Diário Do Facebook (IV)
Diário Do Facebook (IV)
Diário Do Facebook (IV)
Diários do
facebook (IV)
Rio de Janeiro
2020
Ano da pandemia do Covid
Covid-19
Introdução
UM
Amor. Como vai? - Estou bem. - Está só? - Sim, sozinha. - Tem vinho? -
Sim, muito. - Levarei queijos e frios. Tem muita comida aí? - Até o fim do
mundo. - Vamos quarentenar juntos? - Na hora! - Bota a vodca no freezer.
Tem álcool gel? - Sim. - Levarei camisinhas. Daqui a pouco estarei aí. -
Não demora. - Ciao. - Beijos.
DOIS
Nesta hora como vale ter um cabide para pendurar as saudades. Ter um
amigo a quem lembrar mesmo que ele tenha te esquecido. Principalmente
um amor para rememorar, mesmo que ela não te ame mais e viva para lá e
para cá com um cara barbudo. Tenha em conta não perder o tato, o paladar,
o olfato, a forma arredondada das vergonhas das mulheres.
TRÊS
Sabe aqueles parentes que nem se lembram mais de você? Tire de letra, dê
uma bandeira: continue gostando deles e delas. Faça de conta que o mundo
é lindo e nada fará diminuir essa belezura...
QUATRO
Sempre tenha à mão um amor disponível, dos tantos que semeou. Um amor
é sempre um amor, mesmo que não frutifique lágrimas. Nem precisa falar,
basta um whatsapp, messenger ou instagram, e de novo o milagre se fará,
das cinzas o amor renascerá, morou?
CINCO
Oba! O sol apareceu. As nuvens dispersam os ares. O calor chegou. A
poluição até diminuiu. A pandemia acabou! Todos para a praia! Bota a
cerveja para gelar, sal grosso na picanha, batucada no quintal. Vamos tirar a
diferença, velocidade, velocidade, vamos correr à mil. Calma gente,
devagar, menos, não é tanto assim, é Primeiro de Abril!
SEIS
Declaração: – Morro de Covid por você, amor. E você? Morre também por
mim? Não importa que não morra. Eu também menti.
SETE
Nunca as janelas foram assim habitadas. Longe do temor e dos costumes,
desdenham o tédio, afloram risos nervosos, desafiam decretos. Seios à
mostra, nudezas desfraldadas, pássaros revoam:
revoam: são anjos sem medo de
disseminar o amor. Esvoaçam pequenos anjos que tudo sabem da paixão
sem temor.
OITO
Carta-declaração
declaração feita aos meus netos: – Queridos netos, me perdoem, por
esta merda de Planeta Terra que deixo como herança para vocês. (Dê um
Ctrl+C
trl+C / Ctrl+V e compartilhe).
NOVE
Se eu tivesse o dinamismo dos 20 anos – com Covid-19
19 ou sem ele – não
deixaria passar em branco o laser cósmico com que teus olhos feriram
minha retina cansada.
DEZ
Por tanto tempo andei pendurado nas pernas dela, beijei
beijei as unhas pinicadas
de esmalte Coty, sofri com as joelhadas, os requebrados que me atiravam
longe, deixando hematomas e contusões, lambi a boca roxa de batom
Natura. Até que um dia a perdoei.
Corrupção,
ção, aumento de preços, alta dos juros, inflação, arrocho nos
Benefícios Sociais do Trabalhador – Fome Zero, Morar Melhor, Farmácia
Popular, Brasil Sem Miséria, Minha Casa Minha Vida etc. Pode anotar no
caderninho que tudo isso irá acontecer no próximo mandato
mandato de dona Dilma.
Botando a raposa Joaquim Levy – diretor do Bradesco – para tomar conta
do galinheiro, dona Dilma está cada vez mais parecida com o Aécio Neves
e os governos capitalistas alinhados com Wall Street. Será sinal de que está
tentando armar mais
ais uma para nós: emplacar candidato à sua sucessão?
Quem será o candidato? Aposto nesse rapaz que não sai do lado dela, o
filho do General de Exército, ex-chefeex da Escola Superior de
Guerra, Oswaldo Muniz Oliva. Ele mesmo - Aloizio Mercadante Oliva.
Não see surpreendam: ainda que Dilma não se filie ao PSDB, estará
executando uma política associada ao capitalismo global. Com essa
deflação moral, quanto Quatro Dedos estará cobrando por palestra? Terá
alguém que ainda queira ouvi-lo?
ouvi Seja o que for, é certo dentro
ntro em pouco
ouvirmos a Presidenta Dilma declarar: – Esqueçam o que falei! Esqueçam
o que prometi.
Para onde estará indo essa turma, meu Deus? Primeiro o Valdir, disse que ia
comprar cigarros. Um dia chegou aqui: – Como é, tem aquela mineira? Não
eu não tinha, mas achei um resto de Vodca Kovak: – Ah, aqui tem, ainda dá
um tapa. Botei meio copo americano, ele cheirou, virou, estalou a língua: –
Tem mais? Depois o Luiz Barriga deitou. Eu chegava ao Bar Riga: – Luiz,
minha mulher fugiu com o Ricardão e eu e estou duro! – Então veio ao lugar
certo! Botava duas genebras geladinhas, uma para mim outra para ele. Para
gripe era meladinha: cana, mel e limão. Sempre aos pares. Lá na outra
banda, o Zeca nunca mais voltou a São Bento. O Zeca era invisível,
marcava presença
resença com regalos deixados à porta de parentes e amigos. O
Mercado São Francisco, a mesa rodeada de amigos, o morro de camarão
seco, dúzias de cerva. E o Silva, que parava no Bar do Messias? Foi o
primeiro a adotar a Itaipava Litro. Como bebia e fumava o Silva, cantando
amores possíveis –.. Anita e Claudia que o digam. Para onde foram os caras,
gente? E o Quincas? João Bala? Saloca? O Quincas tá vivinho da silva
lambiscando grogues no Boteco. João Bala anda catando madeira por aí. E
Saloca tá secando garrafas
garrafas de Heineken no Egídio e depois vai mijar na
estátua do Orlando Silva, no Cachambi!
Tem primos e primos. Ter primos é uma fortuna como qualquer outra. Os
primos se acomodam graus acima – os mais velhos –,, degraus abaixo –
mais jovens – por isso a querência
querência é soberbamente aproveitada. Dessa
maneira, de todos os lados que os primos surgem chegam trazendo uma
gama de experiências de inexprimível santidade. E as primas? Ah, as
primas reacendem toda a espetacular e fulgurante luminosidade que se
achava recôndita,
côndita, escondida nas dobras plissadas da vida. De repente o dia
se torna mais cintilante, o sol radioso – não importa os 45º à sombra –
espraia raios pela areia e cintila como pedra preciosa. Expliquei claramente
o bem que fazem as primas? Mas os primos também tornam o dia mais
jubiloso, quando num lapso magnificente, de notável e soberba majestade,
presenteia com a esplêndida tiquira de Santa Quitéria e um belo quilo de
camarão seco de Tutóia. Obrigado Antônio Nicolau Júnior, bem honra o
nome do teu velho ho pai ao agir como um sábio, quando teve a ideia de
presentear este pobre rei desterrado tão suntuosos mimos.
Assisti hoje à final da Copa da África 2015 entre Costa do Marfim e Gana.
O locutor anuncia a presença no estádio de altas autoridades, inclusive os
Presidentes dos países finalistas, da Fifa, da CAF e também da nação
anfitriã, a Guiné Equatorial. Preside o país desde 1979 o Ditador Teodoro
Obiang, cuja fortuna ultrapassa US$ 600 milhões. Futebol também é
cultura: o narrador do jogo diz que Obiang é o presidente mais rico da
África, porque colocou todos os bens do país em seu nome – “para evitar a
corrupção!” Em visita à África, a primeira parada de Lula no continente
africano foi na Guiné Equatorial onde se encontrou com Obiang. Por tudo
que se vê no noticiário brasileiro, parece que aqui também se
se quer colocar
o PIB sob tutela única – ainda que sob o manto da corrupção. Será que o
PT trouxe a fórmula de lá? Ah, a campeã foi Costa do Marfim, 99-8 nos
pênaltes. PS: Nós que já rimos da Venezuela por importar papel higiênico,
nós que já rimos da Argentina
Argentina por carregar uma inflação guaçu, rimos e
debochamos porque perdemos a humildade. A Argentina é aqui – a
Venezuela é aqui! Como diria o Tião: “Nóis tamo é fudido, mermão!”
Quem irá escrever a poesia sobre teu corpo? Não eu; antes mesmo que as
palavras se insinuem, chegarei a teus pés, boneca de porcelana, que beijarei
sem sofreguidão e assim, navegando em calmaria, dobrarei o cabo dos
joelhos, rumo às coxas desérticas; antes que a primeira sílaba se ofereça lá
estarei intrincado na lisura cremosa de tua vergonha, tão alta, lisa e cerrada,
como contou Caminha, a bunda maçã; antes mesmo de ter o papel nas
mãos, despejarei em teu umbigo gentil a safra recolhida no pomar de tuas
pernas, deixarei com a barba teus seios lavrados, as calhas rosadas, não,
não descreverei os mamilos diminutos; ali sulcarei analfabeto entre peles,
em graça vampirarei
arei a tua carótida sem pingar lágrima de sangue; pelas
costas, enfim, exausto, banhado em óleos, não descartarei três ou quatro
letras da intensa jornada; venha moça, bem novinha, gentil, cabelos claros
compridos, vergonha alta, cerradinha, limpa da cabeleira;
cabeleira; não usarei
palavras para inscrever ode sobre teu corpo, tudo na travessia de jeito
simples terá sido burilado; os olhos verdes e os lábios sem mácula, a hóstia;
não, na e não, pois afoito nada me governa o relatar; quem gravará o
encanto sobre teu corpo?
orpo? Eu não.
Acabou o Carnaval. Desci para comprar pão e o jornaleiro já estava
deixando O Globo na portaria. Na página principal, mais uma Propina
descoberta. Já se vê que Propina é como jogo de bicho – não acaba nunca.
Então vamos legalizar!
Artº 1º - Fica instituída a Propina em todo o país.
a) a Propina fará parte das licitações e contratos administrativos de obras,
serviços, compras, alienações e locações da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios - e estará isenta do Imposto de Renda;
b) estão
stão obrigados à Propina os órgãos da administração direta, fundos
especiais, autarquias, fundações públicas, empresas públicas, o Congresso
Nacional, sociedades de economia mista e entidades controladas pela
União, Estados, DF e Municípios - e estará isenta do IOF;
c) a Propina será obrigatoriamente
obrigat incluída no custo das obras, serviços,
publicidades, compras, alienações, concessões, permissões e locações,
quando contratadas com terceiros - e estará isenta do INSS;
d) no acerto entre o gestor público e os particulares, em que haja acordo
para a formação de quadrilha e obrigações recíprocas, a Propina não será
inferior a 10% do valor do contrato, incluídas as alterações futuras - e
estará isenta de taxas bancárias;
Artº 2º - Em homenagem ao inventor da Propina Propina Moderna Oficial,
“Monsieur l'Ambassadeur Dix Pour Cent”, Cent”, esta norma se chamará Lei
Delfim Neto. Publique--se e foda-se! Pronto, tá resolvido.
A gente vê todo dia na TV, a mesma coisa se repete, a todo minuto, ppensa: –
nunca irá acontecer comigo. Enfim, um dia sucede e você não acredita.
Eram dois, chegaram com uniforme e crachá da Telemar, novinhos, para
reparar um defeito no telefone. Quem iria desconfiar? Ainda bem que eu
estava sozinho, como ando ultimamente, abandonado quenem cão sarnento
– menos pior, né? Até eu me lembrar de que a Telemar não existe mais, que
virou Telegang e depois Oi (mas continua prestando os mesmos serviços
ruins), até chegar aí – já era, estava tudo dominado! Sabiam o que queriam,
conheciam
eciam o ambiente, os detalhes, tinham me levantado direitinho. Um
ficou comigo e o outro agindo. Olhei assim, o cabra era meio magro, dava
para encarar, um catiripapo no pé do ouvido. O outro, mais gordinho,
exigia um bico no saco para arriar de quatro. Enfim,
fim, reparei que a arma não
era fabricada pela Estrela e resolvi não arriscar. O chefão chegou lá de
dentro: – Encontrei, tá limpo, rumbora! E para mim: – O senhor fica
caladinho aí, sei tudo sobre sua família, conheço sua sogra, a amante –
melhor ficar caladinho.
aladinho. Levaram o camarão-seco
camarão seco e a tiquira que Toni
Nicolau trouxe para mim.
Si hemos de salvar o no
De esto naides nos responde
Derecho ande el sol se esconde
Tierra adentro hay que tirar
Algún
ún día hemos de llegar
Después sabremos adonde.
* Trad.
Hoje é domingo. Pede cachimbo. Pede rede, cadeira de balanço, pede praia.
Antes irei fiscalizar a feira, função para a qual estou autonomeado. Vou ver
se o ovo está oval, a vermelhidão do tomate
tomate,, se a alface está verde, provar a
água do coco, essas coisas que todo fiscal faz. Pego a vinagreira que
encomendei, compro o queijo meia-cura,
meia cura, irei a padaria comprar pão massa
grossa. Conheço esta feira faz mais de quarenta anos. São duas
tapioqueiras, quatro
atro vendas de caldo de cana e pastel, seis peixarias! Três
barracas vendem farinha d’água, bolacha, canjiquinha. Quatro ou cinco
vendem pimenta e temperos, especiarias preparadas, à moda oriental, igual
aos mercados populares do mundo inteiro. Tem frutas e verduras de toda
qualidade! Carnes, frangos, miúdos – fígado, o tripeiro tem. As barracas
são hereditárias – a preta que faz bolo puba e tapioca já traz sua bisneta
para aprender. Sempre levei os filhos para feira – depois a vítima foi meu
neto: Mostro e dou nome a frutas, verduras, raízes. Na segunda segunda-feira
minhas meninas gêmeas fazem aniversário – prontas (como meu garoto),
para viver quando eu estiver perpetrando minha temporada no purgatório.
Jamais irá acontecer de novo. Um dia pensei assim, mas não não foi bem isso
que a vida quis. Lá pelas tantas, de repente, tudo se repetiu. Isso dito desse
jeito parece até coisa corriqueira. Até parece... Mas a natureza das coisas
não respeita tempo, rugas, nem cabelos brancos. A outros heróis já ocorreu:
Picasso, Drummond, Chaplin, Vinícius, Henry Miller, Rubem Braga. Ela
me recebeu de braços abertos, lascou aquele abraço arrochado que enlaça a
própria alma, os cabelos loiros chicotearam meu rosto, seios e coxas se
encaixando como peças de puzzle, depois me atacou com um beijo
gosmento que não deixa dúvidas, o pescoço lambusado de colônia ou
almíscar, as axilas sorrindo pousadas sobre meus ombros, o corpo justo, de
curvas ascendentes e descendentes, côncavo e convexo, para nivelar o olhar
subiu os pés nos meus pés, tão confortável como se esivesse deitada numa
rede, como quem quer ficar assim para sempre, quem não quer? até eu
gostaria, aí ela se afastou para ficarmos cara a cara, os olhos verdes
faiscaram determinação, confiança inabalável, olhos verdes como faróis
que libertam. Sim, meus amigos, a paixão é um inferno.
A revista Seleções de Reader's Digest tinha uma seção chamada “Meu tipo
inesquecível” em que autores relembravam alguém que havia
impressionado ou influenciado. O meu tipo inesquecível é o cronis cronista
sãobentuense Quincas Oliveira. Éramos parentes de encontros casuais ou
temáticos - aniversários, féretros, casamentos. Depois, já na terceira idade
(eu na 2ª e meia), quis o destino que nos víssemos mais amiúde. “Temos
uma tardia mas bela amizade” - disse-lhelhe certa vez. É verdade. Pelo menos
uma vez ao ano ele vinha ao Rio de Janeiro, cidade que conhece becos e
praias, brindados com belas crônicas. Curtimos juntos edições e
publicações de livros. Com Quincas Oliveira e Ceres Costa Fernandes
passei uma semana
emana inesquecível na FLIP em Paraty. Cambaleando na visita
à rua das cachaçarias, escorreguei nas pedras lodosas. Quando visito São
Luís, Quincas abre as portas do raríssimo bar e da adega climatizada
habitados por ótimas cachaças, tiquiras, uísques, vinh vinhos chilenos,
alentejanos e franceses. Muitas conversas e trocas de ideias. À lembrança
do pão com manteiga trouxe a lata de Manteiga Real, original de Varginha,
de primeira qualidade. Deixei-o
Deixei o de olhos arregalados ao lambuzar o pão
com generosas porções da iguaria. Faz tempo que não vejo o Quincas
Oliveira, meu tipo inesquecível. Mas sei que ele vive homiziado em
Calhaus onde é conhecido pelo codinome de Joaquim Itapary. Saudades,
primo.
Vendo-sese pelo lado religioso não dá para entender o namoro entre as igrejas
evangélicas e o estado de Israel. O judaísmo moderno já optou de vez pela
inexistência de Deus, pelo fundamentalismo do Torá e - em parte - pelo
descarte da espera pelo Messias. O que seria um insulto, visto que para os
evangélicos, Cristo (e não
não o pastor Edir Macedo) não só é o filho de Deus,
como também o esperado Messias. Apesar do Papa Bento XVI ter
anunciado a "isenção do povo judeu" pela morte de Jota Cristo, sabe sabe-se
bem que é um perdão de araque. Os judeus foram duas vezes responsáveis
pela
la morte de Cristo: primeiro quando escolheram o agitador Barrabás para
ser perdoado por Pilatos; segundo quando chamaram para si a
responsabilidade do julgamento e a condenação ao calvário. O governador
Pôncio Pilatos, vendo que se tratava de questão interna,
interna, sem interesse para
Roma, lavou as mãos e foi beber um vinho. Isso é fato histórico, coisa que
de tempos em tempos os políticos e poderosos tentam mudar escamoteando
aqui e ali, como quem diz: - Não houve ditadura. - Não houve holocausto. -
Não houve genocídio.
enocídio. Tudo conversa mole para boi dormir... Então, por
que esse agachamento de quatro aos judeus? Se não é fato teológico, nem
político, nem econômico - por que será?
Amar é passar vexame. - Alô. - Oi, como vai?- Bem, e você? - Tudo bem,
como vai o senhor? - O senhor tá no céu. Estou bem e você? - Ótima. -
Estou ligando... você me deu o número. - Claro, o senhor pediu, eu dei. - Tá
bom. Gostei de ficar sentado à sua frente. Boa visão. - Sim, o senhor estava
ao lado do rapaz tatuado. - É meu neto. - Gostei dele. - Olha, sei que tenho
idade para ser teu pai. - Avô. - O quê? - Avô. Você tem idade para ser meu
avô! - Você me olhava de um jeito. - Que jeito? - Ora, um jeito safado. -
Você acha? - Assisti a melhor cruzadacruzada de pernas sem calcinha do
Cachambi! - Com esse calor não dá para usar calcinha. - Eu uso! - kkkkk-. -
Ah, você sorriu desse mesmo jeito. - Na verdade a cruzada de pernas e o
telefone foi para o seu neto. - Ora, tem coisas que coroa faz com a mesma
qualidade
alidade técnica que o jovem. - Coroa, não. Velho. O que o velho faz com
“a mesma qualidade técnica” que o jovem? - Ah, você sabe, a língua não
envelhece. - Chupadinha? Nessa hora gosto de puxar os cabelos. Onde vou
achar cabelo aí? - Puxa as orelhas. - Tudo bem. E depois? - Depois o quê? -
Depois da chupadinha, o que acontece? - Você fica satisfeita e eu durmo
cansado. - kkkkk. Fico satisfeita com uma chupadinha? Tem que continuar.
- Peraí! Você pensa que sou de ferro? - E tem mais: a língua envelhece,
sim!! Ouviu bem? LÍNGUA TAMBÉM ENVELHECE! - Pô! Não precisa
gritar. - Desculpe. Me faça um favor: pede pro teu neto me ligar. (A vida é
adrenalina pura).
O repórter Pedro Andrade, do Bom Dia Rio (que assisto todas as manhãs),
declarou que o marido dele ficou zangado
zangado por ele ter dito que iria passar
um feriadão em Angra. Se o jornalista Roberto Marinho - que era espada -
estivesse vivo, o rapaz seria promovido a fazer cobertura no Complexo da
Maré. Mas a descendência dos Marinhos é chegada a “Todas as Formas de
Amar”,
r”, como agora é chamada a série Malhação, direcionada a público
adolescente. Quer dizer que a viadagem tomou conta da programação da
Globo? Não. Ainda é uma emissora que tem núcleos temáticos nos quais a
opção sexual não interfere nem faz diferença. Mas é justo que o espectador
diário do Bom Dia RJ exija definição do que é o programa informativo. A
direção do BDRJ promove a vinheta na qual espectadores mandam tubes
com o slogan “Bom dia Fachel - o Bom dia Rio volta já”! Grande parte dos
vídeos é apresentadoo por crianças, cuja opção sexual não aflorou tão
prematura quanto a do Pedro Andrade. Outra opção é fazer o BBB do Bom
Dia Rio e proclamar também a opinião do marido (ou mulher) do Fachel; o
que o marido (ou mulher) de Priscila irá almoçar; ouvir as opiniopiniões
esportivas do marido (ou mulher) do Lofredo - e assim por diante. Mas o
marido do Pedro tem razão: afinal o que ele (Pedro) iria fazer em Angra
dos Reis sozinho num feriadão?
Trabalhei certo tempo na Gás Butano. Era na rua que vai do Ferro de
Engomar até o Mercado Central. [Foi meu segundo emprego, aantes
trabalhei com Augusto e Virgílio e depois na na Casa Inglesa, perto da
zona. Não pude recuperar o tempo, isso prejudicou minha aposentadoria].
Certa vez eu e o contador Evilazio fomos a Caxias e Coroatá trocar
representação. Pegamos o teco-teco
teco direto para Caxias. Lá tudo correu
bem. Na hora de Coroatá o Evilazio me deixou sozinho. Fui de trem.
Quando vi Coroatá pensei nas cidades do farwest. Até o padre andava com
um 38 na cintura. Mas eu e o meu anjo da guarda fizemos amizade com a
filha do Prefeito! Fui apresentado ao cara pelo próprio Prefeito e depois ao
Padre, ao Tabelião. Estava garantido! O trabalho correu bem. De posse de
gorda promissória voltei ao hotel. À noite senti alguém empurrando a
janela. Meu cu ficou pequenininho, não passava um fio de de cabelo. Deu
coragem, peguei a tranca e escancarei a janela: era uma vaca se esfregando.
Quando fui me despedir do cara, chegaram quatro jagunços armados até os
dentes. Ele me ofereceu: - Os amigos estão indo pro Entroncamento. Quer
carona? Agradeci: - Já estou com a passagem de trem e alguém me espera
em São Luís. Antes de voltar saí com a filha do Prefeito. Não comi: Quem
tem cu tem medo.
Vi Jô Soares magro. Assisti Didi bater falta e a bola virar folha
folha-seca. Vi
Laerte vestido de homem. Ouvi Vinícius
Vinícius declamar que seja eterno enquanto
dure. Com Olício Gadia, conheci Boris Spasski no Aeroporto do Galeão.
Ouvi o Guru Luiz Carlos Maciel. Vi Janis Joplin de topless na Barra
bebendo Cointreau no gargalo. Assisti vaudeville com a vedete Brigite
Blair. Vi a Martha Rocha ser Miss Brasil. Estava em aula quando a
professora falou que Getúlio Vargas tinha se suicidado. Passei e vi
Drummond na praia de Copacabana. Assisti desfile de Carnaval com o
General da Banda. Noitevaguei muito na Lapa e adjacências. Vi no
Maracanã
racanã o Pelé marcar milésimo gol e pedir pelas criancinhas (que hoje
são políticos, milicianos e traficantes). Bebi cerveja no Zicartola. Saí na
Banda de Ipanema. Vi o Garrincha fazer o Brito de Mané. Consolei o
Mário Mururu a chorar por causa do amor eterno.
eterno. Vi o discurso de Jango na
Central. Fui ao Maracanã no Jogo da Rainha. Vi o biquinho do peitão da
Jayne Mansfield em Copa. Visitei Ferreira Gullar em Copacabana. Falei
com Fafá de Belém pensando que era fake de Fafá de Belém. Vi o Victor
Korchnoi na Hebraica.
braica. Olhei em close os olhos verdes de Júlia. Saí no
Simpatia é Quase Amor. Fiz jornalismo na ABI. Meu primeiro texto saiu no
Jornal O Povo. Vi o Ano Novo nascer escornado nas areias de Copacabana.
Andei nos bondes Canto da Viração e Alto da Boa Vista. Vi Almir morto no
calçadão da Galeria Alaska. Assisti Vidas Secas no Cine Pérola. Fui
freelancer na Última Hora e Correio da Manhã. Vi filme de Luz del Fego
nua na Ilha das Pedras. Sentei à mesa do Pixinguinha no Gouvea. Trabalhei
no Interzonal de Xadrez do
do Rio de Janeiro. Atravessei os Arcos da Lapa no
estribo do bondinho. E mais, muito mais vi e muito mais verei...
A turma aqui em casa tem o hábito de assistir programas tipo M Mondo Cane.
Um desses programas é de um médico esteticista que ficou rico
consertando a merda que médicos inescrupulosos fazem. Meu amigo, é
cada desastre, cada catástrofe, cada merda que fazem com o corpo dos
outros que dá pena. Passou por lá um rapaz brasileiro,
brasileiro, bonito, musculoso,
bem afeiçoado, do tipo que o Sérgio Cardoso gosta. O doutor o examinou,
tirou o peso, medidas, enfim, deduziu que ele não precisava fazer nada: era
jovem, saudável e bonito. O médico, criterioso, não aceitou mexer no
rapaz, mandou u embora, certificando que ele não precisava fazer nada que
aprimorasse a aparência. Pois, segundo a plateia daqui, o rapaz não se
conteve, foi a outro “especialista” e se fudeu. Sim, morreu nas mãos de um
açogueiro com diploma de doutor. Dos desastres que vi, um me chamou a
atenção: uma morena que deveria ter sido bonita algum dia, deixou que
mexessem tanto no seu corpo que foi estragando, estragando e ficou uma
merda! Não só o corpo, mas principalmente o rosto. Coitada, coitada, três
vezes coitada. Comparando
ando o rosto da menina com fotos anteriores é que se
vê o tamanho da catástrofe. Eu ia dizer que o rosto da menina ficou mais
parecendo uma bunda do que outra coisa, mas no caso dela a comparação
não serve. Aliás, serve sim. Ficou parecendo a bunda... da Yoko
Yoko Ono. Vocês
já viram a bunda da Yoko Ono? As fotos antigas que ela tirou nua com o
Lennon dão algumas dicas... Pois bem... é isso.
Nos tempo de coronavírus eu quero a paisagem que vejo daqui: a Serra dos
Pretos Forros ou Serra Grajaú-Jacarepaguá.
Grajaú Porque é paisagem
sagem mutável
como a vida: já esteve careca de vegetação e numa chuvarada as pedras
rolaram e mataram centenas de moradores. Fizeram um projeto honesto e a
serra hoje está cabeluda, verdinha, mas as construções dos sem medo se
espalham e prenunciam para depois
depois novas tragédias. É mutável a paisagem
porque, quando o tempo ameaça virar, as nuvem encapelam os morros,
esticando-se
se até o Sumaré e transforma numa vista bonita: o branco e o
verde contrastam com os cirros escuros que trazem trovões, raios e chuvas
naa desordem fractal que é a natureza. Por detrás daqueles morros que avisto
daqui estão muitos amigos que eu amo: no Alto da Boa Vista, na Praça
Sáenz Peña, no Maracanã e redondezas. Ali sempre foi território de feliz
danação. Pessoas inesquecíveis que ainda
ainda estão lá, que muito raramente
vejo, mas guardo a beleza de ontem. Então nos tempos de coronavírus não
serei mesquinho nem avaro. Escolherei o melhor queijo, o melhor vinho, os
melhores patês, as torradas, o pão australiano, picles de pepino. Serei farto
em tudo que meu paladar pedir e meu bolso permitir nestes tempos de
coronavírus. E assim degustando essas alegrias pensarei nos meus amigos e
amores.
Dias depois o poeta Hädo Fakku recebeu um cesto cheio de flores e frutas
com o bilhete da amada Hanī Kanto: “Vem amado. Aqui as cachoeiras
explodem em águas claras, as ameixeiras estão em flor e o aroma do chá
perfuma todo o ambiente. Vem. Vem”. O poeta Hädo Fakku viajou e foi
recebido com o mais amoroso abraço da sua querida Hanī
Hanī Kanto, seguido
pela explosão da bomba de plutônio “Fat Man”, lançada pelos Estados
Unidos da América do Norte (USA) sobre os moradores de Nagasaki em
9/8/1945. Nos dois ataques só no primeiro dia morreram mais de 300 mil
civis. A tragédia não provocou tanta comoção quanto o Covid19. É por aí,
oras...
João me apresentou à moça: Meu irmão está de visita. Não aguenta mais a
cerveja daqui. Me pediu para ir a um lugar que servisse vinho bom.
Lembrei de você. Ela me pegou pela mão. Vem conhecer a minha casa. O
quiosque, maior que o normal, com porta de vidro
vidro fumê, ar condicionado e
mezanino. Amplo bar, geladeira, freezer, toalete e cozinha (do lado de
fora). E nada ao redor! Impressionante! Tem preferência por algum vinho?
Com esse calor, o vinho branco geladinho cai bem. Ela arrumou a mesa na
areia e trouxe vinho branco, italiano, tinindo de gelado. Este serve? Meu
Deus! O que acha? Um Frascati 1970? Serviu em taça apropriada e disse:
Acompanha bem mariscos brancos: vôngole, sururu, ostras. Traga, traga
tudo e venha brindar com a gente. De passagem João pediu:
pediu: Me prepara um
digestivo? Não foi um milagre? Sábado ensolarado, um quiosque deserto, o
Frascati gelado, pés descalços nas areias brancas de alguma praia em São
Luís. Veio o digestivo do João: cara, um bagulhão igual aos que o Bob
Marley queimava na Jamaica!
Jamaica! Seu João, fume mais longe um bocadinho.
Cada baforada parecia que o céu estava nublado. Para mim trouxe um
charuto Suerdieck, curto, fumo preto, ponta redonda. Que sábado! Anos
depois soube que a PF fechou aquele paraíso. Que injustiça!
Soneto
de: <[email protected]>
para: "[email protected]"
data: 12 de abr. de 2020 16:0
16:06
assunto: rovedod10 : shalom2010
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Segurança: Criptografia padrão (TLS) Saiba mais
mensagem importante de acordo com o algoritmo do Google.
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Answer:
Do you know someone who has NOTHING TO LOSE IN LIFE? At 79
years of age, H. Pylori in the stomach, facing Covid-19,
Covid 19, unemployed, full
of debts, who lives on $200/month of government aid? This is me. So fuck
it!
Se um dia você ficar como os cariocas ficaram, bebendo cloaca com Covid
Covid-
19 por muito tempo, certamente se obrigará a instalar em casa um filtro ou
purificador de água. A minha filha pesquisou, pesquisou, pesquisou e optou
por comprar o “PURIFICADOR DE ÁGUA PBE04BF PHILCO
BIVOLT”. Uma bosta! Um elefante
elefante branco. Um Belo Antônio! O aparelho
é baseado em duas leis científicas, que devem funcionar juntas: 1º) A Lei de
Newton - “Todo corpo continua em estado de repouso ou de movimento, a
menos que seja forçado a mudar, por forças aplicadas sobre ele”. 2º) A
Teoria das probabilidades, de Cardano: “Toda residência deverá ter pressão
hidráulica entre 103 kPa a 517 kPa”. Então, se não tiver a pressão
hidráulica determinada, não funciona, como ocorreu aqui. E mais: não tem
instalador; não tem Assistência Técnica; o filtro trabalha a água em mão
única; não tem botão ou indicador liga-desliga;
liga desliga; não tem controle de
temperatura; não tem galão de água; não tem painel de controle; e, por fim,
não tem proteção anti--bactéria.
bactéria. Como o produto deu problema, tentamos
resolver com
om a Britânia Eletrodomésticos, mas pelo visto o prazo de
garantia vai passar e não se resolve nada. Então fica a dica: NÃO
COMPRE A BOSTA DO “PURIFICADOR DE ÁGUA PBE04BF
PHILCO”, e tenha cuidado com produtos da Britânia Eletrodomésticos.
Antes de se mudar
udar para a região amazônica Sonsinho tomou precauções: se
vacinou contra doenças típicas das florestas tropicais. Agora, passados mais
de 30 anos, mora só numa casa beira-rio,
beira rio, que adquiriu para desfrutar a
merecida aposentadoria. Aí o inesperado: chega o Coronavírus, novo,
mortal, não escolhe hora, local, vítima. Contra a ameaça, Sonsinho se cerca
de garantias listadas pela OMS: isola-se,
isola se, recebe tudo à porta, menos o
peixe, pescado na ponta do anzol lançado da varanda (onde tomava banho à
vontade, pois vivia
ia como os índios, nu ou seminu). À noite, barcos e botos
cor-de-rosa,
rosa, passeiam no rio, Sonsinho ouve atrás sons sorrateiros. Arrepia
Arrepia-
se. O Coronavírus invade como horda de Hunos a sua fortaleza. Conforma
Conforma-
se. Passa álcool gel por todo o corpo, esvazia o copo
copo de cerveja e come a
última azeitona. Sente o ser gosmento penetrar sua intimidade. Relaxa. Mas
o vírus não acerta a reta, vai e vem, volta e vai. Sonsinho facilita a
operação: se posiciona de quatro. Deu certo! Sente o vírus ser descarregado
nas entranhas,
as, suspira aliviado. Nesse momento passa um barco iluminado,
som de música, vozes de garotas, copos tilintando, risos de alegria, um
tabuleiro de xadrez. O Barros acena festivamente a taça de champanhe,
abraça várias índias nuas, mas com máscaras e o chama chama para a festa: –
Bora! Mas Sonsinho, apavorado (ainda sente a picadura do vírus), recusa o
convite. Toma outro banho de álcool gel: – Cruz em credo! Deus me livre!
Nas páginas do primeiro Almanak da Província do Paraná de 1877
encontrei o registro
stro do Rovedo ancestral que largou a região de Como
(Itália) para se aventurar na colônia na Ilha Superágui, arrendada ao cônsul
e empresário suíço Carlos Perret Gentil, que vivia pelo Brasil exercendo
diversas atividades, apadrinhado pelo Senador Vergueiro.
Vergueiro. Em 1851 publica
o livro “A Colônia Senador Vergueiro: Considerações”, em que relata a
experiência do autor com o trabalho livre. livre. Nesta terra que começava a
iniciativa, Perret trabalhou com método: “Na descrição do
inventar a livre-iniciativa,
núcleo ideal de colônia, ia, recomenda a participação de muitas famílias;
distribuição de lotes aos colonos; proibição do engajamento dos colonos
nos ofícios de caserna”. Mas Giovanni Rovedo – que depois se
abrasileirou para João – não emigrou para o Brasil para plantar batatas: nna
relação dos ocupantes da “Freguezia do Senhor Bom Jesus de
Guarakessava” está relacionado como um dos quatro taverneiros da ilha.
Como se vê, o meu histórico de biritagem vem de longe.
Meu olho esquerdo só dá vexame, quando mais preciso, ele falha. Foi este
o primeiro olho que começou a turvar a visão. Aliás, acho que já nasceu
defeituoso. É também o olho mais temperamental:
temperamental: ao primeiro sinal de
emoção fica lacrimoso. Sou dado a surtos emotivos, que me fazem parar
para respirar, tomar fôlego e me recuperar. Nessa ocasião a vista esquerda
me faz ver o céu cheio de nuvens. Por causa dele passo vergonha a
qualquer hora e lugar.
ar. Num velório me emocionei e o olho soltou lágrimas.
A viúva me perguntou: – Você só chora num olho? Meu olho esquerdo me
paralisa na rua quando dá espelhamento – a vista é um imenso reflexo. Não
consigo ver nada, aí paro tudo, me apoio em algum lugar, aaté voltar ao
normal. É como se tivesse um lago suíço no olho. Às vezes a vista fica
desfocada, tridimensional. Meu olho esquerdo é o mais rabugento e
remelento. Se reparar bem, ele tem um desvio para o lado. Filmes, série ou
novela água com açúcar faz meu olho esquerdo chorar e por mais que o
reprima o teimoso lacrimeja. Sinto que meu velho olho esquerdo fenece e
em breve me abandonará. Cobre a pupila um véu alvo como a névoa branca
que cai sobre a Serra Grajaú-Jacarepaguá
Grajaú nesta noite fria.
“Em outubroo de 2019, em Wuhan, na China, foram realizados os 7° Jogos
Mundiais Militares do CISM. O Brasil participou com 352 atletas, que
competiram por medalhas em 29 modalidades. O objetivo da delegação
brasileira para os Jogos Mundiais Militares foi atingido, com
com a manutenção
do Time Militar Brasil, ao final da competição, entre as três maiores
potências desportivas militares entre todas as nações que integram o
Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM). Foram 88 medalhas
conquistadas: 21 de ouro, 31 de prata prata e 36 de bronze”.
(https://www.defesa.gov.br) Recentemente atletas franceses que
participaram da competição informaram às autoridades que na ocasião
sentiram os mesmos sintomas hoje identificados como Covid-
Covid-19. Cientistas
e autoridades de saúde da França
França estão investigando. Fazer o mesmo aqui
ajudará a mapear a história do vírus que deixará o maior número de vítimas
que a Terra já teve em milhares de anos. A história conta que ataques virais
semelhantes já ocorreram em várias ocasiões, atestando que víru
vírus não tem
nacionalidade nem cor. Com a palavra as autoridades da Defesa, do Esporte
e da Saúde.
Eu não acredito que este sol, esta chuva, as nuvens que deixam a cidade
nublada, o calor, o frio, este domingo, tudo que tem banhado a Terra com
vida, possa
sa ser usufruído só pelos passarinhos, cães e gatos, pelos bichos da
floresta, dos mares, dos ares - isso não faz sentido. Quando a caverna que
Gurax morava com a tribo estava sitiada por feras famintas, impedindo
impedindo-os
de ir aos lugares de onde provinha a co
comida,
mida, a água, os suprimentos, enfim,
necessários à sobrevivência de todos, alguma coisa teria que ser feita.
Juuuu, o mais velho, o mais experiente e sabido de todos se ofereceu para
liberar a entrada da caverna. Bolando um plano para atrair as feras para
outro lugar, passaram dois dias construindo uma saída alternativa. Quando
estava pronta Juuuu foi à entrada principal, forçou as feras para que fosse
objeto de interesse de todas, passou sebo nas canelas e correu. Assim, as
feras todas foram em perseguição a Juuuu, enquanto os demais puderam
abastecer a casa de suprimentos e armas para enfrentar futuros cercos e
ataques. Felizmente Juuuu era rápido e só cansou quando as feras estavam
a quilômetros de distância da tribo. Então parou e deixou-se
deixou se ser devorado.
devorado...
O Coliseu reabriu, mas apenas para moradores de Roma, dando chance aos
nativos de fazer turismo em casa, já que em época normal são im impedidos
pela da multidão de turistas que invadem a cidade. O Coliseu tinha
capacidade para 80 mil espectadores que assistiam diversas atividades:
combate de gladiador, espetáculo circense, simulação de batalha, caça a
animais selvagens, encenação de dramas mitológicos. No começo do
cristianismo, para esconder da população a verdadeira crueldade, as
festividades intercalavam execuções de cristãos. Autoridades se deliciavam,
bebendo cerveja e vinho, comendo e faziam todo tipo de safadeza enquanto
os leões devoravam
oravam famílias de seguidores de Cristo. Com a chegada da
pandemia do Covid-19 19 assistimos diretamente de Brasília espetáculo
semelhante. Enquanto o povo, a população favelada e mais pobre é
engolida pelo Coronavírus, o Governo, o Congresso e o Judiciário –
bebendo cerveja, uísque e vinho, comendo ricos acepipes e recebendo
gordos salários – se faz de cego para não ver o leão devorar as crianças, as
famílias. Encena espetáculos vergonhosos, xinga, fabrica crises, ataca,
inventa discussões, ameaça, tudo para ocultar a crueldade, o crime causado
pela falta de hospitais, de teste, de leitos, de respiradores, roupas de
proteção, tudo enfim que poderia amenizar a tragédia, o sofrimento, a
morte, trazidos pela pandemia.
Depois que fiz tratamento contra gastrite sinto que ganhei muita coisa e
perdi outro tanto: mas o que mais sinto falta é da minha azia. Tenho
saudade
ade daquela sensação de queimação que inicia no umbigo, passeia
entre as costelas e vai até a garganta arrasando tudo. Sinto falta daquela
indisposição pós-feijoada
feijoada com caipirinha, do estômago cheio de
churrascaria rodízio, que dificulta o trabalho esofágico
esofágico e impele a comida
num vai-e-vemvem entre o esôfago e a garganta. A minha azia era tão poderosa
que vinha mesmo após tomar altas doses de Sal de Frutas, Sonrisal, Alka
Seltzer. Nada disso dava jeito na bichinha. Nunca fiz quimioterapia, não
tenho deprê nem osteoporose, só pressão alta. Segundo doutor Mário, vai
ser difícil ter de volta aquela azia. Ainda assim, tenho saudades dela. Não
me importa o esôfago irritado, as eructações ruidosas do estomago, os
arrotos e peidos excessivos, a azia de vinho rascante me faz falta. Não
importa o gosto de vinagre subindo à boca, as ardências da super
super-acidez, a
ânsia de vômito – quero de volta a azia das caipirinhas geladas. Por
recomendação deixei de lado o chocolate, a pimenta malagueta, cebola
crua, a picanha, o mocotó,
mocotó, a rabada, a costela ao bafo. Larguei as comidas
gordurosas e apimentadas, as frutas cítricas (com vodka), a hortelã e o
tomate cru com vinagre e sal. Quero de volta tudo que perdi: a sensação de
ardor que vem da barriga ao peito, o desconforto indefinid
indefinido na parte de
cima do abdome, o ardor quente do estômago, a regurgitação, o gosto
amargo na boca, a língua pastosa, as náuseas, a ânsia de vômito. Quero
minha azia de volta!
Visita
Tive notícia de uma amiga que há muito tempo não via:
Estava doente infectada com o Covid
Covid-19: ainda resistia.
Beijei-lhe
lhe as mãos, a face, a testa, as pálpebras já cerradas.
Falei palavras, contei histórias felizes, situações inventadas.
Salomão Rovedo
Como poucos, posso afirmar que a minha sogra – alagoana de Palmeira dos
Índios – deixou uma lacuna: ela era grandona e pesava quase trezentos
quilos. Onde chegasse dona Áurea impregnava o ambiente com o riso
gordo. Fui a Friburgo visitar o Orlando Hugenin, pintor e enxadrista, ele
me disse: Salomão você não pode ter o sonho que tive com minha sogra.
Ela montou no meu pescoço e não saía de jeito nenhum. Contigo não pode
acontecer isso... A culinária de minha sogra tinha
tinha espetacularidades:
Lagarto Assado emprenhado com paio português; Bolo Podre (de massa
puba); Cuscuz com gema de ovo e coco ralado; Doce de goiaba em calda.
Era católica, mas em Padre Miguel só encontrou a Igreja Batista e como o
Deus era igual dentro em pouco estava cantando com as irmãs. Tinha a voz
maviosa, sem pecados. Sabia todos os cantos religiosos das romarias do
nordeste. Quando vinha me visitar, sentávamos para o bate papo curto e
muitas histórias do nordeste, que me deram base para escrever “Qu
“Quilombo,
um auto de sangue”, festejo que ela representou muitas vezes na meninice.
Depois eu pedia que cantasse as ladainhas das procissões do nordeste –
sabia todas. Assim canonizado, embebido na lembrança das procissões,
enterros, autos e tambores da minha
minha infância, chorávamos sem lágrimas as
nossas recordações. E pensar que dona Áurea foi vítima da barbaridade e
machismo dos coronéis de merda que grassam no nordeste: ao ficar viúva
com três filhos, teve toda a herança saqueada pelos cunhados, os
Albuquerques,
ues, Calheiros et caterva, bosta de gente que inda hoje apodrece
por lá. Tudo filho da puta!
Falei outro dia nas comidas da sogra. Pois entrei num grupo chamado “Eu
amo o Líbano”, meu amigo, os “brimos” só sabem botar fotos e mais fotos
e mais vídeos de coisas no mínimo apetitosas. Como o libanês aprecia um
garfo, mesas fartas, comilança. Esqueçam o charutinho, o quibe de seu
Mané, os “hama” isso e “hama” aquilo. É tudo conversa mole para boi
dormir. Quem quiser conhecer a cozinha libanesa, entre nesse
nesse grupo... Mas
nem era sobre isso que eu queria falar: o meu pai, paranaense de
Paranaguá, de vez em quando aparecia lá em casa com uma lata redonda
enorme. Era o famoso paio conservado na banha de porco, acho que era
produzido pela Sadia. Rapaz, fala sério.
sério. O velho abria a lata na ponta do
facão e quando levantava a tampa, era paio para o que der e vier. O bicho
enfeitava qualquer panela, não era só feijão, não. E o cheiro? Nem te
conto. A banha feita para conservar o paio, tomava todos os espaços da lata
e assumia completamente o gosto e temperos da conserva. Acabava o paio,
mas seu espírito – a banha – sobrevivia nos bifes, nos ovos estalados, nas
tortas, na galinha ao molho, nos feijões, nas sopas. Em tudo a banha do
paio dava sabor especial. Agora eu me
me amarrava mesmo era no pão: cortava
o pão ao meio, empanturrava as bandas na banha e botava na frigideira ou
na chapa. Só imagina, só imagina. E para arrematar, um chibé de farinha
d’água e refresco de caju...
Se bem lembro, foi nos anos 1960 que a série de Sissi passou no Cine
Éden, em Cinemascope, tendo como cenário a Áustria imperial. Os três
filmes (“Sissi”, 1955, “Sissi Imperatriz”, 1956 e “A vida de Sissi”, 1957),
deram fama a Romy Schneider. Produtores, apoiados pela mãe da atriz, iam
continuar a série com “Sissi dá a bunda”, mas a atriz recusou. Mudou
Mudou-se
para a França, em 1958 fez “Senhoritas de Uniforme”, que conta histórias
de lesbianismo em colégios femininos. Depois que filmou “Christine”, se
apaixonou por Alain Delon, e ficaram juntos até 1963. Luchino Visconti
mudou de vez a trajetória de Schneider, dando em “Boccaccio 70” um
papel digno da grande atriz.
atriz. Acabo de assistir “3 dias em Quiberon”, de
Emily Atef (2018). O filme pega fragmentos da vida de Romy Schneider
em 1981 na vila francesa de Quiberon, onde fantasmas velhuscos
infernizam a atriz: quando a reconhecem nas ruas é chamada de Sissi. A
arte, essa longa estrada sem fim, transforma a vida dos artistas em dramas e
episódios que nenhuma cena, por mais destreza e habilidade que se ponha
consegue elidir. Não tem método, nem prática, nem técnica que faça
alguém percorrê-la la incólume. Romy Schneider morreu
morreu aos 43 anos de
idade em Paris. Causa oficial: parada cardíaca, quem sabe causada pela
visita soturna da enrugada senhora, a Imperatriz Sissi.
Vocês devem estar curiosos por que vivo replicando o blog de Barbara
Maidel no facebook, no Instagram, no tumblr, no Twitter – onde puder,
enfim. Eu mesmo me pergunto a mesmíssima coisa nas noites de insônia
adquirida quando Barbara Maidel me deu um merecido esbregue por causa
de que mandei um e-mailmail ao blog dando uns pitacos desavisados e não
solicitados, ademais com discrepâncias políticas alienadas. Mas eu amo ela
porque ela diz o que eu gostaria de dizer, mas não tenho talento. Olha só:
“Ver Bolsonaro ser premiado com o maior cargo político do país é
ultrajante sob diversos ângulos. (...) Em tempo de campanha,
campanha, o músico
Lobão disse que votaria nele porque “foi o único que não foi testado
ainda”, dando a entender que as outras opções estavam descartadas
porque maculadas pela carreira política. (...) O fato é que Bolsonaro foi
peso morto por quase três décadas
décadas na Câmara dos Deputados. Em 26
anos, apresentou 171 projetos de lei e teve somente dois aprovados. Os
contribuintes pagamos para que esse vadio não fizesse nada de útil,
tratasse a coisa pública como privada (...). Aí de repente um surto toma
conta do Brasil e esse mesmo homem passa a ocupar a Presidência da
República. Que salto foi esse? Se a trajetória infame e malandra de
Bolsonaro enquanto deputado por décadas não foi suficiente para Lobão
perceber que ele já tinha sido testado, e por tempo demais, há que se levar
o cantor a uma universidade e estudá-lo
estudá lo num laboratório. (...)” O texto
mostrado assim aos pedaços parece desimportante, por isso é bom ler o
blog inteirinho em https://barbmaidel.blogspot.com.
https://barbmaidel.blogspot.com
Deu no jornal. Pelo menos uma pandemia chegou ao fim: a febre dos
patinetes elétricos. Um fim que contraria o fio da história: com a chegada
da pandemia do Covid--19,
19, o patinete elétrico seria o ideal para a retomada
das andanças pra lá e pra cá. Assim Patinetes elétricos
Ass dizia o marketing: “Patinetes
são veículos ideais para transporte diário. Fuja do trânsito! Economize
tempo e dinheiro usando o mais moderno veículo de mobilidade urbana!
Não gaste com gasolina e estacionamento”.
estacionamento”. Mas qual foi a vacina que
exterminou
rminou o vírus do patinete elétrico? Foi outro vírus: o da corrupção,
para o qual não tem nem terá vacinas. Sem norma específica, no princípio a
base regulatória para uso do patinete foi a Resolução 465, do CONTRAN:
Os patinetes devem seguir as normas aplicadas
“Os aplicadas aos equipamentos de
mobilidade individual autopropelidos. Assim, não podem exceder a
velocidade máxima de 6 km/h em áreas de circulação de pedestres e de 20
km/h em ciclovias e ciclofaixas. O uso de indicador de velocidade,
campainha e sinalização noturna
n – dianteira, traseira e lateral – é
obrigatório”.
”. Já era demais a exigência de velocímetro, campainha e pisca
pisca-
pisca. Mas para as autoridades competentes não foi suficiente: criaram
milhares de leis, exigências e multas, enxotando o usuário, as empre
empresas de
aluguel e venda de patinetes. Agora as bem remuneradas autoridades
podem enfiar as leis e multas no buraco mais fedorento do corpo...
“Olá meu caro, sou o Sr. Bright Johnson, diretor administrativo do FMI.
Analisamos todos os obstáculos e problemas que cercam cercam sua transação
incompleta e sua incapacidade de cumprir com as taxas de transferência
cobradas contra você pelas opções de transferência anteriores, consulte
nosso site para sua confirmação. Nós, o Conselho de Administração, o
Banco Mundial e o FMI Washington,
Washington, D.C., em conjunto com o
Departamento do Tesouro dos EUA e algumas outras agências de
investigação relevantes ordenou à nossa Unidade de Remessa de
Pagamento Estrangeiro, United Bank of Africa Lome Togo, que lhe
emitisse um Cartão VISA, no qual seria seria enviado US$ 1,5 milhão para
posterior retirada do seu fundo. Durante o curso de nossa investigação,
descobrimos com consternação que seu pagamento foi atrasado por
funcionários corruptos do Banco que estão tentando desviar seus fundos
para suas contas particulares.
rticulares. Hoje, por meio desta, notifico que seu fundo
de US$ 1,5 milhão foi creditado no cartão VISA pelo UBA Bank Togo e
também está pronto para ser entregue. Entre em contato agora com o Sr.
Tony Elumelu, e-mail:
mail: [email protected], Envie a ele as
informações para a entrega do seu cartão Visa Credenciado no seu
endereço”.
Que o Covid-19
19 descanse em paz! Ele está a caminho do inferno ou do céu
dos vírus. Chegará a hora de lavar a alma. Há vida melhor que esta. A noite
de amor sorriu por dez vezes. Para tristes e deprimidos... para inquietos de
almas perdidas... para aparvalhados e solitários... para heróis e covardes...
Tarde da noite os palhaços vão beber uma xícara de café na cozinha. E as
mulheres? Todas as mulheres são seduzíveis? As mulheres
mulheres nunca podem
ser sedutoras? Os homens serão sempre seduzidos. Assim como o homem
estará sempre na ofensiva. O homem degusta o amor como Arte da Guerra,
enquanto mulheres jogam o desejo como prova olímpica. Ao som de
Gurrelieder, de Carmina Burana, da 9ª 9ª Sinfonia ou de Carcará... Estamos
aqui para nos amar uns aos outros. Então, hora de comemorar com este
vinho feito de uvas cujo sumo arrancado como gotas de sangue caídas da
polpa e da casca esmagadas. Cada barril deste vinho ganhou leite das mães
adolescentes
centes das comunidades, que deu à bebida se segredos
redos de sedução. Com
essa última comédia procuro dar fim a estes delírios do facebook, sem
esperar quê mundo pós-pandêmico
pós pandêmico resultará disso tudo. O mundo que
resistiu a Shakespeare resistirá a tudo.
PARTE II
DIÁLOGOS E MONÓLOGOS
(COM
( BARBARA MAIDEL)
Bárbara. Cheguei até você via “não gosto de plágio” e acabo de ler o que
está na pauta de seus blogs, ou seja: Questões Veganas e Editoras. É a
primeira vez que leio essa expressão, vegana, embora tenha notícia da parte
da população que defende o mesmo modo de vida, a defesa de uma
existência menos agressiva contra outros seres. Interessante também a
análise sobre a filosofia de Gary Yourofsky, as dúvidas e equívocos, como a
sermos ‘herbívoros’. Em um livro que li faz tempotempo sobre jejuar, de um
hindu cujo nome não lembro (para mim são todos iguais), ele afirmava que
“o homem é um animal frugívero”. Outros ampliam o foco para
“vegetariano” que abrange ambos... Pois você pegou um tema tipo via
crucis, mas para quem gosta de uma boa batalha é prato feito. Eu poderia
levantar aqui quilos e quilos de questões, técnicas, morais, religiosas, mas
de que serviria? Não é justo pôr pedras no caminho só pelo prazer de
assistir ao tropeço. Outro texto que li é Editoras, ambos são textos
excelentes, bem escritos, parabéns. Você é escritora, arranje uma editora
para expandir o que você escreve para outros lados e gentes. Uma coisa que
você não se preocupou em analisar – serve para ambos os temas – é sobre o
poder de posse das pessoas, tanto
tanto para comer como para ler. Eu mesmo –
ah meu Deus! – quantos livros gostaria de ler, de ter nas mãos! Mas não
tenho poder aquisitivo para tal. Para quem não pode ter um livro de R$ 50,
é glorioso ler o ‘mesmo’ livro adquirido a R$ 5 num sebo ou na rodoviá
rodoviária.
A sede de saber ataca a ricos e pobres. Sobre o comer, atente que estão
proliferando ideias sobre alimentar-se
alimentar se de insetos, pelo teor de proteínas que
têm – isso no mundo ocidental que tem asco a esses bichos. É mais trabalho
para você, mais uma batalha
batalha que virá. Por outro lado fico imaginando o que
seria de nossa pequena Terra se nos alimentássemos apenas de vegetais e
seus frutos – não resultaria em enorme desequilíbrio biológico? Ah,
Bárbara, esse é um mundo imenso em que você se meteu. Mas por uma
causa
ausa justa alguém terá que sujar as mãos, entregar a vida, não é? Desejo
sorte a você, mas examine também outros temas sobre ideais humanos
onde possa descarregar esse imenso poder criativo que você tem, a valente
capacidade de lutar – que resulte positivo para seu vizinho, por exemplo.
Botei meu email lá para te acompanhar. PS: Tenho também um blog, mas
não sobre temas de sua área de atuação: salomaorovedo.blogspot.com.br
(Salomão Rovedo)
No mais, como está? Passeia muito por aí ou fica em casa? Uma ppergunta
totalmente fora do contexto: já foi assaltado? Gostei do trecho do seu diário
que me enviou :). O que acho interessante é que você escreve como alguém
do Rio de Janeiro (ou como suponho que pessoas do Rio tendem a
escrever). Tem alguma coisa bem diferente
diferente nos cronistas daí e nos cronistas
de São Paulo ou mineiros, por exemplo. Reconhece isso ou discorda? Acho
que não só pelos temas e ambientações, mas tem algo no modo. Já leu João
Ubaldo Ribeiro? Não lembro (acho que já perguntei): já leu Fim da
Fernanda
nanda Torres? Ficou chateado com a morte do João Gilberto ou não
ficou nem aí? Eu no momento estou lendo pilhas de revistas semanais –
Época, Superinteressante – que foram se acumulando na minha casa.
Quando terminá-las,
las, voltarei aos livros. (Barbara Maidel)
Maide
Como está sua saúde? Depois vou dar uma olhada no romance do Ronaldo.
É teu amigo? Continuo escrevendo, você sabe, mas daquele jeito lento.
Quando tiver um capítulo pronto, sabe-se
sab se lá de que parte do livro, posso te
mandar, se tiver interesse. Eu disse "não sei se vai gostar" (e você disse
"nhé, isso é tão burrinho..."), mas não é firula, é questão de estilo. Imagino
você perguntando "para
para que escrever desse jeito?, para que fazfazer o leitor
buscar o dicionário?". Putz, eu acho que estamos com falta de literaturas
modernas que façam os leitores buscarem dicionários e outras referências!
Estou lendo um excelente livro da editora Todavia chamado "Afiadas", de
uma jornalista chamada Michelle
Michelle Dean. Fala sobre diversas mulheres
escritoras (principalmente americanas) e é uma delícia de ler, acho que
você iria gostar. Tem capítulo sobre a Mary McCarthy, a Sontag, a Dorothy
Parker, a Arendt... Um ótimo 2019 para você na medida do que for po possível
:). PS. Não me lembro: você assiste a filmes no Netflix? Há um chamado
"Perfectos desconocidos" (2017) – versão espanhola da versão italiana (a
versão espanhola é melhor, a comicidade combinou mais com a história do
que a versão dramática italiana) – que recomendo. Obrigada pela constante
leitura e um grande abraço! (Barbara Maidel)
(C) Mais algumas armadilhas: “A mulher deva ser soberana do seu corpo”;
“ela e não o Estado decida”; “o Estado pratique a laicidade pela qual julga
ser guiado”. Isso é puro Maquiavel. Ou George Orwell. Estado é Estado
porque impõe, controla, submete, escraviza. A Globalização é o mesmo
Estado tentando controlar o mundo. A Coalizão.
Coalizão. A primavera árabe que se
transformou em inferno. Impor aos pigmeus o way of life nova nova-iorquino.
Agora, para encerrar, o que acho o pior de tudo: "toda vez que o STF
legislar". Nunca pensei que você fosse dar aval a um político muito menos
a um Rodrigo Maia.
aia. Essa frase é ideológica, insidiosa, má e corporativa.
Está incorporada na atual rixa que discute, de modo teatral, a interferência
entre poderes. A atribuição dos três poderes está definida de modo
inequívoco na Constituição. Você agora faz parte de um
um desses poderes e na
primeira atuação debaixo do manto judicial dá uma mancada dessas...
(D) Barbara, a primeira lição é: não escute os políticos. Tudo que você
estudou e aprendeu para dar luz à sua vida profissional está na contramão
da política. Deixe
eixe a política para a escritora, não para o seu cargo (que
ainda não sei qual é). Sabendo-se
Sabendo se que o judiciário não faz leis, a frase "toda
vez que o STF legislar" mostra que o desejo de interferir em outro poder
vem é do Legislativo, que está debaixo do vulcão
vulcão da corrupção que assola o
nosso país. Os STF como Corte não legisla, julga. Julga quando é instada a
isso, jamais de ofício, justo para evitar ingerência. O resultado do
julgamento não se transforma em lei, mas sinaliza para outras sentenças.
No julgamento
mento ordinário viram súmulas – uma aberração do Direito, pois
cada caso é um caso. Súmula é engessante, preguiçosa, malévola para o
próprio Poder Judicial. É um complicador adotado por aqueles que
quiseram levar o judiciário ao caos em que está agora.
(E) Agora, o caso do cangaceiro Renan Calheiros e outros iguais, deixou o
STF e todo o judiciário de joelhos. Como se pode tirar o Presidente do
Senado da linha constitucional de sucessão presidencial deixando ele no
cargo? Para ironizar te digo: na primeira
primeira oportunidade de substituir o
Presidente, se o Renan recorrer a um juiz comum irá ganhar direito à
sucessão. Que lhe foi tirada na marra ao deixá
deixá-lo
lo na Presidência do Senado.
Ixe, agora você me irritou. Não vou me estender mais porque o teu artigo
no que defende está super bem escrito. Ademais, o quê um homem
entenderá de aborto? Estou deixando a festa acabar para replicar teu texto,
agora ninguém está lendo nada... só nós dois. Bom 2017! (com
exclamação). Um abraço arrochado, te cuida. PS. Existe um ssite chamado
www.academia.edu em que teus textos cairiam bem. PS2. Se tiver aí acima
alguma bobagem “legal” desculpe, não sou da área...
Não vou escrever muito, pois nem sei se ainda está vivo. (Espero que
esteja; se não estiver, que palhaçada, hein?). Andei muito tempo sem
escrever porque estava viajando e estava lendo muito por aqui no tempo
que me sobrava. Meu trabalho não é exaustivo, mas acaba consumindo
muito dos meus dias, em minha opinião. Uma jornada de 6h por dia seria o
ideal. Há ainda afazeres domésticos. Não sou nenhuma perfeccionista, nem
limpo com frequência, mas mesmo assim
assim o ato de cozinhar, por exemplo,
toma um bom tantinho das minhas horas acordada (não estou reclamando;
gosto de cozinhar minha comida e não gosto da ideia de ter uma diarista). E
não pense que sumi por algum problema com você (apesar de achar sempre
muito
ito chatos papos sobre depressão, suicídio, etc.; sou schopenhaueriana,
mas tenho imenso apreço pela vida), pois sumi para todos. Meus amigos
próximos nem souberam que fui viajar por mais de um mês para a Europa.
Às vezes sumo para valer, mesmo, e nem é por por nenhum motivo especial.
Por aqui tudo bem. E por aí? :). Espero seu sinal de vida (se estiver morto,
que palhaçada, hein?, de novo) para escrever mais. (Barbara Maidel)
Barbara! Que alegria neste fim de domingo. Como vês estou vivinho da
silva. O meuu suicídio é na verdade “suicídio”, de brincadeira. Poeta que
não se suicida até os 25 anos perdeu o bonde. Então você estava se
divertindo. Que bom. Depois de se descompensar (retornar é sempre
descompensar) e de descansar da viagem escreva. Não tenha pre pressa.
(Salomão Rovedo)
Fico meio receosa em julgar seu amigo que diz que nada mais presta na
literatura porque tudo que é bom já foi escrito. Às vezes penso que ele pode
ser um frustrado. Veja, certa
certa época em que pensei "desisto, não escrevo
nenhuma história realmente boa" também comecei a ter esse pensamento
de que tudo que é bom já foi escrito. Até perceber que isso era prepotência
minha – "como não consigo escrever, não há mais nada para ser escr
escrito" – e
inclusive certa forma de inveja, uma inveja que queria poder impedir os
outros de tentarem escrever já que eu tinha fracassado na escrita. Parei de
pensar isso. E também não desisti de escrever. No momento, acho que já
falei, estou tentando escrever
escrever contos. Vamos ver no que dá. Estou indo com
muita lentidão e cautela. (Barbara Maidel)
Lembro que no ano passado você passou a virada dormindo. E eu passei
vendo um filme. Acho que há grandes chances de fazermos o mesmo neste
ano, não? Vou baixar esse filme Imensidão azul de que falou. Procurei no
Netflix e não está lá. Eu achava que Netflix era besteira, associava a fãs de
séries. Até que compramos uma TV na Black Friday – após mais de ano
sem TV em casa, e eu queria a TV para poder baixar filmes na internet e
ver em telona – e lá estava o aplicativo do Netflix com "um mês grátis para
testar". Não custava testar. E até que a grade de filmes dele é bem ampla.
Claro, há inúmeros filmes que ainda precisarei baixar se quiser ver – esse
que você recomendou,
dou, por exemplo –,, mas até que me surpreendi com o
que o Netflix oferece por uma mensalidade tão baixa. Você tem TV a cabo?
O filme mais recente do Woody Allen – Café society – é muito ruim, aliás.
(Eu tinha baixado). Caso já tenha Netflix, recomendo de lálá o filme O rei da
comédia, do Scorsese. É um tipo de filme que ele não faz mais, há muito
tempo, mas eu adoro. Esse e Depois de horas estão entre meus preferidos
dele. Claro, "Os bons companheiros" também é excelente, mas aí já é outro
tipo de filme, mais próximo do que o Scorsese ainda faz. (Barbara Maidel)
Não liga para meu amigo que diz que nada mais presta na literatura porque
tudo que é bom já foi escrito. Isso de já ter sido escrito é bobagem – porque
– quem irá ler ou escrever o que já foi escrito? Tudo que pa passa vira
labirinto, palavras, textos, enredos – ninguém conseguirá ler porque 1) é
difícil e caro 2) tudo vira Camões, isto é, vira hieróglifo. Arte é
transformação. Tem outras alegações, mas não vou mexer nisso. É
bobagem. Escreva contos, sim, para descobrir
descobrir que é a mais exata expressão
literária. Do conto se pode partir para o romance, para o teatro, para a
poesia. O Philip Roth que você citou tem alguns contos. Já li alguma coisa
dele. Os irlandeses também são excelentes contistas. Acabei de ler O
teoremaa do papagaio, achei meio frustrante. Dá a impressão que o autor
não conseguiu realizar o que imaginou. Isso é a pior coisa para quem
escreve e a mais difícil também. Uma coisa é estar na cabeça, outra bem
mais demolidora é passar para o papel. Arre! – lá vai mais uma
exclamação. (Salomão Rovedo)
Falar nisso Barbara presta atenção: nós trabalhamos com uma língua; uma
linguagem; isso inclui uma gramática; um vocabulário; que está dividido
em 1) culto 2) popular 3) inculto (gíria, calão, etc).; que incl
inclui: música,
poesia, folclore, história; que se modifica a todo instante; que passeia pelo
tempo indo ao passado remoto e imaginado no futuro distante; e por aí vai.
Portanto, se escolheste escrever... Aqui eu ia dizer fuck-se,
fuck se, mas não farei.
Digo apenas: aprende
prende a nadar, a respirar sob a terra, a ser astronauta do
cosmos (sem capacete). Discordo de: “Estou indo com muita lentidão e
cautela”. Isso é coisa de velho. Sabe de onde vem a tua dificuldade? Na
hora de escrever literatura você não consegue cortar o umbilical BM Page
II. No dia que conseguir se descolar vai ser fácil. Agora vou ali beber uma
cerveja Eisenbahn 5 anos que, diz o rótulo, é feita em Santa Catarina...
(Salomão Rovedo)
Oi Barbara! Bem-vinda
vinda de volta! Que bom reciclar em casa, né? Fiz a
travessia do calendário... dormindo. As festas
festas no Rio são para turistas e
cariocas fanáticos. Para quem quer escrever contos, tem que ler contistas
brasileiros - que são excelentes! A correlação total ler-escrever
ler escrever é óbvia.
Dinah Silveira de Queirós, Dalton Trevisan (!), Lygia Fagundes Telles (!),
Brenno
nno Accioly (!), João Antônio (!), Caio Fernando Abreu - eis alguns dos
melhores. Me mande o endereço do teu trabalho ou outro para que eu possa
te remeter livros do meu primo, que é cronista e escreve muito bem. Acho
que será ótimo como tema de estilo e para
para quem gosta de anotar palavras.
Joaquim Itapary - nome dele - escreve de acordo com a regra, ao contrário
de mim. Te mando anexo um escrito meu inédito. Está em fermentação. Eu,
ainda em 'transe de realização', não consegui traduzir o que ele significa.
Leia e se quiser criticar faça-o
faça o sem misericórdia. Feliz em te ter de volta.
(Salomão Rovedo)
Barbara, tive um trabalhão danado para reler a tua matéria, mas achei que
fui muito sucinto. Todos os temas tratados não costumam me atrair. No
caso da pedofilia,
filia, jogo tudo no colo de Freud – como a maioria dos tabus
sexuais. Assim me livro do peso e posso aspirar ao céu... Passo adiante
algumas notas, também não tão profundas. Desculpe os erros de
interpretação. 1) Não sei se Italo Calvino consideraria o livro
livro um clássico.
Ítalo Calvino entrou aí como quê? Dono da última palavra? Não
precisava... . 2) Engraçado, para mim isso não passa de pedofilia colocada
em prática. (Aqui vc. começa a fazer confusão entre ficção e realidade, que
continua até o final do artigo).
artigo). 3) Vi também que Nabokov parecia
considerar a acusação de banalização da pedofilia coisa muito moralista.
(Parecia considerar; banalização da pedofilia. Pensamentos inconclusos que
misturam arte e realidade). 4) A arte tem dessas: faz com que crimes sejam
vistos como belos, suaves, porque com nova roupagem. (Crime pressupõe
lei condenatória. Mas muitos países não têm leis que tratam pedofilia como
crime. Alguns nem classificam ‘pedofilia’). 5) como um homem com filhas
pôde adaptar uma obra que brinca com a pedofilia. (Nova confusão entre
arte & realidade). 6) a literatura não obrigatoriamente tem que expurgar
dentro da própria trama os crimes que acontecem nela, num engajamento
severo, (Pronto! Aqui vc. faz o mea-culpa
mea culpa que retrata toda a confusão do
texto).
xto). 7) Mas personagens são pessoas, e, tal como as pessoas, recebem
julgamentos. Qual é a motivação de um personagem para ser imoral?
(Peraí: personagens são pessoas? Personagens são personagens, ficções,
imitação da realidade, como tal não têm obrigação moral). 8) O papel da
arte também é nos causar ojeriza. Você não é obrigado a criar laços de
simpatia com qualquer protagonista vil que caia no seu colo. (Não mesmo.
Se vc. sentiu ojeriza, vontade de vomitar, reconheça que a arte foi bem
criada. E julgar um livro, criação ou arte, é censurar. Basta que sua posição
seja forte e a justiça se fará sozinha). 9) O que mais me assustou sobre os
depoimentos das mulheres não foi o teor, mas a idade que relatavam que
tinham quando foram assediadas pela primeira vez.vez. Sete, oito, nove, dez
anos. Eram crianças sendo assediadas, alisadas, convidadas para fazer
alguma coisa sexual em troca de dinheiro ou doces. (Eis para que as leis
são criadas. Nesse conceito, dura Lex, sed Lex).
Acho que você se incomoda demais com a minha militância contra Deus.
Não sabia que era tão espiritual. Sugiro que pule essa parte no blog, porque
a tendência é que eu sempre faça algum ativismo nas postagens (seja sobre
ateísmo, veganismo, feminismo razoável, etc.). Fico muito feliz que tenha
gostado da postagem sobre Hitler e espero que um dia leia o livro. Demorei
um pouco para escrever, mas é porque tinha queque selecionar os trechos que
valia a pena colocar (parece fácil, mas não é, principalmente quando se
trata de uma pessoa um tanto metódica com essas coisas quanto eu). Minha
mania seria a de sempre alterar as postagens posteriormente, mudando
palavras, acrescentando
scentando coisas que sejam mais esclarecedoras, mas acabo
deixando como está porque perfeccionismo – e perfeccionismo em um blog
– só me levaria à loucura. Também demorei um pouco para escrever a
postagem porque ainda estou me instalando em São Paulo e no meu
emprego em Campinas. Não é tão simples mudar de cidade após tantos
anos morando na mesma cidade com os meus pais! (Barbara Maidel)
Fora Deus, não sei o que mais você consideraria farofa. Percebi que eu
andei escrevendo muito sobre o PT (e colando textos de colunistas que
falam mal do PT). Não sei se considera isso ruim, mas achei necessário. E
tenho me segurado para não colar vários outros – até porque desse jeito
meu blog se tornaria uma colagem de textos alheios. Esses dias quase
coloquei lá uma breve e ótima coluna do Ruy Castro sobre a quantidade
absurda de ministérios neste país. Talvez eu coloque, é um texto muito
bom. Penso muito em escrever um livro (um romance ou livro de contos),
mas por enquanto ainda estou guardando palavras. Tenho um ccaderninho
aonde vou anotando palavras de que gosto e penso em usá-
usá-las no futuro.
Começar mesmo a colocar a ideia de escrever em prática, só quando eu
estiver trabalhando em São Paulo. Atualmente moro em São Paulo, mas
trabalho em Campinas, e todos os dias acordo muito cedo para pegar o
ônibus para o trabalho e volto muito tarde para casa... Não há ânimo para
escrever algo sério desse jeito e também não me importo de esperar até que
esteja mais experiente na escrita.
Que e-mail
mail enorme, e saboroso de ler! Lembra as antigas cartas de duas e
três "folhas" – (como a gente chamava a lauda). Obrigado. Puxa, morar em
São Paulo e trabalhar em Campinas? Vixe! Tô comcom medo de vc. sofrer. Mas
navigare necesse est,, então, não tem jeito - ainda mais que o trabalho é
realização prática dos estudos que fizemos, né? Sem ele não sobrevivemos.
São Paulo é bom lugar para escrever - até mesmo para perder o medo de
"escrever algoo que não preste”. Largue de lado: 1) Idade para escrever
(Fernando Sabino inaugurou-se
inaugurou se nos livros aos 19 anos); 2) “Medo de
escrever algo ruim ou o mais do mesmo”. São duas coisas que só existem
na sua cabeça. Porém, por mais que se escrevam maçarocas e maçarocas,
terá alguma vírgula que preste. Vc. lê – por exemplo – Dom Quixote, aí te
vem vontade de dizer algo sobre esse livro. Lembre-se:
Lembre se: cada leitor é um
leitor novo. Vc. escreverá? O que vc. terá “de novo” para dizer do Quixote?
Pois eu escrevi, ora, o livro é forte, mexe com a gente, pede para escrever!
Não fazer o que eu queria, é que eu chamo “autocensura” – não! Escrevi, e
até um dia recebi e-mail
mail do Instituto Cervantes me pedindo autorização
para botar o texto na biblioteca virtual... Autorizei. ((Salomão
Salomão Rovedo)
FIM
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© Salomão Rovedo