Direito Empresarial - Notas
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Direito Empresarial - Notas
Na Idade Antiga
Há apontamentos quanto ao exercício de atividades econômicas em alguns códigos da
Antiguidade. Pode-se destacar o Código do Rei Manu, na Índia e O Código de Hamurabi. Com mais de
três mil anos, expressavam em seu conteúdo procedimentos e costumes quanto ao cotidiano da vida
social, embora de forma mais explícita tenha o direito comercial seu surgimento na Idade Média.
Na Idade Média
Há o surgimento do direito comercial como um direito autônomo, sendo a Itália o seu berço, já
que era o centro do tráfego do comércio mundial. Destacavam-se as cidades de Florença, que era a
maior praça bancária e cambiária, de Bolonha e Florença, as mais importantes cidades comerciais e
industriais.
Nesse momento, temos a preocupação da Igreja, que via com desconfiança a atividade
comercial, a geração de lucros de forma fácil e rápida, em especial devido à cobrança de juros, o que a
Igreja classificava como usura. As corporações de mercadores na Idade Média podem ser
consideradas o primeiro órgão de desenvolvimento do direito comercial, como sendo um direito
especial e autônomo.
No Brasil
O direito comercial está presente desde a colonização portuguesa. Assim, com a chegada da
família imperial, houve a abertura ao comércio dos povos com a Lei de Abertura dos Portos, a criação
da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação e a criação do Banco do Brasil, por
meio de alvará de 12 de outubro de 1808.
Em 1850, Dom Pedro II aprova o Código Comercial Brasileiro, que se fundamentava na teoria
dos atos do comércio. Por essa teoria, era considerado comerciante aquele que preenchesse os
requisitos do dispositivo 4º do Código Comercial, isto é, só poderia ser comerciante quem estivesse
inscrito em um dos Tribunais do Comércio.
Havia cinco categorias de comércio: a compra e venda ou troca de móveis e semoventes, as
operações de câmbio, de banco e corretagem, e as empresas de fábrica, de comissões, de depósitos,
de expedição, consignação, transporte de mercadorias e seguros.
Em 2002, com a adoção do novo Código Civil, a teoria dos atos do comércio foi substituída pela
teoria da empresa, fruto do Código Civil italiano de 1942. Essa teoria, da empresa, está contida no
Código Civil em seus artigos 966 a 1.195.
* as cooperativas previstas nos artigos 982, parágrafo único, 1.093 a 1.096 do mesmo
código;
EXEMPLO:
Um médico, advogado e dentista são exemplos de profissionais liberais, os quais têm formação superior ou até
mesmo técnica, podendo escolher entre serem empregados em uma empresa ou exercerem sua atividade por
conta própria, recebendo o nome de profissional liberal. O que os diferencia dos autônomos, categoria
composta por profissionais com ou sem qualificação, com independência financeira, é que trabalham por conta
própria. Como exemplo, temos pintores, pedreiros, eletricistas, entre outros.
Vistos os princípios do direito comercial, podemos analisar suas características, as quais são:
• simplicidade: diferente de outros segmentos do direito, o direito comercial busca
soluções para as diversas relações jurídicas de forma simples, visando atender de forma
pronta as necessidades econômicas do comércio;
Codigo Comercial
de 1850
Fontes do Direito
Leis Esparsas
Empresarial
A função social da empresa, consolidada no direito brasileiro pela Constituição de 1988, diz que
as faculdades individuais são limitadas pelo interesse público. Dessa forma, a empresa deve atender e
compreender seus fins econômico e social.
Assim, a empresa deve ser protegida pelos Poderes e órgãos. Deve a empresa atender os
valores do trabalho, preservação e obtenção da dignidade da pessoa humana.
A exigência do registro dá garantia, publicidade e eficácia aos atos jurídicos da empresa, além
de possibilitar conhecer as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento, de acordo com a Lei
8.934/1994, que trata do Registro Público de Empresas Mercantis.
Quanto aos livros empresários de caráter obrigatório, cabe ao empresário individual manter um
livro diário, o qual deverá conter o registro das operações diárias de todas as operações quanto ao
exercício da empresa (artigo 1.184, caput e parágrafo 1º do Código Civil). Há alguns livros específicos
que são exigidos a alguns empresários, tal como o livro de Registro de Duplicatas, exigido da empresa
que emite duplicatas, caso das sociedades anônimas (RAMOS, 2010).
Já os microempresários e empresários de pequeno porte são empresários com tratamento
simplificado (artigo 179 da Constituição Federal de 1988) e são diferenciais quanto ao faturamento
bruto anual. Assim, a microempresa é aquela que apresenta faturamento anual de até R$ 360.000,00.
Já a empresa de pequeno porte (EPP) possui um faturamento bruto de R$ 360.000,00 até R$
3.600.000,00 (VIDO, 2013).
Legalmente, são amparados pelo Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno
Porte (EPP), Lei Complementar 123/2006, a qual estabelece as normas gerais no que se refere ao
tratamento diferenciado quanto aos poderes de União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios,
relativo à/ao:
a) apuração e ao recolhimento dos impostos e contribuições da União, Estados, Distrito Federal
e de Municípios mediante um regime único de arrecadação e obrigações acessórias;
b) cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias;
c) acesso a crédito e mercado.
Os benefícios trazidos pela Lei Complementar 123/2006 foram:
a) abertura e encerramento facilitado da empresa (arts. 8º, 9ºe 10º);
b) incentivo às associações (art. 56);
c) existência de fiscalização orientadora (art. 55);
d) pagamento facilitado no protesto de títulos por meio de cheque sem que seja administrativo
ou visado (art. 73) (VIDO, 2013).
As microempresas e empresas de pequeno porte (EPP) são enquadradas no regime tributário
simples, constituindo-se uma forma simplificada e unificada para o recolhimento dos tributos, sendo
aplicados percentuais favorecidos e progressivos que incidem em uma única base de cálculo, isto é, a
receita bruta. O Simples foi instituído pela Medida Provisória n° 1.526, de 1996, posteriormente
convertida na Lei no 9.317, de 1996.
3. Sociedades Empresárias, essa pode ser compreendida como a pessoa de direito privado
que tem por objetivo social a exploração de atividade econômica. É constituída por meio de contrato
entre duas ou mais pessoas que se obrigam a combinar esforços e recursos para atingir fins comuns,
de acordo com o art. 981 do Código Civil. Deve-se levar em conta que se constitui obrigação de cada
sócio contribuir para a formação do patrimônio social
O contrato firmado entre as partes em uma sociedade simples, limitada, em nome coletivo ou
em comandita simples, chama-se contrato social. Já na sociedade anônima, na comandita por ações e
na cooperativa, o contrato social tem o nome de estatuto social.
As características gerais das sociedades empresariais são:
a) origem por contrato entre duas ou mais pessoas, com exceção da sociedade anônima;
b) nascimento com o registro do contrato social ou do estatuto social;
c) sua extinção ocorre por meio da dissolução, expiração do prazo de duração, iniciativa
dos sócios, ato de autoridade, etc;
d) pessoa jurídica com personalidade distinta da dos sócios, com titularidade negocial e
processual e responsabilidade dos sócios, em alguns casos, sempre subsidiária em
relação à sociedade (artigo 1.024 do Código Civil);
e) representação por pessoa designada no contrato social ou estatuto social;
f) podem ser uma sociedade de pessoas ou sociedade de capital. A primeira, sociedade
de pessoas, baseia-se no affectio societatis, isto é, baseia-se na confiança e cooperação
frente ao fim social da empresa. Já na sociedade de capital existe a livre circulação dos
sócios, tais como na sociedade anônima, na sociedade em comandita por ações e na
sociedade limitada;
g) proibição da sociedade entre cônjuges, casados sob o regime de comunhão universal
ou separação obrigatória de bens (artigo 977 do Código Civil);
h) podem ser estrangeiras ou brasileiras; no caso da estrangeira, depende de
autorização do representante do Poder Executivo Federal;
i) têm nome empresarial: regido pelos princípios da veracidade, novidade e
exclusividade. O primeiro, veracidade, refere-se ao fato de que o nome deve expressar o
ramo da atividade, a responsabilidade dos sócios. Quanto à novidade, o nome escolhido
deve ser diverso dos já registrados na Junta Comercial. Por fim, o princípio da
exclusividade afirma que o primeiro a registrar o nome tem seu uso exclusivo.
Constituído por meio da firma (razão social) ou denominação: a firma é composta pelo
nome dos sócios que respondem de forma ilimitada, e a denominação tem o seu nome
inventado e a responsabilidade dos sócios é limitada (VIDO, 2013).
b) sociedades personificadas;
a. sociedades simples – Artigos 997 a 1038 do Codigo Civil;
b. sociedade em nome coletivo – Artigos 1039 a 1044 do Codigo Civil;
c. sociedade em comandita simples – Artigos 1045 a 1051 do Codigo Civil;
d. sociedade limitada – Artigos 1052 a 1087 do Codigo Civil;
e. sociedade anônima ou companhia – Artigos 1088 a 1089 do Codigo Civil;
Em suma, podemos dizer que a responsabilidade civil tem três dimensões a atender; são elas:
a) Reparação: a finalidade máxima da responsabilidade consiste no ressarcimento do
dano sofrido pela parte, buscando a reconstituição do status quo ante.
b) Prevenção do dano: todos os contratos e relações devem se basear no princípio de
não lesar a outra parte, sendo que cabe ao judiciário, de acordo com seus instrumentos e
medidas, prevenir qualquer dano de forma prévia. Um exemplo consiste em uma medida
liminar que resguarda o direito à indenização a um agente, bloqueando os bens do
responsável pela reparação.
c) Punição e os punitives damages: aquele que deu causa a um dano deverá repará-lo,
sendo que a medida da indenização equivale à medida da ofensa, o que consiste na
punição. Já os punitives damages têm origem na doutrina norte-americana, e consistem
em uma parcela adicional de condenação, visando a um desestímulo à infração civil
(NADER, 2013).
Atrelada à responsabilidade civil, temos a capacidade civil, que consiste na capacidade plena
para que uma pessoa possa reger a sua vida, bens, e realizar os atos da vida civil, assim como possa
ser responsabilizada civilmente.
O Código Civil também previu aqueles que apresentam uma capacidade de forma limitada e,
dessa forma, não possuem de fato as características para o gozo da vida civil, sendo chamados de
incapazes. Abaixo, elencam-se:
1. Menores de 16 anos.
2. Aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não possuem discernimento para
a prática dos atos da vida civil.
3. Aqueles que mesmo por causa transitória não puderem exprimir sua vontade (artigo 3º
do Código Civil).
Vale ressaltar que há os que chamamos de relativamente incapazes, visto que necessitam de
um instrumento corretivo que pode ser a presença de um responsável que o represente ou o assista
legalmente; são eles:
1. Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
2. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham
discernimento reduzido.
3. Excepcionais, sem o desenvolvimento mental completo.
4. Pródigos (artigo 4º do Código Civil).
2. TÍTULOS DE CREDITO E AS PESSOAS JURIDICAS
2.1 Conhecendo os Títulos de Credito
A importância destes títulos traz à tona a confiabilidade e exigibilidade das relações comerciais,
visto que a maior parte dessas negociações são pagas por meio desses títulos de crédito.
No Brasil, o assunto referente aos títulos de crédito é tratado:
• o Código Civil, no Título VIII da primeira parte especial no livro chamado “Do Direito das
Obrigações”,
• o Decreto-lei n° 57.663/1996, que aborda sobre a letra de câmbio e a nota promissória;
• a Lei n° 5.474/1986, que fala sobre a duplicata;
• e a Lei n° 7.357/1985, que se refere ao cheque.
Podemos conceituar o título de crédito de acordo com o Código Civil em seus artigos 887 a 903,
como sendo um documento necessário para o exercício literal e autônomo que nele está contido,
devendo este apresentar os seguintes requisitos:
• Data de Emissão.
• Indicação precisa dos direitos que confere.
• Assinatura do emitente.
O não cumprimento de tais exigências poderá modificar alguns fatores do título de crédito,
como:
• se não conter a data de vencimento, o título torna-se à vista;
• não havendo local de emissão e de pagamento, considera-se como local o domicílio do
emitente, fator importante quanto a questões jurídicas que serão abordadas nas demais unidades.
Quanto a Fiança, sendo esta última uma garantia a um outro contrato, principal diferencial.
Necessário, agora, começarmos a estudar cada um dos títulos de crédito e suas peculiaridades.
Letra de Câmbio
A legislação que compreende a Letra de Câmbio consiste no Decreto n° 2.044/1908 e no
Decreto n° 57.663/1966 – Lei Uniforme.
A Letra de Câmbio compreende-se como uma ordem de pagamento em que o sacador (pessoa
que emite o título de crédito) emite ao sacado, visando que este pague a importância contida no título a
um terceiro, o qual juridicamente é designado como tomador ou sacador, de acordo com o artigo 1º, do
Decreto n° 2.044/1908.
Assim, podemos resumir as figuras presentes na Letra de Câmbio da seguinte forma:
• Sacador: o que dá a ordem de pagamento, materializada pela emissão do título (Letra
de Câmbio), se não for o credor será considerado também como coobrigado.
• Sacado: a quem a ordem do título se destina, devendo assim realizar o pagamento
dele.
• Tomador: consiste no beneficiário da ordem de pagamento, isto é, o credor do devido
valor apresentado no título, que pode ser um terceiro ou até mesmo o próprio sacador
(VIDO, 2013).
O sacado não é obrigado a aceitar a Letra de Câmbio, entretanto, a sua recusa causa ao título
de crédito o vencimento antecipado, o que possibilita ao tomador a cobrança imediata ao sacado por
meio do protesto, ferramenta que acabamos de estudar.
Sendo a Letra de Câmbio à vista e o seu prazo de apresentação de um ano, contado da emissão do
título.
Os requisitos legais quanto à composição da Letra de Câmbio são:
a) Denominação Letra de Câmbio.
b) Quantia que deva ser paga.
c) Nome do tomador.
d) Data e lugar de saque.
e) Época de vencimento.
f) Assinatura do sacador.
Embora no momento da emissão ou do aceite poderá um terceiro de boa-fé completar o que
estiver faltando no título ou em branco, como já falado anteriormente no instituto do aceite.
Nota Promissoria
É regida pelo Decreto-lei no 2.044/1908, e também pelo Decreto-lei n° 57.663/1966 – Lei
Uniforme. Consiste a Nota Promissória em uma promessa de pagamento que uma pessoa, intitulada
aqui como sacador, faz a outra, intitulada de sacado. Assim, as pessoas que configuram neste tipo de
título de forma objetiva são:
• Sacador: pessoa que emite e que se compromete a honrar com o pagamento da
quantia determinada no título, é o devedor principal.
• Sacado: é o credor do título, o seu beneficiário (VIDO, 2013).
Quanto aos requisitos essenciais para a Nota Promissória, temos:
a) Expressão “Nota Promissória”.
b) Promessa incondicional de pagamento da quantia determinada.
c) Nome do credor da promessa.
d) Assinatura do emitente.
e) Data e local do saque ou emissão.
f) Data e local do pagamento.
Um fator essencial para a existência da Nota Promissória é a assinatura, visto que, de acordo
com a legislação brasileira, não é possível o aceite ou o vencimento antecipado fruto da ausência da
assinatura (VIDO, 2013).
Existem diversas formas de vencimento, podemos tomar como exemplo a de vencimento a
termo certo da vista, tal terá o prazo de apresentação de um ano. Outro fator que devemos verificar
quanto à composição da Nota Promissória é o seu vínculo a um contrato (VIDO, 2013).
Duplicata Mercantil
Está fundamentada na Lei no 5.474/1968, consiste em um título de crédito causal originado de
uma compra e venda mercantil ou até mesmo de uma prestação de serviço. Está sempre vinculada a
uma nota fiscal fatura.
Em uma venda pode-se extrair uma duplicata, de acordo com o artigo 2º da Lei da Duplicata (Lei
n° 5.474/1968), devendo ser apresentada ao devedor em 30 dias, contados de sua emissão. O devedor
tem 10 dias para assinar o aceite ou a declaração da recusa ao aceite (artigo 7º, da Lei da Duplicata -
Lei n° 5.474/1968).
Os sujeitos da duplicata são:
• Sacador: emitente do título, que é o empresário e credor da duplicata.
• Sacado: o devedor da duplicata.
Quanto aos requisitos essenciais temos:
a) Denominação “duplicata”.
b) Data de sua emissão e número de ordem.
c) Número da fatura da qual foi extraída.
d) Data do vencimento ou declaração de ser paga à vista.
e) Nome e domicílio do credor e do devedor.
f) Importância a ser paga.
g) Local de pagamento.
h) Declaração da concordância do devedor assinada (aceite).
i) Cláusula a ordem (VIDO, 2013).
O protesto da duplicata pode ocorrer por falta de pagamento, devolução ou falta de aceite,
sendo que deve ser feito em 30 dias contados do vencimento, para que não perca o direito de crédito
em face aos coobrigados (endossantes e avalistas) (VIDO, 2013).
O prazo prescricional é de três anos contados do vencimento do título quanto à execução do
sacado e avalistas. Já a ação regressiva será de um ano a contar do pagamento em face aos demais
coobrigados.
Cheque
Baseia-se na Lei n° 7.357/1985, consiste em uma ordem de pagamento à vista em face a um
banco, tendo como base a suficiente provisão de fundos pelo sacador em mãos do sacado ou em conta
corrente (artigo 4º). Pode ser passado em favor próprio ou a terceiros. A lei exige um modelo vinculado
a este título padronizado (artigo 1º da Lei de Cheque - Lei n° 7.357/1985), embora não necessite de um
documento anterior para que tenha existência, caso da Duplicata.
Os sujeitos presentes neste título são:
• Sacador: emitente do cheque e devedor principal.
• Sacado: é o banco.
• Beneficiário: é o credor do cheque (VIDO, 2013).
Quanto aos requisitos do cheque, temos:
a) Denominação “cheque” no próprio título.
b) Ordem incondicional de pagamento a quantia nele determinada.
c) Identificação do banco sacado.
d) Local de pagamento.
e) Data e local de emissão.
f) Assinatura do sacador ou mandatário com poderes para isso.
As modalidades de cheque de acordo com a nossa legislação são:
1. Cheque cruzado: título que apresenta traços transversais próximos, só podendo ser paga por meio
de depósito em conta (artigo 44, da Lei do Cheque - Lei n° 7.357/1985).
2. Cheque para se levar em conta: neste o emitente ou o portador proíbem o pagamento do título em
dinheiro.
3. Cheque visado: neste, o banco sacado, a pedido do emitente ou do portador legítimo, lança e assina,
no verso, declaração confirmando a existência de fundos suficientes para a liquidação do título (LC, art.
7º, Lei n° 7.357/1985).
4. Cheque administrativo: neste, o banco é o próprio sacado, tendo a execução da liquidação ele
mesmo (VIDO, 2013).
O prazo para a apresentação do cheque é de 30 dias, contados de sua emissão para a mesma
praça, e 60 dias no caso de praças diferentes, de acordo com o artigo 33, da Lei do Cheque, Lei nº
7.357/1985. Não havendo a apresentação no prazo legal, o portador perderá o direito ao crédito, devido
à decadência do direito, contra os coobrigados. Quanto ao prazo prescricional, é de seis meses
contados a partir de sua apresentação (artigo 59) (VIDO, 2013).
Pode haver a sustação ou a revogação do pagamento do cheque. Quanto a sustação, os efeitos
são imediatos, sendo requerida pelo emitente do cheque ou pelo portador legítimo, desde que
apresente razões relevantes, tais como: furto, roubo, extravio, entre outros. Quanto à revogação,
também chamada de contraordem, ocorre somente após a expiração do prazo de apresentação, de
acordo com os artigos 35 e 36, da Lei do Cheque (Lei n° 7.357/1985).
O banco, sacado, pode recusar-se a pagar o cheque nos seguintes casos:
1. Falta de fundos do emitente.
2. Falsidade comprovada.
3. Ilegitimidade do portador.
4. Falta dos requisitos essenciais já apresentados (VIDO, 2013).
3.1.4 Marca
Consiste no símbolo que identifica seus produtos ou serviços.
Quanto à marca, esta deverá cumprir algumas exigências para que possa ser registrada, são
elas:
• Novidade relativa: o símbolo, a expressão linguística ou o signo utilizado não precisam ser criados
pelo empresário. A forma, o signo ou símbolo devem ser novos e o seu emprego quanto à identificação
dos produtos industrializados ou comercializados.
• Não coincidência com marcas notórias: mesmo que uma marca notória não seja registrada no INPI,
tem ela tutela do direito industrial em razão da Convenção de Paris, na qual o Brasil é um dos países
signatários (artigo 26, da LPI - Lei de Patentes Industriais - Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996).
• Não impedimento: o registro do signo ou símbolo não deve estar impedido por lei, como as armas
oficiais do Estado, nome civil, entre outros.
Quanto ao registro da marca, tem duração de 10 anos, contados de sua concessão, de acordo
com o artigo 133, da LPI - Lei de Patentes Industriais - Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, sendo
prorrogável por um período igual e sucessivo, cabendo ao interessado solicitar a prorrogação,
procedimento que deve ser feito no último ano da vigência do registro.
A Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996, prevê a aplicação de penas quanto aos crimes
cometidos contra a propriedade industrial, são eles:
• Crimes contra as patentes: constitui o uso da invenção sem a devida autorização.
• Crimes contra desenhos industriais: constitui a fabricação sem a devida autorização,
bem como a comercialização ou imitação.
• Crimes contra as marcas: reprodução sem a devida autorização ou a sua alteração.
• Crimes cometidos por meio de marca, título de estabelecimento e sinal de propaganda:
consiste na imitação ou reprodução que leve o consumidor ao erro, bem como a venda
de reproduções ou produtos similares.
• Crimes contra indicações geográficas e demais indicações: consiste na fabricação,
exportação, venda ou exposição de um produto com uma indicação geográfica falsa.
• Crimes de concorrência desleal: utilização de práticas ilícitas para aumentar os
consumidores em sua empresa prejudicando os concorrentes, utilizando para isso de
meios desleais.
A transação entre o consumidor com o fornecedor constitui a relação de consumo, visto que o
consumidor é o agente do consumo e o segundo, fornecedor, é o que atende, por meio de seus
produtos ou serviços, às necessidades e aos desejos dos primeiros.
3.2.2 Objeto do Direito do Consumidor
Podemos definir como produto toda a mercadoria que é colocada à venda ao consumidor, por
exemplo: uma roupa, um computador, um telefone, e assim por diante. Podem ser classificados em:
• Produtos duráveis: enquadram-se nesta categoria os que não desaparecem com o uso, como
geladeira, carro, apartamento, entre outros.
• Produtos não duráveis: ao inverso dos primeiros, são os que, assim que usados, desaparecem, por
exemplo: chocolate, pasta de dentes, sabonete, e assim por diante.
Quanto ao serviço, pode ser definido como tudo aquilo que, para que seja realizado, precisa de
uma prestação pecuniária, por exemplo, para que possamos cortar o nosso cabelo, consertar o carro,
passar o final de semana em um hotel, devemos pagar para obter a contrapartida, a prestação do
serviço. Assim como os produtos, os serviços podem ser classificados em:
• Durável: neste enquadram-se os serviços que demoram a desaparecer com o uso, como a pintura de
uma casa, a construção de um apartamento, etc.
• Não durável: como o próprio nome diz, são que serviços que não duram, como a lavagem de um
carro, de uma roupa, a limpeza de uma casa, assim que passam a ser consumidos já se consome, pois
a roupa, a casa e o carro sujam quase que imediatamente.
• Deveres do consumidor.
• Agir com boa-fé: a honestidade e a transparência nas relações são fruto do artigo 170, da
Constituição Federal, já que tal artigo embasa-se na harmonização dos interesses dos participantes nas
relações de consumo e a proteção do consumidor, tendo como base a boa-fé e o equilíbrio entre
consumidores e fornecedores. Assim, cabe ao consumidor não omitir no momento da contratação tanto
de um produto quanto de um serviço as informações solicitadas, nem se aproveitar do fornecedor para
seu enriquecimento de forma ilícita.
• Utilizar o produto de forma adequada: deve o consumidor utilizar o produto de acordo com o
estabelecido no manual deste, visto que defeitos que são provados por mau uso não são de
responsabilidade do fornecedor do produto.
• Planejar-se financeiramente: visto a obrigação do cumprimento do contrato, cabe ao
consumidor o correto pagamento do contratado ou do serviço prestado, já que a inadimplência do
consumidor não pode ser suportada e nem é de responsabilidade do fornecedor. Caso o consumidor
não cumpra com a sua parte contratual, estará sujeito às consequências legais e seu nome pode ser
inserido nos órgãos de proteção ao consumidor, caso o contrato celebrado assim prever tal inserção,
como o SERASA.
• Atentar aos prazos: o Código de Defesa do Consumidor apresenta os prazos quanto a
possíveis reclamações, são eles de 30 a 90 dias para que se reclame quanto aos defeitos aparentes do
produto e de cinco anos quanto uma possível ação de danos morais ou materiais em face ao
fornecedor, de acordo com os artigos 26 e 27. Caso não cumpra esses prazos, o consumidor perde o
direito de exercer seu direito.
Compreendido quanto aos direitos e deveres do consumidor, bem como a aplicabilidade dos
conceitos de consumidor e a sua abrangência, consumidor por extensão e dos fornecedores, é
importante compreender quanto aos vícios e defeitos dos produtos e dos serviços.
De acordo com a legislação em relação ao consumidor, cabe ao fabricante, produtor, construtor
e importador responder, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos que
podem causar ao consumidor por possíveis defeitos quanto ao projeto, à fabricação, à construção, à
montagem, às fórmulas, à manipulação, à apresentação ou até mesmo ao acondicionamento de seus
produtos. Acrescido a este, temos a responsabilização do fornecedor pelas informações insuficientes
ou até mesmo inadequadas sobre a utilização ou possíveis riscos ao consumidor.
Pode-se compreender o vício como fator que atinja a estética, o funcionamento ou a qualidade
de um bem, fruto da decorrência de erro ou acidente do controle de qualidade no processo de
confecção do produto, ou erro quanto ao acondicionamento e transporte, o que acaba atingindo um
produto de forma individual
Os dois tipos previstos do Código de Defesa do Consumidor quanto ao vício dos produtos
referem-se à qualidade (artigo 18, do CDC) e à quantidade (artigo19, do CDC).
Quanto ao vício relacionado à qualidade, trata o CDC dos produtos que estão impróprios ou
inadequados para consumo, o que diminui o valor do produto, e os produtos que se apresentam em
desacordo com as informações presentes na oferta, conforme o gráfico a seguir (artigo 18, CDC, § 6º).
Se o fornecedor não sanar o vício em um prazo de 30 dias, no máximo, cabe ao consumidor
exigir os seguintes direitos, alternativamente ou à sua escolha (artigo 18, do Código de Defesa do
Consumidor):
i. Substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso: cabe a
substituição do produto que apresentou um vício por outro da mesma marca e modelo, e caso não haja
mais o produto, o fornecedor pode oferecer um produto de qualidade e modelo superior, devendo o
consumidor pagar a diferença na aquisição de um produto melhor.
ii. Restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos: Cabe ao consumidor, caso não deseje o pagamento complementar, solicitar ao
fornecedor a devolução da quantia paga pelo produto.
iii. Abatimento proporcional do preço pago: o consumidor pode escolher ficar com o produto que
apresentou o vício e solicitar ao fornecedor um abatimento na quantia paga, visto que o produto
apresenta um vício, como uma geladeira que tem um pequeno amassado na lateral e funcionamento
em perfeito estado, pode o consumidor adquirir o produto por um preço diferenciado, o menor, visto que
apresenta um vício, o amassado lateral.
A responsabilidade pelo fato do serviço está prevista no artigo 14, do CDC, ao afirmar que o
fornecedor de serviços deverá responder pela reparação de danos causados aos consumidores quanto
a defeitos relativos à prestação de serviços, por informações insuficientes ou inadequadas sobre o uso
e os riscos.
Pode-se compreender como um serviço defeituoso, de acordo com o CDC, aquele que não
fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando em consideração as circunstâncias
relevantes, são elas:
a) Modo do fornecimento do serviço.
b) Resultado e riscos que razoavelmente dele se esperam.
c) Época em que o serviço foi fornecido.
Está contemplado quanto aos fatores excludentes da responsabilidade do fornecedor por um
serviço as causas presentes no artigo 14, § 3º, a saber.
Recapitulando o conteúdo:
Conhecemos e conversamos desde as pessoas que podem exercer uma atividade empresarial,
e assim constituir uma empresa de acordo com as exigências e possibilidades consagradas na
legislação brasileira
Analisamos quanto ao exercício de um direito materializado nos Títulos de Crédito, analisando e
compreendido cada um dos títulos presentes em nossa legislação (Letra de Câmbio, Nota
Promissória, Cheque e Duplicata).
Verificamos sobre o Direito do Consumidor consagrado no Código de Defesa do Consumidor
(CDC), momento que vislumbramos o conceito de consumidor, seus direitos e deveres bem
como o fornecedor, conhecendo a abrangência deste conceito, analisando as possíveis práticas
abusivas por eles praticadas e também, a comunicação que algumas empresas utilizam sendo
que tais levam o consumidor ao erro, prejudicando-o de forma econômica, por exemplo, que são
as publicidades enganosas ou, levando o consumidor a colocar a sua vida em risco ou até a
tentar contra o meio ambiente, por exemplo, como ocorre na publicidade abusiva.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º ao Art. 4º
CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL E À FALÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 5º ao Art. 6º-C
Seção II
Da Verificação e da Habilitação de Créditos
Art. 7º ao Art. 20
Seção II-A
Das Conciliações e das Mediações Antecedentes ou Incidentais aos Processos de Recuperação Judicial’
Art. 20-A. ao Art. 20-D
Seção III
Do Administrador Judicial e do Comitê de Credores
Art. 21 ao Art. 34
Seção IV
Da Assembléia-Geral de Credores
Art. 35. ao Art. 46.
CAPÍTULO III
DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 47 ao Art. 50-A.
Seção II
Do Pedido e do Processamento da Recuperação Judicial
Art. 51 ao Art. 52
Seção III
Do Plano de Recuperação Judicial
Art. 53 ao Art. 54
Seção IV
Do Procedimento de Recuperação Judicial
Art. 55 ao Art. 69
Seção IV-A
Do Financiamento do Devedor e do Grupo Devedor durante a Recuperação Judicial’
Art. 69-A ao Art. 69-F
Seção IV-B
Da Consolidação Processual e da Consolidação Substancial’
Art. 69-G ao Art. 69-L
Seção V
Do Plano de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
Art. 70 ao Art. 72
CAPÍTULO IV
DA CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA
Art. 73 ao Art. 74
CAPÍTULO V
DA FALÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 75 ao Art. 82-A
Seção II
Da Classificação dos Créditos
Art. 83 ao Art. 84
Seção III
Do Pedido de Restituição
Art. 85 ao Art. 93
Seção IV
Do Procedimento para a Decretação da Falência
Art. 94 ao Art. 101
Seção V
Da Inabilitação Empresarial, dos Direitos e Deveres do Falido
Art. 102 ao Art. 104
Seção VI
Da Falência Requerida pelo Próprio Devedor
Art. 105 ao Art. 107
Seção VII
Da Arrecadação e da Custódia dos Bens
Art. 108 ao Art. 114-A
Seção VIII
Dos Efeitos da Decretação da Falência sobre as Obrigações do Devedor
Art. 115 ao Art. 128
Seção IX
Da Ineficácia e da Revogação de Atos Praticados antes da Falência
Art. 129 ao Art. 138
Seção X
Da Realização do Ativo
Art. 139 ao Art. 148
Seção XI
Do Pagamento aos Credores
Art. 149 ao Art. 153
Seção XII
Do Encerramento da Falência e da Extinção das Obrigações do Falido
Art. 154 ao Art. 160
CAPÍTULO VI
DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Art. 161 ao Art. 167
CAPÍTULO VI-A
DA INSOLVÊNCIA TRANSNACIONAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 167-A ao Art. 167-E
Seção II
Do Acesso à Jurisdição Brasileira
Art. 167-F ao Art. 167-G
Seção III
Do Reconhecimento de Processos Estrangeiros
Art. 167-H ao Art. 167-O
Seção IV
Da Cooperação com Autoridades e Representantes Estrangeiros
Art. 167-P ao Art. 167-Q
Seção V
Dos Processos Concorrentes
Art. 167-R ao Art. 167-Y
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES PENAIS
Seção I
Dos Crimes em Espécie
Fraude a Credores
Art. 168 ao Art. 178
Seção II
Disposições Comuns
Art. 179 ao Art. 182
Seção III
Do Procedimento Penal
Art. 183 ao Art. 188
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 189 ao Art. 201
2. Execução frustrada (art. 94, II da Lei n°. 11.101/2005): trata dos casos em que o credor executa um
título, direito garantido, contra um devedor, sendo que este último se omite do pagamento. Nesse caso,
pressupõe-se que não pode fazer o pagamento por situação de insolvência.
3. Atos de Falência (art. 94, III da Lei n°. 11.101/2005): pratica o devedor comportamentos que revelam
a sua insolvência, tais como:
a. Liquidação Precipitada
b. Negócio Simulado
c. Transferência de Estabelecimento
d. Transferência Simulada do Principal Estabelecimento
e. Garantia Real
f. Abandono
g. Descumprimento de Obrigação Assumida no Plano de Recuperação Judicial
Apenas será objeto de falência e recuperação de empresas o devedor que exercer atividade
empresarial
Desta forma, não podem ser atingidos por este estatuto a cooperativa, os profissionais
intelectuais e os profissionais liberais, visto que não são consideradas atividades empresariais (artigo
966 do Código Civil).
Também de acordo com o artigo 2º da Lei n°. 11.101/2005, não podem solicitar falência ou
recuperação judicial à empresa pública e à sociedade de economia mista.
As pessoas que possuem legitimidades para requerer a falência de acordo com o artigo 97 da
Lei 11.101/2005 são:
• O próprio devedor (artigo 105 da Lei 11.101/2005);
• O cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
• O cotista ou acionista do devedor;
• Qualquer dos credores que esteja regularmente registrado na Junta Comercial.
Após o prazo definido pelo artigo 7º, § 1º da Lei 11.101/2005, ainda pode ocorrer a habilitação
que é considerada retardatária. A consequência da habilitação retardatária é que o credor não terá
direito a voto nas deliberações da assembleia geral, de acordo com o artigo 10 da Lei 11.101/2005,
perdendo o direito a rateios eventualmente realizados. Relembre as funções e objetivos da Assembleia
Geral em nossa seção 4.1.
Outro ponto importante, uma vez resolvidas as habilitações dos credores e suas respectivas
impugnações, será publicada a lista de classificação, em um prazo de cinco dias, contados da sentença
que julgou as impugnações (artigo 18, parágrafo único, da Lei 11.101/2005).
Após requerida a falência, o devedor será citado para que possa apresentar a sua contestação
em 10 dias, se a motivação da requisição da falência for a impontualidade, cabe ao devedor depositar a
quantia devida juntamente com a correção monetária, juros e honorários advocatícios (artigo 98 da Lei
n°. 11.101/2005).
De acordo com o artigo 99 da Lei n°. 11.101/2005, além da decretação da falência, há outras
determinações nelas implícitas, são elas:
• Fixação do termo legal da falência, que é um período máximo de 90 dias anteriores ao pedido
de falência, ou ao pedido de recuperação judicial, ou ao primeiro protesto por falta de pagamento;
• Ordenará ao falido a apresentação, no prazo de cinco dias, da relação de credores;
• Explicitação do prazo para a habilitação dos credores;
• Ordenará a suspensão de todas as ações de execução em nome do falido;
• Nomeação do administrador judicial;
• Determinação, em momento conveniente, da convocação da assembleia geral dos credores,
visando constituir o Comitê de Credores (VIDO, 2013).
Quanto à classificação dos créditos, a falência divide-se em dois grandes grupos:
> os dos créditos concursais: compreendem aqueles que deram origem ao processo de falência
obedecem à seguinte ordem (artigo 83 da Lei n°. 11.101/2005):
• Créditos trabalhistas limitados a 150 salários mínimos por credor e créditos surgidos de
acidentes de trabalho;
• Créditos com garantia real até o limite do valor do bem agregado;
• Créditos tributários, exceto multas tributárias;
• Créditos com privilégios especiais, como exemplo deste: a) o credor por benfeitorias
necessárias ou úteis sobre a coisa beneficiada (CC, art. 964, III); b) o autor da obra, pelos
direitos do contrato de edição, sobre os exemplares dela na massa do editor (CC, art. 964, VII);
c) os credores titulares de direito de retenção sobre a coisa retida (LF, art. 83, IV, C); d) os
subscritores ou candidatos à aquisição de unidade condominial sobre as quantias pagas ao
incorporador falido (Lei n° 4.591/1964, art. 43, III); e) o credor titular de nota de crédito industrial
sobre os bens referidos pelo art. 17 do Dec.-lei n° 413/1969; f) crédito do comissário (CC, art.
707) e outros;
• Créditos com privilégio geral, como exemplo de crédito com privilégio geral, além dos
mencionados no art. 965 do CC, tem-se o decorrente de debêntures (art. 58, parágrafo 1º, da
LSA), e os honorários de advogado, na falência do seu devedor;
• Créditos quirografários, inclusive os créditos trabalhistas que excederem o limite de 150
salários mínimos. Como quirografários enquadram-se indenização por ato ilícito (salvo acidente
de trabalho), contratos mercantis em geral, etc. Após o pagamento desses créditos, restando
ainda recursos na massa, deve o administrador judicial atender às multas contratuais e penas
pecuniárias por infração à lei, inclusive multas tributárias;
• Multas contratuais, penas pecuniárias, incluindo multas tributárias;
• Créditos subordinados (VIDO, 2013).
A partir do momento da decretação da falência, não pode mais o devedor, que passa a ser
chamado de falido, exercer qualquer atividade empresarial, até que seja habilitado novamente pelo
juízo da falência, cabendo a ela apenas fiscalizar a administração da falência (artigos 102 e 103 da Lei
n°. 11.101/2005).
Diante ao artigo 104 da Lei n°. 11.101/2005, tem o falido os seguintes deveres, entre os quais
podemos citar alguns:
• Prestar informações ao administrador;
• Apresentar os livros obrigatórios, bem como todos os papéis e documentos ao administrador
judicial;
• Não se ausentar do local no qual se processa a falência sem motivo justo e com comunicação
expressa ao juiz;
• Comparecer em todos os atos da falência, nos quais for indispensável a sua presença.
Quanto às obrigações do devedor, com a decretação da falência, ficam suspensos o exercício
do direito de retenção sobre os bens que serão objetos de arrecadação, bem como o direito de retirada
por parte do sócio da sociedade falida (artigo 116 da Lei n°. 11.101/2005).
4.3.1 Falência
Consiste no exercício do direito do credor, por meio judicial, na busca de sua proteção em face
ao atraso injustificado do devedor e a prática de atos de falência. O objetivo da falência, como vimos,
consiste na preservação e otimização da utilização produtiva dos bens e recursos produtivos da
empresa (VIDO, 2013). Vale lembrar que os créditos são classificados e elencados de acordo com a
sua natureza para ordem de pagamento.
Quanto aos requisitos que o devedor deve apresentar para que possa obter a recuperação
judicial, temos:
• Exercer atividade empresária de forma regular há mais de dois anos;
• Não ter sofrido falência, mas, se tal tiver ocorrido, possuir a declaração da extinção das
obrigações de acordo com o artigo 48, inciso I da Lei n°. 11.101/2005;
• Não ter obtido a concessão da recuperação judicial nos últimos cinco anos;
• Não ter obtido a recuperação judicial com plano especial nos últimos oito anos de
acordo com os artigos 70 e 71 da Lei n°. 11.101/2005;
• Não apresentar condenação por crime falimentar, de acordo com o artigo 48.
Para que o devedor possa requerer a recuperação judicial, deverá apresentar uma proposta, a
qual deverá ter a anuência dos credores.
Os meios para a recuperação judicial são:
• Concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações;
• Cisão, fusão, incorporação, transformação, cessão de quotas ou ações;
• Alteração do controle societário;
• Substituição total ou parcial dos administradores ou modificação dos seus órgãos
administrativos;
• Aumento de capital social;
• Trespasse ou arrendamento do estabelecimento;
• Redução salarial, compensação de horários e redução de jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva;
• Dação em pagamento ou novação das dívidas;
• Venda parcial de bens;
• Equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo
como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se
inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação
específica;
• Emissão de valores mobiliários;
• Administração compartilhada;
• Constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos
créditos, os ativos do devedor;
• Usufruto entre outros (artigo 50 da Lei n°. 11.101/2005).
Apesar do artigo 50 da Lei n°. 11.101/2005 (é enumerativo, assim, permite-se que o plano de
recuperação judicial indique outros meios de recuperação da empresa, desde que seja aprovado pelos
credores), tratar das possíveis propostas que podem ser utilizadas pelo devedor, o artigo 54 apresenta
algumas limitações que devem ser reconhecidas pelo devedor, em um momento de recuperação, tais
consistem em:
• Não é possível a previsão de pagamento no prazo superior a um ano para os créditos
trabalhistas e os provenientes de acidentes de trabalho;
• Não é possível a previsão de pagamento no prazo superior a 30 dias quanto aos
créditos trabalhistas com valor de até cinco salários mínimos vencidos nos três meses
anteriores ao pedido da recuperação judicial.
Quanto aos efeitos da recuperação, temos que todos os créditos existentes no momento do
pedido de recuperação judicial estão sujeitos a ela, mesmo que ainda não estejam vencidos, de acordo
com o artigo 49 da Lei n°. 11.101/2005.
No caso da recuperação judicial, o administrador da empresa, após a homologação do plano de
recuperação permanecerá na gestão da empresa. Entretanto, não poderá alienar, onerar bens ou
direitos, com exceção de concessão judicial que reconheça a utilidade da negociação de tal bem,
acrescido da manifestação do comitê de credores (artigo 66 da Lei n°. 11.101/2005).
Continuando, para que o processo de recuperação judicial ocorra, o devedor deverá peticionar
apresentando a sua situação, contendo as demonstrações contábeis dos últimos três anos, a relação
nominal dos credores com o vencimento de suas obrigações, a relação de empregados com seus
devidos vencimentos e funções, as ações judiciais em andamento, certidões de protesto, relação de
bens dos sócios controladores e administradores, extratos bancários e a certidão da regularidade da
atividade e protestos, de acordo com o artigo 51 da Lei n°. 11.101/2005.
O juiz fará a análise da situação da empresa e definirá a recuperação judicial, nomeando o
administrador judicial, havendo a suspensão das ações de execução, salvo as de demanda ainda não
determinadas, chamadas ilíquidas, as trabalhistas e de natureza fiscal.
O plano de recuperação judicial deverá ser apresentado 60 dias, a partir da sentença de
deferimento da recuperação judicial, com a avaliação completa do ativo e passivo (artigo 52, caput da
Lei n°. 11.101/2005).
A partir deste momento, o procedimento ocorre de forma semelhante ao da falência, com a
publicação de edital, habilitação dos créditos, oposição de acordo com que determina o artigo 52 da Lei
n°. 11.101/2005.
A transformação da recuperação judicial em falência pelo juiz poderá ocorrer nos seguintes
casos:
• Por deliberação da assembleia geral de credores;
• Pela não apresentação do plano de recuperação no prazo de 60 dias, contados da
publicação da decisão que proferiu o processamento do plano de recuperação judicial;
• Quando houver sido rejeitado o plano de recuperação judicial pela assembleia dos
credores;
• Descumprimento de qualquer obrigação assumida pelo plano de recuperação.