Ciclo Da Assistencia Farmaceutica

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ASSISTÊNCIA

FARMACÊUTICA

Carolina Passarelli
Gonçalves
Ciclo da Assistência
Farmacêutica: seleção,
programação, aquisição,
armazenamento,
distribuição, dispensação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar todos os níveis do ciclo de Assistência Farmacêutica.


 Elaborar um plano de gerenciamento de Assistência Farmacêutica.
 Executar todos os níveis do ciclo de Assistência Farmacêutica.

Introdução
O ciclo da Assistência Farmacêutica é um mecanismo central da saúde
pública que facilita a implementação equitativa e eficiente do serviço
farmacêutico, garantindo e monitorando a seleção, a programação, a
aquisição, o armazenamento, a distribuição e a dispensação de medica-
mentos de maneira oportuna e necessária.
Neste capítulo, você vai conhecer os níveis do ciclo da Assistência
Farmacêutica (AF) e os dados necessários para a elaboração de um plano
de AF em que todos os níveis do ciclo de AF devem ser inclusos e, pos-
teriormente, analisados.

Níveis do ciclo de Assistência Farmacêutica


O conceito de Assistência Farmacêutica (AF) mudou ao longo dos anos.
Atualmente, esse conceito se baseia em aspectos técnicos, científicos e ope-
racionais relacionados aos medicamentos. Para que todos esses aspectos
2 Ciclo da Assistência Farmacêutica: seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição...

sejam considerados na implantação da AF, é fundamental considerar o ciclo


da Assistência Farmacêutica, um sistema formado por seis etapas: seleção,
programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação (Figura 1).

Figura 1. Ciclo da Assistência Farmacêutica.


Fonte: Oliveira e Junges (2013, documento on-line).

Seleção
A seleção representa o ponto inicial do ciclo, sendo considerada uma atividade
fundamental. É o processo de escolha de medicamentos eficazes e seguros,
imprescindíveis ao atendimento das necessidades de uma dada população,
considerando as doenças prevalentes, com a finalidade de garantir uma terapia
medicamentosa de qualidade nos diversos níveis de atenção a saúde.
Deve estar fundamentada em critérios epidemiológicos, técnicos e econô-
micos, assim como na estruturação dos serviços de saúde. Nesse processo, é
importante a participação de um número representativo de diversos profis-
sionais da área da saúde, incluindo médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

Programação
A programação consiste na estimativa das quantidades de medicamentos a
serem adquiridas para atender a determinada demanda de serviços em um
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período definido de tempo. É uma etapa importante do ciclo da Assistência


Farmacêutica e necessita de dados consistentes sobre o consumo de medi-
camentos, o perfil epidemiológico, a relação oferta/demanda de serviços na
área de saúde, bem como recursos humanos capacitados e disponibilidade
financeira para a execução da programação.

Aquisição
A aquisição é um conjunto de procedimentos para a efetivação da compra dos
medicamentos que foram definidos a partir da programação com o objetivo
de suprir as unidades de saúde em quantidade, qualidade e menor custo/
efetividade, visando manter a regularidade no funcionamento do sistema.

Para a aquisição de medicamentos, é importante conhecer as diretrizes que re-


gulamentam o processo. As Leis e Portarias são as seguintes: Lei de Licitação (Lei
n°. 8.666/93) e suas alterações; Registro Nacional de Preços (Decreto n°. 2.743 de
21/08/98); regulamentação de medicamentos sob controle especial (Portaria SVS
n°. 344/98) e suas atualizações; estabelecimento de requisitos de qualidade na
aquisição de medicamentos (Portaria SVS n°. 1.818/98); procedimentos contra a
falsificação de medicamentos (Portaria SVS n°. 2.814/98); Lei dos Medicamentos
Genéricos (Lei n°. 9.787/99); Sistema de Registro de Preços do Ministério da Saúde
(Lei n°. 10.191/01).

Armazenamento
O armazenamento consiste em um conjunto de procedimentos técnicos e
administrativos responsáveis por recebimento de medicamentos, estocagem,
guarda de medicamentos, conservação de medicamentos e controle de estoque.

Distribuição
A distribuição consiste na manutenção de medicamentos às unidades de saúde,
em quantidade e qualidade, para que possam ser dispensados aos usuários. Uma
distribuição de medicamentos deve garantir: rapidez, segurança na entrega,
eficiência no sistema de informação e controle.
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Dispensação
A dispensação constitui o ato exclusivo do profissional farmacêutico de pro-
porcionar um ou mais medicamentos a um paciente mediante uma prescrição
elaborada por um profissional habilitado. Nesse ato, o farmacêutico deve
informar e orientar o usuário em relação ao uso adequado do medicamento.
São elementos importantes da orientação o cumprimento da dosagem, a influ-
ência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, o reconhecimento
de reações adversas potenciais e as condições de conservação dos produtos.

Plano de gerenciamento da Assistência


Farmacêutica
O plano de gerenciamento da Assistência Farmacêutica é um documento que deve
ser elaborado com etapas de construção coletiva entre os profissionais farmacêuti-
cos e deve ser posteriormente apresentado e aprovado pelo departamento de saúde
do município. Em cada etapa, devem-se realizar debates e produzir alterações
necessárias para a melhoria do plano. Para um plano eficiente, é necessário, primei-
ramente, analisar a situação e identificar os problemas que envolvam qualquer etapa
referente aos medicamentos a partir da análise do ciclo da Assistência Farmacêutica
e de suas etapas como parâmetro (ou situação-objetivo) e do conceito de Assistência
Farmacêutica que se deseja adotar. A partir dos problemas identificados, realiza-se
uma seleção de prioridades e ações estratégicas de enfrentamentos para cada um
que tenha sido identificado. Os principais objetivos do plano de gerenciamento da
Assistência Farmacêutica, segundo o manual de normas técnicas do Ministério
da Saúde, publicado em 2006, devem ser:

 possibilitar uma visão ampliada e melhor conhecimento dos problemas


internos e externos;
 evitar o improviso e o imediatismo da rotina;
 comprometer o gerenciamento para objetivos e resultados;
 proporcionar eficiência, eficácia e efetividade nas ações programadas;
 possibilitar o controle, o aperfeiçoamento contínuo, a avaliação per-
manente das ações e resultados alcançados;
 estabelecer prioridades.

Existem várias maneiras de planejamento, assim como diversas informações


a serem inseridas no plano. Para tanto, é preciso que o processo de elaboração
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seja precedido de diagnóstico, de modo a possibilitar conhecimento da realidade


na qual se deseja intervir, e os objetivos devem ser claros, precisos, de acordo
com prioridades e metas estabelecidas. Além disso, o cronograma de execução,
os mecanismos de monitoramento e avaliação devem ser inclusos no plano.
O planejamento se inicia com a análise situacional, cuja finalidade é
identificar a situação-problema ou situação indesejada, que deve ser alvo de
intervenção, de acordo com as prioridades estabelecidas. Após a identifica-
ção do problema, faz-se uma intervenção para solucioná-lo e definem-se os
resultados que se pretende alcançar. Para o alcance das metas programadas,
há a necessidade de realização de um conjunto de ações e atividades que
poderão levar, ou não, aos resultados esperados. Quando a avaliação apresenta
os resultados desejados, isso significa que o problema que deu origem ao
processo de planejamento foi resolvido, transformando a situação-problema
em situação desejada.

Níveis do ciclo da Assistência Farmacêutica


Os elementos da Assistência Farmacêutica (AF) consideram um conjunto
de fatores para garantir a execução dos princípios da AF, cuja prestação de
serviço requer uma relação contínua entre o farmacêutico e o paciente. Os
níveis do ciclo da AF entram nesse parâmetro com o objetivo de garantir o
fornecimento de medicamentos para todos os usuários.

Seleção
Existem diversos fatores a se considerar na etapa da seleção, como a multiplicidade
de produtos farmacêuticos lançados constantemente no mercado e a escassez de
recursos financeiros, o que traz à tona a questão das prioridades, que devem ser
baseadas na seleção de medicamentos seguros, eficazes e que atendam às reais
necessidades da população, o que resultará em benefícios terapêuticos e econô-
micos. As etapas de seleção foram definidas pela Secretaria de Políticas de Saúde/
Departamento de Atenção Básica e Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica
do Ministério da Saúde. Confira, a seguir, uma descrição dessas etapas.

Etapas da seleção

 Constituir Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), por meio de


instrumento legal, para legitimar o processo, envolvendo os profis-
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sionais de saúde (médicos, farmacêuticos, enfermeiros e dentistas) e


estabelecendo normas e critérios para o seu funcionamento (Estatuto).
 Estabelecer critérios para: a inclusão e exclusão de medicamentos; os
medicamentos de uso restrito (exemplo: psicofármacos e antimicrobia-
nos); a prescrição e a dispensação; a periodicidade da revisão. A inclusão
de novos medicamentos somente deve ser realizada se comprovada a
vantagem em relação aos medicamentos já selecionados.
 Identificar referências bibliográficas e disponibilizar material para
subsidiar a execução dos trabalhos de seleção.
 Selecionar os medicamentos de acordo com o perfil epidemiológico
local.
 Priorizar os medicamentos considerados básicos e indispensáveis para
atender à maioria dos problemas de saúde da população.
 Comparar custo/tratamento.
 Analisar as informações levantadas e definir o elenco de medicamentos
que irá constituir a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME).
 Relacionar os medicamentos por grupo terapêutico, utilizando a deno-
minação genérica e especificações (concentração, forma farmacêutica e
apresentação).
 Promover fórum de discussão para submeter a RENAME à apreciação
dos demais profissionais de saúde da rede que não tenham participado
diretamente do processo.
 Estruturar a apresentação da RENAME, definindo a forma e os tipos
de anexos a serem incluídos (formulários, portarias, legislação e infor-
mações complementares).
 Publicar, divulgar, distribuir.
 Avaliar a utilização na rede de saúde.

Avaliação

Para a avaliação dos resultados dessa etapa, é recomendado que se avalie


alguns indicadores, como:

 percentual de redução no número de especialidades farmacêuticas,


após implantação da Relação de Medicamentos Essenciais (RENAME);
 percentual de redução dos custos por tratamento;
 percentual dos profissionais que prescrevem pela RENAME;
 percentual de prescrição pela RENAME.
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Programação
Para identificar as quantidades de medicamentos necessárias para o atendimento da
demanda, evitando compras e perdas desnecessárias, assim como a descontinuidade
no suprimento, é necessário considerar alguns fatores, como: os dados de consumo
e demanda (atendida e não atendida) de cada produto, incluindo as sazonalidades,
estoques existentes, e considerando a descontinuidade no fornecimento; os dados
devem ser baseados num eficiente sistema de informações e gestão de estoques; o
perfil epidemiológico local para que se possa conhecer as doenças prevalentes e
avaliar as necessidades de medicamentos para intervenção; os dados populacionais
do município; ter conhecimento prévio da estrutura organizacional da rede de saúde
local; conhecer os recursos financeiros disponíveis, para priorizar o que deve ser
adquirido para a rede e definir os mecanismos de controle e acompanhamento.
As etapas do processo de programação foram definidas pela Secretaria
de Políticas de Saúde/Departamento de Atenção Básica e Gerência Técnica
de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde. A seguir, veja uma
descrição dessas etapas.

Etapas da programação

 Integrar com as áreas técnicas afins.


 Elaborar formulários apropriados para registrar todas as informações
de interesse no processo.
 Escolher os métodos e critérios a serem utilizados para elaborar a
programação, definindo o período de cobertura.
 Proceder a levantamentos de dados de consumo, demanda e estoques exis-
tentes de cada produto, considerando os respectivos prazos de validade.
 Analisar a programação dos anos anteriores.
 Estimar as necessidades reais de medicamentos.
 Elaborar planilha em que conste a relação dos medicamentos e que
contenha as especificações técnicas, as quantidades necessárias e o
custo estimado para a cobertura pretendida no período.
 Encaminhar ao gestor planilha elaborada para que seja realizada a
aquisição dos medicamentos.
 Acompanhar e avaliar.
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Avaliação

A programação deve ser avaliada constantemente, pois se trata de um processo


dinâmico. Os indicadores que devem ser avaliados são:

 percentual de itens de medicamentos programados versus medicamentos


adquiridos (em quantidade e recursos financeiros);
 percentual de demanda atendida versus não atendida;
 percentual de medicamentos (itens e/ou quantidades) programados
versus não utilizados.

Aquisição
O processo de aquisição deve considerar diversos fatores e atender a requisitos
definidos pela Secretaria de Políticas de Saúde/Departamento de Atenção
Básica e Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica do Ministério da
Saúde. Veja, a seguir, quais são esses requisitos.

 Pessoal qualificado e com conhecimentos específicos na área.


 Existência de uma seleção e programação de medicamentos.
 Cadastro de fornecedores.
 Catálogo ou manual de especificações técnicas dos produtos, com a
especificação correta daqueles a serem adquiridos.
 Definição de responsabilidades no processo, fluxos e procedimentos
operacionais.
 Normas administrativas e critérios técnicos, previstos em edital, que
garantam a qualidade do processo de aquisição e dos medicamentos a
serem adquiridos.
 Conhecimento dos dispositivos legais.
 Eficiente sistema de informações e gestão dos estoques que permita
informar em tempo oportuno o histórico da movimentação dos estoques
e os níveis de estoques (mínimo, máximo, ponto de reposição, dados
de consumo e demanda de cada produto).
 Definição do cronograma de compras: mensal, trimestral, semestral
ou anual, com entrega programada.
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 Articulação permanente com todos os setores envolvidos no processo


(comissão de licitação, setor de finanças, material e patrimônio, pla-
nejamento, fornecedores, etc.).
 Instrumentos de controle e acompanhamento do processo de compra.
 Avaliação do processo de aquisição, considerando, também, a área física
e condições técnicas adequadas à armazenagem dos medicamentos a
serem adquiridos.

Avaliação

A avaliação do processo de aquisição é fundamental para que o desabaste-


cimento não ocorra e não prejudique os usuários. Os indicadores que devem
ser analisados são:

 desempenho de fornecedores (acompanhamento de dados: pontualidade da


entrega, qualidade do produto, preço, segurança, embalagem, entre outros);
 tempo médio do processo de aquisição;
 recursos gastos com aquisição de medicamentos;
 demonstrativo físico-financeiro de aquisição por determinado período
de tempo (BRASIL, 2006).

Armazenamento
O armazenamento consiste no ato de receber, estocar e guardar os medicamen-
tos, conservá-los e controlar o seu estoque (Figura 2). Os principais objetivos
do armazenamento de medicamentos são:

 Receber os medicamentos de acordo com as especificações determinadas


nos processos de seleção e aquisição.
 Efetuar a estocagem dos produtos, de acordo com as condições espe-
cíficas de cada produto (termolábeis, fotossensíveis, inflamáveis, etc.).
 Armazenar os produtos de forma lógica, permitindo a localização
pronta, ágil e sem possibilidade de erros na separação.
 Manter os produtos seguros contra perdas e roubos.
 Promover o controle de estoque.
 Manter informações atualizadas sobre as movimentações realizadas.
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Figura 2. Etapas de armazenamento.


Fonte: Diehl, Santos e Schaefer (2016, p. 70).

O armazenamento deve ser feito de acordo com as características dos produtos. Para
saber mais detalhadamente sobre os tipos de armazenamentos dos diferentes tipos
de produtos, acesse o link a seguir.

https://goo.gl/BGKYE5
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Recebimento

No recebimento, são verificados se os medicamentos entregues estão em


conformidade com a especificação, quantidade e qualidade estabelecidas
previamente no edital; para tanto, devem ser elaborados normas técnicas e
administrativas, procedimentos operacionais padrão e instrumentos de controle
para registro das informações referentes ao processo.

Estocagem

A estocagem consiste em ordenar adequadamente os produtos em áreas apro-


priadas, de acordo com suas características e condições de conservação exi-
gidas pelo fabricante, e considerar as diretrizes adequadas. Para a estocagem
de medicamentos, deve-se dispor de área física suficiente e apropriada aos
diferentes tipos de produtos a serem armazenados.

Conservação

A conservação de medicamentos consiste em garantir que os produtos se


mantenham em condições satisfatórias de estabilidade e integridade durante
o período de vida útil.

Controle de estoque

O controle de estoque consiste em um atividade técnico-administrativa que tem


por objetivo manter os níveis de estoques necessários ao atendimento da demanda,
evitando-se a superposição de estoques ou o desabastecimento do sistema.

Distribuição
A distribuição de medicamentos deve garantir rapidez, segurança na entrega,
eficiência no sistema de informação e controle. A Figura 3, a seguir, mostra
resumidamente os detalhes dos aspectos na distribuição de medicamentos.
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Figura 3. Aspectos da distribuição de medicamentos.


Fonte: Diehl, Santos e Schaefer (2016, p. 82).

Dispensação
A atividade de dispensação é regulamentada por legislação específica: Reso-
lução Anvisa MS nº. 10/01; Resolução CFF nº. 349/00; Lei dos Medicamentos
Genéricos — Lei nº. 9787/99; Portaria SVS nº. 99/93; Resolução Anvisa MS
nº. 328/99; Portaria SVS nº. 344/98; Resolução C.F.F. nº. 357/01.
A dispensação de medicamentos é uma prática que exige, além de co-
nhecimentos técnicos dos profissionais farmacêuticos, outras habilidades e
atitudes, tais como as definidas pela Secretaria de Políticas de Saúde/Depar-
tamento de Atenção Básica e Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica
do Ministério da Saúde:

 analisar a prescrição médica;


 identificar as necessidades do paciente em relação ao uso dos medica-
mentos e prover as informações necessárias;
 manter-se atualizado para uma adequada prestação de serviços e qua-
lidade da atenção farmacêutica;
 conhecer, interpretar e estabelecer condições para o cumprimento da
legislação pertinente;
 manter atualizados os registros referentes à dispensação;
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 coletar e registrar ocorrências de reações adversas e efeitos colaterais


relativos ao uso de medicamento, informando à autoridade sanitária local;
 orientar o usuário sobre os cuidados e guarda dos medicamentos, espe-
cialmente os termolábeis e aqueles sob controle especial (psicotrópicos
e entorpecentes);
 acompanhar e avaliar as tarefas do pessoal de apoio.

Avaliação

Os critérios de avaliação dessa etapa são os seguintes indicadores:

 número de prescrições dia/mês;


 percentual de prescrições atendidas e não atendidas;
 número de prescrições por: especialidade médica, sexo, faixa etária;
 medicamentos mais prescritos;
 percentual de prescrições em desacordo com as normas estabelecidas;
 número de itens de medicamentos atendidos por prescrição;
 número de pacientes atendidos ou percentuais de cobertura;
 número de notificações de reações adversas.

1. O ciclo da Assistência Farmacêutica a quantidade de medicamento


compreende um sistema integrado prescrita e orienta o paciente
e de sequências lógicas, necessá- sobre o uso adequado do medi-
rias para sua a implementação. Em camento.
relação a esse sistema, assinale a d) A programação estima as
opção correta. quantidades que devem ser
a) A etapa de seleção é um pro- adquiridas para atendimento a
cesso de escolha de medica- determinada demanda dos ser-
mentos com base apenas em viços por determinado período
critérios econômicos. de tempo.
b) O controle de estoque é uma e) As áreas de estocagem devem
atividade técnico-administrativa estar dispostas de forma a faci-
que contribui para diminuir, litar a visualização das datas de
sempre que possível, o estoque validade dos medicamentos.
de reserva, evitando desperdício. 2. Considerando o ciclo da Assistência
c) A distribuição é o ato em que o Farmacêutica, assinale a alternativa
farmacêutico fornece ao usuário em que a etapa do processo de
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seleção de medicamentos está c) A área de estocagem de medi-


definida corretamente. camentos termolábeis deve ser
a) A seleção de medicamentos específica, com controle am-
consiste na 5ª etapa do ciclo da biental mensal.
Assistência Farmacêutica na fase d) A área física destinada à esto-
que abrange as políticas e os cagem e à guarda de todos os
profissionais de saúde. produtos caracteristicamente
b) A seleção de medicamentos médico-hospitalares recebe o
consiste na 4ª etapa do ciclo nome de Central de Abasteci-
da Assistência Farmacêutica e mento Farmacêutico (CAF).
abrange a seleção de medica- e) Os medicamentos não devem ser
mentos essenciais de acordo armazenados em suas embala-
com as diretrizes. gens originais, porém, sempre
c) A seleção de medicamentos devem estar ao abrigo da luz.
consiste na 2ª etapa do ciclo, que 4. A distribuição de medicamentos no
abrange a fase técnico-normativa ciclo da Assistência Farmacêutica
e a criação da Comissão de apresenta algumas características
Farmácia e Terapêutica. e requisitos próprios. Assinale a
d) A seleção de medicamentos alternativa correta em relação à
consiste na 1ª etapa, que abrange distribuição de medicamentos.
a elaboração do formulário a) Arquivos das cópias de todos os
nacional terapêutico. documentos referentes à distri-
e) A seleção de medicamentos buição devem ser mantidos por
consiste na 3ª etapa do ciclo da um período mínimo de tempo.
Assistência Farmacêutica, que b) A conferência, uma das fases da
abrange a fase de elaboração de distribuição, deve ocorrer antes
estratégias para validar e legi- da entrega, após a assinatura dos
timar o processo. documentos.
3. Assinale a opção correta acerca dos c) A distribuição de medicamentos
processos de armazenamento de consiste em suprir os pacientes
medicamentos, fase importante do com medicamentos em quan-
ciclo da Assistência Farmacêutica. tidade e qualidade sempre que
a) O objetivo dessa etapa é elaborar possível.
um conjunto de procedimentos d) O transporte adequado deve
técnicos e administrativos que apresentar isolamento térmico,
visem assegurar as quantidades principalmente para atender
necessárias para atender a distâncias longas.
população. e) As operações de carga e des-
b) Todos os procedimentos de carga devem respeitar o empi-
entrada, saída, dispensação ou lhamento máximo permitido das
devolução devem ser orientados caixas em viagens longas.
por procedimentos operacionais 5. Em relação ao ciclo da Assistência
padrão. Farmacêutica, o armazenamento
Ciclo da Assistência Farmacêutica: seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição... 15

de medicamentos é uma etapa c) especificações técnicas e


que deve garantir o fornecimento administrativas; quantidades
seguro e adequado do medica- recebidas; lote e validade; infor-
mento. O sucesso da etapa de mações completas sobre dados
armazenamento poderá ser con- do fornecedor; detalhes da nota
ferido durante o recebimento de fiscal em conformidade com o
medicamento, que consiste no pedido e avaliação da entrega do
exame detalhado entre o que foi fornecedor; cumprimento dos
solicitado e o recebido. Durante o prazos.
recebimento dos medicamentos, o d) especificações técnicas e admi-
farmacêutico deve verificar: nistrativas; lote e validade; fica a
a) especificações técnicas; quanti- critério do farmacêutico veri-
dades recebidas; lote e validade; ficar as informações completas
informações completas sobre sobre dados do fornecedor e os
dados do fornecedor; detalhes detalhes da nota fiscal; avaliar a
da nota fiscal em conformi- entrega do fornecedor; verificar o
dade com o pedido e avaliação cumprimento dos prazos.
da entrega do fornecedor; e) especificações administrativas;
cumprimento dos prazos. lote e validade; fica a critério do
b) cumprimento dos prazos; espe- farmacêutico verificar as informa-
cificações técnicas; quantidade ções completas sobre dados do
recebida dos medicamentos; se a fornecedor; avaliar a entrega do
nota fiscal está em conformidade fornecedor; verificar o cumpri-
com o medicamento recebido. mento dos prazos..

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica na atenção básica: instruções técnicas


para sua organização. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: <http://
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Leituras recomendadas
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BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência Farmacêutica: instruções técnicas para a sua
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Conteúdo:

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