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Avaliação Diagnóstica

e Psicodiagnóstico

O Processo Psicodiagnóstico
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
JÉSSICA DE ASSIS SILVA
SHEILA MARIA PRADO SOMA
FÁBIO PEREIRA SOMA
AUTORIA
Jéssica de Assis Silva
Olá! Sou formada em Psicologia pela Universidade Federal do Pará,
com Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos
e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo.
Adicionalmente, sou especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva
pela USP, sendo docente em cursos de graduação e especialização.
Sendo assim, gostaria de dividir um pouco dessa experiência com você! A
Editora Telesapiens e eu estamos empenhados em acompanhá-lo nessa
jornada! Conte conosco!

Sheila Maria Prado Soma


Olá! Sou Psicóloga há 22 anos, com Mestrado e Doutorado pela
Universidade Federal de São Carlos. Tenho experiência em Psicologia
Clínica e docência no ensino superior. Trabalhei durante todo esse tempo
com a formação de profissionais nessa área, e também na produção
de conteúdos e pesquisas. Psicologia é minha paixão e transmitir essa
experiência profissional e de vida àqueles que estão em formação é um
dos focos do meu trabalho. Por esse motivo fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em estar com você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo! Vamos juntos!

Fábio Pereira Soma


Olá! Sou formado em Filosofia e Pedagogia, Mestre em Filosofia
pela Unesp, com uma experiência técnico-profissional na área de
educação de mais de 12 anos. Sou apaixonado pelo que faço e adoro
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência.................. 10
Psicodiagnóstico Interventivo.................................................................................................10

A Participação Familiar................................................................................................................. 14

O Desenvolvimento Infantil....................................................................................................... 16

Avaliação Psicológica em Adultos........................................................ 21


Possibilidades de Psicodiagnóstico em Adultos...................................................... 21

Instrumentos de Avaliação Psicológica em Adultos..............................................23

Exemplos de Contextos de Avaliação em Adultos.................................................24

Avaliação no Trânsito..................................................................................................25

Avaliação Psicológica em Contextos de Saúde: Uma Possibilidade


de Inserção Profissional............................................................................................28

Avaliação Psicológica em Idosos.......................................................... 32


O Envelhecimento...........................................................................................................................32

Avaliação Psicológica em Idosos.........................................................................................34

Avaliação Neuropsicológica em Idosos......................................................................... 40

Avaliação Psicológica em Grupos.........................................................44


Psicodiagnóstico Grupal.............................................................................................................44

Estratégias de Avaliação Psicológica em Grupo......................................................45

Alguns Contextos de Avaliação Psicológica em Grupo.......................................52


Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 7

03
UNIDADE
8 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de Avaliação Psicológica é uma das mais
demandadas no exercer profissional do psicólogo, e é responsável por grande
parte da empregabilidade de profissionais da psicologia, dessa forma trata-
se de uma das áreas mais rentáveis dentro desse campo de estudo. Sua
principal responsabilidade é compreender como se dá a avaliação psicológica
considerando públicos diversos. É necessário compreender quais os tipos de
informações pertinentes para a realização de uma intervenção pautada na
ética e na responsabilidade técnica considerando as diferentes demandas de
avaliação para que então você realize um excelente trabalho. Discutir sobre a
diversidade de participantes de uma avaliação implica em discutir também a
diversidade de procedimentos adotados e a contemplação frente ao número
de participantes, possibilidades de encaminhamentos e respeito à etapa de
desenvolvimento a qual o indivíduo se encontra. Entendeu? Ao longo desta
unidade letiva mergulhará neste universo!
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Explicar o processo de avaliação psicológica na infância e na


adolescência.

2. Debater sobre avaliação psicológica em adultos

3. Analisar os fundamentos da avaliação psicológica em idosos.

4. Debater sobre avaliação psicológica em grupos.


10 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Avaliação Psicológica na Infância e na


Adolescência

OBJETIVO:

Ao final deste, capítulo você será capaz de entender


como funciona o processo de avaliação na infância e na
adolescência. Isto será fundamental para o exercício de
sua profissão. As pessoas que tentaram realizar a avaliação
desse público sem a devida instrução encontraram
impasses quanto ao desenvolvimento de sua prática.
Você aprenderá sobre a importância de conhecimentos
sobre desenvolvimento humano para adequar a prática ao
público, bem como reflexões sobre a participação dos pais
e o brincar no processo de avaliação. E então? Pronto para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Psicodiagnóstico Interventivo
De acordo com Rocco e Santos (2016) o psicodiagnóstico pode ser
uma oportunidade para atender os objetivos terapêuticos, devendo ser
entendido para além da compreensão do indivíduo. A literatura aponta que
toda prática psicológica possui em alguma medida, uma ação terapêutica,
e por essa razão, deve-se atentar ao desenvolvimento dessa prática como
uma forma de favorecer o trabalho junto a queixa (DONATELLI; LOPES,
2015; LAZZARI; SCHMIDT, 2008).
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 11

Figura 1- Avaliação infantil

Fonte: Freepik.

Mesmo em uma avaliação com crianças, o psicodiagnóstico infantil


deve ser entendido de forma mais ampla do que reduzido a um momento
de transição entre a chegada do indivíduo ao atendimento e o processo
de psicoterapia ou demais tratamentos; o psicodiagnóstico já pode ser
encarado como importante via, não só investigativa, como interventiva
(ANCONA-LOPEZ, 2013).

Um psicodiagnóstico infantil tradicional implica em uma série de passos,


conforme destacado por Ancona-Lopez (2013) e mostrado na figura 2.
Figura 2 - Modelo tradicional de psicodiagnóstico

Fonte: Adaptado de Ancona-Lopez (2013).


12 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Atualmente, o diagnóstico interventivo é uma possibilidade de


incluir a criança no processo de maneira que a compreensão do indivíduo
seja compartilhada. É válido destacar que os princípios éticos também
devem ser parte da avaliação, sendo reflexo da legitimidade dos dados
apresentados (ROCCO; SANTOS, 2016).

SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre o assunto, o texto Psicodiagnóstico
interventivo psicanalítico, em Milani et al. (2014) descrevem
a avaliação nos moldes psicanalíticos, debatendo sobre
as atitudes do profissional e o viés teórico desse novo
modo de se fazer uma avaliação. Trata-se de uma ótima
oportunidade para conhecer mais sobre o assunto.

Em crianças e adolescentes, tanto as entrevistas e testes quanto


as atividades lúdicas podem ser fontes de avaliação: o psicodiagnóstico
interventivo pode ser realizado por meio do brincar. Dessa forma, o
brincar torna-se uma boa ocasião para a realização de intervenções, bem
como fonte de expressão desse público. O brincar na avaliação deve
ser traduzido para além do básico e usual, ou seja, como uma forma de
identificação e expressão de sintomas, conflitos ou desejo.
Figura 3 - Criança brincando em consultório

Fonte: FreeImages.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 13

Ancona-Lopez (2013) enfatiza que a atividade lúdica na avaliação


infantil é uma importante fonte da percepção da criança sobre si mesma,
os outros e o mundo. Dessa forma, o ludodiagnóstico traduz-se num
recurso singular para a atuação junto as crianças/adolescentes (ROCCO;
SANTOS, 2016).

A hora do jogo diagnóstico implica na observação de um brincar


espontâneo e livre, cuja interpretação deve contemplar a etapa evolutiva,
o desenvolvimento emocional, o grau de inibição e a sociabilidade da
criança (ROCCO; SANTOS, 2016).

ACESSE:
O artigo Caso clínico: avaliação psicológica de uma criança
com capacidade lúdica inibida, de Broering e França (2007),
exemplifica o uso da hora do jogo diagnóstico a partir da
apresentação de um caso clínico envolvendo a avaliação
de uma criança com a capacidade lúdica inibida. Os autores
ressaltam tal ferramenta como importante fonte de dados
para a avaliação infantil.

Figura 4 - Crianças brincando de super-heróis

Fonte: Freepik.
14 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

A contação de histórias também pode ser um excelente recurso


para a avaliação psicológica de crianças, pois permite o debate de uma
avaliação para além da concretude da realidade (ROCCO; SANTOS, 2016).
As relações no brincar podem ser vistas como uma via para a expressão
do indivíduo (BARBIERI, 2009).

A Participação Familiar
É importante destacar que a criança normalmente é depende
do cuidador tanto emocionalmente quanto socialmente. Muitas vezes
o trabalho dos pais é sinônimo de um cuidado terceirizado o que pode
impactar diretamente no comportamento da criança (ANDRADE et al.,
2012, apud ROCCO; SANTOS, 2016).

Um dos primeiros pontos a serem abordados nas entrevistas iniciais


deve ser justamente o funcionamento familiar, também foco de observação,
uma vez que a dinâmica familiar pode tanto favorecer o psicodiagnóstico
da criança, no sentido de fornecimento de informações relevantes sobre
sua história e convívio, como também esse relacionamento entre os pais
e a criança pode ser responsável por muitas das queixas apresentadas.
Dessa forma, um devido encaminhamento tanto a criança quanto uma
orientação aos pais são imperativos (ROCCO; SANTOS, 2016).
Figura 5 - Pai e filho

Fonte: FreeImages.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 15

IMPORTANTE:
Cabe frisar que, muitas vezes, os pais também necessitam
de acolhimento, pois também sofrem diretamente com a
queixa da criança e com as dificuldades em lidar com a
mesma (SEI et al., 2008).

Arzeno (1995) enfatiza que a participação familiar pode se dar de


diferentes formas e quanto menor a criança/ adolescente mais significativa
é a sua participação. A autora destaca alguns pontos importantes na
atenção aos pais quando no atendimento ao público infanto juvenil, a
saber: pais são modelos aos filhos, então a análise do tipo de modelo
fornecido também é importante para a avaliação; através da entrevista
com os pais é possível conseguir exemplos de interação familiar que
possam constar para uma entrevista devolutiva; podem servir para o
fornecimento de elementos relevantes para a formulação de estratégias
terapêuticas ou participar das mesmas.

Adicionalmente, o profissional ao incluir a família no processo deve


atentar-se sobre os papéis estabelecidos pelos membros da família:
quais são os papéis? Quem desempenha qual papel? Há flexibilidade/
alternância nesses papéis? Quem exerce o papel de liderança? O
desenvolvimento da criança é favorecido/permitido ou prejudicado nessa
interação? (ARZENO, 1995).
Figura 6 - Família

Fonte: FreeImages.
16 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Segundo Arzeno (1995) há de se acrescentar ainda a reflexão sobre


possíveis identificações no processo de coleta de informação ou mesmo
uma análise da extensão do sofrimento e carga por parte da família.
Deve-se verificar ainda, a função dos cuidadores, tanto na transmissão
de conhecimentos, quanto no estabelecimento de limites a criança e
a percepção dos familiares na compreensão deles mesmos enquanto
outrora criança e a reafirmação do papel do adulto. Por fim, uma avaliação
das crenças familiares é de extrema importância para a compreensão
global do indivíduo foco de análise.

O Desenvolvimento Infantil
Para a avaliação e o tipo de procedimentos empregados, a faixa
etária da criança deve ser considerada e os procedimentos também
devem ser adaptados. Para a normatização de alguns testes, por exemplo,
devem ser considerados alguns aspectos pertinentes ao público infantil,
tal como a série escolar ou mesmo o estágio de desenvolvimento do
indivíduo (PACICO, 2015).

Quanto à análise da escolaridade, essa pode impactar no


desempenho acadêmico, nos currículos estabelecidos nas instituições
de ensino ou mesmo na sua qualidade (PACICO, 2015).

Já o desenvolvimento infantil, pode ser contemplado na


normatização e posterior aplicação de instrumentos, tendo como critérios
o desenvolvimento da criança em diferentes aspectos, a exemplo da
classificação de Piaget (1992, apud PACICO, 2015) e seus estágios de
desenvolvimento cognitivo, conforme figura 7.
Figura 7- Estágios de desenvolvimento cognitivo propostos por Piaget

Fonte: Adaptado de Piaget (1992 apud PACICO, 2015).


Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 17

SAIBA MAIS:

O livro Avaliação psicológica e desenvolvimento Humano:


casos clínicos, de Yates et al. (2019), aborda a avaliação
psicológica a partir da discussão de casos abordando
diferentes fases do desenvolvimento, contemplando desde
a infância até a terceira idade.

Uma avaliação envolvendo crianças e adolescentes em situação de


risco, por exemplo, deve-se atentar além do estágio de desenvolvimento
do indivíduo, também fatores como a linguagem estabelecida, a cultura
que permeia essa população e o contexto imediato (HUTZ; SILVA, 2002).

Com jovens em conflito com a lei, por vezes o trabalho é realizado


dentro de instituições que já possuem opiniões pré-estabelecidas quanto
ao trabalho do psicólogo ou outros profissionais. Assim, a avaliação pode
ser um ambiente tanto para o crescimento profissional , como também
uma maneira para que a criança/adolescente vivencie um momento para
resgatar sua saúde (HUTZ; SILVA, 2002).
Figura 8 - Criança testemunha de violência

Fonte: Freepik.
18 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

DEFINIÇÃO:

Situação de risco implica num desenvolvimento cujo curso


é inesperado para a sua idade ou para o contexto cultural
em que vive (HUTZ; SILVA, 2002).

Quadro 1 - Modalidades de risco

TIPO DE RISCO EXEMPLOS

Risco físico Baixa nutrição; doenças.

Risco social Exposição à violência; drogas.

Risco psicológico Abuso; negligência; exploração.

Fonte: Adaptado de Hutz e Silva (2002).

O profissional deve estar atento a crianças e adolescentes em


situação de risco, uma vez que há uma diversidade de riscos que esses
jovens podem apresentar, conforme descrito no Quadro 1. Vale destacar
que há ainda a discussão quanto a causas externas ou individuais
(comportamentos de risco) no surgimento da situação de risco. Em
linhas gerais, deve-se destacar o somatório de condições adversas no
favorecimento do surgimento do risco (HUTZ; SILVA, 2002).
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 19

SAIBA MAIS:

O texto Avaliação Psicológica de crianças e adolescentes


em situação de risco, de Hutz e Silva (2002), discute os
obstáculos do profissional ao realizar a avaliação nesse
público, considerando, sobretudo, a miséria como uma
situação de risco. Há discussões sobre a adequação desse
tipo de serviço a esse público.

Figura 9 - Crianças em situação de vulnerabilidade social

Fonte: FreeImages.
20 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir alguns pontos importantes. Você deve
ter aprendido que uma das formas de pensar a avaliação
psicológica em crianças e adolescentes é por meio do
psicodiagnóstico interventivo, cuja avaliação é além
do fornecimento de um diagnóstico, mas a própria
avaliação torna-se uma oportunidade de intervenção,
não somente de caráter investigativo. É válido destacar
que o desenvolvimento humano deve ser considerado,
uma vez que a depender do estágio de desenvolvimento
da criança/adolescente, os procedimentos de avaliação
devem ser readequados. Em crianças e adolescentes,
o brincar pode ser uma via de entendimento da queixa e
compreensão dos modos de se relacionar da criança. Em
crianças e adolescentes em situação de risco, também
devem ser contemplados o conjunto de estressores para
uma análise mais fidedigna. Em crianças e adolescentes
institucionalizadas, os valores e discursos institucionais
também devem ser fonte de atenção. Em linhas gerais, para
o atendimento do público infanto-juvenil, a participação da
família é fundamental, ela é tanto fonte de informação como
muitas vezes contribuinte no estabelecimento da queixa ou
pode servir de meio para a aplicação de procedimentos
e resolução da mesma. Em alguns casos, há a reflexão
também sobre encaminhamentos não só para a criança, ao
final da etapa da avaliação, mas também para a família, em
função da dinâmica familiar apresentada.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 21

Avaliação Psicológica em Adultos


OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como
funciona o processo de avaliação em adultos. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. Obstáculos
são parte da vida profissional em atuação com esse
público quando não se compreende a evolução dos tipos
de psicodiagnóstico, de forma a abordar o indivíduo de
maneira global. Adicionalmente, exemplos de contexto
de intervenção com adultos serão abordados. E então?
Pronto para desenvolver esta competência? Então vamos
lá. Avante!.

Possibilidades de Psicodiagnóstico em
Adultos
Em um contexto de avaliação psicológica, faz-se necessário
discutir a evolução do que se entende por psicodiagnóstico. Inicialmente,
tal prática era voltada exclusivamente para avaliação, tendo esta como
sinônimo de investigação, tendo como uma das principais finalidades a
realização de encaminhamentos a psicoterapia ou demais profissionais.
Posteriormente o papel da avaliação psicológica foi se modificando ao
longo do tempo, implicando além do diagnóstico, mas sendo entendida
também como uma via para a intervenção (PAULO, 2006).
Figura 10 - Profissional realizando avaliação

Fonte: FreePik.
22 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

O psicodiagnóstico compreensivo é aquele que permite uma


compreensão psicodinâmica do sujeito e de suas dificuldades. Tal modelo
psicodiagnóstico tem caráter dinâmico e flexível (PAULO, 2006).

DEFINIÇÃO:

Psicodiagnóstico compreensivo é aquele que permite


uma análise psicológica global do indivíduo, com suporte
de algumas ferramentas como entrevistas, observações,
testes etc. (PAULO, 2006).

A partir de uma anamnese e avaliação da personalidade do indivíduo


é possível o estabelecimento de conclusões a respeito de algumas
características do indivíduo, de maneira dinâmica, conforme apontado na
Figura 11.
Figura 11- Possibilidades de compreensão do indivíduo a partir da avaliação

Fonte: Adaptado de Paulo (2006)

O diagnóstico é classificado como interventivo quando atrelado a


intervenção, favorecendo além da compreensão do indivíduo, a intervenção
sob aspectos determinantes das questões apresentadas e características
emergentes do sujeito. Tal tipo de diagnóstico é subordinado ao raciocínio
clínico: os resultados de testes são considerados, mas há a flexibilidade
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 23

nessa avaliação, favorecendo a preservação da individualidade do


indivíduo em avaliação (PAULO, 2006).

Instrumentos de Avaliação Psicológica em


Adultos
Cabe ressaltar que, para uma avaliação, podem ser utilizados tanto
instrumentos psicológicos como testes projetivos como suporte para a
prática. Sobre os instrumentos psicológicos do tipo projetivo, estes têm
pelo menos três funções, sendo de extrema utilidade para o processo de
avaliação (PAULO, 2006), conforme apontado a Figura 12.
Figura 12 - Funções dos instrumentos psicológicos projetivos

Fonte: Adaptado de Paulo (2006).

SAIBA MAIS:

A obra Atualizações em Métodos projetivos para avaliação


psicológica, de Villemor-Amaral e Werlang, fornece
detalhes estes métodos e relata exemplos de alguns testes,
tais como os de Rorschach e Zulliger, discutindo também o
seu caráter científico. Boa leitura!
24 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Há também testes não projetivos e que são importantes no


atendimento ao adulto (DOURADO, 2016). Um exemplo seria a Escala
Weschsler de Inteligência para Adultos (WAIS-IV) ou outros instrumentos
de avaliação como a Figura Complexa de Rey (DOURADO, 2016).

Exemplos de Contextos de Avaliação em


Adultos
Há a possibilidade de avaliação de adultos em diversos contextos.
Cunha (2000) destaca que há diversas situações em que há o envolvimento
de demandas de avaliação psicológica em adultos e desdobramentos
envolvendo a elaboração de documentos psicológicos, tais como laudos
e atestados.

Alguns exemplos de contextos de avaliação são a autorização para


porte de armas, seleção em concursos públicos, entre outros (CUNHA,
2000). De acordo com Dourado (2016), há seis campos comuns envolvendo
a avaliação psicológica, conforme descreve a Figura 13. Embora a área
de orientação profissional seja mais comum em adolescentes, muitos
adultos tem demandado esse tipo de avaliação.
Figura 13 - Contextos comuns de demanda de avaliação psicológica

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 25

SAIBA MAIS:

O texto Avaliação psicológica e contextos de atuação:


possibilidades na relação teoria e prática, de Dourado (2016),
contempla diferentes contextos de avaliação psicológica.
Boa leitura!

Avaliação no Trânsito
A avaliação psicológica quando realizada no contexto do trânsito
normalmente enfatiza as condições do indivíduo na condução de um
veículo. É importante destacar que o trabalho profissional depende do
que é disposto institucionalmente por órgãos públicos, tais como o
Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran) e os Conselhos regionais e/ou federais de Psicologia,
além da subordinação a alguns órgãos estatuais (MÄDER, 2016).
Figura 14 - condutor no trânsito

Fonte: FreeImages.
26 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Há alguns marcos históricos em termos de normatizações no


trânsito que são importantes para a avaliação de condutores, conforme
disposto a seguir:

•• Resolução nº 080/1998 do Cotran – há o estabelecimento da


Avaliação Psicológica no Trânsito e a função de perito examinador
do trânsito, além da menção a fenômenos pertinentes para
qualificar o candidato à carteira nacional de habilitação (CNH).

•• Resolução nº 010/2005 do Conselho Federal de Psicologia (CFP)


– Código de Ética Profissional do Psicólogo.

•• Resolução nº 003/2007 do CFP – avaliação psicológica para a


CNH.

•• Resolução nº 267/2008 do CFP – há um maior detalhamento


sobre as descrições dos processos psíquicos foco de avaliação
psicológica no exercer profissional do psicólogo no trânsito.

•• Resolução CONTRAN nº 425/2012 – exames de aptidão física e


mental, avaliação psicológica e credenciamento de entidades
públicas e privadas; a qualidade técnica e ética é enfatizada no
processo de avaliação;

•• Resolução nº 009/2018 – diretrizes para a avaliação psicológica;

•• Regulamentação do SATEPSI – Sistema de Avaliação de Testes


Psicológicos.

•• Resolução nº 001/2019 – estabelecimento de normas e


procedimentos para a execução da perícia psicológica no trânsito.

•• Resolução nº 006/2019 – estabelecimento de normas para a


elaboração de documentos psicológicos no exercício profissional.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 27

ACESSE:

O vídeo Você sabia que a avaliação psicológica faz parte da


sua vida? faze parte de uma série de lives disponibilizadas
pelo Conselho Federal de Psicologia. O vídeo traz uma
discussão sobre o quanto a avaliação psicológica pode
estar presente no dia a dia, exemplificando a partir de um
debate sobre a avaliação da psicologia, tanto no contexto
do trânsito como no contexto do trabalho. Vale a pena
conferir e saber um pouco mais sobre essa prática tão
necessária e tão próxima de nós.

Figura 15 - Pessoa em exame para CNH

Fonte: Freepik.
28 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Avaliação Psicológica em Contextos de Saúde:


Uma Possibilidade de Inserção Profissional
Cada vez mais, o profissional de Psicologia atuante no campo de
Avaliação psicológica tem sido requerido nos contextos de saúde, no qual
se preza pela saúde do indivíduo de forma integral e não tão somente a
saúde física. É uma área com articulação médica e com a presença de
outros profissionais, implicando em uma prática multidisciplinar (MÄDER,
2016).

Na área da saúde, o profissional psicólogo pode atuar tanto com


uma postura investigativa como com uma postura interventiva, sempre
em prol da promoção da saúde e qualidade de vida do indivíduo, podendo
atuar em hospitais, serviços atrelados a cirurgias – pré e pós-operatórios,
convênios, postos de saúde, entre outros (MÄDER, 2016).
Figura 16 - Pessoa aguardando a cirurgia

Fonte: Freepik.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 29

Há tanto a possibilidade de orientação como de acompanhamento


do indivíduo em situações envolvendo a sua saúde: a avaliação tem sido
requerida, sobretudo na realização de cirurgias bariátricas, transplantes
de órgãos, cirurgias que implicam a redesignação de sexo, laqueadura,
vasectomia, entre outras (MÄDER, 2016).

Em linhas gerais, há uma aproximação quanto aos métodos e


procedimentos de avaliação, bem como focos pertinentes em contextos
cirúrgicos, tais como a necessidade da objetividade na avaliação
psicológica e a discussão sobre as possibilidades de sucesso na cirurgia.
Devem ser pontuadas as indicações ou contraindicações, a realização da
cirurgia pelo indivíduo, bem como, realizada a orientação e prevenção
(MÄDER, 2016).
Figura 17 - Pessoa em avaliação médica

Fonte: Freepik.

Um exemplo de atuação do psicólogo em cirurgias é na cirurgia


bariátrica. Nesse contexto cabe ao profissional verificar possíveis conflitos
que podem inclusive impactar na evolução do caso. É importante
investigar e orientar sobre o estilo de vida do paciente, os impactos e
o nível de consciência do paciente sobre esses aspectos. A avaliação
quanto à capacidade do paciente em administrar as mudanças ocorridas
em sua vida também são fundamentais (MÄDER, 2016).
30 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

SAIBA MAIS:
O texto Avaliação psicológica pré-cirurgia bariátrica: a
experiência dos pacientes, de Joaquim et al. (2019), aborda a
avaliação psicológica em contextos de saúde, contemplando
a percepção de pacientes em avaliação no momento pré
cirurgia bariátrica. Foram entrevistas 12 pessoas sendo 6
pacientes do Sistema único de Saúde e todas avaliaram
como importante essa prática. Para conhecer um pouco
mais, realize a leitura do texto e veja a possibilidade de mais
uma possibilidade de atuação profissional no campo de
Avaliação Psicológica na área da saúde.

Na área da Saúde, o profissional de psicologia também pode atuar


na avaliação de pacientes internados em hospitais, por exemplo. Nesse
âmbito, pode fornecer auxílio e acolhimento tanto ao paciente internado,
em suas restrições e dificuldades em lidar com diagnósticos e situações
cirúrgicas como também, fornecer um acolhimento à família em lidar com
esse sofrimento (MÄDER, 2016).

O profissional na área da saúde também pode auxiliar a equipe


multidisciplinar no estabelecimento de diagnóstico e mesmo na condução
da queixa identificada. Há de se considerar sempre as particularidades
do contexto institucional e do próprio indivíduo avaliado. Em suma, a
entrevista detalhada é uma das ferramentas mais utilizadas, embora
nem sempre exclusiva do psicólogo nesse contexto, já que por vezes o
profissional é atuante em equipes multidisciplinares (MÄDER, 2016).
Figura 18- Equipe médica

Fonte: Freepik.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 31

O profissional pode auxiliar na elaboração de protocolos de


avaliação, experimentando a articulação entre a população, o serviço
prestado e a conduta a ser realizada pelo profissional. A partir da avaliação
podem ser fornecidas e desenvolvidas melhores diretrizes para o
tratamento, tornando-o mais eficiente (MÄDER, 2016).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo,


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a avaliação em adultos pode implicar tanto em um
psicodiagnóstico compreensivo, em que há o entendimento
da dinâmica global do indivíduo como um psicodiagnóstico
interventivo, no qual o próprio contexto avaliativo torna-
se uma oportunidade de avaliação. Adicionalmente, há
diversas possibilidades quanto a aplicação de instrumentos
de avaliação, desde ferramentas projetivas a outros
instrumentos, tais como o WAIS-IV voltados para a avaliação
desse público. Há ainda a reflexão sobre os diferentes
campos de ocorrência dessa avaliação, seja contexto de
saúde, trânsito, carreiras. No ambiente de trânsito, há de
se seguir não somente normas do sistema conselhos,
mas também há a necessidade de se ficar atento a órgãos
nacionais e estaduais de trânsito e a legislação vigente
quanto ao uso de testes e elaboração de documentos
psicológicos decorrentes de avaliação. Em contextos de
saúde, o adulto pode ser avaliado desde as cirurgias em
momentos pré e pós cirúrgicos para a garantia de um
melhor tratamento. Adicionalmente, o trabalho de avaliação
em hospitais pode fornecer diretrizes para diagnósticos e
tratamentos, bem como, um melhor acolhimento junto à
família e ao próprio paciente em internação.
32 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Avaliação Psicológica em Idosos


OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender
como funciona o processo de avaliação em idosos. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. A avaliação
psicológica pode ser realizada com diversos grupos e o
público idoso é uma importante fonte de estudo, uma vez
que é permeado por diversas mudanças físicas, sociais,
cognitivas. Aprender sobre essas mudanças, sobre o
envelhecimento e formas de atuação com o idoso são
fundamentais para um alcance maior de público atendido.
E então? Pronto para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

O Envelhecimento
Segundo Machado et al. (2019), o envelhecimento é uma etapa de
vida em que ocorrem diversas mudanças, sejam essas orgânicas, físicas,
sociais. Trata-se de um público que merece atenção, sobretudo quando
se pensa em perspectivas de envelhecimento populacional.
Figura 19 - Idosos

Fonte: Freepik.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 33

SAIBA MAIS:
O texto Os conceitos de velhice e envelhecimento ao longo
do tempo: contradição ou adaptação?, de Dardengo e Mafra
(2018), aborda a discussão sobre o conceito de velhice e
envelhecimento ao longo do tempo. Para saber mais sobre
essas mudanças também históricas sobre a conceituação
da velhice, faça essa leitura!

De acordo com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, os


idosos podem ser classificados em pelo menos dois grandes grupos. O
primeiro grupo é aquele cujos idosos são chamados de “independentes”,
onde conseguem desempenhar suas funções diárias. Já o segundo grupo
é aquele cujos indivíduos necessitam de cuidados, sendo a fragilidade
algo comum (MACHADO et al., 2019).

ACESSE:
A portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, do Ministério
da Saúde, aprovou a Política Nacional de Saúde de Pessoa
Idosa. Para saber mais detalhes acerca da portaria e
compreender mais sobre esse marco histórico na atenção
à saúde da população idosa. Acesse aqui.

Figura 20 - Idoso

Fonte: Freepik.
34 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Feldman (2015) destaca as mudanças físicas e as mudanças do


funcionamento biológico em idosos, além do decrescimento de suas
capacidades sensoriais. Quanto ao envelhecimento físico, o mesmo autor
aponta diferenças entre o envelhecimento por pré-programação genética
e o envelhecimento por desgaste, conforme o Quadro 2.
Quadro 2 – Teorias de envelhecimento físico

Pré-programação Genética Envelhecimento por desgaste


As células possuem um limite Dificuldades de desempenhar o
de tempo para se reproduzir seu papel com eficiência.

Fonte: Adaptado de Feldman (2015)

Avaliação Psicológica em Idosos

IMPORTANTE:

A avaliação psicológica é uma área de atuação do profissional


de Psicologia que pode abarcar contextos diferenciados (a
exemplo de saúde, educação, organizações) e públicos
diversos, podendo ter como foco a avaliação de crianças,
adolescentes, adultos e idosos (MÄDER, 2016).

Alguns autores diferenciam avaliação psicológica de psicodiagnóstico,


no sentido de que o primeiro envolve diferentes áreas e campos de atuação,
enquanto o segundo é pertinente ao raciocínio clínico e dinâmico diante do
processo de avaliação do indivíduo (CUNHA, 2000).
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 35

Figura 21 Um idoso auxiliando uma idosa

Fonte: Freepik

Cunha (2000) aponta para um aumento do número de


psicodiagnósticos realizados em idosos. Tal diagnóstico pode aferir a
capacidade cognitiva, afetiva e motora, como também sexual e social
(MACHADO et al., 2019). Podem ser realizados técnicas e testes que
descrevem o funcionamento do idoso.

DEFINIÇÃO:

A capacidade funcional pode ser refletida na quantidade


de auxílio instrumental que o idoso necessita, podendo a
incapacidade ser classificada nos níveis leve, moderado e
grave (FONTES, 2016).

Dentre os diagnósticos mais comuns na população idosa, tem de


apontado o diagnóstico de depressão, muitas vezes ligado ao quadro de
incapacidade funcional do indivíduo (MACHADO et al., 2019).
36 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

A importância de se realizar a avaliação psicológica com o público


idoso recai não só em função das mudanças ocorridas nessa etapa de
vida, mas também de maneira a auxiliar nas diretrizes de tratamento, bem
como, prevenção de possíveis diagnósticos (MACHADO et al., 2019). Lobo
et al. (2012) destacam como preditores de diagnóstico de ansiedade/
depressão nessa população fatores como luto, presença de alguma
doença ou mesmo fatores atrelados a perdas cognitivas.
Figura 22 - casal de idosos

Fonte: Freepik.

SAIBA MAIS:

O texto O luto em adultos idosos: natureza do desafio


individual e das variáveis contextuais em diferentes
modelos, de Silva e Ferreira-Alves (2012), discute o
processo de luto em idosos. Além de abordar os principais
modelos apresentados nessa temática, há a discussão
sobre variáveis individuais e ambientais correlacionadas as
reações diante da perda. É uma excelente oportunidade de
aprender um pouco mais sobre esse fator de risco para o
aparecimento de alguns diagnósticos.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 37

Argimon et al. (2016) destacam que no processo de psicodiagnóstico,


a anamnese, pode ser realizada diretamente com o idoso ou pode
contar com a participação também da família e/ou responsáveis. Cunha
(2000) destaca a família como importante fonte de informação. A família
pode informar sobre o espaço que o idoso ocupa bem como os papéis
desempenhados, e o profissional deve atentar no idoso sua face, emoções,
expressões etc. (MACHADO et al., 2019).
Figura 23 - Idoso em família

Fonte: Freepik.

Ao realizar o trabalho com a população idosa, é imperativa a


investigação sobre as mudanças nos papéis desenvolvidos. Muitas
vezes, o idoso antes exercia o papel de cuidador e agora necessita de
cuidados. Por vezes ainda, cabe ao idoso lidar com perdas e uma nova
percepção de si: seja enquanto aposentado, seja como viúvo, entre outras
perspectivas. Nessa fase, Fontes (2016) enfatiza o valor do suporte social
ao idoso, podendo esse suporte favorecer o desenvolvimento do idoso.
38 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

SAIBA MAIS:
O texto Avaliação do suporte familiar em idosos residentes
em domicílio, de Reis et al. (2011), discute a avaliação do
suporte social de idosos residentes em domicílio. Muitos
idosos percebem os familiares como inadequados no
exercer do cuidado, o que indica a falta de preparo dos
familiares e da população em lidar com as demandas
desses indivíduos.

Outro ponto de atenção é sinalizado por Andrade et al. (2010)


quanto ao uso de medicamentos. Normalmente essa população faz uso
de diversos medicamentos e a combinação pode gerar efeitos contrários
ou imprecisos ao esperado.

Cabe lembrar que há muitos preconceitos que permeiam a saúde


do idoso e mesmo o papel social que ele ocupa. O envelhecimento é parte
do desenvolvimento humano e não se deve perceber a velhice como
sinônimo de desistência ou ausência de papéis funcionais; trata-se de uma
época de desenvolvimento tão importante quanto qualquer outra e com
possibilidades de crescimento e conquistas (MACHADO et al., 2019).
Figura 24 - Idosos se divertindo

Fonte: Freepik.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 39

Muitas vezes a demanda da avaliação é oriunda dos familiares, de


conduta médica. Tal avaliação também pode ser de exigência jurídica, o
que exige do profissional conhecimentos específicos pertinentes da área.
Quando de origem familiar, normalmente a demanda por avaliação chega
a partir de alterações percebidas quanto ao comportamento, cognição ou
questões emocionais (MACHADO et al., 2019).

Cunha (2000) destaca a necessidade de a avaliação psicológica


ser realizada em dois níveis: o primeiro nível é a partir da avaliação da
cognição e posteriormente a parte dos fatores de impacto observados. O
mesmo autor enfatiza que no processo de psicodiagnóstico o foco deve
ser no sujeito e não nos testes quando estes são necessários.
Figura 25 - Idosa

Fonte: Freepik

Quanto às etapas do psicodiagnóstico, há a entrevista inicial com


o idoso ou com a família. Posteriormente é realizada a seleção dos
instrumentos de avaliação, bem como a seleção das técnicas adequadas
a demanda apresentada e ao perfil do idoso, observado nos contatos
iniciais. É importante destacar que a aplicação de testes ou mesmo alguns
procedimentos depende do nível de comprometimento cognitivo ou
demais restrições do idoso (MACHADO et al., 2019).
40 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

De maneira a finalizar a avaliação do idoso pode-se realizar a entrevista


devolutiva, fornecendo as informações diretamente ao idoso, bem como a
família. É possível realizar uma reavaliação periódica para comparativos dos
resultados da primeira avaliação (MACHADO et al., 2019).

SAIBA MAIS:

O texto Estudo de Caso – avaliação neuropsicológica:


depressão x demência, de Steibel e Almeida (2010),
exemplifica a avaliação neuropsicológica quanto à memória
e aos sintomas de depressão a partir de um estudo de caso
envolvendo uma pessoa idosa, destacando a importância
de avaliações periódicas.

Avaliação Neuropsicológica em Idosos


A neuropsicologia é um campo da avaliação psicológica que articula
a Psicologia com a Neurologia. Discutem-se as relações entre o sistema
nervoso central e funções cognitivas, bem como, o comportamento
humano. Cabe ao neuropsicólogo uma discussão quanto às funções
cognitivas e possíveis alterações. Para tal, é um profissional que precisa
ter domínio dessa temática e permanecer em constante atualização
(MÄDER, 2016).

SAIBA MAIS:

O texto Desafios para a formação do neuropsicólogo


clínico no Brasil, de Pereira (2014), aborda os desafios
da formação em Neuropsicologia no Brasil, discutindo
aspectos históricos, bem como, a partir de um comparativo
do processo em outros países.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 41

Figura 26 - Casal de idosos

Fonte: Freepik.

A avaliação neuropsicológica em idosos é relevante, sobretudo,


no auxílio à equipe de saúde, quanto à realização de um diagnóstico
diferencial para outros quadros. Nesse sentido, é necessária a avaliação
de algumas funções a partir da avaliação da cognição, sinais e sintomas
comportamentais do indivíduo. O quadro de declínio cognitivo patológico é
mais impactante do que aquele esperado pela etapa de desenvolvimento
do indivíduo (MACHADO et al., 2019).

SAIBA MAIS:

O estudo de Petry et al. (2014) – Avaliação neuropsicológica


de idosos praticantes de capoeira – aborda as interfaces
entre a prática de capoeira e as funções executivas do
indivíduo, tais como a memória de trabalho ou mesmo as
tomadas de decisão.
42 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

O profissional de avaliação neuropsicológica pode atuar em


hospitais, instituições acadêmicas, avaliação e perícia, atendimento
domiciliar com foco na reabilitação. Cabe destacar que os testes e a sua
interpretação podem auxiliar na avaliação, mas a essa avaliação deve
ser acrescida a análise de condição atual do indivíduo, bem como, os
impactos na vida diária (MÄDER, 2016).
Figura 27 - Pessoa idosa

Fonte: Freepik.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 43

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo,


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento
em que muitas mudanças ocorrem, sejam elas biológicas,
cognitivas ou mesmo sociais. Há diferentes formas de
envelhecimento físico, seja aquele genético, seja aquele
por desgaste. Você também viu que a população idosa,
segundo a Política Nacional de Saúde da População Idosa,
pode ser classificada como independentes ou aqueles
com dificuldades quanto a sua capacidade funcional.
Vocês viram que a capacidade funcional é avaliada pela
quantidade de auxílio que o idoso precisa para desempenhar
suas funções, sendo a incapacidade funcional podendo ser
classificada como leve, moderada ou grave. A avaliação
psicológica pode ser realizada em diversos contextos e
com diversos públicos. Em idosos, há alguns fatores que
podem alterar o comportamento do idoso e impactar a
avaliação, como processos de luto, mudança de papéis de
cuidador para o ser cuidado, entre outros. Cabe destacar
ainda que independente de ser idoso, ainda sim é uma fase
importante de desenvolvimento, logo, não há ausência
de papel, o idoso também pode iniciar novos projetos.
A família tem um papel importante na intervenção, pois
pode auxiliar na entrevista inicial e ao longo da avaliação,
além de ser um suporte ao idoso ao longo dessa fase do
desenvolvimento marcada muitas vezes por perdas. A
avaliação neuropsicológica é comum nesse público, mas
deve ir além da aplicação de testes, mas contemplar a
compreensão global do indivíduo. A neuropsicologia é um
campo de articulação entre a Psicologia e a Neurologia
e cabe ao profissional em avaliação nesse âmbito ter o
domínio quanto ao sistema nervoso central bem como as
funções cognitivas do indivíduo, entre outras habilidades a
serem desenvolvidas.
44 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Avaliação Psicológica em Grupos

OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender como
funciona o processo de avaliação em grupos. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. A avaliação
psicológica em grupo pode ter diversas características
particulares se comparadas com outros públicos foco
de intervenção. Aprender sobre essas características,
bem como sobre os diversos contextos nos quais essas
intervenções podem ocorrer, são fundamentais para que
haja um diferencial em sua formação profissional. E então?
Pronto para desenvolver esta competência? Então vamos
lá. Avante!

Psicodiagnóstico Grupal
A avaliação psicológica é uma prática profissional processual. Deve-
se enfatizar o fato de que tal prática não deve se restringir a aplicação
e correção de testes e que essa avaliação pode ser aplicada tanto de
maneira individual, como há a possibilidade de que essa aplicação seja
realizada em grupo (MÄDER, 2016).
Figura 28 - grupo de pessoas

Fonte: Freepik.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 45

Independentemente se a avaliação é aplicada de maneira individual


ou em grupo, há a necessidade de que o profissional nessa área avalie
quais seriam as melhores ferramentas dentro da metodologia a ser
empregada, compatíveis com os objetivos e demandas da avaliação, bem
como, com o perfil do público-alvo dessa avaliação (MÄDER, 2016).
Figura 29 - Avaliação de um indivíduo

Fonte: Freepik.

Para Arzeno (1995), um psicodiagnóstico realizado de maneira


adequada deve fornecer tanto informações concernentes ao prognóstico
como compor a estratégia mais adequada de intervenção.

Estratégias de Avaliação Psicológica em


Grupo
A observação do comportamento, dentre as ferramentas a
serem empregadas em um processo de avaliação psicológica é uma
das estratégias fundamentais, estando presentes nos mais variados
processos. É uma estratégia que pode proporcionar um maior número de
informações, entretanto, trata-se de uma estratégia com um nível maior
46 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

de exigência do profissional: é uma técnica que demanda bastante treino


para que seja aplicada de maneira mais efetiva (MÄDER, 2016).

SAIBA MAIS:
A observação do comportamento é uma ferramenta
fundamental não apenas para a realização do trabalho
de avaliação psicológica, como importante estratégia de
coleta de dados em diversas áreas de atuação profissional,
não sendo exclusivamente usada na Psicologia. O livro
Descrição, definição e registro de comportamento, de
Fagundes (2015), é uma excelente leitura para conhecer
um pouco mais sobre a importância da observação do
comportamento bem como diferentes tipos de registro,
objetivos e aplicações dessa técnica.

Figura 30 - Pessoa observado.

Fonte: Freepik.

Outras técnicas comumente utilizadas em processos de avaliação


são as dinâmicas de grupo ou a hora lúdica diagnóstica. Adicionalmente,
podem ser utilizadas pesquisas documentais, inclusive para que essas
corroborem os dados encontrados a partir de outras ferramentas de
avaliação, seja individualmente ou em grupo (MÄDER, 2016).

Há técnicas do tipo projetivas que são formuladas tanto para


contemplar a avaliação de casais como de grupos, seja esse grupo do
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 47

tipo filial, familiar ou de trabalho, por exemplo (ARZENO, 1995). Essas


técnicas têm sua importância residida no fato de que podem indicar a
capacidade do indivíduo em compor ou não, de maneira favorável, o
grupo. As mesmas técnicas podem indicar ainda o funcionamento de um
grupo em formação.

Geralmente, ao se tratar de um psicodiagnóstico grupal, não há


uma primeira entrevista inicial individual, ou, se existe, deve ser realizada
de maneira breve. É comum a convocação do grupo para a realização de
uma série de provas coletivas ou grupais, conforme descritas no Quadro
3. A partir da aplicação da avaliação será decidido se o indivíduo possui ou
não os requisitos a serem relevantes para a candidatura/aptidão para um
cargo, por exemplo (ARZENO, 1995).
Quadro 3 - Exemplos de provas a serem realizadas em contexto de psicodiagnóstico grupal

Prova coletiva Prova grupal


Cada sujeito realiza o trabalho Entre todos os envolvidos há uma
de maneira individualizada, elaboração de uma resposta a
simultaneamente. partir de uma solicitação.

Fonte: Baseado em Arzeno (1995).

EXEMPLO

Arzeno (1995) exemplifica a avaliação de um grupo cujo enfoque


seja a capacidade de atenção. Devem ser aplicados testes compatíveis
com essa demanda e as pessoas serão distribuídas quanto aos seus erros
e omissões, sendo obtida uma média do grupo, sempre refletindo sob a
idade dos avaliados bem como outros aspectos, como os socioculturais.

Em avaliações psicodiagnósticas grupais, pode ser que fique um


pouco à margem o campo dinâmico. Mas há vantagens na realização de
trabalhos envolvendo o grupo, como poder lidar com um maior número de
pessoas em um curto espaço de tempo, a exemplo de avaliações em escolas
ou processos seletivos. Todavia, tais avaliações são importantes na medida
em que forneçam indicadores que podem ser aprofundados em entrevistas
posteriores individuais ou com outros informantes (ARZENO, 1995).
48 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Figura 31 - Família

Fonte: Freepik.

Ao se trabalhar com famílias ou crianças, por exemplo, podem ser


realizadas entrevistas cujo envolvimento seja realizado em grupo, com o
objetivo de verificar o grau de implicação dos membros em determinada
patologia ou mesmo a dinâmica do grupo familiar (ARZENO, 1995).
Figura 32 - Fila de candidatos a emprego

Fonte: Freepik
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 49

A avaliação em grupo foi desenvolvida para atender a uma


necessidade prática urgente. Os testes em grupo podem ser administrados
a um grupo de pessoas de cada vez. Essas avaliações não só permitem o
exame simultâneo de grandes grupos, mas também usam procedimentos
simplificados de instrução, aplicação e avaliação.

SAIBA MAIS:

A avaliação psicológica em grupo foi desenvolvida


especialmente em resposta à necessidade de avaliar
muitos soldados que estavam sendo admitidos para
o serviço na Primeira Guerra Mundial. Um comitê da
Associação Americana de Psicologia foi estabelecido para
fazer recomendações sobre como isso poderia ser feito.
O resultado foi o desenvolvimento dos testes Alfa e Beta
do Exército, que puderam ser administrados a esse grupo.
Após a guerra, os testes foram liberados para uso civil e
com a revisão eles se tornaram os modelos para muitos
testes de inteligência em grupo (ANASTASI, 1982).

O Quadro 4 faz um comparativo de vantagens e desvantagens de


seguir os testes individuais e grupais segundo Anastasi (1982).
Quadro 4 - Vantagens e desvantagens dos testes individuais e grupais

INDIVIDUAIS GRUPO
VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS

Pode ser As informações


administrado obtidas pelo teste de
Mais atenção Muito a um grande grupo geralmente
no examinado demorado número são menos precisas
simultaneamente. do que os testes
individuais.
Papel de O examinador tem
Requer
Encorajar o examinador menos oportunidade
examinador
examinando simplificado de estabelecer
treinado
relacionamento
50 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Não é prontamente
Pontuação
Observar detectado se o
normalmente
melhor o Custo mais alto examinando está
mais objetiva.
indivíduo cansado, ansioso,
indisposto.

As respostas do
Amostras grandes
examinando são
e representativas.
mais restritas.
Fonte: Baseado em Anastasi (1982).

Figura 35 - Pessoa preenchendo um teste

Fonte: Freepik

Quanto à seleção de testes de avaliação, há de se verificar não só o


nível sociocultural do paciente como também do grupo o qual pertence. A
aplicação de testes envolve não só a correta administração, mas também
a compatibilidade da interpretação fornecida (ARZENO, 1995).

DEFINIÇÃO:

Na psicometria, o teste em grupo é a administração


de testes psicológicos, como medidas de inteligência,
medidas de desempenho etc. a grupos de pessoas, e não
a indivíduos (ANASTASI, 1982).
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 51

Em aplicações envolvendo grupos é importante que a instrução


fornecida seja compatível ao nível de compreensão dos indivíduos do
grupo, sempre fazendo uma análise quanto à estatística pertinente
ao grupo avaliado. Variáveis socioculturais devem ser consideradas. É
importante ainda que a conduta esperada seja condizente com o grupo e
a instrução fornecida (ARZENO, 1995).
Figura 36 - Equipe de trabalho

Fonte: Freepik.

Ao profissional é esperado que, esse não faça parte do mesmo


grupo sociocultural, que se aprofunde nos conhecimentos desse grupo
para que haja uma maior adequação das ferramentas propostas. O grupo
deve reconhecer o material como algo habitual, um exemplo seriam
testes de vocabulário que devem se adequar a regionalidades de maneira
que haja a familiarização com o material proposto para a intervenção.
Seguindo essa reflexão é mais provável uma avaliação mais acurada
(ARZENO, 1995).
52 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

Alguns Contextos de Avaliação Psicológica


em Grupo
Figura 37 - Exemplos de campos com possibilidade de envolvimento de avaliação
psicológica em grupo

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Em equipes multidisciplinares no campo da saúde, a avaliação


psicológica pode se desenvolver individualmente, além de ter como foco
grupos de pessoas em internação, idosos em processos de reabilitação
etc. (MÄDER, 2016).

Há também a possibilidade de ocorrer à avaliação no campo


organizacional, e processos envolvendo a temática de saúde do
trabalhador ou mesmo dentro de prática de recrutamento e seleção de
pessoas para a ocupação de algum cargo (MÄDER, 2016).

EXEMPLO
A avaliação psicológica em grupo no ambiente organizacional pode
responder a uma ampla gama de perguntas. Por exemplo, um possível
empregador pode fazer com que um psicólogo teste os candidatos como
parte do processo de recrutamento para determinar quais habilidades
eles possuem em uma determinada área.

Outro contexto em que pode haver a demanda desse tipo de


avaliação é no campo do esporte. Podem ser avaliados alguns aspectos
sensório-motores, volitivos ou mesmo podendo haver a discussão quanto
a características psicológicas pertinentes a dinâmica do grupo esportivo
em questão. Sobretudo em ambientes em que há a restrição social ou
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 53

períodos de isolamento em função de competições, assim a avaliação de


aspectos ligados a motivação é importante (MÄDER, 2016).

SAIBA MAIS:

Fora os contextos de aplicação supracitados, outros


contextos podem fazer parte da prática de realização
de uma avaliação psicológica em grupos, a exemplo do
trânsito. O texto Técnica de Dinâmica de Grupo na Avaliação
Psicológica no Contexto do Trânsito: Relato de Experiência,
de Silva (2016), discute a dinâmica de grupo como um
recurso a ser utilizado na psicologia no trânsito, mais
precisamente como um recurso de avaliação psicológica
nesse contexto. Esse artigo retrata uma experiência
profissional tendo a dinâmica de grupo como recurso para
informação de etapas para a retirada da Carteira Nacional
de Habilitação, contemplando também aspectos éticos e
técnicos.

Figura 38 - Ambiente organizacional

Fonte: Freepik.
54 Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico

RESUMINDO:

E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo,


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a avaliação psicológica é um processo e essa não é
restrita ao uso de testes, podendo também ser aplicada em
grupo. Você também deve ter notado que a observação
do comportamento é uma das técnicas fundamentais
no campo de avaliação e pode fornecer uma gama
de informações embora exija mais tecnicamente do
profissional. Em adição a técnica de observação, dinâmicas
de grupo e testes projetivos podem ser aplicados, dentre
outras ferramentas. Apesar de muitas vezes haver perda
quanto a uma avaliação dinâmica dos indivíduos a avaliação
em grupo é vantajosa no sentido de permitir a avaliação
de um maior número de pessoas em um curto espaço
de tempo se comparada com a avaliação individual. Cabe
lembrar que, quando aplicados, os testes devem levar em
conta aspectos também socioculturais e o profissional deve
estar atento a isso, uma vez que mais importante que a
administração do teste é a sua adequação na interpretação.
Por fim, a avaliação em grupo pode estar presente em
diversos contextos, seja clínico, no campo dos esportes,
trânsito, organizações, entre outros.
Avaliação Diagnóstica e Psicodiagnóstico 55

REFERÊNCIAS
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