PDL #86 - 2022 - Rede Cegonha

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Apresentação: 08/04/2022 09:50 - MESA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PDL n.81/2022
PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº , DE 2022

Susta os efeitos da Portaria GM/MS Nº 715, de 4


de abril de 2022, do Ministério da Saúde que
“Altera a Portaria de Consolidação GM/MS nº 3,
de 28 de setembro de 2017, para instituir a Rede
de Atenção Materna e Infantil (Rami).

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º. Fica sustada, nos termos do art. 49, inciso V, da


Constituição Federal, a Portaria GM/MS nº 715, de 4 de abril de 2022, do Ministério
da Saúde que “Altera a Portaria de Consolidação GM/MS nº 3, de 28 de setembro de
2017, para instituir a Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami).”

Art. 2º O presente decreto legislativo entra em vigor a partir da


data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO

Em 4 de abril de 2022, o Ministério da Saúde publicou a


Portaria GM/MS nº 715 que “Altera a Portaria de Consolidação GM/MS nº 3, de 28
de setembro de 2017, para instituir a Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami).”

A medida pegou a todos de surpresa e fez com que entidades


e especialistas se indignassem contra o ato normativo e suas consequências. Leia-
se a nota do COFEN:
Conselhos de Enfermagem repudiam desmonte da Rede
Cegonha
*CD220111443100*

Portaria 715/2022 ignora avaliação técnica e dispositivos legais


para impor o fim de política pública bem sucedida
Nota oficial contra o desmonte da Rede Cegonha
O Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem
repudia a Portaria MS 715/2022, que desmonta a Rede
Cegonha, mais bem-sucedida política pública de assistência ao

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Alexandre Padilha


Para verificar a assinatura, acesse https://infoleg-autenticidade-assinatura.camara.leg.br/CD220111443100
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PDL n.81/2022
pré-natal, parto e puerpério no Brasil.
O Ministério da Saúde ignorou dispositivos legais, evidências
científicas e apelos ao diálogo da Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen),
Conselho Nacional de Saúde (CNS) e outras instâncias de
controle social, ao instituir unilateralmente a Rede Materno e
Infantil (RAMI), que dá ênfase à atuação do médico obstetra
sem contemplar a assistência às crianças e excluindo as
enfermeiras obstétricas.
A atuação qualificada da Enfermagem Obstétrica
é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como primordial para a redução da mortalidade materno-
infantil. As enfermeiras obstétricas contribuem para evitar,
identificar e tratar precocemente complicações, com o devido
encaminhamento, quando necessário.
Reconhecemos a importância dos especialistas na retaguarda.
A atenção ambulatorial especializada deve, porém, respeitar a
regionalização, contribuindo para qualificar – e não substituir –
a atuação multidisciplinar. Compartimentar o atendimento e
enfraquecer a atuação das equipes multidisciplinares não
contribui para a redução da mortalidade materno-infantil. A
cobertura universal de Saúde, com qualidade e resolutividade
da assistência, é a estratégia mais eficaz para garantir um
nascimento seguro e respeitoso para mulheres e crianças.
Neste Dia Mundial da Saúde (7 de abril), destacamos a
importância da Enfermagem para a universalização da
assistência e pedimos a revogação imediata a Portaria MS
715/2022 e a garantia do direito das mulheres brasileiras ao
planejamento reprodutivo, à assistência humanizada à
gravidez, ao parto e ao puerpério (pós-parto), e das crianças a
um nascimento seguro e desenvolvimento saudável.

Conselho Federal de Enfermagem


Conselhos Regionais de Enfermagem

O art. 49, inciso V, da Constituição Federal, prevê que compete


*CD220111443100*

exclusivamente ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos do Poder


Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa”. É exatamente do que se trata neste Projeto de Decreto Legislativo, que
visa sustar a Portaria GM/MS nº 715, de 4 de abril de 2022, do Ministério da Saúde.

Há evidente desrespeito ao quanto disposto no art. 14-A da Lei


nº 8.080, de 1990. Vejamos:

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Alexandre Padilha


Para verificar a assinatura, acesse https://infoleg-autenticidade-assinatura.camara.leg.br/CD220111443100
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PDL n.81/2022
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre
gestores, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único
de Saúde (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). (...)
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e
intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações e
serviços de saúde, principalmente no tocante à sua
governança institucional e à integração das ações e serviços
dos entes federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
(...)

Importante ressaltar, ainda, que não foram consideradas as


disposições previstas nos artigos 1° e 2º do Anexo I da Resolução de Consolidação
CIT n° 1/2021, os quais determinam que a comissão tripartite é a instância de
negociação e pactuação entre os gestores de saúde no que se refere à
operacionalização das políticas de saúde no âmbito do SUS, inclusive na
organização das redes de atenção à saúde e na definição de critérios gerais sobre o
planejamento integrado das ações e dos serviços de saúde.

Válido trazer à colação, por fim, a nota conjunta do CONASS e


CONASEMS,
“Apesar de todo o esforço no sentido de acordar os termos da
minuta, o Ministério da Saúde publicou – unilateralmente – no
Diário Oficial da União de hoje, a Portaria nº 715, de
04/04/2022, que institui a Rede Materno e Infantil (RAMI),
dando ênfase à atuação do médico obstetra sem, todavia,
contemplar ações e serviços voltados às crianças e a atuação
dos médicos pediatras e a exclusão do profissional enfermeiro
obstetriz”.

Deste modo, a sustação dos efeitos da referida Portaria é


medida urgente a ser tomada por esta Casa.
Espero, portanto, contar com o apoio dos Nobres Pares para
aprovação do presente Projeto de Decreto Legislativo.
*CD220111443100*

Sala das Sessões, 08 de abril de 2022

ALEXANDRE PADILHA

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Alexandre Padilha


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PDL n.81/2022
Deputado Federal PT/SP

*CD220111443100*

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Alexandre Padilha


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