Teologia Propriamente Dita
Teologia Propriamente Dita
Teologia Propriamente Dita
I. INTRODUÇÃO
Pretendemos, no estudo de Teologia Sistemática, selecionar fatos que nos façam conhecer melhor a
Pessoa de Deus, as suas relações com o universo, e organizá-los num sistema racional. Não se encontra na
Bíblia uma Teologia Sistemática já feita e ordenada, mas se encontra os fatos com os quais podemos organizá-
los, dar-lhes forma, sistematizá-la. O fim, portanto, da Teologia Sistemática não é criar fatos, mas descobri-los e
organizá-los num sistema. A possibilidade de termos uma Teologia baseia-se em três grandes verdades, a
saber: 1 – Deus existe e tem relações com o mundo (Gn. 1:1); 2 – O homem é feito à imagem de Deus e é capaz
de receber e compreender aquilo que Deus revela (Gn. 1:26-27); 3 – Deus tem se revelado (Hb. 1:1).
Se Deus existe e tem se revelado, e, se o homem é capaz de receber a sua revelação, forçosamente
havemos de concluir que, ao mesmo, é possível existir a Teologia Sistemática (Jo. 17:3). Seria difícil exagerar a
importância do estudo de Teologia Sistemática, porque, quem queira saber, com exatidão, alguma coisa do
mundo, do universo, do homem, da história, de Cristo, da salvação, em suma, informar-se de tudo o que seja de
primordial interesse ao homem, tem, por força, de aprender de Deus. É Ele o grande Mestre que todas as coisas
conhece. E há tanto erro a respeito de tudo isto, que se torna necessário um conhecimento sólido e seguro de
todos estes assuntos de grande interesse para a humanidade.
Fora das revelações de Deus não se encontra tal conhecimento. Esta é a razão porque baseamos o
nosso estudo naquilo que Deus tem revelado ao homem. Devemos orar para que a nosso visão seja clara, o
nosso zelo puro, o nosso ideal elevado, e o nosso espirito reto, como o espírito dAquele a quem almejamos
conhecer, i.e, com o mesmo espírito que Deus recomendou a Moisés, quando apareceu na sarça ardente (Ex.
3:3-6).
Até há pouco tempo, a Teologia era considerada a rainha das ciências e a Teologia Sistemática, a coroa
da rainha. Hoje em dia, a maioria dos teólogos nega o caráter científico da Teologia e naturalmente não a
considera como a rainha das ciências. Há poucos anos, escreveu James Orr:
“Devemos notar que existe um grande preconceito contra a doutrina, ou como se diz freqüentemente,
contra o ‘dogma’ em religião. Cresce o número dos que deixaram de gostar do pensamento sistematizado sobre
matérias divinas. Os homens preferem viver numa atmosfera indefinida quando meditam nesses assuntos.
Preferem o pensamento vago, fluído, impreciso muitas vezes, algo que possa ser mudado no decorrer do tempo,
de acordo com as novas luzes, tomando novas formas, e deixando de lado as antigas”.
Este fenômeno ainda permanece. A razão básica é a seguinte: Duvida-se que se possa chegar a
conclusões certas e definitivas neste campo. Influenciados pela corrente filosófica do pragmatismo, os teólogos
modernos asseveram que as crenças não devem ir além do campo das hipóteses, não as considerando como
fixas e finais. Rejeitam a Bíblia como infalível Palavra de Deus, e perfilham a idéia de que tudo se move num
fluxo, levando-os a concluir que não é seguro formular princípios fixos a respeito de Deus e das verdades
teológicas.
Graças a Deus, porém, que nem todos se desviam em direção a esta filosofia perniciosa e que ainda
crêem que há algumas coisas no mundo que são estáveis e fixas. Apontam a regularidade dos corpos celestes,
das leis da natureza, e das ciências matemáticas, como provas básicas para esta crença. Mesmo que a ciência
pusesse em dúvida a questão da regularidade das leis da natureza, o crente que teve sua experiência com Deus
veria nisso a intervenção divina e a manifestação de seu poder miraculoso. A apreensão quanto à revelação
divina pode ser progressiva; porém a revelação é estável como a verdade e a retidão de Deus o são. Ainda
cremos na possibilidade da Teologia e da Teologia Sistemática em especial e ainda contemplamos as mesmas
com os olhos favoráveis dos antigos.
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1ª PARTE - PROLEGÔMENOS
O termo “Teologia” pode ser tomado num sentido restrito e num sentido amplo. Deriva de duas palavras
gregas, theos e logos, significando Deus e palavra, tratado ou doutrina. No sentido restrito, a Teologia pode ser
definida como a doutrina de Deus. No sentido mais amplo e usual, porém, o termo veio a significar todas as
doutrinas cristãs, não somente a doutrina específica de Deus, mas também todas as doutrinas que se relacionam
com Deus e com o Universo. Neste sentido, pode definir-se a Teologia como a Ciência de Deus e suas
relações com o Universo. Para que fique bem clara a idéia, devemos indicar as diferenças entre Teologia e
Ética, Teologia e Religião, Teologia e Filosofia.
A Psicologia lida com o comportamento; a Ética, com a conduta. Isto é verdade tanto em relação à Ética
Cristã como em relação à Ética Filosófica. A Psicologia inquire sobre o como e o porquê do comportamento; a
Ética, sobre a qualidade moral da conduta. A Ética pode ser descritiva ou prática. A Ética descritiva examina a
conduta humana à luz de alguns padrões do que é certo ou errado; a Ética prática lança o fundamento da Ética
descritiva, mas, em especial, fortalece os motivos para que se viva no mais alto nível. E evidente que a Ética
Filosófica se desenvolve numa base puramente naturalista e não inclui a doutrina do pecado, do Salvador, da
redenção, da regeneração, e da influência divina interior.
A Ética Cristã difere grandemente da Ética Filosófica, mais abrangente; enquanto a Ética Filosófica é
confinada aos deveres do homem para com o homem, a Ética Cristã inclui também os deveres do homem para
com Deus. Além disso, é diferente em sua motivação. Na Ética Filosófica, o motivo ou é o hedonismo, o
utilitarismo, o perfeccionismo, ou é uma combinação de todas estas, como acontece no humanismo; na Ética
Cristã, o motivo é o do afeto e submissão a Deus de boa vontade. Ainda assim, a Teologia contém muito mais do
que pertence à Ética Cristã. Inclui também as doutrinas da Trindade, da Criação, da Providência, da Queda, da
Encarnação, da Redenção e da Escatologia. Nenhuma delas pertence propriamente à Ética.
O termo “religião” é usado das maneiras mais diversas. E usado nas práticas fetichistas da África, no
salmodiar dos cânticos hindus perante o Absoluto impessoal, nos cultos dos sacerdotes shintoístas e dos mahdis
maometanos, nos sistemas ortodoxo grego e católico romano, na propaganda humanitária de sociedades
ecumênicas e filantrópicas e bem assim nas práticas dos protestantes de linha ortodoxa. Por esta razão, alguns
preferem não usar o termo da verdadeira Fé Cristã. Esta questão, deve ser decidida por definição própria de
religião.
Hegel considerava a religião uma espécie de conhecimento; ele, porém, não reconhecia que a espécie
de conhecimento de que falam as Escrituras envolve não somente o intelecto, mas também o sentimento e a
vontade.
Schleiermacher a considerava um simples sentimento de dependência, esquecendo-se todavia que tal
sentimento não é religioso, a não ser que se alie ao descanso em Deus, à apropriação de Deus e ao serviço
prestado a Deus.
Kant a identificou com a Ética. Matthew Arnold pensava dela apenas como moralidade tocada pela
emoção. Nenhuma dessas opiniões é adequada, a começar pela etimologia do termo religião, que é incerta.
Agostinho a faz derivar de “religare”, unindo o homem a Deus; essa concepção é incerta, porque o mundo pagão
já possuía religião, sem a idéia bíblica da natureza do pecado e da necessidade do homem de redenção. A
informação de Cícero é mais provável; ele a faz derivar de “relegere”, significando considerar, ponderar
3
cuidadosamente, em outras palavras, considerar e observar devotadamente, especialmente no que diz respeito à
adoração dos deuses. Deste ponto de vista, todas as práticas e sistemas podem ser incluídos no termo “religião”.
Para Strong, “religião em sua idéia essencial é vida em Deus, vivida no reconhecimento de Deus, na
comunhão com Deus e sob o controle interior do Espírito de Deus.” Para ele, portanto, estritamente só existe
uma religião, a religião cristã. Se adotarmos esse ponto de vista, ficaremos justificados em usar o termo como o
Culto e a Fé Ortodoxa Protestante, sendo obrigados, ao mesmo tempo, a recusar todas as outras chamadas
religiões.
A relação entre a Teologia e a Religião é a de efeitos, em esferas diferentes, produzidas pelas mesmas
causas. No campo do pensamento sistemático, os fatos a respeito de Deus e suas relações com o Universo
levam à Teologia; na esfera da vida individual e coletiva, levam à religião. Noutras palavras, em Teologia um
homem organiza seus pensamentos a respeito de Deus e do Universo, e em religião exprime essas idéias em
atitudes e ações.
A Teologia e a Filosofia têm praticamente os mesmos objetivos, mas diferem muito em sua aproximação
e método para atingir os objetivos. Ambas procuram um mundo mais compreensivo e de vida melhor. Enquanto
a Teologia começa com a crença na existência de Deus e na idéia de que Ele é a causa suprema de todas as
coisas, com exceção do pecado, a Filosofia começa com qualquer outra causa dada e a idéia de que é suficiente
para explicar a existência de todas as causas. Para os filósofos gregos, a causa dada era a água, ou o ar, ou o
fogo, ou os átomos em movimento, ou as idéias; para os modernos, é a natureza, a mente, a personalidade, a
vida, ou qualquer outra coisa. A Teologia não começa somente com a crença na existência de Deus, mas
também sustenta que Ele revelou-se pela graça. A Filosofia nega estas idéias. Da idéia de Deus e do estudo da
revelação divina, o teólogo desenvolve o seu modo de ver o mundo e a vida; da coisa dada e dos supostos
poderes inerentes nela, o filósofo desenvolve o seu modo de ver o mundo e a vida. Fica assim evidente que a
Teologia repousa sobre uma base objetiva sólida, enquanto que a Filosofia repousa meramente sobre as
especulações do filósofo. No entanto, a Filosofia tem valor definido para o teólogo.
Em primeiro lugar, fornece-lhe apoio para a posição cristã. Kant, na base da consciência, apresentou
argumentos pela existência de Deus, liberdade e imortalidade. Henry Bergson sustenta a idéia de que os
homens conhecem as coisas tanto pela intuição como pela razão. Nada impede o teólogo de usar as conclusões
filosóficas para sustentar a posição bíblica.
Em segundo lugar, revela a insuficiência da razão para solucionar os problemas básicos da existência.
Enquanto o teólogo aprecia todo o auxílio real que obtém da Filosofia, todavia não tarda a descobrir que a
Filosofia não apresenta teoria real sobre as origens e doutrina alguma sobre Providência, Pecado, Salvação, e
Consumação Final. Como estas concepções são perfeitamente adequadas às exigências do mundo e da vida
que vivemos, o teólogo se vê irresistivelmente atraído para Deus e para a revelação que Ele faz de Si mesmo, no
tratamento dessas doutrinas.
E em terceiro lugar, relaciona-o com os pontos de vista do descrente de elevado nível intelectual. A
Filosofia é para o descrente o que a fé cristã é para o crente. O descrente adere à Filosofia com a mesma
tenacidade com que o crente adere à sua fé. Conhecer a filosofia de alguém eqüivale a adquirir a chave para
entendê-lo e lidar com ele. O crente talvez não consiga vantagem com o filósofo teórico, mas fica em condições
de auxiliar os que ainda não estão totalmente dominados pelas teorias da especulação.
3. A NECESSIDADE DA TEOLOGIA
Devido à natureza do intelecto humano e às exigências práticas da vida, torna-se necessária alguma
espécie de crença teológica. Vamos, pois, considerar resumidamente as razões desta necessidade,
especialmente atendendo à necessidade do cristão. O intelecto humano não se contenta com a mera
acumulação de fatos; busca invariavelmente a unificação e sistematização dos conhecimentos. Nas lições da
Escola Dominical, nos cursos bíblicos e na literatura cristã esparsa, o crente tem noção das doutrinas cristãs.
Falta-lhe apenas coordená-las numa perfeita sistematização. O ser humano constitui uma unidade que não
admite a desordem mental, seja no campo da Filosofia, seja no campo da Teologia. A mente humana não se
satisfaz simplesmente em descobrir certos fatos sobre Deus, o homem e o universo; deseja conhecer a relação
entre as coisas e as pessoas e organizar suas descobertas num sistema.
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Os perigos que ameaçam a Igreja não vêm da Ciência, mas da Filosofia. Essa onda de incredulidade
invade as nossas universidades e colégios, e dela não escapam nem os seminários de ensino cristão. Ateísmo,
agnosticismo e panteísmo proliferam por toda a parte. Os alunos que se formam nas escolas públicas, de graus
superiores, vão colaborar nos jornais, nas revistas culturais, no rádio, na televisão e nas diversas organizações
sociais, comerciais, políticas e filosóficas, difundindo, assim, nas camadas populares de todos os níveis, suas
opiniões distorcidas e alheias à diretriz cristã tradicional. Para esta gente, não basta citar textos isolados das
Escrituras; temos que mostrar-lhes que na Bíblia se encontra a solução certa para os problemas humanos; que
somente ela tem respostas para as dúvidas e dificuldades para os quais a Filosofia não tem explicação; e que
somente as Escrituras contêm um panorama de vida completo e consistente. Quando não se tem um sistema
organizado de pensamento, ficamos à mercê daqueles que têm o seu sistema organizado. Somos obrigados a
coligir todos os fatos da revelação em dado assunto e organizá-los num sistema harmonioso, se temos de en-
frentar os que estão profundamente enraizados nalgum sistema filosófico de pensamento.
4. AS DIVISÕES DA TEOLOGIA
O vasto campo da Teologia é comumente dividido em quatro partes: Exegética, Histórica, Sistemática e
Prática. Vamos indicar ligeiramente o caráter e conteúdo de cada uma dessas partes.
Ocupa-se diretamente com o estudo do texto sagrado e abrange assuntos que auxiliam à restauração, à
orientação, à ilustração e à interpretação daquele texto. Inclui o estudo das Línguas Bíblicas, da Arqueologia
Bíblica, da Introdução Bíblica (geral e especial), da Hermenêutica Bíblica e da Teologia Bíblica.
Traça a história do povo de Deus na Bíblia e a história da Igreja, desde o tempo de Cristo. Lida
com a origem, o desenvolvimento e a expansão da verdadeira religião e também com suas doutrinas,
organizações e práticas. Abrange a História Bíblica, a História Eclesiástica, a História das Missões, a História das
Doutrinas e a História dos Credos e Confissões.
Toma o material fornecido pela Teologia Exegética e pela Teologia Histórica e o coloca em ordem lógica,
sob os grandes cabeçalhos do estudo teológico. Dentre as contribuições da Teologia Exegética e da Teologia
Histórica, podemos destacar: a primeira é a única real e infalível fonte da ciência, mas a última, em sua exibição
da apreensão progressiva pela Igreja das grandes doutrinas da fé, muitas vezes contribui para a melhor
compreensão da revelação bíblica. A Teologia Dogmática, como também chamada, é, estritamente falando, a
sistematização e defesa das doutrinas expressas nos Símbolos da Igreja. Ela se compõe de Prolegômena (que é
a Introdução à Teologia Sistemática, tratando da natureza, necessidade e constituição da Teologia, bem como
da Revelação, fundamento da Teologia), Teontologia (Doutrina do Ser de Deus), Antropologia Bíblica (Doutrina
Bíblica da Constituição do Homem), Hamartiologia (Doutrina do Pecado), Cristologia (Doutrina da Pessoa e Obra
de Cristo), Eclesiologia (Doutrina da Igreja), Pneumatologia (Doutrina do Espírito Santo) e Escatologia (Doutrina
das Últimas Coisas). Ainda devemos incluir a Apologética, a Polêmica e a Ética Bíblica.
Aquele que crê na doutrina e não a experimenta, não compreende a sua verdadeira significação.
Testemunhas da verdade eram os primitivos cristãos. “Testemunha” quer dizer, “aquele que tem experiência”. A
pessoa pode pregar aquilo que ouvir e receber de outrem, mas “testemunhar” só pode aquele que haja assistido
pessoalmente, só aquele que experimentou. O Cristianismo verdadeiro insiste em que as suas verdades sejam
encarnadas. Encontramos no Velho Testamento a revelação gradual e progressiva de Deus ao povo escolhido,
revelação que prepara a vinda de Jesus Cristo, Seu Filho, e no Novo Testamento o cumprimento desta revelação
com o nascimento, vida e morte de Jesus, e ainda mais, o resultado da revelação na vida dos crentes. Não há
duvidas que a Bíblia é a palavra de Deus, divinamente inspirada e dada ao homem. Apesar de muito
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distanciados, cronologicamente falando, os livros constituem um todo harmonioso; há entre eles a melhor
unidade de assunto, de intuito e de tratamento. Nenhum ensino de um livro anterior é negado pelos posteriores.
O que se nota é progressão, jamais negação.
Dirigida a Toda a Humanidade, é Realizada por meios naturais comuns. Começa no próprio ato de criação
do Universo. O ato de reconhecer uma pessoa, os argumentos lógicos quanto à existência de Deus, o fenômeno
universal das religiões, tudo implica no reconhecimento de uma Revelação Geral de Deus.
Ao perder a Imago Dei (Gn.1:27), não só a racionalidade e perfeição moral foram perdidas, mas também
um certo conhecimento do Criador. O livro da Natureza, a sensibilidade poética, tudo nos leva a um
conhecimento limitado (Deus, Infinito, não pode enquadrar-se nos limites da mente humana). Esse conhecimento
é limitado, tanto em relação à revelação geral quanto em relação à revelação especial (I Co.13:12).
A revelação geral é importante tanto no campo da religião quanto no campo da moral (Sl.l9:l; Rm.l:19, 20;
Rm.2:14,15). A Bíblia registra como verdadeiros servos de Deus eminentes personagens (que não pertenciam ao
povo de Israel) como órgãos da revelação geral (Melquisedeque, Jó, Jetro, etc).
Se não fosse a Queda, ela seria suficiente para a vida religiosa e moral e para que o homem cumprisse o
fim para o qual foi criado. A queda degenerou o conhecimento original de Deus. O homem passou a cultuar as
criaturas (Rm.1:21-23). Apareceram e impregnaram toda a Terra o politeísmo, o fetichismo, as superstições, a
imoralidade (Rm.1:26-31). Como obra de Deus, a revelação geral é perfeita e não precisaria e nem poderia ser
completada por outra (Gn.l:31).
O deísmo Aceita a Revelação Geral Como Suficiente. O erro dos deístas, contudo, consiste em não
reconhecerem que o pecado prejudicou sobremodo a criação. A revelação geral, assim, tornou-se insuficiente
(mas não desnecessária).
Karl Barth repudia o Deísmo e sua ênfase sobre a imanência de Deus na natureza (dando mais valor á
Teologia Natural do que à Revelada).
Paul Tillich usa o termo “revelação mediante a natureza” para referir-se à revelação geral.
O homem primitivo, espiritualmente infante, deveria crescer “até à estatura de varão perfeito”
(desenvolvendo os dons recebidos). O pecado frustrou esse desenvolvimento. 0 homem precisa, então, co-
nhecer a Deus não só como Criador, mas também como Redentor. Em Gn.3:15 encontra-se o “proto-evangelho”.
Essa promessa de que o Filho da Humanidade realizaria a Redenção foi a primeira palavra da Revelação
Especial de Deus (que se completa em Cristo, o Verbo Encarnado). Há um fortalecimento do sentimento
religioso, da Fé (ex: Abel, Enoque, Noé, Abraão, etc).
Enquanto o campo de desenvolvimento da Revelação Geral é a natureza, o da Revelação Especial
encontra-se na própria história do povo de Israel. A escolha de Israel foi um ato da Soberania de Deus (Gn.l2:l-l3;
Gn.17:1-14). Jacó, neto de Abraão, foi o herdeiro da promessa (Gn.28:13-15). Jacó e seus 12 filhos durante
permaneceram por 4 séculos no Egito, sempre firmes na aliança.
Moisés viveu o tempo do desenvolvimento do pacto. Houve o Êxodo, a Renovação da aliança, as Leis, o
Sacerdócio. Josué, o grande capitão foi o sucessor de Moisés. Vitorioso sobre os cananitas, ajuramentou o povo
em prol da fidelidade a IaHVeH (Js.24).
O povo hebreu, mesmo depois de estabelecido na terra prometida, caiu em idolatria. A triste alternativa
daquele povo girou em torno de pecado X castigo até o cativeiro babilônico. Houve a instituição dos reis com
todo o seu simbolismo, o surgimento do profetismo, dos sacerdotes, todos Tipos de Cristo. Isaque, Davi,
Moisés, José são exemplos desses tipos, todos confirmados no Novo Testamento. A sarça que não se
consumia também tinha seu simbolismo. Os sacrifícios de animais apontavam para Cristo. “Eis o Cordeiro de
Deus...” (Jo.1:29). A tendência politeísta do povo judeu somente foi eliminada por ocasião do cativeiro
babilônico. Atingindo o Monoteísmo (e estaciona aí).
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Coube ao Cristianismo a tarefa de desenvolver e completar a Doutrina da Trindade. O dito de Jesus, que
não veio destruir a lei, mas cumpri-la (Mt.5:17) significa que o Velho Testamento contém a revelação divina que
não pode passar, mas significa também que precisava não só ser completado mas até corrigido pelo Novo
Testamento, pelo ensino da próprio Cristo e dos apóstolos1.
Os judeus que teimam em ficar só com o VT rejeitando o NT não têm, pois, toda a Palavra de Deus,
porque esta, em sua última expressão, é Cristo. A lei serve de pedagogo para conduzir a Cristo (Gl.3:24).
Quando a lei não serve a esse propósito, transforma-se num “véu” que dificulta perceber e alcançar as bênçãos
do Evangelho (II Co.3:l.3ss). O VT é, pois, a Palavra de Deus na medida em que o NT está nele incluso. “Novum
in vetere latet; Vetus in novo patet” (Santo Agostinho).
Pela providência de Deus a revelação foi registrada em livros, a fim de ser preservada para as
gerações e guardada livre de corrupção.
Sacerdotes, cultos, reis, além de órgãos da revelação, concretizavam, preservavam e
transmitiam, de geração em geração, a revelação de Deus, onde já vemos esboços desta providência. Da
mesma forma Jesus Cristo, ao término de sua obra redentora, incorporou e perpetuou na Igreja, através do
Ministério da Palavra e dos Sacramentos, essa revelação. Deus completou a revelação vocacionando e
inspirando homens que escreveram o Velho e o Novo Testamentos.
0 Filho é chamado, nas Escrituras, Verbo ou Palavra. Toda a revelação divina, tanto nas obras da
criação quanto na redenção, tendo sido feitas pelo Logos, o Verbo Eterno de Deus, pode ser chamada Palavra
de Deus.
Consiste em que o Espírito Santo habilitou os escritores da Bíblia a registrar, sem erros, o que
Deus revelou (em matéria de religião e moral).
Os escritores, tanto da VT quanto do NT afirmam categoricamente a inspiração (Is.1:l; Is.6:l-9;
Is.8:l; Hb.1:1; II Pd.l:21; II Co.2:13, 14; II Tim.3:16). São Paulo chegou a lançar um anátema sobre um anjo que,
eventualmente, pregasse um Evangelho diferente (G1.1:8). A inspiração foi dom exclusivo concedido aos
escritores da Bíblia, enquanto que a iluminação é aquele dom concedido pelo mesmo Espírito a todo o crente
para entender as Escrituras (o que nelas está revelado).
6.2. A Verdade Revelada
O elemento principal da mensagem da Bíblia é a salvação dos pecadores mediante Cristo. O
propósito de Deus em sua atividade redentora foi o mesmo que teve quando inspirou homens para escrevê-la
(pois na Bíblia está registrada a história da redenção).
Cerca de 40 escritores de classes e culturas diferentes, de épocas diferentes, num lapso de
tempo de cerca de 1.500 anos, escreveram sem se contradizerem, mas completando-se uns aos outros, como
operários de uma catedral, alguns dos quais lançam os fundamentos, outros e outros continuam a obra por
muitos anos até que enfim a concluem.
Conduzir à Fé Cristã e ensinar sua prática é o objetivo das Escrituras. Nesse terreno, ela é
infalível (II Tm.3:16,17). Essa infalibilidade é confirmada pela pureza e unidade substancial do ensino bíblico,
quando tomado em conjunto. A acusação de erros em moral emudece diante da perfeição inabalável dos Dez
Mandamentos. Nos tempos bárbaros em que a lei foi dada, teve de ser adaptada de modo a servir á educação
progressiva do povo.
1
Dogmática Evangélica, Alfredo B. Teixeira, p.23
8
A acusação de erros em ciência cai por terra quando se verifica que a Bíblia não tem por fim
ensinar ciência, mas sim religião e moral. A criação é um ensino contra as cosmogonias e teogonias politeístas.
Descreve-se as coisas criadas na sua ordem natural de importância (matéria, vida, animais, humanidade), sem
nenhum intuito científico. Josué ordenar que “o sol parasse” não era um erro de astronomia, mas sim o uso da
linguagem das aparências, usada ainda hoje, até mesmo pelos que conhecem os princípios de Copérnico ou
Ptolomeu.
As chamadas “fontes secundárias da Dogmática” dividem-se em dois grupos: o mais antigo é formado
pelos Credos chamados Ecumênicos (por serem aceitos por toda a Cristandade):
l) O Credo dos Apóstolos;
2) O Credo de Nicéia;
3) O Credo de Constantinopla;
4) O Credo Atanasiano ou Quicunque.
O 2º grupo referido acima é posterior à Reforma, tendo surgido em conseqüência da mesma. São as
Confissões de Fé. Estas são aceitas pelas respectivas Igrejas que as formularam, pois expressam, ao lado das
doutrinas comuns a todas, as peculiaridades de cada uma.
A Igreja, mediante estas colocações, compreendeu ser necessária que a questão não fosse deixada só
no terreno da Fé, mas que deveria ser enfrentada racionalmente (daí a formulação do Credo). Ei-lo:
Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra; E em Jesus Cristo seu Único Filho,
nosso Senhor, que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de
Pôncius Pilatos, foi. crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades,2 no terceiro dia ressuscitou dos
mortos; subiu ao céu e está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir para
julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Católica3; na comunhão dos santos; na remissão dos
pecados; na ressurreição do corpo e na vida eterna.
2
Hades é a palavra grega que, biblicamente, refere-se ao lugar e ao estado dos mortos.
3
Católica significa “Universal” e refere-se à extensão da Igreja de Cristo, santificada pelo Seu Sangue e pelo Seu Espírito,
não podendo referir-se a uma Igreja Degenerada e/ou a uma Sinagoga de Satanás, utilizando-se uma expressão bíblica
pertinente encontrada em Apocalipse. Refere-se antes à totalidade dos salvos em Cristo, número este impossível de ser
contado, humanamente falando, e é a mesma que dizer-se Igreja Invisível.
9
Um Concílio de cerca de 300 bispos foi convocado pelo Imperador Constantino em Nicéia, na Bitínia, no
ano de 325 AD. A seção sobre o Filho foi elaborada com especial cuidado, dando ênfase à declaração de que o
Filho é da mesma substância do Pai.
Em termos redundantes e claríssimos, o Credo de Nicéia condena a heresia de Ário (que negava a
identidade do Filho com a do Pai) e a de Sabélio (que admitia a identidade da natureza, mas negava a
eternidade do Filho). O Credo de Nicéia teve, então, a finalidade de definir autorizadamente a crença Igreja sobre
o assunto, sendo conhecido pelo nome do lugar em que foi formulado. Ei-lo:
Cremos em Deus, o Pai Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um
Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus, Unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de
Luz, Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus, gerado, não feito, sendo da mesma substância que o Pai, por
Quem todas as coisas foram feitas no Céu e na Terra, que por nós homens e para a nossa salvação desceu
do céu, encarnou-se, fez-se homem, sofreu, ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar
vivos e mortos. E no Espírito Santo.
Aqueles que dizem que houve tempo quando Ele não existia, e que Ele não existiu antes
de ser gerado e que foi feito do nada, ou que dizem que Ele é de outra hipóstase ou substância, ou
que o Filho de Deus é criado, que Ele é mutável ou sujeito à mudança, a Igreja Católica
anatematiza.4
Em 381 reuniu-se outro Concílio em Constantinopla, devido à persistência das heresias de Ário. O
Concílio foi convocado pelo Imperador Teodósio. Foi praticamente uma reedição do Credo de Nicéia, com
desenvolvimento maior da doutrina do Espirito Santo e das últimas cláusulas do Credo dos Apóstolos.
Como não se declarou, no Credo Constantinopolitano, que o Espírito Santo procede também do Filho
(Filioque), houve controvérsia entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente (de ritos grego e latino,
respectivamente). As Igrejas de rito grego (Oriente) afirmavam que o Espirito Santo procede somente do Pai. As
de rito latino (ocidente) afirmavam a procedência do Espírito Santo também do Filho. (Houve cisão: Igreja
Ortodoxa Grega X Igreja Católica Romana).
O Credo, no entanto, ficou como estava, até por volta dos sécs. V a YIII quando, no Credo Atanasiano ou
Quicunque, na sua 22ª clausula do mesmo se declararia: “Espiritus Sanctus non factus, nec criatus, nec genitus,
sed procedens a Patre Filioque.”
Eis a transcrição do Credo de Constantinopla:
Creio em um Deus, Pai 0nipotente, Criador do Céu e da Terra e de todas as coisas visíveis e
invisíveis; E em um Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os mundos,
Luz de Luz, Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus, gerado, não criado, sendo de uma substância com o Pai,
por Quem todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e para a nossa salvação desceu do Céu e
encarnou-se pelo Espirito Santo e nasceu da Virgem Maria; e se fez homem; e foi também crucificado por
nós, sob Pôncius Pilatos. Ele sofreu e foi sepultado, ao terceiro dia ressuscitou conforme as Escrituras; e
subiu ao Céu e assentou-se à direita do Pai; e de novo Ele virá com glória para julgar tanto vivos como
mortos, cujo reino não terá fim;
E creio no Espírito Santo, Senhor e doador da vida, que procede do Pai, que é com o Pai e o Filho
adorado e glorificado e que falou pelos profetas.
Creio numa Igreja Católica e Apostólica. Reconheço um batismo para remissão dos pecados; e
espero a ressurreição dos mortos e a vida no mundo porvir. Amém.
Esse Credo apareceu em data e lugar incertos (entre o V e VIII séculos, no sul da Gália, provavelmente).
Foi escrito em latim. É conhecido também como “Quicunque” em virtude de seus termos iniciais (“Quem quiser
salvar-se...”). Inspira-se em Santo Agostinho quanto à Doutrina da Trindade e no Credo de Nicéia, quanto à
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Este Credo é comumente usado pelas Igrejas da Reforma com algumas adaptações do Credo Constantinopolitano e,
geralmente, sem a maldição do último parágrafo.
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Pessoa e Obra de Cristo. Não costuma ser chamado ecumênico, pois a Igreja Ortodoxa Grega não o aceita,
devido ao termo “Filioque”, que diz que o Espirito Santo procede não só do Pai, como também do Filho, e a
Igreja da Inglaterra faz restrições em usá-lo na Liturgia, devido às suas cláusulas condenatórias e ao postulado
que faz a salvação depender da aceitação dos artigos de um Credo.
Este símbolo (Credo Atanasiano) é a última palavra da Igreja a respeito da Doutrina da Trindade. É a
mais plena exposição da doutrina e notável pelo modo exaustivo como fecha todas as portas de possíveis des-
vios. O Credo ensina que Deus só é um pelo concurso das Três Pessoas: “Unum in Trinitate”. Nenhuma das
Pessoas pode ser adorada fora da unidade (pois resultaria num triteísmo).
Não adoramos três deuses, mas sim três Pessoas: “Trinitate in unitate, veneramur”. O Credo ensina a
não confundir pessoas nem separar substância: “Neque confundentes personas, neque separantes substantiam”.
As palavras “Pai” e “Filho” não devem ser entendidas em sentido comum (nas relações humanas o pai é
mais velho que o filho e este lhe é subordinado. Também no caso do homem, o filho existe pela vontade dos
pais, mas no caso de Deus o Filho é eternamente gerado por necessidade da natureza divina).
O Espirito Santo, igualmente eterno, existe por necessidade da divina essência como parte constituinte
da autoconsciência de Deus e não por ato das Pessoas de que procede. É da mesma essência e igual em atribu-
tos e dignidade: “In Trinitate nihil prius aut posterius, nihil majus aut minus; sed totae tres personae coaeternae
sibi sunt et coaequales”. (“Na Trindade nada de prioridade ou inferioridade, nada de maior ou menor, mas todas
as três Pessoas são co-eternas e co-iguais”).
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Os Credos da Igreja, afirmando os postulados da Fé a respeito de Deus, não foram além da Unidade da
Essência e da Trindade de Pessoas. Contentaram-se em afirmar as duas verdades, sem tentar harmonizá-las,
reconhecendo que o assunto é misterioso e escapa à razão. Qualquer esforço para ir além disto, resultaria em
triteísmo (negação das distinções pessoais de Deus) ou em modalismo (negação da unidade).
Na Doutrina da Trindade não encontramos o ensino de que Deus é um e três no mesmo sentido, mas
em sentido diferente: um como essência e três como Pessoas. A essência única, eterna e auto-existente só se
personaliza nas Três Pessoas da Trindade, em cada uma das quais se acha íntegra e indivisível. Essa
personalização, porém, é eterna, de modo que nunca as Pessoas deixaram de existir, nem a essência de ser
personalizada. As Pessoas Trinas sendo constituídas pela Essência Única não são três deuses, mas a perso-
nificação do Deus Único. Daí podermos dizer, sem contradição que: “Deus e Uno e Trino, isto é, Triúno.”
Longe de levar-nos a um dualismo (em que a soberania de Deus fica diminuída) ou ao panteísmo (em
que a pessoa de Deus perde a consciência de si identificando-se com o todo), a Doutrina da Trindade nos
habilita a entender como Deus, sem depender de outros seres, podia, na sua interna triplicidade pessoal,
relacionar-se e ser feliz!
O segundo grupo dos Símbolos de Fé surgiu com o advento da Reforma Protestante do Séc. XVI. As
diferenças metodológicas entre Lutero e Calvino resultaram em organizações eclesiásticas diferentes, com
símbolos de fé próprios, peculiares a cada uma.
Apresentada pelos Luteranos na Dieta de Augsburg, em 1530. Escrita por Melanchton, é adotada pela
Igreja Evangélica de Confissão Luterana (seu nome oficial cita a Confissão) e todas as outras denominações
luteranas em todos os países onde elas se implantaram.
É notável símbolo de fé originado pela Reforma. Foi o mais hábil e competente esforço, procurando
trazer católicos e protestantes a um entendimento. Além do Prefácio e da breve Introdução, a Confissão tem 28
artigos, sendo que os 21 primeiros apresentam o ensino luterano e refutam as doutrinas contrárias e os 7 últimos
rejeitam os abusos na vida cristã (práticas romanistas).
8. 2. A Confissão Escocesa
Redigida principalmente por John Knox, contou com a colaboração de mais 5 reformadores: John
Spottiswood, John Willock, John Row, John Douglas e John Winram, sendo conhecida como a “Confissão dos
Seis Johns”. Adotada pelo Parlamento Escocês em 1560, com alguma oposição. Oficializada por decreto deste
Parlamento em 1567, permaneceu como a Confissão Oficial da Igreja da Escócia até que esta adotasse a
Confissão de Fé de Westminster, em 1647.
A Teologia da Confissão Escocesa é Calvinista e acompanha outros Credos das Igrejas Reformadas.
Contém 25 artigos, com 12 tratando das Doutrinas básicas da Fé Cristã (Deus, Trindade, Criação, Queda,
Redenção, Encarnação, Paixão, Ressurreição, Ascensão, Segunda Vinda, Expiação e Santificação).
Preparada por uma Assembléia de Teólogos convocada pelo Parlamento do Reino Unido da Grã-
Bretanha e Irlanda em 1643, com a missão de aconselhar o Parlamento sobre a reestruturação da Igreja da
Inglaterra em linhas puritanas. A Assembléia foi composta de 121 ministros (teólogos), 10 membros da Câmara
dos Lordes, 20 da Câmara dos Comuns e mais 8 representantes da Escócia (sem direito a voto, mas influentes).
Os Símbolos de Westminster compreendem a Confissão de Fé, os Catecismos Breve e Maior, Diretório
de Governo da Igreja e Ordem de Culto. A Confissão e os Catecismos são adotados pela Igreja da Escócia, pela
Igreja Evangélica Presbiteriana da Inglaterra e de Gales, bem como por todas as Denominações Presbiterianas
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procedentes ou com raízes históricas no movimento missionário presbiteriano de origem americana ou britânica.
A exceção é a Igreja Presbiteriana (EUA) que preferiu promulgar e adotar uma confissão de fé tardia, a
Confissão de 1967. A Igreja Presbiteriana do Brasil, historicamente filha da Igreja Presbiteriana (EUA), adota os
Símbolos de Westminster na versão americana, conforme adotada pela Igreja Presbiteriana Ortodoxa, Igreja
Presbiteriana da América e Igreja Presbiteriana Evangélica, denominações presbiterianas americanas.
A Confissão de Fé de Westminster é conhecida por sua minuciosidade, precisão, concisão e equilíbrio.
Nesta Confissão temos: 1) Sobre as Escrituras; 2) Formulação da Doutrina da Predestinação; 3) Os Pactos; 4)
Redenção; 5) Doutrina Puritana da certeza da salvação; 6) Afirmação da Lei de Deus; 7) Conceito puritano do
Dia do Senhor; 8) Igreja Visível e Invisível.
Observação: existem outras Confissões que, por motivo de espaço e de tempo, deixaremos de
enfocar aqui.
TEONTOLOGIA – DOUTRINA DO SER DE DEUS
O Princípio da Causalidade exige uma Causa Absoluta, não causada, para explicar-lhe a existência.
Quando notamos que um evento ou uma coisa qualquer tem uma causa, esta torna-se, por sua vez, efeito de
outra causa, e assim sucessivamente, de modo interminável, pois cada parte é dependente de outra parte, se
não reconhecermos a necessidade de uma causa auto-existente incondicionada. Pode o todo ter existência
própria quando as várias partes que o compõem no todo são dependentes? Seqüência nos efeitos são causas
quem produzem efeitos. As causas também são efeitos de outras causas. Deve haver, portanto, uma primeira
causa ou uma série eterna de causas (Hb.3:4).
Consideremos pois, em primeiro lugar, o universo do ponto de vista da evolução, e se concluirmos que
ele não é produto dela, prosseguiremos então em busca de provas que atestem ser ele uma criação sustentada
e dirigida por Deus.
Tudo que existe é criação de Deus. Este é um princípio por todos aceito, que cada efeito tem a sua causa
correspondente e que a causa não pode ser menor que o efeito. Tudo o que se encontra no efeito, acha-se
também na causa. Ora, contemplando o universo à luz deste princípio, ficaremos admiradíssimos com a causa
verdadeiramente extraordinária que o produziu. Que efeito maravilhoso temos no universo, na sua ordem, na sua
beleza, na sua adaptação à vida tanto dos homens como dos irracionais e das plantas! Que efeito estupendo
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representa este universo imenso que se compõe de muitos milhões de mundos, distribuídos no espaço infinito;
mas mesmo assim, tudo isso não é mais do que uma unidade que se chama universo.
A grandeza do universo ultrapassa a nossa imaginação. O efeito é mais do que simplesmente
extraordinário; mas a causa, forçosamente, é igual ou ainda maior, pois não é possível que causa seja menor do
que o efeito correspondente.
a) O universo testifica de uma causa maravilhosamente grande. A imaginação não pode, de forma
alguma, conceber a grandeza do universo.
b) No universo há ordem, leis e, por conseguinte, as ciências tornam-se uma possibilidade. Desta
maneira o universo testifica de uma causa inteligentíssima. Só a onisciência pode efetuar a organização do que
se nos depara no universo.
c) Ainda mais: fazendo parte de universo está o homem, que é um ser moral, e testifica de uma causa
inteligentíssima. Por isso mesmo, que a causa de tudo é uma causa inteligente e moral. Fundados em tão
abundantes e valiosas provas, podemos afirmar que a causa de todas as coisas é um Ser moral, Onisciente e
Onipotente.
Nenhuma dúvida pode haver sobre o fato de que em todos os lugares, os tempos entre todos os povos,
tem havido uma crença na existência de Deus. A História Universal não fala de uma só tribo, ainda das menores
e mais insignificantes, que não tivesse alguma crença na existência de um ser supremo. Desde os primórdios da
história, as idéias acerca da existência de Deus tem sido sempre as mais freqüentes e preponderantes na vida
dos homens.
Entre certos povos, como os egípcios e os hebreus, as idéias religiosas são as que mais se perpetuaram.
Os egípcios tinham convicções tão fortes da realidade do mundo espiritual, que todas as outras coisas se
subordinavam às idéias religiosas. Lançavam sobre si mesmos pesadíssimos impostos, que se destinavam a
manutenção do culto.
Gastavam mais com a religião do que com as necessidades terrenas. No serviço da religião e da fé no ente
supremo edificaram pirâmides, monumentos gigantescos que até hoje o mundo admira. A riqueza do povo
egípcio, o seu comercio, o seu resplendor, tudo desapareceu, menos os monumentos da sua fé. Toda a
civilização egípcia, a sua literatura, os templos magníficos que erguiam, tudo dava expressão às idéias
religiosas, as suas idéias de Deus.
Babilônia também nos vem fornecendo, através das descobertas arqueológicas e explorações, inúmeras
provas da sua crença em Deus. Milhares de tijolos e tabuletas de barro, que estão sendo desenterrados, nos dão
a conhecer as idéias religiosas daquele povo e a influência que tais idéias e costumes exerciam nas suas vidas.
Embora mais ou menos errônea as suas idéias, como era de esperar, servem, no entanto, para mostrar que os
povos antigos pensavam em Deus como os de hoje.
Estudando a história dos israelitas pode-se ver quão poderosa era a influência que sobre eles exercia a fé
que tinham em Deus. É impossível explicar a história de Israel sem levar-se em consideração a influência de sua
crença. Desde Abraão até a vinda de Jesus, o que havia de mais salutar e predominante na vida de Israel era a
idéia de Deus. E aquela mesma idéia propagada por aquele povo é, ao mesmo tempo, a que hoje exerce a mais
poderosa influência na civilização do mundo. Atualmente é a idéia de Deus que domina em todas as nações.
Aquele que nega a existência de Deus assume, diante da história uma responsabilidade tão grande que lhe
não é possível evitar, nem dela eximir-se. Assim a história fortalece grandemente a prova da existência de Deus.
As nossas percepções podem dividir-se em três classes: percepções do mundo objetivo, ou das coisas
que nos rodeiam; percepções do mundo subjetivo, ou do nosso próprio ser; e percepções do mundo
espiritual, ou percepções religiosas.
O coração humano tem uma percepção de Deus, e desde que a percepção depende do objetivo que a
produz, não se pode negar a força do argumento. Todas as nossas percepções de Deus propõem que há Deus,
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pois como já dissemos, não se pode ter percepção do que não existe. Ele é o objeto que produz estas
percepções no homem. Ele é a causa, a percepção é o efeito. Se Ele não existe, temos um efeito sem causa,
uma percepção sem o percebido, o que é absurdo.
Ora, as percepções mais comuns são as percepções religiosas, ou as percepções que temos de Deus. E
são estas as que continuamente se nos deparam através de toda a história. E a razão é que Deus existe,
revelou-se aos homens, e estes o tem percebido. É lícito portanto, o uso de todas as nossas percepções
religiosas quando procuramos provar a existência de Deus. Os homens tem percebido Deus, logo Deus existe.
Sendo o homem criado a imagem de Deus, pode revelar-nos alguma coisa acerca do seu Criador. Na fé
temos esta prova que abrange o homem no seu todo. Desde que o homem foi feito à imagem de Deus, nele
devemos encontrar a maior prova de que Deus existe. Por isso, consideramos até um testemunho valioso para
testificar da existência de Deus.
Esta palavra tão pequena (fé) encerra uma significação tão vasta e profunda que mais fácil é descrevê-la
que defini-la. Que é fé? Qual a sua função? Façamos neste sentido algumas considerações.
Tudo quanto existe pode ser dividido em duas classes: o que está em nós e o que está fora de nós.
Mundo subjetivo, é como denominamos tudo que está em nós; e mundo objetivo, o que está fora de nós. O
mundo objetivo consta do céu, da terra, quando para nós é objetivo. Este mundo é muito vasto e riquíssimo em
maravilhas.
O mundo subjetivo, é que está em nós, e por ser vastíssimo, é mui pouco conhecido. Consta ele de
aspirações, desejos, apetites, necessidades e dos poderes do espírito. Ninguém jamais usou traçar um mapa da
alma humana. Nunca homem algum conseguiu sondar as profundezas da alma, feita à imagem de Deus. O
mundo em nós é vasto e consta só de necessidades e poderes de cada pessoa. Não há em nós próprios
nenhuma satisfação para as nossas necessidades, até é o poder pelo qual o homem satisfaz as suas
necessidades subjetivas, pelo estabelecimento de uma relação íntima com o mundo objetivo. Também é pela fé
que opera a passagem dos poderes do mundo subjetivo para o mundo objetivo. Se não fosse a fé, o homem
poderia viver, e os dois mundos ficaram eternamente separados. Os dois se completam mutuamente; e a fé é o
poder maravilhoso que estabelece a relação entre eles, colocando um à disposição do outro e servindo, assim,
de base da vida.
A fé nos revela a necessidade, esta mesma fé aponta-nos Deus como a única fonte onde encontramos
satisfação para todas as nossas necessidades espirituais. A fé descobre no homem a sua fonte e sede espiritual,
afirmando-lhe, do mesmo modo a existência dAquele que lhe dá tudo o que precisa.
O Cristianismo ensina a existência de um só Deus, e este Deus está revelado em Cristo Jesus. Tal é o
ensino básico do Cristianismo. A experiência cristã, portanto, prova de maneira indubitável a existência de Deus,
o que o nosso espírito aceita com segurança, como verdade. Milhões e milhões de homens dentre os melhores
que sempre existiram tem feito esta experiência e sempre com o mesmo resultado. As experiências que temos
tido com Deus provam de modo firme a sua existência.
Ora, em se tratando de provar a existência de Deus pela experiência cristã, é o morto que testifica, e não
um só, porém milhares sobre milhares deles, de todos os tempos e de todas as raças, o quais já morreram e
foram em seguida vivificados em Cristo Jesus para uma nova vida (Ef.2:1).
9.6 - A Natureza de Deus
Na Dogmática, a parte que trata especialmente de Deus, que é a Teontologia, abrange, em
especial, quatro pontos: 1º) Sua natureza; 2º) Seus atributos; 3º) Seus decretos (Plano Eterno da Criação); 4º)
Suas obras (Criação e Providência).
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PAI FILHO
DEUS
ESPÍRITO
SANTO
A palavra “Pessoa”, quando se refere à Trindade, não tem o mesmo sentido da sua aplicação ao
homem. Na divindade a essência ou substância de cada uma das pessoas é a mesma: são três como distinções
pessoais da essência, mas um só quanto à essência, que é única.
Diferentemente dos atributos, aquilo que distingue uma Pessoa das outras é próprio de cada uma
exclusivamente.
Deus é eternamente feliz e nunca ficou isolado no seio da eternidade. (ver Hb.1:3; Mt.11:27; I
Co.2:11).
0 que aprendemos na Trindade econômica ou histórica (Pai como Criador, Filho como Redentor e
Espírito como Aplicador da Redenção) tem sua base eterna na Trindade da divina essência.
Se Deus fosse apenas transcendente e não imanente (deísmo),não poderia revelar-se como
Filho e Espírito e se fosse apenas imanente ou idêntico à natureza (Panteísmo), seria um ser impessoal e
incapaz de revelar-se.
Os teólogos geralmente limitam-se a constatar o que as Escrituras ensinam (sobre a
transcendência e a imanência).
Transcendência: Gn.1:11; Mt.6:9; Imanência: At.17:28; Cl.1:l7).
Tanto a Providência como a Redenção provam os dois fatos (transcendência e imanência). Sem
a preexistência do Logos não teria havido a encarnação.
A revelação geral do sentimento religioso e moral de todo o homem comprova a imanência e a
transcendência de Deus. Esses sentimentos não poderiam existir se Deus não fosse, ao mesmo tempo,
transcendente e imanente.
A essência única de Deus subsiste em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (que constituem
a Pessoa única de Deus).
Para explicar a essência do Universo, a razão admite só uma causa absoluta e pessoal (dois
seres infinitos são inconcebíveis, pois um não deixa lugar para o outro).
Contra o Maniqueísmo (dois princípios eternos, bem e mal, digladiando-se), Santo Agostinho
conclui que se ambos fossem iguais em poder paralisariam a vida no Universo, e se um fosse mais forte do que
o outro, venceria e no fim ficaria sozinho.
As Escrituras exigem rigorosamente a crença na Trindade de Deus em oposição ao politeísmo,
bem como na Sua unidade, como constando de uma única substância divina (Dt.6:4; Éx.20:3).
A revelação divina expressa na história de Israel, registrada no VT, teve por fim ensinar a unidade
de Deus (até que Israel ficasse totalmente curado de sua tendência para a idolatria, firmando-se na crença mo-
noteísta). Há, no VT vislumbres da Trindade, mas para não favorecer nenhuma idéia politeísta, foram bem vagas
(sendo clarificada no NT).
a) Deus como o Pai
Como Criador de todas as coisas, Jesus assim se refere a Ele no Sermão do Monte (Mt.6:26-32).
Tratando dos deveres morais e religiosos que cabem aos homens como serviço ao seu Criador, explica como
devem ser feitos, objetivando o galardão (Mt.5:46; Mt.6:1-18).
O Pai tem relações especiais com os crentes em Cristo, diferentes das que tem com os homens
como criaturas (Jo.l:11-13). Deus é Pai por motivo do Novo Nascimento que Ele mesmo proporciona ao homem
em Cristo (Rm.8:15). O Pai tem relação única e misteriosa com o Filho (Mt.11:27), sendo Seu Pai no sentido
transcendente. Jesus ensinou a orar: “Pai nosso que estás nos Céus”, mas orava de forma diferente e nunca
orava na companhia dos discípulos (Mt.6:9; Jo.17:1,11,25).
b) Deus como o Filho
O nome Filho é dado a Jesus para indicar a relação especial existente entre Ele e Deus. 0 anjo
Gabriel anunciou a Maria o mistério da encarnação (Lc.1:32). O próprio Pai, por ocasião do batismo de Jesus e
por ocasião da Sua transfiguração, assim se referiu a Ele (Mt.3:17; Mt.17:5). O apóstolo Pedro também fez a
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mesma referência na resposta ao que pensavam dEle (Mt.l6:16,17). O próprio Senhor Jesus Cristo denominou-
se Filho de Deus (Jo.14:13; Mt.11:27).
O Espírito Santo é apresentado como Pessoa e não como simples influência de Deus. 0 termo
Parácleto (Consolador, Advogado) indica funções que só pessoas podem desempenhar (I Jo.2:l).
O Espírito Santo é nomeado em conexão com outras pessoas, o que implica ser Ele Pessoa
(At.2:4; At.10:19; At.13:2; At.15:28; At.16:6,7; Rm.8:11,26). Ele é afetado por atos de outras pessoas (Mt.12:32;
At.5:3,4; At.7:51; Ef.4:30).
Há textos em que as três Pessoas da Trindade são nomeadas conjuntamente (Mt.28:19; II
Co.13:13; I Co.12:4-6) Ver ainda Ef.2:18.
São aqueles inerentes à vida anterior à criação, sendo os mais difíceis de se aprender e de se
definir. Ficam todos dentro da declaração de que “Deus é Espírito”.
I. Infinitidade
II. Eternidade
III. Imutabilidade
Todo ser corpóreo pode mudar-se ou ser mudado. Deus não tem corpo, não pode ser mudado ou
mudar-se fisicamente. A imutabilidade de Deus significa que o seu Ser não é perecível, e que sua essência não
cresce, nem diminui (Tg.l:17).
Do mesmo modo que a essência de Deus é imutável, assim Seus atributos ou perfeições. Um ser
moral só pode mudar para melhor ou pior, contudo, a perfeição absoluta de Deus não pode ser melhorada, nem
piorada.
Significa que não há em Deus mudança nenhuma. Ele não muda de propósito, de pensar e nem
de natureza. É sempre o mesmo Espírito Pessoal perfeitamente bom. Age sempre pelo mesmo motivo: santo
amor. Não pode se notar em Deus nenhuma variação: Ele é Imutável.
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Nas revelações do caráter de Deus podemos descansar (Hb.l3:2). Ele é imutável em Seus
pensamentos, em Seus motivos e em Seus planos.
a) Onipotência
0 que se impõe nesta classe é o poder de Deus, sem limites. Se o Universo fosse arquitetado de
matéria preexistente, já seria divino o poder de seu Arquiteto, mas sendo chamado do nada, reclama para o seu
Criador nada menos do que a Onipotência. Ver Rm.1:26; Mt.19:26, etc. A Onipotência é o atributo pelo qual Ele
pode fazer tudo o que for objeto de Sua vontade, sem meios ou com meios (I Co.1:28).
Coisa alguma pode pôr limites ao seu poder, cujo único limite é Ele mesmo, que não pode negar-
Se a Si mesmo. O fato do poder de Deus ser regulado por Sua vontade significa apenas harmonia em seus
atributos, e não que Ele não tenha mais poder do que o que resolve manifestar. A Onipotência não implica,
assim, no uso de todo o poder possuído. Inclui a capacidade de impor restrições a Si mesmo (por exemplo, a
encarnação).
Aprendemos pela definição dada, que Deus é Espírito Pessoal, perfeitamente bom, criador,
sustentador e governador de todas as coisas. Há pois, em Deus, duas formas de Onipotência moral, que se
refere a Ele próprio, e física, que se relaciona com a criação. Considera-se, geralmente, a onipotência de Deus
só do ponto de vista das Suas relações para com o universo, mas desta maneira não teremos uma idéia
verdadeira nem do valor nem da glória da sua onipotência. A feição mais nobre e elevada da onipotência divina é
a feição moral. Façamos algumas considerações sobre ambas: a moral e a física.
O que entendemos pela onipotência moral, é que Deus é tão poderoso que não pode praticar o mal e
nem sequer pode ser tentado. A onipotência de Deus moral quer dizer, pois que Ele tem o poder de não praticar
nenhum mal e praticar todo o bem que deseja. Que poder maravilhoso !
O fato de haver Deus criado todas as coisas é prova suficiente e incontestável de Sua onipotência física.
Sabemos que o universo é vastíssimo; contudo, não é mais vasto que o poder de Deus.
Não devemos esquecer de que a onipotência moral é mais elevada forma de onipotência divina. Verdade
é que a sua onipotência manifestada no Universo físico está muito além da nossa imaginação; porem acima de
tudo que já conhecemos, e até ainda do que estamos para conhecer, paira a magnitude da onipotência moral de
Deus.
b) Onisciência
Este atributo revela a inteligência com que todas as coisas foram feitas e as provisões para a
perpetuidade. Sem poder infinito o Universo não poderia vir à existência e também não o poderia sem que o Seu
Autor tivesse:
- pleno conhecimento de todas as suas partes;
- pleno conhecimento da harmonia e entrosamento entre elas;
- pleno conhecimento dos meios necessários ao cumprimento de sua finalidade.
Esse conhecimento não proveio de observação dos fatos, porque foi necessário para que estes
viessem a ocorrer. Não poderia ser impreciso e confuso, como o de quem faz tentativas para acertar. A
Onisciência é co-extensiva com a Onipotência, mas não depende desta para existir, e sim para manifestar-se. Na
mente de Deus, os fatos têm ordem lógica, mas não cronológica. Ele vê a tudo e a todos (passados, presentes e
futuros) simultaneamente (Sl.139; Hb·4:13; Mt.6:32; Jo.3:19).
A onisciência é companheira inseparável da Onipresença. Deus é onipresente porque
presencia tudo. Não há e nem haverá surpresas para Deus, como em Sua Onipresença não há espaço,
também em Sua onisciência não há desconhecido. Deus sabe todas as coisas e não da há algo que Ele não
saiba explicar. Não há segredo
para Ele. Tanto o passado, quanto o futuro, para Deus se constitui num eterno hoje. A profecia para o homem é
aquilo que ele espera ver, para Deus é aquilo que ele está contemplando. Antes dos primórdios da raça, Deus
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viu a cabeça da serpente sendo pisada pelo homem e esta ferindo o seu calcanhar. Para Deus tudo é presente.
Há, em relação a onisciência de Deus, uma consideração: Se Deus conhece de antemão, não vem este fato ferir
o principio da liberdade do homem? Por exemplo, sabendo Deus que certa pessoa morrerá dia 8 de agosto, será
possível aquela pessoa morrer antes ? Sim, pode; Deus porém já sabe de todas as probabilidades que podem
ocorrer na vida da referida pessoa. Pode morrer antes, mas Deus sabe que ela não vai morrer antes. A
presciência, portanto, não anula a liberdade do homem. Deus sabe de tudo quanto possa suceder e de tudo o
que sucede, sem de forma alguma tolher a liberdade do homem. O homem sem liberdade não é homem. Por
isso Deus não tolheu a liberdade humana, mesmo quando houve o triste acontecimento da queda. Conhecendo
Deus todas as condições, pode saber o que vai acontecer sem tirar, contudo, a liberdade de ação a qualquer
criatura.
c) Onipresença
a) Soberania
É o “atributo pelo qual Deus, sem nenhuma influência alheia à Sua natureza, governa o mundo
moral que criou”. Sua Soberania, do mesmo modo que Seu poder, somente é controlado por sua própria vontade
santa. Poder e vontade agem harmoniosamente. Deus exerce o governo soberano de acordo com as perfeições de
Sua natureza. Deus não é um Deus despótico para o mal porque leva em consideração o bem de suas criaturas.
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b) Santidade
É o “atributo de Deus segundo o qual Ele exige a perfeição moral do homem” (Lv.l9:2; Lv.20:7 ).
É ainda “o atributo segundo o qual Ele inscreveu na alma humana, juntamente com o sentimento religioso, o
senso moral, e o desenvolveu depois na Sua revelação registrada nas Sagradas Escrituras”. Esse atributo
imanente à Sua natureza é o fundamento e o padrão de conduta que as criaturas devem ter, para que possam
honrá-lo. A noção genuína de Santidade é adquirida com o auxílio da revelação especial (No paganismo, os
próprios deuses eram concebidos como moralmente imperfeitos).
Há um elemento, contudo, da revelação geral, que a queda prejudicou, mas não anulou. Rodolfo
Otto mostra a idéia envolvida no sentimento religioso do homem, aparecendo em fenômenos específicos da
experiência religiosa mística: numinosum, tremendum e fascinosum. Desenvolvimento da noção de santidade
para o judeu: Kadosh (separado, santo). Santidade cerimonial levítica. A visão de Isaías (Is.6). A santidade de
Deus está sempre unida à Sua essência (por exemplo, na visão de Isaías, a majestade de Deus, a voz, a
fumaça). A palavra grega hagios (Iimpo) transmite a noção de santidade no Novo Testamento. A Santidade é a
plenitude gloriosa da excelência moral de Deus; princípio básico de Suas ações e aferidor único e verdadeiro de
Suas criaturas.
b.1) A santidade em Relação a Deus. A Santidade é a perfeita vontade de Deus, ou, em outras
palavras, é a soma de todas as suas qualidades morais. Deus é perfeitamente bom e possui todas as
excelências morais, sem defeito algum. Deus está cheio de bondade como o sol está repleto de luz. A santidade
em Deus não representa uma qualidade só mas a soma de todas elas.
A santidade envolve duas idéias: uma a de que Ele é perfeitamente bom; outra, a de Sua fidelidade,
própria de todos os Seus atos. A santidade é, pois, a soma de todas as excelências de Deus. E é também o
aferidor pelo qual se ajustam o caráter do próprio Deus e o nosso.
b.2) A santidade determina o alvo de Deus. Sim a santidade determina o alvo para onde Deus tem em
vista conduzir o universo. Sendo Deus perfeitamente bom, não podia ter em vista qualquer outra coisa que
produzir bondade perfeita em sua criação. Em outras palavras, Deus quer tornar a raça à sua imagem. Com este
fim criou o universo e com este fim governa-o e dirige. Um Deus santo não pode ter um fim menos digno, menos
glorioso do que produzir criaturas santas.
b.3) Deus exige santidade. Desde que a santidade determina o fim da criação, concluímos que Deus
exige que sejamos santos.
b.4) A natureza de Deus é oposta ao pecado. O pecado é contrário a todos os planos de Deus, e tudo
faz para impedir que os mesmos não se realizem.
Decididamente, tremenda luta se trava entre Deus e o pecado. Deus quer dirigir tudo segundo os Seus
planos, e Ele o fará de tal maneira que o pecado desaparecerá. Ninguém deve dar guarida ao mal, porque
certamente será exterminado com ele. Em nenhum lugar Deus poupa o pecado. Não poupou quando o crime de
toda a humanidade estava sobre o Seu próprio Filho. Não há lugar onde se esconda o pecado, senão o coração
sem Deus. Mas se alguém der no coração guarida ao pecado, e não permitir que Deus entre para eliminá-lo,
certo sofrerá as conseqüências de tão desastrosa aliança.
b.5) A Santidade é a base moral do universo. Cada um de nós nos depararemos, na vida, com esta
santidade. A Santidade de Deus é o sol de todo o seu sistema; a glória de Deus, a mais viva, a mais radiante, a
mais exigente e a mais consoladora de todas as realidades. Para todo aquele que ama a Deus, a santidade é a
sua esperança.
c) Retidão
Santidade e retidão são atributos de Deus que se completam: o primeiro é o fundamento da 1ei
moral e o segundo é o que promulga essa lei e a executa com justiça.
Progressão da revelação do atributo: 1) Inscrita na consciência humana (senso do bem e do mal);
2) Promulgada no Sinai (Decálogo); 3) Aprimorada no Sermão do Monte (por Cristo). A lei traz em si mesma sua
sanção: remorsos ao transgressor, gozo a quem obedece, sofrimento X felicidade. Os pagãos tinham a
Nemésis: A justiça é a súmula das virtudes (Justitia in se virtutem complentitur omnem).
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Os profetas de Israel proclamavam a ira santa de IaHVeH contra os pecados do povo e sua
inevitável punição. Para o cristão, o senso de punição certa dos pecados é idêntico, mas não admitindo a mínima
injustiça em Deus, quer quando este pune a violação, ou quando distribui recompensas (Lc.12:41,48; Mt.25:14-
30; Rm.2:5-11).
d) Justiça
e) Veracidade
Atributo intimamente ligado com a retidão de Deus. No seu trato com os homens, Deus procede
diferentemente da experiência dos homens uns para com os outros, onde imperam a mentira e a falsidade
(Lv.23:19).
Todas as revelações que Deus faz do seu caráter e todas as promessas implícitas na sua
natureza ou proclamadas no Evangelho, representam a verdade eterna imanente em seu Ser (veracidade).
e) Fidelidade
a) Amor
Este é o “atributo de Deus pelo qual a Sua justiça inflexível se transformou em graça e o pecador,
em vez de punido, recebe o perdão, sendo-lhe imputada de graça a própria justiça de Deus”. As Escrituras nos
dizem que “Deus é Amor” (I Jo.4:8) de modo que este atributo não existe apenas em suas relações com o
mundo, mas na vida íntima de Deus, sendo a base de Sua personalidade Triúna.
Amando as criaturas condenadas à perdição por seus pecados, Deus resolveu (por amor)
receber em Si (na Pessoa do Filho) a punição, a fim de perdoar-lhes, sem infringir à Sua própria justiça divina.
Esse amor tem por fim não só a salvação, mas também o de granjear aos filhos retribuição justa e santa
(Pv.22:26). Deus não ama sozinho. Ele quer ser amado também (Jo.14:23).
Uma das declarações supremas da revelação cristã é que Deus é amor ( I Jo. 4:8). O amor que
existe em Deus pode ser assim definido: O amor em Deus é Ele dando-se a si mesmo e dando tudo quanto é
bom às Suas criaturas, com o fim de possuí-las, na íntima comunhão consigo mesmo. É o amor um atributo no
qual se combinam dois impulsos: o de dar e o de possuir. Em todo amor, humano ou divino, entram sempre
estes dois elementos: o impulso de dar e de possuir.
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a.1) A grandeza do amor revela-se naquilo que se oferece ao amado. A pureza do amor revela-se no
desejo do bem-estar do amado. É o ardor do amor, no esforço feito para possuir o amado. O amor não somente
dá, mas quer possuir e viver pelo amado.
a.2) Há um amor que inclui aprovação, como seja o amor de Deus para com os crentes fiéis. Este amor
chama-se amor que se compraz, isto é, amor que se regozija no objeto amado. O amado “realmente amável”.
a.3) Há uma amor que não se pode regozijar no objeto amado. O amado não é realmente amável.
Temos exemplo disso no amor de Deus para com os pecadores, os perversos, os rebeldes. Este pode ser
chamado amor que se compadece. Deus ama o pecador apesar de não aprovar sua vida e feitos. Esta
consideração não nos deve levar a suposição que haja dois amores, pois o amor de Deus é um só. A aparência
de dois só provém da diferença entre os objetos amados, e não da existência de dois amores. O sol derrete o
gelo mas endurece o barro; porém é sempre o mesmo sol. A diferença nos seus efeitos provém exclusivamente
da diversidade da natureza entre o gelo e o barro; assim é o amor de Deus em relação ao crente e ao descrente.
a.4) Santidade e amor
A relação entre a santidade e o amor pode ser compreendida mediante um estudo das Suas
respectivas naturezas. Na santidade, temos a plenitude gloriosa da excelência moral de Deus. No amor temos o
impulso deste Deus Santo, de dar-se ao mundo, e mais o desejo de possuir este mundo e conserva-lo em eterna
comunhão consigo. Pode explicar-se da seguinte maneira, a relação entre o amor e a santidade de Deus:
Santidade é o que Deus é em seu caráter mais íntimo; amor é o desejo de Deus dar-se, isto é, dar aquilo que
ele é, aos homens; e mais, possuí-los em íntima comunhão consigo, ou com aquilo que ele é: Santidade – Tanto
o amor como a santidade proíbem que o pecador progrida em seu caminho, e tanto a santidade como amor
servem ao plano de salvação, e a salvação do homem consiste tanto do desejo de amor como na esperança da
santidade. Deus quer que o homem seja santo. Estes dois atributos saem do mesmo coração, onde reina a
perfeita harmonia, porque Deus fez tudo em santo amor.
O amor oferece santidade e a santidade baseia-se no amor. Quando Deus, em Seu grande amor, quer
dar-se ao homem, ele quer dar santidade ao homem, porque ele é santo. E quando o amor insiste com o homem
em que aceite a dádiva, está insistindo para que aceite a santidade. Por isso, tanto o amor insiste na santidade,
como a própria santidade de Deus exige santidade no homem.
b) Bondade
Este atributo é uma modalidade do amor de Deus. Quando se dirige às criaturas irracionais, tem por fim
dar-lhes o que necessitam (alimento às aves, vestes aos lírios, etc.); quando se dirige aos filhos pródigos, tem
por fim trazê-los ao arrependimento (Rm.2:4).
A figura do pastor procurando a ovelha perdida e levando-a nos ombros é a imagem dos atos
bondosos de Deus.
No tocante aos crentes a bondade de Deus é “o atributo que o leva a comunicar-lhes a sua vida e
felicidade”.
c) Misericórdia
Este atributo resulta do amor e retidão de Deus, em face dos que se opõem à Sua santidade.
Pela misericórdia, Deus concede ao homem as bênçãos temporais de que precisa nesta vida e faz o
máximo sacrifício possível para dar-lhe salvação.
Misericórdia: coração comovido pela miséria alheia. Foi esse sentimento no coração do Eterno
Pai que resultou na cruz e no Evangelho! Esse atributo deu origem a toda obra da Redenção e é por ele que a
graça da salvação é impulsionada e oferecida.
a) Todos os atributos, tanto os que dizem respeito às atividades internas ou os que constituem as
manifestações externas na criação, pertencem à mesma e única essência auto-existente, eterna e infinita. Todos
têm a mesma importância.
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11.1. Introdução
A Criação é a obra pela qual Deus começou a executar Seu plano. Essa obra continuou na
Providência geral e continua na Providência especial (Redenção).
A Criação é dogma de to das as Igrejas cristãs (veja os credos ecumênicos). Os argumentos para
prová-la situam-se no mesma patamar dos argumentos sobre a existência de Deus (Hb.l:3). No entanto, também
aqui os dados da razão corroboram os da fé (Gn.1:1; Hb.11:3; Jo.1:2,3; At.17:24; Cl.1:16).
Idéia própria do pensamento cristão, O verbo “criar” tem o sentido de fazer transformações,
construir casas, aumentar o número do rebanho, o volume da colheita, etc. (criações dependentes de material
preexistente).
O verbo hebraico “barah”, de Gn.1:1 pode ter o sentido comum de “fazer”, conforme
mencionamos. Quando flexionado no grau Piel significa cortar, talhar, formar, mas no grau Paal, também
chamado de grau Kal é empregado para denotar produções divinas, novas, não existentes previamente na
esfera da natureza e da história (Êx.34:10; Nm.16:30), ou na esfera do espírito (Sl.51:10).
No Novo Testamento há o endosso da doutrina apostólica (Rm.4:17; Cl.1:16; Hb.11:3).
O paganismo apregoou um desenvolvimento puramente naturalista e a mitologia grega incluía na
cosmogonia uma Teogonia (geração de deuses procedentes do caos original).
As versões modernas do pensamento pagão são o materialismo, o panteísmo e o dualismo.
A Doutrina da Criação ex-nihilo, embora superior à nossa inteligência finita, além de bíblica, é a
que oferece melhor concepção filosófica sobre a Criação e a Pessoa de Deus.
A doutrina a respeito da origem do mundo, embora a mais racional de todas, não se baseia,
entretanto, na razão, mas na Fé. Todavia, não impede o apoio que a razão pode dar a essa fé!
Enquanto a Criação ex-nihilo (do nada) é matéria de Fé ou dogma da Igreja, o tempo em que ela
foi feita não tem esse caráter.
Na ciência se apresenta a teoria da formação da Terra, bem como o aparecimento da vida, em
vários períodos de milhares ou milhões de anos.
As principais discussões ficam em torno da palavra “dia” do texto bíblico. No sentido geológico, o
seu número se aproxima dos seis dias da narrativa mosaica.
Quem crê no milagre da Criação ex-nihilo não tem dificuldade de crer que a mesma seja feita em
6 dias de 24 horas ou em 6 dias cósmicos.
0 que estava em discussão era quanto ao método utilizado (instantâneo ou evolutivo?). Não era o
caso de harmonizar Ciência/Bíblia, mas sim harmonizá-la com a interpretação assentada.
Yom, que é a palavra “dia” em hebraico, não tem somente o sentido comum, mas o de período de
tempo (Ver Gn.2:4, “No dia em que foram criados.”).
No fim de cada período, o Criador constatou que tudo era “bom” e, no 6º dia, depois de haver
criado o homem, “tudo muito bom” , com dois sentidos:
- A criação, obra de um Plano de Deus, só poderia ser concluída quando isso fosse declarado
pelo idealizador do Plano;
- A afirmativa foi necessária também a fim de negar à Criação qualquer imperfeição moral.
Originalmente, não havia nela mal algum!
A declaração ainda foi necessária como parte da obra da Criação, por motivo da teleologia desta.
O Criador, sabendo que, através da liberdade mal utilizada do homem, o mal viria a fazer parte da mesma (já
previsto no Plano), fez a declaração de que ela “era boa” para indicar que, além de sua beleza física e perfeição
moral, ela estava garantida quanto à sua finalidade.
Essa declaração constituiu uma promessa de que o Criador não abandonaria as Suas criaturas
em seus pecados, ficaria ao seu lado pela Providência e obra redentora até o dia em que em Cristo haverá a
restauração de todas as coisas e a realização final do Plano eterno.
A doutrina da Providência implica em que Deus, como 0nipresente e Onipotente, mantém a Criação que Ele
fez do nada e a governa, para que atinja o fim para o qual foi feita.
Essa doutrina distancia-se do transcendentalismo deísta e do imanentismo panteísta.
O primeiro nega o concurso da Causa Primeira da natureza com as causas secundárias que nela operam.
O segundo confunde ou identifica essas causas, negando a personalidade independente de Deus.
O Deísmo acerta, quando ensina que Deus é uma Pessoa acima do mundo ou transcendente a este mas
erra ao negar que Deus também esteja presente, para manter e governar o mundo.
O Panteísmo acerta quando ensina a imanência ou a presença de Deus no mundo, mas erra ao negar que
Ele também é transcendente, ou de natureza diferente da criação.
A Doutrina da Providência reconhece os elementos de verdade que há nessas filosofias, repelindo, porém,
os seus erros. Deus é imanente, mas de modo que não se identifica com a natureza e transcendente de modo tal
que reconhece a sua imanência na manutenção e governo do mundo.
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
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CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática – Volume 1. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986. 670 p.
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