Esquisofrenia e Crime - Univ Porto
Esquisofrenia e Crime - Univ Porto
Esquisofrenia e Crime - Univ Porto
Faculdade de Medicina
Esquizofrenia e Crime
Contributo para o estudo da agressividade dos
Inimputáveis Perigosos
Modestinus, Herennius
(Jurisconsulto romano, Sec. Ill d. C.)
Ao Professor António Pacheco Palha, pela assertiva confiança que sempre soube
transmitir
Ao Fernando, à Matilde e ao Guilherme
A todos os esquizofrénicos inimputáveis a cumprir medida de segurança
AGRADECIMENTOS
Correndo o esperado risco de omissão, pelo que desde já agradeço aos que
sabem ter estado directa ou indirectamente presentes neste trabalho, gostaria de
formular os seguintes agradecimentos:
Ao Director, Ex.mo Sr. Dr. Jorge Morais e à Ex.ma Sr.a Dr.a Gina Rodrigues,
Adjunta do Director, do EP de Santa Cruz do Bispo, pela disponibilidade imediata e
contínua,
PREAMBULO 5
INTRODUÇÃO 7
CAPITULO 1 7
3. DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA 14
5. SÍNTESE 16
CAPITULOU 17
3. R i s c o DE VIOLÊNCIA N A SOCIEDADE 30
4. SÍNTESE 31
CAPITULO III 33
1.1. D E M Ê N C I A 34
1.2. ESQUIZOFRENIA 35
2. CARACTERÍSTICAS CLINICAS 38
2.3. INSIGHT 42
4.2 A B U S O D E SUBSTANCIAS 49
5. SÍNTESE 53
CAPITULO IV 56
7. PERIGOSIDADE 66
9. D A PERIGOSIDADE AO RISCO 72
10. SÍNTESE 76
TRABALHO PRÁTICO 78
1. OBJECTIVO 78
2. MATERIAL E MÉTODO 79
2.2. INSTRUMENTOS 80
3. MÉTODO ESTATÍSTICO 85
4. RESULTADOS 86
4.2 ESCALAS 96
5. DISCUSSÃO 130
ANEXOS 163
PREÂMBULO
Seria hoje em início de século, e sempre, tão arbitrário supor que todo o crime é sinal
inequívoco de doença psíquica, como deixar de considerar o crime de um doente mental
relacionado com a sua patologia. Os crimes dos doentes convertem-se em sintomas
psicopatológicos que têm a sua própria patomorfia, coincidente com a patomorfia da
perturbação em causa (Aranzadi, 1999). Então colocam-se duas questões essenciais:
Embora a resposta à primeira questão (tal qual está formulada) seja negativa, já no que
respeita à segunda não existem certezas em resposta. Considera-se que determinados crimes,
embora não sendo específicos, são típicos de determinadas perturbações (Arazandi, 1999). A
moderna Criminologia concede escasso relevo às alterações psicopatológicas como causa de
crime, pelo que parece importante retomar uma abordagem destes casos no âmbito da
psicopatologia criminal, sendo crescente a importância da Psiquiatria Forense. A perturbação
psiquiátrica de base a este estudo - a esquizofrenia - é, sem dúvida, aquela que mais se afasta
da norma (Matos e col., 2003a). É o paradigma psiquiátrico, que atribui a quem dela padece
um carácter único de não pertença do pensamento e desde logo, a privação da liberdade
psíquica do indivíduo (Vieira, 2002), com todas as implicações legais inerentes a esse facto,
mais concretamente ao nível criminal.
Este trabalho encontra-se contextualizado, sendo que o seu principal objectivo consiste
em estudar, em doentes esquizofrénicos inimputáveis perigosos a cumprir medida de
segurança, as características do crime e a psicopatologia relativa a cada doente e a possível
relação entre ambas. Pretende-se compreender melhor estes actos agressivos, quando relativos
a uma descompensação psicopatológica esquizofrénica, que constituem actos ilícitos
tipificados como crimes no Código Penal Português, sobre os quais não se pode formular um
juízo de culpa mas apenas um juízo de perigosidade. Por este facto é-lhes decretado o
internamento para tratamento até extinção do perigo, por vezes durante uma vida, derivando
daí o que se denomina de "duplo estigma" (louco e perigoso).
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
CLASSD7ICAÇÕES POSSÍVEIS
Neste contexto têm surgido cada vez mais estudos sobre a agressividade e violência
nas perturbações psiquiátricas. Um dos principais problemas deste tipo de investigação
prende-se com a definição das variáveis dependentes. Existe actualmente um número
crescente de novos dados relativamente à neuroquímica, psicofarmacologia, neurofisiologia, e
outros aspectos biológicos do comportamento violento (Stein e col., 1998). A definição destas
variáveis biológicas independentes é bastante mais explícita e óbvia do que a definição e
classificação das variáveis dependentes, que determinam a violência ou a agressividade no
homem, mais concretamente no doente psiquiátrico. Pelo facto do comportamento violento ou
agressivo poder ter inúmeras causas, manifestações, impactos e consequências, não
surpreende que peritos de áreas tão díspares como antropólogos, sociólogos, psicólogos,
psiquiatras, criminologistas, juristas, advogados e autoridades policiais tenham tentado definir
e classificar este fenómeno.
Violência poderá ser definida como uma força brutal que é infligida a alguém e
também o acto pelo qual se exerce essa força. Esta definição introduz o conceito de agressão,
o qual se reporta em primeiro lugar à terminologia jurídica e às suas implicações práticas e
clínicas. Por outro lado, a agressividade conceptualiza um estado, uma tendência, uma
qualidade de todos os seres vivos sobretudo do Homem quando sujeito a certos tipos de
ameaças. Mas serão consensuais, a existirem como unas, as definições de agressão,
agressividade e violência?
campo biológico e exprimindo-o, tese que para a maioria dos antropólogos e sociólogos é no
mínimo discutível. Para estes levanta-se a dúvida sobre se a agressividade não seria de origem
fundamentalmente social, uma resposta à frustração causada pela vida social e suas
necessidades. Este autor considerava que a discussão sobre agressividade teria que assentar no
culturalismo, e que qualquer ponto de vista adoptado teria que reconhecer as contribuições da
antropologia para o conhecimento dos comportamentos agressivos. Classificava vários tipos
de manifestações de agressividade: canalizada (utilização que os grupos propõem,
habitualmente: trabalho, ambição, etc.), desviada (comportamentos projectivos; constituição
de um inimigo ou de um bode expiatório; também sob a forma de ritos ou mitos, crença de
espíritos, etc.) ou reprimida (comportamentos responsáveis por repelir a agressividade).
Entendia que muitos comportamentos sociais generalizados como os regidos pela instituição
jurídica ou a ritualização religiosa e costumes de "boa educação", não são senão precauções
tomadas pelos grupos contra a agressividade individual, desaprovada, temida e retribuída; o
papel social da piedade, da cortesia, da "bondade", ou ainda da actividade, da curiosidade, da
preocupação com a eficácia. Desta forma revelar-se-ia a capacidade cultural da agressividade
dirigida contra o próximo.
Existem, também, os que advogam a agressividade como sendo o resultado dos traços
de personalidade, os quais são produzidos tanto pela hereditariedade biológica de cada um
como pelo que aconteceu em determinados estádios críticos do desenvolvimento inicial da
pessoa. Segundo esta escola, que se inspira nas investigações do etólogo Lorenz todos
nascemos com um instinto agressivo, que nem sempre aprendemos a controlar, tendo a
tendência para a violência alcançado o máximo nos seres humanos (Raymond, 1990). A
análise da violência no indivíduo implicaria uma dupla distinção entre agressividade e
agressão. Segundo ele, a agressividade é um instinto normal do ser humano ao serviço da sua
vida individual e da sobrevivência da espécie como qualquer outro instinto. Deste modo,
permite ao homem contemporâneo a progressão na hierarquia profissional e social. É uma
disposição útil e reguladora do ser humano enquanto ser social. Em contraste, a agressão é um
acto caracterizado pela violência que lhe está implícita. A agressividade só é perigosa quando
se converte em agressão, existindo a vontade de prejudicar o outro. A segunda diferença
essencial refere-se ás lutas interespécies onde, segundo Lorenz, não se pode falar em actos de
violência: o predador que mata uma presa de outra espécie utiliza a sua agressividade e o acto
de agressão ao serviço do instinto de conservação, enquanto que a violência é a luta entre
3. DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA
Violência, do latim violentia, que deriva de vis, força (Logos, 1997). A violência
consiste no uso da força (não apenas na força física) que se opõe a algo ou alguém
(dinamismo natural, tendência, vontade). Por outro lado é a "força física ou moral que se
emprega abusivamente contra alguém ou contra um direito natural de outrem; acto violento;
brutalidade", sendo violento aquele que "age ou se comporta de um modo agressivo, coagindo
física ou psicologicamente; aquele que tem ou denota violência, que é agressivo, colérico,
feroz, tempestuoso" (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, 2001). Segundo as
finalidades, os meios utilizados, etc., podem distinguir-se diversos tipos de violência. Alguns
autores admitem a existência de violência legítima ou pelo menos legal, na qual o Estado é
definido como o detentor do monopólio da violência legítima, mas talvez seja preferível usar
nesse caso o termo força, - no legítimo recurso à força para fazer vingar um direito consiste a
coactividade do mesmo direito - uma vez que o núcleo da problemática da violência se situa
precisamente no binómio força-razão (Macedo, 1987).
A noção de violência como realidade social, a certeza da sua utilização imediata como
processo usado por uns, sobre outros, para imporem um objectivo, é tão antiga como a
existência histórica do Homem e reveste uma extensa graduação de amplitude e área. Os
meios de a exercer são também variáveis, assim como os efeitos, conforme as civilizações e
os conceitos de medo, pressão, subserviência, ou os recursos disponíveis que nela se
formulam ou se ordenam. São também diversas as justificações a que recorrem, embora a
necessidade destas últimas nem sempre se verifiquem. Decerto que a violência pressupõe
interesses ou causas imediatas, que a usam para se imporem no campo onde se verifica
qualquer desafio. No domínio prático, a ideia de violência, como explicação do
comportamento humano, deu resultados que a revelavam como uma mera justificação
ideológica de actos que visavam a conquista do poder imediato. Violência é pois, primeiro
que tudo, a intervenção a partir do exterior, de uma vontade humana - individuai ou de grupo
- que procura sobrepor-se a uma outra ordem de existência, de forma a alterar uma situação,
modificar um comportamento de uma pessoa ou conjunto de pessoas, ou, simplesmente, para
5. SÍNTESE
Pela breve revisão que efectuámos, podemos considerar a agressividade como sendo
um conjunto de comportamentos com uma etiopatogenia que está, indubitavelmente,
associada a uma multiplicidade de factores. Como reflexo da sua natureza multidimensional
tem sido definida como: um traço de personalidade, um hábito aprendido, um processo
biológico, um reflexo estereotipado, uma resposta física ou verbal observável. A sua origem
pode ser constitucional ou adquirida, encontrando-se, neste último caso, entre os factores
condicionantes mais frequentes a existência de perturbações emocionais e a acção de
substâncias tóxicas, como álcool e drogas (Bergeman & Seroczynski, 1998). Mas também
pode ser um sintoma de perturbações psiquiátricas, sobretudo de diversas formas de psicoses
(Medina, 1994; Gisbert e col., 1995a; Skodal, 1998; Taborda e col., 2003). A maioria dos
autores distingue entre autoagressividade (dirigida contra o próprio), e heteroagressividade
(dirigida contra os outros) (Medina, 1994; Gisbert e col., 1995a; Skodol, 1998).
Agressividade, hostilidade e impulsividade são conceitos inegavelmente
interpenetráveis, e dependendo da contextualização que lhes é dada, indissociáveis, Optámos,
no entanto, por considerá-las entidades independentes pois, contrariamente à primeira, as duas
últimas não implicam necessariamente um comportamento violento. Os termos agressivo e
violento terão o mesmo significado ao longo deste trabalho, embora subsista a ausência de
aquiescência acerca da sua utilização no que refere aos comportamentos humanos. Interessa-
nos sobretudo a violência no sentido ético-jurídico. É o não razoável, irredutível ao discurso.
Consideramos que o acto agressivo, ou violento, é aquele que ofende bens jurídicos
penalmente protegidos. No entanto, definir agressão e violência torna-se um exercício
frustrante e desconhece-se como existente a definição perfeita ou mesmo consensual.
CAPÍTULO II
A existência de uma relação entre patologia mental e violência é conhecida e tem sido
debatida ao longo da história da Psiquiatria. No entanto, como área de investigação é recente,
complexa e controversa (Asnis e col., 1997; Monahan, 1992). A imagem do louco que comete
um crime violento, sem razão aparente, tem sido muito difundida pelos meios de comunicação
social de alguns países nomeadamente Inglaterra e EUA que fazem eco de alguns crimes
espectaculares, entre eles os denominados "White House Case Studies" sobre indivíduos que
atentam sobre a vida de Presidente e outras figuras da política americana (Shore e col., 1988;
Wessely, 1997; Soyka, 2000). Contudo, e até há relativamente pouco tempo, muitos autores
não aceitavam que pudesse existir uma correlação positiva entre violência e perturbação
mental. As conclusões dos estudos que têm tentado estabelecer uma relação entre
esquizofrenia e comportamento violento alteraram-se ao longo das últimas décadas do século
vinte. Até á primeira metade da década de 80 do século XX, o consenso era que os indivíduos
com o diagnóstico de perturbação mental major (esquizofrenia, perturbações afectivas major,
outras perturbações psicóticas), não tinham maior probabilidade de praticar um acto criminal
violento relativamente à população geral, argumentando que ao serem utilizados grupos de
controlo estatisticamente apropriados para as variáveis sócio-demográficas, esse vínculo de
imediato desapareceria (Monahan, 1992). Até então, e devido à metodologia que, além de ser
exclusivamente utilizada em estudos de doentes violentos ou indivíduos detidos, primava pela
Têm sido utilizadas três tipos de abordagens para avaliar a associação entre
esquizofrenia e violência (Walsh e col., 2002), que se consubstanciam em estudos de
prevalência de:
ESTUDOS TRANSVERSAIS
significativamente mais prováveis de terem uma condenação criminal, por qualquer um dos
vários tipos de ofensas, do que a população geral, com excepção do crime de ofensas sexuais.
O número elevado de condenações nos indivíduos com esquizofrenia em 1985, comparado
com o grupo de 1975, reflectiria muito provavelmente o aumento global das ofensas criminais
em indivíduos da população geral, controlados para a idade, sexo e local de residência. Assim
a focalização das atenções na comunidade, no que respeita à saúde mental, não foi assinalada
por qualquer alteração significativa na incidência de condenações criminais na esquizofrenia.
E S T U D O S D E C O O R T E D E N A S C I M E N T O S ( U N S E L E C T E D BIRTH C O H O R T )
ACTOS VIOLENTOS
realizada na população geral (Robins & Regier, 1991). A prevalência da esquizofrenia nos
detidos surge estimada em 2,7%, sendo este um número 3 vezes superior ao da população
geral (0,91%), após controle das variáveis sócio-demográficas, enquanto que a prevalência da
depressão major foi 3,5 vezes superior e a da mania ou da perturbação bipolar foi 14 vezes
superior, em comparação com a população geral. O predomínio do conjunto das perturbações
mentais graves era pelo menos 2 a 3 vezes mais elevada nos detidos que na população geral.
No que respeita somente ao diagnóstico de psicose, os resultados dos estudos variam entre 3 e
5% no conjunto dos detidos, dependendo da associação dos sectores de psiquiatria no meio
penitenciário e consequente inclusão de inimputáveis no estudo (Macheret-Christe &
Gravier, 2001).
Um estudo de prevalência das perturbações mentais em homicidas que incluiu todos os
indivíduos condenados por este crime no período de Junho de 1990 a Maio de 1991 (Tiihonen
e col., 1993), verificou que a esquizofrenia era 6,5 vezes mais prevalente nos homens e 15
vezes mais na mulher e no que respeita às perturbações afectivas a prevalência era de 1,8 para
os homens e idêntica na mulher, relativamente à população geral. Observou-se a existência de
forte associação de alcoolismo e personalidade antisocial com homicídio. Eronen e col.
(1996a), num estudo retrospectivo sobre perturbações mentais e comportamento homicida na
Finlândia, examinaram os dados relativos a 693 homicídios de um total de 994 ocorridos num
período de 8 anos. Verificaram que o diagnóstico de esquizofrenia estava associado com um
risco de homicídio 8 vezes superior para os homens e 6,5 para as mulheres. A personalidade
antisocial ou alcoolismo elevaram, nos homens, esta probabilidade para valores superiores a
10 (OR=ll,7; OR=10,7, respectivamente). Nas mulheres com estes diagnósticos
psicopatológicos, a probabilidade subiu para valores significativamente superiores (OR=53,8;
OR=37,7). Estes dados têm que ser interpretados atendendo ao facto de, em geral, o risco de
uma mulher cometer um homicídio ser francamente menor do que o risco para o mesmo acto
violento associado ao homem. Não foi estabelecida associação estatística (OR<5,0) entre
perturbação mental e homicídio nos doentes com os diagnósticos de perturbações afectivas
major, distimia, perturbações da ansiedade e atraso mental. No que respeita aos valores
encontrados nos doentes com esquizofrenia, os autores concluíram que estes não deverão ser,
na globalidade, considerados violentos, embora realcem que em subgrupos de doentes com
esta patologia o risco para actos de violência seja extremamente elevado (Eronen e col.,
1996b). Daí a necessidade de identificar estes subgrupos, considerando que antecedentes de
A maioria dos estudos, ao longo das últimas duas décadas, tem demonstrado uma
associação estatística entre esquizofrenia e violência. Embora utilizando diferentes
metodologias, a consistência dos dados encontrados ao longo de estudos tão diversos impõe-
se a uma eventual fraqueza metodológica de cada um (Walsh e col., 2002).
tempo. As fontes nomeadas pelos doentes poderão não ser as mais adequadas, ou poderão não
estar a par de eventuais incidentes violentos, e os registos clínicos tem uma utilidade limitada
visto se encontrarem, muitas vezes, incompletos.
No que respeita a contactos policiais ou registos criminais, a proporção de casos
violentos que levam à participação criminal, dedução de acusação ou aplicação de pena de
prisão variam em função da intensidade e qualidade do policiamento, comportamento do
suspeito, disponibilidade de recorrer ao sistema de saúde mental e à gravidade da ofensa. O
registo criminal é muito usado como fonte de informação nestes estudos, mas uma
percentagem significativa de indivíduos violentos não são condenados (Bénézech e col.,
2002), além de que convém não esquecer as chamadas cifras negras, como são denominados
os crimes não denunciados. Os doentes mentais, pela prática de crimes de menor gravidade
tendem a ser orientados para os sistemas de saúde. É a já referida "psiquiatrização do
comportamento violento criminal" (Modestin, 1998). Assim, é provável que só os crimes
mais graves originem uma posterior condenação. Por esta razão, a associação entre
esquizofrenia e formas minor de violência é impossível de determinar através desta fonte.
Para as ofensas mais graves, como o homicídio, existe maior probabilidade dos indivíduos
serem levados a tribunal e condenados, justificando a consulta de registos criminais. A recente
utilização da combinação de múltiplos métodos de determinação de violência tornou visível
as limitações da maioria dos estudos recentes que se basearam num único método.
Steadman e col. (1998) utilizaram registos de esquadras policiais (autos de ocorrência,
detenções) e hospitais (consultas, internamentos), auto-descrições e informações de colaterais
para recolha de informação relativa a actos violentos. A prevalência de violência num período
de um ano foi de 4,5% utilizando os primeiros, 23,7% quando se associada à informação
prévia à proveniente de auto-descrições de actos violentos e 27,5% quando finalmente
utilizavam, além das referidas, informações provenientes de colaterais. Assim, obtiveram uma
prevalência final 6 vezes superior à estimada utilizando apenas os registos de esquadras e
hospitais.
Mulvey e col., 1994 (cit. in Bénézech e col., 2002), elaboraram um estudo no qual
compararam a magnitude da violência quando eram utilizadas diferentes fontes. Concluíram,
tal com num estudo prévio (Elliot e col. 1986, cit. in Raymond, 1990), que métodos utilizando
a auto-descrição de violência determinavam de forma consistente, uma mais elevada
frequência de violência do que utilizando apenas a informação constante dos registos oficiais.
Deste modo, para se obterem dados empíricos fiáveis e precisos, é crucial que o estudo se
baseie em auto-descrições conjugadas com dados obtidos através da consulta de registos
oficiais e de informações obtidas através de colaterais (sejam estes ou não familiares do
doente). Um problema inerente ao uso de múltiplas fontes é o fundamento do juízo a ser
efectuado sobre o que se considera ser um episódio de violência e a forma como podem ser
interpretadas as inconsistências eventualmente existentes entre os vários registos ou fontes.
surpreendente são poucos os trabalhos que visam focar uma das questões mais importantes em
termos de saúde pública; a percentagem do risco atribuível numa população {Population-
Attributable Risk per cent - PAR%), ou seja, a percentagem de violência na população que
pode ser atribuível à esquizofrenia e assim passível de ser eliminada se a esquizofrenia fosse
erradicada dessa mesma população (Angermeyer, 2000; Walsh e col., 2002). No estudo
Americano ECA, 2,7% dos indivíduos que tinham tido actos violentos na comunidade durante
um ano eram doentes esquizofrénicos (Swanson et col., 1990). Num estudo coorte Finlandês,
os indivíduos com esquizofrenia contribuíam para 4% dos que tinham cometido um crime
violento (Tiihonen e col., 1997). Num estudo Dinamarquês de coorte de nascimentos, com
follow-up até à idade de 44 anos, 2% de todos os indivíduos de sexo masculino com
antecedentes de detenção por violência e 9% de todos os indivíduos de sexo feminino tinham
o diagnóstico de esquizofrenia. No entanto, quando excluídos aqueles com abuso de
substâncias comórbido estes números caíam para 0,8 para os homens e 6% para as mulheres
(Brennan e col., 2000), pelo que a verdadeira contribuição da esquizofrenia para a ocorrência
de actos violentos permanece ainda indefinível.
4. SÍNTESE
A maioria dos estudos ao longo das últimas duas décadas tem demonstrado uma
associação positiva e estatisticamente significativa entre esquizofrenia e violência. Por este
facto, poder-se-á concluir pela evidência referida nos mesmos, os quais utilizaram diferentes
metodologias, que existe um nexo ou uma relação causal. Contudo, é importante que os
resultados sejam interpretados de forma crítica à luz das limitações inerentes à complexidade
da investigação nesta área.
CAPÍTULO III
PSÍQUICA
1. D A DEMENTIA P R A E C O X À E S Q U I Z O F R E N I A : D E F I N I Ç Ã O E C O N T E X T U A L I Z A Ç Ã O
HISTÓRICA
nos EUA a influência psicanalítica foi afastada, e assim foi aberto caminho para o advento da
psiquiatria biológica (Andreasen & Akiskal, 1983). Mas esta série de eventos não ocorre num
vazio histórico. A definição de esquizofrenia tem bases fenomenológicas, pelo que é
necessário enquadrá-la ao longo do tempo. Poderosas correntes moldaram a construção de
dementia praecox e esquizofrenia durante o século dezanove. A "psicologia do
associativismo " forneceu as bases para a metáfora da "cisão" e a "psicologia das faculdades "
forneceu os critérios (a mente como a conjugação das funções intelectual, emocional e
volitiva) nos termos dos quais foram definidas as novas perturbações mentais (Berrios, 2000).
O "neo-Kantianismo " por seu lado, forneceu um modelo de pensamento que se tornou crucial
para a "perturbação formal do pensamento" - um "sintoma" central de esquizofrenia. Por
último, a "teoria evolucionista " forneceu a conexão explicativa. De acordo com Kraepelin, o
processo de doença subjacente à demência precoce activa uma série de "reacções pré-
formadas" (responsáveis pelo quadro clínico), todas elas de origem biológica e evolutiva
(Raskin, 1975). As ideias sobre os sintomas e perturbações mentais originam-se da
convergência de termos (recentes ou reciclados), comportamentos (putativamente
relacionados com uma perturbação cerebral ou com acções humanas alegóricas) e conceitos
(englobando definições, explicações e regras).
1.1. DEMÊNCIA
1.2. ESQUIZOFRENIA
2. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
rejeitem. Por vezes o modo pelo qual referem a inexistência de lógica do delírio
mostra que o mesmo ainda se mantém vivo.
O mecanismo mental dos delírios permanece por esclarecer. Parece que certas ideias
adquirem atributos que as eximem dos processos normais de validação, e que este facto não
estará relacionado com incapacidade de pensar de forma lógica, podendo coexistir actividade
mental anormal com funções mentais bem integradas (Georgieff, 2001). Mesmo doentes com
sintomas afectando vários domínios da função mental podem ter esta incongruência. Bleuler
(cit. Berrios, 1985), referia que mesmo o esquizofrénico mais demente pode, em determinadas
situações, exibir produtos de elaboração cognitiva de tipo altamente integrado. A adesão às
crenças delirantes, apesar da capacidade para compreender a lógica de um contra-argumento,
cria o que parece ser uma brincadeira com lógica. Nalguns casos os delírios da esquizofrenia
surgem a partir de uma experiência alterada do self ou da realidade externa. Os fenómenos
identificados por Schneider como sintomas de l.a ordem incluem vários sintomas que derivam
de experiências aberrantes de pertença dos próprios pensamentos, vontades, actos, emoções
ou funções corporais, às quais os doentes atribuem influência alienada (Mellor, 1970).
Nalguns casos os delírios podem surgir de um humor delirante, i.e., sentido alterado da
realidade na qual as circunstâncias vivenciadas adquirem uma qualidade transcendental
indefinível.
Embora os delírios dos esquizofrénicos tenham mais caracteristicamente uma
qualidade incongruente, não é incomum a existência de delírios congruentes que são
internamente consistentes e produzem respostas comportamentais previsíveis. Em particular
os delírios persecutórios, que são comuns, podem conduzir a acções defensivas como
barricar-se no quarto, ou ofensivas como o acto extremo de homicídio. Ideias de referência e
delírios de referência são também prevalentes. No International Pilot Study of Schizophrenia
levado a cabo pela Organização Mundial de Saúde (Strauss, 1974), as ideias de referência
ocorreram em 70% dos casos, a desconfiança em 66% e os delírios de perseguição em 64%.
As alucinações podem ocorrer em qualquer tipo sensorial, mas as alucinações
auditivas são as mais prevalentes na esquizofrenia. Ouvir vozes na 3.a pessoas é o mais
específico. É um dos sintomas de l.a ordem de Kurt Schneider. Por vezes tem conteúdo
mundano, outras implicam criticismo. As alucinações na 2.a pessoa também são comuns. No
International Pilot Study of Schizophrenia (cit. Strauss, 1974 & Jablensky e col., 1992), as
vozes que se dirigiam ao doente ocorriam em 65 % dos casos. Eram, na maioria dos casos,
vozes de censura mas também podem ser de conforto ou ambas. Podem emitir ordens às quais
o doente obedece, e por vezes este entra em diálogo com elas. Na fase aguda da doença, as
alucinações auditivas têm a qualidade sensorial das vozes emitidas por fontes do mundo
externo. O doente pode mudar de residência numa tentativa de lhes escapar. Nalguns casos, a
voz é atribuída a um rádio transmissor implantado no corpo, especialmente nos dentes. Na
fase crónica, as vozes são recordadas como vindo de dentro da mente do indivíduo. Para
Kraepelin, estas nem sempre surgem ao doente como sensopercepções; são as "vozes da
consciência"; vozes que não falam por palavras (Liddle, 2000). Estas experiências são
pseudoalucinações, mas continuam a ser uma característica importante nestes doentes. Na
esquizofrenia as alucinações visuais não são tão comuns, mas podem ocorrer. Alucinações
somáticas são também relativamente comuns, e por vezes estão associadas com interpretações
delirantes.
Kurt Schneider identificou um conjunto de fenómenos que ele considerou como
indicativos de esquizofrenia, na ausência de doença cerebral franca. Estes foram denominados
de sintomas de 1. " ordem. Considerou que o diagnóstico não poderia ser efectuado apenas
com um único sintoma, mas não definiu o fenómeno psicótico de modo preciso (0'Grady,
1990). Três destes sintomas (vozes a comentar, a discutir e pensamentos audíveis) envolvem
actividade alucinatória auditiva e os restantes englobam atribuições delirantes a experiências
ou percepções. Embora o próprio Schneider tivesse evitado especular sobre as implicações
teóricas deste fenómeno, é notável que cada um deles envolva uma alteração do sentido de
pertença dos próprios sintomas mentais ou actividade física. Difusão do pensamento, roubo
do pensamento, inserção do pensamento reflectem a experiência da falta de autonomia sobre o
pensamento, enquanto que vontade imposta, actos impostos e passividade somática reflectem
a perda de autonomia sobre a acção, vontade, afectos e funções corporais.
Existem dois aspectos importantes nestes fenómenos: a experiência da perda de
autonomia e a atribuição delirante a uma influência estranha (alienada). A percepção
delirante, da qual resulta uma conclusão inteiramente errónea a partir de uma percepção
normal, ilustra a incongruência entre uma ideia delirante e a actividade mental existente, o
que é característico da esquizofrenia. No entanto, o modo pelo qual as percepções delirantes
por vezes cristalizam partindo de um humor delirante, indica que não é uma matéria de mera
inferência ilógica; a ideia delirante é mais como uma revelação divina (Mellor, 1970).
Também existem alterações que denotam uma utilização não usual da linguagem:
• Metonimias: uso não adequado das palavras.
• Neologismos: palavras novas inventadas pelo doente.
2.3. INSIGHT
International Pilot Study of Schizophrenia (cit. Strauss, 1974) este sintoma foi o mais
prevalente nos doentes esquizofrénicos. Ocorria em cerca de 90% dos casos. Por vezes o
insight é parcial, mesmo quando o doente sabe que sofre de uma doença pode ser incapaz de
aceitar os sintomas psicóticos, como os delírios e alucinações, como manifestações da mesma.
Contribui para a não aceitação de tratamento, mas outros factores como desconhecimento da
doença por falta de informação e medo de efeitos secundários do tratamento podem também
impedir a compliance terapêutica do doente.
Além dos delírios e das alterações da forma do pensamento, podem ocorrer uma série
de défices cognitivos na esquizofrenia. Na fase aguda da doença, são comuns alterações da
atenção associadas com excitação psicomotora e/ou alterações formais do pensamento. Os
défices de atenção podem, também, reflectir preocupação com delírios e alucinações. Durante
a fase crónica da doença, muitos esquizofrénicos apresentam alterações cognitivas
persistentes. Estudos longitudinais de indivíduos que, subsequentemente, desenvolveram
esquizofrenia sugerem que os défices são perceptíveis ainda na infância, podendo ser um
aspecto de predisposição para a doença (Walker & Levine, 1990). As limitações cognitivas
major são as relacionadas com funções executivas, memória de tarefas e memória a longo
prazo. A disfunção executiva inclui incapacidade em elaborar e iniciar planos e seleccionar
actividade mental elaborada (Liddle, 1999). A incapacidade em elaborar e iniciar planos está
associada com a pobreza crónica do discurso, afectos embotados e falta de actividade
expontânea, enquanto que a incapacidade para inibir respostas inapropriadas está associada a
perturbação formal do pensamento.
modelo foi muito influente na psiquiatria francesa, tendo utilizado amplamente a dicotomia
negativo/positivo (Berrios, 1991).
No início do século XX, Kraepelin descreveu "duas perturbações principais que
caracterizavam a loucura (dementia praecox) (...) "um enfraquecimento daqueles sentimentos
e empenhos que continuamente alimentam a fornalha da nossa vontade" (...) "a perda
integrante da compreensão, emoção e vontade" (Berner e col., 1983). Tem sido atribuído a
Bleuler, com a seus sintomas fundamentais e acessórios, uma dicotomia similar à
negativo/positivo. O primeiro envolvia perda de função (em geral, de atenção, volição,
resposta afectiva e associação), e estava sempre presente. O segundo tipo de sintomas
envolvia uma aberração de funções (alucinações, delírios e catatonia), estando presente
apenas nas recaídas graves (McGlashan & Fenton, 1992).
Para Wing (1989), essa discussão de quem introduziu a terminologia positivo/negativo
na psiquiatria é controversa, mas considera que no fim da década de 50, Venables e O'Conner
estavam entre os primeiros na operacionalização do conceito. A distinção entre sintomas
positivos e negativos pode ser observada quando esses investigadores realizaram um estudo
em doentes internados. Utilizando escalas que avaliam o comportamento dos doentes,
identificaram duas formas de esquizofrenia - positiva ou paranóide e negativa ou não
paranóide. Strauss e col., (1974) podem ser considerados como os primeiros investigadores
que utilizaram essa terminologia na esquizofrenia. Obtendo resultados no IPSS
{"International Pilot Study of Schizophrenia"), classificaram os sinais e sintomas
esquizofrénicos em sintomas positivos, negativos e perturbações da relação.
Crow (1980) está entre os primeiros investigadores a articular uma hipótese
compreensiva sobre a relação entre os sintomas positivos e negativos e outras características
fenomenológicas, tais como o funcionamento pré-mórbido, resposta ao tratamento e
mecanismos neuronais subjacentes. A partir de dados obtidos de três estudos realizados no
Departamento de Psiquiatria de Northwick Park, postulou que existiriam dois síndromes -
Tipo I e Tipo II - com processos psicopatológicos diferentes em esquizofrenia (Crow, 1985).
Andreasen, nos EUA (1982), à mesma época desenvolve um instrumento específico (The
Scale for Assessment of Negative Symptoms - Escala para Avaliação de Sintomas Negativos -
SANS), para avaliar, do forma fiável, os sintomas negativos. Além do afecto embotado e
pobreza de linguagem, foram incluídos os seguintes sintomas: abulia e apatia, anedonia e
insociabilidade e prejuízo da atenção. Andreasen & Olsen (1982), propuseram dividir a
esquizofrenia em três subgrupos: negativo, misto e positivo e testaram essa teoria num estudo
transversal de 52 doentes esquizofrénicos hospitalizados. Posteriormente, Andreasen e col.,
(1990), reexaminaram a validade da subdivisão de esquizofrenia em sub-tipos positivo e
negativo, e ao verificar a tendência para a classificação no grupo misto, sugeriram a
necessidade de melhorar a avaliação fenomenológica para fortalecer a associação entre o
quadro clínico e os mecanismos neurológicos subjacentes.
Esta ampliação de Andreasen (1982) dos sintomas negativos foi criticada por Crow
(1985), pois incluía uma grande parte de características que seriam consequências da própria
doença. Carpenter e col., (1988) apontam para a necessidade de uma cuidadosa delineação da
terminologia. Primeiro, seria necessário diferenciar perturbações da relação e sintomas
negativos, isolamento social não seria uma medida directa desse sintomas, podendo ser a
evolução complexa de vários sintomas esquizofrénicas. Segundo, comportamentos e
experiências internas considerados como sintomas negativos podem ser primários ou
secundários a efeitos de drogas, humor disfórico, redução dos estímulos durante uma
descompensação psicótica (auto - protecção) e também ausência de estímulos sociais. Os
autores consideram que o termo "sintomas negativos" deve ser utilizado como um termo
descritivo, sem relação com causa, estabilidade ou duração. Os sintomas negativos que estão
presentes como traços duradouros, e que não são considerados secundários, devem ser
denominados de sintomas deficitários. Esses deverão estar presentes durante e entre os
episódios de exacerbação dos sintomas positivos, não têm relação com a medicação do doente
e não respondem a fármacos anticolinérgicos e à suspensão da medicação antipsicótica.
Como a dicotomia positivo/negativo não engloba toda a fenomenologia da
esquizofrenia - a maioria dos doentes apresentam um síndrome misto, o critério para
síndrome positivo e negativo é muito variável e há dificuldade na diferenciação entre
sintomas negativos primários e secundários - têm surgido outras classificações. Através da
técnica factorial, vários investigadores analisam as correlações entre os sintomas de doentes
com esquizofrenia e foram propostos vários modelos, com três factores (Liddle, 1987;
Mortimer e col., 1990; Thompson & Meltzer, 1993; Arndt e col., 1991), cinco factores
(Lindenmayer e col., 1995) e até seis factores (Fredrikson e col., 1997). Nos entanto, esses
resultados são contraditórios e as diferenças podem estar relacionadas com vários factores
(heterogeneidade da amostra, tipos de análise estatística diferentes e ou inadequadas, etc.) e,
consequentemente, a sua consistência e validade são ainda motivo de controvérsia.
CRIMINAL
sido referidas com alguma consistência na literatura. As características típicas são: sexo
masculino, jovens, elevada incidência de "sem-abrigo", maior frequência de sintomas
positivos e menor de sintomas negativos, maior incidência de perturbações afectivas, aumento
da taxa de suicídio, mais refractariedade e não adesão ao tratamento, necessidade de doses
elevadas de medicação antipsicótica, maior taxa de hospitalizações por descompensação
psicopatológica, maior frequência de altas por abandono ou contra opinião médica, menor
idade aquando da primeira hospitalização e subsequente diagnóstico e, por último, elevada
incidência de violência (Scheller-Gilkey e col., 1999).
não têm de facto qualquer relação com um comportamento de abuso das mesmas. Considera-
se necessária a resolução deste problema metodológico em futuros trabalhos.
Swartz e col. (1998) avaliaram uma amostra de 331 doentes internados
compulsivamente (com perturbação psiquiátrica major), no período de tempo que antecedeu à
alta (a maioria com o diagnóstico de esquizofrenia e outras perturbações psicóticas, 26,9 %
com perturbação bipolar e 5,1 % com depressão major). Concluíram que 33,8 % tinha história
de abuso de álcool ou drogas e 17,8 % (n=59) tinha antecedentes de actos violentos graves no
período prévio ao internamento. Num modelo estatístico multivariado os autores examinaram
um número considerável de factores de risco e verificaram que a combinação de abuso de
substâncias e não adesão à terapêutica estava associada, de forma estatisticamente
significativa, com actos violentos graves ocorridos num período de quatro meses antes do
internamento compulsivo. Esta associação manteve-se mesmo após o controle das
características clínicas e de factores económicos e sócio-demográficos. Este estudo foi, no
entanto, incapaz de demonstrar qualquer tipo de associação entre actos violentos graves e
características psicopatológicas inerentes ao diagnóstico de esquizofrenia.
Um outro estudo sobre violência na esquizofrenia foi efectuado com 1136 doentes
com perturbações psiquiátricas major que tinham tido alta recente de um hospital psiquiátrico
de agudos (Steadman e col., 1998). Os autores sugeriram não existir diferenças significativas
entre a prevalência de violência obtida através de auto-descrições e informações de colaterais
e registos policiais e hospitalares, de doentes sem comorbilidade com abuso de substâncias e
os indivíduos que viviam nessa mesma área. A existência de sintomas relacionados com
abuso aumentava de forma significativa a taxa de violência nos dois grupos de estudo:
doentes e grupo controlo. Este estudo confirmou que o abuso de substâncias é um factor de
risco importante para a ocorrência de violência em doentes com perturbações mentais major,
especialmente na esquizofrenia. No entanto, dever-se-á referir uma limitação metodológica
importante inerente a este estudo, tendo em conta as características da amostra, visto incluir
um elevado número de doentes com comorbilidade (37,6 %) o que poderá justificar a elevada
prevalência de violência encontrada.
Os dados mais consistentes surgem de um estudo ÚQ follow-up de 26 anos de um
coorte randomizado de nascimentos (n=1107) na Finlândia (Rasanen e col., 1998). Os
indivíduos do sexo masculino que apresentavam, além de esquizofrenia, o diagnóstico de
abuso de álcool, tinham uma probabilidade aumentada em 25,2 vezes de cometerem um crime
violento relativamente aos indivíduos sem perturbações mentais. O risco para os doentes
esquizofrénicos sem comorbilidade era de 3,6 e para outras psicoses de 7,7. Nenhum dos
doentes com esquizofrenia que não apresentasse comorbilidade com abuso de álcool era
récidivante (>2 crimes) no que respeita ao comportamento violento criminal, mas o risco de
incorrer no comportamento referido em doentes com esquizofrenia e abuso de álcool era de
9,5. Cerca de 1/5 dos doentes do sexo masculino com esquizofrenia era dependente de álcool
antes dos 27 anos de idade, e eram sete vezes mais prováveis de cometer um crime violento
que outros doentes com esquizofrenia sem esta comorbilidade. Estes valores excediam os de
estudos precedentes (Swanson e col., 1990; Eronen e col., 1996). Contudo, e porque se
mantém elevado o risco de violência nos doentes sem esta comorbilidade, o abuso de
substâncias e álcool poderá actuar apenas como um factor de aumento da probabilidade de
ocorrência da mesma e não como um factor causal independente (Arsenault e col., 2000;
Brennan e col., 2000). Destarte, o risco proveniente do abuso de substâncias poderá ser
meramente aditivo.
5. SÍNTESE
não terminaram, à medida que ainda se anseia pela descoberta de marcadores biológicos desta
perturbação mental. Matos e col. (2003c) arriscam a seguinte definição genérica: "doença
polimórfica, heterogénea e multifactorial que se inicia habitualmente no fim da adolescência
ou início da vida adulta, se manifesta como uma ruptura biográfica ou do desenvolvimento
normal do indivíduo atingido, invadindo e desagregando a sua personalidade e cursa com
perda do contacto com a realidade e ausência de juízo crítico. " Segundo as duas principais
classificações internacionais (ICD-10 e DSM-IV) poder-se-á subdividir a esquizofrenia em
subtipos: paranóide, hebefrénica, catatónica, indiferenciada, simples e residual segundo a
CID-10; paranóide, desorganizada, catatónica, indiferenciada, residual, conforme consta do
DSM-IV. Sendo a esquizofrenia heterogénea na sua apresentação clínica, tem sido sugerido
que vários e diferentes processos patofísiológicos contribuem para a doença e sua
psicopatologia (Liddle, 2000).
Além dos sintomas psicóticos e da comorbilidade com abuso de álcool/substâncias,
outros factores como sexo masculino, gravidade da psicopatologia, ausência de juízo crítico,
início precoce dos sintomas psicóticos, perturbação pré-mórbida da personalidade antisocial,
classe social, estatuto laboral, não adesão à terapêutica são importantes variáveis nos estudos
epidemiológicos. Tem sido observada uma significativa associação entre a não adesão
terapêutica e actos violentos (Bartels e col., 1991; Swartz e col., 1998). No que respeita aos
factores sócio-demográfícos, não têm sido fiáveis no que respeita a serem factores de
identificação de doentes em alto risco para um comportamento violento (Taylor & Monahan,
1996). A actividade delirante persecutória tem sido referida como tendo importância relevante
para a violência na esquizofrenia (Nestor e col., 1995). Embora se considere rara a violência
motivada pela actividade delirante, existe um risco moderado de que os delírios possam
desencadear actos violentos em alguma altura do curso da doença, mas para alguns autores o
papel de possíveis estados agudos de intoxicação deverá ser tido em conta nestes casos
(Soyka, 2000). Todos os estudos de investigação nesta área tem sido sujeitos a críticas visto
serem na sua maioria, retrospectivos e utilizarem instrumentos para a avaliação da actividade
delirante e violência pouco consensuais (Walsh e col., 2002). O "MacArthur Violence Risk
Assessment Study " conseguiu, de algum modo, ultrapassar estas limitações metodológicas e
levantar a dúvida da importância dos sintomas de imposição ameaça/controle como factores
mediadores de violência (Monahan e col., 2001). Neste estudo nem a actividade delirante em
CAPÍTULO IV
n.° 1, CP, tudo com referência aos artigos 20°, n.° 1 e 91°, n.° 2, por o arguido ser inimputável
perigoso, acordaram os Juizes que constituem o Tribunal Colectivo: "(...) apurou-se que a
esquizofrenia paranóide se caracteriza pela emergência de uma actividade alucinatória e
delirante intensa, com consequente desorganização do comportamento do doente e total perda
do sentido da realidade. Toda a acção é desenrolada num contexto psicótico, em que a
sequência das acções não tem qualquer coerência ou enquadramento na normalidade.
Consequentemente, conclui-se que devido à doença de que padece não lhe era possível avaliar
a ilicitude dos seus actos, ou seja, que o arguido foi perfeitamente incapaz de se determinar de
acordo com o desvalor dos factos cometidos. O arguido é inimputável nos termos do n.° 1 do
art. 20°. Tal circunstância exclui a possibilidade de, relativamente a este arguido, se formular
um juízo de culpa, isto é, um juízo de censura dirigido ao agente que, tendo podido actuar
segundo o dever, optou por agir ilicitamente, evidenciando uma atitude contrária ao direito."
Escrevia-se no n.° 5 do Preâmbulo do texto do CP de 1982 (Leal-Henriques & Santos,
2002a): "Não se desconhece que, amiúde a fronteira entre o imputável e o inimputável é
extremamente difícil de traçar. Daí a urgência na adopção de um critério que rigorosamente
seriasse as várias hipóteses pela aferição das quais o agente da infracção pudesse ser
considerado imputável ou inimputável. Neste horizonte, o diploma faz apelo a um critério bio-
psicológico integrado por componentes de nítida matriz axiológica, ou seja, a comprovada
incapacidade do agente para ser influenciado pelas penas (art. 20.°). É pois, necessário para
o agente ser considerado imputável, que consiga determinar-se pelas penas". Os penalistas
reconhecem que a esquizofrenia, a "demência precoce" de Morei e que Kraepelin consagrou
em 1896, na sua 5a edição do Tratado de Psiquiatria, terminologia que depois Bleuler substitui
e 1911 por "grupo de esquizofrenias", ou abreviadamente "esquizofrenia", tradicionalmente
considerada endógena, pode fundamentar uma isenção de culpa; total, sempre que a sua
intensidade seja plena, ou parcial, quando não perturbe plenamente as faculdades mentais do
sujeito (Entralgo, 1994).
PSIQUIATRIA
A perigosidade criminal destes doentes, tem sido objecto de profunda revisão nas
Classificações Internacionais, principalmente na que respeita à da American Psychiatrie
Association (APA). O DSM-III-R (APA, 1987), em relação a actos violentos, adverte que a
prática destes - "muitas vezes espectaculares" - frequentemente caracterizados pela ausência
de antecedentes desta ordem e que constituem uma das complicações da doença (Entralgo,
1994), "(...) Atraem o grande público, embora se ignore se a frequência de tais actos é
superior à da população geral (...)"• O DSM-IV (APA, 1994) apenas refere que, e em relação
à esquizofrenia em geral: "Existem dados contraditórios em relação à frequência de actos
violentos superiores à população em geral.". No entanto, ao descrever o subtipo paranóide
menciona que: "(...) Ansiedade, cólera, indiferença e querelância constituem características
associadas. O sujeito pode apresentar uma postura de superioridade ou comando e também
uma qualidade afectada, formal ou uma extrema intensidade nas relações interpessoais. A
temática persecutória pode predispor o sujeito ao comportamento suicida e, a combinação de
ideias delirantes persecutórias e de grandeza com cólera, podem predispor o sujeito a actos de
violência."
Recentemente, o DSM-IV-TR (APA, 2002) impõem-se com uma visão diferente, no
que respeita à esquizofrenia em geral (mantendo, no entanto, a posição referida anteriormente
ao descrever o subtipo paranóide): "Muitos estudos têm verificado que os subgrupos de
sujeitos com esquizofrenia tem uma incidência mais elevada de comportamento agressivo e
violento. Os factores mais importantes, na predição do comportamento violento, são: o sexo
masculino, a idade mais jovem, a história anterior de violência, a não adesão à medicação
antipsicótica e o uso excessivo de substâncias.
Contudo, deve notar-se que a maioria dos sujeitos com esquizofrenia não é mais
violenta do que os da população geral". Várias questões se percepcionam após a leitura deste
excerto: o que se entende por subgrupos e quais são? Qual é o termo de comparação da
incidência referida? Qual é a minoria de doentes com esquizofrenia que são violentos? E se a
maioria que não é mais violenta, é tão ou menos violenta que a população geral?
O CID-10 (WHO; 1992) não se refere especificamente à perigosidade ou à violência
destes doentes, apenas, na descrição das características gerais de diagnóstico de Esquizofrenia
paranóide, menciona: "(...) Um grau menor de incongruência é comum (...) tais como
irritabilidade, raiva repentina, receio e suspeita".
A Comissão Revisora do Código de 1982 (BMJ 143-25), refere que em relação a este
último pressuposto não se põe um problema positivo de liberdade, antes se encara esta pela
negativa: presume-se que o homem é em regra livre, isto é, tem a capacidade exigida, indo
depois verificar-se, no caso concreto, se existem no seu psíquico corpos estranhos que
porventura neguem aquela capacidade. Aí referiu o Autor do Projecto de 1963, que toda e
qualquer anomalia psíquica acidental conduzirá à inimputabilidade desde que produza o efeito
psicológico requerido, ressalvada a hipótese depré-ordenação (art. 20.°, n.° 4).
O n.° 2 do mesmo artigo (20.°) ocupa-se da imputabilidade diminuída de forma
inovadora, na linha do pensamento original de Eduardo Correia (1971): "Para que alguém seja
imputável não basta a capacidade intelectual para compreender os juízos de valor ligados às
condutas. É preciso que o agente tenha o livre exercício da sua vontade, que tenha a liberdade
de querer de harmonia com essa valoração." Se o juiz considerar que o efeito psicológico da
inimputabilidade só se verifica parcialmente, mas encontrar uma base biológica grave,
permanente, e que o agente não domina os seus efeitos, pode concluir pela inimputabilidade,
tendo presente o indício consagrado no n.° 3 - incapacidade do agente para se deixar
influenciar pelas penas. Este n.° 2 deve ser conjugado com o disposto no art. 91.° do Código
Penal (que se ocupa do internamento de inimputáveis), nos termos do qual o indivíduo
inimputável, que pratique um facto típico, poderá ser mandado internar pelo tribunal em
estabelecimento adequado (de cura, tratamento ou segurança) se houver fundado receio (em
virtude da anomalia psíquica e da gravidade do facto praticado) de que venha a cometer
outros factos típicos graves .
O penalista Figueiredo Dias (cit. Leal-Henriques & Santos, 2002a), referindo-se ao
texto de 1982, escreveu a propósito: "O art. 20.°, n.° 1 do novo Código começa por oferecer
uma definição, que diríamos clássica, de inimputabilidade (...). Há em todo o caso a anotar
logo aqui dois pontos do mais alto relevo para as tarefas da aplicação. O primeiro é de que
(...) o Código se recusou a fazer uma enumeração - sequer exemplificativa - do tipo de
anomalias psíquicas que podem determinar a inimputabilidade. Se bem que deva reconhecer-
se que assim se torna mais difícil obter uma apreciável certeza na aplicação, esta decisão
legislativa pode reivindicar em seu favor boas razões. Desde logo a de que no próprio campo
médico científico reina ainda hoje a maior incerteza, tanto a nível terminológico como a nível
da determinação dos efeitos sobre o intelecto e a vontade do sujeito que a cada tipo de
anomalia devem, em abstracto, atribuir-se. Depois, a circunstância de o conhecimento
científico estar a evoluir neste domínio com grande rapidez, pelo que qualquer elenco correria
o risco de ser ultrapassado ou se tornar mesmo obsoleto a breve prazo, mais prejudicando
deste modo do que favorecendo as tarefas de aplicação do direito. Em terceiro lugar,
porventura, a circunstância de assim se ter querido dar a entender que - seja embora o elenco
biopsicológico imprescindível, como na verdade é, à verificação em concreto de uma
inimputabilidade - decisivo será sempre o efeito normativo que ao substrato biopsicológico
há-de estar ligado."
O conhecido criminalista mais refere: "No que toca ao efeito psicológico exigido,
sabe-se como são duras as controvérsias que se travam, nomeadamente no que toca a saber se
o que se exige aí é uma resposta - que hoje mais e mais se considera impossível, tanto da
parte do juiz como do perito - à questão do poder de agir de outra maneira na situação.
Quem não queira seguir esta via tem no novo Código um elemento que sugere uma outra via.
Essa outra via traduz-se em ligar o efeito normativo à incapacidade do agente para ser
influenciado pelas penas, que o n.° 3 do art. 20.° considera índice de uma situação de
inimputabilidade. Outros ainda considerarão (...), e é o meu caso, que o efeito normativo se
traduz na destruição da conexão objectiva do sentido do comportamento do agente, de tal
modo que um tal comportamento pode ser causalmente explicado, mas não pode ser
espiritualmente compreendido e imputado à personalidade do agente. Mas como quer que
seja quanto a este ponto, não tenho dúvida de que o art.0 20.° do novo código penal está
redigido em termos simultaneamente precisos e flexíveis, que permitem uma aplicação segura
sem obstarem ao aprofundamento e à evolução criadoras da doutrina da imputabilidade
jurídico-penal."
Ocorreram, entretanto, alterações no texto do artigo 91.° do CP (DL n.° 48/95, de 15 de
Março), concretamente no n.° 2 substituiu-se a referência: "homicídio ou ofensas corporais
graves, ou outros actos de violência", pela indicação de "crime contra as pessoas ou a crime
de perigo comum". Esta correcção justifica-se pela difícil concretização do conceito de "actos
estabelecido para o internamento no n.° 2 do art. 92.°, bem como pelo preceituado no n.° 1 do
mesmo artigo, de que o internamento cessará quando o tribunal verificar que findou o estado
de perigosidade que lhe deu origem. No que concerne às medidas de segurança, não se pode
falar em limites máximos; em regra, a medida de segurança durará até cessar o estado de
perigosidade, estabelece-se, no entanto, como limite o máximo, o da correspondente ao tipo
legal de crime "cometido" pelo inimputável, considerando, porém, como excepção ( mas
ainda com um limite temporal) a prorrogação do internamento determinada pelo perigo de
"novos crimes contra as pessoas".
Só se pode ser privado total ou parcialmente da liberdade, mediante a aplicação de
uma medida de segurança, aplicada por sentença judicial, (n.° 2 do art. 27.° da Constituição
da República Portuguesa, 1997). A medida de segurança, para Nelson Hungria, é sempre post-
delitual: só depois de haver cometido um facto típico penalmente relevante é que o
inimputável pode ser sujeito ao internamento (cit. Leal-Henriques & Santos, 2002b). Este
autor afirma que:
"O reconhecimento da periculosidade ante delictum seria ensejar, na prática,
possíveis excessos ao arbítrio judicial, com grande desfavor à liberdade individual. Entre
todos os indícios ou sintomas de periculosidade de um indivíduo, o mais seguro é, sem
dúvida, a prática de um daqueles factos antisociais que, pela sua gravidade, a ordem jurídica
define como ilícitos penais. É o que mais reduz a álea nesse cálculo de probabilidade que é o
juízo de periculosidade. Por menos recomendável na sua vida anteacta, por mais acentuada a
sua anormalidade psíquica, por mais evidentes os desvios de sua personalidade e as
perniciosas influências do ambiente imoral em que vive, não se pode predizer, com suficiente
firmeza, enquanto não haja praticado um crime, que um indivíduo chegará a tal extremo de
antissociabilidade. Somente a prática de uma acção criminosa evidencia a sua efectiva
capacidade de delinquir, sem a qual o juízo de periculosidade arrisca-se a não ser mais que
precária hipótese ou simples conjectura. Com a prática do crime (sensu lato), naturalmente
relacionado ao curriculum vitae e à personalidade do agente, já se apresenta um elemento
certo para a indução do juiz. Já então o juízo de periculosidade pode adquirir o cunho de
autorizada suposição ou de fundada previsão. "
O n.° 1 (art.° 91.° CP) refere-se com rigor a "facto ilícito típico", em vez de dizer mais
simplesmente "crime". É que se o facto é praticado por um inimputável só objectivamente
constitui um crime, uma vez que lhe falta o indispensável elemento psíquico e a culpa tem
como condição a capacidade (Figueiredo Dias, 1983). Crime é o facto previsto como tal e
praticado por pessoa penalmente responsável, o que não ocorre aqui. Mas não é qualquer
facto típico que é susceptível de desencadear a aplicação desta medida. Só aqueles que se
revestem de certa gravidade têm essa potencialidade, como claramente inculca a parte final
do n.° 1 que manda atender à "espécie" e "gravidade do facto praticado" (Leal-Henriques &
Santos, 2002b). Serão, em princípio, graves os factos puníveis com pena superior a 5 anos, o
que não significa que, necessariamente, não o sejam os puníveis com pena inferior.
Para que tenha lugar a aplicação desta medida de segurança não basta que o agente
fosse inimputável no momento da prática do facto típico, é ainda necessário que essa
inimputabilidade se mantenha no momento da aplicação da medida, como se infere da parte
final do n.° 1 que manda atender no juízo de perigosidade à anomalia psíquica. Como resulta
deste artigo (91.°), o inimputável perigoso deve ser internado. Mas o que significa
delinquente perigoso?
7. PERIGOSIDADE
Foi referido na l.a Comissão Revisora (BMJ 152-13) que "significa, como precisou a
Escola positiva, que o delinquente é um tal de quem se espera a prática de graves factos
criminalmente ilícitos". O facto típico é a exteriorização da capacidade de delinquir, mas esta
não se confunde com a perigosidade, de que é apenas um indício, e "todo o indício pode ser
desacreditado por um contra-indício" (Leal-Henriques & Santos, 2002b). Mas também não
pode ser confundindo delinquente com doente (inimputável).
Resulta daí que, para imposição da medida de segurança, é exigido que, além da
prática de facto previsto como crime, elementos outros cooperem na revelação da
perigosidade. Esta só é reconhecível, do ponto de vista legal, quando, apreciado o dito facto
nos seus motivos e circunstâncias, e em conexão com dados da vida pregressa e a
personalidade do agente, se apresente a probabilidade (relevante possibilidade) de que este
volte a delinquir (Eduardo Correia, 1971 cit. in Leal-Henriques & Santos, 2002b). Deve
ocorrer uma prognose desfavorável, uma acentuada possibilidade de que o agente volte a
praticar factos típicos, derivada da consideração conjunta da anomalia psíquica, da natureza e
da gravidade do facto típico praticado. Mas é ainda necessário que o fundado receio de
cometimento de outros factos típicos se refira a factos típicos graves ou relevantes. Não são
motivo suficiente factos pouco graves como denúncias caluniosas, pequenas burlas cometidas
em estado de necessidade, tentativas de burla, destinadas de antemão ao fracasso (Jescheck
cit. Leal-Henriques & Santos, 2002b). Impera aqui, ainda, o princípio da menor intervenção
possível, pelo que é necessário que o perigo não possa ser evitado por outra forma menos
lesiva para o agente de que o internamento. A aplicação da medida de segurança tem como
pressuposto a gravidade, mas só pode ser aplicada (imposta) para salvaguarda de um
interesse público preponderante.
A afirmação da perigosidade não é feita de forma indiferenciada, fórmula contrária aos
ditames de um Estado de Direito, mas sim de forma a relacioná-la com o facto praticado. A
gravidade do facto não deve ser aferida simplesmente em face de uma determinada
penalidade, mas na medida da relevância da lesão social verificada (Leal-Henriques &
Santos, 2002b), ou seja, o delinquente inimputável é criminalmente perigoso sempre que, por
virtude da anomalia psíquica, de que sofre e do facto típico que praticou, houver fundado
receio de que venha a cometer outros factos da mesma espécie. Assim, a perigosidade do
agente pode ser encontrada com base na sua anomalia mental no facto típico que praticou, na
sua personalidade e no meio circundante. A decisão que ordenar o internamento deve
especificar o tipo de instituição em que este deve ser cumprido e a sua duração máxima, bem
como a mínima, se for caso disso. No n.° 1 (art.0 91, CP, 1995), fala-se de estabelecimento de
cura, tratamento e segurança, em vez de "manicómios criminais", como acontecia com o
Código anterior (1982). O internamento nos estabelecimentos de cura e de tratamento visa o
aproveitamento das possibilidades correctoras para por termo ao estado de perigosidade
criminal que lhe deu origem. Já o internamento em estabelecimento de segurança visa
essencial e directamente proteger a sociedade do inimputável perigoso. O prognóstico suposto
pelo n.° 2 do mesmo artigo, ao estabelecer um limite mínimo de internamento, é um
prognóstico selectivo: só o receio da prática de crimes contra as pessoas ou de perigo comum
puníveis com pena superior a 5 anos desencadeia a aplicação deste número. A execução das
medidas de segurança é regulamentada nos artigos 501.° a 508.° do CPP. De acordo com o
disposto no art. 501.°, a decisão que decretar o internamento especifica o tipo de instituição
em que este deve ser cumprido e determina, se for caso disso, a duração máxima e mínima do
internamento (n.° 1), efectuando-se o início e a cessação do internamento por mandado do
tribunal (n.° 2).
Nos termos do art. 504.° do Código de Processo Penal (1982, revisto em 1995), que
trata da revisão, prorrogação e reexame do internamento, até 2 meses antes da data calculada
para a revisão obrigatória da situação do internado, o TEP ordena:
seu livre arbítrio, mas através de um tratamento; antes se aproxima, como já se referiu, do
regime de prova."
Nessa linha aplica-se o regime de prova que se encontra no texto actual associado à
suspensão da execução da pena. A suspensão de internamento (inimputável) tem algum
paralelismo com a liberdade para prova (imputável), art. 94.°, mas ao contrário do que aí
sucede, este artigo é aplicável quando o inimputável é perigoso, pois se o não é não há razão
para que intervenha a armadura criminal. Portanto, a correcta interpretação do preceito só se
alcançará quando se pondere que o inimputável perigoso - e perigoso nos termos do actual
art. 91.° - pode com êxito ser tratado através de um regime ambulatório, ao invés de
estabelecimento fechado. O que, de resto, permitirá compreender que quando um tal regime
de liberdade se mostrar inadequado possa imediatamente ter lugar a medida primitivamente
proposta, isto é, o internamento em estabelecimento destinado a inimputáveis. Neste sentido
se fala e se deve falar de suspensão do internamento decretado (Leal-Henriques e Simas
Santos, 2002b). Um outro ponto diferencia, ainda, estes dois institutos: enquanto a liberdade
para prova só pode ter lugar decorridos que sejam os prazos mínimos de internamento, a
suspensão do internamento tem lugar desde o início.
É este artigo 91.°, que se reporta à perigosidade criminal do inimputável, que orientou
o pensamento dominante desta tese. ,mais concretamente o disposto no n.° 1 do referido
artigo: "(...) Por virtude da anomalia psíquica e da gravidade do facto praticado, houver
fundado receio de que venha a cometer outros factos da mesma espécie. "
9. D A PERIGOSIDADE AO RISCO
Pode ler-se num Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça (90/10/31, AJ 12, proc. N.°
41010) sobre Internamento de inimputável perigoso/duração da medida de
internamento/homicídio qualificado: "(...) Esse internamento não é pelo prazo que
corresponderia à pena aplicável ao crime [à data] e antes pelo período mínimo de 3 anos (art.
91.°, n.° 2, do C. P, 1982) e enquanto durar a perigosidade ou seja decorridos 20 anos (o limite
máximo, da moldura correspondente ao tipo de crime cometido mais 4 anos - art. 91.°, n.°s 1
e 2). (...) Com efeito, a doença leva a que não se possa censurar o facto cometido e a que não
se aplique ao agente qualquer pena; a perigosidade leva a que a sociedade, em sua defesa,
procure evitar que o agente volte a cometer novos factos criminosos, pelos quais continua a
não ser responsável, tornando-se assim necessário tratar da doença e segregar o agente,
enquanto é feito esse tratamento. É essa a finalidade da medida de segurança de internamento
obrigatório, para seu tratamento.(...) uma vez curado, logo deixando de ser perigoso, deve ser
libertado, desde que tenha decorrido um período mínimo que cumpre uma certa função ético-
retributiva e de prevenção geral, mesmo na aplicação de medida de segurança. Da mesma
forma deve ser libertado, para se evitar uma segregação perpétua, quando se atinge o limite
máximo para que o tratamento não possa ser mais gravoso que os efeitos da doença.'".
O discurso à volta da perigosidade dos doentes mentais foi gradualmente substituído,
ao longo da década de 90 do século XX, pelo da determinação e avaliação do risco. Esta
mudança apresenta-se como um produto do progresso do conhecimento e da melhor
conceptualização desse mesmo conhecimento (Monahan, 1988; Gunn, 1996; Snowden, 1997;
Kraemer e col., 1997). A perigosidade tinha sido, até então, considerada como propriedade de
um indivíduo, algo do qual se tinha como certo a sua imutabilidade e estabilidade. O conceito
de risco apresenta vantagens sobre o de perigosidade, sendo dimensional, relacionado com
probabilidades e não com qualidades, e inerentemente, variável. O risco tem como
propriedade fundamental o facto de ser calculável, e através das suas conexões com a
probabilidade oferece uma abordagem objectiva. Monahan & Steadman (1994) referem-se a
propósito da violência como sendo um problema de saúde no qual "O objectivo da
intervenção a nível da saúde pública é a prevenção, e não o tratamento, e a determinação e
avaliação do risco deveria ser o principal objectivo ".
A linguagem do perigo transmutada para a do risco torna uma exigência óbvia em
direcção ao facto de tornar científica. O risco transporta a interacção de uma série de factores
que não são necessariamente perigosos por si só, como a idade, o sexo, estado civil, etnia,
ocupação, perturbação mental (Mullen, 2000). Os factores de risco podem ser quaisquer desde
que tenham uma associação estatística com um evento futuro. Não existe uma presunção de
causalidade que relaciona o predictor ao previsto. Enquanto que a perigosidade é
"determinável", o risco é calculável (teoricamente).
Os conceitos de determinação e avaliação do risco são relativamente recentes na saúde
mental. A determinação da perigosidade era quase exclusivamente propriedade dos
profissionais de psiquiatria forense (Scott PD, 1977). Era uma actividade marginal baseada
em técnicas arcaicas (Steadman & Cocozza, 1975, Shaw, 1973). A determinação e avaliação
do risco tornou-se central para a prática psiquiátrica comum, que não só a nível forense. Tem-
se tomado numa das mais importantes actividades que definem as competências a nível
profissional. A compreensão das raízes culturais e políticas da hegemonia crescente enxertada
pela retórica do risco sobre a prática psiquiátrica pode desmistificar, mas não isenta o
profissional dos imperativos do funcionamento a um novo nível. Parece óbvio que aos
profissionais de saúde mental seja requerido que considerem a probabilidade dos seus doentes
poderem actuar de um modo violento/destrutivo, e de procederem de modo a evitar esses
actos. No entanto não é tão óbvio que o profissional de saúde mental seja responsável por toda
uma comunidade e não pelo doente como indivíduo. Não é óbvio que ele possa predizer esses
riscos eficazmente, tal como não é óbvio que a sua maior preocupação ao abordar um doente
seja a determinação de um risco eventual. As palavras risco e probabilidade não são
sinónimo; risco implica um grau de perigo
As fronteiras não estão bem delimitadas quando se trata de determinar como, quando e
para quê o profissional de saúde mental é chamado para se pronunciar sobre a probabilidade
de um determinado indivíduo praticar um acto violento ou criminoso. Poder-se-á aqui falar da
perigosidade, ou da determinação do risco. A capacidade para determinair de forma
competente a probabilidade de violência futura por parte de um doente ao seu cuidado é uma
expectativa colocada, com intensidade crescente, nos psiquiatras. Na maioria das vezes, esta
atribuição recai sobre uma população-alvo de doentes que apresentam perturbações mentais
major, abuso de substâncias, e perturbações graves da personalidade e que se encontram em
acompanhamento psiquiátrico por outros motivos que não os relacionados com actividades
antisociais. Os dilemas éticos inerentes à determinação do risco sugerem que o profissional de
saúde mental só se deverá pronunciar se (Mullen, 2000):
1. Existem dados empíricos evidentes para que se possa actuar de um ponto de vista
clínico.
2. As variáveis dependentes da saúde mental são uma característica fundamental do
quadro clínico de um indivíduo, bem como de importância relevante para a
probabilidade de futuros comportamentos violentos lesivos.
Será difícil justificar estas intervenções se o que estiver em causa for um eventual
comportamento indutor de medo social ou um receio insuficientemente fundado, que não
envolvam potenciais agressões ou outros comportamentos gravosos. A violência grave é rara
entre os doentes com perturbações mentais major, e embora possam ocorrer comportamentos
eventualmente geradores de medo social, a ocorrência de homicídio e outros crimes graves é
calculada com uma probabilidade de cerca de 1 % (Wallace e col., 1998; Lindqvist &
Allebeck, 1990; Hafner & Bõker, 1982). Nos doentes com esquizofrenia pode ser exequível
identificar os que irão perpetrar actos violentos e indutores de medo. Nestes poderão estar
incluídos virtualmente todos os que potencialmente cometerem actos violentos graves, como
o homicídio. Os que se mantém cépticos em relação aos instrumentos utilizados na
determinação do risco, fazem-no baseados no argumento de as inferências estatísticas
retiradas de estudos em populações são difíceis senão ou impossíveis de serem aplicadas ao
indivíduo (Mullen, 2000). Este argumento facilmente é questionado atendendo a que os
instrumentos utilizados actualmente têm como objectivo determinar probabilidades, e não
identificar a presença ou a ausência de perigosidade. A determinação instrumental utilizada
para a predição de probabilidades de violência é apenas uma instância específica da medicina
baseada na evidência.
Existem imensos artigos científicos sobre o uso de instrumentos na deteiminação das
probabilidades de criminalidade futura em indivíduos presos (Mullen, 1984; Rice & Harris,
1995b; Mossman, 1994; Quinsey e col., 1998). Considera-se que os preditores de reincidência
da violência são os mesmos quer se trate de indivíduos presos ou de doentes mentais (Bonta e
col., 1998). Esta assunção de similaridade abre a porta à utilização de instrumentos
desenvolvidos em populações de indivíduos presos, não só em amostras de doentes mentais
que cometeram crimes mas também na população de doentes psiquiátricos em geral.
10. SÍNTESE
países. Em Portugal este facto pode ser apreciado no Código Penal; artigos 20°
(Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica), 90° e seguintes (Medidas de Segurança -
Internamento de Inimputáveis) e no Código do Processo Penal; artigos 501 a 508.° (Medidas
de Segurança) e na ainda recente Lei n.° 36/98 de 24 de Julho ou Lei da Saúde Mental.
Pelos resultados das várias investigações efectuadas sobre a relação
esquizofrenia/crime, desde o início da última década do século XX, não se poderá afirmar
(atendendo a que aqueles com o diagnóstico de esquizofrenia tem mais probabilidades de
serem agressivos do que a população geral), que um indivíduo com o diagnóstico referido é
mais violento que outro sem esta característica. No entanto, poder-se-á afirmar com toda a
legitimidade que a esquizofrenia aumenta a probabilidade de actuar de forma violenta
(Medina, 1994; Wallace e col., 1998b; Skodol, 1998; Aranzadi, 1999; Mullen, 2000; Filho &
Morana, 2003). Os indivíduos julgados por crimes violentos são mais prováveis de terem o
diagnóstico de esquizofrenia o que não se traduz na afirmação de que os esquizofrénicos são
agressores violentos, mas indica que os indivíduos julgados por crimes violentos tem maior
probabilidade de ter o diagnóstico de esquizofrenia. Quanto mais completos e abrangentes
forem os instrumentos desenhados para o estudo do risco, mais estreitos são os limites da
predição de probabilidade para cada caso individual. É um facto que a proporção ou
magnitude social da violência atribuível à esquizofrenia é modesta (Wallace e col., 1998a;
Modestin, 1998), mas as eventuais implicações sócio-jurídicas da associação
psicopatologia/violência criminal são ainda pouco claras. Repercussões quer no âmbito
judicial na determinação da imputabilidade ou inimputabilidade e medidas de segurança quer
nas abordagens terapêuticas ou em medidas preventivas, permanecem por determinar.
TRABALHO PRÁTICO
1. OBJECTIVO
2. MATERIAL E MÉTODO
2.2. INSTRUMENTOS
ENTREVISTA CLÍNICA
AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA
moderada (a de Cronbach - 0,29, após correcção para o número de itens), obtida pela SANS
está provavelmente associada com a inclusão de alterações da atenção no síndrome negativo.
A concordância entre as escalas em relação à esquizofrenia negativa não foi muito boa - o
valor de kappa variou entre 0,32 e 0,47 - o que mostra a diferença entre os critérios definidos
pelas escalas.
Além dos critérios diferirem entre si, os itens de cada escala medem também
fenómenos psicopatológicos diferentes, como mostrou o estudo de Bell e col. (1992). A
fiabilidade entre examinadores e a consistência interna entre a PANSS e a BPRS foram
comparadas e os resultados mostraram que os dois instrumentos obtiveram altos índices de
confíabilidade entre os examinadores, embora a PANSS apresentasse um melhor
desempenho. As medidas de consistência interna foram iguais entre as duas escalas em
relação às síndromes positiva e negativa, embora a escala de psicopatologia geral da PANSS
tenha sido considerada mais homogénea. O mais interessante é que a concordância entre os
itens da PANSS, originados da BPRS, com os respectivos itens da BPRS foi baixa e somente
em três itens o valor de kappa ponderado foi acima de 0,75 (afecto embotado, alucinações e
grandiosidade). Tal sugere que o significado dos itens foi modificado com o desenvolvimento
da PANSS, e portanto, não têm o mesmo significado que os items da BPRS com a mesma
designação. Contudo, foram boas as correlações entre os síndromes positivo (0,92) e negativo
(0,82) das duas escalas.
ESCALA DE AGRESSIVIDADE
dificulta a determinação do significado dos resultados para cada indivíduo mas, também,
todos os itens foram modificados a partir de instrumentos previamente utilizados: a Agressão
a partir da OAS (Yudofsky, 1986) e a Irritabilidade e a Suicidabilidade a partir da SANS
(Andreasen, 1982).
Esta escala é extremamente útil quando se pretende o estudo da agressividade, e das
suas várias dimensões, em avaliações clínicas do comportamento agressivo, além de permitir
a sua avaliação ao longo do tempo. A falta de directrizes normativas, no entanto, conduz a que
o autor aconselhe a utilização de outros instrumentos de avaliação psicométrica,
complementares. É, também, considerado um bom instrumento de avaliação psicométrica
para investigação do comportamento agressivo expresso, podendo complementar os
instrumentos existentes, baseados em auto-descrições. No entanto, considera-se a necessidade
de investigações futuras para a obtenção de dados psicométricos mais completos.
3. MÉTODO ESTATÍSTICO
4. RESULTADOS
Quadro I
Idade M (dp)
Idade actual 42 (9)
Idade à data do crime 35 (9)
Idade à data do diagnóstico 28 (9)
Diferença entre a data do crime e a do diagnóstico 11 (6)
dp- desvio padrão
A maioria (74%) eram solteiros e seis (20%) divorciados (Quadro U), sendo que 22
(71%) não têm filhos.
Quadro II
' n (%
Estado Civil
Solteiro 23 (74)
Divorciado 6 (20)
Casado ou vivendo como tal 1 (3)
Viúvos 1 (3)
Filhos
Não 22 (71)
Sim
Quadro IH
Naturalidade, residência e
conviventes n (%)
Naturalidade
Rural 16 (52)
Urbana 15 (48)
Residência
Rural 15 (48)
Urbana 16 (52)
Vivia com
Família directa 22 (71)
Sozinho 6 (19)
Companheira e filhos 3 (10)
A escolaridade dos inquiridos variou entre os que tinham menos do que a 4a Classe e
os que possuíam formação superior a esta (Quadro IV).
Quadro IV
Escolaridade n (%)
< 4a Ano ~ 17 (55)
5o - 9o Ano 7 (23)
10°-12° Ano 4 (13)
Superior 3 (9)
Quadro V
Antes do Depois do
Profissão diagnóstico diagnóstico
n (%) n (%) P*
A trabalhar 19 (62) 5 (16)
Estudante 9 (29) 5 (16)
De baixa 1 (3) 5 (16) <0,001
Desempregado 1 (3) 15 (49)
Reformado 1 (3) 1 (3)
*Teste de Friedman
Quadro VI
Ocupação actual n (%)
Quadro VH
Data de diagnóstico da doença
_n (%L
Antes do crime 20 (65)
Na data do crime 11 (35)
Quadro Vffl
Data de entrada na clínica
_E Í%L_
Até 5 anos 12 (39)
5 - 1 0 anos 9 (29)
Mais de 10 anos 11 (32)
A data de entrada na Clínica está resumida no Quadro VHI. De notar que estas datas
não traduzem a data do diagnóstico ou do crime, uma vez que estes podem ter ocorrido muito
antes, visto os doentes terem estado anteriormente sujeitos a medidas de coacção
(internamento ou prisão preventiva) de tempo variável. No entanto, estes dados podem ajudar
a compreender a amostra quanto à cronicidade da psicopatologia clínica da mesma e aos
aspectos relacionados com a institucionalização.
Pela análise simultânea destes dois quadros podemos verificar que três doentes
incorreram na prática dos crimes de homicídio e tentativa de homicídio e que quatro doentes
além da prática de um crime de ofensas corporais graves também incorreram na prática de
i%L i%L
Consumo
Não 9 (29) 8 (26) 8 (26)
Sim 22 (71) 23 (74) 23 (74) 1,000* 1,000* 1,000*
Se Sim
Menos de (igual a) 10 cigarros/dia 1 (5) 0 (0) 1 (4)
Entre 10 a 20 cigarros/dia 16 (73) 15 (65) 6 (26) 0,025* 0,001" 0,011*
Entre 20 e 40 cigarros/dia 5 (22) 5 (22) 12 (52)
Mais (ou igual a) 40 cigarros/dia 0 (0) 3 (13) 4 (18)
'Comparação entre antes e depois do diagnóstico;2 Comparação entre antes do diagnóstico e data actual; 3 Comparação depois do
diagnóstico e data actual.
♦Teste Mcnemar; **Teste de Frieman.
Para além dos resultados obtidos através da entrevista clínica estruturada e descritos
até aqui foram simultaneamente aplicadas duas escalas de avaliação: para a Psicopatologia a
Escala de Síndromes Positiva e Negativa (PANSS) (Kay e col., 1987), e, para determinação
de Agressividade, a Escala de Agressão Expressa Modificada (EAE-M) (Coccaro e col.,
1991), já anteriormente descritas, cujos resultados passamos a descrever.
4.2 ESCALAS
Quadro XXa. EAE-M na última semana antes do crime e no último ano civil
Dados sócio-demográficos
Ultima semana UM
n Med (dp) Med (dp)
Idade
<42 anos 16 19 (7) 13 (3)
0,469** 0,022*
>=42 anos 15 18 (4) 11 (1)
Naturalidade
Rural 16 19 (6) 12 (3)
0,687* 0,898**
Urbana 15 18 (5) 12 CD
Residência
Rural 15 19 (6) 0,536*
11 [2) 0,091*
Urbana 16 18 (5) 13 (3)
Estado Civil
Solteiro 23 17 (4) 12 (2)
0,397* 0,430*
Outro 8 21 (9) 13 1.4)
Filhos
Não 22 17 (4) 12 (2)
0,286* 0,435**
Sim 9 21 (8) 12 (4)
Conviventes
Família Directa 22 19 (6) 11 (2)
0,222* 0,040*
Outros 9 16 (3) 13 (4)
Escolaridade
< 4a Ano 17 18 (7) 12 (3)
5 o - 9 o Ano 7 17 (2)
0,766*
11 (2)
0,716*
10°-12° Ano 4 19 (3) 13 (D
Superior 3 21 (8) 12 (2)
Profissão
Antes do diagnóstico
A trabalhar 19 19 (6) 12 (3)
Estudante 9 18 (5) 12 (2)
De baixa 1 15 (0) 0,819* 12 (0) 0,840*
Desempregado 1 24 (0) 11 (0)
Reformado 1 16 (0) 9 (0)
Depois do diagnóstico
Desempregado 15 19 (4) 12 (D
A trabalhar 5 16 (D 12 (2)
De baixa 5 15 (2) 0,058* 13 (6) 0,840*
Reformado
Estudante
5 24 (10) 11 (D
1 20 (0) 14 (0)
Ocupação actual
Sem ocupação 18 18 (6) 12 (3)
RAVI (Regime aberto voltado para o interior) 10 19 (4) 0,792 12 d) 0,824*
RAVE (Regime aberto voltado para o exterior) 3 20 (9) 12 (2)
Religião
Sem religião 20 (5) 13 (0
0,068** 0,207*
Católica 22 17 (3) 12 (3)
M- Média; dp- desvio padrão; *Anova; **T test
Quadro XXb. EAE-M na ultima semana antes do crime e no último ano civil
Dados clínicos
Última semana Última ano
n Med (dp) Med (dp)
Actividade Alucinatória
Não 5 15 (2) 12 (2)
0,123* 0,905*
Sim 24 19 (6) 12 (3)
Consultas de psiquiatria
Não 22 19 (6) 12 (3)
0,483* 0,981"
Sim 6 17 (3) 12 (D
Histórias de antecedentes psiquiátricos
Não 10 16 (2) 0,077*
13 (4)
0,252*
Sim 19 20 (3) 12 (1)
Antecedentes de esquizofrenia
Não 10 18 (3) 11 (1)
0,118** 0,144*
Sim 9 23 (8) 12 (1)
Crenças mágicas
Não 17 18 (4) 12 (2)
0,562** 0,423**
Sim 14 19 (7) 12 (3)
Hábitos alcoólicos
Antes do diagnóstico
Não bebe 16 19 (7) 12 (2)
Bebe moderadamente 14 18 (4) 0,730* 12 (3) 0..508*
Bebe excessivamente 1 14 (0) 9 (0)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não bebe 12 19 (8) 13 (4)
Bebe moderadamente 2 16 (D 0,750* 13 (D 0,108*
Bebe excessivamente 17 18 (4) 11 (D
Hábitos tabágicos
Antes do diagnóstico
Não 9 17 (3) 12 (2)
0,517** 0,782*
Sim 22 19 (6) 12 (3)
Depois do diagnóstico
Não 8 18 (3) 11 (2)
0,670** 0,535**
Sim 23 19 (6) 12 (3)
À data actual
Não 8 18 (3) 11 (2)
0,670* 0,535*
Sim 23 19 (6) 12 (3)
Consumo de drogas
Antes do diagnóstico
Não 15 16 (2) 12 (4)
0,015* 0,578**
Sim 16 21 (7) 12 (D
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não 14 16 (2) 12 (4)
0,010* 0,689**
Sim 17 21 (6) 12 d)
Internamentos
Não 9 16 (2) 11 (2)
0,035** 0,188*
Sim 20 20 (6) 12 (3)
M-Média; dp-desvio padrão; *Anova; **T test
Quadro XXe. EAE-M na ultima semana antes do crime e no último ano civil
Dados jurídico-penais
Ultima semana Último ano
n Med (dp) Med (dp)
Homicídio
Não 17 19 (6) 12 (1)
0,655* 0.804*
Sim 14 18 (4) 12 (4)
Tentativa de homicídio
Não 23 18 (6)
0,265*
12 (3)
0,643*
Sim 8 20 (3) 12 (D
Ofensas Corporais Graves
Não 28 19 (6)
0,273*
12 (3)
0,749*
Sim 3 15 (1) 12 (2)
Ofensas Corporais Simples
Não 28 19 (6)
0,382*
12 (3)
0,709
Sim 3 17 (3) 11 (2)
Roubo/Furto
Não 31 18 (5) 12 13)
Sim 0 0 (0) 0 (0)
Violação
Não 31 18 (5) 12 (3)
Sim 0 0 (0) 0 (0)
Tentativa de violação
Não 29 18 (4) 12 (3)
0,672 0,943
Sim 2 26 (19) 12 (0)
Outros
Não 30 19 (6) 12 (3)
Sim 1 14 (0) 13 (0)
Actos violentos
Antes do diagnóstico
Não 21 18 (4) 12 (3)
0,600* 0,956*
Sim 10 19 (8) 12 (D
Depois do diagnóstico/antes do crime
Não 4 16 (D 0,368*
12 (2)
0,679*
Sim 27 19 (6) 12 (3)
Vitima
Vizinhos 14 18 (8) 11 (2)
Familiares directos 10 19 (5) 0,781* 12 (3) 0,602*
Outros 7 18 (3) 12 (1)
Arma do Crime
Arma branca 10 19 (4) 12 (D
Arma de fogo 9 18 (5) 13 (4)
0,625* 0,572*
Arma contundente 5 16 (2) 11 (2)
Outras 4 17 (3) 12 (2)
Antecedentes criminais
Não 22 18 (6) 12 (3)
0,632* 0,526**
Sim 9 20 (5) 12 (1)
Duração da medida de segurança
<14 anos 12 18 (7)
0,739*
12 (D 0,995*
>=14 anos 13 19 (5) 12 (4)
Visitas
Não 13 18 (3) 12 (4)
0,492* 0,430**
Sim 18 19 (7) 12 (D
Saídas Precárias
Não 24 19 (6) 12 (3)
0,607* 0,184**
Sim 6 17 (5) 11 (D
Liberdade de Prova
Não 28 18 (5) 12 (3)
0,280** 0,545**
Sim 3 22 (7) 11 (2)
M-Média; dp-desvio padrão; *Anova; **T test
No que respeita à escala Positiva verificámos diferenças estatísticas apenas nos grupo
de variáveis clínicas (Quadro XXTVb) e jurídico-penais (Quadro XXIVe), comparativamente
às sócio-demográficas (Quadro XXIVa). Assim, pontuaram mais nesta escala os indivíduos
nos quais o diagnóstico da doença foi coincidente com a data do crime (p=0,008), que
apresentaram crenças mágico-primitivas no ano anterior ao crime (p=0,012), que tinham
cometido um acto ilícito tipificado como ofensa corporal grave (p=0,007) e naqueles em que
tinha sido atribuída uma medida de segurança inferior ou igual a 14 anos (p=0,002).
inferior ou igual a 14 anos (p=0,005), bem como aqueles a quem não foram concedidas saídas
precárias (p=0,047).
Considerando agora o agrupamento Activação, pela primeira vez se observam com são
importantes os dados sócio-demográfícos, nomeadamente o grau de escolaridade, a profissão
e a religião (Quadro XXVIIIa). Deste modo, os doentes com um grau de escolaridade entre o
10° e o 12° ano registaram maior grau de activação (p=0,022). Também os doentes que
estavam desempregados antes do diagnóstico pontuaram mais neste agrupamento, tal como
aqueles que após o diagnóstico continuaram a estudar (respectivamente p=0,009 e p=0,038).
O doentes que referiram não ser religiosos mostraram maior activação comparativamente aos
que se definiam como católicos (p=0,014). Apenas outra variável, de ordem clínica, foi
considerada importante neste agrupamento; o diagnóstico à data do crime (Quadro
XXVinb). Os indivíduos diagnosticados como esquizofrénicos paranoides apresentaram
menor pontuação relativamente à activação (p=0,023).
Filhos
Nâo 22 14 (5) 20 (7)
0,193* 0,238*
Sim 9 12 (3) 17 (5)
Conviventes
Família Directa 22 14 (5)
0,649**
20 0) 0,639**
Outros 9 13 (5) 18 (6)
Escolaridade
< 4a Ano 17 13 (4) 21 (7)
5 o - 9 o Ano 7 12 (4)
0,387*
15 (6)
0,253*
10 o -12° Ano 4 17 (6) 22 (6)
Superior 3 15 (6) 17 (2)
Profissão
Antes do diagnóstico
A trabalhar 19 12 (5) 17 (8)
Estudante 9 16 (4) 23 (4)
De baixa 1 13 (0) 0,166* 26 (0) 0,129*
Desempregado 1 18 (0) 18 (0)
Reformado 1 13 (0) 21 (0)
Depois do diagnóstico
Desempregado 15 14 (4) 21 (8)
A trabalhar 5 14 (8) 15 (4)
De baixa 5 13 (3) 0,115* 19 (4) 0,560*
Reformado 5 10 (2) 18 (6)
Estudante 1 23 (0) 23 (0)
Ocupação actual
Sem ocupação 18 14 (4) 21 (7)
RAVI (Regime aberto voltado para o interior) 10 13 (7) 0,962* 18 (6) 0,073*
RAVE (Regime aberto voltado para o exterior) 3 13 (5) 12 (3)
Religião
Sem religião 8 16 (4) 21 (9)
0,133** 0,412**
Católica 22 13 (5) 18 (6)
M- Média; dp- desvio padrão; *Anova; **T test
Actividade Alucinatória
Não 5 16 (6) 24 (8)
0,147* 0,093*
Sim 24 13 (4) 18 (6)
Consultas de psiquiatria
Não 22 14 (5) 20 (6)
0,871* 0,852*
Sim 6 14 (5) 20 (7)
Antecedentes de esquizofrenia
Não 10 12 (3) 22 (7)
0,810* 0,143*
Sim 9 13 (5) 17 (6)
Crenças mágicas
Não 17 11 (3) 16 (5)
0,012* 0,022*
Sim 14 15 (5) 22 (7)
Hábitos alcoólicos
Antes do diagnóstico
Não bebe 16 15 (5) 20 (7)
Bebe moderadamente 14 12 (4) 0,194* 17 (6) 0,069*
Bebe excessivamente 1 14 (0) 32 (0)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não bebe 12 15 (6) 19 (5)
Bebe moderadamente 2 10 (1) 0,351" 14 (2) 0,490*
Bebe excessivamente 17 13 (4) 18 (8)
Hábitos tahágicos
Antes do diagnóstico
Não 9 14 (5) 20 (9)
0,708* 0,601"
Sim 22 13 (5) 19 (6)
Depois do diagnóstico
Não 8 13 (5) 21 (9)
Sim 23 13 0,993** 19
0,497**
(5) (6)
À data actual
Não 8 13 (5) 21 (9)
Sim 23 13 0,993** 19 0,497**
(5) (6)
Consumo de drogas
Antes do diagnóstico
Não 15 14 (4) 22 (7)
0,532* 0,082*
Sim 16 13 (5) 16 (5)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não 14 15 (5) 22 (7)
Sim 0,213** 0,287*
17 12 (4) 17 (6)
Internamentos
Não 9 14 (5) 19 (5)
0,444* 0,976*
Sim 20 13 (5) 19 (8)
M-Média; dp- desvio padrão, *Anova; **T test
Homicídio
Não 17 14 (5) 18 (5)
0,239* 0,287*
Sim 14 12 (4) 20 (8)
Tentativa de homicídio
Não 23 14 (5) 20 (7)
0,661* 0,437*
Sim 8 13 (5) 17
(6)
Ofensas Corporais Graves
Não 28 13 (4) 19
(7)
0,007** 0,906**
Sim 3 20 (5) 20
(2)
Ofensas Corporais Simples
Não 28 13 (5) 19
(7)
0,984** 0,571*
Sim 3 13 (2) 21
(6)
Roubo/Furto
Não 31 13 (5) 19
(6)
Sim 0 0 (0) 0
(0)
Violação
Não 31 13 (5) 19
(7)
Sim 0 0 (0) 0
(0)
Tentativa de violação
Não 29 13 (5) 19
C7)
0,671' 0,556*
Sim 2 12 17
(D (5)
Outros
Não 30 13 (5) 20 (6)
Sim 1 17 10
(0) (0)
Actos violentos
Antes do diagnóstico
Não 21 13 (5)
0,811*
19 (6)
0,469*
Sim 10 14 (5) 21 (8)
Depois do diagnóstico/antes do crime
Não 4 14 (3)
0,835*
21 (5)
0,575*
Sim 27 13 (5) 19 (7)
Vitima
Vizinhos 14 14 (5) 17 (5)
Familiares directos 10 14 (5) 0,359* 21 (7) 0,297*
Outros 7 11 (3) 18 (6)
Arma do Crime
Arma branca 10 14 (5) 19 (5)
Arma de fogo 9 14 (6) 20 (7)
0,793* 0,666*
Arma contundente 5 13 (3) 22 (10)
Outras 4 12 (5) 17 (8)
Antecedentes criminais
Não 22 14 (3) 21 (5)
0,835* 0,003**
Sim 9 13 (5) 14 (4)
Religião
Sem religião 8 16 (4) 21 (9)
0,133* 0,412**
Católica 22 13 (5) 18 (6)
M-Média; dp-desvio padrão; *Anova; **T test
Actividade Alucinatória
Não 5 16 (6) 24 (8)
0,147** 0,093**
Sim 24 13 (4) 18 (6)
Consultas de psiquiatria
Não 22 14 (5) 20 (6)
0,871* 0,852*
Sim 6 14 (5) 20 (7)
Antecedentes de esquizofrenia
Não 10 10 (3) 35 (9)
0,440* 0,609*
Sim 9 11 (2) 33 (9)
Crenças mágicas
Não 17 15 (5) 22 <7)
0,012" 0,022"
Sim 14 11 (3) 16 (5)
Hábitos alcoólicos
Antes do diagnóstico
Não bebe 16 9 (3) 36 (7)
Bebe moderadamente 14 11 (3) 0,586* 33 (7) 0,391*
Bebe excessivamente 1 11 (0) 35 (0)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não bebe 12 9 (3) 35 (7)
Bebe moderadamente 2 11 (2) 0,575* 35 (5) 0,575*
Bebe excessivamente 17 10 (3) 35 (7)
Hábitos tabágicos
Antes do diagnóstico
Não 9 14 (5) 20 (9)
0,708* 0,601*
Sim 22 13 (5) 19 (6)
Depois do diagnóstico
Não 13 (5) 21 (9)
0,993* 0,497*
Sim 23 13 (5) 19 (6)
À data actual
Nao 13 (5) 21 (9)
0,993* 0,497*
Sim 23 13 (5) 19 (6)
Consumo de drogas
Antes do diagnóstico
Não 15 9 (3) 35 (7)
0,061** 0,818**
Sim 16 11 (3) 35 (6)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não 14 8 (3) 34 (6)
0,002** 0,504*
Sim 17 11 (2) 36 (7)
Internamentos
Não 9 14 (5) 19 (5)
0,444** 0,976*
Sim 20 13 (5) 19 (8)
M-Média; dp-desvio padrão; *Anova; **T test
Homicídio
Não 17 10 (3) 34 (6)
0,647* 0,487*
Sim 14 10 (3) 36 (7)
Tentativa de homicídio
Não 23 9 (3) 35 (7)
0,145** 0,780**
Sim 8 11 (3) 34
(6)
Ofensas Corporais Graves
Não 28 10 (3) 35 (7)
0,008** 0,894*
Sim 3 6 (2) 34 (4)
Ofensas Corporais Simples
Não 28 10 (3) 35 (7)
0,439** 0,966*
Sim 3 9 (4) 35 (5)
Roubo/Furto
Não 31 10 (3) 35 (7)
Sim 0 0 (0) 0 (0)
Violação
Não 31 10 (3) 35 (7)
Sim 0 0 (0) 0 (0)
Tentativa de violação
Não 29 10 (3) 35 (7)
0,817** 0,113**
Sim 2 10 (D 28 (4)
Outros
Não 30 10 (3) 35
(7)
Sim 1 13 (0) 42 (0)
Actos violentos
Antes do diagnóstico
Não 21 10 (3) 1,000*
35 (7)
0,713*
Sim 10 10 (3) 36 (6)
Depois do diagnóstico/antes do crime
Não 4 10 (4) 38 (2)
0,865* 0,323*
Sim 27 10 (3) 34 (7)
Vitima
Vizinhos 14 8 (3) 32 (6)
Familiares directos 10 11 (3) 0,131» 37 (7) 0,181*
Outros 7 11 (3) 35 (5)
Arma do Crime
Arma branca 10 10 (4) 36 (6)
Arma de fogo 9 11 (3) 0,717*
37 (7) 0,593*
Arma contundente 5 10 (3) 35 (8)
Outras 4 9 (2) 32 (7)
Antecedentes criminais
Não 22 10 (3) 36 (7)
0,432* 0,134**
Sim 9 11 (3) 32 (5)
Duração da medida de segurança
<14 anos 12 9 (3) 35 (7)
0,028** 0,321*
>=14 anos 13 11 (3) 32 (5)
Visitas
Não 13 13 (5) 20 (7)
0,443* 0,449*
Sim 18 14 (5) 19 (6)
Liberdade de Prova
Não 28 13 (5) 19 (7)
0,783* 0,977*
Sim 3 13 (2) 19 (3)
Saídas Precárias
Não 24 14 (5) 20 (7)
0,086* 0,282*
Sim 6 11 (3) 17 (6)
Med- Média; dp- Desvio Padrão; *Anova; »*T test
Escolaridade
< 4a Ano 17 4 (3-8)
5 o -9 o Ano 7 4 (3-10)
0,390*
10 o -12° Ano 4 5 (3-9)
Superior 3 6 (4-8)
Profissão
Antes do diagnóstico
A trabalhar 19 3 (3-7)
Estudante 9 4 (3-10)
De baixa 1 5 (5-5) 0,127*
Desempregado 1 5 (5-5)
Reformado 1 3 (3-3)
Depois do diagnóstico
Desempregado 15 4 (3-10)
A trabalhar 5 6 (3-7)
De baixa 5 3 (3-4) 0,115*
Reformado 5 4 (3-5)
Estudante 1 9 (9-9)
Ocupação actual
Sem ocupação 18 4 (3-8)
RAVI (Regime aberto voltado para o interior) 10 4 (3-9) 0,691»
RAVE (Regime aberto voltado para o exterior) 3 4 (3-10)
Religião
Sem religião (3-10)
0,060**
Católica 22 (3-8)
Medi - Mediana; Min - Mínimo; Max - Máximo; *Teste Kruskal-Wallis , **Teste Mann-Whitney
Actividade Alucinatória
Não 5 4 (3-8)
0,671**
Sim 24 4 (3-10)
Consultas de psiquiatria
Não 22 4 (3-9)
0,259*
Sim 6 5 (3-10)
Crenças mágicas
Não 17 4 (3-9)
0,457**
Sim 14 4 (3-10)
Hábitos alcoólicos
Antes do diagnóstico
Não bebe 16 5 (3-10)
Bebe moderadamente 14 3 (3-10) 0,033*
Bebe excessivamente 1 4 (4-4)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não bebe 12 4 (3-10)
Bebe moderadamente 2 5 (3-6) 0,437*
Bebe excessivamente 17 4 (3-8)
Hábitos tabágicos
Antes do diagnóstico
Não 9 5 (3-8)
0,353**
Sim 22 4 (3-10)
Depois do diagnóstico
Não 8 5 (3-8)
0,638**
Sim 23 4 (3-10)
À data actual
Não 8 5 (3-8)
0,638*
Sim 23 4 (3-10)
Consumo de drogas
Antes do diagnóstico
Não 15 4 (3-8)
16 4 0,666**
Sim (3-10)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não 14 5 (3-8)
0,710**
Sim 17 4 (3-10)
Internamentos
Não 9 3 (3-7)
0,458*
Sim 20 4 (3-10)
Medi - Mediana; Min - Mínimo; Max - Máximo; *Teste Kruskal-Wallis , **Teste Mann-Whitney
Homicídio
Não 17 4 (3-8)
0,311**
Sim 14 4 (3-10)
Tentativa de homicídio
Não 23 4 (3-10)
0,981*
Sim 8 4 (3-9)
Ofensas Corporais Graves
Não 28 4 (3-10)
7 0,056*
Sim 3 (5-7)
Ofensas Corporais Simples
Não 28 4 (3-10)
0,554*
Sim 3 4 (3-4)
Roubo/Furto
Não 31 4 (3-10)
Sim 0 0 (0)
Violação
Não 31 4 (3-10)
Sim 0 0 (0)
Tentativa de violação
Não 29 4 (3-10)
0,451*
Sim 2 4 (3-4)
Outros
Não 30 4 (3-9)
Sim 1 10 (10-10)
Actos violentos
Antes do diagnóstico
Não 21 4 (3-10)
0,567**
Sim 10 4 (3-8)
Depois do diagnóstico/antes do crime
Não 4 6 (4-7)
0,104**
Sim 27 4 (3-10)
Vitima
Vizinhos 14 4 (3-10)
Familiares directos 10 4 (3-9) 0,964*
Outros 7 4 (3-6)
Arma do Crime
Arma branca 10 5 (3-10)
Arma de fogo 9 4 (3-9)
0,120*
Arma contundente 5 3 (3-4)
Outras 4 4 (3-7)
Antecedentes criminais
Não 22 4 (3-10)
0,.378**
Sim 9 3 (3-7)
Visitas
Não 13 4 (3-8)
0,416**
Sim 18 4 (3-10)
Liberdade de Prova
Não 28 4 (3-10)
0,862*
Sim 3 4 (3-5)
Saídas Precárias
Não 24 (3-10)
0,085*
Sim 6 (3-5)
Medi - Mediana; Min - Mínimo; Max - Máximo; *Teste Kruskal-Wallis , **Teste Mann-Whitney
Idade
<42 anos 16 -5 (7) 9 (3)
0,332* 0,949**
>=42 anos 15 -7 (6) 9 (3)
Naturalidade
Rural 16 -6 (7) 10 (3)
0,653* 0,295**
Urbana 15 -5 (7) 9 (3)
Residência
Rural 15 -6 (7) 10 (3)
0,817* 0,341"
Urbana 16 -5 (7) 9 (3)
Estado Civil
Solteiro 23 -6 (7) 10 (3)
0,688** 0,237*
Outros 8 -5 (5) 8 (4)
Filhos
Não 22 -6 (7) 10 (3)
0,793* 0,124*
Sim 9 -5 (5) 8 (3)
Conviventes
Família Directa 22 -6 (7) 9 (3)
0,883* 0,956*
Outros 9 -6 (5) 9 (3)
Escolaridade
< 4a Ano 17 -8 (7) 9 (4)
5 o - 9 o Ano 7 -3 (5) 9 (3)
0,302* 0,952*
10 o -12° Ano 4 -5 (7) 9 (3)
Superior 3 -2 (5) 9 (2)
Profissão
Antes do diagnóstico
A trabalhar 19 -5 (5) 9 (3)
Estudante 9 -7 (10) 10 (3)
De baixa 1 -13 (0) 0,656* 10 (0) 0,708*
Desempregado 1 0 (0) 8 (0)
Reformado 1 -8 (0) 9 (0)
Depois do diagnóstico
Desempregado 15 -7 (8) 10 (4)
A trabalhar 5 -1 (4) 9 (2)
De baixa 5 -6 (5) 0,466* 9 (3) 0,838*
Reformado 5 -8 (5) 8 (3)
Estudante 1 0 (0) 8 (0)
Ocupação actual
Sem ocupação 18 -8 (6) 10 (3)
RAVI (Regime aberto voltado para o interior) 10 -5 (6) 0,121* 8 (3) 0,189*
RAVE (Regime aberto voltado para o exterior) 3 1 (5) 7 (D
Religião
Sem religião (9) 10 (4)
0,995* 0,538*
Católica 22 (6) 9 (3)
M- Média; dp-desvio padrão; *Anova; **T test
Homicídio
Não 17 (6) 9 (3)
0,056* 0,389*
Sim 14 (6) 10 (3)
Tentativa de homicídio
Não 23 -6 (7) 9 (3)
0,645** 0,427**
Sim 8 -5 (6) 8 (4)
Ofensas Corporais Graves
N8o 28 -6 (7) 9 (3)
0,094** 0,778*
Sim 3 1 (5) 10 (2)
Ofensas Corporais Simples
Não 28 -6 (7) 9 (3)
0,566** 0,512*
Sim 3 -8 (7) 10 (3)
Roubo/Furto
Não 31 -6 (6) 9 (3)
Sim 0 0 (0)
- 0 (0)
Violação
Não 31 -6 (7) 9 (3)
Sim 0 0 - 0 (0)
(0)
Tentativa de violação
Não 29 -6 (7) 9 (3)
0,776** 0,455*
Sim 2 -5 (6) 8 (4)
Outros
Não 30 -6 (6) 9 (3)
Sim 1 0
- 6
(0) (0)
Actos violentos
Antes do diagnóstico
Não 21 -5 (6) 9 (3)
0,590** 0,605**
Sim 10 -7 (8) 10 (4)
Depois do diagnóstico/antes do crime
Não 4 -7 (6) 0,660**
11 (?) 0,293*
Sim 27 -6 (7) 9 (3)
Vitima
Vizinhos 14 -3 (6) (2)
Familiares directos 10 -7 (7) 0,225* 10 (4) 0,266*
Outros 7 -7 (5) 10 (3)
Arma do Crime
Arma branca 10 (8) 9 (2)
Arma de fogo 9 (6) 9 (3)
0,635* 0,832*
Arma contundente 5 10 (8) 10 (5)
Outras 4 -5 (7) 9 (3)
Antecedentes criminais
Não 22 -7 (7) 10 (3)
0,023** 0,027*
Sim 9 -2 (4) 7 (3)
Visitas
Não 13 (7) 10 (3)
0,196** 0,509*
Sim 18 -5 (7) 9 (?)
Duração da medida de segurança
<14 anos 12 -4 (8) 3
0,281** 0,691*
>=14 anos 13 -7 (5) 4
Liberdade de Prova
Não 28 (7) (3)
0,826* 0,928**
Sim 3 (4) (1)
Saídas Precárias
Não 24 -6 (7) 10 (3)
0,917* 0,158**
Sim 6 -6 (5) 8 (3)
M- Média; dp- desvio padrão; *Anova; **T test
Idade
<42 anos 16 8 (3) 7 (3)
0,781* 0,355*
>=42 anos 15 8 (3) 6 (2)
Naturalidade
Rural 16 8 (4) 6 (3)
0,.687** 0,412**
Urbana 15 8 (3) 7 (2)
Residência
Rural 15 8 (4) 6 (3)
0,463** 0,528*
Urbana 16 8 (3) 7 (2)
Estado civil
Solteiro 23 8 (3) 7 (3)
0.418* 0,221*
Outro 8 7 (3) 5 (2)
Filhos
Não 22 8 (3) 7 (3)
0,249** 0,288**
Sim 9 7 (3) 6 (2)
Conviventes
Família Directa 22 8 (3) 6 (3)
0,696* 0,564**
Outros 9 8 (3) 6 (2)
Escolaridade
< 4a Ano 17 8 (3) 6 (2)
5 o -9 o Ano 7 7 (2)
0,591*
5 (2)
0,022"
10 o -12° Ano 4 10 (3) 9 (2)
Superior 3 7 (3) 7 (2)
Profissão
Antes do diagnóstico
A trabalhar 19 7 (3) 5 (2)
Estudante 9 9 (2) 9 (2)
De baixa 1 8 (0) 0.291* 7 (0) 0,009*
Desempregado 1 13 (0) 5 (0)
Reformado 1 7 (0) 4 (0)
Depois do diagnóstico
Desempregado 15 8 (2) 7 (2)
A trabalhar 5 8 (5) 6 (3)
De baixa 5 8 (3) 0,218* 5 (D 0,038*
Reformado
Estudante
5 6 (D 5 (2)
1 13 (0) 11 (0)
Ocupação actual
Sem ocupação 18 8 (3) 6 (2)
RAVI (Regime aberto voltado para o interior) 10 5 (D 0,234* 6 (3) 0,977*
RAVE (Regime aberto voltado para o exterior) 3 8 (4) 6 13)
Religião
Sem religião (3) (3)
0,227* 0,014**
Católica 22 (3) (2)
M- Média; dp- Desvio Padrão; *Anova; **T test
Se considerarmos o tipo de crime, nos doentes que incorreram num acto ilícito grave
contra as pessoas, como homicídio e tentativa de homicídio (Quadro XXXIe), a duração da
medida de segurança é mais provável que seja superior ou igual a 14 anos, comparativamente
aos que incorreram noutro tipo de crime, nos quais a duração da medida de segurança é
inferior ou igual a 14 anos (p<,001).
Convivente
Família directa 15 (75) 7 (64)
0,683**
Outro 5 (25) 4 (36)
Escolaridade
< 4a Ano 12 (60) 5 (46)
5 o - 9 o Ano 6 (30) 1 (9) 0,130*
10 o -12° Ano 1 (5) 2 (27)
Superior 1 (5) 2 (18)
Profissão
Antes do diagnóstico
A trabalhar 13 (65) 6 (55)
Estudante 6 (30) 3 (27)
De baixa 0 (0) 1 (9) 0,363*
Desempregado 1 (5) 0 (0)
Reformado 0 (0) 1 (9)
Depois do diagnóstico
Desempregado 11 (55) 4 (37)
A trabalhar 2 (10) 3 (27)
De baixa 3 (15) 2 (18) 0,379*
Reformado 4 (20) 1 (9)
Estudante 0 (0) 1 (9)
Ocupação actual
Sem ocupação 11 (55) 7 (64)
RAVI (Regime aberto voltado para o interior) 6 (30) 4 (36) 0,400*
RAVE (Regime aberto voltado para o exterior) 3 (15) 0 (0)
Religião
Sem religião 6 (32) 2 (18) 0,672**
Católica 13 (68) 9 (82)
♦Pearson Qui-quadrado; **Teste exacto de Fisher
Tentativa de homicídio
Não 15 (75) 8 (73)
1,000*
Sim 5 (25) 3 (27)
Ofensas Corporais Graves
Não 19 (95) 9 (82)
0,281"
Sim 1 (5) 2 (18)
Ofensas Corporais Simples
Não 17 (85) 11 (100)
0,535**
Sim 3 (15) 0 (0)
Roubo/Furto
Não 20 (100) 11 (100)
Sim 0 (0) 0 (0)
Violação
Não 20 (100) 11 (100)
Sim 0 (0) 0 (0)
Tentativa de violação
Não 18 (90) 11 (100)
0,527**
Sim 2 (10) 0 (0)
Outros
Não 19 (95) 11 (100)
1,000*
Sim 1 (5) 0 (0)
Actos violentos
Antes do diagnóstico
Não 11 (55) 10 (91)
0,055*
Sim 9 (45) 1 (9)
Depois do diagnóstico/antes do crime
Não 0 (0) 4 (36)
Sim 20
0,010*
(100) 7 (64)
Vitima
Vizinhos 6 (30) 4 (36)
Familiares directos 9 (45) 5 (46) 0,889**
Outros 5 (25) 2 (18)
Arma do Crime
Arma branca 8 (46) 2 (18)
Arma de fogo 3 (18) 6 (55)
0,193*
Arma contundente 3 (18) 2 (18)
Outras 3 (18) 1 (9)
Antecedentes criminais
Não 13 (65) 9 (82)
0,429**
Sim 7 (35) 2 (18)
Visitas
Não 8 (40) 5 (45)
1,000*
Sim 12 (60) 6 (55)
Liberdade de Prova
Não 19 (95) 8 (82)
0,281*
Sim 1 (5) 2 (18)
Saídas Precárias
Não 15 (79) 9 (82)
1,000*
Sim 4 (21) 2 (18)
*Pearson Qui-quadrado; **Teste exacto de Fisher
Antecedentes de esquizofrenis
Não 5 (50) 4 (44)
1,000*
Sim 5 (50) 5 (56)
Hábitos alcoólicos
Antes do diagnóstico
Não bebe 8 (47) 8 (57)
Bebe moderadamente 8 (47) 6 (43) 0,605*
Bebe excessivamente 1 (6) 0 (0)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não bebe 5 (29) 7 (50)
Bebe moderadamente 0 (0) 2 (14) 0,083*
Bebe excessivamente 12 (71) 5 (36)
Hábitos tabágicos
Antes do diagnóstico
Não 6 (35) 3 (21)
0,456*
Sim 11 (65) 11 (79)
Depois do diagnóstico
Não 5 (29) 3 (21)
0,698**
Sim 12 (71) 11 (79)
À data actual
Não 5 (29) 3 (21)
0,698**
Sim 12 (71) 11 (79)
Consumo de drogas
Antes do diagnóstico
Não 10 (59) 5 (36)
0,200*
Sim 7 (41) 9 (64)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não 9 (53) 5 (36)
0,337*
Sim 8 (47) 9 (64)
Internamentos
Não 5 (31) 4 (31)
1,000*
Sim 11 (69) 9 (69)
*Pearson Qui-quadrado; "Teste exacto de Fisher
Consultas de psiquiatria
Não 15 (79) 7 (78)
1,000**
Sim 4 (21) 2 (22)
Histórias de antecedentes psiquiátricos
Não 6 (29) 4 (50)
0,390*
Sim 15 (71) 4 (50)
Antecedentes de esquizofrenia
Não 8 (53) 2 (50)
1,000*
Sim 7 (47) 2 (50)
Crenças mágico-primitivas
Não 12 (55) 5 (56)
1,000**
Sim 10 (45) 4 (44)
Hábitos alcoólicos
Antes do diagnóstico
Não bebe 10 (45) 6 (67)
Bebe moderadamente 11 (50) 3 (33) 0,507*
Bebe excessivamente 1 (5) 0 (0)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não bebe 6 (27) 6 (67)
Bebe moderadamente 2 (9) 0 (0) 0,108*
Bebe excessivamente 14 (64) 3 (33)
Hábitos tabágicos
Antes do diagnóstico
Não 7 (32) 2 (22)
0,689*
Sim 15 (68) 7 (78)
Depois do diagnóstico
Não 7 (32) 1 (11) 0,.379**
Sim 15 (68) 8 (89)
A data actual
Não 7 (32) 1 (11) 0,379**
Sim 15 (68) 8 (89)
Consumo de drogas
Antes do diagnóstico
Não 11 (50) 4 (44)
1,000*
Sim 11 (50) 5 (56)
Depois do diagnóstico/ antes do crime
Não 9 (41) 5 (56)
0,693*
Sim 13 (59) 4 (44)
Internamentos
Não 6 (29) 3 (38)
0,675**
Sim 15 (71) 5 (62)
*Pearson Qui-quadrado; **Teste exacto de Fisher
5. DISCUSSÃO
número reduzido de indivíduos com filhos está de acordo com os dados da amostra relativos
ao estado civil e pode também reflectir a fertilidade reduzida dos doentes esquizofrénicos
(Jablensky, 2000).
A naturalidade e a área de residência distribuem-se mais ou menos igualmente por
áreas rurais e urbanas. Na falta de outros elementos, e dado que a esquizofrenia se distribui de
modo ubiquitário na população, afigura-se-nos que o facto de não existirem diferenças
significativa entre o número de doentes provenientes dos diversos meios demográficos,
poderá estar relacionado com a maior probabilidade dos doentes esquizofrénicos das áreas
urbanas serem clinicamente tratados mais cedo, até porque poderá existir, nas zonas rurais,
uma maior tolerância a comportamentos patológicos, associada a uma menor assistência
médica.
Para além daqueles que constituíram família (n=3), os restantes viviam principalmente
com a família de origem, traduzindo, assim, uma eventual dificuldade de autonomização dos
doentes esquizofrénicos.
Tendo em conta tratar-se de uma amostra proveniente, em cerca de 50%, do meio
rural, e tendo também em conta os défices cognitivos associados ao diagnóstico de psicose
esquizofrénica, não será de estranhar que mais de metade da amostra apresente um índice de
escolaridade não superior ao 4o ano de escolaridade. Nos restantes, os níveis de escolaridade
encontram-se em percentagem decrescente até ao ensino superior, com apenas 3 doentes
(9%), a ter essa frequência.
A actividade profissional, antes e depois do diagnóstico, revela bem o carácter
incapacitante da doença, sendo que a percentagem de doentes activos passa de 62% (n = 19)
para 16% (n = 5) após estabelecido o diagnóstico (p<0,001). É, no entanto, curioso observar
que após o diagnóstico, o número que mais cresceu foi dos desempregados e não dos de
situação de baixa ou reformados, como seria de esperar. Será isto tradutor de dificuldades
cognitivas com repercussão na mobilidade na nível burocrático, necessária à obtenção de
ajudas sociais? O facto de se tratar de uma população com baixo nível de habilitações
literárias, como anteriormente referido, condiciona necessariamente a integração em
actividades profissionais mais qualificadas, pelo que mesmo os que tinham maior estabilidade
laboral, desempenhavam tarefas indiferenciadas, relacionadas, sobretudo, com a construção
civil e a agricultura.
A ocupação dentro do EP também se configura problemática. Existe uma elevada
percentagem de doentes sem qualquer tipo de ocupação (58%), à qual acresce o número de
doentes (n = 10) que se encontram em regime aberto para o interior (RAVI), ou seja, exercem
uma actividade dentro do EP (na Clínica Psiquiátrica). Estes doentes são "faxinas", não
pressupondo esta actividade tarefas estruturadas e definidas, funcionando como uma forma de
colmatar dificuldades económicas (Coelho & Nobre, 1997). Em função desta realidade,
podemos concluir que cerca de 90% dos esquizofrénicos inimputáveis não exercem qualquer
tipo de actividade ocupacional/profissional, durante o período de internamento. Apenas 3
doentes se encontram em regime aberto voltado para o exterior (RAVE), integrados em cursos
de formação profissional no Centro de Reabilitação Profissional de Vila Nova de Gaia.
No que concerne a uma pormenorização diagnostica, dentro da perturbação
heterogénea que é a esquizofrenia, observamos que 94% dos doentes (n=29) foram
diagnosticados como sofrendo de esquizofrenia paranóide sendo os restantes hebefrénicos
(n=2). Na realidade, no tipo paranóide, a menor deterioração do doente ao longo dos anos,
bem como a presença frequente de actividade delirante de tipo auto-referencial e persecutório
e de alucinações auditivas de comando, durante um surto de descompensação, poderão
explicar uma muito maior prevalência deste tipo de situações face aos outros tipos em que a
deterioração mental é muito mais rápida e marcada, ou em que predominam o embotamento
afectivo e os sintomas motores de inibição, com menor actividade produtiva. Em 20 doentes,
o diagnóstico de esquizofrenia ocorreu antes da data do crime. Nos restantes onze o
diagnóstico só foi efectuado na sequência do crime, ou seja, este terá ocorrido num primeiro
surto (identificado) que deu origem ao comportamento agressivo. Só após a detenção do
doente se verificou a existência da perturbação psiquiátrica em causa.
A análise descritiva da amostra revelou, também, que apenas doze doentes (39%)
estão internados há menos de 5 anos e os restantes dezanove (61%), há mais de 5 anos. Os
internados há mais de 10 anos constituem 32% (n=l 1) da amostra de estudo. Contudo, a este
tempo, que apenas foi contabilizado a partir da data de entrada na clínica, acresce o tempo de
prisão preventiva, a aguardar julgamento. Atendendo a que a pena máxima em Portugal é de
25 anos, dos quais, quase sempre, são apenas cumpridos dois terços (isto é 16,6 anos),
julgamos excessivo o internamento há mais de 10 anos de onze doentes, numa população de
trinta e um. Dado que os doentes apenas podem ser libertados quando o tribunal verificar que
findou o estado de perigosidade fundamento do internamento (art.0 91°,n.° 1 do CP - pois a
medida de segurança apenas durará até cessar o estado de perigosidade), conclui-se,
necessariamente, que estes doentes permanecem mais de 10 anos "em estado de
perigosidade", o que não deixa de ser intrigante no âmbito da psicopatologia da
Este doente encontra-se internado há 18 anos após ter cometido homicídio na pessoa
do um seu irmão. A pena máxima do crime de homicídio qualificado é de 25 anos. De origem
rural, solteiro, com o 4.° ano de escolaridade, trabalhava no campo e vivia com a família à
data do crime. Na sequência do acto criminal foi-lhe diagnosticada uma psicose
esquizofrénica. Tinha 23 anos. Foi declarado inimputável perigoso. Não mais teve um acto
violento. Ainda representará um perigo social? Por ser ad eternum esquizofrénico? Ou por
não existir alternativa à privação da liberdade? Com os métodos actuais de tratamento das
psicoses esquizofrénicas, que permitem uma regressão franca, por vezes total, dos sintomas e
uma adequação relativa de reinserção social, torna-se difícil explicar este tipo de decisão que
nos parece ser principalmente motivada pela avaliação do enquadramento social, e apreciação
das condições do regresso do doente à comunidade, entendendo com frequência que não estão
reunidas essas condições. Na realidade, se contarmos apenas com o círculo familiar e social
do doente anterior ao crime, poderá ser difícil como adiante se sugere, encontrar uma solução
de reintegração adequada. Tudo isto poderá fazer com que estes doentes acabem por ficar
muito mais tempo internados que o tempo de prisão que teriam de cumprir caso fossem
imputáveis.
Na sequência de sentença judicial foi-lhes imposta uma medida de segurança de
internamento com, em média, um limite mínimo de três anos e um limite máximo de quatorze
anos. O limite mínimo pode ser interpretado à luz do disposto do artigo 91.° CP. O limite
máximo não pode exceder o limite máximo da pena correspondente ao tipo de crime, salvado
manter-se o estado de perigosidade (art.0 92 CP). De acordo com um estudo realizado em
Portugal, por Almeida (1999), no qual foi descrita uma amostra de 53 homicidas (apenas 4
inimputáveis), 33 indivíduos (nenhum inimputável) foram colocados em liberdade decorrida
uma pena média de prisão efectiva aproximadamente, de 5 anos e três meses. De um total de
concreta, para efeito de o crime ser qualificado, com o fim de lhe ser aplicada a medida de
segurança de internamento, prevista no art. °91° do CP. "
AcSTJ de 94/10/19, proc. N. ° 47175
"(...) A circunstância de um arguido ser inimputável e como tal agir sem culpa, não
inviabiliza que, in casu, se possam verificar quaisquer das circunstâncias agravantes da
conduta previstas no art.° 132° do CP. Para o art." 91° desse diploma, o que releva é a
prática de um facto ilícito típico, ou seja, o facto em si mesmo, na sua globalidade, integrado
com toda a sua ilicitude formal, e deste modo ligado à ideia de uma culpabilidade formal,
ideia conexionada essencial e vivencialmente com o tipo legal de crime, tal como se
apresenta, até para melhor se aferir da perigosidade futura relativamente ao agente.
AcSTJ de 98/01/20, proc. N.° 1112/97
internamento pode ser prorrogado por períodos sucessivos de 2 anos até que o tribunal
verifique que cessou o estado de perigosidade que lhe deu origem (art.0 92°, n.° 3 CP).
bem patente nesta amostra. Também foi observada a existência do crime de uso de arma
proibida ou ilegal (art.0 275.° CP e Dec. Lei 22/97, de 27 de Junho, e sucessivas alterações),
em 3 doentes que cometeram homicídio e em 2 dos que praticaram um homicídio na forma
tentada. Este crime foi também excluído aquando da codificação pelo crime mais grave,
tornando-se de certa forma secundário, visto não se tratar de crimes contra as pessoas mas
sim de crimes de perigo comum conforme o nosso Código Penal.
A vítima foi em 45% dos casos um familiar directo e em 32% um vizinho, A violência
aparece principalmente dirigida às pessoas mais próximas física e afectivamente do doente
(77%), e não a estranhos. De facto, quando consideramos a vítima que não familiar ou
vizinha, verificamos que em apenas dois casos a vítima foi um estranho (transeunte), pois nos
outros cinco esta era conhecida do doente (com laços a um nível pessoal ou laboral). Se
atendermos ao modo de desenvolvimento do delírio, com maior desenvolvimento de pessoas
com as quais o contacto é diário ou frequente, isto poderá constituir uma explicação para este
facto. Pensamos que, sendo a família o principal indutor de emoção expressa - que se sabe ter
uma relação com a descompensação da esquizofrenia, os elementos desta possam também ser
os principais visados quando esta descompensação cursa com actos violentos. Constatou-se
que em todos os crimes de homicídio (consumado ou na forma tentada) a vítima era familiar
ou vizinha, o que apoia esta asserção. A emoção expressa no seio de famílias em que um dos
membros sofre de esquizofrenia é frequentemente descrita como hostil, hipercrítica e
demasiado envolvente (Entralgo, 1994; Murray & Castle, 2000, Matos e col., 2003d). Um
relacionamento familiar no qual a emoção expressa faz parte integrante, conjugado com o
facto dos doentes esquizofrénicos serem habitualmente mais sensíveis a críticas, poderá
causar um aumento de recaídas e, consequentemente, um pior prognóstico.
O tipo de arma mais utilizado para a perpetração do crime foi a arma branca, e aqui as
facas de uso doméstico integraram a totalidade deste tipo de arma. Este facto explica-se pela
sua fácil acessibilidade, fazendo sentido como principal meio de infligir violência a terceiros
e, nomeadamente, a familiares ou vizinhos. O grande número de actos utilizando armas de
fogo não foi, curiosamente, relacionado com o importante número de casos ocorrendo em
meio rural. De facto, o tipo de arma não teve qualquer relação com o meio no qual o crime
ocorreu, nem com a vítima (p>0,005).
Em relação aos antecedentes psiquiátricos pessoais, 65% (n=20) dos casos o
diagnóstico de esquizofrenia foi realizado antes do crime e nos restantes 35% (n= 11), somente
após este se ter consumado. Seria, então, de esperar que aqueles 20 doentes já diagnosticados
nível de saídas a casa (saídas precárias), e mesmo na ponderação de saída em liberdade para
prova. O processo de reinserção social dos esquizofrénicos inimputáveis, nomeadamente nos
que se verifica uma total demissão do papel da família, da qual é exemplo o abandono dos
doentes na instituição em causa, não recebendo estes visitas ao longo do último ano (e na
maioria destes, há mais de um ano), encontra-se gravemente comprometido. Por tudo isto, não
é de estranhar que, quanto ao regime de saídas precárias, apenas 6 (20%) usufruem desta
regalia (decretada pelo Juiz do TEP), e em somente 3 (9%) foi autorizada a saída em
liberdade para prova (art.0 CP), mas encontrando-se esta, à data do estudo, revogada. Isto
sucedeu em acordo com o preceituado no art.0 95° CP (Revogação da liberdade para prova).
Ficou demonstrado nestes doentes, e sendo a fase de liberdade para prova uma tal de transição
entre a privação de liberdade e a plena liberdade, com assistência social adequada (Leal-
Henriques & Santos, 2002b), a difícil reinserção social de esquizofrénicos inimputáveis
perigosos. Não foi possível averiguar exactamente o que falhou nesta fase, visto a mesma
supor que ainda se mantém a perigosidade ( pois se tal assim não ocorresse teria lugar a
liberdade definitiva - cessando o motivo de base ao internamento, e não liberdade para
prova), muito embora existissem registos sobre a compensação clínica psicopatológica dos
doentes à data da autorização do tribunal. Não foi possível a consulta dos relatórios periódicos
do Instituto de Reinserção Social. Sabendo-se que outros factores contribuem para a asserção
da perigosidade por parte do juiz do TEP, como o facto praticado, (nos seus motivos e
circunstâncias), e em conexão com dados da vida pregressa e a personalidade do agente,
levanta-se a hipótese de saber qual (ou quais), destes factores estiveram na base decisória do
juiz ao determinar a revogação da liberdade para prova. Seria igualmente importante saber
quantos, quais e porquê os esquizofrénicos perigosos, após autorização de saída em liberdade
para prova, vêem tal autorização revogada. Considera-se esta questão importante para uma
melhor compreensão da reinserção social destes doentes, pelo que necessitará de
investigações futuras. Mesmo ao nível da reincidência criminal por parte dos esquizofrénicos
que se encontram, quer em regime de liberdade para prova, quer após cessar o internamento,
não existem trabalhos de investigação em Portugal e os que existem são maioritariamente de
origem anglo-saxónica, e contrariamente àquela, a jurisprudência portuguesa assenta as suas
bases no Direito Romano, pelo que os dados não poderão ser extrapolados. No entanto, alguns
estudos sugerem não existir maior reincidência criminal dos esquizofrénicos (inimputáveis),
relativamente à reincidência dos outros indivíduos (Harris e col., 1993). Esta questão,
contudo, exige também maior investigação.
diagnóstico (actos contra pessoas: n=8 e n=23, respectivamente; e, actos contra objectos: n= 9
e n=22, respectivamente), mas sim da sua magnitude, traduzida em número de actos
cometidos. Ou seja, o tipo de violência que um indivíduo apresenta antes do diagnóstico de
esquizofrenia irá ser o mesmo após tal diagnóstico, pelo que poder-se-á prever que um
esquizofrénico, a ter um acto agressivo, este será de um mesmo tipo que se tenha verificado
no período pré-mórbido?
Se atendermos à existência de hábitos alcoólicos e ao consumo de drogas, mesmo não
existindo diferenças significativas antes e depois do diagnóstico de esquizofrenia, merecem
atenção as percentagens de doentes que consumiam bebidas alcoólicas (61%; n=19, e 17
destes a consumir excessivamente - 90%) e dos que consumiam drogas (55%; n=17, e destes
13 a consumir diariamente - 77%). Atendendo a que cerca de 30% a 50% dos esquizofrénicos
têm problemas relacionados com o consumo exagerado de bebidas alcoólicas (Matos e col.,
2003Í), o valor de 61% parece significativo. A associação de alcoolismo e esquizofrenia é um
indicador de mau prognóstico porque diminui o juízo crítico, a adesão terapêutica, a
integração e manutenção em programas de reabilitação, e altera o efeito dos antipsicóticos,
diminuindo-o. O prejuízo do "insight" e as profundas alterações que ocorrem na
esquizofrenia, vão condicionar todo um processo de desintoxicação e manutenção da
abstinência alcoólica, pelo que a interdependência destes fenómenos está implicada em actos
agressivos violentos, mas nos quais o contributo individual destes diferentes diagnósticos não
está ainda definido. Tal asserção também se aplica aos esquizofrénicos consumidores de
substâncias. Esta associação também tem sido apontada como um factor de risco para
comportamentos violentos, mas a magnitude do contributo individual permanece uma questão
em aberto. Quando analisamos o tipo de droga, constatamos que os canabinóides são os mais
consumidos pelos doentes (n=16). Consideram-se os canabinóides como responsáveis por 10
a 15% de duplos diagnósticos (esquizofrenia e consumo de canabinóides) (Jablensky, 2000),
mas nesta amostra alguns doentes também consumiam outra droga que não aquela.
O consumo de tabaco é um dado clínico importante neste estudo. Cerca de 74%
(n=23) dos internados, à data actual, são grandes fumadores. Destes, 70% consomem mais de
20 cigarros (1 maço) por dia, houve assim um aumento do consumo desta substância de
significativa magnitude. Antes e depois do diagnóstico (p=0,025), e ao longo do tempo,
através da determinação da relação do consumo de cada momento anteriormente referido com
a data actual (antes do diagnóstico/data actual, p=0,001; após o mesmo e a data actual,
p=0,011), o aumento do consumo foi indiscutivelmente alto. Cerca de 75% dos
esquizofrénicos são grandes fumadores (Jablensky, 2000), valor próximo do encontrado neste
estudo. Admite-se que o tabaco possa diminuir os efeitos extrapiramidais secundários à
medicação antipsicótica, devido à acção da nicotina. Os restantes riscos que o tabaco origina
não são diferentes dos riscos para a população em geral, mas nestes doentes dever-se-á ter em
conta o facto do tabaco poder aumentar o metabolismo da medicação, exigindo um aumento
da dose terapêutica antipsicótica. Por último, poderíamos sugerir que esta prática pode ser
usada como forma de estruturação do tempo em ambiente monótono e pouco (ou nada)
estimulante. A vivência do tempo cronológico pode estar alterada nos esquizofrénicos por
alterações da percepção do mesmo e podendo ser sentido como uma progressão brusca e
descontínua, por saltos no tempo (Matos e col., 2003g), o que, nos doentes de tipo paranóide,
representa-se mais significativo. Esta hipótese encontra também consistência nas atribuições
dos próprios doentes: "é para passar o tempo, não há nada para fazer...".
A agressividade expressa pelo doentes na última semana antes do crime foi
significativamente superior à observada no ano anterior à entrevista (p<0,001), e ao
caracterizar a mesma, nos dois momentos temporais referidos, constata-se que todos os seus
parâmetros, com excepção da agressividade contra o próprio e a tendência suicida
verificaram esta diferença. Os doentes tendem a ocultar mais facilmente dados relativos à
hipótese, ou concretização, de actos autodestrutivos, comparativamente a outros dirigidos a
terceiros. Também, nos dados constantes dos processos jurídico-penais inexistia qualquer
referência a tais actos. Ocorreram diferenças altamente significativas (p<0,001) na
agressividade verbal e na irritabilidade, quer subjectiva quer expressa, sendo que na semana
anterior ao crime, estes doentes demonstraram extrema irritabilidade e agrediram verbalmente
terceiros, principalmente familiares e vizinhos, alguns dos quais se vieram a tornar vítimas.
Ao serem investigados, nas variáveis internas da amostra, factores que
condicionassem maior probabilidade de ocorrência destes actos no último ano, verificámos
que apenas a idade e o tipo de conviventes à data do crime foram directamente relacionados
com maior agressividade, neste período de tempo. Os indivíduos com menos de 42 anos têm,
à partida, mais aptidões cognitivas e o ambiente de reclusão em que vivem poderá contribuir
para a maior pontuação nesta escala de agressividade, pese embora não tenha sido possível
relacioná-la com os vários parâmetros que a constituem. Coloca-se a hipótese desta
agressividade, à semelhança das comparações da pontuação para o total da amostra, ser
devida principalmente à agressividade verbal, à irritabilidade global subjectiva e à
irritabilidade global expressa. O tamanho da amostra não foi suficiente para extrair estas
conclusões, pelo que será necessário aumentar a mesma, em trabalhos futuros.
São, igualmente, factores passíveis de aumentar a agressividade, quando esta se
reporta à última semana antes do crime, o consumo de drogas e os antecedentes psiquiátricos
pessoais (existência de internamentos). Em relação ao consumos de drogas, a sua associação
foi evidenciada quer esta tenha tido origem antes ou após o diagnóstico de esquizofrenia, o
que significa que, para o acto agressivo poder ser relacionado com existência de consumo de
drogas, no esquizofrénico agressor, pouco importa quando estes consumos foram iniciados.
Apenas que estes doentes esquizofrénicos, em comparação com aqueles que não consomem
drogas, têm mais frequentemente comportamentos agressivos, na semana precedente ao
crime. Naqueles em que se registaram antecedentes de internamentos psiquiátricos, a
agressividade nesta data também não foi menosprezível relativamente aos que não tinha este
antecedente. Uma grande maioria dos primeiros, como já foi referido anteriormente,
abandonaram as consultas e não estavam medicados à data do crime. Também não foi
possível a caracterização da agressividade na semana anterior ao crime nestes 2 grupos de
doentes pelas razões supracitadas. Mais uma vez considera-se de extrema importância o
estudo deste comportamento agressivo, nas suas diferentes vertentes, em futuras
investigações.
concluindo-se, por isso, que esta variável, e contrariamente ao que se poderia esperar, não
parece ser uma variável sócio-demográfica, nem ter aparentemente qualquer relação cultural e
religiosa. De facto, a asserção inicial aquando da realização da entrevista, foi investigar
crenças mágico-primitivas no grupo de variáveis clínicas, pois estas encontrar-se-iam apenas
relacionadas, de alguma forma, com este grupo. Todos os doentes que as reportaram,
apresentarem, à data do crime, actividade alucinatória de comando e/ou o fenómeno
considerado "act on delusion"; ou seja, o acto em estado delirante. Estes doentes têm um
comportamento marcado pela exuberância da sintomatologia positiva, nomeadamente da
actividade delirante, e poderão apresentar também enorme irritabilidade percepcionada por
terceiros como uma assustadora perplexidade e inquietação, sem qualquer possibilidade de
explicação que não uma transcendental. Considera-se a hipótese de se tratar, a nível
psicopatológico, de um estado pré-delirante. Seria importante investigar se também foi
observável, nestes doentes, na semana anterior ao crime, agressividade verbal marcada.
Em relação aos hábitos alcoólicos, apenas foram importantes, ao nível
psicopatológico, antes do diagnóstico e nos doentes que não consumiam, ou seja, nos
esquizofrénicos que, antes do diagnóstico eram abstémios observou-se, na actualidade, maior
relevância de sintomatologia paranóide: desconfiança/perseguição (P6), hostilidade (P7) e
falta de colaboração (G8), em comparação com os que bebiam nessa data. Trata-se de um
achado a exigir um aprofundamento da investigação. Poder-se-á colocar a hipótese de que os
que bebiam se apresentam mais deteriorados, mas esta variável não surgiu significativa em
mais nenhum agrupamento ou sub-escala. No que respeita ao consumo de drogas e
psicopatologia, nestes doentes o consumo foi importante antes e depois do diagnóstico, com
diferentes repercussões psicopatológicas, o que supõe que os doentes destes grupos temporais,
em que o diagnóstico é fulcral, sejam diferentes. O consumo de drogas, antes do diagnóstico,
foi associado, positiva e significativamente, com a Escala composta e com os sintomas do
agrupamento Anergia. Após o diagnóstico, esta associação positiva verifíca-se em relação ao
agrupamento Depressão: preocupações somáticas (Gl), ansiedade (G2), sentimentos de culpa
(G3) e depressão (G6). Desde que foram internados, estes doentes não consomem qualquer
tipo de drogas. Numa amostra de doentes esquizofrénicos de uma enfermaria de crónicos, a
depressão surge como um factor preditor de prognóstico favorável na esquizofrenia crónica,
tendo sido relacionada com um sentimento de "plenitude vivencial" {fullness of life) (Kay &
Murril, 1991). Talvez, nos doentes que apresentaram consumos de drogas após o diagnóstico,
este facto tenha outro significado, visto o ambiente e as circunstâncias do internamento serem
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ANEXOS
|"Exmo Sr.
Professor Doutor A Pacheco Palha
Director de Psiquiatria e Saúde Mental da
Faculdade de Medicina do Porto
Alameda Professor Hernâni Monteiro
4 2 0 0 - 3 1 9 PORTO
I-
Sua referência Sua comunicação de Nossa referência Lisboa, 25/03/2002
2002/03/15 Jtf /DSPDERI72002
N
A ASSUNTO: Tese de Mestrado em Psiquiatria Forense
R
E
S Em resposta ao pedido de colaboração de V. Exa, para que a mestranda Dr3. Susana Maria Pinto
P
O Almeida Leitão da Cunha seja autorizada a recolher elementos junto dos doentes da Clínica de
s
T
A
Psiquiatria e Saúde Mental de Santa Cruz do Bispo a fim de poder elaborar a sua tese
subordinada ao tema "Agressividade na Esquizofrenia", cumpre-me informar da nossa
disponibilidade para tal, desde que se precisem algumas questões metodológicas.
TRAV. CRUZ DO TOREL, 1 - TELEF. 8812200 - APARTADO 21207 - 1198 LISBOA CODEX - FAX 8853653
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
DTRECÇÃO-GERAL DOS SERVIÇOS PRISIONAIS
l ^ x m o Sr.
Professor Doutor A Pacheco Palha
Director de Psiquiatria e Saúde Mental da
Faculdade de Medicina do Porto
Alameda Professor Hernâni Monteiro
4 2 0 0 - 3 1 9 PORTO
l_
Sua referência Sua comunicação de Nossa referência Lisboa, 22/05/2002
2002/05/10 ^á/DSPDERI/2002
N
A ASSUNTO: Tese de Mestrado em Psiquiatria Forense
R
E
S
Em cumprimento de despacho do Senhor Director - Geral, tenho a honra de informar V. Exa
P
O que a mestranda, Dr3 Susana Maria Pinto Almeida Leitão da Cunha está autorizada a realizar a
S
T
A
investigação junto dos internados na Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental de Santa Cruz do
I
Bispo, tendo em vista a conclusão da sua tese de mestrado subordinada ao tema " Agressividade
N
D na Esquizofrenia".
I
C
A
R
Reaflrma-se, em cumprimento ao disposto na Circular n° 5 / GDG / 2001 de 18 de Junho, que o
trabalho deverá assentar na anuência dos internados a contactar, bem como na confidencialidade
e anonimato dos dados recolhidos e das pesoas envolvidas. Solicita-se, igualmente, que seja
enviada, a esta Direcção - Geral, cópia do trabalho final.
A
S
TRAV. CRUZ DO TOREL, 1 - TELEF. 8812200 - APARTADO 21207 - 1198 LISBOA CODEX - FAX 8853653
ESTUDO INVESTIGACIONAL
Tese de Mestrado de Psiquiatria e Saúde Mental
INTRODUÇÃO
OBJECTIVO DO ESTUDO
PARTICD7AÇÃO VOLUNTÁRIA
CONFDDENCIALIDADE
BENEFÍCIOS POSSÍVEIS
N.°
1-IDADE
4- - ESTADO C IVIL
Solteiro 1 D
Casado ou vivendo como tal 2 Q
Viúvo 3 D
Divorciado 4 Q
Há quanto tempo?
(se 2, 3 ou 4)
5 - FILHOS
SimlQ
Não 2 D
Quantos e que idade tem ?
(sei)
6 - NATURALIDADE (Distrito)
Rural 1 D
Urbano 2 D
7 - PROFISSÃO
Antes do diagnóstico
Estudante 1 £ J
A trabalhar 2 □
De baixa 3 Q
Desempregado 4 Q]
Reformado 5 [~1
Depois do diagnóstico
Estudante 1 Q
A trabalhar 2 □
De baixa 3 fj |
Desempregado 4 Q
Reformado 5 □
8 - OC UPAÇÃO ACTUAL
Sem ocupação 1 Qj
RAVI 2 D
RAVE 3 D
Se RAVI/RAVE especifique
9 - RESIDÊNCIA (Distrito)
Rural 1 D
Urbana 2 D
10 - VIVE COM
Sozinho 1 Q
Pais 2 D
Companheiro 3 [~1
Companheiro e filhos 4 Q)
Outros 5 □
11-ESCOLARIDADE
4a Classe 1 D
> 4 Classe < 9o Ano 2 D
a
12-RELIGIÃO
Sem religião 1 Q]
Católica 2 □
Outra 3 D
Qual ?
Praticante 1 Qj
Não praticante 2 Q
Antes do diagnóstico
Não bebe 1 Qj
Bebe moderadamente 21~1
Bebe excessivamente 3 f j
Bebe diariamente 4 Q J
Bebe ocasionalmente 5 Q
(se 2 ou 3)
Depois do diagnóstico
Não bebe 1 Q j
Bebe moderadamente 2 [~|
Bebe excessivamente 3 Q
Bebe diariamente 4 QJ
Bebe ocasionalmente 5 Q
(se 2 ou 3)
19 - HÁBITOS TABÁGICOS
NãolQ
Sim 2 D
(continua se respondeu 2)
Antes do diagnóstico
Depois do diagnóstico
20 - C ONSUMO DE DROGAS
SimlQ
Não 2 D
Antes do diagnóstico
Haxixe/Cannabis 1 O
Cocaína 2 Q
Heroína 3 Q
Anfetaminas4 [ j
Extasy 5 [ |
Crack 6 Q
Outras 7 □
Quais?
Diariamente 1 Q
Ocasionalmente 2 O
Depois do diagnóstico
Haxixe/Cannabis 1 Q]
Cocaína 2 Q
Heroína 3 [~~l
Anfetaminas 4 Q]
Ecstasy 5 □
Crack 6 □
Outras 7 □
Quais?
Diariamente 1 [~|
Ocasionalmente 2 Q
22 - TIPO DE CRIME
Homicídio 1 Qj
Tentativa de homicídio 2 [~|
Ofensas corporais graves 3 Q
Ofensas corporais simples 4 [~1
Violação 5 Q
Tentativa de violação 6 Q !
Roubo 7 □
Outro 8 □
Se outro, qual?
23 - VÍTIMA
Familiar 1 □
Quem?
Vizinho (a) 2 D
Outros 3 □
Quem?
24 - ARMA
Arma branca 1 [*~l
Arma de fogo 2 Q
Arma contundente 3 Qj
Outras 4 □
Se não (2)
Nunca 1 Q]
Abandonou 2 f~1
Internamentos anteriores
SimlD
Não 2 D
Antes do diagnóstico
Não 1 D
Sim 2 D
Se 2
Contra as pessoas 1 Q i
Contra objectos 2 Q
Contra o próprio 3 □
Depois do diagnóstico
Não 1 D
4 Sim 2 D
Se 2 (sim)
Contra as pessoas 1 Q
Contra objectos 2 [ j
Contra o próprio 3 Q
Especifique
Esquizofrenia 1 Qj
Perturbação afectiva 2 fj |
Alcoolismo 3 Q
Outros 4 □
Se outros quais?
29 - VISITAS
SimlQ
Não 2 D
Se sim quem?
30 - Saídas precárias
SimlD
Não 2 D
EAE-M - Escala de Agressividade Expressa Modificada
Coccaro e col., 1991
(Tradução: Susana Almeida Cunha)
0 - não ocorreu
1 - gritou a alguém
2 - ameaçou ou insultou alguém
3 - envolveu-se numa discussão
4 - ameaçou bater em alguém que conhece
5 - ameaçou bater num estranho
0 - não ocorreu
1 - bateu com portas, deu pontapés em móveis, atirou roupa com fúria
2 - partiu objectos com raiva
3 - partiu várias coisas com raiva
4 - ateou fogos, danificou bens de alguém
5 - agrediu ou torturou um animal de estimação ou outro ser vivo
0- não ocorreu
1- fez gestos ameaçadores
2- agressão que não resultou em lesões físicas
3- agressão que resultou em lesões físicas
4- agressão que resultou em lesões físicas graves
5- agressão que necessitou de observação médica
0 - não ocorreu
1 - mordeu, arranhou, bateu
2 - bateu com a cabeça ou deu murros na parede
3 - fez cortes, hematomas ou queimaduras mas só superficiais
4 - fez cortes, hematomas ou queimaduras profundas ou com gravidade
5 - dentes partidos, fracturas ou traumatismos cranianos
Irritabilidade global subjectiva: intensidade e duração de sentimentos de
irritabilidade, raiva, rancor, aborrecimento:
0-não
1 - leve: pensamentos ocasionais de morte
2 - ligeira: desejo frequente de morrer / pensamentos ocasionais de suicídio
3 - moderada: pensa muitas vezes em suicídio ou já pensou num método específico
4 - severa: pensa frequentemente em suicídio, ensaia mentalmente um plano, teve um
gesto suicida
5 - extrema: preparou uma tentativa grave de suicídio
6 - muito grave: tentativa de suicídio com intenção óbvia de morrer ou com grande
potencial de morte / consequências médicas graves
Continua se respondeu 4, 5 ou 6
1 Subescaia Dositiva
Subtotal D D
2 Subescaia neaativa
Subtotal D D
3 Subescaia de DsicoDatoloeia geral
Subtotal DDD
MANUAL DE DEFLAÇÕES DA PANSS
PI - ACTIVIDADE DELIRANTE
P3 - COMPORTAMENTO ALUCINATÓRIO
Relato verbal ou comportamento indicando percepções que não são geradas por
estímulos externos. Estas podem ocorrer "nos domínios auditivo, visual, olfactivo ou
somático.
Base de avaliação: Relato verbal e manifestações físicas no decurso da entrevista assim
como relatos do comportamento do doente pelo pessoal de saúde ou familiares.
1 - AUSENTE - A definição não se aplica.
2 - MÍNIMO - Patologia questionável; pode considerar-se no extremo superior dos
limites da normalidade.
3 - LIGEIRO - Uma ou duas alucinações nitidamente formadas mas infrequentes ou
então um certo número de percepções anormais vagas que não resultam em distorsões
do pensamento ou do comportamento.
4 - MODERADO - As alucinações ocorrem frequentemente mas não continuamente e o
pensamento e o comportamento do doente são afectados apenas em pequena extensão.
5 - MODERADO GRAVE - As alucinações são frequentes, podem envolver mais do
que uma modalidade sensorial e têm tendência a distorcer o pensamento ou alterar o
comportamento. -O doente pode dar uma interpretação delirante a estas experiências e
responder-lhes, na ocasião, emocional ou verbalmente.
6 - GRAVE - As alucinações estão presentes quase continuamente, causando urna
completa ruptura no pensamento e no comportamento. O doente trata-as como
percepções reais e o seu funcionamento é impedido por respostas emocionais frequentes
àquelas.
7 - EXTREMO - O doente está totalmente absorto nas alucinações que virtualmente lhe
dominam o pensamento e o comportamento. As alucinações têm uma interpretação
delirante rígida e_provocam respostas verbais e comportamentais que incluem obediência
a comandos alucinatórios.
- P4 - AGITAÇÃO/ EXCITAÇÃO
P5 - IDEIAS DE GRANDEZA
Pó - DESCONFIANÇA / PERSEGUIÇÃO
P7 - HOSTILIDADE
NEGATIVE SCALE ( N )
NI - EMBOTAMENTO AFECTIVO
I
/
/
/
durante a entrevista.
N7 - PENSAMENTO ESTEREOTIPADO
N7 - PENSAMENTO ESTEREOTTPADO
/*
./ :
/
G l - PREOCUPAÇÕES SOMÁTICAS
Queixas físicas ou crença numa doença ou mau funcionamento somático. Pode variar
- desde uma sensação vaga de mal-estar até um delírio bem definido duma doença física
catastrófica.
Base de avaliação: Conteúdo do. pensamento expresso na entrevista.
1 - AUSENTE - A definição não se aplica.
2 - MTNTMO - Patologia questionável; pode considerar-se no extremo superior dos
limites da normalidade.
3 - LIGEIRO - Nitidamente preocupado com a saúde ou problemas corporais,
evidenciado por perguntas ocasionais e desejo de tranquilização.
4 - MODERADO - Queixas acerca da saúde ou de mau funcionamento corporal, mas
sem convicção delirante, a preocupação pode ser aliviada por tranquilização.
5 - MODERADO GRAVE - O doente expressa queixas numerosas ou frequentes acerca
duma doença física ou de mau funcionamento do corpo ou apresenta um ou dois delírios
bem evidentes à volta destes temas mas sem estar preocupado com eles.
6 - GRAVE - O doente- está preocupado com um ou dois delírios acerca duma doença
- física ou da disfunção de um órgão, mas o afecto não está completamenteimerso nestes
temas e o pensamento pode ser desviado pelo entrevistador com algum esforço.
7 - EXTREMO - Delírios somáticos numerosos e frequentes ou apenas alguns de
natureza catastrófica, que dominam totalmente o afecto e o pensamento do doente.
G2 - ANSIEDADE
G3 - SENTIMENTOS DE CULPA
G3 - TENSÃO
Gl - LENTIFICAÇÃO MOTORA
G10 - DESORIENTAÇÃO
Falta de lucidez na relação com o meio. em redor, incluindo pessoas, espaço e tempo, o.
que pode ser devido a confusão ou alheamento.
Base de avaliação - respostas às questões da entrevista sobre orientação.
1 - AUSENTE - A definição não se aplica.
2 - MÍNIMO - Patologia questionável; pode considerar-se no extremo superior dos
limites da normalidade.
3 - LIGEIRO - A orientação geral é adequada mas há alguma dificuldade na -
especificidade. Por exemplo, o doente sabe a sua localidade mas não a sua morada
postal, conhece os nomes do pessoal hospitalar mas não as suas funções, sabe em que
mês está mas confunde o dia da semana com o dia adjacente ou erra na data por mais de
dois dias. Pode haver diminuição do interesse evidenciada por familiariedade com o que
está próximo mas não com a totalidade do que o rodeia, como seja, tem capacidade de
identificar o pessoal de saúde mas não o Presidente da Câmara,, o Primeiro-Ministro ou o
Presidente da República.
4 - MODERADO - Sucesso parcial no reconhecimento de pessoas , local e data. Por
exemplo, o doente sabe que está no hospital mas não sabe qual, sabe o nome da sua
cidade mas não da Freguesia ou do Concelho, sabe o nome do seu médico mas não dos
outros profissionais de saúde que lidam com ele directamente, sabe em que ano esta e a
estação do ano, mas não tem a certeza do mês.
5 - MODERADO GRAVE - Dificuldades consideráveis no reconhecimento de pessoas,
espaço e tempo. O doente tem apenas uma noção vaga de onde está e age como um
desconhecido com a maior parte das pessoas ao seu redor. Pode identificar o ano
correctamente ou aproximadamente, mas não sabe em que dia está, semana, mês ou
estação do ano.
6 - GRAVE - Incapacidade marcada em reconhecer pessoas, local e data. Por exemplo, o
doente não tem qualquer noção do sea paradeiro, confunde a data por mais de um ano e
só consegue identificar uma ou duas pessoas na sua vida do cia a dia.
7 - EXTREMO - O doente apresenta-sa completamente desorientado quanto a pessoas,
espaço e tempo. Mostra uma grande confusão ou total ignorância quanto ao local, ano
em que está e até às pessoas mais familiares como os pais, o cônjuge e amigos e o
médico.
>
F c u - DIFICULDADES DE ATENÇÃO
G15 - PREOCUPAÇÃO