Amor em Dolar - Beca Crispim

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Amor

em Dólar
1° Edição
Copyright © 2018 Beca Crispim
Capa: Thatyanne Tenório - EBD
Colaboração: Aparecida Xavier
Revisão: Aparecida Xavier
Diagramação: Jéssica Lima
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Qual outra obra semelhante, após essa, será considerado plágio; como previsto
na lei.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.
É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra,
através de quaisquer meios – tangível ou intangível sem o consentimento escrito
do autor.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Sinopse

Louise Hansen é uma mulher que, ainda quando criança, perdeu tudo que
tinha na vida e foi jogada na sarjeta literalmente com apenas a roupa do corpo.
Negligenciada pelo pai e depois de ter que abandonar sua própria casa, acabou
conhecendo uma vida diferente da qual lhe foi prometida.

A prostituição.

Agora já adulta, de dia é a doce Lou do café.

E de noite, se transforma na grande e cobiçada tentação conhecida por
Rhonda.

Benjamin Connor é um multimilionário que acaba de chegar em Boston
para tomar a frente da empresa de seu pai, que faleceu há pouco tempo.

Com sua postura arrogante e impenetrável, assim como seu feitio
mandão, ele impõe medo e respeito a qualquer um.

Com exceção de uma única doce, desbocada e linda pessoa.

O que um CEO multimilionário ganharia com uma prostituta?

E o amor? Seria algum dia comprado por alguns dólares?

Uma história virada para um possível clichê, mas também para o lado
mais doce do afeto.
Capítulo 01

Benjamin

—Gary, onde você está ? Estou aqui na frente do aeroporto tem trinta
minutos. —Rosno com raiva quando meu melhor amigo finalmente atende o
celular.

—Irmão, eu tive um problema com o carro e tive que trazer na oficina.
Não consegui te avisar.

—O celular tava metido na bunda, por um acaso ?

—O que ? A ligação está cortando. —Ele fala mais alto.

—Não fode, Gary! Eu estou morto de cansaço e preciso descansar.

—Você vai ter que … táxi … restaurante.

—O que ? —Me afasto um pouco do barulho. —Não estou conseguindo
te ouvir.

—Restaurante … mexicano.

—Mexicano ? O que você está falando, seu filho da puta ?

—Hacienda … Está me ouvindo ? … Nos vemos …

—Droga! —Desligo o celular e controlo a vontade de o jogar no chão.

Olho para os lados procurando algum táxi que esteja passando vazio e
caminho em direção ao ponto do aeroporto acenando para um que se aproxima.

Entro no banco de trás e mando uma mensagem para Gary perguntando
para onde devo ir.

Depois que meu pai morreu, há exatamente quatro meses, como sempre
foi deixado claro, eu, como filho único e seu herdeiro, ficaria na frente da sede
de sua empresa aqui em Boston. O grande problema é que não conheço
absolutamente nada dessa cidade e agora o meu melhor amigo, que deveria me
instruir, está com o carro fodido em uma oficina sabe–se lá onde e ainda com a
porcaria do celular sem sinal.

Saí de Londres há mais ou menos dez horas atrás e cheguei aqui já a
noite. O Gary veio na frente duas semanas antes para preparar tudo para minha
chegada e eu fiquei em Londres arrumando os últimos documentos para minha
transferência e deixando pessoas de confiança tomando a conta da empresa de lá.
Sabia que esse dia chegaria, mas não queria que chegasse depois da morte do
meu pai.

Ele me criou sozinho e com muito carinho quando minha mãe nos
abandonou para viver com um milionário mais rico que nós na época. Claro que
ela se arrependeu quando viu meu pai crescer muito na frente de seus olhos, mas
nenhum de nós dois não a queríamos mais na nossa vida.

Infelizmente meu pai morreu de câncer há alguns meses e agora eu estou
aqui. Em uma cidade que não conheço e prestes a ser nomeado oficialmente o
CEO da Global Connor´s.

Sou tirado dos meus pensamentos quando o táxi começa a dá algumas
travadas enquanto o motorista pragueja coisas que não consigo escutar direito.

—Algum problema, amigo ? —Pergunto.

—Sim, o carro morreu.

—Como assim ?

—Não vou poder continuar com sua viagem, amigo. Me desculpe.

—Oh droga! —Abro a boca para falar mais alguns absurdos, mas não
quero descontar meu estresse em um trabalhador que não tem culpa de nada. —
Tudo bem, amigo. —Forço um sorriso. —Quanto te devo ?

—Não deve nada não, senhor. Fica por minha conta.

—Eu faço questão de pagar a viagem, mesmo que ainda não saiba para
onde. —Pego minha carteira e lhe entrego uma nota. —Obrigado.

Saio do carro, mas me volto para ele novamente.

—Sabe onde posso alugar um carro por aqui ?

—Não, eu ainda não conheço muito bem essa área, mas você pode pegar
outro táxi. Eu posso chamar.

—Não precisa. Obrigado. —Pego minha mala no porta malas e desço na
calçada.

Fico parado olhando para os lados feito um idiota pensando no que devo
fazer e tento ligar novamente para o Gary, mas agora o celular do patife está
desligado.

Bufo e abro o Google para pesquisar algum lugar onde possa alugar um
carro e reviro os olhos ao ver que o mais perto é a cerca de quinze minutos
andando.

O Gary me paga!



Louise

—Não precisa trabalhar hoje, Lou. Você precisa ficar em casa e
descansar.

—A comida não vai cair do céu, Kim .—Falo calçando minhas botas de
cano longo e ajeitando meu justo e curto vestido preto.

—Não vamos morrer de fome se você não for um dia só. Você ainda está
com o lábio um pouco ferido. —Ela faz carinha de triste

—É, isso é mau para minha reputação com os clientes. Ela rir.

—Você não perde esse humor, não é ?

—Como se você conseguisse viver sem ele ?

—Não mesmo. —Ela me abraça. —Então vamos ? Ainda temos algum
chão para andar antes de virarmos milionárias.

—Talvez um chão eterno.

—Pessimista. —Reclama antes de sairmos de casa.

Essa é minha vida!

Já tem alguns anos que agora só conheço dois tipos de vida em mim. A
de manhã, onde sou uma simples garçonete de um café no centro de Boston e a
de noite, onde agora sou uma prostituta preferida e cobiçada pela maioria dos
clientes.

Meu nome de guerra, como a Kimberly fala, é Rhonda.

Não tenho sobrenome, não tenho apelido.

Apenas Rhonda!

Há dois dias fui violentamente assaltada e foi a última vez que fui boba
em acreditar em um cliente que nunca vi na vida e aceitei uma carona até o
pequeno apartamento onde vivo com minha melhor amiga.

Conheci a vida de prostituição depois de fugir de um orfanato onde era
agredida diariamente por quem era paga para cuidar de nós. Eu sabia que a vida
fora de lá poderia ser mais difícil e perigosa, mas eu não podia desistir sem
sequer tentar. A vida nas ruas não foi a que eu sonhei para mim, mas se foi a
única saída que encontrei na época, qual alternativa eu tinha ?

Foi nas ruas onde conheci a Kim e digo com toda a certeza que hoje
estou viva e ilesa graças a ela. Ela não me forçou ou algo do tipo para que eu
fosse para as ruas fazer o que ela já fazia. Ao contrário disso, ela não queria que
eu fosse por ainda ser nova e por “ter vida para viver”, mas eu fui à luta.

Não fui a princípio.

Primeiro fui atrás de emprego para ajudar nas despesas, mas quando não
encontrei, não tive outras escolhas. No começo foi difícil, confesso, mas depois
de 6 anos, você já se acostuma a essa vida. Eu já não tenho do que reclamar.

Certo que não chega nem perto da vida dos sonhos que as mulheres
procuram e muito menos a que eu procurava, mas também não é o inferno na
terra. Eu quem faço meus horários, eu tenho a minha independência e é isso.
Enquanto eu tiver um teto para morar e comida na mesa todos os dias, eu não
tenho mais do que reclamar.

A vida me fez uma mulher forte e mesmo que eu seja uma prostituta,
ainda sei o valor que eu tenho. Ninguém me põe para baixo facilmente.

—Como está se sentindo ? —A Kim pergunta quando chegamos ao nosso
ponto.

—Bem. —Dou de ombros. Na verdade, estou cheia de dores. Aqueles
bandidos filho da puta me deram umas tapas certeiros, mas ela não precisa saber.

—Você está mentindo para mim!

—Estou com um pouco de dor, satisfeita ? —Eu sei que não adianta
sequer cogitar em contar uma mentirinha que fosse para a Kimberly. Ela sempre
sabe da verdade.

—Eu falei que você não precisava vir, Lou. Como você vai trabalhar
assim ?

—Fácil! Hoje não aceito nenhum cliente sadomasoquista. —Rio e ela rir
junto.

—E como está no café ? Você já tem um emprego. Não precisa vir
comigo para as ruas.

—Você acha que conseguiríamos manter o apartamento com a miséria
que recebo lá ? Eu só não saí de lá ainda por consideração ao Billy.

—Daqui a pouco o velho vai querer ter uma noitada com você também.

—Credo! —Faço careta. —Ele sempre me respeitou mesmo sabendo
quem eu sou e agora, por sua culpa, estou tendo pensamentos nojentos.

—Desculpa. —Rir.

Pego um pequeno espelho na minha bolsa enquanto esperamos os
clientes milionários ou pobretas que costumam aparecer. Olho o pequeno corte
ainda visível no meu lábio e me xingo por ter aceitado a tal carona. Eu devia ter
confiado na minha intuição.

—Boa noite. —Um conversível preto para no meio fio perto da calçada
onde estamos e eu olho na direção da voz.

Meus olhos focam em uma figura que parece ser grande demais para
caber naquele carro e nos seus lindos cabelos compridos soltos acima do ombro.
Sua mão segurando o volante mostram visivelmente músculos bem definidos por
baixo de sua camiseta escura e sua barba por fazer combina terrivelmente com o
desenho do seu rosto. O cara com certeza saiu de um livro onde os personagens
estão no ultimo nível de beleza possível e também são fictícios.

—Boa noite. —A Kim fala com sua voz magnificamente sensual. —
Tudo bem ? Podemos ajudar ?

—Para falar a verdade sim. —Ele dá um sorriso que parece doce demais
para seu corpo extremamente ardente. —Eu estou meio perdido aqui em Boston
e preciso encontrar um restaurante. Achei que vocês poderiam saber.

–Como se chama o restaurante ? —Pergunto e seus olhos claros me
encaram fazendo meu corpo todo estremecer.

—O problema é esse. Eu não sei o nome. A única coisa que sei é que o
restaurante é mexicano e tem algo com …—Ele pega o celular e lê. —Hacienda.
Eu preciso encontrar um amigo.

—Ah, você está no lado errado! Ele fica um pouco longe daqui e se
chama La Hacienda.

—Está falando sério ? —Pergunta fazendo careta.

—Sim. —Sorrio. —Mas se você pegar esta avenida direto e sair na
segunda saída da rotatória, logo chegara a autoestrada e de lá fica mais fácil.
Depois você vai chegar perto de dois postos de gasolinas, um em frente ao outro.
Você anda mais ou menos uns quatro ou cinco quilômetros depois e daí logo
encontrará o restaurante. Pode perguntar a alguém que esteja por lá.

—Meio longo, mas vou lembrar disso. —Ele rir novamente.

—Vai lembrar sim.

—Segunda saída, dois postos de gasolina juntos e quatro quilômetros.
Certo ?

—Certinho. —Digo e ele me olha de cima abaixo.

Me possua! É a única coisa que penso com aquele olhar.

—Muito obrigado. Eu realmente agradeço muito.

—Não há de que.

—Tenham uma boa noite.

—Você também. —Digo e ele dá a partida depois de sorrir e acenar com
a cabeça.

—Seria uma boa transa hoje. —A Kim fala fazendo cara de triste.

—Seria muito. Acho que eu nem cobraria dele.

—Você está virando uma safada nata. —Me cutuca.

—Estou aprendendo com você. —Diz e rimos.



Benjamin

Enquanto o carro vai se distanciando, fico admirando as duas pelo
espelho do carro. Confesso que são absurdamente atraentes e qualquer
milionário pagaria caro para ter qualquer uma das duas como amante, mas a que
falou comigo foi a que mais me chamou atenção. Seus olhos claros e
aparentemente inocentes olhando para mim dava um tesão terrível e sua boca
fazia meus pensamentos viajarem a mil.

Quando saio do campo de visão, ela ainda continua nitidamente na minha
mente e sei que preciso decorar esse lugar. Meu amigo íntimo entre minhas
pernas se anima com meus pensamentos e eu preciso ter essa doce prostituta na
minha cama. Minha vontade era fazer minha estreia em Boston naquelas curvas,
mas agora estou bastante cansado e ainda preciso matar um cara que atrevo
chamar de melhor amigo.

Um grande e filho da puta melhor amigo.

—Até que enfim! —Gary fala me esperando na porta do restaurante
mexicano. O caminho não foi tao longe quanto imaginei.

—Por sua causa, seu puto! Eu devia começar te demitindo.

—Eu não tive culpa que meu celular descarregou.

—Que carregasse essa porcaria!

—Okay, okay. Vamos entrar ? Amanhã você já começa a pegar no
batente e preciso te por a pá de tudo.

—Não podemos adiar para semana que vem ? Eu acabei de chegar e acho
que estou precisando de férias.

—Poder até pode, mas você sabe que isso iria atrasar o nosso lado. A
empresa está em ordem, mas ainda temos muito o que fazer para deixa–la ainda
mais nos eixos.

—Então vamos logo tratar disso antes que eu te demita por justa causa.
Onde já se viu ? Deixar o próprio patrão de molho no aeroporto. —Falo
enquanto entramos no restaurante.

—Ainda bem que o patrão é meu melhor amigo.

—Não se acostuma, palhaço! Uma hora dessas ainda chuto sua bunda.



Louise

Depois de ficarmos poucas horas a espera de clientes e termos
dispensado um velho que queria pagar nosso serviço com uma caixa de cerveja,
decidimos voltar para casa.

—A noite hoje foi um fracasso. —Kim fala fechando a porta quando
entramos no nosso apartamento.

—Não ficamos nem três horas lá, Kim.

—Ué, eu estava com preguiça de trabalhar hoje.

—Eu também. —Me jogo ao seu lado no sofá. —E aquele cara do
conversível ?

—Qual deles ?

—Qual deles ? —Fico boquiaberta. —O cabeludo que tem cara que
transa bem pra caramba.

—Nossa! Você ainda está pensando nele ?

—Como não pensar ? Vai me dizer que ele não seria o nosso cliente mais
bonito ?

—Olha que não! Lembra daqueles quatro amigos que estavam saindo da
formatura ?

—Kim, não exagera! Os caras até que eram bonitinhos, mas não vamos
comparar com o grandão cabeludo.
—Espero que ele volte para nos procurar, senão você vai ficar com sede
da piroca dele até o final da vida.

— Idiota! —Lhe jogo um travesseiro enquanto ela se levanta rindo.

—Quer comer algo ?

—Podemos pedir pizza ? —Me viro ficando de joelhos no sofá e olhando
para onde ela está atrás do balcão americano.

—Pedimos pizza ontem, Lou. Você não cansa de comer isso não ?

—Não.

—Okay, mas você liga e pede.

—Ah, não! Liga você.

—Que ansiedade do caralho é essa que você tem, menina ? —Ela volta
com o celular na mão e senta novamente no sofá enquanto eu a abraço com
minha vitória chantagista. —Mas fica logo sabendo: Se o entregador for um
gostoso, vai ser meu desta vez.

—Seu por que ?

—Nem vem, Lou. Da última vez foi você quem transou com o
entregador e eu tive que ficar aqui na sala ouvindo seus gemidos safados do
quarto.

—O que eu posso fazer se ele tinha um pau grosso ?

—O que ? —Ela fica boquiaberta. —Mas você disse que era pequeno e
fino.

—Menti para você perder o interesse e eu me acabar naquele pauzão. Eu
já te falei que ele era virgem ?

—Sua tarada! Sua grande e puta tarada! —Fala rindo e me acertando
com o travesseiro na cara. —Mesmo que esse entregador seja feioso, eu vou
levar ele para o quarto e gemer tão alto que vão chamar a polícia por perturbação
de sossego.

—Não faça isso! —Digo rindo.

—Veremos se não faço, sua cretina. —Ela rir discando o número da
pizzaria.

Mesmo que minha vida não seja a que eu queria para mim, eu tenho que
admitir que essa mesma vida me deu alguém como a Kim. Uma irmã. Uma irmã
que eu quero levar para sempre.
Capítulo 02

Benjamim

Meu primeiro dia em Boston é com certeza o mais corrido que tive desde
que entrei para a vida de empresário. Tive que me contentar em dormir o
primeiro dia em um hotel porque aqui ainda não tenho uma casa para chamar de
minha, mas é algo que já estou providenciando.

Minha madrasta ficou em Londres, mas quero a trazer para cá ainda esta
semana.

Quando meu pai finalmente se envolveu com outra pessoa depois que
minha mãe nos abandonou, eu torci para que ela fosse uma boa pessoa e fosse
fazer meu pai feliz. Graças a Deus ela é! Eu nunca iria querer meu pai sendo
feito de bobo apaixonado por uma vigarista que só quer seu dinheiro, mas Donna
é a mulher mais humilde que eu já conheci. Ela se tornou minha mãe de verdade
e eu já perdi as contas de quantas vezes o seu abraço me acolheu. Eu a vou levar
para onde eu for.

Me visto com um conjunto de terno cinza, camisa social branca por baixo
e um sapato social marrom combinando com meu cinto. Não trouxe muita coisa
de Londres ainda, e isso também inclui não ter trago um terno decente, coisa que
a Donna insistiu que eu fizesse, pelo menos por um dia. Tudo que estou usando
agora foi o Gary que providenciou antes.

Não preciso dizer que além de melhor amigo, ele também é meu braço
direito, certo ?

Assim que abro a porta do meu quarto pronto para sair, o vejo na frente
se preparando para bater na porta. Ele falou que passaria por aqui para irmos
juntos.

—Está pronto, chefe ? —Ele fala abrindo um sorriso. Ele também usa um
terno da mesma cor que o meu.

—Não enquanto tiver que dormir em um quarto de hotel.

—Quanto mau humor para o primeiro dia de trabalho.

—Como se fosse igual o primeiro dia de aula, não é ?

—E agradeça a Deus por seu pai sempre ter mantido tudo em ordem,
senão teríamos que passar a noite acordados pondo tudo no lugar.

Fico em silêncio quando ele menciona sobre meu pai. Não por raiva, mas
por saudade. Eu posso ser um homem formado e ter toda essa pose que tenho,
mas isso não impede que eu chore sozinho quase todas as noites.

—Oh, desculpa.
—Não faz mal. —Forço um sorriso. —Meu pai nunca foi desleixado. Eu
sabia que tudo sempre esteve em perfeita ordem.

—Eu também sabia, mas temos que ir.

—Estamos atrasados ? —Olho meu relógio de pulso. —Eu ainda tenho
que tomar café.

—Podemos tomar lá perto. Não vamos querer chegar atrasado ao seu
primeiro dia. —Fecha a porta e vai me empurrando pelo corredor.

—Então vamos lá!

Saímos do hotel com o carro que aluguei ontem e seguimos para a
empresa. Enquanto o Gary vai ao meu lado explicando alguns detalhes que eu
ainda preciso saber, a prostituta da noite anterior vem em cheio a minha cabeça.

Eu me interrogo mentalmente querendo saber o motivo de ainda estar
pensando nela, mas nada justifica. Certo que fiquei absolutamente “encantado”
com sua beleza e que ainda penso em tê-la na minha cama, mas mesmo assim.
Mulher é o que não falta aqui em Boston e mesmo ela sendo de uma beleza que
eu nunca vi, não é a única.

—Você está prestando atenção no que eu estou falando ? —Volto a
realidade com a voz do meu amigo.

—Não. O que você disse mesmo ?

—Disse que amanhã já temos uma reunião muito importante marcada. —
Fala olhando em seu Ipad.

—Mas já ?

—Sim. Uma empresa quer lançar uma nova coleção de ternos masculinos
e quer fazer uma parceria para lançarmos aquela coleção de vestidos de gala que
estávamos adiando juntos. Os caras precisam de mais visibilidade para a
empresa e querem a nossa marca para dá um up.

—Você marcou agora ?

—Não, já estava marcada. Eu só transferi de receptor e disse que agora, o
próprio Connor irá comparecer na reunião.

—E isso vai ser bom ?

—Você tem que ver o alvoroço dos empresários para a reunião.

—Confirma então! Não temos tempo a perder e eu quero causar boa
impressão logo de inicio.

—Mais ainda ? Você é Benjamin Connor, irmão. Impressão você causa
mesmo sem querer.

—Mas eu quero marcar uma boa impressão. —Acentuo a palavra “boa”.

—Aí temos que ver direitinho. —Fala e rimos.

Chegamos em frente ao grande edifício da Global Connor´s alguns
minutos depois e estaciono no lado de fora mesmo. Já saio do carro pensando em
tomar café da manhã pois minha barriga está até tremendo de fome.

O Gary disse que vai tomar café depois e que vai logo subir para adiantar
algumas papeladas. Ele me mostra um café em frente ao edifício e sai me
deixando sozinho. Eu arrumo o terno e atravesso a pista, indo em direção ao
café. O cheiro misturado com pão quente invade meu nariz e minha boca saliva
quase que imediatamente.

Procuro por uma mesa vazia e encontro uma perto da grande janela de
vidro, onde me sento. Daqui dá para ver perfeitamente todo o edifício e eu o fico
admirando por alguns instantes.

Agora isso tudo é meu.

Tudo agora está nas minhas mãos e eu vou cuidar com unhas e dentes do
patrimônio que meu pai deixou.

—Bom dia, senhor. —Escuto uma voz falando comigo e algo me diz que
não é a primeira vez que a ouço.

—Bom dia. —Abro um sorriso de lado quando encaro a prostituta que
falei ontem na rua.

Ela agora não está parecendo uma. Seus cabelos estão amarrados em um
rabo de cavalo, ela usa uma espécie de vestido verde piscina por baixo de um
avental branco e seu lindo rosto está quase que totalmente limpo sem a
maquiagem que a vi ontem. Se torna até algo ofensivo a tratar como prostituta.

—Você ? —Seus olhos se arregalam ao me ver e vejo que não fui
esquecido tao facilmente. Assim como ela também não foi.

—Eu mesmo.

—Em que posso te ajudar ?—Ela pigarreia depois de retomar a postura.

—Eu quero um café preto e alguns donuts simples. —Falo olhando seu
corpo de forma discreta, mas ao mesmo tempo não tao discreta. Quem a conhece
apenas por aqui, não imagina que a noite ela seja o que eu vi.

—… donuts simples. —Ela anota e vejo seu nervosismo ao derrubar a
caneta em cima da minha mesa. —Me desculpe. É só isso ?

—Sim. —Pego a caneta antes dela e a entrego nas mãos a olhando dentro
dos seus olhos.

—Obrigada. —Fala baixo. —Eu já volto. —E sai rapidamente.

Ela novamente derruba a caneta antes de chegar ao balcão e olha para
mim, possivelmente para ver se eu vi. Quando percebe que eu ainda estou
olhando, ela dá um sorriso tímido e vejo suas bochechas ficarem rosas antes dela
sumir para a parte de dentro.



Louise

—Meu Deus! —Falo entrando dentro da cozinha. Meu coração está
disparado de forma descontrolada e ponho a mão no peito para tentar o acalmar.

Quando saí para atender o cliente que havia entrado, eu não consegui
perceber que era ele. Afinal de contas, seus cabelos compridos que antes
estavam soltos, agora estavam presos em um coque e sinceramente, eu estava tão
distraída pensando justamente nele que nem percebi.

O cara que ontem fui dormir tarde pensando agora estava sentado em
uma mesa no café onde trabalho e seu olhar praticamente tirou minha roupa lá
fora. Só de pensar naquele olhar, sinto minhas bochechas arderem.

—O que foi, Lou ? —Bill chega perto de mim.

—Não é nada. —Falo engolindo em seco. —Vou buscar um café preto e
uns donuts.

—Okay, vai lá. Hoje é segunda e temos muito o que fazer.

—Pode deixar.

Depois de pegar os donuts e o café, respiro fundo e saio novamente da
cozinha em direção a sua mesa. Desta vez vou segurando a bandeja tão firme
que as veias do meu pulso saltam para fora.

—Aqui, senhor. —Coloco o café e os donuts na mesa evitando o contato
visual.

—Sabia que é falta de educação não olhar para o rosto do cliente ? —Sua
voz faz meu corpo todo arrepiar e eu mordo os lábios, então o encaro.

—Me desculpe. O senhor vai querer mais alguma coisa ?

—Não, mas queria te perguntar algo.

—Claro.

—Você trabalha em dois “empregos” ? —Faz aspas e sinto meu rosto
arder. Muitas pessoas sabem que sou prostituta, mas ele foi a única até agora que
me fez ficar tímida com uma pergunta tão simples.

—Sim, as coisas não estão muito fáceis.

—Entendo. —Toma um gole do seu café e eu novamente evito contato
visual. —Como você se chama ?

—O que ?

—Qual o seu nome ?

E agora ? O que eu digo ? Rhonda ou Louise ?

—Rhonda. —Digo o primeiro que eu escolho.

—Rhonda ? Nome forte.

—Louise, pode vir cá um instante. —O Bill aparece no balcão me
chamando e eu aperto os lábios enquanto fecho os olhos.

Porra, Bill!

—Louise ? —Ele arqueia uma sobrancelha com um sorriso de lado como
se segurasse uma gargalhada

—Desculpa, é uma longa história.

—Acho que consigo entender. —Ele pisca de uma forma que faz minha
calcinha pedir para ser trocada.

—Bom, o senhor me dá licença ?

—Claro! Vai lá, Louise. —Ele diz dando enfase ao meu nome e sorrir. Eu
apenas dou as costas e saio andando a passos rápidos.

Eu preciso ligar para a Kim.



Benjamin

Ver a Rhonda … ou melhor, Louise agora de manhã, foi o suficiente para
fazer meu dia começar bem. Nada melhor que começar a manhã tendo uma bela
visão do seu corpo delicado e o imaginar se contorcendo de prazer enquanto
geme chamando meu nome.

Eu entendi muito bem que o nome Rhonda é o que ela costuma usar
quando está fazendo programas e estava tão nervosa que acabou se perdendo
toda e sei que falou o primeiro que pensou. Isso também não importa. Agora eu
já sei o seu nome e é melhor, porque mesmo que ela seja, não acho bonito ou
gentil me referir alguém como prostituta igual eu estava fazendo.

Tomo café devagar depois de ver que ainda tenho trinta minutos antes de
ir a empresa e espero a vê-la mais vezes. Ela aparece vez ou outra para atender
outras mesas e vez ou outra seu olhar encontra o meu, mesmo ela evitando olhar
na minha direção na maioria das vezes.

Quando acabo de tomar café, penso em deixar meu cartão em cima da
mesa, mas tenho quase certeza que ela nunca iria me ligar. No caso, eu que teria
que ligar, mas também não vou pedir seu número assim.

Fico alguns minutos esperando que ela apareça novamente, mas como
isso não acontece, me levanto e saio depois de lhe deixar uma gorjeta na mesa
junto com o pagamento do que comi.

Saio do café sorridente e atravesso novamente a pista. Paro em frente ao
edifício e levanto a cabeça para olhar o grande prédio de 14 andares na minha
frente. O letreiro lá no alto carrega meu sobrenome eu respiro fundo antes de
entrar pelas portas automáticas.



Louise

Eu sei que ele estava esperando que eu aparecesse novamente, mas eu
não tive coragem. Minhas pernas estavam tremendo feito gelatinas e depois de o
ver sempre olhando para mim, eu não queria correr o risco de voltar lá e cair de
quatro no chão, literalmente.

Através de uma pequena roda transparente que tem na porta da cozinha,
eu ficava o admirando escondida e me abaixando sempre que ele olhava nessa
direção. Quem me visse ali acharia que eu estava ficando doida.

Depois de se convencer que eu não iria mais aparecer, eu o vi tirando
algumas notas da carteira e colocando embaixo do pires de café. Espero alguns
segundos e saio, indo em direção a mesa onde ele estava sentado.
Pela janela de vidro, o vejo parado em frente ao edifício da Global
Connor´s durante pouco tempo. Suas costas largas e sua altura de uns dois
metros se assemelham a um deus mitológico. Quero saber de onde os pais desse
homem tiraram uns genes tão bom desses.

Depois de alguns segundos parado, eu o vejo entrar no edifício e imagino
que ele trabalhe ali. Não pode ser! Agora além de saber onde eu tenho meu outro
“emprego”, ele também trabalha bem em frente. Eu vou ter que me segurar para
não o convidar a ir de graça para a minha cama.

Dou um sorriso com meu próprio pagamento e levanto o pires, onde além
do pagamento, há uma nota a mais de vinte dólares como gorjeta. Vinte dólares ?
Isso é uma das maiores gorjetas que já recebi até agora desde que trabalho para o
Bill.

Guardo apenas a gorjeta no meu bolso e depois de olhar mais uma vez
para o edifício e tentar imaginar em qual andar ele deve trabalhar, recolho as
coisas da mesa e volto para o meu trabalho. Afinal de contas, nem todo mundo
aqui é rico.



Benjamin

Todos os olhares se voltam para mim assim que piso dentro do prédio. As
pessoas obviamente sabem quem eu sou e os olhares se misturam entre respeito,
medo, inveja, desejo e por aí vai. Eu faço questão de cumprimentar todos, mas
sempre mantendo minha postura de que eu sou o que manda aqui. Eu não sou
um patrão pé no saco e que grita com todo mundo a troco de nada, mas também
não sou de dá mole para ninguém e se tiver que ser um bocado arrogante, eu
serei.

Subo os elevadores que me leva até o oitavo andar, que é onde fica meu
escritório e assim que piso fora, tomo um susto com os confetes que explodem
em minha direção e uma grande faixa azul escrita: “Bem-vindo a Boston, Senhor
Connor!”

O Gary está no meio deles e cumprimento amigavelmente todos os que
veem me dá as boas vindas. Algumas pessoas eu já conheço por ter tido contato
antes em Londres, mas a maioria ainda é desconhecida para mim e o meu melhor
amigo disse que fica de me apresentar tudo depois.

—Agora tenho que te mostrar seu escritório. Vem!

Andamos até meu grande escritório e vou imediatamente para gigantesca
janela de vidro temperado para ver se daqui dá para ter uma boa vista do café.
Bom, só dá para ver direito o estacionamento de bicicletas que fica quase em
frente e o teto, mas já é alguma coisa.

—O que acha da sala ? Está em um bom tamanho ? —Gary pergunta.

—Sim, está ótimo. Mas tinha de ser tão alto ?

—Por que ?—Ele rir. —Não sabia que tinha medo de altura.

—Não tenho. —Na verdade queria poder ficar exatamente de frente ao
café. Penso. —Mas você vai ter que me trazer nas costas pela escada se um dia
os elevadores pararem de funcionar ?

—Você ? Com quase esses dois metros ? Desculpe, amigo. Não faço
zoofilia para andar com um cavalo nas minhas costas, obrigado. — Rimos
juntos.

—As coisas que estão na sua mesa já são familiares para você. O
computador é novo, mas todos os seus documentos já foram transferidos para
ele. Se caso quiser algo que já tenha, há um pen drive branco na primeira gaveta.

—Okay … —Falo abrindo todas as gavetas e me familiarizando com
tudo.

—Se precisar de algo, interfona para minha sala. É três depois dessa.

—Não vou ter secretária ?

—Seu safadinho. —Ele rir. —Vai ter sim, mas ainda não contratei e nem
pedi que ninguém contratasse. Deixei essa tarefa para você.

—Fez bem. Para quando é aquela reunião que você falou ?

—Amanhã.

—Não tem como remarcar ?

—Não, já foi remarcada duas vezes.

—Okay então. Enquanto não tenho secretaria, você vai me fazer um
favor.

—Diga lá.

—Anuncie que estamos precisando de uma e marque todas as entrevistas
para quinta feira. Não temos nada marcado para quinta, não é ?

—Não.

—Então faz isso para mim, por favor ?

—Claro, chefe! Posso me retirar agora ? —Pergunta fazendo voz de
mulher e segurando as calças como se fosse uma saia.

—Depois de me pagar um boquete. Anda cá, princesa.
—Se foder! —Ele me dá o dedo do meio. —Até mais.

—Até mais. —Digo e ele sai rindo.

Viro a cadeira de rodinhas para a janela e me levanto. Olho em direção ao
café, mas está tudo do mesmo jeito. Se eu continuar pensando em Louise desse
jeito, não vou conseguir me concentrar no meu trabalho e também não vou
conseguir passar a boa impressão que estou querendo, então saio da janela e
volto a me sentar. O trabalho novamente me chama e não é pouco.

Fico na minha sala vendo e arrumando tudo que posso e na hora do
almoço, o Gary vem na minha sala, então saímos juntos. Descemos os
elevadores e ao chegar no térreo, saímos do edifício.

Meus olhos imediatamente são atraídos para o café onde Louise também
está saindo. Ela não me vê de onde está, mas enquanto andamos para o meu
carro, eu a vejo arrumando a bolsa e falando sorridente no celular.

—Não tem nada melhor do que uma gostosa trabalhando bem em frente a
empresa. —O Gary fala e ao olhar para ele e seguir seu olhar, fico puto.

—Oh, para de olhar, caralho! —Bato no seu peito e ele rir.

—O que foi ?

—Você aí secando a garota sem nem saber quem é.

—Mas pelos vistos você sabe, não é ? Está aí quase comendo ela com os
olhos. Tem até uma babinha aqui. —Tenta pegar no meu queixo, mas bato na sua
mão.

—Vai a merda, Gary! E eu não a conheço, ela só me deu uma informação
quando você me deixou perdido aqui antes.

—Então anda lá e me apresenta ela.

—Eu te apresento outras duas coisas e se você quiser, ainda pode
escolher. A esquerda na sua cara ou a direita no seu saco. —Falo mostrando os
braços.

—Que agressividade é essa, superman ? —Ele rir. —Não se preocupa
que eu não vou cair em cima da sua “amiga” não, mas talvez outra pessoa vá. —
Ele aponta com a cabeça e eu olho.

Ela guarda o celular quando um carro para no meio fio e com o vidro
aberto, vejo que é um homem ao volante. Meu sangue ferve instintivamente ao
ver a cena e prendo a respiração quando pela primeira vez, ela olha para nossa
direção e me ver. Seu sorriso morre rapidamente, mas ela logo o recupera e
também sorrir para mim.
Não sei se eu sorri de volta ou continuei com cara de paisagem, mas só
voltei a realidade quando ouvi o carro dá a partida cantando pneu.

—Deixa eu só limpar rapidinho aqui. —Sinto o Gary passar um lenço no
meu queixo e bato novamente na sua mão.

—Vamos logo almoçar, seu puto. —Entramos no meu carro. —E para de
ficar me alisando senão vão achar que eu sou viado. O único que gosta de levar
atrás aqui é você.

—Nem fodendo! —Ele diz antes de eu dá a partida.

Eu preciso ter a Louise rapidamente.



Louise

Depois que o Patrick me deixa em casa e vai embora, eu entro correndo
no apartamento. A Kim toma um susto quando eu entro igual uma doida e
começo a contar tudo para ela, desde a hora que o homem com cara de viking
entrou no café até o momento que nossos olhares se cruzaram enquanto eu
estava vindo para casa.

—Não acredito que o Bill te chamou pelo nome na frente dele. —Ela rir.

—O coitado não tinha como imaginar, né ?

—E a cara dele foi mesmo engraçada ?

—Nem me fale. Ele me olhou como se me chamasse em silêncio de
mentirosa e eu não sabia onde enfiar a cara.

—Por que ? O seu nome não é da conta dele.

—Eu sei, mas também não sei.

—E por que você não perguntou o nome dele também, sua idiota ?

—Acha que eu consegui sequer abrir a boca ? Eu estava muito nervosa e
estava com medo era de cair na frente dele.

—Se caísse, que fosse de quatro pelo menos.

—Safada! —Lhe jogo a liga de cabelo.

—E agora ? O que você vai fazer ?

—Como assim ? —A olho sem entender.

—O cara que você está a fim de comer trabalha em frente ao lugar onde
você trabalha. O que está esperando para ir dá pra ele ?

—Você está doida, Kim ? Vai que o homem seja casado.

—Isso agora é problema ? Digo, é problema sim, mas não é a primeira
vez que você faz programa com homens casados.

—Nem queira me lembrar disso. —Passo ao seu lado. —Vou começar a
ser exigente e dispensar homens casados.

—Então vai perder 80% dos clientes. —Ela dá uma gargalha e eu faço
som de choro.
—Ainda falta muito para sermos milionárias ?

—Não sei, mas se você quiser, pode largar essa vida e ir procurar um
emprego decente. Eu não vou te julgar, Lou.

—Você larga também ?

—Eu não!

—Então eu também não largo. —Cruzo os braços. —Vou tomar um
banho.

—Okay. Vamos sair hoje a noite ?

—Claro, não quero me dá ao luxo de faltar no trabalho.

—Nem eu. Nossos clientes esperam pela sua felicidade de cada dia. —
Fala dando um tapa em sua própria boceta por cima do short curto.

—Podre! —Digo e saio rindo para o meu quarto.

Durante todo o dia, a imagem do cabeludo viking não sai da minha mente
e algo me diz que ele vai me procurar novamente. Uma parte de mim quer mais
faltar e ficar em casa, pois aquele homem desperta minha timidez, mas a outra
parte me incentiva ainda mais a ir para a rua e não o deixar ir embora sem antes
o ter na “minha” cama.
Capítulo 03

Benjamin

Depois do almoço, eu voltei para a empresa junto com o Gay, mas acabei
saindo mais cedo do que o normal. Eu sei que não é um bom exemplo para o
primeiro dia de trabalho, mas eu estava bastante cansado e não queria continuar
dormindo as próximas semanas em um hotel. O Gary já tinha um apartamento
aqui em Boston, mas eu ainda não tinha nada e comecei a adiantar logo isso.
Além disso, logo iria trazer a Donna para vir morar comigo.

Com a leitura do testamento do meu pai, ficamos sabendo que a casa
onde vivemos e tudo que há dentro dele, havia ficado para a Donna. Eu confesso
que fiquei muito feliz por meu pai ter tomado essa decisão e meu coração doeu
quando ela veio me perguntar com lagrimas nos olhos se eu achava que ela era
interesseira. Eu sempre soube que ela não era esse tipo de pessoa e disse que
meu pai fez certo em ter deixado aquilo para ela, mesmo que no fundo ela não se
importe muito.

O problema é que, como não temos familiares tao próximo assim, eu não
a quero deixar sozinha em Londres. Ela também não quer ficar sozinha e diz que
tem que ficar perto de mim para impedir que eu fizesse besteiras. Então antes de
eu vir e depois de pensarmos muito, decidimos deixar a casa nas mãos de uns
amigos imobiliários de confiança para apenas tratar de cuidar da casa. Não
vender, não alugar, não emprestar. Apenas zelar para que nada dentro se
estrague.

—Donna ? —Falo quando ela atende o celular. Já é fim de tarde e estou
no hotel.

—Benjamin ? Como você está, meu filho ?

—Estou bem e você ?

—Também estou bem, mas com saudades de você. —Sua voz tem um
efeito capaz de me acalmar.

—Eu queria ter te trago logo, mas ainda estou dormindo em um hotel.

—Não tenha pressa.

—Eu tenho. Estou cansado de dormir em hotel. —Digo e ela rir. —Eu já
estou providenciando a nossa nova casa. Provavelmente você já possa vir
semana que vem.

—Tão rápido ?

—Eu te falei que tenho pressa. —Dessa vez sou eu quem rio. —Você se
importa ?

—Claro que não! Eu preciso logo ir para perto de você para cuidar do
meu menino.
Suas palavras fazem meus olhos marejarem.

—Então pronto! No decorrer desta semana eu te envio as fotos da casa
que estou pensando em comprar e você me diz o que acha.

—Você tem bom gosto. Eu tenho certeza que vou gostar.

—Bem que eu tenho mesmo. —Falo sorrindo. —Agora vou desligar,
tudo bem ? Nos falamos outra hora.

—Tudo bem e se cuida.

—Pode deixar. Qualquer coisa você me liga.

—Ligo sim. Beijos.

—Beijos. —E encerro a chamada.

Já vi e salvei vários folhetos digitais a venda em Back Bay, mas hoje o
dia foi curto de mais para escolher uma. Irei tratar disso no fim de semana.
Agora tenho coisas mais importantes e mais interessantes para fazer.

—Vai para algum lugar ? —Pergunto assim que o Gary atende minha
chamada. Como eu disse, ele já tem um apartamento em Boston e mesmo que
tenha me convidado para ficar lá até ter minha casa, eu recusei.

—Eu não. Até queria, mas estou cansado. Você vai ?

—Acho que vou dá uma volta só.

—Não vai apanhar ressaca. Ainda estamos no meio da semana.

—Não irei. Até amanhã.

—Até. —Fala desligando a chamada.

Depois de tomar banho e vestir uma das poucas peças de roupas que
trouxe, deixo os cabelos soltos por cima dos ombros e passo perfume. Saio do
hotel e enquanto me dirijo para o meu carro, torço para que Louise esteja no
mesmo lugar que na primeira vez que a vi.



Louise

—Uau! —Kim fala quando eu saio do quarto.

—Como estou ? —Pergunto dando uma voltinha devagar.

Estou usando um vestido de mangas compridas vermelho e bem justo
que vai até as coxas. O decote quadrado e aberto no meio vai até a parte de baixo
dos meus seios, o deixando bem visíveis. Nos pés, calço uma bota preta em
veludo de cano longo e bico fino que vai até os joelhos. Decidi prender os
cabelos em um tipo de coque e fiz uma maquiagem não muito escura, mas ao
mesmo tempo que evidenciasse bastante.

—Está muito gostosa! Acha que vai encontrar o grandão hoje ?

—Não sei, talvez sim. —Dou de ombros.

—Está doida pra levar uma surra de piroca, né ?

—Kim! —Lhe dou um leve empurrão. —Já está pronta ?

—Sim. —Ela está usando um vestido bem curto preto com tule entre os
seios e um salto alto também preto. Pegamos nossas bolsas e saímos de casa.

Desde o dia que fui assaltada, passei a andar sempre com uma pequena
faca e spray de pimenta na bolsa. Eu sei que devia andar desde muito antes, até
poderia ter conseguido evitar o assalto, mas nunca pensei que isso fosse
acontecer comigo.

Pegamos um táxi na esquina próximo ao nosso apartamento e vamos em
direção ao centro de Boston. O homem de cabelos compridos não sai da minha
cabeça e mesmo que ela seja muito atraente e tenha um corpo convidativo, eu
não entendo porque estou torcendo tão fervorosamente para que o veja hoje
outra vez.



Benjamin

Enquanto conduzo o carro, só consigo torcer para que a Louise esteja
novamente no mesmo lugar e sinto meu estômago se contrair quando de longe já
a vejo. Ela está usando um vestido vermelho provocante e suas botas de cano
longo deixando apenas um pouco da pele das suas pernas a mostra faz com que
eu pense mil e uma coisas.

Diminuo a velocidade do carro antes de chegar até onde ela está e abro os
vidros. Consigo escutar ela dando uma gargalhada alta e exagerada quando sua
amiga fala algo, o que também me faz dá um sorriso involuntário.

—Boa noite. —Falo parando o carro e percebo que a assustei. Ela me
olha tão surpresa quanto olhou no café e eu dou um sorriso de lado.

—Boa noite. —Fala colocando fios de cabelo atrás da orelha. Não sei se
isso foi um charme para conseguir mais um cliente, mas combinou perfeitamente
com ela. —Podemos te ajudar ?

—Sim, mas hoje não é para encontrar algum restaurante.

Vejo sua amiga lhe cutucando sem fazer questão de disfarçar.

—Então o que seria ?

—Diversão. —Digo apenas.

—Minha amiga aqui pode te dá toda a diversão que você precisa. —Sua
amiga loira fala rindo e a vejo ficar com o rosto corado. Garotas de programa
ficam envergonhadas ?

—Eu sei que sim. —Me inclino e abro a porta do carro. —Vamos ?

—Claro. —Ela fala e desce da calçada. —Te vejo depois, Kim.

—Aproveita.

Louise sorrir e entra no carro fechando a porta. Sua amiga se aproxima
da janela.

—Só me faz um favor. —Sua amiga, que agora sei que se chama Kim,
fala se aproximando da janela. —Ela está precisando de um pau bem grande e
grosso e eu tenho quase certeza que você é o número dela.

—Kim! —Ela repreende e eu dou risada.

—Verei o que posso fazer.

—E faça! Tenham uma boa noite. —Diz se afastando e eu dou a partida.

Ficamos dentro do carro em silêncio por alguns segundos quando ela
quebra o silêncio.

—Como você se chama ?

—Por que ? —A olho por alguns segundos com um sorriso de lado.

—Porque você já sabe meu nome e eu queria saber o seu.

—Você sabe o nome de todos os seus clientes.

—Não, mas pensei que …

—Connor. Benjamin Connor. —A olho novamente. —E eu não sei seu
nome.

—Claro que sabe.

—Você tem dois nomes. Não sei por qual devo te chamar.

—Você quem sabe.

—Rhonda é um nome bonito, mas Louise combina mais com você.

—Então me chame por Louise. —Diz parecendo estar mais a vontade. —
Onde vamos ?

—Não se preocupa. Não vou te levar para um barraco imundo. —Sorrio
e ela rir também.

—Eu sei. É uma pergunta para manter a conversa.

—Entendi. Eu ainda estou providenciando minha casa aqui em Boston.
Iremos para outro lugar.

—Okay. E o que te traz em Boston ?

—Emprego.

—Imaginei. —Ela rir.

—O que foi isso nos seus lábios ? —Pergunto depois de ver um pequeno
ferimento no seu lábio inferior.

—Fui assaltada.

—Mesmo ?

—Sim.

—E eles quem fizeram isso ?

—Sim. —Abaixo a cabeça.

—Desculpa se for muito invasivo, mas quantos anos você tem ?

—Vou fazer 24.

Depois da sua resposta, ficamos novamente em silêncio, mas não por
muito tempo. Logo chegamos ao hotel e eu entro com o carro para o
estacionamento.

Saímos do carro e andamos juntos pelo estacionamento em direção aos
elevadores. Antes de entrar, conferi se não iria entrar mais ninguém, então
quando as portas se fecharam, a agarrei e comecei a lhe beijar com vontade. Ela
logo retribui ao beijo e deixa sua bolsa cair no chão.

—Estou machucando ? —Pergunto parando o beijo e tocando seu
ferimento no lábio.

—Não. —Ela rir. —Não está.

—Que bom. —Eu levanto seu vestido e a pego no colo. Ela enrosca suas
pernas em volta da minha cintura e suas mãos vão aos meus cabelos enquanto
voltamos a nos beijar
Meu pau lateja dentro da minha calça e tenho vontade de a comer aqui
dentro mesmo quando ela solta um gemido. A encosto na parede do elevador e a
segura só com uma mão enquanto a outra vai em direção ao seu sexo. Meus
dedos logo a sentem molhada e eu sorrio em meio ao beijo.

Junto meu dedo do meio e o indicador e enfio os dois dentro da sua
bocetinha quente. Ela geme puxando meus cabelos, o que me dá mais tesão e faz
com que eu faça rapidamente movimentos de vai e vem.

Olho para o painel e vejo que estamos a três andares do meu andar e
acelero a velocidade. Ela geme ainda mais alto e eu fico a olhando fechar os
olhos e morder os lábios de prazer.

—Eu vou … —Ela geme e eu acelero a velocidade.

Sinto meu dedo sendo apertado por suas dobras e um líquido quente os
deixar todo molhado. A desço lentamente do meu colo enquanto dou leves
mordidas em seu lábio inferior.

Seu rosto está vermelho e um pouco brilhante e eu só consigo rir. Antes
que o elevador se abra, ela ajeita o vestido e pega a bolsa no chão. Meu pau está
quase rasgando a calça, então a puxo e a coloco na minha frente por dois únicos
motivos. O primeiro é para ninguém ver minha situação e o segundo, quero que
ela sinta o que a espera.

Saímos no meu andar e enquanto caminhamos pelo corredor em direção
ao meu quarto, lhe dou um tapa forte na sua bunda que faz um estalo grande.

Assim que entramos, eu já puxo sua bolsa e a jogo novamente no chão. A
agarro da mesma forma que fiz no elevador e vou andando para a cama com ela
agarrada em minha cintura.

Nossos beijos são ardentes e me faz ficar com calor, mas eu não paro.
Seus lábios finos e pequenos são com certeza os melhores que eu já provei,
então me aproveito bastante dele. Os devoro, mordo, chupo. Faço todas as
maldades que posso. A jogo na cama sem delicadeza nenhuma e ela sorrir para
mim apenas apoiada nos cotovelos.

—Quer dizer que você está precisando de pau ? —Falo tirando meu cinto
e ela rir.

—A Kim é doida.

—E eu quero foder você. —Abro o zíper da calça e tiro a camisa. Subo
na cama e ela vai se afastando mais para cima.

Pego uma das suas pernas e abro o zíper da sua bota, a tirando e jogando
longe. Faço o mesmo com a do outro pé e lentamente vou tirando as meias
longas pretas que ela usa. Meu pau lateja quando a vejo me encarar de forma
penetrante e tenho vontade de acelerar isso e a foder logo de uma vez, mas quero
aproveitar cada pedaço do seu corpo.

Puxo suas pernas a fazendo chegar mais perto e tiro sua calcinha branca.
A cheiro e fico embriagado só de pensar que logo estarei dentro dela. Ela tenta
tirar o vestido, mas seguro seus braços.

—Eu faço isso! —Falo em som autoritário e ela apenas acena com a
cabeça mordendo os lábios.

Eu a solto e abro suas pernas. Fico de joelhos na cama apenas
observando aquela boceta rosada toda abertinha para mim e lambo os lábios. Há
pouquíssimos pelos clarinhos em cima, então levo meu dedo indicador e o aliso.
Vejo os pelos da sua barriga se arrepiarem e dou um sorriso de satisfação.

Me deito entre suas pernas e coloco uma delas em cima do meu ombro.
Ela fica me olhando de uma forma quente e eu chego com a boca bem perto do
seu sexo. Não o toco, apenas dou um leve assopro que a faz gemer e cair a
cabeça para trás. Novamente dou um sorriso e passo os meus dedos pela região.

Dou beijos na parte de dentro das suas coxas e a vejo começar a apertar
os próprios seios. Continuo com os beijos e dou uma única e rápida lambida
entre suas dobras. Ela geme novamente e antes que acabe, já estou com os dois
dedos enfiados dentro dela outra vez. Volto com os movimentos de vai e vem e
fico a olhando enquanto ela geme de prazer. Acelero os movimentos quando
sinto sua boceta apertando meus dedos novamente e ela goza outra vez na minha
mão. Não tiro os dedos e continuo o movimento por mais alguns segundos
enquanto seu corpo treme em resposta.

Tiro os dedos e fico novamente de joelhos. Desta vez tiro seu vestido
pela sua cabeça e seus seios médios ficam expostos para mim quando vejo que
ela não usa sutiã. Os bicos rosados apontados para mim e em volta arrepiado é
um belo convite para serem chupados.

Vou subindo por cima dela lentamente e agarro os dois com minhas
mãos. Eles cabem totalmente dentro da palma, o que me deixa ainda mais
excitado. Passo a língua no bico esquerdo enquanto aperto o outro e logo
começo a mamar como se pudesse sair algo dali. Dou mordidinhas no bico e ela
arqueia o corpo. Suas mãos agarram novamente meus cabeços e eu aqueço ainda
mais os movimentos. O chupo tão forte deixando uma marca vermelha que eu
sei que vai ficar roxa em breve. Troco de boca para o seio direito e faço a mesma
coisa que fiz com o outro, enquanto meus dedos fazem círculos no bico do que
acabei de chupar.

Ela geme de forma descontrolada e eu torço para que essas paredes sejam
grossas o bastante e a prova de som, mas se não for, que se foda. Paro de chupar
seu seio e fico novamente de joelhos a admirando. Ela sorrir e eu retribuo ao ver
a bela marca que deixei no esquerdo.

—Acho que você está marcada. —Digo alisando o dedo na marca e ela
olha.

—Não acredito! —Diz sorrindo e ofegante. Seus cabelos um pouco
bagunçados a deixa maravilhosa.

Começo a tirar a calça enquanto ela me beija e arranha minhas costas.
Depois que jogo a calça junto com a cueca para longe, me deito delicadamente
em cima dela e sinto sua boceta ainda úmida encostar na minha barriga.
Distribuo beijos pelo seu pescoço enquanto ela apenas geme e puxa meus
cabelos.

Me afasto um pouco e pego um preservativo que deixei na primeira
gaveta do criado mudo. Com meu pau já duro, não é nada difícil de colocar,
então o faço em segundos. Ela olha para meu membro apontado na sua direção e
lambe os lábios. Tenho que admitir que não é para qualquer uma.

Me encaixo entre suas pernas e levanto uma delas para ficar bem aberta
para mim. Encosto apenas a cabeça na sua entrada e ela mexe o quadril como se
quisesse que eu colocasse logo. Eu dou um sorriso e fico alisando suas dobras
para cima e para baixo.

—Por que você está me fazendo esperar tanto ? —Diz entre gemidos.

—Eu quero aproveitar cada pedaço desse seu corpo gostoso.

—Mas eu quero te sentir logo dentro de mim.

—Você vai sentir. —Digo dando uma pausa e continuando alisando. Sua
boceta está bastante molhada e no instante seguinte, enfio tudo de uma vez. Ela
dá um grito de prazer quando meu pau a invade e aperta os lençóis da cama.

—Filho da puta! —Geme mexendo os quadris.

—Não era você que queria pau ? —Sorrio estocando lentamente e
sentindo sua carne se apertando em volta do meu membro. —Não sabia ainda
que tinha a boquinha tão suja.

—Fode logo comigo, por favor. —Implora com o rosto vermelho.

—Você quer ser fodida ? —Vou aumentando lentamente a velocidade.

—Sim. Agora.

—Então pede para ser fodida e me chama pelo seu nome.

—Eu quero ser fodida, Benjamin.

—Então … —Estocada. —Você… —Estocada. —Vai ser … —Estocada
ainda mais forte. —Fodida!

Ela geme ainda mais e eu dou estocadas fortes dentro dela. Sua boceta
apertada agarra meu pau com força e eu tenho que me controlar para não gozar
logo. Cada estocada me faz ir as nuvens e vou aumentando ainda mais a
velocidade e a força. Ela abre os olhos e me encara com uma cara de “puta
inocente”, o que me deixa ainda mais excitado.

—Isso! —Pede. —Me fode, por favor.

—Você quem manda. —Empurro mais dentro e ela dá outro grito. Aperto
seus seios sem deixar de estocar e ela crava as unhas nos meus braços.

—Eu vou gozar. —Anuncia, o que me faz continuar acelerando.

—Goza comigo, sua vadia. Goza no meu pau, vai.

—Eu vou … Gozar. —Sinto sua boceta me apertando ainda mais e
aproveito para gozar no mesmo instante. A sensação de gozarmos juntos é
maravilhosa e mantenho a velocidade enquanto sinto meu líquido sendo
libertado dentro daquela boceta maravilhosa.

Eu ainda continuo excitado, então saio de dentro dela e volto para sua
bocetinha, onde volto a chupar como se minha vida dependesse daquilo. Ela
geme ainda com o corpo tremendo e quase empurrando minha cabeça para que
eu pare, mas eu sei que ela não quer isso, então chupo e mordo delicadamente
ainda mais.

Enfio meus dedos dentro dela e volto com os movimentos de vai e vem.
Não demora nem dois minutos para ela começar a gemer feito louca e indicar
que está perto de gozar novamente. Eu tiro os dedos e volto com a boca
passando a língua no seu clitóris. Rapidamente ela goza e eu me delicio com seu
líquido na minha boca.

—Eu estou morta! —Fala sorrindo quando deito ao seu lado.

—Mas eu ainda nem acabei. —A puxo para cima de mim a fazendo ficar
com as pernas de cada lado da minha cintura. Pego outra camisinha e ela me
ajuda a colocar no meu pau, que continua duro feito rocha.

A levanto como se fosse uma pena e a encaixo lentamente em cima do
meu pau. Ela geme conforme sua boceta vai engolindo meu membro e eu
também gemo quando me sinto completamente dentro dela.

Começo a estocar sua boceta de forma violenta e aperto seus seios
quando os mesmos ficam pulando na minha frente. Ela aperta meu peito com as
mãos para que eu pare e eu entendo o recado. Ela então começa a sentar no meu
pau e eu abro a boca para tentar controlar o tesão.

Ela senta de forma rápida com as mãos apoiadas no meu peito e eu fico
olhando sua boceta subindo e descendo em cima do meu pau. Eu aperto seus
seios quando sinto que meu gozo está vindo e pelo visto ela entende, pois
consegue aumentar ainda mais a velocidade.

Eu gozo lindamente outra vez e ela continua sentando, deixando meu
membro sensível. Logo vai diminuindo e quando para, caímos deitados e
ofegantes na cama, onde ficamos apenas olhando para o teto.
—Eu posso tomar banho no seu banheiro ? —Pergunta quebrando o
silêncio e sentando na cama. Seus lábios estão vermelhos e inchados de tanto
que puxei, assim como seu rosto está bem vermelho.

Ela rir sem graça quando percebe que estou a admirando.

—Claro, vai lá.

—Obrigada. —Ela levanta se cobrindo com o lençol, mas quando passa
perto de mim, eu o puxo deixando seu corpo a mostra outra vez.

—Você fica melhor assim. —Digo e ela entra no banheiro sorrindo.

Me espreguiço na cama feliz e satisfeito. Finalmente pude ter essa
mulher na minha cama e ainda bem que não esperei muito para vir atrás disso,
senão nem teria ideia do que estaria perdendo.

A ideia de ela ser prostituta volta a minha cabeça e sinto uma pontada de
raiva me invadir quando penso que vou ter que a dividir sabe-se lá com mais
quantos caras. Eu sei que não estamos juntos e nem quero isso, mas ainda assim
eu queria ser exclusivo. Uma hora dessas preciso fazer uma proposta para ela,
mas não agora. Não a quero assustar e fazer com que saia correndo de mim,
então por enquanto tenho que me conformar com isso.

Quando escuto o barulho da água do chuveiro começar a cair, pego meu
celular e mando uma foto para o Gary dando indícios do que acabei de fazer.
Não da Louise, claro, mas de sua calcinha que agora está na minha mão. Ele não
demora muito a responder com um “Já está fodendo, seu safado” e ficamos
falando enquanto espero que ela saia do banheiro.

Ela sai alguns minutos depois enrolada em uma das toalhas e eu me viro
para a admirar.

—Eu já ia te foder naquele banheiro outra vez.

—Minhas pernas ainda estão bambas. —Ela rir e eu também. —Pode me
devolver minha calcinha ? —Pede se aproximando da cama.

—Por que ?

—Porque eu já vou embora e preciso dela. —Rir como se fosse óbvio.
Em um movimento rápido, eu a puxo e a faço deitar novamente ao meu lado.

—Quem disse que você vai embora ?

—Pensei que só teríamos uma hora.

—Pensou errado. —Rio de lado. —Hoje eu quero você aqui a noite
inteira.

—Como assim ? —Ela pergunta olhando para minha boca e eu mordo
seu lábio.
—Hoje eu pago seja quanto for para você passar a noite comigo.

—Está tão carente assim ?

—Na verdade não, mas quero passar a noite fodendo com você.

—Me parece uma boa ideia. —Diz rindo. —Mas preciso avisar para a
Kim. —Fala se levantando e eu dou outro tapa na sua bunda.

—Okay.

A vejo saindo nua da cama e indo em direção a sua bolsa que está jogada
no chão. Ela pega o celular de dentro e enquanto ela digita alguma mensagem,
eu fico admirando seu corpo de costas.

Além desta noite, eu com certeza preciso desta mulher mais outras vezes.



Louise

Acordo com meu alarme tocando e abro os olhos lentamente. O teto não
me é familiar, então quando lembro que não dormi em casa, dou um salto. Olho
para o lado e Benjamin continua dormindo. Seus cabelos espalhados pelo
travesseiro e um de seus braços acima da sua cabeça me fazem suspirar. O lençol
cobrindo apenas seu membro nu me faz lembrar da noite que tivemos ontem e
meu sexo ainda está ardido de tantas as vezes que ainda transamos depois que
avisei a Kim que não ia para casa.

Tenho que fazer uma manobra para sair da cama, pois estou usando o
mesmo lençol que ele está coberto e minha perna está presa no meio dele. Ele se
mexe me fazendo prender a respiração, mas não acorda. Eu desço por completo
da cama e começo a vestir minha roupa. Procuro minha calcinha por todos os
lados, mas não acho, então visto apenas o vestido e calço minhas meias antes das
botas. Arrumo minha bolsa e penso em lhe acordar para me despedir, mas ele
está dormindo tão lindamente que eu não tenho coragem. Além do mais, ainda é
cedo.

Arrumo minha bolsa e guardo o dinheiro que ele me deu ontem mesmo.
É bem mais do que deveria ser, mas não o consegui convencer a receber o troco.
E outra coisa, também não estou podendo me dá o luxo de recusar dinheiro.

Quando estou pronta, o olho e ele continua dormindo. Tenho vontade de
lhe dá um beijo de despedida e até me aproximo da cama, mas sinto que será
algo íntimo demais para fazer, contando que nem nos conhecemos e eu sou uma
simples prostituta, então dou as costas e saio do quarto sem entender o motivo de
estar sentindo algo parecido com tristeza por estar indo embora.
Capítulo 04

Benjamin

Chego na empresa correndo e entro no elevador. Nem tive tempo sequer
de tomar café devido ao atraso. Ela podia ter pelo menos me acordado. Dou um
sorriso por lembrar de tudo que aconteceu na noite anterior e de como aquele
corpo foi apenas meu durante a noite inteira. Fiz exatamente o que quis, na hora
que quis, mas ainda assim não me sinto completamente satisfeito. Eu preciso
dela mais vezes.

—Já estava na hora! —O Gary fala assim que as portas do elevador se
abrem no oitavo andar.

—Eu me atrasei. Desculpa.

—Eu sei bem porque você se atrasou. —Diz e eu dou um sorriso.

—Já chegaram todos ?

—Para sua sorte não, mas o que falta já está perto de chegar.

—Onde é a sala de reunião ? —Pergunto andando pelo corredor com ele
ao meu lado.

—É ali na frente. Eu ou outra pessoa ainda tem que te mostrar cada parte
desse edifício.

—Okay.

Abro a grande porta de madeira da sala de reuniões e vejo dois homens e
duas mulheres ambos bem vestidos sentados em volta de uma enorme mesa preta
e oval.

—Bom dia. —Falo arrumando a manga do meu terno e vou
cumprimentar eles. As mulheres (que me olham com desejo) cumprimento com
um beijo em cada lado do rosto.

O Gary me apresenta todos eles enquanto eu anoto os seus nomes
mentalmente. Não posso bancar o empresário desleixado e esquecer dos nomes
dos grandes funcionários de uma empresa como a Boston Visual.

Alguns minutos depois, mais uma mulher chega e depois de a
cumprimentar, ela se senta conosco.

—E então ? —Pergunto colocando os braços em cima da mesa. —Fiquei
sabendo que querem lançar uma marca vossa junto com a nossa.

—Isso mesmo, senhor Connor! —O velho careca que é braço direito do
dono fala eufórico e nervoso ao mesmo tempo. —Faz tempo que estamos
esperando por esta oportunidade e quando nos disseram que a reunião iria ser
com um Connor, ficamos afoitos.

—Isso é bom. E o que vocês sugerem ? Como sabem, lançar uma marca
ao lado da nossa não é para qualquer empresa e isso vai dá um grande trabalho.

—Sabemos sim, senhor. Por isso viemos aqui e estamos dispostos a
qualquer acordo que esteja ao nosso alcance.

—Muito bem. A parte financeira fica para depois. Como estão
planejando esse lançamento ?

—Bom. —Uma das mulheres, que se apresentou como designer começa
a falar. —Já que estamos lançando uma coleção de ternos e vocês estão lançando
uma coleção de vestido de gala, estávamos pensando em fazer um desfile em
casal, depois de claro, mostrarmos algumas peças individualmente.

—Casal ? —Pergunto.

—Sim. As roupas da coleção são mostradas de dois em dois. Um casal
por vez. Irá contrastar como se tivessem indo justamente para um jantar de gala.

—Eu gosto da ideia. —Me ajeito na cadeira. —O que você acha, Gary ?
—Pergunto o olhando e ele rir para mim.

Já é costume fazermos isso. Adoramos ver a reação das pessoas ansiosas
por uma resposta positiva nossa.

—Eu também gostei da ideia. —Ele cruza os braços fingindo indiferença.
—Então acho que estamos combinados.

—Estamos ? —O careca pergunta e eu me levanto. Todos os outros
levantam também.

—Sim, estamos.

—Muito obrigado, senhor Connor. —Ele estende a mão para mim e eu a
aperto. —Esse desfile será um espetáculo.

—Esperamos todos que sim. —Digo e os outros fazem que sim com a
cabeça.

Terminamos a reunião depois de marcamos outra para decidir a data do
desfile e mais alguns pormenores sobre o mesmo.

—Tenho alguma coisa para fazer agora, Gary ? —Pergunto enquanto
caminhamos pelo corredor.

—Só uma entrevista com um canal de tv, mas vai ser rápido. Como você
está arrumando os papeis da sua nova casa, eu não quis marcar mais nada tão
trabalhoso para essa semana.
—Fez bem. E que horas vai ser a tal entrevista ?

—Depois do almoço e vai ser transmitida a tarde.

—Tudo bem. Eu vou ali no café e já volto, okay ?

—Já vai atrás da garçonete de novo ?

—Eu vou só beber café. —Reviro os olhos. —Eu não vou sair para
almoçar. Depois da entrevista eu vou adiantar algumas coisas no horário para
poder sair e resolver os papéis da casa. Dormir em hotel é um saco.

—Eu te convidei para ir para o meu apartamento. Você quem não quis.

—Fim de semana já vai está tudo pronto. Obrigado assim mesmo. —
Pego no seu ombro. —Volto daqui a pouco.

Entro nos elevadores e aperto o botão para o térreo. Quando chego, a
recepcionista não faz nem questão de esconder o olhar me cobiçando. Ela é bem
gostosa, tenho que confessar, mas também é muito superficial. Para mim não
serve para mais que uma noite quente, coisa que eu talvez chegue a pensar
depois.

Atravesso a rua e entro no café. Meus olhos percorrem o lugar
procurando alguém em específico, mas como não encontro, me sento na mesma
mesa que sentei na primeira vez que estive aqui.

—Bom dia. —Escuto uma voz conhecida e me viro. Lá está ela usando
novamente o vestido verde piscina e os cabelos presos no rabo de cavalo.

—Bom dia. —Digo e suas bochechas ficam rosa.

—O que vai querer hoje ? —Sua postura agora é profissional e ela quase
não mantem contato visual.

—O mesmo.

—Eu já volto. —Ela se vira, mas eu seguro em seu braço.

—Espera.

—Pois não ?

—Está fingindo que não me conhece ?

—Não, eu estou no meu ambiente de trabalho, senhor Connor.

—Tudo bem. Desculpa. —A solto e ela vai andando rapidamente para a
cozinha me deixando com um sorriso no rosto.

Fico lendo alguns emails no celular quando ela chega trazendo o café e
os donuts.

—Deseja mais alguma coisa ?

—Acho que não. —Torço o lábio e levanto os olhos para a olhar. —E
você ? Deseja ?

Minha pergunta com certeza foi duplo sentido e percebo que ela entende
quando suas bochechas ficam rapidamente vermelhas e ela rir olhando para
baixo.

—Não. Obrigada.

—Nem isso ? —Tiro disfarçadamente a sua calcinha branca do bolso de
dentro do meu terno e ela arregala os olhos.

—Esconde isso! —Fala quase se jogando em cima de mim e olhando
para os lados. —Você está louco ?

—Eu só fiz uma pergunta. —Sorrio com seu desespero.

—Você escondeu ela ?

—Talvez. —Dou de ombros a cheirando e ela novamente quase se joga
em cima de mim.

—Quer parar ?

—Okay. —Digo a guardando. —Podemos nos ver hoje de novo ?

—Você não é um cara bastante ocupado como todos os CEO ?

—Como você sabe que sou CEO ? —Pergunto e ela olha para o edifício
em frente ao café.

—Ontem você se apresentou como Benjamin Connor e depois não foi
difícil de imaginar.

—Já entendi. —Digo e ela rir. —E para falar a verdade sim. Eu sou
bastante ocupado, mas estou usando essa semana para colocar as coisas em
ordem.

—Entendo. Bom, eu preciso ir atender as outras mesas.

—Você não respondeu minha pergunta.

—Você sabe onde me encontrar. —Diz e sai depois de piscar para mim.
O amigo entre minhas pernas logo se anima e eu dou um sorriso vitorioso.



Louise

Depois da maravilhosa noite que tive com Benjamin, eu voltei para casa
radiante. Sim, eu já tinha ficado com caras tão bonitos e bem-dotados como ele,
mas juro que nenhum me fez sentir tanto prazer como ele fez. Só de lembrar de
suas mãos passeando pelo meu corpo faz um arrepio subir pela minha espinha.
Quando cheguei em casa pela manhã, a Kim já estava acordada me esperando
para que lhe contasse as novidades. E eu contei.

—Duas seguidas ? —Perguntou levando as mãos para cobrir a boca.

—Bem seguidas mesmo.

—E era bem dotado ?

—Nem me fale. —Me sentei no sofá revirando os olhos. —E o melhor
foi que ele pensou primeiro no meu prazer do que no dele.

—Pra te fazer gozar no elevador.

—E ainda tem uma coisa. —Falei depois de contar os maiores detalhes
da noite.

—O que ?

—Eu não vim ontem a noite porque ele fez questão que eu passasse a
noite com ele. Inclusive pagou mais que o esperado.

—Sério ?

—Sim. —Falei tirando as várias notas da carteira e lhe mostrando. —Eu
nem ia cobrar tudo isso.

—Nossa! Então o cara é rico mesmo.

—Acho que mais que isso. Você não imagina quem ele é.

—Como assim ?

—Ele é Benjamin Connor.

—Quem ? —Pergunta como se não fizesse a mínima ideia de quem seja.

—Ele é dono da Global Connor´s, Kim!

—Está falando sério ?

—Claro! Eu descobri por acaso e ele me confirmou.

—Caramba! Por isso ele pagou tão bem.

—Isso mesmo.

—E vocês vão voltar a ter outras noites ? O que ele falou quando você
saiu ?

—Na verdade eu saí antes dele acordar.

—Como assim, sua louca ?

—Ah, não sei. —Dou de ombros. —Eu ainda sou uma prostituta e não
queria acordar ao lado dele assim. É algo íntimo demais e eu preferi sair antes.

—Por esse lado fez bem. —Faz careta. —Mas acho que ele vai te
procurar.

—Não sei, mas acho que não. Ele já teve a noite de sexo que estava
procurando. Vida que segue.

—Não acredito que você está triste por isso. —Ela praticamente grita.

—Claro que não! Ficou doida ?

—Você está sim! —Rir e eu me levanto. —Volta aqui e me conta tudo,
Lou.

—Eu vou me arrumar para ir trabalhar, sua piranha. —Digo rindo e
entrando no meu quarto.

Eu não sei se ele vai me procurar e algo me diz que não, mas não posso
negar que esperaria muito que ele procurasse.

Quando chego ao trabalho, sirvo as mesas normalmente e mesmo sem
querer, estava o esperando para tomar seu café preto com donuts simples, mas
ele não apareceu. Decidi voltar a me concentrar no trabalho e não pensar mais no
Benjamin. Estava ficando louca das ideias por causa de um simples cliente e
tinha que voltar a pisar os pés no chão outra vez.

Felizmente eu consegui voltar a me concentrar ao trabalho e quando
estava quase parando de pensar totalmente nele, eis que saio para atender uma
mesa e o vejo na mesma mesa. Minhas pernas bambearam no mesmo momento e
eu o fui atender com o coração aos pulos. Quando ele me mostrou minha
calcinha e a cheirou, eu fiquei louca de vergonha. Eu estava no meu ambiente de
trabalho mais discreto e aquele filho da mãe vem e tira minha calcinha fio dental
de dentro do bolso.

–Quer parar ? —Digo quase me jogando em cima dele a fim de esconder
a calcinha.

—Okay. —O safado respondeu e guardou sorrindo. —Podemos nos ver
hoje de novo ?

Confesso que sua pergunta me deixou surpresa, mas eu disfarcei bem.

—Você não é um cara bastante ocupado como todos os CEO não ?
—Como você sabe que sou CEO ? —Ele perguntou e eu olhei para o
edifício em frente ao café para insinuar o óbvio.

—Ontem você se apresentou como Benjamin Connor e depois não foi
difícil de imaginar.

—Já entendi. —Ele disse sorrindo e continuou. —E para falar a verdade
sim. Eu sou bastante ocupado, mas estou usando essa semana para colocar as
coisas em ordem.

—Entendo. Bom, eu preciso ir atender as outras mesas. —Eu já estava
sendo chamada em outras mesas.

—Você não respondeu minha pergunta.

—Você sabe onde me encontrar. —Digo piscando para ele e saio.

Eu gostei de deixar aquela pontada de mistério na sua mesa e meu ego
inflou um pouco depois de saber que ele me queria de novo. O resto do dia no
trabalho foi inevitável não ficar pensando nele e sempre que eu pensava, um
sorriso saía involuntariamente pelos meus lábios. Eu sabia que estava em um
caminho perigoso, principalmente por ele ser o primeiro cliente em toda a minha
vida que ficou nos meus pensamentos por um dia inteiro.

Chego em casa por volta das cinco da tarde e a Kim está sentada no sofá
atenta a algo passando na tv.

—Olha, o seu cliente está na tv. —Fala e eu praticamente corro para seu
lado.

Na televisão está estampada a imagem de Benjamin sentado em uma
poltrona giratório de frente com uma mulher, que parece o entrevistar. Ele está
usando o mesmo terno de hoje de manhã, o que me faz acreditar que a entrevista
foi hoje.

—Sabemos da fatalidade recente que houve com seu pai, mas como
foi a mudança de Londres para vir chefiar aqui ?

—Na verdade eu estava bem em Londres. Mas se eu estou na linhagem
do meu pai e gosto disso, não vi mal nenhum em me mudar para Boston.

—E está gostando da cidade ?

—Ah, muito. —Ele rir de uma forma que me faz arrepiar. —Ainda estou
colocando as coisas em ordem, mas logo tudo se ajeita.

—E o coração do grande e cobiçado Benjamin Connor, já tem dona ?

—Ainda não. —Rir novamente daquele jeito que parece cheio de
santidade. —Mas não estou pensando nisso. Agora tenho que focar mais no
trabalho.

—Pelo menos não é casado. —A Kim fala.
—Uma noticia boa e ao mesmo tempo ruim para as pretendentes,
não é ? —A mulher fala o fazendo rir.

—Se você diz. —Esfrega uma mão na outra.

—Então acabamos por aqui a entrevista com Benjamin Connor, o
novo dono e herdeiro da Global Connor,s. Foi um prazer, senhor Connor.

—O prazer foi meu. —Ele diz e a Kim desliga.

—O cara é mesmo rico. Você esteve com ele hoje de novo ?

—Ele aparece sempre no café. —Dou de ombros. —O descarado ainda
teve coragem de mostrar a calcinha que ele me roubou.

—Sério ? —Ela dá uma gargalhada e eu faço que sim com a cabeça. —
Acho que ele vai acabar se apaixonando por você.

—Que piada! O cara só roubou minha calcinha. Deve ser uma tara.

—Não sei não.

—Se apaixonar por mim ? —Dou uma gargalhada. —Até porque é bem
normal um multimilionário se apaixonar por uma prostituta de esquina, né ?

—Oh. —Ela me dá um tapa forte no braço. —Se respeite, sua piranha.
Quem disse que você é uma prostituta de esquina ?

—E não somos ?

—Sim, mas não de esquina. Ninguém cobra e recebe tão caro quanto a
gente.

—O que não faz lá tanta diferença. —Reviro os olhos. —E ontem depois
que eu saí ? O que você fez ? Esqueci de perguntar de manhã.

—O mesmo. —Dá de ombros. —Inclusive, fui para um motel com duas
mulheres.

—Sério ?

—Sim. Uma das melhores transas que tive na minha vida. —Fala como
se tivesse repassando as cenas na mente.

—Vai acabar virando lésbica.

—Olha que não seria uma má ideia. Dá até desgosto de tanto homem que
nem chupar sabe. Só aceito porque enfim é pago.

—Pior que é verdade.
—Infelizmente ainda não achei um ricaço que me procure igual o
Benjamin. —Ela me olha de forma maliciosa e eu fecho a cara. —Calma, eu não
vou roubar o seu “cliente”.

—É bom mesmo. —Finjo está com raiva.

—Se bem que vez ou outra penso naquele pau enorme entrando dentro de
mim e … —A interrompo jogando um travesseiro na sua cara.

—Sua piranha.

Ela gargalha e eu também.

Eu nunca tive “ciúmes” se depois de mim, a Kim saísse com o mesmo
cliente. Para falar a verdade, acho que eu também não me importaria se o
Benjamin a procurasse também. Afinal de contas, não somos nada um do outro e
se tem uma coisa que eu sei que homem não dispensa, é uma boceta.

(…)

Depois de me arrumar para mais uma noite de trabalho noturno, saio de
casa junto com a Kim. Ao chegarmos, ela logo foi escolhida e saiu com um casal
para um lugar qualquer. Eu fiquei no mesmo lugar de sempre na esperança do
Benjamin aparecer novamente e quando vi um conversível andando lentamente
para estacionar no meio fio, eu sabia que era ele.

—Está sozinha hoje ? —Pergunta abaixando o vidro e eu sorrio de forma
quase involuntária por lhe ver.

—Agora sim. A Kim saiu tem alguns minutos.

—E você quer dá uma volta comigo ?

—Se você quiser. —Dou de ombros e ele rir. Ele destrava a porta do
carro e eu entro, então damos a partida. —Eu te vi na tv hoje.

—Viu ? —Arqueia a sobrancelha.

—Sim, assim que cheguei do trabalho.

—Foi para um canal de fofocas de tv.

—E você gosta de fofocas ? —Pergunto rindo.

—Não, mas tem certas coisas que você precisa aceitar como se gostasse,
principalmente quando se é novo em algum lugar.

—Eu posso entender.
Ficamos conversando nada de relevante por mais alguns poucos minutos
quando paramos em frente a uma espécie de bar, mas bem maior. Eu o olho
tentando entender e ele sorrir.

—O que foi ?

—Nada. Não sabia que viríamos a um bar.

—Você queria logo pular para a parte que eu te fodo igual ontem ? —
Sorrir de forma maliciosa e eu sinto as bochechas arderem.

—Não, é que … —Sou interrompida quando ele agarra a parte de trás da
minha cabeça e me puxa para um beijo violento e cheio de desejo.

Eu correspondo da mesma forma e também seguro seus cabelos. No
instante seguinte ele me puxa para cima do seu colo e levanta meu vestido. Seu
volume é bem notável embaixo da minha boceta e eu balanço os quadris sem me
importar de estarmos dentro de um carro em um lugar movimentado.

—Eu bem que queria te levar daqui para um motel e te foder de novo. —
Sua voz sai rouca enquanto eu continuo roçando em seu pau.

—E por que não leva ? Eu estou doida para te dá de novo. —Continuo
lhe beijando enquanto ele aperta minha bunda.

—Mais tarde. Eu agora preciso relaxar um pouco do dia de hoje.

—Tudo bem. —Falo saindo do seu colo com cuidado e ele dá um tapa
forte na minha bunda.

—Hoje eu vou querer esse cuzinho todo empinado para mim. Vou foder
ele com força.

—Basta pedir. —Pisco arrumando o vestido.

—Cachorra. —Fala entre dentes e me dá um rápido e violento beijo. —
Vamos entrar ?

—Vamos.

Saímos do carro, mas não entramos logo. Ele quis esperar o volume
notável na sua calça jeans baixar e só depois entramos.

O som do lugar tocava Michael Jackson e eu já gostei só por esse
detalhe. Mesmo sendo terça feira, estava consideravelmente cheio e demoramos
um pouco para acharmos uma mesa vazia.

—Posso te perguntar algo ? —Pergunto depois de pedirmos apenas
cerveja.

—Sim.
—Com quem você está aqui em Boston ?

—Por enquanto só com o meu melhor amigo, mas logo vou trazer minha
madrasta para morar comigo. Por isso estou procurando um lugar.

—Entendi. Quantos anos você tem ?

—Por que você quer saber minha idade ? —Ele dá uma gargalhada e
toma um gole da cerveja que acabou de chegar.

—Você sabe a minha. Acho justo.

—27.

—Só ?

—Pareço ter mais, não é ?

—Sim. Seu tamanho não aparenta ter só 27.

—E o outro tamanho, aparenta quanto ? —Pergunta maliciosamente me
fazendo gargalhar. —Você não toma cerveja ?

—Sim, mas tenho medo de perder a linha.

—Se acalma, se você perder a linha vai ser daqui a pouco na minha
cama.

—Seu estoque de malicia não acaba ?

—Acabar não acaba, apenas diminui um pouco. E isso só acontece
depois de eu estar satisfeito em te foder. —Diz mordendo os lábios e eu sinto
uma vibração entre minhas pernas.

Tomo um grande gole da cerveja debaixo do seu olhar e ele faz o mesmo,
só que olhando para mim.

Ficamos mais alguns minutos conversando sobre Boston na mesa e eu já
sinto que estou ficando um pouco alterada. Tudo se torna engraçado e minha
bexiga já está completamente cheia depois de ter consumido mais duas canecas
enormes de cerveja.

—Eu vou no banheiro. —Digo me levantando.

—Tudo bem. Eu vou pagar a conta. —Diz se levantando e eu procuro um
banheiro meio sonsa. Alguns homens me olham de cima a baixo e até jogam
cantada, mas ignoro e entro no banheiro.

Fico me olhando no grande espelho e arrumo alguns fios de cabelos.
Entro para a cabine e faço quase dois litros de xixi. Depois de me limpar, saio e
vou novamente ao banheiro, onde arrumo meu batom. Pego o celular na bolsa e
mando uma mensagem para a Kim avisando com quem estou. Ela não responde,
mas manda uma foto obscena onde ela está chupando o pau do homem que saiu
mais cedo e a mulher dele a chupa. Eu entendo o recado e guardo o celular.

Quando estou prestes a sair do banheiro, sou interrompida por uma
grande muralha de músculos na minha frente que me agarra pela cintura e
começa a me beijar. Eu agarro seus cabelos e o puxo para aprofundar o beijo, o
que ele acaba fazendo.

Benjamin me levanta no seu colo fazendo novamente meu vestido subir e
eu agarro sua cintura com as pernas. Ele continua me beijando e tranca a porta,
então entramos na cabine dos deficientes e ele me aperta contra a parede.

Eu gemo quando ele afasta minha calcinha com uma das mãos e enfia
dois dedos na minha boceta, fazendo aquele delicioso movimento de vai e vem.
Eu mordo seus lábios de tanto prazer e ele desce a boca para meu pescoço
espalhando vários beijos e mordidas.

Sinto meu gozo se aproximando, então quando começo a me desmanchar
na sua mão, dou mais um gemido alto e ele tira a mão de dentro de mim e tapa
minha boca.

—Cala a porra da boca! —Fala com um largo sorriso.

Ele vai abrindo minha boca com os dedos e faz com que eu chupe seus
dedos melados com meu líquido. Eu os chupo como se tivesse chupando seu
pau, então ele me põe no chão e começa a abrir seu zíper.

—Agora você vai usar essa sua boquinha maravilhosa no meu cacete.

Me ajoelho na sua frente e agarro seu pau com minha mão. Começo a lhe
punhetar enquanto passo a língua no buraquinho da ponta. Com uma das mãos
ele segura a parede e com a outra agarra meus cabelos.

Eu abro a boca e vou engolindo aquele cacete. No começo engasgo
algumas vezes o fazendo rir, mas depois me acostumo e engulo tudo começando
a lhe chupar gostoso. Ele começa a gemer baixinho e fecha os olhos, mas sem
soltar meus cabelos. Suas mãos apertam ainda mais meus fios e ele empurra
minha cabeça para chegar mais fundo, o que me faz engasgar.

—Chupa esse pau todo, sua cachorro … Isso …

Acelero a velocidade quando o vejo mexendo o pé e quando ele está
perto, tira a mão da parede e segura o próprio pau.

—Vai engolir tudo ? —Pergunta e eu faço que sim enquanto ele bate uma
olhando para mim. Eu abro a boca perto do seu pau e vejo uma gota transparente
se formando na ponta. No instante seguinte, seu gozo vem como um jato na
minha boca e rosto.

Eu engulo tudo o que consigo enquanto ele geme e segura meus cabelos.
Quando os jatos acabam, eu agarro novamente seu pau e continuo chupando. Ele
rir com a sensação e depois me levanta em um só puxão, então me beija de
forma deliciosa.
Alguém começa a praticamente esmurrar a porta e nos olhamos dando
risada. Eu arrumo meu vestido e ele coloca o pau ainda duro de volta dentro da
calça.

—E agora ? —Pergunto enquanto caminhamos em direção a porta
trancada.

—E agora o quê ? —Abre a porta sem pensar em nada e quatro mulheres
estão paradas no lado de fora. Minhas bochechas ardem e elas nos olham sem
entender. —Senhoras. —Ele fala as dando passagem fazendo sinal com a mão
para dentro e elas entram. Eu saio na sua frente com as bochechas queimando de
vergonha.

—O que foi ? —Pergunta rindo quando saímos do bar.

—Você é mesmo louco!

Ele me agarra fazendo meu corpo colar no seu de maneira brusca.

—Louco é como eu vou ficar se não meter logo nessa sua bocetinha
gostosa.

—Então o que está me esperando para levar logo para outro lugar ?

—Vadia. —Ele me beija. —Safada. Entra no carro! —Ele abre a porta e
eu entro.

—Mas hoje eu vou ter que voltar para casa. —Digo quando ele senta
atras do volante. Ele se vira para mim e aperta minha bochecha com a mão.

—Cala essa boquinha gostosa. Essa noite você vai ser só minha de novo.

Ele não sabe, mas essas palavras e esse gesto fizeram meu coração
disparar feito louco. Depois de me dá um leve beijo, ele solta meu rosto e dá a
partida no carro.

Eu já saí com o mesmo cliente mais de uma vez, mas tenho certeza que
com esse cliente que agora está sentado ao meu lado, estou entrando em um
caminho perigoso.
Capítulo 05

Louise

Acordo novamente no quarto de hotel e novamente o Benjamin está
dormindo ao meu lado. Sinto um arrepio percorrer minha espinha e mesmo que
isso seja praticamente um negócio onde eu dou e ele paga, tenho medo de me
envolver demais. Muito medo mesmo.

—Não vai embora outra vez, né ? —Escuto sua voz rouca no momento
que estou me levantando e me viro para ele.

—Bom dia. —Digo e ele abre um sorriso enquanto se espreguiça.

—Bom dia. Já quer ir embora ?

—Eu preciso. —Não disse que queria.

—Precisa ?

—Sim, caso você não se lembre, ainda trabalho em um café em frente a
sua empresa.

—Verdade. —Faz careta e se senta na cama. —Eu também preciso
trabalhar.

—Eu sei. —Levanto me cobrindo com o lençol e enquanto me visto,
sinto seu olhar em mim. Finjo que não estou vendo, então me sento na beira da
cama para calçar meu salto. —Vai ficar me olhando mesmo ? —Pergunto sem
conseguir segurar a língua.

—Não. —Sinto ele me puxando facilmente para cima da cama e fica por
cima de mim completamente nu. —Eu prefiro mais que olhar.

Ele desce a boca para meu pescoço e seu pau começa a ficar rígido.

—Você é incansável! —Digo rindo das cócegas que sua barba faz.

—Culpa sua.

—Que pena. Agora tenho que ir senão me atraso. —O empurro para o
lado e ele cai sorrindo. Me levanto pegando minha bolsa e me viro para ele. —
Você vai para a empresa ?

—Sim, por que ?

—Pode me dá uma carona ? Já estou um pouco atrasada.

—Eu … Eu não posso. —Diz fazendo uma careta e meu sorriso morre.
Como eu sou tão idiota assim ? —Mas posso pagar seu táxi.
—Sério ? Tudo bem então. Me desculpa. —Disfarço voltando a rir
novamente. —Eu pego um táxi. —Me viro para sair.

—Não é nada, é que eu … Espera! —Ele começa a abrir a carteira
quando me viro novamente para ele.

—Você já me pagou. Não precisa se incomodar mais.

—Não me incomoda. Toma! —Estende uma nota, mas eu não pego.

—Eu preciso ir. Tchau, Benjamin. —Digo dando um rápido sorriso e saio
do quarto batendo a porta.

No meio do corredor em direção aos elevadores, me sinto ridícula pelo
papel que acabei de fazer, mas foi difícil me controlar. Eu já estive em casos que
o cliente não podia ser visto comigo e acho normal, mas vindo dele foi estranho.
Não estranho de verdade, mas é como se eu me senti como um lixo outra vez. Na
verdade, a ridícula da história mesmo foi eu por ser uma prostituta de esquina e
ainda ter pedido carona a um CEO multimilionário.

—Idiota! —Resmungo entrando no elevador.

Chego no trabalho atrasada como tinha previsto e não sou poupada de
levar um belo sermão do Bill. Eu sei que tenho dinheiro para poder ter pagado
um táxi e chegar mais rápido, mas faz um mês que não recebo meu pagamento
aqui do café e mesmo sendo amiga do Bill, já estou de saco cheio de trabalhar
aqui. Então tento chegar atrasada e entre outros “deslizes” para ele me despedir e
eu não ter que sair por mim mesma.

Enquanto atendo as mesas, sempre tiro alguns segundos para olhar para o
enorme edifício a minha frente á espera de um sinal de Benjamin, mas não o
vejo e ele também não vem para o café. Passo o restante do expediente um
bocado cabisbaixa e torcendo para dá logo a hora de ir embora.

Saio do trabalho sem ter visto o Benjamin o dia todo e pego o ônibus que
logo chega e que me levará para casa.

—Olá. —Falo entrando em casa e encontro a Kim sentada no sofá apenas
de calcinha e camisa.

—Olá, amiga. Pelo visto está se tornando comum dormir na casa do
gigante cabeludo, não é ?

—Ele quem pede. —Digo sorrindo e me jogando ao seu lado. —Estou
quase pedindo demissão do café.

—Ainda não te pagaram ? —Pergunta e faço que não com a cabeça. —
Aquele velho está se aproveitando da sua bondade e você, idiota do jeito que é,
não vê isso.

—Não ganhamos tanto quanto parece, Kim.
—Acha que eu caio nessa conversa do seu chefe nojento, Lou ? O
aluguel para se manter naquele bairro, principalmente naquela rua, é caro pra
caralho. Como ele tem dinheiro para pagar isso e não tem dinheiro para te pagar
?

—Não sei.

—Amanhã eu mesma vou lá e exigir seu pagamento.

—Não precisa fazer isso. —Digo rindo. —Ontem eu e o Benjamin quase
transamos no banheiro de um bar que ele me levou.

—Ele te levou em um bar ?

—Sim.

—E nesse banheiro, como foi ?

—Foi quente. Depois terminamos na casa dele.

—O cara parece está louco no seu corpo.

—Talvez só nisso mesmo.

—Como assim, sua louca ? —Ela me olha e eu fico calada. —Não vai
me dizer que está se apaixonando pelo cara.

—Não, mas eu gosto de estar com ele.

—Oh amiga. —Ela me puxa e me abraça. —Quando você vai deixar de
ser boba, hein ? Eu não gosto de ficar jogando na cara que somos prostitutas,
mas por enquanto, é isso que somos. Um cara ser legal com você não quer dizer
nada.

—Eu sei, mas … Não se explicar. Eu não gosto dele. Só gosto de estar
com ele.

—Eu entendo. Lembra daquele latino que eu e ele passamos
praticamente seis meses tendo um casinho ? —Paramos o abraço e eu faço que
sim. —Então, eu sentia a mesma coisa que você está sentindo agora. É normal
pegarmos afinidade com alguém que estamos convivendo, só não vale se
apaixonar.

—Eu sei. O que eu faço agora ?

—Se ele vier te procurar e você quiser ir, vai. Só não fica criando
sentimentos onde não existe. Alguns homens gostam de se aproveitar das
fragilidades.

—Está anotado! —Falo rindo e mudando de assunto, mesmo o Benjamin
não saindo dos meus pensamentos a nenhum momento.

Por volta das nove horas, saímos de casa. Decidimos sair um pouco mais
tarde para se caso o Benjamin aparecesse, fosse embora, mas não adiantou.
Pouco tempo depois de chegarmos, a Kim saiu de carro com um cliente e
eu fiquei esperando. Não sei se estava esperando um novo cliente ou o
Benjamin, mas estava esperando do mesmo jeito. Já fazia dois dias que eu não
saía com outro cliente que não fosse ele, acho que por isso que eu estava tão
sentimental por ele.

—Oi. —Seu conversível para na minha frente enquanto estou me
olhando no pequeno espelho.

—Oi. —Digo o guardando e tentando fingir indiferença.

—Achei que você não apareceria hoje.

—Por que achou isso ?

—Eu estive aqui mais cedo e não te vi.

—Só vim mais tarde. —Dou de ombros.

—Quer tomar alguma coisa ?

—Não, obrigada. Preciso trabalhar para pagar as contas. —Me doeu falar
daquela forma com ele, mas ainda estava chateada.

—Você não vai de graça. Sabe bem disso.

—Mas eu não estou a fim.

—O que houve ?

—Nada, mas se quer um conselho, se você der o retorno e voltar pelo
mesmo caminho de onde veio, cinco ruas antes dessa, lá tem várias outras
prostitutas como eu. Pode ir lá encontrar algo novo.

—Okay, algo aconteceu. —Ele fala e eu olho para o outro lado. —Tudo
bem então. Vou seguir seu conselho. Adeus.

No instante seguinte, ele dá a partida e se vai. Eu fico no meu lugar
completamente sem reação acompanhando o seu carro com os olhos e me
sentindo uma idiota por novamente ter feito papel de idiota.

O que está acontecendo comigo ?

—Olá. —Um homem para em um carro de luxo perto de mim e abaixa o
vidro.

—Olá. —Falo ainda olhando para o lado da rua onde o Benjamin
desapareceu.

—Podemos ir para outro lugar mais privado ?

—Não, obrigada.

—Mas você não é uma prostituta ?

—Sou, mas estou falando que não quero ir com você.

—E desde quando prostituta escolhe alguma coisa ?

—Por que você não vaza daqui e vai bater punheta em outro lugar ? —
Falo e saio andando. Ele continua me seguindo com o carro ainda me chamando.

—Vai ser rapidinho, gostosa. Eu posso pagar bem.

Eu paro de andar e ele também para o carro. Eu respiro fundo e abro a
bolsa, então tiro meu canivete e enfio a mão dentro do carro.

—Se você não parar de me seguir e não dá o fora daqui, eu te corto em
pedacinhos e dou para meus cachorros comer.

—Oh, calma aí, sua maluca. —Fala quase decepando minha mão com o
vidro e vai embora cantando pneu.

Eu dou um sorriso voltando a guardar o canivete e volto a andar para o
ponto de ônibus. Hoje quero mais é voltar para casa.

—Ei. —Escuto uma voz conhecida enquanto estou sentada no ponto de
ônibus e deixando uma mensagem para a Kim. Quando levanto os olhos, o
Benjamin está parado no meio fio dentro do carro.

—Você vai ser atropelado por um ônibus.

—Talvez. —Dá de ombros.

—Por que voltou ? Não gostou das opções que tinha ?

—Na verdade não, prefiro você.

—Sinto muito, mas estou indisponível.

—Está namorando por acaso ? —Pergunta rindo e eu também dou um
sorriso.

—O que você quer, Benjamin ?

—Só tomar alguma coisa, mas preciso da sua companhia.

—Por que ? Ainda não aprendeu a se alimentar sozinho ?

—Quanta agressividade. —Sorrir me fazendo rir também. —Você vem ?
—Põe a mão para fora da janela e eu fico olhando para aquela grande mão e
imaginando o efeito que ela já causa no meu corpo.

Me levanto arrumando meu vestido e entro no carro. Ele sorrir vitorioso
e dá a partida, mas eu permaneço em silêncio.

—O que tem ? —Pergunta.

—Nada.

—E por que está assim ?

—Ainda pergunta ?

—Ah. —Bate no volante e sorrir. —Foi por causa da carona ?

—Não. —Digo e ele dá uma gargalhada alta. Como estamos passando
em uma rua quase deserta e escura, ele para o carro no acostamento.

—Você entendeu errado.

—Eu não quero falar, Benjamin. Eu entendo o motivo de você não poder
ter me dado uma carona.

—Entende, é ?

—Sim. Eu sei que sou uma prostituta e não ia ser bom para sua reputação
ser visto comigo, então eu entendo perfeita … —Sou interrompida quando ele
agarra minha nunca e me puxa para um beijo quente. Sua língua pede passagem
e eu abro os lábios, fazendo com que ele me invada e eu sinta o gosto dos seus
lábios.

Com uma das mãos em um movimento inteligente, ele tira meu cinto e
tira o seu também, então me puxa e faz com que eu sente no seu colo com uma
perna de cada lado. Ele levanta meu vestido e dá um tapa forte na minha bunda,
me fazendo gemer.

—Isso dói!

—Por isso eu faço. —Sorrir e volta a me beijar.

Já sinto minha calcinha completamente encharcada e minha boceta pisca
pedindo pelo seu pau. Ele afasta o banco para mais trás nos dando mais espaço e
enfia a mão dentro da minha calcinha. Seu dedo faz círculos no meu clitóris o
deixando sensível e eu balanço os quadris para que ele continue.

—Já está toda molhada. —Fala abaixando o decote do meu vestido e
abocanhando meu seio. Eu jogo a cabeça para trás e sinto seu dedo entrando
devagar no meu sexo e brincando lá dentro. —Uma delícia!

Passamos para o banco de trás e ele me deita, ficando por cima de mim.
Seu volume por cima da calça jeans ainda é bem sentido e eu não vejo a hora de
sentir aquela rola grossa longo dentro de mim. Ele abaixa a calça sem deixar de
apertar meus seios e eu fico olhando enquanto seu pau salta para fora.
A cabeça grande e rosada apontada para mim me faz salivar e sem pensar
muito, eu a abocanho de uma vez. Começo a chupar rápido enquanto olho para
cima e ele segura meus cabelos. Sua outra mão vai para meu seio e fica
brincando com a aureola que agora está durinha.

—Que seios gostosos é esse que você tem ?

—Você gosta ?

—Não tem ideia. —Geme quando passo a língua no buraquinho da
cabecinha. —Chupa gostoso, sua safada. Isso.

Aumento a velocidade ainda o olhando e ele sorrir quando me engasgo.

—Agora vira essa bocetinha gostosa pra mim vai. —Me põe de quatro
sem tirar minha calcinha e enfia dois dedos na minha boceta. —Olha como ela é
gostosinha. —Aproxima o rosto do meu sexo e passa a língua entre minhas
dobras.

—Isso. —Gemo fechando os olhos. Ele começa a me chupar de quatro e
eu balanço a bunda em direção ao seu rosto. Ele leva o polegar ao meu cuzinho e
seu dedo fica passeando por lá.

—Esse cuzinho tá doido por pau. —Fala e começa a chupar meu
buraquinho. Eu gemo já sentindo vontade de gozar e ele fica de joelhos atrás de
mim. Seu pau alisa minha segunda entrada de cima a baixo. Ele pega uma
camisinha no bolso e coloca.

—Me fode logo.

—Você quer pau nesse cu, sua vadia ?

—Sim, por favor. —Imploro e sinto ele começar a forçar para entrar.
Sinto uma dor no começo, mas é uma dor que me faz querer mais.

—Adoro esse rabo apertadinho. —Dá um tapa forte na minha bunda. —
Espero que ele aguente meu cacete.

Ele força mais um pouquinho me fazendo gemer e logo ele está dentro de
mim.

—Está tudo bem ? —Pergunta rindo e eu olho para trás.

—Sim.

—Agora fica quietinha que eu vou comer isso tudo aqui. —Outro tapa.
Minha bunda já está ardida, mas eu não me importo.

Seus movimentos aumentam a velocidade e a dor vai dando lugar ao
prazer. Ele geme a cada entrada e com uma mão livre, eu começo a alisar meu
clitóris. Minha boceta está toda molhada, então sinto ele enfiando um dedo
dentro dela e logo depois leva a boca.
— Gostosa. — Outro tapa. Ele continua estocando dentro de mim e me
dedando rapidamente. Eu apoio uma das mãos no vidro e ele aumenta a
velocidade nos dois lugares.

—Eu vou gozar, Benjamin.

—Isso, sua puta. Me chama pelo nome vai.

—Ben … —Gemo. —Eu vou gozar.

—Goza vai. Goza comigo. —Ele estoca mais forte e mais fundo. Seus
dedos cravem a polpa da minha bunda e o outro soca forte dentro da minha
boceta.

Sinto um frio dentro da minha barriga e minhas pernas começam a
tremer. No instante seguinte, gozo e sinto meu líquido escorrendo pela minha
perna. Ele também goza e geme alto, o que ainda me deixa com tesão.

—Porra! —Fala sentando e lambendo os dedos que estavam na minha
boceta. Ele me puxa para seu colo e enfia os dedos na minha boca. —Prova seu
gosto vai.

Ele aperta minha nuca e me beija de forma violenta. Morde meus lábios
como se os fosse arrancar e dá um tapa ainda mais forte na minha bunda.

—Você está me deixando ainda mais viciado em sexo. —Diz rindo.

—Eu ?

—Sim, agora só consigo ficar mais sossegado depois de foder essa sua
boceta gostosa. Ainda mais depois de um dia trabalhoso.

—Hoje você foi trabalhar ?

—Claro! Não posso ficar faltando.

—Eu não te vi. —Minhas bochechas ardem e ele rir.

—Eu não tive tempo de ir no café. Saí mais cedo que o normal, mas foi
para assinar os papeis da casa nova.

—Entendo

—Agora já não vamos precisar transar em um quarto de motel. —Rir
quando eu saio do seu colo e ele tira o preservativo e colocando dentro de um
saco plástico que tirou do compartimento na porta. Nos ajeitamos e passamos
novamente para o banco da frente.

—Posso te pagar um jantar ? —Pergunta dando a partida.

—Como assim ?

—É que eu preciso recuperar minhas energias.

—Precisa por que ?

—Porque depois do jantar, tem outra coisa que ainda quero comer. —Me
olha maliciosamente e aperta meus seios. Eu faço que sim com a cabeça
enquanto sorrio.

Acho que não estou conseguindo seguir os conselhos da Kim. Ela disse
para eu não demonstrar e nem criar sentimento algum, mas enquanto ele dirige
ao meu lado atento a estrada, eu não consigo parar de o olhar e ficar imaginando
se ele fosse meu.

Admito que estou ficando terrivelmente fodida com esse homem.
Literalmente.
Capítulo 06
Benjamin

Não, eu não estou apaixonado pela Louise e também não estou cogitando
a ideia de sequer ficarmos juntos. Eu apenas gosto de sair e transar com ela. Eu
poderia ter ido atrás de outra mulher de “família” ? Poderia, mas agora eu quero
é ela. Tem algo nela que me chama atenção e enquanto eu puder tê–la, eu vou
ter. Afinal de contas, ela é apenas uma prostituta e nossa relação não passa
apenas de negócios.

Quando ela saiu do hotel chateada por eu não poder lhe dá carona, eu
confesso que me senti mal por saber que ela estaria pensando mal de mim.
Geralmente eu não me importo se as pessoas pensam mal sobre mim, mas desta
vez eu me importei. De todo modo, voltei ao meu estado normal e não liguei. Eu
não ia me dá ao trabalho de ir atrás dela. Gostar de foder com ela eu gosto, mas
não sou seu namorado e não faço questão de correr atrás de alguém que corre de
mim.

Naquela mesma noite, eu fui ao mesmo lugar lhe procurar, mas não a
achei. Pensei que ela não iria aparecer, então fui dá outra volta por um bar
qualquer. Quando estava pensando em ir para o hotel descansar, decidi passar
por lá só para ter a certeza que ela não apareceria, mas lá estava ela.

Aquele lindo e gostoso corpo escultural sendo marcado por um vestido
justo me deixava louco. Suas pernas a mostra era motivo para deixar todos os
caras a olhando por um tempo dentro de seus carros e fora dele. Eu a fiquei
olhando por alguns instantes de longe e vendo se ela iria sair com alguém, mas
como não, eu me aproximei e a mulher estava mesmo brava. Quando ela
mandou eu fosse atrás de outras, eu saí. Eu sabia que ela falou tudo da boca para
fora e conheço as mulheres o suficiente para saber que, quando elas falam:
“Vai”, na verdade elas querem dizer: “Se você for, seu filho da puta, eu te esfolo
e como seu coração”, mas eu queria a testar e consegui. Ela estava mesmo
chateada.

O bom disso é que só prova que posso ter qualquer mulher que eu quiser,
mas o mau é que eu posso reconhecer quando uma mulher está apaixonada. Não
é novidade para mim uma mulher se apaixonar tão rapidamente, mas confesso
que não esperava isso dela. Ela é uma prostituta e sai com vários na mesma
noite.

De qualquer forma, vou só dá mais umas fodas e seguir meu rumo. Esse
com certeza não é momento de ter uma mulher no meu pé enchendo o meu saco
e querendo ser minha dona.

Outra vez acabamos a noite fodendo, mas dessa vez dentro do carro.
Comer aquele cuzinho apertado foi uma delícia e quando a levei novamente para
o hotel, o fodi mais uma vez. Sua bocetinha rosada era o que mais me chamava
de atenção, então eu não cansei de a machucar aquela noite e a deixar toda
vermelhinha e ardida.

Dessa vez foi eu que acordei primeiro e mesmo sem querer admitir, sinto
uma sensação estranha ao lhe ver dormindo ao meu lado. Ela está nua e coberta
apenas pelo lençol fino. Suas costas nuas e uma pequena parte do seu bumbum
claro virado para mim é uma bela imagem para começar a manhã. Os fios de
seus cabelos finos espalhados pelo travesseiro parecem seda. Instintivamente,
meus dedos avançam pelo seu rosto e tiro alguns da frente da sua boca
cautelosamente para não a acordar.

Levanto da cama antes que isso fique mais estranho e entro para o
banheiro, para um banho relaxante. As imagens de Louise nua e sentando em
mim na noite anterior logo deixam meu pau duro, então eu levo a mão até meu
membro e começo a me masturbar. Não pretendo me demorar, então me deixo
gozar deliciosamente na parede e saio quando acabo o banho.

Depois de me secar, visto um conjunto de terno e calça social azul por
cima de uma camisa social branca e calço os sapatos. Enquanto seco os cabelos
no banheiro, ouço um barulho da cama e vejo a Louise acordando. Ela primeiro
me procura, mas logo me vê e sorrir.

—Bom dia. —Diz.

—Bom dia. —Guardo o secador e vou até ela. —Eu já ia te acordar.

—Obrigada. Hoje eu queria mesmo era dormir até tarde.

—Não trabalha ?

—Hoje é minha folga.

—Entendi. Eu também já estava saindo para trabalhar.

—Então vou me ajeitar. —Fala pegando suas roupas espalhadas pelo
quarto e entra no banheiro. Respondo algumas mensagens no celular e retiro
algumas notas da carteira colocando junto da sua bolsa.

—Vamos ? —Pergunto depois que ela sai e arruma a bolsa.

—Sim.

Saímos do hotel e paramos na frente.

—Graças a Deus foi última noite nesse lugar. —Falo sorrindo de
aliviado. —Por sorte, muito boa por sinal.

—A casa já está pronta ? —Ela rir tímida.

—Sim. Hoje já durmo lá.

—Tudo bem. —Ela rir. —Bom, até qualquer hora.

—Eu chamo um táxi para você. —Digo já acenando para um táxi que se
aproximava. Ele para no meio fio e eu já vou lhe entregando uma nota.

—Obrigada. —Ela abre um sorriso tímido e entra no táxi.

—Até qualquer hora. —Digo e fico parado observando o táxi dá a
partida.

Vou para o estacionamento onde pego o carro e sigo para a empresa.
Quando chego, já vejo várias mulheres esperando na recepção. Todas muito bem
vestidas e a maioria muito atraente para falar a verdade.

—Bom dia. —Falo arrumando o terno e quase as ouço suspirar.

—Bom dia. —Dizem em uníssono e eu sigo para os elevadores.

—Quem são todas aquelas mulheres na recepção ? —Pergunto
encontrando com o Gary tomando café na copa.

—Esqueceu que hoje é a entrevista para selecionar sua secretária ?

—Ah, verdade! Todas aquelas ?

—A vaga é cobiçada, amigo. Ainda mais quando sabem que vão
trabalhar diretamente com o Connor.

—E muitas delas doidas por uma transa em cima da mesa. —Falo rindo e
ele rir junto. —Que horas começa ?

—Pode ser já. São muitas e talvez você termine antes do almoço.

—Okay, então providencia tudo e eu vou para minha sala.

—É pra já! —Ele toma o último gole de café e sai, então eu vou para
minha sala e sento na minha cadeira.

Enquanto a porta não se abre, abro o email para conferir a caixa de
entrada e uma delas é marcando a data da reunião para decidir a data do desfile.
Não respondo. Vou deixar para a nova secretária.

—Entra. —Falo quando escuto a batida conhecida de Gary na porta e ele
entra.

—Todas já estão esperando. Vou pedir para que entre uma por uma.

—Tudo bem. Obrigado. —Digo e ele sai.

Um minuto, depois, a primeira que entra na sala é uma linda mulher de
pele branca e cabelos bem pretos amarrados em um coque alto. Ela usa óculos
com armação preta e sua saia até o joelho junto com sua camisa social em um
decote comportado é digno de uma verdadeira secretária, aquelas de filme pornô
para ser mais específico. Porém faz muito tempo que já não me deixo levar pela
aparência externa.

—Sente-se, por favor. —Digo apontando pela cadeira na minha frente.

—Obrigada. —Ela sorrir tímida e senta, colocando as mãos sobre as
pernas.

—Como se chama ?

—Ellen Richards.

—Bom, senhorita Richards. —Falo procurando seu nome nos emails e
abro seu currículo, dando uma passada de vista. —Seu currículo é tentador.

—Obrigada, senhor Connor. Eu já fiz vários cursos como secretária e
tenho boas recomendações.

—Tenho certeza que sim. Diz aqui que você tem 25 anos, certo ?

—Isso mesmo.

—E o que te trouxe para essa entrevista.

—Eu estou desempregada faz alguns meses e estou precisando muito
desse emprego. Eu achei quando estava olhando o site de empregos e vi que
estão precisando de uma secretária.

—Entendo. E seu último emprego foi …

—Em um escritório no Brooklyn. Está no meu currículo.

—Já vi. —Falo olhando. —Bom, ainda tenho outras concorrentes para
entrevistar. Qualquer coisa se você for selecionada, vai receber um email até
amanhã.

—Okay, senhor.

—Boa sorte então. —Falo me levantando e ela também. Eu estendo a
mão e ela aperta, saindo da sala.

Logo depois dela, entra uma outra mulher também branca e cabelos
pretos, mas estão soltos sobre os ombros e ela traz uma bolsa no ombro.

—Sente-se, por favor.

—Obrigada. —Fala sorrindo.

—Como se chama ?

—Melissa Stuart.

—Melissa … —Procuro seu nome e olho seu currículo. Algumas boas
referências, mas o tempo em cada emprego é preocupante. —Estou vendo aqui
que a maior duração sua empresa em uma empresa foi de cinco meses.

—Sim, Benjamin. —Fala me chamando pelo nome. Definitivamente não
vai ser essa.

—Okay, senhorita Melissa. Avisaremos caso seja selecionada.

—Já acabou ? —Pergunta confusa.

—Sim, já sei o que preciso saber. Muito obrigado. —Estendo a mão e ela
se levanta e sai sem sequer cumprimentar. Já consegui entender o motivo de não
conseguir se sustentar em um emprego.

Continuo a receber as interessadas e como eu já tinha visto lá embaixo, a
maioria é bem atraente e muito bem qualificadas. As que tem possíveis chances
eu falo um pouco mais e marco o email como favorito, mas as que são estilo
Melissa Stuart, eu trato logo de dispensar.

Chamo o Gary e pergunto quantas ainda faltam. A resposta é sete e
decido terminar ainda hoje.

Quando chego na penúltima, a porta se abre exibindo uma linda mulher
ruiva original, que já me faz imaginar mil e uma coisas. Ela usa um vestido
vermelho com um lado da perna comprido e do outro um pouco curto. Penso que
não seja uma roupa adequada, mas talvez eu não esteja muito por dentro da
moda. A olha de cima a baixo em um salto alto preto e quando encaro seu rosto,
ela sorrir.

—Sente-se, por favor. —Volto a minha postura arrumando o terno e ela
senta.

—Obrigada.

—Como se chama ?

—Alana Manson, senhor.

—Alana Manson. —Falo procurando e achando seu currículo. Fico
calado por alguns segundo apenas o olhando e vejo que certamente é o mais
qualificado que já vi hoje. Boas referências, boas durações, boas empresas, bons
rendimentos. —Gostei do seu currículo.

—Obrigada, senhor Connor. Seria uma honra a mais poder trabalhar na
sua empresa.

—Imagino que sim. —Olho para seu decote bem-comportado. —25 anos
?

—Isso. —Rir.

—Por que saiu da ultima empresa ? —Não posso me deixar levar pelas
aparências, certo ?

—Assédio. —Fala em uma única palavra. —Meu chefe queria mais que
uma secretária.

—Entendo. Foi apenas esse o motivo ?
—Sim, senhor. Embora a empresa fosse uma das melhores que já
trabalhei, eu não entrei para esse tipo de coisa.

—E fez muito bem. Você tem acesso rápido ao trabalho, caso consiga a
vaga ?

—Sim, graças a Deus já consegui comprar meu carro.

—E motivos para faltas, tem ? Parentes doentes ? Filhos ? Outros tipos
de obrigações ?

—Não. Minha família é completamente saudável, eu não tenho filhos e
moro sozinha.

—Compreendi. —Dou uma pausa. —Bom, senhorita Alana. Confesso
que seu currículo me chamou muita atenção.

—Sério ?

—Sim. Qualquer coisa e se você conseguir a vaga, entraremos em
contato até amanhã.

—Tudo bem. —Ela se levanta e nesse movimento, consigo ver
claramente boa parte de seus seios. Preciso me controlar em relação a mulheres.

—Foi um prazer, senhorita Manson. —Estendo a mão e ela a aperta. —
Boa sorte.

—O prazer foi todo meu, senhor Connor. Muito obrigada.

Continuo em pé enquanto a vejo sair apenas para reparar na sua comissão
de trás, que é perfeitamente redonda e deliciosa. Ela abre a porta e se vira, me
pegando a olhando. Penso que reação ela vai ter e me surpreendo ao vê–la sorrir
de lado antes de sair por completo.

—Assédio ? —Falo comigo mesmo. —Sei.

Me preparo para receber a última concorrente. A entrevistei até olhar seu
currículo e ver grandes erros no formato. Sem chances!

O Gary entra logo depois que ela sai.

—Como foi ?

—Foi bem. —Falo dando de ombros. —Salvei as favoritas no email. —
Viro o ecrã do computador para ele.

—E precisa que eu faça algo ?

—Acho que não. Vou apenas dá mais uma olhada nos currículos e
escolher um. —Falo olhando as horas. São quase hora do almoço.
—Tudo bem. Eu vou para minha sala. Você já viu o email da Boston
Visual ?

—Sim, mas vou deixar para a nova secretária responder.

—Okay. Vai sair para o almoço ?

—Sim, daqui a quinze minutos.

—Certo. Até já. —Diz saindo.

Eu volto minha atenção para os emails e leio todos atentamente. Fico
realmente em duvidas das únicas cinco que salvei, mas acabo por escolher a
Alana. Suas qualificações são as melhores, assim como suas referências. Preparo
o email e deixo como rascunho. Irei enviar apenas amanhã.

(…)

Depois de voltar do almoço, vejo que tenho muito trabalho a fazer. Como
ainda não tenho secretária, eu mesmo tenho que ver minha caixa de entrada e
olhar minha agenda. Depois das pessoas saberem que agora sou eu quem estou
comandando a agência de Boston, está chovendo proposta para parceria com
Global Connor´s. A vaga de novas modelos para a marca também está aberta e
essa nem se fala do tanto de agências querendo entrar.

A Global Connor´s não é uma empresa de agência de modelos, mas sim
somos uma marca de roupas, perfumes, calçados, joias e por aí vai, então
também temos nosso acervo de modelos, que por um acaso, eu ainda não tive a
oportunidade de conhecer as daqui. As de Londres eu conhecia praticamente
todas e quando eu digo “conhecer”, quero dizer ter elas na minha cama. Não
todas, apenas as mais ousadas e a fim de uma transa com o chefe.

Saio da empresa por volta das oito da noite e todos já se foram, inclusive
o Gary. Desço os elevadores e depois de pegar meu carro, sigo para o hotel
apenas para buscar minhas coisas. A minha nova casa já está pronta para ser
habitada e é para lá que eu vou depois que pego tudo. Já comprei as passagens
da dona para o domingo e aproveito para lhe ligar a fim de avisar.

—Donna ?

—Olá, tudo bem ?

—Sim. Adivinha onde estou agora ?

—Na casa nova. —Diz certeira.

—Isso não vale! Nem dá para fazer um suspense com você. —Digo rindo
e a fazendo rir.

—Você nunca foi bom com suspense ou esconder alguma coisa,
principalmente de mim.
—Eu sou mesmo mau nisso. Enfim, já comprei suas passagens para o
domingo.

—Que bom! Eu ia te ligar ainda hoje para falar sobre a imobiliária. Tudo
já está pronto.

—Isso é uma boa noticia. Estou com saudades de você aqui.

—Para me usar como cozinheira, não é ? —Fala em tom de brincadeira.

—Óbvio. —Digo rindo. —Então te vejo no domingo aqui ?

—Claro, mas vá me buscar no aeroporto e não demore sequer dois
minutos.

—A senhora que manda. Beijos.

—Beijos. —Fala e encerro a chamada

Dou uma andada pela casa a fim de conhecer um pouco e escolho meu
quarto. Tem muita coisa que devia ter trago de Londres, mas já que a Donna vai
trazer algumas coisas mais importantes minha, terei tempo para ir lá buscar outro
dia mais folgado.

Eu não sou muito bom em ficar em casa sozinho. Não é algo que eu
goste. Digo, eu não gosto de me sentir sozinho e é como estou me sentindo
agora. Ficar nessa casa que mais parece uma mansão sozinho me deixa triste e
faz com que eu lembre do meu pai.

—Você está pronto para assumir meu lugar ?—Ele perguntou rindo em
uma das ultimas visitas que o fiz no hospital.

—O senhor sempre me preparou para isso, pai, mas eu preferia que o
senhor continuasse comandando.

—Eu também preferia, mas nem tudo é como a gente quer.

—Eu tenho medo de não ser tão bom como o senhor. —Digo sincero e
ele pega na minha mão.

—Eu tenho certeza que você não vai ser tão bom quanto eu. Será ainda
melhor.

—Eu te amo. —Meus olhos enchem de lágrimas e ele me puxa para um
abraço.

—Eu também te amo, meu filho.

Volto a realidade com lágrimas nos olhos, mas logo sorrio ao lembrar dos
melhores momentos que tive com ele. Eu vou honrar o nome da nossa empresa
da mesma forma que ele honrou. Se possível, melhor ainda.
Capítulo 07

Louise

Saio do carro do cliente no mesmo ponto que ele me buscou e sorrio
quando ele dá um tapa na minha bunda. Confesso que mais um dia estava
esperando por Benjamin, mas como ele não apareceu, vida que segue. Como a
Kim disse: Não é só porque ele me quis por algumas noites seguidas, não quer
dizer que vá continuar sendo assim.

E não foi.

Ele não apareceu durante todo o tempo que estive aqui e segundo a Kim,
nem quando ela também estava.

—Apareceu a margarida. —Diz quando o carro do cliente se vai.

—Ele apareceu ?

—Não. —Ela revira os olhos. —Se você perguntar isso mais uma vez, eu
vou te estapear até você esquecer seu nome. Você parece que não aprende. O
homem era gostoso ? Era. Tem um pau enorme de grande e grosso ? Tem. Porém
ele não é o único do universo.

Fico em silêncio. Se ela soubesse que não é por isso que eu sinto sua
falta.

—Olha aí. —Fala quando um carro para perto do meu fio.

—E aí ?. —O vidro se abre e mostra um grupo de dois homens dentro.
Um negro alto e musculoso e outro loiro também musculoso. Os dois são um
charme em pessoa e tem cara de não ser pouca coisa.

—E aí ? —A Kim se aproxima da janela. —Estão querendo diversão ?

—Exatamente. —O loiro fala passando a língua nos lábios. —Queremos
as duas.

—As duas ? —Ela faz uma cara maliciosa e eu me aproximo.

—Sim. —Ele responde e põe a mão para fora tocando meu seio. —O que
acham?

Eu e a Kim nos olhamos com cara maliciosa.

—Claro! —Digo mordendo os lábios e entramos as duas no banco de trás
do carro.

Não é novidade para ninguém que nos conhece que eu e a Kim já
fizemos sexo. Não é a primeira vez que clientes “compram” uma hora com nós
duas juntas e mesmo que eu goste de verdade de homem, transar com mulheres
também é maravilhoso.
Chegamos ao motel e no meio do corredor, cada um deles já vai
agarrando uma de nós. O negro vem logo para mim e me pega no colo sem se
importar de os outros dois estarem no nosso lado. Entramos no quarto único e
vamos direto para a cama.

Eles deitam por cima de nós e o negro abocanha logo meu seio enquanto
alisa minha boceta com seus dedos compridos. Eu fecho os olhos e seguro seus
cabelos de tanto prazer. Mesmo que seja o Benjamin que esteja nos meus
pensamentos, eu não me deixo negar tesão.

Eles insinuam para eu e a Kim nos pegarmos e olhando uma para outra, o
fazemos. Eu subo por cima dela e a beijo com desejo. Ela segura meus cabelos e
abre as pernas para mim. Vejo sua calcinha preta transparente e alguns pelinhos
por baixo, então a afasto e aliso suas dobras com um dedo. O loiro vem pra trás
de mim e levanta meu vestido, desferindo um tapa forte na minha bunda. Eu
gemo dando um sorriso e vejo a Kim mordendo os lábios. Sua boceta já está toda
molhada e enquanto o negro tira seu enorme pau de dentro da calça, eu enfio
meu dedo dentro dela.

—Isso. —Ela geme e o negro enfia o pau na boca dela. Ela começa a
chupar feito louca e logo sinto o loiro tirando minha calcinha. Ele começa a me
chupar e eu aumento a velocidade do dedo na boceta da minha melhor amiga.

—Olha essa bunda, Harry. —O loiro fala dando outro tapa na minha
bunda e voltando a me chupar, então o negro se estica e aperta meus seios.

—Chupa essa boceta aqui, chupa. —O negro pede masturbando o clitóris
da Kim e eu faço o que ele pede.

—Você sabe chupar bem, sua vadia. —Ela fala dando um tapa na minha
cara. Só eu e ela sabemos o quanto nos divertimos assim.

Sinto o loiro parar de chupar e o vejo colocando o preservativo. Bom
menino!

Ele primeiro alisa minha boceta com o pau, então depois enfia de uma só
vez enquanto geme. Ele começa a estocar forte, o que me dá mais tesão para
continuar dedando minha amiga.

Eu paro quando o loiro tira a calça e me puxa, fazendo com que eu sente
no seu cacete, que também não fica atrás comparado com o do negro. Eu me
sento e rebolo enquanto ele aperta meus seios e vejo a Kim de quatro chupando
o pau do negro, que puxa seus cabelos.

Mudamos de posição e o negro pede que a Kim me chupe enquanto eles
dois fazem dupla penetração nela. Ela se deita e eu me sento na sua cara, a
fazendo me chupar deliciosamente. Um deles está deitado atrás dela socando no
seu cuzinho enquanto o outro fode sua boceta violentamente. Ela sabe chupar
como ninguém e já sinto que vou gozar.

O loiro a põe de quatro e começa a foder na sua boceta enquanto eu me
deito e ela continua me chupando. O negro se ajeita perto de mim e eu começo a
o chupar. Eu fecho os olhos sentindo o meu gozo se aproximar, então me
desmancho deliciosamente na boca da minha amiga.

—Gozou, sua puta ? —O negro pergunta me virando para ele e sem
demorar, enfia o cacete enorme na minha boceta. Gemo quando o sinto dentro de
mim. Ele estoca rápido e forte, o que me deixa muito excitada

Alguns minutos depois, ainda sem ter gozado, eles pedem que eu e a Kim
nos agarremos enquanto eles se masturbam. Eu e ela ficamos de joelhos na cama
e eu sou a primeira a abocanhar seus seios. Ela geme segurando meus cabelos e
com uma das mãos, eu vou até sua boceta e enfio o dedo, começando os
movimentos. Ela se deita e eu continua a dedando, lhe fazendo gozar não muito
depois.

O loiro vem novamente para minha boceta e o negro enfia na Kim de
uma só vez, enquanto ficamos uma de frente para a outra nos beijando. Eles
gozam praticamente juntos e nos deitamos por alguns segundos apenas para
recuperar o ritmo da nossa respiração.

Depois de recebermos nossos pagamentos e ter a certeza que eles são
mesmo pessoas grandes, nos despedimos e saímos do motel juntas em um táxi
enquanto eles vão para outra direção.

—Menina, o que foi aquilo ? —A Kim pergunta prendendo os cabelos
loiros no alto da cabeça.

—Uma das melhores transas. —Falo rindo e confesso que até esqueci do
Benjamin por um tempo.

—Com certeza. —Ela rir. —Quer voltar para lá ou ir para casa ?

—Já ganhamos bem para essa noite. Se você quiser, podemos ir para
casa.

—Então vamos.

—Senhoritas ? —O taxista nos chama. —Desculpa a pergunta, mas
vocês são…

—Garotas de programa ? Sim. —A Kim se apressa.

—E podíamos ter um tempinho juntos ?

Nos olhamos e rimos. O motorista deve ter uns quarenta e poucos anos, é
gordo, mas não cheira mal e também não é terrível.

—Claro. —Ela concorda.

Paramos em uma rua menos movimentada e entramos com o táxi em um
beco grande e escuro. A Kim passa para o banco da frente e senta no colo do
motorista depois que ele põe o pau pra fora e coloca a camisinha. Ela senta
rápido enquanto ele geme e como ele pede, nos beijamos enquanto isso.
Ele segura meus cabelos enquanto eu a beijo e aperto os seios da minha
amiga. Ela geme enquanto rebola no cacete do velho e alguns minutos depois ele
goza.

—Gostou, tio ?

—Sua boceta é deliciosa, loira. —Fala enquanto a Kim sai de cima dele e
arruma o vestido. —Só faltou você.

—Deixa para próxima. —Falo piscando sensualmente e ele nos paga.

Será que a possível esposa desse homem sabe das saidinhas dele por aí ?

Eu e Kim chegamos em casa e vamos direto para o banho. Como ainda
nem é onze horas ainda, voltamos para a sala onde ligamos a tv em um dos
nossos programas favoritos.

—Ainda está pensando no Benjamin ? —Pergunta sem tirar os olhos da
tv.

—Não, até você me lembrar de novo. —Jogo-lhe uma almofada a
fazendo rir. —Mas se você quer saber, eu não estou mais criando expectativas o
esperando voltar.

—Não ? —Me olha.

—Não.

—Certeza ?

—Sim. —Digo sem certeza nenhuma e mudamos o assunto.

Ficamos na sala até o programa acabar e vamos para nossos quartos
depois de nos despedirmos.

É só eu me deitar que a imagem do Benjamin vem a minha cabeça.
Aquelas mãos passeando pelo meu corpo e sua boca beijando a minha me fazem
sorrir. Fico imaginando o que ele está fazendo e confesso que não são os
melhores pensamentos. Talvez ele já tenha achado outra diversão, talvez esteja
com outra prostituta ou até com uma amiga mais íntima enquanto eu estou aqui
pensando nele.

É com esses pensamentos que fecho os olhos e adormeço.

(…)

Acordo com o despertador tocando o último alarme e sempre me
arrependo. Agora vou ter que me arrumar as pressas e sair correndo para o
trabalho. Depois de estar pronta e arrumar minha bolsa, saio de casa prendendo
os cabelos no costumeiro rabo de cavalo da Louise.

Chego no ponto de ônibus, mas quando ele demora menos de cinco
minutos para passar, decido acabar pegando um táxi e sigo para o trabalho mais
sossegada.

—Atrasada de novo, Lou ?

—Não, Bill. Ainda falta três minutos para às sete e meia. —Digo assim
que entro na cozinha e guardo minha bolsa no armário de funcionários.

—O que não é nada comparado aos seus atrasos diários, não é ?

Aproveito que estou de costas para revirar os olhos.

—Hoje cheguei no horário, não cheguei ? —Pergunto me virando e
forçando um sorriso falso. O Billy é gente boa, mas consegue me tirar do sério
as vezes.

—Vai ser descontado do seu salário.

—O que ? —Pergunto quando ele vira as costas e saio andando atrás.

—Isso mesmo que você ouviu, Louise. Não posso mais dá prioridade
para você e continuar aceitando seus atrasos.

—Eu não estou atrasada! Ainda tenho três minutos e já estaria
trabalhando se você não tivesse com essa conversa de descontar do meu salário.

—E o que você quer ? Um aumento ?

—Meu pagamento atrasado, talvez. Quem está cansada de aturar as
coisas aqui nessa bodega sou eu! Eu trabalho todos os dias feito uma condenada
e mesmo que as vezes chegue atrasada, sempre acabo compensando saindo mais
tarde ou trabalhando o dobro. Quem me deve alguma coisa aqui é você! —
Respiro fundo depois de colocar tudo para fora.

—Tudo bem, Louise. Não vai ser descontando do seu salário, mas pode
começar a trabalhar. —Fala virando as costas e saindo enquanto eu continuo no
mesmo lugar.

Mais uma vez acabei perdendo uma boa oportunidade de me despedir
desse lugar. Se eu soubesse não tinha gastado dinheiro com o táxi e teria
chegado atrasada de verdade.

Durante todo o trabalho, é impossível não esperar que o Benjamin entre
por aquela porta ou que ele me surpreenda outra vez já estando sentado na mesa,
mas isso não acontece. Querendo ou não, vou ter que dá um jeito de tirar esse
homem da minha cabeça, mas acho que isso não vai ser tão fácil, já que agora sei
que ele trabalha exatamente em frente ao lugar onde eu trabalho.

—Como foi lá ? —A Kim pergunta quando eu chego em casa.

—Hoje discuti com o Billy.

—Por que ?
—Acredita que ele queria descontar do meu salário dizendo que eu
cheguei atrasada ?

—Sério ? —Se ajeita. —Mas ele ainda nem te pagou.

—Eu sei, e ainda por cima eu nem cheguei atrasada.

—Que cara estúpido! Não sei o que você ainda faz lá, Lou.

—Eu queria ter me demitido na hora, mas não consegui.

—Você é muito boba. —Fala revirando os olhos.

—Eu sei. Vou tomar banho e já vou logo avisando que hoje não vou
trabalhar.

—Por que ?

—Estou a fim de sair e me divertir em outro lugar.

—Cinema ? —Fala ficando de joelhos no sofá. Ela adora cinema.

—Óbvio! Saímos às 19h. —Digo e entro para me arrumar.

—Não está esquecendo de lada, Lou ? —A Kim pergunta quando
caminhamos em direção a porta para sair depois de prontas.

—Não, por … —Me viro para ela e a vejo segurando meus óculos. —
Claro!

—Como você vai conseguir assistir alguma coisa sendo cega do jeito que
é.

—E você sempre salvando minha vida. —Falo colocando os óculos
depois que ela me entrega e saímos de casa.

Ao chegarmos, vamos comprar nossos bilhetes para a sessão das oito e
meia e depois vamos para a praça de alimentação. Escolhemos o que queremos
comer e vamos procurar uma mesa vazia nesse tumulto.

—Você vai continuar no Billy ? —Kim pergunta comendo um pedaço do
seu enorme hambúrguer.

—Não sei.

—Sério ? Vai continuar lá então ?

—Pode parar de me pressionar ? Você sabe como eu sou difícil com essas
coisas.

—Burra para falar a verdade, mas você quem sabe. —Fala dando de
ombros.

Quando acabamos de comer, vamos dá uma volta antes de começar a
sessão e como o costume, entramos em uma loja de lingerie e escolhemos
algumas peças.

Saímos um pouco antes da hora do filme e vamos para a fila comprar
nossas pipocas.

Como é sexta e o shopping costuma está lotado, assim como os cinemas.
Eu e a Kim não conseguimos arrumar lugares perto uma da outra, mas quando a
pessoa que está ao meu lado chegar, vou lhe pedir educadamente para trocar de
lugar. Eu gosto de filmes de terror, mas prefiro assistir com algum amigo por
perto, apenas por precaução.



Benjamin

—Eu não vou a cinema nenhum, Gary! —Falo arrumando minhas coisas.
Finalmente hoje é sexta.

—Deixa de ser pé no saco. O filme hoje vai ser legal.

—Prefiro ir para casa, beber uns copos e cair na cama. Estou cansado.

—Que espirito de velho do caralho! Quem sabe seja lá que você encontre
o amor da sua vida.

—Quem disse que eu estou procurando o amor da minha vida ? —Me
viro para ele.
—No fundo, todo mundo está. —Dá de ombros. —Vamos ?

—Eu não estou, mas enfim, vamos a este filme. Já fica ciente de que
você paga.

—Ainda por cima é mão de vaca. —Diz rindo e saímos juntos da
empresa. —Nos encontramos lá às 20h ?

—Se eu não faltar, sim.

Nos despedimos e entramos cada um no nosso carro, então sigo para
minha casa. Já é praticamente o horário que marcamos de nos encontrar, então só
tenho tempo para tomar banho. Quando saio, visto calças jeans escuras, calço
meus tênis e visto uma jaqueta preta por cima de uma camisa branca. Pego
minhas coisas e saio de casa novamente.

Cinema. Onde já se viu ?

Quando chego, ele fala que está na praça de alimentação e eu vou ao seu
encontro. Ele já está com nossos bilhetes, então me sento enquanto ele come um
hambúrguer quase maior que sua cabeça. Sem qualquer exagero.

—Por que o desespero todo pra ver esse filme ?
—Você sabe a quanto tempo eu estou esperando sair esse filme que você
está menosprezando ?

—Não faço a mínima ideia.

—Três anos e meio.

—É mesmo falta do que fazer.

—Vai zombando vai. —Ele rir.

Quando ele acaba, ainda tenho que o esperar ir no banheiro e entramos na
sala quando já está perto de acabar os anúncios. Nossos lugares não é perto um
do outro, então procuro o meu e quando me aproximo para sentar, vejo uma
mulher a minha direita. De primeira não a reconheço, mas quando ela olha
diretamente para mim, sinto uma sensação estranha exatamente na boca do meu
estômago.

—Louise ?

—Olá. —Diz rindo tímida. —Você quem vai sentar aqui ?

—Acho que sim. —Falo conferindo no meu bilhete. Isso não pode ser. —
Posso ?

Ela olha para trás como se tivesse procurando alguém e eu olho na
mesma direção. Sua amiga está a algumas fileiras atrás se acabando de rir. Eu
aceno com a mão e ela responde da mesma forma.

—Então ? —Volto a perguntar e ela me olha com aqueles óculos que a
deixam mais sexy.

—O que ?

—Posso sentar ?

—Claro! —Se ajeita como se afastasse e eu me sento ao seu lado. —Não
sabia que ia te encontrar aqui.

—Nem eu sabia que viria. —Falo e ela dá um sorriso. —Também não
sabia que você usava óculos. —A olho dentro dos olhos claros.

—Você só sabe meu nome e onde eu trabalho.

—Talvez mais algumas coisas que eu não posso falar alto. —Falo com
uma pontada de malicia na voz e ela abaixa a cabeça sorrindo.

Antes de continuarmos a conversa, o filme começa. Eu tento prestar
atenção, mas não consigo com a mulher que está ao meu lado. Vez ou outra eu a
olho com o canto dos olhos e a vejo atenta ao filme. Outras vezes a vejo fazendo
o mesmo para mim, mas finjo que não estou notando.
Algum tempo depois, as luzes se acendem e o filme dá intervalo. As
pessoas começam a se levantar para ir ao banheiro ou comprar pipocas.

—Eu vou ao banheiro. Você quer alguma coisa ? —O Gary aparece do
meu lado.
—Não, obrigado.

—Tudo bem. —Ele olha para a Lou e depois volta a olhar para mim. —
Até já.

—Até.

—Amiga, está tudo bem aí ? —É a vez da Kim aparecer e ela chega com
um sorriso maior que o rosto.

—Sim, você vai sair ?

—Vou comprar pipocas. Você quer alguma coisa ?

—Refrigerante, por favor.

—Tudo bem, eu já volto. —Pisca para a amiga e sai.

Eu e a Louise ficamos por alguns instantes olhando para a grande tela
apagada e no instante seguinte, começamos a nos beijar como se não tivesse
ninguém mais aqui dentro.

—Para! Não estamos sozinhos aqui. —Ela fala descolando nossos lábios.

—Mas podemos ficar se você for comigo para minha casa agora.

—É melhor não, Benjamin.

—Por que ?

—Porque … Não sei, mas eu vim ao cinema com a Kim e vou voltar para
casa com ela.

—Deixa eu te mostrar um bom motivo para você ir pra minha casa. —
Começo a beijar seu pescoço e sei que já ganhei a batalha quando ela solta um
gemido baixinho.

—Tudo bem. Vamos. —Sorrir e eu me levanto pegando na sua mão. Ela
pega sua bolsa e saímos da sala de cinema, esbarrando na sua amiga.

—Uow! O que está acontecendo aqui ? —Ela pergunta entregando o
refrigerante e vejo a Louise ficar com as bochechas rosadas.

—Eu e sua amiga mudamos de planos.

—Então aproveita, amiga, porque se fosse eu no seu lugar, iria aproveitar
muito. —Diz dando uma gargalhada.
—E como você volta para casa ?

—Eu pego um táxi, mas você me liga.

—Ela liga sim. Até mais. —Apresso a conversa e saio praticamente
arrastando-a do shopping.

Nem deu tempo de chegarmos dentro da minha casa, eu já estava a
pegando no colo e devorando sua boca com a minha. Meus dedos faltavam
entrar dentro de sua pele e eu não queria desgrudar dela um só segundo. Sua
bolsa foi ficando jogada pela escada que dava ao andar de cima, assim como
seus sapatos.

Abro a porta do meu quarto e a coloco em cima da cama sem parar de lhe
beijar. Ela segura meus cabelos e tira as pernas da minha cintura. Eu subo por
cima dela e minha mão já vai para seus seios, onde começo a massageá-lo. Enfio
a minha mão por baixo da sua camisa e ela se arrepia com minha mão fria.

—Desculpa. —Peço rindo e ela rir junto.

Eu paro o beijo e fico de joelhos para olhar seu corpo. Ela está vestida
com um vestido preto comportado e seus óculos a deixam bem diferente da
imagem que eu já tinha dela.

—O que foi ? —Pergunta com uma cara engraçada.

—Nada, só achei você diferente com esta roupa.


—Isso é porque você é acostumado a me ver com outro tipo de roupa.
Esta é a que costumo usar no dia a dia.

—Eu sinceramente fico em duvida em qual delas você fica melhor. Por
via das dúvidas e para não ser injusto, eu prefiro você nua. —Em um só puxão,
rasgo seu vestido do decote até a barriga deixando sua pele lisa e clara a mostra.

—O que você fez ? —Pergunta com os olhos arregalados e expondo uma
pequena bocetinha coberta por uma calcinha boxer azul bebê.

—Não tenho culpa se o tecido era fraco. —O jogo para longe. —Agora
vem cá que eu estava te querendo foder de novo faz tempo.

Puxo suas pernas fazendo ficar em volta das minhas e lentamente vou
tirando sua calcinha, também a jogando longe. A bocetinha de pela clara fica
toda exposta para mim e com os dedos, afasto suas dobras deixando a parte
rosada na minha direção.

Sem pensar suas vezes, abocanho aquele pedaço de carne delicioso e
chupo o deixando todo melado enquanto ela geme pedindo por mais. O seguro
com as duas mãos abrindo ainda mais e com a ponta da língua, aliso seu clitóris
rapidamente. Fico me deliciando ali por um momento e sinto seus pés tremendo
indicando que ela está perto de gozar, o que não demora muito.
Seguro seus tornozelos sem esperar que os espasmos parem e a viro de
costas para mim em um único movimento. Ela dá um gritinho quando eu faço e
logo empina o bumbum na minha direção. Eu dou um tapa estalado e ela geme.
Tiro a roupa que falta e meu pau salta duro para fora. O seguro lhe fazendo
movimentos de vai e vem e ela olha para mim com um sorriso malicioso. Coloco
um preservativo rápido e me deito sobre ela. A faço erguer um pouco o quadril e
me enfio dentro dela de uma só vez, começando a me movimentar lentamente.
Seguro seu pescoço puxando sua cabeça para trás e lhe beijo violentamente. Ela
geme dentro da minha boca e eu sorrio satisfeito

—Sabia que você fica muito gostosa com esse óculos, sua puta ?

—É ?

—É. —Dou um tapa no seu rosto e ela geme.

—Isso!

—Você gosta disso ? —Dou outro tapa. —Gosta ?


—Gosto, Benjamin. Me fode com força, por favor.

—Você quem manda. —Enfio mais fundo de uma só vez a fazendo gritar
e cravo meus dedos em sua pele sem pena.

—Isso, continua. —Pede e sinto sua boceta apertar meu pau, que já está a
ponto de gozar. Isso que dá não ter tempo de se masturbar.


Ela atiça minha vontade quando sua boceta faz movimentos em volta do
meu cacete como se tivesse me batendo uma deliciosa punheta. Tento controlar
ao máximo, mas a vadia percebe e começa a rebolar gostoso me fazendo gozar
muito. Minha porra sai quente e fecho os olhos de tanto prazer enquanto vou
diminuindo a velocidade lentamente.

Saio de dentro dela e me jogo deitado ao seu lado. Ela deita o rosto na
cama e me olha, seu rosto vermelho e com leves marcas de dedos

—Acabei de lembrar que esqueci de avisar ao Gary que estava vindo
embora.

—Você é louco ? —Ela rir. —E agora ?

—Agora se dane! Eu falei que não estava a fim de ir ao cinema. Prefiro
foder aqui com você.

Ela balança a cabeça rindo e olha em volta.
—É sua nova casa ?

—Sim. Gosta ?

—Gosto.

—Que bom, por que hoje vamos dormir aqui.

—Não. É melhor não, Benjamin.

—Por que ? Qual o problema ?

—O problema é que estamos dormindo juntos muitas vezes e isso não vai
acabar bem.

—Como não ? Eu vou te pagar, Louise!

—Não tem nada a ver com você me pagar ou não, eu só não quero mais
dormir com você. —Ela fala se levantando e procurando algo.

—Por que não ? Eu não estou conseguindo entender. —Me sento na beira
da cama.

—Por nada. Eu preciso ir para casa e agora você rasgou minha roupa. —
Ela tenta se esquivar do assunto e eu também não insisto mais.

—Mais um motivo para você ficar aqui. —Sorrio de lado e ela revira os
olhos jogando o pedaço de pano rasgado no chão. —Eu prometo que amanhã
compro um novo vestido para você. Várias, se você quiser. De todas as cores.

—Você é louco da cabeça.

—Das duas. —Pego na sua mão e a puxo, fazendo com que sente no meu
colo. —Agora vem cá e eu vou te mostrar o que você perderia se fosse embora
daqui.

No instante seguinte, já tenho um novo preservativo protegendo meu
cacete quase estourando de tão duro enquanto ela senta e rebola em cima mim
gemendo o meu nome.

Mais um ponto para mim.
Capítulo 08

Benjamin

—Donna! —Falo a abraçando forte assim que ela sai do desembarque e
vem na minha direção. —Como eu estava com saudades de você, mulher.

—Eu também estava. O voo parece ter sido o mais demorado da minha
vida.

—Eu entendo, mas agora você já está aqui comigo. —A abraço de novo.

—Pega as malas, por favor. A maior parte das coisas que está nelas são
suas.

—Muito obrigado, meu amor. —Beijo sua testa e saímos do aeroporto

Ao chegarmos em casa, primeiro a deixo se instalar no seu quarto e
depois vou mostrar cada compartimento. Eu ainda não tive tempo de conhecer
quase nada, então para mim também é uma oportunidade de conhecer minha
casa.

—Você tem mesmo bom gosto. —Fala quando terminamos na varanda da
sala que dá a vista ao Rio Charles.

—Eu te falei.

—E como foram os primeiros dias aqui ?

—Normal. —Dou de ombros. —Adiantamos alguns trabalhos e amanhã
começamos a pegar no pesado.

—Tudo bem. Também não estava vendo a hora de voltar a ocupar a
cabeça.

—Não, Donna. Você acabou de chegar. Pode ficar alguns dias de folga.

—Acha mesmo, Benjamin ? Eu já fiquei vários dias parada em Londres e
amanhã eu começo a trabalhar também.

—Então como você quiser. —Digo rindo.

Na sexta feira eu já havia mandado o email contratando a nova secretária
e quando chego na empresa na segunda de manhã, ela já está no seu posto em
frente a minha sala.

—Bom dia, Alana. —Digo parando para falar com a ruiva sentada na
minha frente.

—Bom dia, senhor Connor. —Ela dá um sorriso animado.

—Venha comigo até minha sala, por favor. Preciso te por a pá de alguns
assuntos.
—Claro! —Fala se levantando eu reparo no seu decote enquanto isso. É
impossível não imaginar a cor dos seus pelos íntimos. Não que eu nunca tenha
transado com uma ruiva, mas a curiosidade sempre bate. Pelo menos em mim.

Entro na minha sala e ela vem logo atrás de mim, fechando a porta logo
depois.

—Sente-se, por favor. —Sento na minha cadeira atrás da mesa e aponto
para a que fica na minha frente. Eu não hesito em analisar o seu corpo enquanto
ela senta.

—Obrigada.

—Então, já deu tempo de se acostumar no seu novo ambiente de trabalho
?

—Sim, senhor. Já conheci algumas pessoas do setor e o senhor Montano
já me passou a agenda com os eventos mais próximos. Inclusive eu já estava
organizando tudo e vou lhe deixando a pá de todos os acontecimentos com
excelência.

—Muito bem. Assim espero. —Me ajeito. —Eu só lhe chamei para isso
mesmo. Pode se retirar.

—Tudo bem. —Ela se levanta. —Com licença.

—Só mais uma coisa.

—Sim ?

—Me comunique antes de deixar alguém entrar. Seja quem for, exceto a
Donna.

—Donna ?

—É minha madrasta. Hoje mesmo ela estará aqui e você vai saber.

—Tudo bem, senhor Connor. Licença.

Fico a olhando sair da minha sala e sua bunda redonda marcada na calça
branca apertada faz eu morder os lábios.

Quando ela sai, ligo o computador e volto ao trabalho, onde não paro um
só segundo até a hora do almoço.

—Alana, eu vou almoçar e volto dentro de uma hora.

—Tudo bem, senhor.

—Como está se saindo ?

—Muito bem, obrigada.

—Okay. Até mais. —Digo e saio junto com o Gary que também vem ao
meu encontro.
—Escolheu logo a mais gostosa, seu safado. —Fala quando entramos no
elevador.

—A mais qualificada.

—Você acha que engana quem, seu puto ? Eu sei que você já está doido
para comer a secretária ruiva.

—Está doido, Gary ? A mulher já saiu da última empresa por assedio.
Acha que vou me meter com ela ?

—Não, mas vai dispensar se ela for atrás de você ?

—Aí já é outra história, meu amigo. —Coloco a mão no seu ombro
enquanto as portas se fecham. —Outra história completamente diferente.

Quando volto do almoço, vou novamente para minha sala a fim de
continuar o trabalho, mas antes de me sentar, vou em direção a enorme janela de
vidro e olho para baixo na direção do café.

As imagens da Louise sendo possuída por mim dias antes voltam
rapidamente a minha cabeça. Ela usando aqueles óculos que a deixam
incrivelmente sexy faz meu pau ficar animado e eu me lembro que desde aquele
dia que não nos falamos.

Balanço a cabeça evitando continuar pensando nela e volto a minha
mesa.

—Entra. —Digo depois de ouvir batidas na porta e a Alana adentra a
sala. Meus olhos percorrem seu corpo de forma automática e ela sorrir.

—Com licença, senhor Connor. A Boston Visual acabou de ligar.

—Droga! Acabei me esquecendo. O que eles falaram ?

—É sobre a reunião para decidir quando vai ser o desfile com as roupas.
Eles falaram que mandaram o email e eu já vi, mas como você ainda não tinha se
decidido, não tinha como responder.

—Tudo bem. Pede para o Gary vir a minha sala um instante, por favor.

—Claro. Com licença. —Diz e sai. Eu tinha esquecido completamente de
os responder.

O Gary entra na minha sala pouco depois e a Alana entra junto. Ela vai
nos falando a agenda e marcamos a reunião para um dia livre ainda essa semana.
Depois de contatarmos a Boston Visual, eles concordam com nossa data e me
sinto mais aliviado.

—Você salvou minha vida, Alana. Eu tinha me esquecido completamente
disso. —Digo depois que o Gary sai da sala.

—É o meu trabalho, senhor. —Fala sorrindo de lado e apertando a
agenda contra os seios. —Precisa de mais alguma coisa ?

—Por agora não. Obrigado

—Disponha. —Dá um sorriso de lado. —Irei voltar a minha mesa.

—Claro. Qualquer coisa te chamo novamente.

—Estou sempre a disposição. —Fala me olhando no fundo dos olhos e
sai.
Posso está enganado, mas pelo que conheço das mulheres, essa daí já está
no papo.

Passo o resto da tarde um tempo olhando alguns catálogos da empresa e
abrindo algumas correspondências que já estavam na minha mesa quando
cheguei. Quando dei por mim, já estava na hora de ir para casa.

(…)

Na quinta feira foi a reunião com a Boston Visual e depois de muito
tempo em um ambiente maçante, finalmente conseguimos marcar a data de
estreia e do desfile. A semana inteira foi trabalho pesado, ainda mais pelo fim de
ano está se aproximando e termos ainda muito o que adiantar. Lançamentos de
natal, ano novo e essas coisas que as vezes me enche a paciência.

A Donna está gostando de Boston e só estou me sentindo melhor nesse
lugar graças a ela.

—Você não precisa se preocupar em arrumar meu quarto, Donna. —Falo
parando na porta do quarto e vendo ela dobrar algumas camisas.

—Eu não estou arrumado, só estou colocando algumas coisas no lugar.

—Eu ainda não tive tempo de contratar uma empregada.

—E nem precisa se incomodar. Você sabe que não ligo para nada disso,
Ben.

—Eu sei, mas eu não gosto de ver você fazendo as coisas assim. Tenho a
impressão que estou te explorando.

—Você é mesmo bobo. —Ela rir e abre minha gaveta de cuecas para
guardar algumas que tirou da máquina de secar e eu vou até meu notebook. —
Pelo visto alguém teve algumas visitas antes da minha chegada.

A olho novamente e a vejo segurando a calcinha branca de Louise.

—Não. —Dou uma gargalhada. —É de uma amiga.

—Conheço bem esse tipo de amiga. —Ela volta a guardar a calcinha
sorrindo. —Só não vai pegar uma DST.
—Eu me previno, sabia ?

—Prefiro acreditar nisso. Também não vai querer ser pai ainda.

—Por que ? Está com medo de ser avó ?

—Não, mas você nem sabe cuidar de você, quanto mais de um filho.

—Eu não sou irresponsável assim.

—Eu não falei nada disso. —E sai do quarto dando risadas e me
deixando sorrindo também.



Louise

—Olá. —Escuto uma voz masculina nos chamando e me viro na sua
direção. Um carro de luxo acaba de parar perto do meio fio onde estou com a
Kim e a bela visão a minha frente faz meu queixo quase descolar do rosto. Um
par de olhos azuis penetrantes olha diretamente para mim com um sorriso sexy
estampando o rosto bem feito. Sua barba escura combina perfeitamente com a
pele clara e seu queixo parece ter sido esculpido com anos de deicação.

—Ola. —Eu e a Kim falamos juntos para o bonitão. —Precisa de ajuda ?

—Uma ajuda diferenciada, se é que me entendem.

—Entendemos muito bem. —A Kim fala.

—Imagino que sim. —Ele volta a me olhar. —Posso te levar para algum
lugar ?
Eu olho para a Kim e ela para mim. Sabemos exatamente o que a outra
pensou e ela nem precisou falar nada para que eu aceitasse logo.

—Claro. —Digo disposta a continuar com os pensamentos longe de
Benjamin.
Depois de entrar no seu carro e me despedir da Kim, ele dá a partida.

—Você é muito bonita para ser garota de programa. —Diz enquanto
estamos na estrada.

—Obrigada. —Sorrio de forma sexy ainda apreciando sua linda
aparência.

—Eu já tinha te visto aqui algumas vezes.

—Como assim ?

—Eu passei por você algumas vezes, mas nunca tive coragem de parar.

—Por que não ? Não é muito de sair com garotas de programa ?

—Na verdade nunca saí com alguma.

—Garota de programa ?

—Sim.

—E quantos anos você tem ?

—Minha idade não é motivo. —Dá de ombros. —Mas quando eu te vi,
tive que mudar de pensamentos.

—E eu me sinto lisonjeada. —Pisco e ele olha para mim por alguns
segundos.

Seguimos para um motel bem localizado e confirmo minhas dúvidas
quando chegamos na recepção e ele nem diz o tempo que vai ficar. Eu não sou
interesseira e do tipo que liga para o dinheiro dos homens, mas quando se é
garota de programa, o dinheiro é seu objetivo. Na verdade, o dinheiro e o prazer,
mas prazer é algo que eu tenho poucas vezes durante o trabalho.

Saio com caras muito bons de cama e que sabem muito bem me fazer
gozar, mas muitos deles as coisas já saem no automático e eu me sinto uma atriz
pornô de tanto gemer sem vontade e fingir orgasmo.

Assim que pisamos dentro do quarto de luxo que ele pediu, ele já chega
por trás de mim e puxa meus cabelos, fazendo com que eu incline a cabeça para
trás e nossos rostos fiquem próximos. Ele cheira meu pescoço sem os soltar e dá
uma leve mordida, me fazendo arrepiar por inteira. Sua mão livre vai para a
região do meu umbigo e desce lentamente até o limite do meu vestido vinho.

—Deixa eu fazer tudo que quiser com você essa noite ? —Pede com uma
voz rouca e roça o pau na minha bunda mostrando que já está bem duro.

—Sim. —Digo mordendo os lábios e ele me vira para ele com um único
e rápido movimento.

—Você gosta de apanhar ? —Ele aperta minhas bochechas com uma mão
e a outra me prende ao seu corpo. —Gosta ?

—Gosto. —Respondo já me sentindo excitada e ele dá um tapa leve no
meu rosto.

—Então vem que eu vou te dá o que você quer. —Vai me empurrando até
a cama e me joga em cima dela. Ele tira a camisa e joga para o lado, então sobe
em cima de mim.

Ele prende meus braços acima da minha cabeça com apenas uma mão e
novamente dá um tapa no meu rosto. Sua boca desce para meu pescoço e ele vai
dando beijos e mordidas por toda sua extensão. Ele abaixa a parte de cima do
meu vestido e acaricia meu mamilo, deixando minha pele arrepiada.
Sinto um tesão incontrolável quando ele começa a chupar meu bico e
roça os dentes a volta dele. Ele solta minhas mãos e enquanto continua as
mordidas, aperta o outro com a outra mão. Eu arqueio meu corpo e ele deixa um
chupão no meu seio.

—Vira essa bunda para mim vai. —Ele mesmo me vira e eu fico de
barriga para baixo

. Sinto ele começar a levantar meu vestido e logo em seguida um tapa
forte na minha bunda.

—Hum.

—Geme mesmo, sua gostosa. —Outro tapa. —Daqui a pouco eu vou
comer esse seu cu inteirinho.

Ele tira minha calcinha rapidamente e abre minha bunda com as duas
mãos. Dou uma olhada para ele e o vejo olhando minha entrada mais apertada e
lambendo os lábios, o que me deixa ainda mais excitada. Seu dedo indicador
começa a alisá-lo e logo o sinto dentro do meu cuzinho.

—Uma delícia. —Fala tirando e dando outro tapa. Ele me põe de quatro
e abre minha boceta, fazendo com que eu sinta o friozinho do ar condicionado.
—Bem rosinha do jeito que eu gosto.

—Gosta ? —Provoco e ele me olha com luxuria.

—Adoro. —Mal termina de falar e a abocanha. Sinto sua língua me
penetrar e dou uma gemida alta de prazer. Ele chupa me babando toda e não
deixa que nada escorra para fora. Sinto dois dos seus dedos entrando dentro de
mim e mexo a bunda enquanto ele me deda deliciosamente.

—Isso. —Faz tempo que aprendi que a maior parte dos homens adora
quando nós mulheres gememos e falamos durante o sexo e parece que esse
também é igual.

—Delicia de boceta. —Fala e chupa os dedos. Ele tira a calça e logo em
seguida a cueca vermelha que usa. Seu pau não é o dos maiores que já vi, mas é
deliciosamente grosso e cheio de veias. Ele sobe em cima da cama colocando um
preservativo e me vira de barriga para cima. Ele puxa minhas pernas para cima
das suas e me penetra duro.

Os movimentos são rápidos e confesso que é uma das minhas posições
favoritas. Dá para sentir perfeitamente o seu pau encaixando dentro de mim e
tocando em lugares sensíveis que me deixa com vontade de gozar. Os
movimentos de vai e vem se tornam mais gostosos quando ele aperta meus seios
com as mãos.

Antes de gozar, ele tira o pau da minha boceta e enfia lentamente no meu
cuzinho. No começo sempre dói, óbvio, mas logo dá para se acostumar e mesmo
que sexo anal não seja o meu preferido, não deixa de ter sua parte excitante.

—Isso, sua puta! —Começa a socar com força e dá vários tapas na minha
bunda. —Empina esse rabinho todo para mim vai.
—Assim ?

—Assim mesmo, gostosa. —Continua socando. —Vou encher esse seu
cuzinho de porra.

Não muito depois sinto seu pau soltando goza quentinha dentro de mim.
Ele não para de socar e vai diminuindo a velocidade, dando um novo tampa na
minha bunda antes de sair de dentro de mim.

Sem esperar, ele me vira novamente de barriga para cima e abre minhas
pernas. Seus dedos alisam meus poucos pelinhos claros e ele abre minha boceta,
deixando toda exposta para ele. Sua boca novamente me abocanha enquanto seus
dedos me penetram de forma deliciosa. Sua língua faz carinho no meu clitóris
em um ritmo gostoso e não demora muito para que eu goze muito.

—Safada. —Ele se levanta e deita ao meu lado ofegante. —Se eu
soubesse que iria ser assim teria vindo antes.

—Agora já sabe onde me encontrar. —Pisco e ele me olha de forma
sedutora.

—Pode ter certeza que já sei.

(…)


—Tchau, Rhonda. —Ele fala com uma voz sedutora assim que eu saio do
seu carro e fecho a porta. —Foi um prazer.

—Tchau, Justin. Digo o mesmo. —Sorrio e ele dá a partida depois de
buzinar.

—É impressão minha ou o gostosão gostou muito de noite ? —A Kim
fala depois que ele sai e eu começo a contar tudo o que aconteceu para ela.

—Ele insistiu para que aceitasse mais que o combinado e me trouxe de
volta.

—Pelo visto você está deixando todo mundo apaixonado.

—Nem começa com isso, Kim. Você nem sabe o quanto está sendo
difícil não pensar no Benjamin.

—Você queria o quê, minha filha ? Um homem daquele tamanho que
deve ter um pau maior ainda, acho que nem eu esqueceria.

—Você só pensa em pau, é ?

—Talvez. —Ela dá de ombros. —Pelo menos até eu encontrar o amor da
minha vida.

—E vai deixar de gostar quando isso acontecer ?

—Acha ? Aí é que eu vou gostar mais ainda. Vai ser sexo toda hora.

—Você não existe. —Falo por fim.

(...)

—Adivinha o que eu acabei de conseguir ? —A Kim entra em casa
eufórica no dia seguinte.

—Um bilhete sorteado da loteria ?

—Melhor que isso. —Diz e já me arrumo no sofá.

—O que pode ser melhor que isso agora ?

—Dois ingressos vips para a Hot Party. —Ela dá um gritinho e eu a fico
encarando.

—Quando isso passou a ser melhor que um bilhete sorteado ?

—Eu sei que não é, mas é a melhor festa do ano e temos ingressos vips.
Quer deixar de ser songamonga pelo menos uma vez na vida ?

—Então deixa de ser exagerada. Deixa eu ver aqui esses ingressos. —
Estendo a mão e ela me entrega. —É hoje ?

—Sim, às 23h.

—Onde você conseguiu ? E onde você estava agora de manhã ?

—Lembra aquele cliente que eu saí ontem um pouco antes de você sair
com o bonitão ? —Senta ao meu lado.

—O velho alemão ?

—Sim, ele mesmo. Ele me ofereceu dois bilhetes se deixasse ele gozar
dentro de mim.

—E você deixou, sua louca ? Acho que podíamos ter conseguido os vips
sem precisar disso.

—Claro que não deixei. E não, não conseguiríamos porque já estava
esgotado. Enfim, eu consegui convencer ele a escolher outro lugar e ele escolheu
minha boca. Agora temos dois ingressos vips e o velho na minha cola que
descobri ser dono da Hot Party.

—E nós vamos ?

—Claro que vamos! Inclusive, vamos comprar um vestido novo.

—Mais vestidos ?

—Que espirito de pobre que você tem, Lou. Credo! Levanta essa bunda
daí e vamos la escolher o vestido mais sexy que encontrarmos.

—Tudo bem, deixa eu só acabar esse potinho de sorvete aqui. —Digo
dando uma colherada no sorvete de creme com passas.

—Se você não se levantar daí agora e se ajeitar para sair, eu vou jogar
uma praga para você pegar uma celulite gigante nessa sua bunda magricela.

—Que perversidade! Já estou levantando. —Levanto e guardo o pote de
sorvete na geladeira. Alguns minutos depois estamos saindo de casa em direção
ao centro.

—Que tal esse ? —Pergunto me referindo a um vestido preto curto de
frente única.

—Não, preto é básico demais e a maioria das mulheres deve está usando
preto.

—E o que você sugere ?

—Esse está perfeito para você. —Ela tira um vestido ombrinho verde
escuro que está pendurado em um cabide. Seu tecido é em veludo e a parte
debaixo é rodada.

—É mesmo lindo!

—Vamos levar esse para ela. —Ela fala para a atendente. —Vai lá no
provador.

—Okay. —Digo pegando no vestido e entro. Quando visto, ele cai
perfeitamente bem no meu corpo e ainda vem com uma gargantilha da mesma
cor e tecido para acompanhar.

Saio do provador depois que estou vestida para a Kim ver.

—Como ficou ? —Pergunto e ela me olha de cima a baixo. Quando seus
olhos encontram os meus, ela sorrir de lado e diz:

—Essa festa vai ser mesmo quente.
Capítulo 09

Benjamin

—Donna, eu não vou te chamar outra vez! —Falo tentando fazer minha
melhor voz autoritária, mas ela nem liga. Continua sentada no sofá da sala e
lendo um livro.

—Você acha que eu tenho idade para ficar nessas festas, Ben ? Ainda
mais com esse nome ?

—Não vai ter nada de quente lá. —Reviro os olhos outra vez e ela me
encara. —Certo, talvez tenha, mas você não precisa ir para a área hot.

—Eu sei que não, mas prefiro ficar em casa. Obrigada pelo convite.

—Certeza ?

—Sim, vai você se divertir. Anda trabalhando igual a um condenado.
Merece uma folga.

—Então eu vou lá. Como estou ? —Abro os braços e ela me analisa.
Estou usando uma camisa branca larga, calças jeans preta e um sobretudo cinza.

—A roupa está boa, mas esses cabelos ainda parecem ser de um homem
das cavernas.
—Os cabelos são meus charmes, Donna. Você não entende ? As
mulheres adoram.

Ela rir.

—Vai logo para sua festa e me deixa sossegada, Ben.

—Tudo bem. Não me espere acordada.

—E você não dirija bêbado.

—Não vou dirigir. —Beijo sua testa e pego minhas coisas. —Tchau.

—Tchau. Se cuida! —Diz e saio de casa.

A Hot Party é uma das festas mais quentes de Boston e é a primeira vez
que eu vou lá. Eu não sabia da insistência desse lugar, até o Gary me falar e me
convidar para conhecer. Basicamente é uma festa normal, mas há uma área
reservada para sexo livre. Pode entrar jovens, velhos, casados, solteiros, gato,
cachorro e por aí vai, todos em busca de um único objetivo. Eu mesmo só aceitei
vim pela curiosidade movida pela parte do sexo.

Durante o percurso, acabado passando sem querer pelo lugar onde a
Louise costumar ficar, mas não a vejo. Ultimamente não tenho tido muito tempo
para poder pensar nela, mas quando penso, minhas bolas chegam a estremecer.
Várias vezes já me masturbei pensando nela, mas não é tão satisfatório quanto
sentir meu pau dentro da sua carne. Eu preciso foder com aquela mulher outra
vez.

Chego na rua da casa noturna por volta das 23h30 e me dirijo para onde
aponta a placa de estacionamento vip. Mostro meu ingresso e minha
identificação, passando logo em seguida para dentro. Entro pela fila também vip
e a energia do lugar me invade em cheio. A festa emana luxuria e sexo. Vários
olhares se dirigem a mim vindo de várias partes fazendo meu ego crescer um
pouco mais.

Sorrio educadamente para as mais próximas e vou direto para o balcão do
bar. Eu já podia subir as escadas que dá acesso para a área vip, mas prefiro ficar
aqui por um tempo. A música toca alta chegando a estrondar dentro dos meus
ouvidos, mas já me acostumei com isso. O barman me serve a bebida que pedi e
me viro para as pessoas.

Algumas mulheres passam por mim lançando olhares sedutores e já sei
que não saio daqui sem transar com pelo menos uma.

Depois de um tempo de observação, subo as escadas que dão acesso a
área vip. O lugar tem paredes cor vinho e alguns detalhes em branco. As
poltronas também vinho e confortáveis são um belo convite para sentar, mas vou
até a mureta de vidro onde se dá para olhar a parte de baixo segurando meu copo
com Martini. De imediato, meus olhos são atraídos como ímãs para as escadas
onde vejo Louise subindo junto com sua amiga. Seu corpo marcado por um
vestido escuro curto e suas pernas sendo valorizadas por um salto dourado me
deixam nervoso sem entender e quando dou por mim, já estou indo para o topo
da escada.

Ela para dois degraus abaixo do meu assim que nossos olhares se
encontram. Um frio percorre meu estomago e mesmo tendo ideia do que é,
prefiro ignorar.

—Vejam só que surpresa! —Digo sorrindo e ela se afasta para outra
pessoa poder passar.

—Benjamin ? —Sorrir tímida.

—Amiga, eu vou buscar uma bebida rapidinho. Logo nos encontramos.
—Sua amiga fala. —Olá, Benjamin.

—Olá …

—Kim. —Ela revira os olhos rindo e sai. Eu estendo a mão para a Louise
e ela segura rapidamente, então a ajudo a subir o restante dos degraus.

—Não sabia que ia te encontrar aqui. —Diz enquanto sentamos em
poltronas vazias.

—Nem eu que ia te encontrar. Já faz um tempo que não nos vemos. —
Digo esperando que ela entenda o sentido e ela realmente entende quando sorrir.

—Verdade. Você sempre soube onde me encontrar.
—Eu sei, mas o trabalho não tem permitido.

—Eu entendo perfeitamente. Como está indo tudo ? Sua madrasta já está
em Boston ?

—Você lembra do que eu falei ?

—É … —Ela parece nervosa. —Lembrei agora quando te vi.

—Entendi, mas ela já chegou sim.

—Que bom. —Ficamos um tempo em silêncio e eu não entendo o
motivo de não ter o que falar. Eu sempre tenho o que falar quando estou
querendo comer alguma mulher.

—Você está muito bonita. —A frase sai quase que sem eu ordenar.

—Obrigada. —Ela rir tímida. —Quer dançar lá na parte de baixo ?

—Eu não sei dançar.

—Eu também não, mas podemos fingir que sabemos. —Dá de ombros já
me convencendo.

—Tudo bem. —Me levanto e estendo a mão novamente. Ela pega e se
levanta ajeitando o vestido. Faço sinal para que ela vá na frente e aproveito para
olhar seu bumbum redondinho e empinado marcado debaixo do vestido que se
move à medida que ela anda. Alguns caras olham para suas pernas enquanto ela
desce e eu os olhos com minha melhor cara de perigoso sem que ela veja.

Ao chegarmos na parte de baixo, ela já está animada para dançar e eu me
posiciono atrás dela. Uma música latina começa a tocar e ela começa a se mexer
quase no ritmo da mesma. Vez ou outra seu corpo roça no meu e em um
movimento delicado, a puxo para mais perto de mim. Ela vira a cabeça para me
olhar e sorrir, mas não sai do lugar e volta a dançar.

Ela dança indo até o chão cobrindo a parte da frente do vestido com a
mão para que não vejam sua calcinha e eu já sinto meu pau ficar duro só de a ver
fazendo isso. Ela mexe os cabelos com as mãos como se tivesse arrumando, mas
na verdade está bagunçando, o que não deixa de ser sexy. Ela põe as mãos nos
joelhos e dançar rebolando a bunda de propósito perto do meu pau. Eu sorrio
com sua provocação e apenas seguro sua cintura delicadamente com uma das
mãos. Ela volta a ficar em pé e segura a cabeça com as mãos sem deixar de
balançar a bunda, mas desta vez roçando contra meu membro, que já está bem
acordado e cutucando sua bunda.

—Você está fazendo de propósito, não é ? —Falo perto do seu ouvido e
ela rir.

—Talvez. Quer que eu pare ?

—Eu te estapeio na bunda aqui mesmo se você parar. —A aperto contra
meu peito e roço meu pau na sua bunda. —Olha o que você está fazendo
comigo.

—Dança comigo que isso passa.

—Duvido muito.

Ela rir e volta a ficar em uma posição que eu adoraria lhe foder. Vejo as
pessoas nem ligando para o que está acontecendo agora e como as luzes ficam
mais fracas, eu levo a minha mão para debaixo do seu vestido e sinto sua pele
nua.

—Porra! Você está sem calcinha, caralho ? —Pergunto a puxando e
virando-a de frente.

—Acho que sim. —Ela me olha de forma sexy.

—Veio para cá com alguma intenção a mais ?

—Não sei. —Dá de ombros com a cara cínica me deixando possesso. —
Ou está achando que você é exclusivo ?

Sinto suas palavras em forma de provocação e ela rir de lado como se
tivesse conseguindo seu objetivo

—Você está aí dançando toda sexy sem a merda da calcinha ?

—O que tem ? Ninguém sabe que eu estou sem. —Dá uma pausa. —
Digo, agora você sabe.

—Você está me provocando. —Falo entre dentes com a boca bem perto
do seu ouvido.

—Achei que você gostasse disso.

—Eu gosto! Não, não gosto … Eu … Você está me confundindo, porra!

Ela rir se divertindo.

—Deixa de mau humor e vamos dançar. —Vira de costas para mim
novamente e meu pau quer rasgar a calça só de pensar que é só levantar seu
vestido e pronto.

—Eu prefiro foder com você lá em cima. —Ela para de dançar sem se
virar e eu sorrio de lado.

—Só se hoje você não me tratar como prostituta. —Se vira.

—Como assim ?

—Hoje não quero transar e ser paga.

—Acho que estou confuso.

—Quero sexo de verdade. —Diz firme.

—Seu pedido é uma ordem.

Ela passa na minha frente e vai subindo as escadas. Eu vou logo atrás
dela e desta vez mais atento ainda aos olhares. Puta merda! Para que essa ideia
de sair sem calcinha de casa ?



Louise

Ando pelo corredor cor de vinho sentindo seu olhar nas minhas costas e
dou um sorriso. Embora metade de mim esteja confiante, a outra metade está
completamente nervosa e quase querendo cair por causa das pernas tremendo.
Meu coração está acelerado e me concentro nas portas escuras que tem
numerações para indicar o tipo de quarto e a quantidade de pessoas.

Menage feminino - 03
Menage masculino - 03
Swing - 04
Livre - 17
Casal – 0

Sem olhar para trás, abro a porta e entro. O quarto é grande e tem uma
cama de casal redonda coberta por um lençol branco e vinho. Há alguns espelhos
grandes espalhados pelas paredes e um cobrindo todo o teto. Tudo está de acordo
com as necessidades de quem ali entrar e escuto a porta sendo trancada atrás de
mim.

Sinto mãos enormes segurar minha cintura por trás e fecho os olhos ao
sentir Benjamin morder levemente meu pescoço. Suas mãos passeiam pela
lateral do meu corpo e ele me vira com um rápido movimento. Seus olhos quase
saem de fogo de tanto prazer que emana e sinto minhas bochechas ardem do
calor que o quarto ficou.

Sem falarmos uma palavra, ele me puxa para um beijo ardente. Sua boca
engole a minha e seguro seus cabelos enquanto ele aperta minha cintura. Seu
hálito quente faz meu sexo formigar entre as pernas e aperto meu próprio corpo
contra o dele. Ele entende o recado e suas mãos apertam ainda mais minha
cintura a pressionando contra seu pau teso.

Vamos andando em direção a cama, mas antes de eu cair, o viro para o
outro lado e o empurro para ele deitar. Seu sorriso se abre de lado e ele fica me
olhando enquanto eu tiro meu vestido deixando meu corpo completamente nu.
Vou andando na sua direção ainda de saltos e subo de quatro na cama. Seu coque
se desfaz quando tiro sua camisa depois dele tirar o sobretudo, então espalho
mordidas pelo seu peitoral definido. Levanto os olhos para o olhar e ele está com
a cabeça erguida olhando para mim sem expressão alguma. Ficamos nos olhando
por cerca de 2 segundos e então ele sorrir para mim.
Depois de tirar sua calça e cueca, abocanho seu pau de uma só vez. Meus
movimentos são precisos e algumas vezes ele pede para ir mais devagar pois
pode gozar logo, mas eu não ligo e continuo da mesma forma, só parando depois
que ele goza na minha boca e eu engulo cada gotinha.

—Minha vez. —Ele me deita e me abre toda. —Deixa essa boceta bem
aberta para mim. —Fala dando um tapa no meu sexo.

—Ah. —Gemo quando ele morde meu clitóris delicadamente.

—Eu adoro essa bocetinha. —Fala e passa a língua entre minhas dobras.
—Esse gosto. —Outra vez. —Esses pelos. —Outra vez.

Ele começa a enfiar dois dedos dentro de mim enquanto chupa meu
clitóris e sinto que estou perto de gozar.

—Eu vou gozar.

—Quer gozar, sua puta ?

—Sim.

—Mas não vai. —Ele para bruscamente e eu o encaro.

—O que ?

—Levanta! —Ordena e eu me levanto. Ele agarra no meu braço e me
leva até uma poltrona no canto, me fazendo sentar. —Agora você vai se
masturbar para mim.

—Como assim ?

—Se masturba para mim. Deixa eu te ver gozando pensando no meu
cacete.

Sinto o tesão percorrendo meu corpo e abro minhas pernas, colocando
cada uma apoiada em um dos braços da poltrona. Ele volta para a cama e se
senta segurando o pau e o alisando. Levo meus dedos até minha dobras
molhadas e aliso carinhosamente enquanto ele faz o mesmo com seu membro
que ainda está completamente duro.

Seus olhos me encaram de forma quente e ao mesmo tempo sem
expressão. Me sinto orgulhosa do meu próprio corpo ao ver que chama sua
atenção e decido continuar no mesmo ritmo. Começo a enfiar e tirar meu dedo
de dentro da minha boceta com ele me olhando. Seus olhos parecem mais negros
de puro prazer e não desgrudamos o olhar um do outro em nenhum momento.

Meu corpo começa a se contorcer quando sinto meu gozo perto e gemo
baixinho o vendo aumentar a velocidade das suas mãos.

—Eu vou gozar, Benjamin.

—Então goza comigo, safada. —Ele se masturba freneticamente e sinto
minhas pernas tremerem quando começo a gozar. Quero fechar os olhos, mas sua
visão na minha frente não deixa. Ele morde os lábios e dá um gemido, então vejo
sua porra literalmente voar. Seu gozo se espalha por toda a extensão do seu pau e
alguns respingos estão espalhadas por seu abdomem trincado

—Achei que você querer me foder hoje. —Digo enquanto ele caminha na
minha direção. Seu corpo de dois metros de altura é imponente e eu me sinto
pequena perto dele.

—Quem disse que não quero ? —Fala e já começa a se masturbar
novamente. Seu pau começa a dá sinais de vida e quando já está novamente
duro, ele coloca um preservativo.

Eu faço menção de levantar, mas ele faz que não com a cabeça e eu
permaneço no mesmo lugar. Ele fica de joelhos na minha frente e como ele é
alto, não há nenhum problema quando ele me penetra na posição que estamos.

Ele segura meu cabelo na parte de trás com força enquanto soca forte
dentro de mim. Eu fico de pernas bem abertas sentindo minha boceta ardida, mas
o prazer é ainda maior. Ele se levanta me pegando no colo e aproveita para se
enfiar dentro de mim novamente enquanto caminha de volta para a cama. Ele
sobe comigo sem tirar o pau e fica de joelhos em cima da cama, eu permaneço
agarrada a ele e fico louca de tesão quando ele começa a empurrar rápido e duro
dentro de mim. Suas mãos me seguram pela bunda para ajudar e depois vão para
minhas costas me apertando contra seu corpo. Eu seguro seu rosto entre minhas
mãos e o beijo mordendo seus lábios.

—Mais forte, por favor. —Imploro e ele sorrir com os cabelos na frente
do rosto.

—Sua putinha. —Ele empurra dentro e me faz gritar. —Vou deixar essa
boceta toda acabada hoje.

—Faz o que você quiser comigo, Benjamin.

—O que eu quiser ?

—Sim, o que você quiser.

Ele me afasta um pouco dele ainda me segurando e sorrir. De repente me
puxa de encontro ao seu corpo em um movimento violento que me faz gemer
quando seu pau se enfia dentro de mim com força. Eu grito mordendo seu lábio e
ele sorrir voltando a socar rápido.

—Cala a boca! Você disse que eu poderia fazer o que quiser. —Sua voz
autoritária é extremamente sexy.

—Doeu. —Gemo.

—Vai doer ainda mais. —Ele sorrir e me vira de quatro dando um tapa
forte na minha bunda e depois alisando o lugar.

Ele faz um rabo de cavalo nos meus cabelos com sua mão e me puxa
violentamente de encontro ao seu pau. Eu mal consigo me mexer e gozo sem
esperar me sentindo totalmente submissa. Ele dá uma risada alta a me ver
tremendo e depois de morder minhas costas, goza com o pau dentro de mim.

—Minha bunda está doendo. —Falo quando estamos deitados na cama e
ele sorrir.

—Você disse que eu podia fazer o que quisesse.

—Mas podia pegar mais leve.

—Você não reclamou na hora que estava gozando gostoso em cima do
meu pau. —Diz e eu sorrio. —Quer voltar para a festa ?

—Se você quiser.

—Então vamos. —Ele se levanta e estende a mão para mim. Acho que já
é a terceira vez que ele faz isso esta noite e as vezes eu tenho raiva de mim
mesmo por ser tão boba em relação a sentimentos.

Depois de nos vestirmos e nos ajeitar, saímos do quarto e vamos
novamente para a área da festa. Andando ao seu lado, deixo meu pensamento
vaguear e minha imaginação fluir com a possibilidade de um dia termos algo,
mas enquanto descemos as escadas e vendo olhares de várias mulheres mais
bonitas e muito mais influentes que eu na sua direção, eu vejo que essa
possibilidade só vai ter a oportunidade de existir na minha imaginação.

Afinal de contas, o que um multimilionário bonito como ele iria querer
com uma prostituta além de sexo tendo várias outras opções bem melhores ?

A resposta não é difícil de dá.



Benjamin

Talvez eu esteja ficando atraído demais pela Louise ou apenas ficando
louco, mas eu não queria que ela desgrudasse de perto de mim nem por um
segundo durante toda a noite, ainda mais vendo todos os olhares atenciosos que a
cercavam. Meu corpo estremecia ao vê-la dançando na minha frente e olhando
diretamente para mim, coisa que me assustava muito.

A atração física entre nós dois era visível e parecia que tínhamos sede um
do corpo do outro, principalmente quando estávamos perto. Era como fogo em
pólvora e bastava eu vê-la para fazer isso explodir.
Já fazia quase um mês que eu estava em Boston e ela estava sendo a
única mulher que eu havia transado. Isso não é normal para mim! Em Londres
eu costumava ter uma mulher diferente a cada semana e olhe lá se fosse tanto
assim, mas agora estava sendo diferente e eu sequer tinha me dado conta. E o
pior de tudo era que eu sempre queria ela. Não importava quem eu estava vendo
ou quem se jogava para mim, ela era que eu queria ter.

—E essa cara aí estranha ? —O Gary me salva dos meus pensamentos.
Ele chegou algum tempo depois de mim e agora estamos no bar da área vip.

—Como assim ?

—Não sabia que você estava comendo a garçonete.

—Estou.

—E pelo visto não é só isso.

—Do que você está falando ?

—Essa cara aí para ela não nega que está apaixonado.

—Apaixonado ? Eu ? —Dou uma gargalhada e aproveito que a Kim está
junto de Louise para poder me virar para ele. —Você está ficando doido.

—Como se você conseguisse me enganar. —Ele rir e eu paro.

—Eu não estou apaixonado pela Louise, Gary! —Falo entre dentes.

—Ah, não ? Então por que está falando baixinho assim ?

—Você sabe que ela é uma prostituta, não sabe ?

—Sei, mas parece que você quem não sabe disso. Me fala quantas
mulheres você comeu aqui em Boston desde que chegou ?

Ele espera colocando o dedo na minha ferida e eu tomo um grande gole
da nova bebida que pedi.

—Nenhuma, não foi ? —Ele rir de lado e eu continuo sem falar. —Pelo
visto alguém foi fisgado.

—Quer calar a puta da boca ? Eu não fui fisgado e não estou apaixonado!

—Tudo bem. Não precisa se irritar. —Ele rir levantando as mãos.

Me viro novamente na direção de Louise e sua amiga, então as vejo
sumindo no meio das pessoas. Rapidamente me levanto e Gary segura meu
braço.

—Para onde você vai ?
—Para lugar nenhum. —Falo tomando um baque de realidade. —Ia
apenas no banheiro, mas perdi a vontade. —Volto a me sentar e ele pede mais
bebidas.

Fico olhando na direção que ela sumiu a esperando voltar, mas parece
que ela se perdeu no caminho. Quero levantar e ir a sua busca, mas não quero
admitir para mim mesmo que estou completamente atraído por ela.

O fato dela ser prostituta não sai da minha mente e antes que a coisa se
torne mais feia, eu preciso cair fora disso.

—Senhor Connor ? —Escuto uma voz atras de mim e me viro segurando
o copo de bebida.

—Alana ?

Minha secretária está parada atrás de mim e por instinto acabo
percorrendo todo o seu corpo com os olhos. Ela está usando um vestido bem
curto e justo com estampa de onça que deixam suas pernas a mostra. E que
pernas! Seu decote é bem generoso e não deixa muito espaço para se imaginar o
que há por baixo do vestido colado.

—Que coincidência te encontrar por aqui. —Ela diz e se vira para o
Gary. —Boa noite, senhor Montano.

—Boa noite, Alana. Irmão, acho que a vontade de ir no banheiro deu em
mim agora. Nos vemos depois.

—Tá. —É a única coisa que digo quando ele se levanta, dá um tapinha
nas minhas costas e sai. —Bem, aceita uma bebida ?

—Eu estou conduzindo, senhor Connor.

—Fora da empresa pode me chamar de Benjamin, por favor. —Sorrio de
lado e arqueio uma sobrancelha. —Tem certeza que não quer beber nada ?

—Pensando bem … —Ela pega delicadamente o copo da minha mão. —
… Eu aceito uma bebida sim. —Seus lábios encostam na borda do copo e ela
toma um pequeno gole. A marca do seu batom claro fica marcado ali e sinto
minhas bolas estremecerem quando ela passa a língua pelos lábios.

—E então ?

—Foi um dos melhores goles que provei em toda minha vida. —Diz me
olhando de forma sedutora. —Vou dá uma breve olhada na parte hot.

—Vai ?

—Sim. —Se vira de costas, dá alguns passos e volta a se virar para mim.
—Se quiser, estou aceitando companhia.
Sentindo seus olhos flamejarem chamas sobre mim, tomo todo o
conteúdo do copo em um único gole e o coloco em cima do balcão, então me
levanto e vou atrás dela.

Essa noite realmente vai ser melhor do que pensei.



Louise

—O cara não tira os olhos de você. —A Kim fala enquanto estamos
saindo do banheiro. —Estou começando a desconfiar.

—Nem perca seu tempo! —Falo rindo. —Ele sabe iludir bem.

—Oh não. —Ela fala olhando em uma direção e quando acompanho,
sinto uma pontada do estomago.

O Benjamin indo para a área hot com uma ruiva de corpo exuberante e
mesmo antes de entrarem em um dos quartos, ele a agarra e a ergue no colo
beijando sua boca. A erguendo da mesma forma que fez comigo. A beijando da
mesma forma que fez comigo. A tocando da mesma forma que fez comigo.

Imediatamente sinto vontade de chorar, principalmente quando ele fecha
a porta do quarto. Fico olhando alguns segundos na mesma direção, então engulo
o choro e me viro para a Kim forçando um sorriso.

—Eu falei que ele sabia iludir bem. —E saio dali sem esperar mais nada.
Nem hoje, nem amanhã e nem depois.
Capítulo 10

Louise

Chego no trabalho já querendo voltar e torcendo para que ninguém me
encha a paciência hoje. Na noite passada nem consegui dormir direito porque a
imagem de Benjamin com a ruiva não saia da minha mente. Desde o começo eu
sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra, mas a idiota preferiu colocar
sentimentos no meio de tudo. Agora o jeito é fingir demência e esquecer de tudo
o que aconteceu. Assim como o Benjamin apareceu na minha vida, ele vai sair.

Confesso que parte de mim esperava que ele aparecesse no café como o
de costume, mas isso não aconteceu. Eu me odiava por ainda assim ficar
pensando nele, mas me odiava ainda mais por sentir pena de mim por ser apenas
uma prostituta qualquer.

Depois de limpar uma das mesas próximas a enorme janela de vidro que
da vista para sua empresa, fico ali olhando e tentando imaginar o que ele está
fazendo. Talvez esteja ocupado demais no trabalho ou então comendo uma
secretária ou outra funcionaria em cima da sua mesa. É só para isso que aquele
imprestável serve mesmo.

Recolho os pratos e xicaras e quando estou voltando para dentro, acabo
derrubando a bandeja. Todas as peças se partem no chão e eu me controlo para
não praguejar na frente de alguns clientes que estão por aqui.

—Quebrando louças outra vez, Louise ? —O Bill aparece como mágica e
eu fecho os olhos já sabendo de onde vai sair esse prejuízo.

—Desculpa. Já vou recolher tudo. —Me abaixo e começo a recolher os
cacos do chão. Um pedaço da xícara corta meu indicador e eu tenho vontade de
dá um grito.
—Toda essa bagunça vai sair do seu salário!

—E você acha que eu já não sei disso ? —Me levanto. —Mas agora eu te
pergunto: Que salário ? Faz mais de um mês que você não me paga.

—Já conversamos sobre isso. Agora recolha isso e pare de ficar fazendo
cenas na frente dos clientes.

—Não, não conversamos sobre isso. A verdade é que você sempre se
aproveita da minha boa vontade para me fazer de idiota. Eu estou cansada desse
trabalho! Eu estou cansada de você! —Calo a boca sem perceber que estou
falando alto. Todos os clientes estão olhando na nossa direção, mas eu não me
importo.

—Você passou dos seus limites, Louise! Vamos conversar no meu
escritório. —Ele se vira mas eu permaneço no mesmo lugar.

—Eu não vou a lugar algum! Se quer me demitir, faça isso agora. Ou
melhor. —Dou uma pausa. —Não precisa nem se dá ao trabalho, porque eu me
demito.

Tiro meu avental e o jogo no chão.

—Se demitir ? E você vai viver de quê ? —Ele rir de forma debochada.
—Dos seus serviços de prostituta de esquina ?

Meu sangue ferve nas minhas veias e sem querer saber, acerto um tapa
forte no meio da sua cara. Minha mão arde e seu olhar para mim é de ódio.

—Eu posso ser prostituta sim, mas tenho mais dignidade do que você. Eu
devia te falar muito mais, mas basta olhar para sua vida e ver que isso já fala por
mim. —Viro as costas desfazendo meu rabo de cavalo, mas antes me volto
novamente para ele. —E é bom que você me pague tudo o que me deve, a não
ser que queira ter problemas com quem você ainda não conhece direito.

Entro na cozinha e pego minhas coisas, então saio pela porta dos fundos
do café. Ao pisar no lado de fora, lembro que agora serei só mais uma prostituta,
mas também vejo o quanto estou me sentindo aliviada.

—Rhonda ? —Alguém me chama e ao me virar fico surpresa ao ver
Justin com um enorme sorriso na minha direção.

—Olá Justin. —Arrumo meus cabelos e ele beija os dois lados do meu
rosto. —Que coincidência te ver de novo.

—Eu quem deveria falar isso. O que você faz aqui ?

—Bom, eu trabalhava nesse café até três minutos atrás. —Aponto e ele
rir.

—Sério ? Eu até que ia lá tomar café, mas já não vou.

—Bobo. —Sorrio e sinto seu olhar em cima de mim. —Bom, acho que
eu tenho que ir agora. Acho que devo começar a procurar um novo emprego fora
o que você já sabe.

—Entendo. —Ele coça a cabeça. —Bom, podemos nos ver de novo
qualquer hora ?

—Você sabe onde me encontrar. —Pisco e me viro, mas sinto sua mão no
meu braço me puxando de volta.

—Fica com isso. —Me estende um cartão e me olha dentro dos olhos.
Pego e guardo no bolso quando ele larga meu braço e saio sorrindo.

Olho para trás e ele está no mesmo lugar. Levanta a mão e acena para
mim, eu só aceno de volta e entro no ônibus que acabou de parar para mim.



Benjamin

—Quem aquele idiota pensa que é ? —Falo comigo mesmo e soco a
parede da minha sala ao ver a cena em frente ao café.

Ontem eu esqueci completamente da Louise enquanto fodia
deliciosamente com a Alana no mesmo quarto que estive com ela minutos antes.
Quando saí, fui lhe procurar, mas não a encontrei em lugar nenhum. Até queria
lhe ligar e deixar cair por terra as dúvidas que eu tinha se ela havia saído com
um cliente, mas nem seu número eu tinha.

—Alana, venha na minha sala agora! —Falo pelo telefone e desligo sem
esperar ela responder. Logo ela abre a porta da minha sala e entra.

—Sim, senhor Connor. —Ela me olha com um sorriso sedutor, mas o
ignoro completamente.

—Sabe dizer se o senhor Maldonado já chegou ?

—Ainda não, senhor. Ele ainda não passou pelo corredor.

—Tudo bem. Quando ele chegar, peça que venha imediatamente a minha
sala.

—Aconteceu alguma coisa ?

—Isso não é da sua conta! Pode se retirar agora. —Falo com um aceno
de mão e ela fica me olhando confusa.

Eu a olho fixamente como se perguntasse o que ela ainda queria, então
ela entende o recado e sai rapidamente da minha sala.

A foda que tive ontem com ela foi uma das mais selvagens e deliciosas
que já tive. Certamente não era melhor que a da Louise, mas ainda assim não
ficava muito para trás.

—Entra. —Digo quando ouço batidas na porta e já sei quem é.

—Mandou me chamar, senhor Connor ?

—Mandei sim. Sente-se, por favor.

—Com licença. —Ele senta e minha vontade é de o demitir só de o ver
tão próximo de Louise, mas infelizmente tenho que separar a vida profissional
da vida pessoal.

—Ainda não tive tempo de conversar com você. Como está saindo tudo
na área das modelos ?

—Está tudo em perfeita ordem. Estamos vendo os catálogos que o senhor
mandou para nosso setor e já selecionamos boa parte das modelos. Por falar
nisso, haverá uma sessão fotográfica na quarta feira com as selecionadas.

—Muito bom. —Levo a mão ao queixo. —Você conhece a Louise ?

—Louise ? —Ele vira a cabeça. —Que Louise ? É alguma modelo ?

Fico alguns instantes tentando desvendar se ele está tentando me
esconder algo, mas daí tenho um clarão e penso coisas que realmente não queria
pensar.

Controlo minha raiva e sorrio.

—Oh, me desculpe. Estava confundindo as bolas.

—Certeza ? Se for alguma modelo que eu ainda não conheço, me
desculpe, senhor. Não deixam de ser muitas e eu não decoro nomes tão fácil.

—Não há problemas. Eu já me situei. Pode se retirar, senhor Maldonado.

—Tudo bem. Com licença, senhor.

—Toda. —Aponto para a porta e ele sai.

Dou um soco forte na mesa ao pensar que ele é mais um cliente da
Louise. É claro que é isso! Ele não sabe quem é Louise porque a conhece por
Rhonda.

—Porra! —Rosno e pego o telefone discando um número. —Gary, venha
até aqui, por favor.



Louise

—Você se demitiu mesmo ?

—Sim e ainda acertei um tapa na cara dele.

—Como assim ? Me conta isso! —A Kim me puxa para o sofá e eu conto
tudo a ela.

— … Então peguei minhas coisas e saí.

—Esta é minha garota! —Ela me abraça. —Ele não levou mais do que
mereceu.

—Eu sei. Por um lado, me sinto aliviada. Além de sair daquele trabalho,
já não preciso ficar encontrando com o Benjamin.

—É melhor. Assim você acaba desencanando dele.

—Ah, também encontrei com o Justin.

—Que Justin ?

Explico para ela e conto o que aconteceu em frente ao café.

—Acho que você vai ter que me explicar seu segredo. —Ela fala olhando
o cartão que ele me deu, onde tem seu número e seu título de Consultor de
Imagem. —Vai ligar pra ele ?

—Acha ? Ele é bonito e transa bem, mas o Benjamin já foi um exemplo
para que eu fique longe disso.

—Agora está aprendendo certinho, mas isso não impede que você se
divirta um pouco com o bonitão.

Fico uns instantes em silêncio e sorrio de lado.

—É. Farei isso.



Benjamin

Eu sabia que tinha mais que ficar longe da Louise, mas eu não aguentei e
no dia seguinte fui ao café. Fiquei surpreso ao saber que ela tinha pedido
demissão e confesso que um pouco pensativo com a possibilidade de eu ser o
motivo. Fui para a empresa sentindo o estresse me consumir e passei pela Alana
sem sequer dá bom dia, assim como fiz com todo mundo que passei desde a hora
que saí de casa. Aquela mulher está sendo capaz de perturbar meu juízo de uma
forma que não é nada boa.

—Senhor Connor, com licença. —Ela entra na sala. —Eu trouxe o novo
catálogo das modelos selecionadas pelo senhor Maldonado para você dá uma
olhada.

—Pode deixar aí em cima. —Falo sem desviar os olhos do computador.

—Está tudo bem com o senhor ?

—Sim, Alana. Pode se retirar agora. Obrigado.

—O que acha de eu fazer algo melhor aqui com você ? —Escuto a porta
sendo trancada e quando vejo, ela começa a desabotoar a camisa social que usa.

—Agora não, Alana. Estou ocupado. —Como assim eu estou
dispensando uma foda dessas ?

—E vi que o senhor anda um bocado estressado. Eu posso te deixar um
pouco mais aliviado. —Vem andando lentamente na minha direção como uma
felina no cio e se abaixa na minha frente.

Não falo nada, apenas observo ela alisando meu pau por cima da calça
social, o deixando animado. Ela sorrir para mim ao ver que está conseguindo seu
objetivo e o puxa para fora da cueca parecendo encantada com ele como se fosse
a primeira vez que o tivesse vendo. Eu agarro o rabo de cavalo que mantem seus
fios ruivos presos a fazendo me encarar.

—Ajoelhou vai ter que rezar. —Dou um tapa em seu rosto e a faço
engolir meu pau até que se engasgue. Ela o baba todo e eu fico apenas ali me
deixando ser devorado pela sua boquinha deliciosa.

Fecho os olhos e só consigo imaginar a Louise ali no lugar dela, então
permaneço assim para que os pensamentos não acabem.

Me levanto e afasto as coisas da mesa, então a deito de barriga para baixo
no tampo. Sua saia curta é facilmente levantada e sua bunda branquinha fica a
mostra para mim. Uma boa parte da sua calcinha preta está atolada dentro dela,
então a puxo um pouquinho para cima e ela geme. Dou um tapa na polpa
deixando vermelha e rapidamente pego um preservativo que sempre deixo
guardado na primeira gaveta.

—Você é bem prevenido. —Ela rir com a voz abafada.

—Cala a boquinha. —Digo antes de enfiar tudo dentro dela. Seguro seus
pulsos com apenas uma mão e a fico puxando de encontro ao meu cacete
enquanto ela geme baixinho. Com a mão livre dou tapas na sua bunda e no seu
rosto, que a essa hora está tão vermelho quanto sua bunda.

A viro de barriga para cima ainda sobre o tampo da mesa e continuo a
socar forte na sua bocetinha. Os pelinhos ruivos contrastando com a pele rosada
são uma bela visão, mas fecho os olhos para tentar imaginar a Louise
novamente.

Começo a socar violentamente ao imaginar ela dando para o Maldonado
e só paro quando a Alana dá um gritinho de dor e prazer. Dou um tapa forte no
seu rosto e tampo sua boca sem parar de socar dentro dela, então gozo
deliciosamente.

—Você maltratou agora. —Fala ajeitando a calcinha e abaixando a saia
novamente.

—Vai falar que você não gosta. —Tiro o preservativo e jogo no lixo
depois de enrolar em várias folhas de papel ofício.

—Eu adoro. —Ela se aproxima de mim e tenta me beijar, mas eu esquivo
o rosto.

—É melhor você voltar para sua mesa, Alana. Alguém pode está
precisando de você.

—Tudo bem. —Ela tenta disfarçar o constrangimento com um sorriso
forçado. Eu fecho o zíper da calça e a vejo tirando a calcinha novamente.

—O que você está fazendo ?

—É para você! —Joga na minha direção e eu a agarro com apenas uma
mão. —Quando quiser aliviar o estresse de novo, é só me chamar. —E sai da
sala depois de piscar para mim.

(…)

Eu mal consegui me concentrar no trabalho durante o resto do dia. A
imagem da Louise com o Justin não saía da minha mente e nem na hora de foder
com a Alana na minha mesa, o que sempre foi um fetiche que eu não cansava de
realizar me impediu de ficar pensando nela e imaginar que era ela ali sendo
possuída por mim.

Sua carne macia dando espaço para o meu pau entrar, sua boquinha
pequena e delicada me engolindo por inteiro, tudo eu só conseguia pensar nela e
estava com medo de tudo aquilo, principalmente sendo direcionado para uma
garota de programa. Uma prostituta.

Saí do trabalho mais estressado do que entrei e o que eu mais queria era
ir para casa e dormir, mas eu sabia que não ia conseguir pregar os olhos. Não
sem antes não provar uma certa boceta outra vez.



Louise

Mal havia chegado no lugar de sempre e o Justin chega também. Não
demora nada para sairmos juntos. Eu ainda estava chateada com o Benjamin
pelo papel que ele me fez passar na Hot Party. Uma parte de mim me julga por
isso. Não marcamos nada e nos encontramos por acaso. Não somos nada um do
outro, portanto ele acaba não tendo culpa de nada na história. Minha cabeça me
força a esquecê-lo e o bom é que o Justin me ajuda com isso por pouco tempo.

Fiquei surpresa quando ele ao invés de me levar para os finalmente, quis
me levar em um restaurante fino que ele mesmo escolheu afirmando a maravilha
que era a comida do lugar. Por sorte eu sabia como me portar em uma mesa de
um lugar assim. Tudo que eu tinha aprendido era graças a Kim.

—Eu te acho tão linda. —Ele fala enquanto jantamos o prato que deixei
que escolhesse.

—Você está me deixando sem graça. —Sorrio tímida.

—Eu não estou falando nenhuma mentira.

—Obrigada. —Dou uma pausa. —Mas me fala de você.

—O que você quer saber ?

—Não sei. O que você quiser falar.

—Bom, acho que você já sabe que sou consultor de imagem, certo ?
—Uhum.

—Eu sou daqui de Boston e vivo com meus pais e minhas duas irmãs
mais velhas. Já sou formado na faculdade, não tenho filhos e nem namorada. E
você ?

—Não tenho muito o que falar de mim. Eu também sou de Boston e não
tenho ninguém além da Kim. Moramos juntas e acho que só.

—E seus sonhos ? Quais são ?

—Meus sonhos ? —Pergunto surpresa. Nunca ninguém quis saber disso,
além da Kim, claro. Ninguém nunca se importou em saber o que eu queria para
mim e com tudo isso, nem eu mais sabia o que eu queria para mim.

—Rhonda ? —Ele me tira dos pensamentos.

—Sim, desculpa.

—Não tem problema. —Sorrir. —Você tem sonhos, não tem ?

—Sim, claro.

—Quer me falar um deles ?

—Eu … eu não sei. Digo, acho que era um sonho.

—Era ?

—Sim. —Sorrio. —Quando eu era mais nova, eu queria ser modelo.

—Sério ?

—Sim, mas isso foi ficando para trás. Eu não tenho talento para isso ou
sequer chances.

—Como não ? Você é a mulher mais linda que eu já conheci na vida.

—Você está exagerando.

—Não estou não. —Ele pega na minha mão por cima da mesa. —Você é
maravilhosa!

—Obrigada, Justin.

Depois do jantar e de ele me olhar por várias vezes com cara de
apaixonado, saímos e fomos para um motel.

Não demorou nada para estarmos um nos braços do outro e mesmo ele
sendo um dos melhores de cama que já tive, eu só conseguia imaginar o
Benjamin ali no seu lugar. Quando suas mãos alisavam meu corpo, quando sua
boca fazia questão de me beijar, em tudo eu imaginava o Benjamin fazendo e
tive que me controlar para não gemer seu nome. Fingir que ele nunca existiu
estava sendo mais difícil do que eu imaginei que seria.

(…)

—Eu adorei a noite. —Ele fala parando o carro em frente ao meu ponto.

—Eu também.

—Vamos nos ver outras vezes ?

—Quando você quiser. —Sorrio e sou surpreendida quando ele me beija.
Não tenho vontade de retribuir, então apenas me afasto depois de fingir que
estava gostando. —Boa noite, Justin.

—Boa noite.

Saio do carro e sorrio enquanto ele dá a partida e se vai. Como a Kim não
está, imagino que esteja com um cliente, então quando estou me preparando para
ir até o ponto de ônibus, sinto uma mão grande e forte no meu braço.

—Benjamin ?

—Eu mesmo. —Sorrir de lado.

—O que você está fazendo aqui ?

—Podemos sair ?

—Não, não podemos. —Puxo o braço e volto a andar. Ele me
acompanha.

—Por que ?

Eu paro de andar, o encaro dentro dos olhos para que sinta toda a raiva
que estou sentindo dele e volto a andar novamente depois de soltar o ar dos
pulmões.

—Okay, isso foi assustador. —Ele volta a andar do meu lado. —Olha,
desculpa pelo sábado.

—Por que está se desculpando ? Não tínhamos marcado nada lá. Nos
encontramos por acaso e depois de se satisfazer comigo, você foi fazer o mesmo
com outra.

—Só estou falando porque saí e nem falei com você.

—E isso significa que não temos nada a ver um com o outro. Por que
você não vai lá atrás da tal ruiva que você saiu no sábado ? Ela não está livre e
você veio atrás de mim ?

—Você está com ciúmes ? —Ele segura meu braço me fazendo parar de
andar.

—Ciúmes de você ? —Dou uma risada. —Acha mesmo ?

—Acho. —Ele rir de lado me fazendo ficar possessa. —A não ser que
agora você tenha se encantado pelo pau do Justin Maldonado e esquecido do
meu.

Sem o menor pudor, ele leva minha mão até seu pau para que eu sinta
que está duro feito pedra.

—De onde você conhece o Justin ? —Puxo a mão bruscamente.

—Ele é meu empregado na empresa. —Dá de ombros.

—Olha que coisa boa! Pelo menos ele é mais homem que você.

—É o quê ? —Segura meu rosto me fazendo ficar bem próximo ao seu.
Ele vai me empurrando devagar para dentro de um beco escuro e me encosta na
parede fria.

—O que foi ? Acha que eu sou igual aos seus empregados que abaixa a
cabeça e fica lambendo seus pés feito cachorrinhos ? Não sou! —Afasto sua mão
violentamente.

—Adoro quando você fica irritada assim. —Pressiona seu corpo contra o
meu. —Não vai querer mentir para mim e falar que prefere o Maldonado do que
eu, não é ?

—Por que não ? Você não é o único que tem um pau decente.

—Mas só eu sei do que você gosta. —Volta a segurar meu rosto e
aproxima o seu. Seu hálito refrescante é inspirando docemente por mim e eu
tenho vontade de o beijar, mas controlo minhas emoções.

—Acho que o senhor está enganado. O Justin soube fazer muito bem o
que eu gosto e caso você não tenha visto, foi do carro dele que eu saí pouco
antes de você chegar.

—Você está blefando. —Fala e percebo que toquei na sua ferida.

—Blefando ? Eu não blefo. Agora se me der licença, eu vou para casa.
—Passo por ele e ele segura meu braço. Me viro e o olho dentro dos olhos. —
Quer me falar alguma coisa ?

—Não, mas caso você não saiba: Você não é a única prostituta que eu
posso pagar.

Suas palavras foram duras e me acertaram em cheio, mas segui o
conselho da Kim e engoli a mágoa.

—Então por que ainda está aqui segurando meu braço ao invés de ir atrás
de outra ? Tenho certeza que ninguém vai sentir sua falta.
—Eu sei que não. —Ele solta meu braço e eu saio do beco sem olhar
para trás, mas ainda sentindo suas palavras me magoarem por dentro.

Mais um ponto a favor do “Esqueça ele e segue tua vida!”.



Benjamin

Só Deus sabe a raiva que senti quando ela saiu toda sorridente daquele
carro. Essa mulher está jogando comigo e está conseguindo o objetivo de me
deixar possesso. Seu rosto ainda estava vermelho e eu me nego a pensar que ela
tinha transado com o Justin. Logo o filho da puta do Justin!

Eu não tenho nada contra o rapaz e admito que é um bom funcionário,
mas porra, ele é meu subordinado. Eu estava confiante que ia novamente a levar
para a cama, mas a garota é mais atrevida do que pensei e ainda teve a ousadia
de falar que ele é melhor que eu. Ele não é!

Saí do beco ainda de pau duro e sabendo que teria que terminar a noite na
base da punheta, mas se aquela garota acha que vai simplesmente me desafiar e
sair assim, está muito enganada. Eu vou mostrar a ela que o meu pau é o melhor
que ela vai provar em toda a sua vida ou eu não me chamo Benjamin Connor.

(…)

Benjamin

—Estou. —Falo atendendo o telefone da minha sala.

—Senhor Connor, há um senhor aqui fora chamado Thaddeus
Abramowitz que diz querer falar com você.

— Thaddeus Abramowitz ? Não lembro de ninguém com esse nome.

—Ele é russo e diz que foi um grande amigo do seu pai.

Fico uns segundos mudo na linha quando ela volta a me chamar.

—Meu pai ?

—Sim. Deixo entrar ?

—Claro, claro que sim! Obrigado.

Ponho o telefone no lugar, arrumo meu terno e me posiciono de maneira
ereta na cadeira. Qualquer coisa ou pessoa que tenha tido envolvimento com
meu pai é do meu total interesse.

—Entre. —Falo quando escuto batidas na porta e me levanto.
—Com licença. —Um senhor aparentando seus sessenta e poucos anos e
muito bem vestido entra na sala e eu vou ao seu encontro estendendo a mão.

—Muito prazer. Sou Benjamin Connor.

—O grande filho do senhor Connor. —Ele aperta minha mão com força e
eu obrigo a minha mente a tentar lembrar se o já vi antes. —Eu já o conheço,
rapaz. Digo, já ouvi falar muito de você.

—Perdão, senhor Abramowitz, mas eu não me recordo da sua pessoa.
Sente-se, por favor. —Aponto a cadeira de frente para a minha e também me
sento.

—Ainda não tivemos tempo de nos conhecer, mas ouvi falar muito da
sua pessoa através do seu pai. Fiquei sabendo do que aconteceu tem algum
tempo e arrumei um horário para vir falar com você pessoalmente.

—Fez muito bem. —Sorrio. —O que o traz aqui ?

—Na verdade só vim ver o filho de um velho amigo, já que agora está
nas nossas terras. Eu não podia deixar de passar aqui.

—Tudo bem. Você e meu pai eram amigos há muito tempo ? Me perdoe
pela ignorância, mas realmente não me lembro dele ter falado de você. O que o
senhor faz ?

—Eu sou o novo dono da Smell Dreams, mas sim, eramos amigos há um
bom tempo. Na verdade, seu pai era como um irmão para mim.

Suas palavras soam de uma forma que não consigo identificar e olho
dentro dos seus olhos para tentar lembrar de algo, mas não consigo recordar de
nada.

—Smell Dreams ? A empresa de perfumes importados ?

—Essa mesmo! Você conhece ?

—Claro que sim. Não sabiam que tinham um novo proprietário, mas
enfim. Fico muito feliz em receber um amigo do meu pai aqui.

—Eu quem fico feliz por está conhecendo o filho único do meu grande
amigo Benjamin. Como está se saindo como novo presidente da empresa ?

—Acho que bem. Quero ser tao bom quanto meu pai foi. —Digo e ele
pigarreia.

—Desculpe. Acredito que você se sairá bem, mas eu vou sair e te deixar
trabalhar em paz. —Se levanta.

—Mas já ? Não posso nem te servir um copo de whisky ?

—Deixa para outra hora. Agora também tenho muitos problemas a
resolver, mas foi um imenso prazer conhecer você. Parece muito com seu pai.
—O prazer foi meu em receber sua visita, senhor Abramowitz. —Me
levanto e apertamos as mãos. —Apareça quando quiser.

—Aparecerei. Tenha um bom dia.

—Igualmente. —Digo e ele sai da sala. Volto a me sentar na cadeira e
levo a mão ao queixo pensativo. Meu pai sempre foi de falar sobre seus amigos e
se duvidar, conheço todos eles, mas esse senhor nunca vi seu rosto e sequer ouvi
falar do seu nome.

—Thaddeus Abramowitz. —Digito seu nome na busca geral dos
documentos e não encontro nada. Na busca do Google encontro sites falando
sobre ele e sua presidência na Smell Dreams. É uma empresa russa de perfumes
muito famosa e que conheço muito bem. Lembrando agora, meu pai já chegou a
falar algumas vezes sobre ela, mas acho que nada tão relevante.

Olho algumas fotos dele e em uma ele aparece com sua mulher, uma loira
gostosa na faixa dos quarenta anos com um corpo escultural e sua filha, uma
jovem mais bonita ainda, mas com a típica cara de patricinha arrogante e
mimada. Nada mais me chama atenção, mas anoto seu nome para ver se o Gary
sabe de algo e volto ao trabalho um pouco contrariado.

Antes da hora do almoço, termino de adiantar alguns papeis mais
importantes que tinha para assinar e me levanto da cadeira me espreguiçando.
Chego na grande janela da minha sala e meus olhos vão direto para o café, então
sinto meu coração dá um salto ao ver a Louise entrando no mesmo. Minha
vontade é de ir lá e terminar de tirar as satisfações que ontem não tirei, mas desta
vez tento me controlar.

—Senhor Connor, com licença. —A Alana entra na minha sala e eu me
viro. —Estou indo para o meu horário de almoço. Precisa de algo mais por agora
?

—Não, pode ir tranquila.

—Tudo bem. —Ela sorrir de lado e eu me pergunto pela milésima vez
sobre o “assédio” que ela diz ter sofrido. —Com licença.

—Espera! —Digo quando ela está perto de sair a fazendo se virar
novamente. —Posso ir almoçar com você ?

—Mesmo ? —Pergunta surpresa e eu sorrio de lado.

—Sim.

—O senhor sabe que nem precisa perguntar. —Seu sorriso safado se
alarga ainda mais.

—Então vamos. —Pego meu celular e minhas chaves em cima da mesa e
saímos.

Assim que chegamos no lado de fora, vejo a Louise saindo do café e
agora sim eu vou revidar a raiva que ela me fez passar ontem.
—Onde você quer ir, Alana ? —Tento perguntar não tão alto para não ser
chamado de doido, mas o suficiente para que ela escute do outro lado da rua.

—Eu conheço um restaurante de comida caseira muito bom há quatro
quadras daqui.

—Mesmo ? —Sorrio de lado ao ver que ela olhou exatamente na nossa
direção. —Eu adoro comida caseira. Vamos ? —Abro a porta do meu novo carro
que está estacionado na minha vaga ao lado da empresa.

—Claro. —Ela entra e eu fecho a porta. Antes de entrar no meu lado,
olho para a Louise e a mesma continua parada no mesmo lugar. Sua expressão
não é nada amigável e sorrio vitorioso na sua direção quando percebo que agora
eu quem estou conseguindo meu objetivo.

Eu sei que é uma atitude infantil e não tinha porquê de eu a tentar fazer
ciúmes, mas fiz. Todas as mulheres com quem já estive já praticamente
rastejaram aos meus pés e eu vou provar para mim mesmo que com a Louise não
vai ser diferente.



Louise

Ao ver o Benjamin saindo de carro com a mesma ruiva da Hot Party me
faz tremer de raiva e mesmo que eu tivesse tentando, não consegui esconder o
que estava sentindo na hora. Eu já conheço muita coisa para saber que ele falou
alto exatamente para que eu pudesse ouvir e senti raiva de mim mesmo por
deixar transparecer que aquilo me afetou.

E aquele sorriso vitorioso ? O cretino sabia muito bem o que estava
fazendo e estava conseguindo. Só havia um problema: Ele ainda não sabia que
eu não era como as outras que ele costumava sair. Eu não ia rastejar aos seus pés
e iria lhe provar isso, ou então não me chamo Louise Hansen.

Volto para casa com o pagamento atrasado que o Bill me devia e sentindo
uma pontada de pena. Ele praticamente implorou para que eu voltasse a trabalhar
lá, que havia perdido alguns poucos clientes e que até me daria um aumento, mas
meu orgulho estava ferido. Eu o fiz engolir cada palavra ofensiva que ele tinha
me dito e saí de la com a cabeça erguida. Tudo iria sair bem, se eu não tivesse
visto o traste do Benjamin saindo com aquela ruiva com cara de sonsa.

Na noite passada, de tanto o Justin insistir, acabei lhe dando meu número
e uma parte de mim se arrependeu. Embora ele seja legal, bonito e saiba transar
bem, eu não quero nada de mais com ele.

—Oi Justin! —Falo atendendo sua ligação enquanto entro no ônibus.

—Oi Rhonda. Tudo bem ?

— Sim e com você ?
—Também estou bem. Te liguei para saber se você quer almoçar comigo.

—Acho que não vai dá. Eu vou almoçar com uma amiga.

— Sério ? —Sua voz se entristece e não que eu esteja me importando
(que maldade), mas fico pensativa uns instantes e lembro da raiva que o
Benjamin deve está sentindo dele por causa de ontem.

—Mas podemos jantar se você quiser.

—Mesmo ?

—Sim. Que horas nos encontramos ?

—Eu posso passar na sua casa por volta das 19h

—Não, nos encontramos nesse horário no lugar onde você já conhece.

—Certeza ?

—Sim, é melhor.

—Você quem manda. Foi bom falar com você de novo.

—Ta bom. Nos falamos logo mais.

—Okay. Até mais tarde.

—Até. Tchau.

Vamos ver quem é quem agora. —Penso enquanto desço do ônibus
alguns minutos depois.

(…)

A noite eu não sabia para onde o Justin ia me levar, então arrisquei vestir
um vestido vermelho com boa parte do tecido em tule e que ia até um pouco
acima dos joelhos, assim como um salto preto básico. A Kim não estava em casa
desde a tarde, então ainda não tive como falar com ela sobre o encontro com ele.

—Já está pronta ? —Perguntando entrando em casa.

—Sim, mas não para ir trabalhar.

—Como assim ?

—Vou sair com o Justin.

—Sério ? —Ela faz careta e se joga no sofá. —O bonitão te convidou
para um encontro ?
—Na verdade para um jantar.

—Jantar encontro. —Corrige. —Primeiro o Benjamin. Agora o Justin.
Me ensina esse truque porque eu estou precisando.

—Não tem truque nenhum. —Sorrio e dou de ombros. —Ele apenas foi
gentil e eu aceitei o convite.

—Vai querer dá o troco no cabeludo lá ?

—Eu não quero nem saber do Benjamin, Kim. Não foi você quem disse
para eu esquecer ele ?

—E está fazendo mais que certo. Nada como um pau para esquecer o
outro.

—Não é “um amor para esquecer outro” ?

—Sim, esse acabei de inventar. —Dá de ombros se levantando do sofá e
indo até a geladeira.

—E você ? Onde esteve agora ?

—Com o dono da Hot Party.

—De novo ?

—Sim, o cara está até me pedindo em casamento. E olhe que é casado.

—Homens. —Digo rindo e olho no relógio. —Bom, eu agora tenho de ir.
Marcamos de nos encontrar as sete.

—E que homem é esse que não vem te buscar em casa ?

—Acha que eu vou trazer alguém aqui depois do que me aconteceu, Kim
? —Aponto para meu lábio que agora já está completamente cicatrizado.

—Você tem razão. Então vai lá e aproveita a noite.

—Você vai trabalhar ?

—Sim. Me manda mensagem qualquer coisa.

—Mando. Tchau. —Digo e saio do apartamento.

Chego no local onde marcamos alguns minutos depois e fico olhando o
celular enquanto o espero. Não estou vestida como uma prostituta, mas alguns
clientes conhecidos param para falar comigo. Tenho de dispensar todos e vejo
que o Justin está atrasado sete minutos.

—Nada como um dia atrás do outro. —Escuto a voz já bem familiar do
Benjamin falando e me viro na sua direção.

Meu coração falha uma batida ao olhar dentro dos seus olhos claros, mas
controlo minhas emoções ao ver um sorriso vitorioso em seus lábios.

—Do que você está falando ?

—Eu vi a cara que você fez quando eu saí com a Alana. Se não fosse tao
esperto, iria dizer que você ficou com ciúmes.

—De novo essa conversa de ciúmes ? Pelo visto tem alguém que não se
enxerga direito aqui.

—Por que você não admite logo que tem saudades, hein ? —Ele sai do
carro e vem na minha direção. —Por que não admite que pensa em mim sempre
que está sendo fodida por alguns dos seus clientes ?

Cretino!

—Eu mereço. —Dou um sorriso tentando controlar minha respiração que
ficou descontrolada com sua proximidade. —Acredita que até do seu nome eu
esqueço por alguns minutos ? E não! Eu não penso e nem faço questão de pensar
em você.

—Você mente muito mal. Até parece que um cara como o Justin
consegue satisfazer o seu fogo.

—Consegue tanto que estou pronta assim para ir jantar com ele. E depois
disso, sabe o que mais ? —Me aproximo do seu ouvido e sussurro: —Vamos
para um motel virar a noite fazendo sexo. Ele sim consegue apagar meu fogo.
Coisa que o senhor não sabe lá fazer tão bem.

Vejo seu rosto ficar vermelho de raiva e sorrio vitoriosa, então ele agarra
meu braço.

—Você não sabe com quem está brincando, Louise! Eu não jogo para
perder.

—Isso porque você ainda não me viu jogando. —Puxo o braço e nos
mantemos encarando um ao outro.

—Louise, desculpa a demora. —O Justin chega praticamente correndo ao
meu lado e sinto os olhos de Benjamin o fuzilando. O coitado fica sem reação
sobre a pose imponente do chefe.

—Se atrasou um pouco, Justin. —Nos cumprimentamos com beijos no
rosto.

—Boa noite, senhor Connor. —Ele estende a mão para o Benjamin, que
ainda o fita furioso. Eu penso que ele vai recusar, mas os dois apertam as mãos.

—Boa noite, senhor Maldonado. Espero que tenham uma boa noite.
—Obriga …

—Vamos logo, Justin. Estou faminta. —Sorrio falando em sentindo
duplo e nos viramos, mas antes, me viro novamente e falo para que somente ele
escute: —Nada como um dia atrás do outro. Boa noite, senhor Connor.

E entro no carro depois de piscar para ele. Se ele quer jogar comigo,
vamos nessa. Logo ele vai saber que é a dona desse jogo.

(…)

—Algo me diz que vou ser demitido. —O Justin fala depois de nos
acomodarmos na mesa do restaurante que ele escolheu e fazermos nossos
pedidos.

—Não vai nada. —Sorrio tentando o acalmar, mas também estou com
medo dele ser demitido por minha causa. —Eu na verdade nem o conheço
direito.

—De onde você o conhece ?

—Do mesmo lugar que conheço você. —Sorrio. —Por que está tão
preocupado ?

—Não sei. Algo me diz que o Senhor Connor não gostou nada de te ver
comigo.

—Deve ser coisa da sua cabeça.

—Espero que sim. —Sorrir parecendo nervoso. —Mas espera.

—O quê ?

—Será que era de você que ele estava falando hoje na empresa ?

Quase engasgo com o que ele pergunta, mas finjo indiferença diante da
minha curiosidade.

—De mim ? Como assim ?

—Ele me interrogou sobre uma Louise e se eu te conhecia.

Droga!

—Não conheço nenhuma Louise. —Dou de ombros. —Mas vamos
esquecer esse assunto, está bem ?

—Okay, desculpa.

Ainda bem que ele não toca no assunto durante o restante do jantar. O
lado ruim é que o Benjamin não sai dos meus pensamentos e eu fico querendo
saber o que ele deve está fazendo agora. Talvez com uma prostituta dando tanto
prazer quanto deu a mim ou com a ruiva que agora sei que realmente trabalha
para ele. Difícil é saber qual a pior alternativa.

—Está tudo bem com você ? —Pergunta enquanto estamos saindo do
restaurante.

—Sim, está tudo ótimo. Para onde vamos agora ?

—Você tem direito a escolha.

—Deixa-me pensar então. —Finjo pensar. Eu sempre soube o que ele
quis com essa noite, então prefiro adiantar logo o serviço para poder ir para casa
logo. —Podemos nos divertir um pouco agora, mas em particular.

Me aproximo dele e passo o dedo no seu peito. Ele agarra minha mão e
aproxima o rosto do meu.

—Você não podia ter sugerido coisa melhor. —Então me beija. Em
princípio eu pensei em parar, mas de tanto pensar em Benjamin e na raiva que
tinha, eu agarrei seus cabelos e retribui de forma ardente.

Rapidamente senti seu membro desenhado na calça tocar minha barriga e
sorri em meio ao beijo.

—Pelo visto tem alguém animado.

—Você não imagina o quanto. —Ele morde meu lábio inferior e para o
beijo, mas não separa nossos corpos. Sua mão desce para minha bunda e ele me
pressiona contra seu carro, que está parado em um estacionamento em frente ao
restaurante. —Eu sonho com seu corpo todos os dias.

—É bom saber que faço parte dos seus sonhos mais ardentes.

—E como faz. —Dá um tapa na minha bunda. —Vamos ? —Abre a porta
para mim e partimos depois dele se acomodar atrás do volante.



Benjamin

—Filho da puta! —Rosno outra vez dando um soco outra vez, só que
agora no volante do carro.

Eu não podia simplesmente deixar a Louise sair daquele jeito com o
Justin, ainda mais depois de me provocar descaradamente, então os segui.

Foi o pior tédio que já tive tendo que esperar dentro do carro no lado de
fora do restaurante, mas eu fiquei. Eu não conseguia me controlar e por vezes saí
do carro para ir tirá-la daquele restaurante a força, mas eu não podia agir como
um animal, embora ela estivesse despertando todos os dias a fera que há em
mim.
Ver os dois se beijando feito dois tarados no meio da rua me deixou
furioso e desejei que aquele imbecil perdesse a mão por ter apalpado a bunda
dela. Eu quem devia está fazendo isso. E aquele sorrisinho no rosto dela de quem
estava adorando tudo ?

Não foi difícil de imaginar para onde os dois foram depois do jantar, mas
preferi não seguir, senão ia acabar indo parar na delegacia por o matar com
minhas próprias mãos.

—Senhor Connor ? —A voz da Alana soa do outro lado da linha
atendendo minha ligação.

—Me encontre em vinte minutos no endereço que irei te mandar. Não se
atrase um minuto sequer.

—Estarei … —Nem a espero terminar de falar e encerro a chamada.

Se hoje não terei a Louise, a Alana terá de servir.

(…)

—Senhor Connor ? —Escuto sua voz adentrando o quarto do hotel que
aluguei e saio do banheiro ao seu encontro. Ela está usando uma blusa preta com
um decote fundo, uma saia um pouco acima do joelho com abertura no lado
direito e um salto enorme.

—Demorou um minuto.

—Desculpa. A recepção estava atendendo outras pessoas quando eu
cheguei.

—Sei. —Vou andando na sua direção e ela não disfarça o olhar para meu
corpo coberto apenas por minha calça social preta.

—O que aconteceu ? Por que me chamou ?

—Ainda pergunta ? —Agarro boa parte dos seus cabelos fazendo sua
cabeça se inclinar para trás. Ela logo abre um sorriso e eu sinto o cheiro do seu
pescoço.

—Não imaginei que estava com tantas saudades assim.

—Não seja tão convencida. —Sorrio e a faço me encarar. —Hoje eu vou
te fazer sofrer de verdade.

—Sou toda sua.

No instante seguinte, dou um tapa na sua cara e a levo para a cama, onde
a jogo em cima dela. Aproveito a abertura da saia em sua perna e a rasgo,
jogando-a no chão.

—Quanta agressividade! —Sorrir de lado.

—Você ainda não viu nada.

—Então me mostre.

Sem esperar mais nada, também rasgo sua blusa, a deixando apenas de
calcinha. Tiro minha calça e cueca e fico de joelhos em cima da cama.

—Faz essa boca trabalhar. Anda logo! —Ordeno e ela vem de quatro
agarrando meu pau com uma das mãos. Sua língua passa por toda a extensão e já
começo a imaginar a Louise ali.

Ela o engole e baba tudo, mas faz questão de não deixar escapar nada, o
que me faz ir as nuvens. Seguro seus cabelos ruivos com força e controlo seus
movimentos, a fazendo tossir de tanto que a faço engolir cada pedacinho meu.

A viro de costas e depois de colocar preservativo, não espero muito para
abrir sua bunda com as mãos e enfiar meu cacete tudo de uma vez lá dentro. Ela
dá apenas um gritinho e logo começa a rebolar, fazendo tudo se encaixar lá
dentro. Desfiro vários tapas na sua bunda e seguro seu queixo com uma das
mãos.

—Você é mesmo puta, não é ? —Falo socando gostoso no seu rabinho
apertado.

—Sim, sou sua puta.

—Minha, é ?

—Sim, só sua.

—Então pede por pau vai, Louise.

—Quem é Louise ? —Ela para imediatamente e tenta sair, mas a seguro
no mesmo lugar.

—Não é da porra da sua conta! Continua.

—Você é casado, seu tarado. —Sorrir virando o rosto para trás, mas não
paro de socar.

—Não que isso seja da sua conta, mas não.

—Então quem é Louise ? —Se afasta.

—Volte já para cá e vira a porra dessa bunda para mim.

—Você não vale nada. —Ela sorrir mostrando que gosta de ser mandada.

—E você vale ? —Jogo verde e ela morde o lábio fazendo que não com a
cabeça. —Eu sei disso. Agora não deixa eu mandar mais uma vez e volta
quietinha para o seu lugar.
Ela volta a ficar de quatro na cama e eu enfio o pau outra vez, mas agora
na sua boceta. Ela geme alto:

—Sabe o que você é ? —Pergunto socando sua boceta e dando tapas na
sua bunda.

—O que ?

—Uma puta.

—É ? —Geme rebolando. —O que mais ?

—Sim e vai está disponível para mim sempre que eu quiser. —Saio de
dentro dela e a faço sentar de frente para mim. Meu pau apontando na direção do
seu rosto e ela lambendo os lábios com desejos. —Na hora que eu chamar, você
vai. Quando eu falar que quero sexo, você me dá sexo. Quando eu mandar você
falar, você fala e quando eu mandar você calar a puta da boca, você cala.

—O chefe é quem manda. —Mal termina de falar e eu enfio meu cacete
até o talo dentro da sua boca. Depois de movimentar bastante, minha goza se
espalha por tudo lá dentro e com uma das mãos, seguro seu queixo e a faço
engolir cada gota.

—Boa garota. —Dou tapinhas no rosto e sorrio. Agora sim Benjamin
Connor agora está fazendo o que faz de melhor.
Capítulo 11

Benjamin

—Estou entrando. —A Donna fala entrando na minha sala e eu levanto
meus olhos.

—Obrigado por ter vindo, Donna. Estava muito ocupada ?

—Não, não. O que aconteceu ? —Ela senta na cadeira á minha frente.

—Você conhece algum Thaddeus Abramowitz ? —Coloco alguns papeis
na frente dele com as informações que tenho. O Gary também não conhece o
cara e a única coisa que sabemos mais relevante sobre ele é sobre passagens pela
policia por lavagem de dinheiro.

—Thaddeus Abramowitz ? —Ela olha algo na folha. —Não é o novo
dono da Smell Dreams ?

—É ele mesmo, mas você sabe algo mais ?

—Nunca vi na vida. Por que ?

—Está falando sério ? Ele disse que é um grande e antigo amigo do meu
pai.

—Verdade ? —Ela arruma os óculos e continua olhando. —Eu não me
lembro, mas o que tem isso ?

—Ele veio aqui tem alguns dias. Como eu não conhecia, pedi ao Gary
para pesquisar sobre ele, mas ainda não o conheço.

—Deve ser algum velho amigo do seu pai que não chegamos a conhecer.

—Eu não sei. Nunca sequer ouvi meu pai mencionar muito sobre ele.

—Na verdade nem eu, mas isso está te incomodando em algo ?

—Acho que não. Só achei estranho ele aparecer e eu não o conhecer. Me
senti deslocado.

—Fica tranquilo, Ben. —Ela toca minha mão por cima da mesa. —Você
não precisa conhecer todos os amigos do seu pai. Você está se saindo muito bem.

—Você acha ? —Mordo os lábios.

—Tenho certeza.

—Senhor Connor ? —A Alana entra na sala e a Donna se vira para ela.
—Bom dia, senhorita Connor.
—Bom dia. —Falamos juntos.

—Eu estou indo para o meu horário de almoço. Precisa de algo mais ?

—Não, Alana. Obrigado.

—Disponha. Ah, a Boston Visual está pedindo que o senhor confirme se
está de acordo com a festa de pré-lançamento da coleção de novembro.

—Pode confirmar sim. Obrigado.

—Com licença. —Diz e sai piscando disfarçadamente para mim. Como a
Donna está de costas, não viu nada.

—Tem uma carinha tão inocente ela, não é ? —Fala com uma voz doce e
eu quero rir. —Nem parece que está dando para o chefe.

Arregalo os olhos e ela agora que tem vontade de rir.

—Como você sabe disso ?

—Não é difícil descobrir, Ben. Eu já tenho idade para conhecer a
personalidade de uma mulher de longe.

—Você não existe! —Dou uma gargalhada. —Os anúncios para a
coleção de novembro estão pegando fogo.

—Eu sei. Já estive vendo as modelos que foram selecionadas e olha,
estou estarrecida com o bom gosto do Senhor Maldonado.

Sinto meu maxilar ficando rígido sem os meus comandos. Só de falar o
nome desse patife o meu sangue já ferve.

—Realmente ele tem bom gosto. Enfim, estamos organizando um evento
de pré-lançamento para este fim de semana.

—É uma boa marketing para alavancar ainda mais a coleção.

—Eu sei. Espero que tudo corra bem, ainda mais que é primeiro maior
trabalho desde que eu assumi a presidência.

—Vai correr! —Ela rir e toca minha mão outra vez. —Agora preciso
voltar para minha sala.

—Não vai almoçar ?

—Depois eu vou.

—Que nada! Vai comigo agora. —Me levanto e pego na sua mão a
fazendo levantar também.
—Que cavalheiro. —Ela rir e saímos da minha sala depois que pego
minhas coisas.

—Estão indo almoçar ? —Encontramos o Gary no corredor.

—Sim, você vem ?

—Claro! —Fala e também coloca o braço por cima dos ombros da
Donna.

—Estou me sentindo invejada por dois homens destes no meu lado. —
Ela abraça nossa cintura e saímos do prédio dando risada.

A semana estava ainda mais corrida que as outras. A coleção de
novembro estava todo vapor e mesmo já tendo selecionado as agências e
modelos para o trabalho, ainda estávamos recebendo propostas tentadoras de
todos os lados.

Eu já tinha dado várias entrevistas em todos os meios de comunicações e
creio que estava recebendo um bom retorno, já que meu rosto e meu nome saía
em quase todas as revistas da cidade.

Sempre que queria dá uma, aproveitava a solidão do meu escritório e
chamava a Alana para uma “conversa” importante. Como eu tinha ordenado, ela
estava andando pianinha na linha e estava sempre disponível quando eu a
chamava. A ruiva era mesmo quente na cama e fazia muito bem jus ao seu
cabelo cor de fogo.

Eu também não estava tendo sequer tempo de sair, mas ainda pensava
muito na Louise e consequentemente no Justin também. Ainda não tive
oportunidades de falar com ele, mas ele não iria me escapar, embora não termos
nada para falar. Eu não podia exigir que ele se afastasse da Louise. Primeiro que
não tínhamos nada e segundo, eu não ia ficar demonstrando meu interesse em
uma prostituta. Minha vida não interessava a ninguém, mas não queria sair nos
jornais com um título destes.



Louise

—Não, Justin. Eu não posso. —Falo pela milésima vez ao telefone. —
Não é lugar para mim.

—Por favor, Rhonda.

—Você sabe que só vai está pessoa da alta sociedade nesse evento que
você está falando, não sabe ? Eu não faço parte desse meio.

—Não é nada disso. Eu prometo que não vou te deixar se sentir
deslocada. Olha, você pode até levar a Kim se quiser.

—Posso ?

—Se isso te fizer ir, pode. —Ele sorrir do outro lado. —Você aceita ?
—Por que está sendo tão insistente comigo ?

—Eu já estou respondendo essa pergunta há uma semana.

Dessa vez sou eu quem dou risada.

—Eu sou só uma prostituta, Justin.

—E eu estou apaixonado por você. —Sua voz fica baixa. —Eu sei que
você não sente o mesmo por mim, mas eu posso gostar por nós dois.

—Você é mesmo louco. —Sorrio e ele também.

—Quer dizer um sim ?

—Sim, quer dizer um sim. Eu aceito ir esse evento com você.

—Você não sabe o quanto estou feliz. —Sua voz é eufórica. Então eu
passo aí amanhã para buscar você e sua amiga.

—Fechado. —Digo. Nos despedimos e encerro a chamada.

Já faz praticamente três semanas que conheço o Justin e ele sempre paga
para me ter na sua cama durante algumas horas. Eu não sei o que fazer quando
ele diz estar apaixonado por mim, mas já deixei claro que minhas intenções com
ele não são as que ele pensa. Ele sempre me fala coisas bonitas e faz com que eu
me sinta especial, mas não consigo esquecer o Benjamin por nada. Eu bem que
queria, mas parece que o infeliz fez pacto para me atormentar o tempo todo. Não
nos vimos mais deste a última vez e em parte eu agradeço por isso. É melhor
mantermos distancia. Uma hora ou outra eu acabo o esquecendo de vez.

Agora o Justin vem com essa de me levar como acompanhante para essa
festa luxuosa que a empresa do Benjamin vai dá. Eu realmente não queria ir,
estou com medo de ficar no meio de tanta gente fina, mas ainda não consigo
dizer “não” com tantas insistências. Por sorte a Kim também vai ter que ir agora
e não vou me sentir tao deslocada. Eu sei que o Benjamin vai está lá, mas vou
me mentalizar para apenas o ignorar.

—KIM!! —Grito assim que ela abre a porta do apartamento a fazendo
derrubar as sacolas.

—O que foi, sua louca ? Olha, fez eu derrubar tudo.

—Desculpa. —Dou gargalhada enquanto a ajudo a apanhar a bagunça do
chão. —Adivinha com que eu estava falando ?

—Com o Justin. O que tem isso ?

—Ele me convidou para um evento mega luxuoso que a Global Connor´s
vai dá amanhã.
—Sério ? Me conta mais.

—Ele praticamente implorou para que eu fosse. No começo eu falei que
não queria ir porque não vou me sentir bem e tal. Primeiro pelo ambiente e
segundo por causa do Benjamin, mas acabei aceitando.

—Fez muito bem!

—E você vai comigo.

—Como assim ?

—Ele acabou te convidando também e vai passar aqui amanhã para nos
buscar.

—Sério ? Estamos ficando importante.

—Só não sei se vai ser uma boa ideia.

—Deixa de ser burra. Nós vamos a esse evento convidadas pelo seu
amigo e pronto! Se não quer falar com o gostosão cabeludo, basta ignorar.

—Você tem razão. —Cruzo os braços. —Nós vamos sim a essa festa.

(…)

No dia seguinte, estava decidida a não chamar muita atenção, então
escolhi um vestido preto ombrinho que ia até um pouco abaixo dos joelhos e que
apertava na parte do quadril. A cintura ficava bem acentuada com o tecido e o
decote era quase inexistente. Vesti uma meia calça preta e embora quisesse usar
um salto robusto, a Kim disse que não era o mais adequado para o evento que
iriamos, então escolhi um salto agulha preto estilo loubotin. Já com prática, fiz
um coque rosquinha no alto da cabeça deixando apenas uma franja para o lado
na frente e depois de fazer uma maquiagem escura, terminei com um perfume
masculino que eu adorava. A Kim estava usando um vestido vinho com fenda
nos dois lados que iam até o limite da sua perna. Era uma escolha ousada, mas
não tao ousada vindo dela. Seu salto era preto e estava pronta antes de mim.

—Estou começando a desistir dessa ideia. —Falo quando ela entra no
meu quarto e me ajuda a colocar os brincos que tinha esquecido.

—Não começa, Lou. —Ela vem até mim e me ajuda a colocar. —Você
está linda e vai correr tudo bem.

—Ainda bem que você vai comigo.

—Não ia te deixar ir para uma festa dessas sem mim. —Ela rir
arrumando meu vestido e depois de pegarmos nossas bolsas, saímos de casa.

Pelo menos por hoje decidimos gastar um pouco mais com táxi, já que
não era nada legal andar de ônibus com um salto enorme e com as roupas tão
bem passadas. Quando chegamos no local marcado, o Justin já estava nos
esperando e sorriu assim que nos viu. Ele estava usando uma camisa social preta
que apertava bem nos braços e calças jeans escura social. Seus cabelos estavam
muito bem penteados e ele sorriu ainda mais ao ver que eu o analisava.

—Estão lindas. —Ele fala beijando os dois lados do meu rosto e me
dando um abraço.

—Obrigada. Essa é a Kim, minha melhor amiga.

—Muito prazer, Kim. —Ele beija os dois lados do seu rosto.

—O prazer é meu.

—Então, podemos ir ? Acho que não queremos chegar atrasados e ser a
atenção da festa.

—Com certeza não. —Falo rapidamente. Ele abre a porta do passageiro
do seu carro para mim e faz o mesmo para a Kim, que senta no banco de trás,
então ele senta atrás do volante e dá a partida no carro.



Benjamin

Depois de já está todo pronto e de arrumar o terno, fico em frente ao
espelho tentando decidir se deixo os cabelos presos ou solto. No final, os deixo
solto. Eu sei que sou extremamente excitante de qualquer jeito. Passo perfume e
saio do quarto. Fico na sala esperando a Donna se aprontar e ela desce as escadas
alguns minutos depois usando um vestido branco elegante e um salto alto
prateado nos pés.

—A madame está linda! —Falo a ajudando terminar de descer os últimos
degraus.

—Muito obrigada, Senhor Connor. Você também está um charme só.

—Obrigado. —Sorrio. —Podemos ir ?

—Claro! Não vamos chegar atrasados ao jantar da sua empresa.

E saímos de casa em direção ao salão.

Assim que chegamos, já damos de cara com alguns fotógrafos e
repórteres particulares que foram convidados para cobrir o jantar, então paramos
para tirar algumas fotos e darmos rápidas entrevistas sobre a nova coleção.

A Donna logo some para algum lugar e eu converso amigavelmente com
alguns amigos e funcionários que vem falar comigo. De longe vejo Alana
conversando com um grupo de funcionários da empresa. Ela está usando um
vestido azul com detalhes em transparência e um decote bem generoso. Seu
sorriso se abre para mim e eu retribuo com um aceno de cabeça. Na verdade, não
queria continuar lhe dando corda. Já tinha enjoado de transar com ela há alguns
dias.

—Senhor Benjamin Connor. —Sinto uma voz eufórica atrás de mim e
uma mão no meu ombro. Quando me viro, dou de cara com o presidente da
Boston Visual.

—Grande Frank Yarbrough! —Nos abraçamos com direito a tapinha nas
costas. —Estou muito contente em te ver aqui.

—Eu quem estou por você ter aceitado fechar contrato com nossa
empresa. É uma honra imensa para nós.

—Gentiliza sua. —Falo rindo e sendo modesto. A honra na verdade é
deles.

—O Senhor sabe que não. Mas vamos fazer de tudo para esse evento
bombar.

—Claro que vamos! Mal cheguei e já estou gostando bastante da
ornamentação da festa.

—Realmente os organizadores fizeram um ótimo trabalho. —Fala
enquanto olhamos o lugar que está decorado com tecidos finos e grandes bolas
brilhantes.

Ao olhar na direção da entrada, meu corpo todo estremece ao ver Louise
entrando sorridente. Não sei o que acontece comigo ao ver essa mulher, mas é
como se tudo passasse a ser detalhes e ela fosse a atração principal. A parte ruim
é que ela vem acompanhada da amiga e do Justin para variar. Mesmo odiando
esse pela-saco, minha atenção é toda da mulher que olha o lugar com completa
admiração.

Meus olhos passeiam pelo seu corpo de cima abaixo e quando chega ao
seu rosto, sinto um impacto abstrato ao ver que ela também olha para mim. Seus
olhos me analisam e me penetram a alma, o que me faz engolir em seco sem
querer.

Eu realmente não estava contando com sua presença aqui e muito menos
que ela fosse acompanhante do Justin, mas isso já está me enervando. Frank
continua falando ao meu lado, mas eu só consigo focar direito na Louise. Ela
está tão linda! Sua pele clara fica linda com a luz da lua, seus cabelos presos no
alto da cabeça reforçam seu rosto perfeito que me faz só querer olhá-la.

—… Os repórteres já estão organizando uma matéria para sair em todos
os jornais. Esse desfile vai ficar marcado para a história.

—Eu já volto para falar com você, Senhor Yarbrough. —Toco no seu
ombro e levanto o dedo indicador. —Me dê alguns minutos. —E saio na direção
dos três.

Antes que eu possa chegar, uma repórter vem na minha direção e começa
a fazer perguntas sobre o que eu espero desse desfile. Eu mal consigo me
concentrar no que estou falando. A única coisa que me atrai agora é a Louise e
seus olhos bem marcados em uma maquiagem escura. Ela não tenta disfarçar seu
olhar e muito menos eu faço isso.
Tento não a perder de vista, mas quando um grupo de pessoas passam na
minha frente e saem, ela já não está mais no mesmo lugar. A procuro
disfarçadamente sem deixar a repórter no vácuo, mas já não a acho.

Volto a sorrir para a repórter e desta vez me concentrando totalmente,
mas fazendo uma breve nota mental de a procurar esta noite e não a deixar ir
embora sem antes a possuir novamente. Minha meta desta noite agora é outra.



Louise

—Já viu o bonitão por aí ? —A Kim pergunta quando sentamos em
algumas poltronas perto de uma fonte de água e o Justin sai para buscar bebidas.

—Não. —Tento fingir indiferença com minha mentira. —Nem pretendo
o ver.

—Você acha que não vai dá de cara com ele hoje ?

—Bem provável que não. Olha o tanto de pessoas que tem aqui. E além
do mais, quem sou eu no meio de tanta gente influente e garotas gostosas.

—Você é bem mais gostosa que essas mulheres que estão aqui. A maioria
são magricelas e sem sal. Não que você não seja, mas enfim, né ? —Ela diz me
fazendo rir. —Estou brincando, Lou. Você está tão linda quanto qualquer uma
daqui. O Justin é a prova disso.

—Falando nele … —Digo quando o vejo voltando com três taças com
um líquido verde e canudinho.

—Para as madames. —Fala entregando um para cada uma e sentando ao
meu lado. —Caipirinha de kiwi.

—Não sei se devo beber hoje. —Digo.

—Ah amiga, deve sim! O Justin nos leva de volta para casa, não leva,
Justin ?

—Claro que sim! Pode beber à vontade. Eu não vou beber tanto.

—Tudo bem então. —Digo tomando um gole e evitando o encarar, pois
sinto a energia do seu olhar em cima de mim.

O Justin não pode ficar o tempo todo com a gente, pois como é consultor
de imagem e as modelos foram escolha sua, então ele tem que se manter atento
para o caso de precisarem dele para algo. Entrevista ele já deu umas duas e vez
ou outra tem que sair para mais.

Todas as mulheres que estão aqui são realmente lindas e até as que não
são modelos poderiam ser. Alguma delas passam por mim e pela Kim olhando
de uma forma diferente. É como se soubessem quem somos de verdade e que ali
não é nosso lugar, mas respiro fundo tentando não me deixar abater por aquilo.
Eu nunca me abati, não vai ser agora que isso vai mudar.

Eu e a Kim levantamos para esticar as pernas e aproveitamos para dançar
perto de onde um DJ toca um reggaeton. Não vi o Benjamin outra vez mesmo
tendo o procurado com o olhar diversas vezes, mas seu olhar para mim foi como
se me prometesse que não ia me deixar em paz esta noite. Só de pensar na forma
que nos olhamos assim que pisei o pé aqui faz meu interior estremecer. Eu não
tive vontade de parar de o encarar e mostrei que seu olhar quente para mim não
me atingiria da maneira que ele queria, mas ele também estava disposto a fazer o
mesmo.

Deixo a Kim dançando e vou rápido até o bar onde peço mais uma
bebida. Não sou tão fraca com bebida, mas já estou vendo as coisas um bocado
vesga, então decido que será a última. Quando estou esperando o barman
preparar o que eu pedi, vejo uma ruiva chegar no bar junto com uma loira. As
duas riem e quando a ruiva se vira o suficiente para que eu possa ver, sinto o
sangue ferver ao ver que é a mesma que o Benjamin está saindo.

— … mas o que ele tem de gostoso tem de estúpido também. —Fala para
a loira que parece escutar curiosa.

—Sério ?

—Sim, esta noite nem me deu a mínima.

—Mas você nem é namorada dele, amiga. Sabe muito bem que é apenas
a secretária que ele quer comer.

Secretária ? Por que será que não estou surpreendida.

—Eu também só quero ser comida mesmo, mas custava pelo menos dá
um pouco de atenção ? Eu também sou funcionaria dele.

—E você acha que ele quer que saia na mídia que ele anda comendo a
secretária ? Benjamin Connor tem uma reputação a zelar.

—Eu sei que tem, mas não duvido nada que ele venha atrás dessa boceta
aqui e queira terminar a noite na minha cama.

—Quando eu crescer quero ter sua autoconfiança. —A loira rir e as duas
brindam. O barman me entrega meu drink e eu saio cuspindo fogo.

—Até que enfim te achei. —O Justin chega por trás de mim enquanto
procuro a Kim, que sumiu do lugar de onde a deixei.

—Olá. —Sorrio. —Está bastante ocupado, não é ?

—Tem que ser. O evento também faz parte do trabalho.

—Entendo. Você viu a Kim ?
—Não. —Ele olha para os lados. —Quer ir procurar ela ?

—Não. Qualquer coisa ela me liga.

—E você ? —Me abraça pela cintura. —Está se sentindo bem nessa festa
?

—Mais do que achei que me sentiria. Obrigada por convidar a Kim
também.

—Eu faço qualquer coisa para te agradar.

—Justin …

—Desculpa. —Sorrir. —Não vou ficar mais falando essas coisas.

—É melhor. —Digo sem graça e uma parede de músculos de dois metros
surge atrás dele. O Justin é alto, mas fica como uma miniatura frente ao
Benjamin.

—Senhor Maldonado. —Sua voz grossa e quente faz o Justin se virar.

—Senhor Connor. —Ele estende a mão e os dois se cumprimentam. —
Precisa de mim para algo ?

—Eu não, mas o fotografo da empresa quer tirar algumas fotos com o
consultor e as modelos do desfile.

—Sério ?

—Estou com cara de quem está brincando ? —O olha de lado e o Justin
cora.

—Não, senhor. Eu já vou. —Se vira para mim. —Nos vemos daqui a
pouco de novo.

—Tudo bem. —Sorrio e sou surpreendida quando ele beija meus lábios
levemente antes de sair e sumir no meio das pessoas.

—Você deixou o rapaz apaixonado. —Diz com um meio sorriso depois
de acompanhar o Justin se afastando.

—Cala a boca. —Digo já me virando para sair, mas assim como imaginei
que ele fosse segurar meu braço, ele segurou.

—Por que você é tão atrevida ?

—Por que você é tão estúpido ? —Puxo o braço. —Que mania de sempre
está segurando meu braço.

—Você quem provoca este meu lado.

—Certeza ? Porque não foi o que a ruiva que você está pegando estava
comentando no bar. —Calo minha boca quando percebo que falei de mais e faço
uma careta.

—Você tem ciúmes da Alana ?

—Que ciúmes ? Eu não estou nem aí para você.

—Não é isso que seus olhos dizem ao me ver. —Ele abre um sorriso
sexy. O cretino sabia bem como escolher cada palavra e já estava me deixando
sem respostas.

—Eu não estou disponível para suas vontades, Senhor Connor. Afinal de
contas, nem você mais eu queria ver.

—E por que veio ?

—Porque o Justin me convidou.

—Não vai me dizer que é você quem está apaixonada pelo sujeito ? —Dá
uma risada debochada.

—Não estou, mas e se tivesse ? Até o momento ele se mostrou mais
homem que você.

—Ele não é homem para você! —Fala entre dentes voltando a segurar
meu braço.

—Não ? Por que ? Só por que ele provavelmente tem varias mulheres
correndo atrás dele ? Ou porque eu sou prostituta ?

—Eu não falei nada sobre você ser prostituta.

—E não me afeta se falar. É isso o que eu sou!

—Vamos para casa comigo esta noite ? —Pergunta e eu sorrio
desacreditada.

—Você acaba de me tratar mal e agora me chama para sua casa ? É
costume levar prostitutas para baixo do seu teto ?

—Não, você é a primeira.

—Não que isso seja uma honra, mas respondendo ao seu convite: Não.

—Eu vou pagar!

—Eu não quero saber da droga do seu dinheiro, Benjamin! —Me exalto.
—Quando você vai perceber que dinheiro não é tudo na vida ?

—Mas você é prostituta! Dinheiro não é o objetivo ?
—Você é mesmo estupido! —Saio andando, mas ainda escuto sua voz e
seus passos pesados se aproximando.

—Eu ainda não terminei.

—Mas eu sim! Me deixa em paz!

—Senhor Connor ? —Nos viramos quando escutamos alguém o
chamando e vejo que é a sua secretária.

—Alana, agora estou ocupado.

—Mas é urgente.

—Eu já disse que …

—Vai lá com ela, Senhor Connor. —Tento manter minha voz indiferente
com um sorriso no rosto e a secretaria me analisa. —Eu também preciso
encontrar alguém.

—Você não vai fugir de mim esta noite. —Fala baixo para que somente
eu escute.

—Pague para ver. —Falo no mesmo tom e saio antes de o ver saindo.

A caminho do banheiro vejo a Kim conversando com um senhor por
volta dos seus cinquenta e poucos anos. Ele parece completamente atraído pelo
seu corpo e não disfarça a olhada para seu decote. Sorrio para ela e ela faz o
mesmo, mas pede licença a ele e vem até a mim.

—O que aconteceu ? —Pergunta enquanto entramos no banheiro.

—Nada. —Me viro para o espelho e ela continua me encarando. —Tudo
bem. O Benjamin veio atras de novo.

—O que ele queria ?

—O óbvio. Me infernizar. Quer porque quer dormir comigo novamente.

—E qual o problema nisso ?

—Você não entende que eu já estou completamente louca por aquele
homem, Kim ? Continuar saindo com ele desse jeito só vai piorar as coisas. Se
ao menos eu me manter afastada as coisas podem mudar.

—E se ele também tiver apaixonado ?

—Não viaja! Essas coisas só acontecem na ficção e você sabe disso.

—E se a nossa vida também for uma ficção ? —Insinua com um sorriso e
eu me viro para ela.
—Você não é a mesma Kim que estava me aconselhando a não confundir
as coisas.

—Ainda digo a mesma coisa. O cara não te deixa em paz e pelo que você
me falou, parece que tem ciúmes mortal do Justin.

—Ciúmes ou quer que eu esteja sempre disponível só para ele.

—Se ele pagar bem. —Dá de ombros e rir. —Brincadeira. Você quem
sabe o que faz da sua vida.

—É por isso que digo que fico melhor bem longe do Benjamin. Se ficar
perto dele já tenho vontade de tirar a roupa e sentar naquele pau gostoso.

—Que grande pervertida! —Dá uma gargalhada e saímos do banheiro.

Logo encontramos com o Justin e permaneço ao seu lado quando o
Benjamin pede um minuto da atenção de todos e começa a falar sobre a empresa,
sobre o desfile e essas coisas. Ele fica tao lindo de terno e com os cabelos
compridos que chega a doer o estômago.

Não é difícil olhar para os lados e ver na quantidade de mulheres que,
assim como eu, também babam por ele. A única diferença entre mim e elas é
que, ao contrário de mim, elas são bem mais influentes e mais bem vistas na
sociedade do que eu. Fora o dinheiro, a fama, os seguidores no Instagram …

A cada minuto a minha consciência faz questão de me lembrar que eu
seria a última opção tanto para o Benjamin quanto para qualquer homem daqui e
olhe la se fosse uma opção. Eu já estou convencida que só sirvo para sexo e que
dificilmente um homem vai gostar de mim pelos sentimentos que eu tenho. A
desilusão já é uma vizinha conhecida que constantemente bate a minha porta e
olhando para onde o Benjamin está falando e sendo ovacionado freneticamente,
vejo que ela está batendo na minha porta outra vez.

Esse definitivamente não é meu lugar.
Capítulo 12

Benjamin

Eu sentia e via vários olhares na minha direção enquanto falava sobre a
empresa, mas tinha um olhar especial que eu não via, mas sabia que estava ali
em algum lugar. Eu sentia. Era de se admitir a forte atração que eu sentia pela
Louise, mas ela é tão atrevida que me dói nos nervos, embora fosse o que mais
me atraía nela.

Mesmo sendo prostituta e o dinheiro ser realmente o seu objetivo, eu
sabia que não era somente isso que via em mim. Ela estava apaixonada e eu já
sabia que não queria mais sair comigo para não manter o sentimento. Eu também
tinha esse medo, mas quando eu a via, começava a pensar com a outra cabeça de
baixo e ela não é la muito inteligente.

Meu coração deu uma batida descompassada quando nossos olhares
finalmente se encontraram e sem perceber, eu sorri para ela. Sem achar que ela
retribuiria, ela retribuiu. Seus olhos estavam negros e brilhavam encarando o
meu e foi nesse momento que eu vi que estava entrando em um caminho onde
certamente ficaria perdido.

—Você foi lindo falando. —A Donna vem falar quando acabo de falar e a
música volta a tocar.

—Mesmo ?

—Sim. Estou tão orgulhosa. —Me abraça com os olhos cheio de
lágrimas e aliso sua bochecha antes de fazermos uma pose para o fotografo. Já
estou quase cego de tantos flashs que vi esta noite, mas mantenho o sorriso.

Rodo o lugar procurando alguém em específico e quando acho, fico
injuriado.

O Justin beija a Louise em um canto da festa e faz isso como se não
temesse que ninguém o visse com uma prostituta. Meu coração acelera quando o
vejo descendo a mão pelas suas costas e chegando perto do seu bumbum. Sou
dou fé de tudo quando já estou perto dos dois:

—Acha que aqui é algum tipo de motel, Senhor Maldonado ? —Sorrio
tentando esconder minha vontade de esfolar sua cara. O rapaz se recompõe
temeroso. Ótimo.

—Senhor Connor, não. Desculpa, é que …

—Você está apaixonado pela moça e não conseguiu esperar chegar na sua
casa ?

O rapaz cora.

—Não, ele me beijou porque eu pedi. —A Louise se mete com um
sorriso sarcástico. —Algum problema em rolar beijos no seu evento, Senhor
Connor ? Se tiver, me fale. Aproveite e fala para outras pessoas, pois não somos
os únicos a fazer isso aqui.

—Eu estou falando com meu funcionário e não com você! —Rosno entre
dentes pela sua audácia em sempre ter uma resposta para tudo que eu falo.

—Então deixe-o em paz! Ele não está fazendo nada de errado. —Ela
agarra seu braço o puxando para mais perto de si. Me senti sendo praticamente
humilhado na frente do meu subordinado.

—Senhor Connor ? —Escutei essa frase pelo menos quinze mil vezes
durante a noite e confesso que já estou completamente irritado. É como se eu
fosse uma mãe e todo mundo estive sempre precisando de mim. Foda-se!

Me viro e vejo uma linda morena bastante alta com um corpo escultural
que faz parte das modelos do desfile. Seus olhos verdes devido as lentes de
contato me olham de cima abaixo e seu sorriso se abre quando eu faço o mesmo.

—Pois não, Keala. Precisa de ajuda ?

—Na verdade sim, mas somente se o senhor não estiver ocupado. Boa
noite. —Ela sorrir simpaticamente para o “casal” ao meu lado que retribui o
cumprimento, então aproveito para dá o troco na Louise.

—Estou sempre disponível para você. Do que precisa ?

—Pode ser em particular ? Tem algumas modelos querendo conversar
com o senhor.

—Claro. —Me viro para a Louise e sorrio. —Estou as ordens! Tenham
uma boa noite. —Coloco a mão na cintura de Keala e saímos.

Ainda não sei desde quando isso passou de sexo negociável para
competição de quem causa mais ciúmes. E mesmo que eu odeie admitir, parece
que ela está ganhando.

Enquanto saía com Keala, eu ainda cumprimentava amigavelmente as
pessoas. Fui fotografado com a modelo e parece que os tabloides queriam foto
minha com quem fosse para especular sobre minha vida amorosa.

Entramos em uma espécie de varanda do salão onde todas as modelos do
desfile estavam reunidas e fui muito bem recepcionado. Todas elas queriam
“agradecer” e falar o quanto estavam felizes por terem sido escolhidas pela
minha empresa para o desfile e essas coisas. Embora todas fossem muito
gostosas e a maior parte delas estavam emanando sexo, eu não tirava a cabeça da
Louise e na vontade que eu tinha de esganar o Justin.

—Estamos sempre disponíveis para o que o senhor precisar. —Uma das
modelos falam enquanto tomamos uma taça de champagne e seu olhar dizia
claramente o sentido duplo das suas palavras.
—Eu sei que sim. —Digo tomando um gole do champagne depois de o
levantar no alto e foi o suficiente para fazê-las suspirar.

Se a Louise não quer, tem quem queira.



Louise

—Acho que alguém não gostou de ser desafiado. —O Justin fala quando
o Benjamin sai.

—Eu não sou funcionaria dele. Não tenho que aceitar tudo o que fala.

—Mas eu sou. Eu não posso ser demitido.

—Justin, relaxa. Você não fez nada de errado.

—Mas como eu já falei, o Senhor Connor não gosta de ser contrariado ou
desafiado.

—Então que ele não venha tentar aumentar a voz para cima de mim,
porque não tenho um pingo de medo dele.

—Você é mesmo atrevida. —Diz me puxando novamente.

—Atrevida é meu nome do meio. —Sorriso e o deixo me beijar na boca.

Eu não tinha ideia de que o Benjamin estava me vendo beijar o Justin e
não era minha intenção fazer com que ele visse, mas percebi o quanto ficou
afetado com a cena. Não teve sequer desculpas para disfarçar e assim como
imaginei, ele ia tentar dá o troco. O que não imaginei era que ia ser tão rápido e
ele ia sair quase agarrado com um mulherão quase da sua altura pelo meio da
festa. Com um pouco de álcool no sangue eu já estava toda animada para dançar
e foi o que eu fiz. Ia esquecer o Benjamin, pelo menos por esta noite.

O Justin sempre insistia para me levar para casa (traduzindo, cama), mas
eu queria aproveitar mais um pouco a festa. A Kim ainda estava falando com o
senhor que a vi junta perto do banheiro e pela mensagem que ela mandou para o
meu celular, havia ganhado outro cliente cheio da grana. A garota não perdia
tempo e mesmo com as circunstâncias, eu estava torcendo para que ela
encontrasse alguém que a cuidasse de verdade. Ela sempre dizia isso em tom de
brincadeira e falava que era eu quem merecia ser cuidada, mas eu sabia que no
fundo, ela também buscava isso para si mesmo. Ela cuidava de mim como se
fosse sua filha ou irmã mais nova, não queria me ver na mesma vida que ela,
mas enquanto ela continuasse, eu continuaria. Não por mim, mas por ela.

—Senhor Maldonado ? —Escuto uma voz enquanto estamos dançando e
ao me virar, vejo uma repórter juntamente com um operador de câmera e um
fotografo.
—Sim. —O Justin se vira sorridente e eu me afasto um pouco quando ele
começa a dá uma entrevista informal.

—E essa moça que você passou a festa inteira, é alguma modelo da
Global Connor´s ou é sua namorada ? —A repórter se refere a mim e mesmo a
câmera não estando apontada para mim, sinto o rosto ficar vermelho.

—Não, não. —Ele rir. —É apenas uma amiga íntima. Eu bem que falei
que ela tinha jeito para modelo, mas ela é muito tímida.

—Que pena, mas seria uma boa aposta como modelo ?

—No meu conceito sim. —Ele se vira para me olhar e faço que não
quando o operador de câmera insinua que vai virar para mim.

—Então se no seu conceito é bom, temos certeza que seria uma grande
aposta. Não estamos falando com ninguém menos que o conceituado consultor
de imagem Justin Maldonado.

—Obrigado. —Ele rir e ela vira para a câmera.

—Logo voltamos com uma cobertura informal do evento de pré-
lançamento de novembro da Global Connor´s. Boa noite.

Eles se despedem e eu volto para perto dele.

—Por que você saiu ?

—Eu não sou tão amiga de câmeras.

—Você seria uma boa modelo. Até a repórter achou que fosse.

—Foi gentileza dela e sua. —O empurro com o dedo indicador e
voltamos a dançar.

Alguns minutos mais tarde, a Kim vem ao nosso encontro e se despede
falando que vai ter que “trabalhar”. Eu não queria ficar sem ela, mas também
não queria a ficar prendendo por egoísmo, então nos despedimos e fui ao
encontro do Justin para falar que também queria ir para casa. Afinal de contas, já
se passavam da meia noite e eu já estava bastante alterada para ficar ali sem a
Kim para tomar conta de mim.

Ele também já queria ir embora, então deixei que se despedisse das
pessoas mais relevantes e vi o exato momento em que ele encontrou com o
Benjamin. Os dois conversavam normalmente e depois vejo o Justin indo para o
outro lado depois de acenar um “espera” enquanto o Benjamin vem na minha
direção.

—Para onde ele foi ? —Pergunto.

—Só foi fazer um serviço antes de irem embora.
—Olha, não vai demitir o Justin por minha causa. Eu quem fui atrevida e
não ele. —Eu nem sabia o motivo de está falando isso. A bebida estava fazendo
muito efeito.

—Demitir ? Quem falou isso ?

—Ninguém, mas você podia querer demitir ele só por eu ter respondido
você. Não faça isso, por favor.

—Você acha que eu sou este tipo de pessoa, Louise ? Eu sou um adulto e
tenho responsabilidades. Sei muito bem diferenciar as coisas.

—Que bom que sabe. Agora se me der licença, preciso ir ao banheiro.

—Posso ir com você ?

—Não se atreva! —Digo e saio. Minha bexiga está tão cheia que se
tropeçar, faço xixi na roupa.

Entro no banheiro chique do salão e assim que me olho no espelho, vejo
a montanha de músculos atrás de mim fechando a porta e sorrindo de lado.

—Aqui é o banheiro feminino. Pode se retirar, por favor ?

—Você acha que não sei ? E não, não posso. —Vem na minha direção,
mas me esquivo.

—Você está bastante enganado se acha que vai me levar para a sua cama.
Eu posso ser prostituta, mas tenho o livre direito de escolher meus clientes. E
caso você não saiba, você não é um deles.

—Já acabou de falar ? —Dá uma pausa e me agarra pela cintura. —
Quem disse que eu vou te levar para minha cama ?

—Como assim ?

—Eu vou te comer aqui mesmo.

—Não vai nada!

—Cala a boquinha. —Ele agarra minha boca com a sua e nossos hálitos
com álcool se misturam. Meu sexo começa a latejar quando ele passa a roçar a
barba na minha bochecha e morder minha orelha. Uma de suas mãos agarram
meu seio o apertando e eu gemo fechando os olhos. Mesmo que queira me
afastar e deva fazer isso, não consigo. Seu toque me faz estremecer e me lembra
que ninguém é como ele.

—Ainda quer ir embora sem ser fodida por mim ? —Pergunta mordendo
meu ombro.

—Sim, me deixa sair, Benjamin.
—Isso, fala meu nome. —Ele me vira de costas para seu peito e sinto seu
pau duro nas minhas costas. —Te deixo escolher: Dentro ou fora da cabine ?

—Apenas me fode! —Quase grito já sentindo minha boceta encharcada.

—Eu sabia que você sentia falta desse pau aqui. —Alisa o seu membro e
me põe apoiada no balcão de granito das torneiras. Ele levanta meu vestido e
sinto meu bumbum ficar a mostra. —Olha que bumbum maravilhoso.

—Vai ficar só olhando ?

—Bem que eu queria, mas não tenho tempo. Daqui a pouco aquele seu
namoradinho pela-saco volta do serviço que pedi que fizesse.

—Ele não é meu namorado.

—Eu sei que não. —Ele afasta minha calcinha preta para o lado e sorrir.
—Você é areia de mais para o caminhãozinho dele.

—Até para o seu ?

—O que você disse ? —Escuto seu zíper sendo aberto e o olho nos olhos
através do espelho.

—Que você é pouco para mim.

—Vou fingir que não ouvi isso. —Sorrir malévolo e seu pau me penetra
sem aviso prévio. Dou um gemido e ele tapa minha boca com uma mão. Seus
olhos me encaram através do espelho e ele sorrir enquanto entra forte dentro da
minha boceta. Seus tapas na minha bunda são fortes e eu penso que até do lado
de fora se ouviu, mas agora isso pouco me importa.

Sem pedir permissão, me viro para ele e ele entende o recado quando me
ergue e me põe sentada no granito frio. Abro minhas pernas e ele se encaixa
entre elas. O envolvo com minhas pernas e ele aperta meu queixo fazendo com
que eu o encare.

—Admite que eu sou o melhor pau que você já provou.

—Não!

—Admite, porra. —Dá um tapa na minha cara me fazendo gemer.

—Não!

—Admite ou não termino o serviço. Você vai ter que usar os dedinhos
para gozar gostoso.

—Esqueceu que o Justin está lá fora e completamente doido para me
comer ? Se você não terminar, ele termina.
—Puta! —Acerta um outro tapa na minha cara e sorrio enquanto ele
morde meus lábios e me beija.

Seu pau protegido por um preservativo roça na minha entrada e eu o
seguro, então abro mais as pernas e o coloco dentro de mim.

—Agora me fode antes que eu peça a outro.

—Eu quem vou te foder hoje. —Ele soca forte dentro de mim e meu
grito de prazer é interrompido quando ele toma minha boca com um beijo.

Sem parar com os movimentos, eu agarro seus cabelos para aprofundar o
beijo e ele faz o mesmo, mas apertando minha cintura. Nossos corpos sentem
necessidade de ficarem colados o tempo todo e sinto uma gota de suor
escorrendo nas minhas costas. Ele aperta minha coxa e geme, então sinto deu
pau se contrair dentro de mim indicando seu gozo.

—Gostosa. —Fala com a testa apoiada na curva do meu pescoço.

—Eu preciso ir, Benjamin. —Me preparo para descer, mas ele não deixa.

—Vamos para minha casa ? —Pede me olhando dentro dos olhos. Seu
pedido é quase impossível de negar, mas resisto.

—Eu não posso.

—Por que não ?

—Você não vai entender. —Tento não deixar transparecer minha angústia
e ele fica calado por alguns segundos. Somos surpreendidos quando alguém
quase esmurra a porta e ouvimos a voz do Justin:

—Rhonda ? Você está aí dentro ?

—Eu tenho que ir! —Desta vez ele não impede que eu desça e
arrumamos a nossa roupa. Quando estou prestes a me virar, ele segura meu
braço, só que desta vez sem a arrogância de sempre:

—Eu vou te procurar!

—Você sabe onde encontrar. —Não sabia se a bebida que tinha feito isso
e se na manhã seguinte eu ia me arrepender, mas era impossível ignorar a atração
que tínhamos.

Ele dá um sorriso satisfeito e solta meu braço. O vejo entrando em uma
das cabines provavelmente para que o Justin não o visse. Não entendi se isso era
bom ou ruim, mas sem ligar, abri a porta.

—Estava te procurando. —Ele diz me olhando de cima a baixo.

—Desculpa. Tive vontade de vir ao banheiro e acabei ficando trancada.

—Você bebeu um pouco. —Sorrir e eu acompanho.

—Acho que sim. Vamos ?

—Claro! —Diz e eu olho para a cabine antes de sairmos do evento.

Fomos direto para um motel onde o Justin quis fazer sexo em todas as
posições que poderia existir. Eu ainda estava muito excitada e aproveitei todo o
seu fogo para poder gozar lindamente, mas mal ele sabia que meus pensamentos
estavam em outro alguém.

Na manhã seguinte bem cedo nos despedimos e peguei um táxi para
voltar para o apartamento. A porta estava ainda trancada e encontrei a Kim
dormindo toda relaxada e jogada em cima do sofá. A cobri direito porque estava
um pouco frio, então fui para o meu quarto e me joguei na cama para descansar
mais um pouco.

A ressaca ainda não tinha passado, mas eu também não tinha me
arrependido do que tinha dito e feito para o Benjamin na noite anterior. Eu sabia
que ele ia me procurar e mesmo que minha razão gritasse para que eu fugisse,
corresse e me escondesse nas colinas, eu não conseguia lhe dá ouvidos e mais
uma vez me deixei levar pela emoção.

Eu o queria, ele também me queria e mesmo que fosse só para sexo
sabendo que eu iria sair ferida, o que mais me importava no momento era o ter
perto de mim.



Benjamin

Quando tive a certeza que a Louise havia saído, também saí da cabine
onde estava. Eu não tenho a mínima ideia do motivo de te me escondido e agora
me arrependo de não ter deixado Justin ver que era eu quem estava lhe comendo
no banheiro feminino, mas agora já era. Por outro lado, eu não queria ninguém
comentando ou saindo no jornal que eu estava com uma garota de programa. Se
ele não se importava, dane-se. Eu sim!

Mas o que me vem à cabeça agora é que, se ele não se importa de ser
visto e fotografado com ela, só pode está apaixonado. Ele não pode se apaixonar
por ela! Não pode! Mesmo ela sendo uma pessoa completamente apaixonante.

—Senhor Connor ? —A Alana fala surpresa e com uma voz vacilante
quando entra no banheiro feminino e me ver lavando as mãos.

—Sim ?

—O Senhor sabe que aqui é o banheiro feminino ?

—Sim e daí ?
—Nada, mas já que está aqui … —Ela vem na minha direção com um
andando indicando sua embriaguez e põe as mãos no meu peito. —Podemos nos
divertir um pouco. O que acha ?

—Não, Alana. Você está completamente bêbada.

—E desde quando isso te incomoda ? Vai dizer que não está a fim de me
foder outra vez ? —Ela põe minhas mãos em seus seios.

—Hoje não. Eu vou voltar para a festa. —Me afasto e antes de chegar na
porta, escuto sua voz:

—Você é um canalha aproveitador!

Respiro fundo e me viro, então dou alguns passos na sua direção.

—O que você disse ?

—Senhor Connor, me desculpa. Saiu sem querer e … —Agarro seu rosto
com uma das mãos e aperto levemente. Aproximo meu rosto do dela e falo bem
perto da sua boca:

—Eu vou fingir que não ouvi o que você acabou de falar só por está
neste estado deplorável, tudo bem ?

Ela faz que sim e eu largo seu rosto saindo do banheiro.

Sou chamado para tirar fotos com o Gary e antecipadamente já somos
informados que estamos sendo os homens jovens mais influentes do ano, assim
como nossas fotos estão sendo compradas por valores exorbitantes por vários
jornais e revistas que nos querem como capa.

Também sou fotografado com as modelos do desfile e depois de algumas
poses, sou convidado descaradamente por três delas para uma festa particular
depois do evento. Confesso que minha cabeça de cima e a de baixo também só
consegue pensar na Louise, mas não vou deixar que isso afete meu desempenho
com mulheres, principalmente com as modelos deliciosas da minha empresa,
então depois de me despedir de algumas pessoas, saímos do salão.

(…)

Acordo na manhã seguinte pelado e com três mulheres dormindo por
toda a extensão da cama. Uma delas está deitada sobre meu peito, então a retiro
delicadamente para não a acordar. Faço manobras pela cama e consigo sair sem
perturbar o sono de nenhuma. Visto minha roupa, calço os sapatos e saio do
quarto depois de pegar minhas coisas.

Eu não tinha pensado em dormir no motel, mas já que havia dormido,
passei na recepção para pagar o restante da estadia, só então entro no meu carro
e vou para casa. Não sou e nem quero ser o tipo que conversa depois de algumas
rodadas do sexo. Apenas com a Louise.

Foda-se! Eu vou viver a vida toda pensando nessa mulher a todo instante
?

Imediatamente lembro da noite anterior no banheiro do salão e do seu
olhar para mim quando ela me disse que eu sabia onde a encontrar. Claro que
sabia! Claro que iria procurar!

—Oi, meu amor. —Entro em casa sem fazer barulho e abraço a Donna
por trás ao lhe ver fazendo café da manhã na cozinha.

—Que susto, garoto! —Ela me dá uns tapas me fazendo rir. —Só chegou
agora ?

—Ainda nem são sete horas. Eu vou tomar um banho.

—Vai mesmo, mas volta para tomar café comigo.

—Estou mesmo morrendo de fome. —Digo enquanto me dirijo as
escadas.

—Quer queijo nos ovos ?

—Um pouco, por favor. —E entro para o banho.

—O que achou do evento ontem ? —Pergunto enquanto estamos
sentados tomando café.

—Foi agradável. —Dá de ombros. —Senti falta do seu pai.

—Eu sei que sim. Eu também senti. —Pego na sua mão por cima da
mesa. —Mas eu vou fazer de tudo por ele, pela empresa e por você.

—Eu não vou ser uma preocupação na sua vida, Ben. Você é jovem e
além de trabalhar, precisa se divertir … encontrar uma mulher …

—Eu não estou à procura de mulher agora, Donna. Eu prometi ao meu
pai que cuidaria de você e mesmo que não tivesse prometido, eu iria cuidar de
qualquer jeito.

—Não sabe como estou orgulhosa da pessoa que você se tornou.

—Graças a você!

E era verdade. Quando eu conheci a Donna, ainda era um molequinho de
oito anos. Boa parte dos valores que ganhei foi vindo dela. Mesmo que eu ainda
assuma ser um bocado arrogante e estupido, eu aprendi sobre humildade.
Aprendi que nada é mais importante do que os valores que temos, da
solidariedade que temos para com o próximo e do amor pela família.
Decidi passar o dia de domingo em casa com a Donna apenas vendo tv e
conversando sobre assuntos aleatórios, mas por volta das 19 horas, fui tomar um
banho para sair.

—Por que você não sai para se divertir, Donna ? Ir ao bingo com as
tiazinhas, sei la.

—Está me chamando de velha, Benjamin Connor ?

—Claro que não, minha querida. —A abraço rindo. —Se você quiser,
podemos sair esta noite.

—Não, não quero. Vou ficar em casa e você sai para se divertir.

—Você sempre tentando me enrolar. No fim de semana eu vou sair de
novo e vou te arrastar comigo nem que não queira.

—Eu juro que vou querer. Vamos beber todas.

—Olha a audácia. —Sorrio. —Enfim, não me espere acordada.

—Não esperarei. —Pisca e saio depois de pegar minhas coisas.

Dirijo em direção a onde a Louise fica e meu coração acelera à medida
que vou me aproximando. Não consigo esconder minha ansiedade em lhe ver,
principalmente quando paro o carro no meio fio.

—Madames. —Falo chamando a sua atenção e a da amiga. Louise está
usando um vestido cinza e cheio de brilho que marca bem sua bunda a qual não
consigo tirar os olhos.

—Olá. —Ela diz de uma forma tímida, coisa que já me deixa
completamente louco vindo dela. Sua amiga só abre um sorriso como se
percebesse o clima.

—Posso te levar para algum lugar ?

—Claro. —Ela desce para o meio fio, mas eu me apresso para sair do
carro e abrir a porta para que ela entre. —Não precisava.

—Eu faço questão. Boa noite, Kim.

—Boa noite, Senhor Connor.

—Somente Benjamin, por favor.

—Claro. Benjamin. —Ela pisca para mim e vou para o meu lado depois
que a Louise entra.

Sua amiga desce para o meio fio e põe o rosto perto da janela.
—Benjamin, você gosta da minha amiga ? —Pergunta na cara dura me
deixando completamente sem resposta. Eu nunca fico sem resposta e quase
nunca fico com o rosto ardendo da forma que ela deixou.

—Kim! —Louise repreende e abaixa a cabeça. —Vamos embora,
Benjamin. Tchau, Kim.

—Cala a boca, songamonga. Você gosta ?

Fico sem saber o que responder. Eu não gosto, ou gosto, não sei. Eu
gosto de transar com ela, estou começando a gostar muito da sua companhia,
mas não sei o que sinto quando ela fala em “gostar”.

—Acho que eu vir aqui quase sempre já responde. —Tento sorrir, mas
devia imaginar que ela não se daria por satisfeita.

—Transar eu sei que você gosta. Todo mundo gosta. —Sorrir maliciosa e
eu tento não ficar irritado por falar de todo mundo que já a fodeu. —Mas e
gostar de verdade ?

—Kim, pode parar ?

—Eu … Eu não sei. —Eu gaguejei ? Porra! Eu gaguejei mesmo ?

—Benjamin, esquece o que ela falou. Deve estar bêbada. Vamos embora.

—Tudo bem. Vamos. —Ligo o carro. —Boa noite, Kim.

—Você me paga! —A escuto sussurrando enquanto dou a partida.

—Sua amiga é doida. —Falo ainda sentindo o coração acelerado.

—Nem me lembre disso, por favor. —Ela sorrir com a voz trêmula. Pelo
visto ficou bem mais envergonhada do que eu.

—O que deu nela para falar aquilo ?

—Nada. —Se apressa em dizer. —Posso perguntar onde vamos ?

—Não é logico ?

—Sim, claro. —Sorrir e eu também.

—Estou brincando. Não vou te levar direto ao motel.

—Por que ?

—Bem que eu queria, mas estou com fome e achei que você queria ir
jantar comigo.

—Certeza ?

—Sim, a não ser que não queira.

—Por mim tudo bem. —Sorrir.

—Posso perguntar o que você e o Justin tem ?

—Nada de importante. Por que ?

—Já vi vocês juntos algumas vezes e achei que tivessem algo sério.

—Acha que eu estaria saindo com você se tivesse algo sério com ele ?

—Não ?

—Claro que não! Eu sou prostituta, mas ainda tenho valores.

—Desculpa, eu não quis dizer isso.

—Tudo bem. —Diz e seu telefone toca. A vejo tirando da bolsa e quando
olho rapidamente para a tela, vejo o nome do Justin.

Filho da puta!

—Pode atender. —Digo quando vejo que ela vai ignorar.

—Depois eu falo com ele.

—O rapaz está mesmo apaixonado.

—Você me trouxe para fazer algo útil ou falar do Justin ?

—Calma! Vai me engolir no seco ?

Ela gargalha.

—É que você faz muitas perguntas.

—Eu sei. —Sorrio. —Eu não tenho seu número.

—Pra que você iria querer meu número ?

—Para me teletransportar para onde você está é que não seria. —
Devolvo sua ignorância e ela rir. No mesmo instante, pega um papel que está no
porta-objetos, uma caneta e anota seu número, colocando no mesmo lugar.

—Já tem meu número.

—Obrigado, senhorita. —Sorrio com sua iniciativa e entro no
estacionamento do restaurante.

Desço primeiro do carro e no momento que ela desce, é como se as
coisas ficassem em câmera lenta. Ela se erguendo para fora, seus cabelos sendo
levemente balançados pelo vento e elas os colocando atrás da orelha. Seu sorriso
se abre quando ela se vira para mim e meu coração falha uma batida.

—Está tudo bem ? —Pergunta sorrindo e pisco algumas vezes para voltar
ao normal.

—Sim, tudo ótimo. Vamos ?

—Sim.

A deixo passar na frente e não perco a oportunidade de analisar seu
corpo. Só consigo pensar na sua pele macia que está por debaixo daquele vestido
e tentar imaginar qual será a cor da calcinha que está usando desta vez. Ou talvez
não esteja usando nenhuma.

—Espera. —Seguro seu braço a fazendo virar para mim.

—O que foi ?

—Você está usando calcinha, não está ?

—Como assim ? —Ela sorrir com uma cara confusa.

—Está ou não ?

—Claro que sim, mas por que ?

—Por nada. —Sorrio satisfeito. —Vamos.

Entramos no restaurante com ela ainda me olhando de um jeito como se
não entendesse nada do que se passou e um funcionário do restaurante logo me
reconhece e nos conduz em direção a uma das melhores mesas do lugar que fica
na parte de cima. O outono tem um clima bem agradável comparado com o
inverno, então ficar ao ar livre é uma boa pedida.

Depois de subirmos as escadas, eu atrás da Louise apenas por precaução,
chegamos na parte de cima onde já tem algumas mesas cobertas com toalhas
amarelas. Já há algumas pessoas aqui e ele nos conduz para uma mesa de duas
cadeiras, onde nos sentamos praticamente perto da beira que é protegida por
telas de vidro temperado. Fazemos nossos pedidos e ele se retira.

—Aqui é alto. —Ela diz olhando para baixo. Temos uma boa visão da
cidade a noite e do barulho não tao audível do movimento de carros lá embaixo.

—Tem medo de altura ?
—Não, tenho medo de cair.

—Nunca tinha pensado nisso. —Sorrio surpreso com o que ela falou.

—Você não deve ter tempo para pensar em coisas simples.

—Aí que você se engana.

—Será ?

—Certeza. —Pisco. —Não sabia que você tinha pedido demissão do
café.

—E como sabe agora ?

—Fui lá e me falaram. —Dou de ombros fingindo indiferença.

—Você perguntou ?

—Talvez.

—Entendo. —Ela rir e continua: —Não dava mais para continuar
trabalhando la.

—Por que ?

—Ele estava atrasando meu pagamento e as condições não era das
melhores.

—Posso tentar entender. Agora você só trabalha como …

—Sim, como garota de programa.

—Eu não gosto de usar esse termo com você. —Sou sincero.

—Por que não ?

—Não sei. É como se eu tivesse ofendendo uma amiga.

—Amiga ? —Ela me olha penetrante.

—Você me entendeu.

—Entendi, mas não ofende. Eu sei o que eu sou e meu lugar.

—Me desculpa pelo jeito que falei com você aquele dia. No beco.

—Está desculpado.

—Mas você quem me provocou.

—Já está me jogando a culpa de novo ?
—E não é verdade ?

Ela dá uma gargalhada gostosa e chegam nossas entradas.

Fico a observando comer os camarões empanados com molho agridoce e
peço mais só para lhe ver satisfeita.

—Você quer me matar de comer camarão ? —Pergunta quando já
estamos servidos com os pratos principais e pedi camarão novamente.

—Se você está gostando, eu pedi de novo. —Dou de ombros.

—Mas você já pediu pela quinta vez.

—Se você quiser mais, peço pela sexta.

—Não precisa. —Me olha como se tentasse ler meus pensamentos. —Por
que está fazendo isso ?

—Isso o quê ?

—Quis me trazer para jantar com você, sendo … carinhoso ? Por quê ?

—Não estou sendo carinhoso, só acho que não precisamos ficar em pé de
guerra um com o outro. —Dou de ombros novamente e ela abre a boca para falar
algo, mas desiste.

Continuamos a comer enquanto falamos sobre coisas irrelevantes e tenho
que admitir que a trazer para jantar foi muito bom. Eu nunca trago uma mulher
que só quero comer para jantar, porque geralmente já deixo claro que é somente
sexo e nada mais, mas com a Louise eu senti essa necessidade. Eu ainda a queria
conhecer mais, saber mais dela, mas não sabia como perguntar as coisas que
queria. Saber os detalhes de como entrou nessa vida, saber coisas engraçadas ou
assustadoras que já passou nesse período, essas coisas, mas decidi não tocar no
assunto.

—Para onde estamos indo ? —Ela pergunta depois que saímos no
restaurante e damos a partida de carro.

—Vou te levar em casa.

—Por que ?

—Você não quer ir ?

—Não sei, mas pensei que você quisesse ir para outro lugar.

—Eu disse que ia te procurar, não disse que ia ser para sexo. —Paramos
no ponto onde a peguei. Já são meia noite e dez.

—Você está bem ?
—Sim. —Sorrio. —Acho que teremos outras oportunidades para foder.

—Eu não te entendo. —Ela sorrir. —Tem certeza que não quer ?

—Se você continuar perguntando, eu vou acabar indo. —Digo e ela
sorrir. —Enfim, amanhã ainda tenho trabalho.

—Eu sei.

—Eu posso te levar na sua casa, se quiser.

—É melhor não. —Morde os lábios.

—Tudo bem. —Sorrio para esconder a frustração que senti sem querer.

—Mas obrigada de toda forma. Eu adorei o jantar! —Ela sorri e sou pego
em uma surpresa boa quando ela se inclina e beija minha bochecha, então sai do
carro e se abaixa perto da janela, mas não fala uma palavra.

—Você pode achar que sim, mas não existe só sexo na minha mente. —
Digo olhando dentro de seus olhos claros e brilhantes. Ela abre um sorriso e se
afasta.

—Eu nunca disse isso.

—Eu sei que não.

—Até qualquer dia.

—Até breve. —Digo sem sorrir, mas transmitindo pelos meus olhos tudo
que estava querendo dizer. Dou a partida torcendo para que ela tenha conseguido
decifrar algo que eu ainda estou tentando.
Capítulo 13

Louise

—Não, você sabe que não!

—Por favor, Rhonda. Eu juro que não te peço mais nada. —O Justin
implora de joelhos no chão.

—Quer levantar daí ? Está todo mundo olhando. —Falo olhando para os
lados morrendo de vergonha. Saí de casa para me encontrar com o Justin em um
café e agora ele está se fazendo de doido com uma proposta que não tem
condições para mim.

—Só quando você aceitar.

—Você sabe que eu não sou modelo, Justin.

—Você sabe que é e todo mundo também sabe. Me ajuda, Rhonda.

—E não tem outra pessoa que substitua a modelo que sofreu um acidente
?

—Ter tem, mas daqui que eu ache vai levar muito tempo e o desfile é
daqui a três dias.

—Três dias ? Ainda por cima isso. Eu nunca seria boa o suficiente,
Justin, ainda mais com apenas três dias antes.

—Você vai ter todo o apoio e ajuda que precisa para ser a melhor nesse
desfile.

—E por que não deixa com uma modelo a menos ?

—Aí eu perco meu emprego de vez.

De manhã cedo recebi uma ligação do Justin pedindo para se encontrar
comigo e que era urgente. Fazia já algum tempo que eu estava saindo mais com
ele do que com outros clientes, mas ainda assim não entendi o motivo da
urgência e ele nem quis me falar por chamada.

Quando cheguei ao lugar que marcamos, ele veio com a notícia: Uma das
modelos selecionadas para a coleção de novembro havia sofrido um acidente na
sua casa e quebrado a perna, então para não perder o emprego, ele estava
correndo contra o tempo para achar alguém que substituísse e tinha pensado logo
em mim, o que não fazia tanto sentindo, pois era melhor uma modelo a menos
do que uma totalmente sem jeito quanto eu fazendo merda na passarela.

Eu nunca devia ter falado sobre esse sonho para ele, pois agora ele tinha
vindo recorrer direto para mim e como não queria o prejudicar no emprego,
estava com pena de recusar o seu pedido. Foi muito gentil da parte dele ter
pensado logo em mim para algo tão grande assim, mas eu não tinha essa
confiança toda.
—Você vai ser muito bem paga, Rhonda. —Ele continua de joelhos na
minha frente e pega na minha perna. Quem olhasse podia jurar que eu estava
sendo pedida em casamento e pensando por um lado, seria bem pior.

—A questão não é essa, Justin. Você sabe que estamos falando de desfilar
para a Global Connor´s, não sabe ?

—Sei, eu sei sim. É assustador demais, eu sei, ainda mais tendo o chefe
que eu tenho, mas eu garanto que você vai se sair bem. Quem sabe até consegue
um emprego como modelo.

—Você acha ?

—Não é difícil sendo você. —Ele sorrir e eu também.

—Justin, eu não …

—Por favor.

—Tudo bem. —Digo por fim e seus olhos brilham.

—Está falando sério ?

—Sim, eu vou ser uma modelo para você.

—Eu nem estou conseguindo acreditar! —Ele se levanta. —Eu juro que
não vou mais te incomodar com isso.

—Tudo bem, mas você tem que prometer que não vai me deixar passar
vergonha.

—Eu prometo.

Uma parte de mim, a maior delas, estava completamente assustada pelo
que estava me metendo, mas a outra parte estava feliz por está realizando o
sonho de desfilar de verdade. Eu ia desfilar para a Global Connor´s com as
melhores modelos de Boston e com várias pessoas famosas vendo. Quem sabe
não seria a oportunidade que eu precisava para finalmente sair dessa vida e
alcançar o meu sonho.

(…)

—Kim, você não vai acreditar!

—Fala logo o que o Justin queria de tão urgente com você. —Ela me
puxa para o sofá eufórica assim que chego no nosso apartamento.

—Eu vou ser modelo para a coleção de novembro da Global Connor´s

—Está mentindo!
—Não estou! —Sorrio e começo a contar tudo para ela. Vez ou outra ela
me manda parar e respirar porque não está entendendo nada do que estou
falando, mas acabo por conseguir contar tudo.

—Você vai mesmo desfilar ? —Ela pergunta com uma voz terna e eu
faço que sim com a cabeça, então sou apertada por seu abraço. —Estou tão
orgulhosa de você.

—Obrigada. —Sinto lágrimas rolando pelos meus olhos. A Kim sempre
soube dos meus sonhos e mesmo que parte de mim já tivesse desistido, ela nunca
desistiu.

Por volta das 14h, me arrumo e saio de casa. Marquei de me encontrar
novamente com o Justin, pois ele ia me apresentar a empresa como a modelo
substituta. Eu estava completamente nervosa.

—Como você vai dizer que sou substituta se não sou modelo de verdade
? —Pergunto enquanto estamos no seu carro.

—Só basta você ser bonita e desfilar usando as roupas da coleção.

—Só ?

—Em casos extremos, sim. —Ele pisca para mim e chegamos na
empresa dentro de alguns minutos. Eu fico um pouco receosa de entrar,
principalmente de saber que posso me encontrar com o Benjamin, mas sou
praticamente arrastada por Justin que quer me apresentar ao restante do pessoal.

—Posso te pedir uma coisa ? —Pergunto quando estamos somente os
dois nos elevadores.

—O que quiser.

—Não conta para ninguém sobre eu ser … você sabe.

—Ei, eu não vou contar nada. —Ele toca meu rosto. —Fica tranquila.

—Tudo bem. —Sussurro quando as portas se abrem e vamos logo para
onde as modelos estão sendo fotografadas.

—Leo! —O Justin grita para um rapaz negro e rechonchudo que está de
salto alto maquiando uma modelo ruiva e ele se vira sorridente, então passa o
trabalho para outro e vem ao nosso encontro.

—Olá, seu gostoso. —Ele o cumprimenta e vejo logo que joga no mesmo
time que eu. —Quem é a menina linda ?

—Rhonda, a modelo substituta.

—Você conseguiu ?

—Claro que sim! Na verdade, ela não é modelo de verdade e é por isso
que te chamei. Você vai ter o trabalho de deixar ela impecável até o dia do
desfile.

—Você é muito linda, Rhonda. —Ele pega minha mão e me faz dá uma
voltinha. —Sou o Leo e vou te ajudar no que for preciso.

—Muito obrigada. —Sorrio tímida e ele começa a mexer nos meus
cabelos.

—Adorei esse cabelo!

—Você pode fazer isso, Leo ?

—Até parece que você não me conhece, Justin. —Ele diz e os dois riem.
—Esta menina vai arrasar naquela passarela.

—Esperamos.

O Justin tem que sair para trabalhar e me deixa aos cuidados do Leo e
sua equipe, que aproveitam que já estou aqui para ser fotografada como as outras
modelos.

No começo fico bastante tímida, principalmente por todas aqui serem
mais experientes que eu e alguma delas me olharem como se eu não devesse
estar aqui, mas o Leo é sempre muito atencioso e faz com que eu me sinta bem.

Começo a fazer tudo que é pedido e rapidamente me sinto amiga das
câmeras. O Leo vibra com cada clique meu e sempre fala que o Justin escolheu
muito bem. Decido não olhar muito para as outras modelos, pois sei que estão
com os olhos fixos em mim, então continuo fazendo apenas minha parte.

Damos uma pausa de alguns minutos para trocarmos de roupas e
vestirmos lingerie cor de pele. De primeira fico meia receosa em ficar só de
lingerie, mas já estava preparada para caso isso acontecesse, então tirei minha
roupa e vesti as peças que o Leo me entregou. A calcinha era um pouco grande,
mas extremamente sensual com as três tiras em cada lado do quadril. A parte de
cima era ainda mais sexy. Além da parte elástica, todo o resto era de tule e tinha
apenas flores e folhas bordados na mesma cor tapando os mamilos.

Cheguei novamente onde iriamos tirar as fotos e primeiro foi de quatro
em quatro modelos para um ensaio sensual. Quando meu grupo foi feito, as
garotas se mostraram bem simpáticas e me deram dicas. Chegou nossa vez e
fizemos tudo que foi pedido. Eu sentei na cadeira que estava lá e as outras três
tiveram que fazer poses como se tivessem me desejando. Lábios perto, olhos
dentro dos olhos, mãos no pescoço e tudo que dava vontade.

Eu estava bem confortável com as fotos e na pose que tivemos que sentar
em cadeiras diferentes e de costas para o fotografo com pouca luz, me joguei por
completo. Cada uma de nós tivemos que olhar uma por vez para as lentes
enquanto as outras estavam de costas, então na minha vez fiz minha melhor sexy.

—Tira mais! Tira mais! —O Leo exclamou para que eu fosse fotografada
mais vezes naquela posição e eu me deixei levar durante os cliques.

—Está arrasando, Rhonda! —Disse e eu sorri. Logo saímos para dá lugar
para as outras e fomos colocar outro tipo de lingerie para fotos individuais.

Na minha vez de fotografar, estava usando primeiro uma lingerie preta
ligeiramente simples e uma camisa social branca por cima. Estava também
segurando duas rosas brancas e tinha que sensualizar ao máximo com elas.

Em outra vez estava usando uma espécie de boy branco de renda com um
decote que ia até o umbigo e uma fita amarrada a cintura. Fui novamente para a
cadeira e segundo o Leo, eu deveria fazer dela minha melhor companheira
naquele momento, então eu fiz. Assim que acabou, dei uma pausa para fazer
maquiagem e cabelo para a última peça do dia, que seria dentro de alguns
minutos enquanto outras modelos estavam sendo fotografadas. Ainda não tinha
visto sequer sombra do Benjamin, então imaginei que estava trabalhando no seu
piso.

Depois de alguns minutos fui trocar de lingerie e vesti um conjunto preto
onde a parte de cima também era de tule, mas o bico dos seios ficavam
escondidos por detalhes que tinham justamente para isso. Eu particularmente
adorei ela em especial e o Leo me deu a notícia que eu iria ficar com cada peça
que eu usei, me deixando completamente feliz.

O cenário ainda era o branco, mas atrás tinha uma cortina cor vinho e
uma poltrona branca no centro. Era onde as modelos seriam fotografadas
individualmente. Fiquei olhando as primeiras para ir pegando mais jeito, então já
vestida, tomei um gole de água e fui para la quando chegou minha vez.



Benjamin

—Você precisa ver isso! —O Gary abre a porta da minha sala e sorrir
largo.

—Ver o que ?

—Anda logo se não quiser perder.

Fico o encarando e sem esperar, saio da minha sala e o acompanho até o
piso das modelos. Assim que chego na sala de fotos, sou recebido com vários
olhares por as modelos que estão à espera. Ignoro todas e meus olhos seguem
para a direção que o Gary está olhando e babando, assim como todos os homens
héteros que estão aqui.

A Louise está sentada em uma poltrona com uma lingerie preta
incrivelmente sexy e faz poses para a lente do fotografo. As luzes do cenário são
bem poucas em cima dela, o que faz com que tudo fique ainda mais quente. Ela
está de joelhos na poltrona e com a bunda virada para o fotografo, então coloca a
cabeça por cima do ombro esquerdo e faz uma cara sensual. Meu amigo de baixo
começa a se animar com a cena e eu fico olhando fixo para as curvas de seu
corpo.
Ela muda de posição para uma deitada com as pernas para cima. Seus
cabelos caem pelo chão e ela leva o dedo a boca olhando para o fotografo, que
praticamente a idolatra e claramente a deseja. Sinto meu sangue ferver de algo
que posso definir como ciúmes, mas fico apenas no meu lugar.

Depois de alguns cliques, ela fica em uma pose que iria acabar comigo.
Ela apoia os joelhos em um braço da poltrona e os cotovelos no outro braço,
ficando de quatro sobre o sofá e o fotografo filho da puta ainda chega bem perto
da sua bunda para poder lhe fotografar. Ele fala coisas para a incentivar a “se dá
mais” e me pergunto o que ele quer mais dado do que aquilo que estou vendo.

Minha respiração para durante alguns segundos quando ela finalmente
vira a cabeça para o meu lado e me ver. Ela dá um sorriso tímido e sensual ao
mesmo tempo, me fazendo querer a foder ali mesmo naquele sofá com todo
mundo vendo. Ela pega nos cabelos e põe para o outro lado sem tirar os olhos de
mim.

—Finge que você está desejando alguma das modelos e olha para lá
como se as chamasse. —O fotografo fala e sinto seus olhos me adentrarem na
alma. Ela pisca devagar e novamente tenho o efeito da câmera lenta quando ela
volta a olhar para o outro lado e continua os cliques.

Meu cacete já está em um tamanho monstruoso debaixo da calça e
alguma das modelos percebe, então disfarço e vou até onde o Gary ainda baba
nela.

—Por que me trouxe aqui ?

—Para você ver a sua “amiga” do café. —Ele rir. —Sabia que ela estava
aqui ?

—O que você acha ? Por falar nisso, eu quero saber quem a chamou para
fotografar.

—Foi o Maldonado. Ele não tinha que arrumar uma modelo substituta ?

—E trouxe ela ?

—O que tem ? Pelo visto está se saindo muito bem. —Volta a olhar para
ela e eu soco seu braço.

—Para de olhar, seu filho da puta!

—Tudo bem. —Ele sorrir e caminhamos para fora da sala, mas não sem
antes eu olhar na sua direção outra vez e a ver em uma posição como se tivesse
rezando, então saio antes de começar a pensar sacanagens com o nome de Deus
no meio.

—Quem te deu autorização para trazer a Louise para cá ? —Pergunto
entrando na sua sala sem bater.

—Louise ?

—O nome da Rhonda é Louise. —Eu sei que não devia falar sem sua
autorização, mas não consegui segurar. —Por que trouxe ela para ser fotografada
?

—Eu tinha que conseguir uma modelo substituta, mas se fosse pelo
catálogo não ia ser a tempo para o desfile, já que a todas já estão em trabalhos de
fim de ano, então achei que seria uma boa chamar a Rhonda … Louise. —Ele
parece ser confuso.

—Ela é modelo ?

—Não, mas …

—Ela já desfilou antes ?

—Não, Senhor Connor, mas …

—Mas um caralho, Senhor Maldonado. —Dou um soco na sua mesa. —
Você quer destruir a empresa colocando uma pessoa que não é tão qualificada
para um desfile desse porte ?

—Ela vai se sair bem, Senhor Connor. Estou providenciando tudo para
isso e garanto que vai correr tudo melhor que o planejado.

—Eu espero que sim, senão sua carreira já era. —Rosno e saio.

Eu sei que a Louise não é tão má como insinuei la dentro e tirei provas
disso com meus próprios olhos, mas eu não consegui me controlar. Eu estava
com raiva dele por ter a trazido como se fossem íntimos demais para isso e
queria qualquer motivo que fosse para descontar isso nele. Além de ter ficado
possesso de ciúmes pelo tipo de foto que ela estava fazendo naquela sala, ainda
mais com todos aqueles olhares esfomeados para ela.

Voltei para minha sala para me acalmar e já sabendo que ia conversar
com a Louise mais tarde. Eu tinha o direito de tirar satisfações com ela ? Não,
mas iria.



Louise

Eu sentia o olhar de desejo do Benjamin em mim. Era visível. Tão visível
quanto o desejo das outras modelos nele. Eu não sabia desde quando ele estava
ali, estava bastante entretida com o ensaio para perceber, mas quando o vi, lhe
mostrei todo o efeito que tinha sobre ele.

Seus olhos percorriam todo o meu corpo e mesmo os meus ciúmes
gritando com os olhares para ele, eu me sentia satisfeita por o ver olhando
apenas para mim. Ele me olhou como se quisesse me possuir na poltrona e na
frente de todo mundo. Eu sabia que ele iria vir falar comigo e me interrogar,
assim como devia ter ido interrogar o Justin.

—Acho que me meti em confusão. —O Justin vem falar comigo quando
acaba a sessão de fotos.
—Como assim ?

—O Senhor Connor não gostou nada de saber que você é a modelo
substituta.

—Sério ? —Pergunto surpresa. Não sei se ele teve ciúmes ou não me
acha boa o suficiente para desfilar para sua empresa. Acho mais plausível a
última opção.

—Na verdade eu não sei. Ele está duvidoso em relação as suas
qualificações para modelar no desfile.

—Eu vou me sair bem, Justin. —Digo convicta.

—Já deu tempo para ganhar confiança assim ?

—Na verdade sim. —Sorrio e ele também, mas logo para.

—Seu nome de verdade é Louise.

—Como você sabe ? —Pergunto sabendo que ele ainda não sabia do meu
verdadeiro nome.

—O Senhor Connor acabou falando na sala. Eu achei que você já
confiasse em mim para falar seu nome de verdade.

—Eu não confio em ninguém além da Kim, Justin. Já te deixei claro que
não gosto de falar da minha vida privada para os clientes.

—Mas eu achei que não fosse mais apenas seu cliente. Achei que
tínhamos algo mais.

—Você sabe que não, Justin. —Tento falar sem o magoar. —Desde o
começo eu deixei tudo claro. Falei que não poderia ser mais do que estava sendo
para você e mesmo assim você ainda insistiu. Não temos nada além disso.

—Tudo bem. —Fala com uma voz triste. —Eu preciso voltar ao trabalho.

—Mas …

—Você está em boas mãos com o Leo. —Diz forçando um sorriso e sai.
Bato com a mão na testa me sentindo magoada por o ter deixado assim, mas não
posso fazer nada por ele.

O Leo dispensa as outras modelos e ficamos na sala para ele me ensinar a
maneira certa de fazer tudo. Ele me ensina a desfilar da maneira correta, me
ensina sobre postura, pernas, mãos, olhares, quadris, tudo. Como já sabia andar
de saltos, foi menos um trabalho para nós dois e no final, eu já sabia bastante
coisa. No dia seguinte também iriamos ensaiar mais um pouco para no dia eu
estar impecável.

—Você parece já ter sangue de modelo, menina. —Ele fala quando
acabamos.

—Está falando sério ?

—Sim. Achei que ia ter muito trabalho com você, mas você se saiu super
bem. —Se aproxima do meu ouvido e sussurra: —Se duvidar, melhor que outras
daqui.

—Gentileza sua.

—Que gentileza nada! Você vai mostrar para o que veio nesse desfile. —
Diz animado e saímos juntos da sala. Ao passarmos pelo corredor depois de
subirmos um andar, dou de cara com a Alana. A ruiva secretária do Benjamin e
que sei que ele anda lhe comendo. Ela me olha de cima a baixo como se me
conhecesse e não disfarça uma careta, mas finjo que não a vi e continuo olhando
para frente.

As modelos são reunidas em uma sala aconchegante e ficamos todas
conversando enquanto esperamos. Pelo que fiquei sabendo, o próprio Benjamin
pediu que reunisse todas pois queria dá uma palavrinha. Fico com as mãos
tremendo e as minhas pernas não param quietas, pois penso que ele vai me
dispensar na frente de todo mundo. O Justin chega acompanhado pelo Leo, mas
enquanto o Leo vem para perto de mim, ele sequer olha na minha direção. Eu já
devia imaginar que seria assim.

—Boa tarde. —Fala entrando na sala. Todo mundo arruma a postura
assim que seus pés cruzam a porta e a sala cria um ar sério devido a sua
presença.

—Boa tarde. —Todo mundo fala junto. Algumas mais assanhas
prologam o cumprimento e eu olho na direção de cada uma. Logo a ruiva entra
atrás dele e seus olhos pousam em mim.

—Quero saber se todas estão prontas para o desfile do sábado ?

—Sim, senhor. —Todas respondem, mas eu me mantenho calada. Ele
não vai sentir a falta do meu “sim, senhor”.

—Saibam que a coleção é a grande esperada para este ano e não
queremos um errinho sequer. Haverá olheiros e pessoas prestigiadas de vários
lugares que vem especialmente para apreciar o desfile e as roupas para a coleção,
então se acham que não estão prontas para isso, sugiro que se retirem da sala
neste exato momento. —Aponta para a porta e seu olhar cai sobre mim. Sinto
que ele está falando isso indiretamente para mim, mas mantenho meu olhar
firme no seu e ele desvia quando ninguém se pronuncia.

—Muito bem. —Continua e olha para a todas. —Vocês foram muito bem
selecionadas pelo nosso consultor Justin Maldonado e creio que ele fez um bom
trabalho. —Aponta para Justin que sorrir e batemos palmas. —Mas eu queria
que ele falasse o motivo de ter escolhido cada modelo aqui presente.

O Benjamin senta em uma cadeira próximo a porta colocando a mão no
queixo e dá a palavra para o Justin, que imediatamente olha para mim. Eu tenho
vontade de sair daqui de tanto nervosismo e me arrependo de não ter feito isso
quando ele deu a deixa.

O Justin começa a falar de cada uma das modelos e sinto minha auto
estima se esvaindo conforme ele vai praticamente lendo o currículo de todas
elas. Aqui tem modelo da Victoria Secrets, modelos internacionais, misses,
modelos que já desfilaram no Canada, Rússia … Milão … Paris … Brasil …
Polonia …

O que eu estou fazendo aqui, meu Deus ?

—Essa é uma amiga minha …

—Louise. —Digo quando o Justin não sabe o que falar. —Louise
Hansen.

Sinto o olhar de Benjamin e o Justin não sabe o que falar sobre mim. Eu
não tenho um currículo invejado como todas daqui e nunca sequer desfilei em
uma passarela que não fosse o tapete do meu quarto. Sinto meu rosto queimar.

—Ela não é modelo de profissão, mas pude reconhecer seus talentos
assim que a vi e pelos seus traços, creio que será uma boa aposta no desfile da
empresa.

—Você sabe o que está fazendo aqui, Senhorita Hansen ? —O Benjamin
pergunta ainda com a mão no queixo e sua secretaria me analisa.

—Sim, senhor.

—Já desfilou em algum palco antes ?

—Não, mas estou tendo a ajuda do Leo e sei que não vou errar.

—Você sabe o quanto esse desfile é importante para a minha empresa e
para a reputação da mesma ?

—Na verdade não. —Sou sincera e escuto risadinhas vindo de algumas
modelos. Abaixo a cabeça envergonhada e os risos logo cessam. Quando volto a
olhar, o Benjamin as encara sério e com repreensão.

—Muito bem, Senhorita Hansen. Gostei da sua sinceridade, mas para
ficar sabendo, esse desfile será muito importante e não sei se será bom para você
desfilar.

—Eu sei que não tenho um bom currículo como todas aqui, mas eu tenho
confiança no que sou e no que posso fazer. —Digo o olhando dentro dos olhos e
ele mantém o olhar firme nos meus.

—Gosto da sua confiança!

—Mas, Senhor Connor, não podemos arriscar a reputação da empresa
assim. —A secretária começa a falar e o Benjamin levanta o olhar para ela.

—Arriscar é preciso de vez em quando, Senhorita Manson.

—Eu sei, mas não quando a reputação de algo tão grande quanto a
Global Connor´s está em jogo.
—Eu acho que a Louise vai se sair tão bem quanto qualquer uma daqui.
—O Leo se mete na conversa e se põe de pé ao meu lado.

—Como você pode ter tanta certeza ?

—Porque esse é meu trabalho, querida. Pode ter certeza que eu não
colocaria a reputação da empresa ou o meu emprego em risco com alguém que
não vale a pena. —Ele acentua as últimas palavras e eu sinto o clima pesar um
pouco.

—Eu acho que o Leo tem razão e confio nas escolhas dele. —O
Benjamin se levanta sorrindo. —Eu acredito na sua capacidade, Louise.

—Obrigada, Senhor Connor.

—Mas ela não é qualificada para desfilar! —A secretaria continua
exclamando e o Benjamin se vira para ela. —Ela nem modelo é e está longe de
chegar a altura das nossas selecionadas.

Ouço um burburinho de algumas modelos concordando com ela e o
Benjamin se vira lentamente na sua direção. Ela imediatamente se cala.

—Acho que a Senhorita Manson não está sabendo onde é o seu lugar,
mas eu não me preocupo em lembrar. —Dá uma pausa. —Esta empresa é minha!
Quem diz quem pode ou não sou eu! Quem dita as regras aqui sou eu!

—Mas eu só estou tentando …

—Não tente! Seu trabalho é ser minha secretária e nada além disso. A
Senhorita Hansen vai desfilar nesse desfile sim e você não tem nada com isso.
—Ele se vira para as modelos. —E quem tiver descontente com a presença dela
aqui pode se retirar. Nenhuma de vocês é insubstituível e assim como o senhor
Maldonado conseguiu uma modelo substituta, também pode fazer com quem
quiser sair. A escolha é vossa!

Ele se cala esperando alguém se pronunciar, mas o silencio prevalece.
Ouso olhar para a Alana e a mesma me fuzila com os olhos sem a mínima
descrição. Eu levanto a sobrancelha e sorrio mostrando que ela não me intimida,
desviando o olhar só depois que ela desvia primeiro.

O Benjamin dispensa a todos e sai da sala depois de me lançar um olhar
que já estou começando a conhecer bem, mas a Alana permanece no mesmo
lugar e olha para mim. O Leo ver a cena e se prontifica:

—O que está fazendo o que aqui ainda, queridinha ? Acho que ouvi seu
patrão lhe chamando. —Põe a mão no ouvido.

—Ridículos. —Resmunga e sai nos fazendo rir. As modelos conversam e
quando olho para o Justin, ele olha para mim com um meio sorriso. Eu peço
licença ao Leo e vou na sua direção:

—Desculpa por não ter …
—Não precisa se desculpar. —Ele me interrompe. —Acho que exagerei
naquela hora.

—Um pouquinho só. —Sorrio. —Eu não posso ser o que você quer,
Justin.

—Ainda podemos continuar saindo ?

—Esse também é meu trabalho. —Sorrio e saímos da sala juntos para
irmos almoçar no seu horário.

Ao passarmos pela sala que descobri ser do Benjamin, a sua secretaria
fala que ele quer falar com o Justin. Eu bem que queria entrar também, pelo
menos para o ver, o beijar e continuar me iludindo lindamente, mas tenho que
ficar o esperando do lado de fora.

—Quem você pensa que é ? —Ela pergunta enquanto finjo olhar algo
interessante no celular. Decido não ser idiota diante das suas provocações e
levanto o olhar com um sorriso.

—Perdão, está falando comigo ?

—Com quem mais seria ?

—Quando você tiver um pouquinho mais de educação, pode dirigir a
palavra a mim. —Volto a olhar o celular e ela continua:

—Você só pode ser uma pobretona qualquer que o Senhor Maldonado
deve está comendo e decidiu te trazer para o meio das modelos, não é ?

—Nisso você tem razão. —Abro um sorriso. —Pelo menos eu sou uma
pobretona que chamou a atenção do consultor de imagem da empresa e de outras
pessoas além dele, ao contrário de você, que é apenas uma secretária invejosa,
mal-educada e mal comida.

—Como tem coragem de falar assim comigo ? Eu posso te fazer sair
dessa empresa aos chutes e pontapés.

—Pode ? —Me aproximo da sua mesa e apoio as duas mãos em cima. —
Não sei o motivo de você se achar tanto, mas fica sabendo que não me afeta em
nada essa sua pose de riquinha. Eu vou desfilar você querendo ou não e sobre eu
sair daqui a chutes e pontapés, espero que você não ouse tocar essa sua
mãozinha em mim, a não ser que queria sentir seus dedos sendo quebrados um
por um.

No momento que ela abre a boca para responder, o Justin sai da sala e
nota algo errado.

—Está tudo bem por aqui ?

—Claro. —Me apresso em falar com um sorriso no rosto. —Estávamos
apenas conversando. Podemos ir ?
—Sim. Até mais, Senhorita Manson.

—Até mais, Senhorita Manson. —Repito suas palavras e derrubo seu
porta-canetas de propósito. —Ops! Acho que suas canetas caíram.

E saio de braços dados com o Justin, que rir muito do que acabei de
fazer. Como eu disse: Ninguém me põe para baixo tao facilmente.
Capítulo 14

Louise

O sábado chegou a todo o vapor e eu já acordei nervosa. Iria desfilar na
frente de várias pessoas famosas e olheiros conceituados, mas o que mais me
deixava aflita e ao mesmo tempo confiante era saber que o Benjamin estaria lá
me vendo.

Eu tinha ido a empresa todos os dias somente para ter “aulas” com o Leo
e fazer a prova das roupas que eu iria desfilar. Era cada vestido e sapatos lindos
que me deixava admirada. Só um dos vestidos que eu iria usar dava para
comprar (sem exagero) meu apartamento e ainda sobrava uma grana boa.

Durante essas idas na empresa, nunca vi o Benjamin e ele também não
aparecia na área das modelos ou sequer saía da sua sala. Ousei perguntar ao Leo
sobre ele e da forma mais discreta que podia e ele falou que o Benjamin estava
tão ocupado quanto nós em relação ao desfile.

—Se por um acaso ele vier falar com você, faça tudo o que for pedido e
não reclame de nada. Esses dias ele está uma pilha de nervos e é melhor não
ficar na frente dele. —Me alerta enquanto arruma os acessórios na minha parte
dos armários onde ficam meus looks pendurados por cabides.

Eu estava desde cedo na Global Connor´s e andava de um lado para o
outro igual barata tonta para organizar os últimos detalhes para o desfile a noite.
A passarela, as cadeiras, holofotes, músicas e o restante das coisas já estavam
prontas no espaço na parte de trás da empresa onde ia acontecer o desfile.

Os modelos masculinos haviam chegado pela manhã e por volta das
quatro da tarde quando todos os camarins estavam prontos para nos receber,
descemos para o local marcado. Eu estava completamente nervosa conforme ia
se aproximando a hora, era fotografada espontaneamente em vários momentos e
depois que meu nome saiu no site oficial da empresa, meu Instagram estava
lotando cada vez mais. Eu sei, é uma coisa relativamente idiota para se
preocupar agora, mas não posso ser julgada. Estou tão nervosa que estou
comendo bolinhas de papel.

Tratei de deixar o nome da Kim na lista de convidados, pois acima de
todos os que estariam presentes, ela era a pessoa mais importante para mim e
que eu queria que tivesse comigo naquele momento. Não havia falado com ela
desde a hora que tinha saído de casa, mas quando dei uma pausa para ir no
banheiro, tirei fotos do salto caríssimo que estava usando e ela ficou louca. Logo
tive que voltar para junto dos outros e conferir se tudo estava em ordem. O
desfile começaria dentro de algumas horas.

(…)

—Você é melhor que todas elas. —É a frase que Leo usa para me
motivar.

O desfile já começou e eu já vi por uma brecha que o lugar está lotado. A
passarela parece maior do que deveria ser e meu nervosismo desejava
fervorosamente que ela fosse menor. Os holofotes apontavam diretamente para a
pista e ao lado dela, todas as cadeiras estavam ocupadas por pessoas curiosas e
deslumbrantes que aplaudiam cada modelo que desfilava com sua peça.
Teríamos a hora de desfilar individualmente e a em casal. Meu par já estava
definido e era um rapaz negro e bem alto com os cabelos enrolados parecidos
com de anjo. Tínhamos feito amizade assim que descobrimos que desfilaríamos
juntos e como ele também era mais experiente que eu, sempre se disponibilizou
a me ajudar e não deixar que eu fizesse asneiras na passarela. Eu estava
confiante.

A lista de ordem estava colada na parede antes de sairmos e eu vi que eu
era a seguir a próxima modelo, ainda por cima sozinha. Eu ainda não tinha visto
a Kim sentada lá fora e não tive tempo de pegar o celular para ver se ela tinha
mandado mensagem, mas estava torcendo que ela já tivesse chegado.

—Eu estou nervosa. —Digo quando a outra modelo já está chegando na
linha onde eu devo entender para entrar e sinto meu estomago esfriar
drasticamente.

—Não precisa. Esta é sua oportunidade.

—Obrigada, Leo. —Falo sorrindo ao ver a modelo em cima da linha.

—Vai lá e arrasa! —Diz e eu me viro de frente. O coração a mil, as mãos
um pouco frias e a garganta prestes a secar. Dou o primeiro passo e o holofote
me capta.

Meu vestido é um preto comprido de renda e tule, o decote é discreto e
adaptado para meus seios não muito grandes e as alças são um pouco grossas. A
cintura desenha bem minhas curvas com uma espécie de cinto preto e há uma
fenda na frente que chega até o limite da minha calcinha bege. Nos pés uso um
salto agulha preto de tiras.

Sinto todos os olhares para mim enquanto ando na passarela e o silencio
prevalece dando lugar apenas aos sons dos cliques e dos flashs na minha direção.
A confiança começa a me preencher e me sinto completa quando chego no meio
da passarela e vejo a Kim sentada no lugar que reservei para ela. Ela não sorrir,
apenas me olha com os olhos cheios de lágrimas e eu me controlo para também
não ficar do mesmo jeito.

Depois que a vejo, tento saber se há outra pessoa também me assistindo e
ao chegar no final da passarela e fazer a pose para a foto, vejo o Benjamin
sentado na cadeira exatamente na minha frente com a mão no queixo. O olho
dentro dos olhos e sua expressão é fria, mas claramente deslumbrada, então
sorrio como foi dito para ser feito e lhe lanço um olhar enigmático.

O que parecia vários minutos foram apenas segundos e eu logo dei a
volta e voltei parando algumas vezes no meio da passarela. Ao chegar na linha,
outra modelo veio e eu sumi na parte de dentro.

—Ahhhhhhhhh! —O Leo berrou me abraçando assim que entrei por
completo. —Você foi uma diva!
—Eu fui bem ?

—Muito bem! Eu nem estou acreditando que você nunca desfilou.

—Estou tão orgulhosa de mim. Obrigada por me ajudar, Leo. —O abraço
outra vez.

—Não há de quê, querida. Se não te quiserem aqui como modelo, eu faço
questão de arrumar outro lugar para você.

—Você não existe! —Digo e vamos novamente para o camarim onde ele
me ajuda a trocar de roupa para daqui há alguns minutos. Desta vez visto um
vestido comprido bege estilo sereia e com flores e folhas feitas a mão por toda
sua extensão. O decote agora vem até um pouco acima do umbigo, mas não
deixa de ser discreto. Sinto alguém trocando meus saltos enquanto o Leo arruma
minha maquiagem e meu cabelo, então nos posicionamos para esperar a nova
rodada depois dos rapazes que desfilam com os ternos da Boston Visual.

Eu sou novamente depois da outra modelo e desta vez já estou bem mais
confiante, até porque também vou com o Arthur, o meu par, só que com uma
certa distancia um do outro para poder captar os detalhes de cada roupa. Eu paro
no meio da passarela para algumas fotos e sigo para o final, onde o Benjamin
novamente me olha de cima a baixo. Alguns fotógrafos também tiram fotos dele,
provavelmente para sair em alguma revista famosa, mas sua atenção está toda
em mim. Pela primeira vez vejo a sua secretária muito bem vestida perto dele.
Ela olha para mim claramente descontente e se levanta indo para algum lugar,
mas a ignoro. Não vou deixar ninguém estragar o meu momento. Depois das
poses, volto novamente para dentro e corro para trocar de roupa.

Vou desfilar com o meu par e o vestido da vez é comprido e cor creme. A
parte de baixo é cheia devido ao tule e a de cima é um decote grande decorado
com flores que realçam as alças finas e delicadas. Sinto novamente alguém
trocando meus sapatos e quando a maquiagem está pronta e eu olho para meus
pés, vejo ninguém menos que o Justin.

—Você está aqui! —O abraço. Ainda não tinha o visto em lugar algum.

—Estou. —Ele sorrir. —Não tive tempo de vir cá atrás, mas já vi você
desfilando desde a primeira vez.

—E como fui ?

—A melhor de todas.

—Eu avisei. —O Leo sorrir. —Agora solta a garota porque ela tem que
entrar daqui a pouco.

—Continue o que está fazendo. Está perfeito! —Diz e eu aceno a cabeça
sorrindo em concordância.

No instante seguinte, entramos eu e Arthur lado a lado. Desta vez não
podemos sorrir, apenas fazer como se tivéssemos em um teatro onde está se
passando ópera (Foi o que o Leo usou para descrever). Do meio da passarela
para o final, eu vou sozinha e faço as poses. O Arthur vem logo depois e se junta
a mim, onde fazemos novamente as poses para fotos juntas. Tenho que colocar a
mão enlaçada pelo seu braço e voltamos assim. Ele me parabeniza e diz que foi
um prazer desfilar ao meu lado, então vou novamente trocar de roupa.

Estou suada e com a garganta seca, então alguém me dá um copo de água
enquanto outra pessoa seca o suor do meu pescoço e logo estou pronta. Estou
usando um vestido também na cor creme e de um ombro só. A parte de dentro é
de uma cor quase prata e tem algumas pedrinhas pela parte de cima e a de baixo
também, assim como uma fenda grande na perna direta. Tem uma cama de tule
por cima preso a parte de baixo e fui aconselhada a ter muito cuidado, pois o
vestido é bastante delicado e frágil. Calço os saltos e não me importo quando o
Leo poe a mão por debaixo do vestido para arrumar a calcinha que quase fica a
mostra.

Desta vez vai ser de duas em duas modelos e para o meu desprazer, tenho
que desfilar com uma das que não gostou nada de eu estar aqui. Felizmente não
tenho que fazer nenhuma pose a abraçando, pois não sei se conseguiria ser tão
profissional ainda e não lhe meter a mão na cara na frente de todo mundo.

Enquanto estamos esperando a nossa vez, ela olha para mim e sorrir de
lado. Seus olhos transmitem claramente a raiva que ela sente de mim e por
dividir o palco comigo, o que faz com que eu fique ainda mais nervosa por ter
que desfilar ao seu lado. Desvio o olhar tentando não pensar muito nisso e como
o combinado, tenho que sair a cinco passos na sua frente, então saio.

No meio da passarela quando estou prestes a parar para a pose, sinto meu
vestido ficando preso em algum lugar. Mal tenho tempo de reagir quando a parte
de dentro cai pelas minhas pernas abaixo deixando apenas a parte do tule. Minha
calcinha fica exposta com apenas o tule por cima e um burburinho é ouvido da
plateia, mas não ouso olhar para trás para ter a certeza do que aconteceu.

A vadia teve coragem de pisar no meu vestido.

Tenho de pensar rápido e é isso que eu faço. Levanto uma perna de cada
vez passando por cima da parte de baixo do vestido no chão e continuo
desfilando na passarela do jeito que estou. Aplausos são ouvidos vindo de todas
as direções e ao chegar no final da plateia, o Benjamin não disfarça o olhar para
a minha parte de baixo. Agora sua expressão é de completa surpresa e meu
coração acelera ao lhe ver começando a me aplaudir junto com os outros.

A modelo chega ao meu lado e depois de fazer sua pose, me olha de
forma fuzilante. Mesmo não estando no roteiro, eu pisco para ela e saio na sua
frente. Olho para a Kim e a mesma faz um sinal positivo para mim e eu pisco
para ela. Ao passar pela parte do meu vestido no chão, o pego do chão e o jogo
no ombro. As palmas aumentam ainda mais adentrando meus ouvidos e continuo
desfilando até sumir completamente.
O Leo veio louco me abraçar dizendo que eu arrasei e que está admirado
por eu não ter perdido a classe. Eu estou ainda mais orgulhosa e nem acredito
como tive coragem de fazer aquilo. A outra modelo entra logo depois e passa por
mim cuspindo fogo sem sequer olhar na nossa direção. Ela e qualquer pessoa
precisa de muito mais que isso para tentar me derrubar.

Temos uma pausa para mais alguns desfiles de terno, mas vou logo me
vestido para não ter risco de atrasar. O meu vestido é cor prata de frente única e
com um decote entre as duas partes que cobrem os seios. A cintura também é
bem acentuada e há uma fenda grande em cada perna, mas desta vez não chega
até o limite. Calço os saltos bege que prendem no tornozelo e recebo uma leve
arrumada nos fios dos cabelos presos. Agora são as últimas peças da noite e
também é em casal. Temos que terminar com chave de ouro, pois além do
primeiro, o último também é a parte mais importante de todo o desfile.

—Vou ao banheiro antes que molhe tudo por aqui. —O Arthur fala e vai
ao banheiro correndo.

—Venham todos aqui. Mudança de planos! —O Justin chega com uma
prancheta na mão e todo mundo se reúne a sua volta, menos o Arthur, que ainda
está no banheiro.
—O que houve ? —Uma das modelos pergunta.

—A Clara era a última a desfilar como já tinha sido falado, mas agora
vamos ter que trocar.

—Como assim ? —Ela pergunta. Clara é a mesma que pisou no meu
vestido. —Mudar por que ?

—Agora a Louise que vai fechar o desfile.

—O que ?

—Eu ? —Pergunto sendo pega totalmente pega de surpresa.

—Ela não pode fechar o desfile! Eu sou mais qualificada para isso! —Se
exalta.

—São ordens do Senhor Connor, Clara. —Fala calmamente e meu
coração acelera só de ouvir seu nome. —Cabe a você aceitar. Agora você irá será
a segunda e o restante continua do mesmo jeito.

—Eu não acredito nisso! —Fala e sai. Eu a acompanho com os olhos e o
Justin põe a mão no meu ombro.

—Boa sorte. —Sorrir lindamente e sai. Eu queria sentir tanto por ele
quanto ele parece sentir por mim, mas infelizmente não é algo que eu possa
controlar.

—Leo, eu não posso fazer isso. —Digo nervosa.

—Claro que pode! Você já arrasou a noite inteira e agora é sua hora de
brilhar.
—Você acredita em mim ?

—Se eu acredito ? —Ele sorrir e me leva até uma brecha onde dá para
ver a passarela e as pessoas sentadas. —Não somente eu, mas todas essas
pessoas que estão aqui.

Sinto meus olhos marejarem e o abraço emocionada, mas o momento é
interrompido quando escutamos berros de uma das modelos.

—Alguém ajuda o Arthur! Ele caiu no banheiro e torceu o tornozelo.

—O que ? —Nos afastamos e vamos correndo para o banheiro onde o
Arthur está deitado no chão com a mão cobrindo os olhos. Os paramédicos de
prontidão no desfile logo chegam e o colocam na maca.

—Arthur … —Chego perto da sua maca e ele tenta sorrir.

—Realmente é para você brilhar agora.

—Fica bem logo!

—Vou ficar. —Diz antes de ser levado para fora do pavilhão e eu fico
perdida. E agora ?

—Justin, como vai ser agora ? —Pergunto quando o Justin vem depois de
ser chamado e ficado sabendo do acidente com o Arthur.

—Agora eu não sei. —Ele respira fundo e olha no IPad tentando achar
uma solução.

—Pelo visto ainda não é hora da menina brilhar. —A Clara sorrir
venenosa e eu a ignoro revirando os olhos.

—Calma, vamos dá um jeito.

—Jeito ? Essa criatura saiu de um subúrbio qualquer. Ninguém vai ligar
ou sentir falta se ela não for.

No instante seguinte sinto os últimos vestígios da minha paciência indo
embora e acerto seu rosto em cheio com um tapa que faz minha mão arder. O
Justin me segura na mesma hora e o Leo a segura também.

—Limpa a puta da sua boca antes de falar de mim, sua piranha! —Berro
sem ligar se alguém vai ouvir ou não.

—Louise, calma!

—Eu vou matar essa pobretona!

—Então anda, sua vadia. Anda que eu estou louca para desfigurar essa
sua carinha de puta.

—Leo, tira ela daqui, por favor.

—Anda, Clara. Você passou dos limites. —Fala obedecendo as ordens de
Justin e a levando aos berros para outro lugar. O Justin me solta e eu levo a mão
ao rosto.

—Você é mesmo brava. —O Justin sorrir.

—Desculpa, Justin, mas ela estava enchendo minha paciência e não é de
hoje.

—Eu entendo, mas não temos tempo para isso. Logo vai começar o
desfile de novo.

—E com quem eu vou desfilar ?

—Eu não sei …

—Comigo. —Escuto uma voz atrás de mim que faz com que todo o meu
corpo estremeça. Olhando para o Justin e o vendo levantar os olhos, tenho a
certeza de quem está atrás de mim.

—Senhor Connor ?

—Acha que eu tenho capacidade de desfilar com a Louise, Justin ? —
Pergunta colocando a mão em volta da minha cintura e me deixando tensa.

—Claro que tem! —Ele tenta sorrir. —Só acho que vamos ter que
chamar o Leo para ajustar alguns detalhes no senhor.

—Então vá chamá-lo.

—Com licença. —Diz e sai.

—Você vai desfilar ? —Me viro para ele.

—Se você não se importar de ter um iniciante desfilando ao seu lado.

—Eu sou tão iniciante quanto você.

—Eu sei, mas ninguém lá fora quer saber disso. Acho que já recebi mais
de cinco propostas para te contratarem.

—Está falando sério ? —Pergunto sem acreditar.

—Sim.

—E o que você disse ?

—Disse que não. —Dá de ombros.

—Por que ?

—Por ninguém além de mim pode ter você. Seja que sentido for.

—Você é louco! —É a última frase que falo antes dele ser arrastado pelo
Leo para arrumar o cabelo e trocar de roupa enquanto fico no meu lugar sem
acreditar no que está acontecendo em apenas uma noite.

Fico ansiosa esperando a nossa vez de entrar com as últimas peças para
fechar o desfile e para a minha alegria, a Clara acabou sendo praticamente
despedida da vaga que a iam chamar pelo que fez de propósito ao meu vestido
na pista.

Eu bem que poderia me fazer de superior e pedi para que não a
demitissem e essas coisas, mas desta vez não. Eu não estou dando a mínima para
o que lhe acontecesse e apenas sorrio quando ela passa por mim e entra na
passarela.

—Desculpa por aquele dia. —Escuto uma voz atras de mim e me viro já
com um sorriso de lado. O Benjamin está usando um conjunto de calça e terno
preto com uma camisa social branca por dentro e sapatos brilhando de tão
limpos e bem cuidados. A roupa parece um terno qualquer, mas quando me
atrevi a olhar o preço mais cedo, é um absurdo de caro e não imagino quem daria
tanto em um “simples” terno.

Seus cabelos compridos soltos por cima dos ombros brilham como se
fossem fios de ouro no meio do cabelo mais escuro e sua barba clara em volta da
boca me faz querer agarrá-lo e beijar sua boca até não saber nem onde estou.
Seus olhos verdes sorriem junto com os lábios quando me pegam o admirando e
eu volto a realidade.

—Como assim ? Que dia ?

—Na reunião com as modelos. Quando eu achei que você não era
qualificada para desfilar com as outras.

—E eu não sou. Mesmo que muita gente tenha gostado de mim e eu
também tenha gostado do meu desempenho, temos que admitir que não sou tão
boa quanto elas.

—Isso é mentira! Você não tem a formação que elas têm, mas desfila tão
bem quanto. Você fez o papel tão bom quanto o que elas fizeram. Eu não sou
muito de concordar com isso, mas pelo menos esta noite a formação não foi
páreo para sua carisma e desenvoltura naquela passarela.

Eu mal acredito nas palavras que saíram da sua boca e por perceber que
ele estava sendo sincero. Como não falo nada, ele continua.

—Eu falei daquela maneira com você porque não podia te privilegiar na
frente dos outros. A empresa é minha, mas ainda assim tenho que manter a … —
O interrompo quando agarro seu rosto e o beijo com vontade. Estamos entre as
cortinas escuras que separam os camarins das passarelas, então assim ninguém
nos vê.
Ele passa a retribuir o beijo com mais vontade ainda e suas mãos descem
pela minha cintura indo até a fenda no meu vestido. Ele põe a mão por dentro e
toca minha boceta, que rapidamente fica molhada e o desejando. O aperto mais
contra o meu corpo sentindo sua ereção começando a se formar e ele aperta meu
bumbum, então sorrir no meio do beijo.

—Vamos sair daqui ?

—Não podemos. —Sussurro também sorrindo e parando o beijo. —
Temos que fechar o desfile, lembra ?

—Droga! —Resmunga e eu sorrio limpando seus lábios que sujei de
batom. Faço o mesmo para também por o meu no lugar. Ele estica a mão e
arruma alguns fios do meu cabelo olhando dentro dos meus olhos. Foi a gota d
´água para eu perceber que já estava completamente apaixonada por ele.

Nos viramos de frente um ao lado do outro e esperamos alguns segundos
antes de entrar. Esses segundos são o suspense que as pessoas estão esperando
para ver as últimas peças do desfile e sinto meu coração acelerar. Não por ter a
responsabilidade de fechar com chave de outro, mas por ter o Benjamin ao meu
lado.

Ele arruma a manga da camisa branca e olha para mim sorrindo. Eu
sorrio da mesma forma para ele e quando os holofotes apontam para a entrada,
damos alguns passos e já estamos na passarela. Os flashs podem ser claramente
ouvidos e temos que ficar uns instantes parados para sermos captados por todos
os lados. As palmas enchem nossos ouvidos e mesmo que eu esteja ali, sei que
boa parte é para o prestigiado Benjamin Connor. Eu sinceramente não me
importo. Meu coração está aliviado com ele mesmo por finalmente ter aceitado
os sentimentos que existe dentro de mim.

Andamos um ao lado do outro e conforme foi falado, quando chegamos a
linha no meio da passarela, paramos novamente e fazemos uma pose básica
olhando um nos olhos do outro. Ele abre um sorriso de lado quando olha para
mim e eu sorrio da mesma forma, então voltamos a andar até o final da
passarela.

Ninguém estava esperando o que fazíamos logo a seguir, mas quando
paramos quase na ponta, nos viramos um de frente para o outro e o Benjamin me
puxa de encontro ao seu corpo. Nesse movimento eu levanto minha perna direita
a colocando dobrada na altura certa para que ele a segure com uma das mãos.
Minha mão direita fica pousada em seu peito enquanto a sua fica na minha
cintura e a fenda no meu vestido faz a pose ficar ainda mais sexy. Nossos olhares
se encontram enquanto os flashs continuam vindo por todas as partes e como se
fosse em câmera lenta, as palmas volta a todo o vapor e somos ovacionados por
todos que estão presentes.

A chuva de papel laminado prata começa a cair do alto e encerramos o
desfile ainda olhando um nos olhos do outro. É. Estou perdidamente apaixonada.

(…)

—Amiga!!! —Sou abraçada pela Kim que entra no camarim onde estou
retocando meu batom de frente para o espelho. —Estou tão orgulhosa de você!
—Você me viu ?

—O tempo todo. —Seus olhos se enchem de lágrimas e ela me abraça
novamente. —Eu sempre soube que o seu lugar é nas passarelas.

—Meu lugar é onde você estiver. Não importa onde for. —Seguro seu
rosto e beijo sua testa. Me sento no sofá que tem no camarim e tiro os saltos que
estou usando.

—O que você está fazendo ? —Pergunta sem entender e eu estendo os
saltos para ela.

—É para você!

—Não, Lou. Eu não posso aceitar algo que você ganhou.

—Ganhei, mas vai combinar perfeitamente com você. —Volto a
empurrar os saltos na sua direção e ela os pega com lagrimas nos olhos
novamente.

—Você já me fez chorar milhares de vezes esta noite, sua vadia. —Ela
me abraça novamente e a porta se abre. Olhamos para o Benjamin que está
parado na porta ainda segurando a maçaneta e a Kim volta a olhar para mim.

—Vou te esperar no salão, amiga. —Pisca e sai, mas não sem antes falar
com o Benjamin: —Você arrasou também. Não tanto como minha amiga, mas
deu para o gasto.

E sai dando de ombros nos fazendo rir.

—Acho que sei de onde você ganhou tanto atrevimento. —Ele tranca a
porta e vem na minha direção.

—Você não devia está no salão junto com todo mundo ?

—Sim, mas também estão esperando por você.

—Por mim ?

—Sim, você é a maior atração desse desfile. —Diz e eu sorrio. Sou pega
de surpresa quando ele agarra minha cintura e devora minha boca com a sua. Eu
retribuo no mesmo momento e vou andando de costas enquanto ele me conduz
para o sofá.

Sento e ele vem por cima de mim sem deixar de me beijar. Suas mãos
tocam cada parte do meu corpo com ansiedade e chegam ao meu seio, onde sua
mão o cobre por inteiro. Arfo sentindo o prazer me consumir e ele faz questão de
esfregar seu membro duro em mim. Puxo sua gola da camisa para ficar mais
perto e ele me levanta do sofá com um único movimento, então se senta e me
põe encaixada no seu colo.

—Eu quero te foder agora. —Fala com voz baixa e rouca no meu
pescoço.

—Agora temos que ir para fora. —Sou interrompida pelo meu próprio
gemido que me trai fazendo com que eu feche os olhos.

—Certeza ?

—Sim … Eu … Nós fazemos isso depois.

—Promete ? —Se afasta de mim e me olha dentro dos olhos. Na parte do
seu rosto que não tem pelos se nota a pele vermelha. A minha deve está do
mesmo jeito.

—Prometo.

—Então vamos antes que batam a porta. —Me põe de pé e se levanta
também, então escutamos alguém bater a porta e falar.

—Louise, os fotógrafos estão te esperando no salão.

—Um minuto. —Digo e escutamos o barulho de saltos se afastando,
então caímos na risada. —Temos que ir.

—Não sei, talvez esteja errado, mas penso que você ir calçada lá para
fora é mais adequado —Sorrir apontando para meus pés.

—Verdade. —Pego um salto e calço rapidamente, então me levanto e já
estou pronta. —Vamos ?

—Agora sim.

Saímos do camarim depois de ter certeza que ninguém está nos vendo e
vamos para o salão. Logo sou abordada pelos fotógrafos e perco o Benjamin de
vista. Sem esperar, várias pessoas pedem para tirar fotos comigo e eu tiro
amigavelmente enquanto mal tenho tempo de falar.

—Licença, agora é minha vez de tirar fotos com a minha melhor amiga.
—A Kim se aproxima praticamente empurrando todo mundo com os cotovelos e
chega perto de mim. Fazemos várias poses para os fotógrafos e ela me abraça
orgulhosa novamente.

Logo vejo Benjamin novamente e os fotógrafos pedem para tirar fotos de
nós dois juntos. Ele não parece desconfortável para isso e enquanto enlaça minha
cintura com a mão e sorrir para o fotógrafo, uma das suas mãos descem fazendo
uma linha até perto da minha bunda e minha pele se arrepia.

Depois de tirar fotos com eles, também chamo o Justin e o Leo para
posarem comigo. Depois que tiramos e o Leo sai, chamo Justin em um canto.

—Obrigada por tudo que você está fazendo por mim. —Digo sincera
pegando nas suas mãos.

—Você iria dá um show com ou sem a minha ajuda. Eu só fui um
intermediador.
—Não é verdade, Justin. Tudo isso é graças a você por ter acreditado em
mim mesmo quando quase ninguém acreditou. Nem sei como te agradecer por
isso.

—Você sabe bem o motivo de eu fazer isso. —Seus olhos brilham e sinto
um aperto no peito. Seria tão mais fácil se eu gostasse dele da forma que ele
gosta de mim. Bem mais fácil.

—Sei sim.

—Você é talentosa e todo mundo precisa ver isso. —Ele diz sorriso e eu
o abraço.

—Obrigada mesmo.

Logo ele e o Leo é chamado novamente e os dois começam a ser o centro
das atenções para falar sobre a escolha e a organização de todo o desfile, que
segundo eles, vai ficar para a história da Global Connor´s. Fico aliviada por ter
tempo para respirar novamente.

Minha bexiga aperta e aproveito para ir no banheiro aos fundos do salão
e perto do jardim, que a este momento está um breu e coberto pela escuridão.
Ando pelo caminho de pedras levantando o vestido e pisando devagar para não
arranhar o salto e entro no banheiro.

Depois de fazer minhas necessidades, lavar as mãos e arrumar a o rosto
no espelho, saio novamente. Uma música começa a tocar no salão e sei que a
festa vai durar até tarde, então começo a voltar pelo mesmo caminho de pedras.
Sou bruscamente interrompida quando uma mão forte agarra meu braço e me
puxa.

Estava prestes a gritar quando meu corpo é preso por uma montanha de
músculos que já conhecia muito bem, mas foi o perfume e o roçar dos cabelos
que me fez perceber que estava segura. Pelo menos fisicamente.

—Você está louco! —Falo com o coração acelerado devido ao susto. O
lugar está escuro, mas ainda posso ver seu sorriso.

—Desculpa. —Continua sorrindo e sem esperar mais, começamos a nos
beijar. Ele me encosta na parede frio e aperta meu corpo com o seu. Suas mãos
exploram meu corpo e sua boca é faminta pela minha. Eu agarro suas costas e
aperto com os dedos, sentindo todo o prazer do meu corpo se concentrar na
minha intimidade molhada.

—Me leva daqui, Benjamin.

—A senhorita já está disponível para mim agora ? Os fotógrafos não vão
sentir sua falta ?

—Que se dane os fotógrafos! —Xingo e ele rir de forma deliciosa.

—Que boquinha mais suja. —Morde meus lábios. —Mas seu pedido é
uma ordem! Vou te levar daqui e te foder deliciosamente na minha cama.
Ele pega na minha mão e saímos escondidos para os fundos pelo
caminho de pedras sem ninguém notar o que estamos fazendo. Seu carro está
parado bem perto, então ele abre a porta para mim e entra logo depois. Partimos
logo em seguida já quentes e torcendo para que não demore tanto para
chegarmos.

Alana

Alguns dias atrás …

Eu sabia que o Benjamin estava tendo algo com a tal de Louise e para
quem fosse tão esperto quanto eu, não era difícil de notar. Ele sempre estava
falando, defendendo ou a comendo com os olhos. Por sorte ou azar, eu sempre
que estavam perto para poder presenciar.

Por várias vezes eu insinuei para ele que poderia desfilar para a empresa,
que era muito boa também, mas o cretino nunca me notou e bastou aparecer uma
qualquer para ele já colocar no meio das melhores modelos de Boston. Ele não a
colocou apenas por ela ser boa, o que eu até admito que ela é, mas sim por
também está transando com a vadia nas horas vagas.

Quando eu tentei uma vaga nessa droga de empresa, minha única
intenção era nenhuma mais que transar com o grande Benjamin Connor e
engravidar do idiota, mas ele sempre usava preservativos e eram os dele. Por
diversas vezes tentei usar o meu que já estava antecipadamente furado com uma
agulha, mas parece que ele já era educado nisso e nunca caía.

Idiota!

Ninguém nunca me dispensou antes e último que fez isso sofre as
consequências até hoje. Eu não vou aceitar que isso aconteça de novo. Não
mesmo. Eu sempre fui de usar minha beleza e sedução como armas para
conseguir o que eu quero. Nunca falhou e tenho que admitir que a vadia da
minha mãe fez pelo menos outra coisa boa na vida além de mim.

“Lembre-se: Homens são tão manipuláveis quanto uma criança
inocente. Basta dá o que eles querem e você pode ter tudo.”

Desde quando Louise entrou no meu caminho que eu venho tentando
descobrir tudo o que eu posso sobre ela e não foi tão difícil quanto esperava, já
que não tinha nenhum registro dela nos arquivos do Senhor Connor.

Quando vi que ela também estava se atirando para o lado do Senhor
Maldonado, eu vi ali uma oportunidade de conseguir o que eu queria. Ele era
bem mais burro que o Benjamin, então seguindo os conselhos da minha querida
mãezinha, eu dei o que ele queria.

—Eu sei que você está saindo com a Louise, Justin. —Falo fazendo
biquinho e me sentando na cama cobrindo meus seios nus com o lençol branco.

—O que tem isso, gostosa ? Esquece ela agora. —Me puxa para seu colo.
—Mas eu achei que fosse exclusiva sua.

—A Louise é uma prostituta. —Ele rir. —Acha que vou preferir ela do
que você ? Uma ruiva gata dessas ?

—Prostituta ? —Finjo indiferença com a revelação e dou um sorriso
enquanto ele beija e morde meu pescoço.

Não foi difícil fingir um interesse instantâneo no Justin e logo estávamos
juntos transando na cama de um motel de luxo. Embora o cara seja um pé no
saco, tem muito dinheiro e eu bem que poderia apostar nele ao invés do burro do
Benjamin, mas não vou deixar barato ele ter me trocado por uma prostituta.

Acho que agora todo mundo vai saber quem ela é.
Capítulo 15

Benjamin

Atualmente …

Mal posso segurar o tesão que sinto e tenho vontade de parar o carro
antes de chegar em casa, mas tenho que me aguentar, o que felizmente não
demora muito e chegamos. Descemos já nos agarrando e entramos em casa
praticamente nos engolindo. A pego no colo com as duas pernas em volta da
minha cintura para subir as escadas e agradeço por ela continuar o trabalho me
beijando e mordendo meus lábios.

Abro a porta do quarto com o pé e me sento na cama com ela ainda
agarrada em mim. Aperto sua bunda e minhas mãos circulam pelas suas costas
até encontrar o zíper do seu vestido. O abro devagar até chegar ao final e é
quando ela para de me beijar e olha dentro dos meus olhos.

Eu não queria admitir, mas estou começando a achar que possa está
nutrindo mais sentimentos que deveria por esta garota. Quando ela me olha nos
olhos é como se fosse ligada uma tomada direta para o meu coração que o faz
bater de forma descompassada. Eu não queria que ela me olhasse assim, queria
evitar qualquer contato ainda mais íntimo e continuar isso como se fosse apenas
um negócio, mas não sou forte o suficiente para isso e beijo seu nariz. Seguro
seu rosto com as mãos e beijo sua boca delicadamente, então a ponho de pé e me
abaixo tirando seu vestido lentamente pelas suas pernas.

Agora é a minha vez de olhar dentro dos seus olhos que brilham de
desejo. Ela mantém um sorriso discreto nos lábios, o que aumenta ainda mais
meu tesão. Quando ela tira o vestido dos pés e fica somente de calcinha, eu dou
uma pausa para a admirar. Sua pele branca e lisa é uma das coisas que mais me
atrai. Seus seios redondos com a auréola rosada no meio são tão delicados que as
vezes penso bem se devo ou não os machucar, morder e chupar. Tudo com força.

Ela se inclina um pouco e apoia as mãos nos meus joelhos. Os bicos
ficam apontados para baixo e com uma das mãos, ela solta os cabelos. O cheiro
cítrico misturado com doce invade minhas narinas e eu os aspiro com vigor. Ela
me faz deitar delicadamente na cama e começa a tirar meus sapatos, minha calça
e minha cueca. Sorrio com a cara que ela faz quando meu amigo já está
gigantesco e todo melado na ponta escapa para fora. Ela sorrir de volta para mim
com uma cara de safada e eu me levanto para tirar a camisa branca. O terno já
havia tirado no carro com sua ajuda e mesmo que tenha dito que estava com
calor, queria apenas ter menos roupa para tirar quando chegasse em casa.

Volto a deitar quando ela faz um sinal para que eu o faça e ela começa a
subir engatinhando em cima de mim. Fico apenas a observando e suas bochechas
estão levemente rosadas. Não falamos nada um com outro, mas as palavras são
completamente inúteis neste momento. O que mais queremos é nos tocar e sentir
o calor do outro.
Ela começa a me beijar na barriga e vai subindo para meu peitoral. Sinto
a ponta da sua língua me alisando e aperto sua bunda empinada para que
aprofunde o que estiver fazendo. Ela senta em cima da minha barriga devagar e
sinto sua boceta molhada de encontro a minha pele. Meu pau está roçando na
parte de trás do seu bumbum e eu desejei que ela tivesse sentado um pouquinho
mais atrás, sem camisinha e sem nada.

Ela mesmo para o beijo e se estica para a gaveta onde já sabe que tem um
preservativo e coloca em mim sem deixar de me olhar nos olhos. Meu coração
está falhando várias batidas com tudo isso e me sinto como se fosse a primeira
vez que tivesse fazendo sexo. Sua mão pequena apoia no meu peito e engulo em
seco quando ela se ergue um pouco e com a outra mão segura meu pau pela base.
Sei muito bem o que ela vai fazer e no momento é o que eu mais quero.

Sua boceta desce lentamente pela extensão do meu cacete duro o
engolindo aos poucos. A quentura lá dentro logo aconchega meu amigo e sinto
suas paredes me apertarem deliciosamente. Faço menção de lhe segurar pela
cintura para a ajudar com os movimentos, mas ela segura meus braços ao lado da
minha cabeça e começa a subir e descer bem devagar. Mordo os lábios sentindo
todo o meu corpo sendo atingido por um prazer descomunal e mesmo sabendo
que posso me livrar das suas mãos pequenas sem qualquer esforço, não o faço.

Seus seios ficam bem perto do meu rosto e levanto um pouco a cabeça
para alcançá-los com a boca. Ainda bem que ela deixa e chega um pouco mais
perto senão iria ficar louco por os ter tão perto e não poder tocar. Agarro um
deles com os lábios e começo a chupá-lo. Mordisco na mesma região e a ouço
gemer. Tudo sem parar de sentar no meu pau.

Ela solta minhas mãos e como se fosse molas, meus braços rapidamente
envolve sua cintura e costas lhe puxando para me beijar. Invado sua boca com
minha língua e chupo seus lábios com tanta força que ela solta gemidos
chorosos.

—Eu não aguento mais, porra! —Digo e em um rápido movimento a
deito na cama ficando por cima dela.

—Que egoísta. —Sorrir e morde os lábios.

—Sou, principalmente quando se trata de você. —Pego meu pau e aliso
sua entrada com a cabeça. Ela geme e eu o enfio bem devagar para que ela sinta
cada pedaço a invadindo.

Começo os movimentos bem devagar e seguro um de seus pés. Tão
delicados que mesmo sem ter certo fetiche com pés, o levo a boca e chupo seus
dedos. Ela sorrir um pouco no inicio, mas logo começa a gostar e apertar minha
perna. Mudo de posição quando vejo que estou perto de gozar e decido lhe fazer
gozar primeiro, mas sou interrompido quando estou prestes a abocanhar sua
boceta.

—Não. —Ela fala segurando minha cabeça.

—Por que ? Não gosta mais ?

—Gosto, mas hoje quero mais sentir você.

—Certeza ? —Pergunto e ela faz que sim com a cabeça.

Me deito novamente na cama e arrumo o travesseiro nas minhas costas.
A puxo pela cintura para cima de mim a deixando de costas. Ela põe uma perna
dobrada de cada lado do meu corpo e segura minhas pernas com as mãos.

—Porra de bunda gostosa! —Dou um tapa forte na polpa que logo fica
vermelha. —Agora vou comer essa bocetinha olhando esse cuzinho delicioso.

A faço sentar novamente no meu cacete e não consigo controlar o gemido
quando estou completamente dentro dela. Aperto sua cintura me sentindo
extasiado de prazer e ela joga os cabelos para o lado virando a cabeça para me
olhar. Seu sorriso malicioso acende ainda mais meu tesão e ela começa a subir e
descer, só que agora rápido. Ela se inclina para trás e suas mãos passam a se
apoiar nas minhas coxas me deixando sem forças me deixando sem controle.

Me sento com ela ainda sentando em mim e junto meu peito suado nas
suas costas. Ela joga a cabeça para trás apoiando no meu ombro e eu mordisco
sua orelha enquanto minha mão desce para seu clitóris. Massageio seu botão
durinho e ela geme rebolando e se esfregando ainda mais em mim. Sinto meu
corpo todo estremecer quando meu pau começa a ser apertado por sua carne
úmida. Meu jato é liberado a medida que ela também tem espasmos com seu
orgasmo. Nosso suor e respiração se misturam em uma só e ficamos na mesma
posição até nossos corpos voltar a normalidade

Nos deitamos e a puxo para meu peito. Eu não sei o que está acontecendo
comigo, mas sinto sensações estranhas enquanto nossos olhares estão cruzados.
Sinto que ela é diferente das outras, me sinto confortável perto dela. Sem pensar,
a beijo devagar sentindo o gosto dos seus lábios. Ela morde o meu
delicadamente e deixa um beijo no meu queixo.

—Amanha você vai ao jantar do desfile, não vai ? —Pergunto e ela me
olha.

—Não sei se vai ser uma boa, Benjamin. Eu já …

—Deixa de ser tão chata. —Reclamo e ela rir. —Você fez parte desse
desfile. Merece esse jantar tanto quanto outra pessoa. Você vai sim!

—Tudo bem. Eu posso …

—Sim, você pode chamar sua amiga para ir também. —Reviro os olhos e
ela rir enquanto beija minha bochecha. Não estava esperando essa atitude e
confesso que fiquei assustado, principalmente por ter gostado dessa forma
simples e afetiva de agradecimento.

Não entendo o motivo e queria ficar sem entender por um bom tempo,
mas não tenho necessidade de passar esta noite toda fazendo sexo com a Louise
como já aconteceu. Agora quero ficar perto e abraçado nela como estou agora,
sentindo o calor do seu corpo perto do meu e o cheiro dos seus cabelos ainda
entrando no meu nariz.

Depois de falarmos sobre o jantar e sobre o desfile, não tínhamos sono e
ela pediu para ver um filme até o sono chegar, então me levantei e fui colocar na
gigantesca televisão que comprei para o meu quarto. Foi exagero da minha parte
comprar uma tão grande.

O filme era o atual do Kong e mesmo não sendo tão fã deste tipo de
filme, confesso que me chamou muito a atenção e fiquei atento a cada detalhe
que se passava. Percebi que a Louise fala muito durante o filme e teve uma vez
que tive de lhe prender entre minhas pernas e tapar sua boca com a mão para que
se calasse e me deixasse ouvir.

Já se passava do meio do filme quando percebi que ela dormia. Meu
braço já estava dormente porque ela estava o fazendo de travesseiro, então levei
a mão ao seu rosto, onde alisei o mesmo com os nós dos dedos. Fiquei a
admirando dormir e analisava cada detalhe do seu rosto. Sua boca torta devido a
posição que estava lhe deixava linda e me peguei a observando mais tempo do
que o normal. Tirei meu braço com cuidado para que ela não acordasse, arrumei
seu travesseiro e a cobri direito com o lençol.

Quem a ver dormindo assim tão linda e calma nem imagina o furacão de
atrevimento que a garota é. O pior era que eu gostava … Gostava até de mais.

(…)

Me espreguiço depois que abro os olhos e minha mão esbarra em alguém
deitado ao meu lado. Meu coração logo se enche ao ver que a Louise está na
minha cama e em questão de segundos, a noite anterior se passa na minha mente.
Sorrio com as lembranças e aproveito que ela está de costas para tocar seu
ombro nu onde tem uma cicatriz de tamanho médio que eu nunca notei. Fico a
olhando por algum tempo até a porta ser aberta e a Donna por a cabeça para
dentro devagar.

—Desculpa, não sabia que estava com companhia. Na verdade, imaginei.
—Ela sussurra e sorrir. —Bom dia.

—Bom dia, Donna.

—Você vai descer para tomar café agora ?

Eu olho para a Louise dormindo ao meu lado e volto a olhar para ela.

—Sim, desço em um minuto.

—Okay. —Ela fecha a porta e eu me levanto. Tomo um banho rápido e a
Louise não acorda nem quando estou vestindo a roupa. Eu posso entender seu
cansaço, pois se eu que nem desfilei ontem estava morto, imagine ela.

—Precisaram de mim ontem depois que eu sumi ? —Pergunto enquanto
estamos sentados a mesa tomando café.

—Eu nem vi você saindo, mas sempre que alguém te procurava, eu dizia
que você tinha vindo para casa descansar.

—E que horas você chegou ?

—Eu vim para casa mais ou menos uma hora depois que você falou que
queria descansar. —Dá de ombros e fica séria: —Quem é a moça que está no seu
quarto ?

—Uma garota que conheci. —Falo sem a olhar.

—É uma modelo ?

—Não. —Conto uma meia verdade.

—Certeza ?

—Sim.

—Você gosta dela ?

Quase me engasgo com sua pergunta.

—Como assim ?

—Perguntei se você gosta dela ?

—Claro que não! Por que ?

—Não me lembro de você já ter trago qualquer garota para casa, muito
menos para dormir com você.

—Já sim.

—Quando ? —Ela me encara e eu tento inventar uma mentira, mas sei
que não vai dá certo e ela continua —Você gosta dela!

—Ela é uma garota como as outras que já saí, Donna.

—Tudo bem, mas não deixa ninguém criar expectativas com você se não
tiver intenção de ficar com ela.

—Não sei porque você está cismada com isso.

—Eu que não sei como você ainda tentar me enganar. —Ela rir e eu
também não controlo a risada. —Bom, eu vou dá uma saída, tudo bem ?

—Pra onde ?
—Vou dá uma caminhada no parque e depois vou ao supermercado. —
Ela se levanta.

—Amanhã mesmo vou contratar empregadas para cá.

—Eu já disse que não …

—Não adianta discutir. —Ponho mais leite na xicara de café e finjo não a
escutar. Ela revira os olhos e eu continuo: —Vamos juntos para o jantar mais
tarde ?

—Se você não tiver mais ninguém importante para levar. —Insinua e eu
sorrio. —Nos vemos daqui a pouco.

—Vai pela sombra. —Falo depois que ela beija minha bochecha e sai
com as chaves do seu carro.

Termino de tomar o meu café e subo para o quarto ainda sem acreditar
que a Louise está dormindo. Ao chegar no corredor a vejo parada na porta do
quarto e entrar correndo para dentro de novo.

—O que houve ? —Pergunto entrando e a vejo sentada na beira da cama.

—Ah, é você ?

—Quem mais seria ? —Sorrio. —Por que saiu correndo ?

—Não sei, achei que fosse alguém que não fosse você.

—E se fosse ?

—Você talvez não queira ser visto comigo. —Ela dá de ombros e sinto
uma pontada no peito.

—Você é tão assustada. Nem parece a mulher que estava desfilando
ontem.

—Tem certas coisas que uma boa maquiagem esconde. —Ela tenta sorrir.
—Eu tenho que ir para casa.

—Não quer nem tomar o café antes ?

—Não. —Diz e sua barriga ronca. Seu rosto logo fica vermelho de
vergonha.

—Vamos tomar café lá embaixo. —Estendo a mão sem perceber minha
atitude e um arrepio se espalha pelo meu corpo quando ela a segura, então
saímos do quarto.

—O que foi essa cicatriz que você tem no ombro ? —Aponto com a
cabeça enquanto estamos na mesa do café e eu a olho comendo.

—Qual ? —Procura nos ombros.

—No esquerdo. —Digo e ela finalmente acha. —O que foi ?

—Nada demais.

—Por que tenho a leve impressão que você está mentindo ?

—É que eu não quero lembrar. —Olha para o pão de forma com
manteiga que tem na mão.

—Tudo bem, não precisa. Me desculpa. Eu também sou muito idiota para
perguntar algo tao íntimo seu.

—Não, não é. —Ela me encara por um breve momento. —Eu nem
sempre fui garota de programa, Benjamin.

—Eu sei disso.

—Antes de entrar para essa vida, eu tinha pais.

—Posso te perguntar onde eles estão ?

—Meu pai me abandonou antes mesmo de saber se eu era menina ou
menino. —Ela dá de ombros sorrindo, mas por trás do sorriso há magoa, tristeza.
—Minha mãe sempre teve desgosto dele como marido durante o tempo que
estavam juntos. Ele batia nela e não a deixava sequer sair na calçada sem sua
permissão. Quando ele soube que ela estava grávida, bateu nela e foi embora,
deixando dívidas e mais dívidas nas costas da minha mãe que não tinha nenhum
parente próximo ou vivo. Ela conseguiu se manter na casa por uns anos devido a
gravidez, mas daí quando eu cresci, voltaram as cobranças e ela entrou em
depressão severa. Passava mais tempo dentro do quarto chorando e na maioria
das vezes eu tive que procurar comida em algum lugar para alimentar a nós duas.
Diversas vezes deixei de comer para lhe alimentar e cheguei até a roubar frutas
em um supermercado uma vez. Passado um tempo e ainda com o banco na nossa
porta, minha mãe se “recuperou” e começou a cuidar de tudo, mas mal eu sabia
que o maior desastre estaria por vir.

Ela dá uma pausa e fico pensando no quanto sofreu mesmo sem antes
saber o que era sofrimento. Eu não sou o que sou desde sempre, mas meu pai
sempre fez de tudo para me dá do bom e do melhor. Depois dele ter conseguido
vencer na vida, eu passei a ser criado em berço de ouro e por várias vezes achei
injusto alguns terem muito e outros terem tão pouco.

—Minha mãe morreu de câncer de mama não muito tempo depois.
Quando ela descobriu já estava em estado avançado e nada mais adiantaria. —
Seus olhos enchem de lágrimas e uma solitária rola pelo seu rosto. Ela a enxuga
com as costas da mão. —O que me consola é saber que éramos mais unidas que
tudo e que ela sempre fez de tudo por mim. Mesmo sem condições e sem um pai
e marido presente em casa, ela sempre lutou para poder me dá as coisas e não
deixar que me faltasse nada.

Ela dá outra pausa e eu seguro sua mão por cima da mesa.
—Depois disso eu tive que ir para um orfanato. Eu não tinha ninguém
que ficasse comigo. Tentaram localizar meu pai, mas quem atendeu foi uma
mulher que agora vivia com ele e ao ouvir uma conversa do pessoal que tratava
de tudo, ele não queria ficar comigo. Ele nem se preocupou quando falaram que
minha mãe tinha morrido. Eu era um empecilho na sua vida, segundo as próprias
palavras dele.

—Que desgraçado! —Sinto a raiva me consumir por deixarem uma
criança abandonada assim. Seu próprio pai, o homem que deveria cuidar e amar.

—No inicio eu adorava está no orfanato. Adorava as amizades que tinha
feito e para mim, aquilo era um paraíso que eu tinha desenhado como inferno, só
que depois tudo mudou. As mulheres que cuidavam da gente nos colocava para
dormir bem cedo para não ficarmos acordadas “atrapalhando”. Vez ou outra elas
iam nos quartos conferir se estávamos dormindo mesmo. Comíamos quando elas
bem entendiam e quando falávamos que ainda tínhamos fome, elas riam e
falavam que não era a casa da mãe Joana para ficar dando muita comida para
gente. Tudo piorou quando elas começaram a nos agredir por qualquer motivo
que achassem justo. Eu vi uma garota apanhar porque demorou muito para
calçar os sapatos. —Ela soluça em meio ao relato e vejo que está chorando.

—Essa cicatriz você ganhou lá ? —Pergunto e ela faz que sim com a
cabeça.

—Eu era uma das únicas que não temia a nenhuma delas e muitas vezes
apanhava mais ainda por as desafiar e tomar a culpa de outras meninas. Eu não
gostava de vê-las apanhando, então sempre dizia que tinha sido eu a culpada de
algo onde na verdade não era. Nisso acabei sendo marcada e qualquer passo em
falso que eu dava, já recebia pancadas. Uma vez já passei a tarde e a noite sem
comer porque derrubei minha comida depois de escorregar em um piso molhado.
Essa cicatriz ganhei quando uma das cuidadoras foi bater em uma das minhas
amigas lá dentro e eu a defendi. Acertei a cuidadora com um cabo de vassoura
que tinha levado escondido para o quarto.

—Então esse sangue atrevido e corajoso é desde pequena. —Digo
tentando a fazer sorrir e consigo.

—Depois que a acertei com o cabo de vassoura, ela ficou com raiva e me
bateu muito esse dia. Chinelos, pau, cinto. Tudo que ela via pela frente. A
cicatriz foi quando ela me colocou de costas e me acertou com um fio. Eu passei
vários dias sem conseguir sequer me deitar direito e quando me recuperei, já
sabia que iria fugir daquele lugar. No dia da minha fuga, eu respondi a pior
cuidadora e levei um tapa na cara, mas não chorei. Embora tivesse ardendo
muito, eu me neguei a chorar na frente dela. Me despedi das minhas únicas
verdadeiras amigas com um bilhetinho individual. —Ela sorrir como se
lembrasse e volta a enxugar o rosto. —Eu queria as trazer comigo, mas eu sabia
que ia ser duro fora do orfanato. Lá dentro pelo menos elas comiam alguma
coisa e eu não sabia se teria isso do lado de fora. E também se caso fosse pega,
não queria que apanhassem junto comigo. Por sorte ninguém me apanhou e eu
fugi daquele inferno para nunca mais voltar.

—Eu sinto muito. —Me levanto e a abraço. Ela chora com o rosto
afundando no meu peito e puxo uma cadeira para me sentar. —Eu vou nesse
orfanato e denunciar tudo que você sofreu lá. Muitas crianças também devem
estar sofrendo o mesmo.
—O orfanato não existe mais.

—Não ?

Ela nega com a cabeça.

—Ele foi demolido alguns anos depois. Eu até pensei em ir lá e tentar
saber das minhas amigas, mas fui covarde e não tive coragem. Agora já devem
está em outro lugar do mundo e com sorte, com uma vida melhor que a minha.

—Você não é covarde. Olha a coragem que você teve por não ter entrado
no mundo das drogas. Poderia ter sido bem pior. Você poderia ter se tornado uma
má pessoa, mas sei que seu coração não é assim.

Ela sorrir para mim com os olhinhos vermelhos e molhados de lágrimas.

—Por que você está sendo gentil comigo ?

—Eu sempre fui.

Ela ergue uma sobrancelha.

—Okay, nem sempre, mas … Eu não sei. Eu gosto da sua companhia,
Louise.

—Eu gosto de você. —Diz e eu a encaro. —Digo, da sua companhia. —
Sorrir sem graça abaixando a cabeça.

Depois que terminamos de tomar café, ela se arruma e diz que quer ir
para casa. Mesmo que não querendo que ela fosse, me senti aliviado por não ter
que a “expulsar”. Eu disse para a Donna que ela não era uma das modelos e que
muito menos podia está apaixonado por uma prostituta, então ainda bem que elas
não se encontraram. Depois que ela saiu, também peguei minhas chaves do carro
e saí. Havia me esquecido que marquei de ir com o Gary para um leilão e liguei
para a Donna avisando que não almoçaria em casa, então marcamos de
almoçarmos os três junto por volta de meio dia e meia.

—Se eu te contar uma coisa você promete não falar ou comentar nada a
ninguém ? Nem com a Donna ? —Pergunto depois que o leilão dá um intervalo.

—Nem para a Donna ? Vou até me sentar que já sei que vem coisa. —Ele
se senta em uma das cadeiras ao ar livre para acompanhar o leilão. —O que foi ?

—Acho que estou gostando de alguém.

—O que ? —Ele rir. —Apaixonado você quer dizer ?

—Eu não sei se é isso ou uma atração forte demais, mas eu só tenho
pensado em uma mulher ultimamente.

—Louise o nome dela, né ? —Ele me olha e eu retribuo surpreso.
—Como você sabe ? Você não …

—Não, cara. Eu não transei com ela, mas ela é prostituta, irmão. Como
você pode está apaixonado por uma ?

—Eu não sei, Gary. Ela é diferente.

—Diferente como ?

—Ela não pensa em dinheiro e status como as outras que costumo sair.
Ela me desafia e me responde sem ter medo disso.

—Eu cheguei a ver isso uma vez. Ela é mesmo atrevida.

—Eu sei, mas eu gosto. Ela foi a única que já teve coragem de me
desafiar ferozmente. Ela é uma garota frágil, Gary.

—Não é difícil ver que você está mesmo apaixonado por ela. Só que olha
uma coisa, ela sai com vários outros cara além de você e cá entre nós, o Justin
também está pegando carona nesse ônibus.

—Nem me lembre disso! —Rosno. —Eu estava com uma proposta para
fazer a ela, mas não sei como fazer isso.

—Proposta ? Como assim ?

E eu lhe conto tudo que vem se passando na minha cabeça. Ele me escuta
atentamente e com uma cara desacreditada, mas deixa para falar somente quando
eu termino.

—Você está louco ? Está disposto a isso mesmo ?

—Pior que estou, mas pensando pelo lado positivo, talvez eu acabe
enjoando disso e descubra que é apenas uma puta de uma atração querendo foder
comigo.

—Isso é arriscado, até mesmo para mim.

—Foda-se! Eu vou fazer isso mesmo.

—E se você acabar se enrolando ainda mais ?

—Não vai acontecer.

—Está com você agora. —Ele ergue as duas mãos. —Só espero que não
caia na armadilha do seu próprio jogo.

—Não vou cair.

—Mas mudando de assunto. Na sexta eu estava olhando alguns sites
sobre as empresas que temos negócios e achei uma notícia vazada sobre a
empresa que a sua secretária trabalhava antes de ir para a Global.

—A Alana ?

—Ela mesmo.

—E o que tem isso ?

—Bom, o que descobri não foi nada legal.

—Como assim ? —Pergunto e ele saca o celular do bolso. A notícia já
está guardada nos marcadores e ele me dá para ler.

Depois de alguns minutos e depois de ler, não dá nem para acreditar no
que ela foi capaz de fazer.

—Que grande puta!
Capítulo 16

Benjamin

—Podemos ? —Pergunto oferecendo o braço para a Donna e ela enlaça o
seu no meu depois de fazer um breve cumprimento com o lindo vestido azul
marinho que está usando. Pego a chave enquanto ela procura a bolsa e saímos
em direção ao jantar.

Demora um tempo para chegarmos, já que o salão de festas não é tão
perto, mas valeu a pena. Pedi que a festa fosse bem organizada em cada detalhe e
assim que entramos, damos de cara com uma torre de taças de champagne. As
pessoas logo vêm nos cumprimentar e às vezes sinto como se fosse alguma
celebridade diante disso. Pior que sou mesmo.

A Donna toca meu braço e se afasta, coisa que ela faz sempre e já me
disse que não quer que eu sinta que estou tomando conta dela. Eu não me
importaria dela ficar ao meu lado o tempo todo, pois eu gosto mesmo da sua
companhia e além do Gary, é a única que eu sei que sempre é verdadeira comigo
e estará ao meu lado para o que for.

A maior parte do salão por cima é ao ar livre e assim podemos sentir o
clima agradável da noite. A festa já corre com uma música leve tocando ao
fundo e pessoas espalhadas por todos os lados com suas taças ou beliscando a
grande fartura de entradas disponíveis em cima de várias mesas. Ando alguns
passos olhando para todos os lados procurando algo específico e não preciso
rodar muito para achar.

Louise está parada perto da torre de taças e segura uma delas com a mão.
Minha respiração falha alguns segundos quando paro para admirá-la. Está
usando um lindo vestido de cetim prateado que deixa uma parte generosa e ao
mesmo tempo discreta da lateral dos seus seios a mostra, assim como suas
pernas. Que porra de vestido curto é aquele ? Uma gargantilha brilhante no seu
pescoço faz com que eu imagine cenas com ela ali e desvio o rumo dos
pensamentos para não ficar de pau duro no meio de todo mundo.

Meus olhos sobem em direção ao seu e sinto que tremo uma única vez ao
lhe ver olhando diretamente para mim. Ela sorri de lado em uma maneira
inocente que me faz querer levá-la daqui e a guardar somente para mim. É um
pensamento de sádico, mas não é crime pensar.

—Olá. —Me aproximo dela e ela sorri tímida.

—Olá, Senhor Connor.

—Estava te procurando. —Digo na lata e ela sorri satisfeita dessa vez.

—Por quê ?

—Queria ter certeza que você viria.

—Eu vim.
—Isso é bom!

Ela toma um gole do seu champagne e a vejo acenar para alguém com a
cabeça. Quando olho na mesma direção, vejo sua amiga comendo as entradas da
mesa. Por uns segundos paro para pensar sobre o que teria acontecido se eu
tivesse a “escolhido” em vez da Louise.

Simples, eu voltaria no dia seguinte e sairia com ela, pois foi ela quem
chamou minha atenção desde o primeiro momento.

—Estou nervosa por estar aqui.

—E está linda também. —Digo e vejo suas bochechas ficarem rosadas.
—Você tinha que estar aqui. Não seria o mesmo sem você.

—Acho que você não deveria falar dessa forma para mim.

—Por que não ?

—Porque …

—Senhor Connor ? —Escuto uma voz que já está se tornando irritante
atrapalhando outra vez e me viro.

A Alana está usando um vestido transparente comprido e que dá para ver
a parte de dentro, onde usa uma espécie de calcinha (ou short, não sei) preta e
um sutiã da mesma cor. Confesso que a roupa é atraente e chego a pensar nela na
minha cama, mas também penso no quanto ela está se tornando incrivelmente
chata e que já tenho quem eu preciso. Meu tesão por ela amolece na mesma
hora.

—Olá, senhorita Manson. —Sorrio mantendo a postura. —Está gostando
da festa ?

—Sim, estávamos todos esperando pelo senhor.

—Esperando por mim ? Quem ?

—Na verdade era eu. —Fala na cara de pau e me sinto perdido na frente
da Louise. Sei que não temos nada, mas não queria que ela soubesse do que
tivemos.

—Senhorita Manson, podemos conversar outra hora ?

—Claro. —Ela sorri e olha para a Louise. —Teremos muito tempo para
conversar. Até mais.

—Até. —Digo quando ela sai e me viro.

—Sua secretária é muito bonita. —Ela diz me olhando friamente e eu
não sei o que falar.
—Antes que você pense bobagens, eu e ela não temos nada. Acredita em
mim. —Entro em um mini desespero sem entender e parece que ela também não
entende.

—Você não me deve explicações de nada, Benjamin. Só acho que ela não
gosta muito de mim.

—A Alana não gosta de ninguém. Ainda nem sei como ainda a mantenho
na empresa. —Reviro os olhos já pensando em lhe demitir.

—Eu sei o porquê.

—Não, não foi isso que eu quis dizer e … você me deixa nervoso.

Ela sorri colocando a mão na frente do rosto.

—Olha o que você está fazendo. —Estendo minha mão e mostro que a
mesma está se tremendo. Ela segura e sinto meu estômago se contrair.

—Você está tremendo ? Por quê ? —Pergunta ainda rindo.

—Eu não sei.

—E está com a mão fria.

—É o que você anda fazendo comigo. —Digo olhando dentro dos seus
olhos e ela faz o mesmo.

—Boa noite, pessoal. —O Gary chega animado e põe o braço em volta
do meu ombro.

—Bom, acho que eu tenho que ir. — Louise diz.

—Não precisa … Louise seu nome, não é ? —Ele finge não saber o
nome ao certo como se fosse verdade.

—Sim. —Ela sorri parecendo surpresa, e eu começo a sentir … ciúmes ?

—Você foi muito bem na passarela, Louise. Ainda não tive tempo de
falar com você, mas está de parabéns.

—Muito obrigada, Senhor Montano. —Sorri muito mais tímida. Que
porra é essa ?

—O que aconteceu, Gary ? —Tento tirar a atenção dela sorrindo para ele
como se falasse que vou o matar depois.

—Não aconteceu nada, por quê ?

—Achei que tivesse algo para me contar.

—Já fez a proposta para os investidores ?

—Que proposta e que investidores ? —Pergunto sem entender e ele me
olha como se fosse óbvio.

—Achei que hoje pela manhã tivéssemos falado disso.

—Não faço a mínima ideia de que investidores você está falando.

—O que tem de cabelo tem de burrice também. —Diz e a Louise deixa
escapar uma risada, só então entendo o que ele quis dizer.

—Ah, lembrei.

—Olha que maravilha! E então ?

—Ainda não, mas falamos disso outra hora, pode ser ?

—Sim, só não demora muito senão vem outra empresa e faz antes de
você.

—Não seria problema para mim afundar qualquer empresa que se meta
nos meus negócios. —Pisco para ele e olho para a Louise que parece está se
divertindo com a conversa.

—Bom, eu vou dá uma volta. Até qualquer hora, Louise. Até, irmão.

—Até. —Falamos juntos e ele sai.

—Vocês parecem ser muito amigos. —Ela diz.

—Sim, por quê ? —Minha pergunta saiu mais estúpida do que eu queria
e ela me olha um pouco assustada. —Desculpa, não queria falar assim. Ele é
meu melhor amigo.

—Entendi.

—O que você estava falando mesmo antes da Alana chegar aqui ?

—Nada. —Se apressa em responder.

—Certeza ?

—Sim.

—Senhor Connor, com licença. —Outra pessoa chega e eu tenho vontade
de mandar para a puta que pariu, mas mantenho o controle e me viro dando de
cara com a Clara. Ontem mesmo fiquei sabendo que ela quem pisou de propósito
no vestido da Louise e a demiti. Não faço a mínima ideia do que ela faz aqui.

—Clara, que surpresa você aqui. Que eu me lembre eu tinha …
—Eu sei, mas eu vim conversar com você. —Olho para a Louise e a
mesma tem o rosto um pouco avermelhado. Tenho certeza que de vergonha não
é.

—Não temos mais nada o que falar, Clara. Se caso tiver faltando algo
relacionado a empresa, apareça lá na segunda.

—Não é isso é que … Podíamos falar em particular ?

—Não! Eu estou ocupado agora.

—Benjamin, eu vou lá com a Kim. — Louise fala.

—Não. Fica! —Peço quase implorando.

—Nos falamos outra hora. Boa festa, Clara. —Diz e sai. A outra nem
questão de responder faz e só solta um aceno quase invisível com a cabeça.

—O que você quer, Clara ? —Pergunto irritado. —Você já foi demitida!

—Eu sei, mas eu vim te pedir para me contratar novamente.

—Não tem volta! O que você fez no desfile foi muito grave e por pouco
não arruína toda a noite.

—Eu só estava com raiva por ela ter tomado meu lugar. Me desculpa. É a
minha carreira!

—Ninguém tomou seu lugar, Clara! Mesmo com a Louise você ainda
tinha alguns passos a frente, mas preferiu se rebaixar. Minha empresa não é lugar
de disputa imbecil e além disso, também fiquei sabendo das implicâncias de
você e das outras modelos com ela só por ela não ser como vocês.

—Ela nem é modelo.

—Cala a boca! —Digo tentando não gritar. —Olha, aproveita o jantar,
mas você não vai ter mais sua vaga de volta. Ela já vai ser preenchida.

—Por quem ?

—Isso já não te diz respeito.

—Me deixa voltar e eu prometo não fazer mais. Eu preciso muito desse
emprego, Senhor Connor.

—Deveria ter pensado nisso antes. —Pego uma taça da torre. —Com
licença. —E saio.

Volto a procurar a Louise novamente, mas não a acho até a hora do
jantar. Entramos para a parte coberta do salão e todos se reúnem em volta da
enorme mesa. Acho a Louise sentada ao lado da Kim e de Justin e quando a
olho, ela não está com sua melhor expressão para mim. Eu sei que ela ficou
chateada com a aparição da Clara, mas eu nem sequer sabia que ela estava na
festa. O lado bom é que sempre que a vejo com ciúmes, tenho certeza que ela
gosta mesmo de mim. Continuo a encarando e ela logo desvia o olhar para
prestar atenção a algo que o Justin fala.

O jantar começa animado e em um clima agradável. As pessoas são
servidas pelos garçons, enquanto o assunto principal é sobre o desfile e fico sem
jeito sempre que começam a me agradecer pela oportunidade, por ser o “melhor”
patrão e essas coisas. A Donna e o Gary estão em cada um do meu lado e fico
aliviado quando eles tomam a palavra e são o centro das atenções dessa vez.

Olho para a Louise e ela está focada em comer os camarões tigres que
estão no seu prato, o que me faz rir e ficar admirando sua inocência e doçura. O
Justin também a admira e tem a vantagem de estar mais perto, então pode a tocar
e beijar seu rosto do jeito que está fazendo agora. Sem querer, sigo o seu olhar
que cai diretamente na Alana e a mesma sorri de lado. Volto a lhe olhar e ele
desvia o olhar dela, sorrindo fraco para Louise.

Não é difícil supor (e acertar) do caso que eles também devem ter e eu
penso que talvez dois coelhos se vão. Ele fica com a Alana e ela sai do meu pé,
enquanto eu fico com a Louise apenas para mim.

—Um brinde a Global Connor´s! —Saio dos meus pensamentos quando
escuto a voz do Gary e todo mundo levanta suas taças. Eu pego a minha e
também levanto, então brindamos.

—Então Louise, assinou contrato com a empresa ? —A Alana pergunta
fingindo um interesse que ela com certeza não tem e a bochecha da Louise fica
corada quando a atenção se volta para ela. Ela olha para mim como se buscasse
uma resposta e eu também não sei o que dizer.

—Não … Eu não assinei nada. —Sorri tímida.

—Mas você foi tão boa naquela passarela. Eu tenho até que me desculpar
por ter sido tão rude com você.

A Louise logo nota que a Alana está tramando algo. Sua feição não é
difícil se descrever.

—Obrigada, Alana. De verdade.

—E do que você trabalha enquanto não estava aqui conosco ? —Ela
levanta a taça de vinho apoiando o cotovelo em cima a mesa e sinto meu maxilar
se contrair.

Ela descobriu tudo.

Merda!

—Eu …
—Senhorita, Madson, você está deixando a Senhorita Hansen
envergonhada. —Intervenho e todos me olham. —Ela não é o tipo que busca
desesperadamente pelos holofotes.

—Sério ? É que ela desfilou tão confiante, recebemos tantas propostas
por ela que é difícil acreditar que ela nunca desfilou antes.

—Eu não desfilei antes. Fico feliz com o reconhecimento de vocês. —
Ela continua tensa.

—Não agradeça, querida. Só tenho uma curiosidade.

—Guarde suas curiosidades para você. —A Kim fala e eu estou vendo a
hora dela pular em cima da Alana, o que não seria uma má ideia.

—Alana, deixe-a sossegada, por favor. —O Justin fala e ela sorri ainda
mais de lado.

—Por que ? Todo mundo quer saber sobre a vida da nova estrela. —Se
vira novamente para a Louise. —Como é a vida nas calçadas da vida, Senhorita
Hansen ?

—Alana, chega! —Coloco meu guardanapo em cima da mesa e todo
mundo me olha temente.

—Qual é a de vocês ? Por que não querem que todo mundo saiba que a
Senhorita Hansen é uma prostituta ?

Todo mundo começa a cochichar com sua revelação e olhares apontam
para a Louise de forma desprezível e acusatória. Me viro na sua direção e seus
olhos estão se enchendo de lágrimas. Meu peito aperta quando a vejo olhar para
todos os lados sem saber o que fazer.

—Creio que a vida pessoal da Senhorita Hansen não diz respeito a
ninguém que não seja ela mesmo. —Tento intervir, mas o circo já está armado e
se continuar, vai acabar pegando fogo.

—Também acho que não, mas ter uma prostituta a ponto de tomar o lugar
das modelos mais qualificadas é um tanto quanto injusto. O lugar dela não é
aqui! —Ela a olha com ódio e Louise se levanta sem deixar as lágrimas caírem e
sai da mesa praticamente correndo.

—Louise, espera! —O Justin se levanta e vai atrás dela, mas antes se vira
para todos na mesa. —Ontem ela foi a melhor naquela passarela e conseguiu
mais visão para a empresa do que qualquer uma das outras modelos mais
“qualificadas”. Agora todos a olham assim só porque ela é prostituta ? Vocês são
um bando de hipócritas! —E sai chamando pelo seu nome.

—Eu vou te matar, sua puta! —A Kim sobe por cima da mesa
derrubando tudo e agarra nos cabelos de Alana enquanto os que estão em volta
se afastam.
—Chega vocês duas! —Corro na direção de ambas e as separo com ajuda
de Gary. A Kim está completamente transtornada querendo a todo custo
arrebentar com a Alana.

—O que você está fazendo aqui também, sua selvagem ? Você também é
apenas uma prostituta e devia estar fora desse lugar. —A Alana berra tentando
arrumar os cabelos completamente bagunçados e a Kim acaba se soltando. O
tapa no seu rosto é alto e certeiro fazendo até a minha cara arder também. Eu
volto a lhe segurar.

—Você pode me chamar do que quiser, sua vadia, mas você errou feio
quando mexeu com a Louise. —Ela grita entre dentes tentando ir para cima dela,
mas eu não deixo.

—Kim, calma!

—Eu vou destruir você, sua piranha! Me solta, Benjamin. Eu te mato
também se você não me soltar. Me solta, seu filho da puta!

—Calma, caralho!

—Eu vou embora. Me solta!

A solto ainda relutante e ela pega um copo de vinho em cima da mesa
jogando na cara da Alana. Sobra até para mim, sujando minha roupa com
respingo e ela só então ela sai. Todos da mesa ficam pasmos com o que
aconteceu, inclusive eu.



Louise

—Lou, desculpa por isso. —O Justin fala me abraçando enquanto eu
choro feito uma criança. Eu não queria chorar, mas a humilhação foi maior do
que eu pensei. Não consigo nem falar.

—Amiga. —A Kim chega e eu saio dos braços do Justin e vou para ela,
que me abraça de forma confortável.

—Me leva embora daqui, por favor.

—Tudo bem. —Ela diz fazendo carinho na minha cabeça.

—Eu posso levar vocês.

—Não precisa, Justin. —Me viro para ele. —É melhor você ir, ou pode
se prejudicar.

—Eu não me importo.

—Nós vamos de táxi. Pode deixar. —A Kim fala por mim e eu vou até
ele.
—Obrigada por me defender. —Digo e beijo seu rosto. A Kim me abraça
pela cintura e saímos.

Não consigo nem olhar para a Kim tamanha a vergonha que estou
sentindo, mesmo ela sendo minha melhor amiga e não ter nada a ver com o que
aconteceu. O que mais me dói nisso tudo não é nem a humilhação em si, pois
não foi a primeira e nem será a última, mas ver que o Benjamin viu aquilo tudo e
não fez praticamente nada. Por um tempo eu achei que ele fosse diferente.

—Eu bati na Alana. —A Kim fala enquanto estamos dentro do táxi a
caminho de casa.

—Não precisava. —Tento sorri e pego na sua mão.

—Claro que precisava. Se alguém quiser te fazer mal, tem que passar por
cima de mim primeiro!

—Eu te amo. —Digo sentindo as lágrimas inundarem meus olhos
novamente.

—Eu também te amo. —Ela me abraça e eu volto a chorar com a cabeça
no seu peito.



Benjamin

Como o esperando, o jantar acabou no momento que a festa tinha se
tornado aquela bagunça. Muitas das pessoas já tinham ido embora depois de
falarem qualquer coisa comigo e eu estava tremendamente arrependido por não
ter ido atrás da Louise. Meu peito dói só de imaginar o estado que ela devia
estar.

—Está tudo bem ?

—Eu quem vou destruir a Alana! —Respondo quando o Gary chega ao
meu lado e põe a mão no meu ombro. Ainda não fui embora, porque estou
esperando a Donna terminar de falar com algumas pessoas.

—Tem lá calma com o que você vai fazer, irmão.

—Eu tenho vontade de a esganar!

—Não vai fazer nada que possa se arrepender depois.

—Não vou.

—Eu vou te esperar.

—Não precisa, Gary. Vai para casa porque pegamos no batente amanhã
cedo.

—Certeza ?
—Sim, mas me faz um favor.

—O que você quiser.

—Abre novamente a vaga de secretárias.

—Pode deixar. —Diz e sai depois de dar tapinhas no meu ombro.

—Senhor Connor. —Escuto a voz da Alana atrás de mim. Depois que ela
saiu para se limpar, achei que já tivesse ido embora também.

—O que você quer, Alana ? —Pergunto sem me virar e ela vem para
minha frente.

—Eu sinto muito pelo que aconteceu. Eu perdi a cabeça e faço tudo o
que você quiser para me redimir.

—Está demitida!

—O quê ? —Ela parece desacreditada. —Não me demite, por favor. O
senhor não pode fazer isso!

—Sai da minha frente antes que eu faça pior do que te demitir.

—Como assim ?

—Você acha que eu não sei da merda que você fez antes de ir para a
minha empresa ? —Tiro meu celular do bolso e jogo para ela. O mesmo cai no
chão e não me importo. Ela apenas apanha e ler o que está na frente.

—Isso é um engano! —Sua voz sai trêmula.

—Engano que você quase destruiu a vida de um homem de bem o
acusando de estupro ?

—Ele me assediou!

—Não assediou porra nenhuma! —Grito e agarro no seu braço a levando
para um lugar mais privado. —Você foi trocada por outra e não aceitou, não foi ?
O acusou de assédio depois dele cansar de te dar mais mordomias que dava
antes, não é verdade ? Você é só mais uma interesseira disfarçada de boa
menina!

—Agora entendo o motivo de você está assim —Ela sorri sínica. —Você
também anda comendo a prostituta.

—Limpa a porra da sua boca quando for se referir a Louise! —Rosno me
controlando para não fazer merda.

—Por quê ? Vai me bater ? Bate então! Bate e você recebe um processo
na sua mesa amanhã mesmo.
—Vontade não falta, pode ter certeza, mas a Kim já fez isso lá dentro. —
A solto em um empurrão. —Agora sai da minha frente.

Passo por ela e a sinto agarrar meu braço.

—Por favor, Benjamin. Não faz isso!

Puxo meu braço e antes de sair a encaro com nojo.

—A Louise pode ser o que for, mas foi você quem agiu como uma
prostituta de quinta. Amanhã passe no RH para pegar suas coisas e depois disso
não quero mais te ver na minha frente.
Capítulo 17

Louise

Depois do que aconteceu no jantar, eu não vi mais o Benjamin. Ele me
procurou e me ligou demonstrando como estava se sentindo, mas eu não atendi
nenhuma vez. Mesmo ele tendo tentado impedir que a Alana continuasse, não foi
ele quem veio atrás de mim. Eu sempre soube que seu emprego e reputação eram
mais importantes que eu e tinha consciência de que não podia lhe julgar por isso,
mas continuava sendo dolorido.

O Justin ainda estava atrás de mim, mas depois do que aconteceu,
conversei com ele e preferi cortar o que tínhamos. Ele tinha me defendido e
mostrado que se importava mesmo comigo, mas eu não estava mais com cabeça
para continuar com aquilo. Fiquei ainda mais surpresa quando ele propôs de
sermos apenas amigos.

—Cheguei! —A Kim fala chegando em casa por volta da meia-noite.

—Olá. —Digo atenta a um seriado na TV.

—Ele foi lá atrás de você de novo. O cara parece mesmo apaixonado.

—Apaixonado ? —Dou uma gargalhada. —Ele só quer transar, Kim.

—Acha que se fosse só isso ele ainda estaria insistindo em você ? Lou,
você não é a única prostituta que existe em Boston, e se fosse apenas isso, ele já
teria ido atrás de outra. —Eu fico uns instantes calada, mas não dou o braço a
torcer.

—Uma hora ele cansa.

—Acho que não. —Ela mexe na bolsa e me entrega uma espécie de
envelope personalizado. Ele é preto com uma máscara dourada em destaque no
lado direito.

—O que é isso ?

—Ele foi lá para te entregar isso.

Ao ler tudo, vejo que é um convite para um baile de máscaras organizado
pela empresa Connor’s associada com a de um amigo dele. O meu nome está
claramente impresso no nome do convidado.

—Sem chances! —Falo colocando-o de lado.

—O quê ?

—Eu não vou para essa festa, Kim! Não depois do que aconteceu
naquele jantar.

—Não acredito que você vai deixar se abater pelo que aquela piranha
ruiva te fez. Afinal de contas, ela nem trabalha mais lá e a festa não vai ser na
empresa dele.
—Eu sei, mas é meu orgulho que está em jogo. O Benjamin vai achar
sempre que pode me comprar com essas festas chiques que a empresa dele dá.
Eu não vou!

—Tudo bem. —Ela fala tentando sorrir, mas falha. Vejo que ela estava
animada para ir e me dói ao saber que estou destruindo isso.

—E mesmo se eu fosse, não iria sozinha. Você não recebeu um convite
também e se você não for, eu também não vou.

—Quem disse que eu não recebi ? —Ela tira outro envelope igual da
bolsa e sorri faceira.

—Você também ganhou ? —Tomo da sua mão e leio seu nome também
impresso.

—Claro! —Ela dá uma pausa. —Eu, na verdade, acho que ele me
convidou para garantir que você também fosse e está apenas me usando, mas não
me importo. —Dá de ombros me fazendo ri.

—Você é louca! Enfim, já está na hora de eu ir dormir. —Me levanto e
vou na direção do meu quarto.

—Mas você vai então ? —Paro de andar e me viro para ela. A vejo com
uma cara esperançosa.

—Teremos que achar duas belas máscaras. —Pisco e ela comemora
satisfeita.

(…)

Pode parecer loucura, mas tive um pouco de saudades de ir trabalhar com
a Kim. Talvez seja uma espécie da Síndrome de Estocolmo me atacando, mas
confesso que senti. No tempo que eu estava saindo sempre com o Justin, quase
não estava indo para o nosso ponto. Primeiro porque mal tinha tempo, já que ele
sempre ia lá antes de qualquer outro e saímos para qualquer lugar. E segundo
porque ele também não queria que eu continuasse nas ruas, e para “amenizar”
isso, basicamente, me comprava somente para ele, o que cá entre nós, custava
muito e eu chegava a ter pena do seu bolso.

Agora acho que senti saudades por causa da minha liberdade e
independência. Mesmo que um dia eu queira alguém para viver o resto da vida,
eu sei que o Justin não é essa pessoa. Mesmo que não quisesse, eu sentia como
se tivéssemos uma relação mais séria e não me sentia confortável com isso. Que
ele não ouça isso, mas estou aliviada por ter acabado.

No mesmo dia que a Kim chegou com o convite do baile de máscaras,
meu celular tocou por volta da uma da manhã.

‘’Quem é o desocupado ?’’ Penso comigo mesma tateando o móvel para
achar o celular e o atendo sem olhar a tela. —Alô.

—Louise ? —A voz do outro lado me faz acordar de uma vez. —Estava
dormindo já ?

—Benjamin ? São uma da manhã. —Digo olhando o horário no canto da
tela.

—Desculpa. Eu queria esperar para ligar amanhã, mas não estava
conseguindo dormir.

—Sim, o que quer ?

—Você ainda está chateada comigo ?

—Eu não estou muito a fim de conversar. Se você não tem sono, eu
tenho. Boa noite. —Desligo a chamada e volto a deitar, mas o bendito toca de
novo e eu atendo.

—Por que desligou na minha cara ? —Ouço a voz grave de Benjamin.

—Porque eu quis! Quer falar logo o que você quer ?

—Você nem tem 25 anos e já está rabugenta. —Ele ri e eu acabo rindo
também.

—Vai tomar no seu cú, antes que eu me esqueça.

—Que boca podre!

—Fala logo!

—Eu só queria saber se você recebeu o convite ? —Sua voz fica mais
serena.

—Sim.

—E você vai ?

—Não. —Minto e o escuto suspirar do outro lado.

—Eu queria muito que você fosse.

—Por que ? Nenhuma outra modelo mais qualificada que eu vai estar lá
para satisfazer seus desejos e você me procurou ?

—Por que sempre brigamos quando nos falamos ?

—Porque você é um estúpido de merda que não me deixa em paz.

—Eu acho que é por outra coisa.

Escuto o barulho da janela do meu quarto, que fica quase em cima da
cama, se abrindo. Quando abro minha boca para gritar, sinto uma mão grande a
tampando. Me esperneio na cama tentando me soltar das mãos da pessoa alta que
não consigo identificar, além da silhueta. Acerto sua cara com o celular que está
na minha mão e mordo a mão firme que está me agarrando.

—Sou eu, sua maluca. Porra!

Acendo as luzes e vejo o Benjamin com a mão no rosto. Ele está todo
vestido de preto e os cabelos estão presos em um coque.

—Benjamin ? O que você está fazendo aqui ?

—Quem mais poderia ser ? Você me acertou feio. —Esfrega a testa
fazendo careta.

—Bem feito! Isso é jeito de entrar no quarto dos outros ?

—Achei que você ia gostar de me receber.

—Senta aqui. Deixa eu ver isso. —O puxo pela mão e o sento na cama.
Me encaixo entre suas pernas e levanto seu rosto para olhar sua testa que está
vermelha com a pancada. —Acho que vai ficar um galo feio.

—Com essa pancada que você me deu, é lucro eu não ter entrado em
coma.

—Não exagera. —Dou uma gargalhada e tento me afastar, mas ele me
puxa de volta pela cintura. —O que veio fazer aqui ?

—Não é óbvio ? —Nossos olhos se encontram e sinto os seus emanar
lascívia.

—Não, Benjamin. É melhor você ir embora. —Me afasto.

—Por quê ?

—Porque isso não está certo. —Cruzo os braços.

—Você pensa demais. Acaba por perder as coisas boas da vida.

—Como se eu ainda tivesse algo para perder.

—Eu não insinuei isso. —Fala em um tom culpado e se levanta vindo na
minha direção, mas eu me esquivo.

—É melhor você ir para sua casa. Eu preciso acordar cedo.

—Pra quê ?

—Vou atrás de um emprego novo.

—Eu posso te arrumar um emprego na empresa, Louise.

—Você acha mesmo que eu vou trabalhar lá sabendo que oitenta
porcento dos seus funcionários me odeiam ? Nem pensar!

—Então posso arrumar em outro lugar. Eu tenho muitos contatos e você
poderia até deixar de trabalhar do que trabalha.

—Não, Benjamin. Muito obrigada, mas eu sou capaz de fazer isso
sozinha. Pode ir embora agora ?

—Não. —Ele me encurrala na parede e aproxima os lábios do meu rosto.
Eu já fecho os olhos achando que vou ser beijada, mas sinto seus lábios roçarem
meu pescoço. —Você não quer que eu vá embora. Admite.

—Na verdade quero. —Passo por baixo do seu braço e sem esperar, sou
jogada na cama por ele e seu corpo fica em cima do meu.

—Certeza ? —Volta a roçar os lábios no meu pescoço. Suas mãos passam
pela lateral do meu corpo e chega até meus seios. Os bicos já estão marcados em
cima da camisola de cetim e quando ele o segura com os dedos, sinto minha pele
arrepiar.

—Sim, eu … —Tento falar mas o tesão começa a me consumir.

—Você me quer. Me quer bem dentro de você. —Ele se encaixa entre
minhas pernas e eu o agarro com elas.

—Por favor, Ben …

—Por que não admite que você não resisti a mim ? —Segura meu cabelo
e eu abro os olhos. Ele olha no fundo deles e morde meu lábio inferior.

—Porque você está me deixando perdida.

—Você está fazendo o mesmo comigo. —Sua voz é rouca. Ele abaixa um
pouco da minha camisola deixando um seio para fora. —Seu corpo me deixa
completamente perdido e eu gosto disso. —Ele mordisca o bico enquanto segura
com a mão grande e eu agarro seu cabelo soltando um gemido.

Sinto minha pele aquecer rapidamente e ele se afasta apenas para tirar a
camisa que está usando. Fico olhando seu tronco nu e me sento quando ele
começa a tirar a calça jeans. Seu pau está duro debaixo da cueca também preta, e
a essas alturas minha sanidade já está em outro plano.

Ele sorri de lado ao notar que eu o admiro e começa a subir lentamente
para a cama. Eu vou me afastando à medida que ele vai chegando perto e acabo
me encostando na cabeceira. Ele para meio que de joelhos na minha frente e me
puxa pelas pernas para ficar deitada. Sua mão pega um dos meus pés e ele
começa a beijar o meu tornozelo e meus dedos.

Minha calcinha já está completamente molhada e eu sinto minha boceta
pulsar quente. Ele sobe e deita ao meu lado com o braço acima da minha cabeça
e o cotovelo apoiado na cama. A meia luz do quarto faz nossos rostos ficarem
uma parte na escuridão, mas eu posso ver muito bem sua feição de desejo.

Ele vai subindo a mão pela minha coxa e eu tomo a iniciativa de o beijar.
Ele retribui e me sinto nas nuvens ao sentir o gosto dos seus lábios. Ele deixa
uma parte do seu peso em cima de mim, mas só o que eu consigo sentir é um
tesão incontrolável. Sua barba roçando no meu queixo deixa tudo mais quente e
quase gozo quando seus dedos avançam entre minhas pernas e afastam minha
calcinha.

—Hum … —Gemo e ele sorri no meio do beijo.

Seus dedos continuam a avançar e ele brinca com meu clitóris por
debaixo da calcinha. Eu mexo os quadris querendo mais e gemo dentro da sua
boca quando ele me invade com um dedo. O movimento de vai e vem é delicioso
e o puxo mais para mim quando ele enfia mais um dedo.

—Está gostoso ?

—Muito.

—Eu adoro sentir essa boceta apertando meus dedos. —Chupa meus
lábios e aumenta a velocidade. Eu penso em gemer alto, mas a Kim dorme no
quarto ao lado e essas paredes não são tão silenciosas assim.

Minhas bochechas começam a pegar fogo e eu sinto que estou perto de
gozar. Ele também percebe e enfia um terceiro dedo. Seu corpo quente colado ao
meu e seus lábios me beijando foram o pico para eu começar a ter espasmos e
me sentir escorrer pelos seus dedos.

—Melhor gosto que já provei. —Fala tirando os dedos de mim e
chupando um por um. Ele tira minha calcinha e depois de cheirar, a joga no
chão.

—Eu quero te sentir dentro de mim, Benjamin.

—E vai sentir. —Ele fica entre minhas pernas e vai subindo minhas
coxas com beijos. Chegando na virilha, eu já sinto a pele sensível ainda
pulsando. Ele pega cada uma das minhas pernas me deixando bem aberta na sua
direção. Arqueio quando ele cospe em cima da minha boceta e dá um tapa na
mesma sorrindo maliciosamente para mim. Ele tira a cueca rapidamente e seu
cacete salta imponente para fora. Lambo os lábios já o imaginando todo na
minha boca, mas ele tem outros planos.

—Tem preservativo ? —Pergunta e eu sorrio pegando um na minha
gaveta do criado mudo ao lado da cama. Ele ameaça pegar da minha mão, mas
eu faço que não com o dedo.

—Eu coloco. —Tiro minha própria camisola e dessa vez sou eu quem me
encaixo entre suas pernas. Seu pau apontado fixamente para cima me dá água na
boca e eu seguro com uma das mãos. Começo a masturbá-lo sem pressa e passo
a língua de baixo para cima por toda a extensão. Ele solta um gemido e eu
aproveito para chupar suas bolas. Ele agarra nos meus cabelos controlando meus
movimentos e me tira pouco depois.

—Mesmo que eu adore sua boca, você vai acabar me fazendo gozar
assim. —Sua voz sai rouca e eu sorrio quando ele me puxa para seu lado. Ele
mesmo põe a camisinha. —Hoje quero te foder de ladinho.

Eu deito com as costas na cama e ele sorri sabendo que não terá sua
ordem negada. Ele pega minha perna esquerda e levanta para o alto. Logo, sinto
seu pau alisando minha entrada que já está molhada pedindo por ele. Sua
primeira intenção é me maltratar, e ele está conseguindo, pois ri quando eu me
mexo tentando fazer com que ele coloque logo. Ele alisa minha perna levantada
e beija meu queixo. Eu puxo seus lábios quando sua boca se encontra com a
minha e sinto seu pau entrar em mim lentamente.

Seu mastro entrando e saindo de mim é uma das melhores sensações que
existem e eu imploro pela sua boca, coisa que ele não nega em me dá. Sua língua
entra dentro de mim e nosso beijo é molhado. Sua mão desce da minha perna e
vai até meu clitóris, massageando meu ponto de prazer.

—Você vai me fazer gozar de novo.

—É minha intenção. —Diz no meu ouvido e minha boceta começa a se
contrair quando ele aperta minhas dobras contra meu botão.

—Eu vou …

—Goza no seu pau, gostosa. Anda! —Ele continua com os movimentos
tanto dentro de mim quanto no meu clitóris. Nossas carnes se chocam fazem um
barulho alto, mas realmente não me importo. Finalmente gozo me contorcendo
em cima do seu pau e ele aperta forte minha cintura me controlando.

Ele faz com que eu me levante e me sente de frente para ele, em cima das
suas pernas. Dobro meus joelhos e pouso minhas mãos no seu peito enquanto ele
continua socando lentamente na minha boceta. Nossos olhos estão cruzados e o
beijo com vontade. Abraço seu pescoço e agarro seus cabelos não querendo que
ele saia de dentro de mim tão cedo.

—Não briga comigo, mas não vou aguentar por muito tempo. Faz dias
que não me masturbo ou transo com alguém. —Diz com um meio sorriso.

—Está falando sério ?

—Sim.

Sinto meu coração acelerar e ele aperta minha cintura, me fazendo subir
e descer. Eu começo a beijar seu pescoço e morder sua orelha para lhe deixar
ainda mais louco, mas é ele quem me deixa louca quando agarra um punhado de
cabelos meus e puxa forte fazendo eu inclinar a cabeça para trás. É olhando
dentro dos meus olhos que ele goza com o pau dentro de mim.
Saio de dentro dele e deitamos lado a lado na cama. Puxo o lençol para
cobrir meu corpo e ele aproveita para se meter dentro também.

—Como você achou meu apartamento ? —Pergunto olhando para o teto
e mesmo assim o vejo se virando para mim.

—Não foi difícil. —Responde e sorrimos. Eu me viro para ele e sinto um
frio no estômago ao encarar seus olhos.

—Eu senti sua falta. —As palavras saem da minha boca e vejo o quanto
ele ficou surpreso com minha revelação. Espero ele falar o mesmo, mas continua
apenas me encarando como se eu tivesse falado algo que ele não queria ouvir.

A vergonha toma conta de mim e me viro de costas para ele.

—Eu também senti sua falta. —Diz e mesmo que eu tenha ficado feliz,
não me viro. Parece que ele disse apenas para não me deixar magoada.

—Não precisa mentir, Benjamin.

—Não estou mentindo —Me faz virar para ele. —Por que você adora
tirar conclusões precipitadas ao meu respeito ?

Dou de ombros e ele continua:

—Eu gosto de você.

—Não da forma que eu gosto.

—E como você gosta ? —Pergunta sério, mas não tenho coragem de
assumir o quanto estou perdidamente apaixonada por ele, embora tenha certeza
que ele já pode perceber isso, então o beijo como resposta e me viro novamente.

—Boa noite, Benjamin. —Cubro meus ombros e alguns segundos depois,
o sinto se ajeitar na cama. Meu corpo fica tenso e me surpreendo quando ele
passa o braço por baixo do meu pescoço e me abraça por trás.

—Boa noite, Louise.

(…)

Acordo esperando encontrar o Benjamin ao meu lado, mas a cama não
tem mais ninguém além de mim. Vejo que suas roupas não estão no chão e as
minhas estão delicadamente dobradas em cima da poltrona. Dou um sorriso ao
lembrar da noite passada e vejo um bilhete em cima do criado mudo debaixo do
meu celular.

“Adorei a noite, mas adoraria ainda mais te encontrar no baile de
máscaras. Por favor. B”

Sorrio novamente. Se eu ainda tinha dúvidas de que iria a este baile, elas
acabaram de ir embora.

—Bom dia. —Digo saindo do quarto e indo tomar o café da manhã. Dou
um beijo na bochecha da Kim que está sentada na cadeira e ela me olha curiosa.

—Essa felicidade toda é porque o Benjamin dormiu aqui esta noite ?

—Como você sabe ? —Pergunto surpresa.

—Porque eu já estava acordada quando ele saiu.

—Sério ? Ele disse algo ?

—Só me deu bom dia com um sorriso suspeito demais para não estar
apaixonado e me fez prometer que te convenceria a ir para o baile de máscaras.
—Reviro os olhos sorrindo e me sento na mesa.

Depois do café, decidimos fazer uma faxina geral no apartamento e
passamos quase a manhã inteira e parte da tarde nisso. Acabamos por volta das
três horas exaustas.

—Eu não aguento mais. —Ela fala quando estamos jogadas no sofá.

—Eu também não. Ainda bem que acabamos.

—Que acha de irmos comprar nossas máscaras ?

—Agora ? Estou morta!

—Sim. Aproveitamos e jantamos na rua. Não estou a fim de jantar em
casa.

—Só porque é sua vez de preparar, não é ?

—Também. —Dá de ombros sorrindo. —Vamos ?

—Sim, saímos dentro de uma hora.

Fomos tomar banho e eu vesti uma roupa confortável para sair. Ainda
não sabia onde encontraríamos máscaras, mas a Kim jurava saber o lugar certo.
Depois de pegarmos nossas coisas, saímos do apartamento, mas paramos ao ver
duas caixas na porta.

—O que é isso ? —Pergunto olhando para a Kim.

—Deve ser uma bomba. —Fala parecendo tensa. —Vamos abrir. —Se
abaixa para conferir a caixa. —Tem nossos nomes.

—E de quem é ?

—Não sei, não tem remetente.

—Vamos trazer para dentro. —Digo a ajudando e voltamos para dentro
do apartamento.

—Não sei como não fomos roubadas.

Abrimos nossas respectivas caixas e ao olhar dentro da minha, me
deparei com uma máscara prateada com várias pedras brilhantes em toda
extensão, mas uma vermelha em especial se destaca no meio da testa, na linha do
nariz. Ela tinha um suporte para segurar.

E eu tive certeza de quem havia mandado.

—Que lindas! —A Kim fala eufórica tirando a sua da caixa. A dela é
dourada com alguns desenhos de linhas como se fossem ventos e tem uma pedra
preta em uma das laterais.

—Foi o Benjamin. —Digo sorrindo de lado.

—Claro que foi! Deixa eu ver a sua. —Toma da minha mão. —O cara
tem bom gosto.

—Tem mesmo, mas ainda vamos sair.

—Por quê ?

—Eu vou comprar minha própria máscara.

—Não gostou da sua ? Podemos trocar se quiser.

—Não, eu adorei! Só estou pensando em outra coisa para a noite de
amanhã.

—Pela sua cara é coisa boa. Me conta logo!

—No caminho. —Digo e saímos novamente depois de colocar as
máscaras na caixa e fechar o apartamento.

Como a Kim disse, ela conhecia mesmo uma loja de fantasias e tinha
uma área repleta de máscaras para um baile assim. Ficamos admiradas com a
diversidade de modelos, mas me apaixonei por uma logo de cara. Ela era
dourada e preta com glitter espalhado por todo o lugar. Um dos lados era mais
liso nas bordas, e o outro era como se fosse o desenho da asa de uma borboleta
negra onde ficava o suporte para segurar. Havia algumas pedrinhas em cima da
parte do olho e eu decidi levar. A que o Benjamin mandou com certeza vale bem
mais do que esta e também é tão bonita quanto, mas não quero que ele me
reconheça assim que eu pisar lá. Irei o surpreender da minha forma.

Eu e a Kim ficamos batendo perna até a hora do jantar e aproveitamos
para assistir um filme no cinema. Nos demos ao luxo de voltar para casa tarde e
não ir trabalhar hoje, então assim que chegamos em casa, fomos direto para
nossos quartos descansar.

Assim que entro no quarto com minha caixa, a pego e fico olhando seus
detalhes. Parece que foram criadas com zelo e dedicação, me deixando tentada a
ir com ela, mas a guardo novamente antes que mude de ideia. Olho para a janela
do quarto lembrando do que o Benjamin fez na noite passada e sorrio me
deitando enquanto olho para a outra máscara em cima da poltrona.
Capítulo 18

Louise

Me olho no espelho, depois de dar o toque final com algumas borrifadas
de um perfume meio doce e meio amadeirado no corpo, fico satisfeita com a
imagem que ele reflete. Estou usando um vestido vermelho duplo de frente
única. A parte de baixo é em renda com alguns bordados e vai até um pouco
acima dos joelhos. Há uma espécie de cinto dourado agarrado na cintura que
ajuda a segurar a segunda parte, que é uma única e comprida camada
transparente de seda com uma fenda em uma das pernas e que passa dos meus
pés. Coloquei meias de vidro por força do hábito e calcei um salto nude fino com
tira no tornozelo.

Nos cabelos eu estava indecisa sobre o que fazer desde a hora que
acordei, mas a Kim me ajudou e acabamos escolhendo deixá-lo solto para o
lado. A maquiagem ficou mais básica do que todo o resto. Coloquei um batom
também nude, uma sombra clarinha, curvei os cílios e só abusei um pouco no
delineador. No final, ficou perfeito.

—Acho que o Benjamin vai ter um difícil trabalho em te reconhecer. —A
Kim fala quando nos encontramos na sala. Ela está usando um vestido mullet
branco com o decote que vai até a barriga, um salto também preto e os cabelos
estão presos em um coque com alguns fios soltos.

—Assim eu espero. —Sorrio.

—Não vai ficar triste se por um acaso ele beijar outra achando que é
você.

—Vamos logo antes que você estrague a noite antes dela começar. —
Digo e ela dá uma gargalhada. Volto no quarto para pegar minha máscara e Kim
também pega a sua. Pegamos nossas bolsas e saímos do prédio depois de trancá-
lo e conferir se ele está realmente fechado. Se o Benjamin conseguiu entrar,
qualquer um também consegue.

O lugar onde ia acontecer a festa não era nada perto, e pelas nossas
contas, demoraríamos cerca de uma hora e meia para chegarmos lá, então, o
ônibus certamente não era uma opção. Pedimos logo um Uber, que por sorte não
demorou mais de cinco minutos para chegar.

Assim que chegamos, notamos o luxo que a festa ia ser. Só estavam
entrando pessoas bem vestidas com suas máscaras que, provavelmente, custaram
mais caro que a TV da nossa sala, além dos carros que estavam parados na frente
do enorme salão. Não me preocupo em ser o que sou, mas ainda bem que o carro
do Uber era bem arrumado e não nos denunciava logo de cara.

Descemos do carro depois de pagar e caminhamos até a entrada onde
tinha um tapete vermelho esperando para ser pisado. Na porta, havia dois
seguranças também com máscaras. Colocamos as máscaras na frente do rosto,
enquanto eles viam nossos respectivos convites e nos deixavam passar.

O salão principal era de cair o queixo, e eu me deixei por um instante
admirar tudo aquilo. A iluminação estava passando por cada parte do lugar e as
fontes de água explodiam em uma mistura de cores como vinho, laranja,
vermelho e amarelo. O gramado tinha alguns pingos de luz no chão protegidos
por suportes para ninguém pisar e as paredes eram revestidas por plantas
trepadeiras robustas que também eram enfeitadas com luzes.

Queria poder reconhecer alguém, mas era impossível já que todos
estavam com máscaras cobrindo o rosto. Algumas delas não cobriam tanto assim
e eram bem menores que a minha, mas o que eu via não era de ninguém que eu
já tivesse visto antes.

Um garçom da festa passou com uma bandeja oferecendo bebidas e
pegamos uma taça de champagne para começar a animar a noite. A música
começou a tocar calma em algum lugar e ficamos conversando enquanto as
pessoas iam chegando. Do lugar onde estávamos, dava para ver quem entrava e
saía. Eu estava atenta para ver se o Benjamin chegava e mesmo com a máscara,
qualquer um poderia reconhecê-lo. Seu tamanho, cabelo e barba eram
reconhecíveis mesmo debaixo da simples máscara preta estilo Zorro que ele
usava no rosto. Meu coração saltitou na mesma hora e dei um sorriso para mim
mesma.

—Acho que seu príncipe chegou. —A Kim sussurra no meu ouvido.
Estamos em um lugar estratégico que ele não pode me ver e eu me deixo sorrir.

—Ele não é meu príncipe.

—Mas bem que você queria. —Ela dá uma risada e a música eletrônica
que dá uma batida alta encerra nossa conversa.

Quando o olho novamente, o vejo fazendo o mesmo como se procurasse
alguém. Eu sei que sou eu, e dou um sorriso involuntário com isso, mas essa
noite eu vou fazer dele o que eu bem quiser. Ele vai jogar o meu jogo.



Benjamin

O que mais me interessava nessa festa era uma única pessoa e assim que
pisei no lugar, meus olhos correram para tentar achá-la. Procurei nos rostos
alguém que tivesse usando uma máscara igual a que mandei especialmente para
ela, mas depois de rodar um pouco e não encontrar nada, comecei a pensar na
possibilidade de ela não ter vindo. Eu fui na sua casa e confirmei sua vinda,
deixei um bilhete pela manhã e lhe mandei as máscaras para, pelo menos, ela
não ter oportunidade de faltar, mas do jeito que é atrevida e arredia como um
cavalo xucro, não duvido nada.

Logo encontro Gary no lugar e passamos a conversar assuntos aleatórios.
O tema principal é falar das convidadas e ficar fantasiando transar com elas
mascaradas, mas dentro de mim só consigo pensar na Louise. O pergunto se ele
já a viu por aí, mas ele responde que não, depois de claro, me zoar muito.
Depois de algum tempo a procurando sem sucesso, pego uma bebida do
garçom que passa e saco meu celular do bolso para lhe ligar. Eu não sei porque
diabos estou fazendo isso, mas preciso ter certeza de que ela está aqui ou que
não vem.

Ela não atende!

Já tem mais de uma hora que estou aqui e ainda não a vi. Começo a ficar
irritado e particularmente entediado, quando uma luz no fim do túnel surge para
mim. Vejo uma pessoa conhecida conversando animadamente com o barman e
pela máscara, confirmo que é a Kim.

Comprar as máscaras para elas foi um trunfo para mim. Primeiro para
garantir por meio dela que a Louise viria e segundo para que assim eu a visse
pudesse a reconhecer também. Se não achasse uma, acharia a outra. Pelo visto
deu certo.

Quando ela está saindo do bar, vou ao seu encontro.

—Kim ? —Chego perto e ela sorri segurando a máscara.

—Olá, Benjamin. —Nos cumprimentamos com beijos no rosto.

—A Louise veio ?

Ela parece pensar com um sorriso faceiro no rosto e eu quase não
aguento a ansiedade.

—Sim, ela veio.

—E onde ela está ? —Olho para os lados ainda procurando.

—Aí você vai ter que encontrar.

—Mas …

—Ela não veio com a máscara que você deu. Vai ter um pouco de
trabalho —Me olha desafiador. —E não adianta nada me seguir para tentar achá-
la. Eu não vou te dar pistas.

—Eu posso reconhecer aquele corpo em qualquer lugar. —Sorrio a
desafiando.

—Eu pago para ver.

—Vai perder. —Pisco para ela sorrindo e me despeço indo em busca da
minha presa.



Louise

Esse jogo de brincar de se esconder do Benjamin está sendo mais
divertido que imaginei. Vê-lo a minha procura é excitante e acompanho
disfarçadamente seus passos sem que ela saiba onde estou. Vez ou outra, ele
sorri sozinho sabendo que eu estou me escondendo dele. Eu sei que ele sabe,
pois o vi conversando com a Kim e eu a disse para caso isso acontecesse,
poderia falar que eu tinha vindo, mas que não falasse como estou. Ela só não
pode vir ao meu encontro. O Benjamin é esperto demais e sei que a seguiria,
então ficamos sempre afastadas.

O vejo conversando com um grupo de amigos e aproveito para ir ao
banheiro. Até queria chamar a Kim para ir comigo, mas ele também está a noite
toda de olho nela esperando que ela vacile e ele me ache, então vou sozinha.

Entro em uma das cabines que cheira de tão limpa e faço minhas
necessidades. Não tem nem duas horas que estamos aqui e acho que já estou
ficando um pouco alterada com as bebidas que tomei.

—Malditos cílios que não colam! —Escuto uma voz feminina
resmungando do lado de fora e depois de me limpar, coloco minha máscara e
saio do banheiro. Ainda bem que ela tem uma liga para ficar presa no rosto, além
do suporte para segurar. Meu braço já estava ficando dormente.

Ao sair da cabine, vejo uma senhora na faixa dos cinquenta anos na
frente do espelho tentando arrumar os cílios. Ela usa um lindo vestido comprido
azul royal com tule e seu salto é bem alto. Seus cabelos estão perfeitamente
alinhados e quando olho seu rosto, vejo que é a madrasta do Benjamin.

A vi apenas de vista e a bebida não me deixa ter certeza que é mesmo ela,
mas me prontifico a ajudar.

—Está tudo bem ? —Pergunto me aproximando sem tirar a máscara.

—Sim, só não consigo colocar esse cílio postiço de novo. Caiu e agora
não cola mais.

—Eu posso te ajudar. Sempre tenho cola para cílios na bolsa. —Falo
abrindo e tirando a cola. Nunca achei que precisaria, pois quem às vezes coloca
os meus é a Kim e ela tem uma boa mão para isso, mas mulher prevenida vale
por duas.

—Eu ficaria muito agradecida.

—Não precisa agradecer. —Digo e ela me entrega os cílios.

—Você pode me ajudar a colocar ?

—Claro! —Respondo sorridente e lhe ajudo a colocar. Arrumo direitinho
e logo está pronto.

—Nem sei como te agradecer. Você salvou minha vida. —Diz e eu
sorrio. —Eu te conheço de algum lugar ?

Ela me olha inclinando a cabeça tentando descobrir.

—Acho que não. Provavelmente nunca nos vimos antes.

—Mesmo ? Sua voz não me é estranha.

—Sério ?

—Sim. Seus olhos também, mesmo debaixo desta máscara. Como se
chama ?

—É … —Fico sem saída, mas resolvo não falar a verdade total. —
Rhonda.

—Lindo nome, Rhonda. Não vou te pedir para tirar a máscara para não
estragar a essência da festa, mas ainda acho que nos conhecemos de algum lugar.

Ela coloca sua máscara e saímos do banheiro juntas. Começamos a
conversar como se fossemos amigas há muito tempo e depois de alguns minutos
de conversa, descubro que ela realmente é a madrasta do Benjamin, pois fala
dele como se fosse realmente muito querido por ela.

—Eu posso te apresentar ao meu filho ? Acho que ele vai gostar de te
conhecer.

—É melhor não. Ele pode achar que a senhora quer me atirar para cima
dele como uma pretendente.

—E você acha que não quero ? De todas as mulheres interessadas no
Benjamin, você foi a que mais me cativou. Além de ser a mais simpática da
festa, não é metida a besta como muitas mulherzinhas fúteis da sua idade que
cheguei a conhecer.

Fico feliz com seu elogio e sinto as bochechas corarem.

—Além de muito bonita. Se você casasse com meu filho, os vossos filhos
nasceriam lindos. —Continua e sorrio tímida.

—Obrigada, mas acho que não sou mulher para o Benjamin.

—Por que não ? —Pergunta e me senti tão bem com ela que tenho
vontade de dizer quem eu realmente sou. Até diria, mas o medo de ser
humilhada é ainda maior, mesmo podendo ver que ela não é como as outras
pessoas.

—Porque tem outras mulheres mais importantes que eu na fila.

—Se eu pudesse escolher por ele, já teria minha nora. —Diz e rimos
juntas. Ficamos conversando por mais alguns minutos e ela se despede quando é
chamada por alguém.

Me levanto e dou uma volta pelo lugar. Vou a caminho do jardim para
pegar um ar e aliviar os efeitos da bebida, quando sinto uma mão grande enlaçar
minha cintura e me puxar para uma parte mais escura.
—Achou que ia se esconder de mim à noite inteira ? —Fala ainda
caminhando e me fazendo andar de costas, até que chegamos perto do muro
coberto por plantas. Seu hálito tem cheiro de álcool.

—Consegui por duas horas. —Falo com nossos lábios perto um do outro,
então tiro a minha máscara.

—Acha que conseguiu ? —Sorri de lado e tira a dele. —Eu te achei
desde o momento que você pegou uma taça de champagne e dispensou aquele
careca que se aproximou de você.

Isso foi há muito tempo e eu nem sabia que tinha sido vista.

—Você já bebeu muito. —Digo percebendo sua voz quase embolada.

—Talvez, mas ainda assim consegui te reconhecer. Não é fácil fugir de
mim, Louise. —Diz e nossos lábios se unem em um beijo ardente. Suas mãos
passam pela minha coxa e sobem meu vestido, mas eu trato de tirar.

—Aqui não.

—Por que não ? Ninguém está nos vendo e minha calça está a ponto de
rasgar. Ver você andando pela festa com esta máscara me deixou bastante
excitado e já está avisada que hoje quero te foder com você usando ela.

—Benjamin, não! —O empurro mesmo querendo aquilo e me afasto.

—Tudo bem, desculpa. Você está tão sexy nessa roupa. Por que não usou
a máscara que te mandei ?

—Eu sei que você mandou para me localizar mais fácil. —Sorrio de lado
e me aproximo dele. —Mas não é tão fácil assim jogar comigo.

—Eu posso tentar. —Sorri da mesma forma e segura meu pulso quando
meus dedos alisam sua barba. —Eu sou um ótimo jogador.

—Me mostre. —Digo soltando meu braço e descendo o dedo indicador
do seu peito até seu cinto. Coloco a máscara e saio andando, mas ainda posso ver
ele também colocando e saindo andando atrás de mim.

Que Deus me ajude a resistir a essa tentação até o fim da festa, porque
sozinha eu não consigo e nem quero.



Benjamin

A festa parecia não ter fim. Se fosse por mim, já teria levado a Louise
para casa há muito tempo, mas ela quer porque quer ficar. Ainda bem que o
Justin não veio para ficar no seu pé, pois mesmo vendo vários olhares para ela
durante toda a noite, era o dele que mais me incomodava quando estava ao seu
lado.

Quando eu falei que já tinha lhe visto há muito tempo, eu não estava
mentindo. Eu sabia que ela estava jogando comigo e decidi entrar na onda. No
começo foi difícil de localizar, mas quando parei para prestar atenção aos corpos
das mulheres, percebi que nenhum se comparava ao dela.

Na hora que nos reunimos para comer, eu agradeci mentalmente. Minha
barriga já estava roncando tinha um bom tempo e se eu continuasse a beber do
jeito que estava fazendo, ia sair daqui carregado pelos amigos e não poderia me
prestar a um papel desses, embora já tivesse um pouco alterado. Não alterado o
suficiente para fazer estragos e passar vergonha, mas o suficiente para saber que
poderia falar coisas sem sentido a qualquer momento.

Depois de comer, uma música começou a tocar e as pessoas vão em
direção a enorme pista de dança que havia no salão. Na hora do jantar, eu não
sentei perto de Louise, mas meu olhar sempre estava em cima dela. Era uma
atração palpável.

Eu a vi caminhando em direção a pista sozinha e: puta que pariu! Ela
ficava ainda mais espetacular com aquele vestido. Seus cabelos descendo até o
meio das costas me davam um tesão só de pensar na quantidade de vezes que o
puxei enquanto me fundia dentro dela. Eu queria ficar a admirando, mas fui
andando logo atrás dela para não correr o risco de alguém a puxar para dançar.
Fui parado várias vezes por algumas mulheres se insinuando para que eu fizesse
um pedido de “Dança comigo ?” e outras com mais atitudes chegaram até a fazer
o próprio pedido em si. Eu gosto de mulher com atitude, mas essa noite, não
importa quantas tenha, eu quero apenas uma.

—Dança comigo ? —Pergunto chegando perto dela na pista e ela se vira
sorrindo como se já esperasse o convite. Ela sabe o quanto estou na sua mão.

—Tem certeza ?

—Por que não teria ?—Estendo a mão e ela pega depois de soltar um
sorriso.

A conduzo até o meio da pista de dança e pela primeira vez reparo no
quanto ela fica pequena perto de mim. Em questão de altura mesmo. Parece tão
delicada, tão frágil, mas só quem conhece sabe o tornado que essa mulher é.

Paramos no centro com a música Jar Of Hearts - Christina Perri tocando
ao fundo e nossos olhos se encontram mais uma vez durante a noite. Ela coloca a
mão no meu braço e eu o passo pela sua cintura. Vou deslizando a minha outra
mão pelo seu braço livre e meu estômago estremece quando seguro sua mão. A
aproximo para mais perto e começamos a nos movimentar no ritmo da dança.

—Eu conheci sua madrasta. —Ela fala.

—O que achou dela ?

—Ela foi simpática comigo. Passamos uns minutos conversando. —Dá
de ombros e fico curioso. Essa parte eu não observei.

—O que vocês falaram ?

—Nada demais. Eu percebi o quanto ela gosta de você.

—E eu dela.

—Ela queria me apresentar a você. —Sorri parecendo tímida e eu
aproximo a boca do seu ouvido.

—Se ela soubesse que já nos conhecemos muito bem.

—Cala a boca. —Ela fala sem graça e sorri cobrindo o rosto no meu
peito. Eu sinto meu coração acelerar e cheiro seus cabelos.

—Você tem um cheiro bom.

—Obrigada. —Levanta a cabeça me deixando frustrado e me olha dentro
dos olhos.

—O que você acha de irmos embora daqui agora ?

—Você só pensa em mim para sexo, não é ?

—Não! Digo, sim. Não. Eu não sei. —Balanço a cabeça e a vejo ficar
triste. —Como você quer que eu pense ?

—Você não é tão burro assim, Benjamin.

—Achei que fosse isso o que tivéssemos.

—Eu sei que achou, mas não queria me sentir apenas um pedaço de carne
para você.

—Não foi o que eu disse. —Tento me retratar, mas ela me interrompe.

—Não disse, mas é o que acha.

—Podemos ficar apenas uma noite sem brigar ? —Peço e ela morde os
lábios abaixando a cabeça. Eu seguro no seu queixo e faço-a me olhar de novo.
—Mesmo que você me excite bastante quando está brava, eu prefiro você
sorrindo para mim.

Isso foi profundo, mas o importante é que ela sorri.

—Tudo bem. —Diz.

—Tudo bem mesmo ?

—Sim, não vamos brigar. Pelo menos não esta noite.

—É o que importa. —Digo e ela sorri novamente. Realmente seu sorriso
cai muito bem nela e ela fica melhor com ele.

(…)

Depois da primeira música que dancei com a Louise, eu queria continuar
apenas com ela, mas ela também queria ir dar atenção a Kim e eu tive que
deixar. A Donna veio me puxar para dançar com ela uma música animada e
mesmo que eu tivesse gostando, não tirava os olhos da Louise, que também
estava dançando de forma formidável com sua amiga.

As duas roubavam toda a cena da festa e elas sabiam disso. Muitos
olhares de admiração e inveja caíam sobre elas. Teve uma hora que eu queria
parar aquilo, pois vários homens se aproximaram dela para tira-lá pra dançar,
mas ela dispensava todos para meu alívio, e só dava atenção para a Kim.

Começo a lembrar de tudo que ela me contou quando era mais nova e
vejo que sua amiga é a única coisa que lhe restou. Me encho de raiva ao
imaginar o que seu pai a fez passar e tenho a plena certeza que se um dia o visse
na minha frente, eu o faria se arrepender.

Quando começa outra música também animada, vejo o Gary se
aproximando das duas e levando a Kim para dançar. A Louise fica sozinha e
aproveito que a Donna também foi chamada para dançar e vou até ela. A pego de
surpresa lhe puxando para dançar novamente.

—Não sabia que o Gary e a Kim se conheciam. —Digo perto do seu
ouvido devido ao barulho.

—Era o Gary ? Eu sabia que o conhecia de algum lugar. —Diz e sorri.
Olhamos na direção dos dois e os vemos dançando animadamente.

—Será que ele vai ficar de quatro pela sua amiga do mesmo jeito que eu
estou por você ? Se é que me entende.

Ela me olha como se não esperasse que eu falasse daquela forma e sorri.

—Quem sabe ?

(…)

—Eu tenho que avisar para a Kim que vou embora. —A Louise fala
enquanto a puxo pelo mão em direção ao meu carro.

—Por que ? Tenho certeza que ela nem lembra de você já que está lá com
o Gary.
—Acho que você tem razão. Nem eu lembraria de mim mesma se
estivesse com ele. —Ela diz suspirando e eu paro abruptamente a encarando
enfurecido. —Brincadeira.

Ela sorri de forma engraçada e eu a encosto em um dos carros parados.
Aproximo meu rosto do seu lentamente e deixo que inspire o cheiro do meu
hálito.

—Espero que você não esteja desejando ninguém além de mim.

—Não. —Fala balançando a cabeça e quase fechando os olhos de tanto
prazer.

—Certeza ?

—Sim. —Tenta morder meu lábio, mas me afasto.

—Espero que sim, porque tenho uma proposta para te fazer.

Ela me encara sem entender e mesmo que meu pau esteja louco para a
penetrar, eu tenho que fazer isso logo. Não aguento mais saber que ela faz sexo
com outros além de mim.

—Proposta ?

—Sim.

—Como assim ?

—Na verdade é um acordo.

—Que tipo de acordo ? —Ela pergunta olhando dentro dos meus olhos e
fico nervoso. Algo me diz que estou a um passo de entrar em um caminho sem
volta, mas minha boca acaba falando por mim.

—Um acordo de fidelidade.
Capítulo 19

Louise

—Como assim você não aceitou, Louise ? —A Kim me pergunta no dia
seguinte quando eu falo para ela sobre o acordo que o Benjamin me propôs. Ela
nem acreditou quando eu contei que não havia aceitado a proposta logo de cara e
que eu disse para o Benjamin que iria pensar. Agora ela está me dando um
sermão como se fosse minha mãe. O pior é que ela consegue fazer com que eu
me sinta arrependida.

—Não sei. Tem muita coisa em jogo, Kim.

—Muita coisa tipo o que ? Você vai sair das ruas. Não vai mais precisar
se prostituir para viver.

—Mas é quase a mesma que me prostituir. Eu vou transar em troca de
dinheiro. —Me levanto do sofá e ela me empurra para sentar de volta.

—Não, não é a mesma coisa. Agora você não vai precisar se preocupar
de satisfazer os desejos de velhos nojentos em troca de dinheiro e muito menos
em fazer coisas que menos te agradam por isso.

—Mas …

—Deixa eu falar, caralho! —Ela me interrompe parecendo furiosa e eu
me calo. —Não era ficar com o Benjamin que você queria ? Por que não agarrou
a oportunidade ?

—Você não entende, Kim. Eu queria ele gostando de mim, além do meu
corpo, e não me tratando como uma prostituta de luxo.

—Mas quem sabe você não muda o cara por completo ?

—Eu não sei. —Abaixo a cabeça e seguro meus joelhos. Sinto as
lágrimas começarem a encher meus olhos e falo a verdade por trás da minha
indecisão: —Eu não quero aceitar essa vida que ele me propôs e te deixar
trabalhando sozinha.

—Lou, me escuta —Ela fala mais ternamente e se abaixa na minha
frente. Eu a encaro. —Você tem que começar a pensar mais em você.

—Por que ? Eu me preocupo com você.

—Eu sei que sim, meu amor, mas tenha certeza que eu me preocupo mais
ainda com você. Eu nunca te quis nessa vida que temos, e se você tem essa
oportunidade de ouro, por que não agarrar ?

—Por você ? —Digo meio perguntando e ela sorri começando a alisar
meus cabelos.
—Eu não estou simplesmente te jogando pra cima do Benjamin, mas
estou vendo melhores condições para você, entende ?

Eu faço que sim.

—Ele não disse que vai te dar tudo o que você precisar ?

—Disse, mas eu não quero viver como se tivesse dependente dele.

—Se você estivesse trabalhando, seria a mesma coisa. Esqueceu que
desde que você conheceu ele e começaram a sair, noventa por cento dos seus
ganhos vem dele ? Você só saía com ele, Lou. A diferença agora é que vai ser
“oficial”. —Ela faz aspas e eu me levanto.

—Mas eu sei que vou acabar me apaixonando ainda mais por ele. Você
também sabe disso e no final de tudo, quando ele enjoar, eu serei a única a sair
ferida da história. O dinheiro não vai valer a pena e nem vai ajudar a colar meus
pedaços quando ele partir meu coração.

—É um risco a se correr. —Ela se levanta e se vira para mim. A essas
horas as lágrimas já estão rolando quente pelo meu rosto. —O dinheiro não vai
ajudar, eu sei, mas eu sim. Eu vou estar aqui para colar cada pedacinho seu, caso
se quebre. Como sempre estive.

Ela estende os braços e eu a abraço forte.

Meu porto seguro.



Benjamin

—Ela não aceitou de cara ? —O Gary ri desaforado a ponto de lágrimas
inundarem seus olhos, quando conto para ele que fiz a proposta para a Louise e
que ela não disse um “sim” como eu esperava crente. “Eu preciso pensar,
Benjamin.” Foda-se isso de pensar!

—Não. Eu não entendo.

—Acho que seu rendimento com as mulheres está caindo, amigo. Nem
uma prostituta quis você.

—Não chama ela assim —Rosno o olhando sério e ele para de ri. —E ela
não disse que não queria. Disse que ia pensar.

—Sabe que quando uma mulher diz que vai pensar na verdade ela quer
dizer que não, né ?

—Sério ?
—Sim. —Ele dá de ombros e toma um gole da sua cerveja. —Aposto
cem dólares que ela não aceita.

—Quer parar de jogar praga ? Ela vai aceitar sim.

—Aposto duzentos que não.

—Vai se foder, Gary! —Levanto da cadeira ao lado da piscina de casa
irritado e entro. Ele vem atrás de mim rindo.

—Qual foi ? Você ainda tem coragem de mentir para mim dizendo que
não está apaixonado pela Louise ?

—E não estou!

—Cara, você está abdicando do seu direito de transar com a mulher que
quiser só por ela. Como ainda tem lata para negar ?

—Vou continuar negando.

—Então, por que é tão importante assim que ela aceite ? Não tem outras
para fazer a mesma proposta ?

—Tem, mas eu quero ela! Qual parte você não entendeu ? “Quero” ou o
“ela” ?

—Aposto mil que você vai sair apaixonado. —Diz e eu jogo a lata de
cerveja nele encerrando a conversa.



Louise

—Já parou para pensar quanto é ganhar oito mil dólares por mês ? —
Pergunto enquanto estamos andando pelo centro da cidade.

—Sim, nos meus pensamentos. —Kim fala e rimos juntas. —Agora
falando sério. É muito dinheiro.

—Eu sei, até eu estou nervosa.

—O cara foi fisgado mesmo. Além de querer te pagar para você transar
apenas com ele, vai abdicar do direito de pegar a mulher que quiser por sua
causa.

—Na verdade, eu nem sei o que ele viu em mim.

—Como assim ? Se ele não se apaixonar por esse mulherão que você é,
se já não está apaixonado, pode ter certeza que não se apaixona mais por
ninguém em milênios. —Diz fazendo uma cena que me faz rir.

—Agora mudando de assunto, senhorita Kim. De onde você conhece o
Gary ?
—Quem é Gary ? —Pergunta séria e vejo que ela sequer lembra do nome
do rapaz.

—O cara que você estava ontem. Ele é melhor amigo do Benjamin.

—Aquele negro gostoso ? —Faz um “O” com a boca.

—Ele mesmo. Não acredito que nem perguntou o nome dele.

—Não, queríamos apenas sexo mesmo. E que sexo, minha amiga! —Se
abana como se tivesse com calor. —Depois da festa, que tenho certeza que você
fugiu com o Benjamin de novo, ele me levou em um motel. O cara é insaciável.
Aquele pau grosso entrava …

—Chega! Não estou interessada nesses detalhes. —A interrompo e ela ri.

—Deixa eu só falar uma coisa. Os comentários que as pessoas falam a
respeito do cacete dos negros é verdade, viu ? Preciso começar a selecionar os
clientes. —Diz fazendo um gesto com a mão mostrando o tamanho do pacote e
eu dou risada.

—E o que achou dele ?

—Nem vem!

—O que foi ? —Me faço de desentendida.

—Não vem com conversa como se eu fosse me apaixonar por ele.
Primeiro porque não quero ficar na mesma situação que você e segundo porque
ele não faz meu tipo. —Dá de ombros. —Ali eu só o queria para transar e
pronto.

—E seu coração onde fica ?

—Aqui. —Aponta para a boceta e eu sorrio enquanto entramos em uma
loja de lingeries.

Ontem estava tudo certo para sair novamente com o Benjamin, mas
depois da proposta que ele me fez, pedi para ir pra minha casa. Eu não tinha
ficado chateada, na verdade, havia ficado surpresa. O assunto me deixou
pensativa e como eu pensei, não consegui dormir a noite com isso na cabeça.

Mesmo tendo insistido para que eu dormisse com ele, Benjamin não se
negou em me trazer em casa. Hoje ele já me mandou mensagens perguntando se
eu estava chateada por causa da proposta, mas o tranquilizei dizendo que não.
Ele, insistente como sempre, me intimou a sair com ele hoje à noite para
podermos conversar melhor. Eu não disse para ele o que decidi, mas aceitei o
convite.

(…)

—Achei que você não viria. —Ele fala se levantando da cadeira quando
eu chego perto da mesa no elegante restaurante que ele fez reserva para dois.
—Por que eu não viria ? —Digo quando nos cumprimentamos com
beijos no rosto. Seu cheiro é viciante e inspiro o máximo que posso enquanto
nossos corpos estão próximos. Eu acabei chegando poucos minutos atrasada,
mas foi porque a Kim insistiu que eu fizesse um suspense. Parece que funcionou.

—Não sei. —Ele dá de ombros sorrindo e me sinto derreter por dentro.
—Por causa da proposta ?

—Você ainda acha que estou chateada ?

—Na verdade sim. Você nem quis dormir comigo ontem.

—E isso feriu seu ego ?

—Feriu. —Ele diz pondo a mão no peito de um modo dramático e me
fazendo sorrir. Ele também sorri e estica os braços para cima se espreguiçando.
Na volta, pega os cabelos e faz um coque rápido. O filho da puta é sexy até
amarrando os cabelos. —Vamos fazer os pedidos ?

—Claro, mas antes preciso te falar o que eu decidi.

—E o que você decidiu ? —Ele cruza os braços por cima do peito e eu
me perco alguns segundos olhando para aqueles músculos bem desenhados.

—Sim.

—Sim ?

—Sim, eu aceito! —Digo e seus olhos parecem brilhar.

—Tem certeza ? Você não vai poder mais ter sexo com ninguém além de
mim.

—Eu quem devia está te fazendo essa pergunta, você pode ter a mulher
que quiser.

—Isso conta com você ?

—Agora sim. —Dou um sorriso e ele acompanha. O vejo chamando o
garçom e pergunto —Não vou ter que assinar nada ?

—Você anda vendo muito Cinquenta Tons de Cinzas. —Dá uma
gargalhada. —Eu não tinha pensado em contrato. Achei que bastava confiar na
sua palavra.

—Você pode confiar na minha. Eu é que não sei se posso confiar na sua.
—Sorrio de forma provocativa e ele retribui.

—Iremos fazer um contrato então.

Ele faz nossos pedidos e fico impressionada quando não demora nem dez
minutos para chegar, embora o restaurante esteja relativamente cheio.
—Isto está uma delícia. O que é ? —Pergunto levando o garfo a boca
com um pedaço da carne macia.

—Carne de rena. —Diz e eu cuspo de volta.

—O quê ? —Pego o guardanapo de pano e limpo a boca devagar. Ele
está vermelho de tanto que ri. —Do que você está rindo ? Isso é carne de rena
mesmo ?

—Não … sua louca. —Quase não consegue falar de tanto rir. —Porra!
Você cuspiu … você cuspiu no prato!

—Claro! Eu não vou comer a carne dos bichinhos que levam o papai
noel. Isso é cruel!

—Então tinha que achar cruel comer carne de porco, galinha, vaca …

—É diferente. Tem certeza que não é carne de rena ?

—Tenho. —Ele enxuga as lágrimas nos olhos. —É filé de porco.

—Tudo bem. —Volto a comer olhando para ele.

Depois de comermos tudo e ele pedir as sobremesas, peço licença e vou
ao banheiro apenas arrumar a maquiagem.

Eu confesso que nunca pensei isso, mas o Benjamin tem um senso de
humor que eu nunca imaginei que teria. Ele ri por qualquer besteira e também
consegue me fazer rir facilmente. Não sei se é porque estou como uma boba
apaixonada, mas até lágrimas de tanto rir ele conseguiu me arrancar durante o
jantar. Eu também adorava o ver sorrindo e meu coração acelerava de forma
esquisita sempre que isso acontecia.

—Nem lembrava mais o quanto você é gostosa. —Diz alto enquanto
estou voltando para a mesa e sinto meu rosto corar.

—Quer falar mais alto ?

—Qual o problema ? Estou mentindo ?

—Sim, afinal, não é tão fácil esquecer de como sou gostosa. —Pisco e
ele ri.

—E convencida nem um pouco, né ?

—Nada.

Entramos em um assunto qualquer enquanto saboreamos a sobremesa e
depois de algum tempo, ele paga a conta e saímos.

—Eu ainda não entendi completamente como vai ser esse acordo nosso.
—Digo quando caminhamos lado a lado em direção ao seu carro.

—Eu transo apenas com você e você apenas comigo.

—Isso eu entendi, Benjamin. —Reviro os olhos. —E o resto ?

—Que resto ?

—Eu vou parar de trabalhar na rua, obviamente, mas vou passar o dia
sem fazer nada ?

—Você trabalha durante o dia, por acaso ? —O encaro por tamanha
estupidez e ele ri. —Desculpa.

—Mas respondendo a sua pergunta, às vezes eu trabalhava durante o dia
sim. Alguns clientes ligavam para …

—Não quero saber! —Me interrompe e chegamos perto do carro. —E
você não vai mais trabalhar com isso. Seja em que horário for. Pode arrumar um
emprego diferente se quiser ou se dedicar a alguma carreira.

—Gostei da ideia.

—O que você gostaria de fazer ?

—Acho que vou arrumar um emprego em um restaurante ou algo assim.

—E por que não na empresa ? Você poderia ser a nova modelo.

—Eu não sou tão boa para ser modelo na sua empresa, Benjamin. Eu
posso ter sido boa naquele desfile, mas ainda preciso de muito para ser uma
modelo de verdade.

—E você pode ser. Eu te abro uma oportunidade e você apenas aproveita.
Pode estudar para isso e também tem o Leo que pode te ajudar.

—Não acha que esse acordo já é proximidade de mais para nós dois ?
Não sei se vai ser bom trabalharmos no mesmo lugar.

—Eu não vou te forçar a nada. Você agora tem um bom tempo livre e
pode fazer o que quiser com ele, exceto ficar com outro cara.

—Nem beijar ?

—Pra que você quer beijar a porra de outro se pode beijar a mim ? —Me
puxa fazendo nossos corpos se chocarem com força. Sua boca se aproximada da
minha bem devagar e ele roça a barba devagar nos meus lábios. —Não é
suficiente para você ?

—É. —Sussurro fechando os olhos. Tento alcançar sua boca, mas o
cretino sempre fica me enganando e se afastando só para ver meu desespero.
Agarro sua nuca para que não faça mais, e enfim consigo lhe beijar. Ele retribui
o beijo me invadindo com sua língua e me pressiona no carro apertando ainda
mais seu corpo no meu. Seu pau começa a ganhar vida e encosta na minha
barriga, então paro o beijo mordendo seus lábios.

—Sem beijos, então ? —Pergunta dando uma rápida e leve mordida nos
meus lábios.

—Depende. Você também ?

—Eu também. —Sorri e abre a porta de trás do carro. Ele pega algo na
porta e coloca atrás do corpo, mas logo depois me estende. —Para você!

Ele abre a caixa de jóias preta em veludo e dentro vejo uma das coisas
mais lindas e delicadas que já vi. Um colar dourado com o pingente de um
coração “gordo” rodeado de pedrinhas brilhantes e dentro, um lindo quartzo
rosa.

—Pra mim ?

—Sim. Não pensa que estou tentando garantir que você aceite o contrato,
mas é que lembrei de você quando vi. —Diz colocando as mãos dentro do bolso
quando eu pego a caixinha nas mãos e o olho desacreditada. —Estou falando a
verdade. —Ele continua quando nota que não falo nada e tira o colar de dentro
da caixa. —Posso colocar ?

—Claro. —Sorrio tímida e ele vem para trás de mim. Sinto seu cheiro
entrar no meu nariz e agora não há uma noite em que eu não pense em dormir
com ele todos os dias. Sentir seu cheiro sempre e o abraçar sem restrições.

Ele coloca meu cabelo para frente por cima do ombro e passa o cordão
pelo meu pescoço. O pingente frio toca na minha pele e eu o toco enquanto ele
prende na parte de trás. Fecho os olhos quando sinto seus lábios encostarem na
minha nuca e meus pelos se eriçam com sua proximidade.

—Porra! Você está tão cheirosa. —Diz com a voz rouca e me sinto
estremecer.

—Então me leva daqui com você.

—Não precisa pedir duas vezes. —Sorri dando um tapa na minha bunda
e abrindo a porta do carro para mim.

Digamos que o Benjamin, é o tipo de cara que fode com você da mesma
forma que a Medusa. Basta olhar para ele que você já está completamente
ferrada sem sequer perceber.

Eu sei que devia proteger ainda mais meu coração depois que o Benjamin
entrou na minha vida e mesmo que minha razão diga que ele vai me magoar
mais cedo ou mais tarde, eu prefiro escutar a voz do meu coração que diz para
que eu me jogue nisso.

Seja o que Deus quiser.
Capítulo 20

Louise

Fui despertada pelo Leo que queria que eu aparecesse na empresa em
algumas horas porque precisavam de mim para pousar para um catálogo de joias.
Eu estava animada para ser fotografada novamente e me apressei em ir tomar
banho.

Dizem que o chuveiro do nosso banheiro é o melhor lugar para pensar na
vida, e eu sempre concordei com isso. Eu ainda estava desacreditada com o
rumo que minha vida estava tomando em menos de uma semana. Depois que o
Benjamin apareceu nela, parece que um tornado veio junto e deixou tudo de
pernas para o ar. Eu agora estava dentro de um acordo de fidelidade e minha
devoção era toda para o Benjamin. Era muita mudança para pouco tempo.

Quando terminava de passar hidratante no corpo, meu celular tocou.

—Oi. —Digo sem controlar um sorriso quando vejo que é o Benjamin.

—Bom dia. —Ele diz. —Te acordei ?

—Não, o Leo já tratou de fazer isso.

—É você quem vai fotografar para o catálogo de joias ?

—Sim. Algum problema ?

—Não, claro que não. Eu deixei nas mãos dele para escolher quem mais
se sairia bem com a coleção Delicatte, mas acho que ele não sabe o tornado que
você é na verdade. —Gargalha no outro lado da linha.

—Espero que isso seja um elogio. —Sorrio. —Mas você ligou para … ?

—Já que você vem pra empresa, pode passar na minha sala ?

—Pra quê ?

—Pra gente foder em cima da minha mesa.

—O quê ?

—Estou brincando com você. É para assinar o nosso contrato.

—Você fez mesmo um contrato ?

—Fiz. Você quem deu a ideia, agora aguenta.

—Tudo bem. —Sorrio. —Eu passo aí.
—E também vamos foder em cima da mesa. Até mais. —E desliga na
minha cara. Olho para os lados sem acreditar na sua cara de pau e sorrio indo
terminar de me arrumar.

Vesti uma camisa branca de mangas balão transparente e gola alta para
ficar por baixo do vestido preto simples que também havia escolhido e calcei
botas de salto grosso e cano médio depois de por uma meia calça fina. Depois de
pronta, deixo um recado na geladeira para a Kim falando para onde fui e saio.
Até queria tomar café, mas como vou de ônibus, decido tomar lá por perto.

Ao chegar na empresa, vou direto para onde o Leo me falou e ele me
recebe sorridente. As joias que vou fotografar são deslumbrantes, e enquanto
espero a minha vez de fotografar, fico vendo os catálogos e quase babo vendo o
preço das peças. Acho que eu teria que trabalhar normalmente por uns quatro
anos e ainda por cima fazendo hora extra para conseguir comprar sequer um par
de brinco desses.

Na minha hora de ser fotografada, visto as roupas adequadas e me sinto
maravilhosa com tudo. O penteado, a maquiagem, as roupas, as joias. Tudo é
capaz de me deixar deslumbrada feito criança.

As minhas peças são de ouro e algumas com pedras de topázio. Fui a
escolhida para ficar com elas, porque as pedras azuis contrastariam bem com a
cor dos meus olhos e a cor da minha pele, que lembra como a pedra realmente é
quando ainda está pura.

A sessão correu tão bem como imaginei e eu estava me sentindo em casa
com todos que estavam presentes, inclusive o Leo, que fazia questão de ver cada
pose minha e me ajudava a ficar ainda melhor.

Quando já tinha acabado e estava pronta para sair, recebi uma caixinha
de presente e quando abri, havia um par de brincos da coleção que eu usava nas
fotos. Fiquei extremamente encantada com o carinho e saí dali antes que
começasse a chorar emocionada. Acho que tinha chegado a minha hora.

Eu já sabia mais ou menos onde ficava a sala do Benjamin e me dirigi
para lá. As pernas começaram a tremer temendo encontrar a sua secretária ruiva,
mas lembrei que ela havia sido demitida e me senti aliviada a encontrar outra no
seu lugar. Ela também era tão bonita quanto a Alana, mas não senti ameaça
alguma vindo dela.

—Olá, Bom dia. Eu sou Louise Hansen. O Senhor Connor pediu para
que eu viesse aqui. —Digo chegando perto da sua mesa.

—Sim, ele falou mesmo que você vinha. Ele está lá dentro com um
funcionário, mas você pode esperar enquanto eles terminam. Eu vou ligar lá para
dentro. —Ela sorri de forma simpática e aponta um sofá cinza não muito longe.

—Não precisa de pressa. —Sorrio arrumando a bolsa. —Obrigada. —
Digo, indo até o sofá onde me sento e começo a folhear algumas revistas. A
maioria delas tem a Global Connor´s como destaque e meu coração acelera
sempre que vejo uma foto do Benjamin nelas.
—Senhorita Hansen, o Senhor Connor pediu que entrasse. —A secretária
fala novamente me tirando dos meus pensamentos apaixonados.

—Tudo bem, obrigada. —Devolvo a revista ao lugar e vou até a sala.
Bato na porta e abro depois de ouvir um “entre” meio grosso do Benjamin.

—Com licença. —Digo entrando e paro surpresa quando vejo o Justin na
sala junto. O Benjamin está de pé atrás da mesa e ele está sentado na cadeira da
frente. Os dois me olham assim que entro e fico nervosa.

—Estava mesmo te esperando. —O Benjamin sorri de forma sarcástica.

—Se quiser eu posso esperar lá fora, enquanto vocês conversam. —Digo
e retribuo o sorriso que o Justin me dá. Vejo algo diferente no seu sorriso, como
se fosse de tristeza e decepção, mas ignoro.

—Não. Você tem mesmo que estar aqui. —O Benjamin diz. —Acho que
o Justin quer te contar algo.

—Me contar ?

—Lou, me perdoa. —O Justin se levanta e fica de frente para mim. Fico
ainda mais nervosa sem nem saber do que se trata.

—O que aconteceu ?

—Fala para ela, Maldonado.

—Eu não queria ter feito isso e estou arrependido. —Ele pega nas
minhas mãos e vejo seu olhar triste, quase arrependido.

—Quer falar logo ? Estou ficando nervosa! —Tento sorri olhando de um
para o outro.

—Se ele não quer falar, eu não vejo problema nenhum em fazer isso. —
O Benjamin sai de trás da sua mesa e vem até nós. —Eu ouvi, acidentalmente,
uma conversa do Justin com a Alana. Foi ele quem contou para ela sobre você!

As palavras de Benjamin entram no meu ouvido me fazendo uma
confusão e eu engulo em seco. O Justin continua me olhando e eu puxo minhas
mãos das suas.

—É verdade, Justin ? —O encaro sem acreditar e ele faz que sim com a
cabeça.

—Sim. Me desculpa, eu … —O interrompo acertando um tapa em cheio
na sua cara. Minha mão arde e ele aperta os lábios.

—Você prometeu! Prometeu que não contaria nada para ninguém!

—Eu sei! Foi sem querer. Acabou saindo. —Ele tenta se explicar, mas eu
saio da sua frente sem querer ouvir.
—Eu não quero saber de mais nada, Justin. Eu confiei em você! Eu achei
que você realmente estava me defendendo aquele dia, mas era só consciência
pesada, não era ?

—Não, Lou. Eu não queria que ela contasse para ninguém.

—Você sabe muito bem o que ela fez comigo e ainda achava que ela não
ia aproveitar a oportunidade para me humilhar ? Eu pensei que você era meu
amigo. Pensei que fosse diferente.

—Me desculpa. —Tenta se aproximar, mas o Benjamin se mete na sua
frente. Os dois sem encaram por alguns segundos.

—Saia da minha sala! —Benjamin ordena com a voz autoritária. O Justin
me olha como se implorasse por perdão, mas não digo nada, então, ele sai.

—Como você descobriu ? —Pergunto, me sentando no sofá depois que
Justin bate a porta.

—Eu ouvi ele falando no celular hoje mais cedo.

—Eu nunca imaginei que o Justin poderia fazer isso.

—Você não o conhece, Louise. Só saíram por algumas semanas.

—Eu sei.

—Você é muito fácil de ser enganada.

—Inclusive por você, né ?

—Não. —Ele sorri chegando perto de mim. —E caso você queira saber,
eles dormiram juntos. Ele deve ter contado para ela nesses momentos.

—Eu não tenho o mínimo interesse de saber disso, Benjamin. Só quero
os dois fora da minha vida.

—E eu quero entrar dentro de você. —Diz alisando o pau já duro por
cima da calça. Olho para sua cara e ele tem um sorriso tarado nos lábios.

—Você não vale nada.

—Eu sei, agora vem aqui. —Tenta ficar por cima de mim no sofá, mas o
empurro.

—Não, Benjamin! Você ficou louco ?

—O que tem ? As paredes são a prova de som.

—Mesmo assim. Não quero que ninguém nos pegue fazendo sexo aqui
dentro.
—Okay. —Ele vai até a porta, tranca e volta sorrindo. —Assim está bom
?

—Louco. —Digo, antes dele agarrar minha boca em um beijo. Eu
retribuo segurando seus cabelos soltos e sentindo seu corpo pesar em cima do
meu. Suas mãos começam a passar pelas minhas pernas nuas e entram por
debaixo do meu vestido. Ele aperta minha cintura e roça descaradamente o pau
duro na minha entrada protegida pela calcinha.

Quando penso que ele vai continuar me torturando mais, ele começa a
despir o pequeno pedaço de tecido que cobre minha intimidade. Passa-a
lentamente pelas minhas pernas e cheira de olhos fechados antes de a jogar em
cima da mesa.

—Acho que nunca vou enjoar dessa sua boceta. —Diz e abre minhas
dobras com os dedos. —Toda molhadinha. Pronta para mim.

—Me come, por favor. —Gemo e ele sorri. —Não me maltrata, Ben.

—Não vou, mas quero que goze nos meus dedos. —Mal termina de falar
e sinto um dedo seu me penetrando. Meu corpo se contorce de prazer e ele beija
minha bochecha tirando e colocando repetidas vezes.

Logo sou invadida por outro dedo e ergo o quadril o incentivando a ir
mais fundo. Ele entende o recado e os empurra mais dentro de mim rapidamente.
Sua mão levanta ainda mais meu vestido, deixando meus seios de fora e ele
aperta os mamilos com força. Sua boca desce para meu ventre, ele passa a língua
por ali.

—Ben, eu quero … —Sinto meu corpo arder por completo e um frio
interno vir por dentro da minha boceta. Como forma de me incentivar a mais, ele
passa a morder meus mamilos delicadamente e foi o fim para eu ter espasmos,
enquanto gozava intensamente nos seus dedos.

—Abra a boca! —Ordena tirando os dedos de mim e obedeço. Seus
dedos deslizam para dentro da minha boca e eu chupo sentindo o meu gosto. Ele
se curva sobre mim e me beija para também provar. O beijo é molhado e eu
ponho a língua para fora fazendo com que ele a chupe descaradamente.

Sem esperar mais nada, ele levanta minha perna direita e apoia no seu
ombro. Se junta mais perto de mim e depois de alisar minha entrada com o pau,
me penetra. Seu cacete escorrega facilmente para dentro de mim e ele encosta
seu rosto no meu, enquanto empurra tudo para dentro de mim, bem devagar.

Solto um gemido quando ele começa a alisar meu clitóris com os dedos e
puxa meus cabelos com força. Sua respiração dura no meu ouvido é tão excitante
e se altera sempre que ele entra dentro de mim. Minha intimidade está sensível e
meu corpo começa a ter espasmos incontroláveis. Contraio minhas paredes em
torno do seu pau e gozo novamente deixando o ar sair da minha boca em forma
de gemidos baixos. Ele soca ainda mais forte apertando minha cintura com a
mão e praticamente uiva quando libera seu gozo ainda dentro de mim.
—Melhor maneira de ter motivação para trabalhar. —Sorri beijando
minha boca e saindo de dentro de mim com cuidado. O vejo tirar o preservativo
e colocar no lixo. O pau ainda continua duro e eu me visto antes que ele peça
uma nova rodada.

—Achei que você estava brincando quando falou para transarmos aqui.

—Eu nunca brinco. —Pisca para mim. —Acho que vou chamar você
aqui todos os dias pela manhã para trazer meu café.

—Nem se acostume. —Sorrio e ele gargalha limpando seu membro e
guardando dentro das calças. —Bom, temos mesmo um contrato ?

—Agora sim. —Se levanta em um salto e eu tenho que levantar a cabeça
quase que totalmente para poder olhar para seu rosto. —Eu não ia fazer, mas
como você falou, eu achei interessante.

Ele abre uma das suas gavetas e eu me sento na cadeira a sua frente
arrumando o vestido.

—Coloquei tudo o que já conversamos. Talvez tenha adicionado alguma
coisa que lembrei depois, mas você lê e diz se concorda ou não.

—Isso parece loucura. —Pego o papel que ele me estende e começo a ler.

Realmente ele fez um contrato simbólico, mas que parecia muito
vitalício. Eu ainda não conseguia entender o motivo dele não querer logo um
relacionamento sério, já que o contrato era basicamente fidelidade um ao outro.

Tanto eu quanto ele, poderíamos sair com quem quisesse, mas nada de ter
relações sexuais com essa pessoa. Ele acrescentou “beijar” depois do nosso
jantar no sábado, dispensando as dúvidas que eu tinha se ele estaria brincando
sobre aquilo.

Além disso, não podíamos interferir um na vida do outro, nada de
apresentar a amigos/familiares, a não ser que os dois concordassem, não ficar
ligando o tempo todo para falar assuntos banais, sem cobranças, sem obrigação
de dar satisfações, sem precisão de lembrar de datas comemorativas já que não é
bem um relacionamento amoroso (essa parte doeu) e sem exposição.

Ele também tinha a obrigação de me contatar caso quisesse se encontrar
comigo para não acabar colidindo com compromissos já marcados
anteriormente. O mesmo se aplicava para mim.

Falava claramente também sobre o BDSM poder ser aplicado caso os
dois se interessasse nas práticas. No meio do contrato, estava bem destacado o
valor que tínhamos combinado e eu acho que nunca me acostumaria com um
valor tão exorbitante assim.

Depois de ler tudo e perguntar algumas poucas coisas que eu não havia
entendido na linguagem mais formal, eu assinei. Ele já tinha assinado e eu lhe
entreguei o papel.
—Acho que eu deveria ter uma cópia.

—Eu faço uma se você quiser. —Faz menção de tirar o papel novamente
da gaveta e eu sorrio.

—Estou brincando. Esse papel vai ficar aqui no seu escritório ?

—Não, vai ficar na minha casa.

—Tudo bem, agora eu tenho que voltar para casa.

—Por que ? Podemos terminar aqui na minha mesa o que começamos no
sofá. —Sorri maliciosamente.

—A resposta é não. —Me levanto pegando na minha bolsa. —Tenho que
me arrumar para trabalhar mais tarde.

—Nem fodendo, Louise! —Sua voz sai como um trovão e eu sorrio.

—Estou brincando com você. Até mais. —Pisco para ele e saio da sua
sala.
Já que agora iria ganhar bem mais, preferi pegar um táxi, mas antes
passei no supermercado e comprei alguma coisa para fazer no almoço.

—Está decidido: Você não vai mais trabalhar na rua. —Digo, entrando
em casa com várias sacolas e Kim vem me ajudar.

—Do que você está falando, sua doida ?

—Eu vim o caminho todo pensando no valor que tenho no meu novo
contrato e vi que é o suficiente para mantermos nós duas bem, sem precisarmos
ir para a rua.

—Oh, não. Esse dinheiro é seu, Lou. Eu já fico feliz em você sair da rua.
—Fala tocando meu peito com o dedo e dando enfase a palavra “você”.

—Eu aceitei por sua causa. Nada mais justo.

—Talvez você não acredite no que eu vou falar agora e eu também quase
não acredito, mas já estou habituada a trabalhar na rua. Não está mais sendo
dureza fazer isso.

—Mesmo assim. Não precisamos mais fazer isso.

—Eu fico muito contente que você tenha pensado em mim, mas eu estou
bem assim. De verdade. —Fala com voz terna e sei que não tenho como a
convencer.

—Tudo bem, mas não precisa ir todos os dias. Quando você quiser ficar
em casa, você fica sem se preocupar com a comida ou o aluguel de amanhã.

—Tudo bem. Agora como foi lá na empresa ?

—Vou te contar tudo. —Sorrio, enquanto começamos a arrumar as
compras.

No dia seguinte eu fui fazer os exames que o Benjamin pediu que eu
fizesse. Mesmo eu falando que era 100% limpa, ele insistiu que eu fizesse e lhe
mostrasse. Eu não neguei seu pedido, sabia que ele tinha razão em pedir isso
apenas por garantia, mas para não deixar baixo, também exigi que ele fizesse e
me desse. Ele aceitou sorrindo.

Ele também adiantou uma parte do dinheiro do acordo mesmo contra
minha vontade. Na verdade, eu queria receber, mas estava tão envergonhada que
ele notou e até perguntou se eu queria um pouco de água por parecer estar tão
nervosa.

—Eu não sabia que você tinha problemas com ansiedade. —Ele disse
sério.

—Acontece. —Respondi, querendo acabar logo com aquele assunto.

Eu e a Kim aproveitamos para fazer uma pequena mudança no nosso
apartamento com o dinheiro. Primeiro mudamos a cor das paredes dos nossos
quartos e do resto da casa e compramos sofás novos. Como seu aniversário tinha
sido há alguns meses e eu não tinha conseguido comprar o presente que na
verdade queria lhe dar, comprei seu notebook.

Ela mal acreditou quando abriu a caixa embrulhada e seus olhos
encheram de lágrimas, mas foi o mínimo que eu podia ter lhe dado. Ela adorava
passar o tempo criando histórias e para ela acabar criando uma tendinite, era
preferível usar o Word. Kim também poderia começar o curso de designer de
moda que estava querendo faz um tempo e se dependesse de mim, eu a apoiaria
nisso acima de qualquer coisa.



Benjamin

—O que vai fazer fim de semana ?

—Eu devia começar cobrando os 100 doláres que você quis apostar
dizendo que a Louise não iria aceitar. —Digo dando risada da cara do Gary
enquanto corremos pelo parque. —Ou seria mil ?

—Ainda bem que você não apostou, senão eu estava falido. —Ele ri.

—Estava mesmo. E respondendo a sua pergunta, eu ainda não sei o que
vou fazer no fim de semana.

—Então podemos marcar qualquer coisa ?

—Só marcar, mas fim de ano está aí e temos muito o que trabalhar.

—Nem me fale. —Ele assobia e se abana como se tivesse com calor.

—Tem uma coisa que eu vi, porém esqueci de comentar. —Arrumo os
óculos de sol na cara.
—O quê ?

—Você anda dando uns pegas na Kim, seu safado.

—Claro que sim! Um mulherão daqueles.

—Não se esquece que ela é prostituta também.

—Você também está pegando uma e ainda está fazendo dela uma
prostituta de luxo. Também estou no meu direito. —Dá de ombros sem parar de
correr.

—Primeiro: Já disse para não chamar a Louise assim. Segundo: Cuidado
para não acabar se apaixonando.

—Espera aí! —Ele para de correr com um enorme sorriso nos lábios e eu
me dou conta que falei merda. —Então você está apaixonado pela Louise ?

—Claro que não, seu puto! Estou falando isso porque seu coração,
quando se trata de sentimentos amorosos, é mais frágil que o meu.

—Frágil ? —Ele me estende a mão de forma desafiadora. —Aposto que
você se apaixona antes de mim.

Eu olho para sua mão pensativo e mesmo que minha mente esteja
praticamente gritando: “Não aperta a puta da mão dele”, eu a ignoro e aperto
com um sorriso de lado

—Quanto você quiser.
Capítulo21

Louise

O mês de dezembro mal tinha começado e eu já estava sendo chamada
várias vezes para comparecer na empresa do Benjamin para ser fotografada. Eu
ainda não tinha contrato fixo, mas as coisas estavam fluindo tão bem que eu nem
estava me importando com isso. Era consultada se queria fazer tal coisa e eu
nunca dispensava as oportunidades. Eu era paga para isso e estava fazendo o que
amava de verdade.

O Leo tinha se tornando um grande amigo e chegamos a sair nós dois
mais a Kim em alguns fins de semana para cair na bebedeira. Eu adorava ter a
vibração deles dois ao meu lado e não tinha tristeza que durasse estando com
eles.

Na maioria das vezes que eu era fotografada, o Benjamin estava presente
e inconsciente disso (ou não), ele era quem me inspirava a ser ainda melhor. Eu
o seduzia sem falar uma palavra sequer e sabia que ele sentia isso. Quando
pediam para eu fazer cara de “desejo carnal”, eu o imaginava instantaneamente.
O sentimento por ele estava crescendo ainda mais dentro de mim e estava em um
tamanho que eu já não tinha controle. Os ciúmes tomavam conta de mim quando
via outras mulheres dando em cima dele e tinha que fazer outra coisa para me
distrair. Eu não podia ter uma crise de ciúmes, porque não tínhamos um
relacionamento de verdade e isso só me fazia lembrar que ele não iria me amar
da mesma forma que eu o amo. Não iria me amar além do meu corpo.

Na sexta-feira, eu fui novamente fotografar uma coleção de vestidos e
dessa vez levei a Kim comigo. Fazia tempo que ela me importunava para assistir
a uma sessão comigo e depois do Benjamin permitir, eu a trouxe. Ela estava
animada com o curso que havia começado e andava para todo o lado com uma
prancheta e canetas desenhando vários modelos lindo de vestidos.

—Acha que é tarde de mais para ingressar em uma faculdade ? —
Pergunta como se não quisesse nada quando saímos do táxi em frente a empresa.

—Kim, você só tem vinte e seis anos. —Paro e me viro para ela. —Não é
tarde para isso e eu te apoio muito nessa escolha.

—Acha que minha área é uma boa escolha ?

—Se é o que você ama, é a melhor escolha. Essas empresas aí estão
perdendo a melhor designer que elas poderiam ter. —A cutuco e entramos rindo.

Encontramos o Gary no corredor e passamos um tempo conversando com
ele. Ousei perguntar sobre o Benjamin e ele disse que estava na sala dele em
uma pilha de nervos por causa do estresse, então deixei ele conversando com a
Kim e disse que ia lá.

—Com licença. —Digo, depois de ser anunciada e de ele falar o famoso
“entre”.
—É de você que eu preciso e não desses papéis. —Larga a papelada que
estava segurando em cima da minha mesa e vem até mim. Suas mãos enlaçam
minha cintura e ele me leva para o sofá.

—Achei que você estivesse uma pilha de nervos.

—E estou! Tinha esquecido o quanto época de fim de ano é terrível.

—Eu gosto dessa época. —Dou de ombros.

—Isso porque você não trabalha aqui igual uma condenada, mas não
quero falar sobre isso. —Me beija sem aviso prévio e eu retribuo. Minhas mãos
vão para seus cabelos e o puxo com tamanho desejo.

—Benjamin, a porta está destrancada. —Digo quando seus toques
começam a ficar mais quentes.

—Eu vou trancar. —Faz menção de se levantar, mas eu o seguro.

—Não, eu só estava de passagem mesmo. Vim te ver.

Ele me olha dentro dos olhos como se fosse falar algo, mas parece que
desiste e deixa um selinho rápido na minha boca.

—Quer sair comigo hoje à noite ?

—Eu estava mesmo querendo sair. No que você está pensando ?

—Podíamos ir em uma boate qualquer. Marquei com o Gary, mas
podemos ir todos. —Dá de ombros. —Você pode chamar sua amiga Kim, se ele
já não tiver chamado.

—Dois CEO saindo com duas prostitutas. Típico. —Sorrio alisando sua
barba e ele agarra meu pulso.

—Você não é mais prostituta! —Fala ríspido com a boca quase encostada
na minha e seu tom de voz me deixa excitada.

—Ainda sou. Apenas para você e agora com contrato, mas não deixa de
ser sexo pago.

—Eu não gosto de usar esse termo com você. —Sinto sinceridade na sua
voz e por um momento acredito nas palavras da Kim de que ele está apaixonado.

—Então não use. —Me levanto e o deixo sentado no sofá. —Nos vemos
mais tarde ?

—Sim.

—Então até mais. —Caminho em direção a porta, mas ele corre e me
prende na parede de costas para ele.

—Desta vez você não vai sair sem antes me beijar. —Diz com a voz
rouca perto do meu ouvido e me vira em um só movimento. Sua boca toma a
minha de uma forma desenfreada e ele me ergue no colo fazendo com que eu
passe minhas pernas em volta da sua cintura. Quase ficamos a ponto de
engolirmos um ao outro, mas ele me põe no chão novamente.

—Agora sim pode ir —Sorri me deixando sem reação. —Mas é melhor
arrumar o batom antes disso. —E pisca para mim.

(…)

Enquanto estou tirando as fotos, a Kim fica me olhando deslumbrada e
vez ou outra ela estraga uma foto me fazendo rir quando não posso. Quando as
fotos do catálogo são concluídas, eu vou correndo até ela e a puxo pelo braço
sem me importar de derrubar suas coisas no chão e a levo para tirar fotos comigo
no cenário.

Ela não percebe por está concentrada em fazer poses e ter seus 15
minutos de fama como ela mesmo disse, mas eu vejo o exato momento que o
Gary chega e fica lhe admirando. Ele fica encostado no batente da entrada de
braços cruzados e sorrindo quando ela fala algo engraçado para as câmeras. Não
é algo de se admirar, pois a Kim é o tipo de pessoa que é impossível não se
apaixonar.

Depois de terminar tudo, lhe ajudei a recolher suas folhas com seus
desenhos que estavam no chão e saímos. Já era hora do almoço e enquanto
andávamos pelo corredor em direção a saída, vi o Benjamin saindo da sua sala.

—Já acabaram as fotos ? —Ele pergunta, olhando para seu rolex no
pulso.

—Sim, agora vamos almoçar.

—Eu também estou indo almoçar agora.

—Acho que podemos ir juntos, se você quiser, claro. —Dou de ombros e
ele faz uma careta.

—Hoje não vai dá, desculpa.

—Tudo bem, eu vou com a Kim e …

—Podemos ir almoçar agora, Benjamin ? Eu estou faminta. —Uma
mulher negra com corpo de modelo e os olhos em um castanho bem claro chega
sorridente e todos nos olhamos. Ela é mais alta que eu e usa um look digno de
socialite daquelas bem ricas e famosas no Instagram. Agora entendi o motivo
dele não poder ir.

O Benjamin me olha como se tivesse sido pego no flagra, mas decido não
dar esse gostinho a ele. Sorrio para a mulher em cumprimento e volto a olhar
para ele.

—Bom almoço, Senhor Connor. Com licença. Vamos, Kim!

—Louise, espera. —Ele pede, mas decido não olhar para trás e continuo
caminhando para fora.

—Estou começando a achar que essa história de acordo foi má ideia. —A
Kim fala assim que pisamos o pé fora.

—Eu já sabia que ia ser assim, Kim. A culpa não é dele.

—Eu sei, mas então vamos fingir que aquilo não te afetou em nada, okay
? —Ela segura meu rosto e eu faço que sim com a cabeça. —Mesmo sendo só
um dia, eu vi que esse trabalho de ser fotografada não é tão fácil quanto eu
pensei. Acho que merecemos uma folga. Que tal irmos para uma casa noturna
qualquer mais tarde ?

—O Benjamin nos convidou para …

—Foda-se o Benjamin! Vamos ?

—Posso beber até esquecer meu nome hoje e com direito a ressaca
amanhã de manhã ? —Pergunto e ela balança a cabeça com um sorriso largo.

—Eu me encarrego de levar uma aspirina.

—Então feito! —Sorrio e chamamos um táxi para o restaurante.

(…)

—Como eu estou ? —Pergunto indo no quarto da Kim. Estou usando um
vestido em um tom dourado cheio de lantejoulas e outros ornamentos brilhantes
que comprei semana passada. Além de ser bem curto, ainda tem uma fenda bem
na lateral no direito da perna que fica praticamente em cima da bunda. O decote
em formato de triângulo não é exagerado, mas deixa a parte das costas nua. Nos
pés coloquei um salto também dourado brilhante de bico redondo e sola meia
pata com uma tira no tornozelo.

—Bem ousada, do jeito que eu gosto.

—Também gostei. —Falo pegando meus óculos e colocando no rosto,
mas ela toma. —O que foi ?

—Vai colocar óculos para tampar a maquiagem toda ?

—Não, mas ultimamente tenho precisado ainda mais dele.

—É de tanto flash que você anda tomando na cara. Até eu estou ficando
cega. —Me entrega de volta sorrindo. —Leva na bolsa. Só usa se precisar.

—Okay. —Falo voltando a guardar na bolsa. —E essa roupa tão
comportada ? —Falo olhando para seu vestido em veludo na cor vinho um
pouco curto e assimétrico na perna direita. As mangas são compridas e o decote
é curto.
—Não sou eu quem estou tentado descontar a raiva do Benjamin indo de
forma provocante para uma festa. —Ri e eu faço careta com sua piada.

—Podemos ir ?

—Deixa eu só terminar de passar esse batom … —Ela acentua a boca
com um batom bordô, enquanto eu paro para reparar no seu vestido . —
Podemos.

Pegamos um táxi e seguimos em direção a casa noturna que a Kim
escolheu. O lugar é espetacular e fica praticamente de frente para a praia. A
música que toca lá dentro é uma mistura de eletrônica com latina e as pessoas já
entram dançando no clima. A rua é tão animada que lembra aqueles filmes que
se passam de noite em Miami, o que já me deixa em ritmo de festa.

O táxi para em frente para a casa noturna a qual descubro que também
pertence ao velho que queria se casar com a Kim, e novamente ela conseguiu
entradas vips para nós duas, fazendo passarmos na frente de todo mundo que
estava esperando na enorme fila.

—O lado bom de ser uma boa puta. —Ela fala quando entregamos
nossos passes e entramos. Somos recebidas pela música que ainda está em
aquecimento e eu me mentalizo para tirar essa noite somente para mim, sem
pensar em ninguém. Muito menos em um certo alguém com dois metros de
altura e que me faz chorar sempre que me toca. Não disse por onde.



Benjamin

Eu não queria ignorar seu pedido para irmos almoçar juntos, mas tive que
fazer isso. Aquela negra que deixou meu pau duro só de olhar, não é ninguém
menos que a dona da maior empresa que temos sociedade. Digo, ela não é
totalmente dona. É filha do dono, mas acaba por dá na mesma. Seu pai está lhe
treinando para ficar no seu lugar e a mulher tem jeito. Conseguiu ainda mais
clientes para sua empresa de lingerie e é uma das que mais favorece o nome da
Global Connor´s. Não sou mentiroso para negar que já a imaginei em diversas
posições empinando aquele bumbum de cor espetacular na minha direção, mas
nosso negócio sempre foi trabalho e hoje também, o que responde o porquê eu
não ter saído com a Louise quando ela me chamou.

Depois de resolvermos algumas campanhas na hora do almoço, voltei
para a empresa e foi onde começou as minhas ligações para a Louise. Acho que
devo acrescer no contrato para ela estar sempre com a porra do celular na mão.
Odeio ficar fazendo chamadas e sendo ignorado. Como o tempo tem que ser
preenchido com algo produtivo, volto minha atenção ao trabalho, que
infelizmente demora um pouco para passar. Típico de sexta.

(…)

Adentro junto com o Gary a casa noturna a qual sei que a Louise está. A
procuro com os olhos atentos. Não, eu não a persegui ou liguei para o serviço
secreto para obter essas informações. A Kim disse para o Gary onde estaria e
apenas supus que as duas estivessem juntos. Bingo!

Olhamos as duas dançando juntas com várias outras pessoas no meio da
pista enquanto seguram copos de bebidas. A Louise usa a porra de um vestido
minúsculo e ainda por cima com um rasgão perto da bunda. É só ela se abaixar
que já dá para ver até seus seios. Puta merda! Eu vou ter que colocar sobre o
tamanho de vestidos no contrato também porque foda-se! Que caralho de roupa é
aquela ?

Eu já me sinto descontrolado quando vejo vários homens encoxando a
Louise que ri feito idiota como se tivessem contando alguma piada. Um deles
que está dançando atrás dela põe a mão na sua cintura e começa a falar perto do
seu ouvido. Ela ri e ele mordisca sua orelha. Em seguida ele tenta a beijar, mas
quando dou por mim, já estou lhe empurrando para longe dela.

—Qual foi, irmão ? —Ele pergunta com uma voz estranha e eu denuncio
que o cara está cheio de droga até o rabo.

—Se afasta dela! —Digo em um rosnado e ignoro o olhar confuso da
Louise para mim.

—Você é grande, mas não é dois.

—Quer apostar que te espanco como se fosse ? —Dou um passo na sua
direção e ele recua, então faz um movimento como se fosse me atacar e sai se
misturando na multidão. —Que diabos estava acontecendo aqui ?

—O quê ? —A Louise sorri com a voz embargada. —Não posso mais
dançar ?

—Aquilo não era dança. Vocês estavam quase transando! Você está
bêbada ?

—Não posso também ? Tinha no contrato que era proibido beber ?

O Gary tenta segurar uma risada, mas falha miseravelmente. Eu o encaro
e ele tenta se conter enquanto sai com a Kim para algum lugar.

—Vamos embora daqui, Louise. Você não está em condições de ficar
nessa festa. —Pego no seu braço me preparando para sair e ela puxa.

—Me solta! Por que você não vai almoçar lá com aquela sua amiga
gostosa ? —Ela falta cair com seu próprio puxão e eu a amparo.

—Eu não vou discutir com você nestas condições.

—Então me deixa curtir à vontade. Hoje é sexta! —Dá um grito e abraça
meu pescoço mexendo o corpo de um lado para o outro. De repente ela fica me
encarando de uma forma como se admirasse cada feição do meu rosto e solta: —
Posso te beijar ?

Sorrio da forma que ela pergunta e tiro um fio de cabelo que está
entrando na sua boca.
—Pode, mas só se você for embora comigo.

—Então eu vou beijar outro. —Se vira para sair, mas a puxo novamente
fazendo nossos corpos colarem. Seguro seu rosto com as mãos e a beijo com
vontade. Seu hálito de álcool com limão entra pela minha boca e eu desço a mão
para sua bunda.

—Você beija bem. —Diz e eu sorrio dando de ombros.

—Eu sei. Costumo ouvir isso. Podemos ir embora agora ?

—Não.

—Mas você já está bêbada demais.

—Ainda nem comecei, baby. —Ela dá um gritinho e sai dos meus braços
saindo pelo meio da multidão. Não tenho alternativa a não ser ir atrás dela e
tomar conta.

(…)

—E aí ? Já vai admitir que está apaixonado pela garota ? —O Gary
pergunta enquanto estamos sentados no bar vendo as garotas dançarem juntas na
pista. Quem olhasse juraria que estamos em um encontro duplo.

—Eu não vou admitir porque simplesmente não estou apaixonado. —
Tomo um gole da bebida que fica ardendo por alguns minutos dentro da minha
boca e depois escorre pela minha garganta. —Mas já de você não podemos ter
tanta certeza.

—Eu ? Acha que eu vou me apaixonar por uma prostituta ? —Ele
gargalha. —Eu tenho amor a minha vida e a minha cabeça ainda intacta. A Kim
só fode bem pra caralho e eu pretendo me deliciar muito naquele corpinho
esbelto ainda.

—Então você não veria problema em eu dá uma experimentada para ver
se é tudo isso mesmo que você está falando, não é ?

—Se você deixar eu dá uma conferida na Louise também …

—Se fode primeiro. —Lhe mostro o dedo do meio e ele ri. Olho
novamente para onde as duas estão e um magrelo chega dançando perto da
Louise. A Kim percebe e faz ele olhar na minha direção. Eu faço um movimento
apenas com a cabeça dizendo para cair fora e ele sai depois de erguer as duas
mãos.

—Estou com sede. —A Louise chega perto de mim e se encaixa entre
minhas pernas colocando as duas mãos em cada uma delas. Ela se estica um
pouco e beija minha boca. Paro alguns segundos para admirar sua beleza e sinto
meu coração acelerar quando ela sorri para mim com os olhos brilhantes.

—Quer água ?

—Quero vodka. —Lambe os lábios e sorrio.
—Amigo, uma vodka, por favor. —Peço ao garçom que faz um aceno
positivo com a cabeça. —Você não acha que já chega ?

—Por que ? Amanhã não tenho horas para acordar. Você tem, Kim ?

—Eu não. —A amiga responde tão bêbada quanto ela e a vejo alisar o
pau do Gary por cima da calça.

—Vocês querem parar de quase transar aqui do lado da gente ? Tem um
motel na rua do lado, porra! —Digo e eles riem. A Kim o puxa para algum lugar,
mas estou mais atento a Louise para tentar saber para onde os dois vão
abraçados.

O barman põe a bebida na mesa e ela vai toda animada pegar. Ela volta a
ficar na minha frente só que de costas para mim e o cheiro dos seus cabelos
sobem para meu nariz. Meu coração continuar acelerado por ela estar assim tão
perto de mim e a viro em um único movimento. Seguro novamente seu rosto
com as mãos e abocanho sua boca quente. Ela se deixa ser beijada e segura meus
cabelos com uma das mãos livres gemendo dentro da minha boca.

—Eu quero fazer xixi. —Diz e eu sorrio pela frase inusitada em um
momento tão quente.

—Eu vou com você.

—Não, a Kim vai. Você não é mulher. —Ela sai e sem se importar da
Kim estar quase sendo comida pelo Gary, a puxa pelo braço em direção ao
banheiro.

—Você está apaixonado! —O Gary chega novamente e senta no banco ao
meu lado.
—De novo isso ?

—Cara, você já parou para prestar atenção na cara que você faz quando
olha pra ela.

—Não.

—Você deixou ela te beijar na boca!

—E daí ?

—Desde quando você fica beijando as mulheres que você pega assim ?

—Temos um contrato, Gary.

—Mais um motivo para ter a certeza de que você está apaixonado. —
Bebe um gole da sua bebida e encerramos o assunto.

Algum tempo depois as duas vêm rindo na nossa direção e o tempo para
quando meus olhos encontram o de Louise a distância. Ela abre um sorriso lindo
com a boca meio aberta e joga os cabelos para trás. Minha garganta seca e sinto
um frio no estômago repentino, mas tudo volta a realidade em um turbilhão
quando o alarme de incêndio toca e todo mundo começa a correr desesperado de
um lado para o outro.

De longe vejo apenas a Louise sendo praticamente pisoteada e empurrada
pela enxurrada de pessoas, então salto do banco e vou correndo na sua direção.
As pessoas me empurram para a direção que estão indo, mas forço meu corpo
para não ir com eles e ir em busca de Louise, que não consigo mais achar.

—Louise! —Grito olhando para os lados desesperado e sentindo meu
coração ficar pequeno. A fumaça começa a surgir de algum lugar e eu sei que
tenho que me apressar.

—Cadê a Louise ? —Escuto a voz do Gary sendo empurrado perto de
mim.

—Eu não sei. E a Kim ?

—Já levei ela para fora.

—Ben! —Escuto sua voz chorosa quase inaudível pelo som da gritaria e
a vejo bem afastada de mim. As pessoas continuam empurrando e mesmo que eu
não queira, acabo usando a violência física para tirar alguma delas da minha
frente.

Começo a andar pelo meio da multidão indo de encontro a Louise que
está escondida dentro de uma espécie de espaço entre duas paredes. Chego perto
dele e protejo seu corpo com o meu apoiando os dois braços na parede em volta
dela. Seus cabelos estão bagunçados, seu rosto vermelho e seus olhos molhados
de lágrimas

—Você está bem ? –Pergunto alisando seus cabelos.

—Sim. O que está acontecendo ?

—Um possível incendio. Vamos sair daqui. —A tiro do lugar e a pego
nos braços para que as pessoas não esmaguem seu corpo frágil. Ela se agarra
com força ao meu pescoço quase me deixando sem ar e me assusto ao ouvir uma
explosão na área do DJ. Quando olho, o fogo já está tomando conta da
aparelhagem de som.

Apresso o passo me esforçando para não ser derrubado pelos empurrões
das pessoas histéricas até que consigo sair ileso junto com ela. A levo para a
areia da praia onde parece ser mais seguro e o Gary vem ter conosco junto com a
Kim. As duas se abraçam e respiro aliviado.

Ficamos um tempo na areia apenas olhando os bombeiros chegarem, mas
felizmente foi apenas um curto circuito em algum cabo da aparelhagem e não
houve muito dano ou pessoas feridas.

—Está tudo bem com vocês ? —Pergunto.

—Sim, estamos bem.

—Okay, hora de irmos para casa. —Falo tirando a sujeira da minha roupa
e todos concordam.

(…)

Chego em casa já me agarrando com a Louise e apertando sua bunda já
que seu vestido agora está praticamente no seu pescoço. Minha mão busca
sedentamente por sua boceta e gemo na sua boca ao sentir molhadinha nos meus
dedos. A mordo os lábios já sentindo meu pau latejar duro dentro da calça e a
pego no colo subindo as escadas.

Estou para me aguentar a espera de me enfiar dentro da sua bocetinha
deliciosa e seu estado de embriaguez me deixa ainda mais excitado. Ela puxa
meus cabelos e rebola no meu colo tão excitada quanto eu e joga a cabeça para
trás me dando espaço para encher seu pescoço de beijos e mordidas.

A jogo na cama assim que entramos no quarto e seus olhos despertam
ainda mais o meu tesão.

—Vira. —Ordeno tirando minha roupa e ela obedece. Quase não se
aguenta de joelho, mas a mantenho firme com uma das minhas mãos.

Pego um preservativo que sempre fica em cima do móvel e coloco no
meu membro com certa pressa. Hoje não quero rodeios. Estou cansado do dia de
trabalho e quero apenas socar forte até gozar lindamente para aliviar o estresse e
é o que eu faço.

Posiciono meu pau na sua entrada e aliso só para seu líquido escorrer e
facilitar a entrada. Empino sua bunda bem na minha direção e me curvo sobre
ela. Minha mão direita passa por baixo do seu braço e seguro seu pescoço para a
manter firme no lugar, só então a penetro de uma só vez.

Ela geme alto cada vez que empurro meu pau para dentro dela. Aperto
seu rosto com a mão que está no seu pescoço e mordo seu ombro com certa
força, mas a mulher parece gostar ainda mais, pois geme deliciosamente me
dando sinal para ir mais rápido e mais duro.

—Vou gozar. —Digo apertando os olhos e sentindo minha voz alterada.
Ela geme em resposta e eu seguro seus cabelos a fazendo me olhar, então engulo
sua boca e chupo sua língua de forma descontrolado. Seus gemidos e espasmos
se intensificam indicando seu orgasmo e foi cereja do bolo para eu me
desmanchar em jatos grossos e quentes.

Saio de dentro dela e sorrio quando ela cai em cima da cama ainda mais
suada de quando chegou. Dou um tapa na sua bunda e a marca se acende logo
enquanto aliso o lugar. Vou para o banheiro sentindo meu corpo mais leve e ligo
o chuveiro para tomar um banho.

A água quente desce por toda a extensão do meu corpo e fecho os olhos
imaginando a cena da mulher que está na minha cama nesse exato momento.
Suas curvas são as mais lindas que já vi e se não for falar muito, seus olhos me
deixam completamente louco. É como se soubesse toda minha história. É como
se eu já tivesse os visto em algum momento da minha vida antes de lhe conhecer.

Fecho a torneira quando acabo e pego a toalha ao lado. Seco os cabelos o
máximo que posso e saio com a mesma enrolada na cintura. Escovo os dentes na
pia e paro uns instantes em frente ao espelho para admirar meu corpo trabalhado
com muito tempo de academia. Esses dias estou com pouco tempo para ir, mas
tenho que retornar logo. Não sei quem tem sorte nesse acordo. Eu ou ela.

—Você não quer tomar um banho ? Já acabei. —Pergunto lavando a boca
e não recebo respostas. Saio do banheiro e a vejo deitada quase na mesma
posição que a deixei. Vou até ela e vejo que está dormindo.

Sorrio comigo mesmo e a ajeito na cama em uma posição mais
confortável e de uma forma que me dê mais espaço para deitar. Ela resmunga
qualquer coisa em negação a eu estar lhe tirando do lugar, mas logo volta a ficar
calada. Visto apenas uma cueca e me deito ao seu lado. Ela ainda está com
cheiro de sexo misturado com álcool, mas a abraço sem me importar do seu
corpo está praticamente grudando no meu.

Arrumo seus cabelos para longe da minha boca e ela se aconchega ainda
mais com as costas junto do meu peito. Beijo seu ombro satisfeito e durmo sem
precisar de muito esforço.



Louise

Acordo tentando mudar de posição, mas há um braço enorme em cima de
mim que impede isso. Me viro de frente para o Benjamin e sorrio apaixonada ao
ver sua boca amassada em um biquinho por causa do travesseiro. Beijo seu
queixo aspirando seu cheiro natural e ele se mexe um pouco. Seus cabelos
espalhados pelo mesmo travesseiro liberam um cheiro gostoso e me lembro que
sequer tomei banho na noite anterior.

Me cheiro para ver se estou fedida, mas ainda bem que não. Tiro seu
braço de cima de mim com cuidado para não o acordar e vou para o banheiro
onde tomo um banho frio. A água escorrendo pelo meu corpo me faz lembrar da
noite passada quando ele se preocupou comigo durante o incêndio na casa
noturna e mesmo que eu não me lembre de muita coisa por estar completamente
alcoolizada, eu vi a preocupação e desespero nos seus olhos.

Saio do banheiro quando acabo enrolada em uma toalha branca bem
grossa e o vejo acordado deitado na cama. Seu corpo coberto apenas pela cueca
branca escondem o pau que mesmo não estando duro, nota-se claramente e me
fazem ter pensamentos sujos, ainda mais com aquela barriga trincada e aquele
peitoral gostoso. Uma das suas mãos está atrás da cabeça e ela está atento a
algum jornal passando na televisão.

—Bom dia. —Digo ainda sem graça e ele olha para mim.

—Bom dia. —Abre um lindo sorriso que faz meu coração doer. —
Dormiu bem ?
—Sim. Nem vi quando dormi.

—Eu vi. Vamos descer para comer algo ? Preciso estar alimentado para
poder comer você de novo depois.

—Eu não tenho roupa aqui. —Digo sorrindo da sua forma de falar e
aponto para seu armário. —Se importa ?

—Não mesmo.

Vou até lá e pego uma roupa que sirva temporariamente em mim, o que
acaba por sem apenas uma camisa branca de malha.

—A sua madrasta está em casa ?

—Provavelmente não. Ela costuma sair cedo para fazer alguma coisa aos
sábados. Por quê ?

—Não quero ficar vestida assim na casa com ela aqui. Tenho vergonha.

—E vocês já não se conhecem ?

—Eu conheço ela, mas ela não sabe quem eu sou. Esqueceu que
estávamos todos de máscaras ?

—Verdade. —Ele desliga a TV. —Enfim, vamos comer ?

—Vamos. —Sorrio e saímos do quarto. Tomamos café na mesma da
cozinha e depois voltamos para o quarto. Eu para vestir meu vestido e ir para
casa, pois não quero passar o dia aqui e ele enjoar de mim. Quer dizer, eu quero,
mas ainda preciso ser eu mesma e não grudar tanto nele como diz no nosso
contrato.

—Você toma algum remédio ? —Pergunta depois de desligar a ligação
que fez para chamar um táxi para mim

—Pilulas.

—A injeção não é mais eficaz ?

—Acho que sim, por quê ?

—Quero que você tome. —Diz em uma voz autoritária e eu o encaro. Ele
apenas continua: —Porque a partir de hoje quero te foder sem nada no meu
caminho. —Ele se aproxima de mim e agarra minha nuca me puxando para mais
perto dele. Sinto seu pau cutucando minha barriga e meu resto de sanidade foi
embora quando ele terminou sussurrando bem perto do meu ouvido: —Nós dois.
Pele com pele. O que você acha ?

Já fecho os olhos sentindo meu sexo pulsando e quando ele desce a mão
para o meio das minhas pernas, eu me esfrego na palma grande:
—Acho uma ótima ideia.

Ele me levanta no seu colo e eu agarro sua cintura beijando sua boca.
Suas mãos apertam minha bunda como se fosse entrar completamente dentro de
mim e subimos as escadas em direção a seu quarto sabendo que o pobre do
taxista vai dá uma viagem perdida.
Capítulo 22

Louise

O fim de semana passou tão rápido quanto chegou. Eu ainda estava em
fase de adaptação com a nova rotina de tirar fotos para grandes campanhas e
catálogos. A melhor parte de ir para a empresa era saber que poderia esbarrar
“sem querer” com o Benjamin no meio do corredor e até dar uma rapidinha na
sua sala, o que já está se tornando normal acontecer.

Estava tirando fotos na empresa quando sou surpreendida no momento da
pausa pelo Leo que me entrega uma pequena caixa embrulhada e me olha de
forma maliciosa.

—O que é isso ?

—Não faço a mínima ideia, mas foi seu patrão que mandou para você.

—O Benjamin ? —Pergunto, desembrulhando devagar.

—Você tem outro patrão por acaso ? —Diz e dou risada. Quando termino
de abrir, vejo a caixa de um IPhone novíssimo e fico boquiaberta.

—Ele é louco ?

—Parece que o patrão está apaixonado. —O Leo fala e sai sorrindo me
deixando sozinha. Eu não sou muito fã de IPhone, mas sei o quanto esse celular
é relativamente caro.

Depois de tirar o restante das fotos, arrumo minhas coisas e vou até a sala
do Benjamin.

—Gostou do presente ? —Pergunta depois que entro e fecho a porta.

—Gostei, mas não sei se devo aceitar, Benjamin. É caro e não precisava
se importar.

—Não ? Já viu seu celular antigo ? —Fala se referindo ao meu celular
que já estava descascado e com a tela trincada. Sorrio sem graça.

—Obrigada. É gentil da sua parte. —Agradeço.

Ficamos conversando assuntos sobre a empresa e mesmo que depois ele
tenha tentado transar comigo, aguentei meu tesão e sai da sua sala sorrindo
depois dele me convencer a trocar de celular hoje mesmo, pois já estava ficando
com agonia do meu e também pediu que eu tirasse do silencioso, porque odiava
quando eu não atendia. Mal sabia ele que eu sempre via suas chamadas, já que
sempre ficava as esperando, apenas não atendia quando queria fazer um charme.

—O que você está fazendo aqui ? —Pergunto ao esbarrar na Kim,
quando estava prestes a sair da empresa e ir para casa.

—Eu não sei. —Ela diz toda vestida de forma adequada em uma saia
preta folgada que ia até os joelhos, uma camisa floral final com colarinho e um
salto alto grosso. —O Gary quem me ligou para estar aqui agora.

—Vai dá uma na sala dele também ?

—Espero que sim. Sempre foi um fetiche transar na mesa de um
escritório. —Dá uma risada e nos despedimos depois de trocarmos algumas
palavras.

(…)

Fico em casa esperando que ela apareça e morrendo de curiosidade
querendo saber o motivo do Gary a ter chamado lá. Kim chega em casa por volta
das cinco quando estou preparando um café e solta as coisas em cima do sofá
sem falar nada.

—O que aconteceu ? —Pergunto, vendo sua cara. Ela levanta os olhos e
abre a boca.

—Fui contratada.

—O quê ? —Dou um grito e corro para lhe abraçar. —Sério ? Como
assim ?

Ela começa a me contar que no dia que ela foi me ver sendo fotografada
e derrubei suas coisas, o Gary acabou vendo seus esboços e roubou um sem
ninguém ver. Depois de mostrar para a gerente da área de vestuário, a mesma
adorou o vestido de gala que a Kim fez e praticamente exigiu que o Benjamin a
chamasse para trabalhar lá, pois segundo ela, a Kim tem um talento nato para
isso.

—O Benjamin não falou sobre nada. —Digo quando ela acaba.

—Não importa! Eu agora tenho um trabalho, amiga! —Ela me abraça
eufórica. —Sabia que a empresa vai pagar a faculdade que eu escolher ?

—Sério ?

—Sim! —Seus olhos enchem de lágrimas. —Como a nossa vida pode
estar mudando assim de uma hora para outra ?

—Acho que merecemos isso. —Sorrio. —Você vai continuar trabalhando
na rua ?

—Eu ainda não tinha pensado nisso. —Ela morde o lábio.

—Você não vai precisar mais, Kim —Aliso seus cabelos. —Eu sei que é
a vida em que crescemos acostumadas e que parece que estamos deixando para
trás algo bom do nosso passado. Eu também sinto isso as vezes, mas é uma
oportunidade que a vida está nos dando.
—Eu tenho medo de tudo dar errado e acabar tendo que voltar de novo.
Acabar tendo o mesmo baque que tive no começo.

—Nada vai dar errado. Você vai ver. E se caso dê, vamos estar juntas
como sempre.

—Vamos. —Uma lágrima rola pelo seu rosto e ela me abraça. —Eu te
amo.

—Eu te amo também. Agora acho que você tem que agradecer o Gary
pela oportunidade.

—E você acha que já não fiz isso ? —Nos afastamos. —Você sabia que
ele tem camisinhas guardadas no escritório dele ?

Sorrio alto quando ela começa a falar sobre a forma de agradecimento
que deu a ele na sua sala.



Benjamin

Me ajeito atrás da mesa quando a nova secretária anuncia que a Alana
quer entrar e eu permito. Não faço a mínima ideia do que essa garota quer aqui.
Desde que a demiti não tenho mais contato algum com ela, mesmo ela me
ligando às vezes.

—Diz logo o que você deseja porque tenho muito o que fazer —Digo
sem a olhar. —A não ser que seja para pedir seu emprego de volta, daí pode dar
meia volta e sair.

—Eu não quero essa porcaria de emprego de volta. —Ela berra e bate
com as duas mãos na minha mesa fazendo com que eu a encare. —Eu quero
dinheiro, Benjamin!

—E por um acaso tem o nome banco na minha testa ?

—Não brinca comigo! Eu posso ferrar com sua vida.

—Pode ? Como ? —Respondo sereno.

—Se você não me dar o que eu preciso, eu vou te denunciar por abuso.

—Alguém já disse que você é uma desequilibrada que precisa de
tratamento ? —Sorrio de lado. —Eu nunca te abusei, sua maluca!

—Não é nisso que as pessoas vão acreditar quando eu mostrar as fotos
que tiramos juntos na cama e a foto dos hematomas que você me deixou quando
eu pedia para você ma bater. —Ela sorri como se já tivesse planejado tudo, mas
mantenho um sorriso no rosto.
—Você acha que sou burro, Alana ? Acha mesmo que eu não conhecia
seu tipo antes de te contratar ? Acha que alguém vai acreditar na sua mentira
depois de saber a sujeira que tem no seu passado ?

—Você não tem provas que provem o contrário. —Ela continua sorrindo
e eu rio ainda mais.

—Ah, não ?

—Não.

—Sabe o que é aquilo ? —Aponto para um lustre em cima da minha
mesa e para um canto em cima da porta. —São câmeras de segurança com áudio.

—Você gravou nossa intimidade ? —Ela grita. —Isso é crime!

—Não, não é! Eu não expus essas imagens e também não faço a mínima
questão de fazer isso. As imagens são apenas para manter a segurança do meu
local de trabalho e por sorte para manter pessoas como você no lugar —Me
levanto. —Eu conheço seu tipo de longe, Alana. Essas imagens estão bem
guardadas em um banco privado onde somente eu posso ter acesso quando
quiser. Você pode tentar me incriminar de algo, mas vamos ver quem ganha isso
quando eu mostrar que na verdade que você é uma vadia interesseira.

Ela tenta acertar um tapa na minha cara, mas sou mais rápido e seguro
seu pulso com força.

—Tenta isso mais uma vez e eu não me responsabilizo pelos meus atos.
—A empurro. —Agora sai da minha sala e da minha empresa antes que eu
chame os seguranças.

—Você vai me pagar, Benjamin. —Ela arruma sua bolsa no ombro e eu
volto a me sentar.

—Fecha a porta quando sair, por favor.

—Você vai me pagar! —Diz novamente e sai batendo a porta com força.

É cada uma que eu tenho que ver.

Depois do trabalho, dirijo para casa onde a Donna está arrumando nossa
árvore de natal.

—Vai ser o nosso primeiro natal sem seu pai. —Ela diz, notando que
entrei em casa.

—Verdade. —Jogo as chaves em cima da mesa de centro e beijo o topo
da sua cabeça. —Você está bem ?

—Sim. Era a época do ano que ele mais gostava.
—Eu sei. —Sorrio. —O que você quer fazer esse natal ?

—Podemos fazer o mesmo de sempre.

—Você quem manda. Vou tomar um banho. —Caminho em direção as
escadas, mas paro no meio do caminho quando penso em algo para este natal.
Não sei o que deu em mim, mas acabo falando.

—Posso convidar alguém para passar a ceia com a gente ?

—Claro! —Ela sorri. —É sua namorada ?

—Não. —Sorrio também. —É uma amiga.

Realmente o natal era a época do ano que meu pai mais gostava e saber
que vai ser o primeiro de muitos natais que vamos passar sem ele faz meu
coração apertar. Sinto vontade de chorar quando entro no quarto, mas controlo.
Infelizmente, debaixo do chuveiro, minhas forças vão embora e me derramo em
lágrimas lembrando dele.



Louise

—Como assim ? —Pergunto depois que o Benjamin me faz o convite.
Estamos deitados na cama do meu quarto depois dele ter entrado novamente pela
janela do meu quarto e me procurado de forma insaciável.

—Quero que você passe o natal com a gente.

—Eu não posso, Benjamin.

—Por que não ? Já tem algum compromisso ?

—Não.

—Então por que não pode ? Eu já disse que você pode chamar a Kim. O
Gary também vai passar com a gente este ano.

—O que você falou quando disse para a Donna ?

—Disse que era uma amiga. Ela deixou e ficou toda animada. É o
primeiro natal que vamos passar sem meu pai. —Sua voz sai melancólica e fico
comovida. Vejo que seus olhos se enchem de lágrimas, mas ele disfarça.

—Tudo bem. —Sorrio. —Eu passo o natal com vocês.

—De verdade ?

—Sim, mas posso pedir algo ?

—O quê ?

—Não conta para a Donna o que eu sou.

Ele me encara por alguns segundos sério e depois sorri.

—Não contarei.

(…)

Os dias estavam passando rápido e o natal já estava a porta. Vez ou outra
me sentia solitária em casa, porque como não trabalhava todos os dias, e a Kim
já trabalhava na empresa e também já tinha escolhido sua faculdade. Iria
começar em setembro do ano que vem, mas já estava animada e até já tinha
comprado cadernos para sua nova etapa. Ela estava mesmo como uma criança e
eu estava feliz por vê-la assim de verdade.

A minha relação com o Benjamin estava a mesma coisa. A única coisa
que mudava era que eu estava ainda mais apaixonada por ele, se é que isso era
possível. Meu coração já pertencia a ele, mesmo o próprio não sabendo, e
embora eu quisesse me declarar, falar tudo que meu coração sentia, eu não podia.
Ele não gostava de mim da mesma forma que eu e mesmo que amor próprio
fosse essencial para mim, eu preferia o ter por meio de contrato do que não o ter
por meio de nada. Eu sabia que tudo acabaria se eu expusesse meus sentimentos
mais íntimos e verdadeiros.

Eu já tinha falado do convite do Benjamin para a Kim e ela ficou
animadíssima, ao contrário de mim, que estava nervosa conforme o dia 25 se
aproximava.

—Relaxa, Lou. Você já não conheceu a mulher e viu que ela é gente boa
?

—Sim, mas tenho medo que isso mude se caso ela descubra que eu sou
uma prostituta e que ainda por cima estou apaixonada pelo filho dela.

—Ela só vai descobrir se você quiser. O traste do Justin não está mais por
aqui e se caso ele aparecer, eu mesmo o faço voltar para de onde veio. —Ela
para de falar e me olha. —Espera! Apaixonada ?

Eu faço que sim com a cabeça.

—Está finalmente assumindo isso para mim ?

—Sim. Estou completamente apaixonada, Kim. Chega até a doer.

—Caraca! Sinto o impacto até daqui. Vamos nos acalmar comprando
nossas roupas e presentes de natal ? Sabe, né ? Agora eu trabalho e ganho muito
bem. —Diz sorrindo e a acompanho.

Ela está sendo muito valorizada na empresa e ganha muito bem
comparado a antes, fora a parte que está muito feliz pelo trabalho e que não tem
um dia que ela chegue em casa e não venha falar sobre o dia. É muito bom lhe
ver nesse estado e espero que continue assim.

(…)

—Seu namorado já chegou! —A Kim grita da sala na véspera de natal e
eu termino de me olhar no espelho.

Decidi colocar um vestido vermelho de renda de mangas compridas com
um laço de seda na gola e que vai até o joelho, calcei um salto agulha preto
básico e prendi apenas uma parte do cabelo atrás da cabeça. Fiz uma maquiagem
clara no rosto, exceto pela boca, onde pus um batom vermelho vivo.

—Quem dera fosse meu namorado mesmo. —Sorrio indo para sala e me
encontrando com ela, que está linda em um vestido azul fino que vai até as coxas
e um salto branco.

Saímos do apartamento depois de pegarmos as sacolas de presentes e
quando o Benjamin diz que está nos esperando lá embaixo, é difícil controlar
meu coração que fica acelerado à medida que vamos descendo.

Nossos olhares se encontram assim que ficamos um no campo de visão
do outro e é como se algo dentro de mim tivesse sendo inundado até chegar na
garganta e me fazer perder o ar por alguns segundos. Dói. Arde. Queima.

—Você está linda! —Ele beija meus lábios de forma delicada e mal
consigo sorrir por ainda está tão embriagada de sentimentos. Ele está usando
uma camisa branca de mangas compridas que marcam seus ombros largos e
definidos junto com uma calça jeans pretas e sapatos escuros. Seus cabelos
soltos lhe dão uma imagem ainda mais espetacular.

—Obrigada pelo elogio. —A Kim fala e ele sorri.

—Você também está linda, Kim. Podemos ir ? Minha mãe está ansiosa
para saber quem eu estou levando para casa.

—Sua namorada e a melhor amiga dela. Vamos.—A Kim fala e ficamos a
olhando sorrindo enquanto ela entra pela porta de trás do carro.

Chegamos na sua casa alguns minutos depois, e a Kim não para de falar
o quanto ela parece ter saído de um filme, que parecia uma mansão e
perguntando ao Benjamin quanto custou. Ele ri e fala abertamente com ela, algo
que me deixa familiarizada. É como se fosse mesmo um jantar com a namorada
e a melhor amiga dela. É apenas como se fosse.

—Entrem! —A Donna nos recebe de forma simpática assim que o
Benjamin abre a porta e entramos.

—Esses sãos minhas amigas, mãe. Kim e Louise. —Fala apontando
respectivamente para cada uma de nós. Ela nos cumprimenta com abraços e se
vira para mim surpresa.

—Eu conheço você. —Ela diz e sinto meu corpo querer começar a
tremer. —Você não desfila para a empresa ? Não é a que fez um trabalho
maravilhoso no desfile de novembro ?

—Sim … Sou eu … —Olho para o Benjamin e ele sorri acenando com a
cabeça.

—Sua voz me é familiar.

—Sério ?

—Sim. Agora não consigo lembrar, mas lembro antes que dê meia-noite.
—Dá uma gargalhada e me sinto mais a vontade.

Ela nos guia para dentro da casa que está completamente enfeitada para a
data e a Kim sempre me cutuca quando nota algo que para ela é fora do normal.
Para mim também é, mas já estive aqui mais vezes e tive tempo de me acostumar
com o luxo da casa.

Colocamos os presentes junto aos outros embaixo da enorme árvore de
natal e sentamos na sala para uma conversa agradável. Sinto os olhos do
Benjamin em mim, mas não o olho e me esforço para me concentrar apenas no
que a Donna está falando. O Gary chega alguns minutos depois com uma sacola
cheia de presentes e os coloca junto dos outros. Ele beija o rosto da Kim e seu
olhar para ela o condena.

—Você é namorada do Benjamin ? —A Donna pergunta quando os três
estão perto da mesa de estar, provavelmente, beliscando algo antes da hora. A
Kim pediu para colocar uma música no som da sala e quando a Donna permitiu,
eu já imaginei a playlist de canções brasileiras que ela ia selecionar.

—É … Não. —Sorrio tímida. —Somos amigos apenas.

—Certeza ? Você olha para ele de uma maneira diferente.

—Diferente como ?

—Apaixonada. —Ela sorri. —Completamente apaixonada.

—Não sei. Eu gosto dele.

—E já disse para ele ?

—Eu não sou mulher para ele. —Digo e ela me olha como se tivesse
voltando no tempo. Fico sem reação temendo ter falado besteira e seus olhos
brilham.

—É você! Você é a mulher mascarada que me ajudou com os cílios
postiços, não é ? Eu sei que é.

—Sim, sou eu. —Digo respirando fundo e ela abre um sorriso ainda
maior.

—Eu sabia que já tinha escutado sua voz em algum lugar. Você é ainda
mais linda de perto.

—Obrigada. —Minha voz quase não sai de tanta vergonha.

—Eu não te conheço totalmente, mas assim como sei ver quando uma
pessoa não presta, também sei ver o contrário. —Seus olhos encaram os meus e
me sinto como um livro sendo lido. —Você é a mulher que vai casar com o meu
filho.

—Já não está na hora de comer, mãe ? —O Benjamin chega sem me dar
tempo de assimilar o que ela acabou de falar.

—Está me chamando de mãe, só porque temos visita em casa ? —Ela faz
uma cara faceira e ele vai até ela e beija sua testa sorrindo.

—Não, estou chamando de mãe porque é como vou te tratar daqui para
frente. E porque já estou com fome.

—Ele nunca esperou a hora certa para a ceia. —Sorri olhando para mim e
ele também. —Vamos para a mesa, então.

Fico surpresa quando o Benjamin senta ao meu lado na enorme mesa
farta e sorri para mim. Sua mão agarra a minha por baixo da mesa e olho nos
seus olhos para tentar descobrir o que ele está sentindo, porque o que eu estou,
isso já sei.

Na mesa, embora o clima seja agradável e descontraindo, dá para sentir
no ar a falta que o pai do Benjamin faz. Eles nos falam dele de uma forma
apaixonada que me deixa completamente atenta para ouvir. Meus pensamentos
também continuam na frase que a Donna falou antes do Benjamin chegar e
sempre que eu a olho, ela retribui com um sorriso carinhoso.

O Gary não para de olhar para a Kim e fala coisas diretamente para ela,
mas minha amiga parece a menos desinteressada da história e não dá a mínima
para ele. Depois de comermos, Gary e o Benjamin vão buscar as sobremesas
enquanto ficamos conversando na mesa.

—Eu já cheguei a ver seus esboços. São espetaculares! —A Donna fala
para a Kim que sorri.

—Você gosta ?

—Sim. Nas peças materiais ficaram ainda mais lindos.

—Obrigada.

—De onde vocês duas se conhecem ?

Nós duas nos olhamos. Como sou péssima em inventar mentiras de
última hora, a Kim começa.

—Fomos amigas no mesmo orfanato. Acabamos nos achando por um
acaso depois que saímos de lá e agora estamos aqui.

—Vocês são tão novas e já tomam conta de si mesmas sozinha.

—A vida quem fez isso. —Kim diz bebendo um pouco do vinho de sua
taça.

—É precoce, mas não deixa de ser bonito. Sinal que vocês têm
maturidade e garra para isso. Não é qualquer um que tem essa capacidade, ainda
mais com a idade de vocês duas.

Continuamos falando sobre nossas vidas até os homens colocarem todas
as sobremesas e nos reunimos novamente para comer. A Kim não tem a mínima
vergonha de provar cada sobremesa que tem na mesa e a Donna gosta disso. Diz
que prefere as pessoas que se sintam em casa do que as que fingem ter uma
classe que não tem.

Depois que acabamos, vamos para a parte onde tem a bela visão para o
Rio Charles onde sentamos e conversamos enquanto beliscamos chocolates. Fico
de pé encostada no parapeito bem desenhado e sorrio quando o Benjamin dá um
tapinha na própria perna me chamando.

Seu braço enlaça minha cintura e com um pouco de vergonha, coloco
meu braço por cima da cadeira onde ele está sentado. O que eu mais queria era o
agarrar como se fosse algo mais que um simples contato, mas a coragem não
existe em mim agora.

Quando dá meia-noite em ponto e o nevoeiro cobre o rio deixando as
coisas embaçadas lá fora, entramos fechamos as portas por já está ficando frio e
vamos para a beira da árvore abrir os presentes.

Eu realmente fico abismada e completamente envergonhada com o valor
dos presentes deles comparado aos nossos. Eu só não fiquei ainda mais
envergonhada, porque estava recebendo uma quantia extremamente alta e a usei
para comprar presentes bons, mas mesmo assim não estava nada preparada para
ver a entrega dos presentes dos outros, principalmente do Benjamin.

—Ahhhhhhhhhhhh! —A Kim grita quando abre a pequena caixa de
veludo branca e tira de dentro um par de brincos. Em princípio, eu não entendi
muito da empolgação, mas quando ela falou que se tratava de um par de brincos
Van Cleef & Arpels em ouro branco e diamantes, meu queixo caiu.

—Ben, isso é muito caro! —O puxo disfarçadamente para um canto e ele
sorri como se não fizesse a mínima diferença.

—Adoro quando você me chama de Ben. Vamos! Ainda faltam entregar
mais presentes.
Voltamos a nos juntar com os outros e ele dá um perfume ainda mais caro
para a Donna, que fica eufórica dizendo que era o que ela mais queria. Ele
assume que ouviu uma conversa dela com uma amiga e foi pesquisar para ver do
que se tratava. Confesso que estava ansiosa para receber o meu e também com
um pouco de medo. Eu já tinha recebido presentes muito caros de alguns clientes
milionários, mas era diferente quando se tratava da pessoa a qual você está
apaixonada.

—Esse é o seu. —Ele entrega um envelope para o Gary e ele abre
fazendo uma piada sobre ser uma viagem para o Caribe com tudo pago. Todos
ficamos apreensivos, enquanto ele tira o lacre e retira outro papel de dentro. Ele
passa algum tempo lendo e sua sobrancelha se move como se não tivesse
entendido.

—Isso é … —Encara o Benjamin e o mesmo lhe estende a mão.

—Parabéns! Você foi promovido a Diretor Chefe de Tecnologia da
Global Connor´s.

O Gary aperta sua mão ainda pasmo e batemos palmas, mesmo sem eu a
Kim termos a mínima ideia do que isso quer dizer.

—Você está brincando com minha cara, não é ?

—Não.

—Você só pode está brincando com a puta da minha cara! —Ele sorri e
puxa o Benjamin para um abraço, que dá vários tapas nas suas costas.

—Você merece isso! Obrigado por sempre estar do meu lado e do lado da
empresa, mesmo nos piores momentos.

—Sempre aqui para você, irmão. —Ele dá bate duas vezes no peito e
aponta para Benjamin.

—O seu presente eu dou mais tarde. —Ele se abaixa na minha frente
fazendo meu coração acelerar e seus olhos em mim disparam desejo. Sua voz me
deixa com vontade de beijá-lo, mas faço apenas que sim com a cabeça e a Kim
reclama.

—Ah, não! Estou curiosa.

—Desculpe, Kim, mas sou especial. —Digo e ele me olha novamente,
agora com um sorriso no rosto.

—Muito especial.

—Apaixonado. —O Gary finge pigarrear e fala no meio me deixando
sem graça.

Depois da entrega de todos os presentes, a Kim liga o karaoke da sala e
começamos a cantar como se não existisse amanhã. O Benjamin não canta e fica
apenas nos observando sentado com a Donna no sofá, mas o Gary solta a voz.
Eu bebi muito vinho e estou sentindo que já estou ficando alterada. Dou
uma pausa do karaoke e sento ao lado da Donna.

—Desculpa se eu já estiver um pouco bamba. É o melhor natal que eu já
tive em toda a minha vida. —Sinto minha garganta embolar e meus olhos se
enchem de lágrimas. Passo as costas das mãos nos olhos tentando sorrir e ela põe
a mão na minha perna:

—Beba, querida! Beba o quanto você aguentar e aproveite a noite. Você
merece!

Eu faço que sim com a cabeça, enquanto ela segura meu rosto e olho para
o Benjamin. Ele está me observando com um sorriso nos lábios e eu também
sorrio tímida. Pouco depois a Donna diz que vai para o quarto descansar, mas
que podemos ficar na sala aproveitando a noite.

—Amanhã quero todos cedinho na mesa para o café da manhã. Não
fujam e juízo! —Diz antes de sumir no topo da escada. O Benjamin mal deixa a
presença da mãe esfriar e já me puxa para seu colo.

—Você não sabe o quanto me controlei a noite toda para não te comer
aqui mesmo. —Fala com voz rouca perto do meu ouvido. Ele segura meus
cabelos puxando para trás e beija meu pescoço exposto.

—Ben, não! —Saio do seu colo com vergonha e ele sorri. —Estamos na
sala da casa da sua mãe.

—Vamos para o meu quarto, então. Meu pau já está a ponto de rasgar
minha calça e minhas bolas estão doendo.

—Então diga para o seu pau que hoje é o natal mais feliz que eu tive em
anos e que quero aproveitar até o último minuto. —Tomo todo o conteúdo do
copo de uma vez e beijo sua boca. Vou até a janela que dá para a avenida e
coloco a cabeça para fora.

—Feliz natal! —Grito alto e várias pessoas começam a responder de
volta.



Benjamin

—Se machucou ? —Amparo a Louise que acaba de levar uma queda
assim que entra no meu quarto. O barulho foi tão forte que doeu até em mim,
mas ela parece não ter sentido nada.

—Não. —Ela responde rindo ainda deitada no chão.

—Você está muito bêbada. —Sorrio e a levanto. —Vamos tomar um
banho.

A ajudo a tirar a roupa e também tiro a minha. A coloco em baixo do
chuveiro para que ela tome um banho.
—Essa água está fria! —Ela se agarra em mim e meus pelos se arrepiam.

—Você precisa disso. Quero nem ver a dor de cabeça que você vai
acordar amanhã.

Termino de lhe dar banho e tomo junto com ela. Ela sorri de lado sempre
que a acaricio disfarçadamente e saímos do banheiro nos agarrando. Ela larga a
toalha que estava em volta do seu corpo com a mão e senta na borda da cama me
puxando para perto. Suas mãos se livram da minha toalha e ela segura meu pau
com uma das mãos começando a me masturbar. O danado não demora nada para
montar a barraca.

—Quer me comer agora ?

—Você está bêbada.

—E isso é problema para você?

—Com certeza não. —Sorrio e a puxo da cama. Agarro sua cabeça lhe
beijando e ela continua massageando meu pau. Ela passa a cabeça já melada na
boceta e eu gemo entre dentes.

Me sento no seu lugar e a viro de costas para mim. Começo alisando e
mordendo suas costas e ela fica apenas se esfregando no meu cacete me
deixando ainda mais perdido. Fico olhando sua bunda mexendo em cima de mim
e aperto sua cintura já completamente excitado.

Ela joga os cabelos para o lado e senta em mim depois de ver que já
estou pronto. Sua bocetinha vai escorregando por toda a extensão do meu cacete
e tenho vontade de urrar de desejo. A sensação de fazer sem camisinha é ainda
maior. Suas paredes quentes e úmidas me abraçam confortavelmente e ponho a
minha mão na sua barriga quando estou completamente dentro dela.

—Prefiro comer sua bocetinha sem nada no meio para atrapalhar —Falo
no seu ouvido e ela joga a cabeça para trás.

—Posso te contar uma coisa ?

—Pode.

—Eu também estava doida para vir para cima e foder deliciosamente
com você —Confessa e sorrio mordiscando sua orelha.

—Eu sei disso.

Ela começa a sentar e em cima do meu pau, enquanto eu fico apenas
segurando seu quadril e aspirando o cheiro intenso dos seus cabelos ainda
úmidos. A visão do movimento das suas costas é maravilhosa e seguro seus
braços a puxando para trás.

—Você é muito gostosa.
Ela se levanta e senta novamente, só que agora de frente para mim e com
os joelhos apoiadas na cama. Seus olhos fixos no meu é algo de outro mundo e
tomo sua boca em um beijo agressivo. Não controlo meus impulsos e começo
mordendo seu lábio inferior, enquanto ela crava as unhas nas minhas costas.

Seguro seu queixo com uma das mãos quando ela acelera a velocidade e
dou tapa na sua cara com a mesma mão. Ela sorri excitada e seu rosto fica
vermelho. Não sei se do tapa ou de tesão.

—De novo. —Pede com a voz carregada e eu lhe acerto outro, mas logo
a puxo para cima de mim e deito na cama. A levanto e faço com que sente no
meu rosto com a bocetinha bem aberta na minha boca.

Ela faz movimentos para frente e para trás enquanto eu enfio a língua no
seu sexo molhado. Suas mãos agarram meu cabelo e mordo sua coxa em
resposta. Ela dá um gritinho e começa a rebolar na minha boca. Os pelinhos
roçam embaixo do meu nariz e seu cheiro é gostoso. Eu abro suas dobras e
alcanço seu clitóris com a língua massageando em um único lugar.

Ela geme e sem pedir, se vira e ficamos em um sessenta e nove gostoso.
Sua boquinha no meu pau é como se fosse uma amostra grátis do paraíso e
retribuo todo o desejo que ela está me dando. Enfio dois dedos dentro dela sem
deixar de lhe chupar e ela geme com a boca colada no meu cacete.

—Eu vou gozar, Ben. —Diz com uma voz chorosa e sinto meu rosto
arder quando vejo que também estou perto.

—Goza comigo então. —Peço aumentando a velocidade da minha língua
no ponto certo e ela goza primeiro. Enquanto se contorce e se treme em cima de
mim, meu pau lança jatos quentes na sua boca e rosto. Aperto sua bunda e dou
um tapa estalado que ela reclama enquanto aliso a região vermelha.

—Estou tonta. —Fala sorrindo e deitando ao meu lado.

—Resultado da bebedeira que você pegou.

—Eu fiz figura triste para sua madrasta ? —Me olha preocupada e eu
sorrio.

—Ela adorou você.

Nos ajeitamos na cama, mas saio e vou pegar seu presente. Volto com
uma caixa personalizada com um L desenhado e uma fita amarrada, assim como
um envelope quase igual ao que dei para o Gary.

—Meu presente ? —Pergunta feliz se sentando e eu sento ao seu lado,
mas antes levanto e abro a cortina deixando a janela fechada.

—Sim, eu falei que ia te dá mais tarde. Abre!

Ela abre primeiro o envelope e procura os óculos pelo quarto, então
sorrio e a encaro.

—É um contrato.

—Outro ? —Vira a cabeça para o lado.

—Não, esse agora é seu contrato para trabalhar na empresa.

—Sério ? —Abre um largo sorriso. —Eu vou fazer parte da empresa
oficialmente ?

—Vai. —Digo e me surpreendo quando ela pula nos meus braços e me
abraça enquanto me beija feliz. Nada de dinheiro no meio. Apenas gratidão e …
sentimentos.

Ela começa a abrir a outra embalagem e de dentro tira um perfume com o
frasco curvilíneo bem suave e o líquido em uma cor azul celeste idêntica a dos
seus olhos. Tem algumas linhas bem delicadas no frasco como se fossem fios de
cabelos e em uma parte forma seu nome. Na tampa tem um pingente pendurado
com um pequeno coração brilhante e um L menor ainda. Mesmo sem óculos ela
consegue notar todos esses detalhes.

—Tem meu nome nele ? —Me encara de forma engraçada como se
estivesse segurando o choro e eu sorrio.

—Tem.

—Por quê ?

—Porque é o único que existe no mundo. Pedi para fazer especialmente
para você.

Ela me encara como se não acreditasse no que estou falando e dividi o
olhar entre mim e o perfume.

—Você está falando sério ?

—Sim.

Ela borrifa um pouco no pulso e depois faz um movimento para que
seque mais rápido, leva a pele ao nariz e cheira com os olhos fechados.

—Eu adoro esse cheiro —Diz. —Nunca senti antes, mas adoro.

—Gostou ? —Pergunto esperançoso e seu olhar me penetra a alma. Eu
não sabia ainda o poder que uma frase tinha, mas comecei a saber quando vi sua
boca se abrir em uma.

—Assim como você, esse presente é a melhor coisa que já tive na vida.
Capítulo 23

Louise

Sorrio para o celular olhando uma mensagem que o Benjamin acaba de
me mandar e saio de casa depois de lhe responder. Depois do contrato que recebi
da empresa, minha carga de horários aumentaram um pouco mais. Na próxima
semana, eu e mais algumas modelos iremos viajar para Londres para um desfile
de uma coleção da empresa que vai ser lançada primeiramente lá. Nem preciso
dizer o quanto fiquei animada com o convite.

Assim que chego na empresa, aproveito que ainda tenho alguns minutos
e vou na cantina para tomar café. Dormi um pouco menos na noite passada
ajudando a Kim com alguns trabalhos e preciso de cafeína para despertar. Assim
que entro, vejo-a conversando animadamente com o Gary em um canto e seu
sorriso é sincero. Apaixonado.

Desde que conheço a Kim não lembro dela sorrindo de forma apaixonada
para qualquer pessoa que fosse. Eu sei o que é sorrir de forma apaixonada, pois é
o que meus lábios fazem involuntariamente sempre que vejo ou penso no
Benjamin. O sorriso dela está parecido com o meu. Sei que o sorriso de Gary
lembra um pouco o do Ben e eu não quero que ele a magoe, decido não tomar
café e cometer o erro de deixá-la sem graça.

Acabo de tirar todas as fotos que preciso por volta das três da tarde e
depois tenho que passar em algum dos departamentos para entregar meu número
de passaporte para comprar as passagens para Londres. Quando saio, dou uma
fugida para o lugar onde a Kim trabalha. Ela não tem um escritório somente para
si. Ela divide uma enorme sala com várias outras pessoas e vou direto para sua
mesa quando chego.

—Me conta! —Digo, sentando na cadeira a sua frente e ela me encara.

—Contar o quê ?

—Você sabe. O que está rolando entre você e o Gary ?

—Quer falar mais alto ? —Ela sussurra olhando para os lados. —E não
está rolando nada.

—Como não ? Eu vi vocês dois conversando na cantina e você estava
com um sorriso apaixonado.

—Que apaixonado o que, Lou ? O Gary é apenas meu P.A.

—O que é isso ?

—Pau amigo. Não tem nada mais além de sexo.

—Você é uma péssima mentirosa! —Jogo-lhe um clipe de papel.
—Eu não sou igual a você que não pode ter uma rola por mais de três
dias seguidos que já está apaixonada.

—Isso magoou.

—Desculpa, amiga. —Ela ri. —Agora me fala como está com o
Benjamin.

—Está tudo indo. —Dou de ombros. —A única novidade é que estou
ficando cada dia mais apaixonada por ele.

—E ele ?

—O que tem ?

—Não demonstra o mesmo ?

—Não. Pelo menos não que eu tenha percebido. Ele não gosta de mim,
Kim.

—Mas não foi você quem disse que na noite de natal vocês fizeram
“amor” ? —Ela diz fazendo aspas com os dedos.

—Talvez tenha sido coisa da minha cabeça. —Aperto a cabeça entre as
mãos. —Eu estava morta de bêbada.

—E o que você vai fazer ? Já pensou em dizer para ele o que está
sentindo ?

—E correr o risco de ser humilhada ? Nem pensar!

—Ele não faria isso.

—Não dessa forma dramática que eu falei, mas o que eu vou receber em
troca ? Ele dizendo que o que temos é apenas sexo e nada mais que isso ?

—Eu acho que você está sofrendo antes de tentar. Ele olha de forma
diferente para você, Lou. Não sou expert em amor, mas com certeza ele sente
alguma coisa.

—Sente mesmo. Sente vontade de enfiar o pau em mim o tempo todo.
Só.

Ela gargalha, mas minha vontade é de chorar.

—Você deveria ser atriz ao invés de modelo. Quer um conselho ?

—Qual ?

—Seja um pouco mais difícil.

—Como assim ?

—Eu sei que vocês têm um acordo, mas tenta fazer a linha difícil para
ele. Não tem homem que resista.
—Tem certeza ?

—Tenho, mas não vai ser tão difícil e acabar fazendo o homem correr
para a cama de outra.

—Tudo bem. —Sorrio me sentindo melhor por desabafar com ela.

—Senhorita Hansen, o Senhor Connor está lhe chamando na sala dele já.
—Uma mulher que não faço ideia de seja, chega perto de mim e sorri de forma
simpática.

—Nos vemos em casa ?

—Sim. —Digo desanimada para a Kim e acompanho a mulher que vai
para outro lado e eu vou em direção a sala do Benjamin.

—Com licença. —Digo depois que sou liberada para entrar. Sou
surpreendida quando ele já me agarra e me joga em cima do sofá. Suas mãos me
tocam e me apertam como se tivéssemos a anos sem nos vermos e sua boca
devora a minha de forma quente. Sinto sua língua pedir passagem e eu abro um
pouco os lábios sentindo o gosto dos seus.

—Benjamin, espera.

—Eu preciso entrar em você agora, Lou. —Fala com a voz rouca sem
parar de me beijar.

—Espera um pouco. —Repito e ele se afasta.

—O que foi ? Não quer ?

—Eu quero, mas preciso te contar algo.

—Contar o quê ? —Pergunta e seu telefone começa a tocar em cima da
mesa. —Droga! Espera um minuto.

Se levanta e vai atender.

—Sim … Ele esta aí ? … Okay, diz que já o atendo … Obrigado. Tchau.
—Volta a guardar no lugar. —Podemos falar outra hora, Lou ? Tenho que
receber alguém agora.

Eu o olho curiosa e ele sorri.

—Não é nenhuma mulher. É um amigo do meu pai.

—Tudo bem. —Sorrio tímida e me levanto arrumando a minha saia. —
Eu já vou para casa.

—Podemos nos ver mais tarde ? —Ele arruma a gravata e o terno.

—Eu não sei … Eu tenho que …

—Eu te ligo. —Diz com um sorriso de lado como se falasse que não
aceita um não como resposta e por fim saio depois de fazer que sim com a
cabeça.

Essa tarefa de ser difícil com ele vai ser mais difícil do que pensei.



Benjamin

Eu não sei como isso pôde acontecer, mas está acontecendo e agora não
vejo forma para reverter. Eu estou criando sentimentos mais fortes pela Louise e
mesmo que soe estranho, está sendo bom. Eu comecei a me dá conta disso no
natal quando dormimos juntos. Aquela noite não foi uma noite de sexo normal.
Tinha algo a mais no meio. Teve sentimentos.

Eu nunca sequer me importei em presentear alguém e muito menos
esperar que a pessoa se agradasse com o que eu dei. Quando eu fazia isso, era no
máximo quando queria comer alguma mulher mais difícil. Era tiro e queda. Só
que com a Louise foi diferente.

Eu não faço a mínima questão do valor que paguei para ter um perfume
exclusivo dela e patenteado com seu nome. Eu queria apenas lhe agradar e fazer
com que ela se sentisse mais especial para mim como realmente é. Seu olhar
apaixonado quando eu falei do perfume foi uma das melhores coisas que já
presenciei e nem preciso falar do estado que meu coração ficou quando ela disse
que eu era uma das melhores coisas que ela já teve na vida.

Eu agora deveria me sentir fodido por uma garota que para mim era só
sexo, estar apaixonado pela minha pessoa, mas não. Meu peito aperta de uma
forma estranha quando penso nela e me sinto como um adolescente apaixonado
quando ela está na minha presença.

Sim, eu já posso me declarar perdidamente apaixonado pela Louise.

—Thaddeus! —Falo quando o mesmo entra na sala e sorri me
cumprimentando com um abraço. —Como estão as coisas ?

—Estão indo. Ainda atolado de trabalho mesmo tendo passado as festas
de fim de ano, mas estamos na luta.

—Tem que ser. Senta, por favor. —Aponto para a cadeira na minha frente
e ele senta.

Começamos a falar sobre assuntos banais e eu já tinha me esquecido o
quanto a presença desse homem me deixa com um misto de sensações. Hora de
nostalgia por ser um grande amigo do meu pai, hora de curiosidade, hora de …
alerta ?

—Eu passei aqui com um único objetivo. —Ele diz.
—Qual ?

—Eu vou fazer um jantar na minha casa em comemoração ao aniversário
de vinte e seis anos da minha filha daqui a algumas semanas e adoraria contar
com sua presença.

—Sua filha ?

—Sim. Minha única herdeira. —Ele sorri como um pai orgulhoso. —
Vamos estar entre amigos e conhecidos. Eu já tinha pensado em fazer o convite
ao seu pai, mas devido as condições … Eu queria que você e sua família fosse.

—Claro! Eu adoraria! —Digo sorridente e ele também sorri satisfeito.

Conversamos mais algumas coisas e ele sai algum tempo depois.

Abro o navegador da internet para novamente ver a filha do cara e sinto
minhas bolas formigarem ao ver seu corpo em algumas fotos sensuais. A mulher
é uma deusa e tem uma bunda deliciosa. Seus olhos claros e lábios carnudos são
capazes de deixar um homem duro na hora, mas com certeza não chega nem aos
pés de ser melhor que a Louise.

Sorrio com meu próprio pensamento e saio da aba. Pego meu celular e
mando uma mensagem para Gary.

“Acho que te devo mil dólares”

Realmente Benjamin Connor está apaixonado.

Passo o restante do dia organizando a viagem das modelos que irão
comigo para Londres e no final do experdiente, guardo minhas coisas e saio da
sala já digitando uma mensagem e enviando para a Louise. A maioria das
pessoas já foram embora, mas quando me dirijo para o elevador, ouço a voz do
Gary rindo e vindo atrás de mim.

—Começa a explicar essa porra agora!

(…)

—Isso não tem graça, Benjamin! —Louise reclama com o rosto
vermelho e os olhos cheios de lágrimas.

Depois que fui em casa e voltei, a trouxe em um restaurante indiano, mas
parece que ela não gostou muito do camarão picante. Eu mal consigo falar de
tanto rir e meus olhos transbordam enquanto ela toma um copo de água cheio.

—Esqueci de falar que o povo da Índia gosta de comida picante.

—Idiota.

—Gostosa. —Pisco e lhe mando beijo. —Então, o que você queria falar
hoje no escritório ?

—Nem lembro mais. —Dá de ombros. —Como foi com o amigo do seu
pai ?

—Não sei. Algo nele não me entra.

—Como assim ?

—Deixa pra lá. É besteira minha. Ele foi só me convidar para o
aniversario da filha que vai fazer vinte e seis anos.

Ela me olha de lado de uma maneira desconfiada e eu sorrio.

—Por que você é tão ciumenta ?

—Não sou ciumenta.

—Não ? E por que essa cara ?

—Ela é bonita ? —Pergunta como se não quisesse nada e eu dou
gargalhada.

—Você está preocupada com isso ? Sério ? —Continuo rindo e ela parece
não gostar. —Acha que vou preferir ela do que você ? Eu nem a conheço.

—E iria preferir se conhecesse ?

—Acho que esse assunto vai acabar de uma má forma. —Assobio. —
Não, Louise. Eu não ia preferir ela. Satisfeita ?

Ela faz que sim com a cabeça sorridente enquanto morde um pedaço de
pão e meu coração se enche por isso. Seu sorriso apenas para mim é algo que eu
nem ligava, mas agora parece algo tão especial que nem sou capaz de descrever.

—Quer dormir na minha casa hoje ? —Pergunto enquanto estamos
saindo do restaurante.

—Amanhã tenho que estar cedo na empresa, Ben. É melhor não.

—Se eu não me engano, eu sou seu patrão. —Digo e ela ri.

—Eu sei, mas hoje não estou muito bem.

—O que você está sentindo ? —Toco seu rosto e ela faz uma careta.

—Cólica.

—Nossa senhora! Vou lembrar de não te provocar muito essa semana.

—Lembre-se mesmo. —Ela ri e me dá um leve empurrão.
—Tudo bem. Eu te levo para casa. —Digo beijando levemente sua testa e
a deixo confortável no banco. Entro atrás do volante e sigo para sua casa.

Se fossem em outras circunstâncias, eu teria ficado puto por ter sido
dispensado, mas agora as coisas estão começando a mudar de uma forma rápida.
Eu não a quero sempre para ter sexo comigo. Eu a quero de verdade e a principal
prioridade para mim é que ela esteja sempre bem e feliz.

Uma espécie de fio de eletricidade abstrato percorre todo o meu corpo
em segundos quando ela põe a mão na minha perna dentro do carro e em
resposta, ponho a minha mão por cima da sua. Nos olhamos dentro dos olhos,
mas não falamos nada, apenas sinto uma vontade enorme de lhe guardar para
sempre comigo e seu sorriso é como uma resposta que meu coração precisa.



Louise

Eu estava me sentindo estranhamente feliz a respeito de Benjamin. Ele
estava diferente comigo e eu não me sentia mais apenas como um pedaço de
carne que ele pagava para comer. Eu me sentia mais especial que isso. Ficava
ansiosa sempre que tínhamos um encontro marcado e bastava escutar seu nome
para meu coração quase rasgasse no peito de tanto que batia mais forte.

Eu estava decidida a abrir meu coração para ele e contar tudo que sentia.
Queria que ele soubesse o que despertava em mim e soubesse que minha paixão
havia florescido. Eu o amava. Amava de um jeito que não sabia que era possível
amar alguém. Amava de uma forma que o medo de ser desprezada era mínimo
em comparação a isso. Eu amava seu sorriso, seus cabelos, suas mãos, sua boca,
amava seus olhos, amava tudo.

“Vem na minha casa hoje à noite ?” —Sorrio ao receber uma mensagem
sua.

—É o Benjamin ? —A Kim pergunta. Aproveitamos o tempo chuvoso
para fazermos pipocas e comer no seu quarto enquanto vemos séries.

—Sim.

—Você ainda tem coragem de dizer que ele não está apaixonado ?

—Agora eu acho que ele está. Ele está diferente comigo.

—Diferente como ? —Ela dá pausa e se vira para mim curiosa.

—Não sei explicar. Ele não parece mais interessado apenas no meu
corpo. Ele também se preocupa com meu bem estar. —A encaro e ela me olha
sorridente.

—Eu falei que era questão de tempo para esse cara se apaixonar por
você. Até um padre se apaixonaria, Lou. Agora deixa eu ver a mensagem.

Ela toma o celular da minha mão e lê.

—Que homem desesperado. —Ela ri quando ele manda outra mensagem
com um “?”. —Posso responder ?

—Pode.

“Claro! Prepara a cama que eu vou te fazer chegar as nuvens.”

Dou risada da sua resposta e ele também responde logo depois.

“Nem precisa muito”

“Então até de noite. Beijos”

“Beijos” —E me entrega o celular.

(…)

Por volta das cinco o Benjamin chega e mesmo sem entender o motivo
dele ter vindo tão cedo, digo para o porteiro liberar sua entrada. Logo percebo
que ainda estou com um short jeans mais velho do que eu e uma camisa com
buracos por tanto tempo de uso, então entro em desespero. O homem parece que
subiu em teletransporte, pois quando eu acabo escolhendo uma roupa
apresentável para vestir, a campanhia toca.

Meu coração acelera ainda mais e fico tão nervosa que acabo nem
trocando de roupa. Passo a mão pelos cabelos para acalmar a fera e abro a porta.
O homem que vejo parece ter saído de uma capa de revista. Ben está usando uma
calça jeans folgada junto com uma camisa larga de mangas longas e os cabelos
estão soltos jogados para o lado. Parece mais loiro que o normal e seu sorriso se
abre ao me ver. O que eu menos esperava era o ver tirando um buquê de flores
de trás do corpo e o estender na minha direção.

—Para você!

—Obrigada. —Sorrio pegando e colocando alguns fios de cabelo para
trás da orelha. —São cheirosas.

—Eu não gosto, mas toda mulher que conheço gosta.

—Você poderia falar menos de mulher para mim. —Sorrio. —Entra.

—Obrigado. —Benjamin passa por mim e fecho a porta.

—O que te traz aqui ? Não íamos nos ver mais tarde ?

—Sim, mas estava com saudades de você. Não consegui esperar até de
noite.

Sinto minhas bochechas arderem e ele sorri de forma simples se
aproximando de mim.
—Você fica ainda mais linda com essas roupas que parecem ter sido
usadas na segunda guerra mundial.

—Meu Deus! Eu vou trocar e já volto. —Tento passar, mas ele me puxa
contra seu corpo e me fita.

—Eu disse que fica mais linda. Não falei da boca para fora. —Fala e me
beija.

Seus lábios são tão bons que minha vontade é lhe apertar e o morder.
Sinto meu corpo estremecer e meu maior desejo é lhe beijar o tempo todo até
perder o ar entre um beijo e outro.

—Quer beber alguma coisa ? —Digo parando o beijo e mordendo o seu
lábio inferior. —Senta.

—Só água. Você me deixa com a garganta seca.

—Espero que isso seja algo bom. —Digo já enchendo um copo de água e
aproveito para colocar as flores em um jarro.

Volto lhe levando a água e ele me puxa pela cintura fazendo com que eu
sente em uma das suas pernas. Fico admirando sua barba e seu pomo-de-adão
enquanto ele toma tudo em um gole e me pego sentindo inveja daquele copo.

—Obrigado. Você está sozinha em casa ?

—Não, a Kim está dormindo. Passamos o dia quase todo vendo TV.

—Com uma chuva dessas é muito bom mesmo. Enfim, vim te buscar
para sair.

—Sair ? Nessa chuva ?

—Eu até optaria em te levar para minha casa e ficarmos deitados na
minha cama bem abraçadinhos, mas realmente quero te levar para conhecer uns
amigos.

—Sério ?

—Sim, a não ser que você não queira.

—Quero, mas como você vai me apresentar aos seus amigos ?

—Como uma amiga ? —Ele sugere sem muita certeza e eu fico um
pouco frustada.

—Hum.

—É que um amigo vai fazer uma social na casa dele para comemorar seu
aniversário e me chamou para ir.

—E você está me chamando ? —Pergunto desconfiada.
—Podemos fazer outra coisa se você não quiser ir.

—Não, não é isso. Só que … achei que não podíamos nos envolver muito
na vida um do outro. O acordo … contrato …

—Eu sei, mas isso é caso alguém não se sinta confortável para isso. Eu
quero, mas se você não quiser eu entendo.

—Eu topo. —Digo e ele sorri satisfeito. —Que horas ?

—Agora.

—Agora ? Eu estou toda bagunçada.

—Meia hora é suficiente ?

—Acho que sim. Espera um minuto. —Digo beijando seus lábios
rapidamente e correndo para o quarto ao som da sua risada. Procuro uma roupa
no armário e jogo tudo em cima da cama.

—Precisa de ajuda ? —Ele entra no quarto quando estou tirando a
camiseta e cubro os seios com as mãos.

—Não.

—Por que está se cobrindo ? Não tem nada aí que eu já não tenha visto
antes. E tocado, chupado … mordido. —Sinto um formigamento entre as pernas
apenas com suas palavras e ele chega perto de mim.

—Vamos nos atrasar assim.

—Eu não me importo. —Tenta me beijar e eu me esquivo.

—Não, Ben. Se quer me ajudar, me diz que roupa devo usar.

—É só uma social. Você pode usar uma calça e camiseta. —Ele senta na
minha cama e continuo a procurar alguma roupa. Depois que escolho, o deixo
brincando com um enfeite mole que fica colado no meu espelho e entro para o
banheiro. Saio alguns poucos minutos depois vestindo uma saia jeans curta de
cintura alta com botões na frente, uma camisa rosa de seda com mangas até o
cotovelo, meias de vidro e uma bota de cano medio. Aproveitei para dar uma
arrumada no meu cabelo.

—Saia ?! Você vai de saia ? —Pergunta quando me ver.

—Sim. Não ficou boa ?

—Porra! Ficou boa. Muito boa por sinal, mas para estar apenas comigo.
Lá vai estar cheio de marmanjos.

—Isso é ciúmes ? —Arqueio uma sobrancelha bem surpresa.
—Talvez, mas vai trocar.

—Não vou nada. Eu gostei!

—Você ainda me mata, mulher. —Se levanta e vem na minha direção. —
Está usando calcinha pelo menos ?

—Claro! A não ser que você queira que eu tire.

—Nem pensar! Vamos ?

—Deixa eu só pegar minhas coisas. —Pego um sobretudo com capuz,
minha bolsa e meu celular. Agora sim.

—Não vai avisar para a Kim ?

—Vou. —Saímos do meu quarto e vou até o da Kim, onde ela está
dormindo toda jogada na cama. —Amiga, eu vou sair com o Ben agora, ta bom ?
Não me espere acordada.

—Tudo bem. Fode bem por mim. —Ela fala com a voz sonolenta sem
abrir os olhos e eu sorrio.

—Pode deixar. —Dou um beijo na sua bochecha e saio. —Podemos ?

—Claro. —Estende a mão para mim e saímos depois que eu pego.

Tivemos que correr alguns metros debaixo da chuva para podermos
chegar ao seu carro e ele ainda se preocupa em abrir a porta para mim. Me seco
cuidadosamente, enquanto ele dá a partida em direção a casa do seu amigo.

Chegamos pouco tempo depois e ele entra com o carro no edifício
quando o tal amigo libera sua entrada. Subimos os elevadores e ele ainda me
provoca enfiando a mão por baixo da minha sala e tocando minha bunda.

—Acho que não vou esperar isso acabar para poder te levar para minha
casa. —Diz rindo quando as portas se abrem e andamos na direção da porta do
seu amigo, que abre depois dele tocar a campanhia.

—Grande Connor! —Um amigo seu que fica bem baixo perto dele o
cumprimenta com um toque tão forte de mão que chega a arder a minha.

—Estamos atrasados ?

—Que nada, irmão. É sua namorada ? —Me olha de cima a abaixo.

—Minha amiga. —Ele diz e eu sinto as bochechas arderem com a forma
que me olha.

—Amiga ? Sei. Então fica de olho na sua “amiga” antes que algum
marmanjo queira a roubar. —Ele ri. —Muito prazer. Maycon.

—Prazer, Maycon. Louise. —Nos cumprimentamos com beijos no rosto
e ele nos dá a passagem.

Andamos com ele para os fundos da casa onde tem o quintal e cerca de
sete pessoas estão reunidas em volta de uma mesa bebendo e rindo alto. Uma
churrasqueira está ligada com algumas carnes assando e todo mundo se vira para
nós quando nos veem.

O Benjamin vai cumprimentar todo mundo e sempre me apresenta como
amiga. Nenhum dos seus amigos engolem a ideia, o que me deixa satisfeita,
ainda mais pela cara que as únicas duas garotas que estão aqui fazem.

—Está preso agora, Benjamin ? Prazer, querida. Sou Cloe. —A mulher
estilo Kim Kardashian se aproxima dele e sorri para mim da forma “simpática”
que a maioria das mulheres já conhece.

—Prazer. Louise. —Retribuo mantendo meu olhar fixo no dela e ao
mesmo tempo esperando a resposta do Benjamin.

—Como está, Cloe ?

—Bem e você ? Nunca mais me ligou.

—O trabalho está puxado esses dias. O que anda fazendo da vida ?

—O mesmo de sempre. —Dá de ombros. —Você não é a modelo que
saiu nas revistas ultimamente ? Eu reconheço sua cara.

—Sim, sou eu mesma. —Respondo.

—Você está saindo com outra modelo, seu safado ? Você não toma jeito!
—Ela ri e o Benjamin me olha de forma como se ela tivesse falado algo errado.
Eu reviro os olhos disfarçadamente e ela sai depois de falar mais alguma coisa
que decidi não prestar atenção. Ele então termina de me apresentar os outros
amigos.

—Não sabia que você tinha fama de comedor de modelos ? —Pergunto
tomando um gole da cerveja que um dos amigos dele me ofereceu.

—Isso já tem muito tempo.

—Hum. —Decido não continuar com a crise de ciúmes mesmo sentindo
o ódio crescer em mim ao ver a Kardashian rindo e cochichando com a outra
amiga que também não fica para trás em quesito de corpo malhado.

Nos reunimos com o pessoal quando eles começam um jogo de cartas e
eles dizem ser sorte de principiante ao me ver ganhando todas as jogadas. Nem o
Benjamin sabia que eu jogava tão bem, mas isso é resultado de tanta prática
quando você sai como acompanhante de velhos cheios da grana e tem que os ver
jogando com os amigos em cassinos.
—Você é muito boa! —O Benjamin exclama ao meu lado depois de
perder mais uma.

—Não só nas cartas. —Sorrio para ele de forma maliciosa e ele retribui.
As garotas não param de me olhar de lado como se quisessem minha cabeça em
uma bandeja, mas acho que já me acostumei com esse tipo de olhar.

Continuamos o jogo de cartas e eu fico cada vez mais envolvida com o
clima da casa. Já fiz amizade com os amigos do Benjamin e sempre o noto com
ciúmes quando algum fala mais tempo comigo.

—Para de olhar, caralho! —Ele soca o braço de um que elogia meus
olhos e todos rimos, menos as duas.

—Vou pegar mais cerveja. —O Benjamin se levanta. —Você quer ?

—Não, obrigada. —Sorrio e ele entra na casa depois de sorrir para mim.
A Kardashian se levanta e vai atrás dele, o que me enche de raiva.

—Acho melhor você ir dar uma olhada no seu “amigo”. —O Maycon
fala e o irmão dele continua:

—Verdade. A Cloe não é de brincar em serviço.

Levanto da mesa e entro dentro de casa. Ao chegar na cozinha, a vejo
encurralando o Benjamin na pia e visivelmente se insinuando.

—Perdeu algo aí, querida ? —Pergunto nervosa. Não sou de arrumar
briga e confesso que um bocado medrosa para essas coisas, o que faz com que
sinta meu rosto arder.

Ela se vira sorrindo e o Benjamin me olha.

—Não, estava apenas conversando com o Benjamin.

—Muito bom! Pode conversar mais afastada se quiser. Ele não é surdo
para ter que falar perto do ouvido.

—Tanto faz. —Pega a cerveja na mão dele e sai de novo passando por
mim.

—Adoro esse seu lado ciumenta. —Diz se aproximando de mim com um
sorriso tarado no rosto, mas eu o paro com a mão espalmada em seu peito.

—Se ela tiver te beijado, acabamos nosso contrato agora mesmo. —Digo
séria e ele fica sério no mesmo momento.

—Não, não nos beijamos. Digo, ela queria, mas eu não deixei.
—Tem certas mulheres que não podem ver um homem que já querem se
esfregar. —Pego a outra cerveja da sua mão e caminho para fora, mesmo ele me
pedindo para esperar.

Ele senta do meu lado quando volta e me puxa para sentar no seu colo.
Eu faço questão de sentar bem no meio das suas pernas e todo mundo se anima
quando chamo para continuar o jogo de cartas.

(…)

—Espero que você tenha gostado. —Ele diz quando entramos no carro.

—Seus amigos são simpáticos. —Dou de ombros tentando não
mencionar a história da Cloe e ele me olha.

—Eu juro que nunca saí com a Cloe da forma que você deve está
pensando.

—Isso não me diz respeito, Ben. Apesar de termos o contrato, eu não
tenho nada a ver com suas saídas antes de mim.

—Eu sei, mas prefiro esclarecer as coisas.

—Por quê ? —O encaro curiosa e ele parece engolir em seco.

—Porque apesar de achar você muito sexy enciumada, eu não quero que
pense que eu saio comendo todas as mulheres que conheço.

—E não sai ?

—Não. —Gargalha e puxa meu rosto para perto do seu. —Agora eu só
quero sair com você. —E me beija com força. Ele suga meus lábios de forma
violenta que chego a sentir dor, mas é uma dor intensa e gostosa.

Ele dá a partida no carro e me leva para sua casa onde já entramos nos
agarrando. Não o deixo me pegar no colo, mas saio o puxando pela camisa até o
seu quarto. Ele mantém os olhos fixos em mim e os mesmos estão escurecidos
de tanto desejo. O empurro em cima da cama e subo engatinhando para cima
dele. Suas mãos vão para minha bunda e o beijo enquanto ele a aperta.

Ele geme dentro da minha boca e levanta minha saia até a cintura. Eu
sento na região do seu pau e o sinto já volumoso dentro da calça. Começo a
esfregar minha boceta já encharcada em cima dele e gemo sentindo meu clitóris
começar a pulsar.

Ele fica sentado sem me tirar do colo e passa minha camisa pela minha
cabeça. Também tira meu sutiã que é fechado na parte da frente e aperta meus
seios entre as mãos. Sua língua começa a alisar os bicos e sinto minha pele
arrepiar.

Seguro seu rosto o fazendo me olhar e volto a beijar sua boca da mesma
forma que ele beijou a minha. Chupo seus lábios com força e o tesão me invade
ao sentir sua barba roçando no meu rosto. Fecho os olhos ainda segurando seu
rosto e o levo para meu pescoço. Ele entende e começa a passar a barba por lá.

—Faz amor comigo, Ben. —Peço embriagada de desejo e ele morde meu
pescoço delicadamente em resposta.

Ele se levanta comigo no colo e se abaixa perto da cama, fazendo com
que eu deite. A saia continua levantada na cintura e ele afasta minha calcinha
para o lado. Sinto seu assopro suave fazendo um friozinho bom na minha região
mais íntima e logo sinto sua língua me devorar.

Ela faz acrobacias em movimentos rápidos e precisos que me fazem
segurar para não ter um orgasmo rápido. Seguro seus cabelos e arqueio o corpo
de tanto prazer. Sinto suas mãos apertando minha coxa e quando ele continua o
mesmo movimento em cima do meu clitóris, eu tenho um incrível orgasmo sem
esperar. Meu corpo todo se treme e se contorce em espasmos enquanto ele sobe
para cima de mim e me aperta contra seu corpo.

Ele coloca cada braço de um lado da minha cabeça e fica me olhando
com os cabelos caindo na direção do meu rosto. As palavras querem sair da
minha boca, mas não consigo falar nada. Meu resto de sanidade vai para o
espaço quando ele senta na beira da cama e me puxa para seu colo. Meus pés se
plantam firmes ao lado do seu corpo e me ajeito em cima do seu membro rígido
deslizando lentamente até esse me preencher por completo.

Ele geme abraçando forte minha cintura e eu abraço sua cabeça. Nossos
olhos se fitam de forma penetrante e energizada, nossas bocas roçam em
movimentos excitantes sem realmente nos beijarmos e ele empurra dentro de
mim devagar.

Acho que nunca conseguiria explicar a sensação que sinto. Uma sensação
que nunca senti na minha vida enquanto fazia sexo com alguém. Uma sensação
que eu descobri ao seu lado. A sensação de fazer amor pela primeira vez. Ele me
abriu para um mundo onde na prática, fazer amor é melhor que fazer somente
sexo.

Sinto minha garganta secar e o puxo ainda mais contra meu corpo. Sua
boca finalmente alcança a minha e nos devoramos com um beijo cheio de
volúpia. Seus dedos arranham minhas costas apertando minha carne com força e
mexo os quadris em cima dele. Logo seus gemidos saem abafados dentro da
minha boca e ele me paralisa segurando minha nuca enquanto se libera dentro de
mim. Seu corpo cola naturalmente ao meu pelo suor e alguns fios do meu cabelo
colam no seu ombro.

—Eu não me canso de você. Nunca. —Diz fazendo com que eu o encare
e beija meu nariz. Sorrio fechando os olhos querendo prolongar ainda mais o
momento e o sinto tirar alguns fios do meu rosto.

Abro os olhos ainda no seu colo e seu sorriso sincero é como uma
resposta para mim. Busco coragem de qualquer lugar onde possa existir dentro
de mim e as palavras finalmente saem:

—Eu estou apaixonada por você.
Capítulo 24

Benjamin

—Eu sou uma burra! —A Louise fala com lágrimas nos olhos e mesmo
que eu tente explicar, ela sempre me interrompe.

—Eu posso ao menos me explicar ?

—Explicar o quê, Benjamin ? Sério, está tudo bem. Você não tem culpa
de nada nessa história. —Ela limpa uma lágrima que rola pelo seu rosto e eu
caminho na sua direção.

Tudo começou depois dela ter dito que estava apaixonada por mim.

Embora eu já soubesse disso e eu também já estivesse apaixonado por
ela, eu vi que não estava preparado para ouvir isso saindo da sua boca. Acabei
por não falar nada e fiquei calado por alguns segundos apenas lhe encarando. Eu
queria falar algo, eu queria dizer que também sou apaixonado por ela, juro, mas
ainda não me sentia pronto para assumir isso. Eu não consegui.

Ela saiu do meu colo e entrou para o banheiro, me deixando na cama.
Depois que saiu já de banho tomado, eu ainda não sabia o que falar, então
quando lhe dei permissão para abrir meu armário e pegar qualquer coisa para
vestir, me dei conta de algo tarde demais.

—Mas não é nada do que você está pensando. Essa calcinha está aí faz
tempo e não me livrei dela por não saber se era sua. —Certo, era uma mentira
das grossas. Eu sabia que não era dela, mas também tinha me esquecido que a
calcinha da Alana ainda estava na minha gaveta.

—Eu não sabia que até minhas calcinhas fossem confundíveis com a das
outras que você também pega.

—Eu não peguei ninguém. Não depois de assinar o acordo com você.

—Como se eu tivesse motivos para acreditar, não é ?

—Você está mais assim por eu não ter dito que também estou apaixonado
por você, não é ?

—Não. Eu estou assim porque abri meu coração para você crente que
fosse importante, mas na verdade você ainda continua fazendo coleção de
calcinhas de outras na sua gaveta.

—É só uma.

—Você entendeu o que eu quis dizer, Benjamin. —Ela se exalta. —De
quem é ?
—Você não vai querer saber. Vamos esquecer isso, Lou. Eu jogo no lixo.
—Estendo a mão para pegar, mas ela a puxa.

—De quem é ?

—Da Alana. —Digo me vendo sem saída e alisando o rosto. Ela joga a
calcinha em mim e começa a procurar suas roupas pelo quarto.

—Eu vou para casa. —Diz e eu a agarro.

—Não vai, por favor.

—Me solta, Benjamin! Eu não quero dormir aqui com você.

—Vamos ao menos conversar.

—Eu não quero saber de porra de conversar. —Ela rosna brava na minha
cara e eu seguro seu rosto lhe beijando.

—Ai! —A solto quando ela me morde. —Você me mordeu!

—E vou fazer pior se você não me deixar sair.

—Por que você é tão agressiva ? —Pergunto enquanto ela veste a
calcinha e logo em seguida a camisa. Ela não me responde. —Eu estou falando
com você.

—Mas eu não estou falando com você.

—Já são meia noite e meia. Você não pode ir para casa assim.

—Tem táxi a madrugada toda caso você não saiba. —Senta na cama e
começa a calçar as botas. Eu me visto e prendo os cabelos em um coque me
sentindo imprestável.

—Você quer que eu fale que estou apaixonado por você ? Isso vai te
fazer desistir dessa ideia de ir embora agora ? —Me abaixo na sua frente e ela
me encara furiosa.

—Eu não quero que você me diga nada. Perdeu a oportunidade. Tchau.
—Pega sua bolsa e sai do quarto. Eu vou atrás dela tentando não fazer barulho.
Acordar a Donna a uma horas dessas não é opção.

—Louise, por favor. Dorme aqui e amanhã você vai para sua casa.

—Eu não quero dormir no mesmo lugar que você. Vai que eu encontre
mais alguma coisa escondida na sua casa.

—Espera! —A puxo e a encosto na parede da sala. Sua boca tão perto da
minha me deixa com vontade de a beijar, mas sei que sua mão está ardendo para
acertar minha cara. Ela está ofegante me olhando nos olhos como se esperasse eu
falar. —E o nosso acordo ? Você vai acabar ?
—Eu só quero ir embora. —Seus olhos enchem de lágrimas novamente e
sinto meu peito apertar.

—Deixa eu te levar em casa. Prometo não tentar nada. —Encosto minha
testa da sua e mesmo lhe vendo magoada, ainda não consigo abrir meu coração.

—Não. —Ela sai dos meus braços e abre a porta. —Tchau, Benjamin.

Quando a porta se fecha, eu fico no meio da sala parcialmente escura
sentindo algo doendo dentro de mim e já sentindo sua falta. Abro a porta
novamente para ir atrás dela, mas a vejo entrando no táxi e indo embora.

(…)

A Louise estava claramente me evitando no trabalho e eu não tinha a
mínima ideia sobre o que fazer. Ela não atendia as ligações que eu fazia fora da
empresa, e pode até ser egoísmo da minha parte, mas minha maior preocupação
era ela querer desistir do acordo. Ela está magoada e quando nos esbarramos
dentro da empresa, vejo seu rosto ficando avermelhado de vergonha. Já a chamei
várias vezes para comparecer a minha sala e quando ela percebe que o assunto
que quero falar não é nada profissional, pede licença na cara mais sínica do
mundo e sai. Não sabe o quanto me irrita a cara de desentendida que faz.

Na sexta-feira teremos uma viagem para Londres e hoje convoquei todos
que vão para uma reunião. Entro na sala de reuniões que está recheada de
modelos bonitas e dos de mais acompanhantes, mas a única que me interessa é a
mulher com rosto inocente sentada em uma das cadeiras mais afastadas e me
olhando fixamente por baixo de seus óculos que quase de forma impossível a
deixam mais sexy.

—Estão todos ? —Pergunto sentindo minha garganta secar de forma
instantaneamente depois de desviar o olhar de Louise.

—Falta eu. Desculpa a demora. —O Leo chega na sala e senta ao lado da
Louise, que o abraça sorridente.

—Muito bom. Como sabem, todos nós iremos partir para Londres
amanhã a fim do desfile para o lançamento da coleção de inverno, certo ?

—Certo. —Alguns respondem e eu continuo

—Pois bem. O vôo sai do Aeroporto de Boston Logan por volta das nove
da manhã e quero todos lá com duas horas de antecedência, no mínimo, para dar
tempo de fazermos todos os check-ins. Não vou tolerar um minuto sequer de
atraso e caso isso aconteça, não precisam nem aparecer por lá. —Olho para
todos vendo seus olhares fixos em mim de uma maneira temente. Vejo o Leo
levantar a mão e faço sinal para que ele fale:

—Como serão divididos os quartos do hotel, Senhor Connor ?

—Vocês quem sabe. —Falo e os deixo por alguns minutos decidindo a
maneira para fazer a divisão.

—As modelos todas podem dividir os quatro quartos, ficando três em
cada, assim como os rapazes também. —O Leo fala por todos. —Eu vou dividir
um quarto com a Helena e com a Júlia, o Luke vai dividir com o Matthew e o
Charles. A Amanda e a Mah vão dividir o outro.

—Está bom para todos ? —Pergunto e todos concordam. —Iremos fazer
uma parada em Montreal como já sabem e devemos chegar por volta das três da
tarde. Agora estão liberados pelo resto do dia. Vão para casa arrumar vossas
malas e nos vemos no aeroporto.

Os vejo começar a sair da sala e faço o mesmo, mas sem olhar para trás,
ainda falo.

—Senhorita Hansen, na minha sala dentro de cinco minutos, por favor.
—Me dirijo a minha sala. Alguns minutos depois ela bate na porta e eu digo para
entrar.

—Com licença, Senhor Connor. —Fala entrando e fechando a porta. —
No que posso ajudar ? —Sua cara de desentendida ainda me mata.

—Vai ficar me ignorando a semana inteira ?

—Eu estou muito ocupada com o desfile. —Diz ajeitando os óculos no
rosto. Analiso seu corpo e a vejo usando uma saia justa preta com detalhes que
vai até o joelho e uma camisa também preta de gola alta e bem apertada ao
corpo. Seus seios marcados me deixam com as mãos coçando para apalpar.

—Eu sei, mas não acha que temos algo para conversar ?

—Não. Eu não. O senhor tem ?

Mal a deixo terminar de falar a frase e em um movimento rápido, saio de
trás da minha mesa e nossos corpos já estão próximos. Seu cheiro é algo como se
fosse de algo que me lembrasse goma de mascar de morango ou baunilha, nem
sei mais.

—Você sabe que sim. —Aproximo minha boca da sua podendo sentir o
cheiro de gloss de alguma fruta doce nos seus lábios rosados, mas ela se afasta.

—Se o senhor não tem nada de importante para falar, eu preciso ir para
casa arrumar minha mala.

—Você não quer dividir um quarto comigo em Londres ?

—Não, já vou fazer isso com as modelos.

—Porra! Por que tem que ser tão difícil ? Eu já me desculpei.

—Não se desculpou não. —Me encara colocando uma mão na cintura e
eu respiro fundo.

—Tudo bem. Me desculpa por ainda ter uma calcinha da Alana nas
minhas coisas, Louise. Eu já joguei fora.

—Não. Até amanhã. —Fala dando um sorriso falso sem mostrar os
dentes e sai da minha sala me deixando tão puto quando excitado.

(…)

Cheguei cedo ao aeroporto no dia seguinte, e enquanto as pessoas iam
chegando, eu ia olhando para os lados esperando a Louise chegar também. Meu
coração deu uma batida descompassada quando a vi vindo arrastando uma mala
média com o braço entrelaçado no do Leo e sorrindo feito uma criança.

Senti meu pau começar a formigar de tanto tesão só por olhar para seu
rosto. Vê-la naqueles óculos me fez imaginar a fodendo de quatro, o que
indicava que talvez eu precisasse de tratamento. Porra de mulher que consegue
ser sexy sem nem fazer esforço!

—Espero que não tenhamos chegado um minuto sequer atrasados. —Ela
diz olhando para mim e não consigo segurar um sorriso pelo seu deboche.

—Não, Senhorita Hansen. Estão dentro do tempo.

—Que ótimo! Quando podemos fazer o check-in ?

—Vocês já podem ir fazendo para adiantar. Todos que estão aqui já
fizeram.

—Okay. Já voltamos. —Diz e sai com o Leo em direção ao balcão. A
acompanho com o olhar e desço descaradamente o olhar para sua bunda. O
vestido fino deixa-a empinada e redondinha bem marcada no tecido, o que faz
com que eu fique imaginando qual a cor da calcinha que ela está usando.

Imediatamente olho para os modelos para ver se também estão olhando
para sua bunda e fico puto quando vejo quase todos olhando também.

—Ei, vocês todos já fizeram o check-in, certo ? —Os chamo com uma
voz séria fazendo com que parem de olhar para a Louise. Claro que eu sabia que
já tinham feito.

—Sim. —Eles respondem em conjunto e eu faço um aceno com a
cabeça. Para a sorte deles, não olharam novamente na direção dela.

Fomos para a fila que estava na entrada para a aeronave e sorria comigo
mesmo ao ver vários olhares curiosos na minha direção. Eu não era o tipo de ator
ou cantor famoso, mas era tão conhecido quanto eles e isso chamava a atenção
de muitas pessoas. Fomos um dos primeiros a entrar para a primeira classe e
íamos nos acomodando nos nossos assentos. A Louise sentava no lado contrário
ao meu e uma fila mais atrás, me fazendo praguejar por eu mesmo não ter
comprado e escolhido os lugares.
“Vem sentar aqui!” —Lhe mando uma mensagem. Meu celular apita
pouco depois indicando a chegada de uma nova mensagem.

“Não!” —É a única coisa que ela responde e mesmo com sua audácia, eu
sorrio.

“A viagem é um pouco longa. Podemos pelo menos conversar ?”

“Quantas vezes vou ter que falar que não quero conversar com você
agora ?”

“Quando então ?”

“Depois.”

“Eu não sou o tipo de homem que fica esperando algo contra sua
vontade.”

“Então não espere. Finge que não me conhece.”

“É impossível. Já tenho o gosto da sua boceta marcado na minha boca.”
—Mando a mensagem e olho na sua direção para ver sua reação. Como o
esperado, ela sorriu tímida.

“Eu vou por meus fones de ouvido no volume máximo agora e não quero
suas mensagens pervertidas atrapalhando isso. Tchau.”

“Tudo bem, mas logo você não me escapa.” —Respondo por último e
guardo o celular novamente. Algum tempo depois o voo é autorizado.

Começo a trabalhar no meu computador para adiantar algumas coisas e
acabo por esquecer da Louise por alguns instantes, mas não sem antes confirmar
que é o Leo que está sentado ao lado dela e não um daqueles modelos que
estavam lhe olhando no aeroporto.

Chegamos em Montreal e vejo a Louise indo com o Leo na direção do
banheiro. Quando ela volta, seu olhar encontra o meu e ela desvia como se eu
não tivesse a mínima importância, o que me deixa puto de raiva, pois é somente
nela que venho pensando quase todos os dias.

Somos chamados para entrar no avião que vai nos levar para Londres e
quando ela passa na minha frente, eu aliso sua bunda por cima do vestido
delicadamente. Ela se vira em um salto e eu sorrio sem lhe olhar.

—Quer parar ?

—Só depois de você me falar a cor da sua calcinha.

—Transparente. —Pisca e volta a andar apressadamente me deixando
com mais raiva ainda, mas desta vez eu a persigo.

—Você não está sem calcinha! —Rosno perto do seu ouvido. Ela me
encara sem pestanejar com seus olhos claros.
—Quer apostar que eu estou ?

—Porra, Louise! —Soco as costas do seu assento e algumas pessoas me
olham sem entender. Peço desculpas baixinho e elas voltam a andar para seus
lugares. —Por que você está fazendo isso comigo ?

—Eu não fiz nada com você, ao contrário do senhor. —Me olha de cima
a baixo e senta na cadeira ao lado da janela. O Leo vem um pouco mais atrás e
senta do seu lado, então não tenho outra alternativa a não ser ir para meu lugar
enciumado e de pau duro.



Louise

Chegamos em Londres alguns minutos mais cedo e alguns táxis já nos
esperavam do lado de fora do aeroporto para nos levar ao hotel. E que hotel! Eu
tentei disfarçar meu espanto ao chegar no lugar que era um luxo, até porque todo
mundo ali parecia já familiarizado com isso e eu não queria parecer uma caipira.

Eu estava alguns passos atrás do Benjamin e vi alguns olhares na sua
direção, principalmente o das recepcionistas que o olhavam cobiçosas. Revirei
os olhos ao vê-lo falando com elas com aquele sorriso sedutor dele e logo
chegaram alguns empregados para levar nossas malas até os quartos.

No quarto que vou dividir com outras duas modelos há três camas de
solteiro bem aconchegante e a qual me deito assim que entro. Ficamos
conversando enquanto desfazemos nossas malas, e uma a uma vai tomar banho
para logo descermos e ir lanchar no hotel mesmo. Depois que saio, visto um
vestido preto básico até os joelhos e de mangas compridas, um casaco preto
florido bem grosso por cima e calço uma bota preta de cano médio e salto grosso
depois de colocar uma meia calça preta.

—Se perdeu pelo quarto ? —O Leo fala entrando.

—Não, já estava indo. —Digo fechando a porta e saímos juntos.

Todo o pessoal já está organizado na parte do hotel onde podemos
lanchar olhando a vista de Londres, que é simplesmente espetacular. No céu tem
algumas nuvens querendo tapar o sol, mas que não deixa de ser lindo.

Meus olhos percorrem o lugar procurando o Benjamin e o vejo sentado
junto com o pessoal do suporte conversando de forma séria. Não parece que
estão discutindo ou algo do tipo, parece apenas o Benjamin em seu estado
normal de arrogância.

Como se ouvisse meus pensamentos, ele se vira e seus olhos também me
encaram. Sinto meu corpo estremecer e saio do meu transe quando o Leo me
puxa para pegarmos nossas bandejas e nos servimos.

Nos reunimos em uma mesa separada para nós e fico surpresa com tantos
olhares curiosos na nossa direção como se fossemos celebridades, mas sei que
tudo é por causa do Benjamin. Os funcionários nos servem como se fossemos
parte da realeza e sou repreendida por uma modelo quando ajudo um dos
empregados a limpar meu prato.

—Você não precisa fazer isso, Louise. Eles são pagos para isso! —Ela
diz com uma voz arrogante.

—Eu sei, Camila. Mas não me custa nada em ajudar.

—Espírito de pobre que nunca some. —Revira os olhos.

—O que você disse aí ? Quer que eu vá até você e quebre todos os seus
dentes ? —Me levanto e o Leo me puxa de volta para sentar.

—Vocês não vão começar um campo de guerra aqui, não é ? —O
Benjamin fala com voz fria.

—Ela começou.

—Camila, você poderia se incomodar mais com sua vida. E você Louise,
poderia ser menos agressiva.

—Claro, senhor. —Lhe sorrio de forma irônica.

—Hoje, apenas hoje, todos vocês têm o dia para fazerem o que bem
entenderem, mas não quero nenhum mal disposto amanhã. Se isso acontecer, vão
ser despachados sem aviso prévio de volta para Boston. —Sua voz soa arrogante
na mesa olhando para cada um de nós e concordamos com a cabeça.

Depois de comer, todo mundo sai da mesa e enquanto estou andando pelo
corredor em direção aos quartos com o Leo, escuto a voz do Benjamin.

—Louise! —Me chama e eu já me viro revirando os olhos. Eu ainda
estava magoada com tudo o que aconteceu na última vez que estive na sua casa,
mas sabia que ele não ia desistir enquanto não falássemos direito.

—Sim?

—Posso falar com você ?

—Agora ?

—Sim, agora! O Leo não se importa de te emprestar por alguns
momentos, não é ?

—Claro que não! —Ele dá uma gargalhada gostosa. —Nos falamos
depois, amiga. —E sai entrando no seu quarto.

—O que você quer, Benjamin ? —Digo voltando a caminhar em direção
ao meu quarto, mas me sinto ser puxada bruscamente e ele entra no seu quarto
comigo.
Sua boca não espera para devorar a minha e suas mãos passeiam
desesperadas pelo meu corpo. Ele me pressiona contra a porta e sinto uma dor
excitante quando sua mão segura e aperta meu seio com força. Gemo já sentindo
meu sexo ficando úmido e ele me levanta ainda contra a parede. Sinto seus
dedos escorregando por dentro da minha saia e entrarem na minha calcinha.

—Toda molhadinha já. —Fala com um sussurro e me penetra com dois
dedos. —Gostosa.

—Benjamin … não …

—Vai dizer que você não quer ? Não estava com saudades de mim e do
meu pau ?

—Eu … —Tento falar, mas ele aumenta a velocidade dos dedos e só
consigo beijar e morder seu pescoço.

—Isso, gostosa! Adoro quando você me morde, sabia ?

—Benjamin, não! —O empurro e arrumo meu vestido quando sinto meus
pés tocarem o chão novamente. O cretino cheira os dedos molhados e os leva a
boca.

—Estava com saudade do seu gosto.

—Achei que você quisesse conversar. —Coloco a mão na cintura.

—Quero, mas primeiro quero te foder. —Vem na minha direção e
espalmo a mão no seu peito musculoso

—Não!

—Tudo bem. —Respira fundo. —Podemos esquecer a história da
calcinha ? Eu já me livrei dela.

—Você sabe que o problema não é apenas a calcinha, Benjamin. —O
encaro e ele passa os dedos entre os cabelos em um movimento sexy.

—Eu sei que não, mas eu não estou pronto para isso, Lou.

—Eu achei que fosse importante para você. Achei que você não me via
mais apenas como um pedaço de carne a venda.

—E não vejo! —Se aproxima rápido sem me dar tempo de reagir e
segura meu rosto com as mãos. —Mas não posso forçar nada.

—Está dizendo que não sente nada por mim ?

—Estou dizendo para deixarmos as coisas do jeito que estão. Você já
sabe que gosto de você, eu sei que sabe.

—Sei. —Afirmo.

—Então pronto! Vamos esquecer isso, por favor. Eu sinto sua falta.

—Sente ? —Sinto meu coração acelerar e um sorriso bobo sai sem eu
perceber. Ele também sorri de forma sincera e eu abaixo a cabeça sem graça.

—Sinto. —Diz e volta a me beijar. Desta vez sem toques quentes, apenas
suas mãos segurando meu rosto e sua boca sentindo cada pedaço da minha.
Passo meus braços pela sua cintura e minhas mãos alisam suas costas largas.
Mordo seu lábio parando o beijo.

—Tudo bem. —Digo vencida.

—Mesmo ?

—Sim.

—Então vem comigo. Quero te mostrar um lugar.



Benjamin

Conduzir em direção a minha antiga casa me deu uma sensação de
nostalgia. Nostalgia por passar novamente de carro pelas ruas e avenidas que me
levam até ela, nostalgia por recordar de quando eu vinha da empresa um pouco
mais tarde que o normal e sabia que iria encontrar meu pai em casa, sentado na
sua poltrona na sala e provavelmente vendo TV enquanto tinha uma xícara de
café na mão.

Era difícil chegar e o ver trabalhando. Ele não levava trabalho para casa e
isso só acontecia quando era algo de extremíssima importância e que realmente
não desse para resolver no dia seguinte.

Sinto minha garganta embargar e engulo em seco. Sinto meus olhos
encherem de lágrimas, mas disfarço olhando para o outro lado como se fosse
mudar de faixa. A Louise está sentada no banco ao meu lado olhando a vista e
mesmo que ela seja muito importante para mim, não quero expor minhas
fraquezas e muito menos chorar na frente dela.

—Está tudo bem ? —Ela pergunta me olhando e eu finjo novamente que
estou olhando pelo retrovisor para dar tempo de as lágrimas que encheram meus
olhos secarem.

—Sim, por quê ? —Viro a cabeça e seus lindos olhos azuis me encaram
curiosos.

—Você está com os olhos um pouco vermelhos. É por causa do seu pai ?

Sinto uma pontada por ela conseguir me ler e sorrio.
—Eu só quero espirrar e não sai.

—Sério ? Isso acontece comigo várias vezes. —Diz dando uma risada e
vejo sua inocência quando esquece meus olhos vermelhos e começa a falar sobre
espirros e soluços.

Entro na rua da minha casa e a vejo olhar deslumbrada para as moradias.
As casas imponentes e com uma arquitetura impecável são um cartão postal para
indicar que estamos em um bairro nobre e conforme vou conduzindo mais
lentamente, vejo a imagem da minha casa começar a surgir no meu campo de
visão junto de uma árvore de magnólias cor-de-rosa. Meu coração acelera e a
imagem do meu pai se forma na minha mente.

—Você fica no carro —Digo em um tom mais autoritário do que queria
quando estaciono em frente a minha antiga casa e olho para a Louise.

—Tudo bem. —Diz mordendo os lábios e eu saio batendo a porta.
Confiro se a chave está no meu bolso e quando confirmo, subo a calçada em
frente a gigantesca mansão que outrora morava. Minha vida toda foi neste lugar,
eu cresci e vivi aqui. As lembranças voltam me atingindo em cheio e eu respiro
fundo.

Paro de andar quando chego em frente as magnólias e olho para trás. A
Louise permanece no carro olhando para mim de forma curiosa e ao mesmo
tempo triste. Sinto meu coração apertar por vê-la assim e vejo que essa mulher já
tem uma importância de grandes proporções na minha vida.

Me estico um pouco demais para pegar uma flor na árvore e volto em
direção ao carro. Abro a sua porta e lhe estendo a flor. Ela não diz nada, apenas
sorri sem entender da forma que eu já estou ficando completamente apaixonado
e pega a flor. Eu sorrio lhe estendendo minha mão e ela pega com os olhos
brilhantes.

—Você vem comigo! —Digo e enlaço sua cintura com o braço enquanto
entramos pelos enormes portões da minha casa.

Enquanto andamos pela minha casa, vejo a Louise ficar encantada como
uma criança que acaba de realizar o sonho de ir a Disney. Eu não consigo não
lhe observar quando ela olha boba alguns detalhes que mais lhe agradam. A
mostro meu quarto, a varanda, o quintal, tudo. Ela sempre atenta a tudo que lhe
falo e também quando lhe compartilho algumas boas memórias que vivi aqui.

Às vezes me sinto estranho, é como se a qualquer momento meu pai
fosse chegar em casa ou descer as escadas chamando por mim e perguntando se
eu já consegui resolver certo problema na empresa ou mesmo perguntando
quando eu iria arrumar uma mulher para que ele tivesse logo netos herdeiros.

Ao lembrar dessas perguntas, apenas a Louise vem na minha mente.
Ninguém mais. Mesmo sendo estranho, só consigo a visualizar sendo minha
mulher em um jantar de domingo com minha família. Ela dando comida para um
possível filho nosso em uma colher em formato de avião e esse menino com os
olhos iguais aos dela.
—No que você está pensando ? —Ela chega ao meu lado enquanto estou
parado na nossa antiga cozinha. Sem pedir permissão, põe a mão no meu quadril
e levanta a cabeça para me olhar.

—Em nada. —Sorrio. —Deixa eu pegar só alguns documentos na sala e
já vamos embora.

—Tudo bem. —Ela diz e eu saio.

Pego os documentos da imobiliária em cima da mesa de vidro no centro
da sala e dou uma passada de olhos para ver se continua tudo em ordem. Olho
para o armário de bebidas do meu pai e vejo a última garrafa de uísque que ele
tomou. Ela está pela metade e parece ter sido intocável desde a última vez que
esteve nas suas mãos.

Caminho lentamente até ela e fico olhando-a como se ali fosse capaz de
trazer suas últimas memórias vivo com a gente.

“Espero que você não esteja iludindo nenhuma mulher inocente e
apaixonada por você, Benjamin” —Ele disse algum tempo atrás e é como se o
visse ao meu lado usando sua calça social junto com um suéter branco tão
confortável e um colete que era sua marca quando estava em casa.

“Não, pai. Não existe mulher inocente.”

“Claro que existe. Inocente que eu falo são aquelas frágeis, delicadas e
que por algum motivo, Deus quis deixar com a inocência de criança mesmo
depois de ser adulta.”

“Eu nunca vou iludir ninguém, pai.”

“Espero mesmo. Não te criei para isso.”

“Como o senhor está ?” —Pergunto me sentindo na faixa do meio entre a
realidade e a imaginação.

“Bem. Um pouco de saudades, mas muito bem.” —Posso até senti-lo
colocando a mão no meu ombro e é nessa hora que já não consigo controlar as
emoções e as lágrimas rolam em meu rosto.

—Eu também tenho saudades, pai. Muitas. —Abaixo a cabeça sabendo
que ele já não está mais entre nós e um abraço confortável me enlaça por trás.

Meu choro se intensifica ainda mais e me viro vendo a Louise abraçada
em mim. Em seus olhos também caem lágrimas e mesmo sem entender o que
acabou de acontecer, ela continua agarrada em mim como se fosse minha base.
Eu sinto seu carinho no momento mais frágil da minha vida e a abraço de volta
me deixando levar por todas as emoções que venho segurando desde que cheguei
aqui.

—Obrigado por estar aqui. —Digo passando a mão dentro de seus
cabelos e ela só responde com um aceno positivo de cabeça, o que para mim já é
muito importante.

Tão importante quanto ela é para mim.
Capítulo 25

Louise

Mesmo o inverno não sendo uma das minhas estações favoritas, as
roupas da coleção são maravilhosas. Tão maravilhosas que dá vontade de trazer
o inverno antes da hora apenas para poder usá-las.

Desde a manhã de sábado que estávamos na Global Connor´s de Londres
e tudo só me lembrou a correria do meu primeiro desfile. As pessoas que me
auxiliavam estavam sempre cuidadosas comigo e quando a noite caiu, estava tão
nervosa quanto a primeira vez. O local estava cheio e tinha várias pessoas com
grandes influencias para nos ver desfilando. Desta vez o desfile iria ser todo
individual, o que me deixava ainda mais ansiosa a ponto de sentir aquela dor de
barriga quando estamos ansiosos.

Embora sempre estivesse atenta, eu não tinha visto o Benjamin o dia
todo. Lembrar de o ver chorando na sala da sua casa no dia anterior deixa meu
coração apertado. Eu sei que sua falta é ainda maior que a minha, pois ele
conviveu com seu pai mais tempo que eu e tudo ainda é tão recente que mesmo
ele sendo tão duro e arrogante, não conseguiu segurar as lágrimas na minha
frente. Eu me senti importante por ele se sentir à vontade comigo e tudo que eu
mais quero é ficar do seu lado, seja qual for o momento.

—Louise, dois minutos! —A moça do suporte fala e eu me posiciono no
meu lugar. Serei a próxima a entrar na pista e estou usando uma camisa branca
de mangas compridas por baixo de um sobretudo vinho que vai até um pouco
abaixo dos joelhos e que é parte do lançamento de inverno. A saia cirrê de
cintura média e que vai até um pouco acima dos joelhos também faz parte da
coleção, assim como as joias, a bolsa e o chapéu matinê preto.

As luzes quentes dos holofotes me atingem em cheio assim que piso na
pista e as palmas começam eufóricas. A maior parte disso é por todos estarem
esperando pela minha vez e eu estou orgulhosa por ainda lembrarem e confiarem
em mim como modelo, o que me deixa mais confiante para dá o meu melhor.
Paro apenas no fim da pista e o Benjamin novamente está lá. Seus olhos me
encaram de forma penetrante e sua mão no queixo já se tornou habitual. É como
se ele me analisasse minuciosamente para ver se não comento algum erro ou
simplesmente tentar ler meus pensamentos.

Faço as poses para as fotografias serem tiradas e arrumo o chapéu como
foi dito para fazer antes de voltar e sumir atrás das colunas debaixo de palmas.

O Leo já está me esperando com água e me conduz para onde devo vestir
a última roupa e fazer a maquiagem novamente. Ainda tenho alguns minutos
antes da minha vez novamente a me visto com calma.

—Não sei como você ainda consegue me surpreender. —Escuto a voz do
Benjamin atrás de mim dentro do camarim e me viro segurando um vestido na
frente dos seios.

—Você não devia está vendo as outras peças da coleção.

—Eu já conheço aquelas peças com a palma da minha mão. Agora quero
ver outras coisas. —Se aproxima de mim e me encurrala entre ele e a
penteadeira.

—Benjamin, não! Ainda tenho que me vestir para voltar.

—Você ainda tem cerca de … —Ele olha o relógio de pulso. —… Sete
minutos.

—Você já parou para pensar que as vezes age como um psicopata
obsessivo ? —Sorrio

—Sim. —Dá de ombros e sorrir de lado. —Uma rapidinha agora ?

—Agora. —Digo largando o vestido e pulando no seu colo. Ele me
agarra e antes de me deitar no sofá, tranca a porta. Nossas bocas se encontram
famintas e a dor dos seus dentes me mordendo é como pólvora para meu tesão.

Ele senta no sofá comigo em seu colo e enquanto desabotoa e abaixa a
calça, eu continuo o beijando. Ele faz com que eu sente violentamente em cima
do seu pau já ereto e começo a subir e descer rapidamente. Ele se livra da minha
boca para chupar meus seios e dá tapas na minha bunda.

Tento gemer alto, mas ele tapa minha boca com sua mão enquanto
estimula meu clitóris com dois dedos.

—Cala a boca, porra! —Pede entre dentes. Suas mãos grandes na minha
cintura é algo simples, mas que me deixa com um tesão enorme. Faz com que eu
me sinta submissa a ele naquele momento e meu desejo é que ele faça tudo o que
quiser comigo.

—Louise, quer comer algo ? —Escuto a voz de alguém do lado de fora
da porta e o Benjamin sorrir como se a bola quente tivesse na minha mão.

—Ai … Não … Obrigada. —Digo enquanto ele não para de socar forte.

—Tem certeza ? Está tudo bem ?

—Sim, está tudo ótimo.

—Tudo bem. Qualquer coisa nos avise.

—Eu vou gozar, Ben. —Digo e ele me prende junto do seu corpo em um
abraço forte. Mal posso mexer meus braços e ele se ergue um pouco apenas para
aumentar a velocidade.

Mordo seu pescoço sentindo meu corpo se encher em um frio indicando
que estou perto e quando sinto meu corpo entrar em colapso de espasmos, ele
morde meu ombro e bate forte na minha bunda de novo, então sinto ele jorrar
quentes dentro de mim antes de afrouxar o aperto.
—Espero não ter te machucado. —Diz conferindo meus braços e costas
enquanto eu sorrio ofegante.

—Não, mas marcas podem aparecer depois.

—Isso não tem problema. Quer dizer que eu sou seu dono. —Se levanta
e abotoa a calça. —Dorme comigo hoje ?

—Sim. —Digo. Ele sorrir vitorioso como se já soubesse da minha
resposta e sai depois de me beijar levemente nos lábios.

Eu, como uma boba apaixonada, continuo sentada tocando os lábios
como se pudesse prolongar o sabor.

(…)

Já estava no meu lugar para entrar novamente na pista e desta vez não
seria a última para fechar o desfile, mas as expectativas sobre mim eram tão
grandes como se fosse. Estava usando uma calça cinza de riscas na vertical um
pouco folgada com cordões para atar, a mesma camisa branca por baixo de um
sobretudo também cinza maior que o primeiro e botas de salto nos pés. A roupa
era um luxo só.

Entrei na pista quando recebi o meu sinal e caminhei com a mão em um
dos bolsos com um olhar mais sério fazendo as pessoas me olharem admiradas e
deslumbradas. Ao chegar no final onde o Benjamin estava, ele não estava
olhando para mim com das outras vezes. Desta vez ele estava conversando com
uma mulher que agora estava sentada ao seu lado. Ela tinha lindos cabelos
pretos, olhos castanhos bem claros e a boca aparentemente preenchida
perfeitamente com botox. Suas pernas ficavam a mostra por causa do vestido
justo que usava e era lá que os olhos do Benjamin estava.

Eu não queria, mas na hora me senti desestabilizada. Não porque
necessitava dele me olhando, mas porque mesmo tendo acabado de fazer sexo,
ele já estava conversando animadamente e ainda por cima olhando
descaradamente para as pernas da outra.

Depois das fotos, me virei e voltei no exato momento que ele me olhava.

(…)

—Ei, espera! —Escuto sua voz me chamando bem mais tarde quando
estamos todos nos dirigindo para os táxis que vão nos levar novamente para o
hotel.

—O que foi ? —Me viro.

—Aconteceu alguma coisa ?

—Não sei, me diz você.

—Eu também não sei. —Me olha como se não soubesse mesmo. —Você
estava espetacular na pista.

—Você nem estava olhando para mim, Benjamin.

—Como assim ? Claro que estava.

—Não estava não! Você estava mais ocupado em olhar para a perna da
mulher que estava ao seu lado.

—Você está com ciúmes ?

—Claro que estou! Você sequer parou para olhar o desfile enquanto
aquela mulher estava do seu lado.

—Me desculpa. Eu não sabia que meu olhar era tão importante para
você. —Sorrir de forma convencida e eu cruzo os braços em cima do peito.

—Eu não estou brincando.

—Não precisa ser tão ciumenta, Louise. Se eu quisesse ainda transar com
alguma mulher, não teria com você o que temos.

—Tudo bem. Vamos para o hotel ?

—Vamos, mas você dorme comigo hoje.

—Não.

—Você prometeu que dormiria.

—Não prometi nada.

—Prometeu agora. —Diz me fazendo rir e saímos em direção ao hotel.

Nos reunimos no salão do hotel para jantarmos em comemoração ao
sucesso do desfile. Na noite seguinte teríamos um jantar em um buffet com
outras pessoas e iriamos voltar para Boston na segunda de manhã.

Enquanto estávamos comendo, pedi licença e saí da mesa para falar com
a Kim. Não tínhamos nos falado direito desde quando cheguei aqui e já estava
com saudades.

—E como está tudo ? —Ela pergunta.

—Bem. Estamos reunidos em um jantar aqui no salão mesmo.

—Eu queria ter ido com você, mas tinha que trabalhar na empresa.

—Só isso ? —Insinuo e ela rir do outro lado. —Como está com o Gary ?
—Normal. Saímos ontem e ele já me chamou para sair hoje de novo,
inclusive estou me arrumando agora.

—Hum, será que sai romance ?

—Não mesmo. —Diz, mas ela não me engana. —E com o Benjamin ?

—Estamos bem na medida do possível.

—E já se acertaram ?

—Sim. Ele me levou para conhecer a antiga casa que morava.

—Sério ? Que fofo da parte dele. Transaram lá ?

—Claro que não! Depois te conto em tudo.

—Ainda falta muito para você chegar. Tenho saudades.

—Eu também tenho. Logo estou de volta.

—Tudo bem. Se cuida. Beijinhos.

—Se cuida você também. Beijos.

Volto para a mesa depois de encerrar a chamada e o Benjamin me olha
sério. Eu sei que ele quer saber para quem eu liguei e para lhe dá o troco, finjo
demência e volto a comer enquanto converso com as pessoas na mesa.

Ficamos reunidos no salão até mais de onze da noite em um clima
animado quando alguns se despedem para ir dormir. Sinto minhas pernas
doloridas e o cansaço começar a me pegar, então também me despeço e saio em
direção aos quartos.

—Com quem você estava falando ? —A voz do Benjamin me dá um
susto quando paro na máquina de doces para pegar alguma coisa.

—Isso não é da sua conta. —Sorrio tirando um pacotinho de M&M
quando ele me vira em um rápido e único movimento.

—Eu vou perguntar mais uma vez e você vai me responder direitinho. —
Segura meu rosto com os olhos ardendo de desejo e eu sorrio de lado. —Com
quem você estava falando ?

—Com a Kim.

—Boa garota. Agora vamos para o meu quarto que eu quero terminar de
fazer o que comecei no seu camarim

Vamos em direção aos quartos na surdina para ninguém nos pegar e todo
aquele clima de perigo me deixa ainda mais excitada. Minha intimidade pulsa
dentro da calcinha com sua mão na minha cintura e ele me empurra para dentro
do quarto assim que abre a porta. Em poucos instantes nossas roupas estão
espalhadas por todo o lugar.

(…)

Acordo naturalmente e mesmo sem me virar para o outro, já sinto a cama
vazia. Estamos no seu quarto no hotel, mas posso imaginar que ele acordou e
levantou mais cedo que eu para não causar alarde nas outras pessoas.

Sorrio de lado lembrando da noite anterior quando novamente me
entreguei a Benjamin. Seu desejo feroz e ardente por mim me deixava excitada
logo pela manhã. Ainda era inusitado o ver com ciúmes de mim. Era como se
fosse uma prova que ele nutria os mesmos sentimentos que eu. Talvez não com a
mesma intensidade, mas era o mesmo.

Ainda era cedo, então apenas visto a roupa da noite anterior e saio do seu
quarto cuidadosamente indo para o meu. Apenas uma modelo ainda está aqui,
mas ela mal liga para minha presença só agora e sorrir simpaticamente antes de
também sair e me deixar sozinha. Entro no banheiro e tomo um banho rápido. O
pessoal já deve está se organizando para tomar café e não quero ser o centro das
atenções sendo a última a chegar.

Chego onde a maioria já estão reunidos e conversando animadamente já
tomando o café da manhã. A mesa é sempre farta e com diversas opções, mas
meus olhos só focam para um certo alguém vestido em uma larga camisa de frio
extremamente sexy, assim como seus cabelos presos em um coque e um sorriso
malicioso em seus lábios quando também me olha.

—Gostosa. —Ele fala disfarçadamente sem emitir som e eu me sento
sentindo as bochechas começarem a arder.

Ficamos na mesa até todos acabarem e as modelos combinam de ir ao
spa do hotel fazer massagem e limpeza de pele. Depois de ir ao quarto e me
ajeitar, saio junto com as três do meu quarto e vamos fazer nossas limpezas de
pele e aproveitamos para arrumar as unhas também. Depois de prontas, saímos e
vamos cada uma para uma sala separada para a massagem.

Entro na minha sala quase completamente branca e sorrio para a
senhorinha asiática que está vestida em um uniforme também branco. Coloco
meu celular em um sofá e ela pede que eu tire a roupa para começar a
massagem, então obedeço.

Deito na cama de bruços completamente nua apoiando o rosto em um
buraco e ela cobre minha bunda com uma toalha. Me arrepio quando ela derrama
uma pequena quantidade de óleo nas minhas costas e começa a massagear. Meus
olhos fecham quase que sem meus comandos e fico apenas ali quando tendo um
orgasmo com suas mãos me massageando. Nem sei quando foi a última vez que
fiz uma massagem em um profissional, mas logo me recordo: Não, eu nunca fiz
uma massagem em um spa.

Peço a ela para pegar meu celular e depois de mandar uma foto do rosto
para a Kim, seleciono Crazy In Love na versão acústica e coloco os fones
voltando a fechar os olhos. Começo a viajar em um mundo paralelo com as mãos
do Benjamin passeando pelo meu corpo e sinto minha boceta pulsar de desejo.
Mordo os lábios já começando a imaginar cenas mais quentes e sinto um arrepio
diferente percorrer minhas costas quando outras mãos começam a massagear
onde começa meu bumbum. Não ouso abrir os olhos, mas o cheiro de perfume
que se mistura com o aroma do óleo já me faz ter total certeza de quem pertence
as mãos.

As mãos massageiam a lateral do meu corpo com maestria indo das
axilas até os quadris. Mordo os lábios as sentindo massagear na linha abaixo da
bunda e gemo quando essas mesmas mãos abre uma parte para cada lado ainda
massageando. Sinto dedos massagear minha boceta já encharcada e levanto os
quadris dando sinal para que prossiga, então sou parcialmente penetrada com um
dedo. Ele tira e coloca dentro de mim bem devagar me fazendo enlouquecer com
cada toque.

—Hum … —Gemo quando seu dedo faz a forma de um anzol e alisa
dentro de mim. Sou virada para ficar de barriga para cima e abro os olhos para
poder ver o Benjamin usando apenas uma cueca branca e sorrindo de forma
quente para mim. Seus cabelos agora estão soltos e seus olhos estão escurecidos.

—Feche os olhos, querida! —Diz em uma voz rouca de desejo e eu
obedeço.

Sinto um frio no umbigo quando ele derrama óleo sobre ele e passa a
massagear meu abdómem. Suas mãos trabalham muito bem e arqueio o corpo
quando elas sobem para meus seios os massageando. Ele aperta entre as mãos,
faz círculos em volta e gira os mamilos de um lado para o outro.

As mãos começam a descer em direção a minha barriga novamente e
sinto minha boceta molhada entre minhas pernas.

—Me fode aqui, Benjamin. —Peço abrindo os olhos novamente e ele me
olha com um sorriso ainda maior.

—Você é muito teimosa! Vou ter que eu mesmo fechar seus olhos.

Sua boca alcança a minha e nos beijamos emanando desejo. Tento o
puxar mais para mim, mas ele segura meus pulsos e faz que não com a cabeça.

—Agora não!

—Por que ? —Pergunto em um choramingo enquanto ele pega uma
toalha e a dobra em tira.

—Porque primeiro eu vou te fazer gozar como nunca gozou antes de me
conhecer. —Diz antes de pôr a toalha sobre meus olhos.

Gemo quando suas mãos vão descendo para minha intimidade e como se
fosse para me provocar, ele começa a massagear minhas coxas. Ele faz círculos
com os polegares e chega bem perto da minha boceta, mas não passa da virilha
me deixando ensandecida de tesão.

—Por favor, me fode!

—Só quero ouvir sua voz agora se for para gemer, caso contrário, irei
tampar também. —Acerta um tapa no meu seio esquerda me fazendo dá um leve
espasmo de prazer. —Entendeu ?

—Por favor … —Tento falar, mas sou interrompida com outro tapa, só
agora no outro seio.

—Perguntei se entendeu ?

—Entendi. —Balanço a cabeça e escuto sua risada.

Ele aperta meus lábios vaginais contra meu clitóris e sinto um prazer
incontrolável. O ordinário sabia bem o que estava fazendo e como estava
fazendo. Solto um gemido e ele começa a massagear mais além da virilha.

Seus dedos afastam meus lábios enquanto continua a massagear e sinto
um frio no meu clitóris quando ele derrama algumas gotas de óleo em cima. O
líquido vai escorrendo pelas minhas dobras até minha bunda deixando um
caminho de frio gostoso. Um dos seus dedos começam a brincar com ele e
arqueio o corpo com a sensibilidade que está.

Gemo quando sinto um dedo seu chegar perto da minha entrada e me
penetrar lentamente. Ele começa a fazer movimentos entrando e saindo me
deixando louca. Sem parar de fazer, outros dedos estimulam meu clitóris e meu
rosto começa a arder. Os barulhos dos seus dedos melados entrando e saindo de
dentro de mim enchem a sala. Minha vontade é de abrir os olhos e conferir se a
imagem é tão excitante quando os sons, mas não ouso e permaneço de olhos
fechados.

Abro mais as pernas lhe dando espaço e ele enfia outro dedo, depois
outro até ter três dedos dentro de mim. Sinto meu orgasmo se aproximando e ele
parece que entende isso, pois aumenta a velocidade enquanto uma de suas mãos
grandes estão pousadas no meu ventre. Sinto um peso a mais na cama e sem
abrir os olhos, sei que ele subiu e está entre minhas pernas. Sei disso pois sinto
seus cabelos roçando na minha barriga me deixando ainda mais excitada.

Sem esperar, sinto sua boca engolir minha boceta como se fosse um
sorvete. Logo sua língua começa a dá pinceladas no meu clitóris e a partir daí
tenho certeza que vou gozar.

—Hm … Benjamin … Isso. —Gemo já sentindo meu corpo todo arder.

—Anda. Quero você gozando assim na minha boca. —Pede e começo a
me tremer quando o orgasmo vem em cheio. Grito sem pensar se tem alguém
ouvido tentando o afastar, mas ele apenas para de brincar com meu clitóris para
engolir novamente minha boceta e me penetrar com a língua.

Me sinto sendo literalmente engolida e chupada. Ele me suga como se
quisesse tirar algo do mim e puxo seus cabelos com força para que não pare e ele
não para. Sua língua continua entrando e saindo de mim e quando finalmente
para, tiro a toalha do rosto.

Ele está lambendo os lábios e sorrindo enquanto abaixa a cabeça e beija
minha barriga.

—Adoro seu gosto.

—Então agora me fode. —Peço e sem esperar, sou penetrada com força.

Uma das minhas pernas está em cima do seu ombro enquanto sua mão
aperta meu seio. Ele empurra forte de mim e o óleo faz a sensação ficar ainda
melhor. Levo meus dedos a boca e depois os molhar, começo a massagear meu
clitóris.

—Quer gozar de novo, safada ? —Pergunta ofegante.

—Sim, quero.

—Então me pede.

—Como ? —Pergunto e sou atingida com um tapa forte no rosto.
Percebo o quanto isso me deixa excitada e ele geme quando minha boceta se
aperta em volta do seu pau.

—Pede para gozar, vadia!

—Me deixa gozar, Benjamin. Por favor. —Imploro e ele me puxa mais
de encontro a seu pau me fazendo sentir uma dor gostosa. Sua força aumenta e
ele soca tão forte que eu me seguro na cama para não escapar.

—Você vai gozar … —Sorrir estocando. — … Mas vai gozar para mim
… —Estocada. —… O seu macho.

—Sim. —Digo e minhas pernas tremem novamente. Ele aperta meu
tornozelo olhando dentro dos meus olhos e gemo querendo chorar quando meu
corpo explode em um novo orgasmo. Ele também goza e me sinto sendo
invadida por sua porra que jorra dentro de mim.

Nossos olhos não se desgrudam e ele abaixa minha perna devagar. Tira o
pau ainda ereto de dentro de mim e desce da cama. Vem até mim sorrindo e me
beija na boca.

—Prometa que vai ser sempre minha. —Pede olhando dentro dos meus
olhos com nossas testas encostadas. Mesmo se eu quisesse, não consigo e nem
quero lhe negar nada.

—Prometo. —Digo convicta e ele rir. Mal ele sabia que não precisava
nem pedir para que eu fosse somente dele. Eu já o pertencia.

(…)

Estava me sentindo realmente bem dentro do vestido. Algumas horas
antes da festa, recebi uma caixa no meu quarto e estranhei um pouco pelo fato de
não ter nenhum remetente. Ao abrir e me deparar com um dos vestidos mais
lindo que já vi e com um bilhete que dizia: “Use esta noite! B.”, tive certeza de
quem havia mandado.

O vestido era de um vermelho intenso e que parecia brilhar. Sua maior
parte em cetim o deixava esvoaçante e a frente quadrada combinada
perfeitamente com a colar que também veio dentro da caixa. A cintura justa
realçava ainda mais minhas curvas e depois de já está com o cabelo feito em
apenas uma trança embutida e a maquiagem ser um pouco escura, me senti linda.
O salto agulha preto de uma tira só era bem simples, mas não deixava de ser
bonito, assim como o pequeno par de brincos que adornavam minhas orelhas.

Todas as outras já tinham saído do quarto quando eu terminei de me
aprontar e também saí depois de pegar uma pequena bolsa preta que coubesse
apenas meus documentos e celular. Estava nervosa a cada instante que se
aproximava para chegar ao salão onde todo mundo já estava reunido para
sairmos.

Chego no topo da escada ouvindo as vozes animadas dos meus colegas
de trabalho e como se fosse em um filme, todos os olhares se voltam para mim.
Sinto as bochechas arderem e seguro no corrimão para poder descer. Sorrio
tímida para as pessoas pelos seus olhares e ao olhar para o Leo que está usando
um vestido divino, ele faz um aceno positivo com os dedos enquanto pisca para
mim.

Sou surpreendida por três mãos se estendendo para mim quando chego
nos últimos degraus da escada e sorrio sem graça. Uma das mãos é do Benjamin
e ele olha para os outros como se os enxotasse. Seguro a sua e desço debaixo dos
olhares dos outros.

Parece que ficamos um longo tempo nos olhando dentro dos olhos até
alguém pigarrear nos trazendo de volta a realidade.

—As limousines chegaram.

Saímos do hotel animados e em nenhum momento me sinto livre dos
olhares de Benjamin.

Ao chegar na rua, meu queixo quase cai ao ver as duas limousines
paradas. São lindas e de um luxo sem igual. As mulheres começam a entrar em
uma com a ajuda dos homens e vejo que vamos divididos por sexo.

Quando chega a minha vez, o Benjamin faz questão de pegar na minha
mão para me ajudar a entrar.

—Você está linda. —Ele sussurra com uma voz que aquece meu coração.

—Obrigada. —Digo antes dele soltar minha mão devagar e o motorista
fechar a porta.
Dentro da limousine é enorme e sem exagero algum, seu comprimento
chega a ser maior que o meu banheiro. Os bancos cinzas confortáveis comporta
todo mundo e o “teto” repleto de pontinhos de luz deixa o ar mais delicado. As
outras modelos parecem que mal liga para isso, mas eu não consigo esconder
minha admiração e quando percebo, já estamos chegando na festa.

Se eu achava que a limousine era um luxo, é porque ainda não tinha visto
o lugar onde iriamos jantar. Aquilo tudo parece ter saído daquelas imagens de
luxo que procuramos na internet e que muitas vezes eu achava que era algum
tipo de montagem ou que só usavam para tirar fotos mesmo, mas ao pisar no
piso de cerâmica finíssima, vejo que tudo é real.

Tudo é luxo.

Estava tocando Hey Jude e ao olhar para trás, vejo o Benjamin chegando
junto com os outros rapazes e ele abre um largo sorriso para mim. Nossos
olhares novamente ficam firmes um no do outro e ele só desvia quando alguém
aparentemente muito influente vem falar com ele animado e aperta sua mão.

Sorrio vendo o último olhar que ele dá para mim antes de prestar atenção
no tal homem e acompanho os outros para nossa mesa.

(…)

—Gostou do vestido ? —O Benjamin pergunta algum tempo depois
quando as pessoas já dançam por todos os lados uma música latina. O jantar foi
algum tempo depois de chegarmos e na mesa, ele sentou bem de frente comigo.
Tive que lhe fazer uma cara bem feia quando ele começou a alisar minhas pernas
por baixo da mesa.

—Eu adorei! Você tem bom gosto.

—Claro que tenho. Não é à toa que você está comigo. —Diz e agarra
minha cintura me puxando para mais perto de si.

—Benjamin, não. Todo mundo já está olhando diferente para nós dois.

—Quem liga ?

—Eu ligo. Não quero ninguém pensando que estou dormindo com você
por dinheiro.

Ele me olha de uma forma estranha e eu sei o que ele pensou, mas trato
de jogar para o fundo do meu consciente antes de começar uma briga.

—Tudo bem. —Ele sorrir. —Dorme comigo hoje de novo ?

—Se você se comportar esta noite, quem sabe. —Dou de ombros com
um sorriso malicioso e depois de alisar seu queixo com a ponta do dendo, saio
para dançar Hey Ya! na pista junto com as outras pessoas que lá já estão.



Benjamin

Fico apenas no meu lugar vendo Louise dançar de forma eufórica e não
consigo controlar o sentimento de paz que se apossa no meu coração. Não sei
explicar. Um sentimento de ficar bem quando estamos bem um com o outro.

Confesso que fiquei aliviado depois que ela parou de implicar com esse
negócio de ser apaixonada por mim e achar que eu não correspondo só porque
também não disse. Eu não estou dizendo que não sinto, estou dizendo que não
gosto de rotular as coisas. Eu gosto do que temos e se ela também gosta, por que
vamos complicar tudo colocando um rotulo bobo que no fim das contas não
serve de muita coisa ?

—Alguma delas é sua namorada ? —Escuto uma voz conhecida ao meu
lado e me viro para ver o motivo dos ciúmes da Louise no dia anterior.

—Kitty! —Digo sorrindo e me levantando para lhe cumprimentar com
um abraço. —Tudo bem ? Não sabia que você estaria aqui.

—Agora sabe. —Pisca para mim de uma forma que já sei o que as
mulheres querem quando o fazem e me atrevo a olhar novamente seu corpo por
alguns segundos.

Kitty é uma empresária de sucesso e mesmo que seja poucos anos mais
velha que eu, sua aparência não transmite nada disso. Seu corpo escultural e seus
seios completamente em pé devido ao silicone é algo que não consigo não olhar
e quando dou por mim, já estou imaginando meu pau em uma espanhola no meio
daquilo tudo.

—Quer beber alguma coisa ? —Digo me forçando a mudar de
pensamentos. É como se eu tivesse … traindo Louise.

—Claro! Um Martini, por favor. —Diz ao barman que sai. —E você ?
Anda conduzindo bem as empresas do seu pai ?

—Sim, estou tendo ajuda dos meus amigos e família. Está indo tudo
bem.

—Entendo, mas você não respondeu minha pergunta.

—Qual ?

—Alguma daquelas super modelos é sua namorada ? —Aponta com a
cabeça para a pista onde algumas modelos estão dançando, inclusive a Louise,
que agora dança em um movimento que ora ela roça os seios em outra modelo e
ora a outra roça nela. Que sexy! —Já vi que sim.

—Não! —Digo com pressa por me perder no tempo a olhando. —
Nenhuma.

—Certeza ? Você parece que fica meio fascinado olhando para lá.

—Admito que são modelos bonitas.
—E como são. Pena que não sou da idade dela e alguns homens não
gostam de mulheres mais … experientes. —Diz me olhando fixamente e toma
um gole da sua bebida.

—São homens burros. Você é atraente.

—Você acha ? —Pergunta esperançosa.

—Quem não acha ? —Não sei porque estou me sentindo desconfortável
com a conversa. Ela rir e meu celular toca. Olho na tela e vejo que é a minha
mãe. Desde o natal que estou confortável para lhe chamar assim e fiquei feliz
por ela gostar.

—Você me dá licença um minuto. —Digo e saio antes dela responder. —
Mãe ?

—Oi, meu filho. Estou atrapalhando ?

—Não, claro que não. Estamos no jantar. Aconteceu alguma coisa ?

—Não, é que você não me ligou quando disse que ia ligar e eu fiquei
preocupada.

—Oh, desculpa. Eu esqueci completamente e acabei … dormindo. —
Minto. Não ia mencionar que na verdade estava fodendo com a Louise na cama
de massagens.

—Tudo bem —Ela sorrir. —Está tudo bem por aí ? Você está bem ? Já
pegou as coisas que pedi ?

—Sim, está tudo bem e já peguei. Estou louco para voltar para casa.
Detesto dormir em hotéis.

—Eu sei. Bom, vou te deixar aproveitar a festa. Dá um beijo na Louise
por mim. —Sorrio com seu carinho por Louise.

—Claro que dou. Amanhã eu te ligo de novo antes de sairmos.

—Ligue mesmo. Tchau.

—Tchau. —Digo encerrando a chamada e assim que me viro para voltar,
quase esbarro no corpo de Kitty na minha frente. Meus olhos voam para seu
decote e imediatamente desvio o olhar.

—Desculpa, não te vi. —Digo e ela sorrir.

—Eu sei. Não se preocupe. Eu não estava ouvindo a sua conversa.

—Eu sei que não. Vamos ? —Estendo a mão para ela ir na frente, mas
sou surpreendida quando ela pega na minha mão e põe no seu seio. Sinto minhas
bolas formigarem de tesão, mas ao mesmo tempo me sinto mal. Não me
perguntem o porquê.

—Podemos ir para outro lugar se você quiser. Minha casa não é muito
longe daqui.

—Eu fico feliz pelo convite, mas não posso. —Puxo minha mão de volta
sem querer parecer grosso. —Tenho que está com o pessoal. Sabe como é, né ?

—Sei, mas eles são todos adultos, Benjamin. Nem vão sentir sua falta. —
Sua voz se torna arrastada de excitação e não consigo evitar uma ereção
monstruosa marcando na calça.

—Eu não posso, Kitty. Desculpa.

—Não é o que ele diz. —Aponta para meu pau e pela primeira vez me
sinto constrangido. —Vem cá, deixa eu te dá uma amostra grátis do que você vai
ter na minha casa.

Sem que eu espere ou sequer abra a boca para responder, ela passa a mão
pela minha nuca e me puxa para um beijo. Sua boca devora a minha e não tenho
tempo de retribuir ou me afastar. A Louise já está atrás dela nos olhando com um
olhar mortal.

—Louise. —Falo empurrando Kitty e sorrindo sem graça. —Eu … Não.

—Eu não acredito que você fez mesmo isso, Benjamin. —Diz e sua voz
está de uma forma que eu não gosto. É como se tivesse nojo de mim.

—Desculpe, eu não sabia que você era alguma coisa dele. Ele disse que
não tinha namorada. —A Kitty fala tentando se retratar e eu tenho vontade de
enfiar grama na sua boca. Tinha que falar essa merda ?

A Louise olha para ela sem expressão e depois sorrir quando olha para
mim.

—Ele não mentiu. Não somos namorados.

—Louise, eu vou te falar …

—Eu vou deixar vocês sozinhos. —Kitty diz e sai.

—Por favor, deixa eu explicar. —Peço me aproximando, mas ela se
afasta e estende a mão aberta na minha direção. Minha cabeça chega a doer por
imaginar seus pensamentos ruins para mim.

—Nem ousa chegar perto de mim!

—Eu não beijei ela. Foi ela quem me pegou de surpresa.

—Que desculpa mais ultrapassada, Benjamin! —Seus olhos se enchem
de lágrimas e sinto meu peito apertar.

—Acredita em mim. —Peço em um fio de voz sabendo que do jeito que
ela é, não vai querer me escutar.
—Acreditar no mentiroso que você é ? —Ela rir com escárnio mesmo
quando suas lágrimas começam a cair. —Só se eu fosse mais idiota do que eu
realmente sou.

—Não chora. Porra! Você sabe que eu não gosto de te ver chorando. —
Tento me aproximar novamente.

—Eu já disse para não chegar perto de mim! —Grita. —Mesmo essa
droga de contrato sendo a coisa mais burra da minha vida, eu achei que você
cumpriria. Ou melhor, achei que eu era mais importante para você.

—Você é importante para mim. Acredita, por favor. Ela tentou sair
comigo, mas eu … —Sou interrompida pelo seu tapa na minha cara que arde
muito.

—Nunca mais chega perto de mim, Benjamin. Acabou essa droga de
contrato que tínhamos! Acabou tudo o que eu achei que tínhamos. —E sai
segurando o vestido com as duas mãos me deixando estático no meu lugar e
alisando o rosto.

Que porra eu fiz ?
Capítulo 26

Louise

Acordo completamente mal-humorada e depois de tomar um banho e me
vestir, começo a arrumar o que falta na minha mala. Iremos embora antes do
almoço e eu não vejo a hora de chegar em casa. Tenho vontade de rasgar o
vestido que o Benjamin me deu ontem, de tanta raiva que estou sentindo, mas
apenas o guardo e penso no que vou fazer depois.

Pego o celular em cima da minha cama e vejo a quantidade de
mensagens que ele mandou de ontem até hoje. Eu estaria mentindo se falasse
que tem menos de trinta e quatro delas. A maioria pedindo para que deixasse ao
menos explicar e o resto realmente se explicando. A moça pode o ter beijado
mesmo, mas isso quer dizer que ele deu liberdade para ela fazer isso. Ninguém
vai beijar alguém se souber que a pessoa é séria e vai lhe repreender. Se ela fez é
porque sabia que ele ia deixar. Filho da puta!

Desço para o café da manhã sozinha querendo o evitar o máximo
possível, mas assim que chego ao salão, sinto seus olhos pousarem em mim.
Desvio o olhar dos seus e me sento fazendo questão de sorrir para qualquer coisa
que me falem. Posso estar uma merda por dentro, mas ele não precisa saber
disso.

Assim que acabamos, volto para o quarto apenas para ver se não me
esqueci de nada e depois todos nos reunimos no salão principalmente para
esperar os táxis.

O vejo sempre me olhando a distância e é como se quisesse vim falar
comigo, mas não o faz e eu acho bem melhor assim. Só Deus sabe que eu sou
muito frágil quando se trata de decisões. Bastava ele começar a me beijar da
forma que beija e eu já esquecia de tudo.

Droga de sentimentos!

—Brigou com o bonitão ? —O Leo pergunta ao meu lado no avião e olha
para onde o Benjamin está sentado sozinho falando ao celular.

—Não. —Minto.

—Você já revirou os olhos várias vezes quando vocês se olham. —Diz e
eu tento responder. —Não tente mentir para mim, menina. Eu não sei o que você
e o patrão tem, mas tenho certeza que é mais que um sentimento platônico seu.

—Ah, Leo. Ele é um imbecil. —Lamento e começo a falar tudo baixinho
para ele desde o começo do contrato. Que dormíamos juntos algumas vezes e
que eu gosto do Benjamin, porém ele já sabia.

—Menina, você tem mel na perereca. Estou pasma! —Fala e eu sorrio
fazendo sinal para que fale mais baixo. Nessas horas o avião já está no ar. —Eu
sabia que tinha algo mais entre vocês.

—Falou certo. Tinha.

—Olha, eu já conheço o Senhor Connor tem um bom tempo. Nunca o vi
ter algo sério assim com quem quer que fosse.

—O que você quer dizer com isso ?

—Que se ele sugeriu exclusividade entre vocês dois, aí tem coisa. —Fala
sorrindo encerrando o assunto e me deixando com várias questões no ar.



Benjamin

Olho o celular pela milésima vez para ver se a Lou me respondeu, mas a
mulher é mesmo difícil. Eu sempre digo para mim mesmo que não vou correr
atrás dela, mas quando estou vendo, já estou lhe mandando mensagem ou
tentando lhe ligar outra vez. Seja o que for que essa mulher esteja fazendo
comigo, estou completamente fodido.

—Vai sair ? —Minha mãe pergunta, chegando da empresa. Como
cheguei tarde, não quis passar por lá e vim direto para casa.

—Sim.

—Vai ver sua namorada ? —Sorri faceira.

—A Louise não é minha namorada, mãe.

—Mas é quase perto disso.

—Não sei mais. —Não escondo a tristeza na minha voz. Mal ficamos
algumas horas sem falar e eu já sinto uma falta tremenda dela.

—O que aconteceu ?

—Só nos desentendemos um pouco.

—Não são namorados e já brigam como se fossem. —Ela revira os olhos.
—Seja o que for que tenha acontecido, resolvam logo. Aquela mulher gosta
muito de você, Ben.

—Eu sei disso. —Sorrio enquanto beijo sua testa e pego minhas chaves.
—Bom, eu já vou.

—Manda um beijo para ela.

—Pode deixar. Beijos. —E saio fechando a porta.

Conduzo o carro até a sua casa e estou disposto a colocar aquela porta
abaixo caso ela não queira me ouvir. No meio do caminho confiro o celular e ela
não responde nem uma das minhas mensagens, mas visualiza todas. Que marra
do caralho!

Eu me sinto um completo estranho no meu corpo e na minha própria
personalidade. Não sei quando foi que eu passei a querer apenas uma mulher e
amaldiçoar outra gostosa como a Kitty por ter me beijado. Se fosse em qualquer
outro tempo antes de conhecer a Louise, eu já tinha comido aquela mulher no
primeiro dia que nos conhecemos, mas não. Sempre que penso em algo a mais
com outra mulher, ela tem que vir na minha mente me fazendo rir e dispensar
qualquer outra sem remorso.

Eu nunca levei uma mulher na minha casa. Nem para ser fodida quanto
mais para uma festa como o natal. Eu nunca insisti em nenhuma mulher que
fosse. Eu tinha todas quando eu quisesse e repetir era algo que acontecia poucas
vezes no meu cardápio.

Contrato de fidelidade ? Nem pensar! Sentimentos ? Sem chances! Mas
agora estou aqui, conduzindo na chuva atrás de uma mulher que vem mexendo
com tudo em mim desde o primeiro dia que apareceu na minha vida e ainda por
cima me ignorando. Nenhuma mulher nunca me ignorou na vida.

Chego em frente a seu edifício e penso em escalar novamente até sua
janela, mas ainda é muito cedo e tem algumas viaturas fazendo a ronda pelo
lugar, então tenho que usar os meios comuns.

—Olá, boa noite. Pode dizer por favor a Louise que eu estou aqui ? —
Pergunto chegando ao porteiro na guarita.

—Claro, senhor Connor. Um minuto. —Não me surpreendo dele me
conhecer. Primeiro porque já estive aqui outra vez e segundo porque todo mundo
me conhece. —Ela disse que o senhor não pode subir.

—Olha, amigo. Nós somos namorados e estamos brigados. —Tento o
convencer. —Eu só quero entrar e me desculpar.

—Eu não sei, senhor. Ela disse com firmeza para não permitir sua
entrada.

—E ela não pode descer ?

—Ela disse que não quer falar com o senhor.

—Por favor, vai ser rápido.

—Eu posso perder meu emprego com isso. —Diz com uma voz que falta
pouco para ser convencido.

—Eu trabalho em uma das maiores empresas da América do Norte. Sou
dono de um império. Se caso você perca seu emprego aqui, eu te arrumo algo
bem melhor. Tem minha palavra.
Ele fica uns segundos pensativos e coça a cabeça antes de apertar um
botão que abre o portão principal.

—Já sabe o apartamento.

—Sei sim. Muito obrigado. —Digo e subo correndo com um sorriso
enorme no rosto. Essa mulher vai me ouvir nem que não queira.

Fico um pouco perdido ao tentar achar o andar, mas acabo encontrando e
me dirijo para sua porta. Eu sei que tem um olho mágico, então vai ser um pouco
difícil fazer ela abrir a porta por vontade própria.

—Um minuto. —Sua voz do outro lado faz meu corpo estremecer. —O
que você quer, Benjamin ? —Pergunta sem abrir.

—Não é óbvio ? —Sorrio.

—Vá embora! Não temos nada para conversar.

—Claro que temos. Eu passei o dia te mandando mensagens. Pode abrir a
porta ?

—Não.

—Você sabe que sou capaz o suficiente de derrubar essa porta e que não
medirei esforços para fazê-lo, não sabe ?

—Abre a porta para o cara, Lou. —Escuto a voz da Kim a meu favor e
faço um “yes” de vitória quando escuto as travas sendo liberadas.

Meu coração acelera assim que nossos olhos se encontram e tenho que
engolir em seco. Mesmo que ela esteja usando calças folgadas e uma camisa de
mangas a qual seus seios ficam marcados indicando que não está usando sutiã,
não sei se um dia irei me acostumar com sua beleza ou com o misto de sensações
que me invadem sempre que estamos juntos.

Ela junta os cabelos com as mãos pequenas e em rápidos movimentos, já
estão presos em um coque no alto da cabeça. Percebo que ainda não falei nada
quando ela coloca a mão na cintura.

—Posso entrar ?

—Não.

—Obrigado. —Digo ignorando e entrando. —Olá, Kim. —Falo quando a
vejo na cozinha.

—Oi, Benjamin. Eu vou deixar vocês conversando. Qualquer coisa estou
no quarto junto com meu bastão. —Aponta os dedos para os olhos e depois para
mim antes de sair e sumir lá dentro.
—Trata de falar o que você quer porque tenho que me deitar cedo.—
Louise fala de braços cruzados.

—Vai me bater ?

—Vontade não me falta, Benjamin. Acredite.

—Prefiro quando você me chama de Ben.

—Vai se foder. —Mostra o dedo do meio e dou risada. —Fala logo!

—Eu já te falei a verdade. Não sei o que mais você quer que eu faça.

—Que me deixe em paz! Não temos mais nada. Você já pode ir beijar
quem quiser.

—Mas eu quero beijar só você. —Agarro seus braços a fazendo me
encarar. Ela olha para minha boca tão perto da sua e disfarça quando percebe que
eu vi.

—Devia ter pensado nisso antes de beijar outra. Sabe a conversa que está
rolando entre as modelos agora ? —Seus olhos se enchem de lágrimas e solto
seus braços devagar. —Que finalmente você deixou de comer uma prostituta de
esquina e agora está se relacionando com alguém a sua altura. Estão até fazendo
lances em dinheiro para ver qual o dia que você vai me enxotar da empresa com
uma mão na frente e outra atrás.

Sinto meu sangue ferver por saber o que meus funcionários estão lhe
fazendo passar e deslizo os dedos entre os cabelos ainda úmidos. Eu odeio ver as
pessoas lhe menosprezando por isso e saber o quanto ela é frágil a ponto de se
importar.

—Quero os nomes de quem está fazendo isso. —Rosno entre dentes e ela
passa as costas das mãos pelos olhos ainda cheios. Sinto que a qualquer
momento ela explode em um choro.

—Não importa mais, Benjamin. Você já pode me demitir se quiser.

—Eu não vou te demitir. Você é uma boa modelo e merece o emprego
que tem. Quero nomes!

—Não. Vai embora, por favor.

—Louise … —Me aproximo e ela se afasta. —Podemos continuar o que
temos ?

—Eu já disse que não, Benjamin! Vai embora!

—Por que não ? Eu não quebrei o contrato! Não fui eu que beijei a Kitty!

—Eu não quero mais ficar com você assim. —Dá uma pausa para
respirar fundo. —Eu sempre soube que entrar nisso com você seria uma burrada,
pois mesmo tendo passado tudo o que eu passei, eu nunca deixei de acreditar no
amor. Eu sabia que me apaixonaria por você, Benjamin. Você fez com que eu me
sentisse ainda mais importante... —Outra pausa. —Mas meus sentimentos valem
mais que me humilhar em um contrato como se eu fosse uma mercadoria.

—Eu …

—Mas não tem problema. —Sorri forçada quando uma lágrima desliza
pelo seu rosto. —Uma mercadoria é o que eu sempre fui para todo mundo,
incluindo você.

—Não é verdade!

—Sai da minha casa! —Ela abaixa a cabeça com a voz triste e em um
momento de desespero por não a perder, falo a pior merda que poderia falar
neste ou em qualquer outro momento.

—Eu aumento o valor do contrato! —Quando percebo, já não tem como
voltar atrás. Ela dá um sorriso fraco e levanta a cabeça me olhando sem
acreditar.

—Mesmo que eu seja apenas um objeto para você ou uma prostitua de
quinta, quero pedir, por favor, que saia da minha casa.

—Não, Lou. Me desculpa. Não foi isso que eu queria dizer e …

—Ela mandou você sair. —A voz da Kim se faz ouvir e quando olho, ela
está parada perto do sofá com o bastão de beisebol apoiado no ombro. Sua
expressão é séria, e eu tenho certeza que ela não mediria esforços para quebrar
aquele pau em mim. Olho para a Louise e ela está com a cabeça baixa e
soluçando.

—Lou … — tento dizer.

—Por favor, sai!

—Benjamin, não me faz ir aí e quebrar seus dentes. —A Kim volta a
falar dando um passo na minha direção e eu respiro fundo.

—Me desculpa. —Digo antes de dar as costas e sair.

Seja qual for a chance que eu tinha de “reatarmos”, tenho certeza que
acabei de destrui-la.



Louise

Eu estava sentindo a falta do Benjamin de uma forma que nem conseguia
explicar. Eu sentia falta de lhe beijar e além do seu lindo sorriso, sentia falta do
seu bom humor. Era algo que me deixava fascinada debaixo da pele arrogante e
autoritária.

Coincidentemente eu estava na janela do meu quarto quando vi ele
chegando. Reconheci imediatamente seu carro e sorri ao saber que ele se
deslocou da sua casa para vim me ver, mas ainda assim disse ao porteiro para
não o deixar subir, mesmo sabendo que ele não iria embora se não falasse
comigo.

Parte de mim sabia que a Kitty que havia lhe beijado, mas sendo o que eu
sou, eu me senti inútil. Me senti imprestável e sendo jogado na minha cara que
eu nunca vou ser tão influente ou melhor quanto qualquer outra que já passou ou
ainda vai passar pela sua cama.

Eu o amo. Amo tanto que estava disposta a esquecer de tudo e
novamente me submeter ao contrato só para ficar ao seu lado, mas quando
estávamos conversando na sala do meu apartamento, tive a certeza que ele
sempre me viu e me veria como uma mercadoria. Um soco doeria menos do que
ouvir ele me oferecendo mais dinheiro pelo meu corpo sem se importar com
meus sentimentos. Meu coração estava quebrado.

—Não chora, meu amor. —A Kim me consola depois que o Benjamin foi
embora e eu fui para meu quarto chorar.

—Eu … Eu achei que … Que ele gostava de mim. —Falo entre soluços
no seu colo. Meu peito dói tanto que só queria dormir e acordar vendo que isso
nunca aconteceu. Nada disso.

—Se acalma, Lou. Você é melhor que isso. É melhor que qualquer coisa
e ele vai se tocar disso quando ver que não há ninguém melhor que você.

—Mas eu não quero mais saber disso. Eu não quero mais voltar na
empresa.

—Não, você tem que voltar na empresa amanhã para trabalhar plena e
mostrar para ele que mesmo você o amando, as atitudes escrotas dele não vão
destruir a mulher poderosa que você se tornou.

—Você acredita mesmo em mim ? —Pergunto me virando para olhar em
seus olhos e vejo que ela também chora.

—Sim. —Faz que sim com a cabeça quando uma lágrima sua cai na
minha bochecha. —Mais do que em mim mesma.

—Você é tudo para mim, Kim. Eu não sei o que seria de mim sem você
do meu lado. Eu te amo muito. —Volto a lhe abraçar e ela me cobre com seu
corpo.

—E você é tudo para mim, meu bem. Não vou deixar que nem ele e nem
ninguém te faça mal. Nem que para isso eu tenha que dar a minha vida.

(…)

Acordo no dia seguinte sentindo os olhos ardendo feito brasa e mesmo
que ainda esteja me sentindo triste, trato de colocar um sorriso no rosto e me
arrumar para ir trabalhar. Quem faz o dia ser bom somos nós mesmos, então é
isso que vou fazer.
Depois de um banho demorado, visto um macacão vermelho simples
folgado nas pernas e um pouco mais justo da cintura para cima. Calço saltos
finos pretos de tira para combinar e deixo os cabelos soltos depois de colocar
uma maquiagem clara.

Assim que passo pelas portas automáticas, vejo Benjamin conversando
na recepção com alguns amigos funcionários e sinto meu coração acelerar. Ele
está usando um terno preto que o deixa ainda mais imponente como se fosse uma
armadura e seus cabelos estão parcialmente presos com uma liga. É tão sexy que
meu estômago dá um nó. Ele sorri quando alguém fala alguma coisa e sinto
minhas mãos começarem a tremer, mas engulo tudo e continuo a andar.

—Bom dia. —Falo sorridente olhando para todos e é a primeira vez que
ele me nota chegando. Ele parece engolir em seco quando me vê e mantenho
meu sorriso mesmo sendo analisada de cima a abaixo. Passo por eles torcendo
para não tropeçar e entro sem olhar para trás.

Assim que as portas do elevador se fecham comigo dentro sozinha, solto
o ar que estava segurando e esfrego uma mão contra a outra para espantar o frio.
Não sei se é do clima lá fora ou por ter lhe visto.

Mesmo que durante todo o tempo meus pensamentos estejam no
Benjamin, não deixo que isso atrapalhe meu desempenho durante as fotos e as
provas de roupas. Quando dou por mim, já está na hora do almoço e passo na
sala da Kim.

—E como está com o Benjamin ? —Ela pergunta quando já estamos
comendo no restaurante a alguns minutos da empresa.

—Não está nada e eu não quero falar dele.

—Tudo bem, desculpa. Achei que tivesse visto ele hoje.

—Não e espero não ver por muito tempo.

—Ele é dono da empresa que trabalhamos e também é nosso chefe. Será
bem difícil isso acontecer, mas tudo bem. — Kim diz bebendo um pouco de
água.

—Eu voltei a falar com o Justin. —Digo mordendo o lábio e ela cospe a
água de volta para dentro do copo. —Que nojo, Kim!

—Que nojo é de você! Por que voltou a falar com essa peste ?

—Na verdade eu só respondi as mensagens que ele mandava para mim.

—Isso é uma forma de querer dar o troco no Ben, Lou ? Porque se for,
tenho que dizer que não concordo com nada disso. Esse Justin se mostrou um
completo idiota e você sabe disso.

—Eu sei. Talvez eu esteja querendo inconscientemente dar o troco, mas
eu também tinha me esquecido do quanto gostava de estar com ele.
—Para falar a verdade eu não gosto do Justin. Não é só por causa do que
aconteceu, mas eu nunca gostei dele. Não sei.

—Enfim, agora ele está trabalhando em outra empresa e queria que eu
fosse ser modelo lá também.

—Você inventa de tirar o rabo da empresa por causa desse cretino que eu
te mostro o que é bom para tosse! —Ela fala apontando a faca de serra na minha
direção e caímos na risada enquanto voltamos a falar de outro assunto.

Eu estava querendo arrumar um motivo na minha cabeça para justificar
ter começado a falar com o Justin novamente, mas eu sabia que estava lhe
usando. Estava com raiva do Benjamin e sabia do ódio que ele tinha do Justin,
então comecei a responder suas mensagens apenas para dar o troco.

Eu não sou assim e isso estava me deixando muito mal. Eu gostava do
Justin, gostava de estar na companhia dele e da forma que ele fazia eu me sentir,
mas depois do que ele se mostrou ser para os outros e da forma que se mostrou
para a Alana, me fazendo ser humilhada, eu sabia que as coisas não voltariam a
ser entre a gente como eram antes.

Meu celular apita uma mensagem quando estou voltando para a empresa,
e é ele perguntando se está de pé nosso encontro para o fim de semana. Eu não
respondo logo e penso no que dizer enquanto subo os elevadores.

Assim que as portas se abrem no meu andar, vejo o Benjamin entregando
uma papelada para sua secretária e quando ele olha para mim, meu coração
acelera. Seu olhar para mim é sério e frio. Um olhar como se nosso afastamento
não tivesse o afetando ou como se eu fosse uma qualquer na sua empresa. Na
verdade, agora, eu era uma qualquer, mas mesmo assim, quando passamos um ao
lado do outro é impossível não sentir a atração instantânea entre nós.

Passo direto sem falar ou sequer sorrir. Olho pra trás apenas para
confirmar que ele não olha de volta e pego meu celular onde abro a mensagem
de Justin lhe dando uma resposta decidida.
Capítulo 27

Benjamin

Eu queria dizer para mim mesmo que a Louise tinha sido apenas uma
prostituta que passou pela minha vida causando uns sentimentos estranhos e que
agora eu já tinha me curado, mas porra! Era só aquela mulher passar por mim na
empresa ou nossos olhos se cruzarem que eu já sentia um frio no estômago me
dando a certeza que estava fodido.

Se tinha uma coisa que eu não sentia antes era remorso. Eu humilhava
qualquer pessoa que tirasse minha paciência ou que eu tivesse um motivo
plausível para isso. Minhas palavras eram mesmo estúpidas e por vezes eu
chegava a me assustar com isso. Eu sabia que conseguia humilhar a pessoa e
fazer com que sentissem um nada por dias, mas não sentia pena por isso. Agora
tudo mudou.

Eu magoei a Louise e tudo que eu consigo fazer desde aquele dia é me
sentir um imprestável sem escrúpulos. Lembrar dos seus olhos brilhando de
lágrimas e suas palavras trêmulas de tamanha decepção faz meu coração doer
sempre que imagino. Eu nunca quis lhe magoar e venho me martirizando todos
os dias por conta disso.

Eu queria continuar lhe ligando ou mandando mensagens como fazia
antes de ter a ideia inútil de aumentar o valor do contrato, mas não tive coragem.
Percebi que sou um medroso quando se trata dela e quando dei por mim, já
estávamos há uma semana sem nos falarmos. Nem assuntos pessoais ou
profissionais. Eu nunca tinha motivos ou desculpas para lhe chamar na minha
sala para falar sobre “trabalhos” e nossos encontros acidentais dentro da empresa
eram o que mais me trazia refrigério para aquela agonia.

Eu torcia para esbarrar com ela nos corredores ou para sairmos para
almoçar no mesmo horário, mesmo sabendo que eu não a convidaria para ir
comer comigo e tendo certeza que ela também não aceitaria se o fizesse, mas a
vendo pelo menos uma vez no dia, já me deixava bem disposto.

Confesso que pensei que ela fosse pedir demissão ou então fosse lhe ver
com o olhar triste nos corredores, mas fui surpreendido quando nenhum dos dois
aconteceu. Ela continuava cumprindo seus horários de trabalho normais e
quando perguntava ao Leo se ela tinha mencionado algo sobre sair da empresa,
ele falava que ela nem estava pensando nisso. Fora que Louise sempre estava
rindo e feliz, o que me fazia pensar que ela não sentia minha falta.

Porra! Todos os dias eu pensava nela e sempre me pegava vendo fotos
suas no meu celular, com saudades, doido para ouvir sua voz, e ela estava lá,
feliz da vida e agindo como se eu fosse apenas uma alma a qual ela não via ou
sequer sabia da existência.

Eu já estava prestes a virar virgem novamente e minha mão já estava com
calos de tantas vezes que as usava para me satisfazer. Eu não queria ou estava
conseguindo transar com outras mulheres que não fosse ela. Já cheguei a fazer
isso uma vez, mas chamei seu nome na hora e mesmo que a morena que
estivesse comigo não tivesse se importado. Eu sim. Estava fodido.

—Fala ? —Atendo a ligação do Gary na sexta-feira e pelo som de fundo,
tenho certeza que ele está em uma festa qualquer com a Kim. Ele não admite por
nada, mas sei que está rolando algo mais entre os dois.

—Irmão, acho que você não vai gostar de saber o que eu estou vendo
aqui. —Ele fala dando uma risada.

—Como assim ?

—Acho melhor você vir para cá.

—Nem fodendo! Estou com dor de cabeça e quero dormir.

—Você nem parece o homem que comia todas e que saía sexta-feira a
caça. Agora está aí sofrendo por uma mulher. Quem diria, hein ?

—Continua brincando com minha cara, Gary. Continua. Não reclama
depois quando eu chutar sua bunda da empresa, filho da puta. Aquela mulher só
pode ter feito alguma amarração.

—Amarração não sei se ela fez, mas sei que tem um ex empregado seu
aqui doido para amarrar ela também.

—O QUÊ ?! Onde você está ? Quem está com ela ? O Justin ?

—Ele mesmo.

—Eu vou esfolar esse filho da puta! Onde você está, Garry ? Porra!

—Acalma o coração. —Ele gargalha. —Eu te mando o endereço por
mensagem. —Fala e desliga. Corro para o quarto só para vestir uma camisa
melhor e saio apressado depois de pegar minhas chaves. No meio do caminho
recebo o endereço e conduzo para lá chegando a ultrapassar alguns sinais
vermelhos. Eu sei que a Louise é prostituta e mesmo que me encha de raiva, não
posso impedir que ela durma com meio mundo de homens, mas com o Justin
não. Isso é questão de honra.

—Veio teletransportado ? —O Gary vem de encontro a mim dando risada
assim que chego na casa noturna. Meu humor agora está tão fodido quanto antes.

—Onde está o filho da puta ?

—Vai com calma, cara. A menina tem o direito de sair com quem ela
quiser.

—Não com ele! —Rosno na sua direção e vejo-a dançando na pista bem
colada com ele. Ela sorri de forma doce inocente enquanto o sorriso dele só
mostra que ele quer lhe levar para a cama depois daqui. Ah, não vai mesmo!
—Você está louco ? —A Lou pergunta assustada quando chego até eles e
empurro o Justin para longe. —O que você está fazendo aqui ?

—Quem você acha que é para ficar empurrando os outros assim ? Acha
que eu tenho medo de você ? —O Justin vem na minha direção e a Lou fica
entre nós dois. As pessoas começam a se aglomerar a nossa volta.

—Eu teria se fosse você.

—Eu não sou mais seu subordinado. Aceitei muitos insultos seus só
porque trabalhava naquela empresa, mas agora não tenho mais nada o que temer.
—O desgraçado diz me enfrentando.

—Parem vocês dois! Benjamin, vai embora.

—A casa é pública. —Digo com um sorriso de lado e seu rosto fica
vermelha de raiva.

—Okay, então eu vou embora com o Justin.

—Não acredito que você aceitou sair com esse cara depois do que ele te
fez passar na empresa.

—Como se você também não tivesse feito algo igual ou até pior, não é ?
—Ela rebate séria. —Me deixa em paz, Benjamin.

—Você não pode sair com ele, Louise.

—Me dê um bom motivo para isso. —Seus olhos penetram os meus e sei
muito bem o que ela quer que eu diga, mas permaneço calado. —Foi o que eu
pensei. Vamos Justin.

Ela estende a mão para ele ainda me olhando e ele pega. Antes de saírem,
ele ainda tem coragem de passar por mim e me fitar a altura. Minha vontade é de
o esmagar aqui mesmo e até dou um passo na direção que os dois saem, mas o
Gary intervém.

—Deixa ela em paz, Ben.

—Eu vou para casa. —Puxo o braço que ele segura e saio da boate
irritado. Ao invés de ir para minha casa, sigo para uma casa de prostitutas de
luxo onde decido esquecer a Louise de vez na cama da puta mais gostosa que eu
encontrar. Eu ainda me chamo Benjamin Connor.

(…)

—Isso … Continua. —A loira de bunda grande e peitos maiores ainda
geme alto enquanto soco forte no seu cuzinho. Já é a terceira vez que eu peço
para ela não falar nada e a puta parece que não entende.
—Quer parar de falar ? —Agarro seu rabo de cavalo e puxo para trás
fazendo com que me encare. Ela sorri como se gostasse e eu lhe acerto um tapa
no rosto. —Eu quero apenas que você me dê esse seu cu e fique de boca calada.
Entendeu ?

—Sim.

Outro tapa.

—Apenas balance a cabeça se entendeu. —Quase rosno e ela acena
positivamente. Solto seus cabelos e volto a socar, mas o tesão já foi embora. —
Porra!

—Deixa eu te chupar bem gostoso e já volta ao normal.

—Não encosta em mim! —Digo irritado retirando o preservativo e
jogando no lixo. Visto minhas roupas rápido debaixo do seu olhar cheio de
luxúria. Vou na minha carteira e tiro algumas notas jogando em cima do móvel
ao lado da cama. —Tenha uma boa noite.

E saio do quarto.

Chego em casa por volta das três da manhã e vou direto para o meu
quarto, mas nada do sono chegar. Me mexo de um lado para o outro na cama e
só consigo pensar na Louise com aquele cara. Não só dela estar fazendo sexo
com ele. Nem acredito que vou dizer isso, mas isso para mim é o de menos. O
que mais me deixa ansioso é pensar que pela sua inocência, ele pode se fazer de
amigo solidário e ela acabar dando para ele todo o sentimento que tem por mim.

Nem consigo dizer qual está vencendo em tamanho agora. Meu orgulho
ou meu arrependimento.

Depois de uma hora rolando na cama e segurando o celular sem saber se
envio ou não mensagem para ela, levanto e desço para a cozinha onde abro a
geladeira e tiro uma jarra de água. Sento em um dos bancos altos que ficam a
beira do balcão e fico passando para o lado as fotos suas que tem na minha
galeria. Não são muitas porque eu não tenho o costume de ficar tirando fotos
assim com garota nenhuma, mas as que tem são lindas.

—Ainda bem que estou viva para poder te ver apaixonado. —Escuto a
voz da Donna atrás de mim e me viro colocando o celular com a tela para baixo.
Ela ri.

—Donna … Mãe. —Corrijo. —Eu te acordei ? Desculpa.

—Não. Já faz algum tempo que não tenho oito horas de sono completas.
—Ela sorri novamente e senta no banco ao meu lado. —E você ? Por que está
acordado ?

—Não sei. Perdi o sono só. —Dou de ombros e ela me encara.

—Eu te vi olhando as fotos da Louise. Você está apaixonado por ela ?

—Eu … Eu não sei.
—Não sabe ?

—Na verdade não. —Desviro o celular. —Eu gosto de estar com ela.

—Eu sei que gosta, mas também sei que tem algo a mais.

—Ela se declarou para mim. —Me viro e a encaro. Ela sorri ternamente
outra vez.

—E o que você disse ?

—Eu não disse nada. Isso foi há alguns dias. Ficamos alguns dias
brigados, mas nos acertamos.

—E qual o motivo da insônia ? —Sua mão pousa em cima da minha. Eu
não tenho coragem de falar do contrato.

—Eu não posso ficar com ela da forma que ela quer, mãe. Eu gosto de
ficar com ela, mas assim não dá. Ela é uma …

—Prostituta ?

—Sim. — digo surpreso. — Não que isso seja um problema grande, pois
nós mesmos conhecemos mulheres hoje donas de casa respeitadas e que já foram
garotas de programa, mas eu não consigo. Para mim não dá.

—Eu posso entender, mas você já parou para pensar no que essa garota
passa todos os dias ? As humilhações, constrangimentos, olhares e cochichos
pelas costas. Ela não era prostituta por vontade própria, Ben. Você sabe disso.
Ela não tem ninguém além da melhor amiga e mesmo sabendo que podia ser
rejeitada, decidiu abrir o coração para você.

—Na hora eu fiquei estático. Eu não soube o que fazer.

—E você é orgulhoso demais para tentar se retratar, não é ?

—Nem por isso. Eu até tentei falar com ela, mas agora ela não quer saber
de mim. Eu entendo. Eu a magoei de verdade e a senhora não tem nem noção do
quanto.

—Você quer que eu fale com ela ?

—Não, não precisa. Eu não quero que ela me ache um menininho da
mamãe.

—Mas você é um menininho da mamãe. —Ela desce da sua cadeira
sorrindo e me abraça me fazendo rir também. —Eu gosto muito da Louise, filho.
Eu sei que você gosta também. Eu não posso decidir nada por você e nem falar
com quem você deve ou não ficar, mas posso dizer que vou te apoiar no que
você decidir sempre.

—Eu sei. —A abraço novamente e nos afastamos. Ela pega meu celular e
olha a foto que está estampada na tela da galeria.
—Ela é linda.

—Muito.

—Eu agora vou dormir antes que amanheça totalmente. Você deveria
fazer o mesmo.

—Eu já vou. —Digo quando ela beija minha bochecha e sai. Quando ia
me virar para o balcão novamente, a vejo parar na porta e se virar com um
enorme sorriso no rosto:

—Ela daria uma perfeita nora.



Louise

Eu acabei confirmando a minha saída com o Justin mesmo com os
protestos da Kim, mas aceitei com um único motivo: Lhe falar que nada mais
entre a gente ia ser como antes e que se ele estava com esperanças de que íamos
ter algo novamente, podia esquecer. Ele concordou em sermos apenas colegas e
não ficar me enchendo o saco com mensagens, o que já era muito bom. Eu nem
sabia se ele estava tendo algo com a Alana, mas também não me interessava. Eu
só não queria arrumar problemas para mim. Pena que o Benjamin não estava
querendo saber disso e entrou feito um louco na minha frente empurrando o
Justin.

Eu já estava vendo que ia ter que chamar os seguranças para separar uma
briga, mas nada aconteceu e novamente saí da sua presença ainda mais magoada,
se é que isso podia ser possível. Mesmo tendo certeza que ele gostava de mim,
ele não tinha coragem de falar. O motivo ? Meu passado como garota de
programa.

—E na empresa ? Como está indo o emprego ? —O Justin pergunta
enquanto estamos sentados nos bancos altos de um bar lounge.

—Está indo. —Dou de ombros. —Eu estou gostando de trabalhar lá.

—E o Benjamin ?

—Eu não quero falar dele, Justin. Sério.

—Tudo bem, desculpa. Só perguntei porque aquele dia ele estava mesmo
irritado e eu não quero trazer confusão para mim e muito menos para você.

Algo me diz que ele está jogando verde para colher maduro, mas eu sou
mais esperta que isso.

—Não foi nada. Nem era nada comigo de verdade.

—Tudo bem. —Acena para o barman que vem até nós. —Mais duas
tequilas, por favor.
—Eu não quero beber mais. —Sorrio já sentindo meus sentidos ficarem
alterados.

—Por que ? Vamos comemorar que agora somos amigos … colegas de
novo.

—Tudo bem. —Pego a bebida e tomo um grande gole voltando a falar
assuntos aleatórios. Se o Justin não tivesse feito tudo o que fez era bem capaz de
eu me apaixonar por ele também. Não que eu seja de me apaixonar fácil (tirando
pelo Benjamin), mas ele sabe o que falar e quando falar.

—Acho melhor você não beber mais, Lou. —Ele diz tentando pegar o
copo da minha mão quando já estou completamente alcoolizada.

—Por que não ? Me deixa em paz!

—Você já está bêbada.

—E daí ? Amanhã eu estou de folga. —Falo mais alto do que esperava e
sorrio quando algumas pessoas já olham para mim. O Justin também olha e o
vejo fazendo sinal de “nada não” um pouco envergonhado. —Você está com
vergonha de mim também ? Todo mundo tem vergonha de mim.

—Claro que não! Eu não tenho vergonha de você, Lou. Eu gosto de você.

—Sério ? —Tomo um novo gole. —E não liga de eu ser uma ex
prostituta ?

—Não, mas pode falar mais baixo ? Todo mundo está olhando para você.

—Desculpa. —Soluço e sinto ele pousa a mão no meu braço. Seu rosto
se aproxima do meu e eu sei o que ele quer, mas o afasto com o pouco de
sobriedade que ainda tenho. —Não, Justin.

—Por que ? Eu tenho tantas saudades de você.

—Eu ainda estou chateada com você.

—Mas eu já cansei de te pedir desculpas, Lou. Só um beijo.

Aproximo meu rosto do dele e na hora que vamos nos beijar, desvio o
rosto sorrindo e soluçando.

—Eu vou no banheiro. —Desço do banco e vou para o banheiro
arrumando a saia. Me olho no espelho e vejo meu batom vermelho um pouco
borrado. —Droga!

Escuto meu celular toca e sem olhar quem é, atendo.

—Quem é ?

—Lou ? Você está bêbada ?

—Kim ? —Sorrio alto. —Tudo bem ?

—Sua louca! Você bebeu ?

—Só um pouco. Onde você está ?

—Eu quem te pergunto isso, sua louca. Você esqueceu de mandar o
endereço de onde está.

—Eu vou te mandar agora. Espero. —Mexo no celular sem nem saber o
que estou fazendo e volto a pôr perto da orelha. —Eu não sei como fazer isso,
Kim. —Choramingo.

—Sua burra do caralho! Tenta de novo.

—Okay. —Tento outra vez e dessa vez consigo. —Recebeu ?

—Sim. O Justin está tentando algo com você ?

—Acho que não, mas ele gosta de mim e quer me beijar. —Sorrio sem
querer.

—Como ? Vai para o banheiro.

—Eu já estou no banheiro, sua tonta.

—Então fica aí que já vou te buscar.

—Tudo bem. Tchau. —E desligo sem ouvir se ela ainda tinha mais coisas
para falar. Fico olhando para o celular tentando lembrar o que ela acabou de me
dizer e saio do banheiro depois de o guardar na bolsa.

—Justin, pode me leva em casa, por favor. Quero dormir.

—Podemos ir para a minha se você quiser. —Alisa meu braço e eu sorrio
apertando seu queixo.

—Não, seu safado. Eu sei o que você quer. Vamos. —Termino de beber o
que restou no meu copo e saio na sua frente.

—Cuidado com o carro! —Sinto meu braço sendo puxado quando me
desequilibro e quase caio no meio a pista. Nossos corpos agora estão colados e
olho dentro dos seus olhos.

—Você salvou minha vida.

—Salvei. —Ele sorri e tenta me beijar, mas ponho a mão no meio.

—Eu já disse que não.

—Vai dizer que você não sentiu minha falta ? Até respondeu a mensagem
que mandei faz mais de um mês.

—Foi. —Sorrio e ele afasta alguns fios de cabelo que estavam na frente
dos meus olhos.

—Você é tão gostosa, Louise. —Tenta me beijar novamente e desta vez
com mais força. Eu tento o empurrar, mas minhas forças não se comparam com a
dele.

—Justin, não! Eu não quero. —Ele continua tentando virar meu rosto
para o beijar. —Para! Eu não quero! Sai!

Começo a ficar assustada com sua atitude e é quando sinto seu corpo
sendo afastando do meu com tanta violência que acabo caindo sentada no chão.



Benjamin

Quando a Kim me ligou falando que a Lou tinha saído com o Justin para
qualquer lugar e que agora estava bêbada, eu já sabia o que ela queria dizer. Ele
com certeza ia se aproveitar dela e Louise é tão boba estando sóbria, imagine
com álcool no sangue. Exigi aos gritos que ela me mandasse o endereço e saí
correndo de carro quando recebi. Se aquele filho da puta tivesse encostado um
dedo na minha Louise, eu o ia fazer conhecer o inferno mais cedo.

O lugar era um bar lounge que eu não conhecia, mas assim que estacionei
o carro na frente, vi uma cena que fez meu sangue entrar em combustão. O cara
estava tentando beijar a Lou a força e mesmo ela tentando se desvencilhar dos
seus braços, ele não a soltava.

Atravessei a rua correndo com sangue nos olhos e assim que pus minhas
mãos nele, o joguei para longe dela. Eu estava descontrolado e fora de mim
quando comecei a lhe socar no chão sem sequer lhe dar a chance de se defender.

—Ela disse … —Soco. — … Para você … —Soco. — … Parar! —
Continuo o socando até sentir mãos pequenas no meu ombro.

—Você vai matar ele, Benjamin.

—Foda-se! Essa é minha intenção. —Continuo socando a cara do sujeito
que agora está completamente ensanguentada.

—Por favor. Para!

—Não! Ele te agarrou a força e agora vai pagar por isso. —Ele tenta
segurar minhas mãos, mas nem tem forças para isso. Coitado.

—Ben, olha para mim, por favor. —A Lou se abaixa ao meu lado e faz
com que eu a encare. Seus olhos azuis assustados e seus lábios trêmulos me
fazem parar. —Por mim. —Juro que não tem como não me apaixonar por essa
mulher.

Paro de o socar e levanto com várias pessoas ao redor apenas
presenciando a cena.

—Se você tocar nela mais uma vez, ninguém vai me fazer parar de te
bater até ter certeza que você está morto, seu verme! —Cuspo em cima dele e
me viro para ela. Ia pegar no seu rosto, mas minhas mãos estão sujas de sangue.
—Você está bem ?

—Sim, eu estou. —Ela mal diz e vomita perto dos meus pés. —Acho que
não. —Sorri quando levanta a cabeça novamente. A Kim chega acompanhada de
Gary que olham pasmos para o Justin ainda caído no chão.

—Você está bem, amiga ? —Ela segura o rosto da Lou enquanto parece
analisar seu corpo para ter certeza que está.

—Estou. Vamos dançar lá dentro ?

—O que houve aqui ? —O Gary chega ao meu lado e confere a pulsação
de Justin que fala coisas sem nexo no chão. —Você quase matou o cara, filho.

—Ele estava tentando beijar a Lou a força.

—Sua namoradinha é uma vaca prostituta, Benjamin Connor. —Ouço
sua voz debochada atrás de mim e já corro para começar a lhe espancar
novamente, mas o Gary me segura pela cintura com força.

—Não, Benjamin! Chega!

—Eu vou te matar, seu filho da puta!

—Vai nada. —Ele ri e cospe sangue. —Você é um covarde.

—Irmão, fica quieto aí senão sou eu que vou te bater. —O Gary diz e ele
se cala parecendo assustado. —Vamos embora, Ben.

—Eu vou levar a Louise em casa. —Digo e vou até onde ela tenta beijar
a Kim. —Vamos embora ?

—Agora ?

—Claro. Posso levar ela para minha casa, Kim ?

—Eu não vou para sua casa. —Ela se vira para mim. —Eu ainda não
esqueci o que você fez. Não deixa ele me levar, Kim.

—Vamos para minha casa e conversamos quando você estiver melhor.
Pode ser ?
—E eu posso tomar banho na sua banheira ? —Pergunta com os olhos
brilhantes de expectativa e eu coloco a mão na boca sorrindo.

—Sim, você pode.

—Então vamos. —Ela corre e entra no meu carro.

—Você ainda está na minha lista cinza, Benjamin. —A Kim me ameaça e
eu faço careta.

—Não seria negra ?

—Negra você vai se fizer ela sofrer mais uma vez, mas antes eu faço
questão de cortar seu pau e dá para meus peixes comerem. —Diz de forma
assustadora e o Gary me encara com os olhos arregalados.

—Tudo bem … Amanhã eu levo ela para casa. —Me despeço deles e
entro no carro sentindo o cheiro de vomito entrar forte no meu nariz. —Você
vomitou aqui dentro ?

—Desculpa. —Pede com um sorriso amarelo e eu dou uma gargalhada
perdido na sua doçura. Dou a partida e sigo para minha casa.

(…)

—Por que você não põe água quente ? —Pergunta quando estou ligando
a torneira dentro da banheira.

—Você está bêbada. Água fria vai te fazer melhor.

—Então não quero. —Ameaça sair do quarto e eu a puxo de volta pela
cintura. Sua costa vem de encontro ao meu peito e fico excitado quando sua
bunda encosta no meu pau.

—Eu troco para a água quente.

—Tudo bem. —Se vira e ergue os olhos para mim. —Por que você foi
até mim ? Como me achou ?

—É segredo. —Sorrio colocando alguns fios de cabelo atrás da sua
orelha. —Agora vamos tirar essa roupa. Posso ? —Eu não quero que ela pense
que estou me aproveitando do seu estado, embora queira muito tirar toda sua
roupa e lhe foder com força em todo lugar dessa casa. Meu pau começa a pulsar
só de imaginar.

—Pode. —Sorri tímida e eu começo pelos seus sapatos. Ela senta em
cima do vaso e eu tiro seus saltos. Puxo devagar a meia que está usando e suas
pernas claras parecendo seda me causam um tesão incontrolável.

Ela parece não se importar quando sua calcinha fica a mostra por baixo
da saia e eu me perco olhando para o pequeno triangulo preto rendado. Essa
posição seria ótima para lhe chupar gostoso até sentir seu gosto suave na minha
boca.

Trato de pensar em outra coisa antes que a agarre aqui mesmo e tiro sua
saia. Ela parece ficar tímida e engulo em seco quando ela retira a blusa de cetim
listrada que usa deixando seus seios amostra. Os mamilos rosados apontando
para mim em cima do monte redondo é a visão mais bela que já vi na vida.
Termino de passar a saia pelo seu pé e meus olhos descem para sua barriga.
Nunca fiquei tao encantando com um corpo de uma mulher como fico sempre
que vejo o seu.

—A água vai esfriar. —Ela fala me trazendo a realidade e eu pisco várias
vezes.

—Sim, vamos. —Me levanto e estendo minha mão. Ela pega e se levanta
cambaleante. A faço entrar na banheira e ela senta sorridente como uma criança.

—Assim está bom.

—Está ? —Me abaixo ao lado da banheira enquanto ela põe espuma nos
ombros. Engulo em seco com a cena e sinto meu peito diminuir de tamanho em
volta do coração quando ela me encara.

—Entra.

—Eu ?

—Quem mais seria ?

—É melhor não, Lou. Eu não quero que você pense que eu estou me
aproveitando de você e …

—Tudo bem. —Dá de ombros e eu me levanto indo em direção a porta.

—Volto quando você acabar.

—Você quem sabe. —Diz e eu paro de costas. No instante seguinte tiro
minha roupa rapidamente e volto na sua direção.

—Foda-se isso! —Entro na banheira atrás dela e ela sorri de forma
vitoriosa.

Começo a molhar suas costas e passar a esponja cor de rosa que tenho no
banheiro. Ela geme deliciosamente me fazendo imaginar socando bem fundo
dentro daquela bocetinha gulosa. Sinto meu pau começar a crescer e tocar suas
costas, mas torço para que ela não perceba.

Minha torcida falha quando ela se vira para mim e me encara. Ficamos
alguns segundos assim quando ela praticamente pula no meu colo e começa a me
beijar. Eu já não consigo me controlar e aperto suas costas enquanto ela se
aconchega no meu colo. Suas mãos vão para meus cabelos e ela me beija
puxando e chupando meus lábios. Seus seios encostam no meu peito e eu a
aperto ainda mais contra mim. Um gemido escapa da minha boca e ela sorri no
meio do beijo.

Sem eu esperar, ela se ergue um pouco e quase perco o fôlego quando ela
começa a sentar de novo, só que agora em cima do meu cacete completamente
duro. Eu sou capaz de gozar agora mesmo por sentir sua bocetinha quente
apertando toda minha extensão, mas fecho os olhos para me controlar.

Ela segura meus ombros e começa a subir e descer lentamente. Eu ajudo
segurando sua bunda, mas não deixo de lhe beijar e matar a saudade que estava
sentindo da sua boca. Não me importo quando meus dedos cravam forte nas suas
costas. Ela geme e eu também.

—Eu senti muitas saudades suas. —Digo em meio ao beijo.

—Eu também. —Diz. Eu quero pedir que prometa que vai ficar comigo,
mas não quero estragar o momento.

Sua boca desce para meu pescoço e sinto meu corpo arrepiar quando ela
começa a me morder ali. Agora eu quem faço os movimentos dentro dela
sentindo sua pele em contato com a minha. Mordo os lábios tentando não gozar
tão rápido, mas é em vão quando ela morde minha orelha e eu sinto meu
esperma sendo liberado dentro dela.

Continuo com os movimentos porque ela começa a gemer enquanto me
morde e sinto meu pau sendo apertando pela sua boceta indicando que ela
também está gozando. Quando acaba, permanece com o rosto afundado no meu
pescoço e eu beijo seu ombro enquanto minhas mãos alisam suas costas.

Ela se afasta para me olhar e sem dizer uma palavra, me beija. Agora o
beijo não é quente, mas quer dizer saudades. Eu retribuo da mesma forma e
paramos dando rápidos selinhos. Ela vira de costas para mim novamente e
acabamos o banho de forma cuidadosa.

(…)

Já tinha algum tempo que eu havia contratado funcionários para minha
casa mesmo com a resistência da minha mãe afirmando que poderia fazer as
coisas sozinha. Como a casa é praticamente uma mansão, tinha que ter mais de
um, então arrumei um casal cozinheiros, duas domésticas que só apareceram
alguns dias na semana e duas empregadas. Uma delas passaria o tempo todo na
nossa casa e foi a ela que pedi mais cedo para sair e comprar um vestido simples
para quando a Louise acordasse e fui deixar no meu quarto com um bilhete para
que usasse.

Hoje irei para a empresa só depois do almoço e como a Donna tem o dia
de folga, saiu cedo para a rua. Não sem antes passar no meu quarto e sorrir feliz
ao ver a Louise deitada dormindo na minha cama.

—Se acertaram ? —Sussurra baixinho quando a acompanho pelas
escadas. Abro um sorriso e passo o braço pelo seu ombro.

—Acho que sim.

—Eu fico muito feliz. Não deixa ela ir embora antes de eu chegar. Vamos
almoçar fora.

—Por quê ?

—Porque estou com saudades de conversar com minha futura nora e
você me deve isso.

—Devo ? —Pergunto sem receber uma resposta e ela beija minha
bochecha antes de sair porta afora.

Ainda não tomei café pelo motivo de estar esperando que ela acorde para
tomar comigo. Ainda é bem cedo e quando acho que ela vai dormir até tarde,
escuto passos leves vindo na direção onde estou na cozinha. Quero saber quando
meu coração vai se acostumar com a Louise e bater de forma normal quando ela
aparece.

—Bom dia. —Ela sorri colocando as mãos cruzadas na frente do corpo e
sorrindo docemente para mim. Puta merda!

—Bom dia. —Vou até ela e beijo sua boca sem pedir permissão. Me
afasto ainda com tempo de vê-la com os olhos fechados e sorrindo como se
quisesse prolongar o gosto dos meus lábios nos seus. —Dormiu bem ?

—Muito bem. Eu adoro sua cama.

—Vamos ter tempo para dormir nela quantas vezes você quiser. —Sorrio
malicioso e suas bochechas coram. —O vestido serviu ?

—Sim, não precisava se incomodar. Eu poderia vestir o mesmo.

—O mesmo está para lavar. Estava coberto de vomito. —Falo e ela faz
careta.

—Me desculpa. Desculpa pelo carro também e talvez pelos seus sapatos.

—Não tem problema. Vamos tomar café. —Pego na sua mão e a levo
onde a mesa ainda está posta.

—A Donna não está em casa ? —Pergunta e eu sorrio.

—Vocês duas só perguntam uma pela outra. Uma hora vou ser
completamente esquecido nessa casa.

—Está com ciúmes da sua mãe ? Meu Deus! —Ela ri da minha cara e eu
lhe jogo uma torrada.

—Parar de rir! E não, ela saiu, mas disse para eu não te deixar sair antes
dela chegar.

—Por quê ?

—Vamos almoçar fora. E não adianta recusar porque foi ela quem
convidou.

—Tudo bem. —Ela sorri e saímos para o quintal depois de tomar café.
Não me aguento por muito tempo e pergunto

—Por que você saiu com o Justin de novo ?

Ela para de mexer em umas flores brancas e se vira para mim me
encarando com seus olhos azuis.

—Por que a pergunta ?

—Porque eu não entendo como você ainda tem coragem de sair com ele
depois do que ele te fez.

—Eu não sou uma pessoa rancorosa, Benjamin. Você também não devia
ser.

—Mas sou. A questão não é essa. Você só saiu com ele para me causar
ciúmes, não foi ?

—Não. —Ela responde rápido, mas sei que está mentindo, então fico
calado continuando a lhe encarar e ela continua: —Tudo bem. Foi por isso sim.
Eu queria te mostrar que você não me afeta e que não sinto sua falta.

—E isso é verdade ? —Me aproximo devagar a encurralando entre meu
corpo e a parede coberta de plantas trepadeiras.

—Não. —Sua voz sai em um sussurro baixo. —Na verdade eu sinto sua
falta mais do que qualquer coisa.

—Eu vou te beijar. —Digo e ela me olha confusa, mas já estou lhe
beijando com vontade. Seguro seu rosto com as mãos e meu corpo se arrepia
quando as suas voam para meu pescoço como se me puxasse mais para baixo.
Sua boca é deliciosa para beijar e seus cabelos tem um cheiro inebriante.

Nos afastamos com beijos castos e ela sorri ainda com a testa colada a
minha. Eu queria lhe perguntar sobre o contrato e se podíamos continuar, mas
acho que não era um bom momento e com certeza iria estragar tudo, então
lembrei de outra coisa

—Quer ser minha acompanhante em um aniversário ?

—Acompanhante ? —Ela me olha de lado se afastando e eu seguro seus
pulsos para que pare.

—Sim, mas não dessa forma que você está pensando. Eu não vou te
pagar para isso. Quero que você vá ao meu lado por sua própria vontade. Eu
necessito da sua presença comigo, Louise.

—Benjamin, eu não sei.

—Por favor. —É a minha vez de fazer chantagem emocional. —Por
mim. —Vejo que resulta quando ela me encara com um sorriso sincero para
mim.

—Tudo bem. Eu serei sua acompanhante.

—Sério ?

—Sim, mas com uma condição.

—Todas que você quiser.

—Eu quero que você me trate pela pessoa que me conhece e não como se
eu fosse uma prostituta de luxo.

—Eu nunca quis que você pensasse isso por minha causa.

—Aceita minha condição ? —Reforça e eu sorrio.

—Porra! Ainda acho que tenho condições de negar algo para você ? —A
puxo para junto de mim e sem eu perceber, minha boca se abre em uma frase: —
Eu adoro tanto você.

Nossos olhos se encontram com o que acabei de falar e fico sem saber o
que falar. Sinto a garganta secar quando ela me encara antes de abrir a boca em
um sorriso que derrete minha alma por completo

—Eu também adoro você.
Capítulo 28

Louise

—Você não consegue mesmo ficar chateada com o Benjamin, não é ? —
A Kim pergunta com um sorriso bobo nos lábios. Eu praticamente entrei em uma
operação com ela para comprarmos o vestido perfeito.

—Não. Desculpa. —Choramingo.

—Você não tem que pedir desculpas, meu amor. Você está fazendo o que
você quer e mesmo o Benjamin sendo um burro em alguns momentos, as
pessoas não são perfeitas.

—Por que você está falando essas coisas para mim ? Você está sorrindo
feito boba desde a hora que saímos de casa.

—Eu não vou conseguir não te falar nada. —Ela me arrasta para a praça
de alimentação do shopping e sentamos em uma das mesas vazias.

—Falar o que ? Você está grávida ?

—Claro que não! Eu estou apaixonada!

Fico estática com sua revelação e ela continua com um sorriso ainda
maior.

—E sou correspondida.

—Mentira! —A abraço e parece que seu abraço emana paixão. Seus
olhos brilham de uma forma que vi poucas vezes e nos afastamos. —É o Gary ?

—Sim. —Acena com a cabeça. —Ainda é confuso e estranho. Tudo
começou a acontecer naquele dia que o Ben quase mata o Justin, lembra ? Ele
me chamou para sair e ficou com ciúmes quando um cliente me reconheceu. Ele
praticamente expulsou o cara de perto de mim dizendo coisas como se eu fosse
dele.

—Que lindo!

—Na hora eu fiquei puta e briguei dizendo que ele não era meu dono,
mas comecei a pensar na sua atitude. Ele pediu desculpas por ter sido um
estúpido e eu o beijei. Ele ficou surpreso e fomos para nosso apartamento.

—Espero que não tenham transado na minha cama.

—Não! —Ela ri. —Eu disse que queria ficar com ele aquela noite, mas
sem pagamento e nem nada. Apenas nós dois como se fossemos “amigos
coloridos” e ele disse que não estava disposto a pagar, que fazia muito tempo
que já não me via como uma prostituta e tal. Ele falou que estava sentindo coisas
diferentes por mim a qual ele não sabia como explicar ou como lidar, mas que eu
era importante para ele.
—Ohhh! —Falo apaixonada com suas palavras. —E você ? Disse algo ?

—Disse o mesmo que ele. Que também estava sentindo coisas diferentes,
mas que se ele pisasse na bola comigo ia lhe mandar embora. Acredita que ele
disse que se depender dele, nunca vai me magoar ? —Seus olhos brilham e ela
não consegue fechar a boca.

—É tão lindo te ver apaixonada, amiga. —Pego nas suas mãos. —Eu
gosto muito do Gary e já sabia que ia sair algo daí.

—Sério ?

—Claro! Eu via o jeito que vocês se olhavam.

—Ai, eu estou com tanta vergonha. —Ela cobre o rosto. —Faz muito
tempo que não me apaixono assim por alguém. Nem sei por onde começar.

—Não precisa saber por onde começar, sua boba. Deixa as coisas irem do
jeito que estão indo. Logo vocês se acertam por completo.

—Será que ele vai me pedir em namoro ?

—Nossa! Pelo visto alguém vai se casar ainda este ano. —Digo e ela ri
alto parecendo tímida. Eu fico tão feliz por ela que até esqueço por um tempo o
que viemos fazer aqui. Fico apenas escutando seus relatos de um Gary fofo e lhe
dando os conselhos que ela pede.

Ela se toca do tempo que já estamos conversando e me puxa para
comprarmos o meu vestido, mas não deixa de falar um só minuto, muito menos
quando entro de provador em provador.

Escolhemos o vestido e também aproveito para comprar sapatos novos.
Não que eu quisesse me exibir nessa festa. Não! Porém quando perguntei ao Ben
de quem seria o aniversário e como eu deveria me vestir, ele disse que era da
filha de um velho amigo do seu pai. Segundo ele, a família é toda russa e vive
aqui em Boston, mas têm negócios em quase todo o mundo. Só por isso supus o
luxo que ia ser e não queria ficar por baixo comparada as pessoas que estariam
lá. Empresários, magnatas e famosos.

Assim que cheguei em casa fui fazer uma limpeza de pele e cuidar das
minhas unhas. Deixei tudo arrumado em cima da minha cama enquanto isso
porque o Ben disse que ia passar aqui por volta das 20h30.

Depois de tomar um banho um pouco demorado para colocar a depilação
em dia e sofrer com a cera quente, saio do banheiro me secando. A Kim vem me
ajudar e faz uma trança embutida nos meus cabelos deixando alguns fios soltos.
Ela também faz minha maquiagem e deixa o resto por minha conta. Calço meias
de vidro e um salto agulha dourado com uma tira prendendo o peito do pé e a
outra envolta do tornozelo.

Visto meu vestido com cuidado torcendo para ainda estar gostando dele e
fico deslumbrada comigo mesma ao me olhar no espelho. Ele é comprido da cor
creme e tem várias lantejoulas o enfeitando todo, inclusive nas pontas do vestido
onde elas ficam penduradas. O decote na frente é comportado e nas costas há
tiras finas para não me deixar completamente nua. Para completar, há uma
grande fenda na perna esquerda que combina com o tamanho e acabamento do
salto. A maquiagem nos olhos não é muito forte. Apenas os cílios bem curvados
acentuando a cor deles e na boca optei por um batom vermelho vinho para dar
uma cor a mais.

—Minha nossa! —A Kim fala entrando no quarto também toda arrumada
e me olhando de cima a baixo. —Eu sei que tenho bom gosto, mas desta vez me
superei. Lou, você vai roubar toda a atenção da aniversariante só pra você.

—Está bom ? O vestido é exagerado ?

—Claro que não! Está toda linda. Tudo caiu perfeitamente bem em você
e esse batom … Um espetáculo.

—Obrigada. Ainda bem que tenho você para me ajudar. —Sinto meus
olhos se encherem de lágrimas e ela ri.

—Não vai chorar agora não, manteiga derretida. Essa maquiagem deu
trabalho para fazer.

—Tudo bem. —Assopro olhando para cima e sorrindo. É nessa hora que
a campanhia toca e sinto meu coração acelerar. —Será que é ele ?

—Quem mais seria ? Vamos abrir.

—Espera! Ainda tenho que por o colar e perfume.

—Eu te ajudo. —Ela começa a pôr meu colar e eu dou três borrifadas de
um perfume doce. O meu preferido.

—Você vai sair ? —Pergunto e ela dá um risinho. Me viro quando ela
acaba e a campanhia toca outra vez.

—Já vai! —Grita na direção da porta. —Sim. Com o Gary.

—Estou tão feliz por você. —Pego nas suas mãos. —Espero que tudo dê
certo.
—Eu também, mas estou nervosa. —A campanhia toca de novo. —Eu
disse que já vai, caralho! Seu namorado é impaciente que só ele.

—Vamos. —Sorrio e vamos para a sala. Eu vou na frente e abro a porta
para encontrar um Benjamin de tirar o fôlego. Está usando um conjunto de terno
preto impecável deixando amostra a camisa social branca por cima e uma
gravata borboleta preta extremamente sexy. Seus cabelos presos no alto da
cabeça o deixam lindo e seu cheiro de homem logo invade meu nariz.

—Santa mãe! Você está perfeitamente linda. —Diz me olhando de cima
abaixo e pegando minha mão. Fico surpresa quando ele a leva até a boca e dá um
beijo nela com os olhos cravados em mim. Isso é motivo para eu me apaixonar
ainda mais, se é que isso é possível.

—Obrigada. Você também está lindo.

—É para você. —Tira a mão de trás das costas que até agora não tinha
reparado e me estende uma única rosa. A pego e levo ao nariz sentindo seu
cheiro.

—É linda, Ben. —Digo e o encaro profundamente. —Obrigada.

Ele se limita a rir e a Kim aparece.

—Cuida da minha irmã nessa festa, você está ouvindo ? Se algo
acontecer com ela ou ela sequer chegar chateada, eu não vou ter misericórdia de
você quando tiver te matando. —Ameaça sem pestanejar e ele a encara
parecendo assustado.

—Eu prometo cuidar dela.

—Muito bem. —Ela agora sorri de forma doce e se vira para mim
beijando minha bochecha. —Se cuida e boa festa.

—Você também.

—Vai sair com o Gary ? —O Benjamin pergunta em um sorriso
travesso. Kim para e vejo a sua bochecha corar, mas ela logo se recupera.

—Não que isso seja da minha conta, mas sim. É com ele que eu vou sair.

—Claro que é da minha conta. Somos melhores amigos. Quase irmãos.
—Ele ri.

—Você nasceu colado com ele ?

—Não.

—Então não é da sua conta. —Pisca e beija sua bochecha também. —Se
divirtam por mim e fechem a porta quando saírem. Tchauzinho. —Diz e some
em direção aos elevadores.

—Ela é assustadora. —Ele diz, voltando a olhar para mim e eu rio alto.

—Sim, ela é. —Entro só para pegar minhas coisas e tranco a porta.

—Vamos então ? —Estende a mão para mim e eu a seguro.

—Vamos.

(…)

Eu fiquei um pouco chateada quando descobri que a Donna havia pego
uma gripe e não poderia vir com a gente. Eu estava contando com sua presença
para não me sentir sozinha por lá caso o Benjamin não pudesse estar comigo,
mas não falei nada.

A mansão do Thaddeus era bem maior que a do Benjamin. Era a maior
da rua luxuosa onde entramos e nada se comparava aos carros que estavam
parados junto ao meio fio. Era um mais caro que o outro e estavam brilhando de
forma impecável. Só por isso já dava para saber que esse seria O Aniversário.

O Benjamin não demorou para conseguir um lugar para estacionar, já que
aquilo estava muito bem organizado e ele já tinha sua vaga disponível, então
seguimos para a entrada onde nossos nomes estavam na lista.

Tinha várias pessoas no terraço gigantesco e também mesas e cadeiras
disponíveis em números grandes ou pequenos. Uma piscina brilhava com luzes
coloridas e balões dentro dela. Havia uma fonte de alguma bebida alcoólica,
torres de taças e holofotes espalhados pelo lugar. Os troncos das árvores estavam
enfeitados com cordas de luzinhas azuis e também tinha grandes bolas brilhantes
penduradas nos seus galhos. Uma música do Ed Sheeran tocava baixinho no
fundo e o clima entre as pessoas era harmonioso.

As mulheres estavam vestidas em elegantes vestidos de gala e algumas
usavam até luvas segurando taças de champagne, o que eu sinceramente achei
um exagero. Os homens também estavam vestidos de forma elegantes dentro de
seus ternos caros e os cabelos estavam lisos e sedosos penteados para o lado ou
para trás estilo brilhantina.

Alguns garçons e garçonetes bem vestidos se aproximaram de nós
servindo entradas e bebidas de forma simpática, mas eu e o Benjamin apenas
pegamos uma taça cada e acompanhamos outro garçom que nos mostrou a mesa
onde nós dois iriamos ficar. Os pratos estavam em perfeita ordem junto com os
talheres e guardanapos, assim como tinha um candelabro fino e curvilíneo
segurando algumas velas. Nossos nomes estavam estampados em um papel para
indicar nossa mesa e decidimos dar uma volta para cumprimentar alguns
conhecidos do Benjamin. As pessoas eram simpáticas comigo, mas me olhavam
de uma forma diferente. Gelei quando meus olhos encontraram os de um senhor
velho que já foi meu cliente e ele sorriu maliciosamente para mim levantando
sua taça sem se importar de estar com sua esposa ao lado. Eu sei que o Benjamin
sabe quem fui, mas ainda assim era estranho encontrar clientes estando com ele.

—Eu já disse o quanto você está linda ? —Pergunta me olhando voltando
com novas taças de champagne e me estendendo uma. Seu sorriso é o mais lindo
que eu já vi em toda a minha vida.

—Algumas vezes. —Sorrio tímida.

—E quero dizer quantas vezes forem necessárias.

—Vejam se não é o próprio Benjamin Connor! —Uma voz eufórica fala
e quando vejo, é um senhor de cabelos já grisalhos e aparentando ter uns
cinquenta e tantos anos.
—Thaddeus! —O Benjamin abre os braços sorrindo tirando minha
dúvida e os dois se abraçam com tapinhas nas costas.

—Ainda bem que você veio. Estava ansioso por sua chegada.

—Eu disse que viria. —Ele sorri e o senhor olha para mim pela primeira
vez. Seu sorriso vacila, mas ele disfarça. —Thaddeus, essa é a Louise. Louise,
esse é o amigo do meu pai que venho te falado. Thaddeus Abramowitz.

—Prazer, senhor Thaddeus. —Sorrio simpaticamente e nos
cumprimentamos com beijos no rosto.

—O prazer é todo meu Louise. —Sorri de forma pouco convincente
fazendo eu me questionar se realmente era um prazer.

—E onde está a aniversariante ?

—Ah, ela ainda está no quarto terminando de arrumar. Quer porque quer
impressionar a todos com sua chegada. Logo irei lhe apresentar para ela.

O Benjamin apenas acena com a cabeça e ele sai depois de pedir que
fiquemos à vontade. Esse homem me deixou com uma pulga atrás da orelha, mas
trato logo de esquecer. Talvez eu esteja tão acostumada a sofrer humilhações de
grandes homens ricos que já penso que todos irão fazer isso.

Logo depois, Thaddeus volta trazendo consigo uma loira quarentona e
com um corpo escultural típico de senhoras que vivem na academia e enfiam
botox na cara de mês em mês. Ela até tenta, mas não consegue esconder a cara
de desejo para o Benjamin. O olha de cima abaixo como se fosse uma
mercadoria sem se importar com o marido (e eu) bem ao seu lado. Já vi que é o
tipo que contrata gogo boys para suas festinhas particulares e lambe leite
condensado que eles jogam na barriga.

O pior nem é isso. Por mim ela faz o que quiser da vida, mas a mulher é
tão esnobe que chega a dar nojo. O marido deve ser um corno manso e nem
percebe a ousadia dela para o Benjamin, que fica claramente constrangido.

O tal de “respeite os mais velhos” também conta para ela ou posso meter
a mão na sua cara lavada ?

—Rhonda ?! —Escuto uma voz atrás de mim quando estou um pouco
afastada de Benjamin e me viro para ver o cliente que vi mais cedo. Ele continua
com seu olhar malicioso e tarado, mas trato de sorrir simpaticamente.

—Pois não ?

—Não lembra de mim ?

—Hum, acho que não. Me desculpe. —Minto.

—Passamos um dia incrível no Copley Plaza faz alguns meses. Eu adorei
aquele dia e queria repeti-lo.

—Ah. —Finjo lembrar e sorrio. —Eu não sou mais isso que você está
falando, senhor. Desculpe.

—Sério ? Não tem problema. Eu posso te pagar na mesma.

—Não, muito obrigada. Se me der licença, eu preciso ir. —Tento passar
por ele, mas sinto um frio percorrer meu corpo quando ele me segura pelo braço.
Eu me viro e ele sorri mostrando seus dentes amarelados e um de ouro no meio
deles.

—Essa pose de difícil não combina comigo, gostosinha. Vamos lá! Eu te
pago.

—Senhor, eu já disse que não. Pode me soltar, por favor ?

—Você e esses seus olhos de gata selvagem. —Faz um barulho nojento
nos dentes. —Não sabe quantas vezes me masturbei pensando nessa sua
bocetinha gostosa.

—Me solta!

—Solta ela! —Ouço a voz do Benjamin cobrir a minha e imediatamente
o senhor me solta. Seus olhos assustados sobem para a altura do Benjamin, então
eu me afasto dele e colo com Ben.

—Senhor Connor, é um prazer lhe ver por aqui.

—Acho que sua mãe não te ensinou como tratar uma dama, não foi ? —
Ele fala baixo com olhos frios. —Quando uma mulher te pede para soltar. Você
apenas solta.

—Não, ela não é uma dama. Eu já a conheço tem muito tempo. —Ele
sorri nervoso, mas para quando o Benjamin continua sério.

—Sim, ela é uma dama e eu sugiro que o senhor mantenha distância dela
se não quer ter problemas comigo.

—Eu … eu … desculpe, senhor. Desculpe, senhorita. —Diz acenando e
sai apressadamente. O Benjamin se vira para mim e eu sinto vergonha.

—Ele te machucou ? —Pega meu braço onde as marcas vermelhas já
estão se apagando.

—Não. —Olho para baixo sentindo os olhos encherem de lágrimas e ele
ergue meu rosto tocando delicadamente meu queixo.

—Não precisa ter vergonha, Louise. Eu não vou deixar ninguém te
humilhar. Ninguém. Entendeu ?

Eu faço que sim com a cabeça e ele sorri alisando embaixo dos meus
olhos para limpar vestígios de lágrimas que ameaçam cair. Seus braços me
envolvem de forma acolhedora e eu respiro fundo junto do seu peito.

Nos viramos para o outro lado quando ouvimos palmas e vemos que é a
aniversariante chega à festa. As pessoas praticamente abrem uma espécie de mar
vermelho para ela passar, e ela sorri simpaticamente cumprimentando todos.

A mulher parece que saiu diretamente de um catálogo da Victoria Secrets.
Seus olhos claros davam para ser vistos de longe e seu corpo exuberante andava
com graça em cima dos saltos enormes. Sua boca era digna de uma Angelina
Jolie e notei vários homens a olhando de forma cobiçosa. Olhei para o Benjamin
para ver se ele estava igual, mas por incrível que pareça, ele a olhava normal,
tinha apenas um sorriso simpático nos lábios e batia palmas junto com os outros.

Seu pai chega perto dela e enquanto lhe abraça, fala coisas no seu
ouvido. Ela de imediato olha na nossa direção e quando eu falo na nossa direção,
quero dizer na direção do Benjamin. Só. A mulher não esconde o olhar de desejo
o que me deixa com ciúmes. Puta merda! Só tem o Benjamin de homem nessa
festa ?

—Benjamin, esta é minha única filha. Ysla Abramowitz. Filha, esse é um
filho de um grande amigo meu a qual venho te falando alguns dias.

—Muito prazer, Ysla. Parabéns pelo aniversário. —O Benjamin beija seu
rosto e os dois se abraçam. Me sinto uma intrusa e excluída no meio deles.

—Muito obrigada, Benjamin. Agradeço sua presença.

—Bom, essa é a Louise.

—Olá, Louise. Tudo bem ? — Ysla diz, parecendo surpresa.

—Tudo ótimo. Feliz aniversário. —Nos abraçamos e logo nos afastamos.
—Você é muito bonita.

—Obrigada, querida. Você também. Estão gostando da festa ?

—Sim, está tudo lindo.

—Que bom. Eu odiaria se algum dos convidados estivesse
desconfortável. Eu gastei uma fortuna para que todos ficassem bem. —Diz
exibicionista, revirando os olhos e eu sorrio sem humor algum.

—Já deixamos seu presente com o empregado. —O Benjamin fala e ela
não perde tempo para o abraçar de novo.

—Ah, que doce da sua parte, Benjamin. Não precisava se incomodar. —
Fala se dirigindo diretamente para ele e os dois se afastam, mas ela continua com
a mão no seu braço. —Depois nos falamos de novo. Até já. —Diz e sai
rebolando.
—O que achou dela ? —Seu pai pergunta esperançoso e eu não disfarço
meu olhar desconfortável para ele. Olho para o Benjamin esperando sua resposta
e ele sorri sem graça.

—Simpática.

—Vocês terão mais tempo de se falarem. Agora eu vou ali e depois nos
falamos. —Sorri e sai sem nem olhar para mim. Eu bufo e me dirijo para a mesa.
—O que houve ? —Benjamin pergunta vindo atrás de mim.

—Você não é tão burro para não ter notado, Benjamin. Ele está querendo
jogar a filha para cima de você.

—Então acho que ele está fazendo com a pessoa errada. Eu não tenho o
mínimo interesse na Ysla.

—Mas ela é bonita. —O olho tristonha e ele sorri.

—Sim, ela é, porém não mais que você. —Toca meu queixo com a ponta
do dedo e eu sorrio. —Ciumenta.

(…)

Na hora do jantar, os pais da Ysla chamam Benjamin e eu para nos
juntarmos com eles na sua mesa. A maior da festa. Mesmo eu sabendo que
aquilo não seria nem um pouco agradável, não quis falar nada. Os amigos eram
do Benjamin, não meus. Se arrependimento matasse, adeus Louise. A família só
sabia falar de dinheiro, viagens, negócios e de como a filha está em todos os
catálogos mais famosos do mundo. Eu sempre sorrio simpaticamente com as
histórias, mas só Deus sabe a vontade que estou de revirar os olhos. Não de
inveja porque eu não tenho motivos para tal. Eu mesmo estou fazendo meus
caminhos e isso já basta. O problema é eles falarem como se fossem superiores.

—Por que você não manda algumas fotos para a Global Connor´s,
querida ? —Thaddeus começa bajulando a filha. —Tenho certeza que você seria
aceita.

—Depende do poderoso chefão, pai. —Ela sorri e olha sensualmente
para o Benjamin. —Eu adoraria trabalhar com você.

—Você pode encaminhar suas qualificações e fotos para o e-mail da
empresa. Está no site. —Ele sorri de forma profissional. —Uma boa modelo
sempre é bem-vinda conosco.

—Eu ficaria imensamente grata. E você Louise ? —Se vira para mim. —
É modelo também ?

—Sim. Trabalho na Global Connor´s.

—E veio como acompanhante do Benjamin ? Ou são algo mais que ainda
não contaram para a gente ? —Fala sem rodeios.
Eu e o Benjamin nos olhamos e eu me apresso

—Não, somos apenas amigos. —O olho de forma apaixonada e ele
retribui.

—Entendo.

—Desde quando você modela, Louise ? —Sua mãe pergunta como se
quisesse especular se eu era melhor que sua filha.

—Pouco tempo.

—Mesmo ? Eu já te vi em alguns catálogos da Global.

—Sim, era eu.

—E onde você trabalhava antes ? —Pergunta novamente e eu engulo em
seco.

—Eu era garçonete.

—Ah. —Ela fala com desdém e muda a atenção para o Benjamin. Sinto
uma sensação estranha no estômago e no instante seguinte estou sendo colocada
para fora da conversa.

—Eu vou ao banheiro. Com licença. —Levanto sorrindo e saio da mesa
sentindo minhas mãos tremerem. Chego ao banheiro e fico me olhando por
alguns segundos no espelho, então vejo Ysla entrando junto com a mãe.

—Acho melhor você ir embora da festa da minha filha, querida. —Sua
mãe fala como se fosse simpática e eu fico sem entender.

—Como ? —Me viro sorrindo.

—É isso que você ouviu. Você não foi convidada! —A Ysla fala e sinto
meu coração acelerar. Eu já não podia suportar as humilhações que estavam por
vir.

—Eu recebi o convite junto com o Benjamin.

—Sim, porque ele só viria se você viesse. Eu me senti obrigada a
convidar você só para ter a presença dele aqui.

—O que você quer com ele ?

—Eu quero o que você não pode dar. Você nem é modelo de verdade.

—O Benjamin já está predestinado a ficar com a Ysla e você está sendo
um obstáculo para que isso aconteça. Você sabe que não é mulher para ele,
minha querida. Sem ofensas.

—Eu não vou ficar aqui ouvindo desaforos. —Passo por elas e paro na
porta quando escuto a filha falando:
—Vai cobrar programa para os velhos magnatas ? —Ela sorri diabólica.
—Você é uma prostituta bastante conhecida nesse ramo.

Sinto as lágrimas encherem meus olhos, mas permaneço de costas.

—Eu sou a realeza na história. O Benjamin só está se divertindo um
pouco com o brinquedo novo dele.

—Ele mal te conhece. —Me viro e ela ri ainda mais.

—A bebê vai chorar ? —Faz biquinho e logo seu rosto se transforma em
ódio. As lágrimas teimam em continuar enchendo meus olhos e uma cai teimosa.
Como eu me odeio! —Você não é mulher para o Benjamin, prostituta! —Ela se
aproxima de mim. —E quando essa festa acabar, ele vai ver com quem quer
ficar.

—Vamos embora, filha. Ela já está ciente que o lugar dela não é aqui. —
Pega no ombro da filha e as duas passam por mim, mas Ysla ainda para e joga
seu veneno

—Vê se não estraga minha festa insinuando sexo barato para os meus
amigos. Aqui as pessoas são de família e você está contaminando o lugar com
sua presença. —Me olha de cima a baixo e saem dando risinhos.

Mantenho o rosto erguido, mas fecho a porta assim que elas saem e deixo
as lágrimas caírem de vez. O choro sai dolorido pela minha garganta e sinto meu
corpo sendo consumido pela vergonha e humilhação.



Benjamin

—Vocês encontraram a Louise ? —Pergunto quando vejo Ysla e sua mãe
voltando do banheiro, mas nada da Louise.

—Sim, ela está lá. Acho que estava retocando a maquiagem. —Ysla fala
na frente e eu apenas sorrio tentando pegar alguns vestígios de mentira. As duas
não disfarçaram o desgosto ao ver a Louise comigo e eu já estava me
incomodando. Olhava para a Louise para ver sua cara e ela continuava
impassível. Achei estranho elas saírem logo depois dela e começo a pensar
coisas, mas logo passa quando a Louise volta sorridente.

—Desculpa a demora. —Sorri e senta ao meu lado. Ela encara as duas
por alguns segundos e desvia o olhar para mim. Olho profundamente dentro dos
seus olhos e vejo uma sombra diferente passar tão rápida que mal posso notar.

—Está tudo bem ? —Pergunto baixo somente para ela e vejo seus olhos
encherem de lágrimas, mas ela trata de sorrir.

—Sim, está tudo bem. Do que estão falando ?

—Sobre marcamos outro jantar daqui alguns dias. —A mãe da Ysla fala.
Algo não me deixa gostar dessa mulher. Além de ter passado quase todo o tempo
se atirando “discretamente” para mim como se o marido não tivesse ao seu lado,
é arrogante e prepotente. —Agora que já nos conhecemos, seria bom sermos
amigos.

—Sim, pode ser. —É a única coisa que digo, mas sai praticamente no
automático. Minha maior preocupação agora é saber o que Louise tem. Mesmo
que ela esconda, eu sei que há algo estranho se passando com ela.

—Você está comprometido, Benjamin ? —Thaddeus pergunta e antes
que eu abra a boca para pensar, Ysla responde

—Claro que não, pai! O senhor não assistiu a entrevista que ele deu para
a TV dizendo que estava solteiro ?

—Não me lembro de ter visto.

—As coisas podem mudar em alguns meses. —Digo pegando na mão da
Louise e sorrindo para ela. Me sinto um pouco mais aliviado por ver seu sorriso
sincero. Os três parecem ignorar o que eu acabei de falar e mudam de assunto.

—Vamos dançar, meu bem ? —Thaddeus se levanta e estende a mão para
a esposa quando começa a tocar uma música romântica. A mesma aceita e se
levanta depois de me olhar sinuosa.

—Vamos mexer o corpo, pessoal!

—Você dança a primeira música com a aniversariante, Benjamin ? —A
Ysla pergunta e eu olho para a Louise buscando uma resposta. Ela pousa a mão
em cima da minha e faz que sim com a cabeça.

—Pode ir. —Sorri sem humor.

Me viro para Ysla e pego a mão que ela estende. Sou praticamente
arrastado para onde todo mundo está dançando. Ainda me viro para ver Louise e
seus olhos novamente estão cheios de lágrimas, mas não tenho tempo de
continuar olhando, pois Ysla me abraça e começa a conduzir meus passos.

—Você é mais bonito pessoalmente. —Ela fala olhando para minha boca.
Eu mal a olho, só consigo prestar atenção na Louise sentada e esfregando as
mãos por cima da mesa.

—Obrigado. —Sorrio lhe olhando. —Você também é muito bonita.

—Obrigada. —Repousa as mãos nos meus ombros. — O que você acha
de marcamos um jantar qualquer dia desses ? Só eu e você.

—Eu … eu não sei, Ysla.

—Não sabe ? É por causa dela ? Achei que não fossem mais que amigos.
—Não é só isso. É que …

—Tudo bem. Você tem tempo para pensar. Eu te mando uma mensagem.

Sorrio totalmente sem vontade e ela me abraça dançando ao ritmo lento
da dança. Quando fica de costas para a Louise, eu acabo por ficar de frente e a
vejo tentando dar um sorriso para mim, mas falha miseravelmente.

—Eu vou ficar com a Louise. —Me afasto da Ysla de uma forma mais
brusca que queria.

—A música ainda nem acabou.

—Para mim já. —Digo e ela tenta me beijar rapidamente, mas consigo
esquivar e ela beija meu pescoço. —O que você está fazendo ?

—Você não está vendo o que eu quero?

—Ysla, não! Me desculpe. —Saio depois de tirar seus braços do meu
peito e caminho em direção a Louise. Chegando mais perto dela, vejo algo que
não conseguia ver de longe. Ela está chorando.

Seus olhos estão vermelhos e suas bochechas molhadas. Seu olhar de
tristeza só me dá a certeza que aconteceu algo com ela.

—Louise, o que aconteceu ? —Pergunto virando sua cadeira para mim e
me abaixando na sua frente. Suas mãos tremem e sinto meu coração partir por
dentro. Odiava lhe ver chorando de tristeza.

—Nada. —Ela soluça e olha para baixo.

—Claro que foi alguma coisa! Fala para mim, por favor. —Imploro e
mais lágrimas rolam pelo seu rosto.

—Deixa isso pra lá, Benjamin. Eu não quero estragar a noite.

—Foram elas, não foi ?

—Quem ? —Se faz de desentendida.

—A Ysla e sua mãe. Foram elas ? —Pergunto sério e tenho a
confirmação quando ela me abraça e começa a chorar no meu ombro. Sinto meus
olhos encherem de lágrimas e levanto furioso. —Eu vou acabar com essa porra
agora!

—Benjamin, não! —Ela segura minha mão se levantando e vejo
Thaddeus chegando junto com sua mulher e a filha.

—Está tudo bem, Louise ? —A Ysla pergunta fingindo preocupação, mas
desde que eu pus os olhos nela vi que sua cara de doce menina não me engana.

—Sim, está. —Ela diz e eu me meto

—Não! Não está nada bem! O que vocês foram falar para ela no banheiro
? —Pergunto e elas permanecem caladas com expressão assustadas: —Hein ? —
Grito pouco me fodendo se alguém está vendo ou não.

—Nada. Não falamos nada.

—Benjamin, acho que está acontecendo um equívoco. A Louise quer
falar o que aconteceu ? —Thaddeus pergunta esticando a mão para tocar Louise.

—Não chega perto dela! —Rosno em sua direção sem reconhecer a mim
próprio e ele me olha assustado. —Vamos embora daqui.

—Não! —A Ysla fala alto e a mãe espalma a mão para que ela se cale.

—Não precisa ir embora assim, Benjamin. —Sorri fingindo que nada
está acontecendo e sua atitude me enoja ainda mais. —A festa mal começou.
Ainda nem cortamos o bolo e a Ysla ainda não teve nem tempo de mostrar a casa
para você.

—Vocês querem parar ? —Praticamente grito. —Desde a hora que eu
cheguei que vocês estão querendo jogar a Ysla para cima de mim. Vocês me
causam ânsia com essas atitudes mesquinhas. —Me viro para ele.

—Meu filho, só estamos querendo o melhor para você.

—A Louise é melhor para mim! Vocês ainda não entenderam isso ?

—Ela é uma prostituta! —Sua mãe volta a falar e sinto meu coração
falhar. Olho para a Louise e ela faz o mesmo para mim. Seus olhos brilhantes de
choro me abrem o instinto de proteção e de carinho. Com certeza não posso mais
negar que eu amo essa mulher mais do que qualquer coisa. Aperto sua mão e me
viro para eles

—Ela pode ser o que for, mas é com ela que eu vou ficar. Ela é a mulher
mais doce, forte e amorosa que eu já tive o prazer de conhecer. —A olho vendo
tamanha surpresa nos seus olhos e sorrio. Me viro sério novamente para eles que
me olham constrangidos —Seja o que for que vocês duas tiverem falado para a
Louise, eu não vou permitir que aconteça outra vez. Nem vindo de vocês e nem
vindo de ninguém.

—Então ela é mesmo sua namorada ? —A Ysla pergunta com desdém.

—Depende. —Dou de ombros e olho para a Louise. —Você quer ser
minha namorada ?

Ela me olha com os olhos ainda marejados e então sorri acenando
positivamente com cabeça por várias vezes. Eu abraço sua cintura e beijo o topo
da sua cabeça voltando a olhar para os três na minha frente

—Sim, ela é minha namorada. Agora se me dão licença, esta festa já me
deu o que tinha de dar. —Entrelaço meus dedos nos de Louise sentindo meu
peito pular de alegria e saímos depois de eu pegar sua bolsa na cadeira.

(…)

—Você não precisava mentir só para me proteger, Ben. —Ela fala
quando paramos perto do meu carro.

Eu respiro fundo criando coragem e me viro para ela

—Quem disse que eu menti ?

—Mas … Eu … —Fica sem entender me olhando curiosa e eu pego suas
mãos.

—Louise, eu não faço a mínima ideia do que elas falaram para você, mas
tenho certeza que foi algo muito mau. —Ela faz que sim com a cabeça. —Eu
não vou mais permitir que isso aconteça, tudo bem ? Ninguém vai te fazer mal
enquanto eu puder evitar.

—E sobre falar que somos namorados ? —Pergunta esperançosa e eu
sorrio.

—Você quebrou nosso contrato têm alguns dias e eu agora estou dizendo
que não quero mais contrato algum com você. —Dou uma pausa apenas para lhe
assustar um pouco. —Eu quero que você seja minha mulher de verdade. Me
desculpe pelo outro dia e pela quantidade de vezes que eu agi como um burro
ignorando seus sentimentos e achando que dinheiro repararia o que venho
fazendo durante esses dias. Eu estava pensando apenas no seu corpo, mesmo
sabendo que não é isso que eu quero. Eu gosto de você, Louise. Gosto tanto que
chega a doer. Não era o que eu queria quando nos conhecemos, mas aconteceu.
Eu me peguei sempre ansioso para te ver e meu coração acelera sempre que você
aparece.

—Ben …

—Deixa eu terminar. —Peço apertando sua mão a fazendo se calar. —Eu
não sei direito sobre sentimentos. Sempre preferi deixar isso em segundo plano,
mas agora eu sei que sinto algo por você. Ainda não sei o que é direto, desculpa,
mas se você me perdoar por ser tão estúpido e me ajudar, eu prometo descobrir.

Seus olhos se enchem novamente de lágrimas e as mesmas começam a
cair rápidas pelo seu rosto pequeno. Eu mal consigo acreditar nas palavras que
saíram da minha boca sem ter lido em algum lugar e sei que ainda falta algo,
pois meu peito continua acelerado e um nódulo está entalado na minha garganta

—Eu te amo. —É o que eu digo e ela me olha surpresa. —Porra! Eu te
amo muito, Louise. Por favor, namora comigo. Eu te imploro. —Começo a me
abaixar para beijar seus pés se for preciso e ela sorri em meio às lágrimas
impedindo.

—Eu namoro com você, meu amor. —Me beija me chamando de meu
amor e meu peito parece que vai explodir de tanta emoção. Sinto suas lágrimas
molharem meu rosto e aperto com força contra meu peito sentindo seu cheiro e
feliz por tê-la em meus braços. Demorou tanto para acontecer e eu mal sabia que
queria isso, mas agora, a sentindo sendo minha, era isso que estava preparado
para mim.

—Eu te amo. Te amo muito. Não sabe quanto esperei por isso. Não
imagina quantas vezes sonhei com isso. Com você. Conosco. —Ela diz, me
olhando e eu sinto meu ar faltar. Finalmente dizer que lhe amo foi libertador,
mas ouvir saindo da sua boca para mim foi algo surreal.

Eu nunca tinha entendido o significado direito dessa frase para alguém
especial como ela, talvez porque antes nunca tinha tido alguém para amar ou
sequer despertado isso em mim, mas com ela é diferente. De forma inconsciente,
ela consegue me levar para um mundo de descobertas e sensações que eu nunca
pensei que existisse.

Seu beijo rápido nos meus lábios me traz de volta a realidade e sorrio
quando a vejo me olhando com uma expressão tão feliz que apenas me dá a
certeza de que essa é a mulher para mim. A mulher que eu quero fazer feliz. A
mulher que eu quero ficar ao lado sempre. A mulher que eu amo.

Sim, eu a amo.



Kimberly

Quando as coisas começaram a acontecer comigo na frente dos meus
olhos e eu não notei ? Isso é um tanto assustador, ainda mais para mim que estou
acostumada com coisas assustadoras.

Eu nunca iria imaginar que um dia estaria trabalhando como designer em
uma das maiores empresas do mundo e ainda por cima sendo mais que uma
simples prostituta. Mesmo eu sendo a positividade em pessoa, toda essa energia
é mais para os outros. Eu gosto de fazer as pessoas correrem atrás dos seus
sonhos, mas quando se tratava da minha pessoa, achava que realizar sonhos não
era para mim, que já era tarde demais para isso, mas agora não.

Descobri que sonhos nunca envelhecem. Sonhos existem até você
realizá-los e depois disso também. Mesmo que você esteja uma velhinha ou
velhinho careca e seu sonho sempre foi está na Broadway, você ainda tem que
continuar sonhando, mesmo que seu papel venha a ser representar um arbusto.
Um arbusto de cadeira de rodas ou bengala possivelmente.

Desculpa. Não consegui segurar.

Eu queria poder dizer que tive uma infância normal com uma família
feliz daquelas de comercial de margarina que todos já estão cansados até da
comparação, mas minha vida passa muito longe disso.

Nasci em uma família humilde, mas desde sempre me senti
desestabilizada no lugar que eu devia ter como lar. Meu pai, um alcoólatra
viciado em jogos estava mais na rua do que em casa. Acho que nem seu
sobrenome eu lembraria se não tivesse estampado na minha carteira de
identidade. Foi preso várias vezes por furtos e a gota d´água foi quando comprou
uma arma ilegal para cometer mais crimes. O idiota era tão estupido que não
sabia sequer usar uma caneta, imagine uma arma. Acabou atirando na própria
perna e sendo preso. Se eu sinto dó ou vontade de o visitar ? Nem um pouco!
Primeiro que nem sei se ainda está preso, segundo porque não tenho o mínimo
interesse em saber.

Minha mãe, não pensem que era a mais pacifica, doce, gentil e
acolhedora senhora que sofre pelos filhos. Não! Ela era tão ruim quanto meu pai
e nem consigo imaginar como os dois passaram tanto tempo casados se viviam a
ponto de se matar. Quando eu digo isso, quero dizer, facas e pratos voando
mesmo, agressão física mesmo. Ela era o tipo que nunca quis ser mãe. Sempre
preferiu curtir a vida na rua gastando com as amigas e fingindo uma vida que
não tinha. Esquecia de mim e do meu irmão como se fossemos um objeto que
fazia parte da casa e que ela tinha a obrigação de tirar a poeira de vez em
quando.

Um dia ela simplesmente se cansou. Quando meu pai foi liberado por um
dos seus furtos, ele voltou para casa e a encontrou arrumando as coisas para ir
embora. Havia conhecido um magnata italiano que lhe prometeu mundos e
fundos e depois de deixar eu e meu irmão comendo uma sopa que ela havia feito
de última hora, saiu sem nem olhar para trás. As memorias de ir até a porta
implorar para que ela voltasse e a ver entrando no carro com o tal rindo e feliz
ainda me assombram. Ela havia nos abandonado. Minha mãe havia nos deixado.

Meu irmão Franklin, dois anos mais velho que eu, sempre foi meu porto
seguro. Eramos cúmplices em tudo e nos defendíamos a todo custo. Ele sempre
foi a única coisa boa da minha família e a única parte que fazia com que eu me
sentisse importante. Perdi as contas de quantas noites chorei com a falta da
minha mãe e foi em seus braços que dormi, já que meu pai estava sempre fora de
casa.

Mas meu pai, mesmo sendo do jeito que era, tentou cuidar da gente. Não,
mentira. Ele não tentou nada. Ele achava que nos fazer ir pedir comida nas ruas
alegando que ele tinha câncer era ajuda, mas na verdade ele simplesmente tinha
preguiça de levantar do sofá para fazer alguma coisa. Ainda não consigo
entender como ele gastava toda sua aposentadoria apenas com jogo e
simplesmente esquecia da gente.

No dia que ele foi preso de verdade e eu e meu irmão ficamos sabendo da
notícia, já tínhamos idade para saber o que viria em seguida. A segurança social
viria atrás de nós e nos separaria para sempre. Não podíamos aceitar isso e
fugimos. Mesmo sabendo que tínhamos alguns poucos parentes próximos,
sabíamos que eram iguais aos nossos pais. Ficar com eles não era uma opção.

Eu e Franklin ficamos na rua por um bom tempo. Pedimos esmolas para
viver e foi onde passamos os maiores perrengues das nossas vidas. É uma vida
que não desejo para absolutamente ninguém. Não tenho a mínima ideia se meus
pais nos procuraram, mas isso também já não me importava. Se tivessem
procurado, agradeço a Deus por não terem nos encontrado.

Um belo dia, para não falar o contrário, meu irmão decidiu ir embora e
me abandonar também. Ele apenas deixou um bilhete me pedindo desculpas pelo
que estava fazendo e implorando que eu o entendesse, que não guardasse rancor
dele, que tudo que ele estava fazendo era para o meu bem. Foi como perder uma
parte de mim. Passei dias chorando pelas calçadas e procurando por ele, até o dia
que me dei conta que ele não iria voltar. Onze anos depois e eu ainda não
entendo o motivo dele ter feito aquilo. Todas as noites rezo por ele pedindo que
Deus o guarde, esteja onde estiver.

Eu não tinha formação, não tinha um currículo, não tinha nada. Apenas
medo e solidão. Eu ainda era praticamente uma criança sem experiência
nenhuma e que havia sido abandonada por todos. Eu estava completamente
perdida e sem saber que rumo tomar, foi quando comecei a me prostituir como
único meio que eu tinha para poder sobreviver. Fui deixando meus sonhos e
almejos para o fundo do meu consciente, até o dia que eles se afogaram dentro
de mim. Foi na rua onde aprendi a me defender, onde ganhei força, experiência e
minha melhor amiga irmã.

Flashback

—Olá. —Sinto alguém cutucar meu ombro quando estou na rua
esperando algum cliente e quando viro na direção da voz, dou de cara com uma
garota. Ela era um pouco mais nova que eu, tinha a pele quase pálida de tão
branca e seus olhos azuis, mesmo sendo lindos, já carregavam dor. Eu já sabia
reconhecer dor nos olhos de alguém.

—Pois não, querida ? —Perguntei simpática.

—Eu posso trabalhar com você ? —Pergunta e eu a olho desconfiada e
sem entender.

—Como ?

—Eu não tenho nada. —Seus olhos já se enchem de lágrimas. —Minha
mãe morreu e se eu não trabalhar, não vou ter o que comer.

—Mas aqui não é o melhor lugar para se trabalhar. Você sabe o que eu
sou ?

—Sim. Puta. —Ela diz inocentemente e eu dou uma gargalhada. Ela me
olha sem entender e continua sem sorrir.

—Primeiramente. Qual seu nome ?

—Louise.

A partir daí começamos uma amizade. De inicio eu não queria deixá-la
trabalhar nas ruas como eu. Apesar de ser maior de idade, ela era inocente como
uma menina. Ela era insistente e não demonstrava medo de nada. Eu sabia que se
falasse um não para ela, ela não ia desistir e iria atras de outra pessoa. Ali, vendo
aquela menina mulher na minha frente, eu me vi. Eu sabia que mesmo nas ruas,
tinha que conservar a sua pureza e não deixar que se perdesse.
Eu a acolhi comigo e lhe levei para meu pequeno apartamento. Primeiro
lhe dei banho e algumas roupas para que vestisse. A garota parecia que não
comia a meses, pois quando lhe dei comida, por pouco não come o prato
também.

Perguntei sobre sua vida e ela me falou tudo. Eu sabia que ela já tinha
sofrido e sua história foi capaz de me arrancar algumas lagrimas. Fazia tempo
que eu não chorava. Achava até que meu deposito de lagrimas estava atrofiado,
mas eu não sei o que deu em mim. Eu me senti na obrigação de cuidar dela, de
lhe proteger.

Insisti que procurasse outro emprego e a ajudei, mas como esperado, foi
mais difícil do que pensamos. Eu lhe ensinei muita coisa durante esse tempo, até
o dia que me dei conta que havia criado um monstro. A garota se tornou tão
desbocada quanto eu, respondia quem lhe tratasse mal e mesmo sendo
minúscula, me defendia com unhas e dentes. Cheguei no dia que não podia mais
a prender em casa para que não trabalhasse nas ruas como eu.

Meu carinho e afeição por ela foram crescendo a cada dia até eu perceber
que tinha alguém com quem contar. Alguém que como meu irmão, se importava
comigo. Agora ela havia se tornado minha única família.

(…)

Chego na empresa sentindo meu coração acelerado e olho
disfarçadamente para os lados. Nem lembrava mais como era me sentir
apaixonada e tenho medo das pessoas estarem me olhando como se tivesse
estampado na minha testa.

No começo disso, o Gary era como qualquer outro cliente para mim.
Digo, eu vi algo diferente em seus olhos assim que nos encontramos, mas
sempre achei que já fosse minha cabeça criando paranoias. Saímos algumas
vezes e sempre que minha cabeça queria criar coisas a seu respeito, eu me
afastava.

Conforme eu ia me afastando, eu percebia que mais ele me procurava. Eu
sentia sua falta e por horas pensava que tudo isso era porque ele sempre me
tratou bem. Fazia com que eu me sentisse mais que uma garota de programa. Ele
via meu interior. Eu achava que era carência, até o dia que ele parou de me
procurar. Eu sentia uma falta absurda sua e o procurei de novo, mas sempre
mantendo uma certa distancia. Muitas vezes o tratei estupidamente mal tentando
destruir o que estava começando a sentir, até saber que o que eu sentia não era
carência.

Eu estava apaixonada.

(…)

—Quer parar de olhar para mim assim ? —Falo quando percebo que ele
fica me olhando enquanto estou comendo.

—Assim como ? —Sorrir e meu coração acelera com esse gesto.

—Assim, desse jeito. Para!

—Tudo bem. É que você come igual uma leoa.

—Tem certeza que quer implicar com o que eu como, Gary ?

—Claro que não. Me desculpe, alteza. —Eu sorrio alto.

—Tudo o que você me falou aquele dia era verdade ? —Pergunto quando
ele para de sorrir. Ele abaixa a cabeça sorrindo e sinto as bochechas corarem. —
Anda, caralho! Responde logo!

—Só quando você me tratar por dono da porra toda e deixar essa
boquinha podre de lado. —Fala esticando a mão e limpando um pouco de molho
que estava no meu queixo. Seus dedos roçando na minha pele me fazem engolir
em seco e seu sorriso é minha maior perdição, assim como seus olhos verdes que
combina perfeitamente com sua pele negra. Desde quando um toque me faz ficar
assim ?

—Se você não falar logo, eu vou para casa.

—E volta correndo com saudades, certo ?

—Idiota! —Soco seu peito. —Nunca mais vou me prestar a um papel
daqueles.

—Se eu fosse você não falaria essas coisas. —Diz me fazendo rir. —E
voltando do começo, eu já te respondi essa pergunta umas quatro vezes só hoje.

—É que ainda não me entra o motivo de você sentir essas coisas. Olha
pra mim. —Aponto para mim mesma.

—Estou olhando.

—Eu sou uma …

—Cala a boquinha cala. —Ele me interrompe. —Esqueça isso, Kim. Eu
estou pouco me fodendo para o que você era. Eu gosto de você.

—De verdade ?

—De verdade.

—Você sabe que eu tenho um taco de beisebol em casa, não sabe ?

—Sei muito bem.

—E que eu não tenho medo de usar, certo ?

—Sei também.

—E eu vou usar se você brincar comigo ou me magoar.

—Te magoar é uma coisa que nunca passou pela minha cabeça. —Seus
olhos me encaram profundamente. —Você me encantou desde o primeiro dia
que eu te vi, Kim. Eu não me importo com nada do que você era. Eu quero ficar
com você e se isso incluir trazer como bônus seus problemas, coices, boca suja,
taco de beisebol e tudo mais, eu quero.

Eu mal consigo falar depois das suas palavras.

—Isso é uma das coisas mais lindas que alguém já me disse. Onde você
leu isso ? —Dou uma risada embargada sentindo os olhos cheio de lágrimas e
sem se importar, ele sai da sua cadeira e vem até mim se abaixando ao meu lado.

—Você que é linda. —Seus dedos tocam minha bochecha e eu aliso meu
rosto neles com os olhos fechados. —Eu te amo.

Abro os olhos o encarando e ele continua sorrindo para mim. Busco nos
seus olhos para ver se ele fala a verdade e mesmo sentindo que sim, eu não
consigo retribuir.

—Eu … eu …

—Não precisa falar nada. Eu não estava mais aguentando segurar isso
dentro de mim e sempre soube do que sentia. Eu não quero que você se sinta
pressionada para falar o mesmo para mim, mesmo tendo certeza que você me
ama também. —Arqueia a sobrancelha me fazendo revirar os olhos. —Eu vou
esperar com você o tempo que for até o dia que você decidir ser minha. E
acredite, eu sou muito paciente.

Um sorriso convencido sai da sua boca e pela primeira vez, me sinto
como se tivesse encontrando meu próprio rumo. Naquele momento, mesmo
tendo a vida que eu tive, eu percebi o quanto era sortuda.
Capítulo 29

Benjamin

Chego na empresa me sentindo mais vivo do que nunca. O verdadeiro
dono da porra toda. Literalmente e em todos os sentidos que você queira
imaginar. Faço questão de cumprimentar todos os que cruzam meu caminho
mesmo sabendo que ninguém entende muito meu bom humor. Eu não achava
que ficaria solteiro para sempre, mas mesmo assim nunca sossegaria com mulher
alguma. Sim, eu sabia que um dia me apaixonaria de verdade por alguém e que
formaríamos uma família. Sabia que tinha que ter um herdeiro no futuro e uma
companhia para levar onde eu fosse que seria denominada como Senhora
Connor, mas não imaginava que ia ser tão cedo.

Eu estava completamente desesperado em ter a Louise para mim e sabia
que só tinha um jeito de fazer isso. Eu não queria mais contrato nenhum. Não
queria ela como apenas um negócio ou objeto. Eu acho que me apaixonei por ela
desde a primeira vez que a vi e logo eu, um cara que sempre ligou para a
reputação e para quem ficaria ao meu lado, pouco estou me importando se ela
era uma prostituta. Eu só quero amá-la o tempo todo.

—O que foi ? —O Gary pergunta quando entro na sua sala e jogo mil
dólares em dinheiro vivo em cima da sua mesa.

—Você venceu a aposta. Eu estou apaixonado!

—Ahhh! —Ele se levanta e vem me abraçar. —É pela Louise ? Porque se
não for, eu retiro meu abraço.

—Claro que é! Por quem mais seria ?

—Eu sabia que aquela mulher ia te colocar no eixo. —Ele senta na mesa
apoiando-se na mesma. —Mas me fala, estão namorando ?

—Sim, desde sábado.

—E só agora que você me fala, seu filho da puta ?

—Passamos o fim de semana juntos. Nem pensei em nada. —Digo
sorrindo e alisando os cabelos. Ele pega as notas e põe no bolso do meu terno. —
O que foi ?

—Eu não venci aposta nenhuma, irmão.

—Como assim ?

—Eu também estou perdidamente apaixonado. Foda-se! Aquela loira
está mexendo com minha cabeça.

—Faz como eu. Pede em namoro também.
—Acha ? A mulher é mais brava que você. Sempre está me
esculachando. Fora a parte que é muito assustadora quando quer.

—Concordo com essa parte, mas vai por mim. Ela quer isso.

—Você acha ?

—Está duvidando da minha experiência com mulheres ? —O olho de
lado e ele ri. —Nos vemos mais tarde. —E saio da sua sala indo para a minha.
Depois de fazer uma ligação que eu nunca lembro de ter feito uma vez sequer na
vida, me ocupo no trabalho.

(…)

“Eu amei as flores.” —Olho a mensagem sorrindo e satisfeito por ela ter
gostado. Logo em seguida recebo uma foto sua segurando o buquê de rosas
amarelas.

“Ainda bem. Eu não sabia qual cor você prefere.”

“Essas são lindas. Amei de verdade.”

“E eu amo você.” —Ela demora alguns minutos para responder me
deixando nervoso. Penso que posso está sendo muito precipitado em falar que a
amo e que devo estar lhe assustando, mas é mais forte que eu. Eu a amo de
verdade.

“Eu também te amo.” —Ela responde e eu me acalmo quando vejo que
estou sofrendo a toa. Ela não demorou nem três minutos.

“Ama mesmo ?”

“Você ainda duvida ?”

“Não.”

“Eu te amo muito, meu amor.” —Meu coração acelera ao ler “meu amor”
e só Deus sabe como eu fico ao ouvir ela falando isso olhando nos meus olhos. É
algo que para mim fica impossível de descrever.

“Vem aqui na minha sala. Já!” —Ordeno já sentindo meu pau crescer e
sorrio quando ela responde que está vindo.

Ela mal fecha a porta e eu já lhe puxo pela mão a deitando no meu sofá.
Meu corpo cobre o seu e roço meu pau duro na sua barriga.

—Diz que me ama olhando nos meus olhos de novo, por favor. —Peço
apoiando o braço ao lado da sua cabeça e olhando dentro dos seus olhos claros
por debaixo dos óculos.

—Eu te amo, Benjamin. —Ela diz e eu devoro sua boca
desesperadamente. Minhas mãos passeiam pela lateral do seu corpo até se enfiar
dentro da sua saia. —Não! Estamos no trabalho. —Ela sorri e me empurra.

—Como se fosse a primeira vez que fazemos isso aqui. —Avanço nela e
pego sua mão levando ao meu cacete duro feito rocha. —Olha como eu estou.
Me ajuda a aliviar.

—Vai ter que ficar para outra hora. Eu tenho que terminar alguns esboços
antes de tirar fotografias. —Ela diz se levantando.

—Acho que tenho uma namorada e subordinada muito aplicada. Tanto
aqui quanto na cama. —Sorrio levantando e ela segura meu rosto para beijar
meus lábios levemente. —Podemos nos ver de noite, então ?

—Hum, não vai dar, amor. Vou a um aniversário com a Kim.

—De quem ?

—Um amigo nosso.

—Amigo ? —Olho desconfiado. —Eu posso ir com vocês ?

—Pra que ? Você nem o conhece.

—Mas posso conhecer. —Dou de ombros e ela me beija de novo. —Isso
é um sim ?

—Isso é um não! Eu vou com a Kim sozinha.

—Tem vergonha de mim ? —A seguro pela cintura pressionando contra
meu corpo e ela ri.

—Não, mas já deu para descobrir que você é ciumento.

—Talvez um pouco.

—Sei. Mas você pode me buscar se quiser. —Dá de ombros.

—Tudo bem, mas me manda mensagem com o endereço desse
aniversário e a hora que vocês vão sair.

—Pode deixar. Agora me deixa trabalhar. —Ela me beija e se solta de
mim, mas a puxo de volta.

—Não vai ficar bêbada, por favor.

—Por que não ? A Kim vai estar lá.

—Eu sei, mas você fica meio louca quando está bêbada e eu não quero
fotos suas dançando em cima das mesas só de sutiã no celular de outros caras.

—Relaxa. Eu não vou beber assim.

—Tudo bem, mas me manda mensagem qualquer coisa. —A beijo na
testa e seguro seu rosto para beijar sua boca.

—Mando. Até mais. —Sai sorrindo depois de me mandar um beijo no ar.

Porra! Como eu estou apaixonado por esta mulher.

Passo o resto do dia trabalhando e uma parte da minha mente puxa para
Thaddeus. Eu sei que tem algo de estranho naquele sujeito, tirando é claro a
parte de ser completamente sem noção e ficar jogando a filha para cima de mim
junto com a mulher na maior cara de pau. A tratam como se fosse um objeto de
troca e ela ainda aceita se prestar a um papel desses.

—Eu já estou indo para casa. —A Lou fala abrindo a porta da minha sala
devagar e eu levanto os olhos para ela.

—Me espera! Também estou indo. —Arrumo minhas coisas e saímos
juntos. Não me importo de deixar que ela passe o braço por dentro do meu na
empresa. Ao contrário, quero que todo mundo saiba que agora já tenho dona,
assim como ela também tem.

—Tem certeza que não posso ir com você ? —Pergunto quando paro o
carro em frente ao seu edifício.

—É só um amigo, amor. Não quero ser mal educada e levar você assim
sem falar nada.

—Tudo bem então. —Reviro os olhos e a puxo pela nuca para um beijo.
Praticamente engulo sua boca e não afrouxo o aperto contra sua carne lisa.
Desço a boca para seu pescoço e lhe chupo forte ali.

—Você não fez isso! —Ela sorri colocando a mão no lugar e eu lambo os
lábios.

—Fiz! Agora você está marcada e não pode olhar para nenhum homem
por lá.

—Você é idiota. —Dá uma gargalhada e me puxa para um beijo antes de
sair do carro e fechar a porta. —Eu te aviso quando for sair.

—E o endereço também. Você não mandou.

—Vou mandar quando entrar em casa.

—Vou esperar. —Digo e me estico quando ela põe a cabeça pra dentro do
carro para me beijar outra vez. —Eu te amo.
—Eu também te amo. —Sorri e se afasta. Fico apenas a olhando entrar
no edifício e soltar um tchau para mim, só então vou para casa.

(...)

—Quando você vai trazer a Louise aqui em casa de novo, Ben ? —
Donna pergunta depois que eu tomo banho e desço para comer alguma coisa.

—Estou sentindo que vou ser trocado pela minha namorada. —Faço cara
de triste e pego um pedaço do bolo que ela põe no balcão da cozinha.

—Deixa de ciúmes! Eu só quero ficar mais perto da minha nora.

—Vou trazer ela para jantar aqui qualquer dia desses então.

—Traz a amiga dela também. Como ela se chama mesmo ?

—Kimberly ?

—Sim, ela mesmo. Eu adoro aquela menina. O Gary também.

—Minha casa vai se transformar em uma completa bagunça com aqueles
três. —Dou uma gargalhada e pego o celular quando chega uma mensagem da
Lou com o endereço do tal aniversário.

“Demorou pra mandar. Eram quantos lances de escadas ?”

“Desculpa. Eu fui tomar banho e esqueci.”

“Manda foto da sua boceta então.”

“Não, seu tarado! Nos falamos mais tarde. Te amo”

“Também te amo.”

—Eu conheço esse sorriso. —A Donna sorri.

—É a Louise.

—Eu sei que sim. Vão se encontrar hoje ?

—Não, ela vai a um aniversário com a Kim.

—E essa cara é porque ela vai sozinha ? —Pergunta e eu só dou um
sorriso amarelo. —Não vai ficar no pé da garota com esse ciúme, Ben. A não ser
que queira levar um pé na bunda antes de completar um mês de namoro.

—Não vou. —Digo olhando o endereço novamente e sorrindo de lado.
—Não vou não.



Louise

—O Benjamin vem buscar a gente ? Estou cansada desse salto já. —A
Kim reclama quando estamos saindo da festa por volta das onze da noite.

—Sim, vou mandar uma mensagem pra ele agora.

—Acho que não vai ser preciso. —Diz rindo e quando levanto os olhos,
o vejo parado do outro lado da rua de braços cruzados e encostado no carro. Ele
tem um sorriso maroto no rosto e eu reviro os olhos indo na sua direção.

—Não acredito que você veio atrás de mim. —Bato devagar no seu peito
e ele me puxa de encontro ao seu corpo.

—Estava com saudades de você também, meu amor. Olá, Kim.

—Olá, Ben.

—E respondendo a sua pergunta: não. Eu cheguei tem mais ou menos
uma hora e meia. —Dá de ombros como se fosse pouca coisa.

—Seu louco! Por que não mandou mensagem ? Eu viria até aqui ver
você.

—Não queria atrapalhar sua noite. Além do mais, você disse que eu não
poderia vir a não ser que fosse para te buscar.

—Mas veio.

—Só para garantir que nada saísse do controle. —Morde minha
bochecha me fazendo rir. —Vamos para casa ?

—Sim, para a minha.

—Por que não a minha ?

—Hoje ainda é segunda, Ben. Caso não lembre, amanhã tenho que estar
na empresa cedo. —Sorrio e entramos no carro.

—E se eu te der o dia de folga ?

—Não inventa! —Falo quando ele dá a partida. Chegamos em casa e a
Kim sobe depois de se despedir do Benjamin.

—A minha mãe quer que você e a Kim vão jantar lá em casa qualquer dia
desses. —Diz prendendo meu corpo contra seu carro.

—É só marcar. Estou com saudades dela.

—Vocês se veem quase todos os dias na empresa. —Ele revira os olhos.

—Sim, mas ainda tenho saudades.

—Tudo bem. Depois marcamos com calma. Agora deixa eu te encher de
beijos. —Me pressiona mais ainda contra o carro e sinto sua ereção dura na
minha barriga. Sinto o meio das minhas pernas se encharcarem só por o imaginar
dentro de mim outra vez e ousadamente desço minha mão até seu membro e o
aliso dentro da calça. Ele solta um gemido e eu mordo seu pescoço.

—Isso é tão bom. —Fala rouco segurando meus cabelos.

—Eu sei.

—Vai me deixar dormir aqui hoje ?

—Não. Ainda está de castigo por ter ido me vigiar. —Passo por ele
sorrindo e ele me puxa pelo braço.

—Eu não fui vigiar. Só fui conferir se estava tudo bem com você.

—Acredito, senhor ciúmes. —Falo ficando na ponta dos pés e beijando
levemente seus lábios. Suas mãos grandes alisam minhas costas docemente e
apertam minha bunda. —Nos vemos amanhã.

—Já estou ansioso. —Sorri. —Eu te amo.

—Eu também te amo. —Lhe beijo mais uma vez e sigo para a entrada
sentindo seu olhar nas minhas costas. Me viro quando passo o portão e ele dá a
partida depois de sorrir para mim. Nem me lembrava mais da sensação de estar
apaixonada e ser correspondida. É algo inexplicável e que faz meu coração bater
tão forte que sinto que vou desmaiar a qualquer momento.

Depois de já estar na cama e esperando ansiosamente por sua mensagem
antes de dormir, sorrio ao ler assim que recebo a notificação.

“Aposto um beijo que você estava esperando deitada pela minha
mensagem.” —Sorrio um pouco alto e sinto meus olhos encherem de lágrimas
de tantos sentimentos que me invadem só por ver uma mensagem sua.

“Ganhou o beijo”

“Irei lhe cobrar amanhã.”

“Nem precisa. Eu já estou querendo lhe dar.”

“Eu ainda posso ir aí se você quiser.” —Dou um sorriso ainda maior.

“Não. Vai descansar e amanhã nos vemos. Prometo pagar seu beijo.”

“Tudo bem. Dorme bem, minha deusa.”

“Dorme bem também, meu amor. Eu te amo”

“Eu também te amo.”

Guardo o celular ainda sorrindo e adormeço rapidamente.



Benjamin

—Claro que não, porra! —Grito para o Gary depois dele me falar da
proposta que a empresa recebeu.

—Mas o valor vai ser alto. Tanto para ela quanto para a empresa.

—Foda-se o valor! Eu não vou deixar minha mulher ser fotografada nua
para um bocado de marmanjo ficar batendo punheta olhando para ela.

—Ela nem vai estar nua, cara. É só fotos sensuais.

—Quase nua. —Resmungo e ele ri. —Do que você está rindo, caralho ?

—Você está mesmo de quatro por ela, hein ?

—Só agora que você percebeu, patife ?

—Então, vai aceitar ou não ? Posso recusar se quiser.

—Eles não querem outra modelo ? Temos tantas.

—Eles deixaram bem claro que a Louise é o que procuram. Não querem
outra.

—Bando de tarados. Eu vou pensar nessa porra!

—Tudo bem. —Gary diz. —Eu vou para minha sala. Me interfona
qualquer coisa.

—Okay. —Digo e ele sai.

Deixar minha mulher ser fotografada nua ? Nem pensar! Mas sei que ela
vai ficar puta quando souber que recusei uma proposta a respeito dela sem
sequer ter lhe consultado, então depois de pedir que alguém lhe chame, penso
em maneiras de fazer ela não aceitar.

—Posso entrar ? —Sua voz doce abrindo a porta me faz levantar os olhos
para a encarar usando uma linda calça branca justa e uma camisa rosa
transparente por cima de uma regata branca. Seus óculos de armação clara caem
tão perfeitamente nela que engulo em seco e percebo que a estou olhando feito
um idiota.
—Nem precisa pedir. —Sorrio e ela entra.

—Pediu para me chamar ?

—Sim, já que você não tem o celular disponível. —Resmungo de mau
humor. Tentei lhe ligar e mandar mensagens, mas nunca dava.

—Está sem área. Aconteceu alguma coisa ?

—Sim e não foi muito boa. Sente-se, por favor. —Peço e ela me olha
assustada, mas senta sem contestar.

—O que aconteceu ? —Volta a perguntar.

—Eu recebi uma proposta para você. —Vejo uma sombra assustada
passar pelos seus olhos e tenho quase certeza do que ela pensou, mas trato de
esclarecer rapidamente: —Para fotografias.

—Como assim ?

—Uma grande empresa da qual somos sócios vai inaugurar sua primeira
revista sensual e entraram em contato. Eles querem você nas fotos de estreia.

—Eu ?

—Sim, mas eu não sei se devo aceitar.

—Por que não ? São fotos nuas ?

—Não totalmente, mas quase.

—Então por que não deveria aceitar ?

—Porque eu não quero ver minha mulher sendo fotografada nua, porra!
—Praticamente grito e um sorriso lindo brota nos seus lábios. Passo os dedos
pelos cabelos e me viro para a enorme janela de vidro dando a vista da cidade.
Sinto suas mãos descerem pelos meus ombros e me abraçarem. Sua boca vai
para meu pescoço e minha pele se arrepia quando ela deixa vários beijos
molhados pelo lugar. Fecho os olhos sentindo seu cheiro e seguro suas mãos por
baixo das minhas.

—Você está com um ciúmes bobo, meu amor. —Ela diz e eu me viro. A
ergo com facilidade e a faço sentar no meu colo.

—Você acha que é bobo mesmo ? Caramba, você vai ser fotografada nua.

—Eu ainda não disse que vou.

—Você não vai ? —Um fio de esperança se passa pelos meus olhos e ela
sorri dando uma mordidinha de leve na minha bochecha.
—Sim, eu vou ser fotografada. —Desvio a cabeça e ela torna a me forçar
a olhar em seus olhos. —Mas isso não quer dizer que eu vou ser de outra pessoa
que não seja você.

—Mas todo mundo agora vai ver o que é meu. Eu não gosto nada dessa
ideia.

—Você tem que aprender a confiar em mim. —Tenta sair, mas a impeço
segurando minhas mãos atrás das suas costas.

—Eu confio em você, não confio é nos caras que vão ver essas fotos. —
Digo quase chorando e ela ri.

—Você sabe o quanto foi difícil te achar ?

Faço que não com a cabeça e ela alisa o dedo no meu rosto.

—Muito difícil.

—E isso é bom ?

—Por um lado sim. Eu não vou abrir mão de alguém que foi tão difícil de
encontrar, meu amor. —Diz e eu a abraço forte me sentindo feliz com suas
palavras.

—Promete ?

—Prometo. —Ela diz no meu pescoço e se afasta.

—Então eu vou ser fotografado junto com você.

—Não! Todo mundo vai ficar te olhando.

—Pimenta no cu dos outros é refresco, né ?

—É diferente, Ben. Não sou eu que sou uma das pessoas mais cobiçadas
atualmente.

—Não, não. Fui eu que acabei de receber uma proposta de ser
fotografada nua.

—Tudo bem. —Ela revira os olhos e eu comemoro com um yes. —Mas
se alguma mulher vier atrás de você, fale que já tem namorada.

—E eu tenho orgulho, meu bem. —A aperto sorrindo e nos viramos para
a janela novamente. —Ás vezes eu costumava te ver saindo para o almoço por
aqui.

—Você ficava me espionando ? —Ela me olha desacreditada e com os
olhos brilhantes. Eu apenas faço que sim com a cabeça e ela me beija. —Se eu
soubesse mandaria um beijo.

—Daí você seria culpada caso eu pulasse daqui só para arrancar esse
beijo. —Mordo seu queixo e sinto meu pau endurecer quando ela começa a se
roçar descaradamente em cima dele. Seguro seus cabelos soltos puxando para
trás e distribuo beijos pelo seu pescoço. Minhas mãos vão para seus seios e abro
seus botões tirando um dos dois lindos montes para fora. Ela geme quando
abocanho um e começo a roçar os dentes no mamilo.

—Hum … Ben …

Solto a mão dos seus cabelos e ela mesmo começa a desabotoar o
restante dos botões com certo desespero. A tiro do meu colo e vou apenas trancar
a porta para ter certeza que ninguém vai nos atrapalhar. Me viro a tempo de ver
ela correndo na minha direção e pular no meu colo com as pernas agarrada na
minha cintura.

A levo para o sofá onde não paramos de nos beijar enquanto nossas
roupas vão sendo jogadas para qualquer lado da sala. Meu pau já está
completamente duro e a vontade de me enterrar dentro dela é quase insuportável.

—Na próxima vez venha com menos roupa. —Digo e ela sorri com o
rosto já vermelho. Sem esperar, a viro de costas e a faço deitar de barriga para
baixo no suporte do sofá. Ela fica com a bunda bem virada para mim e uma
perna para cada lado, deixando a passagem bem aberta para eu segurar seus
cabelos puxando para trás e enfiar com certa pressa dentro dela.

Ela solta um gemido baixo quando estou completamente dentro e me
mexo apenas para encaixar mais. Dou um tapa na sua bunda e começo o vai e
vem com movimentos rápidos. Sua bunda mexe sempre que bate de encontro
com a minha pélvis e o barulho é tão excitante que só me deixa com vontade de
gozar.

Sua bocetinha está molhada e quente me deixando louco, principalmente
quando começa a apertar em volta do meu pau. Ela geme de forma gostosa e eu
aumento a velocidade.

—Amor, eu já quero gozar. —Digo com um sorriso nervoso sem parar de
estocar e seu gemido um pouco mais alto é como uma permissão, então me sinto
jorrar dentro dela de forma tão intensa que solto um rugido.

Permaneço enfiando e diminuindo a velocidade até parar por completo.
Continuo mais alguns segundos dentro dela e depois a levanto de encontro ao
meu corpo. Suas bochechas estão vermelhas e alguns fios colados ao seu rosto.

—Você parece que fica gostosa cada dia mais. —A beijo enfiando minha
língua dentro da sua boca e tirando os fios que estão espalhados.

—Temos que fazer isso mais vezes.

—Você é sempre bem-vinda na minha sala, meu bem. —Digo e ela ri se
afastando e começando a se vestir. Eu faço o mesmo

—Tenho que voltar a trabalhar.

—Posso te pegar para almoçar ?
—Eu estarei aqui. —Pisca e sai depois de conferir que está tudo em
ordem. Pego um lenço de papel para limpar os vestígios de porra que caíram no
chão e volto ao trabalho depois de jogar no lixo.



Louise

—Louise, eu não quero que você se envergonhe nunca de quem já foi. —
A Donna diz depois da janta quando estamos sentadas no sofá da sala enquanto
os outros estão fora do nosso campo de visão.

—Eu sei, mas as vezes fico me sentindo tão mal com os olhares que as
pessoas lançam para mim quando estou com o Benjamin. É como se tivessem
achando um desperdício ele estar comigo.

—As pessoas podem achar o que quiser. O Benjamin demonstra que é
um desperdício estar com você ?

—Não. —Sorrio sincera. —Ele faz com que eu me sinta importante. Ele
sempre me defende.

—Porque ele te ama, meu bem. —Ela aperta minhas mãos. —O
Benjamin já deve ter te contado que não sou sua mãe biológica, certo ?

Faço que sim com a cabeça e ela continua

—Mas foi eu quem o criou, cuidou e amou ele desde seus oito anos de
idade. Ele sempre foi carinhoso e muito amável com todos. Eu temi muito que
ele se transformasse em um homem frio depois da morte do pai, mas ainda bem
que você apareceu. Eu nunca vi o Benjamin tão apaixonado assim desde que
tinha dezesseis anos. Ele sempre chega em casa falando alguma coisa sobre você
ou perguntando o que seria bom para te dar quando completarem meses de
namoro.

Sorrio sentindo os olhos cheios de lágrimas e ela aperta minhas mãos
entre as suas.

—Eu sei o que eu falo quando digo que o Ben te ama. Ele é louco por
você.

—Eu também sou completamente apaixonada por ele, Donna. Meu
coração chega a doer quando penso nele.

—Eu conheço bem essa sensação. —Ela ri. —Ás vezes ele pode ser
muito estúpido ou arrogante, mas é porque ele sempre quer fazer as coisas
certas. Ele odeia cometer erros.

—Eu já pude perceber isso. Até comigo ele é assim.

—Ele morre de medo de te perder.

—Ele não vai. —Digo convicta.

Depois de falarmos por mais alguns minutos, nem o Ben, ou o Gary ou a
Kim voltaram para onde estamos. Não faço a mínima ideia de onde estão ou o
que estão fazendo, mas esqueço quando a Donna me chama para me mostrar os
álbuns de fotos da família.

Eu estava encantada olhando as fotos nos álbuns. O Ben sempre foi um
rapaz lindo. Suas fotos desde a infância quem dizem isso. Os olhos claros iguais
aos do pai sempre foram um destaque no seu rosto. Suas fotos na adolescência
mostram a época que começou a deixar o cabelo crescer, o que hoje lhe deixa
mais sexy ainda.

—Ele corta os dedos, mas não corta os cabelos. —A Donna ri me
mostrando o restante das fotos. Viagens, fotos espontâneas, ele em motos, carros.
Várias. Eu só consigo olhar para aquilo admirada e me sentir sortuda em o ter.

A Donna me mostra uma foto dele sorrindo de forma espontânea,
olhando para algo que não aparece na imagem e me entrega. Eu a olho sem
entender e seu sorriso se abre

—Fica para você. Vai precisar de uma foto do nosso menino para levar
consigo.
Eu a pego com carinho e guardo na bolsa depois de lhe abraçar forte.

—Obrigada por ser tão boa comigo, Donna. Não sabe o quanto significa
para mim.

—Eu que agradeço, meu amor. Obrigada por amar tanto o meu filho e o
deixar tão feliz. Isso já é o bastante para mim já te ter como uma filha.

—Amor ? —O Benjamin chega na sala com cara de quem aprontou e
levantamos o olhar para ele. —Pode vir comigo ?

—Pra onde ?

—Você vai ver. —Ele estende a mão e eu pego me levantando. A Donna
vem atrás de nós e saímos pela porta principal. Caminhamos pelo caminho de
cascalho com meu braço entrelaçado no seu e o olho constatando o enorme
sorriso em seu rosto. Fico tentando imaginar o que ele está aprontando até
pararmos em frente a um carro preto novíssimo com o símbolo da BMW. Eu nem
tive tempo de assimilar tudo, pois já sabia o que ele tinha feito.

A Kim e o Gary se juntam a nós sorrindo e já sei que fazem parte disso
também.

—Como assim ? —Pergunto me virando para o Ben incrédula.

—É para você. —Me estende a chave e eu continuo apenas lhe olhando.

—Pra mim ?

—Sim, eu escolhi preto porque não sabia se você queria outra cor, mas
posso pedir outra se quiser. —Mal termina de falar e eu pulo nos seus braços.

—Você é louco, amor! Um carro ?! Eu … Eu … Ben, eu não sei.

—Aceita, sua boba! —A Kim diz e eu a olho sentindo as bochechas
arderem.

—Ouviu sua amiga. Eu posso ficar bastante chateado se você não aceitar.
—Me põe no chão e abre minha mão colocando a chave dentro. Seus olhos
brilhantes não me deixam ter a opção de recusar, então aliso seu rosto com o
queixo e lhe beijo os lábios levemente.

—Eu te amo.

—Eu te amo bem mais.

(…)

—Eu estou com um pouco de medo, Ben. —Digo quando estamos no seu
quarto deitados de conchinha prontos para dormir. Sua pele nua e sua respiração
ofegante denuncia o que acabamos de fazer.

—Medo de quê ? —Pergunta beijando meus cabelos e eu me viro de
frente.

—Você me deu um celular, um carro … Tenho medo do que as pessoas
possam pensar de mim.

—Para de pensar nisso. Eu não ligo para o que pensam de você ou de
mim. Eu só quero te deixar feliz sempre.

—É que eu sei como as pessoas podem ser maldosas.

—Olha, eu sei que você pode saber, mas além de você, só eu posso me
importar com isso e você sabe que eu não dou a mínima. Se eu te dou um
celular, um carro, um avião, não é da porra da conta de ninguém. Você é minha
namorada agora e se você me pedir a lua, eu faço o impossível para te trazer.

Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e ele percebe, pois segura
carinhosamente meu rosto com as mãos e beija minhas pálpebras.

—Você é minha, Louise! Eu te amo.

—Eu também te amo, Benjamin. —Aliso seu queixo com minha testa e
me aconchego nos seus braços sentindo o calor do seu corpo. Ficamos calados
apenas nos alisando e antes dos meus olhos começarem a pesar, sinto sua
respiração calma indicando que já dormiu. Tomo sua mão e beijo
carinhosamente a ponta dos seus dedos. —Muito.
Capítulo 30

Louise

Eu estava completamente entregue dentro do cenário onde estava sendo
fotografada. Quando o Benjamin contatou a empresa que me convidou para tirar
as fotos sensuais, já foi falando que a empresa me cederia com a condição de ele
estar presente acompanhando tudo. Os mesmos sequer reclamaram ou cogitaram
a respeito, aceitaram de imediato e eu só pude revirar os olhos com seus ciúmes.

Para a minha felicidade em não ter que exibir meu homem para os
abutres, ele disse que não iria tirar fotos junto comigo, mas que ficaria de olho
em cada clique sem nem piscar. Palavras dele que foram cumpridas à risca.

Como combinado, eu não estava fotografando totalmente nua. O ensaio
era em uma grande cama com lençóis brancos e desarrumados. Eu estava usando
apenas uma calcinha branca de renda pequena e nada na parte de cima. Apenas
os tecidos brancos da cama para cobrir o que não devia ser mostrado.

O Benjamin estava sentado mais atrás dos fotógrafos olhando
atentamente cada detalhe. Ele fazia caras e bocas com minhas posições e não
fazia questão de disfarçar quando algo não lhe agradava.

—Ei, tem certeza que ela precisa mostrar tanto a bunda assim ? —
Levantou da poltrona onde estava sentado e um dos fotógrafos riu.

—Calma, senhor Connor. Nem está tão exagerado assim.

—Calma o caralho! Não é sua mulher que está ali, né ?

—Ben, por favor. —Pedi controlando o riso e ele se sentou contrariado.

Uma música hot começou a tocar baixinho no cenário e a luz caiu pela
metade. Eu ainda continuava na cama fazendo as poses, que pareciam ficar mais
quentes a cada clique.

—Isso. Isso. Agora vira de costas e tira o lençol. —O fotógrafo pediu e
eu o fiz.

—Tirar o lençol ? Porra! —Benjamin gritou.

—Agora deita na cama do jeito que está e cobre os seios com os cabelos,
Louise. Isso!

—Meu Deus! Não! Assim não dá.

—Muito bom. Agora senta com uma perna dobrada e a outra deitada.
Isso. Joga o cabelo para trás. Nossa! Muito bom.
Eu continuei fazendo todas as poses que eram pedidas enquanto além da
música no fundo, ouvia os resmungos do meu namorado. Eu não conseguia
segurar o riso quando o via cobrindo os olhos para não ver o que eu estava
fazendo.

—John, agora você vai lá pra cama com ela.

—O que ? Vai uma porra que ele vai. —O Benjamin levantou em um
salto quando o fotógrafo chamou um rapaz moreno e bem alto que estava só de
cueca para tirar fotos comigo. —Ele vai tirar fotos com ela ?

—Sim, algum problema ?

—Claro que tem problema, caralho! Não! Não vai tirar fotos com ela não
senhor.

—Mas senhor Connor …

—Eu tiro fotos sensuais com minha mulher. —Ele falou já tirando a
camisa social branca que usava. —Apenas eu.

Eu olhei para os lados e ainda bem que não tinha mulheres nos
bastidores, mas meu rosto devia estar parecendo um tomate de tão vermelho.

—Ben …

—Nem vem com essa história de Ben. Que tipo de fotos vocês querem ?
—Parou ao lado do fotógrafo com os braços cruzados sobre o peito e ele o olhou
de cima a baixo balançando a cabeça e torcendo o lábio como se tivesse gostado
da ideia.

—Livre. —Disse por fim. —Mudança de planos. Nosso modelo é o
próprio Benjamin Connor!

Eu bati minha mão na cara vendo o vexame que o Benjamin estava
aprontando e sorri quando ele veio até mim sem camisa e com o zíper da calça
aberta. Seu corpo nu me fazia respirar pesado e seu olhar desceu para meu corpo.

—Agora vamos mostrar para eles o que é ensaio sensual de verdade. —
Sussurrou bem perto da minha orelha me fazendo arrepiar por inteira.

(…)

—Isso. Continuem assim que está perfeito. Muito bom mesmo! —O
fotógrafo continuava falando de forma ainda mais eufórica.

O Benjamin me fez virar de frente para as câmeras enquanto ele estava
atrás de mim. Suas mãos na minha cintura me faziam sentir uma queimação no
meu íntimo e sua cabeça ficava bem no limite do meu pescoço.

Eu deitei parcialmente na cama com a cabeça levantada e ele deitou em
cima de mim. As mãos se apossaram nos meus seios como se fossem seus e
nossas bocas ficaram bem próximas. Minha vontade era de lhe beijar e ele sabia
disso. Abriu um sorriso depois de lamber os lábios que me fez estremecer.

—Caralho! Isso tá muito bom. Assim mesmo!

Voltei a deitar na cama, mas agora com a cabeça jogada para fora e os
cabelos arrastando no chão. Minhas mãos cobriam meus seios enquanto estava
de olhos fechados, mas logo senti o Benjamin subindo por cima de mim e
deixando beijos no meu umbigo até entre meus seios. Não conseguia me
controlar, era como se tivéssemos só nós ali e para mim seria mesmo, se não
fosse o barulho dos cliques me mostrando que não.

Tirei as mãos dos seios quando as dele os cobriu e abri os olhos. O
fotógrafo estava bem perto do meu rosto e mesmo sem ver, sabia que o
Benjamin também estava olhando para as lentes. Depois de algumas fotos, ele
me puxou novamente para cima e fez com que eu sentasse nas suas pernas. Me
apertou contra seu corpo deixando meus seios escondidos e foi com suas mãos
grandes nas minhas costas, seus olhos nos meus e seu pau já apontando ereto na
minha intimidade que terminamos o ensaio.

—Então, senhor fotógrafo, fui bom no seu ensaio sensual ? —Benjamin
perguntou vestindo a camisa com um sorriso sarcástico. Eu sorri já vestida com
um roupão branco e grosso.

—Se foi bom ? Foi sensacional! Já estou pensando em os chamar
novamente para um novo ensaio. Hoje mesmo as fotos saem nos catálogos e na
internet.

—As nossas juntas ? —Ele perguntou desconfiado e eu o olhei sentindo
o que ele estava querendo insinuar.

—Sim, claro. Já falamos sobre isso, não foi ?

—Sim, é só que …

—Você não quer aparecer na internet comigo, Ben ? —Perguntei com um
sorriso, mas não sei se consegui disfarçar totalmente.

—Claro. Claro que quero, meu amor. —Ele se vira para mim com um
sorriso tão frustrado quanto o meu e segura meu rosto entre as mãos. —É só que
eu …

—Eu já entendi. —Afasto sua mão já deixando o sorriso morrer e olho
para o fotógrafo que olha tudo como se não tivesse ali. —Até a próxima, Alex.

Saio catando minhas coisas e me dirigindo ao vestiário. Eu solto o ar
pesado pela boca tentando me controlar, mas não consigo acreditar que o
Benjamin estava com vergonha de aparecer comigo. O ouço batendo na porta
pedindo para entrar, mas ignoro enquanto me visto com calma. Sem eu querer e
fazendo o máximo para controlar, algumas lágrimas ainda caem pelo meu rosto.

—Amor, não é nada disso que você está pensando. —Ele fala quando eu
abro a porta e o olho como se nada tivesse acontecido. Ele já está vestido e me
olha arrependido.

—Eu não quero explicações agora, Benjamin. Eu ainda preciso trabalhar
hoje. —Passo por ele e ele segura meu braço.

—Não, espera. Deixa eu falar, caramba!

—Falar o que ? Que você estava com vergonha de aparecer comigo na
internet só por eu ser …

—Não! Porra! Não é nada disso! —Ele me solta e aperta a cabeça entre
as mãos. —Podemos conversar fora daqui ?

Eu o olho de cima a baixo e saio sem responder. Escuto seus passos
pesados vindo atrás de mim, mas não paro para esperar. Chego ao seu carro no
estacionamento e entro depois que ele destrava.

—Essa era uma boa hora para eu ter vindo no meu próprio carro. —
Resmungo quando ele entra e senta ao meu lado.

—Amor, não é nada disso. Eu só fiquei receoso porque nunca …

—Vamos deixar uma coisa clara, Benjamin. —O interrompo falando um
pouco mais alto. —Eu não sou mais prostituta, mas meu passado ainda me
condena. Daqui a alguns anos algumas pessoas ainda vão me ver assim, mas
sabe o que mais ? Eu não me importo com a forma que elas me veem. Eu só me
importo com a forma que você me vê. —Aponto o dedo no seu peito e continuo:
— Infelizmente eu percebi como ainda é.

—Eu não te vejo como uma prostituta, caramba! Não é nada disso. Eu só
nunca saí nos jornais ou em qualquer outro lugar com nenhuma outra mulher
como minha namorada. Pelo menos não com alguma que eu confirmasse
oficialmente um relacionamento. Sim, talvez eu pense um pouco sobre isso que
você está pensando de mim, mas não de uma forma tão grotesca quanto você
está desenhando.

—Não pareceu isso lá dentro. —Digo em um fio de voz sentindo meus
olhos se encherem de lágrimas e ele me puxa para seu colo. Deito a cabeça no
seu ombro enquanto ele beija meus cabelos e alisa minhas costas.

—Me desculpa, meu bem. Eu nunca quis que você se sentisse assim. Me
perdoa, por favor. —Me afasta e segura meu rosto. A sinceridade explode em
seus olhos. —Eu fui mesmo um idiota ao insinuar aquilo. Não vai mais
acontecer. Me perdoa.

—Tudo bem. —Fungo.

—Eu não me importo de sair em lugar algum com você. Ao contrário
disso, quero que saía até naqueles balões que voam no céu só para todo mundo
ver que você é minha.
—E você é meu ? —Pergunto olhando dentro dos seus olhos e ele sorri.

—Todo seu.

(…)

No dia seguinte, eu estava na cozinha do meu apartamento preparando o
jantar quando a Kim me chamou para ir olhar o que estava nas matérias de
alguns sites de fofocas e outros de notícias. Eram fotos minhas e do Ben em
lugares diferentes. Algumas em um dos jantares que ele me levou antes de
namorarmos, outras do baile de máscara falando que as dúvidas sobre quem era
a mulher mascarada já não existiam e também em Londres. A maioria das fotos
eu não fazia noção de que tinha sido tiradas.

“Fontes seguras afirmam que Benjamin Connor, CEO da Global
Connor's, agora está em uma relação séria com a modelo da própria
empresa, Louise Hansen.”

“Novo casal na área: O empresário agora já tem dona.”

“O cobiçado empresário sucumbiu ao amor e agora tem namorada.”

Eu via as notícias imaginando se o Benjamin já tinha visto e o que
deveria estar achando daquilo tudo. Mesmo depois de termos conversado, eu
ainda tinha medo dos seus pensamentos. Como ele ainda não tinha me ligado,
supus que ainda não tivesse visto, mas me acalmei. Como a Donna disse, eu
nunca deveria ter vergonha do que eu já fui antes. Vergonha pior seria se eu fosse
uma criminosa.

Hoje o dia na empresa havia sido corrido. Eu andava de um lado para
outro fazendo provas e tirando fotos, mal tive tempo de ver o Benjamin, o que
acarretou em montes de beijos e abraços de saudades quando acabou o
expediente.

Fiquei sabendo por ele que haveria um leilão beneficente a qual ele foi
convidado para ir junto com a Donna e o Gary. Ele me chamou para ir junto,
para não dizer que quase implorou, mas preferi ficar em casa. Era sexta e eu
queria passar a noite com a Kim vendo filmes e ir dormir tarde como nos velhos
tempos, já que ela também não quis ir quando o Gary a chamou.

—Agora você ficou oficialmente famosa. —Disse enquanto passávamos
longos minutos vendo os vários portais de notícias que anunciavam meu
relacionamento com o Ben.

—Não exagera. Na verdade, eles estão mais interessados em saber sobre
a vida do “cobiçado empresário”.

—Que agora pertence a senhorita. Vamos ver os comentários.

Se arrependimento matasse eu já estaria a sete palmos do chão. Quanta
mulher se prontificando para cuspir e falar palavras baixas para mim só por eu
estar namorando com o Benjamin. Uma parte falava coisas bonitas e desejavam
felicidade, embora ele não fosse nenhum famoso, a maioria era só falando que
ele merecia coisa melhor que uma magrela pálida, que eu só estou com ele por
causa do dinheiro, e outras dizendo que não daria três meses … Meu Deus!

—Não quero mais ver isso. —Digo por fim me afastando.

—Quanta mulher desnecessária. —A Kim revira os olhos. —É só inveja,
Lou. Não liga para isso.

—Eu sei, mas não tem como não ligar. Elas falam isso como se me
conhecessem. Como se eu não pudesse amar de verdade um cara rico.

—Por isso que você não deve ligar. Elas não vivem sua vida e nem
sabem toda a verdade por trás do seu relacionamento. Basta ignorar e não olhar
mais essas coisas.

—E se acabar saindo sobre … você sabe. —Mordo os lábios sabendo que
é algo que virá mais cedo ou mais tarde e ela respira fundo antes de falar

—É algo que não podemos prever.

(…)

—Eu até que estou bonitão na foto que você mandou. —É a primeira
coisa que o Benjamin fala quando liga para mim. Eu não resisti esperar por um
contato seu e acabei mandando algumas fotos que estavam nas notícias. Ele me
ligou de volta imediatamente.

—Você está bonito em todas, amor. —Sorrio. —Isso não te preocupa ?

—Não e a você ?

—Fora os comentários, não.

—Ah, não se preocupa com isso. Evita olhar. Essas pessoas só querem
baldear as coisas por alguns momentos. Depois passa.

—Espero. É tanta mulher falando coisas feias sobre mim.

—Estão com inveja porque agora só você pode sentar, chupar, quicar e
rebolar no meu cacete. —Ri convencido e eu sorrio alto de volta.

—Você não existe. —Penso em falar sobre o que falei com a Kim, mas
prefiro deixar para lá. —Você ainda está aí ?

—Sim, e pelo visto vai acabar tarde. Por que ? Está com saudades
minhas ?
—Muitas. Queria dormir abraçadinha com você.

—Eu posso ir para sua casa depois daqui.

—Não precisa. Já é muito tarde e amanhã é sábado. Podemos nos ver e
matar essas saudades.
—Eu tenho uma ótima forma de fazer isso. —Diz de modo malicioso e
escuto uma voz masculina o chamando no fundo. —Amor, eu tenho que ir. Nos
falamos depois ?

—Sim, claro.

—Olha, não fica colocando paranoias nessa sua cabecinha não, tá bom ?
Eu não me importo em nada com o que essas notícias falam. Eu só quero você e
mais ninguém.

—Tudo bem. —Sorrio aliviada. —Manda beijo para a Donna e para o
Gary.

—E para mim não ?

—Para você são todos.

—Gostosa. Eu te amo.

—Eu também te amo, meu amor. Até amanhã.

—Até. —Ele desliga. Volto a colocar o celular no móvel e me deito para
dormir me sentindo mais aliviada.

(…)

—Vamos para Londres comigo ? —Benjamin pergunta sem rodeios
segurando minhas mãos como se assim garantisse minha resposta positiva.

—Fazer o que em Londres ? —Sorrio boba. Era indiscritível a sensação
que me invadia sempre que estava com ele. Eu o olhava de forma adorada. Tinha
dias que as horas eram tortuosas, pois o que eu mais queria era deitar com ele na
sua cama ou na minha para ficarmos o tempo todo abraçado, coisa que estava se
tornando comum.

—Não sei. Passear ? Tem tanta coisa que quero te mostrar. —Seus olhos
brilhavam e era impossível dizer não.

— Vai me levar ao Eletric Cinema ? —Levei as mãos a boca. Era fato o
meu amor por cinema e ir ao famoso cinema de Londres ver um clássico sentada
nas poltronas largas de couro com banquinho para os pés e mesinha lateral, e
ainda cobertores de cashmere seria um sonho realizado.

—Você quer ? —Perguntou com um lindo sorriso e eu fiz que sim com a
cabeça. —Então partimos hoje mesmo.

—Hoje ? —Arregalo os olhos. —Tipo, hoje mesmo ? Agora ?

—Agora.

—Eu aceito. —Digo e pulei no seu colo lhe enchendo de beijos.
Ele me deixou em casa para fazer as malas e partiu para sua casa para
fazer o mesmo. Estava tão ansiosa que nem consegui esperar o elevador chegar.
Subi direto pelas escadas correndo a ponto de cair.

A Kim me ajudou a fazer as malas e me contou alguns pontos de Londres
que eu deveria visitar. Eu já tinha ido lá aquela vez, mas era para trabalho,
embora tenha dado uma fugida para o quarto do Ben, mas agora era diferente. Eu
iria como namorada dele. Iria conhecer o lugar onde nasceu e viveu ao seu lado.
Eu estava explodindo de felicidade.

Um tempo depois ele chegou e subiu para me ajudar com a mala e se
despedir da Kim. A mesma tratou de ameaçar ele e o fez prometer cuidar de
mim, só então saímos a caminho do aeroporto.

—Você já comprou as passagens ? —Perguntei levantando a cabeça para
lhe olhar. Nossas mãos estavam entrelaçadas e puxávamos nossas malas com a
mão livre. Ele estava usando óculos escuro, pois mesmo fazendo frio, o sol
estava brilhando lá no alto.

—Não.

—E então ? Vamos comprar agora ?

—Sim, por quê ?

—E dá tempo ? Você consegue ? —Perguntei já nervosa e ele sorriu.
Abaixou um pouco o rosto e me olhou por cima dos óculos escuros.

—Eu consigo tudo que eu quero. —Piscou e fez questão de me olhar de
cima a baixo dando a entender claramente o que ele quis dizer.

Fiquei alarmada com o valor das nossas passagens de última hora. O
preço era um absurdo e fiquei praticamente em choque quando a moça mostrou
o computador com o total. Até achei por alguns minutos que ele ia tentar
pechinchar, mas não. O cretino apenas sacou um cartão da carteira e o mesmo foi
aprovado mais rápido do que o meu quando comprava massa instantânea.

—Fecha a boca, amor. Vai entrar mosca. —Sorriu tocando no meu
queixo e logo estávamos dentro do avião que nos levaria a Londres.

(…)

—Meu Deus! —Falo assim que piso o pé dentro do quarto que o Ben
pediu para nossa hospedagem aqui. Chegamos por volta das sete da noite e
depois de ver por fora do hotel achando que não ia me surpreender com nosso
quarto, fui tapeada.

O quarto era gigante. As paredes pintadas em um tom de vinho
alaranjado, o teto branco segurando algumas luzes que já fiquei sabendo que
podem ficar mais fracas e a cama era enorme. Coberta com seus grossos lençóis
brancos e algumas almofadas da mesma cor das paredes eram um convite para
deitar, mas fiz a doida e fui ver tudo. Havia um armário com algumas taças e
sabe-se lá o que mais dentro, estava colocado ao lado de uma espécie de sofá
cinzento e fofinho. Uma mesa cor de cobre reluzente tinha uma enorme cesta
com algumas guloseimas dentro e frutas também. As portas que davam para a
varanda iam do teto até o chão, as cortinas vinho estavam abertas deixando
alguma claridade entrar dentro do quarto.

—Gosta do quarto ? —Benjamin pergunta entrando logo atrás de mim e
fecha a porta. —Eu pedi o melhor para nós dois.

—Está brincando ? Eu adorei! —Me virei para ele e o abracei pelo
pescoço. O desci mais para baixo e beijei levemente seus lábios. —Eu te amo.

—Eu também te amo. —Mordeu meus lábios alisando minhas costas.

—Certo, agora deixa eu testar esse carpete. Meus pés pedem por ele. —
Me desenlacei dos seus braços e sentei em uma espécie de sofá que ficava aos
pés da cama. Tirei os tênis que usava e puxei a meia calça preta. Meus pés
esfriaram com a temperatura do quarto e eu fui ao paraíso quando afundaram no
carpete fofo. Parecia que estava pisando em nuvens e fechei os olhos para sentir
ainda mais.

Joguei meu corpo para cima da cama e sorri ao sentir mãos pegarem
meus pés e começarem a massageá-los. As mãos de Benjamin eram como de
anjos para fazer massagens. Ele apertava meu tornozelo com delicadeza e
mesmo com as cócegas, a sensação de o sentir apertar a planta do pé era surreal.

—Isso. —Pedi em um gemido de olhos fechados quando ele achou um
ponto certo para massagear.

—Quero ouvir você gemendo assim quando meu pau estiver dentro de
você. —Sua voz saiu rouca e foi aí que meu sorriso de lado se abriu ainda mais.
Me levantei apoiada com os cotovelos na cama e o vi beijando meus dedos. Os
cabelos soltos lhe davam um ar selvagem e seus olhos estavam escurecidos
demonstrando sua excitação.

—E o que está esperando pra isso ?

Mal terminei de formular a frase e ele veio para cima de mim como um
raio. Suas mãos ágeis se livraram do meu vestido folgado e gemi baixo quando
ele agarrou meus seios expostos. Me deitou delicadamente e foi beijando entre
meus montes, descendo pela minha barriga, até chegar no meu umbigo. Arqueei
o corpo quando ele começou a deslizar a língua até chegar perto do meu sexo já
molhado. Se posicionou de joelho entre minhas pernas enquanto eu massageava
meus seios e gemi quando senti sua boca beijando minha virilha. Mordia e
beijava a parte de dentro das minhas coxas deixando meu corpo formigando por
completo.

Resmunguei quando ele parou para se livrar da própria roupa ficando
apenas com uma cueca azul marinho. As pernas definidas ficavam apertadas
dentro do tecido e o pau estava desenhado por baixo me deixando salivar.
Aproveitei o momento e também me ajoelhei na cama. Ficava mais baixa que
ele, mas segurei seu rosto com as mãos e o trouxe para um beijo. Meus seios
encostavam no seu peito quente e suas mãos deslizaram pelas minhas costas até
chegarem na minha bunda. Ele apenas me ergueu e eu enlacei as pernas na sua
cintura. Sentia minha boceta molhada na sua barriga e me esfreguei ainda mais
nele.

Seu beijo aprofundou-se ainda mais e ele chupou meus lábios com força.
Eu passei o braço pelo seu pescoço quando ele se ajeitou e me deitou novamente
na cama. Seu corpo por cima do meu deixava um peso gostoso. Sem parar de me
beijar, livrou uma das suas mãos e desceu para minha intimidade. Sentia meu
corpo todo estremecer com seu toque leve pela minha pele e quase explodi de
tesão quando um dos seus dedos me penetrou fundo.

—Já está toda molhada para mim. —Disse e me penetrou com outro
dedo. Meu gemido saiu abafado quando sua boca novamente se apossou da
minha. O beijo era seguido aos movimentos do seu dedo e parecia que eu estava
sem sexo fazia dias, pois já sentia minha boceta pulsar.

—Ben … —Pedi.

—Está doida por pau, né ? —Aumentou a velocidade dos dedos e sorriu.
—Quer gozar ?

—Sim … Eu vou go … Ben … —Senti meu corpo arder e minha carne
apertou seus dedos quando meu orgasmo veio com força. Não me limitei em
gemer baixo. Minha vontade era de gritar e eu quase o fiz mordendo seus lábios.

—Você fica ainda mais linda quando goza para mim. —Disse tirando
cuidadosamente os dedos e colocando na minha boca. Eu chupei os dois com
calma e o puxei para mais perto. O deitei na cama e subi em cima da sua barriga.

—Agora é minha vez.

—Está planejando abusar de mim, mocinha ?

—Nada mais justo. —Sorri e me esfreguei na sua barriga. Sua boca
agarrou um dos meus seios o chupando com força. Joguei a cabeça para trás
aproveitando aquela boca maravilhosa e fiquei alisando seu pau que estava duro
tocando minha bunda.

Um gemido saiu da sua boca quando o apertei delicadamente e ergui um
pouco o corpo. Passei a cabeça gorda na minha entrada de cima para baixo o
deixando louco. Seus dedos fincavam nas minhas pernas excitado e fiquei nisso
até ele segurar meu rosto com força me fazendo o encarar:

—Não me culpe se eu gozar antes mesmo de estar dentro de você. —
Puxou meu rosto para perto do seu e ficou me provocando. Chegava perto de me
beijar, mas sempre afastava e deixava apenas nossos lábios se roçando. Apoiei a
mão no seu peito e posicionei seu pau na minha entrada. Bem devagar, comecei
a o engolir. Seus olhos se fecharam e logo se abriram quando estava por inteiro
afundado dentro de mim.

Comecei a me movimentar com meus cabelos caindo no seu rosto e suas
mãos nas minhas costas me ajudando a controlar a velocidade. Sua boca se
encontrou com a minha e nosso beijo era avassalador. Seu pau me preenchia por
completo e era o encaixe perfeito dentro de mim. Sentia seu corpo duro embaixo
do meu e sua força era visível apenas com o toque.

Minha boceta estava sensível e senti seu membro tocando em um ponto
gostoso. Parei os movimentos quando ele segurou minha bunda e começou a
empurrar forte e rápido dentro de mim. O barulho das suas coxas nas minhas era
o som perfeito para meus ouvidos e sorri mordendo seu queixo quando ele rugiu
grosso.

Sua porra quente derramava dentro de mim nervosa. Ele diminuiu a
velocidade, mas eu continuei rebolando. Queria gozar de novo e sentia que
estava perto. Segurei na cabeceira da cama e sentei forte soltando gemidos. Ele
segurou minha cintura me ajudando quando minha boceta começou a se contrair
em um novo orgasmo, tão gostoso quanto o primeiro.

—Você está esmagando meu pau. —Disse rouco quando terminei. Sorri
beijando seu lábios e me deitei ao seu lado.

—Eu te amo tanto.

—Me ama só pelo meu pau ?

—Também. —Mordi seu queixo e me levantei. —Vou tomar um banho.

—Posso ir com você ?

—Sinta-se a vontade. —Pisquei sensualmente antes de entrar para o
enorme banheiro e o ouvi indo atrás.

Talvez, apenas talvez, o banho ficaria para depois.
Capítulo 31

Louise

Não estávamos hospedados na capital do Reino Unido, mas sim em um
bairro chamado Kensington & Chelsea, que segundo o Ben, era pertinho de
Londres e tinha vários pontos para conhecermos. Eu nem queria saber se
estávamos no subúrbio ou na parte nobre da cidade, queria mais era conhecer
aquele lugar de mãos dadas com meu namorado.

Depois de finalmente nos banharmos na gigantesca banheira que tem no
banheiro do quarto, saímos aos beijos enrolados nas toalhas felpudas. Enquanto
o Ben se vestia fazendo dancinhas ridículas só para me ver sorrindo, eu calçava
meias calças pretas transparente por cima da calcinha preta pequena que
coloquei. Calcei botas de cano médio por causa do frio e pus uma saia laranja de
cintura alta que ia até um pouquinho acima dos joelhos.

—Eu gosto dessa saia. —Ele disse me analisando e terminando de vestir
a camisa de mangas compridas e gola V.

—Você gosta porque é comprida.

—Exatamente. —Piscou e se virou para o espelho arrumando os cabelos.
Sorri e continuei me vestindo. Coloquei um suéter vinho bem grosso de gola alta
e fui para frente dele no espelho para arrumar meus cabelos.

—Dá licença.

—Se ficar roçando essa bunda gostosa no meu pau, eu vou ter que te
comer de novo.

—Sossega dentro das calças, amor. —Disse e ele riu. Segurou minha
cintura e beijou meu pescoço.

—Está tão cheirosa.

—Eu nem passei perfume ainda.

—Eu gosto do seu cheiro de qualquer jeito. Quando toma banho, quando
não toma, depois do sexo … Uma delícia sempre. —Estalou um beijo na minha
bochecha e saiu para se calçar depois de dar um tapa na minha bunda.

(…)

Saímos do hotel por volta das nove horas e quando eu achei que iríamos
estar apenas nós na rua devido ao horário, o Reino Unido me respondeu. Mesmo
com o frio batendo, as pessoas andavam animadas na rua com seus cachecóis e
tocas na cabeça. Eu tinha me arrependido um pouco de não ter vestido uma calça
daquelas de dormir, mas tinha que manter a classe. Não estava com tanto frio,
pois usava um sobretudo comprido e quente, mas quanto mais aquecida seria
melhor.

O hotel era bem perto do famoso Big Ben, então Benjamin e eu
escolhemos lá para ser o nosso ponto de largada. Fomos caminhando pelas ruas
de mãos dadas e de longe já conseguíamos ver o relógio gigante. Eu ia olhando
para os lugares onde ele me apontava falando os nomes e algumas coisas sobre o
mesmo.

—Benjamin ? —Uma voz feminina soou atrás de nós e nos viramos
dando de cara com uma loira baixinha, porém linda e com um sorrio simpático.

—Alisson ?! Nossa! Quanto tempo! —Ela e o Ben trocam beijos no rosto
de forma amigável. —Olha, essa é minha namorada. Louise.

—Sério ? Eu falei que uma hora uma mulher ainda ia te colocar na linha.
Muito prazer, Louise. Sou Alisson. —Nos cumprimentamos da mesma forma e
ela sorria para mim sem demonstrar ameaça alguma. Eu gostei dela.

—Prazer, Alisson.

—Você é daqui ?

—Não, de Boston.

—Muito bem. Trouxe a namorada para conhecer Londres, Ben ? Que
maravilha!

—Pois é. E você ? Como anda a vida ?

—Tudo muito bem. Estou trabalhando no mesmo lugar e terminei a
graduação.

—Que ótimo!

—Bom, vou deixar vocês aproveitarem o passeio. Foi um prazer te rever
de novo, Ben. Mantem contato. —Se cumprimentam novamente. —Foi um
prazer te conhecer, Louise. Esse carinha é dos bons.

—Eu sei. —Sorri. —Foi um prazer te conhecer também.

Depois de nos despedirmos, ela saiu com um grupo de amigos.

—Eu gostei dela. —Disse quando voltamos a andar.

—Ela é lésbica.

—Sério ? —Parei o encarando e ele riu fazendo que sim com a cabeça.
—Ainda bem que não tive uma crise de ciúmes com a coitada.

—Não quero nem imaginar.

O frio perto do Big Ben era ainda maior por causa do rio que o cercava.
As pessoas infestavam o lugar e o Benjamin quase não conseguia tirar uma foto
decente minha. O puxei para tirarmos juntos e mandei para a Kim que retribuiu
mandando uma foto sua na casa do Gary comendo pizza.

Depois das fotos, o Benjamin pediu um táxi que nos levaria ao
restaurante onde íamos jantar. Chegamos uns cinco minutos depois e fomos
recebidos como realeza. Claro que algum funcionário do lugar tinha que
conhecer o Benjamin, então fomos recepcionados para uma das melhores mesas.
O lugar era um tipo de restaurante e lounge. Havia livros nas paredes como parte
da decoração e a janela da nossa mesa dava a vista para o Rio Tamisa nos
separando do grande Big Ben.

Deixei que o Benjamin fizesse os pedidos de acordo com o seu gosto e
ficamos conversando enquanto esperávamos. Não demorou nada, mesmo
estando bastante lotado e eu não me arrependi de ter confiado no seu paladar.

Alguém sempre vinha a nossa mesa perguntar se tudo estava correndo
bem e o que estávamos achando. Eu era completamente sincera e dizia o quanto
estava gostando daquilo, principalmente da vista, o que deixou o Benjamin
enciumado, pois ele achou que eu estava falando demais com o funcionário.

—Não vai ter uma crise de ciúmes aqui, né ? —Perguntei depois dele
ignorar uma pergunta minha e se virar para a janela já na hora da sobremesa.

—Não era eu que ia ter ciúmes de uma lésbica. —Disse e ele mesmo não
se aguentou. Começou a rir a ponto de ficar vermelho. Já estávamos bem
novamente.

—Eu estou morta! Tira meus sapatos, amor. —Pedi chorosa balançando
os pés quando chegamos no nosso quarto e me joguei na cama. Ouvi seu sorriso
e logo suas mãos tirando minhas botas. Apenas fechei os olhos sentindo suas
mãos segurando meus pés.

—Você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço. —Ouvi sua voz e
sorri abrindo os olhos.

—Mesmo ?

—Sim.

—Sabe o quanto sonhei estar assim com você ?

—Não. Quanto ?

—Muito. Eu achava que você nunca ia olhar para mim da forma que eu
olhava para você. Pensei que era uma ilusão da minha cabeça.

—Pois eu quis você desde o primeiro momento que eu te vi. —Ele disse
e eu me sentei já para o interrogar, mas ele logo continuou: —Te quis por
completo.

Suas palavras não eram apenas palavras para mim. Elas me causavam
sensações maravilhosas e me faziam ver o quanto o amava. Eu o queria para
sempre. Quando nossos lábios se tocaram e suas mãos alisaram meu rosto com
carinho me empurrando delicadamente para cima da cama, quando sua boca
desceu para meu pescoço me fazendo arrepiar e meu coração acelerar da forma
que sempre acontecia quando estava com ele, eu tive ainda mais certeza que com
ele, sexo não seria mais apenas sexo. Era amor o que fazíamos.

(…)

—Acorda! —Falei pulando em cima da cama onde Benjamin ainda
dormia. Estava deitado de bruços sem coberta nenhuma denunciando seu corpo
completamente nu. —Vamos, amor. Acorda!

—Hum. —Resmungou. Os cabelos espalhados pelo travesseiro branco e
os braços erguidos a altura do rosto eram camadas e camadas de músculos bem
definidos.

—Está na hora de acordar. —Sentei nas suas costas e apertei sua bunda.
Ele deu um salto se virando de barriga para cima ainda me mantendo em cima
dele.

—Sabe que esse lugar aí é restrito, não sabe ?

—Só assim para te fazer acordar. —Me inclinei e beijei levemente seus
lábios. —Bom dia, amor.

—Bom dia, minha deusa. —Colocou as mãos na minha cintura e sorriu
de maneira maliciosa. Logo entendi o motivo quando senti seu pau me
cutucando.

—Que tarado! —Dei um tapa no seu peito e sorri tentando sair, mas suas
mãos fortes não permitiram. —Trata de levantar para podermos aproveitar o dia.

—Uma rapidinha agora pode ?

— Não. —Coloquei força e saí de cima dele o fazendo resmungar
frustrado. Fui até onde estava nossas roupas para escolher o que vestir. O safado
continuou deitado e ainda cobriu o rosto com o travesseiro. —Te dou dez
minutos para levantar ou vai ficar umas semanas sem fazer amor comigo.

—Ainda não conhecia esse seu lado chantagista.

—Continua nessa cama e eu vou fazer você conhecer na prática.

—Prefiro não arriscar. —Se levantou e eu me virei para o olhar. Seu
corpo imponentemente alto era uma bela visão. Os músculos bem desenhados
por todos os lados não deixavam duvidas do seu empenho na academia. Seus
cabelos caindo sobre os ombros eram lindos e descendo mais a vista, um V
estava desenhando nos limites onde começavam seu membro. Grande. Duro.
Forte. Suculento. Nenhum deus grego se comparava a ele. Nem nesta e nem em
outras gerações.

—Vai ficar babando até quando ? —Riu de lado e olhou para o próprio
pau me fazendo rir. Peguei uma camisa minha e joguei nele, que aparou com a
mão.

—Vai tomar banho, amor.

—Você já tomou ?

—Ainda não.

—Então vem tomar comigo. —Falou e antes que eu pudesse negar, senti
meu corpo sendo erguido com facilidade.

Eu não ia e nem queria reagir. Seu corpo ainda quente me aquecia e
enrosquei as pernas na sua cintura. Agarrei seu pescoço o trazendo para um beijo
e suas mãos desceram apertando minha bunda. Gemi dentro da sua boca já
sentindo minha boceta se umidificando de prazer.

Entramos no banheiro nos engolindo e arfei quando fui encostada na
parede fria e sua boca desceu para meu pescoço. Fui colocada em cima da pia e
dei um risinho quando senti o mármore frio tocando minha bunda coberta apenas
por um short curto de cetim.

Levantei os braços para ele tirar minha camisa com facilidade desfazendo
o coque que tinha nos cabelos. Soltei as pernas da sua cintura e ergui o quadril
para ele tirar meu short, deixando minha pele exposta. Ele parou alguns
segundos para me analisar e logo agarrou meu seio esquerdo com a boca
enquanto o outro era massageado por sua mão grande.

Joguei a cabeça para trás quando ele trocou a boca para o outro e chupou
o mamilo com força. Segurei forte a beira da pia e me esfreguei na sua barriga
pedindo por mais. Eu não queria esperar mais. Queria-o logo dentro de mim.

—Me come agora, Ben. —Gemi e ele sorriu sem tirar a boca do meu
seio.

—Pede de novo então.

—Me fode, por favor! —Pedi chorosa e o vi segurando o pau ainda duro
e alisando minha entrada. O cretino estava querendo me torturar e enfiava
apenas a cabecinha rosada dentro de mim.

—Consigo ver você brilhando daqui. Doida pra engolir meu cacete. —
Segurou meu cabelo de uma forma que me fizesse o encarar e me mobilizou para
um beijo selvagem. Chupava meus lábios sem restrições o deixando dolorido e
latejando. Sentia minha boceta pulsar e quando achei que não aguentaria mais
esperar, fui penetrada de uma só vez.

Um grito escapou pela minha garganta, mas foi interrompido no meio
quando ele me calou com um beijo. Os movimentos eram rápidos e precisos.
Movimentos de quem tinha fome e eu queria ser comida por ele. Queria que me
devorasse e me deixasse exausta, mesmo tendo o resto do dia todo para
aproveitar.
Ergui as pernas apoiando na pia e ele me puxou para mais perto dele
entrando ainda mais fundo dentro de mim. Abracei suas costas o sentindo suar e
o arranhei com as unhas. Seus beijos se tornaram ainda mais violentos e seus
dedos apertavam minha cintura com força. Sentia toda sua musculatura se
contraindo de desejo e sem esperar, senti meu orgasmo se aproximando.

Gritei quando senti ele me cutucando em algum ponto bem estratégico
dentro de mim e ele riu rouco.

—Quer gozar agora ? —Perguntou e eu fiz apenas sim com a cabeça
desesperada. Apertei suas costas com as unhas e ele riu ainda mais. —Então
goza comigo. Goza em cima do pau do teu homem.

—Amor … eu já vou … —Ele aumentou sua velocidade e
involuntariamente apertei seu pau com minha boceta. A sensação de gozar veio
com força e joguei a cabeça para trás quando atingi, no mesmo instante que
também fui invadida por um líquido quente que me preencheu por completo.

—Porra! Quero te foder para sempre. —Falou colocando a cabeça na
curva do meu pescoço e beijando no lugar.

—Seja lá o que for que você esteja sugerindo, eu aceito. —Sorri e ele se
afastou me olhando.

—Eu te amo muito. Nunca esquece disso.

—Eu também te amo. —O beijei nos lábios carinhosamente e também
beijei seu peito. —Você tem gosto de suor.

—E você adora.

Tomamos banho juntos com direito a mão boba e tive que sair logo antes
que ele tentasse contra mim novamente. O deixei lá gritando por mim para lhe
fazer um boquete e saí dando gargalhada para me vestir.

Depois de estarmos os dois prontos, descemos para tomar café no hotel
mesmo e o Ben ficou extremamente irritado quando o passeio de barco pelo Rio
Tamisa que ele queria me levar foi cancelado. O lugar não estava nas melhores
condições para um passeio naquela altura e os organizadores acharam melhor
cancelar.

Depois de o acalmar dizendo que teríamos outras oportunidades em
outros dias, ele relaxou mais. Eu estava mais ansiosa era para o cinema que
iríamos logo à noite e não parava de falar nisso.

—Você parece uma criança. —Ele disse quando andávamos de mãos
dadas junto a London Eye.

—Tem horas que você não pensa nisso. —Pisquei e ele riu. —Tira uma
foto minha aqui perto da roda gigante, por favor.
—Vai lá. —Disse e eu fui. Fiz as poses enquanto ele fotograva tudo e
nem percebi quando ele veio andando furioso na minha direção. Só tive tempo
de me virar e o segurar para ele não avançar em cima de um turista.

—Ben!

—Está olhando pra minha mulher por quê ?

—Ben, quer parar de escândalo ? —Pedi constrangida com as mãos no
seu peito enquanto o coitado do turista apenas se desculpava com gestos e saía
com medo.

—Escândalo o caralho! Ele estava olhando para sua bunda.

—Realmente você é fogo. —Tomei o celular da sua mão e saí andando
irritada.

—Lou, espera. Olha, desculpa. —Ouvia sua voz me seguindo. —Quer
parar de andar ? Desculpa, amor.

—Você está vendo as coisas que você faz ? Precisa disso ?

—Mas ele estava olhando para sua bunda. Eu só fiquei com ciúmes.

—Eu não fiquei com ciúmes dessa loira gostosa que acabou de passar
olhando para você e te comendo com os olhos.

—Qual ? —Virou a cabeça procurando e eu segurei no seu rosto o
fazendo olhar para mim de novo.

—Para de olhar! —Falei e ele riu.

—Desculpa. Eu vou me controlar mais.

—Por que algo não me deixa acreditar em você ? —Fiz careta e ele riu
ainda mais dando de ombros.

(…)

O tempo havia fechado bruscamente. Antes de chegarmos no restaurante
onde o Benjamin fez reserva para almoçarmos, começou a cair uma chuva forte.
Nos molharíamos ainda mais se ele não tivesse me pegado no colo e corrido
comigo nos braços até a parte seca do restaurante onde podíamos nos proteger da
chuva.

Rimos nos limpando e entramos no lugar, bem luxuoso para variar.
Fomos para o segundo andar onde estava nossa mesa e sentamos perto da janela
onde dava para ver a roda gigante e o Rio Tamisa. Eu estava me apaixonando
ainda mais por essa vista.

Recebi uma mensagem da operadora dizendo que a Kim havia tentando
me ligar e vi que meu celular estava sem área.
—Eu vou ligar para a Kim, amor. —Disse me levantando e indo até uma
espécie de sacada coberta perto da nossa mesa. A rede ainda não estava a das
melhores, mas já dava para ligar.

—Kim ? Está tudo bem ? —Perguntei quando ela atendeu.

—Oi, Lou. Sim, está tudo bem. Por quê ?

—Recebi uma mensagem dizendo que você tentou me ligar.

—Não, eu não. —Ela fala como se tivesse olhando o celular. —Ah, foi.
Liguei sem querer.

—Mas está tudo bem ? —Perguntei novamente e ouvi a voz do Gary no
fundo lhe chamando. —Nossa! Já vi que sim.

—Desculpa, foi o Gary. —Ela respondeu e gritou para ele parar.

—Percebi. Bom, nos falamos depois então. Manda beijo ao Gary.

—Mando sim. Como está o passeio ?

—Uma maravilha que só! Um dia temos que vir cá só nós duas.

—Claro que temos …

Ficamos falando coisas banais até que encerrei a chamada. Aproveitei
que tinha área para responder algumas mensagens que havia chego quando senti
uma sensação esquisita.

Eu nunca tinha tido a impressão de estar sendo vigiada e não sabia se era
isso, mas tinha nitidamente essa impressão. Parecia que alguém estava bem perto
de mim me olhando e quando olhei para o Benjamin, ele estava falando com
alguém no celular alheio. Olhei pela sacada para baixo e foi aí que a impressão
aumentou ainda mais, porém não vi nada de estranho. Senti os pelos dos meus
braços se arrepiarem e mordi os lábios, então voltei para a mesa depois de dar
mais uma olhada e constatar que meus olhos não viam nada de diferente.

—A Kim está bem ? —Perguntou quando sentei a mesa. Nossos pratos
tinham acabado de ser servidos.

—Sim, está com o Gary.

—Não sei porque aqueles dois não assumem logo que estão namorando.

—A Kim é um pouco fechada para essas coisas. Por um lado é difícil
para ela se apaixonar e se abrir com alguém assim.

—Mas o Gary é boa pessoa. —Falou defendendo o amigo e eu sorri.

—Eu sei que é.

(…)

As casas no estilo vitoriano localizados em Notting Hill eram ainda mais
lindas pessoalmente. A limpeza do lugar era impecável e eu só imaginava o
filme com a Julia Roberts e William Thacker que foi gravado nesse lugar.
Estávamos em Portobello Road, uma ruazinha bastante conhecida em Londres
onde todo sábado acontece uma feira de artesanato e antiguidades.

Eram pessoas de tudo quanto é lado admirando as barracas e
conversando alto. A chuva tinha cedido um pouco, mas o frio ainda estava
marcando presença. Eu nem me importava com isso. Estava mais ocupada
encantada com tudo a minha volta. A mão de Benjamin segurava firme na minha
como se tivesse medo que eu fosse roubada ou me perdesse.

Eu não estava planejando levar tanta coisa comigo para Boston, mas foi
impossível com tanta variedade. Mesmo eu tendo dinheiro e podendo pagar por
tudo, Benjamin sempre fazia primeiro que eu e não me deixava tirar nada do
próprio bolso.

Passamos em frente ao Eletric Cinema e eu quase explodi de emoção. O
arrastei para lá com a desculpa de vermos os filmes que estavam em cartaz, mas
a verdade era que eu queria mesmo espiar como era por dentro.

Quando ameaçou chover novamente e os pingos estavam se tornando
grossos, decidimos voltar para o hotel para não correr o risco de pegar um
resfriado. Eu também queria descansar um pouco, então mal entrei no quarto e já
deitei na cama depois de tirar a maioria das roupas. O Benjamin também se
despiu e deitou comigo. Nem percebi quando pegamos no sono.

Acordei em um sobressalto algum tempo depois. Olhei no relógio
achando que havíamos perdido a hora e respirei aliviada quando vi que ainda
tínhamos um tempinho. O Benjamin nem se mexeu com meu desespero, então
fui me arrumar antes de o acordar.

—Amor, acorda. —Sentei ao seu lado e alisei seus cabelos.

—Já ?

—Sim, senão perdemos a hora para o filme.

—Não podemos ver o filme outro dia ? —Resmungou e eu ri me
levantando.

—Se você quiser ficar dormindo, pode. Eu vou sozinha.

—Uma porra que vai. —Quase pulou e se espreguiçou. —Já acordei.

—Quero ver se vamos dormir logo mais a noite.

—Eu tenho planos melhores do que dormir. —Piscou para mim sorrindo
de forma maliciosa.

Será que é normal o Benjamin ser meu primeiro namorado de verdade ?
Acho que soa um pouco estranho. Tanto pela minha idade quanto pela minha ex
profissão, mas é a mais pura verdade.

Antes de entrar na vida de prostituição, eu não era muito de falar ou
conviver com rapazes. Eu sempre fui tímida e era difícil ter alguém, ainda mais
sendo quem eu era. Já gostei de alguns de forma platônica, claro, e isso quero
falar do padeiro um ano mais velho que eu na época que trabalhava na esquina
onde já fiz ponto e outro rapaz que sempre passava por mim a mesma hora indo
para a faculdade e me sorria lindamente. Perdi o encanto quando o vi com outra
mulher e um filho pequeno.

Agora ter o Benjamin é totalmente diferente. É algo que eu nunca senti
antes. Um desejo de ser melhor por alguém e dar o meu máximo para fazer esse
alguém a pessoa mais feliz do mundo. É sorrir sozinha sabendo que quando
acordar, ele vai estar dormindo ao meu lado e que não será um sonho. É o olhar
se arrumando neste exato momento em frente ao espelho e o adorar
silenciosamente.

—Eu não vou resistir se você continuar me olhando assim. —Sua voz
soa me fazendo piscar várias vezes e sentir as bochechas arderem.

—Desculpa. Sabia que você é meu primeiro namorado ? —Pergunto e
ele para de se arrumar para me olhar.

—Está brincando ?

—Não. Eu sei que é difícil de acreditar, mas é verdade. Eu já gostei de
pessoas, mas ninguém nunca me pediu em namoro de verdade.

—Nem o Justin ?

—Nem o Justin. —Sorrio e ele vem até mim. —Você é o primeiro e
quero que seja o único e último.

—Tenho que ser. —Segura meu rosto e beija minha testa. —Fico feliz
por ser o primeiro homem que tenha tido seus maiores sentimentos. Eu te amo.

—Eu também te amo.

Estava frio e com um pouco de chuva caindo, mas pedimos que o hotel
chamasse um táxi e saímos depois que o mesmo chegou. Compramos os bilhetes
para o Grande Showman pela internet e eu não me aquietava no banco querendo
chegar logo.

Meus dedos estavam entrelaçados nos de Benjamin em cima da sua perna
enquanto o mesmo falava ao telefone com a Donna, mas soltei quando senti meu
celular vibrando no bolso do sobretudo preto que usava. Tirei do bolso e quando
abri a mensagem de número privado, estremeci.
“Você estava linda na sacada daquele restaurante. Com certeza você não
me viu, mas fica sabendo de uma coisa: Eu te vejo sempre. Vadia!”

Engoli em seco sabendo que a minha impressão não foi à toa. Tinha
alguém me observando e eu senti isso. Fico tentando pensar em várias pessoas e
alternativas para alguém ter me mandado uma mensagem anônima, mas não
consigo. Talvez seja algum cliente infeliz que me viu por acaso e decidiu mandar
uma mensagem assim, talvez seja alguém tentando me botar uma peça de muito
mau gosto, talvez seja alguma antiga paquera do Benjamin que me viu com ele e
agora me odeia. Claro! Estamos na cidade onde ele nasceu. É a única resposta
plausível para isso. Mas mesmo assim! Como alguém conseguiu o meu número
de celular?

Volto a realidade quando o táxi para em frente ao Eletric Cinema e
guardo o celular novamente no bolso, mas a sensação estranha ainda me
persegue. Saio olhando para os lados como se fosse encontrar alguém escondido
atrás de algum poste, sentado com algum livro na frente do rosto, mas tudo
parece estranhamente normal.

—Está tudo bem ? —Benjamin pergunta entrelaçando nossos dedos
enquanto entramos para o cinema.

—Sim, está tudo bem. —Minto. Eu deveria falar sobre a mensagem, mas
não quero o preocupar à toa sobre as piadas de mau gosto de alguém que não
tem o que fazer.

Ainda faltava alguns minutos para o filme, então fomos para a fila
comprar as pipocas e refrigerante. Quando chegou a minha vez, o celular do
Benjamin tocou e ele saiu da fila para ir a um canto atender. Depois de pegar e
pagar as coisas, fui ao seu encontro podendo ouvir um pouco da conversa.

—O quê ?! … Você está de brincadeira comigo, Gary ? … Na porta da
empresa ? … E quem diabos foi o maluco que colocou isso aí ? … A polícia ? …
Se acalmar o caralho! Alguém se feriu ? … Puta que pariu! … Tudo bem, tudo
bem. De manhã estarei aí … Okay, tchau.

Eu não sabia o que dizer ouvindo aquilo. Algo me falava que o que
aconteceu foi muito mau e só me fazia lembrar a mensagem e as sensações que
senti. Um Benjamin completamente transtornado e com um semblante que eu
nunca tinha visto se vira para mim

—Precisamos voltar para Boston agora!
Capítulo 32

Benjamin

—Você quer me falar o que está acontecendo ou eu vou ter que perguntar
outra vez ? —A Louise fala ao meu lado me deixando ainda mais estressado. Eu
não conseguia pensar direito depois da notícia que recebi do Gary.

—Alguém colocou uma bomba artesanal em frente a empresa e
machucou uma pessoa. —Disse tentando demonstrar calma e ela me olhou
assustada.

—O quê ?

—O Gary não me explicou detalhes, mas os bombeiros e o esquadrão
antibombas foram acionados quando uma explosão em frente a empresa
machucou uma pessoa que passava perto. —Continuei, esfregando o rosto com
as mãos.

—Foi muito grande ? Foi grave ?

—Não foi tão grande, mas não sei se foi grave.

—E quem fez isso ?

—Eu não sei, Louise! —Grito a fazendo se assustar com meu surto e
logo me arrependo: —Amor, desculpa. Eu não queria ter falado assim.

—Está tudo bem. —Diz compreensiva. —Mas foi algo relacionado com
a empresa ?

—Ainda não sei. Não sei de muita coisa. Só vou ficar por dentro de tudo
quando chegarmos a Boston.

—Relaxa. —Sinto sua mão quente cobrindo a minha. —Vai ficar tudo
bem.

—Desculpa ter estragado nosso passeio, seu cinema …

—Teremos tempo para isso depois. Agora a empresa é o mais importante.

—Eu te amo muito.

—Eu também te amo. —Diz e beija meus dedos. Arrumo nossas
poltronas de forma mais confortáveis dentro do meu jatinho e a puxo para meu
colo nos cobrindo com o cobertor grosso. A aperto contra meu corpo colocando
o queixo na sua cabeça e respiro fundo.

Eu não faço a mínima ideia do motivo de uma bomba ter ido parar em
frente a minha empresa, mas estou com um pressentimento nada bom quanto a
isso.

—Eu não sabia que você tinha um jatinho particular. —Sua voz fala
baixinho junto do meu peito e eu sorrio beijando sua testa.

—Temos.

—É meu também ?

—Sim, é seu também.

(…)

Chegamos em Boston algumas poucas horas depois e carrego a Louise
no colo enrolada no cobertor para o carro do Gary que estava nos esperando no
heliponto. Ela dormia profundamente e julguei ser do cansaço, mas menos mal,
não a quero assustada por conta disso.

O sol ainda não havia nascido, mas pela movimentação do lugar nem se
julgava que ainda eram três da manhã.

—E então ? —Pergunto sentando no banco de trás com ela no meu colo.

—O negócio parece ser pessoal. —Gary diz por fim e eu estremeço. —
Ainda não temos todas as informações que queremos. As câmeras de segurança
foram levadas pela perícia e pelo que soube em antemão, parece que alguém
colocou na frente da empresa de propósito.

—Mas por quê ?

—Essa é a pergunta que não quer calar. —Ele me olha frio pelo espelho.
—Já fique sabendo que você vai ser interrogado por pelo menos duas gerações
quando chegarmos.

—E a moça que foi ferida ? Como ela está ?

—Bem. Os ferimentos foram superficiais e ela vai sobreviver, mas a
imprensa já sabe.

—Como ?

—Se espalhou feito fogo. Está em vários sites e na televisão também. As
pessoas estão querendo entrevistar você sobre o acontecido.

—Mas eu ainda nem sei o que está acontecendo. O que eu vou falar ?

—Também não sei, irmão, mas algo me diz que isso não cheira a coisa
boa.

A Louise não acordou durante o tempo de viagem e eu agradeci por isso.
Era de madrugada, mas eu ainda tinha muito o que me preocupar. Enquanto a
perícia e a polícia vasculhavam a empresa, não podíamos fazer nada, então
fomos aconselhados a irmos para casa e ficarmos de olho em qualquer coisa
mais estranha. E foi o que eu fiz.

(…)

Pela manhã o caos estava formado. Meu celular não parava de tocar, e
quando percebi que era para saberem se eu podia dar entrevistas, passei a ignorar
as chamadas. Deixei a Louise em casa com minha mãe mesmo contra sua
vontade e fui cedo na delegacia saber como estava o andamento das coisas.

—Bom dia, sou o delegado responsável Jack Lews. Você deve ser
Benjamin Connor. —Um homem por volta dos quarenta anos e quase da minha
altura estendeu a mão.

—Sim, sou eu mesmo. Prazer, delegado. O que o senhor tem para me
falar ?

—Bom, sente-se. —Apontou para uma cadeira a frente da sua mesa e
sentei enquanto ele sentava na sua. —Começamos as análises das câmeras de
segurança cedo e o esquadrão antibombas já descartou a possibilidade de novas
bombas em raios de quilômetros perto da Global Connor’s, porém nem todas as
notícias são animadoras.

—Estou atento.

—Isso que aconteceu foi um ataque criminoso.

—Como ? —Quase saltei. —Criminoso ?

—Exatamente. Examinamos as câmeras, a bomba, testemunhas oculares
e elas mostram claramente alguém depositando o artefato no local. —Ele me
vira a tela do seu computador e eu olho as imagens passando na minha frente.

Nos primeiros segundos não acontecem nada de anormal para mim, mas
logo uma pessoa com silhueta de homem e vestido com roupas escuras aparece
na imagem carregando uma mochila nas costas. Na cabeça usa um chapéu e
mesmo sendo de noite, tem óculos escuros cobrindo os olhos para não ser visto
pelas câmeras.

Em questão de poucos minutos, ele parece falar ao celular praticamente
na porta da empresa e olha para os lados como se tivesse procurando algo com
os olhos. Logo o sujeito desliga o celular e olhando para os lados para ter certeza
que não está sendo visto pelas poucas pessoas presentes que passam no local, ele
se abaixa perto da parede e mexe em algo dentro da mochila. Pouco depois se
levanta, olha para as câmeras e sai como se nada tivesse acontecido deixando a
mochila no local, mas antes o vejo jogando algo junto de um cesto de lixo perto
da parede. Fico ainda atento as imagens e no exato momento que uma moça
passa em frente a empresa, a bomba explode a fazendo cair assustada e atônita.
Algumas pessoas correm e mesmo com dificuldade, a moça levanta e também
corre. É quando as imagens param.

—Bom, essa é a parte mais relevante.

—Quem poderia ter feito uma coisa dessas ? —Levo a mão a boca
transtornado.
—Eu quem deveria fazer essa pergunta, senhor Connor. —Ele pega uma
caderneta e uma caneta. —Terei que te fazer algumas perguntas para podermos
investigar melhor.

—Estou as suas ordens.

(…)

Saí da delegacia duas horas e meia depois. Minha cabeça estava ainda
mais confusa desde que entrei. O delegado Lews me fez várias perguntas sobre
possíveis inimigos e pessoas que queriam me ver na pior, mas eu não soube
responder ninguém. É “normal” pessoas importantes e bem-sucedidas serem
alvos de inveja e isso não valia somente para mim, mas naquele momento eu não
tinha de quem desconfiar. Porém, sabia que quem quer que fosse, estava de olho
em mim tem algum tempo.

O Gary também foi interrogado por ser o meu braço direito na empresa e
assim como eu, ele também não desconfiava de ninguém. Fomos recomendados
a ficar de olhos abertos e melhorar a segurança não só dentro da empresa, mas
também fora e principalmente manter os familiares e pessoas queridas em
segurança. Algo mexeu dentro de mim nessa parte e logo pensei na Louise.

—Amor! —Cheguei em casa aos gritos. —Louise, você ainda está aí ?

—Oi, estou. Calma! O que houve ? —A vi descendo as escadas e me
senti aliviado. Corri na sua direção e a abracei. Ela não entendeu e muito menos
eu, mas eu queria sua segurança acima de tudo.

—Você está bem ? —Perguntei me afastando e segurando seu rosto entre
as mãos.

—Eu estou bem. O que aconteceu ? Como foi na delegacia ?

—Foi um atentado criminoso.

—Como ? —Ela empalideceu.

—Ainda não sabemos quem ou porquê, mas o delegado disse que
deveríamos redobrar a segurança na empresa. Quem quer que tenha sido ainda
está de olho em mim.

—Amor …

—Mas relaxa. Está tudo sob controle. Não vou deixar que nada aconteça
com você, tudo bem ? —Beijei sua testa voltando a lhe abraçar e ela fez que sim
com a cabeça.



Louise

Eu não estava preocupada comigo. Estava preocupada com o Benjamin.
A intenção de quem colocou aquela bomba em frente a empresa foi para lhe dar
algum recado e eu temia por isso. Eu não queria sair da sua casa, queria ficar
perto dele o tempo todo nem que fosse para garantir que ele ficaria bem, mas eu
tinha que ver a Kim. Ainda não tinha ficado com ela desde quando cheguei de
Londres e estava com saudades.

—Meu amor! —Ela falou assim que entro em casa e pula nos meus
braços. —Eu estava com saudades. Achei que tinha me abandonado.

—Abandonado ? Nunca! —Sorrio a apertando e nos sentamos no sofá.
Logo seu sorriso morre.

—Está em todos os lugares.

—Eu sei. —Digo mordendo os lábios. —Eu estou com medo pelo
Benjamin.

—Eu estou com medo por você. —Toca meu peito com o indicador. —
Essa pessoa louca quer afetar o Benjamin e agora você faz parte dele.

—Será que não é só alguém querendo chamar a atenção com uma
brincadeira de mau gosto ?

—E usando uma bomba artesanal perigosa para isso ? Só se for um
psicopata com mau gosto.

—Eu não sei. Tem uma coisa que aconteceu e eu não contei ao Benjamin.

—O quê ? —Pergunta e lhe mostro a mensagem que recebi no celular.

—Recebi em Londres e tive a sensação de que estava sendo observada.

—Lou, isso é loucura! Como você não falou ao Benjamin ? Tem alguém
na cola de vocês! —Falou saltada no sofá.

—Eu não tinha pensado nisso. Achei que tivesse sido alguma mulher que
foi para a cama dele e agora estava querendo me assustar.

—E uma bomba ser explodida no mesmo dia ? Eu não sou especialista,
mas assisti 12 temporadas de CSI e isso não está me dizendo coisas muito boas.

—E o que eu faço ?

—Conta para ele.

Depois de tomar um banho, saí para comer alguma coisa. Ainda não
tinha contado para o Benjamin e preferi ir na sua casa para falar pessoalmente. A
Kim havia saído há alguns minutos com o Gary e me recomendou em deixar a
porta trancada. Eu estava me sentindo observada o tempo todo depois das suas
teorias e queria acreditar que logo tudo iria passar. Tudo não passaria de uma
brincadeira de mau gosto.
Vesti roupas confortáveis e pensei em mandar mensagens ao Ben falando
que tinha algo para lhe contar e que estava indo ao seu encontro, mas sabia o
quanto ficaria louco e pediria que falasse por chamada, então descartei a opção,
mesmo sabendo que ele ia ficar com muita raiva por não ter contado antes.

Arrumei uma bolsa pequena, peguei as chaves do carro junto com o
celular e me dirigi para a porta depois de conferir que as janelas estavam
devidamente fechadas. Assim que abri, me deparei com a pessoa que nunca mais
esperava encontrar

—Pai ?

Milhares de memórias passaram pela minha cabeça em questão de pouco
tempo como se minha vida estivesse perto de acabar, mas a maioria delas eram
ruins. Senti meus olhos se encherem de lágrimas imediatamente por estar perto
do homem que deveria cuidar de mim, mas que me abandonou, me fez sofrer,
assim como também fez a minha mãe. O homem que me via como algo
descartável e que nem quando eu mais precisei dele foi capaz de me estender a
mão. Eu não queria chamá-lo de pai, pois aquilo era algo que ele já não era para
mim, mas foi instinto. Foi repentino.

—O que você está fazendo aqui ? —Perguntei dando alguns passos para
trás.

—Louise. —Sua voz saiu baixa e ele permaneceu parado. Eu não sabia o
que esperar. Meu coração estava acelerado. —Filha ...

—O que você está fazendo aqui ? —Repeti engolindo em seco. —O que
quer ?

—Eu tive tantas saudades suas, filha.

—Não chega perto de mim! —Falei fria quando ele ameaçou andar na
minha direção, mas logo estancou. —Quem te deixou entrar ?

—Eu sei que não deveria. Você já seguiu sua vida, mas eu estive tanto
tempo a sua procura.

—Mentiroso!

—É verdade. Eu fui um idiota quando me deixei levar por aquela mulher
e não te quis quando me ligaram. Eu fui um burro.

—Como você entrou aqui ?

—A portaria estava vazia e aproveitei que uma moradora abriu o portão.

—Eu quero que vá embora da minha casa.

—Filha …

—Saia!

—Eu te vi nos jornais. Você está ainda mais linda! —Me olha de cima a
baixo e me sinto nua. Seu olhar não era normal. Era sádico e impróprio.

—Eu não vou te pedir para sair novamente. —Olhei para os lados
procurando algo para me defender.

—Eu não vou te fazer mal. Só te vi na televisão e vi como você melhorou
de vida. Você parece tanto com sua mãe. —Ele deu alguns passos para dentro e
eu recuei.

—Não ... Chega ... Perto ...!

—Do que você tem medo ? Eu sou seu pai, não lembra ?

—Não. Você não é meu pai. Você é alguém que negou a mão a sua
própria filha quando ela mais precisou e agora está de volta para tentar se
aproveitar. Eu tenho nojo de você! —O olhei de cima a baixo cuspindo as
palavras e sentindo meu sangue acelerar. Podia ouvir as batidas do meu coração
pulsando nas minhas têmporas e algo me deixava em alerta.

—Sim, você tem razão! —Sorri cínico. —Eu neguei a mão e negaria
outra vez. Sabe por quê ? Se duvidar você nem minha filha é. A vadia da sua
mãe não valia nada e devia ter transado com o bairro todo.

—Cala sua boca imunda antes de falar da minha mãe, seu doente! —
Gritei. —Saia da minha casa!

—Vamos lá! Você está rica e famosa. Nem sei porquê de morar nessa
pocilga já que namora um multimilionário. Eu estou precisando de grana.

—Vai se foder!

—Não lembro de ter te educado para ter a boca tão suja, Louise Maria.
—Ri ainda mais e quanto mais se aproxima, mas sinto o cheiro de álcool vindo
dele.

—Não se aproxime mais ou eu te acerto. —Pego o abajur na mesinha ao
lado do sofá e ele ri.

—Você não teria coragem de fazer isso. —Sorri e antes que termine a
frase, jogo o abajur com força e o mesmo se quebra na sua cabeça. Ele
cambaleia e é o tempo que corro para a porta.

—Socorro! —Grito o mais alto que posso, mas o sinto me segurar e
puxar de volta. Ele tranca a porta e eu me alarmo. —Me solta!

—Cala a boca! Eu só quero dinheiro.

—E eu quero que você morra. Socorro! —O mordo e ele me solta. Corro
para a cozinha para pegar algo que me defendesse, mas ele vem atrás e me
segura antes. —Alguém me ajuda! Socorro!
—As pessoas vão ouvir, sua idiota! —Puxa meu cabelo e eu acerto uma
cotovelada na sua barriga. Saio correndo para trás do sofá procurando meu
celular.

—Socorro! Socorro!

—Louise ? Louise, abre a porta! —Escuto a voz do Benjamin do outro
lado da porta socando a madeira e meu coração acelera quando o homem que
deveria ser meu pai pegar uma faca.

—Benjamin, me ajuda! É meu pai e ele tem uma faca! Socorro! —Grito
para que ele ouça e no instante seguinte ouço um estrondo. A porta vai ao chão e
ele entra como um raio. Meu pai mal tem reação, pois é derrubado violentamente
e a faca vai parar longe. Os dois começam a rolar se acertando com
agressividade no chão, mas o coitado mal tem chance contra a força e
imponência do Benjamin.

O barulho dos socos são altos e vejo as veias do pescoço de Benjamin
saltarem enquanto ele está sentado em cima da barriga do meu pai o socando
forte. Eu permaneço imóvel no mesmo lugar, e pode soar mal, mas não tenho
intenção nenhuma de ir apaziguar a situação.

—Foda-se! Benjamin, calma! —O Gary entra correndo pela porta junto
com a Kim que vem me abraçar. Ele tenta tirar o Benjamin de cima do homem já
quase desacordado e completamente ensanguentado, mas ele parece possuído e
não larga de jeito nenhum.

—Eu vou matar esse filho da puta! —Ele grita. —Vou te fazer se
arrepender por ter tocado nela!

—Benjamin, você vai matar o velho. —Gary o puxa com dificuldade o
afastando.

—Me solta, Gary! Eu vou te quebrar na porrada depois se você não me
soltar!

—Que porra! Você está matando ele.

—É minha intenção. Me solta, caralho!

—Não! Para! Sua namorada precisa de você. —Fala e pela primeira vez
ele olha para mim. Seus olhos vermelhos de ódio se encontram com os meus
cobertos de lágrimas e ele corre na minha direção me apertando forte.

—Desculpa. Desculpa, meu amor. —Sua voz sai arrependida. Suas mãos
quase cobrem minhas costas por inteiro e ele beija meus cabelos. —Você está
bem ? Ele te machucou ?

—Eu estou bem. Mas eu tive medo! —Murmuro olhando para seu rosto e
começo a chorar de novo.

—Está tudo bem agora. Eu estou aqui. Ninguém vai te fazer mal.



Benjamin

Não estamos a tanto tempo juntos, mas eu já sabia reconhecer quando
algo estava estranho com a minha namorada. Eu sabia que ela tinha algo para me
falar e estava ansiosa para isso, o que me deixou também. Talvez esse seja o
motivo dela ficar perguntando o tempo todo por mensagem se eu ia sair de casa.
Eu não fazia a mínima ideia do que era, mas não aguentei esperar e fui até seu
apartamento.

Assim que saí dos elevadores e me aproximei do seu apartamento, ouvi
seus gritos de socorro e me desesperei. Corri e tentei abrir a porta, mas estava
trancada e eu estava ficando perturbado já. Ouvia barulho de coisas caindo na
parte de dentro e liguei para o Gary pedindo para ele vir me encontrar urgente.
Não sabia porquê lhe chamei, mas quando Louise falou que era seu pai, eu sabia
que iria o matar se alguém não me afastasse dele.

Pego distância da porta e em um só golpe, a derrubo com violência. O
homem mal tem tempo de reagir e vou para cima dele sentindo todo meu ódio
sendo expelido naquele momento. Ele mal tinha chances comparado a mim e eu
não gostava disso, preferia que meus adversários tivessem força para me
enfrentar, mas ele era exceção. Eu ira destruir quem quer que fizesse mal a
Louise. Seja lá quem for.

—Foda-se! Benjamin, calma! —Sinto as mãos do Gary tentando me
puxar com força de cima do homem quase desacordado, mas minha fúria não
deixa que eu o solte.

—Eu vou matar esse filho da puta! —Grito e continuo lhe socando. —
Vou te fazer se arrepender por ter tocado nela!

—Benjamin! —O Gary continua me puxando e me afasta.

—Me solta, Gary! Eu vou te matar também se você não me soltar!

—Que porra! Você está matando ele.

—É minha intenção. Me solta!

—Não! Para! Sua namorada precisa de você. —Ele fala e pela primeira
vez desde que entrei eu olho para a Louise. A Kim está abraçada com ela lhe
confortando. Parece assustada com toda a situação. Seus olhos cheios de
lágrimas me machucam e eu me solto do Gary correndo na sua direção. Estava
com tanta raiva que me esqueci dela.

—Desculpa. Desculpa, meu amor. —Peço arrependido a apertando
contra mim sem me importar de lhe sujar de sangue e beijo seus cabelos. A
afasto lhe analisando para ver se está machucada. —Você está bem ? Ele te
machucou ?

—Eu estou bem. Eu tive medo! —Ela murmura me olhando nos olhos e
volta a chorar. Eu sinto ainda mais raiva do homem que deveria ser seu pai e
queria continuar lhe batendo, mas apenas a abraço.

—Está tudo bem agora. Eu estou aqui. Ninguém vai te fazer mal.

Ela abraça minha cintura forte e eu continuo a abraçando com cuidado.
Olho para seu pai ainda vivo no chão e vejo o Gary ligando para a ambulância.

—Precisa de alguma coisa, irmão ? —Chega ao meu lado e põe a mão no
meu ombro. A Louise se afasta e a Kim lhe abraça, então me viro para ele.

—Quero esse cara preso.

—Entendido. —Volta a pegar o celular. —Mais alguma coisa ?

Olho para a Louise que está com a cabeça deitada no ombro da Kim. Tão
frágil. Tão inocente. Tão doce.

—Quero que contrate os melhores seguranças que você conhece pra já!



Louise

Uma semana depois e eu ainda estava com a cabeça nos últimos
acontecimentos. Depois que a polícia e a ambulância chegaram no meu
apartamento, tivemos que ir a delegacia para depor e como se fosse uma maneira
de vingar a morte da minha mãe e, por algum motivo, fazer com que ela
finalmente descansasse em paz, eu falei tudo. Não medi detalhes sobre como
meu pai sempre foi e o que ele tinha feito quando entrou no meu apartamento.
As lágrimas caíam dos meus olhos sem os meus comandos sempre que falava,
mas o Benjamin estava do meu lado o tempo todo e era isso que me dava mais
alívio.

Minha cabeça estava tão cheia que dois dias depois lembrei que tinha
esquecido que ia falar ao Benjamin sobre as mensagens, mas não o queria lhe
preocupar ainda mais, então adiei um pouco. Ele praticamente obrigou a Kim e
eu, a sairmos daquele apartamento. E sem nosso conhecimento, comprou um
apartamento maior e melhor. Eu briguei bastante com ele depois disso, mas sabia
que Ben queria apenas minha segurança. Porém, quando fiquei sabendo que
agora eu tinha um segurança particular e nem sabia disso, não me aguentei mais.

—Não tem necessidade disso, Benjamin. —Falo pra ele quando estamos
na mesa de um restaurante esperando nosso almoço e olho para a porta onde tem
um homem mais parecido com um guarda-roupa vestido de terno e olhando para
todos os lados atento com um rádio comunicador.

—Não ? E o que aconteceu há uma semana atrás ? Já esqueceu ?

—Mas já mudamos de apartamento. Meu pai … Aquele homem não vai
mais me procurar, fora que está preso.

—Não é só com ele, amor. É com todos. Ainda não descobrimos quem
colocou aquele artefato em frente a empresa e, além disso, quero garantir a sua
segurança.
—Tudo bem. —Sorrio e pego na sua mão por cima da mesa. —Mas era
exatamente sobre isso que queria falar com você aquele dia e acabei esquecendo.

—Como assim ? —Pergunta e pego meu celular. Abro a mensagem e
estendo na sua direção, mas antes que ele pegue, puxo de volta.

—Promete que não vai brigar comigo ?

—Eu prometer não vai adiantar de nada. —Sorri e eu mordo os lábios o
entregando. Ele passa os olhos pela mensagem e me olha: —Que porra é essa,
Louise ?

—Eu recebi quando estávamos em Londres.

—E você acha que eu não vi a data ? Que porra! Por que não me falou
antes ? —Se exalta jogando o celular em cima da mesa.

—Eu não tive tempo e depois do que aconteceu... acabei esquecendo.
Também não queria te preocupar. —Falo apertando uma mão na outra e ele
apoia os cotovelos na mesa passando a mão forte nos cabelos.

—Não vê que isso é sério ? Não viu o que estava acontecendo esses dias
e que essa mensagem pode ter alguma coisa a ver com tudo isso ?

—Eu achei que fosse alguma ex querendo me irritar.

—Que ex, Louise ? Eu não tenho porra de ex nenhuma! Minha primeira
namorada de verdade desde meus dezessete anos foi você. —Fala como se fosse
pouca coisa, mas abro um sorriso.

—Sério ?

—Nem vem com essa carinha que não me convence. —Evita me olhar e
eu me inclino segurando seu rosto o fazendo me fitar.

—Eu não sabia disso.

—Agora sabe. Porra! Você não devia ter escondido isso.

—Eu sei. Me desculpa.

—Está vendo o motivo de eu querer seguranças pra você ? —Pergunta e
eu faço que sim com a cabeça me sentando direito. Ele pega minha mão por
cima da mesa e aperta carinhosamente. —Prometa que não vai mais me esconder
nada, por favor.

—Eu prometo.

Ele sorri e engole em seco antes de pegar minha mão e beijar. Eu via o
cuidado comigo em seus olhos e sabia o quanto estava preocupado com meu
bem estar. Peguei sua mão e beijei seus dedos.

—Eu te amo. —Disse e ele sorriu balançando a cabeça.

—Eu não consigo ficar bravo com você, mulher. Eu te amo de mais para
isso.

(…)

Outra coisa que estava me deixando intrigada na última semana era a
Kim. Ela estava diferente. Distante. O Gary até chegou a me chamar para uma
conversa querendo saber o que ela tinha, dizendo que ela quase nunca queria
mais sair com ele e quando saía, ficava com a cabeça em outro lugar. Eu não
soube o que lhe responder e até tentei conversar com ela, mas Kim não dizia a
verdade. Dizia que estava pensativa e preocupada com o que estava
acontecendo. Parte de mim queria acreditar que era realmente isso, mas algo
ainda maior me dizia que não era.

Depois que saímos do restaurante, o Benjamin disse que teria uma
comemoração a noite de um daqueles amigos que cheguei a conhecer e me
convidou para ir junto. Mesmo eu imaginando que a tal Cloe e sabe-se lá quem
mais estaria, eu confiava nele e recusei. A Kim não iria sair também e eu queria
ficar com ela.

—Tem certeza ? —Ele perguntou parando em frente ao edifício onde
agora eu morava. O lugar era em um condomínio fechado e quando soube o
valor que ele pagou, fiquei de queixo caído. Era bem mais lindo e confortável
que o meu. O carro do meu segurança parou logo atrás.

—Sim. A Kim está diferente. Eu quero ficar com ela.

—Está mesmo! Nunca mais implicou com meu cabelo na empresa. —
Disse fazendo careta e eu sorrio.

—Pois é. Eu tenho medo do que ela esteja passando.

—Ela confia em você. Você vai saber o que fazer. —Disse pegando no
meu joelho e me trazendo para mais perto de si. —Promete que vai se cuidar ?

—Prometo. —Beijei a ponta do seu nariz. —Se cuide também. Nos
vemos amanhã.

—Amanhã ? Ainda venho aqui depois da festa para me acabar nessa sua
boceta mágica. —Morde meus lábios e minha intimidade estremece.

—Estarei te esperando. —Lhe beijo ainda mais e logo saio do seu carro.
—Me manda mensagem depois.

—Pode deixar. Eu te amo.

—Eu também te amo. —Mando um beijo e como se fosse um ritual, o
segurança sai do carro e me acompanha para dentro. Só então Benjamin vai
embora. Assim como eu, a Kim também anda com um e além desses, dois deles
sempre ficam rondando o edifício como uma escolta para ficarem atentos a tudo
que acontece.
Entro nos elevadores e saio quando chego ao meu andar. O segurança
sempre vem atrás de mim e vejo o quanto fica atento para cada canto do corredor
como se tivesse alguém escondido dentro das paredes prestes a me atacar.
Quando me aproximo da porta, enfio a chave na fechadura.

Assim que abro, vejo a Kim parada no meio da sala de costas para mim.
De início não entendo nada e já estava prestes a abrir a boca e soltar uma piada
quando ela se vira. Seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas me deixam em
alerta pensando no que pode ter acontecido, só então desço o olhar para sua mão
e a vejo segurando um teste de gravidez.

Volto a levantar os olhos para ela como se perguntasse em silêncio o que
se passava e sua resposta é apenas um aceno positivo com a cabeça enquanto
prende os lábios segurando o choro. Minha reação é largar tudo que estou
segurando e correr para lhe abraçar. Ela chora compulsivamente no meu ombro e
sem que eu espere, também começo a chorar.

—Calma. Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.
Capítulo 33

Louise

Depois do meu choque ao chegar em casa, deixei que a Kim se acalmasse
e lhe trouxe um copo de água enquanto a mesma ficava no sofá apenas olhando
para o teste de gravidez positivo nas mãos. Eu ainda não tinha falado muito. Não
sabia o que dizer e nunca fui preparada para essa situação, mas ela precisava
ainda mais de mim e eu não podia vacilar.

—Obrigada. —Disse baixinho pegando o copo e bebendo quase nada do
conteúdo.

—O teste não pode estar errado ? —Perguntei e ela fez que não com a
cabeça.

—Eu sei que não está. Eu estava me sentindo diferente têm alguns dias,
enjoos, essas coisas. Acho que nem precisava desse teste para ter a certeza. —
Falou o jogando em cima da mesinha de centro. —Como eu posso ter sido tão
negligente, Lou ?

—Não fica assim. Calma. É do Gary, não é ?

Ela faz que sim com a cabeça mordendo os lábios e eu continuo.

—Ele já sabe ?

—Claro que não! Ele nunca mais vai querer olhar na minha cara. Vai
achar que sou uma aproveitadora. O que eu faço ? —Seus olhos se enchem de
lágrimas e ela volta a chorar com as mãos cobrindo o rosto.

—Você não estava se prevenindo ? O que aconteceu ?

—Eu não sei. Eu usava pílula normalmente, só não usava preservativo.

—Você sabe que as pílulas não são totalmente eficazes, Kim.

—Eu sei, mas ele pedia para não usar preservativo e eu deixei. Eu gosto
dele, Lou. Fazer sexo com ele era diferente. Não era mais apenas sexo, entende ?
—Me olhou com os olhinhos vermelhos e a boca trêmula. Eu sorri

—Entendo muito bem. —A abracei mais forte. —Quando vamos contar
para ele ?
—Eu não sei. Eu não quero contar e …

—Não vai tirar, não é ? —A encarei e ela deu um salto.

—Claro que não! Eu não sou assim. Se ele não quiser, eu vou entender e
posso me virar sozinha, só não sei como falar.

—Eu não acho que o Gary seja o tipo que vai te rejeitar ou rejeitar um
filho. Ele já demonstrou tantas vezes que gosta e se importa com você.

—Eu sei, mas ainda nem namoramos. Temos alguma coisa, mas nada
assumidamente. Tenho medo da reação dele.

—Ele é um amor de pessoa, Kim. Você sabe disso tanto quanto eu. —A
olho com ternura e aliso sua barriga sem vestígios de absolutamente nada. —
Agora você carrega uma vida dentro de você.

—É verdade. —Ela sorri boba e também alisa a própria barriga. —É
diferente. Eu me sinto estranhamente feliz. Nervosa e assustada, mas feliz.

—É o que um filho pode causar. Era por isso que você estava estranha a
semana inteira ?

—Sim. Eu estava com medo. Estava desconfiada e nervosa demais para
interagir.

—O Gary me interrogou várias vezes para saber o que você tinha.

—Tadinho. Eu o ignorei muitas vezes.

—Acho melhor você conversar com ele o quanto antes. Ele precisa saber.

—Você não vai falar nada para ele, Lou. Nem para ele, nem para o
Benjamin e nem para ninguém, por favor.

—Tudo bem, mas algo me diz que quanto mais você demorar, mais
irritado ele vai ficar.



Benjamin

—Eu vou pedir a Kim em namoro. —O Gary fala entrando na minha sala
com um sorriso maior que a cabeça.

—Ainda não pediu ? Cuidado que o ônibus pode passar e você perder. —
Retribuo o sorriso e aponto para cadeira na minha frente.

—Acha que eu já deveria ter pedido ?

—E está esperando o que mesmo ? Vocês já saem tem um tempo e você
já até se declarou para ela. Só falta oficializar.

—Eu queria ter feito faz tempo, mas não tive coragem. Tinha medo dela
recusar e eu ficar na merda.

—Acha que ela vai recusar ? Você nem parece meu melhor amigo.
—Não sei. Ela é cheia de problemas, cara.

—Calma lá! —Levanto a mão o fazendo se calar. —Você não está
atrasando só por ela ter sido prostituta não, né ? Porque se for, vou ser obrigado a
quebrar sua cara.

—Não, porra! Claro que não! Eu sou louco naquela mulher e isso é o de
menos para mim. Eu não ligo se ela tem problemas nenhum, porque por mim eu
quero o pacote completo, mas é por ela. Acho que não confia em mim.

—Ela é durona, mas é tão frágil quanto a Louise, Gary. Ela só precisa de
cuidado.

—E eu quero cuidar dela. —Vejo sinceridade na voz e nos olhos do meu
amigo.

—Então não perde mais tempo. Corre atrás da mulher da sua vida.

—Igual você fez ?

—Exatamente. Igual eu fiz.

(…)

Antes do Gary sair da minha sala, começamos a falar sobre como
estavam andando as coisas relacionadas a bomba. A polícia ainda estava
trabalhando, mas ainda não tinha descoberto quem foi o autor. Já fazia quase
uma semana e eu já tinha sido chamado na delegacia duas vezes. Os sites não
paravam de falar nisso e agora eu estava na mídia mais do que queria. Rolavam
fotos minhas entrando e saindo, e o telefone na mesa da minha secretária não
parava de tocar.

Eu fiquei ainda mais desconfiado dessa bomba depois da mensagem que
a Louise havia recebido e quando tentamos rastrear para saber quem tinha
enviado, descobrimos que era um celular privado e descartável. Sem chances.
Nessas horas já estava em um lixão qualquer completamente destruído. Fora
isso, nada de estranho tinha acontecido e aos poucos eu estava esquecendo tudo.

No dia anterior havia recebido uma chamada do Thaddeus e quase não
iria atender. Depois do que aconteceu no aniversário da sua filha e da forma que
ela e a mãe trataram minha namorada, nunca mais tínhamos nos falado, só que
acabei por atender. Ele primeiramente quis se desculpar pelo que tinha
acontecido. Disse que não era a intenção nem dele e nem das outras ofenderem a
Louise e que queriam se retratar. Eu ainda não tinha aceitado e disse que iria ver
minha agenda, mas na verdade queria falar com a Louise a respeito. Eu só iria se
ela fosse ou concordasse com isso. Se isso não acontecesse, eu não via motivos
para ir. Afinal de contas, foi a ela que eles ofenderam.

—Posso entrar ? —Ouvi sua voz falando baixinho abrindo a porta
devagar e sorri tirando os olhos do computador. Ela usava um vestido preto
apertado da cintura até os joelhos. O decote era comportado, mas capaz de me
deixar duro só de imaginar caindo de boca no que ele escondia.

—Já sabe que não precisa pedir para entrar, amor. Tem permissão para
isso quando quiser.

—É que prefiro perguntar do que te pegar transando com outra. —Diz e
fecho a cara, então ela ri: —Estou brincando.

—Não tenho mais desejos por outras desde quando provei sua boceta. —
A puxo pelo braço e a sento de lado no meu colo. Meu pau começa a dar sinais
de vida e ela ri. Seguro seu rosto e a beijo os lábios com chupões de leve.

—Vou fingir que acredito. —Sorri parando de me beijar. —Por que me
chamou aqui ?

—Então … Prometa que não vai brigar e nem gritar comigo.

—Que merda você já fez, Benjamin ?

—Calma, nervosinha. Eu não fiz nada.

—Então por que quer que eu prometa algo ? —Cruza os braços se
levantando e ficando na minha frente. Também me levanto e seguro a mesa com
um braço de cada lado do seu quadril. Ela arruma os óculos com um dedo me
encarando.

—Porque sei como você é ciumenta.

—Vai falar ou não ?

—Vou. —Lhe dou um selinho. —Eu falei com o Thaddeus ontem. —
Fecho os olhos já imaginando o que vem em seguida e nada acontece. Quando
abro, ela continua me olhando do mesmo jeito.

—O que tem ? Até onde eu sei, ele é amigo do seu pai.

—Sim, é.

—E o que ele queria ?

—Na verdade se desculpar comigo e com você, então nos convidou para
um jantar na casa dele. —Digo e ela ri debochada.

—Na casa dele ?

—Sim.

—Não vai rolar. —Dá uma pausa. —Você já aceitou ?

—Não, claro que não. Queria saber de você primeiro.

—Você andou falando com aquela Ysla, Benjamin ?

—Não, mulher. Eu só falei com ele mesmo.

—E ela vai estar lá.

—Provavelmente. Você ainda não me contou o que aconteceu aquele dia.

—Deixa isso para lá. —Tenta sair de perto de mim, mas seguro sua
cintura.

—Por favor. Confia em mim. Eu só quero te proteger.

Ela olha para a janela atrás de mim desviando o olhar e depois me
encara.

—Elas me humilharam naquele banheiro. Disse que fui convidada por
obrigação já que queriam apenas sua presença e tiveram que me aceitar só para
garantir que você fosse. Disse que meu lugar não era no meio de vocês e que eu
deveria ir embora sem vender meus programas para os convidados.

—Que grandes filhas da puta!

—Eles querem casar a filha com você, Benjamin. —Disse com os olhos
já cheios de lágrimas. —Disse que ela é melhor para você do que eu.

—Ei, shiu! —A puxo e lhe abraço. —Ninguém é melhor para mim se não
você, entendeu ? Aquele povo deve ser doido da cabeça. Por que você não
desceu o cacete nas duas ? Sei do que é capaz e tinha todo meu apoio.

Ela ri.

—Eu não sei. Me senti humilhada e não queria estragar as coisas. No
fundo acho que elas têm razão e …

—Não. Nem a pau! Nem fodendo! —Segurei seu rosto a fazendo me
olhar. —Você é minha mulher e isso que importa. Eu não vou deixar que
ninguém te humilhe. Não enquanto eu puder impedir. Acredita em mim ?

—Acredito.

—Eu vou ligar para o Thaddeus e recusar o jantar. Não iremos.

—Não, não faça isso. Vá a esse jantar, amor. Eu confio em você.

—Eu só vou se você for. Só me sinto bem se você tiver do meu lado. —
Disse acariciando seu rosto e ela sorriu tímida.

—Verdade ?

—A mais pura delas. Depois da que eu te amo mais que tudo. —A ergui
colocando sentada em cima da mesa.

—E o que o senhor está pensando em fazer agora ? —Perguntou me
olhando com uma cara safada e me puxou pela gravata enquanto me via tirar
meu cinto.

—Não está claro ?

—Não. Me diga, por favor. —Sua voz manhosa já indicava sua
excitação. Abri meu zíper a olhando dentro dos olhos e tirei meu pau para fora
da calça. Ele estava duro e apontando na sua direção, louco para se afundar nela.

—Quer que eu diga ? —Aproximei nossos lábios e fiquei lhe
provocando. Lambia seus lábios a vendo gemer, mordiscava seu queixo sentindo
meu pau pulsar.

—Sim … Amor …

Enfiei as mãos por baixo do seu vestido e puxei sua calcinha para o lado.
Ela me ajudou a passar pelas suas pernas e levei ao nariz quando a tinha nas
mãos absorvendo seu cheiro. Toquei sua boceta molhada e melei meus dedos lá.
Ela se esfregava em cima da mesa querendo mais desesperada.

Afastei suas pernas com os joelhos e peguei meu pau lhe dando uma leve
apertada. Ele estava ansioso por lhe penetrar e eu já não aguentava mais. Alisei a
cabeça redonda na sua entrada úmida apenas para me lubrificar mais e enfiei de
uma vez. Forte. Duro.

Seu grito saiu alto juntamente com seu gemido e isso foi um convite para
beijar sua boca com certa violência. Chupei seus lábios os deixando vermelhos e
inchados. Segurei sua nuca com força a trazendo para perto do meu rosto. Seus
olhos se abriram me olhando fixamente e eu disse com a boca bem perto da sua.

—Eu vou te foder até o talo.

(…)

—Benjamin, você não vai deixar ninguém maltratar minha nora,
entendeu ? —Minha mãe ralhou comigo enquanto descíamos as escadas.

—Eu sei, mãe. Só vamos a um jantar e eles querem se desculpar.

—Não importa. Não saia de perto dela um só segundo. Se ela for ao
banheiro, vá junto. —Disse e parei a encarando. —O que foi ? Até parece que eu
não sei que você já entrou em diversos banheiros femininos.

—Não fala isso perto da Louise, pelo amor de Deus.

—Não. Eu não quero ser culpada pela sua morte. —Riu e ajeitou minha
gravata. —Dê um beijo nela por mim quando se encontrarem.

—Pode deixar. Agora vou, ou irei me atrasar. —Beijei sua testa e ela
beijou minha bochecha. —Até mais.

—Até. Se cuida. Eu te amo.

—Eu também te amo. —Beijei sua mão e saí para ir buscar minha
mulher.

Depois do que tinha acontecido, também contratei seguranças para minha
casa. Não muitos. Na verdade, apenas dois que ficavam fora de casa e um dentro
para tomar conta da Donna. Um sempre me acompanhava e além de um para a
Lou, a Kim também tinha o seu. Não gostava nada disso, mas era o que tinha de
ser feito. Não ia deixar ninguém correndo riscos por minha causa.

—Esse vestido me lembra coisas. —Falei enquanto ela vinha andando na
minha direção com um vestido bem parecido com o que estava de manhã, só que
na cor branca e com uma fenda na frente.

—Calado, Benjamin! —Falou rindo tímida e indicando o segurança que
vinha logo atrás dela. Sua bochecha ficou corada e eu ri.

—Eu te amo. —Beijei seus lábios quando chegou perto de mim sentindo
o gosto que já estava tão viciado.

—Eu também te amo. —Se afastou com beijinhos castos. —Vamos ?

—Está ansiosa ?

—Não, mas querendo acabar logo com isso.

—Podemos não ir se você quiser.

—Não. Eu disse que ia, então vamos. —Falou decidida e eu sorri lhe
beijando novamente. Fiz um aceno para o seu segurança e ele seguiu para seu
carro. Abri a porta para ela e depois de entrar, fui para meu lado. Fiz sinal de
luzes para que me seguissem e dei partida.

Os grandes portões que davam acesso à mansão de Thaddeus foram
abertos assim que chegamos. Os seguranças seguiram para onde dei a ordem e
fui até a porta de Louise abrindo-a.

—Madame. —Estendi a mão e ela sorriu lindamente. Colocou as pernas
para fora e continuei segurando sua mão enquanto saía e arrumava o vestido.
Mesmo com seu sorriso, a sentia tensa. —Ei.

—O quê ?

—Você é melhor do que qualquer coisa. Lembre-se disso. Você é minha.
—Disse a olhando dentro dos olhos e entrelacei nossos dedos quando ela fez um
aceno com a cabeça. Eu não ia deixar que ninguém a ofendesse ou a magoasse.
Eu a amava com todas as minhas forças e quem tentasse fazer isso, eu iria passar
por cima lhe fazendo conhecer meu lado mais doentio e obscuro.

Caminhamos de mãos dadas pelo caminho que o mordomo da mansão
nos conduziu, e mesmo sendo curiosa do jeito que é, não vi Louise desviando o
olhar da sua frente para encarar lado nenhum com deslumbre. Ela parecia tão
nervosa que quebraria se eu a tocasse. Assim que subimos o pequeno lance de
escadas que dava para a entrada principal, o mordomo fez sinal para que
passássemos na frente e eu toquei as costas da minha namorada apontando para
dentro. Ela sorriu agradecida e isso bastou para aquecer meu coração
apaixonado.

Eu não sabia o que esperar desse jantar. Torcia muito para que realmente
fosse um pedido de desculpas e não mais uma tentativa louca de casar Ysla
comigo e humilhar Louise, porque se fosse, eu não me responsabilizaria pelos
meus atos.

—Benjamin Connor! —A voz do Thaddeus veio de encontro a nós e me
senti enrijecer imediatamente. Imagine como Louise estava.

—Thaddeus. —Disse quando ele deu dois tapinhas nas minhas costas e
apertamos as mãos.

—Louise. Sejam bem-vindos. —Ele olhou para ela de uma forma natural
e eu me senti aliviado quando ela sorriu também normalmente. Os dois se
cumprimentaram com beijos no rosto. Certo, eu não gostava de nenhum homem
além de mim beijando minha mulher, mas não ia arrumar um escarcéu por causa
disso agora.

Fomos conduzidos para a sala de jantar que já estava posta com fartura e
adornada com louças e toalhas caras. Certamente o homem não era de brincar
em serviço.

—Benjamin! —A voz de sua mulher ecoou atrás de nós e nos viramos.
Eu sei que sou um homem comprometido e amo minha mulher, mas essa coroa é
de dar água na boca. Pronto. Passou.

—Rebecca! É um prazer vê-la novamente. —Digo e nos
cumprimentamos. Ela sorri simpática e se vira para a Louise.

—Você está linda, Louise! Estou sendo sincera e espero que não guarde
ressentimentos de mim. O que eu fiz foi completamente errado.

—Está tudo bem. —A Louise sorriu e eu tentei captar algo nele, mas
aparentemente foi verdadeiro.

—Ysla, nossos convidados já chegaram. —Ela gritou na ponta da escada
e logo a filha apareceu. Eu a olhei por alguns segundos, mas logo desviei o olhar
para minha namorada. Não queria perder a cabeça e nem o pau por olhar tempo
demais para outra mulher assim.

—Olá, desculpem a demora. —Falou descendo as escadas sorridente.
Usava um vestido claro bem comportado, mas que não deixava de realçar sua
beleza russa. Chegou perto de nós e me surpreendi quando cumprimentou
primeiro a Louise: —Ainda bem que você veio, Louise. É um prazer te ter na
minha casa.

—Eu que agradeço pelo convite, Ysla. Você está muito bonita.

—Não mais que você, meu bem. —Sorri. —Estou aqui pessoalmente
para pedir desculpas sinceras pela figura que eu fiz com você. Não foi assim que
eu fui criada pelos meus pais e perdi a linha por alguns minutos.

—Que bom. —É a única coisa que ela responde e logo seguimos para a
mesa.

O jantar é servido a base de muita conversa. Fico interessado no assunto
do patriarca sobre os negócios que ele e meu pai sempre sonharam em fazer, mas
que infelizmente não tiveram tempo de concretizar. Pela honra do meu pai,
prometo a mim mesmo que farei a empresa ter um contrato valioso com os
russos.

Mesmo estando atento e interessado em toda a conversa, não deixo de
prestar atenção na Louise e vez ou outra seguro sua mão por debaixo da mesa
demonstrando todo meu apoio. Por incrível que pareça, parece que nada
aconteceu desde a primeira vez que estivemos juntos. Eles estavam gentis e
hospitaleiros, fazendo questão de colocar minha namorada sempre dentro da
conversa e interessados de boa fé na sua vida.

Porém, se tem uma coisa que eu aprendi com meu pai é não me deixar
levar por primeiras, segundas ou sequer terceiras opiniões. As pessoas têm a
capacidade de nos fazer acreditar no que elas querem que acreditamos e um
jantar de desculpas não seria o suficiente para eu pousar com os dois pés com
confiança no terreno alheio.

—Foi um prazer jantar com vocês. Agradeço o convite. —Falo quando
estamos caminhando em direção ao grande portão principal.

—Nós que agradecemos a presença de vocês.

—Obrigada pela noite. Eu adorei. —A Louise diz e eu pouso uma mão
delicadamente nas suas costas lhe dando um sorriso.

—O prazer é todo nosso. Temos que marcar mais vezes. —Thaddeus diz.

—Já sabem o meu número. —Digo por fim e nos dirigimos para a saída
depois de nos despedirmos de cada um. Eu sei como mulher é e sei também
como a minha ficaria caso eu demorasse muito tempo abraçando as outras, então
me despedi com cumprimentos rápidos e partimos em seguida.

(…)

—O que achou da noite ? Estava confortável ? —Pergunto quando já
estamos em casa. Na minha casa. Depois que chegamos, fomos já nos agarrando
para o quarto onde não me demorei a me enfiar dentro dela. Só Deus sabe a
tortura que é para mim lhe ver tão quente em uma roupa e ter que esperar para
penetrá-la.

—Foi bom. Não são as pessoas que eu mais prefiro estar na presença,
mas achei que seria pior. —Dá de ombros e solta um gemido quando roço minha
barba nas suas costas. Ela está completamente nua, deitada de bruços coberta
parcialmente com o lençol e com a cabeça apoiada em um dos travesseiros.

—Eu estava preparado para briga caso eles te deixassem desconfortável.
—Faço um carinho nas suas costas com o nariz e ela sorri abafado.

—Você não perde tempo para entrar em uma briga.

—Por você eu enfrento até um tornado de fogo.

—Quanto você me ama ? —Pergunta baixinho que quase não posso
ouvir. Dou um sorriso ainda no mesmo lugar e vejo seus pelos se arrepiarem
apenas com isso. Vou fazendo um caminho de beijos na linha das suas costas até
chegar no seu pescoço. Dou mais beijos a vendo se remexer indicando o quanto
já está excitada. Mordo levemente o lóbulo da sua orelha e sussurro.

—Não têm medidas.

(…)

Abro os olhos com dificuldades e constato que já é manhã ao ver os raios
de sol clareando todo o quarto. As cortinas continuam fechadas e sinto uma
pontada de frustração ao ver que a Louise não está do meu lado. Me sento na
cama e respiro aliviado quando vejo que seu salto ainda está em um canto do
quarto.

Me dirijo para o banheiro completamente pelado e ligo o chuveiro.
Enquanto a água aquece, me olho no espelho e vejo diferença em mim mesmo.
Parece que minha cor está melhor, meus olhos mais vivos e atualmente tenho
sorrido mais vezes, mesmo sem motivo. Ou melhor, tem um motivo. Um belo e
filha da puta motivo.

—Achei que fosse dormir até meio-dia. —Braços me enlaçam pela
cintura carinhosamente e fecho os olhos com seu toque suave.

—Não. Senti sua falta na cama e acordei.

—Está muito mal acostumado. —Louise sorri e suas unhas alisam meu
abdômen me fazendo arrepiar. Engulo meu próprio gemido quando suas mãos
descem para meu pau e começam a lhe masturbar lentamente.

—De quem será a culpa ? —Olho para suas mãos e ela dá uma
gargalhada gostosa, mas sem deixar de acariciar meu amigo, que a essas alturas
já está pronto para guerra.

Ela me vira de frente e já vai ficando de joelhos, o que para mim é um
dos seus melhores ângulos.

—O que a senhorita está pensando em fazer ?

—Algo para fazer seu dia começar bem. —Diz e abocanha meu cacete.
Não controlo minhas mãos e aperto as bordas da pia. Estou completamente
sensível da noite anterior e nem sei como ainda consegui ficar animado assim.

Fecho os olhos absorvendo mais daquele momento e sinto minha barriga
se contrair quando ela o põe até a garganta. Os movimentos de vai e vem se
intensificam e mordo os lábios sentindo um frio surgir dentro de mim e se
concentrar no meu pau. O barulho que sua garganta faz quando meu cacete é
engolido por sua boca é sensacional e seguro seus cabelos com força suficiente
para não lhe magoar.

—Se você continuar assim eu vou gozar ... —Digo entre dentes e ela me
olha sorrindo com cara de safada. Puta.

—É a minha intenção. —Passa a língua na ponta e limpa a gotinha que
surgiu ali me fazendo gemer. Solto seus cabelos e me concentro em me manter
em pé enquanto ela chupa como se fosse o seu picolé favorito. Tento me
controlar, mas sinto que estou bem perto.

—Amor …

—Hum?

—Se não quiser que eu goze na sua boca, é melhor se afastar. —Sorrio
olhando para baixo e ela pisca para mim sem tirar meu pau da boca. E eu, claro,
entendo o recado.

Sem mais esperar e com uma quantidade até que generosa, me sinto
esvair dentro da sua boca. Minhas coxas se contraem e meus pés tremem contra
o chão frio. Louise não para de chupar e abro os olhos na sua direção. Ela abre a
boca mostrando todo o meu líquido na sua boca e engole me fazendo estremecer.
Ponho as mãos debaixo dos seus braços e a faço ficar de pé, olho com olho.

—Me prometa que não vai me deixar nunca. —Peço e ela sorri se
esfregando contra meu peito. —Prometa.

—Prometo. —Fala e agarro sua boca lhe invadindo com minha língua.
Suas mãos pousam na minha cintura e eu paro nosso beijo dando leves mordidas
em seus lábios.

—Eu te amo.

—Eu também te amo. Agora toma banho que estou te esperando para
tomar café. —Fala saindo e dou um tapa na sua bunda coberta por um short
branco.

—Gostosa.



Louise

Se tem uma coisa que eu não acredito é em pessoas más que se fazem de
boazinhas. Quando estávamos naquele jantar de desculpas que o Thaddeus e a
família deram, podia parecer que eles estavam mesmo arrependidos e eu posso
estar muito enganada, mas algo me diz que isso não vai parar por aí.

Eu acredito sim no arrependimento das pessoas e queria acreditar que
eles estavam arrependidos, mas algo não me deixava acreditar totalmente
naquela conversa. Mesmo tentando disfarçar, eu conseguia sentir o desejo e a
vontade de o ter que a Ysla lançava para o Benjamin e incrivelmente, a mãe dela
também. As duas pareciam cachorras no cio tentando se controlar e o pobre do
Thaddeus no meio. Já conseguia até ver as sombras que os galhos dele davam.

Aquilo me deixava irritada, mas eu consegui me controlar. Ainda mais
estando de olho no Benjamin e vendo que sua importância para aquilo era zero,
ele estava fazendo questão de mostrar que não tinha interesse nenhum nela e
queria ao máximo fazer com que eu me sentisse confortável. Graças a ele eu
consegui.

Desço para a mesa do café da manhã para o esperar e repasso na minha
mente para não esquecer o recado que a Donna pediu que eu o desse. “Não
saiam hoje à noite. Iremos jantar fora”.

Escuto seus passos descendo as escadas e algo dentro de mim se remexe.
Mesmo sendo namorados é impossível controlar o misto de emoções boas que
sinto ao seu lado. Sorrio quando sou abraçada por trás enquanto estou na pia
lavando as mãos.

—Você está tão cheirosa, amor. —Diz com a boca no meu pescoço.

—E você também. Consegui sentir de longe.

—Quando vou poder sentir essa boquinha de novo mamando no meu pau
? —Vira meu rosto e o beija com ardência.

—Se controla. —Sorrio e ele gargalha se afastando para escapar do meu
cotovelo. Pego os abacaxis que cortei e o entrego. —Leva isso para a mesa, por
favor.

—Onde está a empregada ?

—Hoje você é o empregado.

—Mulher, mulher. —Fala rindo e se afasta depois de beliscar minha
bunda me fazendo dar um saltinho.

Escuto meu celular apitar várias mensagens em cima da mesa enquanto
enxugo as mãos e o Benjamin faz um gesto de negação, claramente enciumado.

—Quem é para ficar te mandando tantas mensagens a essa hora da
manhã ?

—Não sei, ciumento. —Sorrio. —Pode abrir para mim ?
—Posso. —Fala e pega meu celular. Ando na sua direção e me sento ao
seu lado enquanto ele lê as mensagens. Ele faz uma careta desconfiado e quando
dou por mim, já é tarde de mais: —A Kim está gravida do Gary ?
Capítulo 34

Louise

Eu não sei o que responder quando ele abaixa o celular e olha para mim.
Eu devia ter imaginado que era a Kim, já que ela estava para receber os
resultados do exame de sangue e tinha ficado de me falar. Com a pergunta do
Benjamin, eu já tinha certeza dos resultados.

—Louise, estou falando com você. —Ele volta a falar calmamente e eu
faço que sim com a cabeça. —Caralho!

—Por favor, não conta pro Gary, amor.

—Como não ? Ela está esperando um filho dele!

—Eu sei, mas a Kim pediu para que eu não falasse para ninguém, nem
para você.

—Você não ia me falar ?

—Ela pediu que não. É um segredo dela, Benjamin.

—Mas o Gary precisa saber. —Fala e seguro seu pulso com força o
fazendo me olhar assustado.

—Prometa que não vai contar.

—Eu não …

—Prometa!

—Oh, caralho! Eu prometo. —Passa as mãos entre os cabelos.

—Que drama! Até parece que é você quem vai ser pai. —Sorrio e ele me
encara de repente.

—Você ainda toma as injeções, né ?

—Claro que sim.

—Menos mal. —Respirou aliviado. —Ele vai ficar puto da vida quando
descobrir que eu sei e não falei nada.

—Eu também falei a Kim para falar logo, mas ela está nervosa.

—Ele ia pedir ela em namoro.

—Meu Deus! Agora que ela vai ficar mais nervosa ainda. —Bato na
minha testa e o encaro: —Você acha que ele vai desistir dela por causa disso ?

—Olha, foi irresponsabilidade da parte deles, mas o Gary está mesmo
apaixonado pela Kim.

—Mesmo ? —Fico feliz pela Kim. Ela iria adorar ouvir isso. Ele faz que
sim com a cabeça. —Mas mesmo assim não é para você contar ao Gary.

—Ele é meu melhor amigo, amor. Se ele ficar com raiva de mim, já sabe
quem é a culpada.



Kim

Já fazia uma semana que eu tinha descoberto que estava grávida, mas
estava tão aflita como se ainda fosse o dia que cai nos braços da Louise. Ainda
não tinha decidido o que faria. Estava com medo e tensa. Eu não podia ter sido
tão burra e mesmo que não tenha feito a criança sozinha, também foi
irresponsabilidade minha. O Gary estava estranhando minha forma de agir e eu
sabia que era questão de tempo para ele descobrir, ou eu mesma contar.

Fora isso eu não estava triste. Admito que ser mãe não estava em
primeiro lugar na minha lista de sonhos a realizar, mas ainda assim estava feliz.
Era diferente saber que tinha alguém indefeso crescendo dentro de mim e que
dependeria de mim para tudo durante muito tempo. O melhor disso era saber que
o pai era alguém que eu amava e se importava comigo. Se honestidade e
bondade fossem algo genético, eu tinha certeza que meu filho seria uma ótima
pessoa.

Meu filho!

Sorrio pensando que agora vou usar frequentemente essa frase e aliso
minha barriga ainda sem vestígios de quem carrega alguém dentro. Fico
imaginando quando ela começar a aparecer, meus pés começarem a incharem, eu
sentir desejos estranhos e até na hora do parto. A única pessoa que aparece
nessas imagens é Gary, e eu vejo que é a hora de lhe falar a verdade.

Eu acredito nele e na forma que demonstra seus sentimentos. A forma
com que faz com que eu me sinta segura é bonita. A paciência que tem comigo,
o jeito que cuida de mim quando eu não estou bem e quando percebe que eu só
quero ficar quieta sem eu sequer abrir a boca para falar. Em todos esses
momentos ele estava preparado para estar do meu lado mesmo nós não sendo
oficialmente namorados ainda. Eu sabia que ele queria, mas por um bom tempo
eu tive medo. Medo de não corresponder as expectativas dele, medo dele desistir
de mim pela vida que eu tinha, medo da rejeição. Outra vez.

Balanço a cabeça dissipando esses pensamentos de pavor e sorrio ao
lembrar dos melhores momentos. Sempre tínhamos bons momentos e era isso
que me dava animo. Sou acordada dos devaneios com o celular apitando uma
mensagem e sorrio ao ler o que tem escrito:
“Sai comigo hoje ?”

“Seria uma honra” —Respondo apaixonada e continuamos a conversar
por um bom tempo. Hoje é sexta e combinamos de sair depois do seu
expediente, ir em casa e trocar de roupa.

(…)

—Você vai contar para ele hoje ? —A Louise pergunta enquanto estou
terminando de me vestir no quarto. Já fiquei sabendo que o Benjamin acabou
descobrindo sobre a gravidez, mas que prometeu não falar nada.

—Sim, vou.

—Ainda bem. O Benjamin está a ponto de ficar doido com isso.

—Quem vê até acha que ele é o pai. —Sorrio e ela também, então a
campanhia toca.

—O pai acabou de chegar.

Saímos do quarto juntas e sinto minhas mãos tremerem à medida que me
aproximo da porta. A Lou fica parada perto do sofá e antes de abrir, me viro para
ela que me dá um sorriso encorajador.

—Você está maravilhosa! —Gary fala galanteador pegando
delicadamente minha mão e sinto meu coração derreter.

—Obrigada. Você também está bem sexy. —Digo mordendo a ponta da
língua e ele ri olhando por cima do meu ombro.

—Oi, Louise. Nem te vi aí, desculpa.

—Com um mulherão desses na sua frente, é aceitável.

—Realmente. —Ele me olha como se me analisasse e sinto as bochechas
queimarem. —Mas me fala, o Benjamin está se comportando ?

—Tem que estar. Aí dele se não se comportar.

—Está certinha. Põe aquele marmanjo na linha. —Sorri e eu morro
vendo seu sorriso. Meu sorriso. —Bom, vamos ?

—Claro. Não me espere acordada, Lou. —Digo e ela ri.

—Não esperarei. Boa noite para vocês.

—Tchau, Lou. Boa noite. —O Gary diz e estende a mão para que eu
pegue. Eu a seguro firmemente e saímos.
Enquanto sigo ao seu lado no carro durante todo o percurso, não deixo de
tentar imaginar no que ele está pensando e em várias reações que ele pode ter
quando descobrir da gravidez. Um desconforto se instala em mim e sinto um
enjoo me atingir. Mal descobri a gravidez e eles já estão presentes, mas respiro
fundo e penso em outra coisa para aliviar.

Chegamos ao restaurante elegante a qual vou andando ao lado de Gary
que sempre tem a mão pousada delicadamente nas minhas costas. Um completo
cavalheiro sempre abrindo as portas para mim. Os funcionários do restaurante
sempre agem de uma forma na sua presença que indica que ele tem bastante
poder e respeito, mas a forma que ele trata a todos com humildade é o que mais
me encanta. Um garçom anota nossos pedidos e sai nos deixando a sós.

—Eu acho que nunca vou me acostumar a te olhar sem o coração bater
feito doido. —Fala e eu o encaro com um sorriso.

—Eu que nunca vou me acostumar com esse seu jeito.

—Quero ser o único a te tratar assim. O único que tenha os seus
melhores sentimentos.

—Você já os têm.

—Todos ?

—Todos. —Sorrio e ele estranha quando dispenso o vinho e decido beber
limonada.

—Está com medo de ficar bêbada ?

—Sim. Vai que você queira fazer maldades com uma mulher bêbada e
indefesa.

—Indefesa ? Ainda sinto hoje a dor de quando você me acertou um soco
no meu amigo lá de baixo naquela noitada. —Faz uma careta e eu dou uma
gargalhada.

—Quem mandou me agarrar por trás daquele jeito sem que eu tivesse
esperando ?

—É, você tem razão. Pelo menos já sei que você não deixa ninguém que
não seja eu te agarrar. —Sorri convencido e eu balanço a cabeça. Ficamos
conversando até chegar nossos pedidos e me sinto confortável com sua presença.
Ele faz com que eu esqueça todos os meus problemas e me sinta uma verdadeira
rainha.

Depois do jantar, saímos do restaurante e entramos no carro em direção a
algum lugar que ele não quis falar. Os nossos seguranças sempre nos seguem
com máxima discrição e mesmo depois de tudo que aconteceu, não sei o porquê
de ainda os mantermos. O Benjamin é paranoico das ideias e quer a todo custo
que todos a sua volta tenham segurança. O Gary é outro que se não fosse eu
negando tudo, iria colocar um batalhão a minha volta.
—Chegamos. —Fala me tirando dos pensamentos. Olho para os lados e
percebo que paramos o carro no acostamento perto da praia de Edgartown. O
lugar está completamente vazio pelo horário e o olho desconfiada.

—Vamos fazer sexo à beira mar ? —Digo faceira e ele dá uma
gargalhada.

—Depois podemos fazer isso.

—Depois de quê ? —Pergunto curiosa e ele passa a língua pelos dentes
me fazendo acompanhar seu movimento e lembrar das vezes que aquela mesma
língua me deixou ensandecida.

—Você vai ver. —Abre a porta do carro e sai. Ele dá a volta e vem para o
meu lado segurando um enorme casaco que deve ter tirado do porta malas. Saio
do carro segurando a mão que ele me estendeu e ele me ajuda a pôr o casaco.

—Está frio.

—Eu sei, desculpa por isso. —Sorri arrumando o tecido grosso no meu
corpo. —Está melhor ?

—Sim.

—Então vamos. Temos horas. —Pega na minha mão e saímos do
acostamento para a parte de areia e ervas que dão início ao começo da praia.
Meus saltos travam na areia e ele me ajuda a tirar. Fico descalça enquanto ele
tira os seus sapatos também e os segura junto com os meus.

Andamos de mãos dadas pela areia e olho para trás vendo os seguranças
andando a uma boa distancia de nós. Eles olham atento para os lados prontos
para o ataque e eu volto a olhar para frente. O barulho das ondas quebrando na
borda e as espumas se dissipando com a água é um relaxante natural, então fecho
os olhos sem nem perceber.

—Gosta disso ? —Ouço sua voz em meio aos sorrisos e abro os olhos
devagar.

—Muito. —Digo e pouso a cabeça no seu ombro enquanto continuamos
andando. —O que estamos indo fazer ?

—Controla essa curiosidade, mulher.

—Você sabe o quanto sou curiosa. Faz isso para me atiçar.

—Tem razão. Porém já chegamos. —Fala e paramos de andar quando
estamos em frente àquelas cadeiras de salva-vidas que ficam no alto de uma
escada. Olho para os lados procurando algo, mas não encontro nada. Atrás de
mim tem apenas a pista vazia e na frente tem a imensidão azul escura que mal se
dá para distinguir em contraste com o céu tão escuro quanto.

—E então … ? —Dou um sorriso e ele fica na minha frente.
Imediatamente coisas bonitas passam na minha cabeça e estanco imaginando o
que vem a seguir.

—O que foi ? —Ele sorri como se já soubesse o que estou pensando.

—Você vai me pedir em …

—Shiii! —Me interrompe. —Você vai estragar tudo.

—Desculpa. —Sorrio e sinto minha garganta secar quando ele pega nas
minhas mãos.

—Kimberly …

—Ai meu Deus!

—Shiii! —Pede de novo e agora eu prendo os lábios um nos outros para
não falar mais nada. Eu não resisto. Ele começa:

—Você já deve ter noção do quanto fiquei na sua logo que nos
conhecemos. Eu mal sabia como me portar quando estava com você e fazia as
coisas como se estivesse em um campo minado com o único objetivo de não
falar nada que pudesse te magoar. Não que você seja a pessoa mais sensível e
lady que conheço, mas a coisa que eu menos quero nessa vida é te magoar, seja
da forma que for. Como eu não quero fazer, também não quero que ninguém faça
isso. Quando você entrou na minha vida, mesmo sem saber que estava entrando,
eu jurei para mim mesmo que iria cuidar de você, cuidar dos seus problemas, dos
seus medos. Do seu coração. Eu jurei à mim que iria ficar na frente de uma bala
por você, pular de um precipício se isso fosse garantia de te salvar do que quer
que fosse. Quando eu seguro sua mão é como se tudo ao redor sumisse. Você é
uma luz na minha vida. É alguém que me faz acordar sorrindo todos os dias e
buscar sempre pelo melhor de mim. Eu quero ser o melhor para você. Quero que
você tenha orgulho de mim, quero que você diga: “aquele ali é meu homem”
quando me verem em algum lugar, quero poder um dia ser chamado de seu
esposo, pai dos seus filhos, homem da sua vida. Não sabe como fico ansioso
sempre que te vejo, como minhas mãos tremem e suam de uma forma que nunca
me aconteceu. Você é única na minha vida e eu tenho medo do sentimento que
cresce por você a cada dia. Ele é avassalador e tenho que respirar fundo sempre
que vou te encontrar. É um soco no estômago sempre que te vejo e ele dói. Dói
aqui. —Aponta para o próprio peito e a essas horas eu já estou me derretendo em
lágrimas. —Porém é uma dor boa. É a dor que eu amo alguém. É a dor que eu te
amo. Se eu tiver que sentir essas dores um milhão de vezes por dia, eu aceito.
Aceito qualquer coisa, desde que você esteja bem aqui. Do meu lado. Do jeito
que estamos agora. Eu te amo mais do que qualquer coisa e já esperei tempo de
mais para falar. Não aguento mais esperar um segundo sequer. Eu te amo,
Kimberly.

Ele mal formula a frase eu já pulo no seu colo. Agarro sua cintura com as
pernas e o beijo enquanto ele me segura com força. Fico indecisa em que lugar
beijar, todos são convidativos e eu não quero deixar nenhum lugar sozinho, então
seguro seu rosto entre as mãos e continuo a beijar em todo lugar que eu alcanço.

—Eu também te amo. Te amo muito, meu amor. —Murmuro.
—Meu amor ? Gosto quando me chama assim.

—Vou te chamar por quanto tempo você quiser.

—Sério ? —Fala me pondo no chão e eu faço que sim com a cabeça. Ele
tira algo do bolso e abre minha mão colocando algo dentro e voltando a fechar.

—O que é isso ?

—Abra só depois. —Me abraça e me vira em direção ao mar. Nesse
momento algumas letras começam a se formar lá no meio e fico olhando para
tudo encantada e com os olhos marejados. No meio da água, no escuro e para
que eu possa ver claramente, está a frase:

“Seja minha!”

Eu sorrio de nervosa e mesmo que eu não veja quem está segurando,
escuto vozes e gritos me incentivando a aceitar. Abro o que tenho nas mãos e
vejo dois mini dados brilhantes. Um dizendo “sim” e o outro “claro”.

—Você não presta. —Sorrio olhando para ele e o abraço com força.

—Isso é um sim ?

—É um claro. —Digo com toda certeza que existe dentro de mim. Eu
estava completamente emocionada e enquanto íamos para casa aos beijos e
amassos, totalmente apaixonada por ele e pelo novo passo que dávamos em
nossas vidas, não tive coragem de lhe falar que já não eramos mais apenas nós
dois.



Benjamin

Depois que descobri que a Kim estava grávida, foi inevitável não pensar
em quando chegaria minha vez e da Louise. Eu sei que poderia ser considerado
irresponsável e precipitado, mas eu não ligo. Eu não quero um filho nesse exato
momento, mas de todas as mulheres que já passaram pela minha vida, ela foi a
única que despertou esse sentimento de ser pai em mim. Era diferente e um dia
eu queria realizar. Me julguem, mas se não for com ela, não quero com mais
ninguém.

Voltando ao assunto, o Gary finalmente pediu a Kim em namoro e eu
estava feliz pelos dois. Ele por ser meu melhor amigo e ela por ser uma ótima
pessoa que sempre tomou conta da minha namorada como se fosse sua própria
filha. Ela não é tão mais velha que a Louise, mas seu espírito protetor sim. Eu
sabia que ela ia ser uma boa mãe, mas já não estava aguentando segurar esse
segredo para o Gary. Ele ia me matar quando descobrisse.

—Você sabia de tudo! —A porta da minha sala é aberta violentamente
por um Gary completamente furioso e já sei que ele descobriu.

—Gary, eu …

—Você sabia que eu ia ser pai antes de mim e não me contou nada. Que
porra de amigo é você ?

—A Louise e a Kim pediram segredo. Não era meu dever contar. Ela é a
mãe e …

—E um caralho! Você é meu melhor amigo! Não tinha o direito de me
esconder isso. Nem você e nem ninguém.

—Irmão, se acalma. —Me levanto enquanto ele passa a mãos pelos
cabelos nervosos. —Pensa pelo lado da Kim. Você sabe como ela tem medo da
rejeição.

—Eu pedi ela em namoro! Você acha mesmo que eu abandonaria um
filho meu ? Você tem merda na cabeça ?

—Eu sei que não, mas ela ainda não sabia disso. Ela está começando a
ganhar confiança em você agora. Não a julgue.

—Foda-se! Foda-se! Foda-se!

—Vai terminar com ela ? —Pergunto e ele me olha lentamente como se
fosse a maior blasfêmia que eu tivesse dito. Seu sorriso de lado até me assusta.

—Acha mesmo que eu vou terminar com ela ? Aquela mulher é minha
perdição, seu puto. Ainda mais agora que está carregando um filho meu na
barriga.

—Foi assim mesmo que eu te eduquei. —Sorrio e vejo seu semblante se
amenizar enquanto ele sopra o ar com força. Pelo menos não apanhei. —Como
você descobriu ?



Gary

Logo eu, que não acreditava nem a pau em amor à primeira vista, me
apaixonei desse modo. Me apaixonei por uma mulher que fazia sexo por
dinheiro, uma mulher problemática, uma mulher tão delicada quanto um coice,
uma mulher que certamente seria minha perdição desde o primeiro momento que
entrei dentro dela.

Agora estava aqui, sorrindo até para o vento de tão apaixonado e o
melhor de tudo: agora ela era minha. Somente minha. Eu não queria perder
tempo em lhe pedir em namoro, mas as circunstâncias pediram isso. Eu não
queria um pedido qualquer. Eu queria que ela não esquecesse nem com
Alzheimer, e ver sua cara depois de eu ter dito todas as coisas que saíram do meu
coração, tive toda a certeza que valeu a pena. Eu estava completamente feliz com
ela. Ela me completava de uma forma estranha e boa, mas eu mal sabia que além
dela, viria outro pequeno bônus para me preencher até o fundo da alma.

Alguma horas antes …

Cheguei na sua casa quando ela me ligou pedindo que eu a encontrasse.
Não estava se sentindo muito bem e queria minha companhia. Eu adorava
quando ela estava assim. Fragilizada. Não por querer ser maior, isso nunca. Eu
gostava porque meu coração se derretia enquanto ela estava nos meus braços
sendo mimada por mim. Sentia que poderia explodir a qualquer momento só
com seu toque, então iria ao seu encontro sempre.

Eu não tinha necessidade de sexo sempre que estava com ela. Seu corpo
quente junto ao meu da forma que estava agora era suficiente.

—Onde vai ? —Perguntei quando ela se levantou e sorriu para mim.

—Pegar algo para comer.

—Eu me ofereci para pedir pizza nesse instante e você não quis.

—Agora eu quero. —Sorriu faceira e eu balancei a cabeça enquanto ela
saía em direção.

—Mulher complicada. —Me levantei e fui ao banheiro que ficava no seu
quarto para tirar a água do joelho. Quando terminei, fui até a pia e de metido,
abri o compartimento atrás do espelho. Senti um frio no estômago ao encontrar
uma caixa de teste de gravidez lá dentro ao lado de seus perfumes e colônias.
Achei estranho e abri, já que parecia ter sido aberta antes. Tirei a tira de dentro e
vi duas linhas rosas. Fiquei uns instantes olhando sem saber o que queria dizer as
linhas e quando li rapidamente o folheto explicativo, várias sensações me
invadindo e sai do banheiro quando ouvi sua voz me chamando no quarto.

—De quem é isso ? —Perguntei e vi seu rosto empalidecer. Ela engoliu
em seco e piscou várias vezes como se procurasse uma desculpa. Comigo não,
bebê.

—É que …

—Não ouse mentir para mim, Kimberly Stone! Você está grávida ? —As
palavras saíram pela minha boca e um baque me atingiu ao imaginar que ela
poderia sim estar. Não usávamos preservativos desde muito tempo e mesmo
sabendo que ela tomava pílulas, sempre soube que não era totalmente eficaz.

Continuei a encarando e seus olhos se encheram de lágrimas, então sua
cabeça balançou em resposta positiva.

—Porra! —Fechei os olhos passando a mão no rosto.

—Gary, desculpa. Eu devia ter te contado antes, mas tive medo.

—Medo de quê, Kim ? De eu não assumir ?

—Também, mas …
—Também ?! Você acha que eu sou esse tipo de homem ?

—Não, mas é difícil para mim. —Nessas horas suas lágrimas já rolavam
pelo rosto e o que eu mais queria era abraça-la, mas eu estava com tanta raiva
que parecia ter entrado em estado de choque.

—Desde quando você sabe ?

—Mais de uma semana.

—Puta que pariu! —Falo alto e jogo o teste longe a assustando. —Por
que você fez isso ? Era um direito meu saber!

—Eu sei, me desculpa. Eu não sabia como você ia reagir e a Lou sempre
insistiu que eu falasse. O Benjamin também, mas eu …

—Como é ? —A encaro sem acreditar. —O Benjamin também sabia
disso e eu não ?

—Ele descobriu sem querer e eu pedi que ele não contasse. Ele não tem
culpa de nada, meu amor.

—Foda-se! Eu vou embora daqui. —Passo ao seu lado pegando minha
jaqueta e sinto sua mão segurar meu braço.

—Não, por favor. Vamos conversar direito.

—Direito ? Você conversou direito comigo quando descobriu que estava
grávida de um filho meu ? —Ela continua calada. —Hein ? —Ela aperta os
lábios querendo controlar os soluços e eu sei que não deveria está lhe irritando
assim, mas não consigo me controlar.

—Está terminando comigo ?

—Kimberly, me solta, por favor.

—Está mesmo terminando comigo, Gary ?

—Eu não quero conversar hoje. —Digo tentando manter a calma e ela
solta meu braço como se tivesse nojo de mim.

—Pois faça o que bem entender. Eu não tenho culpa de ter tido medo.
Você está fazendo exatamente o que eu pensei que faria. Acha mesmo que isso é
jeito de conquistar minha confiança do jeito que você fala que quer ? Acha ?

Permaneço calado e ela me fita com tristeza.

—Eu não sei o que você vai fazer, mas eu disse para mim mesma que
daria um jeito sozinha se você resolvesse me largar. Eu já me virei muitas vezes.
Agora não vai ser diferente.
Suas palavras me fazem entalar por dentro, mas me sinto enganado pela
minha mulher e meus melhores amigos. Jogo a jaqueta em cima do ombro e saio
porta a fora sem olhar para trás. Eu precisava me acalmar.

Algumas horas mais tarde …

Saio do escritório do Benjamin me sentindo um tanto arrependido. Eu fui
lá com a intenção de partir a cara daquele patife que chamo de melhor amigo,
mas eu sabia que ele não fez por mal. Eu sei que tinha o direito de me chatear,
mas eu não consegui pensar pelo lado da minha namorada e a deixei sozinha a
noite inteira. Nem imagino como ela ficou depois que eu saí e um peso me
invade quando lembro que ela me chamou naquele dia justamente por não estar
se sentindo bem.

Praticamente corro pelos corredores feito um doido e quase passo direto
pela sala onde ela trabalha. Deslizo pelo chão quase tomando uma queda e abro
a porta. Ela está sentada atrás da sua mesa como o de costume e seu olhar me
encontra feito ímã. Ela parece triste, os olhos um pouco vermelhos indicam que
esteve chorando e meu peito aperta de uma maneira dolorosa. Me sinto um idiota
quando ela desvia o olhar de mim e entro na sala à sua direção.

—Podemos conversar ? —Peço baixinho para que apenas ela ouça.

—Não, estou bastante ocupada.

—Por favor, amor. Vem falar comigo.

Ela fica olhando para as próprias mãos sem me olhar por alguns instantes
e logo se levanta. Passa por mim e sai pela porta me dando a deixa para lhe
seguir. Ela anda na minha frente e eu apenas lhe sigo olhando as curvas gostosas
do seu corpo. Corpo esse que me deixa insaciável sempre que o tenho, o corpo
mais lindo que já vi em toda a minha vida e que agora está carregando um filho
meu.

Ela abre a porta de vidro que dá para a varanda onde algumas pessoas
costumam ir para fumar ou descansar depois do almoço e anda até as grades de
proteção apoiando as mãos lá.

—Não fica tão perto da borda. —Peço e ela se vira para mim sem
expressão alguma. Aquilo me assusta.

—O que você quer, Gary ?

—Me desculpar com você.

—Por quê ? Alguém insistiu que você fizesse isso ?

—Não, eu vim porque quis. —Me aproximo e ela desvia o olhar para a
vista onde carros passam pela rodovia ao redor do parque e as pessoas estão em
miniatura.

—Pode falar. Tenho que voltar ao trabalho.
—Olha para mim. —Peço, mas ela continua da mesma forma. Quando
abro a boca para pedir novamente, ela se vira. Seus olhos marejados e
vermelhos.

—Desculpa ter escondido de você sobre …

—Shii. —Ando na sua direção e a aperto nos meus braços. Ela enlaça
minha cintura e chora com a cabeça apoiada no meu peito. Desço minhas mãos
pelas suas costas onde faço carinho com a ponta dos dedos. —Não chora, amor.

—Eu não queria que você ficasse com raiva de mim. Eu tive medo que
desistisse de nós.

—Ei, —A afasto carinhosamente e a olho dentro dos olhos. —Acha que
eu desistiria de você ? De vocês ? Eu te amo, Kimberly. Te amo de uma forma
que nem sabia que era possível amar alguém. Eu faço tudo por você e nunca
sequer passou pela minha cabeça te deixar, ainda mais agora. —Desço a mão
para sua barriga e ela soluça ainda entre lágrimas.

—Tem certeza ? Não acha que sou aproveitadora ou que fiz de propósito
?

—Você não é assim. Eu te conheço com a palma da minha mão.

—Mas …

—Sem mas. —Seguro seu queixo a fazendo me olhar e beijo levemente
seus lábios. —Eu estou aqui para você. Para vocês.

—Vai ter que se acostumar que agora somos três. —Sorri limpando os
olhos com as costas da mão.

—Três ou mais. —Digo e ela ri ainda mais voltando a me abraçar. —Não
quero que esconda mais nada de mim. Você é minha mulher. Confie em mim
sempre, seja o que for.

—Tudo bem.

—Agora para de chorar e se acalma. Não quero que meu filho sinta isso.
—Beijo o topo da sua cabeça e ela me encara.

—Você me ama ?

—Amo vocês.

—Eu também te amo muito. Não tem noção.

—Olha que tenho. —Sorrio a apertando ainda mais dentro do meu abraço
e sabendo que minha vida agora deu uma virada de trezentos e sessenta graus em
menos de uma semana.

Eu vou ser pai, porra!
Capítulo 35

Louise

Eu e a Donna estávamos organizando cautelosamente uma festa para
comemorar o aniversário de Benjamin. O mês de março havia chegado, e se ela
não tivesse comentado comigo, eu não ia saber. É minha obrigação ter noção da
sua data de aniversário, mas além de nunca termos falado disso direito, ele
também não tinha me contado. Agora estamos eu e ela decidindo o que fazer
para comemorar essa data tão especial.

Como o inverno tinha passado e a primavera tinha chegado, trazendo
consigo um clima mais agradável e uma paisagem mais bonita e florida,
decidimos fazer uma viagem depois de uma comemoração em um dos salões de
festas mais badalados de Boston.

Ele não gostava muito de festas de comemoração no seu aniversário
simplesmente por ser um chato. Só que o Benjamin teve tanto estresse
ultimamente relacionado à empresa e quando tivemos tempo para viajar para
Londres aconteceu tudo aquilo. Eu queria o deixar relaxado pelo menos por um
tempo. Então depois de voltar da rua quando terminei de organizar tudo que
podia para aquele dia, peguei meu celular e fiz uma chamada que me ajudaria a
dar um presente especialmente meu para ele.

(…)

Mesmo não sendo totalmente a favor, eu convidei o Thaddeus e sua
família para a comemoração do aniversário. Não eram as pessoas que eu mais
queria ver, mas ainda tinha consideração por ele ser um velho amigo do pai do
meu namorado, que mesmo sem ter tido a oportunidade de conhecer, já sei o
grande homem que foi. Eu sabia que a Ysla com certeza iria e também estaria
impecavelmente vestida, então nada mais justo do que eu ir ainda melhor, porém
com a vantagem de ter o Benjamin comigo.

Eu usava um conjunto de saia comprida e cropped na cor azul marinho.
A parte de cima era de frente única e com várias lantejoulas brilhantes da mesma
cor, deixando a parte de trás com uma abertura em formato de gota. A saia era
um tecido similar a cetim e fiquei encantada quando vesti e tudo acentuou
minhas curvas.

Tinha ido no salão mais cedo e meu cabelo estava preso em um coque
que formava uma espécie de flor no alto da minha cabeça. Vários fios de cabelo
unidos caíam na parte da frente da flor. Eu pedi algo assim para a parte de trás do
meu cropped não ficar escondida. A maquiagem deixei mais escura na parte dos
olhos e os cílios bem realçados. Na boca o batom nude em matte deixava tudo
mais leve e incrivelmente sensual. Nos pés coloquei um salto simples na cor
cinza com tiras no tornozelo onde havia várias bolinhas da mesma cor adornando
a parte.

Coloquei no pescoço o colar de coração que o Benjamin havia me dado
quando ainda nem namorávamos e uma pulseira para não me carregar. No fim,
me olhei no espelho e sorri de lado pegando minha bolsa.
A Kim estava na sala trocando mensagens no celular e usava um vestido
branco comprido com fenda nos dois lados da perna. Também era de frente única
e a cintura ficava bem marcada com o detalhe que era um pouco mais apertado.
Ela descobriu que já estava com quase sete semanas e sua barriga ainda não
tinha nenhum vestígio de que tinha um bebê lá dentro.

O Gary não podia estar mais feliz com isso. Estava sempre fazendo suas
vontades e se prontificando para ir com ela aos exames. Os dois estão com a
ideia de mudarem de casa para começarem uma vida juntos, já que agora tinham
um bebê a caminho e eu estava contente com a felicidade deles. Ela finalmente
tinha encontrado alguém que a amava mais que tudo e estava disposto a fazer
qualquer por ela. E isso era o que mais importava.

Nossas malas já estavam arrumadas para a viagem que faremos amanhã.
Para essa parte do presente vamos apenas os mais íntimos. No caso eu, a Donna,
o Ben e os novos papais da área: Kim e Gary.

—E essa barriguinha ? Já sente alguma coisa ? —Pergunto olhando
rapidamente para a Kim enquanto nos dirigimos para a casa do Benjamin. O meu
segurança vem em um carro logo atrás de nós e o dela na frente.

—Não muito. —Ela ri feliz. —Sinto uma ondulação diferente só.

—E qual a sensação ?

—Nem sei explicar, Lou. É tão diferente. Nunca me imaginei
engravidando antes de você.

—Está me chamando de irresponsável por acaso ? —Faço cara de
ofendida e ela dá uma gargalhada.

—Não, mas não fui eu que fiquei apaixonada por um pau que mal
conhecia ainda.

—Esse pau que você está fazendo pouco caso faz mágica, minha filha.

—E quando vai fazer a mágica que o Gary fez em mim ?

—Não tão cedo, acho eu. —Sorrio e paramos o assunto quando entramos
pelos portões da casa do meu namorado.

Levo o carro pelo caminho de pedras bem planas que vão até a enorme
garagem da casa e descemos.

—Jesus! —O Benjamin fala assim que abro a porta de entrada e o
encontro na sala sentado no sofá usando um smoking preto elegante. Seus
cabelos estão presos no alto da cabeça e seus olhos parecem mais claros que o
normal. Meu coração dispara imediatamente.
—Olá, aniversariante. —Vou na sua direção e o abraço. Sua boca
encontra a minha e sua mão já vai descendo pelas minhas costas até eu a parar
no meio do caminho. —Feliz aniversário, meu amor.

—Obrigado. Você está muito gostosa com esse vestido. —Fala em um
sussurro enquanto a Kim cumprimenta a Donna.

—E você nesse smoking. Já quero tirar ele.

—Aceito. —Beija meu nariz.

Depois de nos cumprimentar, saímos de casa. Vamos todas no carro do
Benjamin, e juntando com os nossos, mais alguns seguranças sempre vem a
nossa cola. Às vezes chego a esquecer que sou seguida o tempo inteiro.

—Ainda precisamos de seguranças ? —Pergunto sentado ao seu lado no
carro a caminho do salão e ele faz que sim com a cabeça.

—Ainda não sabemos quem colocou a bomba e mesmo as coisas estando
calmas, não quero colocar a vida de ninguém em risco. —Diz e encerramos o
assunto por ali mesmo.

O salão que alugamos era ainda mais incrível depois de arrumado para
uma comemoração. As cores em um marrom e neutro predominavam no
ambiente que era à beira mar. As paredes eram de vidro e davam uma vista linda,
principalmente agora que o sol já tinha se despedido, mas ainda tinha uma certa
claridade. No teto havia alguns enormes círculos unidos de onde saíam a maior
parte da luz que iluminava o local. As mesas redondas e as cadeiras estavam
cobertas por tecidos na cor creme e faixas douradas. Havia um simples e discreto
arranjo de flores em cima de cada uma e o carpete no chão combinava com o
ambiente. Lá fora as árvores dançavam com o vento e algumas luzes de
decoração começavam a ser acesas.

Encontramos com o Gary na entrada e ele foi logo babando na Kim e na
barriga dela, e deixamos eles entrarem na frente. A Donna se chegou a uma
conhecida e eu entrei de mãos dadas com o Benjamin, que fazia parecer que eu
era a aniversariante, já que era para mim seu olhar de adoração.

—Quer parar de ficar me olhando assim ? —Pedi sorrindo tímida
enquanto subíamos os poucos lances de escadas.

—Não posso. Não consigo.

—Tente, pelo menos por hoje. A noite é toda sua.

—E você também ?

—Eu também. —Pisco e adentramos o local. A orquestra tocou Die A
Happy Man - Thomas Rhett recepcionando as pessoas que já estão aqui. Assim
que entramos pela porta principal, palmas altas e ensurdecedoras começam a se
ouvir, assim como flashes das câmeras dos fotógrafos que a Donna fez questão
de convidar.
Fazemos poses juntos para alguns deles e depois de deixar Benjamin ser
fotografado sozinho, seguimos pelo salão enquanto algumas pessoas vem o
parabenizar. Sinto um frio na barriga quando a Ysla também vem no meio dessas
pessoas e como eu imaginei, ela estava impecável. Dava até um nó no estômago
só de olhar para ela e decidi ignorar quando por instinto, os olhos do Benjamin
desceram para seus seios. Claro, eles estavam em um decote majestoso que só
não via quem não queria. Apesar disso, sorri. Era comigo que ele estava.

—Foi você quem escolheu tudo isso ? —Ele perguntou no meu ouvido
quando sentamos na mesa que dividíamos com os outros.

—Eu e eles. —Apontei para a Kim, o Gary e a Donna que bateram
palmas, trazendo novamente uma salva delas pelo salão. O Benjamin só sabia rir
visivelmente sem graça e agradecia levantando sua taça de champagne.

—Depois daqui eu vou te foder toda por isso. —Falou em um sussurro
me fazendo estremecer por dentro e minha intimidade pulsar com sua promessa.

—Não sabe o quanto estou esperando. —Retribuí da mesma forma e ele
apenas riu malicioso me analisando.

O aniversário estava melhor do que eu poderia imaginar. As pessoas
estavam felizes e sempre vinham na nossa mesa cumprimentar o aniversariante,
que ficava sempre tímido me mostrando um lado que eu ainda não conhecia.
Sempre que acontecia isso, ele me olhava de uma forma arrebatadora como uma
enfase de que cumpriria sua promessa mais tarde. Mal sabia ele que eu que iria o
fazer ir as nuvens.

O jantar foi escolhido pela Donna. Ela sabia mais do que ninguém como
organizar esse tipo de coisa e eu confiei nela. As entradas foram servidas e fiquei
maravilhada com o gosto do champignon com parma e gorgonzola. Os pratos
principais foram variados para não correr risco de matar algum alérgico durante
a ceia. Foram servidos Penne com salmão ao Limone, Polvo grelhado com risoto
de limão siciliano e Mignon grelhado com cogumelos e um risoto cremoso de
beterraba. Eu confiei e aprovei o gosto da minha sogra. E ela acertou em cheio.

Depois da sobremesa, foi a vez de eu dividir meu homem com todo
mundo. Todos queriam dançar ou falar com ele e eu ficava o vendo de longe.
Orgulhosa. Orgulhosa do homem que estava se tornando. E orgulhosa do homem
que não tinha vergonha ou medo de me mostrar em público para quem quer que
fosse. Orgulho de fazer parte disso. Vez ou outra enquanto falava com alguém,
sempre dava um jeito de olhar para onde eu estivesse e sorrir. Aquele sorriso que
agora eu era dona.

—Será que posso roubar meu namorado um pouco agora ? —Perguntei
sorrindo simpaticamente para uma moça que trabalhava na empresa. Ela sorriu
em concordância e saiu.

—Se eu não te conhecesse o bastante, diria que está com ciúmes. —
Falou no meu ouvido enquanto andávamos para a pista de dança onde as pessoas
já se divertiam com as músicas que foram antecipadamente preparadas para
tocar.

—Ciúmes ? Desconheço essa palavra.

—Mas eu conheço muito. É o que estou sentindo sempre que vejo algum
desses marmanjos olhando para minha mulher.

—Sua mulher ?

—Sim. Minha.

—Só sua. —Digo e paramos de frente um para o outro. You And Me -
Lifehouse começa a tocar e ele olha para os lados como se tivesse procurando de
onde vem. Sua expressão me faz rir.

—Vamos dançar ?

—A menos que você não queira.

—Com você eu quero tudo. —Diz e sorri.

Eu não sabia que se estava dançando certo, mas me movia de acordo com
os ritmos da música. O que mais me surpreendeu foi meu namorado, que eu
nunca imaginei dançando, praticamente conduzindo meus passos na dança.
Delicadamente e ao mesmo tempo de forma provocador. Jogava meu corpo para
todo lado e me segurava pela mão.

“ … Porque somos você e eu e todas as pessoas … Com nada para fazer
… Nada para perder … E somos você e eu e todas as pessoas … E eu não sei
porquê … Não consigo tirar meus olhos de você …”

De repente me puxou para perto do seu corpo e nos encontrávamos em
um baque intenso no exato momento da nota:

“ … Existe algo sobre você agora que não consigo compreender
completamente …Tudo o que ela faz é bonito … Tudo o que ela faz é certo …”

Ficamos colados com minhas mãos apoiadas no seu ombro e as suas na
minha cintura e costas. Nossos passos eram sincronizados mesmo sem serem
ensaiados, e se tivesse muito mais silêncio, tenho certeza que seria possível ouvir
as batidas aceleradas do nosso coração. Eles estavam cheios e transbordando o
que sentíamos um pelo outro. Era palpável apenas pelo olhar que trocávamos,
pelo toque que ansiávamos, pelo calor que nos consumia de forma abstrata.

Sua mão subiu pelas minhas costas e veio em direção ao meu rosto, onde
alisou com a ponta dos dedos. Nessas horas eu não ligava pela quantidade de
pessoas que até pararam para nós olhar. Naquele momento eu só queria ele.
Queria sentir seu toque. Seu beijo.

Então ele me beijou.

“ … E eu não sei porquê … Não consigo tirar meus olhos de você …”

(…)

O vôo normal para as Ilhas de Turcas e Caicos demoraria um pouco mais
de três horas, mas como já teríamos que voltar no domingo, decidimos pegar um
jatinho particular para chegarmos mais rápido. Jatinho no diminutivo, só o nome,
porque aquilo era uma máquina gigantesca. E o conforto ? Eu já tinha andado
nele outra vez com o Benjamin no dia que voltamos de Londres, mas eu estava
tão tensa e preocupada que nem notei isso. Fora a parte que dormi sem nem
perceber.

Ainda não tínhamos lhe falado o destino e a Kim, mais ansiosa que eu,
estava louca para abrir o bico no meio do caminho. A sorte é que tinha o Gary
para sossegar o facho dela por algum tempo.

—Onde estamos indo, amor ? —O Benjamin pergunta sonolento ao meu
lado. Ontem ficamos até tarde na sua festa de aniversário e hoje se eu deixasse
ele dormiria até depois do meio dia. Estava deitado na poltrona com a cabeça nas
minhas pernas.

—Eu já disse milhares de vezes que você vai ver quando chegarmos.

—Só estou indo porque a minha mãe também está. Acho que ela não
deixaria você me levar para o perigo. Não é, mãe ? —Levanta a cabeça para lhe
olhar em outra poltrona lendo um livro e ela ri o fazendo bufar e voltar a deitar.

—Sossega, amor.

—Quando vamos chegar ? Quero dormir.

—Dormir ? —Me fiz de ofendida. —Estamos indo para as Ilhas de
Turcas e Caicos comemorar seu aniversário e você quer dormir, Benjamin ?

Imediatamente tapo a boca vendo que acabei de entregar o destino e a
Kim dá uma gargalhada alta lá do fundo.

—Tome! Entregou todo o jogo, sua burra.

Benjamin sorriu me olhando e seus olhos brilhavam. Era seu sonho
conhecer esse lugar e mesmo tendo dinheiro para ir todos os feriados que
possam existir, nunca teve tempo de pensar nisso.

—Sério que estamos indo para lá ? —Pergunta com um sorriso e eu faço
que sim com a cabeça, então ele abraça minha cintura e afunda o rosto no meu
ventre me fazendo estremecer. —Eu te amo, meu bem.

—Eu te amo muito mais. —Digo e faço carinho nos seus cabelos. Logo
ele cai no sono novamente me deixando feito boba o admirando.

(…)

Aterrissamos na área especial do resort onde vamos ficar hospedados e já
do alto podíamos ver o luxo que era o lugar. Os edifícios mostravam de cara que
só pessoas que tinham dinheiro teriam como se hospedar ali, e eu fiquei eufórica
só de ver.

Os seguranças desceram antes de nós e eu quase não consegui aguentar
quando tive que esperar dentro do jatinho enquanto eles davam uma passada de
olho pelo lugar. Eu ainda achava um exagero, mas não iria brigar por isso.

Logo alguns funcionários vieram nos saudar e levar nossas malas para os
quartos onde ficaríamos. Caminhamos em direção ao resort olhando atentamente
para todos os lados, menos o aniversariante. Esse vinha com o braço em cima do
meu ombro sem se tocar da força que estava fazendo e a cabeça vinha deitada
em cima de mim. Eu tinha que o segurar pela cintura, pois ele estava caindo de
sono. Tadinho.

O que mais tinha no local era água. Havia um bar onde os assentos
ficavam dentro da água e além disso, havia outra área de passeio que seria
normal se não fosse por também estar submersa em água. A piscina de borda
infinita era um convite tentador e eu fiz uma nota mental de ir lá depois, mas
antes tinha que levar meu bebê gigante para nosso quarto.

—Chegamos ? —Pergunta quando eu abro a porta do nosso quarto com o
cartão magnético e praticamente o empurro para dentro.

—Sim, faz alguns minutos. Você está mesmo com tanto sono assim ?

—Estou. —Anda e se joga em cima da cama de bruços dando tapinhas
me convidando. —Vem dormir comigo, amor.

—Eu não quero dormir, Ben. Quero aproveitar isso aqui. É seu
aniversário.

—Na verdade foi ontem, mas prefiro me aproveitar nesse seu corpo
gostoso. Vem cá.

—Não, vou colocar um biquíni e descer para a piscina.

—Sozinha ? Nem fodendo! —Praticamente dá um salto da cama e coça
os olhos.

—Acordou ?

—Por favor.

—Eu só vou colocar o biquíni. Daqui a pouco vamos almoçar.

—Então me chama quando for a hora. —Diz e volta a cair sobre a cama.
Dessa vez dorme de verdade me fazendo revirar os olhos.

Além do motivo do seu sono, na noite passada ele aproveitou os dias de
folga para beber todas. Por pouco não dá vexame na festa com ciúmes de mim e
eu tive que trazer seu carro para casa. Acordou de ressaca e de mau humor que
nem parecia que tinha sido seu aniversário no dia seguinte. Quase me tirou do
sério quando não queria sair da cama e eu tive que fazer chantagem dizendo que
se ele não fosse, iria convidar outra pessoa para ir no seu lugar, já que eu tinha
alugado um quarto para dois e não ia gastar dinheiro à toa.

—Amor, acorda. —O sacudi delicadamente quando íamos descer para
almoçar e ele resmungou. —Vamos. Não vai sobrar comida pra gente.

—Depois eu compro a cozinha do hotel para você, agora me deixa em
paz, Louise.

—Ah, é assim ? —Coloco as mãos na cintura. —Então vou descer com
esse shortinho que estou usando e espero verdadeiramente encontrar um turista
por aqui.

Me viro sorrindo em direção a porta e seus passos pesados vem correndo
desesperados na minha direção. Sinto meu corpo sendo erguido pelas suas mãos
e sou jogada em cima da cama. O cretino se encaixa entre minhas pernas e vejo
o quanto está excitado. Seu membro duro alisa minha boceta por cima do short
fino e um gemido traidor escapa da minha boca.

—Vai atrás de outro quando me tem aqui mesmo ? —Pergunta chupando
e lambendo meu pescoço.

—Se você não quiser ir, terei de fazer isso.

—Mesmo tendo um pau desses aqui, doido para entrar nessa sua
bocetinha gostosa ? Hein ? Eu sei que você já está toda molhada me querendo.

Ele sabia bem o que fazer e como fazer. Eu já estava completamente
encharcada e minha boceta pulsava de tesão.

—Temos que … descer … amor … —Meus gemidos se intensificam
quando ele desce os beijos indo em direção aos meus seios cobertos pelo
pequeno biquíni verde musgo.

Suas mãos ágeis afastaram um dos lados e abocanhou o esquerdo com
volúpia. Chupava o mamilo com sede que eu já sabia que ia ficar marcado. Sua
outra mão afastou o outro lado e começou a massageá-lo lentamente. Eu já
estava completamente entregue apenas com isso e não estava mais nem
lembrando que tínhamos que descer para almoçar.

Fui erguida e colocada de pé de costas para ele. Seu pau roçava na minha
bunda e eu me esfregava pedindo por mais. Arrepiei com seus dedos tocando
levemente minha pele e seus beijos tocarem meu ombro. Fechei os olhos
querendo sentir mais e o laço na parte de trás do biquíni foi desfeito lentamente.

A peça caiu no chão e eu continuei de costas. Os beijos foram descendo
pelas minhas costas e bambeei por alguns segundos. Ele parece ter sentido, pois
me segurou com força e eu me apoiei em seu ombro.
Suas mãos chegaram até os laços laterais da parte de baixo e eu gemi
quando ele depositou um beijo na minha bunda. Eu podia ser beijada por ele a
todo segundo que não me importava. Aquele gesto tinha um efeito tremendo em
mim e ele sabia disso.

Senti a peça ir deslizando pela minha perna e cair aos meus pés. Seus
dedos subiram pela parte de dentro das minhas coxas e soltei um gemido quando
chegou na minha intimidade. Ele apenas alisou devagar me provocando, fazendo
com que eu pedisse, implorasse.

—Ben … Por favor.

—Não era você que queria descer para almoçar ? —Falou com voz rouca
e me penetrou com um dedo. Estremeci novamente e ele me manteve firme em
pé.

—Sim … Eu …

—Você que vai ser meu almoço. Eu falei que ia te foder e é o que vou
fazer. —Aumentou a velocidade e eu rebolei nos seus dedos. Queria muito
aquilo de uma forma dependente.

—Então me faça sua.

—Farei, meu bem. —Falou se levantando novamente e beijou meu
pescoço sem tirar o dedo de mim. —Eu farei isso.

No instante seguinte fui jogada em cima da cama e seu corpo pesou sobre
o meu. Ele mordia minha orelha e fazia questão de roçar seu mastro em mim.
Apenas sua maldita bermuda branca impedia que isso acontecesse e eu odiei
aquilo. Suas mãos desceram até chegar na minha bunda a abrindo e me deixando
completamente visível para ele.

Segurei forte os lençóis da cama quando ele finalmente se livrou da peça
de roupa e ficou alisando a cabeça do seu pau na minha entrada úmida.
Movimentava para cima e para baixo chegando até a entrar muito pouco dentro
de mim e sair de novo. O filho da mãe estava me torturando, e o pior é que eu
estava gostando.

Quando eu já ia pedir e implorar para que ele me possuísse logo, fui
penetrada de uma só vez. Abafei um gemido no travesseiro e ouvi seu sorriso
malicioso com minha reação. Era como estar nas nuvens a sensação de o ter
dentro de mim, mas me surpreendi quando ele continuou empurrando ainda
mais. Ele ainda não tinha entrado todo e eu poderia jurar que seu pau tinha
crescido da noite para o dia.

Ele colocou a mão por baixo do meu ventre e fez com que eu ficasse com
a bunda ainda mais empinada. Um estalo soou na minha pele e uma ardência
veio logo em seguida, mas foi amenizada pelo carinho que ele fez no lugar. Eu
sorri com seu gesto.

Com um dos dedos, desceu para minha boceta e abriu minhas dobras.
Gemi sabendo o que vinha a seguir e meu corpo tremeu quando ele passou a
massagear meu clitóris. Primeiro devagar, depois lento. Ele apertava meu botão
enquanto o massageava para cima e para baixo. Eu sabia que iria gozar rápido e
quanto mais se aproximava mais eu rebolava com seu pau todo dentro de mim.

—Ben … Oh … Eu vou gozar.

—Quer gozar agora, safada ?

—Sim … Isso é muito gostoso … Continua. —Pedi e assim ele o fez, só
que com a velocidade ainda maior.

—Caralho, amor! Você está enforcando meu pau com essa boceta gulosa.

—Eu … Ah … Continua, por favor ...

—Goza comigo então vai. Goza bem gostoso no pau do teu homem! —
Ele empurrava fundo dentro de mim e eu sabia que também estava perto.

—Ahh …

—Porra! —Rugiu quando chegou junto comigo e eu sorri de lado e
satisfeita. Minha respiração estava ofegante e senti nossos corpos grudentos
quando ele deitou sobre mim e encostou seu peito nas minhas costas sem sair de
dentro de mim.

—Isso foi muito bom.

—Se me perguntassem de todas as minhas fodas qual foi a melhor, com
certeza eu responderia essa. Porra, mulher! Um dia você ainda me mata. —
Morde minha orelha e se levanta saindo de mim cuidadosamente. Me virei e o vi
entrando no banheiro.

—O que você vai fazer ?

—Tomar um banho para descermos. Fiquei com fome agora. —Piscou
me mandando um beijo e sumiu lá para dentro me deixando rindo sozinha.



Benjamin

Não vou mentir. Eu estava completamente orgulhoso pela mulher que
agora é minha. Para mim, ela era um tipo de agrado que as forças superiores me
davam por algo bom que fiz na vida passada. Não era possível. Ela era demais
para mim. Era areia demais pro meu caminhão, e por várias vezes, eu tinha medo
de errar ou não ser o suficiente pra ela. Só de pensar nisso um calafrio percorre
meu corpo e eu balanço a cabeça para esquecer.

Agora eu estava aqui, sentado em uma cadeira de sol perto da piscina
lendo um livro e vendo minha mulher deitada em outra cadeira ao meu lado de
barriga para cima, de biquíni mostrando seu corpo espetacular. Vários
marmanjos que passam não perdem a chance de lhe olhar, mas quando olham na
minha direção e me veem, dão logo para trás. Bando de imbecis!
—O que está pensando ? —Pergunta sem tirar o enorme chapéu de sol
com seu nome bordado de cima do rosto.

—Em posições para te foder nessa cadeira. —Digo sem pestanejar e ela
solta uma gargalhada gostosa, só então tira o chapéu e se vira ficando com a
bunda para cima. Pisco diversas vezes admirando sua beleza.

—Você só pensa em sexo ?

—A culpa é toda sua.

—Minha ?

—Sim. Pra que essa bunda gostosa aí virada pra todo mundo ? Ela é só
minha!

—Mesmo ? Logo eu que estava afim de fazer um topless daqueles.

—Não brinque comigo! —Digo entre dentes e ela sorri voltando a deitar.

(…)

—Podemos chamar a Donna para ir com a gente ? —Pergunto em tom de
brincadeira quando estou na frente do espelho arrumando meus cabelos.

—Por quê ? Não quer um programa só para nós dois ? —Fala com voz
sinuosa e se levanta. Me viro para a admirar e estanco ao lhe ver. Está usando
um vestido cor-de-rosa com um grande decote que felizmente não deixa muito
dos seus seios à mostra, embora seja bastante curto e transparente, dando pra ver
toda a sua calcinha.

—Você vai me levar pra sair assim ? —Pergunto arqueando uma
sobrancelha e ela ri.

—Sim, não gosta ?

—Gosto, claro que gosto. Você sabe disso, mas está quase nua, amor.

—E desde quando ficar nua é um problema para você ? —A safada
continua me provocando e está conseguindo.

—Desde quando não seja apenas para mim, mas não importa. Você está
linda assim e mesmo que todo mundo vá te olhar, é na minha cama que você vai
estar essa noite.

—Literalmente. —Diz em um resmungo baixo e um sorriso malicioso
enquanto entra no banheiro rebolando aquela bunda gostosa.

(…)

O hotel estava movimentado aquela hora da noite. Eu entendia o motivo.
Pessoas que moram em lugares mais frios e raramente tem um sol daqueles,
aproveitam qualquer vestígio do mesmo quando esse decide dar o ar da graça. A
primavera é assim. Não é totalmente calor e férias, mas está quase.

Se fosse em outro tempo, eu com certeza já tinha conhecido uma turista
qualquer por aqui e já tínhamos transado certamente, mas os tempos mudam.
Agora eu estou completamente apaixonado pela mulher que anda ao meu lado
com os dedos entrelaçados nos meus.

Ela não quis me falar onde estávamos indo e eu não insisti, embora
tivesse bastante curioso. Ela apenas deu a dica que fazia parte do meu presente
de aniversário e que esperava que eu gostasse, pois tinha se esforçado para
aprender direitinho.

Chegamos em um espaço reservado onde era basicamente uma casa
dentro do resort. Era cercada por sebes altas e luzes ambientes alaranjadas.
Dentro da casa as luzes já estavam acesas e do lado de fora podíamos ver as
cortinas finas cobrindo não muito do lugar. Ela andava na frente me puxando
pela mão e soltou apenas para tirar as chaves de dentro da bolsa e abrir.

O lugar era aconchegante e o clima também era agradável. As paredes,
teto e chão eram de assoalho e as luzes que vimos no lado de fora, a maioria era
de velas colocadas em candelabros presos em lugares nas paredes. Eu fiquei
admirando o lugar enquanto ela também fazia o mesmo, mas algo me dizia que
ela já o conhecia.

Andei até a sala onde havia um grande sofá cinzento em formato de L.
No chão um enorme tapete da mesma cor em algodão e na parede, havia uma
lareira já ligada. Havia mais coisas na mesma parede, mas não estava muito
atento a isso.

—O que vamos fazer aqui ? Vai fazer um striptease pra mim ? —Me
virei para ela, que já foi colocando a bolsa no chão, tirando os saltos e andando
na minha direção. Suas mãos enlaçaram meu pescoço e ela aproximou sua boca
da minha, sem tocar, apenas roçando deliciosamente.

—É o que você quer ? —Sua voz emanava lascívia e foi capaz de fazer
meu pau latejar. Eu não fazia a mínima ideia do que ia acontecer, mas algo me
dizia que ia ser bom.

—Eu quero qualquer coisa que você possa me dar.

—Você vai ter. —Me empurrou com o dedo me fazendo cair sentado no
sofá. Eu apenas sorri. Ela estava na minha frente em pé e olhou para meu
membro, que já estava bem marcado na bermuda branca.

—O que a senhorita está planejando ?

—Espere e verá.

—Estou ansioso e curioso. Doido para entrar dentro de você, meu amor.

—Você vai ter tempo para isso. —Se inclinou e apoiou as mãos nos meus
joelhos. Seu rosto bem próximo do meu fazia com que eu sentisse o cheiro do
seu hálito e fui surpreendido quando sua mão deslizou para meu pau duro e o
apertou delicadamente por cima da calça.

Meu gemido saiu no mesmo instante e ela continuou o alisando e
apertando ao mesmo tempo. Nem parecia que já tínhamos feito sexo. Meu pau
estava dolorido e minhas bolas implorando para serem libertas. Fechei os olhos
jogando a cabeça para trás e sua boca chupou meu pescoço. Só voltei a abrir
quando sua mão parou.

—Eu vou lá dentro.

—Fazer o quê ?

—Quando eu voltar, esteja me esperando. —Não respondeu minha
pergunta e sumiu para a parte de dentro levando sua bolsa.

Eu estava ainda mais curioso e fiquei realmente tentado e ir atrás dela,
mas eu não queria estragar seja lá o que ela tivesse planejando e apenas obedeci
sua ordem. Rapidamente tirei a camisa e me livrei da bermuda. Quando tirei a
cueca, meu pau saltou para fora e ficou duro apontado para cima. As veias
estavam visíveis e era possível até sentir o sangue correndo forte quando eu o
apertava. Só de imaginar o que ela deveria está fazendo lá dentro ou iria fazer, o
tesão tomava conta de mim e eu comecei a alisar meu membro lentamente.
Queria estar no ponto quando ela voltasse.

Em seguida ouvi seus passos vindo por trás do sofá, mas não me virei
para olhar. Iria esperar ela chegar na minha frente e quando isso aconteceu, meu
queixo caiu. Ela estava usando apenas um pequeno tecido fino branco amarrado
na cintura que sequer cobria sua bunda e na parte de cima a mesma coisa. Os
seios não mostravam os mamilos, o que aumentava ainda mais minha
curiosidade.

Ela pousou uma espécie de bandeja com algumas coisas no chão perto da
lareira de uma forma que sua bunda ficou exposta para mim. Sua boceta também
era visível e suas dobras me tentavam de uma forma louca. Notei que sua pele
estava brilhante e quando ela veio até perto de mim, senti o cheiro.

—Isso é óleo ? —Perguntei passando o nariz no seu braço e ela sorriu
fazendo que sim com a cabeça.

—Gosta do cheiro ?

—Sim. É … excitante.

—Sim, é. —Estendeu a mão para mim e eu segurei, me levantando logo
em seguida. Ela segurou meu rosto e me puxou para um beijo quente. Sua língua
invadiu minha boca e eu sentia meu pau passando na sua barriga e deslizando
com o óleo espalhado pelo seu corpo.

Fomos nos abaixando no tapete, até ficarmos sentados. Ela nas minhas
pernas com as delas em volta da minha cintura. Nua. Meu Deus.
—Deita. —Ordenou e eu fiz. Ela foi me empurrando delicadamente até
eu ficar esticado no tapete, que era ainda mais confortável sentindo. A quentura
que vinha da lareira era maravilhosa e senti meu coração começar a acelerar.

Ela se virou para a bandeja e pegou uma espécie de jarro pequeno com
um líquido dentro e se encaixou entre minhas pernas de uma forma confortável.
Eu imaginei o que viria a seguir e estava louco por aquilo. Meu pau dava
espasmos de tesão e mesmo assim ousei perguntar.

—O que você vai fazer, amor ?

Ela olhou para mim com um sorriso de lado, mordeu os lábios e com um
fio fino, foi despejando o óleo do meu peito até minha virilha o fazendo escorrer
até minha bunda. Meu coração faltou rasgar o peito quando ela segurou meu pau
molhado de óleo e lubrificação com as duas mãos e o apertou levemente em uma
espécie de massagem.

—Dar o seu presente de aniversário especial.

Puta que pariu!
Capítulo 36 (Parte 1)

Benjamin

A música no ambiente tocava e combinava exatamente com o momento.
Era suave e ao mesmo tempo desperta com uma espécie de sino tocando em
horas precisas. Não tinha voz, apenas instrumentos fazendo tudo aquilo. Era
excitante.

Fui deitado de costas com um pouco de dificuldade, já que meu pau
estava duro feito rocha e não queria se acalmar para achar uma posição
confortável. Mas como ele iria se acalmar se nesse exato momento tinha uma
mulher gostosa sentando nas minhas coxas completamente nua e eu podia até
sentir sua boceta molhada tocando minha pele ? Minha consciência vai ficar
completamente limpa se eu gozar assim mesmo.

Seus dois punhos se fecharem e eu senti os nós dos seus dedos rolando
nos dois lados da minha coluna. Aquilo era muito bom e parecia estar aliviado
todo o estresse dos meus últimos anos. Senti ela pressionando os ossos próximos
do meu cóccix e indo até minha nuca, que me fez arfar. Minha pele toda se
arrepiou quando ela foi descendo as unhas de cima até em baixo por mais de
uma vez. Diversas vezes. Ora era mais leve, ora mais pesado. Todos os meus
nervos ficaram acordados e eu estava muito excitado. Chegava até me mexer
querendo acalmar meu amigo inquieto.

—Louise … O que você está pensando que vai fazer ? —Perguntei com a
voz abafada quando suas mãos desceram para o meio das minhas coxas bem
perto da minha bunda.

—Fica quieto e me deixa fazer as coisas.

—Isso não é área para se mexer não.

—Shhh. —Fez por último perto do meu ouvido e eu fechei os olhos
relaxando.

Nem foi tão mau quanto eu achei. Suas pequenas mãos faziam círculos
nas bochechas da minha bunda e as apertava levemente.

Suas mãos subiram novamente pelas minhas costas e sorri de lado
quando ouvi a safada lambendo os dedos. Logo senti a ponta passando em volta
da minha orelha deixando um rastro úmido que fazia um frio gostoso e gemi
quando ela deu uma leve puxada no meu lóbulo. A mulher sabia claramente o
que estava fazendo.

—Vire-se. —Ordenou e eu gostei daquilo. Nunca fui submisso na cama
com ninguém, mas por ela, seria o que quisesse. Obedeci sua ordem e ela se
aconchegou em cima das minhas coxas. Meu pau podia finalmente ficar duro a
vontade.

A olhei dentro dos seus olhos e vi desejo neles. Ela adorava meu corpo e
mordia os lábios me admirando. Eu ficava imensamente feliz que minha
aparência a agradava. Era meu desejo que tudo em mim a agradasse.
Eu via os seus mamilos bem marcados e durinhos por baixo do tecido e
fiquei com uma vontade insana de tocá-los. Queria os apertar e os sentir na
minha boca, mas ela me impediu com um leve tapa quando tentei.

Tentei sossegar e permaneci com os olhos abertos, observando cada um
dos seus movimentos. Enquanto ela se inclinava para o lado a fim de pegar mais
do óleo. Arrisquei olhar para o meio das suas pernas e a vi. Sua boceta pequena e
carnuda encostada em mim. Molhada. Brilhando. Por poucos centímetros eu
ficaria dentro dela, sentindo o calor, mas naquela hora era impossível. Ela não
deixaria nem pelo amor de Deus, porém mais tarde eu iria cobrar. Iria cobrar por
cada segundo que me fez esperar e me torturou com essa massagem deliciosa.

Eu já estava acostumado com o líquido mais frio na minha pele e apenas
fiquei o olhado deslizar pelo meu peito quando ela colocou. Mordi os lábios
quando suas unhas começaram a fazer círculos ali. Usava as duas mãos e fazia
espirais em volta do meu mamilo. Ficou nisso por algum tempo até apertar um
deles levemente. Eu não sabia da sensibilidade que tinha naquele lugar, mas
gemi com esse aperto. Estava me deixando em ponto de bala e eu não sei se
aguentaria até o final.

—Eu preciso te comer, Louise. —Disse segurando seus pulsos e fazendo-
a parar. —Agora!

—Ainda não terminei com seu presente. —Sorriu provocadora.

—Sim, mas eu estou a ponto de explodir e isso vai acontecer logo.

—Não vai não. Eu não vou deixar. —Piscou e eu fiquei de boca aberta
tentando imaginar o que mais viria a seguir. Oh não!

Ela se levantou por alguns segundos e pegou mais almofadas no sofá.
Arrumou atrás da minha cabeça me deixando um pouco mais erguido e abriu
minhas pernas, se encaixando entre elas. Seu dedo indicador e médio
percorreram um caminho do meu joelho até minha virilha pela parte interna das
minhas coxas. Chegava bem perto do meu mastro duro, e voltava para baixo, me
deixando ofegante e ansioso.

Finalmente ela subiu os dedos decidida e chegou no meu pênis. O
coitado já devia estar roxo, e a safada ainda fez uma espécie de S de cima para
baixo me deixando louco. Apertei meu rosto com as mãos e um sorriso alto
escapou da minha garganta. Eu sentia que estava ficando louco a cada segundo
que tinha que esperar. Não sei pelo quê, mas estava esperando.

Da minha garganta não saía nada mais que gemidos e uivos ensandecido.
Eu me senti preso no meu próprio corpo em uma espécie de prazer diferente que
nunca senti antes. Eu só falava coisas desconexas e tinha noção disso, mas não
conseguia impedir. A sensação era que sempre uma onda de frio sexual gostosa
vinha do meio das minhas pernas até minha barriga e acho que minha namorada
também sente, pois sempre que chego a beira de um orgasmo, ela muda de tática
e começa tudo de novo.

Eu nunca tive uma massagem erótica assim na vida e depois disso, acho
que vou querer sempre. Que ela faça sempre. Suas mãos lambuzadas de um óleo
cheiroso massageiam meu pau com precisão e minhas bolas não ficam de fora.
Ela as segura entre as mãos e as aperta delicadamente.

Rugi feito um animal quando dois dedos de cada uma das suas mãos se
entrelaçaram e fizeram uma espécie de triângulo em volta do meu pênis. Eles se
moviam para cima e para baixo chegando até a cabeça roliça e melada. Eu sabia
que não ia aguentar. Aquilo era uma das melhores sensações que senti na vida.
Mesmo sendo apenas dedos, as membranas entre eles davam a enorme sensação
de ser sua vagina. Eu tinha a impressão de estar me enterrando dentro dela
mesmo sem realmente estar. Era loucura demais para minha mente insana.

Eu queria que ela continuasse ali. Eu sentia que poderia gozar a qualquer
momento, mas para minha frustração, ela parou. Senti suas mãos se
aproximando dos meus testículos e mesmo sendo uma parte frágil da minha
intimidade, ela sabia o que estava fazendo e o tesão não se afastou de mim.

Ela fez uma espécie de anel com dois dedos um pouco apertado em volta
das minhas bolas e puxava para baixo suficiente. Não doía. Era gostoso. Ficou
ainda mais quando ela acariciou a parte presa com os dedos livres.

Minhas bolas vibravam com o mínimo toque. Não só meus testículos,
mas todo o meu pau estava sendo estimulado e eu gemi de prazer. Eu mordi
meus lábios que até senti um gosto metálico na boca, mas não me importei.
Quando ela voltou a acariciar meu pau, eu segurei novamente seus pulsos e disse

—Amor, eu te amo com todas as minhas forças.

—Eu também te amo. —Disse de volta sorrindo para mim. Meu coração
se encheu de alegria naquele momento e eu sabia o quão era sortudo por lhe ter,
mas não desisti

—Não me faça esperar mais, por favor. —Implorei e ela abriu um largo
sorriso. Se inclinou em cima de mim e sua boca me beijou levemente. Senti ela
se esfregando no meu pau e sabia que estava perto da minha tortura chegar ao
fim.

A soltei delicadamente e estiquei meus braços na lateral do meu corpo.
Sua mão novamente segurou meu pau, e sua boceta começou a alisar nele para
cima e para baixo. Ele entrava no meio das suas dobras quentes, mas não ia para
sua entrada. Não me importei. Aquilo já podia ser o suficiente.

Ela voltou a parar e fechei os olhos quando senti a ponta da sua língua
passando na abertura que tinha na cabeça. Era demais! Suas mãos massageavam
ainda mais rápido toda a extensão do meu pau e ela alternava entre devagar e
rápido. Senti minhas pernas começarem a tremer sem os meus comandos e
apertei suas coxas para ela saber. Ainda com os olhos fechados, ouvi apenas seu
sorriso satisfeito e quando dei por mim, meu gozo veio como um vulcão
entrando em erupção. Sentia os jatos subirem e caírem em cima da minha
barriga. Suas mãos continuavam fazendo a mesma coisa e ela me lambuzava
com meu próprio leite. Passava os dedos na cabeça e eu apenas gemia sentindo
aquilo tudo. Sentia meu corpo ficando relaxado aos poucos e agradeci quando
ela continuou prolongando o momento.
Minha tortura tinha acabado. Eu não tinha acreditado que eu tinha
passado por aquilo. Eu não acreditava no quanto tinha sido incrível.

Eu tinha gozado de forma tão intensa que mesmo já tendo tido as
melhores e mais exuberantes mulheres na cama, não tinha sequer chegado aos
pés. Aquilo não estava envolvido apenas por sexo. Estava envolvido por
sentimentos. Havia amor naquilo tudo. Em cada toque da minha mulher.

Eu ainda não estava satisfeito. Tinha gozado com suas massagens, mas
ainda queria estar dentro dela. Queria sentir suas paredes apertando meu pau e
dessa vez me derramar por suas partes internas.

A puxei para cima da minha barriga deixando uma perna sua de cada
lado e sem mais delongas, rasguei o tecido que tampava sua boceta e o que
cobria os seios. Ela deu um gritinho de surpresa e eu fiquei ali parado olhando
seus montes claros com o mamilo rosado e duro no meio. Leveiminha boca até
ele o chupei, mas fui impedido quando ela me empurrou

—Eu quem estou dando seu presente. Não o contrário.

—Não me importo. Se quer mesmo me presentear ainda mais, senta com
essa boceta no meu pau e mata minha fome.

—Não está satisfeito ? —Perguntou se fazendo de ofendida e eu sorri

—Satisfeito é muito pouco para definir o que estou sentindo, mas eu
sempre vou querer mais de você. Se esse vai ser sempre meu presente de
aniversário, quero comemorá-lo todos os dias.

De imediato voltei a agarrar seus seios com a boca e no instante seguinte
estávamos nos amando novamente. Dessa vez sem torturas, apenas eu e ela se
jogando no corpo um do outro como se fosse um precipício. Precipício esse a
qual eu me jogaria quantas vezes fosse preciso.



Louise

—Você não aprendeu isso fazendo em outros não, certo ? —O Benjamin
pergunta quando estamos deitados no mesmo tapete felpudo onde transamos
minutos atrás. Trouxemos apenas alguns edredons do quarto e arrumamos no
chão, onde deitamos e nos cobrimos virados para a lareia.

Eu sorrio.

—Sim, mas não em um homem de verdade.

—De plástico ? —Arqueia uma sobrancelha e eu faço que sim com a
cabeça. —Espero que você não me troque por um pau de plástico.

—Tenho motivos para isso ?

—Óbvio que não, mas vocês mulheres parecem que tem um fogo que
não apaga nunca.

—Olha quem fala. —Dou um tapa leve no seu peito e ele me encara
alisando meu rosto. —Você gostou do presente ?

—O melhor presente de todos foi você ter aceitado ser minha namorada.
Porém, se você quiser uma resposta concreta, sim. Eu amei a surpresa, meu
amor.

Apenas sorrio satisfeita. Viro de costas para ele e ficamos de conchinha.
Suas pernas entrelaçam-se nas minhas e suas mãos apertam meu corpo contra o
dele me deixando mais aquecida. Ele beija minha cabeça acariciando meu ventre
e é a última coisa que lembro antes de adormecer profundamente.

No domingo de manhã estávamos reluzentes. Acordamos cedo com o
barulho das ondas do mar e um som gostoso do cantar dos passarinhos. Ao
fundo também tinha uma música animada tocando e imaginamos que algum dos
turistas aproveitou o domingão para colocar em volume máximo, o que me
animou ainda mais a começar bem o dia.

Depois de sairmos do lugar onde estávamos, voltar para o resort e
tomarmos um banho que quase não sai por começarmos a nos agarrar debaixo do
chuveiro, eu me troquei para o dia. Coloquei um conjunto de biquínis na cor
vinho que a parte de cima tinha um decote lindo. As tiras grossas davam uma
volta na frente do corpo ficando transversal e se amarravam nas costas, já a parte
de baixo era simples. Coloquei uma saia fina branca por cima e prendi meus
cabelos no alto da cabeça.

Tomamos o café da manhã todos juntos e a Kim sequer conseguiu comer
muita coisa. Ficou enjoada com o cheiro de algumas comidas e teve que ir ao
banheiro vomitar. Depois disso decidimos dar uma volta na praia antes do
almoço e mesmo que o sol ainda não tivesse forte, era meu desejo pegar pelo
menos um bronze fraquinho.

—Está tentando enlouquecer a praia toda ? —Ouço a voz do Benjamin
ao meu lado e sorrio ainda de olhos fechados. Estou deitada de bruços na cadeira
e com a cabeça apoiada nos braços cruzados.

—Não, apenas quero um bronze.

—Bronze daqueles se pegam no Brasil.

—E você pelo visto conhece muito bem a marquinha das brasileiras, não
é ? —Pergunto e ela fica quieto. Quando abro os olhos, está me olhando
segurando um riso. —Você não vale nada.

Sorrio e ele gargalha.

—Pode desfazer o laço nas minhas costas, amor ?

—É o quê ? Vou desfazer porra nenhuma!

—Por que não ? Não quero ficar com as marquinhas nas costas.

—Não, Louise! Os homens desse lugar já devem estar de pau duro só por
te olhar assim. Agora você ainda quer fazer topless ?

—Topless ? Gostei da ideia. —Me viro e começo a desatar o laço,
quando ele segura nas minhas mãos.

—Não faça isso! A não ser que queira que eu fique sem cueca aqui
também.

—Você não faria isso. —O olho desafiador e ele sorri de lado. Um
sorriso de molhar qualquer calcinha.

—Pode crer que sim, meu bem. —Toca meu queixo e beija levemente
minha boca quando vê que conseguiu seu objetivo.

Ficamos mais alguns minutos na praia quando voltamos para o resort a
fim de tomar banho e ir almoçar. Eu tinha esquecido o quanto banho de mar e sol
me deixam faminta. Como já iriamos embora mais tarde, decidimos almoçar fora
do hotel para termos tempo de conhecer pelo menos uma parte da Ilha, porque
de qualquer forma, não teríamos tempo para tudo só nesse dia.

Embora o Benjamin andasse sempre de mãos dadas comigo e sempre
demonstrando alguma forma de carinho, sempre tinha alguma mulher que não
resistia o olhar nele. Eu ficava cheia de ciúmes, mas ele parecia já ser
acostumado com aquilo e nem dava atenção, o que me deixou mais tranquila.

Registramos os momentos por vários lugares e quanto mais as horas se
passavam, mais se aproximava da despedida. Eu realmente queria ficar mais
tempo ali e o Benjamin até me propôs isso quando eu disse que adoraria ficar,
mas eu não ia atrapalhar o andamento da empresa só por um capricho meu.
Mantemos a data de volta e quando deu a hora, voltamos para o resort.

Depois de mais alguns minutos perambulando e quando já estava
anoitecendo, voltamos para o resort para arrumarmos nossas malas e irmos
embora. O jatinho do Benjamin já estava no lugar nos esperando e vi o quanto
minha melhor amiga estava bem servida com o Gary. Ela adormeceu enquanto
arrumava as malas e não acordou. Ele quem teve que terminar de arrumar e
ainda a trouxe dormindo nos braços para dentro do jato. Juntar o cansaço da
viagem com a gravidez dá nisso.

—Acha que um dia nós também teremos um mini Senhor ou Senhorita
Connor ?—O Benjamin pergunta quando já estamos no ar em direção a Boston.
Estamos deitados em uma enorme poltrona comigo entre suas pernas e ele me
abraçando pela cintura.

Eu me viro para o olhar. Enquanto a Donna está vendo um filme, a Kim
dorme nos braços do Gary que está no celular.

—Você quer ser pai ?

—Acho que no fundo, todos os homens querem.

—Eu também quero ser mãe, mas acho que ainda está muito cedo para
isso.

—Não quer ter um filho comigo ? —Pergunta parecendo ofendido, mas
eu sorrio e beijo seu peito.

—Claro que quero, meu amor. Quero muito. Mas podemos aproveitar um
pouco antes, não acha ?

—Sim, eu acho. Ainda quero me perder muito nesse seu corpo antes de
ter um bebê para atrapalhar esses momentos abrindo a porta do quarto de
supetão. —Sorri mordendo minha orelha e eu sorrio me virando para frente
voltando a fechar os olhos.

Chegamos em Boston pouco depois e os carros já estão nos esperando no
aeroporto particular. Mesmo contra a vontade, Benjamin me deixou em casa e
foi dormir na dele. Não que eu não quisesse dormir junto com ele, mas ainda
queria manter uma certa liberdade de as vezes ainda continuar dormindo
sozinha. Eu sabia que se fosse para sua casa ou ele ficasse aqui, iriamos fazer
sexo durante a noite inteira e eu tinha que descansar para o dia seguinte. A Kim
também preferiu dormir em casa comigo e tive que aturar um Gary preocupado
dizendo para ela e eu ligarmos para ele caso algo aconteça.

Eu mal fechei a porta do apartamento e já senti a falta do Benjamin. Eu
sentia que faltava um pedaço de mim sempre que estávamos longe e olhei para a
sua foto estampada no meu papel de parede enquanto me deitava. Sorri e dormi
sabendo que o veria novamente no dia seguinte.

(…)

Eu estava adorando todo aquele clima de primavera. Era uma das minhas
estações favoritas e eu ficava ainda mais animada com o sol chegando logo de
manhã. Eu também gosto do frio, mas para mim é mais aquela de ficar em casa
no quentinho e vendo alguma coisa. Mas primavera não. Primavera tem um bom
clima, as pessoas andam mais descontraídas e você ainda pode usar aquelas
roupas mais felizes que estavam guardadas no fundo do guarda-roupa durante o
ano todo. E foi o que eu fiz.

Coloquei um vestido em um tom de rosa claro frente única que ia até um
pouco abaixo dos joelhos. Tinha uma fenda em um lado da perna e calcei uma
bota preta de salto depois de por uma meia calça transparente. Eu adorava aquele
vestido e poderia usar ele a vida inteira. Coloquei o colar de coração que o
Benjamin havia me dado e deixei os cabelos soltos. Arrumei minhas coisas em
uma bolsa pequena e saí do quarto respondendo a uma mensagem do Benjamin
perguntando se podíamos almoçar juntos. Era sábado e eu estava saindo com a
Kim para uma consulta de rotina e depois também íamos almoçar, então disse
para sairmos mais tarde. Ele resmungou, claro, porém aceitou.

Saímos juntas do apartamento e os seguranças já estavam no corredor
nos esperando. Era normal já darmos de cara com eles ali, sempre que
chegávamos em casa, eles entravam antes da gente para ver se estava tudo certo
e essas coisas, então como já eram praticamente um móvel pelo simples fato de
responder as coisas apenas com sim ou não, trancamos a porta e descemos.

Estávamos tão concentradas fazendo piadas com coisas banais que
demoramos para dar conta de uma confusão que estava em frente a portaria. Era
os outros seguranças. Ficamos olhando aquilo enquanto os que estavam perto da
gente já se posicionavam na nossa frente e atrás como um escudo e aí sim
começamos a prestar atenção.

Os dois seguranças que ficavam sempre na portaria estavam gesticulando
e falando com o rapaz, mas não entendíamos muito bem o que falavam. O rapaz
que era alto e tinha os cabelos um pouco compridos, trazia um buquê de rosas na
mão pedindo insistentemente ao porteiro para interfonar, mas o coitado não sabia
nem o que fazer. Quando ele ameaçou passar pelos brutamontes, foi segurado
com força.

—Porra! Eu não sou nenhum estranho. Eu quero falar com a minha irmã!
—Falou e eu fiz careta. Me virei para a Kim a fim de ver sua reação e seus olhos
estavam cheios de lágrimas. Seus lábios tremiam e eu logo me assustei.

—Kim, você está bem ? —Perguntei segurando no seu ombro, mas ela
não respondeu. Já ia pegar o celular para ligar ao Gary quando ouvi a voz alta do
rapaz na portaria

—Kim ?!

Eu me virei para ver sua expressão e ele tinha um misto de alegria e
saudade. Sorria largo e piscava várias vezes como se quisesse enxergar direito.
Voltei a olhar para a minha amiga no exato momento que ela balbuciou

—Franklin …

Eu olhei para ela. Olhei para o rapaz. Olhei para ela novamente e só
então me dei conta de quem era Franklin. Seu irmão mais velho que tinha
sumido sem dá rastros há alguns anos e de quem ela tanto falava e sofria.

Ela passou pelos seguranças correndo indo em direção a portaria e
quando os seguranças de lá viram que se conheciam de verdade, abriram
passagem para ele, que também correu ao seu encontro. Os dois se encontraram
em um abraço forte e de onde eu estava, podia escutar os choros e soluços dos
dois. Ela o apertava como se nunca mais fosse largar e ele também. Apertava sua
cabeça contra seu pescoço, abraçava suas costas e eu estava apenas chorando
emocionada com a cena.

—Você voltou! —Ela disse se afastando e segurando seu rosto com as
mãos. Apertava sua bochecha, seu queixo. Ela queria ter certeza que ele
realmente estava ali.

—Sim, meu amor. Eu voltei. Voltei por você. —Voltaram a se abraçar e
ficaram nisso por um tempo.
Quando finalmente puderam matar um pouco das saudades, a Kim o
encarou.

—Eu senti tanto a sua falta.

—Eu também senti a sua. Não sei se um dia você vai me perdoar pelo
que eu fiz, mas eu sempre vou insistir.

—Eu sei que você só fez para me proteger, Frank. Eu nunca fiquei com
raiva de você.

—Mesmo assim vou te compensar por todo o tempo que ficamos
separados. Eu agora voltei.

—Promete não me abandonar mais ?

—Prometo. —Disse e a abraçou novamente. Seus olhos cruzaram com os
meus e eu apenas sorri, porém ele parecia querer ver dentro da minha alma. Me
olhava cobiçoso e de forma sedutora com aqueles olhos azuis resplandecentes.
Confesso que era um pedaço de homem, mas não melhor que o meu namorado.

—Olha, essa é a Louise. —Ela pegou na sua mão e o trouxe até mim. —
Louise, esse é meu irmão que eu venho te falado. Franklin.

—Muito prazer, Franklin. —Estendo a mão e ele a segura levando aos
lábios e beijando em um gesto galante.

—Apenas Frank. O prazer é todo meu, Louise. —Disse e eu senti minhas
bochechas queimarem de vergonha. Ainda bem que a Kim percebeu e o afastou

—Vai com calma, amigão. Você acabou de chegar, porém tenho que te
avisar que já tem um piloto comandando esse avião. —Ela aponta de cima a
baixo para o meu corpo. —E um piloto umas três vezes maior que você.

—Então mil desculpas, Louise. Não quero ter que enfrentar um gigante.
—Ele sorri e eu acompanho.

—Vocês estavam saindo ? —Ele pergunta e eu olho para a Kim
esperando que ela responda.

—Sim. Estamos indo a uma consulta.

—Por quê ? Você está doente ?

—Hum, não.

—E quem são todos esses seguranças ? O que houve enquanto eu não
estive ?

—É uma longa história. Vem almoçar com a gente ?

—Claro! Quero voltar a aproveitar cada minuto ao lado da minha irmã
mais nova.

—E do seu sobrinho também ? —Ela sorri de lado e ele arregala os
olhos.

—O quê ? Você está …

—Te conto tudo no almoço. Prepara os ouvidos que aconteceu muita
coisa depois que você partiu. —Abraça sua cintura e saímos rindo.

(…)

Durante a viagem até a clínica, a Kim falou apenas sobre a gravidez e
que estava namorando alguém. Ele ficou imensamente feliz e queria tocar sua
barriga, mesmo vendo que ainda não tinha quase nada ali. Eu fiquei emocionada
quando ele falou que havia ido embora sem deixar pistas porque tinha se metido
em confusão com gente da pesada. Havia pedido dinheiro emprestado para
comprar mantimentos para eles e quando não conseguiu pagar, sabia que ia ser
perseguido. Ele sabia que se os caras soubessem onde ele estava e que tinha uma
irmã, iria a machucar para tentar atingir ele, então foi sua única solução. Partiu
na cara e na coragem sem dinheiro nenhum no bolso para Toronto onde passou a
viver.

Não tivemos tempo de muito mais conversa. Chegamos na clínica e
entramos para o atendimento. Era coisa básica. Apenas ver como estava a saúde
da Kim e ficamos tranquilas quando soubemos que estava tudo bem com ela e
com o bebê.

—Mas agora me conta. Por que você está todo vestido assim ? —A Kim
perguntou quando já estávamos sendo servidos no restaurante e aponta para a
roupa do irmão, que estava vestido com calças e camisa social, assim como o
sapato brilhando de tão limpo.

—Primeiro você vai me contar a sua história, mocinha. —Ele riu e eu via
ali o quanto era apaixonado pela irmã.

A Kim olhou para mim sem sorrir e eu já sabia o que ela estava
pensando. Ela não queria ter que relembrar que havia sido garota de programa
para o irmão, tinha vergonha, porém eu coloquei a mão no seu joelho e sorri em
forma de encorajamento. Ela sorriu de volta e começou a contar.

—Puta que pariu! —Ele falou depois que ela terminou de contar tudo que
havia acontecido. Algumas lágrimas haviam rolado no meio da conversa do
rosto de todos na mesa.

—Você agora está envergonhado de mim, não é ? —Ela perguntou com
voz baixa e ele pegou sua mão por cima da mesa.

—Não! Claro que não! Eu que estou envergonhado de mim por ter te
deixado aqui vivendo nessas situações. Se eu pudesse voltar no passado, eu faria
tudo diferente. Nunca arredaria o pé de perto de você.
—Agora está tudo bem. —Ela alisou a barriga lisa e sorriu sincera. —Eu
estou feliz. Ainda mais por você estar aqui de novo.

—Você vai ter que me apresentar o seu namorado. Eu preciso conhecer o
cunhado que está cuidado e fazendo minha irmã tão bem.

—Você vai conhecer.

Continuamos a comer enquanto ele começou falando sua vida desde o
momento que foi embora. Disse que saiu pedindo carona nas ruas até conseguir
chegar em Toronto, e que pensou em desistir no meio do caminho pois achava
que não ia conseguir e que as saudades que sentia pela irmã era enorme, mas
estava fazendo aquilo justamente por ela e prometeu a si mesmo que voltaria
quando tudo estivesse bem novamente.

Falou como passou a viver no Canadá e na quantidade de coisas que teve
que fazer para conseguir arrumar dinheiro ou comida para sobreviver. Desde
entregador de comida japonesa até a ameaçar pessoas que deviam outras
pessoas.

Quando ficou mais adulto e seu nome era conhecido em vários lugares,
acabou sendo contratado por um velho magnata milionário que fez dele seu
transportador. Ele entregava tudo que era coisa para tudo que era pessoa, sendo
que a maioria dessas entregas eram encomendas ilícitas. Armas, drogas, dinheiro
e por aí vai. Além desse velho, começou a também ser transportador de outras
pessoas de poder e foi onde conseguiu uma vida regada a luxo e dinheiro.

Eu ouvia tudo aquilo estarrecida e a Kim não era diferente. Sua boca não
se fechava e ela ouvia tudo como se tivesse vendo um filme muito bom.

—Não vai falar nada ? —O irmão perguntou parecendo nervoso e
apertando uma mão contra a outra.

—Eu não sei o que falar, Frank … Eu …

—Tudo bem.

—Você já matou alguém ? —Ela pergunta direta e eu o encaro como se a
resposta fosse a mais esperada dos últimos tempos, então ele sorri de lado.

—Não, eu nunca matei ninguém.

—Graças a Deus. —Ela leva a mão ao peito.

—Mas sobre o que você falou do atentado na frente da empresa do
namorado da Louise, se alguém tiver tentando te machucar, minhas mãos não
serão mais limpas. Eu passo por cima de quem for apenas para manter sua
segurança. —Dá uma pausa dividindo seu olhar entre mim e ela antes de
continuar: —Seja quem for.
Capítulo 36 – Parte 2

Louise

A conversa se estendeu e rendeu muito na hora do almoço. Ficamos
sabendo mais sobre a vida do Frank e ele da nossa. Ou melhor, da Kim. Ele
estava em Boston para viver, porém tinha que retornar ao Canadá a trabalho. Já
foi advertindo a Kim que iria ter vezes que ele sairia sem falar nada ou de
surpresa, mas que não era para se preocupar, pois era normal naquele meio e que
ele ligaria para dizer que estava tudo bem.

Saímos do restaurante um bom tempo depois e marcamos uma saída para
mais tarde junto com o Ben e o Gary. Ele também iria ficar em um hotel até
encontrar um bom lugar para se hospedar. Foi bom a Kim não oferecer nosso
apartamento, porque além de não termos mais quartos vazios, não quero nem ver
a reação do Benjamin ao ver um bonitão desses dividindo o mesmo apartamento
que eu. Eu e a Kim decidimos não falar nada aos rapazes agora. Ela queria fazer
uma surpresa ao Gary, e isso só aconteceria à noite, onde nos reuniríamos todos
em um pub em Lansdowne.

Perto da hora de sairmos, fui tomar um banho e me arrumar. Depois de
todo o ritual diário com cremes hidratantes e loção corporal, vesti a roupa que já
tinha escolhido. Uma blusa branca com transparência bem fina e de mangas
compridas que usaria com um top da mesma cor por baixo, uma saia de cintura
alta e um pouco curta que tinha cordões se atravessando nas laterais, coloquei as
meias de vidros e calcei uma bota de cano curto em camurça. Passei uma
maquiagem bem clara para não exagerar sendo que iriamos apenas em um pub e
arrumei minha bolsa.

A Kim estava na sala vestida também com uma saia de cintura alta e uma
blusa social cor de rosa com as mangas levantadas na altura dos cotovelos.
Quando viu que eu estava pronta, saímos em direção ao meu carro e partimos em
direção ao pub.

Chegamos ao endereço marcado, logo vimos o Gary e o Benjamin
sentados em uma das mesas perto da parede conversando animados. Os assentos
eram em forma de meia lua em volta da mesa e bem confortável. O meu
namorado me olhou de cima a baixo o que fez meu coração acelerar. Seu efeito
em mim era avassalador e não importa o quanto ficávamos juntos. Eu sempre
queria mais.

—Achei que ia ter que te buscar. —Ele falou pegando na minha cintura e
me beijando assim que me sento ao seu lado.

—Que desespero! —Sorrio arrumando alguns fios de cabelos que
estavam na frente dos seus olhos. —Olá, Gary.

—Olá, Lou. A mocinha aqui anda se comportando bem com meu filho na
barriga ?

—Extremamente bem. —Falo piscando para ele enquanto Kim
cumprimenta o Benjamin sorrindo.
—Quando chegamos, acho que o garçom deve ter se enganado. Falou
que era mesa para cinco. —Disse confuso.

—Não, ele não se enganou. —A Kim sorri. —Eu convidei alguém para
se juntar com a gente.

—Quem ? —O Gary pergunta no exato momento que a porta do pub se
abre e o Frank surge no campo de visão de todo mundo. Ele usa uma camisa
social escura e calças jeans. Os cabelos brilhando impecavelmente e sorri
quando nos vê.

—Ben e amor … Quero apresentar meu irmão para vocês. Frank. —A
Kim se levanta eufórica se posicionado ao lado do irmão quando o mesmo chega
na nossa mesa. Os rapazes logo sorriem e cumprimentam Frank amigavelmente.
Eles também já sabiam da história do irmão sumido da Kim e logo arrumaram o
espaço para ele sentar.

Um funcionário veio anotar o que iríamos comer e saiu depois nos
deixando conversando animadamente na mesa. Parecíamos um grupo de
universitários se encontrando em um fim de semana para a bebedeira e mesmo o
Frank não demonstrando interesse especial algum em mim, o Benjamin passou o
braço pelos meus ombros como uma forma de mostrar para ele que eu tinha
dono, embora a Kim já tenha falado assim que começou as apresentações.

Todos na mesa pediram bebidas alcoólicas, menos a Kim, que não podia
por causa da gravidez e mesmo querendo, bastou o Gary olhar para ela com
repreensão e ela resmungou ficando apenas no suco natural.

Algum tempo depois, eu era a única que estava me sentindo levemente
alterada. Já tinha bebido várias canecas de cerveja e o clima estava tão agradável
que eu nem queria parar. Tiramos fotos, fizemos snaps, a Kim teve que ir ao
banheiro vomitar e algum tempo depois, o Frank também pediu licença e foi a
um lugar atender uma ligação importante.

—Acho que você precisa de um lenço para limpar a baba no canto da sua
boca. —O Benjamin fala só para que eu escute e passa o dedo indicador no canto
dos meus lábios.

—Como assim ?

—O cara é o maior galã. Parece que saiu até de uma revista. Duvido que
você não o tenha cobiçado a noite inteira.

—Isso tudo é ciúmes ? —Sorrio incrédula e uma ruguinha se forma no
meio das suas sobrancelhas.

—Quando chegarmos em casa, eu vou foder essa boceta toda.

—Um castigo ?

—Sim, para você ficar marcada por mim e nenhum homem chegar perto.
—Sorri de lado como um psicopata e beija meus lábios fazendo meu sexo latejar.
Eu não via a hora desse castigo chegar.

(…)

—Ah! —Grito quando sinto o couro do chicote batendo na minha bunda
pela quinta vez.

Quando o Benjamin falou que ia me castigar, não estava brincando.
Passei a dar fé quando na volta do pub, paramos em um sex shop ainda aberto e
o danado comprou um chicote, algemas e outras coisinhas que dão tanto prazer
quanto medo.

—Shiii! Eu não te mandei emitir som algum. —Fala e agora bate com a
mão na polpa. Não consigo ver o que ele está fazendo, pois estou virada de
bruços com as mãos amarradas a cama e uma venda nos olhos.

—Você vai me deixar toda marcada, Ben. —Gemo chorosa e sentindo
minha boceta pulsar por sentir sua ereção cutucando minha bunda.

—Pensasse nisso antes de olhar para o Frank.

—Mas eu não … —Sou interrompida por outra chicotada que faz meu
corpo estremecer. Aquilo era muito bom, ainda mais com ele.

—Eu não te mandei se explicar. Ou mandei e não estou lembrando ? —
Aproxima a boca do meu ouvido e eu mal consigo responder. —Hein ?

—Não, desculpa.

Sou virada bruscamente ficando de barriga para cima e aperto uma coxa
contra a outra controlando minha excitação. Minha respiração está ofegante e
sinto seu peso sair de cima da cama. Olho para os lados como se pudesse o
enxergar e escuto sua risada sexy e rouca.

Estou apenas de calcinha e toda a minha pele se arrepia quando sinto o
couro do chicote alisando meu mamilo. Solto um gemido e mordo os lábios
forte.

—Não vai machucar os próprios lábios. Esta noite sou eu quem vou
machucar você toda.

—Ben … Eu quero você …

—Eu sei que quer. —O chicote passeia entre meu vale e desce em
direção ao meu umbigo. Cócegas sobem no meu ventre e eu arqueio o corpo
quando ele chicoteia meu sexo já completamente molhado.

—Não me tortura mais … por favor …
—Mas eu ainda nem comecei. —Ele diz descaradamente e o pedaço de
couro sobe pelo meu pescoço me causando arrepios. Ali ele deixa mais uma
chicotada de leve e solto um gritinho excitado.

—Eu posso ao menos te beijar ?

—Não.

—Te tocar ?

—Também não.

—E o que eu posso fazer então ?

Ele fica em silêncio e eu apuro os ouvidos para ouvir qualquer coisa.
Sinto o colchão afundar ao lado da minha cabeça e o cheiro do seu hálito quente
com um cheiro fraco de cerveja invade meu nariz

—Gemer muito.

Percebo que o filho da mãe amarrou firmemente minhas mãos e mesmo
que eu reze muito, não vou conseguir soltar aquilo. Logo ele se afasta e sinto
seus dedos acariciando meus mamilos ainda formigando. Ele aperta e puxa os
bicos fortes me fazendo arquear.

Suas mãos descem e ficam entre minha coxa. Passam bem perto da
minha boceta úmida, mas ele apenas me tortura e massageia minha virilha com
as mãos forte. Rebolo o quadril pedindo que vá mais adiante, mas ele se afasta.

—Agora você vai ficar quietinha, entendeu ? —Pergunta e eu faço
apenas que sim com a cabeça. —Eu não te ouvi.

—Eu entendi. Entendi.

—Boa garota.

—O que você vai fazer ?

—Você vai ver.

Fico esperando apenas acompanhando sua silhueta por baixo da venda
escura. Não vejo nada além disso, mas ouço o barulho de um isqueiro sendo
aceso e me assusto

—O que você está fazendo ?

—Gosta de velas ?

—Não sei. Nunca usei.

—Não ?
—Não.

—Então vai ser a primeira vez. —Sinto o cheiro de canela misturado
com morango e percebo que vem das velas.

—Vai doer ?

—Essa é a melhor parte do meu castigo. —Escuto sua voz maliciosa. —
Porém se você vê que não aguenta, fala que eu paro. Tudo bem ?

—Sim.

Fico quieta concentrada apenas sentindo seu assopro na minha barriga
nua e esperando ele dar o sinal de que vai fazer, porém ele não dá e sinto duas
gotas caindo na minha pele. Arde. Queima. Eu seguro um grito em sinal de que
posso suportar e respiro fundo.

—Está tudo bem ?

—Sim. —É a única coisa que digo de forma quase inaudível.

Sinto sua boca indo de encontro onde caiu as gotas e quando ele me toca,
é como se fosse meu balsamo. Ele passa os lábios pela minha barriga em beijos
molhados e eu fico frustrada por não conseguir levar aos mãos aos seus cabelos.

Curvo o corpo para cima sentindo mais gotas caindo no meu corpo, mas
elas já não ardem tanto como antes. O Benjamin enquanto pinga as gotas, alisa
minha boceta por cima da calcinha e aperta meu clitóris parcialmente fazendo
aquela queimação da cera ser completamente desconhecida e prazerosa.

As gotas passam a cair em cima dos meus seios, meus mamilos também
são atacados e gemo sempre que uma cai. Não consigo manter minha boca
fechada e gemo de excitação. Seus dedos entram pela minha calcinha e tocam
minha intimidade melada. Ele molha seus dedos e os leva até minha boca e eu
lambo-o todos me deliciando com meu próprio gosto.

—Quer que eu pare agora ? —Sua voz é rouca e emana excitação.

—Hum … —Gemo extasiada e ele belisca meu clitóris.

—Responda!

—Não. Não para, por favor. Isso …!

—Gostosa. Toda molhadinha.

—Me faz gozar, Benjamin. Por favor.

—Ainda não. —As gotas param de cair e ele se levanta novamente. O
peso agora fica na parte de baixo da cama, entre minhas pernas, e lentamente,
sinto minha calcinha sendo retirada. Dou um sorriso já pensando que finalmente
chegou o momento.

Não ouso falar nada, apenas tento controlar minha respiração de uma
forma que não atrapalhe meu prazer. Sinto suas mãos subirem para mim e
tocarem minha boceta. Seus dedos abrem meus lábios e me deixam expostas a
ele. Completamente exposta e entregue.

Sem esperar, gemo quando um deles escorrega para dentro de mim de
forma macia. Rebolo para que ele não pare e a partir daí, os movimentos são
rápidos e precisos. Eu gemo ensandecida com os movimentos de vai e vem,
então ele abocanha meu clitóris. Ele chupa, morde, puxa e faz o que bem
entende com ele. Sua língua dá pinceladas exatamente no lugar correto e me
contorço toda de prazer.

Um frio misturando com cócegas começa a surgir no meu ventre e sinto
meu rosto arder. Suor começa a se formar em uma fina camada em alguns pontos
da minha pele e rebolo na sua cara enquanto seu dedo continua bem o trabalho.
Sinto que estou perto da borda.

—Ben … Eu … Amor …

Nem consigo formular a frase direito e quando estou mesmo prestes a
atingir um orgasmo sensacional, ele se afasta de mim e dá uma gargalhada.

—O quê ? —Grito. —Não! Benjamin, não!

—Acha que seria tão fácil, meu bem ?

—Eu vou te matar quando eu sair daqui! Eu estava quase … —
Choramingo apertando uma coxa contra a outra.

—Eu sei. Sua boceta gostosa estava a ponto de quebrar meu dedo. —
Ouço o barulho dele chupando os dedos e não consigo segurar um riso de lado.

—Isso tudo é por causa dos ciúmes ou pela massagem no seu aniversário
?

—Olha que maravilha! Nem estava lembrando daquela tortura a qual
você me fez passar. Agora é mais um motivo para te castigar ainda mais. —Fala
e sinto novamente o chicote. Agora no meio das minhas pernas.

—Eu tinha que falar demais!

—Verdade.

Ele sobe em cima da cama e sinto ficar entre minhas pernas. Ele parece
ficar de joelhos e coloca minhas pernas em cima das suas. Logo o sinto alisando
minha entrada que está pulsando pelo orgasmo negado com seu pau duro.

—Gosta disso ? —Pergunta quase enfiando a cabeça para dentro de mim,
mas passa direto e alisa para cima e para baixo.

—Sim … Gosto muito …

—Está doida para que eu me enterre dentro de você, né ?

—Sim …

—Queria que você visse como ele está aqui. Grande. Grosso. A cabeça
redonda e brilhante.

—Isso é uma tortura. Posso ao menos te chupar ?

—Hum … Não. Não pode. —Volta a passar a cabeça para cima e para
baixo e eu rebolo tentando fazer com que ele não consiga mais resistir, porém
falho e ele se afasta.

Ele passa uma perna por cada lado do meu corpo e sinto sua ereção
tocando perto dos meus seios. Tão perto da minha boca e eu não consigo tocar.
Odeio essas algemas!

—Eu vou te soltar agora, mas você não pode sequer me tocar. Entendeu ?

—Sim.

—Muito bem. —Fala e solta uma algema, mas não consigo manter
minha palavra e minha mão já deslizam para seu pau. Ele agarra meu pulso com
força.

—Desculpa, desculpa.

—Tsc, tsc. Nada disso, mocinha.

Ainda segurando meu pulso, sua boca desce passando perto da minha,
depois do meu queixo e chega nos meus seios. Prendo a respiração e grito
abafado quando ele morde meu mamilo com certa força que não chega a
machucar.

—Vai teimar ?

—Não.

—Vou te dar mais uma chance. —Fala e eu faço que sim com a cabeça.
Ele solta meu pulso que está sem algemas e novamente levo a mão para onde
acredito que esteja seu abdômem, porém ele é mais rápido e segura novamente.

Um estalo é ouvido e meu rosto arde com o seu tapa. Minha boceta lateja
e eu vou lembrar de pedir aquilo mais vezes.

—Eu não consigo, amor.

—Estou começando a pensar que você gosta de apanhar.

—Faz de novo. —Peço.

—Fazer o quê ?

—Outro tapa, por favor. —Imploro e ele acerta um tapa no mesmo lado.
Desta vez mais forte que a outra, porém, isso só atiça ainda mais a minha
vontade dele.

—Safada. —Segura meu queixo e chupa meus lábios com força. —Mais
uma chance ?

—Sim.

—Vai ser a última. Se aprontar, não vou te deixar gozar esta noite.

—Eu prometo.

—Vamos lá então. —Ele solta meu pulso devagar, mas desta vez não
faço nada. Meu outro pulso com a algema também é liberado e os movo.

—Tá machucada ? —Ele pergunta tocando meu pulso levemente.

—Não.

—Então vamos continuar. —Me faz sentar e tira a venda dos meus olhos.

No momento que nossos olhares se cruzam, é como se houvesse uma
explosão no nosso meio. É palpável e gostoso. Quando eu pulo no seu colo, ele
não me interrompe. Me prensa contra seu corpo e o beijo com vontade. Rebolo
em seu colo em cima da sua ereção a sentindo perto da minha entrada.

—Eu preciso de você dentro de mim. —Gemo na sua boca e me ergo um
pouco. Seguro seu pau grosso e quando o posiciono perto da minha boceta, ele
não deixa.

—Nada disso! —Sorri.

—Por quê ? Não acabou ?

Ele apenas faz que não com a cabeça e levanta a venda no ar. Mesmo já o
querendo, eu fico excitada com o que ainda pode vir a seguir, então deixo que
ele a coloque. Fico sentada na cama tentando acompanhar sua silhueta e ouço o
barulho inconfundível de um vibrador.

Mordo os lábios com um sorriso e também escuto sua risada baixa,
provavelmente se divertindo as minhas custas. Ele se posiciona atrás de mim na
cama e me puxa para si em um único e rápido movimento. Minhas costas colam
no seu peito também suado e sua ereção encostam perto da minha bunda.

—Vai usar o vibrador em mim ? —Pergunto meio que olhando para o
lado.
—Não, seria muito fácil.

—O que vai fazer então ?

Minha pergunta é cheia de expectativa e ouço o barulho da sua boca
chupando seus próprios dedos.

—Isso! —Diz uma única palavra e no instante seguinte há um dedo seu
dentro de mim. Um grito alto escapa da minha garganta e eu agarro seus cabelos.

Seus movimentos são rápidos e nada sutis. São violentos e duros, mas
que me deixam extasiada de prazer. Sua outra mão segura minha barriga com
força para me manter no lugar e escuto sua respiração pesada e rápida perto do
meu ouvido. Ele chupa minha orelha e morde meu ombro sem parar de mover os
dedos.

Sinto outro dele me invadindo e mexo o quadril querendo muito mais. As
minhas beiradas chegam a arder com a fricção ali, mas não me importo. Sua mão
sobe e apertam meus seios com força e tenho a impressão que ele quer que eu
sinta seu pau nas minhas costas.

—Me deixa gozar, amor. Por favor …

—Quer gozar, puta ?

—Sim … muito …

—Então goza. Goza bem gostoso nos meus dedos vai. —Aumenta a
velocidade e meu ventre se contrai violentamente. Aperto seus dedos com a
vagina involuntariamente e ele sorri baixo quando eu tenho um orgasmo gigante
nas suas mãos. Jatos saem de mim e molham tudo a nossa frente. Sinto até
pingar nas minhas pernas. Meus gritos são abafados pela sua mão grande
tampando minha boca com força e tenho espasmos incontroláveis.

Ele não ousa tirar o dedo de dentro de mim enquanto aquilo acontece,
apenas diminui a velocidade conforme eu vou me acalmando. A respiração
voltando ao normal, as batidas do coração também.

—Eu estou exausta. —Digo jogando a cabeça para trás apoiando na
curva do seu pescoço. Ele tira a venda e beija minha têmpora enquanto acaricia
minha barriga.

—Você está salgada.

—E com gosto de vela provavelmente.

—Gostou ? —Me vira com facilidade e eu sento no seu colo.

—Eu adorei. —Enlaço os braços no seu pescoço e nos beijamos de
verdade pela primeira vez desde que começamos aquilo. Sua boca tem um gosto
salgado misturado com meu gosto e eu chupo seus lábios com força da mesma
forma que ele fez comigo minutos antes.
—Quer tomar um banho ?

—Sim, e depois comer qualquer coisa.

—Eu prefiro comer você. —Fala se levantando comigo no colo e
caminhamos nos beijando para dentro do banheiro do seu quarto.



Benjamin

—Isso. —Gemo de olhos fechados com as mãos na cintura de Louise
enquanto ela senta lentamente em mim dentro da banheira. Sua boceta apertada
engolindo meu pau duro aos poucos e levando uma grande parte da minha
sanidade.

—Gosta disso, amor ?

—Adoro.

—Me deixa sentar no seu pau todo ?

—O quanto você quiser, meu amor. O quanto você quiser … Hum. —Ela
entra por completo e abro olhos a encarando. Seu rosto ainda vermelho com os
tapas que levou, os cabelos bagunçados, as gotas de cera quente ainda colados na
sua barriga.

Ela se arruma em cima de mim e sinto meu pau encaixar perfeitamente
dentro dela. Aperto sua bunda com força e ela praticamente se deita em cima de
mim, os braços em volta do meu pescoço.

—Eu te amo muito, mulher. —Digo e ela se afasta sorrindo feliz.

—Muito ?

—Mais do que a mim mesmo. —A puxo para um beijo e exploro cada
canto da sua boca. Enfio minha língua quando ela dá passagem e chupo seus
lábios com vontade. Nessa mesma pegada, começo a me movimentar dentro dela
lentamente para não gozar logo.

Ela para o beijo, entrelaça nossos dedos das duas mãos e assim como eu,
começa a se movimentar lentamente. Ficamos apenas nos encarando sem falar
nada naquele momento e seus olhos brilham de paixão. Tenho certeza que os
meus estão iguais, pois meu peito queima e arde por essa mulher.

Ela volta a deitar em cima de mim e abraço suas costas. Agora sou eu
quem movimento, aumento um pouco a velocidade, mas ainda não tão rápido.
Quero gozar com calma dentro dela, sem violência ou dureza alguma.

Isso não demora muito. Sinto suas dobras me apertando e é o gatilho para
eu querer explodir ali mesmo. Aperto-a com mais força contra mim e ela geme
no meu ouvido me devastando de tesão. Sua boceta se contrai em volta de toda a
minha extensão e sei que ela também quer gozar. Continuo na mesma velocidade
mordiscando seu pescoço e com um gemido crucial, chegamos a um orgasmo
juntos. Sinto minha porra jorrar dentro dela e sua vagina afrouxar aos poucos o
aperto.

Ficamos naquela posição por alguns minutos e é assim que eu pego a
esponja e a passo nas suas costas delicadamente. Ela beija e mordisca meu
ombro com carinho e só então tomamos um banho de verdade.

Saímos do banheiro completamente pelados e exaustos depois de nos
secar. Deitei na cama e a puxei de encontro ao meu corpo debaixo dos edredons
grossos. Seus cabelos não foram molhados, mas estão um pouco úmidos e
cheirosos. Ficamos namorando em silêncio na cama olhando para a lua através
da janela enquanto aliso carinhosamente sua barriga. Me sinto completamente
amado com a forma que ela alisa meu braço e brinca com meus dedos. Ninguém
nunca fez algo desse tipo comigo. Ninguém. Nem as mulheres que eu já gostei e
dormiram comigo, muito menos as que deitaram comigo à toa.

Eu sempre soube que ela é e sempre seria única para mim. Especial a sua
maneira. Só que naquele momento, eu faria o que fosse preciso para ela não
querer sair da minha vida.

—Eu te amo. —Digo beijando sua bochecha quando ela já estava
dormindo e a aquecida com meu corpo.
Capítulo 37

Louise

Adentro as portas automáticas do shopping sentindo novamente a
sensação de estar sendo vigiada e olho para trás. Tudo parece que está na mais
perfeita ordem, nada fora do normal, mas a sensação continua lá. Olho para o
segurança perto de mim e o vejo atento a cada pedaço lugar. Pelo menos se algo
estiver para acontecer, estarei segura.

Caminho pelas lojas examinando tudo, mas me sentindo extremamente
desconfortável. É como se alguém invisível tivesse me seguindo bem de perto
impossibilitando que eu o veja. Mal consigo me concentrar no que comprar para
o Benjamin e pareço ter um tique de tantas vezes que já olhei para trás em um
curto período de tempo.

—Algum problema, senhorita ? —Sebastian, meu segurança, pergunta.

—Não, nada. Estou apenas com uma sensação estranha.

Ele não pergunta nada, apenas acena com a cabeça e olha ainda mais
atentamente nos lados. Decido tentar jogar a sensação para o fundo do poço e
continuo o que estou fazendo. Aos poucos resulta e eu esqueço.

Eu não tinha ideia de como era difícil comprar uma lembrança para
alguém que praticamente tem tudo, ainda mais quando essa pessoa é Benjamin
Connor. Não é nenhuma data especial ou algo do tipo, mas sempre gosto de lhe
fazer um agrado quando tenho tempo e hoje é um desses dias. Marcamos de
jantar fora de noite e nossa relação vem correndo tão bem que já acordei com
essa vontade.

Ganhei ainda mais trabalhos e propostas sendo modelo na Global Connor
´s e fiquei surtada quando até agências de outros países me chamaram para
modelar por lá. Mesmo sendo meu sonho, eu ainda era uma funcionária da
empresa e só poderia ir caso eles fechassem um negócio lucrativo. Mesmo
aqueles números que vieram com um valor terem tantos zeros que eu me perdia
quando chegava ao quinto, nada foi fechado oficialmente. Por um lado, acho que
isso é coisa do Benjamin e seu ciúmes, mas uma hora eu trato dele direitinho.

O problema também não é totalmente dele. Ser modelo requer muito
trabalho, esforço e dedicação. Eu faço isso tudo, porém comecei mais atrasada
do que as outras que estão lá e ainda venho tendo treinamento. Parte de mim
ainda não está totalmente confiante e convicta para desfilar fora.

Eu ainda não havia dado perfume como presente para o Benjamin, então
quando entrei em uma perfumaria e senti o cheiro de um em especial, logo me
lembrei dele. Pedi que colocassem em uma embalagem e continuei andando pelo
lugar. Além do jantar, iríamos nos encontrar aqui na hora do almoço e mesmo
tendo estado com ele ontem, já estou cheia de saudades.
—Meu amor. —Falo o abraçando assim que nos encontramos na praça de
alimentação.

—Oi, minha princesa. Achei que chegaria aqui e te encontraria com
várias sacolas e com o segurança carregando mais. —Sorri entrelaçando nossos
dedos e apontando para as únicas três sacolas que trago nas mãos.

—Estava ocupada demais pensando em você e nem consegui comprar
mais coisas.

—Sério ? —Me olha com uma cara maliciosa e eu faço que sim omitindo
as sensações estranhas que me acompanharam quando cheguei.

Escolhemos um lugar especializado em massas e vamos sentar em uma
área ao ar livre para esperar que os pedidos fiquem prontos. O clima de
primavera é maravilhoso e a vista dá para o Rio Charles, não tão perto, mas
daqui de cima se vê bem. Ficamos conversando sobre a empresa e aproveito para
o interrogar sobre os contratos que ele vem recusando. O safado olha na minha
cara e fala que meu corpo para desfilar vale mais que alguns milhões, mas sua
cara não esconde seus ciúmes.

—Já volto. —Fala levantando depois que o aparelho que a atendente deu
apita na nossa mesa indicando que nosso pedido ficou pronto. Ele beija
levemente minha bochecha e sai.

Fico olhando meu celular enquanto ele não vem e ouço o seu tocar. Vejo
que ele deixou em cima da mesa e pego sem cerimônia nenhuma. Vejo que é
mensagem de uma Melissa e aproveito que temos liberdade um com o outro para
abri-la.

Se eu soubesse que o que eu ia ver ia me deixar tão abalada, acho que
preferia não ter aberto. É uma mulher linda. Com os cabelos cacheados pintados
de um rosa bem chamativo e um corpo escultural. Seu corpo é quase que
totalmente coberto por tatuagens e quando eu falo isso, estou falando sem
exageros. Até porque a mulher está em uma foto completamente nua. Ela está
sentada em uma cama com as pernas abertas e os dedos na sua intimidade. Junto
com a foto há uma mensagem: “Sinto saudades suas. Você entende bem do tipo
que estou falando. Eu não tenho ciúmes”. Então a safada sabe que ele tem
namorada e ainda se atira na cara de pau.

Sinto meu coração disparar e meu sangue ferver com a cena. Engulo em
seco não acreditando que aquilo está acontecendo comigo e mesmo que não
existam mensagens antigas indicando que eles não se falam ou ele apagou, eu
não consigo me controlar. Volto a guardar seu celular em cima da mesa, mas
deixo a foto aberta estampada na tela.

—Voltei. —Escuto a voz do Benjamin chegando equilibrando duas
bandejas e sorrio falso esperando que ele sente. Quando isso acontece e ele olha
na imagem estampada no ecrã do seu celular, logo me encara

—Amor … Eu posso explicar.

—Que porra é essa, Benjamin ?
—É uma garota do passado. Não temos mais nada tem um bom tempo.

—E você continua recebendo fotos assim dela ?

—Não.

—Quantas mais ela te mandou, Benjamin ? Quantas mais mulheres te
mandaram fotos enquanto já estávamos juntos e você não me contou ?

—Louise, se acalma. Não é nada disso que você está pensando.

—Você me traiu, Benjamin ? —Sinto meus olhos marejarem de lágrimas.

—O quê ? Claro que não! Tá maluca ? —Ele fala desesperado e eu vejo
sinceridade na sua afirmação.

—Quantas fotos mais ?

—Nenhuma. Sempre que alguma mandava, eu dizia que tinha namorada
e apagava.

—Então apagava para que eu não achasse, certo ?

—Não. Amor, por favor.

—Eu vou embora. —Me levanto toda desajeitada pegando minhas coisas
e ele segura meu braço. —Me solta, idiota!

—Confia em mim, por favor. Eu não te traí!

—Apagar mensagens assim é trair também, Benjamin! —Falo um pouco
alto demais. —Eu achei que você tivesse mudado.

—E eu mudei. —Se levanta. —Eu mudei por você, meu amor. Por favor,
acredita em mim.

—Me solta, Benjamin. Eu vou embora.

—Louise, não. Vamos conversar.

—Eu não quero conversar com você, caralho! —Puxo o braço. —Vai lá
conversar com essa sua amiga tatuada. Ela está morrendo de saudades e aposto
que você também.

Me viro para sair, mas antes retiro o embrulho que está seu presente e
jogo em cima da mesa.

—Por favor …

—É seu! Usa quando for se encontrar com ela ou quando a idiota aqui
estiver longe das suas vistas. —E saio.

Assim que viro as costas já começo a chorar sem me importar com as
pessoas que me olham. Eu sempre soube que não seria fácil ser namorada de
Benjamin Connor e algo me diz que ele está sendo sincero, mas eu não tenho
sangue de barata para aturar essas coisas. Eu estou magoada por isso estar
acontecendo. Magoada por ele apagar fotos sem ao menos me contar da
existência. Eu confiei nele para tudo e pensei que ele também confiasse em mim
da mesma forma.

O segurança vem atrás de mim sem falar uma palavra carregando as
sacolas que eu havia esquecido de pegar e eu dou a partida assim que entro no
meu carro. As lágrimas banham meu rosto e eu conduzo com calma para não
acabar causando um acidente. Assim que chego em casa, a Kim também está
chegando e quando me vê chorando, fica assustada. Eu não falo nada, apenas a
abraço e choro no seu ombro me sentindo partida e traída.



Benjamin

Fico puto da vida quando a Louise sai daqui furiosa comigo por causa da
Melissa e lhe telefono. Eu nunca traí a minha namorada e sou fiel a ela desde
que começamos o bendito contrato. A Melissa é uma mulher do meu passado
ainda em Londres e que parece que apareceu do nada para atormentar minha
vida. Ela já tinha mandado esse tipo de foto antes, mas eu falei a verdade quando
disse que falava para todas que já tinha namorada. Eu não apagava as fotos por
mal. Eu só não queria causar um mal estar entre nós e como eu não correspondia
em nada, não é traição. Agora isso pouco importa, ele deve estar agora
maquinando perversamente uma maneira dolorosa de cortar meu pau fora.

Depois de ligar para Melissa e falar umas poucas e boas antes de
bloquear seu número, vou atrás de Louise. Eu sei que sou idiota, mas não o
suficiente de lhe perder por causa de uma foto. Logo eu que sempre pedi
confiança a ela e que não guardássemos segredos um com o outro, quebrei a
minha parte.

Bem feito, Benjamin! Agora rasteja lá atrás do perdão dela. Grande
idiota.

—Senhor Connor ? —O detetive Lews fala assim que atendo a chamada
por bluetooth no celular e eu já fico tenso. A história da bomba já tinha sido
esquecida por mim.

—Sim, detetive. Aconteceu alguma coisa ?

—Na verdade sim. Lembra do tal papel que foi jogado na lixeira perto da
sua empresa no dia da bomba e que mandamos para restaurar ?

—Sim, lembro.

—Já chegou da perícia restaurada. —Dá uma pausa: —E as notícias não
são as melhores.

Eu não queria deixar para ver a Louise outra hora, mas aquilo era muito
importante e eu tive que mudar de percurso em direção à delegacia. Eu já estava
nervoso e por um tempo achei que aquilo tudo realmente tinha sido uma
brincadeira de mau gosto, mas pela voz de Lews, a última coisa que havia ali era
brincadeira.

Estacionei o carro de qualquer jeito assim que cheguei e entrei na
delegacia rapidamente. Me dirigi a sua sala e esperei alguns minutos enquanto
ele voltava. Assim que entrou, sentou na minha frente e colocou um plástico
lacrado na minha frente. Dentro tinha um papel com alguns vestígios de sujeira e
queimado, mas podia se ver claramente o que estava escrito ali

“Como foi a viagem a Londres ? Espero que tenha aproveitado a
viagem de casal. Receba esse agrado como presente de boas-vindas”.

(…)

Saí da delegacia às pressas já ligando para os seguranças que faziam a
ronda na casa de Louise para ter certeza que ela estava bem. Eu antes tentei lhe
ligar para avisar que não saísse de casa, mas ela sequer deu o trabalho de
atender. Justo.

Quando os seguranças falaram que ela estava bem e estava no
apartamento com a Kim, eu me acalmei, porém foi para lá que eu conduzi e subi
direto para seu apartamento. Eu queria ver com meus próprios olhos que ela
realmente estava bem.

—Vai embora, Benjamin! —Ela diz assim que eu atravesso a porta do
seu quarto. Está deitada na cama com uma almofada redonda apoiando a cabeça
e olhando no celular.

—A Louise que eu conheço não estaria aí deitada depois de uma briga. A
que eu conheço, certamente iria me atirar um … —Eu sou interrompido quando
um frasco de perfume voa na minha direção e quase acerta minha cabeça se não
saio da frente. —Essa é minha garota!

—Me deixa em paz, Benjamin. Eu não quero mais te ver.

—Está terminando comigo por um acaso ? —Me aproximo e sento ao
seu lado. Ela se vira para o outro lado e me dá as costas.

—Sim, mas não se preocupe que você não fica sozinho. Aquela mulher
tatuada vai te servir bem.

—Eu não quero mulher tatuada nenhuma. A minha mulher de verdade
tem o corpo limpo do jeito que eu gosto e só fica marcada quando eu mesmo
faço isso. —A viro para mim e a olho nos olhos: —Eu te amo, sua boba.

Ela larga o celular e me abraça. Aperta forte meu pescoço e continua
chorando feito criança. Eu só consigo rir enquanto faço carinho nas suas costas.
—Você não confia em mim. Conversamos tanto sobre isso. —Diz
chorosa ainda agarrada em mim.

—Eu sei que sim. Me desculpa, meu amor. Eu só não queria que você
surtasse a toa ?

—A toa ? —Ela se afasta e enxuga os olhos vermelhos. Eu volto a lhe
apertar entre meus braços.

—Eu sou completamente devoto a você, Louise. Completamente.

—E por que apagou as fotos de mim ?

—Eu prometo não apagar mais nada. Eu sempre vou te mostrar tudo.

—E também vai dizer que já tem namorada ? —Se afasta novamente e eu
sorrio

—Achei que tivesse terminando comigo.

—Idiota. —Soca meu peito. —Onde você esteve que não veio atrás de
mim logo ?

—Não vamos falar disso agora. —Provoco e ela me encara furiosa. —
Estou brincando.

Deito do seu lado na cama e começo a contar tudo enquanto faço carinho
nos seus cabelos. Ela fica desesperada por saber que tem alguém nos vigiando e
fala sobre as sensações que teve enquanto estava no shopping. Na sua frente eu
demonstrei que estava tudo sob controle e que nada de mau nos aconteceria, mas
na verdade eu também estava assustado. Eu não tinha ideia de quem estava por
trás daquilo e agora que sabia que não era apenas uma brincadeira, eu tinha que
proteger todos a minha volta.

(…)

A semana de trabalho começou a toda vapor na segunda-feira e embora
eu tivesse atolado de coisas para fazer, o bilhete junto à bomba não saía da
minha cabeça. Havia reforçado a segurança de todos com um segurança a mais
andando a distância, porém atento a tudo. Os da minha casa e da Louise também
foram reforçados. Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela ou com
minha mãe por minha causa.

Felizmente resolvemos o mal entendido da foto e Melissa nunca mais
voltou a atormentar. Eu não queria perder a confiança que minha namorada tinha
depositado em mim e mesmo ainda tendo milhares de mulheres só esperando um
chamado meu, ela era a única por quem eu estava de quatro. Completamente nas
suas mãos.

Ultimamente eu tenho recebido várias propostas tentadoras para a Louise
ir desfilar fora, mas por puro egoísmo e ciúmes meu, eu sempre recuso todas. Eu
sei que é errado, mas eu ainda não consigo pensar na possibilidade de tê-la longe
de mim. Saber que ela pode ficar meses afastada da empresa me corrói sempre
que penso nisso e por vezes chego a ficar irritado só por isso. Contudo, é o sonho
dela e eu não posso cortar suas asas assim. Além de seu namorado, eu sou seu
amigo e é isso que os amigos fazem. Eles te apoiam nos seus sonhos e fazem de
tudo para que você os consiga realizar.

Sabendo que ela merece o mundo e que é espetacular no que faz, eu vejo
que é a hora de deixá-la voar sozinha. Mesmo que isso seja difícil para mim,
meu amor por ela vem em primeiro lugar e é por isso que vou fazer o que estava
pensando em fazer dias atrás.

Quando minha secretária faz a ligação que eu pedi e transfere para minha
sala, eu respiro fundo. Seguro o telefone antes que mude de ideia e o atendo

—Senhor Benjamin Connor ? A que devo a honra da sua ligação ? —O
dono milionário e gay da Venue Model em Milão atende eufórico.

—Oi, Pablo. Só queria dizer que a Global Connor,s aceita sua proposta
para a modelo Louise Hansen. —Dou uma pausa e continuo: —Ela irá ser
modelo para vocês.



Louise

—O quê ? —Pergunto ainda sem acreditar quando o Benjamin me chama
na sua sala e despeja em cima de mim a notícia.

—Você não ouviu errado. —Ele sorri orgulhoso, porém consigo ver um
pouco de tristeza na sua voz. —Você vai para a Itália e desfilará no Milan
Fashion Week.

—Meu Deus! —Saio da minha cadeira e corro em sua direção pulando
em seu colo. O abraço apertado enchendo seu pescoço de beijos e sem perceber,
as lágrimas começam a banhar meu rosto. —Você está falando sério, amor ?

Ele faz que sim com a cabeça.

—Você tem potencial para isso. Desculpa ter demorado pra aceitar as
propostas. Eu não queria te ver longe de mim um só minuto.

—Eu te amo. —O beijo demoradamente nos lábios. —Eu que não quero
ficar longe de você em momento algum.

Eu estou falando as coisas praticamente no automático. Minha cabeça
gira pensando em várias coisas ao mesmo tempo e minha ficha demora muito a
cair. Eu nunca imaginei que ia desfilar profissionalmente na vida, muito menos
em uma das semanas de modas mais importantes do planeta. É um sonho que eu
achei impossível começando a se realizar e boa parte disso eu devia a ele.
Benjamin. Uma das pessoas que nunca duvidou do meu potencial e sempre
confiou em mim.

Saímos da sua sala de mãos dadas para irmos almoçar juntos alguns
minutos depois e chorei emocionada quando perto dos elevadores, vários
funcionários estavam lá. Todos unidos e me aplaudindo fervorosamente.
Inclusive a Kim. Ela não sabia se chorava e sorria, igual a mim. Soltei-me de
Benjamin e corri na sua direção a abraçando forte. Foi quando chorei ainda mais.
Choramos ainda mais.

De noite, não estávamos ligando se ainda era segunda-feira. Saímos
todos para comemorar em uma boate badalada da cidade e enchi a cara ao lado
de Benjamin. Eu estava orgulhosa de mim mesma e enquanto o abraçava no
meio da pista de dança com ele dizendo no meu ouvido o quanto me amava, eu
queria apenas que o mundo parasse. Ficasse quietinho ali, prologando ainda mais
aquele momento. Eu queria aquilo para sempre e sabia que ele era o homem que
eu queria viver para o resto da minha vida.

(…)

Mal pisamos na parte de dentro da sua casa e já senti meu corpo sendo
puxado e prensado contra o seu. A sua ereção contra minha bunda era excitante e
eu me esfregava nele o querendo logo dentro de mim. Sua mão agarrou com
força meus cabelos e os puxou para trás fazendo minha cabeça ficar inclinada.
Sua boca passeou pelo meu pescoço me fazendo arrepiar e sua barba me
arranhava delicadamente. Uma ardência ficava no lugar, mas eu queria muito
aquilo.

—Eu preciso beber água, Benjamin. —Me desvencilhei dos seus braços e
corri para a cozinha já descalça. Ele veio atrás de mim, porém escutei um jarro
caindo na sala e sorri ao ver no quanto ele também estava bêbado.

Tirei uma jarra de água da geladeira e antes que eu pudesse sequer pegar
em um copo, fui agarrada novamente. Seu corpo musculoso me prendia contra o
balcão e apalpava minha pele em cada lugar que alcançava. Segurou os dois
lados da minha bunda e me apertou contra ele para que eu pudesse sentir o
quanto estava duro.

Um gemido escapou da minha boca e foi o suficiente para ele segurar no
decote do meu vestido e o rasgar sem cerimônia alguma. Aquilo me deixou para
lá de excitada e sem esperar, pulei no seu colo. Ele me segurou com agilidade e
apertou minha boceta molhada contra seu pau ainda coberto. Me sentou no
balcão frio e o ajudei a tirar a própria camisa social. Seu corpo grande e largo
logo se mostrou e sorri sabendo o quanto era sortuda por ter aquilo tudo só para
mim.

Minha calcinha foi tirada com violência e jogada para algum lugar da
cozinha. Enlacei minhas pernas em volta da sua cintura e nos beijamos. Um
beijo quente e avassalador. Eu sentia meus lábios formigarem com tanta força
que ele usava e eu retribuía. Ele soltava gemidos de prazer, o que era música
para meus ouvidos. Arranhei suas costas e puxei seus cabelos aprofundando
nosso beijo.

—E a Donna ?

—Ela não vai chegar tão cedo. —Sorriu malicioso e quando me agarrei a
seu corpo, ele entendeu o recado e me tirou da bancada. Foi andando comigo no
colo e deitamos no sofá da sala. Ele ainda estava de calças e sapatos, mas estava
extremamente sexy. Ele me pegou o admirando e sorriu de lado sabendo do
efeito que causava em mim.

Levantou uma das minhas pernas e colocou em cima do seu ombro, então
veio me beijando desde a boceta até chegar nos meus seios. Beijava e
massageava forte com suas mãos grandes. Doía com a violência, mas era a dor
mais gostosa que eu já tinha sentido. Seus beijos eram violentos e gemi quando
ele segurou um mamilo e apertou entre os dedos. Logo o abocanhou e o chupou
para amenizar.

Se levantou admirando meu corpo e rapidamente se livrou das peças de
roupas que ainda cobriam seu corpo. Eu ficava babando enquanto a cueca
deslizava pelas suas pernas deixando a mostra seu membro gigante. Estava duro
e melado. Eu o queria logo dentro de mim, me rasgando e preenchendo por
inteiro. Ele segurou sua extensão e começou a alisar para cima e para baixo.
Balançava me provocando e eu sentia meus lábios trêmulos.

—Acho que terei que arrumar um passe para ir te comer na Itália todos
os dias, mas lembrando os velhos tempos que você precisava de pau, eu vou te
foder até você dizer chega.

Suas palavras sujas me excitaram ainda mais e mordi os lábios. Me
levantei devagar e sensualizando o máximo possível. Seus olhos me
acompanhavam cheios de malícia e segui para a grande mesa de vidro que tinha
um pouco atrás do sofá. Ele se virou para me olhar e sorriu quando me viu deitar
sobre ela e abrir as pernas.

—Então me fode aqui em cima. —Pedi sem pudor algum e lhe chamei
com o dedo. —Mostra que você é o único homem na minha vida.

E ele mostrou. Veio na minha direção, faminto feito um animal selvagem
e me fodeu em cima da mesa. Estocava forte dentro de mim a ponto de fazer os
objetos que estavam ali caírem no chão. Eu gemia loucamente como nunca tinha
gemido na vida e ele segurava minhas mãos como forma de apoio. Meus seios
subiam e desciam com os movimentos e minha boceta ardia, se contraia e o
apertava de tanto prazer. Chegamos a um gozo forte juntos ali. Seu suor escorria
pelo seu corpo e pingava em mim, assim como eu sentia meus fios de cabelos
grudando no meu rosto.

Fomos para o quarto grudados depois de recolhermos nossas coisas e fui
fodida novamente. Ele estava ainda mais insaciável e bastava eu o provocar que
já estava de pau duro pronto para a guerra novamente. E foi nisso tudo que
dormimos por volta das seis da manhã. Satisfeitos, suados, ofegantes e
apaixonados. Um no braço do outro, as cobertas jogadas para todos os lados e a
certeza que eramos feitos um para o outro. Que eramos eternos.

(…)

Durante a semana ficamos resolvendo toda a papelada para o meu
contrato, que valia apenas para aquele mês de abril. Eu estava sendo uma das
mais esperadas para a Milan Fashion Week e iria ganhar além de
reconhecimento, um valor completamente exorbitante. Tão grande que chegava
a ser piada para mim. O Benjamin me alertou que eles iam tentar a qualquer
custo me persuadir para assinar um contrato para ser permanente deles, mas que
eu não devia assinar nada. Uma pessoa de confiança iria comigo para me auxiliar
além deles, o que me deixou mais aliviada.
O evento iria acontecer na última semana de abril, mas eu teria que estar
lá bem antes para todos os treinamentos e ensaios. Meu coração apertou quando
fiquei sabendo que minha viagem já estava marcada para o fim de semana que se
aproximava. Eu ia ficar longe do Benjamin e dos meus amigos por longas três
semanas. Combinamos de tentar ao máximo nos encontrar nos fins de semana,
porém não sabíamos se ia ter como. Eu ia ter tanto trabalho lá quanto eles aqui,
mas ele me garantiu que tudo ia dar certo. Eu sempre ia dar um jeito de pelo
menos ligar para eles todos os dias, o que fui obrigada a prometer que faria. Eu
estava confiante. Estava feliz.

—Está levando carregador, amiga ? —A Kim perguntou no aeroporto
com seus olhos vermelhos de tanto chorar. O dia tinha chego e ela veio me
deixar junto com o Gary e o Benjamin.

—Sim, o meu e o reserva que você comprou para mim. —Sorri e ela me
abraçou.

—Prevenção nunca é demais. Se cuida, meu amor. Eu vou sentir tanto a
sua falta.

—E eu a sua. Me avisa qualquer coisa que eu volto correndo. Gary, você
cuida dela.

—Pode deixar. —Diz e vem me abraçar. Logo se afasta. O Benjamin não
falou quase nada durante a viagem até aqui e não sei se é algo bom ou ruim.

Me viro para ele que sorri lindamente para mim. Qualquer dúvida logo se
dissipa e eu o abraço com força. As lágrimas voltam com força e eu choro
soluçando. Ele me abraça acariciando meus cabelos e vejo seu peito subindo e
descendo em uma respiração profunda. Me afasto e o encaro podendo ver seus
olhos marejados e levemente avermelhados. Eu me senti sufocada naquele
momento. Eu não o queria o ver chorar.

—Eu te amo, meu amor. —Murmurei ficando na ponta dos pés e o
beijando. Um beijo demorado e cheio de sentimentos a qual ele retribuiu da
mesma forma.

—Eu também te amo, meu bem. Nunca se esqueça disso. —Segurou meu
rosto. —Vai com tudo e mostra para eles para o que você nasceu!

—Obrigada. —Beijo seu queixo e escutamos a voz da moça nos
autofalantes dando a última chamada para meu vôo. Ele continua alisando meu
rosto e eu seguro sua cintura. Nos abraçamos outra vez e damos um leve beijo.

Foi difícil largar sua mão aos poucos e caminhar em direção aos portões.
Ele parado no mesmo lugar com as mãos dentro do bolso me encarando. Sua
imagem e dos meus amigos foram se perdendo da minha vista por causa das
pessoas ao redor e a última coisa que eu vi foi ele falando um “eu te amo” sem
som algum. Eu disse o mesmo e entrei. Entrei nos portões que me levariam para
mais de oito horas de distância do meu grande amor e chorei.
Capítulo 38

Benjamin

Já fazia mais de uma semana que a Louise estava na Itália e as saudades
estavam ainda mais fortes do que nunca. Tudo aquilo era diferente para mim. Eu
nunca tinha me apegado tanto a uma mulher quanto estou com ela. Eu nunca
tinha amado nenhuma mulher desta forma. Somente ela. Ela estava nos ligando
todos os dias como prometeu e poucas vezes falávamos por mensagens. Nosso
fuso horário tinha seis horas de diferença e quando eu estava livre para falar, era
o horário que ela já devia está dormindo. Minhas noites estavam sendo horríveis
e eu me sentia totalmente dependente dela. Aquela mulher era minha vida.

No primeiro fim de semana eu tinha ido a Milão ter com ela. O lugar era
ainda mais lindo pessoalmente e passamos alguns dias juntos. Foi quando
consegui acalmar meu pau que já estava triste e minhas bolas que estavam
ficando azuis. Fora isso, tinha que me aliviar da forma antiga. Nunca mais tinha
me masturbado e mesmo dando para o gasto, era diferente do corpo quente e
úmido de Louise.

Eu sorria feito bobo com as fotos que ela me mandava e lhe dava
conselhos para se acalmar. Ela estava nervosa com tudo que estava acontecendo
e ainda mais com a data do desfile que estava se aproximando, mas eu sabia no
show que ela ia dar.

Eu já tinha deixado algumas pessoas de lá mais importantes a par de
todos os acontecimentos sobre a bomba e de que a minha namorada precisava de
total segurança, mas nem foi preciso. Eles já tinham seguranças aos montes, mas
mesmo assim ainda mandei um para ficar cuidando dela de longe. Sempre atento
a ela e a tudo a sua volta. Caso acontecesse algo fora do comum, ele tinha ordens
de chamar um batalhão com reforços e eu não estava pouco me importando do
valor em dinheiro que aquilo poderia custar. Ela era minha prioridade.



Louise

Cheguei a Milão ainda com os olhos inchados e com saudades de
Benjamin. Mal pisei em território europeu e lhe liguei para falar que havia chego
bem. Sua voz estava diferente e quando perguntei a Kim depois o que tinha
acontecido, ela confessou que ele havia derramando algumas lágrimas depois
que eu entrei no portão. Ele me amava.

A primeira semana foi a mais difícil. Eu tinha que me adaptar e fazer
muitas coisas. Estava sendo muito cansativo, mas estava sendo muito bem
tratada e sabia que o Benjamin estava vindo ficar comigo na sexta-feira.
Passamos um lindo fim de semana juntos e apaixonados. Ele era como a energia
que me fazia funcionar direito e com sua vinda aqui, foi como se uma carga
extra tivesse sido dada em mim e voltei a trabalhar com todo gás.

Nossos horários eram bem diferentes, então mal tínhamos tempo de nos
falarmos. Eu ligava para eles todos dias e era quase só isso. Ele demorava a me
responder por causa do horário e eu também demorava pelo mesmo motivo.
Odeio fusos horários!

Eu estava hospedada em um hotel de luxo com motorista de prontidão
para sempre que eu quisesse. Embora isso se resumisse apenas em trabalho e
hotel, hotel e trabalho. Eu conheci várias pessoas de quase todas as
nacionalidades e personalidades, mas me tornei mais amiga em especial de duas
pessoas. Uma ruiva linda de pele bem branca (quase uma alma) e bem alta
chamada Anninka. Tinha um corpo lindo e era da Polônia. Apesar do seu olhar
matador e sensual, ela era um doce de pessoa. Tinha a minha idade, vivia com os
pais e nunca tinha tido um namorado. Ela mesmo falou quando estávamos
conversando e eu lhe mostrei a foto do meu namorado. O outro era um rapaz
lindo do Brasil chamado Gabriel. Um ano mais velho que eu, alto igual o
Benjamin e do tipo que deixava as mulheres babando por onde passava. O corpo
era musculoso e bem trabalhado, os cabelos bem cortados e uma barba por fazer
o deixavam ainda mais sensual. Seria o homem dos sonhos para qualquer
mulher, se não fosse por ser gay e estar noivo de outro modelo. Nós três
vivíamos juntos durante os trabalhos e me senti mais em casa tendo feitos
amigos por aqui.

O Benjamin já havia me dito que esse fim de semana não iria dar para
nos vermos outra vez. Ele estava cheio de coisas para fazer nessa época de
primavera e não podia sair para nada. Eu fiquei chateada, mas entendi seu lado.
A única coisa que me aliviava era saber que logo eu estaria de volta aos seus
braços em Boston.

Esse era o último fim de semana que teríamos um tempo livre e como o
Benjamin não ia poder vir, nós três marcamos de sair para a noite. Me arrumei
com uma roupa justa e bem ousada para aproveitar e mandei mensagem para o
Benjamin perguntando o que ele achava. Em princípio ficou enciumado por ver
as peças, mas logo relaxou e me encheu de elogios. Disse o quanto estava com
saudades e que queria logo me ver. Nos despedimos um tempo depois dele
insistir por uma foto íntima e fui curtir.

A festa estava realmente a todo vapor. As pessoas dançavam como se não
houvesse amanhã e para aproveitar meu momento, também entrei na onda.
Comecei a beber e dançar com meus amigos, porém querendo que a Kim tivesse
ali comigo. Também falava com ela todos os dias, mas bem pouco. Sua gestação
já tinha doze semanas e eu estava tão ansiosa quanto ela.

Já eram altas horas da madrugada e ainda estávamos na balada. Eu,
Anninka e Gabriel dançávamos até o chão, embora apenas ele fosse o que
dançasse mais entre nós duas. Eu me sentia até humilhada. Uma verdadeira
lombriga epilética.

—Aqui é sangue brasileiro! —Disse com uma voz afeminada e já
alterada pela bebida. Eu e Anninka usávamos ele como escudo para escaparmos
de homens chatos que ficavam atrás de nós. Tiramos várias fotos em vários
momentos de loucuras e decidimos ir embora quando o relógio estava perto de
apontar três da manhã.

Mandei um áudio para Benjamin enquanto seguíamos os três de táxi para
o hotel onde eu estava, mas eu nem sabia o que estava falando. Eles gritavam e
berravam não deixando eu escutar minha própria voz. Acabei guardando o
celular e começando a gritar junto com eles.
Subimos os elevadores do hotel em direção ao meu quarto um apoiado no
outro. Estávamos todos em hotéis diferentes, mas como o meu era mais perto,
convidei os dois para dormir no meu. Era tarde e eu não sabia se era perigoso.
Mal entramos no quarto e só deu tempo arrumar alguns edredons no chão e eles
tombaram em um sono profundo. Mesmo cansada, eu ainda não tinha
conseguido pegar no sono, só depois de mandar um “Eu te amo” para o
Benjamin e sorrir apaixonada ao ver a foto de nós dois que ele tinha me
mandado horas antes com uma legenda. “Seja onde for, é contigo que eu quero
estar”.



Benjamin

—Quem diria. —O Gary fala ao meu lado com um sorriso debochado. —
Benjamin Connor pensando em casamento.

—Não fode, Gary!

Estávamos em uma joalheria conceituada em Boston e eu estava vendo o
anel que mais me agradava. Com as saudades que eu estava sentindo de Louise,
percebi que é com ela que quero viver por toda a minha vida. Não só como
namorado, mas como seu marido. Quero ter filhos com ela, vários deles. Um
time de futebol. Quero formar uma família. Quero ter alguém com nossos
sobrenomes juntos e me chamando de pai todos os dias.

Eu não me lembro quando mudei de forma tão radical, de um libertino
para um homem direito, mas aconteceu. Aquela mulher surgiu na minha vida
para mostrar que pau que nasce torto se endireita sim. Eu sou a prova viva disso.

—Mas vem cá. —O chamo baixo. —Acha que estou me precipitando ?

—Vocês se amam, irmão. Está na cara que foram feitos um para o outro.

—Acha isso mesmo ?

—Sim, mas com a condição que eu seja padrinho nessa porra. —Fala e
rimos juntos.

Volto a olhar os anéis, porém mais confiante dessa vez. Eu iria lhe pedir
em casamento assim que ela chegasse. Iria pedir que fosse minha com os
homens e Deus como testemunhas. Queria selar o que tínhamos logo e a ter
como minha esposa. Eu não via a hora disso acontecer.

Uma aliança em especial me chamou a atenção. Ela não era nem prata e
nem ouro, era um tom rosé. Em cima havia um diamante relativamente médio e
aos lados era esculpido em detalhes no próprio material da aliança, assim como
também havia outros pequenos diamantes no lugar. Era aquele que eu queria.

—Acharam algo que os agrade ? —A atendente vem todas sorrisos na
nossa direção. Desde quando chegamos que ela seca a mim e ao Gary. Confesso
que ela é muito gostosa e em outra época eu não hesitaria em tentar lhe levar
para a cama (tentar é só um modo de falar, se é que me entendem), mas por
incrível que pareça, ela não me excita e nem me chama atenção. Já tenho outra
mulher que é totalmente dona do meu corpo.

—Sim. Aquele. —Aponto para a aliança e a encaro. —Vou pedir minha
namorada em casamento.

(…)

Fui para casa ainda orgulhoso de mim mesmo pelo grande passo que ia
dar. Eu tinha total certeza e convicção do que estava fazendo. Eu queria aquilo
para mim e esperava ansiosamente que a Louise quisesse o mesmo que eu. Se
não quisesse, bom … Eu nunca fui um homem de desistir fácil do que eu queria.
Mal sabia eu que a maior decepção da minha vida estava me aguardando sentada
e assim como as ondas violentas do mar, iria desmanchar meu castelo de areia.

Quando eu pedi ao segurança de Louise que me colocasse a par de tudo
que acontecia, eu queria dizer exatamente tudo. Quando ela me falou na noite
passada que iria sair, eu já sabia mesmo antes dela avisar. Eu não tinha intenção
alguma de lhe vigiar, eu confiava nela cegamente, mas tudo isso mudou em uma
única ligação recheada de provas.

Estava na sala de casa lendo um livro depois do almoço quando meu
celular toca ao meu lado. Quando eu vi o número do segurança, eu atendi
rapidamente já pensando no que teria acontecido. Foi quando um soco me
atingiu no estômago quando ele começou a relatar os acontecimentos desde a
noite passada.

“Como o senhor já sabe, ela saiu para uma boate acompanhada de uma
moça e um rapaz que fez amizade. Fiquei sempre de olho e como o senhor
pediu, aqui vai tudo”.

Eu recebi várias fotos que me causaram nojo. Ela dançava se esfregando
no tal rapaz que era tão alto quanto eu e estilo capa de revista. Eles bebiam como
se o amanhã não existisse e decidi ignorar quando ela havia me mandado um
áudio completamente embriagada. Eu nunca pedi que ela não curtisse a vida,
mas pedi que não exagerasse tanto, pois tinha medo de ela não saber o que fazer
depois.

Porém nas outras fotos ela ignorava isso totalmente. Em uma delas
estavam os três com as línguas praticamente juntas pousando. Sem pudor ou
vergonha alguma. Meu sangue fervia e eu me recusava em acreditar que ela
tinha feito coisas a mais com aquele patife.

Joguei tudo no chão quando em uma das fotos, ela entrava com eles no
seu quarto de hotel quase caindo de tão bêbados. Eu estava furioso e tudo piorou
na última foto. Apenas a ruiva e o amigo saíam do hotel pela manhã e entravam
no táxi indicando que tinham passado a noite juntos fazendo sabe-se lá o que.
Poderia não ter acontecido nada, claro que sim, mas minha cabeça não
funcionava assim. Não naquele momento.

Eu não queria acreditar naquilo. Não queria acreditar que a Louise havia
me traído daquele jeito. Não queria acreditar que eu tinha confiado nela, tinha
aberto mão da minha saudade por ela para deixar que crescesse e recebi um par
de chifres em troca. Eu ia esperar ela mesmo me falar, mas quando falamos por
ligação e ela não comentou nada disso, eu tive certeza do que tinha acontecido.

—Vadia! —Gritei para mim mesmo horas mais tarde perdendo o controle
no meu quarto e jogando tudo que vejo pela frente na parede. Pego meu celular
jogado em algum lugar e liguei para o segurança que ainda estava por lá. Ele não
tinha insinuado nada sobre traição, apenas fez o que eu pedi.

—Sim, chefe. Quais as ordens ?

—Acabou! Retorne para Boston.
Capítulo 39

Louise

Eu nem acreditava que tinha conseguido. Eu havia desfilado na Milan
Fashion Week e fui ovacionada como nunca tinha sido na minha vida. As
pessoas me idolatravam. Chamavam meu nome, queriam fotos e autógrafos.
Queriam minha atenção. Eu era importante. Meu sonho tinha sido concretizado e
eu não aguentei a emoção quando saí da presença de todos. Eu tinha chegado até
ali. Minha garganta doía por tentar segurar o choro, minha cabeça latejava de
dor, mas nada daquilo importava. Eu estava ali. Eu tinha conseguido.

Foi inevitável não pensar na minha mãe e no caminho difícil que eu
havia percorrido até chegar ali. Pensei na Kim, no Benjamin, nas minhas colegas
do orfanato. Pensei na minha vida. Eu queria ligar para todo mundo. Queria falar
o que estava acontecendo, queria ouvir as vozes das pessoas que eu mais amava
me fazendo acreditar que aquilo não era apenas um sonho, mas logo fui arrastada
para uma entrevista importante.

Nos últimos dias eu sentia o Benjamin ainda mais diferente. Quando
conseguíamos nos falar, ele falava pouco. Às vezes tinha que sair por estar muito
ocupado e outro dia, nem atendeu minha chamada, coisa que nunca acontecia.
Eu pensava em coisas ruins, que ele estava cansado de me esperar, que tinha
ficado com outra e esperava minha volta para terminar tudo. Eu estava nervosa,
mas logo iria vê-lo. Estava perto.

Como ele havia dito várias pessoas estavam querendo me contratar e eu
tive que me esquivar de várias propostas tentadoras. Uma em especial havia
chamado minha atenção. Um rapaz novo, bonito e com cara de que conhecia
muito bem dos negócios, conseguiu passar por todos e chegar até a mim. Seus
olhos passearam por meu corpo como se me admirasse, mas logo tomou a
postura profissional e falou comigo. Não era nem o valor da proposta, mesmo
sendo imensamente grande. Era a proposta em si. Eu tive que recusar me tornar
por ele uma modelo reconhecida ainda mais internacionalmente e viajar por todo
o mundo. Eu senti verdade na sua voz e ao me informar rapidamente sobre ele,
tive a confirmação que ele era realmente bom no que fazia. Um funcionário da
confiança de Benjamin logo reforçou minha recusa, mas o tal rapaz com sorriso
sedutor ainda teve tempo de me passar seu cartão e sibilar para que eu o ligasse
caso mudasse de ideia.

Saí de lá com tanta coisa que eu não sabia se ia caber na mala. Eu estava
reluzente. Minha viagem estava marcada para segunda-feira, mas não quis mais
esperar e remarquei para o domingo. Chorei me despedindo de Gabriel e
Anninka, mas trocamos contatos e combinamos de nos falar sempre.

Eu não ia falar para o Benjamin que ia voltar mais cedo. Queria lhe fazer
uma surpresa e aproveitei para lhe comprar algo de Milão. Estava ansiosa para
vê-lo logo. Queria lhe abraçar, lhe beijar, fazer amor com ele e matar todas as
saudades. Assim que entrei no avião, senti uma sensação estranha me invadir,
porém inocentemente a ignorei achando ser cansaço. Sentei no meu lugar e sorri
comigo mesma imaginando qual seria sua reação ao me ver. Eu estava torcendo
para que aquelas oito horas de voo passassem bem rápido.

(…)

O avião pousou em Boston por volta das quatro horas da tarde e eu fiz
tudo as pressas para ir logo para casa. Peguei um táxi, e com o coração na mão,
me dirigi para a casa de Benjamin. Eu não conseguia parar de sorrir durante todo
o percurso e minhas mãos tremiam como se fosse a primeira vez que eu ia lhe
ver. Me obriguei a respirar fundo para não acabar tendo um ataque antes de
chegar.

Parei em frente aos portões e paguei ao taxista. Depois de entrar pelo
portão pequeno, deixei as malas na entrada principal e fui andando
cautelosamente para não fazer nenhum barulho que evidenciasse minha chegada.
Fui primeiro nos compartimentos mais relevantes do primeiro andar e como não
tinha sequer sinal dele ou de Donna, comecei a subir as escadas.

Caminhei pelo corredor já ouvindo barulhos no seu quarto e sorrindo
sabendo que era ali que ele estava. Porém além da sua voz, eu ouvia outra voz.
Era de mulher e gemia. Parei de andar querendo escutar direito e ouvi ainda mais
nitidamente aqueles gemidos.

Meu coração acelerou e eu fechei os olhos por alguns segundos tentando
me convencer que aquilo não era nada do que eu estava pensando. Voltei a
caminhar e parei em frente ao quarto. Peguei na maçaneta já sentindo as
lágrimas encherem meus olhos e girei.

Com certeza ter aberto aquela porta foi a pior coisa que eu já fiz em toda
a minha vida.

Benjamin estava completamente nu com uma mulher de quatro na sua
cama enquanto ele a penetrava. Puxava seus cabelos para trás e ela gemia. Eu me
deixei chorar ali e quando respirei fundo foi quando fui notada. Nossos olhos se
encontraram e estremeci quando não vi arrependimento, amor ou saudades nos
seus. Vi raiva, nojo, maldade. A mulher não se afastou e ele muito menos,
apenas diminuiu a velocidade como se não se importasse de ter sido pego me
traindo.

—Ben …

—Olha quem chegou. —Sorriu de lado. —Quer se juntar a nós, Louise ?

—Eu … Benjamin … Por quê ?

—Anda cá! Eu pago você. Afinal de contas, não é uma prostituta que
você é ?

Aquelas palavras me atingiram de forma tão dolorosa que eu senti o chão
fugindo dos meus pés. Me apoiei na parede temendo cair ali na frente deles e foi
quando ele se afastou da mulher e ficou em pé.

—Espero que tenha aproveitado a viagem a Milão. Como você está
vendo … —Apontou para a mulher. —Eu aproveitei bastante enquanto você
esteve lá.

Eu não conseguia falar nada. Minha garganta tinha travado e senti meu
coração quebrar aos pedacinhos dentro de mim. Meus olhos ardiam e tudo
parecia borrado devido as lágrimas. Dei alguns passos vacilantes para trás
querendo sumir dali e dei as costas. Como se ainda não tivesse me ferido o
bastante, ele ainda continuou:

—Tira essa sua presença nojenta da minha casa e nunca mais apareça na
minha frente, sua vadia!

Eu soluçava de dor, sentia que estava morrendo, sentia medo e corri.
Segurei o corrimão das escadas para não cair e olhei para trás esperando algo
acontecer e me convencer de que aquilo tudo era uma pegadinha, que meus
olhos tinham me enganado. Eu queria mais que tudo no mundo que agora sim
aquilo fosse um pesadelo, mas eu sabia que não era.

Fui atingida pela realidade de namorar com um multimilionário cobiçado
e que nem em pensamento ficaria vários dias sem sexo. Ele nunca me amou. Eu
fui enganada novamente e parece que estava doendo mais do que qualquer coisa
naquele momento. Peguei minhas coisas e segui portão afora perdida. Eu estava
desnorteada e não sabia o que fazer. Caminhei alguns metros ainda desacreditava
quando infelizmente cedi. Minhas pernas vacilaram e sentei em uma calçada
qualquer. Foi apoiando o rosto nas mãos que eu me permiti chorar ainda mais.



Benjamin

—Vai embora! —Falei jogando algumas notas para a mulher na minha
cama e ela fez sem reclamar. Pegou suas coisas, se arrumou e saiu. Eu sentei na
cama e apoiei o rosto nas mãos ainda conseguindo me sentir culpado. Eu não era
culpado. Ela havia me traído! Eu havia confiado naquela puta, havia lhe dado
todo o meu amor, havia feito tudo por ela e mesmo assim fui traído. Se tinha
alguma vítima naquela história, certamente era eu.

Quando recebi as fotos e as notícias provando sua traição, eu fiquei
louco. Destruí praticamente tudo no meu quarto e gritei com minha mãe quando
ela veio desesperada saber o que estava acontecendo. Eu não queria fazer aquilo,
mas não consegui me controlar. Eu sabia que ela estava vindo para Boston um
dia antes e queria me fazer uma surpresa, mas ela me ensinou que um rostinho
inocente não me enganaria mais. Eu iria pagar na mesma moeda e iria sentir
prazer quando ela visse eu fodendo outra na sua frente. Mas não senti.

Quando vi seus olhos em mim assim que entrou no quarto, foi como ter
sido dilacerado por dentro. Eu vi fragilidade no seu olhar e nos seus
movimentos. Eu via a hora dela cair desmaiada ali na minha frente, mas fui
ainda mais rude e falei todas aquelas bobagens. Eu não queria me sentir a porra
do culpado, mas infelizmente eu ainda amo aquela mulher e a vê-la sofrer foi o
mesmo que me fazer sofrer. Eu estava lhe odiando. Lhe odiando com todas as
forças que existiam e aquele sentimento que ela me fez conhecer um dia, seria
totalmente aniquilado. Eu nunca mais iria ter sentimentos por mulher alguma. Eu
nunca mais amaria alguém.

Horas depois eu ainda esperava algum contato dela. Mesmo a querendo
longe de mim, eu esperava por aquilo, mas não veio. Eu estava preocupado com
ela e fiquei tentado ligar para a Kim para perguntar se ela havia chego, porém, a
raiva me dominou e o celular se partiu em vários pedaços quando o joguei
violentamente na parede.

—Ei! O que está havendo aqui ? —O Gary entrou na porta da sala
olhando o lugar onde o celular se partiu segundos antes.

—Vai embora, Gary!

—Não. A Donna pediu que eu viesse aqui.

—Os dois estão perdendo a porra do tempo então. —Digo me levantando
e indo em direção a varanda. Sinto as lágrimas encherem meus olhos e me
desconheço por ter me tornado um homem tão sentimental. Aquela vadia de
quinta tinha que me foder com a vida mesmo.

—Eu não sei o que aconteceu, mas eu sou seu irmão, Benjamin. —Põe a
mão no meu ombro. —Eu estou aqui.

—Ela me traiu. —Digo sem o olhar e deixando as lágrimas rolarem sem
me importar. —A Louise me traiu.

(…)

Eu entendia a cara do Gary de confuso depois que eu acabei de contar
tudo e lhe mostrei as fotos. Mesmo a Louise sendo uma prostituta, seu rostinho
inocente era capaz de enganar muitas pessoas. Eu fui um desses idiotas.

—Tem alguma coisa errada nisso. —Ele diz.

—Vai defender ela agora só por ser a melhor amiga da sua mulher ?

—Baixa a guarda, idiota! Eu estou falando sério.

—Que sério o quê ? Está aí as provas nas suas mãos.

—Você pelo menos deu a chance dela se explicar ?

—Tem algo para explicar ? Não está na cara ?!

—Não, não está na cara. Pra mim a Louise não faria isso.

—Você nem conviveu com ela como eu, Gary. Como pode achar que ela
não faria isso ?

—Mas e você ? Acha sinceramente que ela fez isso ? —Pergunta me
olhando dentro dos olhos e eu tomo as fotos da sua mão me levantando.

—Foda-se o que eu acho! Eu achei que ela me amava. Achei que ela era
fiel. Achei que ela iria querer casar comigo. Adiantou alguma coisa ? —Atiro as
fotos longe. —Não adiantou porra nenhuma!

Ele permaneceu calado, certamente sem saber o que falar. Também não
adiantaria muita coisa. Eu não queria explicações nenhuma para aquela merda.
Eu queria mais era esquecer a Louise e fazer dela uma página virada na minha
vida. Ainda não sabia como seria lhe ver na empresa no dia seguinte, nem sabia
sequer se ela apareceria. Porém, eu estaria lá. Ocupando meu lugar de presidente
e me dedicando seriamente ao trabalho, coisa que deveria ter sido desde sempre.



Louise

—Eu vou matar aquele filho da puta do Benjamin! —A Kim diz
transtornada depois que eu lhe conto tudo. Eu não consegui seguir para casa
sozinha depois de sentar na calçada. Tive que lhe ligar para que fosse me buscar
e eu tive pena dela ao ter que se deparar com meu estado deplorável.

—Vamos esquecer isso, Kim, por favor. —Peço chorosa e sentindo a
cabeça a ponto de explodir.

—Um caralho! Ele não devia ter feito isso com você. O que deu naquele
idiota ?

—Eu não sei. —Dei uma pausa para engolir o choro e a encarei. —Não
vamos mais falar disso, por favor. Eu estou exausta, tenho dores, quero
descansar.

As lágrimas descem devagar pelo meu rosto e nem sei como ainda as
tenho. A Kim senta ao meu lado e me abraça de forma terna. Eu afundo o rosto
no seu pescoço e tento apenas respirar, coisa que ficou difícil de uma hora para
outra.

—Vai ficar tudo bem. —Disse me ninando como se eu fosse uma criança.
—Lembra quando eu disse que se ele um dia fizesse seu coração em pedacinhos,
eu iria está aqui ?

Faço que sim com a cabeça e a ouço fungar.

—Eu estou aqui. Vou te ajudar a colar cada pedacinho seu. Sempre e para
sempre.

Naquela noite eu não consegui dormir. Eu não estava conseguindo
assimilar tudo o que estava acontecendo. Eu não conseguia acreditar que aquilo
tinha acontecido e o porquê de ter acontecido. As palavras de Benjamin me
humilhando martelavam na minha mente e doía muito. Não sabia o que fazer no
dia seguinte a respeito da empresa. Não sabia se apareceria ou se simplesmente
abandonaria tudo. Ouvi o Gary conversando com a Kim na sala mais tarde, mas
eu disse a ela que não queria falar com ninguém. Havia desligado meu celular e
deitado cedo. Eu só queria que aquilo tudo passasse. Eu só queria dormir e não
acordar mais. Eu só queria minha mãe.

(…)

Acordei no dia seguinte sentindo o corpo massacrado. Acordei é só uma
forma de dizer, já que nem sequer dormir durante toda a noite. Me levanto e vou
para o banheiro sentindo cada músculo doer como se eu tivesse sido espancada a
noite inteira. O que mais doía nem era o físico. Era algo que nenhum analgésico
ou descanso iria resolver.

Eu queria ser como aquelas mulheres que passam por uma decepção e no
dia seguinte mesmo estando quebradas, se vestem e agem de forma poderosa. Eu
não conseguia. Depois de tomar um banho rápido, saí do banheiro penteando os
cabelos e comecei a vestir a roupa que havia separado antes. Uma saia em tom
amadeirado até os joelhos, uma blusa de cetim de alcinhas na cor nude e calcei
um salto preto fino. Passei uma maquiagem para aliviar as olheiras do meu rosto
e para dar uma animada, ou pelo menos tentar. Olhei para meu quarto, olhei para
as chaves do meu carro e as joguei dentro da bolsa antes de sair do quarto.

—Bom dia. —Digo chegando na sala e vendo a Kim tomando café na
mesa já arrumada para o trabalho.

—Bom dia. —Tenta sorrir. —Achei que não fosse hoje.

—Eu vou. Nem que seja para pedir demissão.

—Lou, você não precisa pedir demissão.

—Eu sei. Não vou pedir. —É a minha vez de tentar sorrir. —Se o
Benjamin quiser que eu saia, ele que me demita. Não vou dá mais esse gostinho
para ele.

—E o que vai fazer agora ?

—Primeiro devolver o carro e sair desse apartamento.

—Eu imaginei que fosse fazer isso. —Toca minha mão. —Eu vou sair
com você e alugamos um novo lugar para nós.

Faço sim com a cabeça e tomamos café em silêncio. Eu não queria falar
muito, estava tão cansada tanto quanto antes de dormir e queria poupar energias
para a hora de encontrar o Benjamin.

Eu odiava meu coração por ser tão bobo e acelerar só por ouvir seu
nome, mas eu não o culpava. Sua pose de homem de uma mulher só, fiel e
apaixonado também enganou a mim. Sabe-se lá também quantas antes. Mesmo
sem querer, o que eu mais desejava era poder esquecer aquele homem. Não sei o
motivo dele ter feito tudo comigo depois de tudo o que passamos juntos, mas eu
não queria mais saber. Eu queria que tudo apenas passasse. Para sempre.



Benjamin

Pela primeira vez me levantei querendo ficar deitado. Eu estava sem
ânimo algum para ir pra empresa ou a qualquer lugar que tivesse que sair da
cama, mas tinha que ser. Tomei um banho desleixado e me arrumei
adequadamente quando saí. Ainda estava sem celular e não estava nem aí se
alguém de grande importância tinha ligado.

—Ela ligou ? —Pergunto para a minha mãe assim que sento na mesa
para o café da manhã. Ela faz apenas que não com a cabeça. —Mãe, eu já pedi
desculpas por ontem.

—Não é isso, Benjamin! —Ela se exalta e larga os garfos. —Que diabos
te deu para você fazer o que fez com a Louise ?

—Ela me traiu, caralho!

—Limpa essa tua boca podre para poder falar comigo! Eu não sou as
putas que você anda comendo por aí. —Me olha fuzilante e eu abaixo a cabeça
envergonhado.

—O que você quer que eu faça ? Que fique com uma mulher que me
traiu em Milão ?

—Você viu ela fazendo isso ?

—Não, mas …

—Você deixou ela se explicar ?

—Eu …

—Não! Você não deixou! Você simplesmente jogou sujo e trouxe uma
prostituta para dentro de casa e fez a Louise ver. Nunca pensei que você poderia
ser tão baixo, Benjamin.

—Ela também é uma prostituta. Não vale nada!

Sinto a palma da sua mão estalar no meu rosto e permaneço calado
mesmo com minha pele formigando. A encaro e sinto meus olhos marejarem. Os
delas também estão iguais aos meus e eu quero me desculpar, mas é bem
provável que eu chore quando abrir a boca.

—Antes de conhecer seu pai eu também era prostituta. —Ela fala e eu
fico estarrecido. —Ele me conheceu nas ruas e se apaixonou por mim, assim
como eu por ele.

—Ele nunca me contou. — Murmuro.

—Eu pedi que não. Eu queria te contar isso pela minha própria boca e
pelo visto chegou a hora.

Eu não sei o que falar. Nunca imaginei isso da minha própria mãe e
mesmo não me importando em nada com seu passado, mesmo isso não afetando
ou mudando algo que eu sinta por ela, sei muito bem onde ela quer chegar.

—Não vai falar nada, Benjamin ?

—Não tenho nada para falar.

—Seu amor e admiração por mim diminuiu com a revelação ?

Faço que não.

—Você não vai mais me respeitar por conta disso ?

Repito o gesto.

—Vai me humilhar e me tratar mal por conta disso ?

Novamente faço que não e ela se levanta da cadeira.

—Então acho que você entendeu bem onde eu quero chegar. Eu não
estou falando para você perdoar a Louise ou reatar o namoro, mas para respeitar
ela igual você me respeita. Ela tem família igual você tem e tem sentimentos
também. Não seja o tipo de pessoa que humilha quem não é igual a você. —Vem
até mim e beija o topo da minha cabeça. —Eu te amo, meu filho. Mais do que
você imagina.

Ela sai, mas antes que chegue até a porta, eu chamo:

—Mãe.

Ela se vira e eu me levanto. Meus lábios tremem e sinto as lágrimas
borrarem meu rosto, mas caminho na sua direção e a abraço. Minhas lágrimas
agora rolam sem demora e eu só consigo chorar. Me sinto novamente aquele
garotinho que corria para seu colo quando alguma menininha partia meu coração
na escola. Me senti voltando a ser uma criança de novo precisando de um colo.

—Me desculpa. Me desculpa, por favor, mãe. Me perdoa.

—Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. —Ela retribui meu abraço e me
aperta entre seus braços. É tão reconfortante lhe abraçar que mesmo estando
magoado, eu sei que ela sempre vai me apoiar.

(…)

Cheguei na empresa e algo me dizia que todo mundo ali sabia do meu
rompimento com Louise. Ignorei todos os cumprimentos e me tranquei dentro da
minha sala. Não queria falar com ninguém e passei o dia todo com a cara enfiada
no trabalho depois de ter pedido a minha secretária para me arrumar outro
celular, que chegou um pouco antes da hora do almoço.

Quando estava configurando algo para o novo celular e prestes a sair da
sala, a porta se abre e a Louise entra. Meu coração traidor começa a saltar feito
doido e eu percebo que minha respiração fica pesada. Meus olhos passeiam pelo
seu corpo e quando chego nos seus olhos, vejo aquela imensidão azul me
encarando. Eles refletem tristeza e tenho certeza que os meus estão iguais. A
mulher que até algumas horas atrás era a razão da minha vida e que eu já estaria
a agarrando, agora me causa repulsa.

—O que quer aqui ? —Pergunto a encarando firmemente. Sua boca
treme e meu peito dói por imaginar que ela está lutando contra as lágrimas.

—Desculpe entrar assim, Senhor Connor. Eu só vim entregar as chaves
do seu carro. —Se aproxima e coloca as chaves do carro que lhe dei em cima da
minha mesa.

—Pode ficar com ele. Não me faz diferença. —Digo voltando a olhar
para tela do notebook a minha frente.

—Eu não quero. Muito obrigada. Estou saindo do seu apartamento até
hoje à noite e garanto que vai estar intacto do jeito que pegamos.

—Você faz o que quiser, mas leve essas chaves com você. —Derrubo as
chaves no chão e a encaro. Eu não queria, mas acabo falando ainda mais
besteiras: —Eu não quero ter de volta nada do que já foi seu. Não quero ter nada
que me lembre de você e sua presença. Venda o carro, dê, doe, faça o que bem
entender, mas saia da minha sala e me esqueça.

—Não precisa pedir duas vezes. Eu já estou trabalhando na parte de te
esquecer. —Acena com a cabeça e se vira para sair.

Acompanho todos os seus movimentos e tenho vontade de correr e
abraçá-la no colo, mas não posso. Sou pego de surpresa quando ela se vira e me
olha com os olhos cheios de lágrimas.

—Eu só queria saber o porquê, Benjamin ?

Fecho os olhos por alguns segundos não querendo me iludir com sua
pose de desentendida e respiro fundo.

—Pode se retirar da minha sala agora, Senhorita Hansen. —É a única
coisa que faço e ainda lhe vejo derramar uma lágrima solitária mesmo que ela
tenha tentado esconder. Não esperei nem a porta ser totalmente fechada e joguei
tudo no chão. Lá se foi mais um celular.



Louise

Já se faziam exatamente uma semana desde o conturbado dia que eu vi o
Benjamin me traindo. Eu achei que essas imagens iriam sumir com o tempo, mas
pelo visto eu achei errado. Todos os dias eu lembrava de o ver com outra mulher,
todas aquelas imagens se passavam como um filme na minha mente, eu ainda
chorava pensando nele e o pior de tudo é que sentia saudades. Idiota do jeito que
eu sou, esperava sempre que ele ia me ligar, mas isso sequer aconteceu. Passei a
evitá-lo dentro da empresa e sei que ele fazia o mesmo, pois era extremamente
raro nos vermos pelos corredores. Fiquei sabendo pela Kim, que ele mal saía
para almoçar.

Eu estava ficando cansada de trabalhar ali. O ambiente tinha se tornado
pequeno e sufocante de uma hora para outra me deixando desconfortável. Por
várias vezes olhei o cartão que recebi do rapaz em Milão e me senti tentada a
aceitar sua proposta, mas preferi esperar. Não queria decidir nada de cabeça
quente e acabar me arrependendo depois.

Eu já tinha desocupado seu apartamento junto com a Kim e estávamos
morando em outro ainda juntas. Eu queria me livrar de tudo que me lembrasse
dele. Iria fazer tudo que ele disse que iria fazer comigo. Eu ia esquecer sua
existência.

—Lou, posso falar com você ? —O Gary pergunta quando me vê
tomando café na copa da empresa. Estranho seu comportamento, mas aponto
para a cadeira vazia a minha frente.

—Está tudo bem ? Ansioso com a vida de pai ? —Pergunto e ele sorri
apaixonado. A Kim já está com quatro meses de gestação e eles não poderiam
estar mais felizes.

—Muito. Ainda é difícil de acreditar.

—Espero que cuide bem da minha irmã e do meu sobrinho.

—Pode deixar. —Ele sorri e logo para. Fala: —Mas era sobre outra coisa
que eu queria falar com você.

—Gary, eu te adoro de verdade e você sabe disso, mas se for algo do
Benjamin, eu não quero saber, por favor.

—Eu sei que você está puta da vida com ele e eu te dou total razão, mas
ele teve seus “motivos”.

—Motivos ? —Sorrio incrédula. —Que motivos ele teve para me trair de
forma tão suja, Gary ? Eu sempre fui fiel ao Benjamin e nunca dei motivos
algum para ele fazer o que fez.

—Eu acredito em você, mas é disso que eu estou falando.

Ele coloca algumas fotos em cima da mesa e eu tenho uma crise de risos
assim que vejo. Sãos as fotos de mim junto com a Anninka e o Gabriel em Milão
na última noitada que tivemos. O Gary me olha sem entender nada.

—Então esses foram os motivos deles ?

—Eu não devia te falar, mas eu sempre soube que tinha algo errado. O
segurança que ele mandou para cuidar de você a distância mandou essas fotos
para ele. O cara ficou doido.

—Ele mandou gente para me vigiar ?

—Não, para te proteger. Ele ainda estava com medo sobre o que
aconteceu com a tal bomba e os mandou para a sua segurança. Não falou nada
porque queria te deixar a vontade, sem se preocupar com nada.

—Gary. —Dou uma pausa e aponto para Gabriel na foto. —Esse rapaz é
gay. Está noivo com um cara maior que você.

Ele me olha boquiaberto e eu tenho vontade de sorrir, mesmo minha
vontade maior sendo chorar. O Benjamin ouviu boatos sobre mim e mesmo com
aquelas fotos mostrando coisas que não são, ele não teve sequer a decência de
falar comigo. Preferiu jogar sujo e comer uma mulher na minha frente de
propósito. Ele não merecia mais meu sofrimento.

—Caralho! O Benjamin está fodido.

—Não fale nada para ele.

—Como não ? Ele te deve desculpas, Louise! Ele deve beijar o chão que
você pisa. Eu vou arrebentar a cara daquele palhaço.

—Não, Gary. Não faça isso. —Toco sua mão por cima da mesa. —Eu
agradeço sinceramente pelo que você está fazendo por mim, mas não precisa
mesmo. O Benjamin preferiu confiar em outras fontes do que em quem ele dizia
amar. Ele não me deu sequer chances de me explicar. Acabou!

—Eu te entendo. Não sei mais o que posso fazer por vocês. Queria os
dois juntos de novo. Sinto falta do meu amigo babando o tempo todo. —Diz e
sorrimos.

—Obrigada por tudo. —Digo e ele sai depois de fazer que sim com a
cabeça. Agora mais do que nunca o Benjamin seria uma página virada na minha
vida ou eu não me chamaria Louise Maria Hansen.
Capítulo 40

Louise

Eu estava cada dia mais desconfortável naquela empresa. Agora o
Benjamin já não fazia mais questão de me evitar e por vezes o via flertando com
funcionárias pelo corredor. Ele parece que tinha prazer em me ver sofrer e eu
tinha que me virar em duas para não chorar na sua frente. Porém, agora eu estava
mais confiante em mim. Eu nasci sem ele e sabia que não morreria se não
estivéssemos mais juntos. Eu nunca me humilhei por ninguém e ele não seria o
primeiro. Eu iria fazer as coisas acontecerem com meu próprio esforço a partir
daquele momento e começaria por Raul.

Raul é o homem que me fez a proposta em Milão e que havia me dado
seu cartão. Alguns dias atrás, eu peguei seu número e lhe mandei mensagem.
Primeiramente foi para falar sobre o que ele tinha me proposto, mas logo a
conversa começou a fluir para outro lado que não foi apenas profissional e já
estávamos há alguns dias conversando por mensagens.

Nos falávamos todos os dias e mesmo ainda tendo o Benjamin tatuado no
meu coração, tinha que confessar que Raul também era encantador. Eu me senti
a vontade para falar do meu passado com ele e o mesmo não me julgou. Vez ou
outra insistia para que eu aceitasse o contrato e eu já estava ficando balançada
para aceitar. Eu estava cansada de estar ali. Estava cansada de olhar para os lados
e ver o homem da minha vida dando em cima de outra. Saber que agora ele tinha
outros corpos que não era o meu, que beijava outras bocas que não era a minha e
suas declarações de amor viraram algo superficial e tinham sido levadas com o
vento. Eu tinha que aceitar o fim e seguir adiante.

Cheguei em casa cansada e doida por um banho. Dei graças a Deus que
era sexta-feira e me dirigi para o banheiro. Coloquei minha depilação em dia e
me dei ao luxo de demorar na banheira com direito a tudo. Passei um bom tempo
ali ouvindo música quando a campanhia tocou. Revirei os olhos não
conseguindo imaginar quem era, pois todos, tirando a Kim, tinham que
interfonar antes de subir.

Saí da banheira enrolada em uma toalha e fui em direção a porta. Ao
olhar no olho mágico, vi que era encomendas, então abri.

—Senhorita Louise Hansen ? —O entregador perguntou atrás de um
enorme buquê de flores brancas e uma caixa em formato quadrado.

—Eu mesma.

—Encomenda para você. —Me estende as coisas e eu seguro com
dificuldade. Que exagero de flores! —Pode assinar, por favor ?

—Claro. —Assino e fecho a porta depois que ele se vai. Cheiro as flores
e por um instante meu coração dispara ao pensar que é do Benjamin. Procuro por
algum bilhete e há um preto amarrado junto a caixa. O tiro e leio:
“Espero que goste do presente. Foi escolhido especialmente para você e
para saber que estou pensando em você o tempo inteiro. Da minha forma, mas
estou.”

Não tinha remetente e eu estranhei, porém abri a caixa. Havia uma
espécie de tampa ainda por dentro e alguns buraquinhos estranhos. Quando o
tirei, soltei a caixa no chão ao ver que por dentro estava infestado de aranhas
grandes, pretas e peludas.

—Ahh!!! —Subi no sofá desesperada ao vê-las andando pela sala. Elas
entravam debaixo do sofá e corriam tentando se esconder.

Eu não sabia o que fazer e fiquei com medo de quem pudesse ter feito
aquilo. Meu coração estava a ponto de sair pela boca de desespero e sentia
minhas pernas tremendo. Eram várias e eu tinha perdido a maioria de vista. Eu
não ia conseguir dormir naquela casa infestada de aranhas.

Como uma verdadeira bailarina, fiz manobras para chegar até meu
celular que estava no quarto. Não havia mais ninguém em casa comigo e
imediatamente liguei para a dedetização. Eu tremia de pavor e imediatamente
pensei nas ameaças que o Benjamin estava recebendo anonimamente. Era
aquilo!

Eu cheguei a discar seu número para lhe ligar, mas não consegui. Pensei
na forma que ele vinha me tratando nos últimos dias e dei para trás. Tentei jogar
minhas suposições para algum lugar no meu esquecimento e fiquei em cima do
quarto praticamente imóvel esperando a inspeção chegar para limpar aquilo
tudo.

A Kim chegou um tempo depois quando tudo já estava limpo e contei
para ela tudo que havia acontecido. Ela ficou desesperada e com pavor de dormir
aquela noite, mas eu a tranquilizei garantindo que não tinha mais nada ali, e o
que eu tinha esquecido por alguns momentos, ela trouxe à tona novamente.

—Isso com certeza tem algo a ver com a bomba, Louise!

—Deve ser coincidência, Kim.

—Ah, é ? Então quem mandaria isso para você desse jeito ?

—Eu não sei.

—Você precisa falar com o Benjamin.

—Não! Isso com certeza não.

—Você precisa! Ele também tem a ver com essa história e você tem que
lembrar que antes dessa pessoa tentar atingir você, tentou atingir ele primeiro.

—Você tem razão. —Murmuro.

—Eu sei. Isso está saindo do controle e temos que ficar espertas. —Ela
disse pensativa.
A preocupação com o Benjamin tomou conta de mim e depois de algum
tempo pensando sozinha, eu lhe liguei.

—Sim ? —Ele atendeu como se não soubesse quem era e meu coração
palpitou forte ao ouvir sua voz.

—Benjamin, sou eu. Louise.

—Pode falar.

—Podemos nos encontrar ? Eu preciso falar algo com você.

—Não, eu estou ocupado. Só isso ?

—Alguém me enviou aranhas hoje mais cedo. —Disse de uma vez não
aguentando mais o seu desprezo e sentindo meus olhos marejarem.

—Como ? —Sua voz no mesmo instante se alterou para preocupação. —
Você está bem ? Está machucada ?

—Não, eu estou bem. Não queria ter te ligado e atrapalhar, mas achei que
você precisasse saber.

—Fez muito bem em ligar. Quando podemos nos encontrar ?

—Acho melhor …

—As oito eu passo na sua casa. —Disse e desligou sem esperar que eu
respondesse. Eu estava com o coração cheio por ver que ele ainda se preocupava
comigo e mesmo sem querer, uma chama de esperança se acendeu dentro de
mim. Fazia tanto tempo que não ficávamos juntos e agora ele ia passar aqui para
me buscar. Eu não sabia o que deveria sentir.

Depois de falar com a Kim que íamos sair, ela me advertiu de várias
maneiras que eu não deveria cair em qualquer conversa do Benjamin, só então
eu fui me arrumar. Vesti uma espécie de blusa social de mangas compridas e
detalhes mais finos nas pontas, uma saia estilo couro assimétrica com um dos
lados em franjas e um salto quadrado de bico fino na cor vinho com tiras no
tornozelo. Passei perfume, deixei os cabelos soltos com uma mecha de cima
presa para trás e não quis colocar muita maquiagem, apenas um batom rosa claro
estava de bom tamanho.

Quando chegou uma mensagem no meu celular do Benjamin avisando
que já havia chegado, quase fiquei sem ar. Era a primeira vez depois de várias
semanas que íamos nos ver assim novamente e eu estava nervosa. Peguei o
bilhete que havia chegado junto com as flores e as agradáveis aranhas (que
fiquei sabendo não serem venenosas) e desci os elevadores indo em direção a
portaria.

A cada passo que eu dava parecia que meu coração se apertava ainda
mais. Eu sempre tive essa sensação quando estávamos juntos, nunca a tinha
perdido, mas agora era diferente. Não estávamos mais juntos e minha
consciência fazia questão de lembrar que ele estava sendo atencioso por causa do
presente. É claro que ele não queria ter seu nome prejudicado por aparentemente
ser o alvo disso tudo.

Minha garganta secou imediatamente quando eu o vi. Estava parado
junto do seu carro com uma mão dentro do bolso da calça jeans e olhando no
celular. Aproveitei que não estava me olhando para o analisar por completo.
Além das calças, usava uma camisa branca simples e folgada que eram um
pouco compridas e um sobretudo por cima. Os cabelos estavam soltos e me dei
conta do quanto estava sentindo falta de o ter. De puxar seus fios enquanto nos
beijávamos, enquanto fazíamos amor. Tudo nele me lembrava saudade e meus
olhos marejaram.

Qual foi minha surpresa ao assim que cheguei na sua frente, fui abraçada
forte. Ele me tinha entre seus braços e o queixo se apoiava na minha cabeça. Eu
apertei sua cintura sentindo o choro chegar e algumas lágrimas chegaram a sair,
mas tratei de as limpar da melhor forma que pude antes de nos afastarmos.

—Eu sinto muito por estar fazendo você passar por isso. —Disse
acariciando meu rosto. Eu não queria que aquele momento acabasse.

—Você não tem culpa. Na verdade, eu nem queria te incomodar, a Kim
que …

—A Kim é esperta.

—Está dizendo que eu não ? —Perguntei tentando amenizar o clima e ele
sorriu. Ah, aquele sorriso que eu tanto amo.

—Vamos para algum lugar. Precisamos conversar.

Apenas acenei com a cabeça e ele abriu a porta do carro para mim. Um
arrepio tomou conta do meu pescoço quando ele tocou minha cintura como
apoio e me permiti sorrir enquanto ele dava a volta no carro e sentava atrás do
volante.

Não sabia para onde ele estava me levando, mas quase não falamos nada
no meio do caminho. Ele não parecia querer muita conversa e eu também não
queria parecer chata. Eu sabia que estava magoada com algo que eu não fiz e
nunca faria, que talvez tivesse motivos para desconfiar de mim, mas mesmo
assim eu estava ainda mais magoada. Eu o amei mesmo antes de saber e ele
sempre teve minha completa devoção. Me doía saber que ele não confiou em
mim e terminou tudo que tínhamos sem ao menos me dar a chance de me
explicar. Eu queria lhe jogar toda a verdade, queria falar que ele foi um estúpido,
que me descartou por causa de um cara gay, mas não. Mesmo ele sendo o meu
mundo e eu o amando mais que tudo, eu não queria um relacionamento baseado
em desconfiança. Eu não queria um relacionamento onde na primeira briga, no
primeiro desentendimento, a pessoa desistisse de mim. Eu já fui alguém que a
vida desistiu por muito tempo, deixei que me magoassem por muito tempo, mas
agora não mais.

Chegamos em um restaurante onde já tínhamos estado e só saí dos meus
pensamentos quando a porta do meu lado foi aberta e sua mão foi estendida para
mim. A segurei com as pernas trêmulas e abaixei a cabeça quando ele riu para
mim. Aquilo estava lindo, mas ao mesmo tempo dolorido. Parecíamos dois
estranhos, a mágoa pairava no ar e eu tinha vontade de chorar o tempo inteiro.

—Você está bem ? —Me atrevi a perguntar depois que o garçom saiu
com nossos pedidos anotados. Ele ainda teclava algo no celular e se
estivéssemos ali como casal, eu iria reclamar, mas era diferente. Ele o largou em
cima da mesa e me fitou.

—Sim e você ?

—Também estou bem.

Eu não sabia mais o que falar e ele parecia saber muito menos. Me
encontrar com ele estava sendo mais difícil do que eu pensava, pois o que eu
mais queria era pular em seus braços e o beijar até o fim da minha vida. Queria
suas mãos no meu corpo de novo, queria suas palavras de carinho direcionadas a
mim. Queria seu olhar apaixonado outra vez, mas no lugar disso, só havia
decepção.

Ainda bem que chegaram trazendo vinho para nossa mesa. O silencio já
estava ficando constrangedor e eu estava achando que ia ter que pedir para ir ao
banheiro sem a mínima vontade.

—Quem foi te entregar as flores e a caixa com aranhas ? —Ele
perguntou.

—O entregador mesmo. Ninguém diferente.

—E ele era mesmo entregador ?

—Não sei. Provavelmente sim. Tinha cara de um.

Ele não sorriu.

—Você ligou para a polícia ?

—Não. Eu não sabia como agir. Liguei só para você.

—Entendi. Acho que vou ter que colocar seus seguranças novamente.

—Benjamin, não precisa. Não é mais sua obrigação.

—Seja quem for essa pessoa que tenha te mandado isso, claramente está
tentando me atingir e está conseguindo. Então é minha obrigação. —Sua voz
saiu com uma pontada de ódio e autoridade. Apenas dei de ombros e nossos
pedidos chegaram. Nenhum de nós parecíamos muito a fim de comer e apenas
beliscávamos aqui e ali para não deixar as moscas.

Ficamos falando sobre como estavam indo as investigações e me doeu
quando ele falou que estava sendo feito de forma sigilosa. Não quis me falar
muita coisa, claramente demonstrando que não confiava em mim. Engoli o choro
pelo abismo que estava se formando entre nós.

—Isso está estranho. —Eu disse.

—Sim.

—Eu não sei mais o que falar. Já disse tudo e acho melhor ir embora. —
Começo a pegar minha bolsa. Ele não fala nada, apenas se levanta junto, deixa
uma quantia generosa na mesa sem nem pedir a conta e saímos.

Eu andei alguns passos na sua frente para que ele não visse minhas
lágrimas e entrei no carro depois dele destravar. Sua expressão era indiferente,
como se eu já tivesse sido totalmente cortada e esquecida da sua vida. Ele apenas
entrou no carro e deu a partida sem falar uma palavra sequer.

—Obrigada por me ouvir, Benjamin. —Digo quando paramos em frente
ao meu prédio alguns minutos depois. Ele acena com a cabeça.

—Não hesite em me ligar caso algo desse tipo aconteça. Isso não é
brincadeira.

—Tudo bem. —Fico sem saber mais o que falar. Em outra ocasião eu já
estaria lhe beijando, então apenas abri a porta do carro e saí. —Tchau.

Ele não respondeu, apenas saiu do carro e veio até meu lado.

—O que está fazendo ?

—Preciso me certificar que está tudo bem no seu novo apartamento antes
de você entrar.

Aceno com a cabeça sem contestar e passo na sua frente quando ele faz
um gesto para que eu o faça. Entramos nos elevadores juntos e imediatamente
me lembro das vezes que fizemos sexo dentro de outros. Como se lesse meus
pensamentos, sinto seu corpo se aproximando das minhas costas e prendo a
respiração. O cheiro do seu perfume fica mais intenso e sinto alguns fios de seus
cabelos roçarem em meu ombro.

Quando suas mãos tocam levemente minha cintura, eu fecho os olhos
com saudades. Sinto a umidade bem conhecida por mim se formando entre
minhas pernas e aperto uma contra a outra para me conter.

—Você é irresistível, Louise. —Diz com a voz rouca perto do meu
ouvido se encostando ainda mais em mim. Sua ereção roça generosamente na
minha bunda e gemo baixinho quando ele massageia meus braços.


—Benjamin, é melhor não …

—Shii. —Coloca o dedo na frente dos meus lábios. —Só aproveita o
agora. Você me quer tanto quanto eu te quero. Eu sei disso.

—Eu quero … Muito …
Rapidamente me vira de frente para ele e toma minha boca em um beijo
voraz e violento. Chupa meus lábios como se quisesse me castigar e aperta meu
corpo em todos os lados. Sem a mínima dificuldade, me ergue e faz com que
minhas pernas agarrem sua cintura. Seguro seus cabelos tentando matar as
saudades e o beijo como se fosse a última vez, mesmo algo dentro de mim
teimando em dizer que realmente seria a última.

As portas do elevador se abrem e ele nem liga se pode ter gente olhando.
Apenas aperta minha bunda e saímos em direção ao meu apartamento, que
abrimos a porta com dificuldade. Ele nem quis saber de conferir nada, estava
mais ocupado em me devorar e fazer eu sentir sua excitação bem perto da minha
boceta. Eu me esfregava no seu colo querendo por mais, querendo o sentir
dentro de mim logo.

Fui colocada devagar no chão e ele me olhava de forma quente. Seus
olhos escurecidos ainda tinha vestígios de dor, mas preferi ignorar. Eu gostava de
saber que ele ainda me queria tanto quanto eu.

Suas mãos passearam pelo meu braço começando de baixo e fazia
movimentos ali. Minha pele reagia rapidamente pelo seu toque se arrepiando por
inteira. Lentamente começou a desabotoar alguns botões da minha blusa e a
tirou, me deixando só com o sutiã. Me virou de costas e eu respirei fundo
quando ouvi ele chupando seu próprio dedo e passar na linha das minhas costas
descendo até o zíper da saia. Ele o abriu e a peça também caiu aos meus pés. Ele
voltou a se encostar em mim e colocou a mão na minha cintura me puxando para
mais perto do seu corpo duro. Seus músculos encostavam nas minhas costas e
senti seu corpo quente.

—Ben … —Pedi o gemendo quando ele se abaixou e começou a tirar
minha calcinha. Minha pele foi ficando cada vez mais exposta. Outro gemido
escapou pela minha garganta quando ele mordeu minha bunda, me fazendo
arrepiar em todos os lugares possíveis.

—Olha que bunda deliciosa.

—Não faz isso comigo, por favor …

—Você não quer ? —Perguntou de forma sexy e senti seus dedos
deslizarem pelo meu sexo. Estava úmido e senti que molhava sua mão.

—Quero muito, mas …

—Vai ser preciso te amarrar outra vez ? —Um dedo entrou dentro da
minha boceta e gemi agarrando-me ao que podia. —Hein ?

—Não.

—Espero que seja boazinha. Hoje eu vou te foder até doer.

—Eu quero. —Nem formulei a frase direito quando outro dedo me
penetrou. Me curvei apoiando as mãos na cama e parece que ele gostou. Tirou os
dedos de dentro de mim e abocanhou minha boceta a chupando deliciosamente.
Segurava com força minha bunda as separando para facilitar seus movimentos e
mesmo que eu devesse parar por ali, mesmo que ele não merecesse mais meu
corpo, eu já estava entregue.

—De quatro! —Ordenou e eu apenas obedeci. Fiquei de quatro com as
pernas bem abertas e virei o rosto apenas para o ver se despindo rapidamente.
Seu membro se mostrou grande, grosso e brilhante. As veias pulsavam ali
visíveis e aquilo me deu água na boca.

—Abra mais as pernas, Louise! —Seu tom autoritário estava me
enlouquecendo e eu fiz como mandou. Sem cerimônias, ele me penetrou. Seu
pau entrou de uma vez dentro de mim fazendo que eu soltasse um gemido alto.

Benjamin enrolou sua mão segurando meus cabelos em um rabo de
cavalo e passou a empurrar forte dentro de mim. Não estava querendo ser
carinhoso, queria ser selvagem e brutal. Eu estava gostando daquilo. Sua carne
batia contra minha bunda fazendo um som excitante, já sentia nossas peles
grudando de suor e eu estava perdida com ele.

—Adoro essa boceta! —Falou em um rugido e pausadamente devido à
força que fazia em mim.

Eu levei uma das minhas mãos até meu clitóris e ia começar a me
masturbar por não aguentar mais, porém um tapa ardido na minha bunda me fez
parar.

—Nada disso! —Disse. —Eu vou fazer o que bem quiser com você e
você apenas obedece.

Gemi como resposta e ele puxou meu cabelo fazendo eu ficar de joelhos.
As costas coladas ao seu corpo, o suor escorrendo entre nós, o perfume se
misturando com o cheiro de sexo. Tudo era bom.

—Entendeu ? —Perguntou perto do meu ouvido e estremeci.

—Sim. Eu entendi.

—Boa menina. —Sorriu e me deitou de bruços. Subiu por cima de mim e
ficou prendendo minhas pernas na altura das coxas com suas próprias pernas.
Pegou um travesseiro e colocou embaixo da minha barriga me fazendo ficar
mais empinada para ele. O senti abrindo minha bunda e roçando o pau grosso no
meu ânus. Arfei achando que já ia ser penetrada ali, mas fui enganada. Seu pau
desceu pela minha linha e agora mais devagar, deslizou para dentro da minha
boceta.

Eu já estava tão molhada que não seria surpresa se o travesseiro também
estivesse. Ele entrava com certa facilidade e eu sabia que nenhum outro seria
como ele na cama. Não para mim. Uma das suas mãos segurou na curva do meu
cotovelo com força e a outra pegou meu tornozelo. Ele queria me manter no
lugar e conseguiu. Eu estava imóvel, apenas gemendo e querendo saciar aquele
desejo que eu tinha dele.

—Me faz gozar, Benjamin. —Pedi ensandecida. —Me fode muito, por
favor.
—Eu vou fazer isso. Você nunca vai esquecer dessa noite. —Empurrou
fundo me fazendo soltar um grito sem querer. A velocidade aumentou deixando
minha entrada ardida e comecei a rebolar quando ele soltou minha perna. Ele
gemia junto comigo e mais parecia uivos de prazer.

Gemi em frustração quando ele saiu de dentro de mim e me deixou na
mesma posição. Vi quando subiu para cima da cama e sentou encostado na
cabeceira. Segurou seu pau e começou a se masturbar lentamente olhando dentro
dos meus olhos e vi aquilo como um convite. Comecei a engatinhar na sua
direção com alguns fios de cabelo na frente dos olhos.

—Anda cá! Deixa eu encher essa sua bocetinha de porra. —Chamou e
quando eu cheguei entre suas pernas, nos agarramos em um beijo faminto. Eu
sugava seus lábios e sua língua que me penetrava, mordia seus lábios e ele
segurava meu rosto com certa força que chegou a machucar, mas não falei nada.
Me ajeitei nas suas pernas e fechei os olhos quando suas mãos foram para
minhas costas e abriu o fecho do meu sutiã. Ele o jogou longe e segurou meus
peitos com as mãos. Passou a língua devagar em cada um dos mamilos me
fazendo arquear e me puxou mais de encontro ao seu corpo.

Ele deslizou um pouco mais na cama ficando quase deitado e eu subi
ficando bem encaixada em cima das suas pernas. Fiquei lhe provocando ali já
que eu estava no comando e seu rosto se contorcia quando minha boceta roçava
na extensão do seu pau. Apoiei minhas mãos no seu peito, mas ele as pegou,
entrelaçou nossos dedos e as colocou junto da cabeceira. Juntas. Meu coração
bateu mais rápido e o peguei olhando dentro dos meus olhos. Por um momento a
dor e a mágoa sumiu, agora tinham apenas sentimentos.

O beijei com carinho e me ajeitei deslizando devagar pelo seu pau. Me
sentia sendo invadida aos poucos e em um momento do beijo, ele sorriu para
mim. Eu queria dizer que o amava, que o queria mais que tudo, mas não saiu.

—Vá com calma! Não quero gozar logo. —Pediu sorrindo e eu o beijei
novamente calando sua boca. Comecei a me movimentar devagar ao mesmo
tempo que rebolava em cima do seu pau. O sentia tocando em cada parte mais
sensível dentro de mim e eu que queria gozar logo. Ele tinha alguns poucos
pelos ali que roçavam no meu clitóris me levando a loucura. Eu não queria
esperar mais.

—Me deixa gozar, Benjamin. —Pedi já rebolando rápido e agora era da
sua boca que os gemidos saíam.

—Deixo. Goza comigo então.

Uma das mãos se livrou da minha e ele segurou minha cintura com
carinho. Eu adorava quando ele fazia aquilo e pelo sorriso que deu, ele sabia
disso. Ele me olhava enquanto eu rebolava e meus cabelos caíam junto do seu
rosto. Não demorou nada e meu corpo começou a tremer e arder indicando meu
orgasmo. Senti seu pau pulsando dentro de mim e quando explodi me escorrendo
em prazer, seu gozo também saiu em jatos quentes dentro de mim me
preenchendo por inteira.
Diminuiu a velocidade e encostamos nossas testas. As respirações antes
ofegantes iam voltando ao normal, o coração começava a bater corretamente e
meus sentimentos pareciam ter crescido monstruosamente naquele momento.

Saí de cima dele e deitei ao seu lado na cama sendo surpreendida quando
fui puxada e deitada no seu peito. Ele não falou nada, apenas puxou o edredom e
nos cobriu conferindo se eu estava bem coberta.

—Por quê ? —Perguntei baixinho sem ter certeza que ele tinha escutado.
Eu mesma quase não escutei.

—Não vamos falar disso agora, Louise. Apenas me deixe ficar aqui hoje.
—Olhou dentro dos meus olhos. —Por favor.

Seu pedido era impossível de negar e eu apenas sorri me chegando ainda
mais contra seu corpo. Eu ouvia seu coração bater e coloquei a mão no meu
próprio. Os dois batiam exatamente nos mesmos momentos.

Acenei afirmativamente e ele beijou o topo da minha cabeça. Eu não
queria dormir. Queria ficar acordada prologando aquele momento para que não
acabasse logo. Eu não sabia o que aconteceria depois, não sabia como ficaríamos
no dia seguinte, mas decidi não pensar muito. Meu corpo estava cansado e meus
olhos pesaram de vez com seus carinhos nas minhas costas.

(…)

Acordo cedo no dia seguinte e não fico surpresa ao não encontrar
Benjamin no meu lado na cama. Eu sabia que isso tinha uma certa possibilidade
de acontecer, mas mesmo assim doeu. Doeu muito. Olhei para os lados
procurando algum vestígio da noite passada, mas não tinha nada ali. Suas roupas
não estavam mais no chão e as minhas estavam arrumadas em um lado. Senti
meu peito apertar e ao olhar para o móvel ao lado da cama, meu coração
sangrou.

Ali, gritando silenciosamente como uma visível e dolorosa humilhação,
havia quatrocentos dólares bem abertos embaixo do meu celular. Eu não podia
acreditar que aquilo tinha acontecido comigo outra vez. Meu coração se negava
a acreditar que o Benjamin tinha ficado comigo na noite passada com a intenção
de me pagar. Eu me sentia quebrando aos pedaços novamente ao ver que eu
ainda era uma prostituta para ele. Isso nunca ia mudar.

Eu sempre soube.

As lágrimas rolaram pelo meu rosto sem que eu percebesse, mas minha
boca recusava emitir qualquer som. Senti meus próprios olhos perdendo a cor, o
brilho. Sentia os sentimentos sendo destruídos dentro de mim e a dor me pegar
por completo. Me sentia morta de uma forma que nunca havia me sentido e só
consegui deitar olhando para o teto enquanto as lágrimas desciam molhando os
travesseiros que ainda tinham o cheiro dele.

Acabou!



Benjamin

Eu estava me sentindo um tremendo filho da puta pelo que tinha feito. Eu
não tinha o direito de humilhar a Louise daquela forma, mesmo depois de tudo
que tinha acontecido. Eu a amava e parte de mim queria gritar um foda-se e
voltar correndo para ela, mas eu tinha acabado de decretar minha própria
sentença quando deixei aquele maldito dinheiro antes de sair do seu
apartamento.

Eu estava sentindo culpa e um remorso forte, estava com o coração
pequeno e o peito doía com força. Eu mal conseguia respirar e joguei tudo para o
chão assim que entrei no meu quarto. Ouvia as coisas sendo partidas na parede, o
barulho de pequenos curto-circuitos quando tirava as coisas com força da
tomada, o barulho do espelho se partindo violentamente com meu soco.

Senti uma ardência na mão e a vi banhada de sangue, mas aquilo não me
importava. Se eu antes já tinha a magoado muito, agora eu tinha tido certeza. Eu
vi a forma sentimental como ela me olhou na noite passada, mesmo eu tendo a
feito me ver fodendo outra na sua frente, sua ingenuidade para mim ainda
demonstrava esperanças e perdão. Eu não a mereço. Eu me aproveitei na sua
inocência como um cafajeste e mesmo que tudo me gritasse para ir atrás dela, eu
estava novamente sendo um covarde e não fui.

O fim de semana se arrastou lentamente e eu entrava cada vez mais na
fossa. Quase não saía do quarto e também não deixei ninguém entrar, nem a
empregada para fazer a limpeza. Ainda tinha sangue no chão como se alguém
tivesse morrido ali, mas era o de menos. Tinha outro lugar em mim sangrando
que não iria parar tão cedo. Tudo por minha culpa.

Saí na segunda-feira para o trabalho com a mão enfaixada e nervoso. Eu
não sabia o que esperar quando chegasse lá. Não sabia se ia ver a Louise e como
ela iria reagir quando me visse. Eu não conseguia parar de me martirizar e
imaginar como ela estava, mas não foi preciso de muito. A porta da minha sala
se abriu e ela entrou.

Meu coração bateu forte e havia algo diferente ali. Seus olhos que antes
brilhavam e demonstravam um sentimento palpável, agora estavam escurecidos
e inexpressivos. Sua boca estava em uma linha fina e ela me encarou por baixo
dos seus óculos. Estava linda como sempre, porém diferente de uma forma que
me assustava.

Eu nunca a tinha visto assim. Eu a olhava fixamente esperando algo sair
da sua boca e constatei que eu havia feito a pior merda da minha vida. Eu a
destruí. Ela tinha sido apagada por minha causa.

—Foi muito gentil da sua parte, mas eu não preciso mais disso. —
Colocou as notas intactas em cima da minha mesa e foi como um soco me
atingindo com força.

—Eu …
—Não precisa falar nada, Senhor Connor. —Dá uma curta pausa. —Já
que segundo você, eu te magoei. Estamos quites agora.

—Louise, eu …

—Eu estou me desligando da sua empresa.

Não, não, não. Isso não podia estar acontecendo.
Capítulo 41

Benjamin

Eu não queria demonstrar arrependimento ou fraqueza na frente de
Louise, então apenas acenei com a cabeça e a vi atravessar pela última vez a
porta da minha sala. Joguei tudo no chão confirmando a idiotice que fiz e corri
para a sala onde ela antes trabalhava. Sua mesa estava vazia e limpa. A Kim me
olhava com uma expressão furiosa, mas eu a ignorei e corri para a sala do Gary.
Eu queria saber quem tinha sido o filho da puta a assinar a demissão dela sem
me consultar.

—Quem foi ? —Pergunto entrando feito um furacão na sala do Gary. Ele
levanta a cabeça lentamente e me encara como se já soubesse do que estou
falando.

—Foi eu.

Sem pensar em nada, avancei na sua direção e o segurei pelo colarinho.
Ele não fez nada, apenas me olhou sem abrir a boca ou esboçar qualquer reação.

—Por que você fez isso ? Por que assinou a porra demissão da Louise
sem falar comigo ?

—Porque você não a merece.

—Não me faça te arrancar a resposta à força, Gary!

Pela primeira vez ele reage e com uma força descomunal se desvencilha
de mim e me joga para longe.

—Você passou dos seus limites! —Grita e eu emudeci.

—Onde ela foi ?

—Não adianta mais. Eu não vou falar onde ela foi para você ir atrás e
fazer da vida da garota um inferno. Você traiu a Louise! Ela sempre foi fiel a
você e você só lhe fez mal. Eu não te reconheço, seu filho da puta.

—Do que você está falando, porra ?

—Você vai descobrir por si só.

—Não brinca comigo, Gary!

Ele se aproxima de mim e ficamos cara a cara. A face exatamente na
mesma altura da minha. Se nos pegássemos na porrada ali, certamente eu sairia
tão ferido quanto ele. Seria uma completa chacina.

—Se quiser me mandar para olho da rua, vai em frente. Se quiser deixar
de ser meu melhor amigo, força. Mas eu não vou mais deixar você —Põe o dedo
no meu peito: —Causar mais estragos na vida daquela garota.

Eu não consigo falar nada. Ele tem razão e eu sabia que se tomasse a
decisão que tomei, seria um caminho sem volta. Eu sabia que iria lhe magoar e
estupidamente, naquele momento eu queria isso. Queria que ela sentisse parte da
dor que eu senti quando fui traído, queria a ver sofrendo, queria lhe ver
chorando. Eu era um burro e não tinha ideia do quanto ela era frágil. Eu fui
capaz de conquistar seus sentimentos mais doces, mas também fui o carrasco
para despertar os mais frios e sombrios.

—Eu vou atrás dela.

—Não vai não. Há essas horas ela já deve estar rumo a fora do país e
bem longe de você. Eu mesmo tratei para que isso acontecesse o mais rápido
possível e ela saísse de perto de pessoas como você.

Eu engulo em seco e ele continua:

—Agora saia da minha sala!

Eu fico no mesmo lugar. Aquela empresa ainda era minha.

—Saia! —Dessa vez ele fala mais alto e eu saio batendo a porta com
força. Eu tinha estragado tudo.

Eu queria ir até a Kim e a forçar a falar o que sabia, mas nem o Gary que
era meu melhor amigo tinha aberto o bico, ela faria mesmo. Entrei na minha sala
despedaçado sentindo o cheiro dela que ficou ali e inspiro lembrando dos
motivos que me fizeram lhe amar. Lembrando de cada momento lindo que
passamos juntos.

Meu peito dói e eu me sento olhando para o lado de fora. Olho para o
café onde ela trabalhava e sorrio por lembrar a mulher que ela se tornou com seu
próprio esforço. Eu me sentia culpado por tudo, por não ter lhe dado a chance de
lhe explicar. Eu queria mandar descobrirem para onde ela foi, ir atrás dela para
pelo menos pedir desculpas pela última noite, mas eu não podia fazer isso. Eu
tinha que lhe deixar ir. Eu era tóxico na sua vida. Minha presença junto dela
contaminava sua inocência e certamente eu não a merecia. Na verdade, eu
merecia sofrer como um condenado. Eu merecia aquele desprezo e tinha que
arcar com as consequências.

Só não sabia por quanto tempo iria aguentar.



Louise

Entrei na sala do Gary na manhã de segunda-feira sabendo que ele seria a
única pessoa que poderia me ajudar naquele momento. Minhas coisas já estavam
antecipadamente arrumadas em casa desde o dia que conversei o que estava
planejando para a Kim, e mesmo não me dessem a demissão, eu iria seguir em
frente sem me importar com mais nada. Assim que entrei na sala do Gary, era
como se ele já soubesse que o amigo fez merda e eu chorei. Chorei tentando
expulsar toda a dor que estava dentro de mim e que eu achava que já tinha
amenizado, porém doía só de lembrar.

Contei tudo para ele que me ouviu atentamente. Não comentou nada, não
defendeu o amigo, apenas me ouviu. Era diferente falar com ele, já que não
eramos melhores amigos, mas foi bom saber que eu tinha pessoas do meu lado e
que confiavam em mim.

—Você tem certeza do que está fazendo, Louise ? Eu não quero te
impedir de nada, mas também não quero que se arrependa.

—Eu tenha certeza, Gary. Eu não posso ficar mais aqui. Não posso mais
suportar ficar no mesmo lugar que o Benjamin.

—Eu te entendo perfeitamente e vou ter uma conversinha séria com ele.

—Não, não. Não, por favor. Ele não pode saber o que eu estou fazendo.

—Por quê ?

—Eu apenas não quero mais contato algum com ele. Quero esquecer de
tudo que envolva ele e quero que ele faça o mesmo. Isso inclui não saber nada
dos meus planos.

—Eu sinto muito por isso ter chegado ao fim assim.

Apenas aceno com a cabeça e o vejo assinar minha demissão.

—Obrigada.

—Estamos sempre aqui, Louise. Eu, a Kim e seu afilhado, ou afilhada.

—Eu sei que sim. —Sorrio sentindo as lágrimas voltarem. —Cuida bem
dela, por favor. Por mim.

—Pode deixar.

Eu levanto com um sorriso forçado e me viro para sair, mas antes ele
volta a me chamar:

—Eu vou providenciar tudo para você o mais rápido possível.

—Obrigada por tudo, Gary. De verdade.

Quando ele faz que sim, é o sinal do meu último dia naquele lugar. Eu ia
seguir novos horizontes, iria seguir minha vida sem mais empecilhos e dor. Eu já
consegui uma vez. Iria conseguir novamente.

A Kim pediu que eu não passasse na sua sala para me despedir
novamente. Já tínhamos feito isso nos últimos dias e ela não queria mais chorar.
Queria imaginar que iria me ver novamente no dia seguinte e foi o que eu fiz.
Passei na frente da sua sala chorando e segui para a sala do Benjamin.

Eu vi seus olhos brilharem com minha presença, mas eu já não tinha a
mesma vontade. Eu o amava como nunca, mas a decepção havia destruído muita
coisa a qual eu não sabia se tinha conserto. Ele não fez menção de me impedir
como eu pensei, agiu como se não se importasse e convenci a mim mesma que
assim era melhor. Não sabia se iria aguentar se ele me pedisse para ficar.

Passei em casa na velocidade da luz para pegar minhas coisas e chorei ao
deixar o lugar. Segui para o jato que o Gary havia alugado para mim e em
poucos minutos estava no ar a caminho de Milão indo reencontrar a parte de
mim que havia sido afogada por tantas decepções.

Da última vez que cheguei em Milão, foi aos prantos. Agora novamente
chego do mesmo jeito. A única diferença é que antes eram lágrimas de saudades
de alguém que ainda era meu e não tinha um humilhado e pisado nos meus
sentimentos. A fama do lugar já era boa para mim.

O jatinho aterrou no aeroporto algum tempo depois e eu desci sozinha,
sem nada. Minhas coisas iriam depois ao meu encontro no hotel que eu já tinha
feito reserva. Não sabia por quanto tempo ia ficar e nem o que iria acontecer dali
para frente, mas não quis alugar de cara um apartamento de forma tão
imprevisível. Meu coração acelerava à medida que andava pelo saguão sabendo
que estava seguindo um novo caminho. Não era o caminho que eu tinha pensado
para mim, pelo menos não daquela forma. Sozinha.

De longe já consegui ver Raul. Ele olhava para as pessoas que saíam pelo
mesmo lugar que eu e confesso que era um pedaço de homem. A pele bronzeada,
o queixo quadrado bem desenhado lhe dando uma aparência séria e viril. Os
cabelos brilhavam penteados de uma forma impecável e seus lindos olhos claros
me fitaram assim que entrei no seu campo de visão.

Caminhei na sua direção engolindo o choro que queria me devorar e o vi
me analisando da mesma forma que eu tinha feito com ele segundos atrás. Me
olhava de cima a baixo e sorria conforme ia chegando ao meu rosto.

—Louise. —Ele fala quando eu paro na sua frente e nos
cumprimentamos com beijos no rosto.

—Raul, tudo bem ? Espero não ter te tirado de algum compromisso
muito importante.

—Não há nada que eu não pare de fazer por sua causa. —Disse
galanteador olhando dentro dos meus olhos e dou um sorriso tímida. Logo tomei
minha postura de volta. Eu não seria mais aquela Louise ingênua e inocente que
o Benjamin conheceu. Eu seria outra.

—Fico lisonjeada.
—Quando você falou que estava vindo para Milão, eu nem acreditei.
Posso saber o motivo da honra de sua presença ?

Eu parei para pensar por alguns instantes sabendo o que deveria falar. Eu
não cheguei aqui à toa e não iria dá para trás, então decretei minha sentença:

—Eu vim porque aceito ser sua modelo.

(…)

Depois de Raul finalmente acreditar que eu não estava brincando com
sua cara, ele me levou para comer qualquer coisa em um restaurante. Fazia dias
que eu não comia direito e estava realmente faminta. Pela primeira vez em vários
dias eu consegui sorrir sincera. Ele me fazia esquecer dos problemas que me
assolavam e eu gostava daquilo. Minha intenção a ir para Milão, além de crescer
na minha carreira, era esquecer o Benjamin. Seja qual fosse a maneira para isso
acontecer.

Ele foi me deixar no hotel onde eu me estabeleceria e até se
disponibilizou sua casa para eu ficar ou mesmo pagar um lugar mais privado
para mim, mas eu recusei. Um hotel seria bom por alguns dias e eu queria
relaxar, principalmente porque logo o verão chegaria.

Já no quarto, depois de um banho e arrumar minhas coisas no enorme
guarda-roupa, me deitei na cama e liguei para a Kim. Fiquei triste quando ela
não se aguentou e chorou junto comigo na linha. Eu já tinha tantas saudades dela
que se não fosse pelos meus objetivos, eu já teria dado meia volta e voltado por
ela. Também falei com o Gary que me contou tudo o que tinha acontecido na sua
sala depois que eu parti e também com o Frank, que aproveitou para brincar (ou
não) comigo, já que agora eu e o Benjamin não estávamos juntos. Algum tempo
depois eu me desliguei de tudo apenas para ficar deitada pensando na minha
vida. A cama era outra, a vista era outra, o lugar era outro e eu também seria
outra. Tudo passou mais rápido quando adormeci e acordei algumas horas depois
quando o sol já estava quase sumindo do céu.

“Janta comigo ?”

Era a mensagem que vi assim que desbloqueei meu celular e era de Raul.
Sorri vendo, e mesmo o corpo querendo descansar e dormir até amanhã, eu
aceitei. Não iria ficar mofando em um quarto de hotel me afundando ainda mais
na fossa. Quando ele respondeu que horas passaria para me buscar, concordei e
fui me ajeitar.

Depois de um banho daqueles, me sequei e fui para o quarto onde
hidratei meu corpo. Coloquei um cropped preto ombrinho, uma saia plissada na
cor prata até onde começava o salto fino preto aveludado. Arrumei uma bolsa
preta de tamanho médio, coloquei uma única pulseira e deixei os cabelos soltos
rolando pelas costas. Quando terminei já estava bem perto do horário que
marcamos e desci depois de pegar um casaco que combinasse e trancar a porta
do quarto.

—Nossa! —Ele falou assim que nos encontramos na entrada do hotel.
Estava usando um conjunto de terno em um tom escuro por cima de uma camisa
social branca e gravata na mesma cor do terno. Seu cheiro logo se tornou
presente e me peguei inalando por puro prazer.

—Acho que deveria ter caprichado mais no meu visual. —Digo sincera
quando nos beijamos no rosto.

—Não! Você está perfeita, eu que deveria pelo menos ter vestido algo
para chegar ao seu nível.

—É gentileza sua. —Dou um sorriso e ele me olha profundamente. —
Onde vamos ?

—Primeiro comer. Nada mais justo do que estar no país da massa e não
comer a especiaria. —Sorri e abre a porta do seu luxuoso carro para mim. —
Madame.

—Obrigada. —Entro e coloco o cinto enquanto ela dá a volta e entra no
seu lado.

—Espero que goste de massa. Não quero falhar.

—Eu gosto. —Digo o olhando da mesma forma que ele me olhou e ele
parece ter gostado, pois morde o lábio de forma sexy e dá a partida.

Vamos o caminho inteiro conversando e quando o Benjamin tenta entrar
no meu pensamento, me concentro ainda mais na conversa e o jogo para o fundo
do meu esquecimento. Pelo que ele falou, iriamos em um restaurante e bar na
Piazza Duomo. Eu esperei para ver do que se tratava e meu queixo caiu ao ver
que era um restaurante com vista panorâmica para a Catedral de Milão. As
pessoas já estavam por ali tirando fotos, mas não ficamos por lá, e seguimos para
o restaurante.

Novamente Raul veio abrir a porta para mim e entregou a chave para o
manobrista do lugar. Não impedi quando ele colocou levemente a mão na parte
de trás das minhas costas me conduzindo pelo caminho luxuoso. O teto, as
paredes, o lustre, tudo parecia ter sido esculpido a mão há muito tempo. Eu
olhava para tudo aquilo admirada e sorri quando ele voltou a me indicar o
caminho depois que falou com um garçom. Subimos um lance de escadas em
direção a parte que ficava ao ar livre e nos sentamos em uma das mesas com dois
lugares. As mesas em madeira bem envernizada eram cobertas por uma estreita
toalha branca. Os talheres já estavam dispostos no lugar, assim como um
pequeno jarro com flores brancas dentro.

O garçom se aproximou falando em italiano e eu não tinha como me
pronunciar, já que não entendi nenhuma letra do que ele dizia. Ainda bem que
Raul percebeu e depois de trocar algumas palavras com ele em italiano, se virou
para mim e perguntou o que eu queria para comer e beber.

—Já que você escolheu o lugar, escolha o pedido. Acho que posso
confiar nos seus gostos. —Sorri e ele retribui ainda mais largo. Se voltou para o
garçom e falou novamente, logo esse se foi e nos deixou sozinhos novamente.

—O que pediu ?
—Massa. —Disse enigmático me fazendo sorrir. —E vinho, claro.

—Pelo visto você é italiano de sangue.

—Sim, sou. Já morei fora do país durante alguns anos, mas minhas
origens são italianas.

—E você vive com quem aqui ?

—Eu já moro sozinho, mas minha família vive aqui também. Pais e
irmãos.

—Mais velhos ? Desculpa, eu pergunto muito. —Digo tímida e ele ri.

—Pergunte o que quiser. E respondendo a sua pergunta, sim e não. Tenho
uma irmã mais velha e um irmão mais novo. E você ? Tem irmãos ?

—Não.

—Posso te perguntar o que te fez mudar de ideia para aceitar a proposta
que fiz ?

Claro. Meu namorado me deu um pé na bunda e ainda me tratou como
uma prostituta. Decidi vir para Milão a fim de esquecer aquele desgraçado.
Apenas pensei. Não seria uma boa ser tão sincera assim.

—Eu me tornei uma pessoa que agarra as oportunidades quando elas
aparecem. —Nem eu me reconheci falando aquilo.

—Muito bom. —Parou de falar quando o garçom chegou trazendo um
vinho branco e serviu nossas taças, deixando a garrafa mergulhada parcialmente
em um balde de gelo ao lado da mesa. —Eu não ia desistir até você aceitar
minha proposta.

Sua voz saiu cheia de promessas e meu corpo se arrepiou quando ele
olhou penetrantemente dentro dos meus olhos. Corei e tomei um gole de vinho:

—Nem precisou de tanto trabalho.

—Eu não me importo em ter trabalho. Acredite.

—Acredito. —Rebato.

Logo os garçons chegaram trazendo nossos pedidos e babei com o que
foi colocado na nossa mesa. Rondelli é uma massa em formato de rocambole
com vários tipos de recheios cortada em fatias e coberta com molho branco. Eu
estava louca para atacar aquilo só pelo cheiro que saía, mas me deliciei
lentamente usufruindo de cada pedacinho.

—Se não tiver sido muito invasivo, eu pesquisei muito sobre você. —Ele
fala no meio do jantar e eu gelo. —Não se preocupe. Não vi nada lá que mude a
visão que tenho atual de sua pessoa.
Eu sabia bem do que ele estava falando e mesmo sem saber se estava
sendo totalmente sincero, preferi acreditar e sorri aliviada.

—Estava curioso sobre quem estava contratando ?

—Também. Não queria errar depois de estar fechando acordo com uma
ex modelo da Global Connor´s. —Se abana como se tivesse com calor e deixa
um assobio sair por seus lábios vermelhos.

—Algum problema ter trabalhado lá ?

—De modo algum. Na verdade, é um imenso prazer ter agora entre nós
alguém que já foi de lá. Você deve saber o quanto a empresa dos Connor´s é
influenciadora.

—Eu sei.

Ficamos falando sobre coisas do tipo, e ainda bem que ele não comentou
nada sobre eu ser ex do agora dono. Eu sei que ele sabia disso, mas fiquei mais
confortável pela gentileza dele de saber bem o que não falar. A última coisa que
eu queria agora era trazer o assunto do Benjamin a mesa.

Me permiti beber a vontade do vinho e não me importei por saber que
estava começando a ficar levemente alterada. Eu queria sorrir, queria me sentir
leve, queria esquecer dos meus problemas.

—Não, não quero mais vinho. Obrigada. —Recuso quando ele faz
menção de encher minha taça novamente.

—Por que não ?

—Já estou um pouco fora de mim. Não quero fazer figuras idiotas na sua
frente.

—Você pode fazer a figura que quiser na minha frente. Antes de ser seu
novo chefe, quero ser seu amigo.

Suas palavras me pegaram desprevenidas e sorri desviando o olhar e
aceitando a nova taça de vinho. Continuamos a conversa por um longo tempo e
saímos do restaurante já depois de meia noite. O tempo tinha passado tão rápido
que nem me dei conta direito. Foi bom estar com ele.

—Onde vamos agora ? —Pergunto quando ele dá a partida no carro e me
olha com interrogação.

—Te levar para seu hotel ?

—Já ? Eu achei que me levaria para conhecer algum lugar que se possa
dançar.

—Eu posso levar, claro. Não mencionei porque não sabia se você
aceitaria. —Um largo sorriso satisfeito se estampou no seu rosto.
—Você agora está sendo meu guia. Faça a minha primeira noite em
Milão ser inesquecível.

—Farei. —Pisca e sorrio de lado. Eu não sei o que estava dando em mim,
eu estava excitada com várias coisas. Talvez fosse o vinho, mas eu não estava
ligando para aquilo. Estava preparando minha mente para fazer o que eu bem
entendesse e não me arrepender no dia seguinte. Era o primeiro passo que daria
em direção a nova Louise.

Chegamos em uma casa noturna que aquela hora já estava a todo gás e
entrei na sua frente. Ele ia segurando na minha cintura e afastando as pessoas
gentilmente para que eu passasse. Chegamos ao bar do lugar e gritei o nome de
uma bebida. Ele me olhava de uma forma surpresa e ficou ainda mais quando
virei o copo quase todo de uma só vez.

—Não é melhor ir com calma ? —Sorriu pegando na minha mão.

—Achei que iria fazer da minha noite inesquecível.

—E vou.

—Então vem. —Segurei na sua gravata e o puxei para o meio da pista
onde comecei a me mexer ao ritmo da música eletrônica. Não tinha um ritmo
certo para dançar, mas eu rebolava de maneira sensual e sentia seu olhar no meu
traseiro.

Ele se movimentava em movimentos sutis apenas me acompanhando e eu
me juntei ainda mais ao seu corpo. Já podia sentir sua ereção ganhando vida e
encostando em mim, então sorri satisfeita vendo o efeito que eu causava nele.

—Por favor, não me ache uma qualquer. —Disse me virando de frente e
falando perto do seu ouvido. Ele segurou levemente meu rosto e me fez o
encarar:

—Eu te acho uma mulher de atitude. Que faz o que bem quer sem se
importar com julgamentos.

—Nem sempre fui assim.

—Então seja! Não há nada mais excitante do que uma mulher além de
inteligente, dona de si.

Eu não sabia o que ele queria dizer com excitante, mas senti meus
mamilos formigarem e o beijei. Suas mãos agarraram minha cintura e eu passei
um braço pelo seu pescoço enquanto o outro segurava seu rosto. Pedi passagem
na sua boca com minha língua e ele permitiu a chupando. Mordia e sugava meus
lábios os deixando-os sensíveis.

Um frio já estava se formando em meu ventre quando ele me afastou.
Fiquei frustrada e quando achei que não ia me arrepender, me arrependi. O cara
devia ter namorada e eu estava agindo como uma verdadeira puta.

—Raul, desculpa. Eu …
—Não, não. Eu quem peço desculpas. Eu não quero que pense que estou
apenas querendo seu corpo.

—Eu sei que não, mas eu te beijei assim sem nem saber se você tem
alguém e …

—Ei, calma! —Segurou meu rosto. —Seu problema é eu ter alguém ?

Faço que sim e ele sorri.

—Eu não tenho ninguém.

—Eu também não.

—Porém vamos com calma. —Sorriu acariciando minha bochecha. —
Mesmo adorando sua atitude e com a certeza de que ficarei com esse beijo no
pensamento por muito tempo, não quero que se arrependa de nada depois.

—Tudo bem. —Mordi os lábios gostando das suas palavras e ele beijou
minha testa.

Voltei a dançar ainda mais liberta, só que dessa vez ele apenas me
observava dos bancos altos do bar. Seus olhos me devoravam de uma forma
intensa e eu só conseguia pensar em Benjamin me olhando igual. Os dois eram
bem diferentes em todos os sentidos e me doeu saber que a esse momento ele
poderia estar com uma outra pessoa na sua cama. Eu tinha um homem lindo ali
na minha frente doida para me fazer sua, mas eu não iria me igualar com o traste
do meu ex. Eu iria ser uma outra mulher agora, mas também ia ser mais racional.

—Está entregue. —Raul fala me deixando na porta do meu quarto no
hotel já tarde da noite. Suas mãos dentro do bolso na calça não disfarçam sua
grande ereção.

—Obrigada. Eu adorei a noite, Raul.

—Foi inesquecível para você ?

—Com certeza.

—Fico feliz. —Dá uma pausa. —Amanhã posso te ligar ?

—Claro. Acho que temos muito o que tratar agora.

—Também acho. —Sorri coçando a cabeça parecendo um adolescente.
Ele se aproxima e eu acho que vai me beijar na boca, mas me surpreendo quando
é minha bochecha a ser tocada pelos seus lábios. —Durma bem, Louise.

—Obrigada. —Falo abrindo os olhos devagar. —Você também. Até
amanhã.

—Até.
Abro a porta do quarto e vou fechando à medida que ele vai se afastando.
Sorrio trancando a porta e me jogo na cama ainda vendo as coisas girando. Olho
meu celular para ver se tem alguma coisa de Benjamin, mas não há nada. Torço
para um dia essa abstinência passe e eu não fique mais esperando algo de alguém
que só me faz mal. É com esses pensamentos dolorosos que acabo pegando no
sono do jeito que estou deitada.


"Algo deve ter dado errado no meu cérebro
Estou com toda a sua química nas minhas veias
Sentindo toda a alegria, sentindo toda a dor
Solte o volante, estamos na faixa de alta velocidade
Agora estou ficando nervosa, não estou pensando muito bem
Borrando todas as linhas, você me intoxica ..."
Capítulo 42

Benjamin

Gay! O cara a qual eu achei que minha mulher tinha dormido é gay!
Como eu pude ser tão imbecil e estúpido ?

Fazia dias que eu não estava mais me alimentando direito. Minha vida
estava se resumindo a ir para o trabalho, não deixar que a empresa caminhasse
para a merda e voltar para casa ainda mais cansado. Eu sentia a falta da Louise
todos os dias e percebi o tamanho da minha dependência por aquela garota. Por
vezes eu tentei lhe ligar, pois já sabia que ela estava em Milão, mas ela sempre
rejeitava e muito menos visualizava minhas mensagens.

Eu não fazia a mínima ideia do que o Gary queria dizer sobre ela não ter
me traído, mas acabei descobrindo a verdade quando contratei um investigador
particular para descobrir tudo que podia do tal Gabriel. Eu não queria muitas
informações precisas, eu não ia matar o cara, mesmo sendo minha vontade, eu só
queria saber por quem ela tinha me “trocado”. Saber se ele era melhor que eu.

A bomba caiu menos de uma semana depois na minha mesa com algumas
papeladas e várias fotos. Brasileiro, vinte e poucos anos, família de classe alta do
Rio de Janeiro. Noivo. Gay. O filho da puta é gay!

Eu acho que nunca me senti tão envergonhado das minhas atitudes
durante toda minha vida. Me doía saber que no momento em que minha
namorada mais precisou de mim, no momento mais importante da carreira dela,
eu a rejeite. A rejeitei de forma injusta e cruel sem nem ter o mínimo de caráter
para ouvir suas explicações. Eu a humilhei sem motivo algum e ela sempre
aguentou tudo calada. E quando eu fodi outra na sua frente de propósito ? Meu
deus, me mata, por favor!

Eu comi outra mulher na sua frente. Puta que pariu. Eu deixei dinheiro
para ela como forma de pagamento a tratando como uma mulher da vida. Aquela
noite foi importante para mim, eu estava com saudades dela e queria sentir seu
corpo novamente, mas fui burro o suficiente para fazer a merda que fiz sabendo
que não teria conserto. Ela sabia que tinha razão, ela tinha a consciência limpa
para com seus atos e o que mais me machuca é saber que ela sequer sabia o
motivo de eu estar fazendo aquilo tudo. Ela me amou mesmo estando ferida, ela
se entregou a mim mesmo aos pedaços. Eu fui o pior ser humano da face da terra
ao destruir o que ela sentia de melhor por mim. Na história real, eu quem sempre
fui o traidor. Eu não sabia se iria aguentar tamanha culpa.

Já fazia mais de uma semana que ela tinha ido para Milão e eu não tinha
notícias suas. Eu poderia simplesmente ter contratado alguém para descobrir por
mim, mas eu não consegui. Não consegui lhe perseguir dessa forma e vai ser
agora que não consigo mesmo. Todo mundo estava contra mim e eu não tirava
suas razões. A Kim nem um oi me dava mais, quando eu perguntava da gravidez
sem segundas intenções para saber de Louise, ela dizia um simples “bem”. O
Gary estava do mesmo jeito. Falávamos mais assuntos relacionados a empresa e
eu sentia a falta do meu melhor amigo. Eu fico feliz por ele ter ajudado a Louise
e demonstrado ser um amigo que eu não fui, mas também fico puto por ele não
ter me dito nada antes e ter deixado que essa merda toda ficasse mais tempo sem
eu saber. A Donna já sabia de tudo e mesmo ela ainda me tratando como um
filho, nada entre nós ter sido abalado, eu sabia que ela estava sofrendo. Estava
sofrendo pela falta de Louise e sofrendo pelo papel de idiota que o próprio filho
fez. Eu sentia dores de tanta culpa que carregava, mas isso não ia ficar assim.

—Eu vou atrás da Louise! —Afirmei entrando na sala de Gary sem pedir
licença. Ele levanta os olhos de uma papelada e me encara.

—Eu falar para que você não vá irá adiantar de alguma coisa ?

—Não.

Ele olha no relógio e depois olha para mim.

—Tem um jatinho esperando por você no aeroporto. Você tem quinze
minutos.

Não consigo falar nada. As palavras de agradecimento fogem da minha
mente e me aproximo da sua mesa estendendo a mão.

—Desculpa, irmão.

Ele olha para minha mão, olha para minha cara e se levanta. Pronto. É
agora que tomo um soco na cara.

Sou surpreendido quando ele pega minha mão e me puxa para um abraço
de parceiro. Fazia tempo que não nos abraçávamos assim e eu vejo que tenho
meu melhor amigo de volta.

—Você vai se atrasar. —Fala se afastando. —Vê se não faz mais merda.

Apenas assinto com a cabeça e saio praticamente correndo da sua sala em
direção ao aeroporto. Eu ia atrás da mulher da minha vida e só iria voltar se
fosse com ela. Deus me ajude que ela ainda me ame e me perdoe. Eu não posso
mais viver mais um dia longe dela.



Louise

Faziam mais de uma semana que eu estava em Milão e a saudade parecia
que só aumentava. Comecei a receber mensagens e ligações de Benjamin várias
vezes ao dia e só Deus sabe o quanto eu queria atender. Eu tinha que colocar
meu celular longe de mim e fazer outra coisa para esquecer aquilo. Eu não ia
atender para lhe dar o gosto que ainda me afetava. Eu tinha medo das palavras
que iriam sair da minha boca quando atendesse aquela chamada e esse era um
dos passos para esquecer ele. Cortar qualquer contato, mesmo que me doesse um
pouco a cada dia.

Eu ainda continuava no hotel, mas isso já tinha os dias contados. Eu
havia assinado um grande contrato com a empresa de moda do Raul, a qual eu
descobri ser herança de seus pais já aposentados. Assim como a Global Connor´s
era a manda-chuva de Boston, a Fox Model era o mesmo, só que em Milão. Eu
ainda era um pouco leiga sobre assuntos de contrato e mesmo já tendo certa
confiança em Raul, eu não queria meter os pés pelas mãos e pedi para o Gary
analisar meu novo contrato. Ele disse que estava tudo nos conformes e meu deu
os parabéns pelo grande passo que eu estava dando.

Raul queria me dar a primeira semana de folga, mas eu queria começar o
quanto antes. Conheci a empresa, as pessoas que iriam trabalhar comigo e até lá
eu ouvia o nome do Benjamin pelos corredores. Ele parecia uma pessoa famosa
em vários lugares e quando vinham me falar algo relacionado a ele, eu me
esquivava gentilmente. Fora isso tudo corria perfeitamente bem. Eu já tinha
trabalhos feitos e outros pedentes, tinha uma carga boa e logo eu iria alugar um
apartamento mais centrado.

Raul e eu continuávamos saindo e ele era um cavalheiro o tempo todo.
Às vezes ficava receosa do que algumas pessoas falavam no corredor. Coisas
como: a ex do dono de uma empresa agora também anda saindo com o também
dono de uma outra empresa. Já cheguei a falar isso com Raul, mas ele não dava a
mínima. Eu decidi também não dar.

Almoçávamos juntos sempre que dava e também saíamos fim de semana.
Eu tinha feito alguns amigos no lugar que também nos acompanhavam algumas
vezes. Nunca mais tinha beijado ou agido com o Raul desde aquela última noite.
Não que eu tivesse arrependida, nada disso. Eu só estava me focando mais no
meu trabalho e na amizade que tínhamos, embora eu soubesse que ele queria
algo mais. Eu gostava dele, gostava de como ele fazia eu me sentir, mas não era
hora de ter um novo relacionamento. Eu acabei um namoro recentemente e
queria pensar mais em mim, no meu trabalho e nos meus objetivos.

Na terça-feira era minha folga e eu aproveitei para conhecer o lugar.
Falava com a Kim todos os dias e ela era quem ia me passando as novidades. Era
difícil não pensar em Benjamin e ela sabia disso, então me falava coisas mais
relevantes sobre ele mesmo sem eu perguntar. Abençoada seja.

Naquela terça eu tinha marcado de jantar com o Raul novamente, mas
pela manhã iria fazer minha mudança para o apartamento que já tinha alugado.
Ficava bem localizado e eu estava ansiosa. Teria um lugar só para mim onde eu
poderia fazer o que bem entendesse. Acordei animada e fui tomar um banho.
Quando saí vesti uma espécie de macacão verde simples que havia comprado
aqui e calcei um salto bege com tiras para amarrar no tornozelo. Penteei os
cabelos os deixando soltos e arrumei minha bolsa. Eu não tinha muita coisa para
levar ao apartamento, então chamei apenas um carro para fazer o frete das
poucas coisas que eu tinha e fui junto.

O apartamento não era grande, mas era confortável para quem morasse
sozinho. Tinha uma bela vista da cidade e já vinha mobiliado com coisas básicas
que eu precisaria. Ainda faltava algum tempo para a hora do almoço e saí para
dar uma volta pelo lugar. Eu queria saber o que tinha perto e lugares onde
poderia recorrer caso tivesse fome no meio da noite. Havia um fast food, um
café, lojas e as mais diversas coisas por perto. Eu ainda não havia comido nada e
mesmo sendo quase hora do almoço, decidi entrar em uma padaria que estava
espalhando um cheiro agradável.
—Um café com leite simples e donuts, por favor. —Pedi em um italiano
ainda recém-nascido. Eu estava tendo aulas e como uma boa aluna, já tinha
aprendido coisas básicas como pedir café e donuts.

—Esse pedido me traz lembranças. —Ouço uma voz atrás de mim e
todos os pelos do meu corpo se arrepiam, assim como meu coração que começa
a saltitar descompassado. Não podia ser. Eu só podia estar ouvindo coisas.

Me viro lentamente para dar de cara com o Benjamin. Usava um terno
que costuma sempre usar na empresa, os cabelos estavam soltos no ombro e seu
perfume me atingia de forma brusca.

—Benjamin … —Eu não sabia o que falar. Eu não estava pronta para me
encontrar com ele ainda. Era mais fácil quando estávamos a algumas longas
horas de distância. —O que você está fazendo aqui ?

—Vim rastejar pelo seu perdão.

—Perdeu seu tempo. —Passo por ele sem me importar de já ter feito o
pedido e saio da padaria andando com as pernas trêmulas.

—Eu descobri a verdade.

—Fico feliz que tenha aberto os olhos, mas é tarde.

—Por que não me contou que ele era gay ? —Sua mão agarra meu braço
e me vira para ele. Já sinto meus olhos marejarem e uma pontada de dor no
peito.

—E você me deu oportunidade ?

—Gritasse, esperneasse, me batesse! Por que não me falou, caralho ? Por
que me deixou fazer tudo que eu fiz ?

—Porque não seria eu a cobrar uma confiança que você me devia! —
Gritei com as lágrimas já rolando. —Você não confiou em mim, Benjamin. Você
viu coisas que só existiram na sua cabeça e não perdeu tempo em ir foder com
outra. Ainda por cima fez de propósito para que eu visse tudo.

—Eu tive ciúmes, caramba! Me desculpa.

—Você acha que é só vir aqui e pedir desculpas ? Como acha que eu me
senti vendo você me traindo daquela forma ? Como acha que eu me senti sendo
tratada novamente como uma prostituta ? Na verdade, é isso que eu sempre fui
para você. Uma prostituta!

—Isso não é verdade.

—É verdade sim! Você me destruiu, Benjamin. Destruiu tudo de bom que
eu sentia por você, tudo que eu fiz por você.
—Eu sei que fui um estúpido. Eu agi como um idiota e você tem razão
em não querer me ver nunca mais, mas eu não vou desistir.

—Mas eu já desisti. —Me viro e saio andando. Novamente ele me segura
pelo braço e eu acerto um tapa forte em seu rosto. Tão forte que algumas pessoas
que passavam viraram o rosto para olhar.

—Eu mereci isso. —Alisa o rosto e se ajoelha. —Eu faço o que você
quiser, Louise. Me dá uma única chance para mostrar o quanto eu te amo e estou
arrependido. Eu beijo seus pés, eu viro seu escravo, eu faço o que você quiser.

—Você não me ama não. Nunca amou. —Murmuro.

—Eu amo sim e você sabe. Por favor … Eu sei que aí dentro ainda existe
amor por mim. Vamos tentar outra vez. Por favor.

—Eu não quero mais, Benjamin. Eu já desisti de você. Já desisti de nós.
—Enxugo as lágrimas e ele levanta segurando as minhas mãos.

—Me diz apenas o que você quer que eu faça e eu faço. Seja o que for,
desde que você me perdoe. Eu te imploro, Louise.

—Não, Benjamin. A única coisa que eu queria de você era confiança e
respeito. Acabou!

Ele me pega pela mão e sai me puxando pela rua. Eu não tenho forças
para impedir, apenas deixo meu corpo o seguir no automático. O ver agora abriu
ainda mais as feridas da minha alma e eu só consigo chorar de tamanha dor.

Entramos em um beco vazio e ele me coloca na parede. Suas mãos
seguram meu rosto e ele me devora em um beijo. Sua língua pede passagem pela
minha e eu resisto, mas logo já não consigo. Lhe dou passagem e retribuo da
mesma forma. Meu coração queima de paixão e dor, as lágrimas rolam pelo meu
rosto se misturando aos nossos lábios e eu sei que aquilo é uma despedida. Não
dele. Minha.

—Você ainda me ama, meu amor. —Afasta os lábios ainda segurando
meu rosto. —Olha para mim, por favor.

Eu levanto os olhos e encaro os seus que também estão marejados. Meus
lábios tremem e minhas pernas fraquejam. Um enjoo se instala no meu estômago
e faço que não com a cabeça.

—Benjamin, não.

—Diz que você ainda me ama. Diz, por favor. Eu preciso ouvir isso. Eu
preciso de você.

Tiro suas mãos delicadamente do meu rosto e volto a lhe encarar.

—Eu não te amo mais.
Ele fica em silêncio por alguns segundos e leva as mãos aos cabelos.

—Você está mentindo! Só está magoada e quer me ver longe. Eu sei que
ainda me ama.

—Vai embora, por favor. Me deixa seguir minha vida em paz.

—Eu não vou desistir de você!

—Não perca mais seu tempo. Eu estou tentando ser feliz e quero que
você tente também. Nosso relacionamento já deu o que tinha que dar. Iremos
seguir caminhos diferentes a partir de agora e assim como eu na sua vida, você
na minha será apenas uma linda lembrança de algo maravilhoso que eu vivi.

Tento dá um sorriso que sai frustrado e ele vem na minha direção, mas eu
ponho a mão na frente e ele para. As lágrimas ainda correm e eu faço que não
com a cabeça

—Acabou, Benjamin. Adeus! —Digo e saio dali sem olhar para trás.
Meus soluços se juntam com minhas lágrimas sabendo que agora realmente foi o
fim. Estava tudo definitivamente acabado. Para sempre.



Benjamin

Se eu pudesse dar um conselho a todos os homens da face da Terra, seria
para que cuidassem bem do que você tem e amar o máximo possível. Era amar e
confiar em quem só te queria bem. Eu não fiz isso. Eu tinha a melhor mulher do
mundo comigo e a deixei escapar entre meus dedos. Eu tinha o amor de quem
faria tudo por mim, de quem me aceitou, mas destruí tudo por pura burrice e não
podia fazer nada.

Eu sempre ensinei ela a se amar acima de tudo e parece que ela aprendeu.
Ela estava diferente de uma maneira boa e mesmo eu sabendo que toda a sua
história de não me amar era pura mentira, ela já tinha decidido viver sem mim.
Eu queria cumprir minha promessa de voltar para Boston com ela, mas não seria
mais possível. Eu a tinha perdido para sempre.

Saí do beco ainda a tempo de lhe ver andando pela calçada com a cabeça
baixa. Ela estava chorando por minha causa e eu também quis chorar. Estava
ainda mais linda que da última vez que a vi e minha garganta faltou se fechar por
completo quando a vi entrando naquela padaria. Eu estava disposto a lutar por
ela, a me jogar no chão feito criança mimada e implorar por seu perdão, beijar
seus pés e o caralho a quatro, mas não. Eu já lhe tinha feito muito mal e ela não
me queria mais.

Voltei para Boston no mesmo dia derrotado tanto por fora quanto por
dentro. Minha vida tinha perdido o sentido sem a sua presença e eu não
conseguia controlar o choro. Agora havia um abismo entre nós dois a qual eu
não tinha como contornar. Eu nunca ia amar outra pessoa quanto ela. Ninguém
iria ser como ela ou ocupar seu lugar. Eu iria lhe esperar o tempo que fosse,
mesmo que isso significasse muitos anos. Quando ela quisesse voltar para mim,
eu estaria ali, de braços abertos para lhe receber de volta e fazer de tudo para me
redimir até o fim da minha vida.

Olhei a aliança na minha mão deixando as lágrimas caírem sobre ela e
deitei na cama. Meus olhos já ardiam de tanto chorar e não me dei o trabalho de
me virar quando a porta do quarto foi aberta. O perfume da minha mãe invadiu o
ambiente e fechei os olhos quando ela passou a fazer carinho nos meus cabelos.

—Mãe … —Virei a cabeça para ela que veio sentar ao meu lado. Pousei
a cabeça no seu colo.

—Calma, meu amor.

—Eu a perdi, mãe. Para sempre.

—Dê um tempo para ela, Benjamin. Ela está magoada.

—Ela disse que não me ama mais. Me disse adeus.

—E você acha que ela não ama mais ?

Faço que não com a cabeça. Ela diz:

—Eu também acho que não. As coisas ainda estão frescas entre vocês e
vai ficar assim por um bom tempo. Você vai achar que vai morrer de dor, ela
também vai, vocês talvez vão encontrar outras pessoas e tentar viver um
romance …

—Eu não quero outra pessoa. Eu quero ela.

—Eu sei, meu amor. Eu sei. Mas você não pode viver a vida inteira
assim.

—E se nunca mais nos encontrarmos ? —A olho. —Eu preciso dela.

—Deixe que o tempo resolve tudo. —Dá uma pausa. —Quem nasceu
predestinado a ficar junto, vai ficar de qualquer forma.

—Como assim ? —Pergunto quando ela se levanta e me sento na cama.
Ela sorri carinhosamente e põe uma agenda em cima da cama. —O que é isso ?

—Era do seu pai. Eu estava folheando recentemente e achei que você iria
gostar de ver. —Diz e sai depois de alisar minha perna.

Fiquei um tempo apenas na cama com a agenda do meu lado. Acho que
eu era capaz de ainda sentir o perfume do meu pai impregnado ali e a segurei
como se fosse um pedaço dele. Sem perceber, meus olhos pesaram e eu caí em
um sono profundo.

Voltei a casa onde morávamos, mas tinha algo diferente. Eu parecia mais
velho, me sentia mais velho. Tinha alguém do meu lado segurando meu braço,
mas eu não podia ver seu rosto. Sorri ao pensar que era Louise, mas algo em
mim dizia que não era e me doeu.
Atravessei a porta principal da minha casa e fui em direção ao jardim.
Meu pai estava lá. Eu já não sabia distinguir o que era sonho e o que era
realidade. Ele estava usando suas roupas costumeiras e olhava algo em um
Ipad.

—Pai ? —Chamei baixo sem saber se ele tinha escutado, mas ele
escutou. Se virou na minha direção e sorriu

—Achei que não iam chegar mais.

Fui na sua direção e o abracei com força. Senti meus olhos marejarem
de lágrimas e o apertei ainda mais.

—Você quer matar seu pai mais cedo ? Andou tomando esteroides,
Benjamin ?

—Claro que não, pai.

Fiquei alguns segundos em silêncio e perguntei:

—Eu estou apenas sonhando, não estou ?

Ele me olhou fixamente e fez que sim com a cabeça.

—Eu sei que você está sofrendo, meu filho, mas logo tudo vai passar. O
sofrimento serve como aprendizado para não cometermos os mesmos erros. Só
não desista nunca do que você quer. Todo mundo comete erros e você também
não está imune a isso. Apenas deixe o tempo trabalhar e o mesmo irá te
surpreender. Tem pessoas que precisam de você e uma em especial vai mudar
sua vida. —Ele põe a mão no meu ombro. —Eu te amo.

—Eu também te amo, pai. Eu queria ficar mais tempo com você e …

Acordo suado e me sento na cama olhando para os lados reconhecendo
meu quarto. Volto a me deitar e vejo no celular que já são quase quatro da
manhã. O sonho ainda está fresco na minha mente e penso em Louise. Eu sei que
ela é a pessoa especial que precisa de mim, mas eu tenho que dar tempo ao
tempo. Uma hora iremos nos acertar e eu vou esperar ansiosamente por isso.
Aquela mulher é minha.

Sinto a agenda ao meu lado na cama e a abro. Há algumas anotações do
meu pai como números de telefones, endereços, nomes de empresas e vejo uma
linha vermelha servindo como marcador em uma das páginas. Vou até ele
curioso e leio o que está ali:

Akai Ito ou “Fio vermelho do destino” é uma lenda de origem chinesa e,
de acordo com este mito, os deuses amarram uma corda vermelha invisível, no
momento do nascimento, nos tornozelos dos homens e mulheres que estão
predestinados a ser alma gêmea. Deste modo, aconteça o que acontecer, passe o
tempo que passar, essas duas pessoas que estiverem interligadas fatalmente irão
se encontrar!

“Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se…
Independentemente do tempo, lugar ou circunstância…
O fio pode esticar ou emaranhar-se,
mas nunca irá partir.”

– Antiga crença chinesa.

A essas alturas já estou chorando e borrando toda a página com minhas
lágrimas, mas finalmente estava entendendo tudo. Eu tinha total certeza de que o
fio que estava preso em mim, estava preso a Louise também. Ela era minha alma
gêmea desde o início e eu tinha esperanças de a encontrar novamente. Passassem
semanas, meses, anos … Ela iria ser minha novamente.

Pego meu celular ao lado da cama e prometendo a mim mesmo que seria
a última vez que iria lhe perturbar apenas por um tempo, digito uma mensagem e
envio para Louise. Ela ainda não sabia, mas seria minha futura esposa.

“Eu vou te deixar, mas isso não significa que eu vou desistir.”
Capítulo 43

Algumas semanas depois …

Louise

Eu olhava para o teste de gravidez positivo nas minhas mãos de uma forma tão surpresa quanto a
notícia que eu via na televisão ao mesmo tempo. Eu estava grávida. O Benjamin estava namorando. Uma
era capaz de me deixar feliz e assustada, enquanto a outra só me causava dor. Eu sabia que isso poderia
acontecer mais cedo ou mais tarde, eu tinha lhe dado total liberdade para viver sua vida e ele estava fazendo
isso. Eu tinha sido esquecida por ele e agora eu o via sorrindo para a outra. Ele sorria para Ysla.

Me sentei na tampa do vaso sanitário ainda olhando o teste positivo e querendo saber o que eu
faria da minha vida agora. O celular não parava de tocar na pia e eu sabia que era Raul. Eu vinha me
sentindo estranha nos últimos dias e ele sabia, afinal de conta, tínhamos algo agora. Não éramos namorados,
mas já tínhamos seguido para a fase seguinte e dormido juntos. Eu não me arrependo das noites que
tivemos, eu sentia um prazer descomunal com ele, mas o Benjamin ainda estava tatuado em cada parte da
minha alma, embora agora eu tenha sido apagada da sua.

Eu nunca tinha transado com Raul sem preservativo, mas eu estava com medo. Eu sabia que o
filho era de Benjamin, eu não estava mais tomando as injeções quando fizemos amor pela última vez pelo
simples fato de não ter tido mais ninguém depois do nosso término e tinha total certeza disso, mas para me
convencer completamente, eu precisava ter certeza. Me arrumei no automático ainda sem atender ao celular
e saí de casa desnorteada em direção a uma clínica. Várias pessoas me reconheceram das passarelas e
também fui parada para tirar fotos e dar autógrafos. Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Desde
quando comecei a sair em revistas e capas de revistas, aquilo se tornou frequente e eu gostava, porém
naquele momento não era momento.

A médica que me atendeu me explicou várias das minhas dúvidas enquanto o exame ficava pronto
e eu prestava atenção a tudo. Eu ainda estava em choque e por duas vezes ela teve que me acalmar na sala
quando comecei a chorar do nada. Saí da sua sala com a indicação para ir comer algo até o exame sair, mas
eu não iria conseguir. Fiquei ali esperando por algum tempo até ela me chamar novamente. Entrei na sua
sala trêmula e sentei na cadeira a sua frente.

—Você está gravida! —Disse sorrindo e eu também sorri. Respirei fundo e perguntei o que estava
querendo perguntar desde quando descobri.

—E com quanto tempo estou ?

—Vamos precisar fazer alguns exames e ultrassons para poder saber. Podemos marcar se você
quiser.

—Tem vagas para já ?

Ela olha na agenda rapidamente.

—Sim, temos agora. Você está em dúvida sobre quem é o pai ? —Pergunta gentilmente e eu faço
que não.

—Só quero confirmar.
—Tudo bem.

Ela faz todos os procedimentos e eu me deito na cama em posição ginecológica depois de me
vestir apenas com o avental hospitalar. Fico esperando naquela posição quando ela senta na minha frente e
introduz o aparelho coberto com o preservativo dentro da minha vagina. Ela olha para o ecrã ao lado e
parece analisar cuidadosamente.

—Quer ouvir o coraçãozinho ? —Pergunta e meus olhos marejam.

—Já é possível ?

—Sim, contando que você já está caminhando para a sétima semana.

—Sete semanas ? —Pergunto alarmada e confirmo internamente o pai do meu filho.

—Sim, já é um tempinho. —Ela sorri. —Posso perguntar do papai ?

Eu não sei o que falar e minha garganta trava. Ela entende e apenas faz que sim com a cabeça. Eu
olho para o lado imaginando Benjamin ali e as lágrimas começam a rolar pelo meu rosto. A tristeza dá lugar
a alegria quando a sala é invadida por um som pouco audível dos batimentos cardíacos do meu filho. Eu
não consigo me controlar e os soluços chegam enquanto olho para a pequena manchinha bem destacada nas
imagens refletidas naquela tela.

Ela me deixa apreciar o momento por mais algum tempo e diz que fez uma cópia para que eu
levasse para casa, assim como imagens. Fica me falando a utilização daquele ultrassom e confirma que é
um único bebê, além de confirmar as semanas. Depois de me vestir, me sento na sua frente novamente e ela
me passa as vitaminas que terei que tomar a partir de agora, assim como me ajuda a começar o pré-natal.
Quando saio, meu celular volta a tocar e atendo

—Louise ? O que aconteceu ? Desde mais cedo eu tento te ligar. —Raul fala visivelmente
desesperado no outro lado e eu não contenho um sorriso com seu jeito.

—Desculpe, eu tive que fazer algumas coisas.

—Caramba, eu fiquei maluco de preocupação. Você está melhor ? Precisa de alguma coisa ?

—Preciso me encontrar com você. Tenho saudades e precisamos conversar.

—Eu não gosto dessa frase. —Bufa e eu sorrio. —Vamos almoçar juntos então ? Posso passar
para te buscar ?

—Você me fala o endereço e eu vou lá ter com você. É que não estou em casa.

—E posso saber onde a madame estava ?

—Fazendo coisas. Depois você vai saber.

—Tudo bem então. Até já. Beijos.

—Beijos. —Encerro a chamada e algum tempo depois ele me manda o endereço. Ainda nem está
na hora do almoço direito, então vou caminhando até lá para ganhar algum tempo.

Chego primeiro ao restaurante marcado e já vou para a mesa onde tínhamos reserva. O garçom
me serve apenas um suco natural que eu peço e alguns minutos depois, o vejo atravessando a porta. Meu
coração acelera de uma forma diferente quando ele sorri para mim e eu sei que gosto dele. Não é aquela
paixão avassaladora a qual ainda tenho pelo Benjamin, mas é algo diferente do que sentia no começo.

—Cheguei atrasado ? —Pergunta se aproximando da mesa e me dando um selinho sentando logo
em seguida.

—Não, eu que cheguei mais cedo. —Sorrio e o garçom chega para anotar nossos pedidos.

—O que aconteceu ? Eu estou preocupado com você.

—Eu estive em uma clínica agora de manhã.

—Por quê ? Por causa do que vem sentindo nos últimos dias ? É grave ?

—Calma. —Sorrio. —Não é grave, mas eu não sei como você vai reagir.

—Você está me deixando ainda mais nervoso.

—Eu estou grávida!

Ele fica calado me encarando e olha para os lados como se achasse que fosse uma piada. Eu tenho
medo da sua rejeição, mesmo sabendo que não seria pior como foi com o Benjamin, mas eu não queria ser
rejeitada por ele novamente.

—E é … hum … Meu ?

—Não. —Balanço a cabeça sentindo os olhos marejarem. —É do Benjamin. Já estou indo para a
sétima semana.

—Caralho! —Alisa os cabelos. —Desculpa, não queria falar nome feio na frente do bebê. Eu não
sei o que dizer.

—Eu vou entender se você quiser se afastar de mim. Eu não estou pedindo nada e nem te
obrigando a algo, até porque …

—Ei, calma. —Ele sorri. —Você já sabe que eu gosto de você. Gosto bastante. Não somos
namorados e o filho não é meu, mas isso não afeta em nada o que sinto por você. Eu não vou me afastar de
você, a não ser que você queira.

—Eu não posso com você. —Sorrio sentindo os olhos marejarem e ele vem ao meu lado se
abaixando próximo as minhas pernas.

—Me deixa cuidar de você.

—Como assim ?

—Namora comigo ?

Várias imagens vêm na minha cabeça com seu pedido e travo por alguns instantes. Lembro das
notícias que vi o dia todo sobre o Benjamin estar namorando com Ysla e meu coração se aperta. Nunca
mais tínhamos nos falado e o último contato que tive seu foi através de uma mensagem sua:

“Eu vou te deixar, mas isso não quer dizer que vou desistir.”

Você desistiu. Penso comigo mesmo engolindo o choro que quer explodir a qualquer momento.
Eu sei que uma hora ou outra ele vai saber da minha gravidez, uma hora ou outra vai saber que é o pai, mas
se depender de mim, quero atrasar isso o máximo que eu puder. Toda a confiança que eu tinha nele e toda
admiração foi usurpada.

Olho para Raul ainda abaixado ao meu lado e pegando nas suas mãos, faço que sim com a cabeça.

—Sim.

—Sim ? —Seus olhos brilham.

—Sim.

—Sério ? Você aceita namorar comigo ?

—Aceito. —Confirmo sorrindo.

—Que susto você me deu! —Me faz ficar de pé e me abraça forte. —Achei que não fosse aceitar
e eu ia ter que inventar uma mentira para não ficar constrangido.

Sorrio com sua piada enxugando as lágrimas com as costas da mão.

—Eu prometo que vou cuidar de vocês enquanto me for permitido.

—Eu sei que vai. —Falei em seu ombro vendo a imagem do Benjamin se juntar com a de Ysla na
minha memória. Ia ser questão de tempo para aqueles dois ficarem juntos. No fundo os dois se merecem. Eu
também merecia ser feliz, mesmo que não fosse com ele.

A noite eu liguei para a Kim e ficamos horas em chamada. Eu já sabia que ela estava grávida de
uma menina tinha algum tempo, então quando falou como andava as mudanças no seu corpo, revelei a ela
que também estava grávida. Ela literalmente surtou. Gritou quase me deixando surda, chorou e ficou feito
manteiga derretida.

—E está com quantas semanas ?

—Praticamente sete.

—Eu estou com vinte e duas. Nossos bebês terão poucos meses de diferença. Que lindos!

—Sim, são lindos. —Aliso minha barriga.

—E quando vai contar ao Benjamin ?

—Eu não sei. Não estou preocupada com isso agora. Não mais.

—Você já viu, não foi ?

—Sim.

—Ele não gosta dela, Louise.
—Isso não importa mais, Kim. Ele está com ela agora e somos passado um na vida do outro.

—Acho que não. Ele pergunta por você todos os dias.

—Mais uma prova de que não presta. Fica atrás de outra enquanto tem namorada.

—Ele está tentando te esquecer. Você também tem o Raul agora.

—Eu sei, mas não fico atrás dele como se fosse solteira.

—Eu vou descobrir o motivo dele ter sido fisgado por aquela lambisgoia e te conto tudo.

—Não precisa nada disso, apenas prometa que não vai contar para ninguém.

—Nem para o Gary ?

—Para ele eu falo depois. Espero que ele não conte nada ao Benjamin.

—Ele não conta. Eu garanto. Senão arranco aquele pau dele.

—Que maldade.

Ficamos conversando por mais algum tempo até encerramos a chamada e eu me preparar para
dormir. Respondi algumas mensagens apaixonadas de Raul e me sentia má por não sentir por ele o tanto que
ele sente por mim. Decidi não pensar muito nisso e adormeci acariciando minha barriga onde agora gera
uma nova vida.



Benjamin

Não estava nos meus planos namorar com ninguém por agora, muito menos com a Ysla. Quando
todo mundo ficou sabendo que eu estava solteiro novamente, não demorou muito para ela vir atrás de mim.
Eu olhava para ela e lembrava do que tinha feito com Louise, mas eu tinha que esquecer aquele passado.
Não éramos mais namorados e eu tinha que seguir minha vida.

Algumas semanas depois, Thaddeus voltou na minha empresa e eu sabia muito bem suas
intenções, mesmo ele não as falando claramente. Ele pode ser mais velho que eu, mas eu não sou um
menino qualquer que ele poderia manipular.

Eu fui um filho da puta com a Louise e mesmo Ysla não sendo flor que se cheire, também estava
sendo com ela. Eu sempre soube que meu pai queria negócios com os russos e morreu sem conseguir. Falta
de propostas não foram e não entendo o motivo dele não ter conseguido com Thaddeus, mas eu iria honrar
seu desejo e conseguiria negócios com os russos. A Ysla era herdeira da empresa do seu pai e mesmo não
sendo a minha intenção roubar aquilo, eu queria fechar um acordo histórico com eles. Só que seria mais
difícil do que eu imaginei.

—Vocês deviam se casar. —Ele fala quando estamos os dois sentados no sofá da sua casa e eu
quase me engasgo com o vinho.

—Casar ?

—Sim. Por que não ? Eu sempre soube que vocês ficariam juntos.
—Não estamos namorando há tanto tempo, Thaddeus. Não vejo motivos para apressar as coisas
assim.

—Eu vejo. —Diz firme. —O casamento seria uma boa forma de nós dois ganharmos. Nossas
empresas juntas seriam invencíveis no mundo do empreendimento.

—O que está insinuando ? —O encaro curioso e ele se levanta.

—Case-se com minha filha e fecharemos um contrato valioso para a Global Connor´s. —Dá uma
pausa. —Não era desejo do seu pai ?

—Sim.

—A decisão agora é toda sua. —Dá dois tapinhas no meu ombro e sai quando vê sua filha
chegando para junto de mim. Ela pula no meu colo e enrosca meu pescoço com os braços, os seios quase
saltando para fora daquele vestido eram um tanto convidativos e eu me fartava naquele corpo maravilhoso.
Eu não fazia questão de ser fiel ao nosso relacionamento e parece que ela sabia disso, porém eu exigia sua
fidelidade.

—O que você e meu pai estavam conversando ?

—Negócios. —Falo bebendo um gole do vinho e ela o pega da minha mão levando a taça aos
lábios carnudos.

—Entendi. Vai dormir aqui comigo hoje ?

—Hoje não. Preciso ir para casa resolver alguns assuntos da empresa que estava justamente
falando com seu pai.

—Poxa! —Faz biquinho. —Você sempre me troca pela empresa. Parece até que não gosta de mim
de verdade.

E não gosto. É o que tenho vontade de falar, mas preciso saber mentir.

—Claro que gosto, meu bem. —Lhe beijo levemente nos lábios. —Mas também preciso tomar
conta da empresa.

—Se você for comigo lá no meu quarto, posso te dar vários motivos para ficar. —Ela se aproxima
do meu ouvido e sussurra coisas quentes capazes de deixar meu pau duro.

—Eu adoraria fazer tudo isso, mas infelizmente hoje não dá. Amanhã pode ser ?

—Eu sei que você vai para casa para não ficar comigo, Benjamin. Por que não admite que ainda
pensa naquela sua ex namorada ?

—Não começa, Ysla. Não é nada disso.

—Você é um péssimo mentiroso!

—Tudo bem então. —Coloco a taça em cima da mesinha. —Eu vou para minha casa e você fica
aí criando filmes na sua cabeça. Até.

Caminho em direção a porta sabendo que ela vai vir correndo atrás de mim e ela realmente vem
antes que eu chegue.
—Não, não. Desculpa. Eu não quero brigar com você, amor. —Segura meu braço e eu dou um
sorriso vitorioso antes de me virar novamente. Eu tinha mesmo que casar com essa mulher ?

—Então nos vemos amanhã ?

—Sim, eu vou te esperar. —Sorri maliciosa e eu a beijo de forma quente. Aproveito que ninguém
está vendo para agarrar sua bunda e enfiar minha mão por baixo do seu vestido. Meus dedos chegam até sua
calcinha e toco sua pele sentindo a boceta molhada. Ela geme rebolando na minha mão e meu pau dói de
tesão.

Paro o beijo agarrando sua mão e a puxo em direção as escadas.

—O que você está fazendo ?

—Mudei de ideia. Agora quero te foder com força.

Eu sabia que era questão de tempo para o meu namoro com Ysla cair na mídia. Também sabia que
era questão de tempo para a Louise descobrir. Eu mesmo quis manter aquilo em anonimato para justamente
lhe poupar, mas em menos de uma semana de namoro, todos os jornais e sites sabiam da notícia. Eu tinha
certeza que a Ysla quem tinha espalhado tudo e feito questão de colocar nos portais de notícias, mas eu não
podia fazer nada. Nunca pensei que me prestaria ao papel de namorar alguém por interesse. Ela também não
é a vítima da história. Seu interesse em mim é puramente material e mesmo que quisesse sentir nojo, eu não
sentia. Aliás, eu não sentia nada quando estava com ela. Nada além de tesão, coisa que para mim já não era
o mais importante na relação. Eu me sentia mudado desde quando Louise apareceu na minha vida.

Eu na verdade queria que fosse a Louise ali. Queria andar de mãos dadas com ela, passear nas
ruas com sentimentos verdadeiros. Agora tudo que eu fazia com Ysla era no automático. Eu não tinha gosto
para fazer o que fazia com a Louise, não lembrava de alguma vez ter rido espontaneamente com ela, se ela
fez meu coração acelerar ou minha respiração ser segurada por mais tempo dentro dos pulmões. Eu não
sabia que apagando o brilho de Louise, consequentemente também estava apagando o meu. Ela era minha
prioridade. Ela era o meu brilho.

Minha mãe não fazia questão de esconder a repulsa que sentia de Ysla e sempre quando sabia que
ela iria para minha casa, inventava alguma coisa para não ficar lá e saía. Eu não a culpava, ela a conhecia e
também já sabia do que ela tinha feito com a Louise, mas eu estava fazendo aquilo pelo meu pai. Claro que
eu não tinha falado isso para ela, preferia que ela acreditasse que eu realmente queria ficar com Ysla,
porque sei que se eu contasse a verdade, ela tentaria me impedir de prosseguir com aquilo me achando um
imbecil, coisa que eu já sabia que era.

Sempre que minha agora namorada ia na minha empresa, eu já sabia que ia ter confusão. Seu
ciúme era doentio e ela agia como se fosse a manda-chuva ali dentro só por namorar comigo. Não tinha um
pingo sequer de humildade e vários dos meus funcionários que antes gostavam de mim, hoje me detestam.
Acho que todo mundo me detesta agora. A Kim era outra. A Ysla sabia que ela era melhor amiga de Louise
e fazia questão de lhe provocar, mas a loira era brava. Sabia mais do que eu como a colocar no seu lugar e
eu tenho certeza que ela só ainda não desceu a porrada em Ysla por estar grávida.

Quando estava com o Gary, o assunto Ysla não tinha vez. Ele também não gostava da mulher e eu
evitava falar algo relacionado a ela para não brigar novamente com meu melhor amigo. Ele também não
sabia o que eu estava planejando em fazer e eu me sentia um traíra por esconder uma coisa assim dele, mas
logo tudo se ajeitaria e ficaria bem novamente. Eles iriam ver que tudo que eu estava fazendo era pelo bem
da empresa. Eu só precisava de tempo.

(…)

Alguns dias depois …

Eu já tinha tomado uma grande decisão na minha vida e logo todos iriam saber. Eu estaria
mentindo se falasse que estava pronto para aquilo. Eu não estava pronto! A Louise ainda era algo vivo na
minha mente todos os dias e eu sabia que não iria lhe esquecer nunca, mas assim como ela estava seguindo
sua vida sem mim, com todo direito, eu também precisaria seguir a minha. Eu ainda tinha esperanças de um
dia tê-la outra vez e minha promessa para isso ainda estava de pé, mas não seria agora.

Estava na minha sala resolvendo alguns problemas a respeito da empresa quando Thaddeus entrou
acompanhado da filha. Ele estava impecavelmente arrumado e ela usava um vestido bem ousado que mais
mostrava do que cobria. Eu exigia fidelidade dela por não ser o tipo de homem que aceita carregar galhos
na cabeça, mas em questão de ciúmes eu simplesmente não me importava. Eu não estava nem aí se algum
homem a cobiçasse, e ela não gostava disso. Sempre queria arrumar motivos para que eu brigasse de ciúmes
por ela, mas não rolava.

—Thaddeus. —Levanto o cumprimentando com um aperto de mão e dou um leve selinho nos
lábios carnudos de Ysla. —Não estava esperando vocês.

—Eu sei que não. Desculpe por não comunicar antes, mas precisamos conversar algo sério.

—Estou atento. —Eles sentam nas cadeiras a minha frente eu vou para meu lugar apoiando os
cotovelos na mesa e entrelaçando os dedos.

—Para quando podemos marcar a data do vosso casamento ? —Thaddeus diz.

Fico estático o olhando como se fosse uma piada, mas ele permanece sério e eu vejo que não está
brincando. Ysla me olha sorridente como se tivesse ansiosa pela minha resposta e minha garganta trava.

—É … Já ?

—Sim, acho que não precisamos perder mais tempo. Você e minha filha já estão um tempo juntos
e quanto mais rápido isso acontecer, mas rápido podemos decidir a comunhão universal de bens.

—É o quê ? —Um sorriso incrédulo escapa da minha boca. —Universal ?

—Sim. Algum problema ?

—Acho que esse não é o regime mais adequado, Thaddeus.

—Como não ? Se você quer se casar com minha filha e fazer ambas as empresas crescerem, nada
mais justo que uma comunhão universal, não acho ?

Quem disse que quero me casar com sua filha ?

—Na verdade não. E também não sou apenas eu que quero fazer as empresas crescerem. Isso
também cabe a você.

—Eu sei disso. O que sugere então ? —Vejo pela sua cara que não gostou de eu ter recusado o
que foi dito, mas eu não me importo. O velho só pode achar que nasci ontem.

—Podemos conversar sobre participação final nos aquestos. Cada qual fica com seus bens que
tinham antes do casamento e caso haja separação, os bens adquiridos depois do matrimônio são divididos
igualmente entre os cônjugues.

—Você acha que eu nasci ontem ? —Ele me encara e eu não desvio meu olhar.

—Não, mas eu também não sou ingênuo. Só me caso nessas condições.

—Você pode perder mais que eu.

—Eu arrisco. —Blefo, mas ele não precisava saber. Eu sempre tenho uma carta na manga e com
ele não seria diferente. Eu já sabia que sua índole não era a das melhores e se caso ele não aceitasse, iria
partir para o plano B. Ou seja, manipular sua filha para que ela manipulasse o pai e ele aceitasse. Ela não
era uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci.

—Então estamos de acordo. —Ele estende a mão para mim sem sorrir. Eu tinha vencido.

—Fico muito feliz. —Retribuo o cumprimento sorrindo de lado. Ele podia ser mais experiente
que eu como empresário, mas não era melhor no ramo quanto a linhagem dos Connor´s. Ninguém era.

(…)

—Você não vai se casar com essa mulher, Benjamin! —Minha mãe grita assim que eu terminei de
lhe contar tudo.

—Mãe, não é algo que você possa decidir.

—Você não vê que está tomando a decisão errada ? Ele está tentando te manipular!

—Não está! Eu estou fazendo isso pelo meu pai.

—Não! Você está fazendo isso porque está fragilizado. Você acha que só porque perdeu a Louise,
isso é a única coisa que você pode fazer de bom agora. Você está usando o nome do seu pai como desculpa
para seus atos.

—Não é verdade! —Falo alto e ela se cala fazendo com que eu me arrependa imediatamente do
modo que falei.

—Você vai mesmo fazer isso ?

—Já está decidido.

—Tudo bem. —Balança a cabeça. —Você faz o que você quiser, Benjamin, porém não espere que
eu apareça no dia. Eu não vou aparecer.

É com essas palavras que ela dá as costas e sai em direção a biblioteca sem olhar para trás.

(…)

Na mesma semana eu já estava de casamento marcado para o final do mês. Certamente era a
época mais tortuosa da minha vida. Como eu esperava, todo mundo ficou contra mim quando souberam da
notícia. Minha mãe já não falava comigo e eu me sentia parte dos móveis dentro de casa. O Gary tentou me
convencer a não fazer aquilo e mesmo que parte de mim já tivesse se arrependido, eu não iria dá para trás.

Quem parecia reluzente com tudo aquilo além dos pais de Ysla, era ela própria. Estava sempre
animada e eufórica com o casamento e eu tinha que tentar fazer pose feliz quando ela me falava sobre
vestidos, decoração, lua de mel e por aí vai. Eu estava na merda comigo mesmo antes do casamento,
imagine como ficaria depois. Eu já não dormia mais direito e as imagens da Louise vinha todas as noites na
minha mente me assombrar. Eu sonhava com ela todos os dias e sempre me machucava quando o sonho
acabava e eu tinha que voltar a realidade sem ela. Eu nunca estive tão machucado em toda a minha vida.

No sábado era o jantar de noivado na casa dos Abramowitz e minha vontade era de nem pisar o pé
lá. Queria ficar no meu quarto com meu sofrimento. Me arrumei devagar sabendo que estava fazendo minha
mãe sofrer e que como prometeu, ela realmente não iria aparecer. Saí de casa sozinho e me dirigi para a
casa da minha queridíssima noiva.

Não podia negar que ela era um mulherão e que tinha muita das qualidades que me excitava
fisicamente em uma mulher, mas aquilo não me despertava mais muita coisa. Foi ela quem me recebeu na
porta usando um vestido vermelho comprido com uma fenda na perna e até que comportado na parte de
cima, seu salto a deixava ainda mais alta e me beijou assim que me viu. Ela usava o anel que eu tinha
comprado dias antes e confesso que escolhi o primeiro que vi. Não tinha a menor intenção ou paciência para
ficar escolhendo qual a agradaria mais.

Dentro da casa não havia muitas pessoas. Depois de um tempo de conversa, a convenci a pelo
menos deixar o jantar de noivado um pouco mais reservado para a “família”, já que ela queria que a
cerimônia fosse bem chamativa. Ela me conduziu pela mão até a sala de estar onde me apresentou alguns
tios, primos e outras pessoas que nem me dei conta de decorar quem eram. Não muito tempo depois
estávamos jantando e o Thaddeus fazia questão de se gabar para todo mundo sobre o “bom partido” que a
filha havia escolhido como esposo, enquanto sua mulher apenas me cobiçava com o olhar. Eu vi ali uma
oportunidade de me vingar de Thaddeus de uma forma que eu sabia fazer bem. Sexo.

(…)

—Ah … Isso … Me come toda, Benjamin. —A senhora Abramowitz gemia enquanto eu a fodia
violentamente no próprio quarto que dormia com o marido.

—Não imaginei que essa bocetinha fosse tão gostosa. Por que não me deu antes, hein ?

—Você é … Ah … Noivo da minha filha … Isso.

—Mas nada que impeça de eu foder a mãe também. —Empurrei fundo dentro dela. A mulher
tinha uma boceta gostosa por sinal e sabia trabalhar bem.

—Sim, quando você quiser.

—E seu marido?
—Aquele ali é mais parado que um móvel da casa. Era nesse seu pau que eu pensava enquanto
transava com ele.

—Safada! —Dou um tapa na sua bunda. —E vai manter nosso segredo ?

—Claro … Hum … Eu quero gozar.

—Goza então. Goza no meu pau, sua safada.

Algumas estocadas mais e umas apertadas nos seios siliconados foi o suficiente para a fazer gozar
loucamente. Eu sorria enquanto ela se contorcia bagunçando os lençóis querendo imaginar a cara de
Thaddeus quando descobrisse que comi sua mulher no seu próprio quarto, em cima da sua cama.

Depois de jogar o preservativo dentro da privada e dá a descarga, descemos as escadas rindo e ela
segurava uma caixa de fotografia. As pessoas pareciam não desconfiar de nada, até porque era difícil
desconfiar de uma mulher como ela com aquela pose de submissa e recatada. Segundo ela, iriámos apenas
pegar algumas fotos de Ysla quando mais nova e que me daria um presente para que eu fizesse surpresa a
filha na lua de mel. Pobre, Thaddeus. Mal sabia ele que a mulher estava dando para o próprio genro na
cama que ele dormia.

Tudo podia estar indo na pior merda quando se tratava da minha vida, mas se o Thaddeus achava
mesmo que ia fazer o que quisesse comigo ou se sua família achava que ia me tratar como palhaço, eles
ainda não sabiam que estavam se referindo ao dono do circo. Meu nome ainda era Benjamin Connor.

Gary

—Gary, você precisa me ajudar ? —A Donna entra na minha sala com o
semblante abatido e desesperado. Eu já tenho noção do que ela precisava falar
comigo, mas não deixei transparecer que eu estava tão perdido quanto ela em
relação a merda que o Benjamin estava fazendo.

Começamos a falar por minutos a fio na minha sala sobre maneiras de
fazer meu melhor amigo desistir da ideia de se casar com a filha de Thaddeus
como uma forma de “honrar o desejo do pai”. Eu sabia que era o sonho dele
realizar o desejo do pai, mas não precisava ser dessa forma. Ele estava tão
fragilizado com a perda da Louise que nem se dava conta que isso só iria piorar
as coisas.

Eu sabia que Thaddeus não era boa peça desde o momento que bati os
olhos nele. Ele não era amigo coisa alguma do pai de Benjamin e só queria se
aproveitar dele. Eu tinha que ter um jeito de provar isso. Era meu dever como
melhor amigo não deixar que o Benjamin cometesse esse erro.

Eu e Donna decidimos contratar um investigador e detetive particular
para descobrir o máximo possível sobre Thaddeus antes do casamento. Minha
vontade era ligar e implorar para a Louise colocar algum juízo na cabeça dele.
Ela era a única que podia fazer algo útil, ainda mais agora que estava esperando
um filho dele. Tenho certeza que o Benjamin desistira dessa ideia sem pensar
duas vezes, mas eu não tinha direito de fazer isso. Ela já tinha sofrido muito pelo
Benjamin e eu não seria egoísta em pedir isso a ela.
Com todo esse estresse, e depois da Louise ter ido embora, convenci a
Kim a morar comigo. Eu ficava mais sossegado sabendo que ela não estaria mais
morando sozinha e nossa convivência não poderia estar melhor. Eu estava
radiante com sua gravidez e não consegui conter a emoção nos primeiros passos
da gestação. Foi algo surreal ouvir os batimentos cardíacos da minha filha, que
agora sabia que era uma menina. Eu iria dar a ela e a Kim todo o conforto e tudo
mais que as duas precisassem.

Quando a levava para sair, nem percebia que ficava por algum tempo a
admirando se arrumar. Seu corpo estava diferente, estava mudando a cada dia,
mas isso não me importava. Eu gostava de a ver vestindo a calcinha e a mesma
se adequar ao formato da sua barriga, gostava de ver ela marcada em algum
vestido que usasse ou mesmo ela reclamando o tempo todo que parecia ter uma
cachoeira entre as pernas que a fazia querer ir ao banheiro o tempo todo.

—Por que está me olhando assim ? —Perguntou se virando para mim
penteando os cabelos loiros usando apenas calcinha, meia calça e sutiã.

—Admirando minha mulher. Não posso ?

—Esse santo quer reza. —Sorri e me faço de ofendido.

—Isso foi maldade! Eu sempre te admiro. Você que não vê.

—Você acha que não vejo, mas vejo sim. Você com esses olhos verdes aí
quase me devorando.

—E eu quero te devorar. —Caminho na sua direção e a abraço por trás
colocando a mão na sua barriga. Pouso o queixo em seu ombro e a faço se olhar
no espelho. —E quem sabe fazer outro bebê.

—Eu ainda nem tive a nossa e você já quer outro, amor ?

—Aqui não para. —Dou um tapa na sua bunda.

—Assim você vai me deixar cheia de estrias e depois vai reclamar do
meu corpo.

—Eu ? Reclamar do seu corpo ? —A viro de frente e beijo seus lábios.
—Para mim suas estrias te deixam ainda mais linda. Só mostram que você
realmente é uma sereia.

Ela sorri de uma forma que me deixa ainda mais apaixonado. Depois de
lhe fazer ficar molhada, sou praticamente expulso do quarto para que ela consiga
se arrumar direito.

Vou em direção a cozinha onde deixei meu celular no balcão e corro ao
ver que ele está tocando. Olho na tela e vejo que é o detetive que contratei para
ficar de olho em Thaddeus há alguns dias.

—Pode falar. —Atendo olhando para trás para ver se a Kim não está por
perto.
—Senhor Montano, boa noite. Ainda estamos atrás de mais informações
sobre Thaddeus, mas hoje descobrimos algo que o senhor vai querer saber.

—O quê ?

—Ainda não é algo que vá colocar tudo em ordem de repente e
precisamos de mais detalhes para poder o pegar na própria teia, mas estamos a
caminho disso.

—Não importa. Qualquer coisa que ainda não sabemos sobre esse sujeito
é importante.

—Thaddeus Abramowitz já foi preso durante alguns dias acusado de
lavagem de dinheiro na empresa dos pais de sua ex esposa. O cara é um
vigarista.

Puta que pariu!



Thaddeus Abramowitz

Não! Aquela vadiazinha não podia estar grávida! Ela sozinha já era a
única capaz de arruinar meus negócios, agora com um filho eu tinha problemas
em dose dupla. Eu venho acompanhando sua vida tem um bom tempo e também
fiquei sabendo que ela estava grávida de um filho do fedelho do Benjamin.

Ah, Benjamin, se você soubesse a vontade que eu tenho de ver sua ruína,
sua dor. Minha maior decepção é não ter conseguido isso com o idiota do seu
pai. Eu sempre fui fiel a ele, sempre quis negócios com sua empresa, mas nunca
fui visto como um sócio potencialmente bom. Isso iria mudar. O bom foi que não
precisei sujar minhas mãos com sua morte, mas com o filho seria diferente.
Ninguém ousava me desafiar ou contrariar minhas ordens como o bastardo filho
da puta fez, mas ele iria pagar. Primeiro eu tomaria tudo dele, o deixaria na
sarjeta. Eu não fazia questão de o matar, mas queria ver sua dor até o limite e
sabia que a Louise era seu ponto fraco. Era por ela que começaria sua tortura.

—Senhor Abramowitz, o vôo da Louise já pousou em Boston. —Um dos
meus seguranças fala assim que atendo sua chamada.

—Entendido. Por agora não façam nada. Deixem que ela aproveite os
primeiros dias de suas férias.

—E depois ?

—Depois ? —Sorrio sentindo o gosto da vingança crescendo dentro de
mim. —Depois o herdeiro Connor irá ver o caminho de quem ele se meteu.
Capítulo 44

Louise

Ele ia se casar. Era a única coisa que eu pensava nos últimos dias.
Quando eu achava que nada mais vindo do Benjamin me deixaria abalada,
recebo a bomba. Saber que ele tinha namorada era uma coisa, talvez um dia
poderíamos dar certo, mas ele casado é diferente. Ele estava assumindo um
compromisso mais sério com alguém. Alguém esse que ele jurou para mim não
ter interesse nenhum. Ele a conheceu em pouco tempo e já havia lhe pedido em
casamento, enquanto a mim nunca sequer deu um passo mais sério. Eu não
conseguia não ficar triste. Eu também estava com alguém agora, não foi
planejado para causar raiva ao Benjamin ou ser um band-aid nos meus
machucados. Eu gostava de Raul de verdade, mas eu ou qualquer pessoa não
querendo admitir, sempre é assim.

—Está tudo bem, amor ? —Raul pergunta me trazendo de volta a
realidade. Estamos na sua casa e eu estou sentada junto do balcão enquanto ele
prepara nosso jantar.

—Sim, só estou um pouco cansada.

—Eu entendo. Eu já falei que você não precisava andar tanto na empresa
como tem feito. Você está grávida. —Vem até mim e segura meu rosto beijando
meus lábios.

—Eu sei, mas quero trabalhar até o último dia de gestação. —Aliso
minha barriga ainda invisível. —Além do mais, semana que vem eu já estou de
férias e vou poder descansar.

—Eu queria ir tanto com você para Boston.

—Então vamos! Eu já te convidei diversas vezes.

—Você sabe que não posso. Tenho muita coisa para tratar até agosto e
quando for para tirar férias, quero que seja totalmente sossegada. E com você. —
Volta a beijar meus lábios e eu sorrio quando ele se volta para o fogão.

Minha vontade de aparecer em Boston por agora era zero, ainda mais
agora sabendo que o Benjamin iria se casar, mas já tinha prometido a Kim que
iria e era o que eu faria. Eu poderia evitar o Benjamin o máximo que eu pudesse,
mas sabia que não poderia o evitar para sempre. Eu estava esperando um filho
dele e mais cedo ou mais tarde teria que lhe contar a verdade, mesmo querendo
que isso fosse o mais tarde possível.

Eu estava acompanhando cada passo da minha gravidez bem de perto e o
pré-natal já havia começado. Meu médico era dedicado e tirava todas as dúvidas
que eu tinha pacientemente. Por horas eu já me imaginava com a barriga grande,
comprando roupas para o bebê, pensando no seu sexo e no nome que poderia
colocar. Em todos aqueles momentos eu também visualizava o Benjamin ao meu
lado, acabando me fazendo chorar em muita dessas vezes.
Eu não iria passar energias tristes para meu filho. Eu não iria mais
visualizar Benjamin na minha vida e continuaria trabalhando para o tirar dos
meus pensamentos nem que fosse a força. Eu merecia algo melhor. Merecia
alguém que me amasse de verdade, que confiasse em mim, que me respeitasse e
acima de tudo, que tivesse comigo quando eu precisasse sem me humilhar na
primeira oportunidade.

(…)

Os dias se passaram devagar e mesmo ainda pensando em Benjamin e no
seu casamento que por sinal já estava marcado, eu estava ansiosa para ir a
Boston. Eu queria ver meus amigos, queria ver Donna. Eu falava com ela todos
os dias e mesmo não me contando, eu sabia que ela estava sofrendo pelo que o
Benjamin estava fazendo. Parece que ele não cansava de magoar as pessoas e
quem estava na sua lista era as que mais o amava. Ela ficou radiante quando
soube que eu estava indo para Boston e me obrigou a marcamos algo para matar
as saudades. Eu queria logo falar a ela da gravidez, que ela iria ser avó, mas eu
sabia que Donna ia acabar contando para o Benjamin. Era melhor ninguém mais
saber por enquanto.

Meu relacionamento com Raul estava indo de vento em popa. Ele me
fazia feliz e com ele eu sorria a maior parte do tempo. Já tínhamos brigado
algumas vezes por ciúmes porque eu realmente tinha ciúmes dele, mas tudo
sempre se resolvia. Ele era carinhoso, inteligente e fazia de tudo para me
agradar, mas assim como fui sincera com o Justin que era apenas um casinho, eu
também tive que ser sincera com ele.

Tratei de falar que ainda amava o Benjamin, mas que não tínhamos mais
nada. Falei que se ele quisesse se afastar de mim por isso, eu o entenderia, mas
se quisesse mesmo ficar comigo, eu agradeceria se não me julgasse e me fizesse
esquecer aquele sentimento que atualmente só me fazia sofrer. Ele foi ainda mais
compreensivo do que pensei e aceitou fazer o máximo que pudesse. Ás vezes eu
sabia que ele ficava confuso sobre se deveria mesmo continuar com isso ou não,
porém nunca me metia nos seus pensamentos. Eu ia deixar ele fazer o que bem
entendesse e não queria ser um pivô nas suas decisões correndo o risco de lhe
magoar. Eu sabia muito bem o que era ser magoada e o quanto doía. Não iria
fazer isso com alguém que eu já tanto gostava.

—Tem certeza que não esqueceu de nada ? —Ele perguntou me
analisando quando foi me deixar no aeroporto. Conferi as coisas mentalmente
naquele momento.

—Sim, está tudo aqui.

—E as vitaminas ? Está levando ?

Naquele momento senti uma enorme vontade de chorar. Era tão lindo a
forma que ele se preocupava com um filho que nem era dele. Eu não sabia o que
seria de mim se um dia não dessemos mais certo.

—Sim. Também estou levando.

—Passaporte ?

Levantei o documento no ar e ele sorriu segurando meu rosto.
—Me liga qualquer coisa que acontecer, meu bem. Assim que pisar em
Boston, me avisa, por favor.

—Eu vou avisar sim. E o senhor trate de falar comigo sempre. Não quero
saber que anda de conversinha com aquelas modelos da empresa. —Digo
enciumada e ele solta uma gargalhada gostosa me beijando.

—Eu não seria capaz de trocar você por nada.

—Espero que não mesmo. —Digo abraçando sua cintura e ouço o meu
vôo sendo chamado. —Acho que tenho que ir.

—Também acho, mas já tenho saudades de você.

—Domingo estou de volta.

—Se não voltar, terei que ir lá te buscar. Agora vai lá antes que você
perca seu vôo.

—Tudo bem. —Fico na ponta dos pés e o beijo com vontade. —Eu te
ligo quando chegar.

—Eu vou esperar.

Nos despedimos mais um pouco e sigo para o portão de embarque depois
de lhe dar outro aceno de adeus. Mando uma mensagem para a Kim avisando
que já estou de partida e a hora que devo chegar e ela diz que já está arrumando
um quarto vazio na casa de Gary para eu poder ficar. Ultimamente tem sido uma
batalha ficar acordada e mesmo sendo de manhã, assim que o avião decola eu
caio no sono.

Acordo assustada depois de ter tido um pesadelo estranho e fico aliviada
quando vejo que estou no avião. Dormi cerca de seis horas seguidas e agradeço
por Raul ter escolhido um vôo direto. Detesto fazer escalas. Ainda faltam cerca
de duas horas para chegar em Boston e mesmo ainda estando com um pouco de
sono, não consigo mais dormir. Pego meu celular e olho uma foto minha e de
Raul juntos, mas quando passo para o lado, aparece uma de mim com o
Benjamin. É essa que faz meu coração bater mais rápido. Guardo o aparelho
querendo não pensar muito naquilo.

—Amigaaaa!!! —A Kim corre ao meu encontro quando finalmente nos
vemos no desembarque do aeroporto. Não impeço as lágrimas de caírem quando
a abraço e sinto a sensação de estar em casa. Passamos vários minutos naquele
abraço gostoso até nos afastarmos.

—Eu estava com tantas saudades de você.

—Eu também. —Ela me aperta novamente. —Esse vôo demorou. Achei
que você nunca mais chegaria!

—Agora cheguei. Como está essa pequena ? —Acaricio sua barriga já
bem grandinha. —Se comportando ?
—Não para nunca. —Sorri e toca a minha barriguinha. —Quero ver
quando a sua estiver desse tamanho.

—Ainda falta muito, amiga. Gary! —O noto pela primeira vez e o
abraço. Ele tem sido um ótimo amigo. —Desculpa não ter falado antes. Como
está ?

—Muito bem e você ? Como correu a viagem ?

—Até que passou rápido. Dormi a maior parte do tempo.

—Eu conheço essa história. —Olha para a Kim com um sorriso de lado.
—Vamos para casa ? A Kim preparou um almoço delicioso para a gente.

—Vamos então.

Saímos do aeroporto em direção a sua casa e controlo minha vontade de
perguntar pelo Benjamin. O verão já está em alta e vou direto para o quarto
assim que chego na sua casa. Aproveito para tomar um banho e vestir uma roupa
mais confortável. Faço uma rápida ligação para Raul falando que já cheguei e
desço para almoçar onde conversamos animadamente na mesa. Algum tempo
depois o Gary se despede e diz que precisa sair para resolver alguns problemas
deixando eu e a Kim em casa. Ela trata logo de fazer um cronograma para minha
estadia aqui e vejo que fica sem saber o que falar a respeito do dia vinte e oito.

—Kim, eu não vou te impedir de fazer nada. Se você foi convidada para
o casamento do Benjamin e já confirmou presença, você vai.

—Eu só confirmei pelo Gary, mesmo sabendo que ele também não está
tão a vontade de ir também.

—Para falar a verdade, quando eu fiquei sabendo que o casamento do
Benjamin estava marcado para um dos dias que eu estaria aqui, minha vontade
foi desistir —Confesso. — Só não fiz isso por sua causa e porque já tinha
comprado as passagens.

—Eu realmente não sei o que ele viu naquela garota. Ele se tornou um
estranho para todo mundo.

—Benjamin que faça o que bem entender da vida dele. Eu estou
seguindo a minha.

—Eu percebi. —Me cutuca maliciosa. —Aquele Raul é um pedaço de
mau caminho. Transa bem ?

—Kim! —A repreendo. —Mas sim, ele trabalha bem. O mais importante
é que não me julga e cuida de mim.

—Mas você não gosta dele da mesma forma.

—Eu estou aprendendo a moldar meus sentimentos. Uma hora eu vou
conseguir retribuir tudo que o Raul sente e faz por mim.
—O Benjamin então é página virada ?

—Infelizmente, é sim.

(…)

Naquela segunda-feira não fiz nada demais. Ainda estava cansada da
viagem e fiquei apenas fazendo companhia a Kim em casa. Na terça ela já ia
voltar a empresa novamente, então decidi aparecer por lá para rever amigos.
Devo confessar que também tinha esperanças de encontrar Benjamin e matar um
pouco das saudades de pelo menos o ver de longe. De noite, deitada em meu
quarto, senti uma sensação estranha a qual me fez ficar assustada. Parece que
Boston estava me deixando paranóica. Conversei um pouco com o feijãozinho
na minha barriga que eu não sabia se já me ouvia, mas foi assim que peguei no
sono.

Acordei totalmente disposta e entrei para um banho. Quando saí, escolhi
um vestido camisa jeans que ia até acima dos joelhos. Ainda não tinha uma
barriga que denunciasse minha gravidez, mas não queria arriscar colocando nada
mais justo. Calcei um salto grosso não muito alto em um tecido aveludado na cor
azul-bebê, arrumei meus cabelos os deixando soltos ao longo das costas e saí do
quarto com minha bolsa.

—Está linda! —A Kim me elogiou arrumando a mesa do café. Ela usava
um vestido bonito e social que deixava sua barriga confortável.

—Obrigada.

—Bom dia, amor. Bom dia, Louise.

—Bom dia, Gary. —Falo quando ele chega na sala usando seu terno de
costume.

—Dormiu bem ?

—Muito bem. Você também me dá uma carona até a empresa?

—Claro que sim. —Ele sorri e começamos a comer. A conversa na mesa
é agradável e sinto borboletas no estômago quando saímos de casa e sei que
posso encontrar com Benjamin a qualquer instante.

Assim que piso os pés na empresa, meu corpo todo se arrepia. Algumas
pessoas me olham diferentes, outras confusas, outras com cara de “Eita! Chegou
a ex” e outras mais agradáveis vem me cumprimentar amigavelmente. Ignoro os
maus olhares e passo nas salas que meus amigos costumavam trabalhar. Não
pretendo demorar muito aqui, então vou onde o Leo fica e gritamos juntas
quando ele me vê.

Depois de conversarmos por um bom tempo e ele me convencer a posar
para algumas fotos, me despeço e saio. Ando pelos corredores cautelosamente
temendo encontrar com Benjamin e chego até a copa, que a essa hora está vazia,
a não ser pelas pessoas que trabalham lá e que também são meus amigos.
Engatamos em uma conversa animada e finjo que não me afeta quando eles
comentam do Benjamin e da nova noiva. Mantenho um sorriso no rosto, mas
sentindo meu peito apertar.

—Louise ? —Ouço sua voz atrás de mim e travo. É ele. O sorriso foge
dos meus lábios e todos os pelos do meu corpo se eriçam. Eu pensava que ele
não teria mais tanto efeito em mim como antes, mas pelo visto me enganei
completamente.

Respiro fundo tentando acalmar o coitado do meu coração que pula feito
louco, coloco um sorriso no rosto e só então me viro.

—Benjamim. Tudo bem ?

—Sim … Eu … Você …

Continuo o olhando e querendo dar uma gargalhada pela forma que ele
trava diante da minha presença. Não estou tão diferente desde a última vez que
nos vimos. Talvez tenha alterado levemente a cor dos cabelos para um pouco
mais claros ou até ganhado uma postura mais confiante, mas nada tão grandioso
assim.

—Eu não sabia que você estava em Boston. —Diz sorrindo feito um
adolescente. Meu coração falha uma batida.

—Vim passar uns dias de férias. Cheguei ontem.

—E como vai tudo? Você está diferente.

A gravidez. Caramba, ele notou! E agora ?

—Estou ? Vou levar como um elogio. Você também está um pouco
diferente.

—Estou trabalhando muito só.

—Okay. —Digo sem saber mais o que falar e me levanto sentindo as
pernas trêmulas. —Bom, eu só passei aqui para rever alguns amigos. Já estava
de saída. Foi um prazer te ver de novo.

—Espera. —Pede quando passo por ele e me viro.

—Sim ?

—É … —Engole em seco. —Você está ainda mais linda.

Eu abaixo a cabeça e sorrio. Não aquele sorriso de mulher confiante e
determinada que eu havia me tornado. Era aquele sorriso de boba apaixonada
que eu sempre dava quando estava ou pensava nele. Eu me senti voltando ao
passado e não consegui controlar. Meu coração doía de tanto sentimento que
parece ter sido reerguido de uma só vez.

Acenei colocando alguns fios atrás da orelha e o olhei dentro dos olhos.

—Obrigada. —E saio soltando a respiração que havia segurado.

Ando pelos corredores com minhas pernas voltando ao normal e com um
sorriso maior que o rosto. Antes de atravessar as portas automáticas, vejo a Ysla
entrando em uma roupa impecável e em uma pose mais ainda. Ela mantém o
queixo erguido e parece se sentir a dona do lugar e parece não acreditar ao me
ver ali. Sinto meu sorriso querendo morrer, mas o mantenho firme no lugar e
passo por ela sem olhar para os lados. Não ia dar o gostinho dela saber que sua
presença tinha a capacidade de me abalar, então deixei para soltar o ar dos
pulmões quando saí das vistas da empresa.

Meu coração saltitava e as imagens do Benjamin vinham a minha mente
como um turbilhão. Eu lembrava de todos os momentos que já tínhamos vivido
juntos até tudo ter desmoronado, mas sabia que ele ainda me amava. Eu
consegui ver isso nos seus olhos no momento que nos encontramos.

Eu ainda não sei se estava pronta para o perdoar e nem sei se isso
aconteceria algum dia. Eu estava grávida de um filho seu que ele nem sequer
sabia a existência. Ele ia se casar daqui a alguns dias e eu tinha Raul. Era tanta
coisa para pensar ao mesmo tempo, tantas emoções e sentimentos para aguentar
que peguei um táxi meio atordoada e nem me dei conta do carro escuro que
passou a nos seguir silenciosamente.



Benjamin

Meu amor por Louise não havia diminuído um dia sequer. Eu pensava
nela todos os dias e em todo momento, porém não estava preparado para lhe
encontrar assim depois desse tempo todo. Já se faziam várias semanas desde a
última vez que nos vimos e a encontrar novamente na empresa foi uma das
surpresas mais agradáveis que já tive na vida. Não menti quando disse que ela
estava ainda mais linda. Estava diferente na aparência e no ar que emanava. Ela
aparentava ter mais confiança e tenho certeza que havia mudado algo nos
cabelos, mas não era só isso. Tinha algo nela que gritava para ser notado por
mim. Havia algo de muito diferente que meus olhos não puderam ver, mas que
de alguma forma, atraiu tudo de mim. Eu senti algo nela.

Assim que ela saiu da minha presença, eu quis correr atrás dela e ia fazer
isso se não fosse pela minha agora noiva ter chegado onde eu estava. A mulher
parece que tinha colocado um rastreador em mim. Não era possível.

—O que a Louise estava fazendo aqui ? —Ysla perguntou entrando na
copa sem sequer dar um bom dia.

—Bom dia para você também, querida noiva. —Beijo sua bochecha
vendo que a palavra noiva não se encaixa bem com ela.

—Eu te fiz uma pergunta, Benjamin.

—Eu não sei o que ela estava fazendo aqui. Cheguei e a encontrei, mas
ela logo saiu.
—Eu não quero mais ela pisando os pés aqui. —Range os dentes
tentando me intimidar e eu dou um sorriso debochado.

—Quem manda nessa empresa sou eu, não você. Agora se me der
licença, preciso trabalhar. —Digo e saio com um enorme sorriso no rosto.
Naquele momento eu estava reluzente e nem mesmo a Ysla seria capaz de
destruir isso.

Passei o resto do dia trabalhando com disposição por saber que Louise
estava na cidade outra vez. Eu tinha que dar um jeito de lhe ver sem que a Ysla
soubesse. Eu sei que tinha grandes chances dela sequer falar comigo novamente
já que apenas falou na empresa comigo talvez por educação, mas eu precisava
tentar. Eu ia tentar.

—A Louise está em Boston. —Falo para minha mãe quando chego em
casa. Ela ainda continua chateada comigo, porém menos que antes.

—Eu sei.

—Como assim ? —Pergunto surpreso. —A senhora sabia ? Por que não
me contou ?

—Por que eu contaria ? Pelo o que eu sei, vocês não estão mais juntos e
você vai se casar daqui a quatro dias.

—A senhora sabe que eu ainda amo a Louise.

—Sei ? Acho que não. Quem ama não trai. Quem ama confia. Quem ama
não faz a merda que você está a ponto de fazer.

—Eu achei que teria seu apoio.

—Você tem o meu apoio para fazer o que é melhor para você,
Benjamin. Isso não é o melhor e você sabe disso. Se você quiser se casar, faça o
que bem entender, mas não conte com meu apoio para isso.

—Eu só estou tentando honrar o desejo do meu pai!

—Você tomando conta dos negócios dele já está honrando seu maior
desejo. Não vê isso ?

—Não é o suficiente, mãe. Eu não quero mais falar sobre isso. Vou
descansar. —E saio sem dizer mais nada.

Entrei no meu quarto e bati a porta com força. Nem lembrava a última
vez que estive tão estressado assim. A Louise apareceu hoje na empresa e foi o
suficiente para me aliviar só por vê-la, mas quando ela se vai, é como se a
escuridão e a dor chegassem e tomassem conta de mim. Ainda me lembro da
forma que sua presença doce me trazia paz, a forma que só ela conseguia me
acalmar quando ninguém mais conseguia, como nos davamos tão bem mesmo
nossos feitios sendo tão diferentes.

No dia seguinte iria provar o terno do meu casamento e assinar toda a
documentação do casamento civil, mas antes disso eu precisava ver Louise.
Queria lhe pedir desculpas pelo que a fiz passar, pela minha falta de confiança e
por estar fazendo aquilo tudo. Eu sabia que ela não perdoaria e lhe dava total
razão, mas eu precisava de uma boa desculpa para lhe ver outra vez. Se ela
pedisse para que eu não fizesse isso, eu cancelaria tudo sem pensar duas vezes.
Ela era a única pessoa capaz de me fazer mudar de ideia e no fundo, eu torcia
para que ela pedisse isso.

Sentindo os olhos pesando, lembro do seu sorriso tímido em reação ao
meu elogio. Ela tinha mudado e isso era visível, mas eu sabia que dentro dela,
mesmo que fosse no fundo, ainda tinha aquela Louise doce e inocente a qual eu
conheci. Penso no que de tão diferente que vi nela e forço minha mente a buscar
por algo que justifique aquilo. Talvez eu esteja paranoico ou isso seja apenas
abstinência dela, mas algo me dizia que eu estava certo. Tinha algo de diferente
que eu sabia que tinha a ver comigo, mas quando minha mente já estava
trabalhando para acertar, caí na completa escuridão dos meus sonhos.

(…)

Levantei sem vontade alguma e fui tomar um banho. Eu tentei não fazer
isso, mas comecei a pensar em Louise e meu pau logo começou a ganhar vida.
Imaginar sua boceta rosada engolindo todo o meu pau, sua boquinha me
chupando com uma maestria perfeita, nossos corpos grudando pelo suor devido
aos longos minutos de sexo eram coisas de outro mundo. Fechei meus olhos
tentando lhe imaginar ali comigo e comecei a me masturbar devagar. Eu parecia
um adolescente na puberdade que não conseguia se controlar, porém não estava
nem ligando. Gozei sentindo meu corpo dando uma aliviada e um sorriso brotou
em meu rosto.

Hoje eu não iria trabalhar. A prova do meu terno seria agora pela manhã
e também era o dia que a Ysla ia provar seu vestido mais uma vez. Eu revirava
os olhos comigo mesmo quando ela falava desse vestido dizendo que eu não
poderia o ver antes da data como se eu tivesse interessado. Na verdade, eu não
tinha interesse de ver nem no dia, imagina antes.

Iriamos assinar os papéis no final da tarde na presença dos padrinhos e
madrinhas do casamento. Eu pensei em convidar o Gary e a Kim para ser os
meus, mas sabia que seria muita sacanagem da minha parte vendo que nenhum
deles tinham o mínimo interesse nem em ir à festa em si. Ainda nem acredito
como eles confirmaram presença.

Eram por volta das onze da manhã quando saí da prova de ternos. O
alfaiate havia tido alguns imprevistos e havia se atrasado, chegando a quase
chorar pedindo desculpas pela demora. Se eu tivesse ansioso ou feliz com aquele
casamento, certamente iria ter arrumado maior confusão, mas apenas sorri e
disse que não havia problema algum, mesmo tendo ficado quase uma hora de
molho a sua espera.

—Sim ? —Atendi uma ligação ao ver que se tratava da minha imobiliária
de Londres.
—Senhor Connor, desculpe incomodar. Os cuidadores estavam limpando
a piscina da casa do senhor quando eles encontraram algo que o senhor não tinha
mencionada ainda.

—Como assim ? O que eles encontraram ?

—Ainda não sabemos o que é exatamente, por isso ligamos para o
senhor. Quando esvaziamos a piscina, notamos que havia um azulejo do fundo
fora do lugar e fomos analisar para consertar, só que quando os cuidadores viram
de mais perto, havia algo lá.

—Havia o quê ? Fala de uma vez. —Tento não ser grosso.

—Era uma caixa de aço lacrada. Não sabemos o que tem dentro, mas
acho que é do seu pai. Tem o selo da empresa.

Fico alguns instantes sem saber o que falar. Aquilo me deu
pressentimento estranho. Volto a realidade quando ele volta a me chamar na
linha.

—O que o senhor quer que façamos ?

—Guarde essa caixa como se fosse sua própria vida. Chego aí dentro de
poucas horas. —Encerro a chamada pensativo. Olho para os dois lados da
avenida indeciso e sem saber o que fazer. De um lado eu posso ir ver a Louise
agora mesmo, dizer o quanto eu ainda a amo. Do outro é o caminho onde pegarei
o jato para ir a Londres o mais depressa possível.

Volto a pegar meu celular e faço uma chamada. Logo meu piloto
particular atende.

—Prepare o jato! Estamos indo para Londres.

Não tive tempo de falar com ninguém. Nem com Gary, com minha mãe,
com ninguém. Algo me dizia que eu tinha que ir ver do que se tratava o quanto
antes e eu era capaz de ouvir nitidamente a voz do meu pai na minha cabeça.
Entrei no jato dando instruções para o piloto ir o mais rápido possível e tentei
ligar para o Gary para avisar, mas sempre caía na caixa postal. Mandei uma
mensagem para minha mãe dizendo apenas que tinha tido um imprevisto e que ia
demorar um pouco, mas que logo estaria de volta. Eu já estava no ar a essas
alturas e minha única alternativa agora era esperar.

(…)

Chegamos em Londres em tempo recorde e eu não perdi tempo. Me
dirigi a minha antiga casa e ao passar pelos portões, fiquei surpresa ao ver que
havia outro carro diferente lá, porém não liguei e entrei. Assim que cheguei na
sala principal, encontrei Gary. Ele estava escorado na parede que dividia a sala
da sala de estar e os braços estavam cruzados em cima do peito. Olhei para cima
da mesinha e vi a tal caixa de aço aberta, assim como vários documentos
espalhados por cima do tampo.

—Gary, o que você está fazendo aqui ? —Pergunto sem entender nada.
Como ele estava aqui sem que eu soubesse ?

—Thaddeus Abramowitz. Conhece ?

—Isso é alguma piada ?

—Eu andei dando uma investigada na vida do seu sogro. —Se afasta da
parede e se aproxima da mesa. —Você sabia que ele já foi preso acusado de
lavagem de dinheiro em uma empresa que sequer era dele ?

—Como assim ?

—Você sabia que ele não era melhor amigo de infância coisa alguma do
seu pai ?

—Gary, do que você está falando ? Eu vou ver o que há nessa caixa. —
Digo me aproximando, mas estanco ao ouvir sua última frase.

—Você sabia que ele tentou passar a perna no seu pai alguns anos atrás e
que nessa caixa, seu pai sempre teve todos os documentos que o incriminam ?

Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. As palavras de
Gary ainda giravam na minha cabeça e eu o olhava esperando que aquilo fosse
alguma piada de muito mau gosto. O problema foi que ele não riu. Ao invés
disso, me mostrou todo o conteúdo daquela caixa.

Havia documentos importantes e legítimos indicando os roubos de
Thaddeus, um dossiê completo sobre toda a sua vida que detalhava até a hora
exata que ele havia comprado um carro com dinheiro roubado, fotos dele
negociando com traficantes e pessoas das piores espécies. Tinha muita coisa ali
que podia lhe colocar na prisão durante anos e eu vi que minhas intuições sobre
ele sempre estiveram certas. Eu ia ser enganado mesmo por aquele velho filho da
puta ?

—E isso ? —Pergunto pegando uma fita daquelas de músicas que se
usavam antigamente. —Dá para ouvir ?

—Eu já tratei disso, amigo. —Ele sorri e saca o celular do bolso, aperta
alguma coisa e a voz do Thaddeus soa no áudio:

“Aquele velho do Brock Connor vai se arrepender de ter me colocado
para fora da empresa. Eu vou fazer questão de arruinar com tudo que ele tem,
desde o filho até quem ousar se meter no meu caminho, nem que para isso eu
tenha que ferir dolorosamente as pessoas que ele mais ama…!”

Eu não precisava ouvir mais para saber que ele cumpriria sua promessa.
Meu ar faltou e meu coração acelerou de uma forma anormal. Minha cabeça
doeu e eu só consegui pensar em uma única coisa

—Louise.
Capítulo 45

Louise

A cada dia que se passava, o casamento de Benjamin com outra se
aproximava. Era como se a medida que os dias no calendário ficavam pra trás,
íamos nos distanciando ainda mais, assim como as esperanças que eu tinha de
pertencermos um ao outro novamente. Por um momento, depois do nosso
encontro na empresa, eu pensei que ele viria atrás de mim. Pensei que ia desistir
do casamento e dizer novamente o quanto me amava, mas nada aconteceu. Só
Deus sabe o quanto sinto falta das suas declarações para mim, mas agora posso
ver que ele seguiu. Seguiu sem mim.

Eu não posso o culpar. Eu fiz o mesmo e também tenho outra pessoa,
mesmo não sendo a pessoa que eu amo. Talvez seja egoísta da minha parte, mas
era o que eu sentia. Eu não queria que ele estivesse pra se casar, não queria que
tivesse tão distante de mim assim. Infelizmente eu não poderia fazer mais nada.
Ele já tinha tomado sua decisão e eu tinha que aceitar. Quando tudo isso
acabasse, eu voltaria para Milão e tocaria minha vida como sempre fiz.

Hoje a Kim teria consulta na clínica e eu decidi lhe acompanhar.
Marcamos de depois do almoço, irmos ao cinema já que nunca mais tínhamos
feito isso juntas. Depois de um banho onde passei mais tempo alisando minha
barriga que agora já era casa de uma vida, escolhi uma roupa para vestir. Um
vestido em tecido de cetim brilhante que ia até um pouco acima dos joelhos, era
bem folgado não deixando marca nenhuma no corpo. Tinha um decote elástico
fora do ombro, mangas compridas com algemas de amarrar e silhueta de turno.
Calcei um salto baixo prateado, prendi a parte superior do cabelo para trás e sorri
ao ver o colar de coração que o Benjamin havia me dado meses antes. Eu sempre
o carregava comigo mesmo que não fosse usar, mas desta vez o peguei e
coloquei no pescoço.

—Frank! —Dei um gritinho e corri para o abraçar quando lhe vi junto da
Kim na mesa do café. Ainda não tinha lhe visto desde que cheguei em Boston.

—Olá. Como tem passado as férias ? —Ele retribui meu abraço e
sentamos novamente.

—Bem, na medida do possível. —Sorrio. —E você ? Ainda nem tinha
lhe visto.

—Tive que viajar, mas já estou de volta.

Conversamos animadamente durante o café e ele se oferece para nos dar
uma carona até a clínica. No meio do caminho, sinto uma sensação estranha e
me sinto um pouco zonza, mas respiro com calma até passar. Imaginei que fosse
por causa da gravidez, mas eu ainda não sabia que meu pior pesadelo estava a
ponto de acontecer.

O Frank deu algumas voltas procurando estacionamento perto, mas como
não achou, tivemos que parar um pouco mais longe e irmos caminhando. A
sensação não me abandonava e eu andava olhando para trás. O que me deixava
mais aliviada era ver que o Frank caminhava conosco, assim como o segurança
da Kim, que estava atento a tudo.

—Caralho! Esqueci o cigarro em casa. —Frank xinga e faz careta. —
Desculpe, bebês. Não devia falar palavrão na frente de vocês.

Eu e a Kim rimos quando ele põe a mão na barriga dela e na minha ao
mesmo tempo.

—Esperem um minuto enquanto só vou comprar cigarros. Já volto. —Ele
entra em frente a uma loja que estamos passando em frente e paramos para lhe
esperar.

Nesse momento, tudo acontece rápido demais para que eu possa reagir.
Eu estava parada perto do meio fio e só ouvi freios de carro seguidos por mãos
me agarrando com força. Senti meu corpo sendo içado para dentro de um furgão
e a Kim se virar assustada. O segurança sacou a arma do bolso no exato
momento que eu gritei achando que ele ia atirar. Eu sabia que acertaria em mim.

—Manda seu segurança abaixar a arma. —Escuto uma voz atrás de mim
e mal consigo me mexer. A pessoa que me segura está vestida toda de preto e
usando máscaras para não ser reconhecida.

—Larga ela! —A Kim segura minha mão tentando me puxar de volta.

—Kim, larga. Larga, Kim! —Peço já chorando com medo dele a
machucar e ela também chora.

—Não, eu não vou te deixar, Louise! Larga ela, por favor!

—Solta, garota! —O homem grita furioso tentando soltar a mão dela e a
Kim grita ainda mais sem me soltar.

—Frank!!! —Ela grita alto.

Vejo Frank saindo de dentro da loja e assim que vê o que está
acontecendo, saca uma arma da parte de trás que eu nem sabia que carregava e
aponta na nossa direção.

—Solta ela. —Pede mirando e eu arregalo ainda mais os olhos.

—Frank, tira a Kim daqui, por favor. —As lágrimas banham meu rosto e
sinto enjoos me invadindo. Minha visão fica turva, mas me mantenho firme e
acordada.

—Abaixem as armas ou eu vou ter que usar ela como escudo.

—Não! Ela está grávida. Solta ela, por favor.

—Kim, sai de perto! —Frank pede, mas ela não me solta chorando
desesperada. Vejo medo em seus olhos e sinto que é a última vez que vou lhe
ver.

—Se você não soltar, eu vou atirar. —O homem fala e coloca a arma na
minha cabeça. Fecho os olhos sentindo as lágrimas rolarem ainda mais.

—Por favor …

—Tudo bem então. —Sinto a arma sendo tirada da minha cabeça e
quando abro os olhos, ela está apontada para a barriga da Kim. O homem a
prepara para atirar. —Se você não soltar, o tiro vai ser no seu filho.

—NÃÃO!!! —Grito alto. Eu tinha que fazer alguma coisa. Sentia seu
dedo balançando no gatilho. Aperto os olhos mais uma vez e empurro a Kim
com força a fazendo cair sentada. Ela acaba largando minha mão e o furgão
arranca cantando pneu e me levando embora. Ainda ouço os gritos da minha
melhor amiga caída na calçada e quando me viro na direção do meu
sequestrador, sou atingida com uma coronhada na cabeça que me faz apagar
imediatamente.

(…)

Abro os olhos com dificuldade sentindo uma fisgada junto com uma dor
na cabeça. Meus olhos pesam uma tonelada e querem se fechar novamente, mas
eu luto contra eles para que permaneçam abertos. Me viro de lado rápido o
suficiente para não me engasgar no meu próprio vômito e lá se vai meu café da
manhã. Vejo que o chão é de terra batida e suja, tem um cheiro de molhado
misturado com mofo, o que me deixa ainda mais enjoada. Percebo que estou
deitada em um colchão aparentemente limpo, se não fosse pela sujeira que cai
das paredes em cima dele.

Estou em uma espécie de quarto que parece ter as paredes de madeira. A
iluminação é fraca e assustadora, mas conforme meus olhos vão se despertando,
vou começando a ver tudo melhor. Tem dois baldes dispostos em um lado da
parede e tenho certeza que são eles que exalam um cheiro horrível. Não tem
sinal de janela e as paredes sequer tem alguma fresta para que eu possa ter ideia
de que horas são. Só há uma porta e mesmo sem conferir, tenho certeza que está
trancada. Toco no meu pescoço e vejo que o colar já não está mais ali e sinto
vontade de chorar. Era um dos presentes mais valiosos em sentimentos que eu já
tinha ganhado em toda a minha vida. Era do Benjamin.

Olho para os lados em busca da minha bolsa, mas como o esperado, ela
já não está mais aqui. Levanto da cama devagar por causa da tontura e piso no
chão. De repente minha ficha cai e vejo a gravidade da minha situação.

—Me deixa sair … —Corro na direção da porta, mas caio violentamente
no chão. Olho para meus pés e vejo que tem uma corrente prendendo um deles,
então choro ali mesmo sem me importar com a sujeira que deve está fazendo na
minha roupa.

Me sento levando a mão na barriga e torcendo para meu filho não ter se
machucado. Logo penso na Kim e no que ela passou. A imagem dela segurando
minha mão tentando impedir que não me levassem não sai da minha mente. Seus
olhos chorando de medo, o empurrão que lhe dei a fazendo cair. Por Deus, que
ela esteja bem.
Penso em Benjamin e em onde ele deve estar a essa hora, se já sabe do
que aconteceu, se está bem. Meu coração aperta quando imagino que ele possa
ter se machucado, que talvez esteja morto.

—Não. —Choro colocando a cabeça entre os joelhos. Meus ombros
tremem por causa dos meus soluços e eu tenho medo de nunca sair viva desse
lugar.

Me levanto procurando pelo quarto algo que eu possa usar para tentar me
soltar ou mesmo me defender, mas não tem nada de útil que não seja areia ou
madeira velha. Chuto os baldes com força sentindo as lágrimas voltarem e volto
a me sentar no colchão.

Escuto vozes vindo do outro lado da porta e vou até lá para tentar
reconhecer alguma. São mais de uma e falam ao mesmo tempo alto como se
estivessem discutindo, mas não consigo entender muito do que estão falando.
Ouço passos vindo na minha direção e me afasto da porta. A encaro esperando
com medo do que virá em seguida e posso ouvir até as batidas do meu coração
nas minhas têmporas. Passo os olhos pelo lugar procurando novamente algo para
me defender, mas a porta se abre de vez mostrando uma pessoa que nunca
passou pela minha cabeça que estivesse por trás disso.



Benjamin

Não consegui me controlar o caminho todo de volta para Boston. Eu
estava desesperado e não conseguia me acalmar. Eu sabia que a Louise estava
em perigo. Tento ligar novamente para seu celular, mas cai na caixa postal. O
Gary também está tentando falar com a Kim e fica na mesma situação que eu
quando ela não atende aos toques. A viagem parece durar mais horas que o
normal e sinto minha cabeça a ponto de explodir.

Eu sabia que o Thaddeus estava por trás disso tudo e tinha as provas. Eu
ia fazer aquele desgraçado passar o resto da sua vida preso, mas se ele tiver
sequer tocado em um dedo da minha Louise, ele ia conhecer o meu lado mais
diabólico. Eu ia mostrar para ele como o diabo põe fogo no inferno.

—Alô, Kim ? —O Gary atende o celular ao meu lado quando estamos no
carro indo em direção a sua casa. —Calma, eu não estou conseguindo entender
… Respira, meu amor … Você está bem ? Me fala!

—Me dá isso, Gary! —Tomo o celular da sua mão. —Kim, onde está a
Louise ?

—Benjamin … Ela …—Escuto a voz distante de Kim.

—Fala logo, porra! Cadê a Louise ?

—Eles levaram ela. Eles sequestraram a Louise!

Naquela hora o meu mundo caiu. Eu fiquei em choque e passei a não
prestar atenção ao que se passava ao meu redor. Tudo era um borrão e só senti o
Gary pegando o celular da minha mão novamente. Eu errei com a Louise. Eu
magoei seu coração da forma que prometi que nunca faria. Eu prometi que lhe
protegeria e que ninguém a machucaria, mas eu tinha falhado com ela outra vez.
Agora ela estava sequestrada por pessoas que estavam dispostas a tudo para me
destruir. Eu era o culpado daquilo tudo e não me perdoaria nunca se algo
acontecesse com ela. Eu nunca mais conseguiria viver em paz.

—Irmão, nós vamos encontrar ela. —O Gary diz ao meu lado, mas o
ódio já consumiu meu coração e minha boca se abre em uma promessa:

—Eu vou matar o Thaddeus e matar cada um que tiver tocado na Louise.

Mudamos a rota do carro e fomos em direção a delegacia onde a Kim
disse que estava. O carro mal parou e eu já saltei correndo em disparada para
dentro. A encontrei sentada em uma das cadeiras chorando e o irmão a
consolando. O seu segurança estava ao lado e eu fiquei me perguntando porquê
diabos ele não tinha reagido.

—Amor! —Ela nos vê e o Gary corre na sua direção a amparando nos
braços. Ela chora ainda mais e eu não quero nem imaginar no que ela passou
vendo sua irmã sendo sequestrada na sua frente.

—Está tudo bem. Eu estou aqui agora.

—Eles levaram a Louise. —Se vira para mim com os olhos marejados e
soluçando. —Eu tentei impedir, Benjamin. Eu juro que tentei impedir e segurei
na mão dela, mas ela me empurrou.

—Não tem que se desculpar, Kim. —A abraço. —Você está bem ?

—Sim, mas ninguém sabe o que fazer para achar ela.

—Você viu quem a levou ? Deu para ver algo ?

—Não, eles estavam encapuzados e eu não consegui … —Ela não
termina de falar e desmaia em meus braços. O Gary corre para a socorrer e a
ergue no colo. Eu os deixo e vou andando a passos largos em direção a sala do
delegado.

—Eu também tentei impedir, Benjamin. Eu não podia atirar. —Frank
vem ao meu lado, mas não paro para conversar.

—Poderia sim. Agora minha mulher está nas mãos de sabe-se lá quem.

—Se eu atirasse podia lhe machucar.

Paro de andar e o encaro. Sua feição permanece impenetrável e me
lembro da forma que ele já havia dado em cima de Louise, mas ignoro. Não era
momento para aquilo.

—Eu quero explicações agora! —Entro sem pedir licença na sala do
delegado.

—Estamos trabalhando para encontrar a senhorita Hansen, senhor
Connor.

—Ah, é ? E me diga lá o que já descobriram.

Ele fica calado.

—Foi o que pensei. —Dou uma pausa. —Eu já vou avisando, delegado.
Se algo acontecer com minha mulher, o senhor vai ter que me prender, mas eu
vou matar quem estiver por trás disso.

—Senhor Connor, não faça nada que possa se arrepender depois. Já
estamos colhendo depoimentos de testemunhas e logo a encontraremos.

Dou um sorriso debochado e me viro para sair dali, mas ouço sua voz
quando chego até a porta:

—Onde você vai ?

—Eu vou encontrar a Louise custe o que custar.

Pego meu celular e ligo para minha mãe a fim de confirmar se ela está
bem. Quando confirmo, não falo o que está acontecendo, mas peço que ela não
saia de casa. Depois da chamada, contacto minha agência de segurança pessoal e
os mando para minha casa. Eu não ia deixar que mais ninguém fosse prejudicado
por minha causa.

—E então ? Já sabe de alguma coisa ? —O Gary pergunta quando chego
junto dele novamente. A Kim já está acordada e com a cabeça deitada em seu
peito.

—Eles não vão fazer nada. Eu preciso ir.

—Onde você vai ?

—Eu vou encontrar a Louise por minha conta, Gary! Se ela se machucar
eu nunca vou conseguir me perdoar.

—Eu vou com você.

—Eu também vou com você. —A Kim se levanta soluçando.

—Não, amor. Você está grávida e não pode se estressar.

—Gary, eu vou você querendo ou não. Nem que eu fique esperando, mas
eu vou.

Vejo meu amigo respirar fundo sabendo que já perdeu a discussão e ele
assente. Saímos da delegacia sem a mínima ideia do que fazer ou para onde ir, eu
estou tão perdido quanto eles. Nunca me envolvi com criminosos assim e não fui
treinado para isso, mas vejo uma luz fim do túnel assim que piso fora da
delegacia.

Há vários carros pretos parados em perfeito alinhamento dos dois lados
da rua e fora de alguns deles, há homens armados pesadamente. Não vejo seus
rostos ou sequer o que ocorre dentro dos carros, que contando, vejo bem mais
que oito. Logo na nossa frente, vejo Franklin parado de braços cruzados
encostado em um deles. Ele sorri de lado como se tivesse se divertindo com
minha reação.

—O que está acontecendo aqui ? —Pergunto me aproximando e ele
estende a mão para mim.

—Me permita me apresentar novamente. —Aperto sua mão sem entender
nada. —Franklin Stone, Dom maior da máfia russa.

—É o quê ? —A voz da Kim soa atrás de nós e ele a olha como se
pedisse desculpas.

—Desculpa não ter falado a verdade, Kim. Eu não podia, a não ser em
situações extremas e agora é uma situação extrema. Eu estou aqui para ajudar.

—Ajudar como ? —Minha pergunta sai no mesmo instante que ele saca
uma Glock19 sabe-se lá de onde e me estende. Eu fico alguns segundos a
olhando sem saber se devo pegar. Logo penso na Louise e que faria tudo que
tivesse ao meu alcance para lhe trazer de volta em segurança, então pego a arma.
Ele pega a sua um pouco maior que a minha e a carrega com habilidade:

—Vamos atrás da sua namorada.

(…)

Eu não estava nem ligando se meu casamento seria amanhã, eu não ia
mais. Eu havia descoberto todas as merdas e falcatruas de Thaddeus e mesmo
tendo cartas na manga, ele ainda era mais experiente do que eu. Se Gary e minha
mãe não tivessem colocado investigadores na sua cola, com certeza eu iria
destruir a empresa que meu pai deu tanto duro para erguer. Aí sim eu nunca mais
ia me perdoar mesmo. Eu me sinto um idiota vendo que iria cair na sua conversa
feito um patinho e que boa parte da Global Connor’s poderia ter ido pro bolso de
Ysla, o que era mesma coisa que ir para o seu pai também. Como fui burro!

Estávamos no mesmo carro que o Frank enquanto ele ia nos falando que
já tinha colocado homens para descobrir onde Louise estava, mas que era um
trabalho difícil. Teríamos que fazer tudo as escondidas da polícia, porque afinal
de contas, estávamos falando da máfia russa. Eu sempre olhava pelo retrovisor
vendo que vinham alguns carros pretos atrás de nós que fazia parte da equipe de
Frak, mas sabia que não muito longe de nós, atento a cada atitude suspeita,
haviam mais deles apenas esperando ordem do “Nosso Dom”.

Eu não conseguia sossegar, a cada minuto que se passava sem sinal de
Louise eu sabia que era um minuto perdido. Ela poderia está machucada, com
fome, com frio. Ela podia ter sido … Não, não, não. Isso não! Eu não queria
pensar negativo, mas as circunstâncias não ajudavam em nada. Eu só imaginava
minha doce menina sofrendo na mão de Thaddeus, seu corpo pequeno sendo
machucado. Eu só queria gritar. Gritar e expulsar aquela sensação de impotência
que estava tomando conta de mim. Eu tinha que lhe proteger. Era meu dever lhe
proteger.

—Ainda nada ? —Frank pergunta a um de seus soldados e ele apenas faz
que não com a cabeça saindo logo depois com um comando de seu dom.

Já era por volta de duas da manhã e eu não tinha o mínimo sono que
fosse. Os homens de Frank já tinham tido informações que Louise estava em
Nahant, uma pequena cidade no Essex, um condado menor ainda. Ficava fora de
Boston e cerca de uma hora e meia de carro até lá. Quando eu me apressei já
querendo ir ao seu encontro e destroçar todos ao meu caminho, fui impedido.
Eles tinham certeza que Thaddeus não estava sozinho e tinham que sondar o
lugar e saber se realmente Louise ainda estava lá antes de darmos o passo.

Paramos em uma lanchonete dessas de beira de estrada quando a Kim
reclamou de fome e tivemos que lhe alimentar. Eu não queria parar, queria
apressar logo o caminho, mas não era hora de discutir com a fome de uma
mulher grávida. Eles comiam, mas eu não. Nem saliva descia na minha garganta
de tanta tensão que eu estava. Eu estava sempre olhando o celular e vendo as
fotos de Louise que ainda tinha na minha galeria. Tinha todas. Eu esperava por
um sinal dela. Esperava por algo dizendo que ela estava bem. Eu rezava para que
ela estivesse bem.

—Come, Benjamin. Você vai ter que estar forte para quando encontrar a
Louise. —A Kim fala e eu tento sorrir.

—Não tenho fome, Kim. Obrigado.

Não falei mais. Eu queria ficar sozinho com meus pensamentos e não me
distrair com nada que não fosse ela.

Voltamos a estrada deserta e praticamente vazia que dava acesso a
Nahant por volta das três da manhã. Agora havia mais carros atrás de nós. Me
encostei no banco sentindo meus olhos pesados e passei a mão no rosto tentando
ficar acordado. Eu não poderia dormir.

Meus olhos ardiam e minha cabeça doía muito. Eu estava já vendo tudo
borrado quando o celular de Frank tocou e logo fiquei em alerta novamente. Ele
falava algo que eu não conseguia entender e desligou o celular se virando para
mim com um sorriso no rosto
—Parece que localizamos sua mulher.
Capítulo 46

Louise

—Olha só quem está de volta a Boston. —Ele ri entrando no quarto e eu
recuo alguns passos.

—Justin.

—Ainda lembra do meu nome ? Achei que tivesse esquecido depois de
ter me humilhado junto com aquele seu ex-namoradinho pela-saco.

—Eu não te humilhei. Você fez isso! Você que contou a todo mundo o
que eu pedi para não contar.

—Eu já falei que foi sem querer! —Grita. —Mas não é isso que você é ?
Uma puta.

—Por que você está fazendo isso, Justin ?

—Para te mostrar o que você perdeu ao escolher ele do que a mim. Eu
poderia ter dado o mundo a você, mas não. Você preferiu olhar para quem tinha
mais dinheiro. Preferiu quem poderia bancar seus luxos ao invés de quem queria
te dar todo o amor do mundo!

—Você é imbecil! Eu escolhi o Benjamin porque ele foi mais homem que
você.

—Mais homem ? —Ri debochado. —E cadê o homem agora ? Não estou
vendo ele aqui. Ah, já sei! Deve estar se preparando para o casamento dele, já
que ele te trocou assim como você fez comigo.

Suas palavras me atingem de verdade, mas finjo que não. Ele dá alguns
passos na minha direção e eu continuo recuando. Seus olhos emanam ódio e me
sinto indefesa perto dele. Estanco quando vejo que encostei na parede.

—Não chega perto de mim! —Grito.

—Por que não ? Você não reclamou quando eu te comi toda na cama
daqueles motéis que te levava. Ao contrário disso, gemia e gozava igual uma
cadela no cio! —Ele mal termina de falar e eu acerto um tapa forte no seu rosto.

Ele dá um sorriso ainda com o rosto virado e o mesmo some quando ele
agarra meu pescoço me prendendo contra a parede. Tento me desvencilhar do
seu aperto, mas ele é dez vezes mais forte que eu. Sinto meus pés sendo erguidos
do chão e aos poucos vou ficando sem ar. Minha visão fica turva, um enjoo sobe
até minha garganta e ele me solta fazendo com que eu caia no chão tossindo.

O vejo indo até a porta e parar no meio do caminho, ele passa os dedos
entre os cabelos como se tivesse nervoso. Seu celular toca no seu bolso e ele
atende falando com alguém. Não consigo entender o conteúdo da conversa, mas
sei que é uma chance para tentar sair desse lugar.

Me levanto devagar enquanto ele continua no celular, e como vi nos
filmes, prendo seu pescoço com os braços. Seu celular cai no chão e ele tenta se
desvencilhar do meu aperto. Seus dedos cravam na minha pele me machucando
e ele agarra meu cabelo com força, porém não solto. Minha vida e do meu filho
dependem do meu esforço.

Ele começa a andar de costas comigo ainda agarrada ao seu pescoço e
sinto meu corpo bater com força contra a madeira. Sinto a respiração falhar e
acabo afrouxando o aperto. Ele me segura por um dos braços e acerta meu rosto
com um soco forte me fazendo ver estrelas. Sinto o lugar formigando e meu
corpo sendo arremessado para longe. Minhas costas atingem a parede e eu caio
novamente no chão de terra batida.

Ele se abaixa onde estou caída sentada e segura meu rosto para que eu o
encare. Sinto seus dedos apertando com força os dois lados da minha bochecha
me causando dor. Acerto um soco na sua cara com a mão livre e ele se afasta,
mas logo se aproxima de novo e ergue a mão para acertar minha barriga.

—Não! Eu estou grávida. —Grito fechando os olhos tentando me
proteger o máximo que posso esperando o soco que não vem.

—O que você disse ?

Abro os olhos devagar e o vejo me olhando ainda mais furioso.

—Eu disse que estou grávida. Não me machuque, por favor.

—Grávida do Benjamin ? —Grita e eu estremeço sem responder. —
Responde, sua vadia! —Volta a apertar meu rosto e bate minha cabeça contra a
madeira me deixando zonza.

—Sim, sim. É do Benjamin. Não me machuca, Justin, por favor.

—Você.não.vai.ter.esse.filho.com.ele! —Fala alternadamente batendo
minha cabeça contra a madeira novamente e respingos de sua saliva voam no
meu rosto. Posso ouvir o barulho do choque contra a madeira dura e minha
cabeça pende para o lado. Não tenho mais forças para lutar, sinto que cada vez
que o enfrentar será motivo para ele me machucar ainda mais, então apenas me
encolho no lugar protegendo minha barriga.

—Por favor …

—Eu não queria te machucar, Louise, mas você pediu por isso. Nosso
negócio é com seu namoradinho. —Ele fala e eu escuto sua voz distante. Vejo o
borrão da luz vindo da porta e sua silhueta na minha frente.

—Deixa o Benjamin … em paz …

—Por que deixaríamos, princesa ? —Uma segunda pessoa entra no
quarto e tenho a impressão de reconhecer sua voz de algum lugar. Forço minha
mente a lembrar, mas isso me causa dores de cabeça. Quando essa pessoa se
abaixa na minha frente, seu perfume forte entra pelo meu nariz e eu vomito nos
seus pés.

Sinto meu rosto arder com o tapa que levo em seguida e um xingamento

—Vadia!

Thaddeus.

—Levanta daí! —Segura meu braço com força e me levanta. Mal
consigo me aguentar nas próprias pernas, tropeço enquanto ele praticamente me
arrasta para fora do quarto depois de soltar a corrente. Estamos em uma casa. É a
única coisa que consigo notar.

Sou arrastada por alguns cômodos tão escuros quanto o quarto que estava
antes e chegamos no topo de uma escada. Ele me empurra para que eu desça na
frente, porém sem sua mão me segurando, minha perna não tem firmeza e acabo
caindo rolando escada abaixo. Só paro quando meu corpo bate no final
encontrando novamente o chão, só que agora de concreto que arranha todo meu
corpo.

—Ai … —Resmungo me virando de dor para os lados. Levo a mão a
barriga sentindo que vou desmaiar e novamente sou levantada bruscamente.

Sou arrastada por um corredor estreito onde há alguns canos gigantes
parecendo ser um subsolo. Sinto o lado do meu rosto que levei o soco ficando
inchado impedindo que note mais detalhes. Justin abre uma porta e Thaddeus me
joga para dentro. Uso os braços para diminuir o impacto contra o chão. As
lágrimas vêm ao meu rosto e rezo para que Deus não deixe que meu filho morra.
Meu rosto arde em contato com as lágrimas salgadas e toco meu lábio. Meus
dedos surgem com sangue que eu limpo no vestido.

—O que vocês querem ? —Me arrasto para junto da parede e me encolho
novamente. Thaddeus vem até mim e se abaixa.

—Vingança.

Ele agarra meus cabelos e me puxa pelo quarto ignorando meus gritos de
dor. Sinto meu couro cabeludo pinicando e cravo as unhas nas suas mãos, mas
ele parece não sentir dor. Já não vejo o Justin no quarto, então quando ele me
solta para pegar sabe-se lá o quê, mordo com força o tendão do seu calcanhar e
ele cai urrando. Tento me levantar com uma dificuldade enorme e corro em
direção a porta. Minha passagem é interrompida bruscamente quando esbarro no
Justin e tento recuar o encarando assustada, mas sou atingida por um soco ainda
mais forte e não resisto. Acabo apagando novamente.

(…)

Abro os olhos sentindo todo meu corpo doer e gemo ao tentar me mexer.
O sangue que sai do meu nariz cai em cima das minhas pernas. Meu vestido está
completamente sujo e o cheiro típico de ferrugem me deixa enjoada. Levanto a
cabeça para olhar onde estou e sequer tenho forças para isso, mas logo alguém
me obriga a abrir os olhos quando puxa violentamente meus cabelos para trás.

—Você resiste mais do que eu pensei. —Thaddeus fala me olhando com
um sorriso no rosto. Encho minha boca de saliva e cuspo tudo na sua cara.

—Velho nojento!

—Cadela! —Acerta um tapa no meu rosto e é como se eu já tivesse
dormente. O vejo limpar o rosto com um lenço que tira do bolso e sorrio mesmo
com minhas bochechas ardendo

—Logo o Benjamin vai estar aqui, assim como a polícia. Você vai mofar
na cadeia!

—Você acha ? —Ri debochado. —Nessas alturas o Benjamin deve estar
em casa descansando para seu casamento com minha filha amanhã. A mulher de
verdade para ele e não uma prostituta barata igual você.

Novamente aquelas palavras me atingem e volto a repensar se realmente
Benjamin vem me salvar. Talvez isso só aconteça em filmes e ele realmente
esteja se preparando para o grande casamento.

—O que foi ? —Ele aperta meu pescoço. —Ficou triste ? O gato comeu
sua língua ?

—Vai se foder!

—Você tem a boca bem suja, mas logo eu vou tratar disso. Quero ver
você falar assim quando eu cortar essa sua língua fora.

Se levanta e vai para um canto da sala onde tem uma mesa com vários
objetos de tortura. Arregalo os olhos já imaginando no quanto vou sofrer e
procuro novamente algo para me defender, mas mesmo que eu ache não vai
adiantar muito. Uma de minhas pernas está acorrentada.

—É uma pena o Benjamin não saber que vai ser pai. —Se vira para mim
segurando um alicate. —E só vai saber depois que vocês dois já estiverem
mortos.

Ele ri de forma diabólica e eu protejo minha barriga com as mãos. Me
afasto o máximo que posso quando ele caminha na minha direção e sinto meus
olhos encherem de lágrimas.

—Não, não, por favor. Não machuca meu filho.

—Não vai doer. Doeu mais quando o pai do seu ex-namoradinho me
tratou como lixo. Só estou retribuindo o favor.
Fecho os olhos ainda segurando a barriga e alguém abre a porta
violentamente.

—Senhor Thaddeus, fomos localizados.

—Droga! —Thaddeus grita e se afasta indo em direção a porta, mas logo
se vira novamente na minha direção: —Ainda não acabei com você.

Minhas esperanças se renovam quando ouço um de seus homens falando
que fomos localizados. Alguém está me procurando. Eles estão procurando por
mim e por meu filho. Não consigo conter as lágrimas, mas também fico
preocupada. Se for Benjamin, o Thaddeus não vai medir esforços para o matar.
Eu tenho que fazer algo para impedir. Eu não posso deixar que ele se machuque.

Olho na mesa de tortura e vejo que Thaddeus esqueceu o celular ali.
Espero poucos segundos para ver se ninguém entra e vou andando de quatro até
lá. A corrente não alcança e tenho que me esticar para tentar pegar, mas não vai.

Gemo de dor ao sentir uma fisgada nas costas e meu corpo cai. Sangue
ainda escorre pelo meu nariz e tentando ignorar a dor que se propaga quando
puxo muito a perna fazendo a corrente me machucar, alcanço a mesa. Acabo
derrubando alguns utensílios e torço para que ninguém tenha escutado. Pego um
bisturi e o escondo dentro da manga do meu vestido. Eu posso me machucar,
mas preciso me defender.

Volto para meu lugar tentando lembrar o número de Benjamin e controlo
um grito quando minha cabeça dói de verdade. Com os dedos trêmulos, vejo que
já tem o número dele salvo e ponho para chamar.

—Atende, por favor. —Choro com o coração acelerado e dividindo
minha atenção também a porta. —Benjamin, por …

—Thaddeus ? Seu filho de uma puta! Eu vou te …

—Benjamin, sou eu. Louise. —Meu coração anda aos tropeços ao ouvir
sua voz e as lágrimas jorram ainda mais.

—Louise ? Meu amor, você está bem ? Como você está ? Alguém te
machucou ?

—Eu estou bem. Não vem para cá, por favor. Ele vai te matar!

—Eu que vou matar esse filho da puta se ele tiver tocado um dedo sequer
em você. Me diz direito onde você está.

Ouço vozes no fundo inclusive a da Kim. Meu coração aperta ao ver que
ela está segura e tento lembrar se sei onde estou, mas nada vem.

—Eu … Eu não sei. Eu estou em um quarto no subsolo e … —Nem
termino de falar e a porta se abre novamente revelando Thaddeus. Ele me olha
com sangue nos olhos e vem andando rapidamente na minha direção.

—Vagabunda!

—Benjamin, não vem!

—Louise, não! Não toca na minha mulher, seu filho da puta! —Ainda
posso ouvir sua voz na linha quando o celular é tomado da minha mão e sou
acertada com um chute na barriga que me faz perder o ar. Fico em choque
sabendo que atingiu meu filho e minha cabeça pende para trás. Não consigo
chorar, não consigo sentir dor. Eu devia proteger meu filho. Eu falhei como mãe.

—Pelo visto o galãzinho já está a caminho. —Ouço Thaddeus falar ao
celular: —Estou te esperando ansioso. Quero que você chegue aqui e veja com
seus próprios olhos o estrago que vou fazer com a mulher que ousou atrapalhar
meus planos.

Atrapalhar seus planos ? Eu ? Do que esse doente está falando ?

Me encosto na parede quando ele vem na minha direção sorrindo e ainda
falando no celular.

—Deixa o Benjamin em paz …

—Agora isso já não vai me fazer diferença. Tomou a decisão tarde
demais. —Dá uma pausa. —Afinal de contas, essa garota é mais resistente do
que pensei. —Ele ri e ouço gritos vindo da linha. —Pena que não vai ser por
mais tempo!

Nesse momento ele pisa com força em cima da minha perna e eu grito
com a dor insuportável que toma meu corpo. Meu grito gutural sai por minha
garganta tão alto que minha cabeça lateja. Fico zonza sabendo que minha perna
foi quebrada e nem consigo olhar. Ele continua passando um pé de um lado para
o outro como se estivesse matando uma barata. Ele não tem pena e nunca deve
ter ouvido falar em misericórdia.

—Benjamin … —Seu nome sai da minha boca em um gemido tão baixo
que eu mesma quase não escuto. Não consigo prestar atenção em nada a minha
volta, tudo parece começar a ficar mais escuro e eu tento não apagar novamente.
Cuspo o sangue junto com a saliva que se acumula na minha boca e antes que
pense em mais nada, algo atinge minha cabeça com tanta violência que sinto que
a vida escapou de mim. Meus olhos começam a se fechar e antes que tudo se
torne completa escuridão, ainda posso sentir as batidas do meu coração
diminuindo o ritmo lentamente. Acabou.



Benjamin

—Thaddeus ? Seu filho de uma puta! Eu vou te … —Atendo o celular ao
ver seu número estampado no ecrã, mas outra voz preenche o outro lado da
linha. Uma voz doce e cansada, mas que é capaz de encher meu coração de
felicidade.

—Benjamin, sou eu. Louise.

—Louise ? Meu amor, você está bem ? Como você está ? Alguém te
machucou ? —Pergunto atropelando as palavras.

—Eu estou bem. Não vem para cá, por favor. Ele vai te matar!

—Eu que vou matar esse filho da puta se ele tiver tocado um dedo sequer
em você. Me diz direito onde você está.

—Eu … Eu não sei. Eu estou em um quarto no subsolo e … —Ela para
de falar e ouço vozes ao fundo. Temo pela sua segurança e ouço a voz de
Thaddeus

—Vagabunda!

—Benjamin, não vem! —Louise ainda grita no outro lado da linha
chorando. Meu coração aperta por ter sido um imprestável com ela. Agora sua
vida está nas minhas mãos e o remorso toma conta de mim.

—Louise, não! Não toca na minha mulher, seu filho da puta! —Urro.

—Pelo visto o galãzinho já está a caminho. —Ouço Thaddeus falar ao
celular. —Estou te esperando ansioso. Quero que você chegue aqui e veja com
seus próprios olhos o estrago que vou fazer com a mulher que ousou atrapalhar
meus planos.

—Thaddeus, não machuca ela, por favor. Eu faço o que você quiser. Eu
te dou o que você quiser, mas deixa ela em paz. —Minha voz treme. —Você
quer a empresa ? Eu te dou ela toda. Eu não me importo.

—Deixa o Benjamin em paz … —Ouço a voz de Louise no outro lado e
me controlo para não chorar.

—Agora isso já não vai me fazer diferença. Tomou a decisão tarde
demais. —Dá uma pausa. —Afinal de contas, essa garota é mais resistente do
que pensei. —Ele ri e a Kim chora ao nosso lado: —Pena que não vai ser por
tanto tempo.

Nesse momento o grito de Louise é tão alto e aterrador que todos no
carro ouvem. Ela chora de dor e o medo de a ter perdido me consome. Não
consigo prestar atenção em nada, o sangue sobe nos meus olhos e isso despertou
em mim sentimentos sombrios que eu nem conhecia. Ainda com o choro de
Louise misturado a risada de Thaddeus, pego a arma que estou segurando e a
carrego.

—Thaddeus, você acabou de assinar sua sentença de morte.

A partir daí as coisas acontecem rápido demais. Já tínhamos a localização
de onde tinham levado a Louise e com sua chamada feito pelo celular de
Thaddeus, foi uma ajuda a mais para chegar lá. Minha pequena tinha nos
ajudado quando na verdade nós que devíamos lhe ajudar. Era sem dúvida a
mulher mais forte que eu já conheci na vida.

O céu ainda estava escuro quando chegamos próximos a casa. Não se
ouvia barulho de nada a não ser os grilos e o vento farfalhando das grandes
árvores. Não tivemos permissão para sair do carro, e só não fiz um escarcéu para
que não estragasse tudo. Os homens de Frank desceram dos carros com suas
roupas escuras se camuflando na escuridão e em poucos segundos eu mesmo os
perdi de vista. Frank recebia informações atualizadas o tempo todo pelo celular e
parece que ele estava me testando. Ao invés de falar logo para os seus homens
invadirem aquele lugar, ficava apenas dando ordens de segurança.

O lugar era para lá de remoto. Ficava em um vale coberto por vegetação
e um rio passava não muito longe. A estrada de alcatrão já tinha sido deixada
para trás e agora nossos pés e os pneus dos carros se encontravam com areia e
muita poeira. Estava frio e fiquei pensando se pelo menos ela estava aquecida.
Olhava o celular o tempo inteiro para ver se vinha outro contato, mas nada. Eu
ficava ainda mais preocupado pensando no pior.

—Ela vai ficar bem. —A mão da Kim pousa no meu ombro e eu a olho.
—Ela é forte.

—Eu sei que sim.

—Dom, é a hora! —Um dos soldados fala e ele se vira para nós
engatando sua arma.

—É a hora!

—Você fica! —O Gary fala segurando a Kim quando a mesma ameaça
descer do carro.

—Você ficou doido ? Eu preciso ver a Louise.

—Kim você não! —Agora o Frank também fala e olha para sua barriga.
Ela entende que não pode se arriscar assim e volta a se sentar irritada. Ele dá
ordens para alguns homens ficarem de guarda nela e caminhamos os três em
direção da casa.

—Vocês ficam aqui. Não saiam até eu dizer que o faça e se protejam
bem. —Ele fala e logo some em algum lugar escuro. Eu até tento falar dizendo
que ele não manda em mim, mas penso na ajuda que ele está dando.

Meus pensamentos são interrompidos quando o barulho de vários tiros ao
mesmo tempo começam pelo lugar. Vozes e outros sons se misturam e eu me
protejo o máximo que posso me abaixando. Vejo os homens de Frank atirando
naturalmente enquanto andam em direção a casa e me sinto em um filme de
ação. Tomo um susto quando alguém passa no nosso lado, mas me acalmo ao ver
que também é homem de Frank. Eles se esgueiram ao redor da casa e eu
sinceramente não posso ficar aqui esperando.

—O que você está fazendo ? —O Gary pega no meu braço quando me vê
levantando.

—Eu vou tirar a Louise desse lugar.

—Você tem que esperar, Benjamin! Vai acabar se machucando.

—Se você quiser ficar aqui, que fique. Eu vou atrás dela. —Digo com
firmeza e ele larga meu braço sabendo que não vai me fazer mudar de ideia. Ele
acena com a cabeça e me segue pela lateral da casa. As janelas estão todas
fechadas por fora com madeiras grossas e caminho encostado na parede.

Paro de andar quando chego no limite das paredes que dão aos fundos e
observo os movimentos. A porta está aberta e quando dou um passo para ir até
lá, alguém sai correndo da casa olhando para trás e falando palavrões. Justin.

—Ei! —Grito apontando a arma na sua direção e ele estanca. O vejo se
virando e um sorriso brota nos seus lábios

—Benjamin Connor.

—Você também está por trás disso, seu filho da puta ?

—Qual a surpresa ? Você acha que eu ia perder a chance de me vingar de
você ?

—Você é mesmo um covarde! Por que a Louise ? Por que não mexeu
com alguém do seu tamanho ?

—Ela foi só uma isca para chegar até você. Parece que deu certo. —Dá
de ombros. —Por que não resolvemos isso de uma vez por todas ? Como
homens.

—Homens ? —Sorrio debochado. —Eu já te fodi uma vez na porrada.
Não seria difícil fazer de novo. Não sabe quanto tempo esperei por isso.

—Então abaixa a arma e vem. —Ele larga a arma que está segurando no
chão e logo em seguida tira outra da cintura fazendo o mesmo. Eu aperto os
olhos tentando ver blefe nas suas feições e abaixo a arma devagar querendo
socar a cara do infeliz.

—Você é mesmo um idiota que gosta de apanhar. —Caminho na sua
direção apertando os dedos. Ele também faz o mesmo, mas eu paro quando ele
puxa outra arma da parte de trás da calça e aponta no meu peito. Idiota!

—E você é a porra de um mauricinho burro. —Cospe as palavras com
olhos frios.

Ele engata a arma e quando me preparo para ser atingido, ouço um
disparo perto do meu ouvido e abaixo a cabeça. Um zumbido desconfortável
surge dentro da minha cabeça e a balanço de um lado para o outro atordoado.
Abro os olhos e vejo Justin no chão. Ao meu lado, Gary ainda mantém a arma
apontada para ele.

—Precisa ver mais filmes de ação, amigo. —Pisca para mim com um
sorriso idiota nos lábios e vemos alguns soldados afastando as armas e erguendo
Justin. O tiro foi no ombro e o infeliz ainda está vivo, mas não tenho tempo para
pensar nisso agora. Pego minha arma e entro na casa.
Ando pelo lugar cautelosamente atento a tudo e vejo alguns dos homens
de Frank também. Eles fazem acenos para que eu prossiga e faço. Eles se
espalham por várias direções e eu também sigo para uma que dá ao topo de uma
escada. Desço os degraus com a arma em punho e ao chegar no solo novamente,
vejo o colar de coração que dei para Louise há alguns meses jogado no chão. Me
abaixo e o pego sabendo que estou na direção certa, então guardo-o no bolso e
sigo.

No corredor há alguns homens de Thaddeus espalhados e quando penso
que não vou conseguir chegar até onde Louise está, homens de Frank chegam
pelo outro lado e os alveja com armas silenciadoras. Eles param na porta do
quarto e eu faço sinal para que não entrem. Eu quero fazer aquilo por minha
própria conta. Eu quero acabar com a vida de Thaddeus, nem que depois eu
também seja morto.

Entro no quarto silenciosamente e já o vejo de costas. Ele está arrumando
alguma mala provavelmente para fugir e resmunga palavrões a meu respeito.
Vejo uma mesa com vários objetos de tortura e não quero nem imaginar o que
vou fazer se ele tiver usado algo daquilo na minha Louise. Pego sua arma que
está em cima da bancada e tiro as balas fazendo barulho de propósito para que
ele escute.

—Olha só quem eu encontrei. —Digo quando ele se vira assustado. Ele
olha para os lados procurando sua arma e arregala os olhos quando vê que eu a
estou segurando. Tenta correr para pegar outra não muito longe e eu atiro perto
do seu pé o fazendo parar.

—Chegou tarde, Benjamin Connor. —Sorri debochado.

—Onde está a Louise ?

—Que falta de educação a sua. Nem acredito que era com esse fedelho
que minha filha iria se casar. Ela baixou tanto o nível.

—Igual sua mulher ? Aquela cadela que deu para mim no seu quarto
enquanto você estava na sala enchendo o rabo de vinho ?

Suas feições mudam e eu sorrio vitorioso, mas logo paro e atiro perto da
sua cabeça fazendo com que ele se assuste.

—Eu vou perguntar pela última vez. —Não reconheço minha própria voz
quando essa passa pelos meus lábios. —Onde está a Louise ?

Ele olha para um lado onde não posso ver o que tem e vou caminhando
de costas para lá ainda apontando a arma para ele. Ele também recua alguns
passos e quando tenho a mesma visão que ele, meu peito queima. As lágrimas
querem vir à tona quando vejo Louise completamente machucada. Ela está
pendurada pelos braços por uma espécie de corrente e tem o corpo nu. Está
desacordada e os cabelos aparentemente úmidos caem na frente do seu rosto.
Seu corpo está coberto de sangue e escoriações. Não a reconheço por baixo de
toda aquela violência e perco o resto de controle que tenho.

Quando me viro novamente para Thaddeus, ele está pegando uma nova
arma, porém não tem tempo para nada. Corro com uma velocidade anormal na
sua direção e o derrubo com violência. Um tiro é disparado, mas se tiver sido em
mim, eu não quero saber. Caio em cima dele e com uivos escapando da minha
boca, começo a lhe socar com força. Acerto sua cara como se fosse massa de pão
e ele fica inconsciente logo nos primeiros golpes. Eu não paro de o acertar. As
lágrimas jorram pelos meus olhos tampando minha visão e os nós dos meus
dedos doem com a violência.

Seguro sua cabeça e a bato várias vezes contra o chão. Continuo socando
sua cara até lhe ver coberta e irreconhecível de sangue. Seus dentes já não estão
mais no lugar e seu rosto está literalmente amassado em alguns lugares. Seu
nariz tem um rasgo profundo e nem eu sei dizer onde estão localizados os seus
olhos. Sinto meu corpo sendo afastado do dele. O chuto várias vezes gritando e
me viro vendo Frank me puxando.

—A Louise precisa de você.

—Louise … —Falo e me levanto correndo na sua direção. —Ajuda aqui!
—Grito para alguém e Gary logo aparece ao meu encontro.

Procuramos as chaves dos cadeados e quando achamos, ele sobe na
bancada para soltar a corrente. Eu seguro o corpo desacordado e frágil de Louise
quando aos poucos ela vai sendo liberta. A pego no colo e o coloco em cima de
um colchão, tiro meu casaco e a cubro chorando em cima do seu corpo.

—Meu amor, acorda. Eu cheguei. —Choro dando tapinhas no seu rosto.
—Desculpa ter demorado, por favor. Eu te amo tanto.

Ela não reage. Sua pele pálida está irreconhecível e sinto meu peito doer
com sua imagem assim. Sinto sua pulsação e vejo que não tem muita. Preciso me
apressar.

A ergo no colo novamente a apertando contra meu corpo para lhe manter
aquecida e quando estou prestes a sair do quarto, vários enfermeiros chegam e
tomam a Louise de mim. Penso logo em Kim. Ela estava preocupada com a
saúde de Louise o caminho todo. Eles a imobilizam em uma maca e a levam para
fora da casa ligando vários aparelhos ao seu corpo. Deixo que ela vá com eles e
pego minha arma voltando para o quarto onde Thaddeus ainda está com Gary. O
mesmo já está acordado e sentado junto da parede.

—Gostou da imagem da Louise, filhote de Connor ? —Sorri com o rosto
inchado. —A mulher é dura na queda.

Aponto a arma na sua direção sem querer saber de mais nada e engato.
Ainda posso ver a expressão de terror na sua face com minha reação e engulo em
seco pronto para atirar.

—Não faz isso. —O Gary põe a mão no meu ombro.

—Eu prometi que ia o matar, Gary. Eu vou fazer isso!

—E vai sujar sua vida por quem não vale nada ?

—Ele machucou a Louise. —O olho chorando e fungando. —Ele feriu a
mulher da minha vida.

—Seu pai já está orgulhoso de você por ter enfrentado o mundo por ela e
pela empresa. Agora vai cuidar da Louise que eu trato dele.

Abaixo a arma devagar ainda sem saber se devo mesmo e o entrego. Ele
me olha afirmando positivamente com a cabeça e eu saio correndo atrás de
Louise. No meio do caminho, homens de Frank praticamente me puxam para o
lado de fora perguntando se ainda tem alguém e antes que eu responda que o
Gary ainda está lá dentro, ouço uma explosão muito alta e me viro

—Gary, não! —Grito ao ver a casa atrás de mim sendo tomada pelas
chamas.
Capítulo 47

Louise

‘’Meu amor, acorda. Eu cheguei … Desculpa ter demorado, por favor.
Eu te amo tanto.’’

Ouço vozes diferentes falando ao mesmo tempo e minha cabeça dói.
Uma das vozes é da Kim e imagino que já esteja sonhando ou morta, mas faço
uma força e meus olhos se abrem aos poucos. Volto a fechá-los quando a luz me
irrita e alguém fala para as diminuir, só então volto a tentar.

—Kim … —Resmungo vendo sua silhueta borrada e ela segura minha
mão. —É você ?

—Sim, meu amor. Sou eu. Graças a Deus que você acordou!

—Quanto tempo eu dormi ?

—Dois dias.

—Dois dias ?! Tudo isso ? —Faço careta. —E meu filho ? Como ele está
?

—Calma, ele está bem. Seu bebê é tão forte quanto você.

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto eu aliso minha barriga e
agradeço a Deus por ter nos protegido sempre. Logo minha cabeça lateja e me
lembro de tudo do que aconteceu. Dou um salto da cama sentindo as agulhas do
meu braço picarem e olho para os lados.

—O Benjamin. Cadê ele ? Ele está bem ? O Thaddeus …

—Calma. —Algumas lágrimas caem pelo seu rosto e eu temo pelo pior.

—Kim … Cadê ele ?

—Ele está bem. Está nesse mesmo hospital.

—Ele se machucou ? O Thaddeus tinha uma arma.

—Não, não foi isso.

—E o que foi ? Fala logo, por favor.

Ela suspira:

—Quando eu vi seu corpo saindo de maca daquela casa eu corri na sua
direção. Eu tive medo de te perder, Lou. Tive tanto medo de uma forma que
nunca senti na vida. Os paramédicos falaram que sua situação era complicada e
que iam fazer de tudo para salvar sua vida e do bebê. Eu não iria aguentar se
perdesse vocês. Foi nesse momento que vi os homens do meu irmão saindo de
casa praticamente arrastando Benjamin e não vi o Gary junto deles. A casa
onde você estava tinha uma bomba ativa e explodiu com ele e o Thaddeus lá
dentro. Eu não podia acreditar que estava perdendo o homem da minha vida. Eu
corri em direção a casa, mas fui impedida pelo meu irmão, foi quando o
Benjamin se soltou de todo mundo e voltou para dentro da casa correndo. Ele é
com o Gary o mesmo que eu sou com você. Eu também não te deixaria e sei que
você faria o mesmo por mim. Eu já estava perdendo as esperanças de o ver vivo
outra vez. Meu irmão me consolava nos seus braços enquanto Angeline chutava
minha barriga parecendo sentir o mesmo que eu. A falta do pai. Quando vi o
Benjamin sair de dentro da casa carregando o Gary ferido e desacordado nos
braços eu chorei ainda mais. Os paramédicos que estavam no lugar foram
rápidos e conseguiram o estabilizar rapidamente. O Thaddeus morreu lá dentro.
O Benjamin arriscou a própria vida para salvar você e o Gary, Louise. Eu vou
ser eternamente grata a ele.

Sinto as lágrimas rolarem quente pelo meu rosto e ela chora junto
comigo. O Benjamin salvou minha vida. Ele arriscou tudo por mim e por Gary.
Eu queria tanto lhe ver. Queria saber se ele estava bem.

Tiro as agulhas que estão no meu braço e quando tento descer, vejo que
estou com a perna dentro de uma tipoia. Reviro os olhos e mesmo sentindo dor,
me levanto da cama.

—Onde ele está ? Eu quero lhe ver. —A máquina do meu coração
apitando de forma irritante.

—Você não pode se levantar, Louise. Precisa se cuidar.

—Não, eu quero ver o Benjamin.

—Lou …

—Ele se casou ? —Me viro e ela faz que não com a cabeça. Meu coração
saltita de alegria e abro a porta do quarto no exato momento que uma enfermeira
aparece.

—Menina, você não pode se levantar. Está sob medicação. —Ela diz.

—Eu preciso ver o Benjamin. —Digo e saio porta afora pelos corredores.
Estou usando aquelas camisolas horríveis de hospital e sinto nojo ao ver que
estou pisando descalça no chão, mas não ligo e ando nem sei para onde.
Pergunto a outra enfermeira o quarto onde ele está e quando ela me fala, eu volto
todo o caminho de novo ao ver que estou indo para o lado errado.

Paro em frente a porta do quarto onde ele está e sinto meu coração
batendo rápido e descompassado. Minhas mãos tremem de nervosismo e um
sorriso involuntário se forma no meu rosto ao saber que vou lhe ver do outro
lado da porta. Passo a mão na barriga decidida a contar para ele sobre a gravidez
e giro a maçaneta.

Nas últimas semanas passei os maiores perrengues da minha vida. Senti
no limite a dor física e emocional, me desgastei chorando dia após dia por causa
de uma decepção e quando estava decidida a deixar meu orgulho de lado em
nome do amor, me decepcionei mais uma vez. Eu sabia que isso era uma
possibilidade, mas não consegui não me magoar ainda mais.

Benjamin estava deitado na sua cama e dormia tranquilamente. Havia
alguns pequenos curativos pelo seu rosto. Um de seus braços tinha uma agulha
onde entrava medicação e o outro estava ao lado do seu corpo enrolado em gaze
até o cotovelo. Ao seu lado estava Ysla e ela beijava seus lábios.

Meu coração se partiu novamente ali e mesmo eles não tendo se casado,
eu sabia que ainda podiam seguir em frente com isso. Enquanto eu estava
desacordada, achava ter ouvido a voz de Benjamin em algum lugar da minha
consciência. Ele dizia o quanto me amava e eu tentava responder, mas não
consegui reagir a nada. Agora ele estava ali, sendo cuidado por alguém que não
era eu, sendo beijado por alguém que não era eu.

Olhei novamente para ele e vi seus olhos se abrindo, mas ele não olhou
na minha direção. Uma lágrima solitária rolou pelo meu rosto e fechei a porta
devagar aproveitando que não tinha sido vista. Voltei a andar pelo corredor
cabisbaixa em direção ao meu quarto e segurei na parede quando vi tudo ficando
escuro a minha volta. Me senti tonta e quando vi uma enfermeira se aproximar,
abri a boca para pedir ajudar, mas nada saiu e senti meu corpo caindo
desacordado.



Benjamin

Quando eu vi aquela casa em chamas eu não pensei em mais nada. Eu
precisava salvar o Gary. Aquele filho da puta não poderia morrer logo agora e
me deixar fodido sozinho. Corri para dentro sentindo os pelos dos meus braços
serem queimado pelas chamas e tentei ao máximo me proteger. O barulho das
coisas sendo destruídas por dentro era assustador e tentei lembrar do caminho até
o quarto. Desci as escadas sem a certeza que iria voltar com vida e ao entrar, me
deparei com meu melhor amigo desacordado em baixo de uma grande tora de
madeira. Mais para frente, já morto e tendo o corpo tomado pelas chamas, estava
Thaddeus. Apenas cuspi perto dos seus pés e fui salvar meu amigo.

Carregar um cara da minha altura e tão pesado quanto eu, em meio a
chamas e destroços, foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda a minha
vida. Sentia meus músculos queimando pelo fogo e pelo esforço, mas não
desisti. Eu tinha que salvar a pessoa que me salvou mais de uma vez. Eu devia
isso a ele.

Cheguei ao lado de fora o carregando no braço e nossos corpos
desabaram no chão. Os paramédicos logo vieram nos socorrer, e só dentro da
ambulância que fui ver que tinha sido atingido na hora que brigava com
Thaddeus. O filho da puta ainda conseguiu me ferir.

Já no hospital, Louise ainda não tinha acordado. Eu não conseguia ficar
relaxado mesmo todo mundo falando que ela estava se recuperando bem. Eu
realmente precisava lhe ver bem com meus próprios olhos. Meu braço também
estava quebrado e ainda tive que ser submetido a uma porra de cirurgia pouco
invasiva para tirar a bala alojada.
Senti meu corpo sendo levado para o quarto, mas sempre me revesava
em estar acordado ou não. Cheguei a ver minha mãe algumas vezes e tive que
lhe acalmar dizendo que estava tudo bem. Pedi que ela sempre olhasse se a
Louise estava bem e me falasse. Ela concordou de imediato. Só Deus sabe como
fiquei aliviado ao saber que ela não havia sido violada. Naquele momento eu
estava acordado, mas foi só trocar para outro leito que apaguei novamente.
Maldita anestesia.

Abri os olhos devagar me acostumando com as luzes do quarto e
visualizei uma silhueta ao meu lado. Minha visão ainda estava borrada e eu
estava grogue, mas senti um perfume conhecido.

—Ysla? —Falei sentindo a voz pesada. Pronto, agora a filha do defunto
iria me matar.

—Ainda bem que você acordou, meu amor. —Ela beija meus lábios, mas
eu a afasto.

—Sai de perto de mim! Eu e você não temos mais nada!

—Como assim ? Íamos nos casar, Benjamin! Meu pai morreu no dia do
meu casamento. —Seus olhos se enchem de lágrimas e eu sinto pena dela.

—Casamento esse que vocês estavam planejando para passar a perna em
mim! —Grito me sentando na cama. —Sabia que seu pai tentou matar alguém ?

—Você ainda tem coragem de defender aquela prostituta na minha frente
?

—Vai embora, Ysla. Você não vê que eu nunca quis me casar com você ?

—Você me usou ?

—Eu te usei ? —Dou um sorriso debochado e levanto indo na sua
direção com a visão ainda turva. Ela recua alguns passos e para quando encosta
na parede me olhando com medo. —Eu acho melhor você pegar sua mãezinha e
dá o fora do país. Quando a polícia começar a ir atrás de todas as falcatruas do
Thaddeus, não tenho a menor dúvida que vocês duas vão em cana por um bom
tempo. Eu vou adorar depor contra você.

A olho de cima a baixo com nojo e ela ergue a mão para me acertar um
tapa, mas sou mais rápido e seguro seu pulso com força

—Sai!

Saio do quarto correndo em direção ao quarto de Louise, mas quando
entro, está vazio e a enfermeira troca os lençóis.

—Cadê a paciente que estava nesse quarto ? —Pergunto.

—Como ela se chama ?

—Louise Maria Hansen.

—Ela já teve alta, senhor. Saiu tem alguns minutos.

Ela ia sair sem falar comigo ? Não acredito que a safada nem foi me ver
depois de tudo que passamos.

Ando pelos corredores a procurando por todos os lados e a vejo saindo
do banheiro feminino. Seu rosto agora mais limpo ainda tem machucados não
cicatrizados e está um pouco inchado, os braços com vários hematomas e
arranhões são doloridos de ver. Ela está andando apoiada em muletas por causa
da tipóia na sua perna assim como a do braço que a fazem andar com
dificuldade, isso me dá um aperto no peito. Eu odiava lhe machucar e odiava
mais ainda quando alguém lhe fazia isso. Ela ainda não me viu e eu ando na sua
direção. Parece que mesmo sem olhar, ela sente minha presença, pois vai
parando devagar até que para totalmente. Continua de costas para mim e só seu
cheiro doce e suave para tirar esse odor horrível de hospital.

—Louise … —Chamo sem quase não ouvir minha própria voz e ela se
vira para mim. Os olhos azuis cheios de lágrimas estão tristes e sua boca está
trêmula. Continuo: —Você ia embora.

—Eu não tenho mais o que fazer aqui, Benjamin.

—Nem falar comigo ?

—Muito menos com você.

—Eu tive tanto medo de te perder. —Me aproximo para lhe tocar, mas
ela dá um passo pra trás.

—Obrigada por salvar minha vida, Benjamin. Obrigada de verdade por
ter arriscado sua própria vida por mim. Eu fiquei feliz quando você foi me salvar
e não sei como vou te agradecer um dia, mas …

—Fique comigo! Me agradeça ficando comigo. —Imploro.

—Eu não posso. —Balança a cabeça e suas lágrimas caem.

—Por que não ? Você não percebe o quanto eu te amo ? Não vê que estou
arrependido por tudo que te fiz ?

—Eu fico feliz que você tenha se arrependido de verdade e eu te perdoo
de coração, mas não sei se um dia serei capaz de voltar para você sabendo que
fui traída.

—Eu não sabia.

—Você deveria ter confiado em mim. Eu ainda estou tão magoada.

—Eu sei, eu sei. Eu me martirizo todos os dias por isso e por não ter te
protegido como te prometi. —Sinto meus olhos marejarem. —Me dá mais uma
chance, Louise. Por tudo que já vivemos, por todo amor que sentimos um pelo
outro.

—Não dá mais, Benjamin. O que vivemos foi os momentos mais lindos
que já tive na minha vida, eu verdadeiramente nunca vou te esquecer, mas nem
sempre casamos e vivemos felizes para sempre com o amor da nossa vida.

—Eu não me casei com a Ysla.

—Eu sei. —Sorri.

—Nem vou me casar.

—Eu vi ela no seu quarto. —Limpa uma lágrima. —Eu fui ver como
você estava, queria ver se estava mesmo bem e vi ela lá. Te beijando.

Um sorriso escapa dos meus lábios ao ver que ela se preocupou comigo,
ao ver que foi me ver enquanto eu estava desacordado mesmo estando
machucada. Ela ainda tinha ciúmes de mim. Isso quer dizer que ainda nutre
sentimentos.

—Não foi nada disso. Eu acordei com ela no meu quarto, mas já lhe
mandei embora. Ela sabe que a única mulher que eu amo é você. Você é a única
que um dia eu quero me casar.

—Não tem mais volta, Benjamin. Me desculpe. Não dá mais.

—Não, eu não vou aceitar. Me dá apenas um motivo para que eu desista
de você.

Ela respira fundo e as palavras que saem da sua boca me atingem forte

—Eu já tenho alguém.



Louise

Ver o rosto de Benjamin quando lhe contei que tinha alguém foi uma das
cenas mais difíceis de assistir. Eu vi tristeza estampada ali e mesmo que meu
coração gritasse para lhe dar mais uma chance, minha vontade sendo me jogar
nos seus braços e lhe beijar me permitindo tentar ser feliz outra vez, eu não
podia. Eu não sabia se um dia conseguiria conviver sabendo que ele ficou com
outra enquanto estávamos juntos. Eu não aguentava a ideia de que fui traída e
tratada como lixo pela pessoa que mais amava. Eu o queria muito, queria com
todas as minhas forças, mas antes eu queria a mim.

Seus olhos estavam marejados e Raul apareceu ao nosso lado. Ele tinha
vindo de Milão quando descobriu o que tinha acontecido e pelo visto era a
primeira vez que dava de cara com Benjamin. Os dois se olharam por alguns
segundos até que Raul estendeu a mão para ele:
—Benjamin Connor ? Raul Ferri.

Achei que ele não fosse retribuir o cumprimento, mas ele apertou sua
mão o olhando nós olhos.

—Já se despediu dos seus amigos, amor ? —Raul pergunta colocando a
mão na minha cintura e eu faço que sim com a cabeça tentando não olhar para
Benjamin. Seria a gota d´água para que eu chorasse ainda mais.

—Você vai embora, Louise ?

—Benjamin …

—Me diz, por favor. Você vai embora ? Vai mesmo desistir da gente ?

—Não foi eu que desisti.

—Eu espero lá fora. —Raul fala querendo sair, mas o impeço.

—Muito obrigada novamente, Benjamin.

—Eu devo desistir de vez ? —Ele pergunta apertando ainda mais meu
coração. Abaixo a cabeça sentindo os olhos marejarem e depois o encaro. Ele
espera minha resposta e sinto que seu olhar ainda carrega esperanças. O meu
também tem, mas minha cabeça balança afirmativamente destruindo todas as
dúvidas que seria nosso fim

—Sim. Você deve. Adeus.

Saio andando dali não querendo chorar na frente de Raul e antes de virar
o corredor, olho para trás. Ele está no mesmo lugar olhando para mim com uma
expressão triste e uma lágrima rola por seu rosto. É a última imagem que tenho
sua quando parto de Boston para Milão novamente. Esse lugar já não tem mais
nada para me oferecer.

Algumas horas depois chegamos em Milão e fingi dormir durante toda a
viagem para não ter que conversar com Raul. Eu agradecia o tanto que ele era
compreensivo comigo e me sentia ingrata por o colocar em uma situação dessas.
Estava envergonhada e queria ter apenas um tempo para pensar em como seria
minha vida daqui para frente.

—Louise. —Ele fala quando chegamos na sua casa e eu o olho forçando
um sorriso. —Eu sei que você ainda ama o Benjamin.

—Não vamos falar sobre isso, Raul. Eu estou com você agora.

—Eu sei e fico feliz por isso, mas não quero que você fique comigo
apenas para não me magoar caso me deixe. Eu gosto muito de você para te ver
sofrendo assim.

Sinto meus olhos marejarem, mas sorrio e o encaro. Toco seu rosto com
carinho e ele também sorri

—O Benjamin faz parte do meu passado. Não sei o que vai acontecer
daqui para frente e nem no que vai dar isso que temos, mas eu quero de verdade
que dê certo. Eu gosto de você e é com você que estou.

Ele acena e pega minha mão beijando meus machucados. Segura meu
rosto entre as mãos e beija meus lábios.

—Eu fiquei com tanto medo de te perder. —Diz me abraçando e eu
aspiro seu cheiro. É um cheiro que já estou acostumada e que me faz muito bem.

—Eu voltei para você.

Ele se afasta sorrindo e pega minha mala.

—Eu vou levar isso para o quarto e te preparar um banho. Já volto.

—Tudo bem. —Digo e ele sai com um sorriso no rosto. Eu sinto tanto a
falta de Benjamin que não consigo respirar, mas eu não posso magoar Raul. Eu
não posso.

Sento no sofá com cuidado tentando achar uma posição confortável. Meu
corpo está machucado até em lugares que eu nem sabia que tinha sido
machucada. Cada célula ainda está dolorida e minha perna nem se fala. Toco
minha barriga refletindo sobre os acontecimentos dos últimos dias e feliz por
estar viva. Eu e meu filho. Eu e Benjamin. Lágrimas rolam pelo meu rosto com
várias emoções diferentes. A coisa que mais tenho feito ultimamente é sofrer e
chorar.

Abro minha bolsa e me surpreendo ao ver ali dentro o meu colar. O colar
de coração rosa que o Benjamin me deu. Junto dele há um pequeno bilhete
escrito atrás de um papel de receita médica e sorrio com o conteúdo:

“Você pode desistir de mim se quiser, mas eu não vou desistir de você
nem que haja um apocalipse. Podem se passar semanas, meses, anos ou
milênios, mas eu não vou deixar que isso chegue ao fim. Não sem lutar.
Não importa onde você esteja ou com quem você esteja, o fio que nos
mantém juntos nunca vai se partir. Você sempre vai me pertencer, assim como eu
sempre te pertenci. Eu te amo.”
Benjamin.
Capítulo 48

Alguns meses depois …

Louise

—Senhorita Hansen, seu assessor chegou. Posso deixar entrar ? —Minha
secretária entra na minha sala depois de duas leves batidas na porta. Respiro
fundo ainda olhando para o computador e a encaro com um sorriso.

—Claro. Deixe-o entrar.

Ela acena e fecha a porta. Arrumo minha roupa para ficar apresentável e
logo depois a porta se abre. Joe é meu assessor pessoal desde que entrei no
mundo do empreendimento. Não, eu não larguei a vida de modelo para virar
empresária. Eu apenas exerço os dois e como não quero sobrecarregar meu
corpo durante a gravidez, preciso de alguém de confiança para deixar tomando
conta da marca de jóias que criei durante esse período.

—Senhorita Hansen. —O rapaz estiloso de pouca idade e já experiente
na área entra na minha sala eufórico. Mesmo que ele não assuma, tenho a leve
impressão que jogamos no mesmo time, porém não foi por isso que o contratei.
Seu currículo encheu meus olhos e suas referências foram as melhores. Estamos
trabalhando juntos faz alguns meses e ele nunca me decepcionou.

—Joe. —Levanto e nos abraçamos. —Como você está ?

—Muito bem e a senhora ? Como está o bebê ?

—Joe … Estamos todos bem.

—Desculpe. É estranho chamar minha chefe de você ou de Louise.

—Achei que também fossemos amigos. —Coloco as mãos na cintura
fazendo beicinho e ele sorri.

—Okay, Louise. Pediu para me chamar ?

—Sim, eu preciso que você apresse aquele trabalho para mim. Já
conseguiu a pessoa de confiança ? —Mordo os lábios esperando uma resposta
positiva.

—Já. —Ele diz por fim e eu comemoro. —Mas não sei se a senho …
você vai concordar.

—Por que eu não concordaria ? Eu confio nas suas escolhas e
competências.

—Eu sei e fico agradecido, mas não é isso.

—O que é então ?

—Eu vou deixar que você veja com seus próprios olhos.

Alguns dias depois de retornar de Boston, eu e Raul terminamos o
relacionamento. Não por falta de tentativas de um dos dois, mas foi o melhor a
se fazer. Eu amava alguém e sabia que mesmo tentando com todo o meu ser,
Raul nunca iria preencher o espaço que sempre foi moldado e feito para
Benjamin. Eu sabia disso. Ele sabia disso.

Quando ele chegou até mim querendo conversar sério e disse que era
melhor rompermos, eu não quis. Eu gostava dele de verdade, estava começando
a nutrir mais sentimentos, mas sabia que ele tinha razão. Eu não poderia usar ele
como forma de suprir uma carência e nem ele fazer o mesmo, já que com
lágrimas nos olhos e pedidos de perdão, confessou que seu primeiro interesse em
mim foi para causar ciúmes em uma garota que ele gostava. Eu o perdoei, claro
que perdoei. Ele foi uma das pessoas mais importantes da minha vida e ainda é.
Sempre fez de tudo para me agradar e nunca me julgou baseado no meu passado
ou erros. Ele foi um verdadeiro homão da porra enquanto estivemos juntos e
nunca saberei como agradecer tudo que ele fez por mim.

Algumas semanas depois ainda éramos amigos e eu já o conhecia o
bastante para saber que ele queria me contar algo.

—Eu estou namorando. —Assumiu durante uma sessão de fotos nossa.

—Sério ? —Perguntei sem deixar de posar para os fotógrafos. —E como
foi ?

—É estranho falar isso com você, Louise.

—Que palhaçada, Raul! Fale comigo.

—Tudo bem. —Ele sorri tímido. —Eu nunca te contei quem era a tal
pessoa que eu queria fazer ciúmes, mas …

—Mas ...?

—Você conhece ela.

—Conheço ? —Arregalo os olhos sem acreditar. —Agora fala quem é.
Estou curiosa.

—Você não vai querer matar ela ?

—Claro que vou. Quero saber quem é a piranha. —Digo e rimos juntos.
Ele me encara e abre um sorriso largo olhando por cima do meu ombro. Eu me
viro olhando na mesma direção ao ver Anninka parada na porta com um sorriso
apaixonado olhando para nós.

—Não acredito! —Grito colocando a mão na boca e olho para Raul. Seu
sorriso é apaixonado igual o dela e corro para lhe abraçar. —Que saudades, sua
louca!
—Não quer me matar ? —Ela ri sendo apertada no meu abraço.

—Claro que não! Você deveria ter me contado.

—Eu não sei. Tive medo.

—Boba. Já são o casal que mais apoio. —Sorrio alto e seus olhos se
enchem de lágrimas.

—Sem ressentimentos ? —Raul aparece ao meu lado e eu o olho sorrindo
apaixonada. Não apaixonada por ele da forma que sou pelo Benjamin, mas
apaixonada pela pessoa que ele é. Era importante.

—Sem ressentimentos. —Minhas palavras são verdadeiras.

A porta da minha sala abre novamente revelando a pessoa que Joe
contratou e meu sorriso se abre mais ainda. Ele não poderia ter feito escolha
melhor.

—Anninka. —Vou na sua direção e nos abraçamos. Joe nos olha sem
entender nada e arruma os óculos no rosto.

—Vocês são amigas ?

—Claro que sim! Uma das melhores.

—E você não vê problemas, senhorita … Louise. Ela é a pessoa mais
qualificada para isso, eu mesmo conferi tudo e também vou lhe dar todo o
suporte que ela precisar. Além do mais, é uma pessoa da minha total confiança.

—Eu confio em você, Joe. —Coloco a mão em seu ombro. —Muito
obrigada.

—Eu que agradeço a confiança.

—Está pronta para mais trabalho, Anne ?

—Sim, senhora. —Ela faz uma continência e todos rimos.

Fico apenas atrás da minha mesa observando Joe explicando para ela a
forma que deve tomar frente das coisas e ela está atenta a tudo. É difícil acreditar
que de prostituta sem abrigo eu me tornei uma mulher e modelo poderosa
reconhecida internacionalmente, assim como também uma empresária de uma
grande rede de jóias preciosas. Abri um pequeno lugar para chamar de meu e
que aos poucos também estava ganhando reconhecimento dentro e fora do país.
Minhas jóias são inspiradas e criadas a partir dos vários tipos de pedras preciosas
fazendo com que isso seja o diferencial.

Meu nome era reconhecido, assim como meu trabalho, que serve de
inspiração para várias mulheres. Fui chamada para fazer um livro sobre minha
história, mas tive que recusar. Não quero que as pessoas me conheçam através de
um livro, quero que elas saibam quem eu sou me vendo subindo nas melhores
passarelas do mundo espalhando que não importa quem você seja ou qual seja
seu sonho, se ele for o melhor para você, vale a pena lutar por ele.

Durante todo esse tempo longe do Benjamin eu achei que as coisas iriam
mudar, que eu ia me acostumar com sua falta e que poderia viver sem ele. Eu
posso, porém não quero. Não mais. Esse tempo só serviu para mostrar que eu
preciso dele na minha vida, preciso do seu toque e do seu carinho para comigo.
Eu preciso lhe mostrar o quanto o amo e que nunca desisti dele. Nosso laço
agora já não é apenas nós dois.

—Temos você. —Digo para mim mesmo alisando minha barriga já a
mostra. Nenhum tipo de roupa mais era capaz de lhe esconder e eu estava
orgulhosa em lhe exibir para o mundo. Agora havia outro mundo que eu queria
lhe exibir. O mundo que sempre foi o grande amor da minha vida.

Eu iria voltar para Boston. Iria voltar para os braços de quem me amava,
iria lutar pelo amor de quem um dia já lutou por mim, eu iria atrás da minha
felicidade. Se o Benjamin já não me quisesse mais, se ele já tivesse desistido de
mim como eu o incentivei a fazer, eu não ia desistir. Eu iria lutar por ele dá
mesma forma que lutei para lhe conquistar. Nossa história ainda não havia
acabado.



Benjamin

Era setembro e eu estava retornando das minhas férias merecidas. Havia
escolhido ficar em Boston aproveitando o lugar que ainda não tinha tido a
oportunidade conhecer e não poderia ter escolhido coisa melhor. As coisas
finalmente estavam se ajeitando, só faltava Louise comigo. Nada do que sinto
por ela passou ou diminuiu. Ao contrário. Eu a amava ainda mais e as saudades
batiam a minha porta todos os dias me lembrando da promessa que fiz de não
desistir dela. Eu não iria.

Alguns dias depois daqueles acontecimentos tortuosos, veio a calmaria.
No tribunal, Justin confessou que ele pagou alguém para colocar a bomba na
frente da minha empresa a mando de Thaddeus. Nem me lembro mais de quanto
tempo ele pegou por tentativa de homicídio, sequestro e várias outras merdas.
Foi provado que nem Ysla e nem sua mãe sabiam o que o pai estava fazendo as
suas costas. O último dia que as vi foi no tribunal e elas não pareciam nenhum
pouco abaladas com a morte dele, poderia até arriscar dizer que estavam
aliviadas. Por sorte tinham ido para a puta que pariu e eu torcia para nunca mais
ver nenhuma.

As coisas na empresa estavam andando de vento e polpa e eu estava feliz.
Tínhamos alcançado várias conquistas e reconhecimento. Estávamos em uma
das melhores fases que a empresa já tinha vivido. E eu estava orgulhoso. Havia
colocado uma foto do meu pai na minha sala e era ele quem me dava motivação
todos os dias. Hoje se tudo desse certo eu iria fechar um grande negócio e estava
nervoso. Fechar contratos era algo que eu costumava fazer com frequência, mas
aquele era diferente. Era a realização de um sonho.

A porta da minha sala é aberta depois de duas leves batidas e minha
secretária põe a cabeça para dentro
—Senhor Connor, os russos acabaram de chegar.

Respiro fundo arrumando a gravata e a olho

—Como estou ?

—Nos trinques. —Faz um sinal de ok com os dedos e eu sorrio.

—Eu já estou indo.

Ela faz um aceno e fecha a porta. Olho para a foto do meu pai em cima
da mesa e saio da sala indo em direção ao seu sonho que eu mesmo realizarei.

Naquela manhã fechei um dos maiores contratos da história da Global
Connor´s. A empresa tinha crescido muito nos últimos dias e agora estava no
topo das mais prestigiadas de todas as Américas. Eu era praticamente um recém-
nascido quando cheguei ali. Estava com medo de errar, com medo de não ser o
suficiente, com medo de decepcionar a memória do meu pai, mas eu havia
conseguido. Mesmo quando eu não acreditava em mim, todos os meus amigos e
familiares sempre acreditavam. Eles viram em mim algo que eu não via e eu dei
o meu melhor. Eu tinha vencido.

—Está pronto ? —Minha mãe aparece no quarto quando me vê tentando
arrumar a gravata borboleta.

—Eu nunca vou aprender a fazer isso direito.

—Deixa que eu te ajudo. —Vem até mim e me ajuda. —Eu não poderia
está mais orgulhosa de você, meu filho.

—Graças a você, mãe. Obrigada por não ter desistido de mim.

—Que tipo de mãe eu seria se fizesse isso ? —Ri cúmplice me
cutucando.

Saímos de casa em direção ao grande salão onde irá acontecer o Evento
Anual de Reconhecimentos mais prestigiado da América e nem acreditei quando
soube da notícia que tinha sido um dos indicados. Era tipo a entrega do Óscar,
mas sendo no mundo do empreendimento. Ali estavam presentes várias pessoas
da área, desde famosos e celebridades até um simples empresário feito eu. Foi
inevitável não pensar em Louise assim que pisei no lugar e não pensar nas vezes
que a via desfilando. O jantar de máscaras onde ela usou e abusou de mim era o
que mais me trazia boas lembranças. Fazia tempo que eu sequer beijava na boca
de alguém. Eu não sentia falta disso. Sentia falta apenas dela e iria lhe esperar o
tempo que fosse preciso.

Meus amigos e alguns funcionários estavam presentes ali a meu convite.
O Gary sempre ao meu lado continuava firme e forte como meu braço direito.
Alisei a enorme barriga da Kim que ainda desconfiava que sairia gêmeos e ela
sorriu para mim me apoiando. Sentei no meu lugar respirando fundo e esperei.

Depois de algumas estatuetas simbólicas entregadas a outras pessoas,
incluindo a que ganhei de “Empresário mais cobiçado do ano” e “Empresário
jovem revelação”, finalmente havia chego o grande momento. Confesso que
estava nervoso por aquilo mesmo sem querer, eu sabia que eu não era o único
ali, mas fui surpreendido novamente naquele ano.

—E chegamos ao último vencedor da noite. O tão esperado
reconhecimento e a qual todos estávamos esperando. —O homem careca que
entregava os prêmios olhou para todos por baixo dos óculos e abriu o envelope
que segurava. —E o vencedor do Evento Anual de Reconhecimento que foi uma
das descobertas no mundo do empreendimento, fechou grandes negócios,
alcançou grandes conquistas e desbancou até os mais experientes vai para … —
Uma pausa de suspense: —Benjamin Connor!

Fiquei estático depois que ele falou meu nome e as palmas surgiram
ensurdecedoras. Os holofotes apontaram na minha direção no meio de toda
aquela multidão e eu ainda não acreditava. Não achei que seria o escolhido no
meio de tantas pessoas mais experientes que eu, mas eu tinha conseguido uma
nova vitória.

—Vai que é tua, irmão. —O Gary disse apertando meu joelho e tocamos
nossas mãos. Me levantei arrumando o terno enquanto minha mãe olhava para
mim emocionada e me dirigi para o palco.

Lá em cima, enquanto recebia minha premiação e era elogiado enquanto
os flashes e as palmas explodiam na minha cara, senti uma presença no meio de
todas aquelas pessoas. Era uma presença que eu já conhecia muito bem. Era um
olhar que mesmo eu não vendo, sabia que estava lá. Procurei pelos lugares onde
minha visão alcançava, mas era impossível com toda aquela claridade me
ofuscando. Aquele olhar era capaz de arrepiar cada pelo do meu corpo e acelerar
as batidas do meu coração. Era ela. Eu tinha certeza que era ela.

Eu já não ligava mais para premiação alguma. Não prestei atenção sequer
no discurso que eu dava e as outras palavras das outras pessoas mal eram
captadas pelos meus ouvidos. Eu queria logo sair dali para ir atrás de Louise. Ela
tinha vindo me ver. Ela tinha voltado.

Depois de toda a conversa, as pessoas começaram a sair do enorme
auditório e começaram a se dirigir ao espaço do jantar. Eu não. Eu corri na frente
de todos a procurando atentamente e meu coração acelerava a medida que eu não
a encontrava. Não podia ser coisa da minha cabeça. Eu sabia como era sua
presença, eu não tinha me esquecido. Apenas ela era capaz de me olhar de um
jeito como se despisse minha alma, como se fosse capaz de descobrir todos os
meus segredos. Eu nunca me enganaria.

De relance, a vi caminhando para a saída e apressei o passo. Fui
impedindo quando um homem da alta sociedade veio me cumprimentar e sem
querer parecer mal educado ou arrogante, eu troquei algumas palavras com ele.
Aqueles dois minutos pareceram uma eternidade e eu saí correndo sem lhe
deixar se despedir direito. Infelizmente quando cheguei à porta principal, ela já
estava indo embora em um táxi. Corri para o meio da pista a fim de lhe chamar
de volta, mas o carro já havia virado a esquina.

Eu poderia me sentir triste, mas não. Eu sorri. Seu perfume tão conhecido
por mim ainda estava no ar deixando rastros de sua passagem. Ela tinha voltado
para Boston. Agora ela estava ali e eu não podia lhe deixar partir. Nem que ela
me falasse as piores coisas, nem que me batesse, me xingasse, eu não iria lhe
deixar partir. Seu lugar era comigo e ela iria saber disso.

—Irmão ? —O Gary chegou me vendo no meio da rua com um sorriso
enorme no rosto. —Estão todos te esperando lá dentro. O que aconteceu ?

—Ela voltou. —Sorri ainda mais e me virei para ele. —A Louise voltou.

(…)

—Ainda deitado, Benjamin ? —Minha mãe abre as cortinas do meu
quarto e os raios de sol fracos fazem com que eu cubra minha cabeça e me vire
para o outro lado.

—Hoje eu não vou trabalhar. Ontem ganhei a maior premiação da
América e tenho direito a descanso. —Digo com a voz abafada no travesseiro e
ouço sua risada.

—Levanta daí e vai tomar banho antes que eu traga a água para sua
cama. Está avisado!

Chego na empresa aos sorrisos e cumprimento até um cão de rua que
passa em frente a ela. Alguns funcionários me cumprimentam na recepção e
quando saio dos elevadores no meu andar, sou recebido com faixas, balões e
confetes de congratulações pela noite anterior. Cumprimento meus funcionários
me lembrando do primeiro dia que cheguei aqui e depois de ser forçado a comer
um pedaço do bolo logo de manhã, me dirijo ao trabalho e enfio a cara naquela
papelada toda novamente.

Antes do almoço quando já estou com maior parte das coisas adiantada,
minha secretária entra depois de duas leves batidas na porta.

—Senhor Connor, bom dia. A pessoa da marca de jóias já chegou e está
esperando por você na sala de reuniões.

—Eu já estou indo, Dianna. Obrigado.

Ela acena e sai. Faz alguns dias que fiz das tripas coração para conseguir
fechar contrato com uma famosa marca de jóias feitas com pedras preciosas que
está dando o que falar no mundo da moda. Achei meio petulante da marca, sendo
tão novata, fazer tanto cu doce para fechar contrato com minha empresa, mas
ninguém era páreo para Benjamin Connor.

—Quem veio, Dianna ? —Pergunto saindo da sala arrumando o terno e
olhando as horas no celular.

—Ia ser um dos assessores, mas na última hora a dona resolveu vir
pessoalmente.

—Dona ? É uma mulher ? —Torço os lábios.

—Sim. O senhor é machista por acaso, Senhor Connor ? —Ela brinca e
eu gargalho.

—Claro que não. Para te provar isso e porque eu estou muito feliz, passe
no RH no horário de almoço. Te dei um aumento. —Pisco e saio dali a deixando
boquiaberta.

Ando pelos corredores mandando mensagem para a Kim perguntando
algo sobre Louise e cumprimentando outros funcionários. Chego em frente a sala
de reuniões e me arrumo em frente ao espelho que tem do lado de fora antes de
abrir as duas portas.

Assim que meus olhos captam sua imagem sentada na ponta da grande
mesa oval eu mal posso acreditar. Meu coração falha uma batida e começa a
bater desesperado fazendo meu peito doer. Minha boca se abre sem reação ao ver
Louise sentada em uma pose profissional me olhando com um sorriso no rosto.
Aquele sorriso de quem sabia que ainda tinha efeito sobre mim. Seus cabelos em
tons mais claros, os óculos que eu fantasiei por várias vezes ainda faziam meu
pau latejar e eu fiquei com vergonha. Eu estava tendo uma ereção na sua frente e
seu olhar desceu para meu membro sabendo o que tinha me causado. Ela voltou
a me olhar dentro dos olhos e sorriu

—Prazer em te rever novamente, Senhor Connor.



Louise

Era impagável a cara de surpresa que Benjamin dirigiu a mim. Meu
coração deu vários saltos acrobáticos quando ele entrou na sala com aquele
perfume que eu já conhecia tão bem. Os cabelos soltos por cima do ombro largo,
a altura imponente de um grande executivo, aqueles olhos. Se eu tivesse de pé
saberia que minhas pernas ficariam trêmulas com sua presença e foi por isso que
escolhi lhe esperar sentada. Eu estava de novo na frente do grande amor da
minha vida e mesmo eu querendo correr para seus braços, me contive.

—Prazer em te rever novamente, Senhor Connor. —Eu disse com um
sorriso de lado depois de ver sua ereção crescendo na sua calça. O volume
esticava o tecido fazendo com que minha intimidade ficasse úmida pedindo por
ele. Tive que balançar a cabeça levemente para espantar as fantasias dele me
fodendo ali naquela mesma.

—Louise ? —Ele dá alguns passos.

—Surpreso em me ver ?

—Eu … Você … Não. Digo, sim! Na verdade eu estou feliz em te ver.

—Sente-se, por favor. Vamos tratar de negócios. —Falo apontando para a
cadeira de frente com a minha em uma distância muito dolorosa e ele senta meio
desajeitado.

Claro que eu não tinha ido ali a negócios. Ou melhor, tinha ido também
já que praticamente já tínhamos um contrato, mas não era isso o principal. Eu
tinha ido por ele.

—Então você é a dona da marca de jóias ? —Seu sorriso é orgulhoso e
aquece meu coração.

—Sim, sou eu. Não sabia que esse negócio de empreendimento fosse tão
trabalhoso.

—Eu te avisei. —Ele ri me fazendo sorrir também. —Eu estou orgulhoso
de você.

—E eu de você.

—De mim ? —Pergunta surpreso.

—Sim. Você sabe que eu te vi ontem.

—E você fugiu de mim.

—Não, eu não fugi. —Levanto cuidadosamente e acompanho seu olhar
que desce para minha barriga que passou o tempo todo escondida embaixo da
mesa. —Na verdade, é ao contrário.

—Você … O quê … —Ele perde as palavras dividindo o olhar entre
minha barriga e meu rosto. Sinto meus olhos marejarem e acontece o mesmo
com os seus.

—Eu e seu filho viemos pessoalmente parabenizar sua conquista.

—Meu filho ?

Faço que sim com a cabeça vendo uma lágrima rolar pelo seu rosto então
começo a falar tudo que venho segurando:

—Nós já não aguentávamos mais ficar longe de você, Benjamin. Todos
esses meses que passamos longe foram o suficiente para eu ter certeza do meu
amor por você. Eu te perdoo e também te peço perdão. Te peço perdão por não
ter vindo mais cedo, por não ter quebrado meu orgulho antes e voltado correndo
para seus braços quando minha maior vontade era não ter saído. Eu preciso de
você, preciso ficar com você. Eu quero esquecer tudo o que passamos e começar
novamente daqui para frente. Não sei se você me quer de volta, se tem alguém,
mas eu vim por você e não vou desistir de ter você na minha vida. Eu te amo.

—Não fala mais nada, meu amor. —Ele se levanta e caminha na minha
direção. Me seguro em uma das cadeiras sentindo as pernas bambas, mas seus
braços me alcançam me puxando de encontro ao calor de seu corpo. —Eu que
tenho que te pedir perdão. Eu errei com você. Eu te magoei quando você
precisava de mim. Eu negligenciei sua segurança e do nosso filho. Eu fiz as
piores merdas com você e mesmo assim você está aqui comigo. Eu não te
mereço. Se você me der essa última chance, eu prometo valorizar. Prometo
nunca mais te fazer sofrer e sempre estar do seu lado. Eu prometo te proteger e
te mostrar todos os dias, de várias formas diferentes, que te amo de verdade.
Vamos esquecer e tentar outra vez. Me deixe ser seu novamente. Me deixe fazer
parte da sua vida e do meu filho outra vez. Deixa-me cuidar de vocês.

—Acho que teremos um pouco de trabalho para desembaraçar aquela tal
linha invisível. —Digo sem saber se sorrio ou se choro enquanto ele segura
minhas mãos. Ele me olha dentro dos olhos, segura meu rosto e deixa um leve
beijo nos meus lábios. Continuo de olhos fechados querendo mais daquilo e
escuto sua risada enquanto alisa minha barriga

—Eu tenho paciência.

—Eu sei que tem.

—Agora será que posso levar a senhorita Hansen para almoçar comigo ?
—Ele se afasta estendendo a mão em um gesto galante e eu sorrio limpando as
lágrimas com cuidado.

—Não sei as outras, mas se um homem que nunca pegou em uma arma
na vida é capaz de enfrentar bandidos armados para salvar a mulher que ama e
entra em uma casa em chamas para salvar o melhor amigo, pode muito mais do
que me levar para almoçar.


“Maria, Maria é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta.

Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta.

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria.

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida …”
Final

Louise

As coisas estavam finalmente caminhando da forma que sempre
deveriam ter sido. Agora eu estava completamente feliz e realizada ao lado das
pessoas que amo sem nenhuma restrição. Depois do meu encontro com o
Benjamin na sala de reuniões da sua empresa, ele me levou para almoçar e o
coitado nem teve tempo de voltar para o trabalho de tanto tempo que passamos
colocando os pingos nos ís. Eu chorei, ele chorou, eu gritei, ele gritou também,
mas no final houve aquele pedido de perdão que partiu do fundo do coração de
cada um. Eu podia ver a felicidade estampada no seu rosto sempre que ele
olhava para mim e para minha barriga. Ele queria a tocar o tempo inteiro e seus
olhos se enchiam de lágrimas quando isso acontecia.

—Nem consigo acreditar que vou ser pai. —Falou sorrindo e passando os
dedos entre os cabelos. —Ou melhor, claro que acredito. Até parece que algum
daqueles pela-saco do Justin e o mauricinho do Raul são homens o suficiente
para fazer um filho em alguém. Eu que sou o cara!

—Benjamin …

—Desculpa, meu bem. —Falou me fazendo rir. Pelo visto algumas coisas
nunca vão mudar.

Alguns dias depois ainda estávamos colocando tudo em ordem e quando
tivemos um tempo livre, fomos juntos a clínica para sabermos o sexo do bebê. O
Benjamin demonstrava mais impaciência que eu e não aguentava ficar sentado
enquanto esperávamos nossa vez. Caminhava sempre até o bebedouro para
encher um copo de água que sempre jogava em uma plantinha junto da janela, eu
tive que lhe segurar antes que matasse a pobre da planta afogada. Não preciso
dizer o quanto ficou louco da vida quando descobrimos que teríamos um
menino, certo ?

—É, caralho! —Comemorou segundos depois das palavras da médica e
se aproximou da minha barriga. —Desculpa, bebê. Papai precisa para de falar
tantos palavrões na sua frente. Prometo te ensinar muita coisa, tá bom ? Andar
de carro, beber sem ficar bêbado, seduzir uma mulher …

—Amor!

—O que foi ? Ele vai ser matador igual o papai.

Okay, não tinha como discutir com um pai babão daqueles, então me
limitei a revirar os olhos e deixar que ele aproveitasse o momento.

Dias depois eu ainda tive que voltar a Milão para resolver alguns
assuntos da marca e o Benjamin logo se prontificou a dizer que iria comigo.
Dizia que queria manter eu e o bebê em segurança, mas todo mundo sabe do seu
ciúme com o Raul, mesmo eu dizendo que ele estava namorando.
Foi em uma sala de reuniões com alguns funcionários que aconteceu um
dos momentos mais lindos da minha vida. O Benjamin não fazia parte daquela
reunião, mas deixei com que ficasse na sala apenas por insistência sua afirmando
que queria me ver em ação.

—Casa comigo ? —Ele falou quando perguntei se alguém tinha alguma
dúvida.

—Benjamin, eu … Estamos em reunião e … —Olho para todos sentindo
o rosto arder de vergonha e o coração acelerado. Eu não sabia o que fazer. Ele se
levanta debaixo do olhar de todos e caminha na minha direção.

—Eu nunca imaginei que te veria dirigindo algo assim e mesmo que eu
quisesse você descansando para não ficar tão exausta durante a gravidez do
nosso filho, não pude deixar de admirar a mulher confiante e poderosa que você
se tornou. Eu fico orgulhoso por você e de mim por fazer parte da sua vida. Eu
sinto dentro de mim que não posso mais viver um segundo sequer longe de você
e só Deus sabe como eu fico na empresa ansioso para te ver na hora do almoço.
Eu já queria fazer isso muito tempo atrás, mas fui um idiota e acabei perdendo a
chance, mas agora que tenho novamente não vou deixar passar nem por um
senhor caralho.

Ele se ajoelhou na minha frente e tirou uma caixa de veludo preta do
bolso do casaco. Meus olhos marejaram e levei as mãos a boca não conseguindo
conter a emoção. Seus olhos estavam fixos nos meus deixando transparecer seus
sentimentos, os meus o olhando profundamente, vi suas mãos tremendo e sorri.
Dentro da caixinha de veludo havia uma aliança em uma cor rosé com um lindo
diamante no meio e ao lado era esculpido com vários outros diamantes
pequenos.

Seu sorriso se alargou. Ele sabia que eu nunca lhe rejeitaria esse pedido:

—Sim, meu amor. Sim, sim, sim. Um milhão de vezes sim.

—Sim ? Sério ? —Se levantou sorrindo bobo e eu fiz que sim com a
cabeça. —Ah, meu amor! Você não sabe o quanto me faz feliz.

E ali, no meio das palmas dos funcionários, com meu coração queimando
e ardendo de amor, ele colocou a aliança no meu dedo antes de o beijar me
fazendo milhões de promessas com o olhar que eu saberia que iria cumprir todas.
Eu não tinha mais dúvidas.

(…)

—O que acha de casarmos no mês que vem ? —Quando eu achei que
mulher que fosse mais ansiosa para casar, vem o Benjamin e faz com que eu
repense tudo. Mal tinha feito o pedido e já queria se casar o mais rápido
possível.

—Benjamin, estamos quase no fim do mês. —Eu falei enquanto ele
massageava meus pés na sua cama. Ainda não estávamos morando juntos. Eu
queria dar esse passo apenas depois do casamento.

—Por isso mesmo. Eu quero logo te fazer minha mulher.
—E já não sou ?

—Claro que é, mas quero todo mundo de testemunha. Inclusive Deus. —
Protestou e eu sorri tocando a barriga.

—Mas minha barriga já está enorme. O vestido vai ter que ser gigante.

—E tem algum problema nisso ? Eu adoraria te ver casando com esse
barrigão enorme. —Tocou minha barriga e senti o bebê chutar pela primeira vez.
—Você sentiu isso ?

Meus olhos se encheram de lágrimas e não consegui as conter.

—Chuta de novo para o papai, amigão. Mostra para a mamãe que você
também quer ver ela casando com o barrigão. —Ele pediu sorrindo e o bebê
chutou novamente como se concordasse. Tão novo e já estava sendo cúmplice
do pai. O Benjamin me olhou como se pedisse silenciosamente e eu não podia
negar mais o quanto eu queria aquilo também

—Que fique bem claro que você vai me ajudar até nas partes entediantes.
—Sorri em meio as lágrimas e ele me abraçou forte sabendo que tinha ganhado
novamente.

Antes do Benjamin me fazer o pedido de casamento, o Gary já tinha se
apressado e feito para a Kim. Estávamos todos no casamento de uma modelo da
empresa e quando foi a hora dela jogar o buquê, ela não o fez. Ao contrário
disso, andou na direção da Kim e entregou nas suas mãos. Eu estava pasma e ela
mais ainda. Quando se virou, o Gary já estava devidamente posicionado atrás
dela de joelhos segurando a aliança nas mãos. Parecia que tinha sido eu que fui
pedida em casamento, pois antes dela chorar eu já estava chorando.

Como ela está a poucas semanas de dar a luz, decidiram não marcar data
nenhuma para agora, o que não impediu Gary de a intimar para já viverem juntos
oficialmente. Os dois já tinham até o quarto da filha arrumado e pronto para
receber a pequena Angeline que chegaria no final do mês que vem. Antes do
mês acabar eu já estava na correria para o casamento e essa é uma das vantagens
de ter dinheiro. Você pode arrumar as coisas na última hora, mesmo eu
detestando a ideia, e não se preocupar com o preço absurdo que tudo fica. O dia
do meu casamento estava chegando e eu não podia estar mais realizada.

(…)

—Você acha que ele vai aparecer ? —Perguntei a Kim enquanto
estávamos em um dos quartos da mansão de Benjamin esperando a hora de ir
para a igreja. Ela como minha madrinha não poderia estar em outro lugar nesse
momento.

—Você é louca ? O homem está desesperado para casar.

—Mas o vestido está mesmo bom ? Estou me sentindo sufocada. —
Sacudi as mãos nervosas andando de um lado para o outro. Meu vestido era o
estilo romântico e em um tom que ficava entre branco e creme. As alças em V e
o decote comportado foram exigências minhas. Não queria ter que ficar me
preocupando em saber se os seios estavam de fora. Era completamente adornado
por pequenas pedrinhas e bordados feitos a mão. Uma fita lisa da mesma cor do
vestido ficava abaixo do busto e em cima da barriga a desenhando ainda mais.
Os saltos médios foram feitos para me deixar confortável. O cabelo estava
dividido entre preso e solto juntamente com uma meia trança embutida. A Kim
tinha arrasado e colocado um arranjo segurando alguns fios na parte de trás e
deixando outros na parte da frente.

—Lou, calma. —Ela segura nas minhas mãos. —Você só está nervosa.

—Eu nem acredito que isso está acontecendo.

—Oh, não vai chorar agora. —Ela fala vendo meus olhos marejarem. —
Esse é o seu momento! O momento que sempre sonhamos e esperamos juntas. O
Benjamin nunca verá uma noiva mais linda que você nem que se passe milênios.

—Obrigada por tudo isso. —Abro os braços e nos abraçamos. Nossas
barrigas limitando até onde podíamos chegar era engraçado e nos fez rir. —Nada
disso teria acontecido se você não tivesse comigo.

—Como sempre estive. —Diz por fim acariciando minha barriga.

—Madames, não quero atrapalhar o momento, mas acho que já está na
hora. —O Frank abre a porta do quarto depois de dar leves batidas. Está usando
uma camisa social branca por baixo de um colete preto e calças sociais. Uma
arma guardada em um coldre no seu corpo não passa desapercebida pelos meus
olhos e ainda bem que ele vai por um terno por cima daquilo.

—Pronta ?

—Prontíssima! —Digo apertando sua mão e saímos juntas.

A escada da casa estava toda adornada de flores brancas e Frank vai
guiando todo nosso caminho dentro de casa até chegarmos no carro. Ele abre a
porta para mim e para Kim tendo cuidado com meu vestido e dá a partida depois
de conferir que está tudo nos conformes.

O caminho para mim se passou em um borrão. Eu não dizia uma palavra.
Eu só conseguia repassar várias e várias vezes o caminho que fiz para chegar até
aqui. Minha primeira vez como garota de programa, a primeira vez que apanhei
em um assalto, a minha mãe partindo, o Justin, a Alana, a Kim … Era tanta coisa
que tinha acontecido e que mesmo assim eu conseguia pensar por muitas vezes
até que finalmente o carro parou.

Meu coração acelerou e os pelos do meu braço se arrepiarem ao ver a
catedral praiana que ficava de costas para o mar. O lugar era lindo e a parte de
dentro tinha um teto de vidro que dava para acompanhar o clima. Um longo
tapete branco subia as escadas até sumir na parte de dentro. Em todos os degraus
havia folhas organizadas e vários cilindros transparentes com velas acesas
dentro. Um arco de flores rodeava toda a entrada e do lado de fora alguns
músicos, violinistas, pessoas com violoncelos e outros instrumentos tocavam um
Mash-Up de My Wish, I Hope You Dance, The Climb e I Lived que eu mesmo
havia escolhido. Não tinha músicas melhores para representar aquele momento
único na minha vida.

“Eu espero que você nunca olhe para trás, mas que você nunca
esqueça,
Todos que amaram você, no lugar que você deixou,
Eu espero que você sempre perdoe, e nunca se arrependa,
E que você ajude alguém toda vez que tiver a oportunidade,
Oh, que você encontre a graça de Deus em cada erro cometido,
E você dê mais do que você receber.”


—Chegou a hora, noiva. —A Kim fala me estendendo a mão ainda
dentro do carro e eu me viro para ela. Seus olhos lacrimejando mostram que
esperava por aquele momento tanto quanto eu.

—Finalmente. —Digo e peguei na sua mão. Frank logo desceu e veio
abrir a porta para nós duas. Ela desceu primeiro e veio me esperar. Quando
minha porta foi aberta, eu respirei fundo e meu pé direito tocou o chão que me
levaria ao altar.


“… Eu espero que você nunca tema aquelas montanhas ao longe,
Nunca amenize para a estrada ao mínimo de resistência
Viver significa arriscar-se, mas vale a pena se arriscar por ela,
Amar pode ser um erro, mas vale fazê-lo (…)
E quando você tiver que escolher entre sentar ou dançar,
Eu espero que você dance …”


Ela fez o apoio do braço para mim e eu o enlacei com o meu. Sua mão
foi para minha barriga e fez um carinho ali. O pequeno Dylan já saltou sabendo
que a madrinha estava presente e eu também sorri feliz por ela estar comigo.

Subimos os lances de escadas com cuidado, pois afinal de contas, éramos
duas grávidas com apenas quatro meses de diferença. Uma barriga era maior que
a outra, coisa que deixava a cena ainda mais engraçada e bonita. Nós duas
sorrimos já sabendo o que as outras pessoas estavam pensando. Todos os olhares
se voltaram para nós assim que nossos pés pisaram na porta da igreja, mas
apenas um ali me importava.

Benjamin estava no altar com um smoking preto aberto mostrando a
camisa social branca por dentro. As mãos juntas e se apertando na frente do
corpo mostravam seu nervosismo. Os cabelos estavam presos e seu porte físico
certamente era o mais alto dali. Eu não conseguia olhar mais nada. A decoração
já não me importava, muito menos as pessoas. Tudo sumiu em uma questão de
segundos e agora era apenas nós dois ali.

“… Porque sempre haverá outra montanha
Eu sempre vou querer movê-la
Sempre será uma batalha difícil
Às vezes eu terei que perder
Não é sobre o quão rápido eu chego lá
Não é sobre o que está esperando do outro lado
É a escalada
Mantenha a fé
Mantenha a sua fé.”

Meus olhos se encheram de lágrimas quando nossos olhares se
encontraram e eu tentei segurar de todas as formas. Sentia seu olhar me
queimando a alma, nem sabia se era possível, mas até podia sentir seu coração
batendo na mesma sincronia que o meu. Naquele momento aconteceu algo que
eu nunca esperaria que acontecesse. Com meu olhar no seu, o Benjamin levou a
mão direita ao rosto e chorou. Senti o ar falhar de tanto amor e quando de longe
ele abriu a boca e sussurrou um “eu te amo” sem som algum, eu já não tinha
mais dúvida alguma que também o amava com todas as minhas forças.

“Espero que você se apaixone
E que doa muito
A única maneira de saber
É se doando por inteiro
E eu espero que você não sofra
Mas aceite a dor
Espero que quando o momento chegar
Você diga:

Eu fiz de tudo
Com cada osso quebrado
Eu juro que vivi
Com cada osso quebrado
Eu juro que eu
Eu possuía cada segundo que este mundo dava
Eu vi muitos lugares, as coisas que eu fiz
Sim, com cada osso quebrado
Juro que vivi …”


A Kim me entrega para ele quando chegamos ao altar e vai para seu lugar
depois de me dar um beijo no topo da cabeça, e claro, murmurar para ele que
ainda tem o taco em casa. Suas mãos tremem quando pegam nas minhas toco seu
rosto secando suas lágrimas. Ele faz o mesmo com a minha, mas beijando
levemente meu rosto. Nosso filho salta novamente quando ele toca minha
barriga apaixonado.

—Quando eu pensava que não poderia mais me impressionar com sua
beleza, vem você e me mostra o contrário. —Ele diz beijando minhas mãos. —
Eu te amo.
—Eu te amo. —Digo sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

Sentamos no lugar onde foi colocado para nós e nunca desgrudamos as
mãos enquanto o padre faz o discurso. Meu coração não sossega um minuto e eu
tenho que piscar várias vezes para ter certeza que aquilo não é um sonho.

—Os votos. —O padre fala e nos levantamos. Pegamos nossos papéis e
eu começo.

—Tudo que eu sempre quis para mim foi um final feliz. Eu acredito
piamente que eles existem sim, mesmo que muitos julguem que isso só acontece
na ficção. Porém, eu nunca imaginaria que encontraria meu final feliz em
alguém que tinha visto uma única vez na vida. Quando você parou naquele
carro, totalmente perdido por ter acabado de chegar na cidade, meu coração
imediatamente te escolheu. Te escolheu mesmo sabendo que teríamos
problemas, te escolheu mesmo sabendo a diferença de pessoa que somos, te
escolheu mesmo sabendo que eu poderia não ser sua escolha também. Eu tentei
te esquecer, eu tentei te tirar da minha vida, eu juro que tentei. Só que quando
estamos destinados a ficar com alguém, será impossível tirá-las da nossa vida.
Eu nunca imaginei que eu, pequena do jeito que sou poderia cuidar de você, tão
grande e imponente. Alguém que assusta pessoas só com olhar, alguém que
ameaça sem reservas para proteger quem ama, alguém que sendo novato no
mundo das armas entra em uma casa infestada de bandidos por minha causa.
Alguém que com uma casa em chamas não poupou esforços para salvar o
melhor amigo. —Olho para o Gary perto de nós que sorri fazendo sinal de
positivo. Prossigo: —Você se tornou meu mundo mesmo sem saber. Você se
tornou uma parte importante de mim a qual eu coloquei meu final feliz. Você me
fez mulher, me fez corajosa, me fez confiante, me fez poderosa. Você fez com
que eu enxergasse algo em mim que eu nunca vi. Você me amou independente
de qualquer coisa. Você apenas me quis. E agora temos um laço eterno. —Toco
minha barriga. —Temos algo que nos liga ainda mais e que fortalece como rocha
nossa relação. Eu e o Dylan temos você, meu amor. Você tem a nós dois. Na
saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, na alegria e na tristeza … —As
lágrimas rolam por meu rosto e pelo seu também. Toco seu rosto apaixonada e
sussurro as últimas palavras: —Até que a morte nos separe.

Ele me abraçou e eu me senti segura dentro de seus braços. Me sentia
confortável e sentia como se fosse minha casa. Era meu porto seguro. Era parte
de mim agora.

—Eu … Eu … —Ele não sabia o que falar e eu sorri ainda em meio as
lágrimas quando pegou o papel que ele deve ter feito para os votos e jogou
longe. Ali, dentro da igreja mesmo. Todo mundo riu. —Eu nunca pensei que iria
encontrar alguém que me amaria pelo que eu sou. Alguém que se importasse
verdadeiramente comigo e com meu bem estar. Mesmo não falando para
ninguém, esse sempre foi meu desejo. Eu queria ser perfeito, queria fazer tudo
certo para que um dia, alguém me amasse pelo que eu sou de verdade. Nunca
imaginaria que seria tão repentino e avassalador como foi ao te conhecer. Eu
achei que seria apenas alguma que passaria por mim sem olhar, mas não. Você
me enxergou. Você enxergou meu melhor mesmo em meio aos defeitos. Você
viu em mim o que ninguém viu, nem mesmo eu. Você preferiu acreditar em mim
mesmo não tendo motivos nenhum para isso. Eu era um idiota, um burro, uma
criança. Você sempre foi poderosa, meu amor. Você nunca precisou de mim para
isso, mas eu queria que você enxergasse em você o que eu sempre enxerguei. Eu
estava disposto a te amar somente quando você aprendesse a se amar. E isso
aconteceu. Você me prendeu de uma forma que eu não quero que solte nunca. Eu
trocaria mil vezes uma vida de festas para ficar em casa com você vendo filmes,
trocaria qualquer farra para trocar as fraldas sujas que o Dylan nos dará, trocaria
qualquer coisa no mundo apenas por um eu te amo sincero vindo de você. Você é
minha maior prioridade, minha exceção, minha vida. Minha pessoa. Eu não
preciso de nada desde que eu tenha você comigo. Vocês comigo. Em qualquer
momento. Para sempre.



Benjamin

Ela é minha, porra! Finalmente e definitivamente ela é minha. Mal posso
acreditar que agora tenho uma aliança adornando meu dedo e uma igual no dela
mostrando para quem quiser ver. Somos casados. Sorrio mesmo sem perceber,
meus lábios parecem que tem vida própria e já sinto as bochechas ficando
dormentes por causa disso. Porém nada pode me parar. Eu estou tão feliz e na
minha cabeça, depois do sofrido e maravilhoso “Eu aceito!” só vem uma frase

—Você agora passará a se chamar Louise Maria Hansen Connor.

Ultimamente meu único sonho é ter ela usando meu sobrenome. Mais
uma prova de que ela era minha estava estampada na nossa certidão a qual eu
queria colocar em um quadro e pendurar na nossa sala. E na cozinha, e nos
quartos, na área de serviço …

—Usa o lenço para limpar essa baba que está escorrendo no canto da sua
boca. —O Gary fala quando chegamos no salão de festas e vejo Louise
cumprimentar as pessoas.

—Eu vou precisar de mais que um lenço, irmão. —Sorrio e tocamos
nossas mãos.

—Eu falei que você ia se apaixonar.

—Você também não pode falar nada. —Aponto para o dedo onde ele
também carrega uma aliança de noivado e rimos juntos.

Aquele dia foi o mais feliz e sofrido da minha vida. Eu sabia que era
tradição a noiva se atrasar e deixar o coitado do noivo quase morrendo de
ansiedade (nunca mais vou rir disso), mas parece que ela queria ainda mais.
Mesmo as pessoas dizendo que haviam se passado apenas sete minutos, para
mim tinham passado quase trinta. Eu estava tão nervoso que tinha que secar
minhas mãos na calça vez ou outra.

Foi inevitável não pensar no meu pai e desejar do fundo do meu coração
que ele estivesse ali me vendo, que conhecesse sua nora e o neto que eu tinha lhe
dado, mas ele não estava. Eu segurei as lágrimas por sentir sua falta, mas olhei
para o meu lado e vi minha mãe ali. Ela estava feliz e orgulhosa de mim. Ela
agora era meu pai e minha mãe. Fazia um trabalho perfeito como os dois e eu
não podia deixar de agradecer por sua vida.

Quando vi minha noiva pisando na porta da igreja ao lado da Kim e com
aquela barriga enorme, quase perdi o ar por completo. Ela estava ainda mais
linda de noiva e com a barriga desenhada. Seus olhos azuis brilhavam me
olhando fixamente e seu rosto, se caso isso fosse possível fisicamente, estava
ainda mais lindo que nos outros dias. Eu me senti o homem mais sortudo do
mundo por a ter e ao mesmo tempo o mais burro por um dia ter lhe deixado.
Agora que tudo tinha mudado e ela estava a poucos passos de se tornar minha
mulher, isso nunca mais iria acontecer. Todos os dias eu ia lhe dar motivos para
saber que tinha feito a escolha certa ao me dizer que sim no altar.

Depois de toda aquela conversa, fotos e cumprimentos no salão, todos
sentaram nas suas mesas. Eu estava ao lado de Louise quando ela largou minha
mão e saiu. Eu fiquei sem entender, mas senti o Gary me puxando e me fazendo
sentar em uma cadeira separada. Olhei para os lados sem entender muita coisa,
porém sorri.

—Casei! —A voz feliz da minha mulher falou ao microfone levantando a
mão com a aliança depois de todo mundo lhe dar atenção. As palmas a fizeram
ficar com o rosto vermelho de vergonha e eu não conseguia tirar os olhos dela.
—Meu amor, eu poderia te falar muita coisa, mas os votos já fizeram isso. Na
lua de mel também terá muito mais.

As pessoas ovacionam maliciosas enquanto eu me abano simulando calor
e ela ri. Algumas amigas suas, incluindo Kim, Anninka e Leo surgem da
multidão e se juntam. Elas mexem no seu vestido e no instante seguinte ela está
usando apenas uma roupa por baixo. Uma espécie de vestido de renda com
transparência colado ao corpo e que desenha bem sua barriga grande. Suas
pernas mais grossas ficam de fora me fazendo olhar para os homens e me roer de
ciúmes, mas me controlo. Seus seios ficam comportados dentro da roupa, mas o
que não impede de eu já ficar de pau duro. Arrumo uma posição para esconder a
monstruosa ereção que se forma quando as luzes diminuem e uma música
começa a tocar ao fundo.

“Oops!... I Did It Again … ”

Ai meu caralho! A mulher dançava de forma tão sensual mesmo grávida
que eu tive que mudar de posição várias vezes. Seus olhos cheios de lascívia não
desviavam de mim e meu pau pulsava dentro da calça. Sua bunda redonda e
empinada debaixo do tecido justo me deixava imaginar muita coisa, seu pescoço
se tornou tão convidativo de repente que eu me imaginava chupando e lambendo
cada parte de sua pele nua.

Eu não conseguia desviar meus olhos dos seus e muito menos do seu
corpo. Ela estava deliciosa e dançando somente para mim. Eu umedecia os
lábios cheio de tesão e querendo saber quando eu já podia encerrar a festa para
poder lhe levar daqui. Seus seios estavam maiores e me faziam salivar. Eu queria
logo me enterrar dentro dela de novo e me deliciar mais vezes naquele corpo que
parece ter ficado dez vezes mais gostoso com a gravidez.

Eu não devia estar pensando tanta maldade aqui na frente de todo mundo,
porra, há crianças aqui. Não consigo controlar meu pau que estava a ponto de
rasgar a calça social, mas a culpa era da, agora, minha esposa. A safada estava
tentando me seduzir ali na frente de todo mundo e estava conseguindo
facilmente.

“There's something I want you to have” / “Há uma coisa que quero lhe
dar …”

Ela vira de costas e temo que meus lábios vão sair feridos de tanto que os
mordo. Minha garganta já está seca e fica ainda mais quando ela alisa a bunda
ali, na frente de todo mundo. Caralho! Vai ser errado se eu parar com aquilo ali
mesmo ?

Ela se vira novamente olhando para mim e vem na minha direção. Me
estendendo a mão, ela me puxa para junto de si e faço questão de roçar minha
ereção na sua barriga para ver o que está fazendo comigo.

Ela sorri e se posiciona na minha frente. Meu pau encosta na sua barriga
e cheiro seu pescoço. As pessoas vão a loucura com a cena e minha mulher pega
nas minhas mãos puxando até a frente do seu corpo. Ela faz com que as mesmas
percorram por toda a lateral ao ritmo da música e quando ela as desce em
direção a sua intimidade, sai da minha frente e vai me empurrando em um gesto
sensual até que eu sente na cadeira novamente.

Minha boca se abre totalmente excitado e ela senta no meu colo. Uma
perna de cada lado. Fico com as mãos nas suas pernas enquanto ela rebola ali e a
admiro totalmente entregue a mim. Totalmente minha. Sua boca se abre quando
a música está acabando e ela canta as últimas frases apenas no meu ouvido me
deixando arrepiado:

“Oops, you think that I'm sent from above … ” / “Opa, você achou que
eu caí do céu …”

“I'm not that innocent” / “Não sou tão inocente”.

Seguro seu rosto vermelho de excitação e ofegante fazendo com que olhe
dentro dos meus olhos. Divido a atenção entre seus olhos e seus lábios, meus
pensamentos com são pervertidos e não vejo a hora de acabar para levá-la daqui
para a ter somente para mim.

Mesmo não precisando de palavra alguma para demonstrar o que nós
dois sentíamos, mesmo nossos corações batendo no mesmo ritmo descrevendo
tudo da forma mais apaixonante possível, eu não pude ficar calado. Dei um beijo
quente e avassalador em seus lábios que fizeram todo mundo gritar. Sorri de lado
ainda com a boca perto da sua

—Estou louco para levar você daqui e te foder oficialmente como minha
esposa.

Seu sorriso foi a resposta que eu esperava e sabia que ela concordava
comigo em cada palavra.

Naquele momento as palavras do meu pai fizeram todo sentido. Quando
você nasce predestinado para ficar com alguém, vocês vão se encontrar. Essa
pessoa pode morar em outro país, pode construir uma família, pode ter vários
filhos com ela, o fio de vocês pode esticar até o limite, mas ele nunca se partirá.
Eu esperei por Louise sabendo que ela sempre foi minha alma gêmea e agora ela
tinha voltado para mim. Ela tinha voltado e ainda tinha trazido um bônus para
alegrar ainda mais minha vida. Meu filho. As pessoas mais importantes para
mim e por quem eu daria minha própria vida estavam comigo naquela noite. Eu
não poderia pedir mais. Eu só tinha a agradecer. Ninguém disse que o caminho
daqui para frente seria fácil, mas eu também nunca disse que iria desistir.

Benjamin Connor está vivo como nunca e é um novo homem.


“… E se reescrevemos as estrelas?
Diga que você foi feito para ser minha
Nada poderia nos separar
Você seria a única que eu deveria encontrar
Depende de você, e depende de mim
Ninguém pode dizer o que conseguimos ser
Então, por que não reescrevemos as estrelas?
Talvez o mundo possa ser nosso
Está noite …”
Epílogo

18 anos depois …

Benjamin

—Sério, ainda não sei como a Kim não se separou de você. —Falo sem
parar de olhar atentamente para a televisão.

—Aquela mulher me ama, irmão. Somos eternos. Eu quem deveria falar
da Lou, coitada.

—Você sabe que quem prova o poderoso chefão aqui sempre quer mais,
né ? —Aponto com a cabeça para meu pau e ele ri tomando um gole de cerveja.
Aproveito a chance para o destruir no videogame.

—Porra, não valeu!

—Claro que valeu. Você que é burro. —Falo dando risada e meu celular
começa a tocar em cima da mesinha de centro. Pego rápido vendo que o nome de
Heather aparece na tela.

—Oi, meu amor. —Digo sorrindo.

—Pai ? Oi. A mãe está em casa ?

—Não.

—E a vó ?

—Também não.

—A tia Kim ? —Ela já fica nervosa e eu bufo me fingindo de ofendido.

—Pelo visto sou a última opção dessa casa.

—É coisa de mulher, pai. —Começa a falar baixinho me deixando
preocupado.

—O que aconteceu, meu bem ? Papai também pode ajudar.

—É que … Bom …

—Você está me deixando preocupado, Heather.

—Pai, eu … Ai, estou com vergonha.

—Eu sou seu pai, meu amor. Algum rapaz aí na escola te fez mal ? Se
tiver feito eu chego aí em dois tempos e arrebento a cara de …
—Não! Não é isso. Prometa que não vai falar a ninguém antes de mim.

—Prometo. —Reviro os olhos e ela respira fundo no outro lado da linha.

—Eu fiquei menstruada na escola. —Fala baixinho parecendo
envergonhada. Meu coração acelera sem nem saber o motivo e minhas mãos
tremem. —Pai ? Ainda está aí ?

—Sim, meu amor. Estou. É … Bom … Você não levou nada ?

—Não, é minha primeira vez. Como eu poderia imaginar ?

—Eu também não faço ideia. O que eu posso fazer ? Quer que eu vá te
buscar na escola ?

—Sim, e também outra coisa.

—Fala.

—Passa em algum lugar e compra absorventes para mim.

—É o quê ? Eu não sei comprar isso.

—É fácil, pai. Tem que ser tamanho normal e de abas.

—Abas ? Tipo um chapéu ?

—Não, pai. —Ela range do outro lado. Menina nervosa. O Gary que
também escuta a conversa tenta prender o riso e falha. —Quando você chegar lá,
você pede a mulher isso que te falei e ela te ajuda.

—Não dá para esperar sua mãe chegar ? Eu estou com medo de comprar
isso.

—Sim, claro. Daí quando você chegar aqui eu já vou estar sendo levada
em um saco preto por ter morrido de hemorragia.

—Eita. Calma, eu chego dentro de alguns minutos então.

—Okay, mas não demora.

—Não vou demorar. Depois da escola sua mãe pediu que eu te levasse no
salão para se arrumar.

—Por quê ?

—Esqueceu que hoje é o aniversário de dezoito anos do Dylan ?

—Como eu poderia esquecer se ele me manda mensagem a cada dois
minutos perguntando se eu sei se a Angie chega a tempo de Londres para
comemorar com a gente ?
—É o quê ? —Desta vez é o Gary que fala e eu dou risada debochando
da sua cara.

—Hã … O tio Gary está aí com você ?

—Sim. —Respondo rindo ainda mais e ela também ri.

—Seu filho está arrastando asas para minha Angeline, Connor ?

—Deixa de ser chato, Gary. Não falei que o moleque ia ser matador ?

—Matador quero ver ele ser quando eu cortar o pau dele fora e acabar
com a geração Connor por aqui mesmo.

—É brincadeira, tio Gary. Finja que eu não disse nada. —Heather fala
desconfiada e é motivo para eu rir ainda mais quando o Gary bufa frustrado.

—Bom, meu amor. Vou comprar o tal negócio de asas e chego aí logo.

—Tá bom, pai. Eu te amo.

—Também te amo, princesa. Até já. —Falo e encerro a chamada. Olho
para o Gary prendendo o riso, mas ele logo explode me fazendo até engasgar.

—Para de rir, seu filho da puta. —Ele me joga a almofada e eu me
esquivo.

—Qual foi, irmão ? A Angie já tem dezoito anos.

—Foda-se! Pode ter até quarenta e sete.

—Um dia ela vai ter que namorar, mesmo eu supondo que já namora.

—Namora uma porra! Quero ver quando for a vez da Heather.

—Eu sou precavido. Já estou vendo os melhores conventos da América e
arrumando estratégias para lhe convencer a ir por vontade própria.

—Ainda dá tempo de Angie entrar também ? —Ele arqueia uma
sobrancelha e dou de ombros.

—Podemos tentar. Agora vamos comprar o tal negócio para minha filha e
deixar na escola.

—Nem fodendo. Não quero passar vergonha com você e ainda mais
comprando absorvente na farmácia.

—Que tipo de padrinho você é, seu patife ? E aquela história de “Sempre
aqui pra você” no Natal ?
—Foda-se! Maldita hora que fui te conhecer, Benjamin. Vamos logo
nessa porra. —Fala se levantando e eu visto a camisa enquanto pego as chaves
do carro, o celular e a carteira. —Mas você que entra e compra. Eu fico
esperando no carro.

—Okay. Você deixa para ela na escola então.

—Sonha. A filha é sua.

—Traíra. —Digo por fim e saímos da minha casa em direção a algum
lugar onde vende absorventes. Que Deus me ajude!

Heather é minha linda e doce filha caçula. Nasceu dois anos depois de
Dylan e agora está perto de completar seus dezesseis anos. Quando o Gary disse
que era uma das piores fases, eu já senti dor de cabeça. Por sorte ela ainda não
tinha me dado tanto trabalho quanto Angeline deu ao meu melhor amigo. Não,
não foi tanto trabalho assim na verdade. Eu estou exagerando. Foi um
gigantesco, avassalador e catastrófico trabalho. Aquela menina teve o que puxar
da Kim. Era um furacão em forma de garota e até já socou um rapaz do time de
futebol quando estava no secundário quando o mesmo falou coisas obscenas e
nojentas para ela na frente de todo mundo. O cara era bem maior que ela!

Coitado do Gary teve que sair da empresa para ir lhe acalmar porque ela
ainda queria bater no garoto. Eu, claro, fiquei orgulhoso da minha afilhada.
Espero que ela não diga ao pai que eu que ensinei a forma certa de socar alguém.

Agora ela estava em Londres passando uns dias na casa dos pais de Gary
enquanto não começava as aulas da faculdade. Eu já desconfiava que meu filho
estava apaixonado por ela e achei que o Gary tivesse percebido também, mas
ainda não sabia que meu amigo era tão deficiente mental. Diferente de mim,
Dylan é um garoto tímido. Não tanto, às vezes ele até se solta quando está
conosco, mas sua personalidade é mais recatada. Antes eu temia ele ter algum
problema por tudo que passou ainda na barriga da mãe. Fiquei aliviado quando
descobri que nada daquilo tinha lhe afetado e sua personalidade era normal.
Agora dá para ter ideia de como deve ser complicado para ele falar para a Angie
que está apaixonado. A garota não tem vergonha de nada, é desbocada, está
sempre sorrindo e falando, deixando tudo a sua volta alegre. Basta ela chegar ao
seu lado que o coitado até gagueja, mesmo os dois tendo crescido juntos,
frequentado a mesma escola e outros lugares. Eram melhores amigos desde
sempre e Angeline era praticamente sua protetora fazendo questão de dar ênfase
sempre que era mais velha.

“Só quatro meses, Angie”. —Era os argumentos do meu filho ao mesmo
tempo que revirava os olhos. Aquela história ainda daria muito pano pra manga.

Cheguei a farmácia já sentindo vergonha e o filho da puta do Gary disse
que entraria comigo só para rir da minha cara. Foi o que ele fez. Olhei para os
lados vendo se tinha muita gente, mas graças a Deus que não.

—Vamos lá, cara. Você é ninguém menos que Benjamin Connor. —Falei
comigo mesmo caminhando em direção a uma atendente jovem que arrumava
algumas vitaminas nas prateleiras. —Bom dia.
Ela se virou para mim e me olhou de cima a baixo. Seus olhos me
cobiçaram por inteiro e fiz de conta que não tinha visto. Ainda bem que minha
mulher não estava aqui ou cabeças iriam rolar em dois tempos.

—Bom dia. Posso ajudar ?

—Você realmente pode ajudar. —Sorrio charmoso. —Eu tenho uma filha
criança ainda. Tem quinze anos e nesse momento está na escola a ponto de ter
uma hemorragia.

—Como assim ? —Ela arregalou os olhos. —Você já foi ver ela ? Ligou
para a ambulância ?

—Não, acho que não vai ser preciso. Ela ficou … como que eu posso te
dizer ? Quando passa da infância para a fase aborrecente.

—Menstruada ?

—Isso, garota! —Comemorei. —Agora eu preciso ir lá e levar
absorventes para ela antes que ela vire uma fera. Aquela ali é pequena, mas
quando está irritada sai de perto.

—Eu entendo. Ela tem alguma exigência ? —Ela sorri de lado parecendo
ainda mais interessada em mim pelo fato de ser pai. Desculpe, moça bonita, mas
esse fodão gostoso e pauzudo aqui já tem uma dona tão brava quanto a filha.

—Sim. Disse que tem que ser tamanho normal e com … asas ?

—Abas.

—Isso. Tem aqui ?

—Tem sim. Me acompanhe, por favor. —Ela sai e eu a acompanho
depois de me virar para Gary comemorando com um soco no ar. Ele está
vermelho de tanto rir enquanto finge olhar algo nas prateleiras.

Chegamos em frente a uma parte repleta de absorventes de várias cores e
tamanho. Arregalo os olhos com o tanto de possibilidades e a moça me olha
sorrindo.

—Todos são da forma que você pediu. Basta escolher a marca que
deseja.

—Qual a melhor ?

—Essa. —Pega um pacote amarelo com azul e me entrega. Eu o olho de
todos os lados e volto a lhe encarar.

—Mas não tem que ser cor-de-rosa ? Ela é menina.

—Sério que ela é menina ? —Sorri e sinto uma pontada de ironia ali. —
Também tem esse. É bom e cor-de-rosa. —Ela me entrega um novo pacote um
pouco maior que o outro na cor que eu quero.

—Vou levar esse. Muito obrigado pela ajuda
.
—Por nada.

Vou para o balcão onde tem duas pessoas na minha frente. Evito olhar
para os lados, pois ainda escuto a risada esganiçada de Gary e meu celular toca.

—Oi, meu bem. Estou quase. —Atendo.

—Pai, o senhor está demorando muito. Onde você está ?

—Já estou no carro a caminho da escola.
—Okay, tem que ser rápido. Já tem gente estranhando de eu estar sentada
perto da porta.

—Estou mesmo quase, minha princesa. Até já. —Desligo sem esperar
mais nada e chega minha vez. Quando a moça passa e vê o valor, eu deixo uma
nota em cima e pego o pacote sorridente. —O troco é seu. Obrigado e tenha um
bom dia.

Saio da farmácia comemorando como se tivesse acabado de ganhar um
campeonato e o Gary vem atrás. Entramos no carro e partimos em direção a
escola. Ela passa o dia todo lá, coitada. Às vezes eu tenho pena de deixar minha
caçula jogada nas traças, ainda mais junto com aquele monte de gavião mirim
doido para tirar casquinha. Até tremo só de imaginar ela apaixonada.

Mando uma mensagem para ela falando que já cheguei e me dirijo ao
gigantesco portão para lhe esperar. A vejo caminhar rapidamente na minha
direção assim que me vê e meu coração falha algumas batidas. Eu agora sou pai
de dois filhos e minha caçula é linda. Os olhos em um azul intenso combinam
perfeitamente com seus cabelos loiros e sua pele clara. Mesmo que para mim ela
seja uma menininha ainda, ela poderia muito bem se passar por mais velha que
sua idade. Sorrio bobo vendo como suas feições se misturam com as minhas e de
Louise.

—Trouxe o que você pediu, meu amor. —Falo levantando o absorvente
no ar quando o porteiro abre o portão e ela para no lugar. Seu rosto fica
vermelho de vergonha e ela bate com a mão na testa.

—Deixa de ser idiota, seu burro. —O Gary toma o pacote da minha mão.
—Não está vendo que isso não é coisa que as garotas querem mostrar para todo
mundo ? Ainda mais com quinze anos.

—Por que não ? É normal.

—Você é mesmo jumento, Benjamin. Anda cá, minha princesa. —O
Gary a chama sorrindo escondendo bem o pacote e ela vem andando me
fuzilando com o olhar. Okay, aquele olhar foi herdado da mãe.
—Obrigada, tio Gary. —Ela pega o pacote e se vira para mim. —Pai, não
é para mostrar assim.

—Desculpa, não tenho seu manual.

—Jesus! —Ela bate novamente a mão na testa e sorri. —Eu vou lá dentro
pegar minhas coisas e já volto.

—Não demora. Sua mãe já está me mandando mensagens perguntando se
eu já vim te buscar.

—Tudo bem. —Ela volta para dentro da escola e fico olhando para os
moleques para ver se eles a olham. Eles olham! Os filhos mirins de uma mãe
olham!

—Sossega aí no teu lugar. —O Gary segura meu braço rindo quando me
vê querendo ir tirar satisfações.

—Eu vou arrancar os olhos daquele moleque.

—Vai nada.

Alguns minutos depois vejo minha menininha saindo pela porta principal
do colégio e ela parece esquecer de algo, pois dá meia volta. Porém antes de
entrar, um outro garoto vem correndo na sua direção e entrega sua mochila. Ele
sorri para ela falando alguma coisa e minha filha abaixa a cabeça pegando a
mochila e colocando os cabelos atrás da orelha. Ah não!

—Pelo visto esse convento vai esperar. —O Gary debocha ao meu lado
dando tapinhas no meu ombro e desta vez sou eu quem bato com a mão na testa.

(…)

Eu continuo comandado a empresa depois de todos esses anos, e o Gary
está sempre lá, assim como a Kim, que se formou na faculdade alguns anos atrás
e agora tem um cargo mais prestigiado. Frank continua na sua vida de mafioso e
ninguém sabe quando ele vai ter que sair de repente para uma das suas viagens
malucas. Eu já me meti com bandidos e foi uma vez para nunca mais. Fora isso
ele é um tiozão com meus filhos e com a sobrinha. Heather em particular o
adora. Louise também continua na empresa. Mesmo com sua marca de jóias
tendo crescido de forma extraordinária desde que se iniciou, continua
trabalhando como modelo. Felizmente a convenci em mudar sua sede para
Boston. Não queria ter que lhe deixar indo em Milão o tempo todo. Não gostava
da ideia de ficar longe dela e não, não era desconfiança ou ciúmes. Eu apenas
gostava dela junto de mim e mesmo tendo sido um processo trabalhoso e
demorado, conseguimos. Ela se tornou uma mulher bem-sucedida em todas as
áreas que atua. Empresária, modelo, mulher, amiga, tia, patroa, madrinha, mãe.
Tudo.

Vejo minha mulher se arrumando alheia a mim e suspiro apaixonado.
Mesmo depois de tantos anos o meu amor por ela continua o mesmo. Mentira! O
sentimento parece que aumenta a cada dia mais. Ainda acordo feliz ao ver que
ela está todos os dias ao meu lado, menos quando brigamos feio e eu tenho que
ir dormir no quarto de hóspedes, mas isso não vem ao caso. Várias pessoas já
chegaram a me falar que as relações esfriam com o tempo e eu pensei que sim,
mas não. Isso acontece quando damos brechas e deixamos de lado a verdadeira
essência da relação. Não falo só em sexo todos os dias ou quatro vezes na
semana, mas sobre tudo. Boa parte das pessoas quando casam esquecem do
momento que eram apenas um casal juvenil. Não fazem esforços para manter
aquele amor pegando fogo.

Eu me orgulho de mim e dela por todos os dias agimos como se fossemos
nosso primeiro dia vivendo como um casal. Eu tento lhe conquistar e lhe agradar
como se ainda fossemos namorados e isso para mim é maravilhoso. Nossa
chama nunca apaga e eu não deixarei que isso aconteça nunca. Não quero ter que
perdê-la outra vez para ter que dar valor.

—O que você tanto olha, hein ? —Pergunta vestindo seu vestido em um
tom rosa claro e sorri tímida. Como eu amo essa mulher.

—Sua bunda.

—Você não vale nada! —Vem na minha direção de costas para que eu
feche o seu zíper. Enquanto faço isso, roço os lábios em seu pescoço e sorrio ao
ver seus pelos se arrepiarem.

—Seu cheiro está me deixando doido para te foder de novo.

—Acabamos de fazer isso, amor.

—E daí ? Acho que ainda temos tempo de fazer de novo. —A viro de
frente e tomo sua boca em um beijo. Meu pau começa a criar vida dentro da
calça e com um sorriso travesso, ela levanta o vestido até a cintura e passa por
mim.

—Pode arrumar minha calcinha ? Acho que está ficando marcada.

A safada pede com uma voz doida por pau e fica com as mãos apoiadas
na cama com bunda empinada na minha direção. Mordo os lábios e rapidamente
tiro meu cinto e abaixo a calça novamente. Meu cacete salta duro para fora e o
masturbo indo na sua direção. Me abaixo um pouco e deslizo sua calcinha por
suas pernas depois de levantar seu vestido. Sua boceta brilhante e molhada é
convidativa e eu não perco tempo em cair de boca nela.

A penetro com minha língua e chupo meu doce favorito. Seus gemidos
são músicas para meus ouvidos e quando ela ameaça gozar, eu paro.
—Hum … Por que parou ?

—Porque eu quero te ver gozando no meu cacete, safada.

A inclino ainda mais e a coloco de quatro na cama. Abro bem sua bunda
e começo a passar a cabeça já melada na sua entrada ainda mais molhadinha e
ela geme.

—Nunca vou cansar desse seu corpo, mulher. —Digo e a penetro de uma
só vez. Ela geme me deixando ainda mais excitado e vira o rosto para me olhar.
—Ainda bem que não. Agora me fode porque não aguento mais esperar.

—Seu pedido é uma ordem.

(…)

Chegamos junto com Heather e minha mãe na festa de aniversário de
Dylan, e minha pequena logo corre para ficar com algumas amigas. O lugar foi
bem preparado para organizar a festa e novamente minha mulher surpreende a
todos. A decoração, as mesas, o cardápio está tudo perfeitamente agradável para
aquela noite. Nos juntamos com Gary, Kim, Frank, Leo e seu namorado, um
empresário milionário, na mesma mesa onde começamos a conversar
animadamente enquanto bebemos. Alguns minutos depois a festa começa a rolar
em homenagem a Dylan, que como um bom anfitrião, recebe e cumprimenta
sorridente a todos. Percebo vários olhares de garotas para ele, mas o garoto
parece que não quer saber de nenhuma delas. Ele olha para os lados como se
procurasse alguém e sempre que não acha, fica triste por alguns segundos.

Fico o observando a distância tentando saber o que posso fazer para lhe
dar um empurrãozinho e lembro do garotinho que ele era quando mais novo.
Sempre foi tímido e logo no início descobrimos seu talento para números.
Sempre foi a calculadora humana de casa e da escola. Heather deve muito a ele
por conseguir passar nas matérias de exatas. Os dois sempre foram unidos e fico
feliz por serem melhores amigos desde sempre. Ele sempre me deu orgulho e
estou pagando seus estudos na faculdade de Administração, pois é seu sonho ser
um grande empresário para assumir meu lugar. Deus ouviu minhas orações.
Podem vir, férias eternas.

Sorrio ao lembrar do dia quando ele nasceu. Eu e Louise fomos
convidados para o aniversário de Anninka que seria realizado em Milão. Eu não
estava muito a fim de ir, pois ela já estava nas últimas semanas de gestação e o
bebê poderia nascer a qualquer momento. Também era por causa do tal Raul.
Aquele cara ainda não me descia, mas ela queria ir e eu não tive alternativa.
Resultado: enquanto cantávamos os parabéns da sua amiga, senti um aperto forte
no meu braço e quando olhei para Louise, ela sorriu nervosa dizendo que a bolsa
tinha rompido. Nem preciso dizer que fiquei nervoso e contente ao mesmo
tempo. Corri com ela para o hospital e tudo foi lindo. Digo, foi lindo saber que
meu filho havia chego ao mundo. Tudo foi filmado e quando parei uns segundos
para olhar que ele saía do meu playground particular, quase passei mal vendo a
cena. Não sei como as mulheres aguentam. Realmente vocês são fodas!

Tive que controlar a dor sempre que minha mão era praticamente
esfolada por Louise que suava e ficava vermelha. Eu estava esperando ela
explodir a qualquer momento, mas finalmente meu filho tinha chegado. O
moleque é italiano!

Voltando a atualidade. Peguei na mão de Louise e caminhamos juntos na
sua direção que comia qualquer coisa na mesa de aperitivos. Um grupo de
meninas mais ou menos da sua idade estavam tentando chamar sua atenção e
quase se desmancharam quando ele olhou na direção delas e sorriu. Esse não
nega o sangue Connor.

—Parabéns, meu amor! —Louise foi a primeira a lhe abraçar. Os dois
tinham uma harmonia perfeita. Eram tão unidos quanto eu era com Heather. A
ligação dos dois era tão forte desde que ele ainda estava na barriga dela. Sempre
forte. —Você está crescendo tão rápido que tenho medo do dia que não será mais
meu menino.

—Eu sempre vou ser mãe. —Ele seca as lágrimas dela que ameaçam cair
e beija o topo da sua cabeça. —Eu te amo.

—Eu também te amo, meu bem.

—Parabéns, moleque. —Pego na sua mão sorrindo e damos o toque que
já estamos acostumados desde quando ele era criança. —Está ficando matador.
—Olho para as garotas e ele olha na mesma direção sorrindo tímido.

—Obrigado, pai.

—Não vai dizer que me ama também ?

—Eu te amo. —Dá uma gargalhada e nos abraçamos. Depois de nos
afastar, enfio a mão no bolso e pego seu presente. Louise segura meu braço
sorrindo esperando sua reação.

—Eu também te amo. Agora toma seu presente. —Estendo uma chave na
sua direção com o alarme em formato de carro e o símbolo da Porsche esculpido.
Ele pega da minha mão boquiaberto e me olha para ter certeza que estou falando
sério. Sua mãe faz que sim com a cabeça e ele tenta falar.

—Meu … Um … É um Porsche ?

—Sim.

—Vocês estão me dando um Porsche de presente ?

—Gostou ?

—Se eu gostei ? Caraca! —Ele nos aperta com força quase nos partindo
ao meio. —Obrigado, pai. Obrigado, mãe. Eu adorei!

—Oh, juízo nesse carro. Você não é um Ayrton Senna.

—Valeu, pai. —Ele beija meu rosto e quando vai sair para mostrar aos
amigos, mas esbarra com Angeline. Vejo os olhos do meu garoto brilharem e
assim como ficou agora pouco, sua boca se abre tentando formular alguma frase
certa.

—Feliz aniversário, Dylan. —A linda garota com cabelos loiros filha de
Gary estende uma caixa azul na sua direção. Ela tem um sorriso tímido no rosto
e eu sou muito experiente nessa área para saber que ela também está na dele.

—Angie, você veio.

—Acha que eu faltaria ?
—Não. —Ele diz sorrindo mais largo e estende a mão para ela. Ela fica
alguns segundos olhando para ver se pega e finalmente cede aos seus encantos.
Ele vira a cabeça para olhar para mim e eu faço um sinal de positivo piscando
para ele. Ele faz o mesmo entendendo meu gesto e os dois saem logo em
seguida.

—O que vocês estão aprontando ? —Louise cutuca minha cintura.

—Coisa de rapazes. —Pisco para ela e seguro seu rosto. —Eu também
tenho um presente para você.

—Pra mim ? —Sorri de lado.

—Não é pau, sua safada. Isso eu te dou mais tarde de novo.

Ela sorri ainda mais e eu tiro algo do bolso de dentro do meu terno.

—O que é isso ? —Pergunta quando eu lhe estendo duas passagens e dois
ingressos. —Amor, não acredito! Isso é sério ?

—Muito sério, meu bem. Segunda-feira partimos.

Ela me olha com o mesmo sorriso apaixonado de sempre e ainda com
aquele olhar inocente enquanto segura nossas passagens para Londres junto com
dois ingressos para o Eletric Cinema. Eu sabia que lhe devia isso e aproveitei a
oportunidade para tirarmos férias e termos uma nova lua de mel.
Lentamente aproximo meus lábios e toco os seus. Tão macios e doces
que me deixam extasiado.

—Eu te amo, meu amor. Mais que o mundo.

—Eu também te amo, meu bem. Mais que o universo.

Naquela noite, ao vê-la dançar na pista com a Kim e Leo como se fossem
três adolescentes, eu apenas lhe olhava babando. Imaginava o caminho que
percorremos até chegar ali, as brigas, o sexo, as datas comemorativas, os choros,
as risadas escandalosas, tudo. Nunca tive tanta certeza de algo na minha vida
quanto agora tinha sobre ela. Era com ela que queria passar até o último dia da
minha vida, era com ela que imaginava cada momento especial ou não. Era com
ela que eu me imaginava sentado em uma cadeira de balanço segurando na sua
mão enrugada, contando histórias a nossos netos, dormindo cada dia juntos
apenas com o calor do seu corpo onde sempre foi meu lugar.

Quando ela olhou para mim dançando com aquele sorriso sexy e
malicioso que eu já conhecia com a palma da minha mão, eu pedi apenas uma
coisa além de saúde para cuidar dos meus filhos.

Como eu já tinha amor o suficiente para lhe dar por toda a vida, pedi
apenas que Deus me concedesse pau o suficiente para eu aguentar o fogo
daquela mulher para sempre.

Fim
Agradecimentos

Antes de qualquer pessoa que eu possa agradecer por isto ter acontecido,
eu agradeço primeiramente a Deus pela capacidade que eu possuo. Eu já não me
vejo sem a escrita e a leitura.

Eu tenho muitas pessoas para agradecer e cada uma delas sabem disso,
mas sempre há aquelas especiais que sempre que você lembrar delas, vai lembrar
da força que te deram e eu também tenho essas pessoas.

Minha mãe Graça, minha irmã mais nova Rute e minha irmã mais velha
Raabe. Antes de todo mundo, era sempre elas que sabiam dos meus planos e
projetos. Eram elas que me aturavam quando eu as faziam ficar acordadas
ouvindo o que eu já tinha feito e atrapalhava quando estavam fazendo algo
importante. Nunca me recriminaram por isso e quando eu achava que algo não
estava bom o suficiente, elas sempre estavam lá para me apoiar no que quer que
fosse. Muito obrigada.

Aparecida Xavier. Esse nome está tatuado em mim de uma forma tão
surreal que as vezes eu fico com medo. Minha irmã gêmea de alma e tudo,
exceto pela aparência. É raro encontrar alguém que te apoia de verdade e que
você sabe que está ali para você o tempo inteiro, mas felizmente eu a tenho. Para
qualquer coisa. Mesmo quando não sabe de algo, faz questão de aprender só para
me ajudar e eu nem sei se mereço isso.

Se me perguntasse como começou nossa parceria, eu realmente não
saberia responder. Foi algo diferente e que agora é uma das coisas mais
importantes para mim. Mesmo quando eu quero fazer algo e me sinto incapaz,
ela sempre esteve ali para dizer “Rebeca, se acalma. Respira fundo e descansa.
Você tem capacidade para isso”.

Eu tinha medo de alguém me falar que eu tenho capacidade. Eu tenho
medo de acabar decepcionando qualquer pessoa, principalmente ela. Muitas das
vezes eu chorava porque algo não estava verdadeiramente bem e parte disso era
pensar que eu não era tão boa quanto ela pensou que eu era. Por sorte, sempre
que ela está comigo, eu consigo. Eu me sinto capaz.

Eu vou ser eternamente grata a você e a tudo que faz por mim. Eu nunca
poderia deixar de te agradecer nessa fase da minha vida. Obrigada por está
sempre comigo. Obrigada por absolutamente tudo. Eu te amo, gêmea

( I'll keep you in this heart of mine / No matter who or what I am / This
time that we had, I will hold / Forever )

Ao meu companheiro por me apoiar e inspirer. Muitas das vezes sem
saber disso. Eu te amo!

Outra que eu também não poderia esquecer. Kimberly. Uma pessoa que
também me acompanhou desde muito antes de Amor Em Dólar. Alguém que se
sente em casa comigo e eu me sinto com ela. Obrigada.

Á Jéssica Lima pela diagramação e ajuda na hora da publicação. Sem
você, certamente isso seria mais difícil de acontecer. E por fim, as minhas
leitoras que estiveram comigo desde o começo. Obrigada pelos comentários,
pelos votos, pela força e por tudo que vocês foram capaz de me oferecer. Eu levo
cada uma de vocês sempre. Obrigada por me fazerem chegar até aqui. De
coração.


P.S. Quer ganhar mini polaroids personalizadas dos personagens que
aparecem ao longo da história ? Quer ter uma foto especial do Benjamin, Louise,
Kim ou outros personagens para guardar de recordação ?

Basta avaliar este livro, tirar o print da avaliação e mandar para
[email protected] junto com seu endereço certinho, seu nome e o
nome de 3 dos seus personagens favoritos.

Instagram: @beca.crispim
Facebook: Rebeca Crispim

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