História Das Ideias Pedagógicas - Moacir Gadotti
História Das Ideias Pedagógicas - Moacir Gadotti
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para o estudo e a pesquisa; criticou o ensino hu1nanista e propôs a
matemática como modelo de ciência perfeita.
Descartes assentou em posição dualista a questão ontológica da
filosofia: a relação entre o pensamento e o ser. Convencido do potencial
da razão hun1ana, propôs-se a criar um n1étodo novo, científico, de
conhecimento do n1undo e a substituir a fé pela razão e pela ciência.
Tornou-se assin1 o pai do racionalismo. Sua filosofia esforçou-se por
conciliar a relighlo e a ciência. Sofreu a influência da ideologia burguesa
do século XVII, que refletia, ao lado das tendências progressistas da classe
em ascensão na França, o temor das classes populares.
No Discurso do método, Descartes apresenta assim os quatro grandes
princípios do seu método científico:
"1 º) O primeiro era o de ja1nais acolher algurna coisa. corno verdadeira
que eu não conhecesse evidente1nente como tal; isto é, de evitar,
cuidadosamente, a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus
juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito,
que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.
2º) O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu
examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias
fossem para melhor resolvê-las.
3 Q) O terceiro, o de conduzir por ordem rneus pensa1nentos, con1eçan
do pelos objetos mais simples e n1ais fáceis de conhecer, para subir, pouco
a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e
supondo mesrno un1a orden1 entre os que não se precedem naturalmente
uns aos outros.
4º) E o últin10, o de fazer em toda parte enumerações tão completas
e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir"*.
Descartes, o pai da filosofia n1odema 1 escreveu sua obra principal e111
francês, a língua popular, possibilitando o acesso de maior número de
pessoas. Até então, o latim medieval representava a língua da religião, da
filosofia, da diplon1acia, da literatura. O con1ércio já se utilizava das novas
línguas vernáculas (italiano, espanhol, holandês, francês, inglês e alemão).
O século XVI assistiu a uma grande revolução lingüística: exigia-se dos
educadores o bilingüisrno: o latim como linRua culta e o vernáculo como
língua popular. A Igreja percebeu logo a importância desse conflito,
exigindo, através do Concílio de Trento (1562), que as pregações
ocorressem em vernáculo.