Classificação de Recursos e Reservas Minerais

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 6

Classificação de Recursos e

Reservas Minerais – Parte 1


por  Jorge Kazuo Yamamotohá 3 anos0Comments
Recurso medido, indicado e inferido
Classificação de Recursos e Reservas Minerais – Parte 1

Artigo sobre a classificação de recursos e reservas minerais

Os resultados da exploração mineral produzem dados que nem sempre


estão com uma distribuição regular sobre toda a área de pesquisa. Assim,
haverá partes mais detalhadas em detrimento de outras que, por
apresentarem teores marginais, não foram pesquisadas. Evidentemente, o
grau de detalhamento está correlacionado ao nível de confiança ou certeza
sobre os recursos minerais estimados, que devem ser classificados
adequadamente.

Por que classificar os recursos e reservas minerais?

A classificação de recursos/reservas minerais é necessária por várias


razões (Sinclair e Blackwell, 2002, p. 325):

o Criação de um inventário formal dos principais ativos da companhia;


o Documentação dos ativos para demonstrar o potencial de produção para
médio e longo prazos;
o Levantar fundos no mercado especulativo de ações;
o Proporcionar um nível de confiança para instituições financeiras;
o Proporcionar uma base para os royalties, taxação, uso do solo,
gerenciamento, entre outras.
As motivações principais para a classificação de recursos/reservas
minerais são:
o introdução de uma medida quantitativa ou semiquantitativa da incerteza;
o desenvolvimento de um conjunto padrões internacionais (Sinclair e
Blackwell, 2002, p. 325).
O que levar em consideração no cálculo dos recursos minerais

No cálculo dos recursos minerais, os seguintes fatores relevantes devem


ser considerados: confiança relativa nas estimativas de teor/tonelagem,
confiabilidade dos dados de entrada, confiança na continuidade geológica,
valores dos metais, qualidade, quantidade e distribuição dos dados (JORC,
2012, p. 30).

Além disso, segundo esse código, o resultado deve refletir


apropriadamente a visão da Pessoa Competente sobre o depósito mineral.
Segundo a CBRR (2016, p. 6), o Profissional Qualificado é um profissional
da indústria mineral registrado junto à CBRR ou de uma Organização
Profissional Reconhecida, conforme o Anexo 3 do Guia CBRR.

Veja também:

O Processo de Avaliação de Recursos e Reservas


Minerais

Como Validar Dados para a Avaliação de Recursos


Minerais
Parâmetros de classificação de recursos minerais

Os recursos minerais devem ser classificados, conforme o grau de certeza


crescente, em inferido, indicado e inferido. Os recursos minerais indicados
e medidos podem ser convertidos em reservas minerais prováveis e
provadas, respectivamente, por meio da aplicação dos fatores
modificadores. Estes fatores modificadores incluem, mas não se limitam a
considerações sobre: a lavra, o processamento, a metalurgia, a
infraestrutura, a economicidade, o mercado, os aspectos legais,
ambientais, sociais e governamentais (CBRR, 2016, p. 8).

A Figura 1 ilustra o diagrama adotado no Brasil pela Comissão Brasileira


de Recursos e Reservas – CBRR.

Figura 1:
Classificação de recursos e reservas minerais (reproduzido a partir de
CBRR, 2016, p. 5).
Recursos minerais medidos, indicados e inferidos

Este diagrama mostra que existem dois eixos: conhecimento geológico e


confiança; fatores modificadores. Os recursos minerais conforme o
aumento do conhecimento geológico e confiança são classificados como
inferido, indicado e medido, os quais podem ser convertidos em reservas
provável e provada. As definições adotadas pela CBRR (2016) são
reproduzidas a seguir:

Recurso Medido
“Um Recurso Mineral Inferido é aquela parte de um
Recurso Mineral para o qual a quantidade e o teor ou
a qualidade são estimados com base em evidências
geológicas e amostragens limitadas. Evidências
geológicas são suficientes para sugerir, mas não para
atestar a continuidade geológica e o teor ou
qualidade. Um Recurso Inferido tem um nível de
confiabilidade mais baixo do que aquele que se aplica
a um Recurso Mineral Indicado e não deve ser
convertido para Reserva Mineral. É razoável esperar
que a maioria dos Recursos Minerais Inferidos possa
ser convertida em Recursos Minerais Indicados com a
continuidade da exploração (CBRR, 2016, p. 12-13).”
Recurso Indicado
“Um Recurso Mineral Indicado é a parte de um
Recurso Mineral para o qual a quantidade, o teor ou
qualidade, a densidade, a forma e as características
físicas são estimadas com confiabilidade suficiente
para permitir a aplicação de Fatores Modificadores
em detalhe suficiente para embasar o planejamento
de mina e a avaliação da viabilidade econômica do
depósito. Evidências geológicas são derivadas de
exploração, amostragem e testes com detalhamento
adequado e são confiáveis e suficientes para assumir
a continuidade geológica e o teor ou qualidade entre
os pontos de observação (CBRR, 2016, p. 13).”
Recurso Inferido
“Um Recurso Mineral Medido é a parte de um
Recurso Mineral para a qual a quantidade, o teor ou
qualidade, as densidades, as formas e as
características físicas são estimadas com confiança o
suficiente que permitam a aplicação dos Fatores
Modificadores para embasar o planejamento de mina
detalhado e uma avaliação final de viabilidade
econômica do depósito. Evidências geológicas são
derivadas de exploração, amostragem e testes
detalhados e confiáveis e são suficientes para
confirmar a continuidade geológica e o teor ou
qualidade entre os pontos de observação (CBRR,
2016, p. 13).”
O recurso medido requer um alto grau de confiança e o entendimento da
geologia e dos controles do depósito mineral, enquanto o recurso indicado
é resultado de interpretação que permite assumir a continuidade da
mineralização (Rossi e Deutsch, 2014, p. 215). Ainda segundo esses
autores, o recurso inferido é aquele que apresenta alto grau de incerteza e
assim não pode ser incluído nos recursos minerais estimados, que forma a
base para os estudos de viabilidade e outros estudos econômicos.

Na continuação deste artigo, serão descritos os eixos do conhecimento


geológico/confiança, que depende do grau de continuidade física da
mineralização, bem como dos teores.

Referências bibliográficas
Comissão Brasileira de Recursos e Reservas – CBRR. 2016. Guia CBRR
para declaração de resultados de exploração, recursos e reservas
minerais. Brasília, CBRR. 54p.

Joint Ore Reserves Committee – JORC. 2012. The JORC code –


Australasian code for reporting of exploration results, mineral resources
and ore reserves. AusIMM – Australasian Institute of Mining and
Metallurgy. 44p.

Rossi, M.; Deutsch, C.V. 2014. Mineral Resource Estimation. Dordrecht,


Springer. 332p.
Sinclair, A.J.; Blackwell, G.H. 2002. Applied mineral estimation. New York,
Cambridge. 381p.

Quer conhecer todos os critérios existentes para


classificação de recursos minerais?

Confira aqui nosso curso GEO 102: Avaliação e Classificação de Recursos


e Reservas Minerais e aprenda muito mais desse universo.

Você também pode gostar