Criminologia
Criminologia
Criminologia
Conceito
criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do
comportamento delitivo e da vítima, e o controle social das condutas criminosas.
influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o
direito, a medicina legal etc.
a ciência recebeu seus primeiros contornos a partir das contribuições de Cesare
Lombroso com a sua Teoria do Delinquente Nato.
O desenvolvimento desta ciência recebeu constantes aperfeiçoamentos ao longo do
tempo, e seu conceito atual mais famoso foi cunhado de acordo com os estudos de
Edwin H. Sutherland, que define a Criminologia como “um conjunto de
conhecimentos que estuda o fenômeno e as causas da criminalidade, a
personalidade do delinquente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo”.
“ciência autônoma que estuda o criminoso, o crime, a vítima, os controles sociais
formais e informais que atuam na sociedade, bem como a forma de prevenção da
criminalidade”
Método
ciência voltada para o “ser” e, portanto, empírica, na medida em que seu objeto
(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos
valores, como ocorre com o campo do Direito Penal, voltado para a percepção
científica do “dever-ser”, portanto normativo e valorativo.
dever do criminólogo não consiste apenas em encontrar respostas prontas que sejam
capazes de trazer proposições conclusivas para o seu estudo, ele também deve
observar o conjunto de fenômenos sociais que norteia a criminalidade e, a partir desta
perspectiva, encontrar uma solução para o caso concreto.
“cada caso concreto terá uma solução diferente, o que deixa claro que o método
aplicado é também conhecido como indutivo
Objeto da criminologia
ciência que apresenta uma multiplicidade de objetos, os quais iniciam no crime, mas
perpassam pela figura do criminoso e da vítima, bem como pelas instâncias de
controle social.
Elementos que integram o objeto de estudo da Criminologia:
• O crime
No que se refere ao delito, a criminologia tem toda uma atividade
verificativa, que analisa a conduta antissocial, suas causas geradoras, o
efetivo tratamento dado ao delinquente visando sua não reincidência, bem
como as falhas de sua profilaxia preventiva.
para a criminologia, o crime é um fenômeno social, comunitário.
a criminologia vê o crime como um problema social abrangendo quatro
elementos constitutivos, a saber:
o incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um
fato isolado);
o incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e
à comunidade);
o persistência espaço temporal do fato delituoso (é preciso que o delito
ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no
mesmo território);
o e consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção
eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise
minuciosa desses elementos e sua repercussão na sociedade).
• O criminoso
os estudos iniciais voltados para a Criminologia, principalmente na época da
Escola Clássica, consideravam o crime como o centro dos interesses
investigativos, sendo caracterizado como um ente jurídico. A partir das
contribuições decorrentes dos estudos desenvolvidos na Escola Positiva, os
quais direcionaram totalmente o enfoque para a figura do criminoso, surgiu a
dicotomia CRIME x CRIMINOSO.
A Vítima
a inserção da “vítima” no conceito remonta ao estudo acerca da evolução histórica da
pena, cujo início é marcado pela VINGANÇA PRIVADA, penalidade cuja execução era
realizada pelo próprio ofendido ou sua família. Atualmente, em muitos casos o
comportamento da vítima pode influenciar na prática criminosa. Em situações
diversas, a vítima pode incitar o agente no cometimento do crime, fato que demanda a
consideração deste fator nos estudos relacionados à criminalidade.
A vitimologia consiste em uma ramificação da Criminologia, trazendo por objeto o
estudo da vítima, de sua personalidade, de suas características, de suas relações com o
delinquente e do papel que assumiu na gênese do delito. Posto de outra forma, temos
o estudo voltado para o comportamento da vítima na origem do crime e do criminoso.
De acordo com Mendelsohn, épossível indicar três grupos principais de vítimas:
a inocente, a provocadora e a agressora.
• As VÍTIMAS INOCENTES, ou ideais, são aquelas que não têm participação ou, se
tiverem, será ínfima na produção do resultado.
• A VÍTIMA PROVOCADORA é responsável pelo resultado e pode ser
caracterizada como provocadora direta, imprudente, voluntária ou ignorante.
• A VÍTIMA AGRESSORA pode ser considerada uma falsa vítima em razão de sua
participação consciente, casos em que ela cria a vontade criminosa no agente,
como os exemplos de legítima defesa.
as vítimas são classificadas como:
• Vítima como única culpada: Aqui, a vítima constitui-se a única pessoa culpada
do evento criminoso, tendo em vista o seu comportamento imprudente ou
negligente, por exemplo, indivíduo embriagado que atravessa avenida
movimentada e vem a ser morto por algum veículo automotor.
FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA
papel central de caracterizar e apresentar a realidade criminal.
os autores consideram que há uma tríplice função, consubstanciada em explicar e
prevenir o crime; intervir na pessoa do infrator; e avaliar os diferentes modelos de
resposta ao crime.
Além destas, também são funções da Criminologia:
a) Informar à sociedade e aos poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima
e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos que permita compreender,
cientificamente, o problema criminal, prevenindo e intervindo de modo positivo e
eficaz no homem delinquente;
b) Intervir como central de informações sobre o crime, minimizando as cifras negras da
criminalidade;
c) Buscar critérios e soluções para os problemas sociais relacionados com a
criminalidade;
d) Formular modelos explicativos sobre o comportamento criminal;
e) Prevenir, de forma eficaz, os delitos.
A doutrina majoritária tece uma abordagem complementar sobre algumas das escolas
que acabamos de estudar. A esse respeito, existe uma classificação que distingue a
teoria do consenso ou funcionalista da teoria do conflito.
A Escola de Chicago é um exemplo que representa muito bem a teoria do consenso; ela
retrata um cenário que denota uma convergência de vontades no mesmo sentido, de
forma que todas elas são compostas de pessoas que pregam o mesmo pensamento,
havendo uma interação social entre seus componentes, mas sem a força estatal para
usar da força e impor o seu modo de pensar (GONZAGA, 2018, p. 126).
A teoria do conflito, por sua vez, já apresenta um cunho mais argumentativo ou uma
caracterização argumentativa entre dominantes e dominados. Aqui, a pacificação social
não decorre da unanimidade de vontades, mas sim, da coerção de um grupo de
indivíduos sobre outro. A Escola Crítica apresenta uma padronização muito fidedigna a
essa teoria.
Cesare Lombroso, da Escola Positiva Italiana, teorizou uma verdadeira estética do mal,
sustentando que a própria fisionomia do sujeito poderia nos indicar a sua tendência
delitiva.
Segundo Zaffaroni (2011), o delinquente descrito por Lombroso era um ser atávico, um
europeu que não culminava seu desenvolvimento embriofetal, ou seja, um europeu que
nascia mal terminado e por isso se parecia a um selvagem colonizado. Não tinha moral,
se parecia fisicamente ao índio ou ao negro, era insensível à dor, infantil e perverso etc.
A esses delinquentes caracterizados como atávicos ou selvagens, por sugestão de Ferri,
o chamou “delinquente nato”.
Em 1872, Lombroso publica um livro denominado Memória sobre os Manicômios
Criminais, o qual diz que há necessidade de que existam manicômios para criminosos e
a necessidade de que os loucos não estejam nas prisões senão que entrem em
instituições especiais.
Conforme seu pensamento foi evoluindo, Lombroso passou a considerar novas
tipologias de delinquentes, bem como a influência de fatores exógenos. São tipos de
delinquentes: nato, por paixão, louco, de ocasião e o epilético.
a contribuição principal de Lombroso para a Criminologia não reside tanto em sua
famosa tipologia, na qual destaca a categoria do delinquente nato ou em sua teoria
criminológica, senão no método empírico que utilizou em suas investigações.
Lombroso exerceu ainda por muito tempo, importante influência no Direito Penal do
mundo, sendo dos primeiros a defender a implantação de medidas preventivas ao
crime, tais como a educação, a iluminação pública, o policiamento ostensivo - além de
outras tantas ideias inovadoras referentes à aplicação das penas.
Hodiernamente, o bom senso recomenda aos cientistas que o crime é uma resultante
não só do fator pessoal, mas também do social. No fator pessoal entra a parcela de
tendência para o mal que todos nós temos. Se esta parcela de maldade vai se
desenvolver mais em uma pessoa do que noutra dependerá do meio em que esta viverá.
Aí devem estar inclusas as condições de vida na família (afeto, respeito, boa educação,
boas maneiras etc.), as amizades, as escolas, as diversas experiências de vida. A soma
desses elementos vai moldando a personalidade e, sobretudo, o caráter do homem.
campo de atuação que incide sobre os casos que suscitam dúvidas acerca da integridade
ou da saúde mental dos indivíduos em qualquer área do Direito, buscando esclarecer à
justiça se há ou não a presença de um transtorno ou enfermidade mental e quais as
implicações da existência ou não de um diagnóstico psiquiátrico.
2. GENÉTICA E CRIMINALIDADE
Não há um consenso na Criminologia acerca da transmissão ou não do gene da
criminalidade de ascendentes para descendentes.
Os estudos a esse respeito têm-se dado, ao longo dos tempos, de diversas formas: pela
análise do comportamento de grupos sociais, de aglomerados étnicos e de grandes
famílias, identificando indivíduos delinquentes nestes grupos e investigando se o crime
passaria de uma pessoa para outra como se fosse uma doença, sobretudo em indivíduos
de uma mesma família.
3. PSICOPATIA
a psicopatia não é considerada uma doença mental, mas sim, um transtorno de
personalidade normalmente submetido a medida de segurança.
“Trata-se de um transtorno que muitas vezes é motivado por alguma ruptura familiar
ou social, ocorrendo anomalias no desenvolvimento psíquico, o que a psiquiatria
forense chama de perturbação mental.”
3.2. Características
• Eloquente e superficial – geralmente são agradáveis, divertidos e envolventes
• Egocêntrico e grandioso – os psicopatas consideram-se o centro do universo,
são exageradamente vaidosos e narcisistas acerca de seu próprio valor,
geralmente são arrogantes e vaidosos, sem nenhum traço de vergonha, de
opinião firme, dominadores e convencidos.
• Ausência de remorso ou culpa – os psicopatas têm uma incrível falta de
preocupação com as consequências terríveis de suas ações e condutas sobre as
outras pessoas.
• Falta de empatia – os psicopatas são incapazes de se colocar no lugar do outro.
São
indiferentes aos direitos e sofrimentos alheios, quer de estranhos, quer de seus
próprios familiares.
• Enganador e manipulador – psicopatas têm um talento espantoso para mentir,
enganar, falsear e manipular.
• Emoções rasas – os psicopatas parecem ostentar uma pobreza emocional que
restringe a amplitude e profundidade de seus sentimentos
• Impulsivo – agem por impulso, de forma precipitada, porque os psicopatas
geralmente não pesam os prós e contras de seus atos.
• Controles comportamentais pobres – além de agirem impulsivamente,
psicopatas são muito reativos ao que percebem como insultos ou menosprezo.
Possuem os freios inibitórios muito fracos.
• Necessidade de excitação – os psicopatas não toleram a rotina e a monotonia.
• Problemas precoces de comportamento.
Eles sabem muito bem que suas ações imprudentes ou ilegais são condenáveis pela
sociedade, mas desconsideram tal fato com uma indiferença assustadora. Além disso,
os indivíduos paranoicos raramente são psicopatas
3.5. Estatísticas
Não é de surpreender, portanto, que haja muitos psicopatas nas prisões.
Estudos indicam que cerca de 25% dos prisioneiros americanos se enquadram nos
critérios diagnósticos para psicopatia.
Muitos dos que foram capturados pareciam cidadãos respeitados – atraentes, bem-
sucedidos, membros ativos da comunidade – até que seus crimes foram descobertos.
Os serial killers, diferentemente de outros assassinos, preferem matar com as mãos
ou através de outros métodos que não as armas de fogo.
A melhor definição de assassinato serial foi publicada pelo Instituto Nacional de Justiça
em 1988:
“Uma série de dois ou mais assassinatos cometidos como eventos separados,
normalmente, mas nem sempre, por um infrator atuando isolado.
Os crimes podem ocorrer durante um período de tempo que varia desde horas até
anos. Quase sempre o motivo é psicológico, e o comportamento do infrator e a
evidência física observada nas cenas dos crimes refletiram nuanças sádicas e sexuais.”
4. ESQUIZOFRENIA
Tratando agora das enfermidades mentais propriamente ditas, a Esquizofrenia é uma
doença mental que se caracteriza por uma desorganização ampla dos processos
mentais.
Essa desorganização ampla de processos mentais é classicamente representada por uma
coleção de sintomas, dentre eles, alterações do pensamento, alucinações e
embotamento emocional com perda de contato com a realidade, podendo causar um
desfuncionamento social crônico.
4.1. Sintomas
Os sintomas desta enfermidade não se manifestam da mesma forma em todos os
indivíduos, podendo aparecer de forma insidiosa e gradual em uns ou, pelo contrário,
manifestar-se de forma explosiva e instantânea em outros.
A doutrina divide a manifestação destes sintomas em duas grandes categorias: sintomas
positivos e negativos.
Sintomas positivos
Os sintomas positivos estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença
e são as perturbações mentais “muito fora” do normal, como que “acrescentadas” às
funções psicológicas do indivíduo. Entende-se como sintomas positivos os delírios —
ideias delirantes, pensamentos irreais, “ideias individuais do doente que não são
partilhadas por um grande grupo”.
Sintomas negativos
Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades
mentais, que fazem parte da evolução da enfermidade e demonstram a condição
deficitária do enfermo, principalmente na motivação, no discurso, emoções e relações
interpessoais, como a falta de vontade ou de iniciativa; isolamento social; apatia;
indiferença emocional; pobreza do pensamento. Estes sinais não se manifestam todos
no indivíduo esquizofrênico.
4.2. Diagnóstico
O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das manifestações da
doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório para confirmar a doença.
4.3. Tratamento
O tratamento da esquizofrenia visa manter o controle dos sintomas e reintegração do
paciente. Trata-se de uma intervenção que requer duas abordagens: medicamentosa e
psicossocial.
O tratamento medicamentoso é feito com remédios chamados antipsicóticos ou
neurolépticos. As abordagens psicossociais são necessárias para promover a
reintegração do paciente à família e à sociedade.
A esquizofrenia não tem cura total, mas o tratamento, desde que eficiente e tempestivo,
pode fazer com que os seus sintomas praticamente desapareçam e o paciente possa
voltar a ter uma vida normal.
Os estudos até hoje realizados não demonstram que os esquizofrênicos estejam mais
propensos a delinquir do que uma pessoa normal. Podem delinquir, eventualmente,
de acordo com o grau da doença, e se outros fatores influenciarem.
a) Teoria genética
A teoria genética admite que vários genes podem estar envolvidos, contribuindo com
os fatores ambientais para o eclodir da doença.
Sabe-se que a probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de esquizofrenia aumenta se
houver um caso desta doença na família.
mesmo na ausência de história familiar, a doença pode ainda ocorrer.
b) Teoria neurobiológica
As teorias neurobiológicas defendem que a esquizofrenia é essencialmente causada
por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, em especial com uma disfunção
dopaminérgica, embora alterações noutros neurotransmissores estejam também
envolvidas.
5. TRANSTORNO BIPOLAR
O transtorno bipolar é uma forma de transtorno de humor caracterizado pela variação
extrema do humor entre uma fase de maníaca ou hipomania, hiperatividade e grande
imaginação, e uma fase de depressão de inibição, lentidão para conceber ideias e
realizar, e ansiedade ou tristeza. Juntos estes sintomas são comumente conhecidos
como depressão maníaca.
1. O TRATAMENTO INSTITUCIONALIZADO
1.1. Surgimento das prisões
Os estudos sobre o surgimento da pena remontam ao surgimento da civilização, em
específico na Grécia e na Roma Antiga, onde prevaleciam as penas corporais e de morte,
e a prisão constituía apenas meio para encarcerar os acusados até o julgamento ou
execução.
Com a crise do sistema feudal, a fuga dos campos para as cidades e o cenário de
pobreza e miséria na Europa, o aumento da criminalidade foi inevitável e forçou a
construção de várias prisões para segregar mendigos, prostitutas e vagabundos, com o
fim de disciplinar e corrigir por meio do trabalho, especialmente, pelos crimes
cometidos contra o patrimônio. Nessa época, a prisão mais antiga foi a House of
Correction, inaugurada em 1552 na cidade de Bridewell, na Inglaterra, a qual possuía
disciplina extremamente rígida para emenda dos delinquentes.
prisão, ficou claro que a alternativa foi adotada como uma forma de segregar determinada
parcela da sociedade formada por mendigos, prostitutas e vagabundos, fato sociológico que
merece registro pela atualidade da problemática da população carcerária atual, não se
olvidando da sua finalidade: corrigir por meio do labor.
surgiu no século XIX, por intermédio de Jeremy Bentham, o modelo panóptico merece
consideração especial no desenvolvimento da arquitetura prisional.
O Direito Penal moderno tem uma corrente política chamada Direito Penal Mínimo, que se
opõe à Corrente Retribucionista ou da Lei e Ordem.
A corrente retribucionista teve sua origem nos Estados Unidos, nos anos 80, e sua
principal filosofia era a aplicação do Direito Penal para tudo, ou seja, para resolver todos os
problemas sociais. A pena privativa de liberdade é a regra no movimento retribucionista, o
que fez dos EUA o maior encarcerador do mundo.
No Brasil, adotou-se a corrente do Direito Penal Mínimo, de maneira que a pena privativa
de liberdade é uma exceção.
Embora adote o encarceramento como exceção (e, consequentemente, apresentando menos
encarcerados), se comparado aos EUA, os governos brasileiros não têm obtido êxito em
fazer com que o sistema carcerário cumpra o seu papel fundamental: a ressocialização.
E se não há recuperação do preso, seu retorno à sociedade se concretiza com a
caracterização de comportamento igual ou pior do que quando entrou no cárcere.
I. Sistema Panóptico
Idealizado por John Howard e posto em prática por Jeremy Bentham, o sistema panóptico
era um tipo de prisão celular, caracterizada pela forma radial, em que uma só pessoa podia
exercer em qualquer momento, de um posto de observação, a vigilância dos interiores das
celas. Acreditava-se que, com esse sistema, que se caracterizava pela falta de contato físico
com outros presos, evitava-se fugas, projetos de novos crimes, contágios, roubos,
motins e violências.
Para Bentham, a prevenção dos crimes era de vital importância.
Ele pregava o fim dos castigos corporais nas prisões e o trabalho obrigatório.
A pena nesse sistema ainda é retributiva e intimidativa, mas também ganha natureza
ressocializadora, ainda que leve. Ainda é utilizada nos EUA, em alguns Estados, e também
em algumas penitenciárias japonesas.
Com base nesses três fatores, eram atribuídas marcas ou vales, diariamente, que poderiam
ser retiradas em função das faltas praticadas; o condenado recebia vales quando possuía
bom comportamento e poderia sair em liberdade condicional.
O tempo de pena era medido pelo comportamento do preso.
V. Sistema Progressivo
Concebido inicialmente em 1854, na Irlanda, sua principal característica é tornar o
cumprimento da pena mais brando à medida que sua execução vai chegando ao final.
A base do sistema está fundada no binômio conduta-trabalho, ou seja, na boa conduta e
no trabalho desenvolvido pelo apenado.
que esse sistema permite que o preso possa progredir no regime prisional conforme seu
merecimento e sua reintegração às boas normas de conduta social. Foi concebido para que
efetivamente o sistema possa preparar o preso para retornar à sociedade corrigido.
Características:
• Tratamento penal mais humanitário;
• Enfatizava o sentido regenerador da pena;
• Os detentos trabalhavam e recebiam por isso;
• Sua forma de tratamento dos detentos reduzia o número de evasões;
• Não permitia o isolamento absoluto;
• Menos castigo e mais disciplina;
• Observância dos princípios constitucionais;
• Ocupava o detento com trabalho;
• Estabeleceu a concessão de licença para saída temporária para presos de bom
comportamento; e
• Foi um marco penitenciário na Espanha e no mundo.
2. AS ALTERNATIVAS
2.1. Falência da Pena Privativa de Liberdade
Os autores Newton Fernandes e Valter Fernandes, dentre outros, afirmam que “erram
aqueles que pretendem combater o fenômeno delinquencial com a exasperação das penas
privativas de liberdade”, pois, além de não terem o efeito inibitório esperado, ainda
trazem os males do cárcere, dentre eles a reincidência.
Assim, por esses e outros motivos, o encarceramento deve ser sempre a exceção
Acerca da falência da pena privativa de liberdade, assevera Carnelutti que o ser humano não
nasceu para ser preso, pois isso afeta o seu lado psicológico.
Há, portanto, que se admitir que as alternativas à pena de prisão só podem ser consideradas
para os delitos de pouca ou mediana gravidade, cometidos por delinquentes primários, com
prognóstico favorável a respeito de uma vida futura sem delitos. Para todos os demais
delitos de maior gravidade ou de mesma gravidade, mas com autores reincidentes ou
habituais, ou com prognóstico ressocializador desfavorável, a pena de prisão ocupa o lugar
principal, sem maiores possibilidades alternativas que a de reduzir sua duração nos casos
em que se proceda à aplicação da liberdade condicional.
A suspensão condicional da pena foi adotada pelo Brasil desde 1924 e consiste em ações
como limitação de fim de semana, prestação de serviços à comunidade, interdição
temporária de direitos, reparação do dano, pagamento de cestas básicas às vítimas ou às
instituições filantrópicas, exílio local, mudança de residência ou bairro, monitoramento
eletrônico, expulsão do território...