Lógica I - Saulo

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DIOCESE DE LUZIÂNIA-GO

SEMINÁRIO MAIOR JESUS BOM


PASTOR
Av. Claro Carneiro de Mendonça, 199 – Parque JK – Luziânia-
GO
DIREÇÃO DE ESTUDOS

Disciplina: Lógica I
Período: 2º semestre de 2022.
Turno: Matutino
Professor: Saulo Fernandes Brito

Plano de Curso
I. Ementa:

O curso consistirá em um estudo acerca dos principais tópicos da lógica


tradicional (ou antiga), os aspectos da lógica moderna (que se divide no âmbito formal e
informal), serão estudados em outra disciplina. Estudaremos assim, os elementos que
compõe a ciência da lógica, as aplicações da lógica em diversas áreas do conhecimento
e, porque não, nas suas relações com a filosofia da ciência. A ênfase será dada aos
aspectos conceituais dos temas a serem desenvolvidos.

II. Objetivo:

A pretensão do presente curso é o de apresentar o essencial da “história” da


lógica, isto é, o seu desenvolvimento. Assim, começaremos com uma investigação
minuciosa da filosofia tradicional (abordando tanto a perspectiva antiga – de Aristóteles
– quanto a medieval – principalmente Santo Tomás de Aquino) essa estrutura, como
veremos, permanece praticamente intacta até o fim da era moderna, somente em meados
do século XIX observamos uma reviravolta no ocidente e vemos desabrochar a chamada
lógica moderna, que tem como “pai’ fundador, o filósofo e matemático alemão, Gottlob
Frege que juntamente com outros pensadores erigiu uma nova forma para as
investigações lógicas.

Desde Sócrates e – por conseguinte – Platão, temos uma tentativa de


fundamentar um metódo para investigar a “verdade”, os filósofos preceptores de

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Aristóteles, desenvolveram um método denominado Dialético; por meio deste método
pretendiam aprofundar os discursos dos Sofistas, assim, historicamente falando, o
aprimorar dos elementos da linguagem se dá através da própria capacidade do homem
de se opor ao erro e a falsidade.

O Estagirita por outro lado, empenhou-se em fundamentar uma forma mais


elaborada para que os nossos raciocínios fossem mais precisos neste caminhar. A lógica
é a ciência apodítica por excelência, isso é, a lógica é uma ciência demonstrativa, ou
como define Aristóteles, um hábito demonstrativo. “O estudo da lógica é o estudo dos
métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto”, em outras
palavras, nesta ciência investigamos a forma que qualquer tipo de discurso, que se
pretenda verdadeiro (i.e. demonstrar algo), deve possuir para que seja considerado de tal
modo. Naturalmente esta definição não pretende afirmar que só é possível argumentar
corretamente com uma pessoa que tenha estudado lógica. Afirmá-lo seria tão errôneo
quanto pretender que só é possível correr bem se se estudou física e fisiologia
necessárias para a descrição dessa atividade.

A lógica mostra como procede o pensamento quando pensa, qual é a estrutura do


raciocínio, quais os seus elementos, como é possível fornecer demonstrações, que tipos
e modos de demonstração existem, como e quando são possíveis. Um ponto importante
é que a lógica não possui um lugar próprio no esquema de divisões das ciências, isso é,
o Estagirita subdivide e sistematiza as ciências em três grandes áres: 1) ciências
teóricas; 2) ciências práticas; 3) ciências poiéticas; nesta última temos aquelas que
produzem algo, assim a retórica e a poética (forma de linguagem utilizada no teatro) se
enquadrariam na ciência do fazer. Portanto, temos que a lógica adquire, a um só tempo,
o status de uma ciência propedêutica bem como o seu conteúdo é dado pelas operações
do pensamento, isso é do ens tamquam verum (o ser lógico). Por esse motivo Hugo de
São Vitor afirma: “Lógica” vem do grego logos, termo que tem duas acepções, pois
quer dizer “discurso” ou “razão”, donde a lógica pode ser classificada como ciência
discursiva ou ciência racional. A lógica racional, que é dita dissertativa, abrange a
dialética e a retórica. A lógica discursiva é o gênero ao qual pertecem a gramática, a
dialética e a retórica, e, portanto abrange a dissertativa. E é esta lógica discursiva [...].

É uma ciência propedêutica pois é a forma como o pensamento opera, tanto é


verdade que no período medieval esta ciência foi associada dentro das chamadas Artes
Liberais (Ars Liberalis), que se compunham o trívio (trivium) e o quadrívio

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(quadrivium), o primeiro composto pela gramática, retórica e lógica, estas, por sua vez
antecediam ao estudo da aritimética, geometria, música e astronomia; ademais, os
estudos liberais antecediam o ingresso nas universidades medievais.

Pela condição própria desta atividade – que busca desenvolver a capidade de


raciocinar – é notório que esta se encontra intimamente entre os elementos da
linguaguem, teremos que tratar dos aspectos concerntes à definição, às proposições,
silogismos, elementos que, por sua própria natureza, estão eivadas de elementos
linguísticos. E por isso é também muito apropriada a noção de Órganon que foi
atribuida aos escritos dessa ciência, seu significado é de “instrumento”, termo
introduzido por Alexandre de Afrodísia para distinguir a lógica no seu conjunto, assim a
lógica identifica a sua função: instrumento mental necessário para defrontar-se para
qualquer tipo de pesquisa.

Por fim, mas não menos importante, também a filosofia da ciência –


modernamente – acaba aplicando conceitos lógicos para que suas bases sejam
sustentáveis, por exemplo: o métodos indutivo é empregado para a investigação
científica em Francis Bacon, fundando aquilo que chamamos de ciência moderna.

III. Conteúdos:

Este curso pretende ser um panorama geral da lógica, portanto, abordaremos


conteúdos de forma geral; alguns dos elementos que investigaremos serão os seguintes:

 Introdução (3 aulas)
• As razões de Aristóteles
• A ciência apodíctica
• A ciência não apodíctica, ou a inteligência
• A dialética
• Os diversos usos da dialética
• Análise semântica como instrumento da dialética
 Primeira operação do espírito – simples apreensão (3 aulas)
• Conceito
• Termo
• Definição
• Divisão
 Segunda operação do espírito – juízo (4 aulas)
• Discurso em geral
• Enunciação ou proposição
• As várias espécies de proposições
• Oposição das proposições
• Conversão das proposições
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 O raciocínio lógico (4 aulas)
• Silogismo em geral
• Silogismo Categórico
• Silogismo Condicional
• Indução
 Miscelânea (1 aula)
• Tópicos – sofismas – retórica.
IV. Avaliação:

Não há curso bem sucedido sem uma razoável dose de esforço pessoal e
disciplina nos estudos por parte do aluno. O desempenho do aluno será avaliado por
meio de duas provas (valendo 10,0 pontos cada). As provas, individuais e sem consulta,
visam avaliar o conhecimento apreendido da literatura indicada e das preleções do
professor, além de considerar a participação ativa dos alunos.

IV. Bibliografia:

Dicionários de Lógica

* BRANQUINHO, J.; MURCHO, D; GOMES, N. Enciclopédia de termos lógico


filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

GONZÁLEZ, Leoncio. Diccionario de Lógica. Ciudad de México. Instituto Politécnico


Nacional, 1995.

GORTARI, Eli de. Diccionario de la lógica. Ciudad de México: Plaza y Valdés, 2000.

HEGENBERG, L. Dicionário de lógica. São Paulo: EPU, 1995.

HEGENBERG, L.; SILVA, M. Novo dicionário de lógica. Rio de Janeiro: Pós-


Moderno, 2005.

História da Lógica

BLANCHÉ, R. História da Lógica de Aristóteles a Bertrand Russell. Lisboa:


Edições 70, 1985.

BLANCHÉ, R.; DUBUCS, J. História da Lógica. Lisboa: Edições 70, 2001.

BOLL, M.; REINHART, J. A história da lógica. Lisboa: Edições 70, 1992.

4
* KNEALE, W.; KNEALE, M. O desenvolvimento da Lógica. Coimbra: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1991.

Lógica Tradicional

ARISTÓTELES. Órganon. Bauru, SP: EDIPRO, 2010.

COPI, Irving. Introdução à lógica. São Paulo: Mestre Jou, 1978.

GARDEIL, Henri-Dominique. Lógica. In: Iniciação à Filosofia de São Tomás de


Aquino. São Paulo: Paulus, 2013.

MARITAIN, Jacques. Elementos de filosofia II: a ordem dos conceitos. Lógica


menor. Rio de Janeiro: Agir, 2001.

SANGUETTI, Juan Jose. Logica. Navarra, ESP: 2000.

Outros

BERTI, Enrico. As Razões de Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2002

CARVALHO, Fábio Salgado de. Investigações Epistemológicas. Combinando


Demonstrabilidade e Conhecimento. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2012.

______. Bases para uma Teoria Geral das Construções Formais.

CARVALHO, Olavo de. Aristóteles em Nova Perspectiva. São Paulo: Topbooks,


1996.

GRANGER, Gilles Gaston. Lógica e Filosofia das Ciências. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1955.

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