1 A Presença Real de Cristo Na Eucaristia
1 A Presença Real de Cristo Na Eucaristia
1 A Presença Real de Cristo Na Eucaristia
Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de
celebrá-la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo
sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença
real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros
séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.
São Cirilo de Jerusalém (315-386) assim falava aos fiéis:
“Na cavidade da mão recebe o corpo de Cristo; dize Amém e com zelo santifica os
olhos ao contato do corpo santo… Depois aproxima-te do cálice. Dize Amém e
santifica-te tomando o sangue de Cristo. A seguir, toca de leve os teus lábios, ainda
úmidos, com tuas mãos, e santifica os olhos, a testa e os outros sentidos (ouvidos,
garganta, etc.)”.
Santo Efrém Sírio (306-444) falava da Eucaristia como “Glória ao remédio da vida”.
Santo Agostinho (354-430) a chamava de “o pão de cada dia, que se torna como o
remédio para a nossa fraqueza de cada dia”. E ainda dizia: “Ó reverenda dignidade do
sacerdote, em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no Seio da Virgem”. “A
virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos une ao Corpo do
Salvador e nos faz seus membros a fim de que nos transformemos naquilo que
recebemos”.
São Cirilo de Alexandria (370-444) dizia que ao comungarmos o corpo de Cristo nos
transformamos em “Cristóforos”, portadores de Cristo.
“Toda explicação teológica que procura alguma inteligência deste mistério deve, para
estar de acordo com a fé católica, admitir que na própria realidade,
independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho cessaram de existir depois da
consagração, de tal modo que estão realmente diante de nós o Corpo e o Sangue
adoráveis do Senhor Jesus, sobre as espécies sacramentais do pão e do vinho,
conforme Ele assim o quis, para se dar a nós em forma de alimento e para nos
associar à unidade do seu Corpo Místico” (cf. S. Th., III, 73, 3).
Com essas palavras o Papa deixou muito claro que a Eucaristia não se trata apenas de
um “sinal”, ou “símbolo”, nem mesmo “lembrança”, mas da presença real e substancial
do Senhor. Ele ainda acrescenta o seguinte:
“A única e indivisível existência do Senhor glorioso que está no céu não é multiplicada,
mas torna-se presente pelo Sacramento, em todos os lugares da terra onde a Missa é
celebrada. E permanece presente, depois do sacrifício, no Santíssimo Sacramento, que
está no Sacrário, coração vivo de cada uma das nossas igrejas. E é para nós um
dulcíssimo dever honrar e adorar na sagrada Hóstia, que os nossos olhos vêem, o
Verbo Encarnado, que eles não podem ver e que, sem deixar o céu, se tornou presente
no meio de nós” (Credo do Povo de Deus, Ed. Cléofas, 1998). Na Última Ceia, Jesus foi
muito claro: “Isto é o meu corpo”. “Isto é o meu sangue” (Mt 26,26-28). Ele não falou de
“símbolo”, nem de “sinal”, nem de “lembrança”.
E o Apóstolo, que não estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação
especial do Senhor a ele:
“O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o
e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em
memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse:
Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas
as vezes que o beberdes” (1Cor 11,23-29).
Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis
que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos
curar e nos alimentar.
Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente nas próprias palavras de
Jesus, naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que
São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho:
“Eu sou o Pão vivo que desceu do céu… Quem comer deste Pão viverá eternamente; e
o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo… O que come a minha
carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia…
Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente
bebida”.
Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a
nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos
felizes.
Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos
acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida
(1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do
Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na
Europa um “mapa eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres,
metade deles ocorridos na Itália.
2 Os frutos da Eucaristia
POR PROF. FELIPE AQUINO22 DE JUNHO DE 2022CATEQUESE
Como a Sagrada Eucaristia nos põe em comunhão íntima e profunda com o Senhor,
os seus frutos são abundantes quando ela é recebida com as “disposições
necessárias”: estado de graça, desejo de santidade, fervor apostólico, ação de graças
etc.
O Senhor diz: “Quem come a minha Carne e bebe meu Sangue permanece em mim e
eu nele” (Jo 6,56). “Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também
aquele que de mim se alimenta viverá por mim” (Jo 6,57).
O Concílio de Trento ensinou que como o alimento corporal serve para restaurar a
perda das forças, a Eucaristia fortalece a caridade que, na vida diária, tende a
arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais (DS 2638). Ao dar-se a
nós, Cristo reativa o nosso amor e nos torna capazes de romper as amarras
desordenadas com as criaturas e de enraizar-nos nele. É por isso que muitos vícios
(bebida, jogo, cigarro, drogas, masturbação etc.) são deixados quando a pessoa
comunga com frequência.
Acima de tudo a Eucaristia nos preserva dos pecados mortais futuros; isto é da perda
da graça santificante e da amizade de Deus. Quanto mais participarmos da vida de
Cristo e quanto mais progredirmos na sua amizade, tanto mais difícil dele separar-nos
pelo pecado mortal.
“O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o Sangue de Cristo? Já que
há um único pão, nós embora muitos, somos um só Corpo, visto que todos
participamos deste único pão” (1 Cor 10,16-17).
“A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de
cada dia”.
Santa Margarida Maia Alacoque: “Nós não saberíamos dar maior alegria ao nosso
inimigo, o demônio, do que afastando-nos de Jesus, o qual lhe tira o poder que ele tem
sobre nós”.
São Felipe Néri: “A devoção ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Santíssima
Virgem são, não o melhor, mas o único meio para se conservar a pureza. Somente a
comunhão é capaz de conservar um coração puro aos 20 anos. Não pode haver
castidade sem a Eucaristia”.
Santa Catarina de Gênova: “O tempo passado diante do Sacrário é o tempo mais
bem empregado da minha vida”.
São João Bosco: “Não omitais nunca a visita a cada dia ao Santíssimo Sacramento,
ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante”.
“Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele
vos dê poucas graças? Visita-o poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte?
Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a
Jesus muitas vezes. Querei vencer ao demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus.
Quereis ser vencidos? Deixai de visitar Jesus…”
3 Os Santos e a Eucaristia
POR PROF. FELIPE AQUINO27 DE JUNHO DE 2022CATEQUESE
Vamos recordar as memoráveis palavras de alguns desses gigantes da Igreja que hoje
participam no céu da eterna liturgia celeste. O Concílio de Trento (1545-1563) ensinou
que a Eucaristia é “remédio pelo qual somos livres das falhas cotidianas e preservados
dos pecados mortais”.
“As almas do purgatório são aliviadas pelas orações e sufrágio dos fiéis,
principalmente pelo Sacrifício do Altar” (Sessão 25).
“Quando Jesus está presente corporalmente em nós, ao redor de nós, montam guarda
de amor os anjos”.
Santa Teresa D’Ávila (1515-1582), doutora da Igreja:
“Não há meio melhor para se chegar à perfeição”.
“Não percamos tão grande oportunidade para negociar com Deus. Ele [Jesus] não
costuma pagar mal a hospedagem se o recebemos bem”.
“Não comungar seria o maior desprezo a Jesus que se sente ‘doente de amor’” (Ct 2,4-
5).
“Não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os
outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele”.
“Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar
mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar”.
“A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de
cada dia”.
“Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do
Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na
hora da morte e durante a eternidade”.
“Os minutos que vêm depois da comunhão – dizia a santa – São os mais preciosos que
temos em nossa vida; os mais apropriados de nossa parte para entender-nos com
Deus e, da parte de Deus, para comunicar-nos o seu amor”.
“Quando o demônio não pode entrar com o pecado no santuário de uma alma, quer
pelo menos que ela fique vazia, sem dono e afastada da comunhão”.
Santa Margarida Maria Alacoque:
“Nós não saberíamos dar maior alegria ao nosso inimigo, o demônio, do que
afastando-nos de Jesus, o qual lhe tira o poder que ele tem sobre nós”.
“Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele
vos dê poucas graças? Visitai-o poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte?
Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a
Jesus muitas vezes. Quereis vencer ao demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus.
Quereis ser vencidos? Deixai de visitar Jesus (…)”.
“Não há oblação mais digna, nem maior satisfação para expiar os pecados, que
oferecer-se a si mesmo a Deus, pura e inteiramente, unido à oblação do Corpo de
Cristo, na missa e na comunhão”.
Chiara Lubic, fundadora dos Focolarinos, disse certa vez: “Enquanto existir a Eucaristia
eu nunca estarei só. Enquanto existir um sacrário, não terei solidão”.
“É pelo preparo do aposento que se conhece o amor de quem acolhe o seu amado”,
dizia Santa Teresa D’Ávila.
Retirado do livro: “Como preparar-se bem para comungar”. Prof. Felipe Aquino.
Ed. Cléofas.
Quando compreendermos o amor de Jesus por nós, nosso desejo pela Eucaristia será
maior. Hóstia significa “vítima oferecida em sacrifício”. Cristo deu o poder aos
sacerdotes para consagrarem a substância do pão e do vinho em Corpo e Sangue d’Ele
por inteiro, é a palavra de Cristo pelo sacerdote. O sacramental é aquilo que depende
de nossa fé; mas, o sacramento é diferente, pois, por exemplo, no sacramento do
batismo a criança não precisa ter fé para acontecer a graça, pois é Deus quem opera.
Todos nós conhecemos a passagem bíblica que narra as Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12).
Naquele momento, o Senhor mudou tanto a aparência como a substância do líquido,
diferentemente do que acontece durante a consagração, na celebração da Santa
Missa. A essência do trigo é o próprio Corpo de Cristo; a essência do vinho é Seu
próprio Sangue.
Assim como Jesus se fez presente no seio da Santíssima Virgem Maria durante a
gestação, quando O recebemos na Hóstia Consagrada, Ele está presente dentro em
nós. Então, como Maria, podemos cantar o “Magnificat”.
Nosso Senhor Jesus Cristo se encarna no corpo de cada um de nós, também com o
desígnio de nos salvar. Ele tem uma paixão enorme pela nossa essência, a nossa alma,
por isso, tenta de todas as maneiras salvá-la. Diante disso, cabe a nós olharmos para
Cristo, na Eucaristia, com a mesma adoração que Isabel recebeu Maria, quando
grávida, ao visitá-la (cf. Lc 1,39-56).
Quem quer receber a Cristo na Comunhão eucarística não pode ter, em consciência,
algum pecado mortal. A Confissão comunitária só é válida em casos muito especiais; e,
assim mesmo, o penitente fica obrigado depois a se confessar com um sacerdote tão
logo seja possível. (cf. CIC§1483).
Diga-me: se colocassem ouro em pó na tua mão, você não guardaria com toda
atenção? Não terás, portanto, ainda maior cuidado com o objeto ainda mais precioso
que o ouro e que qualquer pedra preciosa, para que não se perca nenhuma migalha?
Ninguém é digno de receber a Eucaristia, mas é o amor de Jesus que quer que o
recebamos. O amor de Jesus por nós, exige que ele se dê a nós. Assim, o importante
são as “disposições convenientes” para Comungar, que segundo Santo Afonso
precisamos ter para fazer uma boa Comunhão com Jesus: 1. Estar em estado de graça;
2. querer ser santo; 3. desejar crescer no amor a Jesus; 4. fazer meditação frequente;
5. mortificar os sentidos e as paixões; 6. fazer a ação de graças após a comunhão, e
querer ser de Deus.
Àqueles que não querem comungar, por se acharem indignos, Santo Afonso de Ligório
diz: “Menos digno te tornarás, pois serás mais fraco e cairás mais”. E ensinava que “as
faltas, quando não plenamente voluntárias, não impedem a Comunhão”.
O cânon 920 do Código de Direito Canônico estabelece que todo fiel católico, após a
Primeira Comunhão, “tem o dever de comungar ao menos uma vez por ano. Este
preceito deve ser cumprido no tempo pascal a não ser que, por justa causa, se cumpra
em outra época dentro do mesmo ano”. Por “tempo pascal” na Igreja universal
entende-se o período que vai de quinta-feira santa até o Domingo de Pentecostes (no
Brasil o tempo pascal estende-se do primeiro Domingo de fevereiro até 16/07).
Diz o cânon 916 do novo Código: “Quem está consciente de pecado grave, não celebre
a Missa nem comungue o Corpo do Senhor sem fazer antes a Confissão sacramental a
não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar; neste caso,
porém, lembre-se de que é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o
propósito de se confessar quanto antes”.
Santo Agostinho disse: “Não abramos de par em par a boca, mas o coração. Não nos
alimenta o que vemos, mas o que cremos”.
Aquele que ama anseia estar junto da pessoa amada; e o seu maior sofrimento é não
ser correspondido no seu amor. Para comprovar isto, basta ver como fica triste uma
jovem, quando o namorado que tanto ama, lhe abandona. A dor e a angústia é ainda
maior quando ela é trocada por outra. A dor mais forte é a “dor do amor”. A pior dor é
a do amor não correspondido. Conheci uma moça que, ao saber que o seu namoro
tinha terminado, não queria mais nada, e nada podia consolá-la; não queria mais
comer, dormir, estudar… nada. Era a dor do amor. Queria “morrer”…
Jesus mostrou e provou o seu amor por nós de inúmeras maneiras: assumiu a nossa
natureza, “vestiu a nossa carne”, fez-se obediente até a morte, morte de cruz, para nos
salvar da morte eterna, e ficou conosco para sempre na Eucaristia.
Neste Sacramento do seu próprio Corpo, o Senhor nos dá a revelação máxima do seu
amor. Fez o milagre da Eucaristia para estar junto de nós, individualmente, com cada
um, de modo “particular”, e inteiramente. Fez-se pão, “prisioneiro dos nossos
sacrários”, para estar sempre conosco, a cada dia, e todos os dias.
Ele se entregou totalmente a nós no Pão.
Ele que é Onipotente, se fez fraco no pão; Ele que é o Soberano, se fez pobre; Ele que
é o Infinito de Tudo, se fez limitado num pedacinho de pão. É o milagre do Amor.
Pela santa Comunhão, Ele como que nasce, cresce, vive em nós; por isso, quer ser
recebido frequentemente por cada um dos cristãos.
“É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é
cometido com plena consciência e deliberadamente” (CIC§ 1859).
Isto é, uma infração grave à lei de Deus, cometida de maneira consciente e livre.
“A matéria grave que é precisada pelos dez mandamentos segundo a resposta de
Jesus ao jovem rico: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes
falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe” (Mc 10,19)” (CIC§
1858).
Se não temos a vida de Jesus sem a Eucaristia, muito menos poderemos ter a
santidade, pois esta é exatamente a consequência da participação da vida divina.
“Porque a minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida” (v.
55).
Assim como o corpo não pode ter vida sem comida e sem bebida, da mesma forma a
alma não tem a vida eterna sem a Eucaristia, sem o Corpo ressuscitado de Jesus.
“Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”
(8).
Seu Corpo se funde ao nosso, sua Alma se une à nossa, seu Sangue se mistura com o
nosso, e sua Divindade se junta à nossa humanidade. Não pode haver união mais
íntima e mais intensa na face da terra. É o amado (Jesus) que vai em busca da sua
amada (nossa alma) para unir-se a ela. O amor exige a união. E nessa união Ele nos
santifica.
“Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).
“Não os quero despedir em jejum para que não desfaleçam no caminho” (Mt 15,32).
Jesus disse aos seus discípulos, sobre aquela multidão faminta que o seguia há três
dias pelo deserto, e por isso fez o milagre da multiplicação dos pães. Agora Ele
“multiplica” o seu próprio Corpo para que não desfaleçamos na caminhada dura desta
vida até a Casa do Pai. Sem dúvida, a multiplicação dos pães, foi um grande milagre
que prefigurava a Eucaristia distribuída a cada um de nós.
O Papa Leão XIII disse que na Eucaristia “estão concentradas, com singular riqueza e
variedade de milagres, todas as realidades sobrenaturais” (Carta encicl. Mirae
Caritatis).
O Concílio de Trento (1565-1583) afirmou: “A Eucaristia é Remédio pelo qual somos
livres das falhas cotidianas e preservados dos pecados mortais”. É o próprio Jesus
combatendo em nós contra a “concupiscência da carne e soberba da vida”.
Pela Eucaristia nos unimos com o “Santo”, e somos nele transformados. Assim como o
ferro, no fogo, vai assumindo a sua cor, pela Comunhão vamos assumindo a “imagem
e semelhança” do Senhor. Santo Agostinho explicava que o Alimento eucarístico é
diferente dos outros; o alimento comum se transforma em nosso corpo; mas na
Eucaristia, somos nós transformados no corpo de Cristo.
A Eucaristia é o alimento espiritual de nossa caminhada para Deus, como foi o maná
que alimentou o povo de Deus por quarenta anos, a caminho da Terra Prometida. (Ex
8,2-16). Esse maná era apenas uma figura do verdadeiro “pão vivo descido do céu”,
que quem comer “viverá eternamente” (Jo 6,51).
Se não temos a vida de Jesus sem a Eucaristia, muito menos poderemos ter a
santidade, pois esta é exatamente a consequência da participação na vida divina.
O Papa João Paulo II disse: “Não se trata de alimento em sentido metafórico, mas “a
minha carne é, em verdade, uma comida, e o meu sangue é, em verdade, uma bebida”
(Jo 6, 55)” (EE, 16).
Uma das Orações Eucarísticas leva o celebrante a rezar: Fazei que, alimentando-nos do
Corpo e Sangue do vosso Filho, cheios do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só
corpo e um só espírito. (Or. Euc. III). Assim, pelo dom do seu corpo e sangue, Cristo
aumenta em nós o dom do seu santo Espírito, já infundido em nós no Batismo e
recebido como “selo” no sacramento da Confirmação.
Assim como o corpo não pode ter vida sem comida e sem bebida, da mesma forma a
alma não tem a vida eterna sem a Eucaristia, sem o Corpo ressuscitado de Jesus.
No final Jesus completa dizendo: “Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito
fruto e vos torneis meus discípulos”.
Para que pudéssemos, então, “permanecer nele”, Ele, nos deixou a Eucaristia, o maior
de todos os milagres do seu amor por nós. O seu próprio Ser nos é dado. É o próprio
Jesus ressuscitado que vem a cada um de nós.
Seu Corpo se funde ao nosso, sua Alma se une à nossa, seu Sangue se mistura com o
nosso, e sua Divindade se junta à nossa humanidade. Não pode haver união mais
íntima e mais intensa na face da terra. É o amado (Jesus) que vai em busca da sua
amada (nossa alma) para unir-se a ela. O amor exige a união. E nessa união Ele nos
santifica.
São Cirilo de Jerusalém disse que após a Comunhão, somos “Cristóforos”, portadores
de Cristo.
“Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). A
maneira mais fácil de acolher esse convite amoroso do Senhor é na Eucaristia.
Antes de realizar o milagre da multiplicação dos pães, figura da Eucaristia, Jesus disse
aos Apóstolos, olhando a multidão: “não os quero despedir em jejum para que não
desfaleçam no caminho” (Mt 15,32). Aquela multidão faminta o seguia há três dias pelo
deserto. Agora Ele “multiplica” o seu próprio Corpo para que não desfaleçamos na
caminhada dura desta vida até a Casa do Pai. Temos mais necessidade do Pão do Céu
do que do pão da terra.
Para estar a nosso lado e ser o nosso remédio e o nosso alimento, Ele deu-se todo a
nós, sem reservas; é por isso que nós também temos que nos dar a Ele, também sem
reservas, no estado de vida em que estamos, vivendo segundo sua vontade. O amor
exige reciprocidade, senão fica inerte.
Na Eucaristia Ele é nosso, como dizia santa Terezinha: “agora Jesus, o Senhor é meu!”
No discurso eucarístico Ele deixou claro como os seus discípulos “permaneceriam
nele”, para poder dar muito fruto. E fez questão de enfatizar a importância desta união
conosco na Eucaristia:
“Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que come a
minha carne viverá por mim” (Jo 6,57).
É essencial entender esse “viverá por mim”. Quer dizer, com a Sua presença em nós,
Ele “agirá” em nós; Ele será a nossa força; Ele será a nossa paz; Ele será tudo em nós! A
nossa miséria será trocada pela Sua força. É aquilo que São Paulo experimentou: “Já
não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). São Paulo disse: “Jesus
Cristo, vossa vida” (Cl 3, 4). Pela Eucaristia Jesus toma posse de nós; torna-nos
propriedade sua; devemos, então, entregar-lhe totalmente a nossa vida, sejamos
casados ou celibatários, leigos ou clérigos. Assim acontecerá em nós uma nova
Encarnação do Verbo que continuará a dar glória ao Pai como quando vivia entre nós.
A menor ação de Jesus era divina, porque era ação do Verbo que governava as suas
duas naturezas, humana e divina. A sua natureza humana era submissa ao Verbo.
Assim também deve ser com quem Comunga, a vontade humana deve ser serva da
vontade do Senhor, guiado pelo Espírito Santo.
Vivendo em nós pela Eucaristia Jesus nos enche com os seus desejos, seus
pensamentos, palavras, atos, etc. Ele torna-se em nós uma personalidade divina.
Nosso Senhor faz suas as nossas obras e os nossos atos, de modo que eles se tornam
divinos, imprimindo-lhes um mérito de valor também divino. Assim nossas obras
humanas, sem valor, tornam-se revestidas dos méritos de Cristo. E quanto maior for a
nossa união com Ele, tanto mais valor terão nossas obras e tanto maior será a glória
que reverterá para nós.
Jesus disse “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 35); isto é, Ele, na Eucaristia, é o “sustento e
remédio” para a nossa vida.
Quem Comunga vive “por Jesus”, com a Sua Força. Por isso, a piedade sem a
Comunhão, é fraca. Com a Eucaristia Jesus carrega o meu fardo pesado; então
podemos dizer com S. Paulo “Tudo posso Naquele que me sustenta” (Fil 4,13). Quer
dizer, é Ele a nossa força; e Ele age em nós dando-nos a graça de fazermos coisas boas
e santas; é Ele que “realiza em nós o querer e o fazer” (Fil 2, 13). São Paulo disse aos
filipenses: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo” (Fil 2,5); para isto é preciso se
alimentar de Jesus; assim teremos os seus sentimentos e desejos.
Recebemos a Vida da Graça no Batismo, e a recuperamos pela Penitência (Confissão)
após os pecados, e seu alimento é Jesus na Hóstia Sagrada. Não bastam a oração e a
piedade para enfrentar as lutas que o inferno nos prepara, é preciso mais, a Eucaristia.
Quantos são os que se lembram de que Ele está vivo, ressuscitado, verdadeiro, em
nossos Sacrários? Ali, “prisioneiro dos nossos Sacrários”, ele o espera com as mãos
cheias de graças. O Papa Bento XVI, em sua primeira encíclica, disse que, “Deus nos
amou primeiro”, e que, então, amar a Deus e aos irmãos já não é apenas um
mandamento, mas uma necessária retribuição de amor de nossa parte.
Em seguida fazia-se a ceia. O pai de família tomava um dos pães ázimos, partia-o e
distribuía-o. Depois se comia o cordeiro. No final, o pai tomava novo cálice de vinho e
proferia a ação de graças após a refeição. Todos bebiam do mesmo cálice; era o “cálice
da bênção”, do qual fala S. Paulo em 1Cor 10,16. Em seguida cantava-se a segunda
parte do Hallel (Sl 113,9; 117,29 e 135).
Foi neste contexto que Jesus celebrou e instituiu a Eucaristia como narram os
evangelistas (Mt 26,26-29; Mc 14, 22-25; Lc 22, 15-20; 1Cor 11, 23-26).
Jesus terminou dizendo aos Apóstolos: “fazei isto em memória de mim” (1Cor 11, 24).
Através dessa passagem de S. Paulo aos Coríntios, do ano 56, sabemos que a
Eucaristia era celebrada em uma refeição comum, nas casas, levando cada um a sua
refeição. Por causa dos abusos, como mostra S. Paulo, logo houve a separação da ceia
comum da Eucaristia, que passou a ser celebrada nas primeiras horas do domingo,
quando Cristo ressuscitou.
No ano 56 S. Paulo deixava claro aos coríntios que quem participasse indignamente da
Eucaristia, se tornaria réu “do corpo e do sangue do Senhor” (1 Cor 11, 23-26). E as
graves consequências desse pecado, indicadas pelo Apóstolo, mostram que a
Eucaristia não é mero símbolo, mas presença real de Jesus na hóstia consagrada.
Este alimento se chama entre nós Eucaristia, não sendo lícito participar dele senão ao
que crê ser verdadeiro o que foi ensinado por nós e já se tiver lavado no banho
[batismo] da remissão dos pecados e da regeneração, professando o que Cristo nos
ensinou.
Porque não tomamos estas coisas como pão e bebida comuns, mas da mesma forma
que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez carne e sangue por nossa salvação, assim
também se nos ensinou que por virtude da oração do Verbo, o alimento sobre o qual
foi dita a ação de graças – alimento de que, por transformação, se nutrem nosso
sangue e nossas carnes – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. E foi
assim que os Apóstolos, nas Memórias por eles escritas, chamadas Evangelhos, nos
transmitiram ter-lhe sido ordenado fazer, quando Jesus, tomando o pão e dando
graças, disse: “Fazei isto em memória de mim, isto é o meu corpo”. E igualmente,
tomando o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue”, o qual somente a eles
deu a participar…
No dia que se chama do Sol [domingo] celebra-se uma reunião dos que moram nas
cidades e nos campos e ali se leem, quanto o tempo permite, as Memórias dos
Apóstolos ou os escritos dos profetas.
Assim que o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos
tais belos exemplos. Erguemo-nos, então, e elevamos em conjunto as nossas preces,
após as quais se oferecem pão, vinho e água, como já dissemos. O presidente
também, na medida de sua capacidade, faz elevar a Deus suas preces e ações de
graças, respondendo todo o povo “Amém”. Segue-se a distribuição a cada um, dos
alimentos consagrados pela ação de graças, e seu envio aos doentes, por meio dos
diáconos. Os que têm, e querem, dão o que lhes parece, conforme sua livre
determinação, sendo a coleta entregue ao presidente, que assim auxilia os órfãos e
viúvas, os enfermos, os pobres, os encarcerados, os forasteiros, constituindo-se, numa
palavra, o provedor de quantos se acham em necessidade” (Apologias).
A Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apóstolos), do primeiro século, traz este relato:
“Reunidos no dia do Senhor (dominus), parti o pão e daí graças, depois de
confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro. Quem tiver
divergência com seu companheiro não deve juntar-se a nós antes de se reconciliar,
para que não seja profanado vosso sacrifício, conforme disse o Senhor: Que em todo
lugar e tempo me seja oferecido um sacrifício puro, pois sou um rei poderoso, diz o
Senhor, e meu nome é admirável entre as nações” (Ml 1, 11) (n. XIV).
Assim como esse pão, outrora disseminado sobre as montanhas, uma vez ajuntado, se
tornou uma só massa, seja também reunida tua Igreja, desde as extremidades da
terra, em teu reino, pois a ti pertence a glória e o poder, por Jesus Cristo, para sempre.
Que ninguém coma ou beba da vossa Eucaristia se não for batizado em nome do
Senhor, pois a este respeito disse ele: “Não deis aos cães o que é santo” (Mt 7,6).
Tu, Senhor onipotente, tudo criaste para honra e glória do teu nome; e deste alimento
e bebida aos homens, para seu desfrute; a nós porém, deste um alimento e uma
bebida espirituais e a vida eterna, por meio do teu Servo.
Assim, antes de tudo, damos-te graças porque és poderoso. Glória a ti nos séculos!
Lembra-te Senhor, de livrar do mal a tua Igreja, e de torná-la perfeita em teu amor.
Congrega-a dos quatro ventos, santificada no reino que lhe preparaste, pois a ti
pertence o poder e a glória, para sempre!
Maranathá. Amém.
Quanto aos profetas, deixai-os render graças o quanto quiserem. (n.10)
“Dado que nós seus membros [de Cristo], nos alimentamos de coisas criadas, (as
quais, aliás, ele mesmo nos oferece…), também quis fosse seu sangue o cálice de
vinho, extraído da Criação, para com ele robustecer nosso sangue; quis fosse seu
corpo o pão, também proveniente da Criação, para com ele robustecer nossos corpos.
Se, pois, a mistura do cálice e pão recebem a palavra de Deus tornando-se a Eucaristia
do sangue e do corpo de Cristo, pelos quais cresce e se fortifica a substância de nossa
carne, como se haverá de negar à carne, assim nutrida com o corpo e sangue de
Cristo, e feita membro do seu corpo, a aptidão de receber o dom de Deus, a vida
eterna?
Assim como a muda da videira, depositada na terra, depois frutifica, e o grão de trigo,
caído no solo e destruído, ressurge multiplicado pela ação do Espírito de Deus que
tudo sustém; e em seguida pela arte dos homens se fazem dessas coisas vinho e pão,
que pela palavra de Deus se tornam a Eucaristia, corpo e sangue de Cristo; assim
também nossos corpos, alimentados com a Eucaristia, ao serem depositados na terra
e aí destruídos, vão ressurgir um dia para a glória do Pai, quando a palavra de Deus
lhes der a ressurreição. O Pai reveste de imortalidade o que é mortal, dá
gratuitamente a incorrupção ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta
na fragilidade” (Contra as heresias, lv 5, cap. 2, 18,19,20).
Respondam todos:
– Corações ao alto!
– Já os oferecemos ao Senhor.
– É digno e justo.
E prossiga a seguir:
Graças te damos, Deus, pelo teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos últimos tempos
nos enviastes, Salvador e Redentor, mensageiro da tua vontade, que é o teu Verbo
inseparável, por meio do qual fizestes todas as coisas e que, porque foi do teu agrado,
enviaste do Céu ao seio de uma Virgem; que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou-
se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a tua vontade – e
obtendo para ti um povo santo – ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do
sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária Paixão
para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar os poderes
do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a Ressurreição, tomou o
pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu Corpo que por vós será
destruído; tomou, igualmente, o cálice, dizendo: Este é o meu Sangue, que por vós
será derramado. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória.
Por isso, nós que nos lembramos de sua morte e Ressurreição, oferecemos-te o pão e
o cálice, dando-te graças porque nos considerastes dignos de estar diante de ti e de
servir-te.
…Ele está em nós pelo mistério dos sacramentos, como está no Pai pela natureza da
sua divindade, e nós nele pela sua natureza corporal. Ensina-se, portanto, que pelo
nosso Mediador se consuma a unidade perfeita, pois enquanto nós permanecemos
nele, ele permanece no Pai, e, sem deixar de permanecer no Pai, permanece também
em nós, e assim nós subimos até à unidade do Pai. Ele está no Pai, fisicamente,
segundo a origem de sua eterna natividade, e nós estamos nele, fisicamente,
enquanto também está em nós fisicamente” (Sobre a Santíssima Trindade).
Quando, pois, ele mesmo declarou do pão: “isto é o meu corpo”, quem ousará
duvidar?
E quando ele asseverou categoricamente: “isto é o meu sangue”, quem ainda terá
dúvida, dizendo que não é?
Outrora, em Caná da Galiléia, por sua vontade, mudara a água em vinho, e não seria
também digno de fé, ao mudar o vinho em sangue?…
É, portanto, com toda a segurança que participamos de certo modo do corpo e sangue
de Cristo: em figura de pão é deveras o corpo que te é dado, e em figura de vinho o
sangue, para que, participando do corpo e sangue de Cristo, te tornes concorpóreo e
consanguíneo dele. Passamos a ser assim Cristóforos, isto é, portadores de Cristo, cujo
corpo e sangue se difundem por nossos membros. E então, como diz S. Pedro,
“participamos da natureza divina” (2Pe 1,4).
Não trates, por isso, como simples pão e vinho a este pão e vinho, pois, são,
respectivamente, corpo e sangue de Cristo, consoante a afirmação do Senhor. E ainda
que os sentidos não o possam sugerir, a fé no-lo deve confirmar com segurança. Não
julgues a coisa pelo paladar. Antes pela fé, enche-te de confiança, não duvidando de
que foste julgado digno do corpo e sangue de Cristo.
“Talvez digas: é meu pão de cada dia. Mas este pão é pão antes das palavras
sacramentais; desde que sobrevenha a consagração, a partir do pão se faz a carne de
Cristo. Passemos então provar esta verdade. Como pode aquilo que é pão ser corpo
de Cristo? Com que termos então se faz a consagração e com as palavras de quem? Do
Senhor Jesus. Efetivamente tudo o que foi dito antes é dito pelo sacerdote… Quando
se chega a produzir o venerável sacramento, o Sacerdote já não usa suas próprias
palavras, mas serve-se das palavras de Cristo. É, pois, a palavra de Cristo que produz
este sacramento. Qual é esta palavra de Cristo? É aquela pela qual todas as coisas
foram feitas. O Senhor deu ordem e se fez o céu. O Senhor deu ordem e se fez a terra.
O Senhor deu ordem e se fez os mares. O Senhor deu ordem e todas as criaturas
foram geradas. Percebes, pois, quanto é eficaz a palavra de Cristo. Se, pois, existe
tamanha força na Palavra do Senhor Jesus, a ponto de começarem as coisas que não
existiam, quanto mais eficaz não deve ser para que continuem a existir as que eram, e
sejam mudadas em outra coisa?
Assim, pois, para dar-te uma resposta, antes da consagração não era o corpo de
Cristo, mas após a consagração, posso afirmar-te que já é o corpo de Cristo.
Não é, pois, sem motivo que tu dizes: Amém, reconhecendo já, em espírito, que
recebes o corpo de Cristo. Quando te apresentas para pedi-lo, o sacerdote te diz:
“Corpo de Cristo”. E tu responde: Amém, quer dizer, é verdade. Aquilo que a língua
confessa, conserve-o o afeto. No entanto, para saberes: é este o sacramento,
precedido pela figura” (Os Sacramentos e os Mistérios, Lv 4, 4-6, Ed. Vozes, pag. 50-55).
Jesus instituiu a Eucaristia na última Ceia, que era a ceia judaica da Páscoa. Esta ceia
começava servindo-se ervas amargas e pães ázimos, sem fermento. As ervas
amargas simbolizavam os tempos duros de escravidão do povo judeu no Egito, e os
pães ázimos simbolizavam que a saída foi às pressas, sem que as mulheres tivessem
tempo de colocar o fermento nos pães. Antes e depois tomava-se uma taça de vinho.
Então, o filho mais novo perguntava ao pai o sentido dessas coisas estranhas, e o pai
lhes explicava como Deus milagrosamente os libertara dos egípcios, passando das
trevas para a luz, da escravidão para a liberdade. Terminava com a recitação da
primeira parte do Hallel (Salmos 112 e 113, 1-8).
Em seguida fazia-se a ceia. O pai de família tomava um dos pães ázimos, partia-o e
distribuía-o. Depois se comia o cordeiro. No final, o pai tomava novo cálice de vinho e
proferia a ação de graças após a refeição. Todos bebiam do mesmo cálice; era o “cálice
da bênção”, do qual fala S. Paulo em 1Cor 10,16. Em seguida cantava-se a segunda
parte do Hallel (Sl 113,9; 117,29 e 135).
Foi neste contexto que Jesus celebrou e instituiu a Eucaristia como narram os
evangelistas (Mt 26,26-29; Mc 14, 22-25; Lc 22, 15-20; 1Cor 11, 23-26).
Jesus terminou dizendo aos Apóstolos: “fazei isto em memória de mim” (1Cor 11, 24).
Através dessa passagem de S. Paulo aos Coríntios, do ano 56, sabemos que a
Eucaristia era celebrada em uma refeição comum, nas casas, levando cada um a sua
refeição. Por causa dos abusos, como mostra S. Paulo, logo houve a separação da ceia
comum da Eucaristia, que passou a ser celebrada nas primeiras horas do domingo,
quando Cristo ressuscitou.
No ano 56 S. Paulo deixava claro aos coríntios que quem participasse indignamente da
Eucaristia, se tornaria réu “do corpo e do sangue do Senhor” (1 Cor 11, 23-26). E as
graves consequências desse pecado, indicadas pelo Apóstolo, mostram que a
Eucaristia não é mero símbolo, mas presença real de Jesus na hóstia consagrada.
Este alimento se chama entre nós Eucaristia, não sendo lícito participar dele senão ao
que crê ser verdadeiro o que foi ensinado por nós e já se tiver lavado no banho
[batismo] da remissão dos pecados e da regeneração, professando o que Cristo nos
ensinou.
Porque não tomamos estas coisas como pão e bebida comuns, mas da mesma forma
que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez carne e sangue por nossa salvação, assim
também se nos ensinou que por virtude da oração do Verbo, o alimento sobre o qual
foi dita a ação de graças – alimento de que, por transformação, se nutrem nosso
sangue e nossas carnes – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. E foi
assim que os Apóstolos, nas Memórias por eles escritas, chamadas Evangelhos, nos
transmitiram ter-lhe sido ordenado fazer, quando Jesus, tomando o pão e dando
graças, disse: “Fazei isto em memória de mim, isto é o meu corpo”. E igualmente,
tomando o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue”, o qual somente a eles
deu a participar…
No dia que se chama do Sol [domingo] celebra-se uma reunião dos que moram nas
cidades e nos campos e ali se leem, quanto o tempo permite, as Memórias dos
Apóstolos ou os escritos dos profetas.
Assim que o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos
tais belos exemplos. Erguemo-nos, então, e elevamos em conjunto as nossas preces,
após as quais se oferecem pão, vinho e água, como já dissemos. O presidente
também, na medida de sua capacidade, faz elevar a Deus suas preces e ações de
graças, respondendo todo o povo “Amém”. Segue-se a distribuição a cada um, dos
alimentos consagrados pela ação de graças, e seu envio aos doentes, por meio dos
diáconos. Os que têm, e querem, dão o que lhes parece, conforme sua livre
determinação, sendo a coleta entregue ao presidente, que assim auxilia os órfãos e
viúvas, os enfermos, os pobres, os encarcerados, os forasteiros, constituindo-se, numa
palavra, o provedor de quantos se acham em necessidade” (Apologias).
A Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apóstolos), do primeiro século, traz este relato:
“Reunidos no dia do Senhor (dominus), parti o pão e daí graças, depois de
confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro. Quem tiver
divergência com seu companheiro não deve juntar-se a nós antes de se reconciliar,
para que não seja profanado vosso sacrifício, conforme disse o Senhor: Que em todo
lugar e tempo me seja oferecido um sacrifício puro, pois sou um rei poderoso, diz o
Senhor, e meu nome é admirável entre as nações” (Ml 1, 11) (n. XIV).
Assim como esse pão, outrora disseminado sobre as montanhas, uma vez ajuntado, se
tornou uma só massa, seja também reunida tua Igreja, desde as extremidades da
terra, em teu reino, pois a ti pertence a glória e o poder, por Jesus Cristo, para sempre.
Que ninguém coma ou beba da vossa Eucaristia se não for batizado em nome do
Senhor, pois a este respeito disse ele: “Não deis aos cães o que é santo” (Mt 7,6).
Tu, Senhor onipotente, tudo criaste para honra e glória do teu nome; e deste alimento
e bebida aos homens, para seu desfrute; a nós porém, deste um alimento e uma
bebida espirituais e a vida eterna, por meio do teu Servo.
Assim, antes de tudo, damos-te graças porque és poderoso. Glória a ti nos séculos!
Lembra-te Senhor, de livrar do mal a tua Igreja, e de torná-la perfeita em teu amor.
Congrega-a dos quatro ventos, santificada no reino que lhe preparaste, pois a ti
pertence o poder e a glória, para sempre!
Maranathá. Amém.
“Dado que nós seus membros [de Cristo], nos alimentamos de coisas criadas, (as
quais, aliás, ele mesmo nos oferece…), também quis fosse seu sangue o cálice de
vinho, extraído da Criação, para com ele robustecer nosso sangue; quis fosse seu
corpo o pão, também proveniente da Criação, para com ele robustecer nossos corpos.
Se, pois, a mistura do cálice e pão recebem a palavra de Deus tornando-se a Eucaristia
do sangue e do corpo de Cristo, pelos quais cresce e se fortifica a substância de nossa
carne, como se haverá de negar à carne, assim nutrida com o corpo e sangue de
Cristo, e feita membro do seu corpo, a aptidão de receber o dom de Deus, a vida
eterna?
Assim como a muda da videira, depositada na terra, depois frutifica, e o grão de trigo,
caído no solo e destruído, ressurge multiplicado pela ação do Espírito de Deus que
tudo sustém; e em seguida pela arte dos homens se fazem dessas coisas vinho e pão,
que pela palavra de Deus se tornam a Eucaristia, corpo e sangue de Cristo; assim
também nossos corpos, alimentados com a Eucaristia, ao serem depositados na terra
e aí destruídos, vão ressurgir um dia para a glória do Pai, quando a palavra de Deus
lhes der a ressurreição. O Pai reveste de imortalidade o que é mortal, dá
gratuitamente a incorrupção ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta
na fragilidade” (Contra as heresias, lv 5, cap. 2, 18,19,20).
Respondam todos:
– Corações ao alto!
– Já os oferecemos ao Senhor.
– É digno e justo.
E prossiga a seguir:
Graças te damos, Deus, pelo teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos últimos tempos
nos enviastes, Salvador e Redentor, mensageiro da tua vontade, que é o teu Verbo
inseparável, por meio do qual fizestes todas as coisas e que, porque foi do teu agrado,
enviaste do Céu ao seio de uma Virgem; que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou-
se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a tua vontade – e
obtendo para ti um povo santo – ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do
sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária Paixão
para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar os poderes
do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a Ressurreição, tomou o
pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu Corpo que por vós será
destruído; tomou, igualmente, o cálice, dizendo: Este é o meu Sangue, que por vós
será derramado. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória.
Por isso, nós que nos lembramos de sua morte e Ressurreição, oferecemos-te o pão e
o cálice, dando-te graças porque nos considerastes dignos de estar diante de ti e de
servir-te.
…Ele está em nós pelo mistério dos sacramentos, como está no Pai pela natureza da
sua divindade, e nós nele pela sua natureza corporal. Ensina-se, portanto, que pelo
nosso Mediador se consuma a unidade perfeita, pois enquanto nós permanecemos
nele, ele permanece no Pai, e, sem deixar de permanecer no Pai, permanece também
em nós, e assim nós subimos até à unidade do Pai. Ele está no Pai, fisicamente,
segundo a origem de sua eterna natividade, e nós estamos nele, fisicamente,
enquanto também está em nós fisicamente” (Sobre a Santíssima Trindade).
Quando, pois, ele mesmo declarou do pão: “isto é o meu corpo”, quem ousará
duvidar?
E quando ele asseverou categoricamente: “isto é o meu sangue”, quem ainda terá
dúvida, dizendo que não é?
Outrora, em Caná da Galiléia, por sua vontade, mudara a água em vinho, e não seria
também digno de fé, ao mudar o vinho em sangue?…
É, portanto, com toda a segurança que participamos de certo modo do corpo e sangue
de Cristo: em figura de pão é deveras o corpo que te é dado, e em figura de vinho o
sangue, para que, participando do corpo e sangue de Cristo, te tornes concorpóreo e
consanguíneo dele. Passamos a ser assim Cristóforos, isto é, portadores de Cristo, cujo
corpo e sangue se difundem por nossos membros. E então, como diz S. Pedro,
“participamos da natureza divina” (2Pe 1,4).
Não trates, por isso, como simples pão e vinho a este pão e vinho, pois, são,
respectivamente, corpo e sangue de Cristo, consoante a afirmação do Senhor. E ainda
que os sentidos não o possam sugerir, a fé no-lo deve confirmar com segurança. Não
julgues a coisa pelo paladar. Antes pela fé, enche-te de confiança, não duvidando de
que foste julgado digno do corpo e sangue de Cristo.
“Talvez digas: é meu pão de cada dia. Mas este pão é pão antes das palavras
sacramentais; desde que sobrevenha a consagração, a partir do pão se faz a carne de
Cristo. Passemos então provar esta verdade. Como pode aquilo que é pão ser corpo
de Cristo? Com que termos então se faz a consagração e com as palavras de quem? Do
Senhor Jesus. Efetivamente tudo o que foi dito antes é dito pelo sacerdote… Quando
se chega a produzir o venerável sacramento, o Sacerdote já não usa suas próprias
palavras, mas serve-se das palavras de Cristo. É, pois, a palavra de Cristo que produz
este sacramento. Qual é esta palavra de Cristo? É aquela pela qual todas as coisas
foram feitas. O Senhor deu ordem e se fez o céu. O Senhor deu ordem e se fez a terra.
O Senhor deu ordem e se fez os mares. O Senhor deu ordem e todas as criaturas
foram geradas. Percebes, pois, quanto é eficaz a palavra de Cristo. Se, pois, existe
tamanha força na Palavra do Senhor Jesus, a ponto de começarem as coisas que não
existiam, quanto mais eficaz não deve ser para que continuem a existir as que eram, e
sejam mudadas em outra coisa?
Assim, pois, para dar-te uma resposta, antes da consagração não era o corpo de
Cristo, mas após a consagração, posso afirmar-te que já é o corpo de Cristo.
Não é, pois, sem motivo que tu dizes: Amém, reconhecendo já, em espírito, que
recebes o corpo de Cristo. Quando te apresentas para pedi-lo, o sacerdote te diz:
“Corpo de Cristo”. E tu responde: Amém, quer dizer, é verdade. Aquilo que a língua
confessa, conserve-o o afeto. No entanto, para saberes: é este o sacramento,
precedido pela figura” (Os Sacramentos e os Mistérios, Lv 4, 4-6, Ed. Vozes, pag. 50-55).
[7.] Não é estranho que os abusos tenham sua origem em um falso conceito de
liberdade. Posto que Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade
para fazer o que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é
digno e justo. [Cf. João Paulo II, Carta Encíclica, Veritatis splendor – VE, n. 35]. Isto é
válido não só para os preceitos que provém diretamente de Deus, mas sim também,
de acordo com a valorização conveniente de cada norma, para as leis promulgadas
pela Igreja. Por isso, todos devem se ajustar às disposições estabelecidas pela legítima
autoridade eclesiástica.
[11.] O Mistério da Eucaristia é demasiado grande «para que alguém possa permitir
tratá-lo ao seu arbítrio pessoal, pois não respeitaria nem seu caráter sagrado, nem sua
dimensão universal»[EE,52]. Quem age contra isto, cedendo às suas próprias
inspirações, embora seja sacerdote, atenta contra a unidade substancial do Rito
romano, que se deve cuidar com decisão [SC nn. 4, 38], e realiza ações que, de
nenhum modo, correspondem com a fome e a sede do Deus Vivo, que o povo de
nossos tempos experimenta, nem a um autêntico zelo pastoral, nem serve à adequada
renovação litúrgica, mas sim defrauda o patrimônio e a herança dos fiéis com atos
arbitrários que não beneficiam a verdadeira renovação [Cf. João Paulo II, Ecclesia in
Europa, n. 72], e sim lesionam o verdadeiro direito dos fiéis à ação litúrgica, à
expressão da vida da Igreja, de acordo com sua tradição e disciplina. Além disso,
introduzem na mesma celebração da Eucaristia elementos de discórdia e de
deformação, quando ela tem, por sua própria natureza e de forma eminente, de
significar e de realizar admiravelmente a Comunhão com a vida divina e a unidade do
povo de Deus [EE,23]. Estes atos arbitrários causam incerteza na doutrina, dúvida e
escândalo para o povo de Deus e, quase inevitavelmente, uma violenta repugnância
que confunde e aflige com força a muitos fiéis em nossos tempos, em que
freqüentemente a vida cristã sofre o ambiente, muito difícil, da «secularização» [ID].
[12.] Por outra parte, todos os fiéis cristãos gozam do direito de celebrar uma liturgia
verdadeira, especialmente a celebração da santa Missa, que seja tal como a Igreja tem
querido e estabelecido, como está prescrito nos livros litúrgicos e nas outras leis e
normas. Além disso, o povo católico tem direito a que se celebre por ele, de forma
íntegra, o santo Sacrifício da Missa, conforme toda a essência do Magistério da Igreja.
Finalmente, a comunidade católica tem direito a que de tal modo se realize para ela a
celebração da Santíssima Eucaristia, que apareça verdadeiramente como sacramento
de unidade, excluindo absolutamente todos os defeitos e gestos que possam
manifestar divisões e facções na Igreja [1 Cor 11, 17-34; EE [33].
[18.] Os fiéis têm direito a que a autoridade eclesiástica regule a sagrada Liturgia de
forma plena e eficaz, para que nunca seja considerada a liturgia como «propriedade
privada, nem do celebrante, nem da comunidade em que se celebram os Mistérios»
[EE n. 52].
Afonso Albuquerque:
“Se todos somos pecadores, esta criaturinha é
certamente sem mácula. Ah! Senhor, por amor deste inocente, compadecei-vos dos
culpados!”
São Jerônimo (348-420), doutor da Igreja:
“Nosso Senhor nos concede tudo o que lhe pedimos na Santa Missa: o que mais vale é
que nos dá ainda o que nem se quer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é
necessário”.
“Quando Jesus está presente corporalmente em nós, ao redor de nós, montam guarda
de amor os anjos”.
“Não percamos tão grande oportunidade para negociar com Deus. Ele [Jesus] não
costuma pagar mau a hospedagem se o recebemos bem”.
“Não comungar seria o maior desprezo a Jesus que se sente “doente de amor” (Ct 2,4-
5)”.
“O Santíssimo Sacramento é fogo que nos inflama de modo que, retirando-o do altar,
espargimos tais chamas de amor que nos tornam terríveis ao inferno”.
“Não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os
outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele”.
“Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar
mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar”.
“A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de
cada dia”.
“Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do
Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na
hora da morte e durante a eternidade”.
“Os minutos que vêm depois da comunhão – dizia a santa – São os mais preciosos que
temos em nossa vida; os mais apropriados de nossa parte para entender-nos com
Deus e, da parte de Deus, para comunicar-nos o seu amor”.
Chiara Lubic:
“Enquanto existir a Eucaristia eu nunca estarei só. Enquanto existir um sacrário, não
terei solidão”.
“A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de
cada dia”.
“Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua maternidade”.
2. Santo Agostinho
“Senhor, você alegra minha mente de alegria espiritual. Como é glorioso teu cálice que
ultrapassa todos os prazeres provados anteriormente”.
Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/8-conselhos-dos-santos-para-amar-a-
eucaristia-60840/
Há dois mil anos, desde que pela primeira vez Jesus celebrou a Eucaristia na Santa
Ceia, nunca mais a Igreja deixou de realizá-la. Além disso, Cristo na Hóstia sagrada,
vítima oferecida em sacrifício, é guardado nos Sacrários para ser adorado pelos fiéis e
levado aos doentes. Mas, apesar de toda catequese da Igreja sobre a Eucaristia, ainda
Jesus é muito desrespeitado e profanado na Hóstia santa.
É claro que não devemos deixar de Comungar por qualquer falta cometida, mas
quando o pecado é grave, mortal, é indispensável a Confissão. Não se pode receber
Aquele que é Santo em um coração que não esteja purificado.
Além disso, todo respeito deve ser observado na Igreja diante do Sacrário. Ao se
passar diante dele devemos fazer a genuflexão com um dos joelhos em um ato de
adoração. Se passarmos diante do Santíssimo exposto, então, devemos nos ajoelhar
com os dois joelhos para esse ato de adoração. Não podemos deixar que a Presença
de Deus no meio de nós se torne algo trivial, banal, sem merecer a devida atenção e
respeito. Diante Dele é preciso silêncio, adoração e todo respeito.
“Os milagres da multiplicação dos pães – quando o Senhor disse a bênção, partiu e
distribuiu os pães pelos seus discípulos para alimentar a multidão -, prefiguram a
superabundância deste pão único da Sua Eucaristia” (n. 1335).
Na véspera, Jesus tinha lançado os alicerces da sua promessa. Sabendo que ia fazer
uma tremenda exigência à fé do seus ouvintes, preparou-os para ela. Sentado numa
ladeira, do outro lado do mar de Tiberíades, tinha pregado a uma grande multidão que
o havia seguido até ali, e agora, já ao cair da tarde, prepara-se para despedi-los. Mas,
movido de compaixão e como preparação para a sua promessa do dia seguinte, faz o
milagre dos pães e dos peixes. Alimenta a multidão – sós os homens eram cinco mil –
com cinco pães e dois peixes; e, depois de todos se terem saciado, os seus discípulos
recolhem doze cestos de sobra. Esse milagre haveria de estar presente no dia seguinte
(ou deveria estar) na mente dos que o escutaram.
Tendo despedido os que o tinham seguido, subiu monte acima, a fim de orar em
solidão como era seu costume. Mas não era muito fácil separar-se daquela multidão,
que queria ver mais milagres e ouvir mais palavras de sabedoria de Jesus de Nazaré:
acamparam por ali para passar a noite e viram os discípulos embarcar (sem Jesus)
rumo a Cafarnaum, na única barca que havia. Nessa noite, depois de terminar a
oração, Jesus atravessou andando as águas tormentosas do lago e juntou-se aos seus
discípulos na barca, e assim chegou com eles a Cafarnaum.
Na manhã seguinte, a turba não conseguia encontrar
Jesus. Quando chegaram outras barcas de Tiberíades, desistiram de procura-lo e
embarcaram para Cafarnaum. Qual não foi o seu assombro ao encontrarem de novo
Jesus, que havia chegado antes, sem ter subido à barca que partira na noite anterior!
Foi outro portento, outro milagre que Jesus fez para fortalecer a fé daquela gente (e
dos seus discípulos), pois ia pô-la à prova pouco depois.
Assista também: Como devemos venerar corretamente o Senhor presente na
Eucaristia?
Os discípulos e os que conseguiram entrar aglomeram-se em seu redor na sinagoga
de Cafarnaum. Foi ali e então que Jesus fez a promessa que hoje nos enche de
fortaleza e vida: prometeu a sua Carne e seu Sangue como alimento; prometeu a
Sagrada Eucaristia.
Se tinha poder para multiplicar cinco pães e com eles alimentar cinco mil homens,
como não havia de tê-lo para alimentar toda a humanidade com um pão celestial feito
por Ele?! Se tinha poder para andar sobre as águas como se fosse terra firme, como
não havia de tê-lo para ordenar aos elementos do pão e do vinho que lhe
emprestassem a sua aparência e para utilizá-la como capa para a sua Páscoa?! Jesus
tinha preparado bem os seus ouvintes e, como veremos, eles tinham necessidade
disso.
Se você tem um exemplar do Novo Testamento à mão, será muito bom que leia inteiro
o capítulo sexto do Evangelho de São João. Só assim poderá captar todo o ambiente,
as circunstâncias e o desenrolar dos acontecimentos na sinagoga de Cafarnaum. Vou
citar somente as linhas mais pertinentes, que começam no versículo 51 e acabam no
67.
Disse Jesus: Eu sou o pão vivo que desceu do céu […] Quem comer deste pão viverá
eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo.
Disputavam, pois, entre si os judeus, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua
carne? Jesus disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne
do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. O que
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu ressuscitarei no
último dia. Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue e
verdadeiramente bebida. […] Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que
comeram os vossos pais e morreram. O seus discípulos murmuravam por isso, disse-
lhes: […] As palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que
não creem […]. Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram atrás e já não
andavam com ele.
Este breve extrato do capítulo sexto de São João contém os dois pontos que mais nos
interessam agora: os dois pontos que nos dizem, meses antes da Última Ceia, que na
Sagrada Eucaristia estarão presentes o verdadeiro Corpo e o verdadeiro Sangue de
Jesus. Lutero rejeitou a doutrina da presença verdadeira e substancial de Jesus na
Eucaristia, doutrina que havia sido seguida firmemente por todos os cristãos durante
mil e quinhentos anos. Lutero aceitava certa espécie de presença de Cristo, ao menos
no momento em que se recebesse a comunhão. Mas no terreno adubado por Lutero
brotaram outras confissões protestantes que foram recusando mais e mais a crença
na presença real. Na maioria das confissões protestantes de hoje, o “serviço da
comunhão” não passa de um simples rito comemorativo da morte do Senhor; o pão
continua a ser pão e o vinho continua a ser vinho.
Nos seus esforços por eludir a doutrina da presença real, teólogos protestantes
procuraram mitigar as palavras de Jesus, afirmando que Ele não pretendia que as
tomassem no seu sentido literal, mas apenas espiritual ou simbolicamente. Mas é
evidente que não se podem diluir as palavras de Cristo sem violentar o seu sentido
claro e rotundo. Jesus não poderia ter sido mais enfático: A minha carne é
verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. Não há forma de
dizê-lo com mais clareza. No original grego, que é a língua em que São João escreveu o
seu Evangelho, a palavra do versículo 55 que traduzimos por “comer” estaria mais
próxima do seu sentido original se a traduzíssemos por “mastigar” ou “comer
mastigando”.
Outra prova de peso, que confirma que Jesus quis verdadeiramente dizer o que disse –
que o seu corpo e o seu sangue estariam realmente presentes na Eucaristia – está em
que alguns dos seus discípulos o abandonaram por terem achado a ideia de comê-lo
demasiado repulsiva. Não tiveram fé suficiente para compreender que, se Jesus lhes ia
dar a sua Carne e o seu Sangue em alimento, o faria de forma a não causar
repugnância à natureza humana. Por isso o abandonaram, “e já não andavam com
ele”.
Tudo isto faz com que a afirmação da doutrina da presença real esteja ineludivelmente
contida na promessa de Cristo, por que, se não fosse assim, as suas palavras não
teriam sentido, e Jesus não falava por enigmas indecifráveis.
Esta reflexão foi baseada nas obras São Pedro Julião Eymard, sobre a Sagrada
Eucaristia.
Jesus esconde a sua Glória na Eucaristia para que o brilho de sua Majestade, como o
rosto brilhante de Moisés, não ofusque a nossa vista impedindo-nos de chegar a Ele.
Tudo para podermos nos achegar a Ele sem medo.
Jesus desce até ao nada na Hóstia para que desçamos com Ele e sintamos
profundamente o que Ele disse: “vinde a Mim… aprendei de mim que sou manso e
humilde de coração”.
Jesus nos ama tão radicalmente na Eucaristia que se submete a nós em tudo. Ele
desce do Céu tão logo o sacerdote pronuncia as palavras da Consagração. Ele
obedeceu silencioso os seus carrascos e está pronto novamente para receber o beijo
dos novos Judas, por amor a nós.
Jesus se esconde na Hóstia para que os bons, mas também os maus, se aproximem
dele. Quem de nós não temeria, por seus pecados, chegar-se a seus pés. Quem sabe
só os orgulhosos teriam a ousadia de se aproximar Dele. Então, escondido, Ele não
assusta ninguém, pois quer socorrer a todos. A glória assusta, amedronta,
ensoberbece, mas não converte. Os judeus, aos pés do Monte Sinai fumegante
tornaram-se idólatras, adoraram o bezerro de ouro diante da glória de Deus. Os
Apóstolos, diante de Jesus transfigurado, perderam um pouco dos sentidos e da
lógica. É melhor que Jesus permaneça humilde e velado; assim poderemos aproximar-
nos Dele, sem medo e sem ser repelido; e poder, então, desfrutar do seu Amor.
Leia também: Os frutos da Eucaristia
Como posso me preparar para receber a Sagrada Eucaristia?
Quanto tempo Cristo permanece na Eucaristia em nosso corpo?
Por que Cristo quis permanecer presente na Eucaristia?
Qual a origem da festa de Corpus Christi?
A Presença Real de Cristo na Eucaristia
Eucaristia, alimento e remédio
Na Eucaristia Jesus se fez o último dos pobres para poder estender a mão ao menor
de todos e dizer “Sou teu irmão”. Como o pobre Ele não tem honra, não tem defesa,
tem poucos amigos e, para muitos, é um estranho, um desconhecido. E não foi o
Tabor que converteu o mundo, foi o Calvário. O amor se manifesta e opera, não pela
glória, mas pela bondade e humildade.
Jesus é tão frágil na Eucaristia que basta consumir a Hóstia, ou dissolvê-la em água, ou
ser estragada pelo tempo, para que o Sacramento se desfaça.
Ele que em vida foi tão belo – “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 44,3), tem a sua
Beleza toda escondida.
Ainda mais, Ele que é a Vida, e que dá a vida e o movimento para todos os seres,
condena-se a permanecer inerte, sem ação, “prisioneiro dos nossos sacrários”, e se
reduz ao ponto de estar inteiro no menor fragmento da Hóstia.
Quanto aniquilamento amoroso que nos faz corar de vergonha diante de nossas
exibições, aparências, exigências, julgamentos, condenações…
Jamais Ele se defende ao ser insultado e nunca revida quando é escarnecido. Isto não
porque não pode, é por que não quer. Ele poderia do seu silêncio fulminar os
sacrílegos que os arrastam para as missas negras ou o recebem sem “distinguir o seu
Corpo e o seu Sangue”. Ele continua a repetir as palavras que disse a Pedro ao ser
preso no Horto da Agonia: “Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me
enviaria imediatamente doze legiões de anjo?” (Mt 26,53). “Não hei de beber eu o
cálice que o Pai me der?” (Jo 18,11).
Na Eucaristia Jesus continua a beber o cálice que o Pai lhe deu, muito além da sua
exigência. Bastava o Calvário para salvar-nos, mas Ele quis chegar ao “Calvário” do
Sacrário, por nós.
Fico pensando nas Hóstias que se perdem, por acidente ou abandono; quando
apodrecem, os vermes a invadem e expulsam Jesus, pois Ele só permanece nas
espécies enquanto elas estão intactas. Isto faz-nos lembrar as palavras do Profeta
sobre Jesus: “Não sou mais um homem, porém um verme!” (Sl 21,7).
De fato Jesus desceu ao último degrau da criação na Eucaristia, pois, por não poder
perder a substância própria, Ele se reveste exteriormente das simples espécies do pão
e do vinho; é um enorme rebaixamento.
Aniquilando a sua Glória na Eucaristia Ele está como que nos dizer: “Sede humildes!”.
Mas o aniquilamento de Jesus é positivo, produz frutos de salvação e dá glória a Deus.
A humildade perfeita é a que devolve todo o bem a Deus, como a Virgem Maria. “Ele
fez maravilhas em mim, Santo é o Seu Nome” (Lc 1,49).
Ser humilde é reconhecer que sem Deus não somos nada e não podemos nada.
Quanto mais subimos na graça, mais descemos na humildade. É com humildade que
se deve exercer o poder.
Das lições de Jesus eucarístico, a mais forte parece a que nos ensina a esconder dos
homens os nossos padecimentos, para que não se apiedem de nós e nos louvem, o
que seria um grande mal. Ele nos ensina a ocultar os bons atos e não receber louvores
merecidos. Importa antes mostrar apenas a parte fraca das nossas obras.
Quanto mais nos rebaixamos, mais Jesus Cristo cresce, como disse João Batista:
“importa que Ele cresça e eu desapareça” (Jo 3,30).
Jesus é modelo de humildade na Eucaristia; não sente a
menor indignação com quem o despreza, o injuria, ou o abandona; de todos se
compadece porque a todos quer salvar e socorrer; antes se entristece pelo pobre
estado dos pecadores. Esta é a humildade dos que desejam ajudá-lo a salvar almas.
Jesus é manso; não se irrita. Nós, ao contrário, irritamo-nos muitas vezes, por
pensamentos e julgamos apressadamente as pessoas sob a nossa ótica pessoal, e
muitas vezes abatemos a quem se opõe a nós.
Pelo amor. Quanto mais amamos Jesus eucarístico, mais seremos semelhantes a Ele.
O seu amor destruirá o nosso amor-próprio, a razão de toda a nossa cólera, raiva,
impaciência, mau humor, violência, aspereza com as pessoas, sensualidade, orgulho,
desejo de se mostrar, de ser honrado, etc.
Distintos nomes designam este mistério insondável: Santo Sacrifício, Santa Missa,
Missa Sacrificial, Ceia do Senhora, Fração do Pão, Assembleia Eucarística, Memorial
da Paixão, Morte e Ressurreição, Santa e Divina Liturgia, Sagrado Mistério, Sagrada
Comunhão [1325-1332]
O padre parte a Hóstia para significar o que Jesus fez: partiu o Pão e distribuiu aos
discípulos.
Segundo o Código de Direito Canônico o fiel pode Comungar duas vezes por dia se
participar de duas Missas; não pode fazer a segunda Comunhão fora da Missa.
Leia também: Conselhos práticos para comungar
Quem chega atrasado na Missa pode comungar?
Com que disposições devemos comungar?
Cânon 917 – Quem já recebeu a Santíssima Eucaristia
pode recebê-la no mesmo dia, somente dentro da celebração eucarística em que
participa, salva a prescrição do cânon 921 §2 (perigo de morte).
Assista também: Pode-se comungar duas vezes no mesmo dia? Como saber se estou
devidamente preparado para comungar?
Nota: No mesmo dia, os fiéis podem receber a Sagrada Eucaristia só uma segunda
vez. (Pontificia Comissio Codici Iuris Canonici Authentici Interpretando, Responsa ad
proposita dubia, 1: AAS 76 (1984) 746).
Prof. Felipe Aquino
Distintos nomes designam este mistério insondável: Santo Sacrifício, Santa Missa,
Missa Sacrificial, Ceia do Senhora, Fração do Pão, Assembleia Eucarística, Memorial
da Paixão, Morte e Ressurreição, Santa e Divina Liturgia, Sagrado Mistério, Sagrada
Comunhão [1325-1332]
A Igreja Católica ensina que a Sagrada Comunhão remove todos os pecados veniais da
alma do pecador. Através de nosso contato com Jesus tornamo-nos, pela graça, o que
Ele é por natureza. Participamos de Sua natureza. Ele é todo puro, todo santo, e por
isso, Seu toque nos purifica. O que Ele diz ao leproso é igualmente válido para nós: “Eu
quero, fica purificado” (Mt 8,3).
Na Antiga Aliança, os israelitas ofereciam sacrifícios para expiar os pecados, mas
agora, Cristo se tornou o sacrifício plenamente suficiente. Por Sua morte, Ele cumpriu
o que muitos milhões de oferendas do mundo antigo jamais puderam cumprir.
Vejamos a Epístola aos Hebreus: “De fato, se o sangue de bodes e touros e a cinza de
novilhas espalhada sobre os seres impuros os santificam, realizando a pureza ritual
dos corpos, quanto mais sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras
mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9,13-14). A morte e ressurreição de Cristo
marcam um sacrifício “de uma vez por todas”: “somos santificados pela oferenda do
corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas” (Hb 10,10).
A morte e ressurreição de Jesus aconteceram apenas uma vez na história, mas Ele quis
que todas as pessoas, das diversas épocas, participassem daquele sacrifício. E a forma
desejada por Deus é a Missa, que é em si, o sacrifício de Jesus Cristo. Ele não é “morto
de novo e de novo”, como alguns críticos reivindicam, mas Ele é oferecido
continuamente, numa oblação pura, desde o nascer até o pôr do sol.
O sacrifício de Cristo não anula o nosso, mas faz com que seja possível. Com efeito, foi
Jesus quem ordenou a Seus ministros sacerdotes para que participassem de Seu ato
sacrificial, pois foi Ele quem disse: “Fazei isto em memória de mim”. Os Seus Apóstolos,
como todos os sacerdotes católicos subsequentes, não submetiam a Jesus, mas antes,
O representam e participam de Seu sacerdócio.
Essa linguagem sacrifical aparece também nos escritos cristãos dos discípulos dos
Apóstolos. Um livro antigo, chamado Didaqué, repetidamente usa a palavra “sacrifício”
para descrever a Eucaristia: “E no dia do Senhor, reuni-vos para partir o pão e dar
graças, primeiramente confessando suas transgressões, para que o seu sacrifício seja
puro”. Santo Inácio de Antioquia, escrevendo apenas alguns anos depois da morte dos
Apóstolos, habitualmente se referia à Igreja como o “lugar do sacrifício”.
Agora a oferenda está no céu, exatamente onde João a viu, mas o céu toca a terra na
Missa. Os Padres da Igreja gostavam de citar o Profeta Isaías quando falavam sobre o
sacrifício Eucarístico e seu poder de apagar os nossos pecados: “Um dos serafins voou
para mim segurando, com uma tenaz, uma brasa tirada do altar. Com ela tocou meus
lábios dizendo: ‘Agora que isto tocou os teus lábios, tua culpa está sendo tirada; teu
pecado, perdoado” (Is 6,6-7). Para os primeiros cristãos, a “queima com carvão”
prefigurava o Santíssimo Sacramento, o Pão que desceu do altar de Deus para
purificar a Igreja em oração.
Pe. Samuel Bonilla, conhecido nas redes sociais como “Padre Sam”, respondeu às
preocupações que surgem no momento de receber a Comunhão.
“Posso recebê-la de pé, de joelhos, nas mãos, na boca, posso receber a comunhão
duas vezes?”, são dúvidas frequentes que o Padre Sam esclareceu em seu canal do
YouTube.
Como segundo ponto, o sacerdote disse que, “para receber a Eucaristia, devo estar
confessado e não ter cometido pecados graves”.
Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/qual-e-a-melhor-maneira-de-receber-a-
comunhao-86232
“A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos une ao Corpo
do Salvador e nos faz seus membros a fim de que nos transformemos naquilo que
recebemos”.
Jesus disse: “Permanecei em Mim e eu permanecerei em vós… porque sem Mim nada
podeis fazer” (João 15,5-6).
Foi exatamente para ser o “remédio e sustento de nossa vida” que Jesus instituiu a
Sagrada Eucaristia. Na noite em que Ele foi traído, foi a noite em que mais nos amou, e
deixou-nos esse Sacramento como meio de estar entre nós. “Eis que eu estou
convosco até o fim do mundo” (Mt 28,20).
Tais efeitos se verificam todas as vezes que a alma se apresenta em estado de graça à
refeição sagrada. São, como se vê, efeitos que não podem ser cedidos a outrem.
Se a sua mãe estiver no céu, é certo que ela intercede por você. A Igreja nos garante
que os santos “intercedem por nós sem cessar” (Or. Eucarística).
Se ela estiver no Purgatório, também intercede por você,
pois o nosso Catecismo, quando fala da “nossa comunhão com os falecidos” (n.958) diz
que: “Nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz
sua intercessão por nós”.
O Papa João Paulo II disse nos dias de finados de 1992 e 1994 que:
“Numa misteriosa troca de dons, eles [no purgatório] intercedem por nós e nós
oferecemos por eles a nossa oração de sufrágio” (L´Osservatore Romano de 08/11/92,
p. 11).
A presença do Senhor no Sacramento Eucarístico foi querida por Ele próprio, para
estar próximo ao homem e nutri-lo de Si mesmo, para permanecer na comunidade
eclesial. Por isto, a Fé nos pede que estejamos diante da Eucaristia sabendo que
estamos diante do próprio Cristo.
É a sua presença que dá às outras dimensões deste Sacramento: Baquete, Memorial
da Páscoa, antecipação escatológica um significado que vai além do puro simbolismo.
A Eucaristia é Mistério de Presença, por meio do qual se realiza de modo incomparável
a promessa de Jesus de estar conosco até o fim do mundo. É um sinal consolador do
amor, do poder e da divindade do nosso Divino Salvador. Ele quis entrar em união
íntima com os fiéis de cada geração e quis fazê-lo de um modo que satisfizesse a
nossa natureza de espírito encarnados (constituídos por corpo e alma).
<<A Igreja vive do Cristo Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia
é mistério de fé e, ao mesmo tempo, “mistério de luz”. Sempre que a Igreja a celebra,
os fiéis podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús:
“abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no” (Lc 24, 31). […] Ao pedido dos discípulos
de Emaús para que permanecesse “com eles”, Jesus respondeu com um dom muito
maior: mediante o Sacramento da Eucaristia achou um modo de permanecer “neles”.
Receber a profunda com Jesus “permanecei vós” (Jo 15, 4)>> (Ecclesia de Eucharistia, 6,
19).
Vemos que Biba, ao crescer, mudou nas suas características exteriores, ou “acidentes”,
ou “espécies” (cor, altura, etc…), mas sua substância permaneceu sempre a mesma: de
fato, Biba é sempre Biba, mesmo que o seu aspecto tenha mudado com o passar do
tempo.
Por isto são admitidos a receber a Eucaristia somente aqueles que têm fé e foram
batizados na Igreja Católica.
“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, o partiu e deu a eles,
dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. Em seguida, tomou o cálice, deu graças, o
entregou a eles e todos beberam. E Ele disse: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança
derramado por muitos” (Marcos 14, 22-24).
Na cultura de hoje, a ideia de progresso interior é drasticamente desvalorizada como
“desperdício de tempo” ou “coisa dos antigos e ingênuos”. Só o progresso exterior
parece palpável. Mas o progresso material permanece fora de nós: ele até nos oferece
alguns sentimentos positivos, mas é sempre efêmero e sem substância. Já o progresso
interior significa que você está se transformando e tornando-se melhor!
O tempo que você dedica à Adoração pode surpreendê-lo de muitas maneiras. Veja
aqui dez delas:
Então, o que você está esperando? Dedique um tempo à Adoração Eucarística e deixe
Deus transformar a sua vida!
Fonte: https://pt.aleteia.org/2019/11/04/10-coisas-que-acontecem-quando-voce-faz-
adoracao-com-frequencia/
29 Oração diante do Santíssimo
Sacramento
POR PROF. FELIPE AQUINO12 DE JULHO DE 2022ESPIRITUALIDADE
Vossas são estas palavras, oh, Jesus, verdade eterna, ainda que não foram ditas em
um mesmo tempo, nem escritas em um mesmo lugar. E, pois, são vossas e
verdadeiras, devo recebê-las todas com gratidão e fé viva.
São vossas, pois, vós as dissestes; e também são minhas, porque as dissestes para
minha salvação. Com alegria as recebo de vossa boca, para que sejam mais
profundamente gravadas em meu coração.
Animam-me palavras de tanta piedade, cheias de doçura e de amor; mas por outra
parte meus próprios pecados me atemorizam e minha consciência impura me afasta
de tão altos mistérios.
Como são doces e amáveis aos ouvidos do pecador estas palavras pelas quais vós,
Deus e Senhor meu, convidais ao pobre e ao mendigo à comunhão de vosso
santíssimo corpo!
Mas quem sou eu, Senhor, para ousar chegar-me a vós? “Vejo que os céus dos céus
não podem conter-vos” e dizeis: “Vinde todos a mim” (1 Rs 8,27).
De onde vem esta tão piedosa bondade, este tão amoroso convite? Como ousarei ir a
vós, eu que não sinto em mim nenhum bem que possa dar-me alguma confiança?
Como vos hospedarei em minha morada, eu que tantas vezes ofendi vossa
benigníssima presença? Os anjos e arcanjos vos adoram tremendo; os santos e justos
penetram-se de temor, e vós dizeis: “Vinde todos a mim!”.
Quem acreditaria nisto se vós, Senhor, não o dissésseis? Quem se atreveria a chegar a
vós, se vós mesmo não o mandásseis?
Noé, homem justo, trabalhou cem anos em fabricar uma arca para salvar-se nela com
poucas pessoas: pois como poderei eu em uma hora preparar-me para receber
dignamente ao Criador do mundo?
Moisés, vosso grande servo e especial amigo, fez uma arca de madeira incorruptível, e
a guarneceu de ouro puríssimo para nela pôr as tábuas da lei; e eu, vil criatura, ousarei
receber tão facilmente a vós, legislador supremo e autor da vida?
Salomão, o mais sábio dos reis de Israel, gastou sete anos em levantar um templo
magnífico à glória de vosso nome; celebrou, por espaço de oito dias, a festa de sua
dedicação; ofereceu mil hóstias pacíficas; e ao som de trombetas, no meio de santo
júbilo, colocou solenemente a arca da Aliança no lugar santo que lhe fora preparado.
E eu, infeliz e o mais pobre dos homens, como vos introduzirei em minha morada, eu
que sei apenas empregar devotamente meia hora? E oxalá que alguma vez
empregasse como devia menos tempo ainda.
Raras vezes estou de todo recolhido ou raríssimas vezes me vejo livre de toda a
distração.
Além disso, que distância infinita entre a Arca do Testamento com o que ela encerrava
e vosso puríssimo corpo com suas indescritíveis virtudes! Entre aqueles sacrifícios da
lei antiga, figura dos vindouros e o sacrifício verdadeiro de vosso corpo, complemento
de todos os sacrifícios antigos!
Por que não me inflamo mais em vossa adorável presença? Por que não me preparo
com maior cuidado para participar de vossos santos mistérios, ao ver que aqueles
antigos patriarcas e santos profetas, reis e príncipes, com todo o seu povo, mostraram
tanta devoção ao culto divino?
O devotíssimo rei Davi manifestou seus transportes de júbilo dançando diante da Arca
santa, lembrando-se dos benefícios concedidos outrora a seus pais. Fez diversos
instrumentos de música, compôs salmos e ordenou que cantassem com alegria, e,
animado do Espírito Santo muitas vezes ele mesmo os cantou ao som da sua harpa;
ensinou aos filhos de Israel a louvar a Deus de todo o coração, e bendizê-lo e celebrá-
lo todos os dias com afinadas vozes.
Muitos correm a diversos lugares para visitar as relíquias dos santos e se maravilham
de ouvirem contar as ações de sua vida; admiram a grandeza e a magnificência dos
templos edificados em sua honra e beijam seus ossos sagrados envoltos em ouro e
seda. E vós estais aqui presente, diante de mim, no altar, oh, Deus meu, vós, o Santo
dos santos, o Criador dos homens, o Rei dos anjos.
Mas aqui, no Sacramento do Altar, estais todo presente, meu Jesus, como Deus e
homem: e todas as vezes que vos recebemos digna e devotamente, nos encheis de
graças que nos fazem eternamente felizes.
E a este banquete sagrado não nos traz nenhuma leviandade, nem curiosidade ou
atrativo dos sentidos; senão a fé viva, a esperança devota e a caridade sincera.
Oh! Deus invisível, Criador do mundo, como sois admirável em tudo que obrais a
nosso favor! Com que bondade, com que ternura velais por vossos escolhidos, vos
dais a eles por alimento em vosso Sacramento de amor!
Tal é algumas vezes o poder desta graça e o fervor que ela inspira, que não só a alma,
senão ainda o corpo fraco sente ter recebido maiores forças.
Por isso devemos sentir e chorar amargamente nossa fraqueza e negligência, vendo o
pouco fervor com que recebemos a Jesus Cristo, que é toda a esperança e que faz
todo o merecimento dos seus escolhidos. Porque ele é nossa santificação e nosso
resgate; ele é a consolação dos viajantes na terra e o gozo eterno dos santos no céu.
Quanto não é, pois, para chorar ver o pouco caso que muitos fazem deste sagrado
mistério, que é a alegria do céu e a salvação do mundo?
Oh, cegueira! Oh, dureza do coração humano, que tão pouco atende a tão indescritível
dom, e pelo frequente uso de o receber faz dele menos apreç o!
Graças vos sejam dadas, bom Jesus, Pastor eterno, que em nosso degredo e pobreza
vos dignastes alimentar-nos com vosso corpo e precioso sangue; e também convidar-
nos com palavras de vossa própria boca e receber estes santos mistérios, dizendo:
“Vinde a mim todos os que vivem em trabalhos e estão oprimidos, e eu vos aliviarei”.
Onde quereis aprender a amá-lo senão lá, onde pôs todo o seu amor? Presença
preciosa, certamente, mas sobretudo presença necessária.
Ide, pois, à Eucaristia com a fome que é preciso ter quando se quer responder às
exigências da vida. Ter fome da Eucaristia é ter fome de Deus. E em troca dessa sua
misericordiosa disposição de habitar entre nós, Cristo não pede senão uma coisa: que
nos aproximemos dele a fim de nos podermos conformar sempre mais a ele e
prosseguir a sua obra. Quanto mais nos aplicarmos nisso, mais será necessário irmos
a ele.
31 Adoração Eucarística
POR PROF. FELIPE AQUINO7 DE JUNHO DE 2023DOUTRINA E TEOLOGIA
O que é Adoração Eucarística?
Na expressão “Adoração Eucarística”, a palavra “Adoração” é usada, de forma ampla,
para significar qualquer espécie de oração, qualquer espécie de união com Deus.
“Eucarística” significa rezando diretamente para Jesus presente na Eucaristia ou de
forma centrada n’Ele. Adoração Eucarística, então, é qualquer oração endereçada a ou
centrada em Jesus Cristo, presente na Eucaristia.
Por que fazer isto? Qual a importância da Adoração Eucarística, qual a importância de
rezar a Jesus na Eucaristia? Por um lado, muitas pessoas acham esta uma maneira
mais fácil de rezar, concentrando-se no Senhor, na presença de Jesus ali na Eucaristia.
Por outro lado, Jesus na Eucaristia está presente exatamente para vir até nós, para
estar unido a nós. Quando eu rezo a Jesus na Eucaristia, eu rezo a Ele, no que diz
respeito a mim, como por meu alimento espiritual, presente diante de mim para uma
união comigo, unindo-me a Ele de forma especial.
Jesus na Eucaristia é Jesus em Seu estado presente, não Jesus crucificado, mas Jesus
ressuscitado, glorificado, entre a Sua Ascensão ao Céu e Sua segunda vinda à Terra;
Jesus ressuscitado, presente para mim sob a aparência de pão. Sua presença é
gloriosa, Sua aparência é simbólica – símbolo do que Ele está fazendo ali na Eucaristia,
oferecendo-Se como meu alimento e força.
Senhor Jesus, obrigado pela Sua presença na Eucaristia, para mim, para meu
crescimento e sustento, e vigor, e encorajamento. Obrigado por amar-me tanto a
ponto de querer estar unido a mim, em união comigo, em comunhão comigo. Amém.
Nós podemos aplicar isto também à Adoração Eucarística. Exatamente como na Santa
Comunhão, eu consumo a Jesus, tomo-O, eu mesmo, dentro do meu coração – dentro
de todo o meu íntimo e não apenas no interior do meu corpo físico. Então, na
Adoração Eucarística, eu tomo a Jesus em meu coração, no meu íntimo, numa
comunhão espiritual, mesmo se eu não O consumir fisicamente. E, na Adoração
Eucarística, da mesma forma como eu consumo a Jesus espiritualmente, Ele também
me consome; não apenas Se dá a mim, mas leva o meu íntimo para dentro de Seu
coração, para dentro d’Ele Mesmo. Não somente faz com que eu O deseje; Ele me
quer. Não apenas faz com que eu O leve para dentro do meu coração; Ele também me
leva para dentro do Seu Coração Sagrado. Não apenas faz com que eu peça algo d’Ele;
Ele também pede algo de mim.
O que Ele pede de mim? Ele pede meu coração, meu íntimo, dados a Ele. E,
especialmente, pede que eu O encare seriamente como me amando, como desejando
que estejamos unidos, juntos, em comunhão, e tão felizes como estamos.
31Não deixe Jesus sozinho!
POR PROF. FELIPE AQUINO11 DE NOVEMBRO DE 2022ESPIRITUALIDADE
Uma das nossas maiores ingratidões para com Jesus é o abandono em que o
deixamos em muitos dos nossos sacrários.
A Igreja o chama de “prisioneiro dos sacrários”.
Jesus eucarístico é o “amor dos amores”. Ele faz continuamente este milagre para
poder cumprir a sua promessa:
“Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 20,20).
Diante do Senhor no Sacrário podemos repetir aquela oração reparadora que o Anjo,
em pessoa, ensinou às crianças em Fátima, nas aparições de Nossa Senhora, em 1917:
“Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos
ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus
Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios
e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos do seu
Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos
pobres pecadores.
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão pelos que não creem,
não adoram, não esperam e não Vos amam. Amém!”
A Igreja, desde o seu início, quis manter Jesus nos Sacrários da terra para alí ele ser
amado, louvado e derramar sobre nós as suas bênçãos, e poder ser levado aos
doentes.
Chiara Lubich disse certa vez que, enquanto houver a Eucaristia, o homem não
caminhará sozinho, e enquanto houver um sacrário, não haverá solidão.
Que grande riqueza a nossa, de podermos viver em um país católico, onde se pode
encontrar com facilidade uma igreja, com as suas portas abertas, guardando no seu
interior o Rei da Glória, que nos espera com as mãos cheias de graças!…
Retirado do livro: “Entrai pela Porta Estreita”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.
Afonso Albuquerque:
“Quando Jesus está presente corporalmente em nós, ao redor de nós, montam guarda
de amor os anjos”.
“É pelo preparo do aposento que se conhece o amor de quem acolhe o seu amado”.
“Não comungar seria o maior desprezo a Jesus que se sente “doente de amor” (Ct 2,4-
5)”.
“O Santíssimo Sacramento é fogo que nos inflama de modo que, retirando-o do altar,
espargimos tais chamas de amor que nos tornam terríveis ao inferno”.
“Não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os
outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele”.
“Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar
mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar”.
“A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de
cada dia”.
“Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do
Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na
hora da morte e durante a eternidade”.
“Os minutos que vêm depois da comunhão – dizia a santa – São os mais preciosos que
temos em nossa vida; os mais apropriados de nossa parte para entender-nos com
Deus e, da parte de Deus, para comunicar-nos o seu amor”.
“Quando o demônio não pode entrar com o pecado no santuário de uma alma, quer
pelo menos que ela fique vazia, sem dono e afastada da comunhão”.
Chiara Lubic:
“Enquanto existir a Eucaristia eu nunca estarei só. Enquanto existir um sacrário, não
terei solidão”.
*********************************************************
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 493 – Ano: 2003 – p. 330
Em síntese: A concessão da Santa Sé para os fiéis receberem a Santíssima Comunhão
na mão (e, por conseguinte, em pé) datada de 1975 deixava aos comungantes a
liberdade para aceitarem ou não o novo rito. Contudo alguns sacerdotes têm
obrigado os fiéis a receber a Santíssima Comunhão na mão (e em pé). Daí resultaram
queixas levadas à Congregação para o Culto Divino, que reiterou o caráter facultativo
da nova modalidade de comungar, mediante um documento de 2002, o qual vai, a
seguir, transcrito.
“Só mediante o respeito destas sábias condições poderemos aguardar os frutos que todos
desejam desta medida. A experiência da distribuição da Comunhão na mão, em vários
pontos do país, revelou pontos negativos, que deverão ser cuidadosamente eliminados.
Assim, alguns ministros deram na mão do fiel a hóstia já molhada no cálice, enquanto
outros, para ganhar tempo, colocaram na própria mão várias hóstias, fazendo-as
escorregar rapidamente, uma a uma, nas mãos dos fiéis, como quem distribui balas às
crianças”.
Vê-se que a Santa Sé enfatiza o máximo cuidado para que não haja profanação da
Santíssima Eucaristia nem ocorram irreverências. Entre outras diretrizes, merecem
especial atenção as seguintes: não se deve comungar andando, mas quem recebeu na
mão a partícula sagrada, afasta-se para o lado (a fim de deixar a pessoa seguinte
aproximar-se) e, parado, comungue. Cada comungante trate de verificar se não ficou
na palma na mão ou entre os dedos alguma parcela de pão consagrado (em caso
positivo, deve consumi-la).É lícito comungar duas vezes no mesmo dia se, em ambos
os casos, o fiel participa da S. Missa (cânon 917).
A Redação de PR recebeu do sr. José Hipólito de Moura Faria um artigo que defende a
postura ajoelhada em certos momentos da celebração eucarística. Vai, a seguir,
publicado em seus segmentos principais, com a gratidão de PR ao valioso colaborador.
Por outro lado, escreveu o Cardeal Ratzinger (hoje Papa Bento XVI), numa longa
resenha do livro The organic development of the liturgy, de D. Alcuin Reid. OSB: “O
arqueologismo e o pragmatismo pastoral – este último, aliás, é muitas vezes um
racionalismo pastoral são ambos errados. Poderiam ser descritos como um par de
gêmeos profanos. Os liturgistas da primeira geração eram, em sua maioria,
historiadores inclinados, conseqüentemente, ao arqueologismo. Queriam desenterrar
as formas mais antigas, em sua pureza original: viam os livros litúrgicos em uso, com
seus ritos, como expressão de proliferações históricas, fruto de mal-entendidos e
ignorância do passado. Buscavam reconstruir a Liturgia Romana mais antiga e limpá-la
de todos os acréscimos posteriores. Não era uma coisa totalmente errada; mas a
reforma litúrgica é de alguma forma algo diferente de uma escavação arqueológica, e
nem todos os desdobramentos de algo vivo devem ter a lógica de um critério
racionalista/historicista” (Apud 30 Dias nº 12, 2004, pp. 47ss) (…).
Tentando facilitar a compreensão dos leitores, esclareço que essa tentativa de volta
indiscriminada a todas as formas primitivas da liturgia equivaleria a comprimir os
ramos de um arbusto de mostarda para fazê-los reentrar na semente…
Afinal, houve ao longo da história da Igreja uma evolução teológica e dogmática, uma
evolução espiritual, uma evolução institucional também e só não iríamos admitir uma
evolução litúrgica?
Pois bem, propõem os citados especialistas que se deixe de usar o termo popular (e
técnico) “consagração”, a ser substituído pela expressão “narrativa da instituição” (e
aparentam ter um pouco de “compaixão” pelos que “ainda” usam o termo anterior…).
De fato, existe tal narrativa no momento culminante da celebração, mas existe algo
mais por trás dela! Qualquer cristão razoavelmente instruído compreenderá o alcance
da mudança terminológica: uma simples “narrativa” é algo que reporta o que Jesus
disse e fez no passado, ao instituir o Sacramento. Isso enfraquece, obviamente, a
“consagração”. Que se dá no aqui e agora da celebração; enfraquece a
“transubstanciação”, enfraquece a importância do ministro ordenado que, nesse
momento age, mais do que nunca, “in persona Christi” afinal, qualquer pessoa poderia
ler uma simples “narrativa da instituição” que evocasse o passado…
Assim, podemos ver as implicações teológicas daquilo que parece, à primeira vista,
uma inocente escolha de expressões mais adequadas. Tenham ou não consciência
disso os liturgistas que propõem a mudança, essa implicações existem.
Acontece que os termos “consagração” e “consagrar” não podem ser abandonados em
hipótese alguma. Deixemos de ouvir opiniões pessoais e escutemos o Magistério da
Igreja, em suas normas e na sua doutrina. A Instrução Geral do Missal Romano, por
exemplo, determina que “os fiéis se ajoelhem durante a consagração” (nº 43). E no nº
79, alínea c, explica: “…a epiclese, na qual a Igreja implora por meio de invocações
especiais a força do Espírito Santo, para que os dons oferecidos pelo ser humano
sejam consagrados, isto é, se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo”. Na alínea
seguinte, repete: “…a narrativa da Instituição é consagração, quando, pelas palavras e
ações de Cristo, se realiza o sacrifício que Ele instituiu na última Ceia” (79 d.).
Em conclusão
Declarar que o não ajoelhar-se durante a celebração eucarística denota uma
“compreensão mais profunda” do Sacramento é algo muito subjetivo, e deve ser
relativizado como uma auto-massagem nas próprias convicções. Prefiro julgar mais
profunda compreensão da Igreja, expressa em suas instruções, suas rubricas, seu
Magistério e sua doutrina. E, não podemos esquecer, também nos seus santos, como
Charles de Foucauld, que dizia: “adorar a Hóstia Santa deveria ser o centro da vida de
todo homem”.
Aconteceu que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na
cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia
consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração.
Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na
Eucaristia.
Todo católico deve participar dessa Procissão por ser a mais importante de todas que
acontecem durante o ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para
abençoar as pessoas, as famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo
costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes
ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo.
Mas, certa vez, no século VIII, na freguesia de Lanciano (Itália), um dos monges de São
Basílio foi tomado de grande descrença e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia.
Para seu espanto, e para benefício de toda a humanidade, na mesma hora a Hóstia
consagrada transformou-se em carne e o Vinho consagrado transformou-se em
sangue. Esse milagre tornou-se objeto de muitas pesquisas e estudos nos séculos
seguintes, mas o estudo mais sério foi feito em nossa era, entre 1970/71 e revelou ao
mundo resultados impressionantes:
Cada porção coagulada de sangue possui tamanhos diferentes, mas todas possuem
exatamente o mesmo peso, não importando se pesadas juntas, combinadas ou
separadas.
São Carne e Sangue humanos, ambos do grupo sanguíneo AB, raro na população do
mundo, mas característico de 95% dos judeus.
Mesmo com esse milagre, entre os séculos IX e XIII surgiram grandes controvérsias
sobre a presença real de Cristo na Eucaristia; alguns afirmavam que a ceia se tratava
apenas de um memorial que simbolizava a presença de Cristo. Foi somente em junho
de 1246 que a festa de Corpus Christi foi instituída, após vários apelos de Santa Juliana
que tinha visões que solicitavam a instituição de uma festa em honra ao Santíssimo
Sacramento. Em outubro de 1264 o papa Urbano IV estendeu a festa para toda a
Igreja. Nessa festa, o maior dos sacramentos deixados à Igreja mostra a sua realidade:
a Redenção.
A Eucaristia é o memorial sempre novo e sempre vivo dos sofrimentos de Jesus por
nós. Mesmo separando seu Corpo e seu Sangue, Jesus se conserva por inteiro em cada
uma das espécies. É pela Eucaristia, especialmente pelo Pão, sinal do alimento que
fortifica a alma, que tomamos parte na vida divina, nos unindo a Jesus e, por Ele, ao
Pai, no amor do Espírito Santo. Essa antecipação da vida divina aqui na terra mostra-
nos claramente a vida que receberemos no Céu, quando nos for apresentado, sem
véus, o banquete da eternidade.
O centro da missa será sempre a Eucaristia e, por ela, o melhor e o mais eficaz meio
de participação no divino ofício. Aumentando a nossa devoção ao Corpo e Sangue de
Jesus, como ele próprio estabeleceu, alcançaremos mais facilmente os frutos da
Redenção!
No final do século XIII surgiu em Lieja, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro
foi a Abadia de Cornillon fundada em 1124 pelo Bispo Albero de Lieja. Este
movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como por exemplo, a
exposição e bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação
na Missa e a festa do Corpus Christi.
Santa Juliana de Mont Cornillon, priora da Abadia, foi escolhida, por Deus para criar
esta Festa. A santa desde jovem teve uma grande veneração ao Santíssimo
Sacramento. Esperava que algum dia tivesse uma festa especial ao Sacramento da
Eucaristia. Este desejo, conforme a tradição foi intensificado por uma visão que teve
da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significava a
ausência dessa solenidade.
Juliana comunicou esta imagem a Dom Roberto de Thorete, bispo de Lieja, também ao
douto Dominico Hugh, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos e Jacques
Pantaleón, mais tarde o Papa Urbano IV. A festa mundial de Corpus Christi foi
decretada em 1264, 6 anos após a morte de irmã Juliana em 1258, com 66 anos. Santa
Juliana de Mont Cornillon foi canonizada em 1599 pelo Papa Clemente VIII.
Dom Roberto não viveu para ver a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de
outubro de 1246, mas a festa foi celebrada pela primeira vez no ano seguinte, na
quinta-feira após à festa da Santíssima Trindade. Mais tarde um bispo alemão
conheceu os costumes e o levou por toda atual Alemanha.
Milagre de Bolsena
Certa vez, quando o padre Pedro de Praga, celebrou uma Missa na cripta de Santa
Cristina, em Bolsena, Itália, aconteceu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada
começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Alguns dizem
que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na
Eucaristia.
Em 1317 é promulgada uma recopilação de leis, por João XXII, e assim a festa é
estendida a toda a Igreja. Na diocese de Colônia na Alemanha, a festa de Corpus
Christi é celebrada antes de 1270.
Procissão
Na paróquia de Saint Martin em Liège, em 1230, quando começou as homenagens ao
Santíssimo Sacramento a procissão eucarística acontecia só dentro da igreja. Em 1247,
aconteceu a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, já como festa da
diocese. Depois se tornou festa nacional na Bélgica.
Todo católico deve participar dessa Procissão por ser a mais importante de todas que
acontecem durante o ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para
abençoar as pessoas, as famílias e a cidade.
Utilizando diversos tipos de materiais, como serragem colorida, borra de café, farinha,
areia e alguns pequenos acessórios, como tampinhas de garrafas, flores e folhas, as
pessoas montam, com grande arte, um tapete pelas ruas, formando desenhos
relacionados ao Santíssimo.
Por este tapete passa a procissão, o sacerdote vai á frente carregando o ostensório e
em seguida pelas pessoas que participam da festa. Tudo isto tem muito sentido e deve
ser preservado.
O barroco enriqueceu esta festa com todas as suas características de pompa. Em todo
o Brasil esta festa adquiriu contornos do barroco português. Corpus Christi é
celebrado desde a época colonial com uma abundância de cores. A tradição de
enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais.
E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue, o qual
somente a eles deu a participar… No dia que se chama do Sol (domingo) celebra-se
uma reunião dos que moram nas cidades e nos campos e ali se leem, quanto o tempo
permite, as Memórias dos Apóstolos ou os escritos dos profetas. Assim que o leitor
termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos tais belos
exemplos. Erguemo-nos, então, e elevamos em conjunto as nossas preces, após as
quais se oferecem pão, vinho e água, como já dissemos. O presidente também, na
medida de sua capacidade, faz elevar a Deus suas preces e ações de graças,
respondendo todo o povo “Amém”. Segue-se a distribuição a cada um, dos alimentos
consagrados pela ação de graças, e seu envio aos doentes, por meio dos diáconos. Os
que têm, e querem, dão o que lhes parece, conforme sua livre determinação, sendo a
coleta entregue ao presidente, que assim auxilia os órfãos e viúvas, os enfermos, os
pobres, os encarcerados, os forasteiros, constituindo-se, numa palavra, o provedor de
quantos se acham em necessidade” (Apologias).
Logo que se tenha tornado bispo, ofereçam-lhe todos o ósculo da paz, saudando-o por
ter se tornado digno. Apresentem-lhe os diáconos a oblação e ele, impondo as mãos
sobre ela, dando graças com todo o presbiterium, diga: O Senhor esteja convosco.
Respondam todos: E com o teu espírito. “Corações ao alto!” Já os oferecemos ao
Senhor. “Demos graças ao Senhor”. É digno e justo. E prossiga a seguir: Graças te
damos, Deus, pelo teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos últimos tempos nos
enviastes, Salvador e Redentor, mensageiro da tua vontade, que é o teu Verbo
inseparável, por meio do qual fizestes todas as coisas e que, porque foi do teu agrado,
enviaste do Céu ao seio de uma Virgem; que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou-
se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a tua vontade – e
obtendo para ti um povo santo – ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do
sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária Paixão
para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar os poderes
do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a Ressurreição, tomou o
pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu Corpo que por vós será
destruído; tomou, igualmente, o cálice, dizendo: Este é o meu Sangue, que por vós
será derramado. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória. Por isso, nós que
nos lembramos de sua morte e Ressurreição, oferecemos-te o pão e o cálice, dando-te
graças porque nos considerastes dignos de estar diante de ti e de servir-te. E te
pedimos que envies o Espírito Santo à Oblação da santa Igreja: reunindo em um só
rebanho todos os fiéis que recebemos a Eucaristia na plenitude do Espírito Santo para
o fortalecimento da nossa fé na verdade, concede que te louvemos e glorifiquemos,
pelo teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória e a honra – ao Pai e ao Filho, com o
Espírito Santo na tua santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém. (Tradição
Apostólica)
Nota: A Tradição da Igreja nos mostra que os primeiros cristãos que na celebração da
Eucaristia, torna-se presente a própria oblação de Cristo ao Pai feita no Calvário. É
importantíssimo entender que não se trata de uma repetição ou multiplicação do
sacrifício do Calvário, pois Jesus se imolou uma vez por todas (Hb 4, 14; 7, 27; 9, 12.25s.
28; 10, 12.14). A Ceia torna presente através dos tempos o único sacrifício de Cristo,
para que possamos participar dele e sermos salvos. O corpo e o sangue de Jesus estão
presentes na Eucaristia não de qualquer modo, mas como vítima; pois estão corpo e
sangue separados sobre o altar, como no sacrifício da vítimas do Sinai que selou a
Antiga Aliança (Ex 24,6-8). Assim diziam os santos Padres: S. João Crisóstomo, bispo de
Constantinopla (?403): “Sacrificamos todos os dias fazendo memória da morte de
Cristo” (In Hebr 17,3).
Ouça também: Como viviam os primeiros cristãos?
O início do Cristianismo em Roma
O Sacramento da Eucaristia
Teodoreto de Ciro (?460)
“É manifesto que não oferecemos outros sacrifícios
senão Cristo, mas fazemos aquela única e salutífera comemoração” (In Hebr. 8,4). S.
Leão Magno (400-461), Papa e doutor da Igreja: “Talvez digas: é meu pão de cada dia.
Mas este pão é pão antes das palavras sacramentais; desde que sobrevenha a
consagração, a partir do pão se faz a carne de Cristo. Passemos então provar esta
verdade. Como pode aquilo que é pão ser corpo de Cristo? Com que termos então se
faz a consagração e com as palavras de quem? Do Senhor Jesus. Efetivamente tudo o
que foi dito antes é dito pelo sacerdote… Quando se chega a produzir o venerável
sacramento, o Sacerdote já não usa suas próprias palavras, mas serve-se das palavras
de Cristo. É, pois, a palavra de Cristo que produz este sacramento. Qual é esta palavra
de Cristo? É aquela pela qual todas as coisas foram feitas. O Senhor deu ordem e se
fez o céu. O Senhor deu ordem e se fez a terra. O Senhor deu ordem e se fez os mares.
O Senhor deu ordem e todas as criaturas foram geradas. Percebes, pois, quanto é
eficaz a palavra de Cristo. Se, pois, existe tamanha força na Palavra do Senhor Jesus, a
ponto de começarem as coisas que não existiam, quanto mais eficaz não deve ser
para que continuem a existir as que eram, e sejam mudadas em outra coisa? Assim,
pois, para dar-te uma resposta, antes da consagração não era o corpo de Cristo, mas
após a consagração, posso afirmar-te que já é o corpo de Cristo. Não é, pois, sem
motivo que tu dizes: Amém, reconhecendo já, em espírito, que recebes o corpo de
Cristo. Quando te apresentas para pedi-lo, o sacerdote te diz: “Corpo de Cristo”. E tu
responde: Amém, quer dizer, É verdade. Aquilo que a língua confesse, conserve-o o
afeto. No entanto, para saberes: é este o sacramento, precedido pela figura” (Os
Sacramentos e os Mistérios, Lv 4, 4-6, Ed. Vozes, p. 50-55).
O Bispo Sheen respondeu que sua maior inspiração não foi um Papa, um Cardeal, ou
outro Bispo, sequer um sacerdote ou freira. Foi uma menina chinesa de onze anos de
idade.
Este ato de martírio heroico foi presenciado pelo sacerdote enquanto, profundamente
abatido, olhava da janela de seu quarto convertido em cela.
Quando o Bispo Sheen escutou o relato, inspirou-se de tal maneira que prometeu a
Deus que faria uma hora santa de oração diante de Jesus Sacramentado todos os dias,
pelo resto de sua vida. Se aquela pequena pôde dar testemunho com sua vida da real
e bela Presença do seu Salvador no Santíssimo Sacramento então, o bispo via-se
obrigado ao mesmo. Seu único desejo desde então seria atrair o mundo ao Coração
ardente de Jesus no Santíssimo Sacramento.
A pequena ensinou ao Bispo o verdadeiro valor e zelo que se deve ter pela Eucaristia;
como a fé pode sobrepor-se a todo medo e como o verdadeiro amor a Jesus na
Eucaristia deve transcender a própria vida.
Uma sugestão…
ORAÇÃO PARA ANTES DA COMUNHÃO – São Tomás de Aquino
Ó DEUS eterno e todo poderoso, eis que me aproximo do Sacramento de Vosso Filho
único, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade, pobre e
indigente, ao Senhor do Céu e da terra.
Imploro pois a abundância de Vossa imensa liberalidade para que Vos digneis curar
minha fraqueza, lavar minhas manchas, iluminar minha cegueira, enriquecer minha
pobreza, e vestir minha nudez.
Que eu receba o Pão dos Anjos, o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores, com o
respeito e a humildade, a pureza e a fé, o propósito e a intenção que convém à
salvação de minha alma.
Ó Deus de mansidão, dai-me acolher com tais disposições o corpo que Vosso Filho
único, Nosso Senhor JESUS CRISTO, recebeu da Virgem Maria, que eu seja incorporado
a Seu corpo místico e contado entre seus membros.
Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo agora o Vosso Filho sob o véu do
sacramento, possa na eternidade contemplá-lo face a face. Ele que Convosco vive e
reina na unidade do ESPIRITO SANTO. Amém.
Defenda-me eficazmente contra as ciladas dos inimigos, tanto visíveis como invisíveis.
E peço que Vos digneis conduzir-me, a mim pecador, a aquele inefável convívio em
que Vós com o Vosso FILHO e o ESPÍRITO SANTO, Sois para os Vossos Santos a luz
verdadeira, a plena saciedade e a eterna alegria, a ventura completa e a felicidade
perfeita.
[7.] Não é estranho que os abusos tenham sua origem em um falso conceito de
liberdade. Posto que Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade
para fazer o que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é
digno e justo. [Cf. João Paulo II, Carta Encíclica, Veritatis splendor – VE, n. 35]. Isto é
válido não só para os preceitos que provém diretamente de Deus, mas sim também,
de acordo com a valorização conveniente de cada norma, para as leis promulgadas
pela Igreja. Por isso, todos devem se ajustar às disposições estabelecidas pela legítima
autoridade eclesiástica.
[11.] O Mistério da Eucaristia é demasiado grande «para que alguém possa permitir
tratá-lo ao seu arbítrio pessoal, pois não respeitaria nem seu caráter sagrado, nem sua
dimensão universal»[EE,52]. Quem age contra isto, cedendo às suas próprias
inspirações, embora seja sacerdote, atenta contra a unidade substancial do Rito
romano, que se deve cuidar com decisão [SC nn. 4, 38], e realiza ações que, de
nenhum modo, correspondem com a fome e a sede do Deus Vivo, que o povo de
nossos tempos experimenta, nem a um autêntico zelo pastoral, nem serve à adequada
renovação litúrgica, mas sim defrauda o patrimônio e a herança dos fiéis com atos
arbitrários que não beneficiam a verdadeira renovação [Cf. João Paulo II, Ecclesia in
Europa, n. 72], e sim lesionam o verdadeiro direito dos fiéis à ação litúrgica, à
expressão da vida da Igreja, de acordo com sua tradição e disciplina. Além disso,
introduzem na mesma celebração da Eucaristia elementos de discórdia e de
deformação, quando ela tem, por sua própria natureza e de forma eminente, de
significar e de realizar admiravelmente a Comunhão com a vida divina e a unidade do
povo de Deus [EE,23]. Estes atos arbitrários causam incerteza na doutrina, dúvida e
escândalo para o povo de Deus e, quase inevitavelmente, uma violenta repugnância
que confunde e aflige com força a muitos fiéis em nossos tempos, em que
freqüentemente a vida cristã sofre o ambiente, muito difícil, da «secularização» [ID].
[12.] Por outra parte, todos os fiéis cristãos gozam do direito de celebrar uma liturgia
verdadeira, especialmente a celebração da santa Missa, que seja tal como a Igreja tem
querido e estabelecido, como está prescrito nos livros litúrgicos e nas outras leis e
normas. Além disso, o povo católico tem direito a que se celebre por ele, de forma
íntegra, o santo Sacrifício da Missa, conforme toda a essência do Magistério da Igreja.
Finalmente, a comunidade católica tem direito a que de tal modo se realize para ela a
celebração da Santíssima Eucaristia, que apareça verdadeiramente como sacramento
de unidade, excluindo absolutamente todos os defeitos e gestos que possam
manifestar divisões e facções na Igreja [1 Cor 11, 17-34; EE [33].
[13.] Todas as normas e recomendações expostas nesta Instrução, de diversas
maneiras, estão em conexão com o ofício da Igreja, a quem corresponde velar pela
adequada e digna celebração deste grande mistério. Dos diversos graus com que cada
uma das normas se unem com a norma suprema de todo o direito eclesiástico, que o
cuidado para a salvação das almas, trata o último capítulo da presente Instrução
[18.] Os fiéis têm direito a que a autoridade eclesiástica regule a sagrada Liturgia de
forma plena e eficaz, para que nunca seja considerada a liturgia como «propriedade
privada, nem do celebrante, nem da comunidade em que se celebram os Mistérios»
[EE n. 52].
O pão, formando por muitos grãos de trigo, e o vinho, feito com muitos bagos de uva,
encerram também um sentido de união: tornam-se pão os grãos moídos, tornam-se
vinho os bagos esmagados graças à união, unificação. Tudo isto indica que também
nós, que participamos do Banquete Eucarístico, por mias numerosos que sejamos,
devemos nos tornar um só pão, um só vinho, quer dizer, devemos formar, unidos em
Cristo, um só corpo, como nos diz São Paulo: <<Uma vez que há um só pão, nós
embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do
mesmo pão>> (1 Cor 10, 17). A Doutrina dos Doze Apóstolos (“Didaqué”), um livro
composto por volta do ano 100, traz em uma de suas orações esta afirmação: <<Como
este pão repartido estava espalhado pelas colinas e colhido tornou-se uma só coisa,
assim a tua Igreja desde os confins da terra seja reunida no teu Reino>> (IX, 4).
E mais, o pão e vinho indicam a fadiga humana, o trabalho quotidiano de quem cultiva
a terra, colhe as espigas e os cachos de uva e os transforma em pão e vinho. Estes
alimentos simbolizam todos os vários trabalhos que os homens realizam para
satisfazer suas exigências pessoais, familiares, sociais. Todo o trabalho humano é
santificado deste modo.
Deus realiza o seu mistério de comunhão com os himens
escondendo-se sob as espécies consagradas do pão e do vinho, que, sendo frutos da
terra e do trabalho do homem, evidenciam a colaboração harmoniosa do homem com
a Criação e, ao mesmo tempo, antecipam os Novos Céus e a Nova Terra que Deus, em
Cristo realizará no fim do mundo. Desse modo a Criação demonstra que aspira, para
além de si mesma, a algo maior…
Assista também: Por que na missa só comungamos a hóstia e não bebemos o vinho
consagrado?
Por que usam pão e vinho no Banquete Eucarístico?
Usam-se pão e vinho porque assim o fez Jesus na Última Ceia, na Quinta Feira Santa, e
a Igreja não pode mudar esta decisão de Cristo. Respeita-a desde há dois mil anos e a
respeitará até o fim do mundo.
Segundo o jornalista italiano Sandro Magister, Bento XVI providenciou para que os
escritos fossem publicados após sua morte.
Bento XVI descreveu outra ocasião, logo após a reunificação da Alemanha, quando um
ato eucarístico, beber do cálice, foi usado “como um ato essencialmente político no
qual se manifestou a unidade de todos os alemães”.
“Pensando nisso, ainda hoje sinto de novo com grande força o estranhamento da fé
que veio disso. E quando os presidentes da República Federal da Alemanha, que ao
mesmo tempo eram presidentes dos sínodos de sua Igreja, clamaram regularmente
em voz alta pela Comunhão eucarística interconfessional, vejo como a demanda por
um pão e cálice comuns pode servir a outros propósitos”, disse.
Bento XVI também notou um crescente apoio, a partir da exegese protestante, à
opinião de que as refeições de Jesus com os pecadores prepararam o caminho para a
Última Ceia, na qual ele instituiu a Eucaristia.
Argumenta-se que a Última Ceia, então, só é entendida com base nas outras refeições
de Jesus no Novo Testamento, “mas não é assim”, disse o papa alemão.
“A oferta do corpo e do sangue de Jesus Cristo não tem relação direta com as refeições
com os pecadores”, disse Bento XVI, acrescentando que “Jesus celebrou a Páscoa com
sua família, ou seja, com os apóstolos, que se tornaram a sua nova família.”
“Assim, ele cumpriu um preceito segundo o qual os peregrinos que iam a Jerusalém
poderiam se reunir em grupos chamados ‘chaburot’. Os cristãos continuaram essa
tradição. Eles são sua ‘chaburah’, sua família, que ele formou a partir de sua
companhia de peregrinos que percorrem com ele a estrada do Evangelho através da
terra da história”, disse Bento XVI.
Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/bento-xvi-descreve-protestantizacao-da-
eucaristia-em-publicacao-postuma-51596
44 O sacramento da Eucaristia e os
casados em segunda união
POR PROF. FELIPE AQUINO30 DE JANEIRO DE 2023RELACIONAMENTOS
É
mansa e pacífica entre os bispos a interpretação da Familiaris Consortio no sentido
de que os divorciados não podem receber a Sagrada Eucaristia.
De fato, a exortação apostólica de João Paulo II é claríssima: “A Igreja (…) reafirma sua
práxis, fundamentada na sagrada escritura, de não admitir à comunhão eucarística os
divorciados que contraíram nova união” (n. 84d). O código canônico também
determina essa proibição (cânon 915).
O direito eclesial prescreve que todo fiel tem a obrigação
de receber a sagrada comunhão ao menos uma vez por ano, preferencialmente no
tempo pascal (cânon 920). Note-se que a lei na Igreja tem cunho preponderantemente
pastoral. Assim, o direito canônico não é um jugo a mais nos ombros do indivíduo;
pelo contrário, as normas jurídicas visam a libertar o fiel de uma vivência malsã da
religião. Desta feita, ninguém dirá que fulano é um mau católico, porque vai à missa
todo domingo, mas comunga apenas uma vez por ano! O dever jurídico é a comunhão
anual, por ocasião da Páscoa. Neste aspecto, penso eu, já se vislumbra o alvorecer de
uma esperança enorme para os casados em segunda união, com a majoração do
tempo para a tomada de algumas providências, como, por exemplo, a consulta a um
tribunal eclesiástico.
Leia também: A pessoa divorciada mas que vive uma vida casta pode comungar ou
não?
Esta é a posição definitiva do Papa sobre comunhão para divorciados em nova união
Segunda União (Parte 1)
Segunda União (Parte 2)
Quero, entretanto, deixar bem claro que, em não havendo obstáculo, todo fiel tem o
direito de comungar nas missas dominicais, ou cotidianamente. É mesmo salutar que
o faça, contanto que regularmente compareça ao confessionário. O sacramento da
eucaristia é sem dúvida o maior dom que Deus nos ofertou. Por outro lado, é
imperioso que não se caia numa vivência supersticiosa da religião, o que sucederia se
acreditássemos que quanto mais vezes sicrano comungar mais santo ele será ou mais
protegido ele estará.