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Vivências Educativas

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VIVÊNCIAS EDUCATIVAS: Alfabetização e Letramento na Educação Infantil

Luís Carlos da Silva Santos1

Ana Karina Ribeiro Quadros2

RESUMO

O presente trabalho visa uma discussão em torno da alfabetização e o letramento na


Educação Infantil, com base em discussões e trabalhos teóricos metodológicos que
giram em torno de uma questão: Alfabetizar ou não as crianças na Educação Infantil?
A fim de melhor responder essa questão, o trabalho apresenta formas de como o
professor pode oferecer um espaço de leitura e escrita em sua sala de aula na
Educação Infantil. Para isso, é necessário entender o processo de alfabetização e
letramento, e como a soma destes dois processos colaboram para com o
desenvolvimento dos alunos. Assim, o presente trabalho destaca a importância de
submeter o aluno da Educação Infantil a um espaço lúdico, a fim de permitir com que
este descubra a sua visão do mundo escrito.
Palavras-chave: Educação Infantil. Alfabetização. Letramento. Práticas Pedagógicas.

INTRODUÇÃO

Inúmeras discussões pedagógicas em torno do processo de aprendizagem na


Educação Infantil giram em torno de uma questão principal: Alfabetizar ou não as
crianças na Educação Infantil? Tal questão encabeça vários estudos de autores que
defendem o letramento, somado ao processo de alfabetização na Educação Infantil, bem
como, alguns autores que defendem o processo de letramento apenas a partir do
ingresso dos alunos no Ensino Fundamental.

Com base no levantamento de alguns dados com relação a questão do


analfabetismo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP, 2003), evidenciam a fragilidade do sistema de educação
brasileiro uma vez que boa parte dos analfabetos encontram-se na faixa etária que
corresponde aos níveis de educação fundamental. Para além disso, de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a maior taxa de analfabetismo do
país se concentra na região do Nordeste. (BRASIL, 2020)

1
Graduando em Pedagogia do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso (1681PED) –
Prática Interdisciplinar: Vivências Educativas – 15/04/22
2
Pedagoga pela Universidade Federal do Pará, Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal
do Pará, especialista pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA) (Educação Inclusiva). Atualmente
Gestora da 1ª Unidade Regional de Ensino Bragança-PA (SEDUC) e Tutora externa do curso de Pedagogia
no Centro Universitário Leonardo da Vinci. Trabalhou no Plano Nacional de Formação de Professores
(PAFOR).
Em função dos dados levantados, fica clara a necessidade de revisão do
processo de alfabetização. Repensar a Educação Infantil através de aprendizagens
lúdicas a fim de colaborar para com a construção de conhecimento sobre o Sistema de
Escrita Alfabética (SEA). (SOARES, 2007)

Tal questão põe em discussão ainda a dicotomia do (cuidar/educar) presente


por muito tempo na Educação Infantil, caracterizada por muitas vezes como
assistencialista ou compensatória classificando a pré-escola enquanto uma espécie de
salvadora do fracasso escolar das crianças “marginalizadas culturalmente” (KRAMER,
1992).

Desde o nascimento e a medida em que se desenvolvem, as crianças são


conduzidas a construção de conhecimentos prévios sobre o Sistema de Escrita
Alfabética, tal desenvolvimento se dá através de experiências e interações em que estas
são submetidas e seu meio sociocultural. (TEBEROSKY, 1997)

Em função disso, alguns pesquisadores explicam que crianças, quando


submetidas a um ambiente familiar com a presença e vivencia da leitura e da escrita por
parte de seus familiares, tendem a assimilar melhor os usos e funções sociais da língua
escrita ao chegarem à escola. (REGO, 1988)

É muito comum na Educação Infantil, algumas práticas de leitura e escrita


ainda serem colocadas como atividades mecânicas de memorização de códigos ou
conversão de unidades sonoras em unidades gráficas e vice-versa. A fim de contornar
essa realidade, têm-se inúmeras discussões sobre a prática de leitura e escrita que, de
forma lúdica, vise à apropriação do SEA na Educação Infantil. (BRASIL, 2006)

Em torno dessa problemática o presente trabalho visa discutir formas de


aprendizagens lúdicas a fim de colaborar para com um melhor processo de alfabetização
e letramento dentro da Educação Infantil, expondo formas de ensino e aprendizagem
que facilitarão ao professor em sala de aula um melhor desenvolvimento do conteúdo a
ser abordado.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Uma das discussões mais elencadas em torno do ensino se dá sobre o acesso


a leitura e escrita na escola, em especial, na Educação Infantil. De acordo com Regina
Scarpa3, no que tange sobre a questão da alfabetização na Educação Infantil, explica que
3
Possui graduação em Faculdade de Psicologia PUC-SP pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (1983) e mestrado (1997) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2014).
alguns educadores acabam por não aderir a determinadas práticas pedagógicas em
função de receio em perder o lúdico no processo de aprendizagem.

Como se a escrita entrasse por uma porta e as atividades com outras


linguagens (música, brincadeira, desenho etc.) saíssem por outra. Por outro
lado, há quem valorize a presença da cultura escrita na Educação Infantil por
entender que para o processo de alfabetização é importante a criança ter
familiaridade com o mundo dos textos. (SCARPA, 2006, p.1)

Alguns estudiosos defendem o letramento ainda na Educação Infantil,


através de atividades que trabalhem o sistema alfabético, bem como uso da leitura e
escrita colaborando assim para com o letramento dos pequenos. De acordo com Magda
Soares4 (2001), “não basta aprender a ler e a escrever. As pessoas se alfabetizam,
aprendem a ler e escrever, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da
escrita.” (SOARES, 2001, p. 32).

A autora explica ainda que sem o letramento há uma alfabetização defasada


visto que, segundo a autora, o conhecimento adquirido sem saber como utilizado é tido
como uma perda lastimável, classificando a alfabetização sem o letramento como um
conhecimento que possibilita muitas coisas ao indivíduo, entretanto, por falta do
letramento, este não conseguira usar esse conhecimento em sua totalidade. (SOARES,
2001)

O fato de que alguns educadores ainda veem na decodificação de


determinados símbolos como ferramenta suficiente na alfabetização, acaba por impedir
com que se veja, ainda de forma separada, o processo de letramento do processo de
alfabetização. De acordo com Regina Scarpa:

Pode ser uma aprendizagem de natureza perceptual e motora ou de natureza


conceitual. O ensino, no primeiro caso, pode estar baseado no
reconhecimento e na cópia de letras, sílabas e palavras. No segundo, no
planejamento intencional de práticas sociais mediadas pela escrita, para que
as crianças delas participem e recebam informações contextualizadas.
(SCARPA, 2006, p.1)

Atualmente é Diretora Pedagógica da Escola Vera Cruz. Tem experiência na área de Educação, com
ênfase em Alfabetização.
4
Magda Becker Soares é professora titular emérita da Faculdade de Educação da UFMG. Pesquisadora
do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita – Ceale – da Faculdade de Educação da UFMG. Graduada
em Letras, doutora e livre-docente em Educação.
Todo o embate em torno do processo de letramento na alfabetização se dá
com base na forma como a alfabetização é aplicada na Educação Infantil. Isso porque,
alguns educadores preferem por não inserir o processo de letramento na alfabetização
dos pequenos tendo em vista que estes podem “deixar de brincar mais cedo”, perdendo
assim o lúdico do aprender, culminando em problemas posteriores. Isso acaba por
reforçar a visão sobre o espaço ocupado pela Educação Infantil apenas como um espaço
de cuidado e proteção a fim de que, em um futuro próximo, os pequenos possam
aprender o código da escrita.

Até muito recentemente, assumia-se que a criança só poderia dar início ao


seu processo de aprendizagem da leitura e da escrita em determinada idade e,
por conseguinte, em determinado momento de sua educação
institucionalizada: entre nós, no Brasil, aos 7 anos, idade de ingresso no
primeiro ano do ensino fundamental. (SOARES, 2009, p.1)

De acordo com Luciana Piccoli5 (2009), determinado equívoco por parte dos
educadores vem sendo recorrente o que tange ao processo de alfabetização e letramento.
Alguns educadores tem lançado mão de métodos sintéticos, de repetição, memorização
e decodificação de signos, e aderindo cada vez mais às práticas de letramento. Isso
acaba por permitir com que, cada vez mais, o processo de letramento ocupe um espaço
maior frente ao processo de alfabetização, algo que, na visão da autora, é bastante
preocupante. (PICCOLI, 2009)

Algo também a ser salientado ao se abordar sobre o processo de Educação


Infantil é deixar claro que nenhum adulto tem o poder de deter o conhecimento das
crianças. Isso deve ser exposto uma vez que alguns educadores têm receio de ensinar
práticas de alfabetização ou letramento por simplesmente julgarem não ser a hora certa
de se fazer isso.

Precisamos lembrar que este é um pressuposto falso, porque, nos contextos


grafocêntricos em que vivemos, as crianças convivem com a escrita - umas,
mais, outras, menos, dependendo da camada social a que pertençam, mas
todas convivem - muito antes de chegar ao ensino fundamental e antes
mesmo de chegar a instituições de educação infantil.” (SOARES, 2009. p.1)

5
Professora Associada da área de Didática dos Anos Iniciais: leitura e escrita do Departamento de Ensino
e Currículo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), integrante do Grupo
Interinstitucional de Pesquisa Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento (ABEC).
Regina Scarpa (2006) é bem feliz ao salientar que alguns alunos da
Educação Infantil fazem parte não só de um mundo letrado, mas, também de um
cotidiano letrado uma vez que convivem em meio a adultos alfabetizados e com livros
em casa, além de aprenderem as letras no teclado do computador. Isso faz com que estes
estejam imersos em um ambiente alfabetizador, o que colabora, de certa forma, para
com que estes acabem por adquirir gosto pela leitura e escrita, a fim de poder ler os
livros, escrever cartinhas para alguém, entre outros. Entretanto, a autora também
ressalta que alguns alunos alocados na zona rural, dado o fato de a escrita ainda ser
pouco presente nestes ambientes, permite com que estes não tenham muito contato com
pessoas alfabetizadas e com os usos sociais da leitura e da escrita. Daí a necessidade de
se ter algumas práticas dentro da escola de Educação Infantil, a fim de possibilitar a
estas crianças o acesso que as outras tem em suas casas. (SCARPA, 2006)

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho se deu através de um estudo de cunho qualitativo


através o uso de revisões bibliográficas de artigos, monografias, dissertações e teses
disponíveis de forma on-line em plataformas como Scielo e Google Acadêmico, bem
como material impresso, que levam em consideração abordagens em torno do tema
proposto.

A fim de se obter um melhor resultado na construção do trabalho, foi feita


uma análise comparativa de toda essa documentação, buscando elencar fatores
considerados relevantes para construção da pesquisa proposta, em torno de práticas de
aprendizagem na Educação Infantil que possam ser utilizadas para colaborar com o
processo de alfabetização e letramento destes alunos de forma a manter a forma lúdica
de se aprender.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como fora abordado, a alfabetização e o letramento são processos distintos


que, quando unificados, possibilitam uma alfabetização plena ao indivíduo, reforçando
o fato de que a alfabetização está para além somente da decodificação de códigos, mas
também, sobre seu funcionamento e uso. Aqui então é levado em consideração, com
base em análises comparativas de métodos e formas de aprendizagens presentes em
trabalhos que giram em torno da temática sobre a alfabetização na Educação Infantil a
fim de verificar possíveis formas de aprendizagem de alfabetização e letramento dos
pequenos.
De acordo com a autora Magda Soares (2009), algumas atividades comuns
desenvolvidas pelos alunos na Educação Infantil como, por exemplo, os rabiscos,
desenhos, os jogos e brincadeiras, fazem parte de forma direta do processo de
alfabetização.

A fase inicial da aprendizagem da língua escrita, constituindo, segundo


Vygotsky, a pré-história da linguagem escrita: quando atribui a rabiscos e
desenhos ou a objetos a função de signos, a criança está descobrindo sistemas
de representação, precursores e facilitadores da compreensão do sistema de
representação que é a língua escrita. (SOARES, 2009, p.1)

O fato de as crianças se expressarem através de seus rabiscos e mostrar


aquilo que eles representam colabora para com a assimilação de conceitos que em breve
serão codificados através da escrita. Ao estabelecer uma análise acerca dos escritos de
Vygotsky6, Magda Soares (2009) explica que as vivências de representações semióticas
fazem parte do processo de conceitualização da escrita através de sua representação.
(SOARES, 2009)

Com base na análise de estudos desenvolvidos por Emilia Ferreiro 7 e Ana


Teberosky8, Magda Soares (2009) aponta que crianças da faixa dos 4 aos 6 anos
presentes na Educação Infantil, ao fazerem partes de atividades lúdicas, apresentam uma
certa evolução frente ao nível alfabético.

Escrita espontânea, observação da escrita do adulto, familiarização com as


letras do alfabeto, contato visual frequente com a escrita de palavras
conhecidas, sempre em um ambiente no qual estejam rodeadas de escrita com
diferentes funções: calendário, lista de chamada, rotina do dia, rótulos de
caixas de material didático, etc. (SOARES, 2009, p.1)

Outro ponto a ser levado em consideração a fim de colaborar para com a


compreensão do princípio alfabético por parte dos pequenos é a prática da consciência
fonológica que, pode ser desenvolvida através de poesias, cantigas, levando a criança a
6
Lev Semionovitch Vigotski, foi um psicólogo, proponente da Psicologia histórico-cultural. Pensador
importante em sua área e época, foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das
crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida.
7
Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi é uma psicóloga e pedagoga argentina, radicada no México,
doutora pela Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.
8
Uma das principais referências em alfabetização no mundo, a pedagoga e doutora em Psicologia Ana
Teberosky ganhou notoriedade em meados dos anos 1980 com a publicação da obra A psicogênese da
língua escrita, em coautoria com a psicolinguista Emilia Ferreiro.
ter uma melhor percepção dos sons que delimitam a fala, palavras com mesmos sons,
entre outros. Quando submetidas a esse tipo de aprendizagem, as crianças desenvolvem
a habilidade metalinguística através da tomada de consciência.

Jogos voltados para o desenvolvimento da consciência fonológica, se


realizados sistematicamente na educação infantil, criam condições propícias
e, inclusive, necessárias para a apropriação do sistema alfabético. (SOARES,
2009, p.1)

Outra atividade que pode colaborar para com a alfabetização e também


letramento dos pequenos é a leitura de histórias. Tal atividade é tida como indispensável
no processo de aprendizagem na Educação Infantil. Ao serem submetidos a contação de
histórias, os alunos adquirem conhecimentos e habilidades para uma significativa
inserção no mundo escrito. Ao tomarem contato com os livros, os alunos tem acesso a
materialização da escrita, entretanto, o medo de que esses alunos possam de alguma
forma causar danos aos materiais acaba fazendo com que professores não permitam que
estes manuseiem os livros.

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (1998,


vol 3) ressalta a importância do manuseio de materiais, de textos (livros,
jornais, cartazes, revistas etc), pelas crianças, uma vez que ao observar
produções escritas a criança, vai conhecendo de forma gradativa as
características formais da linguagem. (PAZ, et al., 2006, p 1.)

Alguns autores reforçam que, ao folhear um livro, a criança interage com as


palavra e figuras representativas que este apresenta através da emissão de sons e gestos,
como se estivesse lendo, daí a importância de se permitir o contato dos pequenos com o
material palpável.

Leva a criança a se familiarizar com a materialidade do texto escrito:


conhecer o objeto livro ou revista, descobrir que as marcas na página -
sequências de letras - escondem significados, que textos é que são "para ler",
não as ilustrações, que as páginas são folheadas da direita para a esquerda,
que os textos são lidos da esquerda para a direita e de cima para baixo, que os
livros têm autor, ilustrador, editor, têm capa, lombada... (SOARES, 2009,
p.1)
A leitura no processo de aprendizagem na Educação Infantil, através da
interpretação oral da história por parte do professor, acaba por colaborar para com o
enriquecimento e desenvolvimento do vocabulário bem como habilidades de
compreensão por parte dos alunos. Magda Soares (2009) destaca algumas formas de
leitura que facilitam esse processo aos alunos: leitura com perguntas de previsão a partir
do título e das ilustrações; interrompida de forma proposital em pontos pré-escolhidos,
por perguntas de compreensão e de inferência; acompanhada ao término, por confronto
com as previsões inicialmente feitas, por meio da avaliação de fatos, personagens, seus
comportamentos e suas atitudes. (SOARES, 2009)

De acordo com Doris Bolzan9 (2005), existem inúmeras formas de fazer


com que a criança perceba a função da escrita e a utilize através da interação social, o
mesmo explica que “as atividades de leitura e escrita devem promover todo tipo de
discussão, tomando-se todos os elementos do ambiente como referência para a
construção e reconstrução de hipóteses e concepções.” (BOLZAN, 2005, p. 2).

Doria Bolzan (2005) também destaca a importância de as salas de aula


terem vários elementos alfabetizadores orais e escritos espalhados, que funcionem como
ferramenta ao professor para expor relatos de passeios, leitura de obras, entre outros.
Submeter a criança a ambientes como este faz com que estas assimilem sua inserção no
mundo da escrita facilitando uma melhor compreensão deste de forma posterior.
(BOLZAN, 2005)

Por mais que sejam diferentes quanto as operações e processos


metodológicos, Magda Soares defende que a alfabetização e o letramento devem ter o
seu desenvolvimento de forma integrada. Esta explica que “caso sejam desenvolvidas de
forma dissociada, a criança certamente terá uma visão parcial e, portanto, distorcida do
mundo da escrita” (SOARES, 2009, p. 1).

Possibilitar o acesso da criança na Educação Infantil à leitura e escrita, uma


vez que estas são meios de interação e comunicação social permitem que esta adquira
uma base para o letramento, bem como, o uso da alfabetização a fim de envolver-se nas
práticas sociais de leitura e escrita.

9
Pedagoga pela UFRGS (1986), Especialista em Psicopedagogia Terapêutica pelo Centro de Estudos
Médicos e Psicopedagógicos de Porto Alegre (1989), Mestrado em Educação (1995) e Doutorado em
Educação (2001) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Assim, a história lida pode gerar várias atividades de escrita, como pode
provocar uma curiosidade que leve à busca de informações em outras fontes;
frases ou palavras da história podem vir a ser objeto de atividades de
alfabetização; poemas podem levar à consciência de rimas e aliterações.
(SOARES, 2009, p. 1)

Fazendo uso do lúdico, pode-se afirmar com base nos estudos apresentados
que o uso da leitura e da escrita na Educação Infantil é de grande importância. Isso
reforça a necessidade de que as salas de Educação Infantil sejam imersas a um contexto
letrado de forma a colaborar para com os processos de alfabetização e letramento, já
vivenciado pelas crianças em suas casas, antes mesmo, às vezes, de chegar às
instituições de educação infantil.

CONCLUSÃO

O seguinte trabalho trouxe uma série de abordagens teórico metodológicas a


fim de contribuir para com a resolução de uma questão pertinente em discussões
pedagógicas: Alfabetizar ou não as crianças na Educação Infantil? Mediante isso, o
presente trabalho apresenta dados a fim de contribuir para com o debate em questão.

Com base na análise dos dados até aqui apresentados, pode-se entender que
a Educação Infantil é um espaço privilegiado para a construção de conhecimentos
acerca da leitura e da escrita por meio da implantação de práticas pedagógicas a fim de
colaborar para com o desenvolvimento integral das crianças, através do uso de
linguagem(s), na expressão, no espaço do brincar, na apropriação interdisciplinar de
conhecimentos.

O desenvolvimento de atividades variadas por parte do professor, através do


uso de diferentes estratégias de ensino a fim de contribuir para com o conhecimento das
crianças acerca do sistema da escrita levando em consideração a dinâmica de uma turma
de Educação Infantil, colabora para com a aquisição e desenvolvimentos de ferramentas
a serem usadas pelos pequenos no processo de alfabetização e letramento destes.

Ao fazer uso da leitura e exploração de textos, bem como, símbolos


representativos através de poemas, músicas, histórias, jogos e brincadeiras com
palavras, por exemplo, faz com que tais atividades sejam atrativas aos alunos da
Educação Infantil colaborando para com que estes construam conhecimentos variados,
inclusive os relacionados à apropriação do SEA.
Portanto, defende-se que a Educação Infantil é um espaço de aprendizagens
significativas, com objetivos definidos, que promove o desenvolvimento de habilidades
necessárias à construção do conhecimento. O uso do letramento somado ao processo de
alfabetização desenvolve um importante papel ao estimular as crianças da Educação
Infantil na reflexão sobre as palavras, examinando sua dimensão sonora, apresentam
resultados significativos quanto à aquisição do SEA.

REFERÊNCIAS

BOLZAN, Doris Pires Vargas. Alfabetização: Refletindo sobre o que a criança


pensa a respeito de ler e escrever. Revista do Professor/84. Out a Dez, 2005.

INEP. Mapa do Analfabetismo no Brasil. 2003.

BRASIL. Ensino fundamental de nove anos: orientações para inclusão da criança


de seis anos de idade. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2006.

__________. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa


Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) COVID-19. Rio de Janeiro:
IBGE; 2020.

KRAMER, Sônia. A política do pré-escolar no Brasil: A arte do disfarce. 4. ed. São


Paulo: Cortez, 1992.

PAZ, Erica Rodrigues; MARIOTTI, Aurora Joly Penna; KNETSCH, Maira Ortiz.
Leitura na Educação Infantil. 23, out. 2006.

PICCOLI, Luciana. Prática pedagógica nos processos de alfabetização e de


letramento: análises a partir dos campos da sociologia da linguagem. Porto Alegre,
2009.

REGO, Lucia Lins Browne. Descobrindo a língua escrita antes de aprender a ler:
algumas implicações pedagógicas. In: KATO, M. (org.). A concepção de escrita pela
criança. Campinas, SP: Ed. Pontes, 1988.

SOARES, Magda. Letramento: Um Tema de Três Gêneros. 2 ed, Belo Horizonte:


Autêntica, 2001.

__________. Alfabetização e Letramento. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2007.

__________. Oralidade, alfabetização e letramento. Revista Pátio Educação Infantil -


Ano VII-N°20. Jul/Out. 2009.
TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever - Perspectivas psicológicas e
implicações educacionais. 3. ed. São Paulo: Ática, 1997.

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