Estudos de Estabilidade Angular Transitria - Critrio de Igualdade de Rea

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Esse documento aborda as principais características dos estudos de estabilidade

angular transitória dos sistemas elétricos de potência. Para tanto, é analisada a


configuração de máquina síncrona operando como gerador, ligada a um sistema de
potência de grande porte. Essa configuração tem como objetivo principal permitir a
apresentação das características básicas dos estudos de estabilidade de ângulo do
rotor, por meio do estudo clássico de estabilidade, bem como pelo método da
igualdade de áreas.

1. Características Básicas
Os estudos de estabilidade angular transitória avaliam a habilidade do sistema de
potência em suportar e manter, de forma adequada, o sincronismo de suas unidades
geradoras, quando da ocorrência de perturbações, tais como: curto-circuitos,
desligamentos de elementos importantes, perdas de grandes blocos de carga e/ou
geração, etc. A natureza da resposta do sistema envolve amplas excursões de
variáveis, destancando dentre elas: os deslocamentos angulares dos rotores das
unidades geradoras, as magnitudes das tensões nos diversos barramentos, os fluxos
de potência ativa e reativa nas linhas de transmissão, as correntes nos estatores das
máquinas síncronas e de indução, etc. Cabe destacar que variações são influenciadas
pelas relações não-lineares existente entre potência e ângulo. Fatores como as
condições iniciais operativa e, principalmente, os tipos e localizações dos distúrbios,
influenciam e determinam este tipo de estabilidade.

Em grandes sistemas interligados, a instabilidade ocorre normalmente de duas formas:


(a) pelo crescimento progressivo (monotônico) do ângulo do rotor, causado
fundamentalmente por falta de conjugado sincronizante e (b) pelas oscilações
crescentes do rotor, causadas pela superposição de diversos modos de oscilação do
sistema.

Tipicamente, os estudos de estabilidade angular transitória avaliam o comportamento


do sistema para um período de tempo da ordem de 5 a 20 segundos após a
ocorrência do impacto. Em função das grandes excursões observadas para as
variáveis representativas do sistema, no período considerado, a análise da
estabilidade angular transitória deve ser realizada por meio de equações não-lineares.

Antes de dar início aos estudos de estabilidade angular transitória, é importante


compreender e avaliar as principais características operativas de uma máquina
síncrona, quando submetida a uma perturbação. Dessa análise será possível obter os
modelos matemáticos simplificados que possibilitam uma rápida introdução aos
fundamentos da estabilidade transitória de sistemas de potência.
1.1 Características Básicas da Máquina Síncrona em Regime
Transitório.

Considere uma máquina síncrona operando em vazio, submetida a um curto-circuito


trifásico em seus terminais:

É possível analisar o comportamento dessa máquina por meio do circuito elétrico


simplificado mostrado na Figura 1.

Figura 1: Circuito elétrico simplificado de uma máquina síncrona.

Para o circuito anterior, tem-se:

(1)

Considerando que a tensão seja senoidal, i.e., e = EM sem( t), vem:.

(2)

No caso da máquina síncrona, com a reação dos enrolamentos de campo e


amortecedores, teria-se uma resposta com a seguinte característica:

Figura 2: Corrente de curto-circuito em uma máquina síncrona.


Nota-se na Figura 2 que há três regiões distintas, que são definidas como:

Região 1: regime subtransitório, reação dos enrolamentos amortecedores


(principalmente) e do enrolamento de campo;
Região 2: regime transitório, reação apenas do enrolamento de campo;
Região 3: regime permanente, não há a reação dos enrolamentos do rotor
(campo e amortecedores).

Durante os períodos subtransitório e transitório são induzidas correntes nos


enrolamentos de campo e amortecedores. Dessa forma, haverá reação dos mesmos,
que dependerá das constantes de tempo associadas a tais componentes.

O enrolamento de campo pode ser representado pelo seguinte circuito elétrico:

Figura 3: Circuito eletrico representativo do enrolamento de campo da máquina síncrona.

Para o estado de regime permanente, após os transitórios, a corrente de curto-cirto é


dada pela Equação (3).

(3)

em que Xd é a reatância de eixo direto da máquina síncrona.

A corrente máxima de regime permanente pode ser obtida pela Equação (4).

(4)

A reatância síncrona de eixo direto (Xd) pode ser determinada da seguinte forma:

(5)
sendo X a reatância de magnetização da máquina síncrona e XI é a reatância de
dispersão da armaduara.

Durante o período transitório há a reação do enrolamento de campo. Assim, a


reatância equivalente da máquina, neste período, pode ser determinada por meio do
circuito equivalente mostrado na Figura 4.
Figura 4: Circuito equivalente da máquina para determinação da reatância da máquina
síncrona no período transitório.

Do circuito anterior, verifica-se que a reatância de eixo direto no período transitório é


dada por:

(6)

Na equação anterior o termo XF representa a reatância de magnetização do


enrolamento de campo.

Portanto, no período transitório, a máquina síncrona pode ser representada pelo


circuito elétrico equivalente mostrado na Figura 5.

Figura 5: Circuito equivalente da máquina síncrona no período transitório.

A corrente de curto-circuito transitória é, então, dada por:

(7)

A máxima corrente transitória é dada pela Equação (8).

(8)

No caso do regime subtransitório, há a reação dos enrolamentos amortecedores e de


campo. Assim, a reatância equivalente da máquina síncrona, nesse período, pode ser
determinada, conforme mostra-se no circuito elétrico equivalente da Figura 6.
Figura 6: Circuito equivalente para determinação da reatância subtransitória.

Pelo circuito mostrado na Figura 6, a reatância subtransitória de eixo direto é dada por:

(9)

Portanto, para o período subtransitório, tem-se o circuito equivalente mostrado na


Figura 7 para a máquina síncrona.

Figura 7: Circuito equivalente da máquina síncrona no período subtransitório.

A corrente de curto-circuito subtransitória é, então, dada por:

(10)

A máxima corrente subtransitória pode ser determinada pela Equação (11).

(11)

Para a envoltória da corrente de curto-circuito, tem-se:


Figura 8: Envoltória da corrente de curto-circuito.

(12)

Sendo:

constante de tempo associada ao enrolamento de campo;

constante de tempo associada ao enrolamento amortecedor;

Assim, tem-se:

(13)

Para e para

Desconsiderando o efeito dos enrolamentos amortecedores, tem-se:

(14)

Para t = 0,1 segundo e segundos (valor típico) vem:

Para t = 0,2 segundos:

Para t = 0,5 segundos:


Para tempos de análise de até aproximadamente 500 ms, pode-se considerar o
seguinte circuito equivalente para uma máquina síncrona de pólos lisos:

Figura 9: Modelo simplificado da máquina síncrona de pólos lisos no período transitório.

Para o modelo apresentado na figura anterior, pode-se escrever as seguintes


equações de estado.

(15)

(16)

sendo:

(17)

2. Sistema Radial e Seus Componentes


Uma forma simples de investigar os efeitos dos elementos componentes, pode ser
conseguida com a análise de um sistema radial composto por uma máquina síncrona
de pólos lisos (que pode representar o equivalente de diversos geradores em uma
mesma usina), um transformador, duas linhas de transmissão em paralelo e um
barramento infinito, que representa um grande sistema interligado. Esse sistema é
mostrado na Figura 10.

Figura 10: Diagrama unifilar do sistema radial.


Considerando uma perturbação, como um curto-circuito trifásico franco ocorrendo na
LT1, próximo da barra (3), como indicado na Figura 11, é possível analisar o
comportamento dinâmico deste sistema radial. Em outras palavras, é possível verificar
as condições de sincronismo entre a unidade geradora e o barramento infinito, para o
impacto considerado.

Figura 11: Diagrama unifilar do sistema com defeito.

Assim, podem ser observadas três situações distintas: (a) condição pré-defeito:
caracterizada pela condição operativa existente antes da ocorrência da perturbação;
(b) condição durante o defeito: onde se considera a aplicação do referido impacto, com
tipo, localização e duração bem definidos e (c) condição pós-defeito: que considera a
eliminação do defeito pela abertura simultânea dos disjuntores terminais da linha onde
houve a perturbação, ocasionando, portanto, a saída de operação da referida linha de
transmissão.

Os elementos componentes do sistema podem ser representados por modelos que


vão dos mais simples aos mais complexos. Dessa forma, nas análises seguintes serão
admitidas as seguintes representações:

2.1 Gerador
O modelo do gerador utilizado nos estudos apresentados neste documento é
apresentado na Figura 9, a qual mostra o circuito elétrico equivalente para a máquina
de pólos lisos no período transitório.

2.2 Transformador

O transformador, que conecta a máquina síncrona à linha de transmissão, pode ser


representado pelo modelo simplificado, no qual consideram-se a reatância de
dispersão equivalente (XT) e a resistência total dos enrolamentos. Para efeito de
simplificação são desprezadas as resistências dos enrolamentos do transformador
nesse modelo. A Figura 12, apresenta tal componente.

2.3 Linhas de Transmissão

As linhas de transmissão do sistema radial são descritas por um modelo de linha curta
(extensão inferior a 80 km). Também, para efeito de simplificação, são desprezadas as
resistências. A Figura 13 apresenta o modelo utilizado para representar as linhas de
transmissão.
Figura 12: Modelo do transformador.

Figura 13: Modelo da linha de transmissão.

2.4 Sistema de Grande Porte


O porte do sistema considerado é tal que se pode admitir o sinal de tensão como
invariante, tanto em módulo quanto em ângulo de fase. Portanto, esse sistema pode
ser representado por um barramento no qual não há variação de tensão e frequência -
um barramento em que a potência de cuto-circuito é muito grande (ou infinita). Esse
barramento é denominado barramento infinito.

O barramento infinito pode ser representado por um equivalente de Thévenin, com


uma fonte de tensão constante e impedância nula, como mostra a Figura 14.

Figura 14: Representação do barramento infinito.

2.5 Condição Pré-Defeito


Para a condição pré-defeito serão desenvolvidos os respectivos diagrama unifilar e
circuito elétrico equivalente. Posteriormente são determinados: a tensão interna da
máquina (módulo e ângulo), os valores iniciais operativos, a equação da potência
elétrica fornecida, a equação de oscilação e as equações de estado da máquina
síncrona.
a) Diagrama Unifilar

Na condição pré-defeito, o diagrama unifilar do sistema é aquele já mostrado na Figura


10. Os dados mostrados na Tabela 1 serão utilizados para exemplificar a análise de
estabilidade angular transitória do sistema em questão.

Tabela 1: Dados do sistema radial.

V1 (pu) V2 (pu) P (pu) Ref. Agular


1,05 1,0 82
28
0,2 Barra 2
d (pu) XT (pu) XLT (pu) H (s)
0,2 0,1 0,4 (cada) 5,0

b) Circuito elétrico equivalente

Com base no diagrama unifilar da Figura 10 e das considerações simplificadas dos


modelos dos elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico
equivalente apresentado na Figura 15.

Figura 15: Circuito elétrico equivalente na condição pré-defeito.

c) Cálculo da tensão interna da máquina síncrona

Do circuito elétrico da Figura 15, é possível observar que a potência ativa fornecida
pela máquina (P) é a mesma que chega ao barramento infinito, pois no presente
modelo simplificado não são consideradas as perdas do sistema. Assim, pode-se
escrever:

(18)

Considerando os dados da Tabela 1, tem-se na Equação (18):

Dessa forma:
Como a tensão na barra 2 é conhecida e está na referência, determina-se a corrente
(I) do circuito elétrico.

Finalmente, pode-se escrever que:

d) Valores iniciais

Com base nos dados da Tabela 1 e nos cálculos desenvolvidos anteriormente, tem -se:

Pe0 = Pm0 = 0,8 pu (potência elétrica inicial igual a potência mecânica).

E = 1,111 pu (módulo da tensão interna da máquina síncrona, assumido como


constante durante toda a análise).

0 = 21,09º (deslocamento angular inicial do rotor da máquina síncrona).

V1 = 1,05 13,21º pu (tensão terminal da máquina síncrona).

V2 = 1,0 0º pu (tensão do barramento infinito).

A potência reativa recebida pelo barramento infinito, na condição inicial de regime


permanente, pode ser calculada da seguinte forma:

Substituindo os valores correspondentes, encontra-se:

Q2 = 0,0732 pu.

e) Equação da potência elétrica

A equação da potência elétrica fornecida pela máquina síncrona pode ser determinada
considerando-se a tensão V2 e a reatância equivalente do sistema (XEQ). Dessa forma,
obtém-se:

Substituindo os valores, chega-se a:

f) Equação de oscilação da máquina síncrona

Para a condição pré-defeito, tem-se a seguinte equação de oscilação da máquina


síncrona:
..
Substituindo os valores:

10
g) Equações de estado

Para a condição pré-defeito, tem-se o conjunto de equações de estado:

2.6 Condição Durante o Defeito


Para a condição durante o defeito serão desenvolvidos os respectivos diagramas
unifilar e circuito elétrico equivalente. Posteriormente, são determinadas as equações
da potência elétrica fornecida, equação de oscilação e as equações de estado da
máquina síncrona. Como o modelo de máquina utilizado é o clássico, a tensão interna
da máquina permanece constante durante todo o período de análise, sendo seu valor
igual a 1,111 pu.

a) Diagrama unifilar

A Figura 16 apresenta o diagrama unifilar do sistema radial para a condição durante o


defeito, que é um curto-circuito trifásico franco.

Figura 16: Diagrama unifilar do sistema radial durante o defeito.

b) Circuito elétrico equivalente

Com base no diagrama unifilar mostrado anteriormente e das condições simplificadas


dos modelos dos elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico
equivalente apresentado na Figura 17.
Figura 17: Circuito elétrico equivalente durante o defeito.

c) Cálculo da tensão interna da máquina

Conforme mencionado anteriormente, a tensão interna da máquina síncrona


permanece constante durante todo o período de análise, uma vez que se considera a
aplicação do modelo clássico de máquina. Dessa forma, tem-se E = 1,111 pu.

d) Valores iniciais

No exato instante anterior à aplicação do defeito, o sistema de potência radial


apresentava a seguinte condição operativa:

Pe0 = Pm0 = 0,8 pu.

E = 1,111 pu.

0 = 21,09º (deslocamento angular inicial do rotor da máquina síncrona).

V1 = 1,05 13,21º pu (tensão terminal da máquina síncrona).

V2 = 1,0 0º pu (tensão do barramento infinito).

Q2 = 0,0732 pu.

e) Equação da potência elétrica

Por meio do circuito elétrico equivalente é possível observar que a reatância


equivalente do circuito entre a máquina síncrona e o barramento infinito é infinita (este
valor pode ser encontrado com a aplicação da transformação estrela/triângulo).
Considerando essa condição, tem-se que a potência elétrica transferida da máquina
para o barramento infinito é nula, durante o período de defeito. Logo:

Pe = 0 pu.

f) Equação de oscilação da máquina síncrona

Para o período durante o defeito, tem-se a seguinte equação de oscilação da máquina


síncrona:
g) Equações de estado

2.7 Condição Pós-Defeito

Para a condição pós-defeito serão desenvolvidos os respectivos diagrama unifilar e


circuito elétrico equivalente. Posteriormente, são determinadas as equações da
potência elétrica fornecida, a equação de oscilação e as equações de estado da
máquina síncrona. Igualmente nessa condição, como o modelo de máquina utilizado é
o clássico, a tensão interna permanece constante durante todo o período de análise,
sendo seu valor igual a 1,111 pu.

a) Diagrama unifilar

O diagrama unifilar do sistema após o defeito é apresentado na Figura 18.

Figura 18: Diagrama unifilar para o sistema radial após o defeito.

b) Circuito elétrico equivalente

Por meio do diagrama unifilar da Figura 18 e das considerações simplificadas dos


modelos dos elementos componentes, pode-se desenvolver o circuito elétrico
equivalente apresentado na Figura 19.
Figura 19: Circuito elétrico equivalente na condição pós-defeito.

c) Cálculo da tensão interna da máquina

Conforme mencionado anteriormente, a tensão interna da máquina síncrona


permanece constante durante todo o período de análise, uma vez que considera-se a
aplicação do modelo clássico da máquina. Dessa forma, tem-se E = 1,111 pu.

d) Equação da potência elétrica

A equação da potência elétrica fornecida pela máquina pode ser determinada da


seguinte forma:

Do circuito elétrico equivalente é possível observar que a reatância equivalente do


d, XT e XLT. Dessa forma, tem-se que

XEQ = 0,2 + 0,1 + 0,4 = 0,7 pu.

Como E = 1,111 pu, V2 = 1,0 pu e XEQ = 0,7 pu, a equação da potência elétrica pós-
defeito pode ser escrita como:

e) Equação de oscilação da máquina síncrona

Para a condição pós-defeito, tem-se a seguinte equação equação de oscilação da


máquina síncrona:

f) Equações de estado

Para a condição pós-defeito, é possível obter-se o seguinte conjunto de equações de


estado:
Com base nas três condições operativas: pré, durante e pós-defeito, pode-se
desenvolver o seguinte conjunto de curvas potência-ângulo.

Figura 20: Característica potência-ângulo.

A curva que passa pelo ponto (3) corresponde à condição que ocorreria para um curto-
circuito representado por meio de uma reatância de falta não nula. No caso, como está
sendo admitido um curto-circuito trifásico franco, a referida reatância é nula, sendo
também nula a potência elétrica transferida durante a perturbação (P edur = 0).

Com o intuito de garantir a estabilidade angular transitória do sistema, a proteção deve


promover a atuação dos disjuntores terminais da linha em curto-circuito, eliminando o
defeito. A estabilidade poderá ser garantida se o tempo de eliminação da perturbação
for adequado (rápida atuação da proteção).

É válido resaltar que na Figura 20, os pontos (1), (2) e (3) correspondem às condições
operativas de regime permanente sendo que (2) e (3) podem ser alcançados ou não,
dependendo da condição de estabilidade angular transitória do sistema de potência
considerado.

3. Critério da Igualdade de Áreas


O chamado critério da igualdade de áreas corresponde a um método direto de análise
da estabilidade angular transitória, em que a abordagem é realizada com
independência do tempo. Para que se possa entender os princípios dessa
metodologia, cosidere inicialmente o sistema radial apresentado na Figura 21.

Figura 21: Máquina síncrona versus barramento infinito.

Considerando-se que o coeficiente de amortecimento mecânico seja nulo (D m = 0),


pode-se escrever:

(19)

A equação diferencial anterior não pode ser resolvida diretamente, uma vez que P e é
uma função não-linear do ângulo . Definindo Pa = Pm Pe, como sendo a potência
acelerante, tem-se:

(20)

Multiplicando ambos os lados da Equação (20) por 2d /dt, obtém-se:

(21)

o que permite escrever,

(22)

(23)

Integrando a equação anterior, obtém-se:


(24)

(25)

Note na Figura 22 que inicialmente o deslocamento angular do rotor é constante e


igual a 0, portanto, nessa condição a variação d /dt é nula. No entanto, o ângulo irá
sofrer variações em resposta à perturbação ocorrida no sistema. Se o ângulo do rotor
atingir um determinado valor máximo, em sua excursão no tempo, e em seguida
começar a reduzir, é sinal de que o sistema suportou o impacto , tendo alcançado a
condição d /dt = 0 na situação de deslocamento angular máximo ( Max ). A
característica 2, indicada na figura, mostra que o sistema não suportou a pertubação,
tornando-se transitoriamente instável.

Figura 22: Característica = f(t).

Assim sendo, pode-se estabelecer um critério de estabilidade para o sistema, ou seja:

(26)

Ou simplesmente:
(27)

Sendo:

0 deslocamento inicial do rotor;

Max deslocamento angular máximo do rotor.

Para se entender o significado da expressão vista anteriormente, tem-se a Figura 23,


na qual A1 corresponde a uma área de aceleração e A2 a uma área de desaceleração.

Figura 23: Condição de estabilidade transitória.

Da figura anterior pode-se observar que o sistema apresentará um comportamento


transitoriamente estável quando houver uma área de desaceleração (A2) suficiente
para compensar a área de aceleração (A1). No limite tem-se A2 = A1, definindo o limite
de estabilidade angular transitória.

3.1 Aplicações
3.1.1 Perturbação sem defeito

Seja o sistema radial a seguir.

Figura 24: Sistema radial.


Admitindo a saída súbita da linha 1 (LT1), sem defeito, tem-se:

Figura 25: Sistema radial após a perturbação.

As curvas caractéristicas potência-ângulo para as duas condições operativas são


apresentadas na Figura 26.

Figura 26: Característica P- para a retirada a LT1 caso 1.

em que:

P1 valor da potência mecânica;

0 ângulo do rotor correspondente à P1, anterior a perturbação;

1 ângulo do rotor correspondente à P1, após a perturbação;

A1 área de aceleração;

A2 área de de desaceleração.
Adimitindo agora uma outra condição de operação do sistema, na qual a máquina está
com uma potência mecânica P2, de tal forma que P2 > P1, vem:

Figura 27: Característica P- para a retirada da LT1 caso 2.

sendo:

P2 novo valor da potência mecância;

0 ângulo do rotor correspondente à P2, anterior à perturbação;

1 - ângulo do rotor correspondente à P2, após a perturbação;

A1 área de aceleração;

A2 área de desaceleração.

Como pode ser observado na Figura 27, o impacto para esta nova condição operativa
é mais severo. Isto ocorre devido ao maior valor da potência despachada (P 2 > P1).

Admitindo, ainda, outra condição de operação do sistema, na qual a máquina síncrona


está despachada com uma potência mecânica P3, tal que P3 > P2, obtém-se:
Figura 28: Característica P- para a retirada da LT1 caso 3.

sendo:

P3 novo valor da potência mecânica;

0 ângulo do rotor correspondente à P3, anterir à perturbação;

1 ângulo do rotor correspondente à P3, após a perturbação;

A1 área de aceleração;

A2 área de desaceleração.

Pode-se observar, na Figura 28, que o impacto para a carga P 3 é ainda mais severo,
devido à condição inicial operativa, em que P 3 > P2. Observa-se também, que durante
o período transitório o ângulo da máquina supera os 90º.

Considere agora uma nova condição operativa para o sistema, na qual a máquina
síncrona tem uma potência mecânica P4, sendo P4 > P3.
Figura 29: Característica P- para a retirada da LT1 caso - 4.

sendo:

P4 novo valor da potência mecânica;

0 ângulo do rotor correspondente à P4, anterior à perturbação;

Max ângulo máximo do rotor, correspondente à P4, após a perturbação;

A1 área de aceleração;

A2 área de desaceleração.

O impacto para a carga P4 é ainda mais severo, devido ao valor da potência


inicialmente despachada (P 4). Observa-se que o sistema atinge seu limite de
estabilidade angular transitória.

Por fim, admitindo uma condição inicial operativa do sistema, com uma potência
despachada P5, tal que P5 > P4, vem:
Figura 30: Característica P- para a retirada da LT1 caso 5.

sendo:

P5 novo valor da potência mecânica;

0 ângulo do rotor correspondente à P5, anterior à perturbação;

A1 área de aceleração;

A2 área de desaceleração;

A3 área de desaceleração.

O impacto para a carga P5 leva o sistema a uma condição de instabilidade angular


transitória.

Exemplo de Aplicação:

Considere o sistema radial da Figura 31. Os dados para esse sistema são
apresentados na Tabela 2. Avalie a estabilidade angular transitória para esse sistema
considerando que a linha de transmissão LT1 seja desligada subitamente.
Figura 31: Sistema radial.

Tabela 2: Dados do sistema radial.

XT (pu) XLT (pu) V1 (pu) V2 (pu)

0,2 0,1 0,4 (cada) 1,05 1,0 0º

Dm (pu) P (pu) SB (MVA) f (Hz) H (s)

0 0,8 100 60 5,0

a) Condição pré-perturbação:

Figura 32: Circuito elétrico equivalente na condição pré-perturbação.

Anteriormente viu-se que:


b) Condição pós-perturbação

Figura 33: Circuito elétrico equivalente na condição pós-perturbação.

c) Características potência-ângulo

Figura 34: Característica P- para a retirada da LT1.

Para a condição de estabilidade transitória, tem-se:


Da equação da potência elétrica na condição pós-perturbação

Então,

Reorganizando os termos, vem:

Resolvendo a equação anterior, obtém-se:

3.1.2 Perturbação com defeito

Seja o sistema radial, apresentado na Figura 35, submetido a um curto-circuito por


meio de uma reatância Xf .

Figura 35: Diagrama unifilar do sistema na condição durante o defeito.

Para as confições pré, durante e pós-defeito, tem-se as seguintes curvas característica


potência-ângulo.

Figura 36: Característica P- .


Na figura anterior, tem-se que:

PM = potência máxima pré-falta;

PMF = potência máxima durante a falta;

PMPF = potência máxima fós-falta;

Pm = potência mecânica

0 = deslocamento angular inicial.

Da característica P- , tem-se:

Na condição limite ( c ), tem-se:

Como A1 = A2, vem:

Observação: a expressão anterior é válida somente para a condição P MF < Pm .

No caso específico de um curto-circuito trifásico franco, no qual Xf = 0, tem-se:

A Figura 37 mostra as características potência-ângulo para o caso de um curto-circuito


trifásico franco.
Figura 37: Característica P- para um curto-circuito trifásico franco.

Exemplo de Aplicação:

Para o sistema radial visto anteriormente tem-se os seguintes dados:

d (pu) XT (pu) XLT (pu) V1 (pu) V2 (pu)


0,2 0,1 0,4 (cada LT) 1,05 1,0 0º
P (pu) SB (MVA) f (Hz) H (s) E (pu)
0,8 100 60 5,0 1,111 21,09º

a) Condição pré-defeito:

b) Condição pós-defeito:

c) Condição durante o defeito:

Admitindo uma reatância de falta Xf = 0,01 pu.


Determinação do ângulo crítico

Figura 38: Característica P- para Xf = 0,01 pu.

Da Figura 38, observa-se que o ângulo Max é equivale a 180º menos o ângulo para o
qual curva da potência elétrica pós-falta iguala-se à potência mecânica. Então,

sendo assim,
Com esses valores, tem-se que:

Agora, considerando Xf = 0, tem-se:

Para o caso do curto-circuito franco é possível obter, além do ângulo, o tempo crítico
de eliminação do defeito, com base no critério de igualdade de áreas.

Sabe-se que durante o curto-circuito franco a potência elétrica transferida é nula (P edur
= 0).

Como,

tem-se,

Assim,

Integrando, vem:

Portanto:

Mas,

Logo,
Integrando, obtém-se:

O tempo pode ser isolado da equação anterior, resultando em:

Finalmente,

Dessa forma, para a condição crítica de eliminação do defeito, tem-se:

O ângulo crítico, como visto anteriormente, é obtido por meio do critério de igualdade
de áreas.

No exemplo de aplicação dado, tem-se:

O valor de 248,5 ms corresponde ao tempo máximo para a eliminação do curto-circuito


trifásico franco considerado.

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