Português - Outubro

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Português

2019
Outubro
Português

Modos de organização

Resumo

Narração
A narração, de forma progressiva, expõe as mudanças de estado que acontecem com objetos, cenários e
pessoas através do tempo. Dentro desse tipo textual há elementos importantes como, por exemplo, o foco
narrativo, o tipo de discurso (direto, indireto ou indireto livre), o enredo, o tempo, o espaço e os personagens.

O foco narrativo
Narrador em 1ª pessoa: Narrador-personagem. A narrativa é vista de dentro para fora, de acordo com as
perspectivas do personagem que é caracterizado, também, por meio das relações que faz, da linguagem que
usa e de suas experiências.

Narrador em 3ª pessoa: Narrador-observador. Ele conhece todos os elementos da narrativa, dominando e


controlando o modo de pensar dos personagens. Não há reconhecimento nem revelação de todo o ambiente
por parte de quem narra e isso mantém o mistério e dá um certo limite ao leitor, além de não se intrometer
muito na história.

Tipos de discurso
Discurso direto: dá voz à personagem. Confere mais rapidez e dinamismo à narrativa. Possui enunciado em 1ª
ou 2ª pessoa.

Exemplo:
“- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
– Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim,
continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
– Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura.”
“Quincas Borba” de Machado de Assis

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Discurso indireto: A fala do personagem passa a ter a voz do narrador. É ele quem reproduz a fala do
personagem. Possui enunciado em 3ª pessoa.

Exemplo:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem
relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze
horas.”
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto

Discurso indireto livre: Há a mescla das vozes do personagem e do narrador, o que pode ocasionar certa
confusão ao leitor.

Exemplo:
“O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de
St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora o
único que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» como
diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, ótimo
para chefe de Estado…”
“Os Maias” de Eça de Queirós

O enredo
É o conjunto de fatos que se desenrola na história, os acontecimentos, intrigas, encontros. O enredo é a própria
narrativa. Em sua estrutura lógica podemos identificar:
a) Situação inicial: Começo da história e apresentação dos personagens e suas características, espaço e
tempo.
b) Complicação: Ruptura do equilíbrio inicial, surgimento do conflito e encadeamento dos fatos da narrativa.
c) Clímax: Ponto alto do conflito, resultante dos encontro de vários conflitos entre as personagens.
d) Desfecho: Solução final dos conflitos. Assim como na situação inicial, há novamente um equilíbrio no texto.

O tempo
Responsável pelo ritmo rápido ou lento da narrativa. Podemos ter dois tipos de tempo: o cronológico (passagem
normal do tempo) e o psicológico (narrativa reflexiva, por dentro da subjetividade do narrador.

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O espaço
O espaço pode ser real ou virtual. O espaço é classificado como real quando está no mundo que nós
conhecemos. Podemos pensar também que, por exemplo, o mundo dos elfos é real dentro do contexto em que
está inserido, pois os eventos da sua história acontecem nele. O espaço psicológico (ou de fuga) é aquele que
modifica a realidade do que é narrado, ou seja, são espaços fora da realidade mais palpável: fantasias, sonhos,
imaginação. Observe o conto abaixo:

A velhinha contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na
lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a
desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A
velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora
leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e
respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta
para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado,
ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com
moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o
fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O
fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que
ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de
contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a
ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os
dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
Stanislaw Ponte Preta. Para gostar de ler, vol. 8. São Paulo, Ed. Ática, 1997

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Descrição
A descrição é um tipo textual que tem por objetivo descrever, ou melhor, fazer um retrato verbal de pessoas,
objetos, cenas ou ambientes. Entretanto, é muito difícil encontrar um texto exclusivamente descritivo e o que
ocorre são trechos descritivos no meio de textos narrativos. Para diferenciar os dois tipos de texto, deve-se
perceber o caráter estático do texto descritivo enquanto o narrativo possui uma sequência de episódios.
Nos textos descritivos há predomínio de adjetivos, frases nominais, períodos curtos e verbos de ligação que
visam retratar em detalhes um ambiente, um personagem, um objeto etc. Além disso, a visão particular de um
personagem também pode ser característica da descrição, que pode ser feita em primeira ou terceira pessoa.
Se em primeira pessoa, é evidente que o personagem participa da história; se em terceira pessoa, o narrador
descreve. Observe o fragmento narrativo com traços de descrição:

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo
da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais
rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra
com as primeiras águas.
Alencar, José de. Iracema: lenda do Ceará - São Paulo: Via Leitura, 2016.

Texto argumentativo
O texto argumentativo é aquele em que defendemos um ponto de vista com o objetivo de convencer, persuadir
ou influenciar o leitor ou ouvinte. Esse convencimento é feito mediante a apresentação de razões, em face da
evidência das provas com base em um raciocínio coerente e consistente.
Para que o leitor seja convencido de uma ideia, ela deve ser construída por meio de evidências. Ela pode ser
comprovada por meio de exemplos, ilustrações, dados estatísticos, argumentos de autoridade, entre outros. A
evidência é o elemento mais importante da argumentação, pois toda argumentação consiste em uma
declaração seguida da prova. Observe o texto abaixo:

Até então, nunca tinha acreditado na afirmação sofrer é crescer. Afinal, atingir a maioridade sempre significou
liberdade, ou seja, fazer tudo o que era proibido na adolescência. Ao pisar fora do território familiar, me deparei
com as vantagens e as desvantagens de viver só. Tarefas domésticas como lavar a roupa, passar, fazer
supermercado e cozinhar ganharam prioridade. Anos depois, quando fui estudar na Inglaterra, lembro da cena
de um garoto de 17 anos, numa lavanderia, colocando duas enormes trouxas de roupa em três máquinas de
lavar. Meias, toalhas e panos de prato dividiram a mesma água e o mesmo sabão em pó. O resultado foi
catastrófico: peças esverdeadas e a certeza de que manter a roupa limpa, passada e sem manchas não é fácil.
Em diversos países, sair de casa jovem é um rito de passagem natural para a vida adulta. Uma espécie de
serviço militar obrigatório para deixar de lado a dependência doméstica e provar que é possível se virar sozinho.

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Nos Estados Unidos, alguns estudantes preferem morar em alojamentos universitários mesmo quando a casa
dos pais está localizada na mesma cidade. Além de ser encarado como uma forma de aproveitar ainda mais
os anos da universidade, há uma certa pressão familiar para que os filhos cortem logo o cordão umbilical com
os pais.
(...)
No Brasil, as condições econômicas tornam o ato de sair de casa um privilégio. Mas é claro que essa não é a
única razão para ver tantos jovens de classe média – muitos deles com mais de 30 anos – protegidos no ninho
dos pais. Além das diferenças culturais, há uma certa mentalidade que não estimula a autonomia dos jovens
no país. Talvez o traço mais visível dessa mentalidade seja a resistência que os jovens brasileiros têm para
aceitar trabalhos considerados “menos nobres”. É incrível como, por aqui, tarefas como trabalhar em fast-foods,
servir mesas em restaurantes e carregar malas em hotéis são vistas com menosprezo. Os pais também são
culpados disso. Preferem ver os filhos fazendo nada sob suas asas a tê-los exercendo uma atividade “não tão
nobre” como primeiro emprego. Em vez de se orgulharem de vê-los batalhando seu espaço no mercado de
trabalho, ficam preocupados com o que as outras famílias vão pensar – como se eles não fossem capazes de
sustentar sua prole.
É bem provável que esse comportamento típico da classe média brasileira seja uma herança da velha
mentalidade da casa grande nas antigas fazendas, quando as famílias abastadas preparavam os seus filhos
para se tornarem bacharéis e deixavam para os escravos todas as outras tarefas.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/ja-para-fora-de-casa/>.

Texto injuntivo
O texto injuntivo (ou instrucional) é aquele que explica sobre algo para o leitor para a realização de uma ação.
Sua função é instruir para que ele seja capaz de realizar uma atividade. São exemplos desse tipo textual, os
gêneros: receita médica, receita culinária, bula de remédio, manual de instruções, entre outros. Além disso, uma
das características do texto instrucional é a utilização de verbos no modo imperativo para configurar “ordem”
sobre o procedimento a ser realizado.
Veja o exemplo abaixo:

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Texto expositivo
Comumente, o texto expositivo circular muito nas esferas acadêmicas e escolares: seminários, resumos,
artigos acadêmicos, congressos, conferências, palestras, colóquios, entrevistas etc.
No texto expositivo, o objetivo central do locutor (emissor) é explicar ou expor determinado assunto, a partir de
recursos como a conceituação, a definição, a descrição, a comparação, a informação, enumeração.
Veja um exemplo abaixo:

Entrevista
“Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
É um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde quando havia Lispector na Ucrânia. Ele disse que há
gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome foi rolando, rolando, rolando, perdendo algumas
sílabas e foi formando outra coisa que parece “Lis” e “peito”, em latim. É um nome que quando escrevi meu
primeiro livro, Sérgio Milliet (eu era completamente desconhecida, é claro) diz assim: “Essa escritora de nome
desagradável, certamente um pseudônimo…”. Não era, era meu nome mesmo.
Você chegou a conhecer o Sérgio Milliet pessoalmente?
Nunca. Porque eu publiquei o meu livro e fui embora do Brasil, porque eu me casei com um diplomata brasileiro,
de modo que não conheci as pessoas que escreveram sobre mim.
Clarice, seu pai fazia o que profissionalmente?
Representações de firmas, coisas assim. Quando ele, na verdade, dava era para coisas do espírito.
Há alguém na família Lispector que chegou a escrever alguma coisa?

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Eu soube ultimamente, para minha enorme surpresa, que minha mãe escrevia. Não publicava, mas escrevia. Eu
tenho uma irmã, Elisa Lispector, que escreve romances. E tenho outra irmã, chamada Tânia Kaufman, que
escreve livros técnicos.
Você chegou a ler as coisas que sua mãe escreveu?
Não, eu soube há poucos meses. Soube através de uma tia: “Sabe que sua mãe fazia um diário e escrevia
poesias?” Eu fiquei boba…
Nas raras entrevistas que você tem concedido surge, quase que necessariamente, a pergunta de como você
começou a escrever e quando?
Antes de sete anos eu já fabulava, já inventava histórias, por exemplo, inventei uma história que não acabava
nunca. Quando comecei a ler comecei a escrever também. Pequenas histórias.
Trecho da última entrevista com a escritora Clarice Lispector, concedida em 1977, ao repórter Júlio Lerner, da TV Cultura.

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Exercícios

1. “Quem um dia irá dizer que existe razão


Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade
Como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse
– Tem uma festa legal e a gente quer se divertir (…)”.
Eduardo e Mônica. RUSSO, Renato. In: Legião Urbana – Dois. EMI, 1986.

Sobre o tipo de narrador presente neste fragmento da música Eduardo e Mônica, é correto afirmar que
se trata de um:

a) Narrador personagem, pois, além de narrar os fatos, verídicos ou não, faz parte da história contada,
sendo assim, personagem dela. Esse tipo de personagem apresenta uma visão limitada dos fatos,
já que a narrativa é conduzida sob seu ponto de vista.
b) Narrador testemunha, pois é uma das personagens que vivem a história contada, mas não é uma
personagem principal.
c) Narrador onisciente, pois sabe de tudo o que acontece na narrativa, seus aspectos e o
comportamento das personagens, podendo, inclusive, descrever situações simultâneas, embora
essas ocorram em lugares diferentes.
d) Narrador observador, pois presencia a história, mas diferentemente do que acontece com o narrador
onisciente, não tem controle e visão sobre todas as ações e personagens, confere os fatos, mas
apenas de um ângulo.
e) Narrador onisciente neutro, pois relata os fatos e descreve as personagens, no entanto, não tenta
influenciar o leitor com opiniões a respeito das personagens, falando apenas sobre os fatos
indispensáveis para a compreensão da leitura.

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2. O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

Botafogo etc.
"Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol. Losangos
tênues de ouro bandeiranacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da baía a Serra
dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia vinha
derrapava em túneis.

Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.
Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua organização, os textos podem ser compostos de
descrição, narração e dissertação; no entanto é difícil encontrar-se um trecho que seja só descritivo,
apenas narrativo, somente dissertativo.

Levando-se em conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para classificar o texto de
Oswald de Andrade:

a) Narrativo-descritivo, com predominância do descritivo.


b) Dissertativo-descritivo, com predominância do dissertativo.
c) Descritivo-narrativo, com predominância do narrativo.
d) Descritivo-dissertativo, com predominância do dissertativo.
e) Narrativo-dissertativo, com predominância do narrativo.

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3. Transtorno do comer compulsivo


O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como uma síndrome
caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos, porém, diferentemente
da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os métodos compensatórios.
Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer,
sentimentos de culpa e de vergonha. Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma
história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno
do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente
acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade.
Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda
de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo.
Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br>. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).

Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade de
a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.
b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.
c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.
d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.
e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.

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4. Leia o fragmento do conto “A causa secreta”, de Machado de Assis:


“Garcia estava atônito. Olhou para ele, viu-o sentar-se tranquilamente, estirar as pernas, meter as mãos
nas algibeiras das calças, e fitar os olhos no ferido. Os olhos eram claros, cor de chumbo, moviam-se
devagar, e tinham a expressão dura, seca e fria. Cara magra e pálida; uma tira estreita de barba, por baixo
do queixo, e de uma têmpora a outra, curta, ruiva e rara. Teria quarenta anos. De quando em quando,
voltava-se para o estudante, e perguntava alguma coisa acerca do ferido; mas tornava logo a olhar para
ele, enquanto o rapaz lhe dava a resposta. A sensação que o estudante recebia era de repulsa ao mesmo
tempo que de curiosidade; não podia negar que estava assistindo a um ato de rara dedicação, e se era
desinteressado como parecia, não havia mais que aceitar o coração humano como um poço de
mistérios”.
MACHADO DE ASSIS. A causa secreta. In: Machado de Assis – obra completa. v.2. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1986. p. 513.

A partir da análise do trecho do conto, podemos dizer que o texto classifica-se como
a) Um texto de relato, pois transmite os fatos acontecidos com foco no acontecimento;
b) Um texto narrativo, seu material é o fato e a ação que envolve os personagens;
c) Um texto dissertativo, cuja principal intenção é a exposição de opiniões com a intenção de persuadir
o leitor;
d) Um texto narrativo-descritivo, pois é predominantemente narrativo com passagens descritivas;
e) Um texto do tipo carta argumentativa, muito comum em jornais e revistas. Apresenta argumentos
incisivos com intenção de influenciar ou rebater a opinião de outros leitores.

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5. Considere o texto:
"O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do ano de 1963,
tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para o dia. (...) Bem, mas não convém
antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto
possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se possa ter uma ideia mais clara do palco,
do cenário e principalmente dos personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama talvez
inédito nos anais da espécie humana.”
(Fragmento do livro Incidente em Antares, de Érico Veríssimo)

Assinale a alternativa que evidencia o papel do narrador no fragmento acima:


a) O narrador tem senso prático, utilitário e quer transmitir uma experiência pessoal.
b) É um narrador introspectivo, que relata experiências que aconteceram no passado, em 1963.
c) Em atitude semelhante à de um jornalista ou de um espectador, escreve para narrar o que aconteceu
com x ou y em tal lugar ou tal hora.
d) Fala de maneira exemplar ao leitor porque considera sua visão a mais correta.
e) É um narrador neutro, que não deixa o leitor perceber sua presença.

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Assinale a alternativa em que o diálogo do primeiro quadrinho tem expressão adequada em discurso
indireto, dando sequência à frase abaixo.
Indagada sobre o segredo de um casamento duradouro, a velha senhora respondeu à jovem secretária
a) isso: fosse você mesma, tivesse seus próprios interesses, desse espaço ao outro e ficando fora do
caminho.
b) o seguinte: seja você mesma, tivesse seus próprios interesses, desse espaço ao outro e fique fora
do caminho.
c) que fosse ela mesma, tivesse seus próprios interesses, desse espaço ao outro e ficasse fora do
caminho.
d) que: seja você mesma, tenha seus próprios interesses, dê espaço ao outro e fique fora do caminho.
e) que fora ela mesma, tenha seus próprios interesses, desse espaço ao outro e ficasse fora do
caminho.

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7. Autorretrato falado
Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,
aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar
entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto
meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou
abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que
fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.
Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.
Manoel de Barros

Uma obra literária pode combinar diferentes gêneros, embora, de modo geral, um deles se mostre
dominante. O poema de Manoel de Barros, predominantemente lírico, apresenta características de um
outro gênero. Qual?
a) Gênero épico.
b) Gênero poético.
c) Gênero elegíaco.
d) Gênero dramático.
e) Gênero narrativo.

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8. Analise os fragmentos a seguir e assinale a alternativa que indique as tipologias textuais às quais eles
pertencem:

Texto I
“Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda
úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se
não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
sugeriu que devia sofrer de ataque (...)”.
Dalton Trevisan – Uma vela para Dario.

Texto II
“Era um homem alto, robusto, muito forte, que caminhava lentamente, como se precisasse fazer esforço
para movimentar seu corpo gigantesco. Tinha, em contrapartida, uma cara de menino, que a expressão
alegre acentuava ainda mais.”

Texto III
Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas
ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”,
“maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-
os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas
e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um
aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto,
desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se
estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de
entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto
controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em:
1 mar. 2013 (adaptado).

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Texto IV
Modo de preparo:
1. Bata no liquidificador primeiro a cenoura com os ovos e o óleo, acrescente o açúcar e bata por 5
minutos;
2. Depois, numa tigela ou na batedeira, coloque o restante dos ingredientes, misturando tudo, menos
o fermento;
3. Esse é misturado lentamente com uma colher;
4. Asse em forno preaquecido (180° C) por 40 minutos.

a) narração – descrição – dissertação – prescrição.


b) descrição – narração – dissertação – prescrição.
c) dissertação – prescrição – descrição – narração.
d) prescrição – descrição – dissertação – narração.

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9.

Não, aquela fonte de luz tinha uma propagação trêmula, uma claridade branca e seca, uma temperatura
pouco elevada e um brilho de fato maior que o da Lua, evidenciando uma origem elétrica. (l. 19-21)
A passagem transcrita acima revela uma característica na descrição do cenário que pode ser definida
como:
a) exemplificação do tema do diálogo entre personagens
b) intensificação do envolvimento do narrador com a cena
c) contraposição com os aspectos visuais relativos à paisagem
d) enumeração de elementos díspares na composição do espaço

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10. A chamada Lei do Agrotóxico (n° 7.802, de 11/06/89) determina que os rótulos dos produtos não
contenham afirmações ou imagens que possam induzir o usuário ao erro quanto a sua natureza,
composição, segurança, eficácia e uso. Também proíbe declarações sobre a inocuidade, tais como
"seguro", “não venenoso", “não tóxico”, mesmo que complementadas por afirmações do tipo “quando
utilizado segundo as instruções”. Em face das proibições da Lei, a compreensão da frase: “Cuidado, este
produto pode ser tóxico”
a) precisa levar em consideração que a condição suficiente para que um produto possa ser tóxico é
sua ingestão, inalação ou contato com a pele e não sua composição.
b) exige cautela, pois a expressão “pode ser” pressupõe “pode não ser”, permitindo a interpretação de
que se trata de um produto “seguro", “não venenoso”, “não tóxico".
c) precisa levar em consideração que a expressão “pode ser” elimina o sentido de “pode não ser”,
consistindo em um alerta ao usuário sobre a inocuidade dos produtos.
d) exige admitir que a condição necessária para que um produto seja tóxico é a sua composição,
induzindo o usuário a erro quanto à inocuidade e ao mau uso dos produtos.
e) precisa ser complementada com a consideração de que a segurança no manuseio dos agrotóxicos
elimina sua toxicidade, bem como eventuais riscos de intoxicação.

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Gabarito

1. C
Ainda que ao longo da música seja percebido que o narrador é amigo dos personagens, no fragmento
destacado pela questão, essa relação não é conhecida. A partir desses versos, então, vemos uma narrador
onisciente que é capaz de observar toda a história e até fatos simultâneos (“Eduardo abriu os olhos, mas
não quis se levantar”; “Enquanto Monica tomava um conhaque”).

2. A
O fragmento narra uma situação, mas há predominância de elementos descritivos (Ex.: “Copacabana era
um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.”).

3. D
O texto apenas expõe estatísticas e dados descritivos sobre o transtorno. Dessa forma, configura-se um
texto expositivo.

4. D
O fragmento do texto de Machado de Assis apresenta passagens descritivas em que o narrador busca
caracterizar as personagens e o espaço.

5. C
O relato do narrador se da de maneira objetiva e imparcial, como está esclarecido no próprio fragmento
(“Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível,...”).

6. C
Na transposição do discurso direto para o indireto (3ª pessoa) o tempo verbal adequado é o pretérito do
subjuntivo (indicado pela alternativa C).

7. E
É possível perceber no poema de Manoel de Barros traços narrativos, como por exemplo: apresenta os
fatos numa sequência temporal; conta uma história. Além disso, não apresenta ritmo marcado nem rimas,
aproximando-se da fala.

8. A
I. Predominam elementos narrativos; II. Predominam elementos descritivos, como adjetivos; III. Predomina
o caráter objetivo, típico da dissertação; IV. Texto injuntivo, que caracteriza uma prescrição.

9. B
A descrição presente no fragmento destacado revela o envolvimento entre o narrador e a cena narrada,
principalmente por conta da marca de interlocução (“Não”), que demonstra o envolvimento do narrador ao
rejeitar uma descrição anterior.

10. B
De acordo com a lei, deve haver cuidado com o modo como as mensagens estão colocadas nos rótulos,
para que não haja má interpretação por parte do consumidor. Esse fato se aplica à frase em questão, pois
“pode ser” implica o fato de que pode, muitas vezes, ser interpretado, também, como “pode não ser”.

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Análise de questões anteriores – competências 1 e 3

Resumo

Nessa aula, faremos a análise de questões de provas anteriores do ENEM relativas às competências 1 e 3,
mencionadas abaixo.
Competência da área 1 - Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em
outros contextos relevantes para sua vida.
H1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos
sistemas de comunicação.
H2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para
resolver problemas sociais.
H3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função
social desses sistemas.
H4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de
comunicação e informação.

Competência da área 3 - Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida,
integradora social e formadora da identidade.
H9 – Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de
um grupo social.
H10 – Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades
cinestésicas.
H11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de
desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.

1
Português

Exercícios

1. Blog é concebido como um espaço onde o blogueiro é livre para expressar e discutir o que quiser na
atividade da sua escrita, com a escolha de imagens e sons que compõem o todo do texto veiculado
pela internet, por meio dos posts. Assim, essa ferramenta deixa de ter como única função a exposição
de vida e/ou rotina de alguém — como em um diário pessoal —, função para qual serviu inicialmente e
que o popularizou, permitindo também que seja um espaço para a discussão de ideias, trocas e
divulgação de informações.
A produção dos blogs requer uma relação de troca, que acaba unindo pessoas em torno de um ponto
de interesse comum. A força dos blogs está em possibilitar que qualquer pessoa, sem nenhum
conhecimento técnico, publique suas ideias e opiniões na web e que milhões de outras pessoas
publiquem comentários sobre o que foi escrito, criando um grande debate aberto a todos.
LOPES, B. O. A linguagem dos blogs e as redes sociais. Disponível em: www.fateczl.edu.br. Acesso em: 29 abr. 2013
(adaptado).

De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua função inicial e vem se destacando como
a) estratégia para estimular relações de amizade.
b) espaço para exposição de opiniões e circulação de ideias.
c) gênero discursivo substituto dos tradicionais diários pessoais.
d) ferramenta para aperfeiçoamento da comunicação virtual escrita.
e) recurso para incentivar a ajuda mútua e a divulgação da rotina diária.

2.

O texto introduz uma reportagem a respeito do futuro da televisão, destacando que as tecnologias a
ela incorporadas serão responsáveis por
a) estimular a substituição dos antigos aparelhos de TV.
b) contemplar os desejos individuais com recursos de ponta.
c) transformar a televisão no principal meio de acesso às redes sociais.
d) renovar técnicas de apresentação de programas e de captação de imagens.
e) minimizar a importância dessa ferramenta como meio de comunicação de massa.

2
Português

3. A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. […] O jogo se transformou em espetáculo,
com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou
num dos negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas para impedir
que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo um futebol de pura velocidade e muita
força, que renuncia ã alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia. Por sorte ainda aparece nos campos,
[…] algum atrevido que sai do roteiro e comete o disparate de driblar o time adversário inteirinho, além
do juiz e do público das arquibancadas, pelo puro prazer do corpo que se lança na proibida aventura da
liberdade.
GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM Pockets, 1995 (adaptado).

O texto indica que as mudanças nas práticas corporais, especificamente no futebol,


a) fomentaram uma tecnocracia, promovendo uma vivência mais lúdica e irreverente.
b) promoveram o surgimento de atletas mais habilidosos, para que fossem inovadores.
c) incentivaram a associação dessa manifestação à fruição, favorecendo o improviso.
d) tornaram a modalidade em um produto a ser consumido, negando sua dimensão criativa.
e) contribuíram para esse esporte ter mais jogadores, bem como acompanhado de torcedores.

4. Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a cópia ilegal No mundo acadêmico ou nos veículos de
comunicação, as cópias ilegais podem surgir de diversas maneiras, sendo integrais, parciais ou
paráfrases. Para ajudar a combater esse crime, o professor Maximiliano Zambonatto Pezzin,
engenheiro de computação, desenvolveu junto com os seus alunos o programa Farejador de Plágio. O
programa é capaz de detectar: trechos contínuos e fragmentados, frases soltas, partes de textos
reorganizadas, frases reescritas, mudanças na ordem dos períodos e erros fonéticos e sintáticos. Mas
como o programa realmente funciona? Considerando o texto como uma sequência de palavras, a
ferramenta analisa e busca trecho por trecho nos sites de busca, assim como um professor
desconfiado de um aluno faria. A diferença é que o programa permite que se pesquise em vários
buscadores, gerando assim muito mais resultados.
Disponível em: http://reporterunesp.jor.br. Acesso em: 19 mar. 2018

Segundo o texto, a ferramenta Farejador de Plágio alcança seu objetivo por meio da
a) seleção de cópias integrais.
b) busca em sites especializados.
c) simulação da atividade docente.
d) comparação de padrões estruturais.
e) identificação de sequência de fonemas.

3
Português

5. A dança é um importante componente cultural da humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças


que representam as tradições e a cultura de várias regiões do país. Estão ligadas aos aspectos
religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras e caracterizam-
se pelas músicas animadas (com letras simples e populares), figurinos e cenários representativos.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo:
Educação Física. São Paulo: 2009 (adaptado).

A dança, como manifestação e representação da cultura rítmica, envolve a expressão corporal própria
de um povo. Considerando-a como elemento folclórico, a dança revela
a) manifestações afetivas, históricas, ideológicas, intelectuais e espirituais de um povo, refletindo seu
modo de expressar-se no mundo.
b) aspectos eminentemente afetivos, espirituais e de entretenimento de um povo, desconsiderando
fatos históricos.
c) acontecimentos do cotidiano, sob influência mitológica e religiosa de cada região, sobrepondo
aspectos políticos.
d) tradições culturais de cada região, cujas manifestações rítmicas são classificadas em um ranking
das mais originais.
e) lendas, que se sustentam em inverdades históricas, uma vez que são inventadas, e servem apenas
para a vivência lúdica de um povo.

6. No esporte-participação ou esporte popular, a manifestação ocorre no princípio do prazer lúdico, que


tem como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes. Está associado intimamente com o lazer
e o tempo livre e ocorre em espaços não comprometidos com o tempo e fora das obrigações da vida
diária. Tem como propósitos a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e o
relacionamento com as pessoas. Pode-se afirmar que o esporte-participação, por ser a dimensão social
do esporte mais inter-relacionada com os caminhos democráticos, equilibra o quadro de desigualdades
de oportunidades esportivas encontrado na dimensão esporte-performance. Enquanto o esporte-
performance só permite sucesso aos talentos ou àqueles que tiveram condições, o esporte-
participação favorece o prazer a todos que dele desejarem tomar parte.
GODTSFRIEDT, J. Esporte e sua relação com a sociedade: uma síntese bibliográfica. EFDeportes, n. 142, mar. 2010.

O sentido de esporte-participação construído no texto está fundamentalmente presente


a) nos Jogos Olímpicos, uma vez que reúnem diversos países na disputa de diferentes modalidades
esportivas.
b) nas competições de esportes individuais, uma vez que o sucesso de um indivíduo incentiva a
participação dos demais.
c) nos campeonatos oficiais de futebol, regionais e nacionais, por se tratar de uma modalidade
esportiva muito popular no país.
d) nas competições promovidas pelas federações e confederações, cujo objetivo é a formação e a
descoberta de talentos.
e) nas modalidades esportivas adaptadas, cujo objetivo é o maior engajamento dos cidadãos.

4
Português

7. É possível considerar as modalidades esportivas coletivas dentro de uma mesma lógica, pois possuem
uma estrutura comum: seis princípios operacionais divididos em dois grupos, o ataque e a defesa. Os
três princípios operacionais de ataque são: conservação individual e coletiva da bola, progressão da
equipe com a posse da bola em direção ao alvo adversário e finalização da jogada, visando a obtenção
de ponto. Os três princípios operacionais da defesa são: recuperação da bola, impedimento do avanço
da equipe contrária com a posse da bola e proteção do alvo para impedir a finalização da equipe
adversária.
DAOLIO, J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos –
modelo pendular a partir das ideias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento,
out. 2002 (adaptado).

Considerando os princípios expostos no texto, o drible no handebol caracteriza o princípio de


a) recuperação da bola.
b) progressão da equipe.
c) finalização da jogada.
d) proteção do próprio alvo.
e) impedimento do avanço adversário.

8.

Disponível em: http://tv-video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010. (Foto: Reprodução)

A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque
a) questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.
b) considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais.
c) enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
d) descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado.
e) concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações
sociais.

5
Português

9.

BRANCO, A. Disponível em: www.oesquema.com.br. Acesso em: 30jun. 2015 (adaptado).

A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais e impulsionou a modificação de


outros já estabelecidos nas esferas da comunicação e da informação. A principal consequência
criticada na tirinha sobre esse processo é a
a) criação de memes.
b) ampliação da blogosfera.
c) supremacia das ideias cibernéticas.
d) comercialização de pontos de vista.
e) banalização do comércio eletrônico.

10. O rap, palavra formada pelas iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia), junto com as linguagens da
dança (o break dancing) e das artes plásticas (o grafite), seria difundido, para além dos guetos, com o
nome de cultura hip hop. O break dancing surge como uma dança de rua. O grafite nasce de assinaturas
inscritas pelos jovens com sprays nos muros, trens e estações de metrô de Nova York. As linguagens
do rap, do break dancing e do grafite se tornaram os pilares da cultura hip hop.
DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005 (adaptado).

Entre as manifestações da cultura hip hop apontadas no texto, o break se caracteriza como um tipo de
dança que representa aspectos contemporâneos por meio de movimentos
a) retilíneos, como crítica aos indivíduos alienados.
b) improvisados, como expressão da dinâmica da vida urbana.
c) suaves, como sinônimo da rotina dos espaços públicos.
d) ritmados pela sola dos sapatos, como símbolo de protesto.
e) cadenciados, como contestação às rápidas mudanças culturais.

6
Português

Gabarito

1. B
O blog se tornou um espaço para exposição e circulação de ideias, pois possibilita que “qualquer pessoa,
sem nenhum conhecimento técnico, publique suas ideias e opiniões na web e que milhões de outras
pessoas publiquem comentários sobre o que foi escrito, criando um grande debate aberto a todos”.

2. B
O texto apresenta a ideia de que a TV pode garantir ao interlocutor que ele “assista ao que quer e quando
quer”, satisfazendo, então, as vontades individuais.

3. D
A mercantilização do futebol ampliou sua exigência física e técnica, mas diminuiu a importância do
talento natural e do seu caráter lúdico.

4. D
O Farejador de Plágio, por meio de comparações entre estruturas linguísticas semelhantes, descobre se
um trabalho copiou um outro já existente.

5. A
O trecho “Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do
cotidiano e brincadeiras”, identificado no próprio texto, evidencia que a dança, sendo considerada um
elemento folclórico, reflete as expressões culturais de determinados povos.

6. E
O texto descreve o que significa o “esporte-participação”, que consiste no uso do esporte como meio de
pertencimento, inclusão e prazer. Dentre as opções, apenas a letra “E” propõe obter esse tipo de prática
esportiva.

7. B
No handebol, o drible serve para mostrar uma continuidade, uma sequenciação da jogada; logo, isso
revela o que a questão chama de progressão.

8. A
No mundo contemporâneo as relações interpessoais passam por uma drástica transformação. As
pessoas se veem cada vez menos e as amizades de “fato” – construídas no mundo real, a partir de
experiências empíricas – são cada vez mais substituídas por amizades virtuais.

9. D
A partir da análise da tirinha, o verbo “cobro” e os substantivos “preço” e “profissional” fazem parte do
campo semântico de comércio. Desse modo, a crítica feita no texto é sobre a comercialização de pontos
de vista.

7
Português

10. B
O break é uma dança de improviso que trabalha com movimentos aleatórios e dinâmicos.

8
Português

Análise de questões anteriores (ênfase nas competências das


áreas 6 e 7)

Resumo

Nessa aula, faremos a análise de questões de provas anteriores do ENEM relativas às competências 6 e 7,
mencionadas abaixo.

Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios
de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e
informação.
H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e
estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade
nacional.

Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas
manifestações específicas.
H21 – Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade
de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 – Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos
procedimentos argumentativos utilizados.
H24 – Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais
como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.

1
Português

Exercícios

1. 14 coisas que você não deve jogar na privada


Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também
deixa mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar
entupimentos:

• cotonete e fio dental;


• medicamento e preservativo;
• óleo de cozinha;
• ponta de cigarro;
• poeira de varrição de casa;
• fio de cabelo e pelo de animais;
• tinta que não seja à base de água;
• querosene, gasolina, solvente, tíner.
Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta,
podem ser levados a pontos de coleta especiais, que darão destinação final adequada.
MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado).

O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função
conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca
a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que
beneficiarão a sustentabilidade do planeta.
b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre
como fazer o correto descarte de alguns dejetos.
c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do
autor do texto em relação ao planeta.
d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre
ações de sustentabilidade está sendo compreendida.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos usados de forma a
proporcionar melhor compreensão do texto.

2
Português

2.

Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não verbais são usados com o objetivo de atingir o
público-alvo, influenciando seu comportamento. Considerando as informações verbais e não verbais
trazidas no texto a respeito da hepatite, verifica-se que
a) o tom lúdico é empregado como recurso de consolidação do pacto de confiança entre o médico e
a população.
b) a figura do profissional de saúde é legitimada, evocando-se o discurso autorizado como estratégia
argumentativa.
c) o uso de construções coloquiais e específicas da oralidade são recursos de argumentação que
simulam o discurso do médico.
d) a empresa anunciada deixa de autopromover ao mostrar a preocupação social e assumir a
responsabilidade pelas informações.
e) o discurso evidencia uma cena de ensinamento didático, projetado com subjetividade
no trecho sobre as maneiras de prevenção.

3
Português

3. O exercício da crônica
Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um
ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou
porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina,
olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido
no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um
sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um
processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida
emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto
da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991.
Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui
a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.

4. Eu acho um fato interessante… né… foi como meu pai e minha mãe vieram se conhecer… né… que…
minha mãe morava no Piauí com toda a família… né…meu… meu avô… materno no caso… era
maquinista… ele sofreu um acidente… infelizmente morreu…minha mãe tinha cinco anos… né… e o irmão
mais velho dela… meu padrinho… tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar… foi trabalhar no banco…
e… ele foi…o banco… no caso… estava… com um número de funcionários cheio e ele teve que ir para
outro local e pediu transferência prum mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles moravam e
por engano o… o…escrivão entendeu Paraíba… né… e meu… minha família veio parar em Mossoró que
exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e:: ela foi parar na
rua do meu pai… né…e começaram a se conhecer…namoraram onze anos …né… pararam algum tempo…
brigaram… é lógico… porque todo relacionamento tem uma briga… né…e eu achei esse fato muito
interessante porque foi uma coincidência incrível…né… como vieram se conhecer… namoraram e hoje…
e até hoje estão juntos… dezessete anos de casados.
CUNHA, M. F. A. (org.) Corpus discurso & gramática: a língua falada e escrita na cidade de Natal. Natal: EdUFRN, 1998.

Na transcrição de fala, há um breve relato de experiência pessoal, no qual se observa a frequente


repetição de “né”. Essa repetição é um
a) índice de baixa escolaridade do falante.
b) estratégia típica da manutenção da interação oral.
c) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala.
d) manifestação característica da fala nordestina.
e) recurso enfatizador da informação mais relevante da narrativa.

4
Português

5. A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades
menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma tem múltiplos mecanismos que regulam o
número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem


a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.

6. Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente
aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”,
“maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichi – zam” novos produtos,
transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje
nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um
aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida.
Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de
comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em
objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual
tanto controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar 2013
(adaptado).
Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que
permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso,
nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva
a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas
tecnologias.
d) tornar o leitor coparticipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é
manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias
controlem as pessoas.

5
Português

7.

O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre os recursos verbais e não verbais
nessa propaganda revela que
a) o discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os problemas climáticos.
b) a preservação da vida na Terra depende de ações de dessalinização da água marinha.
c) a acomodação da topografia terrestre desencadeia o natural degelo das calotas polares.
d) o descongelamento das calotas polares diminui a quantidade de água doce potável do mundo.
e) a agressão ao planeta é dependente da posição assumida pelo homem frente aos problemas
ambientais.

6
Português

8.

O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo quando sua função é vender
um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos e extralinguísticos para divulgar
a atração “Noites do Terror”, de um parque de diversões. O entendimento da propaganda requer do
leitor
a) a identificação com o público-alvo a que se destina o anúncio.
b) a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de terror.
c) atenção para a imagem da parte do corpo humano selecionada aleatoriamente.
d) o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e um dito popular.
e) a percepção do sentido literal da expressão “noites do terror”, equivalente à expressão “noites de
terror”.

7
Português

9.

Disponível em: http://revistaiiqb.usac.edu.gt. Acesso em: 25 abr. 2018 (adaptado).

Texto II
Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um grande centro urbano, que diariamente acorda
às 5h para trabalhar, enfrenta em média 2 horas de transporte público, em geral lotado, para chegar às
8h ao trabalho.
Termina o expediente às 17h e chega em casa às 19h para, aí sim, cuidar dos afazeres domésticos, dos
filhos etc.

Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar exercícios, pois é importante para sua saúde? Como
ela irá entender a mensagem da importância do exercício físico? A probabilidade de essa pessoa
praticar exercícios regularmente é significativamente menor que a de pessoas da classe média/alta
que vivem outra realidade. Nesse caso, a abordagem individual do problema tende a fazer com que a
pessoa se sinta impotente em não conseguir praticar exercícios e, consequentemente, culpada pelo
fato de ser ou estar sedentária.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar:
ampliando o enfoque. RBCE, n. 2,jan. 2001 (adaptado).

O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o primeiro acerca do impacto de mudanças no estilo
de vida na saúde, apresenta uma visão
a) medicalizada, que relaciona a prática de exercícios físicos por qualquer indivíduo à promoção da
saúde.
b) ampliada, que considera aspectos sociais intervenientes na prática de exercícios no cotidiano.
c) crítica, que associa a interferência das tarefas da casa ao sedentarismo do indivíduo.
d) focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilidade pela prevenção de doenças.
e) geracional, que preconiza a representação do culto à jovialidade.

8
Português

10.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo


configurações específicas, formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto
publicitário, seu objetivo básico é
a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo.
b) definir regras de comportamento social pautadas no combate ao consumismo exagerado.
c) defender a importância do conhecimento de informática pela população de baixo poder aquisitivo.
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente
desfavorecidas
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máquina, mesmo a mais moderna.

9
Português

Gabarito

1. B
Lembrar que a função referencial está focada no aspecto informacional – então, o aspecto de orientação
é apropriado a este tipo de comunicação.

2. B
A figura da médica aparece para legitimar o texto escrito, aumentando as chances de adesão do público
leitor.

3. E
A função predominante no texto é metalinguagem: a mensagem é centrada em seu próprio código. Nesse
texto, o cronista dedica-se por explicar, por meio de uma crônica, algumas dificuldades encontradas por
quem escreve esse gênero textual.

4. B
A repetição do “né” é uma estratégia típica da língua oral e pode ser chamado de marcador conversacional
– por ser um elemento típico da fala que não integra o conteúdo do texto, apresentando apenas valor
tipicamente interacional.

5. E
Entre as características da função referencial, destacam-se o cunho informativo e a objetividade; tais
aspectos podem ser reconhecidos no texto.

6. D
Ao escolher utilizar os verbos na primeira pessoa do plural, o autor do artigo de opinião deixa claro o seu
ponto de vista e mostra que os leitores também compartilham desse posicionamento, dando, assim, mais
credibilidade ao que defende.

7. E
Os recursos verbais presentes na propaganda, como a pergunta, os verbos e o uso do pronome “você”
demonstram a responsabilidade do homem no processo das mudanças climáticas.

8. D
Para compreender o anúncio publicitário, é preciso lembrar da expressão popular “Quem é vivo sempre
aparece”, pois o texto faz um trocadilho, substituindo o termo “vivo” por “morto”, uma vez que a atração
que se deseja vender é a “Noites de Terror” e o parque de diversões deseja fazer um evento que aluda a
monstros e figuras míticas para o divertimento de seu público.

9. B
O texto II, em comparação ao texto I, propõe uma abordagem mais analítica a respeito da prática de
atividades físicas, uma vez que associa a elas aspectos sociais mais amplos.

10
Português

10. A
Os textos publicitários, em geral, dialogam com o interlocutor e visam persuadir seu público-alvo. No
anúncio em questão, há um caráter apelativo que incita ao consumo.

11
Português

Análise de questões anteriores (ênfase nas competências da área


4)

Resumo

Competência de área 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e
integrador da organização do mundo e da própria identidade.
H12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza
e preconceitos.
H14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das interrelações de elementos que se apresentam nas
manifestações de vários grupos sociais e étnicos.

1
Português

Exercícios

1.

A instalação Dengo transformou a sala do MAM-SP em um ambiente singular, explorando como


principal característica artística a
a) participação do público na interação lúdica com a obra.
b) distribuição de obstáculos no espaço da exposição.
c) representação simbólica de objetos oníricos.
d) interpretação subjetiva da lei da gravidade
e) valorização de técnicas de artesanato.

2
Português

2.

Texto II
Speto
Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é um grafiteiro paulista envolvido com o skate e a
música. O fortalecimento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências
que trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O
Rappa.
Revista Zupi, n. 19, 2010
O grafite do artista paulista Speto, exposto no Museu Afro Brasil, revela elementos da cultura brasileira
reconhecidos
a) na influência da expressão abstrata.
b) na representação de lendas nacionais.
c) na inspiração das composições musicais.
d) nos traços marcados pela xilogravura nordestina.
e) nos usos característicos de grafismos dos skates.

3
Português

3.

TOZZI, C. Colcha de retalhos. Mosaico figurativo. Estação de Metrô Sé. Disponível em: www.arteforadomuseu.com.br.
Acesso em 8 mar. 2013.
Colcha de retalhos representa a essência do mural e convida o público a
a) apreciar a estética do cotidiano.
b) interagir com os elementos da composição.
c) refletir sobre elementos do inconsciente do artista.
d) reconhecer a estética clássica das formas.
e) contemplar a obra por meio da movimentação física.

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Português

4.

Máscara senufo, Mati. Madeira e fibra vegetal. Acervo do MAE/USP.

As formas plásticas nas produções africanas conduziram artistas modernos do início do século XX,
como Pablo Picasso, a algumas proposições artísticas denominadas vanguardas.
A máscara remete à
a) preservação da proporção.
b) idealização do movimento.
c) estruturação assimétrica.
d) sintetização das formas.
e) valorização estética.

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Português

5.

Texto II
Na sua produção, Goeldi buscou refletir seu caminho pessoal e político, sua melancolia e paixão sobre
os intensos aspectos mais latentes em sua obra, como: cidades, peixes, urubus, caveiras, abandono,
solidão, drama e medo.
ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável. Revista de Arte, Mídia e Política. Acesso em: 24 abr. 2017 (adaptado).

O gravador Oswaldo Goeldi recebeu influências de um movimento artístico europeu do início do século
XX, que apresenta as características reveladas nos traços da obra de

e)

a) c)

b) c)

6
Português

6. Na exposição “A Artista Está Presente”, no MoMA, em Nova Iorque, a performerMarina Abramovic fez
uma retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010,
de 14 de março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de 736 horas, ela repetia a mesma
postura. Sentada numa sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com cada um deles um longo
olhar sem palavras. Ao redor, o público assistia a essas cenas recorrentes.
ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br. Acesso em: 4 nov. 2013.

O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramovic, cuja performance se alinha a tendências
contemporâneas e se caracteriza pela
a) inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu.
b) abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o público.
c) redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens artísticas.
d) negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com quem interage.
e) aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa forma de arte.

7. O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a
cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho conhece-la, é de alguma forma se apropriar
dela, é enriquecer a própria cultura.
BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e a
perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira
a) o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo
crítica social, morte e ressurreição.
b) a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs
envolvendo as colheitas e a fogueira.
c) o Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através
de música, cantos e dança.
d) o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma
história em forma de espetáculo.
e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou
recriar uma história nos desfiles.

7
Português

8.

A origem da obra de arte (2002) é uma instalação seminal na obra de Marilá Dardot. Apresentada
originalmente em sua primeira exposição individual, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte,
a obra constitui um convite para a interação do espectador, instigado a compor palavras e sentenças e
a distribuí-las pelo campo. Cada letra tem o feitio de um vaso de cerâmica (ou será o contrário?) e, à
disposição do espectador, encontram-se utensílios de plantio, terra e sementes. Para abrigar a obra e
servir de ponto de partida para a criação dos textos, foi construído um pequeno galpão, evocando uma
estufa ou um ateliê de jardinagem. As 1500 letras-vaso foram produzidas pela cerâmica que funciona
no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, num processo que durou vários meses e contou com a
participação de dezenas de mulheres das comunidades do entorno. Plantar palavras, semear ideias é
o que nos propõe o trabalho. No contexto de Inhotim, onde natureza e arte dialogam de maneira
privilegiada, esta proposição se torna, de certa maneira, mais perto da possibilidade.
Disponível em: <www.inhotim.org.br>. Acesso em: 22 maio 2013 (adaptado).

A função da obra de arte como possibilidade de experimentação e de construção pode ser constatada
no trabalho de Marilá Dardot porque
a) o projeto artístico acontece ao ar livre.
b) o observador da obra atua como seu criador.
c) a obra integra-se ao espaço artístico e botânico.
d) as letras-vaso são utilizadas para o plantio de mudas.
e) as mulheres da comunidade participam na confecção das peças.

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Português

9.

Espetáculo Romeu e Julieta, Grupo Galpão.


GUTO MUNIZ. Disponível em: www.focoincena.com.br. Acesso em: 30 maio 2016.

A principal razão pela qual se infere que o espetáculo retratado na fotografia é uma manifestação do
teatro de rua é o fato de
a) dispensar o edifício teatral para a sua realização.
b) utilizar figurinos com adereços cômicos.
c) empregar elementos circenses na atuação.
d) excluir o uso de cenário na ambientação.
e) negar o uso de iluminação artificial.

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Português

10.

BACON, F. Três estudos para um autorretrato. Óleo sobre tela, 37,5 x 31,8 cm (cada), 1974.
Disponível em: www.metmuseum.org. Acesso em: 30 maio 2016.

Texto II
Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como
acontece com pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi destruída. Tenho
um rosto destruído.
DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Na imagem e no texto do romance de Marguerite Duras, os dois autorretratos apontam para o modo de
representação da subjetividade moderna. Na pintura e na literatura modernas, o rosto humano deforma-
se, destrói-se ou fragmenta-se em razão
a) da adesão à estética do grotesco, herdada do romantismo europeu, que trouxe novas
possibilidades de representação.
b) das catástrofes que assolaram o século XX e da descoberta de uma realidade psíquica pela
psicanálise.
c) da opção em demonstrarem oposição aos limites estéticos da revolução permanente trazida pela
arte moderna.
d) do posicionamento do artista do século XX contra a negação do passado, que se torna prática
dominante na sociedade burguesa.
e) da intenção de garantir uma forma de criar obras de arte independentes da matéria presente em
sua história pessoal.

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Português

Gabarito

1. A
A disposição espacial da obra não deixava outra alternativa aos espectadores a não ser experienciá-la, o
que justifica a alternativa “A” como sendo o gabarito.

2. D
O grafite do artista paulista Speto faz referência explícita aos cordéis nordestinos que se utilizam de
xilogravuras para suas ilustrações. A Xilogravura é uma manifestação artística típica do Nordeste e
representa elementos da cultura local. Speto reproduz essa temática em sua arte exposta no museu Afro
Brasil.

3. A
A Colcha de retalhos está associado ao cotidiano, pois representa, em uma construção, o material
utilizado em casa para cobrir a cama, sofá, etc. Além disso, está presente em um lugar que recebe a
passagem de muitos indivíduos, diariamente: o metrô. Dessa forma, ao passar por ela, é possível que as
pessoas apreciem essa representação.

4. D
A máscara remete a uma manifestação artística mais simples, sintética, sem tantas preocupações com
trações, contornos, como pregava a arte mimética, praticada na Europa até então.

5. A
A alternativa “A” revela exatamente as características trazidas pelo enunciado da questão, principalmente
a melancolia.

6. D
Artista e público se aproximam, rompendo o distanciamento que existe entre povo e arte.

7. D
A dança é considerada uma manifestação folclórica quando retrata a cultura de uma determinada região.
Dentre as opções, o Balé não é uma dança folclórica brasileira, pois é uma dança que pode contar
qualquer história em forma de espetáculo.

8. B
No texto, o autor afirma que a obra “constitui um convite para a interação do espectador, instigado a
compor palavras e sentenças e a distribuí-las pelo campo”. Dessa forma, fica evidenciado que o
observador da obra atua como seu criador.

9. A
Na imagem, é possível notar que a apresentação está feita a céu aberto (presença de árvores, por
exemplo), com a plateia acomodada no chão, o que evidencia a ausência de um edifício teatral.

10. B
A imagem já revela traços de transformação adquirida em função do contexto das catástrofes do século
XX. Isso se confirma ainda mais pelo texto II quando aparece a expressão “rosto lacerado” e “rosto
desfeito”.

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Português

Extensivo ENEM - Análise de questões anteriores (ênfase nas


competências das áreas 8 e 9)

Resumo

Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de
significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades
linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da


comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento,
associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias,
aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 – Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 – Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 – Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao
conhecimento que elas produzem.

1
Português

Exercícios

1. De domingo
— Outrossim?
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
—É.
— O que que tem?
—Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é óbice.
— “Ônus.
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente…
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa
“outrossim”.
VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: LP&M, 1996.

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove
o (a)
a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.
c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras
regionais.
d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados
poucos conhecidos.
e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um
dos interlocutores do diálogo.

2
Português

2. Texto I
Entrevistadora — Eu vou conversar aqui com a professora A.D. … O português então não é uma língua
difícil?

Professora — Olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais…
não se você se apaixona pela língua que você… já domina… que você já fala ao chegar na escola se teu
professor cativa você a ler obras da literatura… obra da/ dos meios de comunicação… se você tem
acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a
escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.

Texto II

Professora — Não, se você parte do princípio que língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao
chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias e se
tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola
transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.

O texto I é a transcrição de entrevista concedida por uma professora de português a um programa de


rádio. O texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
a) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
b) são modelos de emprego de regras gramaticais.
c) são exemplos de uso não planejado da língua.
d) apresentam marcas da linguagem literária.
e) são amostras do português culto urbano.

3. Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à
costa ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos
consideram bruxos os africanos que ali habitavam — é que eles davam indicações sobre a existência
de ouro na região. Em idioma nativo, mandinga designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando
sinônimo de feitiço, sortilégio.
COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009. Fragmento.

No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um (a)


a) contexto sócio-histórico.
b) diversidade técnica.
c) descoberta geográfica.
d) apropriação religiosa.
e) contraste cultural.

3
Português

4. Assum Preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió

Assum preto veve sorto


Mas num pode avuá
Mil veiz a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.

As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da


aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a
sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra a
a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.
b) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”
d) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”.
e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.

4
Português

5. Palavras jogadas fora


Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá
esporadicamente. O sentido da palavra é o de “jogar fora” (pincha fora essa porcaria) ou “mandar
embora” (pincha esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital do
estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhecem esse verbo,
comumente escuto respostas como “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos falantes, esse
verbo é algo do passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer.

As palavras são, em sua grande maioria, resultados de uma tradição: elas já estavam lá antes de
nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar adiante, de transmitir
(sobretudo valores culturais). O rompimento da tradição de uma palavra equivale à sua extinção. A
gramática normativa muitas vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais forte que motiva
os falantes a extinguirem uma palavra é associar a palavra, influenciados direta ou indiretamente pela
visão normativa, a um grupo que julga não ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há
pouca escolaridade e refinamento citadino, está fadado à extinção?

É louvável que nos preocupemos com a extinção das ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas
a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção, como não nos comovemos com a extinção
de insetos, a não ser dos extremamente belos. Pelo contrário, muitas vezes a extinção das palavras é
incentivada.
VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012 (adaptado).

A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma reflexão sobe a linguagem
e seus usos, a partir da qual compreende-se que
a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários, conforme sugere o
título.
b) o cuidado com espécies animais em extinção é mais urgente do que a preservação de palavras.
c) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socioculturais.
d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua.
e) o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas.

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Português

6. A língua tupi no Brasil


Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de
falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em
1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres
que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII,
graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos paulistas: as
bandeiras, expedições ao Sertão em busca de escravos índios. Muitos bandeirantes nem sequer
falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o
Ouilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem
falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio
corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.

Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e
antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que,
além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura
ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
ÂNGELO, C. Disponível em: <http://super.abril.com.br>. Acesso em: 8 ago. 2012. (Adaptado).

O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Ouanto ao papel do


tupinaformação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena
a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares
designados.
b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a
fala de variadas etnias indígenas.
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos de
Lisboa.
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas
investidas contra o Ouilombo dos Palmares.
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos
bandeirantes paulistas.

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Português

7. Sítio Gerimum
Este é o meu lugar (…)
Meu Gerimum é com g
Você pode ter estranhado
Gerimum em abundância
Aqui era plantado
E com a letra g
Meu lugar foi registrado.
OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento)

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum”grafada com a letra “g” tem por
objetivo
a) Valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
b) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da linguagem poética.
c) enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
d) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
e) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.

7
Português

8. Texto I
A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros. De acordo com o pesquisador
Aryon Rodrigues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio Solimões, no
Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, sendo também encontrada no Peru e na Colômbia.
Os ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra
língua indígena e apresenta complexidades em sua fonologia e sintaxe.
Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz.
O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades ou mesmo pela
convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, esses outros
falantes são minoritários e acabam por se submeter à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não
representem uma ameaça linguística.
Língua Portuguesa, n. 52, few 2010 (adaptado)

Texto II
Riqueza da língua
“O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era
passada e o francês é na presente”, dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. A
profecia se cumpriu o inglês é hoje a língua franca da globalização. No extremo oposto da economia
linguística mundial, estão as línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje se
falem de 6 000 a 7 000 línguas no mundo todo. Quase metade delas deve desaparecer nos próximos
100 anos, A última edição do Ethnologue – o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais -, de
2005, listava 516 línguas em risco de extinção.
Veja, n. 36, set 2007 (adaptado).

Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, cujas realidades se aproximam em


função do(a)
a) semelhança no modo de expansão.
b) preferência de uso na modalidade falada.
c) modo de organização das regras sintáticas.
d) predomínio em relação às outras línguas de contato.
e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias.

8
Português

9. Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma
mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas
jurou e não cumpriu, fingiu e me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus você pecou, o coração tem
razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece.
O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou
com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a
história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo
fechava os olhos e soltava a voz:

Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/


Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/
Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/
Um corpo alvo sem par/ E os pés
muito pequenos./Enfim eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus.
CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado).

O comentário do narrador do romance “[…] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de
palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é
representativa de uma variedade linguística
a) detentora de grande prestígio social.
b) específica da modalidade oral da língua.
c) previsível para o contexto social da narrativa.
d) constituída de construções sintáticas complexas.
e) valorizadora do conteúdo em detrimento da forma.

10. Testes
Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet. O nome do teste era tentador: “O
que Freud diria de você”. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte: “Os
acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos, depois disso você buscou conhecimento
intelectual para seu amadurecimento”. Perfeito! Foi exatamente o que aconteceu comigo. Fiquei
radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise, e ele acertou na mosca.
Estava com tempo sobrando, e curiosidade é algo que não me falta, então resolvi voltar ao teste e
responder tudo diferente do que havia respondido antes. Marquei umas alternativas esdrúxulas, que
nada tinham a ver com minha personalidade. E fui conferir o resultado, que dizia o seguinte: “Os
acontecimentos da sua infância a marcaram até os 12 anos, depois disso você buscou conhecimento
intelectual para seu amadurecimento”.
MEDEIROS, M. Doidas e santas. Porto Alegre, 2008 (adaptado).

Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os usuários, a autora expressa uma reação
irônicano trecho:
a) “Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver”.
b) Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos”.
c) “Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet”.
d) “Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte”.
e) “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise”.

9
Português

Gabarito

1. B
O tom humorístico do texto utilizado na questão 115 é construído a partir do conceito de uma das
variações linguísticas: a situacional. Ela corresponde às diferentes formas que o falante escolhe para se
comunicar, dependendo da situação de comunicação. É a situação que determina, por exemplo, o
vocabulário a ser empregado: com quem estamos falando? Em que evento estamos? Em que lugar?

2. E
A questão trata da variação sociocultural, referente às diferenças linguísticas decorrentes das
características sociais e culturais de cada falante: idade, profissão, sexo, grau de instrução grupo social,
nível econômico. É importante observar a expressão “português culto urbano”, utilizado na alternativa
indicada como correta pelo gabarito oficial do INEP: o conceito é utilizado em Sociolinguística para
designar o uso linguístico do indivíduo com grau de escolaridade superior completa, nascido e criado em
zona urbana. Como já explicamos em outro texto, o conceito da Linguística não está relacionado às
noções de culto e inculto disseminadas por aí com base no senso comum!

3. A
A questão aborda a variação histórica da língua portuguesa. Toda língua natural modifica-se com o
tempo: mudam o modo de falar, a maneira de estruturar as frases, o vocabulário e, muitas vezes, o
significado das palavras.

4. B
O texto Assum preto é construído a partir de uma determinada variedade linguística e observamos
expressões típicas da linguagem oral. Em “tarvez” e “sorto”, temos dois casos de rotacismo – a troca de
L por R em encontros consonantais ou em final de sílaba.

5. C
A questão cobra o tópico variedades linguísticas a partir de um dos aspectos do preconceito linguístico.

6. A
O texto dá a entender que o léxico (ou seja, o vocabulário, a escolha de palavras) do português paulista é
fortemente influenciado pela língua indígena.

7. E
De acordo com os dicionários, jerimum é grafado com “j”. No entanto, o poema utiliza o termo “gerimum”
com “g”, para afirmar a relação do eu lírico com o seu lugar, que independente da forma que é grafada,
representa a afetividade com o local sem se importar com a norma culta, pois a intenção comunicativa é
a mesma.

8. D
Os textos retratam a predominância de duas línguas: a ticuna e o inglês. Essas línguas se aproximam pois
se sobrepõem às demais línguas de contato.

9. A
A expressão “palavras difíceis e desconhecidas” pelo narrador-personagem reforçam um exemplo de
variação linguística às classes de maior prestígio, as quais ele não pertence e por isso ele acha bonito.

10
Português

10. E
A autora utiliza da ironia no trecho “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o
pai da psicanálise”, visto que, na verdade, ela não fez uma consulta com Freud; a intenção do teste online
é causar o divertimento e a distração dos internautas.

11
Português

Simulação de prova

Exercícios

1. Olhando o gavião no telhado, Hélio fala:


— Esta noite eu sonhei um sonho engraçado.
— Como é que foi? — pergunta o pai.
— Quer dizer, não é bem engraçado não. É sobre uma casa de joão-de-barro que a gente descobriu ali
no jacarandá.
— A gente, quem?
— Eu mais o Timinho.
— O que tinha dentro?
— Um ninho.
— Vazio?
— Não.
— Tinha ovo?
— Tinha.
— Quantos? — pergunta a mãe.
Hélio fica na dúvida. Não consegue lembrar direito.
Todos esperam, interessados. Na maior aflição, ele pergunta ao irmão mais novo:
— Quantos ovos tinha mesmo, Timinho? Ocê lembra?
ROMANO, O. O ninho. In: Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

Esse texto pertence ao gênero textual caso ou “causo”, narrativa popular que tem o intuito de
a) contar histórias do universo infantil.
b) relatar fatos do cotidiano de maneira cômica.
c) retratar personagens típicos de uma região.
d) registrar hábitos de uma vida simples.
e) valorizar diálogos em família.

2. Reclame
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
... ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
agradece a preferência.
CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014.

Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições textuais que
circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte
característica:
a) extensão do texto.
b) emprego da injunção.
c) apresentação do título.
d) disposição das palavras.
e) pontuação dos períodos

1
Português

3. Glossário diferenciado
Outro dia vi um anúncio de alguma coisa que não lembro o que era (como vocês podem deduzir, o
anúncio era péssimo). Lembro apenas que o produto era diferenciado, funcional e sustentável.
Pensando nisso, fiz um glossário de termos diferenciados e suas respectivas funcionalidades.

Diferenciado: um adjetivo que define um substantivo mas também o sujeito que o está usando. Quem
fala “diferenciado” poderia falar “diferente”. Mas escolheu uma palavra diferenciada. Porque ele quer
mostrar que ele próprio é “diferenciado”. Essa é a função da palavra “diferenciado”: diferenciar-se. Por
diferençado, entenda: “mais caro”. Estudos indicam que a palavra “diferenciado” representa um
aumento de 50% no valor do produto. É uma palavra que faz a diferença.
DUVIVIER, G. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 nov. 2014 (adaptado).

Os gêneros são definidos, entre outros fatores, por sua função social. Nesse texto, um verbete foi criado
pelo autor para
a) atribuir novo sentido a uma palavra.
b) apresentar as características de um produto.
c) mostrar um posicionamento crítico.
d) registrar o surgimento de um novo termo.
e) contar um fato do cotidiano.

4.

Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo à estratégia argumentativa de
a) mostrar que um bom trabalho como pai implica a valorização por parte do filho.
b) apelar para a necessidade que o pai demonstra de ser bem-visto pela família.
c) explorar a preocupação do pai com a própria imagem e popularidade.
d) atribuir seu ponto de vista a terceiros para respaldar suas intenções.
e) gerar um conflito entre a solicitação da mãe e os interesses do pai.

2
Português

5. Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica
falando na frente dele, as ondas da voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi
Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz que isso causa o
mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a
distorção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador
e a influência do vento na propagação das ondas contribuem para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão
da mensagem. No texto, o sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por
a) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte.
b) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
c) reticências, para deixar subentendida a formação do especialista.
d) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
e) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

6. Cores do Brasil
Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja
proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o
autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em
francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no Brasil é chamada de arte
popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão
de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade
de atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e
veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões
do Brasil.
WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na
organização desse trecho predomina o uso da sequência
a) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.
b) argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.
c) narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
d) descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
e) expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

3
Português

7. Para os chineses da dinastia Ming, talvez as favelas cariocas fossem lugares nobres e seguros:
acreditava-se por lá, assim como em boa parte do Oriente, que os espíritos malévolos só viajam em
linha reta. Em vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações malditas. Qualidades
sobrenaturais não são as únicas razões para considerarmos as favelas um modelo urbano viável,
merecedor de investimentos infraestruturais em escala maciça. Lugares com conhecidos e sérios
problemas, elas podem ser também solução para uma série de desafios das cidades hoje. Contanto
que não sejam encaradas com olhar pitoresco ou preconceituoso. As favelas são, afinal, produto direto
do urbanismo moderno e sua história se confunde com a formação do Brasil.
CARVALHO, B. A favela e sua hora. Piauí, n. 67, abr. 2012.

Os enunciados que compõem os textos encadeiam-se por meio de elementos linguísticos que
contribuem para construir diferentes relações de sentido. No trecho “Em vielas sinuosas, portanto,
estaríamos livres de assombrações malditas”, o conector “portanto” estabelece a mesma relação
semântica que ocorre em
a) “[...] talvez as favelas cariocas fossem lugares nobres e seguros [...].”
b) “[...] acreditava-se por lá, assim como em boa parte do Oriente [...].”
c) “[...] elas podem ser também solução para uma série de desafios das cidades hoje.”
d) “Contanto que não sejam encaradas com olhar pitoresco ou preconceituoso.”
e) “As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo moderno [...].”

8. “Escrever não é uma questão apenas de satisfação pessoal”, disse o filósofo e educador
pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cristina, revelando a importância do hábito
ritualizado da escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para a concretização de sua missão e
disseminação de seus pontos de vista. Freire destaca especial importância à escrita pelo desejo de
“convencer outras pessoas”, de transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que o leem na
realização de seus sonhos.
KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 2013.

Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em alguma medida, a função
conativa, porque a atividade de escrita, notadamente, possibilita
a) levar o leitor a realizar ações.
b) expressar sentimentos do autor.
c) despertar a atenção do leitor.
d) falar da própria linguagem.
e) repassar informações.

4
Português

9. Uma língua, múltiplos falares


Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida em falares diversos. Mesmo antes da chegada
dos portugueses, o território brasileiro já era multilíngue. Havia cerca de 1,2 mil línguas faladas pelos
povos indígenas. O português trazido pelo colonizador tampouco era uma língua homogênea, havia
variações dependendo da região de Portugal de onde ele vinha. Há de se considerar também que a
chegada de falantes de português acontece em diferentes etapas, em momentos históricos
específicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, temos primeiramente o encontro linguístico de
portugueses com índios e, além dos negros da África, vieram italianos, japoneses, alemães, árabes,
todos com suas línguas. “Todo este processo vai produzindo diversidades linguísticas que
caracterizam falares diferentes”, afirma um linguista da Unicamp. Daí que na mesma São Paulo pode-
se encontrar modos de falar distintos como o de Adoniran Barbosa, que eternizou em suas
composições o sotaque típico de um filho de imigrantes italianos, ou o chamado erre retroflexo, aquele
erre dobrado que, junto com a letra i, resulta naquele jeito de falar “cairne” e “poirta” característico do
interior de São Paulo.
MARIUZZO, P. Disponível em: www.labjor.unicamp.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado)

A partir desse breve histórico da língua portuguesa no Brasil, um dos elementos de identidade nacional,
entende-se que a diversidade linguística é resultado da
a) imposição da língua do colonizador sobre as línguas indígenas.
b) interação entre os falantes de línguas e culturas diferentes.
c) sobreposição das línguas europeias sobre as africanas e indígenas.
d) heterogeneidade da língua trazida pelo colonizador.
e) preservação dos sotaques característicos dos imigrantes

5
Português

10.

No texto, o uso da linguagem verbal e não verbal atende à finalidade de


a) chamar a atenção para o respeito aos sinais de trânsito.
b) informar os motoristas sobre a segurança dos usuários de ciclovias.
c) alertar sobre os perigos presentes nas vias urbanas brasileiras.
d) divulgar a distância permitida entre carros e veículos menores.
e) propor mudanças de postura por parte de motoristas no trânsito.

6
Português

Gabarito

1. B
O gênero textual “causo” caracteriza-se pelo tom engraçado com que uma história é contada, a que,
normalmente, não falta um final surpreendente. Dessa forma, a alternativa que corresponde ao objetivo
do texto é a de relatar fatos do cotidiano de maneira engraçada.

2. B
No poema “Reclame”, Chacal instrui, ironicamente, o leitor a proceder de uma determinada forma para
que possa relacionar-se bem com o mundo, utilizando para tal verbos no imperativo (“use”, “transforme”),
recurso típico da técnica publicitária, em que a ordem, a persuasão e a sedução predominam em frases
de teor injuntivo.

3. C
Ao utilizar o adjetivo “diferenciado”, além de definir o substantivo a que se refere, pretende também
caracterizar o sujeito que o está usando. Assim, Duvivier critica ironicamente o uso da palavra,
corretamente substituível por “diferente”, para emprestar caráter de sofisticação ao objeto de prestígio
social a quem o enuncia.

4. D
Em sua conversa com o pai, Calvin recorre à estratégia do elogio para induzi-lo a compactuar com ele na
intenção de se libertar da tarefa de ajudar a mãe na cozinha, ou seja, atribui seu ponto de vista ao
interlocutor para que o apoie no seu propósito.

5. B
O segmento “presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica”, que se encontra
intercalado entre dois travessões, poderia ser colocado entre vírgulas, exercendo, assim, a função de
aposto explicativo em relação ao termo a que se refere: David Akkerman.

6. E
O texto visa a divulgação de nomes do momento arte naïf do Brasil, cujos conceitos são também
apresentados de forma objetiva e com o máximo de neutralidade, por isso, trata-se de uma sequência
expositiva.

7. E
Nas alternativas [A], [B], [C] e [D] os conectores apresentam relação semântica de dúvida, comparação,
inclusão e condição, respectivamente. Já na alternativa correta, o conector “afinal” apresenta a mesma
noção conclusiva de “portanto”.

8. A
Segundo Paulo Freire, a atividade da escrita adquire especial importância na capacidade de convencer
pessoas a transmitir seus pensamentos, atraindo aqueles que o leem para a realização de seus próprios
sonhos. Ou seja, os textos devem exercer a função conativa, a fim de levar o leitor a realizar ações.

7
Português

9. B
Na descrição cronológica de fatos que influenciaram a língua portuguesa no Brasil, o autor destaca a
miscigenação linguística, decorrente da incorporação de vários falares às línguas faladas originalmente
pelos povos indígenas: o português heterogêneo do colonizador, as línguas africanas, italianas,
japonesas, alemãs e árabes, entre outras. Assim, a língua portuguesa do Brasil, um dos elementos de
identidade nacional, resulta da diversidade linguística resultante da interação entre falantes de língua e
culturas diferentes.

10. E
A imagem de um automóvel que atende ao sinal de trânsito ao manter-se afastado durante a
ultrapassagem a um ciclista, assim como as frases que apelam à consciência do motorista para dar
preferência a veículos menores a fim de evitar acidentes demonstram que o texto tem como objetivo
propor mudanças de postura por parte de motoristas.

8
PRÉ ENEM

2019
PORTUGUÊS
Português

Aspectos Gramaticais

Resumo

Conjunções
Conjunção é a palavra invariável que tem como objetivo ligar termos ou orações de mesma função sintática.
Elas podem ser classificadas como coordenativas ou subordinativas, dependendo da relação que elas
estabeleçam entre as orações. Possuem fundamental importância na coesão textual, podendo ser também
chamadas de “conectivos”. Além disso, há a locução conjuntiva, que ocorre quando duas ou mais palavras
desempenham função de conjunção. Por exemplo: uma vez que, tanto que, desde que, ainda que, assim que,
etc.

Coordenativas: quando introduzem uma oração que não estabelece função sintática em relação à outra.
Subordinativas: quando introduzem uma oração que exerce função sintática em relação à oração principal.

Veja os exemplos:
a) Rodrigo dormiu cedo, mas acordou cansado.
b) Luana saiu de casa assim que começou a chover.

No primeiro exemplo, a conjunção “mas” apenas conecta duas orações independentes, estabelecendo relação
semântica de adversidade. No segundo exemplo, a locução conjuntiva “assim que” conecta uma oração que
exerce função sintática de adjunto adverbial em relação à outra, estabelecendo valor de temporalidade.

Vamos analisar, a seguir, os tipos de conjunções coordenativas e as relações semânticas que elas ajudam a
estabelecer.

Coordenativas
• Aditivas: Indicam soma dos conteúdos, de ideia, etc. São elas: e, nem, não só... mas também, além disso,
ademais, etc. Ex.: Ela não dormiu nem estudou no final de semana.

• Adversativas (opositivas): Indicam contraste, quebra de expectativa. Além disso, introduzem o argumento
mais forte. São elas: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, etc. Ex.: Acordou cedo, mas
voltou a dormir.

• Alternativas: Indicam exclusão ou alternância entre os conteúdos. São elas: ou, ora... ora, quer... quer, seja...
seja, etc. Ex.: Ele vai à praia ou ao cinema hoje.

• Conclusivas: Indicam conclusão lógica do conteúdo de um enunciado em relação ao outro. São elas:
portanto, pois (depois do verbo), logo, então, por isso, assim, por conseguinte, etc. Ex.: Acordou cedo hoje,
logo, conseguirá estudar mais.

• Explicativas: Indicam por que se pode declarar algo em um enunciado em relação ao outro. São elas:
porque, que, pois (antes do verbo), porquanto, etc.

1
Português

Subordinativas
• Integrantes: Não estabelecem relação semântica entre as orações. São elas: que, se. Ex.: Joana queria
muito que Pedro viajasse.

• Causais: Introduzem enunciado que indica causa do fato apresentado na oração principal. São elas: porque,
porquanto, pois, como (em início de oração), já que, visto que, uma vez que, etc. Ex.: Visto que comeu tanto,
passou mal.

• Comparativas: Introduzem enunciado que traz um dos termos de uma comparação. São elas: como, que
nem, (do) que, qual, quanto, etc. Ex.: Praia é bom como piscina.

• Concessivas: Introduzem um fato que poderia inviabilizar o evento apresentado na oração principal, mas
não o faz. São elas: embora, ainda que, mesmo que, por mais que, apesar de que, etc. Ex.: Embora esteja
chovendo, vou à praia.

• Condicionais: Introduzem enunciado que indica condição necessária para que o fato declarado na oração
principal se realize. São elas: se, caso, contanto que, a menos que, a não ser que, salvo se, etc. Ex.: Vou
caminhar, a menos que não esteja chovendo.

• Conformativas: Introduzem enunciado em relação ao qual o fato apresentado na oração principal está em
conformidade, exprimem um modelo. São elas: conforme, segundo, como, consoante. Ex.: A viagem
ocorreu conforme planejamos.

• Consecutivas: Introduzem enunciado que indica a consequência do fato apresentado na oração principal.
São elas: de maneira que, de modo que, de forma que, que (combinada com “tal”, “tanto”, “tão”), etc. Ex.:
Comeu tanto que passou mal.

• Finais: Introduzem enunciado que expressa a finalidade do fato apresentado na oração principal. São elas:
a fim de, para, etc. Ex.: Vou dormi para acordar cedo amanhã.

• Proporcionais: Introduzem enunciado que expressa em que proporção ocorreu o fato apresentado na
oração principal. São elas: à medida que, ao passo que, à proporção que, quanto mais, quanto menos, etc.
Ex.: Quanto mais andava mais cansado ficava.

• Temporais: Iniciam enunciado que exprime o tempo de realização do fato da oração principal. São elas:
enquanto, logo que, quando, antes que, até que, assim que, desde que, etc. Ex.: Desde que foi morar fora,
não o vi mais.

Prononomes:
Pronome Pessoais
Os pronomes pessoais servem para caracterizar as pessoas de uma fala, por exemplo, a 1ª pessoa (quem fala),
a 2ª pessoa (com quem se fala) e a 3ª pessoa (de quem se fala). Além disso, funcionam como elemento de
coesão para a retomada de um nome anteriormente expresso.
Veja o exemplo: “Levantaram Dona Rosário, embora ela não quisesse.”
Os pronomes que servem de sujeito na oração chamam-se retos. Os que desempenham o papel do
complemento verbal denominam-se oblíquos.
Os pronomes oblíquos possuem formas tônicas e átonas: as primeiras vêm precedidas de preposição; as
segundas não são partículas acentuadas, que se colocam antes ou depois do verbo, como fossem sílaba extra.

2
Português

Exemplos:
Vi-o. (forma átona)
Veio até mim. (forma tônica)

Os pronomes sujeitos (pessoais reto) são normalmente omitidos na Língua Portuguesa porque as desinências
verbais bastam para a indicar a pessoa a que se refere, bem como o número gramatical (singular ou plural)
dessa pessoa.
Exemplo: (Eu) ando; (Nós) rimos.
A 1ª pessoa do plural (nós) é conhecida como o plural da modéstia, pois é utilizado para evitar um tom
impositivo ou muito pessoal de opiniões. Os escritores costumam utilizar-se do nós em lugar da forma verbal
eu, por esse motivo. Essa estrutura é encontrada em redações de vestibulares, dissertações de mestrado, etc.
pois o autor procura dar a impressão que as ideias que expõe são compartilhadas por seus leitores.
Se os pronomes oblíquos ou objetivos exercem a função de objeto, logo eles são divididos em:
a) objetivos diretos: me, te, nos, você, o, a, os, as vos, se. Também pertencem a este grupo as variações “lo”, “la”,
“los”, “las”, “no”, “na”, “nos”, “nas”.
b) objetivos indiretos: “me”, “te”, “se”, “lhe”, “nos”, “vos”, “lhes”.

Possessivos
Enquanto os pronomes pessoais denotam as pessoas gramaticais, os possessivos, o que lhes cabe ou pertence.
Eles apresentam formas correspondentes à pessoa que se referem. Observe o quadro:

3
Português

O emprego da 3ª pessoa do singular ou do plural pode gerar ambiguidade em uma frase por conta da dúvida a
respeito do possuidor. Para evitar qualquer ambiguidade, a Língua Portuguesa nos oferece precisar o possuidor
com a utilização das formas: dele(s), dela(s), de você(s), do(s) senhor(es), da(s) senhora(s), entre outras
expressões.
Para reforçar a ideia de posse visando a clareza e a ênfase, costuma-se utilizar as palavras: próprio, mesmo.
Por exemplo: Era ela mesma; eram os seus mesmos braços.

Demonstrativos
São pronomes utilizados para indicar posição de algo (no espaço, no tempo ou no discurso) em relação às
pessoas do discurso.

Funções
No tempo
Este ano está perfeito. (presente)
Esse ano foi/será perfeito. (passado ou futuro próximo)
Aquele ano foi perfeito. (passado remoto)

No espaço
Este é meu carro. (próximo de quem fala)
Esse é meu carro. (próximo do interlocutor)
Aquele carro é meu. (distante do emissor e do interlocutor)

No texto
Referência a termos precedentes: o pronome “esse” e suas variações, assim como o “isso”, podem atuar
anaforicamente, retomando algo que já foi dito. O pronome “este” e suas variações e o “isto” atuam
cataforicamente, fazendo referência a algo que ainda será mencionado.
Exemplo: A violência é o principal problema do Rio de Janeiro. Isso deve ser combatido.
Este é principal problema do Rio de Janeiro: a violência.

Quando queremos fazer alusão a dois termos já citados, utilizamos “aquele” e suas variações para o primeiro
termo e “este” e suas variações para o último.
Exemplo: João e Roberto trabalham na empresa. Aquele (João) é gerente, este (Roberto), secretário.

4
Português

Indefinidos
São os pronomes utilizados para representar a 3ª pessoa do discurso de maneira indeterminada ou imprecisa.

Existem pronomes indefinidos que são utilizados na formulação de perguntas. Eles são chamados de
Interrogativos.

Classificação
Pronome indefinido substantivo: assumem o lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Exemplo: Algo foi dito na reunião.

Pronome indefinido adjetivo: qualificam um ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
aproximada.
São eles: cada, certo(s), certa(s).
Exemplo: Certas pessoas têm enxaqueca crônica.

Emprego
Ninguém: admite dupla negação, quando estiver atuando como sujeito.
Exemplo: Não foi ninguém.

Algum: Possui valor positivo, se vier anteposto ao substantivo; posposto, negativo.


Exemplo: Alguma pessoa virá à festa. / Pessoa alguma virá à festa.

Qualquer: não devemos utilizá-lo como sinônimo de “nenhum”.


Exemplo: Ele não tem qualquer chance de conseguir o emprego. (errado)

Obs.: Pronome indefinido X Adjetivos


Algumas palavras podem ser pronomes indefinidos ou adjetivos.
Exemplo: Certa pessoa passou por aqui. (pronome indefinido)
A pessoa certa passou por aqui. (adjetivo)
Exemplo 2: Toda semana eu estudava. (pronome indefinido)
Toda a semana eu estudava. (adjetivo)

5
Português

Pronome indefinido X advérbio


Exemplo: Tenho bastantes cabelos. (pronome indefinido)
Gosto bastante dela. (advérbio de intensidade)

Relativos
São os pronomes que representam nomes já mencionados e com os quais se relacionam. Além disso, são
utilizados para unir orações e introduzem as subordinadas adjetivas.
Exemplo: O perfume que adoro. (refere-se ao antecedente “perfume”).

Obs.: Os pronomes relativos devem sempre vir precedidos pela preposição exigida pelo verbo da oração.
Exemplo: Esse é o menino de quem gosto. /Essa é a festa sobre a qual falei.

Emprego
Onde: Só pode ser utilizado para fazer referência a lugares. Equivale a “em que”.
Ex.: O Brasil é o país onde moro.

Quem: Só pode ter como antecedente pessoa (ou coisa personificada). É sempre precedido por preposição.
Ex.: Ela é a pessoa por quem fui apaixonado.

Que/ o(a) qual / os(as) quais: podem fazer referência tanto a pessoas, quanto a coisas. Porém, é preciso ter
atenção ao uso da preposição. Se a preposição for monossílaba “a”, “de”, “por”, devemos utilizar o pronome
“que”. Se a preposição possuir duas ou mais sílabas “entre”, sobre”, “para”, utilizamos o(a) qual, os(as) quais.
Ex.: O cidade em que moro é maravilhosa.
Os assuntos sobre os quais falei cairão na prova.

Cujo(a)(s): é utilizado para estabelecer relação de posse. Não é correto utilizar artigo após o “cujo” e suas
variações.
Ex.: Passei pela mulher cuja beleza é infinita.
Derrubaram as casas cujas as paredes estavam caindo. (ERRADO)

Quanto(a)(s): são utilizados após os indefinidos “todo”, “tanto” e “tudo”.


Ex.: Fiz tanto quanto ele.

6
Português

Verbos
Verbo é uma palavra de forma variável que exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no
tempo. Tal expressividade é manifestada em indicações de ação, estado ou fenômenos da natureza.
Exemplo:
I. Estudamos ontem à noite.
II. Choveu muito pela manhã.
III. Ana continua a comer.
IV. Luana estava linda na festa.

Flexões verbais
Os verbos podem variar em número, pessoa, modo, tempo, aspecto e voz.
I. Número: Estudo (singular); Estudamos (plural)

II. Pessoa: Podemos dizer que seriam os pronomes do caso reto. “Eu” e “nós” quando se trata daquele que fala;
“Tu” e “vós” são a quem se fala; “Ele” ou “ela” e “eles” ou “elas” são as pessoas de quem se fala.

III. Modos: Indicam certeza, dúvida, mando, suposição; são as formas possíveis dos verbos para indicar essas
atitudes sobre o que se enuncia. Na Língua Portuguesa, temos 3 modos: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo.

IV. Tempo: como o próprio nome já diz, é a variação que indica o momento em que ocorre o fato expressado
pelo verbo. São o Presente e as subdivisões de Pretérito (Passado) e Futuro, englobadas por seus respectivos
modos.

V. Aspecto: manifesta o ponto de vista do locutor sobre a ação expressa pelo verbo. Isso se reflete na divisão
dos tempos verbais em perfeitas, mais-que-perfeitas e imperfeitas. Aqui, considera-se se a expressividade do
verbo mostra a ação concluída, ou não concluída. Essa noção também aparece nos verbos auxiliares: Posso
estudar mais. / Pode chover hoje.
Exemplos:
1. Ele estudava muito. (A ação começou no passado, foi contínua durante um tempo e terminou no passado.
Note que no presente, o sujeito “ele” já não estuda)
2. Ele estudou ontem. (A ação é mais pontual, não tem ideia de continuidade).
3. Ele explicou que estudara muito antes da prova. (A ação do verbo “estudar” é anterior a do verbo
“explicar”)

Outra questão pertinente ao aspecto verbal é o contexto em que ele acontece:


4. João começou a comer. João continua a comer. João acabou de comer. (Note que o verbo auxiliar acrescenta
valores ao verbo principal, alterando, assim, seu aspecto)

VI. Vozes:
1. Ativa, quando a ação do verbo é praticada pelo sujeito (Caio jogou bola na rua.)
2. Passiva, quando o sujeito sofre a ação (O muro foi pintado por mim.)
3. Reflexiva, quando a ação é praticada e sofrida pelo sujeito. (Ana feriu-se.)

7
Português

Semântica dos tempos verbais:


Modo: caracteriza as diferentes maneiras como podemos utilizar o verbo, dependendo da significação que
pretendemos dar a ele.
• Indicativo: expressa certeza de um fato. Ex.: Eu irei ao jogo.
• Subjuntivo: expressa dúvida, possibilidade, hipótese, condição. Ex.: Querem que eu vá ao jogo. Se eu fosse
ao jogo, sairia mais cedo. Se eu for ao jogo, avisarei.
• Imperativo: expressa ordem, sugestão, súplica, pedido. Ex.: Empreste-me a borracha, por favor! Arrume essa
bagunça!

Tempo: indica o momento em que o processo verbal ocorre. Os tempos verbais podem ser simples (formados
por apenas um verbo) ou compostos (formados pela locução “ter” (ou haver) + particípio do verbo).

I) Simples
Modo indicativo
• Presente: Indica uma ação no momento da fala. Ex.: Eu acordo. Tu aprendes. Ele dorme.
• Pretérito imperfeito: Indica uma ação ocorrida anteriormente ao momento da fala, de continuidade, habitual.
Ex.: Eu acordava. Tu aprendias. Ele dormia.
• Pretérito perfeito: Indica uma ação já realizada, concluída. Ex.: Eu acordei. Tu aprendeste. Ele dormiu.
• Pretérito mais-que-perfeito: Indica uma ação passada, concluída antes de outro fato (ambos no passado).
Ex.: Eu acordara. Tu aprenderas. Ele dormira.
• Futuro do presente: Indica uma ação futura, que ainda irá acontecer. Ex.: Eu acordarei. Tu aprenderás. Ele
dormirá.
• Futuro do pretérito: Indica uma ação futura em relação ao passado, ação que teria acontecido em relação
a um fato já ocorrido no passado. Ex.: Eu acordaria. Tu aprenderias. Ele dormiria.

Modo subjuntivo
• Presente: Expressa uma hipótese, desejo, suposição, dúvida que pode ocorrer no momento atual. Ex.: É
conveniente que estudes para o exame.
• Pretérito imperfeito: Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido. Também usado para
expressar condição e desejo. Ex.: Eu esperava que ele pegasse o carro..
• Futuro: Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Também pode
expressar possibilidade. Ex.: Quando ele vier à padaria, pegará as tortas.

Compostos
Modo indicativo
• Pretérito perfeito: o auxiliar é flexionado no presente do indicativo. Ex.: Eu tenho dito.
• Pretérito mais-que-perfeito: o auxiliar é flexionado no pretérito imperfeito do indicativo. Ex.: Eu tinha dito.
• Futuro do presente: o auxiliar é flexionado no futuro do presente do indicativo. Ex.: Eu terei dito.
• Futuro do pretérito: o auxiliar é flexionado no futuro do pretérito. Ex.: Eu teria dito.

8
Português

Modo subjuntivo

• Pretérito perfeito: o auxiliar é flexionado no presente do subjuntivo. Ex.: (Que) Eu tenha dito.
• Pretérito mais-que-perfeito: o auxiliar é flexionado no pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex.: (Se) Eu tivesse
dito.
• Futuro: o auxiliar é flexionado no futuro do subjuntivo. Ex.: (Quando) Eu tiver dito.

Formas nominais
Infinitivo impessoal: o processo verbal não possui um sujeito específico, ou seja, fala-se da ação por ela mesma.
Ex.: Resolver problemas faz parte da vida adulta.

Infinitivo pessoal: existe um sujeito envolvido na ação, o que a torna pessoal.


Ex.: Trouxe alguns exercícios para eles resolverem.

Gerúndio: indica uma noção de continuidade ao processo verbal. Muitas vezes, vem acompanhado por um
verbo auxiliar.
Ex.: Estou dirigindo.
Viajando, expandimos nossa visão de mundo.

Particípio: indica uma noção de finalização, conclusão da ação verbal. O particípio aparece nas locuções verbais
de voz passiva analítica (ser + particípio) e de tempo composto (ter/haver + particípio).
Ex.: Terminada a festa, os convidados já haviam partido.
A festa teria acabado por volta das 5 da manjã.
A reforma educacional deve ser aprovada pelos profissionais da área.

9
Português

Exercícios

1. Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam
para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão
enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o
vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar
a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não
outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo “mas” no fragmento apresentado. Observando aspectos
da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas
a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.
b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.
c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.
d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.
e) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.

2. (Espcex (Aman) 2017) Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram projetar do zero o
genoma de um ser vivo (uma bactéria, para ser mais exato) e ‘instalá-lo’ com sucesso numa célula, como
quem instala um aplicativo no celular.
É um feito e tanto, sem dúvida. Paradoxalmente, porém, o próprio sucesso do americano Craig Venter e
de seus colegas deixa claro o quanto ainda falta para que a humanidade domine os segredos da vida.
Cerca de um terço do DNA da nova bactéria (apelidada de syn3.0) foi colocado lá por puro processo de
tentativa e erro – os cientistas não fazem a menor ideia do porquê ele é essencial.
(Folha de S. Paulo, 26/03/2016.)

O texto informativo acima, que apresenta ao público a criação de uma bactéria apenas com genes
essenciais à vida, contém vários conectivos, propositadamente destacados. Pode-se afirmar que
a) para inicia uma oração adverbial condicional, pois restringe o genoma à condição de bactéria.
b) e introduz uma oração coordenada sindética aditiva, pois adiciona o projeto à instalação do genoma.
c) como introduz uma oração adverbial conformativa, pois exprime acordo ou conformidade de um fato
com outro.
d) porém indica concessão, pois expressa um fato que se admite em oposição ao da oração principal.
e) para que exprime uma explicação: falta muito para a humanidade dominar os segredos da vida.

10
Português

3. O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade? Não. O riso básico
– o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização —
nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas –
que nós não somos capazes de perceber – e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”.
Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer
essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O
que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais
evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a
parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que
nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.
Disponível em http://globonews.globo.com. Acesso em 31 maio 2012 (adaptado)

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho
“Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele
estabelece com a oração seguinte uma relação de
a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização
dos ratos.
b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos
ratos.
c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos
ratos.
d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no
cérebro.
e) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos
ratos.

11
Português

4. O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no
meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo
com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por
causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro-
negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o
meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim
apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo
1 a 0.
Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado).

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém
vários conectivos, sendo que
a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de
cabeça.
b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem
aplicadas no jogo.
c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem
cronológica de ocorrência.
d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo
naturalmente esperado.
e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o
Botafogo a fazer um bloqueio.

5. Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O quinto. A gente já estava junto
há mais de um ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de repente, sem
deixar rastro. Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar – mas só chamava, chamava, e
ninguém atendia. E então fiz o que precisava ser feito: bloqueei a linha.
A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas as marcas e operadoras, apenas
para descobrir que eles são todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou
que eu estava distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha pulado do meu bolso
no momento em que eu embarcava no táxi? Tomara que sim. Depois
de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na sarjeta. […] Se ainda fossem embora do
jeito que chegaram, tudo bem. […] Mas já sei o que vou fazer. No caminho da loja de celulares, vou passar
numa papelaria. Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de papel jamais me abandonou.
FREIRE, R. Começar de novo. O Estado de S. Paulo, 24 nov. 2006

Nesse fragmento, a fim de atrair a atenção do leitor e de estabelecer um fio condutor de sentido, o autor
utiliza-se de
a) primeira pessoa do singular para imprimir subjetividade ao relato de mais uma desilusão amorosa.
b) ironia para tratar da relação com os celulares na era de produtos altamente descartáveis.
c) frases feitas na apresentação de situações amorosas estereotipadas para construir a ambientação
do texto.
d) quebra de expectativa como estratégia argumentativa para ocultar informações.
e) verbos no tempo pretérito para enfatizar uma aproximação com os fatos abordados ao longo do
texto.

12
Português

6. Enquanto isso, nos bastidores do universo


Você planeja passar um longo tempo em outro país, trabalhando e estudando, mas o universo está
preparando a chegada de um amor daqueles de tirar o chão, um amor que fará você jogar fora seu atlas
e criar raízes no quintal como se fosse uma figueira.
Você treina para a maratona mais desafiadora de todas, mas não chegará com as duas pernas intactas
na hora da largada, e a primeira perplexidade será esta: a experiência da frustração.
O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu nada, você é que escuta vozes.
No dia em que você pensa que não tem nada a dizer para o analista, faz a revelação mais bombástica dos
seus dois anos de terapia. O resultado de um exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para
baixo. Você não imaginava que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou que justo sua
grande paixão não iria. Quando achou que estava bela, não arrasou corações. Quando saiu sem
maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção. E assim seguem os dias à prova de
planejamento e contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e
estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel
de última hora, tornando surpreendente a nossa vida.

MEDEIROS, M. O Globo, 21 jun. 2015.

Entre as estratégias argumentativas utilizadas para sustentar a tese apresentada nesse fragmento,
destaca-se a recorrência de
a) estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a velocidade das mudanças da vida.
b) marcas de interlocução, para aproximar o leitor das experiências vividas pela autora.
c) formas verbais no presente, para exprimir reais possibilidades de concretização das ações.
d) construções de oposição, para enfatizar que as expectativas são afetadas pelo inesperado.
e) sequências descritivas, para promover a identificação do leitor com as situações apresentadas.

7. (Fuvest 2019) Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou mistificação. Tomo
de empréstimo a formulação de Hans Blumenberg do mito político como um processo contínuo de
trabalho de uma narrativa que responde a uma necessidade prática de uma sociedade em determinado
período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema da verdade. Seu
discurso não pretende ter validade factual, mas também não pode ser percebido como mentira (do
contrário, não seria mito). O mito político confere um sentido às circunstâncias que envolvem os
indivíduos: ao fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história em curso, ajuda a
compreender e suportar o mundo em que vivem.
(ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.)

Sobre o sujeito da oração “em que vivem”,


a) expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se refere a ação verbal.
b) está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias”.
c) é uma função sintática preenchida pelo pronome “que”.
d) é indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar a quem se refere a ação verbal.
e) está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em “fazê‐los”.

13
Português

8. Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há
muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita,
intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está
lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada
demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar
despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso
é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha
namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem
no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do
jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste
livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou
brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a
minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.

Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à
construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.

9. “Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque
e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas,
verdes e azuis falavam mal das vespas de cintura fina – achando que era exagero usar coletes tão
apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados e de
gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E
canários cantando, e beija-flores beijando as flores, e camarões camaronando, e caranguejos
caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo.”
(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho)

No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio, que servem para caracterizar o
ambiente descrito. Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “pequeninando e não mordendo”
criam, principalmente, efeitos de:
a) esvaziamento de sentido
b) monotonia do ambiente
c) estaticidade dos animais
d) interrupção dos movimentos
e) dimamicidade do cenário

14
Português

10. Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas
sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos
vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão
na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-
me ã toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão temática. No fragmento, esse
processo é indicado pela
a) alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo.
b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados.
c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos narrados.
d) justaposição de frases que relacionam semanticamente os acontecimentos narrados.
e) recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a narrativa.

15
Português

Gabarito

1. E
Na primeira ocorrência, o “mas” estabelece relação de oposição. Já no segundo, assume valor de adição,
pois está somando uma ideia à outra.

2. B
As opções [A], [C], [D] e [E] são incorretas, pois
a) para inicia uma oração adverbial final;
b) como introduz uma oração adverbial comparativa;
c) porém indica adversidade e não concessão;
d) para que exprime finalidade.
A conjunção “e” apresenta noção de adição, o que valida a opção [B].

3. C
Há uma relação de condição, pois o rato apenas deixa de fazer a vocalização se o cientista provocar um
dano em um local específico do seu cérebro.

4. D
A conjunção concessiva introduz um fato que deveria impedir outro, mas não o faz. Dessa forma,
notamos que ter mais posse de bola não impede que o time enfrente dificuldades.

5. C
A utilização de frases estereotipadas, próprias de um contexto amoroso, desperta o interesse do leitor para
uma possível história de amor não correspondida.

6. D
Ao longo da argumentação, a narradora usa recursos argumentativos que reforçam os contrastes, como o
uso da conjunção adversativa “mas”, de ideias contrastantes. Isso corrobora também o caráter
argumentativo pelo uso do operador argumentativo, introduzindo o argumento mais forte.

7. E
A oração “em que vivem” apresenta sujeito oculto, elíptico ou desinencial. Remete ao termo “indivíduos”,
referido também no pronome oblíquo “os” da expressão verbal “fazê‐los”.

8. A
Comecemos, então, de trás para frente. A opção E está incorreta, já que, embora apresente uma anáfora,
como é sugerido, o trecho a que se faz referência não é “janela do jornal”, mas “levo a sério ser sério…
mesmo quando parece que estou brincando”. Na opção D também encontramos uma assertiva incorreta,
já que, na verdade, “nisso” não antecipa uma informação, mas retoma o elemento “escritor”. Na opção C, o
elemento o qual se refere os pronomes “isso” é “botar a cara na janela em crônica de jornal”, o que torna a
opção incorreta. Isso, por sua vez, é o que torna a opção A correta, já que o elemento a que o pronome
“nisso” faz referência é o mesmo, sendo a referencia uma catáfora, isto é, uma introdução do elemento a
ser enunciado posteriormente. A opção B, portanto, também é incorreta, já que o termo “assim” não faz
referência a um elemento presente no texto, mas cumpre a função de um adjetivo.

16
Português

9. E
Os verbos no gerúndio dão ideia de ações contínuas, que acontecem ao mesmo momento da fala. Dessa
forma, os neologismos com terminações em “-ndo” dão ideia de dinamicidade do cenário.

10. B
A estrutura prototípica do texto narrativo apresenta a mescla entre diferentes tempos verbais. Assim, pode-
se encontrar no fragmento a presença de verbos no presente e pretérito perfeito.

17
Português

Figuras de Linguagem

Resumo

Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para
comunicar-se com mais força, intensidade, originalidade e até subjetividade. Elas podem ser classificadas
em: figuras de palavra; figuras de construção; figuras de pensamento.

Figuras de Palavras
Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou
característica comum entre dois seres ou fatos.
Ex: “ O pavão é um arco-íris de plumas”
(Rubem Braga)
“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos”
(Cartola)

Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características, traços
comuns, visando a um efeito expressivo.
Ex.: “A Via láctea se desenrolava
Como um jorro de lágrimas ardentes”
(Olavo Bilac)
“De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.”
(João Cabral de Melo Neto)

Obs.: Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos
por nexos comparativos ( tal, qual, como, assim como, etc.).
Hitler foi cruel como um monstro. (comparação)
Hitler foi um monstro. (metáfora)

Metonímia: Consiste na substituição de uma palavra por outra, com a qual mantém uma relação lógica.
É importante ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma evoca/alude a outra. Há
metonímia quando se emprega:
• Efeito pela causa
Os aviões semeavam a morte. [= bombas mortíferas (causa)]

• O autor pela obra:


Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis.

1
Português

• O continente pelo conteúdo:


O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.

• O instrumento pela pessoa que o utiliza:


Ele é um bom garfo. [ = comilão]

• O signo pela coisa significada


A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico]

• lugar pelos seus habitantes ou produtos:


A América reagiu negativamente ao novo presidente.

• O abstrato pelo concreto:


A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens]

• A parte pelo todo:


“O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de andrade)
[ pernas = pessoas]

• O singular pelo plural:


O homem é corruptível. [ o homem = os homens]

• O indivíduo pela espécie ou classe:


O Judas da classe [ = o traidor]
Os mecenas das artes. [ = os protetores]

Figuras de pensamento
Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pretende falar.
Exemplo: Ela não sabe escrever mesmo… Tirou 1000 na redação!

Gradação: Enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma mesma ideia.
Exemplo: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.

Sinestesia: É caracterizada pela combinação e mistura de diferentes sensações, provenientes de diferentes


sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição).
Exemplo: O cheiro doce e verde do campo lembra a minha infância.

Personificação (prosopopeia): É a atribuição de características de seres animados a seres não humanos.


Exemplo: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.

Hipérbole: É um exagero de ideias.


Exemplo: “Eu nasci há 10 mil anos atrás E não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais”
(Raul Seixas)

2
Português

Antítese: É a utilização de termos que se opõem quanto ao seu sentido, ou seja, são palavras de sentidos
opostos.
Exemplo: O calor e o frio vivem em meu peito.

Paradoxo: É a utilização de termos que se opõem contraditoriamente.


Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente”
(Luís de Camões)

Eufemismo: É a suavização de uma ideia, de um fato.


Exemplo: O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento)
Antônio partiu dessa para melhor. (em vez de morreu)

Figuras de construção
Elipse: É a omissão de um termo que o contexto ou a situação permitem facilmente suprimir.
Exemplo: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios.

Zeugma: Essa figura de construção é uma das formas da elipse. Entretanto, consiste em participar de dois ou
mais enunciados um termo apresentado em apenas um deles.
Exemplo: Fui ao shopping e comprei uma blusa e também um casaco.

Pleonasmo: É a repetição desnecessária de palavras para enunciar uma ideia.


Exemplo: Entre já para dentro!
A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts.

Hipérbato: É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com
finalidade expressiva.

• Ordem direta: Você ainda tem muito a aprender.

Polissíndeto: É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas. Diferentemente


do assíndeto, que é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções.
Exemplos: "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se
espedaça, e morre." - Polissíndeto.
(Olavo Bilac)

3
Português

"Vim, vi, venci." - Assíndeto.


(Júlio César)

Silepse: É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou seja,
com as ideias que elas expressam.
• Gênero: Vossa excelência parece chateado.
• Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.
• Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

Anáfora: Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de orações,
períodos, ou em versos.
Exemplo: “Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei” (...)
À primeira vista - Daniela Mercury

As figuras de linguagens sonoras combinam elementos sonoros porque estão relacionadas aos aspectos
fonéticos e fonológicos da linguagem. Seus objetivos são o de explorar musicalidades possíveis com as
combinações das palavras e produzir efeitos sinestésicos.

Figuras de som
Aliteração: É a repetição de fonemas idênticos ou semelhantes para sugerir acusticamente algum elemento,
ato, fenômeno. Aparece como efeito estilístico em prosas poéticas ou poesias.
Exemplo: “(...) Rato Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro (...)
(Chico Buarque)

Assonância: Segue o mesmo princípio que a aliteração, mas nesse caso as repetições sonoras são de fonemas
vocálicos idênticos ou semelhantes.
Exemplo:
“(...) A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau de puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá.(...)”
(Gregório de Matos)

4
Português

Paronomásia: É a combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas
possuem sentidos diferentes.
Exemplo:
“(...) Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe.
Sou o seu bezerro
Gritando mamãe (...)”.
(Caetano Veloso)

Onomatopeia: É uma figura de linguagem que busca reproduzir de forma aproximada palavras que representem
um som natural.
Exemplo: Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
(...)
(Vinícius de Moraes)

5
Português

Exercícios

1. Examine a tira de Steinberg, publicada em seu Instagram no dia 20.08.2018.

Tradução: 1º e 2º quadrinhos: “Não remova o cartão”


3º quadrinho: “Por favor, remova o cartão”
4º quadrinho: “Brincadeira! Faça tudo de novo”

Colabora para o efeito de humor da tira o recurso à figura de linguagem denominada


a) eufemismo
b) pleonasmo
c) hipérbole
d) personificação
e) sinestesia

6
Português

2.

Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

3. O passado anda atrás de nós


como os detetives os cobradores os ladrões
o futuro anda na frente
como as crianças os guias de montanha
os maratonistas melhores
do que nós
salvo engano o futuro não se imprime
como o passado nas pedras nos móveis no rosto
das pessoas que conhecemos
o passado ao contrário dos gatos
não se limpa a si mesmo
aos cães domesticados se ensina
a andar sempre atrás do dono
mas os cães o passado só aparentemente nos pertencem
pense em como do lodo primeiro surgiu esta poltrona este livro
este besouro este vulcão este despenhadeiro
à frente de nós à frente deles
corre o cão
(Ana Martins Marques. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.)

Nos versos de 1 a 6, a poeta vale-se de um recurso para caracterizar tanto o passado quanto o “futuro”.
Esse recurso consiste na construção de
a) Índices de ironia
b) Escala de gradações
c) Relações de comparação
d) Sequência de personificações
e) Contraste de eufemismos

7
Português

4. (…)
Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar
ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia
ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas
portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria
odiado a revolução que involuntariamente causou.
(…)
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)

Em “Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador” (3º parágrafo), a expressão sublinhada constitui um
exemplo de
a) Eufemismo
b) Pleonasmo
c) Hipérbole
d) Metonímia
e) Paradoxo

5.

Considerando-se a análise dos pressupostos e subentendidos relacionados com os elementos verbais e


não verbais desse cartum, é correto afirmar que nele está presente um recurso estilístico denominado:
a) comparação, cotejando os valores e o lugar dos sujeitos em uma sociedade excludente.
b) paradoxo, sugerindo uma incompatibilidade ideológica referente aos que representam a força e a
fraqueza.
c) oxímoro, explicitando, através de conceitos contrários, elementos que se complementam no
contexto público.
d) antítese, denunciando, por meio de figuras e vocábulos antagônicos, a desigualdade, a opressão e
a exploração social.
e) metonímia, substituindo os indivíduos e suas classes sociais por nomes que apresentam entre si
ideias contraditórias.

8
Português

6.

O texto todo é construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de:
a) Elipse
b) Metáfora
c) Metonímia
d) personificação
e) hipérbole

9
Português

7. Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo, por mais
que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o
clube. 1O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não
obstante, 2continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A
manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou subiam, lavadeiras e
soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para elas, que aliás
vestiam com grande simplicidade; mas há um 3donaire que se não perde, e não era vulgar naquelas
alturas. 4A mesma lentidão no andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era
a primeira vez que ali iam. (…)
(Machado de Assis. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.)

“O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas.”

Nessa frase, um recurso de linguagem é utilizado para reforçar o incômodo das personagens. Esse
recurso é denominado:
a) Paráfrase
b) Gradação
c) Eufemismo
d) Exemplificação
e) Metáfora

10
Português

8.

Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos com outros recursos ou
figuras de linguagem. O exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição entre um
eufemismo e uma comparação entre elementos distintos é:
a) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (l. 5-6)
b) acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10)
c) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15)
d) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. (l. 17-18)

9. Na frase: “Faria isso mil vezes novamente, se fosse preciso.”, encontra-se a seguinte figura de linguagem
a) metáfora.
b) hipérbole.
c) eufemismo.
d) antítese.
e) personificação.

11
Português

10.

“Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,”

O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele tem
um uso incomum, já que permite subentender um termo não enunciado. Esse uso indica um recurso
assim denominado:
a) elipse
b) catáfora
c) designação
d) modalização
e) inversão

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Português

Gabarito

1. D
As figuras de linguagem mencionadas em [A], [B], [C] e [E] atribuem recursos que não foram usados para
conferir efeito de humor à tirinha, já que não existe substituição de palavra com sentido triste ou grosseiro
por outra de sentido mais suave, redundância de termo, exagero de significação linguística ou associação
de sensações de caráter distinto. O que colabora com o efeito de humor da tirinha é a imagem de um visor
de caixa automático que ultrapassa a sua função rotineira de comando de operações para “falar” com o
usuário de forma jocosa, o que configura uma personificação.

2. E
Para a personagem, a bicicleta que nunca sai do lugar estabelece um ponto de intersecção com o
comportamento do pai. O sentido da metáfora reside aí, pois o menino estabeleceu uma analogia entre
bicicleta e pai, que se esforça, mas parece não conseguir alcançar seus objetivos.

3. C
Nos primeiros versos, a poeta tece uma série de comparações para caracterizar o passado (“como os
detetives os cobradores os ladrões”) e o futuro (“como as crianças os guias de montanha”).

4. E
A expressão “revolucionário conservador” constitui um paradoxo, raciocínio que contém contradições em
sua estrutura pela fusão de dois sentidos numa mesma ideia, criando um efeito de incoerência ou ilogismo.

5. D
A antítese acontece entre a imagem e o texto escrito, onde os “fracos” sustentam aqueles chamados de
“fortes”.

6. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema começa
a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que os poemas
são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-se apenas aos
pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar dos poemas.

7. B
O aspecto da ladeira é apresentado, como bem aponta a alternativa [B], gradativamente, o que intensifica a
percepção dos obstáculos do calçado. As características do piso pelo qual as personagens têm de
caminhar são colocadas uma após a outra a fim de enfatizar o esforço das mulheres não acostumadas a
andar por ruas como aquelas.

8. C
Frei Betto lembra que a expressão “terceira idade” é um eufemismo para “velho”, atenuando as conotações
negativas da velhice. A seguir ele recorre ao humor, usando um eufemismo geralmente utilizado para
automóveis velhos, o de “seminovo”, para se referir a si mesmo, um homem já de certa idade (homem velho).

9. B
É possível perceber a ideia propositalmente exagerada em “mil vezes”.

13
Português

10. A
O termo se refere a “ela”, porém a ideia é entendida pelo contexto e não porque o termo foi mencionado.

14
Português

Funções da Linguagem

Resumo

Você já deve saber que podemos utilizar vários recursos para nos comunicarmos com alguém, como gestos,
imagens, músicas ou olhares. No entanto, a linguagem é a forma mais abrangente e efetiva que possuímos e,
dependendo de nossa mensagem, podemos fazer inúmeras associações e descobrir o contexto ou a
circunstância que aquela intenção comunicativa foi construída.

Existem dois tipos de linguagem, a verbal e a não-verbal. Na primeira, a comunicação é feita por meio da escrita
ou da fala, enquanto a segunda é feita por meio de sinais, gestos, movimentos, figuras, entre outros.

A linguagem assume várias funções, por isso, é muito importante saber as suas distintas características
discursivas e intencionais. Em primeiro lugar, devemos atentar para o fato de que, em qualquer situação
comunicacional plena, seis elementos estão presentes:
• Emissor: É o responsável pela mensagem. É ele quem, como o próprio nome sugere, emite o enunciado.
• Receptor: A quem se direciona o que se deseja falar; o destinatário.
• Mensagem: O que será transmitido, a “tradução” de uma ideia.
• Referente: O assunto, também chamado de contexto.
• Canal: Meio pelo qual será transmitido a mensagem.
• Código: É o recurso/instrumento com o qual a linguagem é produzida.

Cada uma das seis funções que a linguagem desempenha está centrada em um dos elementos acima, ou na
forma como alguns desses elementos se relacionam com os outros. Veja a seguir três delas:

1. Metalinguística
Refere-se ao próprio código. Por exemplo:
- A palavra “analisar” é escrita com “s” ou com “z”?
- “Analisar” se escreve com “s”, Marcelo.
Consiste no uso do código para falar dele próprio, ou seja, a linguagem para explicar a própria linguagem.
Pode ser encontrada, por exemplo, nos dicionários, em poemas que falam da própria poesia, em músicas
que falam da própria música.

2. Conativa ou Apelativa
Procura influenciar o receptor da mensagem. É centrada na segunda pessoa do discurso e bastante comum
em propagandas. Por exemplo:
“Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.”
(Gregório de Matos)

1
Português

Essa função encerra um apelo, uma intenção de atingir o comportamento do receptor da mensagem ou chamar
a sua atenção. Para identificá-la, devemos observar o uso do vocativo, pronomes na segunda pessoa, ou
pronomes de tratamento, bem como verbos no modo imperativo.

3. Emotiva ou Expressiva
De forma simplista, pode-se dizer que expressa sentimentos, emoções e opiniões. Está centrada no próprio
emissor – e, por isso, aparece na primeira pessoa do discurso.
Que me resta, meu Deus? Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores.
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores.
(Álvares de Azevedo)

Aqui, devemos observar marcas de subjetividade do emissor, como seus sentimentos e impressões a respeito
de algo expressados pela ocorrência de verbos e pronomes na primeira pessoa, adjetivação abundante,
pontuação expressiva (exclamações e reticências), bem como interjeições.

4. Referencial
Centraliza-se no contexto, no referente. Transmite dados e informações de maneira objetiva, direta, impessoal.
A dissertação argumentativa é um tipo de texto em que um determinado ponto de vista é defendido de maneira
objetiva, a partir da utilização de argumentos. Outros exemplos são textos jornalísticos, contúdos de livros
didáticos e apostilas.

5. Fática
Está centrada no canal. Objetiva estabelecer, prolongar ou interromper o processo de comunicação.
— Olá, como vai?
— Alô!

2
Português

A função fática envolve o contato entre o emissor e o receptor, seja para iniciar, prolongar, interromper ou
simplesmente testar a eficiência do canal de comunicação. Na língua escrita, qualquer recurso gráfico utilizado
para chamar atenção para o próprio canal (negrito, mudar o padrão de letra) constitui um exemplo de função
fática.

6. Poética
Centraliza-se na própria mensagem. É o trabalho poético realizado em um determinado contexto.
“De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.”
(Vinícius de Morais)

Como é centrada na própria mensagem, a função poética existe, predominantemente, em textos literários,
resultantes da elaboração da linguagem, por meio de vários recursos estilísticos que a língua oferece. Contudo,
é comum, hoje, observarmos textos técnicos que se utilizam de elementos literários para poder evidenciar um
determinado sentido.

Obs.: Em um texto, é comum haver a manifestação de mais de uma função da linguagem. No entanto, na
maioria da vezes, com a predominância de uma sobre a(s) outra(s).

3
Português

Exercícios

1. - Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.


- Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que me empurram, mas estou lúcido, pai,
sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode até parecer que exorbito, e se há farelo nisso
tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo
para o meu uso os fios do que estou dizendo.
(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar)

Nos textos, em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o
predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No trecho acima, além da manifestação da função
apelativa, há a predominância da função
a) metalinguística, o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
b) fática, já que o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.
c) expressiva, pois o enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
d) referencial, já que o referente é o elemento que se sobressai sobre os demais.
e) poética, pois a forma da mensagem é predominante em relação ao conteúdo.

2. 14 coisas que você não deve jogar na privada


Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa
mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos:
• Cotonete
• medicamento e preservativo;
• óleo de cozinha;
• ponta de cigarro;
• poeira de varrição de casa;
• fio de cabelo e pelo de animais;
• tinta que não seja à base de água;
• querosene, gasolina, solvente, tíner.

Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem
ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada.
MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado).

O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função
conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca
a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que
beneficiarão a sustentabilidade do planeta
b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como
fazer o correto descarte de alguns dejetos.
c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do
autor do texto em relação ao planeta.
d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre
ações de sustentabilidade está sendo compreendida.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a
proporcionar melhor compreensão do texto.

4
Português

3. O exercício da crônica
Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um
ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque
quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha
através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no
noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue
novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo
associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente
despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto,
já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991).

Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui


a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.

4.

http://www.caceres.mt.gov.br/Noticia/5706/
saude-intensifica-acoes-de-combate-ao-mosquito-aedes-aegypti-#.XX-SWShKjIV

5
Português

Todo texto apresenta uma estratégia argumentativa, da qual se derivam as escolhas linguísticas que o
compõem. No caso da campanha contra a dengue, a composição textual é pautada por uma estratégia
de
a) exposição, pois informa o assunto de modo isento, colocando em foco a função referencial da
linguagem.
b) descritiva, pois descreve as ações necessárias ao combate à dengue, predominando o tipo textual
injuntivo.
c) comoção, pois utiliza a emoção para conscientizar a população, predominando a função conativa
da linguagem.
d) provocação, pois a capacidade da população em atender ao pedido é questionada.
e) narração, pois utiliza a função poética da linguagem a fim de convencer o interlocutor a combater a
dengue.

5. A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades
menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma tem múltiplos mecanismos que regulam o
número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Predomina no texto a função da linguagem
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.

6. Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade,
as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e
disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi
de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela
ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular.
O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200
salas de cinema já oferecem o recurso e flimes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso
do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos
parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço.
Concorda?”
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25jun. 2014 (adaptado).

Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem
apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque
há a presença de elementos que
a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.
b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora,.
c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.
d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.
e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação.

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Português

7. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo


Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra, especialmente da
mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano.
Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista
apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização
sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a
desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do
branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-
publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e
atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antirracismo, feito nos diversos
espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os
sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética da
diversidade.

Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.


SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro
em produtos de beleza e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar.Versão digital.
Abaetetuba, n.16,jun. 2017 (adaptado).

O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de


artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela
a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por
finalidade” e “Evidencia-se”.
b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética do
negro”.
c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização
estética” e “discurso midiático-publicitário”.
d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como
“inferiorização” e “desvalorização”.
e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade” e
“descolonização estética”.

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Português

8. O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida, Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
(Gonçalves Dias.)

Macunaíma (Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de
um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros
arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio
imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo
nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
(Mário de Andrade.)

Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que


a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem
formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no
segundo, no relato de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente
no primeiro.

8
Português

9.

Observe esta gravura de Escher: Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos


equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência,
a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe parece extremamente intrigante.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade.
c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de quetrata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do
discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada sequência de
operações.

10. O telefone tocou.


— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)

Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.

9
Português

Gabarito

1. C
A função da linguagem predominante é a expressiva, pois os sentimentos, atitudes e estado do emissor
são o foco da mensagem. Além disso, pode-se notar o uso recorrente da 1ª pessoa.

2. B
A função referencial está focada no aspecto informacional. Dessa forma, o aspecto de orientação é
apropriado a este tipo de comunicação.

3. E
Uma vez que a mensagem do texto é centrada em seu próprio código, a função da linguagem que
predomina é a metalinguística. No texto, o cronista apresenta, por meio de uma crônica, alguns entraves
encontrados por quem escreve esse gênero textual.

4. C
A campanha publicitária utiliza a emoção para provocar a reflexão e a comoção sobre o combate à dengue,
além de utilizar o imperativo, que é uma característica da função conativa/apelativa.

5. E
Nota-se que a mensagem do texto está centrada em seu referente e ele é exterior à linguagem e ao processo
comunicativo, isto é, o texto trata de noções e informações conceituais. A função de linguagem
predominante nesse texto é a referencial.

6. D
O fragmento retirado da Revista Veja informa sobre o aplicativo “Whatscine”. Assim, utiliza-se a linguagem
denotativa para informar sobre essa nova criação, sendo, portanto, predominante a função referencial da
linguagem. Mais uma vez, o assunto clássico sendo cobrado na prova do ENEM.

7. A
A função referencial tem como foco o contexto de produção da mensagem, além de ter como forma a
objetividade da linguagem. O texto pode ser considerado referencial pelo uso da linguagem denotativa.

8. C
A presença de interlocução mostra a manifestação da função apelativa da linguagem, inviabilizando a
alternativa A; em ambos os textos predomina a linguagem formal, inviabilizando a alternativa B; no primeiro
texto, não há evidencia na forma de organização da linguagem, inviabilizando a alternativa D; a função
emotiva da linguagem está presente no primeiro texto e não no segundo. Por fim, é possível verificar que
há pelo menos uma palavra de origem indígena em cada texto.

9. D
Na imagem, é possível perceber a manifestação da função metalinguística, em que é vista a imagem do
pintor desenhando. Essa função é muito utilizada em poemas que falam sobre a própria construção do
poema.

10
Português

10. B
A função fática é aquela responsável por testar/estabelecer a comunicação. Assim, a insistência em manter
a conversa pelo telefone evidencia a função fática da linguagem.

11
Português

Gêneros Textuais

Resumo

Gêneros Textuais
Os gêneros textuais são classificados conforme as características comuns que os textos apresentam em
relação à linguagem e ao conteúdo.
Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e
receptor) de determinado discurso.
São exemplos resenha crítica jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de
supermercado.
É importante considerar seu contexto, função e finalidade, pois o gênero textual pode conter mais de um tipo
textual. Isso, por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários
(texto descritivo) e o modo de preparo (texto injuntivo).

São exemplos de gêneros textuais:


• Notícia
• Reportagem
• Editorial
• Tirinhas
• Charges
• Fábulas
• Romance
• Novela
• Entrevista
• Receita
• Diário
• Crônica
• Dissertação
• Piada
• E-mail/carta
• Biografia
• Manual
• Bula de remédio
• Artigo de opinião
• Aforismo

1
Português

2
Português

Exercícios

1. Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas
antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve.
Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver
resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?
Se antes da pré-pré- história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a
existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo.
[...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho
aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei.
Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o
começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector,
culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, notase
essa peculiaridade porque o narrador:
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às
personagens.
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a
compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d)
admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras
exatas.
d) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

3
Português

2. Mudança
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado
o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam
repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que
procuravam uma sombra. Afolhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da
catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e
o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio. As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer,
Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. Deixaram a margem do rio,
acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam
sombra.
RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2008 (fragmento).
Valendo-se de uma narrativa que mantém o distanciamento na abordagem da realidade social em
questão, o texto expõe a condição de extrema carência dos personagens acuados pela miséria. O recurso
utilizado na construção dessa passagem, o qual comprova a postura distanciada do narrador, é a:
a) caracterização pitoresca da paisagem natural.
b) descrição equilibrada entre os referentes físicos e psicológicos dos personagens.
c) narração marcada pela sobriedade lexical e sequência temporal linear.
d) caricatura dos personagens, compatível com o aspecto degradado que apresentam.
e) metaforização do espaço sertanejo, alinhada com o projeto de crítica social. 8 Português

3. Querido diário
Hoje topei com alguns conhecidos meus Me dão bom-dia, cheios de carinho Dizem para eu ter muita luz,
ficar com Deus Eles têm pena de eu viver sozinho [...] Hoje o inimigo veio me espreitar Armou tocaia lá
na Curva do rio Trouxe um porrete a mó de me quebrar Mas eu não quebro porque sou macio, viu
HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro:Biscoito Fino, 2013 (fragmento).

Uma característica do gênero diário que aparece na letra da canção de Chico Buarque é o(a):
a) diálogo com interlocutores próximos.
b) recorrência de verbos no infinitivo.
c) predominância de tom poético.
d) uso de rimas na composição.
e) narrativa autorreflexiva.

4
Português

4. Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO)


Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu
Emilio Goeldi, no Pará O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica
Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido
com uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até
então, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília.
Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em
dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada.
XIMENES, M. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012.

A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa
predominância evidencia-se pelo(a)
a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor.
b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação.
c) questionamento do código linguístico na construção da notícia.
d) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor.
e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor.

5. Diga não ao não


Quem disse que alguma coisa é impossível? Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, segundo
os pessimistas, nunca teriam acontecido. “Impossível”. “Impraticável”. “Não”. E ainda assim, sim. Sim,
Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a bordo de um avião, impulsionado por um motor
aeronáutico. Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira
rodovia pavimentada do país. Sim, uma empresa brasileira também inovou no país. Abasteceu o primeiro
voo comercial brasileiro. Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na Bacia de Campos.
Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC Plus. O que é necessário para transformar o não em
sim? Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar. E quando o problema parece insolúvel, quando o
desafio é muito duro, dizer: vamos lá. Soluções de energia para um mundo real.
Jornal da ABI. Número 336, dez. De 2008 – adaptado

O texto publicitário apresenta a oposição entre “impossível”, “impraticável”, “não” e “sim, “sim”, “sim”. Essa
oposição, usada como um recurso argumentativo, tem a função de:
a) minimizar a importância da invenção do avião por Santos Dumont.
b) mencionar os feitos de grandes empreendedores da história do Brasil.
c) ressaltar a importância do pessimismo para promover transformações.
d) associar os empreendimentos da empresa petrolífera a feitos históricos.
e) ironizar os empreendimentos rodoviários de Visconde de Mauá no Brasil.

5
Português

6. Câncer 21/06 a 21/07

O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo
indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado
virá à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que
precisará de energia para se recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos
trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que
será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro.
Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade com os
assuntos da alma.
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função específica, seu
objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos
socioculturalmente.

A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é:
a) Vender um produto anunciado.
b) Informar sobre astronomia.
c) Ensinar os cuidados com a saúde.
d) Expor a opinião de leitores em um jornal.
e) Aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho

7. História de assombração
Ah! Eu alembro uma história que aconteceu com meu tii. Era dia de Sexta-Feira da Paixão, diz que eles
falava pra meu tii não num vai pescá não. Ele foi assim mesmo, aí chegô lá, ele tá pescano... tá pescano...
e nada de pexe. Aí saiu um mundo véi de cobra em cima dele, aí ele foi embora... Aí até ele memo contava
isso e falava É... nunca mais eu vou pescar no dia de Sexta-Feira da Paixão...
COSTA, S. A. S. Narrativas tradicionais tapuias. Goiânia: UFG, 2011 (adaptado).

Quanto ao gênero do discurso e à finalidade social do texto História de assombração, a organização


textual e as escolhas lexicais do locutor indicam que se trata de um(a):
a) criação literária em prosa, que provoca reflexão acerca de problemas cotidianos.
b) texto acadêmico, que valoriza o estudo da linguagem regional e de suas variantes.
c) relato oral, que objetiva a preservação da herança cultural da comunidade.
d) conversa particular, que favorece o compartilhar de informações e experiências pessoais.
e) anedota regional, que evidencia a fala e o vocabulário exclusivo de um grupo social.

6
Português

8. Receita
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.
SARAMAGO, J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.

Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-se em


função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois
a) introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.
b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.
c) explora elementos temáticos presentes em uma receita.
d) apresenta organização estrutural típica de um poema.
e) utiliza linguagem figurada na construção do poema.

9. Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista,
crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário
mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis,
aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é
criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola
pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis.

Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de


a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida
cotidiana.
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema
seus principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua
intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos.
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da
narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.

7
Português

10. Posso mandar por e-mail?


Atualmente, é comum “disparar” currículos na interent com a expectativa de alcançar o maior número
possível de selecionadores. Essa, no entanto, é uma ideia equivocada: é preciso saber quem vai receber
seu currículo e se a vaga é realmente indicada para seu perfil, sob risco de estar “queimando o filme” com
um futuro empregador. Ao enviar o currículo por e-mail, tente saber quem vai recebê-lo e faça um texto
sucinto de apresentação, com a sugestão a seguir: Assunto: Currículo para a vaga de gerente de
marketing Mensagem: Boa tarde. Meu nome é José da Silva e gostaria de me candidatar à vaga de
gerente de marketing. Meu currículo segue anexo.
Guia da língua 2010: modelos e técnicas. Língua Portuguesa, 2010 (adaptado).

O texto integra um guia de modelos e técnicas de elaboração de textos e cumpre a função social de:
a) divulgar padrão oficial de redação e envio de currículos.
b) indicar um modelo de currículo para pleitear uma vaga de emprego.
c) instruir o leitor sobre como ser eficiente no envio de currículo por e-mail.
d) responder a uma pergunta de um assinante da revista sobre o envio de currículo por e-mail.
e) orientar o leitor sobre como alcançar o maior número possível de selecionadores de currículos.

8
Português

Gabarito

1. C
O narrador se utiliza de metalinguagem ao explicar por que escreve, quais seus motivos para a escrita e,
por fim, justifica a forma como registra os fatos.

2. C
A sobriedade lexical se dá pela construção do discurso em ordem direta, respeitando o lugar comum das
palavras. A sequência é linear, porque apresenta os fatos/acontecimentos com início, meio e fim.

3. E
Os diários normalmente são espaços em que seus autores depositam suas reflexões íntimas e seus
sentimentos.

4. B
O texto é uma notícia, logo a objetividade para a transmissão da informação faz parte da função referencial
da língua.

5. D
Há no texto comparações entre os feitos da empresa e acontecimentos históricos, como se os desafios
ultrapassados pelos empreendedores fossem de certa forma equiparado.

6. E
O texto tem como objetivo dar conselhos sobre a vida das pessoas, sua função é vista como de
entretenimento.

7. C
As marcas de oralidade e o texto fragmentado, mostram características de uma narrativa reproduzida
oralmente.

8. A
O poema, apesar de ser estruturado em versos, apresenta frases prescritivas que são típicas de textos
injuntivos.

9. E
A biografia de Machado de Assis é apresentada de maneira cronológica e está marcada pela objetividade,
evidenciando assim que ali existem informações sobre a vida do escritor, não impressões pessoais do
enunciador sobre elas

10. C
O texto contém instruções sobre boas práticas do envio de e-mails, dando sugestões para não “se queimar”
na hora de enviar um e-mail.

9
Literatura

Modos de organização textual (argumentação, narração, descrição,


injunção e exposição)

Resumo

Narração
A narração, de forma progressiva, expõe as mudanças de estado que acontecem com objetos, cenários e
pessoas através do tempo. Dentro desse tipo textual há elementos importantes como, por exemplo, o foco
narrativo (cujo narrador pode estar em 1ª ou 3ª pessoa), o tipo de discurso (direto, indireto ou indireto livre), o
enredo, o tempo, o espaço e os personagens. Tais desdobramentos configuram não somente os planos
externos, mas também intrínsecos à narrativa.

Descrição
A descrição é um tipo textual que tem por objetivo descrever, ou melhor, fazer um retrato verbal de pessoas,
objetos, cenas ou ambientes. Entretanto, é muito difícil encontrar um texto exclusivamente descritivo e o que
ocorre são trechos descritivos no meio de textos narrativos. Para diferenciar os dois tipos de texto, deve-se
perceber o caráter estático do texto descritivo enquanto o narrativo possui uma sequência de episódios.
Nos textos descritivos há predomínio de adjetivos, frases nominais, períodos curtos e verbos de ligação que
visam retratar em detalhes um ambiente, um personagem, um objeto etc. Além disso, a visão particular de um
personagem também pode ser característica da descrição, que pode ser feita em primeira ou terceira pessoa.
Se em primeira pessoa, é evidente que o personagem participa da história; se em terceira pessoa, o narrador
descreve.

Argumentação
O texto argumentativo é aquele em que defendemos um ponto de vista com o objetivo de convencer, persuadir
ou influenciar o leitor ou ouvinte. Esse convencimento é feito mediante a apresentação de razões, em face da
evidência das provas com base em um raciocínio coerente e consistente.
Para que o leitor seja convencido de uma ideia, ela deve ser construída por meio de evidências. Ela pode ser
comprovada por meio de exemplos, ilustrações, dados estatísticos, argumentos de autoridade, entre outros. A
evidência é o elemento mais importante da argumentação, pois toda argumentação consiste em uma
declaração seguida da prova.

Injunção
O texto injuntivo (ou instrucional) é aquele que explica sobre algo para o leitor para a realização de uma ação.
Sua função é instruir para que ele seja capaz de realizar uma atividade. São exemplos desse tipo textual, os
gêneros: receita médica, receita culinária, bula de remédio, manual de instruções, entre outros. Além disso, uma
das características do texto instrucional é a utilização de verbos no modo imperativo para configurar “ordem”
sobre o procedimento a ser realizado.

Exposição
Comumente, o texto expositivo circular muito nas esferas acadêmicas e escolares: seminários, resumos,
artigos acadêmicos, congressos, conferências, palestras, colóquios, entrevistas etc. No texto expositivo, o
objetivo central do locutor (emissor) é explicar ou expor determinado assunto, a partir de recursos como a
conceituação, a definição, a descrição, a comparação, a informação, enumeração.
Literatura

Exercícios

1. A arqueologia não pode ser 1desvencilhada de seu caráter aventureiro e romântico, 2cuja melhor imagem
talvez seja, desde 3há alguns anos, as saborosas aventuras do arqueólogo Indiana Jones. Pois bem,
quando do 4auge do sucesso de Indiana Jones, o arqueólogo brasileiro Paulo Zanettini escreveu um
artigo no Jornal da Tarde, de São Paulo, intitulado “Indiana Jones deve morrer!”. Para ele, assim como
para outros arqueólogos profissionais, envolvidos com um trabalho 5árduo, sério e distante das
6
peripécias das telas, essa imagem aventureira é incômoda.
O fato é que o arqueólogo, 7à diferença do historiador, do geógrafo ou de outros estudiosos, possui uma
imagem muito mais atraente, inspiradora não só de filmes, mas também de romances e livros os mais
variados.
Bem, para usar uma expressão de Eça de Queiroz, 8“sob o manto 9diáfano da fantasia” escondem-se as
histórias reais que fundamentaram 10tais percepções. 11A arqueologia surgiu no 12bojo do Imperialismo
do século XIX, como um subproduto da expansão das potências coloniais europeias e dos Estados
Unidos, que procuravam enriquecer explorando outros territórios. Alguns dos primeiros arqueólogos de
fato foram aventureiros, responsáveis, e não em pequena medida, pela fama que se propagou em torno
da profissão.
(Adaptado de Pedro Paulo Funari, Arqueologia.)

Considerando suas reflexões feitas, é possível classificar o texto lido como:


a) narrativo
b) descritivo
c) injuntivo
d) informativo
e) diálogo

2. Preencha os parênteses com os números correspondentes; em seguida, assinale a alternativa que indica
a correspondência correta.
1. Narrar
2. Argumentar
3. Expor
4. Descrever
5. Prescrever

( ) Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos e indicações de como realizar ações, com
emprego abundante de verbos no modo imperativo.
( ) Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias sobre determinado assunto, assim como
explicações, avaliações e reflexões. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.
( ) Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou não, acontecido num determinado espaço
e tempo, envolvendo personagens e ações. A temporalidade é fator importante nesse tipo de texto.
( ) Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto
etc., com abundância do uso de adjetivos. Não há relação de temporalidade.
( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e exposição de ideias, cuja preocupação é a defesa
de um ponto de vista. Sua estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos e conclusão.
Literatura

A resolução correta ficaria:


a) 4, 5, 2, 1, 3
b) 5, 4, 3, 1, 2
c) 5, 3, 1, 4, 2
d) 2, 3 1, 4, 5
e) 5, 4, 3, 2, 1

3. Analise os fragmentos a seguir e assinale a alternativa que indique as tipologias textuais às quais eles
pertencem:
TEXTO 1
“Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o
passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda
úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se
não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,
sugeriu que devia sofrer de ataque (…)”. (Dalton Trevisan – Uma vela para Dario).

TEXTO 2
“Era um homem alto, robusto, muito forte, que caminhava lentamente, como se precisasse fazer esforço
para movimentar seu corpo gigantesco. Tinha, em contrapartida, uma cara de menino, que a expressão
alegre acentuava ainda mais.”

TEXTO 3
Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas
ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”,
“maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-
os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas
e mochilas o “futuro” tão festejado.

Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um


aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto,
desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se
estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de
entretenimento.

Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto
controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013
(adaptado).
Literatura

TEXTO 4
Modo de preparo:
1 Bata no liquidificador primeiro a cenoura com os ovos e o óleo, acrescente o açúcar e bata por 5
minutos;
2 Depois, numa tigela ou na batedeira, coloque o restante dos ingredientes, misturando tudo, menos o
fermento;
3 Esse é misturado lentamente com uma colher;
4 Asse em forno preaquecido (180° C) por 40 minutos.

a) dissertação – prescrição – descrição – narração.


b) descrição – narração – dissertação – prescrição.
c) narração – descrição – dissertação – instrução.
d) prescrição – descrição – dissertação – narração.
e) instrução – argumentação – dissertação – narração.

4. Ser pai faz bem para a pressão!

Uma pesquisa feita pela Brigham Young University, nos EUA, indica que a paternidade pode ajudar a
manter a pressão arterial baixa. Os dados foram medidos em 198 adultos, monitorados por aparelhos
anexados ao braço, em intervalos aleatórios, durante 24 horas. Comparada às do grupo de adultos sem
filhos, a média dos pais foi inferior em 4,5 pontos para a pressão arterial diastólica. Julianne Holt-Lunstad,
autora do estudo, diz que outros fatores (como atividades físicas) também colaboram para reduzir esses
níveis e que o objetivo da pesquisa é comprovar como fatores sociais colaboram para a saúde do corpo.
“Isso não significa que quanto mais crianças você tiver, melhor será sua pressão sanguínea. Os
resultados estão conectados a essa relação de parentesco, mas sem considerar o número de sucessores
ou situação profissional”, pondera Julianne.
(ALVES, I. Vivasaúde, n. 83, s.d.)

O texto apresenta resultados de uma pesquisa científica, objetivando


a) informar o leitor leigo a respeito dos resultados obtidos, com base em dados monitorados.
b) sensibilizar o leitor acadêmico a respeito da paternidade, com apoio nos comentários da
pesquisadora.
c) persuadir o leitor especializado a se beneficiar do exercício da paternidade, com base nos dados
comparados.
d) dar ciência ao leitor especializado da validade da investigação, com base na reputação da instituição
promotora.
e) instruir o leitor leigo a respeito da validade relativa da investigação, com base nas declarações da
pesquisadora.
Literatura

5. O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo
indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado
virá à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que
precisará de energia para se recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos
trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que
será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro.
Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade com os
assuntos da alma.
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função específica, seu
objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se com os conhecimentos construídos
socioculturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é:
a) vender um produto anunciado.
b) informar sobre astronomia.
c) ensinar os cuidados com a saúde.
d) expor a opinião de leitores em um jornal.
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

6. Uma amiga me diz que não suporta mais se olhar no espelho. Ela está se achando gorda, feia, desprezível.
Antigamente, eu talvez dissesse a ela que está na hora de fazer uma dieta e dar uma ajeitada no visual,
mas hoje em dia aconselho outra coisa: está na hora, isso sim, de trocar de espelho.
Ela está apenas um pouco acima do peso ideal, e feia não é de jeito nenhum. É uma mulher inteligente,
divertida, bacana. O problema é que está totalmente focada no trabalho, não tem se relacionado com
ninguém. Não namora. Não quer nem pensar em seduzir ou ser seduzida, fechou pra balanço. E é
justamente este o espelho que está lhe faltando pra ver-se com olhos mais generosos.
Disponível em: http://pensador.uol.com.br/uma_carta_para_uma_amiga

Analisando o excerto acima, qual é a tipologia textual predominante?


a) Narrativa
b) Injuntiva
c) Argumentativa
d) Expositiva
e) Descritiva
Literatura

7. Grupo transforma pele humana em neurônios


Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar células extraídas da pele de uma mulher de 82
anos sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e conseguiu transformá-las em células capazes de
se transformarem virtualmente em qualquer tipo de órgão do corpo. Em outras palavras, ganharam os
poderes das células-tronco pluripotentes, normalmente obtidas a partir da destruição de embriões.
O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista Science, existe desde o ano passado, quando um
grupo liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as chamadas iPS (células-tronco de pluripotência
induzida). O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez que é possível aplicá-lo a células de pessoas
doentes, portadoras de esclerose lateral amiotrófica (ELA), mal que destrói o sistema nervoso
progressivamente.
“Pela primeira vez, seremos capazes de observar células com ELA ao microscópio e ver como elas
morrem”, disse Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que financiou parte da pesquisa.
Observar em detalhes a degeneração pode sugerir novos métodos para tratar a ELA.
KOLNERKEVIC, I. Folha de S. Paulo. 1 ago. 2008 (adaptado).

A análise dos elementos constitutivos do texto e a identificação de seu gênero permitem ao leitor inferir
que o objeto do autor é
a) apresentar a opinião da diretora do Projeto ALS.
b) expor a sua opinião como um especialista no tema.
c) descrever os procedimentos de uma experiência científica.
d) defender a pesquisa e a opinião dos pesquisadores dos EUA.
e) informar os resultados de uma nova pesquisa feita nos EUA.

8. O trecho que segue foi extraído do conto “Lâmpadas e Ventiladores”, de Humberto de Campos:

A tarde estava quente, abafada, ameaçando tempestade. Na sala da sorveteria onde tomávamos chá, os
ventiladores ronronavam, como gatos, refrescando o ambiente. Lufadas ardentes, fortes, brutais,
varreram, lá fora, o asfalto da Avenida. O céu escureceu, de repente, e um trovão estalou, rolando pelo
céu. Nesse momento, as lâmpadas do salão, abertas àquela hora, apagaram-se todas, ao mesmo tempo
em que, dependendo da mesma corrente elétrica, os ventiladores foram, pouco a pouco, diminuindo a
marcha, até que pararam, de todo, como aves que acabam de chegar de um grande voo.

Sobre a tipologia textual dessa passagem do conto, pode-se dizer a organização predominante é
a) argumentativa
b) descritiva
c) expositiva
d) narrativa
e) poética.
Literatura

9. E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo, títere voluntário e consciente, como
entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus
reflexos quando achava nisso conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, mais artifício,
toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e oportunidade, de insolência e submissão, de
silêncios e rompantes, de anulação e prepotência. Conhecia a palavra exata para o momento preciso, a
frase picante ou obscena no ambiente adequado, o tom humilde diante do superior útil, o grosseiro diante
do inferior, o arrogante quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações
equívocas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por experiência própria, que a fortuna
se ganha com uma frase, num dado momento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige
um estado de alerta para a sua apropriação.
RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de Janeiro: GRD, 1963 (fragmento).

No conto, o autor retrata criticamente a habilidade do personagem no manejo de discursos diferentes


segundo a posição do interlocutor na sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada:
a) na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se transformar, acreditando
dominar os jogos de poder na linguagem.
b) na alusão à falta de articulações e reflexos do personagem, dando a entender que ele não possui o
manejo dos jogos discursivos em todas as situações.
c) no comentário, feito em tom de censura pelo autor, sobre as frases obscenas que o personagem
emite em determinados ambientes sociais.
d) nas expressões que mostram tons opostos nos discursos empregados aleatoriamente pelo
personagem em conversas com interlocutores variados.
e) no falso elogio à originalidade atribuída a esse personagem, responsável por seu sucesso no
aprendizado das regras de linguagem da sociedade.

10. Perder a tramontana


A expressão ideal para falar de desorientados e outras palavras de perder a cabeça

É perder o norte, desorientar-se. Ao pé da letra, “perder a tramontana” significa deixar de ver a estrela
polar, em italiano stella tramontana, situada do outro lado dos montes, que guiava os marinheiros antigos
em suas viagens desbravadoras.
Deixar de ver a tramontana era sinônimo de desorientação. Sim, porque, para eles, valia mais o céu
estrelado que a terra. O Sul era região desconhecida, imprevista; já ó Norte tinha como referência no
firmamento um ponto luminoso conhecido como a estrela Polar, uma espécie de farol para os
navegantes do Mediterrâneo, sobretudo os genoveses e os venezianos. Na linguagem deles, ela ficava
trasmontes, para além dos montes, os Alpes. Perdê-la de vista era perder a tramontana, perder o Norte.
No mundo de hoje, sujeito a tantas pressões, muita gente não resiste a elas e entra em parafuso. Além
de perder as estribeiras, perde a tramontana...
(COTRIM, M. Língua Portuguesa, n. 15, jan. 2007.)

Nesse texto, o autor remonta às origens da expressão “perder a tramontana”. Ao tratar do significado
dessa expressão, utilizando a função referencial da linguagem, o autor busca;
a) apresentar seus indícios subjetivos.
b) convencer o leitor a utilizá-la.
c) expor dados reais de seu emprego.
d) explorar sua dimensão estética.
e) criticar sua origem conceitual.
Literatura

Gabarito

1. D
Por apresentar uma série de informações sobre a arqueologia, podemos classificar o texto como
informativo.

2. C
Prescrever, de modo a instruir - Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos e indicações de
como realizar ações, com emprego abundante de verbos no modo imperativo.
Expor ideias, contendo ou não expressões pessoais - Ato próprio de textos em que há a apresentação de
ideias sobre determinado assunto, assim como explicações, avaliações e reflexões. Faz-se uso de
linguagem clara, objetiva e impessoal.
Contar uma história por meio de elementos da narrativa - Ato próprio de textos em que se conta um fato,
fictício ou não, acontecido num determinado espaço e tempo, envolvendo personagens e ações. A
temporalidade é fator importante nesse tipo de texto.
Descrever ideias por meio de adjetivações - Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou
subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância do uso de adjetivos. Não há relação de
temporalidade.
Argumentar, de modo pessoal ou não, uma ideia central, com finalidades específicas - Ato próprio de textos
em que há posicionamentos e exposição de ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista. Sua
estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos e conclusão.

3. C
Texto 1- Busca narrar uma atividade realizada pelo personagem no foco da trama. Apesar de também
haver traços descritivos, o que ressalta é a narrativa ficcional.
Texto 2 – O texto está adjetificando o indivíduo, apresentando-lhe as características. Desse modo, faz parte
do modo descritivo.
Texto 3- Logo no segundo parágrafo, pode-se perceber um desenvolvimento argumentativo, que explicita
um ponto de vista sobre o tema.
Texto 4- O excerto contém instruções para realizar determinadas atividades, sendo considerado injuntivo.

4. A
Ao apresentar dados monitorados por aparelhos medidores da pressão arterial de homens com ou sem
filhos, o texto tem como objetivo fornecer informações sobre os resultados obtidos.

5. E
O excerto astrológico, que pode ser encontrado em jornais, revistas e canais on-line de informação, pode
apresentar traços de aconselhamento ao leitor sobre diversos aspectos, orientando-os para a semana e
para atividades futuras.

6. E
Apesar do gênero textual em questão fazer parte, predominantemente, de conceitos narrativos, o excerto
contempla um grande processo de caracterização sobre a mulher, parte da carta. Assim, o conunto de
adjetivos predominante transforma o trecho em descritivo.
Literatura

7. E
Trata-se de um texto informativo que pretende dar a conhecer ao público-leitor comum os avanços
científicos no desenvolvimento de métodos para tratar a esclerose lateral amiotrófica (ELA), mal que
destrói o sistema nervoso progressivamente.

8. B
Ao compreender a trama de H. Campos, vê-se que há a predominância da descrição do cenário no excerto,
compreendendo majoritariamente por texto descritivo. Entretanto, é válido lembrar que podem haver tipos
textuais diferentes em um mesmo texto.

9. A
A clara percepção do texto acima como narrativo compreende na interpretação do excerto, ao perceber as
transformações ali vividas pelo personagem. Desenvolvendo esse aspecto, vê-se que a produção do
enredo é predominante, classificando-o como narração.

10. C
É correta a opção [C], pois, ao usar a função referencial ou denotativa da linguagem, o emissor da
mensagem revela a intenção de falar objetivamente sobre o contexto real, destacando o seu caráter
informativo.
Português

Variação Linguística – Feijão com Arroz

Resumo

Variação linguística é o modo pelo qual a língua se diferencia dentro do seu próprio sistema. Esta diferença
pode ser histórica, geográfica ou sociocultural. Vemos que a língua não é única, que o sistema linguístico abriga
diversos ângulos na realização linguística. Observamos a diferenças na fala que se relacionam à idade, à região
do país, à cultura e até mesmo ao estilo. Se prestarmos bastante atenção, perceberemos que a variação
acontece nos mais variados segmentos da língua, como o fonético, o sintático, o léxico, o semântico etc. Tudo
isso também configura a evolução da língua, o seu desenvolvimento e sua adaptação através do tempo e das
mudanças sociais.

A área de estudo que busca entender e descrever as diferentes manifestações linguísticas em um mesmo
idioma chama-se sociolinguística. O pesquisador dessa área busca verificar entre os falantes de determinadas
línguas diferenças nos modos de falar de acordo com quatro níveis:

Variação diacrônica

A língua varia no tempo e essa variação passa a ser notada ao comparar dois estados de uma língua. O
processo de mudança é gradual, ou seja, não acontece de repente.
Uma língua muda porque é falada segundo os costumes, a cultura, as tradições, a modernização tecnológica e
o modo de viver da população, que estão sempre em constante processo de mudança devido ao tempo. Por
isso, as mudanças da língua podem ser percebidas com o contato com pessoas de outras faixas etárias e com
textos escritos ou falados de outras épocas.
O pronome tu, por exemplo, antigamente, era o único pronome de segunda pessoa do singular; entretanto, com
o tempo, outras formas de tratamento surgiram, como Vossa Mercê e Vossa Majestade. A palavra “vossa
mercê” se transformou sucessivamente em “vossemecê”, “vosmecê”, “vancê” e “você”. Além disso, ao longo do
tempo, algumas palavras tiveram alteração na pronúncia, mas não na escrita, enquanto um mesmo som pode
ser apresentado com diferentes representações.

Variação diatópica

A língua varia no espaço pois pode ser empregada diferentemente dependendo do local em que o indivíduo
está. A variação diatópica diz respeito justamente às diferenças linguísticas que podem ser vistas em falantes
de lugares geográficos diferentes. Por isso, é mais observada em locais diferentes mas com falantes da mesma
língua.

A macaxeira, por exemplo, muito consumida no Norte e no Nordeste, é chamada de aipim ou mandioca no
Sudeste. Outro exemplo é a palavra “mexerica”, que, em algumas regiões, é conhecida como “bergamota” e, em
outras, como “tangerina”. No entanto, essa variação não se trata apenas de uma variação no léxico: questões
fonéticas e gramaticais também são amplamente consideradas. No que se refere à sintaxe, nota-se que é
grande a recorrência de alguns termos sintáticos, como, por exemplo, “vou não” em vez de “não vou” e “é não”
em vez de “não é”.

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Português

São diversos os exemplos desse tipo de variação. Muitos deles são apropriados pelas diferentes regiões,
tratando-se apenas de variações bem-conhecidas. No entanto, há casos de desconhecimento e dificuldade de
comunicação devido à divergência dos termos para um mesmo significado.

Variação diastrática
A língua varia de acordo com fatores sociais. A variação social está relacionada a fatores como faixa etária,
grau de escolaridade e grupo profissional e é marcada pelas gírias, jargões e pelo linguajar singelo, já que são
aspectos característicos de certos grupos.
• Fator etário: A idade dos participantes da comunicação é um dado relevante, já que, a partir dela, serão
feitas escolhas linguísticas diferentes. Isso é visível na comparação entre um jovem e uma pessoa mais
velha, em que cada um usará vocábulos mais comuns à sua geração.
• Fator da escolaridade: Este fator se liga a uma categoria essencial, que é a educação. Na escola, aprende-
se a usar a língua em situações formais de acordo com a “norma padrão” ou “norma culta”. Esta norma
está ligada ao conjunto de usos e costumes linguísticos que rege qualquer língua e é tão indispensável
quanto as variações linguísticas: se na fala escolhe-se um vocabulário coloquial, menos preocupado com
as regras gramaticais, na escrita deve-se optar pela linguagem padrão, pois um texto repleto de expressões
informais pode não ser acessível para todos os tipos de leitores.
• Fator profissional: Cada grupo profissional possui um conjunto de nomes e expressões que se ligam à
atividade desempenhada; ou seja, essa fator trata do jargão típico de cada área. O campo do Direito, por
exemplo, utiliza palavras relacionadas a leis, a artigos e a determinados documentos, assim como a área
da Medicina utiliza um vocabulário que apenas os médicos são capazes de entender.

Variação diafásica

A língua varia de acordo com o contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo de falar, que pode
ser formal ou informal. Esta variação, portanto, refere-se ao registro empregado pelo falante em determinado
contexto interacional, ou seja, depende da situação em que a pessoa está inserida.
Em uma palestra, por exemplo, um professor deve utilizar a linguagem formal, isto é, aquela que respeita as
regras gramaticais da norma padrão. Por outro lado, em uma conversa com os amigos, esse mesmo professor
pode se expressar de forma mais natural e espontânea, sem a obrigação de refletir sobre a utilização da língua
de acordo com a norma culta. Nesse mesmo sentido, deve-se reforçar que a linguagem usada na internet e em
um texto formal deve ser diferenciada: enquanto, na internet, é permitido o uso de abreviações e o uso de “pra”
no lugar de “para”, em uma redação, isso é proibido, uma vez que é um texto que exige a norma culta da língua.

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Português

Exercícios

1. Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem


Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como
também o ‘vacilão’.”
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer
um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.”
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem
ainda não se conhece direito.”
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.”
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).

Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado repertório
linguístico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas de uso social. A
respeito desse repertório, atesta-se o(a)
a) desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos.
b) inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas.
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes.
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca.
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes.

2. Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade
de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em
dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias
depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria
Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi
interrompido pelo alfaiate premiado, que disse:
— Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!
O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em:
http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.

A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui
Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva
a) evidenciar a importância de marcas linguísticas valorizadoras da linguagem coloquial.
b) demonstrar incômodo com a variedade característica de pessoas pouco escolarizadas.
c) estabelecer um jogo de palavras a fim de produzir efeito de humor.
d) criticar a linguagem de pessoas originárias de fora dos centros urbanos.
e) estabelecer uma política de incentivo à escrita correta das palavras.

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Português

3. Evocação do Recife
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada…
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes populares devem
ser
a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua portuguesa
autêntica.
b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa.
c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a referência de correção linguística.
d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por meio da fala do povo.
e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original.

4.

No último balão da tirinha de Maurício de Sousa, o autor escreveu “mais” em vez de “mas” na tentativa de
representar, na escrita, a forma como a personagem Chico Bento, supostamente, pronunciaria a
conjunção adversativa. Existem diversas formas e níveis de variação linguística, justamente, porque
somos influenciados por diversos fatores, tais como: região, escolaridade, faixa etária, contexto
comunicativo, papel social etc.

Com base nesses pressupostos, assinale a alternativa que representa uma variante linguística
característica do falar popular mineiro.
a) “Aquele fi duma égua só me deixou aperreado”.
b) “Protesto, meritíssimo! A testemunha não havia falado da agressão.”
c) “Capaz, guri! Só tava de bobeira contigo, bagual!”
d) “Uai? Cê já chegô, sô? Peraí, que eu já tô saíno!”
e) “Aquela mina é firmeza, mano!”

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Português

5. Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas


adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura
social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das
suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja
uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo,
como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função
coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação.
Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

Depreende-se do texto que uma determinada língua é um:


a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser
considerada exemplar.
b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de maior prestígio social.
c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma culta.
d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela heterogeneidade
social.
e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas de normas e outras não
o são.

6. Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
OSWALD, A. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p.47.

O poema de Oswald de Andrade apresenta a temática do uso da língua, muito abordada pela primeira
fase do Modernismo. O poema “Vício na fala” enfatiza a variação linguística em seu nível:
a) semântico
b) lexical
c) morfológico
d) sintático
e) fonético

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Português

7. — Famigerado? […]
— Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notável”…
— Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável?
É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?
— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos…
— Pois… e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia de semana?
— Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito…
ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Nesse texto, a associação de vocábulos da língua portuguesa a determinados dias da semana remete
ao
a) local de origem dos interlocutores.
b) estado emocional dos interlocutores.
c) grau de coloquialidade da comunicação.
d) nível de intimidade entre os interlocutores.
e) conhecimento compartilhado na comunicação.

8. Nuances
Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa.
Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele quer deixar claro que não é de televisão.
Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos preferenciais.
Guardar: na gaveta. Salvar: no Computador. Salvaguardar: no Exército.
Menta: no sorvete, na bala ou no xarope.
Hortelã: na horta ou no suco de abacaxi.
Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em cartaz com ele.
DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado)

O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos muito próximos. Essa diferença é apresentada
considerando-se a(s)
a) alternâncias na sonoridade.
b) adequação às situações de uso.
c) marcação flexional das palavras.
d) grafia na norma-padrão da língua.
e) categorias gramaticais das palavras.

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Português

9. PINHÃO Sai ao mesmo tempo que BENONA entra.


BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.
EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!
BENONA: Isso são coisas passadas.
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro,
se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora,
parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira
hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos
outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.
SUASSUNA, A. O santo e a porca, Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento)

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para
a) marcar a classe social das personagens.
b) caracterizar usos linguísticos de uma região.
c) enfatizar a relação familiar entre as personagens.
d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.

10. Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral
dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo
nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical.
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes
do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece
impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O
pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos
sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais emal ou el – carnavau, Raqueu... Já os
paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.”
QUEIROZ, Raquel. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998.

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de
pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se:
a) na fonologia.
b) no uso do léxico.
c) no grau de formalidade.
d) na organização sintática.
e) na estruturação morfológica.

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Português

Gabarito

1. D
As expressões enviadas pelos leitores como sugestões para o Museu das Invenções Cariocas pertencem
ao repertório coloquial carioca (“caraca”, “vacilão”, “mermão”, etc).

2. C
No início do texto, o narrador já avisa tratar-se de uma piada, logo, o efeito entre águia, o belo pássaro, e
águia, forma popular de referir-se à agulha, estabelece um jogo de palavras a partir da mudança da sílaba
tônica: águia, com a tônica no primeiro a, com a palavra águia, com a tônica na sílaba gu. Aproveitam-se as
semelhanças gráficas entre as duas palavras para criar um trocadilho bem-humorado.

3. D
Os poetas da primeira geração modernista tinham muito repeito pela língua portuguesa usada pelas
pessoas mais simples, por acreditarem ser esta linguagem, a verdadeira tradução do povo brasileiro.

4. D
As demais variantes são, respectivamente: nordestina, linguagem tipicamente jurídica, gaúcha e paulista.

5. A
Segundo Celso Cunha, todas as variedades linguísticas que constituem um idioma são estruturadas e
obedecem às necessidades de seus usuários. Mas, como a língus está fortemente ligada às estruturas
sociais, uma dessas variedades alcança maior valor social e passa a ser considerada a língua padrão.

6. E
Existe variação fonética quando uma mesma palavra é pronunciada de formas diferentes.

7. C
A utilização da linguagem informal retrata um grau de coloquialidade na comunicação entre os
interlocutores. O personagem usa as palavras “importante”e “que merece louvor” para facilitar a
compreensão do seu receptor.

8. B
No texto “Nuances”, Gregório Duvivier acentua humoristicamente as diferenças de sentido que
determinadas palavras adquirem no contexto e ocasiões em que são usadas.

9. B
As expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” são típicas do falar nordestino, o que também vai ao
encontro do fato de Ariano Suassuna ser um autor que normalmente retrata essa região e suas variações.

10. A
A Fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma. Ao comentar as variações
que se percebem no falar de pessoas de diferentes religiões (“Têm uns tês doces, quase um the; já nós,
ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já
os paraibamos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava afetuosamente, de Raquer”), a autora
analisa as mudanças fonésticas características de cada região.

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Português

Variação Linguística - Gourmet

Resumo

Variação linguística é o modo pelo qual a língua se diferencia dentro do seu próprio sistema. Esta diferença
pode ser histórica, geográfica ou sociocultural. Vemos que a língua não é única, que o sistema linguístico abriga
diversos ângulos na realização linguística. Observamos a diferenças na fala que se relacionam à idade, à região
do país, à cultura e até mesmo ao estilo. Se prestarmos bastante atenção, perceberemos que a variação
acontece nos mais variados segmentos da língua, como o fonético, o sintático, o léxico, o semântico etc. Tudo
isso também configura a evolução da língua, o seu desenvolvimento e sua adaptação através do tempo e das
mudanças sociais.

A área de estudo que busca entender e descrever as diferentes manifestações linguísticas em um mesmo
idioma chama-se sociolinguística. O pesquisador dessa área busca verificar entre os falantes de determinadas
línguas diferenças nos modos de falar de acordo com quatro níveis:

Variação diacrônica

A língua varia no tempo e essa variação passa a ser notada ao comparar dois estados de uma língua. O
processo de mudança é gradual, ou seja, não acontece de repente.
Uma língua muda porque é falada segundo os costumes, a cultura, as tradições, a modernização tecnológica e
o modo de viver da população, que estão sempre em constante processo de mudança devido ao tempo. Por
isso, as mudanças da língua podem ser percebidas com o contato com pessoas de outras faixas etárias e com
textos escritos ou falados de outras épocas.
O pronome tu, por exemplo, antigamente, era o único pronome de segunda pessoa do singular; entretanto, com
o tempo, outras formas de tratamento surgiram, como Vossa Mercê e Vossa Majestade. A palavra “vossa
mercê” se transformou sucessivamente em “vossemecê”, “vosmecê”, “vancê” e “você”. Além disso, ao longo do
tempo, algumas palavras tiveram alteração na pronúncia, mas não na escrita, enquanto um mesmo som pode
ser apresentado com diferentes representações.

Variação diatópica

A língua varia no espaço pois pode ser empregada diferentemente dependendo do local em que o indivíduo
está. A variação diatópica diz respeito justamente às diferenças linguísticas que podem ser vistas em falantes
de lugares geográficos diferentes. Por isso, é mais observada em locais diferentes mas com falantes da mesma
língua.

A macaxeira, por exemplo, muito consumida no Norte e no Nordeste, é chamada de aipim ou mandioca no
Sudeste. Outro exemplo é a palavra “mexerica”, que, em algumas regiões, é conhecida como “bergamota” e, em
outras, como “tangerina”. No entanto, essa variação não se trata apenas de uma variação no léxico: questões
fonéticas e gramaticais também são amplamente consideradas. No que se refere à sintaxe, nota-se que é
grande a recorrência de alguns termos sintáticos, como, por exemplo, “vou não” em vez de “não vou” e “é não”
em vez de “não é”.

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Português

São diversos os exemplos desse tipo de variação. Muitos deles são apropriados pelas diferentes regiões,
tratando-se apenas de variações bem-conhecidas. No entanto, há casos de desconhecimento e dificuldade de
comunicação devido à divergência dos termos para um mesmo significado.

Variação diastrática
A língua varia de acordo com fatores sociais. A variação social está relacionada a fatores como faixa etária,
grau de escolaridade e grupo profissional e é marcada pelas gírias, jargões e pelo linguajar singelo, já que são
aspectos característicos de certos grupos.
• Fator etário: A idade dos participantes da comunicação é um dado relevante, já que, a partir dela, serão
feitas escolhas linguísticas diferentes. Isso é visível na comparação entre um jovem e uma pessoa mais
velha, em que cada um usará vocábulos mais comuns à sua geração.
• Fator da escolaridade: Este fator se liga a uma categoria essencial, que é a educação. Na escola, aprende-
se a usar a língua em situações formais de acordo com a “norma padrão” ou “norma culta”. Esta norma
está ligada ao conjunto de usos e costumes linguísticos que rege qualquer língua e é tão indispensável
quanto as variações linguísticas: se na fala escolhe-se um vocabulário coloquial, menos preocupado com
as regras gramaticais, na escrita deve-se optar pela linguagem padrão, pois um texto repleto de expressões
informais pode não ser acessível para todos os tipos de leitores.
• Fator profissional: Cada grupo profissional possui um conjunto de nomes e expressões que se ligam à
atividade desempenhada; ou seja, essa fator trata do jargão típico de cada área. O campo do Direito, por
exemplo, utiliza palavras relacionadas a leis, a artigos e a determinados documentos, assim como a área
da Medicina utiliza um vocabulário que apenas os médicos são capazes de entender.

Variação diafásica

A língua varia de acordo com o contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo de falar, que pode
ser formal ou informal. Esta variação, portanto, refere-se ao registro empregado pelo falante em determinado
contexto interacional, ou seja, depende da situação em que a pessoa está inserida.
Em uma palestra, por exemplo, um professor deve utilizar a linguagem formal, isto é, aquela que respeita as
regras gramaticais da norma padrão. Por outro lado, em uma conversa com os amigos, esse mesmo professor
pode se expressar de forma mais natural e espontânea, sem a obrigação de refletir sobre a utilização da língua
de acordo com a norma culta. Nesse mesmo sentido, deve-se reforçar que a linguagem usada na internet e em
um texto formal deve ser diferenciada: enquanto, na internet, é permitido o uso de abreviações e o uso de “pra”
no lugar de “para”, em uma redação, isso é proibido, uma vez que é um texto que exige a norma culta da língua.

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Português

Exercícios

1. Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-


se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo,
anular a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao
focalizar essa ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem,
contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português
europeu. Ao focalizar essa a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de
mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São
Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).

O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual
todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas
podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para
a) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
c) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
d) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos.

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Português

2. Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da língua portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil
as delimitações dialetais espaciais não eram tão marcadas como as isoglossas1 da România Antiga.
Mas Paul Teyssier, na sua História da Língua Portuguesa, reconhece que na diversidade socioletal essa
pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier: “A realidade, porém, é que as divisões ‘dialetais’ no Brasil são
menos geográficas que socioculturais. As diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado
lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural
originários de duas regiões distantes uma da outra.”
SILVA, R. V. M. O português brasileiro e o português europeu contemporâneo: alguns aspectos da diferença. Disponível em:
www.uniroma.it. Acesso em: 23 jun. 2008.

1 isoglossa – linha imaginária que, em um mapa, une os pontos de ocorrência de traços e fenômenos
linguísticos idênticos.
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

De acordo com as informações presentes no texto, os pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul
Teyssier convergem em relação
a) à influência dos aspectos socioculturais nas diferenças dos falares entre indivíduos, pois ambos
consideram que pessoas de mesmo nível sociocultural falam de forma semelhante.
b) à delimitação dialetal no Brasil assemelhar-se ao que ocorria na România Antiga, pois ambos
consideram a variação linguística no Brasil como decorrente de aspectos geográficos.
c) à variação sociocultural entre brasileiros de diferentes regiões, pois ambos consideram o fator
sociocultural de bastante peso na constituição das variedades linguísticas no Brasil.
d) à diversidade da língua portuguesa na România Antiga, que atéhoje continua a existir, manifestando-
se nas variantes linguísticas do portuguĉs atual no Brasil.
e) à existência de delimitações dialetais geográficas pouco marcadas no Brasil, embora cada um
enfatize aspectos diferentes da questão.

3. Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à costa
ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos
consideravam bruxos os africanos que ali habitavam – é que eles davam indicações sobre a existência
de ouro na região. Em idioma nativo, mandinga designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando
sinônimo de feitiço, sortilégio.
COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento).

No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um(a)


a) contexto sócio-histórico.
b) diversidade étnica.
c) descoberta geográfica.
d) apropriação religiosa.
e) contraste cultural.

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Português

4. A gramática normativa, veiculada na escola, vê a língua como algo homogêno, imutável, e é essa a ideia
que é passada no ensino em todos os níveis. O estudo da língua portuguesa é quase sempre associado
à noção do “certo” e do “errado”, como se só houvesse uma única possibilidade de utilização normal da
língua. Os não-especialistas e os próprios alunos, nas escolas, costumam dizer que não sabem “falar
português”. Vários especialistas, profissionais que trabalham com a língua, no dia a dia, tais como João
Ubaldo Ribeiro e Luís Fernando Veríssimo, destacam, desde a década de 1980, o fato de que falar e
escrever certo é como falam os praticantes da norma culta de determinado local, norma culta essa que
não pode ser definida por legislação, mas antes levantada, pesquisada, aferida, avaliada e estudada. E
ainda que a sintaxe é uma questão de uso, não de princípios: escrever bem é escrever claro, não
necessariamente certo.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R & BRANDÃO, S. F. Ensino de Gramática: Descrição e uso. São Paulo:
Contexto, 2014.

A partir do conteúdo apresentado, João Ubaldo Ribeiro e Luís Fernando Veríssimo defendem que a
gramática deve ser
a) normativa, baseada somente nas regras do português padrão.
b) regional, pautada nas características específicas dos regionalismos presentes na língua.
c) universal, que admita a não existência de regras na língua portuguesa.
d) descritiva, que analise as regras da língua em uso pelos falantes.
e) racional, que priorize as construções pautadas em raciocínios lógicos.

5. Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)
a) reverência de um povo a seu país.
b) gênero solene de característica protocolar.
c) canção concebida sem interferência da oralidade.
d) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
e) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

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6. Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma
mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou
e não cumpriu, fingiu e me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus você pecou, o coração tem razões
que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece.

O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou
com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a
história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo
fechava os olhos e soltava a voz:

Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/


Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/
Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/

Um corpo alvo sem par/ E os pés


muito pequenos./Enfim eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus.
CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado).

O comentário do narrador do romance “[…] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de
palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa
de uma variedade linguística
a) detentora de grande prestígio social.
b) específica da modalidade oral da língua.
c) previsível para o contexto social da narrativa.
d) constituída de construções sintáticas complexas.
e) valorizadora do conteúdo em detrimento da forma.

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7. De domingo
– Outrossim…
– O quê?
– O que o quê?
– O que você disse.
– Outrossim?
– É.
– O que é que tem?
– Nada. Só achei engraçado.
– Não vejo a graça.
– Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
– Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
– Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.
– Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
– “Ônus”.
– “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
– “Resquício” é de domingo.
– Não, não. Segunda. No máximo terça.
– Mas “outrossim”, francamente…
– Qual o problema?
– Retira o “outrossim”.
– Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um
que usa “outrossim”.
VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove
o(a)
a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.
c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras
regionais.
d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados pouco
conhecidos.
e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos
interlocutores do diálogo.

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8. TEXTO I
Entrevistadora – eu vou conversar aqui com a professora A. D. … o português então não é uma língua
difícil?
Professora – olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não
se você se apaixona pela língua que você… já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu
professor cativa você a ler obras da literatura… obras da/ dos meios de comunicação… se você tem
acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a
escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.

TEXTO II
Entrevistadora – Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil?
Professora – Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao
chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem
acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola
transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).

O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa
de rádio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
a) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
b) são modelos de emprego de regras gramaticais.
c) são exemplos de uso não planejado da língua.
d) apresentam marcas da linguagem literária.
e) são amostras do português culto urbano

9. O nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem uma interessante certidão de nascimento. De repente, no
fim do século XVII, os poetas de Lisboa repararam que não podiam cantar o inseto luminoso, apesar de
ele ser um manancial de metáforas, pois possuía um nome “indecoroso” que não podia ser “usado em
papéis sérios”: caga-lume. Foi então que o dicionarista Raphael Bluteau inventou a nova palavra, pirilampo,
a partir do grego pyr, significando “fogo”, e lampas, “candeia”.
FERREIRA, M. B. Caminhos do português: exposição comemorativa do Ano Europeu das Linguas. Portugal: Biblioteca Nacional,
2001 (adaptado)..

O texto descreve a mudança ocorrida na nomeação do inseto, por questões de tabu linguístico. Esse tabu
diz respeito à
a) recuperação histórica do significado.
b) ampliação do sentido de uma palavra.
c) produção imprópria de poetas portugueses.
d) denominação científica com base em termos gregos.
e) restrição ao uso de um vocábulo pouco aceito socialmente.

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10. Azeite de oliva e óleo de linhaça: uma dupla imbatível


Rico em gorduras do bem, ela combate a obesidade, dá um chega pra lá no diabete e ainda livra o coração
de entraves

Ninguém precisa esquentar a cabeça caso não seja possível usar os dois óleos juntinhos, no mesmo dia.
Individualmente, o duo também bate um bolão. Segundo um estudo recente do grupo EurOlive, formado
por instituições de cinco países europeus, os polifenóis do azeite de oliva ajudam a frear a oxidação do
colesterol LDL, considerado perigoso. Quando isso ocorre, reduzse o risco de placas de gordura na parede
dos vasos, a temida aterosclerose – doença por trás de encrencas como o infarto.
MANARINI, T. Saúde é vital, n. 347, fev. 2012 (adaptado).

Para divulgar conhecimento de natureza científica para um público não especializado, Manarini recorre à
associação entre vocabulário formal e vocabulário informal. Altera-se o grau de formalidade do segmento
no texto, sem alterar o sentido da informação, com a substituição de:
a) "dá um chega pra lá no diabete" por "manda embora o diabete".
b) "esquentar a cabeça" por "quebrar a cabeça".
c) "bate um bolão" por "é um show".
d) “juntinhos" por "misturadinhos".
e) "por trás de encrencas" por "causadora de problemas".

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Gabarito

1. C
O texto informa o leitor sobre as circunstâncias em que ocorreram as variantes linguísticas no Brasil (“só
a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em
consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios”).

2. E
As opiniões entre os autores Teyssier e Serafim são iguais em relação à diversidade linguística, analisada
sob um plano menos geográfico e mais sociocultural. Serafim se apoio numa comparação mais história,
enquanto Teyssier se atém a uma análise sociológica.

3. A
A palavra “mandinga” é analisada no âmbito do contexto sócio-histórico. Primeiro, no período de
aproximação com a costa africana que os exploradores chamavam de “manding” e depois, pela carga
semântica da palavra que, em idioma nativo, significava “terra de feiticeiros”.

4. D
A proposta dos autores é de uma gramática que descreva a língua utilizada pelos falantes cultos, e que ela
seja pesquisada e estudada, sem ser definida apenas pelas leis da gramática normativa.

5. B
O uso da norma padrão é a forma utilizada para estabelecer em gêneros que retratam a característica
protocolar. Isso explica a sua utilização no Hino Nacional Brasileiro que se trata de um símbolo
representativo nacional; logo, seu caráter precisa mais formal.

6. A
A expressão “palavras difíceis e desconhecidas” pelo narrador-personagem reforçam um exemplo de
variação linguística às classes de maior prestígio, as quais ele não pertence e por isso ele acha bonito.

7. B
Palavras como “outrossim”, “desiderato” e “ônus” são, geralmente, empregadas em um contexto mais
formal, diferentemente do contexto, marcado pela informalidade, do texto de Verissimo. Isso provoca o tom
humorístico a que a alternativa se refere.

8. E
A questão faz uma diferenciação entre norma culta e norma padrão, entendendo que nem sempre os
falantes cultos da língua demonstram total domínio sobre as regras gramaticais. No caso dos dois textos,
o português culto urbano está sendo utilizado mesmo que em alguns momentos haja o desvio da norma
padrão, por exemplo, “ao chegar na escola”.

9. E
A palavra “caga-lume” originalmente surgida ficou vista como um termo inapropriado, pois alude a um
contexto escatológico. Dessa forma, a solução encontrada pelos poetas foi modificar a nomenclatura para
que a imagem do inseto pudesse ser utilizada em suas obras.

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10. E
Causadora de problemas é uma construção típica da linguagem formal. Ela pode substituir por trás de
encrencas sem alteração de sentido.

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