Dermatologia - 4A MIII A13 - Alopecias
Dermatologia - 4A MIII A13 - Alopecias
Dermatologia - 4A MIII A13 - Alopecias
Fase Anágena:
Intensa atividade mitótica na matriz do folículo piloso. Possui duração variável entre as diversas
localizações do tegumento:
Mecanismo da Queda:
Liberação anágena imediata: paciente que esta tomando Minoxidil tem liberação telógena imediata, e
o fio que já estava em telógeno se destaca de forma mais rápida e acelera os 100 dias, em média
depois de 4 semanas o cabelo já se destaca. O stress também faz essa liberação anágena.
Liberação anágena retardada: Mulheres grávidas por conta dos estímulos hormonais não possui
queda, e fica com o cabelo Rapunzel. Depois que tem o neném, dá 3 meses com esse cabelo, já que
diminui os hormônios e os fios que estavam na anágena que deveriam ter caído na gestação vao cair
com junto com os cabelos que já iriam cair pós-gestação, é como se juntasse o monte que eram para
ter caído mais os que já iam cair.
Liberação telógena retardada: Alopécia sazonal, com alteração do ciclo que o cabelo demora mais
para cair e sincroniza com outros que iriam cair depois.
Subtipos:
Existem as alopecias cicatriciais e não cicatriciais (quando perde o cabelo e não recupera, será o foco da
aula).
Eflúvio Telógeno:
Quando paciente chegar deve-se diferenciar queda de cabelo e afinamento, questionando-o da queda. No
eflúvio o paciente terá queda de cabelo sem pentear, terá cabelo na roupa. É a causa mais comum de
queda, e possui fase aguda e crônica.
A fase aguda, ocorre transição aguda dos folículos da fase anágena
para a fase telógena. Pode ser secundário a insultos internos e
externos. Pessoa depois de 100 dias tem queda de cabelo (fase de
queda), que dura de 3 a 6 meses e levará de 6 a 12 meses para o
cabelo recuperar completamente.
A fase crônica possui predileção por mulher de 30 a 60 anos e é um
diagnóstico de exclusão, excluir todas outras causas para defini-lo.
Essas mulheres ficam tempo todo clicando em telógeno, com queda
de cabelo diária por 10-15 anos. Há uma incerteza quanto a
epidemiologia, pois a mulher por terem pelos mais longos, procuram
mais pela ajuda dessa queixa.
O quadro clínico é de aumento de perda, diminuição do volume
do cabelo e afinamento bitemporal – ocorre perda de 25 a 35%
dos cabelos.
No gráfico abaixo, é demonstrado a diferença entre os dois, no qual o eflúvio telógeno agudo tem picos
de queda de cabelo e então volta ao normal, e o crônico fica ciclando em queda, nunca voltando ao
normal. O crônico envolve a sincronização dos ciclos foliculares em fase de queda (telógena) devido
interrupção precoce da fase de crescimento (anágena) folicular, duração de cerca de 6 anos. A entrada na
fase de repouso ou queda faz com que esses fios se destaquem de 2 a 3 meses depois do fator
desencadeante de forma sincrônica.
Existe o eflúvio telógeno fisiológico, que é do recém-nascido e pós-parto, e também o eflúvio telógeno
induzido, resultante de um processo que acelera o início da fase telógena (doenças sistêmicas crônicas,
doenças febris, drogas, distúrbios endócrinos, dietas restritas, cirurgias e anestesias (não tão comprovado,
mas é muito agressivo).
A queda de cabelo pode levar 3 a 6 meses para ser interrompida, com um crescimento perceptível de 3 a
6 meses após a interrupção do efeito que desencadeou a queda. Geralmente, o paciente fica nervoso, e
isso só piora. O estresse causado pela perda do cabelo pode ser um gatilho continuo da condição.
Alguns pacientes diminuem a frequência da lavagem dos cabelos por medo de perder mais cabelo e
possuirá aumento da queda observada nas lavagens subsequentes.
Na biópsia, apesar de rara, no geral vem >15% de telógenos sugerindo ET, e >25% telógenos,
confirmando eflúvio telógeno.
Quanto ao tratamento, se sabemos que é um processo autolimitado, que tem um gatilho agudo e que
dura de 3 a 6 meses, há necessidade de tratar? Não. Se você não fizer nada, muito provavelmente o
cabelo vai voltar. Agora, paciente chega chorando no consultório com o cabelo caindo e muito mal, não
tem como você só deixar a pessoa. E nesses casos, faz-se investigação se tem causa para a queda, se
medicamento (suspender por 3 meses), se psoríase ou dermatite seborreica subjacente a inflamação pode
também propiciar a queda, então devemos tratar.
Exercício exuberante pode levar a queda de cabelo. Atletas de alta performance é muito frequente ter
queda de cabelo.
É preciso considerar o uso de suplemento se houver alguma deficiência nutricional, por isso pedimos
alguns exames. O uso de suplementos sem deficiência é discutível. É mais indicado quando não se sabe a
causa ou vegetarianos e veganos, pois geralmente esses pacientes têm uma deficiência e quando não se
sabe a causa. Na prática é muito difícil ter uma quantidade adequada de vitaminas, nutrientes, absorção
correta, ingesta de água correta. Então, na prática, suplementamos e o paciente vê bastante diferença.
No eflúvio telógeno crônico a gente vai associar Minoxidil e em alguns casos no agudo também porque
ele vai prolongar a fase Anágena e vai diminuir a fase Telógena. Minoxidil oral só para eflúvio telógeno
crônico e alguns casos mais graves de eflúvio pós COVID. Cuidado, como ele vai ter uma perda do
telógeno mais rápido temos que orientar ao paciente que ele vai passar por um período de piora.
Corticoide tópico, principalmente se tiver dermatite associada, mas também há estudos mostrando que
pode ser usado para frear essa queda importante.
Multivitamínicos com Vitamina A e selênio podem causar queda de cabelo, principalmente em
quantidades excessivas. Exemplo de paciente tomando vários suplementos e apos retirá-los melhorou.
A biotina quando é suplementada pode interferir em alguns exames de laboratório função tireóide, vit D e
dosagem de troponina.
Suplementos: Biotina, Ferro (se deficiência), silício, que vai proteger a haste e Pantogar, que aumenta a
fase anágena e melhora a absorção do ferro.
Exames laboratoriais que podem ser solicitados: hemograma, ferro, ferritina, VDRL, TSH, T4L, vitD,
vitB12 e zinco. Em casos muito crônicos pode pedir FAN.
Quando fazer biópsia? Em casos de queda de anos, sem resolução e com teste terapêutico que não
funcionou.
Diagnóstico diferencial: Androgenética e Areata incógnita.
No paciente pós-COVID o que acontece?
Vamos ter participação de inflamação. Suspeita-se de formação de microtrombos na região perifolicular,
porque a queda parece muito acima do que é visto em qualquer outra situação, chega a parecer uma
queda de quimioterapia. Ela inicia após 5-6 semanas.
Medicamentos usados no tratamento, anemia pós-covid e estresse também podem contribuir para a
queda.
Na foto acima, temos o alargamento da risca capilar, porém sem formação da árvore-de-natal
(androgenética) e rarefação bitemporal
Eflúvio Anágeno
Ocorre na fase anágena. Resulta de uma agressão celular intensa no folículo em crescimento
(anágeno), com interrupção abrupta da queratinização produzindo fios com estreitamentos abruptos e
fraturas, que caem com facilidade. É o que acontece com pacientes que estão em quimioterapia. A
agressão do medicamento faz agressões ao folículo e estreitamentos na haste.
Então a principal causa são drogas quimioterápicas. É uma queda exuberante e difusa rápida, pois cai
direto na fase anágena, não precisa entrar em telógena.
O quadro clínico vai ser caracterizado por início de alopecia após 1-2s emanas e alopecia total entre 1-2
meses.
Tração positiva (pega um tufo de 60 fios +/- e puxa e tem uma queda de 2 ou mais fios). Neste caso, é
fortemente positivo.
O resfriamento do couro cabeludo limita a chegada da droga aos folículos por vasoconstricção e vai
impedir que o folículo seja agredido. O prognóstico é fazer uma repilação de 3-6 meses, mas com uma
poliose (quando os fios nascem bem branquinhos devido a agressão da haste pela droga).
Alopecia Androgenética
Caracterizada por miniaturização progressiva do folículo piloso associado ao encurtamento da fase
anágena. A fase anágena vai encurtando e o fio vai ficando cada vez mais fino, curto e ralo, e ocorre uma
conversão gradual dos pelos terminais em pelos velos, esse é o processo de miniaturização (mais
finos, curtos e menos pigmentados).
A etiologia é multifatorial e poligênica. A alopecia masculina também pode ser chamada de padrão
masculino ou a alopecia feminina de padrão feminino, porque pesquisas definiram que o papel do
androgênio nos homens é muito bem estabelecido, mas isso não é bem definido na feminina, no qual o
papel do androgênio é incerto.
Acomete mais caucasianos e a prevalência aumenta com a idade. É a alopecia mais frequente (50% dos
homens e 24% das mulheres aos 50 anos). A queda de cabelo mais frequente é o Eflúvio e a alopecia
mais frequente é a Androgenética.
Vão existir pessoas que tem sinais precoces e mais de 10% dos meninos de 17 anos.
A associação entre Alopecia androgenética, síndrome metabólica e fatores de risco cardiovasculares
foram encontrados em alguns grupos avaliados.
A testosterona vai ser o andrógeno circulante mais potente. Sobre a ação de 5-alfa-redutase ele vai se
transforar em di-hidrotestosterona (DHT) que vai ter uma afinidade 5 vezes maior pelos receptores
androgênicos que estão na região do folículo. Homens e mulheres com androgenética vão apresentar
níveis mais altos da 5 alfa-redutase. Mais nos folículos frontais em relação aos occipitais, por isso
vemos uma diferença em relação as alopecias. O que define o local de queda são as localizações das
enzimas.
Nos homens vão ter níveis normais de andrógenos circulantes, por isso não é necessário dosar os
níveis androgeneticos para dar o diagnóstico de alopecia androgenética, uma vez que estarão
normais. O que acontece nesse caso é que ocorre uma superprodução de androgênios a nível folicular
no couro cabeludo. Além disso, pode ocorrer uma superexpressão dos andrógenos (os receptores
repondem de uma forma maior).
Já nas mulheres, ocorre uma hiperandrogenemia em 40% das vezes. Ocorre um aumento de 5 alfa-
redutase e de receptores e uma redução de aromatáse. Na mulher o papel da superprodução não é
comprovado, apenas da superexpressão.
O quadro clínico nos homens, é caracterizado por rececção bitemporal simétrica com acometimento
difuso de vértex após a puberdade (imagem abaixo).
Na mulher, o quadro clínico se caracteriza por afinamento do cabelo após 30 anos, apresentando-se em
“arvore de natal” (imagem abaixo).
Na dermatoscopia, observar variação do diâmetro, pontos amarelados e hiperpigmentação folicular.
Exames laboratoriais só serão pedidos se houver sinais de hiperandrogenismo.
A alopécia androgenética afeta muito a qualidade de vida dos pacientes pois a pessoa passa a não se
reconhecer.
Tratamento:
O tratamento é baseado em retardar a progressão da doença, muitas vezes o cabelo perdido já não
volta mais.
Finasterida: inibe a 5AR TIPO 2, que é quem converte a testosterona em di-hidrotestosterona, que é
responsável pela miniaturização, ou seja, ela é importante porque age na gênese do problema. Entre
os efeitos colaterais, temos disfunção erétil, diminuição do volume ejaculado, ginecomastia (2%).
Esses efeitos são transitórios, ou seja, volta ao normal.
Obs: não prescrever para pacientes que já tem problemas de fertilidade. Por isso é sempre importante
pedir o espermograma antes de prescrever. Ela reduz os níveis de PSA, então em homens com mais
de 50 anos, dosar o PSA antes de prescrever a finasterida.
Dutasterida: inibidor da 5AR tipo 1 E 2, então ela reduz os níveis de dht em 90%. Tem menos
colaterais que a finasterida. Porém, não é liberada para comercialização no Brasil.
Espironolactona: é um inibidor da aldosterona que apresenta ação antiandrogenica por bloquear o
receptor androgênico e inibir a síntese de andrógenos. São mais prescritas para mulheres com sinais
de androginismo. Indicação: off-label. Possuem efeito teratogênico, por isso é preciso estar em uso
de anticoncepção. O principal efeito colateral é a hipotensão.
Terapias Independentes:
Minoxidil (vasodilatardor): prorroga a duração da fase anágena aumentando a espessura do fio e a
densidade capilar (pode associar o tópico e parenteral)
Microagulhamento capilar (MMP): terapia em consultório (deposição de produtos no folículo).
Se fizer implante capilar, é preciso tratar igual? Sim, pois se não tiver área doadora, o transplante
não irá funcionar.
O tratamento para a androgenética deve ser feito durante toda a vida do paciente. Alguns estudos
relatam que um ano sem tratamento regride totalmente à forma pré-tratamento. Exemplo, se um paciente
tratou durante 10 anos e fica 1 ano sem tratar, ele vai retornar para a forma antes do tratamento. Não
existe prevenção da androgenetica.
Pergunta: se o paciente está em tratamento com o Minoxidil e parar de forma abrupta pode dar efeito
rebote?
Resposta: nos casos de eflúvio, o ideal é a retirada progressiva do medicamento. Já na androgenética,
se parar o tratamento seja gradual ou não, haverá queda.
Alopecia Areata:
Acomete cerca de 0,1 – 1,7% da população. Atinge homens e mulheres igualmente em todas as idades
(20% na infância). É uma doença autoimune órgão-específica mediada por células T. Acontece uma
reação a antígenos do bulbo do folículo piloso anágeno eflúvio anágeno.
Nós produzimos auto anticorpos contra o antígeno alvo que está relacionado ao melanócito folicular, por
isso causa o fenômeno de embranquecimento súbito dos cabelos (perda apenas dos fios pigmentados). A
inflamação perifolicular interfere na queratinização levando ao afinamento da porção proximal da haste.
Quadro clínico
Composto por placas de alopecia recorrentes de surgimento abrupto, lisas, circulares e bem
definidas.
Há subtipos: Alopecia total, Alopecia universal (perde todos os pelos do corpo), Ofiásica ou marginal
(região occipital), difusa rapidamente progressiva (simula a androgenética)
AA incógnita: simula um eflúvio importante com características entre eflúvio telógeno e eflúvio areata,
clinicamente não aparenta ser areata, tem diagnose difícil e com biopsia que geralmente é inespecífica.
Cerca de10% dos pacientes terão alterações ungueias: depressões cupuliformes, traquioníquia,
onicomadese, lúnula avermelhada.
Doenças que podem estar associadas: atopia (rinite, dermatite atópica, asma) > 40% dos casos. Doença
tireoidiana autoimune, vitiligo, doença inflamatória intestinal e diabetes melitus do tipo 1.
Tratamento:
Quando o acometimento é menor que 50% deve ser administrado corticoides intralesionais. Em crianças
utilizar corticoides e Minoxidil tópicos.
Em casos de >50% de acometimento, deve ser feita a imunoterapia tópica com difenciprona (DPCP),
porém em 50% após 4-6 meses há recaídas.
Em casos de alopecia severa recente é administrado corticoterapia sistêmica diária ou em pulsos
associado a um poupador de corticoide (metrotexato) ou azitioprina + análogos de prostaglandina,
fototerapia, laser, inibidores da JAK, psicoterapia, camuflagem, perucas.
Prognóstico: em 80% dos casos haverá remissão espontânea no primeiro ano.
Tricotilomania
É a tração repetitiva e incontrolável do cabelo, levando à rarefação perceptível. Quadro de ansiedade
antes de puxar o cabelo levando ao alívio logo após o arrancamento (“fios alterados”)
Acomete mais meninas menores de 10 anos, adolescentes e mulheres perimenopausa. Reflexo de
distúrbio obsessivo compulsivo, depressão ou ansiedade.
A tração danifica a haste tanto em sua porção extrafolicular quanto intrafolicular. Provoca entrada
prematura do fio em fase catágena.
Quadro clínico:
Localizada principalmente em vértex. É uma alopecia assimétrica, irregular, mal delimitada, contornos
bizarros, permeadas por fios de diferentes comprimentos.
Abordagem:
Orientar o paciente e discutir as terapias comportamentais. Se for um paciente muito ansioso é indicado o
tratamento com ansiolíticos, já se for caso de depressão o paciente deve ser encaminhado para um
psiquiatra.
Diagnostico diferencial:
Alopecia areata e tinea capitis teste da tração negativo e micológico negativo (nos casos de
tricotilomania).
O prognóstico é bom se for tratado.