ROSSIN, Mariana S. DOIS HORIZONTES, Formação e Transformação Da Paisagem Urbana em Cataguases (MG)
ROSSIN, Mariana S. DOIS HORIZONTES, Formação e Transformação Da Paisagem Urbana em Cataguases (MG)
ROSSIN, Mariana S. DOIS HORIZONTES, Formação e Transformação Da Paisagem Urbana em Cataguases (MG)
Formacao e Transformacao da
Paisagem Urbana em Cataguases, MG
DOIS HORIZONTES
Juiz de Fora
Agosto/ 2016
Mãe, Beinha e Diego, por estarem
sempre ao meu lado.
Agradecimentos
À Divisão de Patrimônio Cultural de Juiz de Fora (DIPAC) pelos dois anos mais
valiosos da faculdade, onde tive a oportunidade de aprendizado e convívio diário com o
mestre Paulo Gawryszewski, que me ensinou a amar e olhar o patrimônio cultural de uma
maneira mais realista.
À Taís pela companhia nas longas tardes de TCC, pelos conselhos e palavras
tranquilizadoras. E, também, a todos os meus amigos que sempre estiveram do meu
lado, me apoiando e incentivando quando necessário.
Agradeço ainda, ao arquiteto Paulo Alonso, pela atenção que me dispensou e pelo
seu trabalho em prol da preservação e valorização do Patrimônio Cultural de Cataguases
que, se tornou a pedra fundamental, sobre o que seria esta pesquisa.
À minha mãe, pela vida dedicada e Beinha, por ser minha melhor amiga, por saber,
sempre, quais palavras preciso ouvir, por me ajudar, aconselhar e questionar coisas que
devo saber. E Diego, pelo companheirismo, por muitas vezes acreditar mais em mim do
que eu mesma, por me apoiar, me inspirar e dividir seus planos comigo.
Esta paisagem? Não existe. Existe espaço
vacante, a semear
de paisagem
DRUMMOND, Carlos
Nem o tintim áspero dos padeiros.
Nem a buzina incômoda dos tintureiros.
À Carlos Drummond de Andrade Teus leiteiros ainda levam o leite em
(Ascânio Lopes, 1927) burricos.
Os padeiros deixam o pão às janelas
Nem Belo Horizonte, colcha de retalhos (cidade mineira).
iguais, Teu amanhecer é suave.
cidade europeia de ruas retas, árvores Que alegria de só ter gente conhecida, faz
certas, teu habitante voltar-se para
casas simétricas, cumprimentar todos que passam.
crepúsculos bonitos, sempre bonitos; Delícia de não encontrar estrangeiros de
nem Juiz de Fora: ruído. Rumor. olhar agudo,
Apitos. Klaxons. esperto, mau, a suspeitar riquezas nas
Cidade inglesa de céu esfumaçado, cheio terras.
de chaminés negras: Alegria dos fordes, brincando (são dois)
nem Ouro Preto, cidade morta, na praça.
Bruges sem Rodenbach, (Depois vão dormir juntinhos numa só
onde estudantes passadistas continuam a garagem).
tradição das coisas que já Jacaré!
esquecemos; João Arara!
nem Sabará, cidade relíquia, onde não se João Gostoso!
pode tocar Teus tipos populares.
para não desmanchar o passado A criançada atira-lhes pedras e eles se
arrumadinho; voltam imprecando
nem Estrela do Sul, a sonhar com Rondas alegres de meninas nas ruas, às
tesouros, tardes, sem perigo de veículos.
tesouros nos cascalhos extintos de seu rio Papagaios que se embaraçam nos fios de
barrento; luz, balões que sobem,
nem Uberaba, nem, nem, cidades foguetes obrigatórios nas festas da
arrivistas, de gente que pretende ficar; chegada do chefe político.
Não! Cataguases.... Há coisa mais bela e Jardins onde meninas ariscas passeiam
serena oculta nos teus flancos. meia hora só antes do cinema.
Nas tuas ruas brinca a inconsciência das Ar morno e sensual de voluptuosidade
cidades gostosa que vibra
que nunca foram, que não cuidam ser. nas tuas tardes chuvosas, quando as
Não sabes, não sei, ninguém goteiras pingam nos passantes
compreenderá, jamais, o que desejas, o e batem isócronas nos passeios furados.
que serás. Há em ti a delícia da vida que passa
Não és do futuro, não és do passado; não porque vale a pena passar,
tens idade. que passa sem dar por isso, sem supor
Só sei que és que se vai transformando.
a mais mineira cidade de Minas Gerais. Em ti se dorme tranquilo, sem guardas-
Nem geometria, nem estilo europeu, nem noturnos.
invasão americana de platibandas, Mas com o cricri dos grilos,
nem bangalôs dernier-cri. o ranram dos sapos.
Tuas casas são largas casas mineiras O sono é tranquilo como o de uma criança
feitas na previsão de muitos hóspedes. de colo.
Não há em ti o terror das cidades Vale a pena viver em ti.
plantadas na mata virgem Nem inquietude.
nem o ramerrão dos bondes atrasados Nem peso inútil de recordações,
cheios de gente apressada. mas a confiança que nasce das coisas
que não mudam bruscas,
nem ficam eternas.
Resumo
Palavras-chave
The issue covered in this monograph is the study of the urban landscape of the
historical site of the city of Cataguases, Minas Gerais. Studies presented by the
English and Italian Urban morphology Schools were used as reference, and also
issues highlighted by Catàlog de Paisatge de Catalunya, through interpretation of the
evolution of urban form and the formation of different urban fabric that makes up the
local landscape.
The growth and development of the city, should take into account and ensure the
quality of the urban landscape of this historic site, built respecting its character and its
strokes, its morphological and typological characteristics. And that is what is not
happening, especially in relation to assistance and preparation of urban plans, causing
the loss of the city's identity in general.
Due to new needs and offers there is no way to prevent the development and renewal
of the city, but it is necessary to coordinate and order it, to insure that this growth is
balanced, and that private interests do not prevail over the collective interest.
Therefore, this monograph is intented to study this urban landscape so that, through
it, to be drawn up plans and action of preservation suitable for Cataguases needs.
Key-Words
Figura 18 Bairro Vila Tereza com Antigo Hospital (prédio de duas torres) ................... 28
Figura 28 Colégio Nossa Sra. do Carmo - Antiga Escola Normal de Cataguases ...... 34
Figura 100 Paisagem Urbana de Cataguases Vista aérea da Praça Rui Barbosa ...102
Figura 101 Paisagem Urbana de Cataguases Vista a partir da Ponte Nova .............102
Figura 102 Paisagem Urbana de Cataguases Vista do Hospital ...............................102
Figura 103 Edificação à esquina das Avenidas Humberto Mauro e Astolfo Dutra .......103
Introdução ..................................................................................................................... 16
Conclusão ......................................................................................................................117
Este trabalho surge a partir dos estudos sobre Patrimônio Cultural e como o tema
possibilita ações sob uma ótica holística, na escala de uma cidade, por exemplo. Tendo
como origem a formação de um arraial, percebe-se em seu traçado viário a presença de
ações urbanísticas que, com o passar dos anos vão se modificando, se tornando mais
complexos para atender às novas demandas dos usuários. A cada modificação realizada
pelo homem, no relevo, curso hídrico ou massa verde, a paisagem também se modifica,
porém mantém resquícios de todas as suas camadas históricas anteriores, formando,
segundo CONZEN (apud PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO, 2015) palimpsestos. Os
palimpsestos são complementares à historicidade no estudo da compreensão da
paisagem urbana, pois o primeiro reflete à dinâmica da transformação local e o segundo
representa a permanência da forma com o passar dos anos.
16
com a industrialização e se tornou expoente da cultura modernista brasileira. Seu
conjunto arquitetônico e paisagístico, possui exemplares da arquitetura, não só
modernista, mas também, eclético e art déco, os quais esses últimos não recebem o
reconhecimento devido para uma preservação mais ampla das áreas de interesse cultural
cidade.
Por fim, no terceiro capítulo, apresenta-se como estudo de caso a cidade gaúcha
de Pelotas, onde diretrizes urbanísticas implantadas, mostram-se adequadas à
preservação do patrimônio urbano e de sua paisagem.
17
1. Formação Urbana de Cataguases
Ficava a povoação apoiada, pelo lado do poente, no rio Pomba, e pelo nascente
em o ribeirão Meia-Pataca, limitando pela outra face com os terrenos do doador.
Desde logo a povoação tomou o nome de Meia Pataca. (REZENDE E SILVA,
1908, p. 2)
18
O nome Meia Pataca, segundo Dr. Moreira Pinto (apud REZENDE E SILVA, 1908)
se deu quando, no início do século XIX, alguns exploradores extraíram meia pataca2 de
ouro no rio, o qual leva o nome até os dias de hoje.
Segundo Rezende e Silva (1908), ao longo dos anos, várias modificações foram
se fazendo na região. Curatos tornando-se freguesias, desmembramentos de paróquias,
entre outras. Tendo assim, em 1874, a seguinte descrição:
2Meia Pataca, correspondia à quantidade de 160 réis (1 pataca = 320 réis). Também responsável pela
origem do ditado popular que designa alguma coisa de pouco valor ou de má qualidade: "Isso não vale
meia-pataca!", ou seja, "isso não vale nada!".
3 Segundo CORONA & LEMOS, divisão eclesiástica onde se localiza a casa do pároco da Igreja.
19
as distâncias; devassadas as matas em todos os recantos. O arraial já
apresentava sortidas e bem aparelhadas casas de comércio de todo gênero e a
população crescia rapidamente. (REZENDE E SILVA, 1908, p. 10)
Em 1877, somente dois anos após a criação, a Vila foi inaugurada, juntamente
com o trecho da Estrada de Ferro Leopoldina, que passava pela região. Sua construção,
iniciada cinco anos antes, tinha o objetivo de facilitar o transporte do café produzido na
anha a fazenda do Bom Retiro, onde nasceu, situada na região da Lagoa Dourada,
20
região da Zona da Mata até a capital, Rio de Janeiro. O ramal da linha férrea que passava
por Cataguases5 atravessava os mais prósperos municípios da região. (MELLO, 2014)
Tinha a Vila de Cataguazes, na data de sua inauguração seis ruas e duas praças.
As ruas eram: O caminho do PassaCinco (depois rua José de Alencar e hoje,
Alferes Vicente de Azevedo), do Pomba (hoje, Major Vieira), Sobe-Desce
(Coronel Vieira), do Meio (Rebello Horta), Cemitério (Duque de Caxias), e
caminho da Estação (hoje rua da Estação ou Marechal Deodoro). Os largos
eram: da Matriz e do Rosário (hoje do Comércio ou Praça Marechal Floriano).
(REZENDE E SILVA, 1908, p. 53) (Ver figura 1)
Fig.2
Fig. 3
5Pela lei estadual nº 336, de 27-12-1948, o município de Cataguazes teve sua grafia alterada para
Cataguases.
21
A chegada do trem na região trazia a modernidade, transpunha os limites físicos,
abria novas ruas (figura 2 e figura 3), trazia novidade, o trabalho livre, a industrialização
e a República. A vila foi elevada à cidade em setembro de 1881, mesmo ano do
falecimento do Coronel José Vieira, personalidade relevante para a história da cidade,
tendo vários feitos em seu nome além da influência que exercia, principalmente como
primeiro presidente da Câmara Municipal de Cataguases. Diante das novidades trazidas
pela chegada da linha férrea e do trem, estava a chegada dos imigrantes, sendo os
italianos os primeiros a se instalarem, por volta de 1870. (CAPELA E CANTONI, 2011
apud MELLO, 2014)
Autor: Aberto Londoes (1897). Fonte: Autor: Aberto Londoes (1900). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
maio/2016
22
Figura 4 Praça Governador Valadares Figura 5 R. Manoel da Silva Rama
Autor: Foto Lídice (1960). Fonte: Autor: Alberto Landoes (1916). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
Acesso: maio/2016 maio/2016
De acordo com Resende (apud MELLO, 2014) em 1889, teve início algumas
modificações, novas atividades comerciais, saúde e lazer foram implantadas na cidade.
Neste mesmo período, devido à falta de infraestrutura adequada e o grande crescimento
urbano, Cataguases sofreu uma grave epidemia de febre amarela, levando a contratação
através do, então presidente da Câmara Luiz Vieira de Rezende e Silva, dos engenheiros
André Gustavo Paulo de Frontin6 e Henrique Batista para desenvolverem um projeto de
saneamento para a cidade, sendo realizada a primeira planta cadastral de Cataguases
e, concluindo a obra em 1892.
A chegada do século XX, com suas modernidades e, também, com a crise cafeeira
levou Cataguases à industrialização sendo criadas, logo nos primeiros anos do século
XX, a Fábrica de Fiação e Tecelagem e a Companhia Força e Luz Cataguases
Leopoldina, ambas em 1905. Obras de infraestruturas realizadas na cidade promoveram
grandes mudanças urbanas e novas áreas foram sendo ocupadas. A partir da lei nº198
de 1906 (MELLO, 2014), terrenos às margens do córrego Lava Pés foram adquiridos para
a construção de uma avenida, sendo feito, ali, a canalização do córrego e às suas
margens foram construídas duas vias de rolamento para veículos e para a linha férrea,
6Engenheiro, professor e político brasileiro, foi senador, deputado federal e prefeito do Rio de Janeiro.
Foi responsável por importantes modificações urbanas no Rio, comandou a construção da Av. Rio
Branco, em 1904, durante o governo de Pereira Passos. Executou o alargamento da Av. Atlântica e
construiu as avenidas Delfim Moreira e Niemeyer.
23
inaugurando a Av. Astolfo Dutra, com traçado semelhante aos bulevares europeus7
(figuras 6 e 7).
Autor desconhecido (Início do século XX). Autor desconhecido (Década 1920). Fonte:
Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
maio/2016 maio/2016
Foi, então, nas primeiras décadas do século XX, que se intensificou a ocupação
da região no entorno da Av. Astolfo Dutra com palacetes burgueses, tipicamente
ecléticas, com porões alteados e exuberantes ornamentações. Outra região ricamente
ocupada à época, foi o entorno da Estação Ferroviária, possuía vários comércios, bancos
e o Grande Hotel Villas, este, representava a importância e prosperidade da cidade, no
momento. A Estação Ferroviária, assim como, a linha férrea foram grandes símbolos de
ocupação na cidade (figura 8). Após suas construções, novas regiões começaram
tiveram suas ocupações efetivadas, através do prolongamento da linha férrea até o
distrito de Vista Alegre, das regiões dos bairros Vila Reis e Justino.
7 Segundo SILVA (2007) os bulevares parisienses representavam toda a alavanca para a modernidade
do século XIX, transformando a antiga Paris num espetáculo sedutor. Essas largas avenidas, ricas em
paisagismo, de Napoleão e Haussmann, revolucionaram o urbanismo conhecido, até então, se
tornaram modelo da urbanização moderna sendo reproduzidos em vários lugares do mundo.
24
Figura 8 Cataguases em 1923
25
Figura 9 Antiga Igreja Santa Rita de Cássia
Autor: Alberto Landoes (1915). Fonte: Autor: Alberto Landoes (1905). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
maio/2016
8 A casa, hoje, pertence à Prefeitura Municipal e abriga a Biblioteca Municipal Ascânio Lopes e seu
terreno, forma a Praça Dona Catarina, espaço público de grande centralidade na cidade.
27
As primeiras reestruturações urbanas foram até a década de 1930. O prefeito
Pedro Dutra em seu governo, iniciado em 1931, trabalhou com obras de higienização e
saneamento da cidade, como a canalização de córregos, construção do matadouro,
atendendo requisitos de higiene, de vias e calçamentos, demolições de cortiços
existentes, principalmente na margem esquerda do Rio Pomba permitindo, assim, o início
da ocupação regular dessa parte da cidade (figuras 17 e 18).
Figura 17 Antigo cortiço no Bairro Vila Figura 18 Bairro Vila Tereza com Antigo
Tereza Hospital (prédio de duas torres)
Autor desconhecido (Década 1930). Fonte: Autor desconhecido (Década 1930). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016
Para Cardoso (1955, apud FRANZINI, 2014) até então, a cidade demostrava
sua subordinação às áreas planas, desenvolvendo-se ao longo do Rio Pomba, mais
tarde ao ribeirão Meia Pataca e posteriormente, ao córrego Lava Pés. E, a partir da
instalação da Cia. Industrial, com a inserção das casas operárias na porção posterior
da fábrica, é que se iniciou as ocupações em encostas, pela cidade.
A nova construção em estilo Art Déco, possuía uma linguagem mais moderna,
predominante nas construções de galpões fabris europeus, como as Fábricas de
Turbinas AEG e Fagus, de Walter Gropius e Adolf Meyer, respectivamente. Em Minas
Gerais, várias construções fabris foram erguidas, entre as décadas de 1930 e 1940,
sendo esta, em Cataguases, o exemplo da introdução do Art Déco fabril mineiro. Com
esquina marcada voltada para a ponte metálica (figura 21), platibandas simplificadas
e horizontalidade marcada pelo ritmo das janelas, em básculas, feitas de ferro e vidro.
(MELLO, 2014)
31
Figura 21 Cia. Industrial Cataguases e a Ponte Metálica
A década de 1930 consolidou o Art Déco na cidade (figuras 23, 24, 25 e 26) e,
ainda que, posteriormente, o Modernismo tenha invadido Cataguases, aquele não
deixou de ser reproduzido por toda a década seguinte, marcando a modernidade que
chegava e, ao mesmo tempo, se contraponto ao ecletismo que, até então dominava e
remetia aos Vieira Rezende. Recebendo até programas de normalização de
edificações públicas que, segundo SEGAWA (2010, p. 69)
projeto nacional de normalização arqu , ocorrido no Departamento de
Correios e Telégrafos e com exemplar em Cataguases (figura 22),
(SEGAWA, 2010, p. 71),
incentivando iniciativas privadas a reproduzirem o mesmo estilo arquitetônico.
32
Figura 24 Edifício à R. Cel. Figura 25 Edifício da Figura 26 Capela
João Duarte Câmara Municipal do Colégio N.Sra.
Carmo
Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Mariana Rossin
(2016)
Ainda que o Art Déco fosse o estilo arquitetônico da década de 1930, segundo
MELLO (2014), outro estilo também surgia na cidade, o Neocolonial representado,
principalmente, pela construção do Colégio Normal de Cataguases - atual Colégio
Nossa Senhora do Carmo - 1940/42 (figura 28). O novo colégio seguia os padrões
arquitetônicos da Escola Normal do Rio de Janeiro 1926/30 (figura 27).
33
Figura 28 Colégio Nossa Senhora do Carmo - Antiga Escola Normal de
Cataguases
Assim como no caso do cinema, outra ligação importante que ocorreu na cidade,
contemporaneamente, foi entre o Ginásio Cataguases (figura 29) e os integrantes do
grupo Verde, fenômeno literário que ocorreu no ambiente estudantil, gerando marcas
culturais na cidade.
34
bem estruturado, onde se aprendia realmente alguma coisa; por efeito de
uma boa casa de espetáculos, onde realmente se podia projetar filmes; por
efeito dos jornais do Rio de Janeiro, que chegavam lá todos os dias às 17:05
da tarde pela estrada de ferro Leopoldina... (CÉSAR, 1978, p.65 apud
MELLO, 2014, p. 170)
O ginásio, como já dito, fundado em 1910, pelo português Manuel Ignácio Peixoto
e João Duarte Ferreira, representando a vontade de crescimento concomitante ao
crescimento econômico da população. (GONÇALVES, 2005; HAIDAR, 1972 apud
MELLO, 2014).
35
O Grêmio pode ser visto, portanto, como o principal formador da competência
literária e, através do jornal, o veículo inicial para os poemas revolucionários
dos estudantes Guilhermino César, Ascâncio Lopes, Camilo Soares, Fonte
Bôa, Francisco Ignácio Peixoto, Oswaldo Abritta e Rosário Fusco. Com eles
Martins Mendes e Enrique de Resende, já mais velhos e com a vida
profissional consolidada, fundaram o grupo Verde. (MELLO, 2014, p.174)
líric
(VERDE, 01/09/1927, p.10)
Lá pelo lado da Vila (Domingos Lopes) não tinha quase nada, tinha uma mina
Ali na avenida (Astolfo Dutra) plantava arroz ali. Naquele tempo tudo era
brejo... O Toninho Carroceiro plantou muito arroz ali.
37
Figura 30 Vista aérea de parte da Figura 31 Praça Rui Barbosa (Antigo
cidade Largo do Comércio)
Autor: Foto Lídice (1933). Fonte: Autor: Alberto Landoes (1930). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016
38
Figura 33 Construção da Escola Guido Marlieri
39
Figura 35 Cataguases em 1939
40
intelectual ao recrutar artistas e, principalmente, escritores para assumir
posições políticas.
Fonte: BATISTA, José Luiz (org.). Revelando minha cidade: Informe Cultural, 2009.
42
O imponente Colégio ainda contava com móveis de Joaquim Terneiro,
esculturas de Jan Zach, Paisagismo de Roberto Burle Marx e painéis de Cândido
Portinari (interno) e de Paulo Werneck (externo) (figura 38).
Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Centro Cultural Eva Nil (s/d) apud ALONSO
(coord.), 2012, p. 42
Figura 41 Igreja Matriz Santa Rita de Figura 42 Igreja Matriz Santa Rita de
Cássia Cássia
Figura 45 Circulação
Figura 46 Vista aérea da Praça Rui
interna do Edifício A
Barbosa
Nacional
44
Figura 47 Coreto à Praça Rui Figura 48 Cine Teatro Edgard
Barbosa
45
Figura 53 Residência Nanzita Figura 54 Residência Mauro
Painel interno Carvalho Ramos
Em 1954 foi inaugurada uma nova ponte sobre o Rio Pomba, localizada à leste
da Ponte Metálica, dessa vez de concreto armado, construída para atender às novas
demandas da crescente urbanização na margem esquerda do Rio.
Assim, mais uma vez, novos bairros, como Taquara Preta, Santa Clara, Ibrahim
e outros, foram surgindo e se desenvolvendo, desta vez, graças à instalação do
grande equipamento urbano, com apoio, inclusive de programas do governo para
construção de habitações de interesse social, próximos ao Distrito (figuras 56 e 57).
46
Figura 55 Cataguases em 1958
Fonte: Revista IBGE, 1958, p. 82, adaptado por Mariana Rossin (2016).
47
O processo de urbanização da região em que o Distrito Industrial foi implantado,
na década de 1970, continuou ao longo dos anos até a década de 1990, quando houve
uma estabilização. Atualmente, essa região está, novamente, sendo vetor de
crescimento da cidade, através de empreendimentos que estão sendo implantados na
área, como o bairro São Cristóvão, com habitações do tipo Minha Casa, Minha Vida
Figura 58). (FRANZINI, 2014)
As áreas centrais, por estarem ais adensadas (figura 59) e, até mesmo,
saturadas, estão sofrendo, em alguns pontos, substituições de edificações antigas por
novos prédios, verticalizando a região e, alguns bairros que também estão passando
por essa transformação, aumentando o contingente populacional e promovendo uma
48
certa especulação imobiliária, como nos bairros Bandeirantes, Colinas e Bela Vista.
Além de construção de condomínios horizontais em bairros mais afastados do centro,
seguindo moldes de cidades maiores.
Fonte: PDP (2006) e Google Earth (2016), adaptado por Mariana Rossin (2016).
Como descrito nas seções anteriores deste capítulo, Cataguases teve sua
formação, principalmente cultural, diretamente relacionada com a produção da arte e
arquitetura modernista, tornando-se um vasto acervo do estilo. Esta conformação apenas
se fez possível, devido ao desenvolvimento econômico ímpar ocasionado pela
industrialização da cidade. Outro fator decisivo, foi o olhar vanguardista de um grupo de
industrialistas que mantinham uma vida cultural intensa e deixava refletir no cotidiano
local. Neste momento, a família Peixoto merece destaque, por promover tamanho
desenvolvimento da cidade, através de construção de diversos edifícios públicos como,
49
cineteatro, hospital, moradia para funcionários de suas indústrias, escola e praças além
de suas próprias residências.
Segundo LINS (2012) a perda de uma das obras mais significativas da cidade, o
Painel Tiradentes - encomendado por Francisco Peixoto à Cândido Portinari para o Salão
Nobre do Colégio Cataguases e aclamado em exposição no Museu de Arte Moderna no
Rio de Janeiro, em 1949 após ser vendido para o Estado de São Paulo.11 Marcou o
início do movimento para o tombamento do conjunto da cidade.
Francisco Ignácio Peixoto faleceu em 1986. No ano seguinte teve início a parceria
entre a Prefeitura Municipal de Cataguases com a 7ª DR SPHAN/ Fundação Nacional
Pró-Memória (FNPM) de Minas Gerais e a Faculdade de Filosofia e Letras de Cataguases
De acordo com Maria das Dores Freira (apud ALONSO, 2012, p. 31) técnica do
SPHAN/Pró-Memória, inicialmente responsável pelos trabalhos do SPHAN em
foi uma surpresa encontrar uma cidade que buscava o apoio do SPHAN
, pois o
órgão era visto com reservar pelas gestões municipais de outras cidades, como
fiscalizador e principalmente, as cidades mineiras do ciclo do ouro, primeiras tombadas.
Por Cataguases não possuir nenhuma experiência anterior com políticas de preservação,
era possível outras formas, novas, de trabalho, com abertura a iniciativas
preservacionistas, com divulgação e valorização das formas culturais da cidade, através
de educação patrimonial, diferentemente do que vinha sendo feito nas outras cidades
tuteladas pelo SPHAN. Não havia intenção inicial de tombamento, apenas de promover
a preservação do patrimônio local, como nota-se no trecho da entrevista dada por
FREIRE (2009) para ALONSO (2010, p. 126):
11 Atualmente o Painel Tiradentes encontra-se no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo.
50
Porque eles não chamaram a gente pra tombar nada. [...] A gente apostava que
a comunidade poderia ser a melhor guardiã de seu patrimônio.
chegar...Nem foi estratégico para chegar ao tombamento. Não era isso. O projeto
era aquilo mesmo: trabalhar com a cidade valorizando a sua memória, o seu
patrimônio cultural que seria revelado neste trabalho...ia sendo revelado...
[...] pra mim (o tombamento) era uma contramão do nosso jeito, do nosso projeto
original.
artes plásticas, mobiliário, cinema e literatura publicada na cidade, sendo uma das
primeiras publicações detalhadas sobre as manifestações culturais da cidade e servindo
como embasamento técnico para o futuro dossiê de tombamento. Além disso, na ocasião,
houve a instalação da réplica do Painel Tiradentes (figura 60) no Colégio Cataguases.
51
estudos indispensáveis ao exame de conveniência do tombamento do Centro Histórico
de Cataguases. (ALONSO, 2010)
que participou do grupo de trabalho que elaborou o documento (IPHAN, 1994). Neste
capítulo o arquiteto dá seu parecer técnico recomendando o tombamento.
53
amplamente os conceitos do patrimônio, mas o desafio maior seria de como aplicar tais
conceitos.
54
consideração o processo de formação e desenvolvimento da cidade e sua
correspondente fisionomia urbana. Os bens inventariados permanecerão
sujeitos, exclusivamente, nos casos de demolições, reformas ou novas
construções, à anuência prévia do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional. Os
demais imóveis não inventariados no interior do perímetro estarão totalmente
liberados do controle do IPHAN, subordinando-se, tão somente, às posturas
municipais. (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 51)
Usando destas diretrizes traçadas, o arquiteto finaliza seu parecer com a descrição
das quatro zonas, as quais acredita ser o espelho da formação e desenvolvimento urbano
de Cataguases:
A primeira zona está delimitada pelo baixo terraço que se eleva junto ao Rio
Pomba e seu tributário Meia Pataca, definindo o sítio escolhido para a
implantação do primitivo núcleo, a zona antiga da cidade. A segunda
compreende a primeira área de expansão urbana, determinada pelo traçado
da ferrovia, região onde se acham a estação ferroviária, depósitos e
armazéns, as instalações pioneiras das Indústrias Irmãos Peixoto, vilas
operárias, o Hotel Villas, etc. A terceira abriga o novo bairro surgido após a
canalização do Córrego Lava-pés, integrando a várzea insalubre à estrutura
urbana; trata-se da área mais nobre da cidade. Persegue os eixos das
avenidas Astolfo Dutra e Humberto Mauro, tendo como limite extremo o
Colégio Cataguases. A última está situada na margem direita do Rio Pomba
e envolve as novas instalações da Companhia Industrial de Cataguases, a
vila operária, o hospital, maternidade e o cemitério. (ANDRADE apud IPHAN,
1994, p. 52)
55
Branco, envolvendo-a, inclusive as vilas operárias existentes às Ruas Gama
Cerqueira e Manoel Peixoto Ramos. Deste ponto retorna em direção à Praça
Getúlio Vargas, seguindo pela linha de cumeada do morro lindeiro, daí
perseguindo a Avenida Astolfo Dutra, pela margem esquerda do Córrego
Lavapés. Segue pela Avenida Humberto Mauro até atingir o Colégio Cataguases,
envolvendo-o e retornando à Praça Dr. Cunha Neto. Neste ponto toma a Rua
Eduardo Del Peloso, alcançando a Avenida Cel. Artur Luz. Segue por esta até
encontrar a Avenida Astolfo Dutra, cruzando-a e seguindo-a pela Rua Araújo
Porto; em seu término, na Rua Dr. Lobo Filho, inflete à direita e logo após a
esquerda, alcançando o Rio Pomba pela Travessa São Vicente de Paula.
Cruzando o Rio Pomba envolve o cemitério e a Companhia Industrial de
Cataguases, seguindo após pela Rua Francisca Peixoto, compreendendo a
Praça José Inácio Peixoto. Segue pela Rua José de Almeida Kneipp; em seu
término, junto ao eixo de cotovelo do Rio Pomba, volta a atravessá-lo, seguindo
pela margem esquerda até alcançar o ponto de confluência do Ribeirão Meia
Pataca. Neste ponto persegue a direção da Rua Ascânio Lopes até a altura da
Rua Prof. Alcântara13 até atingir a Praça Sandoval de Azevedo. Segue após pela
Rua Joaquim Peixoto Ramos até atingir a Praça Rui Barbosa, onde inflete à
direita pela Rua João Duarte, retornando ao ponto de partida, na Praça Getúlio
Vargas. 14 (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 52-53)
13Rua Professor Alcântara nº134, última residência de Dona Eva Comello, a atriz Eva Nil do Ciclo de
Cataguases do Cinema Brasileiro.
14Tendo sido adotadas como referências para o limite do perímetro os eixos de ruas e avenidas, deverá
ser considerada parte integrante deste perímetro os imóveis limítrofes cujas testadas estejam voltadas
para os aludidos eixos.
56
Hotel Cataguases, uma vez que o tombamento deverá estender-se ao
mobiliário e acervo artístico. (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 55)
[...]
[...]
preocupação inicial com a primeira fase de ocupação da cidade, até então sem
prioridades no tombamento federal. Em 1995, o Conselho Municipal de Patrimônio
Histórico e Artístico é dissolvido e suas funções são transferidas para o Conselho
Municipal de Cultura. Em 2000, é criado o Departamento Municipal do Patrimônio
Histórico e Artístico de Cataguases (DEMPHAC).
No decorrer dos anos, alguns imóveis foram tombados, mas muito ficou
por fazer, buscando resgatar essa preocupação com o bem público e particular
em Cataguases, foi iniciado uma nova fase, mais criteriosa para realizarmos
esses tombamentos. (ALVES apud MUNICÍPIO DE CATAGUASES, 1998)
58
Figura 61 Praça Governador Figura 62 Praça Governador Valadares
Valadares Estação Ferroviária
59
Neste trecho da carta do presidente da ASSEA nota-se a preocupação em
interligar as diretrizes do Tombamento com as Legislações Municipais que estavam em
processo de elaboração. Nota-se também que esta preocupação não se estendia à
vinculação com as legislações nacionais e, somente, as municipais.
60
quinze metros para o rio Meia Pataca e cinco metros para os córregos e demais
cursos d'água situados no perímetro urbano.
61
Paralelamente ao Código de Zoneamento, Parcelamento, Ocupação e Uso do
Solo Urbano foi, também, criada a Lei nº2428/1995, esta, alterada pela Lei nº3135 de
2002 que instituía o Código de Obras no município.
Segundo LINS (2012) este trecho revela a fragilidade do poder público em face ao
momento anterior ao tombamento. Sobre coibir o crescimento desordenado, já haviam
construções em andamento ou à serem iniciadas que não seguiriam às novas diretrizes
e, ao reconhecer a incapacidade em evitar a descaracterização, há uma indicação das
forças econômicas e políticas que regiam a cidade naquele momento e que ainda
perduram na cidade, embora houvesse interesse, por parte do Setor de Engenharia da
Prefeitura - quem desenvolveu as Leis, em conectar os interesses públicos e privados,
afim de que se evitasse conflitos futuros.
Sobre o uso do solo e sua relação com a imagem urbana LINS (2012, p. 66)
decorre:
Cabe ainda destacar no que se refere as datas das publicações das Leis,
principalmente a nº 2427 (fevereiro de 1995) e o Tombamento Federal de Cataguases
(dezembro de 1994) percebe-se que os dois processos foram simultâneos, ou seja,
desconexos, tornando hoje, o tombamento, para a população, um ato quase que
ilegítimo, gerando conflitos de interesses, desvalorização e, consequente,
descaracterização do patrimônio da cidade. Estes conflitos ficam mais evidentes em
casos como o de 2009, quando um grupo da população entregou ao, então prefeito,
William Lobo de Almeida, um manifesto que foi publicado no Jornal Cataguases de 23 de
janeiro de 2009 e reproduzido a seguir, na figura 64.
Fonte: Jornal Cataguases, 23 de janeiro de 2009, p. 5, adaptado por Mariana Rossin (2016).
c. As tipologias arquitetônicas;
h. As manifestações culturais.
65
2. A Formação Estrutural Urbana de Cataguases
Cataguases possui área de aproximadamente 492 km² 16, com média altimétrica
de 180 metros17. Sua temperatura média anual é de 24,5ºC18. A topografia do município
16 Ibid.
17 Fonte: http://www.cidade-brasil.com.br/municipio-cataguases.html. Acesso em: 05/06/2016.
18 Média retirada de valores calculados a partir de dados de 30 anos. Fonte:
http://www.climatempo.com.br/climatologia/126/cataguases-mg. Acesso em: 05/06/2016.
66
está inserida na unidade denominada Depressão do Rio Paraíba do Sul, a oeste da Serra
da Mantiqueira, onde encontram-se minerais sob o solo, como bauxita, caulim e
manganês. Há presença de intensa rede hidrográfica, como Rio Pomba, Rio Novo,
Ribeirão Meia Pataca, Ribeirão PassaCinco e Ribeirão Cágados e Córregos, sendo o
principal, Lava pés19. Suas distâncias das principais capitais da região sudeste são de,
aproximadamente, 310 km de Belo Horizonte, 260 km do Rio de Janeiro e 580 km de São
Paulo.
Conforme Couto (2004), nos anos de 1940, quando a arte e arquitetura modernista
começaram a ser inseridas na cidade, a população era estimada em vinte mil habitantes,
a grande produção cultural, relacionada à um ambiente de modernidade e inovação,
gerou espanto, pois as características da eram tipicamente encontradas em grandes
centros urbanos ou próximos a eles, o que, neste caso, não se encaixa Cataguases. Em
2010, ano do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística20, a população
era de 69.757, com uma estimativa, segundo o IBGE, de que a população alcançasse o
número de 74.171, em 2015, o que não foi confirmado, em visita ao órgão da cidade21.
A malha urbana da cidade pode ser compreendida, num primeiro momento, pelo
direcionamento que o meio natural induzia. Elementos que funcionem como limites,
podem ser, posteriormente, atravessados. Segundo LYNCH (2011, p.69) estes limites
são elementos lineares não considerados como ruas: são geralmente, mas nem sempre,
as fronteiras entre dois tipos de áreas.
Com a instalação da Linha Férrea na cidade, outro limite foi dado e novas áreas
foram ocupadas, novas vias abertas e novos usos criados. A partir daí, com o passar dos
anos, a cidade teve seu crescimento populacional e territorial ligado às inovações que
sofria, como a industrialização, deixando de ter um limite físico determinante, para se
fazer delimitada pela cultura e economia.
68
Figura 66 - Ocupação Urbana de Cataguases
LEGENDA:
0 300m 600m 1200m Fonte: Imagens das ocupações e desenhos urbanos da cidade, entre 1878 e 2006, mapa 2.20 do PDP de 2006 (evolução urbana
de Cataguases) e fotos antigas da cidade, adaptado por Mariana Rossin (2016). 69
Segundo Muratori (apud PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO, 2015, p. 154)
manifesta em cada
momento e em cada cultura, intrínseco a determinado A capacidade de
reprodução, em outras áreas da cidade, dessas edificações é considerada pelo teórico
Áreas com muita homogeneidade podem compor um tecido urbano, estes são
pequenas (ou grandes) parcelas da cidade que quando se juntam formam os
assentamentos e estes, a cidade. (MOUDON, 2011, apud PEREIRA COSTA; GIMMLER
NETTO, 2015)
70
2.1. Tecidos Urbanos
71
Figura 67 - Tecidos Urbanos de Cataguases
LEGENDA:
Tecido Urbano 1
Tecido Urbano 2
Tecido Urbano 3
Tecido Urbano 4
Tecido Urbano 5
Tecido Urbano 6
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea
0 300m 600m 1200m Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
72
2.1.1. Tecido 1 O Sítio Histórico
O traçado é retilíneo, porém, irregular, com quarteirões que podem variar entre,
aproximadamente, 9 mil metros quadrados à 80 mil metros quadrados. As vias mais
antigas, seguem o traçado do rio Pomba, as vias mais recentes formam traçados
paralelos e perpendiculares às mais antigas. Há dois eixos estruturantes de maior
importância, o rio Pomba, já citado, e a Av. Astolfo Dutra. Devido à localização deste
tecido ser na área central da cidade, a densidade é alta, podendo atingir, segundo o mapa
4.5 do PDP de 200622, 5 mil domicílios por quilômetro quadrado, os lotes possuem
grandes dimensões, o que se reflete no tamanho das construções, e predominam
implantações nas suas testadas, tendo algumas, quintais na porção posterior do lote e
sem afastamentos laterais. A figura 68 ilustra o modelo de implantação deste tecido.
LEGENDA:
Tecido Urbano 1
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea
0 300m 600m 1200m Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
74
O uso predominante na região próxima à Av. Astolfo Dutra é o residencial, com
construções de um ou dois pavimentos. Já na área próxima à Estação Ferroviária, o uso
é predominantemente, comercial e misto23, podendo haver pequenos prédios com, até,
quatro ou cinco pavimentos, sendo uso comercial no térreo e residencial nos demais
pavimentos. Há ainda, presença recente de alguns edifícios, principalmente residenciais,
que chegam a oito pavimentos. As figuras 70 e 71 ilustram construções tipo do Tecido
Urbano 1.
23
Mapa de Usos do Centro Histórico, presente no Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases.
75
Figura 72 - Localização do Tecido Urbano 2 - Ocupações de
Encostas
N
LEGENDA:
Tecido Urbano 2
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
0 300m 600m 1200m Linha Férrea
Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
76
Esta forma de ocupação pode ser notada em, praticamente, todas as regiões da
cidade e é caracterizado pela implantação das vias e edificações em áreas de relevo com
declividade acentuada, com traçado irregular, que segue a forma de ocupação dos
bairros que o compõem, existindo ainda, vias sem saída. Estas também são mais
estreitas e os calçamentos irregulares e pequenos. Os quarteirões são, em sua maioria,
retangulares, quando não o são, formam polígonos irregulares. Alguns ainda, podem não
conter sua delimitação bem definida, devido à ocupação de encostas, podem ocorrer
presença de vegetação que funciona como limite dos quarteirões e formam massas
verdes que são expressivas na composição da cidade, as quais, segundo o PDP de 2006,
se tornam significativas em algumas regiões24. Possuem densidade que varia de baixa à
alta, podendo alcançar 5 mil domicílios por quilômetro quadrado25. Os lotes diminuem,
quando comparados ao Tecido Urbano 1, e as edificações ocupam, aproximadamente,
85% do lote, como é possível observar no croqui da figura 73.
A implantação se faz, principalmente, por edificações nas testadas dos lotes, sem
afastamentos laterais e podendo haver quintais ou áreas impermeabilizadas nas porções
posteriores os lotes. E, alguns bairros, à medida em que vai se afastando da via principal
24
Mapa 2.14 do Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases Paisagem Urbana.
25
Mapa 4.5 do Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases Domicílios X Densidade Habitacional.
77
as construções vão perdendo o padrão, podendo apresentar afastamentos frontais e
laterais e três ou mais pavimentos.
O tipo de uso que mais pode-se notar neste tecido é o residencial, com um ou dois
pavimentos, podendo haver, em algumas edificações, no pavimento térreo, presença de
comércio local. Em alguns bairros que compõem este tecido, há uma ocupação recente,
em espaços que, até então, formavam vazios urbanos. Novas construções de edificações
residenciais de quatro a cinco pavimentos, estão se erguendo, acarretando em certa
especulação imobiliária, em áreas, antes, pouco notadas e modificando a paisagem
urbana local, através do crescimento dos gabaritos. (Figuras 74 e 75)
O tecido urbano 3 é formado por bairros que tiveram suas ocupações em áreas
beira-rios. São formadores deste tecido os bairros, Vila Tereza, Vila Minalda, Santa
Cristina, Ana Carrara e Beira Rio. A figura 76 mostra a ocorrência deste Tecido.
78
Figura 76 - Localização do Tecido Urbano 3 - Ocupações Beira -
Rio
N
LEGENDA:
Tecido Urbano 3
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea
Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
79
Estes bairros formaram-se principalmente pelo eixo do Rio Pomba, que atravessa
a cidade numa linha de leste à oeste. Segundo o Relatório de Leitura da Realidade
Municipal do PDP (2006) o traçado viário se dá na forma de uma
série de vias paralelas, implantadas em terraços
este traçado é irregular, e foi se formando a partir do eixo estruturante, identificado pelo
Rio Pomba. Os lotes possuem proporções regulares e são perpendiculares ao sistema
viário As vias são estreitas, com aproximadamente, dez metros de largura e funcionam
como mão dupla e o calçamento pode quase não existir em algumas ruas e, quando
existentes, são apertados, com larguras de um metro ou menos, em alguns pontos. Nas
áreas não construídas há presença de vegetação, contribuindo para a qualidade
ambiental e para a paisagem urbana da cidade. A densidade de ocupação deste Tecido
varia entre a baixa até a alta, no Bairro Beira Rio, onde pode ocorrer até cinco mil
domicílios por quilômetro quadrado26. Em casos como do Bairro Santa Cristina, onde o
padrão de acabamento das edificações é ótimo, levando-se em conta todas as fachadas
devidamente acabadas, calçamento e cobertura completos, os lotes são grandes,
analisando os tamanhos das edificações, que variam em valores maiores que cento e
cinquenta metros quadrados e, até podendo ocupar todo o quarteirão, ao qual pertence,
sendo, normalmente, em um único pavimento. Nos outros bairros, onde o padrão de
acabamento varia entre bom e regular27, onde não há revestimento em todas as
fachadas, o calçamento não feito de forma padronizada e há cobertura metálica, para
aproveitamento da laje, os lotes apresentam-se menores, com construções que variam
em, aproximadamente, 100 metros quadrados, podendo ser verticalizadas, em dois ou
três pavimentos.
A implantação das edificações nestes bairros, pode ser afastamentos frontal e nas
laterais, como ocorre no Bairro Santa Cristina ou inseridas nas testadas dos lotes sem
afastamentos laterais e com presença de afastamento posterior, podendo ocorrer
presença de quintais, como no caso dos outros bairros deste tecido, como mostra a figura
77.
81
2.1.4. Tecido 4 Ocupações de Baixo Declive
LEGENDA:
Tecido Urbano 4
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea
Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
83
O uso predominante neste tecido é o residencial, podendo haver construções de
um ou dois pavimentos, onde no térreo, há comércio local (figuras 82 e 83).
84
Figura 84 - Localização do Tecido Urbano 5 - Vilas e Ocupações
Operárias
N
5
4
LEGENDA:
Tecido Urbano 5
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea
Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
85
O primeiro Conjunto (ver 1 na figura 84), é formado por dois edifícios com cinco
apartamentos duplex, cada. É datado da década de 1950 e tem como autor o arquiteto
Francisco Bolonha (figura 85).
86
O Conjunto Habitacional da Praça Sandoval Azevedo (ver 3 na figura 84), foi
projetado na década de 1960, pelo arquiteto Luzimar Góes Telles, também encomendado
pela família Peixoto, para abrigar funcionários de suas fábricas, sendo formado por sete
apartamentos do tipo duplex (figura 87).
A Vila Operária Manoel Peixoto Ramos (ver 4 na figura 84), destinada aos
operários da primeira indústria da cidade, (figura 88) a Fábrica de Fiação e Tecelagem,
de 1905 e segundo ALONSO (2008, p. 90):
87
Figura 88 Vila Operária Manoel Peixoto Ramos
E, por último, temos o Conjunto Operário à Rua Fernando Peixoto (ver 5 na figura
84), são seis casas térreas que se posicionam no desenho da linha férrea localizada ali.
São construções com baixo padrão de acabamento, quando se comparado às anteriores,
as janelas são de madeira, assim como as portas (figura 89).
89
Figura 91 - Localização do Tecido Urbano 6 - Equipamentos
Urbanos (Fringe Belts)
N
LEGENDA:
Tecido Urbano 6
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
0 300m 600m 1200m
Linha Férrea
Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
90
Como já citado, no capítulo anterior, as primeiras indústrias da cidade são do início
do século XX, a Fábrica de Fiação e Tecelagem, a Cia. Força e Luz, de eletricidade e,
posteriormente, outras foram se instalando e tornando-se parte expressiva da paisagem
de Cataguases. O Relatório de Leitura da Realidade Municipal do PDP (2006) de
Cataguases possui um tecido para esse tipo de ocupação, onde na descrição há o
seguinte texto:
.29
Estas áreas geram grandes vazios urbanos (figuras 92, 93, 94 e 95), por ocuparem
áreas significativas em zonas mistas e/ou comerciais, se tornando espaços transitórios
delimitados por muros ou grades que cercam grandes espaços e caracterizando-os como
os Fringe Belts, que segundo a definição de Conzen:
[...] os fringe belts são definidos como elementos morfológicos que têm sua
origem relacionada, principalmente, à oscilação da dinâmica econômica e à
demanda de usos institucionais por uma extensa gleba urbana implantada nas
bordas da ocupação formal. (CONZEN apud PEREIRA COSTA; GIMMLER
NETTO, 2015, p. 101)
A análise feita neste capítulo, das formas urbanas interpretadas como tecidos
urbanos, é uma consequência de ações sociais no meio físico, ao longo do tempo. Estas
ações sociais refletiram nas formas de ocupações que foram ocorrendo na cidade,
juntamente com as legislações vigentes em cada período, ao longo da história, tornando-
se colaboradores pela formação destes tecidos com suas diferentes características,
apresentados acima, e para a conformação da Paisagem Urbana da cidade na atualidade
em sua dinâmica de transformações, as quais pretende-se compreender a seguir.
92
modificação, cujo caráter é resultante das relações entre as ações antrópicas e naturais.
As relações entre as ações humanas e os atributos físicos resultam na paisagem como
um bem cultural, na constante transformação, parte funcional e parte simbólica. A
preservação da paisagem urbana, apesar da idealização de que seria a estabilização da
forma urbana existente, não deve implicar no congelamento da mesma.
Outro fator relevante para a escolha da área é a abrangência das primeiras fases
de ocupação da cidade, com suas características de unidades de paisagem31 que,
através dos atributos físicos e sociais contribuíram, ao longo da história, para a
32Processo em que áreas urbanas, geralmente, centrais passam por modificações urbanísticas, sociais
e econômicas, podendo acarretar na exclusão da população nativa da região para áreas mais
periféricas e com menos infraestruturas.
94
Figura 96 - Localização da Área para Análise da Paisagem
Urbana de Cataguases
LEGENDA:
Área definida para análise da
Paisagem Urbana
0m 100m 300m 500m
ESCALA GRÁFICA
Fonte de Dados: Google Earth. Acesso: 12/07/2016, adaptado por Mariana Rossin (2016)
95
A figura 97 mostra parte do território do município de Cataguases, incluindo partes
rurais e a área urbana - delimitada pela linha vermelha - cercada pelo Rio Pomba,
Ribeirão Meia Pataca e os diversos córregos que compõem a região. Por ser uma área
de, relativamente, baixa altitude, apresenta-se vários de deságue entre os córregos e o
Rio. A figura mostra também como esta rede hídrica foi de suma importância para a
ocupação pioneira da cidade, como fonte de alimentos e abastecimento de água. No
capítulo 1, este trabalho mostra como o Rio Pomba e o Ribeirão Meia Pataca serviram
de limites para as terras ocupadas por Guido Marlieri.
96
Figura 97 - Topografia e Hidrografia de Cataguases
LEGENDA:
Fonte de dados: Mapas 2.3 (Hidrológico), 2.5 (Topográfico) e 2.6 (Hipsométrico) do PDP de 2006, adaptado por Mariana Rossin (2016) 97
O Decreto-Lei nº25 de 1937, em seu capítulo III, artigo 18, determina que na
vizinhança do objeto de tombamento não poderá ser construído nada que impeça ou
reduza a visibilidade do mesmo, nem nele colocar anúncios ou cartazes publicitários sob
pena de multa, caso algum desses artifícios sejam descumpridos, prejudicando a
ambiência e legibilidade33 do bem ou conjunto (BRASIL, 1937). No caso de Cataguases
o termo vizinhança é tão importante quanto o próprio bem, visto que, como um Conjunto
tombado, a vizinhança seria parte do objeto e, uma vez descaracterizada, todo o conjunto
sofre consequências na sua leitura. O impacto de um imóvel em seu entorno dependerá
de sua volumetria, sua escala, assim como qualidade estética e carga simbólica do
edifício.
33Segundo LYNCH (2011) legibilidade está relacionada a qualidade visual da paisagem, seria a clareza
como conseguimos identificar e organizar as partes num modelo coerente.
98
Figura 98 - Gabaritos e Áreas Verdes no Sítio Histórico de
Cataguases em 1993
N
LEGENDA:
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córregos Lava Pés e Romualdinho
Linha Férrea
Edificações com 1 pavimento
Edificações com 2 pavimentos
Edificações com 3 pavimentos
Edificações com 4 a 6 pavimentos
Edificações com mais de 6 pavimentos
Áreas Verdes
0m 50m 100m 200m
Fonte de dados: Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (2006 apud LINS, 2012), adaptado por Mariana Rossin (2016) 99
ESCALA GRÁFICA
A figura 98, apresenta o gabarito das edificações na região definida para o estudo
da paisagem urbana de Cataguases, em 1993. Pode-se notar a presença de,
principalmente, edificações de um pavimento em bege e dois pavimentos em amarelo,
caracterizando o centro da cidade com edificações de baixo gabarito. Há nesta região,
ainda, a presença de algumas edificações com três pavimentos em laranja e, até, seis
pavimentos em vermelho, mostrando, como citado anteriormente, a verticalização que
começou a ocorrer poucos anos antes do tombamento federal do Conjunto Histórico,
Arquitetônico e Paisagístico de Cataguases. Outra característica determinante
apresentada na imagem é a, quase, ausência de edificações com gabaritos superiores à
seis pavimentos em marrom, sendo apresentado, somente, o Hospital Cataguases,
localizado no Bairro Vila Tereza, à margem esquerda do Rio Pomba e o Bevile Hotel, no
início da Avenida Astolfo Dutra.
100
Figura 99 - Gabaritos e Áreas Verdes no Sítio Histórico de
Cataguases em 2016
N
LEGENDA:
Fonte de dados: Google Maps. Acesso: julho de 2016, adaptado por Mariana Rossin (2016) 101
ESCALA GRÁFICA
Pode-se notar o aumento significativo de construções acima de quatro pavimentos
em vermelho, principalmente, na região próxima à Estação Ferroviária, inserida no
perímetro de tombamento do Iphan e tombada, como conjunto, pelo município. Observa-
se também, o surgimento de edificações com mais de seis pavimentos em marrom,
aumentando o skyline34 da região central de Cataguases. Este aumento no gabarito das
edificações gera outras consequências, como a substituição, com perda de bens
histórico-culturais, muitas em estilo eclético, representativo da primeira fase de ocupação
da cidade, adensamento do centro da cidade, através da verticalização, perda de
características primárias da área e a desvalorização do patrimônio.
34Referente ao horizonte produzido pela paisagem urbana de uma cidade, através de suas edificações
e composição, no geral.
102
A Lei de Uso do Solo permite construções com gabaritos e volumes consideráveis
em áreas onde a horizontalidade é característica. A consequência imediata dessa
permissão é a valorização imobiliária, devido a possibilidade de se construir mais na
mesma área de terreno, favorecendo a substituição das construções antigas, menores,
por outras novas, mais altas ou com maior taxa de ocupação, gerando o maior lucro
possível para o proprietário do lote (figuras 103, 104, 105 e 106).
103
Figura 105 Aumento do gabarito no Figura 106 Aumento do gabarito no
centro Praça Governador Valadares centro Rua Major Vieira
Portanto, numa análise, pode-se decorrer alguns fatos sobre a paisagem urbana
de Cataguases, como surgimento de volumes edificados com gabaritos
consideravelmente maiores, perda de massa verde da cidade, com aumento da taxa de
ocupação do solo, ocasionando também, a substituição de edificações antigas por novas,
como já foi dito e descaracterização dos imóveis que não foram tombados
individualmente e também, não foram tombados pelo município, não estando assim, sob
tutela de nenhuma forma de preservação. Em ampla área da região mais antiga da
cidade, pode-se observar certo descompromisso com o patrimônio local, interpretadas a
partir da percepção das descaracterizações feitas por inserções inadequadas, sem
cuidados necessários. Há ausência de fiscalização rotineira para o controle e adequação
dos letreiros. Sobre estes, o DEMPHAC afirma ter enviado ao setor de fiscalização da
Prefeitura Municipal um relatório sobre os imóveis que devem ser notificados, entretanto
o Departamento não possui controle sobre a situação destas fiscalizações, tornando-se
104
inativo para mais informações e atitudes.35 Quanto ao tratamento das superfícies das
edificações, são desconhecidos parâmetros de ordenação de ações neste tema,
tornando-se aleatórias. Além das áreas de estacionamento que enchem o centro,
aumentando o caos urbano e o desconforto dos usuários. Nota-se a deficiência na
fiscalização tanto da Prefeitura Municipal quanto do IPHAN. As figuras 107, 108, 109,
110, 111 e 112 mostram alguns dos problemas encontrados na área central de
Cataguases que causam a perda da legitimidade do patrimônio cultural da cidade.
106
3. Estudo de Caso
O estudo de caso que será apresentado neste capítulo é sobre a cidade de Pelotas
(Rio Grande do Sul). Inicialmente será apresentada a cidade, desde seu surgimento até
sua consolidação urbana para melhor compreensão da paisagem e do patrimônio cultural
edificado. E, posteriormente, será mostrado como as diretrizes urbanísticas da cidade em
conexão com o Plano Diretor Participativo e outros artifícios funcionam para efetivar a
preservação da paisagem urbana da cidade.
A região da cidade de Pelotas, RS, (figura 112) teve como início de ocupação a
segunda metade do século XVIII, após a invasão espanhola que promoveu a fuga de
algumas pessoas para o local. Sua ocupação teve início a partir das margens da Lagoa
dos Patos e passou por uma grande expansão com o início da cultura do charque36. O
desenvolvimento urbano foi em decorrência do acúmulo de riquezas geradas através da
produção saladeril37 na região que, por provocar um odor muito forte, fazia com que os
produtores buscassem outros lugares, mais afastados das charqueadas, para
construírem suas casas.38
Fonte: Google Maps. Acesso: julho de 2016, adaptado por Mariana Rossin, 2016.
Conforme afirma Almeida (2006), a partir de meados do século XIX, sob forte
influência europeia trazida com a Missão Francesa, em 1816, a arquitetura pelotense
começou a apresentar os sinais das transformações que o Brasil já vivia, com a
substituição da arquitetura colonial pela eclética, que era levada rapidamente à cidade
através dos imigrantes que lá chegavam.
108
na cidade possibilitaram a diversificação da economia, promovendo a instalação de
atividades secundárias às saladeris. Ao final do século XIX, com a crise dos charques,
houve um processe de industrialização da cidade, com a instalação de diversas fábricas.
A política de preservação da cidade teve seu início nos anos 80, com a aprovação
do II Plano Diretor Participativo (PDP), onde foram inscritos os primeiros conceitos de
preservação municipal, porém mantiveram-se somente no campo teórico, pois na prática
não funcionavam, devido à incoerência entre a teoria preservacionista e dos instrumentos
urbanísticos, que incentivavam o uso e ocupação do solo, principalmente na área central,
onde encontram-se a maior quantidade dos bens de interesse histórico-cultural.
Modificando bruscamente a paisagem da cidade, visto que novas construções foram
erguidas (figuras 116 e 117), fora do contexto e sem levar em conta o entorno,
prejudicando a homogeneidade presente e gerando uma descaracterização do local
(ALMEIDA, 2006).
39Lei Municipal nº 2708 de 10 de maio de 1982 Dispõe a Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural
do município de Pelotas, e dá outras providências. Disponível em: http://camara-municipal-de-
pelotas.jusbrasil.com.br/legislacao/497517/lei-2708-82. Acesso em: 23/06/2016.
40Lei Municipal nº 3128 de 23 de julho de 1988 Altera a Lei Municipal nº 2708 de 10 de maio de 1982.
Disponível em: http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br;rio.grande.sul;pelotas:municipal:lei:1988-07-
23;3128. Acesso em: 23/06/2016.
110
Figura 116 Construções sendo Figura 117 Novas edificações erguidas
engolidas no centro de Pelotas sem afastamentos
41Lei Municipal nº 4568 de 10 de julho de 2000 Declara área da cidade como zonas de preservação
do Patrimônio Cultural de Pelotas ZPPCs lista seus bens integrantes e dá outras providências.
Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/interesse_legislacao/leis/2000/Lei_n_4568.pdf. Acesso
em: 22/06/2016.
42
Informações retiradas da Lei Municipal nº 4568/2000.
111
I Sítio do 1º Loteamento
II Sítio do 2º Loteamento
IV Sítio da Caieira
112
II - Parcelamento do solo original deverá ser preservado, não sendo
permitidos loteamentos, desmembramentos, remembramentos e quaisquer
outras formas de parcelamento.
113
Nível 2: Incluem-se neste nível os imóveis que mantém as características
arquitetônicas de composição de fachada que possibilitam a leitura tipológica
do prédio e ainda, aqueles que possuem alguma descaracterização que não
impeça esta leitura. Preservação de suas características arquitetônicas,
artísticas e decorativas externas, ou seja, a preservação integral de sua (s)
fachada (s) pública (s) e volumetria.
43Lei Municipal nº 5146 de 25 de julho de 2005 Reduz alíquotas do IPTU e dá outras providências.
Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/interesse_legislacao/leis/2005/lei_5146.pdf. Acesso em:
23/06/2016.
114
Sobre a isenção do IPTU para os proprietários de imóveis inventariados e o
resultado da lei, Almeida e Bastos (2006, p. 104) definiram:
Em 2008, foi aprovado o novo Plano Diretor de Pelotas, através da Lei Municipal
nº 5502/0844, o qual foi financiado pelo Programa Monumenta45. A abordagem do
patrimônio histórico e cultural da cidade é tema de diversas proposições deste novo PD.
Este segue os modelos de outras cidades brasileiras que, a partir das propostas do
Estatuto da Cidade46, instituem Zonas Especiais de Interesse Social, define, na zona
urbana de Pelotas, onze áreas com planos especiais de desenvolvimento, as Áreas
Especiais de Interesse do Ambiente Cultural (AEIACs). Dentro das AEIACs o PD prevê
Focos Especiais de Interesse Cultural (FEICs), os quais ficaram definidos assim:
44 Lei Municipal nº 5502 de 11 de setembro de 2008 - Institui o Plano Diretor Municipal e estabelece as
diretrizes e proposições de ordenamento e desenvolvimento territorial no Município de Pelotas, e dá
outras providências. Disponível em: camara-municipal-de-
pelotas.jusbrasil.com.br/legislacao/484900/lei-5502-08. Acesso em: 23/06/2016.
45
Programa do Ministério da Cultura do Brasil, juntamente com Banco Interamericano de
Desenvolvimento que busca a reforma e resgate do Patrimônio Cultural Urbano em todo país.
46Denominação usual da Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2001, a qual regulamenta os artigos 182 e
183 da Constituição Federal. O Estatuto da Cidade "estabelece normas de ordem pública e interesse
social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar
dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental". Fonte: http://www.cliquearquitetura.com.br/artigo/o-
estatuto-da-cidade.html. Acesso em 12/07/2016.
115
composição arquitetônica e controle urbanístico estabelecidos, buscando
manutenção e incremento das características específicas de cada foco da
área. (MUNICÍPIO DE PELOTAS, 2008, p. 20)
116
Conclusão
117
Bibliografia
ALVES, Eliseu; SOUZA, Geraldo da Silva e; MARRA, Rener. Êxodo e sua contribuição
à urbanização de 1950 a 2010. Revista de Política Agrícola, n.2, p. 80 - 88.2011.
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http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/910778/1/Exodoesuacontribuicao.pdf.
Acesso em: 14/07/2016.
AMADEI, Daysa Ione Braga; MASSULO, Ricardo; SOUZA, Rafael Alves de; SIMÕES,
Fernanda Antonio. Paisagem urbana do eixo monumental maringaense: Uma
abordagem a partir da metodologia de Gordon Cullen. Revista NUPEM, v. 3, n.4. Campo
Mourão, 2011.
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Ciência e Cultura, n. 25, FACET 03, p. 83-100. Curitiba, 2001.
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efeitos sociais da morfologia arquitetônica. Urbe. Revista Brasileira de Gestão
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121
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a partir da praça de Camilo Sitte. Revista de Estética e Semiótica, v. 2, n. 2, p. 13-26.
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parisienses. História, Imagem e Narrativas, v. 5, n. 3. Niterói, 2007.
122
VERAS, Lúcia Maria de Siqueira Cavalcanti. Paisagem Postal: A imagem e a palavra na
compreensão de um Recife Urbano. Tese de Doutorado. Universidade Federal do
Pernambuco. Recife, 2014.
123
Apêndices
124
APÊNDICE I – TABELA DE BAIRROS DE CATAGUASES E CARACTERÍSTICAS TIPOMORFOLÓGICAS
BAIRRO IMPACTO DENSI TRAÇADO DECLIVI VEGETA IMPLANTAÇÃO TIPOS E ACABA OBS.
VISUAL DADE DAS VIAS DADE ÇÃO DAS GABARITOS MENTO
PRINCIPAIS EDIFICAÇÕES
NOS LOTES
São Não há Baixa Traçado Não há. Presença Predomínio de Predomina o Baixo Bairro localizado
Diniz impacto irregular que de implantações uso no limite do
visual segue à vegetação nas testadas residencial município com o
devido à ocupação do nos dos lotes, sem com 1 ou 2 distrito de Sereno
não bairro quintais e, afastamentos pavimentos,
declividad principalm laterais e podendo
e da ente, nos presença de haver
localizaçã morros quintais nas comércio
o do bairro localizado casas local
s nos
arredores
do bairro
Pampul Não há Baixa Traçado Não há. Presença Predomínio de Predomina o Médio/ba
ha impacto irregular que de implantações uso ixo
visual segue à vegetação nas testadas residencial
devido à , dos lotes, sem com 2
não ocupação do principalm afastamentos pavimentos,
declividad bairro ente nos laterais e podendo
e da morros presença de haver
localizaçã localizado quintais nas comércio
o do bairro s nos casas local
arredores
do bairro
Thomé Não há Média Traçado Não há. Presença Predomínio de Predomina o Baixo
impacto irregular que de implantações uso
visual segue à vegetação nas testadas residencial
devido à ocupação do nos dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro quintais e, afastamentos pavimentos,
declividad principalm laterais e podendo
e da ente, nos presença de haver
morros
localizado
localizaçã s nos quintais nas comércio
o do bairro arredores casas local
do bairro
Haideê Grande Alta Traçado das Alto Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba - Na medida em
Fajardo impacto vias é regular vegetação implantações uso ixo que vai se
visual com , nas testadas residencial afastando da via
devido à quarteirões concentra dos lotes, sem com 1 ou 2 principal as
ocupação quase da nas afastamentos pavimentos, edificações vão
de sempre calçadas e laterais podendo ficando mais
encosta e retangulares terrenos haver simples;
localizaçã vazios comércio
o do bairro local - Próximo à via
principal pode
ocorrer pequenos
prédios de, até, 4
pavimentos com
comércio no
térreo;
- Ao longo da via
principal há
presença
abundante de
vegetação.
Vila Não há Alta Traçado Não há. Pouca Predomínio de Na via Médio - Há vegetação
Doming impacto irregular que vegetação implantações principal abundante
os visual segue à , nas testadas predomina próximo ao
Lopes devido à ocupação do concentra dos lotes, sem prédios de córrego;
não bairro da nas afastamentos até 4
declividad calçadas e laterais e com pavimentos - Na via principal
e da terrenos quintais com há presença forte
localizaçã vazios comércio no de comércio.
o do bairro térreo. Nas
demais vias,
predominam
residências
de 1 ou 2
pavimentos
Colinas Não há Média Traçado Pouca Bastante Residências Numa Médio/ba - Área com
impacto irregular que vegetação com recuos primeira ixo interesse para
visual segue à nas áreas frontais, laterais ocupação, as especulação
devido à ocupação do não e de fundos. Os edificações imobiliária devido
não bairro ocupadas novos edifícios eram ao crescimento
declividad do bairro e apresentam –se predominant recente
e da nas com emente
localizaçã encostas afastamento residências
o do bairro do entorno frontal, sem de 1 ou 2
recuos laterais e pavimentos.
com recuos
posteriores Atualmente
há presença
de pequenos
prédios
residenciais,
marcando
uma nova
fase de
ocupação
Bandeir Grande Alta Traçado das Alta Pouca Residências Edificações Médio/ba - Área com
antes impacto vias é regular vegetação com recuos de 2 ixo interesse para
visual com , frontais, sem pavimentos, especulação
devido à quarteirões concentra afastamentos na medida imobiliária devido
ocupação quase da nas laterais e de em que vai ao crescimento
de sempre calçadas e fundos, na se recente;
encosta e retangulares terrenos medida em que afastamento
localizaçã vazios vai se da via - Na medida em
o do bairro afastamento da principal, as que vai se
via principal, as edificações afastando da via
edificações vão vão principal as
perdendo o perdendo o edificações vão
padrão padrão ficando mais
simples
Meneze Não há Alta Traçado Não há. Há alguns Predomínio de Predomina o Médio - Área com
s impacto irregular que pontos no implantações uso interesse para
visual segue à bairro com com residencial especulação
devido à ocupação do forte afastamentos com 1 ou 2 imobiliária devido
não bairro presença frontais, sem pavimentos, ao crescimento
declividad de afastamentos podendo recente
e da vegetação laterais e haver
localizaçã , porém, presença de comércio
o do bairro concentra quintais nas local
das casas
Centro Porção Alta Traçado Não há. Bastante As edificações Predomina o Alto
inicial de irregular, vegetação estão nas uso misto
ocupação algumas vias nas vias e testadas dos com 1 ou 2
da cidade, seguem o em pontos lotes, sem pavimentos,
única mesmo específico recuos. na área mais
centralida traçado s como as antiga e com
de e desde o praças Na área mais pequenos
principal início da antiga do centro prédios de
área de povoação da há presença de até 4
comércio cidade quintais com pavimentos,
pontos de tendo
vegetação. Já também,
as áreas de algumas
ocupação mais edificações
recentes do mais altas na
centro, não área mais
possuem recuos recente da
posteriores cidade.
Na área
próxima à
Estação
Ferroviária, o
uso
predominant
e é comercial
e serviços
Justino Não há Baixa Traçado Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Baixo
impacto irregular que vegetação implantações uso
visual segue à , nas testadas residencial
devido à concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
não da nas afastamentos pavimentos,
declividad ocupação do encostas laterais e com podendo
e da bairro do entorno quintais haver
localizaçã e quintais comércio
o do bairro local
São Não há Média Traçado das Não há. Pouca Não há padrão Predomina o Baixo
Vicente impacto vias é regular vegetação para as uso
visual com , construções. residencial
devido à quarteirões concentra Algumas com 1 ou 2
não quase da nas possuem recuo pavimentos,
declividad sempre encostas frontal outras podendo
e da retangulares do entorno localizam-se haver
localizaçã e quintais nas testadas comércio
o do bairro local
Vila Não há Alta Traçado Não há. Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba - Há presença de
Tereza impacto irregular que vegetação implantações uso ixo grandes
visual segue à nas áreas nas testadas residencial equipamentos
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 urbanos, como a
não bairro ocupadas afastamentos pavimento na Santa Casa de
declividad do bairro, laterais e com parte mais Misericórdia de
e da nas vias, quintais antiga do Cataguases e o
localizaçã entorno e bairro e 1 ou Clube do Remo;
o do bairro quintais 2 pavimentos
na área de - Localiza-se beira-
ocupação rio
mais recente,
podendo,
também,
haver
pequenos
prédios de
até 4
pavimentos
com
comércio no
térreo
Santa Não há Baixa Traçado Não há. Bastante Residências Predomina o Alto - Localiza-se beira-
Cristina impacto irregular que vegetação com recuos uso rio
visual segue à nas áreas frontais, laterais residencial
devido à ocupação do não e de fundos com 1 ou 2
não bairro ocupadas pavimentos
declividad do bairro, de alto
e da nas vias, padrão
encostas
localizaçã do entorno
o do bairro e quintais
Ana Não há Média Traçado Não há. Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba - Localiza-se beira-
Carrara impacto irregular que vegetação implantações uso ixo rio
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro ocupadas afastamentos pavimentos
declividad do bairro, laterais e com
e da nas vias, quintais
localizaçã beira-rio e
o do bairro quintais
Vila Não há Média Traçado Não há. Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba - Localiza-se beira-
Minalda impacto irregular que vegetação implantações uso ixo rio
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro ocupadas afastamentos pavimentos
declividad do bairro, laterais e com
e da nas vias, quintais
localizaçã beira-rio e
o do bairro quintais
Beira Não há Alta Traçado das Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba - Composto
Rio impacto vias é regular vegetação implantações uso ixo basicamente pela
visual e segue o , nas testadas residencial, via principal;
devido à desenho do concentra dos lotes, sem podendo
não rio da nas afastamentos haver - Localiza-se beira-
declividad encostas laterais e com pequenos rio
e da do quintais prédios
localizaçã entorno, residenciais
o do bairro terrenos com
vazios e comércio no
quintais térreo na via
principal e
nas demais,
casas com 1
ou 2
pavimentos,
podendo
haver
comércio
local
Taquara Não há Média Traçado das Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba
Preta impacto vias é regular vegetação implantações uso ixo
visual com , nas testadas residencial
devido à quarteirões concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
não quase da nas afastamentos pavimentos,
declividad sempre encostas laterais e com podendo
e da retangulares do entorno quintais haver
localizaçã e quintais comércio
o do bairro local
São Não há Média Traçado das Alta Pouca Predomínio de Predomina o Baixo - Presença de
Cristóvã impacto vias é regular vegetação implantações uso habitações de
o visual com , nas testadas residencial Interesse Social
devido à quarteirões concentra dos lotes, sem com 1
não quase da nas afastamentos pavimento
declividad sempre encostas laterais e com
e da retangulares do entorno quintais
localizaçã e quintais
o do bairro
Fonte Dados: Plano Diretor Participativo (2006) e Google Earth (2016). Elaborado pela autora, 2016.
Sítio Histórico
IMPACTO VISUAL Em relação, principalmente, ao sitio histórico, ou seja, como se faz a visibilidade de determinado local no sítio histórico de
Cataguases, se há ou não influência visual. (Fonte: SALGADO, 2010)
DENSIDADE Corresponde à ocupação do solo, medida através da proporção existente entre os vazios urbanos e a massa construída, sendo
determinado local com alta densidade, quando há intensa ocupação do solo. (Fonte: SALGADO, 2010)
Sistema viário que compõe o local, representando o espaço público em contraposição ao espaço privado. Pode ser regular,
TRAÇADO DAS VIAS quando as vias se apresentam em geral de forma ortogonal ou como irregular ou orgânico, quando o traçado é representado
por vias sinuosas. (Fonte: SALGADO, 2010)
Natureza topográfica do terreno, determinada pelas curvas de nível. As curvas de nível vão indicar se o terreno é plano,
DECLIVIDADE ondulado, montanhoso ou se o mesmo é liso, íngreme ou de declive suave. (Fonte:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/elementos_representacao.html. Acesso: 24/07/2016)
IMPLANTAÇÃO Como se faz a implantação da arquitetura tipo num lote de determinado bairro. Há afastamentos frontais, laterais e/ou
posteriores ou a implantação se faz na testada do lote e sem afastamentos quaisquer.
Qualificação que se dá ao tipo de ocupação de uma edificação, podendo ser residencial (unifamiliar ou multifamiliar), comercial
TIPOS E GABARITOS ou misto, quando o mesmo objeto assume os dois primeiros usos simultaneamente e à altura ou quantidade de pavimentos que
determinada edificação pode atingir.
Acabamentos diversos desde a utilização de revestimento com reboco, pedras, sem acabamento – tijolo furado aparente
ACABAMENTO (BAIXO) ou com acabamentos MÉDIOS, onde ao menos a fachada frontal recebe algum tratamento ou até mesmo,
acabamentos excelentes (ALTO), onde todas as fachadas recebem algum tipo de cuidado.
APÊNDICE II – BENS TOMBADOS EM NÍVEL FEDERAL E MUNICIPAL DE CATAGUASES
BEM ENDEREÇO PROTEÇÃO DATA/DECRETO OBSERVAÇÕES
Residência Francisco R. Major Vieira, Federal Nº Processo:134 2- Ano: 1940-42| Projeto: Oscar Niemeyer|
Inácio 154 T-94 de 17/02/2003 Paisagismo: Roberto Burle Marx| Esculturas:
Peixoto Jan Zach e José Pedrosa| Mobiliário:
Joaquim Terneiro
Residência Ottônio Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo:134 2- Ano: 1957-58| Projeto: Francisco Bolonha|
Alvim Gomes e Nanzita 166 T-94 de 17/02/2003 Painel externo: Anísio Medeiros| Painel
interno: Emeric Marcier| Mobiliário: Joaquim
Terneiro
Residência José Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1945-47| Projeto: Aldary H. Toledo|
Pacheco de Medeiros 146 T-94 de 17/02/2003 Paisagismo: Francisco Bolonha
Filho
Residência José Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1948| Projeto: Edgar Guimarães do
Peixoto 116 T-94 de 17/02/2003 Valle| Paisagismo: Roberto Burle Marx|
Painel externo: Paulo Werneck
Hotel Cataguases Rua Major Vieira, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1948-51| Projeto: Aldary H. Toledo e
56 T-94 de 17/02/2003 Gilberto Lyra de Lemos| Paisagismo: Carlos
Perry| Escultura: Jan Zach
Edifício “A Nacional” Pça. Rui Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 193-57| Projeto: MM Roberto
Barbosa, 68 T-94 de 17/02/2003
Conjunto de Bairro Jardim Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1960| Projeto: Francisco Bolonha
Residências Operárias T-94 de 17/02/2003
Bairro Jardim
Museu da Eletricidade Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Construção: 1922
Cataguases-Leopoldina 41 T-94 de 17/02/2003
Educandário Dom Rua Dr. Lobo Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1951-54| Projeto: Francisco Bolonha|
Silvério Filho, 270 T-94 de 17/02/2003 Painel externo: Anísio Medeiros| Painel
interno: Emeric Marcier
Cine-Teatro Edgard Pça Rui Barbosa, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1946-52| Projeto: Aldary H. Toledo e
174 T-94 de 17/02/2003 Carlos Azevedo Leão
Monumento a José Pça. José Inácio Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1953-58| Projeto: Francisco Bolonha|
Inácio Peixoto Peixoto T-94 de 17/02/2003 Painel: Cândido Portinari| Escultura: Bruno
Giorgi
Municipal 2560 de 01/04/98
Grupo Escolar Coronel Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Inaugurado em 1913
Vieira 303 T-94 de 17/02/2003
Municipal 2562 de 01/04/98
Colégio Cataguases (E. Bairro Granjaria Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1945-49| Projeto: Oscar Niemeyer|
E. Manoel Inácio T-94 de 17/02/2003 Paisagismo: Roberto Burle Marx| Escultura:
Peixoto) Jan Zach| Mobiliário: Joaquim Terneiro|
Municipal 1435 de 27/11/88 Painel externo: Paulo Werneck| Painel
interno: Cândido Portinari
Ponte metálica sobre Final da Rua Federal Nº Processo: 134 2- Construção: 1912-15
Rio Pomba Francisco de T-94 de 17/02/2003
Barros
Municipal 2563 de 01/04/98
Delegacia de Polícia Rua Major Vieira, Municipal 2559 de 01/04/98 Construção: 1914
83
Estação Ecológica de Horto Florestal Municipal 2751 de 15/08/2001 Desapropriação da Fazenda de café
Água Limpa “Francisco de Souza”, com 100 hectares de
Manuel Jacinto Carreiro em 1912
LISTA DE BENS MÓVEIS E INTEGRADOS – Todos fazem parte do Conjunto Urbano tombado pelo IPHAN
sob Decreto nº 1342-T-94 de 17/02/2003
Painel de Azulejos (fachada externa) Anísio Medeiros Residência Ottônio Alvim Gomes e
”Festa Nordestina” Nanzita à Av. Astolfo Dutra n°176
Afresco “A lenda sobre o rapto das Émeric Marcier Residência Ottônio Alvim Gomes e
Sabinas” Nanzita à Av. Astolfo Dutra n°176
Painel de azulejos “As Fiandeiras” Cândido Portinari Monumento a José Inácio Peixoto -
Praça José Inácio Peixoto
Painel (fachada externa) Anísio Medeiros Educandário Dom Silvério, à Rua Doutor
Lobo Filho n° 270
Afresco da Capela do Educandário Émeric Marcier Educandário Dom Silvério, à Rua Doutor
“Genesis” Lobo Filho n° 270
Fonte Dados: Plano Diretor Participativo (2006), Lista atualizada de bens tombados no Município de Cataguases – DEMPHAC e Guia da Arquitetura Modernista
de Cataguases (ALONSO (coord.), 2012). Elaborado pela autora, 2016.