Teoria de Literatura
Teoria de Literatura
Teoria de Literatura
De Acordo Com Teoria Pitagorista tardia, existem duas modalidades de expressão: uma não
artística, isto é não – literária, e outra, em contra partida, artística, isto é, literária.
Desde a idade Média até ao Romantismo, tal concepção manifestou-se com frequência e, por
vezes, com muito vigor na retórica, na poética e na prática literária europeias.
No seio do formalismo russo, constituiu-se uma teoria explicativa da literariedade que estava
destinada a conhecer uma fortuna excepcional nos estudos literários contemporâneos: a
linguagem literária seria o resultado, o produto de uma função específica da linguagem verbal.
Esta teoria parece ser proposta por Lev Jakubinskij, ao estabelecer os caracteres diferenciais
existentes entre dois sistemas de linguagem, o sistema de linguagem prática e o sistema de
linguagem poética. No primeiro sistema os recursos linguísticos (sons, segmentos morfológicos,
etc ) não possuem valor autónomo e são apenas um meio de comunicação. No segundo, os
recursos linguísticos adquirem valor autónomo.
Num estudo publicado em 1921, Jackbson escreve que “ a poesia é a linguagem na sua função
estética” aparecendo como marca distintiva desta função “ o valor autónomo” concedido à
palavra. Num outro estudo mais tardio, jakobson, ao delucidar o conceito de poeticidade, refere-
se a função estética, uma função poética da linguagem, que se manifesta no facto de “ as palavras
e a sua sintaxe, a sua significação, a sua forma externa e interna não serem indícios indiferentes
da realidade, mas possuírem o seu próprio peso e o seu valor próprio. Ainda analisa a natureza
da poesia com fundamento na “função estética” da linguagem, apresentando esta como a
dominante, isto é, como o elemento focado da obra poética e da linguagem poética em geral.
Esta função estética não anula a existência, na obra poética, de outras funções linguísticas,
menciona mais duas, a função referencial e expressiva, mas subordina-as hierarquicamente, de
modo que elas encontrem, não apenas submetidos à função da dominante, mas também
transformadas por esta. A função estética pode ocorrer em textos não-literários, mas com
carácter adjuvante ou subsidiário, isto é, sem o estatuto de dominante.
Das diversas análises que Jakobson consagrou à função estética da linguagem verbal concluiu-se
que, nos textos em que aquela função actua como dominante as estruturas verbais adquirem valor
autónomo. O que significa indissociáveis a função estética ou poética da linguagem e a natureza
autotélica do texto poético.
contexto
contacto
código
Cada um destes factores origina uma função linguística específica. Verifica-se em cada
mensagem a presença de mais do que função, impondo uma delas o seu predomínio sobre as
outras. A estrutura verbal de uma mensagem depende principalmente da função que nela é
predominante.
O modo como Jakobson explica a origem e caracteriza a natureza das diversas funções que
distinguem na linguagem não prima pelo rigor analítico, nem pela clareza conceitual e
terminologia. Em relação à função poética, esta asserção representa um absurdo lógico, pois
equivale a dizer que a mensagem poética é originada pelo factor mensagem, como se este factor
preexistisse, num acto comunicativo, à mensagem produzida nesse mesmo acto.
Jakobson propõe como critério linguístico adequado para reconhecer empiricamente a função
poética o facto de que “ a função poética projecta o princípio da equivalência do eixo da selecção
sobre o eixo da combinação ”. Ainda considera que a repetição, a simetria, a recorrência de
figuras gramaticais e figuras fónicas representam o princípio constitutivo do texto poético. Este
princípio suscita demasiadas dúvidas e objecções para poder ser considerado como o critério que
permite distinguir e delimitar rigorosamente os textos literários. Analisemos essas objecções:
a) Aquele principio não possibilita distinguir com precisão entre um texto poético e um não
poético.
b) Para Jakobson, o verso implica sempre a função poético, alem de poderem nmnao possuir
intrínseco valor literário, é possível estabelecer numa medíocre composição pratica
medelos de paralelismo fónico-gramatical tão ou mais complexos, podem ocorrewer
copiosamente em qualquer texto não literário e não versificado.
c) A teoria Jakobsoniana da função poética podia possuir capacidade explicativa em relação
a qualquer texto literário. Por outro lado, o próprio Jakobson repudia qualquer tentativa
de reduzir a esfera da funçao poéticoa à poesia .
A verdade é que todos os argumentos e todos os exemplos adquiridos por jakobson se reportam à
poesia, a literatura escrita em verso, tornando-se evidente que a sua teoria da funçao poética
carece de capacidade explicativa em relação a um domínio muito importante da “arte verbal”: o
domínio da prosa literária, desde os textos literários narrativos até aos poemas em prosa.
A obra literária constitui o resultado de um fazer, de um produzir que, sendo embora também um
processo de expressão, é necessária e primordial um processo de significação e de comunicação.
A obra literária resultante neste processo constitui um texto, em sentido lato, como uma
sequencia de elementos materiais e discretos seleccionados dentre as possibilidades oferecidas
por um determinado sistema semiótico e ordenados de um determinado conjunto de regras que
designamos por código.
Um sistema semiótico é uma serie finita de signos interdependentes entre os quais se podem
estabelecer relações e operações combinatórias, de modo a produzir semiose. Ao passo que o
código é o conjunto finito de regras que permite ordenar e combinar unidades discretas, no
quadro de um determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de
comunicação que consubstanciam em textos. O código não se identifica com totalidade do
sistema mas representa o instrumento operativo que possibilita o funcionamento do sistema, que
fundamenta e regula a produção de textos e dai a sua relevância nuclear nos processos
semióticos.
Existem semióticas, como as línguas naturais, por exemplo cujos planos não constituem, em se
mesmo, uma semióticas denotativas. Existem planos de expressão é já uma semiótica. São
semióticas denotativas: existem ainda outras semióticas cujo plano de conteúdo constitui em se
mesmo uma semiótica. São as metassemioticas.
Por conseguinte, uma semiotica conotativa é uma semiotica cujo plano da expressão é
constituído pelos planos do conteúdo e da expressão de uma semiotica denotativa. A relação
existente entre uma semiotica denotativa e uma semiotica conotativa pode ser representada por
um esquema como o seguinte:
Estes conotadores, como Hjelmslev explicitamente declara, estão também presente nos textos
das chamadas semióticas denotativas, só por recurso à idealização epistemológica se pode
postular a homogeneidade estrutural de qualquer texto – e não podem, por consequente, ser
considerado como específicos da linguagem “literária”, devendo antes o seu estudo ser descrito à
retórica, à estilística da língua, tal como a concebe Charles Bally, à sociolinguística, interessadas
em analisar 0os registos da língua com aplicações diafásicas e diastráticas ou a dialectologia,
orientada para o estudo das variações diatópicas dos sistemas linguísticos.
Hjelmslev concebe os conotadores como derivados (na acepção glossemàticado termo) que,
dependendo de diversos sistemas, ocorrem avulsamente num texto, que contraem uma função
semiótica com certas classes de signos que funcionam como expressão do conteúdo dos mesmos
conotadores, mas não os concebe nunca como um sistema semiótico. E por esta razão, ao definir
o conceito da semiótica conotativa, Hjelmslev introduz na definição uma restrição muito
importante, a qual tem passado quase despercebida aos exegetas e divulgadores do seu
pensamento.
Pelo exposto, se depreende que definir e caracterizar a linguagem literária ou a literatura como
uma semiótica conotativa, invocando o magistério de Hjelmslev, representa pelo menos uma
abusiva extrapolação
Não é exacto, afirmar que os conotadores são contribuídos “ par de signes (signifiants et signifies
reunis) du systeme dénoté”.
Por outro lado é também inexacto identificar a chamada “forma literária” com a semiotica
denotativa, ignorando as especificas informações que impõe a semiotica denotativa, ignorando as
especificas conformações que impõe a semiotica denotativa a semiotica conotativa e
desconhecendo, de modo particular, a função das macroestruturas formais e a sua projecção nas
frases constitutivos de um texto.
No simpósio sobre os sistemas semióticos organizado, em 1962, pela academia das ciências de
Moscovo, é proposto e difundido um conceito fulcral no desenvolvimento da semiótica soviética:
o conceito de sistema modelizante do mundo. Na sua “introdução” às teses apresentados neste
simpósio, estabelece como objecto de estudo da semiótica os modelos do mundo que o homem
constrói, entendendo-se por modelo a representação, constituído por um número finito de
elementos é de relações entre estes elementos dos objectos modelizados.
O modelo do mundo foi assim constituído a ser considerado, numa perspectiva cibernética, como
“o programa de comportamento do indivíduo ou da colectividade” (este programa actua, não
raro, inconscientemente).
De acordo com uma terminologia diversa, mas equivalente da anterior, pode-se “considerar a
cultura como uma língua e como um conjunto de textos redigidos nessa língua”, entendendo-se
por língua “qualquer sistema de comunicação que utiliza sinais ordenados de um particular” e
por texto “qualquer comunicação registada num determinado sistema de signos”.
É decerto sob a influencia poderosa de Pensamos que a distinção de Hjelmslev, para quem a
linguagem verbal usufrui de capacidade omnipotente o omniformativa em relação a todos, os
outros sistemas semióticos, os semioticistas soviéticos reconhecem ao “sistema semiótico
universal que é a língua natural”. Uma função primordial como mecanismo fundamental de
todos os sistemas semióticos, visto que só as línguas naturais podem envolver-se em
metalinguagem e visto que os sistemas semióticos integrados de uma cultura se constituem a
partir e segundo o modelo das línguas naturais.
Deste modo, concebem As línguas naturais como sistema modelizantes primários e os sistemas
semióticos culturais (arte, religião, mito, e outros), que se instituem, se organizam e desenvolvem
sobre os sistemas modalizantes secundários