ALVES, Ariane Furgala. A Tipologia Do Chalé Na Mantiqueira, Um Estudo Sobre A Arquitetura Dos Chalés Do Século XIX em Poços de Caldas
ALVES, Ariane Furgala. A Tipologia Do Chalé Na Mantiqueira, Um Estudo Sobre A Arquitetura Dos Chalés Do Século XIX em Poços de Caldas
ALVES, Ariane Furgala. A Tipologia Do Chalé Na Mantiqueira, Um Estudo Sobre A Arquitetura Dos Chalés Do Século XIX em Poços de Caldas
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CATS 2012 – Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade
Resumo
Este trabalho é um estudo sobre as origens dos chalés na cidade de Poços de
Caldas, o imaginário da época associado à esta tipologia e um levantamento histórico
através de referências por imagens e catálogos. A questão central que o trabalho
apresenta está em localizar e revisar no tempo a construção dos chalés, ligados à figura
de Carlos Henrique Maywald e de João Batista Pansini. Paralelamente será estudado o
Chalé Cristiano Osório, onde hoje abriga o Instituto Moreira Salles e sedia a Casa da
Cultura de Poços de Caldas, todo o seu histórico e restauro efetuados no local.
Palavras-chave: Chalet, Poços de Caldas,Culture, Architecture.
Abstract
This work is a study about the origin of the chalets in Poços de Caldas, the
imaginary of the season with this typology and a historical survey through images and
catalogs. The central issue that the work shows is locate and review the season when the
chalets were built, connected to Carlos Henrique Maywald and João Batista Pansini. At the
same time, Cristiano Osório Chalet will be studied, where, nowadays, houses the Instituto
Moreira Salles and hosts the Casa da Cultura de Poços de Caldas, all its historical and
restorations made at the site.
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1 - Introdução
O Ecletismo é o estilo que procede do Neoclassicismo que vai do século XVIII até o
início do século XX. A crescente burguesia com seus ideais políticos, sociais e éticos,
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Já a ornamentação exagerada nas imitações dos chalés feitas pelos ingleses nada
tinha há ver com os originais que foram tirados das velhas construções medievais inglesas
que vieram com o Ecletismo.
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Lambrequins e pináculos já eram encontrados facilmente nas vilas suburbanas,
devido os catálogos oferecidos pelas academias e pela industrialização destes elementos.
Figura 1: Imagem retirada dos catálogos trazidos pelo Carlos Alberto Mayvald, doados pela sua
filha Alice Rehder Maywald ao Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas
Fonte: Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas
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3 - Chalé Cristiano Osório
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Um belo exemplar de chalé eclético, muito semelhante aos chalés contidos nos
catálogos trazidos pelo Carlos Alberto Maywald da Áustria e do sul da Alemanha, com
decoração e arquitetura germânica e alpina, que auxiliou no projeto dos chalés.
Em 1969, José Geraldo Parreira, adquiriu juntamente com Marcelo
Carneiro e Wanny Duarte, de Walter Mancine e Ana Maria Angelina
Mancine, uma área de 5.2000 m², que foi dividida em três terrenos de
1733 m². O lote número 1, esquina da Rua Aquidauana com a Rua Cel.
Procópio, ficou para Marcelo Carneiro; José Geraldo Parreiras ficou com
o lote número 2, do chalé que tinha pertencido ao seu tio-avô o Cel.
Christiano Osório; e o lote número 3 para Wanny Duarte. (MEMORIAL
DE POÇOS DE CALDAS)8
José Geraldo Parreiras encontrou o chalé em péssimo estado, pois estava muito
tempo fechado sem nenhuma conservação, pensou até em demolir, por não atribuir
nenhum valor e o alto custo em restauração.
Por ter um valor arquitetônico, pois foi uma arquitetura que marcou a paisagem
urbana da cidade de Poços de Caldas no inicio do século XIX, e depois de vários estudos
feitos pelos engenheiros Luis Henrique Benedicto Ottoni e David Benedicto Ottoni,
resolveu-se então o restauro, que teve inicio em janeiro de 1971.
A família Parreiras viveu no chalé por 17 anos, até que em outrubro de 1989, foi
vendida ao Intituto Moreira Salles, para sediar a administração local, com biblioteca,
acervos, exposições de arquivos inconográficos da Casa da Cultura de Poços de Caldas.
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Ao adquiri-lo, o chalé passa por um novo restauro, autoria da arquiteta Jaís
Ferreira de Souza, coordenadora da Casa da Cultura, tem como diretriz a concervação e a
revitalização arquitetônica. Para seguir rigorosamente o estilo original foram feitas
pesquisas documentais e fotográficos de arquivos do Museu Histórico e Geográfico de
Poços de Caldas pela arquiteta.
3.1 Reformas
A primeira reforma teve inicio em janeiro de 1971, quando José Geraldo Parreira
adquire o chalé em péssimo estado, como podemos ver na Figura 4 a fachada do chalé e
seu jardim todo abandonado.
Foram chamados os engenheiros Luis Henrique Benedicto Ottoni e David
Benedicto Ottoni, feito vários estudos da estrutura e constataram o possível restauro até
pelo seu valor arquitetônico.
À principio, achou-se que a restauração seria menos complicada, mas foram
surpreendidos com o desabamento das paredes do fundo da casa ( Figura 6) e tiveram
que trocar todo madeiramento, confeccionados por marceneiros experientes, a pintura
ficou a cargo do Levi Custódio Dias.
O telhado foi refeito, as telhas foram presas com fios de cobre. Levaram dois anos
para a conclusão da obra. Construíram também uma piscina, sauna e churrasqueira atrás
do Chalé, para as reuniões familiares que aconteciam principalmente nos almoços de
finais de semana e feriados festivos, e um pomar com varias espécies frutíferas. A família
Parreiras viveu no chalé por 17 anos, até outrubro de 1989, quando foi vendida para o
Instituto Moreira Salles.
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Figura 4: Fachada do chalé Cristiano Osório antes da reforma feita pela família Parreiras
Fonte: Arquivo pessoal de Carlos Augusto Pansini
Figura 5: Fachada Leste do chalé Cristiano Osório antes da reforma feita pela família Parreiras
Fonte: Arquivo pessoal de Carlos Augusto Pansini
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Figura 6: Chalé Cristiano Osório antes da reforma feita pela família Parreiras
Fonte: Arquivo pessoal de Carlos Augusto Pansini
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Figura 8: Fachada do chalé Cristiano Osório depois da reforma feita pela família Parreiras
Fonte: Arquivo pessoal de Carlos Augusto Pansini
A famíla Parreiras viveu no chalé até outubro de 1989, quando foi adquirido pelo
Instituto Moreira Salles, abrigando a Casa da Cultura de Poços de Caldas.
O chalé passa por um novo restauro, autoria da arquiteta Jaís Ferreira de Souza,
coordenadora da Casa da Cultura, tem como diretriz a concervação e a revitalização
arquitetônica. Para seguir rigorosamente o estilo original foram feitas pesquisas
documentais e fotográficos de arquivos do Museu Histórico e Geográfico de Poços de
Caldas pela arquiteta.
Todo o madeiramento existente recebeu tratamento contra cupins,
brocas e fungos, com orientação do IPT-Usp. Em seguida foi raspado e
lixado até encontrar a superfície natural, substituindo-se fragmentos
necessários, mas recuperando-se peças originais aproveitáveis através
da incrustação de madeira similar.(JORNAL DA CIDADE, 1994)9
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O jardim existente ao redor do Chalé foram remodelados, mas de acordo com
original e arbustos e árvores mais antigas fora mantidas.
Foi construido aos fundos do Chalé, um museu, no estilo contemporâneo,
contendo um auditório e um grande salão para as exposições, projetado pelo arquiteto
Aurélio Martinez Flores.
O terreno da Casa da Cultura tem 1.736 m², sendo 436m² de área construída do
Chalé Cristiano Osório, o restauro teve ínicio em maio de 1991 e durou 14 meses.
Figura 9: Fachada do Chalé Cristiano Osório depois do restauro feito pelo Instituto Moreira Salles
Fonte: Arquivo pessoal
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Figura 11: Instituto Moreira Salles, localizado atrás do Chalé Cristiano Osório
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/teatros-centros-culturais-anos-90-20-02-
2001.html Acesso em Abril de 2012
4 – Conclusão
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Estrada de Ferro Mogiana, a vinda dos imigrantes a maioria italianos e as águas sulfurosas
que atraiam pessoas em busca da cura.
Notas
1
Estudante do 9° período de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais – campus Poços de Caldas. E-mail: [email protected].
2
CAMPOS, Eudes. Chalés paulistanos. In: Anais do Museu Paulista.São Paulo,
2008.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
47142008000100003. Acesso em: ago. 2010.
3
CAMPOS, Eudes. Chalés paulistanos.In: Anais do Museu Paulista.São Paulo,
2008.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
47142008000100003. Acesso em: ago. 2010.
4
Ecletismo na Arquitetura Brasileira/ organização Annateresa Fabris. – São Paulo:
Nobel; Editora da Universidade de São Paulo: 1987.
5
Ecletismo na Arquitetura Brasileira/ organização Annateresa Fabris. – São Paulo:
Nobel; Editora da Universidade de São Paulo: 1987.
6
CAMPOS, Eudes. Chalés paulistanos. In: Anais do Museu Paulista.São Paulo,
2008.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
47142008000100003. Acesso em: ago. 2010.
7
Poços de Caldas de A a Z. Memorial de Poços de Caldas- Edição Especial para o Grupo
Mossil & Ghisolfi (Rhodia-ster)
8
Poços de Caldas de A a Z. Memorial de Poços de Caldas- Edição Especial para o Grupo
Mossil & Ghisolfi (Rhodia-ster)
9
Jornal da Cidade, 18 de agosto de 1994, pg. 9
10
Restauração do chalé Cristiano Osório (documento de circulação interna), Instituto
Moreira Salles. Poços de Caldas.
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Referências Bibliográficas
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PUC-Campinas, 2005.
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Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC
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