TCC Ana Caroline Da Costa Pinto Pinheiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE FARMÁCIA

ANA CAROLINE DA COSTA PINTO PINHEIRO

PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO A PACIENTES COM


DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Juiz de Fora
2016
ANA CAROLINE DA COSTA PINTO PINHEIRO

PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO A PACIENTES COM


DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Curso de Graduação em Farmácia da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como
requisito para a obtenção parcial do Grau de
Bacharel em Farmácia.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Silva Silvério

Juiz de Fora
2016
PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO A PACIENTES COM
DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Farmácia da Universidade Federal de
Juiz de Fora, como requisito para a
obtenção parcial do Grau de Bacharel em
Farmácia.

Aprovado em _____ de ________________ de 2016

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Silva Silvério
Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF
Orientador

_____________________________________________
Prof. Dr. Olavo dos Santos Pereira Júnior
Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF

_____________________________________________
Farmacêutica Mestre Glenda de Almeida Aquino
Hospital Universitário HU (UFJF)
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter traçado meu caminho até aqui, e ter permitido que
todo o meu esforço tenha valido a pena. Hoje, finaliza mais uma etapa importante da
realização de um sonho, que foi construído com cada detalhe e regado de muitas
bênçãos.

Aos meus pais Noeme e Messias (in memoriam) só tenho a agradecer, pois se
cheguei até aqui, foi porque apoio, amor, carinho, incentivo e inspiração não faltaram.
A força de vontade e a luta diária de vocês em permitir que eu concluísse meu sonho
de me tornar farmacêutica não tem preço, e minha gratidão e amor será eterno.

Aos meus familiares, em especial minha madrinha Cristiane, minha tia Malú e
minhas primas Letícia, Fransciane e Maria Luíza, obrigada por manterem os laços
firmes e estarem ao meu lado em todos os momentos de minha vida. Juntamente com
meus pais, vocês constituem meu alicerce.

Ao meu namorado Marger, obrigada pela imensa paciência e compreensão nos


momentos de desespero e angústia. Seu carinho, amor e sabedoria me ajudaram a
seguir em frente e concluir esse trabalho com louvor.

Aos meus amigos Raphael, Paula, Paloma, Fernanda, William, Yara e Anita,
ter vocês em minha vida me torna uma pessoa mais feliz. Obrigada por estarem
sempre ao meu lado.

Enfim, a todos os mestres e farmacêuticos que contribuíram para minha


formação, me mostrando que o caminho nem sempre é fácil, porém as dificuldades
nem sempre são negativas, e sim obstáculos que irão nos fortalecer futuramente. A
profissional que serei, refletirá diretamente no exemplo que obtive me espelhando em
vocês.
vi

RESUMO

A Atenção Farmacêutica é uma área em que o profissional farmacêutico atua


buscando alcançar resultados que melhorem a farmacoterapia, reduzam a ocorrência
de problemas relacionados aos medicamentos e assim melhore a qualidade de vida
dos usuários. Para seguir uma linha de raciocínio que busque a identificação desses
problemas, são utilizados modelos de seguimento farmacoterapêutico que
sistematizam essa abordagem e permitem chegar a conclusões de necessidade ou não
de interferência farmacêutica ou de outro profissional da saúde, o que mostra também
o quanto é importante a inserção do farmacêutico em uma equipe multiprofissional.
Juntamente com a ideia de melhoria na adesão ao tratamento através da atenção
farmacêutica, buscou-se nesse trabalho adequar esse modelo de seguimento
farmacoterapêutico, para atender especificamente pacientes portadores de Diabetes
Mellitus, que é uma síndrome metabólica que acomete milhares de pessoas, e que
atualmente vem se caracterizando por uma epidemia. Muitas das complicações
provenientes dessa patologia são decorrentes da não adesão, ou uso incorreto dos
medicamentos para o seu controle, e o farmacêutico é o profissional mais bem
qualificado para abordar e discorrer sobre medicamentos, podendo, através desses
modelos de atendimento, identificar os Problemas Relacionados a Medicamentos e
corrigi-los, permitindo que o paciente tenha uma terapia segura e efetiva. Assim, foi
proposto neste trabalho o protocolo de cuidado farmacêutico, que será utilizado pelo
farmacêutico para auxiliá-lo tanto em informações sobre a doença, informações
importantes que devam ser repassadas ao paciente, além de uma abordagem de
avaliação medicamentosa para identificar as intervenções necessárias para melhorar a
qualidade de vida e de adesão terapêutica a esses pacientes.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Atenção Farmacêutica. Farmacoterapia.

vi
vii

ABSTRACT

The Pharmaceutical care is a field where the pharmaceutical professional acts


chasing results that improve pharmacotherapy reducing the occurrence of problems
related to the medicines and thus improve users quality of life. To follow a reasoning
line that seeks to identify these problems, follow-up models of pharmacotherapy are
used. This follow-up models systemize an approach and allow to conclude the need of
pharmaceutical interference, or from other health professional, what also show how
important is the immersion of pharmacists in a multiprofessional team. Along with
the idea of improvement models of pharmacotherapy to adhesion of treatment through
pharmaceutical care, this work intends to fit this model to specifically attend patients
bearers of Diabetes Mellitus, which is a metabolic syndrome that affects thousands of
people, and nowadays has been characterizing as an epidemic. Several complications
caused by this pathology come from a non-adhesion, or wrong usage of medicines to
its control, pharmacists are the highest qualified professionals to deal with medicines,
able to identify and fix problems related to medicines through these attendance
models, allowing the patients to have an effective and safe therapy. Through this, in
this work is proposed a pharmaceutical care protocol, that will be used to help the
pharmacist with informations about the disease, as well as important informations that
should be given to the patients, besides of an approach to drug evaluation to indentify
the interventions needed to improve patients life quality and their therapy adhesion.

Keywords: Diabetes Mellitus, Pharmaceutical Care, Pharmacotherapy

vii
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Algoritmo de avaliação entre os parâmetros e as metas laboratoriais ........................ 29


Figura 2 – Passo-a passo da aplicação de insulina ...................................................................... 33
Figura 3 - Algoritmo do tratamento de Diabetes Mellitus .......................................................... 42
Figura 4 - Esquema de tratamento com base nos medicamentos disponíveis na Farmácia
Universitária da UFJF ................................................................................................................. 44
Figura 5 - Informações que devem ser passadas ao paciente ...................................................... 47
Figura 6 - Formulário de atendimento farmacêutico adaptada segundo o Método Dáder .......... 49
Figura 7 Apanhado geral sobre a Diabetes Mellitus ................................................................... 56

viii
ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Critérios da OMS, IDF e NCEP para diagnóstico da Síndrome Metabólica ............. 16
Tabela 2 - Valores de glicose plasmática para o diagnóstico de Diabetes Mellitus .................... 25
Tabela 3 - Informações sobre o Cloridrato de Metformina ......................................................... 44
Tabela 4 - Informações sobre a Gliclazida .................................................................................. 45
Tabela 5 - Informações sobre a Glibenclamida ........................................................................... 46
x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Fatores de risco para Diabetes Mellitus tipo 2 em adultos........................................ 21


Quadro 2 - Classe dos agentes hipoglicemiantes ........................................................................ 26
Quadro 3 - Caracterização dos principais agentes hipoglicemiantes .......................................... 27
Quadro 4 - Perfil de ação das insulinas ....................................................................................... 31
Quadro 5 - Tipos de agulha e modo de aplicação ....................................................................... 32
Quadro 6 - Informações ao farmacêutico sobre a Diabetes Mellitus .......................................... 43
xi

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que referem diagnóstico médico
de diabetes, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo as Grandes Regiões –
2013. ............................................................................................................................................ 17
Gráfico 2 - Prevalência de Diabetes Mellitus em relação ao sexo no decorrer dos anos. ........... 18
xii

LISTA DE ABREVIATURAS

ADA American Diabetes Association


AF Atenção Farmacêutica
LADA Latente Autoimmune Diabets in Adults
DG Diabetes Gestacional
DM Diabetes Mellitus
DCNT Doença Crônica Não-Transmissível
DCV Doenças Cardiovasculares
DOT Direct Observed Treatment
FARM Finds, Assessment, Resolution, Monitoring
GME Glicemia Média Estimada
HbA1c Hemoglobina Glicada
HAS Hipertensão Arterial
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDF International Diabetes Federation
NCEP National Cholesterol Education Program
NAD Neuropatia Autonômica Diabética
OMS Organização Mundial de Saúde
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
PRM Problemas Relacionados aos Medicamentos
PW Pharmacist’s Workup
RNM Resultados Negativos Associados à Medicação
SF Seguimentos Farmacoterapêuticos
SM Síndrome Metabólica
SOAP Subject, Objective, Assessment, Plan
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
TOTG Teste Oral de Tolerância a Glicose
TOM Therapeutical Outcomes Monitoring
13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................. 16
2.1 CONCEITOS BÁSICOS ...................................................................................................................... 16
2.2 EPIDEMIOLOGIA .............................................................................................................................. 17
2.3 CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES MELLITUS ................................................................................ 18
2.3.1 Diabetes Mellitus Tipo 1 ............................................................................................................... 19
2.3.2 Diabetes Mellitus Tipo 2 ............................................................................................................... 19
2.3.3 Diabetes Gestacional .................................................................................................................... 20
2.4 FATORES DE RISCO PARA A DIABETES MELLITUS .................................................................. 20
2.5 PREVENÇÃO ...................................................................................................................................... 21
2.6 COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS À DIABETES MELLITUS ......................................................... 22
2.6.1 Neuropatia Autonômica Diabética ............................................................................................... 22
2.6.2 Retinopatia Diabética ................................................................................................................... 23
2.6.3 Nefropatia Diabética .................................................................................................................... 23
2.6.4 Miocardiopatia Diabética ............................................................................................................. 23
2.6.5 Pé Diabético ................................................................................................................................. 24
2.7 DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS ........ 24
2.8 TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS ................................................................................... 25
2.8.1 Medicamentos Hipoglicemiantes .................................................................................................. 26
2.8.1.1 Critérios Para a Escolha do Agente Antidiabético .................................................................... 28
FONTE: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2014 ................................................................................. 30
2.8.2 Insulinoterapia .............................................................................................................................. 30
2.8.2.1 Tipos de Insulinas Disponíveis .................................................................................................. 30
2.8.2.2 Aplicação de Insulina ................................................................................................................ 32
2.9 MÉTODO DÁDER DE SEGUIMENTO FARMACÊUTICO ............................................................. 34
2.9.1 CUIDADO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO BÁSICA – MODELO DE CURITIBA ......................................... 36
3 OBJETIVOS .............................................................................................................................................. 37
3.1 GERAL ................................................................................................................................................ 37
3.2 ESPECÍFICOS ..................................................................................................................................... 37
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................................... 38
5 RESULTADOS .......................................................................................................................................... 39
5.1 CONCEPÇÃO DO PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO ............................................. 39
5.1.2 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO ................................................................................. 40
5.2 DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO .............................. 42
5.3.1 Protocolo de Cuidado Farmacêutico ............................................................................................ 42
6 DISCUSSÃO .............................................................................................................................................. 57
6.1 ATENÇÃO FARMACÊUTICA........................................................................................................... 57
6.2 PLANOS DE SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO .............................................................. 58
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 61
14

1 INTRODUÇÃO

O uso de modelos de protocolos clínicos em farmácias comunitárias vem sendo


utilizado em uma gama de países que possuem o sistema de saúde bem desenvolvido.
Com a sua utilização, é possível realizar a prática de cuidado farmacêutico, que visa
analisar a situação de cada indivíduo em relação a sua farmacoterapia, assegurando
através desse acompanhamento, maior segurança ao paciente, além de contribuir para a
efetividade terapêutica.
Esses protocolos podem sofrer adaptações, partindo de modelos de fichas de
seguimentos farmacoterapêuticos (SF) já existentes, como o Método Dáder, por
exemplo. O SF pode ser descrito como um serviço prestado pelo farmacêutico, que
permite que os Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM) sejam identificados,
e assim prevenir e procurar resolver os resultados negativos associados à medicação.
Este acompanhamento é documentado e feito de modo contínuo, necessitando da
colaboração do paciente e dos demais profissionais de saúde.
De forma geral, o processo de SF é uma das principais áreas de atuação da
Atenção Farmacêutica (AF), e caracteriza sua atuação na área clínica. Com o
farmacêutico incluído em uma equipe multiprofissional, o paciente só tem a ganhar com
essa associação, uma vez que o profissional mais capacitado a cerca de medicamentos é
o farmacêutico.
A não adesão aos medicamentos pelos pacientes vem sendo considerado um
problema de saúde pública, e em grande parte, está associado a doenças crônicas que
demandam um maior acompanhamento, como na Diabetes Mellitus (DM), fazendo-se
necessário a utilização desses modelos de SF para auxiliar os pacientes.
O objetivo de se utilizar este método de abordagem em pacientes portadores de
DM se faz devido ao grande índice da população que é diagnosticada e/ou tem pré-
disposição a desenvolver essa síndrome metabólica, com uma estimativa de 387
milhões de pessoas portadoras de DM atualmente, podendo acometer, até 2035, cerca de
471 milhões de pessoas. Em muitos casos, a DM vem acompanhada de outros distúrbios
metabólicos, como a hipertensão arterial (HAS), por exemplo, e que necessitam de uma
terapia contínua e vitalícia, o que pode levar ao abandono da terapia, e nesse momento é
que o farmacêutico se faz importante, através do processo de AF, seguindo como base
esses modelos de protocolo de cuidado farmacêutico, que auxiliam na obtenção de
15

informações sobre a aderência e efetividade dos pacientes em relação a sua terapia


(MILECH, et al. 2016).
No decorrer deste trabalho foi abordado sobre a Diabetes Mellitus, discorrendo
sobre sua epidemiologia, diagnóstico e tratamento, seguido dos modelos existentes de
acompanhamento farmacoterapêutico, e da proposta de adaptação de um protocolo de
cuidado farmacêutico.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITOS BÁSICOS

O termo Diabetes Mellitus é classificado como um grupo de transtornos


metabólicos, desencadeado por uma hiperglicemia, resultante da deficiência na
secreção de insulina, defeitos em sua ação, ou ambos os casos (ADA, 2016).
O desenvolvimento de DM é um fator comum encontrado nas Doenças
Metabólicas, entre as quais está a Síndrome Metabólica (SM) que se desenvolve pelo
aparecimento de um conjunto de sinais e sintomas associados a distúrbios do
metabolismo energético e doenças que afetam o aparelho cardiovascular. A
Organização Mundial de Saúde (OMS), a National Cholesterol Education Program
(NCEP) e a International Diabetes Federation (IDF) determinam critérios para a
definição e diagnóstico da SM, que diferenciam entre si em alguns aspectos. Esses
critérios podem ser observados na Tabela 1 (SANTOS; SCHRANK; KUPFER, 2009).

Tabela 1 - Critérios da OMS, IDF e NCEP para diagnóstico da Síndrome Metabólica

OMS: Organização Mundial de Saúde IDF: Federação Internacional de Diabetes NCEP: Programa Nacional de Educação sobre o
Colesterol
Fonte: Adaptada de SANTOS; SCHRANK; KUPFER, 2009
17

2.2 EPIDEMIOLOGIA

Estima-se que atualmente cerca de 387 milhões de pessoas possuam diabetes, e


pressupõe-se que até 2035 esse número alcance 471 milhões de pessoas. Por se tratar de
uma Doença Crônica Não-Transmissível (DCNT), um pequeno aumento em sua
incidência é capaz de trazer grandes implicações na saúde da população, presumindo-se
que está em curso uma epidemia de DM (MILECH, et al. 2016).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em convênio com o
Ministério da Saúde, realizou a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que consiste em um
trabalho de base domiciliar, e que trouxe dados da prevalência de DM no Brasil.
Segundo a PNS, cerca de 6,2% da população com 18 anos ou mais referiram
diagnóstico médico de DM, o que equivale aproximadamente a 9,1 milhões de pessoas.
No Gráfico 1 é possível verificar a proporção de pessoas que referiram diagnóstico
médico para DM no Brasil e em seus estados (IBGE, 2013).

Gráfico 1 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que referem diagnóstico médico de diabetes,
com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo as Grandes Regiões – 2013.

Fonte: IBGE, 2013

A prevalência de DM em mulheres foi maior em relação aos homens em todas as


regiões brasileiras, e em ambos os sexos, a doença se torna mais comum com o avançar
da idade (PETERMANN, et al. 2015).
No Gráfico 2 é observado a prevalência de DM em homens e mulheres, no
decorrer dos anos.
18

Gráfico 2 - Prevalência de Diabetes Mellitus em relação ao sexo no decorrer dos anos.

Fonte: World Health Organization, 2016

Devido ao impacto que a DM vem gerando na população brasileira, os números


relacionados à morbimortalidade causada por DM tornam a situação preocupante, já que
o DM representa cerca de 5,2% das causas de morte no país, além de ser um dos fatores
de risco mais importantes para as doenças cardiovasculares, que por si só representam
31,3% das causas de óbito (SBD, 2016).

2.3 CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES MELLITUS

Os termos ‘’Diabetes Mellitus insulinodependente’’ e ‘’Diabetes Mellitus


insulinoindependente’’ não são mais utilizados como ordem classificatória, pois de
acordo com a classificação atual de DM proposta pela OMS e American Diabetes
Association (ADA), baseia-se na etiologia, e não no tipo de tratamento. A atual
classificação inclui quatro classes clínicas: DM tipo 1, DM tipo 2, outros tipos
específicos de DM e DM gestacional. Ainda são incluídas duas categorias, designadas
como pré-diabetes, que representam a tolerância à glicose diminuída e a glicemia de
jejum alterada. Ressalta-se que essas categorias não são consideradas entidades clínicas,
mas sim, fatores de risco para o desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares
(DCV) (MILECH, et al. 2016).
19

2.3.1 Diabetes Mellitus Tipo 1

Acomete cerca de 5 a 10% dos portadores de DM, e geralmente tem início em


indivíduos com menos de 30 anos de idade, entretanto pode acometer pessoas em
qualquer faixa etária. Ocorre devido à destruição das células beta do pâncreas,
geralmente por processo autoimune, determinada forma autoimune tipo 1A, ou, de
forma menos frequente, por causa desconhecida, determinada forma idiopática tipo 1B
(GROSS, et al. 2016).
Nestas formas de DM, a taxa de destruição das células beta do pâncreas ocorrem
de maneira variável, podendo ser rápida em alguns indivíduos, como em crianças, por
exemplo, e lenta em outros, como nos adultos, por exemplo. Geralmente, a primeira
manifestação da doença é a cetoacidose, principalmente em crianças e adolescentes, e
expressa diretamente à deficiência de insulina, mas também pode estar associada à
presença de estresse infeccioso ou uso inadequado de insulina (ADA, 2004).
Ainda nessa classificação temos a diabetes autoimune latente do adulto (LADA),
que engloba pacientes adultos, geralmente com mais de 30 anos, que de início não
requerem insulina, porém possuem auto anticorpos contra as células beta do pâncreas, e
que evoluem rapidamente, cerca de seis meses após o início, levando a necessidade do uso
de insulina (CALSOLARI, et al. 2008).

2.3.2 Diabetes Mellitus Tipo 2

É a forma mais comum de DM, acometendo cerca de 90% dos pacientes


diabéticos, e resulta da deficiência da secreção de insulina ou de sua ação, podendo
culminar em um aumento da produção hepática de glicose, decorrentes dessas alterações
em torno da insulina. A predisposição para ocorrência de DM tipo 2 está interligada
entre fatores genéticos e ambientais, onde o estilo de vida é um dos fatores principais
para o seu desencadeamento (CHAVES; ROMALDINI, 2002).
Geralmente seu desenvolvimento é lento, principalmente nas fases iniciais da
doença, o que faz com que essa forma de diabetes permaneça por muitos anos sem
diagnóstico, devido ao desenvolvimento gradativo da hiperglicemia e a ausência de
sintomas característicos. Isso potencializa as chances de agravamento da doença, uma
vez que o diagnóstico geralmente é tardio (GUIMARÃES; TAKAYANAGUI, 2002).
20

A cetoacidose é uma complicação característica da DM tipo 1, mas pode


acometer portadores de DM tipo 2 em situações de estresse para o organismo. Na DM
tipo 2, o aparecimento da DM pode ocorrer tardiamente e de forma mais lenta, porém,
esse aparecimento tardio também pode ocorrer em pacientes com DM tipo 1. Esses
fatores dificultam definir com clareza o diagnóstico entre DM tipo 1 e DM tipo 2
(MEIRELES, et al. 2013).

2.3.3 Diabetes Gestacional

É considerado Diabetes Gestacional (DG) o aparecimento de qualquer grau de


intolerância à glicose que se manifeste durante a gravidez, ou que tenha o seu
reconhecimento pela primeira vez no período de gestação (QUEIRÓS; MAGALHÃES;
MEDINA, 2006).
Representa riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, e a probabilidade de que as
mulheres que desenvolveram DG se tornem diabéticas futuramente são consideráveis
(WEINERT, et al. 2016).

2.4 FATORES DE RISCO PARA A DIABETES MELLITUS

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), os fatores de risco


para a DM é relacionado aos fatores genéticos, principalmente no caso de DM tipo 1, e
o diagnóstico de pré-diabetes, pressão alta, colesterol alto ou triglicérides alterados,
sobrepeso com acúmulo de gordura focalizada em especial na região abdominal,
Síndrome do Ovário Policístico, depressão ou medicamentos glicocorticoides, que estão
mais ligados a DM tipo 2. No Quadro 1, é possível observar os fatores que mais
contribuem para o aparecimento de DM tipo 2 em adultos (SBD, 2016).
21

Quadro 1 - Fatores de risco para Diabetes Mellitus tipo 2 em adultos

Fonte: ADA, 2012

2.5 PREVENÇÃO

Uma das maneiras de se reconhecer os estágios iniciais da doença é através da


intolerância à glicose. Em alguns casos, a DM pode apresentar sintomas como poliúria,
visão turva, sede, e em sua forma mais grave, cetoacidose. Frequentemente, esses
sintomas estão ausentes ou não se apresentam de forma tão acentuada, em especial no
estágio de pré-diabetes. Levando em consideração esses fatores, o diagnóstico de DM
ou pré-diabetes muitas vezes é descoberto em alterações de exames de rotina, como
sangue e urina (ZAGURY; ZAGURY; OLIVEIRA, 2016).
Essa classificação como pré-diabetes está relacionada com categorias de risco
para DM e DCV, e que muitas vezes estão associadas à obesidade, dislipidemia e HAS.
O início da pré-diabetes é variável, onde indivíduos idosos com sobrepeso ou obesidade,
e que contenham outros fatores de risco para DM, estão mais susceptíveis a desenvolver
a doença. Além do mais, essa evolução do estado de pré-diabetes para a DM pode
demorar vários anos (MEIRELES, et al. 2013).
Levando em consideração essa forte relação entre DM e obesidade, é
considerável essa prevenção da obesidade e a manutenção do peso corporal. Essa
obesidade vem aumentando sua prevalência e pressupõe-se que a mesma vem ocorrendo
devido às alterações no consumo alimentar, principalmente pela ingestão de alimentos
22

com maior densidade energética, ricos em carboidratos e gorduras saturadas e os


famosos ‘’fast-foods’’. O estilo de vida e o sedentarismo também possuem forte ligação
ao acometimento da obesidade. É estimado que cerca de 80% dos indivíduos portadores
de DM tipo 2 sejam obesos (SARTORELLI; FRANCO, 2003).

2.6 COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS À DIABETES MELLITUS

O estilo de vida do paciente diabético, incluindo fatores como sedentarismo,


alimentação e até mesmo a maneira que ele controla os seus níveis glicêmicos através
do tratamento, influenciam nas complicações advindas do DM. Visto isso, é de extrema
importância o controle dos níveis glicêmicos, uma vez que a persistência dessa
hiperglicemia pode culminar em complicações agudas, como, cetoacidose diabética,
coma hiperosmolar não-cetótico e hipoglicemia, quanto complicações crônicas, como as
microvasculares (neuropatia periférica, retinopatia e nefropatia) e macrovasculares
(doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e vascular periférica). Ambas as
complicações estão relacionadas ao tempo da doença, onde a aguda tem a manifestação
de seus sintomas de forma mais imediata, e a crônica provém de uma manifestação dos
seus sintomas após anos de evolução da doença, e que se relacionam diretamente a um
controle glicêmico inadequado (MORAIS, et al. 2009).

2.6.1 Neuropatia Autonômica Diabética

A neuropatia autonômica diabética (NAD) possui maior prevalência para


complicação crônica, podendo atingir cerca de 40% dos pacientes com DM. Não é
considerada causa de morte, porém, na fase avançada da doença, contribui muito para
uma incapacitação do indivíduo. A NAD afeta sistemas como o cardiovascular,
urogenital, digestivo, glandular, e ainda compromete a motricidade pupilar. Na sua
grande maioria, os pacientes com NAD geralmente apresentam retinopatia (FOSS-
FREITAS; JUNIOR; FOS, 2008).
23

2.6.2 Retinopatia Diabética

A retinopatia diabética é uma complicação ocular severa, que em estados


avançados, se torna uma das principais causas de cegueira irreversível. Na maioria das
vezes, se manifesta de forma tardia, aumentando progressivamente com o decorrer da
doença, em especial em pacientes com DM tipo 1, que após cerca de 20 anos de duração
da DM, apresentam um risco maior de desenvolver algum grau de retinopatia. Por ser
irreversível, a retinopatia não tem cura, e os esforços terapêuticos baseiam-se na
observação e prevenção dos fatores de risco para o aparecimento e agravamento da
retinopatia (BOELTER, et al. 2003).

2.6.3 Nefropatia Diabética

A nefropatia diabética ocorre tanto no DM tipo 1, quanto no DM tipo 2, sendo


mais prevalente em pacientes com DM tipo 2. Nesta complicação, o processo de filtração
glomerular é inadequado, levando a excreção de moléculas de proteínas com baixo peso
molecular pela urina, tornando-se um marcador importante para o diagnóstico desse tipo
de complicação. A nefropatia diabética é uma das principais causas de insuficiência renal
em pacientes que estão realizando diálise e é caracterizado por albuminúria, HAS e um
declínio progressivo da função renal (PASQUALOTTO, et al. 2012).

2.6.4 Miocardiopatia Diabética

A miocardiopatia diabética é desencadeada pela diabetes, sendo uma doença que


provoca necrose, apoptose e hipertrofia do músculo cardíaco, devido às anormalidades
metabólicas causadas pela diabetes, como hiperinsulinemia nas fases mais precoces e
hiperglicemia após a falência das células beta pancreáticas. Essas alterações podem
aumentar o estresse oxidativo e levar a perda celular. O diagnóstico se torna difícil de ser
estabelecido, uma vez que os sintomas e achados de exames são inespecíficos (OKOSHI,
et al. 2006).
24

2.6.5 Pé Diabético

O pé diabético é uma das complicações crônicas causada pelo mau controle da


diabetes que mais causa internações, caracterizada por lesões nos pés desencadeadas
devido a alterações vasculares periféricas e/ou neurológicas, em decorrência da diabetes
mellitus, baseada na tríade: neuropatia, doença vascular periférica e infecção. O fator mais
importante que leva a formação de úlceras nos membros inferiores é a neuropatia diabética
(SANTOS, et al. 2011).

Alguns fatores contribuem para a ocorrência do pé diabético, como idade,


controle inadequado de glicemia, tipo e tempo de diagnóstico, obesidade, HAS e falta
de hábitos de higiene e cuidados com os pés. É importante ressaltar que a neuropatia
diabética leva a uma perda da sensibilidade dos membros inferiores, o que torna
susceptível o acontecimento de lesões, sendo uma porta de entrada para infecções, que
caso não tratadas precocemente, podem levar a amputação do membro (BRASILEIRO,
et al. 2004).

2.7 DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL DA DIABETES


MELLITUS

O diagnóstico precoce de DM e de alterações de tolerância à glicose são cruciais


para que medidas terapêuticas sejam iniciadas, tanto como medida na forma preventive,
para evitar o aparecimento de DM em indivíduos pré-diabéticos, quanto para retardar o
aparecimento das complicações crônicas em pacientes já diagnosticados como
diabéticos (FILHO, et al. 2002).
Para se considerar o diagnóstico de DM, devem ser obtidos valores de glicemia
de jejum (mínimo de 8 horas) acima de 126 mg/dL. A presença de valores na faixa de
100 mg/dL e 126 mg/dL recomendam a realização do Teste Oral de Tolerância à
Glicose (TOTG), que consiste na ingestão de 75 g de glicose anidra, seguida de uma
coleta de sangue após 2 horas de ingestão dessa glicose anidra. Caso sejam obtidos
valores acima de 140 mg/dL, é identificada a presença de intolerância à glicose.
25

Já valores acima de 200 mg/dL diagnosticam a presença de DM. A Tabela 2


apresenta os valores de glicose referente ao diagnostico de DM (BRANDÃO, et al.
2004).
Tabela 2 - Valores de glicose plasmática para o diagnóstico de Diabetes Mellitus

SBD: Sociedade Brasileira de Diabetes ADA: Associação Americana de Diabetes


Fonte: Adaptada de BRANDÃO, et al. 2004

Indivíduos que apresentam os valores de glicemia de jejum normal, mas que


possuam fatores de risco para DM, como obesidade, sedentarismo, história familiar
de DM e idade superior a 45 anos, devem realizar o TOTG para fins diagnósticos,
sendo os exames considerados padrão ouro para diagnóstico (GROSS, et al. 2004).
A Hemoglobina Glicada (HbA1c) foi proposta como um critério para
diagnóstico, já que avalia a exposição à glicemia com o tempo e seus valores
permanecem estáveis após a coleta. Além disso, é considerada o padrão ouro para
acompanhamento laboratorial da DM (SBD, 2016).

2.8 TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS

O tratamento é a base primordial para que o paciente portador de DM


mantenha a doença controlada, e consequentemente evite que as possíveis
complicações venham a acontecer. Dessa forma, é importante frisar que o paciente
deve estar ciente de seu plano terapêutico, compreendendo a doença e sobre o uso dos
medicamentos prescritos. O desenvolvimento do ensino ou de práticas educativas de
26

saúde voltadas ao indivíduo diabético, possibilitam o uso racional da terapêutica


medicamentosa, aumentando o controle da DM (FARIA, et al. 2009).

2.8.1 Medicamentos Hipoglicemiantes

O uso de hipoglicemiantes se faz necessário quando os níveis glicêmicos


desejados não foram obtidos após medidas profiláticas, como dietas e exercício físico.
Eles reduzem os níveis glicêmicos, e são classificados de acordo com o seu mecanismo
de ação, podendo aumentar a secreção pancreática de insulina e a utilização periférica
da glicose, e reduzir a velocidade de absorção dos glicídios e a produção hepática de
glicose (GIMENES, et al. 2006).
O Quadro 2 representa as classes dos agentes hipoglicemiantes.

Quadro 2 - Classe dos agentes hipoglicemiantes

Fonte: SBD, 2011

No Quadro 3 é possível observar as características dos principais hipoglicemiantes


disponíveis.
27

Quadro 3 - Caracterização dos principais agentes hipoglicemiantes

Medicamentos Mecanismo de Redução Redução Contraindicação Efeitos


ação da de colaterais
glicemia HBA1c
de jejum (1%)
(mg/dL)
Sulfonilureias
Clorpropamida
Glibenclamida Aumento da 60-70 1,5-2 Gravidez, Hipoglicemia
Glipizida secreção de insuficiência renal e ganho
Gliclazida insulina ou hepática. ponderal.
Gliclazida MR
Glimeperida
Metiglinidas Aumento da Hipoglicemia
Repaglinida secreção de 20-30 1-1,5 Gravidez e ganho
Nateglinida insulina ponderal
discreto.
Reduz a
produção Gravidez,
Biguanidas hepática de insuficiência Desconforto
Metformina glicose com 60-70 1,5-2 renal, hepática, abdominal,
menor ação cardíaca, diarreia.
sensibilizadora pulmonar e
da ação acidose grave.
insulínica
Inibidores de Retardo da Meteorismo,
alfaglicosidase absorção de 20-30 1,5-2 Gravidez flatulência e
Acarbose carboidratos diarreia.
Aumento da Retenção
sensibilidade à hídrica,
insulina em Insuficiência anemia,
Glitazonas músculo, 35-65 0,5-1,4 cardíaca classes ganho
Pioglitazona adipócito e III e IV, hepática ponderal,
hepatócito e gravidez. insuficiência
(sensibilizadores cardíaca e
da insulina) fraturas.
Aumento do
Gliptinas: nível de GLP-1,
Inibidores da com incremento
DPP-IV da síntese e Hipersensibilidad Faringite,
Sitagliptina secreção da 20 0,6-0,8 e aos infecção,
Vildagliptina insulina, além da componentes do náusea e
Saxagliptina redução de medicamento. cefaleia.
Linagliptina glucagon.
Efeitos Hipoglicemia
Miméticos e anteriormente Hipersensibilidad quando
análogos do relatados em e aos associado a
GLP-1 resposta a dose 30 0,6-1 componentes do secretagogos,
Exetanida farmacológica medicamento. náusea,
Liraglutida do análogo do vômito e
GLP-1. diarreia.
Fonte: Adaptado linha guia IMEPEN, 2013
28

2.8.1.1 Critérios Para a Escolha do Agente Antidiabético

Para se realizar a escolha do medicamento, são levados em consideração alguns


fatores importantes, como o estado geral do paciente e a presença de comorbidades
(como complicações ligadas ou não ao diabetes), os valores da HbA1c e da glicemia de
jejum pós-prandial, peso, idade do paciente, reações adversas, contraindicações e
interações medicamentosas. Além disso, através do controle glicêmico também é
possível classificar os pacientes com manifestações leves (quando a glicemia for
inferior a 200 mg/dL), pacientes com manifestações moderadas (quando a glicemia de
jejum for superior a 200 mg/dL e inferior a 300 mg/dL) e pacientes com manifestações
graves (quando os valores de glicemia forem superiores a 300 mg/dL) (MILECH, et al.
2016). Na Figura 1 é possível observar o algoritmo terapêutico para o tratamento de
acordo com a progressão da doença.

Figura 1 - Algoritmo terapêutico para o tratamento de Diabetes Mellitus de acordo com a progressão da
doença

Fonte: SBD, 2015


29

De acordo com os parâmetros de controle da DM, é possível traçar o algoritmo


expresso na Figura 2, e com base nessas manifestações laboratoriais é feito o algoritmo
para o tratamento de DM, observado na Figura 3.

Figura 2 - Algoritmo de avaliação entre os parâmetros e as metas laboratoriais

Fonte: SBD, 2015

Figura 3 - Algoritmo para o tratamento de Diabetes Mellitus com base nos parâmetros laboratoriais
30

Fonte: SBD, 2014

2.8.2 Insulinoterapia

Considerada a base de tratamento para a DM tipo 1, a insulina também pode ser


empregada para a DM tipo 2, porém de forma transitória, em detrimento da ausência de
resposta aos hipoglicemiantes orais, em procedimentos cirúrgicos, ou quando ocorre
falência das células-beta. Devido a progressão natural da DM tipo 2, o uso de insulina
vem se tornando necessário para o tratamento, e de acordo com sua função base, que é
mimetizar a secreção fisiológica do hormônio, podem ser realizados esquemas com
combinações diferentes entre os tipos de insulina (DIÓGENES, et al. 2012).

2.8.2.1 Tipos de Insulinas Disponíveis

A insulina humana tem o objetivo de reduzir o pico de glicemia pós-prandial, e


está indicada para o tratamento de cetoacidose diabética, podendo ser usada em
conjunto com outras insulinas. A Lispro e a Asparte são análogos de insulina de ação
rápida, e possuem inicio de ação mais rápido em relação a regular, e estão indicadas
para uso imediatamente antes das refeições e para o controle de picos glicêmicos
durante o dia. A Glargina e o Determir são formulações de análogos de longa duração,
que tem como ação principal controlar os níveis de glicose no estado de jejum ou entre
as refeições, possuindo um tempo de ação de até 24 horas. Também é disponível
insulinas no formato de pré-misturas, que fazem a junção de mais de um tipo de
insulina, como a Lispro com Protamina, que originam a Neutral Protamine Lispro
31

(NPL), que resulta em uma formulação com ação prolongada. A diferença de efeito
entre elas pode ser observado no Gráfico 2 (PIRES; CHACRA, 2007).

Gráfico 2 - Diferenças no efeito relativo da glicemia dentre as insulinas

Fonte: PIRES; CHACRA, 2007

No Quadro 4 é possível observar o perfil de ação das diferentes insulinas.

Quadro 4 - Perfil de ação das insulinas

Fonte: SBD, 2016

Além dos aspectos farmacológicos, deve-se ter atenção em relação à unidade de


medida usada para a insulina, denominada pela letra ‘’U’’ e que significa ‘’unidade
clínica’’, e representa a medida da atividade insulínica, onde 1U equivale a 36 mg de
32

insulina. Atualmente os frascos de insulina são comercializados na concentração de 100


U. Outro detalhe importante é o armazenamento, devendo os frascos de insulina serem
refrigerados, evitando-se os extremos de temperatura (<2°C e >30°C) e excesso de
agitação (SOUZA; ZANETTI, 2000).

2.8.2.2 Aplicação de Insulina

É essencial que exista uma padronização para a administração de insulina, para


evitar erros técnicos que possam prejudicar o controle do paciente. Para sua aplicação,
estão disponíveis instrumentos como canetas injetoras, que auxiliam na administração
de doses múltiplas e as bombas de infusão, que proporcionam maior flexibilidade ao
paciente por liberar continuamente a insulina (basal) e através de pulsos (bólus) no
horário das refeições, e as seringas, que permitem uma administração precisa e de mais
de um tipo de insulina (MEIRELES, et al. 2013).
A agulha deve possuir comprimento adequado, seguindo os princípios mostrados
no Quadro 5.

Quadro 5 - Tipos de agulha e modo de aplicação

Fonte: SBD, 2012

Além disso, o frasco de insulina deve sempre ser inspecionado antes do


momento da administração, para verificar se não há nenhum tipo de alteração que possa
33

vir a prejudicar a ação da mesma. O paciente diabético deve manter sob constante
controle seus níveis glicêmicos, devido às oscilações que podem acontecer, provocadas
pelas alterações de insulina (STACCIARINI, 2007).
Na Figura 4 é possível observar o passo-a-passo da administração da insulina.

Figura 4 – Passo-a passo da aplicação de insulina

Fonte: Hospital Universitário de São Paulo, 2006

Tanto a técnica, como o material adequado na aplicação de insulina, são


essenciais para evitar que complicações e reações cutâneas aconteçam. Dessa maneira, o
rodízio do local de aplicação e o domínio da técnica são imprescindíveis para evitar que
a lipodistrofia insulínica, lipohipertrofia, nódulos endurecidos, equimoses, ardência e
prurido, que são reações mais comuns, ocorram. A alergia a insulina também pode se
manifestar, podendo incidir no local da aplicação ou ser caracterizada por uma reação
sistêmica (CAMATA, 2003).
34

2.9 MÉTODO DÁDER DE SEGUIMENTO FARMACÊUTICO

O Dáder é um modelo de documentação de seguimento farmacoterapêutico, que


foi elaborado pelo grupo de investigação da Universidade de Granada (Espanha), e usa
como princípio técnicas para a resolução de PRM através da utilização de fichas de
acompanhamento que são preenchidas manualmente, voltando sua aplicabilidade
principalmente para farmácias comunitárias. Após a identificação dos PRM, são
realizadas as devidas intervenções farmacêuticas para que ocorra a resolução dos
resultados obtidos (BRUNE; FERREIRA; FERRARI, 2014).
É um método simples, de fácil utilização e validado, porém requer experiência
do profissional para que a avaliação seja feita adequadamente, o que lhe permite uma
maior competência e qualidade durante a intervenção farmacêutica, pois a avaliação
situacional do paciente é um ponto crucial para a interpretação do caso e assim,
realização das devidas intervenções farmacêuticas.
O Método Dáder pode ser dividido em diferentes fases:

 Oferta do serviço: representa a identificação da necessidade que o paciente tem


de acompanhamento para melhorar os resultados de sua farmacoterapia. É
essencial a abordagem e incentivo para que o paciente participe da primeira
consulta. Na primeira consulta, é necessário que o paciente esteja acompanhado
da listagem de todos os medicamentos que faça uso.
 Primeira consulta: nesta fase é feita uma análise da situação, identificando os
pontos que mais preocupam o paciente, saber sobre o conhecimento do paciente
a cerca dos fármacos que toma, quais as suas indicações terapêuticas e verificar
se cumpre a prescrição. Verificar se existem resultados negativos associados ao
medicamento (RNM), e fazer uma revisão da terapêutica e reavaliar tudo o que
foi dito para que o paciente possa transmitir pormenores que possa ter omitido
anteriormente (uso de outros fármacos ou suplementos, existência de outros
problemas de saúde, estilo de vida, entre outros). Ao final, deve-se focar na
motivação em trazer o paciente para outras consultas, pra que o controle possa
ser eficaz. Nesta primeira avaliação identifica-se resultados que não são
coerentes com os objetivos farmacoterapêuticos e que estão associados ao uso de
medicamentos (RNM), além de situações em que o uso de medicamentos causa
ou poderá causar resultados negativos com a medicação.
35

 Estado de situação: nesta fase o profissional deve organizar toda a informação


recolhida na entrevista relacionados a farmacoterapia e posologias efetivas,
dados sobre o paciente como idade, sexo, alergias e estilo de vida. Na avaliação
do estado de situação deve-se fazer uma associação entre o problema de saúde e
os medicamentos que o paciente efetivamente usa para o tratamento daquele
problema (não aqueles que foram prescritos, mas aqueles que na realidade são
tomados). Os problemas de saúde registados nesta fase devem ser aqueles em
que o doente apresenta queixas, mas também situações de risco identificadas.
Nesta etapa pode ocorrer o aparecimento de problemas de saúde em que o
paciente não está ciente ou ainda medicamentos que o doente toma sem que haja
algum problema identificado. Estas duas situações podem ser consideradas
RNM.
 Fase de estudo: O propósito principal desta fase é obter informações sobre o
estado de saúde e os medicamentos utilizados para tal situação. Para
fundamentar essa fase, é necessário se fundamentar em publicações científicas,
normas internacionais e outras referências bibliográficas.
 Fase de avaliação: identificar, relacionar e registar os RNM, e através disso
desenvolver estratégias para sua resolução, criando um plano de monitoramento
do paciente.
 Intervenção farmacêutica: após a identificação dos problemas relevantes, são
realizadas as intervenções necessárias. Este processo é individual e é específico
para cada paciente, caracterizando uma consulta de seguimento
farmacoterapêutico. Os RNM identificados anteriormente são comunicados ao
paciente, bem como o plano de cuidados para poder minimizá-los ou resolvê-los.
É importante que nessa fase seja conquistada a confiança do paciente, para que
os resultados esperados através da intervenção possam vir a serem alcançados.
 Resultado da Intervenção Farmacêutica: é verificado se houve melhoria ou
resolução dos RNM ou do problema de saúde do paciente. Caso tenha existido
comunicação escrita ao médico toma-se conhecimento da sua resposta e da sua
intervenção, avaliando os resultados.
 Novo estado de situação: após a resolução do primeiro estado de situação,
prepara-se uma nova intervenção, e se existirem ainda problemas identificados,
cria-se um novo estado de situação.
36

 Entrevistas sucessivas: acompanhamento feito para monitorar o paciente,


avaliando se estão sendo cumpridas as estratégias traçadas para se evitar ou
resolver os RNM. Caso venham a aparecer novos RNM, essas entrevistas
permitem sua identificação, e dessa forma são gerados novos estados de situação
em busca de novas soluções (Fernández-Llimós et al., 2004; Alves, 2014;
Salazar-Ospina et al. 2014).

Este tipo de método concede, em geral, qualidade a atenção à saúde, uma vez
que ao se usar dos mais diversos recursos disponíveis para promover o máximo
beneficio ao paciente, interligando as equipes de saúde com um trabalho
multiprofissional, faz com que a população só tenha a ganhar, causando um efeito
positivo na cascata de serviços de saúde (ARAÚJO, 2008).

2.9.1 Cuidado farmacêutico na atenção básica – Modelo de Curitiba

O Programa de Qualificação dos Serviços Farmacêuticos propos a criação do


Projeto de Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica, em parceria com o Ministério da
Saúde, realizado na cidade de Curitiba, Paraná. O seu principal foco é atender usuários
do Sistema de Saúde que associam cinco medicamentos ou mais ao dia, realizando a
identificação desses pacientes e encaminhado-os aos farmacêuticos, que auxiliariam na
identificação dos PRM, avaliação desses medicamentos em relação a sua necessidade e
eficácia, além de orientar os pacientes em relação ao seu tratamento (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2014).
37

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Elaborar uma proposta de protocolo clínico de cuidado farmacêutico para


pacientes com Diabetes Mellitus para ser utilizado em farmácias comunitárias, em
nível de Atenção Primária à Saúde.

3.2 ESPECÍFICOS

Realizar uma revisão sobre a Diabetes Mellitus.

Realizar uma revisão sobre aspectos fisiológicos e fisiopatológicos da regulação


da glicemia.

Realizar uma revisão sobre aspectos farmacológicos no tratamento da Diabetes


Mellitus.

Desenvolver uma proposta de abordagem e orientação para pacientes com


Diabetes.

Desenvolver uma proposta de plano de seguimento farmacoterapêutico aplicado


a pacientes com diabetes.
38

4 MATERIAL E MÉTODOS

Com o intuito de atingir o objetivo principal deste trabalho, foi realizado um


método de pesquisa de natureza qualitativa, com base na revisão de literatura nacional
e internacional, utilizando os bancos de dados PUBMED, MEDLINE e SCIELO,
abordando os descritores Diabetes Mellitus, Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia.
A partir da pesquisa e revisão bibliográfica realizadas, foi possível encontrar
as diferentes formas de contribuição científica para o delineamento da elaboração do
protocolo de cuidado farmacêutico a pacientes portadores de DM, definindo os
conceitos básicos acerca da doença, assim como a abordagem farmacêutica e seus
parâmetros de avaliação.
Através das informações obtidas no decorrer do trabalho, foi proposto o
Protocolo de Cuidado Farmacêutico, abrangendo informações necessárias ao
farmacêutico, assim como orientações que devam ser repassadas ao paciente, e um
questionário para abordagem farmacoterapêutica, baseada no Método Dáder.
No decorrer do Protocolo foram abordadas definições e informações base da
doença, modo de aplicação de insulina, e questionários que aprofundam sobre o
histórico social do paciente, como local onde mora, com quem mora, grau de
escolaridade, assim como o recolhimento de informações sobre os medicamentos
ingeridos, exames laboratoriais recentes e complicações provenientes da DM.
O instrumento tem o propósito de ser aplicado na Farmácia Universitária da
Universidade Federal de Juiz de Fora, abrangendo e complementando o atendimento
farmacêutico a cerca dos pacientes portadores de DM.
39

5 RESULTADOS

O resultado deste trabalho foi o desenvolvimento do protocolo de cuidado


farmacêutico para a Diabetes Mellitus, que incluem orientações, aspectos técnicos e
formulários. Todas as concepções e partes do protocolo estão descritas a seguir.

5.1 CONCEPÇÃO DO PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO

A Atenção Farmacêutica é uma atividade de grande importância na atuação do


farmacêutico, uma vez que permite acessibilidade ao medicamento acompanhada de
aconselhamento em saúde, seguimento farmacoterapêutico (SF), além de trazer o
apoio profissional ao paciente. O SF permite que os problemas relacionados aos
medicamentos sejam identificados, e assim, prevenir que os resultados negativos
associados à medicação (RNM) ocorram (HERNÁNDEZ; CASTRO; DÁDER, 2014).
Essa ação do farmacêutico deve contar com uma equipe multidisciplinar,
realizando uma monitoração contínua acerca dos medicamentos que o paciente utiliza
e sobre seus efeitos (positivos ou não) que possam vir a acometer o paciente.
Seguindo os princípios deste método, foi proposta a elaborado o protocolo clínico de
cuidado farmacêutico a pacientes portadores de Diabetes Mellitus, presente neste
trabalho (MURILLO; FERNÁNDEZ-LLIMÓS; VALLS, 2004).
A importância da farmácia clínica faz necessária uma abordagem mais
específica sobre as doenças mais acometidas na população, e com o intuito de atender
especialmente pacientes portadores de DM, foi elaborado um protocolo de
atendimento farmacêutico, onde é possível realizar um AF com o paciente, além de
uma análise sobre os PRM e auxiliar na prevenção dos RNM1. Esse tipo de
atendimento permite acompanhar mais de perto a evolução do tratamento e
ademais instruir o paciente quanto à sua doença e a importância de se tomar sua
medicação corretamente.

1
RNM e PRM são definidos pelo Método Dáder, e o mesmo se encontra em HERNÁNDEZ, D. S.;
CASTRO, M. M. S.; DÁDER, M. J. F. Método dáder: Manual de seguimento farmacoterapêutico. 3 ed.
Alfenas: Universidade Federal de Alfenas, 2014. 128 p.
40

5.1.2 Seguimento Farmacoterapêutico

Uma das primeiras medidas que são tomadas em relação ao paciente pré-
diabético ou diabético, é que mudanças no seu estilo de vida sejam realizadas, como
manter uma alimentação saudável e adequada, praticar atividade física regularmente,
evitar o fumo e ingestão de bebidas alcoólicas, além de controlar o peso corporal.
Essa é uma maneira de contribuir positivamente para a saúde do paciente, onde em
muitos casos em que esse controle é seguido fielmente, a necessidade de ingesta de
medicamentos nem sempre é necessária. Porém, é válido ressaltar que mesmo que
seja necessário o uso de medicamentos, as mudanças de estilo de vida continuam
sendo o fator principal para se controlar a diabetes (SANTOS, 2012).
A DM Tipo 2 acomete a maior parte dos portadores de DM, que além de
exigir um tratamento não farmacológico, que se baseia na mudança de estilo de vida,
em geral, deve ser complementado com hipoglicemiantes, e dependendo do
estadiamento da doença, é necessário o acréscimo de insulina. Para indivíduos que
apresentam um valor >300 mg/dL, a insulina é indicada desde o início
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE, 2001).
Inicialmente é adotado um tratamento farmacológico de primeira linha, que
consiste no acréscimo de metformina, na dosagem de 500 mg, em dose única ou após
as refeições, em um prazo de sete dias. Caso não seja observado efeitos adversos, sua
dosagem passa para a efetiva, que é de 850 mg, duas vezes ao dia. Esse medicamento
é escolhido como o de primeira linha por apresentar um perfil de segurança à longo
prazo, redução de peso, ausência de hipoglicemia e redução de efeitos
macrovasculares. A maior experiência de uso vem se reduzindo as contraindicações
do mesmo, porém deve ser mantida a contraindicação para pacientes que apresentam
insuficiência renal. Geralmente é definido um prazo de 3 meses para se observar o
efeito farmacológico, e a partir daí é decidido se mantém o tratamento da forma já
estabelecida, ou se será necessário introduzir medicamentos de segunda linha
(TAVARES, et. al. 2013).
O caráter progressivo da doença ou a não resposta a primeira linhagem de
medicamentos, leva a necessidade de associação dos medicamentos de primeira linha
com os de segunda, onde são adotados fármacos com mecanismos de ação diferentes
e que potencializam a queda da glicemia, melhorando o quadro metabólico. A classe
41

de fármacos utilizadas em associação com a metformina sã as sulfonilureias


(Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Glicazida MR, Glimepirida). São
medicações bem toleradas, apesar de causar como efeitos adversos o ganho de peso e
hipoglicemia, detalhe este que deve ser bem frisado ao paciente, além das instruções
que devem ser tomadas, caso ocorra este efeito adverso. Com exceção da Glicazida,
são contraindicados para pacientes portadores de insuficiência renal. E assim como
para os fármacos de primeira linha, caso não venham a fazer efeito após a associação,
deve-se realizar mais uma intervenção, acrescentando medicamentos de terceira linha
(SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA, 2013).
Os fármacos de terceira linha podem ser constituídos por outros fármacos
orais ou as insulinas. No caso das insulinas, sua necessidade de uso pode estar
associada a uma evolução da doença (no caso de DM tipo 2), ou serem a primeira
escolha , como ocorre para a DM tipo 1. Com base nessa descrição, são criados
algoritmos de tratamento para o acompanhamento desses pacientes, e um exemplo de
algoritmo pode ser observado na Figura 5.

Figura 5 - Algoritmo do tratamento de Diabetes Mellitus


42

Fonte: SBD, 2014

5.2 DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO DE CUIDADO FARMACÊUTICO

Para a criação deste protocolo, seguiu-se como base o Método Dáder, e o


Formulário de Consulta Farmacêutica utilizado na Farmácia Universitária da
Universidade Federal de Juiz de Fora, além das informações obtidas na Revisão
Bibliográfica deste trabalho. Foram realizadas adaptações que se adequassem a
realidade dos pacientes frequentadores da Farmácia Universitária, juntamente com a
inclusão de métodos específicos para se acompanhar o tratamento e evolução da DM.

5.3.1 Protocolo de Cuidado Farmacêutico

Para que a avaliação feita pelo farmacêutico seja realizada da forma correta, o
mesmo deve se inteirar sobre a doença. Para resumir de forma clara e objetiva, foi
criado um quadro, onde possibilita ao farmacêutico fazer uma consulta rápida antes dos
atendimentos, para tirar dúvidas sobre algo relacionado à doença. Esse modelo pode ser
observado no Quadro 6.
43

Quadro 6 - Informações ao farmacêutico sobre a Diabetes Mellitus

Fonte: Autor, 2016


44

Figura 6 - Esquema de tratamento com base nos medicamentos disponíveis na Farmácia Universitária da
UFJF

Fonte: Autor, 2016

Com base nos medicamentos disponíveis na Farmácia Universitária, relata-se


nas tabelas 3, 4 e 5 as informações a respeito de cada um dos medicamentos, com
base no Formulário Terapêutico Nacional.

Tabela 3 - Informações sobre o Cloridrato de Metformina

CLORIDRATO DE METFORMINA

Apresentação Comprimidos de 500 e 850 mg

Indicação Tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2

Contraindicação Em casos de Cetoacidose, Insuficiência renal, Administração


concomitante com contrastes radiológicos iodados, Anestesia geral,
Alcoolismo, Hipersensibilidade à metformina e Diabetes gestacional.

Administração Dose inicial: 500 mg, por via oral, duas vezes ao dia, após o café e ao
jantar, ou 850 mg, uma vez ao dia. Se necessário, elevar a dose
semanalmente, até que se obtenha controle dos níveis de glicose
45

sanguínea ou até que se atinja a dose máxima recomendada de 2.000


mg/dia.

Efeitos Adversos Diarreia, flatulência, dor abdominal, indigestão, náuseas, vômitos,


anorexia, sabor metálico, fotossensibilidade, hepatotoxicidade,
prurido, urticária, discrasias sanguíneas, acidose lática.

Interações Contrastes radiológicos iodados, Ciprofloxacino e demais


Medicamentosas fluoroquinolonas, Inibidores de monoamina oxidase (MAO), Cefalexina
e Cimetidina, Topiramato, Nifedipino, Bloqueadores beta-adrenérgicos
e Enalapril.

Orientações ao Administrar com alimentos para reduzir os sintomas gastrintestinais e


paciente ensinar a reconhecer sintomas de acidose lática, como diarreia,
hiperventilação, dores ou cãibras musculares, sonolência e cansaço.

Fonte: Formulário Terapêutico Nacional, 2010

Tabela 4 - Informações sobre a Gliclazida

GLICLAZIDA

Apresentação Comprimido de 80 mg.

Indicação Tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2

Contraindicação Em casos de Diabetes Mellitus tipo 1, Cetoacidose, Hipersensibilidade


ao fármaco e outras sulfonilureias, Porfiria, Insuficiências hepática,
Gravidez e Lactação.

Administração Dose inicial 40 a 80 mg/dia, no café da manhã; ajustar a dose de


acordo com a resposta do paciente, até o máximo de 320 mg/dia.

Efeitos Adversos Hipoglicemia, particularmente em pacientes idosos, distúrbios


gastrintestinais, distúrbios hepáticos e reações de hipersensibilidade
podem ocorrer nas seis primeiras semanas de tratamento, reações
cutâneas como rash e prurido.

Interações Esteróides anabolizantes, inibidores da ECA, antiácidos, salicilatos e


Medicamentosas sulfonamidas, Ciprofloxacino e demais fluoroquinolonas,
betabloqueadores, corticosteróides, diuréticos, etanol, rifampicina,
varfarina e ciclosporina.

Orientações ao Administrar o medicamento com a primeira refeição do dia. Ensinar a


paciente reconhecer sinais de hipoglicemia (palpitações, sudorese, fome,
tontura, confusão mental) e ingerir um pouco de açúcar ou mel
46

(colocados entre gengiva e bochecha).

Fonte: Formulário Terapêutico Nacional, 2010

Tabela 5 - Informações sobre a Glibenclamida

GLIBENCLAMIDA

Apresentação Comprimidos de 5 mg

Indicação Tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2

Contraindicação Em casos de Diabetes Mellitus tipo 1, Cetoacidose, Hipersensibilidade


ao fármaco e outras sulfonilureias, Porfiria, Insuficiências hepática,
Gravidez e Lactação.

Administração Dose inicial 2,5 a 5 mg/dia, no café da manhã; Sua dose de


manutenção é: 1,25 a 15 mg/dia.

Efeitos Adversos Hipoglicemia, particularmente em pacientes idosos, distúrbios


gastrintestinais, cefaléia e reações cutâneas, como eritema
multiforme, dermatite esfoliativa, prurido e urticária, distúrbios
hepáticos e reações de hipersensibilidade.

Interações Ciprofloxacino e demais fluoroquinolonas, Genfibrozila, Sulfametoxazol


Medicamentosas e Antiinflamatórios não-esteróides, Voriconazol, Glucomanano,
Rifapentina, Rifampicina, Clorpromazina e demais Fenotiazinas,
Fenobarbital e demais Barbitúricos, Varfarina, Ciclosporina e
Bloqueadores beta-adrenérgicos.

Orientações ao Administrar o medicamento com a primeira refeição do dia. Ensinar a


paciente reconhecer sinais de hipoglicemia (palpitações, sudorese, fome,
tontura, confusão mental) e ingerir um pouco de açúcar ou mel
(colocados entre gengiva e bochecha).

Fonte: Formulário Terapêutico Nacional, 2010

A Figura 7 retrata as informações importantes pelas quais o farmacêutico deve


repassar ao paciente.
47

Figura 7 - Informações que devem ser passadas ao paciente


48

Fonte: Autor, 2016

Fonte: Hospital Universitário de São Paulo, 2006

A segunda fase do protocolo de cuidado farmacêutico será focada para a


farmacoterapia do paciente, devendo o farmacêutico nessa primeira fase, ganhar a
confiança do paciente, para que essa análise da prescrição possa ocorrer, e assim
contribuir para a melhoria na farmacoterapia desses indivíduos portadores de DM. Na
Figura 8 podemos observar o formulário de atendimento utilizado na Farmácia
49

Universitária da Universidade Federal de Juiz de Fora, baseada no Método Dáder e no


Modelo de Cuidado Farmacêutico desenvolvido em Curitiba, e que será utilizada como
base para este trabalho.

Figura 8 - Formulário de atendimento farmacêutico adaptada segundo o Método Dáder

DADOS PESSOAIS
50
51
52
53

ABORDAGEM MEDICAMENTOSA

1. Medicamento: Prescrito? Posologia


Rotina de medicação
prescrita:

Sabe para quê utiliza? Origem da prescrição: Início: Café Almoço Tarde Jantar HD

Como essa medicação funciona para você? Fim: A D A D A D A D X

Você já esqueceu ou deixa de tomar a medicação por algum motivo?


Qual?

Observações (Forma de uso e administração, etc):

2. Medicamento: Prescrito? Posologia


Rotina de medicação
prescrita:

Sabe para quê utiliza? Origem da prescrição: Início: Café Almoço Tarde Jantar HD

Como essa medicação funciona para você? Fim: A D A D A D A D x

Você já esqueceu ou deixa de tomar a medicação por algum motivo?


Qual?

Observações (Forma de uso e administração, etc):

3. Medicamento: Prescrito? Posologia


Rotina de medicação
prescrita:

Sabe para quê utiliza? Origem da prescrição: Início: Café Almoço Tarde Jantar HD

Como essa medicação funciona para você? Fim: A D A D A D A D x

Você já esqueceu ou deixa de tomar a medicação por algum motivo?


Qual?

Observações (Forma de uso e administração, etc):


54

PROBLEMAS RELACIONADOS À FARMACOTERAPIA


PROBLEMAS ENVOLVENDO SELEÇÃO E PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Medicamento inapropriado ou contraindicado
( ) Medicamento sem indicação clínica definida
( ) Prescrição em subdose
( ) Prescrição em sobredose
( ) Forma farmacêutica ou via de administração prescrita inadequada
( ) Frequência ou horários de tomada prescritos inadequados
( ) Duração do tratamento inadequada
( ) Interação medicamento-medicamento
( ) Interação medicamento-alimento
( ) Disponibilidade de alternativa mais custo-efetiva
( ) Condição clínica sem tratamento
( ) Necessidade de medicamento adicional
( ) Outros problemas de seleção e prescrição
ADMINISTRAÇÃO E ADESÃO DO PACIENTE AO TRATAMENTO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Omissão de doses (subdosagem) pelo paciente
( ) Adição de doses (sobredosagem) pelo paciente
( ) Técnica de administração do paciente incorreta
( ) Forma farmacêutica ou via de administração incorreta
( ) Frequência ou horário de administração incorreto, sem alterar dose diária
( ) Duração do tratamento seguida pelo paciente incorreta
( ) Descontinuação indevida do medicamento pelo paciente
( ) Continuação indevida do medicamento pelo paciente
( ) Redução abrupta de dose pelo paciente
( ) Paciente não iniciou o tratamento
( ) Uso abusivo do medicamento
( ) Automedicação indevida
( ) Outros problemas de administração ou adesão não especificados
FALHAS DE DISPENSAÇÃO OU MANIPULAÇÃO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Dispensação de medicamento incorreto
( ) Dispensação de dose incorreta
( ) Dispensação de forma farmacêutica incorreta
( ) Dispensação de quantidade incorreta
( ) Medicamento em falta no estoque (não dispensado)
( ) Outros erros de dispensação ou manipulação não especificados
DISCREPÂNCIAS ENTRE NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Omissão de medicamento prescrito
( ) Medicamentos discrepantes
( ) Duplicidade terapêutica entre prescrições
( ) Doses discrepantes
( ) Formas farmacêuticas ou vias de administração discrepantes
( ) Duração de tratamentos discrepantes
( ) Outras discrepâncias não especificadas
PROBLEMAS NA QUALIDADE DO MEDICAMENTO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Desvio de qualidade aparente
( ) Uso de medicamento vencido
( ) Armazenamento incorreto
( ) Suspeita de medicamento falsificado
( ) Outros problemas relacionados à qualidade
MONITORIZAÇÃO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Necessidade de exame laboratorial
( ) Necessidade de monitorização não laboratorial
( ) Necessidade de automonitorização
TRATAMENTO NÃO EFETIVO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Tratamento não efetivo com causa identificada
( ) Tratamento não efetivo sem causa definida
REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Reação adversa dose-dependente (tipo A)
( ) Reação alérgica ou idiossincrática (tipo B)
( ) Reação por exposição crônica ao medicamento (tipo C)
( ) Reação retardada / Teratogênese (tipo D)
( ) Efeitos de descontinuação de um medicamento (tipo E)
( ) Reação adversa não especificada
INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS MEDICAMENTOS ENVOLVIDOS
( ) Overdose / Intoxicação medicamentosa acidental
( ) Overdose / Intoxicação medicamentosa intencional
( ) Nenhum problema relacionado à farmacoterapia neste momento
55

INTERVENÇÕES FARMACÊUTICAS OBSERVAÇÕES


INFORMAÇÃO E ACONSELHAMENTO
( ) Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre um tratamento específico
( ) Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre os tratamentos de forma geral
( ) Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre medidas não farmacológicas
( ) Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre condição de saúde específica
( ) Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre as condições de saúde(geral)
( ) Aconselhamento sobre automonitoramento
( ) Outro aconselhamento não especificado
ALTERAÇÃO OU SUGESTÃO DE ALTERAÇÃO NA TERAPIA
( ) Início de novo medicamento
( ) Suspensão de medicamento
( ) Substituição de medicamento
( ) Alteração de forma farmacêutica
( ) Alteração de via de administração
( ) Alteração na frequência ou horário de adm. sem alteração da dose diária
( ) Aumento da dose diária
( ) Redução de dose diária
( ) Outras alterações na terapia não especificadas
MONITORAMENTO
( ) Recomendação de exame laboratorial
( ) Recomendação de monitoramento não laboratorial
( ) Recomendação de automonitoramento
( ) Outras recomendações de monitoramento não especificadas
ENCAMINHAMENTO
( ) Encaminhamento a outro serviço farmacêutico
( ) Encaminhamento ao médico
( ) Encaminhamento ao psicólogo
( ) Encaminhamento ao nutricionista
( ) Encaminhamento a serviço de suporte social
( ) Encaminhamento a programa de educação estruturada
( ) Encaminhamento ao pronto-atendimento
( ) Outros encaminhamentos não especificados
PROVISÃO DE MATERIAIS
( ) Lista ou Calendário posológico de medicamentos
( ) Rótulos / Instruções pictóricas
( ) Informe terapêutico/ carta ao médico ou outros profissionais
( ) Material educativo impresso / Panfleto
( ) Informação científica impressa
( ) Diário para automonitoramento
( ) Organizador de comp. ou dispositivo para auxiliar na adesão ao tratamento
( ) Dispositivo para automonitoramento
( ) Provisão de materiais não especificados
( ) Nenhuma intervenção realizada no momento
AÇOES PACTUADAS COM O PACIENTE

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_______________________________________

FINALIZAÇÃO E AGENDAMENTO

Retorno em: Farmacêutico/ Assinatura:


56

Com o intuito de focar em especial na DM, este trabalho propõe acrescentar ao


formulário terapêutico de cuidado farmacêutico uma parte que aborda especificamente
sobre a doença, em relação as complicações e o tratamento, como demonstra a Figura 8.

Figura 3 – Complicações e tratamento

Fonte: Autor, 2016


57

6 DISCUSSÃO

6.1 ATENÇÃO FARMACÊUTICA

A prática farmacêutica voltada para a farmácia clínica traz a ideia de que o


medicamento é um meio de se alcançar um resultado, focando a atenção no paciente.
Segundo Vieira (2007), com a prática da AF, aumenta-se o processo de abordagem em
relação ao uso racional de medicamentos, que é outro enfoque importante que o
farmacêutico deve atuar, para que os medicamentos corretos sejam ingeridos de forma a
beneficiar o paciente, e que aqueles desnecessários a utilização, sejam retirados ou
substituídos por uma outra alternativa mais adequada ao paciente, onde o farmacêutico
englobando uma equipe multiprofissional, é o profissional mais adequado para analisar
tal situação.
Atualmente no Brasil, as principais diretrizes para redefinir a atividade
farmacêutica no país vêm sendo discutidas e encaminhadas por estabelecimentos de
saúde e instituições. Entretanto, para Pereira e col. (2008), algumas barreiras devem ser
transportadas, devido às condições especificas em que se encontra a realidade brasileira,
principalmente no quesito de trazer de volta a posição de que as farmácias são
estabelecimentos de saúde, e não de comercio ou depósitos de medicamentos, o que
afasta o farmacêutico da sua atividade primária. Relacionado a isso e a valorização
profissional, as Associações Farmacêuticas de relevância internacional e a própria
OMS, consideram como atividade exclusiva do farmacêutico a prática da atenção
farmacêutica, sendo uma das prioridades para que haja o desenvolvimento pleno da
profissão.
Com as orientações propostas nesse Protocolo de Cuidado Farmacêutico, o
farmacêutico traça uma linha de raciocínio voltada para as necessidades do paciente,
abrangendo além do medicamento, e essa ideia é seguida por Correr e col. (2011),
quando é citado que o medicamento não deve ser o foco central na organização da
atenção farmacêutica, e que a mesma deve ser compreendida como uma atividade
clínica, que visa ações estruturadas voltadas não só para o gerenciamento da medicação,
mas também um acompanhamento e uma dispensação especializada. Esse propósito de
atividade clínica é buscado em conjunto com a implementação do Protocolo de Cuidado
Farmacêutico proposto nesse trabalho.
58

6.2 PLANOS DE SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO

De acordo com Yokohama e col. (2009), a atenção farmacêutica é composta por


uma divisão de 6 macrocomponentes, que representam a educação em saúde,
dispensação, orientação farmacêutica, registro sistemático dos dados, atendimento
farmacêutico e acompanhamento farmacoterapêutico. Esse acompanhamento
farmacoterapêutico é uma dos macrocomponentes que mais auxiliam o paciente nas
suas necessidades relacionadas ao medicamento, permitindo dessa forma o
acompanhamento de doenças crônicas, como HAS, artrite reumatoide, depressão e DM.
O acompanhamento farmacoterapêutico se baseia em uma documentação sistemática
que permite traçar uma solução para os PRM.
Silva (2014) relata que países que possuem serviços de saúde bem estruturados,
como Estados Unidos, Canadá, Espanha e Alemanha, reconhecem a grande importância
do profissional farmacêutico, havendo a realização de atividades efetivas de atenção
farmacêutica. Para a realização deste SF, foram propostos por grupos de diferentes
partes do mundo métodos a serem seguidos, podendo-se citar o DOT (Direct Observed
Treatment), O FARM (Finds, Assessment, Resolution, Monitoring), o SOAP (Subject,
Objective, Assessment, Plan), PW (Pharmacist’s Workup), TOM (Therapeutical
Outcomes Monitoring) e o DÁDER. Esses métodos seguem modelos de fichas de
acompanhamento, com a finalidade de promover a maior efetividade e segurança para o
paciente.
Segundo exposto por Amaral e col. (2008), a partir da realização do
monitoramento farmacoterapêutico já se é considerado um tipo de intervenção
farmacêutica, e para otimizar essa avaliação, são indicados as divisões das etapas do
processo de intervenção farmacêutica, como a triagem dos pacientes, assim como foi
feito neste trabalho, adotando pacientes portadores de DM, a análise dos dados, que
busca a informação clínica do paciente, e o mesmo se buscou através dos questionários
propostos nesse trabalho, e por último a detecção do problema, que permite a
identificação da intervenção necessária. Neste trabalho, buscou-se adotar os princípios
do Método Dáder para nortear as identificações dos problemas relacionados a
farmacoterapia, assim como suas intervenções necessárias.
A realização do seguimento farmacoterapêutico utiliza de ferramentas manuais
para o registro de cada paciente, e como é ressaltado por Sessa (2011), por se tratar de
59

uma atividade que requer um processo contínuo de acompanhamento, é necessário que


sejam armazenadas essas fichas de avaliação, necessitando de local adequado e uma alta
organização, para que nenhuma informação seja perdida, e visando uma melhor
agilidade em relação a esse fatores, a divisão do Protocolo de Cuidado Farmacêutico
deste trabalho referente ao arrecadamento de dados e informações dos pacientes seja
realizada de forma informatizada, para garantir segurança, organização e acessibilidade
das informações ali adquiridas, assim como a facilidade de manejo das atividades.
Um estudo piloto feito com pacientes portadores de HAS, realizado em uma
farmácia comunitária privada no município de Matão em São Paulo, dividiu em um
grupo controle e um grupo intervenção 176 pacientes hipertensos. No grupo intervenção
foram feitas intervenções farmacêuticas, e observou-se que caiu de 45% para 20% a
porcentagem de pacientes que possuía hipertensão descontrolada. Já no grupo controle,
não houve diferença significativa nos níveis de pressão arterial desses pacientes.
Através desse estudo é possível observar o quanto a intervenção farmacêutica contribui
para uma melhor adesão terapêutica. (MODÉ, et al. 2015)
Para que a adesão a farmacoterapia ocorra, devem ser levados em consideração
inúmeros fatores, e de acordo com Teixeira e col. (2003), informações, instruções e
recomendações são essenciais ao paciente, e melhoram sua adesão. Para Oliveira e col.
(2012), a pressa dos pacientes também contribui para que as informações não sejam
adquiridas corretamente, assim como a confusão do real papel do farmacêutico,
tornando-o como mero indivíduo de dispensação de medicamentos, como se fosse uma
mercadoria. A implementação de Protocolos de Cuidado Farmacêutico busca mudar
essa ideia vista não somente pelo paciente, mas pela população em geral, e além de
valorizar a profissão farmacêutica, traz benefícios necessários ao paciente.
60

7 CONCLUSÃO

A grande incidência de DM no mundo leva a acreditar que atualmente vive-se


uma epidemia, o que demonstra o quanto é importante voltar à atenção pra essa
patologia. O papel do farmacêutico junto a equipe multiprofissional garante um
atendimento mais completo e de qualidade, por se tratar do profissional mais
qualificado no âmbito de medicamentos.
A utilização de protocolos clínicos para atendimento farmacêutico são
ferramentas de grande valia para orientar a atenção farmacêutica, e deixar de forma
clara quais as necessidades do paciente. Dessa forma, o farmacêutico pode intervir ate
onde o convém, e solicitar, quando necessário, intervenção de outro profissional de
saúde para o problema encontrado.
O grande número de pacientes que abandonam o tratamento em doenças
crônicas é alarmante, o que ocasiona muitas vezes em complicações decorrentes da
patologia devido ao controle inadequado. Para mudar essa realidade, é essencial
transformar a imagem que a população tem sobre drogarias e farmácias como
estabelecimentos de comércio, mas sim demonstrar o seu real papel, que é de
estabelecimento de saúde, com profissional qualificado, que procura complementar os
serviços de saúde, oferecendo seus conhecimentos a cerca dos medicamentos, buscando
dessa forma minimizar os efeitos negativos que eles podem trazer, além de repassar a
importância da sua utilização correta e racional.

Este trabalho irá permitir o acompanhamento a esses pacientes portadores de


DM, através de entrevistas que buscam abordar o contexto social, laboratorial e
medicamentoso desse indíviduo, de forma a adquirir informações que irão contribuir
para a anáise das intervenções necessárias a serem realizadas.
61

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