Flexibilizao Curricular Aos Estudantes Pblico Alvo Da Educao Especial Paee

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DOCUMENTO ORIENTADOR

FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR

PARA ESTUDANTES PÚBLICO-ALVO

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL (PAEE)

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CRÉDITOS

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo—SEDUC

Secretário da Educação
Rossieli Soares da Silva

Secretário Executivo
Haroldo Corrêa Rocha

Chefe de Gabinete
Renilda Peres de Lima

Coordenadoria Pedagógica—COPED
Caetano Pansani Siqueira

Dep. de Modalidades Educacionais e Atendimento Especializado—DEMOD


Nadine de Assis Camargo

Centro de Apoio Pedagógico—CAPE


Carolina Molinari Carvalho Ruiz

Organizador do Documento
Jefferson Diego de Paulo

Equipe Técnica
Angela Maria dos Santos, Dorisdalva Jardim de Jesus, Elisiane Devides de Held, Maria
Aurecy Pinheiro Chagas, Neli Maria Mengalli, Raquel Magalhães de Almeida, Rosana de
Paulo Pereira, Vanessa de Brito Silva

Diagramação
Danilo Scalambrini

Imagens
"https://br.freepik.com/vetores/criancas">Crianças vetor criado por macrovector -
br.freepik.com

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FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR

PARA OS ESTUDANTES PÚBLICO-

ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

SÃO PAULO
2021
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Flexibilização Curricular para os Estudantes Público-Alvo da
Educação Especial (PAEE)

Diante dos desafios estabelecidos para efetivação de um ensino híbrido que


imprima qualidade e participação de todos nas propostas de trabalho pedagógico
desenvolvidas pela Secretaria de Educação, não poderíamos deixar de pensar nos
estudantes Público-Alvo da Educação Especial que, em alguns casos, necessitam
de um “alinhamento curricular” para que possam ter acesso de forma equitativa às
propostas desenvolvidas por meio dos canais disponibilizados pela rede, como o
Centro de Mídias São Paulo, o canal de televisão, ou ainda, às atividades que
compõem o plano de aula de cada docente.
É importante destacar que o CMSP oferece intérpretes de LIBRAS que
auxiliam os estudantes no acompanhamento dos conteúdos abordados e que sua
presença também é garantida nos espaços escolares, seja de forma remota ou
presencial, com os professores interlocutores que acompanham seus estudantes na
rede oferecendo suporte necessário para que sua participação seja efetiva. Vale
ressaltar, ainda, que cada unidade escolar em parceria com a sua equipe de
educação especial ou ainda da Diretoria de Ensino de sua região, possui autonomia
para organizar suas estratégias metodológicas de modo a atender suas demandas.

Adaptações no nível do projeto pedagógico (currículo escolar) que devem


focalizar, principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio,
propiciando condições estruturais que possam ocorrer no nível de sala de
aula e no nível individual. Adaptações relativas ao currículo da classe, que
se referem, principalmente, à programação das atividades elaboradas para
sala de aula. Adaptações individualizadas do currículo, que focalizam a
atuação do professor na avaliação e no atendimento a cada aluno. (GLAT &
OLIVEIRA, 2003, p.3)

Portanto, é necessário salientar que o professor (a) especializado (a) é uma


figura importante neste processo de colaboração com docentes das salas comuns,
pois oferece suporte e apoio tanto na elaboração de atividades que estejam de acordo
com as potencialidades dos estudantes, quanto no suporte para organizá-las
conforme suas especificidades.
Destacamos, ainda, que a flexibilização/alinhamento curricular não diz respeito
à construção de um novo currículo ou uma nova atividade, mas sim de estratégias
que viabilizem um acesso de forma igualitária aos conteúdos propostos.

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Para os estudantes que apresentam dificuldades quanto à compreensão e
execução das atividades propostas nos canais ou ainda no retorno às atividades
presenciais devido à severos comprometimentos, orientamos que registrem por meio
do “Anexo III” Adaptação Curricular, disponível na Instrução CGEB de 14 de janeiro
de 2015, as propostas de atividades que estejam em consonância com desempenho
desses estudantes, respeitando suas potencialidades e articulando seu planejamento
com apoio dos professores especializados lembrando que o trabalho voltado ao
planejamento de flexibilização/alinhamento curricular deve prever alguns pontos de
atenção:

➢ O currículo não deve ser modificado, e sim flexibilizado às diversas


condições que possam surgir dentro do processo de ensino e
aprendizagem;
➢ O currículo flexibilizado não é um currículo diferente, nele o professor
propõe atividades que contemplem as especificidades do estudante
PAEE.

A seguir apresentamos exemplos que podem servir como possível situação do


cotidiano da sala de aula, para que possamos refletir e construir a flexibilização de
acordo com a demanda estabelecida, evidenciando ainda, que cada caso é único e
que exige do docente, acima de tudo, criatividade e capacidade de trabalho em
conjunto para sua organização/elaboração.

Situações Problemas

Pergunta 1: Consideremos uma professora de Língua Portuguesa e um estudante


matriculado no 6º, PAEE com síndrome de Down e ainda não possui competência
leitora e escritora. É possível substituir a atividade por um desenho para pintura
enquanto os outros estudantes são auxiliados no entendimento do conteúdo?
Resposta: Neste caso precisamos entender que a Síndrome de Down assim como
qualquer outra deficiência não deve ser impeditivo para participação do estudante e
muito menos para aquisição de aprendizagem. Devemos compreender que o

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estudante pode apresentar necessidade no que se refere à temporalidade 1 e o
professor necessita traçar um plano para que o mesmo seja capaz de aprimorar a
habilidade em comprometimento, estabelecendo um tempo para sua aquisição por
meio de atividades que fomentem seus avanços em tais habilidades. Em relação às
outras disciplinas é importante perceber quais são suas potencialidades e interesses
para organizar o plano de aula.

Pergunta 2: Um professor de Arte possui, em sua turma, um estudante com


diagnóstico de paralisia cerebral. Ele apresenta muitos espasmos e não consegue
pegar no lápis para realizar pinturas. Como proposta de ajuda, é possível deixá-lo
dormir ou, ainda, ouvir música no canto da sala enquanto a atividade é explicada aos
demais estudantes?
Resposta: É necessário compreender que o professor possui autonomia para criar
mecanismos que estejam à luz da participação dos estudantes seja na elaboração de
estratégias metodológicas, e ainda na criação de materiais contanto com a parceria
dos professores especializados.
Os recursos de tecnologia assistiva2 podem ser criados em conjunto para
melhorar as condições de aprendizagem dos estudantes com qualquer dificuldade.
Neste sentido, se faz necessário pensar em alternativas em relação à adequação de
mobiliário e de estrutura pensando sempre na melhor maneira de posicionar esse
estudante estimulando a parceria entre os colegas da classe possibilitando ações que
podem ser denominadas cultura inclusiva, onde os estudantes são convidados a
participar das propostas oferecendo apoio e sendo apoiados mutuamente.
Em nenhuma situação, podemos vitimizar o estudante, pois ele é parte
integrante da sala de aula e possui os mesmos direitos de aprendizagem. É, portanto,
imprescindível descobrir suas potencialidades para poder oferecer o apoio necessário
ao seu desenvolvimento.

1
As adequações na temporalidade dizem respeito à alteração no tempo previsto para a realização das atividades
ou conteúdos e ainda ao período para alcançar determinados objetivos (BRASIL, 2003).
2
De acordo com a definição proposta pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), tecnologia assistiva "é uma área
do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas
com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida
e inclusão social. (CAT, 2007)

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Pergunta 3: Uma professora de Ciências tem, em sua turma, um estudante com
Transtorno do Espectro Autista. Ele é bem agitado e, em alguns momentos, não é
possível explicar os conceitos para ele. Percebe-se que o interesse dele é restrito.
Como proceder para prender a atenção dele e conseguir realizar o trabalho de
maneira efetiva?
Resposta: Uma das características do autismo é o interesse restrito e repetitivo, é
importante conhecê-los para produzir atividades que estejam dentro do seu interesse
articulando propostas que favoreçam a sua aprendizagem respeitando seu perfil. Em
alguns casos esses interesses podem ser desde personagens de desenho animado,
carros, trens, ventiladores ou até mesmo objetos improváveis. A articulação com
professor especializado poderá oferecer subsídios para criação do plano de aulas do
professor regular.
Os comportamentos que podem causar irritabilidades podem estar atrelados
ao barulho excessivo, luminosidade, troca de itinerário, frustração, entre outros, neste
caso, orienta-se uma conversa prévia com professor especializado ou ainda o acesso
à avaliação inicial elaborada pelo professor da sala de recursos, onde o docente da
sala comum poderá encontrar informações necessárias para flexibilizar suas
atividades e oferecer um ambiente mais favorável a aprendizagem desse estudante.

Pergunta 4: No início do ano letivo, a professora do 4º ano aplica para turma uma
sondagem inicial, com o objetivo de saber a hipótese de escrita dos estudantes.
Sabendo que há um estudante surdo na turma, a professora supõe que este
estudante faça leitura labial. No entanto, o aluno não inicia a atividade porque não
está ouvindo a professora, não faz leitura labial, ainda não está alfabetizado e está
em fase de aquisição da LIBRAS. Quais são as possibilidades de desenvolver esta
atividade considerando que há um intérprete na sala de aula?
Resposta: O professor interlocutor poderá ter acesso antecipado ao conteúdo da
atividade para providenciar os recursos visuais adequados e verificar os sinais
correspondentes. Realizar o ditado para o estudante em Libras, sempre relacionando
a palavra com a imagem. É importante contar com a parceria do professor
especializado para que, através do ensino colaborativo, todos se integrem com as
demandas da sala de aula comum a fim de apoiar o estudante na aquisição da língua
portuguesa na modalidade escrita e aumentar o repertório linguístico do estudante.

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Pergunta 5: O professor de Geografia do 6º ano está desenvolvendo com os
estudantes a habilidade do Currículo de Relacionar padrões climáticos, tipos de solo,
relevo e formações vegetais. Durante a aula ele apresenta o mapa do Brasil para que
os estudantes aprendam sobre as regiões e seus aspectos, e como utilizar um mapa.
Na sala de aula há um aluno cego de nascença ( não possui memória visual). Como
flexibilizar o conteúdo de forma que esse estudante se sinta parte integrante da
turma?
Resposta: Nesta situação é importante compreender que o estudante com
deficiência visual necessita do recurso de áudio descrição e recursos tátil, pois o
mesmo não possui memória visual como citado. O professor poderá contar com a
parceria do professor da sala de recursos para a flexibilização, e também propor
ações como atividades com agrupamentos produtivos, com a criação de maquetes e
outros recursos visuais que o auxiliem na compreensão da localização, poderá
também criar mapas com relevo confeccionados com massas artesanais, no caso de
outras disciplinas trabalhar com material concreto que sirva como suporte à
aprendizagem.

Por fim, esclarecemos que a escola inclusiva deve estar preparada para
receber os estudantes com deficiência ou qualquer outra dificuldade, oferecendo
subsídios que levem em consideração suas múltiplas potencialidades.

Para contribuir com a ampliação do conhecimento sobre o tema abordado,


indicamos a leitura da bibliografia citada a seguir.

Bom trabalho e boa leitura a todos.

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Indicações Bibliográficas

ALBRES, N. A. . Português… eu quero ler e escrever. (material didático para usuários


de libras). 1a. ed. São Paulo: Instituto Santa Teresinha, 2010. v. 1. 116p .
Disponível em: < https://neivaalbres.paginas.ufsc.br/livros-e-capitulos/.>

ANTUN. R. P. Flexibilizações vs. adaptações curriculares: como incluir alunos com


deficiência intelectual.
Disponível em:
<https://diversa.org.br/artigos/flexibilizacoes-adaptacoes-curriculares-como-incluir-
alunos-deficiencia-intelectual/ >

BORSANI, M.J. Adequação curricular: construindo uma escola inclusiva.


Disponível em:
< https://diversa.org.br/artigos/adequacao-curricular-escola-inclusiva/ >

Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na


escola - Alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, (BRASIL, 2000).
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cartilha05.pdf >

Saberes e práticas da inclusão: Estratégia para alunos com necessidades


educacionais especiais (BRASIL, 2003).
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf >

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Secretaria de Estado da Educação—SEDUC
Coordenadoria Pedagógica—COPED
Departamento de Modalidades Educacionais e Atendimento Especializado—DEMOD
Praça da República, 53, CEP 01045-903, sala 116, São Paulo—SP
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