Capítulo 3 - Componentes Dos Sistemas de Transporte

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TRANSPORTES E LOGÍSTICA

CAPÍTULO 3 – COMPONENTES DOS SISTEMAS DE


TRANSPORTES

3.1 – Tecnologias de Transporte

Como já foi dito, a função dos sistemas de transporte é permitir que pessoas e bens se
movimentem. Uma série de tecnologias (conjunto de conhecimentos que se aplicam a um
determinado ramo de atividade), que permitem deslocamentos mais rápidos sobre
distâncias mais longas, foram desenvolvidas ao longo do tempo pela espécie humana.
Chamando as pessoas ou bens sendo transportados por um modo qualquer de objeto do
transporte, pode-se enumerar os requisitos de uma tecnologia de transportes;

1. Dar mobilidade ao objeto, isto é, permitir sua movimentação de um ponto a outro;


2. Controlar o deslocamento e a trajetória do objeto através da aplicação de forças de
aceleração, desaceleração e direção; e
3. Proteger o objeto de deterioração ou dano que possa ser causado pela sua
movimentação.

A mais simples das tecnologias de transporte é o transporte a pé, que se baseia na


habilidade natural dos seres humanos em se locomoveram e na sua capacidade de
transportar pequenas cargas, nos seus braços ou em sacolas, mochilas, etc. para aumentar a
velocidade de transporte, o ser humano pode correr e para se locomover num meio líquido
ele tem que nadar (o que pode não ser tão simples se a pessoa estiver transportando um
objeto). A capacidade dos seres humanos se movimentarem no solo e na água são formas
naturais de transporte. Os animais, além de andar, correr e nadar, são capazes de voar.
Pode-se desenvolver tecnologias de transporte baseadas nesta capacidade de locomoção
natural dos animais. A natureza é capaz de transportar objetos, seja através do vento, da
água (com objetos flutuando ou imersos) ou da forma da gravidade (partículas rolando
num declive).

Dada a pequena capacidade de transporte das formas naturais de locomoção e dado o


pequeno nível de conforto que elas proporcionam, um grande número de tecnologias de
transporte foi desenvolvido ao longo do curso da história, quase todas baseadas num
refinamento de processos naturais. Por exemplo, animais são usados para transporte de
cargas e pessoas desde tempos imemoriais. Ou ainda, toras são transportadas através de um
curso d’água. No primeiro caso, a tecnologia de transporte é baseada na capacidade natural
dos animais de se locomoveram e no segundo, na capacidade de fluxos de água arrastarem
consigo objetos.

Apesar do grande número de processos naturais de transporte na natureza, eles não são
suficientes para as necessidades da sociedade moderna. Desta forma, a maior parte das
tecnologias de transporte utilizadas atualmente foi criada pelo homem, ainda que todas elas

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se baseiem em formas naturais de transporte. A Tabela 3.1 dá alguns exemplos de
tecnologias correntes de transporte.

Tabela 3.1 – Tecnologias de Transporte

Formas naturais de movimento


• Pessoas ou animais transportando objetos, com severas restrições de capacidade e velocidade

Técnicas desenvolvidas pelo homem


• Veículos com rodas ou esteiras que se deslocam sobre a superfície da terra: carro, caminhão, trem, trator de
esteiras
• Veículos que flutuam no meio (ar ou água): navios, submarinos, dirigíveis
• Veículos que geral sustentação aero ou hidrodinâmica: aviões, helicópteros, aerobarcos
• Veículos que se movem sobre solo ou água sustentados por um colcha de ar: hovercraft
• Veículos que movem sobre vias especiais através de levitação magnética: trem maglev
• Veículos espaciais: naves e satélites artificiais movidos por foguetes
• Vias que dão mobilidade e controle ao próprio objeto ou sua embalagem: dutovias, esteiras transportadoras,
teleféricos, elevadores

Entre as várias tecnologias disponíveis, talvez as mais difundidas sejam os veículos


terrestres, que substituem os animais no transporte de pessoas e cargas. Eles possuem rodas
ou esteiras que dão-lhes mobilidade, um corpo que contém e protege a carga e um sistema
de propulsão que controla o seu movimento. Ainda que alguns destes veículos possam se
locomover em qualquer tipo de terreno (caso possuam esteiras), a maioria deles trafega por
caminhos previamente preparados (vias) que possuem uma superfície regular e resistente.
O uso de vias (rodovias e ferrovias) reduz a potência requerida para a movimentação do
veículo, aumenta sua capacidade de carga e diminui os danos que podem ser causados à
carga pelo transporte. Este fato levou ao desenvolvimento de rodovias e ferrovias, que são
vias preparadas para uso de certos tipos de veículos.

A forma mais comum de propulsão de veículos terrestres equipados com rodas consiste em
aplicar uma força de rotação às rodas, com o atrito solo-roda produzindo uma força de
reação correspondente. A trajetória dos veículos pode ser controlada através de forças de
atrito, no caso de veículos rodoviários, e de forças de reação dos trilhos contra as rodas, no
caso de veículos ferroviários.

Mais recentemente, outras tecnologias para transporte terrestre foram desenvolvidas. Essas
tecnologias incluem aqueles veículos que geram mobilidade através da criação de um
colchão de ar sob o veículo, com pressão suficiente para elevá-lo acima da trajetória
desejada. Nos “hovercrafts”, a tração e a direção do veículo são obtidas através de hélices e
lemes direcionais. Outros veículos usam levitação magnética para este fim. No caso de
veículos que trafegam sobre vias especiais, a propulsão é obtida através de motores
elétricos de indução linear e o veículo é guiado por forças magnéticas da via sobre o
veículo (por exemplo o trem MAGLEV).

As tecnologias para transporte em fluidos (ar e água) incluem aeronaves, dirigíveis, navios,
submarinos, aerobarcos, etc. Os veículos são mantidos no nível apropriado para a sua
locomoção devido a sua flutuabilidade (por exemplo, barcos, navios, submarinos,

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dirigíveis e aerobarcos em baixas velocidades) ou sustentação resultante do escoamento de
fluido sobre um aerofólio (em aviões) ou hidrofólio (aerobarcos em altas velocidades).

Em algumas situações particulares, utilizam-se veículos que deslizam sobre a via, devido
às características do material que a compõe. Este é o caso de plataformas industriais que se
deslocam sobre superfícies engraxadas ou com roletes e de trenós que se movem sobre
gelo ou neve. As formas de tração e direção destes veículos são bem variadas.

Um exemplo curioso de tecnologia de transporte é o de objetos que podem ser rolados ou


arrastados sobre a superfície da terra ou que podem flutuar e ser arrastados pela correnteza
de um rio. Estes objetos devem ser tais que o processo de transporte não os danifique
irremediavelmente, como é o caso de toras de madeira.

O andar de pessoas e animais é semelhante ao transporte veicular, no que tange à


necessidade de vias apropriadas ao seu deslocamento. Caminhos que têm superfície
regularizada, nivelada e livre de obstáculos existem desde os primórdios da humanidade.

Os meios naturais de transporte de líquidos e gases foram também adaptados às


necessidades de transporte dos seres humanos. O problema principal destas tecnologias é
que as trajetórias naturais nem sempre coincidem com as rotas de transporte desejadas. A
construção de canais e dutovias permite fazer com que o movimento dos fluidos se dê ao
longo da rota projetada. A locomoção do objeto (que no caso se confunde com o próprio
veículo) processa-se através do efeito da força da gravidade. Nos trechos onde não se pode
usar a força da gravidade para a movimentação do objeto, usam-se estações de
bombeamento. Estas tecnologias usam condutos para conduzir líquidos (aquedutos,
oleodutos, sistemas de abastecimento de água, etc), gases (gasodutos, sistemas de
distribuição de gás encanado) ou sólidos imersos em fluidos (“mineriodutos”, que
transportam uma mistura de minério e água, e tubos pneumáticos usados para o transporte
de grãos).

Existe ainda uma forma híbrida de transporte, que se situa entre o movimento discreto de
objetos em veículos e o movimento contínuo de gases e líquidos em dutos, onde a
mobilidade e a locomoção são fornecidas por um equipamento fixo que possui uma
superfície ou compartimento de carga móvel. As esteiras transportadoras, os teleféricos e
os elevadores são exemplos desta tecnologia.

3.2 – Componentes Funcionais dos Sistemas de Transporte

Um sistema de transporte possibilita que um objeto seja movimentado de um local para


outro ao longo de uma trajetória, por meio de uma tecnologia, como as descrita no item
3.1. Neste contexto, objeto do transporte é pessoas ou cargas (que podem incluir seres
vivos) e a trajetória é o conjunto de pontos no espaço ao longo dos quais se deseja mover o
objeto. Os componentes funcionais dos sistemas de transporte são:

veículos: o componente usado para movimentar pessoas e cargas de um local para outro,
por exemplo, carros, navios, trens, etc.;

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vias: as conexões que unem dois ou mais pontos, por exemplo, estradas, hidrovias,
aerovias, canalizações, etc.;

terminais: os pontos onde as viagens se iniciam e terminam, como por exemplo,


aeroportos, portos, terminais de ônibus, estacionamentos, etc.; e

plano de operações: o conjunto de procedimentos usados para se obter um funcionamento


adequado e eficaz do sistema de transportes.

Além destes componentes, certos autores ainda apontam três outros: os dispositivos de
unitização de cargas, as interseções e a força de trabalho [Widmer, 1987, Khisty, 1990].

Os veículos são utilizados, na maioria das tecnologias, para dar mobilidade ao objeto sendo
transportado ao longo da via. O veículo tem também a função de proteger o objeto sendo
transportado. O veículo pode incorporar um sistema de tração e direção interno (como num
carro ou caminhão) ou possuir um sistema de tração externo (locomotiva rebocando um
comboio de vagões ou um rebocador empurrando um comboio de chatas). A Tabela 3.2 dá
exemplos de veículos para várias tecnologias diferentes.

Tabela 3.2 – Exemplos de veículos usados em sistemas de transporte [Widmer, 1987, pág. 6]

Tipo Veículos
Terrestres carro, caminhão, cavalo-mecânico, reboque, locomotiva, vagão, trator, tanque de guerra,
hovercraft, etc
Hidroviários navio, barco, rebocador, chata, aerobarco, hovercraft, submarino, etc
Aéreos dirigível, avião, helicóptero, foguete

Para melhorar a eficiência de um sistema de transportes, muitas vezes são utilizados


dispositivos de unitização de cargas, cujas funções são muito próximas daquelas dos
veículos, ou seja, conter e proteger os objetos sendo transportados. Um dispositivo de
unitização de carga, entretanto, não possui capacidade de locomoção nem mobilidade,
necessitando ser transportado em um veículo ou em uma via móvel. Entre os dispositivos
de unitização de cargas mais comuns estão os paletes, estrados de carga feito de madeira,
metal ou outros materiais, aos quais a carga é fixada, e os contêineres, caixas fechadas de
metal, fibra, de metal e lona ou de qualquer outro material adequado, dentro dos quais a
carga é colocada. Os paletes e os contêineres são construídos com dimensões tais que a
ocupação dos veículos é otimizada, o que pode não acontecer quando se carrega carga solta
de dimensões e formas variadas.

As vias são projetadas e construídas em função das características dos veículos que as
utilizam. Os veículos terrestres requerem uma superfície regular e resistente, para que eles
possam desenvolver velocidades altas com um mínimo de dano à carga. Para que o peso de
veículo (transmitido ao solo pelas rodas) não faça com que ele afunde, a via deve ser mais
resistente que o solo natural. Em alguns casos, como no transporte ferroviário, a via
desempenha também o papel de controladora da trajetória do veículo.

As hidrovias são muitas vezes cursos d’água naturais, mas melhoramentos para aumento
da profundidade, transposição de desníveis, alargamento, etc. são comumente utilizados
para a sua melhoria. As aerovias são demarcadas por rádio-sinalizadores, que emitem

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sinais captados por instrumentos nas aeronaves, as quais podem então deslocar-se com
segurança através de trajetórias pré-determinadas.

Como nem sempre é possível construir uma via para ligar cada par de pontos entre os quais
se deseja transportar pessoas e bens, muitos sistemas de transporte têm a forma de redes de
vias interligando vários pontos. Um exemplo de rede é o sistema viário urbano, onde vias
se cruzam em interseções. Interseções são componentes importantes do sistema de
transporte, já que é fundamental que algum tipo de controle de fluxo de veículos exista ali,
a fim de que não ocorram acidente. Exemplos de interseções são cruzamentos de vias
urbanas, desvios de estradas de ferro de vias simples e áreas terminais de redes aeroviárias.

Os terminais são os locais onde as viagens começam e terminam. Em outros casos, mais de
uma modalidade de transporte é requerida para a realização de uma viagem. Nestes casos,
o transbordo, ou a mudança de modo, ocorre sempre num terminal. Mesmo dentro de uma
mesma modalidade, pode ser necessário transferir carga ou passageiros de um veículo para
outro. Os terminais podem ser edifícios especialmente projetados e construídos para este
fim, tais como aeroportos, estações de metrô, etc., ou podem ser simplesmente um local
pré-determinado onde uma viagem se inicia ou acaba, como um ponto de ônibus num
bairro residencial.

O plano de operação é o conjunto de procedimentos usados para manter um sistema de


transporte (que muitas vezes possui uma grande complexidade) operando adequadamente.
P plano de operações assegura que o fluxo de veículos nas vias e interseções ocorra de
forma ordenada e segura, que os terminais sejam operados de tal forma que o fluxo de
pessoas e cargas seja acomodado nos veículos, etc. Um plano de operações pode ser tão
simples quanto uma pequena tabela de horários de chegada e partida, ou pode requerer um
complexo sistema de aquisição de dados e controle de semáforos em tempo real por
computadores, num centro de controle de tráfego de uma região metropolitana.

A força de trabalho é composta pelas pessoas que operam os veículos e sistemas de


controle, que administram o sistema de transporte e que constroem, reparam ou mantém
seus vários componentes. A Tabela 3.3 descreve os componentes funcionais de algumas
das modalidades de transporte mais comuns. Esta tabela foi elaborada com o intuito de dar
uma melhor compreensão dos conceitos relacionados com a composição funcional dos
sistemas de transportes. Existem inúmeras variações na tecnologia usada em cada modo e a
Tabela 3.3 apresenta apenas uma pequena amostra delas.
Tabela 3.3 – Componentes funcionais de alguns sistemas de transporte

Componente Ferrovia Oleoduto Ônibus urbano


Objeto Frete Derivados de petróleo Passageiros
Terminal Plataforma de carga Terminal petrolífero Pontos e terminais
Contêiner vagão de carga Tubulação Cabine do ônibus
Veículo Trem Líquido nos dutos e bombas Ônibus
Via Ferrovia Tubulação Ruas
Interseções Desvios Cruzetas e tês Cruzamentos
Plano de Operações Tabela de horários Esquema de bombeamento Tabela de horários

A Figura 3.1 apresenta um fluxograma que descreve a maneira como os componentes


funcionais de um sistema de transporte se relacionam uns com os outros. Os componentes
funcionais mostrados na Figura 3.1 são o terminal, as vias, as interseções e os planos de

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operação. Dentro do terminal existem fluxos de objetos, veículos e contêineres, uma vez
que os veículos carregados com contêineres contendo objetos saem do terminal, eles
utilizam as vias e os cruzamentos para chegar ao próximo terminal. Tanto o terminal, como
as vias, os cruzamentos e os veículos são operados de acordo com planos operacionais pré-
estabelecidos. Note-se que, em certos casos, nem todos os componentes mostrados na
Figura 3.1 existem no mesmo sistema de transporte.

Figura 3.1 – Relações entre componentes dos sistemas de transporte [Morlok, 1978, pág. 88]

3.3 – Redes de Transportes

Uma rede é uma representação matemática do fluxo de veículos, pessoas e objetos entre
pontos servidos por um sistema de transporte. Uma rede se constitui de arcos e nós. Os nós
são pontos notáveis no espaço, e os arcos são as ligações entre os nós. Para entender
melhor como uma rede de transporte é definida, considere-se o mapa da Figura 3.2, que
representa as ligações rodo-ferroviárias entre algumas cidades.

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Figura 3.2 – Ligações rodo-ferroviárias entre um grupo de cidades

Figura 3.3 – Representação de um sistema de transporte rodo-ferroviário através de uma rede

Tabela 3.4 – Nós e arcos da rede de transporte

O diagrama da figura 3.3 é a representação gráfica da rede que representa o sistema de


transporte rodo-ferroviário servindo essa região. Cada cidade é um nó, e cada ligação rodo-
ferroviária é um arco. Um arco pode conter fluxo de veículos nos dois sentidos ou apenas
em um sentido. Neste último caso, diz-se que ele é um arco direcionado. Cada nó é
identificado por um número, e cada arco, pelo par de nós por ele ligado. Desta forma, Cana
Verde é o nó 1, Claraval o nó 2, e assim por diante, como mostra a Tabela 3.4. A ligação
entre Claraval e Aguanil, o arco 2-3, é um arco bi-direcional; o arco 3-4 (Aguanil e
Lambari) é um arco uni-direcional.

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As redes além de poderem ser representadas graficamente, podem também ser
representadas matricialmente, conforme mostra a Figura 3.4, que contém a representação
matricial do sistema de transportes servindo a região mostrada na Figura 3.2. As linhas da
matriz contém os nós de origem e as colunas os nós de destino. Cada elemento da matriz,
mij, que representa a existência de um arco que se inicia em i e termina em j, pode assumir
os seguintes valores:

1 se existe um arco i → j
mij =
2 0 se não existe um arco i → j

Os arcos bi-direcionais são representados por mij = 1 e mji = 1, ao passo que um arco uni-
direcional entre i e j é representado por mij = 1 e mji = 0. Note-se, entretanto, que esta
convenção não é universal.

A representação matricial permite um tratamento computacional sistematizado de redes


extremamente complexas, e permite também uma extensão do conceito para armazenagem
de características de cada arco: comprimento, tempo de viagem, volume de tráfego,
capacidade de tráfego, etc.

Figura 3.4 – Representação matricial de uma rede de transporte

3.4 – Hierarquia e Classificação de Vias

A classificação de sistemas de transporte em diferentes classes funcionais é útil para o


entendimento da complexidade do sistema total de transporte. Por exemplo, o emprego de
uma classificação funcional para rodovias pode facilitar uma comunicação mais clara entre
engenheiros, economistas, planejadores, etc.

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Figura 3.5 – Hierarquia dos segmentos de uma viagem rodoviária [AASHTO, 1984, pág. 3]

Figura 3.6 – Variação entre acessibilidade e mobilidade para os vários tipos de vias {AASHTO, 1984, pág.
10]

Uma viagem contém uma série de segmentos distintos, ilustrados na Figura 3.5. Por
exemplo, uma viagem num sistema de transporte rodoviário contém os seguintes elementos
[AASHTO, 1984]:

1. um segmento a pé, que se inicia no ponto de origem e termina no terminal


(garagem ou estacionamento) onde o veículo se encontra, e que é realizada numa
calçada;

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2. um segmento de carro, em vias locais, que ligam o terminal a uma via coletora;
3. um segmento de carro, em vias coletoras, que vai até uma via arterial;
4. um segmento de carro, numa via arterial, que se inicia no cruzamento de uma via
coletora com a via arterial e vai até um dispositivo de entroncamento com uma
auto-estrada;
5. um segmento de transição, realizado num dispositivo de entroncamento que liga
uma via arterial com uma auto-estrada;
6. um segmento principal, que é realizado numa auto-estrada;
7. um segmento de transição, realizado num dispositivo de entroncamento que liga
uma auto-estrada com uma via arterial;
8. um segmento de carro, numa via arterial, que se inicia num dispositivo de
entroncamento com uma auto-estrada e vai até o cruzamento da via arterial com
uma via coletora;
9. um segmento de carro, em vias coletoras;
10. um segmento em vias locais; e
11. um segmento a pé, que termina no destino final.

Pode-se então notar uma hierarquia entre os vários tipos de vias, tanto no que se refere ás
suas características físicas, como também no que se refere ao tipo de uso (volume de
tráfego). As vias expressas servem para prover ligações rápidas e seguras entre pontos
distantes de uma região; as vias arteriais distribuem o tráfego que sai das vias expressas
pela cidade ou região. As vias coletoras penetram ainda mais nas zonas residenciais e as
vias locais provém acesso a locais de trabalho ou moradia. Cada uma das etapas da jornada
é realizada num componente de características diferentes, tais como pavimento, geometria,
tratamento da região lindeira, etc.

Uma das maiores causas de obsolescência de vias ocorre devido à falta de reconhecimento
e adoção desta hierarquia. Por exemplo, a falta de vias coletoras em bairros residenciais
causam o aumento de tráfego de passagem em vias locais, criando problemas de segurança
de trânsito e desgaste precoce de pavimentos. Igualmente, artérias subdimensionadas
causam o “transbordamento” de tráfego para outras vias que não foram projetadas para
receberem aquele volume de tráfego. Outro exemplo são as faixas de aceleração e
desaceleração em dispositivos de entroncamentos em rodovias, cuja falta ou
subdimensionamento pode causar acidentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ITE (1991). Directory 1991. Institute of Transportation Engineers, Washington, D.C.

Khisty, C. J. (1990). Transport Engineering – An Introduction. Prentice-Hall, Englewood


Cliffs, N.J.

Morlok, E. K. (1978). Introduction to Transportation Engeneering and Planning.


McGraw-Hill Kogakusha, Ltd., Tokyo.

Setti, J. R. e Widmer, J. A. (1997). Tecnologia de Transportes. Universidade de São Paulo.


São Paul

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