
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo to da pena. Além disso, há o risco de que, cancelada a mencionada
sua liberdade.” Súmula, venham a reconhecer concurso entre o roubo simples e
Se o juiz reconhecer a existência de duas ou mais causas de a utilização de arma de brinquedo no cometimento do crime, nos
aumento da pena poderá aplicar somente uma, de acordo com o termos do artigo 10, § 1.º, inciso II, da Lei n. 9.437/97.
parágrafo único do artigo 68 do Código Penal. Nossa posição: arma de brinquedo equipara-se a arma de ver-
As causas de aumento da pena incidem apenas sobre o roubo dade, para fins específicos do tipo que define o roubo, razão pela
simples (próprio ou impróprio). Não se aplicam ao roubo qualifi- qual o autor responderá apenas como incurso no artigo 157, § 2.º,
cado pelo resultado lesão grave ou morte (§ 3.º). inciso I, do Código Penal.
Note-se que as agravantes previstas no § 2.º do artigo 157 são
erroneamente denominadas qualificadoras. Não é correto o empre- Concurso de duas ou mais pessoas
go desse termo, pois, tecnicamente, trata-se de causa especial de As anotações feitas a respeito do concurso de pessoas no furto
aumento de pena, a incidir na terceira fase de aplicação da pena. (artigo 155 do Código Penal) aplicam-se ao roubo; a distinção é
quanto à natureza jurídica: naquele é qualificadora; neste é causa
Emprego de arma de aumento.
É chamado roubo qualificado pelo emprego de arma. Repita-
se que apesar desse nome, não se trata de qualificadora, mas sim Serviço de transporte de valores
de causa de aumento de pena. Aplicável apenas se a vítima está trabalhando (“em serviço”)
Arma é qualquer instrumento que tenha poder vulnerante. A com o transporte de valores (exemplo: assalto de office-boy, de
arma pode ser própria ou imprópria. Arma própria é a criada espe- carro-forte etc.).
cificamente para ataque e defesa, tal como o revólver, por exem- Se o ladrão assaltar o motorista do carro-forte, levando so-
plo. Arma imprópria é qualquer objeto que possa matar ou ferir, mente o seu relógio, não há qualificadora.
mas que não possui esta finalidade específica, como, por exemplo, Exige-se que o agente conheça a circunstância do transporte
faca, tesoura, espeto etc. de valor (dolo direto), não se admitindo dolo eventual.
Para o aumento da pena, é necessário que a arma seja apon- Observação: não existe qualificadora semelhante no crime de
tada para a vítima; não basta que o agente esteja armado e que a furto.
vítima tome conhecimento disto.
Para nós, o fundamento dessa causa de aumento é o poder Veículo automotor que venha a ser transportado para outro
intimidador que a arma exerce sobre a vítima. Assim, não importa estado ou país
o poder vulnerante da arma, desde que ela seja apta a incutir medo Ver anotações sobre furto.
na vítima, facilitando o roubo. Assim, a arma de fogo descarregada
ou defeituosa ou o simulacro de arma configuram a majorante em Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
tela. sua liberdade:
Prevalece, no entanto, o entendimento de que essa causa de Aplica-se às hipóteses em que a vítima é mantida pelos assal-
aumento tem por fundamento o perigo real que representa à in- tantes por pouco tempo, ou tempo suficiente para a consumação do
columidade física da vítima o emprego de arma. À vista disso, roubo. Se o período for longo, haverá concurso material de roubo
a arma deve ter idoneidade ofensiva, capacidade de colocar em simples e sequestro (artigo 157 combinado com artigo 148, ambos
risco a integridade física da vítima. Tal não ocorre com o emprego do Código Penal).
de arma desmuniciada, defeituosa, arma de brinquedo ou simples Observe-se que essa majorante não se aplica nos casos em que
simulação. ocorre o chamado sequestro-relâmpago, embora tenha sido esta a
Em razão desse entendimento, a Terceira Seção do Supe- intenção da lei. Com efeito, o sequestro-relâmpago não se trata de
rior Tribunal de Justiça, no REsp n. 213.054, de São Paulo, em roubo, mas sim de extorsão, pois o comportamento da vítima, no
24.10.2001, relator o Ministro José Arnaldo da Fonseca, decidiu sentido de fornecer a senha do cartão magnético, é imprescindível
cancelar a Súmula n. 174, considerando que o emprego de arma para o sucesso da empreitada criminosa. Como se vê, no caso do
de brinquedo, embora não descaracterize o crime, não agrava o sequestro-relâmpago, não se trata de subtração e por isso não se
roubo, uma vez que não apresenta real potencial ofensivo. Ficou pode falar em roubo. Assim, em que pese a boa intenção do legis-
assentado que a incidência da referida circunstância de exaspera- lador, essa circunstância incidirá em outras situações, nas quais
ção da pena: a privação de liberdade da vítima for utilizada com meio para a
- fere o princípio constitucional da reserva legal (princípio da realização de um roubo ou, após a sua consumação, como forma
tipicidade); de fugir à ação policial.
- configura bis in idem;
- deve ser apreciada na sentença final como critério diretivo Roubo Qualificado – Artigo 157, § 3.º, do Código Penal
de dosagem da pena (circunstância judicial do artigo 59 do Código Há duas formas de roubo qualificado, aplicáveis tanto ao rou-
Penal); bo próprio quanto ao impróprio.

Didatismo e Conhecimento 39
DIREITO PENAL
De acordo com a primeira parte do dispositivo: “se da violên- Diferença entre Extorsão e Exercício Arbitrário das Pró-
cia resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão, prias Razões
de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além de multa”. Na extorsão o agente visa a uma vantagem patrimonial inde-
Houve alteração da pena mínima, para tornar pacífico o en- vida, enquanto no exercício arbitrário das próprias razões a vanta-
tendimento de que as causas de aumento da pena do § 2.º não se gem é devida (artigo 345 do Código Penal).
aplicam às qualificadoras do § 3.º. Se a lesão é leve, esta fica ab-
sorvida. Roubo e Extorsão
A parte final dispõe que “se resulta morte, a reclusão é de 20 Há três correntes doutrinárias que buscam os pontos diferen-
(vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa”. É o denomina- ciais desses dois crimes:
1.ª) Para Nelson Hungria, no roubo o bem é tirado da vítima,
do latrocínio, considerado crime hediondo nos termos da Lei n.
e na extorsão a vítima entrega o bem.
8.072/90.
2.ª) Enquanto no roubo a ação e o resultado são concomitan-
O roubo será qualificado se a morte ou a lesão corporal grave tes, na extorsão o mal prometido e a vantagem são futuros.
resultarem da “violência”; o tipo não menciona a grave ameaça. 3.ª) Para o Prof. Damásio de Jesus, “na extorsão é imprescin-
Assim, se a vítima morre em razão da grave ameaça tem-se con- dível o comportamento da vítima, enquanto no roubo é prescindí-
curso formal de roubo simples e homicídio culposo (exemplo: a vel. No exemplo do assalto, é irrelevante que a coisa venha a ser
vítima, ao ver a arma, sofre ataque cardíaco e morre). entregue pela vítima ao agente ou que este a subtraia. Trata-se de
Via de regra, o crime qualificado pelo resultado é preterdoloso roubo. Constrangido o sujeito passivo, a entrega do bem não pode
(há dolo no antecedente e culpa no consequente). No caso do § 3.º ser considerada ato livre voluntário, tornando tal conduta de ne-
em estudo o resultado agravador pode decorrer de culpa ou dolo. nhuma importância no plano jurídico. A entrega pode ser dispen-
O agente pode, além de desejar a subtração, querer provocar lesão sada pelo autor do fato. Já na extorsão o apoderamento do objeto
grave ou a morte da vítima. É evidente que a tentativa só é admi- material depende da conduta da vítima”. A jurisprudência tem-se
tida quando o resultado agravador for desejado pelo agente, pois manifestado nesse sentido.
não se pode tentar algo produzido por acidente. Questão polêmica é a que diz respeito ao constrangimento da
Destarte, não confundir tentativa de latrocínio com roubo qua- vítima para sacar dinheiro em caixa eletrônico (sequestro-relâm-
lificado pela lesão grave. No latrocínio tentado, o agente tem inten- pago). Para a jurisprudência, o delito é de extorsão (artigo 158
ção de matar a vítima, o que não ocorre por circunstâncias alheias do Código Penal) e não de roubo (artigo 157, § 2.º, inciso V, do
à sua vontade. No roubo qualificado pela lesão grave, o agente tem Código Penal), com fundamento na tese da dispensabilidade ou
indispensabilidade da conduta da vítima. Correta essa posição.
intenção de lesionar a vítima.
Questão: Como ficará a repressão do crime de sequestro, já
Oportuno salientar que a morte ou a lesão deve decorrer do que o artigo 158 não o prevê como causa de aumento de pena?
emprego de violência pelo agente com o fim de se apoderar da res Resposta: Se o sequestro for praticado como meio executório
ou assegurar a sua posse ou garantir a impunidade do crime. Se a do crime de extorsão ou como escudo para a fuga, restará absor-
morte, por exemplo, advier de vingança, haverá crime de roubo em vido por este delito. Se praticado depois da extorsão, sem que a
concurso com o crime de homicídio. restrição da liberdade da vítima seja necessária para a consumação
Assim, caracteriza-se a violência quando empregada em ra- do crime, haverá concurso material de delitos.
zão do roubo (nexo causal) e durante o cometimento do delito (no
mesmo contexto fático). Diferença entre Extorsão e Estelionato
O nexo causal estará presente quando a violência constituir Para se saber se o crime é o de extorsão, deve-se verificar se a
meio para a subtração (roubo próprio) ou quando for empregada entrega do objeto material foi espontânea (voluntária) ou não. No
para garantir a detenção do bem ou a impunidade do agente (roubo estelionato, a entrega é espontânea porque a vítima está sendo en-
impróprio). ganada; na extorsão, a vítima entrega a coisa contra a sua vontade
Faltando um desses requisitos, haverá roubo em concurso ma- para evitar um mal maior. No estelionato, a vítima não sabe que
terial com homicídio doloso ou delito de lesão corporal dolosa. está havendo um crime.
Quando o agente emprega fraude e violência ou grave ameaça
EXTORSÃO para obter a coisa, o delito é de extorsão, pois a entrega ocorre não
em razão da fraude, mas sim da violência ou grave ameaça. Ob-
serve o exemplo citado por Nelson Hungria: “Uma pessoa simula
A definição do crime de extorsão consta do artigo 158 do Có-
ser policial e, sob ameaça de morte, obriga a vítima a entregar-lhe
digo Penal: “Constranger alguém, mediante violência ou grave certa quantia em dinheiro”.
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer Extorsão e Constrangimento Ilegal
alguma coisa”. Tanto na extorsão quanto no constrangimento ilegal, o agente
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa (é emprega violência ou grave ameaça contra a vítima, no sentido de
a mesma pena do roubo). que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
A diferença entre extorsão e constrangimento ilegal está na
Objetividade Jurídica finalidade: no constrangimento ilegal, o sujeito ativo deseja que a
A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária é vítima se comporte de determinada maneira, para obter qualquer
tipo de vantagem. Na extorsão, o constrangimento é realizado com
a proteção à vida, integridade física, liberdade pessoal e tranquili-
o objetivo expresso no tipo de obter “indevida vantagem econô-
dade do espírito. mica”.

Didatismo e Conhecimento 40
DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa Competência
Súmula n. 96 do Superior Tribunal de Justiça: “O crime de ex- A competência para julgamento desse delito é do local onde
torsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem se deu a consumação. Se o crime consumar-se em território de
indevida”. É, portanto, um crime formal. duas comarcas, ambas serão competentes, fixando-se uma delas
De acordo com entendimento do Professor Damásio de Jesus, por prevenção (artigo 71 do Código de Processo Penal).
o crime se consuma quando a vítima faz, deixa de fazer ou tolera
que se faça alguma coisa. A tentativa é possível, pois a extorsão é Tentativa
crime formal e plurissubsistente. Pode ocorrer a tentativa quando A tentativa é possível quando, iniciado o ato de “sequestrar”,
o constrangido não realiza a conduta desejada pelo agente. os agentes não tiverem êxito na captura da vítima.

Causas de Aumento da Pena Extorsão Mediante Sequestro e Rapto


O § 1.º do artigo 158 do Código Penal dispõe que a pena é No crime do artigo 159 do Código Penal (extorsão mediante
aumentada de um terço a metade (1/3 a 1/2) se o crime é cometido sequestro) ocorre privação da liberdade com o intuito de se obter
por duas ou mais pessoas ou com o emprego de arma. vantagem patrimonial.
Note-se que aqui a lei fala em cometimento, não em concurso, No rapto (artigo 219), a privação da liberdade de mulher ho-
sendo indispensável, pois, que os coagentes pratiquem atos exe- nesta (sujeito passivo do delito) tem fins libidinosos.
cutórios do crime. Exige-se, portanto, a coautoria e não a mera
participação. Não se deve confundir essa majorante com a prevista Extorsão Mediante Sequestro e Sequestro e Cárcere Pri-
no crime de roubo e furto, que preveem o concurso de pessoas, o vado
qual abrange a coautoria e a participação. O sequestro do artigo 148 do Código Penal é crime subsidiá-
rio. É a privação da liberdade de alguém mediante violência ou
Extorsão Qualificada grave ameaça, desde que o fato não constitua crime mais grave.
Segundo o § 2.º do artigo 158 deve-se aplicar à extorsão as
regras e penas do roubo qualificado pela lesão grave ou morte. A APROPRIAÇÃO INDÉBITA
extorsão qualificada pela morte é crime hediondo (artigo 1.º, inciso
Trata-se de crime que se caracteriza pela quebra da confiança,
III, da Lei n. 8.072/90).
porque o agente tem legitimamente a posse ou a detenção da coisa,
a qual é transferida pelo proprietário, de forma livre e consciente,
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – ARTIGO 159
mas, em momento posterior, inverte esse título, passando a agir
DO CÓDIGO PENAL
como se dono fosse.
Trata-se de crime hediondo em todas as modalidades (forma
simples ou qualificada).
Requisitos
As penas foram alteradas pela Lei n. 8.072/90, que aumentou São requisitos da apropriação indébita:
a pena privativa de liberdade de 6 (seis) a 12 (doze) anos para 8 Que a vítima, por algum motivo, entregue ao agente um ob-
(oito)a 15 (quinze) anos, eliminando a multa. jeto, fazendo-o de forma livre e consciente. Difere, destarte, da
O caput do artigo 159 do Código Penal trata da forma simples extorsão, em que a entrega é feita em razão de violência ou grave
da extorsão mediante sequestro: “sequestrar pessoa com o fim de ameaça, e do estelionato, em que a vítima, de forma consciente,
obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição entrega a coisa, mas está sendo enganada.
ou preço do resgate”. Que o agente tenha a posse ou detenção desvigiada (a posse
é sempre desvigiada); se a detenção for vigiada, o crime será o
Objetividade Jurídica de furto; assim, o empregado de uma loja que é vigiado pelo ge-
A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária é rente comete furto, mas o representante comercial que detém os
a tutela da liberdade de locomoção. Trata-se de crime complexo. bens para venda fora da esfera de vigilância do proprietário comete
apropriação indébita.
Sujeito Ativo Que o agente, ao receber o bem, esteja de boa-fé (não exista
Sujeito ativo é qualquer pessoa. dolo de se apoderar do bem naquele momento), porque, se há dolo
antes do recebimento do bem, o crime é de estelionato. Na dúvida,
Sujeito Passivo denuncia-se por apropriação indébita, pois a boa-fé se presume.
Sujeito Passivo é qualquer pessoa. Admite-se a pluralidade Que, após estar na posse do bem, o agente inverta o seu âni-
de sujeitos passivos. É sujeito passivo o sequestrado e a pessoa a mo em relação ao objeto, passando a se considerar e a se portar
quem se dirige a finalidade do agente de obter a vantagem. como se fosse dono. O comportamento de dono pode ocorrer com
o assenhoreamento definitivo (negativa de restituição) ou quando
Consumação o agente dispõe do bem, vendendo-o, alugando-o (apropriação in-
O crime se consuma no momento do sequestro, com a priva- débita propriamente dita).
ção da liberdade de locomoção da vítima. Trata-se, portanto, de
crime formal, já que não exige o pagamento do resgate, considera- Consumação e Tentativa
do simples exaurimento. Tratando-se de delito permanente, poderá Trata-se de crime material. Consuma-se no momento em que
ocorrer prisão em flagrante enquanto a vítima estiver sob o poder o agente transforma a posse ou detenção sobre o objeto em domí-
dos sequestradores (artigo 303 do Código de Processo Penal). nio, ou seja, quando passa a adotar comportamentos incompatíveis
com a mera posse ou detenção da coisa.

Didatismo e Conhecimento 41
DIREITO PENAL
A tentativa em tese é possível no caso de apropriação indébi- Para Magalhães Noronha, o dispositivo compreende o depósi-
ta propriamente dita, quando, por exemplo, o agente é impedido to legal, miserável e por equiparação.
de vender o objeto de que tem a posse ou a detenção. O conatus, Segundo Damásio de Jesus, tratando-se de depósito necessá-
porém, não seria possível na hipótese de negativa de restituição. rio legal, duas hipóteses podem ocorrer. Se o sujeito ativo é funcio-
nário público, responde por delito de peculato. Se o sujeito ativo é
Observações Gerais um particular, responde por apropriação indébita qualificada, nos
O funcionário público que se apropria de coisa pública, ou de termos do artigo 168, parágrafo único, inciso II, última figura (de-
coisa particular que se encontra sob a guarda da Administração, positário judicial). Assim, não se aplica a disposição do inciso I.
pratica o crime de peculato (peculato-apropriação - artigo 312 do Tratando-se de depósito necessário por equiparação, não aplica-
Código Penal). mos a qualificadora do depósito necessário, mas sim a do inciso III
A posse do todo (continente) entregue trancado não implica do parágrafo único (coisa recebida em razão de profissão). O pará-
a posse do conteúdo. Exemplo: alguém recebe um cofre trancado grafo único, inciso I, quando fala em depósito necessário, abrange
para transportá-lo e o arromba para se apropriar dos valores nele exclusivamente o depósito necessário miserável.
Note-se que no § 1.º houve um erro do legislador, pois trata-se
contidos. O agente pratica furto qualificado pelo rompimento de
de parágrafo único, já que não existe nenhum outro.
obstáculo.
A apropriação de uso não constitui crime pela ausência de âni-
Apropriação Indébita Previdenciária – Artigo 168 - A, § 1.º
mo de assenhoreamento definitivo. (Lei n. 9.983/2000)
Pergunta: É possível apropriação indébita de coisa fungível? Trata-se de modalidade de sonegação fiscal. A apropriação
Resposta: Sim. Há, entretanto, duas exceções: quando o bem é indébita previdenciária pune a conduta de não transferir as con-
recebido em razão de contrato de mútuo ou de depósito, porque os tribuições recolhidas dos contribuintes ao Instituto Nacional de
artigos 587 e 645 do Código Civil estabelecem que nesses contra- Seguridade Social.
tos a tradição transfere a propriedade e, assim, o sujeito não recebe O crime consuma-se quando o prazo assinalado para o reco-
a “posse de coisa alheia” – recebe na posição de dono. lhimento se esgota. Trata-se de crime omissivo puro, por isso a
Quando podemos dizer que a não restituição do bem configu- tentativa é inviável.
ra o crime em estudo? Quando já houver vencido o prazo para a As figuras descritas no § 1.º destinam-se ao contribuinte-em-
devolução da coisa. E se não houver prazo para tal? O vencimento presário, que deve recolher a contribuição que arrecadou do con-
do prazo passa a ficar na dependência de prévia interpelação, noti- tribuinte.
ficação ou protesto por parte da vítima, muito embora tais medidas O § 2.º estabelece a extinção da punibilidade se o agente, an-
não sejam indispensáveis à configuração do crime. tes do início da ação fiscal, espontaneamente, confessa, declara,
Tem-se reconhecido crime único nas condutas de quem: paga e presta todas as informações que lhe forem solicitadas pela
- estando obrigado a uma prestação conjunta, em várias oca- Previdência.
siões apropria-se do numerário de terceiro; O § 3.º dispõe que, se o pagamento for feito após o início
- sendo empregado, recebe dinheiro de várias pessoas e não o da ação fiscal (procedimento administrativo da Previdência, que
entrega ao patrão. visa apurar o valor devido) e antes do oferecimento da denúncia, o
juiz poderá aplicar somente a pena de multa ou conceder o perdão
Causas de Aumento de Pena - Artigo 168, § 1.º, do Código judicial. A providência é cabível se o réu for primário e de bons
Penal antecedentes.
A razão de ser do aumento de pena é o motivo pelo qual a
pessoa recebe a posse. Aumenta-se a pena em 1/3, quando: Apropriação de Coisa Havida Por Erro (caput) - Artigo
- o bem é recebido em depósito necessário. Nos termos dos 169 do Código Penal
Dispõe o artigo 169, caput, do Código Penal: “Apropriar-se
artigos 647 e 649 do Código Civil, depósito necessário pode ser:
alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso for-
- legal: decorre de lei;
tuito ou força da natureza”.
- miserável: feito em razão de situações de calamidades como
Caracteriza-se pela entrega da coisa pela vítima, que se encon-
enchentes, desabamentos etc.; tra em erro, ao agente. Erro é a representação falsa de algo.
- por equiparação: refere-se aos valores de bagagens dos hós- O erro pode se referir:
pedes em hotéis, pensões ou estabelecimentos congêneres. - à pessoa a quem deve ser entregue o objeto;
- o agente recebe o objeto na qualidade de tutor, curador, - ao próprio objeto;
síndico, inventariante, testamenteiro, liquidatário (figura que não - à existência da obrigação.
existe mais em nosso sistema) ou depositário judicial;
- o agente recebe o objeto no desempenho de sua profissão, Distinções
emprego ou ofício. A apropriação de coisa havida por erro distingue-se dos se-
Há grande divergência doutrinária no tocante à abrangência guintes crimes:
da causa de aumento de pena do inciso I (depósito necessário). Apropriação indébita (artigo 168), porque nesta a vítima não
Vejamos os entendimentos: está em erro.
Para Nelson Hungria, abrange apenas o depósito miserável, Extorsão (artigo 158), no qual a vítima entrega o bem median-
pois o depositário legal é sempre funcionário público, que comete te coação.
peculato, e o depósito por equiparação se enquadra no artigo 168, Estelionato (artigo 171), no qual o agente sabe que a vítima
§ 1.º, inciso III. está em erro antes de receber o bem porque cria uma situação de

Didatismo e Conhecimento 42
DIREITO PENAL
fraude para induzi-la ou mantê-la nessa circunstância, justamente Consumação
para que ela efetue a entrega do objeto (o agente recebe a coisa O crime é material. Se consuma com a efetiva obtenção da
de má-fé). Na apropriação de coisa havida por erro, o agente não vantagem ilícita (não há a expressão “com o fim de”, típica dos
percebe que recebeu o objeto por equívoco; posteriormente toma crimes formais). Consuma-se, pois, no momento em que o agente
conhecimento do engano e decide não devolver o bem (o agente aufere a vantagem econômica indevida e não no momento do em-
recebe a coisa de boa-fé). prego da fraude.
O resultado no crime de estelionato é duplo: vantagem ilícita
Apropriação de Coisa Achada - Artigo 169, parágrafo úni- e prejuízo alheio. Assim, se a vítima sofre o prejuízo, mas o agente
co, inciso II, do Código Penal não obtém a vantagem, o crime é tentado. O agente responderá
Tipifica a conduta de quem encontra coisa perdida (res des- por tentativa se obtiver a vantagem ilícita, sem causar prejuízo à
perdita) e dela se apodera no total ou em parte, deixando de devol- vítima.
vê-la ao dono ou ao legítimo possuidor ou, ainda, de entregá-la à
autoridade (policial ou judiciária) no prazo de 15 dias. Tentativa
Coisa perdida é a que se extraviou do dono em local público
A tentativa é possível. Mas, se a fraude é meio inidôneo para
ou aberto ao público. Coisa esquecida em local particular não equi-
enganar a vítima, o crime é impossível por absoluta ineficácia do
vale à coisa perdida, sendo, pois, objeto de furto. Também não se
considera coisa perdida a res derelicta (coisa abandonada) e a res meio (artigo 17 do Código Penal). A inidoneidade do meio deve
nullius (coisa que nunca teve proprietário ou possuidor). ser analisada de acordo com as circunstâncias pessoais da vítima.
O delito se consuma após os 15 dias que a lei estabelece para Se o meio é idôneo, mas, acidentalmente, se mostrou ineficaz, há
a devolução, salvo se antes disso o agente deixa clara sua intenção tentativa.
de não devolver. É um “crime a prazo”.
Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, nos termos Observações
da Lei n. 9.099/95. Se o agente diz que, de alguma forma, irá influir em funcioná-
rio público para beneficiar a vítima, comete o crime de tráfico de
Privilegiada influência (artigo 332 do Código Penal).
Nos termos do artigo 170, nos crimes previstos no Capítulo V Qualquer banca de jogo de azar é ilegal e o agente pratica a
(artigos 168 a 169) aplica-se o disposto no artigo 155, § 2.º. contravenção do artigo 50 da Lei das Contravenções Penais, exce-
to se há emprego de fraude com o fim de excluir a possibilidade de
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES ganho – nesse caso tem-se estelionato.
Pergunta: Qual a responsabilização de quem falsifica docu-
Caracteriza-se pelo emprego de fraude, para induzir ou manter mento para cometer estelionato?
a vítima em erro, convencendo-a a entregar seus pertences. Erro é Resposta: Há divergência:
a falsa percepção da realidade. Uma corrente aplica a Súmula n. 17 do Superior Tribunal de
Artifício é a utilização de algum aparato material para enganar Justiça: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais po-
(cheque, bilhete etc.). Ardil é a conversa enganosa. Pode ser cita- tencialidade lesiva, é por este absorvido”. Exemplo: se o agente
do, como exemplo de qualquer outro meio fraudulento, o silêncio falsifica um RG e o usa junto com o cheque da vítima, a potenciali-
empregado para manter a vítima em erro. dade lesiva do falso persiste, pois o agente, após entregar o cheque
(cometendo estelionato – artigo 171, § 2.º, inciso VI, do Código
Sujeito Ativo Penal), continua com o RG da vítima, podendo vir a praticar outros
O sujeito ativo é qualquer pessoa. crimes – não há absorção, o agente responderá pelos dois delitos.
Admite-se o concurso de pessoas. Exemplo: quando um em-
Uma outra corrente entende que há concurso material entre
prega a fraude e o outro obtém a indevida vantagem patrimonial.
falsificação de documento e estelionato. Não há absorção de um
Sujeito Passivo crime por outro porque atingem bens jurídicos diversos, sendo
O sujeito passivo é qualquer pessoa, desde que determinada. também diversas as vítimas. Ademais, não há unidade de conduta.
Não se pode denunciar por estelionato quando as vítimas são in- Ambos os crimes coexistem, mas em concurso formal. Con-
determinadas. Em tais casos, pode se caracterizar crime contra a forme adverte o Prof. Damásio de Jesus, tecnicamente trata-se de
economia popular. Exemplo: adulteração de balança. A propósito, concurso material, mas, por razões de política criminal, na juris-
caracteriza crime contra a economia popular: “obter ou tentar obter prudência prevalece que há concurso formal. É a posição do Su-
ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indetermina- premo Tribunal Federal.
do de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos Outra corrente sustenta que o falso (documento público) ab-
(‘bola de neve’, ‘cadeias’, ‘pichardismo’, e quaisquer outros meios sorve o estelionato porque tem pena mais grave.
equivalentes)” (artigo 2.º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51).
A vítima é a pessoa enganada que sofre o prejuízo material. Pergunta: Que se entende por fraude bilateral?
Pode haver mais de uma (a que é enganada e a que sofre o prejuízo). Resposta: Há fraude bilateral quando a vítima também age de
má-fé. Exemplo: a vítima compra uma máquina de fazer dinheiro
Objetivo da Fraude que não passa de um truque.
Provocar o equívoco da vítima (induzir em erro) ou manter o
erro em que já incorre a vítima, independentemente de prévia con- Pergunta: No caso de fraude bilateral existe estelionato por
duta do agente. O emprego da fraude deve ser anterior à obtenção parte de quem ficou com o lucro?
da vantagem ilícita. Resposta: A doutrina se divide:
Segundo Nelson Hungria não há crime, pois:

Didatismo e Conhecimento 43
DIREITO PENAL
- a lei não pode amparar a má-fé da vítima; Trata-se da espécie de penhor em que, pelo efeito da clausula
- se no cível a pessoa não pode pedir a reparação do dano, constituti, a coisa móvel empenhada continua em poder do deve-
então também não há ilícito penal. dor.
Na visão de Magalhães Noronha existe estelionato, pois: O sujeito ativo é somente o devedor do contrato de penhor.
- a lei não pode ignorar a má-fé do agente com a qual obteve Se tiver o consentimento do credor não comete crime.
uma vantagem ilegal; A defraudação de penhor consiste em defraudar o objeto ma-
- a boa-fé da vítima não é elementar do tipo; terial que constitui a garantia pignoratícia. Trata-se de crime ma-
terial, exigindo-se a efetiva defraudação da garantia pignoratícia.
- o Direito Penal visa tutelar o interesse de toda a coletividade
Consuma-se com a alienação, a ocultação, o desvio, a substituição,
e não apenas o interesse particular da vítima. o consumo, o abandono etc. da coisa dada em garantia.
Privilégio – Artigo 171, § 1.o, do Código Penal Fraude na Entrega de Coisa - Artigo 171, § 2.º, inciso IV,
Requisitos do Código Penal
Pequeno valor do prejuízo. Não deve superar um salário mí- “§ 2.º Nas mesmas penas incorrer quem:...IV – defrauda
nimo. O valor do prejuízo deve ser apurado no momento de sua substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entre-
consumação. No caso de tentativa, leva-se em conta o prejuízo que gar a alguém;”
o agente pretendia causar à vítima. O sujeito ativo é aquele que tem a obrigação de entregar a
Que o agente seja primário. coisa a alguém.
As consequências são as mesmas do furto privilegiado, se- A ação incide sobre a qualidade, quantidade ou substância.
gundo o artigo 155, § 2.º, do Código Penal. Aplica-se às figuras do Consuma-se com a tradição do objeto material. Admite-se a
caput e do § 2.º, que não são qualificadoras. tentativa.
Não se trata de faculdade, mas sim de direito do réu.
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Se-
guro – Artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal
Disposição de Coisa Alheia Como Própria – Artigo 171, § “§ 2.º Nas mesmas penas incorrer quem:...V – destrói, total
2.º, inciso I, do Código Penal ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio cor-
“§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem: I – vende, permu- po ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença,
ta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;”
como própria;” Pressuposto do crime é a existência de contrato de seguro vá-
O fato consuma-se com o recebimento da vantagem. lido e vigente ao tempo da ação.
Não é necessária a tradição ou inscrição no registro do objeto O sujeito ativo é o segurado; o sujeito passivo, o segurador.
da venda. Nada impede que terceiro intervenha no comportamento típi-
O silêncio do agente a respeito da propriedade da coisa é im- co, respondendo também pelo crime. Na hipótese de lesão causada
prescindível. A ciência do adquirente exclui o delito. no segurado, o terceiro responde por dois crimes: estelionato e le-
É admissível a tentativa. são corporal.
Nessa modalidade, é crime formal, pois basta que se realize a
Tem-se entendido que, se o agente está na posse ou na deten-
conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida.
ção do objeto material e o aliena, responde somente por apropria-
Não é necessário que o autor do fato seja o beneficiário do contrato
ção indébita. de seguro, podendo ocorrer que terceiro venha a receber o valor da
indenização.
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria – Admite-se a tentativa.
Artigo 171, § 2.º, inciso II, do Código Penal
“§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem: ...II – vende, per- Fraude no Pagamento por Meio de Cheque – Artigo 171, §
muta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inaliená- 2.o, inciso VI, do Código Penal
vel, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu ven- “§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem:...VI – emite che-
der a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando que, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou
sobre qualquer dessas circunstâncias;” lhe frustra o pagamento.”
O silêncio do agente constitui a fraude. Emitir é preencher, assinar e colocar em circulação (entregar
A inalienabilidade pode ser legal ou convencional (imposta a alguém).
Trata-se de crime doloso, não admitindo a modalidade culpo-
por doador ou testador).
sa. Para configurar o crime, o agente deve ter consciência da falta
A simples promessa de venda não configura o delito. O delito
de provisão de fundos quando da emissão do cheque. Súmula n.
consuma-se com a obtenção da vantagem. 246 do Supremo Tribunal Federal: “Comprovado não ter havido
A tentativa é admissível. fraude, não se configura o crime de emissão de cheques sem fun-
dos”.
Defraudação de Penhor – Artigo 171, § 2.º, inciso III, do Frustrar o pagamento do cheque é o segundo núcleo do cri-
Código Penal me. Caracteriza-se pela existência de fundos no momento da emis-
“§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem:...III – defrauda, são e o posterior impedimento do recebimento do valor, como, por
mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro exemplo, sustação de cheque, saque do valor antes da apresentação
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto do cheque etc.
empenhado;”

Didatismo e Conhecimento 44
DIREITO PENAL
Consumação O pagamento com cheque roubado caracteriza estelionato
A consumação ocorre quando o banco sacado se recusa a efe- simples.
tuar o pagamento, pois é nesse momento que ocorre o prejuízo.
Trata-se de crime material. Artigo 171, § 3.o, do Código Penal – Causa de Aumento
Súmula n. 521 do Supremo Tribunal Federal: “O foro compe- de Pena
tente para o processo e o julgamento dos crimes de estelionato, sob Aumenta-se a pena em 1/3:
a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fun- Se o estelionato é praticado contra entidade de direito público.
dos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. Súmula n. 24 do Supremo Tribunal Federal: “Aplica-se ao crime
No caso de o agente emitir dolosamente um cheque sem fun- de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da
Previdência Social, a qualificadora do § 3.º do artigo 171 do Có-
dos, mas, antes da consumação, se arrepender e depositar o valor,
digo Penal”.
ocorre o arrependimento eficaz que exclui o crime (artigo 15 do
Se é praticado contra entidade assistencial, beneficente ou
Código Penal). contra instituto de economia popular, pois o prejuízo não atinge
Se, por outro lado, o agente arrepender-se após a consumação apenas as entidades, mas sim todos os seus beneficiários.
do crime, incide a Súmula n. 554 do Supremo Tribunal Federal:
“O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após RECEPTAÇÃO
o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação
penal”. Assim, se o pagamento efetuado após a denúncia não obsta Trata-se de crime acessório, cuja existência pressupõe a práti-
a ação penal, o pagamento efetuado antes da denúncia, impede a ca de um delito antecedente (crime pressuposto). O tipo menciona
ação penal. Esse era o entendimento antes da reforma de 1984. “produto de crime” para a caracterização da receptação, portanto,
Com a reforma penal de 1984, posterior à edição dessa sú- aquele que tem sua conduta ligada a uma contravenção anterior
mula, surgiu o instituto do arrependimento posterior (artigo 16 não comete receptação.
do Código Penal), que impõe a redução da pena na hipótese de o A receptação é crime contra o patrimônio, porém, o crime an-
agente se arrepender após a consumação do crime, mas antes do tecedente não precisa estar previsto no título dos crimes contra o
oferecimento da denúncia. patrimônio, mas é necessário que cause prejuízo a alguém (exem-
O Pretório Excelso, porém, reexaminando a questão manteve, plo: receber coisa produto de peculato).
por razões de política criminal, seu entendimento anterior à Lei n. A receptação é crime de ação pública incondicionada, inde-
7.209/84. Destarte, a súmula continua sendo aplicada. pendente da espécie de ação do crime anterior.
Existe receptação de receptação, e de acordo com Victor E.
A reparação do dano, feita após o recebimento da denúncia, é
Rios Gonçalves “respondem pelo crime todos aqueles que, nas su-
mera atenuante genérica.
cessivas negociações envolvendo o objeto, tenham ciência da ori-
gem espúria do bem. Desse modo, ainda que tenha ocorrido uma
Tentativa quebra na sequência, haverá receptação. Exemplo: o receptador
A tentativa existe nas duas modalidades. Exemplo: o agente A vende o objeto para B, que não sabe da origem ilícita e, por sua
atua com dolo, mas esquece que tem dinheiro na conta e o banco vez, vende-o a C, que tem ciência da origem espúria do objeto.
paga o cheque. O agente quis o estelionato, mas por circunstâncias É óbvio que nesse caso A e C respondem pela receptação, pois o
alheias à sua vontade o crime não se consumou. objeto não deixa de ser produto de furto apenas porque B não sabia
da sua procedência”.
Observação
O delito em estudo pressupõe que a emissão do cheque sem Artigo 180, § 4.o, do Código Penal
fundos tenha sido a fraude empregada pelo agente para induzir Trata-se de norma penal explicativa que dispõe sobre a auto-
a vítima em erro e convencê-la a entregar o objeto. Não há cri- nomia da receptação, traçando duas regras: a receptação é punível
me quando o prejuízo preexiste em relação à emissão do cheque ainda que desconhecido o autor do crime antecedente, ou isento
(exemplo: empréstimo e posterior pagamento com cheque sem de pena.
fundos). Pela mesma razão, não há crime quando o cheque é en- São causas de isenção de pena que não atingem o delito de
tregue em substituição a outro título de crédito anteriormente emi- receptação:
tido. - excludentes de culpabilidade (exemplo: inimputabilidade);
- escusas absolutórias (artigo 181 do Código Penal).
Se o agente encerra sua conta corrente, mas continua emitindo
cheques que manteve em seu poder, configura o crime de estelio-
Assim, comete crime de receptação quem adquire objeto fur-
nato (artigo 171, caput, do Código Penal). É o estelionato do caput tado por um alienado mental, por exemplo.
porque a fraude preexiste em relação à emissão do cheque. De acordo com o disposto no artigo 108 do Código Penal, a
Inexiste crime quando o cheque é emitido para pagamento de extinção da punibilidade do crime anterior não atinge o delito que
dívida de conduta ilícita (jogo, por exemplo). dele dependa, salvo duas exceções: abolitio criminis e anistia.
A natureza jurídica do cheque é de ordem de pagamento à
vista. Qualquer atitude que desconfigure essa natureza afasta o de- Sujeito Ativo
lito em análise (exemplos: cheque pré-datado, cheque dado como Pode ser praticado por qualquer pessoa, desde que não seja o
garantia etc.). autor, coautor ou partícipe do delito antecedente.
O desconto do cheque fora do prazo para apresentação desca- O advogado não se exime do crime com o argumento de que
racteriza o delito. está recebendo honorários advocatícios.

Didatismo e Conhecimento 45
DIREITO PENAL
Sujeito Passivo Não basta o dolo eventual. Se assim agir, o fato será enquadra-
É a mesma vítima do crime antecedente. do na modalidade culposa do crime.
O tipo não exige que a coisa seja alheia, no entanto, o pro- A receptação distingue-se do favorecimento real (artigo 349
prietário do objeto não comete receptação quando adquire o bem do Código Penal) porque neste o agente oculta o proveito do crime
que lhe havia sido subtraído, porque não se pode ser sujeito ativo pretendendo auxiliar o infrator; já na receptação, o fato é praticado
e passivo de um mesmo crime. Tem-se como exceção o mútuo em proveito próprio ou alheio, ou seja, há intenção de lucro e não
pignoratício – alguém toma um empréstimo e deixa com o credor
de favorecer o sujeito ativo do delito anterior.
uma garantia. Terceiro furta o objeto, sem qualquer participação
do proprietário, e oferece a esse, que adquire com o intuito de fa- O dolo subsequente não configura o delito, como no caso de o
vorecer-se. Há receptação porque o patrimônio do credor foi lesa- agente vir a descobrir posteriormente que a coisa por ele adquirida
do com a perda da garantia. é produto de crime.

Objeto Material Receptação imprópria – artigo 180, “caput”, segunda parte,


A coisa deve ser produto de crime ainda que tenha sido modi- do Código Penal
ficado, como, por exemplo, o furto de automóvel – há receptação A receptação imprópria consiste em influir para que terceiro,
mesmo que sejam adquiridas apenas algumas peças. de boa-fé, adquira, receba ou oculte objeto produto de crime.
O instrumento do crime (arma, chave falsa etc.) não constitui Influir significa persuadir, convencer etc.
objeto do crime de receptação, pois não é produto de crime. A pessoa que influi recebe o nome de intermediário, não po-
dendo ser o autor do delito antecedente e, necessariamente, tem de
Pergunta: Um imóvel pode ser objeto de receptação?
Resposta: A doutrina não é pacífica: conhecer a origem espúria do bem, enquanto o terceiro (adquiren-
Como a lei não exige que a coisa seja móvel, tal como faz te) deve desconhecer o fato.
em alguns delitos (exemplo: artigo 155 do Código Penal), Fragoso Quem convence um terceiro de má-fé é partícipe da recepta-
entende que pode ser objeto de receptação. ção desse.
Na opinião dos Professores Damásio de Jesus, Nelson Hun-
gria e Magalhães Noronha, a palavra receptação pressupõe o des- Consumação
locamento do objeto, tornando prescindível que o tipo especifique A consumação ocorre no exato instante em que o agente man-
“coisa móvel”; dessa forma, excluem a possibilidade de um imó- tém contato com o terceiro de boa-fé, ainda que não o convença a
vel ser objeto de receptação. Essa é a posição do Supremo Tribunal adquirir, receber ou ocultar. É crime formal. Assim, não se admite
Federal. É também a nossa posição.
tentativa, pois ou o agente manteve contato com o terceiro confi-
gurando-se o crime ou não, tornando-se fato atípico.
Receptação Dolosa Simples – Artigo 180, caput, do Código
Penal
Causa de Aumento – Artigo 180, § 6.o, do Código Penal
Receptação própria – artigo 180, “caput”, primeira parte, Se o objeto é produto de crime contra a União, o Estado, o
do Código Penal Município, concessionária de serviço público ou sociedade de eco-
São cinco as condutas típicas: nomia mista, a pena do caput aplica-se em dobro.
- adquirir: obter a propriedade a título oneroso ou gratuito; O agente deve saber que o produto do crime atingiu uma das
- receber: obter a posse (tomar emprestado); entidades mencionadas. Se assim não fosse, haveria responsabili-
- transportar: levar de um lugar para outro. dade objetiva.
- conduzir: estar na direção de meio de transporte; Repise-se que a figura do § 6.o só se aplica à receptação dolosa
- ocultar: esconder.
do caput.
As duas últimas figuras foram introduzidas no Código Penal
pela Lei n. 9.426/96.
Na receptação dolosa do caput aplica-se o privilégio previsto Receptação Qualificada – Artigo 180, § 1.o, do Código Pe-
no § 2.º do artigo 155 do Código Penal, como dispõe a segunda nal
parte do § 5.º do artigo 180 do Código Penal. A pena é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa se o
crime é praticado por comerciante ou industrial no exercício de
Consumação suas atividades, que deve saber da origem criminosa do bem.
É delito material. Consuma-se quando o agente adquire, rece- O nomem juris está incorreto, pois não se trata de qualificado-
be, oculta, conduz ou transporta, sendo que os três últimos núcleos ra, mas sim de um tipo autônomo que contém verbos não previstos
tratam de crime permanente cuja consumação protrai-se no tempo, no caput. Além disso, é crime próprio, pois só pode ser cometido
permitindo o flagrante a qualquer momento. por comerciante ou industrial.
Tentativa
A tentativa é possível. Interpretação da expressão “deve saber”:
- segundo os Professores Celso Delmanto e Paulo José da
Elemento subjetivo Costa Júnior, trata-se de dolo eventual.
É o dolo direto. O agente deve ter efetivo conhecimento da - segundo Nelson Hungria e Magalhães Noronha, significa
origem ilícita do objeto. culpa.

Didatismo e Conhecimento 46
DIREITO PENAL
Pergunta: Como punir o comerciante que sabe da proce-
dência ilícita (dolo direto)? 8. DOS CRIMES CONTRA A
Resposta: A questão não é pacífica: DIGNIDADE SEXUAL.
O § 1.º tanto prevê as condutas de quem sabe (dolo direto)
quanto as de quem deve saber (dolo eventual), visto que, embora
empregue somente a expressão “deve saber”, a conduta de quem
sabe encontra-se abrangida, pois se praticar a conduta com dolo
eventual qualifica o crime, por óbvio que praticá-la com dolo dire- Considerando o previsto no Edital do concurso em seguida
to também deve qualificar. É a nossa opinião. estudaremos o que dispõe o Código Penal sobre os “Crimes con-
Para o Prof. Damásio de Jesus, o comerciante que “sabe” tra a Dignidade Sexual”.
(dolo direto) só pode ser punido pela figura simples do caput, en-
quanto o comerciante que “deve saber” responde pela forma quali- TÍTULO VI
ficada do § 1.o. Como essa interpretação poderia gerar condenação DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
injusta, pois a conduta mais grave (dolo direto) teria pena menor, (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o Prof. Damásio de Jesus entende que nos dois casos (dolo direto e
eventual) deve ser aplicada a pena do caput. CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 
Artigo 180, § 2.o, do Código Penal
É uma norma de extensão, pois explica o que se deve entender Estupro 
por “atividade comercial”. Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave
Para efeito do § 1.º, considera-se comerciante aquele que ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
exerce sua atividade de forma irregular ou clandestina, inclusive ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº
a exercida em residência. Citamos como exemplo o camelô e o 12.015, de 2009)
desmanche ilegal. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Receptação Culposa – Artigo 180, § 3.o, do Código Penal § 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave
Adquirir e receber são os verbos do tipo, que excluiu a condu- ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze)
ta ocultar por se tratar de hipótese reveladora de dolo. anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Os crimes culposos, em geral, têm o tipo aberto. A lei não Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela
descreve as condutas, cabendo ao juiz a análise do caso concreto. Lei nº 12.015, de 2009)
A receptação culposa é exceção, pois a lei descreve os parâmetros § 2o  Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
ensejadores da culpa: 12.015, de 2009)
Natureza do objeto: certos objetos exigem maiores cuidados Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela
quando de sua aquisição. Exemplo: no caso de armas de fogo de- Lei nº 12.015, de 2009)
ve-se exigir o registro.          
Desproporção entre o valor de mercado e o preço pago: deve Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
haver uma desproporção considerável, que faça surgir no homem
médio uma desconfiança. Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº
Condição do ofertante: quando é pessoa desconhecida ou que 12.015, de 2009)
não tem condições de possuir o objeto, como, por exemplo, no Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libi-
caso do mendigo que oferece um relógio de ouro. dinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
O tipo abrange o dolo eventual. Entendem a doutrina e a ju- ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação
risprudência que o dolo eventual não se adapta à hipótese do caput dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
do artigo 180 do Código Penal, que pune apenas o dolo direto, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada
enquadrando-se na receptação culposa prevista no § 3.º do artigo. pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o fim de obter
Consumação vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada
Ocorre consumação quando a compra ou o recebimento se pela Lei nº 12.015, de 2009.
efetivam.         
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Tentativa         
Não cabe tentativa, porque não se admite tentativa de crime Assédio sexual
culposo. Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter van-
tagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua
Artigo 180, § 5.o, do Código Penal condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
O parágrafo prevê, na primeira parte, o perdão judicial, que exercício de emprego, cargo ou função.”
somente é aplicado à receptação culposa, desde que: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
- o agente seja primário; Parágrafo único. (VETADO)       
- o juiz considere as circunstâncias. § 2o  A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor
Trata-se de direito subjetivo do réu e não de faculdade do juiz de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
em aplicá-lo – não obstante a existência da expressão pode.

Didatismo e Conhecimento 47
DIREITO PENAL
CAPÍTULO II § 2o  Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015,
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL  de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso
        com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos
Sedução na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (In-
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li-
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
bidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº
§ 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obriga-
12.015, de 2009)
tório da condenação a cassação da licença de localização e de
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009) funcionamento do estabelecimento.(Incluído pela Lei nº 12.015,
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas de 2009)
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, CAPÍTULO III
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído DO RAPTO
pela Lei nº 12.015, de 2009)       
§ 2o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Rapto violento ou mediante fraude
§ 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza gra- Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
ve: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)        
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Rapto consensual
Lei nº 12.015, de 2009) Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 4o  Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº        
12.015, de 2009) Diminuição de pena
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Lei nº 12.015, de 2009)        
       
Concurso de rapto e outro crime
Corrupção de menores 
Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satis-
fazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009) CAPÍTULO IV
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada DISPOSIÇÕES GERAIS
pela Lei nº 12.015, de 2009)         
Parágrafo único.  (VETADO). Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
       
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou ado- Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
lescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)        
Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de 14 Ação penal
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Títu-
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de ou- lo, procede-se mediante ação penal pública condicionada à repre-
trem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) sentação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” (Incluído pela Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação pe-
Lei nº 12.015, de 2009) nal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de explo-        
ração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. (Re- Aumento de pena
dação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)
Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei nº
Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou ou-
11.106, de 2005)
tra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de
ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o neces-
sário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de
dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 2005)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madras-
Lei nº 12.015, de 2009) ta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
§ 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
de 2009) III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Didatismo e Conhecimento 48
DIREITO PENAL
CAPÍTULO V Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
DE PESSOA PARA FIM DE  § 2o  Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE  fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação
EXPLORAÇÃO SEXUAL  da vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo
        da pena correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº
Mediação para servir a lascívia de outrem 12.015, de 2009)
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (de- Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração se-
zoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge xual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja Art. 231.  Promover ou facilitar a entrada, no território na-
confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: (Re- cional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra
dação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exer-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. cê-la no estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada
ameaça ou fraude: pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspon- § 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou
dente à violência. comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. (Redação
também multa. dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o  A pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela
Favorecimento da prostituição ou outra forma de explora-
ção sexual  (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 228.  Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei
forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que nº 12.015, de 2009)
alguém a abandone: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda- o necessário discernimento para a prática do ato; (Incluído pela
ção dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o  Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, en-
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou teado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou em-
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obri- pregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obri-
gação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei gação de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº
nº 12.015, de 2009) 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (In-
pela Lei nº 12.015, de 2009)
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave
ameaça ou fraude: § 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena corres- econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015,
pondente à violência. de 2009)       
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
também multa. Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual  (Re-
         dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Casa de prostituição Art. 231-A.  Promover ou facilitar o deslocamento de alguém
Art. 229.  Manter, por conta própria ou de terceiro, estabe- dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou
lecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito outra forma de exploração sexual: (Redação dada pela Lei nº
de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Redação 12.015, de 2009)
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. pela Lei nº 12.015, de 2009)
       
§ 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, ven-
Rufianismo
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando der ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conheci-
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em mento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. (In-
parte, por quem a exerça: cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.        § 2o  A pena é aumentada da metade se: (Incluído pela Lei nº
§ 1o  Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (cator- 12.015, de 2009)
ze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, ma- I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei
drasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, nº 12.015, de 2009)
preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilân- o necessário discernimento para a prática do ato; (Incluído pela
cia: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Lei nº 12.015, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 49
DIREITO PENAL
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, en- ESTUPRO
teado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou em-
pregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obri- Tipo objetivo. Constranger significa obrigar, coagir alguém
gação de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº a fazer algo contra a vontade, e, por isso, se existe consentimento
12.015, de 2009) válido da vítima, não há crime. Dessa forma, pode-se concluir que
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (In- o dissenso é pressuposto do crime. Deve ser, ainda, um dissenso
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009) sério, que demonstre não ter a vítima aderido à conduta do agente.
§ 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem Não se exige, entretanto, uma resistência heroica por parte dela,
que lute até as últimas forças, pois estaria correndo risco de morte.
econômica, aplica-se também multa.(Incluído pela Lei nº 12.015,
Importante alteração foi trazida pela Lei n. 12.015/2009, que
de 2009) deixou de distinguir crimes de estupro e atentado violento ao pu-
dor, unindo-os sob a nomenclatura única de estupro. Pela legisla-
Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) ção antiga, o estupro só se configurava pela prática de conjunção
carnal (penetração do pênis na vagina), de modo que só podia ser
CAPÍTULO VI cometido por homem contra mulher. Já o atentado violento ao pu-
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR dor se constituía pela prática de qualquer outro ato de libidinagem
        (sexo anal, oral, introdução do dedo na vagina da vítima etc.), e
Ato obsceno podia ser cometido por homem ou mulher contra qualquer outra
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto pessoa. Pela nova lei, todavia, haverá estupro quer tenha havido
ou exposto ao público: conjunção carnal, quer tenha sido praticado por qualquer outro
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. tipo de ato sexual.
        A conjunção carnal, como já mencionado, ocorre com a pene-
tração, ainda que parcial, do pênis na vagina. Em relação a outros
Escrito ou objeto obsceno
atos de libidinagem, o crime existe quer o agente tenha obrigado a
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua
vítima a praticar o ato, tendo um posicionamento ativo na relação
guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição (masturbar o agente, nele fazer sexo oral etc.), quer a tenha obri-
pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto gado a permitir que nela se pratique o ato, tendo posicionamento
obsceno: passivo na relação (a receber sexo oral, a permitir que o agente
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. introduza o dedo em seu ânus ou vagina, ou o pênis em seu ânus
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: etc.).
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer Além dos exemplos já mencionados (sexo oral e anal e da
dos objetos referidos neste artigo; introdução do dedo na vagina ou ânus da vítima) podem ser apon-
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, repre- tados inúmeros outros atos libidinosos que também configuram
sentação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, crime de estupro: passar a mão nos seios da vítima ou em suas
ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; nádegas, esfregar o órgão sexual no corpo dela, introduzir objeto
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo em seu ânus ou vagina etc.
rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. O beijo lascivo, dado com eroticidade, caso praticado com
emprego de violência ou grave ameaça, caracteriza o crime.
Para a configuração do estupro é desnecessário que haja con-
CAPÍTULO VII tato físico entre a vítima e o agente, bastando, por exemplo, que o
DISPOSIÇÕES GERAIS  sujeito a obrigue a se auto masturbar. Aliás, nem mesmo se exige
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) que o agente esteja fisicamente envolvido no ato, de forma que o
crime também se configura quando a vítima é obrigada a realizar o
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ato sexual em terceiro ou até em animais. O que é pressuposto do
Art. 234-A.  Nos crimes previstos neste Título a pena é aumen- crime, em verdade, é o envolvimento corpóreo da vítima no ato de
tada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) libidinagem. Por isso, se ela simplesmente for obrigada a assistir
I – (VETADO);  a um ato sexual envolvendo outras pessoas, o crime configurado
II – (VETADO); será o constrangimento ilegal (art. 146), ou, se a vítima for menor
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído pela de quatorze anos, o crime de satisfação da lascívia mediante pre-
Lei nº 12.015, de 2009) sença de criança ou adolescente (art. 218-A).
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima O crime de estupro pode caracterizar-se ainda que a roupa da
vítima não seja tirada, como na hipótese de o agente deitar-se so-
doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber
bre ela ou passar a mão em seu órgão genital, por sobre as vestes.
ser portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Prevalece o entendimento de que a simples conduta de obrigar a
vítima a tirar a roupa, sem obrigá-la a prática de qualquer ato se-
Art. 234-B.  Os processos em que se apuram crimes definidos xual (contemplação lasciva), configura crime de constrangimento
neste Título correrão em segredo de justiça.(Incluído pela Lei nº ilegal. Argumenta-se que ficar nu, por si só, não é ato libidinoso.
12.015, de 2009) Saliente-se que, como o tipo penal exige um ato de natureza se-
xual, não se configura o delito quando o agente se limita ao uso
Art. 234-C.  (VETADO).  de palavras para fazer propostas indecorosas à vítima, hipótese

Didatismo e Conhecimento 50
DIREITO PENAL
em que se configura a contravenção de importunação ofensiva ao Consumação. Esse tema perdeu um pouco da importância
pudor (art. 61 da LCP). Quando o agente, intencionalmente, se após a Lei n. 12.015/2009 ter passado a tratar a prática de qualquer
encosta na vítima aproveitando-se da lotação e do movimento de ato de libidinagem como estupro.
um coletivo, incorre também na figura contravencional, com o ar- A conjunção carnal consuma-se com a introdução, ainda que
gumento de que não houve violência física ou grave ameaça nesse parcial, do pênis na vagina. Contudo, se antes disso o agente já
caso. realizou outro ato sexual independente, o crime já está consumado.
O estupro sempre pressupõe o emprego de violência ou grave
ameaça. Tentativa. É possível quando o agente emprega a violência ou
grave ameaça e não consegue realizar qualquer ato sexual com a
Violência é toda forma de agressão ou de força física para vítima por circunstâncias alheias à sua vontade.
dominar a vítima e viabilizar a conjunção carnal ou outro ato de
libidinagem. Configuram-na a agressão a socos e pontapés, o ato Elemento subjetivo. É o dolo. O texto legal não exige que o
de amarrar a vítima, de derrubá-la no chão e deitar-se sobre ela etc. agente tenha a específica intenção de satisfazer sua libido, seu ape-
Na legislação atual, o estupro é sempre cometido mediante violên- tite sexual. Assim, também configura-se o estupro quando a inten-
cia real (física). A Lei n. 12.015/2009, deixou de prever a presun- ção do agente é vingar-se da vítima, humilhando-a com a prática
ção de violência como forma de execução do estupro, passando a do ato sexual, ou quando o faz por motivo de aposta.
tratar a relação sexual com menores de quatorze anos, deficientes
mentais ou pessoas que não possam oferecer resistência, com a Concurso:
denominação “estupro de vulnerável”, previsto no art. 217-A, que a) Se no mesmo contexto fático o agente mantém mais de uma
tem pena mais grave em face da condição da vítima. conjunção carnal com a mesma vítima, responde por crime único
de estupro. Entretanto, se duas pessoas em concurso revezam-se
Grave ameaça é a promessa de mal injusto e grave, a ser cau- na prática da conjunção carnal (curra), respondem por dois crimes
sado na própria vítima do ato sexual ou em terceiro. de estupro (por autoria direta em um fato e coautoria no outro).
É possível a responsabilização penal por crime de estupro até Nesses casos, a jurisprudência tem entendido ser aplicável o crime
mesmo em virtude de omissão. Ex.: mãe que nada faz para evitar continuado. Haverá, também, um aumento de um quarto na pena
que seu companheiro mantenha relações sexuais com a filha de por terem os delitos sido cometidos mediante concurso de pessoas
quinze anos de idade. A mãe tinha o dever jurídico de proteção. (art. 226, I, do CP, com a redação dada pela Lei n. 11.106/2005).
Tendo permitido pacificamente a prática do delito ou sua reitera- b) Se o agente, em momentos diversos, mantém conjunção
ção (quando cientificada de atos anteriores), responde pelo crime
carnal com a mesma mulher, há crime continuado (se os crimes
juntamente com o companheiro. Se a vítima tinha menos de qua-
forem praticados sob o mesmo modo de execução, na mesma cida-
torze anos, responderão por crime de estupro de vulnerável (art.
de e sem que tenha decorrido mais de um mês entre uma conduta
217-A).
e outra) ou concurso material (caso ausente algum dos requisitos
do crime continuado). Ex.: pai que estupra a filha por diversas oca-
Sujeito ativo. Com as alterações trazidas pela Lei n. 12.015/
siões, durante vários meses ou até durante anos.
2009, o crime de estupro pode ser praticado por qualquer pessoa,
homem ou mulher. Trata-se de crime comum. O homem que for- c) Se em um mesmo contexto fático o agente estupra duas
ça uma mulher a uma conjunção carnal (penetração do pênis na vítimas, responde pelos dois crimes (duas ações) em continuação
vagina), responde por estupro. A mulher que obriga um homem a delitiva.
penetrá-la também responde por tal crime (na legislação anterior Nessa hipótese, é aplicável a regra do art. 71, parágrafo único,
configurava apenas constrangimento ilegal). O homem que força do Código Penal, que, segundo estabelece, no crime continuado
outro homem ou uma mulher que força outra mulher à prática de praticado dolosamente, mediante violência ou grave ameaça con-
sexo oral responde por estupro. tra vítimas diversas, o Juiz pode até triplicar a pena. Observe-se,
O estupro admite coautoria e participação. Será considerado entretanto, que, sendo apenas duas as vítimas, o Juiz não poderá
coautor aquele que empregar violência ou grave ameaça contra a aplicar o aumento máximo, limitando-se a duplicá-la.
vítima (ato executório), sem, entretanto, realizar conjunção carnal d) O art. 130, caput, do Código Penal prevê o crime de perigo
ou qualquer ato libidinoso com ela. Haverá participação por parte de contágio venéreo, punindo quem sabe ou deve saber que está
de quem concorrer para o crime sem realizar qualquer ato execu- acometido de doença venérea e, mesmo assim, mantém relação
tório, como no caso de quem incentiva verbalmente um amigo a sexual com a vítima, sem intenção de transmitir a doença.
cometer o estupro. Dessa forma, o estuprador que sabe ou deve saber estar conta-
minado, responde pelo crime de estupro em concurso formal com
Sujeito passivo. A vítima também pode ser homem ou mu- o mencionado delito de perigo.
lher. A conjunção carnal após a morte da vítima constitui crime de e) O art. 130, § 1º, do Código Penal, por sua vez, descreve
vilipêndio a cadáver (art. 212 do CP). uma forma qualificada do crime de perigo de contágio venéreo,
Atualmente é pacífico que marido pode cometer estupro con- para a hipótese em que o agente, sabendo ou devendo saber da
tra a própria esposa, e vice-versa, pois o art. 226, II, do Código Pe- doença, pratica o ato sexual, querendo transmiti-la à vítima.
nal, com a redação dada pela Lei n. 11.106/2005, passou a prever Nesse caso, se a conduta for praticada por ocasião de um es-
um aumento de metade da pena sempre que o crime sexual tiver tupro, haverá também concurso formal entre os crimes. Acontece,
sido cometido por cônjuge ou companheiro. Tal regra, por estar contudo, que nessa hipótese será aplicado o denominado concurso
no Capítulo das Disposições Gerais, aplica-se a todos os crimes formal impróprio (imperfeito), que determina a soma das penas
sexuais. quando o agente, com uma só ação, visa efetivamente produzir

Didatismo e Conhecimento 51
DIREITO PENAL
dois resultados (art. 70, caput, 2ª parte). De ver-se, ainda, que, por Se ficar demonstrado que houve dolo de provocar lesão gra-
se tratar de crime de perigo, pressupõe que não ocorra a transmis- ve ou morte, o agente responde por estupro simples em concurso
são da moléstia. Se houver, afasta-se a incidência do crime do art. material com o crime de lesão corporal grave ou homicídio dolo-
130, § 1º, e aplica-se a causa de aumento do art. 234-A, IV, do so. Assim, quando o agente estupra a vítima e, em seguida, inten-
Código Penal ao crime de estupro. cionalmente, a mata para assegurar sua impunidade, responde por
f) Se o agente mantém conjunção carnal e outros atos libidi- crimes de estupro simples em concurso material com homicídio
nosos contra a mesma vítima, no mesmo contexto fático, responde qualificado.
Se o agente tenta estuprar a vítima e não consegue e, por isso,
por crime único, já que, após o advento da Lei n. 12.015/2009,
comete homicídio e, em seguida, pratica ato libidinoso com o ca-
o crime de estupro passou a ter tipo misto alternativo, abrangen- dáver, responde por tentativa de estupro simples, homicídio quali-
do tanto a conjunção carnal como outros atos de libidinagem. Da ficado e vilipêndio a cadáver, em concurso material.
mesma forma se, na mesma ocasião, realizar com a vítima sexo O estupro qualificado existe quer a morte seja decorrência da
anal e oral. violência quer da grave ameaça utilizada pelo estuprador, já que o
A pluralidade de atos sexuais deve ser apreciada pelo Juiz na tipo penal do delito qualificado prevê pena maior se “da conduta”
fixação da pena-base. resulta lesão grave ou morte.
Na hipótese em que o estupro não passa da tentativa, mas o
Por se tratar, entretanto, de inovação legislativa, é possível
agente, culposamente, dá causa à morte da vítima, o crime está
que haja controvérsia na hipótese em que o agente realiza a con- consumado.
junção carnal e outros atos libidinosos no mesmo contexto, pois, É que os crimes preterdolosos não admitem tentativa e o texto
para alguns, deve ser reconhecida a continuidade delitiva. legal vincula a incidência da qualificadora ao evento morte.
Na vigência da legislação antiga, prevalecia o entendimento
de que entre estupro e atentado violento ao pudor devia ser apli- Natureza hedionda. A Lei n. 12.015/2009 alterou a redação
cada a regra do concurso material porque tais crimes não eram da do art. 1º, V, da Lei n. 8.072/90, e declarou de natureza hedionda
mesma espécie. o “estupro (art. 213, caput, e §§ 1º e 2º)”, em sua forma tentada ou
consumada. Essa nova redação, que menciona também o caput do
art. 213, afasta qualquer possibilidade de controvérsia, deixando
Estupro qualificado pela idade da vítima. Nos termos do claro que tanto o estupro simples, como suas figuras qualificadas,
art. 213, § 1º, 2ª parte, a pena será de reclusão, de oito a doze anos, constituem crime hediondo.
se a vítima do estupro é maior de quatorze e menor de dezoito
anos. Causas de aumento de pena. Após o advento da Lei n.
Trata-se de inovação da Lei n. 12.015/2009, já que não havia 12.015/2009, por equívoco do legislador, passaram a existir dois
figura qualificada semelhante na legislação anterior. capítulos com a mesma denominação — “Disposições Gerais” —
no Título dos crimes de cunho sexual. São os Capítulos IV e VII.
O reconhecimento da qualificadora pressupõe que tenha havi-
Neles existem causas de aumento de pena aplicáveis ao estupro e a
do emprego de violência ou grave ameaça contra a vítima em tal todos os demais crimes contra a dignidade sexual, respectivamente
faixa etária. Se a vítima for menor de quatorze anos, configura-se nos arts. 226 e 234-A.
crime de estupro de vulnerável (art. 217-A) — independentemente a) A pena é aumentada de quarta parte, se o crime é cometido
do emprego de violência ou grave ameaça. com o concurso de duas ou mais pessoas (art. 226, I). É cabível
Se o crime for cometido no dia do aniversário de quatorze tanto nos casos de coautoria como nos de participação.
anos aplica-se a qualificadora, já que o estupro de vulnerável exige b) A pena é aumentada de metade, se o agente é ascendente,
que a vítima tenha menos de quatorze anos. O fato de a figura qua- padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou se por qualquer
lificada do § 1º mencionar vítima maior de quatorze anos não pode outro título tem autoridade sobre ela (art. 226, II). Nessas hipó-
gerar interpretação de que o crime é simples em tal data. teses, o legislador entendeu ser necessária a majoração da pena
por ser o delito cometido por pessoa que exerce autoridade sobre
Estupro qualificado pelo resultado. De acordo com o art. a vítima.
213, § 1º, 1ª parte, a pena é de reclusão, de oito a doze anos, se A lei descreve, inicialmente, uma série de hipóteses específi-
da conduta resulta lesão grave e, nos termos do art. 213, § 2º, é de cas e, ao final, utiliza-se de fórmula genérica para abranger toda
reclusão, de doze a trinta anos, se resulta morte. e qualquer relação de fato ou de direito que implique autoridade
sobre a vítima, como, por exemplo, do carcereiro sobre a presa, do
As hipóteses de lesão grave que qualificam o estupro são
amásio da mãe da vítima etc. O aumento decorrente da condição
aquelas elencadas nos §§ 1º e 2º do art. 129 do Código Penal. de cônjuge, companheiro, madrasta ou tio da vítima foi inserido no
Eventuais lesões leves decorrentes da violência empregada Código Penal pela Lei n. 11.106/2005.
pelo estuprador ficam absorvidas pelo crime-fim (estupro). A con- As demais hipóteses já constavam da redação original do
travenção de vias de fato também fica absorvida. dispositivo, porém o índice de aumento era menor — um quarto.
Essas figuras qualificadas (lesão grave ou morte) são exclu- Atualmente, o aumento é de metade da pena. É evidente que não
sivamente preterdolosas em razão do montante de pena previsto pode ser aplicada ao crime de estupro a agravante genérica do art.
em abstrato. 61, II, e, do Código Penal, que se refere a crime cometido contra
descendente, cônjuge ou irmão, na medida em que haveria bis in
Assim, pressupõem que haja dolo quanto ao estupro e culpa
idem já que o fato já é considerado causa especial de aumento de
em relação ao resultado agravador. Por isso o julgamento cabe ao
pena do art. 226, II.
juízo singular e não ao Tribunal do Júri.

Didatismo e Conhecimento 52
DIREITO PENAL
Preceptor é o professor responsável pela educação individua- b) No parágrafo único do art. 225 se estabelece que a ação
lizada de menores. A Lei n. 11.106/2005 revogou o inciso III do é pública incondicionada se a vítima for menor de dezoito anos.
art. 226, de modo que o fato de o autor do crime ser casado com Atualmente, o fato de o autor do crime ser pai da vítima não altera
terceira pessoa não mais constitui causa de aumento de pena nos a espécie de ação penal. O que importa é a idade da vítima. Se a
crimes sexuais. filha tiver mais de dezoito anos, a ação depende de sua represen-
c) A pena é aumentada de metade se do crime resultar gravi- tação. Se for menor de dezoito anos, a ação será incondicionada.
dez (art. 234-A, III). Será necessário demonstrar que a gravidez foi
resultante do ato sexual forçado. Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B do Código Pe-
Lembre-se que o art. 128, II, do Código Penal, permite a rea- nal, os processos que apuram crime de estupro correm em segredo
lização de aborto, por médico, quando a gravidez for resultante de de justiça.
estupro, desde que haja consentimento da gestante, ou, se incapaz,
de seu representante legal. Casamento da ofendida com o estuprador. Atualmente não
d) A pena é aumentada de um sexto até metade se o agente gera qualquer benefício ao agente, uma vez que o art. 107, VII, do
transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe Código Penal, que previa a extinção da punibilidade nesses casos,
ou deveria saber ser portador (art. 234-A, IV). Note-se que o pre- foi revogado expressamente pela Lei n. 11.106/2005. Ademais,
sente dispositivo não se refere tão somente às doenças venéreas,
não se pode cogitar de renúncia ou perdão em razão do casamento
como sífilis, gonorreia, cancro mole, papiloma vírus, alcançando
porque estes institutos são exclusivos da ação privada e, atualmen-
todas as doenças sexualmente transmissíveis. Com isso, em tese,
te, o estupro é de ação pública.
estaria abrangida a transmissão da AIDS.
De ver-se, todavia, que, como esta doença é incurável, sua
transmissão constitui, para alguns, lesão gravíssima (art. 129, § 2º, Casamento da vítima com terceira pessoa. Desde o advento
II, do CP) e, para outros, tentativa de homicídio, de modo que, a da Lei n. 11.106/2005, que revogou o art. 107, VIII, do Código
nosso ver, o agente deve ser responsabilizado por crimes de estu- Penal, não gera qualquer efeito.
pro em concurso com lesão gravíssima ou tentativa de homicídio,
pois, no mínimo, agiu com dolo eventual em relação à transmissão A revogação do art. 214 do Código Penal. A Lei n.
da doença. Caso se demonstre efetiva intenção de transmiti-la, a 12.015/2009 expressamente revogou o art. 214 do Código Penal
hipótese será de concurso formal impróprio em decorrência da au- que tipificava o crime de atentado violento ao pudor. Não se tra-
tonomia de desígnios e as penas serão somadas. ta, entretanto, de caso de abolitio criminis, porque, a mesma lei,
também de forma expressa, passou a tratar como crime de estupro
Ação penal. A atual redação do art. 225 do Código Penal, com todas as condutas que antes caracterizavam o atentado violento.
a redação dada pela Lei n. 12.015/2009, traz duas regras em rela- Assim, não há que se falar em extinção da punibilidade para
ção ao crime de estupro: as pessoas já condenadas ou que estavam sendo acusadas por este
a) No caput do art. 225 está previsto que, como regra, a ação crime, na medida em que o art. 107, II, do Código Penal só admite
penal é pública condicionada à representação. a extinção da punibilidade quando a nova lei deixar de considerar
De acordo com tal dispositivo a regra vale para todos os cri- o fato como crime, o que não ocorreu. O fato continua sendo cri-
mes do Capítulo I, abrangendo, portanto, o estupro qualificado minoso, apenas mudou de nome.
pela lesão grave e pela morte. Em relação à primeira hipótese, é
até aceitável a regra, na medida em que a lesão grave que qualifi- VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
ca o estupro é a culposa, que também depende de representação,
nos termos do art. 88 da Lei n. 9.099/95. Já em relação à qualifi- Objetividade jurídica. A liberdade sexual no sentido de con-
cadora da morte não há como se aceitar que a ação dependa de sentir na prática de ato sexual sem ser ludibriado pelo emprego de
representação. Primeiro porque a Constituição Federal reconhece uma fraude.
o direito à vida e não pode deixar nas mãos de terceiros (cônjuge,
ascendentes, descendentes ou irmãos), decidir se o agente será ou
Tipo objetivo. A Lei n. 12.015/2009 unificou os antigos cri-
não punido. Segundo, porque é possível que a vítima não tenha
mes de posse sexual e atentado ao pudor mediante fraude em uma
cônjuge ou parentes próximos.
única infração denominada “violação sexual mediante fraude”,
A Procuradoria Geral da República ingressou em setembro de
2009 com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN 4301) a que passou a abranger o emprego de fraude para manter conjunção
fim de que o Supremo Tribunal Federal declare que a necessidade carnal ou qualquer outro ato libidinoso com a vítima. Se o agen-
de representação no estupro qualificado pela lesão grave ou morte te, no mesmo contexto fático e em face da mesma fraude, obtiver
fere os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, devendo tanto a conjunção carnal como outro ato libidinoso, responderá por
o art. 225, caput, do Código Penal, ser declarado inconstitucional crime único e a pluralidade de atos sexuais deverá ser considerada
quanto a este aspecto, mantido seu alcance em relação aos demais pelo juiz na fixação da pena-base.
crimes sexuais. De acordo com o texto legal, é necessário que o agente em-
Por sua vez, não pode mais ser aplicada a Súmula 608 do Su- pregue fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre ma-
premo Tribunal Federal, segundo a qual a ação é pública incondi- nifestação de vontade da vítima. Fraude é qualquer meio iludente
cionada no estupro simples cometido mediante violência real. A empregado para que a vítima tenha uma errada percepção da reali-
Lei n. 12.015/2009 é posterior à referida súmula e ao art. 101 do dade e consinta no ato sexual. A fraude tanto pode ser empregada
Código Penal (Lei n. 7.209/84), e, ao regular inteiramente o tema, para criar a situação de engano na mente da vítima, como para
não estabeleceu regra similar. Pela nova lei todo estupro simples mantê-la em tal estado para que, assim, seja levada ao ato sexual.
passa a depender de representação. Os exemplos encontrados na prática são de médicos que mentem

Didatismo e Conhecimento 53
DIREITO PENAL
para a paciente a respeito da necessidade de exame ginecológico a ASSÉDIO SEXUAL
fim de tocá-la; de pessoas que se dizem “pais de santo” ou parap-
sicólogos e que convencem pessoas crédulas a receber “passes” O crime de assédio sexual foi introduzido no Código Penal
no qual devem tirar a roupa e se submeter a apalpações; de irmão pela Lei n. 10.224/2001 e, em virtude de sua redação ambígua, tem
gêmeo idêntico que se passa pelo outro para realizar atos sexuais causado grandes controvérsias a respeito de sua tipificação e ex-
com a namorada ou esposa deste etc. Não há crime, entretanto, tensão. Além disso, as dificuldades em torno da prova tornaram ra-
quando o agente diz reiteradamente que ama uma moça apenas ríssimas as condenações por este tipo de delito. A primeira questão
para que ela concorde em manter relação sexual com ele e este, consiste em descobrir qual significado o legislador quis dar à pala-
após o ato sexual, termina o relacionamento. Interessante notar vra “constranger”, que é o núcleo do tipo. Este verbo normalmente
que, na legislação anterior, exigia-se que a vítima anuísse com a é empregado em nossa legislação como transitivo direto e indireto,
conjunção carnal ou que fosse induzida a praticar outra espécie de aplicando-se, portanto, a situações em que alguém é coagido, obri-
ato de libidinagem ou que aceitasse submeter-se a este. Na legis- gado a fazer ou não fazer algo, como ocorre nos crimes de estupro,
lação atual esse consentimento da vítima não se faz necessário, tal e constrangimento ilegal. Acontece que no crime de assédio sexual
como ocorre em casos em que o cenário iludente montado pelo a lei não descreveu nenhum complemento, mencionando apenas a
agente impede até mesmo que ela perceba a realização do ato de conduta de “constranger alguém com o intuito de obter vantagem
libidinagem e, portanto, de opor-se a ele. Ex.: médico que ao reali- ou favorecimento sexual...”.
zar toque vaginal na vítima, que está com a visão encoberta, abre o Fica, pois, a indagação: constranger a quê?
zíper de sua calça e encosta o pênis nas nádegas dela. Como não há resposta para essa pergunta, é forçoso concluir
É de notar-se que, no crime em análise, o que o agente impede que o legislador empregou a palavra “constranger” com outro sen-
é a manifestação de vontade da vítima. Caso inviabilize sua capa- tido, ou seja, como verbo transitivo direto em que significa inco-
cidade de reação física pelo emprego de soníferos, anestésicos ou modar, importunar, embaraçar. A solução deve efetivamente ser
drogas, incorre no crime de estupro de vulnerável, por ter abusado essa, considerando-se o próprio significado da palavra “assédio”
de alguém que não podia oferecer resistência (art. 217, § 1º). que dá nome ao delito: “importunar, molestar, com perguntas ou
pretensões”. Não basta, entretanto, que o patrão conte uma anedo-
ta que faça a funcionária ficar envergonhada, uma vez que, nesse
Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher.
caso, não há propriamente assédio sexual. Também não configu-
Trata-se de crime comum.
ram o delito os simples elogios ou gracejos eventuais e, tampouco,
um convite para jantar, já que isso não é algo constrangedor. É
Sujeito passivo. Pode ser qualquer pessoa, homem ou mu-
claro, entretanto, que haverá crime se houver recusa da funcionária
lher. Não é necessário que a vítima seja virgem ou pessoa recatada.
e o chefe começar a importuná-la com reiteradas investidas.
Caso o agente empregue fraude para obter ato sexual com pessoa
Na realidade, o crime de assédio sexual pode ser visto, em
menor de quatorze anos, responderá apenas por crime de estupro
termos comparativos, como se fosse a contravenção penal de im-
de vulnerável (art. 217-A), que é mais grave. portunação ofensiva ao pudor (art. 61 da LCP) agravada pelo fato
de ser cometido por alguém que se prevalece da sua superioridade
Consumação. No momento em que é realizado o ato sexual. hierárquica ou da ascendência inerente ao cargo.
Como a lei não esclarece os meios de execução, todos devem
Tentativa. É possível. ser admitidos (crime de ação livre), como, por exemplo, atos, ges-
tos, palavras, escritos etc. Assim, é claro que pode existir crime na
Causas de aumento de pena. Aplicam-se ao crime de vio- conduta de pedir uma massagem à secretária, de trocar de roupa
lação sexual mediante fraude as causas de aumento de pena dos em sua presença, de apalpar-lhe as nádegas ou passar-lhe as mãos
arts. 226 e 234-A do Código Penal, já que tais causas de aumento nos cabelos, de pedir para ela experimentar um biquíni, de con-
aplicam- -se a todos os crimes do Título. vidá-la para encontro em motel, de propor-lhe sexo para que seja
promovida, para que não seja transferida, para que receba aumento
Incidência cumulativa da pena de multa. O parágrafo único etc. Lembre-se, porém, que é sempre necessário para a configura-
do art. 215 prevê a aplicação cumulativa da pena de multa se o cri- ção do crime que o agente tenha se aproveitado do seu cargo.
me for cometido com o fim de obter vantagem econômica. O dis-
positivo, portanto, se aplica, por exemplo, ao irmão gêmeo idênti- Sujeito ativo. Pode ser homem ou mulher. O delito pode en-
co que aposta dinheiro com alguns amigos, que duvidam que ele volver pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo.
tenha coragem de abordar a namorada de seu irmão e ter com ela É necessário que o agente importune a vítima prevalecendo-se
relação sexual, fazendo-a acreditar que se trata de seu namorado. de sua superioridade hierárquica ou ascendência inerente ao exer-
cício de emprego (relação laboral privada), cargo ou função (rela-
Ação penal. Nos termos do art. 225 do Código Penal, a ação ção laboral pública). Na hipótese de hierarquia existe um superior
penal é pública condicionada à representação, exceto se a vítima e um subalterno, o que não ocorre na hipótese de ascendência em
for menor de dezoito anos, hipótese em que a ação é pública in- que o agente apenas goza de prestígio, influência em relação à víti-
condicionada. ma (exs.: desembargador em relação a juiz; professor de faculdade
em relação a aluno).
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B do Código Pe- Veja-se que uma conduta que constitua crime quando pratica-
nal, os processos que apuram esta modalidade de infração penal da pelo superior não o tipificará se realizada pelo subalterno contra
correm em segredo de justiça. seu chefe.

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DIREITO PENAL
Em razão do veto presidencial ao parágrafo único do art. presunção de violência era relativa. Dessa forma, mesmo que se
216-A, somente o assédio laboral constitui crime, sendo atípico demonstre que a vítima já tinha tido relacionamentos sexuais ante-
o assédio proveniente de relações domésticas, de coabitação e de riores com outras pessoas, se o agente for flagrado tendo com ela
hospitalidade, ou aquele proveniente de abuso de dever inerente a relação sexual, ciente de sua condição de vulnerável, deverá ser
ofício ou ministério. punido. Repita-se que essa era a intenção do legislador, conforme
acima explicado. Apenas o tempo dirá, entretanto, se a jurispru-
Sujeito passivo. Qualquer pessoa, homem ou mulher, que
dência aceitará tal determinação legal ou se novos argumentos sur-
seja subordinado ao agente ou que esteja sob sua influência.
girão para evitar a punição.
Elemento subjetivo. O crime só existe se o sujeito age com Apenas o erro de tipo (que não se confunde com presunção
intenção de obter vantagem ou favorecimento sexual (conjunção relativa) é que pode afastar o delito, quando o agente provar que,
carnal ou qualquer outro ato libidinoso). por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, pensava que
a moça, que concordou em ter com ele relação sexual, já tinha
Consumação. É fácil concluir pela redação do dispositivo quatorze anos ou mais, por ter ela, por exemplo, mentido a idade e
que se trata de crime formal cuja consumação ocorre no exato ins- já ter desenvolvimento corporal avantajado.
tante em que o agente importuna a vítima, independentemente de As condutas típicas são as mesmas do estupro simples: ter
obter a vantagem ou favorecimento sexual visados. conjunção carnal ou praticar qualquer outro ato libidinoso. A con-
figuração do estupro de vulnerável, entretanto, não exige o empre-
Tentativa. É possível, por exemplo, na forma escrita (bilhete
go de violência física ou grave ameaça, de modo que, ainda que
que se extravia).
a vítima diga que consentiu no ato, estará configurada a infração,
pois tal consentimento não é válido conforme se explicou no tó-
Causas de aumento de pena. De acordo com o § 2º do art.
216-A, a pena é aumentada de um terço se a vítima do assédio é pico anterior.
menor de dezoito anos. Esse dispositivo foi introduzido no Código Caso haja emprego de violência física ou grave ameaça, por
Penal pela Lei n. 12.015/2009. Interessante notar que não existe e exemplo, contra uma criança de dez anos de idade para forçá-la ao
nunca existiu o § 1º. Saliente-se, outrossim, que a proposta de sexo ato sexual, haverá também crime de estupro de vulnerável e não a
seriamente feita, por exemplo, a uma criança de onze anos confi- figura simples de estupro do art. 213, já que não faria sentido apli-
gura tentativa de estupro de vulnerável e não figura agravada de car a pena mais grave do art. 217-A apenas para os casos em que
assédio sexual. Aplicam-se ao crime de assédio sexual as causas de não houvesse emprego de violência ou grave ameaça. Em suma,
aumento de pena do art. 226 do Código Penal, exceto a hipótese do com ou sem o emprego de violência ou grave ameaça, o crime será
art. 226, II, que prevê aumento de metade da pena se o agente for sempre o de estupro de vulnerável se a vítima se enquadrar em
empregador da vítima, na medida em que constituiria bis in idem. qualquer das hipóteses do art. 217-A e seu § 1º.

Ação penal. Nos termos do art. 225 do Código Penal, a ação São considerados vulneráveis:
penal é pública condicionada à representação, exceto se a vítima a) Os menores de quatorze anos. Ao contrário do regime anti-
for menor de dezoito anos, hipótese em que será pública incondi- go, se o ato for realizado no dia do 14º aniversário, a vítima não é
cionada. mais considerada vulnerável. Em suma, considera-se vulnerável a
pessoa que ainda não completou quatorze anos.
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B do Código Pe- b) As pessoas portadoras de enfermidade ou doença mental,
nal, os processos que apuram esta modalidade de infração penal que não tenham o necessário discernimento para a prática do ato.
correm em segredo de justiça. É necessária a realização de perícia médica para a constatação de
que o problema mental retirava por completo da vítima o discerni-
ESTUPRO DE VULNERÁVEL mento para o ato sexual.
Pela redação do dispositivo, dada pela Lei n. 12.015/2009,
A dignidade sexual das pessoas vulneráveis— menores de admite- se que o agente tenha agido com dolo eventual quanto ao
quatorze anos, doentes mentais ou impossibilitadas de oferecer estado mental da vítima, já que foi retirada a exigência do efetivo
resistência. conhecimento a respeito dessa circunstância que expressamente
constava do antigo art. 224, b, do Código Penal.
Tipo objetivo. A Lei n. 12.015/2009 abandonou o sistema de c) pessoa que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
presunções de violência que vigorava no regime antigo, e estabe- resistência. É indiferente que o fator impossibilitante da defesa da
leceu objetivamente como crime o ato de manter relacionamento vítima seja prévio (doença, paralisia, idade avançada, estado de
sexual com uma das pessoas vulneráveis elencadas no tipo penal, coma, desmaio), provocado pelo agente (ministração de sonífero
ainda que com seu consentimento. Se o agente sabia tratar-se de ou droga na bebida da vítima, uso de anestésico etc.) ou causado
pessoa definida na lei como vulnerável não poderia manter ato por ela própria (embriaguez completa em uma festa). É necessário
sexual com ela. Se o fez, responde pelo crime. Essa orientação que o agente se aproveite do estado de incapacidade de defesa e
consta expressamente da Exposição de Motivos que originou a que se demonstre que este fator impossibilitava por completo a
Lei n. 12.015/2009, onde o legislador manifestou claramente sua capacidade de a vítima se opor ao ato sexual.
intenção de acabar com a interpretação antes existente de que a

Didatismo e Conhecimento 55
DIREITO PENAL
Sujeito ativo. Qualquer pessoa. Homem ou mulher. Atualmente, se alguém, dentro de um ônibus, se masturba na
presença de pessoa com menos de quatorze anos, incorre no crime
Sujeito passivo. Qualquer pessoa vulnerável, homem ou mu- em estudo. Se a vítima, porém, tem mais de quatorze anos, o crime
lher. é o de ato obsceno (art. 233). Se o agente convence uma pessoa de
menos de quatorze anos a assistir um ato sexual envolvendo ou-
Consumação. No instante em que é realizada a conjunção tras, configura-se também o crime do art. 218-A, mas se convence
carnal ou qualquer outro ato libidinoso. 6. Tentativa. É possível. pessoa de vinte anos (por exemplo) a assistir o mesmo ato, o fato
é atípico. Premissa do crime é a intenção de satisfazer a própria
Formas qualificadas. Nos termos do art. 217-A, §§ 3º e 4º, lascívia ou de terceiro pelo fato de o ato sexual estar sendo presen-
respectivamente, se da conduta resulta lesão grave, a pena é de ciado por pessoa menor de quatorze anos. Outra premissa é que o
reclusão, de dez a vinte anos, e, se resulta morte, reclusão de doze menor não se envolva sexualmente no ato, pois, se o fizer, o crime
a trinta anos. será o de estupro de vulnerável.
Essas figuras qualificadas são exclusivamente preterdolosas.
Só se configuram se tiver havido dolo em relação ao estupro de Sujeito ativo. Qualquer pessoa, homem ou mulher. Se o ato
vulnerável e culpa em relação à lesão grave ou morte. Se o agente sexual for praticado por duas pessoas na presença do menor, a fim
quis ou assumiu o risco de provocar o resultado agravador, res- de satisfazer a lascívia de ambos, os dois respondem pelo crime.
ponderá por crime de estupro de vulnerável em sua modalidade
simples em concurso material com crime de lesão grave ou homi- Sujeito passivo. Crianças ou adolescentes, do sexo masculino
cídio doloso. ou feminino, menores de quatorze anos.

Natureza hedionda. O estupro de vulnerável constitui crime Consumação. No instante em que é realizado o ato sexual na
hediondo, tanto em sua forma simples, como nas qualificadas, nos presença do menor.
termos do art. 1º, VI, da Lei n. 8.072/90 (com a redação da Lei n.
12.015/2009). Tentativa. É possível. Ex.: menor é convencido a presenciar o
ato sexual, mas quando o agente começa a tirar a roupa o menor sai
Causas de aumento de pena. Aplicam-se ao crime de estupro correndo e não presencia concretamente qualquer ato libidinoso.
de vulnerável as causas de aumento de pena dos arts. 226, I e II, e
234-A,III e IV, do Código Penal, já estudadas no crime de estupro Ação penal. É pública incondicionada.
simples.
Assim, a pena é aumentada em um quarto se o delito for co- Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B, os processos
metido com concurso de duas ou mais pessoas (art. 226, I); em que apuram esse tipo de infração penal correm em segredo de jus-
metade se o agente for ascendente, descendente, padrasto ou ma- tiça.
drasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor
ou empregador da vítima ou caso tenha autoridade sobre ela por FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA
qualquer outro título (art.226, II), ou, ainda, se resultar gravidez FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE VULNERÁVEL
(art. 234-A, III); e, de um sexto até metade, se o agente transmitir
à vítima doença sexualmente transmissível de que sabia ou deveria Objetividade jurídica. A dignidade e a moralidade sexual do
saber estar acometido (art. 234-A, IV). vulnerável, bem como evitar danos à sua saúde e outros riscos li-
gados ao exercício da prostituição.
Ação penal. É sempre pública incondicionada, de acordo com
o art. 225, parágrafo único, do Código penal. Tipo objetivo. O crime consiste em convencer alguém, com
palavras ou promessas de boa vida, para que se prostitua, ou para
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B do Código Pe- que se submeta a outras formas de exploração sexual, ou, ainda,
nal, os processos que apuram esta modalidade de infração penal colaborar para que alguém exerça a prostituição, ou, de algum
correm em segredo de justiça. modo, impedir ou dificultar que a vítima abandone as referidas
atividades. Em suma, constitui crime introduzir alguém no mundo
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE da prostituição, apoiá-lo materialmente enquanto a exerce ou de
CRIANÇA OU ADOLESCENTE qualquer modo impedir ou dificultar o abandono das atividades por
parte de quem deseja fazê-lo.
Objetividade jurídica. A dignidade e a formação sexual da Na figura em análise, a vítima deve ser pessoa com idade entre
pessoa menor de quatorze anos.
quatorze e dezoito anos, ou com deficiência mental que lhe retire
a capacidade de entender o caráter do ato. Se a vítima for pessoa
Tipo objetivo. O crime existe quer o agente tome a iniciativa
maior de idade e sã, o induzimento à prostituição configura o crime
de realizar o ato sexual na presença do menor (mostrar-lhe o pênis,
do art. 228 do Código Penal, que tem pena menor.
por exemplo), quer o convença a presenciá-lo. O ato sexual pode
Prostituição é o comércio do próprio corpo, em caráter habi-
ser a penetração do pênis na vagina (conjunção carnal) ou qualquer
tual, visando a satisfação sexual de qualquer pessoa que se dispo-
outro ato de conotação sexual (presenciar o agente a se masturbar,
nha a pagar para tanto. A prostituição a que se refere a lei pode ser
a manter sexo oral ou anal com terceiro etc.).
a masculina ou feminina.

Didatismo e Conhecimento 56
DIREITO PENAL
Pune-se também nesse tipo penal quem submete o menor ou A tipificação no Código Penal do crime em análise revogou
o enfermo mental a qualquer outra forma de exploração sexual. delito semelhante previsto no art. 244-A, § 1º, da Lei n. 8.069/90.
Esta, tal qual a prostituição, deve ter caráter habitual. Ex.: induzir
uma menor a ser dançarina de striptease, a dedicar-se a fazer sexo Ação penal. É pública incondicionada.
por telefone ou via internet por meio de webcams (sem que haja
efetivo contato físico com o cliente) etc. Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B do Código Pe-
O art. 218-B, por tratar do mesmo tema, revogou tacitamente nal, os processos que apuram esta modalidade de infração penal
o crime do art. 244-A da Lei n. 8.069/90. correm em segredo de justiça.

Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher. MEDIAÇÃO PARA SATISFAZER A LASCÍVIA DE OU-
TREM
Sujeito passivo. Homem ou mulher menor de idade (entre 14
e 18 anos), ou que, em razão de enfermidade mental, não tenha Objetividade jurídica. O legislador visa evitar a exploração
discernimento necessário para compreender a prostituição ou a ex- sexual e, com isso, as consequências danosas que decorrem de tais
ploração sexual. atividades (proliferação de doenças sexuais, abandono dos estudos
etc.).
Consumação. Quando a vítima assume uma vida de prostitui-
ção, colocando-se à disposição para o comércio carnal, ou quando Tipo objetivo. Induzir significa convencer, persuadir alguém
passa a ser explorada sexualmente. Na modalidade de impedimen- a satisfazer os desejos sexuais de outrem. O agente visa, com sua
to, consuma-se no momento em que a vítima não abandona as ati- conduta, satisfazer a lascívia de terceiro e não a própria. Somente
vidades. ele responde pelo crime.
Nesta última figura o crime é permanente. Na modalidade di- No crime em análise, em sua figura simples, a relação sexual é
ficultar, consuma-se quando o agente cria o óbice. consentida, pois o agente convence a vítima a satisfazer os desejos
de terceiro. Caso, porém, ele empregue violência, grave ameaça
Tentativa. É possível. ou fraude, tipifica-se a figura qualificada do § 2 º. Note-se, porém,
que quando o agente empregar violência ou grave ameaça para
Intenção de lucro. Nos termos do art. 218-B, § 1º, se o cri-
forçar a vítima a manter conjunção carnal ou outro ato libidino-
me é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
so com terceiro, deverá ser responsabilizado por crime de estu-
também multa. A intenção de lucro a que o texto se refere como
pro. Assim, a qualificadora do art. 227 só tem aplicação quando o
condição para a incidência cumulativa de multa é por parte do
agente empregar a violência ou grave ameaça para forçar a vítima,
agente e não da vítima.
por exemplo, a fazer sexo por telefone ou por webcam, a fazer
striptease etc. Ademais, se da violência empregada resultar lesão,
Figuras equiparadas. No § 2º do art. 218-B, existe a previsão
ainda que leve, o agente responderá pelos dois crimes, nos termos
de dois outros crimes para os quais é prevista a mesma pena do
caput. do art. 227, § 2 º .
Tal dispositivo pune: Nesse crime, a vítima é induzida a servir pessoa determinada
I — Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidino- — ainda que mediante paga. Caso o agente convença a vítima a
so com alguém menor de dezoito e maior de quatorze anos na habitualmente entregar o corpo a pessoas indeterminadas que se
situação descrita no caput deste artigo (de prostituição ou ex- disponham a pagar, o crime é o de favorecimento à prostituição
ploração sexual). (art. 228).
O dispositivo pune quem faz programa com prostituta menor
de idade, desde que tenha mais de quatorze anos, pois, se tiver me- Sujeito ativo. Qualquer pessoa. Se o agente for ascendente,
nos, o crime será o de estupro de vulnerável, que tem pena muito descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador da
maior. Não existe em nossa legislação punição para quem paga vítima ou pessoa a quem ela esteja confiada para fins de educação,
para ter relação sexual com prostituta maior de idade. tratamento ou guarda, configura-se a figura qualificada do art. 227,
II — o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local § 1 º.
em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
O legislador criou uma espécie de figura qualificada do cri- Sujeito passivo. Qualquer pessoa, homem ou mulher, desde
me de casa de prostituição (art. 229). Assim, o dono, gerente ou que maior de idade. Se a vítima tiver mais de quatorze e menos de
responsável por local onde haja prostituição ou exploração sexual dezoito anos, aplica-se a figura qualificada do art. 227, § 1 º.
de pessoa com idade entre quatorze ou dezoito anos, ou com en-
fermidade mental, incorre no crime em análise, para o qual a pena Consumação. Ocorre com a prática de ato que possa importar
é maior em relação àqueles que mantém lupanar apenas com pros- na satisfação da lascívia de terceiro, ainda que esta não se efetive.
titutas maiores de idade. Pressupõe, contudo, que o agente tenha
conhecimento de que há prostitutas menores de idade trabalhando Tentativa. É possível.
no local.
O § 3º do art. 218-B, estabelece ainda que constitui efeito Intuito de lucro. Se o agente cometer o crime com intenção
obrigatório da condenação, a cassação da licença de localização e de obter vantagem econômica, aplica-se cumulativamente a pena
de funcionamento do estabelecimento. de multa, nos termos do art. 227, § 3 º.

Didatismo e Conhecimento 57
DIREITO PENAL
Ação penal. É pública incondicionada. Trata-se de crime habitual que só se configura pelo proveito
reiterado nos lucros da vítima.
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B, os processos
que apuram esse tipo de infração correm em segredo de justiça. Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. Se o agente for as-
cendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, compa-
CASA DE PROSTITUIÇÃO nheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
assumiu por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
Objetividade jurídica. O legislador visa evitar a prostitui-
vigilância em relação a ela, aplica-se a figura qualificada do § 1º.
ção e a exploração sexual e, com isso, as consequências danosas
que decorrem de tais atividades (proliferação de doenças sexuais,
abandono dos estudos etc.). Sujeito passivo. Necessariamente pessoa que exerce a pros-
tituição (homem ou mulher). Se for menor de dezoito e maior de
Tipo objetivo. O dispositivo abrange casas de prostituição, quatorze anos, configura-se a hipótese qualificada do § 1º.
casas de massagens onde haja encontros com prostitutas em quar-
tos, boates em que se faça programa com prostitutas etc. O tipo Consumação. Quando ocorrer reiteração na participação nos
penal é abrangente, punindo o dono do local, o gerente, os em- lucros ou no sustento pela prostituta.
pregados que mantêm a casa etc. O texto legal, ademais, dispensa
para a ocorrência do crime a intenção de lucro (normalmente exis- Tentativa. Inadmissível por se tratar de crime habitual.
tente) e a mediação direta do proprietário ou gerente na captação
de clientes. Emprego de violência, grave ameaça ou fraude. Tornam o
Para o reconhecimento do crime em análise exige-se habitua-
crime qualificado, nos termos do art. 230, § 2º. Ademais, se da
lidade, ou seja, o funcionamento reiterado do estabelecimento.
violência empregada resultarem lesões corporais, ainda que leves,
Há muitos julgados no sentido de que a existência de alvará de
funcionamento por parte das autoridades não exclui o crime, já que o agente responderá também pelo crime do art. 129 do Código
há desvirtuamento da licença obtida para outros fins. Penal, por haver disposição expressa nesse sentido.
A prostituta que recebe clientes em sua casa para encontros
sexuais, explorando o próprio comércio carnal, não incorre no cri- Ação penal. É pública incondicionada.
me em análise.
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B, os processos
Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. Se alguém mantém a que apuram esse tipo de infração correm em segredo de justiça.
casa de prostituição por conta de terceiro, ambos respondem pelo
crime. TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOA PARA FIM DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL
Sujeito passivo. São as pessoas exploradas sexualmente no
estabelecimento. Pode ser homem ou mulher. A sociedade também
Objetividade jurídica. Evitar a facilitação à prostituição e o
é vítima deste crime que tutela a moralidade e a saúde pública.
aliciamento ou compra de prostitutas.
Consumação. Quando o estabelecimento começa a funcionar
de forma reiterada (crime habitual). Trata-se, também, de crime Tipo objetivo. A lei pune quem realiza diretamente o tráfico
permanente. Por isso, em havendo prova da habitualidade, a prisão e quem o auxilia, além de eventuais intermediários que sejam os
em flagrante é possível. responsáveis pelo aliciamento ou agenciamento. Pune também a
pessoa que compra a pessoa traficada e também aqueles que, cien-
Tentativa. Em se tratando de crime habitual, há incompatibi- tes da situação, ajudam a transportá-la, transferi-la ou alojá-la, a
lidade com o instituto da tentativa. fim de que possa ser explorada sexualmente. Penaliza-se, ainda, a
pessoa que, de alguma forma, facilita a entrada ou saída da prosti-
Ação penal. É pública incondicionada. tuta do território nacional.
A anuência da vítima não desnatura o crime. Por sua vez, se
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B, os processos houver emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena será
que apuram esse tipo de infração correm em segredo de justiça.
aumentada em metade, nos termos do § 2º, IV.
O tipo penal abrange a entrada e a saída de pessoas que preten-
RUFIANISMO
dem exercer a prostituição.
Objetividade jurídica. Evitar a exploração da prostituição
alheia. Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime co-
mum. A pena, todavia, será aumentada em metade se o agente for
Tipo objetivo. O rufião visa à obtenção de vantagem econô- ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, compa-
mica reiterada em relação a prostituta ou prostitutas determinadas. nheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
É o caso, por exemplo, de pessoa que faz agenciamento de encon- assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
tro com prostituta, que a “empresaria”, que recebe participação nos vigilância, no termos do art. 231, § 2º, III, do Código Penal.
lucros por lhe prestar segurança, ou, simplesmente, que se sustenta
pelos lucros da prostituição alheia, sem que se trate de hipótese de Sujeito passivo. Qualquer pessoa que pretenda exercer a
estado de necessidade. prostituição. Pode ser homem ou mulher.

Didatismo e Conhecimento 58
DIREITO PENAL
Se a vítima for menor de dezoito anos ou se por enfermidade Tentativa. É possível.
ou doença mental não tiver o necessário discernimento para a prá-
tica do ato, a pena será aumentada em metade, nos termos do art. Intuito de lucro. Não é requisito do crime a intenção de lucro
231, § 2º, I e II, do Código Penal. por parte do agente. Se existir tal intenção, será também aplicável
pena de multa, conforme dispõe o § 3º.
Consumação. No momento da entrada ou saída do território
nacional. Não se exige o efetivo início das atividades de prostitui-
Ação penal. É pública incondicionada.
ção, bastando que a vítima tenha vindo ao país com tal finalidade,
ou que tenha saído com tal intento. Trata-se de crime formal.
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B, os processos
Tentativa. É possível quando a vítima, por exemplo, é impe- que apuram esse tipo de infração correm em segredo de justiça.
dida de embarcar.
ATO OBSCENO
Intuito de lucro. Não é requisito do crime a intenção de lucro
por parte do agente. Se existir tal intenção, será também aplicável Ato obsceno é o ato revestido de sexualidade e que fere o sen-
pena de multa, conforme dispõe o § 3º. timento médio de pudor. Ex.: exposição de órgãos sexuais, dos
seios, das nádegas, prática de ato libidinoso em local público etc.
Ação penal. É pública incondicionada. A micção voltada para a via pública com exposição do pênis ca-
racteriza o ato obsceno. Também configura o delito o trottoir feito
Segredo de justiça. Nos termos do art. 234-B, os processos por travestis nus ou seminus nas ruas.
que apuram esse tipo de infração correm em segredo de justiça. O tipo exige a prática de ato e, por isso, o mero uso da palavra
pode configurar apenas a contravenção de importunação ofensiva
TRÁFICO INTERNO DE PESSOA PARA FIM DE EXPLO-
ao pudor.
RAÇÃO SEXUAL
Só se configura o crime se o fato ocorre em um dos locais
previstos no tipo:
Objetividade jurídica. Coibir a exploração sexual e a pros-
a) Local público: ruas, praças, parques etc.
tituição.
b) Local aberto ao público: onde qualquer pessoa pode entrar,
Tipo objetivo. O presente tipo penal tem a finalidade de punir ainda que sujeita a condições, como pagamento de ingresso — tea-
pessoas que aliciam, agenciam ou transportam prostitutas de um tro, cinema, estádio de futebol etc. Não haverá o crime, entretanto,
se as pessoas pagam o ingresso justamente para ver show de sexo
local para outro do território nacional. Em geral essas pessoas pro-
explícito, por exemplo.
curam moças em locais distantes e, com a promessa de altos lucros
c) Exposto ao público: é um local privado, mas que pode ser
com a prostituição em grandes centros, as convencem a acompa-
visto por número indeterminado de pessoas que passem pelas
nhá-los para que se prostituam em estabelecimentos com os quais
proximidades. Ex.: janela aberta, terraço, varanda, terreno baldio
mantêm negócios. Alei também pune quem aloja a prostituta, cien-
aberto, interior de automóvel etc.
te de suas atividades, devendo, evidentemente, tratar-se de pessoa
Entende-se, entretanto, que não há crime se o ato é praticado
que participa do “esquema” de aliciamento, na medida em que não
em local escuro ou afastado, que não pode ser normalmente visto
se pode cogitar de punir criminalmente a dona de pensão que acei-
pelas pessoas.
ta prostituta como moradora.
E se o agente só pode ser visto por vizinhos?
Nélson Hungria entende que não há crime.
Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime
comum. A pena, todavia, será aumentada em metade se o agente Sujeitos ativo e passivo. O sujeito ativo pode ser qualquer
for ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, com- pessoa, homem ou mulher. Sujeito passivo é a coletividade, bem
panheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou como qualquer pessoa que presencie o ato. O tipo não exige que o
se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção agente tenha finalidade erótica. O fato pode ter sido praticado por
ou vigilância, no termos do art. 231-A, § 2º, III, do Código Penal. vingança, por brincadeira, por aposta etc.
Em qualquer caso, há crime.
Sujeito passivo. Qualquer pessoa que pretenda exercer a
prostituição. Pode ser homem ou mulher. Consumação. Ocorre com a prática do ato, ainda que não seja
Se a vítima for menor de dezoito anos ou se por enfermidade presenciado por qualquer pessoa, mas desde que pudesse sê-lo, ou,
ou doença mental não tiver o necessário discernimento para a prá- ainda, quando o assistente não se sente ofendido.
tica do ato, a pena será aumentada em metade, nos termos do art. Trata-se de crime formal e de perigo.
231-A, § 2º, I e II, do Código Penal.
Tentativa. Discute-se acerca da tentativa, por ser duvidosa a
Consumação. No momento em que é realizada a conduta tí- possibilidade de fracionamento da conduta. Magalhães Noronha
pica. Não se exige o efetivo início das atividades de prostituição, não admite, ao contrário de Júlio F. Mirabete e de Heleno Fragoso,
que, em verdade, constituem exaurimento do crime. que a aceitam.

Didatismo e Conhecimento 59
DIREITO PENAL
ESCRITO OU OBJETO OBSCENO Associação criminosa é a associação estável de pelo menos
três pessoas com o fim de cometer reiteradamente crimes. Pressu-
O bem jurídico tutelado é o pudor público, a moralidade se- põe, portanto, um acordo de vontades dos integrantes, no sentido
xual pública. de juntarem seus esforços no cometimento dos crimes. As palavras
Trata-se de crime de ação múltipla, uma vez que a lei descre- “quadrilha” e “bando” são sinônimas.
ve vários verbos como núcleo. Assim, para que exista o crime, o Trata-se de crime de concurso necessário, pois sua existência
agente deve fazer (confeccionar), importar (introduzir no território depende da união de ao menos três pessoas. O fato de um dos en-
nacional), exportar (fazer sair do País), adquirir (obter a proprie-
volvidos ser menor de idade ou não ter sido identificado no caso
dade) ou ter sob sua guarda (ter pessoalmente a custódia) o objeto
concreto não afasta o delito.
material. Este deve ser um escrito, pintura, estampa ou qualquer
objeto obsceno. A hipótese é de concurso necessário de condutas paralelas
Exige a lei, ainda, que o agente tenha intenção de comércio, porque os envolvidos auxiliam-se mutuamente, visando um resul-
distribuição ou exposição pública do objeto. tado comum.
O crime de associação criminosa distingue-se do concurso de
Consumação. O crime se consuma com a ação, independen- pessoas (coautoria ou participação comuns). Na associação crimi-
temente da efetiva ofensa à moral pública. nosa as pessoas reúnem-se de forma estável, enquanto no concurso
elas se associam de forma momentânea. Além disso, na associação
Tentativa. É possível. criminosa os agentes visam cometer número indeterminado de in-
Nos incisos I, II e III, temos figuras equiparadas, punidas com frações; já no concurso, visam a prática de um crime determinado.
as mesmas penas, para quem comercializa ou publica os objetos O tipo penal expressamente menciona que a intenção dos as-
mencionados, apresenta ao público peça teatral ou filmes cinema- sociados, no crime de associação criminosa, é a prática de crimes.
tográficos de caráter obsceno, ou realiza audição ou declamação Assim, quando a intenção for cometer reiteradamente contraven-
obscenas em local público ou acessível ao público.
ções penais em grupo (jogo do bicho, por exemplo), não se tipifica
Nos dias atuais, entretanto, não tem havido repressão a essa
infração penal, sob o fundamento de que a sociedade moderna não o delito em estudo.
se abala, por exemplo, com a exibição de espetáculos ou revistas
pornográficas, desde que para adultos. Segundo Heleno C. Fragoso Sujeitos ativo e passivo. O sujeito ativo pode ser qualquer
“a pesquisa veio demonstrar que não há dano na exibição de espe- pessoa. Sujeito passivo é a coletividade.
táculos obscenos, que, ao contrário, podem evitar ações delituosas
em matéria sexual, pela gratificação que constituem para certas Consumação. O delito se consuma no momento em que se
pessoas”. Por essas razões, não se tem punido o dono do cinema verifica a efetiva associação, independentemente da prática de
que exibe filme pornográfico, o jornaleiro que vende revistas da qualquer crime. Trata-se de crime formal. Além disso, é necessá-
mesma natureza etc. rio ressaltar que o crime de associação criminosa é autônomo em
relação aos delitos que efetivamente venham a ser cometidos por
seus integrantes, uma vez que a lei visa punir a simples situação de
perigo decorrente da associação.
9. DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA Dessa forma, haverá concurso material entre o crime de as-
(ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA) sociação criminosa e as demais infrações efetivamente praticadas.
Quando os delitos cometidos forem furtos ou roubos, que já
possuem qualificadora ou causa de aumento de pena pelo envol-
vimento de pelo menos duas pessoas, há divergência, na doutrina
e na jurisprudência, quanto ao correto enquadramento, caso tais
Assim dispõe o Código Penal sobre o tema:
crimes sejam praticados por três ou mais membros de uma asso-
TÍTULO IX ciação. Para alguns, os agentes respondem por associação crimi-
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA nosa em concurso material com furto ou roubo simples porque a
aplicação da qualificadora ou causa de aumento seria bis in idem.
(...) Para outros, os agentes respondem por associação criminosa e pe-
los crimes qualificados porque a associação é um crime de perigo
contra a coletividade decorrente da mera associação, enquanto a
Associação Criminosa qualificadora decorre da maior gravidade da conduta contra a ví-
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim tima do caso concreto. Este é o entendimento aceito no Supremo
específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, Tribunal Federal.
de 2013)
O crime de associação criminosa tem natureza permanente,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada
pela Lei nº 12.850, de 2013) pois, enquanto não desmantelada pelas autoridades ou desfeita por
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a asso- seus integrantes, subsiste a intenção de cometer crimes que levou
ciação é armada ou se houver a participação de criança ou ado- os membros à associação, estando a paz pública ameaçada a todo
lescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) momento.

Didatismo e Conhecimento 60
DIREITO PENAL
Tentativa. É inadmissível.
10. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRA-
Causa de aumento de pena. O parágrafo único prevê que a ÇÃO PÚBLICA (PECULATO E SUAS FOR-
pena será aplicada em dobro se a associação criminosa for arma- MAS, CONCUSSÃO, CORRUPÇÃO ATIVA E
da ou se houver participação de criança ou adolescente. Apesar PASSIVA, PREVARICAÇÃO, USURPAÇÃO DE
das divergências, prevalece o entendimento de que basta um dos FUNÇÃO PÚBLICA, RESISTÊNCIA, DESO-
integrantes da associação criminosa estar armado, desde que isso BEDIÊNCIA, DESACATO, CONTRABANDO E
guarde relação com os fins criminosos do grupo. O dispositivo al- DESCAMINHO).
cança a utilização de armas próprias (fabricadas para servir como
instrumento de ataque ou defesa) ou impróprias (feitas com outra
finalidade, mas que também podem matar ou ferir — facas, nava-
lhas, estiletes etc.). Por fim, estudaremos apenas os crimes referentes a este tó-
pico que estão previstos no Código Penal e são abrangidos pelo
Figura qualificada. O art. 8º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Cri- Edital.
mes Hediondos) dispõe que será de três a seis anos de reclusão TÍTULO XI
a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
união visando a prática de crimes hediondos, tortura ou terroris-
mo. Trata-se de qualificadora que se aplica, portanto, quando a PECULATO E SUAS FORMAS
associação criminosa é formada para a prática desses crimes de
maior gravidade. Nessas hipóteses, haverá concurso material entre Peculato
o crime de associação criminosa qualificado e os crimes efetiva- Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
mente cometidos. Esse art. 8º também menciona a associação para lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
a prática de tráfico de entorpecentes, porém, atualmente, a união de tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
duas ou mais pessoas para a prática de tráfico, de forma reiterada ou alheio:
ou não, constitui o crime do art. 35, caput, da Lei n. 11.343/2006 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
(Lei de Tóxicos), punido com reclusão de três a dez anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, em-
Além disso, o art. 35, parágrafo único, da mesma lei, pune com as bora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
mesmas penas a associação de duas ou mais pessoas para o finan- concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
ciamento reiterado do tráfico. valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de fun-
cionário.
Delação premiada. A Lei dos Crimes Hediondos, em seu art.
8º, parágrafo único, trouxe outra inovação, ao dispor que o parti-
Peculato culposo
cipante ou associado que denunciar à autoridade (juiz, promotor,
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
delegado, policial militar) a associação criminosa, possibilitando
de outrem:
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Esse instituto foi também chamado por Damásio E. de Jesus
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
de traição benéfica, pois implica redução da pena como conse-
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
quência da delação de comparsas. Veja-se que, nos termos da lei,
posterior, reduz de metade a pena imposta.
só haverá a diminuição da pena se a delação implicar o efetivo
desmantelamento da associação.
No caso do concurso material entre o crime de associação cri- Peculato mediante erro de outrem
minosa e outros delitos praticados por seus integrantes, a redução Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que,
da pena atingirá apenas o primeiro. no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
       

Peculato: visa proteger a probidade administrativa (patrimô-


nio público). Esses crimes são chamados crimes de improbidade
administrativa. O sujeito ativo é o funcionário público e o sujeito
passivo é o Estado, visto como Administração Pública. Pode exis-
tir um sujeito passivo secundário (particular).
Podemos dividir o peculato em dois grandes grupos; doloso
e culposo:
a) Peculato Doloso:
 Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte.
 Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte.
 Peculato-furto: art. 312, § 1.º.
 Peculato mediante erro de outrem: art. 313.

Didatismo e Conhecimento 61
DIREITO PENAL
b) Peculato Culposo: Não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da faci-
 O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do lidade que essa qualidade lhe proporciona (a execução do crime é
Código Penal. mais fácil para ele). Por facilidade, entende-se crachá, segredo de
cofre etc. Um funcionário público pode praticar furto ou peculato-
PECULATO APROPRIAÇÃO: furto, dependendo se houve, ou não, a facilidade.
a) apropriar-se;
b) funcionário público; Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a efetiva
c) dinheiro, valor, bem móvel, público ou privado; retirada da coisa da esfera de vigilância da vítima. A tentativa é
d) posse em razão do cargo; possível.
e) proveito próprio ou alheio.
PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2.º, do Código Pe-
nal. São requisitos do crime de peculato culposo: a conduta culpo-
Elementos objetivos do tipo: O núcleo é apropriar-se, ou seja,
sa do funcionário público e que terceiro pratique um crime doloso,
fazer sua a coisa alheia. A pessoa tem a posse e passa a agir com aproveitando-se da facilidade provocada por aquela conduta.
se fosse dona. O agente muda a sua intenção em relação à coisa. O
fundamento é a posse lícita anterior. Consumação e tentativa: Peculato culposo é crime indepen-
No caso da posse em razão do cargo, temos que a posse está dente do crime de outrem, mas estará consumado quando se con-
com a Administração. O bem tem de estar sob custódia da Admi- sumar o crime de outrem. Não há tentativa de peculato culposo,
nistração. Exemplo: Um automóvel apreendido na rua vai para o pois não existe tentativa de crime culposo. Se o crime de outrem é
pátio da Delegacia; o policial militar subtrai o toca-fitas - Ele prati- tentado, este responderá por tentativa, porém o fato é atípico para
cou peculato-furto, pois não tinha a posse do bem. Se o funcionário o funcionário público.
fosse o responsável pelo bem, seria caso de peculato-apropriação.
Se o carro estivesse na rua, seria furto. Reparação de danos no peculato culposo – Artigo 312, § 3.º,
No peculato-apropriação e no peculato mediante erro de ou- do Código Penal: É a devolução do objeto ou o ressarcimento do
trem há apropriação, ou seja, a posse é anterior; a diferença está dano. É preciso ficar atento para as seguintes regras:
no erro de outrem. • Se a reparação do dano for anterior à sentença irrecorrí-
vel (antes do trânsito em julgado – primeira ou segunda instância),
Objeto material: Dinheiro, valor ou bem móvel. Tudo que for extingue a punibilidade.
imóvel não é admitido no peculato. O crime que admite imóvel é • Se a reparação do dano for posterior à sentença irrecorrí-
vel (depois do trânsito em julgado), ocorre a diminuição da pena,
o estelionato.
pela metade.
Atenção: No peculato doloso não se aplicam essas regras.
Consumação: A consumação do peculato-apropriação se dá
no momento em que ocorreu a apropriação: quando o agente inver- PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM: Não é
teu o animus, quando passou a agir como se fosse dono. um estelionato, pois o erro da vítima não é provocado pelo agente.
O núcleo do tipo é apropriar-se (para tanto, é preciso posse lícita
PECULATO-DESVIO: Artigo 312, Segunda Parte, do Códi- anterior). Na verdade, é um peculato-apropriação. O núcleo do es-
go Penal. No peculato-desvio o que muda é apenas a conduta, que telionato é obter.
passa a ser desviar. Desviar é alterar a finalidade, o destino. Exem- O erro de outrem tem de ser espontâneo, e o recebimento, por
plo: existe um contrato que prevê o pagamento de certo valor por parte do funcionário de boa-fé. Não há fraude.
uma obra. O funcionário paga esse valor, sem a obra ser realizada. Exemplo: Pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta
Nesse caso, há peculato-desvio. Liberação de dinheiro para obra e paga a mais. O funcionário recebe o dinheiro sem perceber o
superfaturada também é caso de peculato-desvio. erro. Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente – trata-
se de peculato mediante erro.
Elemento subjetivo do tipo: O elemento subjetivo do tipo é a O elemento subjetivo é o dolo de se apropriar. O crime consu-
intenção do desvio para proveito próprio ou alheio. O funcionário ma-se no momento da apropriação, ou seja, no momento em que o
tem de ter a posse lícita da coisa. Se alguém desviar em proveito agente passa a agir como se fosse dono.
da própria Administração, haverá outro crime, qual seja, uso ou
CONCUSSÃO
emprego irregular de verbas públicas (art. 315 do CP).
Concussão
PECULATO-FURTO: Artigo 312, § 1.º, do Código Penal. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta-
Funcionário público que, embora não tendo a posse do dinhei- mente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em
ro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, razão dela, vantagem indevida:
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
proporciona a qualidade de funcionário. Nesse caso é aplicada a
mesma pena. O crime de concussão guarda certa semelhança com o delito
A conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da de corrupção passiva, principalmente no que se refere à primeira
vítima, de sua disponibilidade. Outra conduta possível é a de con- modalidade desta última infração (solicitar vantagem indevida).
correr dolosamente. Na concussão, porém, o funcionário público constrange, exige a

Didatismo e Conhecimento 62
DIREITO PENAL
vantagem indevida. A vítima, temendo alguma represália, cede à - Júlio F. Mirabete e Fernando Capez, por outro lado, dizem
exigência. Na corrupção passiva (em sua primeira figura) há mero que pode ser qualquer espécie de vantagem, uma vez que a lei não
pedido, mera solicitação. A concussão, portanto, descreve fato faz distinção. Ex.: proveitos patrimoniais, sentimentais, de vaida-
mais grave e, por isso, deveria possuir pena mais elevada. Ocorre de, sexuais etc.
que, após o advento da Lei n. 10.763/2003, a pena de corrupção O agente deve visar proveito para ele próprio ou para terceira
passiva passou, por incrível que pareça, a ser maior que a de con- pessoa.
cussão. Como na concussão o funcionário público faz uma ameaça
Nesse crime, o funcionário público faz exigência de uma van- explícita ou implícita, se a vítima vier a entregar o dinheiro exi-
tagem. Essa exigência carrega, necessariamente, uma ameaça à gido, não cometerá corrupção ativa, uma vez que somente o terá
vítima, pois do contrário haveria mero pedido, que caracterizaria feito por se ter sentido constrangida.
a corrupção passiva.
Tal ameaça pode ser: Consumação. O crime de concussão consuma-se no momen-
- explícita: exigir dinheiro para não fechar uma empresa, para to em que a exigência chega ao conhecimento da vítima, indepen-
não instaurar inquérito, para permitir o funcionamento de obras dentemente da efetiva obtenção da vantagem visada. Trata-se de
etc.; crime formal.
- implícita: não há promessa de um mal determinado, mas a A obtenção da vantagem é mero exaurimento.
vítima fica amedrontada pelo simples temor que o exercício do Não desnatura o crime, portanto, a devolução posterior da
cargo público inspira. vantagem (mero arrependimento posterior — art. 16 do CP) ou a
A exigência pode ser ainda: ausência de prejuízo.
- direta: quando o funcionário público a formula na presença Um policial exige hoje a entrega de certa quantia em dinhei-
da vítima, sem deixar qualquer margem de dúvida de que está que- ro. A vítima concorda e se compromete a entregar a quantia em um
rendo uma vantagem indevida; lugar determinado, três dias depois. Ela, entretanto, chama outros
- indireta: o funcionário se vale de uma terceira pessoa para policiais, que prendem o sujeito na hora da entrega. Há flagrante
que a exigência chegue ao conhecimento da vítima ou a faz de provocado?
No flagrante provocado o sujeito é induzido a praticar um cri-
forma velada, capciosa, ou seja, o funcionário público não fala que
me, mas se tomam providências que inviabilizam totalmente a sua
quer a vantagem, mas deixa isso implícito.
consumação. Nesse caso, não há crime, pois se trata de hipótese de
A concussão é uma forma especial de extorsão praticada por
crime impossível (Súmula 145 do STF).
funcionário público com abuso de autoridade. Deve, assim, haver
Assim, na questão em análise, verifica-se não ter ocorrido o
um nexo entre a represália prometida, a exigência feita e a função
flagrante provocado, pois não houve qualquer provocação, ou seja,
exercida pelo funcionário público.
ninguém induziu o policial a fazer a exigência. Temos, na hipótese,
Por isso, se o funcionário público empregar violência ou grave
um crime de concussão consumado, já que a infração se aperfei-
ameaça referente a mal estranho à função pública, haverá crime
çoou com a simples exigência que ocorrera três dias antes da data
de extorsão ou roubo. Ex.: um policial aponta um revólver para a combinada para a entrega do dinheiro.
vítima e, mediante ameaça de morte, pede que ela lhe entregue o
carro. Tentativa. É possível a tentativa. Exs.: a) peço para terceiro
Na concussão não é necessário que o funcionário público es- fazer a exigência à vítima, mas ele morre antes de encontrá-la; b)
teja trabalhando no momento da exigência. O próprio tipo diz que uma carta contendo a exigência se extravia.
ele pode estar fora da função (horário de descanso, férias, licença)
ou, até mesmo, nem tê-la assumido (quando já passou no concurso Sujeitos passivos. O Estado e a pessoa contra quem é dirigida
mas ainda não tomou posse). O que é necessário é que a exigência a exigência.
diga respeito à função pública e as represálias a ela se refiram.
Se o crime for cometido por policial militar estará configura- CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA
do o crime do art. 305 do Código Penal Militar, que é igualmente     
chamado de concussão. Corrupção passiva
Se alguém finge ser policial e exige dinheiro para não pren- Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
der a vítima, não há concussão, porque o agente não é funcionário ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
público. Responderá, nesse caso, por crime de extorsão (art. 158). mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
Concluindo, a concussão é um crime em que a vítima é cons- tal vantagem:
trangida a conceder uma vantagem indevida a funcionário público Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
em razão do temor de uma represália imediata ou futura decorrente 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
de exigência feita por este e relacionada necessariamente com sua vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
função. qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
A vantagem exigida tem de ser indevida. Se for devida, haverá § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
crime de abuso de autoridade do art. 4º, h, da Lei n. 4.898/65, em ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
razão da ameaça feita. ou influência de outrem:
A lei se refere a vantagem indevida: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
- Damásio E. de Jesus, Nélson Hungria e M. Noronha enten-
dem que deve ser vantagem patrimonial. (...)

Didatismo e Conhecimento 63
DIREITO PENAL
Corrupção ativa Existe corrupção passiva sem corrupção ativa?
 Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a fun- Sim, em duas hipóteses. Primeiro, no caso já mencionado aci-
cionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ma.
ato de ofício: Segundo, quando o funcionário público solicita e o particular
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. se recusa a entregar o que foi pedido.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em Por outro lado, nas condutas de oferecer e prometer, que são
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite as únicas descritas na corrupção ativa, a iniciativa é do particular.
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. A corrupção ativa, portanto, consuma-se no momento em que
a oferta ou a promessa chegam ao funcionário público. Assim, se
Corrupção Passiva o funcionário recebe ou aceita a promessa, responde por corrupção
passiva e o particular por corrupção ativa. Porém, se o funcionário
Na corrupção passiva não há ameaça, nem constrangimento. público as recusa, só o particular responde por corrupção ativa.
Se o funcionário pede e a pessoa coloca a mão dentro do bolso e
entrega, não é caso de corrupção ativa, pois não existe tipificação Existe corrupção ativa sem corrupção passiva?
para entregar, só para prometer, oferecer. Só há corrupção passiva Sim, quando o funcionário público não recebe e não aceita a
nesse caso. oferta ou promessa de vantagem ilícita.
Na modalidade solicitar, onde a iniciativa é do funcionário pú- É necessário que o agente ofereça ou faça uma promessa de
blico, não há crime de corrupção ativa, e sim de corrupção passiva. vantagem indevida para que o funcionário público pratique, omita
Já, nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre cor- ou retarde ato de ofício. Sem isso não há corrupção ativa.
rupção ativa na outra ponta, pois a iniciativa foi de terceiro.
Vantagem indevida na corrupção passiva é para que o funcio- E se o agente se limita a pedir para o funcionário “dar um
nário faça alguma coisa, deixe de fazer, ou então retarde. jeitinho”?
A consumação ocorre quando houver a solicitação, o recebi- Não há corrupção ativa, pois o agente não ofereceu nem pro-
mento ou a aceitação da vantagem. A consumação não depende meteu qualquer vantagem indevida.
da prática ou da omissão de ato por parte do funcionário. O rece- Nesse caso, se o funcionário público “dá o jeitinho” e não pra-
bimento da vantagem só é importante para a modalidade receber. tica o ato que deveria, responde por corrupção passiva privilegiada
(art. 317, § 2º) e o particular figura como partícipe. Se o funcioná-
Elementos Objetivos do Tipo: rio público não dá o jeitinho, o fato é atípico.
• Solicitar, pedir. Quem pede não constrange, não ameaça, O tipo exige que a vantagem seja endereçada ao funcionário
simplesmente pede. A atitude de solicitar é iniciativa do funcioná- público.
rio público.
• Receber, entrar na posse. É preciso ao menos o indício de A que tipo de vantagem se refere a lei?
que a pessoa entrou na posse. a) Deve ser indevida; se for devida, não há crime.
• Aceitar promessa, concordar com a proposta. Pode ser b) Nélson Hungria acha que a vantagem deve ser patrimonial.
por silêncio, gesto, palavra. A iniciativa é de terceiro que faz a Damásio
proposta. Alguém propõe e o funcionário aceita. E. de Jesus, M. Noronha, Heleno C. Fragoso e Júlio F. Mi-
rabete entendem que a vantagem pode ser de qualquer natureza,
Corrupção Passiva Privilegiada – § 2.º: A corrupção passiva inclusive sexual.
privilegiada ocorre com pedido ou influência de outrem. Corrup- Se o particular oferece a vantagem para evitar que o funcio-
ção privilegiada é um crime material – praticar, deixar de praticar. nário público pratique contra ele algum ato ilegal, não há crime.

Corrupção ativa E se um menor de idade oferece dinheiro a um policial que o


pegou dirigindo sem habilitação e este aceita?
De acordo com a teoria monista ou unitária, todos os que con- O policial pratica crime de corrupção passiva.
tribuírem para um crime responderão por esse mesmo crime. Às Conforme já mencionado, a corrupção ativa consuma-se
vezes, entretanto, a lei cria exceções a essa teoria, como ocorre quando a oferta ou a promessa chegam ao funcionário público e
com a corrupção passiva e a corrupção ativa. Assim, o funcioná- independe da aceitação deste.
rio público que solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem Se, entretanto, o funcionário público a aceitar e, em razão da
indevida comete a corrupção passiva, enquanto o particular que vantagem, retardar, omitir ou praticar ato infringindo dever fun-
oferece ou promete essa vantagem pratica corrupção ativa. Existe, cional, a pena da corrupção ativa será aumentada de um terço, nos
portanto, uma correlação entre as figuras típicas dos delitos: termos do art. 333, parágrafo único, do Código Penal. Sempre que
Na modalidade “solicitar” da corrupção passiva, não existe, ocorrer essa hipótese, o funcionário público será responsabilizado
entretanto, figura correlata na corrupção ativa. Com efeito, na soli- pela forma exasperada descrita no art. 317, § 1º, do Código Penal.
citação a iniciativa é do funcionário público, que se adianta e pede
alguma vantagem ao particular. Em razão disso, se o particular dá, Tentativa. A tentativa é possível apenas na forma escrita.
entrega o dinheiro, só existe a corrupção passiva. O fato é atípico Para que exista a corrupção ativa, o sujeito, com a oferta ou
quanto ao particular, pois ele não ofereceu nem mesmo prometeu, promessa de vantagem, deve visar fazer com que o funcionário:
mas tão somente entregou, o que lhe foi solicitado. Como tal con- a) Retarde ato de ofício. Ex.: para que um delegado de polícia
duta não está prevista em lei, o fato é atípico. demore a concluir um inquérito policial, visando a prescrição.

Didatismo e Conhecimento 64
DIREITO PENAL
b) Omita ato de ofício. Ex.: para que o policial não o multe. a) interesse patrimonial (desde que não haja recebimento de
c) Pratique ato de ofício. Ex.: para delegado de polícia emitir vantagem indevida, hipótese em que haveria corrupção passiva)
Carteira de Habilitação para quem não passou no exame (nesse ou moral;
caso, há também crime de falsidade ideológica). b) sentimento pessoal, que diz respeito à afetividade do agente
em relação a pessoas ou fatos. Ex.: Permitir que amigos pesquem
Distinção. Se houver corrupção ativa em transação comercial em local público proibido. Demorar para expedir documento so-
internacional, estará configurado o crime do art. 337-B do Código licitado por um inimigo. O sentimento, aqui, é do agente, mas o
Penal. A corrupção para obter voto em eleição constitui crime do benefício pode ser de terceiro.
art. 299 do Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). Por fim, a corrup- O atraso no serviço por desleixo ou preguiça não constitui
ção ativa de testemunhas, peritos, tradutores ou intérpretes, não crime. Se fica caracterizado, todavia, que o agente, por preguiça,
oficiais, constitui o crime do art. 343 do Código Penal. rotineiramente deixa de praticar ato de ofício, responde pelo cri-
me. Ex.: delegado que nunca instaura inquérito policial para apurar
PREVARICAÇÃO crime de furto, por considerá-lo pouco grave.
3) A prevaricação não se confunde com a corrupção passiva
Prevaricação privilegiada. Nesta, o agente atende a pedido ou influência de ou-
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato trem.
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para Na prevaricação não há tal pedido ou influência. O agente visa
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Se um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregulari-
        dade e deixa de multá-lo em razão de insistentes pedidos deste,
Art. 319-A.  Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente há corrupção passiva privilegiada; mas se o fiscal deixa de multar
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a apa- a pessoa porque percebe que se trata de um antigo amigo, comete
relho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação prevaricação.
com outros presos ou com o ambiente externo: 4) O tipo exige que a conduta do funcionário público seja in-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. devida apenas nas duas primeiras modalidades (retardar e deixar
        de praticar, indevidamente, ato de ofício). Na última hipótese pre-
Consumação. O crime se consuma com a omissão, retarda- vista no tipo (praticar ato de ofício), a conduta deve ser “contra ex-
mento ou realização do ato. pressa previsão legal”. Temos, neste último caso, uma norma penal
em branco, pois sua aplicação depende da existência de outra lei.
Tentativa. Não é possível nas formas omissivas (omitir ou
retardar), pois ou o crime está consumado ou o fato é atípico. Na USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
forma comissiva, a tentativa é possível.
Usurpação de função pública
Figura equiparada. A Lei n. 11.466, de 28 de março de 2007,
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
criou nova figura ilícita no art. 319-A do Código Penal, estabele-
cendo que a mesma pena prevista para o crime de prevaricação Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
será aplicada ao diretor de penitenciária e/ou agente público que Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
deixar de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo. O legislador entendeu Trata-se de infração penal cuja finalidade também é tutelar a
necessária a criação desse tipo penal em face da constatação de regularidade e o normal desempenho das atividades públicas.
que presos têm tido fácil acesso a telefones celulares ou apare- Usurpar significa desempenhar indevidamente uma atividade
lhos similares, e que os agentes penitenciários não vêm dando o pública, ou seja, o sujeito assume uma função pública, vindo a
combate adequado a esse tipo de comportamento. Assim, a Lei executar atos inerentes ao ofício, sem que tenha sido aprovado em
n. 11.466/2007, além de criar essa figura capaz de punir o agente concurso ou nomeado para tal função.
penitenciário que se omita em face da conduta do preso, estipulou
também que este, ao fazer uso do aparelho, incorre em falta grave Consumação. O crime se consuma, portanto, no instante em
— que tem sérias consequências na execução criminal (art. 50, que o agente pratica algum ato inerente à função usurpada. É des-
VII, da Lei de Execuções Penais, com a redação dada pela Lei n. necessária a ocorrência de qualquer outro resultado. A tentativa é
11.466/2007). Com essas providências pretende o legislador evitar admissível.
que presos comandem suas quadrilhas do interior de penitenciárias
e que deixem de cometer crimes com tais aparelhos, pois é notório Sujeito ativo. O particular que assume as funções. Parte da
que enorme número de delitos de extorsão vêm sendo cometidos doutrina entende que também comete o crime um funcionário pú-
por pessoas presas, por meio de telefonemas. blico que assuma, indevidamente, as funções de outro.
Observações: Elemento subjetivo. O dolo, pressupondo-se, ainda, que o
1) Na corrupção passiva, o funcionário público negocia seus agente tenha ciência de que está usurpando a função pública.
atos, visando uma vantagem indevida. Na prevaricação isso não A simples conduta de se intitular funcionário público perante
ocorre. terceiros, sem praticar atos inerentes ao ofício, pode constituir ape-
Aqui, o funcionário público viola sua função para atender a
nas a contravenção descrita no art. 45 da Lei das Contravenções
objetivos pessoais.
Penais (“fingir-se funcionário público”).
2) O agente deve atuar para satisfazer:

Didatismo e Conhecimento 65
DIREITO PENAL
Se da conduta o agente obtém lucro, vantagem material ou O tipo penal objetiva manter a obediência das ordens emana-
moral, aplica-se a forma qualificada descrita no parágrafo único. das do funcionário público no cumprimento de suas funções.
Caso o agente simplesmente finja ser funcionário público, sem O sujeito ativo do crime de desobediência poderá ser qualquer
praticar atos próprios do cargo, a fim de ludibriar a vítima e obter pessoa inclusive o próprio funcionário público que venha a agir
vantagem ilícita em prejuízo dela, o crime é o de estelionato. como particular, ou seja, que não esteja no exercício de sua função
e venha a desobedecer ordem de funcionário público.  Vale-nos
RESISTÊNCIA consignar que, de acordo com entendimentos jurisprudenciais, não
incorrerá no referido crime o agente, funcionário público, que vier
Resistência a desobedecer ordem de outro funcionário público, quando ambos
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante vio- se encontrarem no regular exercício de suas funções. O sujeito pas-
lência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a sivo é o Estado.
quem lhe esteja prestando auxílio: O ato de desobedecer, tem o sentido de não cumprir, faltar
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. à obediência, não atender a ordem legal de funcionário público,
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: ordem esta para que o agente realize ou deixe de praticar determi-
Pena - reclusão, de um a três anos. nada ação.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das É indispensável para a caracterização do delito que o agente
correspondentes à violência. receba, do funcionário público, um mandamento, uma ordem, não
bastando portanto que seja um pedido ou uma solicitação, sendo
Resistir tem o condão de opor-se, de não ceder, de recusar-se, esta dirigida direta e expressamente ao agente. Outrossim, indis-
tem sentido de oposição, seja pela força ou pela violência, seja, pensável que a ordem esteja investida de legalidade pois caso não
ainda, pela omissão ou pela inércia. esteja, não há que se falar em desobediência.
O tipo penal em comento tem como principal objetivo prote- A desobediência, via de regra, ocorre de forma dolosa, inten-
ger o poder estatal e, sendo assim, busca resguardar a autoridade cional, ou seja, o agente imputa sua vontade livre e consciente em
da administração pública, bem como sua liberdade na execução de desobedecer a ordem recebida do funcionário público, porém o
suas atividades por meio de seus funcionários.
erro ou o motivo de força maior exclui o caráter doloso. Não há
Por tratar-se de crime comum, qualquer pessoa poderá come-
forma culposa do delito.
tê-lo, desde que se oponha ao cumprimento de ato legal por auto-
ridade competente para tanto. Serão sujeitos passivos, o Estado,
o funcionário que foi impedido de cumprir tal ato e, inclusive, a DESACATO
pessoa que esteja, eventualmente, auxiliando o funcionário na exe-
cução de atos legais. Desacato
É fundamental reforçar a informação de que para que o delito Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
se caracterize, essencial que o funcionário seja competente para ção ou em razão dela:
executar, de ofício, o ato legal, bem como que tal ato seja praticado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
no exercício das funções e que, nesse momento, o agente se insurja
à execução do ato. Desacato é a conduta pela qual determinada pessoa desrespei-
O cerne do artigo é a oposição do sujeito à execução do ato ta, não adota, deixa de reverenciar funcionário público no exercí-
legal por funcionário competente. Observa-se, aqui, que é necessá- cio de sua função. Assim, comete o crime de desacato não somente
rio que a oposição do sujeito se manifeste por meio de ameaça ou o ato de irreverência ou desrespeito, como também a ofensa, moral
violência física, em face do funcionário ou da pessoa que o auxilia, ou física, lançada contra pessoa investida de autoridade.
no exato momento em que o ato esteja sendo praticado, de modo, Conforme a redação do artigo 331, observa-se indispensável
portanto, que se a oposição for exercida em momento anterior ou que o desacato seja contra funcionário público, no exercício de
posterior à prática do ato pelo funcionário público, não constitui sua função ou em razão dela, tendo o delito como objetividade
crime de resistência.
jurídica, manter o prestigio, o respeito da administração pública
Para que o sujeito seja enquadrado no crime em tela, necessá-
exercido por seu agente público.
rio que haja com dolo, ou seja, com vontade livre e consciente de
executar a ação, sendo que se houver erro quanto a legalidade do O sujeito ativo do crime de desacato poderá ser qualquer pes-
ato, haverá, também, a exclusão do dolo. soa que vier a desacatar funcionário público, inclusive o próprio
         funcionário público, pois como dito, a objetividade jurídica do cri-
DESOBEDIÊNCIA me é manter o respeito, o decoro, da administração pública. Assim
o sujeito passivo do delito é o Estado, bem como seu funcionário.
Desobediência O crime em tela traz em seu cerne o sentido de vexar, afrontar,
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: ofender, desrespeitar o funcionário público, desferindo-lhe pala-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. vras injuriosas, desrespeitosas, caluniosas, difamatórias bem como
        ameaças, gestos e agressão física.
O crime em tela consubstancia-se pelo fato do agente deso-
bedecer a ordem legal de funcionário público. Todavia, há de se
observar que o ato de desobedecer consiste em não acatar, não
cumprir, não se submeter à ordem de funcionário público, investi-
do de autoridade para imposição de ordem.

Didatismo e Conhecimento 66
DIREITO PENAL
DESCAMINHO e CONTRABANDO § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela
Descaminho Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de Contrabando é a clandestina importação ou exportação de
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) mercadorias cuja entrada no país, ou saída dele, é absoluta ou re-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada lativamente proibida.
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei Descaminho é a fraude tendente a frustrar, total ou parcial-
nº 13.008, de 26.6.2014) mente, o pagamento de direitos de importação ou exportação ou
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permiti- do imposto de consumo (a ser cobrado na própria aduana) sobre
dos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) mercadorias.
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Essa distinção é apontada por Nélson Hungria (Comentários
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- ao Código Penal, 2. ed., v. 9, p. 432).
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício Em se tratando de importação ou exportação de substância
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência entorpecente, configura-se crime de tráfico internacional de entor-
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou pecente, previsto no art. 33, caput, com a pena aumentada pelo art.
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandes- 40, I, todos da Lei n. 11.343/2006.
tina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte A importação ou exportação ilegal de arma de fogo, acessório
de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) ou munição constitui também crime específico, previsto no art. 18
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), cuja pena é de
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de quatro a oito anos de reclusão, e multa. Como essa lei não faz res-
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação le- salva, ao contrário do que ocorria com a anterior (Lei n. 9.437/97),
gal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Re- não é possível a punição concomitantemente com o crime de con-
dação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) trabando ou descaminho.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino Objetividade jurídica. O controle do Poder Público sobre a
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. entrada e saída de mercadorias do País e os interesses em termos
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) de tributação da Fazenda Nacional.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho O STJ vinha aplicando o princípio da insignificância, reconhe-
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação cendo a atipicidade da conduta, quando o valor corrigido do tribu-
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) to devido não superava R$ 1.000,00, argumentando que a Fazenda
Pública dispensava o ajuizamento de execução fiscal para cobrar
Contrabando valores até esse limite com base na Lei n. 9.469/97. O art. 1º-A,
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (In- da referida lei foi, entretanto, modificado pela Lei n. 11.941/2009.
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pelo texto atual está autorizado o não ajuizamento de ação e o
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela requerimento da extinção das ações em curso, de acordo com os
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) critérios de custos de administração e cobrança. Afastou-se, assim,
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº um valor determinado, passando a decisão de propor ou não a ação
13.008, de 26.6.2014) ao Advogado-Geral da União, que deverá se pautar de acordo com
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; a conveniência para a administração em face do valor que busca e
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) os custos da ação. De ver-se, entretanto, que o parágrafo único do
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- art. 1º-A estabelece que, no caso de Dívida Ativa da União e nos
penda de registro, análise ou autorização de órgão público com- processos em que a representação judicial seja atribuída à Procu-
petente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) radoria-Geral da Fazenda Nacional, não é possível tal discriciona-
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira des- riedade, o que tornará necessária reapreciação do tema pelo STJ.
tinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) O art. 34 da Lei n. 9.249/95 estabelece que “extingue-se a
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- punibilidade dos crimes definidos na Lei n. 8.137/90, e na Lei n.
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 4.729/65, quando o agente promover o pagamento do tributo ou
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da
brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) denúncia”.
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, Embora esta lei não mencione o crime de descaminho, tem-
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria -se entendido que o dispositivo é aplicável a referido delito, pois,
proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de como os demais, atinge a ordem tributária.
26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. O funcionário pú-
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em blico que facilite a conduta, entretanto, responderá pelo crime de
residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) facilitação ao contrabando (art. 318).

Didatismo e Conhecimento 67
DIREITO PENAL
Sujeito passivo. O Estado. O §1° do art. 334-A, por sua vez, prevê, em suas cinco alí-
neas, várias figuras equiparadas ao contrabando. Assim, incorre
Consumação. Os crimes se consumam com a ilusão, entrada nas mesmas penas quem:
ou saída da mercadoria do território nacional. a) Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
b) Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de-
Tentativa. É possível. Quando a hipótese é de exportação, o penda de registro, análise ou autorização de órgão público com-
crime é tentado se a mercadoria não chega a sair do País. Por outro petente;
lado, no caso de importação, se o agente entrar com a mercadoria c) Reinsere no território nacional mercadoria brasileira desti-
no País, mas for preso na alfândega (de um aeroporto, por exem- nada à exportação;
plo), o crime estará consumado. d) Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
Ação penal. É pública incondicionada, de competência da de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
justiça federal. Além disso, a Súmula 151 do STJ estabelece que “a brasileira;
competência para processo e julgamento por crime de contrabando e) Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proi-
da apreensão dos bens”. bida pela lei brasileira.
Lembre-se de que o §2º, do art. 334-A (redação idêntica ao
Causa de aumento de pena. Determina o §3º que a pena será §2° do art. 334), estabelece que se equipara à atividade comercial
aplicada em dobro quando o contrabando ou descaminho for pra- qualquer forma de comércio irregular (sem registro junto aos ór-
ticado mediante transporte aéreo. A razão da maior severidade da gãos competentes) ou clandestino (camelôs, por exemplo), inclu-
pena é a facilidade decorrente da utilização de aeronaves para a sive o exercido em residências.
prática do delito. Por esse mesmo motivo, parece-nos não ser apli-
cável a majorante quando a aeronave pousa ou decola de aeroporto
dotado de alfândega, uma vez que nestes não existe maior facilida-
de na entrada ou saída de mercadorias.

Figuras equiparadas. O §1º do art. 334 prevê, em suas quatro


alíneas, várias figuras equiparadas ao descaminho:
a) A navegação de cabotagem tem a finalidade de realizar o
comércio entre portos de um mesmo país. Assim, constitui crime a
prática desta fora dos casos permitidos em lei. Trata-se, portanto,
de norma penal em branco, cuja existência pressupõe o desrespeito
ao texto de outra lei.
b) A prática de ato assimilado previsto em lei, como, por
exemplo, a saída de mercadorias da Zona Franca de Manaus sem
o pagamento de tributos, quando o valor excede a cota que cada
pessoa pode trazer. Trata-se, também, de norma penal em branco.
c) Nesse dispositivo, o legislador pune, inicialmente, o pró-
prio contrabandista que vende, expõe à venda, mantém em depó-
sito ou de qualquer forma utiliza a mercadoria, no exercício de
atividade comercial ou industrial. Quando isso ocorre, é evidente
que o agente não será punido pela figura do caput, que resta, por-
tanto, absorvida.
Lembre-se de que o §2º estabelece que se equipara à ativida-
de comercial qualquer forma de comércio irregular (sem registro
junto aos órgãos competentes) ou clandestino (camelôs, por exem-
plo), inclusive o exercido em residências.
Em um segundo momento, a lei pune quem toma as mesmas
atitudes em relação a mercadorias introduzidas clandestinamente
ou importadas fraudulentamente por terceiro.
d) A lei pune, por fim, a pessoa que, no exercício de ativida-
de comercial ou industrial, adquire (obtém a propriedade), recebe
(obtém a posse) ou oculta (esconde) mercadoria de procedência
estrangeira desacompanhada de documentos ou acompanhada de
documentos que sabe serem falsos. Trata-se de delito que possui as
mesmas condutas típicas do crime de receptação, mas que se aplica
especificamente a mercadorias contrabandeadas. A norma expli-
cativa do § 2º aplica-se também aos crimes descritos nesta alínea.

Didatismo e Conhecimento 68
DIREITO PENAL
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II. Ficam sujeitos à lei brasileira, os crimes praticados em ae-
ronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
1. (Secretário de Diligências – MPE/RS – FCC – 2008) Ten- privada, quando em território estrangeiro ainda que julgados no
do em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que estrangeiro.
a) é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato III. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es-
praticado pelo agente for definido como crime no tipo penal. trangeiro os crimes contra o patrimônio da União, do Distrito Fe-
b) o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autor do delito deral, de Estado, de Território ou de Município quando não sejam
acima do máximo previsto em lei, aplicando os costumes vigentes julgados no estrangeiro.
na localidade em que ocorreu. Assinale:
c) é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
não previsto em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro (B) se somente a afirmativa II estiver correta.
por ela definido. (C) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
primário da norma incriminadora se a descrição do fato delituoso (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
na norma penal for vaga e indeterminada.
e) o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um 5. (DELEGADO DE POLÍCIA/AP – FGV – 2010) Assinale
fato não descrito como crime na lei penal, se esse fato for imoral, a alternativa que apresente local que não é considerado como ex-
antissocial ou danoso à sociedade. tensão do território nacional para os efeitos penais.
(A) aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
2. (Analista Judiciário – TRT 8ª Região – FCC – 2010) propriedade privada, quando em território estrangeiro, desde que o
João cometeu um crime para o qual a lei vigente na época do fato crime figure entre aqueles que, por tratado ou convenção, o Brasil
previa pena de reclusão. Posteriormente, lei nova estabeleceu so- se obrigou a reprimir.
mente a sanção pecuniária para o delito cometido por João. Nesse (B) as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou
caso, de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço
a) a aplicação da lei nova depende da expressa concordância aéreo correspondente ou em alto-mar.
do Ministério Público. (C) as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza públi-
b) aplica-se a lei nova somente se a sentença condenatória ain- ca, onde quer que se encontrem.
da não tiver transitado em julgado.
(D) aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
c) não se aplica a lei nova, em razão do princípio da irretroa-
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou
tividade das leis penais.
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
d) aplica-se a lei nova, mesmo que a sentença condenatória já
territorial do Brasil.
tiver transitado em julgado.
(E) as embarcações e aeronaves brasileiras, a serviço do go-
e) a aplicação da lei nova, se tiver havido condenação, de-
verno brasileiro, onde quer que se encontrem.
pende do reconhecimento do bom comportamento carcerário do
condenado.
6. (Analista de Promotoria – MP/SP – VUNESP – 2010)
3. (Analista Judiciário – TER /AP – FCC – 2006) Conside- Considere que um indivíduo, de nacionalidade chilena, em territó-
rando os princípios que regulam a aplicação da lei penal no tempo, rio argentino, contamine a água potável que será utilizada para dis-
pode-se afirmar que tribuição no Brasil e Paraguai. Considere, ainda, que neste último
a) não se aplica a lei nova, mesmo que favoreça o agente de país, em razão da contaminação, ocorre a morte de um cidadão pa-
outra forma, caso se esteja procedendo à execução da sentença, em raguaio, sendo que no Brasil é vitimado, apenas, um equatoriano.
razão da imutabilidade da coisa julgada. De acordo com a regra do art. 6.º, do nosso Código Penal (“lu-
b) pela abolitio criminis se fazem desaparecer o delito e todos gar do crime”), considera-se o crime praticado
os seus reflexos penais, permanecendo apenas os civis. a) na Argentina, apenas.
c) em regra, nas chamadas leis penais em branco com caráter b) no Brasil e no Paraguai, apenas.
excepcional ou temporário, revogada ou alterada a norma comple- c) no Chile e na Argentina, apenas.
mentar, desaparecerá o crime. d) na Argentina, no Brasil e no Paraguai, apenas.
d) a lei excepcional ou temporária embora decorrido o período e) no Chile, na Argentina, no Paraguai, no Brasil e no Equa-
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, dor.
não se aplica ao fato praticado durante a sua vigência.
e) permanecendo na lei nova a definição do crime, mas au- 7. (MPE/RS – Secretário de Diligências – FCC – 2010) Em
mentadas suas consequências penais, esta norma será aplicada ao tema de aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar:
autor do fato. a) Na contagem do prazo pelo Código Penal, não se inclui
no seu cômputo, o dia do começo, nem se desprezam na pena de
4. (DELEGADO DE POLÍCIA/AP – FGV – 2010) Relati- multa, as frações de Real.
vamente ao tema da territorialidade e extraterritorialidade, analise b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
as afirmativas a seguir. ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
I. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estran- ou deveria produzir-se o resultado.
geiro os crimes contra a administração pública, por quem está a c) O princípio da legalidade compreende os princípios da re-
seu serviço. serva legal e da anterioridade.

Didatismo e Conhecimento 69
DIREITO PENAL
d) A regra da irretroatividade da lei penal somente se aplica à b) Os crimes culposos não admitem tentativa, inclusive na
lei penal mais gravosa. omissão imprópria, assim como nos crimes unissubsistentes, que
e) As leis temporárias ou excepcionais são autorrevogáveis e são aqueles que se realizam em um único ato.
ultrativas. c) Pode haver tentativa no crime preterdoloso ou preterinten-
cional, porque nesta espécie de crime há dolo no antecedente e
8. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) A res- culpa no consequente.
peito da teoria do crime adotada pelo CP, assinale a opção correta. d) A adequação típica de um crime tentado é de subordina-
A) A ausência de previsão é requisito da culpa inconsciente, ção mediata, ampliada ou por extensão, já que a conduta humana
pois, se o agente consegue prever o delito, trata-se de conduta do- nessa espécie de crime não se enquadra prontamente na lei penal
losa e não culposa. incriminadora.
B) O CP limitou-se a adotar a teoria do assentimento em rela-
ção ao dolo ao dispor que age dolosamente o agente que aceita o 13. (CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 1
resultado, embora não o tenha visado como fim específico. - Primeira Fase - Mai/2009) Acerca dos institutos da desistência
C) A conduta do agente que, após iniciar a execução de crime voluntária, do arrependimento eficaz e do arrependimento poste-
por iniciativa própria, impede a produção do resultado caracteriza rior, assinale a opção correta.
arrependimento posterior e tem a mesma consequência jurídica da A) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
desistência voluntária. execução ou impede que o resultado se produza responderá pelo
D) Na desistência voluntária, o agente poderá responder pelos crime consumado com causa de redução de pena de um a dois
atos já praticados, pelo resultado ocorrido até o momento da desis- terços.
tência ou pela tentativa do crime inicialmente pretendido. B) A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, espé-
E) A previsibilidade subjetiva é um dos elementos da culpa e cies de tentativa abandonada ou qualificada, passam por três fases:
consiste na possibilidade de ser antevisto o resultado nas circuns- o início da execução, a não consumação e a interferência da von-
tâncias específicas em que o agente se encontrava no momento da tade do próprio agente.
infração penal. C) Crimes de mera conduta e formais comportam arrependi-
mento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o resultado na-
9. São elementos do crime, EXCETO a: turalístico pode ser evitado.
a) ação; D) A natureza jurídica do arrependimento posterior é a de
causa geradora de atipicidade absoluta da conduta, que provoca a
b) tipicidade;
adequação típica indireta, de forma que o autor não responde pela
c) ilicitude;
tentativa, mas pelos atos até então praticados.
d) punibilidade.
14. (Prova: FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) No
10. (FCC - TRT 8ª REGIÃO - 2010) Tendo em conta o tipo
caso de crime impossível é correto afirmar:
penal do crime de homicídio (art. 121 do Código Penal: “Matar al-
a) Se os meios empregados são ineficazes para alcançar o re-
guém”), a mãe que intencionalmente deixa de amamentar a crian-
sultado, mesmo que o agente acredite que são eficazes e aja para
ça, causando-lhe a morte por inanição, pratica um
evitar o resultado, haverá crime impossível e não arrependimento
(A) crime culposo.
eficaz.
(B) crime omissivo. b) Se houver absoluta ineficácia do meio a tentativa é atípica,
(C) crime sem resultado. mas punível.
(D) crime comissivo por omissão. c) A ausência da menção da inidoneidade no art. 17 do Código
(E) fato penalmente atípico. Penal, que só trata da ineficácia do meio e da impropriedade do
objeto, não pode ser resolvida com a analogia in bonam partem.
11. (Defensoria Pública – DPE/MT – FCC – 2009) O art. d) Nos casos de flagrante preparado, porque o bem está in-
14, § único, do Código Penal dispõe que “salvo disposição em teiramente protegido, não se pode dizer que há crime impossível.
contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime e) Para sua configuração é necessário tanto que o meio seja
consumado, diminuída de um a dois terços”. O percentual de dimi- absolutamente ineficaz, quanto que o objeto seja absolutamente
nuição de pena a ser considerado levará em conta impróprio.
a) a intensidade do dolo
b) o iter criminis percorrido pelo agente 15. (Procuradoria do Estado – PGE/CE – CESPE – 2008)
c) a periculosidade do agente Há crime quando o sujeito ativo pratica fato típico em função de
d) a reincidência a) estado de necessidade.
e) os antecedentes do agente b) coação moral irresistível.
c) legítima defesa.
12. Assinale a alternativa CORRETA a respeito de tentativa e d) estrito cumprimento do dever legal.
consumação do crime: e) exercício regular do direito.
a) Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao consu-
mado, diminuída de um a dois terços, portanto a pena do crime 16. (CESPE-UNB, Juiz Substituto – PI, 2012) Assinale a
tentado é sempre menor que a do crime consumado. opção correta a respeito da ilicitude e das suas causas de exclusão:

Didatismo e Conhecimento 70
DIREITO PENAL
A) Considere que Antônio seja agredido por Lucas, de for- c) O estado de necessidade tem como um de seus requisitos a
ma injustificável, embora lhe fosse igualmente possível fugir ou preservação de direito próprio ou de outrem. 
permanecer e defender-se. Nessa situação, como o direito é ins- d) A legítima defesa tem como um de seus requisitos a reação
trumento de salvaguarda da paz social, caso Antônio enfrentasse a agressão injusta, atual ou iminente. 
e ferisse gravemente Lucas, ele deveria ser acusado de agir com e) Para que esteja amparado pela excludente do estrito cum-
excesso doloso. primento do dever legal (art. 23, III, 1ª Parte, do Código Penal), é
B) Se a excludente do estrito cumprimento do dever legal for necessário que o agente obedeça rigorosamente os limites do de-
reconhecida em relação a um agente, necessariamente será reco- ver, sendo que, se ultrapassá-los, responderá pelo abuso de direito
nhecida em relação aos demais coautores, ou partícipes do fato, ou excesso de dever. 
que tenham conhecimento da situação justificadora.
19. (MPE-PR - 2012 - MPE-PR - Promotor de Justiça) So-
C) Considere que, para proteger sua propriedade, Abel tenha
bre legítima defesa, assinale a alternativa incorreta:
instalado uma cerca elétrica oculta no muro de sua residência e que
a) Não é possível falar em legítima defesa real contra legítima
duas crianças tenham sido eletrocutadas ao tentar pulá-la. Nesse defesa real, mas é admissível legítima defesa real contra legítima
caso, caracteriza-se exercício regular do direito de forma excessi- defesa putativa e legítima defesa real contra excesso de legítima
va, devendo Abel responder por homicídio culposo. defesa, real ou putativa;
D) Em relação ao estado de necessidade, adota-se no CP a teo- b) A proteção contra lesões corporais produzidas em situação
ria diferenciadora, segundo a qual a excludente de ilicitude poderá de ataque epiléptico não pode ser justificada pela legítima defesa,
ser reconhecida como justificativa para a prática do fato típico, mas pode ser justificada pelo estado de necessidade;
quando o bem jurídico sacrificado for de valor menor ou igual ao c) A legítima defesa putativa constitui exemplo de erro sobre
do bem ameaçado. os pressupostos fáticos de uma causa de justificação e, se evitável,
E) No que se refere ao terceiro que sofre a ofensa, o estado de reduz a culpabilidade, conforme a teoria limitada da culpabilidade;
necessidade classifica-se em agressivo, quando a ação é dirigida d) As limitações ético-sociais para o exercício da legítima de-
contra o provocador dos fatos, e defensivo, quando o agente des- fesa contra agressões injustas, atuais ou iminentes, a bem jurídico,
trói bem de terceiro inocente. produzidas por crianças, impõem ao agredido procedimentos al-
ternativos prévios, cuja observância condiciona a permissibilidade
17. (TJ-PR - 2011 - TJ-PR - Juiz) No que tange às causas da defesa;
excludentes de ilicitude, após apontar quais são as assertivas ver- e) A legítima defesa pode ser utilizada para repelir agressão
injusta, atual ou iminente, a bem jurídico, realizada por alguém em
dadeiras (V) e falsas (F), assinale a única sequência CORRETA:
situação de coação moral irresistível ou de obediência hierárquica,
(_) Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de
excludentes da culpabilidade.
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever
legal ou no exercício regular de direito. 20. (FCC - 2010 - MPE-SE - Analista – Direito) Desenvol-
(_) O agente, quando praticar os atos em legítima defesa, não vimento mental incompleto ou retardado, embriaguez decorrente
responderá pelo excesso punível na modalidade dolosa ou culposa. de caso fortuito e menoridade constituem, dentre outras, exclu-
(_) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o dentes de
fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vonta- (A) tipicidade.
de, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo (B) ilicitude.
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (C) punibilidade.
(_) O agente, em qualquer das hipóteses do artigo 23 do Có- (D) antijuridicidade.
digo Penal (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cum- (E) culpabilidade
primento do dever legal e exercício regular de direito), responderá
pelo excesso doloso ou culposo. 21. (UFPR, Juiz Substituto-PR, 2012) A embriaguez, volun-
(_) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderada- tária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito análogo:
mente dos meios necessários, repele injusta agressão, pretérita, a) isenta o réu de pena, mas pode ser recepcionada como cri-
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. me independente punido com pena de detenção.
b) é sempre considerada atenuante na prática de qualquer de-
lito.
A) V, F, V, V, F
c) não exclui a imputabilidade penal.
B) F, V, V, F, V
d) só tem relevância penal quando a embriaguez atinge per-
C) F, F, V, V, F centual perceptível por exame de bafômetro.
D) V, F, V, F, V
22. (DELEGADO DE POLÍCIA/AP – FGV – 2010) Assina-
18. (NUCEPE - 2012 - PM-PI - Agente de Polícia – Sargen- le a alternativa que não qualifica o crime de homicídio.
to) Sobre as excludentes de ilicitude podemos afirmar, EXCETO. (A) Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
a) Mesmo amparado pelas excludentes de ilicitude, o agente outro meio insidioso ou cruel.
responderá pelo excesso doloso ou culposo de sua ação.  (B) Para assegurar a ocultação de outro crime.
b) Considera-se em legítima defesa quem pratica o fato para (C) Motivo fútil.
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem po- (D) Abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,
dia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, ofício, ministério ou profissão.
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (E) Mediante dissimulação.

Didatismo e Conhecimento 71
DIREITO PENAL
23. (FCC - TRT 8ª REGIÃO - 2010) No crime de homicídio, 28. (Delegado de Polícia – FGV – 2010) Relativamente aos
(A) não há incompatibilidade na coexistência de circunstân- crimes contra o patrimônio, analise as afirmativas a seguir:
cias objetivas que qualificam o crime e as que o tornam privile- I. No crime de furto, se o criminoso é primário, e a coisa fur-
giado. tada é de pequeno valor, o juiz pode substituir a pena de reclusão
(B) há incompatibilidade na coexistência de quaisquer cir- pela de detenção.
cunstâncias que qualificam o crime e as que o tornam privilegiado. II. Considera-se qualificado o dano praticado com violência à
(C) não há incompatibilidade na coexistência de circunstân- pessoa ou grave ameaça, com emprego de substância inflamável
cias subjetivas que qualificam o crime e as que o tornam privile- ou explosiva (se o fato não constitui crime mais grave), contra o
giado. patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária
(D) há incompatibilidade na coexistência de duas ou mais de serviços públicos ou sociedade de economia mista ou ainda por
qualificadoras, ainda que objetivas.
motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.
(E) não há incompatibilidade na coexistência de duas qualifi-
III. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes contra
cadoras de natureza subjetiva.
o patrimônio em prejuízo do cônjuge, na constância da sociedade
24. (Defensoria Pública – DPE/MT – FCC – 2010) João ma- conjugal, desde que não haja emprego de grave ameaça ou vio-
tou seu desafeto com vinte golpes de faca. Nesse caso, lência à pessoa ou que a vítima não seja idosa nos termos da Lei
a) responderá por crime de homicídio tentado e consumado 10.741/2003.
em concurso material. Assinale:
b) ocorreu concurso formal de infrações. a) se somente a afirmativa I estiver correta.
c) responderá por vinte crimes de homicídio em concurso ma- b) se somente a afirmativa II estiver correta.
terial. c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) deve ser reconhecido o crime continuado. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) responderá por um crime de homicídio. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

25. (FCC - 2013 - TJ-PE - Juiz) Em relação aos crimes con- 29. (Defensoria Pública – DPE/MT – FCC – 2009) Quanto
tra a vida, correto afirmar que aos crimes contra o patrimônio, é correto afirmar que
(A) o homicídio simples, em determinada situação, pode ser a) o estelionato não admite a figura privilegiada do delito.
classificado como crime hediondo. b) a pena, na extorsão, pode ser aumentada até dois terços se
(B) a pena pode ser aumentada de um terço no homicídio cul- praticada por duas ou mais pessoas.
poso, se o crime é praticado contra pessoa menor de quatorze anos
c) o chamado “furto de uso”, se aceito, não constituiria crime
ou maior de sessenta anos.
por falta de tipicidade.
(C) compatível o homicídio privilegiado com a qualificadora
do motivo fútil. d) há latrocínio tentado no caso de homicídio consumado e
(D) cabível a suspensão condicional do processo no homicídio subtração tentada, segundo entendimento sumulado do Supremo
culposo, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de Tribunal Federal.
profissão, arte ou ofício. e) o emprego de arma de brinquedo qualifica o roubo, de acor-
(E) incompatível o homicídio privilegiado com a qualificado- do com Súmula do Superior Tribunal de Justiça.
ra do emprego de asfixia.
30. (Magistratura – TJ – MS – FGV – 2008) São crimes
26. (FUNCAB - 2012 - PC-RO - Médico Legista) São cri- contra o patrimônio:
mes contra a vida, assim previstos pelo Código Penal: a) roubo, furto, estelionato e lesão corporal.
A) latrocínio, homicídio, extorsão mediante sequestro seguido b) roubo, furto, estelionato e usurpação de águas.
de morte e infanticídio. c) roubo, furto, estelionato e peculato.
B) homicídio, aborto, infanticídio e induzimento ao suicídio. d) roubo, furto, estelionato e moeda falsa.
C) homicídio, aborto, latrocínio e lesão corporal seguida de e) roubo, furto, estelionato e injúria
morte.
D) extorsão mediante sequestro seguido de morte, rixa segui- 31. (Analista Judiciário – TRT 3ª Região – FCC – 2009)
da de morte, latrocínio, infanticídio e aborto. José ingressou no escritório da empresa Alpha, sendo que o segu-
E) latrocínio, lesão corporal seguida de morte, difamação e
rança não lhe obstou o acesso porque estava vestido de faxineiro e
periclitação da vida.
portando materiais de limpeza. No interior do escritório, arrombou
27. (FCC - TRT 8ª REGIÃO - 2010) Jeremias aproximou-se a gaveta e subtraiu R$ 3.000,00 do seu interior. Quando estava
de um veículo parado no semáforo e, embora não portasse qual- saindo do local, o segurança, alertado pelo barulho, tentou detê-lo.
quer arma, mas fazendo gestos de que estaria armado, subtraiu a José, no entanto, o agrediu e o deixou desacordado e ferido no
carteira do motorista, contendo dinheiro e documentos. Jeremias solo, fugindo, em seguida, do local de posse do dinheiro subtraído.
responderá por crime de Nesse caso, José responderá por
(A) roubo qualificado pelo emprego de arma. a) furto qualificado pela fraude e pelo arrombamento.
(B) furto simples. b) furto qualificado pela fraude.
(C) furto qualificado. c) roubo impróprio.
(D) roubo simples. d) furto simples.
(E) apropriação indébita. e) estelionato.

Didatismo e Conhecimento 72
DIREITO PENAL
32. (VUNESP - 2012 - DPE-MS - Defensor Público) No cri- e) Para a caracterização do crime de desacato não é necessário
me de estupro, que o funcionário público esteja no exercício da função ou, não
(A) não é possível a responsabilização penal por omissão. estando, que a ofensa se verifique em função dela.
(B) há presunção de violência quando a vítima não é maior
de 14 anos. 37. (Defensoria Pública – DPE – MS – VUNESP – 2008)
(C) a tipificação não exige o contato físico entre a vítima e o No que diz respeito aos crimes contra a Administração Pública,
agente. assinale a alternativa que traz, apenas, crimes próprios no que con-
(D) como regra, a ação penal é privada, exigindo-se a queixa- cerne ao sujeito ativo.
crime. a) Tráfico de influência; abandono de função; violação de si-
gilo funcional.
33. (FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público) Analise as b) Usurpação de função pública; prevaricação; peculato.
c) Corrupção passiva; condescendência criminosa; advocacia
assertivas abaixo:
administrativa.
I. A prática de atos libidinosos sem o consentimento da vítima d) Favorecimento pessoal; concussão; violência arbitrária.
de quinze anos de idade configura estupro qualificado.
II. Após a Lei nº 12.015/09, a regra geral para as ações penais 38. (Agente de Fiscalização Judiciária – TJ – SP – VU-
em crimes contra a liberdade sexual passou a ser a de ação pública NESP – 2010) A conduta de apropriar-se de dinheiro ou qualquer
incondicionada. utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem
III. A prática de conjunção carnal com menor de quatorze anos configura o crime de
em situação de exploração sexual configura crime de favorecimen- a) corrupção ativa.
to à prostituição de vulnerável. b) peculato culposo.
IV. Para a tipificação do crime de lenocínio, exige-se que a c) corrupção passiva.
conduta seja dirigida a pessoa determinada. d) excesso de exação
e) peculato mediante erro de outrem.
Está correto SOMENTE o que se afirma em
a) I e IV. 39. (VUNESP - 2012 - DPE-MS - Defensor Público) Assina-
b) II e III. le a alternativa correta.
c) II. (A) Ocorrerá crime de concussão mesmo se a exigência, para
d) III. si ou para outrem, versar sobre vantagem devida.
e) IV. (B) A corrupção passiva é crime material, exigindo-se para
sua configuração que o funcionário receba a vantagem indevida.
34. (FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito em Telecomunica- (C) Não há possibilidade de ocorrer corrupção ativa sem a
ção) O funcionário público que apropriar-se de dinheiro, valor ou correspondente corrupção passiva.
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a (D) Mesmo aquele que não é funcionário público poderá res-
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou ponder por crime de peculato.
alheio, comete o crime de:
A) peculato. 40. (VUNESP - 2012 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciá-
rio) A pena prevista pelo Código Penal para o crime de “resistên-
B) concussão.
cia” (CP, art. 329), por expressa disposição legal, é
C) corrupção passiva.
a) de reclusão e de multa.
D) prevaricação. b) de reclusão, de seis meses a um ano.
E) condescendência criminosa. c) maior, se o funcionário público, em razão da violência, fica
afastado do cargo.
35. (Analista Processual – MPU – FCC – 2007) Considera- d) maior se o ato, em razão da resistência, não se executa.
se funcionário público, para os efeitos penais, dentre outros, o e) diminuída de um a dois terços se a resistência não é prati-
a) tutor dativo. cada com violência.
b) perito judicial.
c) curador dativo. 41. (FCC - 2012 - PGM-Joao Pessoa-PB - Procurador Mu-
d) inventariante judicial. nicipal) No que concerne aos crimes praticados por particular con-
e) síndico falimentar. tra a Administração em geral e contra a Administração da Justiça,
é correto afirmar que quem
36. (Analista Processual MPU – FCC – 2007) A respeito dos (A) exporta mercadoria proibida não comete crime de con-
crimes contra a Administração Pública, é correto afirmar: trabando.
a) Não configura o crime de contrabando a exportação de mer- (B) comete crime de resistência na modalidade culposa está
cadoria proibida. sujeito apenas a sanção pecuniária.
b) Constitui crime de desobediência o não atendimento por (C) ilude o pagamento de direito ou imposto devido pela en-
funcionário público de ordem legal de outro funcionário público. trada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria comete crime de
c) Comete crime de corrupção ativa quem oferece vantagem descaminho.
indevida a funcionário público para determiná-lo a deixar de pra- (D) dá causa a investigação policial contra alguém, imputan-
ticar medida ilegal. do-lhe crime de que o sabe inocente comete o delito de comunica-
d) Pratica crime de resistência quem se opõe, mediante violên- ção falsa de crime.
(E) acusar-se, perante a autoridade, de crime praticado por ou-
cia, ao cumprimento de mandado de prisão decorrente de sentença trem não comete infração penal.
condenatória supostamente contrária à prova dos autos.

Didatismo e Conhecimento 73
DIREITO PENAL

GABARITO:

1 C
2 D
3 B
4 A
5 A
6 D
7 A
8 A
9 D
10 D
11 B
12 D
13 B
14 A
15 B
16 B
17 A
18 B
19 C
20 E
21 C
22 D
23 A
24 E
25 A
26 B
27 D
28 E
29 C
30 B
31 C
32 C
33 A
34 A
35 B
36 D
37 C
38 E
39 D
40 D
41 C

Didatismo e Conhecimento 74
DIREITO PROCESSUAL PENAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL
LX c/c o art 93, IX, CF/88; arts. 483; 20 e 792, §2º, CPP). Giza-
1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL. se que quando verificada a necessidade de restringir a incidência
do princípio em questão, esta limitação não poderá dirigir-se ao
advogado do Réu ou ao órgão de acusação. Contudo, quanto a esse
aspecto, o Superior Tribunal de Justiça, em algumas decisões, tem
permitido que seja restringido, em casos excepcionais, o acesso
Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação do advogado aos autos do inquérito policial. Sendo assim, a regra
de outras normas. São verdadeiras diretrizes do ordenamento jurí- geral a publicidade, e o segredo de justiça a exceção, urge que a
dico, guias de interpretação, às quais a Administração Pública fica interpretação do preceito constitucional se dê de maneira restritiva,
subordinada. Possuem um alto grau de generalidade e abstração, de modo a só se admitir o segredo de justiça nas hipóteses previs-
bem como um profundo conteúdo axiológico e valorativo. tas pela norma.
O direito processual penal também não foge a essa regra geral. A publicidade minimiza o arbítrio e submete à regularidade
Por se tratar de uma ciência, têm princípios que lhe dão suporte, processual e a justiça da decisão do povo.
sejam de ordem constitucional ou infraconstitucional, que infor-
mam todos os ramos do processo, ou seja, específicos do direito - Princípio do juiz natural. O princípio do juiz natural está
processual penal. Alguns estão expressos na Lei Fundamental, previsto no art. 5º, LIII da Carta Magna de 1988, e significa di-
como o contraditório e a ampla defesa; outros estão implícitos, zer que é a garantia de um julgamento por um juiz competente,
como a ideia de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si segundo regras objetivas (de competência) previamente estabele-
mesmo ou mesmo o duplo grau de jurisdição. cidas no ordenamento jurídico, bem como, a proibição de criação
Em seguida vamos estudar alguns destes princípios: de tribunais de exceção, constituídos à posteriori a infração penal
e especificamente para julgá-la.
- Princípio do devido processo legal. De origem inglesa, o Juiz natural, compreende-se aquele dotado de jurisdição cons-
princípio do due process of law está consagrado, na legislação bra- titucional, com competência conferida pela Constituição Federati-
sileira, no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, trata-se de um con- va do Brasil ou pelas leis anteriores ao fato. Pois, somente o órgão
junto de direitos e garantias constitucionais aplicáveis ao processo. pré-constituído pode exercer a jurisdição, no âmbito predefinido
Em decorrência do princípio do devido processo legal, podem-se pelas normas de competência assim, o referido princípio é uma
alegar algumas garantias constitucionais imprescindíveis ao acu- garantia do jurisdicionado, da jurisdição e do próprio magistrado,
sado, que constituem corolários da regularidade processual: porque confere ao primeiro direito de julgamento por autoridade
judicante previamente constituída, garante a imparcialidade do sis-
a) Não identificação criminal de quem é civilmente identifi-
tema jurisdicional e cerca o magistrado de instrumentos assecura-
cado (inciso LVIII, da Magna Carta de 1988, regulamentada pela
tórios de sua competência, regular e anteriormente fixada.
Lei nº 10.054/00);
b) Prisão só será realizada em flagrante ou por ordem judicial
- Princípio do contraditório e da ampla defesa. “Contradi-
(inciso LVI, CF/88), que importou em não recepção da prisão ad-
tório” e “ampla defesa” não são a mesma coisa, vale frisar preli-
ministrativa prevista nos arts. 319 e 320 do Código de Processo
minarmente, apesar de previstos conjuntamente no art. 5º, LV, da
Penal;
Constituição Federal.
c) Relaxamento da prisão ilegal (inciso LXV, CF/88); Por “contraditório” há se entender as informações necessá-
d) Comunicação imediata da prisão ao juiz competente e à rias às partes de tudo o que acontece no curso do processo, mais
família do preso (inciso LXII, Carta Magna de 1988); a possibilidade de reagir ou não em relação ao que acontece no
e) Direito ao silêncio, bem como, a assistência jurídica e fami- processo.
liar ao acusado (inciso LXIII, CF/88); Já a “ampla defesa” engloba tanto a defesa técnica por defen-
f) Identificação dos responsáveis pela prisão e/ou pelo interro- sor indispensável, bem como a autodefesa, exercida pelo próprio
gatório policial (inciso LXIV, Magna Carta de 1988); réu.
g) Direito de não ser levado à prisão quando admitida liber-
dade provisória, com ou sem o pagamento de fiança (inciso LXVI, - Princípio da presunção de não culpabilidade até o trân-
CF/88); sito em julgado de sentença penal condenatória / Princípio da
h) Impossibilidade de prisão civil, observadas as exceções presunção de inocência até o trânsito em julgado da sentença
dispostas no texto constitucional (LXVII, CF/88). penal condenatória. Previsto no art. 5º, LVII, da CF, por tal nin-
guém será considerado culpado até sentença condenatória transita-
- Princípio da publicidade. Todo processo é público, isto da em julgado. Disso decorrem duas consequências primordiais, a
é um requisito de democracia e de segurança das partes (exceto saber, a de que a prisão processual é excepcional, e a de que o uso
aqueles que tramitarem em segredo de justiça). É estipulado com de algemas é excepcional.
o escopo de garantir a transparência da justiça, a imparcialidade e
a responsabilidade do juiz. A possibilidade de qualquer indivíduo - Princípio da verdade real. À verdade real se contrapõe a
verificar os autos de um processo e de estar presente em audiência, verdade formal. Enquanto na verdade formal a autoridade judicial
revela-se como um instrumento de fiscalização dos trabalhos dos se limita ao que está nos autos (isto é, a verdade é o que ficou
operadores do Direito. estabelecido no processo, independentemente de fatores externos
A regra é que a publicidade seja irrestrita (também denomi- demonstrarem o contrário), na verdade real o juiz deve investigar
nada de popular). Porém, poder-se-á limitá-la quando o interesse os fatos como realmente ocorreram, ainda que isso não esteja pre-
social ou a intimidade o exigirem (nos casos elencados nos arts. 5º, viamente disposto nos autos.

Didatismo e Conhecimento 1
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Com o perdão da redundância, pode-se dizer que a verdade O Pacto de San José da Costa Rica, contudo, internalizado
real é a chamada “verdade verdadeira”, porque concentra esforços pelo Decreto nº 678/92, em seu art. 8º, n. 2, “h”, dispõe que, den-
em efetivamente desvendar o que aconteceu e, com isso, adotar a tre as garantias mínimas que devem ser oportunizadas ao acusado,
medida processual que se julgar mais adequada. está a de que todos devem ter o direito de recorrer da sentença para
Enquanto no processo civil a verdade formal ainda é a tônica juiz ou tribunal superior.
marcante, no processo penal a verdade real é aquela que deve ser
cobiçada. - Princípio da economia e da celeridade processual. Deve-
se buscar a celeridade com a menor quantidade de atos possíveis,
- Princípio da imparcialidade. Todos os fatos devem ser e no menor tempo possível. Neste sentido, a Constituição Federal
recebeu em seu art. 5º, graças à Emenda nº 45/2004, um inciso
apreciados por uma autoridade judicial que, com eles ou com os
LXXVIII, segundo o qual a todos, no âmbito judicial ou adminis-
agentes que os praticaram, não tenha prévio envolvimento. Segun-
trativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios
do tal axioma, o magistrado deve se abster de juízos pré-conde- que garantam a celeridade de sua tramitação.
natórios ou pré-absolutórios, guardando-os para quando estiver Para se aferir essa “duração razoável”, deve-se analisar a
próximo de sua convicção. complexidade da causa, o número de agentes envolvidos, e a con-
A imparcialidade não pode ser tratada como sinônimo de inér- duta das partes envolvidas.
cia absoluta, contudo. Se o juiz determinar a produção de alguma
prova, ou tomar alguma medida procedimental necessária que se - Princípio da proporcionalidade. Usado no mesmo sentido
revista em prejuízo para acusação ou defesa, isso não deve ser en- da razoabilidade (em regra), o postulado da proporcionalidade não
tendido como ofensa à imparcialidade. está expresso no texto constitucional, sendo sua consagração im-
plícita, portanto.
- Princípio da iniciativa das partes (ou princípio da ação). Com efeito, três são os subpostulados que concretizam o prin-
Este princípio é também conhecido como “ne procedat judex ex cípio da proporcionalidade, a saber, o subpostulado da adequação
officio” e, por tal, a jurisdição deve ser inerte, cabendo às partes (a medida adotada tem de ser apta a atingir o fim almejado), o
subspostulado da exigibilidade (ou necessidade, ou menor inge-
o exercício do direito de ação em busca de um provimento juris-
rência possível) (o meio deve ser o menos oneroso possível), e o
dicional.
subpostulado da proporcionalidade em sentido estrito (é a relação
entre o custo e o benefício da medida).
- Princípio do impulso oficial. Se o início do processo com-
pete às partes, a maneira como ele se desenvolverá o capitanea- - Princípio da inexigibilidade de autoincriminação. Tam-
mento dos atos procedimentais serão determinados pela autoridade bém conhecido por “nemo tenetur se detegere”, tal axioma asse-
judicial. gura que ninguém pode ser compelido a produzir provas contra si
mesmo. É este princípio que fundamenta, p. ex., o direito ao silên-
- Princípio da identidade física do juiz. Trata-se de inovação cio, ou mesmo o direito de mentir em juízo em benefício próprio.
trazida ao Código de Processo Penal pela Lei nº 11.719/08, que
estabeleceu no segundo parágrafo, do art. 399, da Lei Adjetiva, - Princípio da autoritariedade. Os órgãos investigadores,
que o juiz que presidiu a instrução deverá proferir sentença. Até processadores, e julgadores devem ser autoridades públicas.
2008, este princípio não era vigente para o CPP, apesar de válido
há tempos no Código de Processo Civil.
2. SISTEMAS PROCESSUAIS.
- Princípio do “favor réu” (ou princípio do “favor rei”). A
dúvida sempre deve beneficiar o acusado, em regra. É por isso que
a revisão criminal e os embargos infringentes, p. ex., só existem
para a defesa. Para entender os sistemas processuais penais é necessário, an-
tes de qualquer coisa, compreender o significado da palavra “siste-
- Princípio da motivação das decisões. (ou princípio do li- ma”. Etimologicamente, sistema – no viés jurídico – é o conjunto
vre convencimento) Consagrado no art. 93, IX, da Lei Fundamen- de normas, coordenadas entre si, intimamente correlacionadas, que
tal da República, tal princípio prevê que o juiz é livre para decidir funcionam como uma estrutura organizada dentro do ordenamento
da maneira que melhor lhe convir, desde que o faça fundamenta- jurídico. Na visão de Paulo Rangel, é o conjunto de princípios e
damente, isto é, embasado em argumentos sólidos e comprovados regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada
da melhor maneira possível no processo. Estado, que estabelecem as diretrizes a serem seguidas para a apli-
cação do direito no caso concreto.
Assim, para que haja um sistema, é imperiosa a existência de
- Princípio do duplo grau de jurisdição. Tal postulado não
uma ideia fundante e de um conjunto de normas que decorre des-
se encontra explicitamente consagrado em qualquer dispositivo
sa premissa. Basta, portanto, identificar o princípio unificador de
originário do direito interno. Há quem retire sua validade do sim- cada sistema processual penal para saber de qual sistema estar-se-á
ples direito de recorrer, ou, então, da própria estrutura do Poder tratando. Todo sistema é, portanto, regido por um único princípio
Judiciário estabelecida nos arts. 92 e seguintes da Constituição, unificador (ideia fundante) e, daí decorre as demais normas que
que prevê uma hierarquia entre juízes e tribunais. devem ser interpretadas sob essa ótica.

Didatismo e Conhecimento 2
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Assim, os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito poli-
normas adotados por cada ordenamento para disciplinar o trans- cial não afetam a ação penal a que der origem, salvo na hipótese de
correr de sua marcha procedimental. provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que,
São três os sistemas processuais penais existentes no ordena- excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com
mento jurídico: a) sistema inquisitório ou inquisidor; b) sistema observância do contraditório e da ampla defesa, como uma produ-
acusatório; c) sistema misto, reformado, napoleônico ou acusató- ção antecipada de provas, p. ex.
rio formal. Vejamos:
Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e
1 Sistema inquisitório. Trata-se de sistema antigo, adotado sua autoria, e à colheita de elementos de informação do delito no
na Inquisição (daí seu nome). Neste sistema, o processo era sigi- que tange a sua materialidade e seu autor.
loso, com “cartas marcadas”; nele não há contraditório nem ampla
defesa; a confissão era “rainha das provas”; quem acusa e quem Diferenças entre elementos informativos e prova. Os ele-
julga são as mesmas pessoas. mentos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória,
nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa.
2 Sistema acusatório. Trata-se de sistema adotado no Brasil, Ademais, não há obrigação de participação dialética das partes.
Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exce-
bem como nos países em que há uma democracia plena. Neste
ção das provas cautelares, que necessitem ser produzidas anteci-
sistema, o processo é público, como meio de impedir que abusos
padamente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente
sejam praticados; são assegurados os princípios vistos no item an-
a prova deve ser produzida com participação dialética das partes,
terior; adota-se o sistema da livre apreciação da prova (ou seja, a
graças à necessidade de observância do contraditório e da ampla
confissão deixa de ser “a rainha das provas”); acusador e julgador defesa.
são duas pessoas diferentes. Mas é possível utilizar elementos de informação como fun-
damento numa sentença condenatória? Pode-se, desde que os ele-
3 Sistema misto. O sistema processual misto contém as carac- mentos de informação não sejam a essência única para a conde-
terísticas de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: a nação. Eis o teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com
primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tendo a Revolução redação dada pela Lei nº 11.690/08.
Francesa como pedra fundamental, neste sistema há uma fase de Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto
investigação preliminar (conduzida pela polícia judiciária); uma com o universo probatório produzido à luz do contraditório e da
fase de instrução preparatória (patrocinada pelo juiz instrutor); ampla defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de
uma fase de julgamento (somente aqui incidiriam o contraditório e informação outrora disseram.
a ampla defesa); e uma fase de recurso (em que se pode utilizar o Então, afinal, para que servem os elementos de informação?
“recurso de cassação”, para impugnar apenas questões de direito, Se não servem como único meio para fundamentar um decreto
como o “recurso de apelação”, para impugnar questões de fato e condenatório, esses elementos têm como suas finalidades precí-
de direito). puas a tomada de decisões quanto às prisões processuais, bem
como medidas cautelares diversas da prisão; e também são deci-
sivos para auxiliar na formação da convicção do titular da ação
penal (a chamada “opinio delicti”).
3. INQUÉRITO POLICIAL.
Presidência do inquérito policial. Será da autoridade poli-
cial de onde se deu a consumação do delito, no exercício de fun-
ções de polícia judiciária.
O inquérito policial é um procedimento administrativo inves-
tigatório, de caráter inquisitório e preparatório, consistente em um Competência para investigar. A competência para investigar
conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para depende da justiça competente para julgar o crime.
Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da
apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autori-
União, em regra será instaurado um inquérito policial militar
dade policial, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar
(IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial
em juízo.
das Forças Armadas.
A mesma definição pode ser dada para o termo circunstancia-
Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, tam-
do (ou “TC”, como é usualmente conhecido), que são instaurados bém será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual
em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, será presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia
as contravenções penais e os crimes com pena máxima não supe- Militar ou dos Bombeiros.
rior a dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competên-
procedimento especial. cia para investigar será da Polícia Federal.
A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será
anterior, é de “procedimento administrativo investigatório”. E, se investigado pela Polícia Federal, já que a Justiça Eleitoral é uma
é administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda
ele as nulidades previstas no Código de Processo Penal para o pro- que, nas localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia
cesso, nem os princípios do contraditório e da ampla defesa. Civil estará autorizada a investigar).

Didatismo e Conhecimento 3
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente E) Peça indisponível. O delegado não pode arquivar o inqué-
a investigação é feita pela Polícia Civil dos Estados, mas isso não rito policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judi-
obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito cial, mediante requerimento do promotor de justiça;
tenha grande repercussão nacional ou envolva mais de um Esta-
do. Disso infere-se, pois, que as atribuições da Polícia Federal são Formas de instauração do inquérito policial. Tudo depen-
mais amplas que a competência da Justiça Federal. derá da espécie de ação penal correspondente ao crime perpetrado.
Vejamos:
Características do inquérito policial. São elas: A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou
A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Pe- condicionada à representação. O inquérito começa por represen-
nal, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, tação da vítima ou de seu representante legal;
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública
autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, o
escrita não obsta que sejam os atos produzidos durante tal fase ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da
Justiça;
sejam gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo;
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública
B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha
incondicionada. Neste caso, o inquérito pode começar de ofício
elementos de informação a partir de uma fonte autônoma (ex: a (quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conhe-
representação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento cimento dos fatos. Neste caso, o procedimento inicia-se por por-
da denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial; taria); por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte da
C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a auto- doutrina entende que o ideal é que o juiz não requisite para se
ridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do manter imparcial e manter a essência do sistema acusatório. Neste
fato ou exigido pelo interesse da sociedade. caso, a peça inaugural é a própria requisição); por requerimento da
Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso vítima (neste caso, o delegado deve verificar as procedências das
aos autos do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autoridade informações, e, em caso de indeferimento ao requerimento, cabe
policial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, recurso inominado dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda
XIV, da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do pela instauração de inquérito, o ato inaugural do procedimento é a
Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso portaria); por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida por
aos atos já documentados nos autos, independentemente de procu- qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não pode
ração, para assegurar direito de assistência do preso e investigado. ser “anônima” (ou inqualificada). Neste caso, a peça inaugural do
Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e procedimento é a portaria. Ademais, vale lembrar que, para o STF,
irrestrito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos a denúncia anônima, por si só, não serve para fundamentar a ins-
autos, mas não em relação às diligências em andamento. tauração de inquérito policial, mas a partir dela o delegado deve
Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos realizar diligências preliminares para apurar a procedência das in-
já documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às formações antes da devida instauração do inquérito); por auto de
informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), ha- prisão em flagrante (neste caso, a peça inaugural do inquérito é o
beas corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é próprio auto de prisão em flagrante).
o mandado de segurança em nome do próprio advogado, já que a
prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele. Importância em saber a forma de instauração do inquérito
Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há policial. A importância interessa para fins de análise de cabimento
se chamar atenção para o parágrafo único, do art. 20, CPP, com de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autorida-
de coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, p. ex.,
nova redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos
significa que a autoridade coatora é o delegado de polícia, logo o
atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade
habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora,
policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à
se for um procedimento instaurado a partir da requisição do pro-
instauração de inquérito contra os requerentes. motor de justiça, p. ex., este é a autoridade coatora, logo, para uma
Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da primeira corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao
doutrina, no sentido de que o inquérito, justamente por sua carac- juiz de primeira instância, ou, para uma corrente majoritária, o ha-
terística da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos beas corpus deve ser encaminhado ao respectivo Tribunal, pois o
atestados de antecedentes. Já para outro entendimento, agora con- promotor de justiça tem foro por prerrogativa de função.
tra a lei, tal medida representa criticável óbice a que se descubra
mais sobre um cidadão em situações como a investigação de vida “Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade poli-
pregressa anterior a um contrato de trabalho, p. ex.; cial, acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado. São as
D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem seguintes suas espécies:
ampla defesa. Por tal motivo não é autorizado ao juiz, quando da A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autori-
sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação dade policial toma conhecimento do fato por meio de suas ativida-
colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto des corriqueiras (ex: durante uma investigação qualquer descobre
(art. 155, caput, CPP). Ademais, graças a esta característica, não uma ossada humana enterrada no quintal de uma casa);
há uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autorida-
fase do inquérito, tal como ocorre no momento processual, deven- de policial toma conhecimento do fato por meio de um expedien-
do estes ser realizados de acordo com as necessidades que forem te escrito (ex: requisição do Ministério Público; requerimento da
surgindo; vítima);

Didatismo e Conhecimento 4
DIREITO PROCESSUAL PENAL
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autori- Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Cri-
dade policial toma conhecimento do fato delituoso por intermédio minosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação criminal de
do auto de prisão em flagrante. pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações crimi-
nosas será realizada independentemente de identificação civil.
Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para
acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código de Processo Penal, são tratar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol taxativo de delitos
algumas das providências a serem tomadas pela autoridade poli- em que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente,
cial durante a fase do inquérito policial: sem mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações
A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não criminosas, o que levou parcela da doutrina e da jurisprudência
se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos a considerar o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado.
peritos criminais (art. 6º, I); Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº
B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 12.037/09, que também trata especificamente apenas sobre o tema
liberados pelos peritos criminais (art. 6º, II); “identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de
C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art.
do fato e suas circunstâncias (art. 6º, III); 3º com situações em que ela será possível:
D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV); A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de
E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, falsificação (inciso I);
do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do Livro I, CPP (“Do B) Quando o documento apresentado for insuficiente para
Processo em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por identificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II);
duas testemunhas que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V); C) Quando o indiciado portar documentos de identidade dis-
F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea- tintos, com informações conflitantes entre si (inciso III);
ções (art. 6º, VI); D) Quando a identificação criminal for essencial para as in-
G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo vestigações policiais conforme decidido por despacho da autorida-
de delito e a quaisquer outras perícias (art. 6º, VII); de judiciária competente, de ofício ou mediante representação da
H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datilos- autoridade policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta
cópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antece- hipótese, de acordo com o parágrafo único, do art. 5º da atual
lei (acrescido pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal
dentes (art. 6º, VIII);
poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do
I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
perfil genético;
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
E) Quando constar de registros policiais o uso de outros no-
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
mes ou diferentes qualificações (inciso V);
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do
F) Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou
seu temperamento e caráter (art. 6º, IX); da localidade da expedição do documento apresentado impossibi-
J) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta litar a completa identificação dos caracteres essenciais (inciso VI).
não contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º); Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do perfil
K) Fornecer às autoridades judiciárias as informações neces- genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis
sárias à instrução e julgamento dos processos (art. 13, I); genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal (art.
L) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi- 5º-A, acrescido pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos de dados
nistério Público (art. 13, II); devem ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrati-
M) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida- vamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins
des judiciárias (art. 13, III); diversos do previsto na lei ou em decisão judicial.
N) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem
como de outras medidas cautelares diversas da prisão (construção Indiciamento. “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma
doutrinária recente). infração penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial.
Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como de- O indiciamento pode ser direto, quando feito na presença do
corrência do caráter inquisitorial do inquérito policial visto alhu- investigado, ou indireto, quando este está ausente.
res, nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons E o art. 15, da Lei Adjetiva Penal? Não mais se aplica o art.
costumes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra 15, CPP, segundo o qual lhe deveria ser nomeado curador pela
infindável gama de atos possa ser praticada. autoridade policial. Isto porque, antes do atual Código Civil, os
indivíduos entre dezoito e vinte e um anos eram reputados relativa-
Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e mente incapazes, razão pela qual deveriam ser assistidos por cura-
a identificação datiloscópica. Antes da atual Constituição Federal, dor caso praticassem infração. Com o Código Civil atual, tanto a
a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, an- maioridade civil como a penal se iniciam aos dezoito anos.
terior a 1988, inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na retirada da
Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o civilmente condição de indiciado do agente, por se entender, durante o trans-
identificado não será submetido à identificação criminal, “salvo curso das investigações, que este não tem qualquer relação com
nas hipóteses previstas em lei”. o fato apurado. O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma
A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Es- facultativa, pela autoridade policial, quanto mediante o uso de
tatuto da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, segundo o habeas corpus, impetrado com o objetivo de trancar o inquérito
qual a identificação criminal somente será cabível quando houver policial em relação a algum agente alvo do procedimento adminis-
fundada dúvida quanto à identidade do menor. trativo investigatório.

Didatismo e Conhecimento 5
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Incomunicabilidade do indiciado preso. De acordo com o D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua
art. 21, do Código de Processo Penal, seria possível manter o indi- competência, o membro do MP suscita a questão, para que a auto-
ciado preso pelo prazo de três dias, quando conveniente à investi- ridade judicial remeta os autos à justiça competente;
gação ou quando houvesse interesse da sociedade E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Con-
O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o forme o art. 114, do Código de Processo Penal, o “conflito de com-
Código de Processo Penal da década de 1940, não foi o mesmo re- petência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais órgãos
cepcionado pela Constituição Federal de 1988. Logo, prevalece de jurisdicionais. Já o “conflito de atribuições” é aquele que se esta-
forma maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está tacitamente belece entre órgãos do Ministério Público.
revogado.
Arquivamento do inquérito policial. Quem determina o ar-
Prazo para conclusão do inquérito policial. De acordo com quivamento do inquérito é a autoridade judicial, após solicitação
o Código de Processo Penal, em se tratando de indiciado preso, efetuada pelo membro do Ministério Público. Disso infere-se que,
o prazo é de dez dias improrrogáveis para conclusão. Já em se nem a autoridade policial, nem o membro do Ministério Público,
tratando de indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, ad- nem a autoridade judicial, podem promover o arquivamento de
mitida prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias ofício.
diligências. Ademais, em caso de ação penal privada, o juiz pode promo-
Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze ver o arquivamento caso assim requeira o ofendido.
dias para acusado preso, admitida duplicação deste prazo (art. 66,
da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta Trancamento do inquérito policial. Trata-se de medida de
dias admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral. natureza excepcional, somente sendo possível nas hipóteses de
Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é atipicidade da conduta, de causa extintiva da punibilidade, e de au-
de trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para acusado sência de elementos indiciários relativos à autoria e materialidade.
solto. Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo. Se houver o risco à liberdade de locomoção, o meio mais adequado
Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Eco- de se fazê-lo é pela via do habeas corpus.
nomia Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou preso, será
Investigação pelo Ministério Público. Apesar do atual grau
sempre de dez dias.
de pacificação acerca do tema, no sentido de que o Ministério Pú-
E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo pro-
blico pode, sim, investigar - o que se confirmou com a rejeição da
cessual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do ven-
Proposta de Emenda à Constituição nº 37/2011, que acrescia um
cimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo
décimo parágrafo ao art. 144 da Constituição Federal no sentido
Penal.
de que a apuração de infrações penais caberia apenas aos órgãos
policiais -, há se disponibilizar argumentos favoráveis e contrários
Conclusão do inquérito policial. De acordo com o art. 10,
a tal prática:
§1º, CPP, o inquérito policial é concluído com a confecção de um A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à possi-
relatório pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minucio- bilidade de investigar atribuída ao Ministério Público é a chamada
samente, e em caráter essencialmente descritivo, o resultado das “Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte Nor-
investigações. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à autoridade te-americana, segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”,
judicial. isto é, se ao Ministério Público compete o oferecimento da ação
Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relató- penal (que é o “mais”), também a ele compete buscar os indícios
rio, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), de autoria e materialidade para essa oferta de denúncia pela via do
em cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quan- inquérito policial (que é o “menos”). Ademais, o procedimento in-
to à tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas. vestigatório utilizado pela autoridade policial seria o mesmo, ape-
Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável, nas tendo uma autoridade presidente diferente, no caso, o agente
logo, a sua falta não tornará inquérito inválido. ministerial. Por fim, como último argumento, tem-se que a bem do
direito estatal de perseguir o crime, atribuir funções investigatórias
Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministé- ao Ministério Público é mais uma arma na busca deste intento;
rio Público. Recebido o inquérito policial, tem o agente do Minis- B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento
tério Público as seguintes opções: desfavorável à possibilidade investigatória do Ministério Público,
A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça tem-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. Ademais,
é o titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos elementos fala-se em desequilíbrio entre acusação e defesa, já que terá o
colhidos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta membro do MP todo o aparato estatal para conseguir a condenação
ação por intermédio da denúncia; de um acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a defesa
B) Requerimento de diligências. Somente quando forem in- por seu advogado caso não tenha condições financeiras de condu-
dispensáveis; zir uma investigação particular. Também, fala-se que o Ministério
C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investiga- Público já tem poder de requisitar diligências e instauração de in-
do não constitui qualquer infração penal, ou, ainda que constitua, quérito policial, de maneira que a atribuição para presidi-lo seria
encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo “querer demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas
se desenvolva por atenção ao “Princípio da Insignificância”, p. ex., são uma exclusividade da polícia judiciária, e que não há previsão
o agente ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à legal nem instrumentos para realização da investigação Ministério
autoridade judicial; Público.

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Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos dispositivos VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
contidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que reações;
versam sobre o tema “Do Inquérito Policial”: VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
de delito e a quaisquer outras perícias;
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 - CÓ- VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
DIGO DE PROCESSO PENAL tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
tecedentes;
LIVRO I IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
DO PROCESSO EM GERAL
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
TÍTULO II
DO INQUÉRITO POLICIAL e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação
                 do seu temperamento e caráter.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades        
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por Art. 7o    Para verificar a possibilidade de haver a infração
fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.  sido praticada de determinado modo, a autoridade policial pode-
Parágrafo único.   A competência definida neste artigo não rá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja co- contrarie a moralidade ou a ordem pública.
metida a mesma função.        
        Art. 8o  Havendo prisão em flagrante, será observado o dis-
Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será posto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
iniciado:        
I - de ofício; Art. 9o  Todas as peças do inquérito policial serão, num só
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi- processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso,
nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver rubricadas pela autoridade.
qualidade para representá-lo.        
§ 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se
que possível:
o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preven-
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
tivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profis- § 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido
são e residência. apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura § 2o  No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas
de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde pos-
§ 3o  Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da sam ser encontradas.
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, § 3o  Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado es-
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e tiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos
esta, verificada a procedência das informações, mandará instau- autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
rar inquérito. marcado pelo juiz.
§ 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender         
de representação, não poderá sem ela ser iniciado. Art. 11.  Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
§ 5o  Nos crimes de ação privada, a autoridade policial so- interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha        
qualidade para intentá-la. Art. 12.  O inquérito policial acompanhará a denúncia ou
       
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração
       
penal, a autoridade policial deverá:
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte- Art. 13.  Incumbirá ainda à autoridade policial:
rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos I - fornecer às autoridades judiciárias as informações neces-
criminais; sárias à instrução e julgamento dos processos;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após II -  realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
liberados pelos peritos criminais; nistério Público;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimen- III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autori-
to do fato e suas circunstâncias; dades judiciárias;
IV - ouvir o ofendido; IV - representar acerca da prisão preventiva.
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,        
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te- poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não,
nham ouvido a leitura; a juízo da autoridade.

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Art. 15.  Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador necessitam respeitar um itinerário que, pré-judicialmente, em geral
pela autoridade policial. se dá pelo inquérito policial (estudado no item anterior), e, judi-
        cialmente, se inicia com a ação penal (que, a partir de agora, se
Art. 16.  O Ministério Público não poderá requerer a devolu- passa a estudar).
ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligên-
cias, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Características da ação penal. São elas:
        A) A ação penal é pública. Trata-se de direito público. Por
Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar isso, p. ex., o mais correto é se dizer ação penal “de iniciativa pri-
autos de inquérito. vada”, e não “ação penal privada”, afinal, toda ação penal é públi-
         ca. A iniciativa é que pode ser privada;
Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito B) A ação penal é direito subjetivo. Isto porque, o seu titular
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a tem o direito de exigir a prestação jurisdicional, já que ao Estado-
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de ou- juiz veda-se o “non liquet”;
tras provas tiver notícia. C) A ação penal é direito autônomo. Ou seja, a ação penal não
        se confunde com o direito material que se pretende tutelar. “Direito
Art. 19.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos processual” e “direito material” são ciências distintas há tempos;
do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguarda- D) A ação penal é direito abstrato. Isto porque, o acusado não
rão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou se- é considerado culpado desde o começo da ação penal. Para que
rão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. isto ocorra, é preciso que haja decreto condenatório ou absolutório
        impróprio transitado em julgado. O fato de alguém ser alvo de uma
Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces- ação penal não importa pré-condenação deste agente;
sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. E) A ação penal é direito específico. É direito específico, por
Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe estar relacionada a um caso concreto.
forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra Condições da ação penal. Tratam-se de condições que regu-
os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012) lam o exercício do direito. Com efeito, estas condições podem ser
        genéricas ou específicas.
Art. 21.  A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem-
pre de despacho nos autos e somente será permitida quando o in- Condições genéricas. São aquelas que devem estar presentes
teresse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. em toda e qualquer ação penal. São elas:
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de A) Possibilidade jurídica do pedido. O pedido formulado
três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a deve encontrar amparo no ordenamento jurídico, ou seja, deve se
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério referir a uma providência admitida pelo direito objetivo;
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo B) Legitimidade para agir. Deve-se perguntar “quem pode”, e
89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei “contra quem se pode” manejar ação penal.
n. 4.215, de 27 de abril de 1963)  A regra geral é a de que no polo ativo da ação penal pública
        figura o Ministério Público; no polo ativo da ação penal de inicia-
Art. 22.  No Distrito Federal e nas comarcas em que houver tiva privada figura o ofendido; e no polo passivo, sendo a ação pe-
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício nal pública ou privada, figurará o provável autor do fato delituoso
em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, or- maior de dezoito anos;
denar diligências em circunscrição de outra, independentemen- C) Interesse de agir. Composto pelo trinômio necessidade/
te de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até adequação/utilidade.
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que Pela necessidade, vai-se analisar até que ponto a existência
ocorra em sua presença, noutra circunscrição. de ação penal é fundamental para elucidação da causa. Pode ser
        que uma solução extrajudicial, p. ex., num determinado caso, seja
Art. 23.  Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz muito melhor.
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identifi- Já a adequação consiste no perfilhamento da medida buscada
cação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo via ação penal com o instrumento apto a isso. Assim, a título ilus-
a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração trativo, caso se almeje trancar uma ação penal cuja única sanção
penal e à pessoa do indiciado. cominada ao delito seja a de multa, não se mostra como medida
mais adequada a utilização do habeas corpus, já que não há risco à
liberdade de locomoção, mas sim a via do mandado de segurança.
4. AÇÃO PENAL: ESPÉCIES. Por fim, a utilidade consiste na eficácia prática que uma ação
deve ter. Se não há nada a ser apurado, ou não há qualquer sanção
a ser aplicada, inútil e desnecessária será a ação penal;
D) Justa causa. Trata-se de condição genérica da ação previs-
ta apenas no processo penal (art. 395, III, CPP), mas não no pro-
Ação Penal. Consiste a ação penal no direito de pedir ao Es- cesso civil. Consiste num lastro probatório mínimo indispensável
tado tutela jurisdicional para resolver um problema que concreta- para o início de um processo, até para não submeter o cidadão à
mente se apresenta. Com o fato delituoso, nasce para o Estado o situação degradante e embaraçosa que desempenha a persecução
direito de buscar e punir um culpado. Esta busca e esta punição criminal na vida de uma pessoa.

Didatismo e Conhecimento 8
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Condições específicas. São condições exigidas apenas para - Ação penal pública condicionada. O Ministério Público
alguns delitos. Dentre elas, se podem mencionar a requisição do depende do implemento de uma condição, que pode ser a repre-
Ministro da Justiça; o laudo pericial nos crimes contra a proprie- sentação do ofendido, ou a requisição do Ministro da Justiça.
dade imaterial; o exame preliminar em crimes de tóxicos; a repre- A sua titularidade também compete ao Ministério Público, que
sentação do ofendido etc. o faz por meio de denúncia. A diferença é que, enquanto na ação
pública incondicionada não carece o MP de qualquer autorização,
na condicionada fica o órgão ministerial subordinado justamente
Classificação das ações penais. A classificação das ações pe-
a uma autorização prévia que se faz por meio de representação/
nais observa, em regra, o titular para sua propositura.
requisição.
Os princípios que norteiam esta espécie de ação são os mes-
a) Ação penal pública. A peça através da qual se dá origem mos da ação penal pública incondicionada.
à ação penal pública é a denúncia. São espécies de ação penal pú- Com efeito, há se estudar algumas questões pertinentes à re-
blica: presentação do ofendido e à requisição do Ministro da Justiça:
A) Representação do ofendido. É a manifestação do ofendi-
- Ação penal pública incondicionada. É a regra no ordena- do ou de seu representante legal no sentido de que tem interesse
mento processual penal. Para que ação penal seja de outra espécie, na persecução penal do fato delituoso. Ela deve ser oferecida por
isso deve estar expressamente previsto. Se não houver previsão pessoa maior de dezoito anos através de advogado, ou, se menor
diversa, entende-se pública a ação penal. de dezoito anos, é o representante legal deste quem procura um
Com efeito, a titularidade da ação penal pública incondicio- advogado para que o faça. Se houver colisão de interesses entre o
nada é do Ministério Público, com supedâneo no art. 129, I, da menor e seu representante, nomeia-se curador especial, na forma
Constituição Federal, que a exercerá por meio de denúncia, como do art. 33, do Código de Processo Penal.
Ademais, com supedâneo no primeiro parágrafo, do art. 24,
já dito.
CPP, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente
São princípios aplicados à ação penal pública incondicionada: por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge
A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do sistema (ou convivente), ao ascendente, ao descendente, ou irmão;
acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de ofício. O juiz B) Natureza jurídica da representação do ofendido. Em regra,
precisa ser provocado, para sair de sua posição estática, inerte; a representação funciona como condição específica de procedibi-
B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá condena- lidade aos processos que ainda não tiveram início. Agora, se o
ção por crime a que já tenha sido condenado. Logo, ninguém pode processo já está em andamento, aí a representação passa a ser uma
ser processado duas vezes pela mesma imputação, conforme cons- condição de prosseguibilidade da ação penal, já que, para que o
ta do art. 8º, n. 4, da Convenção Americana de Direitos Humanos; processo prossiga, uma condição superveniente tem de ser sanada;
C) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode pas- C) Forma da representação do ofendido. Trata-se de peça sem
sar da pessoa do autor do delito; rigor formal, bastando que fique devidamente demonstrado o in-
D) Princípio da obrigatoriedade (ou da legalidade proces- teresse da vítima ou de seu representante legal em representar o
sual). Por tal, presentes as condições da ação, o Ministério Público ofensor. Conforme o art. 39, da Lei Adjetiva Penal, o direito de
representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procura-
é obrigado a oferecer denúncia. As exceções a tal princípio são
dor com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral,
as hipóteses de transação penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95), de feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade po-
acordo de leniência (art. 35, da Lei nº 8.884/94), de termo de ajus- licial. Ato contínuo, o primeiro parágrafo do mencionado disposi-
tamento de conduta em crimes ambientais, e de parcelamento do tivo prevê que a representação feita oralmente ou por escrito, sem
débito tributário; assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu represen-
E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério Público é tante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou
obrigado a oferecer denúncia, não pode, consequencialmente, de- autoridade policial, presente o órgão do MP, quando a este houver
sistir da ação penal pública (art. 42, CPP). A exceção a tal princípio sido dirigida. Por fim, o parágrafo segundo do art. 39 prevê que a
é a suspensão condicional do processo, prevista no art. 89, da Lei representação conterá todas as informações que possam servir à
nº 9.099/95, na qual, enquanto em período de cumprimento das apuração do fato e da autoria;
condições impostas ao acusado, ficam os agentes estatais inertes D) Direcionamento da representação. É feita à autoridade po-
quanto à continuidade da persecução criminal; licial, ao Ministério Público, ou ao juiz, pessoalmente ou por re-
F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais superiores, o presente com procuração atribuidora de poderes especiais para tal;
E) Prazo para oferecimento da representação. Assim como a
Ministério Público pode denunciar alguns dos corréus, sem prejuí-
queixa-crime, a representação está sujeita ao prazo decadencial de
zo do prosseguimento das investigações em relação aos demais.
seis meses, em regra contados do conhecimento da autoria. Trata-
Há quem entenda, todavia, que havendo elementos de informação, se de prazo penal, isto é, o dia do início é contabilizado (art. 10,
o Ministério Público é obrigado a denunciar todos os suspeitos, de CP);
modo que o princípio aplicável à ação penal pública seria o “da F) Retratação da representação. Depois de oferecida a denún-
indivisibilidade”, e não o “da divisibilidade”. cia, não é mais possível retratar-se da representação. Eis o teor do
Prevalece, contudo, na doutrina e na jurisprudência, que em art. 25, do Código de Processo Penal;
sede de ação penal pública o que vale é o “Princípio da Divisibili- G) Retratação da retratação da representação. Trata-se de
dade”, razão pela qual foi aqui incluído; uma nova representação, ou seja, o agente representou, se retratou,
G) Princípio da oficiosidade. O Ministério Público não neces- e então se retrata da retratação. Ela é possível, desde que dentro do
sita qualquer autorização para oferecer denúncia. prazo decadencial de seis meses já falado;

Didatismo e Conhecimento 9
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H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja Dentro de tal postulado, há se estudar dois institutos, a saber,
representação. A representação oferecida não vincula o agente mi- o perdão da vítima e a perempção.
nisterial a oferecer denúncia se averiguar que o fato descrito não O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo impu-
constitui delito, ou, ainda que constitua, não mais é possível sua tado (ao contrário da renúncia, que é ato unilateral), ocorre quan-
punibilidade; do já instaurado o processo (isto é, não é pré-processual como a
I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição específica renúncia), é irretratável, pode ser expresso ou tácito (o silêncio
de procedibilidade (ex.: crimes contra a honra do Presidente da do acusado, de acordo com o art. 58, CPP, implica aceitação do
República, nos moldes do art. 145, CP). Trata-se, essencialmente, perdão), processual ou extrajudicial (de acordo com o art. 59, CPP,
de ato político praticado pelo Ministro da Justiça, endereçado ao a aceitação do perdão fora do processo constará de declaração as-
Ministério Público na figura de seu Procurador Geral; sinada pelo querelado, ou por seu representante legal, ou por pro-
J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a prazo curador com poderes especiais), e pode ser ofertado até o trânsito
decadencial? Não. O crime contra o qual se exige a requisição está em julgado da sentença final.
sujeito à prescrição, mas a requisição do Ministro da Justiça não se
Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a desídia do
sujeita a prazo decadencial;
querelante quando, iniciada a ação penal, deixa de promover o an-
K) Possibilidade de retratação da requisição. Há divergência
damento do processo durante trinta dias seguidos (inciso I); quan-
na doutrina. Para uma primeira corrente, não se admite retratação
do, falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não
da requisição, justamente pela grande natureza política que este
ato importa; para uma segunda corrente, essa retratação é, sim, ad- comparece em juízo para prosseguir no processo dentro do prazo
mitida, desde que feita antes do oferecimento da peça acusatória; de sessenta dias qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (res-
L) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja re- salvado o disposto no art. 36, CPP) (inciso II); quando o querelante
quisição. Vale o mesmo que foi dito para a representação. deixa de comparecer sem motivo justificado a qualquer ato do pro-
cesso a que deva estar presente (inciso III, primeira parte); quando
b) Ação penal de iniciativa privada. Trata-se de oportunida- o querelante deixa de formular o pedido de condenação nas alega-
de conferida ao ofendido de oferecer queixa-crime caso entenda ções finais (inciso III, segunda parte); quando, sendo o querelante
ter sido vítima de delito. Vale dizer que, como a regra no silêncio pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor (inciso IV);
do legislador é a ação penal pública incondicionada, para que a F) Princípio da indivisibilidade. O processo de um obriga ao
ação penal seja de iniciativa privada deve haver previsão legal nes- processo de todos. Portanto, se o querelante renuncia ao direito de
te sentido. São espécies de ação penal de iniciativa privada: queixa em relação a um dos ofensores, isto se estende aos demais.
Eis o teor que se pode extrair do art. 48, do Código de Processo
- Ação penal exclusivamente privada. É possível sucessão Penal. Da mesma maneira, o perdão dado a um dos ofensores se
processual, já que, apesar de competir ao ofendido a iniciativa de estende aos demais querelados, desde que estes também aceitem-
manejo, o art. 31, CPP permite que cônjuge (ou convivente), as- no (art. 51, CPP).
cendente, descendente ou irmão nela prossigam no caso de morte O “fiscal” desse princípio será o Ministério Público, nos ter-
do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial. mos do art. 48, CPP, o qual velará pela indivisibilidade da ação
São princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente priva- penal.
da:
A) Princípio da inércia da jurisdição. Também aplicado à - Ação penal privada personalíssima. Não é possível a su-
ação penal pública, já foi devidamente explicado; cessão processual. No caso de morte da vítima, extingue-se a puni-
B) Princípio do “ne bis in idem”. Também aplicado à ação bilidade por não admitir sucessão (ex: o delito previsto no art. 236,
penal pública, já foi devidamente explicado; do Código Penal).
C) Princípio da intranscendência. Também aplicado à ação Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente privada
penal pública, já foi devidamente explicado;
também se aplicam à ação penal privada personalíssima.
D) Princípio da oportunidade (ou princípio da conveniência).
Mediante critérios de oportunidade ou conveniência, o ofendido
- Ação penal privada subsidiária da pública (ou ação penal
pode optar pelo oferecimento ou não da queixa.
privada supletiva). Somente é cabível diante da inércia delibera-
Dentro de tal princípio, há se estudar o instituto da renúncia,
através do qual a vítima (ou seu representante legal ou procurador da do Ministério Público.
com poderes especiais) demonstra seu desejo, de maneira expres- De acordo com o inciso LIX, do art. 5º, da Constituição Fede-
sa (quando o faz explícita e deliberadamente mediante declaração ral, será admitida ação penal privada nos crimes de ação pública,
assinada) ou tácita (quando tem condutas incompatíveis com seu se esta não for intentada no prazo legal. Em mesmo sentido, o art.
desejo de processar o ofensor, como manter com ele relações ami- 29, da Lei Adjetiva Penal, regulamenta o preceito constitucional e
gáveis, p. ex.), de não exercer a ação. prevê que será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
A renúncia é instituto pré-processual, e uma vez realizada não se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
admite retratação; Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitu-
E) Princípio da disponibilidade. Se a ação penal de iniciativa tiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos
privada está sujeita a critérios de oportunidade e conveniência, dela de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência
poderá dispor o querelante, que pode fazê-lo por perdão do ofendi- do querelante, retomar a ação como parte principal (o terceiro
do ou por perempção (perda do direito de prosseguir no exercício parágrafo, do art. 100, CP, também trata da ação penal privada
da ação penal privada em virtude da desídia do querelante). supletiva que aqui se estuda).

Didatismo e Conhecimento 10
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Vale lembrar que, para caber tal ação, é necessária delibera- Art. 32.  Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento
da desídia do agente do Ministério Público. Caso tal membro não da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para
tenha ofertado denúncia porque entendeu não ser o caso, desauto- promover a ação penal.
rizado fica o agente ofendido a manejar a ação privada subsidiária § 1o  Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às
da pública. despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis
Vale lembrar por fim que, caso o Ministério Público retome a ao próprio sustento ou da família.
ação penal manejada pelo querelante subsidiário por negligência § 2o  Será prova suficiente de pobreza o atestado da autorida-
deste, a doutrina costuma designar tal retomada de “ação penal
de policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
indireta”.
       
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente
contidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou
versam sobre o tema “Da Ação Penal”: colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa
poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou
TÍTULO III a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para
DA AÇÃO PENAL o processo penal.
               
Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por Art. 34.  Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos,
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o
o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu repre-
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. sentante legal.
§ 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado au-         
sente por decisão judicial, o direito de representação passará ao Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.          
§ 2o  Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento Art. 36.  Se comparecer mais de uma pessoa com direito de
do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais
penal será pública. próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo,
        entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante
Art. 25.  A representação será irretratável, depois de ofereci- desista da instância ou a abandone.
da a denúncia.
       
       
Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o Art. 37.  As fundações, associações ou sociedades legalmente
auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser represen-
autoridade judiciária ou policial. tadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem
         ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Art. 27.  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciati-        
va do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, Art. 38.  Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e representante legal, decairá no direito de queixa ou de represen-
indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. tação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do
         dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da
sentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial
denúncia.
ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de conside-
rar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito Parágrafo único.  Verificar-se-á a decadência do direito de
ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para ofe- arts. 24, parágrafo único, e 31.
recê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender. Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pes-
Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pú- soalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante
blica, se esta

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