Apostila - Tópico de Biologia Geral

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TÓPICOS DE BIOLOGIA GERAL

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SUMÁRIO

Introdução à Biologia 3
BIOQUÍMICA 11
BIOLOGIA CELULAR 28
Introdução a Evolução 81
Teorias sobre a Origem da Vida 83
A Teoria de Lamarck 86
A Teoria de Darwin 87
Teoria Sintética da Evolução 89
Especiação 98
Processos de Especiação 101
Isolamento Reprodutivo 102
REFERÊNCIAS 124
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Introdução à Biologia

O que a Biologia Estuda?

A palavra biologia vem do grego bios


“vida” e logos “estudo” ou “tratado”.
Podemos conceituar biologia como: a
ciência que estuda os seres vivos e suas
manifestações vitais.
Essas manifestações vitais são
utilizadas para diferenciar os seres vivos dos
seres brutos.

Características da Vida:

A Terra está cheia de vida. Nas profundezas dos oceanos e no ponto mais
alto de latas montanhas é possível encontrar seres vivos. Tanto nas altas
temperaturas vulcânicas, que queimariam a pele humana ao menor toque, como de
baixo da neve, em temperaturas abaixo de zero grau, é possível encontrar vida. É
claro que não são os mesmos seres que podem viver nessas condições tão
extremas, mas eles possuem uma série de características comuns que expressam a
vida. Não é fácil definir vida, mas é possível enumerar algumas características
presentes nos seres vivos.
Para ser considerado um ser vivo, esse tem que apresentar certas
características como: Ser constituído de célula; buscar energia para sobreviver;
responder a estímulos do meio; reproduzir; evoluir. Ter metabolismo próprio.
Um ser vivo, para ser assim considerado, não precisa ter todas as
características que vamos estudar aqui, mas certamente possuir parte delas.

Composição Química
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É o conjunto de átomos que compõem os


seres. A matéria viva se caracteriza pelo
equilíbrio de bilhões de íons e de moléculas, que
constituem seu equipamento bioquímico.
A análise química das células de qualquer
ser vivo revela a presença constante de certas
substâncias que, nos diversos organismos,
desempenham fundamentalmente o mesmo
papel biológico.
Os componentes químicos da célula
podem ser divididos em dois grandes grupos “Inorgânicos e Orgânicos”

• Componentes inorgânicos: são moléculas simples, e estão


representados pela água e sais minerais.

• Componentes orgânicos: são moléculas que possuem carbono na


sua constituição, e são representados pelos carboidratos, lipídios, proteínas,
vitaminas e os ácidos nucleicos.

Organização Celular

Enquanto nos seres não vivos não há uma organização complexa, nos seres
vivos há unidades organizadas denominadas células.

Célula: é a unidade morfológica (anatômica) e fisiológica dos seres vivos. E


está dividida em três partes: membrana celular, citoplasma e núcleo.
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Com exceção dos vírus os demais seres vivos são constituídos por células.
Essas apresentam constituição e organização diversificadas, como se observa a
seguir:

Quanto ao Número de Células:

• Unicelular: organismo constituído por uma única célula. Exemplos:


bactérias, cianobactérias, protozoários, algumas algas e alguns fungos.
• Pluricelular: organismo constituído por várias células. Exemplos:
algumas algas, alguns fungos, todos os vegetais (considerando-se que as
classificações atuais colocam todas as algas eucariontes no Reino Protista) e todos
os animais.
Quanto à Organização Nuclear:

• Procarionte ou procariótica: não apresenta a carioteca ou membrana


nuclear. Exemplos: bactérias e cianobactérias.

• Eucariontes ou eucarióticas: são células mais complexas que os


procariontes e apresentam carioteca ou envoltório nuclear e, portanto, o material
genético organizado. Exemplos: Protozoários, algas protistas, fungos, vegetais e
animais.
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Subdivisões das Células Eucariontes:


• Células Vegetais (com cloroplastos e com parede celular;
normalmente, apenas, um grande vacúolo central).

• Células Animais (sem cloroplastos e sem parede celular; vários


pequenos vacúolos)

Metabolismo
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É o conjunto de transformações que ocorrem nos seres vivos. As substâncias


que formam o corpo dos seres vivos estão em contínua modificação.
Reagem umas com as outras e se modificam.
O metabolismo ocorre quando, por exemplo, uma molécula de açúcar libera
energia para o ser vivo, moléculas de aminoácidos se unem para formar as
proteínas necessárias para o organismo, ou quando as enzimas digerem o alimento
no intestino. O metabolismo pode ser dividido em:

• Catabolismo: reações que provocam a quebra de substâncias.


Exemplos: respiração aeróbica, fermentação, digestão entre outros.

• Anabolismo: reações que provocam a síntese (produção) de


substâncias. Exemplos: fotossíntese, quimiossíntese, fotorredução entre outros.

• Homeostase: conjunto de fenômenos que garantem o equilíbrio do


organismo. Exemplo: o suor controlando a temperatura.

Tanto os organismos autótrofos como os heterótrofos necessitam de retirar a


energia contida nas moléculas dos açucares. Isso eles fazem através da respiração.
Essa energia é utilizada pelos seres vivos em suas várias atividades.

Excitabilidade
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É a capacidade de um ser vivo de responder a um estímulo. São diversas as


formas de um ser vivo responder a um estímulo, por exemplos: correr, andar,
paralisar, tremer entre outros, porém depende sempre da participação de um dos
dois fenômenos a seguir:

• Sensibilidade: envolve a participação do sistema nervoso; os


organismos que apresentam podem responder de forma diferente ao mesmo tipo de
estímulo. Exemplo: quando o estímulo é um beijo, ele pode ser rejeitado (no caso
de um estranho, feio e de odor desagradável) ou aceito (no caso de um parente, um
namorado ou namorada, isso se o odor for agradável).
• Irritabilidade: não tem a participação do sistema nervoso; são
respostas atribuídas, sempre, da mesma forma. Exemplo: o fechamento da folha da
planta, popularmente conhecida como malícia ou dormideira, ao ser tocada.

Reprodução

É a capacidade que os seres vivos têm de dar origem a novos indivíduos da


mesma espécie. A reprodução é uma característica vital para a espécie, mas não
para o indivíduo.
Essa característica é necessária para manter uma espécie no decorrer dos
tempos, curiosamente não é necessária para manter a vida de um indivíduo. Assim,
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se um único macaco-prego deixar de se reproduzir, a espécie continuará existindo.


Porém, se todos os macacos-prego deixarem de se reproduzir, em uma única
geração eles deixarão de existir.

A reprodução pode ser:

• Reprodução assexuada ou agâmica: ocorre em um único organismo


e pode ser: Cissiparidade ou fissão binária ou divisão simples ou bipartição e
Gemiparidade ou Brotamento. Ex.: vírus, bactérias, algas unicelulares e em alguns
protistas.

• Reprodução sexuada ou gâmica: ocorre pela união de duas células


(gametas) que originam na maioria das vezes indivíduos diferentes, ou seja, há
necessidade de dois sexos para haver reprodução entre os indivíduos. Ex.: homem x
mulher, galo x galinha...

Evolução

É o processo através do qual ocorrem mudanças ou transformações nos


seres vivos ao longo do tempo, dando origem a espécies novas.
Os seres vivos são capazes de se modificar no decorrer do tempo graças,
principalmente, as mutações.
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Sem essa capacidade a vida acabaria no planeta, já que este está


continuamente se modificando. Se os seres vivos também não se modificassem, não
seriam capazes de sobreviver às novas condições ambientais (seleção natural).

Subdivisões da Biologia

Assim como nas outras ciências a Biologia também apresenta subdivisões ou


campos de estudo. Não é possível para um biólogo trabalhar conhecendo
exclusivamente seu campo de ação. Um botânico deve ter conhecimentos de
citologia, genética, zoologia. Há diversas formas de apresentar os campos da
Biologia.

SUBDIVISÕES OBJETO DE ESTUDO

Bioquímica ou Os componentes químicos da matéria viva e seus respectivos


Citoquímica papéis biológicos.

Citologia Á célula, sua estrutura e seu funcionamento.

Histologia Os tecidos formados pelas células.

Embriologia A formação e o desenvolvimento dos embriões.

Genética Os processos da hereditariedade, isto é, como os genes são


transmitidos e como atuam.

Evolução As origens e as modificações que as espécies sofrem no decorrer


do tempo.

Ecologia A estrutura e a função dentro das unidades da natureza, os


ecossistemas.

Anatomia A forma e a estrutura dos diferentes elementos constituintes dos


seres vivos.

Fisiologia O funcionamento das estruturas dos seres vivos sejam elas as


células, os tecidos, os órgãos, os sistemas e o próprio ser vivo
como um todo.

Taxonomia Os critérios e a classificação dos seres vivos.

Paleontologia Estuda fóssil e impressões deixados pelos seres que habitaram a


Terra num passado remoto.
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BIOQUÍMICA

Composição Química

A análise química das células de qualquer ser vivo revela a presença


constante de certas substâncias que, nos diversos organismos, desempenham
fundamentalmente o mesmo papel biológico.
Os componentes químicos da célula podem ser divididos em dois grandes
grupos “Inorgânicos e Orgânicos”.

Componentes inorgânicos: são moléculas simples, sem carbono na sua


constituição. Ex.: água e sais minerais.

A Água

Considerado o componente químico mais abundante da matéria viva, a água


atua como solvente universal. Essa característica da água é de fundamental
importância para os seres vivos, uma vez que as reações químicas de natureza
biológica ocorrem em soluções. A maioria dos seres vivos conhecidos não
sobrevivem na ausência de água. A quantidade de água no corpo dos seres vivos
varia de espécie para espécie.

Obs1.: as células nervosas do cérebro de um ser humano adulto podem


conter cerca de 78% de água, enquanto as células ósseas, de menor atividade
metabólica, contêm cerca de 40% de água.

Obs2.: um feto humano de três meses, contém cerca de 94% de água,


enquanto um recém-nascido apresenta cerca de 70% e um ser humano adulto,
aproximadamente 65%.
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Propriedades da Água

Cada molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio (H) e um


átomo de (O), e é representada pela fórmula H2O. A disposição dos átomos na
molécula faz com que as cargas elétricas não sejam distribuídas de maneira
uniforme, criando um polo com cargas negativas e um com cargas positivas.
Assim, a água é considerada uma molécula polar. Os polos positivos e
negativos de diferentes moléculas se atraem, estabelecendo as ligações de
hidrogênio (ou pontes de hidrogênio), que promovem a coesão entre as moléculas
de água.
A coesão entre as moléculas de água faz com que a superfície do líquido se
comporte como uma película elástica. Essa propriedade, chamada de tensão
superficial, permite que pequenos insetos caminhem sobre a água sem afundar.
As moléculas de água também atraem outras moléculas e, assim, podem
aderir a determinadas superfícies. Essa propriedade é denominada adesão.
A coesão e a adesão permitem que a água suba por tubos finos em um
fenômeno conhecido como capilaridade. As moléculas de água ligam-se entre si e
com as paredes do tubo, possibilitando a ascensão do líquido. Esse fenômeno é
parte da explicação de como a água, absorvida pelas raízes das plantas, chega até
suas folhas mais altas.
Outra propriedade da água relacionada a sua polaridade é a capacidade de
dissolução. A água pode dissolver diversas substâncias, sendo chamada de
solvente universal.
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A Água nos Seres Vivos

Por causa de suas propriedades químicas, a água desempenha diversas


funções nos seres vivos. Algumas delas estão listadas a seguir:

• Participação em reações químicas: A água atua em diversas reações


químicas dos organismos, como reagente ou como produto.
• Atuação como solvente: A água é capaz de dissolver gases,
proteínas, aminoácidos e muitas outras substâncias, facilitando a ocorrência de
reações químicas.
• Meio de transporte: O fluxo de água nas células e no organismo
facilita o transporte de substâncias, como hormônios, nutrientes, gases, entre outras.
• Proteção térmica: A variação da temperatura da água é pequena,
mesmo quando ela recebe grande quantidade de calor. Dessa forma, organismos
que possuem grande quantidade de água em sua composição estão protegidos de
variações de temperatura. Além disso, a evaporação da água presente no suor, por
exemplo, contribui para o controle da temperatura corporal em alguns mamíferos.

Sais Minerais (Fé, Na, K, Ca, Nacl...)

Os sais minerais são substâncias inorgânicas, ou seja, não podem ser


produzidos por seres vivos. Sua maior parte está concentrada nos ossos. Entre os
mais conhecidos estão o cálcio, o fósforo, o potássio, o enxofre, o sódio, o
magnésio, o ferro, o cobre, o zinco, o selênio, o cromo, entre outros.
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Estas substâncias inorgânicas possuem funções muito importantes no corpo


e a falta delas pode gerar desequilíbrios na saúde. Contudo, há alguns minerais
como, por exemplo, o alumínio e o boro, que podem estar presentes no corpo sem
nenhuma função.

Alguns íons minerais, principais fontes e importância.

Sais Fontes Importância


Sódio Sal de cozinha Necessário para a transmissão
nervosa e o equilíbrio hídrico
Cloro Sal de cozinha Necessário na formação do suco
gástrico.
Fósforo Carnes, leite e cereais. Atua na composição dos ossos e dos
dentes;
Potássio Carnes, leite e frutas. Necessário para a transmissão
nervosa e a contração muscular.

Cálcio Laticínios e peixes. Fundamental para os ossos e os


dentes.
Iodo Sal e frutos do mar. Faz parte dos hormônios da tireoide.

Ferro Carnes, cereais Faz parte da molécula de


integrais e ovos. hemoglobina, necessária para o
transporte de gases no sangue.

Flúor Na água fluoretada Necessário para a transformação dos


ossos e dos dentes.

Componentes Orgânicos

São moléculas que possuem carbono na sua constituição. Ex.: carboidratos,


lipídeos, proteínas, vitaminas e ácidos nucleicos.
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Carboidratos

São também conhecidos açucares hidratos de carbono ou glicídios, são


compostos orgânicos elaborados pelos organismos autótrofos, como as plantas e as
algas, por meio do processo denominado de fotossíntese. Já os organismos
heterótrofos, como os animais, devem obter essas moléculas por meio da nutrição.
Os carboidratos estão presentes em diversos alimentos, como frutas, legumes, pães,
massas e doce. Essas substâncias constituem a principal fonte de energia para as
células desempenharem suas funções, como produzir e transportar substâncias,
crescer e se dividir.

Classificação dos Carboidratos

Os carboidratos são classificados, de acordo com a organização e o tamanho


de sua molécula, constituídos por átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio
(O), em três grandes grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

Monossacarídeos: são carboidratos simples, que não sofrem hidrólise, de


fórmula geral Cn (H2O)n, em que n varia, de 3 a 7. As pentoses e hexoses são os
monossacarídeos mais importantes e mais comuns nos seres vivos.

Monossacarídeos Ocorrência e papel biológico


Galactose (C6H12O6 ) É um dos componentes do açúcar do leite (lactose).
Tem função energética
Frutose e Glicose (C6H12O6 ) Mel e frutos diversos. Tem função energética

Ribose Componente estrutural do ácido ribonucleico (RNA)


(C5H10O6 )
Desoxirribose Componente estrutural do ácido desoxirribonucleico
(C5H10O4 ) (DNA). Não segue a fórmula geral dos
monossacarídeos Cn (H2O)n
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A cana -de-açúcar é uma planta que As frutas são fonte de carboidratos simples,
acumula sacarose em seu caule. como a frutose.

Dissacarídeos ou Oligossacarídeos: do grego oligo “poucos” são


carboidratos formados pela junção de duas moléculas de monossacarídeos.

Dissacarídeos Ocorrência e papel biológico


Sacarose É o açúcar da cana e da beterraba. Tem função
(glicose+frutose) energética.
Lactose É o açúcar do leite. Tem função energética
(glicose +
galactose)
Maltose É obtido do amido por hidrólise. Tem função energética.
(glicose + glicose)

Polissacarídeos: São carboidratos constituídos por centenas ou milhares de


monossacarídeos. Essas moléculas recebem o nome de polímeros de
monossacarídeos. São exemplos à celulose, o amido, o glicogênio e a quitina.

Polissacarídeos Ocorrência e papel biológico


Amido (com mais de É reserva natural das plantas. Encontra-se
1.400 moléculas de armazenado em altas proporções em certos caules
glicose. (como o da batata), em certas raízes (como a
mandioca) e em semente de cereais (como o milho).
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Celulose É o mais abundante polissacarídeo da natureza.


Constitui o principal componente estrutural da
parede celular das células vegetais.

Glicogênio (pode É o polissacarídeo de reserva dos animais em geral.


conter cerca de Armazenado principalmente nas células do fígado e
30.000 dos músculos. Tem papel energético.
moléculas de
glicose)

Quitina É um polissacarídeo nitrogenado que confere rigidez


e resistência ao tecido onde ela se encontra. Ela
constitui o exoesqueleto dos artrópodes (crustáceos,
insetos, aracnídeos), sendo também encontrada na
parede celular de certos fungos.

Principais Funções dos Carboidratos

Os carboidratos desempenham dois papéis principais nos seres vivos:


energético e estrutural.

• Energético: A glicose é a principal fonte de energia para as células. As


plantas podem armazenar glicose na forma de amido para utilizá-la quando
necessário, ao passo que os animais armazenam glicose na forma de glicogênio,
que fica estocado nas células musculares e no fígado.

• Estrutural: Alguns polissacarídeos compõem uma parte orgânica dos


seres vivos: como a celulose, que constitui a parede das células vegetais, e a
quitina, que compõe o exoesqueleto os artrópodes.

Lipídios
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Do grego lipos “gordura”, são moléculas insolúveis em água e solúveis em


solventes orgânicos (benzina, querosene álcool...). São também chamadas óleos ou
gorduras.

Classificação dos Lipídios

Os lipídeos podem ser classificados em: glicerídeos, fosfolipídios, ceras


ou cerídeos, esteróis e carotenoides.

• Glicerídeos: podem ser de origem animal, como a gordura presente


em carnes, manteiga e ovos, ou de origem vegetal, como os óleos vegetais,
presentes no azeite de oliva ou no óleo de soja. Os glicerídeos de origem animal são
sólidos a temperatura ambiente, enquanto os de origem vegetal são líquidos.
Funções: Isolante térmico e Reserva energética.

• Fosfolipídios: constituem as membranas plasmáticas das células de


todos os seres vivos. Cada molécula de fosfolipídios tem uma região hidrofílica (que
tem afinidade com a água) e uma região hidrofóbica (sem afinidade com a água).
Essa característica permite que esses lipídios separem meios aquosos, como o meio
intra e extracelular, pela forma como se posicionam na membrana plasmática. Os
lipídios dispõem-se em uma camada dupla, e as regiões hidrofílicas ficam voltadas
para os meios intra e extracelular (aquosos). As regiões hidrofóbicas voltam-se para
o interior da dupla membrana.
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• Cerídeos ou Ceras: são lipídios produzidos por animais e plantas. Nas


plantas, de forma geral, as ceras têm função impermeabilizante. São produzidas e
depositadas na superfície das folhas ou dos frutos para diminuir a perda de água. A
cera produzida pelas abelhas também é formada por lipídios, assim como o cerume
presente nas orelhas de alguns mamíferos.
Funções: Contribuem para defesa da planta contra a desidratação.
• Esteroides: formam um conjunto de substâncias muito variadas. Um
exemplo é o colesterol, lipídio presente em alimentos de origem animal, como carne,
leite e ovos, que faz parte da composição das membranas celulares dos animais. Os
hormônios sexuais, como estrógeno (nas fêmeas) e a testosterona (nos machos)
também são exemplos de esteroides.
Funções: Participam da composição química da membrana das células
animais e atuam como precursor de hormônios sexuais (progesterona e
testosterona).

Obs.: No corpo humano, o colesterol pode ter duas origens: exógena (se
ingerido através de alimentos (leite e derivados, ovos e carne em geral)) e
endógena (se fabricado pelo próprio organismo). O fígado não só produz como
também degrada o colesterol, atuando como um órgão regulador da taxa dessa
substancia no sangue.
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• Carotenoides: são pigmentos avermelhados e alaranjados produzidos


por seres autótrofos que participam do processo de fotossíntese.

Principais Funções dos Lipídios

Entre as principais funções dos lipídios, destacam-se as de reserva


energética, isolante térmico, estrutural e reguladora.

• Reserva Energética: animais e plantas armazenam lipídios em seus


corpos. Esses lipídios são utilizados como fonte de energia para as células quando
há pouco carboidrato disponível. Nas plantas, os lipídios são armazenados em
sementes e frutos; nos animais, no tecido adiposo.

• Isolante Térmico: nos animais, como os mamíferos, o tecido adiposo


está localizado abaixo da pele e funciona como isolante térmico, ajudando a manter
a temperatura corporal.

• Estrutural: os fosfolipídios e o colesterol compõem a membrana


plasmática das células.
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• Reguladora: alguns lipídios, como o colesterol, são precursores de


substâncias reguladoras das funções do corpo, como certos hormônios.

Proteínas

São compostos orgânicos complexos, formado por carbono, hidrogênio,


oxigênio e nitrogênio. Suas unidades básicas são os Aminoácidos, que se ligam em
cadeias, os polipeptídios. Os aminoácidos caracterizam quimicamente pela presença
de um átomo de carbono, ao qual se ligam um grupo carboxílico (COOH), um grupo
amina (NH2), um radical e um átomo de hidrogênio.
Os vegetais conseguem produzir todos os tipos de aminoácidos, enquanto os
animais devem obter parte deles por meio da dieta, por não serem capazes de
produzi-los. Os aminoácidos produzidos por um organismo são chamados de
aminoácidos naturais. Aqueles obtidos por meio da dieta são denominados
aminoácidos essenciais.

São conhecidos cerca de vinte aminoácidos que rotineiramente participam da


estrutura das proteínas. Ex.: glicina, valina, serina, isoleucina, cisteina, leucina, ácido
glutâmico.
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Esquema da estrutura de uma proteína. Cada parte de cor diferente


representa um aminoácido distinto.

Para formar as proteínas, os aminoácidos combinam-se por meio de ligações


químicas denominadas ligações peptídicas. Em cada ligação há liberação de uma
molécula de água. As proteínas podem diferir quanto ao tipo, à quantidade e à
ordem dos aminoácidos que as compõem.

Principais Funções das Proteínas

As proteínas são essenciais aos seres vivos, participando de diversas


funções, como: estrutural, enzimática, transporte e defesa.

• Estrutural: As proteínas compõem a membrana plasmática e os


filamentos que sustentam as células. O colágeno, por exemplo, é uma proteína
presente na pele, nos tendões e nos ligamentos. A queratina, outro tipo de proteína,
recobre as células da pele e forma pelos, unhas, penas, garras, bicos e placas
córneas em diversos animais.
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• Enzimática: as enzimas são proteínas que facilitam as reações


químicas. Praticamente todas as reações químicas que ocorrem nos seres vivos
dependem da ação das enzimas. Um exemplo é a amilase salivar, enzima presente
na saliva e que auxilia no início da digestão dos carboidratos.

• Transporte: Na membrana plasmática das células há proteínas


responsáveis pelo transporte de íons entre os meios intra e extracelulares. No
sangue dos mamíferos, a hemoglobina é uma proteína que transporta os gases
respiratórios para todas as células do corpo.
• Defesa: Os anticorpos são proteínas responsáveis pela defesa do
organismo contra agentes estranhos, como vírus e bactérias, que podem causar
doenças.

Ácidos Nucleicos

Os ácidos nucleicos são moléculas orgânicas relacionadas ao controle das


atividades celulares, ao armazenamento e à transmissão das informações
hereditárias ao longo das gerações . Há dois tipos de ácidos nucleicos , o DNA
(ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico).

Composição dos Ácidos Nucleicos


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Os ácidos nucleicos são grandes moléculas constituídas por unidades


menores denominadas nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído por três
componentes: uma pentose (açúcar com 5 carbonos na molécula), uma base
nitrogenada (púrica e pirimídica) e um ácido fosfórico.
As bases nitrogenadas podem ser divididas em dois grupos: purinas e
pirimidinas. No grupo das purinas estão a adenina (A) e a guanina (G). As
pirimidinas são a citosina (C), a timina (T) e a uracila (U).
Adenina, guanina e citosina estão presentes tanto no DNA como no RNA. No
DNA apresenta timina e no RNA só apresenta a uracila.

O DNA

No DNA estão codificadas as informações genéticas que controlam


praticamente todos os processos celulares. Essas informações são transmitidas de
uma geração para a próxima. A molécula de DNA é formada por duas cadeias de
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nucleotídeos ligadas entre si por meio de ligações de hidrogênio entre as bases


nitrogenadas.
O DNA tem a capacidade de duplicar sua molécula em um processo
chamado de replicação.

O RNA
O RNA é formado por apenas uma cadeia de nucleotídeos. As bases
nitrogenadas presentes no RNA são a adenina, a uracila, a guanina e a citosina. O
RNA, de forma geral, é responsável pela expressão das informações contidas no
DNA, atuando na produção de proteínas. As moléculas de RNA são produzidas de
moléculas de DNA pelo processo de transcrição.

Diferenças entre DNA e RNA


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Vitaminas
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São substâncias orgânicas de natureza química heterogênea. Elas atuam


como coenzimas, ativando enzimas fundamentais no metabolismo dos seres vivos.
Ao contrário dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas, as vitaminas não têm
função estrutural nem função energética; além disso, são exigidas pelo organismo
em doses mínimas. Cada vitamina tem um papel biológico especifico; portanto,
nenhuma vitamina pode substituir outra vitamina diferente. As vitaminas podem ser
classificadas de acordo com a solubilidade em lipídios (lipossolúveis: A, D, E e K)
ou em água (hidrossolúveis: C e Complexo B). Assim, temos:

Vitaminas Principais Fontes Carência no Organismo


Vitamina A Leite e derivados, ovos, fígado, Hemeralopia (cegueira
(Axeroftol ou cenoura, laranja (os vegetais noturna)
retinol) produzem o pigmento caroteno, Xeroftalmina (secamento da
que no corpo animal é córnea, membrana
transformado em vitamina A). translúcida do olho).
Vitamina D Óleo de fígado de bacalhau, Raquitismo: (ossos frágeis,
(calciferol) leite e seus derivados, gema de dentição defeituosa,
ovo, fígado de vaca. crescimento retardado, má
absorção de cálcio e fósforo).
Vitamina E Verduras em geral, leite e seus Esterilidade de machos e
(Tocoferol) derivados, ovos e grãos aborto em alguns animais.
diversos (aveia, milho, feijão,
entre outros.)
Vitamina K Fígado e folhas vegetais Coagulação sanguínea
(Antihemorrágica) (alface, couve, repolho, acelga, deficiente ; hemorragias.
entre outros.)

Vitamina C Frutas cítricas (laranja, limão), Escorbuto (hemorragias


(Acido as- acerola, banana, manga, caju, generalizadas, anemia,
córbico) rabanete, alface, pimentão, queda de dentes, intensa
entre outros. fraqueza).
Vitamina B1 Levedura de cerveja, fígado, Beribéri (fraqueza muscular,
(Tiamina) ovos, trigo e arroz integral, crescimento retardado e
frutas em geral, carnes e polineurite, isto é,
peixes. inflamações generalizadas
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de nervos periféricos).
Vitamina B2 Leveduras de cerveja, fígado, Quilose (irritação dos lábios)
(Riboflavina) ovos ,amendoim, leite e Estomatite (inflamação da
derivados, vagem, acelga, boca)
entre outros. Fotofobia (intolerância a luz)
Vitamina Leveduras, leite e derivados, Anemia perniciosa (presença
B12 carnes e peixes. de glóbulos vermelhos
(Cianocobalamina imaturos no sangue).
)
Vitamina PP Leveduras, leite e derivados, Pelagra (dermatite, diarreia e
(Niaci-na) carnes e fígado. intenso nervosismo).

BIOLOGIA CELULAR

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS

Níveis de Organização dos Seres Vivos:

Os seres vivos são estudados em inúmeros aspectos. Podemos enfocar


desde a constituição da matéria viva e as alterações que e nela se processam até as
relações que os seres vivos estabelecem entre si com o ambiente em que vivem.
Podemos estudar Biologia em diversos níveis desde o mais simples até o mais
complexo. È possível estudar os átomos comuns nos seres vivos, principalmente o
carbono, hidrogênio, oxigênio e o nitrogênio.
O nível atômico é representado pelos átomos dos elementos químicos. Os
átomos ligam-se e formam estruturas mais complexas, as moléculas. Esses dois
níveis estão presentes tanto na matéria viva como na não viva. Os seres vivos são
constituídos de diversos tipos de moléculas orgânicas e inorgânicas. Dentre as
primeiras destacam-se proteínas, lipídios, carboidratos e ácidos nucleicos. Moléculas
presentes nos seres vivos podem organizar-se de modo a constituir estruturas
maiores e mais complexas, as organelas (ou organoides), componentes
intracelulares que desempenham funções específicas.
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O próximo nível de organização, o nível celular, apresenta vasta diversidade


morfológica e funcional. As células podem unir-se em grupos e desempenhar uma
função específica, formando assim um tecido. O nível tecidual ocorre apenas em
alguns seres pluricelulares, como plantas e animais. Um exemplo é o tecido ósseo,
que apresenta células especializadas em certas funções, como a sustentação.
O conjunto de diferentes tecidos constitui um órgão. Um exemplo é o
coração, um órgão formado por tecido muscular, sanguíneo e nervoso. O próximo
nível, o sistêmico (sistema), compõe de diferentes órgãos que funcionam de modo
integrado, exercendo uma função determinada. Diversos órgãos, como o estômago
e o intestino, fazem parte do sistema digestório, que permite ao ser vivo digerir os
alimentos e absorver os nutrientes. A integração de todos os sistemas forma o
organismo. Vários organismos formam uma população, e o conjunto de várias
populações distintas caracteriza uma comunidade (biocenose). É interessante
salientar que, levando-se em conta os termos biológicos, a associação que fazemos
comumente é errada. Consideramos comunidade quando deveríamos considerar
população. Quando dizemos que a "comunidade" do complexo do Alemão recebeu a
pacificação não estamos considerando os gatos, cachorros, periquitos e insetos que
certamente passam por lá, portanto, seria cientificamente correto falar sobre a
população do complexo do Alemão.
O conjunto de várias comunidades formam os ecossistemas, que é o
conjunto de seres vivos, de fatores não vivos (tais como temperatura, luminosidade,
umidade e componentes químicos) e das relações que existem entre eles. O último
nível de organização estudado na Biologia é o conjunto de todos os ecossistemas do
planeta Terra, constituindo a biosfera, a mais alta de todas as hierarquias da vida.
30

https://estudandoparaovestibular.wordpress.com/2009/12/31/niveis-de-
organizacao-em-biologia/

A Biologia e a Investigação
31

A palavra ciência vem do latim (scientia) e significa “conhecimento”. A ciência


é um modo de pensar e, ao mesmo tempo, uma ferramenta para investigar o mundo
em que vivemos. Os processos que levam ao conhecimento científico sofrem
influências dos mais diversos meios, como social, cultural, político, econômico,
religiosos, histórico e da própria personalidade de quem realiza a investigação.
Dessa maneira, tais processos são extremamente dinâmicos e apresentam
mudanças ao longo do tempo.
Entretanto, um dos objetivos da ciência é representar o mundo em que
vivemos da maneira mais precisa possível, objetiva e imparcialmente. Para tal
finalidade, a ciência adota um conjunto de procedimento método científico.

O Método Científico

Se você for uma pessoa curiosa, dessas que observam o mundo com
atenção e procuram realmente compreendê-lo, que levam em conta o que já se
conhece sobre determinado assunto antes de tirar suas próprias conclusões, saiba
que o seu comportamento segue alguns dos princípios do método empregado pela
comunidade científica para fazer ciência.
O cientista observa meticulosamente os fatos e tenta explicá-los. Cada nova
descoberta pode fortalecer a explicação de um fato, ou torná-la sustentável.
Ao investigar um fenômeno qualquer com o método científico, devem-se
obedecer às seguintes etapas.

• Observação: o fenômeno é observado e desenvolve-se a curiosidade


em relação a ele.
• Questionamento: elaboração de uma pergunta ou identificação de um
problema a ser resolvido.

• Formulação de hipótese: possível explicação para uma pergunta ou


solução de um problema.

• Predição: previsão baseada na hipótese, consequência esperada se a


hipótese estiver correta.
32

• Experimento: teste da predição.

• Conclusão: etapa em que se aceita ou rejeita uma hipótese.

De certo modo existem muitas situações na vida cotidiana que nos fazem
recorrer a alguns procedimentos lógicos para descobrir como as coisas funcionam
ou por qual razão elas acontecem como exemplificados no quadro a seguir.

Observação:
A lâmpada não acende Experimento 1 Experimento 2
Acender a lâmpada da
sala
Questionamento: Por que a A lâmpada não acendeu Trocar a lâmpada
lâmpada não acende?

Conclusão: A primeira hipótese é A lâmpada do quarto


falsa acendeu
1ª hipótese: a energia foi 2ª hipótese:
interrompida. A lâmpada do quarto Conclusão: a segunda
Predição: com o queimou hipótese é valida.
restabelecimento da Predição: trocar a lâmpada
energia elétrica, a lâmpada resolverá o problema.
acenderá.

A importância da observação dos fatos


A observação dos fatos é tarefa simples. Facilmente pode-se confundir um
fato com suposições e deduções.

Observe a vela acesa.


33

Que fatos poderiam ser percebidos, usando-se apenas os sentidos em


relação a essa vela?
• Suas dimensões: comprimento, diâmetros.
• Seu formato: cilíndrico
• Sua dureza:
• Pode ser riscada com unha.
• Sua cor: branca, amarela, amarelada.
• As cores, as formas e o tamanho da chama: escura no centro, amarela
nas bordas, cônica.
• Os odores que ela libera: normalmente nenhum.
• Os sons que ela emite: Normalmente nenhum.
• A quantidade de calor que ela transmite.

Veja que essas observações podem ser qualitativas ou quantitativas, mas não
se confundem com suposições, como estas:
• A vela é de parafina?
• Serve para iluminar ambientes?
• É de procedência nacional?

Essas três suposições podem ser verdadeiras, mas não são fatos detectados
pelos sentidos.

O Método Científico nas Ciências Biológicas

Um dos métodos mais empregados na pesquisa biológica é o método


hipotético-dedutivo. Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado
assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema.
34

Para tentar explicar o fenômeno, são formuladas hipóteses. Das hipóteses deverão
ser testadas.
Enquanto em outros métodos se procura a todo custo confirmar a hipótese,
no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências que mostrem
que ela é falsa.
Quando nenhuma evidência é capaz de falsear a hipótese (mostrar que ela é
falsa), considera-se que a hipótese é válida. Contudo, essa validação não é
definitiva, pois a qualquer momento poderá surgir um fato que torne a hipótese falsa.
Assim, as afirmações científicas não são verdades absolutas nem definitivas.

Um pesquisador visita muitos lugares e encontra apenas cisnes de cor


branca.

Então ele formula a hipótese de que todos os cisnes são brancos

Entretanto, ainda que milhares de cisnes brancos tenham sido


observados, basta a observação de um cisne negro para falsear a
hipótese.

Esquema representando exemplo clássico referente ao método hipotético-


dedutivo.

CITOLOGIA

Citologia
35

O conceito de célula só pode ser estabelecido após a invenção do


microscópio composto, em 1590. A primeira observação de uma célula foi feita em
1665 por Robert Hooke, examinando uma delgada fatia de cortiça (tecido vegetal
morto). Hooke observou a presença de numerosas cavidades assemelhando-se a
uma colmeia. Tais cavidades foram denominadas por ele de células.
Mas o trabalho de Hooke ficou esquecido até 1838, quando os naturalistas
alemães Schleiden e Schwan verificaram a presença de células em todos os tecidos
vegetais e animais. Dessa forma, os alemães estabeleceram a Teoria celular que
afirma: todo ser vivo é formado por células e essas por preexistentes.
Os microscópios mais simples usados para o estudo das células são os
ópticos, isto é, microscópios que utilizam a luz par iluminar os objetos a serem
analisados. No entanto, o estudo mais detalhado da célula exige o uso de outro tipo
de microscópio, que permite aumentos maiores: o microscópio eletrônico ME.

Membrana Plasmática ou Membrana Celular

A membrana plasmática, também chamada plasmalema ou membrana


celular, é o envoltório flexível e extremamente fino que reveste todas as células.
As células de qualquer ser vivo apresentam membranas com composição e
estrutura semelhantes. Existem, porém, variações que fazem cada tipo de célula ser
único e diferente dos demais.
36

Composição e Estrutura da Membrana

A membrana plasmática é composta de lipídios e proteínas. Os lipídios são


principalmente fosfolipídios, mas colesterol e glicolipídios também estão presentes,
em menor proporção. É comum haver moléculas de carboidratos associadas às
proteínas (glicoproteínas) e aos lipídios (glicolipídios) da membrana.
Além de conhecer a composição da membrana plasmática, os cientistas
também pesquisaram sua estrutura, isto é, o modo como essas substâncias estão
arranjadas. O modelo de estrutura de membrana aceito atualmente é o Modelo de
Mosaico Fluido, proposto em 1972 por Singer e Nicholson. Segundo esse modelo,
há um mosaico de moléculas de proteína mergulhadas total ou parcialmente nas
duas camadas fluidas de moléculas de lipídeos.

Os principais tipos de lipídeos presentes nas membranas celulares são: O


fosfolipídio e o glicolipídio: presentes em todos os seres celulares; O colesterol:
presente apenas em protistas e animais.
As moléculas desses lipídeos possuem porções com afinidades pela água
(parte hidrofílica) e porções com rejeição pela água, essas moléculas dispõem-se
naturalmente em duas camadas: a parte hidrofílica em contato com a água e a
parte hidrofóbica protegida da água.
37

A parte hidrofílica fica, então, para fora e a parte hidrofóbica para dentro. As
camadas de lipídeos tendem a unir suas extremidades, formando compartimentos
fechados. A formação de membranas com duas camadas de lipídeos assim
dispostas é, portanto, um processo natural.
Essas camadas duplas de lipídeos são fluidas, permitindo a movimentação de
moléculas no plano da membrana. As proteínas que entram na constituição das
membranas são globulares e podem atravessar as camadas de lipídeos.
São as proteínas que conferem as membranas suas funções especificas.
Dependendo da quantidade e do tipo de proteína, a membrana relacionase a uma
determinada função.

Funções da Membrana Plasmática

A membrana celular desempenha diversas funções, dentre as quais se


destacam o reconhecimento, transporte de substâncias e a permeabilidade
seletiva.

• Reconhecimento: Na membrana plasmática existem proteínas


receptoras que reconhecem a presença de determinadas substâncias no meio
extracelular. Essas substâncias, chamadas mensageiras ou ligantes, atuam como
estímulo, ou seja, como um sinal ao qual a célula responde, modificando seu
funcionamento.
Existem muitos tipos de receptores na membrana. Cada um deles interage
com ligantes diferentes, como um mecanismo chave-fechadura. Assim, uma
molécula mensageira só poderá interagir com uma célula que possua, em sua
membrana, os receptores correspondentes.

• Permeabilidade Seletiva: As trocas de substâncias entre a célula e o


meio externo são efetuadas pela membrana celular. Ao mesmo tempo em que atua
como uma barreira entre a célula e o meio externo, a membrana celular também
permite a passagem de substâncias para dentro e para fora da célula.
A propriedade da membrana de selecionar algumas substâncias que a
atravessam é chamada permeabilidade seletiva.
38

Transporte através das Membranas

A célula, sendo uma estrutura viva, precisa receber alimentos e oxigênio para
a realização de suas funções vitais. Precisa, também, eliminar os produtos do seu
metabolismo. As membranas permitem essas trocas entre o interior e o exterior da
célula.
A membrana plasmática permite a passagem livre de água e de pequenas
moléculas, como o oxigênio, e dificulta, ou mesmo impede a passagem de
moléculas grandes, como as proteínas. Os transportes através das membranas
podem ser agrupados em três categorias:

 Transporte Passivo: ocorrem sem gasto de energia: difusão, difusão


facilitada e osmose;
 Transporte Ativo: ocorrem com gasto de energia: bomba de sódio e
potássio;
 Transporte em Bloco: é a entrada e a saída de substâncias grandes
demais para atravessarem a membrana. Nesse caso, as partículas são
englobadas. Envolve os processos de endocitose (fagocitose e
pinocitose) e exocitose.

Concentração de Soluções

Solução pode ser definida como uma mistura homogênea (possui fase única)
de duas ou mais substâncias. São classificadas de acordo com sua concentração,
quanto ao seu estado físico (sólido, líquido ou gasoso) ou quanto à condutividade
elétrica. Numa solução encontramos:

• Soluto: a substância dissolvida, ex.: Sal.

• Solvente: a substância que dissolve o soluto, ex.: água.


39

Conforme a concentração ou tonicidade (quantidade de soluto) dessas substâncias


acima podemos ter os seguintes tipos de soluções:

Transporte Passivo

O transporte passivo, no qual não há gasto de energia, pode ocorrer nas


células de três maneiras: difusão simples, difusão facilitada e osmose.

• Difusão Simples: ocorre quando há duas soluções de diferentes


concentrações, separadas por uma membrana permeável ao soluto; assim, as
partículas deste soluto deslocam-se da solução mais concentrada (hipertônica) para
40

a solução menos concentrada (hipotônica), até que as concentrações dos dois


meios fiquem iguais (isotônicas).
• Difusão Facilitada: é muito parecida com a difusão simples, porém o
transporte do soluto de um meio mais concentrado para um meio menos
concentrado acontece com a ajuda de proteínas especiais presentes na membrana
plasmática, facilitando o transporte e, consequentemente, aumentando a velocidade.
A difusão facilitada ocorre sem gasto de energia, pois acontece a favor de um
gradiente de concentração. Como exemplo, pode citar o papel da insulina, que
liberada pelo pâncreas ativa transportadores de glicose na membrana plasmática
das células, facilitando assim seu transporte para o meio intracelular.

• Osmose: Na osmose, em vez da passagem do soluto, como acontece


na difusão, ocorre à passagem de solvente, que desloca de uma solução
hipotônica para uma solução hipertônica. Isso ocorre devido à presença de uma
membrana semipermeável separando as soluções, ou seja, uma membrana que
permite apenas a passagem de solvente. O transporte tende a cessar quando as
soluções chegam ao equilíbrio (isotonicidade).
41

Na osmose ocorre a passagem do solvente. Observa-se claramente este


fenômeno ao temperarmos uma salada de alface com vinagre e sal. O meio externo,
por ser mais concentrado que as folhas retiram água destas por osmose, e como
consequência as folhas ficam murchas.
É o tipo de membrana que promove o tipo de transporte; assim, se a
membrana for do tipo permeável, acontecerá à difusão. Já se a membrana for do
tipo semipermeável, teremos a osmose.

Transporte Ativo

Nesse mecanismo de transporte, atuam moléculas carregadoras que também


são proteínas. Ocorre contra um gradiente de concentração e com gasto de energia.
Os mecanismos de transporte ativo agem como "portas giratórias", que
recolhem uma substância em uma das faces da membrana e a soltam na outra face.
Alguns mecanismos realizam uma troca de partículas, levando uma de dentro
para fora e outra de fora para dentro. Um exemplo desse tipo de transporte é a
bomba de sódio e de potássio, que recolhe um íon sódio na face interna da
membrana e o solta no lado de fora da célula. Na face externa, prende-se a um íon
potássio, que é lançado no meio intracelular. Esse mecanismo permite que a célula
mantenha alta concentração de potássio dentro da célula e alta concentração de
sódio no meio extracelular.

A energia empregada pelos mecanismos de transporte ativo vem do ATP,


produzido nas mitocôndrias, durante a respiração celular.
42

Transporte em Bloco

As células são capazes de englobar grandes quantidades de materiais "em


bloco". Geralmente, esses mecanismos são empregados na obtenção de
macromoléculas, como proteínas, polissacarídeos, ácidos nucleicos, entre outros.
O transporte em bloco ou em quantidade para dentro da célula, também
chamado endocitose, é feito por dois processos fundamentais: a Pinocitose e a
Fagocitose, que, apesar de algumas diferenças superficiais, têm muito em comum
nos seus princípios básicos.

Fagocitose (do grego phagein, comer)

É o processo pelo qual a célula engloba partículas sólidas, pela emissão de


pseudópodos.
Nos protozoários, a fagocitose é uma etapa importante da alimentação, pois é
a forma pela qual esses organismos unicelulares conseguem obter alimentos em
grandes quantidades de uma só vez. Nos metazoários, animais formados por
numerosas células, a fagocitose desempenha papéis mais específicos, como a
43

defesa contra micro-organismos e a remodelagem de alguns tecidos, como os


ossos.

Pinocitose (do grego pinein, beber)

Processo pelo qual a célula engloba gotículas de líquido ou partículas de


diâmetro inferior a 1 micrômetro.

Depois de englobadas por fagocitose ou por pinocitose, as substâncias


permanecem no interior de vesículas, fagossomos ou pinossomos.

Exocitose
44

É quando a transferência de macromoléculas é do citoplasma para o meio


extracelular. – em que uma vesícula contendo material que deve ser expelido se une
à membrana celular, que depois expele o seu conteúdo.

Citoplasma ou Citosol

Na célula, o citoplasma se encontra entre o núcleo e a membrana plasmática.


O citoplasma das células eucarióticas é formado pelo citosol, pelo citoesqueleto e
pelas organelas citoplasmáticas, também chamadas de organoides. Nas células
procarióticas, o citoplasma não tem citoesqueleto e apresenta apenas ribossomos
como organelas.

Citosol

O citosol, material gelatinoso no qual as organelas ficam mergulhadas, é


composto de água, sais minerais, proteínas, carboidratos, bases nitrogenadas e
aminoácidos. No citosol ocorrem diversas reações importantes para o
funcionamento celular e, também, o transporte de substâncias.

Citoesqueleto

O citoesqueleto é uma rede de tubos e fibras proteicas que se estende por


todo citoplasma. As principais funções do citoesqueleto são:
45

 Auxiliar e dar forma e sustentação à célula;


 Ancorar organelas mantendo a organização interna da célula;
 Auxiliar no descolamento de organelas e de outras estruturas;
 Participar de diversos movimentos celulares, como a contração das
células musculares e o batimento de cílios e flagelos.

Organelas

No citoplasma das células eucarióticas existem diversas organelas, cada uma


desempenhando funções específicas. São as organelas da célula: os centríolos, os
ribossomos, o retículo endoplasmático, o complexo Golgiense, as mitocôndrias, os
cloroplastos entre outras.

Organelas ou orgânulos e suas Funções

1. Nucléolo: Formado por um tipo de material genético, o RNA (ácido


ribonucleico) e proteínas , cuja função está ligada à produção de ribonucleoproteínas
que migram para o citoplasma da célula e formam os ribossomos.

2. Envoltório Nuclear ou Carioteca: proteger o núcleo, deixando-o


organizado.

3. Ribossomos: Responsáveis pela produção (síntese) de Proteínas nas


células e podem ser encontrados ligados ao reticulo endoplasmático ou livres no
citoplasma.
46

4. Retículo Endoplasmático Granular: É uma rede de bolsas e tubos


membranosos localizada próxima ao núcleo, com ribossomos aderidos. Funções:
Transporte e a modificação de proteínas produzidas pelos ribossomos aderidos à
membrana externa.

5. Retículo Endoplasmático Agranular: É uma rede de bolsas e tubos


membranosos localizada próxima ao núcleo. Função: Desintoxicação celular (como
o álcool, por exemplo, inativando-as e facilitando sua eliminação), síntese de lipídios
(como o colesterol).

Retículo Endoplasmático Agranular e Tolerância a drogas


47

O uso contínuo de drogas ilícitas (que agem no cerébro, modificando o


comportamento do indivíduo) e de determinados medicamentos pode tornar o
retículo agranular das células do fígado mais desenvolvido, aumentando a
quantidade de membranas e enzimas de desintoxicação. Dessa forma, esses
produtos são neutralizados mais rapidamente. Esse processo torna o organismo
tolerante à droga, fazendo que sejam necessárias doses cada vez maiores para que
o mesmo efeito seja obtido. Além disso, o uso constante de uma droga pode diminuir
a eficácia de outros medicamentos, como os antibióticos.

6. Complexo Golgiense: Conjunto de sáculos achatados e empilhados.


Sua função está relacionada à produção, ao armazenamento e a secreção de
substâncias (proteínas, entre outras).

Desempenha importante papel na produção de espermatozoides dos animais,


originando o acrossomo.

Acrossomo é uma vesícula repleta de enzimas digestivas, ocupa o topo da


“cabeça” do espermatozoide têm a função de perfurar as membranas do
óvulo.
48

7. Microtúbulos: São constituídos pela proteína – tubulina. Definem a


direção do crescimento da célula. São responsáveis pelos movimentos dos
cromossomos durante as divisões celulares.
8. Mitocôndrias: São organelas formadas por duas membranas, uma
externa lisa e uma interna com pregas, constituindo as cristas mitocondrias. O
interior da mitocôndria, é chamado de matriz mitocondrial, é preenchido por um
líquido que contém ribossomos e DNA próprio. São responsáveis pela respiração
celular e produção de energia a partir da quebra da glicose. Podem variar de
dezenas a centenas em cada célula. Possuem genes próprios e têm capacidade de
autoduplicação.

9. Centríolos: Responsáveis pela divisão celular, são estruturas


cilíndricas, geralmente encontradas aos pares. Dão origem a cílios e flagelos (menos
os das bactérias), estando também relacionados com a reprodução celular -
formando o fuso acromático que é observado durante a divisão celular. Apresenta-se
em formação de 9 jogos de 3 microtúbulos dispostos em círculo, formando uma
espécie de cilindro oco.
49

10. Lisossomos: Pequenas vesículas com enzimas digestivas. Bolsas


membranosas que contêm um conjunto de mais de 80 tipos de enzimas digestivas,
capazes de digerir grande variedade de substâncias orgânicas. Contém nucleases
(digerem DNA e RNA) e proteases (digerem proteínas); Fosfatases (removem
fosfatos de nucleotídeos e de fosfolipídios).

Função heterofágica: Digerem material capturado do exterior por


fagocitose ou por pinocitose.

Função autofágica: Digerindo partes desgastadas da própria célula.

11. Vacúolos: São estruturas delimitadas por uma membrana existentes


no interior do citoplasma e cujas funções variam em diferentes tipos celulares.
Alguns protozoários de água doce, por exemplo, possuem vacúolos contráteis, que
expulsam a água que entram em excesso na célula. Em células vegetais maduras,
geralmente há um grande vacúolo central que ocupa grande parte da célula. Ele é o
50

responsável pelo acúmulo de várias substâncias, como água, sais minerais,


enzimas, pigmentos, gotículas de óleo, entre outras.

12. Cloroplastos: São exclusivos das células vegetais. Assim como as


mitocôndrias, os cloroplastos são envoltos por duas membranas. Seu interior é
preenchido por um líquido, o estroma, no qual estão mergulhados ribossomos,
enzimas, DNA próprio e um sistema de membranas formado por diversos discos
achatados, denominados tilacoides. Os tilacoides dispõe-se em pilhas chamadas
grama.
Os cloroplastos são responsáveis pelo processo de fotossíntese, no qual
ocorre a produção de glicídio e gás oxigênio pelas reações químicas entre dióxido
de carbono e água na presença de energia luminosa, captada pela clorofila,
pigmento verde presente nos cloroplastos.
51

NÚCLEO

O Núcleo

O núcleo controla todas as atividades celulares: representa assim o centro de


coordenação celular. É no DNA do núcleo que estão localizados a maioria dos
genes, depositários da informação genética que são responsáveis pela atividade
celular.
Tais informações são transmitidas ao citoplasma através do RNA -
mensageiro que é sintetizado por uma série de enzimas tendo como molde o DNA
(cromatina), onde irá regular através dos ribossomos toda a síntese de proteínas
específicas (estruturais e enzimáticas), responsáveis pela arquitetura e fisiologia
celulares.
A maioria das células eucarióticas é mononucleada (um núcleo). Existem, no
entanto, células binucleadas (dois núcleos), multinucleadas (vários núcleos) e
também anucleadas (não possuem núcleo). As células anucleadas possuem vida
curta, pois, não havendo núcleo não há comando para a realização de suas
atividades vitais.
Funções: o núcleo através dos cromossomos coordena e comanda todas as
funções da célula. O núcleo também é muito importante nos processos de divisão
52

celular. O núcleo, portanto, além de coordenar e comandar todas as funções vitais


da célula é também responsável pelos processos de divisão celular.
1. Carioteca ou Membrana Nuclear: envolve o núcleo , separando-o do
citoplasma. É uma parte modificada do reticulo endoplasmático, formada por duas
membranas lipoproteicas separadas pelo espaço perinuclear. Apresenta muitos
poros, ou annulli, através dos quais ocorre a troca de macromoléculas entre o
núcleo e o citoplasma.
2. Nucléolo: é constituído por um tipo de RNA, chamado ribossômico
(RNAr), associado a proteínas. Em um núcleo pode haver um ou mais nucléolos. É
no nucléolo que ocorre a síntese de ribossomos, que posteriormente são exportados
para o citosol.
3. Nucleoplasma: Líquido onde estão imersos o nucléolo e a cromatina e
são acumulados produtos resultante da atividade nuclear, como RNA e Proteínas.
4. Cromossomos: entidades portadoras da informação genética.
5. Cromatina: é o conjunto de longos filamentos de DNA associados a
proteínas, os cromossomos, presente no núcleo da célula que não se encontra em
divisão celular. Sua principal função é conservar e transmitir as informações
hereditárias codificadas no DNA.
Quando a célula não está se dividindo, os cromossomos se encontram
descondensados, possibilitando a produção de RNA e, consequentemente, de
proteínas.
Antes do início do processo da divisão celular, cada cromossomo se duplica,
produzindo outro filamento cromossômico idêntico, e os dois permanecem unidos
por uma região cromossômica, o centrômero. As cópias unidas de um cromossomo
são chamadas de cromátides-irmãs.
53

Classificação dos Cromossomos


01. Quanto à Posição do Centrômero:

• Telocêntrico: apresenta forma de bastão. O centrômero tem posição


terminal.
• Acrocêntrico: apresenta forma de bastão. O centrômero ocupa
posição subterminal.
• Metacêntrico: apresenta a forma de um V. O centrômero o divide em
dois braços de igual tamanho.
• Submetacêntrico: apresenta a forma de um jota invertido. O
centrômero o divide em dois braços de tamanhos desiguais.

02. Quanto ao Número de Centrômero:


54

• Monocêntrico: apresenta um único centrômero


• Policêntrico: apresenta vários centrômeros

03. Quanto à Função Genética:

• Cromossomo autossômico: apresenta genes que determinam os


caracteres somáticos do indivíduo, tais como cor da pele, cor dos olhos, tipo de
cabelo, tipo sanguíneo...
• Cromossomos sexuais: apresenta genes que determinam os
caracteres sexuais masculinos ou femininos do indivíduo, tais como distribuição dos
pelos no corpo, timbre da voz, órgãos reprodutores.

Cariótipo: é a classificação dos cromossomos levando-se em consideração o


tamanho a forma e número dos mesmos nas células de indivíduos de determinada
espécie;
Células quanto ao Número de Cromossomos:
(A) Células Diploides: é aquela que apresenta o número completo de
cromossomos de uma determinada espécie e os cromossomos estão distribuídos
em pares, formando dois conjuntos: um paterno e outro materno.

(B) Células haploides: é aquela que apresenta a metade do número de


cromossomos das células diploides de uma determinada espécie. Não possui pares
de cromossomos e apresenta um único conjunto de cromossomos denominado:
Genoma.

Ciclo Celular
A capacidade de reprodução é uma das principais características que
distinguem os seres vivos da matéria inanimada e depende, fundamentalmente, da
divisão celular. Em organismos unicelulares, como bactérias e amebas, a divisão de
55

uma célula pode ser considerada um processo de reprodução, pois leva ao aumento
do número de indivíduos. Em organismos pluricelulares, a divisão celular está
relacionada ao crescimento do corpo dos indivíduos, à regeneração e à produção de
células reprodutivas (gametas e esporos) O ciclo celular compreende toda a vida da
célula. Nele podemos distinguir o período em que a célula não está se dividindo
interfase, e o período de divisão celular (mitose e meiose).
A Interfase: é o período do ciclo celular em que a célula não está se dividindo
e no qual ocorre a duplicação do material genético celular.

• Período G1: é a fase que antecede a duplicação do material genético


da célula;

• Período S: é a fase em que ocorre a duplicação do material genético


da célula;

• Período G2: é a fase após a duplicação do material genético celular.

A Divisão Celular - é um processo que leva os organismos pluricelulares ao


crescimento. E está dividida em mitose e meiose.
Partindo de um ovo humano, que possui 46 cromossomos em seu núcleo,
antes que ele se divida para originar novas células, há um processo de duplicação
de todo o seu material. Isso implica na absorção e transformação de nutrientes de
seu meio ambiente. Dessa forma, após a divisão da célula originam-se duas novas
células com a mesma constituição da célula inicial. Depois as divisões prosseguem
até se formar um novo individuo cujas células apresentam cromossomos.

Mitose

A mitose produz células filhas idênticas à célula-mãe. Cada célula filha


contém exatamente o mesmo número de cromossomos da célula mãe. Esse
processo ocorre durante o crescimento de um indivíduo e nos processos de
regeneração, constitui também a base de alguns processos de reprodução
assexuada, como a bipartição ou cissiparidade e o brotamento.
56

Cariocinese -é a divisão do núcleo, que se faz através de fases.

Fases da divisão celular na mitose

• Prófase - Ou fase anterior (fase da "mobilização" para a ação). Os


cromossomos condensam-se, tornando-se visíveis; a carioteca e os nucléolos
desintegram-se; os centríolos dividem-se e dirigem-se para os polos da célula; é
formado o fuso de divisão (fibras protéicas).

• Metáfase - Ou fase do meio, é a fase mais propícia para estudos da


morfologia dos cromossomos, onde os cromossomos apresentam o máximo grau de
condensação. Os cromossomos, presos às fibras do fuso, migram para o equador
do fuso, plano médio da célula. No final da metáfase, os centrômeros se duplicam e
se partem longitudinalmente, de modo a deixar livres as cromátides irmãs.
57

• Anáfase - Ou fase de cima. Dois lotes idênticos de cromátides irmãs,


agora como novos cromossomos, afastam-se e migram para os polos, puxados
pelos respectivos centrômeros, devido ao enxurtamento das fibras do fuso.

• Telófase - Ou fase do fim. Os dois cromossomos aproximam-se dos


polos e se agregam. Ocorre o inverso à Prófase: os cromossomos descondensam-
se (tornando-se invisíveis); os nucléolos reaparecem; duas novas cariotecas são
reconstituídas a partir das vesículas do retículo endoplasmático. Terminadas a
divisão do núcleo (cariocinese), desaparecem as fibras de fuso, ocorre a distribuição
dos organóides e a divisão do citoplasma (citosinese), que isola as duas células
filhas. Essas células entram em intérfase e se preparam para uma nova divisão.

Citocinese é a divisão do citoplasma no final da mitose e da célula toda.

Meiose
58

Divisão Reducional - Produz células-filhas com a metade dos cromossomos


da célula-mãe; ocorre na formação de gametas.

Etapas da meiose:

• Prófase I - Os cromossomos condensam-se e os homólogos se juntam


formando tétrades; a carioteca e os nucléolos se desintegram; os centríolos
duplicam e dirigem-se para os polos da célula; forma-se o fuso de divisão.

A prófase I- é a fase mais longa e nela ocorrem os eventos mais importantes


da meiose. Subdividem-se em cinco períodos:

Leptóteno - Os cromossomos condensam-se e tornam-se visíveis.


Zigóteno - Os cromossomos homólogos juntam-se aos pares.
Paquíteno - Os cromossomos tornam-se mais curtos e espessos, formando
tétrades.
Diplóteno - Os cromossomos homólogos iniciam a separação; podem ser
observados os quiasmas, que evidenciam trocas de pedaços entre os homólogos,
processo conhecido como permuta ou crossing-over.
Diacinese - Os cromossomos migram para o equador da célula.

• Metáfase I - As tétrades se se distribuem no equador da célula.


• Anáfase I - Os cromossomos homólogos separam-se e migram para
os polos da célula.
• Telófase I - O citoplasma se divide e formam-se duas células-filhas
com o mesmo número de cromossomos cada uma.

Intercinese - Curto intervalo entre as duas etapas da divisão.

• Prófase II - Os centríolos se dividem e formam-se novos fusos de


divisão nas duas células-filhas.
• Metáfase II - Os cromossomos dispõem-se no equador das células.
59

• Anáfase II - Os centrômeros dividem-se, as cromátides-irmãs se


separam migrando para os polos das células.
• Telófase II - O citoplasma se divide e os núcleos reconstituem-se nas
quatro células-filhas.

Características Diferenciais entre a Mitose e a Meiose

MITOSE MEIOSE
1 Uma divisão nuclear e Duas divisões nucleares e duas divisões
uma divisão
citoplasmáticas por ciclo.
citoplasmática
2 Uma célula-mãe produz Uma célula-mãe produz quatro células- filhas
duas células –
filhas
Os conteúdos genéticos Os conteúdos genéticos das células – filhas
3 das células – filhas são
diferem da célula –mãe e também diferem entre si.
idênticos entre si e
também iguais aos da
célula – mãe.
O número de O número de cromossomos das células- filhas é a
4 cromossomos das
metade da célula-mãe.
célulasfilhas é o mesmo
que o da célula – mãe.
5 Os cromossomos não Os cromossomos entram em sinapse.
entram em sinapse .

6 Não existe permutação Existe permutação entre os cromossomos


entre os cromossomos
homólogos.
homólogos.
7 Não há formação de Ocorre a formação de quiasmas entre os
quiasmas entre os
homólogos.
homólogos.
Produtos mitóticos Produtos meióticos não podem sofrer outra divisão
8 geralmente são capazes
meiótica, embora possam ser submetidos à divisão
de sofrer outras divisões
mitótica.
mióticas subseqüentes.
Ocorre normalmente na Ocorre em células germinativas, em células-mãe
9 maioria das células
de esporos e no zigoto de muitas algas e fungos.
somáticas.
60

GENÉTICA

Introdução a Genética

A Genética é a área da Biologia responsável pelo estudo da hereditariedade:


a transmissão de características de pais para filhos, ao longo das gerações. A maior
contribuição para a Genética atual foi dada pelo monge Gregor Mendel (1822-1824),
que realizou experimentos com ervilhas cultivadas em seu jardim, no mosteiro de
Brunn, na Áustria (atualmente Brno, na República Tcheca).

O trabalho de Mendel, apresentado à comunidade científica em 1865, passou


despercebido até que em 1900 três cientistas, de modo independente,
reconheceram e confirmaram as ideias de Mendel. Mendel postulou que a
transmissão dos caracteres hereditários era feita por meio de fatores que se
encontravam nos gametas. Ele chegou as suas conclusões antes mesmo de saber o
que são cromossomos e de se conhecerem os processos de divisão celular por
mitose e meiose.
61

No período entre a publicação do trabalho de Mendel e seu redescobrimento


em 1900, muitos avanços aconteceram no campo da Citologia. Os cromossomos e
outras estruturas celulares foram observadas ao microscópio, e os processos de
divisão celular por mitose e meiose, foram descritos. A partir de interpretações
consideradas corretas sobre a participação dos genes e dos cromossomos nos
mecanismos da herança, a Genética teve um grande desenvolvimento e hoje é uma
área em plena expansão.

Reprodução e Hereditariedade

A compreensão do fenômeno da hereditariedade relaciona-se ao


entendimento do processo de reprodução e de como são formados novos
indivíduos. A hereditariedade é um fenômeno que representa a condição de
semelhança existente entre ascendentes (geração parental) e descendentes
(geração filial), através da contínua transferência de instruções em forma de código
(as bases nitrogenadas), inscritas no material genético (molécula de ácido
desoxirribonucleico), orientando a formação, desenvolvimento e manutenção de um
ser vivo.Dessa forma, a hereditariedade se expressa a partir do conjunto de todas as
características contidas no núcleo das células gaméticas, fusionado durante a
fecundação (união do óvulo com o espermatozoide).

No entanto, uma característica hereditária pode permanecer inativa de uma


geração para a outra, o que não significa a sua exclusão, mas a dormência
circunstancial de um ou vários genes para uma dada característica. Contudo, não
62

impedindo que um portador de genótipo oculto transmita aos seus descendentes um


fenótipo que ficou escondido.
Este acontecimento ocorre com frequência em animais e plantas. Nos seres
humanos é mais nítido quando observamos a aparência física superficial como: a
pigmentação dos olhos ou da pele. Assim, pais com olhos castanhos podem ter
filhos com olhos claros, verdes ou azuis, herança de seus avós ou antecedentes.
Porém, pode a informação gênica hereditária ser suprimida em decorrência dos
fatores ambientais, passando por processo de seleção natural e adaptação, mas
isso em longo prazo.

Cromossomos e Hereditariedade

Atualmente se sabe que os gametas feminino e masculino contêm os


cromossomos maternos e paternos, respectivamente. Os cromossomos são
filamentos compactados e enovelados compostos de moléculas de DNA associadas
a proteínas, onde estão as instruções para o funcionamento da cada célula e as
informações hereditárias.
Durante o ciclo celular, ocorre a duplicação do DNA e os cromossomos
passam a ser formados por dois filamentos, chamados de cromátides-irmãs, que
permanecem ligados pelo centrômero. No processo de divisão celular, as cromátides
se separam e cada uma delas irá compor o material genético de uma das células -
filhas. Na extremidade dos cromossomos localizam-se os telômeros, regiões que
dão estabilidade aos cromossomos.
63

Tipos de Cromossomos

A maioria das espécies que se reproduz sexualmente, ou seja, por meio da


união de gametas, tem células diploides, com cromossomos homólogos em pares.
Nessa espécie, um cromossomo homólogo é de origem materna e o outro, de
origem paterna.
Em algumas espécies, a diferença entre machos e fêmeas é determinada por
um par de cromossomo específico que carregam as informações sobre o sexo do
indivíduo, os chamados cromossomos sexuais ou heterossomos; esses
cromossomos variam entre os sexos. Os cromossomos que estão igualmente
presentes em machos e fêmeas são denominados autossomos. Na espécie
humana, por exemplo, uma célula somática (que forma o corpo) é 2n = 46 ,sendo
44 autossomos e 2 cromossomos sexuais.
Nas diversas espécies de seres vivos, há três sistemas principais de
determinação sexual cromossômica: XY, ZW e X0.

• Sistema XY: Ocorre em todos os mamíferos, em alguns insetos e


plantas com sementes. As fêmeas têm um par de cromossomos homólogos, os
cromossomos X. Nos machos há cromossomos diferentes, um X e um Y.

• Sistema X0: Ocorre em alguns insetos, como os gafanhotos. Nesse


sistema, as fêmeas têm dois cromossomos X e os machos, apenas um, por isso são
chamados de "xis - zero".

• Sistema Zw: Ocorre nas aves, em diversas espécies de répteis, em


algumas espécies de peixes e em algumas espécies de insetos. As fêmeas têm
cromossomos sexuais diferentes, um cromossomo Z e um W. Os machos têm dois
cromossomos Z. Desse modo, nesse sistema de determinação sexual
cromossômica, o sexo do embrião é determinado pelo gameta feminino.
64

Gene e Hereditariedade

O material genético e hereditário dos seres vivos é o DNA. As moléculas de


DNA possuem informações sobre a forma e o funcionamento de um organismo. Um
segmento de DNA que determina a produção de uma molécula específica de RNA é
chamada de gene. A maioria das moléculas de RNA, por vez, orienta a produção de
proteínas.
Os genes localizam-se em regiões determinadas dos cromossomos. Um
gene pode ter diferentes versões, conhecidas como alelos, que são equivalentes
quanto à posição nos cromossomos homólogos e atuam sobre a mesma
característica. No entanto, os alelos não são idênticos e cada um deles pode
condicionar uma variação da característica, como, por exemplo, cabelo liso e cabelo
crespo ou semente de cor amarela e semente de cor verde.
65

A Genética Mendeliana (1ª Lei de Mendel)

Gregor Johan Mendel foi um monge agostiniano nascido no ano de 1822


que se interessou em explicar como as características dos pais são transmitidas a
seus descendentes.

Conceitos Básicos de Genética


66

Na genética como em toda a biologia se faz necessário a utilização de


diversos conceitos, importantes para a compreensão de certos processos e
fenômenos. Na genética mendeliana usamos conceitos importantes relacionados ao
estado de determinada característica. Seguem abaixo alguns termos utilizados:

• Heterozigoto: é usado para designar os indivíduos que carregam um


par de genes diferentes, por exemplo, um dominante e um recessivo (Aa).

• Homozigoto: é usado para designar indivíduos de linhagens puras,


que carregam um par de genes iguais dominantes ou recessivos (AA ou aa). Desta
maneira, um indivíduo AA é dito homozigoto dominante; um indivíduo Aa,
heterozigoto; e um indivíduo aa, homozigoto recessivo.

• Genótipo: é a constituição genética, ou a composição de genes de um


organismo.

• Fenótipo: significa literalmente "a forma que é mostrada". É o aspecto


físico, exterior, de um caráter qualquer em estudo. Em geral é algo visível no
organismo, mas por extensão mais moderna pode ser também uma característica
bioquímica ou outra que não esteja visível no organismo íntegro, como padrões iso-
enzimáticos, produtividade leiteira, resistência a seca, etc. No caso dos
experimentos de Mendel os fenótipos era, para as sementes a cor e a textura (se
lisas ou rugosas) e para a planta a cor da flor e a altura da haste.

• Dominante: refere-se a um alelo ou um fenótipo que é expresso nos


homozigotos (AA) e heterozigotos (Aa); apenas o alelo dominante é expresso no
fenótipo heterozigoto.
• Recessivo: refere-se a um alelo ou fenótipo que é expresso apenas
quando em homozigose; o alelo recessivo não se expressa no fenótipo heterozigoto.

• Cariótipo: Conjunto de cromossomos de cada célula de um organismo.


67

• Herança Biológica (hereditariedade): Transmissão das informações


genéticas de pais para filhos durante a reprodução.
• Genes: Seguimento da molécula de DNA que contém uma instrução
gênica codificada para a síntese de uma proteína.

• Cromossomo: Cada um dos longos filamentos presentes no núcleo


das células eucarióticas, constituídos basicamente por DNA e proteínas.

• Cromossomos Homólogos: Cada membro de um par de


cromossomos geneticamente equivalentes, presentes em uma célula diploide,
apresentando a mesma sequência de lócus gênico.

• Lócus Gênico: Posição ocupada por um gene no cromossomo.

• Segregação dos Alelos: Separação dos alelos de cada gene que


ocorre com a separação dos cromossomos homólogos durante a meiose.

• Codominância: Propriedade do alelo de um gene expressar-se sem


encobrir ou mesmo mesclar sua expressão com a de seu outro alelo, em indivíduos
heterozigóticos.

• Interação Gênica: Ação combinada de dois ou mais genes na


produção de uma mesma característica.

• Herança Quantitativa (Poligênica) : Tipo de herança biológica em que


uma característica é codificada por dois ou mais genes, cujos alelos exercem efeitos
cumulativos sobre a intensidade da característica (peso, altura, pigmentação da
pele).

Experimentos de Mendel
68

Conhecido como o pai da genética, Mendel realizou todas as suas


pesquisas sobre hereditariedade com ervilhas de cheiro (Pisum sativa), escolha
que foi uma das razões de seu sucesso com suas pesquisas, pois essa leguminosa
apresenta diversas vantagens como fácil cultivo, produção de grande quantidade
de sementes, ciclo de vida curto, além de características contrastantes e de
fácil identificação. Outro fato que contribuiu para o sucesso das pesquisas de
Mendel foi que ele analisou apenas uma característica de cada vez, sem se
preocupar com as demais características.

Cruzamentos das Ervilhas

Depois de obter linhagens puras, Mendel efetuou um cruzamento diferente.


Cortou os estames de uma flor proveniente de semente verde e depois depositou,
nos estigmas dessa flor, pólen de uma planta proveniente de semente amarela.
Efetuou, então, artificialmente, uma polinização cruzada: pólen de uma planta que
69

produzia apenas semente amarela foi depositado no estigma de outra planta que só
produzia semente verde, ou seja, cruzou duas plantas puras entre si. Essas duas
plantas foram consideradas como a geração parental (P), isto é, a dos genitores.
Após repetir o mesmo procedimento diversas vezes, Mendel verificou que todas as
sementes originadas desses cruzamentos eram amarelas – a cor verde havia
aparentemente “desaparecido” nos descendentes híbridos (resultantes do
cruzamento das plantas), que Mendel chamou de F1 (primeira geração filial).
Concluiu, então, que a cor amarela “dominava” a cor verde. Chamou o caráter cor
amarela da semente de dominante e o verde de recessivo.
A seguir, Mendel fez germinar as sementes obtidas em F1 até surgirem as
plantas e as flores. Deixou que se autofertilizassem e aí houve a surpresa: a cor
verde das sementes reapareceu na F2 (segunda geração filial), só eu em proporção
menor que as de cor amarela: surgiram 6.022 sementes amarelas para 2.001
verdes, o que conduzia a proporção 3:1. Concluiu que na verdade, a cor verde das
sementes não havia “desaparecido” nas sementes da geração F1. O que ocorreu é
que ela não tinha se manifestado, uma vez que, sendo uma caráter recessivo, era
apenas “dominado” (nas palavras de Mendel) pela cor amarela. Mendel concluiu que
a cor das sementes era determinada por dois fatores, cada um determinando o
surgimento de uma cor, amarela ou verde.
Era necessário definir uma simbologia para representar esses fatores:
escolheu a inicial do caráter recessivo. Assim, a letra v (inicial de verde), minúscula,
simbolizava o fator recessivo. Assim, a letra v (inicial de verde), minúscula,
simbolizava o fator recessivo – para cor verse – e a letra V, maiúscula, o fator
dominante – para cor amarela.

VV vv Vv
Semente amarela Semente verde Semente amarela
pura pura híbrida

Persistia, porém, uma dúvida: Como explicar o desaparecimento da cor


verde na geração F1 e o seu reaparecimento na geração F2?
A resposta surgiu a partir do conhecimento de que cada um dos fatores se
separava durante a formação das células reprodutoras, os gametas. Dessa forma,
70

podemos entender como o material hereditário passa de uma geração para a outra.
Acompanhe nos esquemas abaixo os procedimentos adorados por Mendel com
relação ao caráter cor da semente em ervilhas.

Conclusões de Mendel

• Cada planta possui dois fatores (alelos), um recebido do pai e outro da


mãe, que determinam o aparecimento de uma característica.
• Quando um organismo tem dois alelos diferentes para a mesma
característica, ou seja, é um híbrido, apenas o dominante se manifesta.
• Nos gametas, cada alelo aparece em dose simples, ou seja, no
momento da produção dos gametas, os alelos para a mesma características são
separados de forma independente.

Com base nessas conclusões, foi postulada a primeira Lei de Mendel, que
afirma: cada característica é condicionada por um par de fatores que se segregam
71

(separam) durante a formação dos gametas, nos quais ocorre apenas um dos
membros do par.

Genótipo e Fenótipo

O genótipo de um indivíduo é a sua composição gênica, ou seja, o conjunto


de genes que ele possui. O conjunto das características observáveis, por sua vez,
corresponde ao fenótipo. Por exemplo, a cor da semente (fenótipo) de uma planta é
determinada por dois alelos (genótipo): V determina a cor amarela e v determina a
cor verde, sendo o alelo para cor amarela dominante sobre o alelo para cor verde.
Assim, se uma planta tiver dois alelos V em um par de homólogos, seu genótipo
será VV e seu fenótipo será semente amarela. Se o genótipo for vv, o fenótipo será
semente verde, e , ainda, se o genótipo for Vv, o fenótipo será semente amarela.
Quando o indivíduo apresenta dois alelos iguais de um gene, como VV ou vv,
é chamado de homozigoto. Quando o indivíduo apresenta dois alelos diferentes de
um gene, como Vv, é denominado heterozigoto ou híbrido.
72

Variação de Dominância

Em seus estudos com as ervilhas-de-cheiro, Mendel relatou a dominância e a


recessividade completas. No entanto, na natureza há casos em que os alelos se
comportam de formas diferentes.

Dominância Incompleta

Quando linhagens puras da planta maravilha (Mirabilis jalapa) com flores


vermelhas são cruzadas com plantas da mesma espécie mas com flores brancas, o
resultado em F1 são flores cor -de-rosa. Por meio da autopolinização de F1, produz-
se F2 composta de plantas com flores vermelhas, rosas e brancas, na proporção 1 :
2 : 1, cujos genótipos são representados por letras com índices: flor vermelha, CVCV ;
flor branca, CB CB , e flor rosa, CV CB . Nesse caso, diz-se que há dominância
incompleta entre alelos. Quando isso acontece, o fenótipo do heterozigoto é
intermediário aos dois homozigotos.
73

1:2: 1
CVCV CBCB CV CB

Codominância

Há outros casos em que o indivíduo heterozigoto apresenta os fenótipos de


ambos os indivíduos homozigotos, caracterizando a codominância. É o que ocorre,
por exemplo, na cor da pelagem do gado da raça Shorthorn, em que os homozigotos
podem ser marrons (PM PM) ou brancos (PB PB) e o heterozigoto (PM PB) é marrom e
branco.
74

Alelos Letais

A cor da pelagem dos camundongos selvagens pode ser amarela ou preta,


sendo que o alelo para pelagem amarela é dominante (P) sobre o alelo para
pelagem preta (p). Em 1904, pesquisadores observaram que o do cruzamento entre
camundongos amarelos heterozigotos (Pp) nasciam filhotes amarelos e pretos na
proporção 2: 1. Como essa proporção era diferente da proporção mendeliana
genotípica para dominância completa, os pesquisadores sugeriram que o alelo
dominante, quando em dose dupla, era letal, inviabilizando a ocorrência de
camundongos amarelos homozigotos. Nesse caso, os indivíduos Pp são amarelos e
nascem vivos, os pp são pretos e também viáveis, mas os PP não sobrevivem. Os
alelos letais, portanto, são genes que afetam a sobrevivência de seus portadores,
causando a morte prematura.
75

De olho na rede: Pesquisar alguns exemplos de alelos letais na espécie


humana: Doença de Tay-Sachs, Acondroplasia , Branquidactilia.

Genética Mendeliana e Características Humanas

Algumas características humanas contrastantes são determinadas por pares


alelos herdados da mesma forma descrita por Mendel. No entanto, como não é
possível realizar cruzamentos controlados entre humanos, o estudo dos padrões de
herança e da distribuição da característica em uma família deve ser feito
investigando-se os casamentos já ocorridos. Os geneticistas representam essas
investigações por meio de heredogramas ou genealogias, nos quais a distribuição
e a transmissão de uma característica em uma família são representadas com
símbolos.

Análise de um Heredograma
76

O heredograma a seguir representa três gerações de uma família e a


característica a ser estudada é o lóbulo da orelha. O lóbulo da orelha preso é
determinado pelo alelo recessivo (p) e o lóbulo da orelha solto é determinado pelo
alelo dominante (P).
Uma importante aplicação da análise das genealogias é o cálculo da
probabilidade de nascimento de filhos com determinada característica. Por exemplo,
se o casal da 2ª geração decidisse ter mais um filho, qual seria a probabilidade de
ele nascer com o lóbulo da orelha preso? Para responder, basta fazer o teste entre
os genitores (heterozigotos), Pp x Pp . A descendência obedece às proporções
mendelianas, ou seja, podem ser geradas crianças com lóbulo solto (PP e Pp) e
com lóbulos presos (pp) na proporção de 3: 1. Portanto, a probabilidade de nascer
uma criança com lóbulo da orelha preso é de 25%.

O lóbulo da orelha é uma das características humanas que obedece à


primeira Lei de Mendel.

Herança de Alelos Múltiplos

Alelos múltiplos

Quando há mais de dois alelos para cada lócus, fala-se em alelos múltiplos
ou polialelia. Apesar de existirem, em uma população, vários indivíduos diplóides
77

ocorrem apenas dois deles, pois são apenas dois os cromossomos homólogos.
Suponhamos três alelos, A, A1 e A2 , combinados dois a dois. São seis as
combinações possíveis entre eles, como mostra o esquema abaixo.

AA A A1 A A2 A1 A1 A1 A2 A2 A2

Cada uma dessas combinações pode manifestar um fenótipo diferente,


dependendo de haver ou não dominância de um alelo sobre outro.
Para exemplificar, vamos apresentar a herança da cor do pelo em
coelhos.
Existem quatro fenótipos para esse caráter:

• Aguti ou Selvagem:

• Chinchila:

• Himalaio:
78

• Albino:

Verificou-se que esses quatro fenótipos são determinados por quatro alelos,
com a seguinte relação entre si: O primeiro C, expressando a cor Aguti ou
Selvagem; o segundo Cch, transmitindo a cor Chinchila; o terceiro Ch, representando
a cor Himalaia; e o quarto alelo Ca, responsável pela cor Albina.

Sendo a relação de dominância → C > Cch > Ch > Ca


O gene C é dominante sobre todos os outros três, o Cch dominante em relação
ao himalaia e ao albino, porém recessivo perante o aguti, e assim sucessivamente.
O quadro abaixo representa as combinações entre os alelos e os fenótipos
resultantes.

Genótipo Fenótipo
CC, C Cch, C Ch e C Ca Selvagem ou aguti
CchCch, CchCh e CchCa Chinchila
ChCh e Ch Ca Himalaia
CaCa Albino

Sistema ABO de Grupos Sanguíneos


79

A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo de


alelos múltiplos na espécie humana. No sistema ABO, os tipos sanguíneos são A, B,
AB e O, e caracterizam-se pela presença de diferentes antígenos na membrana das
hemácias, os aglutinogênios. A presença dos tipos distintos de aglutinogênios é
condicionada por três alelos: IA , que determina a produção do aglutinogênio do tipo
A; IB , que determina a produção do aglutinogênio do tipo B, e i , que não produz
aglutinogênios. Cada indivíduo possui apenas dois desses alelos. Os alelos IA e IB
têm uma relação de codominância entre si e ambos são dominantes em relação ao
alelo i.
Enquanto na membrana das hemácias há antígenos, no plasma sanguíneo
há anticorpos, chamados aglutininas. Esses anticorpos, em contato com os
antígenos específicos, promovem a aglutinação das hemácias. Pessoas com o
sangue tipo A tem aglutininas anti-B; pessoas com sangue tipo B têm aglutininas
anti-A; pessoas com sangue tipo O têm aglutininas anti-A e anti-B; já indivíduos com
sangue tipo AB não produzem aglutininas.

Transfusões Sanguíneas

Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B,


porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea do receptor B, são
imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele presente. A recíproca é verdadeira:
indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A.
Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O, uma vez
80

que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de
aglutinogênios A e B ou de ambos.
As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do
sistema acontecem quando uma pessoa possuidora de determinada aglutinina
recebe sangue com o aglutinogênio correspondente.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de
aglutinogênio da hemácia do doador e o tipo de aglutinina do plasma do receptor.
Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa, porque não
possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias. Indivíduos, AB, por outro lado,
podem receber qualquer tipo de sangue, porque não possuem aglutininas no
plasma. Por isso, indivíduos do grupo O são chamadas de doadores universais,
enquanto os do tipo AB são receptores universais.

Sistema Rh de grupos sanguíneos

O sistema Rh também foi descoberto por Karl Landsteiner e sua equipe, em


uma experiência com um macaco da espécie Rhesus. Eles observaram que quando
injetavam o sangue desse macaco em cobaias, as cobaias produziam anticorpos,
que eles chamaram de anti-Rh (abreviatura de anti-rhesus). Fazendo essa mesma
experiência, mas com sangue humano, os pesquisadores observaram que 85% das
amostras de sangue humano testadas com o anticorpo Rh sofreram aglutinação, o
que sugere a presença de antígeno Rh no sangue. As pessoas que tiveram as
hemácias aglutinadas pelo anticorpo Rh foram chamadas Rh positivas (Rh+),
81

indicando que suas hemácias têm um antígeno semelhante ao dos macacos, o fator
Rh. As hemácias dos 15% restantes não se aglutinaram e por isso foram chamadas
de Rh negativas (Rh-), indicando a ausência do fator Rh em suas hemácias.
O fator Rh é condicionado por dois alelos: R, que determina a presença do
fator (Rh+), e r , que condiciona a ausência do fator (Rh-). Assim, os indivíduos com
genótipos RR e Rr têm fenótipo Rh+ , enquanto indivíduos com o genótipo rr têm
fenótipo Rh- .
Quando uma pessoa Rh- recebe sangue Rh+, não há reação a princípio pois
ela ainda não possui anticorpos anti-Rh. Os anticorpos anti-Rh são produzidos
gradativamente e; portanto, se a pessoa receber transfusões com sangue Rh+,
poderá ter problemas graves.

SAÚDE EM PAUTA
A Eritroblastose fetal é uma doença hemolítica causada pela
incompatibilidade do sistema Rh do sangue materno e fetal. Ela se manifesta,
quando há incompatibili- dade sanguínea referente ao Rh entre mãe e feto, ou seja,
quando o fator Rh da mãe é negativo e o do feto, positivo. Quando isso
acontece, durante a gestação, a mulher produz anticorpos anti -Rh para tentar
destruir o agente Rh do feto, considerado “intruso”.
Uma vez produzidos, esses anticorpos permanecem na circulação da
mãe. Caso ela volte a engravidar de um bebê com Rh positivo, os anticorpos
produzidos na gravidez anterior destroem as hemácias (glóbulos vermelhos do
sangue) do feto. Para com- pensar essa perda, são fabricadas mais hemácias, que
chegam imaturas ao sangu e e recebem o nome de eritroblastos.
O primeiro filho, portanto, apresenta menos risco de desenvolver a doença do
que os seguintes, porque a mãe Rh - ainda não foi sensibilizada pelos anticorpos
anti-Rh. No entanto, na falta de tratamento, esses anticorpos produzidos na
primeira gestação podem destruir as hemácias do sangue dos próximos fetos Rh.

Sintomas

A doença hemolítica por incompatibilidade de Rh varia de leve à grave. Os


sintomas vão desde anemia e icterícia leves à deficiência mental, surdez, paralisia
82

cerebral, edema generalizado, fígado e baço aumentados, icterícia, anemia graves e


morte durante a gestação ou após o parto.
Recém-nascido portador da enfermidade tem uma cor amarelada, porque a
hemoglobina das hemácias destruídas é convertida em bili rrubina pelo fígado e seu
acúmulo provoca um quadro de icterícia na criança.

Tratamento e prevenção

A prevenção é o melhor tratamento para a doença hemolítica por


incompatibilidade de RH e deve começar antes mesmo de a mulher engravidar.No
entanto, se o bebê nascer com a doença, a primeira medida terapêutica é substituir
seu sangue por meio de transfusão de sangue negativo, que não será destruído
pelos anticorpos an- ti -Rh da mãe que passaram ao filho através da placenta. Como
vivem cerca de três meses, as hemácias transferidas serão substituídas aos poucos
pelas do bebê cujo fator Rh é positivo. Quando isso ocorrer por completo, não
haverá mais anticorpos anti -Rh da mãe na circulação do filho.

EVOLUÇÃO

Introdução a Evolução

Como surgiu a vida no ambiente terrestre? E como ela evoluiu? Para


responder a essas duas questões, pode-se recorrer a argumentos científicos ou não.
Ainda é comum a crença segundo a qual a vida teria sido originada e evoluiu a partir
da ação de um Criador. Por outro lado, existem muitas evidências científicas, muitas
delas apoiadas por procedimentos experimentais, de que a vida surgiu e evoluiu de
maneira lenta e progressiva, com a participação de inúmeras substâncias e reações
químicas, de processos bioenergéticos e, claro, com a participação constante do
ambiente. O estudo científico da origem da vida e da evolução biológica, esta
unificadora das diversas áreas biológicas, é um dos mais fascinantes desafios da
Biologia atual.
83

BIG BANG: A Formação do Universo

Os cientistas supõem que, há cerca de 10 a 20 bilhões de anos, uma massa


compacta de matéria explodiu – o chamado Bing Bang -, espalhando seus
inúmeros fragmentos que se movem até hoje pelo Universo. Acreditam esses
cientistas, que os fragmentos se deslocam continuamente e, por isso, o Universo
estaria em contínua expansão.
À medida que esses fragmentos se tornaram mais frios, os átomos de
diversos elementos químicos, especialmente hidrogênio e hélio, teriam sido
formados. O Sol teria se formado por volta de 5 a 10 bilhões de anos atrás. O
material que o formava teria sofrido compressões devido à força de atração
gravitacional, e ele teria entrado em ignição, liberando grande quantidade de calor.
Com isso, outros elementos, derivados do hélio e do hidrogênio, teriam se formado.
Da fusão de elementos liberados pelo Sol, com grande quantidade de poeira e
gases, teria se originado inúmeros planetas, entre eles a Terra.

Atualmente, há duas correntes de pensamento entre os cientistas com


relação à origem da vida na Terra: uma que teria surgido a partir de outros planetas
(panspermia), e outra, que teria se desenvolvido gradativamente em um longo
processo de mudança, seleção e evolução.
Todos os organismos são resultantes de um processo histórico que se
desenvolveu durante milênios e que ainda se desenvolve atualmente. Esse processo
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histórico, que deu origem aos milhares de animais e plantas diferentes que podemos
observar hoje e a muitos outros já extintos, é a evolução. Atualmente, admite-se
que todos os seres vivos têm sua origem em organismos preexistentes, ancestrais
comuns que acumularam modificações ao longo do tempo. A grade diversidade de
seres vivos, quanto a tamanhos, formas, cores e comportamentos, derivam, pois,
dessas alterações.

Teorias sobre a Origem da Vida

Desde a antiguidade, o homem procura explicar como surgiu a vida em


nosso planeta. No decorrer dos tempos, surgiram diversas teorias elaboradas por
filósofos, cientistas e religiosos. As mais conhecidas teorias são o criacionismo, a
biogênese, a geração espontânea (abiogênese), a panspermia cósmica e a de
Oparin – Haldane.

• O Criacionismo: O irlandês James Ussher (1581- 1656) foi um dos


primeiros criacionistas. O arcebispo defendia, assim como aqueles que o seguiam,
que, conforme os preceitos bíblicos, os seres vivos teriam surgido por obra divina,
portanto sem defeitos e sem necessidade de mudança. O criacionismo foi
combatido desde o início por estudiosos e cientistas pela falta de comprovação
científica. Recentemente, o criacionismo apareceu com um novo rótulo: desenho
inteligente, uma forma de agradar aqueles que não acreditavam na existência de um
Deus Criador e não desagradar os estudiosos que não aceitam o criacionismo como
ciência verdadeira e comprovável.

• A Abiogênese: A teoria da abiogênese ou geração espontânea foi à


primeira ideia proposta pela origem da vida e teve uma participação muito
importante do filósofo grego Aristóteles. Naquela época, como Aristóteles
influenciava o pensamento de muitas pessoas, e até de grandes cientistas, essa
teoria foi muito aceita.
Nessa teoria, os seres vivos podiam brotar a partir da matéria orgânica.
Sapos poderiam brotar dos pântanos, vermes brotavam das frutas. Um médico
chamado Jan Baptista van Helmont elaborou uma receita de como fabricar ratos por
geração espontânea, que consistia em colocar grãos de trigo em camisas sujas e
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esperar alguns dias. Ele estava tão envolvido com essa idéia que não foi capaz de
imaginar que os ratos na verdade eram atraídos pela sujeira, e não brotavam nessa
“receita”.

• A Biogênese: Segundo essa teoria todos os seres vivos originaram-se


de outros seres vivos preexistentes. Francesco Redi (1626-1697), um médico
Italiano, realizou alguns experimentos que comprovaram que a teoria da geração
espontânea estava errada. Na teoria, vermes brotavam de cadáveres e alimentos
podres. Ele observou que esses vermes não brotavam, mas sim se originavam de
ovos que eram depositados pelas moscas.

O Fim da Abiogênese: Louis Pasteur, na década de 1860, realizou


experimento que derrubou de vez a teoria da abiogênese. Realizou experimentos
utilizando frascos de vidro que possuíam o gargalho semelhante a pescoços de
cisne. Dentro havia um caldo nutritivo. Esses frascos com caldo foram fervidos e
deixados em repouso por alguns dias. Não houve formação de microrganismos, pois
a água que evaporou do caldo ficou retida nas paredes do gargalo e funcionou como
um filtro de ar, e os microrganismos ficavam retidos nele, não entrando em contato
com o caldo. Pasteur quebrou os gargalos e deixou o caldo em contato com o ar.
Após alguns dias ele observou o desenvolvimento de microrganismos no caldo, que
antes estavam no ar.
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• A Panspermia Cósmica: Essa teoria afirma que os seres vivos não


foram originados aqui na Terra, mas em outros planetas, e trazidos para cá por meio
de esporos ou formas de resistência aderida a meteoritos que caíram em nosso
planeta.

• Oparin – Haldane: Trabalhando independentemente, o cientista russo


Aleksander I. Oparin (1894-1980) e o cientista inglês John Burdon S. Haldane
(1892 – 1964) propuseram na década de 1920, hipóteses semelhantes sobre como
a vida teria se originado na Terra. Apesar de existirem pequenas diferenças entre as
hipóteses desses cientistas, basicamente eles propuseram que os primeiros seres
vivos surgiram a partir de moléculas orgânicas que teriam se formado na atmosfera
primitiva e depois nos oceanos, a partir de substâncias inorgânicas.

John Burdon S. Haldane e Aleksander I. Oparin


É a teoria mais aceita hoje pelo meio cientifico para explicar a origem da vida,
essa teoria explica como surgiram os primeiros organismos vivos, as primeiras
células.
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A Teoria da Origem da Vida diz que na atmosfera primitiva da Terra, assim


como no Sol e em Júpiter, predominavam gases como metano, amoníaco,
hidrogênio e vapor d’água, compostos por elementos químicos básicos (carbono,
hidrogênio, oxigênio e nitrogênio), liberados através de erupções vulcânicas.
Esses gases na atmosfera, submetidos a descargas elétricas e as fortes
radiações ultravioletas (nossa camada de ozônio estava em formação), foram
fundamentais para a formação de moléculas orgânicas complexas, e com frequentes
chuvas. Um ambiente com altas temperaturas e grande quantidade de mares, a
evaporação excessiva resultava em fortes e frequentes chuvas, o que foi
responsável pela transferência das moléculas orgânicas da atmosfera para os mares
primitivos, dando origem aos coacervados, a primeira substância orgânica da Terra.
Os coacervados formavam um sistema parcialmente separado do meio, permitindo
que trocas fossem realizadas com esse meio. Posteriormente, com surgimento de
uma membrana envoltória lipoproteica e ácidos nucléicos inseridos em seu interior, e
adquirindo a capacidade de reprodução, surgiu o primeiro ser vivo da face da Terra.

A Teoria de Lamarck

Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829), naturalista francês, foi o primeiro


cientista a propor uma teoria sistemática da evolução. Sua teoria foi publicada em
1809, em um livro denominado Filosofia Zoológica. Segundo Lamarck, o principio
evolutivo estaria baseado em duas Leis fundamentais:

• Lei do uso ou desuso: o uso de determinadas partes do corpo do


organismo faz com que estas se desenvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem.

• Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: alterações


provocadas em determinadas características do organismo, pelo uso e desuso, são
transmitidas aos descendentes.
Ele apoiava-se na sua observação de que as girafas costumam ter pescoço
de comprimento igual à altura das árvores da região. A sua teoria é de que
sucessivas gerações de girafas foram esticando o seu pescoço até alcançar o galho.
Cada geração herdava dos seus pais a informação da altura das árvores de alguma
forma. Assim as espécies evoluem de maneira a adaptar-se ao meio.
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Obs.: Observe que em A, inicialmente as girafas têm pescoço curto e de


"tanto usarem" desenvolveram pescoço longo e herdaram para seus descendentes
(Lamarckismo). Na imagem B, nota-se que as girafas mais adaptadas a sobreviver
são as de pescoço longo, logo, as de pescoço curto não competem igualmente e
morrem havendo assim a escolha da natureza pela espécie mais adaptada
(Darwinismo/seleção natural).

A Teoria de Darwin

Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês, desenvolveu uma teoria


evolutiva que é a base da moderna teoria sintética: a teoria da seleção natural.
Segundo Darwin, os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances
de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de
descendentes. Os organismos mais bem adaptados são, portanto, selecionados
para aquele ambiente. Os princípios básicos das ideias de Darwin podem ser
resumidos nos seguintes modos:
• Os indivíduos de uma mesma espécie apresentam variações em todos
os caracteres, não sendo, portanto, idênticos entre si.
• Todo organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo
muitos descendentes. Entretanto, apenas alguns dos descendentes chegam à idade
adulta.
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• O número de indivíduos de uma espécie é mantido mais ou menos


constante ao longo das gerações.

Assim, há grande "luta" pela vida entre os descendentes, pois apesar de


nascerem muitos indivíduos poucos atingem a maturidade, o que mantém constante
o número de indivíduos na espécie.
Na "luta" pela vida, organismos com variações favoráveis ás condições do
ambiente onde vivem têm maiores chances de sobreviver, quando comparados aos
organismos com variações menos favoráveis.
Os organismos com essas variações vantajosas têm maiores chances de
deixar descendentes. Como há transmissão de caracteres de pais para filhos, estes
apresentam essas variações vantajosas.
Assim, ao longo das gerações, a atuação da seleção natural sobre os
indivíduos mantém ou melhora o grau de adaptação destes ao meio.

Lamarck Darwin
O meio cria O meio exerce uma seleção natural
necessidades que induzem que favorece os indivíduos portadores das
mudanças nos hábitos e nas características mais apropriadas para um
formas dos indivíduos. determinado ambiente e num determinado
tempo.
As novas No seio de uma população certos
características conseguem-se indivíduos apresentam características que
pelo uso ou desuso repetido lhes conferem uma melhor adaptação em
de um órgão ou parte do relação aos outros.
corpo.
As características Os mais aptos vivem mais tempo,
adquiridas são transmitidas reproduzem-se mais e transmitem as suas
aos descendentes. características aos descendentes.

Teoria Sintética da Evolução


90

Neodarwinismo

O desenvolvimento da Ciência, após Darwin, contribuiu para uma melhor


compreensão da Evolução. E, assim, chegou-se a uma nova teoria que ficou
conhecida como: Teoria Sintética da Evolução ou Teoria Neodarwinista.
O neodarwinismo está baseado nas mesmas ideias do darwinismo.

O neodarwinismo explica a origem da variabilidade nas populações,


completando a teoria darwinista. Atualmente são conhecidas as causas da
variabilidade nas populações e os mecanismos de transmissão hereditária.
A compreensão da variabilidade genética e fenotípica dos indivíduos de uma
população é fundamental para o estudo dos fenômenos evolutivos, uma vez que a
evolução é na realidade, a transformação estatística de populações ao longo do
tempo, ou ainda, alterações na frequência dos genes dessa população. Os fatores
que determinam alterações na frequência dos genes são denominados: fatores
evolutivos. Cada população apresenta um conjunto gênico, que sujeito a fatores
evolutivos, podem ser alterados.
O conjunto gênico de uma população é o conjunto de todos os genes
presentes nessa população. Assim, quanto maior é a variabilidade genética.
Os principais fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto gênico da
população podem ser reunidos em duas categorias:
91

• Fatores que tendem a aumentar a variabilidade genética da população:


mutação e recombinação gênica ou permutação.

• Fatores que atuam sobre a variabilidade genética já estabelecida:


migração e seleção natural.

Atualmente considera-se como o conceito central e unificador da Biologia, e


uma frase marcante que enfatiza essa ideia foi escrita pelo cientista Dobzhansky:
“Nada se faz em Biologia a não ser à luz da evolução”.

• Mutação: São alterações do código de bases nitrogenadas do DNA,


que originam novas versões de genes, as quais podem produzir novas
características nos portadores da mutação. Todos os dias as suas células produzem
proteínas que contêm aminoácidos em certa sequência. Imagine, por exemplo, que
em certo dia uma célula da epiderme de sua pele produza uma proteína diferente.
Suponha também que essa proteína seja uma enzima que atue em uma reação
química que leva a produção de um pigmento amarelo em vez do pigmento
normalmente encontrado na pele, a melanina. Essa célula se multiplica e de repente
aparece uma mancha amarelada em sua pele.
Provavelmente essa proteína poderá ter sofrido uma alteração em sua
sequência de aminoácidos, tendo havido a substituição de um aminoácido por outro,
o que acarretou uma mudança em seu mecanismo de atuação e, como
consequência levou à produção de um pigmento de cor diferente. O albinismo é
causado por uma mutação na enzima tirozina-se que transforma o aminoácido
tirozina em pigmento da pele, a melanina. Esta doença ocorre em animais e nas
plantas e é hereditária.

• Recombinação Gênica ou Permutação: A recombinação gênica


acontece durante a meiose, um tipo especial de divisão celular que ocorre durante a
formação do espermatozoide e óvulos e dá a eles o número correto de
cromossomos. A partir do momento que os gametas se unem durante a fertilização,
cada um deve conter apenas metade do número de cromossomos que outras
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células do corpo possuem. Caso contrário, a célula fertilizada teria cromossomos a


mais.
Dentro das células germinativas os cromossomos homólogos ficam
pareados. Enquanto eles são comprimidos, os cromossomos podem quebrar, e cada
um pode trocar uma porção do seu material genético pela porção correspondente de
seu par. Essa forma de recombinação é chamada de crossingover.
Quando os cromossomos se grudam de volta e se separam, cada um obteve
um novo material genético do outro. As versões de genes que o cromossomo
apresenta agora são diferentes da original. Como este processo só ocorre com uma
das duas cópias do cromossomo, o conjunto das informações iniciais não é
totalmente perdido. O resultado é o aumento da variabilidade.

• Migração: A migração corresponde à entrada ou à saída de indivíduos


em uma população. A entrada denomina-se imigração e a saída, emigração. Pelos
processos migratórios é possível que genes novos sejam introduzidos em uma
população. Assim, se indivíduos emigrarem de uma população para outra da mesma
espécie, poderão introduzir genes que não ocorreriam na população para a qual
imigrarem, contribuindo para o aumento da variabilidade genotípica dessa
população.
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• Seleção Natural: A ação da seleção natural consiste em selecionar


indivíduos mais adaptados a determinada condição ecológica, eliminando aqueles
desvantajosos para essa mesma condição.

Exemplos de Seleção Natural:

• Camuflagem: Há animais que têm a capacidade de se camuflarem


com o meio em que vivem para tirar alguma vantagem. A camuflagem pode ser útil
tanto ao predador, quando deseja atacar uma presa sem que esta o veja, ou para a
presa, que pode se esconder mais facilmente de seu predador. Existem dois tipos de
camuflagem, a Homocromia, é um meio de defesa ou ataque em que a cor do
animal é muito semelhante à cor de fundo do meio em que esse animal vive. Este
método é muito utilizado pelos animais para se fundirem com o meio envolvente
ficando assim invisíveis ao olhar dos predadores ou presas. E a Homotipia, onde o
animal tem a forma de objetos que compõe o meio. O bicho-pau, que tem forma de
graveto e fica em árvores que têm galhos semelhantes à forma de seu corpo.
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• Mimetismo: É semelhante à camuflagem, só que ao invés de se


parecerem com o meio, os animais que praticam o mimetismo tentam se parecer
com outros animais, com intuito de parecer quem não é.

• Resistência a Antibióticos ou a Inseticidas: A resistência de


bactérias a antibióticos e de insetos a inseticidas tem aumentado muito nos últimos
anos, havendo sempre a necessidade de se desenvolverem novos antibióticos e
novos inseticidas. A resistência a esses produtos ocorre do seguinte modo: os
indivíduos estão adaptados a uma determinada condição ambiental; se
introduzirmos no meio certa quantidade de determinado antibiótico ou de inseticida
haverá grande mortalidade de indivíduos, mas alguns poucos, que já apresentavam
mutações que lhes conferiam resistência a essas substâncias, sobreviverão. Estes,
por sua vez, ao se reproduzir, originarão indivíduos com características que se
distribuem em torno de outro tipo médio. Se estes indivíduos forem submetidos a
doses mais altas das substâncias em questão, novamente haverá alta mortalidade e
sobreviverão apenas aqueles que já tiverem condições genéticas de resistir a doses
mais altas de droga, podendo-se observar um deslocamento da média das
características no sentido da maior resistência a uma determinada substância.

• Coloração de Advertência: Alguns animais produzem ou acumulam


substâncias químicas nocivas e apresentam coloração vistosa, chamada coloração
de advertência, sinalizando que eles não devem ser ingeridos. Quem tenta se
alimentar de um desses organismos aprende a não comer outro semelhante. Um
exemplo é a borboleta-monarca, que possui coloração laranja e preta muito vistosa,
sendo um animal facilmente visível no ambiente. Essa espécie de borboleta produz
substâncias que as tornam não palatáveis aos seus predadores. Eles aprendem a
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associar o padrão de coloração ao sabor desagradável e evitam capturar essas


borboletas.

• Melanismo Industrial:

Antes da industrialização da Inglaterra, predominavam as mariposas claras;


mas às vezes apareciam mutantes escuros, dominantes, que, apesar de serem mais
robustos, eram eliminados pelos predadores por serem visíveis.
Depois da industrialização, no século passado, os mutantes escuros
passaram a ser mimetizados pela fuligem. Estes passaram a ser menos predados,
por estarem "escondidos", o que aumentou a sua frequência na população. Os
predadores das mariposas, como por exemplo, os pássaros atuam como agentes
seletivos.

Evidências Evolutivas

A determinação da duração de uma espécie é feita em escala geológica e o


que se considera antigo ou recente, em termos evolutivos, é contado em milhares de
96

anos. Enquanto as atuais espécies surgiram nos últimos milhares de anos, calcula-
se que os gêneros a que elas pertencem tenham, no mínimo, 1 milhão de anos; as
famílias,15 milhões, e as respectivas ordens, pelo menos 50 milhões.

Principais Evidências da Evolução:

• Homologia: Refere-se a estruturas corporais ou órgãos que possuem


origem embrionária semelhante, podendo desempenhar mesma função (nadadeira
de uma baleia e nadadeira de um golfinho) ou funções diferentes, como as asas de
um morcego e os braços de um humano, e nadadeiras peitorais de um golfinho e as
asas de uma ave. Essa adaptação a modos de vida distintos é denominada
evolução divergente.

• Analogia: Desempenham a mesma função, mas possuem origens


embrionárias diferenciadas, como as asas de insetos e asas de aves. Estas,
apesar de exercerem papéis semelhantes, não são derivadas das mesmas
estruturas presentes em um ancestral comum exclusivo entre essas duas espécies.
Assim, a adaptação evolutiva a modos de vida semelhantes leva organismos pouco
aparentados a desenvolverem formas semelhantes, fenômeno este chamado de
evolução convergente.
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• Órgãos Vestigiais: São aqueles que, em alguns organismos,


encontra-se com tamanho reduzido e geralmente sem função, mas em outros
organismos são maiores e exercem função definitiva. A importância evolutiva desses
órgãos vestigiais é a indicação de uma ancestralidade comum. Um exemplo bem
conhecido de órgão vestigial no homem é o apêndice vermiforme, estrutura
pequena e sem função que parte do ceco (estrutura localizada no ponto onde o
intestino delgado liga-se ao grosso). Nos mamíferos roedores, o ceco é uma
estrutura bem desenvolvida, na qual o alimento parcialmente digerido á armazenado
e a celulose, abundante nos vegetais ingeridos, é degradada pela ação de bactérias
especializadas. Em alguns desses animais o ceco é uma bolsa contínua e em
outros, como o coelho, apresenta extremidade final mais estreita, denominada
apêndice, que corresponde ao apêndice vermiforme humano.

• Fósseis: É considerado fóssil qualquer indício da presença de


organismos que viveram em tempos remotos da Terra. As partes duras do corpo dos
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organismos são aquelas mais frequentemente conservadas nos processos de


fossilização, mas existem casos em que a parte mole do corpo também é
preservada. Dentre estes podemos citar os fosseis congelados, como, por exemplo,
o mamute encontrado na Sibéria do norte e os fosseis de insetos encontrados em
âmbar. Neste último caso, os insetos que penetravam na resina pegajosa, eliminada
pelos pinheiros, morriam, A resina endurecia, transformando-se em âmbar, e o
inseto aí contido era preservado nos detalhes de sua estrutura.Também são
consideradas fósseis impressões deixadas por organismos que viveram em eras
passadas, como, por exemplo, pegadas de animais extintos e impressões de folhas,
de penas de aves extintas e da superfície da pele dos dinossauros.
A importância do estudo dos fósseis para a evolução está na possibilidade de
conhecermos organismos que viveram na Terra em tempos remotos, sob condições
ambientais distintas das encontradas atualmente, e que podem fornecer indícios de
parentesco com as espécies atuais. Por isso, os fósseis são considerados
importantes testemunhos da evolução.

Processo de fossilização
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Um fóssil se forma quando os restos mortais de um organismo ficam a salvo


tanto da ação dos agentes decompositores como das intempéries naturais (vento,
sol direto, chuvas, entre outras.). As condições mais favoráveis à fossilização
ocorrem quando o corpo de um animal ou uma planta é sepultado no fundo de um
lago e rapidamente coberto por sedimentos.

Especiação

O livro mais famoso escrito por Darwin chama-se “A Origem das Espécies”. O
interessante é que, apesar do título, em todo o seu livro, Darwin não descreve um
único caso concreto, observado na natureza, de nascimento de uma espécie.
Sendo a evolução um processo muito lento, realmente é muito difícil vermos
esse nascimento. A especiação, como é chamada a formação de novas espécies, é,
portanto, um dos temas mais polêmicos acerca da evolução. Há muita discussão
sobre como o “nascimento” de uma espécie realmente ocorre.
A especiação é o termo utilizado para definir o processo que resulta no
surgimento de uma nova espécie a partir de uma espécie já estabelecida. Antes, no
entanto é preciso definir espécie.
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O termo “espécie” vem do latim species e significa tipo, qualidade. É


empregado na linguagem cotidiana para designar tanto organismos vivos como
coisas não vivas. Existem vários conceitos de espécies, mas em 1942, Ernest
Mayr(1945-2005) propôs uma definição de espécie válida até hoje, apesar de suas
limitações. Nessa definição, “espécie é um grupo de populações cujos indivíduos
são capazes de cruzar e produzir descendentes férteis, em condições naturais,
estando reprodutivamente isolados de indivíduos de outras espécies”.

Há dois modelos básicos de especiação: por anagênese e por cladogênese.

• Anagênese: (do grego: aná – movimento de baixo para cima, e


génesis: origem.). Consiste na transformação das características dentro de uma
espécie, com mudanças graduais que levam à adaptação evolutiva. Uma população
vai lentamente se adaptando a modificações ambientais, de tal forma que a
população final é tão diferente da inicial, que pode ser considerada outra
espécie.Um exemplo muito bem documentado pelo registro fóssil de especiação por
anagênese é o cavalo. Veja nos desenhos abaixo os vários gêneros de cavalo que
aparecem no registro fóssil, até chegar ao gênero atual (Equus).

• Cladogênese: (do grego: kladós= ramo, gênese= origem) Compreende


processos responsáveis pela ruptura original de uma população (clados), gerando
duas ou mais populações que não podem mais trocar seus genes entre seus
indivíduos. Essa ruptura pode ocorrer em função de fenômenos da deriva gênica, do
101

surgimento de barreiras geográficas e mesmo da ocorrência de mutações. Se


permanecerem separadas, sem trocar genes, cada uma dessas populações passa a
ter sua própria história evolutiva e, em função dos eventos anagenéticos, essas
populações modificam-se ao longo do tempo, podendo originar uma espécie distinta.

Gradualismo e Equilíbrio Pontuado

Durante o processo de evolução das espécies, correntes de pensamentos


divergentes propuseram teorias para explicar a formação e perpetuação de novas
espécies, através de mecanismos de especiação.
Por volta de 1859 a 1972, vigorava a teoria do Gradualismo, proposta por
Charles Darwin, defendendo o acúmulo de pequenas modificações ao longo de
várias gerações, portanto um evento lento, condicionado pela transferência
hereditária de mudanças no comportamento morfológico e fisiológico do indivíduo.
Contrária a essa corrente, surgiu uma teoria científica formulada após 1972,
pelos paleontólogos evolucionistas Stephen Jay Gould e Niles Eldredge,
denominada de equilíbrio pontuado (saltacionismo, pontualismo ou teoria dos
equilíbrios intermitentes). Segundo essa linha de pensamento, a evolução de uma
espécie não ocorre de forma constante, mas alternada em períodos de escassas
mudanças, com súbitos saltos que caracterizam alterações estruturais ou orgânicas
adaptadas e selecionadas.
Os biólogos tradicionalmente atribuíram essas dificuldades em encontrar
formas intermediarias ao fato de os registros fósseis serem incompletos e falhos. Jay
Gould e Eldredge contestaram essa visão e propuseram que tanto a aparição
repentina de várias espécies quanto os longos períodos sem mudanças nos
organismos são reais, e não decorrentes de falhas nos registros fósseis.
102

Esquema de dois modelos de


especiação considerando o fator
tempo: no gradualismo as
espécies descendem de um
ancestral comum e vão sofrendo
modificações gradu ais ao longo
do tempo, relaci onadas com a
adaptação ao meio; no equilíbrio
pontuado as espécies
descendem de um ancestral
comum por mu danças rápidas e depois pou co se modificam ao longo de sua
existência.

Processos de Especiação

Os cientistas acreditam que, na história evolutiva da vida, as espécies


surgem normalmente por cladogênese, isto é, por diversificação de uma espécie
ancestral. Seguindo essa linha, os biólogos distinguem dois tipos de especiação: a
especiação alopática e especiação simpátrica.

• Especiação Simpátrica: (do grego sun, juntos, e do latim pátria, local


de nascimento) ocorre em uma mesma região geográfica. Dois grupos de indivíduos
de uma mesma população divergem dentro da mesma área geográfica. Este tipo de
especiação pode ocorrer muitas vezes em insetos que se tornam dependentes de
plantas hospedeiras diferentes, numa mesma área.
• Especiação Alopátrica ou Dicopátrica : (do grego allós, outro
diferente) considera que o primeiro passo para a formação de duas novas espécies
é a separação geográfica entre populações de uma espécie ancestral. A população
inicial divide-se em dois grandes grupos, que ficam isolados geograficamente, por
exemplo, pela formação de um rio, aumento da densidade arbórea de uma floresta,
formação de uma montanha, entre outros. Os dois grupos recém-formados iniciam,
assim, um mecanismo de diferenciação genotípica e fenotípica. Com o passar dos
anos, mesmo que a barreira que os isolou desapareça esses dois grupos já estarão
103

de tal forma evoluídos e reprodutivamente isolados que, possivelmente, já não são


capazes de trocar genes entre eles. Diz-se, então, que elas apresentam isolamento
reprodutivo e, portanto constituem duas espécies diferentes.
Em 1954, Ernest Mayr propôs um novo tipo de especiação alopátrica, que ele
chamou de especiação peripátrica (do grego peri , ao redor, em torno). Esta
ocorreria pelo isolamento de populações em áreas marginais de uma população
original. Segundo Mayr, a especiação peripátrica tem sido muito mais importante no
processo evolutivo do que a especiação dicopátrica.

Isolamento Reprodutivo

A especiação se completa com o surgimento de isolamento reprodutivo, que


impede indivíduos de espécies diferentes de trocar genes por cruzamento. Diversos
mecanismos podem impedir essa troca de isolamento reprodutivo. Estes podem
atuar antes da formação do zigoto, sendo por isso chamados de processos pré-
zigóticos, ou depois de o zigoto ter-se formado, sendo chamados de processos pós-
zigoticos.

Processos Pré-Zigóticos de Isolamento Reprodutivo: são processos que


impedem a fecundação.
104

• Isolamento de Hábitat: os membros de duas espécies não se cruzam


pelo fato de viverem em hábitats diferentes. Um exemplo ocorre entre leões e tigres,
que podem se cruzar em cativeiro, produzindo descendentes, em alguns casos
férteis. Isso não ocorre na natureza porque essas duas espécies vivem em habitats
diferentes: os leões vivem nas savanas e os tigres, nas florestas.

• Isolamento sazonal ou estacional: cada espécie se adaptou a se


reproduzir em uma determinada fase do ano. Por exemplo, duas espécies de aves
que habitam uma mesma região podem não se cruzar por apresentarem a
reprodução em diferentes épocas do ano.

• Isolamento comportamental ou etológico: os indivíduos não se


cruzam, porque a “dança” da corte de cada um deles é diferente. Com isso, as
fêmeas de uma espécie não reconhecem os sinais de sedução dos machos de outra
espécie.

• Isolamento mecânico: Os órgãos sexuais dos machos e das fêmeas


de espécies diferentes não são compatíveis. Em vegetais, o tubo polínico pode não
germinar no órgão feminino de uma flor de outra espécie.
105

Processos Pós-zigóticos de Isolamento Reprodutivo: são processos


relacionados ao que ocorre ao zigoto híbrido e o indivíduo que pode vir a ser
formado a partir dele.

• Mortalidade do Zigoto: se ocorrer fecundação entre gametas de


espécies diferentes, o zigoto poderá ser pouco viável, morrendo devido ao
desenvolvimento embrionário irregular.

• Inviabilidade do Híbrido: indivíduos resultantes do cruzamento entre


seres de espécies diferentes são chamados híbridos interespecíficos. Embora
possam a ser férteis, são inviáveis por sua inferioridade adaptativa ou menor
eficiência para a reprodução.

• Esterilidade do Híbrido: a esterilidade do híbrido pode ocorrer pela


presença de gônadas anormais ou problemas decorrentes de meiose anômala. É o
caso da mula e do burro, híbridos estéreis resultantes do cruzamento entre o
jumento e a égua ou entre a jumenta e o cavalo.

• Deterioração dos descendentes: os filhos nascem e são saudáveis.


Mas, com o passar das gerações, tornam-se mais fracos e estéreis. Assim, o
isolamento reprodutivo total entre duas espécies deve-se, em geral, a vários fatores,
dentre os quais um pode ser mais efetivo do que o outro.

ECOLOGIA
106

Ecologia (do grego oikos = casa + logos = estudo) é a biociência que trata do
ambiente ocupado pelos seres vivos, isto é, o estudo das relações entre os seres
vivos e o espaço ocupado por eles.

Cada ser vivo retira, continuadamente, substâncias do meio físico, eliminam


outras e também dissipa energia, além de estabelecer múltiplas relações com outros
seres vivos. Estudar Ecologia é muito importante para a preservação das diferentes
espécies e seus ambientes.
Os seres vivos constituem os fatores bióticos (do grego: bios = vida) do
ambiente, e os fatores abióticos (do grego: a = ausência e bios = vida). Para a
manutenção da vida do nosso planeta é necessário que haja equilíbrio entre esses
dois fatores.
Conceitos Fundamentais
• Espécie: é o conjunto de indivíduos semelhantes (estruturalmente,
funcionalmente e bioquimicamente) que se reproduzem naturalmente, originando
descendentes férteis. Ex.: Homo sapiens

• População: é o conjunto de indivíduos de mesma espécie que vivem


numa mesma área em um determinado período. Ex.: população de ratos em um
bueiro, em um determinado dia; população de bactérias causando amigdalite por 10
dias, 10 mil pessoas vivendo numa cidade em 1996 e entre outros.

• Comunidade ou biocenose: é o conjunto de populações de diversas


espécies que habitam uma mesma região num determinado período. Ex.: seres de
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uma floresta, de um rio, de um lago de um brejo, dos campos, dos oceanos, entre
outros.

• Ecossistema ou sistema ecológico: é o conjunto formado pelo meio


ambiente físico, ou seja, o BIÓTOPO (formado por fatores abióticos como: solo,
água, ar) mais a comunidade (formada por componentes bióticos - seres vivos) que
com o meio se relaciona.

• Biótopo: Área física na qual determinada comunidade vive. Por


exemplo, o habitat das piranhas é a água doce, como, por exemplo, a do rio
Amazonas ou dos rios do complexo do Pantanal o biótopo rio Amazonas é o local
onde vivem todas as populações de organismos vivos desse rio, dentre elas, a de
piranhas.

• Ecótono: é a região de transição entre duas comunidades ou entre


dois ecossistemas. Na área de transição (ecótono) vamos encontrar grande número
de espécies e, por conseguinte, grande número de nichos ecológicos.

• Biosfera: toda vida, seja ela animal ou vegetal, ocorre numa faixa
denominada biosfera, que inclui a superfície da Terra, os rios, os lagos, mares e
oceanos e parte da atmosfera. E a vida é só possível nessa faixa porque aí se
encontram os gases necessários para as espécies terrestres e aquáticas: oxigênio e
nitrogênio.

A biosfera refere-se à região do planeta ocupada pelos seres vivos. É


possível encontrar vida em todas as regiões do planeta, por mais quente ou frio que
elas sejam. O conceito de biosfera foi criado por analogia a outros conceitos
empregados para designar parte de nosso planeta.

De modo qual, podemos dizer que os limites da biosfera se estendem


desde as altas montanhas até as profundezas das fossas abissais marinhas.
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Ecossistemas

É o conjunto de todos os seres vivos de um


ambiente (fatores bióticos), somando aos não- vivos
(fatores abióticos) e às relações que se estabelecem
entre si, constitui um ecossistema. Assim, um jardim,
uma floresta, uma lagoa, o oceano ou um deserto
são exemplos de ecossistemas. Mas também podem
ser exemplos de ecossistemas ambientes menores,
como uma poça de água (contendo seres vivos), uma
mata ou um vaso de plantas, por exemplo. Os ecossistemas podem ser naturais
(formam-se independentemente da ação humana) e artificiais (formados pela ação
do homem).

Os Fatores Limitantes do Ecossistema

Luz

A luz é uma manifestação de energia, cuja principal fonte é o Sol. É


indispensável ao desenvolvimento das plantas. De fato, os vegetais produzem a
matéria de que o seu organismo é formado através de um processo - a fotossíntese
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- realizado a partir da captação da energia luminosa. Praticamente todos os animais


necessitam de luz para sobreviver. São exceção algumas espécies que vivem em
cavernas - espécies cavernícolas - e as espécies que vivem no meio aquático a
grande profundidade - espécies abissais.
Certos animais como, por exemplo, as borboletas necessitam de elevada
intensidade luminosa, pelo que são designadas por espécies lucífilas. Por oposição,
seres como o caracol e a minhoca não necessitam de muita luz, evitando-a, pelo
que são denominadas espécies lucífugas.

A luz influência o comportamento e a distribuição dos seres vivos e, também,


as suas características morfológicas.

A Luz e os Comportamentos dos Seres Vivos

Os animais apresentam fototatismo, ou seja, sensibilidade em relação à luz,


pelo que se orientam para ela ou se afastam dela. Tal como os animais, as plantas
também se orientam em relação à luz, ou seja, apresentam fototropismo. Os animais
e as plantas apresentam fotoperiodismo, isto é, capacidade de reagir à duração da
luminosidade diária a que estão submetidos - fotoperíodo. Muitas plantas com flor
reagem de diferentes modos ao fotoperíodo, tendo, por isso, diferentes épocas de
floração. Também os animais reagem de diversos modos ao fotoperíodo, pelo que
apresentam o seu período de atividade em diferentes momentos do dia.

Temperatura

Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatura, o


que confere a este fator uma grande importância. Cada ser sobrevive entre certos
limites de temperatura - amplitude térmica - não existindo nem acima nem abaixo de
um determinado valor. Cada espécie possui uma temperatura ótima para a
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realização das suas atividades vitais. Alguns seres têm grande amplitude térmica de
existência - seres euritérmicos - enquanto outros só sobrevivem entre limites
estreitos de temperatura - seres estenotérmicos.

A Temperatura e o Comportamento dos Animais

Alguns animais, nas épocas do ano em que as temperaturas se afastam do


valor ótimo para o desenvolvimento das suas atividades, adquirem comportamentos
que lhes permitem sobreviver durante esse período: animais que não têm facilidade
em realizar grandes deslocações como, por exemplo, lagartixas, reduzem as suas
atividades vitais para valores mínimos, ficando num estado de vida latente; animais
que podem deslocar com facilidade como, por exemplo, as andorinhas, migram, ou
seja, partem em determinada época do ano para outras regiões com temperaturas
favoráveis.
Ao longo do ano, certas plantas sofrem alterações no seu aspecto,
provocados pelas variações de temperatura. Os animais também apresentam
características próprias de adaptação aos diferentes valores de temperatura. Por
exemplo, os que vivem em regiões muito frias apresentam, geralmente, pelagem
longa e uma camada de gordura sob a pele.

Água

É fator limitante de extrema importância para a sobrevivência de uma


comunidade. Além de seu envolvimento nas atividades celulares, não podemos nos
esquecer da sua importância na fisiologia vegetal (transpiração e condução das
seivas). É dos solos que as raízes retiram a água necessária para a sobrevivência
dos vegetais.

Disponibilidade de Nutrientes

É outro fator limitante que merece ser considerado, notadamente em


ambientes marinhos.
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Habitat

É o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada, isto é, o seu
"ENDEREÇO" dentro do ecossistema. Exemplo: Uma planta pode ser o habitat de
um inseto, o leão pode ser encontrado nas savanas africanas, entre outros.

Nicho Ecológico

É o papel que o organismo desempenha, isto é, a "PROFISSÃO" do


organismo no ecossistema. O nicho informa à custa de que se alimenta a quem
serve de alimento, como se reproduz, entre outros. Exemplo: a fêmea do Anopheles
(transmite malária) é um inseto hematófago (se alimenta de sangue), o leão atua
como predador devorando grandes herbívoros, como zebras e antílopes.

Teia e Cadeias Alimentares

Os seres vivos de um ecossistema podem ser organizados de acordo com as


relações alimentares existentes entre eles. Essas relações costuma ser
representadas por meio de diagramas denominados teias alimentares, ou redes
alimentares. Nessas representações gráficas, os diversos componentes da
comunidade biológica são interligados por meio de linhas que mostram suas
relações quantos ao aspecto alimentar. As relações alimentares que se estabelecem
entre os seres produtores, consumidores e decompositores dentro de um
ecossistema são chamadas de cadeias alimentares.
O primeiro “elo” de uma cadeia alimentar é sempre um organismo autotrófico
(alga, planta ou bactéria autotrófica). Ele é denominado produtor, pois é quem
produz ou sintetiza a matéria orgânica que alimentará os demais níveis da cadeia.
Cada elo da cadeia alimentar constitui um nível trófico. Os produtores
formam o primeiro nível trófico; os seres que se alimentam diretamente dos
produtores, denominados consumidores primários, constituem o segundo nível
trófico; os que se alimentam dos consumidores primários, denominados
consumidores secundários, formam o terceiro nível trófico e assim por diante.
Exemplos :
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Cadeia Alimentar Aquática

Produtores: plantas do fundo do lago (1º nível trófico)


Consumidor de 1ª ordem: caramujo (2º nível trófico)
Consumidores de 2ª ordem: lambaris (3º nível trófico)
Consumidores de 3ª ordem: peixes maiores (4º nível trófico)
Consumidores de 4ª ordem: aves da margem (5º nível trófico)

Cadeia Alimentar Terrestre

Ao morrer, produtores e consumidores dos diversos níveis tróficos servem de


alimento a certos fungos, bactérias e diversos animais invertebrados e protozoários.
Estes decompõem a matéria orgânica dos seres mortos para obter nutrientes e
energia, e por isso são chamados de decompositores.
Cadeia de Detritívoros
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Nos ecossistemas, a especialização de alguns seres é tão grande, que a


tendência atual entre os ecologistas é criar uma nova categoria de consumidores: os
comedores de detritos, também conhecido como detritívoros. Nesse caso, são
formadas cadeias alimentares separadas daquelas cadeias das quais participam os
consumidores habituais.
A minhoca, por exemplo, pode alimentar-se de detritos vegetais. Nesse caso,
ela atua como detritívora consumidora primária. Uma galinha, ao se alimentar de
minhocas, será consumidora secundária. Uma pessoa que se alimenta da carne da
galinha ocupará o nível trófico dos consumidores terciários.
Os restos liberados pelo tubo digestório da minhoca, assim como os restos
dos demais consumidores, servirão de alimento para decompositores, bactérias e
fungos.
Certos besouros comedores de estrume de vaca podem também ser
considerados detritívoros consumidores primários. Uma rã, ao comer esses
besouros, atuará no nível dos consumidores secundários. A jararaca, ao se
alimentar da rã, estará atuando no nível dos consumidores terciários, e a seriema,
ao comer a cobra, será consumidora de quarta ordem.

Teias Alimentares

Em um ecossistema, um ser vivo pode fazer parte de várias cadeias


alimentares. Esse fato faz as cadeias alimentares se entrelaçarem (se cruzarem)
resultando na formação de uma rede ou teia alimentar. É a interação de várias
cadeias alimentares.
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Fluxo de Matéria e Energia

A luz solar representa a fonte de energia externa sem a qual os ecossistemas


não conseguem manter-se. A transformação (conversão) da energia luminosa para
energia química, que é a única modalidade de energia utilizável pelas células de
todos os componentes de um ecossistema, sejam eles produtores, consumidores ou
decompositores, são feita através de um processo denominado fotossíntese.
Portanto, a fotossíntese - seja realizada por vegetais ou por microrganismos - é o
único processo de entrada de energia em um ecossistema.
Na cadeia alimentar, o fluxo de energia que perpassa por todos os elos que
formam os níveis tróficos é sempre unidirecional. À medida que a energia flui pelos
níveis tróficos da cadeia, parte dela é perdida sob a forma de calor, devido ao
processo de respiração. A respiração oxida principalmente os carboidratos e lipídios,
transferindo energia para a realização de todas as funções biológicas necessárias à
manutenção da vida, como a divisão celular e a reprodução.
Por isso, a quantidade de energia disponível vai diminuindo à medida que é
transferida pelos diversos níveis da cadeia ou da teia trófica. A energia perdida em
cada nível trófico é de aproximadamente 90% da energia recebida, restando apenas
10% para o nível trófico seguinte. De modo geral, quanto menos energia se perder,
mais eficiente será o ecossistema. Essa eficiência determina a sua produtividade.
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Pirâmides Ecológicas

As pirâmides ecológicas representam a transferência de energia e matéria ao


longo de uma cadeia alimentar, dito por outras palavras são formas de demonstrar
através de gráficos a hierarquia de cadeias. As pirâmides ecológicas representam a
transferência de energia e matéria ao longo de uma cadeia alimentar, dito por outras
palavras são formas de demonstrar através de gráficos a hierarquia de cadeias.

Nas pirâmides ecológicas cada degrau corresponde a um nível trófico.


Geralmente, os organismos menores são comidos pelos maiores, sendo necessários
muitos organismos pequenos para alimentar um maior. As pirâmides ecológicas
podem ser de três tipos:

• Pirâmide de Números: Representa a quantidade de indivíduos em


cada nível trófico da cadeia alimentar proporcionalmente à quantidade necessária
para a dieta de cada um desses.
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Em alguns casos, quando o produtor é uma planta de grande porte, o gráfico


de números passa a ter uma conformação diferente da usual, sendo denominada
“pirâmide invertida”.

• Pirâmide de Biomassa: É computada a massa corpórea (biomassa) e


não o número de cada nível trófico da cadeia alimentar. O resultado será similar ao
encontrado na pirâmide de números: os produtores terão a maior biomassa e
constituem a base da pirâmide, decrescendo a biomassa nos níveis superiores.
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Tal como no exemplo anterior, em alguns casos pode ser caracterizada como
uma pirâmide invertida, já que há a possibilidade de haver, por exemplo, a redução
da biomassa de algum nível trófico, alterando tais proporções.

• Pirâmide de Energia: É o modo mais satisfatório de representação.


Essas pirâmides nunca são invertidas: elas mostram sempre, de forma clara, o
princípio da perda de energia a cada nível trófico.

Relações Ecológicas entre os Seres Vivos

Diversas populações compartilham o mesmo ambiente e disputam os


mesmos recursos, constituindo uma comunidade. Nas interações (relações) entre
os seres vivos das comunidades, entram em jogo aspectos como alimento, abrigo e
transporte, importantes para a sobrevivência e a reprodução das espécies. Aos
poucos, estamos aprendendo a utilizar essas interações no combate a ervas
daninhas e insetos, substituindo herbicidas e inseticidas, com evidente vantagem
para o ambiente e para a saúde das pessoas.
As interações (relações ou associações) entre indivíduos da mesma espécie
são intra-especificas; as que existem entre indivíduos de espécies diferentes são
interespecíficas. Interações desarmônicas (ou negativas) são as que representam
prejuízo para, pelo menos, um dos indivíduos associados; interações harmônicas
(ou positivas) são aquelas em que só há benefício (para um ou ambos os
participantes).
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Relações Intraespecíficas Harmônicas

• Colônias: Trata-se de associações entre indivíduos da mesma


espécie, unidos anatomicamente. Pode haver ou não divisão de trabalho. Ex.:
corais e bactérias.

• Sociedades: As sociedades são formadas pela união permanente


entre indivíduos de uma mesma espécie, havendo divisão de trabalho. É o caso dos
insetos sociais (abelhas, cupins e formigas).

Relações Intraespecíficas Desarmônicas

• Competição Intraespecífica: Relação na qual indivíduo da mesma


espécie disputam recursos oferecidos pelo ecossistema (água, alimento, espaço ou
luz). A competição ocorre quando os indivíduos têm nichos ecológicos semelhantes
ou idênticos.
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• Canibalismo: Ocorre quando um indivíduo mata outro da mesma


espécie para se alimentar. É verificado, por exemplo, quando uma galinha, com
carência de proteínas, devora seus filhotes.

Relações Interespecíficas Harmônicas

• Inquilinismo: Nesse tipo de relação, um dos “sócios” é favorecido,


sendo que o outro não sofre prejuízos. A espécie favorecida ganha abrigo ou
suporte da outra espécie. Também chamamos de inquilinismo o caso de orquídeas
que vivem sobre o tronco de árvores maiores, buscando maior luminosidade.
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• Comensalismo: Há bastante semelhanças entre essa relação e a


anterior, pois nos dois casos há favorecimento de uma das espécies. Porém, no
comensalismo a relação é, sobretudo alimentar. Exemplos: tubarão e rêmora , leões
e hienas entre outros.

Protocooperação: Na protocooperação, embora os participantes se


beneficiem, eles podem viver de modo independente, sem a necessidade de se unir.
A protocooperação também pode ser evidenciada no campo. O anu (pássaro) retira
e devora carrapatos encontrados na pele do gado. Ambos se beneficiam, sem,
porém haver obrigatoriedade dessa relação.O pássaro-palito retira sanguessugas da
boca de crocodilos africanos. Enquanto a ave se alimenta, o réptil se livra desse
incômodo.
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• Mutualismo: O mutualismo é uma relação interespecífica em que os


participantes se beneficiam e mantêm relação de dependência. Às vezes, essa
relação é extremamente íntima, como acontece com os liquens. Estes representam
uma associação de fungos e algas tão dependente funcionalmente e tão integrada
morfologicamente que são considerados juntos um outro tipo de organismo. O
cupim e o protozoário Triconympha collaris também possuem relação mutualística.
Os cupins são incapazes de digerir a celulose da madeira. O protozoário, que vive
no tubo digestório do cupim, digere a celulose , produzindo glicose. Parte da
energia da glicose fica com o protozoário e parte com o cupim.

Relações Interespecíficas Desarmônicas


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Antibiose (amensalismo)
A antibiose é o fenômeno no qual uma espécie impede o crescimento de
outra. É o que se vê quando raízes de certas plantas, como eucaliptos, secretam
substâncias tóxicas que eliminam muitos vegetais à sua volta.
É também exemplo dessa relação à produção de antibióticos por certos
fungos, que impede a proliferação de bactérias. Aliás, dessa descoberta do homem
surgiram muitos avanços na Medicina.

Competição Interespecífica: Como ocorre na


competição intraespecífica, aqui, também a disputa é
por alimento, território, ou luminosidade, por exemplo.
Entretanto, os indivíduos envolvidos são de espécies
diferentes. Esse tipo de competição ocorre, por
exemplo entre insetos e homem, na busca pelo
alimento.

Herbivoria ou Herbivorismo:
É a relação em que animais herbívoros se
alimentam de partes vivas de pla ntas. Essa
relação, entretanto, é uma das mais importantes na
natureza: é por meio da herbivoria que a energia
captada da luz solar pelos produtores pode passar
para os demais níveis tróficos das cadeias
alimentaras.
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Taenia solium (solitária): parasita o homem e o porco

• Predatismo: No predatismo, uma das espécies (a predadora) captura


e mata a outra (a presa), para alimentar-se. Todos os carnívoros podem ser
tomados como exemplos: leão, lobo, tigre, onça e outros. Ser predador não é
privilégio de animal, embora poucas existissem espécies de plantas carnívoras que
se alimentam de animais, principalmente insetos.
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• Parasitismo: Parasitismo é uma relação desarmônica entre seres de


espécies diferentes, em que um deles, denominado parasita, vive no corpo do outro,
denominado hospedeiro, do qual retira alimentos.Os exemplos mais comuns de
ectoparasitas são os piolhos, os carrapatos, os cravos da pele, o bicho-de-pé e o
bicho da sarna, além de outros. Exemplos de endoparasitas são o plasmódio e o
tripanossomo (protozoários causadores, respectivamente, da malária e da doença
de Chagas). Parasitas bastante perigosos, os vírus, causam várias doenças, desde
a gripe até a febre amarela e a AIDS.
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REFERÊNCIAS

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GUERRA, M. dos S. Introdução a Citogenetica Geral.. Ed. Guanabara Koogan, 1988
RAVEN, P.H., EVERT, R.F. & CURTIS,H.. Biologia Vegetal. Ed. Guanabara Koogan,
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TAIZ, L. ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. . Ed. Artmed, 2004
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