Trabalhar A Agressividade
Trabalhar A Agressividade
Trabalhar A Agressividade
CATEGORIA: CONCLUÍDO
SUBÁREA: PSICOLOGIA
Relatório Parcial
BAURU
2014
RESUMO
Contos de Fada.
1 INTRODUÇÃO
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A criança busca encontrar no ambiente terapêutico confiança, segurança,
acolhimento de suas angústias, sensações, traumas e necessita atribuir significados
para as “coisas” que não consegue nomear ou dizer. A esse processo de atribuir
significados às experiências dá-se o nome de simbolização, e tal capacidade tem um
potencial reconhecidamente imprescindível no desenvolvimento de todas as
capacidades da criança, tanto no âmbito intrapsíquico quanto comportamental. O
alcance desses aspectos, contudo, requer tempo e um mínimo de colaboração dos
responsáveis pela criança (GUTFREIND, 2010; POKORSKI, 2011).
Além da técnica ludoterápica, os contos de fadas também foram
apontados como recurso terapêutico de grande valia, que auxilia a criança a
determinar a fronteira entre fantasia e realidade, a pensar soluções, a lidar com as
angústias internas, a vislumbrar a dimensão do encantamento e do maravilhoso nos
fenômenos da vida e a discriminar o bem e o mal. Os contos possuem
características que facilitam a identificação de conflitivas por parte da criança
(BETTELHEIM, 1980; GUTFREIND, 2010).
Com intenção de avaliar o potencial dos contos de fadas (ou contos
infantis) como um instrumento terapêutico na intervenção com crianças, Celso
Gutfreind (1999) realizou um estudo sistemático em Paris, onde observou, através
da promoção de oficinas de contos, uma evolução favorável da vida psíquica de
crianças separadas de seus pais e vivendo em abrigos públicos. As crianças
melhoraram a própria conduta e desenvolveram a capacidade de expressar, de
diferentes formas, o sofrimento pela separação dos pais. Seu trabalho mostrou que,
pela via das histórias infantis, a criança pode elaborar o universo imaginário, brincar
com conteúdos sobre o amor, a morte, o medo, a rivalidade fraterna, a separação e
o abandono e, através da simbolização, estabelecer a diferença entre fantasia e
realidade. Tais aquisições têm o potencial de melhorar a qualidade das relações da
criança consigo mesma e com o seu ambiente.
De acordo com Bettelheim (1980), os contos de fadas transmitem à
criança mensagens de que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável
(faz parte da vida e existência humana), e que, ao invés de se intimidar, o sujeito
pode se defrontar firmemente com as opressões inesperadas e muitas vezes
injustas, dominar os obstáculos e, por fim, ainda emergir vitorioso. Tais mensagens
têm um potencial otimista e instilador de esperança que, sabe-se, atualmente, tem
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um valor inestimável em qualquer tratamento em saúde física ou mental (SILVARES,
2013; CORDIOLI, 2008).
Assim, fundamentado na literatura o presente estudo propõe o trabalho
interventivo com contos infantis no CAPSi da cidade de Bauru, seguindo o modelo
desenvolvido por Celso Gutfreind (1999), como método facilitador da elaboração de
conflitos intrapsíquicos e psicopatologias infantis atendidas em uma unidade de
tratamento em saúde mental.
2 OBJETIVOS
3 MÉTODO
3.1 Amostra
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1. Ter idade entre 7 e 12 anos;
2. Consentimento formal do sujeito ou responsável para a participação do
estudo;
3. Apresentar comportamentos agressivos em sua sintomatologia;
4. Estar em atendimento junto à equipe do CAPSi.
3.2 Instrumentos
3.3 Local
4 DESENVOLVIMENTO
4.1. Entrevistas
Inicialmente, estabeleceram-se com a psicóloga da instituição quais as
crianças que apresentavam sintomatologia correspondente à que foi proposta como
investigação do estudo.
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Após, foram solicitadas as autorizações para a coleta de dados na
Instituição participante em conformidade a resolução do Conselho Nacional de
Saúde CNS-196/96, assim como os participantes convidados a comporem a amostra
do estudo são menores, os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, formalizando a participação na pesquisa, considerando a
liberdade de escolha à participação espontânea no estudo.
5 RESULTADOS
7
Empregados os métodos de observação, coleta e registro de dados, se
faz necessário que, através do caráter analítico, execute-se a compreensão dos
questionários e dos desenhos do HTP, visando à exploração do material obtido, de
modo a organizá-lo e interpretá-lo qualitativamente.
A análise das informações contidas no Inventário aponta que todos os
sujeitos do estudo (8) apresentam problemas escolares (de aprendizagem e/ou de
comportamento). A figura 1 mostra que 03 sujeitos (37,5% da amostra) foram
descritos por seus responsáveis como portadores de problemas relativos a Baixo
Desempenho Escolar sem queixa de comportamento agressivo; 01 deles (12,5% da
amostra) portando apenas Problema de Comportamento (Agressividade) e 4 deles
(50% do total da amostra) foi referida como portadora de Baixo Desempenho
Escolar e Problema de Comportamento, corroborando os dados da literatura sobre a
relação entre desempenho escolar e comportamento agressivo (FERREIRA e
MARTURANO, 2002; LISBOA, 2005).
37,5% Problema de
50,0%
12,5% Comportamento
Baixo Desempenho
Escolar e Problema de
Comportamento
37,5%
62,5% Videogame
Outros
9
Comportamento Frequente
35
30 Internalizados
33 (Retraimento, Queixas
25
Somáticas, Ansiedade e
20
Depressão)
15
Externalizados ( Violação
10
10 12 de Conduta,
5 4 9 10
1 1 Comportamento
0 Agressivo)
Sujeito 1 Sujeito 2 Sujeito 3 Sujeito 4
Comportamento Frequente
20
15 19
Internalizados (Retraimento, Queixas
10 12 Somáticas, Ansiedade e Depressão)
12 7
Externalizados ( Violação de Conduta,
5 6 Comportamento Agressivo)
2 5 3
0
Sujeito 5 Sujeito 6 Sujeito 7 Sujeito 8
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8 ANEXO
Inventário de Comportamentos de Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos
(CBCL).
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