CATECISMO Compendio01

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CATECISMO

DA
IGREJA CATÓLICA

Compêndio
elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de
forma a constituir, como desejara o meu Predecessor,
MOTU PROPRIO uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos
crentes e não crentes, abraçar, numa visão de conjunto,
Para a aprovação e publicação todo o panorama da fé católica.
do Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na
linguagem o Catecismo da Igreja Católica, que
Aos Veneráveis Irmãos Cardeais, Patriarcas, encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para
Arcebispos, Bispos, ser mais conhecido e aprofundado.
Presbíteros, Diáconos e a todos os Membros do Povo de
Deus Em primeiro lugar, confio esperançoso este Compêndio a
toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se
Há já vinte anos que se iniciou a elaboração do encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no
Catecismo da Igreja Católica, pedido pela Assembleia renovado empenhamento de evangelização e de educação
Extraordinária do Sínodo dos Bispos, por ocasião do na fé, que deve caracterizar cada comunidade eclesial e
vigésimo aniversário do encerramento do Concílio cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação.
Vaticano II.
Mas este Compêndio, pela sua brevidade, clareza e
Agradeço muito a Deus Nosso Senhor por ter dado à integridade, dirige-se a todas as pessoas, que, num
Igreja tal Catecismo, promulgado, em 1992, pelo meu mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas
venerado e amado Predecessor, o Papa João Paulo II. mensagens, desejam conhecer o Caminho da Vida, a
Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho.
A utilidade e preciosidade deste dom obteve
confirmação, antes de mais, na positiva e larga recepção Lendo este instrumento autorizado que é o Compêndio,
por parte do episcopado, ao qual primeiramente se possa cada um, em especial graças à intercessão de
dirigia, sendo aceite como texto de referência segura e Maria Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja,
autêntica em ordem ao ensino da doutrina católica e à reconhecer e acolher cada vez mais a beleza inexaurível,
elaboração dos catecismos locais. Foi também a unicidade e actualidade do Dom por excelência que
confirmado por todas as componentes do Povo de Deus Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus
que o puderam conhecer e apreciar nas mais de Cristo, que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).
cinquenta línguas, em que até agora foi traduzido.
Dado aos 28 de Junho de 2005, vigília da Solenidade dos
Agora com grande alegria aprovo e promulgo o Santos Pedro e Paulo, ano primeiro de Pontificado.
Compêndio de tal Catecismo.
BENEDICTUS PP XVI
Ele tinha sido intensamente desejado pelos
participantes no Congresso Internacional de Catequese  
de Outubro de 2002, que, deste modo, se fizeram
intérpretes duma exigência muito difundida na Igreja.  INTRODUÇÃO
Para acolher este desejo, o meu saudoso Predecessor,
em Fevereiro de 2003, decidiu a sua preparação, 1. No dia 11 de Outubro de 1992, o Papa João Paulo II
confiando a sua redacção a uma Comissão restrita de entregava aos fiéis de todo o mundo o Catecismo da
Cardeais, presidida por mim, apoiada pela colaboração de Igreja Católica, apresentando-o como «texto de
alguns especialistas. No decorrer dos trabalhos, um referência» (1) para uma catequese renovada nas fontes
projecto do Compêndio foi submetido à apreciação de vivas da fé. A trinta anos da abertura do Concílio
todos os Eminentíssimos Cardeais e dos Presidentes das Vaticano II (1962-1965), completava-se assim o desejo
Conferências Episcopais, que, na sua grande maioria, o expresso em 1985 pela Assembleia Extraordinária do
acolheram e apreciaram positivamente. Sínodo dos Bispos, para que fosse composto um
catecismo de toda a doutrina católica quer no tocante à
O Compêndio, que agora apresento à Igreja universal, é fé quer no que se refere à moral.
uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja
Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os
Cinco anos depois, a 15 de Agosto de 1997, ao promulgar resposta privilegiada na vida sacramental. Nela os fiéis
a edição típica do Catecismo da Igreja Católica, o Sumo experimentam e testemunham em cada momento da sua
Pontífice confirmava a finalidade fundamental da obra: existência a eficácia salvífica do mistério pascal, por
«Apresenta-se como exposição completa e íntegra da meio do qual Cristo realizou a obra da nossa redenção.
doutrina católica, que permite a todos conhecer o que a
mesma Igreja professa, celebra, vive, reza na sua vida A terceira parte, intitulada «A vida em Cristo», chama a
quotidiana» (2). atenção para a lex vivendi, isto é, para o empenho que os
baptizados têm de manifestar nas sua: atitudes e nas
2. Para uma maior valorização do Catecismo e vir ao suas opções éticas de fidelidade à fé professada e
encontro dum pedido que surgiu no Congresso celebrada. Os fiéis são chamados pelo Senhor Jesus a
Internacional de Catequese em 2002, João Paulo II agir de acordo com a sua dignidade de filhos de Deus Pai
instituiu, em 2003, uma Comissão especial, presidida na caridade do Espírito Santo.
pelo Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação
da Doutrina da Fé, em ordem à elaboração dum A quarta parte, intitulada «A oração cristã», apresenta
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, como uma síntese da lex orandi, isto é, da vida de oração. A
formulação sintetizada dos conteúdos da fé. Após dois exemplo de Jesus, o modelo perfeito do orante, também
anos de trabalho, foi preparado um projecto de o cristão é chamado ao diálogo com Deus na oração, de
compêndio, que foi enviado para apreciação aos Cardeais cuja expressão privilegiada é o Pai-nosso, a oração que o
e aos Presidentes das Conferências Episcopais. O próprio Jesus nos ensinou.
projecto recebeu, em geral, uma apreciação positiva por
parte da maioria absoluta de quantos responderam. 4. Uma segunda característica do Compêndio e a sua
Tendo em conta as propostas de melhoramento que forma dialogada, que retoma um antigo género literário
chegaram, a Comissão procedeu à revisão do projecto e da catequese, constando de pergunta e resposta. Trata-
preparou o texto final da obra. se de repropor um diálogo ideal entre o mestre e o
discípulo, mediante uma sequência de interrogações que
3. São três as características principais do Compêndio: a envolvem o leitor convidando-o prosseguir na descoberta
estrita dependência do Catecismo da Igreja Católica; o de aspectos novos da verdade da fé. O género dialogal
género dialoga]; a utilização das imagens na catequese. concorre também para abreviar notavelmente o texto,
reduzindo-o ao essencial. Isto poderia ajudar a
Antes de mais, o Compêndio não é uma obra autónoma, assimilação e a eventual memorização do conteúdo.
pois não pretende, de modo nenhum, substituir o
Catecismo da Igreja Católica: pelo contrário. remete 5. A terceira característica reside nas imagens, que
continuamente para ele, quer mediante a indicação, assinalam a organização do Compêndio. Provêm do
ponto por ponto, dos números a que se refere, quer riquíssimo património da iconografia cristã. A tradição
através da contínua referência à estrutura, ao secular e conciliar diz-nos que também a imagem é
desenvolvimento e aos seus conteúdos. Além disso o pregação evangélica. Os artistas de todos os tempos
Compêndio pretende despertar um renovado interesse e apresentaram à contemplação e à admiração dos fiéis os
fervor em relação ao Catecismo, que, com a sua sábia factos salientes do mistério da salvação, no esplendor da
exposição e a sua unção espiritual, permanece sempre o cor e na perfeição da beleza. Indício de que, hoje mais
texto de base da catequese eclesial de hoje. do que nunca, na época da imagem, a imagem sagrada
pode exprimir muito mais que a palavra, pois é muito
Como o Catecismo, também o Compêndio se divide em mais eficaz o seu dinamismo de comunicação e de
quatro partes, de acordo com as leis fundamentais da transmissão da mensagem evangélica.
vida em Cristo.
6. A quarenta anos da conclusão do Concílio Vaticano II
A primeira parte, intitulada «A profissão da fé», é uma e no ano da Eucaristia, o Compêndio pode constituir um
síntese adequada da lex credendi, isto é, da fé ulterior subsídio para satisfazer quer a fome de verdade
professada pela Igreja Católica, retirada do Símbolo dos fiéis de todas as idades e condições, quer também a
Apostólico ilustrado com o Símbolo Niceno- necessidade de quantos, não sendo fiéis, têm sede de
Constantinopolitano, cuja proclamação constante nas verdade e de justiça. A sua publicação terá lugar na
assembleias cristãs mantém viva a memória das solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas
principais verdades da fé. da Igreja universal e evangelizadores exemplares do
Evangelho no mundo antigo. Estes apóstolos viveram o
A segunda parte, intitulada «A celebração do mistério que pregaram e testemunharam a verdade de Cristo até
cristão», apresenta os elementos essenciais da lex ao martírio. Imitemo-los no seu ardor missionário e
celebrandi. O anúncio do Evangelho encontra a sua peçamos ao Senhor a fim de que a Igreja siga sempre o
ensinamento dos Apóstolos, dos quais recebeu o 27-30
primeiro alegre anúncio da fé. 44-45

20 de Março de 2005, Domingo de Ramos. Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus
inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo
Joseph Card. Ratzinger que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não
Presidente da Comissão especial cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre
n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade, que
-------------------------------------------------- ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o
homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão
1. João Paulo II, Const. Apost. Fidei depositum, 11 de com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que
Outubro de 1992. confere ao homem a sua dignidade fundamental.

2. João Paulo II, Carta Apost. Laetamur magnoepre, 15 3. Como é que se pode conhecer Deus apenas com a luz
de Agosto de 1997. da razão?

  31-36
46-47

PRIMEIRA PARTE
A partir da criação, isto é, do mundo e da pessoa
humana, o homem pode, só pela razão, conhecer com
A PROFISSÃO DA FÉ
certeza a Deus como origem e fim do universo e como
sumo bem, verdade e beleza infinita.
 

4. Basta porém a exclusiva luz da razão para conhecer


PRIMEIRA SECÇÃO
Deus?

«EU CREIO» – «NÓS CREMOS»


37-38

 
Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem
experimenta muitas dificuldades. Além disso, não pode
1. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem? entrar só pelas suas próprias forças na intimidade do
mistério divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a
1 – 25 sua Revelação não apenas sobre verdades que excedem o
seu entendimento, mas também sobre verdades
Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si religiosas e morais que, apesar de serem por si
mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas
o homem para o tornar participante da sua vida bem- por todos, sem dificuldade, com firme certeza e sem
aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o mistura de erro.
seu Filho, como Redentor e Salvador dos homens caídos
no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os 5. Como se pode falar de Deus?
filhos adoptivos por obra do Espírito Santo e herdeiros
da sua eterna bem-aventurança. 39-43
48-49
CAPÍTULO PRIMEIRO
É possível falar de Deus a todos e com todos, a partir
O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS das perfeições do homem e das outras criaturas, que são
um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de
30 Deus. É, porém, necessário purificar continuamente a
nossa linguagem de tudo o que ela contém de imaginário
«És grande, Senhor, e digno de todo o louvor [...]. e imperfeito, na consciência de que nunca será possível
Fizeste-nos para Ti e o nosso coração não descansa exprimir plenamente o infinito mistério de Deus.
enquanto não repousar em Ti» ( S. Agostinho ).
 
2. Porque é que no homem existe o desejo de Deus?
CAPÍTULO SEGUNDO
DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita
e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do
A REVELAÇÃO DE DEUS Espírito, a Revelação está, finalmente, completada, ainda
que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado
6. O que é que Deus revela ao homem? ao longo dos séculos.

50-53  
68-69
«A partir do momento em que nos deu o Seu Filho,
Deus revela-se ao homem, na sua bondade e sabedoria.  que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos
Mediante acontecimentos e palavras, Deus revela-se a  tudo ao mesmo tempo e duma só vez,
Si mesmo e ao seu desígnio de benevolência, que Ele,  e nada mais tem a acrescentar» (S. João da Cruz).
desde a eternidade, preestabeleceu em Cristo a favor
dos homens. Tal desígnio consiste em fazer participar,  
pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida
divina, como seus filhos adoptivos no seu único Filho. 10. Qual o valor das revelações privadas?

7. Quais as primeiras etapas da Revelação de Deus? 67

54-58 Embora não pertençam ao depósito da fé, elas podem


70-71 ajudar a viver esta mesma fé, desde que mantenham uma
estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja,
Deus manifesta-se desde o princípio aos nossos ao qual compete discernir as revelações privadas, não
primeiros pais, Adão e Eva, e convida-os a uma comunhão pode, por isso, aceitar aquelas que pretendem superar ou
íntima com Ele. Após a sua queda, não interrompe a corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.
revelação e promete a salvação para toda a sua
descendência. Após o dilúvio, estabelece com Noé uma  
aliança entre Ele e todos os seres vivos.
A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA
8. Quais as etapas sucessivas da Revelação de Deus?
11. Porquê e como deve ser transmitida a Revelação?
59-64
72 74

Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem
para fazer dele “o pai duma multidão de povos” (Gn ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4), isto é, de
17,5), e promete abençoar nele “todas as nações da Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja
terra” (Gn 12,3). Os descendentes de Abraão serão o anunciado a todos os homens, segundo o seu
povo eleito, os depositários das promessas divinas feitas mandamento: «Ide e ensinai todos os povos» (Mt 28, 19).
aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo É o que se realiza com a Tradição Apostólica.
salvando-o da escravidão do Egipto; conclui com ele a
Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés. 12. O que é a Tradição Apostólica?
Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e
uma salvação que incluirá todas as nações numa Aliança 75-79, 83
nova e eterna, que será gravada nos corações. Do povo 96.98
de Israel, da descendência do rei David, nascerá o
Messias: Jesus.
A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de
Cristo, realizada desde as origens do cristianismo,
9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o
Deus? culto, os escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram
aos seus sucessores, os Bispos, e, através deles, a todas
65-66 as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que
73 receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo.

É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus 13. Como se realiza a Tradição Apostólica?
Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Sendo o Filho
76 cada um a seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para
a salvação dos homens.
A Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras:
mediante a transmissão viva da Palavra de Deus  
(chamada também simplesmente a Tradição) e através
da Sagrada Escritura que é o próprio anúncio da A SAGRADA ESCRITURA
salvação transmitido por escrito.
18. Porque é que a Sagrada Escritura ensina a verdade?
14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada
Escritura? 105-108
135-136
80-82
97 Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura:
por isso ela é dita inspirada e ensina sem erro aquelas
A Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com
unidas e compenetradas entre si. Com efeito, ambas efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os
tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de quais escreveram aquilo que Ele nos quis ensinar. No
Cristo e provêm da mesma fonte divina: constituem um entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas
só sagrado depósito da fé, do qual a Igreja recebe a da Palavra de Deus, que não é «uma palavra escrita e
certeza acerca de todas as coisas reveladas. muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» (S. Bernardo de
Claraval).
15. A quem é confiado o depósito da fé?
19. Como ler a Sagrada Escritura?
84, 91
94, 99 109-119
137
O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a
Igreja. Todo o povo de Deus, mediante o sentido A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a
sobrenatural da fé, conduzido pelo Espírito Santo, e ajuda do Espírito Santo e sob a condução do Magistério
guiado pelo Magistério da Igreja, acolhe a Revelação da Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo
divina, compreende-a cada vez mais e aplica-a à vida. e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura
na Tradição viva da Igreja; 3) respeito pela analogia da
16. A quem compete interpretar autenticamente o fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.
depósito da fé?
20. O que é o cânone das Escrituras?
85-90
100 120
138
A interpretação autêntica do depósito da fé compete
exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos
Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em sagrados, que a Tradição Apostólica levou a Igreja a
comunhão com ele. Ao Magistério, que, no serviço da discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo
Palavra de Deus, goza do carisma certo da verdade, Testamento e 27 do Novo.*
compete ainda definir os dogmas, que são formulações
das verdades contidas na Revelação divina; tal 21. Que importância tem o Antigo Testamento para os
autoridade estende-se também às verdades cristãos?
necessariamente conexas com a Revelação.
121-123
17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o
Magistério? Os cristãos veneram o Antigo Testamento como
verdadeira Palavra de Deus: todos os seus escritos são
95 divinamente inspirados e conservam um valor
permanente. Eles dão testemunho da divina pedagogia do
De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo para
sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente, preparar o advento de Cristo Salvador do universo.
22. Que importância tem o Novo Testamento para os Sustentado pela graça divina, o homem responde a Deus
cristãos? com a obediência da fé, que consiste em confiar-se
completamente a Deus e acolher a sua Verdade,
124-127 enquanto garantida por Ele que é a própria Verdade.
139
26. Na Sagrada Escritura, quais são os principais
O Novo Testamento, cujo objecto central é Jesus testemunhos de obediência da fé?
Cristo, entrega-nos a verdade definitiva da Revelação
divina. Nele, os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, 144-149
Lucas e João, enquanto são o principal testemunho da
vida e da doutrina de Jesus, constituem o coração de Há muitos testemunhos, mas particularmente dois:
todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja. Abraão, que, colocado à prova, «teve fé em Deus » (Rm
4,3) e obedeceu sempre ao seu chamamento, tornando-
23. Que unidade existe entre o Antigo e o Novo se por isso «pai de todos os crentes» (Rm 4,11.18 ); e a
Testamento? Virgem Maria, que realizou de modo mais perfeito,
durante toda a sua vida, a obediência da fé: «Fiat mihi
128-130 secundum Verbum tuum – Faça-se em mim segundo a tua
140 palavra» (Lc 1, 38).

A Escritura é una, uma vez que única é a Palavra de 27. Que significa, de facto, para o homem crer em
Deus, único é o projecto salvífico de Deus, única a Deus?
inspiração divina dos dois Testamentos. O Antigo
Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao 150-152
Antigo: os dois iluminam-se mutuamente. 176-178

24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Significa aderir ao próprio Deus, entregando-se a Ele e
Igreja? dando assentimento a todas as verdades por Ele
reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num
131-133 só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
141
28. Quais as características da fé?
A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da
Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e 153-165
fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da 179-180
pregação pastoral. Diz o Salmista: ela é «lâmpada para 183-184
os meus passos, luz no meu caminho» (Sal 119,105). Por
isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a
Escritura, uma vez que «a ignorância das Escrituras é pedem humildemente, é uma virtude sobrenatural
ignorância de Cristo» (S. Jerónimo). necessária para a salvação. O acto de fé é um acto
humano, isto é, um acto da inteligência do homem que,
  sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente o
seu assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é
CAPÍTULO TERCEIRO certa porque fundada sobre a Palavra de Deus; é
operante «por meio da caridade» (Gal 5,6); é em
A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS contínuo crescimento, graças, em especial, à escuta da
Palavra de Deus e à oração. Ela faz-nos saborear, de
EU CREIO antemão, a alegria celeste.

  29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?

25. Como responde o homem a Deus que se revela? 159

142-43 Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir


contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm
origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja
a luz da razão seja a luz da fé.
«Crê para compreender: compreende para crer» (Santo A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
Agostinho)*
 
 
O CREDO
NÓS CREMOS
 
30. Porque é que a fé é um acto pessoal e ao mesmo
tempo eclesial? Símbolo dos Apóstolos

166-169 Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da


181 Terra

A fé é um acto pessoal, enquanto resposta livre do E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
acto eclesial, que se exprime na confissão: «Nós nasceu da Virgem Maria;
cremos». De facto, é a Igreja que crê: deste modo, ela, padeceu sob Pôncio Pilatos,
com a graça do Espírito Santo, precede, gera e nutre a foi crucificado, morto e sepultado;
fé do indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra. desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
  subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
«Não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.
Mãe» (S. Cipriano)
Creio no Espírito Santo;
  na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
31. Porque é que as fórmulas da fé são importantes? na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
170-171 e na vida eterna. Amen

As fórmulas da fé são importantes porque permitem Credo Niceno-Constantinopolitano


exprimir, assimilar, celebrar e partilhar, juntamente
com outros, as verdades da fé, utilizando uma linguagem Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso
comum. Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
32. De que maneira a fé da Igreja é uma só?
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
172-175 Filho Unigénito de Deus,
182 nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
A Igreja, embora formada por pessoas de diferentes
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
línguas, culturas e ritos, professa, unânime e a uma só
Por Ele todas as coisas foram feitas.
voz, a única fé, recebida dum só Senhor e transmitida
E por nós homens e para nossa salvação
pela única Tradição Apostólica. Professa um só Deus –
desceu dos Céus.
Pai, Filho e Espírito Santo – e manifesta uma única via de
E encarnou pelo Espírito Santo,
salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e
no seio da Virgem Maria,
numa só alma, tudo o que está contido na Palavra de
e se fez homem.
Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto pela
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
Igreja como divinamente revelado.
padeceu e foi sepultado.

 
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
SEGUNDA SECÇÃO
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos; «CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE,
e o seu Reino não terá fim. CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,  


e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que 36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio
falou pelos profetas. em Deus»?

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. 198-199


Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais
e a vida do mundo que há-de vir. Ámen. importante, a fonte das outras verdades respeitantes ao
homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.
 
37. Porque professamos um só Deus?
CAPÍTULO PRIMEIRO
CREIO EM DEUS PAI 200-202
OS SÍMBOLOS DA FÉ 228

  Porque Ele se revelou ao povo de Israel como o Único,


quando disse: «Escuta Israel, o Senhor é um só» (Dt
33. O que são os Símbolos da Fé? 6,4), «não há outros» (Is 45,22). O próprio Jesus o
confirmou: Deus é «o único Senhor» (Mc 12,29).
185-188 Professar que Jesus e o Espírito Santo são também eles
192. 197 Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus
Uno.
São fórmulas articuladas, também chamadas
«profissões de fé» ou «Credo», mediante as quais a 38. Com que nome Deus se revela?
Igreja, desde as suas origens, exprimiu resumidamente
e transmitiu a própria fé, numa linguagem normativa e 203-205
comum a todos os fiéis. 230-231

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé? Deus revela-se a Moisés como o Deus vivo, «o Deus de
Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob» (Ex 3,6). Ao
189-191 mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome
misterioso: «Eu Sou aquele que Sou (YHWH)». O nome
São os Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é inefável de Deus, já nos tempos do Antigo Testamento,
administrado «em nome do Pai e do Filho e do Espírito foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo
Santo» (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas Testamento, Jesus, chamado Senhor, aparece como
estão articuladas segundo a sua referência às três verdadeiro Deus.
Pessoas da Santíssima Trindade.
39. Só Deus «é»?
35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?
212-213
193-195
Enquanto as criaturas receberam d’Ele tudo o que são e
São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo têm, só Deus é em si mesmo a plenitude do ser e de toda
baptismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno- a perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim.
constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Jesus revela que também Ele é portador do nome divino:
Ecuménicos de Niceia (325) e de Constantinopola (381), «Eu sou» (Jo 8, 28).
e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes Igrejas
do Oriente e do Ocidente. 40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?

  206-213
Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas 232-237
do seu mistério inefável: só Ele é, desde sempre e para
sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da
Ele que fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre Santíssima Trindade. Os cristãos são baptizados no
próximo do seu povo para o salvar. É o Santo por nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre
pronto a perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, 45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser
omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e conhecido só pela razão humana?
amor.
237
 
Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na
«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu
 Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo). Ser como Trindade Santa constitui um mistério
inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de
  Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio
do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus
41. Em que sentido Deus é a verdade? Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

214-217 46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do


231 Pai?

Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não 240-242


pode enganar. Ele «é luz e n’Ele não há trevas» (1 Jo
1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só
enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» enquanto é Criador do universo e do homem, mas
(Jo 18, 37). sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho,
que é o seu Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem
42. De que maneira Deus revela que é amor? da sua substância» (Heb1, 3).

218-221 47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos


revelou?
Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor
mais forte que o pai ou a mãe pelos seus filhos ou o 243-248
esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1
Jo 4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus,
tanto amou o mundo que lhe deu o seu próprio Filho uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele «procede do Pai» (Jo 15,
unigénito, para que o mundo seja salvo por seu 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a
intermédio» (Jo 3,16-17). Enviando o seu Filho e o vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque),
Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado
permuta de amor. pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz
a Igreja «ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16,
43. O que implica crer em um só Deus? 13).

222-227 48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?


229
249-256
Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza 266
e majestade; viver em acção de graças; confiar sempre
n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só
verdadeira dignidade de todos os homens, criados à Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As
imagem de Deus; usar rectamente as coisas por Ele três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma
criadas. delas é idêntica à plenitude da única e indivisível
natureza divina. Elas são realmente distintas entre si,
44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã? pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai
gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo 52. Quem criou o mundo?
procede do Pai e do Filho.
290-292
49. Como operam as três Pessoas divinas? 316

257-260 O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e


267 indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do
mundo seja particularmente atribuída ao Pai.
Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas
são inseparáveis também no seu operar: a Trindade tem 53. Para que foi criado o mundo?
uma só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada
Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio 293-294
na Trindade. 319

  O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis


manifestar e comunicar a sua bondade, verdade e beleza.
«Ó meu Deus, Trindade que eu adoro... pacificai a minha O fim último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser
alma; «tudo em todos» (1 Cor 15,28), para a sua glória e para a
fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar nossa felicidade.
do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas
que  
 esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha
fé, toda «A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem
 em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora»  é a visão de Deus» (Santo Ireneu).
 (Beata Isabel da Trindade).
 
 
54. Como é que Deus criou o universo?
50. O que significa que Deus é omnipotente?
295-301
268-278 317-320

Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» (Sal 24, 8- Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor.
10), Aquele para quem «nada é impossível» (Lc 1,37). A O mundo não é o produto duma necessidade, dum destino
sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se cego ou do acaso. Deus criou «do nada» (ex nihilo: 2Mac
na criação do mundo a partir do nada e na criação do 7,28) um mundo ordenado e bom, que Ele transcende
homem por amor, mas sobretudo na Encarnação e na infinitamente. Deus conserva no ser a sua criação e
Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e
perdão dos pecados. Por isso a Igreja dirige a sua conduzindo-a à sua realização, por meio do seu Filho e do
oração ao «Deus omnipotente e eterno» («Omipotens Espírito Santo.
sempiterne Deus»).
55. Em que consiste a Providência divina?
51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou
Deus o céu e a terra» (Gn 1,1)? 302-306
321
279-289
315 A Providência divina consiste nas disposições com as
quais Deus conduz as suas criaturas para a perfeição
Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos última, à qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do
divinos de salvação; manifesta o amor omnipotente e seu desígnio. Mas para a realização do mesmo serve-se
sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do também da cooperação das suas criaturas. Ao mesmo
Deus único com o seu povo; é o início da história da tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si
salvação que culmina em Cristo; é uma primeira resposta mesmas, de serem causas umas das outras.
às questões fundamentais do homem acerca da sua
própria origem e do seu fim.
56. Como é que o homem colabora com a Providência 60. Quem são os anjos?
divina?
328-333
307-308 350-351
323
Os anjos são criaturas puramente espirituais,
Ao homem, Deus concede e requer, respeitando a sua incorpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados
liberdade, a colaboração através das suas acções, das de inteligência e de vontade. Estes, contemplando
suas orações e mesmo com os seus sofrimentos, incessantemente a Deus face a face, glorificam-no,
suscitando nele «o querer e o operar segundo os seus servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento da
benévolos desígnios» (Filp 2,13). missão de salvação, em prol de todos os homens.

57. Se Deus é omnipotente e providente porque é que 61. Como é que os anjos estão presentes na vida da
existe o mal? Igreja?

309-310 334-336
324. 400 352

A esta pergunta, tão dolorosa quanto misteriosa, só o A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a
conjunto da fé cristã pode dar resposta. Deus não é de sua assistência e celebra liturgicamente a memória de
maneira nenhuma, nem directamente nem alguns.
indirectamente, a causa do mal. Ele ilumina o mistério do
mal no seu Filho Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou  
para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos
homens e que é a raiz dos outros males. «Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protector e
pastor,
58. Porque é que Deus permite o mal?  para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).

311-314  
324
62. Que ensina a Sagrada Escritura sobre a criação do
A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal mundo visível?
se do próprio mal não extraísse o bem. Deus realizou
admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de 337-344
Cristo: com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu
Filho, Ele retirou os bens maiores, a glorificação de Ao narrar os «seis dias» da criação, a Sagrada Escritura
Cristo e a nossa redenção. dá-nos a conhecer o valor dos seres criados e a sua
finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas
  as coisas devem a sua existência a Deus, de quem
recebem a sua bondade e perfeição, as suas leis e o
O céu e a terra lugar no universo.

  63. Qual é o lugar do homem na criação?

59. O que é que Deus criou? 343-344


353
325-327
O homem é o vértice da criação visível, pois é criado à
A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu imagem e semelhança de Deus.
e a terra» (Gn 1,1). A Igreja, na sua profissão de fé,
proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis 64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?
e invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais,
isto é, dos anjos e do mundo visível, e em particular do 342-354
homem.
Entre as criaturas existe uma interdependência e uma 360-361
hierarquia queridas por Deus. Ao mesmo tempo, existe
uma unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez Todos os homens formam a unidade do género humano,
que todas têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e graças à sua comum origem em Deus. Para além disso,
estão ordenadas para a sua glória. Respeitar as leis Deus criou «a partir de um só homem todo o género
inscritas na Criação e as relações derivantes da humano» (Act 17,26). Todos têm também um único
natureza das coisas é portanto um princípio de Salvador e todos são chamados a partilhar a eterna
sabedoria e um fundamento da moral. felicidade de Deus.

65. Qual a relação entre a obra da criação e a da 69. Como é que, no homem, a alma e o corpo formam uma
redenção? unidade?

345-349 362-356
382
A obra da criação culmina na obra ainda maior da
redenção. Com efeito, esta dá início à nova criação, na A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corpóreo e
qual tudo reencontrará o seu pleno sentido e o seu espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam
acabamento. uma única natureza. Esta unidade é tão profunda que,
graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é
  material, se torna um corpo humano e vivo e participa na
dignidade de imagem de Deus.
O homem
70. Quem dá a alma ao ser humano?
 
366-368
66. Em que sentido o homem é criado «à imagem de 383
Deus»?
A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada
355-358 directamente por Deus e é imortal. Separando-se do
corpo no momento da morte, ela não perece; voltará a
Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus unir-se novamente ao corpo, no momento da ressurreição
significa que ele é capaz de conhecer e amar, na final.
liberdade, o próprio Criador. É a única criatura, nesta
terra, que Deus quis por si mesma e que chamou a 71. Que relação Deus estabeleceu entre o homem e a
partilhar a sua vida divina, no conhecimento e no amor. mulher?
Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a
dignidade de pessoa: não é uma coisa mas alguém, capaz 369-373
de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de 383
entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas.
O homem e a mulher foram criados por Deus com uma
67. Para que fim Deus criou o homem? igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo
tempo, numa complementaridade recíproca enquanto
358-359 masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o
outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são
Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado também chamados a transmitir a vida humana, formando
para conhecer, servir e amar a Deus, para Lhe oferecer no matrimónio «uma só carne» (Gn 2, 24), e a dominar a
neste mundo toda a criação em acção de graças e para terra como «administradores» de Deus.
ser elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do
Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente o 72. Qual era a condição originária do homem segundo o
mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem projecto de Deus?
do Filho de Deus feito homem, que é a perfeita «imagem
de Deus invisível» (Col 1, 15). 374-379
384
68. Porque é que os homens constituem uma unidade?
Deus, criando o homem e a mulher, tinha-lhes dado uma
participação especial na própria vida divina, em
santidade e justiça. Segundo o projecto de Deus, o O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o
homem não deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, estado de privação da santidade e da justiça originais. É
reinava uma harmonia perfeita no próprio ser humano, um pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma
entre a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, condição de nascimento e não um acto pessoal. Por causa
bem como entre o primeiro casal humano e toda a da unidade de origem de todos os homens, ele transmite-
criação. se aos descendentes de Adão com a natureza humana,
«não por imitação mas por propagação». Esta
  transmissão permanece um mistério que não podemos
compreender plenamente.
A queda
77. Que outras consequências provoca o pecado original?
 
405-409
73. Como se compreende a realidade do pecado? 418

385-389 Em consequência do pecado original, a natureza humana,


sem ser totalmente corrompida, fica ferida nas suas
O pecado está presente na história do homem. Tal forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento,
realidade só se esclarece plenamente à luz da Revelação ao poder da morte, e inclinada ao pecado. Tal inclinação é
divina, e sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, chamada concupiscência.
que fez superabundar a graça onde abundou o pecado.
78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?
74. O que é a queda dos anjos?
410-412
391-395 420
414
Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por
Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros pecados, mas Deus não abandonou o homem ao poder da
demónios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo misterioso –
da Igreja, de anjos criados bons por Deus, se no «Proto-evangelho» (Gn 3,15) – que o mal seria vencido
transformaram em maus, porque, mediante uma opção e o homem levantado da queda. É o primeiro anúncio do
livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino, dando Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada
assim origem ao inferno. Procuram associar o homem à feliz culpa, porque «mereceu um tal e tão grande
sua rebelião contra Deus; mas Deus afirma em Cristo a Redentor» (Liturgia da Vigília pascal).
Sua vitória segura sobre o Maligno.
 
75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?
CAPÍTULO SEGUNDO
396-403
415-417 CREIO EM JESUS CRISTO,
O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu
coração a confiança em relação ao seu Criador e,  
desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem
Deus e não segundo Deus (Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva 79. Qual é a Boa Nova para o homem?
perderam imediatamente, para si e para todos os seus
descendentes, a graça da santidade e da justiça 422-424
originais.
É o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» (Mt
76. O que é o pecado original? 16,16), morto e ressuscitado. No tempo do rei Herodes e
do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas
404 feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu
419 Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para
resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus
filhos adoptivos» (Gal 4, 4-5).
80. Como se difunde esta Boa Nova? «Filho predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o
Filho que «conhece o Pai» (Mt 11,27), Jesus afirma a Sua
425-429 relação única e eterna com Deus Seu Pai. Ele é «o Filho
Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da
Desde o início os primeiros discípulos tiveram um Trindade. É o centro da pregação apostólica: os
ardente desejo de anunciar Jesus Cristo, com o fim de Apóstolos viram «a Sua glória, como de Unigénito do Pai»
conduzir à fé n’Ele. Também hoje, do amoroso (Jo 1, 14).
conhecimento de Cristo nasce o desejo de evangelizar e
catequizar, isto é, de revelar na sua pessoa o pleno 84. O que significa o título «Senhor»?
desígnio de Deus e de colocar a humanidade em
comunhão com Ele. 446-451
455
 
Na Bíblia, este título designa habitualmente Deus
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo e revela a sua
SENHOR» soberania divina através do poder sobre a natureza,
sobre os demónios, sobre o pecado e sobre a morte,
  sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras
confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a
81. Que significa o nome «Jesus»? glória devidas a Deus Pai são também devidas a Jesus:
Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os
nomes» (Fil 2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história,
430-435
o único a quem o homem deve submeter completamente a
452
própria liberdade pessoal.

Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome


 
«Jesus» significa «Deus salva». Exprime a sua
identidade e a sua missão, «porque é Ele que salvará o
seu povo dos seus pecados» (Mt 1,21). Pedro afirma que «JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER
«não existe debaixo do céu outro Nome dado aos  DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM
homens pelo qual possamos ser salvos» (Act 4,12). MARIA»

82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?  

436-440 85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?


453
456-460
«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa
«ungido». Jesus é o Cristo porque é consagrado por O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo
Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para
redentora. Ele é o Messias esperado por Israel, enviado nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós
ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu
precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade;
3,13), crucificado e depois ressuscitado, Ele é o Servo para nos tornar «participantes da natureza divina» (2
Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela multidão» Ped 1, 4).
(Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome
de cristãos. 86. Que significa a palavra «Encarnação»?

83. Em que sentido Jesus é o «Filho Unigénito de 461-463


Deus»? 483

441-445 A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável


454 união da natureza divina e da natureza humana na única
Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o
No sentido único e perfeito. No momento do Baptismo e Filho de Deus fez-se «carne» (Jo 1,14) tornando-se
da Transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu verdadeiramente homem. A fé na Encarnação é o sinal
distintivo da fé cristã.
87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e 90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um
verdadeiro homem? conhecimento humano?

464-467 470-474
469 482

Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma
verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina. Ele, racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus
o Filho de Deus, que é «gerado, não criado, aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas
consubstancial ao Pai», fez-se verdadeiramente homem, também, como homem, o Filho de Deus tinha um
nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso conhecimento íntimo e imediato de Deus seu Pai.
Senhor. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos
homens e conhecia plenamente os desígnios eternos que
88. Que ensina acerca disto o Concílio de Calcedónia Ele viera revelar.
(ano 451)?
91. Como se harmonizam as duas vontades do Verbo
467 encarnado?

O Concílio de Calcedónia ensina a confessar «um só e 475


mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua 482
divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na
de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, sua vida terrena, o Filho de Deus quis humanamente o
consubstancial a nós pela humanidade, “em tudo que divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo
semelhante a nós, excepto no pecado” (Heb 4, 15); para a nossa salvação. A vontade humana de Cristo
gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a segue, sem oposição ou relutância, a vontade divina, ou
divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e melhor, está subordinada a ela.
para nossa salvação, nascido da Virgem Maria e Mãe de
Deus, segundo a humanidade». 92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?

89. Como é que a Igreja exprime do mistério da 476-477


Encarnação?
Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do
464-469 qual Deus invisível se tornou visível. Por esta razão,
479-481 Cristo pode ser representado e venerado nas santas
imagens.
Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina 93. O que significa o Coração de Jesus?
e a humana, que se não confundem, mas estão unidas na
Pessoa do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, 478
tudo – milagres, sofrimento, morte – deve ser atribuído
à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano.
assumida. O Seu coração trespassado para nossa salvação é o
símbolo daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e
  cada um dos homens.

«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, 94. «Concebido por obra do Espírito Santo...»: o que
para a nossa salvação dignaste-Te encarnar no seio da significa esta expressão?
santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria ( ... ). Tu que
és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o 484-486
Espírito Santo, salva-nos!» (Liturgia Bizantina de S.
João Crisóstomo).
Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no
seu seio, por obra do Espírito Santo e sem a colaboração
  de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1,
35), disse-lhe o Anjo na Anunciação.
95. «…Nascido da Virgem Maria»: porque é que Maria é No sentido de que Maria «permaneceu Virgem na
verdadeiramente Mãe de Deus? concepção do seu Filho, Virgem no parto, Virgem grávida,
Virgem mãe, Virgem perpétua» (Santo Agostinho).
495 Portanto, quando os Evangelhos falam de «irmãos e irmãs
509 de Jesus», trata-se de parentes próximos de Jesus,
segundo uma expressão usual na Sagrada Escritura.
Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe
de Jesus (Jo 2,1; 19,25). Com efeito, Aquele que foi 100. De que modo é que a maternidade espiritual de
concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou Maria é universal?
verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de
Deus Pai. É Ele mesmo Deus. 501-507
511
96. O que significa «Imaculada Conceição»?
Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua
487-492 maternidade espiritual estende-se a todos os homens
508 que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão,
Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe
Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu
eternidade para que fosse a Mãe de seu Filho: para nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem
cumprir tal missão, foi concebida imaculada. Isto e Mãe, Maria é a figura da Igreja e a sua realização mais
significa que, pela graça de Deus e em previsão dos perfeita.
méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do
pecado original desde a sua concepção. 101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?

97. Como colabora Maria no desígnio divino da salvação? 512-521


561-562
493-494
508-511 Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o
que é visível na vida terrena de Jesus conduz ao seu
Durante toda a sua existência, por graça de Deus, Maria Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação
conservou-se imune de todo o pecado pessoal. É a «cheia divina: «quem me vê, vê o Pai» (Jo 14, 19). Além disso,
de graça» (Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo embora a salvação provenha plenamente da cruz e da
lhe anuncia que dará à luz «o Filho do Altíssimo» (Lc ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de
1,32), dá livremente o seu assentimento com a salvação, porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu
«obediência da fé» (Rm 1,5). Maria entrega-se tinha como objectivo salvar o homem caído e
totalmente à Pessoa e obra do seu Filho Jesus, restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus.
abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.
102. Quais foram as preparações para os Mistérios de
98. Que significa a conceição virginal de Jesus? Jesus?

496-498 522-524
503
Antes de mais, houve uma longa preparação de muitos
Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem séculos, que nós revivemos na celebração litúrgica do
apenas pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção de tempo do Advento. Para além da obscura expectativa que
homem. Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza colocou no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do
divina, e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas seu Filho através da Antiga Aliança, até João Baptista
propriamente Filho de Deus nas suas naturezas, que é o último e o maior dos profetas.
existindo nele uma única Pessoa, a divina.
103. Que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do
99. Em que sentido Maria é «sempre Virgem»? nascimento e da infância de Jesus?

499-507 525-530
510-511 563-564
No Natal, a glória do Céu manifesta-se na debilidade 107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado
dum menino; a circuncisão de Jesus é sinal da pertença e realizado por Jesus?
ao povo hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a
Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a 541-546
todas as gentes; na sua apresentação no templo, em 567
Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao
encontro do seu Salvador; a fuga para o Egipto e a Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino
matança dos inocentes anunciam que toda a vida de de Deus. Mesmo o pior pecador é chamado a converter-
Cristo estará sob o sinal da perseguição; o seu regresso se e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino
do Egipto recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o pertence, já aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem
novo Moisés: Ele é o verdadeiro e definitivo libertador. com coração humilde. É a eles que são revelados os seus
Mistérios.
104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em
Nazaré? 108. Porque é que Jesus anuncia o Reino com sinais e
milagres?
533-534
564 547-550
567
Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no
silêncio duma vida normal. Permite-nos assim estar em Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres
comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana para atestar que o Reino está presente n’Ele, o Messias.
feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor Embora Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar
familiar. A sua submissão a Maria e a José, seu pai todos os males aqui na terra, mas, antes de mais, para
putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. nos libertar da escravidão do pecado. A expulsão dos
Maria e José, com a sua fé, acolhem o Mistério de demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o
Jesus, ainda que nem sempre o compreendam. «príncipe deste mundo» (Jo 12,31).

105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de 109. Que autoridade confere Jesus aos seus Apóstolos,
conversão para o perdão dos pecados» (Lc 3, 3)? no Reino?

535-537 551-553
565 567

Para dar início à sua vida pública e antecipar o Jesus escolhe os Doze, futuras testemunhas da sua
«Baptismo» da Sua morte: aceita assim, embora sendo Ressurreição, e torna-os participantes da sua missão e
sem pecado, ser contado entre os pecadores, Ele, «o da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados,
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). edificar e governar a Igreja. Neste colégio, Pedro
O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» (Mt 3,17) e o recebe «as chaves do Reino» (Mt 16,19) e ocupa o
Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua
prefiguração do nosso baptismo. integridade e de confirmar os seus irmãos.

106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto? 110. Qual o significado da transfiguração?

538-540 554-556
566 568

As tentações de Jesus recapitulam a tentação de Adão Na Transfiguração aparece antes de mais a Trindade:
no paraíso e as de Israel no deserto. Satanás tenta «O Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem
Jesus na sua obediência à missão que Lhe tinha sido brilhante» (S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés
confiada pelo Pai. Cristo, novo Adão, resiste, e a sua e Elias, a sua «partida» (Lc 9, 31), Jesus mostra que a
vitória anuncia a vitória da sua paixão, suprema sua glória passa através da cruz e antecipa a sua
obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o
particular, a este Mistério, no tempo litúrgico da nosso pobre corpo para transformá-lo no seu corpo
Quaresma. glorioso» (Filp 3, 21).

 
«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em 577-582
que disso eram capazes, os teus discípulos contemplaram 592
a Tua glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem
crucificado, compreendessem que a Tua Paixão era Jesus não aboliu a Lei, dada por Deus a Moisés no Sinai,
voluntária, e anunciassem ao mundo que Tu és mas levou-a à plenitude, dando-lhe a interpretação
verdadeiramente a irradiação do Pai» (Liturgia definitiva. É o Legislador divino que cumpre
Bizantina). integralmente esta Lei. Além disso, Ele, o Servo fiel,
oferece mediante a sua morte expiadora o único
  sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas
durante a primeira Aliança» (Heb 9,15).
111. Como se deu a entrada messiânica em Jerusalém?
115. Qual a atitude de Jesus em relação ao templo de
557-560 Jerusalém?
569-570
583-586
No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém 593
para sofrer a sua paixão, morrer e ressuscitar. Como Rei
Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo.
cidade montado num jumento. É acolhido pelos humildes, Contudo Ele venerou-o como «a morada do seu Pai» (Jo
cuja aclamação é retomada no Sanctus eucarístico: 2,16) e consagrou-lhe uma parte importante do seu
«Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana ensino. Mas predisse também a sua destruição, em
(salva-nos)» (Mt 21,9). A liturgia da Igreja inicia a relação com a sua própria morte, e Ele mesmo se
Semana Santa com a celebração desta entrada em apresentou como a morada definitiva de Deus entre os
Jerusalém. homens.

  116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e


salvador?
«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,
 FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO» 587-591
594
 
Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem
112. Qual é a importância do Mistério pascal de Jesus? sequer quando realizava a obra divina por excelência que
cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a
571-573 Deus: o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus
de fé na sua pessoa e de conversão permite
O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que
paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no considerou Jesus merecedor de morte porque blasfemo.
centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus
se realizou uma vez por todas com a morte redentora do 117. Quem é responsável pela morte de Jesus?
seu Filho, Jesus Cristo.
595-598
113. Quais as acusações para a condenação de Jesus?
A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas
574-576 indistintamente nem a todos os judeus então vivos, nem
aos outros judeus que depois viveram no tempo e no
Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra espaço. Cada pecador, isto é, cada homem, é realmente
a Lei, contra o templo de Jerusalém, e em particular causa e instrumento dos sofrimentos do Redentor, e
contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que
Filho de Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que mais frequentemente caem no pecado ou se deleitam nos
O condenasse à morte. vícios.

114. Qual o comportamento de Jesus, em relação à Lei 118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do
de Israel? desígnio de Deus?
599-605 Jesus ofereceu livremente a Sua vida em sacrifício de
619 expiação, isto é, reparou as nossas culpas com a plena
obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao
Para reconciliar consigo todos os homens votados à fim» (Jo 13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda
morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa a humanidade. O sacrifício pascal de Cristo resgata
amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à portanto os homens num modo único, perfeito e
morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo definitivo, e abre-lhes a comunhão com Deus.
Testamento, em particular como sacrifício do Servo
sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as 123. Porque é que Jesus convida os discípulos a tomar a
Escrituras». sua cruz?

119. Como é que Cristo se ofereceu ao Pai? 618

606-609 Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-


620 Lo» (Mt 16,24), Jesus quer associar ao seu sacrifício
redentor aqueles mesmos que dele sãos os primeiros
Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar beneficiários.
o seu desígnio de salvação. Ele dá «a sua vida em resgate
por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com 124. Em que condições estava o corpo de Cristo no
Deus toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua sepulcro?
morte manifestam como a sua humanidade é o
instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a 624-630
salvação de todos os homens.
Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira
120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de sepultura. Mas o poder divino preservou o seu corpo da
Jesus? corrupção.

610-611  
621
«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS,
Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão,  RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»
Jesus antecipa, isto é, significa e realiza
antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «este  
é o meu corpo entregue por vós», «este é o meu sangue,
que é derramado...» (Lc 22,19-20). Ele institui assim ao 125. O que são «os infernos», aos quais Jesus desceu?
mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor
11,25) do seu sacrifício e os seus Apóstolos como
632-637
sacerdotes da nova Aliança.

Os «infernos» (não confundir com o inferno da


121. Que acontece na agonia do horto do Getsemani?
condenação) ou mansão dos mortos, designam o estado
de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes
612 de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus
alcançou, nos infernos, os justos que esperavam o seu
Apesar do horror que a morte provoca na humanidade Redentor para acederem finalmente à visão de Deus.
santíssima d’Aquele que é o próprio «Autor da vida» Depois de com a sua morte, ter vencido a morte e o
(Act 3,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14), libertou
vontade do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar os justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as
sobre Si os nossos pecados no seu corpo, «fazendo-se portas do Céu.
obediente até à morte» (Fil 2,8).
126. Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa
122. Quais os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz? fé?

613-617 631, 638


622-623
A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da «retoma» a vida que livremente ofereceu (Jo 10,17)
nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte reunindo a Sua alma e o Seu corpo, que o Espírito vivifica
essencial do Mistério pascal. e glorifica.

127. Que «sinais» atestam a ressurreição de Jesus? 131. Qual o sentido e a importância da Ressurreição?

639-644 651-655
656-657 658

Para além do sinal essencial constituído pelo túmulo A Ressurreição é o culminar da Encarnação. Ela confirma
vazio, a Ressurreição de Jesus é atestada pelas a divindade de Cristo, e também tudo o que Ele fez e
mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso
anunciaram aos Apóstolos. A seguir, Jesus «apareceu a favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e
Cefas (Pedro) e depois aos Doze. Seguidamente, da morte, é o princípio da nossa justificação e da nossa
apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a graça
Cor 15,5-6) e a outros ainda. Os Apóstolos não teriam da adopção filial que é a participação real na sua vida de
podido inventar a Ressurreição, uma vez que esta lhes Filho unigénito; depois, no final dos tempos, Ele
parecia impossível: de facto, Jesus repreendeu-os pela ressuscitará o nosso corpo.
sua incredulidade.
 
128. Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um
acontecimento transcendente? «JESUS SUBIU AO CÉU
 ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI
647 OMNIPOTENTE»
656-657
 
Embora seja um acontecimento histórico, constatável e
atestado através dos sinais e testemunhos, a 132. O que é que significa a Ascensão?
Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de
Cristo na glória de Deus, transcende e supera a história, 659-667
como mistério da fé. Por este motivo, Cristo
ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus Passados os quarenta dias em que se mostrou aos
discípulos, fazendo deles as suas testemunhas junto do Apóstolos sob as aparências duma humanidade normal
povo. que ocultavam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe
ao céu e senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que
129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus? agora reina com a sua humanidade na glória eterna de
Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do
645-646 Pai. Envia-nos o Seu Espírito e tendo-nos preparado um
lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.
A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida
terrena. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi  
crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas
é doravante participante da vida divina com as «DE ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS
propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão, Jesus MORTOS»
ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos
seus discípulos como Ele quer, onde Ele quer e sob  
aspectos diversos.

133. Como reina agora o Senhor Jesus?


130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima
Trindade?
668-674
680
648-650

Senhor do cosmos e da história, Cabeça da sua Igreja,


A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Cristo glorificado permanece misteriosamente sobre a
Deus. As três Pessoas actuam conjuntamente segundo o terra, onde o Seu Reino já está presente como germe e
que lhes é próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho
início na Igreja. Ele um dia voltará em glória, mas não Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos
sabemos quando. Por isso, vivemos vigilantes, rezando: mas inseparáveis. De facto, desde o princípio até ao final
«Vem, Senhor» (Ap 22,20). dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia também
o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como
134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória? filhos adoptivos, podermos chamar Deus «Pai» (Rm 8,15).
O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da
675-677 sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na
680 Igreja.

Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a 138. Quais são as designações do Espírito Santo?
vinda gloriosa de Cristo acontecerá com o triunfo
definitivo de Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo 691-693
final. Assim se cumprirá o Reino de Deus.
«Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da
135. Como é que Cristo julgará os vivos e os mortos? Santíssima Trindade. Jesus chama-lhe também: Espírito
Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade.
678-679 O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo,
681-682 do Senhor, de Deus, Espírito da glória, da promessa.

Cristo julgará com o poder adquirido como Redentor do 139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?
mundo, vindo para salvar os homens. Os segredos dos
corações serão revelados, bem como o procedimento de 694-701
cada um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem
será repleto de vida ou condenado para a eternidade São numerosos: a água viva que jorra do coração
segundo as suas obras. Assim se realizará «a plenitude trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a
de Cristo» (Ef 4,13), na qual «Deus será tudo em todos» unção com o óleo que é o sinal sacramental da
(1 Cor 15,28). Confirmação; o fogo que transforma o que toca; a nuvem,
obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a
  imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a
pomba que desce sobre Cristo e permanece sobre Ele no
CAPÍTULO TERCEIRO baptismo.

CREIO NO ESPÍRITO SANTO 140. O que significa que o Espírito «falou pelos
profetas»?
«CREIO NO ESPÍRITO SANTO»
687-688
  702-706
743

136. Que quer dizer a Igreja quando professa: «Creio no


Espírito Santo»? Com o termo profetas entende-se todos os que foram
inspirados pelo Espírito Santo para falar em nome de
Deus. O Espírito conduz as profecias do Antigo
683-686
Testamento ao seu pleno cumprimento em Cristo, de
quem revela o mistério no Novo Testamento.
Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da
Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e
141. O que é que o Espírito Santo realiza em João
«com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito
Baptista?
foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para
recebermos a vida nova de filhos de Deus.
717-720

137. Porque é que as missões do Filho e do Espírito são


inseparáveis? João Baptista, o último profeta do Antigo Testamento é
cheio do Espírito Santo, que o envia a «preparar para o
Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17) e a anunciar a
687-690
vinda de Cristo, Filho de Deus: Aquele sobre o qual João
742-743
viu o Espírito descer e permanecer, «Aquele que baptiza
no Espírito» (Jo 1,33).
142. Qual é a obra do Espírito em Maria? O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja: Espírito
de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a semelhança
721-726 divina perdida por causa do pecado e fá-los viver em
744 Cristo da própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os
a testemunhar a Verdade de Cristo e organiza-os nas
Em Maria, o Espírito Santo realiza as expectativas e a suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do
preparação do Antigo Testamento para a vinda de Espírito» (Gal 5,22).
Cristo. De forma única enche-a de graça e torna
fecunda a sua virgindade para dar à luz o Filho de Deus 146. Como actuam Cristo e o seu Espírito no coração dos
encarnado. Faz dela a Mãe do «Cristo total», isto é, de fiéis?
Jesus Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está
com os Doze no dia de Pentecostes, quando o Espírito 738-741
inaugura os «últimos tempos» com a manifestação da
Igreja. Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros
do Seu Corpo o Seu Espírito e a graça de Deus que
143. Qual a relação entre o Espírito e Cristo Jesus, na produz os frutos de vida nova, segundo o Espírito.
missão terrena? Finalmente, o Espírito Santo é o Mestre da oração.

727-730  
745-746
«CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»
O Filho de Deus é consagrado Messias através da unção
do Espírito na sua humanidade desde a Encarnação. Ele A Igreja no desígnio de Deus
revela-O no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos
antepassados e comunica-O à Igreja nascente, soprando  
sobre os Apóstolos depois da Ressurreição.
147. O que significa a palavra Igreja?
144. O que acontece no Pentecostes?
751-752
731-732 777-804
738
Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os
Cinquenta dias após a Ressurreição, no Pentecostes, confins da terra, para constituir a assembleia daqueles
Jesus Cristo glorificado infunde o Espírito em que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus,
abundância e manifesta-O como Pessoa divina, de modo membros de Cristo e templo do Espírito Santo.
que a Santíssima Trindade é plenamente revelada. A
Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da 148. Há, na Bíblia, outros nomes e imagens para indicar a
Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da Igreja?
comunhão trinitária.

758-766
  778

«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que
encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade põem em evidência aspectos complementares do mistério
indivisível porque nos salvou» (Liturgia Bizantina, da Igreja. O Antigo Testamento privilegia as imagens
Tropário das Vésperas de Pentecostes) ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento privilegia as
imagens ligadas a Cristo como Cabeça deste povo que é o
  Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril (redil,
rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha)
145. Que faz o Espírito Santo na Igreja? habitacional (morada, pedra, templo), familiar (esposa,
mãe, família).
733-741
747 149. Quais são as origens e a realização plena da Igreja?
758-766 A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Deus
778 santificar e salvar os homens não isoladamente mas
constituindo-os num só povo, reunido pela unidade do Pai
A Igreja encontra a sua origem e a sua realização plena e do Filho e do Espírito Santo.
no eterno desígnio de Deus. Foi preparada na Antiga
Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura 154. Quais são as características do povo de Deus?
de todas as nações. Fundada pelas palavras e acções de
Jesus Cristo, foi realizada sobretudo mediante a sua 782
morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois
manifestada como mistério de salvação mediante a Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé
efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Terá a em Cristo e o Baptismo, tem por origem Deus Pai, por
sua realização plena no fim dos tempos, como assembleia cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a
celeste de todos os redimidos. liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo
do amor, por missão a de ser o sal da terra e a luz do
150. Qual é a missão da Igreja? mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.

767-769 155. Em que sentido o povo de Deus participa das três


funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?
A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio
de todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus 783-786
Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino
salvífico. O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de
Cristo, enquanto os baptizados são consagrados pelo
151. Em que sentido a Igreja é Mistério? Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais;
participa no seu ministério profético, enquanto, com o
770-773 sentido sobrenatural da fé, a esta adere
779 indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e
participa no seu ministério real com o serviço, imitando
A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos,
está presente e operante uma realidade espiritual, sobretudo dos pobres e dos que sofrem.
divina, que se descobre unicamente com os olhos da fé.
156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?
152. Que significa que a Igreja é sacramento universal
de salvação? 787-791
805-806
774-776
780 Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une
intimamente a Si os seus fiéis. Deste modo, os crentes
Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da em Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele,
comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade sobretudo na Eucaristia, são unidos entre si na caridade,
de todo o género humano. formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade se realiza
na diversidade dos membros e das funções.
 
157. Quem é a cabeça deste corpo?
A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do
Espírito Santo 792-795
807
 
Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A
153. Porque é que a Igreja é povo de Deus? Igreja vive d’Ele, n’Ele e para Ele. Cristo e a Igreja
formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e
781 membros são, por assim dizer, uma só pessoa mística»
802-804 (S. Tomás de Aquino).

158. Porque é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?


796 restabelece a unidade de todos os povos num só corpo; e
808 porque tem como alma o Espírito Santo, que une todos os
fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só
Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma
(Mc 2,19), que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma comum esperança e a mesma caridade.
Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para
a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?
5,26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de
Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da 816
«cabeça» com os membros, o termo «esposa» sublinha a 870
distinção dos dois na relação pessoal.
A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e
159. Porque é que a Igreja é designada templo do organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja
Espírito Santo? católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos
Bispos em comunhão com ele. Só por meio dela se pode
797-798 obter toda a plenitude dos meios de salvação, pois o
809-810 Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único
colégio apostólico, cuja cabeça é Pedro.
Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja:
na sua Cabeça e nos seus membros; para além disso, Ele 163. Como considerar os cristãos não católicos?
edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os
sacramentos, as virtudes e os carismas. 817-819

  Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram


da plena comunhão da Igreja católica, encontram-se
«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para muitos elementos de santificação e de verdade. Todos
os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os estes bens provêm de Cristo e conduzem para a unidade
membros de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a católica. Os membros destas Igrejas e comunidades são
Igreja» ( S. Agostinho). incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós
reconhecemo-los como irmãos.
 
164. Como empenhar-se em favor da unidade dos
160. Que são os carismas? cristãos?

799-801 820-822
866
Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a
alguém para o bem dos homens, para as necessidades do O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é
mundo e em particular para a edificação da Igreja, a um dom de Cristo e um apelo do Espírito. Ele diz
cujo Magistério compete o seu discernimento. respeito a toda a Igreja e realiza-se mediante a
conversão do coração, a oração, o recíproco
  conhecimento fraterno, o diálogo teológico.

A Igreja é una, santa, católica e apostólica 165. Em que sentido a Igreja é santa?

  823-829
867
161. Porque é que a Igreja é una?
A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor;
813-815 Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer
866 dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a
caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de
salvação. A santidade é a vocação de cada um dos seus
A Igreja é una porque tem como origem e modelo a
membros e o fim de cada uma das suas actividades. A
unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus; porque
Igreja inclui no seu interior a Virgem Maria e
tem como fundador e cabeça Jesus Cristo, que
inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A
santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus 170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões
filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos não cristãs?
pecadores, sempre necessitados de conversão e de
purificação. 846-848

166. Porque é que a Igreja se chama católica? Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo
o género humano. A Igreja católica reconhece que tudo o
830-831 que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões
868 vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar
para acolher o Evangelho e mover em direcção à unidade
A Igreja é católica, isto é, universal, porque nela está da humanidade na Igreja de Cristo.
presente Cristo: «Onde está Cristo Jesus, aí está a
Igreja católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a 171. Que significa a afirmação: «Fora da Igreja não há
totalidade e a integridade da fé; leva e administra a salvação»?
plenitude dos meios de salvação; é enviada em missão a
todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja 846-848
a cultura a que eles pertençam.
Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por
167. É também católica a Igreja particular? meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto não poderiam
ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por
832-835 Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela
não perseverassem. Ao mesmo tempo, graças a Cristo e à
É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os
eparquia), formada pela comunidade de fiéis cristãos que, sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a
que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja sua Igreja mas procuram sinceramente Deus e, sob o
com o seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade,
com a Igreja de Roma, que «preside à caridade» (S. conhecida através do que a consciência lhes dita.
Inácio de Antioquia).
172. Porque é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a
168. Quem pertence à Igreja católica? todo o mundo?

836-838 849-851

Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações,
estão ordenados à unidade católica do povo de Deus. baptizando-as no nome do Pai e do Filho e do Espírito
Estão plenamente incorporados na Igreja católica Santo» (Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor
aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram tem a sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o
unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos seu Filho e o seu Espírito porque «quer que todos os
sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da
baptizados que não se encontram plenamente nesta verdade» (1 Tim 2, 4).
unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que
imperfeita, com a Igreja Católica. 173. Como é que a Igreja é missionária?

169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu? 852-856

839-840 Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da


história a missão do próprio Cristo. Os cristãos portanto
A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo,
judeu no facto de Deus ter escolhido este povo entre seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício
todos, para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo de si mesmos até ao martírio.
judeu que pertencem «a adopção a filhos, a glória, as
alianças, a legislação, o culto, as promessas, os 174. Porque é que a Igreja é apostólica?
patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm
9,5). Diferentemente das outras religiões não cristãs, a 857-869
fé judaica é já resposta à Revelação de Deus na Antiga
Aliança.
A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros
sobre o «fundamento dos Apóstolos» (Ef 2,20); pelo sagrados que receberam o sacramento da Ordem e
ensino, que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura, formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados
enquanto instruída, santificada e governada, até ao leigos. De uns e de outros, provêm fiéis, que se
regresso de Cristo, pelos Apóstolos, graças aos seus consagram de modo especial a Deus com a profissão dos
sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e
Pedro. obediência.

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos? 179. Porque é que Cristo instituiu a hierarquia
eclesiástica?
858 – 861
874-877
A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do 935
Pai, chamou a Si doze entre os Seus discípulos e
constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de
testemunhas escolhidas da sua ressurreição e apascentar o povo de Deus em seu nome, e para isso lhe
fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por
continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me ministros sagrados: Bispos, presbíteros e diáconos.
enviou, assim também Eu vos envio a vós» (Jo 20,21). E Graças ao sacramento da Ordem, os Bispos e os
prometeu estar com eles até ao fim do mundo. presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em
nome e na pessoa de Cristo cabeça; os diáconos servem o
176. O que é a sucessão apostólica? povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da liturgia,
da caridade.
861- 865
180. Como se actua a dimensão colegial do ministério
A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o eclesial?
sacramento da Ordem, da missão e do poder dos
Apóstolos aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta 878
transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e
de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos A exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados por
orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo, a união dos membros da hierarquia eclesiástica
Cristo na terra. está ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo
exerce o ministério, como membro do colégio episcopal,
  em comunhão com o Papa, participando com ele na
solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem
Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada o seu ministério no presbitério da Igreja particular, em
comunhão com o próprio Bispo e sob a sua condução.
 
181. Porque é que o ministério eclesial tem um carácter
177. Quem são os fiéis? pessoal?

 871 – 872 879 – 880


934
O ministério eclesial tem também um carácter pessoal,
Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo pois, em virtude do sacramento da Ordem, cada um é
Baptismo, são constituídos membros do povo de Deus. responsável diante de Cristo, que pessoalmente o
Tornados participantes, segundo a sua condição, da chamou, conferindo-lhe a missão.
função sacerdotal, profética e real de Cristo, são
chamados a exercer a missão confiada por Deus à 182. Qual é a missão do Papa?
Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na
sua dignidade de filhos de Deus. 881- 882
936 - 937
178. Como é formado o povo de Deus?
O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o
873 perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da
Igreja. É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos
Bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal,
instituição divina, tem poder, pleno, supremo, imediato e exerce colegialmente a solicitude por todas as Igrejas
universal. particulares e por toda a Igreja, juntamente com os
outros Bispos unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada
183. Qual é a missão do colégio dos Bispos? uma Igreja particular, governa-a com a autoridade do
poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido
883 – 885 em nome de Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a
Igreja e sob a condução do sucessor de Pedro.
O colégio dos Bispos, em comunhão com o Papa e nunca
sem ele, exerce também sobre a Igreja supremo e pleno 188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?
poder.
897-900
184. Como é que os Bispos exercem a sua missão de 940
ensinar?
Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o
886-890 reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades
939 temporais segundo Deus. Correspondem assim ao
chamamento à santidade e ao apostolado, dirigido a
Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de todos os baptizados.
anunciar o Evangelho a todos, fielmente e com
autoridade, como autênticas testemunhas da fé 189. Como participam os fiéis leigos na função
apostólica e revestidos da autoridade de Cristo. sacerdotal de Cristo?
Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus,
adere indefectivelmente à fé, sob a condução do 901-903
Magistério vivo da Igreja.
Participam nela oferecendo – como sacrifício espiritual
185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério? «agradável a Deus por Jesus Cristo» (1 Ped 2,5),
sobretudo na Eucaristia – a sua vida com todas as obras,
 971 as orações e as iniciativas apostólicas, a vida familiar, o
trabalho de cada dia, as agruras da vida suportadas com
A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste
em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da modo, os leigos, dedicados a Cristo e consagrados pelo
Igreja, ou o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio mundo.
sobretudo reunido num Concílio Ecuménico, proclamam
com um acto definitivo uma doutrina respeitante à fé ou 190. Como participam na sua função profética?
à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu
Magistério ordinário, concordam ao propor uma doutrina 904-907
como definitiva. A tais ensinamentos cada fiel deve 942
aderir com o obséquio da fé.
Participam nela acolhendo cada vez mais na fé a Palavra
186. Como é que os Bispos exercem o ministério de de Cristo e anunciando-a ao mundo com o testemunho da
santificar? vida e da palavra, a acção evangelizadora e a catequese.
Esta acção evangelizadora adquire uma particular
971 eficácia pelo facto de ser realizada nas condições
ordinárias da vida secular.
Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de
Cristo, mediante o ministério da palavra e dos 191. Como participam na sua função real?
sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com
a oração e o seu exemplo e trabalho. 908 – 913
943
187. Como é que os Bispos exercem a função de
governar? Os leigos participam na função real de Cristo, tendo
recebido d’Ele o poder de vencer o pecado em si mesmos
894 – 896 e no mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de
vida. Exercem vários ministérios ao serviço da
comunidade e impregnam de valor moral as actividades purificar-se, ajudados também pelas nossas orações;
temporais do homem e as instituições da sociedade. outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem
por nós. Todos juntos formam, em Cristo, uma só família,
192. O que é a vida consagrada? a Igreja, para louvor e glória da Trindade.

914 – 916  
944
Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja
É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma
resposta livre a um chamamento particular de Cristo,  
mediante a qual os consagrados se entregam totalmente
a Deus e tendem para a perfeição da caridade sob a 196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é
moção do Espírito Santo. Tal consagração caracteriza- Mãe da Igreja?
se pela prática dos conselhos evangélicos.
963 – 966
193. O que é que a vida consagrada oferece à missão da 973
Igreja?
A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na
931-933 ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus,
945 Cabeça do corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na
cruz, indicou-a como mãe ao discípulo com estas
A vida consagrada participa na missão da Igreja palavras: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 27). (  )
mediante uma plena dedicação a Cristo e aos irmãos,
testemunhando a esperança do Reino celeste. 197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja?

  967 – 970

Creio na Comunhão dos santos Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda,
com as suas orações, as primícias da Igreja e, mesmo
  depois da sua assunção ao céu, continua a interceder
pelos seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de
194. O que significa a expressão comunhão dos santos? caridade, e a exercer sobre eles um influxo salutar, que
nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os
946–953 fiéis vêem nela uma imagem e uma antecipação da
960 ressurreição que os espera, invocando-a como advogada,
auxiliadora, socorro, medianeira.
Indica, antes de mais, a participação de todos os
membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a fé, os 198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima?
sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os
outros dons espirituais. Na raiz da comunhão está a 971
caridade que «não procura o próprio interesse» (1 Cor
13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» (Act É um culto singular, que difere essencialmente do culto
4, 32), mesmo os próprios bens materiais ao serviço dos de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade. Tal
pobres.  culto de especial veneração encontra uma particular
expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de
195. O que significa ainda a expressão comunhão dos Deus e na oração mariana, como o santo Rosário, resumo
santos? de todo o Evangelho.

954–959; 199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone


961–962 escatológico da Igreja?

Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas 972;


(sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a 974–975
Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na
terra; outros, que já partiram desta vida, estão a
Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já 990
glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla o que
ela própria é chamada a ser na terra e o que será na Significa que o estado definitivo do homem não será só a
pátria celeste. alma espiritual separada do corpo, mas também que os
nossos corpos mortais um dia retomarão a vida.
 
204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a
«CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS» nossa?

  988 – 991,
1002 – 1003
200. Como são perdoados os pecados?
Como Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos e
976 – 980 vive para sempre, assim Ele próprio nos ressuscitará a
984 – 985 todos no último dia, com um corpo incorruptível: «os que
tiverem feito o bem para uma ressurreição de vida, e os
O primeiro e principal sacramento para o perdão dos que tiverem feito o mal para uma ressurreição de
pecados é o Baptismo. Para os pecados cometidos depois condenação».
do Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da
Reconciliação ou Penitência, por meio do qual o baptizado 205. Com a morte, que sucede ao nosso corpo e à nossa
é reconciliado com Deus e com a Igreja. alma?

201. Porque é que a Igreja tem o poder de perdoar os 992 – 1004;


pecados? 1016 –1018

981–983; Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai


986–987 na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao
encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao
A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados, corpo quando este, transformado, ressuscitar no
porque o próprio Cristo lho conferiu: «Recebei o Espírito regresso do Senhor. Compreender como acontecerá a
Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes- ressurreição supera as possibilidades da nossa
ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão imaginação e do nosso entendimento.
retidos» (Jo 20, 22-23).
206. Que significa morrer em Cristo Jesus?
 
1005-1014.
«CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE» 1019

  Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal.


O que crê em Cristo e segue o Seu exemplo pode assim
202. Que indica a palavra carne e qual é a sua transformar a própria morte num acto de obediência e
importância? de amor ao Pai. «É certa esta palavra: se morrermos com
Ele, também com Ele viveremos» (2 Tim 2,11).

990
1015  

O termo carne designa o homem na sua condição de «CREIO NA VIDA ETERNA»


debilidade e de mortalidade. «A carne é o eixo da
salvação» (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus  
que é o Criador da carne; cremos no Verbo que se fez
carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da 207. O que é a vida eterna?
carne, acabamento da criação e da redenção da carne.
1020 1051
203. O que significa a «ressurreição da carne»?
A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda
morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório
por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o
vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final. Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências
e obras de penitência.
208. O que é o juízo particular?
212. Em que consiste o inferno?
1021 – 1022
1051 1033–1035.
1056–1057
É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a
partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha
relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição livre, morrem em pecado mortal. A pena principal do
consiste no acesso à bem-aventurança do céu, inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o
imediatamente ou depois de uma adequada purificação, homem encontra a vida e a felicidade para que foi
ou então à condenação eterna no inferno. criado, e a que aspira. Cristo exprime esta realidade com
as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo
209. O que se entende por «céu»? eterno» (Mt 25, 41).

1023 – 1026 213. Como conciliar o inferno com a bondade infinita de


1053 Deus?

Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e 1036 – 1037


definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não
precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se
Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim arrepender» (2Ped 3,9), tendo criado o homem livre e
a Igreja do céu, onde vêem Deus «face a face» (1 Cor responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o
13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima próprio homem que, em plena autonomia, se exclui
Trindade e intercedem por nós. voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao
momento da própria morte, persiste no pecado mortal,
  recusando o amor misericordioso de Deus.

«A vida na sua própria realidade e verdade é o Pai que, 214. Em que consistirá o Juízo final?
pelo Filho e no Espírito Santo, sobre todos derrama
como fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, 1038–1041;
promete verdadeiramente também a nós homens os bens 1058–1059
divinos da vida eterna. (S. Cirilo de Jerusalém)
O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida
  bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor
Jesus, no seu regresso como juiz dos vivos e dos mortos,
210. O que é o purgatório? pronunciará em relação aos «justos e injustos» (Act 24,
15), reunidos todos juntos diante d’Ele. A seguir a tal
1030 – 1031 juízo final, o corpo ressuscitado participará na
1054 retribuição que a alma teve no juízo particular.

O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de 215. Quando terá lugar este juízo final?
Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna,
precisam ainda de purificação para entrar na alegria de 1040
Deus.
O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus
211. Como podemos ajudar a purificação das almas do conhece o dia e a hora.
purgatório?
216. Em que consiste a esperança dos novos céus e da
1032 nova terra?
1042 – 1050 1071 – 1075
1060
A liturgia, acção sagrada por excelência, constitui o
Depois do juízo final, o próprio universo, libertado da cume para onde tendem todas as acções da Igreja e,
escravidão da corrupção, participará na glória de Cristo simultaneamente, a fonte donde provém toda a sua força
com a inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2 vital. Através da liturgia, Cristo continua na sua Igreja,
Ped 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de com ela e por meio dela, a obra da nossa redenção.
Deus, ou seja a realização definitiva do desígnio
salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as 220. Em que consiste a economia sacramental?
coisas, as do céu e as da terra» (Ef 1,10). Deus será
então «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida eterna. 1076

«ÁMEN» A economia sacramental consiste na comunicação (ou


«dispensação») dos frutos da redenção de Cristo
217. Que significa o Ámen, que conclui a nossa profissão mediante a celebração dos sacramentos da Igreja,
de fé? principalmente da Eucaristia, «até que Ele venha» (1 Cor
11,26).
1064 – 1065
 
A palavra hebraica Amen, que conclui o último livro da
Sagrada Escritura, algumas orações do Novo CAPÍTULO PRIMEIRO
Testamento e as orações litúrgicas da Igreja, significa o
nosso «sim» confiante e total a tudo o que professamos O MISTÉRIO PASCAL NO TEMPO
crer, confiando totalmente n’Aquele que é o «Ámen» (Ap DA IGREJA
3,14) definitivo: Cristo Senhor.
LITURGIA – OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
 
 

221. De que modo o Pai é a fonte e o fim da liturgia?

1077 – 1083
SEGUNDA PARTE 1110
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO
Na liturgia, o Pai enche-nos das suas bênçãos no Filho
  encarnado, morto e ressuscitado por nós, e derrama o
Espírito Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a
PRIMEIRA SECÇÃO Igreja bendiz o Pai, mediante a adoração, o louvor e a
A ECONOMIA SACRAMENTAL acção de graças, e implora o dom do seu Filho e do
Espírito Santo.
 
222. Qual é a obra de Cristo na liturgia?
218. O que é a liturgia?
1084 – 1090
1066 – 1070
Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza
A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em principalmente o seu Mistério pascal. Doando o Espírito
particular do seu Mistério Pascal. Na liturgia, pelo Santo aos Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus
exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a sucessores o poder de realizar a obra da salvação por
santificação dos homens é significada e realizada meio do Sacrifício eucarístico e dos sacramentos, nos
mediante sinais, e é exercido, pelo Corpo místico de quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça
Cristo, ou seja pela Cabeça e pelos membros, o culto aos fiéis de todos os tempos e em todo o mundo.
público devido a Deus.
223. Na liturgia, como actua o Espírito Santo em relação
219. Qual o lugar da liturgia na vida da Igreja? à Igreja?
1091 – 1109 promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de
1112 tal selo, o cristão é configurado a Cristo, participa de
diversos modos no seu sacerdócio, e faz parte da Igreja
Na liturgia, realiza-se a mais estreita cooperação entre segundo estados e funções diversas, sendo pois
o Espírito Santo e a Igreja. O Espírito Santo prepara a consagrado ao culto divino e ao serviço da Igreja. Dado
Igreja para encontrar o seu Senhor; recorda e que o carácter é indelével, os sacramentos que o
manifesta Cristo à fé da assembleia; torna presente e imprimem recebem-se uma só vez na vida.
actualiza o Mistério de Cristo; une a Igreja à vida e à
missão de Cristo e faz frutificar nela o dom da 228. Qual é a relação dos sacramentos com a fé?
comunhão.
1122-1126
  1133

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA Os sacramentos não apenas supõem a fé como também,
IGREJA através das palavras e elementos rituais, a alimentam,
fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja
  confessa a fé apostólica. Daí o adágio antigo: «lex
orandi, lex credendi», isto é, a Igreja crê no que reza.
224. O que são e quais são os sacramentos?
229. Porque é que os sacramentos são eficazes?
1113 – 1131
1127-1128
Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, 1131
instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os
quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são Os sacramentos são eficazes ex opere operato («pelo
sete: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a próprio facto de a acção sacramental ser realizada»),
Penitência, a Unção dos enfermos, a Ordem e o porque é Cristo que neles age e comunica a graça que
Matrimónio. significam, independentemente da santidade pessoal do
ministro, ainda que os frutos dos sacramentos dependam
225. Qual a relação dos sacramentos com Cristo? também das disposições de quem os recebe.

1114-1116 230. Porque motivo os sacramentos são necessários para


a salvação?
Os mistérios da vida de Cristo constituem o fundamento
do que, de ora em diante, pelos ministros da sua Igreja, 1129
Cristo dispensa nos sacramentos.
Embora nem todos os sacramentos sejam conferidos a
«O que era visível no nosso Salvador passou para os seus cada um dos fiéis, eles são necessários para a salvação
sacramentos» (S. Leão Magno). dos que crêem em Cristo, porque conferem as graças
sacramentais, o perdão dos pecados, a adopção de filhos
226. Qual a ligação entre os sacramentos e a Igreja? de Deus, a conformação a Cristo Senhor e a pertença à
Igreja. O Espírito Santo cura e transforma aqueles que
os recebem.
1117 – 1119

231. O que é a graça sacramental?


Cristo confiou os sacramentos à sua Igreja. Eles são «da
Igreja» num duplo sentido: enquanto acção da Igreja,
que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto 1129; 1131;
existem «para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja. 1134; 2003

227. O que é o carácter sacramental? A graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada
por Cristo e própria de cada sacramento. Tal graça ajuda
o fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja
1121
no seu crescimento na caridade e no testemunho.

É um selo espiritual, conferido pelos sacramentos do


232. Qual é a relação entre os sacramentos e a vida
Baptismo, da Confirmação e da Ordem. Este selo é
eterna?
1130 serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os
presbíteros agem na pessoa de Cristo Cabeça.
Nos sacramentos, a Igreja recebe já as arras da vida
eterna, embora «aguardando a ditosa esperança e  
manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador
Jesus Cristo» (Tit 2,13). Como celebrar?

   

CAPÍTULO SEGUNDO 236. Como é celebrada a liturgia?

A CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO 1145


PASCAL
A celebração litúrgica é tecida de sinais e de símbolos,
  cujo significado, radicado na criação e nas culturas
humanas, se esclarece nos acontecimentos da Antiga
CELEBRAR A LITURGIA DA IGREJA Aliança e se revela plenamente na Pessoa e na obra de
Cristo.
Quem celebra?
237. Donde provêm os sinais sacramentais?
 
1146 - 1152 1189
233. Quem age na liturgia?
Alguns provêm da criação (luz, água, fogo, pão, vinho,
1135 – 1137 óleo); outros da vida social (lavar, ungir, partir o pão);
1187 outros da história da salvação na Antiga Aliança (os ritos
da Páscoa, os sacrifícios, a imposição das mãos, as
Na liturgia age «o Cristo todo inteiro» («Christus consagrações). Estes sinais, alguns dos quais são
Totus»), Cabeça e Corpo. Como sumo-sacerdote, Ele normativos e imutáveis, assumidos por Cristo tornam-se
celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e portadores da acção salvífica e de santificação.
terrestre.
238. Qual o nexo entre as acções e as palavras, nas
234. Por quem é celebrada a liturgia celeste? celebração sacramental?

1138 – 1139 1153- 1155


1190
A liturgia celeste é celebrada pelos anjos, pelos santos
da Antiga e da Nova Aliança, em particular pela Mãe de Na celebração sacramental, acções e palavras estão
Deus, pelos Apóstolos, pelos mártires e por uma intimamente ligadas. Mesmo que as acções simbólicas
«numerosa multidão, que ninguém» pode contar, «de sejam já em si uma linguagem, é todavia necessário que
todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap 7,9). as palavras do rito acompanhem e vivifiquem estas
Quando nos sacramentos celebramos o mistério da acções. Enquanto sinais e ensino, as palavras e os gestos
salvação, participamos nesta liturgia eterna. são inseparáveis, uma vez que realizam aquilo que
significam.
235. Como é que a Igreja na terra celebra a liturgia?
239. Quais os critérios do canto e da música na
1140–1144 celebração litúrgica?
1188
1156 – 1158
A Igreja, na terra, celebra a liturgia, como povo 1191
sacerdotal, no qual cada um actua segundo a própria
função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados Uma vez que o canto e a música estão intimamente
oferecem-se em sacrifício espiritual; os ministros conexos com a acção litúrgica, eles devem respeitar os
ordenados celebram segundo a Ordem recebida para o seguintes critérios: a conformidade à doutrina católica
dos textos, tomados de preferência da Escritura e das
fontes litúrgicas; a beleza expressiva da oração; a e também de leituras dos Padres e dos mestres
qualidade da música; a participação da assembleia; a espirituais.
riqueza cultural do Povo de Deus e o carácter sacro e
solene da celebração. «Quem canta reza duas vezes» (S.  
Agostinho).
Onde celebrar?
240. Qual a finalidade das imagens sagradas?
 
1159 – 1161
1192 244. A Igreja tem necessidade de lugares para celebrar
a liturgia?
A imagem de Cristo é o ícone litúrgico por excelência.
As outras, que representam Nossa Senhora e os santos, 1179–1181.
significam Cristo, que nelas é glorificado. Elas 1197–1198
proclamam a mesma mensagem evangélica que a Sagrada
Escritura transmite através da palavra e ajudam a O culto «em espírito e verdade» (Jo 4,24) da Nova
despertar e a alimentar a fé dos fiéis. Aliança não está ligado a nenhum lugar exclusivo, porque
Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual
  também os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a
acção do Espírito Santo, templos do Deus vivo. Todavia o
Quando celebrar? Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade
de lugares nos quais a comunidade se possa reunir para
  celebrar a liturgia.

241. Qual é o centro do tempo litúrgico? 245. O que são os edifícios sagrados?

1163-1167 1181 .
1193 1198-1199

O centro do tempo litúrgico é o Domingo, fundamento e São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num
núcleo de todo o ano litúrgico, que tem o seu cume na lugar e também da morada celeste. São lugares de
Páscoa anual, a festa das festas. oração, nos quais a Igreja celebra sobretudo a
Eucaristia e adora Cristo realmente presente no
242. Qual é a função do ano litúrgico? tabernáculo.

1168–1173. 246. Quais são os lugares privilegiados no interior dos


1194–1195 edifícios sagrados?

No ano litúrgico, a Igreja celebra todo o Mistério de 1182 – 1186


Cristo, da Encarnação até à sua vinda gloriosa. Nos dias
estabelecidos, a Igreja venera com especial amor a São: o altar, o tabernáculo, o lugar onde se guarda o
bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus e também santo crisma e os outros óleos sagrados, a cadeira do
faz memória Santos, que por Cristo viveram, com Ele Bispo (cátedra) ou do presbítero, o ambão, a fonte
sofreram e com Ele são glorificados. baptismal, o confessionário.

243. O que é a liturgia das horas?  

1174 – 1178 DIVERSIDADE LITÚRGICA E UNIDADE DO


1196 MISTÉRIO

A liturgia das horas, oração pública e comum da Igreja,  


é a oração de Cristo com o seu Corpo, a Igreja. Por ela, o
Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, 247. Porque é que a Igreja celebra o único Mistério de
santifica e transfigura o tempo de cada dia. Ela compõe- Cristo segundo tradições litúrgicas diferentes?
se principalmente de Salmos e de outros textos bíblicos,
1200-1204 serviço da comunhão e da missão (Ordem e Matrimónio).
1207-1209 Os sacramentos tocam todas as etapas e momentos
importantes da vida cristã. Todos os sacramentos estão
Porque a insondável riqueza do Mistério de Cristo não ordenados para a Eucaristia «como para o seu fim» (S.
pode ser esgotada por uma única tradição litúrgica. Tomás de Aquino).
Desde as origens, esta riqueza encontrou, nos vários
povos e culturas, expressões caracterizadas por uma  
admirável variedade e complementaridade.
CAPÍTULO PRIMEIRO
248. Qual é o critério, que assegura a unidade na
diversidade? OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ

1209  

É a fidelidade à Tradição Apostólica, isto é, à comunhão 251. Como se realiza a iniciação cristã?
na fé e nos sacramentos recebidos dos Apóstolos,
comunhão que é significada e garantida pela sucessão 1210 – 1211
apostólica. A Igreja é católica: pode, portanto, integrar
na sua unidade todas as verdadeiras riquezas das Realiza-se mediante os sacramentos que lançam os
culturas. alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo
Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e
249. Na liturgia, tudo é imutável? alimentados pela Eucaristia.

1205 – 1206  

Na liturgia, sobretudo na dos sacramentos, existem O SACRAMENTO DO BAPTISMO


elementos imutáveis, porque de instituição divina, e dos
quais a Igreja é guardiã. Existem depois elementos  
susceptíveis de mudança, que a Igreja tem o poder, e,
muitas vezes o dever, de adaptar às culturas dos
252. Quais os nomes do primeiro sacramento da
diferentes povos.
iniciação?

 
1213 – 1216
1276 – 1277
SEGUNDA SECÇÃO
OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA
Antes de mais, chama-se Baptismo por causa do rito
central com que é celebrado: baptizar significa
  «imergir» na água. O que é baptizado é imerso na morte
de Cristo e ressurge com Ele como «nova criatura» (2
Os sete Sacramentos da Igreja Cor 5,17). Chama-se também «banho da regeneração e
da renovação no Espírito Santo» (Tit 3,5) e
O Baptismo «iluminação», porque o baptizado se torna «filho da luz»
a Confirmação (Ef 5, 8).
a Eucaristia
a Penitência, 253. Como é prefigurado o Baptismo na Antiga Aliança?
a Unção dos Enfermos
a Ordem o Matrimónio. 1217-1222

250. Como agrupar os sacramentos da Igreja? Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do
Baptismo: a água, fonte de vida e de morte; a arca de
1210-1211 Noé, que salva por meio da água; a passagem do Mar
Vermelho, que liberta Israel da escravidão do Egipto; a
Em: sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, travessia do Jordão, que introduz Israel na terra
Confirmação e Eucaristia); sacramentos da cura prometida, imagem da vida eterna.
(Penitência e Unção dos enfermos); sacramentos ao
254. Quem conduz ao cumprimento tais prefigurações? (catecumenado), bem como no desenvolvimento da fé e
da graça baptismal.
1223-1224
260. Quem pode baptizar?
É Jesus Cristo, o qual, no início da sua vida pública, se
fez baptizar por João Baptista, no Jordão: na cruz, do 1266.
seu lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do 1284
Baptismo e da Eucaristia, e depois da Ressurreição
confia aos Apóstolos esta missão: «Ide e ensinai todos Os ministros ordinários do Baptismo são o Bispo e o
os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do presbítero; na Igreja latina, também o diácono. Em caso
Espírito Santo» (Mt 28, 19-20). de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde
que entenda fazer o que faz a Igreja e derrame água
255. Desde quando e a quem é que a Igreja administra o sobre a cabeça do candidato, dizendo a fórmula
Baptismo? trinitária baptismal: «Eu te baptizo em Nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo».
1226 – 1228
261. É necessário o Baptismo para a salvação?
Desde o dia de Pentecostes que a Igreja administra o
Baptismo a quem crê em Jesus Cristo. 1257

256. Em que consiste o rito essencial do Baptismo? O Baptismo é necessário para a salvação daqueles a quem
foi anunciado o Evangelho e que têm a possibilidade de
1229-1245 pedir este sacramento.
1278
262. É possível ser salvo sem o Baptismo?
O rito essencial deste sacramento consiste em imergir
na água o candidato ou em derramar a água sobre a sua 1258-1261
cabeça, enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e 1281-1283
do Espírito Santo.
Porque Cristo morreu para a salvação de todos, podem
257. Quem pode receber o Baptismo? ser salvos mesmo sem o Baptismo os que morrem por
causa da fé (Baptismo de sangue), os catecúmenos, e
1246 - 1252 todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer
Cristo e a Igreja, procuram sinceramente a Deus e se
É capaz para receber o Baptismo toda a pessoa ainda esforçam por cumprir a sua vontade (Baptismo de
não baptizada. desejo). Quanto às crianças, mortas sem Baptismo, a
Igreja na sua liturgia confia-as à misericórdia de Deus.
258. Porque é que a Igreja baptiza as crianças?
263. Quais são os efeitos do Baptismo?
1250
1262-1274
Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm 1279-1280
necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de
ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de O Baptismo perdoa o pecado original, todos os pecados
Deus. pessoais e as penas devidas ao pecado; faz participar na
vida divina trinitária mediante a graça santificante, a
259. O que se requer dum baptizando? graça da justificação que incorpora em Cristo e na
Igreja; faz participar no sacerdócio de Cristo e
constitui o fundamento da comunhão entre todos os
1253-1255
cristãos; confere as virtudes teologais e os dons do
Espírito Santo. O baptizado pertence para sempre a
Ao baptizando é exigida a profissão de fé, expressa
Cristo: com efeito, é assinalado com o selo indelével de
pessoalmente no caso do adulto, ou então por parte dos
Cristo (carácter).
pais e da Igreja no caso da criança. Também o padrinho
ou madrinha e toda a comunidade eclesial têm uma parte
264. Que significado assume o nome cristão recebido no
de responsabilidade na preparação para o Baptismo
Baptismo?
2156-2159 noutras partes do corpo, com a fórmula: « Selo do dom
2167 do Espírito Santo».

O nome é importante, porque Deus conhece cada um pelo 268. Qual é o efeito da Confirmação?
nome, isto é, na sua unicidade. Com o Baptismo, o cristão
recebe na Igreja o próprio nome, de preferência o de 1302-1305
um santo, de maneira que este ofereça ao baptizado um 1316 – 1317
modelo de santidade e lhe assegure a sua intercessão
junto de Deus. O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito
Santo, como no Pentecostes. Tal efusão imprime na alma
  um carácter indelével e traz consigo um crescimento da
graça baptismal: enraíza mais profundamente na filiação
O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO divina; une mais firmemente a Cristo e à sua Igreja;
revigora na alma os dons do Espírito Santo; dá uma força
  especial para testemunhar a fé cristã.

265. Qual é o lugar da Confirmação no desígnio divino da 269. Quem pode receber este sacramento?
salvação?
1306–1311
1285- 1288 1319
1315
Pode e deve recebê-lo, uma só vez, quem já foi
Na Antiga Aliança, os profetas anunciaram a baptizado, o qual, para o receber eficazmente, deve
comunicação do Espírito do Senhor ao Messias esperado estar em estado de graça.
e a todo o povo messiânico. Toda a vida e missão de
Jesus se desenvolvem numa total comunhão com o 270. Quem é o ministro da Confirmação?
Espírito Santo. Os Apóstolos recebem o Espírito Santo
no Pentecostes e anunciam «as grandes obras de Deus» 1312 – 1314
(Act 2,11). Comunicam aos neófitos, através da
imposição das mãos, o dom do mesmo Espírito. Ao longo O ministro originário é o Bispo. Assim se manifesta o
dos séculos, a Igreja continuou a viver do Espírito e a laço do crismado com a Igreja na sua dimensão
comunicá-lo aos seus filhos. apostólica. Quando o presbítero confere este
sacramento – como acontece ordinariamente no Oriente
266. Porque se chama Crisma ou Confirmação? e em casos especiais no Ocidente – o laço com o Bispo e
com a Igreja é expresso pelo presbítero, colaborador do
1289 Bispo, e pelo santo crisma, consagrado pelo Bispo.

Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com  


o Santo Myron) por causa do rito essencial que é a
unção. Chama-se Confirmação, porque confirma e O SACRAMENTO DA EUCARISTIA
reforça a graça baptismal. 
 
267. Qual o rito essencial da Confirmação?
271. O que é a Eucaristia?
1290-1301
1318 1322-1323
1320-1321 1409

O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor
crisma (óleo misturado com bálsamo, consagrado pelo Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da
Bispo), feita com a imposição da mão por parte do cruz no decorrer dos séculos até ao seu regresso,
ministro que pronuncia as palavras sacramentais confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e
próprias do rito. No Ocidente, tal unção é feita sobre a Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade,
fronte do baptizado com as palavras: «Recebe por este o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se
sinal, o Espírito Santo, o Dom de Deus». Nas Igrejas enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna.
Orientais de rito bizantino, a unção faz-se também
272. Quando é que Jesus Cristo instituiu a Eucaristia? Na Antiga Aliança, a Eucaristia é preanunciada
sobretudo na ceia pascal anual, celebrada cada ano pelos
1323 judeus com os pães ázimos, para recordar a imprevista e
1337-1340 libertadora partida do Egipto. Jesus anuncia-a no seu
ensino e institui-a, celebrando com os seus Apóstolos a
Instituiu-a na Quinta Feira Santa, «na noite em que foi última Ceia, durante um banquete pascal. A Igreja, fiel
entregue» (1 Cor 11,23), ao celebrar a Última Ceia com ao mandamento do Senhor: «Fazei isto em memória de
os seus Apóstolos. mim» (1 Cor 11, 24), sempre celebrou a Eucaristia,
sobretudo ao Domingo, dia da ressurreição de Jesus.
273. Como é que a instituiu?
277. Como se desenrola a celebração da Eucaristia?
1337-1340
1365, 1406 1345 – 1355
1408
Depois de reunir os Apóstolos no Cenáculo, Jesus tomou
nas suas mãos o pão, partiu-o e deu-lho dizendo: «Tomai Desenrola-se em dois grandes momentos que formam um
e comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós». só acto de culto: a liturgia da Palavra, que compreende a
Depois tomou nas suas mãos o cálice do vinho e disse- proclamação e escuta da Palavra de Deus; e a liturgia
lhes: «tomai e bebei todos: este é o cálice do meu eucarística, que compreende a apresentação do pão e do
sangue para a nova e eterna aliança, derramado por vós vinho, a oração ou anáfora, que contém as palavras da
e por todos para a remissão dos pecados. Fazei isto em consagração, e a comunhão.
memória de mim».
278. Quem é o ministro da celebração da Eucaristia?
274. O que significa a Eucaristia na vida da Igreja?
1348
 1324-1327 1411
1407
É o sacerdote (Bispo ou presbítero), validamente
É fonte e cume da vida cristã. Na Eucaristia, atingem o ordenado, que age na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome
auge a acção santificadora de Deus em nosso favor e o da Igreja.
nosso culto para com Ele. Nela está contido todo o
tesouro espiritual da Igreja: o próprio Cristo, nossa 279. Quais os elementos essenciais e necessários para
Páscoa. A comunhão da vida divina e a unidade do Povo realizar a Eucaristia?
de Deus são significadas e realizadas na Eucaristia. Pela
celebração eucarística unimo-nos desde já à liturgia do 1412
Céu e antecipamos a vida eterna.
São o pão de trigo e o vinho da videira.
275. Como é chamado este sacramento?
280. Como é que a Eucaristia é memorial do sacrifício de
1328 – 1332 Cristo?

A insondável riqueza deste sacramento exprime-se com 1362– 1367


diferentes nomes que evocam alguns dos seus aspectos
particulares. Os mais comuns são: Eucaristia, Santa A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e
Missa, Ceia do Senhor, Fracção do pão, Celebração actual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai, uma vez
Eucarística, Memorial da paixão, da morte e da por todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter
ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias
Divina Liturgia, Santos Mistérios, Santíssimo palavras da instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser
Sacramento do altar, Santa Comunhão. entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu
sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22,19-20). O
276. Qual o lugar da Eucaristia no desígnio da salvação? sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia são um
único sacrifício. Idênticos são a vítima e Aquele que
1333 – 1344 oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na
cruz, incruento na Eucaristia.
281. Como é que a Igreja participa no sacrifício Ela continua enquanto subsistem as espécies
eucarístico? eucarísticas.

1368 – 1372 286. Que tipo de culto é devido ao sacramento da


1414 Eucaristia?

Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o 1378 – 1381


sacrifício dos membros do seu Corpo. A vida dos fiéis, o 1418
seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu
trabalho são unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a É devido o culto de latria, isto é, de adoração reservado
Eucaristia é também oferecida por todos os fiéis vivos e só a Deus quer durante a celebração eucarística quer
defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens fora dela. De facto, a Igreja conserva com a maior
e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais. diligência as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos
A Igreja do céu está unida também à oferta de Cristo. e às pessoas impossibilitadas de participar na Santa
Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as
282. Como é que Jesus está presente na Eucaristia? em procissão e convida à visita frequente e à adoração
do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo.
1373 – 1375
1413 287. Porque é que a Eucaristia é banquete pascal?

Jesus Cristo está presente na Eucaristia dum modo 1382 – 1384


único e incomparável. De facto, está presente de modo 1391 – 1396
verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu
Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está A Eucaristia é o banquete pascal, porque Cristo, pela
presente em modo sacramental, isto é, sob as espécies realização sacramental da sua Páscoa, nos dá o seu Corpo
eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e e o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e
homem. nos une a si e entre nós no seu sacrifício.

283. Que significa transubstanciação? 288. Que significa o altar?

1376 – 1377 1383


1413 1410

Transubstanciação significa a conversão de toda a O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como
substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de vítima sacrificial (altar- sacrifício da cruz) e como
toda a substância do vinho na substância do seu Sangue. alimento celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística).
Esta conversão realiza-se na oração eucarística
mediante a eficácia da palavra de Cristo e a acção do 289. Quando é que a Igreja obriga a participar na santa
Espírito Santo. Todavia as características sensíveis do Missa?
pão e do vinho, isto é as «espécies eucarísticas»,
permanecem inalteradas. 1389
1417
284. A fracção do pão divide Cristo?
A Igreja obriga os fiéis a participar na santa Missa cada
1377 Domingo e nas festas de preceito, e recomenda a
participação nela também nos outros dias.
A fracção do pão não divide Cristo: Ele está presente
todo inteiro em cada uma das espécies eucarísticas e em 290. Quando se deve comungar?
cada uma das suas partes.
1389
285. Até quando continua a presença eucarística de
Cristo? A Igreja recomenda aos fiéis que participam na santa
Missa que também recebam, com as devidas disposições,
1377 a sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a
receber ao menos pela Páscoa.
291. Que se requer para receber a sagrada Comunhão? Na Eucaristia, partimos «o mesmo pão, que é remédio de
imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver
1385–1389; eternamente em Jesus Cristo» (S. Inácio de Antioquia).
1415
 
Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar
plenamente incorporado à Igreja católica e em estado CAPÍTULO SEGUNDO
de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal.
Quem tem consciência de ter cometido pecado grave OS SACRAMENTOS DA CURA
deve receber o sacramento da Reconciliação antes da
Comunhão. São também importante o espírito de  
recolhimento e de oração, a observância do jejum
prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, 295. Porque é que Cristo instituiu os sacramentos da
trajes), como sinal de respeito para com Cristo. Penitência e da Unção dos enfermos?

292. Quais são os frutos da sagrada Comunhão? 1420 – 1421


1426
1391 – 1397
1416 Cristo, médico da alma e do corpo, instituiu-os porque a
vida nova, que Ele nos deu nos sacramentos da iniciação
A sagrada Comunhão aumenta a nossa união com Cristo e cristã, pode ser enfraquecida e até perdida por causa do
com a sua Igreja, conserva e renova a vida da graça pecado. Por isso, Cristo quis que a Igreja continuasse a
recebida no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no sua obra de cura e de salvação mediante estes dois
amor para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, sacramentos.
perdoa os pecados veniais e preserva-nos dos pecados
mortais, no futuro.  

293. Quando é possível administrar a sagrada Comunhão O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA


aos outros cristãos? RECONCILIAÇÃO

1398-1401  

Os ministros católicos administram licitamente a 296. Como é chamado este sacramento?


sagrada comunhão aos membros das Igrejas orientais
que não têm plena comunhão com a Igreja católica,
1422 – 1424
sempre que estes espontaneamente a peçam e com as
devidas disposições.
É chamado sacramento da Penitência, da Reconciliação,
do Perdão, da Confissão, da Conversão.
No que se refere aos membros doutras Comunidades
eclesiais, os ministros católicos administram licitamente
297. Porque existe um sacramento da Reconciliação
a sagrada comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a
depois do Baptismo?
peçam espontaneamente, tenham as devidas disposições
e manifestem a fé católica acerca do sacramento.
1425 – 1426
1484
294. Porque é que a Eucaristia é «penhor da futura
glória»?
Porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não
suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a
1402 – 1405
inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência), Cristo
instituiu este sacramento para a conversão dos
Porque a Eucaristia nos enche das graças e bênçãos do
baptizados que pelo pecado d’Ele se afastaram.
Céu, fortalece-nos para a peregrinação desta vida, faz-
nos desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo,
298. Quando foi instituído este sacramento?
sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, à santíssima
Virgem e a todos os santos.
1485
 
O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros
quando, na tarde de Páscoa, se mostrou aos Apóstolos e motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a
lhes disse: «Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem confissão, que consiste na acusação dos pecados feita
perdoardes os pecados serão perdoados, e àqueles a diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o
quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23). cumprimento de certos actos de penitência, que o
confessor impõe ao penitente para reparar o dano
299. Os baptizados têm ainda necessidade de causado pelo pecado.
conversão?
304. Que pecados se devem confessar?
1427 – 1429
1456
O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos
baptizados. Esta conversão é um empenho contínuo para Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não
toda a Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu confessados, dos quais nos recordamos depois dum
seio. diligente exame de consciência. A confissão dos pecados
graves é o único modo ordinário para obter o perdão.
300. O que é a penitência interior?
305. Quando se é obrigado a confessar os pecados
1430 – 1433 graves?
1490
1457
É o dinamismo do «coração contrito» (Sal 51,19), movido
pela graça divina a responder ao amor misericordioso de Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a
Deus. Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, confessar os seus pecados graves ao menos uma vez por
o propósito firme de não mais pecar e a confiança na ano e antes de receber a Sagrada Comunhão.
ajuda de Deus. Alimenta-se da esperança na
misericórdia divina. 306. Porque é que os pecados veniais podem ser também
objecto da confissão sacramental?
301. Como se manifesta a penitência na vida cristã?
1458
1434 – 1439
A confissão dos pecados veniais é muito recomendada
A penitência manifesta-se de muitas maneiras, em pela Igreja, embora não estritamente necessária, porque
especial pelo jejum, a oração e a esmola. Estas e muitas nos ajuda a formar uma consciência recta e a lutar
outras formas de penitência podem ser praticadas na contra as más inclinações, para nos deixarmos curar por
vida quotidiana do cristão, especialmente no tempo da Cristo e progredirmos na vida do Espírito.
Quaresma e no dia penitencial de Sexta-feira.
307. Quem é o ministro deste sacramento?
302. Quais os elementos essenciais do sacramento da
Reconciliação? 1461 – 1466
1495
1440 – 1449
Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus
São dois: os actos realizados pelo homem que se Apóstolos, aos Bispos seus sucessores e aos presbíteros
converte sob a acção do Espírito Santo e a absolvição do seus colaboradores, os quais portanto se convertem em
sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles
estabelece a modalidade da satisfação. exercem o poder de perdoar os pecados no Nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo.
303. Quais são os actos do penitente?
308. A quem é reservada a absolvição de alguns
1450 – 1460. pecados?
1487 – 1492
1463
São: um diligente exame de consciência; a contrição (ou
arrependimento), que é perfeita, quando é motivada pelo
A absolvição de alguns pecados particularmente graves  
(como os punidos com a excomunhão) é reservada à Sé
Apostólica ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS
ele autorizados, embora todo o sacerdote possa
absolver de qualquer pecado e excomunhão a quem se  
encontra em perigo de morte.
313. Como é vivida a doença no Antigo Testamento?
309. O Confessor é obrigado ao segredo?
1499-1502
1467
No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os
Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o seus limites e ao mesmo tempo percebe que a doença
respeito devido às pessoas, todo o confessor está está ligada misteriosamente ao pecado. Os profetas
obrigado a manter o sigilo sacramental, isto é, o intuíram que a doença podia ter também um valor
absoluto segredo acerca dos pecados conhecidos em redentor em relação aos próprios pecados e aos dos
confissão, sem nenhuma excepção e sob penas outros. Assim, a doença era vivida perante Deus, da qual
severíssimas. o homem implorava a cura.

310. Quais são os efeitos deste sacramento? 314. Que sentido tem a compaixão de Jesus pelos
doentes?
1468 – 1470
1496 1503-1505

Os efeitos do sacramento da Penitência são: a A compaixão de Jesus pelos doentes e as numerosas


reconciliação com Deus e portanto o perdão dos curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele,
pecados; a reconciliação com a Igreja; a recuperação, se chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o
perdida, do estado de graça; a remissão da pena eterna sofrimento e a morte. Com a sua paixão e morte, Ele dá
merecida por causa dos pecados mortais e, ao menos em um novo sentido ao sofrimento, o qual, se unido ao seu,
parte, das penas temporais que são consequência do pode ser meio de purificação e de salvação para nós e
pecado; a paz e a serenidade da consciência, e a para os outros.
consolação do espírito; o acréscimo das forças
espirituais para o combate cristão. 315. Qual é o comportamento da Igreja em relação aos
doentes?
311. Quando se pode celebrar este sacramento com
confissão genérica e absolvição colectiva? 1506-1513;
1526-1527
1480 – 1484
A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os
Em casos de grave necessidade (como o perigo iminente enfermos, procura pô-la em prática com os cuidados para
de morte), pode-se recorrer à celebração comunitária com os doentes, acompanhados da oração de intercessão.
da Reconciliação com confissão genérica e absolvição Ela possui sobretudo um sacramento específico em favor
colectiva, respeitando as normas da Igreja e com o dos enfermos, instituído pelo próprio Cristo e atestado
propósito de confessar individualmente os pecados por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os
graves no tempo oportuno. presbíteros da Igreja e rezem por ele, depois de o ter
ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg 5,14-15).
312. O que são as indulgências?
316. Quem pode receber o sacramento da Unção dos
 1471-1479 enfermos?
1498
1514 –1515
As indulgências são a remissão diante de Deus da pena 1528- 1529
temporal devida aos pecados, já perdoados quanto à
culpa, que, em determinadas condições, o fiel adquire Este sacramento pode ser recebido pelo fiel que começa
para si ou para os defuntos mediante o ministério da a encontrar-se em perigo de morte por doença ou
Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui velhice. O mesmo fiel pode recebê-lo também outras
o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.
vezes se a doença se agrava ou então no caso doutra  
doença grave. A celebração deste sacramento, se
possível, deve ser precedida pela confissão individual do 321. Quais são os sacramentos ao serviço da comunhão e
doente. da missão?

317. Quem administra este sacramento? 1533–1535

1516. 1530 Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimónio, conferem


uma graça especial para uma missão particular na Igreja
Só pode ser administrado pelos sacerdotes (Bispos ou em ordem à edificação do povo de Deus. Eles contribuem
presbíteros). em especial para a comunhão eclesial e para a salvação
dos outros.
318. Como se celebra este sacramento?
 
1520 – 1523
1532 O SACRAMENTO DA ORDEM SACERDOTAL

A celebração deste sacramento consiste essencialmente  


na unção com óleo benzido, se possível, pelo Bispo, na
fronte e nas mãos do doente (no rito romano, ou também 322. O que é o sacramento da Ordem?
noutras partes do corpo segundo outros ritos),
acompanhada da oração do sacerdote, que implora a 1536
graça especial deste sacramento.
É o sacramento graças ao qual a missão confiada por
319. Quais são os efeitos deste sacramento? Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida na
Igreja, até ao fim dos tempos.
15120 – 1523
1532 323. Porque se chama sacramento da Ordem?

Ele confere uma graça especial que une mais 1537 – 1538
intimamente o doente à Paixão de Cristo, para o seu bem
e de toda a Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem, e Ordem indica um corpo eclesial, do qual se passa a fazer
também o perdão dos pecados, se o doente não se pode parte, mediante uma especial consagração (Ordenação),
confessar. Este sacramento consente por vezes, se for a qual, por um particular dom do Espírito Santo, permite
a vontade de Deus, também a recuperação da saúde exercer um poder sagrado em nome e com a autoridade
física. Em todo o caso, esta Unção prepara o doente de Cristo para o serviço do povo de Deus.
para a passagem à Casa do Pai.

324. Qual o lugar do sacramento da Ordem no desígnio


320. O que é o Viático? divino da salvação?

1524 – 1525 1539 – 1546


1590 - 1591
É a Eucaristia recebida por aqueles que estão para
deixar esta vida terrena e se preparam para a passagem Na Antiga Aliança, este sacramento é prefigurado no
à vida eterna. Recebida no momento da passagem deste serviço dos Levitas, no sacerdócio de Aarão e na
mundo ao Pai, a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo instituição dos setenta «Anciãos» (Num 11,25). Estas
morto e ressuscitado é semente de vida eterna e prefigurações encontraram realização em Cristo Jesus,
potência de ressurreição. o qual, com o sacrifício da sua cruz, é o «único (...)
mediador entre Deus e os homens» (1 Tim 2,5), o Sumo-
  sacerdote à maneira de Melquisedec» (Heb 5,10). O
único sacerdócio de Cristo é tornado presente pelo
CAPÍTULO TERCEIRO sacerdócio ministerial.

OS SACRAMENTOS AO SERVIÇO  
DA COMUNHÃO E DA MISSÃO
«Só Cristo é o verdadeiro sacerdote, os outros são seus Embora seja ordenado para uma missão universal, ele
ministros» (S. Tomás de Aquino) exerce-a numa Igreja particular, em fraternidade
sacramental com os outros presbíteros que formam o
  «presbitério» e que, em comunhão com o Bispo, e, em
dependência dele, têm a responsabilidade da Igreja
325. De quantos graus se compõe o sacramento da particular.
Ordem?
330. Qual é o efeito da Ordenação diaconal?
1554
1593 1569 – 1571
1596
Compõe-se de três graus, que são insubstituíveis para a
estrutura orgânica da Igreja: o episcopado, o O diácono, configurado a Cristo servo de todos, é
presbiterado e o diaconado. ordenado para o serviço da Igreja sob a autoridade do
Bispo, em relação ao ministério da Palavra, do culto
326. Qual é o efeito da Ordenação episcopal? divino, da condução pastoral e da caridade.

1557 – 1558 331. Como se celebra o sacramento da Ordem?

A Ordenação episcopal confere a plenitude do 1572 – 1574


sacramento da Ordem, faz do Bispo o legítimo sucessor 1597
dos Apóstolos, insere-o no Colégio episcopal, partilhando
com o Papa e os outros Bispos a solicitude por todas as Para cada um dos três graus, o sacramento da Ordem é
Igrejas, e confere-lhe a missão de ensinar, santificar e conferido pela imposição das mãos sobre a cabeça do
governar. ordinando por parte do Bispo, que pronuncia a solene
oração consecratória. Com ela, o Bispo invoca de Deus,
327. Qual é a missão do Bispo na Igreja particular que para o ordinando, a especial efusão do Espírito Santo e
lhe foi confiada? dos seus dons, em ordem ao ministério.

1560 – 1561 332. Quem pode conferir este sacramento?

O Bispo, ao qual é confiada uma Igreja particular, é o 1575 - 1576.


princípio visível e o fundamento da unidade dessa 1600
Igreja, a favor da qual exerce, como vigário de Cristo, o
ministério pastoral, coadjuvado pelos presbíteros e Compete aos Bispos validamente ordenados, enquanto
diáconos. sucessores dos Apóstolos, conferir os três graus do
sacramento da Ordem.
328. Qual é o efeito da Ordenação presbiteral?
333. Quem pode receber este sacramento?
1562 – 1567
1595 1577 – 1578 1598

A unção do Espírito assinala o presbítero com um Só o baptizado de sexo masculino o pode receber
carácter espiritual indelével, configura-o a Cristo validamente: a Igreja reconhece-se vinculada a esta
sacerdote e torna-o capaz de agir em nome de Cristo escolha feita pelo próprio Senhor. Ninguém pode exigir a
Cabeça. Sendo cooperador da Ordem episcopal, ele é recepção do sacramento da Ordem, antes deve ser
consagrado para pregar o Evangelho, para celebrar o considerado apto para o ministério pela autoridade da
culto divino, sobretudo a Eucaristia, da qual o seu Igreja.
ministério recebe a força, e para ser o pastor dos fiéis.
334. É requerido o celibato a quem recebe o sacramento
329. Como é que o presbítero exerce o seu ministério? da Ordem?

1568 1579 – 1580


1599
Para o episcopado é sempre requerido o celibato. Na A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e
Igreja latina, para o presbiterado, são normalmente dotada de leis próprias pelo Criador, está por sua
escolhidos homens crentes que vivem celibatários e têm natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e
vontade de guardar o celibato «pelo reino dos céus» (Mt à geração e bem dos filhos. Segundo o desígnio originário
19,12). Nas Igrejas Orientais, não é consentido casar de Deus, a união matrimonial é indissolúvel, como afirma
depois da Ordenação. O diaconado permanente pode ser Jesus Cristo: «O que Deus uniu não o separe o homem»
conferido a homens já casados. (Mc 10,9).

335. Quais são os efeitos do sacramento da Ordem? 339. Como é que o pecado ameaça o Matrimónio?

1547 – 1553 1606-1608

Este sacramento dá uma especial efusão do Espírito Por causa do primeiro pecado, que provocou também a
Santo, que configura o ordenado a Cristo na sua tríplice ruptura da comunhão do homem e da mulher, dada pelo
função de Sacerdote, Profeta e Rei, segundo os Criador, a união matrimonial é muitas vezes ameaçada
respectivos graus do sacramento. A ordenação confere pela discórdia e pela infidelidade. Todavia Deus, na sua
um carácter espiritual indelével: por isso não pode ser infinita misericórdia, dá ao homem e à mulher a sua
repetida nem conferida por um tempo limitado. graça para que possam realizar a união das suas vidas
segundo o desígnio originário de Deus.
336. Com que autoridade é exercido o sacerdócio
ministerial? 340. O que é que o Antigo Testamento ensina sobre o
Matrimónio?
1547 – 1553
1592 1609-1611

Os sacerdotes ordenados, no exercício do ministério Deus, sobretudo através da pedagogia da Lei e dos
sagrado, falam e agem não por autoridade própria, e nem profetas, ajuda o seu povo a amadurecer
sequer por mandato ou delegação da comunidade, mas na progressivamente a consciência da unicidade e da
Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Portanto indissolubilidade do Matrimónio. A aliança nupcial de
o sacerdócio ministerial difere essencialmente, e não Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova
apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, para o realizada pelo Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.
serviço do qual Cristo o instituiu.
341. Qual a novidade dada por Cristo ao Matrimónio?
 
1612-1617
O SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO 1661

  Jesus Cristo não só restabelece a ordem inicial querida


por Deus, mas dá a graça para viver o Matrimónio na
337. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem e da nova dignidade de sacramento, que é o sinal do seu amor
mulher? esponsal pela Igreja: «Vós maridos amai as vossas
mulheres, como Cristo amou a Igreja» (Ef 5,25).
1601 – 1605
342. O Matrimónio é uma obrigação para todos?
Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a
amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os, no 1618-1620
Matrimónio, a uma íntima comunhão de vida e de amor
entre eles, «de modo que já não são dois, mas uma só O Matrimónio não é uma obrigação para todos. Deus
carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus disse-lhes: chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor
«sede fecundos e multiplicai-vos» (Gn 1,28). Jesus na vida da virgindade ou do celibato pelo Reino dos
céus, renunciando ao grande bem do Matrimónio para se
338. Para que fins instituiu Deus o Matrimónio? preocuparem com as coisas do Senhor e para procurar
agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto
1659-1660 primado do amor de Cristo e da ardente esperança da
sua vinda gloriosa.
343. Como se celebra o sacramento do Matrimónio? 347. Quais são os pecados gravemente contrários ao
sacramento do Matrimónio?
1621-1624
1645-1648
Uma vez que o Matrimónio coloca os cônjuges num
estado público de vida na Igreja, a sua celebração São: o adultério; a poligamia, porque em contradição com
litúrgica é pública, na presença do sacerdote (ou da a igual dignidade do homem e da mulher e com a
testemunha qualificada da Igreja) e das outras unicidade e exclusividade do amor conjugal; a rejeição da
testemunhas. fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos;
e o divórcio, que se opõe à indissolubilidade.
344. O que é o consentimento matrimonial?
348. Quando é que a Igreja admite a separação física
1625-1632 dos esposos?
1662-1663
1629
O consentimento matrimonial é a vontade, expressa por 1649
um homem e por uma mulher, de se entregarem mutua e
definitivamente, com o fim de viver uma aliança de amor A Igreja admite a separação física dos esposos quando,
fiel e fecundo. Dado que o consentimento faz o por motivos graves, a sua coabitação se tornou
Matrimónio, ele é indispensável e insubstituível. Para que praticamente impossível, embora se deseje uma sua
o Matrimónio seja válido, o consentimento deve ter reconciliação. Mas eles, enquanto vive o cônjuge, não
como objecto o verdadeiro Matrimónio e ser um acto estão livres para contrair uma nova união, a menos que o
humano, consciente e livre, não determinado pela Matrimónio seja nulo e como tal seja declarado pela
violência ou por constrições. autoridade eclesiástica.

345. Que se requer quando um dos esposos não é 349. Qual é a atitude da Igreja para com os divorciados
católico? recasados?

1633-1637 1655-1558
1666
Para serem lícitos, os matrimónios mistos (entre
católico e baptizado não católico) requerem a permissão Fiel ao Senhor, a Igreja não pode reconhecer como
da autoridade eclesiástica. Aqueles com disparidade de Matrimónio a união dos divorciados recasados civilmente.
culto (entre católico e não baptizado) para serem «Quem repudia a própria mulher e casa com outra
válidos precisam duma dispensa. Em todo o caso, é comete adultério contra ela; se a mulher repudia o
essencial que os cônjuges não excluam a aceitação dos marido e casa com outro, comete adultério» (Mc 10, 11-
fins e das propriedades essenciais do Matrimónio e que 12). Para com eles, a Igreja desenvolve uma atenta
o cônjuge católico confirme o empenho, conhecido solicitude, convidando-os a uma vida de fé, à oração, às
também do outro cônjuge, de conservar a fé e de obras de caridade e à educação cristã dos filhos. Mas
assegurar o Baptismo e a educação católica dos filhos. eles não podem receber a absolvição sacramental nem
abeirar-se da comunhão eucarística, nem exercer certas
346. Quais são os efeitos do sacramento do responsabilidades eclesiais enquanto perdurar esta
Matrimónio? situação, que objectivamente contrasta com a lei de
Deus.
1638-1642
350. Porque é que a família cristã é chamada Igreja
O sacramento do Matrimónio gera entre os cônjuges um doméstica?
vínculo perpétuo e exclusivo. O próprio Deus sela o
consentimento dos esposos. Portanto o Matrimónio 1655-1658;
concluído e consumado entre baptizados não pode ser 1666
nunca dissolvido. Este sacramento confere também aos
esposos a graça necessária para alcançar a santidade na Porque a família manifesta e realiza a natureza de
vida conjugal e para o acolhimento responsável dos comunhão e familiar da Igreja como família de Deus.
filhos e a sua educação. Cada membro, a seu modo, exerce o sacerdócio
baptismal, contribuindo para fazer da família uma
comunidade de graça e de oração, escola das virtudes
humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos  
filhos.
AS EXÉQUIAS CRISTÃS
 
 
CAPÍTULO QUARTO
354. Que relação existe entre os sacramentais e a
AS OUTRAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS morte do cristão?

  1680
1683
OS SACRAMENTAIS
O cristão que morre em Cristo chega, no termo da sua
  existência terrena, à consumação da nova vida iniciada
com o Baptismo, revigorada pela Confirmação e
351. O que são os sacramentais? alimentada pela Eucaristia, antecipação do banquete
celeste. O sentido da morte do cristão manifesta-se à
1667-1672 luz da Morte e da Ressurreição de Cristo, nossa única
1677-1678 esperança; o cristão que morre em Cristo Jesus, vai
«habitar junto do Senhor» (2 Cor 5,8).

São sinais sagrados instituídos pela Igreja, por meio dos


quais são santificadas algumas circunstâncias da vida. 355. O que exprimem as exéquias?
Incluem sempre uma oração, muitas vezes acompanhada
do sinal da cruz e de outros sinais. Entre os 1684 – 1685
sacramentais, figuram, em primeiro lugar, as bênçãos,
que são um louvor a Deus e uma oração para obter os As exéquias, embora celebradas segundo diferentes
seus dons, as consagrações de pessoas e as dedicações ritos correspondentes às situações e às tradições de
de coisas para o culto de Deus. cada uma das regiões, exprimem o carácter pascal da
morte cristã na esperança da ressurreição e o sentido
352. O que é o exorcismo? da comunhão com o defunto particularmente mediante a
oração pela purificação da sua alma.
1673
356. Quais os momentos principais das exéquias?
Fala-se de exorcismo, quando a Igreja pede com a sua
autoridade, em nome de Jesus, que uma pessoa ou um 1686 – 1690
objecto seja protegido contra a acção do Maligno e
subtraído ao seu domínio. É praticado de modo ordinário Habitualmente as exéquias compreendem quatro
no rito do Baptismo. O exorcismo solene, chamado o momentos principais: o acolhimento da urna pela
grande exorcismo, pode ser feito só por um sacerdote comunidade, com palavras de conforto e de esperança; a
autorizado pelo Bispo. liturgia da Palavra; o sacrifício eucarístico; e «a
encomendação», com o qual a alma do defunto é confiada
353. Que formas de piedade popular acompanham a vida a Deus, fonte de vida eterna, enquanto o seu corpo é
sacramental da Igreja? sepultado na expectativa da ressurreição.

1674-1676  
1679

O sentido religioso do povo cristão encontrou sempre


diversas expressões nas várias formas de piedade que
acompanham a vida sacramental da Igreja, como a
veneração das relíquias, as visitas aos santuários, as
peregrinações, as procissões, a «via-sacra», o Rosário.
As formas autênticas de piedade popular são
favorecidas e iluminadas pela luz da fé da Igreja.
TERCEIRA PARTE  

A VIDA EM CRISTO 359. Como é que o homem alcança a bem-aventurança?

  1716

PRIMEIRA SECÇÃO O homem alcança a bem-aventurança em virtude da


A VOCAÇÃO DO HOMEM: graça de Cristo, que o torna participante da vida divina.
A VIDA NO ESPÍRITO Cristo no Evangelho indica aos seus o caminho que
conduz à felicidade sem fim: as Bem-aventuranças. A
  graça de Cristo opera também em cada ser humano que,
seguindo a recta consciência, procura e ama o verdadeiro
357. Como é que a vida moral cristã está ligada à fé e e o bem e evita o mal.
aos sacramentos?
360. Porque é que as Bem-aventuranças são importantes
1691 – 1698 para nós?

O que o Símbolo da fé professa, os sacramentos o 1716-1717


comunicam. De facto, neles os fiéis recebem a graça de 1725-1726
Cristo e os dons do Espírito Santo, que os tornam
capazes de viver a vida nova de filhos de Deus em Cristo As Bem-aventuranças estão no centro da pregação de
acolhido com a fé. Jesus, retomam e aperfeiçoam as promessas de Deus,
feitas a partir de Abraão. Mostram o próprio rosto de
  Jesus, caracterizam a autêntica vida cristã e revelam ao
homem o fim último do seu agir: a bem-aventurança
«Reconhece, ó cristão, a tua dignidade» (S. Leão Magno) eterna.

  361. Que relação há entre as Bem-aventuranças e o


desejo humano de felicidade?

CAPÍTULO PRIMEIRO
1718-1719

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA


As Bem-aventuranças respondem ao desejo inato de
felicidade que Deus colocou no coração do homem para o
 
atrair a Si, e que só Ele pode saciar.

O HOMEM IMAGEM DE DEUS


362. O que é a bem-aventurança eterna?

 
1720-1724
1727-1729
358. Qual é a raiz da dignidade humana?

É a visão de Deus na vida eterna, em que seremos


1699 – 1715
plenamente «participantes da natureza divina» (2 Ped
1,4), da glória de Cristo e da felicidade da vida
A dignidade da pessoa humana radica na criação à trinitária. A bem-aventurança ultrapassa as capacidades
imagem e semelhança de Deus. Dotada de uma alma humanas: é um dom sobrenatural e gratuito de Deus,
espiritual e imortal, de inteligência e de vontade livre, a como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança
pessoa humana está ordenada para Deus e chamada, com prometida coloca-nos perante escolhas morais decisivas
a sua alma e o seu corpo, à bem-aventurança eterna. em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar a
Deus acima de tudo.
 
 
A NOSSA VOCAÇÃO À BEM-AVENTURANÇA
A LIBERDADE DO HOMEM
  367. Quais são as fontes da moralidade dos actos
humanos?
363. O que é a liberdade?
1749-1754
1730-1733 1757-1758
1743-1744
A moralidade dos actos humanos depende de três
É o poder, dado por Deus ao homem, de agir e não agir, fontes: do objecto escolhido, ou seja, dum bem
de fazer isto ou aquilo, praticando assim por si mesmo verdadeiro ou aparente; da intenção do sujeito que age,
acções deliberadas. A liberdade caracteriza os actos isto é, do fim que ele tem em vista ao fazer a acção; das
propriamente humanos. Quanto mais faz o bem, mais circunstâncias da acção, onde se incluem as suas
alguém se torna livre. A liberdade atinge a perfeição consequências.
quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bem-
aventurança. A liberdade implica também a possibilidade 368. Quando é que o acto é moralmente bom?
de escolher entre o bem e o mal. A escolha do mal é um
abuso da liberdade, que conduz à escravatura do pecado. 1755-1756
1759-1760
364. Que relação existe entre liberdade e
responsabilidade? O acto é moralmente bom quando supõe, ao mesmo
tempo, a bondade do objecto, do [N63]fim em vista e
1734 –1737 das circunstâncias. O objecto escolhido pode, por si só,
1745-1746 viciar toda a acção, mesmo se a sua intenção for boa.
Não é lícito fazer o mal para que dele derive um bem.
A liberdade torna o homem responsável pelos seus Um fim mau pode corromper a acção, mesmo que, em si,
actos, na medida em que são voluntários, embora a o seu objecto seja bom. Pelo contrário, um fim bom não
imputabilidade e a responsabilidade de um acto possam torna bom um comportamento que for mau pelo seu
ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a objecto, uma vez que o fim não justifica os meios. As
inadvertência, a violência suportada, o medo, as afeições circunstâncias podem atenuar ou aumentar a
desordenadas e os hábitos. responsabilidade de quem age, mas não podem modificar
a qualidade moral dos próprios actos, não tornam nunca
365. Porque é que o homem tem direito ao exercício da boa uma acção que, em si, é má.
liberdade?
369. Há actos que são sempre ilícitos?
1738
1747 1756
1761
O direito ao exercício da liberdade é próprio de cada
homem enquanto é inseparável da sua dignidade de Há actos, cuja escolha é sempre ilícita, por causa do seu
pessoa humana. Portanto, tal direito deve ser sempre objecto (por exemplo, a blasfémia, o homicídio, o
respeitado, principalmente em matéria moral e religiosa, adultério). A sua escolha comporta uma desordem da
e deve ser reconhecido civilmente, e tutelado nos vontade, isto é, um mal moral, que não pode ser
termos do bem comum e da justa ordem pública. justificado com os bens que eventualmente daí pudessem
derivar.
366. Qual é o lugar da liberdade humana na ordem da
salvação?  

1739-1742 A MORALIDADE DAS PAIXÕES


1748
 
O primeiro pecado enfraqueceu a liberdade humana. Os
pecados sucessivos vieram acentuar esta debilidade. 370. O que são as paixões?
Mas «foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal
5,1). Com a sua graça, o Espírito Santo conduz-nos para 1762-1766
a liberdade espiritual, para fazer de nós colaboradores 1771-1772
livres da sua obra na Igreja e no mundo.
São os afectos, as emoções ou os movimentos da 1783-1788
sensibilidade – componentes naturais da psicologia 1799
humana – que inclinam a agir ou a não agir em vista do 1800
que se percebeu como bom ou como mau. As principais
são o amor e o ódio, o desejo e o medo, a alegria, a A consciência moral recta e verdadeira forma-se com a
tristeza e a cólera. A paixão fundamental é o amor, educação e com a assimilação da Palavra de Deus e do
provocado pela atracção do bem. Não se ama se não o ensino da Igreja. É amparada com os dons do Espírito
bem, verdadeiro ou aparente. Santo e ajudada com os conselhos de pessoas sábias.
Além disso, ajudam muito na formação moral a oração e
371. As paixões são moralmente boas ou más? o exame de consciência.

1767-1770; 375. Quais as normas que a consciência deve sempre


1773-1775 seguir?

Enquanto movimentos da sensibilidade, as paixões não 1789


são nem boas nem más em si mesmas: são boas quando
contribuem para uma acção boa; são más, no caso Há três mais gerais: 1) nunca é permitido fazer o mal
contrário. Elas podem ser assumidas pelas virtudes ou porque daí derive um bem; 2) a chamada regra de ouro:
pervertidas nos vícios. «tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-
lho vós também» (Mt 7, 12); 3) a caridade passa sempre
  pelo respeito do próximo e da sua consciência, embora
isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é
A CONSCIÊNCIA MORAL objectivamente um mal.

  376. A consciência moral pode emitir juízos erróneos?

372. O que é a consciência moral? 1790–1794;


1801–1802
1776–1780;
1795–1797 A pessoa deve obedecer sempre ao juízo certo da sua
consciência, mas esta também pode emitir juízos
A consciência moral, presente no íntimo da pessoa, é um erróneos, por causas nem sempre isentas de
juízo da razão, que, no momento oportuno, ordena ao culpabilidade pessoal. Não é porém imputável à pessoa o
homem que pratique o bem e evite o mal. Graças a ela, a mal realizado por ignorância involuntária, mesmo que
pessoa humana percebe a qualidade moral dum acto a objectivamente não deixe de ser um mal. É preciso, pois,
realizar ou já realizado,  permitindo-lhe assumir a trabalhar para corrigir os erros da consciência moral.
responsabilidade. Quando escuta consciência moral, o
homem prudente pode ouvir a voz de Deus que lhe fala.  

373. Que implica a dignidade da pessoa perante a AS VIRTUDES


consciência moral?
 
1780 – 1782
1798 377. O que é a virtude?

A dignidade da pessoa humana implica rectidão da 1803, 1833


consciência moral (ou seja, estar de acordo com o que é
justo e bom, segundo a razão e a Lei divina). Por causa A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o
da sua dignidade pessoal, o homem não deve ser bem. «O fim de uma vida virtuosa é tornar-se
obrigado a agir contra a consciência e, dentro dos semelhante a Deus» (S. Gregório de Nissa). Há virtudes
limites do bem comum, nem sequer deve ser impedido de humanas e virtudes teologais.
agir em conformidade com ela, sobretudo em matéria
religiosa. 378. O que são as virtudes humanas?

374. Como formar a recta e verdadeira consciência


moral?
1804; A temperança modera a atracção dos prazeres, assegura
1810-1811: o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o
1834, 1839 equilíbrio no uso dos bens criados.

As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis 384. O que são as virtudes teologais?
da inteligência e da vontade, que regulam os nossos
actos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa 1812-1813
conduta segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas 1840-1841
por actos moralmente bons e repetidos, são purificadas
e elevadas pela graça divina. São as virtudes que têm como origem, motivo e objecto
imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a
379. Quais são as virtudes humanas principais? graça santificante, tornam-nos capazes de viver em
relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir
1805;1834 moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas
são o penhor da presença e da acção do Espírito Santo
São as virtudes, chamadas cardeais, que reagrupam nas faculdades do ser humano.
todas as outras e que constituem a charneira da vida
virtuosa. São elas: prudência, justiça, fortaleza e 385. Quais são as virtudes teologais?
temperança.
1813
380. O que é a prudência?
As virtudes teologais são: fé, esperança e caridade.
1806
1835 386. O que é a fé?

A prudência dispõe a razão para discernir em todas as 1814-1816


circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os 1842
justos meios para o atingir. Ela conduz as outras
virtudes, indicando-lhes a regra e a medida. A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em
tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe
381. O que é a justiça? para acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela
fé, o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o
1807 crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus,
1836 porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6).

A justiça consiste na constante e firme vontade de dar 387. O que é a esperança?


aos outros o que lhes é devido. A justiça para com Deus
é chamada «virtude da religião». 1817-1821;
1843
382. O que é a fortaleza?
A esperança é a virtude teologal por meio da qual
1808; 1837 desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como
nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas
A fortaleza assegura a firmeza nas dificuldades e a promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do
constância na procura do bem, chegando até à Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim
capacidade do eventual sacrifício da própria vida por da vida terrena.
uma causa justa.
388. O que é a caridade?
383. O que é a temperança?
1822-1829
1809 1844
1838
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos
por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a
plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» 393. Existe uma variedade de pecados?
(Col 3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela
anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada 1852–1853;
me aproveita» (1 Cor 13,1-3). 1873

389. O que são os dons do Espírito Santo? A variedade dos pecados é grande. Distinguem-se
segundo o seu objecto, ou segundo as virtudes ou os
1830 – 1831 mandamentos a que se opõem. Podem ser directamente
1845 contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos.
Podemos ainda distinguir entre pecados por
Os dons do Espírito Santo são disposições permanentes pensamentos, por palavras, por acções e por omissões.
que tornam o homem dócil para seguir as inspirações
divinas. São sete: sabedoria, entendimento, conselho, 394. Como se distingue o pecado quanto à gravidade?
fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.
1854
390. O que são os frutos do Espírito Santo?
Distingue-se entre pecado mortal e venial.
1832
395. Quando se comete o pecado mortal?
Os frutos do Espírito Santo são perfeições plasmadas
por Ele em nós como primícias da glória eterna. A 1855-1861
tradição da Igreja enumera doze: «Amor, alegria, paz, 1874
paciência, longanimidade, bondade, benignidade,
mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» Comete-se pecado mortal quando, ao mesmo tempo, há
(Gal 5,22-23 vulgata). matéria grave, plena consciência e deliberado
consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-
  nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna
do inferno, se dele não nos arrependermos. É perdoado
O PECADO ordinariamente mediante os sacramentos do Baptismo e
da Penitência ou Reconciliação.
 
396. Quando se comete o pecado venial?
391. O que exige de nós o acolhimento da misericórdia
de Deus? 1862-1864
1875
1846-1848
1870 O pecado venial, que difere essencialmente do pecado
mortal, comete-se quando se trata de matéria leve, ou
Exige o reconhecimento das nossas culpas e o mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total
arrependimento dos nossos pecados. Pela sua Palavra e consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas
pelo seu Espírito, o próprio Deus nos revela os nossos enfraquece a caridade; manifesta um afecto
pecados, dá-nos a verdade da consciência e a esperança desordenado pelos bens criados; impede o progresso da
do perdão. alma no exercício das virtudes e na prática do bem
moral; merece penas purificatórias temporais.
392. O que é o pecado?
397. Como prolifera em nós o pecado?
1849 – 1851
1871-1872 1865, 1876

É «uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei O pecado arrasta ao pecado e a sua repetição gera o
eterna» (S. Agostinho). É uma ofensa a Deus, na vício.
desobediência ao seu amor. Fere a natureza do homem e
atenta contra a solidariedade humana. Cristo, na sua 398. O que são os vícios?
Paixão, revela plenamente a gravidade do pecado e
vence-o com a sua misericórdia. 1866-1867
Os vícios, sendo contrários às virtudes, são hábitos a sociedade civil, são necessárias para ela. São úteis
perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao ainda outras associações, tanto no interior das
mal. Os vícios podem estar ligados aos chamados sete comunidades políticas como a nível internacional, no
pecados capitais, que são: soberba, avareza, inveja, ira, respeito do princípio de subsidiariedade.
luxúria, gula e preguiça ou negligência.
403. O que indica o princípio de subsidiariedade?
399. Temos responsabilidade nos pecados cometidos por
outros? 1883-1885
1894
1868
Este princípio indica que uma sociedade de ordem
Existe esta responsabilidade, quando culpavelmente superior não deve assumir uma tarefa que diga respeito
neles cooperamos. a uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas
competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de
400. O que são as estruturas de pecado? necessidade.

1869 404. Que outras coisas requer uma autêntica convivência


humana?
São situações sociais ou instituições contrárias à lei
divina, expressão e efeito de pecados pessoais. 1886-1889
1895-1896
 
Requer o respeito da justiça, a justa hierarquia de
CAPÍTULO SEGUNDO valores e a subordinação das dimensões materiais e
instintivas às superiores e espirituais. Em especial, onde
A COMUNIDADE HUMANA o pecado perverte o clima social, é necessário apelar à
conversão dos corações e à graça de Deus, para obter
mudanças sociais que estejam realmente ao serviço de
 
cada pessoa e de toda a pessoa. A caridade, que exige e
torna capaz da prática da justiça, é o maior mandamento
A PESSOA E A SOCIEDADE
social.

 
 

401. Em que consiste a dimensão social do homem?


A PARTICIPAÇÃO NA VIDA SOCIAL

1877-1880;
 
1890-1891

405. Em que se funda a autoridade na sociedade?


Juntamente com o chamamento pessoal à bem-
aventurança, o homem tem a dimensão social como
1897-1902
componente essencial da sua natureza e da sua vocação.
1918-1920
De facto, todos os homens são chamados ao mesmo fim,
que é o próprio Deus; existe uma certa semelhança
entre a comunhão das Pessoas divinas e a fraternidade Toda a comunidade humana tem necessidade duma
que os homens devem instaurar entre si na verdade e na autoridade legítima, que assegure a ordem e contribua
caridade; o amor ao próximo é inseparável do amor a para a realização do bem comum. Tal autoridade
Deus. encontra o seu fundamento na natureza humana, porque
corresponde à ordem estabelecida por Deus.

402. Qual é a relação entre pessoa e sociedade?


406. Quando é que a autoridade é exercida
legitimamente?
1881-1882
1892-1893
1903-1904-
1921-1922
Princípio, sujeito e fim de todas as instituições sociais é
e deve ser a pessoa. Certas sociedades, como a família e
A autoridade é exercida legitimamente quando procura o A JUSTIÇA SOCIAL
bem comum e emprega meios moralmente lícitos para o
conseguir. Por isso, os regimes políticos devem ser  
determinados pela decisão livre dos cidadãos e devem
respeitar o princípio do «Estado de direito», no qual é 411. Como é que a sociedade assegura a justiça social?
soberana a lei e não a vontade arbitrária dos homens. As
leis injustas e as medidas contrárias à ordem moral não 1928-133
obrigam as consciências. 1943-1944

407. O que é o bem comum? A sociedade assegura a justiça social quando respeita a
dignidade e os direitos da pessoa, que constituem o seu
1905-1906 próprio fim. Além disso, a sociedade procura a justiça
1924 social, que está conexa ao bem comum e ao exercício da
autoridade, quando realiza as condições que permitam às
Por bem comum entende-se o conjunto das condições de associações e ao indivíduo obter aquilo a que têm direito.
vida social que permitem aos grupos e aos indivíduos
atingir a sua perfeição. 412. Em que se funda a igualdade entre os homens?

408. O que é que comporta o bem comum? 1934-1935


1945
1907-1909
1925 Todos os homens gozam de igual dignidade e direitos
fundamentais, uma vez que, criados à imagem do Deus
O bem comum comporta: o respeito e a promoção dos único e dotados duma alma racional, têm a mesma
direitos fundamentais da pessoa; o desenvolvimento dos natureza e origem e são chamados, em Cristo único
bens espirituais e temporais das pessoas e da sociedade; salvador, à mesma bem-aventurança divina.
a paz e a segurança de todos.
413. Como avaliar a desigualdade entre os homens?
409. Onde é que se realiza dum modo mais relevante o
bem comum? 1936-1938
1946-1947
1910-1912
1927 Há iníquas desigualdades económicas e sociais, que
ferem milhões de seres humanos; elas estão em
A realização mais completa do bem comum encontra-se contradição aberta com o Evangelho, são contrárias à
nas comunidades políticas, que defendem e promovem o justiça, à dignidade das pessoas e à paz. Mas há também
bem dos cidadãos e dos corpos intermédios, sem diferenças entre os homens, causadas por factores que
esquecer o bem universal da família humana. fazem parte do plano de Deus. Com efeito, Ele quer que
cada um receba dos outros aquilo de que precisa, e quer
410. Como é que o homem participa na promoção do bem que os que dispõem de «talentos» particulares os
comum? partilhem com os outros. Tais diferenças estimulam e
obrigam, muitas vezes, as pessoas à magnanimidade, à
1913-1917 benevolência e à partilha, e incitam as culturas a
1926 enriquecerem-se umas às outras.

Cada ser humano, segundo o lugar que ocupa e o papel 414. Como se manifesta a solidariedade humana?
que desempenha, participa na promoção do bem comum
respeitando as leis justas e encarregando-se de 1939 – 1942
sectores de que assume a responsabilidade pessoal, 1948
como o cuidado da própria família e o empenho no seu
trabalho. Para além disso, os cidadãos, na medida do A solidariedade, exigência da fraternidade humana e
possível, devem tomar parte activa na vida pública. cristã, manifesta-se, em primeiro lugar, na justa
repartição dos bens, équa na remuneração do trabalho e
  no esforço por uma ordem social mais justa. A virtude da
solidariedade pratica também a repartição dos bens
espirituais da fé, ainda mais importantes que os 1961-1964
materiais. 1980-1982

  A Antiga Lei é o primeiro estádio da Lei revelada. Ela


exprime muitas verdades que são naturalmente
CAPÍTULO TERCEIRO acessíveis à razão e que se encontram assim declaradas
e autenticadas nas Alianças da salvação. As suas
A SALVAÇÃO DE DEUS: A LEI E A GRAÇA prescrições morais estão compendiadas nos Dez
Mandamentos do Decálogo, colocam os alicerces da
  vocação do homem, proíbem o que é contrário ao amor de
Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.

A LEI MORAL
419. Qual o lugar da antiga Lei, no plano da salvação?

 
1963-1964
1982
415. O que é a lei moral?

A Antiga Lei permite conhecer muitas verdades


1950
acessíveis à razão, indica o que se deve e o que se não
deve fazer, e sobretudo, como um sábio pedagogo,
A lei moral é obra da Sabedoria divina. Prescreve-nos
prepara e dispõe à conversão e ao acolhimento do
caminhos e normas de conduta que levam à bem-
Evangelho. Todavia, embora santa, espiritual e boa, a Lei
aventurança prometida, proibindo-nos os caminhos que
antiga é ainda imperfeita, pois, por si, não dá a força e a
nos desviam de Deus.
graça do Espírito para a cumprir.

416. Em que consiste a lei moral natural?


420. O que é a Nova Lei ou Lei evangélica?

1954-1959
1965-1972;
1978-1979
1983-1985

A lei natural, escrita pelo Criador no coração de cada


A Nova Lei ou Lei evangélica, proclamada e realizada por
ser humano, consiste numa participação na sabedoria e
Cristo, é a perfeição e cumprimento da Lei divina,
bondade de Deus, e manifesta o sentido moral originário
natural e revelada. Resume-se no mandamento do amor a
que permite ao homem discernir, pela razão, o bem e o
Deus e ao próximo, e de nos amarmos como Cristo nos
mal. Ela é universal e imutável, e constitui a base dos
amou; é também uma realidade interior dada ao homem:
deveres e dos direitos fundamentais da pessoa, bem
a graça do Espírito Santo que torna possível um tal amor.
como da comunidade humana e da própria lei civil.
É a «lei da liberdade» (Tg 1,25), porque nos inclina a agir
espontaneamente sob o impulso da caridade.
417. Esta lei é percebida por todos?
 
1960
«A Lei nova é sobretudo a própria graça do Espírito
Por causa do pecado, a lei natural nem sempre é Santo, dada aos crentes em Cristo» (S. Tomás de
percebida por todos com igual clarerza e imediatez. Aquino).

   

Por isso Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os 421. Onde se encontra a Lei nova?
homens não conseguiam ler nos seus corações» (S.
Agostinho)
1971-1974
1986
 
A Lei nova encontra-se em toda a vida e pregação de
418. Qual é a relação entre a Lei Natural e a Antiga Lei? Cristo e na catequese moral dos Apóstolos: o Sermão do
Senhor na Montanha é a sua principal expressão.
  humana, convida-a à colaboração e leva-a à sua
perfeição.
GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO
426. O que é o mérito?
 
2006-2009;
422. O que é a justificação? 2025-2027

1987-1995; O mérito é o que dá direito à recompensa por uma acção


2017-2020 boa. Em relação a Deus, o homem, de si, não pode
merecer nada, tendo recebido gratuitamente tudo d’Ele.
A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus. Todavia, Deus dá-lhe a possibilidade de adquirir méritos
É a acção misericordiosa e gratuita de Deus, que perdoa pela união à caridade de Cristo, fonte dos nossos
os nossos pecados e nos torna justos e santos em todo o méritos diante de Deus. Os méritos das obras boas
nosso ser. Isto tem lugar por meio da graça do Espírito devem por isso ser atribuídos antes de mais à graça de
Santo, que nos foi merecida pela paixão de Cristo e nos Deus e depois à vontade livre do homem.
foi dada no Baptismo. A justificação inicia a resposta
livre do homem, ou seja, a fé em Cristo e a colaboração 427. Que bens podemos merecer?
com a graça do Espírito Santo.
2006-2009
423. O que é a graça que justifica? 2025-2027

1996-1998 Sob a moção do Espírito Santo, podemos merecer, para


2005 201 nós mesmos e para os outros, as graças úteis para nos
santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como
A graça é o dom gratuito que Deus nos dá para nos os bens temporais necessários segundo os desígnios de
tornar participantes da sua vida trinitária e capaz de Deus. Ninguém pode merecer a graça primeira, que está
agir por amor d’Ele. É chamada graça habitual ou na origem da conversão e da justificação.
santificante ou deificante, pois nos santifica e diviniza.
É sobrenatural, porque depende inteiramente da 428. Somos todos chamados à santidade cristã?
iniciativa gratuita de Deus e ultrapassa as capacidades
da inteligência e das forças do homem. Escapa, portanto, 2012–2016
à nossa experiência. 2028–2029

424. Que outros tipos de graça existem? Todos os fiéis são chamados à santidade. Esta é a
plenitude da vida cristã e a perfeição da caridade, que
1999-2000 se obtém mediante a íntima união com Cristo e, n’Ele,
2003-2004 com a Santíssima Trindade. O caminho de santificação
2023-2024 do cristão, depois de ter passado pela cruz, terá o seu
acabamento na ressurreição final dos justos, na qual
Para além da graça habitual, existem: as graças actuais Deus será tudo em todas as coisas.
(dons circunstanciais); as graças sacramentais (dons
próprios de cada sacramento); as graças especiais ou  
carismas (que têm como fim o bem comum da Igreja),
entre as quais as graças de estado, que acompanham o A IGREJA MÃE E MESTRA
exercício dos ministérios eclesiais e das
responsabilidades da vida.  

425. Qual é a relação entre a graça e a liberdade do 429. Como é que a Igreja alimenta a vida moral do
homem? cristão?

2001-2002 2030-2031;
2047
A graça precede, prepara e suscita a resposta livre do
homem. Responde às aspirações profundas da liberdade
A Igreja é a comunidade onde o cristão acolhe a Palavra SEGUNDA SECÇÃO
de Deus que contém os ensinamentos da «Lei de Cristo» OS DEZ MANDAMENTOS
(Gal 6,2); recebe a graça dos sacramentos; une-se à
oferta eucarística de Cristo de modo que a sua vida  
moral seja um culto espiritual; e aprende o exemplo da
santidade da Virgem Maria e dos Santos. Êxodo 20, 2-17

430. Porque é que o Magistério da Igreja intervém no Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do
campo moral? Egipto, dessa casa da escravidão.

2032-2040 Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti
2049-2051 nenhuma imagem esculpida, nem figura que existe lá no
alto do céu, ou cá em baixo, na terra, ou nas águas
Porque é missão do Magistério da Igreja pregar a fé que debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas nem
deve ser acreditada e aplicada na vida prática. Essa lhes prestarás culto, porque Eu, o Senhor teu Deus, sou
missão estende-se também aos preceitos específicos da um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à
lei natural, porque a sua observância é necessária para a terceira e quarta geração daqueles que Me ofendem;
salvação. mas uso de misericórdia até à milésima geração com
aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
431. Qual a finalidade dos preceitos da Igreja?
 
2041
2048 Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus,
porque o Senhor não deixa sem castigo quem invocar o
Os cinco preceitos da Igreja têm por fim garantir aos seu Nome em vão.
fiéis o mínimo indispensável do espírito de oração, da
vida sacramental, do empenho moral e do crescimento  
do amor de Deus e do próximo.
Recorda-te do dia do Sábado para o santificar. Durante
432. Quais são os preceitos da Igreja? seis dias trabalharás e farás todos os trabalhos. Mas o
sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás
2042 – 2043 nele nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho ou tua
filha, nem o teu servo nem a tua serva, nem teu gado,
São: 1) participar na missa do Domingo e Dias Santos de nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em
Guarda e abster-se de trabalhos e actividades que seis dias o Senhor fez o Céu e a Terra, o mar e o que
impeçam a santificação desses dias; 2) confessar os eles contêm: mas ao sétimo descansou. Por isso o Senhor
pecados recebendo o sacramento da Reconciliação ao abençoou o dia de Sábado e o consagrou .
menos uma vez cada ano; 3) comungar ao menos pela
Páscoa da Ressurreição; 4) guardar a abstinência e Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na
jejuar nos dias marcados pela Igreja; 5) contribuir para terra que o Senhor teu Deus te vai dar.
as necessidades materiais da Igreja, cada um segundo
as próprias possibilidades. Não matarás.

433. Porque é que a vida moral dos cristãos é Não cometerás adultério.
indispensável para o anúncio do Evangelho?
Não roubarás.
2044-2046
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
Porque, com a sua vida conforme ao Senhor Jesus, os
cristãos atraem os homens à fé no verdadeiro Deus, Não cobiçarás a casa do teu próximo.
edificam a Igreja, modelam o mundo com o espírito do
Evangelho e apressam a vinda do Reino de Deus. Não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo
nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem nada do
  que lhe pertença.
Deuteronómio 5, 6-21 Estes dez mandamentos
resumem-se em dois que são:
Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Amar a Deus sobre todas as coisas
Egipto, dessa casa da escravidão. E ao próximo como a nós mesmos.

Não terás outros deuses diante de Mim....  

Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus.... 434. «Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a
vida eterna?» (Mt 19,16)
Guarda o dia do Sábado para o santificar
2052-2054;
Honra teu pai e tua mãe... 2075-2076

Não matarás. Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde:
«Se queres entrar na vida, observa os mandamentos», e
Não cometerás adultério. acrescenta: «Vem e segue-me» (Mt 19,16-21). Seguir
Jesus implica observar os mandamentos. A Lei não é
abolida, mas o homem é convidado a encontrá-la na
Não roubarás.
pessoa do divino Mestre, que em si mesmo a cumpre
perfeitamente, lhe revela o pleno significado e atesta a
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
sua perenidade.

Não desejarás a mulher do teu próximo; Não cobiçarás…


435. Como é que Jesus interpreta a Lei?
nada que pertença ao teu próximo.

2055
Fórmula da Catequese

Jesus interpreta a Lei, à luz do duplo e único


Eu sou o Senhor teu Deus:
mandamento da caridade, que é a plenitude da Lei:
«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com
Primeiro: Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas. toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e
o primeiro dos mandamentos. E o segundo é semelhante
Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão. ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os
Terceiro: Santificar os Domingos e festas de guarda. Profetas» (Mt 22,37-40).

Quarto: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos 436. O que significa o «Decálogo»?
superiores).
2056-2057
Quinto: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou
na alma, a si mesmo ou ao próximo). Decálogo significa «dez palavras» (Ex 34,28). Estas
palavras resumem a Lei, dada por Deus ao povo de
Sexto: Guardar castidade nas palavras e nas obras. Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este,
ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os três
Sétimo: Não furtar (nem injustamente reter ou primeiros) e ao próximo (os outros sete), traça, para o
danificar os bens do próximo). povo eleito e para cada um em particular, o caminho
duma vida liberta da escravidão do pecado.
Oitavo: Não levantar falsos testemunhos (nem de
qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o 437. Qual a relação do Decálogo com a Aliança?
próximo)
2058-2063
Nono: Guardar castidade nos pensamentos e desejos. 2077

Décimo: Não cobiçar as coisas alheias. O Decálogo compreende-se à luz da Aliança, na qual Deus
se revela, dando a conhecer a sua vontade. Na
observância dos mandamentos, o povo mostra a sua
pertença a Deus e responde com gratidão à sua iniciativa 442. Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu
de amor. Deus» (Ex 20,2)?

438. Que importância dá a Igreja ao Decálogo? 2083-2094


2133-2134
2064-2068
Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes
Fiel à Escritura e ao exemplo de Jesus, a Igreja teologais e evitar os pecados que se lhes opõem. A fé
reconhece ao Decálogo uma importância e um significado crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por
basilares. Os cristãos estão obrigados a observá-lo. exemplo, a dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia,
a apostasia e o cisma. A esperança é a expectativa
439. Porque é que o Decálogo constitui uma unidade confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua
orgânica? ajuda, evitando o desespero e a presunção. A caridade
ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas
2069 portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia
2079 ou preguiça espiritual e o ódio a Deus, que nasce do
orgulho.

O Decálogo constitui um conjunto orgânico e


indissociável, porque cada mandamento remete para os 443. Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o
outros e para o todo do Decálogo. Por isso, transgredir Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto» (Mt 4,10)?
um mandamento é infringir toda a Lei.
2095-2105
440. Porque é que o Decálogo obriga gravemente? 2135-2136

2072 - 2073 Implica adorar a Deus como Senhor de tudo o que


2081 existe; prestar-lhe o culto devido individual e
comunitariamente; rezar-lhe com expressões de louvor,
de acção de graças, de intercessão e de súplica;
Porque enuncia deveres fundamentais do homem para
oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício
com Deus e para com o próximo.
espiritual da nossa vida, em união com o sacrifício
perfeito de Cristo; e manter as promessas e os votos
441. É possível observar o Decálogo?
que Lhe fizermos.

 2074
444. Como é que a pessoa realiza o próprio direito de
2082
prestar culto a Deus na verdade e na liberdade?

Sim, porque Cristo, sem o qual nada podemos fazer, nos


2104-2109
torna capazes de observá-lo, com o dom do seu Espírito
2137
e da sua graça.

Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar


 
a verdade, em especial no que se refere a Deus e à sua
Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar
CAPÍTULO PRIMEIRO fielmente, prestando a Deus um culto autêntico. Ao
mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana requer que,
 « AMARÁS O SENHOR TEU DEUS COM em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra
TODO TEU CORAÇÃO, COM TODA TUA ALMA a própria consciência nem seja impedido de agir em
E COM TODAS AS TUAS FORÇAS » conformidade com ela, dentro dos limites da ordem
pública, privada ou publicamente, de forma individual ou
  associada.

O PRIMEIRO MANDAMENTO: 445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros
EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS deuses perante Mim» (Ex 20,2)?
OUTRO DEUS ALÉM DE MIM
2110-2128
  2138-2140
Este mandamento proíbe: por sua natureza é um pecado grave, as imprecações e a
infidelidade às promessas feitas em Nome de Deus.
- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o
poder, o dinheiro, e até mesmo o demónio; 448. Porque se proíbe o juramento falso?

- a superstição, que é um desvio do culto devido ao 2150-2151


verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas 2163-2164
de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;
Porque, assim, se chama a Deus, que é a própria Verdade,
- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou como testemunha da mentira.
actos, no sacrilégio, que profana pessoas ou coisas
sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que  
pretende comprar ou vender realidades espirituais;
«Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, senão
- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se com verdade, por necessidade e com reverência» (S.
muitas vezes numa falsa concepção de autonomia Inácio de Loiola).
humana;
 
- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de
Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático. 449. O que é o perjúrio?

446. Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem 2152-2155


esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o culto das imagens?
É fazer, sob juramento, uma promessa com intenção de a
2129-2132 não manter ou de violar a promessa feita sob juramento.
2141 É um pecado grave contra Deus, que é sempre fiel às
suas promessas.
No Antigo Testamento, este mandamento proíbe
representar o Deus absolutamente transcendente.  
Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto
cristão das imagens sagradas é justificado (como afirma O TERCEIRO MANDAMENTO:
o segundo Concílio de Niceia, de 787), porque se funda SANTIFICAR OS DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA
no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus
transcendente se torna visível. Não se trata duma
 
adoração da imagem, mas de uma veneração de quem
nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os
450. Porque é que Deus «abençoou o dia de Sábado e o
Santos.
declarou sagrado» (Ex 20,11)?

 
2168-2172
2189
O SEGUNDO MANDAMENTO:
NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO
Porque o dia de Sábado recorda o repouso de Deus no
sétimo dia da criação e também a libertação de Israel da
 
escravidão do Egipto e a Aliança que Deus estabeleceu
com o povo.
447. Como respeitar a santidade do Nome de Deus?

451. Qual a atitude de Jesus em relação ao Sábado?


 2142-2149
2160-2162
2173

Invocando, bendizendo, louvando e glorificando o santo


Jesus reconhece a santidade do Sábado e, com a sua
Nome de Deus. Deve pois ser evitado o abuso de invocar
autoridade divina, dá-lhe a sua interpretação autêntica:
o Nome de Deus para justificar um crime, e ainda todo o
«O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o
uso inconveniente do seu Nome, como a blasfémia, que
Sábado» (Mc 2,27).
452. Porque motivo, para os cristãos, o Sábado é  
substituído pelo Domingo?
455. O que nos manda o quarto mandamento?
2174-2176
2190-2191 2196 –2200
2247 – 2248
Porque o Domingo é o dia da ressurreição de Cristo.
Como «primeiro dia da semana» (Mc 16,2) ele evoca a Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que
primeira criação; como «oitavo dia», que segue o Deus, para o nosso bem, revestiu com a sua autoridade.
Sábado, significa a nova criação, inaugurada com a
Ressurreição de Cristo. Tornou-se assim para os 456. Qual é a natureza da família no plano de Deus?
cristãos o primeiro de todos os dias e de todas as
festas: o dia do Senhor, no qual Ele, com a sua Páscoa, 2201-2205
leva à realização a verdade espiritual do Sábado judaico 2249
e anuncia o repouso eterno do homem em Deus.

Um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, formam


453. Como santificar o Domingo? com os filhos uma família. Deus instituiu a família e
dotou-a da sua constituição fundamental. O matrimónio e
2177-2185 a família são ordenados ao bem dos esposos e à
2192-2193 procriação e educação dos filhos. Entre os membros da
família estabelecem-se relações pessoais e
Os cristãos santificam o Domingo e as festas de responsabilidades primárias. Em Cristo, a família torna-
preceito participando na Eucaristia do Senhor e se igreja doméstica, porque ela é comunidade de fé, de
abstendo-se também das actividades que o impedem de esperança e de amor.
prestar culto a Deus e perturbam a alegria própria do
dia do Senhor ou o devido descanso da mente e do 457. Que lugar ocupa a família na sociedade?
corpo. São permitidas as actividades ligadas a
necessidades familiares ou a serviços de grande 2207-2208
utilidade social, desde que não criem hábitos
prejudiciais à santificação do Domingo, à vida de família
A família é a célula originária da sociedade humana e
e à saúde.
precede qualquer reconhecimento da autoridade pública.
Os princípios e os valores familiares constituem o
454. Porque é importante reconhecer civilmente o fundamento da vida social. A vida de família é uma
Domingo como dia festivo? iniciação à vida da sociedade.

2186-2188 458. Quais os deveres da sociedade em relação à


2194-2195 família?

Para que todos possam gozar de repouso suficiente e de 2209-2213


tempo livre, que lhes permitam cuidar da vida religiosa, 2250
familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício
à meditação, reflexão, silêncio e estudo; e para fazer
A sociedade tem o dever de sustentar e consolidar o
boas obras, servir os doentes e os anciãos.
matrimónio e a família, no respeito também do princípio
de subsidiariedade. Os poderes públicos devem
  respeitar, proteger e favorecer a verdadeira natureza
do matrimónio e da família, a moral pública, os direitos
CAPÍTULO SEGUNDO dos pais e a prosperidade doméstica.

«AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO» 459. Quais os deveres dos filhos para com os pais?

  2214-2220
2251
O QUARTO MANDAMENTO:
HONRAR PAI E MÃE Em relação aos pais, os filhos devem respeito (piedade
filial), reconhecimento, docilidade e obediência,
contribuindo assim, também com as boas relações entre 464. Quais os deveres dos cidadãos em relação às
irmãos e irmãs, para o crescimento da harmonia e da autoridades civis?
santidade de toda a vida familiar. Se os pais se
encontrarem em situação de indigência, de doença, de 2238-2241
solidão ou de velhice, os filhos adultos devem-lhes ajuda 2255
moral e material.
Os que estão submetidos à autoridade vejam os
460. Quais os deveres dos pais para com os filhos? superiores como representantes de Deus e colaborem
lealmente no bom funcionamento da vida pública e social.
2252 – 2253 Isto comporta o amor e o serviço da pátria, o direito e o
dever de votar, o pagamento dos impostos, a defesa do
Os pais, participantes da paternidade divina, são os país e o direito a uma crítica construtiva.
primeiros responsáveis da educação dos filhos e os
primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e 465. Quando é que o cidadão não deve obedecer à
respeitar os filhos como pessoas e filhos de Deus e, autoridade civil?
dentro do possível, de prover às suas necessidades
materiais e espirituais, escolhendo para eles uma escola 2242-2243
adequada e ajudando-os com prudentes conselhos na 2256
escolha da profissão e do estado de vida. Em particular,
têm a missão de educá-los na fé cristã. Em consciência, o cidadão não deve obedecer quando os
mandamentos das autoridades civis se opõem às
461. Como é que os pais educam os filhos na fé cristã? exigências da ordem moral: «É necessário obedecer mais
a Deus do que aos homens» (Act 5,29).
2252-2253
 
Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese
familiar e a participação na vida eclesial. O QUINTO MANDAMENTO:
NÃO MATAR
462. Os laços familiares são um bem absoluto?
 
2232-2233
466. Porque respeitar a vida humana?
Os laços familiares são importantes mas não absolutos,
porque a primeira vocação do cristão é seguir Jesus, 2258-2262
amando-o: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, 2318-2320
não é digno de Mim; quem ama a filha ou o filho mais do
que a Mim não é digno de Mim» (Mt 10,37). Os pais Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a acção
devem, com alegria, ajudar os filhos no seguimento de criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação
Jesus, em todos os estados de vida, mesmo na vida especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito
consagrada ou no ministério sacerdotal. destruir directamente um ser humano inocente, pois é
um acto gravemente contrário à dignidade da pessoa e à
463. Como exercer a autoridade nos diferentes âmbitos santidade do Criador. «Não causarás a morte do
da sociedade civil? inocente e do justo» (Ex 23, 7).

2234-2237 467. Porque é que a legítima defesa das pessoas e das


2254 sociedades não vai contra tal norma?

A autoridade deve ser exercida, como um serviço, 2263-2265


respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana,
uma justa hierarquia de valores, as leis, a justiça Porque com a legítima defesa se exerce a escolha de
distributiva, e o princípio de subsidiariedade. No defender e valorizar o direito à própria vida e à dos
exercício da autoridade, cada um deve procurar o outros, e não a escolha de matar. Para quem tem
interesse da comunidade em vez do próprio e deve responsabilidade pela vida do outro, a legítima defesa
inspirar as suas decisões na verdade acerca de Deus, do pode até ser um dever grave. Todavia ela não deve
homem e do mundo. comportar um uso da violência maior que o necessário.
468. Para que serve uma pena? Os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente
não podem ser legitimamente interrompidos. São
2266 legítimos o uso de analgésicos, que não têm como fim a
morte, e também a renúncia ao «excesso terapêutico»,
A pena, infligida por uma legítima autoridade pública, isto é, à utilização de tratamentos médicos
tem como objectivo compensar a desordem introduzida desproporcionados e sem esperança razoável de êxito
pela culpa, preservar a ordem pública e a segurança das positivo.
pessoas, e contribuir para a emenda dos culpados.
472. Porque é que a sociedade deve proteger o embrião?
469. Que pena se pode aplicar?
2274
2267
O direito inalienável à vida de cada ser humano, desde a
A pena infligida deve ser proporcionada à gravidade do sua concepção, é um elemento constitutivo da sociedade
delito. Hoje, na sequência das possibilidades do Estado civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a
para reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os sua força ao serviço dos direitos de todos e em
casos de absoluta necessidade da pena de morte «são particular dos mais fracos, e entre eles dos concebidos
agora muito raros, se não mesmo praticamente ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios
inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem fundamentos do Estado de direito.
suficientes os meios incruentos, a autoridade deve
limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor às 473. Como se evita o escândalo?
condições concretas do bem comum, são mais conformes
à dignidade da pessoa humana e não retiram 2284-2287
definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.
O escândalo, que consiste em levar alguém a fazer o mal,
470. Que proíbe o quinto mandamento? evita-se respeitando a alma e o corpo da pessoa. Se
alguém induz deliberadamente outro a pecar
2268-2283 gravemente, comete uma culpa grave.
2321-2326
474. Que deveres temos em relação ao corpo?
O quinto mandamento proíbe como gravemente
contrários à lei moral: 2288-2291

O homicídio directo e voluntário e a cooperação nele; O dever dum razoável cuidado da saúde física, da nossa
e da dos outros, evitando todavia o culto do corpo e toda
O aborto directo, querido como fim ou como meio, e a espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes,
também a cooperação nele, crime que leva consigo a pena com gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e
de excomunhão, porque o ser humano, desde a sua também o abuso dos alimentos, do álcool, do tabaco e
concepção, deve ser, em modo absoluto, respeitado e dos remédios.
protegido totalmente;
475. Quando são moralmente legítimas as experiências
A eutanásia directa, que consiste em pôr fim à vida de científicas, médicas ou psicológicas, sobre pessoas ou
pessoas com deficiências, doentes ou moribundas, grupos humanos?
mediante um acto ou omissão duma acção devida;
2292-2295
O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto
ofensa grave ao justo amor de Deus, de si e do próximo: São moralmente legítimas se estão ao serviço do bem
a responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do integral da pessoa e da sociedade e não trazem riscos
escândalo ou atenuada por especiais perturbações desproporcionados à vida e à integridade física e
psíquicas ou temores graves. psíquica dos indivíduos, que devem ser oportunamente
esclarecidos e dar o seu consentimento.
471. O que é consentido, medicamente, quando a morte é
tida como iminente? 476. São consentidos a transplantação e doação de
órgãos, antes e depois da morte?
2278-2279
2296 contraste, mas é «a tranquilidade da ordem» (S.
Agostinho), «fruto da justiça» (Is 32, 17) e efeito da
A transplantação de órgãos é moralmente aceitável com caridade. A paz terrena é imagem e fruto da paz de
o consentimento do doador e sem riscos excessivos para Cristo.
ele. Para o acto nobre da doação de órgãos depois da
morte, deve acertar-se plenamente a morte real do 482. O que exige a paz no mundo?
doador.
 2304;
477. Quais as práticas contra o respeito à integridade 2307–2308
corpórea da pessoa humana?
Exige a distribuição equitativa e a tutela dos bens das
2297-2298 pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o
respeito da dignidade das pessoas e dos povos, a assídua
São: os raptos e sequestros de pessoas, o terrorismo, a prática da justiça e da fraternidade.
tortura, as violências, a esterilização directa. As
amputações e as mutilações duma pessoa só são 483. Quando é moralmente consentido o uso da força
moralmente consentidas para indispensáveis fins militar?
terapêuticos da mesma.
2307-2310
478. Que cuidado ter com os moribundos?
O uso da força militar é moralmente justificado pela
2299 presença contemporânea das seguintes condições:
certeza de um dano permanente e grave; ineficácia
Os moribundos têm direito a viver com dignidade os doutras alternativas pacíficas; fundadas possibilidades
últimos momentos da sua vida terrena, sobretudo com a de êxito; ausência de males piores, considerado o poder
ajuda da oração e dos sacramentos que preparam para o actual dos meios de destruição.
encontro com o Deus vivo.
484. A quem compete a avaliação rigorosa dessas
479. Como tratar os corpos dos defuntos? condições, em caso de guerra?

2300 – 2301 2309

Os corpos dos defuntos devem ser tratados com Compete ao juízo prudente dos governantes, aos quais
respeito e caridade. A sua cremação é permitida, se não compete também o direito de impor aos cidadãos a
puser em causa a fé na ressurreição dos corpos. obrigação da defesa nacional, salvo o direito pessoal à
objecção de consciência, a realizar-se com outra forma
480. Que pede o Senhor a cada um em ordem à paz? de serviço à comunidade humana.

2302 – 2303 485. O que exige a lei moral, em caso de guerra?

O Senhor, que proclama «bem-aventurados os obreiros 2312-2314


da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do coração e denuncia a 2328
imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal
recebido, e do ódio, que leva a desejar o mal ao próximo. A lei moral permanece sempre válida, mesmo em caso de
Estas atitudes, se voluntárias e consentidas em matéria guerra. Devem tratar-se com humanidade os não
de grande importância, são pecados graves contra a combatentes, os soldados feridos e os prisioneiros. As
caridade. acções deliberadamente contrárias ao direito dos povos
e as disposições que as impõem são crimes que a
481. O que é a paz no mundo? obediência cega não pode desculpar. Devem-se condenar
as destruições em massa, bem como o extermínio de um
2304-2305 povo ou duma minoria étnica, que são pecados
gravíssimos e obrigam moralmente a resistir às ordens
de quem os ordena.
A paz no mundo, a qual é exigida para o respeito e
desenvolvimento da vida humana, não é a simples
ausência de guerra ou equilíbrio entre as forças em 486. O que se deve fazer para evitar a guerra?
2315-2317  2340-2347
2327-2330
São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a
Devemos fazer tudo o que é razoavelmente possível para ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a
evitar de qualquer modo a guerra, devido aos males e prática duma ascese adaptada às situações, o exercício
injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, das virtudes morais, em particular da virtude da
evitar a acumulação e comércio de armas não temperança, que procura fazer com que as paixões sejam
devidamente regulamentadas pelos poderes legítimos; as guiadas pela razão.
injustiças sobretudo económicas e sociais; as
discriminações étnicas e religiosas; a inveja, a 491. Como é que todos são chamados a viver a castidade?
desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo
quanto se fizer para eliminar estas e outras desordens 2348 – 2350
ajudará a construir a paz e a evitar a guerra. 2394

  Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são


chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio
SEXTO MANDAMENTO: estado de vida: uns na virgindade ou no celibato
NÃO COMETER O ADULTÉRIO consagrado, forma eminente de uma mais fácil entrega a
Deus com um coração indiviso; os outros, se casados,
  vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a
castidade na continência.
487. Qual a missão da pessoa humana em relação à
própria a identidade sexual? 492. Quais os principais pecados contra a castidade?

2331-2336. 2351 – 2359


2392-2393 2396

Deus criou o ser humano como homem e mulher, com São pecados gravemente contrários à castidade, cada
igual dignidade pessoal, e inscreveu nele a vocação ao um segundo a natureza do objecto: o adultério, a
amor e à comunhão. Compete a cada um aceitar a sua masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição,
identidade sexual, reconhecendo a sua importância para o estupro, os actos homossexuais. Estes pecados são
a pessoa toda, bem como o valor da especificidade e da expressão do vício da luxúria. Cometidos contra os
complementaridade. menores, são atentados ainda mais graves contra a sua
integridade física e moral.
488. O que é a castidade?
493. Porque é que o sexto mandamento, que diz «não
2337-2338 cometerás adultério», proíbe todos os pecados contra a
castidade?
A castidade é a integração positiva da sexualidade na
pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana 2336
quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A
castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma Embora no texto bíblico se leia «não cometerás
graça, um fruto do Espírito. adultério» (Ex 20,14), a Tradição da Igreja segue
complexivamente todos os ensinamentos morais do
489. O que supõe a virtude da castidade? Antigo e Novo Testamento, e considera o sexto
mandamento como englobando todos os pecados contra a
2339-2341 castidade.

Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma 494. Qual a missão das autoridades civis em relação à
pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. castidade?
Para tal fim, é necessária uma educação integral e
permanente, através de etapas graduais de crescimento. 2354

490. Quais os meios que ajudam a viver a castidade? As autoridades civis, obrigadas a promover o respeito
pela dignidade da pessoa, devem contribuir para criar um
ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com
leis apropriadas, a difusão de algumas das chamadas São imorais porque dissociam a procriação do acto com
graves ofensas à castidade, para proteger sobretudo os que os esposos se entregam mutuamente, instaurando
menores e os mais débeis. assim um domínio da técnica sobre a origem e o destino
da pessoa humana. Além disso, a inseminação e a
495. Quais os bens do amor conjugal a que a sexualidade fecundação heteróloga, com o recurso a técnicas que
se ordena? envolvem uma pessoa estranha ao casal dos esposos,
prejudicam o direito do filho a nascer dum pai e duma
2360-2361; mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo matrimónio
2397-2398 e tendo o direito exclusivo a tornarem-se pais, só um
através do outro.
Os bens do amor conjugal, que para os baptizados é
santificado pelo sacramento do matrimónio, são: a 500. Como deve ser considerado um filho?
unidade, a fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à
fecundidade. 2378

496. Qual o significado do acto conjugal? O filho é um dom de Deus, o maior dom do matrimónio.
Não existe um direito a ter filhos («o filho exigido, a
2362-2367 todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a
ser o fruto do acto conjugal dos seus progenitores e o
O acto conjugal tem um duplo significado: unitivo (a direito a ser respeitado como pessoa desde o momento
mútua doação dos esposos) e procriador (a abertura à da sua concepção.
transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão
inquebrável que Deus quis entre os dois significados do 501. Que devem fazer os esposos sem filhos?
acto conjugal, excluindo um deles.
2379
497. Quando é que a regulação dos nascimentos é moral?
No caso em que o dom do filho não lhes tivesse sido
2368-2369 concedido, os esposos, esgotados os recursos médicos
2399 legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante
o cuidado ou a adopção, ou então realizando serviços
A regulação dos nascimentos, que é uma componente da significativos em favor do próximo. Deste modo,
paternidade e maternidade responsáveis, é realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.
objectivamente conforme à moralidade quando é
realizada pelos esposos sem imposições externas, nem 502. Quais são as ofensas contra a dignidade do
por egoísmo, mas com base em motivos sérios e o matrimónio?
recurso a métodos conformes aos critérios objectivos
da moralidade, isto é, com a continência periódica e o 2380-2391
recurso aos períodos infecundos. 2400

498. Quais os meios imorais na regulação dos São: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a
nascimentos? união de facto (convivência, concubinato) e o acto sexual
antes ou fora do matrimónio.
2370 – 2372
 
É intrinsecamente imoral toda a acção – como, por
exemplo, a esterilização directa ou a contracepção – O SÉTIMO MANDAMENTO:
que, na previsão do acto conjugal ou na sua realização ou NÃO ROUBAR
no desenvolvimento das suas consequências naturais, se
proponha, como objectivo ou como meio, impedir a  
procriação.
503. Que diz o sétimo mandamento?
499. Porque é que a inseminação e a fecundação
artificiais são imorais? 2401-2402

2373-2377
Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os
propriedade privada dos bens, e ainda o respeito das próprios animais. (  )
pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A
Igreja encontra fundada neste mandamento também a 508. Que proíbe o sétimo mandamento?
sua doutrina social, que compreende o recto agir na
actividade económica e na vida social e política, o direito  2408-2413 2453-2455
e o dever do trabalho humano, a justiça e a
solidariedade entre as nações, o amor aos pobres. O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que
é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade
504. Em que condições existe o direito à propriedade do seu proprietário. É o que também sucede no
privada? pagamento de salários injustos; na especulação sobre o
valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para
2403 os outros; na falsificação de cheques ou facturas.
Proíbe, além disso, cometer fraudes fiscais ou
O direito à propriedade privada existe se ela for comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou
adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso
respeitado o destino universal dos bens para a privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal
satisfação das necessidades fundamentais de todos os feitos e o esbanjamento. ( )
homens.
509. Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?
505. Qual é o fim da propriedade privada?
2419-2423
2404-2406
A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento
O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da
e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a pessoa humana e sobre a sua dimensão social, contém
satisfazer as necessidades fundamentais próprias princípios de reflexão, formula critérios de juízo,
daqueles por quem se tem a responsabilidade e dos oferece normas e orientações para a acção.
outros que vivem em necessidade.
510. Quando é que a Igreja intervém em matéria social?
506. O que prescreve o sétimo mandamento?
2420; 2458
2407
2450-2451 A Igreja emite um juízo moral em matéria económica e
social quando isto é exigido pelos direitos fundamentais
O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens da pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.
alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da
temperança e da solidariedade. Em particular, exige o 511. Como se deve exercer a vida social e económica?
respeito das promessas e dos contractos estipulados; a
reparação da injustiça cometida e a restituição do mal 2459
feito; o respeito pela integridade da criação mediante o
uso prudente e moderado dos recursos minerais, Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem
vegetais e animais que há no universo, com especial moral, ao serviço da pessoa humana na sua integridade e
atenção para com as espécies ameaçadas de extinção. de toda a comunidade humana, no respeito da justiça
social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e
507. Como é que o homem se deve comportar com os fim.
animais?
512. O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?
2416-2418
257 2424 – 2425

O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas
benevolência, evitando quer o amor excessivo para com económicos e sociais que sacrificam os direitos
eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua
experimentações científicas efectuadas para lá dos regra exclusiva ou o seu fim último. Por isso, a Igreja
rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos, 2435
ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de
«socialismo». Rejeita, além disso, na prática do Devem realizar o seu trabalho, com consciência,
«capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da competência e dedicação, procurando resolver, com o
lei do mercado sobre o trabalho humano. diálogo, eventuais controvérsias. O recurso à greve não
violenta é moralmente legítimo quando se apresenta
513. Qual é o significado do trabalho para o homem? como instrumento necessário, em vista dum benefício
proporcionado e tendo em conta o bem comum.
2426-2428 2460 – 2461
518. Como realizar a justiça e a solidariedade entre as
O trabalho é para o homem um dever e um direito, nações?
mediante o qual ele colabora com Deus criador. Com
efeito, trabalhando com empenho e competência, a 2437-2441
pessoa põe em acção capacidades inscritas na sua
natureza, exalta os dons do Criador e os talentos No plano internacional, todas as nações e instituições
recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve devem actuar na solidariedade e na subsidiariedade, com
a comunidade humana. Além disso, com a graça de Deus, vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a
o trabalho pode ser meio de santificação e de desigualdade dos recursos e dos meios económicos, as
colaboração com Cristo para a salvação dos outros. injustiças económicas e sociais, a exploração das
pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os
514. A que tipo de trabalho tem direito a pessoa mecanismos perversos que criam obstáculos ao
humana? progresso dos países menos desenvolvidos.

2429; 519. Como é que os cristãos participam na vida política e


2433-2434 social?

A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e 2442


honesto, sem discriminações injustas, respeitando a
livre iniciativa económica e uma justa retribuição. Os fiéis leigos intervêm directamente na vida política e
social animando, com espírito cristão, as realidades
515. Qual a responsabilidade do Estado acerca do temporais e colaborando com todos, como autênticas
trabalho? testemunhas do Evangelho e promotores da paz e da
justiça.
2431
520. Em que se inspira o amor aos pobres?
Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias
das liberdades individuais e da propriedade, para além 2443 – 2449
duma moeda estável e de serviços públicos eficientes; 2462 – 2463
compete-lhe ainda zelar e orientar o exercício dos
direitos humanos no sector económico. A sociedade deve O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-
ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as aventuranças e no exemplo de Jesus com a sua constante
circunstâncias. atenção aos pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que
fizerdes isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a
516. Qual a missão dos responsáveis das empresas? Mim o fizestes» (Mt 25,40). O amor aos pobres
manifesta-se na acção contra a pobreza material e
2432 contra as numerosas formas de pobreza cultural, moral e
religiosa. As obras de misericórdia, espirituais e
Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade corporais e as numerosas instituições de beneficência
económica e ecológica das suas operações. Estão que surgiram ao longo dos séculos, constituem um
obrigados a ter em conta o bem das pessoas e não concreto testemunho do amor preferencial pelos pobres
apenas o aumento dos lucros, embora estes sejam que caracteriza os discípulos de Jesus.
necessários para assegurar os investimentos, o futuro
das empresas, o emprego e o bom andamento da vida  
económica.
OITAVO MANDAMENTO:
517. Quais os deveres dos trabalhadores? NÃO LEVANTAR FALSOS TESTEMUNHOS
  O oitavo mandamento requer o respeito da verdade,
acompanhado pela discrição da caridade: na comunicação
521. Qual o dever do homem em relação à verdade? e na informação, que devem assegurar o bem pessoal e
comum, a defesa da vida particular e o perigo de
 2464 – 2470 escândalo; na reserva dos segredos profissionais, que se
2504 devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por
motivos graves e proporcionados. Exige-se também o
Toda a pessoa é chamada à sinceridade e à veracidade respeito pelas confidências feitas sob o sigilo do
no agir e no falar. Cada um tem o dever de procurar a segredo.
verdade e de aderir a ela, organizando toda a sua vida
segundo as exigências da verdade. Em Jesus Cristo, a 525. Como usar os meios de comunicação social?
verdade de Deus manifestou-se na sua totalidade: Ele é
a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de  2493-2499
verdade» (Jo 14,17) e evitar a duplicidade, a simulação e 2512
a hipocrisia.
A informação mediática deve estar ao serviço do bem
522. Como dar testemunho da verdade? comum, ser sempre verdadeira no conteúdo e, salva a
justiça e a caridade, deve ser também íntegra. Além
2471-2474 disso deve expressar-se em modo honesto e
2505-2506 conveniente, respeitando escrupulosamente as leis
morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.
O cristão deve testemunhar a verdade evangélica em
todos os campos da actividade pública e privada, mesmo 526. Qual a relação entre a verdade, a beleza e a arte
com o sacrifício da própria vida, se necessário. O sacra?
martírio é o supremo testemunho dado em favor da
verdade da fé. 2500-2503
2513
523. O que proíbe o oitavo mandamento?
A verdade é bela por si mesma. Ela comporta o esplendor
2475-2487; da beleza espiritual. Além da palavra, existem numerosas
2507-2509 formas de expressão da verdade, em especial as obras
artísticas. São o fruto do talento dado por Deus e do
O oitavo mandamento proíbe: esforço do homem. A arte sacra, para ser verdadeira e
bela, deve evocar e glorificar o Mistério de Deus
revelado em Cristo e conduzir à adoração e ao amor de
O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja
Deus Criador e Salvador, Beleza excelsa de Verdade e
gravidade se mede pela natureza da verdade que ela
de Amor.
deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso
e dos danos causados às vítimas;
 

O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a


calúnia, que lesam ou destroem a boa reputação e a NONO MANDAMENTO:
honra a que a pessoa tem direito; GUARDAR CASTIDADE NOS PENSAMENTOS E NOS
DESEJOS

A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se


finalizadas à realização de pecados graves ou à obtenção  
de vantagens ilícitas;
527. O que exige o nono mandamento?
Uma culpa contra a verdade exige a reparação, quando
se ocasionou dano a outrem. 2514-2516;
2528-2530
524. Que requer o oitavo mandamento?
O nono mandamento exige vencer a concupiscência
2488-2492 carnal nos pensamentos e nos desejos. A luta contra a
2510-2511 concupiscência passa pela purificação do coração e pela
prática da virtude da temperança.
528. Que proíbe o nono mandamento? 2544-2547
2556
2517-2519;
2531-2532 Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a tudo
e a todos. O desprendimento das riquezas – segundo o
O nono mandamento proíbe cultivar pensamentos e espírito da pobreza evangélica – e o abandono à
desejos relativos às acções proibidas pelo sexto providência de Deus, que nos liberta da preocupação pelo
mandamento. amanhã, preparam-nos para a bem-aventurança dos
«pobres em espírito, porque deles é já o reino dos céus»
529. Como chegar à pureza do coração? (Mt 5, 3).

2520 533. Qual é o maior desejo do homem?

O baptizado, com a graça de Deus, em luta contra os 2548 - 2550


desejos desordenados, chega à pureza do coração 2557
mediante a virtude e o dom da castidade, a pureza de
intenção e do olhar exterior e interior, com a disciplina O maior desejo do homem é ver a Deus. Este é o grito de
dos sentidos e da imaginação e pela oração. todo o seu ser: «Quero ver a Deus!». De facto, o homem
realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na
530. Quais as outras exigências da pureza? bem-aventurança d’Aquele que o criou por amor e o atrai
a Si no seu infinito amor.
2521- 2527
2533  

A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade «Aquele que vê a Deus, obteve todos os bens que se
da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta podem imaginar» (S. Gregório de Nisa)
os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade
das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo  
difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a
curiosidade mórbida. Requer uma purificação do
ambiente social, mediante uma luta constante contra a
permissividade dos costumes, que assenta numa
concepção errónea da liberdade humana.

DÉCIMO MANDAMENTO:
NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS

531. Que exige e que proíbe o décimo mandamento?

2534-2540
2551-2554

Este mandamento completa o precedente e exige uma


atitude interior de respeito em relação à propriedade
alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens
dos outros e a inveja, que consiste na tristeza que se
experimenta perante os bens alheios e o desejo
imoderado de deles se apoderar.

532. Que pede Jesus com a pobreza de coração?


QUARTA PARTE 2570-2573
2592
A ORAÇÃO CRISTÃ
Abraão é um modelo de oração porque caminha na
  presença de Deus, O escuta e Lhe obedece. A sua oração
é um combate da fé, porque ele continua a crer na
PRIMEIRA SECÇÃO fidelidade de Deus mesmo nos momentos de provação.
A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ Além disso, depois de receber na sua tenda a visita do
Senhor, que lhe confia os seus desígnios, Abraão ousa
  interceder pelos pecadores, com audaciosa confiança.

534. O que é a oração? 537. Como rezava Moisés?

2558-2565 2574-2577
2590 2593

A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a A oração de Moisés é o tipo da oração contemplativa:
Deus bens conformes à sua vontade. Ela é sempre um Deus, que, da Sarça ardente, chama Moisés, conversa
dom de Deus que vem ao encontro do homem. A oração muitas vezes e longamente com ele «face a face, como
cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o um homem com o seu amigo» (Ex 33,11). Nesta
Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e intimidade com Deus, Moisés recebe a força para
com o Espírito Santo que habita no coração daqueles. interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração
prefigura assim a intercessão do único mediador, Cristo
Jesus.
 

538. Quais as relações do templo e do rei com a oração,


CAPÍTULO PRIMEIRO
no Antigo Testamento?

A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO
2578-2580;
2594
 

À sombra da morada de Deus – a Arca da Aliança e mais


535. Porque é que existe um chamamento universal à
tarde o templo – cresce a oração do Povo de Deus, sob a
oração?
orientação dos seus pastores. Entre eles, David é o rei
«segundo o coração de Deus», o pastor que reza pelo seu
2566-2567 povo. A sua oração é um modelo da oração do povo pois é
adesão à promessa divina e confiança cheia de amor
Porque primeiramente Deus, através da criação, chama n’Aquele que é o único Rei e Senhor.
do nada todos os seres e ainda porque, mesmo depois da
queda, o homem continua a ser capaz de reconhecer o 539. Qual a importância da oração na missão dos
seu Criador, conservando o desejo d’Aquele que o profetas?
chamou à existência. Todas as religiões e, em especial,
toda a história da salvação, testemunham este desejo
2581-2584
de Deus por parte do homem, se bem que é sempre Deus
que primeiro e incessantemente atrai cada uma das
Os profetas recebem da oração luz e força para exortar
pessoas para o encontro misterioso da oração.
o povo à fé e à conversão do coração. Entram numa
grande intimidade com Deus e intercedem pelos irmãos,
 
aos quais anunciam tudo o que viram e ouviram da parte
do Senhor. Elias é o pai dos profetas, isto é, dos que
A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO NO ANTIGO procuram o Rosto de Deus. No Monte Carmelo, obtém o
TESTAMENTO regresso do povo à fé, graças à intervenção de Deus, a
quem suplica: «Responde-me Senhor, responde-me!» (1
  Re 18,37).

536. Como é que Abraão é um modelo de oração? 540. Qual é a importância da oração dos salmos?
2579; apresenta-as ao Pai que as acolhe e escuta, para lá de
2585-2589 toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos.
2596-2597
544. Como Jesus nos ensina a rezar?
Os Salmos são o vértice da oração no Antigo
Testamento: a Palavra de Deus torna-se oração do 2608 – 2614
homem. Inseparavelmente pessoal e comunitária, esta 2621
oração, inspirada pelo Espírito Santo, canta as
maravilhas de Deus na criação e na história da salvação. Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai
Cristo rezou os Salmos, e deu-lhes pleno cumprimento. E nosso, mas também com a sua própria oração. Assim,
é por isso que eles permanecem um elemento essencial e para além do conteúdo, ensina-nos as disposições
permanente da oração da Igreja, adaptados aos homens requeridas para uma verdadeira oração: a pureza do
de todas as condições e de todos os tempos. coração que procura o Reino e perdoa aos inimigos; a
confiança audaz e filial que se estende para além do que
  sentimos e compreendemos; a vigilância que protege o
discípulo da tentação; a oração no Nome de Jesus, nosso
A ORAÇÃO PLENAMENTE REVELADA Mediador junto do Pai.
E REALIZADA EM JESUS
545. Porque é eficaz a nossa oração?
 
2615-2616
541. Quem ensinou Jesus a rezar?
A nossa oração é eficaz porque está unida à de Jesus
2599 mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão
2620 de amor com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os
nossos pedidos a Deus e ser atendidos: «Pedi e
Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a recebereis, assim a vossa alegria será completa» (Jo
rezar por sua Mãe e pela tradição judaica. Mas a sua 16,24).
oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho
eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a 546. Como é que a Virgem Maria rezava?
seu Pai a oração filial perfeita.
2617; 2622;
542. Quando Jesus rezava? 2618;2674;
2679
2600-2604
2620 A oração de Maria caracteriza-se pela fé e pela oferta
generosa de todo o seu ser a Deus. A Mãe de Jesus é a
O Evangelho apresenta muitas vezes Jesus em oração. Nova Eva, a «Mãe dos viventes»: ela pede a Jesus, seu
Ele retira-se para a solidão, mesmo de noite. Jesus reza Filho, pelas necessidades de todos os homens.
antes dos momentos decisivos da sua missão ou da
missão dos Apóstolos. De facto, toda a sua vida é 547. Existe no Evangelho uma oração de Maria?
oração, porque Ele existe numa comunhão constante de
amor com o Pai. 2619

543. Como rezou Jesus na sua paixão? Para além da intercessão de Maria em Caná da Galileia, o
Evangelho apresenta-nos o Magnificat (Lc 1,46-55),
2605-2606 cântico da Mãe de Deus e da Igreja, jubilosa acção de
2620 graças que se eleva do coração dos pobres porque a sua
esperança foi realizada pelo cumprimento das promessas
A oração de Jesus durante a agonia no Jardim de divinas.
Getsemani e nas últimas palavras sobre a cruz revelam a
profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua  
realização o desígnio de amor do Pai e toma sobre si
todas as angústias da humanidade, todas as A ORAÇÃO NO TEMPO DA IGREJA
interrogações e intercessões da história da salvação. Ele
  Pode ser um pedido de perdão ou mesmo uma súplica
humilde e confiante em relação a todas as nossas
548. Como rezava a primeira comunidade cristã de necessidades espirituais ou materiais. Mas a primeira
Jerusalém? realidade a desejar é a vinda do Reino.

2623 - 2624 554. Em que consiste a intercessão?

No início dos Actos dos Apóstolos está escrito que na 2634 – 2636
primeira comunidade de Jerusalém, educada pelo 2647
Espírito Santo na vida de oração, os crentes «eram
assíduos ao ensino dos Apóstolos, fiéis à união fraterna, A intercessão consiste no pedir em favor doutro. Ela
à fracção do pão e às orações» (Act 2, 42). conforma-nos e une-nos à oração de Jesus que intercede
junto do Pai por todos os homens, em especial pelos
549. Como intervém o Espírito Santo na oração da pecadores. A intercessão deve estender-se também aos
Igreja? inimigos.

2623; 2625 555. Quando se dá a Deus acção de graças?

O Espírito Santo, Mestre interior da oração cristã, A Igreja dá graças a Deus incessantemente, sobretudo
forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar ao celebrar a Eucaristia, na qual Cristo a faz participar
cada vez mais profundamente na contemplação e na na sua acção de graças ao Pai. Todos os acontecimentos
união com o insondável mistério de Cristo. As formas de se convertem para o cristão em motivo de acção de
oração, tais como as revelam os Escritos apostólicos e graças. ( 2637-2638; 2648 )
canónicos, permanecerão sempre normativas para a
oração cristã. 556. O que é a oração de louvor?

550. Quais são as formas essenciais da oração cristã? 2639 – 2643


2649
2643 – 2644
O louvor é a forma de oração que mais imediatamente
São a bênção e a adoração, a oração de petição e a reconhece que Deus é Deus. É completamente
intercessão, a acção de graças e o louvor. A Eucaristia desinteressada: canta Deus por Ele ser quem é e
contém e exprime todas as formas de oração. glorifica-O porque Ele é.

551. O que é a bênção?  

2626-2627; CAPÍTULO SEGUNDO


2645

A bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: nós A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO


bendizemos o Omnipotente que primeiramente nos
abençoa e enche dos seus dons.  

552. Como se pode definir a adoração? 557. Qual a importância da Tradição em relação à
oração?
2628
2650-2651
A adoração é a prostração do homem que se reconhece
criatura diante do seu Criador três vezes santo. Na Igreja, é através duma Tradição viva que o Espírito
Santo ensina os filhos de Deus a orar. A oração não se
553. Quais são as diversas formas da oração de reduz, com efeito, ao brotar espontâneo dum impulso
petição? interior, mas implica contemplação, estudo e
compreensão das realidades espirituais que se
2629- 2633 experimentam.
2646
  2670-2672
2680 – 2681
NAS FONTES DA ORAÇÃO
Uma vez que o Espírito Santo é o Mestre interior da
  oração cristã e «nós não sabemos o que devemos pedir»
(Rm 8,26), a Igreja exorta-nos a invocá-lo e a implorá-lo
558. Quais as fontes da oração cristã? em todas as ocasiões: «Vinde, Espírito Santo!».

2652 – 2662 562. Em que é que a oração cristã é mariana?

São: a Palavra de Deus, que nos dá a «sublime ciência de 2673-2679


Cristo» (Filp 3,8); a Liturgia da Igreja que anuncia, 2682
actualiza e comunica o mistério da salvação; as virtudes
teologais; as situações quotidianas, porque nelas Em virtude da sua singular cooperação com a acção do
podemos encontrar Deus. Espírito Santo, a Igreja gosta de orar a Maria e de orar
com Maria, a Orante perfeita, para com Ela engrandecer
  e invocar o Senhor. De facto, Maria, «mostra-nos o
caminho» que é o Seu Filho, o único Mediador.
«Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a
de Vos amar eternamente. Meu Deus, se a minha língua 563. Como é que a Igreja reza a Maria?
não pode repetir, a todo o momento, que Vos amo, quero
que o meu coração o repita tantas vezes quantas eu 2676-2678
respiro» (S. João Maria Vianney). 2682

  Antes de mais com a Ave Maria, oração mediante a qual


a Igreja pede a intercessão da Virgem. Outras orações
O CAMINHO DA ORAÇÃO marianas são o Rosário o hino Acatistos, a Paraclisis, os
hinos e os cânticos das diversas tradições cristãs.
 
 
559. Na Igreja existem diferentes caminhos de oração?
GUIAS PARA A ORAÇÃO
2663
 
Na Igreja existem diferentes caminhos de oração,
segundo os diferentes contextos históricos, sociais e 564. Como é que os Santos são guias de oração?
culturais. Pertence ao Magistério discernir a sua
fidelidade à tradição da fé apostólica e aos pastores e 2683 - 2684
catequistas o explicar-lhe o sentido, que é sempre 2692 - 2693
referido a Jesus Cristo.
Os santos são modelos de oração e a eles pedimos para,
560. Qual é o caminho da nossa oração? junto da Santíssima Trindade, intercederem por nós e
pelo mundo inteiro. A sua intercessão é o mais alto
2664; serviço que prestam ao desígnio de Deus. Na comunhão
2680 – 2681 dos santos, desenvolveram-se, ao longo da história da
Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a
O caminho da nossa oração é Cristo, porque ela se dirige viver e a pôr em prática a oração.
a Deus nosso Pai, mas aquela só chega até Ele, se, ao
menos implicitamente, rezamos no Nome de Jesus. A sua 565. Quem pode educar na oração?
humanidade é, pois, o único caminho pelo qual o Espírito
Santo nos ensina a rezar a Deus nosso Pai. Por isso as 2685-2690
orações litúrgicas concluem-se com a fórmula: «Por 2694-2695
nosso Senhor Jesus Cristo».
A família cristã é o primeiro lugar da educação na
561. Qual o papel do Espírito Santo na oração? oração. A oração familiar quotidiana é especialmente
recomendada porque é o primeiro testemunho da vida de  
oração da Igreja. A catequese, os grupos de oração, a
«direcção espiritual» constituem uma ajuda e uma escola 569. Como se caracteriza a oração vocal?
de oração.
2700-2704
566. Quais os lugares favoráveis à oração? 2722

2691; 2696 A oração vocal associa o corpo à oração interior do


coração. Mesmo a mais interior das orações não poderia
Em toda a parte se pode rezar, mas a escolha de um prescindir da oração vocal. Em todo o caso, ela deve
lugar apropriado não é indiferente para a oração. A brotar duma fé pessoal. Com o Pai Nosso, Jesus ensinou-
igreja é o lugar próprio da oração litúrgica e da nos uma fórmula perfeita de oração vocal.
adoração eucarística. Também outros lugares ajudam a
rezar, como um «recanto de oração» em casa; um 570. O que é a meditação?
mosteiro; um santuário.
 2705-2708
  2723

CAPÍTULO TERCEIRO A meditação é uma reflexão orante, que parte sobretudo


da Palavra de Deus na Bíblia. Mobiliza a inteligência, a
A VIDA DE ORAÇÃO imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa
fé, suscitar a conversão do nosso coração e fortalecer a
  nossa vontade de seguir a Cristo. É uma etapa preliminar
em direcção à união de amor com o Senhor.
567. Quais os momentos mais indicados para a oração?
571. O que é a oração contemplativa?
2697-2698
2720 2709-2719;
2724;
Todos os momentos são indicados para a oração, mas a 2739-2741
Igreja propõe aos fiéis ritmos destinados a alimentar a
oração contínua: orações da manhã e da noite, antes e A oração contemplativa é um simples olhar sobre Deus
depois das refeições, liturgia das Horas; Eucaristia no silêncio e no amor. É um dom de Deus, um momento de
dominical; Santo Rosário; festas do ano litúrgico. fé pura durante o qual o orante procura Cristo, se
entrega à vontade amorosa do Pai e concentra o seu ser
  sob a acção do Espírito. Santa Teresa de Ávila define-a
como uma íntima relação de amizade, «em que muitas
«Devemos lembrar-nos de Deus, com mais frequência do vezes dialogamos a sós com Deus, por Quem sabemos ser
que respiramos» (S. Gregório de Nazianzo). amados».

   

568. Quais as expressões da vida de oração? O COMBATE DA ORAÇÃO

2697 – 2699  

A tradição cristã conservou três modos para expressar 572. Porque é que a oração é um combate?
e viver a oração: a oração vocal, a meditação e a oração
contemplativa. Têm em comum o recolhimento do 2725
coração.
A oração é um dom da graça, mas pressupõe sempre uma
  resposta decidida da nossa parte, porque o que reza
combate contra si mesmo, contra o ambiente e
AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO sobretudo contra o Tentador, que faz tudo para retirá-
lo da oração. O combate da oração é inseparável do
progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, «É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio
porque se vive como se reza. sozinho, fazer oração frequente e fervorosa. É possível
mesmo sentados na vossa loja, a tratar de compras e
573. Quais as objecções à oração? vendas, ou até mesmo a cozinhar»(S. João Crisóstomo).

2726-2728  
2752-2753
577. O que é a oração da Hora de Jesus?
Para lá das formas erróneas de conceber a oração,
muitos pensam que não têm tempo para rezar ou então  2604;
que seja inútil. Os que rezam podem desanimar perante 2746-275;
as dificuldades e os insucessos aparentes. Para vencer 2758
estes obstáculos são necessárias a humildade, a
confiança e a perseverança. É a chamada oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia.
Jesus, o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, dirige-a ao
574. Quais as dificuldades da oração? Pai quando chega a Hora da sua «passagem» para Ele, a
Hora do seu sacrifício.
2729-2733;
2754-2755  

A distracção é a dificuldade habitual da nossa oração. SEGUNDA SECÇÃO


Ela afasta da atenção a Deus e pode também revelar A ORAÇÃO DO SENHOR:
aquilo a que estamos apegados. O nosso coração deve PAI NOSSO
então regressar humildemente ao Senhor. A oração é
muitas vezes insidiada pela aridez, cuja superação, na  
fé, permite aderir ao Senhor, mesmo sem uma
consolação sensível. A acédia é uma forma de preguiça Pai Nosso
espiritual devida ao relaxamento da vigilância e à
negligência na guarda do coração. Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o vosso Nome,
575. Como fortalecer a nossa confiança filial? venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade
2734-2741 assim na terra como no Céu.
2756 O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
A confiança filial é posta à prova quando pensamos que assim como nós perdoamos
não somos atendidos. Devemos interrogar-nos, então, se a quem nos tem ofendido,
Deus é para nós um Pai do qual procuramos cumprir a e não nos deixeis cair em tentação,
vontade, ou não será antes um simples meio para obter o mas livrai-nos do Mal.
que queremos. Se a nossa oração se une à de Jesus,
sabemos que Ele nos concede muito mais do que este ou Pater Noster
aquele dom: recebemos o Espírito Santo que transforma
o nosso coração. Pater noster, qui es in cælis:
sanctificétur Nomen Tuum:
576. É possível rezar a todo o momento? advéniat Regnum Tuum:
fiat volúntas Tua,
2742-2745 2757 sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum
Orar é sempre possível porque o tempo do cristão é o cotidiánum da nobis hódie,
tempo de Cristo ressuscitado, o qual «permanece et dimítte nobis débita nostra, 
connosco todos os dias» (Mt 28,20). Oração e vida sicut et nos
cristã são por isso inseparáveis. dimíttimus debitóribus nostris.
et ne nos indúcas in tentatiónem;
  sed líbera nos a Malo.

 
578. Qual é a origem da oração do Pai Nosso? 582. Porque podemos «ousar aproximar-nos com toda a
confiança» do Pai?
2759-2760 2773
2777-2778
Jesus ensinou-nos esta oração cristã insubstituível, o 2797
Pai Nosso, um dia quando um dos discípulos, vendo-O
rezar, lhe pediu: «Ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1). A Porque Jesus, nosso Redentor, nos apresenta diante do
tradição litúrgica da Igreja usou sempre o texto de S. Rosto do Pai, e o seu Espírito faz de nós filhos. Podemos
Mateus (6, 9-13). assim rezar o Pai Nosso com uma confiança simples e
filial, com uma alegre segurança e uma audácia humilde,
  com a certeza de ser amados e atendidos.

«A SÍNTESE DE TODO O EVANGELHO» 583. Como é possível invocar a Deus como «Pai»?

  2779-2785;
2789;
579. Qual é o lugar do Pai Nosso nas Escrituras? 2798-2800

2761-2764 Podemos invocar o «Pai», porque Ele nos foi revelado por
2774 seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz
conhecer. A invocação do Pai introduz-nos no seu
O Pai Nosso é a «síntese de todo o Evangelho» mistério com uma admiração sempre nova e suscita em
(Tertuliano), «a oração perfeitíssima» (S. Tomás de nós o desejo dum comportamento filial. Ao rezar a
Aquino). Situado no centro do Discurso da Montanha (Mt oração do Senhor estamos conscientes de sermos filhos
5-7), retoma, sob a forma de oração, o conteúdo no Filho do eterno Pai.
essencial do Evangelho.
584. Porque dizemos «Pai Nosso»?
580. Porque se chama «a oração do Senhor»?
2786-2790
2765-2766 2801
2775
«Nosso» exprime uma relação totalmente nova com
O Pai Nosso é a «Oração dominical», ou seja «a oração Deus. Sempre que rezamos ao Pai, adoramo-Lo e
do Senhor», porque nos foi ensinado pelo próprio Senhor glorificamo-Lo com o Filho e o Espírito. Em Cristo, somos
Jesus. o «seu» Povo e Ele é o «nosso» Deus, desde agora e para
a eternidade. Dizemos, com efeito, Pai «nosso», porque a
Igreja de Cristo é a comunhão duma multidão de irmãos
581. Que lugar ocupa o Pai Nosso na oração da Igreja?
que têm «um só coração e uma só alma» (Act 4,32).

2767-2772
585. Com que espírito de comunhão e missão dizemos ao
2776
rezar a Deus Pai «nosso»?

O Pai Nosso é a oração da Igreja por excelência e é


2791-2793
«entregue» no Baptismo para manifestar o novo
2801
nascimento para a vida divina dos filhos de Deus. A
Eucaristia mostra-lhe o sentido pleno, visto que as suas
petições, fundadas no mistério da salvação já realizada, Dado que rezar o Pai «nosso» é um bem comum de todos
e que serão plenamente atendidas na vinda do Senhor. O os baptizados, estes sentem o apelo urgente a participar
Pai Nosso é também parte integrante da liturgia das na oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos.
Horas. Rezar o «Pai Nosso» é rezar com e por todos os homens,
para que conheçam o único e verdadeiro Deus e sejam
reunidos na unidade.
 

586. Que significa a expressão «que estais nos céus»?


«PAI NOSSO, QUE ESTAIS NOS CÉUS»

2794-2796
 
2802
Esta expressão bíblica não indica um lugar mas uma 2816-2821
maneira de ser: Deus está para lá e acima de tudo. 2859
Designa a majestade, a santidade de Deus, e também a
sua presença no coração dos justos. O céu, ou a Casa do A Igreja pede a vinda final do Reino de Deus mediante o
Pai, constitui a verdadeira pátria para a qual tendemos regresso de Cristo na glória. Mas a Igreja reza, também,
na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós para que o Reino de Deus cresça, já hoje, graças à
vivemos já nela «escondidos com Cristo em Deus» (Col 3, santificação dos homens no Espírito e graças ao seu
3). empenho ao serviço da justiça e da paz, segundo as Bem-
aventuranças. Este pedido é o grito do Espírito e da
  Esposa: «Vem Senhor Jesus» (Ap 22,20).

AS SETE PETIÇÕES 591. Porque pedir: «Seja feita a Vossa vontade assim na
terra como no céu»?
 
2822-2827
587. Como é composta a oração do Senhor? 2860

2803-2806; A vontade do Pai é que «todos os homens sejam salvos»


2857 (1 Tim 2,3). Para isso é que Jesus veio: para realizar
perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a
A oração do Senhor contém sete petições a Deus Pai. As Deus Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a
primeiras três, mais teologais, aproximam-nos d’Ele, exemplo de Maria Santíssima e dos Santos. Pedimos que
para a sua glória: pois é próprio do amor pensar antes de o seu desígnio de benevolência se realize plenamente na
mais n’Aquele que amamos. Elas sugerem o que em terra como no céu. É mediante a oração que podemos
especial devemos pedir-Lhe: a santificação do seu «discernir a vontade de Deus» (Rm 12,2) e obter a
Nome, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade. «perseverança para a cumprir» (Heb 10, 36).
As últimas quatro apresentam ao Pai de misericórdia as
nossas misérias e as nossas expectativas. Pedimos que 592. Que significa o pedido: «O pão nosso de cada dia
nos alimente, nos perdoe, nos defenda nas tentações e nos dai hoje»?
nos livre do Maligno.
 2828-2834
588. O que quer dizer «santificado seja o Vosso nome»? 2861

2807-2812 Ao pedir a Deus, com o confiante abandono dos filhos, o


2858 alimento quotidiano necessário a todos para a
subsistência, reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é
Santificar o Nome de Deus é, antes de mais, um louvor bom e está acima de toda a bondade. Pedimos também a
que reconhece Deus como Santo. De facto, Deus revelou graça de saber agir de modo que a justiça e a partilha
o seu santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe façam com que a abundância de uns possa prover às
fosse consagrado como uma nação santa na qual Ele necessidades dos outros.
habita.
593. Qual é o específico sentido cristão deste pedido?
589. Como é santificado o Nome de Deus em nós e no
mundo? 2835-2837
2861
2813-2815
Porque «o homem não vive só de pão, mas de toda a
Santificar o Nome de Deus que nos chama «à palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4,4), este pedido
santificação» (1 Tes 4,7) é desejar que a consagração refere-se igualmente à fome da Palavra de Deus e à do
baptismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além Corpo de Cristo recebido na Eucaristia, bem como à
disso, com a nossa vida e a nossa oração, que o Nome de fome do Espírito Santo. Pedimo-Lo, com uma confiança
Deus seja conhecido e bendito por todos os homens. absoluta, para hoje, o hoje de Deus, o qual nos é dado
sobretudo na Eucaristia que antecipa o banquete do
590. Que pede a Igreja rezando: «Venha a nós o vosso reino que há-de vir.
Reino»?
594. Porque dizer: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim 598. O que significa o Ámen final?
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido»?
2855 - 2856
2838-2839 2865
2862
«Depois, acabada a oração, tu dizes: Ámen,
Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos corroborando com o Ámen, que significa “Assim seja, que
pecadores diante d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos isso se faça”, tudo o que está contido na «oração que
a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através dos Deus nos ensinou»(S. Cirilo de Jerusalém).
sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos
pecados» (Col 1,14). Porém, o nosso pedido só será  
atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam.
APÊNDICE
595. Como é que é possível o perdão?
A) ORAÇÕES COMUNS
2840-2845
2862 B) FÓRMULAS DE DOUTRINA CATÓLICA

A misericórdia penetra no nosso coração só se também A) ORAÇÕES COMUNS


nós soubermos perdoar, até aos nossos inimigos. Ora,
mesmo que ao homem pareça impossível satisfazer esta Sinal da Cruz
exigência, o coração que se oferece ao Espírito Santo
pode, como Cristo, amar até ao extremo do amor, mudar
Em nome do Pai e do Filho
a ferida em compaixão, transformar a ofensa em
e do Espírito Santo. Ámen.
intercessão. O perdão participa da misericórdia divina e
é um vértice da oração cristã.
Glória ao Pai

596. O que significa: «Não nos deixeis cair em


Glória ao Pai e ao Filho
tentação»?
e ao Espírito Santo.
Como era, no princípio,
 2846-2849
agora e sempre.
2863
Ámen.

Pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê


Avé Maria
da tentação. Pedimos ao Espírito para sabermos
discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e
Avé Maria, cheia de graça,
a tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda,
o Senhor é convosco,
entre ser tentados e consentir na tentação. Esta
bendita sois vós entre as mulheres
petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
oração, venceu a tentação e solicita a graça da vigilância
Santa Maria, Mãe de Deus,
e da perseverança final.
rogai por nós pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Ámen
597. Porque concluímos pedindo: «Mas livra-nos do
Mal»?
Ao Anjo da Guarda

2850-2854
Santo Anjo do Senhor,
2864
meu zeloso guardador,
pois que a ti me confiou a Piedade divina,
O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e
hoje e sempre
que é «o sedutor de toda a terra» (Ap 12, 9). A vitória
me governa, rege, guarda e ilumina.
sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós
Ámen.
pedimos para que a família humana seja libertada de
Satanás e das suas obras. Pedimos também o dom
Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso
precioso da paz e a graça da esperança perseverante da
vinda de Cristo, que nos libertará definitivamente do
Maligno.
Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso alcancemos as alegrias da vida eterna.
Entre os esplendores da luz perpétua. Por Cristo, Senhor nosso.
Descansem em paz. Ámen.
Salvé Rainha
Angelus (A Trindades)
Salvé, Rainha,
V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria mãe de misericórdia,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo A Vós bradamos,
Avé Maria... os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando
V. Eis a escrava do Senhor. neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa,
R. Faça-se em mim, esses Vossos olhos misericordiosos
segundo a Vossa palavra. a nós volvei.
Avé Maria.... E, depois deste desterro,
nos mostrai Jesus, bendito fruto
do Vosso ventre.
V. E o Verbo Divino encarnou.
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce Virgem Maria.
R. E habitou entre nós.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
Avé Maria.......
para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.


Magnificat

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo


A minha alma glorifica ao Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Oremos: Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas
Infundi, Senhor, a vossa graça, em nossas almas, as gerações.
para que nós, que, pela anunciação do Anjo, O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
conhecemos a encarnação de Cristo, Santo é o seu nome.
vosso Filho, A sua misericórdia se estende de geração em geração
pela sua paixão e morte na cruz, sobre aqueles que O temem.
sejamos conduzidos à glória da Ressurreição. Manifestou o poder do seu braço
Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen. e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
Rainha do Céu e exaltou os humildes.
(no Tempo Pascal) Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia! Acolheu Israel seu servo,
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. lembrado da sua misericórdia,
Aleluia! como tinha prometido a nossos pais,
Ressuscitou como disse. Aleluia! a Abraão e à sua descendência
Rogai por nós a Deus. Aleluia! para sempre.
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia! Glória ao Pai e ao Filho
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. e ao Espírito Santo.
Aleluia! Como era no princípio, agora e sempre.
Ámen.
Oremos.
Ó Deus, que enchestes o mundo de alegria Sob a Tua Protecção
com a ressurreição do Vosso Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo, À Vossa protecção, recorremos,
concedei, nós vo-lo pedimos, Santa Mãe de Deus;
que pela intercessão da Virgem Maria, não desprezeis as nossas súplicas
Sua Mãe, em nossas necessidades;
mas livrai-nos cantam os vossos louvores.
de todos os perigos, A santa Igreja anuncia por toda a terra
ó Virgem gloriosa e bendita. a glória do vosso nome:
Deus de infinita majestade,
Benedictus Pai, Filho e Espírito Santo.
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,
Bendito o Senhor Deus de Israel Filho do Eterno Pai,
que visitou e redimiu o seu povo, para salvar o homem, tomastes
e nos deu um Salvador poderoso a condição humana no seio da Virgem Maria.
na casa de David, seu servo, Vós despedaçastes as cadeias da morte
conforme prometeu pela boca e abristes as portas do céu.
dos seus santos, Vós estais sentado à direita de Deus,
os profetas dos tempos antigos, na glória do Pai,
para nos libertar dos nossos inimigos, e de novo haveis de vir para julgar
e das mãos daqueles que nos odeiam. os vivos e os mortos.
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, Socorrei os vossos servos, Senhor,
recordando a sua sagrada aliança, que remistes com vosso Sangue precioso;
e o juramento que fizera a Abraão, e recebei-os na luz da glória,
nosso pai, na assembleia dos vossos Santos.
que nos havia de conceder esta graça: Salvai o vosso povo, Senhor,
de O servirmos um dia, sem temor, e abençoai a vossa herança;
livres das mãos dos nossos inimigos, sede o seu pastor e guia através dos tempos
em santidade e justiça, na sua presença, e conduzi-o às fontes da vida eterna.
todos os dias da nossa vida. Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida
E tu, menino, serás chamado profeta e louvaremos para sempre o vosso nome.
do Altíssimo, Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.
porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos, Tende piedade de nós,
para dar a conhecer ao seu povo a salvação Senhor, tende piedade de nós.
pela remissão dos seus pecados, Desça sobre nós a vossa misericórdia,
graças ao coração misericordioso Porque em Vós esperamos.
do nosso Deus, Em Vós espero, meu Deus,
que das alturas nos visita não serei confundido eternamente.
como sol nascente,
para iluminar os que jazem nas trevas Veni Creator Spiritus
e na sombra da morte
e dirigir os nossos passos no caminho da paz. Vem, ó Espírito Santo,
Glória ao Pai e ao Filho E da tua luz celeste
e ao Espírito Santo. Soltando raios piedosos
Como era no princípio, Nossos ânimos reveste.
agora e sempre. Ámen. Pai carinhoso dos pobres.
Distribuidor da riqueza,
Te Deum Vem, ó luz dos corações,
Amparar a natureza.
Nós Vos louvamos, ó Deus,
nós Vos bendizemos, Senhor. Vem, Consolador supremo,
Toda a terra Vos adora, Das almas hóspede amável,
Pai eterno e omnipotente. Suavíssimo refrigério
Os Anjos, os Céus Do mortal insaciável.
e todas as Potestades,
os Querubins e os Serafins És no trabalho descanso,
Vos aclamam sem cessar: Refresco na calma ardente;
Santo, Santo, Santo, És no pranto doce alívio
Senhor Deus do Universo, De um ânimo penitente.
o céu e a terra proclamam a vossa glória.
O coro glorioso dos Apóstolos, Suave origem do bem,
a falange venerável dos Profetas, Ó fonte da luz divina,
o exército resplandecente dos Mártires
Enche nossos corações, sarai os enfermos
Nossas almas ilumina. e a todos salvai.
Abrandai durezas
Sem o teu celeste influxo, para os caminhantes,
No mortal nada há perfeito; animai os tristes,
A tudo quanto é nocivo guiai os errantes.
Está o homem sujeito. Vossos sete dons
concedei à alma
Lava o que nele há de impuro, do que em Vós confia:
Quanto há de árido humedece; Virtude na vida,
Sara-lhe quanto é moléstia, amparo na morte,
Quanto na vida padece. no Céu alegria.

O que há de dureza abranda, Alma de Cristo


O que há de mais frio aquece;
Endireita o desvairado Alma de Cristo, santificai-me.
Que o caminho desconhece. Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Os sete dons com que alentas Água do lado de Cristo, lavai-me
Os que humildes te confessam, Paixão de Cristo, confortai-me.
Aos teus devotos concede Ó bom Jesus, ouvi-me.
Sempre fiéis to mereçam. Dentro das Vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de Vós.
Por virtudes merecidas, Do inimigo maligno defendei-me.
Dá-lhes fim que leve aos Céus; Na hora da minha morte, chamai-me.
Dá-lhes eternas delícias Mandai-me ir para Vós,
Que aos bons prometes, meu Deus. Para que Vos louve com os Vossos Santos
Pelos séculos dos séculos. Ámen.

Vem, Espírito Santo


(Sequência de Pentecostes) Lembrai-vos

Vinde, ó santo Espírito, Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria,


vinde Amor ardente, que nunca se ouviu dizer que algum
acendei na terra vossa luz fulgente. daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção,
Vinde, Pai dos pobres: implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso
na dor e aflições, socorro,
vinde encher de gozo fosse por Vós desamparado.
nossos corações.
Benfeitor supremo Animado eu, pois, de igual confiança,
em todo o momento, a Vós, Virgem entre todas singular,
habitando em nós como a Mãe recorro, de Vós me valho,
sois o nosso alento. e, gemendo sob o peso dos meus pecados,
Descanso na luta me prostro aos Vossos pés.
e na paz encanto, Não desprezeis as minhas súplicas,
no calor sois brisa, ó Mãe do Filho de Deus humanado,
conforto no pranto. mas dignai- Vos de as ouvir propícia
Luz de santidade, e de me alcançar o que Vos rogo. Ámen.
que no Céu ardeis,
abrasai as almas Rosário
dos vossos fiéis,
Sem a vossa força Mistérios Gozosos
e favor clemente, (Segundas e Sábados)
nada há no homem
que seja inocente. A anunciação do Anjo à Virgem Maria.
Lavai nossas manchas, A visita de Maria a Santa Isabel.
a aridez regai, O nascimento de Jesus em Belém.
A apresentação de Jesus no Templo. Oração de «Adeus ao Altar», antes de deixar a Igreja
A perda e encontro de Jesus no Templo. após a liturgia
(Tradição Siro-Maronita)
Mistérios da Luz
(Quintas Feiras) Permanece em paz, ó Altar de Deus. A oblação que de ti
recebi me sirva para remissão das ofensas e perdão dos
O baptismo de Jesus no Jordão. pecados, e me obtenha a graça de comparecer diante do
A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná. tribunal de Cristo sem condenação e sem confusão. Não
O anúncio do Reino e o convite à conversão. sei se me será concedido voltar e oferecer sobre ti um
A transfiguração de Jesus no Tabor. outro Sacrifício. Protegei-me, Senhor, e conservai a
A instituição da Eucaristia. Vossa Igreja, como caminho de verdade e salvação.
Ámen.
Mistérios Dolorosos
(Terças e Sextas) Oração pelos Defuntos
(Tradição bizantina)
Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras
Flagelação de Jesus, preso à coluna. Ó Deus dos espíritos e de toda a carne, que vencestes a
Coração de espinhos. morte, aniquilastes o diabo e destes a vida ao mundo;
Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário. Vós, ó Senhor, concedei à alma do Vosso servo N.
Jesus é crucificado e morre na cruz. defunto o descanso num lugar luminoso, num lugar
verdejante, num lugar de frescura, onde não há
Mistérios Gloriosos sofrimento, dor e gemidos.
(Quartas e Domingo )
Porque sois um Deus bom e misericordioso, perdoai toda
A ressurreição de Jesus a culpa por ele cometida em palavras, obras ou
A ascensão de Jesus ao céu. pensamentos, uma vez que não há homem que não peque,
A descida do Espírito Santo. que só Vós sois sem pecado, a Vossa justiça é justiça
A assunção da Santíssima Virgem ao céu. eterna e a Vossa palavra é a verdade.
A coroação de Nossa Senhora,
como Rainha do céu e da terra. Vós que sois a ressurreição, a vida e o repouso do Vosso
servo N. defunto, ó Cristo nosso Deus, nós Vos damos
Oração no fim do Santo Rosário glória, em comunhão com o Vosso Pai ingénito e com o
Vosso santíssimo bom e vivificante Espírito, agora e
D./ Rogai por nós, santa Mãe de Deus. sempre e pelos séculos dos séculos. Descanse em paz.
C./ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Ámen.

Oremos: Acto de Fé

Ó Deus, que, pela vida, morte e ressurreição do Vosso Meu Deus, eu creio tudo o que Vós revelastes e a Santa
Filho Unigénito, nos adquiristes o prémio da salvação Igreja nos ensina, porque não podeis enganar-Vos nem
eterna: concedei-nos, Vos pedimos, que venerando os enganar-nos.
mistérios do santíssimo Rosário da Virgem Maria,
imitemos o que eles contêm e alcancemos o que eles E, expressamente, creio em Vós, único e verdadeiro
prometem. Por Cristo Senhor nosso. Ámen. Deus em três pessoas iguais e distintas: Pai, Filho e
Espírito Santo; e creio em Jesus Cristo, Filho de Deus
Oração do Incenso encarnado, morto e ressuscitado por nós, e que a cada
(Tradição Copta) um dará, segundo as suas obras, o prémio ou o castigo
eterno. Nesta fé quero viver e morrer.

Ó Rei da paz, concedei-nos a Vossa paz e perdoai os


nossos pecados. Afugentai os inimigos da Igreja e Senhor, aumentai a minha fé. Ámen.
defendei-a, para que não pereça. O Emanuel, nosso Deus,
está no meio de nós na glória do Pai e do Espírito Santo. Acto de Esperança
Ele nos abençoe, purifique o nosso coração e cure as
doenças da alma e do corpo. Nós Vos adoramos, ó Cristo, Meu Deus, porque sois omnipotente, infinitamente
com o Vosso Pai misericordioso e o Espírito Santo, misericordioso e fidelíssimo às Vossas promessas, eu
porque viestes até junto de nós e nos salvastes. espero da Vossa bondade que, em atenção aos méritos
de Jesus Cristo, nosso Salvador, me dareis a vida eterna Angele Dei
e as graças necessárias para a alcançar, como
prometestes aos que praticassem as boas obras, que eu Ángele Dei,
me proponho realizar ajudado com o auxílio da Vossa qui custos es mei,
divina graça. Senhor, minha esperança, na qual quero me, tibi commíssum pietáte supérna,
viver e morrer: jamais serei confundido. Ámen. illúmina, custódi,
rege et gubérna.
Acto de Caridade Amen.
 
Meu Deus, porque sois infinitamente bom e digno de ser
amado sobre todas as coisas, eu Vos amo de todo o meu Requiem Æternam
coração, a exemplo de Jesus; e, por Vosso amor, amo
também o meu próximo como a mim mesmo. Senhor, Réquiem ætérnam dona eis, Dómine,
fazei que eu Vos ame cada vez mais. Ámen. et lux perpétua lúceat eis.
Requiéscant in pace. Amen.
Acto de Contrição  

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de Angelus Domini
todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido e, com
o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente Ángelus Dómini
emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e nuntiávit Mariæ.
espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita Et concépit
misericórdia. Ámen. de Spíritu Sancto.
Ave, María...
  Ecce ancílla Dómini.
Fiat mihi secúndum
verbum tuum.
Signum Crucis
Ave, María...
Et Verbum caro factum est.
In nómine Patris
Et habitávit in nobis.
et Filii
Ave, Maria...
et Spíritus Sancii. Amen.
Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.
 
Ut digni efficiámur
promissiónibus Christi.
Gloria Patri
Orémus.
Glória Patri
Grátiam tuam, quǽsumus,
et Fílio
Dómine, méntibus nostris infunde;
et Spirítui Sancto.
ut qui, Ángelo nuntiánte,
Sicut erat in princípio,
Christi Fílii tui incarnatiónem
et nunc et semper
cognóvimus,
et in sǽcula sæculórum. Amen.
per passiónem eius et crucem,
 
ad resurrectiónis glóriam perducámur.
Per eúndem Christum
Ave, Maria Dóminum nostrum. Amen.
Glória Patri...
Ave, Maria, grátia plena,  
Dóminus tecum.
Benedícta tu in muliéribus,
Regina Cæli
et benedíctus fructus ventris tui, Iesus.
Sancta María, Mater Dei,
Regína cæli lætáre,
ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis
allelúia.
nostræ.
Quia quelli merúisti portáre,
Amen.
allelúia.
 
Resurréxit, sicut dixit,
allelúia.
Ora pro nobis Deum,
allelúia. Glória Patri et Fílio
Gaude et lætáre, Virgo María, et Spirítui Sancto.
allelúia. Sicut erat in princípio,
Quia surréxit Dominus vere, et nunc et semper,
allelúia. et in sǽcula sæculórum.
Amen.
Orémus.  
Deus, qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Iesu
Christi mundum lætificáre dignátus es, præsta, Sub tuum præsidium
quǽsumus, ut per eius Genetrícem Virginem Maríam
perpétuæ capiámus gáudia vitæ. Sub tuum præsídium confúgimus,
Per Christum Dóminum nostrum. Amen. sancta Dei Génetrix;
  nostras deprecatiónes ne despícias
in necessitátibus;
Salve, Regina sed a perículis cunctis
líbera nos semper,
Salve, Regína, Virgo gloriósa et benedícta.
Mater misericórdiæ,  
vita, dulcédo et spes nostra, salve.
Ad te clamámus, Benedictus
éxsules filii Evæ.
Ad te suspirámus geméntes et flentes Benedíctus Dóminus, Deus Ísrael,
in hac lacrimárum valle. quia visitávit
Eia ergo, advocáta nostra, et fecit redemptiónem plebi suæ,
illos tuos misericórdes óculos et eréxit cornu salútis nobis
ad nos convérte. in domo David púeri sui,
Et Iesum benedíctum fructum sieut locútus est per os sanctórum,
ventris tui, qui a sæculo sunt, prophetárum eius,
nobis, posi hoc exsílium, osténde. salútem ex inimícis nostris
O clemens, o pia, o dulcis Virgo María! et de manu ómnium,
  qui odérunt nos;
ad faciéndam misericórdiam
Magnificat eum pátribus nostris
et memorári testaménti sui sancti,
Magníficat ánima mea Dóminum, iusiurándum, quod iurávit
et exsultávit spíritus meus ad Ábraham patrem nostrum,
in Deo salvatóre meo, datúrum se nobis,
quia respéxit humilitátem ut sine timóre,
ancíllæ suæ. de manu inimicórum liberáti,
Ecce enim ex hoc beátam serviámus illi
me dicent omnes generatiónes, in sanetitáte et iustítia coram ipso
quia fecit mihi magna, omnibus diébus nostris.
qui potens est, Et tu, puer,
et sanctum nomen eius, prophéta Altíssimi vocáberis:
et misericórdia eius in progénies præíbis enim ante fáciem Dómini
et progénies timéntibus eum. paráre vias eius,
Fecit poténtiam in bráchio suo, ad dandam sciéntiam salútis
dispérsit supérbos mente cordis sui; plebi eius
depósuit poténtes de sede in remissiònem peccatòrum eòrum,
et exaltávit húmiles. per víscera misericòrdiæ Dei nostri,
Esuriéntes implévit bonis in quibus visitábit nos óriens ex alto,
et divites dimisit inanes. illumináre his, qui in ténebris
Suscépit Ísrael púerum suum, et in umbra mortis sedent,
recordátus misericórdiæ, ad dirigéndos pedes nostros
sicut locútus est ad patres nostros, in viam pacis.
Àbraham et sémini eius in sǽcula. Glória Patri et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio, die isto sine peccáto nos custodíre.
et nunc Miserére nostri, Dómine, miserére nostri.
et semper, Fiat misericórdia tua,
et in sǽcula sæculòrum. Amen. Dómine, super nos,
  quemádmodum sperávimus in te.
In te, Dómine, sperávi:
Te Deum non confúndar in ætérnum.
 
Te Deum laudámus:
te Dóminum confitémur. Veni, Creator Spiritus
Te ætérnum Patrem,
omnis terra venerátur. Veni, creátor Spíritus,
tibi omnes ángeli, mentes tuòrum vísita,
tibi cæli imple supérna grátia,
et univérsæ potestátes: quæ tu creásti péctora.
tibi chérubim et séraphim
incessábili voce proclámant: Qui díceris Paráclitus,
Sanctus, Sanctus, Sanctus, altíssimi donum Dei,
Dòminus Deus Sábaoth. fons vivus, ignis, cáritas,
Pleni sunt cæli et terra et spiritális únctio.
maiestátis glóriæ tuæ.
Te gloriòsus Tu septifòrmis múnere,
apostolòrum chorus, dígitus patérnæ déxteræ,
te prophetárum tu rite promíssum Patris,
laudábilis númerus, sermóne ditans gúttura.
te mártyrum candidátus
laudat exércitus. Accénde lumen sénsibus,
Te per orbem terrarum infúnde amórem córdibus,
sancta confitétur Ecclésia, infírma nostri córporis
Patrem imménsæ maiestátis; virtúte firmans pérpeti.
venerándum tuum verum
et únicum Filium; Hostem repéllas lóngius
Sanctum quoque pacémque dones prótinus;
Paráclitum Spíritum. ductóre sic te prævio
Tu rex glòriæ, Christe. vitémus omne nóxium.
Tu Patris sempitérnus es Filius.
Tu, ad liberándum susceptúrus Per Te sciámus da Patrem
hóminem, noscámus atque Fílium,
non horrúisti Virginis úterum. teque utriúsque Spíritum
Tu, devícto mortis acúleo, credámus omni témpore.
aperuísti credéntibus regna cælórum.
Tu ad déxteram Dei sedes, Deo Patri sit glória,
in glória Patris. et Fílio, qui a mórtuis
Iudex créderis esse ventúrus. surréxit, ac Parác1ito,
Te ergo quǽsumus, in sæculórum sǽcula. Amen.
tuis famulis súbveni,  
quos pretiòso sanguine redemísti.
Ætérna fac curo sanctis tuis Veni, Sancte Spiritus
in glória numerári.
Salvum fac pópulum tuum, Dómine, Veni, Sancte Spíritus,
et bénedic hereditáti tuæ. et emítte cǽlitus
Et rege eos, et extólle illos lucis tuæ rádium.
usque in ætérnum.
Per síngulos dies benedícimus te; Veni, pater páuperum,
et laudámus nomen tuum veni, dator múnerum,
in sǽculum, et in sǽculum sǽculi. veni, lumen córdium.
Dignáre, Dòmine,
Consolátor óptime, Virginum, Mater, curro, ad te vénio, coram te gemens
dulcis hospes ánimæ, peccator assisto. Noli, Mater Verbi, verba mea
dulce refrigérium. despícere; sed áudi propitia et exáudi.
Amen.
In labóre réquies,  
in æstu tempéries,
in fletu solácium. Rosarium

O lux beatíssima, Mystéria gaudiosa


reple cordis íntima (in feria secunda et sabbato)
tuórum fidélium.
Annuntiátio.
Sine tuo númine, Visitátio.
nihil est in hómine Natívitas.
nihil est innóxium. Præsentátio.
Invéntio in Tempio.
Lava quod est sórdidum,  
riga quod est áridum, (in feria quinta)
sana quod est sáueium.
Baptísma apud Iordánem.
Flecte quod est rígidum, Autorevelátio apud Cananénse
fove quod est frígidum, matrimónium.
rege quod est dévium. Regni Dei proclamátio
Da tuis fidélibus, coniúcta cum invitaménto
in te confidéntibus, ad conversiónem.
sacrum septenárium. Transfigurátio.
Eucharístiæ Institútio.
Da virtútis méritum,
da salútis éxitum, Mystéria dolorósa
da perénne gáudium. (in feria tertia et feria sexta)
Amen.
  Agonía in Hortu.
Flagellátio.
Anima Christi Coronátio Spinis.
Baiulátio Crucis.
Ánima Christi, sanctífica me. Crucifíxio et Mors.
Corpus Christi, salva me.
Sanguis Christi, inébria me, Mystéria gloriósa
Aqua láteris Christi, lava me. (in feria quarta et Dorninica)
Pássio Christi, confórta me,
O bone Iesu, exáudi me. Resurréctio.
Intra tua vúlnera abscónde me. Ascénsio.
Ne permíttas me separári a te. Descénsus Spíritus Sancti.
Ab hoste malígno defénde me. Assúmptio.
In hora mortis meæ voca me. Coronátio in Cælo.
Et iube me veníre ad te,
ut cum Sanctis tuis laudem te Oratio ad finem Rosarii dicenda
in sǽcula sæculórum.
Amen. Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.
  Ut digni efficiámur
promissiónibus Christi.
Memorare Orémus.
Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et
Memoráre, o piíssima Virgo María, non esse auditum a resurrectiónem suam nobis salútis ætérnæ prǽmia
sǽculo, quemquam ad tua curréntem præsidia, tua comparávit, concéde, quǽsumus: ut hæc mystéria
implorántem auxilia, tua peténtem suffrágia, esse sacratíssimo beátæ Maríæ Virginis Rosário recoléntes,
derelíctum. Ego tali animátus confidéntia, ad te, Virgo et imitémur quod cóntinent, et quod promíttunt
assequámur. Per Christum Dóminum nostrum. Amen. Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-
  lho vós também.

Actus fidei As Bem-aventuranças (Mt 5, 3-12)

Dómine Deus, firma fide credo et confíteor ómnia et Bem-aventurados os pobres em espírito,
síngula quæ sancta Ecclésia Cathólica propónit, quia tu, porque deles é o reino dos céus.
Deus, ea ómnia revelásti, qui es ætérna véritas et Bem-aventurados os que choram,
sapiéntia quæ nec fállere nec falli potest. porque serão consolados.
In hac fíde vívere et mori státuo. Amen. Bem-aventurados os mansos,
  porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
Actus spei porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
Dómine Deus, spero per grátiam tuam remissiónem porque alcançarão misericórdia.
ómnium peccatórum, et post hanc vitam ætérnam Bem-aventurados os puros de coração,
felicitátem me esse consecutúrum: quia tu promisísti, porque verão a Deus.
qui es infiníte potens, fidélis, benígnus, et miséricors. Bem-aventurados os pacificadores,
In hac spe vívere et mori státuo. porque serão chamados filhos de Deus.
Amen. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa
  da justiça,
porque deles é o reino dos céus.
Actus caritatis Bem-aventurados sereis quando vos insultarem,
vos perseguirem e, mentindo,
Dómine Deus, amo te super ómnia et próximum meum disserem toda a espécie de calúnias contra vós.
propter te, quia tu es summum, infinítum, et Alegrai-vos e exultai,
perfectíssimum bonum, omni dilectióne dignum. In hac porque será grande a vossa recompensa nos céus.
caritáte vívere et mori státuo. Amen.
As três virtudes teologais:
Actus contritionis
1. Fé
Deus meus, ex toto corde pǽnitet me ómnium meórum 2. Esperança
peccatórum, éaque detéstor, quia peccándo, non solum 3. Caridade.
pœnas a te iuste statútas proméritus sum, sed
præsértim quia offéndi te, summum bonum, ac dignum As quatro virtudes cardeais:
qui super ómnia diligáris. Ideo fírmiter propóno,
adiuvánte grátia tua, de cétero me non peccatúrum 1. Prudência
peccandíque occasiónes próximas fugitúrum. Amen. 2. Justiça
  3. Fortaleza
4. Temperança.
 
Os sete dons do Espírito Santo:
B) FÓRMULAS DE DOUTRINA CATÓLICA
1. Sabedoria
  2. Entendimento
3. Conselho
Os dois mandamentos de caridade 4. Fortaleza
5. Ciência
1. Amarás o Senhor teu Deus, 6. Piedade
com todo o teu coração, 7. Temor de Deus.
com toda a tua alma
e com toda a tua mente. Os doze frutos do Espírito Santo:

2. Amarás ao próximo como a ti mesmo. 1. Amor


2. Alegria
A regra de ouro (Mt 7, 12) 3. Paz
4. Paciência 1. Morte
5. Longanimidade 2. Juízo
6. Benignidade 3. Inferno
7. Bondade 4. Paraíso.
8. Mansidão
9. Fé
10. Modéstia
11. Continência  
12. Castidade.

Os cinco preceitos da Igreja:

1. Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda


e abster-se de trabalhos e actividades que impeçam a
santificação desses dias.
2. Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.
3. Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela
Páscoa.
4. Guardar a abstinência e jejuar nos dias determinados
pela Igreja.
5. Contribuir para as necessidades materiais da Igreja,
segundo as possibilidades.

As sete obras de misericórdia corporais:

1. Dar de comer a quem tem fome


2. Dar de beber a quem tem sede
3. Vestir os nus
4. Dar pousada aos peregrinos
5. Visitar os enfermos
6. Visitar os presos
7. Enterrar os mortos.

As sete obras de misericórdia espirituais:

1. Dar bons conselhos


2. Ensinar os ignorantes
3. Corrigir os que erram
4. Consolar os tristes
5. Perdoar as injúrias
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso
próximo
7. Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Os sete pecados capitais:

1. Soberba
2. Avareza
3. Luxúria
4. Ira
5. Gula
6. Inveja
7. Preguiça.

Os quatro novíssimos:

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