0 - Conceitos para Discursivas
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O que
CIVIL & PROCESSO CIVIL
Ontológica – Diz respeito a essência do ser.
Axiológica – dizer respeito aos valores.
Teleológica –
Epistemologia – teoria do conheciment
Ética - Ética é um conjunto de sistemas morais que afetam a forma com as pessoas tomam
decisões. Pode ser definida como uma filosofia moral. O termo Ética é originário da palavra
grega ethos, que significa hábitos, costumes ou caráter. A ética é abordada em diferentes
segmentos da sociedade, como religião, política, filosofia e cultura.
Conceito de Prescrição - Se um direito é violado, o titular deste direito passa a ter a pretensão
de buscar judicialmente a reparação do dano (de forma específica ou pelo equivalente em
dinheiro). Essa pretensão, contudo, deve ser exercida dentro de um prazo previsto na lei.
Esgotado esse prazo, extingue-se a pretensão. A extinção dessa pretensão pelo decurso do
prazo é chamada de prescrição. A prescrição tem como fundamentos a pacificação social e a
segurança jurídica. Se não existisse prazo para o titular do direito exercer a sua pretensão,
todas as relações jurídicas seriam sempre marcadas pela incerteza e instabilidade,
considerando que um fato ocorrido há anos ou mesmo décadas poderia ser questionado.
Direito Potestativo – É aquela espécie de direito a qual não corresponde nenhum dever jurídico,
mas somente uma situação de sujeição do outro sujeito da relação jurídica.
Direito Potestativo – É aquela espécie de direito a qual não corresponde nenhum dever
jurídico, mas somente uma situação de sujeição do outro sujeito da relação jurídica.
ATENÇÃO:
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL – Está relacionada ao Direito de Ação.
TUTELA JURISDICIONAL – Está relacionada ao Direito Material.
A Ação – é exercida durante todo o processo, quando se recorre, é uma posição jurídica.
Conceito de Ação – A ação é uma posição jurídica capaz de permitir a qualquer pessoa a
pratica de atos tendentes a provocar o exercício, pelo estado, da função jurisdicional, existindo
ainda que inexist ao direito material afirmado. Alexandre Câmara.
Condições da Ação - Não são condições (porque não é um evento futuro e incerto) – mas sim
requisitos do provimento final. Alexandre Câmara.
Lide – conflito de interesse qualificados por uma pretensão resistida (carnelutti) Para teoria
moderna a lide é um elemento meramente acidental.
Pedido Imediato – é o pedido da decisão judicial (ou seja, é o tipo da tutela jurisdicional que a
parte deseja, pode ser uma tutela condenatória, declaratória ou constitutiva). está relacionado
ao que a parte quer e de que forma espera que o Judiciário se manifeste ao prestar a tutela
jurisdicional.
Pedido Mediato - é o resultado prático que a parte espera alcançar com o processo. Ou seja,
é o bem da vida que se espera proteger com a tutela jurisdicional que a parte solicitou. Como
base, usaremos uma ação condenatória. Nesse processo, a condenação é o pedido imediato.
O que a parte quer na condenação, talvez o pagamento de uma dívida, é o chamado pedido
mediato. Ele protege o patrimônio da parte autora, que é entendido como um bem da vida.
Concurso de ações – é quando o próprio legislador confere ao titular do direito de ação mais
de uma alternativa processual, ou seja, tem a opção de escolha.
O ônus – da ideia de que o não cumprimento de uma prerrogativa processual pode acarretar
um prejuízo para própria parte que não se desincumbiu.
Ônus da prova – é um encargo processual determinado a parte para que ela demonstre a
veracidade, verdade dos fatos por ela narrado na relação jurídica processual.
O testemunho é prova quando considerado em relação à hipótese de que Caim matou Abel.
Portanto, prova nada mais é do que uma qualidade ou carimbo colocado sobre o fato que tem
uma função demonstrativa em relação a outro fato, em uma relação probatória.
A melhor explicação da relação entre prova e fato provado é dada pela lógica, que estuda essa
relação probatória como um argumento. Um argumento é um conjunto de enunciados, chamados
de premissas, oferecidos como base para, por meio de um raciocínio (inferência lógica), chegar a
um ou mais enunciados, chamado(s) de conclusão(ões). As evidências são as premissas, e o
elemento de prova ou hipótese é a conclusão.
Assim, provar é argumentar
A coisa julgada – é decisão a qual não cabe mais recurso, está ligado a aplicação,
preservação dos princípios “segurança jurídica” e da “proteção da confiança”. (art.5º,XXXVI da
CF/88).
Todo tem como semelhança – a busca por resposta célere, celeridade. Ou seja,
abreviamento para resposta que o Estado dá a determinadas situações. Todos são
acordos, são negócios jurídicos.
O “acordo de não persecução penal” – não é técnica de investigação. Aqui não se está
em busca de outras informações provas. O acordo uma vez celebrado e cumprido não
há que se falar em réu condenado. Ao contrário, o sujeito permanece como “réu
primário para todos os efeitos penais” já que o cumprimento do acordo resultada no
arquivamento do caso e acarreta a extinção da punibilidade. O acordo não tem como
objetivo de produzir confissão de culpa. O acordo de não persecução penal é um
acordo extraprocessual e busca apenas simplificar determinados casos, para promover
uma vez celebrado os ajustes o encerramento do caso. o acordo é um ponto de
chegada, de encerramento. Ao contrário do acordo de colaboração premiada que é um
ponto de partida.
o Direito civil representa é uma jornada metafórica de um homem pela vida – a pessoa
nasce (direitos da personalidade) ele começa adquirir alguns obrigações a partir do momento
em que se torna capaz ( ele faz contratos e negócios jurídicos) ele adquire patrimônio real e
rege suas coisas (direito real) ele constitui família e se reproduz (direitos de família0 e depois
ele morre e deixa seus bens (direito sucessório)
O Direito civil – é o direito das nossas escolhas privadas, que pode ser exercida dentro do
espaço de uma autonomia, no entanto esse espaço de autonomia não é ilimitado, irrestrito, ele
poderá ter limites estabelecidos pelo Estado, através, por meio das leis, formando um
ordenamento jurídico.
O direito civil tutela nossas escolhas de vida, possibilitando ao sujeito manifestar a sua vontade
a fim de alcançar um interesse próprio. Ao manifestar essa vontade, o sujeito exerce a
denominada a autonomia privada, criando normas que irão regulamentar a sua vida. Porém o
exercido dessa autonomia deverá respeitar os limites previamente estabelecidos pelo Estado.
Sob pena de sanção.
O que é direitos da personalidade? (quando se pergunta o que é – não é para dar exemplos
– é para explicar) São atributos inerentes a condição de ser humanos.
Teoria do Fato Consumado? Segundo esta teoria, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do
tempo, amparadas por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da
segurança jurídica e da estabilidade das relações sociais (STJ. (REsp 709.934/RJ). Assim, de acordo com
essa posição, se uma decisão judicial autorizou determinada situação jurídica e, após muitos anos,
constatou-se que tal solução não era acertada, ainda assim não deve ser desconstituída, para que não
haja insegurança jurídica. "A teoria do fato consumado foi construída ao longo dos anos como um
mecanismo de estabilização de atos ou decisões, em casos excepcionais, nos quais a restauração da
estrita legalidade seria faticamente impossível ou, ainda que possível, causaria danos sociais de grande
monta e irreparáveis, com malferimento do postulado da segurança jurídica." (Min. Raul Araújo). Em suma,
seria uma espécie de convalidação da situação pelo decurso de longo prazo.
Teoria do Desvio Produtivo do consumidor . Autor Marcus Dessaune, advogado e
professor da PUC.
Não se trata para qualquer tempo – mas apenas para casos excepcionais.
Trata-se de condenação por dano moral quando há um tempo perdido pelo consumidor
na tentativa de cancelamento de serviços ou produtos. (o dano moral é compensatório
e punitivo). Assim, situações que antes era consideradas como mero dissabor ou mero
aborrecimento passam a ter uma nova perspectiva na visão do judiciário.
A teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, criada pelo advogado Marcos Dessaune,
defende que todo tempo desperdiçado pelo consumidor para a solução de problemas
gerados por maus fornecedores constitui dano indenizável. O livro está na 2ª edição,
revista e ampliada em 2017, e agora é intitulado Teoria ‘aprofundada’ do Desvio
Produtivo do Consumidor.
Negócio jurídico é uma relação jurídica que decorre da manifestação de vontade negocial
das partes. Para ser considerado existente, válido e eficaz, ele segue os degraus da
chamada escada ponteana. Até chegarmos ao negócio jurídico, disposto no art. 104 do
Código Civil, é preciso percorrer um longo caminho. Primeiro, o negócio jurídico decorre de
uma relação jurídica. É, desse modo, um ato lícito lato sensu. Isto porque decorre de fato
humano caracterizado pela vontade. O fato humano, por sua vez, é fato jurídico lato sensu.
Teoria da imputação objetiva de Roxin. (a teoria da imputação objetiva – foi desenvolvida dentro do
funcionalismo penal ) - Para Claus Roxin, o exame da imputação objetiva tem como pressuposto a criação
de um risco juridicamente relevante por parte do agente. Ou ainda, um incremento do risco preexistente.
Porém, não basta à imputação, a criação do risco. É necessário que o resultado verificado seja um produto
específico do risco que foi criado. Desse modo, passam a ser consideradas determinadas circunstâncias que
excluem o resultado do âmbito do risco que o agente criou (Princípios do alcance do tipo / do exclusivo fim de
proteção da norma).
Erro de Tipo – Para Zaffaroni, o erro de tipo é a cara negativa do dolo.
Atenção - na transação penal (art.76 da 9.099) - que poderá ser proposta nos casos
de contravenções penais e crimes em que a pena máxima comunicada não seja
superior a 2 anos (art.61), que por consequência a prescrição daria em 4 anos
(art.109,V do CP) não há previsão expressa de suspensão da prescrição durante o
cumprimento de uma pena restritiva de direitos. (Fundamentação: por não haver
reconhecimento de culpa, e não haver condenação não se poder aplicar o disposto no
art.117, V do CP ( que fala em suspensão da prescrição pelo inicio ou cumprimento da
pena.) O STJ, já decidiu que não há suspensão, por falta de previsão legal.
Como se dá o Nexo Causal nos Crimes Omissivos ? Fernando Galvão afirma que o
problema do nexo causal nos crimes omissivos foi durante algum tempo objeto de
inúmeras teorias na doutrina, teorias essas que firmavam um vínculo causal entre omissão
e resultado. Contudo, o código penal simplificou a questão ao adotar a teoria normativa
pela qual o vínculo que se estabelece entre omissão e resultado nos crimes omissivos
impróprios, é um vínculo estritamente jurídico, relacionado ao não atuar quando devia e
podia e, ao reconhecimento, na maioria dos casos do chamado “nexo de evitabilidade”.
Tentativa branca e Tentativa vermelha (ou cruenta) - É chamada tentativa branca, que
se opoe à tentativa vermelha ou cruenta, que é aquela na qual nenhum dos atos realizados
atinge a vítima.
O que é delito unisubsistentes ? São delitos que não admite o fracionamento de sua
conduta ( conduta X ato) Alguns delitos não comportam tentativa por sua própria estrutura
típica. Ainda hoje, as contravenções penais, por opção legal, não permitem a punição da
tentativa.
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Pela teoria dos fins da pena, não
haveria na desistência voluntária uma vontade suficientemente contrária ao direito que
justificasse a aplicação da pena da tentativa. Por essa razão, o legislador pune o agente
apenas pelos atos praticados.
Tese dos Bens Jurídicos nos crimes Tributários - É importante ter em conta que
existem duas teses em torno do bem jurídico nos crimes tributários. Pela tese funcionalista,
o bem jurídico nos crimes tributários está relacionado à função desempenhada pelo tributo
em uma determinada sociedade. Desse modo, a incriminação se volta para o fato de que
frustrado o recolhimento do tributo, não poderá o Estado realizar uma série de políticas
públicas que são próprias de um Estado Social. Pela tese patrimonialista, que prevalece na
doutrina e jurisprudência brasileiras, o bem jurídico protegido é o patrimônio, e é por esta
razão que se estruturam causas de extinção da punibilidade, em decorrência da quitação
do débito tributário. No STJ, a teses da aplicação dessas causas de extinção da
punibilidade pelo pagamento do tributo, encontrou guarida na 6ªT. Porém, o STF, ao
enfrentar o tema em relação ao estelionato, rejeitou tal entendimento.
Qual a relação entre Tipicidade e Ilicitude ? A doutrina identifica diversas teorias que
tratam da possível relação entre tipicidade e ilicitude. Algumas teorias tratam dos dois
elementos de maneira autônoma, outras vinculam os elementos.
Teoria da Tipicidade Neutra - Pela teoria da tipicidade neutra de Beling, não há qualquer
vínculo entre tipicidade e ilicitude. O delito possuía até então, duas partes: uma objetiva,
composta da tipicidade; e outra subjetiva, a culpabilidade. É Beling quem destaca a
ilicitude da tipicidade, de modo que, cada um desses elementos passaria a cumprir uma
função específica. A tipicidade tinha a função de descrever o delito, defini-los, ao passo
que a ilicitude tinha por função identificar a contradição entre o fato e o ordenamento. A
partir dessa concepção Beling afirmava que o tipo penal era neutro, não trazia qualquer
valoração relativa à ilicitude, pois sendo o tipo puramente objetivo, nele não encontravam
abrigo elementos subjetivos ou normativos que pudessem indicar qualquer traço de
ilicitude.
Teoria da essência - Pela teoria neokantiana, que estabelece vínculo entre os dois
elementos do crime, a tipicidade está incorporada pela ilicitude (ratio essendi). Nessa
teoria, forma-se o chamado tipo de injusto. O crime é a ação antijurídica, típica, culpável é
dizer que antes de um fato se tornar típico, ele já é ilícito no ordenamento jurídico, razão
pela qual, é a tipicidade que deve ser incorporada pela ilicitude.
Teoria dos elementos negativos do tipo - Pela teoria dos elementos negativos do tipo a
ilicitude é incorporada pela tipicidade, formando o chamado “tipo total”. Essa teoria é
chamada de teoria dos elementos negativos por exigir o exame das causas de justificação
para que se possa fazer uma afirmação em torno da tipicidade.
Legítima Defesa - A legítima defesa exige que o meio utilizado pelo agente seja
necessário para a defesa. Por meio necessário, devemos entender aquele meio que é
capaz de repelir a injusta agressão, estando este meio disponível ao agente. A legítima
defesa não tem como requisito a proporcionalidade. A lei não exige que o meio escolhido
seja proporcional, quando confrontado com a agressão realizada. O que de fato existe é
que o meio seja utilizado de maneira moderada.
Para Nelson Hungria, se o meio único era desproporcional esse fato, per si, não
descaracteriza a legítima defesa, pois não se impede que o agente realize a defesa pelo
simples fato de ser um meio desproporcional. Contudo, na doutrina moderna autores como
Assis Toledo e Zaffaroni afirmam ser necessária certa proporcionalidade entre lesão
causada e dano ou lesão evitados, pois a legítima defesa tem por escopo evitar agressões
injustas e possibilitar a convivência social. Juarez Cirino segue nessa mesma linha,
quando usa o princípio da permissividade para afastar a legítima defesa diante de
agressões de bagatela.
Legítima Defesa Real ou Putativa. Será real quando a situação de injusta agressão está, de
fato, ocorrendo. Putativa quando não existe concretamente uma situação de injusta agressão.
Legítima Defesa Subjetiva (excesso exculpável). Fala-se em legítima defesa subjetiva para
designar a hipótese na qual o agente vai além do que era necessário na legítima defesa, isto
é, se excede, contudo, está incidindo em um erro que qualquer pessoa incidiria o que vai
caracterizar uma verdadeira inexigibilidade de conduta diversa (erro na execução do excesso
da legítima defesa).
Ponte de Prata – De acordo com LFG, são institutos penas que após a consumação do crime
pretende suaviza ou diminuir a responsabilidade do agente. (Arrependimento Posterior) Pois é
posterior a consumação.
Ponte de Prata (Qualificada) ou Ponte de Diamante – São institutos penais que após a
consumação, pretendem suavizar ou diminuir a responsabilidade do agente. Podem chegar até
a eliminar completamente a responsabilidade. (Delação Premiada). A delação pode ter como
consequência até a o perdão judicial. Ou o réu pode sequer ser denunciado. Atenção, a
eliminação da responsabilidade, é apenas antes do trânsito em julgado. Após pode ocorrer
apenas a diminuição da pena, ou mudança de regime.
O Que é Discriminante? Maria Helena Diniz ensina que descriminante é a: " Circunstância
excludente da antijuridicidade, eximindo o agente de responsabilidade criminal, como legítima
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de
um direito".
O Que é Putativo? A nobre civilista e dicionarista define na obra já citada que putativo é: " 1º)
O que tem aparência de legal. 2º) O que supõe verdadeiro, embora, na verdade, não o seja.
De modo geral podemos afirmar, como o faz Zaffaroni, que a culpabilidade é a
reprovabilidade do injusto. O que afasta a consciência da ilicitude? Seguindo os ensinamento
do Professor Ivan Martins Motta o que exclui a consciência da ilicitude é o erro de proibição.
O erro, em sentido amplo, vem a ser a falsa percepção ou a completa ignorância acerca de
uma realidade.
O que é Erro Direto? Em doutrina, distingue-se o erro direto do erro indireto, tendo-se por
elemento determinante desta diferenciação a natureza do relacionamento subsuntivo entre o
fato concreto e a norma de atuação aplicável ao erro em questão. Assim, o erro será direto
quando a percepção equívoca da realidade disser respeito a existência de uma norma
incriminadora, proibitiva ou preceptiva, a tipificar a conduta do agente. Logo o erro de
proibição direto recai sobre o estar proibido.
O Que é Erro Indireto? Por outro lado, o erro será indireto quando versar sobre a existência
de uma causa de exclusão da antijuridicidade, inexistente em nossa realidade jurídica, como
no exemplo de um rústico aldeão imaginar que sua conduta de bater em sua esposa, por
suspeita de traição, seria lícita, e aqui teríamos uma descriminante putativa por erro de
proibição (melhor seria chamá-la de descriminante putativa por erro de permissão).Portanto o
erro de proibição indireto é o que recai sobre o estar permitido.
Também será caso de erro indireto a falsa percepção do agente acerca dos elementos ou
circunstâncias necessárias à configuração de uma excludente existente no ordenamento, que
são os casos de legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito
cumprimento do dever legal, todos putativos. Nesta hipótese, ter-se-á a chamada
descriminante putativa por erro de tipo permissivo.
A descriminante putativa por erro de tipo permissivo ocorre quando o agente supõe
presentes todos os pressupostos de incidência de uma causa de exclusão de ilicitude,
prevista no direito (os casos de legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de
direito e estrito cumprimento do dever legal, todos putativos), de forma a acobertar de
juridicidade sua conduta, mas que na realidade não obteve configuração jurídica pela falta de
um dos elementos necessários à sua incidência.
A título de ilustração, poder-se-ia citar o exemplo do sujeito que, após cessada a agressão ao
bem jurídico, reage, imaginando-se em legítima defesa. O que não ocorreu, pois estava
faltante o elemento iminência ou atualidade da agressão injusta. Outro exemplo seria o
clássico caso dos inimigos que se entrecruzam numa avenida, um deles vem a colocar a mão
no bolso, e o outro, pensando que o primeiro sacaria uma arma, atira no inimigo.
Posteriormente, descobre-se que o primeiro sujeito iria pegar um lenço, e sequer portava
arma. Neste caso, o agente errou quanto à presença da situação de agressão injusta, que de
fato que não ocorreu.
Os efeitos das descriminantes por erro de tipo permissivo virão conforme se trate de erro
inevitável ou erro evitável.
Teoria extremada da culpabilidade - Segundo Luiz Flávio Gomes "o erro nas
descriminantes putativas, isto é, erro do agente que recai sobre qualquer causa de exclusão
da ilicitude penal, apresenta-se sob tríplice modalidade: 1º) erro sobre a existência de uma
causa de exclusão da ilicitude (não reconhecida pelo ordenamento jurídico); 2º) erro sobre
os limites de uma causa de exclusão da ilicitude reconhecida pelo ordenamento jurídico e 3º)
erro sobre situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima;" o erro sobre a
existência ou sobre os limites de uma causa de justificação e erro sobre a situação de fato,
são tratadas como erro de proibição ou erro de proibição indireto pela teoria extremada da
culpabilidade, postura doutrinária por nós adotada.Com isso, se o erro for inevitável restará
excluída a culpabilidade (dolosa) e se for erro evitável será possível a diminuição da pena, de
1/6 a 1/3, mas ratifica-se, não há a possibilidade de punição por crime culposo, haja vista o
agente ter agido com dolo, mesmo evitável.
Garantismo positivo – integral - que propõe uma visão integral do garantismo penal, que
não se volta apenas para a limitação do poder punitivo estatal.
Do outro lado, o movimento “lei e ordem” que se baseia na “teoria das janelas quebradas 1”,
sustenta um direito penal no qual até mesmo as condutas mais insignificantes devem ser
objeto de punição. Autores como Renê Ariel Dotti, desenvolveram a expressão “inflação
legislativa”, que corresponderia a um direito penal simbólico, absolutamente ineficaz, do qual
poderíamos extrair as chamadas “cifras negras2”, parcelas de delitos que restam impunes.
Sob o prisma da (2) subsidiariedade, não são todas as lesões que devem ser alcançadas pelo
Direito Penal, apenas as lesões mais relevantes se tornam objeto de tutela penal. Assim, o
legislador não pune o dano culposo ou a desobediência em uma série de hipóteses.
Silva Sanchez desenvolveu uma ideia em torno da expansão do Direito Penal, a qual
denominou de “Direito Penal de Três Velocidades”. Para o autor, o modelo do Direito Penal
Mínimo corresponderia à “primeira velocidade do direito penal”, e que seria utilizada para
1
Se um prédio tem uma janela quebrada e ninguém faz nada para consertar, outras pessoas quebrarão outras janelas. Logo, o direito penal
soluciona tudo, seria uma prima ratio para tudo.
2
Cifra dourada. Delitos do colarinho branco que escapam da punibilidade, por deficiência.
crimes próprios do Direito Penal clássico (delitos contra a vida, contra o patrimônio etc.). As
características desse direito penal seriam de uma mínima intervenção com todas as garantias
processuais inerentes ao devido processo legal.
O “direito penal de segunda velocidade” mitiga essas duas características, no sentido de
substituir a pena tradicional de prisão, por penas restritivas de direito, e possibilitar alguma
disposição em torno dos princípios do devido processo legal.
A “terceira velocidade” diz respeito à chamada criminalidade organizada e mescla
características do Direito Penal de Segunda Velocidade, isto é, a mitigação de garantias
processuais com o de Primeira Velocidade, com a adoção da pena de prisão.
Atualmente a doutrina fala em “quarta velocidade” – que seria os crimes de lesa humanidade.
O brasil se submete a jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI), art.5º,§4º da CF/88.
Princípio da Insignificância
O princípio da insignificância não tem uma origem muito precisa segundo a doutrina. Alguns
remetem ao Direito Romano - de minimis non curat praetor (sem afetação do bem jurídico
não há crime) -, outros remetem à idade média, porém, é relativamente assente na doutrina
que o resgate do princípio se deve a Claus Roxin, que na década de 60, desenvolveu a
insignificância como forma de excluir do âmbito penal, condutas de pouca afetação ao bem
jurídico, entendendo ainda, que estariam agasalhadas pelo princípio, as ações socialmente
adequadas.
Julgado: HC 41152/ RJ, STJ. (Coloca a adequação social associada à insignificância,
adotando a tese de Roxin).
Para Alexandre Araripe, a insignificância não pode ser aplicada no Brasil por falta de previsão
legal. Além disso, diz o autor que para infrações de menor potencial temos a Lei do Juizado
Criminal, e para os delitos patrimoniais, temos as figuras privilegiadas de crime.
A jurisprudência afirma que os requisitos para a análise da insignificância são exclusivamente
objetivos (Julgado: AI-QO 559.904/RS, STF), embora o exame seja casuístico.
Princípio da Proporcionalidade
O STJ a 6ª Turma, através da Min. Maria Thereza não admite a dupla face da proporcionalidade,
entendendo que a aceitação permite um discurso próprio de um “neopunitivismo”, que seria
incompatível com o direito penal mínimo estabelecido na Constituição. A ministra segue posição
doutrinária, compatível com a chamada “Escola de Frankfurt”, que não aceita, por um lado, a
expansão do Direito Penal, isto é, sua modernização, e por outro, restringe de grande maneira a
incidência do Direito Penal nos casos que lhe são submetidos.
Pedir ao professor - textos do Lênio Streck:
1. Proteção deficiente; 2. Investigação do MP.
O conceito de bem jurídico está ligado a uma concepção material de crime, à busca de uma
limitação do Direito Penal a partir dos interesses por ele protegidos. Encontra-se consolidado na
doutrina, o entendimento de que bem jurídico é o “interesse do indivíduo, da coletividade ou do
Estado, que é tutelado por sua relevância para a vida em sociedade”. As discussões em torno do
bem jurídico hoje, dizem respeito à existência de um limite, nas Constituições em torno dos bens
jurídicos passíveis de tutela penal.
Princípio da Isonomia
Por tal princípio, todos aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica merecem o mesmo
tratamento do direito penal. Com base nesse princípio, o STF rejeita que no âmbito do concurso
de agente alguns possam ser condenados pela modalidade consumada e outros pela modalidade
tentada. Deriva deste princípio também, a constitucionalidade da Lei Maria da Penha que se
vincula a um contexto social de violência de gênero.
Entenda esse instituto de política criminal cujo conhecimento foi cobrado no Concurso do
Ministério Público de Goiás.
Com nítida influência da chamada Escola de Chicago (dentro do assunto de Criminologia), a
chamada teoria do “three strikes and you are out” se vale da expressão vinculada ao beisebol,
popular esporte nos Estados Unidos.
É que no referido esporte, quando um jogador comete sua terceira falta dentro do mesmo
jogo, há sua respectiva exclusão da partida. Essa lógica, de acordo com a doutrina
criminalista ora analisada, deve ser trazida para o direito penal visando à efetiva prevenção à
prática do crime.
Apesar de alguma divergência e variação dentre os estados que adotam a referida teoria – já
compreendida como constitucional pela Suprema Corte Americana – podemos compreender
aqui a ideia de que alguns crimes mais graves (estupro, homicídio, roubo, sequestro, tráfico
de drogas entre outros) devem ser etiquetados como verdadeiros strikes. Trazendo para uma
ótica brasileira, imaginemos tais crimes como os “severos” itens do cardápio de hediondos e
equiparados.
O sujeito que viesse a praticar o 3º “strike” seria punido de maneira impiedosa, e não teria
direito a usufruir qualquer benefício da execução penal. Nos Estados Unidos, aliás, esse
cidadão teria uma punição variável de 25 anos à prisão perpétua, devendo cumprir (no
mínimo) 85% do total aplicado.
No Brasil, em razão das já altas penas existentes nos preceitos secundários dos nossos tipos
penais, os defensores da referida teoria se voltam sobretudo aos menores infratores,
atualmente regidos sobre o Estatuto da Criança e Adolescente.
Com base no referido discurso, entendem que se as crianças e adolescentes viessem a
praticar “faltas penais” (strikes) por mais de 2 vezes demonstrariam uma “personalidade
tipicamente voltada para o crime”, razão pela qual deveriam ser punidos como tal. Ou seja,
defendem aí a aplicação de pena (distintas das medidas socioeducativas) sem a submissão
dos limites legais do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Duas críticas podem ser apontadas à referida linha de pensamento. Vejamos:
O primeiro, em relação à inocuização, pois a irracionalidade entre o fato e a sanção faz
sucumbir o próprio Estado democrático de direito que apresenta suas premissas nas
garantias e direitos fundamentais do individuo que estão na Carta de 1988. Já o segundo
guarda relação com a intimidação, que facilita os eventuais abusos ou arbitrariedades, pois
rompe com o ideal de garantismo do direito penal, uma vez que nem ao menos previne
porque atua após a pratica de um crime, não buscando, ao menos, um fim preponderante[1].
Após analisar a mencionada teoria, a professora e doutoranda em direito penal Débora de
Souza de Almeida registra com muita propriedade que a questão específica da delinquência
juvenil não carece de teorias criminalísticas variadas como panaceia para sua extirpação,
devendo o foco da atuação estatal distinguir-se do âmbito penal, ao menos como linha
prioritária. Vejamos:
A solução imediata para a criminalidade juvenil está no recolhimento de todos os menores em
estabelecimentos de ensino, com aulas presenciais e telepresenciais para todo país, além de
atividades lúdicas e profissionalizantes, das 8 às 18h. Desde a tenra idade até os 18 anos,
jamais uma criança ou adolescente poderia estar abandonado na rua. Esse compromisso
ético não pode ser exclusivamente do governo, sim, também da sociedade inteira. Toda
população seria fiscal do cumprimento dessa regra, chamando a polícia quando uma criança
ou adolescente fosse encontrado abandonado na rua. Com os menores deveríamos fazer
como fazemos com os bezerros: nunca se vê um deles abandonado nas ruas (porque possui
valor econômico).
A frequência escolar absolutamente obrigatória, portanto, nos daria uma dupla garantia: a
primeira consiste no recolhimento físico do menor a um estabelecimento de ensino,
diariamente, das 8 às 18h (ele não ficará perambulando pelas ruas); a segunda reside na
formação educativa e profissionalizante do menor, que sairá da escola com excelente preparo
(com isso também resolveríamos o problema grave da falta de mão de obra qualificada no
nosso país). Existe, portanto, um efeito preventivo imediato (recolhimento obrigatório a
estabelecimento de ensino), assim como um efeito preventivo de longo prazo (formação
educativa e profissional do menor). A sociedade de consumo exagerado não suporta
soluções apenas de longo prazo. Ela é imediatista, consumista. Daí o recolhimento de todos
os menores do país em estabelecimentos penais o dia inteiro[2].
Apesar das considerações, importante destacar que não se vislumbra a possibilidade de
qualquer compatibilidade das linhas orientadoras da teoria do three strikes and you are out
com a atual redação e valores insculpidos pela Constituição Federal, revelando-se, pois, (ao
menos por ora) uma discussão meramente acadêmica e ideológica.
A razão do presente texto foi de apresentar o tema e advertir da possibilidade de cobrança
em concursos públicos, sobretudo após o questionamento efetuado na prova do Ministério
Público de Goiás!
Espero que tenham gostado! Vamos em frente!
Atenciosamente,
Pedro Coelho
Importante não confundir norma de reprodução obrigatória com norma de imitação. No primeiro
caso, temos uma verdadeira limitação ao poder constituinte decorrente, reflexo do federalismo
centrífugo.
Por sua vez, na norma de imitação, o constituinte estadual até poderia inovar, mas não o fez, por
opção política, preferindo copiar (imitar) a disposição da Constituição da República, que, não fora
isto, não incidiria na ordem local. Logo, para norma de imitação não há se falar em Recurso
Extraordinário.
Admite-se no ordenamento pátrio a aplicação de declaração de inconstitucionalidade por
reverberação normativa, arrastamento, consequencial e por atração
A EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina de “efeito backlash”.
Efeito backlash consiste em uma reação conservadora de parcela da sociedade ou das forças
políticas (em geral, do parlamento) diante de uma decisão liberal do Poder Judiciário em um tema
polêmico. No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda
constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites
previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda
constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa
emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o
processo legislativo para edição de emendas.
Se houver descumprimento de decisão do STF proferida em sede de controle concentrado
(abstrato) de constitucionalidade, é possível o ajuizamento de Reclamação sem a necessidade do
esgotamento das instâncias ordinárias; o mesmo vale para descumprimento de súmula
vinculante.
Por sua vez, caso a decisão descumprida tenha sido prolatada em recurso extraordinário (seja ele
apenas com repercussão geral reconhecida ou submetido à sistemática dos recursos repetitivos),
a Reclamação apenas será possível se antes restarem esgotadas as vias ordinárias.
A mitigação da cláusula de reserva de plenário vem sendo observada em outras situações.
Conveniente, portanto, esquematizar a matéria. Em conclusão, não há a necessidade de se
observar a regra do art. 97, CF/88:
■ na citada hipótese do art. 949, parágrafo único, CPC/2015;
■ se o Tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo, ou seja, não afastar a sua
presunção de validade (o art. 97 determina a observância do full bench para declarar
ainconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público);
■ nos casos de normas pré-constitucionais, porque a análise do direito editado no ordenamento
jurídico anterior em relação à nova Constituição não se funda na teoria da inconstitucionalidade,
mas, como já estudado, em sua recepção ou revogação;75
■ quando o Tribunal utilizar a técnica da interpretação conforme a Constituição, pois não haverá
declaração de inconstitucionalidade;76
■ nas hipóteses de decisão em sede de medida cautelar, já que não se trata de decisão
definitiva.77
Imagine agora que o juiz não realizou a audiência de custódia, no entanto, converteu a
prisão em flagrante em prisão preventiva por meio de decisão. Neste caso, o Tribunal
deverá revogar a prisão preventiva decretada? Para o STJ, a falta da audiência de
custódia enseja, por si só, a nulidade da prisão preventiva?
Para o STJ, NÃO.
A falta da audiência de custódia não enseja nulidade da prisão preventiva, superada que foi a
prisão em flagrante, devendo ser este novo título de prisão aquele a merecer o exame da
legalidade e necessidade.
STJ. 6ª Turma. RHC 99.091/AL, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/09/2018.
A alegação de nulidade da prisão em flagrante em razão da não realização de audiência de
custódia no prazo legal fica superada com a conversão do flagrante em prisão preventiva, tendo
em vista que constitui novo título a justificar a privação da liberdade.
STJ. 5ª Turma. HC 444.252/MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/08/2018.
E para o STF?
Não há, ainda, uma posição consolidada do STF. No entanto, encontra-se um julgado em sentido
oposto ao do STJ afirmando que o vício deve sim ser declarado mesmo já tendo sido decretada a
prisão preventiva: Por força do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, da Convenção Interamericana
de Direitos Humanos e como decorrência da cláusula do devido processo legal, a realização de
audiência de apresentação (“audiência de custódia”) é de observância obrigatória.
Esta audiência não pode ser dispensada sob a justificativa de que o juiz já se convenceu de que a
prisão preventiva é necessária. A audiência de apresentação constitui direito subjetivo do preso e,
nessa medida, sua realização não se submete ao livre convencimento do Juiz, sob pena de
cerceamento inconvencional. A conversão da prisão em flagrante em preventiva não traduz, por
si, a superação da flagrante irregularidade, na medida em que se trata de vício que alcança a
formação e legitimação do ato constritivo. Desse modo, caso o juiz não tenha decretado a prisão
preventiva, o Tribunal deverá reconhecer que houve ilegalidade e determinar que o magistrado
realize a audiência de custódia.