Divisão de Engenharia Curso: Engenharia de Minas Turma: A C/D 4º ANO Mineração Áceu Aberto

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DIVISÃO DE ENGENHARIA

CURSO: ENGENHARIA DE MINAS

TURMA: A C/D 4º ANO

MINERAÇÃO ÁCEU ABERTO

TEMA: GESTÃO DE DEPÓSITO DE ESTÉRIL E MANUSEIO DE RESÍDUOS


MINERAIS NO CAMPO DE MINA.

Discentes:

Helton da Silva Fernando Penicela

Humeid Ibrahimo Nageli

Docente:

Msc. Rodrigues Mario

Tete, Junho 2022


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. OBJECTIVOS ........................................................................................................... 2
2.1. Objectivo Geral.......................................................................................................... 2
2.2. Específicos:................................................................................................................ 2
2.3. Metodologia ............................................................................................................... 2
DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE MINERAÇÃO ...................................... 3
3.1. Tipos de resíduos de Mineração ................................................................................ 3
3.1.1. Estéreis ................................................................................................................... 4
3.1. 2. Rejeito.................................................................................................................... 4
3. ASPECTOS GERAIS DE PILHAS DE ESTÉRIL ................................................... 4
3.2. Parâmetro para a construção de uma pilha de estéril e barragens de rejeito. ........ 6
3.3. CONSTRUÇÃO DA PILHA DE ESTÉRIL ......................................................... 8
3.3.1. Preparação da Fundação .................................................................................... 8
3.3.2. Controle de Água Superficial ............................................................................ 9
3.3.3. Método Construtivo ......................................................................................... 10
3.3.4. Estabilidade física de pilhas de estéril ............................................................. 12
3.3.5. Configuração do depósito ................................................................................ 13
3.3.5.1. Depósitos em terraços .................................................................................. 13
3.3.5.2. Depósito em cunhas ..................................................................................... 14
3.3.5.3. Depósitos em leque ...................................................................................... 14
3.3.5.4. Backfill dump ou backfilling ....................................................................... 14
3.3.6. A instabilidade em depósitos de estéril incrementa os custos operacionais sob
os seguintes aspectos: ..................................................................................................... 14
3.3.7. Conclusão: ....................................................................................................... 15
4. CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS ............................................................... 15
5.1. Aspectos específicos da área de deposição.............................................................. 17
5.1.1. Aspectos Geológicos e Hidrogeológico. .............................................................. 17
5.1.2. Aspectos climáticos .............................................................................................. 17
5. LOCALIZAÇÃO DA PILHA DE ESTERIL EM RELAÇÃO AOS CORPOS
HÍDRICOS ..................................................................................................................... 17
6.1. Para águas superficiais: ........................................................................................... 18
6.2. Para águas subterrâneas: .......................................................................................... 18
6. DRENAGENS ÁCIDAS DE MINA (DAM) .......................................................... 19
7. ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA MINIMIZAÇÃO DA GERAÇÃO E A
REMEDIAÇÃO DA DAM ............................................................................................ 20
8.1. Uso de coberturas .................................................................................................... 20
8.1.1. Coberturas húmidas .............................................................................................. 20
8.1.2. Coberturas Secas. ................................................................................................. 21
8. SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES ÁCIDOS (DAM) ................ 24
9.1. Áreas inundadas aeróbias ........................................................................................ 24
9.2. Áreas inundadas anaeróbias .................................................................................... 25
9. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 26
10. Bibliografia .......................................................................................................... 27
1. INTRODUÇÃO
A extracção de bens minerais faz surgir uma quantidade expressiva de materiais de
pouco ou nenhum valor económico, como o minério futuro e o estéril. O manejo do
minério futuro responde a uma estratégia de negócio: tal minério pode ser aproveitado e,
ainda, da rum retorno financeiro. Já a remoção de estéril da área de lavra e a sua
disposição final representam apenas custos no desenvolvimento de uma mina com
implicações, não só de ordem económica, mas, também, no que diz respeito à segurança
e ao meio ambiente. Actualmente o manejo criterioso de estéril impõe-se devido a
diversos factores. Entre esses factores destacam-se o significativo aumento no volume
de material movimentado nas operações mineiras.

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2. OBJECTIVOS

2.1. Objectivo Geral


 Explanar em torno da Gestão de depósito de estéril e manuseio de Resíduos
Minerais no campo de mina.

2.2. Específicos:
 Conhecer os resíduos provenientes da actividade mineira;
 Descrever os parâmetros para a construção de uma pilha de estéril;
 Realçar as consequências geradas pela má gestão do Resíduos Sólidos no
Campo Mineiro.

2.3. Metodologia

A realização deste trabalho resultou de uma grande discussão do grupo onde houve
ideias diversas divergentes e convergentes foi ainda pelo resultado de participação de
todos os elementos do grupo afim de cada um dar o seu parecer sobre o mesmo, foi
ainda preciso o investimento no tempo e valores monetários para a impressão e
encadernação do presente trabalho, para o efeito foram obtidas certas informações
PDFs, disponíveis na internet.

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DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE MINERAÇÃO
Resíduos sólidos contendo sulfetos produzidos em instalações de mineração e
beneficiamento, quando dispostos de forma inadequada podem gerar drenagens ácidas
de mina. A prevenção, minimização e tratamento destas drenagens requer um sistema de
gestão que estabeleça critérios para escolha do local e forma de disposição.
Estes critérios são estabelecidos a partir da análise de factores tais como o tipo de
resíduo, suas características físicas, químicas e mineralógicas e seu potencial de geração
de ácidos além de aspectos específicos da área de disposição (clima, geologia, distância
em relação aos cursos de água, etc.) A análise destes factores condiciona a necessidade
da implantação de obras de engenharia para redução de percolado e estruturas de
retenção de contaminantes que visam a protecção dos recursos hídricos na área do
empreendimento (Ritcey, 1989).

Figura 1: Elementos gerais de um sistema de gestão para disposição de resíduos


geradores de ácido.

3.1. Tipos de resíduos de Mineração


Resíduos sólidos gerados das operações de lavra e processamento mineral podem ser
classificados preliminarmente em estéreis e rejeito.

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3.1.1. Estéreis
São materiais de cobertura, camadas intermediárias ou circundantes do mineral de
interesse, extraídos fisicamente através do uso de explosivos ou escavadeiras e muitas
vezes dispostos em pilhas sem estruturas de contenção. As pilhas deste resíduo são em
geral de granulométria bastante variada e na ausência de compactação, apresentam
elevada porosidade, o que facilita a penetração de oxigénio gasoso e águas pluviais em
seu interior. O estéril das operações de lavra de minérios sulfetados de ouro ou de
sulfetos polimetálicos dos quais se extrai este metal, caso contenha sulfetos e seja
submetido a condições de disposição inadequadas, pode ser potencialmente gerador de
DAM. ( Exemplo de operações de lavra de carvão mineral).

3.1. 2. Rejeito
São resíduos sólidos resultantes das operações de beneficiamento e metalurgia
extractiva. Uma vez que estas implicam em cominuição e classificação do minério, os
rejeito apresentam distribuição granulométria pouco dispersa e usualmente mais fina
que os estéreis. São frequentemente depositados em áreas confinadas (barragens ou
bacias) dotadas de estruturas de contenção. Os rejeito resultantes da operação de
lixiviação em instalações para o processamento de minérios auríferos sulfetados porém,
não são geradores de ácido. Este é o caso de minérios auríferos refractários onde o ouro
encontra-se frequentemente incluído em sulfetos e não disponível ao cianeto de sódio,
empregado industrialmente na lixiviação. Neste caso, o minério é submetido a uma
etapa de oxidação dos sulfetos, que torna o metal disponível. Os rejeito da cianetação,
sem a presença de sulfetos, não oferecem riscos de geração de DAM.

3. ASPECTOS GERAIS DE PILHAS DE ESTÉRIL


Planejar, construir e operar pilhas de estéril são algumas das actividades normais de
uma empresa de mineração. As pilhas de estéril constituem uma das maiores estruturas
geotécnicas feita pelos homens, sendo de fundamental importância seu panejamento. Os
custos associados a essas estruturas normalmente representam parcela significativa nos
gastos de uma mina (Couzens, 1985). 2.1. Planeamento O planeamento de uma pilha de
estéril não é tão detalhado como um projecto de lavra, mas o desenvolvimento de uma
mina depende em geral da remoção de estéril. Deste modo, realizar estudos e
acompanhar a construção de pilha de estéril pode significar uma medida importante,
evitando problemas técnicos e económicos no empreendimento mineiro como um todo

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(Couzens, 1985). Cada local e projecto de disposição de estéreis são únicos, e condições
específicas podem ditar um número significativo de investigações geotécnicas e
condicionantes de projecto. Geralmente, investigações específicas para disposição de
estéril não são realizadas durante a fase inicial de exploração da mina, mas informações
básicas colectadas na fase de exploração, como topografia, geologia, hidrologia, clima,
etc. Podem ser avaliadas e utilizadas na fase de planeamento (Eaton et al., 2005). A
fase de planeamento compõe-se de algumas etapas como a fase de exploração, fase de
préviabilidade, fase de viabilidade e projecto preliminar. A fase de exploração de uma
mina é a etapa em que as maiorias das informações são colectadas, e, geralmente para o
planeamento de uma pilha, são utilizados os dados obtidos nesta fase (Eaton et al.,
2005). Segundo Welsh (1985), a fase de pré-viabilidade compreende a etapa de
aquisição de informações específicas sobre os locais prováveis para disposição do
estéril procurando obter um reconhecimento preliminar das áreas pré-seleccionadas,
buscando dados referentes à geologia, à topografia, à vegetação, à hidrologia, ao clima e
possíveis informações arqueológicas, como também projectos relevantes ou publicações
(fotos aéreas, mapas geológicos, relatórios de estações climáticas). Além disso, são
também determinados os dados básicos sobre a disposição do estéril, como a
quantidade, o tipo do material, a origem e os métodos propostos para manejo e
disposição.
Do ponto de vista ambiental, duas questões devem ser consideradas. A primeira trata-se
de um estudo prévio das áreas disponíveis para disposição do estéril. É necessário
conhecer os locais pré-seleccionados e verificar se esses são destinados a parques
(nacional, estadual ou municipal), à reserva ecológica, se é um sítio arqueológico ou
histórico, se é nascente de alguma bacia hidrográfica. Esses locais devem ser
identificados, pois necessitam da liberação de órgãos competentes. A segunda refere-se
à descrição e classificação dos possíveis impactos ambientais, causados pela pilha de
estéril. O local escolhido deverá ser aquele onde os impactos ambientais sejam
preferencialmente mínimos. Preparar classificações preliminares das estruturas de
disposição de estéreis, utilizando, por exemplo, o sistema de classificação objecto dessa
pesquisa, é uma outra opção na fase de préviabilidade. O sistema de classificação é uma
ferramenta de planeamento, pois propicia realizar classificações preliminares dos
possíveis locais para disposição do estéril, tornando-se possível comparações entre
estes locais quanto ao potencial de instabilidade, e estabelecendo o nível de esforço de
investigação, projecto, construção e monitoramento necessários para cada local de

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acordo com a cada classe encontrada. A selecção de um local para construção de uma
pilha de estéril envolve algumas considerações de ordem económica, técnica e
ambiental. Esses factores devem ser primeiramente analisados em separado, para em
seguida serem avaliados em conjunto, a fim de se determinar um local, onde os
objectivos económicos e técnicos (por exemplo, a estabilidade) sejam maximizados e os
impactos ambientais minimizados. Por outro lado, esses factores são inter-relacionados,
a importância de um depende fundamentalmente do nível de estudo adoptado na
avaliação dos demais (Bohnet, 1985). As últimas etapas do planeamento são a fase de
viabilidade e o projecto preliminar. Na primeira são conduzidos estudos para o projecto
preliminar, além de tratar de questões específicas esboçadas no estágio anterior,
submetidas ao órgão ambiental. Nesta fase realizam-se investigações de campo para
obter uma melhor avaliação das condições do local e sua adequabilidade, além de se
determinar as características do material de fundação (resistência ao cisalhamento,
durabilidade, composição química) e de materiais que vão compor a pilha (Eaton et al.,
2005).
O projecto preliminar deve conter informações detalhadas como planos preliminares
para a disposição de estéril, avaliações das condicionantes ambientais, impactos
potenciais, estratégias de mitigação destes impactos e parâmetros de projecto para que
possa ser submetido a avaliação dos órgãos competentes. Finalizado, o projecto deve ser
encaminhado ao órgão ambiental para concessão da licença e caso algum problema seja
identificado, a licença não é concedida até que sejam realizados os estudos necessários
para a complementação do mesmo e passar a etapa subsequente.

3.2. Parâmetro para a construção de uma pilha de estéril e barragens de


rejeito.
A escolha de um local para deposição de estéril como rejeito, assim como a gestão de
poeiras suspensas estão em função de factores: Económico, Técnico, Ambiental e
Social. Por motivos de ordem económica, um depósito de estéril deve ser localizado o
mais próximo, possível do centro de massa do estéril. Localização de uma barragem de
rejeito deve ser tal, que os custos para construção da mesma, transporte dos rejeito
(bombeamento ou gravidade), sejam mínimos, respeitando se as condições de segurança
e ambientais. Do ponto de vista ambiental dois procedimentos precisam ser tomados:
a) Estudo prévio das áreas disponíveis.

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É necessário conhecer se determinado local é designado a parques (nacional ou
municipal), reserva ecológica, se é um sítio arqueológico ou histórico, se é nascente de
alguma bacia hidrográfica etc.
b) Levantamento e classificação dos possíveis impactos ambientais.

O local a ser escolhido deverá ser aquele onde os impactos ambientais sejam mínimos.
c) Investigações preliminares das áreas:
 Avaliação superficial do local;
 Colecta de dados disponíveis da área.
d) Estudos Geotécnicos
 Mapas topográficos;
 Fotografias aéreas;
 Clima (registos de temperatura, precipitação, vento, radiação solar e
evaporação);
 Rede hidrográfica;
 Geologia regional e mapas geológicos;
 Hidrogeologia;
 Sísmica;
 Estabilidade, etc.
Concluídos os estudos geotécnicos preliminares e definido o local; Faz-se a
investigações geotécnicas detalhadas. O principal objectivo desta investigação
geotécnica detalhada e para ter se em conta as informação relativo a:
 Estratigrafia do local: incluindo profundidade, espessura, continuidade e
composição de cada estrato;
 Geologia local: história de deposição erosão, glaciação, estruturas de colapsos,
cavernas, movimentos tectónicos e falhas, planos de cisalhamento etc.
 Hidrogeologia do local, determinação da espessura dos sedimentos não
consolidados, determinação de sistemas de fluxo de água subterrânea local e
regional, pressão piezometria nos aquíferos;
 Propriedades geotécnicas do solo, humidade, granulométria, testes de
consolidação, compressão triaxial e ou testes de cisalhamento, testes de
permeabilidade, etc.

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3.3. CONSTRUÇÃO DA PILHA DE ESTÉRIL
Pilhas de estéril: disposição de forma controlada e planeada do material obedecendo a
factores de ordem económica, técnica, ambiental e social, em locais previamente
determinados. Finalizada a etapa de elaboração do projecto, passa-se à fase de
construção. De um modo geral, a formação ordenada de uma pilha de estéril deve
compreender os seguintes pontos básicos:

3.3.1. Preparação da Fundação


A limpeza da cobertura vegetal, caso a pilha seja construída em área de mata densa ou
floresta, deve ser executada (ABNT, 2006). De acordo com Eaton et al. (2005), os
depósitos espessos de solos orgânicos ou turfosos devem ser removidos favorecendo
assim a estabilidade, pois estas camadas podem funcionar como uma superfície
desfavorável entre o terreno de fundação mais resistente e o material da pilha. Quando
os depósitos de solos moles são pouco espessos e a remoção seria a opção óbvia,
análises devem ser realizadas a fim de se verificar se o processo de disposição de estéril
deslocará ou adensará, suficientemente, o terreno de fundação fraco. Caso positivo, a
remoção ou outras medidas de remediarão podem ser evitados.
No local deverão ser executados os serviços de drenagem e desvio dos cursos de água
existentes. Os drenos de areia/pedregulhos podem ser uma alternativa nos casos de áreas
com surgências ou solos húmidos, direccionando a água para uma vala colectora. Os
drenos de fundo podem consistir em colchões ou valas preenchidas de pedregulhos.
Onde se espera grandes vazões, tubos perfurados podem ser instalados de modo a
garantir maior vazão (Eaton et al., 2005). Um dreno de pedras de mão pode ser
necessário no pé de empilhamentos de estéreis em vale fechado, como se pode observar
na Figura 2.

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Figura 2: Dreno de fundo (Freitas, 2004)
Em qualquer caso, os benefícios e o desempenho dos drenos devem ser avaliados
sempre que possível e acompanhados no tempo por meio de monitoramento. A
formação de um aterro para adensar o solo de fundação é uma alternativa à remoção e à
drenagem de solos fracos e saturados. Esses pré-carregamentos consistem, tipicamente,
de aterros de 10 a 15 m (Eaton et al., 2005).

3.3.2. Controle de Água Superficial


Segundo McCarter (1990), as pilhas de estéreis frequentemente cobrem grandes áreas e
certos cuidados precisam ser estabelecidos no sentido de controlar a água superficial. A
água superficial deve ser manejada de modo a impedir a saturação dos taludes
expostos, prevenindo o desenvolvimento de superfície freática dentro da pilha,
protegendo a estrutura contra a perda de finos por “piping”, além de minimizar erosões
superficiais ou o desenvolvimento de rupturas por fluxo de água nas superfícies dos
taludes.
A água superficial proveniente da precipitação ou de outras fontes deve ser colectada e
direccionada para canais de escoamento ao redor da estrutura, ou conduzida por
drenagem interna. Desvios da água superficial são frequentemente viáveis em pilhas
construídas em encostas ou em áreas planas, mas são difíceis de serem incorporados no
caso de pilhas em vales fechados e curtos e aterros que cruzam vales extensos. A
plataforma de disposição da pilha deve ter um caimento de 1-2% a partir da crista para
direccionar a água colectada para uma valeta situada na parte posterior da plataforma
(Eaton et al., 2005). Dreno de fundo de enrocamento é uma alternativa viável e
económica frente a canais de desvios de superfície, que são uma construções caras e de

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difícil manutenção. Os drenos de fundo de enrocamento são geralmente aceitáveis, no
caso de fluxo de até 20 m3/s (Eaton et al., 2005).

3.3.3. Método Construtivo


A disposição de estéril é feita normalmente por meio de camadas espessas, formando
uma sucessão de plataformas de lançamento espaçadas a intervalos de 10 m ou mais. A
estabilidade do aterro pode aumentar, controlando a largura e o comprimento das
plataformas, e o espaçamento vertical entre elas. Entre as plataformas deixam-se
bermas, tendo como finalidades o acesso, auxiliar na drenagem superficial e controle de
erosão, além de suavizar o talude geral da pilha (Eaton et al., 2005). A pilha pode ser
construída de forma descendente ou ascendente. A construção ascendente, como mostra
a Figura 3, é preferida porque cada alteamento sucessivo é suportado pelo anterior, cujo
comportamento pode ser documentado e compreendido. Qualquer ruptura terá de passar
pelo banco anterior, que também actua como apoio para o pé do talude do banco e
fornece certo confinamento para os solos de fundação. Outro ponto positivo é que o pé
de cada banco é suportado em uma superfície plana, ou seja, na berma superior (Eaton
et al., 2005). A construção de pilha pelo método ascendente pode dar-se de duas formas
por camadas (Figura 3) ou por bancadas. Na construção por camada a pilha vai sendo
desenvolvida em horizontes com espessura de até 1,5 m (camada), já na construção por
bancada a pilha vai desenvolvendo na altura de um banco (10, 15, 20 m, por exemplo).

Figura 3:Construção de uma pilha pelo método ascendente por camada (Freitas, 2004).
A construção descendente, como mostra a Figura 2.3, não é recomendada porque a
camada posterior é suportada no pé do talude anterior. Neste caso, as condições de
fundação e os taludes do terreno natural na região do pé da pilha frequentemente são
quem controlam a estabilidade.

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Figura 4: Construção de uma pilha pelo método descendente (Freitas, 2004).
A construção ascendente permite que sejam deixados terraços ou bermas. Resultam
quando em alteamentos sucessivos a disposição não se estende até a crista da plataforma
anterior, deixando assim uma berma. Essas podem ser deixadas em todas as plataformas
ou em algumas seleccionadas, como mostra a Figura 5 a). A construção descendente
pode ser melhorada com o uso de “wrap-arounds”. Essa alternativa de projecto consiste
em executar a expansão do aterro inicial com outro aterro descendente em elevação
mais baixa (equivalente a um banco) servindo como contraforte do aterro anterior. A
Figura 5 b) mostra a evolução desse tipo de construção. Evidentemente que esse tipo de
alternativa melhora e muito a estabilidade da pilha construída com o método
descendente. As plataformas ou bermas ficam localizadas a intervalos de 20 a 40 m e
podem ter caimento para baixo (Eaton et al 2005.)

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Figura n˚5: Construção de pilha por terraceamento e wrap-arounds (modificado de BC
Mine Waste Rock Pile Research Committee, 1991)

3.3.4. Estabilidade física de pilhas de estéril


 Os factores a considerar para uma boa estabilidade de pilha de Estéril são os
seguintes: Configuração da pilha;
 Inclinação do talude de fundação e grau de confinamento;
 Tipo de fundação;
 Qualidade do material da pilha;
 Método de construção;
 Condições piezométricas e climáticas;
 Taxa de Disposição;
 Sismicidade.
A configuração e as dimensões da pilha têm uma relação directa com a estabilidade. A
altura da pilha, por exemplo, está ligada à carga que será exercida sobre um
determinado terreno de Fundação. As variáveis geométricas primárias são a altura, o

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volume e a inclinação geral do talude. Em relação à inclinação do terreno de fundação e
o grau de confinamento, a situação mais favorável é a formação côncava dos taludes em
vale fechado (confinamento 3D); já a menos favorável seria uma formação convexa dos
taludes de fundação como no caso de aterros de crista. As condições de fundação são
factores-chave na estabilidade geral da pilha, e a causa mais comum de ruptura. Nesse
sentido, classificam-se as fundações em competente (fundação igual ou mais resistente
que o aterro), intermediária (resistência entre competente e fraca) e fraca (capacidade de
suporte limitada). Características do material do aterro, como textura, resistência ao
cisalhamento e durabilidade são também muito importantes em relação à estabilidade da
pilha. Os materiais mais favoráveis são aqueles constituídos por materiais grosseiros, de
rocha dura e durável, com pouco ou nenhum fino. Os menos favoráveis são materiais
de capeamento ou rocha muito intemperizada com grande percentagem de finos. O
método construtivo contribui também para a estabilidade, sendo o mais favorável o
método ascendente (empilhamento ascendente) em formas de bermas, e o pior, o
método descendente em talude único (bota-fora). A construção em que se dá preferência
para a expansão da pilha na direcção das curvas de nível (para o lado, na direcção do
vale) favorece mais a estabilidade do que perpendicular a elas (para baixo). As
condições piezométricas e climáticas são outros factores importantes para estabilidade,
sabendo-se que a água pode entrar no aterro, seja por infiltração directa, água
superficial, ou como percolação subterrânea. Uma situação de desenvolvimento de
freática dentro do aterro, por exemplo, será sempre uma condição adversa. Altas taxas
de subida do aterro podem resultar em geração de excesso de poro pressões,
contribuindo para a instabilidade, além de dificultar o adensamento do material. A
sismicidade natural, causada por abalo sísmico no Brasil geralmente é baixa, mas as
vibrações causadas por desmonte de rocha pode ser um factor a ser considerado.

3.3.5. Configuração do depósito


A configuração geometria do depósito depende amplamente da topografia da área onde
o depósito será construído.

3.3.5.1. Depósitos em terraços


São construídos também pela disposição ao redor de um depósito mais elevado ou
curtas paradas da crista do depósito inferior. O efeito de ambos os métodos é produzir
um depósito em escadas ou terraços com desníveis capazes de servir como estradas

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acesso ou como plataformas para vegetação. Tais terraços são também valiosos no
controle da erosão e fluxos de água.

3.3.5.2. Depósito em cunhas


Em regiões montanhosas a configuração comum se dá na forma de cunhas. A altura do
talude à jusante pode atingir de 300 a 600 m com uma área mais larga na base ou pé
deste. Tais depósitos frequentemente apresentam grande capacidade e podem ser
bastante estáveis se as condições do solo ou rocha dentro do depósito são favoráveis. Se
existem construções próximas ao depósito, tais como estradas ou vilas, medidas
especiais de segurança, tais como bermas de contenção devem ser requeridas para
limitar os efeitos do rolamento de rochas e deslizamentos de solo.

3.3.5.3. Depósitos em leque


Se a região é moderadamente plana e a espessura do depósito não é tão grande, os
depósitos, espalham-se, deixando uma geometria de um grande leque, usualmente com
algumas curvas. O processo de deposição em sucessivas camadas num depósito em
leque, produz depósito laminado. Estes são caracterizados por camadas com algum grau
de classificação, similares aos depósitos sedimentares criados pela natureza.

3.3.5.4. Backfill dump ou backfilling


Tem sido bastante comum e importante em muitos seguimentos da indústria mineral,
tais como minas de urânio com uma série de pit vizinhos que podem ser
individualmente enchidos, ou em depósitos estratificados (carvão), onde há um
progressivo decapeamento e deposição do material estéril nas porções descobertas que
ficou na retaguarda, ou em minas subterrâneas onde o enchimento pode ser usado como
suporte.

3.3.6. A instabilidade em depósitos de estéril incrementa os custos


operacionais sob os seguintes aspectos:
 Indemnização de acidentes pessoais;
 Indemnizações e recuperações de propriedades;
 Perda ou dano em equipamentos;
 Danificações de estradas de acesso, linhas de energia e de instalações mineiras;
 Paralisação da produção para limpeza e correcção das instabilidades;

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 Adopção de medidas estabilizadoras para impedir a continuidade dos fenómenos
de instabilidade.
 Permitir a retomada segura do lançamento do estéril;
 Limpeza e recuperação do meio ambiente As características de resistência do
depósito são condicionadas por factores tais como:
 Tipo e qualidade do material lançado;
 Método de construção e equipamentos utilizados;
 Resistência dos materiais à degradação por agentes químicos e atmosféricos;
 Selagem de porções externas decorrentes de acções intempéricas;
 Nível da água;
 Teor de humidade.

3.3.7. Conclusão:
 O projecto de construção de pilha de estéril compreende os seguintes pontos
básicos:
 Levantamento topográfico;
 Investigações (Sondagem, Trincheira, Poços)
 Desmatamento;
 Aberturas de acessos;
 Retirada da camada de solo orgânico;
 Drenagem da base;
 Disposição do estéril;
 Drenagem Superficial;
 Acabamento das frentes;
 Protecção das frentes com vegetação;
 Monitoramento da pilha;

4. CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS


A caracterização física, química, mineralógica e a identificação do potencial de geração
de ácido (DAM) de resíduos de mineração são essenciais para gestão dos impactos
ambientais da disposição. A determinação das propriedades físicas contribui para o
estabelecimento de práticas adequadas de empilhamento tais como a definição da altura
e inclinação dos taludes, além de medidas para a redução da erosão pela acção da água e

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do vento. Permite também definir as condições de uso dos resíduos em estruturas de
contenção e, através de ensaios específicos, prever a permeabilidade das pilhas de
resíduos às águas pluviais e aos contaminantes dissolvidos, o que é de particular
importância para o desenvolvimento de projectos envolvendo a prevenção e controle da
DAM. As principais características dos resíduos e propriedades físicas associadas,
(Hutchinson; Ellison, 1992) são apresentadas na Tabela 1. A caracterização química de
um resíduo é realizada através da determinação das concentrações analíticas de seus
constituintes.
Características Propriedades físicas associadas
Empilhamento/armazenamento Resistência ao cisalhamento;
Condutibilidade hidráulica (que determina a
habilidade de um dado material drenar líquidos em
função da sua distribuição granulométria).
Resistência á erosão pela Distribuição granulométria;
acção da agua e do vento Coesão.
Capacidade de infiltração Condutibilidade hidráulica;
Inclinação da pilha de talude de resíduos;
Capacidade de suporte ao crescimento da
vegetação.
Quantidade de líquido drenado Teor de humidade inicial;
Retenção específica - função da distribuição
granulométria.
Aproveitamento para Durabilidade;
construção de aterros Resistência ao cisalhamnto;
Condutibilidade hidráulica;
Compatibilidade química com fluidos a serem
retidos (estabilizados).
Aproveitamento para a Condutibilidade hidráulica;
construção de revestimentos Compatibilidade química com fluidos a serem
(“liners”), prevenção e estabilizados.
controle da DAM
Tabela 1: Principais características dos resíduos e propriedades físicas associadas.

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5.1. Aspectos específicos da área de deposição.
As condições naturais predominantes na região onde se localiza o depósito, tais como as
formações geológicas subjacentes, clima e proximidade de corpos hídricos são também
relevantes para a gestão da disposição dos resíduos, no que diz respeito à geração de
DAM.

5.1.1. Aspectos Geológicos e Hidrogeológico.


O material natural (Geologia) sobrejacente às reservas de água subterrânea e subjacente
ao depósito de resíduo pode reter naturalmente alguns dos constituintes solúveis. Esta
retenção pode ser de natureza hidráulica e/ou química. A retenção hidráulica é
proporcionada retenção pode ser de natureza hidráulica e/ou química. A retenção
hidráulica é proporcionada igual a 10 cm/s) que limitam o fluxo descendente da água
que infiltra e percolado através do resíduo.
A retenção química, também chamada atenuação, ocorre quando a concentração dos
contaminantes eventualmente presentes na água é reduzida, no fluxo descendente,
por processos químicos, físico-químicos e/ou biológicos.

5.1.2. Aspectos climáticos


A água de chuva que não evapora nem escoa superficialmente, mas infiltra-se e
percolado através do resíduo, constitui-se no principal veículo de transporte de
substâncias químicas para além da área de disposição. Particularmente nos climas
húmidos, onde a precipitação anual excede os 600 mm, a quantificação da percolação e
da subsequente formação do percolado é importante para a prevenção e mitigação da
formação de drenagens ácidas. É a partir desses valores que devem ser dimensionadas
as estruturas de retenção de contaminantes e as obras de engenharia que visam a
redução da produção de percolado. Nos climas semiáridos e áridos, particularmente em
áreas onde a precipitação média anual é inferior a 250 mm, estes cuidados são
usualmente menos importantes. É funda mental a realização de um balanço hídrico na
área do empreendimento como parte integrante do projecto de disposição de resíduos.

5. LOCALIZAÇÃO DA PILHA DE ESTERIL EM RELAÇÃO AOS


CORPOS HÍDRICOS
A distância da área de disposição dos resíduos geradores de ácido em relação ao
ambiente aquático receptor (corpos hídricos superficiais e subterrâneos) é importante no

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aquático receptor (corpos hídricos superficiais e subterrâneos) é importante nas
próximas à área de disposição, por exemplo, são mais facilmente alcançadas pelos
efluentes, estando portanto mais expostas à contaminação. Da mesma forma águas
subterrâneas que encontram-se a pequena profundidade (inferior a 3 metros) são mais
sujeitas a contaminação, que pode ser evitada com a aplicação de estruturas de retenção
de percolados. Como prática geral é conveniente que em projectos de gestão de resíduos
geradores de DAM, as áreas de disposição sejam localizadas distantes de corpos
hídricos, reduzindo-se assim a probabilidade de que os efluentes venham a alcançá-los.
Além disso, estes projectos devem prever o monitoramento sistemático das águas
superficiais e subterrâneas vulneráveis à contaminação através da avaliação de
parâmetros relativos à sua qualidade e disponibilidade.
De maneira geral, a fim de identificar os efeitos da instalação de um empreendimento
mineral sobre a qualidade das águas da região onde ele se encontra, é recomendável a
execução de um programa de monitoramento que anteceda a implantação. Um
programa prévio de monitoramento envolvendo a colecta das informações listadas a
seguir, entre outras, permite a avaliação da extensão dos efeitos adversos da DAM sobre
os recursos hídricos locais e a proposta de medidas preventivas ou correctivas ainda na
fase de projecto.

6.1. Para águas superficiais:


 Identificação e quantificação dos usuários das águas potencialmente afectadas
pela área de disposição;
 Medidas de fluxo médio e máximo do corpo hídrico para as estações, seca e
chuvosas;
 Determinação das variações da qualidade da água ao longo do ano para
diferentes fluxos: temperatura, oxigénio dissolvido, sólidos em suspensão,
principais aniões, catiões e metais, características biológicas e microbiológicas;
 Determinação da geometria do corpo hídrico (rio, córrego, lago, etc.).

6.2. Para águas subterrâneas:


 Medidas de nível de água e identificação de usuários;
 Medida do volume de água disponível no aquífero e taxa de recarga;
 Determinação do coeficiente de armazenamento e condutividade hidráulica do
material granular ou rocha fracturada na qual o aquífero se localiza;
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 Determinação das variações de qualidade da água.

6. DRENAGENS ÁCIDAS DE MINA (DAM)


A oxidação dos sulfetos que pode dar lugar ao surgimento de DAM é um processo
natural acelerado pela movimentação de materiais sólidos, característica dos processos
de lavra e beneficiamento. As actividades de escavação e desmonte de rochas alteram as
condições de permeabilidade ao ar, facilitando o contacto do oxigénio com a superfície
do material reactivo. O rebaixamento do lençol de água em minas superficiais e
subterrâneas tem efeito semelhante, uma vez que expõe à penetração de oxigénio áreas
que inicialmente encontravam-se inundadas (Ritchie, 1994)
As Drenagens ácidas de mina ocorrem significativamente quando são satisfeitas
simultaneamente as seguintes condições (Hutchinson ; Ellison, 1992):

Figura 6: Principais processos associados à geração de drenagens ácidas.


 O resíduo contém sulfetos em quantidade suficiente para reagir química
e biologicamente, gerando ácido em volume e velocidade maior que aquela pela
qual pode ser neutralizado pelos alcalis presentes no meio;

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 As propriedades físicas dos resíduos são tais que permitem a infiltração de água
e oxigénio em quantidade suficiente para promover a ocorrência de reacções
químicas e biológicas;
 O clima é húmido o bastante para que a água da chuva se infiltre e percole
através do resíduo e/ou o resíduo esteja localizado em uma área exposta às águas
que o atravessam, transportando a drenagem ácida ao meio ambiente.

7. ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA MINIMIZAÇÃO DA GERAÇÃO E A


REMEDIAÇÃO DA DAM

8.1. Uso de coberturas


Considerando que a água, o oxigénio e os sulfetos são os principais reagentes que
devem estar simultaneamente em contacto para a geração de drenagens ácidas de mina a
partir de resíduos uma estratégia eficiente para minimização da geração consiste em
limitar este contacto.
Os métodos usuais empregados para este fim são:
 Cobertura das áreas de disposição de resíduos com uma lâmina de água
através do alagamento das áreas de disposição. O método é conhecido como
cobertura húmida (“wet cover”) ou disposição subaquática;
 Cobertura dos resíduos reduzindo a penetração do oxigénio e da água em seu
interior através do uso de materiais sólidos. O método é conhecido como
cobertura seca (“dry cover”), cobertura de solo ou disposição subárea.

8.1.1. Coberturas húmidas


A estratégia de uso de coberturas húmidas para a minimização da geração de DAM
consiste na inundação controlada de áreas de disposição de resíduos ou na elevação do
nível de água dentro delas. Uma vez que o coeficiente de difusão do oxigénio na água é
cerca de 4 ordens de grandeza menor que seu coeficiente de difusão no ar, a disposição
subaquática de materiais geradores de acidez pode evitar a oxidação por meio do
bloqueio da entrada de oxigénio no sistema. Para o emprego deste tipo de disposição
são fundamentais os estudos sobre a geoquímica dos resíduos, actividade biológica e o
transporte dos contaminantes (MEND/CANMET, 1994). O uso de coberturas húmidas é
atraente sobretudo em locais onde o nível do lençol freático pode ser restabelecido ou
elevado de forma a submergir os rejeito geradores de acidez. A utilização de lagos

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naturais para disposição subaquática não é recomendável, uma vez que além de
acarretar assoreamento, pode aumentar a acidez das águas de cobertura comprometendo
o ecossistema lacustre. O aumento de acidez ocorre como consequência das reacções de
oxidação dos resíduos de disposição recente sob água. Estas reacções podem continuar
ocorrendo por um algum tempo, antes que finalmente cessem por deficiência de
oxigénio. O uso de cavas e antigas bacias de rejeito reduz o investimento necessário
para a disposição subaquática segura dos resíduos, uma vez que podem ser aproveitadas
as estruturas de contenção construídas anteriormente para retenção de sólidos e água.
Considerando que receberão nova destinação, tais estruturas necessitam de avaliação
prévia quanto à capacidade de reter água e contaminantes a curto e longos prazos.
Quando a disposição subaquática exige a construção por outro lado, pode tornar-se
economicamente inviável.

8.1.2. Coberturas Secas.


As coberturas secas, ou coberturas de solo, são uma alternativa quando os aspectos
climáticos, topográficos, hidrológicos, ambientais ou económicos não indicam a
inundação da área de disposição de resíduos como solução para mitigação da geração de
drenagens ácidas. Estes tipos de coberturas podem ser classificadas quanto à sua
finalidade, em:
a) Cobertura para controlo da infiltração de oxigénio.
Para que uma cobertura de solo seja eficiente na redução do fluxo de oxigénio, ela deve
ser mantida saturada ou próxima a saturação com água (S> 90%). Isso ocorre pelo fato
de que a difusão do oxigénio na água é significativamente menor que no ar. A condição
de saturação implica que os vazios do solo estão unicamente preenchidos com água,
retardando a difusão do oxigénio. As características ideais para esse tipo de cobertura
são:
 Baixa permeabilidade e boa capacidade de retenção de água – solos de
granulométria fina são os mais indicados para esse fim;
 Escoamento superficial pequeno e lento – a ausência de declive aumentam a
infiltração e diminui o escoamento superficial;
 Minimização da transpiração – ausência de vegetação.
b) Cobertura para minimização do fluxo de água.
O principal objectivo dessa cobertura é limitar a infiltração, reduzindo assim o volume
de percolado que atravessa a zona oxidada do interior da pilha de resíduo podendo
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alcançar as águas subterrâneas. Projectada com este objectivo, a cobertura deve
optimizar a evapotranspiração, o escoamento superficial e a capacidade de
armazenamento de água. As características ideais desse tipo de coberturas são:
 Baixa permeabilidade à água (K=10−4 a 10−6Cm/s);
 Elevada capacidade de armazenamento de água: obtida com o uso de solo com
grau de saturação residual elevado (solos siltosos são melhores que solos
argilosos ou compactados);
 ento máximo –
construção de declive;
 Transpiração elevada.
Esse tipo de cobertura é muito similar àquelas utilizadas em aterros de resíduos sólidos
urbanos. Ela pode consistir de uma camada de argila compactada, coberta com material.
Granular e uma camada para suporte da vegetação. Uma camada arenosa sob a camada
de argila pode ser usada como uma barreira capilar ou filtro. Alternativamente à camada
de argila compactada pode ser utilizada uma geomembrana ou “liner” geossintético.
O uso de coberturas para controlo do fluxo de água seria mais adequado em depósitos
de resíduos de disposição antiga e já extensivamente oxidados, onde usualmente é
encontrada grande quantidade dos produtos de reacções de oxidação e ácidos. Neste
caso, o objectivo é diminuir ou interromper o transporte do material solúvel já oxidado.
Uma barreira para minimização do fluxo de oxigénio, por sua vez, seria mais adequada
para aplicação em depósitos de resíduos de disposição recente, pouco oxidados, e em
áreas de reduzida precipitação de chuvas, onde o controle da disponibilidade de
oxigénio para reacção de oxidação seria mais importante na redução da geração de
drenagem ácida do que a redução do fluxo de água através do resíduo.
c) Cobertura para minimização do fluxo de oxigénio e água.
Quando não se conhece em detalhe as características de geração de drenagem ácida do
depósito ou quando tais depósitos contêm, sabidamente, material de disposição recente
e antiga, é indicado o uso de uma cobertura que tenha por objectivo reduzir
simultaneamente o acesso da água e do oxigénio ao resíduo. Sistemas de cobertura com
estas características, projectados para uso em regiões húmidas com elevados índices
pluviómetros consistem, tipicamente, de uma camada de material argiloso compactado
coberta por uma camada adicional, projectada para prevenir a erosão e oferecer suporte
à vegetação. Estes sistemas usualmente incorporam, abaixo da camada argilosa, uma

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camada de material permeável, em geral arenoso, formando uma barreira capilar que
auxilia na retenção de água no interior da camada argilosa, reduzindo as perdas por
evaporação. (Figura 3). A manutenção do grau de saturação da camada argilosa garante
a eficiência desse sistema de cobertura como barreira à difusão do oxigénio (Yanful,
1993; Yanful et al., 1993 e Nicholson et al., 1989). Segundo Schackelford; Nelson,
1996, o efeito de barreira capilar resulta da ocorrência de fluxo não saturado através de
uma camada de solo de granulométria fina sobrejacente a uma camada de solo de
granulométria mais grosseira (por exemplo argila sobre areia, areia sobre pedregulho,
etc.). O funcionamento de uma barreira capilar baseia-se nas propriedades hidráulicas
de meios porosos não saturados e na capacidade de armazenamento de água do material
utilizado na cobertura (Fredlund; Rahardjo, 1993).
Conforme discutido anteriormente, as condições climáticas predominantes na região
onde se localiza a área de disposição devem ser levadas em conta para efeito do projecto
das estruturas de retenção de contaminantes. Este cuidado deve ser estendido também
aos projectos da cobertura húmida ou seca. É importante ter em mente que um projecto
de cobertura, desenvolvido para uma determinada área não pode ser transposto com
sucesso para outro local de condições climáticas diferentes.

Figura 7: Esquema de uma barreira capilar típica.


O uso de coberturas (húmidas ou secas), embora reduza substancialmente o volume de
DAM gerado e consequentemente, os custos de sistemas de tratamento de efluentes, não
elimina por completo a necessidade destes sistemas. Na prática, uma solução integrada

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de prevenção e controle da geração de DAM envolve, em geral, o uso de coberturas,
sistemas de drenagem (canais, diques, poços, etc.) e uma unidade de tratamento de
efluentes. Por outro lado, há casos em que os problemas causados pela DAM podem ser
resolvidos satisfatoriamente com soluções simples, sem a aplicação de coberturas e
envolvendo apenas a colecta e tratamento dos efluentes ácidos. É recomendável que, ao
se escolher uma estratégia para mitigação da DAM, sejam comparados os custos e
eficiência das alternativas envolvendo soluções com e sem o uso de coberturas.

8. SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES ÁCIDOS (DAM)


As alternativas mais comuns para o tratamento dos efluentes ácidos característicos de
uma DAM envolvem a neutralização da acidez e consequente precipitação e
imobilização das espécies dissolvidas. Nestes sistemas, os agentes neutralizantes mais
largamente utilizados são o calcário (CaCO)3, a cal virgem (CaO) ou a hidratada
(Ca(OH)2) e a soda cáustica (hidróxido de sódio - NaOH) às vezes de forma combinada.
A principal desvantagem do método reside no fato de que a lama resultante da
precipitação tem alto teor de metais e, em caso de redissolução, os metais anteriormente
imobilizados podem ser transportados contaminando o meio ambiente. Reacções
bioquímicas naturais conduzidas de forma controlada são também empregadas como
uma das etapas do tratamento da DAM (Patiño, 2001; Kalin e Chaves, 2001; Kilty et al.,
2001). Os sistemas de tratamento com o emprego de agentes neutralizantes ou por meio
de reacções bioquímicas naturais podem ser classificados em activos e passivos.
Denominam-se sistemas activos àqueles que fazem uso de energia mecânica para
promover a mistura dos agentes neutralizantes com os efluentes da DAM. Nesta
categoria encontram - se, por exemplo, as estações de tratamento de efluentes dotadas
de tanques agitados. Nos sistemas passivos, por outro lado, o tratamento é promovido
por meio da passagem dos efluentes líquidos através de dispositivos estacionários (áreas
inundadas, poços, canais, drenos) onde são colocados os agentes neutralizantes
(sistemas passivos abióticos) ou onde é realizado o tratamento bioquímico (sistemas
passivos bióticos). Os tratamentos passivos bióticos podem ser realizados em áreas
inundadas classificadas em aeróbias ou anaeróbias.

9.1. Áreas inundadas aeróbias


São caracterizadas por grandes superfícies e pequena lâmina de água onde
actuam predominantemente bactérias aeróbias. A pequena profundidade favorece a

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oxidação e os metais são precipitados na forma de hidróxidos. São recomendadas
quando o pH do efluente a ser tratado é fracamente ácido;

9.2. Áreas inundadas anaeróbias


São caracterizadas por grandes superfícies com substrato orgânico recoberto com uma
lâmina de água de espessura superior à das áreas aeróbias. O substrato redutor favorece
os processos químicos e microbiológicos que geram alcalinidade e elevam o pH, ao
mesmo tempo em que consomem oxigénio e reduzem a quantidade de sulfato. A
presença de vegetação auxilia a estabilização do substrato e fornece matéria orgânica
adicional, favorecendo as reacções de neutralização.

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9. CONCLUSÃO
Este trabalho abordou gestão de depósito de estéril e manuseio de resíduos minerais no
campo de mina conclui-se que os Resíduos sólidos gerados das operações de lavra e
processamento mineral podem ser classificados preliminarmente em estéreis e rejeito.
Para tal é necessário acomodar estes resíduos sólidos gerados no processo de lavra de
forma racional isto é obedecendo os parâmetros Económico, Técnico, Ambiental e
Social. Para a construção da pilha de Estéril e barragens de rejeito é necessário
desenvolver estudos ou pesquisa sobre o terreno com esta pesquisa permite-se conhecer
a verdadeira grandeza do local a ser construído a pilha de Estéril ou barragens de rejeito.
Estes resíduos sólidos podem causar drenagem ácida mineira caso haja uma má gestão
dos mesmos

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10. Bibliografia
1. Eaton et al., (2005), Starndard Methods for Examination of Water and
wastewater, Washington, D.C: APHA-AWWWAWEF
2. Patiño, (2001),Singing River Health System, Nova York: World Medicine
3. Kalin e Chaves, (2001) Journal environment
4. Kilty et al., (2001) Intensity of Mining Events, Boston: CBC
5. Fredlund; Rahardjo, (1993), Soil Mecanics for Unsurated Soils, Canada: Wiley
Boos
6. Yanful et al., (1993), Suitability of Bentonite, Washington, D.C: APHA-
AWWWAWEF;
7. Nicholson et al., (1989) Depositos de Esteril, joseph Spring: laws mines
8. Nelson, (1996) Language in Cognitive Development, Cambridge: Cambrigde
University Press
9. MEND/CANMET, (1994), REport of resulto f a workshop on mining, Toronto:
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10. Hutchinson ; (1992) Adventes in Applied MecHanics, Toronto: Haward
11. Ellison,(1992), Entalpy of Formatio of Zircon. Colorado: Jornal of American
Society
12. Ritchie, quantitative data analisys for applied, scientific Reseach publishing,
1994.
13. BC Mine Waste Rock Pile Research Committee, 1991

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